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o que vem por aí?
COMPuTAçãO EM NuVEM, segurança, inteligência artificial, analytics e serviços gerenciados puxam o crescimento do setor de Tecnologias da Informação e das Comunicações, que segundo a IDC deverá orbitar em torno de 5% em 2023 no Brasil, aproximando-se de um total de US$ 80 bilhões – acima dos US$ 75 bilhões esperados para 2022. Práticas ESG ganham força e as TICs têm papel estratégico neste ano. As tendências foram apresentadas pela IDC no início de fevereiro, no Predictions Brazil 2023.
“Destacamos a continuidade do movimento de cloud e ambientes híbridos conectando-se e somando-se ao entorno, que tem segurança e inteligência, e também a necessidade de serviços gerenciados que apoiem a integração das soluções. Cloud, segurança, serviços gerenciados e inteligência são as grandes oportunidades para o ano de 2023”, disse Luciano Ramos, que assumiu o cargo de country manager da IDC Brasil em fevereiro.
Pietro Delai, diretor para o mercado corporativo na IDC América Latina, acrescentou que analytics caminha junto com inteligência artificial, nuvem e segurança. E estão nestes quatro pilares a sua aposta para as maiores taxas de crescimento desse mercado. Ainda para 2023, a expectativa de aumento é de 6,2% para o mercado de tecnologia da informação, diante de um cenário de ajuste e redirecionamento dos gastos. Já o segmento de telecomunicações deverá crescer 3%, impulsionado pela conectividade e com os avanços da computação em nuvem e do 5G.
No recorte da TI corporativa, o avanço será de 8,7%. “A despeito das condições econômicas, sabemos que o mercado de TI performa melhor e se descola do PIB [Produto Interno Bruto]. Em momentos de adversidade econômica, a TI ajuda as empresas a otimizarem a forma como operam para superar a crise e, em momento de bons ventos, a TI é uma grande alavanca para ampliar negócios”, ressaltou Ramos.
Estima-se que o mercado global de TICs tenha alcançado a marca de US$ 4,48 trilhões em 2022. O Brasil se firma como o 11º mercado do mundo, com US$ 75 bilhões, dos quais US$ 46 bilhões de TI e US$ 29 bilhões de telecom. Com isso, o País representa 1,7% do mercado mundial de TICs e 33% do da América Latina. As previsões referentes a 2023 ainda estavam sendo consolidadas até o fechamento desta edição da revista.
Pietro Delai explicou que na comparação global versus Brasil, entre 2021 e 2022, o País cresceu em linha com o cenário mun- dial: 6%. “No passado, o PIB crescia e a TI crescia um pouco mais que o PIB, mas, quando o PIB despencava, a TI também. Em tempos de transformação digital, de digital first e de movimentos de negócios digitais, estamos vendo um comportamento resiliente da TI puxando o crescimento para cima. Os crescimentos de Brasil e global são muito próximos, coisa de casa depois da vírgula”, enfatizou. esg em alta
Práticas que sustentam os pilares de ESG – sigla em inglês que designa ações para meio ambiente, social e governança – estão ganhando espaço nas áreas de tecnologia da informação, e a TI tem, cada vez mais, papel estratégico. “Cloud está conectada ao tema de ESG. As empresas passarão a demandar mais informações dos provedores sobre o impacto da nuvem nas emissões de carbono, sejam diretas ou indiretas”, afirmou Luciano Ramos.
A preocupação vem a reboque do amadurecimento da adoção da computação em nuvem, que, por sua vez, fará com que as empresas busquem maior controle sobre o uso e os gastos com cloud. “Esperamos ver maior ênfase em otimização e redução dos custos da computação em nuvem por automação e também pelo amadurecimento pelas práticas de FinOps [modelo de gerenciamento de custos de nuvem]”, completou Ramos.
A IDC acredita que, em nível global, já em 2024, cerca de 80% das grandes empresas decidirão por um provedor baseado na sua capacidade de demonstrar impactos de ESG. No Brasil, segundo a IDC, 79% das grandes companhias já avaliam se o uso de uma tecnologia vai demandar mais ou menos recursos naturais.
Com as áreas de negócios mais interessadas em entender como a computação em nuvem pode contribuir para sua imagem e resultados em ESG, os provedores de cloud e serviços precisam estar preparados para esta nova realidade. De acordo com a IDC, os gastos com infraestrutura luciano saboia Diretor para telecomunicações na IDC AL em nuvem pública corresponderão a pouco mais da metade dos gastos com infraestrutura digital em 2023.
apliCações na nuvem e virtualzação
Aplicações de negócios no modelo software como serviço têm avançado rapidamente e, em 2023, a expectativa da IDC é que 29% das empresas farão investimentos estratégicos nesta área. O desafio, ressaltou Luciano Ramos, é evitar que diferentes soluções consumidas a partir da computação em nuvem se transformem em silos com potencial de dificultar o compartilhamento e a integração de dados e aumentar os custos com conectividade.
De outro lado, apontou o country manager, os provedores de serviços gerenciados têm se tornado peça central na integração dessas soluções e na modernização de aplicações para habilitá-las para a nuvem.
Paralelamente à cloud, avança a virtualização do core das redes de telecomunicações. Isso reflete o contínuo movimento de dados entre pessoas, coisas, aplicações e processos, o que requer investimentos tecnológicos de longo prazo. “Talvez este tema ainda não tenha entrado com tanta ênfase nos últimos anos como deverá ocorrer agora em 2023”, disse Luciano Saboia, diretor para telecomunicações na IDC América Latina.
As compras de dispositivos também têm de estar alinhadas à agenda ESG. As empresas estão observando boas práticas dos fornecedores, ligadas, por exemplo, a créditos de carbono, uso responsável de recursos, logística reversa e economia circular. De acordo com Reinaldo Sakis, diretor para dispositivos na IDC América Latina, mesmo se tornando cada vez mais comuns, “tais práticas ainda geram uma percepção de diferenciação, e isso tem levado companhias a preferirem fornecedores engajados com o tema ESG.” A IDC estima que 5% das vendas de devices para abranet.org.br reinaldo sakis Diretor para dispositivos na IDC AL empresas B2B em 2023 no Brasil serão concretizadas por demonstrarem alinhamento com conceitos de ESG, um mercado que gira em torno dos US$ 250 milhões.
asCenção de ipa
No que tange ao uso de inteligência artificial para tomada de decisões estratégicas, a falta de confiança pode ser uma barreira e a fusão de inteligência e automação tem potencial de trazer novas capacidades para apoiar os negócios. Luciano Ramos destacou que pesquisa da IDC com empresas de grande porte no Brasil mostrou que 20,5% delas consideram a união de process automation & RPA como estratégica para as iniciativas que envolvem TI em 2023. A mesma pesquisa assinalou que inteligência artificial (IA) ganha espaço nos orçamentos neste ano, sendo o número três em potencial de crescimento, atrás apenas de cloud e segurança.
A junção de RPA e IA, formando o chamado intelligence process automation (IPA), aponta para um futuro com inteligência inserida no contexto de automação. De acordo com o executivo, significa tratar a IA que vai embarcada nas aplicações de negócios como algo padrão. “As empresas já esperam que as soluções tragam capacidades de IA, principalmente, quando falamos de capacidades robustas”, disse.
Demiss Es
Ao avaliar o movimento de demissões em massa das empresas globais de tecnologia, Luciano Ramos disse que grande parte delas está ligada à economia, como a inflação nos Estados Unidos. “Os EUA não estão habituados com inflação, traz temor e faz empresas reagirem. Também em função da mudança econômica, a publicidade mudou muito e grande parte das demissões está ligada a esta área”, afirmou.
De acordo ainda com o country manager da IDC Brasil, por aqui, ainda não se tem visto um reflexo direto de movimentos tão extremos. “Há ajustes, falando em início de ano, transição de governo, mas até o momento não vemos um movimento tão drástico aterrissando no Brasil”, pontuou. •
As 10 Mais
Segundo a IDC Brasil, as 10 principais tendências do mercado brasileiro de TI e telecom para 2023 são:
1 Amadurecimento do uso de cloud fará com que as empresas busquem maior controle sobre uso e gastos da nuvem
2 Haverá avanço na virtualização do core das redes de telecomunicações
3 Wireless first impulsionará a resiliência de missão crítica e continuidade de negócios
4 Redes privativas móveis, habilitadas pelo 5G, permitirão aplicações aprimoradas de IoT (Internet of Things), AI (ArtificialIntelligence) e ML (MachineLearning) no Brasil
5 Aplicações de negócio consumidas a partir da nuvem se consolidarão como o principal caminho para a modernização
6 Fusão de inteligência e automação trará novas capacidades para apoiar os negócios, mas ainda precisa ganhar confiança
7 Segurança de TI e dados continuará sendo prioridade e motivo de preocupação em 2023
8 O mercado de devices segue importante e representará 43,7% de todas as receitas de TI no país, a despeito dos desafios esperados em 2023
9 A distribuição das vendas de devices sofrerá mudanças em 2023, refletindo o dinamismo necessário para atuar neste segmento
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As empresas compradoras de devices também poderão colher os benefícios do alinhamento com as práticas de ESG