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mostrar seu valor Wi-Fi 6E
AS PRESTADORAS de serviços de telecomunicações comemoram a designação do espectro de 6 GHz para uso não-licenciado para provimento de banda larga. Com essa resolução da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a adoção de equipamentos de Wi-Fi 6E entra na pauta. Afinal, a tecnologia é capaz de melhorar a rede local com processadores mais potentes e velozes, deixando a troca de informação entre máquinas mais rápida, com menor latência e tempo de resposta mais curto. Mas há limitações da faixa de 6 GHz para seu uso por Wi-Fi – e o 6E está orientado a esta frequência, assim como o Wi-Fi 7 –, porque existe a preocupação com a interferência desses roteadores com equipamentos que, efetivamente, têm licença para operar também nessa faixa de espectro.
É diferente do que ocorre atualmente nas faixas de 2,4 GHz e 5 GHz, nas quais não existe o uso licenciado. Em 6 GHz, há enlaces outorgados em caráter primário ou secundário e isso criou uma questão: para que a banda larga opere, é necessário não haver interferência. “Se um equipamento de baixa potência estiver na cara de um outro equipamento que tem licença, ele vai causar problema e terá de ser desligado”, explica Edmundo Matarazzo, consultor e membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Internet (Abranet).
Interferência é um problema que ocorre tanto no uso interno quanto externo, por isso, definir o que é indoor e outdoor e os tipos de uso é de suma importância. “O quintal que faz parte da minha casa seria classificado como outdoor ? E a área externa de uma fazenda? Entendemos que tem um limite que precisa ser traçado com cuidado, definindo os usos dentro e fora de uma propriedade privada”, ressalta Matarazzo. Outra questão importante a se resolver é o tipo de uso. O Wi-Fi normalmente é desenhado como rede local em ambiente privado, mas e se quiser usá-lo para dar suporte a banda larga substituindo a fibra ótica? Isso configuraria um outro tipo de uso, totalmente distinto.
Esses são alguns dos tópicos levantados pela Abranet na consulta pública 79, promovida pela Anatel, para a tomada de subsídios para o sistema de coordenação automatizada de frequência (AFC, do inglês Automated Frequency Coordination) com vistas ao uso da faixa de 6 GHz para fornecimento de internet em áreas externas.
Quando os 1200 megahertz foram designados para uso não-licenciado, a Anatel estipulou critérios, como pontos de acesso de baixa potência e equipamento de potência muito baixa em ambiente outdoor . “Com a consulta pública 79, a agência promoveu discussão sobre equipamentos com maior potência para adoção outdoor ”, detalha Cristiane Sanches, ex-presidente do conselho consultivo da Anatel e líder do Conselho de Administra- ção na Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint).
O Wi-Fi 6E permitiu expandir as aplicações. “Abriu a porta para que serviços fixos pudessem, por meio dele, utilizar as aplicações 5G e com isso a banda larga fixa ampliou o horizonte com maior velocidade e aplicações”, diz José Carlos Picolo, consultor regulatório da Oi. A operadora, que se voltou para o provimento de internet, defende que o Wi-Fi 6E amplia o horizonte dos usuários, já que fornece serviço de banda larga fixa com tecnologia mais avançada, que tem maior velocidade, downloads mais rápidos, aplicações de 5G que ainda estão a ser desenvolvidas e por permitir maior conectividade. “Além disso, a residência está ficando cada vez mais automatizada, o que exige maior capacidade de dados da banda larga fixa e mais velocidade. Isso é possível com o Wi-Fi 6E”, aponta Picolo.
Consulta públiCa Como norte
A consulta pública externou que há várias questões a serem respondidas. Por exemplo, na hipótese de se usar o sistema AFC, se seria apenas um ou vários em operação; quem seriam os fornecedores e, principalmente, quem vai pagar a conta. Fabricantes estão desenvolvendo seus sistemas e não há, por enquanto, um padrão tecnológico. Os Estados Unidos, país bastante citado como referência nesse caso, autorizaram, em caráter preliminar, 13 AFCs.
“É cedo para dizer que vai haver uma gerência em todos os equipamentos Wi-Fi no Brasil. Acho que será regionalizada e mais vinculada ao fabricante”, pondera Matarazzo. Uma proposta da Abranet na consulta pú- blica foi seguir a linha adotada nos EUA de pré-qualificar os AFCs, que ficariam incumbidos de apresentar testes para permanecerem em operação. “Existe muito movimento em diversos países com consultas públicas e questionamentos dos mais diversos. Há um sentimento de que, num futuro próximo, a operação em potência padrão (até 36dBm) na faixa de 6 GHz será realidade em boa parte do mundo”, aponta Gustavo Barros, gerente de contas corporativas da Ruckus Networks.
Para Barros, diversos questionamentos precisam ser elucidados, por exemplo, quantas operações de AFC vão existir, como custeá-las, quais informações o ponto de acesso deverá informar ao AFC, quais faixas de frequência serão permitidas e qual o ganho máximo das antenas.
A Abranet também pediu, na consulta pública 79, que haja uma definição clara do que é indoor e outdoor , considerando hipóteses como instalar equipamento de Wi-