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a vez das startuPs
um projeto de P&D dentro da universidade”, disse. “Nesse ecossistema, são gerados cerca de 22 mil empregos e um faturamento de R$ 3 bilhões de reais.”
Um dos exemplos é a Neger Telecom, que criou, em parceria com a Unicamp, o primeiro laboratório brasileiro dedicado a drones, contramedidas e segurança espectral, segundo explicou Eduardo Neger, presidente da empresa e também membro da diretoria da Abranet. A conexão sem fio é o elo entre diversas aplicações, de internet das coisas e aplicativos a drones, e fomentar a segurança e a inteligência espectral torna-se fundamental, por isto, a criação do laboratório especializado no tema.
Neger explicou que a segurança da radiofrequência é uma questão que não pode ser negligenciada quando se fala em implantações de soluções de IoT, 5G, uso de dro-
Empreendedores estão vislumbrando aplicar o conceito de internet das coisas para desenvolver soluções que se proponham a mudar o modelo de negócios em setores variados, e diversas startups estão sendo criadas de olho em oportunidades nesse mercado. Uma delas quer aplicar a IoT para redução de desperdício de alimentos no varejo, conforme contou o empreendedor Antonio Rossini, cofundador e CEO da Nexto, empresa que nasceu em 2010. “No mundo, desperdiça-se 1,3 bilhão de toneladas por ano. Se reduzirmos o desperdício somente no varejo, isso aumentaria o lucro das empresas em 29%”, disse, apontando também que, a cada dez graus de elevação na temperatura, diminui em três vezes a vida útil do alimento na prateleira.
A Nexto desenvolveu tecnologia para, por meio de pequenos sensores, monitorar em tempo real a temperatura e a umidade, enviando os dados para a nuvem. “O mercado é promissor e grande, ultrapassa centenas de milhões de reais”, ressaltou. Atualmente, a Nexto conta com modelos de negócio de venda ou comodato do hardware, serviço e software como serviço e tem cerca de 30 clientes de setores da indústria, do varejo e de serviços alimentícios.
A Keycar identificou potencial nos carros conectados. Como explicou o sócio Bruno Lettieri, o que motivou a criação do negócio foi a paixão do brasileiro por carro e por smartphone e a ascensão de modelos de compartilhamento de veículos. “Hoje, vemos montadoras indo nessa direção do compartilhamento”, destacou. A Keycar nasceu no início de 2017 com o objetivo de desenvolver soluções de mobilidade e conectividade para permitir ao cliente final ter seu carro conectado. Lettieri acredita que carros inteligentes a um custo acessível estarão disponíveis para pessoas físicas, permitindo a elas controlar o veículo por meio de aplicativo e usar os mecanismos de telemetria para colocar em prática o conceito de compartilhamento.
Sem vínculo com instituições ou incubadoras, a OneRF Networks se autodenomina uma startup independente que usa recursos próprios para criar solução de alto desempenho e baixo custo, segundo o empreendedor Eduardo Caldas Cardoso. “Percebemos uma lacuna na criação de solução de conectividade inovadora, robusta e de baixo custo para atender ao mercado nacional e que seja fácil de usar e aplicar”, destacou. “O modelo foi criar uma solução IP fim a fim conectando dispositivos com OneRF.” nes, funcionamento de aplicativos que requerem sinal de GPS e celular, entre outros. “Quando olhamos para este ecossistema, temos ao final da conectividade o elo da conexão sem fio e em algum momento vamos usar radiofrequência, mas percebemos que a discussão fica sempre na camada de software e das aplicações, sem abordar que há uma grande vulnerabilidade na camada física”, ressaltou.
Ao comentar a inovação, o professor Leandro Tiago Manera, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explicou que é imprescindível bloquear o drone para impedi-lo de in- vadir determinadas áreas, como presídios. A técnica aplicada mais comum, comhecida como jamming, deixa sem funcionar toda a faixa de frequência usada pelo equipamento.
O desafio, então, é como ocupar apenas a pequena faixa de comunicação entre o drone e seu controle. “Fizemos a técnica de spoofing, de montar um sistema que entenda a comunicação usada entre controle e drone e envie o mesmo sinal, a mesma informação para o drone em uma taxa mais rápida do que a do controle. Isto é relativamente complicado. Assim, o drone passa a responder ao nosso controle. Já conseguimos assumir o controle de alguns drones”, revelou.
De acordo com ele, a aplicação vai da iluminação pública e medição avançada à indústria 4.0, cidades inteligentes e agronegócio. A startupvai desenvolver, em parceria com a Qualcomm, um gateway inteligente, incorporando machine learning, alta capacidade de processamento local, conexão direta com a rede de sensores e padrão de internet em todas as camadas. A meta para 2018 é estruturar o negócio para entrar numa fase de expansão. “E para isto estamos buscando parceiros”, revelou.
Contudo, ter uma boa ideia não basta para lançar uma startup e obter sucesso. É preciso elaborar um plano de negócios e conseguir executá-lo. A opinião foi compartilhada por diversos participantes do painel “A internet e a inovação – startups, investidores, aceleradoras e corporações”, mediado por Dorian Guimarães, presidente da Isat, durante o Futurenet 2017.
Um dos alertas principais foi dado por Guilherme Ralisch, consultor do Sebrae-SP. “Empreendedor de startup é parte do nosso público-alvo. Vemos muitos empreendedores nascendo, e a possibilidade de empreender com tecnologia é muito disseminada. Mas tem muita gente iludida com startups, porque acha que é fácil montar e vai ficar rico. Não é assim; as startups têm uma jornada longa e árdua; leva uns dois anos até ter o produto”, ressaltou.
Na busca por capital, os empreendedores podem recorrer a fundos de investimentos e também a aceleradoras que podem ajudá-los a avançar mais rapidamente. Marcelo Hideo Sato, partner na Astella Investimentos, explicou que o fundo foca em empresas que já têm produto. “Venture capital é uma classe ainda pouco conhecida no Brasil”, acrescentou. Já a Liga Ventures, como detalhou seu cofundador e diretor Rogério Tamassia, conecta grandes empesas com startups para gerar negócios. “As grandes empresas descobriram que as startups podem ser meio de inovação aberta, em vez de fazer em casa, e que com isto elas ganham velocidade.”
Do lado das companhias, José Eduardo Velloso, engenheiro de Tecnologia e Inovação da Bosch, destacou que a empresa se adaptou para começar a trabalhar com startups. “Comparado com 30 anos atrás, mostra como a Bosch está se reinventando para ser a maior empresa de IoT e para isto está adotando modelo de ter startups internas”, disse. Avançada na interação com startups, a Qualcomm vem trabalhando com elas, seja licenciando suas tecnologias para empresas que tenham interesse em desenvolver soluções, seja investindo em firmas em qualquer estágio de desenvolvimento, explicou o diretor-sênior de Desenvolvimento de Negócios, Jorge de Paula Costa Avila.
José Janone Júnior
v ice-presidente da a branet e fundador da s unrise net, uma das primeiras provedoras de internet no Brasil, fundada em 1995