Revista Costura Perfeita Edição Ano XVII - N89 - Janeiro-Fevereiro 2016

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COSTURA PERFEITA

ANO XVII O Nยบ 89 O JANEIRO / FEVEREIRO 2016




ÍNDICE

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EDIÇÃO 89

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JANEIRO E FEVEREIRO DE 2016

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ANO XVII

www.costuraperfeita.com.br

.52

.40

.89

Seções 8 – Editorial 10 – Cartas 20 – Lançamentos 66 – Couro e Cia. 68 – Curtas 70 – Meio Ambiente 72 – Caderno Têxtil – Novidades Têxteis 75 – Serigrafia

80 86 90 92 93 96 97

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Atualidades Comércio Exterior Cursos Tecnologia Agenda Endereços Classificados

Colunas 12 14 16 18 36 60 76 84 94 98

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Oferta e Demanda Qualificação: 2016: uma nova esperança Empreendedorismo Sebrae Tributos: Lucro Presumido, Real ou Simples Nacional? Produção: Integração produto x produção Gestão: Se virar a página não bastar, mude de livro Dentro da Lei: Democracia e justiça Coaching: 2016: este pode ser o ano que você tanto esperava Costura Social: Costura é saúde! Ponto de Vista: O futuro presidente já está entre nós

Matérias 22 40 50 52 62 71 78 89

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Especial: A força do “feito no Brasil” Mercado: Moda fitness desafia os limites da tecnologia Perfil: Heitor Klein – À frente da Abicalçados, ele fala da relação entre vestuário e setor calçadista Eventos: SCMC 2015, Print SP, Paraná Criando Moda 2015 Feiras: ITMA 2015 Em Pauta: Mar de lama – Rompimento de barragem em Minas Gerais interfere no polo de Colatina Dicas e Economia: Aparelhos para fitness Cultura: Filme nacional retrata vaqueiro que sonha ser estilista

CAPA: Look do Alto Verão 2016 da Florinda, grife cearense que aposta na produção 100% brasileira. Foto: Divulgação Arte: Arte Mais Comunicação



Diretor-presidente: Giuseppe Tropi Somma Editora e Jornalista Responsável: Silvia Boriello (MTB 41.139) Repórter: Roselaine Araujo (MTB 38.256) Diagramação: Arte Mais Comunicação e Editoração Ltda. Revisão: Kiel Pimenta Colaboradores: Alessandra Rustarz, Alexandre Gaiofato de Souza, Alexandre Sakamoto, Angela Valiera, Cibele de Barros, Claudia Valéria da Silva, Fábio Romito, Marcelo V. Prado, Ricardo Martorelli, Vera Grigolli, Thiago Franklin Publicidade: Valdir Porto Ribeiro – comercial1@costuraperfeita.com.br Assinaturas: assinatura@costuraperfeita.com.br Impressão: Prol Gráfica Distribuição Nacional Costura Perfeita é uma publicação bimestral da Cavemac – Rua Newton Prado, 333 – Bom Retiro – São Paulo (SP) CEP: 01127-000 – Telefone: (11) 2171-9200 Costura Perfeita – Redação: Telefones: (11) 2171-9252 / 2171-9263 – redacao@costuraperfeita.com.br

A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. É proibida qualquer forma de reprodução das matérias, fotos ou ilustrações desta publicação sem a prévia autorização da editora.



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POR SILVIA BORIELLO

Mudanças: necessárias e bem-vindas! Quem de vocês teve a sensação de que chegaríamos a 2030, mas não encerraríamos 2015? Eita ano difícil! Uma trapalhada política atrás da outra, fatos e acontecimentos tão surreais que nos dão a impressão de ter voltado no tempo, às vezes algumas décadas, outras alguns séculos. O fato é que, aqui no Brasil, infelizmente, o tempo parou. Foram 365 dias, aliás, muito menos, devido a tantos recessos e ausências no expediente governamental, que absolutamente nada importante foi tratado como deveria, ficando, no lugar, joguetes de empurra-empurra e toma lá, dá cá sobre posições e permanência no cargo que o país inteiro ficou em último plano. Absurdo. Inconcebível. Para onde estamos indo? Precisamos de mudanças urgentes, necessárias e bem-vindas, levantar o tapete, chacoalhá-lo, varrer embaixo dele e mudá-lo de posição, assim como no feng shui, que proporciona a redistribuição e fluidez de energias por um ambiente. Aliás, essa seria uma boa ideia, quem sabe, para as coisas se destravarem no Palácio do Planalto, fluírem com energias boas e positivas, pois, até agora, a construção funcionou como um forte medieval, que baixa suas pontes quando lhe convém, quase inatingível em seus mandos e desmandos, e nós aqui sendo obrigados a aguentar tanta insanidade. Curiosamente, o espelho d’água em torno do Palácio do Planalto foi providenciado às pressas no final do governo Sarney, quando um motorista de ônibus desempregado tentou invadir o espaço com o veículo e bateu em uma das colunas. Para não correr mais esse risco, foi construído o fosso simbólico. Mas é o calabouço que deveria estar funcionando a todo o vapor, pois lá é o lugar certo de bandidos e marginais, especialmente os que fazem isso roubando seu próprio povo. Como já mencionamos antes por aqui: governo, por favor, deixe o país crescer, tenha essa bondade, tenha esse ato de indulgência! O nosso setor têxtil e de confecção, por exemplo, amarga com a falta de condições – veja bem, não estamos nem falando a palavra “incentivos”, mas condições, ao menos elas – de se desenvolver e crescer, aqui e lá fora. Temos essa força, tanto que há empresas sobrevivendo e acreditando até hoje, como as entrevistadas para o Especial desta edição. Como elas, há outras centenas, milhares que fazem questão de produzir aqui, dar empregos aqui, gerar riquezas aqui e mostrar ao mundo nossas melhores qualidades. Por favor, governantes, aproveitem este início de ano, quando geralmente paramos para refletir sobre o que passou e fazer promessas de conquistas e melhoras, e nos permitam ser felizes! SILVIA BORIELLO É EDITORA DA REVISTA COSTURA PERFEITA editora@costuraperfeita.com.br

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Foto: Alexandre Sakamoto

Editorial

GOVERNO, POR FAVOR, DEIXE O PAÍS CRESCER, TENHA ESSA BONDADE, TENHA ESSE ATO DE INDULGÊNCIA!”



Cartas

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DA REDAÇÃO

SENTIMENTOS DA NAÇÃO MESTRE GIUSEPPE, Acompanho atentamente seus artigos na revista Costura Perfeita. O Ponto de Vista do mês de novembro retrata exatamente o sentimento do povo brasileiro. Aproveito para parabenizá-lo por suas abordagens, visão, responsabilidade e, principalmente, por sua coragem. Precisamos unir forças para provocar mudanças profundas e isso certamente começa em cada cidade, por menor que seja ela, incluindo a minha bela e querida “Cidade das Crianças”, em Santa Catarina. Amarildo A. Estefano, diretor Alternative Indústria e Comércio de Confecções Ltda. Maravilha – SC

SR. GIUSEPPE, Parabéns por seus artigos. Mais precisos, impossível! Luiz Roberto Brandão Pires, por e-mail

Vera Grigolli, Outro dia estava lendo a revista Costura Perfeita e pensando como ela é alinhada com suas aulas. De repente, deparei com um artigo seu. Virei fã da revista! Arthur Min Hong, São Paulo, SP, por rede social

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ERRATA No Especial publicado na edição 88 (nov.dez 2015) da Costura Perfeita, o nome correto da empresa do entrevistado Antonio Baliarda é Conor Assessoria Industrial. Na matéria Mercado da edição 88 (nov.-dez. 2015), o cargo de Fábio Mafioletti, da Malwee, foi divulgado como “responsável pela engenharia de produto do Grupo Malwee”, porém o cargo correto é analista de projetos do Grupo Malwee.

Silvia Boriello editora@costuraperfeita.com.br

Roselaine Araujo redacao@costuraperfeita.com.br



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POR MARCELO V. PRADO

Foto: Divulgação

Oferta e Demanda

Enfrentando a crise Quando esta coluna for publicada, já será início de 2016. No momento em que a escrevo, porém, às vésperas do Natal, ainda temos razões plausíveis para acreditar que as últimas semanas do ano poderão trazer boas vendas para o varejo de moda. Nada, entretanto, que possa evitar um desempenho negativo para o setor no acumulado do ano, comparativamente aos valores registrados em 2014. Para o setor de vestuário, por exemplo, a queda esperada no agregado de 2015 será da ordem de 4,2% para as vendas no varejo local. Com a crise instalada e já se arrastando há quase um ano, nossos empresários e executivos têm, ao menos para 2015, todas as razões para justificar a queda nos lucros e no crescimento de suas empresas. Para 2016, porém, já começam a receber pressão de acionistas, investidores e de si próprios por resultados melhores, independentemente do cenário que se apresente para o consumo interno, vendo-se obrigados a tentar reverter a atual situação, tomando decisões que recoloquem suas empresas no caminho do crescimento. Isso sabendo que não vão poder contar com a ajuda da demanda interna, uma vez que as expectativas de crescimento do consumo de vestuário para o próximo ano, no varejo, são da ordem de 0,8% em volume de peças. O problema é que, com menos consumidores dispostos a gastar, a demanda interna se mostra menor do que a oferta de produtos e marcas. Em uma situação como essa, a disputa pelo dinheiro dos consumidores torna-se extremamente acirrada. Além disso, em momentos como esse, é nítido o desinteresse das pessoas e, por que não dizer, dos próprios lojistas, pelos produtos já existentes, que, sem diferenciais relevantes ou inovações recentes, se enquadram na categoria do que costumamos chamar de “mais do mesmo”. Algo parecido com o almoço de segunda-feira na minha casa, onde se costumava servir apenas as sobras requentadas do fim de semana. É incrível como muitas empresas, ao depararem com a crise, com a redução do crédito e da renda, logo imaginam oferecer ao mercado produtos mais simples e despojados, para que possam ficar mais baratos. Poderia ser até válido, se do outro lado o consumidor se interessasse de alguma forma por essas versões simplórias, quando na verdade ele olha para aquilo e se desanima ainda mais em comprá-los, em especial

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quando se trata de produtos de moda, nos quais a motivação de compra transcende, em muito, as características funcionais do produto. Para o consumidor, a redução de preços pode ser muito bem-vinda quando lhe é oferecido um produto idêntico, da marca desejada, por um preço menor, dentro de um apelo verdadeiro de “oportunidade”. Essa opção pode funcionar por um breve período de tempo, mas se perdurar poderá causar um irremediável desposicionamento da marca, além de fazê-la acabar perdendo a capacidade de atrair a demanda depois de algum tempo. Um ótimo exemplo de ação temporária de redução de preços, com resultados bastante interessantes para um momento de crise, é a versão brasileira da Black Friday, a megapromoção que envolve os mais diversos produtos e canais de venda que, neste ano, bateu recordes de vendas no Brasil, tanto na internet quanto no varejo tradicional. Contudo, muito mais atraente e sustentável do que a venda com desconto é a venda por “encantamento”, aquela em que o consumidor passa em frente a uma vitrine, sem qualquer planejamento, se encanta com o produto exposto, dá uma olhadinha para checar se o preço cabe no orçamento, entra e compra. Quase 50% das compras de vestuário ocorrem dessa forma, literalmente por amor à primeira vista. Em outros 25% dos casos, o marido, o filho, um compromisso de trabalho ou lazer o impede de entrar e comprar naquele mesmo momento, mas o consumidor fica com aquele desejo contido e acaba retornando à mesma loja onde havia visto o produto pela primeira vez e realiza a compra. Ou seja, em 75% dos casos, a compra de artigos de moda, em especial roupas e calçados, se dá por puro encantamento. O mais interessante nessas situações é que o preço do produto nunca é o fator principal na decisão de compra do consumidor. O valor-limite está muito mais atrelado à capacidade de pagamento do comprador do que aos preços oferecidos por um eventual concorrente. Esse tipo de venda, porém, só pode ocorrer se o produto em si, sua forma de exposição e toda a experiência de compra atrelada a ele forem carregados de diferenciais perceptíveis e de uma boa dose de inovação. Caso contrário, sua marca estará presa a uma pouco rentável competição de custos e


terá que enfrentar o amargo desinteresse pelo “já te vi” de consumidores desestimulados pelos efeitos da crise econômica. Como escreveu Peter Drucker, “além do marketing e da inovação, só resta a competição de custos”. A vocês, desejo muita saúde e sucesso em 2016!

INDICADORES SETORIAIS G A produção de vestuário teve retração de 4,8% no mês de setembro, quando comparado ao mês anterior. Quando analisamos o 3º trimestre (jul.-set.) em relação ao 2º trimestre (abr.-jun.), a produção aumentou 10,0%; já em relação ao 3º trimestre de 2014, a produção recuou 10,1%. No acumulado do ano (jan.-set.), segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE, o índice registrou queda de dois dígitos, chegando a 10,0% no volume físico produzido. G O índice de vendas no varejo (volume) de vestuários acumulou recuo de 7,3% no ano. O setor pode se beneficiar com a proximidade das demandas de fim de ano. O valor das importações já se reduziu em 4,0% e a taxa média do câmbio encontra-se em alta (R$ 3,39 para 2015). A expectativa é que o valor dessas importações se reduza significativamente, beneficiando a indústria brasileira. Essas importações somaram US$ 2,20 bilhões no ano e serão insuficientes para atender os estoques do setor. G As exportações brasileiras de vestuário alcançaram US$ 103,3 milhões até outubro de 2015, com retração de 13,2% em relação ao mesmo período de 2014, apesar da elevação recente do câmbio, dando claras demonstrações de recuperação nesse indicador. Mas demandará tempo e muito trabalho para gerar os frutos desejados. G Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo cresceram 0,67% no mês de outubro de 2015, mas ainda assim acumulam alta de 3,79% em relação aos últimos 12 meses.

CONJUNTURA DO SETOR DE VESTUÁRIO NO BRASIL 1. Produção, emprego, preços (%)

No mês

No ano

Últimos 2 meses

Produção física em volumes (setembro 2015)

-4,8%

-10,0%

-8,7%

Vendas no varejo em volumes (setembro 2015)

-10,3%

-7,3%

-5,2%

Vendas no varejo em valores (setembro 2015)

-9,8%

-4,0%

-1,9%

Preços ao consumidor (outubro 2015) IBGE(1)

0,67%

2,51%

3,79%

Jan.-out. 2014

Jan.-out. 2015

Variação(2)

Exportação (outubro 2015)

119.114

103.332

-13,2%

Importação (outubro 2015)

2.204.815

2.117.483

-4,0%

Saldo (exportação – importação) (outubro 2015)

-2.085.701

-2.014.151

-3,4%

2. Comércio exterior (US$ 1.000)

Fontes: IBGE/Secex – Elaboração Iemi. Notas: (1)IPCA – Índice de preços ao consumidor amplo da cesta de produtos de vestuário – Brasil. (2) Variação de janeiro a outubro de 2015 contra janeiro a outubro de 2014.

MARCELO V. PRADO É SÓCIO-DIRETOR DO INTELIGÊNCIA DE MERCADO (IEMI) E MEMBRO DO COMITÊ TÊXTIL DA FIESP. COLUNA.CP@IEMI.COM.BR


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POR FÁBIO ROMITO

Foto: Arquivo pessoal

Qualificação

2016: uma nova esperança Novo ano, esperanças renovadas e muito trabalho pela frente.

recuperação de prejuízos. Nessa situação, a qualidade dos

Enquanto escrevo este artigo, a situação nas cenas política e

produtos poderá virar diferencial competitivo, ou seja, toda

econômico-financeira do país se encontra totalmente

atenção deve ser dada ao seu sistema de qualidade. Deve-se

nebulosa; talvez, no momento de sua leitura, ela já esteja

observar muito bem a qualidade dos materiais adquiridos e,

definida.

principalmente, dependendo do patamar do dólar, lembrar que

Em virtude dos fatos e das demandas atuais, podemos

a competitividade interna e externa estará mais forte do que

pensar em três cenários possíveis para o início deste ano no

nunca. Uma das formas de decidir em ambientes competitivos

que diz respeito a nosso setor. No decorrer deste texto, vou

onde o preço do produto é semelhante é pela qualidade.

explorar rapidamente os cenários e sugerir algumas ações em

Portanto, ela necessita de atenção total, com um sistema de

relação à qualidade:

excelência que contemple desde a matéria-prima adquirida, o

Cenário 1: Nada mudou e a situação continua totalmente indefinida nas três cenas citadas acima.

sistema produtivo como um todo, até as revisões finais, para não entregar produtos com problemas.

Análise: Provavelmente ainda teremos uma situação de

Cenário 3: Mudança geral de cenário.

que

Análise: No caso de uma mudança geral, todo o contexto

eventualmente tiveram bons resultados de vendas no final de

pode mudar, portanto a maior recomendação para esse

2015 a fazerem a reposição de seu estoque voltando a utilizar

momento é cautela. Cautela nos investimentos, no uso de

mão de obra nacional, o que pode auxiliar as pequenas e

mão de obra de outros países, até mesmo nos volumes de

médias empresas de confecção brasileiras. Por sua vez, com

venda. Obviamente que, para o quesito qualidade, a cautela

custos altos, possivelmente sem o tão esperado ajuste fiscal,

deve ser maior ainda, mas se deve pensar em uma estratégia

as exigências em relação à qualidade serão grandes, então,

de qualidade que seja flexível, ou seja, dependendo do cenário

prepare sua estratégia de qualidade, crie um bom sistema,

que se apresentar, deve-se ter “cartas na manga” para serem

para garantir a entrega de bons produtos. Isso diz respeito à

apresentadas. Se a produção crescer muito, tem de haver um

utilização de bons materiais, mão de obra comprometida e um

plano de qualidade a ser seguido; se a utilização de terceiros

sistema interno de qualidade adequado à demanda dos

for a estratégia de produção mais forte, um plano de qualidade

clientes, que serão exigentes em relação a seus padrões de

deve estar traçado, e assim por diante.

dólar

alto,

incentivando

as

(poucas)

empresas

qualidade. Cenário 2: Situação política indefinida, porém melhoria na cena econômico-financeira. Análise: Situação favorável, apesar de uma situação

Ressalto que este texto expressa minha opinião, baseada apenas em análise particular da situação atual, e não em nenhuma metodologia ou critério científico. Um bom 2016 a todos, com muita esperança.

política conturbada. Melhoria na economia, com o consumo reagindo em todas as camadas sociais, retomada do nível de emprego, um alívio no câmbio. Infelizmente é uma situação bastante improvável em vista dos acontecimentos recentes, ao menos para o primeiro semestre do ano. Caso essa situação aconteça, comércio e indústria entrariam em retomada de crescimento, podendo entrar em fase de

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FÁBIO ROMITO É TÉCNICO TÊXTIL, ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. ATUA NO MERCADO DE CONFECÇÃO HÁ MAIS DE 25 ANOS, SENDO QUASE 20 DEDICADOS A CONSULTORIA E TREINAMENTO EM EMPRESAS DE VESTUÁRIO. É PROFESSOR UNIVERSITÁRIO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO NAS ÁREAS DE MODA E ADMINISTRAÇÃO. ROMITOFABIO@GMAIL.COM



Empreendedorismo Sebrae

TOP FIVE – PARCERIA ENTRE SEBRAE E IN-MOD PREMIARÁ GRIFE QUE SE DESTACAR

Palavra do Presidente onhecida como uma área de difícil acesso, a moda de alto valor agregado é um desafio para todos nós. No atual cenário, garantir o acesso ao mercado a marcas pequenas e novos estilistas brasileiros exige criatividade e parceria. Somente na moda, que emprega 2,4 milhões de pessoas no país, 98% das empresas (quase 800 mil) são pequenos negócios. Nossa mais recente iniciativa para inserção de novos empreendimentos nesse mercado é o Top Five, uma parceria entre o Sebrae e o In-Mod (Instituto Nacional de Moda e Design) que selecionou cinco grifes para receberem consultoria criativa e mercadológica por um ano. A empresa que mais se destacar, em desafios e nas capacitações, será premiada com um desfile na edição de Verão 2017 da São Paulo Fashion Week (SPFW), de 25 a 29 de abril de 2016. Nosso objetivo é simples: propiciar experiências de negócios que permitam a essas pequenas empresas alcançar excelência no mercado, além de servirem de inspiração e exemplo para os pequenos negócios de todo o país.

Fique de olho neles! Competem pela vaga no desfile as mineiras Jardin, de Bhárbara Renault, e Green Co., de Cassius Pereira; a capixaba Amabilis, dos designers Luiz Guidone e Robson Santos; a carioca PH Praia, de Ana Gomes; e a paulista Adriano Martin, do estilista de noivas Adriano Martins. As grifes são microempresas que vendem seus produtos em pontos próprios, ecommerce e multimarcas. O desfile na SPFW servirá para divulgar a marca para um público maior e, com isso, incrementar as vendas. Parte integrante do projeto Contextualizar Moda II, que busca mapear, preparar e permitir a inserção das microempresas no mercado de alto valor agregado da moda, o Top Five é um projeto de aceleração de negócios que vai acompanhar a atuação das cinco selecionadas. Ao todo, foram analisados o potencial de expansão e o gerenciamento estratégico de 20 marcas de oito estados, indicadas pelas unidades estaduais do Sebrae. As grifes agora são acompanhadas por um time multidisciplinar especializado em conceito do produto, branding e comercialização, com consultoria de Silvio

C

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Fotos: Regiane Estima

AMABILIS

JARDIN, AMABILIS, GREEN CO, PH BAHIA

E ADRIANO MARTIN: EMPREENDEDORES TERÃO APOIO DE GRANDES EMPRESAS DURANTE OS PRÓXIMOS MESES PARA DESENVOLVER COLEÇÕES.


GREEN CO.

ADRIANO MARTIN

JARDIN

PH PRAIA

Chad, Fred Gabrielli e Olivia Merquior, e estão tendo apoio para o desenvolvimento de duas coleções. Assim, ainda que haja apenas um vencedor, todo o processo do Top Five aproxima as novas marcas de dinâmicas de ponta, conectando-as com fornecedores e criando elos importantes para o desenvolvimento dessas pequenas grifes. Por fim, vai ser possível disseminar casos de sucesso que sirvam de exemplo para os empreendedores da moda vencerem os atuais desafios do mercado. Na última edição da SPFW, encerrada em novembro, as grifes apresentaram coleções-cápsula de produtos desenvolvidos com exclusividade para a loja temporária FFWShop (antiga Pop Up Store). O desafio era produzir peças que saíssem do ramo de atuação de cada marca para provar versatilidade. A Jardin, que vende roupas, criou colares artesanais; a PH Praia, especializada em moda praia, levou bolsas. Do ponto de vista da inovação, a grife especializada em moda sustentável Green Co. destacou-se com uma linha de óculos com madeira reaproveitada de skates. Adriano Martins, de Catanduva (SP), fez camisetas com aplicações de brilho entrelaçadas que remetiam à obra do escultor americano Alexander Calder (1898-1976). WWW As marcas estão sendo apoiados por grandes empresas do setor, como Swarovski, Santaconstancia, YKK, Canatiba, Kalimo e TecnoBlu. Para acompanhar, acesse @spfw no Instagram ou www.facebook.com/SPFW/.


Tributos

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POR RICARDO MARTORELLI

Lucro Presumido, Real ou Simples Nacional? DECISÕES QUE PODEM MUDAR O RUMO DA SUA EMPRESA EM 2016

O ano de 2016 está apenas começando. Apesar de ser

Optando pelo Lucro Real, a tributação ficará ainda mais

comum ouvirmos que no Brasil o ano só começa após o

complexa. O PIS e o Cofins são calculados pelo regime não

Carnaval, para o empresário não é bem assim que funciona. O

cumulativo (1,65% e 7,6%, respectivamente), podendo-se

mês de janeiro é de extrema importância para o cenário

descontar os créditos adquiridos pela empresa para chegar à

competitivo do ano inteiro. Uma decisão equivocada pode trazer

base de cálculo. No caso da apuração do IR e da CSLL, a

diversos problemas para a empresa.

empresa deve fazer algumas exclusões e adições para chegar à

Antes de tudo, é importante fazer uma projeção de vendas e

base de cálculo. As alíquotas são de 15% mais o adicional de

despesas para o ano inteiro para não ser pego de surpresa.

10% para o IR, e 9% para a CSLL. Essa modalidade é a que

Cada empresa terá uma perspectiva diferente.

exige maior controle, além de ser a mais fiscalizada.

Com o planejamento financeiro em mãos, o empresário

Com a “reoneração” da folha de pagamento a partir de

estará mais preparado para tomar as decisões que impactarão,

dezembro de 2015, as empresas optantes pelo Lucro Presumido

principalmente, na tributação da empresa durante o ano.

ou

pelo

Lucro

Real

precisam

tomar

outra

decisão

Primeiramente, a empresa deverá optar pela forma de

importantíssima em janeiro de 2016. Caso a folha de pagamento

tributação. Empresas ME ou EPP poderão optar pelo Simples

da empresa corresponda a mais do que 12,5% do faturamento

Nacional. As outras opções de tributação são o Lucro Presumido

bruto mensal, a empresa deverá optar pela CPP com base no

e o Lucro Real.

faturamento mensal, aplicando-se a alíquota de 2,5%, conforme

Optando pelo Simples Nacional, a empresa recolherá os

a “reoneração”. A forma de recolhimento da CPP utilizada em

impostos e contribuições mensalmente de forma simplificada e

janeiro não poderá ser alterada até dezembro de 2016. Portanto,

de acordo com o faturamento bruto. Na categoria de indústria, a

o planejamento financeiro anual será de extrema importância

alíquota varia de 4,5% a 12,11%, de acordo com o faturamento

para essa tomada de decisão.

anual da empresa. No comércio, a alíquota varia de 4% a

Entre as MEs e EPPs, o Simples Nacional acaba sendo a

11,61%. Os impostos e contribuições que abrangem o Simples

opção mais escolhida, mas é preciso ficar atento para não perder

Nacional são IR, CSLL, Cofins, PIS, Contribuição Previdenciária

dinheiro com essa opção. A melhor opção de tributação

Patronal (CPP), ICMS e IPI.

dependerá das particularidades de cada empresa. Para que o

Optando pelo Lucro Presumido, o processo de tributação da empresa será um pouco mais burocrático, requerendo controles internos. Nas confecções, o IR para faturamentos de até R$ 3 milhões anuais corresponde a 1,2% do faturamento. Para valores

empresário tome a melhor decisão, será muito importante estreitar as relações com o contador neste começo de ano. Lembrem-se, 2016 está apenas começando! Não custa nada começar com o pé direito.

acima de R$ 3 milhões, o IR será progressivo, devido à parcela adicional. A CSLL corresponde a 1,08% do faturamento, o Cofins a 3%, o PIS a 0,65% e o CPP a 2,5% do faturamento, ou 20% da folha de pagamento. O IPI do setor é 0%. O ICMS varia de acordo com a operação e deverá ser calculado separadamente tanto no Lucro Presumido quanto no Lucro Real.

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RICARDO MARTORELLI É BACHAREL PELA FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO (FECAP) EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS COM ÊNFASE EM FINANÇAS E EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E SÓCIO/CONSULTOR DA HOPEN CONSULTORIA E ASSESSORIA. RICARDO@HOPEN.COM.BR



Lançamentos Fotos: Divulgação

NOVIDADES SANSEI E KANSAI A Andrade Máquinas já começa o ano com diversos lançamentos em máquinas de costura. Entre os destaques, está a Sansei SAM1790-12, caseadeira eletrônica de caseado reto com 99 padrões na memória, que produz até quatro caseados (12 mm) em SANSEI SA-M1790-12 KANSAI NR9803GALK/UTA sequência, com velocidade máxima de 4.200 rpm, com tamanho mínimo de 10 mm e máximo de 120 mm de caseado. Possui também um painel digital touch screen e entrada USB para uma programação mais prática. Outro destaque é a Kansai NR9803GALK/UTA, uma galoneira cilíndrica eletropneumática de 3 agulhas, com bitola de 6,4 mm e largura de ¼. Possui refilador esquerdo e cortador de linha pneumático, parada da barra de agulha alta (o calcador levanta até 6 mm de altura) e motor direct drive com velocidade máxima de até 5.500 rpm, indicada para bainha de camisa refilada.

AUTOMAÇÃO NA CAMISARIA A Vibemac, representante oficial da Maica no Brasil, traz ao país um dos carros-chefes da empresa italiana, que oferece hoje o maior número de soluções para automatizar a produção das camisarias. É a unidade automática de carcela UAM04, que produz uma média de 1.700 carcelas por dia com um operador de máquina, a uma velocidade de até 3.200 rpm, dobrando e costurando a carcela e colocando sua confecção no futuro.

LEITURA FASHION Gerência de Produtos de Moda: o livro de Luis Tadeu Dix e Carla Marcondes Sayeg – o primeiro do gênero no país – trata das funções e dos desafios para o gestor dessa área tão nova no mercado contemporâneo, abordando o perfil professional e psicológico desse professional, bem como a aplicação do Composto de Marketing e Varejo, o processo de desenvolvimento de coleções, modelos de checagem de produção, demonstração financeira e mix de produtos necessário. Ainda traz entrevistas com profissionais da área, que apontam as características do mercado brasileiro, dão dicas sobre a profissão e exemplos de como atuam pessoas que exercem o cargo. O livro foi lançado pela Editora Senac Rio (www.rj.senac.br/editora) em coedição com a editora Estação das Letras e Cores (www.estacaoletras.com.br).

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Fotos: Divulgação

Corset: Interpretações da Forma e da Construção: neste livro de Ana Laura Marchi Berg, é mostrada a engenhosidade necessária – passo a passo – para a construção do corset pelo processo de moulage, desvendando os segredos e possibilidades na montagem e confecção das peças. Usadas há séculos, elas acompanharam as transformações ocorridas no vestuário no decorrer do tempo, adaptando-se às novas tecnologias e ao conforto, marcando presença até hoje em criações de importantes designers mundo afora. O livro traz ainda fotografias das etapas do surgimento do corset, mostrando que sua construção possui um apurado processo de modelagem e também uma delicada criação poética. Editora: Senac São Paulo, www.editorasenacsp.com.br.

O Traje de Cena como Documento: o que acontece com o figurino – ou traje de cena – depois que o espetáculo termina? Neste livro, o leitor poderá descobrir como várias instituições pelo mundo, como na França, Inglaterra, Portugal, Rússia e Japão, entre muitos outros lugares visitados e pesquisados pelo autor, Fausto Viana, cuidam da limpeza e higienização dessas peças, a forma correta de guardá-las e como sua conservação deve ser pensada, tudo ricamente ilustrado com imagens, entrevistas e textos explicativos. Ainda traz tudo o que tem sido feito no Núcleo de Traje de Cena, Indumentária e Tecnologia da Universidade de São Paulo (USP), apresentando boa parte de seu acervo em fotografias de figurinos que fizeram a história do teatro paulista. Editora: Estação das Letras e Cores, www.estacaoletras.com.br.

Para Vestir a Cena Contemporânea: Moldes e Moda no Brasil do Século XIX: este livro é um importante estudo sobre a moda e a vestimenta no Brasil do século XIX, período no qual o grupo de professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formado por Isabel Italiano, Fausto Viana, Desirée Bastos e Luciano Araújo, deu seu ponto de partida nas pesquisas em busca de trajes, modelagens, formas de criação e costura que envolveram o povo brasileiro e quem aqui viveu naquela época. Este é o primeiro da série, que promete a continuidade do título passeando por outros períodos da história. Editora: Estação das Letras e Cores, www.estacaoletras.com.br.


Especial

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POR SILVIA BORIELLO

A FORÇA DO “FEITO NO BRASIL” APESAR DE TODAS AS DIFICULDADES, HÁ EMPRESAS BRASILEIRAS QUE NÃO ABREM MÃO DE PRODUZIR TUDO EM TERRITÓRIO NACIONAL, MOSTRANDO AO MUNDO O VALOR DA NOSSA MODA

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Foto: Zee Nunes/Divulgação

FLORINDA: RIQUEZA CULTURAL DO PAÍS INSPIRA A GRIFE CEARENSE.

Se há quem podemos chamar de “heróis da resistência”

regras

do

país

jogar

contra

o

crescimento

são os empresários brasileiros, que enfrentam todo tipo de

desenvolvimento de suas próprias empresas.

e

adversidade com bravura para manter suas empresas de

No entanto, sempre há as pièces de résistance, que

pé. Alguns deles vão ainda mais longe: apesar de tudo,

acreditam e aceitam o desafio, e a Rhodia é uma delas.

fazem questão de manter sua produção 100% em

Desde 1919 no Brasil, a empresa do Grupo Solvay

território nacional.

começou a atuar na área têxtil no país em 1929,

Em tempos de competitividade mundial, especialmente

desenvolvendo fios inovadores, como o acetato e o náilon,

no que diz respeito ao vestuário no Brasil, essa é uma

que ajudaram a desenvolver nossa indústria. Hoje, 100%

verdadeira epopeia, não pela qualidade do produto – alta,

de sua produção é feita aqui. “Temos o maior orgulho de

aliás –, mas por todos os entraves burocráticos de leis

produzir inovações legitimamente brasileiras que são

empresariais, trabalhistas, pela logística, preços, falta de

exportadas para os quatro cantos do mundo”, afirma

renovação e qualificação de certos tipos de mão de obra,

Renato Boaventura, CEO da unidade global da área Fibras

maquinário, mercado retraído e tudo o mais que faz as

da Rhodia. Tanto que, há pouco mais de um ano, criou o

23


Especial Foto: Divulgação

movimento #feitonobrasil, um manifesto

diais para seus negócios e, acima de

para resgatar o orgulho e incentivar a

tudo, fazer suas próprias apostas, tanto

produção local do nosso mercado de

que um de seus lemas é “menos

moda. Já falamos sobre ele na edição

tendência, mais essência”.

83 (jan.-fev. 2015) da Costura Perfeita, e

Antes de aderir ao movimento

as empresas interessadas em saber

#feitonobrasil, da Rhodia, ela conta que

mais e aderir podem acessar o site

essa é uma questão que sempre pautou

www.feitonobrasil.com.br.

suas consultorias, palestras e reflexões

Atualmente, a empresa conta com 3

sobre a moda no país. “Contudo, a

mil colaboradores diretos no Brasil e

busca e valorização da identidade

está concentrando todo o desen-

brasileira já é algo compreendido e

volvimento e produção de fios têxteis de

praticado pelos empresários criativos do

alta tecnologia e sustentabilidade por

setor há algum tempo e, atualmente,

aqui. “Hoje, exportamos nossas inova-

reconhecida pelos consumidores”, diz.

ções para todos os países do mundo. Nossos produtos inovadores desenvolvidos e produzidos no Brasil estão

RENATO BOAVENTURA,

DA RHODIA: ORGULHO DE PRODUZIR INOVAÇÕES LEGITIMAMENTE BRASILEIRAS EXPORTADAS AOS QUATRO CANTOS DO MUNDO.

Para Renata, o momento atual tem urgência de um novo e definitivo entendimento da nossa responsabilidade sobre todo o processo de criação e

ganhando cada vez mais reconhecimento e sendo muito bem aceitos. Um desses exemplos

desenvolvimento de coleções de moda, do impacto que

é o fio Emana®, que está presente em diversas marcas

uma escolha feita por nós tem sobre toda a cadeia. “E a

®

europeias, e o Amni Sou Eco, que foi um dos finalistas do

Rhodia é, desde sempre, uma das maiores incentivadoras

prêmio Future Materials Awards durante a feira ITMA 2015,

da moda brasileira. Sem cessar, a empresa segue inovando

em Milão, na categoria Best Innovation – Sustainable

e disseminando nosso ID, assim como práticas sus-

Textiles, que visa reconhecer as melhores inovações têxteis

tentáveis e coerentes”, ressalta.

e celebrar o trabalho essencial das empresas que apoiam essa indústria”, destaca Boaventura. Para ele, o “fazer brasileiro” é diferente. “Somos

Renata conta que, nos últimos anos, vem atuando cada vez mais na seara da “essência das marcas”, ajudando-as num

processo

de

autoconhecimento

profundo

extremamente criativos e engajados. A grande integração

construção de identidade de produto e estilo de vida.

na cadeia de poliamida da Rhodia, juntamente com uma

Alguns desses clientes são Shoulder, Florinda, Maria Filó,

história de mais de 60 anos de náilon no Brasil, facilita

Foto: Tiago Petrik/Divulgação

nossa capacidade de inovação e conexão com todos os elos da cadeia no país”, avalia o CEO. Outra entusiasta do #feitonobrasil, literalmente, é Renata Abranchs, diretora de pesquisa e projetos do Bureau de Estilo, fundado por ela em 1997 no Rio de Janeiro (RJ). Aliás, entusiasmo define bem a essência dessa carioca cheia de boas energias, ideias e propósitos que dificilmente não contagiam quem cruza seu caminho. Formada em belas-artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em estilismo pelo Senai/Cetiqt, Renata atuou como estilista e pesquisadora em algumas empresas de confecção e varejo de moda antes de criar o Bureau, que nasceu com o objetivo de ajudar as marcas e confecções brasileiras na tarefa de decifrar e filtrar as tendências mun-

24

e

RENATA ABRANCHS,

DO BUREAU DE ESTILO: GRANDE INCENTIVADORA DA IDENTIDADE E VALORIZAÇÃO DO PRODUTO FEITO NO BRASIL.



Especial Fotos: Divulgação

cinco marcas do Grupo Hering – Hering,

e designers de todo o Brasil e de

Dzarm, Puc, Hering Kids, Hering for You

vislumbrar o trabalho feito em cada

–,

Santaconstancia,

região e entender suas características

Kalimo, Cataguases e Tecnoblu. “Quan-

mais acentuadas. Por sermos um país

do o ‘fazer no Brasil’ é praticado con-

tão grande, temos um forte traço de

sistentemente, passa a ser uma pro-

regionalismo em cada um dos nossos

posta de valor das marcas e negócios.

produtos de moda. Assim, a riqueza

Esses negócios ganham um propósito e

cultural fica explícita, pois é perceptível

um sentido maior. Incentivo todos os

nesses produtos a cultura imaterial e a

dias da minha vida, e não só as em-

sensibilidade marcante de cada um ao

presas, mas também todas as pessoas

expressar cores, formas e texturas em

que me cercam”, acentua.

produtos de moda”, explica Walter.

RVB

Malhas,

Riqueza é a palavra. Esse trabalho

Mais um grande incentivador da força

feito por Walter Rodrigues e equipe Walter Rodrigues, que, do alto de seu O ESTILISTA WALTER RODRIGUES: RICO TRABALHO junto à Assintecal é tão rico nos do produto “feito no Brasil” é o estilista

DE PESQUISA E INCENTIVO À CULTURA REGIONAL.

tempo de carreira na moda, transita

detalhes minuciosos de pesquisa,

livremente por todos os seus vieses, por

descobertas, valorização da cultura e

assim dizer. Após a resolução de não atuar mais no

especialmente da autoestima das pessoas – empresas e

vestuário, Walter começou a se dedicar de corpo e alma a

artesãos envolvidos no projeto – que se torna único, de

um novo projeto, desta vez no setor de couro, calçados e

valor imensurável. Todo esse conjunto de ações

acessórios. Em 2005, foi convidado por Ilse Guimarães,

fortalece a concepção dos produtos e a conquista de

superintendente da Associação Brasileira de Empresas de

novos mercados.

Componentes

para

Couro,

Calçados

e

Artefatos

(Assintecal), a coordenar o projeto do

Brasil tem sido encantadora, somos ino-

Fórum de Inspirações, criado no final

vadores natos: se não temos deter-

dos anos 1990 com o intuito de incluir o

minado

design como prática nas empresas,

seguimos em frente. A criatividade e a

sistematizando

de

imensa força de vontade impulsionam e

planejamento, criação, comunicação e

fazem acontecer muitos projetos que

venda dos componentes de moda, e

não poderíamos nem sequer imaginar.

conveniado ao Sebrae Nacional, o que

Teresina, Belém do Pará, Campina

permite a visita a 28 polos de moda e

Grande, Belo Horizonte e Serra Gaúcha,

um de varejo em todo o país.

todas essas regiões me proporcionam

as

operações

maquinário,

adaptamos

e

Ele conta que, a partir de sua

uma visão vital para o aprimoramento

entrada, deram início à metodologia da

das pesquisas e de como compreender

pirâmide de produto, incentivando as

melhor a importância de um produto

micros

original

e

pequenas

empresas

a

na

construção

e

no

re-

estabelecer estratégias para inovar, FÁTIMA BRILHANTE, DIRETORA DA FLORINDA.

conhecimento da ‘marca Brasil’”, avalia

processar e massificar dentro dos três

o estilista.

estágios do ciclo de vida de um produto de moda.

26

“Para mim, esta experiência de conhecer melhor o

Para ele, o incentivo de produzir aqui é primordial ao

“O Fórum de Inspirações proporciona a todo o grupo

entendimento e à capacitação dessas pessoas. “En-

que participa do que chamamos de road shows – visitas

tendemos que vivemos um momento histórico, em que

aos polos de moda – uma visão muito completa da moda

tudo está conectado e que as fronteiras se diluíram,

brasileira. Temos a oportunidade de conhecer empresários

favorecendo as escolhas em todos os setores, da criação


Fotos: Divulgação

à venda de produtos. Sendo assim, é

e miscigenado, as peças de praia

importante estar sintonizado com tudo

sempre eram vistas como um acessório,

o que é produzido no mundo e, mais

não

ainda, é muito importante estabelecer a

movimento muito novo, e me encantou

identidade de cada empresa para que

muito poder criar esse trabalho. Acho

ela possa ser reconhecida e valorada.

que isso hoje acaba traduzindo muito o

Nós, efetivamente, trabalhamos muito

que é a moda brasileira – ela transcende

essa questão, pois compreendemos ser

o maiô e o biquíni –, é uma forma de se

essa a forma correta de estabelecer

vestir do nosso verão”, conta o estilista

novas metas para as micros e pequenas

que ousou e levou nosso beachwear a

empresas brasileiras crescerem nesse

outro patamar, o de desejo mundial.

cenário tão incerto que é hoje o da A TOP LAÍS RIBEIRO PARA AMIR SLAMA: LIFESTYLE moda mundial. Focamos em valorizar

BRASILEIRO ENCANTA O MUNDO.

como

uma

‘moda’.

Era

um

Após vender a marca a um grande grupo nacional em 2010, Amir seguiu na

suas técnicas e sua cultura do entorno para diferenciá-las

direção criativa até se desligar de vez, mas sem parar de

e torná-las únicas.”

emprestar sua criatividade a outras empresas, como a italiana Yamamay, para a qual cria coleções há cinco anos;

INSPIRAÇÃO E MOTIVAÇÃO

com a Líquido, onde desenvolveu uma coleção especial, além de muitas outras parcerias, com a Tok&Stok e a

Quando falamos de Brasil na moda, uns dos ícones que

Phebo, por exemplo, onde assina, respectivamente, uma

logo vêm à cabeça são praia, sensualidade e alegria. Foi

linha de acessórios para praia e piscina e outra de

pensando em dar um novo sentido e valorizar esse lifestyle

sabonetes e aromatizantes. Desde 2011, está no mercado

brasileiro, quando a palavra ainda nem existia em nosso

com sua nova grife, a Amir Slama, mantendo no DNA o

vocabulário fashion, que o estilista Amir Slama entrou para

design singular, sofisticado e desejado em todo o mundo.

o mundo da moda, 24 anos atrás, com a Rosa Chá.

Amir conta que, desde o início, sempre fez questão de manter a produção toda no Brasil, apesar de já ter importado tecidos, alguns aviamentos e, em determinado momento, algumas peças complementares, vindas da China. Mas o que mais o motiva a produzir aqui é estar perto de cada etapa do desenvolvimento, crucial para o estilo de seu produto, e a forma como a equipe interage e se envolve em todo o processo. “Primeiro, que o tipo de trabalho que fazemos, que é o de moda, é um artigo de confecção minucioso, não uma alta produção. É um trabalho que tem que estar perto dos nossos olhos, porque é uma variedade muito grande, porém, com uma produção nem tanto, é uma coisa muito artesanal. Então, todo o

KING & JOE:

A PRODUÇÃO INTERNA GARANTE A PRATICIDADE DA LOGÍSTICA NO PROCESSO E CONTROLE DE QUALIDADE.

processo acaba sendo quase feito à mão: desde a confecção da peça piloto, a escolha dos tecidos, o

“Formei-me em história e acabei indo para a moda

desenvolvimento dos processos, você tem que estar muito

muito pelo desejo de poder criar uma coisa diferenciada,

próximo disso. É o mundo ideal, mas infelizmente não é o

um produto que se comunicasse com as pessoas de outra

real”, avalia Slama. Atualmente, ele conta com um time de

forma, um novo conceito. Uma moda que saía da praia,

60 profissionais, empregados direta e indiretamente, e

vinha para a cidade, e vice-versa, era uma coisa muito nova

possui lojas em São Paulo, duas no Rio de Janeiro, atua

na época. Mesmo tendo um país com um litoral tão grande

com uma pequena rede de multimarcas pelo Brasil e,

27


Especial Fotos: Divulgação

recentemente, tem trabalhado mais o

produção em outros países são as

mercado externo, atendendo lojas dos

condições financeiras desfavoráveis em

EUA e Europa. Um de seus grandes

decorrência da valorização cambial.”

diferenciais é o serviço de ateliê, no qual

Para Allan, o Brasil destaca-se, es-

cria peças e minicoleções sob medida

sencialmente, pela criatividade profis-

para suas clientes.

sional de seus designers e estilistas.

Saindo de São Paulo para o Ceará,

“Dentro dos critérios que julgam essa

temos outra empresa que aposta 100%

qualidade, podemos citar o enorme

na produção nacional, a Florinda. Fátima

espaço geográfico do país, que exige

Brilhante, diretora da marca, conta que

uma visão ampla de comportamentos

em 1989, quando ganhou de seu marido

de consumo diferenciados e soluções

sua primeira máquina de costura, criou a

para coleções que precisam abranger

Famel que, seis anos depois, se tornou a

um território diverso em cultura e clima.

Araujo e Brilhante, com sede em

Esse desafio, unido a uma perso-

Pacajus, a 50 km de Fortaleza. Em ANA FERREIRA, DIRETORA DE COMPRAS E 2001, numa parceria com o estilista Josenias

Júnior,

Fátima

e

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS DA KLEIN NO BRASIL.

CALVIN

nalidade inventiva, desenvolve profissionais nacionais que se destacam pelo globo.”

Miguel

Brilhante lançaram a marca Dona Florinda, hoje apenas

Surpreendentemente, há uma grife internacional com

Florinda, que tem como público-alvo uma garota com

atuação no país que também não abre mão de produzir

alegria de viver. Mas manteve também a Famel, direcionada

85% de suas peças aqui: a americana Calvin Klein, nascida

a uma mulher mais madura. Ao todo, emprega 500

em 1968 em Nova York, e que aportou no Brasil em 2005,

funcionários diretamente e mais 1.500 indiretamente.

com sua primeira flagship store na Rua Oscar Freire, em

“O que mais me motiva é a habilidade das pessoas e a

São Paulo. Hoje, já conta com 42 lojas próprias, 65

qualidade que temos para produzir no país. Nós não

franquias e mais de 2.500 multimarcas espalhadas por

visamos à quantidade, e sim à qualidade para nosso

esse Brasilzão.

público. Não faz sentido procurar uma produção fora, onde

Para

Ana

Ferreira,

diretora

de

compras

não conseguimos controlar cada etapa do processo e

desenvolvimento de produtos da CK no Brasil, a maior

entregar um produto perfeito”, afirma Fátima. Para ela, o

vantagem em produzir aqui está na agilidade. “Produzindo

diferencial do produto brasileiro é a criatividade, pois se

no Brasil, podemos trabalhar com um lead time bem

percebe nos importados uma padronização cada vez

menor, que permite acompanhar com maior rapidez as

maior, que leva a uma pasteurização. “Temos uma mistura de culturas muito rica, um DNA próprio, somos um país solar e colorido, onde, apesar de todas as dificuldades, deixamos transparecer toda a alegria em nossos produtos”, pondera. Dentro deste país continental, saímos do Nordeste para o Sul, mais precisamente para Londrina (PR), onde está localizada a King & Joe, marca de moda masculina que surgiu em 2013 da união entre a V1B9, especializada em private label, e a grife Hoxter, do Rio de Janeiro. De acordo com Allan Soares, diretor comercial da marca, toda a produção está concentrada em território nacional. “A produção interna garante a praticidade da logística no processo e controle de qualidade. Outro fator que inibe a

28

e

MARCO ANTONIO BRANQUINHO JÚNIOR,

DIRETOR-PRESIDENTE DA

CEDRO.


Foto: Divulgação

ELES TAMBÉM APOSTAM ALTO NO PAÍS Há mais de 140 anos com seus alicerces firmes e construídos em solo brasileiro – mineiro, mais especificamente –, a Cedro é uma das tecelagens mais antigas e importantes do país, com capital e produção 100% nacionais e capacidade para tecer 168 milhões de metros quadrados ao ano, tudo isso distribuído em quatro fábricas, empregando 3 mil colaboradores. Tendo o denim como carro-chefe, a Cedro, hoje, além de atender todo o mercado interno, exporta para países da América Latina, ANNA MARIA KUNTZ, VICUNHA TÊXTIL.

DIRETORA EXECUTIVA-COMERCIAL E DE MARKETING DA

Europa e para os Estados Unidos. O que o produto brasileiro tem de diferente do restante do mundo? Para Marco Antonio Branquinho Júnior, diretorpresidente da tecelagem, no caso do produto têxtil de

tendências da moda e produzir apenas o que foi

moda há uma valorização da identidade própria do país por

apresentado e vendido no showroom, reduzindo o nível de

meio de modelagens que valorizam o corpo, a mobilidade,

estoque da empresa”, conta.

tecidos que se adéquam melhor à questão climática, entre

Ela ainda destaca que, com o intuito de desenvolver

outros. “É importante destacar que essa identidade muda

uma boa cadeia de fornecedores, a Calvin Klein afiliou-se à

em cada ponto do país, de acordo com o regionalismo. E

Associação Brasileira de Varejo Têxtil (Abvtex), que tem por

a Cedro, como uma indústria de moda que constrói essa

objetivo monitorar e apoiar as marcas e fornecedores a

identidade de norte a sul, busca oferecer soluções para

cumprir as práticas ligadas a responsabilidade social e

cada mercado”, diz Branquinho.

relações de trabalho entre toda a cadeia produtiva.

Segundo ele, o aumento do dólar frente ao real, se

“Fornecedores e marcas estão criando alianças mais

estabilizado, tende a favorecer as exportações brasileiras e

sólidas e produtivas, que visam a parcerias em médio e

a retomada da produção do setor confeccionista nacional

longo prazo. Por mais que o momento econômico esteja

sim, porém, como essa situação se deu de forma

pressionando por preços cada vez mais baixos, já existe

repentina, o impacto mais forte e rápido se refletiu no

um consenso e conscientização de que as regras e

aumento dos custos de produção, devido os insumos

condutas devem ser respeitadas”, ressalta Ana.

importados, do que nas exportações, que precisam de um

Outra curiosidade que ela revela é sobre o público

tempo maior para se consolidar. Mas, de qualquer forma,

brasileiro ser um dos mais exigentes do mundo, valorizan-

os investimentos da Cedro em crescimento continuam

do, além da marca, a qualidade e o acompanhamento das

firmes e fortes, especialmente em inovação, excelência e

tendências de moda, e que, para a CK entrar nesse

no padrão de relacionamento com o mercado. “Esse

mercado, teve que se ajustar a essa realidade.

processo avançou bastante neste ano com a consolidação

“O produto brasileiro tem bossa, cor e é jovem.

das unidades de negócios Workwear e Jeanswear, que

Trabalhamos junto à equipe global e acredito que a equipe

passam agora a ter equipes comerciais próprias e

do Brasil conseguiu associar muito bem as necessidades

identidades visuais separadas. Tudo isso pensado para

de uma marca internacional à realidade do mercado local.

melhorar o atendimento e o relacionamento com cada um

É o que chamamos de ‘glocal’, uma combinação de global

de nossos clientes”, destaca o diretor-presidente da Cedro.

+ local. Nossa equipe local conseguiu desenvolver muito

Quem também escolheu o solo brasileiro para se

bem o encontro entre o quente/provocante com a

estabelecer foi a família Steinbruch, da hoje Vicunha Têxtil.

simplicidade, que é a verdadeira essência da marca no

Com o início da Segunda Guerra Mundial, quando se

exterior”, entrega.

tornou grande a escassez de produtos na Europa, a

29


Especial Foto: Divulgação

e fortalecendo nosso relacionamento com clientes e fornecedores, sempre com foco em produtos inovadores e de qualidade. Mesmo assim, esperamos encerrar 2015 com crescimento na ordem de 5%, superando as expectativas de nossos clientes e atendendo com cada vez mais excelência as demandas do mercado nacional e internacional”, afirma Anna Maria Kuntz, diretora executivacomercial e de marketing da Vicunha Têxtil. AMOR À PÁTRIA Quem poderia imaginar que, lá no fim dos anos 1950, BENI WAISWOL,

DIRETOR COMERCIAL DA SALOTEX: “ESTAMOS NO BRASIL, EMPREGAMOS NO BRASIL, ACREDITAMOS NO BRASIL, O LUGAR QUE NOS RECEBEU DESDE SEMPRE”.

Salomão Waiswol, então um jovem de 19 anos, ao lado de Fanny, sua futura esposa, os dois tecendo metros de jérsei para vender aos fabricantes de calcinhas do bairro do Brás,

indústria têxtil brasileira começou a crescer como

principal polo confeccionista do país, se tornaria, tempos

exportadora e, nesse cenário, surgiu a Têxtil Elizabeth, em

depois, a Salotex?

São Paulo, fundada por Mendel e Eliezer Steinbruch,

“Com muita coragem, determinação, visão em-

tornando-se uma das pioneiras em fios sintéticos no Brasil.

preendedora e olhar atento e sensível para o mercado de

Mais tarde, em 1967, veio a compra do Lanifício Varam e,

moda, a Salotex, nome escolhido para a então pequena

nos anos 1970, a criação da Fiação Nordeste do Brasil

empresa têxtil, ganhou projeção pela agilidade e

(Finobrasa), em Fortaleza (CE), dando início às

pontualidade na entrega, pelo bom gosto de

atividades da Vicunha Têxtil. Nos anos 1980,

seus tecidos e estampas, e pela qualidade e

após uma grande pesquisa mundial, resolveu

valores inseridos, regular e rigorosamente, em

entrar de cabeça no universo do índigo e, dali

tudo o que fazia”, conta Beni Waiswol, diretor

pra frente, a história só cresceu e deu frutos,

comercial da Salotex. “Hoje, eu, Beni, e meu

inclusive fora do país. Além das unidades fabris

irmão Jairo, filhos de Fanny e Salomão,

no Ceará e Rio Grande do Norte, a Vicunha

comandamos a empresa dando sequência e

também tem unidades na Argentina e Equador, tornando-

fortalecendo a obra e o legado de nossos pais e

se, assim, a líder mundial na produção de índigos e brins,

fundadores da empresa, a partir da unidade fabril no bairro

produzindo cerca de 200 milhões de metros de tecidos ao

do Jaçanã, em São Paulo (SP). O compromisso com a

ano entre mais de 300 artigos, em diferentes pesos e

produção de qualidade e que agregue valor a toda a cadeia

composições.

de moda, com tecidos que garantem personalidade e estilo

Atualmente, a Vicunha, além de atender todo o território nacional com o que é feito aqui, exporta uma média de

30

às peças finais, é, como já era desde o início e há quase 60 anos, cláusula pétrea da empresa”, completa Beni.

30% a 35% de sua produção para mais de 80 países e

Hoje, a Salotex produz tecidos com base de poliamida

segue firme nos planos de expansão internacional. No

e elastano, entre outras, com estamparia própria, para os

Brasil, apesar das incertezas do mercado, continua

segmentos de moda praia, fitness, íntima e casual,

investindo forte.

podendo se desdobrar em outros por sua versatilidade.

“Com um cenário macroeconômico e político incerto,

Para Beni, a diferença do produto brasileiro frente aos

temos um grande desafio pela frente nos próximos anos.

outros está em nossas cores, nossa ginga e nossa alma.

Não podemos ignorar a crise, mas seguimos com nosso

“O mundo todo valoriza aquilo que é feito por aqui. Temos

ritmo de produção, investindo fortemente no mercado

personalidade e sabemos transferir isso aos nossos

interno, ampliando nossa participação no mercado externo

produtos como poucos”, comenta.



Foto: Divulgação

Especial A produção a empresa faz questão

acredita que a indústria têxtil nacional

de que seja toda feita aqui, do fio à

esteja passando por um momento de

estampa.

Brasil,

virada em que, ao mesmo tempo em

empregamos no Brasil, acreditamos

que somos tradicionais, estamos

no Brasil, o lugar que nos recebeu

começando

desde

inovação,

“Estamos

sempre.

no

Confiamos

na

a

atentar

fazendo

para

com

a que

capacidade do nosso povo e no

profissionais e fornecedores venham

empenho de quem trabalha e produz,

junto nesse movimento.

independentemente do momento ou

Em meio a uma equipe de dez

de crises. Esse é o nosso país, nossa

pessoas, Bruno não abre mão de sua

bandeira”, defende Beni. Onde também corre sangue verde

BRUNO HANSEN, DIRETOR DO ESTÚDIO DE CRIAÇÃO DE ESTAMPAS ELAIÁ.

produção ser 100% nacional e interna. E explica: “Acreditamos que,

e amarelo é nas veias do Elaiá, estúdio catarinense de

para entregar design de qualidade com um processo

design de estampas que faz questão de ter o Brasil como

criativo assertivo e genuíno, sejam necessários uma equipe

inspiração para suas criações. A empresa, nascida em

multidisciplinar e coesa, juntamente a um hábitat propício à

outubro de 2014, ainda é um bebê, metaforicamente, mas

inovação e geração de novas ideias, como são nosso país

que tem aprendido a andar bem rapidinho. Tanto que,

e nosso estado”.

nesse meio-tempo, foi convidada a participar de importantes feiras internacionais e já conta com

O PRODUTO BRASILEIRO VISTO DE FORA

representantes nos EUA, Europa e Índia. Fornece estampas para marcas como Calvin Klein, Ralph Lauren,

Valorizar o que temos e sabemos fazer de melhor aqui

Nicole Miller, PacSun, entre outras, dentro e fora do Brasil.

para que isso se reflita lá fora é uma chave importante que

Bruno Hansen, diretor do Elaiá, conta como foi esse

precisamos para abrir as portas ao conhecimento, ao

início. “Tínhamos outro negócio ligado ao setor têxtil em

desenvolvimento e chegar aos mercados internacionais.

2014. Trabalhávamos com gravação de cilindros para

Claro que a meta não é só essa, afinal, temos um mercado

estamparia e passamos a observar que existia uma

interno que merece um produto pensado para ele com

demanda crescente por estampas no mercado nacional e

todo cuidado e atenção e está cada dia mais atento e ávido

internacional. O trabalho com estúdios que fornecem

por qualidade e identificação com seus pensamentos e

desenhos para as marcas é muito comum, apesar de não

modo de vida.

ser tão conhecido pelo consumidor final. Nos encantamos pela

possibilidade

de

trabalhar

com

criatividade,

mostrando ao mundo um pouco das inspirações brasileiras que

vão

além

dos

estereótipos

da

calçada

de

Copacabana.” Para Bruno, que está tendo essa experiência com o

32

Na era da conexão global, o lifestyle brasileiro – solar, festivo, despretensioso, calor, praia, entre outros elementos – chama atenção e gera desejo no olhar “gringo”. “Se pensarmos no mercado americano ou japonês, o produto brasileiro é visto de um jeito bem interessante, atrativo, eles olham para as coisas que vêm de outros

mercado lá fora, se soubermos valorizar nosso país e sua

lugares que não seja a Europa de um jeito bacana, cool,

riqueza, teremos um design único a oferecer, assim como

sofisticado. O europeu gosta, com certa resistência

os grandes polos mundiais têm. “Hoje, estamos num meio-

histórica, sem generalizar. Os países do mediterrâneo –

termo: não somos nem um país com uma produtividade a

Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Líbano – têm uma relação

um custo competitivo mundialmente, como China e Índia,

muito forte com os produtos de moda brasileiros. No caso

por exemplo, nem um polo produtor de moda, como Paris

particular das peças de moda praia, é algo que fascina

ou Nova York. Caminhamos para o segundo cenário, e

muito o público fora do Brasil. Eles olham de uma forma

acredito muito nele. As oportunidades nesse cenário são

muito bacana, positiva, com vestibilidade atraente, de um

muito maiores para um país como o nosso”, avalia. Ele

jeito sofisticado. Acho que conseguimos deixar essa marca



Especial da sofisticação sem pretensão”, analisa o estilista Amir

QUAL É O PROBLEMA?

Slama, com total propriedade no assunto.

34

Ana Ferreira, da Calvin Klein, é outra profissional que

Que temos criatividade, persistência e força de vontade já

possui todo o conhecimento nessa área, afinal, a marca

é sabido, mas só isso não sustenta uma empresa. A indústria

está presente em mais de cem países. Ela cita a ousadia

de moda brasileira poderia estar num patamar muito mais

como tempero do estilo brasileiro. “Fazemos reuniões

elevado, porém alguns fatores atravancam esse processo.

mensais com as equipes de outros países para intercâmbio

Falta de incentivos governamentais, altos impostos (o

de informações e atualização de tendências, e os nossos

mundialmente famoso “custo Brasil”), burocracia, falta de

produtos são citados como referência de moda pelas

estrutura em vários sentidos e de planejamento para o

outras equipes por serem mais ousados. Atualmente, já

crescimento do país são ingredientes que sabemos de cor e

exportamos para o México e a Europa, e nossos desenhos

salteado nessa receita para a indústria nacional encruar.

são usados por vários países do mundo. Uma marca

Tudo isso os entrevistados foram unânimes em

registrada brasileira que estamos exportando é o nosso

mencionar, quando indagados sobre o que atravanca nossa

‘palito’ (aquele palito preto estampado nas costas de

indústria. Mas citaram outros elementos que precisam

quase todas as camisetas). É gostoso quando visitamos

receber maior atenção, como a falta de incentivo à

outros países e vemos que uma criação brasileira está

qualificação da mão de obra e de fornecedores, reflexo da

sendo usada”, orgulha-se Ana.

defasagem do sistema educacional oferecido no Brasil; a

Para o estilista Walter Rodrigues, que também possui

necessidade de investimentos na renovação de tecnologias e

know-how sobre como o produto brasileiro é visto tanto

maquinário; a oferta insuficiente de matérias-primas e

aqui quanto lá fora, há uma dualidade no ar. Segundo ele,

tecelagens, devido ao fechamento de inúmeras delas; a

se por um lado encantamos por nosso estilo de vida e

importação de produtos que entram no país a custos muito

natureza, por outro ainda vivemos sob o império da cópia,

baixos, fazendo uma concorrência desleal com o produto

simplesmente por ser mais fácil. Para Walter, falta

nacional devido às leis fiscais e trabalhistas impostas pelo

compreender que precisamos, sim, olhar para tudo que é

governo; a falta de estabilidade jurídica e de um plano claro

criado, conhecer as possibilidades tecnológicas de

de direção do país a longo prazo; a visão dos gestores sobre

produção e as novas intenções de consumo e com-

a responsabilidade socioeconômica e ambiental; educar o

portamento, mas sem ter que fazer igual.

consumidor brasileiro para valorizar o produto feito aqui.

“Sendo assim, se pensarmos em mercado externo, fica

“A moda sempre foi negligenciada. Ela recebe incentivos,

difícil compreender a criação de produtos baseados em

pois é visível seu papel no desenvolvimento da economia

vitrines internacionais, muitas vezes copiados de marcas

brasileira, mas nunca fomos levados a sério. O que falta é um

de fast fashion, e a ilusão de que poderão vender esses

melhor gerenciamento de nossas possibilidades, pois somos

produtos no exterior novamente. Eles até vendem, mas

criativos e encantadores e poderíamos ter um papel mais

nunca com um valor percebido importante, e sim por causa

preponderante no cenário mundial como criadores de moda,

dos preços baixos. A meu ver, isso não fortalece nossa

mas ficamos patinando sem concretizar nada”, opina o

indústria de moda. Precisamos incentivar as empresas a

estilista Walter Rodrigues.

compreenderem sua importância e sua riqueza na maneira

Completando o rol de revezes, a consultora Renata

com que constroem seus produtos, fazendo-as perceber

Abranchs é enfática ao dizer que falta a união verdadeira dos

suas melhores características e seus pontos positivos. Ao

players do setor, um pacto definitivo entre indústria, comércio

assimilarem isso, com certeza estarão prontas para

e os órgãos reguladores do setor da moda, com metas e

interpretar os desejos de consumo, transformando seus

prazos bem definidos para que haja condições de uma

produtos de moda em algo muito desejável. Esse será o

renovação e de fortalecimento.

trampolim para outro patamar de preços, em que a

A receita já está escrita há tempos, só falta, a quem pode

criatividade e a inovação são mais valorizadas do que as

e deve, juntar todos os ingredientes e deixar, de uma vez por

commodities”, reflete Walter.

todas, o país crescer.



|

POR VERA GRIGOLLI

Foto: Arquivo pessoal

Produção

Integração produto x produção Minha experiência como empresária agregada ao trabalho de consultoria tem mostrado alguns aspectos comuns nas empresas de confecção de diversos segmentos, do popular ao diferenciado. Há certo descompasso internamente entre os setores que causa conflitos, os quais interferem diretamente nos resultados comerciais. É um fator recorrente e um tanto quanto complexo para administrar, especialmente quando falamos das confecções, empresas cheias de particularidades por serem quase sempre formadas por estruturas familiares. A direção busca profissionais capacitados em suas funções, porém nem sempre nessa escolha analisa um aspecto importante que pode ser muito útil para evitar aquelas “surpresas” encontradas no cotidiano. Falo da visão macro que todos da equipe deveriam ter, ou seja, conhecer de verdade a empresa na qual trabalha, entender o negócio como um todo. É de fundamental importância que os setores sejam unidos por intermédio do conhecimento, começando pelo desenvolvimento, passando pelo atendimento, departamento comercial, e chegando aos setores operacional e logístico. Só se consegue eficiência com qualidade quando os departamentos estão realmente engajados e em grande sintonia. Independentemente do formato de negócio, sempre há um cliente para conquistar, seja no atacado, quando a marca tem canais diretos de distribuição, seja no formato private label, além do varejo. Esse assunto apresenta duas facetas distintas bem interessantes a serem observadas: de um lado, encontram-se os profissionais do departamento

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comercial, com seu foco definido. Muitas vezes os impasses começam nessa etapa, quando, na ânsia de não perder o cliente ou de aumentar o fluxo de vendas junto a um canal especifico, apresentam produtos que não poderão ser produzidos da forma exata como foram solicitados por inúmeros motivos, ou quando concordam com determinados prazos de entrega que não são compatíveis com a produtividade, ocasionando situações conturbadas para os demais departamentos. Por outro lado, quando falamos de produtividade, encontramos profissionais que esperam sempre que a coleção seja bem simplificada para ter um bom fluxo de trabalho e, consequentemente, cumprir as metas preestabelecidas. Quando deparam com uma situação adversa, um sentimento de desânimo invade o pessoal do operacional e tudo fica conturbado.


O fato é que é preciso encontrar um ponto de equilíbrio, pois, com a mudança de comportamento do consumidor, é importante que haja um mix de produtos diferenciados e com características produtivas a fim de que cheguem no timing correto ao seu destino. Sabemos que a quantidade frenética de informações exige que novos conceitos sejam apresentados com uma frequência muito maior. Já foi o tempo em que as coleções eram feitas de acordo com a sazonalidade; agora todos buscam apresentar novidades trimestrais, ou até mesmo a cada quinze dias. Para que haja possibilidade de acontecer esse ajuste, é necessário que a direção prepare todos da equipe de uma forma mais abrangente, mostrando as possibilidades e limitações de cada setor e, vou além, em alguns casos é necessário que os próprios dirigentes entendam como são os processos para poderem delegar com segurança e determinar metas coerentes. Os resultados desse trabalho são positivos para ambas as partes: os componentes da equipe que faz parte da etapa inicial, desenvolvimento e comercial, compreendendo as principais limitações do setor operacional, tendem a oferecer produtos e serviços possíveis e viáveis para que a produção não tenha a qualidade nem os prazos comprometidos, podendo, inclusive, apresentar melhores argumentos junto aos clientes, com maior habilidade para contornar situações específicas nas quais é necessário optar por outro modelo ou acabamento sem que eles se sintam contrariados. Esse treinamento auxilia em outro fator mais que relevante: a questão dos custos finais e suas respectivas contrapropostas, sempre muito complicadas para chegar a um consenso no ato do pedido. Por outro lado, os integrantes da equipe operacional, ao terem uma aproximação um pouco maior com o departamento comercial, conhecerão melhor as necessidades e exigências dos clientes; poderão compreender que, quando é pedido mais detalhamento do produto, não se trata apenas de imposição sem embasamento; que as pesquisas não são futilidade, mas fazem parte da busca por inovação que trará sobrevivência sustentável à empresa; e que é o momento de unir esforços. A integração real entre os setores pode trazer inúmeros benefícios para o ambiente corporativo, além do crescimento profissional pessoal de cada um, pois, com uma visão mais abrangente, é possível encontrar vários caminhos para a carreira, seja na própria empresa, seja alçando novos voos, encarando outros desafios, como, por exemplo, o empreendedorismo. VERA GRIGOLLI É CONSULTORA E PALESTRANTE DA IT STUDIO CONSULTING, CONSULTORIA ESPECIALIZADA EM MERCADO TÊXTIL. SEUS PRINCIPAIS TEMAS SÃO RELACIONADOS A DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO. PÓS-GRADUADA EM MILÃO, NA SCUOLA DI REGIONE DI LOMBARDIA (ENGENHARIA DE PRODUTO E DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES) E ESPECIALIZADA PELA SCUOLA MARANGONI (CRIAÇÃO EM ESCALA INDUSTRIAL E GERENCIAMENTO DE COLEÇÃO). É DOCENTE DO NÚCLEO DE MODA DA FAAP, NO CURSO A MODA COMO NEGÓCIO. ITSTUDIO.VERA@GMAIL.COM / WWW.ITSTUDIO.COM.BR




Mercado

|

POR ROSELAINE ARAUJO

Foto: Divulgação

MODA FITNESS DESAFIA OS LIMITES DA TECNOLOGIA PRODUÇÃO ESPORTIVA DISPÕE DE VASTO CAMPO DE ATUAÇÃO, MAS EXIGE ALTOS INVESTIMENTOS Entre os inúmeros segmentos do vestuário, o setor fitness ganhou nos últimos anos maior espaço de atuação no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Academias (Acad Brasil), nos últimos dez anos o país já é considerado o maior da América Latina em número de academias, além de ocupar o segundo lugar no mundo. O mercado brasileiro de fitness passou de 15 mil academias em 2010 para mais de 30 mil em 2014. Hoje, o setor atende 7,6 milhões de pessoas, movimentando economicamente US$ 2,5 bilhões. Diante desse vasto campo de atuação, a indústria confeccionista que atende essa área possui um terreno fértil para semear e colher frutos. “A indústria do vestuário fitness e esportivo teve um boom em 2010, quando houve a disseminação de várias inovações. Entre elas, a entrada de tecidos inteligentes, como aqueles que facilitam a absorção do suor. Os artigos também sofreram transformações e passaram a ter um apelo mais casual, o que permitiu que as roupas fossem usadas não apenas nas academias, mas também nas ruas”, lembra Marcelo Prado, sócio-diretor do Inteligência de Mercado (Iemi) e membro do Comitê Têxtil da Fiesp. Apesar desse histórico, o segmento também sofreu

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COLEÇÃO FOGO DA ADIDAS EM PARCERIA COM A SALINAS.


os impactos da crise econômica. “Se somarmos o

desejado

vestuário fitness com o esportivo – que é mais

transpiração. Por isso, é fundamental o uso de fios mais

abrangente, pois engloba camisetas, bermudas e

frios e também com elasticidade. Telas, tecidos

agasalhos, entre outros itens –, teremos 13,4% do

furadinhos e abertos estão entre os favoritos.

mercado do vestuário. É uma fatia significativa, no

A necessidade de cores e estampas é intensa aqui, bem

entanto, desde 2012 assistimos a uma retração dentro

diferente do que acontece no resto do mundo”,

dessa área. Primeiro, foram as importações, que

afirma Frigero. Para a próxima temporada, um dos lançamentos de destaque da Rosset é a New Zeland, malha interloque fabricada com poliamida e elastano com elevado power para peças de compressão. Além do Soleil, produzido em malharia de urdume. O item foi criado para atender o mercado de camisetas UV para práticas esportiva ao ar livre e na praia. Leve e caído, é homologado com proteção UV 50+ pelo Laboratório Europeu. Há 21 anos no mercado, a Têxtil Farbe também desenvolveu tecidos específicos para atender a demanda fitness. A empresa possui três unidades fabris em Santa Catarina, produzindo 500 toneladas por mês. Cerca de 50% da produção é destinada ao segmento feminino, o restante é totalmente direcionado ao mercado fitness.

reduziram o crescimento do mercado interno, depois foi o abalo econômico atual. Por essas razões, o ano de 2015 não foi positivo em termos de produção e vendas. A queda registrada ficou entre 4% e 5%, mas as empresas que criam diferenciais em seus produtos e serviços sempre se mantêm ativas e até aumentam as vendas, ainda que o cenário econômico não seja favorável”, enfatiza Prado. É com essa premissa de valor agregado que muitas empresas, da produção do fio à confecção das peças, se reinventam e garantem seu lugar ao sol.

precisa

apresentar

frescor,

facilitar

a

Fotos: Divulgação

AFFIX, DA FARBE: EMBORRACHADO DO TECIDO EVITA DESLIZES DURANTE A PRÁTICA ESPORTIVA.

Uma das companhias que se destacam nessa área é o Grupo Rosset, considerado um dos principais grupos têxteis da América Latina. A empresa produz anualmente 12 mil toneladas de tecidos compostos de elastano com poliamida, elastano com algodão, rendas e uma linha completa de tecidos feitos em teares retilíneos. Ângelo Frigerio, coordenador de produto da empresa, conta o que esse mercado representa para eles. “O mercado de fitness representa cerca de 30% da produção da Rosset. Fazer tecidos para atender essa área é uma grande oportunidade já que a prática esportiva é muito desenvolvida no Brasil. O produto

GRUPO ROSSET

INVESTE

30%

DA PRODUÇÃO EM MODA FITNESS.

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Mercado Fotos: Divulgação

ADIDAS:

TECNOLOGIA A SERVIÇO DO BEM-ESTAR.

“Temos um olhar especial para esse mercado e buscamos aprimorar nossa oferta de produtos para atendê-lo. O consumidor está cada vez mais ativo e deseja conforto na roupa fitness, que deve também proporcionar um estilo casual, traduzindo sua expectativa de versatilidade. O conceito da moda é mudar e a nossa empresa evolui e entrega propostas conforme a necessidade dos clientes”, garante Ricardo Axt, presidente da Farbe. Para esse segmento, a Farbe dispõe de cinco linhas especiais: Affix, Up, Viva Light, Acqua Sport UV e Digitale. Um dos artigos mais relevantes nessa linha de produtos é o Affix. Lançado em 2015, o item foi criado para quem pratica atividades físicas que necessitam de tecidos menos escorregadios. Com a aplicação de um emborrachado, o artigo adere melhor a equipamentos como barras, bolas e até mesmo aparelhos de musculação. Atividades como surfe, pilates, ioga e balé estão entre as práticas mais beneficiadas, já que a Affix ajuda o corpo a não deslizar em superfícies lisas. Outro produto de sucesso é a Viva Light, uma malha

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estampada de poliamida e elastano que garante conforto térmico na hora de praticar exercícios, além de facilitar a lavagem e possuir proteção UV 50+ contra os raios solares. Além de impulsionar o mercado têxtil, o universo fitness e esportivo fomenta a venda de aviamentos e máquinas desenvolvidas especialmente para sanar seus anseios. A Zanotti S.A., que há 30 anos produz fitas elásticas em Jaraguá do Sul (SC), fabrica 11 milhões de metros de fitas elásticas por dia. Boa parte dessa produção vai para o mercado fitness. Dentro do portfólio de produtos



Marcado da empresa, há itens especiais para a linha fitness, como o elástico Guepardo, que possui cadarço já

NOVAS MODALIDADES ESPORTIVAS EXIGEM TECNOLOGIAS DE PRIMEIRA

introduzido na fita para ajustar e dar firmeza à cintura, ideal para bermudas, shorts, calções e peças de moletom. Além dele, o elástico Sabine foi desenvolvido especialmente para a linha esportiva. Disponível em diversas larguras e composto de poliamida, poliéster e elastano, o produto proporciona mais conforto, respirabilidade às peças e ainda pode ser personalizado

Fotos: Divulgação

com a marca do cliente.

Nesse universo dinâmico e exigente do mundo fitness e esportivo, reinventar-se é obrigatório. Considerada uma das maiores empresas esportivas do mundo, a Adidas, que já acumula 95 anos de existência, não para de inovar. Nos últimos cinco anos, a gigante alemã investiu pesado em parcerias com estilistas renomados, como Stella McCartney, e fechou em novembro passado parceria com a marca brasileira de moda praia Salinas. Rafael Oliveira, gerente de training da Adidas, explica por que a marca resolveu selar essas parcerias. “O desenvolvimento dessas linhas é resultado das constantes pesquisas feitas pela Adidas. O objetivo foi antecipar movimentos de mercado e lançar tendências, estabelecendo importantes parcerias. Stella McCartney uniu o design sofisticado com a tecnologia reconhecida da Adidas. O resultado é um produto único e extremamente bem-sucedido comercialmente. Já com a grife Salinas, foi a primeira coleção que criamos com a colaboração de uma marca brasileira, ícone no segmento moda praia. O resultado foi incrível porque misturou grafismos, paisagem tipicamente carioca e cores quentes. Todas as peças dessa linha chegam com tecnologias inovadoras, como o ClimaLite, tecido leve e macio que afasta o suor da pele e mantém o corpo seco, e o Infinitex, tecido elástico à prova de cloro que oferece durabilidade e leveza aos treinos”, enfatiza Oliveira.

EFEITO CAMALEÃO TRACK&FIELD: LINHA PHOTOCHROMIC MUDA DE COR COM OS RAIOS SOLARES.

LÍQUIDO: USO DE FIOS INTELIGENTES QUE PROTEGEM DO SOL E INIBEM A PROLIFERAÇÃO DE BACTÉRIAS.

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Foto: Divulgação

COLEÇÃO

DE VERÃO DA

CCM.

Para o gerente da marca, o novo consumidor está mais exigente e isso exige reposicionamento das marcas que atuam nesse nicho. “O consumidor não só está mais exigente como tem agora mais opções. Seja em academias, ao ar livre, em galpões ou funcionais, a prática de exercício ganhou novas formas e necessidades diferentes. Portanto, temos que desenvolver tecnologias a fim de adequar perfis e esportes diferentes. É preciso estar mais rápido, ágil e durável sem perder conexão com linhas e tendências do mercado fashion”, complementa o gerente da Adidas. Na área de vestuário, a última novidade da Adidas é a linha Clima, que veste o atleta com tecnologia capaz de adequar a pessoa ao ambiente e ao clima em que se encontra. Para o verão, camisetas e shorts com tecnologia Climachill trazem microfilamentos de titânio que produzem máxima ventilação e efeito refrescante. Graças a essa tecnologia, a marca garante o controle absoluto da temperatura. Para o inverno, há a Climaheat, que utiliza fibras ocas inspiradas nos pelos dos animais para reter o calor e secar mais rapidamente. Outra marca poderosa que não para de inovar é a brasileira Track&Field, especializada em fitness e beachwear. Durante o segundo semestre de 2015, a marca apresentou 18 minicoleções, como a Denim (a estampa que imita jeans) e a Young (estampa psicodélica inspirada nos anos 70). No entanto, a novidade mais quente são as peças com




Mercado Photochromic. Trata-se de um silk especial que aparece

que gosta de exercícios e sabe usar a moda esporte

ou muda de cor de acordo com a incidência de raios solares, servindo como uma espécie de alerta para a exposição excessiva ao sol. Para realçar os pontos fortes da silhueta, o foco recai sobre a modelagem. Recortes estrategicamente posicionados esculpem o corpo, delineando e ressaltando a musculatura. É o caso da Skin Body Adapt, legging que, graças a um mix de tecidos e costuras, comprime a barriga e o culote, além de modelar o bumbum e as coxas. A marca paulistana de moda praia, fitness e casual Líquido, que nasceu no Brás há menos de 15 anos e hoje festeja as 94 lojas espalhadas pelo país, traz para o verão 2016 peças inspiradas na década de 70. Com o tema Hoje Vou por Aí..., a campanha da grife resgata o espírito livre e descontraído que marcou a época. “Nesta coleção, os ícones setentinha ganharam uma releitura com o DNA da Líquido. O tiedye é feito à mão artesanalmente e há predominância de estampas étnicas e florais em prints exclusivos”, detalhou Rosane Ribeiro, estilista da grife. Na linha fitness, as peças são confeccionadas a partir das

fora do universo das academias. Entretanto, produzir

tendências mundiais da moda, indo muito além do perfil “roupa de academia”. Dentro dessa linha de produtos, a grife faz uso do fio Amni® UV Protection, que oferece proteção contra os efeitos nocivos do sol e também tem ação bacteriostática, ou seja, inibe a reprodução de bactérias no tecido. No território nacional, não faltam grifes que avançam a passos largos dentro da produção fitness. Há 25 anos, nasceu a marca CCM Fashion Fitness que hoje produz mais de 800 mil peças por ano. Com lojas exclusivas, a CCM sempre apostou em tecidos tecnológicos e estampas exclusivas para conquistar seus clientes. “Produzimos cerca de 250 peças por coleção. Entre os principais itens, estão as leggings, tops e bodies. Investimos em modelagens anatômicas, tecidos tecnológicos com proteção UV que ativam a circulação, além dos ecológicos, que são biodegradáveis”, revela Fábio Monnerat, gerente de marketing da marca. Apesar do bom desempenho que a CCM Fashion alcançou, Monnerat não esconde os desafios que enfrenta no mercado. “Tivemos uma evolução grande nessa área. Afinal, somos um povo

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no Brasil está cada vez mais difícil. A maioria dos concorrentes faz parte de sua produção em países asiáticos e isso faz com que os preços sejam bem inferiores. Só que também gera desemprego e não garante a qualidade que temos”, adverte. Para 2016, a CCM deve abrir mais lojas no segundo semestre.

MAQUINÁRIO SOB MEDIDA Foto: Divulgação

ANDRADE MÁQUINAS

COMERCIALIZA A MÁQUINA SANSEI FAZ COLOCAÇÃO DE FITAS DECORATIVAS TIPO ADIDAS.

(SA-M3820-64),

QUE

Para abastecer as confecções de moda fitness e esportiva, os equipamentos de produção também evoluíram. A Andrade Máquinas, que está há 50 anos nessa área, acompanha de perto o mundo fitness para suprir suas necessidades, conforme explica Conceição Ruiz, da divisão comercial da empresa. “Esse mercado é muito importante para nós. Hoje, 40% dos nossos produtos são destinados ao segmento fitness. É uma área que cresceu muito por causa do movimento geração saúde. A preocupação que os brasileiros demonstram com o corpo gera grandes oportunidades para as confecções de moda fitness. Por isso, acreditamos que essa fatia do mercado vai continuar a investir em máquinas de costura com tecnologia de ponta. A Andrade está apta a atender essas necessidades, oferecendo máquinas e equipamentos mecânicos e eletrônicos de última geração”, afirma. Na Andrade Máquinas, há uma ampla linha de equipamentos que auxiliam os confeccionistas na


produção de moda esportiva. Entre as inúmeras e diversas opções, estão: a máquina Sansei que faz ponto fixo para reforço lateral em costura e elástico, travete eletrônico com regulagem para todos os tipos de tecidos, com campo 30 x 40 mm. Além disso, a empresa destaca a Kansai Special de ponto corrente com base cilíndrica, 3 agulhas, que traz catraca lisa ou dentada para rebater elásticos em geral. É bastante procurado por quem é do ramo o equipamento Sansei SA-M3820-64, cuja vantagem é fazer o ponto corrente com 2 agulhas para cobertura overloque tipo ombro a ombro ou para colocação de fitas decorativas tipo Adidas. Outra empresa que oferece maquinário específico para o mercado fitness é a Silmaq, que começou sua produção há 26 anos em Blumenau (SC). Hoje, o mercado fitness e esportivo é muito importante para a companhia, como descreve o diretor comercial Edson José de Souza: “A linha fitness é muito importante e vem crescendo no portfólio da Silmaq. Nossas vendas de produtos Racing, que são cortadores, pullers, auxiliares de transporte e alimentadores, tem crescido bastante, assim como os acessórios Emarf, empresa com quem mantemos parceria para a produção de produtos da nossa linha Nippon. Temos uma quantidade muito grande de máquinas que atendem esse mercado de fitness. Comercializamos máquinas de corte automático de tecidos, máquinas de costura, aparelhos especiais para determinadas operações, além de máquinas para estampar”, detalha Souza. Para quem deseja praticidade, a Silmaq recomenda o equipamento Siruba que prega frisos e alças em bustiês. A máquina alimenta o friso ou a alça sem tensão, importante para evitar o enrugamento das peças. Ela costura, mede automaticamente o comprimento da alça e corta. O conjunto evita o desperdício de matéria-prima, pois só costura o pedaço da alça predeterminado, otimizando o tempo da mão de obra, uma vez que a costureira não precisa medir nada. Outro equipamento com bastante procura é a Siruba Overlock Cilíndrica com aparelho para pregar elástico em anel. Em geral, as roupas esportivas têm elástico na cintura. Essa máquina, com o anel de elástico previamente fechado, costura esse anel de elástico na peça, garantindo a distribuição uniforme da brandura e aumentando a qualidade e a velocidade da operação. O ganho de produção é da ordem de 60 peças no método tradicional para 220 peças por hora no sistema proposto. Todas as peças fitness são submetidas a tensões. Por essa razão, a Silmaq oferece também o equipamento Juki LK, um travete eletrônico de alta velocidade que ajuda a deixar as costuras travadas. Esta é a função dessa máquina: travar as costuras de modo que, mesmo submetidas à tensão dos exercícios físicos, se mantenham intactas. A travete Juki é uma máquina de alta velocidade, trabalhando a 3.000 rpm.


Perfil

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POR ROSELAINE ARAUJO

HEITOR KLEIN À FRENTE DA ABICALÇADOS, ELE FALA DA RELAÇÃO ENTRE VESTUÁRIO E SETOR CALÇADISTA Foto: Divulgação

Não há como dissociar vestuário de calçados. Embora cada setor tenha suas próprias características, ambos contemplam o mesmo universo e a aliança entre os dois segmentos pode ser muito mais forte e eficiente para todos. Esse é o pensamento de Heitor Klein, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), entidade que existe há 32 anos e representa empresas de todos os portes do setor. Klein conversou com a Costura Perfeita. Na conversa, ele fala sobre a relação entre os setores calçadista e de vestuário, traçando também um panorama da indústria calçadista. Confira!

macroeconômicas e políticas. Devemos seguir também unidos com pleitos comuns que desonerem uma produção que está entre as mais caras do mundo.

CP – Co omo você avalia hoje a evolução do mercado calçadista no Brasil, quando comparado ao mercado externo? ? HK – O setor calçadista tem uma tradição exportadora. Com o dólar em patamares mais elevados, conseguimos avançar no mercado externo, especialmente nos meses finais de 2015, quando os produtos HEITOR KLEIN, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA negociados com a moeda norte-americana ABICALÇADOS. mais elevada chegaram aos destinos. Durante o ano, percebemos muitas empresas buscando entrar CP – Como o senhor avalia hoje a relação do setor calçadista no mercado externo sem qualificação para isso. É importante com o segmento do vestuário? alertar que a exportação deve ser uma estratégia permanente Heitorr Klein – Existe uma boa relação entre os setores, que, da empresa e não um negócio ocasional. Para qualificar as indústrias nesse sentido, com o apoio da Apex-Brasil, a juntos, empregam mais de 2 milhões de trabalhadores, sendo Abicalçados realiza o programa Brazilian Footwear, que tem 20% do total empregado na indústria de transformação. Cientes como objetivo qualificar as exportações para a consolidação do da importância econômica e social dos segmentos de calçados, sapato brasileiro além-fronteiras. No mercado doméstico, vestuário e confecções, temos uma relação estreita, inclusive infelizmente, estamos convivendo com índices negativos desde com agentes de promoção internacional, caso da Apex-Brasil, o segundo semestre do ano passado, com a queda na demanda que fomenta programas de incentivo às exportações para ambas de calçados, provocada especialmente pelo alto endividamento as entidades. Existe uma sinergia muito grande entre os setores. e queda na renda do consumidor. Infelizmente, não há As entidades devem permanecer cientes da importância dessa expectativas positivas para 2016. Este ano, a saída certamente união na busca de pleitos comuns, desde a desoneração se dará pela fronteira. tributária até melhorias logísticas para exportações e defesa comercial contra práticas desleais no comércio internacional. CP – Quais são as projeções da Abicalçados para 2016? HK – Em 2016, a Abicalçados seguirá trabalhando com pleitos CP – Atualmente, quais são os principais desafios do setor calçadista? para defesa comercial – renovação do antidumping contra a HK – O setor calçadista, assim como toda a indústria, passa por China, a ser concluído até março –, desoneração tributária, reformas na legislação trabalhista, melhorias logísticas, entre um momento complicado, especialmente no mercado outros temas correntes desde a fundação da entidade, em 1983. doméstico. Com queda na demanda, assistimos ao O Brazilian Footwear, braço internacional da entidade, seguirá encolhimento do varejo mês após mês desde o segundo trabalhando em ações para promoção comercial e da imagem semestre do ano passado. Como as vendas internas do produto brasileiro além-fronteiras. No calendário, ainda representam quase 85% do total da produção calçadista, os teremos ações para desenvolvimento e capacitação do setor, em números são puxados para baixo. O principal desafio do setor é eventos como Prêmio Direções, Seminário Nacional da Indústria trabalhar para obter melhor qualificação do produto, agregar e Maratona Mude, além das participações institucionais nas mais valor por meio do design, entre outros temas que poderão principais feiras de calçados do Brasil, com o Talk Shoe. deixar o setor menos dependente das instabilidades

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Eventos

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POR SILVIA BORIELLO Fotos: Daniel Zimmermann/Divulgação

SCMC – 10 ANOS EM NOVO FORMATO, EVENTO SE CONSOLIDA COMO UM DOS MAIORES INTEGRADORES E INCENTIVADORES DA CRIATIVIDADE ACADÊMICA E DA EXPERIÊNCIA INDUSTRIAL O Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), um dos Underwear, Marisol, Meu Móvel de Madeira, Printbag e eventos pioneiros no país a promover a troca de expe- Tecnoblu. riências entre o âmbito acadêmico e o mercadológico, Para a gestora-executiva do SCMC, Paula Cardoso, unindo a criatividade estudantil ao dia a dia das empresas esse formato, usado pela primeira vez, trouxe resultados de moda, chegou a seu décimo ano e, dessa vez, num expressivos às empresas. “Nesse modelo, em que os formato totalmente diferente. Em vez de uma progra- estudantes e profissionais convivem por cinco dias, a troca mação ao longo de todo o ano concluída com a apre- de ideias é maior e os integrantes das equipes dos sentação dos produtos finais, este ano o evento acon- associados podem perceber como funciona o processo teceu em novo formato: o SCMC Design Camp, no qual, criativo dos acadêmicos. Esse entendimento, além do entre os dias 23 e 28 de novembro, estudantes de moda resultado final dos projetos, claro, é que faz a diferença no e design de 17 instituições de ensino catarinenses ficaram dia a dia das corporações. Nós entendemos que, dessa acampados no Centro de Eventos Gomaneira, nos aproximaríamos da realidade vernador Luiz Henrique da Silveira, em do mercado de trabalho, em que Florianópolis (SC). No local, foram monconvivemos com quem não conhecemos e tados uma praça de alimentação, estações com pessoas que têm diferentes perde trabalho e barracas e sacos de dormir, sonalidades e habilidades”, comenta Paula. estes fornecidos pela Mormaii. Ao todo, foram entregues mais de cem Os trabalhos foram desenvolvidos no projetos. clima de imersão, com mais de 20 desafios A melhor colocação individual ficou com propostos aos estudantes pelas 18 Giulia Bongiolo Casagrande, da Udesc, empresas integrantes do movimento, como seguida de Lemane Pereira e Bernardo Audaces, Altenburg, Círculo, Coratex, Maciel Martins. Mayara Theiss Laperuta, do Dudalina, Elaiá, Elegance, Fakini, Hering, HI GIULIA BONGIOLO CASAGRANDE, Senai Blumenau, foi a aluna mais citada ALUNA QUE SOMOU MAIS PONTOS Etiquetas, Karsten, Lancaster, Lepper, Loa NO SCMC DESIGN CAMP. entre as empresas, que listaram os alunos

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Fotos: Daniel Zimmermann/Divulgação

EQUIPE ÁQUILA,

A GRANDE VENCEDORA DO

SCMC 2015.

ÁREA

DO CAMPING, ONDE OS ALUNOS PERMANECERAM POR CINCO DIAS.

que se destacaram nos desafios. Já no trabalho em equipe, em que cada uma apresentou um projeto às empresas, a grande vencedora foi a Áquila, que somou mais pontos e estampará a capa do trendbook que será lançado com as inovações criadas no evento. “Embora trabalhe diretamente com as empresas associadas, o SCMC vai além dos muros das corporações”, diz Rui Hess de Souza, diretor de Varejo e Exportação da Dudalina e membro do Conselho do SCMC. Para ele, as reflexões geradas no movimento não mudaram apenas a mentalidade de estudantes e empresários, mas também o ambiente, no qual as palavras inovação, criatividade e autoria são inerentes ao vocabulário de quem trabalha na indústria de moda do estado. “Transformar é sempre um processo longo. Principalmente porque não é uma ruptura, um rompante. Quando falamos em transformação no olhar de um público para o seu próprio potencial, o processo pode ser ainda mais lento. É por isso que temos tantos motivos para comemorar estes 10 anos de SCMC. Temos que comemorar porque conseguimos fazer com que empresas que, juntas, faturam R$ 4 bilhões (cerca de 40% do volume produzido pelo estado em moda e confecção) e empregam 25 mil pessoas mudassem seu olhar, acreditassem em seu potencial criativo e buscassem uma inovação que não está no papel, mas já se tornou realidade”, finaliza Rui.


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POR SILVIA BORIELLO Foto: Divulgação

PRINT SP ESTÚDIOS DE DESIGN DE ESTAMPAS SE UNEM PARA CRIAR PRIMEIRO EVENTO DO GÊNERO NO PAÍS

A efervescência criativa dos estúdios de estamparia brasileiros aumenta a olhos vistos, e isso é mais uma prova da força da nova geração de profissionais que vem ganhando o mundo. Participantes de grandes salões nacionais e internacionais, alguns desses estúdios sentiram-se órfãos após o anúncio do cancelamento da edição América Latina do salão Première Vision SP, que aconteceria no início de novembro último, mas decidiram unir-se para mostrar seus mais novos trabalhos ao mercado, originando, assim, o 1º Evento Nacional de Estamparia – Print SP, realizado entre os dias 12 e 13 de novembro na Escola São Paulo, na capital paulista. A iniciativa partiu do Coletivo Estampa, uma plataforma online de oferta de estampas exclusivas desenvolvidas por designers do mundo todo, voltadas à indústria têxtil, de moda e decoração, coordenada por Carolina Lenz, do Niu Studio. Na verdade, em setembro de 2105 o Coletivo Estampa havia realizado no Rio de Janeiro, onde está sua base, um encontro de agências criativas, o Print RJ, e, como obteve um bom resultado, resolveu estender essa ideia a outros estúdios logo que soube do cancelamento do salão em São Paulo. O intuito era não deixar se perder esse contato entre os estúdios de design de estamparia e o mercado – confecções, marcas de moda, tecelagens, estamparias, entre muitos outros profissionais. Para tanto, o coletivo, além de sua própria participação, fez uma curadoria e selecionou os estúdios Caju Collective, Elaiá, Estúdio Capim e Adriana Boulos para estarem presentes na iniciativa. “Neste evento de São Paulo, o resultado foi muito bom, especialmente por contatos diferentes que fizemos. Surpreendentemente, vendemos mais do que

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ADRIANA BOULOS

esperávamos. Achávamos que seria uma ação meramente prospectiva, mas terminamos fechando muitas vendas. Muita gente veio de Campinas e do interior de São Paulo, especialmente porque os estúdios selecionados já estão no mercado há algum tempo. Foi um míni Première Vision SP, pois a curadoria fez a diferença na decisão da compra. A tabela de valores foi outro ponto positivo, pois permitiu que as estampas tivessem o mesmo valor, sem disparidade de preços”, conta Carolina Lenz. “Quando soubemos que teríamos essa lacuna em São Paulo, partimos para a ação”, afirma Bruno Hansen, diretor do Elaiá Estúdio, de Santa Catarina. Ele conta que, nos encontros informais que teve nas edições de Paris e Nova York do Première Vision das quais participou, percebeu que os estúdios brasileiros podiam crescer, e muito, quando se uniam para mostrar suas criações ao mercado. “Uma das minhas maiores motivações no Elaiá é a “não concorrência que existe”. Claro que isso é uma visão muito particular, mas acredito que não há muito espaço dentro desse mercado de consumo de design da indústria para comprar desse ou daquele. Há, sim, uma oportunidade de todos estarem presentes em todas as coleções. Há uma democracia muito grande, o design gera essa democracia, em que o produto fala mais alto e o relacionamento é o porquê da compra. Acredito que todos fazemos parte de um grande leque de opções ao



Eventos Fotos: Divulgação

mercado, cada um com seu estilo específico, ora um sendo mais assertivo para a necessidade deste, outrora outro sendo mais assertivo para aquele”, diz Bruno. Ele conta que, até bem pouco tempo atrás, a aquisição de desenhos fora do país gerava uma percepção de “estar comprando o melhor”, mas hoje é sabido que temos a mesma qualidade dos nomes internacionais. “A motivação para estar na Print SP foi essa: acredito no movimento das empresas brasileiras”, CAJU COLLECTIVE

COLETIVO ESTAMPA

ELAIÁ

ESTÚDIO CAPIM

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afirma. Como resultado, Bruno considera que a participação foi bastante positiva. “Tivemos trocas interessantes com prospects e com outras empresas, e pudemos também conversar com profissionais que admiramos e não compareceram aos eventos internacionais. Nada melhor do que mostrar o que fazemos pela moda brasileira em casa, não é?”, avalia ele. Alexandra Ward, do Estúdio Capim, conta que se formou em Londres e seu processo é mais autoral, sem amarras a tendências. Há sete anos no mercado, desenvolve estampas para clientes no Brasil, Nova York, Inglaterra, Alemanha e China. Para o verão 2017, Alexandra conta que há uma maior procura por desenhos mais simples, como os grafismos trabalhados em sua coleção Brasília, feita em homenagem à arquitetura, fauna e flora da capital do país. Já Ana Paula Nascimento, da Textrend, que representa o Caju Collective, além de outros estúdios no exterior – três em Londres, dois em Milão e um em Nova York –, conta que, uma vez ao mês, recebe novas estampas de todos esses estúdios, e um de seus diferenciais é o desenvolvimento das próprias bases. Outro é a forma de apresentar o produto, pois não há um catálogo online: o cliente pode ir até o showroom ou solicitar que um representante de São Paulo, Rio de Janeiro ou Paraná leve o material até ele. Pelos resultados, o futuro do evento é evoluir. Entre os dias 27 e 28 de janeiro, haverá mais uma edição da Print RJ, dessa vez com a participação de sete estúdios, e acontecerá no espaço do Estúdio 512, no bairro Jardim Botânico, Rio de Janeiro (RJ). O passo seguinte é fazer um roteiro pelo país (que será definido no início de 2016), passando por Belo Horizonte e outras cidades.



Eventos

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POR SILVIA BORIELLO

Foto: Bruna Moreschi/Divulgação

GUSTAVO HENRIQUE DOMINGOS

DAS

NEVES,

DA

UEL,

VENCEDOR DA

15

A

EDIÇÃO DO CONCURSO

PARANÁ CRIANDO MODA.

PARANÁ CRIANDO MODA CONCURSO DE TALENTOS DA MODA PARANAENSE CHEGA À 15ª EDIÇÃO

O concurso Paraná Criando Moda chegou ao seu 15º ano e sua final foi coroada no dia 26 de novembro, no Moinho Buffet Vermelho, em Maringá (PR), um dos grandes celeiros da indústria de moda brasileira. Criado por iniciativa do Sindicato da Indústria do Vestuário de Maringá (Sindvest), o concurso tem como princípios o reconhecimento da criatividade e inovação dos estudantes de moda da região, lançando e inserindo novos nomes no mercado. O tema do ano foi “A Dança Urbana – Theatrum Mundi”, tendo a inovação como palavra-chave e com a

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proposta de aliar a estética ao conforto e à praticidade para as atividades cotidianas da “dança” da vida urbana, na qual estamos inseridos 24 horas por dia, como explica Rosangela Correa, gerente do Sindvest Maringá e membro da comissão organizadora do concurso. Para chegar aos 12 finalistas em meio a centenas de projetos inscritos de instituições de ensino da região, foram levados em conta, primeiramente, os que obedeciam criteriosamente os regulamentos do concurso. Numa segunda etapa, os trabalhos foram


Fotos: Bruna Moreschi/Divulgação

O JÚRI ARTÍSTICO, FORMADO POR ANDERSON PISANELLI, IVONE NANI, RODRIGO ZANINI, SILVIA BORIELLO E ED BENINI. O

SEGUNDO COLOCADO,

ANDREI RUFINO

DE

A TERCEIRA COLOCADA, JULIANA CALDEIRA POSITIVO CURITIBA).

LIRA (PUCPR CURITIBA).

DA

SILVA SERRATO (UNIVERSIDADE

analisados por uma equipe técnica de jurados formada pela especialista em modelagem e criadora do método Rittai Saidan Cristina Odan; o analista de negócios e especialista em modelagem do Senai Maringá Adilson Jenck; a modelista Vera Zaninelli; o estilista Julio Saito; e a consultora e designer Marinez Dantas. Por fim, no desfile do dia 26, foram avaliados a adequação ao tema, a criatividade e a qualidade da apresentação, por um júri artístico composto de Anderson Pisanelli, técnico em vestuário formado em design estratégico em Milão;

Ivone Nani, diretora da marca Emma Fiorezi; Ed Benini, stylist e produtor de moda e desfiles; Rodrigo Zanini, auxiliar de estilo na área de criação da Morena Rosa Beach; e Silvia Boriello, editora da revista Costura Perfeita, a convite do presidente do Sindvest Maringá, Carlos Alexandre Ferraz. Cada finalista participou com dois looks: um conceitual e outro na versão comercial. Além de uma incrível experiência profissional, os vencedores ganharam também um troféu e prêmio em dinheiro: R$ 10 mil para o primeiro lugar, R$ 5 mil para o segundo e R$ 3 mil para o terceiro colocado. O primeiro lugar da edição foi para Gustavo Henrique Domingos das Neves, estudante do quarto ano de design de moda da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que, inspirado nas grandes vias de tráfego e lugares de passagem, criou peças misturando tecidos leves e lâminas de chapa de metal, como aquelas usadas nos assoalhos de ônibus. Mesmo assim, Gustavo conseguiu uma grande proeza: a de dar graça e leveza a um material tão hostil para costurar, deixando estilo, modelagem e caimento impecáveis. Prêmio merecido! O segundo lugar ficou com Andrei Rufino de Lira, aluno do terceiro ano de graduação em desenho industrial com foco em design de moda da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR Curitiba); e o terceiro foi para Juliana Caldeira da Silva Serrato, aluna do primeiro ano de graduação de design de moda da Universidade Positivo (Curitiba). A 15a edição do Paraná Criando Moda teve patrocínio da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e do Senai Maringá.

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POR THIAGO FRANKLIN

Foto: Arquivo pessoal

Gestão

Se virar a página não bastar, mude de livro Está aberta a temporada oficial de promessas de começo de ano, aquela velha história de melhorar os hábitos, otimizar a empresa, traçar metas reais, implementar novos projetos. Esse é o espírito natural após o término de um ano. Somando-se a isso, o ano turbulento que passamos faz com que se amplifiquem ainda mais esses pensamentos. Nesse vaivém de emoções, resta sempre aquela sensação de não ter tirado do papel tudo o que devia. E devia mesmo! Períodos difíceis são os melhores momentos para o plantio de novas ideias, pois, quando a tempestade passa, o sol volta a clarear. Seguindo essa linha de raciocínio, que tal revirar as gavetas e resgatar aquele projeto que você tem certeza que vai dar uma guinada em sua empresa? Ou então aquela nova ideia de negócio sobre a qual você conversou com seus amigos e familiares na mesa do Réveillon. Colocar esses planos em prática não é tarefa fácil, mas está longe de ser impossível: é preciso aliar criatividade às reais possibilidades e oportunidades. É para construir a ponte que fará essa ligação que aparece o cerne da nossa questão: a gestão, nossa aliada de plantão. Geralmente, a palavra gestão é lembrada lá no final da fila, habitualmente vinculada somente à burocracia e aos números do negócio. Mas engana-se quem pensa assim. A gestão do negócio começa no embrião e deve estar presente em todas as etapas e momentos, mesmo se for, por exemplo, para uma pequena otimização da linha de produção ou quando você pensar em um eventual superprojeto para lançar sua própria marca até aquela aguardada loja virtual que muitos vão protelando. Resumindo, é uma boa gestão que tornará esses sonhos possíveis. Gerir é analisar, planejar, planificar, viabilizar e sustentar antigas e novas ideias. Mais do que uma questão de palavra, pensar em gestão é enxergar o hoje e o amanhã de seu negócio com o mesmo grau de

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importância para a saúde criativa, produtiva e financeira da empresa. Para começar o ano com o pé direito, olhe com carinho para o ponto mais básico de uma gestão bem resolvida, leve a sério seu compilado de dados do ano anterior, faça desse compilado mais do que um simples balanço fiscal, pois uma coleta benfeita de informações de gastos (custos fixos, variáveis, trabalhistas, tributários etc.) e de vendas é um pote de ouro geralmente esquecido no fim do arco-íris, pois é ele que oferece um excelente overview do negócio e esclarece se os números estão batendo com a realidade que você enxerga ou na qual acredita. Psicologicamente, se você está em uma situação difícil, pode achar que ela é mais delicada do que realmente é, e, se está esperançoso demais, o excesso de positivismo pode não refletir sua realidade numérica. Nossa tendência é sempre nos enganarmos para validar nossas convicções, e essa análise abre nossos olhos. Mas não é “fazer para dizer que fez” e deixar debaixo da pilha de papéis sobre a mesa. Use esse mapa para poder planejar o ano que entra da melhor forma possível, pautado na realidade de seu negócio. Feito isso, você está liberado para cumprir suas promessas e projetos com mais segurança. Então por que ter receio de encarar os novos desafios ou ficar se culpando por deixar sempre pra lá? Tendo em mente que uma boa gestão é composta de doses complementares de cautela e ousadia, deixe todas as páginas viradas no passado e experimente começar a “ler um livro novo”.

THIAGO FRANKLIN É CONSULTOR E PALESTRANTE DO IT STUDIO CONSULTING, CONSULTORIA ESPECIALIZADA NO MERCADO TÊXTIL. SEUS TEMAS PRINCIPAIS SÃO GESTÃO DA EMPRESA FAMILIAR E GESTÃO SOCIETÁRIA. É FORMADO EM MARKETING E ADMINISTRAÇÃO, PÓS-GRADUADO PELA FAAP COM ESPECIALIZAÇÃO NA FGV EM GESTÃO DA EMPRESA FAMILIAR. WWW.ITSTUDIO.COM.BR



Feiras

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POR SILVIA BORIELLO

ITMA 2015 UMA DAS MAIS IMPORTANTES FEIRAS MUNDIAIS DE MAQUINÁRIO PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO TEVE A PRESENÇA DE EMPRESAS BRASILEIRAS

A ITMA, maior feira global de maquinário para a indústria têxtil e de confecção, apresentou sua 17ª edição em Milão, Itália, entre os dias 12 e 19 de novembro, sob o tema “Dominar a Arte da Inovação Sustentável”. Numa semana bastante intensa, entre os cerca de 1.700 expositores vindos de 46 países, o Brasil esteve representado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit); por empresas nacionais, como Audaces, Automatisa, Rhodia, Ampla, Avanço, WW Sistemas; e outras com representantes nacionais, como Groz-Beckert (NS Import), Morgan Tecnica (Mab Fortuna), Macpi (Andrade Máquinas), Iberlaser e Epson. Os executivos da Feiras, Congressos e Empreendimentos (FCEM) – Hélvio Pompeo Madeira (diretor-presidente), Hélvio Pompeo Madeira Júnior (diretor de marketing e comunicação), Kátia Zappe (relações internacionais) e Mariah Assis Brasil (coordenadora de marketing) – também marcaram presença na ITMA com um estande, divulgando as feiras Febratex 2016, que acontecerá em agosto em Blumenau (SC), e Tecnotêxtil Brasil 2017, que se realizará em abril de 2017 em São Paulo (SP). A maioria das empresas brasileiras presentes nesta edição participou pela primeira vez da feira, mas algumas já estão bastante inteiradas, como a Automatisa, que esteve em sua terceira temporada. “É a terceira ITMA de que a Automatisa Laser Solutions participa apresentando tecnologias mundialmente inovadoras. Estamos satisfeitos com o resultado, pois, com essa iniciativa, além de consolidar a marca da companhia no mundo, abrimos novas frentes comerciais e técnicas para atendimento a outros países”, afirma Joana de Jesus, vice-presidente da empresa. A Audaces, que possui diversos clientes em todo o mundo, viu na feira a oportunidade de mostrar suas tecnologias voltadas não apenas à confecção, mas também a outros setores, como o náutico e o automobilístico, e fomentar seus negócios com os países da União Europeia. Paulo Pereira, diretor de vendas internacionais da Audaces, diz que o evento correspondeu às suas expectativas. Ele notou uma clara recuperação do mercado europeu, além de muitas empresas interessadas em máquinas de corte, a fim de aumentar sua qualidade e produtividade. “Participar de

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uma feira internacional desse porte ajuda a criar valor para a marca. Recebemos a visita de clientes da Audaces de diversos países, além de outros potenciais clientes e distribuidores interessados em nossa tecnologia. Estamos em negociação com uma grande empresa das Ilhas Maurício. Também nos surpreendeu o número de empresas do Irã buscando tecnologia”, revela Paulo. A empresa contou com o apoio do programa Brazil Machinery Solutions (BMS), que visa promover as exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, bem como fortalecer a imagem do país como fabricante de bens de capital mecânicos. Quem também ficou bastante satisfeito com a participação na feira foi Ricardo Lie, diretor de Negócios da Ampla, de Curitiba (PR), que avalia a experiência como muito positiva, pois introduziu a empresa no contexto global como um player da área de estamparia digital. “Houve muita visitação ao nosso estande e muitas surpresas positivas quando os clientes tomavam conhecimento de que a Ampla é uma fabricante de máquinas brasileira. Foi importante também para nós observarmos as tendências dessa indústria, o que, sem sombra de dúvida, agregou informações valiosas para a determinação do planejamento da empresa para os próximos anos”, diz. Mais uma empresa brasuca a participar da ITMA com o apoio do BMS e da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) foi a Orizio/Avanço S.A. Ricardo Rossi, coordenador de Marketing Internacional da empresa, ressalta: “A feira foi sucesso de público e a participação das empresas brasileiras foi bastante destacada. É fundamental a importância da ITMA para a abertura de novos mercados e a consolidação daqueles já abertos, e também para posicionar a empresa perante seus competidores globais”. Christian Damiani, da Macpi, disse que a feira teve para a empresa uma influência muito boa, bastante superior ao que esperava, inclusive com visitas de clientes brasileiros e da América do Sul. A seguir, os lançamentos de cada participante brasileiro ou com representante no Brasil na ITMA 2015, por ordem alfabética:


Fotos: Divulgação

Ampla: apresentou a New Targa XT® Aquatex, que possui entre seus diferenciais o chassi monobloco AmplaCare, inovação que confere ao equipamento extrema robustez e estabilidade de impressão. A máquina atinge até 229 m2/h de velocidade máxima de impressão, possui largura de 1,8 m, resolução de 1.200 dpi e versões de 4, 8 ou 16 cabeças industriais, atendendo tanto birôs de impressão digital em tecidos até indústrias têxteis de médio porte. Audaces: chamaram atenção o DigiFlash XT, pela velocidade, facilidade e precisão na digitalização, e o Audaces Idea, por ser um sistema que integra o desenho a informações técnicas automáticas e cálculo de pré-custo, combinação inédita da empresa. Automatisa: levou dois equipamentos para a exposição: a máquina Vista, com tecnologia exclusiva de Visão LED, de 500 mm de largura de captura, que permite cortar a laser e em alta precisão materiais impressos, tecidos ou bordados com base na imagem capturada pelo sistema de visão artificial da empresa; e a ID Laser CO² para gravação a laser em alta velocidade de materiais não metálicos como couro, acrílico, madeira, sintéticos, entre outros materiais. Epson: seu principal lançamento foi a SureColor SC-70600, a primeira impressora dedicada a acessórios de alta moda. Graças ao uso de tintas branca e metálica ao mesmo tempo, é possível desenvolver interessantes aplicações em tecidos, como efeitos plastificados, por exemplo, em bolsas, calçados e couro ecológico, personalizando logos ou ilustrações. Disponível com 8 ou 10 cabeças e área de impressão de 1,62 m. Groz-Beckert: referência mundial em agulhas, a Groz-Beckert lançou, na área de costura, os modelos: SAN 5.2, segunda geração de agulhas para tecidos técnicos – grande destaque da feira –, com dupla ranhura recém-desenvolvida na ponta da agulha, o que melhorou a condução da linha nos processos de costura linear e multidirecional, causando, assim, menos deslocamentos da linha e um padrão de costura mais uniforme. Possui maior proteção contra desgastes graças ao revestimento Gebedru®, maior produtividade, e oferece a utilização de linhas mais espessas com o mesmo tamanho de agulha. A UY128 SAN 6 Gebedur em ponta FFG, agulha com ponta bola, ideal para costurar jeans, especialmente com elastano; e a UY128 SAN 10 FFG, com espessuras 65 e 70 e cabo curto, agulhas para máquinas 2 agulhas, que reduzem os danos aos tecidos finos e delicados. Isso porque se uma das agulhas for colocada em ponto morto inferior, seu cabo não penetra o material Podem ser utilizadas em todas as máquinas de costura 2 agulhas (ou mais), com os seguintes tipos de classe de ponto de costura: 406, 407, 410, 602, 605 e 607.


Feiras Iberlaser: entre seus vários lançamentos, destaque para as máquinas de gravação a laser Transformer Delta, com uma bandeja automática programável de 1,70 m x 3 m, que permite gravar calças abertas ou de quatro a seis calças dobradas por vez. Opcionalmente, pode ser programada para gravação contínua, com a bandeja travada. Possui sistema de câmera e visor que permite ao operador visualizar a colocação correta da peça, evitando erros de gravação. Indicada para produção em alta quantidade. O acessório RHO, usado com a Delta, permite gravar rolos de tecido de modo contínuo. Vem com um carro alimentador, que estica o tecido, e um bobinador, que enrola o mesmo, fazendo com que a máquina trabalhe de maneira independente, sem a necesidade de um operador; a máquina Zeta, com uma bandeja dupla bidirecional de 1,3 m dividida ao meio, que permite que cada lado seja programado com funções independentes. Como a gravação volta ao ponto inicial quando encerrada, o operador pode colocar a peça do outro lado da bandeja, gravando frente e verso da peça, saindo com ela pronta da máquina. Permite gravar calças abertas ou de quatro a seis dobradas em cada avanço, com um ou dois operadores, ideal para produção em larga escala. E a Atom, um modelo compacto de gravadora a laser indicada para desenhos de tamanho reduzido, logos, etiquetas e personalização de peças. Macpi: focou seus lançamentos na linha de máquinas para aplicações sem costura (seamless), especialmente um novo produto para aderência sem silicone, que pode ser aplicado em círculos ou pedaços tanto em calcinhas como em meias-calças. O modelo 339.32 aplica o aderente nas meias de forma circular, enquanto o 330.10 faz a primeira aplicação do aderente na cintura das calcinhas e, para finalizar, o modelo 330.20 faz a fusão definitiva do material aderente nas peças. Outro lançamento da Macpi foi uma máquina para passar camisas polo ou de malha de mangas compridas, com sistema para dar a forma correta às mangas durante o processo de vaporização.

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Orizio/Avanço: entre seus destaques, os teares MJF/BE, para produção de moletom com jacquard eletrônico e listador de até três cores, que permite trabalhar o fio grosso do moletom na formação do desenho do jacquard, tendo uma grande variedade de padrões com a possibilidade de troca de cores junto à seleção eletrônica de agulhas; o MJMBF/2, para a produção de jérsei com seleção eletrônica de agulhas em até três vias técnicas e listador para até quatro cores por alimentador; e o JPF/LC 30” x 50 gg, para produção de jérsei com espessura de 50 gg, com duas pistas de excêntricos e sem a interferência da platina para a formação da malha, dando ao tecido um padrão superior de qualidade e toque. Ideal para moda íntima ou tecidos leves de alto valor agregado. Texma: especialista em automação, a Texma apresentou na ITMA a T2L, uma supermáquina de costura automática interloque três fios – com corte –, montada com duas máquinas Juki de 4.000 rpm e comprimento de ponto de 1,5 mm a 6,5 mm. Esse “combo” funciona assim: após a introdução do rolo de tecido (grande ou defraudado, de 1,8 m até 2 m, com saída de 70 cm), o mesmo segue para a passagem de cabeçote, depois a costura e o recolhimento dos resíduos em excesso por meio de aspiração, em ambos os lados. Dois motores independentes permitem o transporte do tecido com a tensão ideal no cabeçote, e um dispositivo com guia alinha as extremidades do ponto de costura em comparação com a ourela, tudo de forma automática e contínua. Cilindros de retorno permitem que o tecido passe pelo segundo cabeçote (direito). Há possibilidade de corte térmico de tecidos sintéticos (cortadores incluídos). WW Sistemas: apresentou ao mercado o software OptCotton, único no mundo que não necessita de categorização dos fardos de algodão no estoque e possui precisão na qualidade das misturas, trazendo maior uniformidade e qualidade na produção de fios de algodão.


RHODIA: DESTAQUE EM PRÊMIO DE SUSTENTABILIDADE Foto: Divulgação

Como estratégia de internacionalização da marca Amni®, a Rhodia, empresa do Grupo Solvay, fez seu lançamento mundial na ITMA do fio Amni® Soul Eco, primeiro fio de poliamida biodegradável do mundo, desenvolvido no Brasil após cinco anos de pesquisa. Feito de poliamida 6.6, o fio foi aprimorado de forma que as roupas feitas com ele em sua composição se decomponham rapidamente após descartadas em aterro sanitário. Enquanto outras fibras levam uma década, o Amni® Soul Eco leva três anos. Renato Boaventura, presidente da Unidade Global de Negócios Fibras do Grupo Solvay, diz que a participação na ITMA 2015 está abrindo novas oportunidades de negócios internacionais para a empresa a partir dos fios inteligentes produzidos no Brasil. “Nossa meta é que o comércio com outros países chegue a 20% do faturamento em dois anos, puxado principalmente por produtos sustentáveis como o Amni® Soul Eco”, diz, ressaltando ainda que, até 2020, todos os fios têxteis produzidos pela empresa serão biodegradáveis.


Couro e Cia.

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POR SILVIA BORIELLO

SIMBOLOGIA DO COURO PODE SER ANULADA NORMAS ABNT 15105 E 15106, PRIMEIRAS E ÚNICAS NO MUNDO EM RELAÇÃO AO COURO, SERÃO CANCELADAS PELO CB11

No final de 2015, uma polêmica tomou conta da pauta da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do setor coureiro-calçadista: a anulação das NBRs 15105 e 15106:2004, referentes às simbologia nas etiquetas de produtos de couro. A NBR 150105 fala sobre a identificação do couro quanto à sua origem e aos processos de curtimento, tingimento, engraxe e acabamento por meio de simbologias, enquanto a NBR 150106 discorre sobre os símbolos de cuidados para limpeza e conservação de vestuário de couro para a montagem de etiquetas, orientando o consumidor final como lavar, secar, limpar, conservar, limpar a seco e passar a ferro peças de vestuário. Ambas as propostas, primeiras e únicas no mundo, foram apresentadas à ABNT e começaram a ser elaboradas e aprovadas em 2004. Desde então, inúmeros estudos e pesquisas foram feitos por Baltazar Guedes, autor das normas, que foi convidado a integrar o CB11 da ABNT, comitê responsável pela análise e gestão das mesmas. Segundo Valdir Soldi, gestor do CB11, que fica no Rio Grande do Sul, em 11 anos de existência, pouco ou nenhum interesse pelas mesmas foi verificado em relação à quantidade de normas adquiridas junto à ABNT e, por isso, em 2013, foi proposta e criada a comissão que seria responsável pela revisão das referidas normas. O projeto 11:200.02-01, que visava à junção das duas normas sob um novo título (Identificação do Couro Industrializado e Símbolos de Cuidados do Vestuário e Artigos de Couro para Montagem de Etiquetas), foi aprovado e, em 2014, após reuniões em São Paulo, o documento, ainda sem finalização, chegou ao conhecimento de entidades como o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), a

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Associação Brasileira das Indústrias de Calçado (Abicalçados) e o Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (Sindifranca). Essas entidades, de acordo com Soldi, entenderam ser totalmente inviável a aplicação da norma na forma apresentada, por vários motivos. Em primeiro lugar, pela alta complexidade das informações que seriam incluídas nas etiquetas – por exemplo, a interpretação das etiquetas exigiria conhecimentos específicos sobre muitos produtos químicos, impossível para a grande maioria dos usuários. Em segundo lugar, pelas exigências de difícil aplicação quanto à limpeza e conservação de vestuário de couro e artefatos previstas na norma. “Nas tentativas de discutir essas questões na comissão, as entidades citadas tiveram muita dificuldade, sendo que as sugestões não foram acatadas pelo coordenador. Vários profissionais que participaram de reuniões da comissão solicitaram a esse gestor a retirada de seus nomes do documento final, ou seja, claramente o andamento das reuniões não foi condizente com um processo transparente de condução pautado no entendimento de que todos devem ser ouvidos e a decisão deve representar um amplo consenso”, afirma Soldi. Ainda, segundo ele, em relação ao couro, a proposta conflita, em parte, com a Lei 11.211, de dezembro de 2005, em tramitação no Congresso Nacional, que trata da identificação do couro e das matérias-primas utilizadas na fabricação de calçados e artefatos. “Nesse contexto, não houve alternativa a essa gestão a não ser cancelar o referido projeto de revisão. É importante ressaltar ainda que, independentemente das


entidades já mencionadas, entendo que, na forma apresentada, a norma não seria viável quanto à sua aplicação e, principalmente, não seria entendida pelo usuário consumidor, fato este que considero fundamental”, analisa Valdir Soldi. Mas Baltazar Guedes, mentor e pesquisador do projeto e ainda membro do comitê da ABNT, diz que foi uma atitude desrespeitosa e lamentável da entidade acatar tamanho disparate de um pequeno grupo que, em momento algum, segundo ele, apresentou qualquer argumento técnico que justificasse suas posições contrárias às normas em questão. “Sem argumentos técnicos, suas alegações foram embasadas no ‘princípio da ética da convicção’ de que seus representados não atenderiam às normas porque não eram necessárias, considerando que os produtos originados do couro não precisam de manutenção, como limpeza e conservação. Ora, tais princípios e pensamentos se contrapõem à reunião da Comissão de Estudos de Limpeza e Conservação de Calçados e Artefatos de couro”, diz Baltazar. De acordo com ele, no Brasil, o couro, depois de industrializado, continua sendo oferecido em sua forma mais rudimentar ao mercado consumidor porque não traz nenhum tipo de identificação: origem animal, especificação do pictograma, origem de fabricação e composição, como orientado na NBR 15105. “Na indústria ou quando enviado diretamente às fábricas de artigos de couro, o produto ‘não precisa’ cumprir as normas técnicas existentes. Mas, quando o couro e os artigos fabricados com ele são colocados no comércio para ser vendidos ao consumidor final, o vendedor do produto é obrigado a atender as normas e o Código de Defesa do Consumidor, caso contrário, sofrerá as sanções previstas em lei”, explica. Baltazar comenta que não há, em todo o mundo, nenhum trabalho semelhante ao apresentado nesse documento, ao qual se dedica desde 2000. O estudo abrange todos os setores da indústria do couro – inclusive vestuário, lavanderias, prestadores de serviços em consertos e manutenção das peças. “O resultado desse trabalho é fruto do consenso entre todos os membros da Comissão de Estudos que participaram das reuniões, imbuídos de dar sua contribuição técnica para melhorar e ampliar as normas já existentes, transformando-as num único e preciso documento em forma de lei, voltado exclusivamente ao benefício do consumidor final”, ressalta. Para a indústria de confecção, essa é uma questão importante e delicada, pois, além dos cuidados com a peça para não danificá-la, existe ainda o aspecto da responsabilidade sobre a saúde e a segurança de quem vai utilizála. Existem produtos químicos altamente tóxicos e cancerígenos utilizados no tratamento do couro e que são liberados em alguns países, como Índia e China, por exemplo, mas não aqui. E quem fará esse controle? Quem se responsabilizará pelo consumidor que, porventura, tiver algum problema devido a essa exposição? São pontos a ser levados em consideração antes de fechar esse assunto.


Foto: Agência Fotosite

Curtas UNIFORME DESCOLADO Foto: Divulgação

LOUIS VUITTON CONFIRMA DESFILE NO BRASIL Após uma visita de Nicolas Ghuesquière – diretor criativo da Louis Vuitton – ao Brasil em outubro de 2015, o martelo foi batido: a supergrife francesa desfilará sua Cruise Collection (coleção de transição entre as principais estações, como inverno e verão) pré-Verão 2017 no país, mais precisamente no Rio de Janeiro. A data também foi divulgada: 28 de maio de 2016, uma semana antes do início das Olimpíadas. Foto: Divulgação

INOVAÇÃO NA HORA DE COMPRAR

Há restaurantes de todos os estilos espalhados pelo país, mas poucos percebem o quanto o uniforme dos funcionários pode se comunicar com os clientes, revelando a identidade do lugar e surpreendendo. Dá para fazer isso com muita criatividade, como sempre faz o estilista André Razuk. Conhecido por vestir com criatividade e ousadia chefs badalados de São Paulo, o estilista investiu na confecção de uniformes diferenciados em parceria com a Vicunha Têxtil. A tendência já é sucesso em países como os Estados Unidos, onde os cozinheiros estão deixando o tradicional dólmã branco de lado para adotar modelos descolados, com estampas ou tecidos jeans. O restaurante grego Kouzina resolveu comprar a ideia para o novo estabelecimento, inaugurado em 2015 sob o comando da chef Mariana Fonseca. “Quando pensei no Kouzina, já queria algo com uma proposta mais despojada e irreverente. As paredes da cozinha, por exemplo, são de vidro e permitem que os clientes vejam a equipe trabalhando. Conversei com André e ele trouxe a ideia de aventais mais curtinhos em jeans. O resultado não poderia ser melhor”, aprova Mariana.

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A Renner descobriu um jeito novo de atrair a atenção dos consumidores. A rede usou bonecas Mini Trens para apresentar as tendências primavera-verão. “A ideia é apresentar a moda sob uma perspectiva diferente, por meio das personagens Lola, Julia e Anne, que revelam o que há de mais novo pela estética do street style”, explicou Luciane Franciscone, gerente-geral de marketing da Renner. As tendências são reproduzidas nas roupas das bonecas de forma bastante divertida. As miniaturas são fotografadas com cenários e pessoas reais para depois virarem referências que fazem a conexão das ruas com o que é comercializado na Renner. MIL E UMA UTILIDADES Já imaginou comprar um único artigo de roupa, mas ter a possibilidade de vê-lo se transformar em até dez peças diferentes? Foi pensando nisso que Gabriela Rutigliano criou a La Rucci, marca de vestidos mutáveis. “A ideia surgiu quando estava na faculdade. Passei os quatro anos pensando como poderia mostrar a moda do Rio Grande do Sul para o restante do país. Pensando no ponto forte do estado, que é o couro, acabei desenvolvendo esse tipo de roupa, que pode ser usada em diversas temperaturas, de norte a sul, e em diversas ocasiões, sem perder a beleza e a elegância. Um estilo de roupa que se adapta para qualquer viagem e qualquer ambiente, do mais formal ao mais informal”, explica Gabriela. A marca La Rucci tem como conceito valorizar a mulher clássica e moderna por meio do vestuário prático. Com as roupas mutáveis, é possível criar looks mais básicos ou mesmo mais sofisticados, basta destacar.


Fotos: Divulgação

MIMAKI INAUGURA NOVO SHOWROOM EM SÃO PAULO Em busca de oferecer maior comodidade e ter um espaço mais amplo para mostrar seus lançamentos, a Mimaki inaugurou em novembro seu novo showroom em São Paulo, com área de 355 m². No local ficarão os departamentos comercial e de desenvolvimento de produto, área técnica, centro de treinamento e laboratório Color Lab, para atender aos clientes das áreas têxtil, industrial e de comunicação visual. O novo showroom fica na Av. Dr. Luís Rocha Miranda, 177, no bairro do Jabaquara, em São Paulo, capital. SENAC MODA INFORMAÇÃO DIVULGA CALENDÁRIO 2016 As edições de verão e de inverno do seminário Senac Moda Informação, referência em confirmação de tendências do Senac Moda, já têm datas e locais certos em 2016: acontecerão no Teatro Cetip, que também abriga o Instituto Tomie Ohtake, na capital paulista. O evento foi totalmente reformulado e trará novidades, como previews das tendências das duas temporadas (realizadas no MAM), site especializado, reforço na divulgação em redes sociais, como Facebook, Twitter, Instagram, Pinterest, além de espaços especiais. A versão verão acontece em 24 de fevereiro, enquanto a segunda será em 18 de outubro. BRASIL GANHA SUA PRIMEIRA “ROUPATECA” Um projeto inovador que empresta peças de grife por uma assinatura mensal acaba de chegar a São Paulo. Com o nome de House of Bubbles, o serviço permite que o cliente tenha acesso a peças de grife escolhidas a dedo a partir do guarda-roupa de embaixadores convidados para compor a primeira fase do acervo. “Não é exagero dizer que estamos construindo o guarda-roupa compartilhado mais desejado de São Paulo”, conta Wolf Menke, idealizador. A assinatura, que custará R$ 100, R$ 200 ou R$ 300 por mês, dá direito ao aluguel de uma, três ou seis peças por vez, entre roupas, acessórios, bolsas e sapatos. Está localizada na Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 61, em Pinheiros.


Foto: Adriana Santos

Meio Ambiente

Foto: Divulgação

PROJETO AMBIENTAL GANHA REFORÇO EM NOVA FRIBURGO Já bastante conhecido em Nova Friburgo, o Projeto Ambiental da Elas Ecomodas não somente reaproveita cones de linhas vazios descartados pela confecção – que produz moda com apelo ecológico – como também seus idealizadores utilizam cones doados por outras confecções para cultivar mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. O projeto já recebeu cones vazios até mesmo de confeccionistas de outra cidade distante da serra: Cabo Frio, que fica localizada na região litorânea do Rio. Pensando em estimular a conscientização ambiental e possibilitar que mais confeccionistas possam colaborar com o projeto, Alex e Adriana Santos, diretores da Elas Ecomodas, formaram mais uma boa parceria na causa ambiental: em Nova Friburgo, existem diversos ecopontos instalados em alguns bairros que servem para MODELO IZANETE PEREIRA VESTE T-SHIRT LUMIAR. que a população friburguense possa descartar o lixo seco. Todo o material colocado dentro LUMIAR É UM PACATO das caixas – que medem cerca de 2 metros de altura por 2,5 de largura – vai diretamente para LUGAREJO TURÍSTICO DE NOVA FRIBURGO, QUE INSPIROU a Cooperativa de Catadores de Nova Friburgo, onde mais de 20 famílias vivem com a venda BETO GUEDES EM SUA do material reciclável. Numa parceria iniciada em dezembro de 2015 com a cooperativa, todos FAMOSA CANÇÃO “LUMIAR”. os cones de linhas descartados dentro dos ecopontos passaram a ser destinadas ao Projeto DESENVOLVIDO PELA ELAS ECOMODAS. Ambiental Elas Preservando, cujas mudas são doadas para a preservação de nascentes e áreas que necessitam de novas árvores. Com isso, os idealizadores do projeto desejam facilitar a logística para a entrega dos cones, ampliar a quantidade de confeccionistas envolvidos na preservação do meio ambiente e multiplicar a quantidade de árvores plantadas na região serrana do Rio – que foi drasticamente afetada pelas chuvas em janeiro de 2011, vale lembrar. Outras informações você encontra no site www.elasecomodas.com.br.

JEANS COM PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL A M.Pollo embarcou na pegada ecológica investindo em uma técnica de lavanderias sustentáveis na coleção inverno 2016. Nossos jeans são produzidos em um processo de lavagem ecológica que, em alguns casos, não requer água. Quando usada, a água passa por um processo químico diferenciado, sendo possível reaproveitá-la em outras duas lavagens, o que minimiza o impacto no meio ambiente”, explica a estilista Gleyce Anne Dantas. Foto: Divulgação

DESCARTES TÊXTEIIS TRANSFORMAM-SE EM NOVAS PEÇAS Recentemente, a estilista Sally Neitzel Caropreso e a arquiteta Ana Maria Von Atzingen Sasse, de Jaraguá do Sul (SC), apresentaram o resultado do trabalho desenvolvido pela dupla que visa prolongar a vida útil dos tecidos. São pedaços que antes eram descartados pelas indústrias da região norte de Santa Catarina, um dos polos têxteis brasileiros. Sob a marca reUso, as peças ganharam silhuetas confortáveis, estampas diferentes e modelos exclusivos.

Foto: Divulgação

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MELISSA REVISITADA E ECOLÓGICA A clássica Melissa continua apostando em novidades. Em uma parceria com a Cartel 011, traz um produto inédito para a marca: usou fibra de madeira de reflorestamento na sola tratorada, inspirada em solados de coturnos masculinos, na Melissa Flox III. “Sinto-me honrado em poder trabalhar com a Melissa, uma das poucas marcas brasileiras com projeção e reconhecimento internacional. Somente com o potencial tecnológico da Grendene foi possível criar um produto inédito”, diz o diretor criativo da Cartel 011, Cristian Resende.


POR SILVIA BORIELLO

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Em Pauta

OUTRAS NUANCES LAMA DE MARIANA (MG) INTERFERE TAMBÉM NO POLO CONFECCIONISTA DE COLATINA Que tivemos um dos maiores desastres ambientais da história do país, que seus danos – humanos e ambientais – são incalculáveis, e que a inércia das autoridades em responsabilizar e cobrar as empresas envolvidas, todos nós já sabemos. Mas há ainda outra nuance dessa lama toda da barragem de Fundão, rompida em Mariana (MG): a contaminação de todo o Rio Doce, que corta a cidade de Colatina, no Espírito Santo, também afetou o polo confeccionista da região, que conta ainda com uma grande concentração de lavanderias têxteis industriais. O diretor da grife capixaba Konyk e presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário do Espírito Santo, que integra a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), José Carlos Bergamin, comenta sobre o ocorrido que o governo do estado é bem ativo e os poços das indústrias não precisaram ser requisitados para consumo humano, porém não há clima na região para trabalho e produtividade. “Passados os primeiros momentos de pânico, permanecem as enormes preocupações sobre o futuro e a tristeza pela morte das espécies. O Rio Doce é muito importante para a vida da cidade”, afirma. Paulo Vieira, diretor do Grupo PW Brasil, que detém as marcas Misbella, Missbella Princess, Vide Bula e Vide Bula Jr, e tem seu parque fabril concentrado em Colatina, diz que a água do Rio Doce está com uma turbidez elevadíssima, na casa dos 2.000 NTUs (unidades nefelométricas de turvação), ou seja, há muitos resíduos sólidos em suspensão, o que gera uma grande dificuldade no tratamento dessa água. “As lavanderias estão usando água de poços muito profundos, em torno de 100 m, e/ou se abastecendo com caminhões pipa, buscando água em lagoas próximas”, revela Paulo. Já Marco Britto, diretor da GB Customização, uma das principais lavanderias industriais de jeanswear do país, também com base em Colatina, diz que, como sempre usaram poços próprios e o consumo de água é reduzido em sua empresa devido ao reúso e ao maquinário com lavagem à base de ozônio, seus processos fabris não foram afetados, porém, nas casas da população, houve falta, mas a questão já está se normalizando. Paulo conta que, dentro da empresa, os funcionários estão consumindo água mineral, mas ficaram muito apreensivos e estressados por terem que sair no meio do expediente para entrar na fila de distribuição de água potável para consumo em suas casas. “Consequência: estresse, baixa produtividade e falta ao trabalho”, enumera Paulo.


Fotos: Divulgação

Caderno Têxtil – Novidades Têxteis NOYON ADQUIRE A CENTRAL ENCAJERA Duas empresas centenárias produtoras de renda agora viraram uma só. Em novembro de 2015, o Grupo Noyon/Darquer, famoso produtor das rendas francesas de Calais e nomeado em 2007 pelo governo francês comoEntrepriseduPatrimoineVivant (Empresa do Patrimônio Vivo), adquiriu a espanhola Central Encajera, uma das mais antigas e reconhecidas rendeiras do setor têxtil espanhol e mundial, fabricando, além de rendas, excepcionais mantillas, item icônico da tradição local, e véus de noiva longos.Dessa forma, o Grupo Noyon/Darquer, que exporta para mais de 40 países,complementa sua gama de produtos e abre um novo nicho nos mercados de alta costura, prêt-à-porter e lingerie, mantendo a identidade e estilo de cada uma das empresas e ampliando a capacidade de produzir mais de 100 estilos diferentes de rendas. RENDA

DA CENTRAL ENCAJERA NUMA DAS COLEÇÕES DA VALENTINO.

MAIS CONFORTO NA COLEÇÃO DE VERÃO DA CEDRO A Cedro Têxtil focou em desempenho, conforto e beleza para desenvolver sua coleção de verão 2017. Para a nova temporada, a marca investiu em quatro linhas de produtos: a super elastic (tecidos com potencial de stretch entre 35% e 70%), a elastic (artigos com power entre 20% e 42%), a fix (composta de tecidos rígidos) e, por fim, a flow, que traz tecidos mais leves. Outra novidade é a ampliação da família de produtos Duo, que agora conta com as linhas: elastic, elastic colours e duo dark. Todos são artigos que reúnem algodão, poliéster e elastano com o inovador fio T400, responsável pelo alto poder de retorno do tecido já na peça pronta, além do baixo percentual de laceamento e de maior sensação de conforto e toque.

FARBE INTENSIFICA INVESTIMENTOS EM FITNESS A Farbe, empresa catarinense especializada em moda feminina e fitness, aposta cada vez mais no universo esportivo. Com mais de 30 produtos nesse segmento, a marca já atende confecções de todo o país. Entre os lançamentos da coleção, três características não passam despercebidas. Uma delas é proteção UVA e UVB, que, além de ser benéfica para saúde, estimula a continuidade do treino dentro ou fora da academia. A proteção é permanente, ou seja, não sai com a lavagem. Outra vantagem é a aderência do tecido. Para quem faz pilates, ioga ou até mesmo musculação, ter um tecido firme que não escorrega nos aparelhos melhora o desempenho do esportista. Para obter essa característica, a grife desenvolveu recentemente o Affix, um tecido com um emborrachado especial que evita o deslizamento em equipamentos e superfícies lisas. Já os produtos Acqua Sport UV, Balance, Crepe Malta, Nylon Dry, Pixel e Smart Air auxiliam para que o suor seja dissipado e têm como principal característica a secagem rápida da malha.

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Caderno Têxtil – Novidades Têxteis Fotos: Divulgação

ELASTICIDADE É A PALAVRA DE ORDEM A coleção de verão da Canatiba tem como princípio básico o conforto. Os denins leves para alfaiataria, a construção sustentável da linha HiComfort e a performance Duo Core estão entre as prioridades da grife na temporada de verão 2017. Por essa razão, a empresa apresentou mais de 150 lançamentos. Entre eles, está o hiperflex, com 98% de algodão e 2% de elastano, indicado para a confecção de shorts e bermudas. Os artigos de menor gramatura também chegam com força para cortes de alfaiataria, como camisas, coletes e jaquetas. Para atender essa modalidade, a fabricante traz construções em 100% algodão e misturas com fibras de Tencel® e Modal®, como o Hi-Comfort, que conta com resistência, maciez e suavidade. Ainda dentro das novidades, a Canatiba disponibilizará para os clientes, na compra de cada 1,3 m de denim Duo Core, um tag que informa o consumidor sobre as características do tecido com fios LYCRA® e Lasting Fit T400®, recobertos de algodão, que conferem controle da elasticidade sem deformação das peças.

É TEMPO DE LEVEZA

CHAMONIX

ELBA + LYON

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Peças fluidas e frescas são os hits da próxima temporada da Capricórnio Têxtil. A tendência é o denim ultrapassar o universo de calças e jaquetas. Agora, ele chega em conjuntos, pantacourts, macacões, quimonos e t-shirts. Ciente das altas temperaturas, a grife lançou a coleção de Verão 16/17 com artigos leves, GAVI sendo três deles em peso camisaria e o outro com 7 oz, em duas cores que permitem ampla gama de lavagens, desde os amaciados com o clima 70’s até os delavês mais claros. Destaque para os artigos Nut e Thot, que chegam com 5,5 oz, em 100% algodão. Já o tecido Elba, uma sarja 3x1 com 6,5 oz, também foi desenvolvido em 100% algodão. Somam-se a eles o artigo Vulcano, de visual vintage, 100% algodão e peso 9,5 oz. Nos tons dos tecidos, sobressai a cor carbon blue, um azul intenso com nuances de preto, que agora ganhou três novos artigos: Cannes (8,5 oz em algodão, poliéster e elastano), Chamonix (algodão e elastano, com 9 oz) e Lyon, uma sarja 3x1 com 10 oz.


POR SILVIA BORIELLO

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Serigrafia

Fotos: Divulgação

OTÁVIO

E MANNU, DO ESTÚDIO PHYTOPLANKTON.

ESTAMPARIA CRIATIVA EM CARUARU PHYTOPLANKTON INAUGURA ESPAÇO DE CRIAÇÃO DE ESTAMPARIA NO ARMAZÉM DA CRIATIVIDADE Empresas de moda e decoração pernambucanas – e de todo o Brasil, claro – agora podem contar com uma equipe de desenvolvimento exclusivo de estampas: é o Phytoplankton, um estúdio de design de estamparia criativa localizado no Armazém da Criatividade, em Caruaru, que faz parte do projeto Porto Digital, do Recife. Caruaru faz parte do Arranjo Produtivo Local (APL) de confecções do Agreste Pernambucano, hoje o segundo maior do Brasil. Após constatar que as empresas da região não tinham esse tipo de serviço próximo a elas, tendo que recorrer a outras partes do Brasil e ficando limitadas à escolha de produtos similares, pouca variedade e estamparias não especializadas em design, os sócios Mannu Guennes, Otávio Gomes e Laila Ferreira se uniram na empreitada. “Nós somos um estúdio de estamparia têxtil que oferece serviços para empresas de moda e decoração a fim de trazer exclusividade e assertividade aos produtos. Num ambiente imerso em inovação, tecnologia e economia criativa, que é o Armazém da Criatividade, visamos profissionalizar e aumentar a competitividade dos produtos que são desenvolvidos na região, tendo no design thinking pesquisa e prototipação os fundamentos de nossas criações”, diz Mannu, responsável pela gestão, estratégia e design de estampas do Phytoplankton. As áreas de pesquisa e representação internacional ficam a cargo de Laila e o marketing e comunicação com Otávio. Quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho deles, pode acessar a fanpage no Facebook: www.facebook.com/phytoestamparia.

ESTAMPAS

EXCLUSIVAS DESENVOLVIDAS PELO ESTÚDIO.


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POR ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA

Foto: Arquivo pessoal

Dentro da Lei

Democracia e justiça Ao analisar 2015 para esta matéria, deparei com a inevitável constatação de que pouco o Congresso Nacional produziu este ano. Não que em anos anteriores ele tenha sido uma maravilha, mas, vá lá, aprovou aqui e ali alguma coisa importante e útil. Infelizmente 2015 passou e matérias relevantes foram deixadas de lado, com exceção da aprovação do novo Código de Processo Civil, que entrará em vigor em março de 2016 e tentará destravar o abarrotado Poder Judiciário. O Congresso Nacional ficou preso aos acontecimentos políticos tanto quanto o Poder Executivo, não votando matérias relevantes para tirar o país desta que já se mostra a crise mais severa da história recente. Apesar do exíguo avanço legislativo em 2015, neste ano ocorreu um dos fatos mais marcantes para nossa democracia e que estabelecerá um novo paradigma em casos de corrupção: a Operação Lava Jato. Sei que muito vem sendo falado sobre esse caso, mas me chama atenção algo que pouco tem sido debatido e que entendo que seja o grande avanço para nossa democracia: o ataque à fonte de financiamento da corrupção. Diferentemente do Mensalão, no caso da Lava Jato, além de se condenar políticos, há também a condenação das empresas e de seus dirigentes. Somente a Camargo Corrêa assinou acordo de leniência com o Ministério Público Federal do Paraná de R$ 700.000.000,00 (setecentos milhões de reais) e ainda está discutindo dois outros acordos de mais de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais), com a Controladoria Geral da União e com o Cade. Acabar com a fonte de custeio da corrupção é essencial para atacar esse problema. Enquanto houver corruptores, haverá corruptos; enquanto financeiramente valer a pena corromper, essa será a regra do jogo; por mais que haja prisões, sempre haverá alguém para substituir quem saiu do esquema, pois, apesar dos riscos, o ganho é alto e fácil. O avanço para nossa democracia vai muito além da prisão de um senador em exercício do mandato e de um banqueiro famoso, pois, como disse, essas peças podem ser repostas nessa ciranda de interesses.

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É claro que é importante prender corruptos, ainda mais pessoas poderosas que até pouco tempo eram inatingíveis. Nossa democracia amadureceu, podemos notar claramente que a descentralização do poder, ao contrário da crença popular, é o meio pelo qual vamos combater os males que afligem nossa sociedade. Quando juízes conseguem determinar prisões de políticos poderosos, quando não há perseguição nem revanche, isso mostra que a democracia está permeada na sociedade e suas instituições estão sólidas. Quando um banqueiro é preso, se demonstra à sociedade que os ricos também vão para a cadeia, mas, quando seu banco perde em saques quase 1 bilhão por dia, isso demonstra que corromper não é mais um bom negócio. Nesse passo, quando corromper não é mais um bom negócio é que a fonte começa a secar e a mudança a acontecer. É bem verdade que a Lei Anticorrupção, aprovada no clamor das manifestações que tomaram o país em 2013, permitiu penalizar as empresas que corrompem. Estive em um evento e ouvi do dr. Carlos Fernando dos Santos Lima, promotor público federal que integra a força-tarefa que investiga a Operação Lava Jato,que nem todas as empresas investigadas terão o benefício do acordo de leniência, pois precisamos de condenados, mas que alguns acordos ainda serão firmados, com valores acima de R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais). Acredito que estamos presenciando uma grande mudança, que poucos ainda notaram, mas que é um dos eventos mais importantes da história recente do Brasil e repercutirá na história como um marco, uma virada de mesa, pela qual tanto clamamos. ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA É ADVOGADO, PÓS-GRADUADO EM PROCESSO CIVIL PELA PUC/SP, MBA EM DIREITO DA ECONOMIA E DA EMPRESA PELA FGV E PELA OHIO UNIVERSITY, MEMBRO RELATOR DO IV TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB/SP, ADVOGADO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA CONFECÇÃO (ABRAMACO), VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DOS LOJISTAS DO BOM RETIRO E SÓCIO DA GAIOFATO E GALVÃO ADVOGADOS ASSOCIADOS. ALEXANDRE@GAIOFATOEGALVAO.COM.BR



Dicas e Economia

Aparelhos para fitness Para que o movimento do corpo fique livre na hora de se exercitar, tecido e caimento não bastarão se a costura estiver torta ou incomodando. Por isso, Costura Perfeita separou peças e acessórios que ajudam a dar um ótimo acabamento e conforto Fotos: Silvia Boriello

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AP-vivo gal – PF 25/11 (CVM 113824): aparelho para faixa tipo Adidas®, utilizado em máquina galoneira ou 2 agulhas ponto fixo

AP-funil reg tric (CVM 120536): aparelho para pregar três faixas tipo Adidas®, utilizado em máquina elastiqueira

AP34-2DBP-35 com elast (CVM 153454): aparelho de viés com elástico, utilizado em máquina galoneira

AP-vivo duplo gal/PF (CVM 151171): aparelho para faixa dupla tipo Adidas®, utilizado em máquina galoneira ou ponto fixo

AP72-regulável (CVM 24346): aparelho para barra regulável, utilizado em máquina galoneira

AP-cós fitness (CVM 205477): aparelho para cós com elástico, utilizado em máquina overloque

AP-vivover Siruba (CVM 24064): aparelho para vivo, utilizado em máquina overloque ou interloque Siruba

AP elástico – Siruba (CVM 179834): aparelho para tensionar elástico em máquina overloque ou interloque Siruba ou similares

Conjunto guia elástico (CVM 31448): aparelho para tensionar elástico em máquina overloque, interloque ou galoneira (vem da parte de baixo)

AP34-1DBP-bicolor (CVM 24209): aparelho para viés com 1 vivo, utilizado em máquina galoneira

AP-unitecido reta gal (CVM 201449): aparelho para unir tecido, utilizado em máquina galoneira ou reta

AP-guia encosto especial (CVM 201099): aparelho para rebater a costura da overloque em máquina galoneira


PG-528T (CVM 73104): calcador de Teflon® para máquina galoneira

AP-vivo pronto Siruba (CVM 120745): aparelho para vivo pronto, utilizado em máquina overloque ou interloque Siruba

8E-USA ondulada Teflon® (CVM 208291): faca de Teflon® ondulada que evita o aquecimento e não gruda no tecido

Kit para transformar máquina galoneira em 4 agulhas (CVM 136251 / 48456 / 32568 / 56346 / 128808)

DBR com guia fita (CVM 32917): suporte para viés

NOVIDADE

AP-elast emb zig T (CVM 217866): aparelho para elástico embutido, utilizado em máquina zigue-zague

OBSERVAÇÃO Observação: Verifique sempre a marca e o modelo de sua máquina antes de adquirir qualquer peça ou aparelho. Todos os aparelhos com os códigos acima podem ser encontrados na Cavemac. Para conhecer os aparelhos que agilizam sua produção, adquira os DVDs Cavemac com dicas sobre diversos deles. Acesse o site www.cavemac.com.br e consulte os títulos disponíveis. Se tiver alguma dúvida sobre que aparelho utilizar, envie uma foto dele por e-mail para vendas@cavemac.com.br ou traga-o pessoalmente ao nosso showroom. Na compra de aparelhos, caso necessite fazer algum teste no showroom da Cavemac, é necessário trazer todo o material para a confecção da amostra (tecido, elástico, fitas etc.). Agradecimentos: Alessandra Rustarz e Fidelia Gutierre.


Atualidades ABIT PROMOVE SEU PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL NO BRASIL A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) promoverá entre os dias 1º e 2 de junho, no WTC Events Center, em São Paulo (SP), a primeira edição do Congresso Internacional Abit, evento que promete reunir os principais nomes de todos os elos da cadeia têxtil nacional e também internacional, abordando temas estratégicos de alta relevância ao setor, como o panorama e as perspectivas da macroeconomia para o Brasil e o mundo, para onde caminha o varejo, inovação em materiais, processos e modelos de negócios, startups, acesso a mercados, expectativas de consumidores, sustentabilidade, trabalho digno, logística, gestão eficiente, entre muitos outros. “Nosso dia a dia é conversar com empresários, ouvir suas queixas e necessidades. São empresas de todos os portes, todos os segmentos, mas percebemos que os desafios são iguais. Como inovar? Onde investir? Foi pensando em ajudar a responder essas perguntas, de forma personalizada ao setor, que criamos o Congresso Abit”, explica Rafael Cervone, presidente da entidade. A ideia é que o evento aconteça a cada dois anos em diferentes cidades do país. Esta primeira edição conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), por meio da Apex-Brasil. Alguns nomes já estão confirmados: David Barioni (presidente da Apex-Brasil), Luiza Trajano (CEO do Magazine Luiza), Renato Meirelles (sócio-diretor do Data Popular), Alessandro Pascolato (presidente da Santaconstancia), Josué Gomes da Silva (Coteminas), João Carlos de Oliveira (presidente da GS1), José Luis Cordeiro (consultor da Singularity University), Celine Choussy e Edouard Macquin (Lectra), Günter Veit (VDMA), Sundaresan Jayaraman (Kolon professor do Georgia Institute of Technology), Fernando Cunha (Universidade do Minho), Mary Hennessy (presidente da Industrial Fabrics Association International – Ifai), Giuseppe Gherzi (Gherzi), Belmer Negrillo (Design Lide Ideo) e Guilherme Junqueira (Abstartups). Até lá, mais novidades virão. Mais informações no site www.abit.org.br. Foto: Divulgação

INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO PROFISSIIONAL Recentemente, a Adezan – especializada em operações logísticas e embalagens industriais, que agrupa quatro empresas em diferentes operações – criou planos de incentivo à educação para seus mais de mil funcionários, assim como já planeja um plano de desenvolvimento de carreiras. Além disso, um dos serviços da companhia, a logística exclusiva para e-commerce, ganha destaque pela customização, da importação do produto ou matéria-prima até o item chegar ao destino final. “O processo todo é acompanhado por meio de indicadores para oferecer toda a segurança necessária aos clientes”, explica Pedro Stivalli, diretor-executivo.

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Atualidades SCHUTZ LANÇA LINHA BEACHWEAR Fotos: Divulgação

ALPARGATAS EM NOVAS MÃOS O grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, anunciou no final do ano a compra da Alpargatas, fabricante das sandálias Havaianas. A marca havia sido colocada à venda pela Camargo Corrêa, sua controladora desde 1982. A Alpargatas já havia anunciado a venda das marcas Topper e Rainha a um grupo de investidores liderados pelo empresário Carlos Wizard Martins, sócio da rede de franquias de alimentos Mundo Verde.

BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO ÀS CON NFECÇÕES CEARENSES

A Schutz, marca de calçados premium brasileira, vai invadir as praias e piscinas neste verão 2016, mas não com sandálias e sim com peças de beachwear. Sim, a marca lançou sua primeira coleção-cápsula de maiôs, biquínis e saídas de praia com estampas divertidas e shapes geométricos. A linha já está à venda nas lojas da Oscar Freire (SP), Garcia d’Ávila e Village Mall (Rio de Janeiro).

Após um ano muito desafiador, principalmente devido à forte concorrência de outros estados, a atividade cearense de confecção vai começar 2016 com maior poder de competitividade. A Secretaria da Fazenda (Sefaz-CE) anunciou que pretende reduzir a carga tributária para toda a cadeia produtiva do setor, que deve beneficiar 70 mil empresas. “Isso terá efeito em toda a cadeia produtiva, desde a indústria têxtil até a venda no varejo nas lojas cearenses. Serão muitos beneficiados”, diz o secretário-adjunto da Sefaz, João Marcos Maia.

ROUPAS ÍNTIMAS PARA AS VÍTIMAS DE MARIANA A cidade de Juruaia, polo mineiro de moda íntima, mobilizou-se para angariar calcinhas, sutiãs, cuecas, pijamas, camisolas produzidas localmente para as vítimas da tragédia ambiental de Mariana. Ao todo, 20 empresas doaram cerca de mil peças, apoiadas pelo Sebrae Minas. “Doações de água, alimentos e vestuário foram feitas logo após a tragédia. Mas as pessoas nem sempre pensam em doar roupas íntimas. Por isso tivemos essa iniciativa, pois entendemos que a responsabilidade social deve ser uma constante em qualquer empresa ou instituição”, diz Tânia Mara Rezende, presidente da Associação Comercial e Industrial de Juruaia (Aciju).

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POR ANGELA VALIERA

2016: este pode ser o ano que você tanto esperava Você se sente bem com você mesmo, mas sente que falta algo? Você está esperando uma coisa acontecer e só então é que vai finalmente sentir que sua vida começou e que o momento incrível de plenitude e satisfação chegou? Em sua mente passam frases como: “Quando aparecer o emprego certo…”, “Quando reconhecerem o meu valor…”, “Quando eu estiver…”, “Quanto eu tiver…”? Então responda: quando chegará esse “quando”? Como é deixar sua vida nas mãos dos outros? Você é uma pessoa que sabe que tem valor, que conquistou e construiu coisas até aqui e que há muito ainda que pode fazer. Uma pessoa que quer se desenvolver para se tornar o agente principal de sua vida e transformar esse “quando…” – que soa tão indefinido – em prazos determinados para atingir objetivos concretos por meio de passos planejados. Você sabe que pode ir além de onde está hoje. “Hoje pode ser o amanhã que você tanto espera.” Essa frase, do ator e apresentador André Marques, resume o que está em suas mãos: a decisão de construir o seu momento. Muitas vezes nos vemos presos, estagnados, impedidos de conquistar o que queremos. Estamos com a visão limitada. Estamos olhando muito para o passado e assim não conseguimos enxergar como é possível mudar o futuro. E, acima de tudo, que mudar o futuro é uma ação que começa no presente. Sim, é possível ganhar muito dinheiro em 2016. Sim, é possível conquistar um emprego novo, uma promoção. É possível expandir, crescer, começar algo novo... Tudo é possível.

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Foto: Arquivo pessoal

Coaching

Só não será possível se, em vez de assumir a responsabilidade para si, você colocá-la nas mãos do destino, da política, do mercado, da economia... Claro que são fatores que afetam, mas não são decisivos. Decisivas são suas estratégias, suas ações, seu foco. Em 2015, vimos empresas de diversos elos da cadeia têxtil fecharem. Vimos redes de varejo diminuírem o número de lojas. Vimos aumentar a fila do desemprego. Vimos o aumento da inflação. Mas, se nossos olhos ficarem mirando nesses pontos, não conseguiremos enxergar outras possibilidades. Precisamos mirar no que é possível e no que desejamos, para encontrarmos alternativas e criarmos. Quando temos um ponto de chegada, os caminhos vão se revelando. Onde você quer estar em dezembro de 2016? ANGELA VALIERA É COACH, FASHION CAREER COUNSELOR, DESIGNER DE INOVAÇÃO E NOVOS MERCADOS DO CARREIRA FASHION – EMPRESA DE RH ESPECIALIZADA EM MODA – E COORDENADORA DA ESCOLA ONLINE ENMODA. ANGELA@CARREIRAFASHION.COM.BR



Comércio Exterior Fotos: Divulgação

MISSÃO INTERNACIONAL TÊXTIL NA EUROPA Empresários de 12 companhias brasileiras do setor têxtil compuseram a Missão de Benchmarking em Inovação, realizada entre os dias 6 e 11 de novembro em Portugal e na Itália, promovida pelo Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil), desenvolvido entre a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Participando de uma série de visitas técnicas, representantes da Coteminas, Audaces, Anfra, Lepper, Digitale Têxtil, Rhodia, Santanense, Tekla, Moovexx, Sapeka, PH Fit e Senai Blumenau passaram por Portugal na primeira etapa e visitaram centros tecnológicos com foco em nanotecnologia e materiais inteligentes, como o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e de Vestuário de Portugal (Citeve) e o Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes (CeNTI), localizados em Vila Nova de Famalicão. Ainda no país, participaram do 1º Workshop Luso-Brasileiro de Inovação Têxtil, onde conheceram a Plataforma Internacional Fibrenamics, uma ligação entre universidades, empresas e sociedade, nascida da necessidade de transferência de conhecimento de forma objetiva. Na sequência, seguiram viagem para Milão, Itália, e conheceram instituições especializadas em análises e testes de controle de qualidade, bem como fábricas de tecidos com foco no design, empresas produtoras de insumos e compostos químicos para pré-tratamento e recobrimento de produtos têxteis e empresas que atuam no setor automobilístico. Visitaram também o POLI.design, centro de serviços e informação vinculado ao Politecnico de Milano, que fechou uma parceria com o Senai Blumenau para o trabalho com couro de tilápia e, fechando a missão, foram levados pelos professor Conti, do POLI.design, à cidade de Borgosesia, que ficou conhecida pela grande produção de lã no início do século XX. “Estes eventos não só permitem criar uma rede de contatos com empresas e institutos internacionais, como também aplicar na empresa os ensinamentos que tivemos aqui. Já estamos avaliando a possibilidade de adotar o acabamento retardante de chamas por spray na Santanense”, revela Roger Gunther, representante da tecelagem na missão. Ele ainda destaca a importância dessas missões como forma de acesso a tantas novidades e o quanto as instituições estão avançadas em termos de nanotecnologia aplicada à indústria têxtil. LUIZA PEREA NA ANTHROPOLOGIE De forma bastante inusitada, os sapatos da grife Luiza Perea, da Vila Madalena, em São Paulo (SP), foram parar na Anthropologie, rede de lojas americana com uma curadoria cool, que possui lojas também no Canadá e Reino Unido, além de seu e-commerce (que, sim, entrega no Brasil). Tudo começou quando a equipe de marketing da Anthropologie achou o perfil da marca @luizaperea no Instagram, se apaixonou pelos calçados – lindos – feitos de forma 100% artesanal e entrou em contato com as sócias, Luiza e Mirela Perea, que logo se entusiasmaram. As peças já estão à venda no site da loja: www.anthropologie.com.

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Comércio Exterior Fotos: Divulgação

TRÉGUA ENTRE HERMANOS A vitória de Mauricio Macri como novo presidente da Argentina animou o mercado brasileiro. O chefe de Estado, mesmo antes de assumir oficialmente seu cargo no final de 2015, esteve no Brasil para conversar com a presidente Dilma Rousseff e retomar a relação comercial entre os dois países, tão importante para ambos, mas travada pelo governo de Cristina Kirchner. O saldo foi bastante positivo, pois as famosas DJAIs (Declaração Jurada de Autorização à Importação), impostas em 2012 para poder comercializar naquele país, caíram no dia 31 de dezembro último e não serão prorrogadas, conforme anúncio do ministro da Produção da Argentina, Francisco Cabrera. Segundo ele, a ideia é implantar um sistema de monitoramento das importações para liberação automática da maior parte das compras feitas pelo país no exterior, paradas por falta de divisas. “A Argentina é o principal mercado para as exportações têxteis e de confecção brasileiras, por isso esperamos que a eleição de Mauricio Macri possa retomar o desenvolvimento do comércio entre os dois países. Os têxteis do Brasil perderam espaço, principalmente para a China, devido a uma série de medidas administrativas impostas pelo ex-governo, mas acreditamos que o Brasil e a Argentina têm muito a contribuir com o desenvolvimento um do outro, respeitando as regras do Mercosul”, declarou Rafael Cervone, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Segundo a entidade, desde 2005 as exportações de têxteis e confeccionados àquele país reduziram de 41% para 23%, fazendo com que essa lacuna fosse ocupada pelos produtos chineses, que passaram de 4% para 23% de participação no mercado argentino.

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VICUNHA REPRESENTA O BRASIL EM BARCELONA A 17a edição da Denim Première Vision, realizada nos dias 18 e 19 de novembro em Barcelona, Espanha, contou com a Vicunha como única representante brasileira na feira. Além de mostrar ao mercado europeu seus lançamentos para o Verão 2017, levou uma parceria inédita com a grife de óculos Mosevic, com armações de índigo e brim. Entre os destaques em tecidos, foram apresentadas a nova linha Bi-stretch Denin Fitness, desenvolvida com stretch multidirecional para garantir a máxima liberdade de movimento e extremo conforto; a Shirting Collection, que ampliou seus artigos de composição 100% Tencel®, conferindo controle térmico, alta resistência, visuais sofisticados e excelente caimento; e a Special Touch, com estruturas diferenciadas que mesclam diferentes fios, resultando num toque extremamente suave, macio e caimento perfeito. OUSEUSE PARTICIPA DO SALÃO INTERNACIONAL DA LINGERIE Começando o ano com chave de ouro, a grife mineira de lingerie OuseUse, sediada em Juruaia (MG), participará do Salão Internacional da Lingerie, em Paris, França, que acontecerá entre os dias 23 e 25 de janeiro no Paris Expo Porte de Versailles. A ideia, segundo Rosana Marques, CEO da marca, é aumentar seu percentual de exportações e conquistar novos mercados consumidores. “Nossas peças já conquistaram as mulheres brasileiras, agora queremos levar nossa marca para o mundo inteiro”, diz. Em 2015, a empresa conseguiu o feito de crescer 10% e, para 2016, a expectativa é manter o mesmo percentual, fortalecendo a marca por meio da abertura de novos canais de vendas.


POR ROSELAINE ARAUJO

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Cultura

FILME NACIONAL RETRATA VAQUEIRO QUE SONHA SER ESTILISTA Foto: Divulgação

O filme Boi Neon, novo longa do diretor brasileiro Gabriel Mascaro, traz para a telona uma temática bastante original: o sonho de um vaqueiro de virar estilista. Protagonizado por Juliano Cazarré, Iremar é um vaqueiro que trabalha nos bastidores da vaquejada. Ele literalmente limpa o rabo dos bois durante o dia, mas passa a maior parte do tempo pensando em croquis ou costurando roupas e figurinos. O desenvolvimento do polo de confecção do Agreste, que inclui cidades como Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, só aumenta as ambições do vaqueiro. O sonho de Iremar é ser estilista, mas para isso ele terá que enfrentar muitos desafios. O filme mostra as transformações recentes dessa região e

país, a partir de um recorte narrativo que se apropria da vida

quebra o estereótipo de um Nordeste primitivo. O longa já é

de um grupo de vaqueiros que vive na estrada transportando

um sucesso. Sua estreia foi no mês de setembro no Festival

boi para as festas da vaquejada, um dos maiores eventos de

de Veneza, onde recebeu o Grande Prêmio do Júri da Mostra

agrobusiness do Brasil. Pesquisei as contradições do

Horizontes. Além desse, ganhou também outros prêmios nos

consumo e as noções de identidade dos brasileiros”, ressalta

festivais de cinema do Canadá. No elenco, além de Cazarré,

Mascaro, diretor do filme. Para quem é apaixonado pela

estão Vinícius de Oliveira e o vaqueiro Carlos Pessoa. “Boi

indústria da moda e deseja ampliar a o conhecimento sobre a

Neon lança uma nova luz sobre as transformações recentes no

cultura do nosso país, é uma boa pedida!


Cursos Foto: Divulgação

CURSOS DE VERÃO NO SENAI/CETIQT O Senai/Cetiqt vai promover cursos de extensão acadêmica nas unidades Riachuelo e Barra, no Rio de Janeiro (RJ). São muitas opções, entre elas os cursos de Criação de Conceito de Marcas e Coleções de Moda (27/1 a 30/1); Criação de Imagem de Moda: O Trabalho da Produção Executiva (18/1 a 17/2); Fashion Forecasting (1º/2 a 2/3); Marketing de Moda (23/1 a 27/2); Visual Merchandising (23/1 a 5/3); Marketing Digital Aplicado – Metodologias e Práticas para o Mercado da Moda na Internet (19/1 a 4/2); Pesquisa de Moda e Tendências (18/1 a 22/2); Produção de Vitrine (16/1 a 27/2), entre muitos outros. As vagas para os cursos de graduação também estão abertas. São eles: Engenharias Química, de Produção e Têxtil, Design com ênfase em Moda e Tecnologia em Produção do Vestuário. As vagas destinam-se a portadores de diplomas, transferência de alunos e pessoas que fizeram o Enem a partir de 2011. Para mais informações, ligue para: (21) 2582-1001 ou acesse: www.portaldaindustria.com.br/senai/ canal/senaicetiqt/.

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SENAC FAZ NOVAS APOSTAS Dentro do amplo universo da moda, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) oferece diversos cursos de graduação, pós-graduação, extensão e cursos livres. Em janeiro, as inscrições estão abertas para todos eles. Destaque para os novos: Modelagem e Moulage no Processo de Criação (pós-graduação), Moda e Mídia (extensão universitária) e os cursos livres de Estilismo e Moda, Modelagem e Confecção Infantil, Modelagem e Confecção de Lingerie, Modelagem para Corset. Eles são ministrados em diferentes unidades, dependendo do curso escolhido. Conheça a programação completa e os locais onde ela acontece pelo site: www.sp.senac.br ou pelo telefone: 0800-883-2000. RECICLE NAS FÉRIAS A Sigbol Fashion oferece mais de 30 opções de estudo para os que querem começar o ano aprendendo moda. Já estão abertas as inscrições para os cursos de Piloteira, Desenho de Moda Básico, Desenho de Moda no Corel Draw e Estilo – Designer de Moda. Destaque também para os de Corte e Costura, Moda Íntima & Praia, Desenho de Moda, Corte e Costura Industrial, Modelagem Industrial, Costura e Acabamento e Personal Stylist, que são abertos e podem ser iniciados a qualquer momento. Os alunos também têm a opção de encurtar o prazo de formação de acordo com o desempenho em sala de aula. A Sigbol oferece promoções permanentes de incentivo voltadas para a terceira idade, para ex-alunos e para os que precisam se especializar em mais de uma área. Para mais informações, telefone para: (11) 2092-8641 ou acesse: www.sigbol.com.br. FAAP OFERECE CURSOS LIVRES A PARTIR DE MARÇO Em 2016, o Núcleo de Cultura da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) preparou uma série de cursos livres que terão início a partir de março. Entre eles estão: Arte, Moda e Modernidade (30/3 a 4/5); Comunicação Estratégica de Moda (11/4 a 10/5); Corte e Costura e Modelagem – Básico (8/3 a 5/5); Estamparia Digital: Estampas Localizadas e Corridas (5/4 a 7/6); Estamparia Manual e Desenho (29/3 a 24/5); Estamparia Têxtil: do Manual ao Digital (14/3 a 19/5), Figurino – O Papel da Indumentária em Cena (31/3 a 16/6). A instituição também vai oferecer a partir de março cursos de pós-graduação em Gestão Estratégica em Moda; Joalheria – Cultura, Criação e Desenvolvimento; e MBA em Gestão do Luxo. Para saber informações de valores e carga horária, ligue para: (11) 3662-7085 ou acesse: www.faap.br. MBI MORUMBI LANÇA CURSOS NOVOS ANHEM DE PÓS-GRADUAÇÃO A Anhembi Morumbi, integrante da rede internacional de universidades Laureate, oferece para o 1º semestre de 2016 quatro programas de pósgraduação na área de moda, sendo dois lançamentos: Especialização em Construção de Imagem de Moda e Especialização em Empreendedorismo Sustentável em Moda. A Especialização em Construção de Imagem de


Moda pretende capacitar os profissionais a desenvolverem atividades de criação, produção e direção em projetos de imagem de moda, sejam eles destinados à mídia impressa, digital, apresentações ao vivo, vídeos ou qualquer outro veículo que contemple a demanda artística e cultural contemporânea em âmbito nacional e internacional. Com o objetivo de habilitar o profissional a desenvolver projetos de gestão empreendedora e sustentável em moda e pesquisa do comportamento de consumo no mercado de moda, a Especialização em Empreendedorismo Sustentável em Moda destina-se a profissionais da área de moda e design, empresários, empreendedores, varejistas, docentes e estudantes. Além das novidades, a universidade oferece ainda pós-graduação em Comunicação e Produção de Moda e o Master em Negócios e Varejo de Moda. Todos já estão com inscrições abertas, obtenha mais detalhes pelo telefone: (11) 4007-1192 ou no site: www.anhembi.br. ORBITATO TEM CURSOS CURTOS E LONGOS Quem está em Santa Catarina e quer aprender mais sobre o universo da moda tem à disposiçãoo ensino da Orbitato, que fica localizada em Pomerode. Opções não faltam no primeiro quadrimestre da entidade, que vai ministrar: Desenvolvimento de Estamparias Digitais (30 a 31/1); Qualificação em Modelagem Têxtil – Concentrado (25/1 a 12/2); Venha Costurar (2/2 a 3/2); Qualificação em Modelagem Têxtil (26/2 até novembro); Qualificação em Estilismo (26/2 até novembro); Qualificação: Desenvolvimento de Estamparia Textil (26/2 até novembro); Moulage – Desenvolvimento de Lingerie e Moda Praia (28/2 a 29/2); Modelagem para Jeanswear (4/3 a 5/3); Qualificação em Direção de Criação (4/3 até dezembro), entre outros cursos. Descubra mais detalhes da programação ligando para: (47) 33395-0447 ou acessando o site: www.orbitato.com.br. UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA CRIA PÓS-GRADUAÇÃO DE FIGURINO O E CARNAVAL De 16/4/2016 a 18/11/2017, a Universidade Veiga de Almeida, do Rio de Janeiro (RJ), vai ministrar pela primeira vez uma pós-gradução de Figurino e Carnaval. A pesquisa de Figurino para as Artes Cênicas e Carnaval possibilita, a partir de um projeto interdisciplinar, o estudo relativo à história da arte e indumentária, ao design e à produção do espetáculo nos diversos setores que compõem a “cena teatral e carnavalesca”. O curso abrange as técnicas de criação e elaboração de figurinos e fantasias, adereços cênicos e carnavalescos, dentro de uma perspectiva experimental. Corresponde à compreensão da dialética entre a criação, com suas especificidades, e a produção do objeto (design do produto). Propõe a incursão na historiografia dos figurinos para espetáculos diversos e escolas de samba, no âmbito da memória e do espaço urbano (a cidade do Rio de Janeiro) como elementos constitutivos da identidade cultural brasileira. O público-alvo são profissionais liberais, pesquisadores das áreas de história, design, moda, cultura e interessados em desenvolver aptidões sobre figurinos, composições artísticas e carnavalescas. Conheça toda a programação da UVA pelo telefone: (21) 2574-8888 ou pelo site: www.uva.br.


Fotos: Divulgação

Tecnologia LECTRA EM PARCERIA COM THAIS GUSMÃO Conhecida por suas lingeries irreverentes, Thais Gusmão agora terá à sua disposição uma gama de serviços de ponta em sua produção. É que a Lectra, por meio de seu escritório no Brasil, fechou uma parceria com a estilista e colocará à disposição de sua equipe licenças das soluções Kaledo (criação), Modaris (modelagem) e Diamino (colocação e previsão de custos), bem como seu time de especialistas em processos, que dará treinamento e suporte aos profissionais da marca durante alguns meses até que todos A ESTILISTA THAIS GUSMÃO: PARCERIA COM A LECTRA. estejam dominando todos os recursos e ferramentas. “Queremos proporcionar essa experiência a toda a equipe que faz da marca Thais Gusmão uma das mais criativas do mercado brasileiro”, afirma Daniella Ambrogi, gerente de marketing da Lectra. A empresa acredita que a tecnologia, acompanhada por uma mudança inteligente no fluxo de processos de produção, pode alavancar o negócio de profissionais talentosos. “Vamos criar uma referência de mercado para outros profissionais que pretendem desenvolver sua marca própria”, completa Daniella. COSTURA PERFEITA DE SITE NOVO Ano novo, site novo! É assim que a Costura Perfeita inicia 2016, com uma nova plataforma online, mais moderna e completa, inclusive disponibilizando a revista digital para você folhear, tanto a edição atual quanto as anteriores. O layout também está novinho em folha! Aguardamos sua visita em www.costuraperfeita.com.br.

COATS CORRENTE LANÇA UMA NOVA FERRAMENTA PARA COLOCAÇÃO DE PEDIDOS Inovação e pioneirismo fazem parte da história da Coats. Com o crescente volume e disponibilidade de informações, e a necessidade de resultados imediatos em cada negócio realizado, a velocidade e a confiança dos processos são fundamentais para ganhos de eficiência e produtividade. Nos processos industriais com operações em máquinas de costura, ter a linha adequada disponível e no momento certo é fundamental. Recentemente, a Coats desenvolveu o Coats eComm, uma plataforma online via internet para colocação de pedidos muito mais rápida, fácil e eficiente. Conectada com o sistema SAP da Coats, os pedidos são processados em tempo real. Os clientes podem solicitar as linhas para costura a qualquer hora e em qualquer lugar, conforme sua conveniência. “Reduzimos o tempo de compra de linhas para costura em mais de 50%, pois nossos clientes só precisam incluir os artigos, as quantidades e as cores de que necessitam. Além disso, o sistema fornece informações em tempo real sobre o estoque disponível, pagamentos, histórico das últimas compras e o status dos pedidos em andamento. Trouxemos praticidade e agilidade para o processo de aquisição de linhas para costura”, afirma o gerente de marketing da Coats, Eller Azevedo. “O suporte é completo: telefone, e-mail, chat e nossos consultores técnicos sempre à disposição dos clientes”, acrescenta. Para maiores informações, você pode entrar em contato pelos canais: e-mail: ecommbrasil@coats.com, Portal Industrial: www.coatsindustrial.com/pt e Central de Atendimento: 0800-702-1101.

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Agenda

Março Nacionais 8 a 11: Agreste Tex 2016 – Feira de Máquinas, Serviços e Tecnologia para a Indústria Têxtiil (maquinário e tecnologia para têxtil e confecção), Caruaru, PE, www.agrestetex.com.br 15 a 17: 40ª Fimec – Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (couro e calçados), Novo Hamburgo, RS, www.fimec.com.br Internacionais 4 a 7: Première Classe – Inverno 2016 (acessórios), Paris, França, www.premiere-classe.com 4 a 7: Paris sur Mode (desfiles e salão de negócios), Paris, França, www.parissurmode.com 4 a 7: Don’t Believe the Hype (salão de negócios – novos talentos da moda, acessórios e lifestyle), Paris, França, www.dontdontdontbelievethehype.com 16 a 18: Intertextile Shanghai Apparel Fabrics – Spring Edition 2016 (tecidos para vestuário), Xangai, China, http://intertextile-shanghai-apparelfabrics-spring.hk.messefrankfurt.com

Abril Nacionais 5 a 8: Minas Trend Preview – Verão 2017 (desfiles e salão de negócios), Belo Horizonte, MG, www.minastrend.com.br 12 a 14: Laad Security 2016 – Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa (uniformes e roupas de segurança), Rio de Janeiro, RJ, www.laadsecurity.com.br 21 a 23: 19ª Felinju – Moda e Lingerie de Juruaia (feira de lingerie), Juruaia, MG, www.aciju.com.br 24 a 29: SPFFW – Verão 2017 (desfiles), São Paulo, SP, www.ffw.com.br Internacionais 10 a 12: Perú Moda 2016 (desfiles e feira de têxteis e vestuário), Lima, Peru, www.perumoda.com A revista não se responsabiliza por mudançass de datas e informações fornecidas pelos organizadores dos eventos.


Costura Social

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POR CIBELE DE BARROS – TECIDO SOCIAL

COSTURA É SAÚDE! Fotos: Juliane Campos

Acredito que a única moda que existe para ficar é a moda humanitária. Nessa categoria, a saúde física e mental são as principais matérias-primas. Entre as oficinas de trabalho amparadas pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dispositivo importante para a reforma psiquiátrica brasileira e o fortalecimento do movimento antimanicomial, a costura tem outro propósito: a cura. Alinhavar o restabelecimento do sujeito social, em suas relações e no trabalho, com geração de renda. Convido vocês a conhecerem duas dessas oficinas.

PROJETO REAPRENDENDO A VIVER: DA ESQ. PARA A DIR., LÚCIA OLIVEIRA LOPES, RITA DAMASCENO, FELISMA DE MORAES, ISABEL FRAZÃO E DIRCE ALBUQUERQUE DE FREITAS.

Projeto Reaprendendo a Viver Dirce Albuquerque, monitora da oficina terapêutica e geração de renda Reaprendendo a Viver, idealizou o projeto por anos até ele ser qualificado pelo Ministério da Saúde como terapêutico, em 2011, e ativado nas instalações do Nutrarte, em São Bernardo do Campo (SP). O projeto era uma novidade. Não tinham nada e não sabiam costurar. O plano era produzir bolsas, sacolas, nécessaires, mochilas e outros acessórios com retalhos de tapeçaria. Buscaram doadores de tecidos, equiparam a oficina e, por dois anos, seguiram sozinhas, remodelando a vida e a formação do grupo. Em 2014, foram adotadas pela incubadora de Empreendimentos Econômicos Solidários, de São Bernardo do Campo, que, em parceria com a Universidade Metodista, assessorou a formação do empreendimento. Orientadas por Renata Mendes, ingressaram também no Programa Educativo para Públicos Especiais, da Pinacoteca de São Paulo, onde foram aprender sobre arte. Um ano depois, nasceu o livro-obra Histórias para Ver, com serigrafias assinadas por elas. Criatividade, arte e costura, uma combinação poderosa! Das gravuras surgiram bolsas, e quantas criações ainda virão... Dirce e as meninas acreditam na magia da costura e da arte para a superação das fragilidades do corpo e da alma. Lá, a costura serve à

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ALUNAS

NAS MÁQUINAS DE COSTURA.

pessoa e a produtividade está no olhar. Com respeito e cuidado, preservam a saúde, a beleza e a qualidade de seus produtos, vendidos no local, em feiras e por encomenda. Contato: Dirce Albuquerque, (11) 4122-2492, nutrartesbc@gmail.com. Projeto Tear e Costura O Projeto Tear foi criado em 2003 pela prefeitura de Guarulhos (SP) em parceria com a Pfizer e a Associação Cornélia Vlieg, para promover a inclusão social de pessoas em situação de sofrimento psíquico por meio do trabalho. São várias oficinas artesanais que operam na lógica da economia solidária e do cooperativismo social. Desde a fundação, os teares da oficina de costura foram a inspiração na tessitura do projeto. Fiéis


Fotos: Carina Barros

PROJETO TEAR: DA ESQ. PARA A DIR., DANIEL PEREIRA BARBOSA, GEOVAN JOSÉ GILSONEIDE MORAES OLIVEIRA E ESTÉFANE DE OLIVEIRA NEVES.

TEARES:

DE

LIMA, MARIA

REORGANIZANDO PROJETOS DE VIDA DILACERADOS.

ao termo, os teares entram em cena para cumprir a missão de reorganizar processos de vida dilacerados. A costura, na promessa de união das partes e composição da forma, dá estrutura e protagonismo ao sujeito, e a moda aqui é criar novos horizontes e um novo lugar para ser feliz. Na atual Oficina de Tear e Costura, trabalham 15 pessoas, homens e mulheres entre 20 e 64 anos. E tem fila de espera para costurar! Lá produzem peças de tear, corte e costura, pintam e bordam, e já começam a cuidar da gestão do negócio solidário. O envolvimento na administração, nas finanças e nas vendas é uma importante alavanca de capacitação profissional. Na organização do trabalho, sete pessoas costuram, quatro tecem, três fazem os acabamentos e um fica no administrativo. No portfólio, bolsas, xales, mantas, tapetes, itens de decoração, cama, mesa e roupas. Os produtos são vendidos na loja, pelo site e por encomenda. Contato: Juliane e Gil, (11) 2409-2200, tearecostura@projetotear.org.br. Conheça os projetos em: www.youtube.com/channel/ UCnov179v2HCzFcPWCCcn6oQ e também no site da revista Costura Perfeita: www.costuraperfeita.com.br


ENDEREÇOS ASSOCIAÇÕES, FEDERAÇÕES, ONGS E SINDICATOS Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias

Sindvest Maringá (Sindicato da Indústria do

Censi Máquinas – www.censimaquinas.com.br

Vestuário de Maringá) – Av. Rebouças, 140, zona

Coats Corrente – www.coats.com.br

10, Maringá, PR, tel.: (44) 3026-3379,

Comace – www.comace.com.br

www.sindvestmaringa.com.br

Contc – www.contc.com.br

de Callçados) – R. Júlio de Castilhos, 561, Novo Hamburgo, RS, tel.: (51) 3594-7011,

Coletivo Estampa – www.coletivoestampa.com.br TECELAGENS E FIAÇÕES

www.abicalcados.com.br

Estúdio Capim – www.capimpuro.com

Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Cedro – www.cedro.ind.br Confecção) – R. Marquês de Itu, 968, São Paulo,

Grupo Rosset – www.rosset.com.br

SP, tel.: (11) 3823-6100, www.abit.org.br

Rhodia – www.rhodia.com.br

Acad Brasil (Associiação Brasileira de Academias)

Salotex – www.salotex.com.br

– Rua Álvaro Alvim, 24, Rio de Janeiro (RJ), tel.:

Têxtil Farbe – www.farbe.com.br

(21) 2493-0101, www.acadbrasil.com.br

Vicunha – www.vicunha.com.br MODA E GRIFES

Fátima Moldes – www.fatimamoldes.com.br Gaiofato e Galvão Advogados Associados – www.gaiofatoegalvao.com.br Gerber – www.galileu.com.br

GB Customização – www.grupogb customizacao.blogspot.com.br

Abramaco (Asssociação Brasileira de Máquinas e Equipamentos para Confecção) – Rua Ribeiro de

Adidas – www.adidas.com.br

Groz-Beckert – www.ns.com.br

Lima, 282, 1º andar, cj. 110/111, São Paulo, SP,

Amir Slama – www.amirslama.com.br

Hikari – www.hikarisewingmachine.com

tel.: (11) 3326-6922, www.abramaco.org.br

Calvin Klein – www.calvinklein.com.br

HI Etiquetas – www.hietiquetas.com.br

Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de

CCM Fashion Fitness – www.ccm.net.br

IT Studio Consulting – www.itstudio.com.br

Exportações e Investimentos) – SBN, qd. 1, bl. B,

Florinda – www.vivaflorinda.com.br

Iberlaaser – www.iber-laser.com

10º andar, Ed. CNC Brasília, DF, tel.: (61) 3426-

King & Joe – www.kingjoe.com.br

Jorik – www.jorik.com.br

0202, www.apexbrasil.com.br

Konyk – www.konyk.com.br

Lectra – www.lectra.com.br

Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de

Líquido – www.liquido.com.br

Mab Fortuna – www.mabfortuna.com.br

Com mponentes para Couro, Calçados e Artefatos):

PW Brasil – www.pwbrasil.ind.br

Metalnox – www.metalnox.com.br

R. Júlio de Castilhos, 526, Novo Hamburgo, RS,

Track & Field – www.tf.com.br

Millennium Network – www.millennium.com.br

tel.: (51) 3584-5200, www.assintecal.org.br

Zanotti – www.zanotti.com.br

Mega Máquinas – www.megamaquinas.net.br

CRC Couro (Centro de Recuperação e Conservação do Courro) – Rua Santa Justina, 47,

Omatex – www.omatex.com.br DIVERSOS

São Paulo, SP, tel.: (11) 3044-5474, www.centrodocouro.com.br

Piter Pan – www.piterpan.com.br Plotag – www.plotag.com.br

Adriana Boulos – www.adrianaboulos.com

Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Ampla – www.ampladigital.com.br

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Estúdio Elaiá – www.elaia.com.br

www.ggtech.com.br

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – www.abnt.org.br

Durkop Adler – www.durkpp.adler.com

Rtk1 Passadoria – www.dryluxx.com.br Silmaq – www.silmaq.com.br

Paulo) – Av. Paulista, 1.313, São Paulo, SP, tel.:

Andrade Máquinas – www.sansei.com.br

(11) 4003-5588, www.fiesp.com.br

Armarinhos 25 – www.armarinhos25.com.br

Findes (Federação das Indústriass do Espírito

Audaces – www.audaces.com.br

Santo) – Av. Nossa Senhora da Penha, 2.053,

Automatisa – www.automatisa.com.br

Vitória, ES, tel.: (27) 3334-5600,

Avanço – www.orizio.com.br

www.sistemafindes.org.br

Barudan – www.barudan.com.br

Iemi (Inteligência de Mercado) – Av. Nove de

Bureau de Estilo Renata Abranchs –

Sunsir – www.chinasunsir.com

Julho, 4.865, cj. 42A, São Paulo, SP, tel.: (11)

www.renataabranchs.com.br

Sun Special – www.sunspecial.net.br

3238-5800, www.iemi.com.br

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POR GIUSEPPE TROPI SOMMA

Foto: Divulgação

Ponto de Vista

O futuro presidente já está entre nós É UM VERDADEIRO "OPERADOR ECOLÓGICO", COM LIDERANÇA PARA UMA AMPLA E PROFUNDA FAXINA Que este governo necessita cair, não resta a menor dúvida, mas, no atual quadro político, temos uma segunda opção que possa atender às necessidades do país? Infelizmente não conheço nenhum partido com uma liderança idônea para tal finalidade. Governar eficientemente um país não é distribuir dinheiro e cargos públicos. Isso é um recurso da incompetência e do abuso dos cofres públicos. Governar eficientemente um país é administrá-lo exatamente como se administra uma empresa: visando ao maior rendimento com o menor custo possível. Afinal, o governo é realmente como uma empresa em que cada brasileiro é um acionista. E, como acionista, ninguém quer que seu dinheiro seja desviado com doações ou favorecimentos, com corrupção e outras artimanhas e desvios. O que vale é o máximo resultado com o mínimo custo. Mas, em nossos últimos governos, tem acontecido exatamente o contrário. Até o momento, todos os políticos, alguns mais, outros menos, se preocuparam em inchar a máquina pública e diminuir sua eficiência. Consequentemente, nossos altíssimos impostos se tornam cada vez mais insuficientes. Por isso que, como primeiro passo, o PT deve deixar o governo, sem dúvida, mas isso não será a solução de todos os nossos problemas. Precisamos usar o mal como instrumento para o bem. O que fazemos na agricultura para produzir um produto orgânico, puro, sadio e sem agrotóxicos? Resposta: usamos esterco. Por favor, leitor, me perdoe por eu usar excepcionalmente uma palavra de baixo calão. Esta “merda” política que até hoje arruinou nosso país deve servir de adubo para nela plantarmos e colhermos um novo e tão sonhado Brasil. Precisamos de um choque institucional para uma ampla reforma constitucional, reforma essa elaborada por pessoas de alto raciocínio, com muito conhecimento e comprovada honestidade. Aliás, reforma é o termo errado. Nós precisamos, mesmo, de uma nova Constituição, bem mais curta, clara e abrangente, que discipline com rigor a atividade pública e garanta um país federativo e democrático, em que cada estado tenha o direito e a independência de elaborar suas próprias leis, penais e civis. Isso faria com que os bons resultados jurídicos de um estado servissem de exemplo para os demais. Precisamos de uma Constituição que proíba praticar bondade com dinheiro público; que acabe com os privilégios corporativistas do Estado; em que os empregos públicos, além de serem regidos pela CLT, a cada cinco anos possam sofrer uma concorrência pública, que dê a possibilidade de substituir um velho funcionário por um novo candidato, com as mesmas capacidades, oferecendo-se um salário menor. Quem achar injusta tal prática que procure emprego na atividade privada, porque a atividade pública não deve ser uma carreira financeira, mas uma atividade com vocação socioprofissional. Uma Constituição que privilegie e valorize a produção, voltada à geração de empregos e não à manutenção da miséria. Mesmo porque, em um país gigante como o nosso, com tudo para ser feito, a miséria só pode ser gerada pela vagabundice, e isso se chama “miséria profissional”. O Brasil vai, porque necessita, começar uma nova era com novas lideranças. Todos nutrimos ideais democráticos, simplesmente porque somos civilizados, mas, se a ordem não for aceita democraticamente, é possível que enfrentemos radicalismo de grupos a serviço de quadrilhas organizadas. Enfrentaremos, se for necessário, mas esperamos que nunca venha a ser. O PT, partido no qual quase todos nós brasileiros depositamos um voto de confiança e esperança em sua estreia, nos desapontou muito e nos enganou ininterruptamente. O que deveria ser esperança hoje se tornou um grande pesadelo. Mas, como diz o ditado: “Há males que vêm para bem”. * Reprodução liberada *

CAV. GIUSEPPE TROPI SOMMA É EMPRESÁRIO, MEMBRO DA ABRAMACO E PRESIDENTE DO GRUPO CAVEMAC. GIUSEPPE@CAVEMAC.COM.BR

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ESTA ‘MERDA’ POLÍTICA QUE ATÉ HOJE ARRUINOU NOSSO PAÍS DEVE SERVIR DE ADUBO PARA NELA PLANTARMOS E COLHERMOS UM NOVO E TÃO SONHADO BRASIL.”




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