Correio de Venezuela 873

Page 16

SEXTA-FEIRA 17 DE SETEMBRO DE 2021 CORREIO DA VENEZUELA /# 873

16 | DIÁSPORA

Bispo de Aveiro destaca dever no acolhimento a estrangeiros e refugiados CORREIO / LUSA

Presidente do Conselho das Comunidades defende extensão do programa Regressar às ilhas

O bispo de Aveiro, António Moiteiro, sublinhou em Fátima, que a preocupação pelos necessitados, nomeadamente o acolhimento aos estrangeiros e refugiados, sempre fez parte dos deveres dos cristãos. “A centralidade do amor na vida das comunidades dos discípulos de Jesus deu lugar (…) a formas muito concretas de ajuda social”, afirmou António Moiteiro, concretizando que “a preocupação pelos necessitados, a atenção aos doentes, o acolhimento aos estrangeiros e refugiados, a assistência aos presos e o cuidado com os mais pequenos e débeis sempre fizeram parte do discipulado cristão”. “Esta relação pessoal e expe-

riência vital das obras de amor (…) foram para muitos o caminho para descobrirem a verdade do Evangelho e a motivação inicial para o caminho” para o acolhimento, disse o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, que sublinhou “a situação dramática” sofrida pelos afegãos, que é um fator de interpelação “a viver um amor mútuo como forma essencial do ser cristão”. Na homilia da missa da peregrinação aniversária ao Santuário da Cova da Iria, António Moiteiro disse ainda que “o convite à conversão está no centro da mensagem de Fátima” e que “a conversão e a penitência, bem como a adoração”, são “elementos fundamentais da mudança de vida pedida pelo Evangelho”.

Flávio Martins: “há uma grande população portuguesa a residir no exterior que não quer ou não pode voltar para Portugal” CORREIO / LUSA O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) defendeu que o Governo deve melhorar a informação sobre o Programa Regressar, sobretudo para fora da Europa, e estendê-lo aos Açores e Madeira para obter melhores resultados. “A comunidade na Venezuela e na África do Sul têm uma forte influência madeirense”, salientou, e por todo o continente americano há “uma forte comunidade açoriana”, justificou Flávio Martins, referindo que o facto do programa não abranger os arquipélagos da Madeira e Açores deverá constituir “um fator de menor interesse” para emigrantes destas origens. “Não sei quais foram os critérios para se restringir o programa a Portugal continental, mas acho que com um bom diálogo com os governos regionais isto talvez pudesse ser ampliado para as ilhas, porque há uma comunidade açoriana e madeirense enorme espalhada pelo mundo”, sublinhou.

Em entrevista à Lusa, Flávio Martins referiu que o Programa Regressar “é importante sob o aspeto de levar as pessoas a voltarem para Portugal, de dinamizar a economia portuguesa” e tem surtido alguns efeitos, mas talvez não os esperados pelo Governo. O responsável considerou que cerca de 3.500 candidaturas registadas até julho “é muito pouco”, perante uma grande comunidade emigrante portuguesa espalhada pelo mundo. Além disso, estranha que Reino Unido, França e Suíça sejam os três países de onde mais emigrantes portugueses se candidataram ao Regressar, de acordo com os dados mais recentes do Ministério do Trabalho. “Em princípio, nós diríamos talvez da Venezuela, África do Sul e Brasil, [este último] onde a situação económica anda claudicante”, referiu. Na sua opinião, estes dados merecem “uma avaliação” por parte do Governo e questionou: “Será que esse número maior de candidaturas de pessoas residentes na

Europa não decorre também por conta de uma melhor informação [sobre o programa] projetada para a Europa do que para fora da Europa”, sugerindo que isto deve ser equacionado. O programa “beneficia com mais 25% quem quiser ir para o interior do país” e “boa parte da comunidade, principalmente a de fora da Europa, e aquela que emigrou antes da ‘troika’ [em Portugal] veio do interior, não veio de Lisboa nem do Porto”, sublinhou. Flávio Martins lembrou, no entanto, que também “há uma grande população portuguesa a residir no exterior que não quer ou não pode voltar para Portugal”, às vezes por causa da idade e por já estar fora do mercado de trabalho, mas também pelos laços afetivos e mesmo patrimoniais que têm no país de acolhimento. O responsável defendeu que o Governo deve melhorar a informação, fazendo-a chegar a quem possa estar interessado, nomeadamente através de “publicidade estatal na comunicação social das comunidades”.

“Precisamos de dois ou três deputados da diáspora na ALRAM” CORREIO / JM MADEIRA José Nascimento, conselheiro da diáspora madeirense na África do Sul, questiona se os 5 milhões de portugueses espalhados pelos quatro cantos do mundo apenas servem para envio de remessas. “Precisamos de 2 ou 3 deputados da diáspora na Assembleia Legislativa Regional para melhor defenderem os interesses da diáspora”, reivindica o conselheiro das comunidades madeirenses na África do Sul. O advogado de profissão quer uma nova revisão Constitucional que seja ciente dos cincos milhões de portugueses que compõem a nossa diáspora. “Quero ver se a nova Revisão

Constitucional é ciente dos 5 milhões da Diáspora ou se estes só servem para remessas?”, questiona. O conselheiro defende que o assunto deve ser tratado agora no parlamento em Lisboa se a vontade é sincera. “É uma loucura que um terço dos portugueses só tenham 4 dos 230 deputados, ainda por cima escolhidos por Lisboa e que Açores e Madeira nem um deputado têm”, lamenta. Para José Nascimento, “os conselheiros da diáspora açoriana têm algum poder vinculativo em relação à governação de assuntos que tocam à diáspora”. “Não podemos esperar muito mais tempo”, diz perentório.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.