4 minute read

Redes pRivativas: uma oportunidade de ouro

Tais redes se apresentam como habilitadoras de processos e um mecanismo para conferir mais eficiência e inteligência à infraestrutura. São uma ótima oportunidade para as prestadoras de serviços de telecomunicações.

DESDE MEADOS do ano passado, quando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou e publicou os requisitos técnicos e condições de uso para estações terrestres de baixa potência em 3,7-3,8 GHz, abriu-se espaço para a implementação de redes privativas nessa faixa licenciada de espectro. A expectativa é que esse tipo de rede ganhe espaço, sobretudo, por oferecer recursos dedicados e otimizados, além de maior confiabilidade e baixa latência. Apesar de 5G ser a tecnologia mais óbvia para a construção dessa infraestrutura, ela não é a única. Nessa seara, as prestadoras de serviços de telecomunicações podem tirar proveito de sua expertise e ser uma alternativa de fornecedor. “Redes privativas podem gerar oportunidades interessantes para ISPs e provedores regionais, indo além da conectividade de entregar a fibra ótica na casa do cliente, para gerar novos negócios”, diz Luiz Spera, gerente de estratégia de marketing para a vertical de telecomunicações do CPQD.

As redes privativas móveis impulsionam aplicações aprimoradas de internet das coisas, inteligência artificial e machine learning . Representam novas receitas para as prestadoras de serviços de telecomunicações que vão além das redes, um tipo de oferta que vem a reboque do desen- volvimento e implantação das infraestruturas de 5G. Para a IDC, a combinação de redes móveis privativas 5G, IoT e multi-access edge computing (MEC) trará grandes benefícios para as organizações que as implantarem, devido aos requisitos de segurança, confiabilidade e latência. Investimentos nesse campo têm sido feitos no Brasil em diversos setores, como agronegócio, saúde, manufatura, óleo & gás, mineração e transporte.

Espera-se que todo o ecossistema de tecnologia seja impactado, passando por operadoras de telecomunicações, OEMs de dispositivos, provedores de nuvem e de equipamentos de rede, desenvolvedores de software e aplicativos e integradores. De acordo com Luciano Saboia, diretor luciano saboia

Diretor para a vertical de telecomunicações na IDC AL para a vertical de telecomunicações na IDC América Latina, as redes privativas móveis representam novas oportunidades de receitas para o setor de telecomunicações que vão além da conectividade e incluem cloud, segurança, armazenamento, gerenciamento e análise de dados, assim como outros serviços gerenciados necessários para aplicações mais complexas.

O tema redes móveis privativas conecta-se com o de internet das coisas, um mercado que deve chegar a R$ 11,2 bilhões em 2026, dos quais 38% irão se destinar a conectividade, segundo a IDC. Saboia lembra que a possibilidade de fatiamento da rede – networking slicing – aumenta ainda mais as variedades de uso e de modelos de negócios. “Pode-se prover uma fatia da rede para ser ‘pública’, destinada à conexão geral, e criar ofertas diferenciadas, dedicando espaço desta rede para uso das empresas. Isso vai potencializar a monetização dos investimentos e de casos de uso”, detalha Saboia.

Unindo-se ao coro, Felipe Locato, gerente de tecnologia para 5G da Logicalis Brasil, diz que as redes privativas estão despertando cada vez mais interesse das prestadoras de serviços e dos clientes. E isso usando tanto Wi-Fi 6 como 5G, que vão ampliar modelos de negócios para todo mundo. “Quando se fala de casos de uso de 5G, primeiro tem de entender a demanda de negócios e a melhor forma de conectividade, porque o 5G privado é uma delas. Se é um caso de uso simples, não precisa de grande largura de banda dedicada e que consiga lidar com latência de rede 5G pública, ela vai funcionar. Mas há diversos casos de uso onde obrigatoriamente vai ter de se montar rede 5G privada”, avalia Locato.

Papel Das Prestadoras De Servi Os

Definir os melhores modelos de negócios será um desafio, que levará em conta o tipo de aplicação a que se destina. As prestadoras de serviços de internet poderão entrar nesse mercado desempenhando o papel de impulsionadores de projetos de redes privativas. “O fato de a Anatel disponibilizar faixas de frequência específicas para determinadas áreas permitirá que empresas possam contratar esse espectro para uso próprio e contar com o know -how técnico dos ISPs para suportar o desenvolvimento do projeto, implementação e gerenciamento dessa rede”,

Gerente de estratégia de marketing para a vertical de telecomunicações do CPQD afirma Audry Rojas, analista-sênior de telecomunicações da IDC Brasil. “Contudo, é importante salientar a necessidade desse ISP ter conhecimento técnico adequado para essa demanda”, acrescenta.

O formato de redes privativas pressupõe que as empresas que queiram fazer uso deste modelo devem assegurar o espectro junto à Anatel. Entre os benefícios para quem escolher contar com esta infraestrutura, estão alta velocidade, baixa latência e maior densidade de dispositivos, juntamente com a possibilidade de inovação e expansão da rede para suportar casos de usos de verticais ou indústrias específicas. “Somando a camada de segurança, é possível construir uma rede transparente, zero trust [modelo de segurança cibernética] e altamente gerenciada. Muitas empresas estão planejando investir em redes privativas móveis como um meio de atender às suas necessidades específicas de operação, além de resolver antigos desafios de conectividade”, detalha Rojas.

Para as prestadoras de serviços de internet, essa nova tecnologia de infraestrutura de redes abre espaço para novas fontes de receitas, combinando conectividade e serviços de TI à experiência no mercado de banda larga fixa. “Os ISPs estão mais do que interessados – e preparados – para pivotar seu negócio indo além da fibra, fato comprovado pela participação deles no leilão do 5G”, destaca a analista-sênior de telecomunicações da IDC Brasil, acrescentando que o crescimento esperado para as redes privativas móveis – acima de 35% ao ano no mercado brasileiro – será encabeçado pelo segmento B2B, com o objetivo de melhorar sua eficiência operacional e promover experiências aprimoradas para seus clientes.

Um caminho que as prestadoras devem seguir para entrar no mercado de redes privativas é entender a necessidade de conectividade de cada vertical, para habilitar os casos de uso transformacionais imperativos para seus negócios e, assim, mapear em quais iniciativas elas trariam mais vantagens.

formação e parCerias

É fato que as prestadoras serviços estão espalhadas nos mais distantes rincões do País. Levaram a banda larga e passaram fibra ótica aonde as grandes operadoras não chegaram. Agora, se veem diante de mais uma oportunidade de mercado, mas para isso terão de buscar formação e estarem abertas a parcerias.

“As oportunidades irão variar de região para região, mas, de uma maneira geral, IoT em conjunto com redes privativas poderão alavancar oportunidades interessantes para os ISPs. É importante ter em mente que essas ofertas deverão ser ampliadas, adicionando camadas de segurança, cloud e, especialmente, plataformas de analytics para

Gerente de tecnologia para 5G da Logicalis Brasil conseguir manipular e tratar os dados coletados nessa rede”, afirma Audry Rojas, da IDC Brasil.

Para Luiz Spera, do CPQD, com a dimensão continental do País e as prestadoras de serviços de telecomunicações bem posicionadas, próximas de onde as redes privativas vão operar, há uma boa vantagem. “Elas têm acesso em entregar fibra ótica e prover rede privativa para fazendas, indústrias.

This article is from: