Revista Convergência Digital

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Ano 1 Nº 1 Julho / 2012

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FÓRUM TIC BRASIL

Aonde o

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BRASIL quer ir

» Mercado pede um CTO no Governo Federal » Computação na nuvem: momento de decisão » Compras: continuidade dos projetos é fator crítico Guerra cibernética: cada vez mais perto de nós

CIAB 2012: bancos assumem que é hora de mudar

MARCO CIVIL DA INTERNET Neutralidade da rede gera conflito de interesses www.convergenciadigital.com.br

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SUMÁRIO

EDITORIAL

Para você!

FÓRUM TIC BRASIL

Aonde o BRASIL quer ir? Em mesa-redonda, executivos do setor privado dizem que há sinais de maturidade nas compras governamentais, mas os projetos de longo prazo seguem como um forte desafio. Mercado pede ao Governo Dilma uma ação de curto prazo: a nomeação de um Chief Techonology Officer (CTO) para unificar as iniciativas voltadas para o setor de TICs.

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INTERNET

Marco Civil Neutralidade da rede gera impasse e votação do

relatório - que determinará uma lei para a Internet no Brasil - é adiada para agosto. Governo, teles e sociedade tentam aparar as arestas.

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GOVERNO

Competitividade em TI Os benefícios da desoneração do Plano Brasil Maior começam a ser contabilizados, mas o setor sofre para aumentar a sua participação nas vendas externas. SEGURANÇA

Guerra cibernética Professor da PUC/Rio, Roberto Ierusalimschy, em entrevista exclusiva à Revista do Convergência Digital, fala sobre o Flame e adverte: software, ao contrário do ser humano, não faz julgamento prévio.

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ESPECIAL CIAB 2012

Bancos assumem que é hora de mudar Instigadas pela

crise econômica mundial e pressionadas pelo governo brasileiro a reduzir os juros, as instituições financeiras admitem que chegou a hora de aumentar a eficiência operacional. Nesse cenário, a TI deixa de ser apenas um suporte ao negócio para se tornar a estrela e o fio condutor de novas frentes

DIREÇÃO EDITORIAL

Ana Paula Lobo analobo@convergenciadigital.com.br

Luiz Queiroz A revista do Portal Convergência Digital www.convergenciadigital.com.br

queiroz@convergenciadigital.com.br

EDIÇÃO

Bia Alvim bia.alvim@pebcomunicacao.com

EDIÇÃO/REPORTAGEM

Luis Osvaldo Grossmann

ruivo@convergenciadigital.com.br

DIREÇÃO COMERCIAL

Alberto Kaduoka kadu@convergenciadigital.com.br comercial@convergenciadigital.com.br

CONTATO COM A REDAÇÃO editor@convergenciadigital.com.br

Fábio Barros

fbarros@itcareers.com.br

Fernanda Ângelo fangelo@convergenciadigital.com.br

EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Pedro Costa

Levar conteúdo com qualidade e opinião crítica tem sido o nosso lema nos sete anos do Portal Convergência Digital. Agora, abrimos uma nova frente com a revista digital do Convergência Digital. Em tempos de convergência, ampliar as fronteiras para além dos desktops – com a leitura nos tablets e smartphones – é uma obrigação nossa, que mantemos a aposta no mundo online como principal referência de informação. Para nós, da equipe editorial, o desafio, daqui por diante, será selecionar os principais temas do mês e aprofundar a análise. Nesta primeira edição, nosso olhar vai para o relacionamento Governo e iniciativa privada. Na segunda mesaredonda preparatória para o Fórum TIC Brasil, que o Convergência Digital e a Network Eventos estão organizando para março de 2013, a voz ficou com as demandas do mercado corporativo. E uma posição foi unânime: falta um interlocutor governamental para ser o ponto focal quando às questões de tecnologia. O impacto da computação na nuvem e a necessidade de incentivos à inovação também foram colocados à mesa. Destaque ainda para o CIAB 2012, principal evento de tecnologia bancária do Brasil. Os bancos, pressionados pela crise econômica mundial e pela queda de juros estimulada pelo governo brasileiro, sabem que é hora de aumentar a eficiência. Também estão cientes de que é preciso aperfeiçoar, ou melhor, simplificar a oferta de serviços para atender à ascensão das classes C, D e E. Tarefa nada simples e que impõe uma nova era. Vão conseguir? Também abordamos um tema perturbador nos tempos de hoje: a guerra cibernética mundial.

pedro@convergenciadigital.com.br

Boa leitura!

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FÓRUM TIC BRASIL

TICs:

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aonde o Brasil quer ir

Fernanda Ângelo * Colaboraram Ana Paula Lobo e Luiz Queiroz

Para os executivos da iniciativa privada convidados a participar da segunda mesa-redonda preparatória do Fórum TIC Brasil, evento que será realizado pelo portal Convergência Digital e pela Network Eventos, há sinais de maturidade nas compras governamentais, mas ainda existe a necessidade de compartilhar um ponto chave: o conhecimento. Os projetos de longo prazo permanecem um forte desafio. O mercado conclama o governo Dilma a uma ação de curto prazo: nomear, o quanto antes, um interlocutor – na prática um Chief Technology Officer (CTO) – para unificar as iniciativas do setor.

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“G

overno e iniciativa privada só têm a ganhar se compartilharem conhecimentos entre si.” A afirmação foi um consenso entre os executivos da Algar Tecnologia, Amdocs, Globalweb, IBM e PromonLogicalis, que participaram, no último dia 26 de junho, da segunda mesa-redonda preparatória para o Fórum TIC Brasil, que o portal Convergência Digital e a Network Eventos irão realizar, nos dias 19 e 20 de março de 2013, em Brasília. No encontro, uma certeza: é mais do que necessário agilizar a união de esforços entre iniciativa privada e pública. “As parcerias público-privadas (PPP) são uma boa saída para a discussão de inovação envolvendo empresas públicas, privadas e governo. Podem ser um meio de otimizar a adoção da tecnologia na esfera pública e a sua integração pela iniciativa privada”, sugeriu Leonardo Bruno, diretor-regional São Paulo da Algar Tecnologia. “Colocar os titãs da tecnologia no setor público à mesa com a iniciativa privada significaria ganhos para todas as partes”, assegurou. “A partir do momento que você vê governos próximos da iniciativa privada para criar soluções a quatro mãos, consegue equalizar soluções melhores e bem-sucedidas”, acrescentou Renato Panessa, diretor de alianças da GlobalWeb. Luis Minoru, diretor de consultoria da Promon Logicalis, engrossou o coro. Para ele, por mais que haja competição – e que essa disputa seja bastante saudável –, governo e iniciativa privada precisam estabelecer planejamentos conjuntos. Isso ajudaria não só garantir a continuidade de projetos importantes para a infraestrutura tecnológica pública, como também daria suporte à criação de relevantes serviços digitais prestados aos cidadãos. A necessidade de somar esforços, segundo o gerente de novas Tecnologias da IBM, Cezar Taurion, já é reconhecida, mas as ações conjuntas entre concorrentes ainda são poucas. “Há um interesse de aproximação entre governo, empresas públicas e privadas, mas falta sincronismo”, afirmou. E, quando o assunto é concorrência, mais do que se sentar à mesa com as gigantes públicas de TICs, os executivos afirmam que o governo deveria abrir o mercado para a concorrência com empresas de fora do Brasil. “O fomento à inovação passa pelo lado de desenvolver a indústria nacional. Mas também implica atrair novos players, incluindo multinacionais, que podem se instalar e trazer avanços para o setor no Brasil”, avaliou Nelson Wang, vice-presidente regional da Amdocs para América Latina e Caribe. Taurion completou: “é importante abrir os portos não apenas para empresas, mas também para gente. Estamos vivendo um apagão de mão de obra. Trazer gente especializada poderia ajudar a trazer inovação.”

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Com maior foco em serviços, a hora é de ajustar as compras governamentais Governo profissionaliza contratações em TICs ao reduzir o foco em produtos e mão de obra e dedicar mais atenção a serviços. Com isso, contratação por leilão se torna inviável

D VEJA O VÍDEO

oe cinco anos para cá, o foco do governo na contratação de pessoas e software deu lugar à compra de serviços. O governo deixou um pouco de lado a questão de mão de obra e custo e voltou-se a especialização e serviços. Com isso, hoje não adianta mais às empresas concorrentes apenas baixarem preços para conseguir vender para órgãos públicos. Essa mudança de cenário é um reflexo do amadurecimento e profissionalização nas compras governamentais, admitiram os executivos, ao tratarem o tema ‘Compras Governamentais e os impactos nos negócios privados’. “O governo tem gente muito especializada e capacitada para a boa elaboração de editais de contratação de serviços”, elogiou o diretor-regional São Paulo da Algar Tecnologia. Para ele, de manei-

“AS EMPRESAS PASSAM POR UMA FASE DE ADAPTAÇÃO, QUE MUITAS VEZES É CRÍTICA E PODE LEVAR ATÉ SEIS MESES, EM ALGUNS CASOS. ESSES AJUSTES SÃO NECESSÁRIOS PORQUE O FORNECEDOR ESTÁ ACOSTUMADO A TRABALHAR COM NÍVEIS DE SERVIÇOS E O GOVERNO, AINDA NÃO” Leonardo Bruno

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Diretor da Algar Tecnologia

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ra geral, essa mudança vem sendo favorável às empresas interessadas em vender para o governo. “As empresas passam por uma fase de adaptação, que muitas vezes é crítica e pode levar até seis meses, em alguns casos. Esses ajustes são necessários porque o fornecedor está acostumado a trabalhar com níveis de serviços e o governo, ainda não”, acrescentou. Os demais debatedores concordaram com a profissionalização, mas afirmaram que os benefícios e os avanços nas contratações do governo trazem à tona outro problema: quando se muda o foco das contratações de produtos e mão de obra para serviços, elas não podem mais ser feitas por leilão, tampouco de forma tão rápida, como muitas vezes acontece. Minoru lembrou que, quando se trata de serviços, é necessário redigir editais com um bom nível de detalhamento sobre níveis e efetividade, entre outros quesitos. “É preciso aproveitar as boas lições tiradas dos leilões e somá-las a novos modelos de contratação”, sugeriu. “Quando se fala em serviços, as contratações não podem ser feitas em questão de duas semanas, como vemos acontecer com software”, exemplificou. A adoção de cloud computing entra nesse cenário. “Quando se fala em cloud, há diversos níveis de serviços e SLAs. Estamos falando de TI como serviço e não se pode vender como produto. Não cabe aqui o uso de pregão para a contratação”, avaliou Taurion, da IBM. “As variáveis são muitas e impactam diretamente no preço. Não se pode ser tão simplista, mas é preciso repensar uma forma de compra que não seja tão demorada”, acrescentou.

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Cloud computing: governo precisa perder o medo Mercado diz que o Poder Executivo não precisa pensar em políticas de incentivo apenas tomando como base a desoneração. A adoção em massa dos serviços, por exemplo, teria um impacto significativo na realização de novos negócios e na criação de novos casos de sucesso além da urna eletrônica e do Imposto de Renda digital

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nquanto o governo estuda pura e simplesmente o estabelecimento de políticas relacionadas à desoneração para a computação em nuvem, executivos de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) cobram incentivo para sua adoção. “Hoje não existe uma política de incentivo que não passe apenas pela desoneração”, criticou Cézar Taurion. Minoru, da Promon Logicalis, concordou, mas disse que, embora as políticas sejam necessárias, a iniciativa privada não pode ficar de braços cruzados esperando até que elas sejam estabelecidas. Mais cuidadoso, Leonardo Bruno “ADOTAR CLOUD acredita que é perigoso falar em regras NÃO SIGNIFICA de utilização para cloud computing. Ao JOGAR FORA TODO invés disso, sugeriu, o governo deveria O INVESTIMENTO estimular de alguma forma o uso da nuJÁ REALIZADO EM vem. “O governo precisa incentivar a INFRAESTRUTURA” utilização. Assim vai estimular a adoção em outras esferas”, avaliou. Renato Panessa Diretor de alianças da GlobalWeb Na mesma linha de raciocínio, Wang afirmou que o incentivo em si é também VEJA O VÍDEO uma política. “Usar como exemplo é política. Política não significa necessariamente o estabelecimento de regras. Ao ser um comprador, o governo estimularia a adoção da cloud computing”, afirmou o executivo da Amdocs.

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Já Renato Panessa, diretor de alianças da GlobalWeb, acredita que o atraso na adoção de cloud computing se deve ao fato de a tecnologia ter sido “muito mal vendida” no Brasil. Ele recordou que cloud não é algo novo, mas uma evolução de tecnologias e modelos de comercialização de TI que já existem há tempos. “Adotar cloud não significa jogar fora todo o investimento já realizado em infraestrutura”, disse Panessa. “Além disso, existem contratos e SLAs muito bem amarrados para garantir a qualidade e segurança do serviço”, afirmou. Taurion reforçou a visão do executivo da GlobalWeb, ao afirmar que as empresas não precisam se desfazer de suas infraestruturas para migrar para a nuvem. “Elas podem integrar seus parques à nova política”, explica. “Ao longo do tempo, as contratações devem ser mais esporádicas, mas de maneira nenhuma significa jogar investimentos fora”, assegurou. A propósito, Taurion afirmou que hoje os grandes investidores não aplicam mais recursos em infraestrutura, mas apenas em cloud. Ainda assim, Taurion acredita mesmo que a fase do entendimento sobre cloud computing já esteja vencida. A questão agora, segundo ele, é que existe ainda um pouco de conservadorismo e o medo da mudança em si. No entanto, continuou Taurion, vários órgãos públicos estão muito mal preparados para proteger dados mantidos em seus sistemas. “Esses dados ficariam bem mais seguros se mantidos na nuvem”, afirmou. “Trata-se mais do imobilismo de fazer alguma coisa do que de uma barreira concreta”, disparou o especialista da IBM. Apesar de todo o cenário crítico para o governo, Minoru, da PromonLogicalis, lembrou que existem casos de muito sucesso, como o Imposto de Renda, o processo das eleições e a Nota Fiscal eletrônica. “Em todos, foi necessário coragem para investir e aproximação entre iniciativa privada, pesquisadores e órgãos públicos”, concluiu.

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Procura-se um CTO Se é hora de alinhar interesses e compartilhar conhecimento, executivos afirmaram que falta no governo um interlocutor que desenhe as estratégias capazes de solucionar problemas e que, acima de tudo, garanta a continuidade de projetos, independentemente de partido político

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ndagados sobre medidas efetivas de curto prazo para acelerar a troca de conhecimento entre governo e iniciativa privada, os executivos presentes à mesa-redonda preparatória do Fórum TIC Brasil foram direto ao ponto crítico. Para eles, no Brasil, há muita conversa mas, na prática, não há metas e diretrizes mais abrangentes. “Falta um interlocutor, um Chief Technology Officer (CTO) do governo, que desenhe as estratégias que resolvam os problemas governamentais e seja capaz de transmitir isso para fora [do âmbito governamental]”, sugeriu Cesar Taurion, gerente de novas tecnologias da IBM. “Seria alguém ligado à Casa Civil, com autonomia de pensar estratégias. Alguém fora de ministérios, que fique longe de disputas políticas”, aconselhou o executivo. A proposta recebeu adesão unânime. Para Leonardo Bruno, da Algar Tecnologia, os órgãos de Brasília estão bem preparados e contam com gente muito boa, capazes de escrever editais excelentes, com base em

“SERIA ALGUÉM COM AUTONOMIA DE PENSAR ESTRATÉGIAS. ALGUÉM QUE FIQUE LONGE DE DISPUTAS POLÍTICAS” VEJA O VÍDEO

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Cesar Taurion Gerente de novas tecnologias da IBM

boas práticas de governança. No entanto, disse o executivo, por influência de esferas estaduais e municipais, muitas vezes eles acabam atrasando ou deixando inacabados diversos projetos. “Se houvesse esse interlocutor para conduzir tudo num fio – independentemente de governo –, muitas ações não se perderiam”, sustentou. Luis Minoru, diretor de consultoria da PromonLogicalis, concorda. “Dentro do governo existem órgãos de diferentes tamanhos, com distintos níveis de especialização. Em alguns deles falta um pouco de planejamento”, afirmou. Ele exemplificou com a parceria firmada entre a Promon Logicalis e a Apple, por meio da qual sua empresa tem fornecido muitos iPads para diferentes órgãos do governo. “Isso nos dá boas perspectivas, pois sugere que devem, por exemplo, migrar infraestrutura para cloud. Por outro lado, se não houver investimentos em conectividade e serviços de operadoras, por exemplo, os recursos serão subutilizados”, analisou. O principal motivo para isso seria o investimento do governo com perspectivas de curto prazo. E não por falta de capacidade de gerir múltiplos fornecedores, nem tampouco por escassez de oportunidades de se aproveitar a tecnologia não apenas para o ganho de produtividade, mas também para a oferta de bons serviços digitais aos cidadãos. “Na maioria das vezes, o problema maior está no fato de o governante não saber se ele será reeleito nem se conseguirá colocar seu candidato no lugar”, disse Taurion. “Esses intervalos [entre o fim de um mandato e o início de outro] acabam atrasando e interrompendo a evolução de projetos, que depois ficam obsoletos e demandam todo um planejamento novamente”, observou Nelson Wang, vice-presidente regional da Amdocs para América Latina e Caribe. “No passado, havia políticas estruturantes, que serviam de norte. Por mais que as compras devam ser de curto prazo, elas não podem ser impactadas por trocas de governantes”, afirmou Wang.

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Inovação: o calcanhar de aquiles da política governamental Governo precisa aproveitar o ambiente propício à inovação no Brasil, e isto pode ser feito com o dinheiro que já está disponível, sem a necessidade de criar novas taxas

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xecutivos brasileiros do setor de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) são unânimes em dizer que o ambiente no Brasil nunca foi tão propício e fértil a inovações. Mas por que então elas acontecem em ritmo tão lento? A resposta também é unânime: falta incentivo do governo. “O ambiente está muito fértil. É possível inovar em transporte, educação, saúde. Só está faltando o governo incentivar”, afirmou Luis Minoru, da PromonLogicalis. Leonardo Bruno, da Algar Tecnologia, considera que não há atualmente a postura de colocar o Brasil como um centro exportador de inovação. “O Brasil tem natureza empreendedora, e isto tem de ser transportado também para a esfera governamental. Quando o governo começar a pensar assim, ele vai estimular a iniciativa privada a fazê-lo”, avaliou Bruno. “O Brasil tem bons profissionais e pontos positivos como a localização geográfica, e mesmo assim não há incentivo do governo em transformar o país em centro exportador de serviço. Isso também é inovação”, disse o executivo da Algar. Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias da IBM, destacou que, para incentivar a inovação, o governo não precisa criar novas taxas ou impostos. “É usar o dinheiro que já está aí. Não precisa mais taxação, e sim incentivo”, assegura. “Não é risco. É aplicar melhor o dinheiro que já está disponível”, reforçou Nelson Wang, vice-presidente

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regional da Amdocs para América Latina e Caribe. “Também é importante observar iniciativas bem-sucedidas e trazê-las para a esfera pública”, “O INVESTIMENTO ressaltou Minoru. CONJUNTO ENTRE Wang destacou ainda como INDÚSTRIA PRIVADA uma barreira o fato de a academia E GOVERNO SERIA no Brasil ser muito focada em pesUMA EXCELENTE quisa de base – e não em pesquisa ALTERNATIVA PARA A aplicada. “Só com pesquisa apliINOVAÇÃO NO PAÍS” cada geram-se inovações muito mais efetivas”, afirmou. Para ele, Nelson Wang Vice-presidente regional da Amdocs o brasileiro se importa muito com para América Latina e Caribe publicação de papers porque hoje isso conta para seu currículo acaVEJA O VÍDEO dêmico. “É preciso profissionalizar essa carreira. As inovações que geram benefícios para o país deveriam contar para o currículo do pesquisador”, sugeriu. Wang lembrou ainda que esta seria uma maneira de multiplicar o valor da pesquisa. “O investimento conjunto entre indústria privada e governo seria uma excelente alternativa para a inovação no país”, afirmou. Renato Panessa, diretor de alianças da GlobalWeb, apontou que o Brasil é culturalmente aberto. “É mais uma questão de cadenciar e definir papéis em termos de inovação, exportação e questões econômicas.”

“O AMBIENTE ESTÁ MUITO FÉRTIL. É POSSÍVEL INOVAR EM TRANSPORTE, EDUCAÇÃO, SAÚDE. SÓ ESTÁ FALTANDO O GOVERNO INCENTIVAR” Luis Minoru

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Diretor da Promon Logicalis

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Na Claro, TI é essencial

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no negócio

telecom Simplificar e unificar não são apenas palavras de ordem na Claro. São iniciativas da TI para facilitar o negócio. Desde 2005, este tem sido o trabalho mais complexo conduzido pela área. Dos 900 sistemas herdados da fusão de seis empresas, houve uma redução para 250, em 2009, e, agora, há pouco mais de seis meses, chegou-se a apenas 20 sistemas. “E ainda assim precisamos unificar mais”, diz o diretor de TI Demandas & Testes da Claro, Wilson Marcolin.

Ana Paula Lobo

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ara o executivo da Claro, “a TI é essencial na disputa pelo cliente nesse mercado tão competitivo”, mas ele também não disfarça as fragilidades. “A TI tem dificuldades para atender a demanda de telecom, em que um projeto de um ano é de longo prazo. Isso é totalmente diferente de outras indústrias”. Marcolin foi ao ponto nevrálgico quando diagnosticou a missão da TI no negócio de telecom. “Temos que ser uma prestadora de serviços. As áreas demandantes de serviços precisam exigir e cobrar”, detalha. A meta da unificação de sistemas é crucial. A aposta é criar, por exemplo, uma ‘cara’ única para todo o sistema de atendimento ao cliente. “Até então, tínhamos vários sistemas. A proposta, desafiadora, é permitir que o atendente do call center possa ir para a loja própria porque a ferramenta de trabalho já será conhecida”, explica. Ficar à frente da TI de uma operadora é lidar com projetos

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de curto prazo, sintetiza Marcolin. “Quando é ‘pra’ ontem, a pergunta é sempre a mesma: já está pronto?”, brinca. É preciso também se adaptar aos novos tempos. Computação na nuvem e consumerização estão na lista de prioridades. Para o diretor de TI da Claro, cloud computing é uma realidade, é o futuro, mas ele ainda tem dúvidas com relação ao uso corporativo. Marcolin lembra que usar a nuvem na rede interna é simples e funciona. “Há velocidade de acesso, mas o grande ponto é sair para o mundo externo. A rede terá essa velocidade? Para mim, cloud já é fato, mas ainda precisa amadurecer”, analisa. Do ponto de vista do negócio, a Claro está ciente de que a computação na nuvem é uma oportunidade. “Quanto mais

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“QUANTO MAIS EU VENDER INFRAESTRUTURA, MAIS OS CLIENTES VÃO CONSUMIR NA MINHA REDE” Wilson Marcolin Diretor de TI Demandas & Testes da Claro

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eu vender infraestrutura, mais os clientes vão consumir na minha rede”, detalha. Indagado se computação na nuvem assusta em TI por uma questão de perda de poder do CIO, Marcolin garante que este não é ponto a ser discutido. Para ele, o aspecto crítico é com relação à segurança. “O controle da informação permeia todo o debate em torno da nuvem. Proibir por proibir não adianta. Se proibir, há sempre alguém tentando burlar. Se políticas de segurança rigorosas são definidas – não pode pen drive, não pode HD externo –, o que garante que um funcionário não vai sacar o seu próprio celular e tirar uma foto da ‘cara’ do nosso sistema e vazar informação?”, indaga Marcolin. Ciente de que a consumerização chegou para ficar, a Claro criou uma rede própria só para facilitar o tráfego de informações para os tablets, que podem ser da empresa ou do próprio empregado. De acordo com Marcolin, hoje, não dá mais para evitar que o funcionário leve o seu dispositivo para o trabalho. O grande ponto é o gestor definir o quê e quais informações, de fato, precisam de proteção. Considerando que TI, hoje, é essencial no negócio telecom, Marcolin comenta sobre a força-tarefa montada para colocar na rua a exigência da Anatel pelo nono dígito na telefonia móvel. O novo modelo começa a funcionar no final de julho. “Todos os sistemas foram alterados. Muda tudo. Criamos uma força-tarefa na área de TI. São 20 sistemas para serem transformados. E vale lembrar que a mudança, apesar de valer, agora, só para São Paulo, acaba sendo preparada para todo o Brasil”, destaca. Para estar dentro do prazo estabelecido pela agência reguladora, a Claro diz que, além da área de TI, outras unidades tiveram que participar diretamente, como a engenharia, o marketing e o comercial. “A conta de telefone, por exemplo, teve de ser modificada. Ganhou nova formatação. Isso envolve todas as áreas do negócio. A agenda de telefone, disponibilizada para o cliente, também muda com o acréscimo do novo dígito. Essa mudança exigiu e ainda exige uma grande participação da TI”, completa.

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Qualidade: ponto crítico na relação operadora x provedor de serviço O dia-a-dia em busca da simplificação não é tarefa simples, assume o diretor de TI Demandas & Testes da Claro, Wilson Marcolin. Um dos pontos críticos, diz, é que os fornecedores de serviços – e a Claro precisa trabalhar com terceirizados, mas mantendo com pulso firme a gestão interna da inteligência – não estão preparados, na sua maioria, para relacionar qualidade ao conhecimento. “Muitos batem à minha porta e querem vender serviços. Eu sempre digo que eles precisam entender o meu negócio”, afirma Marcolin. Segundo ele, não adianta o fornecedor ter, por exemplo, a melhor solução de BI, mas sim saber fazer essa aplicação funcionar para o mundo de telecom e, especialmente, para o mercado brasileiro. “Se não for assim, não adianta. Um exemplo: no ano passado, o Brasil ativou 40 milhões de novas linhas. Esse número é totalmente diverso da Europa e de outros países. Um fornecedor apresentou uma solução preparada para 100, 500 ativações. Nós precisamos de muito mais. Se a TI falhar, o assinante vai colocar o chip da concorrência e, naquele momento, houve uma perda”, detalha o diretor da Claro. Ao reiterar que o mundo de telecom é um desafio para a TI, Marcolin lembra que criar uma relação de honestidade com o fornecedor é, sempre, a melhor alternativa. Mas admite que há pontos críticos para a contratação de serviços locais: a capacidade de sobrevivência; continuidade das soluções e a retenção de talentos. “Continuidade é palavra chave nas operadoras. Temos sistemas legados e há casos relevantes que nos induzem a pensar. Aqui, um bom fornecedor de software foi comprado por uma multinacional americana e, em seis meses, essa empresa ‘matou’ o software”, lembra Marcolin. Para o executivo, é preciso que o Brasil crie medidas de incentivo à produção de software local. “O brasileiro é muito criativo e capaz. Não falo apenas na área da criação, mas na de customização também. E não estamos conseguindo manter o talento aqui. Eles estão indo embora. Precisamos retê-los aqui”, salienta. E na área de telecom, complementa, se não há conhecimento, se não há quem saiba mexer nos legados, haverá graves problemas no futuro.

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INTERNET

Marco Civil da INTERNET

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Por trás da discussão sobre a neutralidade da rede, que levou ao adiamento da votação do Marco Civil, governo dá mais um passo para transformar a Internet em serviço de telecomunicações Luis Osvaldo Grossmann

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a contramão do que se entende ser a rede das redes, a discussão do Marco Civil da Internet – cujo destino foi adiado na Câmara dos Deputados – volta a opor atores cujos papéis deveriam ser distintos: os responsáveis pela camada física da internet e aqueles que se situam na camada de aplicações e conteúdo. Ou, ainda, o mundo das telecomunicações e o mundo IP. O campo de batalha é a definição da neutralidade da rede. Este é um conceito intimamente ligado à arquitetura da internet, melhor entendido a partir de dois princípios fundamentais – a divisão da rede em camadas e a transmissão de informações por meio de pacotes de dados. A divisão em camadas relaciona-se com as tarefas que cada uma delas executa para que exista a comunicação. De forma muito simplificada, separa o meio físico – fios, fibras, rádios – dos programas que viabilizam essa comunicação com o uso de linguagens acessíveis aos humanos – sons, imagens ou caracteres. Na infraestrutura, transitam sinais elétricos ou ópticos nos quais é possível carregar bits, ou “nacos”, de dados. Esses dados, seja qual for seu formato original – uma carta, um filme, etc. –, são picotados em pequenos pacotes de informações. Por neutralidade da rede entende-se que qualquer um desses pequenos pacotes de dados tem o mesmo nível de prioridade para trafegar nos fios, fibras ou no ar, independentemente das informações que contêm ou de onde foram enviados. Eles transitam entre diferentes redes, daí interredes, ou internet. O que acontece é que os fios de cobre, as fi-

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bras ópticas e as antenas têm dono. Eles pertencem às empresas de telecomunicações, cujo principal negócio é alugar espaço nessa in“NÃO É JUSTO QUE EM fraestrutura e, assim, permitir que UMA REDE PROJETADA existam comunicações a distância. PARA ATENDER, Ainda que irmãs xifópagas, a DIGAMOS, 100 PESSOAS, infraestrutura tem a graça da teleUM ÚNICO USUÁRIO comunicação, enquanto a internet é um tipo de uso dessa infraestru- CONSUMA PRATICAMENTE TODA A CAPACIDADE tura. A disputa se dá porque esta QUE ELA COMPORTA. considera essencial, e por isso O QUE DEFENDEMOS É tenta impor àquela, a tal regra da A POSSIBILIDADE DE neutralidade, o tratamento imparADMINISTRAR A REDE DE cial dos pacotes de dados. FORMA MAIS EFICIENTE” Mas construir as redes físicas custa milhões, ou mesmo bilhões. Eduardo Levy Diretor executivo do Sinditelebrasil Para otimizar o investimento, cada metro de fibra será alugado a muitos, o que embute uma confiança estatística de que o uso não será simultâneo ou que a capacidade de tráfego será razoavelmente equilibrada. “Não existe o mundo ideal em nada, tampouco na internet. Não é justo que em uma rede projetada para atender, digamos, 100 pessoas, um único usuário consuma praticamente toda a capacidade que ela comporta. O que defendemos é a possibilidade de administrar a rede de forma mais eficiente”, argumenta o diretor executivo do sindicato nacional das teles, Sinditelebrasil, Eduardo Levy. Daí a posição das donas da infraestrutura de que a regra da neutralidade seja flexível para comportar exceções que as permitam fazer a gestão do tráfego. Em outras palavras, que o fluxo de dados

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para um determinado usuário seja alterado quando a rede identificar que se trata de uma grande demanda, como vídeos, ou que exija maior regularidade dos pacotes, como voz sobre IP, ou VoIP. É aqui, porém, que o terreno fica pantanoso. Para fazer a gestão do tráfego, a rede precisa identificar os pacotes, portanto, saber o que eles carregam. Há meios para isso, especialmente através de “packet sniffers”, ou farejadores de pacotes, capazes de recompor conteúdos de, por exemplo, 1GB de dados em um segundo ou menos. Além dessa questão – que equivale ao serviço de Correios abrir as cartas para decidir como despachá-las,

para usar uma metáfora cara às teles –, a gestão do tráfego possibilita condutas anticompetitivas, com privilégios a sites, aplicativos ou mesmo dispositivos de determinado grupo econômico ou parceiros comerciais. Para o relator do Marco Civil da Internet, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), “sem neutralidade, a internet fica comprometida. Modelos diferenciados de tratamento dos pacotes podem resultar no fim do modelo descentralizado da internet”. Os impactos podem se dar em aplicativos ou dispositivos de conexão e mesmo na própria liberdade de expressão, a livre iniciativa ou a inovação. Nessa disputa, o governo vem demonstrando maior afinidade com os argumentos das

CONTEÚDO: o próximo embate? Marco Civil da Internet é severo com a retirada do que está disponível na rede, mas não trata diretamente da manutenção de conteúdos ilegais ou ofensivos

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esultado de quatro anos de discussões desde que, em outubro de 2009, o Ministério da Justiça colocou em consulta pública um anteprojeto de lei que contou com ampla participação social, o Marco Civil da Internet está materializado no texto do PL 2126/2011, pronto para ser votado pelo Congresso Nacional. Mas, como se viu, o interesse no avanço da proposta é restrito. Ainda que a neutralidade da rede tenha se mostrado como centro da discussão sobre o projeto, com pressão do governo para modificação do substitutivo, seu rela-

tor, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), também cedeu a reivindicações dos ativistas da rede em outra questão importante: a retirada de conteúdos de terceiros por decisão unilateral dos provedores. “Estamos em um país onde blogs são perseguidos diuturnamente; não podemos ter nenhuma brecha para a censura instantânea. Se houver como interpretar a lei de um jeito negativo, há grupos que farão isso. Não podemos retroceder por força do lobby”, sustenta o professor e notório ativista pela ampla liberdade na internet, Sérgio Amadeu. Foi eliminado o trecho que previa a retirada de conteúdos com base em termos de uso ou de acordos comerciais. Além disso, um provedor de aplicativos “somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após

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“SEM NEUTRALIDADE, A INTERNET FICA COMPROMETIDA. MODELOS DIFERENCIADOS DE TRATAMENTO DOS PACOTES PODEM RESULTAR NO FIM DO MODELO DESCENTRALIZADO DA INTERNET”

teles. Houve pressão para que o texto do projeto de lei fosse modificado, como foi, resguardando ao Alessandro Molon Executivo a tarefa de regulamentar Deputado (PT-RJ) / Relator do Marco Civil da Internet os limites da neutralidade de rede. Também ajuda a explicar a escassez de parlamentares dispostos a aprovar a der de regulamentar o tema. Ainda que contrária à comuniproposta, cuja votação acabou adiada. O Ministério das Comunicações não escon- dade da internet – para a qual telecomunicações de que, diferentemente do que prevê o projeto, e internet são animais distintos –, a posição é prefere a Anatel, e não o Comitê Gestor da In- coerente com sucessivos movimentos que conternet, como balizador da neutralidade. “Essa trapõem o CGI.br e a agência reguladora. Basta deve ser uma atribuição da Anatel”, sustenta o recordar a revisão da Norma 4/95, instrumento ministro Paulo Bernardo. Com a votação adia- legal que diferencia os dois bichos, e a desquada, ele entende que há tempo de mudar o texto, lificação do Comitê Gestor como responsável ou que a Presidência delegue à agência o po- por medir a qualidade das conexões à rede.

ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente”. Mas se é clara a preocupação com o que poderia legalizar a retirada de conteúdo ao bel-prazer de provedores – ou terceiros afetados, como as associações de filmes e músicas que combatem a troca de arquivos na rede –, vale dar atenção ao alerta de que o texto do Marco Civil da Internet está deixando um vazio normativo com efeito direto sobre casos de ofensas ou injúrias, ou seja, os aspectos de defesa da privacidade e da honra. Em outras palavras, estaria o direito à liberdade de expressão acima de outros direitos? É essa a provocação feita pelo profes-

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sor e pesquisador da Universidade de Hong Kong, também especialista em temas afeitos à internet, Marcelo Thompson. “O Marco Civil da Internet, como está, deixa um desequilíbrio de tratamento. Guiado por uma visão extrema da liberdade de expressão, permite que provedores possam simplesmente manter no ar conteúdo racista, homofóbico, que viole direitos das crianças e adolescentes, sem que nada se possa fazer contra eles”, avalia. É que o projeto não discorre sobre a manutenção de conteúdos ofensivos. Resta claro que os ofendidos poderão ir à Justiça para pedir que algum material seja retirado da rede, mas aí o tempo ganha relevância. Pois entre a identificação de conteúdo irregular, o acionamento de advogados, o peticionamento judicial até

uma decisão, ainda que liminar, o “mal” estaria feito. Afinal, ainda hoje é possível encontrar na internet as fotos da atriz Carolina Dieckman que provocaram comoção mesmo no Parlamento. Thompson ressalta que ao tratar os provedores como, via de regra, inimputáveis, exime-os de responsabilidade por manter o conteúdo no ar. Vale dizer: diante do risco de serem processados por retirarem determinado conteúdo, mas sem previsão de punição pela manutenção desses mesmos conteúdos, o efeito, ainda que indesejado, favorece deixar como está até a apresentação de uma ordem judicial. “Não haveria um incentivo da lei para o provedor optar pelo caminho em que não há chance de ser responsabilizado, ou seja, manter o conteúdo no ar, ainda que em flagrante ilícito?”, questiona o professor.

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GOVERNO

COMPETITIVIDADE Os benefícios fiscais da atual política industrial – determinada pelo plano Brasil Maior – já começam a ser contabilizados, mas, ainda assim, o país segue na retaguarda nas vendas externas de serviços de TI: não alcança os 10%. O principal rival na área, a Índia, chega a 60%.

EM TI:

um longo caminho pela frente

O

s benefícios fiscais da atual política industrial, notadamente a substituição da contribuição previdenciária por um percentual do faturamento, colocaram o país em melhor posição de competir por novos mercados de TI frente a outras importantes economias latino-americanas, como México, Argentina, Colômbia e Chile. É o que indica um estudo patrocinado pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexLuis Osvaldo Grossmann -Brasil), que também leva em conta o – ainda pequeno – alívio cambial * Colaborou Ana Paula Lobo com as recentes altas da moeda americana em comparação ao real. “A combinação da desoneração com o câmbio trouxe um impacto muito positivo. Estamos falando de um setor em que os custos com recursos humanos representam 60%, até 70% dos preços. E que precisa crescer no mercado internacional”, avalia Sérgio Pessoa, diretor de desenvolvimento de mercados da Brasscom e um dos responsáveis pelo estudo. No retrato feito pela pesquisa, fica claro que as medidas fiscais fazem muita diferença. Antes da troca do imposto sobre a folha de pa“QUEREMOS CHEGAR AO FIM gamento pelos 2% sobre o faturamento, o Brasil quase empataDA DÉCADA EXPORTANDO US$ va com o México na questão tributária – sendo que, por aqui, o 20 BILHÕES, MAS HÁ DESAFIOS salário médio no setor é quase o dobro. Com a mudança, o BraDE INFRAESTRUTURA E DE sil se tornou, entre os seis países, aquele com menores encargos FORMAÇÃO DE PESSOAL” diretos. Ainda assim, o salario médio – indicado pela pesquisa Sérgio Pessoa em cerca de US$ 40 mil por ano – é um dos maiores, ao lado dos Diretor de desenvolvimento de do Chile e da Colômbia. Além disso, o Brasil é, de longe, onde mercados da Brasscom a oferta de emprego em TI é maior. É evidente, portanto, que há muito o que avançar para que o maior mercado de TI da América Latina – cerca de US$ 23 bilhões por ano

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Para crescer no PIB NACIONAL

– apresente números razoáveis nas vendas de software e serviços para o exterior. O México – ainda que favorecido pelos acordos comerciais com os EUA – tem cerca de 40% de seu mercado de TI nas exportações. Na Índia, as vendas externas representam 60%. No Brasil, não chega a 10%. “Queremos chegar ao fim da década exportando US$ 20 bilhões, mas há desafios de infraestrutura e de formação de pessoal”, ressalta Pessoa. De fato, o Brasil tem cerca de 1,2 milhão de postos de trabalho no setor, enquanto forma por ano 85 mil profissionais, que, muitas vezes, não atendem às necessidades do mercado. Como indica o diretor da Brasscom, há campos importantes em mobilidade, mídias sociais e smart grid que precisam ser contemplados também pela academia. A escassez de mão de obra pressiona os salários para cima. Mas não é só. O custo com energia elétrica também é o maior entre os competidores latino-americanos, sem mencionar as dificuldades de preço e cobertura na oferta de acesso à internet no Brasil. Em abril, a área de software foi mais uma vez contemplada com a revisão do Plano Brasil Maior. O governo determinou a redução da alíquota da desoneração da folha de pagamento de 2,5% para 2%, em troca da contribuição do INSS. Para Edmundo Oliveira, diretor de Relações Institucionais da Brasscom, a formalização deverá chegar a R$ 600 milhões ainda este ano.

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O setor brasileiro de Tecnologia da Informação (TI) movimentou US$ 102,6 bilhões em 2011, o que representa crescimento de 11,3% em relação a 2010, segundo estudo encomendado pela Brasscom à IDC. Em 2011, apura ainda o levantamento, o setor passou a ter uma representação de 4,4% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A maior fatia do faturamento de TI provém do segmento TI in-house (US$ 41,6 bilhões), que é a tecnologia desenvolvida pelo governo e por empresas de outros setores da economia. Hardware vem na segunda posição com grande expressão, US$ 29,9 bilhões. Em seguida, aparecem serviços (US$ 14,7 bilhões), software (US$ 6,18 bilhões) e BPO (US$ 5,6 bilhões). O estudo contempla apenas o mercado interno de TI, sem contabilizar exportações e operações internacionais. A meta da Brasscom é, em 10 anos, fazer com que o setor chegue a 6,7% do PIB, índice observado nos países desenvolvidos.

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SEGURANÇA

GUERRA CIBERNÉTICA:

cada vez mais perto de nós Ana Paula Lobo

O surgimento do Flame – classificado pela ONU como o alerta de guerra cibernética mais sério já divulgado na era da internet – é a comprovação de que o mundo digital se transformou, de fato, em mais um campo de batalha entre os países. Em entrevista à Revista do Convergência Digital, o professor Roberto Ierusalimschy, da PUC/Rio, adverte: software, ao contrário do ser humano, não faz julgamento prévio.

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O

ficialmente, o Flame começou a assustar o mundo no dia 28 de maio, quando o coordenador de segurança cibernética para a União Internacional de Telecomunicações da ONU, Marcos Obiso, veio a público e testemunhou: “Este vírus é muito mais sério que o Studnex, e os países precisam ficar em alerta”. A praga, descoberta pelo Kaspersky Lab, foi classificada como um instrumento de espionagem perigoso, com a capacidade potencial de ser usada para atacar os sistemas essenciais de infraestrutura. Segundo os especialistas, o programa malicioso, batizado como Worm. Win32.Flame, estava em desenvolvimento desde março de 2010 e tem a capacidade de roubar informações valiosas, incluídos – mas não limitados a – conteúdos de um computador, informações em sistemas específicos, arquivos armazenados, dados de contatos e até mesmo registros em áudio. “O malware Flame parece ser uma nova fase na guerra cibernética, e é importante entender que armas desse tipo podem facilmente ser usadas contra qualquer país. Neste caso, ao contrário da guerra convencional, os países mais desenvolvidos são realmente os mais vulneráveis”, afirmou Eugene Kaspersky, CEO e cofundador da Kaspersky Lab, sobre a descoberta do Flame. Mega-ataques foram realizados contra países do

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Oriente Médio e, no dia 21 de junho, reportagem do The Washington Post especulou que o Flame seria o sucessor do Studnex e teria sido criado pelos governos dos Estados Unidos e de Israel como forma de retardar a capacidade do Irã de desenvolver uma arma nuclear. Oficialmente, os países envolvidos não quiseram comentar o conteúdo da matéria. A ideia de uma guerra cibernética aproximando-se não “ESTE VÍRUS É MUITO MAIS SÉRIO QUE O STUDNEX, é descartada e traz grande preE OS PAÍSES PRECISAM ocupação para os especialistas FICAR EM ALERTA” de segurança. Art Coviello, chairman da RSA, é taxativo Marcos Obiso Coordenador de segurança cibernética ao comentar o tema. “O propara a União Internacional de blema é que no ciberespaço as Telecomunicações da ONU questões ainda não estão muito claras. O que se pode fazer? O que se deve fazer? Como se defender? Por enquanto, temos visto as nações espionando umas as outras, mas nenhuma ação ou posicionamento definido. Os vírus mais recentes que saíram de controle mostram o quanto ainda estamos descobrindo essa área”, afirmou durante visita ao Brasil para o CIAB 2012. Segundo Coviello, antigamente, a defesa militar tinha que cobrir ar, terra e mar; agora, é preciso também incluir o mundo di“IMAGINE UM MUNDO gital. Preocupado, ele alerta CONECTADO, EM QUE ATÉ que a ‘internet das coisas’ – NOSSOS CARROS ESTÃO onde tudo é interligado – pode LIGADOS À INTERNET. UM agravar o risco. “Imagine um VÍRUS BEM PLANTADO mundo conectado, em que até PODE PARALISAR nossos carros estão ligados à TUDO: CARROS, internet. Um vírus bem plantaELETRODOMÉSTICOS, ETC.” do pode paralisar tudo: carros, Art Coviello eletrodomésticos, etc.”. Chairman da RSA Outras empresas de segurança também avaliam o risco do Flame. Segundo o Websense Security Labs, o malware tem 20 MB, um tamanho imenso comparado com a maioria dos outros vírus, que normalmente são menores do que 1 MB. O “novo” malware tem esse tamanho por que inclui muitas funções e vários módulos, como bibliotecas de descompressão, um banco de dados SQL e uma máquina virtual Lua.

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O Flame está caracterizado entre os mais sofisticados exemplos de códigos maliciosos já revelados. Alan Woodward, do departamento de computação da universidade inglesa de Surrey, classificou o programa como “um aspirador de informações sensíveis”. E ratificou que ele é muito mais sofisticado do que o vírus Studnex, que, no ano passado, atacou instalações militares do Irã. “Enquanto o Studnex tinha um só objetivo, o Flame é um conjunto de ferramentas. Assim, consegue perseguir qualquer coisa que caia em suas mãos”.

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SEGURANÇA

SOFTWARE,

AO CONTRÁRIO DAS PESSOAS,

não faz julgamento prévio

Até onde é possível, de fato, que a linguagem Lua tenha sido usada para a criação do Flame? É totalmente possível. A Lua, como qualquer pacote de software, ou como qualquer ferramenta em geral, pode ser usada para o bem e para o mal. Podemos usar um martelo para matar alguém, e não há muito o que os fabricantes de martelos possam fazer.

É possível evitar que novos vírus venham a ser criados e possam atingir as aplicações de interatividade usando a Lua? Note que o vírus não explora alguma vulnerabilidade ou falha em Lua. Ele não ataca aplicações que usam Lua. É ele próprio quem usa a Lua para implementar algumas de suas funções (que, no momento, ainda não se sabe bem quais sejam). E isso não há como evitar. Há uma grande onda em torno da Lua, provavelmente por ela ser uma linguagem brasileira, mas o Flame, assim como outros vírus, usa vários pacotes famosos, como zlib (software para compressão de dados) e sqlite3 (banco de dados). Ele também certamente usa algum compilador de C++. Todas essas ferramentas foram usadas no vírus, e não há como os desenvolvedores evitarem isso. Não criamos a Lua para esse tipo de

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Tão logo o Flame surgiu e foi apontado como um vírus de grande periculosidade, os institutos de segurança informaram que a linguagem Lua, desenvolvida pelo Departamento de Informática da PUC Rio de Janeiro, teria sido utilizada pelos cibercriminosos para escrever a praga. Em entrevista exclusiva à Revista do Convergência Digital, o professor Roberto Ierusalimschy, da PUC-RJ, diz que a instituição não recebeu um alerta oficial da ONU e reitera: um pacote de software pode ser usado para o bem ou para o mal. uso. A Lua não oferece nada que seja particulamente útil para vírus e não para outras aplicações. A Lua é um software livre de código aberto, distribuída sob a licença MIT. Pode ser usada para quaisquer finalidades sem qualquer custo ou burocracia. Não temos registro de quem usa a linguagem. Mesmo que tivéssemos tal registro, quem desenvolve um vírus provavelmente usaria uma versão pirateada.

Há algum trabalho de correção em andamento pelos desenvolvedores da PUC/Rio para evitar o uso da Lua pelos cibercriminosos? A Microsoft não pode evitar que o Visual Studio seja usado para a codificação de vírus. A Apache (software mais usado no mundo para servidores web) não tem como evitar que seu software seja usado em sites de pornografia infantil. Um

software, ao contrário de nós, não faz julgamentos. O Visual Studio cria programas, o Apache roda servidores web, a Lua executa programas escritos pelo usuário.

Se a Lua foi utilizada, podemos dizer que o Flame pode ter sido criado por cibercriminosos brasileiros? Não. A Lua é usada mundialmente há muitos anos, não só em jogos, mas em muitos outros sistemas. Empresas como Samsung, Logitech, Electronic Arts, Adobe e Cisco usam a Lua regularmente em seus produtos. Existem livros sobre Lua em inglês, japonês, chinês, alemão, coreano (mas, infelizmente, não em português). Seria o mesmo que suspeitar que uns assaltantes de banco sejam alemães porque eles fugiram em um Gol, carro produzido pela Volkswagen.

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Bancos assumem que

é hora

de mudar “O Instigadas pela crise econômica mundial e pressionadas pelo governo brasileiro a reduzir os juros, as instituições financeiras admitem que chegou o momento de aumentar a eficiência operacional e financeira. Nesse cenário, a TI deixa de ser apenas um suporte ao negócio para se tornar a estrela e o fio condutor de novas frentes. Nunca foi tão importante descomplicar para manter o cliente. Mas transformar envolve riscos e erros. Reportagens de Ana Paula Lobo, Fábio Barros e Fernanda Ângelo

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setor bancário passa por um momento de importante transformação”, sentenciou o presidente executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, durante sua participação no CIAB Febraban, realizado de 20 a 23 de junho, na capital paulista. Com esta frase, sintetizou o clima do maior evento do setor: denso, pelas pressões, mas instigante por conta das novas necessidades de serviços. Ao falar do momento econômico – crise e pressão interna por redução de juros –, Setúbal pontuou a principal linha de discussão interna do setor: a busca da eficiência operacional e financeira. Nessa busca, tratar a informação de forma adequada será estratégico e é aqui que a TI vira a estrela. Será ela a ferramenta para aperfeiçoar e criar novos serviços para os correntistas. “Como sempre, há riscos nesses investimentos. Eles envolvem apostas, e aqueles que errarem menos ganharão clientes antes”, completou. Seu posicionamento foi compartilhado pelos executivos do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander. Ao partici-

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Dinheiro na mão não é vendaval parem do CIAB 2012, eles foram unânimes em dizer que a busca por eficiência operacional e financeira e a necessidade de inovação para atender classes menos favorecidas vêm impondo os principais desafios à área de TI. “A necessidade de reduzir custos e aumentar as receitas através de automatização e redesenho de processos gera demandas importantes de TI”, disse Paulo Nergi Boeira de Oliveira, diretor executivo da Caixa Econômica Federal. Segundo ele, há o desafio de preparar a organização para o futuro e o uso de novos canais, como o internet banking e o mobile banking. “Hoje, 93% dos que utilizam serviços bancários ainda o fazem via atendimento pessoal. Vivemos um momento em que precisamos fazer uma gestão do atendimento pessoal e, simultaneamente, preparar o banco para o futuro”, acrescentou o diretor da CEF. Os canais digitais ganham força no radar dos bancos e vieram para ficar, concordou o diretor departamental do Bradesco, Arnaldo Nissental. Segundo ele, o maior desafio é integrar os mundos online e offline. “Nos últimos meses, 8 milhões – ou 12% – dos clientes relacionaram-se com o Bradesco apenas através de canais digitais”, contabilizou o executivo. DESCOMPLICAR, MAS COMO FAZER? Por sua vez, Hideraldo Dwight Leitão, diretor do Banco do Brasil, observou que o atual cenário competitivo, com uma quantidade menor de bancos disputando clientes de maneira ferrenha, vem mudando o rumo dos investimentos em TI. “Os bancos precisam satisfazer os clientes. O desafio da TI não está mais em grandes projetos por trás de grandes modificações. É preciso desenvolver estratégias e fazer com que elas cheguem a todas as instâncias da organização sem diluição de conteúdo”, afirmou. Leitão salientou ainda que a área de tecnologia deixou de ser fornecedora para se tornar cada

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Mudar o perfil e, especialmente, o atendimento prestado nas agências é uma tarefa que mobiliza os gestores de TI das instituições financeiras. Mas a receita não parece ser simples. Dados divulgados pela Booz & Company revelam que as agências brasileiras encerraram 2011 com participação de 6,8% no volume de transações bancárias, uma diferença muito pequena em relação aos 7,6% registrados em 2007, o que significa que elas continuam um canal relevante. Mas todos os que estão envolvidos com o negócio sabem que é hora de mudar. “A Caixa quer dobrar a sua rede até 2018. Este ano abriremos mais de 500 novas agências”, disse Joaquim Lima de Oliveira, vice-presidente da área de TI da Caixa Econômica Federal. O executivo, no entanto, assumiu que os bancos precisam fazer uma releitura sobre como atender aos clientes nesses pontos. “Há um espaço muito grande para o crescimento de agências, mas com a necessidade de sempre analisar cada público”, avaliou. Atualmente, muito do fluxo de usuários nas agências não é de clientes, mas de pessoas que vão até elas para fazer pagamentos e depósitos em dinheiro, por exemplo. Para Luis Antonio Rodrigues, diretor-gerente de sistemas do Itaú Unibanco, os bancos precisam espelhar-se nas instituições do exterior para conseguir mudar um pouco o perfil de uso das agências. A tendência, em sua opinião, é que elas se transformem em agências de relacionamento. Os ATMs, apesar da pressão do internet banking e da ameaça velada do mobile banking, estão cada vez mais numerosos em todo o mundo e serão meio de comunicação entre bancos e clientes por muito tempo. Uma questão precisa ficar muito clara: o dinheiro não deve sair de circulação tão cedo. Pelo menos foi o que afirmou categoricamente Rosie Fitzmaurice, analista de mercado da RBR, que veio ao Brasil para participar do CIAB. Levantamento divulgado pela consultoria revela que, hoje, o Brasil mantém mais de 151 mil ATMs, o que equivale a 61% dos equipamentos instalados na América Latina. O México fica com a segunda posição na região, com cerca de 37 mil. A pesquisa mostra que o total aproximado de 249 mil ATMs nos países latino-americanos responde por cerca de 11% de todos aqueles em uso no mundo (2,2 milhões, aproximadamente). Rosie apontou que o mercado brasileiro vem crescendo à taxa de 7% ao ano e disse que devem se somar em torno de 80 mil novos ATMs até 2016. “Até lá, juntamente com os EUA e Japão, os países do BRIC completarão o ranking dos seis maiores mercados em números de ATMs instalados”.

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vez mais envolvida com os negócios. “No Banco do Brasil, a TI participa dos projetos desde a sua concepção”, revelou. “As tecnologias passaram a ser um recurso que precisa ser muito bem combinado para que os bancos consigam fazer mudanças rápidas e ofertas focadas e entregar valor aos clientes.” Se de um lado são grandes consumidores

de tecnologia, de outro, os bancos costumam ser muito conservadores com a inovação. Mas neste momento, afirmaram os principais fornecedores de soluções, não dá mais para adiar as apostas. “Não tem mais jeito. Para atender à nova classe de bancarizados, que estão vindo das camadas mais populares, as aplicações bancárias precisam ser escritas de forma mui-

Brasileiro quer mobilidade e conveniência, mas duvida ainda das redes sociais A fusão dos canais físicos e virtuais é uma realidade e impõe às instituições financeiras uma revisão dos seus processos, revela pesquisa mundial divulgada pela Cisco durante o CIAB Febraban. No Brasil, a pesquisa constatou que os canais eletrônicos, em especial, o internet banking e os caixas eletrônicos, têm a preferência dos correntistas. Mas não se enganem: as agências ainda têm seu papel. Mas caberá aos bancos, sustenta o estudo, revalidar sua função para melhorar a relação com seus clientes. O correntista brasileiro anseia por mais canais eletrônicos. Tanto é assim que, quando se se fala em mobilidade, 42% disseram que gostariam de usar seus celulares como meio de pagamento, substituindo o cartão de crédito; 40% gostariam de utilizar seus smartphones para gerenciar despesas; e 21% permitiriam

ser reconhecidos ao entrar em suas agências. Mas é bom que os bancos entendam, revelou o diretor de estratégia da Cisco Brasil, Paulo Abreu, que o uso da internet e da mobilidade não diminui as visitas às agências. “As transações podem perder terreno, mas o relacionamento tende a aumentar nesse cenário”, avaliou o executivo. Ponto importante no estudo é que o social banking ainda é um tema nebuloso para clientes e para os próprios bancos. Há uma grande dúvida se é possível misturar os dois mundos no dia-a-dia. Mesmo sendo o Brasil um país bastante adepto às novas tecnologias, apenas 2% dos entrevistados indicaram a preferência pelo uso do canal de mídia social para realizar operações bancárias. Os pontos de dúvida referem-se a privacidade, segurança e possível roubo de dados. Mas aqui o estudo traz uma ótima notícia para as Pontuação média de iniciativas em redes sociais dos bancos instituições financeiras: 6,0 5,2 elas têm a confiança do 5,1 4,8 5,0 4,6 4,5 correntista. Tanto é que 4,1 4,0 4,0 54% disseram que os 3,0 bancos são os melhores 2,0 guardiões das informações digitais, superando o 1,0 governo (14%), operadoras 0,0 Aprendizado Incentivos Jogos e “Casamento” Pagamento Uso da rede Usando o login de telefonia (8%) e sites de financeiro por troca de competições entre banco pessoa a social como da rede social informação financeiros online e redes pessoa análise de para acessar o mídia social (9%). sociais

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crédito

site do banco

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NFC: todo mundo quer, mas cada um com seu to simples. Tudo tem de ser muito intuitivo. E hoje não é assim que funciona na maioria das vezes”, advertiu João Abud, diretor geral da Procomp no Brasil. Ele lembrou, por exemplo, que os ATMs produzidos no Brasil já estão preparados para receber o depósito direto de dinheiro – como acontece nos Estados Unidos –, mas os bancos resistem a essa mudança, até em função dos seus legados, como equipes internas, etc. E a regra de simplificar também é válida para os modelos de internet banking e mobile banking. “Sem isso não será tarefa simples atender esse novo bancarizado. Mas também precisamos entender que o custo da transação para esse cliente ainda é muito alto”, acrescentou. INOVAÇÃO MUDOU DE MÃOS Um dos grandes desafios dos bancos, instigou ainda Luciano Corsini, vice-presidente da HP Enterprise Services, é reconhecer que a curva de inovação se inverteu e mudou de mãos. “Há dez anos, as tecnologias mais avançadas estavam nas empresas. Atualmente, elas estão na casa dos usuários, o que representa um desafio a mais para os fornecedores”, disse. Nesse cenário da TI como estrela, é preciso manter os pés nos chão e saber que a tecnologia não é a salvação para todos os males, advertiu Fábio Pessoa, vice-presidente de vendas da IBM. “Nós, fornecedores, temos que acompanhar esse momento dos bancos e nos alinharmos para evitar um ruído na comunicação e, principalmente, na ação”, acrescentou. Trabalho não falta nessa seara. Corsini, da HP, observou que mesmo no segmento financeiro a informação – o maior valor em tempos de “big data” – ainda não está estruturada. “Mais de 80% dos dados estão não-estruturados. E essa tarefa de estruturar é necessária para tirar inteligência”, observou.

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Se não houver um consenso entre todos os atores envolvidos no ecossistema da NFC – que possibilita o pagamento pelo celular –, o Brasil pode ficar para trás no uso da tecnologia. Holanda, Inglaterra e Japão já têm suas regras, e todos se reuniram para definir o melhor modelo de negócios. A tecnologia Near Field Communications (NFC) está nos planos e testes de todos os atores envolvidos com o seu uso – bancos, operadoras e administradoras de cartão de crédito –, mas ainda tem um longo caminho a percorrer no Brasil, sustenta o gerente de negócios e soluções do CPqD, José Domingos Favoretto. “A NFC está aí. Já temos uma base de celulares surgindo. Já temos aplicações. Mas precisamos saber como a tecnologia vai gerar dinheiro e, principalmente, como será a repartição da receita. Novos atores entraram nesse jogo, entre eles, Google, Microsoft e as próprias teles. E todos querem o seu quinhão”, salienta Favoretto. Atualmente, bancos e operadoras não revelam muita disposição para um consenso. “Quem detiver o controle do simcard, deterá o cliente”, acrescenta o gerente do CPqD. O ideal para o Brasil, diz Favoretto, seria seguir os passos de países como a Holanda, onde os interessados sentaram-se à mesa, criaram um consórcio e estão aguardando a aprovação da Comissão Europeia. No modelo desenhado, bancos e operadoras não ficam no controle. A gestão ficaria com uma entidade neutra – batizada de Transfer Services Management (TFM), que teria ainda o respaldo da Autoridade Monetária. “Essa TFM poderia ser criada aqui para gerenciar todo o processo de transação e, principalmente, para assegurar a segurança dos dados”, preconiza o gerente do CPqD. Durante o CIAB, várias aplicações com a tecnologia foram apresentadas, mas sempre com uma ligação direta entre o correntista e o banco. “A NFC tem que ir além, permitir a integração. Ir a um ATM e usar a NFC é uma alternativa, mas a tecnologia pode dar muito mais”, comenta o especialista. O custo não é mais tanto um entrave. “Com maior volume, o preço cai. Estima-se que em três anos mais de 50% dos novos celulares virão com NFC. Isso reduzirá muito o preço do chip. O problema permanece na repartição da receita dos negócios”, insiste Favoretto.

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Nuvem

pavimenta a era da sociedade

Conectada

O

mercado de tecnologia vive um momento de transição e precisa estar preparado para novas formas de lidar com dados e informações. Para Patrícia Florissi, CTO (Chief Technology Officer) da EMC, o maior sinal disto é que o mundo já está na era da sociedade conectada e deve estar pronto para mudanças. “Em 2010, o universo digital tinha 1,2 ZB. Não seria um número tão assustador se ele não fosse crescer mais 44 vezes até 2020”, afirmou a executiva, que participou do CIAB Febraban. Para Patricia, o mundo chegou a esse patamar de produção de informações devido a uma imensa evolução “ANTES, OS BANCOS tecnológica. O crescimento na DE DADOS ERAM capacidade de armazenamenDESENHADOS PARA to deu impulso: em seis anos, RESPONDER PERGUNTAS os chips da Intel aumentaPREDETERMINADAS. ram 2.000% em desempenho. HOJE, TEMOS QUE “Mais do que isso, houve uma ADOTAR UM PROCESSO padronização do processamenMAIS INTERATIVO E ÁGIL” to, o que derrubou preços, criou Patrícia Florissi escala e, com ela, crescimento”, CTO (Chief Technology Officer) da EMC disse a executiva. A computação em nuvem tem papel central nessa explosão. “Essa era deu-nos tempo para, diariamente, fazer um bilhão de pesquisas no Google, subir 250 milhões de fotos no Facebook e postar 290 milhões de tweets”. A mudança, sustentou Patricia, não se dá somente no mundo

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do usuário final. Isso porque, lembrou, também diariamente, as bolsas de valores do mundo negociam 2,8 bilhões de ações e o ComScore realiza 31 bilhões de interações. No centro dessas transformações, está o que o mercado chama de “big data”, o que para Patrícia pode ser entendido por “qualquer dado que desafie o modo como lidamos hoje com a informação”. Indo além, Patrícia afirmou que estamos apenas no começo da mudança. “O que é grande hoje pode não ser amanhã. Por isso precisamos de meios inovadores de lidar com isso”, disse, lembrando que o volume de informações corporativas deve crescer 50 vezes nos próximos dez anos. Um ponto destacado pela executiva é que, para o mercado corporativo, “big data” tem a ver com análise preditiva. “Antigamente, as áreas de negócio tinham que solicitar relatórios para a área de TI. Era um processo reativo, demorado e não havia colaboração envolvida”, lembrou.

VER PRA CRER Na nova era, valerá o autosserviço. Cada área de negócio será capaz de fazer perguntas diretamente à base de dados, muito mais rica. “Antes, os bancos de dados eram desenhados para responder perguntas predeterminadas. Hoje, temos que adotar um processo mais interativo e ágil”, afirmou. Para a executiva, a nuvem reescreveu os dados e o “big data” está

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Nuvem é inevitável nos bancos

transformando os negócios. A CTO da EMC também instigou os bancos a experimentarem e sugeriu ações: escolher as fontes de informação que serão utilizadas na experimentação; identificar arquiteturas, sem se prender às existentes hoje e identificar os membros da organização que vão participar da experiência, retirando valor dessas informações. Para consolidar a ideia da nuvem como pavimentação da sociedade conectada, Peter Redshaw, vice-presidente de serviços do Gartner, sustentou que, até o final de 2015, pelo menos 10% de todas as interações de clientes com bancos serão realizadas indiretamente através de serviços e portais baseados em cloud computing. Ele destacou que questões regulatórias e a preocupação com segurança e confiabilidade são fatores que podem diminuir a velocidade do avanço na adesão à nuvem, mas lembrou que a adoção de serviços baseados em cloud deve ser facilitada por empresas que farão a intermediação entre os bancos e os provedores de serviços, incluindo organizações que fiquem responsáveis por questões que vão desde o funcionamento da infraestrutura até o cumprimento de exigências regulatórias. No cenário nacional, o diretor de Tecnologia da Febraban, Luiz Antonio Rodrigues, admitiu que a computação na nuvem, hoje, é encarada muito mais como um desafio do que

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Art Coviello, chairman da RSA, empresa da EMC, considerou uma ironia o fato de os bancos, sempre pioneiros no uso de novas tecnologias, não serem os incentivadores da adoção de cloud computing. Ele creditou a lentidão no processo a fatores como o conservadorismo das instituições financeiras e, também, ao gigantismo das estruturas de Tecnologia da Informação dessas corporações. “Os bancos estão caminhando para a nuvem, só que devagar. Há muitas mudanças internas a serem feitas”, afirmou. Para Coviello, algumas ‘ondas’ deverão ser seguidas pela maioria das instituições. A primeira delas, em curso há alguns anos, é a consolidação de data centers. “Até pouco tempo atrás, alguns bancos tinham 20 data centers, cada um voltado para uma atividade ou unidade específica”, lembrou. Com a necessidade de reduzir custos, este número caiu drasticamente, preparando as instituições para a onda seguinte: a adoção de serviços compartilhados, motivada pelo aumento da produtividade. Algumas instituições estão nessa fase, mas a maioria já passou para a próxima que, de acordo com o chairman da RSA, é a criação de nuvens privadas. “O uso das nuvens privadas dentro dos bancos vai estimulálos a testar alguns aplicativos menos críticos em nuvens públicas, que será a onda seguinte”, disse Coviello. No entanto, o executivo deixou claro que o mercado jamais verá o uso massivo de nuvens públicas por parte de instituições financeiras. “O uso será híbrido, com peso maior nas nuvens privadas”, sustentou.

uma oportunidade. Questões como gerenciamento, controle e risco estão na ponta do lápis dos gestores de TI. “Temos visto projetos de nuvens privadas, mas o grande desafio serão as nuvens públicas e as questões regulatórias”, afirmou. Segundo Rodrigues, as mudanças pelos quais os bancos terão que passar para usar cloud computing envolvem não apenas questões regulatórias, como também profissionais. Para o diretor da Febraban, o novo ambiente exige uma mudança no perfil dos CIOs. “Nos últimos anos, esses executivos tinham que estar muito próximos do negócio, agora terão que aumentar seu papel no gerenciamento de terceiros”, complementa.

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ESPECIAL CIAB 2012

Onde há dinheiro,

há criminosos

virtuais

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Brasil é o principal alvo de criminosos digitais na América Latina e, de acordo com o chairman da RSA, Art Coviello, não há muito como escapar das ameaças. As fraudes são uma dor de cabeça para os bancos brasileiros. Em 2011, o prejuízo chegou a R$ 1,1 bilhão. A novidade é que, na onda da nuvem, os cibercriminosos criaram uma nova modalidade: a fraude como serviço. Os cibercriminosos estão muito atentos ao Brasil. O país é o principal alvo dos criminosos digitais na América Latina, de acordo com pesquisa divulgada “O BRASIL É HOJE A pela RSA. A Colômbia desponta SEXTA MAIOR ECONOMIA na segunda posição, com 24,3% DO MUNDO. QUANTO MAIOR A ECONOMIA, MAIS e o Chile na terceira, com 21,4%. O que impressiona no estudo DINHEIRO ELA ATRAI, E é que México e Equador, que ONDE HÁ DINHEIRO HÁ ocupam a quarta e a quinta coCRIMINOSOS VIRTUAIS” locações no ranking, registram Art Coviello índices bem menores – 1,5% e Chairman da RSA, empresa da EMC 1,2% –, respectivamente. Com 1.427 ataques de phishing em maio, o número de fraudes na América Latina cresceu 249% em um ano. Uma das modalidades mais frequentes é a fraude como serviço, replicando no submundo do cibercrime as ofertas de software como serviço, ampliadas com a disseminação da computação na nuvem. O estudo

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apura ainda que o cuidado das áreas de TI dos bancos com o cibercrime precisa ir ao controle do IP. Isto porque 40% das fraudes vêm de endereços hospedados nos Estados Unidos. De acordo com dados da Febraban, em 2011, os bancos brasileiros perderam cerca de R$ 1,1 bilhão com fraudes eletrônicas. Em entrevista ao Convergência Digital, Art Coviello, chairman da RSA, empresa da EMC, que veio ao país pela primeira vez durante o CIAB 2012, foi taxativo. “O Brasil é hoje a sexta maior economia do mundo. Quanto maior a economia, mais dinheiro ela atrai, e onde há dinheiro há criminosos virtuais.” O especialista reforçou que a preocupação das empresas em geral, e dos bancos em particular, deve ser constante: há que estar atento para a segurança física e lógica. “E agora temos também a mobilidade”, provocou. Não há muito como escapar das ameaças. Quando se fala especificamente no setor financeiro, adiciona-se ao tamanho da economia brasileira o uso massivo que os bancos do País fazem da tecnologia. Coviello lembrou que este é o dilema que se coloca para o mercado hoje: a tecnologia

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torna as empresas mais produtivas e eficientes, e ao mesmo tempo mais expostas. “Quando se fala em segurança, os bancos brasileiros estão trabalhando bem e melhorando cada dia mais. Estão entre os melhores do mundo em tecnologias digitais e serviços online, e é justamente isso que os torna mais expostos às ameaças, por isso eles devem estar mais atentos”, afirmou.

NOVOS MODELOS A esta receita o especialista adicionou ainda outros ingredientes, como redes sociais, computação em nuvem e, mais específico do setor, a desintermediação. Tudo isso somado cria um novo contexto: novos modelos de uso da tecnologia que estão possibilitando a criação de novos modelos de negócio. “Fatores como a nuvem estão permitindo que empresas que nunca realizaram determinados negócios mudem totalmente sua forma de atuação”, disse. Ele citou como exemplo a própria EMC, que, por conta da popularização da nuvem, deve começar a oferecer em breve serviços de “FATORES COMO A NUVEM autenticação baseados em risco, só ESTÃO PERMITINDO que para o mercado de consumo. QUE EMPRESAS QUE “É um mercado no qual nunca esNUNCA REALIZARAM tivemos.” Ele lembrou ainda ouDETERMINADOS NEGÓCIOS tro exemplo, este mais próximo: a MUDEM TOTALMENTE SUA Apple, que começou sua história FORMA DE ATUAÇÃO” como fabricante de computadores Art Coviello e hoje comercializa conteúdo na Chairman da RSA, empresa da EMC nuvem, a ser consumido em vários dos dispositivos criados pela companhia. “Muitas empresas estão tirando proveito da TI para criar novos negócios”, disse. É bom por um lado, mas de outro exige uma atenção ainda maior na relação do negócio com a segurança. Mais que isso, exige maturidade em relação ao tema.

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Coviello divide o mercado em quatro categorias de clientes, ou potenciais clientes:

ORIENTADOS A CONTROLE São as empresas interessadas somente em controlar o que acontece em seus ambientes. É um perfil bastante comum em pequenas e médias companhias, que ainda não têm consciência das ameaças e riscos aos quais estão expostos.

ORIENTADOS A CONFORMIDADE São empresas nas quais existe a consciência do risco , mas as áreas responsáveis estão focadas somente no cumprimento de normas de conformidade. “Preocupam-se mais em fazer o que está nos manuais do que em fazer o que é certo”, resumiu Coviello.

ORIENTADOS AO RISCO DE TI Aqui a consciência aumenta. As empresas entendem que seu ambiente está em risco e buscam proteção para que ele seja preservado.

ORIENTADOS AO RISCO DO NEGÓCIO Para o especialista, representa o mais alto grau de consciência e preocupação com a segurança. “Aqui estão empresas que sabem que, sem uma estratégia e políticas de segurança bem definidas, o seu negócio está ameaçado, não apenas seu ambiente de TI”, acrescentou.

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