Revista Costura Perfeita Edição Ano XVII n°88 Novembro/Dezembro 2015

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ÍNDICE

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EDIÇÃO 88

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NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015

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ANO XVII

www.costuraperfeita.com.br

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Seções 8 – Editorial 10 – Cartas 22 – Lançamentos 54 – Serigrafia 62 – Meio Ambiente 79 – Cultura: Masp exibe coleção de moda da Rhodia 80 – Curtas

90 – Couro e Cia. 98 – Atualidades 100 – Caderno Têxtil – Novidades Têxteis 104 – Cursos 107 – Agenda 111 – Classificados 112 – Endereços

Colunas 12 – Oferta e Demanda 14 – Qualificação: Onde começa a qualidade 20 – Tributos: A “reoneração” da folha de pagamento para a indústria têxtil e de confecção 34 – Empreendedorismo Sebrae 48 – Em Pauta: Como flexibilizar a folha de pagamento em tempos de crise 52 – Gestão: A evolução dos meios de vendas e o empoderamento do consumidor 64 – Dentro da Lei: Crise financeira e armadilhas jurídicas no setor da moda 78 – Produção: Eficiência: uma alternativa de baixo custo 106 – Caderno Senai: A evolução do jeans e sua estratégia para permanecer no mercado 108 – Costura Social: Bordando a vida com arte e solidariedade 113 – Ponto de Vista: Uma Constituição doente mantém o país doente

CAPA: Backstage do desfile de Mabel Magalhães no Minas Trend Preview – Inverno 2016. Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite/ Divulgação Arte: Arte Mais Comunicação

Matérias 16 – Negócios: Bendita Crise 24 – Mercado: Modelagem: um dos principais pilares das confecções 36 – Fique Sabendo: Tecnoblu e facções parceiras conquistam o selo ABVTEX 38 – Especial: Mantendo o otimismo com os pés no chão 46 – Fique por Dentro: Sebrae-SP amplia atuação na zona oeste da capital 56 – Feiras: Who’s Next + Première Classe, Gotex Show 2015, Íntimi Expo 60 – Dicas e Economia: Corte afiado 66 – Eventos: Modacamp, Minas Trend Preview – Inverno 2016, SPFW – Inverno 2016, Casa de Criadores – Inverno 2016 84 – Comércio Exterior: Perú Moda São Paulo, agende-se: a Colombiatex 2016 está aí 94 – Tecnologia: Sistema Moda-01 Express 102 – Tendências: Varejo: inovação, criatividade e tendências na construção da anatomia do vestuário

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Diretor-presidente: Giuseppe Tropi Somma Editora e Jornalista Responsável: Silvia Boriello (MTB 41.139) Repórter: Roselaine Araujo (MTB 38.256) Diagramação: Arte Mais Comunicação e Editoração Ltda. Revisão: Kiel Pimenta Colaboradores: Alessandra Rustarz, Alexandre Gaiofato de Souza, Alexandre Sakamoto, Cibele de Barros, Claudia Valéria da Silva, Edson Jaccoud, Fábio Romito, Henriete Mirrione, Marcelo V. Prado, Marina Melz, Marta Sales, Ricardo Martorelli, Ricardo Santos, Vera Grigolli Publicidade: Valdir Porto Ribeiro – comercial1@costuraperfeita.com.br Assinaturas: assinatura@costuraperfeita.com.br Impressão: Prol Gráfica Distribuição Nacional Costura Perfeita é uma publicação bimestral da Cavemac – Rua Newton Prado, 333 – Bom Retiro – São Paulo (SP) – CEP: 01127-000 Telefone: (11) 2171-9200 Costura Perfeita – Redação: Telefone: (11) 2171-9252 / 2171-9263 – redacao@costuraperfeita.com.br

A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. É proibida qualquer forma de reprodução das matérias, fotos ou ilustrações desta publicação sem a prévia autorização da editora.



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POR SILVIA BORIELLO

A força de uma atitude positiva

Foto: Alexandre Sakamoto

Editorial

Chegamos ao final de 2015, um ano que não foi fácil para nenhum brasileiro, convenhamos. Já estamos todos cansados de saber das patacoadas “lá de cima”, a cada dia aparece uma nova, mais absurda que a outra. Enquanto isso, nós, “a parte de baixo”, engolimos em seco (que ironia, não?) esse bolo encruado de atitudes errôneas de nossos (des)governantes, mas assim, sem tempo mesmo de digerir um pedaço, e lá vem outro novamente. O que podemos fazer? Temos o poder de escolha: acabar com essa festa estranha (seria muita loucura o Brasil parar, greve geral mesmo?) ou sair de fininho, procurando alternativas para se desvencilhar dessa gente esquisita, que banca tudo com nosso dinheiro e ainda ri de e na nossa cara? Pois eu acredito na força de uma atitude positiva, que se espalha e fortalece quem também acredita. É outro tipo de força. Seria o bem contra o mal? Sim, simplificando, até seria. Mas o que quero dizer é que o que nos incomoda nos leva a mudar, tomar uma atitude para que a situação se transforme em algo melhor. Não é achar que está tudo bem, um mar de rosas, alienar-se do que acontece ao seu redor, mas sim ter uma forma positiva de enfrentar tudo isso para tornar a crise mais branda e fazer com que ela desapareça mais rápido. Nesta edição de Costura Perfeita, a última do ano, queremos reforçar esse sentimento junto aos nossos leitores, promover essa troca de experiências, um apoio mútuo entre o que o setor de confecção precisa e as ferramentas de informação que podemos oferecer para que saiamos juntos, firmes e fortalecidos dessa batalha. Aliás, por falar em batalha, a capa desta edição, além de trazer uma imagem forte de moda, com um dos looks de Mabel Magalhães desfilados no Minas Trend Preview – Inverno 2016, nos remete também à força das mulheres com câncer de mama durante o Outubro Rosa. Na verdade, é um tema que devemos lembrar sempre, todos os dias. Fica aqui nossa singela homenagem a essas guerreiras que fazem o dia a dia das confecções brasileiras. Desejo força e otimismo para enfrentarmos 2016, que está batendo à porta!

SILVIA BORIELLO É EDITORA DA REVISTA COSTURA PERFEITA editora@costuraperfeita.com.br

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DESEJO FORÇA E OTIMISMO PARA ENFRENTARMOS 2016, QUE ESTÁ BATENDO À PORTA!”



Cartas

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DA REDAÇÃO

ADMIRÁVEL ESCLARECIMENTO Giuseppe, Admiro profundamente o senhor. Poucas pessoas são dedicadas, trabalhadoras, honestas e ainda dedicam seu tempo a ajudar o próximo. Seus artigos nos auxiliam e esclarecem muitos assuntos. Sou um pequeno empresário sobrevivente porque consegui tocar a empresa fundada por meus pais em 1963. Nascido em Buenos Aires, detestava a São Paulo daqueles tempos. Com o tempo, melhorou muito até que começou a estragar. Hoje, tenho saudades de meio século atrás. Não falo de política interna nacional por ética, mas opino sobre economia, já que também sou contribuinte. Aprendi muito com o saudoso ministro da Fazenda Mario Henrique Simonsen. Ele dizia: “Quando você não entende uma conta é porque o roubaram”. Não entendo as contas dos impostos que pagamos. Cortaram verba até das creches das crianças, mas nada de deixar de pagar juros. Por que pagamos juros tão altos, se no exterior eles são de 4,25%? O Estado administra o dinheiro dos impostos. Ou seja, quando os contribuintes recebem algo, aquilo já foi pago. Se o contribuinte não recebe boa educação, nem hospitais decentes e segurança nas ruas é porque está sendo roubado. E se, por causa da péssima administração, ainda precisamos pagar por saúde, educação e segurança privada é porque somos triplamente roubados! Deveríamos verificar o sistema dos países decentes, como a Escandinávia, por exemplo. Lá, eles cobram impostos, mas devolvem serviços de Primeiro Mundo. E isso não é socialismo, é apenas uma boa administração. Que Deus nos ajude! Oscar Armando Baldoni – Ind. e Com. de Bonecas Baldoni São Paulo – SP

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Giuseppe, Em 2011, li um artigo seu que cheguei a distribuir a meus funcionários. Na época, achava que o PT iria ferrar o Brasil. Agora, o que era dúvida virou realidade. Parabéns por sua visão de profeta. João Baptista Filho – Fundição Tiger Primeiro de Maio – Paraná Giuseppe, Excelente seu texto publicado na edição nº 87, intitulado “O Brasil num beco sem saída”. Parabéns por seus artigos! Paulo Vigna – Vigna Advogados Associados São Paulo – SP

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Equipe, Parabéns pela edição de aniversário, meninas. Mais uma vez, muito obrigada pela parceria de sempre! www.facebook.com/costura.perfeita.1 Isabela Keiko, assessora da Who’s Next & Première Classe A edição 87 está muito boa. Parabéns a todos. Larissa do Amaral Por e-mail

twitter.com/costuraperfeita

ERRATA Silvia Boriello editora@costuraperfeita.com.br Na edição 87 (set.-out.) da revista Costura Perfeita, na seção Gestão, pág. 95, o trecho correto é: “Com 30 pessoas transmitindo experiências desagradáveis a 25 pessoas em apenas um dia, você terá 750 pessoas ouvindo alguém falar mal de sua empresa mensalmente. Multiplicando por 12 meses, terá 9 mil pessoas nessa situação em um Roselaine Araujo ano. Será que você tem 9 mil clientes?”. redacao@costuraperfeita.com.br



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POR MARCELO V. PRADO

Meio bilhão de peças do vestuário poderá vir a ser nacionalizado O varejo e as indústrias brasileiras de vestuário vivem um

recém-editado pelo Iemi, as importações de roupas deverão

momento difícil no Brasil, com a retração do consumo interno

superar a casa dos 900 milhões de peças em 2015. Esse

provocada pela atual recessão econômica, o que tem tirado o

mesmo estudo prevê que, já no ano que vem, poderemos assis-

sono de muitos de nossos empresários, temerosos com a

tir à nacionalização de algo entre 350 e 400 milhões de peças,

continuidade dessa situação e com um eventual agravamento

que passariam a ser confeccionadas pelas indústrias locais.

dela em 2016. Nossas estimativas para o mercado em 2015 retratam bem esse quadro, com previsões de queda na produção de 5% em

Em dois anos, mantidos os patamares atuais do dólar, a substituição das importações de produtos de vestuário poderá superar a casa de meio bilhão de peças.

peças, no acumulado do ano, e de 4% nas vendas do varejo. Em

Para ter uma ideia do tamanho do impacto desse possível

valores nominais (R$), sem descontar a inflação, de quase 10%

movimento sobre a produção nacional, os níveis de produção de

este ano, os indicadores apontam para um crescimento das

roupas no país poderiam vir a ser elevados em cerca de 7% já

receitas de apenas 0,8% na produção e de pífio 0,3% no varejo.

no ano que vem, recuperando com certa folga o que está sendo

Ou seja, corrigidas, as receitas apontam quedas pouco

perdido neste ano – lembrando que nesse cenário não está

superiores a 9% em 2015.

computado o acréscimo que poderia vir a ser gerado pela

Com um desempenho tão negativo, alguns podem pensar

retomada paulatina das exportações.

que o mercado interno “desapareceu”, mas devemos lembrar

Os benefícios não devem parar por aí. Mesmo com a

que, caso essas projeções se concretizem, os brasileiros terão

expectativa de um consumo fraco no ano que vem, o

consumido ao final deste ano algo em torno de 6,4 bilhões de

reaquecimento da produção se estenderá também para os

peças e R$ 184 bilhões apenas em artigos de vestuário no

demais elos da cadeia têxtil nacional, aí incluídas as indústrias de

varejo nacional.

fios, tecidos e aviamentos. Estas ganharão não só com a

Para 2016, porém, o panorama poderá ser diferente, uma

redução das importações de roupas e o consequente aumento

vez que apresenta uma variável muito importante, que é a

da demanda interna por seus produtos, mas também com a

desvalorização do real frente ao dólar. Com um dólar próximo a

redução das importações de produtos concorrentes (fios,

R$ 4,00, muitos fabricantes de moda estão fazendo contas e já

tecidos e malhas).

sonhando com a possibilidade de recuperar parte dos volumes

Nesse esperado ciclo virtuoso para a indústria nacional, a

que costumavam ser exportados no passado, movimento que

ser impulsionado pela valorização do dólar americano,

poderia por si só acrescentar à nossa produção entre 150 e 170

algumas questões ainda precisam ser consideradas. Por

milhões de peças anuais, a serem obtidas junto a clientes no

exemplo, o fato de que as oportunidades a serem geradas

exterior, dentro de um prazo de dois a três anos.

pela nacionalização dos importados não beneficiará a todos os

Bem mais expressivo que o possível crescimento das

produtores da mesma forma, já que os produtos a serem

exportações brasileiras e, provavelmente, em um prazo ainda

substituídos, em grande parte, carregam uma qualidade média

mais curto, poderá ocorrer com a transferência para

elevada e demandam boa dose de tecnologia em seus

fornecedores locais de uma parte relevante das roupas

processos produtivos, além de contarem com muitas ma-

adquiridas atualmente no exterior.

térias-primas e componentes diferenciados, que têm pouca

De acordo com o Estudo dos Canais de Varejo do Vestuário,

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Foto: Divulgação

Oferta e Demanda

oferta no mercado nacional.


Ou seja, para se beneficiar do principal fator de retomada da produção em 2016, as indústrias nacionais serão desafiadas a elevar seus padrões de competição, o que será um prêmio merecido para as que já tiverem feito a lição de casa e estiverem mais bem estruturadas. Boa sorte e até a próxima!

INDICADORES SETORIAIS G

A produção de vestuário teve aumento de 5,6% em agosto, quando comparada

à do mês anterior. O setor se destaca quando comparado com a indústria de transformação, que registrou alta de 1,7% no mesmo período. No acumulado do ano (jan.-ago.), segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE, o índice registrou queda acentuada de 9,6% no volume físico produzido. G

O índice de vendas no varejo (volume) de vestuário acumula retração de 6,6%

no ano. O setor pode se beneficiar com a proximidade das demandas de fim de ano. Apesar do leve crescimento das importações, de 3%, e do aumento da taxa cambial (R$/US$ 3,41 para 2015), a expectativa é que o valor dessas importações se reduza significativamente, beneficiando a indústria brasileira. Essas importações somaram US$ 1,94 bilhão no ano e serão insuficientes para atender os estoques do setor. G

As exportações brasileiras de vestuário alcançaram US$ 92 milhões até

setembro deste ano, com retração de 11,9% em relação ao mesmo período de 2014, apesar da elevação recente do câmbio, dando claras demonstrações de que uma recuperação nesse indicador demandará tempo e muito trabalho para gerar os frutos desejados. G

Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo cresceram 0,50% no mês de

setembro de 2015, mas ainda assim acumulam alta de 3,74% em relação a setembro de 2014.

CONJUNTURA DO SETOR DE VESTUÁRIO NO BRASIL 1. Produção, emprego, preços (%)

No mês

No ano

Últimos 2 meses

Produção física em volumes (agosto 2015)

5,6%

-9,6%

-7,4%

Vendas no varejo em volumes (agosto 2015)

-7,1%

-6,6%

-4,3%

-6,9%

-3,4%

-0,9%

0,50%

1,83%

3,74%

Jan.-set. 2014

Jan.-set. 2015

Variação(2)

Vendas no varejo em valores (agosto 2015) (1)

Preços ao consumidor (setembro 2015) IBGE 2. Comércio exterior (US$ 1.000) Exportação (setembro 2015)

104.370

91.971

-11,9%

Importação (setembro 2015)

1.965.156

1.939.124

-1,3%

Saldo (exportação – importação) (setembro 2015)

-1.860.786

-1.847.153

-0,7%

Fontes: IBGE/Secex – Elaboração Iemi. Notas: (1) IPCA – Índice de preços ao consumidor amplo da cesta de produtos de vestuário – Brasil. (2) Variação de janeiro a setembro de 2015 contra janeiro a setembro de 2014.

MARCELO V. PRADO É SÓCIO-DIRETOR DO INTELIGÊNCIA DE MERCADO (IEMI) E MEMBRO DO COMITÊ TÊXTIL DA FIESP. COLUNA.CP@IEMI.COM.BR


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POR FÁBIO ROMITO E RICARDO SANTOS

Onde começa a qualidade

Fotos: Arquivo pessoal

Qualificação

Recentemente encontrei um grande amigo dos tempos de curso

material para terminar de produzir um pedido, prorrogando o prazo

técnico e na conversa ele se mostrou interessado em contar um

de entrega, ou seja, fazendo a empresa transparecer uma

pouco de sua experiência na área de qualidade e assistência

desorganização.

técnica de tecidos. Prontamente sugeri que escrevêssemos um artigo juntos. Este é o primeiro resultado dessa parceria.

Outro item a ser levado em consideração é a solidez de cor do produto que está sendo comprado. É importante conhecer a nota

Em tempos atuais, onde o mercado não conta com a mesma

de solidez do produto (resistência da cor quanto à não migração

“simpatia” de antes, onde a margem de lucro anda quase de mãos

da coloração e à sua alteração). Podem ocorrer problemas muito

dadas com o custo final do produto, vivemos literalmente tempos

grandes relacionados à solidez de cor, principalmente com o

de sobrevivência e de poucos investimentos. No entanto, a

usuário final do produto. Outro fator muito importante podem ser

qualidade não acompanha essa tendência. Pelo contrário, tem

as porcentagens de alongamento, particularmente para o

sido cada vez mais esperada e exigida em qualquer operação.

mercado fitness.

Quando falamos em qualidade, estamos envolvendo não

Quando compramos matéria-prima, imaginamos que será

apenas o produto, mas também os serviços prestados junto a ele

entregue 100% dentro dos padrões habituais de qualidade e que

e até mesmo os prazos de entrega. Muitas vezes presenciamos

vai suprir todas as nossas necessidades. No entanto, diversos

confeccionistas reféns desses prazos. As grandes marcas

problemas podem comprometer totalmente o projeto em

costumam cumprir os prazos de forma eficaz. Mas as empresas

andamento. Por isso é sempre importante tratar em detalhes o que

menores sofrem com os atrasos, podendo até ter seus pedidos

está sendo comprado junto aos fornecedores e todos os

cancelados pelos clientes porque tiveram problemas em sua

parâmetros que possam comprometer a produção e a qualidade

planta fabril e não conseguiram realizar as entregas dentro do

final do produto. Ter controle sobre a qualidade da matéria-prima

prazo, ou mesmo na quantidade necessária.

pode ajudar nos processos posteriores e, principalmente, ser

Muito disso se deve à qualidade global de sua matéria-prima. Aqui cabe perguntar: você recebeu o que comprou? E o que

determinante para respeitar os prazos e a qualidade final do produto. Pense nisso!

você comprou? No momento da compra devem ser definidas as especificações e os parâmetros referentes à matéria-prima, entre eles os índices aceitáveis de defeitos, encolhimento, largura etc. O confeccionista precisa conhecer os limites de seu produto em relação à matéria-prima utilizada – o que é possível em termos

FÁBIO ROMITO É TÉCNICO TÊXTIL, ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. ATUA NO MERCADO DE CONFECÇÃO HÁ MAIS DE 25 ANOS, SENDO QUASE 20 DEDICADOS A CONSULTORIA E TREINAMENTO EM EMPRESAS DE VESTUÁRIO. É PROFESSOR UNIVERSITÁRIO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO NAS ÁREAS DE MODA E ADMINISTRAÇÃO. ROMITOFABIO@GMAIL.COM

de produção e cumprimento de prazos. É de suma importância, também, a checagem da qualidade da matéria-prima recebida, para que se possa obter um bom produto. Vale lembrar que problemas como encolhimento acima do combinado ou largura

e gramatura fora do especificado

podem impactar o custo final e às vezes até ocasionar falta de

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RICARDO SANTOS É TÉCNICO TÊXTIL FORMADO EM 1986 E, DESDE ENTÃO, VEM TRABALHANDO EM GRANDES EMPRESAS VERTICALIZADAS COM PERFIL VOLTADO A TREINAR E LIDERAR EQUIPES DE QUALIDADE E PRODUTO, SEMPRE DANDO ÊNFASE NA INTERFACE ENTRE ÁREA COMERCIAL E INDUSTRIAL E PRINCIPALMENTE BUSCANDO A SATISFAÇÃO DO CLIENTE, AO MENOR CUSTO OPERACIONAL FABRIL. RICARDOBOCCA@ICLOUD.COM



Negócios

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COLEÇÃO VERÃO 2016

POR ROSELAINE ARAUJO

DA

Foto: Digulgação

LANÇA PERFUME.

O PODER DE COMPRA DAS CLASSES MAIS ALTAS MARCAS DE LUXO ENXERGAM NA CRISE ECONÔMICA NOVAS OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO E CONSEGUEM CRESCER A DESPEITO DO CHORORÔ NA INDÚSTRIA Não existe assunto mais recorrente hoje do que a crise econômica e política. É incontestável. No entanto, existem empresas que conseguem crescer e ficar ainda mais ativas, apesar desse cenário. Como? Elas optaram por desenvolver produtos mais elaborados, ou seja, com alto valor agregado, além, é claro, de investir também em serviços, cuja qualidade surpreende qualquer cliente. “Em tempos de crise, em geral, a demanda tende a ser menor que a oferta. Assim, para qualquer marcar crescer acima do mercado, ela precisa ser escolhida em detrimento de algum concorrente. Ou seja, ou você tem algo que ninguém tem (inovação) ou o que você oferece (produto, serviço, experiência de compra, entre outros fatores) precisa superar o que os concorrentes oferecem (diferenciação). Em outras palavras, sua capacidade de

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encantar o cliente precisa ser determinante na preferência pelo seu produto”, explica Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi). Figura tarimbada dentro da indústria da moda e especialista em mercado de luxo, o consultor e empresário Carlos Ferreirinha, da MCF Consultoria, avalia a situação atual. “O valor agregado gera preferência. A crise econômica é um momento de cautela no consumo, o que leva a decisões de compra mais racionais e menos impulsivas. As pessoas preferem a diferenciação ao volume, ou o que é básico. A compra certa é aquela que garante ao menos uma satisfação a mais. Podemos citar vários exemplos. Na moda, a estilista Martha Medeiros ganhou o público porque valoriza o artesanato brasileiro de uma forma ímpar e luxuosa. No setor calça-


Fotos: Divulgação

dista, a Melissa trouxe as coleções assinadas e a Havaianas ofereceu diversas estampas em edições limitadas”, lembra Ferreirinha. Se ser original é premissa de sobrevivência dentro de um setor em crise e tão competitivo, como tornar isso realidade? CARLOS FERREIRINHA, CONSULTOR DA MCF. Ferreirinha dá as dicas: “Primeiro, é necessário possuir excelência naquilo que deveria ser básico. Depois, perguntar-se: ‘Estou alinhado ao que de muito bom existe no mercado?’. O empresário precisa garantir que sua marca, seu produto ou serviço esteja no mínimo naquele patamar que o consumidor já tem como referência. A partir daí, tudo que for adicionado como diferenciação será considerado valor agregado”, orienta. Segundo ele, a crise exige superação, criatividade e, acima de tudo, inovação. “A maior parte das empresas não consegue isso, mas existem algumas que decidem, exatamente num momento como esse, despertar no consumidor o interesse do novo para justamente se diferenciarem”, completa o consultor.

MARCAS INOVADORAS VENDEM MAIS ATÉ NA CRISE Considerado um dos principais estilistas brasileiros e a maior referência nacional em moda masculina, Ricardo Almeida conta que sua marca já nasceu de forma inovadora. “Comecei meu negócio há 32 anos. Nos anos 70, buscava patrocínio para ser piloto de motovelocidade quando consegui emprego numa confecção. Trabalhei para outras empresas até perceber que havia uma carência no mercado. Sabia que, se apostasse em peças com inovação no design e na matéria-prima, conseguiria êxito nas vendas. Abri meu negócio e comecei a investir nisso. No meio do caminho, percebi que todo mundo focava em moda feminina. Para me destacar, decidi fazer

moda masculina porque seria um caminho com menos concorrência. Deu certo”, relembra o estilista. E como deu! O estilista abriu sua primeira loja em 1990, já oferecendo vestuário masculino de luxo. Em 1996, Ricardo integrou a primeira edição do Morumbi Fashion, que depois virou a São Paulo Fashion Week. Fez inúmeros desfiles na SPFW e hoje suas roupas são vendidas no mundo inteiro. A alfaiataria da grife continua a ser o carrochefe. “Apostamos forte na qualidade dos produtos. Corte, modelagem, costura e matéria-prima impecáveis compõem o diferencial que entregamos ao cliente. Nosso plano agora é aumentar as vendas de peças casuais, já que elas ampliam as possibilidades de negócio. A crise impacta em todo o mercado, mas aproveitamos esse momento para expandir. Nossas próximas apostas são as novas lojas que serão inauguradas e um novo espaço fabril com mais maquinário para ampliarmos a produção. Enxergamos a crise também como um momento de oportunidade”, enfatiza Ricardo Almeida. Às vezes o valor agregado representa um estilo de vida. Essa é uma característica marcante da grife carioca de moda praia Lenny Niemeyer. A marca, que nasceu há 30 anos, já exibiu seus artigos de beachwear nas principais semanas de moda do Rio de Janeiro e de São Paulo. Esse lugar de prestígio foi conquistado com muita dedicação e, é claro, com um olhar atento às necessidades dos clientes. “Há 30 anos, fornecia biquínis para algumas marcas femininas. Num determinado momento de crise nacional, tive a oportunidade de alugar uma loja para escoar o estoque que ficaria parado devido a muitos cancelamentos de pedidos. Começamos assim. Era um período de crise como o atual, mas foi nossa oportunidade”, revela Lenny Niemeyer, presidente da marca. O lifestyle carioca é inegavelmente o diferencial das peças criadas pela estilista, que produz, além de biquínis e maiôs, moda pós-praia, com roupas, bolsas e COLEÇÃO RICARDO ALMEIDA.

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Negócios Foto: Divulgação

COLEÇÃO

DE VERÃO DA

LENNY NIEMEYER.

sapatos. “Nosso maior valor agregado é a própria identidade da Lenny no mercado. É o nosso maior trunfo. A construção da imagem foi muito bem-feita porque está sustentada na qualidade e inovação das peças. Foi assim que conseguimos nos manter como referência de moda praia sofisticada não só aqui no Brasil, como também no mercado internacional”, declara a presidente da grife. Hoje, a Lenny tem 19 lojas próprias espalhadas por diversas cidades brasileiras, além de estar presente em mais 180 multimarcas por todo o Brasil. A grife também exporta seus artigos para diversos países, como Estados Unidos, Inglaterra, França, Portugal e Dubai. O grupo La Moda, detentor da marca Lança Perfume, é outro case de sucesso que passa praticamente ileso pelas turbulências econômicas. Os fundadores do grupo desejavam desenvolver uma plataforma de identidade dentro da moda. Depois de investir cerca de 20 anos no segmento infantil, a direção da empresa girou a bússola e criou a marca feminina Lança Perfume em 1986. Mudar o

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norte dos negócios funcionou. Hoje, o volume anual de produção da Lança Perfume supera a casa de 1 milhão de peças, considerando as vendas no Brasil, no exterior e no mercado online. “Para nós, valor agregado significa entregar ao cliente algo que realmente faça a diferença. Isso pode ser desde uma modelagem especial ou uma atitude que o cliente precisa expressar. Nossa especialidade, com a Lança Perfume, foi mostrar um lifestyle de exuberância, glamour e sensualidade. Nosso público são as mulheres que se identificam com esse conceito. Modelagens, estampas, aviamentos, enfim, todas essas dimensões dialogam com o universo existente entre a marca e suas consumidoras”, descreve Giancarlo Bedin, diretor de marketing e vendas da grife. Cerca de 2 mil lojas multimarcas revendem atualmente artigos da Lança Perfume, que pouco se abalou com a crise. “É natural que a crise econômica traga impactos. Entretanto, mesmo diante da retração econômica de 2015, o La Moda deverá encerrar o ano com um crescimento de 10%, se comparado ao ano passado”, afirma o diretor de marketing. Para evitar que o panorama atual afete a empresa, o grupo La Moda conta o que faz. Segundo a direção da companhia, eles investem regularmente em otimização de processos e custos, ampliam ações de formação da marca, expandem o número de lojas próprias e, por fim, reforçam as exportações. De acordo com Bedin, o momento atual é apenas um período de transformação. “Do ponto de vista da gestão, crise representa mudança. Nossa preocupação é fazer escolhas estratégicas que permitam ao La Moda aproveitar as oportunidades que a crise traz. Sabemos que a indústria de moda nacional já está bastante descolada com esse assunto. Afinal, desde os anos 80 o setor passa por inúmeros processos de mudança. Nos últimos 25 anos, a moda brasileira mostrou uma capacidade nova de atuação por meio da gestão de marcas. Isso traz grandes desafios, pois as gerações que sucedem têm valores distintos. Em virtude disso, as marcas respondem conforme a época e a cultura que vivem. Algumas crescem e outras encolhem. Por outro lado, essa característica traz grandes oportunidades porque a diversidade torna qualquer território rico. Se esse for o efeito da crise, bendita crise!”, sentencia Bedin.



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POR RICARDO MARTORELLI

A “reoneração” da folha de pagamento para a indústria têxtil e de confecção Em um momento de instabilidade econômica, o empresário do setor têxtil e de confecção começa a se preparar para a “reoneração” da folha de pagamento. Publicada no dia 31/8/2015, a lei 13.161/2015 estabeleceu o aumento da alíquota de Contribuição Previdenciária de 1% para 2,5% do faturamento bruto mensal. Antes da criação da desoneração, em 2011, a Contribuição Previdenciária era calculada apenas aplicando-se 20% sobre o valor total da folha de pagamento. Com a desoneração da folha de pagamento, a Contribuição Previdenciária passou para 1,5% e, posteriormente, foi reduzida para 1% do faturamento bruto mensal da empresa, fato muito comemorado pelas empresas do setor, afinal, em meses com faturamento abaixo do esperado, a contribuição não sobrecarregaria o caixa, além de ser positiva para a manutenção e geração de novos empregos. Com a necessidade do governo de aplicar medidas de ajuste fiscal para cobrir o déficit orçamentário e equilibrar as contas da Previdência Social, a “reoneração” da folha de pagamento veio para, novamente, punir o empresário. A alíquota da desoneração para o setor foi majorada para 2,5%, ou seja, aumento de 150%. Contudo, essa medida poderá ser traiçoeira para o próprio governo, pois a majoração da alíquota aumentará os custos da empresa, fato que poderá acarretar demissões, contribuir para o crescimento do trabalho informal e para o aumento de preços, fazendo com que a inflação e o desemprego cresçam ainda mais e o consumo diminua. Com a queda do consumo, o faturamento será menor e, consequentemente, a Contribuição Previdenciária arrecadada pelo governo também. Entidades do setor se esforçaram e pleitearam uma

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Foto: Arquivo pessoal

Tributos

alíquota especial de 1,5%. No entanto, o governo vetou, com o argumento de que tal medida traria prejuízos sociais e seria contrária à lógica do projeto de lei: equilibrar as contas da Previdência Social. Com a nova alíquota de 2,5%, a desoneração da folha de pagamento será benéfica nos casos em que ela for maior do que 12,5% do faturamento bruto mensal, enquanto anteriormente a desoneração era a melhor opção a partir de 5%. Neste momento, é muito importante que a empresa refaça seu planejamento financeiro, projetando o fluxo de caixa com a nova alíquota de Contribuição Previdenciária. Quanto mais preparada para a “reoneração”, melhor será sua adaptação e menores serão as surpresas. Empresas optantes pelo Simples Nacional não precisam se preocupar, pois a legislação da desoneração não é aplicada para esse tipo de empresa. RICARDO MARTORELLI É BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS COM ÊNFASE EM FINANÇAS E EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS PELA FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO (FECAP) E SÓCIO/CONSULTOR DA HOPEN CONSULTORIA E ASSESSORIA. RICARDO@HOPEN.COM.BR

Novo cronograma – Bloco K Por meio do ajuste Sinief nº 08/2015, foram alteradas as datas de obrigatoriedade do bloco K: – 1º de janeiro de 2016: para os estabelecimentos industriais classificados nas divisões 10 a 32 da CNAE pertencentes a empresas com faturamento anual igual ou superior a R$ 300.000.000,00; para os estabelecimentos industriais de empresa habilitada ao Recof ou a outro regime alternativo a ele; – 1º de janeiro de 2017: para os estabelecimentos industriais classificados nas divisões 10 a 32 da CNAE pertencentes a empresas com faturamento anual igual ou superior a R$ 78.000.000,00; – 1º de janeiro de 2018: para os demais estabelecimentos industriais, os estabelecimentos atacadistas classificados nos grupos 462 a 469 da CNAE e os estabelecimentos equiparados a indústrias.



Lançamentos À PROVA DE TEMPESTADES

Fotos: Divulgação

Empresas que trabalham com a confecção de velas de barco e outros acessórios do mercado náutico sabem que uma costura mais que reforçada é sinônimo de segurança. Para isso, a Andrade Máquinas lançou a máquina Japsew J 366-76-12P, uma zigue-zague de 1 agulha e com catraca, para tecidos superpesados como couro, lona, sintéticos, com costura forte o bastante para aguentar qualquer tempestade. Devido à sua ampla área de trabalho no cabeçote, é ideal para a confecção de peças grandes, como as velas. Outro detalhe: todas as máquinas da Andrade seguem a NR-12, norma que regulamenta a segurança no trabalho.

BOLSOS COM ÓTIMO CUSTO-BENEFÍCIO Adquirir maquinário com ótimo custo-benefício é bom em qualquer momento, especialmente o da economia atual. Pensando nesse quesito, a Mega Máquinas trouxe ao mercado a JAM JT862, uma máquina de pregar bolso com sistema de dobra a frio, velocidade de até 3.500 rpm e rendimento médio de 250 bolsos por hora. O resultado é o aumento da produtividade com um menor quadro de operadores, o que reduz significativamente o custo da peça na linha de produção e padroniza a costura.

JORIK LANÇA ETIQUETA RUBBER Toque macio e relevo emborrachado de 0,7 cm. Essa é a Rubber, nova etiqueta lançada pela Jorik, que pode ser aplicada em qualquer base de tecido – com ou sem elastano – e se estica conforme o tecido se expande. É resistente à lavagem, mas não aceita passadoria a ferro. Disponível nas cores branco, preto e prata.

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LEITURA FASHION Fotos: Divulgação

Alexandre Herchcovitch 1:1: em uma biografia de seus 20 anos de carreira, Alexandre Herchcovitch reuniu entrevistas exclusivas e inéditas feitas por jornalistas e personalidades do mundo da moda escolhidos a dedo. No livro, o estilista fala sobre seus métodos de criação, a rotina da confecção, as constantes obsessões que envolvem seu universo criativo e as mudanças pelas quais passou desde sua estreia, numa fase underground, até a consolidação de sua carreira como um dos principais nomes da moda brasileira, nacional e internacionalmente, tudo ricamente ilustrado com fotos que marcaram esse período e um ensaio inédito com Bob Wolfenson. A obra ainda traz comentários de Álvaro Machado e textos de Charles Cosac e Fernanda Young. Editora: Cosac Naify, www.editora.cosacnaify.com.br. Gisele: considerada a supermodel de maior sucesso no mundo, a nossa, sim, nossa Gisele Bündchen comemora seus 20 anos de carreira (ela também!) com um megalivro de edição limitada, para colecionadores, reunindo uma coleção única de mais de 300 fotos de ensaios pessoais e imagens icônicas de sua trajetória até agora. Lançada ao olimpo da moda internacional aos 18 anos, quando, num desfile da coleção Primavera-Verão 1998 do estilista britânico Alexander McQueen, foi batizada por ele de “the body”, por sua capacidade de desfilar em saltos altíssimos sobre uma passarela molhada, Gisele não parou mais sua ascensão, tornando-se o fenômeno que conhecemos hoje. A curadoria de arte foi feita por Giovanni Bianco e a imagem escolhida para a capa foi a de Irving Penn em que aparece totalmente nua. Mas claro que fotos de Mario Testino, Steven Meisel, David LaChapelle, Juergen Teller, Peter Lindbergh, Inez & Vinoodh, entre tantos outros importantes fotógrafos, não poderiam faltar. Com lançamento em novembro, o livro possui apenas mil cópias numeradas e assinadas pela própria, e outra edição de arte com cem cópias numeradas e uma imagem assinada por Juerger Teller. Gisele doará sua parte na renda do livro para caridade. Editora: Taschen, www.taschen.com. Colóquio de Moda: 10 Anos: durante a programação do 11º Colóquio de Moda, realizado entre 2 e 5 de setembro em Curitiba (PR), foi lançado o livro Colóquio de Moda: 10 Anos, que cumpre a tarefa de comemorar e, principalmente, documentar o maior evento científico de moda do país, reunindo conhecimento e troca de experiências de muitos professores, pesquisadores e estudantes que passaram por ele. Todo o material foi organizado por Kathia Castilho e Maria de Fátima Mattos. A publicação é uma parceria editorial entre a Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Moda (Abepem) e a editora Estação das Letras e Cores. www.estacaoletras.com.br.


Mercado

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POR SILVIA BORIELLO

Foto: Divulgação

MESA-REDONDA REALIZADA DURANTE O 1º ENCONTRO DE MODELAGEM LECTRA, EM BLUMENAU (SC). DA ESQ. PARA A DIR.: FABIANA SPACH, DA KYLY; DANIELA MARTINELLO, DO LA MODA; RAMAM PERES, DA DELIZ; LUARA PROENÇA, DA SHOULDER; A MEDIADORA SILVIA BORIELLO, EDITORA DA COSTURA PERFEITA; JONER FARIAS, DA LUNELLI; E FÁBIO MAFIOLETTI, DA MALWEE.

MODELAGEM: UM DOS PRINCIPAIS PILARES DAS CONFECÇÕES CAPAZ DE INFLUENCIAR NA PERFORMANCE COMERCIAL DA EMPRESA, A MODELAGEM VEM TRANSFORMANDO E GANHANDO DESTAQUE NA LOGÍSTICA DE PRODUÇÃO

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Ela pode não aparecer muito como as áreas de estilo e criação,

Marketing Industrial (Iemi), abordando o panorama do mercado;

mas já pensou o que seria da indústria de moda sem a

Daniella Ambrogi, gerente de marketing da Lectra, falando sobre

modelagem? Quem faria a ponte entre o desenho do papel e a

o futuro da indústria de confecção; Giselle Araújo, consultora de

máquina de costura, para transformá-lo numa roupa de verdade?

negócios da Lectra, abordando a relevância do produto no

Quem seria capaz de viabilizar a ideia do estilista, dizer o que dá ou

posicionamento de marca; Daniela Martinello, coordenadora de

não para fazer com determinado tipo de tecido, acabamento,

engenharia de produto do La Moda, apresentando o case da

como será seu caimento?

Lança Perfume; Ana Lúcia Niepceron, consultora de

Os questionamentos são muitos, mas o fato é que a

modelagem, falando sobre o processo de desenvolvimento de

modelagem é um dos pilares da confecção, tanto que virou

produto; José Ribeiro, especialista em modelagem da Lectra,

tema do 1º Encontro de Modelagem Lectra, promovido pela

que apresentou uma palestra sobre como tornar o processo de

empresa francesa no dia 19 de setembro no Senai Blumenau,

desenvolvimento mais eficiente; Julio Olivo, especialista em

em Santa Catarina.

modelagem, e Cristina Gonçalves, especialista em design,

O evento, que teve apoio do Senai Blumenau e da

ambos da Lectra, que promoveram o workshop sobre o

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit),

processo colaborativo entre criação e modelagem; e uma mesa-

reuniu mais de 200 profissionais interessados, pertencentes a

redonda sobre a importância da modelagem no processo

confecções de peso. Em sua programação, contou com a

industrial, mediada por Silvia Boriello, editora da Costura Perfeita,

presença de Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e

com a participação de Ramam Peres, coordenador de



Mercado Foto: Divulgação

atrair os clientes, mas é no provador, no caimento da roupa, que a mágica acontece e a compra é decidida. A discussão foi tão rica que acabou se desdobrando na tônica desta matéria. A IMPORTÂNCIA DA MODELAGEM NAS ENGRENAGENS DA PRODUÇÃO Da ideia às mãos do consumidor, uma roupa passa por diversas etapas, como criação, escolha dos tecidos, cores e acabamentos, modelagem, corte, costura, acabamento, passadoria, embalagem, estoque, distribuição, campanha de vendas, vitrine, enfim, um processo em que cada elo influencia no resultado do outro. Mas, se o cliente entra na loja, experimenta a peça, ou então faz uma compra online e quando vai vestir a roupa não tem um bom caimento, o que acontece? Ela volta. E, além do retrabalho e da devolução, sempre traz algum prejuízo financeiro, por menor que seja. A imagem da marca e a confiança do cliente ficam abaladas, fazendo-o pensar duas vezes antes de fechar uma próxima compra. SHOULDER:

CRIAÇÃO, MODELAGEM E PILOTAGEM SÃO O TRIPÉ DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

inúmeros encaixes, gradação de tamanhos para o público-alvo

modelagem da Deliz; Daniela Martinello, do La Moda; Joner

da marca, o que exige tempo e dedicação na produção, perde o

Maciel Farias, supervisor de modelagem do Grupo Lunelli; Fábio

timing de chegada às lojas para as vendas de Natal ou para uma

Mafioletti, responsável pela engenharia de produto do Grupo

exportação, por exemplo? E o impacto ambiental da quantidade

Malwee; Fabiana Spach, coordenadora de modelagem do

de resíduos de tecidos gerados na confecção por causa do mal

Grupo Kyly; e Luara Proença, gerente de estilo da Shoulder.

aproveitamento no corte?

Alguns pontos debatidos tiveram concordância unânime

Percebeu a influência da modelagem em tudo isso? Se não

entre os participantes da mesa-redonda, como a importância da

notou, é melhor começar a observar e dar maior atenção a essa

tecnologia no presente e no futuro da confecção, já que

área dentro de sua empresa.

proporciona inteligência, organização, agilidade, informação

Foto: Arquivo pessoal

“A área de modelagem, assim como

instantânea, conexão entre áreas, eliminação de fronteiras,

todas as demais que compõem a

encurtamento de processos e segurança. Mas, para isso, é

indústria de vestuário brasileira, teve

necessária uma mudança cultural dentro da empresa, em que

que se organizar, planejar e implantar

todos valorizem o trabalho em equipe e sua integração. Para

processos para se tornar competitiva.

eles, a modelagem é o coração da engenharia de produto, mas

Isso teve e tem de acontecer da

Foto: Divulgação

não pode ser vista isoladamente. A

pequena até a grande empresa. Hoje já

capacitação e atualização dos pro-

existe uma maior conscientização do

fissionais de modelagem foi outra questão de destaque: para os componentes

JONER FARIAS,

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Se uma coleção tem peças difíceis de executar, com

SUPERVISOR DE MODELAGEM DO GRUPO LUNELLI.

ANA LÚCIA NIEPCERON, MODELAGEM ATIVA.

DA

empresário sobre a importância do departamento

de

modelagem

no

da mesa, é preciso haver, além do

processo de desenvolvimento e produção de uma coleção. Essa

conhecimento do chão de fábrica, o

conscientização, seguida dos processos de organização e

aprimoramento contínuo, seja por meio

mudança, não acontece do dia pra noite, portanto podemos

da empresa onde trabalha, seja por

dizer que existem aqueles que já fizeram o que era preciso no

iniciativa própria. Também concordaram

sentido de se tornarem competitivos; aqueles que acordaram

que um bom design é importante para

agora e estão se organizando, ou pensando em iniciar esse processo; e os que relutam em aceitar a importância dessa


atitude, pois requer capacitar ou reciclar os profissionais de modelagem e áreas afins, o que implica investimento”, explica Ana Lúcia Niepceron, consultora em modelagem da empresa Modelagem Ativa, com mais de 30 anos de carreira na área, tendo trabalhado ativamente dentro de grandes confecções e ajudado na formação do ensino de modelagem nas primeiras faculdades de moda do país, como Santa Marcelina e Anhembi Morumbi. Atualmente, seu trabalho é focado na consultoria em desenvolvimento de produto com ênfase em modelagem e dá cursos e treinamentos personalizados in company, além de lecionar e ser coordenadora de pós-graduação no Instituto Orbitato, em Pomerode (SC). Foto: Divulgação

Para Fábio Mafioletti, responsável pela engenharia de produto do Grupo Malwee, a modelagem é fator determinante para o sucesso de uma coleção. Para ele, não bastam o melhor design e os melhores tecidos se a roupa não cai bem, ou seja, atrelada à qualidade de produção e acabamento das peças, a vestibilidade é fator determinante de sucesso, e isso só acontece com uma boa e criteriosa modelagem. “O consumidor está mais exigente. Acredito

FÁBIO MAFIOLETTI, RESPONSÁVEL PELA ENGENHARIA DE PRODUTO DO GRUPO MALWEE.

que, quando se consegue um equilíbrio nessa equação de boa modelagem, bom design e bons insumos, o cliente cria certa confiabilidade em nossos produtos, e essa é uma fidelização natural”, diz Fábio. Isso, para um grupo que produz mais de 80 milhões de peças ao ano para as marcas Malwee,

Scene,

Enfim,

Mercatto,

Wee!,

Malwee

Brasileirinhos, Liberta, Carinhoso, Zig Zig Zaa e Puket, é um diferencial e tanto, pois imagine o tamanho do prejuízo se uma fração de peças ficar encalhada ou for devolvida devido ao caimento? Ramam Peres, coordenador de modelagem da marca Deliz, endossa as palavras de Fábio e diz que, com o aumento na competitividade de mercado, cabe às empresas desenvolver cada vez mais atrativos para seus produtos. “O RAMAM PERES,

consumidor se realiza com uma peça que proporcione

COORDENADOR DE MODELAGEM DA DELIZ.

conforto e visual perfeito e, quando ele percebe esse cuidado no resultado final, é fidelizado”, comenta Ramam. A catarinense Deliz, especializada em malharia e jeanswear femi-

Foto: Divulgação

nino e masculino, produz hoje 1,5 milhão de peças ao ano. Na opinião de Daniela Martinello, coordenadora de engenharia de produto do Grupo La Moda, dono da grife Lança Perfume, o modelista é peça fundamental e agente ativa em todas as fases de construção da coleção, e o impacto da modelagem é sentido diretamente no resultado das vendas. “A peça, além de ter um design que encante, precisa ter o caimento perfeito para concretizar a compra, caso contrário, apenas a parte visual não sustenta a venda”,

DANIELA MARTINELLO,

diz. No caso da Lança Perfume, o desafio é um pouco maior,

COORDENADORA DE ENGENHARIA DE PRODUTO DO GRUPO LA MODA.

já que as peças são confeccionadas com tecidos mais


Mercado trabalhados, planos, ricos em detalhes, e seu público é bastante

importante essa integração para melhores entregas. A equipe de

exigente, assim como o da Shoulder, marca paulistana de moda

estilo é lúdica, enquanto a de engenharia é técnica. Acabamos

feminina. “Uma modelagem mais consistente faz com que a

sendo o equilíbrio entre o processo criativo e o produtivo, o que

marca tenha um padrão de vestibilidade e isso se reflete na

nem sempre é uma tarefa fácil. Infelizmente, nem sempre a

certeza do cliente sobre o que vai encontrar quando decidir

percepção entre as áreas é a mesma. A equipe de estilo é

comprar nossa roupa”, afirma Luara Proença, gerente de estilo da

movida pela emoção, pelo design, que muitas vezes não

grife, que lança novas coleções a cada 15 dias.

condizem com a viabilidade produtiva”, diz.

Foto: Divulgação

Fabiana Spach, da Kyly, lembra

Para Luara Proença, criação, modelagem e pilotagem são o

da

tripé da engenharia de produção. “Esses profissionais têm que estar

modelagem nos custos finais do

em completa sintonia para liberar produtos com apelo de moda e

produto e no faturamento da empresa.

viáveis de produzir. São três áreas que trabalham juntas, com muita

“Todos os desperdícios de materiais,

comunicação e estudo em cima de cada produto, e hoje fazem

mão de obra e perda de identidade das

parte da mesma gestão, que acreditamos que vem facilitando a

modelagens podem fazer a diferença

interação entre elas”, descreve a gerente de estilo da Shoulder.

também

da

influência

direta

que mantém a empresa saudável no

Na opinião de Ana Lúcia Niepceron, a comunicação entre

mercado”, ressalta. E é para ficar de

estilo e modelagem é um processo contínuo de aperfeiçoamento

olho mesmo: se durante a produção a

e sempre pode ser melhorada. Nesse âmbito, a tecnologia tem

modelagem estiver incorreta, isso leva a

contribuído bastante. “No entanto, muitas empresas não

uma reposição de lote, gerando o

investem em softwares de criação e gestão, deixando o

consumo de matérias-primas não

processo mais demorado e desorganizado. Para o de-

previstas no custo do produto, além de diferenças na

senvolvimento mais ágil da modelagem, há ainda o recurso 3D,

padronização das peças”, destaca Joner Maciel Farias,

que beneficia diretamente a interação entre criação e

supervisor de modelagem do Grupo Lunelli, que produz as

modelagem, pois mostra o resultado na tela, antes mesmo de se

marcas Lez a Lez, Lunender, Hangar 33 e Alakazoo. “Já a

pilotar uma peça”, afirma. Ana explica que esses softwares

modelagem sem vestibilidade no ponto de venda gera a

fornecem metodologias e processos que organizam o de-

insatisfação do cliente, que, por sua vez, não efetua a compra.

partamento de criação. Consequentemente, isso se reflete de

Neste caso, o produto não gira, fazendo com que o lojista evite

forma positiva na comunicação com o departamento de

realizar novas compras daquela marca. É prejuízo para toda a

modelagem e engenharia de produto, agilizando o desen-

cadeia”, aponta Joner.

volvimento das coleções e minimizando custos de reprocessos

FABIANA SPACH, COORDENADORA DE MODELAGEM DO GRUPO KYLY.

desnecessários. CRIAÇÃO X MODELAGEM: O PODER DE UMA BOA COMUNICAÇÃO

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TECNOLOGIA E PRODUTIVIDADE

Fazer com que o imaginário se torne real nem sempre é uma

Fazer a medição no manequim e transpor isso para o molde

tarefa fácil: exige interpretação, sensatez e uma dose extra de

de papel é um procedimento exaustivamente conhecido nas

boa vontade. Assim pode ser definida a relação entre as áreas de

confecções. Ao longo do tempo, esse processo foi se aperfei-

criação e modelagem numa confecção, que precisa de uma

çoando com novas técnicas e com o avanço da tecnologia,

comunicação afinada para que o trabalho flua da melhor

tornando-se imprescindível às empresas de demanda média ou

maneira. O ganho é geral.

alta para enfrentar a competitividade do mercado.

Para essa boa comunicação, é preciso que haja interesse em

Ana Lúcia, que conhece a fundo e acompanhou toda a

entender como funcionam ambos os lados dessas funções para

evolução desse assunto, diz que ainda há a coexistência de

os profissionais “falarem a mesma língua”, pois, se isso não

formatos de trabalho dentro das confecções, o que deixa cada

acontecer, o mal-estar e o atraso na produção são garantidos.

empresa livre para decidir quando e como cada peça será feita

Daniela Martinello sabe muito bem desse assunto e diz que, no

de acordo com os recursos de que dispõe, como os negócios

La Moda, houve uma grande evolução nesse quesito, mas estão

sob medida, por exemplo, em que os ateliês preservam o

sempre atentos para uma melhora constante. “É extremamente

trabalho manual. O pequeno empresário também pode investir


Foto: Divulgação

em tecnologia para o desenvolvimento de suas coleções, pois hoje o mercado oferece softwares e ferramentas na medida de suas necessidades a um preço acessível. No que se refere à informatização da modelagem, que saiu do papel e foi para a tela do computador primeiro em 2D, como é conhecida a modelagem plana, por meio do desenho virtual ou digitalização dos moldes, e depois em 3D, onde é possível ver o caimento da peça e fazer os ajustes na DANIELLA AMBROGI,

hora antes de enviar a informação para o corte do molde e

GERENTE DE MARKETING DA LECTRA NO BRASIL.

pilotagem, esse é um processo sem volta, que a cada dia se refina mais para oferecer soluções de alta eficiência para as

confecções, bem como no setor calçadista, moveleiro, automobilístico e aeroespacial, nos quais a modelagem exerce papel importante. “As transformações do mercado promoveram novos modelos de negócios, em que o ciclo de desenvolvimento deixa de ser linear e passa a ter etapas que ocorrem simultaneamente e de forma integrada. Nesse ponto, a tecnologia passou a ser o principal instrumento de eficiência para as empresas. Elas têm agora à disposição um leque muito grande de recursos para aumentar a capacidade de produzir com mais qualidade, agilidade, flexibilidade e economia”, afirma Daniella Ambrogi, gerente de marketing da Lectra no Brasil. Para Daniella, todos sempre souberam que é a modelagem que viabiliza numa peça de vestuário as qualidades estéticas, construtivas e ergonômicas, mas o que as empresas estão descobrindo agora é que ela também tem um papel importante na rentabilidade do negócio. Nenhuma empresa pode pretender ser competitiva hoje sem inovar com eficiência. “A Lectra tem orgulho de oferecer ao mercado uma solução para modelagem desenvolvida ao longo de 40 anos de experiência junto a algumas das maiores marcas do mundo, o Modaris Expert 3D, que permite desenvolver a modelagem plana, fazer a gradação, testá-la em manequins virtuais 3D e realizar todos os ajustes necessários, dispensando a produção de protótipos físicos. A cada alteração, a modelagem inteira da peça se adapta automaticamente, inclusive o encaixe de estampas ou aplicações de detalhes como bolsos. A solução também permite a simulação de cores, estampas, texturas, volumes, bordados, rendas, diferentes tipos de acabamento, entre outros. Outra grande vantagem do Modaris é que é uma solução inserida na abordagem Design to Cost, uma metodologia de produção baseada na integração de todo o processo de desenvolvimento de produto. Assim, todos os departamentos envolvidos nesse processo – criação, modelagem, encaixe e corte – recebem conjuntamente as informações sobre as alterações realizadas na fase de modelagem. Isso contribui para que a indústria aumente a produtividade e a rapidez no desenvolvimento de produtos, otimize investimentos, potencialize o trabalho colaborativo e aumente a qualidade do produto final”, afirma Daniella. Para ela, a modelagem nunca mais será vista da mesma forma a partir de agora, ao menos pelas empresas interessadas em oferecer o produto certo na hora certa e com o preço certo para manter a competitividade por muitos anos. A catarinense Audaces, especializada em soluções para criação, modelagem, CAD, plotagem e corte, também vem investindo pesado no desenvolvimento e


Mercado aperfeiçoamento de seus produtos. João Salum, gerente de

do 3D Morgan Tecnica e do CAD Morgan com várias funções

vendas da Audaces em São Paulo, diz que a empresa

que vão agilizar o processo de modelagem.

acompanha de perto toda essa evolução do mercado. Cita como exemplo o processo de digitalização que, agora, se dá

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL: ESSENCIAL

por meio de um clique, e os moldes são digitalizados com

PARA UM BOM MODELISTA

precisão milimétrica. “No campo da modelagem tridimensional, temos o Audaces

Quem quer se manter no mercado de trabalho precisa estar

3D. Após a construção no Audaces Vestuário, o modelista pode

constantemente se atualizando para acompanhá-lo. Na

montar a peça e verificar se ela vai costurar bem, se o caimento

modelagem, não é diferente.

do tecido está adequado etc. Contudo, o que mais nos

De acordo com Fábio Mafioletti, da Malwee, o perfil do

preocupava era a comunicação entre a parte de estilo e de

modelista de hoje é bem diferente do de alguns anos atrás,

modelagem, pois detectamos muito retrabalho por falta de

quando a complexidade exigida numa modelagem era bem

interpretação de detalhes, ou pela falta deles. Diante disso,

menor. “Ter um bom conhecimento de informática e saber operar

aprimoramos o Audaces IDEA, no qual o estilista pode fazer seu

relativamente bem um software de modelagem já era pré-

desenho e detalhar todas as ideias, bem como as instruções

requisito suficiente para a contratação de um modelista. Com o

para o desenvolvimento da modelagem e da costura da peça. O

aumento da competitividade de mercado e da concorrência, as

programa faz a ficha técnica automaticamente, evitando que

empresas precisaram se adaptar e elevar o nível técnico de seus

qualquer detalhe fique esquecido. Outro ponto muito importante

profissionais”, diz.

do IDEA é a ficha de pré-custo, que favorece a viabilidade econômica dos projetos”, destaca Salum. Foto: Divulgação

gerações já entram basicamente com modelagem informatizada.

Maria Abigail Fortuna, diretora da Mab

No entanto, para melhorar seu desempenho, o modelista tem

Fortuna, levanta mais uma questão: a falta

que ser capaz de desenvolver manualmente todo e qualquer

de uma política industrial no Brasil que

modelo, pois o domínio das técnicas de modelagem nasce da

contribua para o desenvolvimento da

prática manual em escala real. “O trabalho no computador

indústria têxtil e de confecção. Isso faz com

necessita de todos esses conhecimentos, pois as funções

que muitas empresas, mesmo estando

disponíveis nos softwares não eliminam o saber fazer e todo o

cientes das vantagens da tecnologia e da

conhecimento, apenas agilizam o processo”.

automação, sintam muito receio na hora de

Ramam, da Deliz, é da mesma opinião: um modelista

investir capital próprio, pois não contam

completo precisa ter habilidade de desenvolver modelagem em

com o apoio de linhas de crédito específicas

moulage, manual, sistema CAD e 3D. “A empresa que não

para o setor. “A Mab Fortuna realiza um

possui esse tipo de profissional utiliza um modelista para molde

trabalho de análise do cenário atual e projeta uma nova realidade

manual, outro para registrar os moldes no CAD e um operador

após o investimento em automação, focando em cada ponto de

de CAD para ajustes e liberação de moldes automatizados,

ganho. Dessa forma, a grande maioria se certifica sobre o retorno

o que torna o processo lento, caro, com muitas interferências

do investimento e entende nosso modelo de parceria de

e grandes chances de dar problema no processo

negócios. Acompanhamos as inovações do mercado por meio

produtivo”, ressalta.

MARIA ABIGAIL FORTUNA, DIRETORA DA MAB FORTUNA.

30

A consultora Ana Lúcia destaca que os modelistas das novas

de nossa parceira italiana, a Morgan Tecnica, desenvolvedora de

Apesar de as ferramentas terem se modernizado,

tecnologia e que constantemente nos envia profissionais da Itália

esbarramos em duas questões: ainda há muita falta de

para capacitação e também recebe em sua sede nossos

profissionais qualificados no mercado e também a oferta de

colaboradores e clientes para atualizações e participação em

cursos mais aprofundados, como explica Luara, da Shoulder:

novos lançamentos”, explica Abigail.

“Acredito que a falta de formação mais completa desse

Ela conta que, recentemente, a Morgan lançou o software

profissional não é apenas de ‘modelar’, mas entender se a

COP (Planejamento de Ordens de Corte), uma nova solução para

modelagem que ele fez está de acordo com o perfil e as

a gestão completa da sala de corte, gerando informações de

características do cliente final, se tem a informação de moda

ponta para as tomadas de decisões imediatas na produção. E

necessária e capacidade produtiva. É uma formação que

adianta que, no início de 2016, será lançada a mais nova versão

capacita esse profissional a pensar de uma forma mais macro.”



Mercado Foto: Divulgação

Joner, da Lunelli, levantou outra abordagem

são todos livres. Já tivemos pós-graduações

sobre esse tema durante o Encontro de

realizadas em parcerias com outras instituições,

Modelagem em Blumenau: o profissional não deve

mas a legislação mudou e nos adaptamos.

esperar uma capacitação só por parte da empresa,

Chamamos de qualificação cursos que têm dez

ele tem que ir atrás por si próprio, para seu

meses de duração e costumam reunir profissionais

crescimento pessoal, que carregará consigo para

de muitos lugares do país, o que por si só é muito

qualquer lugar onde for trabalhar.

produtivo, pois permite o aprofundamento sobre um tema específico. Em fevereiro de 2016, pela primeira

Mas a oferta de cursos mais completos não são é grande. O Centro Universitário Senac, em São Paulo, por exemplo, foi o pioneiro na criação de um

VIVIANE TORRES KOZESINSKI,

curso de graduação em modelagem, mantendo-se

COORDENADORA DO BACHARELADO EM MODELAGEM DO CENTRO

na posição durante anos. Hoje, existem mais dois,

UNIVERSITÁRIO SENAC.

Quem dedicou sua vida à modelagem é Cristina Odan, japonesa de nascença e brasileira de

Foto: William Bucholtz/Divulgação

modelagem no Brasil há mais de 30 anos, e na

Moda – Modelagem do Centro Universitário Senac,

ânsia de aprender mais e não haver material

porém com grade curricular, carga horária e know-

disponível aqui na época, retornou ao Japão para

how diferentes. “Quem procura o bacharelado em

estudar e trabalhar com grandes nomes da moda

modelagem está interessado em aprender a

internacional, acabou desenvolvendo um método

trabalhar com a forma espacial e processos de

próprio chamado Rittai Saidan 3D, uma modelagem

construção, mas acho que se surpreende

plana no corte, mas que passa a ser 3D no

ao entender que a modelagem vai além, mobiliza

manequim, com ajustes diretos na peça. O principal

o potencial de conceber algo, de projetar, exercitar a pesquisa, a experimentação na busca de soluções

para

desafios

de

projetos.

Nós

CELAINE REFOSCO, DIRETORA DO INSTITUTO ORBITATO.

diferencial é a eliminação de pilotagem devido à exatidão milimétrica em sinergia com a sensibilidade, formando uma peça ergonomicamente confortável. “Todos os alunos que tiveram contato

acreditamos em nosso projeto de curso e o Senac, Foto: Divulgação

nesses anos, tem apostado na missão de contribuir

com o Rittai Saidan ficaram surpresos por não

para a qualificação do profissional modelista. O

terem aprendido nada igual. É encantamento à

mercado reconhece a qualidade de formação

primeira vista!”, conta Cristina. E confirma: quem

de nossos alunos”, afirma Viviane. O bacharelado

aprender o método Rittai Saidan a fundo também

em modelagem do Senac tem a duração de

saberá trabalhar com os softwares mais modernos.

quatro anos.

Algumas das grifes que já puderam conferir de perto

Outra instituição de ensino bastante con-

seu trabalho foram Grupo Morena Rosa, Recco

ceituada no país é o Instituto Orbitato, de Pomerode

Lingerie, Forum, Lado Avesso, Emma Fiorezzi, entre

(SC), que oferece cursos livres de modelagem, entre outros, de forma bem ampla. Celaine Refosco, diretora do Orbitato, conta que o trabalho começa

CRISTINA ODAN, DIRETORA DA LÁPIS LAZULLE E CRIADORA DO MÉTODO RITTAI SAIDAN 3D.

tantas outras Brasil afora. Hoje estabelecida em Maringá, no Paraná, Cristina abriu a escola Lápis Lazulle, onde ministra seus cursos de modelagem. Cristina Odan ressalta que a impressão das

com cursos de curta duração individuais e para

32

como curso de verão”, conta Celaine.

coração. Cristina, que começou a trabalhar com

de acordo com Viviane Torres Kozesinski, coordenadora do curso de bacharelado em Design de

vez teremos um curso de qualificação concentrado

empresas, pois, segundo ela, em dois, três dias ou uma semana

roupas brasileiras tem cada dia mais atraído olhares in-

de imersão, há condições de mudar o modo de fazer as coisas.

ternacionais, porém o conhecimento da modelagem não tem

A partir daí, foram montados cursos de maior duração, que

atingido o nível de qualidade exigido lá fora. A modelista diz isso

permitem o aprofundamento sobre a profissão e a atuação do

com propriedade. “A única forma de materializar a sensibilidade

modelista. Para quem pode ir semanalmente, há o curso de

brasileira – tão comentada no exterior – será por meio da

Princípios de Modelagem, para estilistas que querem estar mais

tecnologia, e a Lápis Lazulle quer fazer parte dessa história. Quer

bem preparados e profissionais que estão migrando de área,

ajudar o Brasil a fazer a diferença e ser reconhecido

tornando-os profissionais mais conscientes para pensar como e

internacionalmente com lindas peças ergonomicamente

por quê, atuando de maneira mais qualificada. “Nossos cursos

perfeitas.”



Empreendedorismo Sebrae

VEJA AS MUDANÇAS E ESCOLHA AS SUAS! Fotos: Marcos Medeiros

A concorrência no mercado da moda comunicam diretamente para seu é acirrada e as tendências mudam público. Assim, uma tendência pode pelas dinâmicas de comportamento e se adaptar com maior ou menor consumo observadas no mercado. intensidade à sua coleção. Por isso, o Cabe aos empreendedores do Inova Moda explora três tendências e segmento um olhar diferenciado na nove estéticas”, explica. Cada gestão de sua marca e na dinâmica empresa pode, então, adotar rumos das coleções, além de muita criaestratégicos específicos para o seu tividade e ousadia. Diante dessa negócio e para a coleção que vai realidade, o Sebrae, em parceria com elaborar. Resposta mais rápida ao o Senai, apresenta o Inova Moda mercado: fica a dica! para ajudar os empresários do VISÃO DE FUTURO segmento com palestras, cursos e oficinas técnicas. Nesse semestre, o Atentos ao rumo que sua emCaderno Movimentos, que reúne presa estava tomando, Tiago Durante referências, interferências, tendências e Rafael Lange Dias mostraram visão e novas tecnologias, foi trabalhado de futuro e olhar apurado ao criar a em todo o Brasil. nova coleção da Liverpool, uma O Sebrae entende que é marca de camisetas de Florianópolis imprescindível que os empresários (SC). “Participar de grandes eventos que atuam nessa cadeia produtiva com a ajuda do Sebrae despertou em EXEMPLO DA ‘LONG-T’, CRIADA PELA LIVERPOOL. estejam atentos ao que acontece no nós o desejo de ser uma grife e não resto do mundo. Com isso em apenas mais uma camiseteria”, mente, é realizado, todo semestre, um ciclo de novas explica Durante. Antenada com seu público e com as referências para criação de coleção e uso de tecnologias mudanças à sua volta, a dupla transformou isso em um em novos produtos. A antecedência de quase um ano e produto e incrementou o valor da marca com a criação da meio da coleção que será produzida permite que o camiseta Long T. Com menos estampas e uma material sirva de base para o planejamento estratégico da modelagem mais estruturada, a peça é um exemplo de empresa, indicando cenários e apontando escolhas de aplicação da estética “Anônimos”, explorada pelo Inova mudanças na coleção. Isso garante mais competitividade Moda para o inverno 2016: a mesma camiseta veste e melhores condições de posicionamento no mercado. homens e mulheres. Juliana Borges, gestora nacional do caderno Inova “Nossas peças eram bem definidas por gênero, mas Moda pelo Sebrae, alerta que cabe a cada empreendedor percebemos a necessidade de algo inovador, que conhecer profundamente seu próprio negócio para agregasse em nossa coleção, dentro da identidade de encontrar o melhor caminho para inovar. “Cada empresa nossa marca, de nosso amadurecimento e da neutralitem em seu DNA crenças, valores e promessas que dade da moda, e transmitimos isso numa peça mais

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OS EMPRESÁRIOS TIAGO DURANTE LANGE DIAS, DA LIVERPOOL.

E

RAFAEL

longa, estruturada, que não diferencia mais nosso público pelo gênero”, revela o empresário. A Long T foi lançada oficialmente na SPFW, em outubro passado, e pode ser encontrada com estampa localizada no centro da peça, toda estampada, em duas cores com bolso na frente e estonada, uma técnica que a deixa com estilo envelhecido. No site da Liverpool (http://useliverpool.com.br/), a peça é apresentada em looks com homens e mulheres vestindo a mesma camiseta.

Perguntas e Respostas Christina Rangel, supervisora dos Cadernos do Inova Moda pelo Senai, responde: Gerir coleções, hoje, é um grande desafio. É realmente necessário criar tudo novo para uma coleção que virá? Mais importante do que o fator velocidade na aplicação de uma tendência é a consistência de uma coleção e se aquele produto realmente atende a uma demanda de mercado. A renovação de uma coleção, nos dias de hoje, está baseada muito mais na harmonia de cores e na qualidade das matériasprimas. Como o Caderno Inova Moda orienta o empresário na estratégia de sua empresa? Por meio de um mix de referências inspiracionais de formas, materiais e cores que dividem o espaço com citações sobre novos processos, novos métodos de criação, estratégias de comunicação de produtos. Além disso, os cases de empresas que têm tido sucesso em segmentos com menor índice de atuação no Brasil servem de inspiração para novos mercados. A cada edição, em suas páginas finais, o Caderno Criação indica pontos estratégicos importantes que podem ser facilmente adaptados à rotina empresarial. Online Acesse os conteúdos dos ciclos anteriores em FTP.cetiqt.senai.br (Usuário: projeto_sebrae_senai Senha: 12ftpuser34) e fique atento à programação em sua região.


Fique Sabendo

TECNOBLU E FACÇÕES PARCEIRAS CONQUISTAM O SELO ABVTEX O FEITO FOI CONSEGUIDO POR MEIO DO PROGRAMA DE ENCADEAMENTO PRODUTIVO DO SEBRAE Foto: Daniel Zimmermann/Divulgação

de qualidade. A certificação da ABVTEX é prova A competitividade empresarial cada vez mais de que estamos no caminho certo”, diz. acirrada exige das grandes e médias empresas Para a Facção Santos, a expectativa é que o um cuidado cada vez maior com a procedência trabalho com o Sebrae traga novos clientes. dos produtos e serviços que fazem parte de seu “Esperamos que, a partir de agora, possamos ter processo produtivo. No setor têxtil não é diferente, mais oportunidades, melhorar o negócio e, quem e por isso a Tecnoblu, de Blumenau (SC), prosabe, conquistar novos mercados”, explica o curou no Sebrae apoio para otimizar seus empreendedor Ari Cesar dos Santos. Na 3JD, processos. Por meio do Programa Nacional de segundo Juarez Gilberto da Cunha, as mudanças Encadeamento Produtivo, iniciado na empresa DUARDO R OCHA , DA T ECNOBLU . E trazidas pelo projeto tornaram o negócio mais em 2014, o principal resultado já foi atingido: junto formal. “Houve uma adaptação dos processos com outros cinco pequenos negócios que fazem industriais, implantação de padrões que até então não tínhamos. parte da sua cadeia de produção – JC Etiquetas, Palmas Indústria Além disso, conquistamos uma visão mais gerencial do negócio, de Etiquetas, 3JD, Stardard e Facção Santos –, a Tecnoblu que vai nos ajudar a fortalecer a empresa. Com o Selo ABVTEX, conquistou o selo ABVTEX, da Associação Brasileira do Varejo esperamos em breve agregar novos clientes”, conclui o Têxtil, que atesta a confiabilidade da marca no setor. O projeto empreendedor. está programado até 2016, e o objetivo é garantir qualidade e Cristina Daiana Kruger, da Stardard, destaca a consultoria do confiança aos produtos e serviços de toda a cadeia produtiva da Sebrae como peça fundamental para a conquista da certificação. empresa. “Estruturamos a empresa com uma base mais sólida e Para Eduardo Rocha, cronoanalista da Tecnoblu, o reflexo do esperamos conquistar mais clientes daqui pra frente com a trabalho junto ao Sebrae vai além da conquista da certificação. certificação. Estamos mais confiantes e seguros de nosso “Houve mudanças bastante positivas em relação à rotina de trabalho”, avalia. trabalho, com otimização do processo de produção, maior segurança e melhoria até mesmo na parte visual da empresa”, diz. A Sobre o Programa de Encadeamento Produtivo partir de agora, a expectativa, segundo o profissional, é atingir Criado pelo Sebrae Nacional, o programa é aplicado na novos clientes, principalmente empresas de grande porte. “Alguregional de Blumenau desde 2014. Segundo a analista técnica da mas grandes marcas não compravam de nós pelo fato de não entidade, Josiane Minuzzi, a ação visa aumentar a compossuirmos o selo, que faz toda a diferença para quem busca forpetitividade e sustentabilidade dos pequenos negócios da região necedores de qualidade. Com a certificação, esses negócios dee, com isso, fortalecer as médias empresas que consomem os vem se tornar realidade, já que agora a Tecnoblu e seus parceiros serviços dos pequenos empreendimentos, como a Tecnoblu. ganharam mais confiabilidade no segmento”, conclui Rocha. “Durante o programa, o Sebrae, juntamente com sua equipe, traz Além da Tecnoblu, âncora da ação, outros cinco pequenos soluções para melhorar a inteligência competitiva, o desennegócios de Blumenau e região receberam a certificação da volvimento empresarial, o acesso ao mercado, a política corABVTEX. Eliane Lemos de Souza, proprietária da JC Etiquetas, porativa e a rede de aprendizagem dos participantes. Existe um avalia que o trabalho do Sebrae foi um divisor de águas para o acompanhamento periódico e mensuração desses resultados, negócio. “As mudanças foram radicais e nos fizeram melhorar os que fortalecem o mercado têxtil da região, como no caso da processos e a organização da empresa. Com a conquista do Tecnoblu”, diz. selo, podemos também ampliar nossa rede de clientes, buscando Entre as ações realizadas nos últimos meses, estão a crescimento e fortalecimento do negócio”. Já o empreendedor consultoria em relação aos pontos avaliados pela ABVTEX, como Pedro Palmas, da Palmas Indústria de Etiquetas, acredita que o questões ambientais, trabalhistas, de responsabilidade social e programa do Sebrae é uma oportunidade para enfrentar o segurança. As adequações realizadas durante o programa, momento econômico de cabeça erguida. “Sabemos que o setor segundo Josiane, foram fundamentais para a conquista da está passando por um momento difícil e essa adaptação é certificação. fundamental para continuarmos crescendo e fornecendo serviços

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Especial

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POR SILVIA BORIELLO

MANTENDO O OTIMOSMO COM OS PÉS NO CHÃO

MESMO COM AS DIFICULDADES DO MERCADO, É PRECISO MANTER ATITUDES POSITIVAS PARA A MUDANÇA O assunto é recorrente e inerente à nossa realidade como

uma maneira e às vezes a forma de lidar com o momento

brasileiros: as dificuldades de mercado, ou a famigerada

pode não fazer você se sentir tão bem assim. Não ache que

“crise”. É claro que ela abate, enfraquece, tira o ânimo dos

você está sozinho no mundo. Digo que, nesses momentos,

empresários, que muitas vezes têm que tomar atitudes que

amigos e familiares são fundamentais para a recuperação de

não gostariam para a sobrevivência do negócio, mas esse, de

uma crise, no suporte a tudo que você está enfrentando. Mas

repente, pode ser o ponto que o forçará a repensar suas

não se vitimize: outras pessoas estão passando por situações

atitudes, prioridades e novas formas de conduzir a empresa.

iguais ou piores que a sua. Você não é o único que está

Vamos pensar assim: um problema é desagradável, mas

enfrentando uma crise. Quanto mais vitimizado ficar, mais difícil

resolvê-lo é um aprendizado e vai forçá-lo a alguma mudança.

será ‘rebater’ a situação difícil. Se você conseguir enfrentar a

O resultado depende da condução desse processo e do

crise com bom humor e com positivismo, sentirá que ela não

quanto acredita em sua capacidade de transformação.

é impossível de ser superada, ou seja, mais leve ela se

Na psicologia, o termo crise é definido como tudo aquilo que pode abalar a ordem e a regularidade nos âmbitos

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mostrará a você e maiores serão as chances de conseguir êxito”, sugere Stella.

biológico, psicológico e/ou social e causar mudanças.

Portanto, o momento é de ser perseverante frente ao

Segundo a psicóloga Stella Pedreira da Silva Teixeira, nem

cenário que nos é dado. Logicamente, sabemos que não é

sempre uma crise é ruim. “Ela permite que o indivíduo reavalie

nada fácil e agradável ter que lidar com esse tipo de questão,

todas as escolhas realizadas até o momento e redesenhe seu

especialmente por problemas políticos que fogem do nosso

destino, e até que realize novas escolhas”, avalia.

alcance. Nada de alienação, muito pelo contrário. É preciso

Mas como fazer para ter um olhar positivo para esse

estar bem ciente dos acontecimentos que movem nosso país

período de travessia? “Seja mais racional nesse momento.

e o mundo e adaptar os negócios a eles. Com o intuito de

Analise todos os aspectos de sua vida e veja por quantas

motivar os confeccionistas brasileiros a repensar a condução

crises você passou e sobreviveu. Também seja analítico diante

de suas empresas, buscar alternativas e novas formas de

do que está acontecendo ao seu redor. Veja quantas pessoas

enxergar esse período com um olhar otimista, Costura Perfeita

passam por crises e como elas enfrentam essa situação. Só

colheu o depoimento de personagens fortemente atuantes no

tome cuidado com essa análise, pois cada indivíduo reage de

setor têxtil nacional, mostrando suas perspectivas. Inspire-se!


Foto: Divulgação

Crise, desemprego, inflação. Esses são os temas mais citados nas conversas dos

brasileiros atualmente. A economia do país tem enfrentado, ao longo da história, crises intermitentes, com distintos graus de gravidade. Todas foram superadas. Agora, não será diferente, embora o atual cenário político muito conturbado possa dificultar a retomada do crescimento do PIB num prazo mais curto. A única certeza que temos é que um dia essa crise vai acabar. E temos que estar preparados. Cuidar muito bem dos negócios, racionalizar custos, melhorar a produtividade, inovar, prospectar nichos de mercado e encontrar alternativas para seguir em frente. Os empresários brasileiros já demonstraram, em inúmeras oportunidades, do que são capazes. É claro que precisamos de mudanças estruturais no Brasil, clamamos por justiça e pela ética dos dirigentes, pois sem isso não se reconstrói um país. Mas não entregaremos nossas empresas. Para nós, empresários brasileiros, a

capacidade de superação nunca saiu de moda.

Rafael Cervone,

presidente da AssociaçãoBrasileira da IndústriaTêxtil e de Confecção (Abit) Foto: Divulgação

Com o dólar próximo de R$ 4,00, estou seguro de que em 2016 a indústria do

vestuário vai se recuperar, pois estimamos em quase meio bilhão de peças a demanda interna a ser adicionada com a substituição das roupas importadas pela produção nacional. Apenas lembro que essa retomada não será para todas as empresas. Marcelo Villin Prado,

sócio-diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi)

Foto: Arquivo pessoal

Neste momento, boas perspectivas são difíceis, já que todos os dias novos absurdos

surgem em Brasília. As negociatas no Conselho de Ética para salvar o presidente da Câmara, vinculadas à votação do TCU, são revoltantes. Contudo, a ideia aqui é uma mensagem de otimismo. Há um tempo venho tentando exportar e no exterior vejo, nas poucas notícias que saem sobre o Brasil, basicamente que somos um país exótico governado por políticos idem. Mas acredito que o país visto de fora está barato; se o ajuste fiscal fosse votado logo em Brasília e ficasse claro quem pagará o pato, conseguiríamos resolver uma pequena parte de nossos problemas. O investimento e o dinheiro externos poderiam voltar, pois eles seguem as instituições e raramente o governo. Penso também que o câmbio na casa dos R$ 4,00 nos torna um pouquinho mais competitivos dentro de casa contra os importados e ajuda a sobreviver e atravessar esse temporal sem fim. Não temos opções, precisamos ser otimistas, realistas, aprender a votar e já pensar em um 2017 estabilizados, com a economia voltando a crescer em 2018.

Diogo Kempers, diretor da Kempers

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Foto: Julia Rodrigues/Divulgação

Especial

A Reserva nunca esteve neste mercado tendo como objetivo o próprio mercado. Sempre

estivemos aqui para fazer mais e melhor o que amamos fazer: sermos entendidos muito mais como amigos do que como uma marca. Por isso o negócio repercutiu mais, vendeu mais e, por consequência e não causa, nos obrigou a trabalhar e gerar eficiência em vários aspectos. Acredito que algumas atitudes que adotamos na Reserva fazem a diferença. Somos todos vendedores, porque entendemos na experiência da venda em varejo a maior forma de arte que uma marca pode ter. Servimos café, cerveja gelada e balas Juquinha para os clientes e sempre temos uma surpresinha – coisas que trazemos de

nossas casas e vidas. Entregamos um cupom não gerencial de transparência detalhando todos os custos e lucros naquela venda; apoiamos e acreditamos em projetos sociais e iniciativas empreendedoras; produzimos 99% de nossa mercadoria no Brasil – não por ser mais vantajoso financeiramente, mas por acreditarmos que gerar renda e emprego em nosso país é nossa obrigação; auditamos nossa cadeia de fornecimento para que tenhamos certeza de que as obrigações socioambientais são cumpridas. Por fim, e principalmente, nosso escritório é a extensão de nossas casas e famílias. Da situação atual, é claro que todo empresário no Brasil tem muito a reivindicar, mas nos recusamos a praticar o ‘coitadismo’. Como dizem, ‘preferimos vender lenços a chorar’, mesmo sabendo que o sorriso e a prosperidade nem sempre são bem aceitos em nosso país. Foto: Divulgação

Rony Meisler, CEO do Grupo Reserva

Estes tempos são importantes para ‘olhar para dentro’, para reinventar-se e simplificar as

operações e os negócios. Eu vejo com bons olhos os tempos que estão por vir, mas somente para aqueles que fizerem a lição de casa e deixarem o ‘mimimi’ de lado. Depois de grandes guerras, surgiram grandes nações. Como diz um amigo meu: ‘Uns vendem lenços, outros ensinam a sorrir!’. Tome agora a decisão de não participar da crise! Anderson Ozawa,

diretor-geral e coach da AOzawa Consultoria

Foto: Arquivo pessoal

Gostaria de iniciar com uma frase de Albert Einstein: ‘A crise comporta progressos, porque

a criatividade nasce da angústia. Nas crises nascem as invenções, descobrimentos. A verdadeira crise é a crise da incompetência’. Há alguns meses, foi publicado o artigo “Apparel at a Crossroads: The End of Low Cost Country Sourcing”, no site do Boston Consulting Group (BCG), afirmando que as empresas de vestuário precisam acabar com a corrida de um país de aprovisionamento a baixo custo para outro e começar a repensar toda a sua filosofia de aprovisionamento. Segundo relatório do BCG, ‘um dia, e possivelmente em breve, esse trajeto vai chegar ao fim, a mão de obra barata está a tornar-se um recurso escasso e o número de países de baixo custo é cada vez menor’. Esse momento chegou, provavelmente antes do previsto, motivado pelo preço do dólar e acompanhado por uma grave crise. Como diz a frase de Einstein, a crise comporta progressos, as empresas que querem sobreviver à crise têm que apostar muito forte em redução de custos, aumento da qualidade, produtividade e redução do lead time (velocidade em colocar o produto no mercado) de um ano para semanas. Por meio da inovação, com a implantação do sistema de gestão Toyota, melhorando processos, equipamentos, desenvolvendo pessoas e reduzindo os oito desperdícios

(espera, movimentação, inventário, transporte, processamento, retrabalho, superprodução e pessoas), tenho certeza, pelos resultados já obtidos em empresas de confecções, que quem apostar nessa direção sobreviverá à crise e sairá muito fortalecido. Antonio Baliarda Tomas, diretor da Consutoria TPS (Lean Management

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Especial

Foto: Arquivo pessoal

Faço um convite a repensarmos nossa atual situação. Quando digo ‘nossa’, refiro-me ao nosso mercado, o têxtil. Sim, de fato ele está numa situação delicada, mas também é fato que somos parte integrante dele e nossas novas atitudes darão outro rumo a essa história. Está mais do que na hora de pararmos de encontrar um problema para cada solução. É tempo de inverter o jogo e fazer essa tal crise passar o mais distante possível de nossas empresas. Fazemos parte de um setor com muito potencial, precisamos entender esse momento como um período de aprendizado. Repensando friamente como foi a última década, verificamos que a curva decrescente se iniciou bem antes da crise atual, porém sem que muitos percebessem e aqueles que comentavam a respeito das defasagens do setor faziam parte de uma minoria. Portanto, nada de usar somente a crise como justificativa de todas as dificuldades e insucessos. Nesses anos todos como empresária e consultora, observei que há um fato específico que para muitos passa despercebido, mas pode ser um grande aliado neste momento: a maioria dos negócios de nosso segmento é formada por empresas familiares, que trazem consigo algo muito peculiar e antagônico – o fator emocional. Digo antagônico porque, às vezes, traz impasses que impedem a evolução da empresa, fazendo com que eventualmente não tenha funcionários ou sócios devidamente capacitados e profissionalizados. Por outro lado, percebe-se que momentos como este motivam ao máximo todos os integrantes, fazendo com que seja possível encontrar soluções inimagináveis frente às dificuldades. Quem faz parte desse universo deve estar concordando comigo neste momento. Há grandes empresas por todo o país, e não falo apenas daquelas que refletem o real sentido da palavra, mas também das que iniciaram e se estabeleceram por pessoas que, mesmo sem conhecer métodos e processos, os fizeram partindo de um sonho ou de uma necessidade, estão no mercado com muita garra e vontade de conquistar e evoluir. Muitas destas, ao crescerem, só tomam consciência da proporção em que se encontram quando deparam com obstáculos às vezes causados por defasagens estruturais. Mesmo em meio a esse turbilhão, encontramos notícias de crescimento sustentável de empresas, já consolidadas ou não, além das informações que apontam o empreendedorismo como um dos caminhos para dar a volta por cima. Conversando com novos empreendedores que têm obtido sucesso em seus negócios, percebo que um dos principais fatores para que isso ocorra em um espaço de tempo relativamente curto é que já nasceram de forma diferente, com estudo, foco e preparo. Estou impressionada com o número de consultorias para novos negócios que tenho realizado nos últimos dois anos. É a força e o poder de reação do brasileiro diante dos obstáculos. Isso aumenta ainda mais meu ânimo e minha certeza de que nosso mercado continua promissor e tem espaço para muito, muito mais. Se chegamos ao patamar em que nos encontramos sem estarmos devidamente preparados, agora mais conscientes e buscando maior eficiência para driblar os percalços com certeza teremos resultados bem melhores, com maturidade para alcançar outros mercados, seja qual for o seu, o meu ou o nosso objetivo. O fato é que, para ser economicamente saudável, é preciso valorizar o conhecimento, investir em inovação, capacitação e não se deixar levar pelo derrotismo. Vamos continuar andando e olhando para frente. É preciso ter sempre presentes estas duas palavras: acreditar e reinventar.

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Vera Grigolli, consultora e palestrante da IT Studio Consulting


Foto: Divulgação

Enquanto muitas empresas têxteis veem

2015 como um ano sombrio em sua história, nós preferimos acreditar nele como um obstáculo daqueles que nos fazem crescer por termos conseguido rever nossas expectativas e sobrepor desafios. Mas, antes de explicar porque optamos por acreditar no Brasil e não parar de investir, cabe relembrar um fato que mudou a história da Fakini. No início dos anos 2000, com o dólar em alta (alguma semelhança com o cenário atual?), optamos por trabalhar mais forte do que nunca com o mercado internacional. O resultado financeiro de fazermos private label para grandes redes era incrível e apostamos todas as nossas fichas na exportação. Em 2004, repentinamente o dólar entrou em queda e nos vimos em apuros por não termos mantido a crença no consumo brasileiro. Com os aprendizados dessa fase – já que 11 anos depois, estamos em 6 mil pontos de venda em todos os estados e a exportação acontece apenas com produtos com a marca da Fakini –, entendemos que 2015 seria um ano de estratégias azeitadas e sem chance de erro. Foi o que fizemos. Este foi o ano em que realizamos o maior investimento da história da Fakini em máquinas e equipamentos. Também foi o período em que lançamos uma coleção anual a mais, enquanto todos os nossos concorrentes apostavam em enxugar a produção para fazer o estoque girar. Fomos ousados, mas sempre mantivemos nosso time gestor atento ao mercado e crente em nossa estratégia. Devemos terminar o ano com crescimento de 15%.Para 2016, trabalhamos com a expectativa de uma retração ainda no primeiro semestre. Mas vamos seguir a mesma filosofia que nos guiou até aqui: finalizaremos a construção de mais um galpão para melhoria no fluxo produtivo, não reduziremos nosso quadro de funcionários e trabalharemos em parceria com os clientes, ouvindo suas sugestões e atendendo a cada expectativa. Acreditar que o Brasil vai retomar o crescimento não é uma questão de otimismo. Não esperamos que isso tenha data e horário para acontecer, mas que seja um processo gradativo. Quem não se preparar para atender ao mercado com preço competitivo e produtos atrativos pagará o preço da descrença. A Fakini acredita no Brasil e está preparada para dias melhores porque sabe que eles virão.

Francis Giorgio Fachini, diretor commercial da Fakini Malhas




Fique por Dentro

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POR SILVIA BORIELLO

SEBRAE-SP AMPLIA ATUAÇÃO NA ZONA OESTE DA CAPITAL

Fotos: Divulgação

UNIDADE VEM TRABALHANDO EM PARCERIA COM O SENAI PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CONFECÇÕES DA REGIÃO Estudando e entendendo a demanda de seu perímetro de atuação, o Escritório Regional Oeste do Sebrae-SP, que atende a zona oeste da capital paulista, percebeu que o número de confecções que o procurava era grande. A partir daí, começou a analisar o perfil das necessidades desses empresários e resolveu montar uma agenda própria para o setor de confecção. O trabalho começou este ano e, no início, de acordo com Isabela Ribeiro, que trabalha na área de moda da unidade, havia muita desistência por parte dos confeccionistas na programação de palestras e treinamentos oferecidos pela entidade: iam ao primeiro e segundo encontros, e depois a frequência caía. Para que isso não continuasse, a grade foi repensada para englobar todos os setores da confecção, desde o planejamento

O Escritório Regional Oeste do Sebrae-SP fica na Rua Clélia, 336, tel.: (11) 3803-7500. Para informações e inscrições na programação direcionada ao setor de confecção, acesse o site www.sebraesp.com.br.

de coleção, passando por processos produtivos, gestão financeira, tudo mesclado aos serviços de gestão empresarial prestados pelo Sebrae, como consultorias gratuitas nas áreas de administração, marketing, finanças e jurídica. Recentemente, inclusive, a unidade levou um grupo de empresários à SPFW, para ver como funciona a dinâmica do evento, além de participarem de missões nacionais e internacionais, com parte dos custos subsidiada pelo Sebrae-SP. Outra ação que o Escritório Regional Oeste vem fazendo é a de parcerias, chamada de Sebrae Inova, tudo para oferecer aos confeccionistas serviços e informações completas. A mais recente é com o Senai, de quem o Sebrae contratou assessoria tecnológica. O produto foi batizado de Diagnóstico Tecnológico, em que um consultor do Senai fica em período integral na empresa acompanhando todo o processo produtivo, verificando oportunidades de melhorias e sugerindo a implementação de ferramentas de controle de produção, reduzindo custos e aumentando a produtividade. O programa possui parceria também com o Senac.

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CASE: OFICINA UM Prestes a completar 7 anos de vida, a Oficina Um, empresa familiar que confecciona roupas corporativas localizada na zona oeste de São Paulo, estava indo bem nos negócios, tanto que sua demanda vinha aumentando. Mas, para crescer de forma sustentável, um dos sócios, Ricardo Imbelloni Vitor, procurou o Escritório Regional Oeste do Sebrae-SP e foi apresentado ao Diagnóstico Tecnológico, serviço ideal para empresas com vários processos produtivos que não conseguem identificar onde estão os pontos que precisam ser ajustados para obter uma melhora em sua fluidez. Ricardo afirma que sempre quis alçar voos maiores, porém de forma cautelosa e estudada para que os negócios crescessem, e achou o momento ideal para isso. Por meio do Diagnóstico Tecnológico, um profissional do Senai foi até sua empresa fazer uma leitura técnica de toda a produção. Análise feita, um plano de ação foi traçado por uma analista do Sebrae em conjunto com o empresário, que recebeu “lições de casa” para fazer. Aliás, esse é um dos pontos destacados pelos analistas do Sebrae: revisar com frequência se as ações para o diagnóstico estão funcionando ou precisam ser alteradas, a fim de haver melhoria constante na produção.



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POR GIUSEPPE TROPI SOMMA

Como flexibilizar a folha de pagamento em tempos de crise

Foto: Divulgação

Em Pauta

DAR AOS EMPREGADOS MAIOR SEGURANÇA E, AO MESMO TEMPO, CONDICIONÁ-LOS AOS RESULTADOS DA EMPRESA

Habitualmente, meus textos abordam política e corrupção, mas, já que hoje não falta quem comente sobre isso, vamos falar de outro assunto que muito preocupa todo empresário: como enfrentar os custos da folha de pagamento numa crise tão profunda e com faturamento muito menor que o normal? Aqui vai uma receita. Digamos que você tenha uma empresa que deveria faturar hoje R$ 1.200.000,00 por mês, valor sobre o qual baseia sua folha de pagamento, mas hoje fatura apenas R$ 500.000,00. Você, como todos, tem empregados caros, porque em tempos de fartura foi generoso e compartilhou seu sucesso com seus colaboradores, justo? Hoje, seu faturamento diminuiu muito, mas os valores da folha de pagamento, por força da lei, não podem diminuir. Dispensar aqueles funcionários que há muitos anos viveram ao seu lado dói no bolso e dói na alma. O que fazer, então? Esta sugestão requer um considerável investimento, mas a colheita dos frutos será permanente: consiste em fazer uma dispensa de todos e readmitilos sob um novo regime de remuneração oscilante. Mas, devido ao alto custo indenizatório, é bom parcelar em grupos, começando pelos empregados de maiores remunerações. Após formalizada a dispensa de cada um, readmitilo com o piso salarial da categoria e uma porcentagem de bonificação sobre o total do faturamento da empresa no mês.

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Digamos que um funcionário seu custe R$ 5.800,00 e que esse salário seria justo e correto se você ainda faturasse R$ 1.200.000,00 por mês, como em anos anteriores. Então, faça assim: R$ 5.800,00 menos R$ 951,67 (piso salarial) = saldo de R$ 4.848.33 : (dividido) por R$ 1.200.000,00 (faturamento ideal que justificava o salário) = 0,00405 – 17% = 0,00336. Por que menos 17%? Porque depois serão repostos em forma de Descanso Semanal Remunerado (DSR) sobre o valor da bonificação. Então, no novo regime, você não pagará mais R$ 5.800,00, mas o piso salarial de R$ 951,67 mais uma bonificação de 0,00336% sobre o faturamento total da empresa. A empresa fatura menos? Todos ganham menos. A empresa fatura mais? Todos ganham mais, desde a faxineira até o gerente-geral. Todos estarão interessados nos resultados da empresa. Conforme a disponibilidade de caixa, às vezes vale a pena levantar um empréstimo bancário para viabilizar toda essa reestruturação trabalhista que resolverá o problema, não só atual, mas futuro. Todos os reajustes não mais recairão sobre um salário já insuportável, mas apenas sobre o piso salarial, porque o resto é abono. Aliás, na carteira de trabalho poderá constar: R$ ... (piso salarial) mais abonos. Esse é o modo mais justo e democrático de o empregado participar dos resultados da empresa. Se houver funcionários de vendas comissionados, também seria interessante usar o piso salarial como fixo e mais comissão (com critérios normais) sobre as


próprias vendas, e não bonificações sobre o faturamento total da empresa, como os demais (não esquecer de diminuir a comissão em 17%, pois, por lei, deverá pagar o DSR sobre a comissão). O coeficiente de abono de cada funcionário poderá ser exatamente a correspondência do sistema anterior para o novo ou ter ajustes para baixo ou para cima, de acordo com a função, produtividade, aptidões ou até o atual valor de mercado da função exercida. Uma vez que dispensou o empregado e pagou todos os seus direitos, tem plena liberdade de propor o que quiser numa nova contratação. Procedimentos necessários: l Estabelecer um valor de faturamento como referência segura e ideal para basear e calcular sua folha de pagamento;

l

Comunicar por escrito ao funcionário sua rescisão contratual de trabalho e a nova oferta e suas condições, pedindo ainda que ele manifeste na cópia do aviso sua concordância ou não em entrar no novo sistema (esses comunicados poderão ser enviados em cópia ao Ministério do Trabalho, para servir de orientação ao MT para conceder ou não seguro-desemprego);

l

Por fim, fazer um novo contrato de trabalho com cada funcionário.

Seguem planilhas orientadoras para calcular o novo sistema: (Apenas para exemplo, como piso salarial foi usado o da última convenção – Vestuário – no Rio Grande do Sul.)

CAV. GIUSEPPE TROPI SOMMA É EMPRESÁRIO, MEMBRO DA ABRAMACO E PRESIDENTE DO GRUPO CAVEMAC. GIUSEPPE@CAVEMAC.COM.BR

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POR EDSON JACCOUD

A evolução dos meios de vendas e o empoderamento do consumidor Os consumidores hoje tomam decisões de consumo de forma ativa, partindo de uma inquietação própria que os leva a procurar respostas em mecanismos de busca por meio do primeiro dispositivo tecnológico que tiverem às mãos, e muitas vezes eles são o smartphone ou o tablet. Buscam por informações confiáveis, pesquisam preços, conhecem melhor as soluções e, por último, vão ao canal de vendas para a tomada de decisão final. Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&BW, traduz muito bem o que vem acontecendo no varejo, sobre a polarização dos meios de distribuição. “Empreendimentos orientados para o estilo de vida dos novos consumidores prosperam. Shoppings que investem em experiências e relacionamento contam com varejistas que fazem o mesmo. Assim, tendem a ter melhor desempenho que aqueles orientados pela visão tradicional do ‘real state’, com lojas voltadas a produtos pouco diferenciados. Isso acontece porque uma parcela considerável dos consumidores não reconhece mais os shopping centers apenas como locais convenientes para compras e sim como polos de entretenimento e socialização.” Não chega a ser diferente no caso de indústrias que usam a mesma abordagem nos produtos, e não no estilo de vida de seu cliente-alvo. Aliás, muitos ainda nem se deram conta do que seja seu “clientealvo” e continuam fazendo produtos que aprenderam há 50 anos, acreditando que os consumidores do

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Foto: Divulgação

Gestão

século XXI vão comprá-los como seus avós faziam. Assim, as empresas que não se adaptam entram no ciclo de declínio e morte e vão deixando espaço para as novas que entenderam o que é esse novo conceito de vida e de consumo movido pelo prazer e pelo bem-estar que regem a maioria dos empreendimentos bem-sucedidos em todo o mundo. No Brasil não é diferente. O mundo vive tempos de valorização do lazer, do melhor estar, do culto ao relacionamento, portanto empreendimentos comerciais bem-sucedidos apostam em mix de empresas que enxergam esses consumidores e criam experiências inovadoras em clínicas, spas, salões de beleza, academias e restaurantes de forma customizada e apoiados cada vez mais em informações sobre esses nichos de mercado e os hábitos de seus consumidores. Assim, Big Data, CRM (Customer Relationship Management) e tecnologias emergentes são fundamentais para conhecer os potenciais clientes e o que eles valorizam. “ PO SITIO N O F LIFE ” O U S Í N D R O M E D A F A L T A DE POSICIONAMENTO? Com a mudança acelerada e o futuro invadindo o presente, a vida torna-se mais intensa e desafiadora. Como você está se preparando para vencer nesse cenário? Tem gente achando que pode vender tudo para todo mundo. Aí acaba não fazendo nada bem-


feito, não se especializa em nada, erra o alvo e perde o foco. Sem foco, não se vai a lugar nenhum. Sem uma reflexão profunda das práticas adotadas, a indústria têxtil brasileira não encontrará uma fórmula sustentável de crescimento. Os problemas envolvem a todos, desde empresários, associações de classe até os governos. Sem um grande debate ou debates segmentados, as soluções serão paliativas, e não sustentáveis e duradouras. É hora de reunir o setor em torno de um pacto nacional de sustentabilidade empresarial altruísta, sem interesses pessoais nem demagogia, para salvar do caos o setor que mais emprega no país depois da indústria da construção e que passa por maus momentos. Sobre o que pode ser feito, Peter Drucker, o pai da administração moderna, diria: “O planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro. O produto final do planejamento não é a informação: é sempre o trabalho”. Sobre o que cada um pode fazer, o filósofo finlandês Pekka Himanen, conhecido por sua obra The Hacker Ethic and the Spirit of the Information Age, diria: “A fonte de produtividade mais importante da economia da informação é a criatividade, e não é possível criar coisas interessantes sempre com pressa ou no horário regulamentar das nove às cinco”. Não é mais hora de perguntar “o que o governo pode fazer por nós?”, como muitas vezes temos ouvido ao longo dos últimos 50 anos de megaempresários nacionais. Está mais do que na hora de mudar as teorias e práticas da gestão aplicadas ao longo dos últimos anos. Embora algumas organizações busquem praticar a gestão da inovação de forma diferente da norma vigente, alguns de seus conceitos não são tão revolucionários quanto outros existentes, nem tão radicais como as mudanças de paradigma que são exigíveis para um setor que ficou mais de meio século à mercê de um modelo equivocado e protecionista.

EDSON JACCOUD É COFUNDADOR DA THREESALE, UMA ORGANIZAÇÃO FOCADA EM VENDAS. EXCELÊNCIA EM ATENDIMENTO TEM SIDO A OBSESSÃO QUE MOVE OS PROJETOS DA EMPRESA E AVALIZA SUA OPERAÇÃO. TEM FORMADO E CAPACITADO EQUIPES DE VENDAS HÁ MAIS DE 30 ANOS NO MERCADO. E DSON.JACCOUD@T HRE E SALE .COM


Serigrafia Fotos: Divulgação

TECIDOS INÉDITOS Toda a versatilidade da indústria de estamparia La Estampa pode ser vista em sua nova linha de produtos de decoração. As estampas e papéis de parede inéditos fazem parte da coleção Home 100%, produzida no Brasil e já disponível nos showrooms da marca em São Paulo e no Rio de Janeiro. São dez diferentes tipos de tecido, diferenciados com fibras naturais como algodão e linho, de várias composições e gramaturas. Já os papéis são projetados com estampas corridas ou localizadas. Em todas as opções, o cliente pode customizar tamanho, cor, estampa e superfície de aplicação. A coleção tem conquistado principalmente profissionais que buscam exclusividade e originalidade no mercado. É o caso de arquitetos, decoradores, profissionais do varejo e do mercado de construtoras. IMPRESSÕES DE BAIXO CUSTO Economia e agilidade. Esses são os principais diferenciais da impressora de grande formato Sublimática TS300P–1800, produzida pela Mimaki. Desenvolvido para a indústria têxtil, o novo modelo chega a rodar em 115 m²/h, garantindo qualidade e produtividade. Entre as diversas soluções econômicas está a alta redução de enrugamento de papel e a nova tinta de baixo custo, a SB410. Outro destaque é a nova cabeça de impressão, que posiciona as gotas de tinta de forma mais precisa. O material é impresso em alta qualidade até com papéis de menor gramatura.

PARCERIA CUSTOMIZADA As passarelas da São Paulo Fashion Week foram cenário do início da parceria entre o estilista Ronaldo Fraga e a empresa catarinense Metalnox Digital. Uma das coleções apresentadas por Ronaldo veio do processo de impressão digital direta em tecido, saída do EVOX Mtx8. O equipamento de alta tecnologia imprime diretamente em tecidos claros ou escuros compostos de pelo menos 50% de algodão. Ainda dá para aplicar estampas em superfícies irregulares, como bolsos, costuras e zíperes, entre outros. Para o estilista, a principal vantagem está justamente na oportunidade de customizar peças com baixo custo, aumentando o valor agregado do produto.

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Feiras

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POR ROSELAINE ARAUJO

Foto: Divulgação

WHO’S NEXT & PREMIÈRE CLASSE Dentro da indústria da moda, não faltam feiras e eventos. Todos

estejam inseridas nesse contexto, e é por isso que o Texbrasil

os anos aparecem novidades e várias promessas no Brasil e lá

apoia e incentiva esse tipo de ação”, destacou Rafael Cervone,

fora. No entanto, permanecer e, sobretudo, elevar a qualidade do

presidente da Abit. Grandes nomes do varejo internacional

trabalho nesse mercado acirrado é uma glória, especialmente em

estiveram presentes, como as cadeias de lojas Liberty London,

tempos de grandes incertezas econômicas que pairam não só

Urban Outfitters e até italianas, como Penelope e San Carlo Dal

no território brasileiro. Há duas grandes feiras européias, no

1973.

entanto, que vão muito bem, obrigado! As francesas Who’s Next

Roberto Davidowicz, presidente da Associação Brasileira de

e Première Classe registraram na edição de setembro um

Estilistas (Abest), fez uma análise do evento. “A Who’s Next

crescimento de 12%, se comparado a julho de 2014. Ao todo,

acontece duas vezes por ano e há 20 reúne as melhores marcas

foram 41.198 visitantes que prestigiaram o evento no breve

de diversas partes do mundo para apresentar suas novidades

período de 4 a 7 de setembro, no Expo Porte de Versailles em

para os grandes players do mercado. A Abest tem como objetivo

Paris, França.

garantir cada vez mais uma exposição relevante em eventos

Tradicional em moda casual, a Who’s Next e a Première Classe – que reúne acessórios do mundo inteiro – tiveram este ano 19

Com mais de 15 anos de experiência em moda, Isabela Keiko,

marcas brasileiras. Entre elas, figuraram Bloom, Caleidoscópio,

empresária e assessora da Who’s Next e da Première, explica como

Cecilia Prado, Irá Salles, Lenny Niemeyer, Loér, Osklen e Vert

é o processo de internacionalização das marcas para aqueles que

Shoes e muitas outras que participaram do evento com o apoio do

almejam levar seus produtos para o mercado externo. “Em primeiro

Texbrasil, o Programa de Internacionalização da Moda Brasileira da

lugar, as grifes devem colocar esse objetivo dentro da estratégia da

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

empresa. É preciso estar ciente de que esse é um processo a longo

“A França possui um tradicional mercado na indústria da

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como esse, a fim de fortalecer a imagem da nossa moda”, conta.

prazo e que exige análise e preparação”, esclarece Isabela.

moda mundial, sediando algumas das principais feiras do

Para ela, mostrar as grifes nacionais no mercado

segmento. É de extrema importância que marcas brasileiras

internacional é essencial. “É superimportante apresentar a moda


Foto: Divulgação

brasileira no exterior. As companhias que participam de eventos internacionais desse porte percebem logo que várias portas se abrem para que elas possam conquistar os principais pontos de venda mundo afora. No entanto, quem deseja investir na internacionalização precisa ISABELA KEIKO, ASSESSORA PREMIÈRE CLASSE.

DA

WHO’S NEXT

E DA

pesquisar e observar muito bem o mercado”, pontua Isabela, que presta

consultoria para o setor, analisando o perfil das empresas e suas possíveis potencialidades para exportar. PROGRAMAÇÃO RICA E INTENSA Um dos pontos altos do evento foi o Fórum de Tendências, concebido pelo bureau Martine Leherpeur Conseil. Nesta temporada, vários designers foram convidados a encarar as tendências por meio de seus projetos, colagens e vídeos. O fórum beneficiou-se com uma nova passarela ligando as feiras. Essa passagem virou um ponto de encontro para intercâmbios com pessoas de diferentes nações. Entre as atrações esteve também o Retail Expert Club, grupo formado por experts no varejo, que durante todos os dias do evento aconselhou varejistas sobre assuntos desafiadores, como o uso da tecnologia dentro do varejo da moda. Na última edição, a equipe da feira elegeu com unanimidade a marca brasileira Handred como nosso designer eleito a participar da Young Designers Competition, o que significa que a grife foi escolhida para participar com o apoio da feira. O evento também deu continuidade à parceria e ao apoio ao Brazilians to Be, que esteve na Who’s Next com as marcas CYN – Cynthia Hayashi, Karin Feller e Gralias, apoiadas também pelo programa Texbrasil, da Abit. A segunda edição do The Future of Fashion Program (Programa O Futuro da Moda) foi recebida também com grande prestígio entre os profissionais do segmento. Graduados de escolas de moda de diversas regiões do mundo marcaram presença na feira e foram recebidos pela imprensa no Graduate Fashion Show, um desfile que revelou jovens talentos e foi realizado no primeiro dia do evento. Além de terem apresentado suas coleções, os alunos puderam expor seus produtos e receber pedidos. Nesta temporada, as feiras comemoraram a presença de representantes de grandes exportadores, como a loja de departamento mexicana Palacio de Hierro, a canadense La Maison Simons e a libanesa ABC. Para os visitantes, não faltaram elogios: “Nesta edição, realizamos pedidos e trabalhamos com novos clientes, como a Podium, de Moscou. Estivemos bem ativos em nossa abordagem durante a feira”, reforçou Michel Robin, da Was & Quiet. Annaliza Ganguli, da Deux, engrossa o coro. “É um salão bem elegante e dinâmico. Fizemos grandes contatos ao longo dos quatro dias com compradores diversos, do Le Bon Marché de Paris; do Fashion Row, de Hong Kong; do L’Habibliothèque, de Paris, entre outros”, comemora. A próxima edição vai apresentar a já esperada coleção OutonoInverno 2016-2017 e está prevista para acontecer de 22 a 25 de janeiro de 2016.


Feiras

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POR SILVIA BORIELLO

Fotos: Dorival Zucatto e Fabia Nunes/Divulgação

GOTEX SHOW 2015 Em sua terceira edição, a Gotex Show – Feira Internacional de Produtos Têxteis aconteceu entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro em novo local, o São Paulo Exhibition & Convention Center, trazendo cerca de cem expositores, segundo a Fiera Milano, promotora da feira, vindos da China, Hong Kong, Taiwan,

empresa, diz que foram convidados diretamente pelo Comitê

Cingapura, Índia, Peru, México, EUA, Itália e Brasil.

Organizador a participar da feira, e seu objetivo era fazer novos

Os segmentos representados foram os mais diversos, como

contatos e ampliar mercado. “O objetivo de nossa empresa foi

cama, mesa e banho, cortinas, cobertores, decoração, tecidos (a

plenamente alcançado, conseguimos fazer bons contatos

maioria de base sintética ou rendas, com muito trabalho de

com empresas estrangeiras que nos interessam e estamos

serigrafia), aviamentos. O destaque foi o vestuário, com peças

aguardando os resultados. Esperamos que na próxima edição

femininas, masculinas e infantis, bem como malharia retilínea,

todos tenham a oportunidade de colher melhores frutos”,

meias e biquínis. Alguns deles, inclusive, expunham peças com

opina ele. A edição 2016, inclusive, já tem data marcada: de 20

tags de varejistas brasileiras, como Renner, Torra Torra e Brás

a 22 de setembro no Expo Center Norte, em São Paulo (SP).

Moda. A feira tem vocação para B2B (venda direta) ao confeccionista/varejista, e oferta de full package, ou seja, pacote

PROGRAMAÇÃO PARALELA

completo – desde o desenvolvimento de coleção até a entrega do produto embalado com sua etiqueta. Como a situação econômica brasileira está longe de ser das melhores, isso interferiu nos resultados da Gotex. “A feira foi realizada num momento delicado, não só para a indústria têxtil, mas para a economia brasileira. A desvalorização cambial teve um grande impacto no setor industrial, pressionando o custo da matéria-prima importada ou cotada em dólar. Do outro lado, o varejo também encontra o desafio de reajustar os preços no mercado interno, considerando a queda do consumo e o aumento do estoque de produtos acabados. Nesse contexto, tivemos uma visitação que não atingiu nossa expectativa inicial em relação à quantidade, mas foi satisfatória em relação à

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qualidade dos que estiveram na feira. Recebemos importadores,

A feira contou ainda com uma grade de palestras,

lojistas, distribuidores e fabricantes de diversas regiões”, analisa

workshops e a segunda edição do concurso Novos Designers

Pan Faming, diretor-executivo do Comitê Organizador da Gotex,

Brasil, com o tema “Piratininga: a São Paulo de Etnias Tão

Um desses compradores era Vinícius Mangabeira, da

Misturadas”. Estudantes de moda de todo o estado puderam se

Barred’s. Em sua opinião, a feira estava objetiva, com poucos

inscrever e os dez finalistas selecionados por um júri técnico, do

expositores, porém todos realmente preparados para fazer

qual Costura Perfeita participou, confeccionaram quatro looks

negócios. “Encontrei fabricantes de roupas e tecidos dos mais

com tecidos fornecidos por um dos expositores da feira. O

variados. O local de fácil acesso e a organização e limpeza do

resultado foi visto na passarela no dia 29 de setembro, e o

evento estão de parabéns”, elogia.

grande vencedor foi Francesco Bogarin, aluno do Centro

Entre os expositores brasileiros, estiveram a trading

Universitário Anhanguera, com a temática “Lavoura das

Maxxibrands, Finu Fill, Mix Metais e Expresso Aviamentos. A Finu

Fronteiras”, tendo como inspiração a imigração tão diversa e o

Fill, localizada na cidade de Matão, interior de São Paulo, é uma

Bom Retiro – o comportamento dos judeus, o bom gosto em se

confecção especializada em alças soldadas para sutiãs e

vestir dos italianos, o olhar frio dos coreanos e a mistura exótica

modinha, bem como calcinhas com corte a laser e zero costura

da população negra. Como prêmio, Francesco ganhou uma

para private label. Antonio Alberto Peres, gerente comercial da

viagem de pesquisa de moda na China.


POR ROSELAINE ARAUJO

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Feiras

ÍNTIMI EXPO

Foto: Divulgação

MERCADO SENSUAL GANHA A PRIMEIRA FEIRA DE NEGÓCIOS Todos nós possuímos sexualidade, mas vivenciar e falar sobre esse assunto ainda é tabu. Produtos e serviços direcionados a esse universo não raro esbarram em preconceitos incompatíveis com a realidade. No entanto, isso está mudando, e para melhor. Já é possível comprar produtos eróticos e sensuais com mais facilidade e diversidade. Nos Estados Unidos e na Alemanha, o segmento erótico cresceu nos últimos anos e o Brasil não ficou atrás. Ao contrário, registrou 8,5% de evolução nesse mercado em 2014. Diante desses números e da lacuna existente para atender os empresários e profissionais do setor, nasceu este ano a primeira feira especializada em sexualidade, saúde e intimidade. Trata-se da Íntimi Expo, que aconteceu entre os dias 25 e 27 de setembro, no Anhembi, em São Paulo (SP). Com uma trajetória de 20 anos dentro da moda, a jornalista Susi Guedes, idealizadora e diretora da feira, conta o que a motivou a investir nesse segmento. “Por meio de pesquisas percebi que faltava um evento de negócios ligado ao mercado sensual. Entrevistei representantes das maiores marcas e notei que era uma necessidade antiga do setor, mas que ninguém havia tido a iniciativa ainda. Filmes como De Pernas pro Ar e a trilogia Cinquenta Tons de Cinza abriram novas portas para o diálogo a respeito desse tema. Os produtores de brinquedinhos eróticos e cosméticos sensuais souberam aproveitar bem esse movimento, mas a indústria da moda íntima permanece cercada de pudores. Por tudo isso, resolvi ousar e lançar a Íntimo Expo”, declara. Já na primeira edição, o evento contou com a participação de 72 marcas, entre as mais conhecidas estavam Hot Flowers, Pessini, Vip Mix, entre outras, que puderam apresentar seus produtos para os empresários brasileiros e estrangeiros. Segundo Susi Guedes, a boa adesão à feira veio por causa do foco corporativo dado ao evento. “Somos uma feira de negócios. Existem outras ligadas ao tema, mas são encontros de entretenimento. A Íntimi Expo teve a concepção, a montagem, a linguagem, as atividades, os horários, enfim, tudo pensado para ser um ambiente propício aos negócios. Ela veio para dar suporte aos empresários do meio, fortalecer as relações entre empresas e compradores e, por consequência, quebrar tabus”, complementa Susi. Revendedoras autônomas também puderam participar do evento. Para incentivá-las a crescer, o evento fechou uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas e Micro Empresas (Sebrae), que realizou palestras com temas como e-commerce, atendimento, vendas, empreendedorismo e outros assuntos primordiais para quem deseja alçar voos maiores nesse universo. Em termos de produtos, não faltaram lançamentos. Parte deles foram as novas fantasias comercializadas pela empresa Hot Flowers. Além dos modelos clássicos, a marca apostou na fantasia de bruxinha feita de tule e trilobal. O sutiã e a tanga são comercializados junto com o chapéu da bruxinha. A grife também lançou a fantasia Oriental, confeccionada em tule e trilobal, que chega ao mercado em dois tamanhos: único e plus size. Entre inúmeros acessórios, como algemas, chicotinhos e cosméticos, a Dakini mostrou que a criatividade não tem limites nessa área. Uma das novidades da marca em vestuário é a Fantasia Anne, que traz referências piratas. O produto é composto de vestido, calcinha, lenço e faixa para cabeça. A programação da feira contou ainda com desfiles de moda, que apresentaram lingeries sensuais. A próxima edição da feira está prevista para acontecer entre os dias 23 e 25 de setembro de 2016. Os interessados em saber mais devem acessar o site www.intimiexpo.com.br.


Dicas e Economia

Corte afiado Ter um corte e enfesto precisos requer, além de habilidade, ferramentas versáteis e de qualidade. Para lhe dar essa ajudinha, Costura Perfeita traz uma seleção de peças e acessórios para máquinas de corte, bem como para se proteger durante o processo Fotos: Silvia Boriello

SGA 515M (CVM 82813): luva de malha de aço reversível, com o número de registro gravado na peça (CA)

SG 515 MR (CVM 82801): luva de aço para corte com punho de náilon, apenas para a mão direita

Ajustador de luva (CVM 23825): ajustador para a luva não ficar sobrando entre os dedos

CD-200-18-1 (CVM 30928): chave mandril

Chave T (CVM 112199): chave para soltar o parafuso da faca

Rebolo Maimin 5 ¼ (CVM 76257): rebolo para máquina de corte a disco Maimin

S150-RS100 (CVM 181981): rebolo para máquina de corte a disco

133C1 (CVM 8891): rebolo para máquina de corte a disco

SP-DB72 (CVM 163147): rebolo completo para máquina de final de enfesto

BB2034 S/L (CVM 29264): avental de proteção feito de malha de aço 181C2-2 (CVM 125660): lixa para máquina de corte a faca

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Disco RC-90 (CVM 188339): disco oitavado para corte

Disco R5H (CVM 33844): disco redondo para corte


6E-USA- ondulada Teflon® (CVM 205489): faca ondulada com revestimento de Teflon®, evitando que a mesma esquente e grude no tecido

Disco KE242 H-Strong (CVM 199196): disco para máquina de final de enfesto

Disco R4-1/4 (CVM 217764): disco para máquina de final de enfesto

8E-USA-ondulada (CVM 109039): faca ondulada de aço rápido

9E-USA (CVM 116592): facas de aço rápido de vários tamanhos

81C1-2 (CVM 115279): limpador de canaleta para máquina de corte a faca

CD200-HLA-220V (CVM 30960): máquina para furar a quente ou a frio para enfesto

CD200-53-25 (CVM 30946): agulha para máquina de furar

Grampo CL-7RF-06908 (CVM 180364): grampo para enfesto

Grampo CL-8AA (CVM 189592): grampo vertical regulável para enfesto

Grampo CL-8S (CVM 48273): grampo vertical largo para enfesto

Óleo LG29-8 (CVM 60436): óleo para máquina de corte

OBSERVAÇÃO Observação: Verifique sempre a marca e o modelo de sua máquina antes de adquirir qualquer peça ou aparelho. Todos os aparelhos com os códigos acima podem ser encontrados na Cavemac. Para conhecer os aparelhos que agilizam sua produção, adquira os DVDs Cavemac com dicas sobre diversos deles. Acesse o site www.cavemac.com.br e consulte os títulos disponíveis. Se tiver alguma dúvida sobre que aparelho utilizar, envie uma foto dele por e-mail para vendas@cavemac.com.br ou traga-o pessoalmente ao nosso showroom. Na compra de aparelhos, caso necessite fazer algum teste no showroom da Cavemac, é necessário trazer todo o material necessário para a confecção da amostra (tecido, elástico, fitas etc.). Agradecimentos: Alessandra Rustarz e Marta Sales.


Meio Ambiente

VESTIDO DE NOIVA BIODEGRADÁVEL

Fotos: Divulgação

O Ateliê Shadevenne de Alta-Costura decidiu inovar: produziu um vestido de noiva com tecido biodegradável, focado nas clientes ecologicamente corretas. O modelo, feito pela estilista Claudia Colonno, foi produzido em malha da linha CO2 Control,

desenvolvida com fio Amni Soul ECO, primeiro fio de poliamida biodegradável do mundo, da Rhodia. Tal novidade permite que 50% do tecido do vestido se decomponha nos primeiros 12 meses de descarte e, em três anos, esteja totalmente decomposto. “Além de atender a expectativas das clientes mais exigentes, ele carrega o conceito de um tecido tecnológico e pioneiro no mercado de noivas”, afirma Aline Benfica, diretora da empresa.

SENAI NOVA FRIBURGO MAIS VERDE Os proprietários da Elas Ecomodas, confecção com apelo ecológico e que reaproveita lixo têxtil para cultivar árvores da Mata Atlântica, visitaram o Senai de Nova Friburgo (RJ) para conhecer o protótipo do viveiro de mudas produzido pelos educadores e estudantes da instituição. A iniciativa é inspirada no Projeto Ambiental Elas Preservando, criado pela empresa em 2009, contemplado com premiações relevantes.

ESTAMPAS PRÓ-ANIMAIS E VEGANAS Seis designers convidados criaram estampas exclusivas, cada uma delas relacionadas às campanhas da ONG Move Institute, de preservação do mundo animal. Elas ilustram os sapatos veganos e ecológicos da Insecta Shoes, que usam tecidos feitos a partir de garrafas PET recicladas e impressos com tinta à base d’água. Há modelos contra o uso de peles e caça, pró-adoção de animais, entre outros. Parte da venda de cada par será revertida para a entidade protetora.

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INOVAÇÕES SOCIAIS EM PAUTA

USAFLEX LANÇA NOVO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE

Líderes, gestores e empresários de diferentes setores da economia se reuniram, em setembro, na 17ª edição da Conferência Ethos 360º, em São Paulo (SP). O encontro promoveu discussões e auxiliou empresas a gerir seus negócios com responsabilidade social, caso do Instituto C&A, um dos participantes. “Nosso apoio ao evento busca discutir os desafios e as inovações sociais no setor têxtil, convocando diversos atores para cocriar soluções para o segmento”, diz Giuliana Ortega, diretora-executiva do Instituto C&A.

A Usaflex apresenta a terceira edição de seu Relatório de Sustentabilidade – Ano 2014, um indicador detalhado de gestão empresarial que compila os principais processos pelos quais a empresa norteia, comunica e desenvolve seus valores, objetivos e metas estratégicas. “Acreditamos que o material seja um grande diferencial, pois mostra que a companhia não se preocupa apenas com a criação de produtos de conforto e qualidade, mas está sempre atenta às necessidades de nossas consumidoras, dos colaboradores e das comunidades nas quais está inserida”, explica Bianca Gallas Carniel, gerente de marketing.

RUMO A UMA LOJA 100% SUSTENTÁVEL Foto: Divulgação

CIPATEX RENOVA SELO OURO Após passar por nova auditoria, o Grupo Cipatex®, líder no setor de revestimentos sintéticos, renovou o selo Ouro do Programa Origem Sustentável por mais dois anos. A certificação é concedida pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em conjunto com a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos (Assintecal), o Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Universidade de São Paulo (USP) e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Investir em sustentabilidade é uma forma de reafirmar nosso compromisso com a sociedade, além de fortalecer a competitividade no mercado internacional”, comenta William Marcelo Nicolau, diretor-presidente da empresa.

Referência na confecção da calça ecológica no Brasil, a Consciência Jeans acaba de inaugurar sua loja-conceito no Brás, região central de São Paulo (SP). O espaço faz uso de luzes de LED, painéis solares instalados no telhado para captação e geração de energia e, futuramente, contará com um sistema de reúso de água. “Nosso objetivo é tornar a loja 100% sustentável. Todo investimento vale a pena quando se sabe que, a longo prazo, o benefício será imensurável”, diz o empresário Hadi Hamade. A abertura da loja contou com a cantora Anitta, presente no catálogo Verão 2016 da marca.

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POR ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA

Crise financeira e armadilhas jurídicas no setor da moda Escrevi neste mesmo espaço em 2009 sobre a crise que assolava o país à época. Naquela oportunidade, meu objetivo era chamar atenção para o que poderia ser algo passageiro e o perigo de o empresário se precipitar e demitir pessoas treinadas que iriam fazer falta na retomada da economia. Como sabemos, a crise de 2009, apesar de não ser a “marolinha” prometida, não impediu o país de seguir e poderíamos até ter avançado muito mais se o governo tivesse feito a lição de casa. Bem, se o governo tivesse feito a lição de casa, nem mesmo este artigo seria sobre crise. Perdemos o momento das reformas necessárias, o governo se manteve inerte, hibernou, não somos mais a bola da vez. Passou! Infelizmente, desta vez não posso pedir a mesma cautela ao empresariado, chamar atenção para a falta que poderá fazer o empregado treinado durante anos às expensas da firma, pois agora se luta para não fechar, manter o negócio, sobreviver. Para piorar, não há esperança no horizonte. Ao contrário, a crise é grave e profunda, o governo perdeu a governabilidade e não consegue adotar medidas para retomar o controle e amenizar a situação. A corrupção se tornou endêmica em todo o governo, escândalos pululam diariamente e não somente na esfera federal. As agências de classificação de risco rebaixaram, com razão, a nota do Brasil, o real se desvalorizou. Parece a tempestade perfeita, o país corre rapidamente para o abismo, mas, para a confecção brasileira, a alta do dólar trouxe um pequeno alento. Ouvi de alguns empresários do setor, que até pouco tempo estavam pensando em fechar as portas, que já não conseguem atender aos pedidos dos grandes magazines, que deixaram de importar. A demanda atual já não pode ser atendida pela

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Foto: Arquivo Pessoal

Dentro da Lei

confecção, que nos últimos anos atrofiou, como um músculo de nosso corpo pouco utilizado, que vai perdendo a força. Consequência, imaginei, será a imediata retomada do setor e o aquecimento de toda a cadeia, com a venda de novas máquinas e a contratação de funcionários. Seria a fisioterapia para fazer o músculo voltar à sua forma. Acontece, para minha surpresa, que muitas vezes o paciente não acredita mais na recuperação. O empresário do setor ainda não tem confiança para investir, se comprometer com novos custos, sem saber por quanto tempo essa demanda perdurará. Para as empresas de máquinas de costura, a alta do dólar eleva o valor do produto, que já não tinha a procura que um dia teve, prejudicando ainda mais os negócios. A instabilidade, como disse, afasta o investimento, impede o planejamento de longo e médio prazo, ainda que diante da elevação da demanda. Mesmo o consumo diminuiu, o que afeta o lojista, que até pouco tempo havia sido poupado. Como responder a esse complexo problema, se de um lado há o aumento da demanda e de outro o baixo interesse em investimento, sem garantias de retorno? Apenas o tempo, a estabilidade da moeda e da demanda poderão criar um ambiente que estimulará o empresário a assumir novos riscos. Mas como sobreviver até isso ocorrer? Importante para o empresário nesse momento é saber lidar com os aspectos legais para retomar seu negócio e aproveitar a promessa de melhora para o setor. Em muitos casos, vejo os débitos tributários saírem do controle e o aumento das ações trabalhistas. Os débitos tributários são uma decorrência da falta de caixa das empresas. No aperto, o empresário prioriza os empregados e os fornecedores, essenciais para o prosseguimento do negócio. Compreendo essa escolha de sobrevivência, porém, é


sempre importante ressaltar que tributos e contribuições retidos não podem deixar de ser repassados, sob pena de incorrer em crime de apropriação indébita. Não é possível parcelar débitos de tributos e contribuições retidas e não pagas. Não existe crime quando o empresário declara o imposto, mas por falta de dinheiro não paga. Não há que se falar em sonegação nessa situação, contudo, quando, por exemplo, há desconto de INSS e IR do funcionário e não há o devido repasse aos cofres do governo, aí sim há o crime de apropriação indébita, pois aquele valor é um pagamento do funcionário ao Estado e a empresa apenas assume, por lei, a obrigação de repassar. Para tentar aliviar um pouco a crise e criar caixa, o governo do estado de São Paulo já tem a aprovação do Confaz para abrir um novo parcelamento incentivado de ICMS (Refis, PPI), e há rumores de que isso ocorrerá até o final do ano. Diante do aumento das demissões, as ações trabalhistas dispararam. Aquele que não consegue um novo emprego busca a Justiça do Trabalho para tentar obter alguma receita. Evite acordos na Justiça do Trabalho, procure seguir a

legislação e não ter surpresas, busque a prevenção para não gerar passivo trabalhista, diminua o risco. É equivocada a ideia de que a empresa sempre será condenada na Justiça do Trabalho. Isso somente ocorrerá se o reclamante tiver algum direito que não foi observado. A confecção já estava em crise antes mesmo de a economia arrefecer, o que neste momento pode ser uma virtude, pois foi a primeira a se preparar e pode sair dessa situação com a elevação do dólar. Desejo sorte ao empresário, especialmente o da área de moda no Brasil, pois, apesar da importância do setor e do grande número de empregos que gera, o governo não ajuda, pelo contrário, só atrapalha. ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA É ADVOGADO, PÓS-GRADUADO EM PROCESSO CIVIL PELA PUC/SP, MBA EM DIREITO DA ECONOMIA E DA EMPRESA PELA FGV E PELA OHIO UNIVERSITY, MEMBRO RELATOR DO IV TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA OAB/SP, ADVOGADO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA E COMÉRICO DE MÁQUINAS E COSTURA INDUSTRIAL, COMPONENTES E SISTEMAS (ABRAMACO), VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DOS LOJISTAS DO BOM RETIRO E SÓCIO DA GAIOFATO E GALVÃO ADVOGADOS ASSOCIADOS. ALEXANDRE@GAIOFATOEGALVAO.COM.BR


Eventos

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POR ROSELAINE ARAÚJO

Foto: Divulgação

MODACAMP 2015 MOSTRA O PODER DA TECNOLOGIA DENTRO DA MODA

CENÁRIOS E OPORTUNIDADES NA VICTOR MEGIDO (IED BRASIL).

MODA:

ALEXANDRA FARAH

CONDUZIU O DEBATE COM

E

Calça que carrega telefone celular, moldes 3D e softwares de

o comportamento humano e a moda traduz isso em produtos que

criação para o consumidor final. Papo de filme futurista? Que nada!

atendam a mais essa exigência. “Temos cada vez mais produtos

Isso já é realidade e foi mostrado na quinta edição do Modacamp,

que garantem a conectividade, como calças cujo bolso carrega o

evento criado pelo Instituto Europeo de Design (IED) e que

celular ou pulseiras que acessam e-mails, para que você não

aconteceu nos dias 1º e 2 de setembro, na sede do IED, em São

precise retirar o celular da bolsa para ver ou trocar mensagens”,

Paulo (SP). O tema Moda e Tecnologia fez ferver os encontros,

acrescenta a consultora de negócios.

uma vez que é impossível dissociar uma área da outra,

A calça citada por Isa foi criada pela empresa norte-americana

especialmente em tempos de revolução digital, em que tudo passa

Joe’s e batizada de # Hello. O bolso que substitui a tomada fica na

por conexões em rede. Para entender e debater esse amplo e

parte traseira para inserir o carregador, que é vendido também

poderoso assunto, o Modacamp reuniu este ano mais de 30

separadamente. Já a pulseira inteligente chama-se Mica e foi

convidados em dois dias de intensa programação.

anunciada em setembro pela Intel. O acessório exibe notificações

Um dos pontos altos do evento foi a participação da Peclers Paris,, uma das consultorias mais influentes na área de pesquisa

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RENATO BOAVENTURA (RHODIA FIBRAS), FERNANDO PIMENTEL (ABIT)

de mensagens, calendário, além de disponibilizar uma agenda de contatos.

para definir tendências de consumo. Isabel Dezon, consultora de

As novas tecnologias facilitam também a vida de quem produz

negócios da empresa, falou sobre macrotendências que

vestuário. Quem bem demonstrou isso no evento foi a Lectra.

influenciam todo o universo da moda. “Em meio à cultura do

Especializada em soluções tecnológicas para a indústria de moda,

narcisismo, tão evidenciada nas selfies, o que se vê é o

a empresa mostrou as soluções Kaledo e Modaris, ambas

empoderamento cada vez maior da autoexpressão. A moda reflete

específicas para design e modelagem. “Essas ferramentas

tudo isso com produtos que encorajam o culto do eu. Hoje é

oferecem agilidade e eficiência para a produção de vestuário. No

possível desenvolver camisetas personalizadas usando aplicativos

caso do Modaris 3D, por exemplo, é possível reduzir a

no celular. O app UTme!, da Uniqlo, faz sucesso porque permite

necessidade de fazer protótipos físicos, pois muitos ajustes que

que os próprios clientes criem seu design exclusivo. Estampas,

antes era necessário serem feitos fisicamente agora podem ser

cores, colagens, frases, ou seja, uma série de recursos está

realizados no próprio computador com as imagens em 3D”,

disponível para que o consumidor faça sua roupa como imaginar,

explica Daniella Ambrogi, gerente de marketing da empresa. Para

utilizando apenas o

smartphone”, descreve Isa, como é

ela, não há presente nem futuro na indústria sem investimento

conhecida. A necessidade de estar online o tempo inteiro alterou

tecnológico. “É a tecnologia que proporciona organização,


conexão, agilidade e informação instantânea para encurtar

avançar nesse campo. Só assim vamos ampliar nossas

processos, oferecendo maior segurança e eficiência para o

possibilidades de crescimento interno e externo”, enfatiza

empresário”, complementa Daniella.

Pimentel. Renato Boaventura salientou que pouco adianta avançar em tecnologia sem saber informar suas vantagens ao público-alvo.

TECNOLOGIA DEPENDE DE PESQUISAS, PARCERIAS E COMUNICAÇÃO EFICAZ

“Vivemos a revolução invisível com a tecnologia dentro do fio. Na Rhodia, nossas linhas de inovação estão sempre associadas à

As oportunidades dentro da indústria da moda nacional

saúde e ao bem-estar. Temos hoje fibras com infravermelho para

também foram debatidas numa roda composta de grandes

reduzir a fadiga muscular ou até com ação repelente para afastar

nomes do segmento, como Renato Boaventura,, diretor-executivo

insetos. Tudo isso está aí, mas nem sempre os produtores sabem

da Rhodia Fibras; Fernando Pimentel, diretor- superintendente da

comercializar suas roupas com esse valor agregado. A área de

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit); e

marketing também é desafiada com a tecnologia, pois ela precisa

Victor Megido, diretor-geral do IED Brasil. Num período de crise

saber comunicar isso muito bem ao consumidor para que ele

econômica, todos concordam que o investimento em tecnologia

compre aquilo que seus olhos não conseguem ver, mas que faz

deve ser contínuo para o Brasil conseguir competir no exterior. “Os

imensa diferença na hora do consumo.” Sites, plataformas de

produtores brasileiros precisam aperfeiçoar técnicas de gestão e

interação, aplicativos e e-commerce criados pelos alunos do IED

produção para conseguir se diferenciar no mercado. Hoje, a

foram lançados durante o evento. No último dia, o renomado

tecnologia permite que uma empresa pequena venda para o

estilista, designer e diretor de criação Jum Nakao recebeu o

mundo inteiro por meio das inúmeras conexões em rede.

prêmio Ícone da Moda 2015. Ele foi homenageado pelo IED Brasil

Entretanto, falta maior visão empreendedora para interagir com a

por sua trajetória e também por toda a contribuição concedida à

ciência. A Abit apoia e incentiva a união das empresas com as

moda brasileira. Conheça a programação inteira do Modacamp no

universidades. Fazer pesquisas frequentes é a melhor forma de

site http://ied.edu.br


Eventos

|

POR SILVIA BORIELLO

Foto: Fotosite/Divulgação

MINAS TREND PREVIEW – INVERNO 2016 EVENTO TORNOU-SE UMA DAS MAIS FORTES PLATAFORMAS DE NEGÓCIOS DA MODA NACIONAL

EXPOSIÇÃO

DE LOOKS CRIADOS PELAS PRINCIPAIS MARCAS MINEIRAS, QUE FIZERAM PARTE DO DESFILE DE ABERTURA DO EVENTO.

O conjunto estilistas/marcas talentosos + passarela +

de Gestão e Comunicação da Fiemg, a confecção é um

salão de negócios bem estruturado fez com que o Minas

dos setores de alta relevância para Minas Gerais, sendo

Trend Preview se tornasse uma das principais plataformas

o segundo maior empregador no estado, apesar de a

de negócios e de mais sucesso hoje na moda nacional.

informalidade entre os pequenos produtores ainda ser

O evento, promovido pela Federação das Indústrias do

grande. “O Minas Trend nasceu para ser uma plataforma

Estado de Minas Gerais (Fiemg), chegou à sua 17ª edição

de negócios e nunca perdemos esse foco. Queremos

e, sob o tema “A Força de Quem Faz”, reuniu com-

desenvolver todo o potencial da indústria mineira e, por

pradores e jornalistas de todo o país e do exterior no

isso, temos todos os grandes players participando aqui

Expominas, em Belo Horizonte (MG), entre os dias 6 e 9

conosco. Quanto mais salões de negócios como esse

de outubro, a fim de apresentar as coleções de Inverno

existirem no país, melhor, mais a indústria brasileira

2016. Ao todo, estiveram presentes 4,2 mil compradores

estará se movimentando e vendendo. Não estamos aqui

(800 convidados VIPs, sendo oito internacionais trazidos

para competir com outros eventos de passarela, somos

em parceria com a Abit, por meio do programa Texbrasil)

um salão de negócios. O desfile gera desejo, encan-

e mais de 740 profissionais de imprensa, segundo a

tamento. Desfiles sempre existiram no Minas Trend,

organização. A maior fatia de compradores ainda pertence

porque também entendemos que um evento de moda

ao Sudeste, mas as regiões Centro-Oeste e princi-

não pode existir sem passarela, ela é um elemento

palmente a Nordeste se destacaram entre os com-

extremamente importante para um evento que se

pradores desta edição.

propõe a ser uma plataforma de negócios, uma vitrine,

De acordo com Henrique Câmara, superintendente

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senão vira uma feira. Sempre soubemos equilibrar isso


Foto: Fotosite/Divulgação

dúvida, é o carro-chefe da moda mineira, está em seu DNA, bem como os tricôs, que vêm cada dia mais trabalhados e com design moderno. Minas conseguiu se organizar como um polo de moda e negócios de sucesso. Um ponto surpreendente nesta edição foi o fato de as vendas terem crescido em relação à edição de Inverno 2015. As vendas no Minas Trend não acompanharam a retração do mercado em geral, como diversos expositores relataram. A Frutacor, por exemplo, que participa do evento há SALÃO

DE NEGÓCIOS DO

MINAS TREND

SURPREENDEU AS EXPECTATIVAS.

quatro anos, ampliou sua cartela de clientes nesta temporada e, como estratégia, reduziu sua margem de

muito bem, nunca deixamos de entender essa relação e

lucro para investir na marca. “A 17ª edição do Minas Trend

o balanceamento entre essas duas pontas, e nunca

superou nossa expectativa duas vezes. Primeiro, devido

deixamos uma sobressair sobre a outra. Acho que esse

ao mercado retraído e à insegurança do lojista, que nos

é o segredo do Minas Trend”, afirma Câmara.

fizeram pensar que as vendas seriam mais conservadoras,

O que é fato: a curadoria de marcas participantes

o que não aconteceu. Segundo, porque nossas vendas de

merece aplausos pela qualidade, e o mesmo pode ser dito

Inverno e Verão 2016 superaram as de Inverno e Verão

dos produtos em exposição, tanto de vestuário como de

2015, com crescimento de 27,62% e 16,79%, respecti-

calçados, acessórios e bijuterias. A moda festa, sem

vamente, com destaque para o crescimento considerável

READY TO GO Durante o 17º Minas Trend Preview, foi apresentada a sexta edição do Ready to Go, um concurso de novos talentos promovido pelo Sindivest-MG e realizado pelo TS Studio, da estilista Terezinha Santos, que leva toda a expertise adquirida durante anos à frente da Patachou aos iniciantes no mundo da moda. A missão do projeto é identificar, capacitar, divulgar e preparar esses novos profissionais em sua inserção no mercado. Ao todo, foram dez participantes, e o primeiro lugar ficou empatado entre as marcas M.Tee e Rita Cassini, que terão como prêmio um estande cedido pelo Sindivest-MG na próxima edição do Minas Trend. Os outros participantes foram Natália Menezes, Ana Barros, United 7, Tyyli, Sabor de Hortelã, Gaf, Maddie, Lu Tolentino, Ecow e Atelier Lu Henriques.

LOJA CONCEITO No decorrer do MTP, os visitantes puderam conhecer a Loja Conceito, projeto lançado pelo Sindivest-MG com o objetivo de expor ao varejista a ideia da “loja perfeita”, ou seja, um espaço pensado para otimizar e integrar os serviços e produtos, com a oferta de soluções inteligentes viáveis no ponto de venda. Foram reunidos mobiliário, manequins, cabides, vitrines, iluminação, uniformes, papelaria, capas de roupas e softwares de gestão, tudo para melhorar o desempenho nas vendas. O projeto foi desenvolvido pela Allure Consul e contou com o apoio de Senai, Sebrae, ATS Informática, Expor Manequins, Refiate, Claritek, Fabrikind, Varejo de Ideias e Rona Editora. Foto: Divulgação

Foto: Sebastião Jacinto Junior

PARTICIPANTES

DA SEXTA EDIÇÃO DO CONCURSO

READY

TO

GO.

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Eventos Fotos: Marcelo Soubhia/Fotosite/Divulgação

do nosso casual”, diz Lucas Bastos, diretor comercial da marca. A Kalandra, de moda festa, optou por outra estratégia: criou uma coleção-cápsula de minimal dresses, ou seja, com um custo-benefício melhor, menos detalhes e tecidos mais em conta, e deu certo. “O tíquete médio de compra foi um pouco menor nesta edição, mas as vendas superaram as do Inverno anterior em 30%”, afirma Ana Flávia Castro, diretora da Kalandra. Para a Arte Sacra, outra marca mineira conhecida por seus bordados e

ANNE EST FOLLE

FABIANA MILAZZO

FAVEN

LLAS

LUCAS MAGALHAES

MABEL MAGALHÃES

PLURAL

VILLAVENTURA

VIVAZ

trabalhos manuais, o resultado também surpreendeu. Carolina Malloy, uma das sócias da grife, disse que as compras estão sendo mais pensadas pelos clientes, mas o tíquete médio se manteve e ainda ampliaram a carteira. Uma das ações criadas pela marca para o período foi a coleção de T-shirts Romance Imaginário para a linha Arte Sacra Twins, com a proposta de unir o clássico ao contemporâneo de forma mais descontraída. Douglas Harris, estilista que possui marca homônima em São Paulo, participou pela segunda vez do Minas Trend e diz que, apesar do fluxo de clientes ter se reduzido nesta edição, abriu novos, especialmente das regiões Norte, Nordeste, do Havaí e do Paraguai. Para o estilista mineiro Jotta Syballena, que desenhou uma coleção de calçados para a empresa Gruller, de Minas Gerais, apesar de o momento estar muito delicado e os lojistas comprando menos, especialmente de marcas não conhecidas, esta edição do Minas Trend vendeu mais que a do Inverno 2015. A Gruller produz hoje cerca de 1.400 pares de calçados por dia, vende para todo o Brasil e exporta para Colômbia, Chile e África do Sul.

70

PASSARELAS

identidade muito forte e pede um consumidor com

Nesta edição, a quantidade de marcas desfiladas no

personalidade, que não gosta de se vestir com a

Minas Trend foi mais enxuta. Participaram Vivaz, Lucas

pasteurização com que muitas marcas se transformaram”,

Magalhães, Faven, Fabiana Milazzo, Anne Est Folle, Plural,

afirma Inez Villaventura, diretora administrativo-financeira

Llas, Mabel Magalhães e um estreante nas passarelas

das grifes. Ela conta que receberam o convite da

mineiras, Lino Villaventura, com sua segunda marca cha-

organização tanto para desfilar no Minas Trend quanto

mada Villaventura, uma linha mais casual e acessível, sem

para ter um estande próprio na área de negócios, e elogia

perder os traços marcantes do estilista.

todo o suporte recebido. “A repercussão do desfile foi

“A marca Villaventura começou há dois anos. Iniciou

maravilhosa, mas nosso foco será na venda online.

devagar, experimentando ideias e estudando o público-

Estamos nos preparando para entrar nesse mercado com

alvo. Muita gente nos cobrava uma roupa mais casual e

força total”, diz Inez. Hoje, as peças da marca Villaventura

com preços mais convidativos, mas com o mesmo DNA

são vendidas nas lojas próprias do estilista e na

da marca Lino Villaventura. Nossa marca tem uma

multimarcas Dona Coisa.



Eventos

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POR HENRIETE MIRRIONE Foto: Zé Takahashi/ Fotosite /Divulgação

DO AMOR A PORTUGAL, DA RENDA AO VELUDO DE SEDA

DESFILE

DO ESTILISTA MINEIRO

RONALDO FRAGA:

FALANDO DE AMOR.

PARA ONDE OLHAM AS MARCAS AUTORAIS DA SPFW, QUE COMPLETA 20 ANOS DE EXISTÊNCIA O designer Alexandre Herchcovitch abriu oficialmente a 40ª

no lado mais comercial em vez de no autoral, visando talvez

edição da São Paulo Fashion Week desfilando na prefeitura

não errar a mão nas vendas, afinal, a crise está aí e é inegável.

de São Paulo no dia 18 de outubro. Sua marca celebrou na

E, por falar na tal, ela parece ter ecoado também pelos

passarela duas décadas, assim como o próprio evento,

corredores da bela construção de Niemeyer, pois a tão

realizado até o dia 23, trazendo as coleções para o Inverno

festejada edição de 20 anos da SPFW ficou instalada apenas

2016 de mais 28 grifes. Entre as marcas estreantes, a

no segundo andar do prédio, com duas salas de desfiles, loja,

mineira Coven, com seus belos tricôs,e a soturna Ratier, de

food trucks, alguns poucos lounges e duas exposições.

Renato Ratier e Lethicia Bronstein, ingressando no universo

Entretanto, o importante é que o evento mandou seu recado,

fast fashion com peças assinadas para a Riachuelo.

apresentou as coleções, movimentou negócios e recebeu

Na apresentação, Herchcovitch resolveu falar de temas que já faziam parte de seu universo criativo, mas que andavam um

Nesta temporada, o mineiro Ronaldo Fraga não quis falar de

pouco adormecidos, como amor, perda, perversão e poder, desta

um personagem ou de um lugar, mas simplesmente pensou no

vez sob a óptica erótica de um boudoir do século XIX. O

amor. E propôs falar de algo tão intangível por meio do coração,

resultado: roupas que vão da inocência, com camisolas

das transformações que ele sofre, fazendo uma analogia com as

delicadas, passando pela bondage, com vestidos de um mix de

mudanças pelas quais também passa a seda, que ao longo do

materiais, até chegar a uma mulher forte com sua reconhecida

tempo muda de cor. Usou a fabricada no Paraná, com toda a

alfaiataria, desta vez misturando brilho e detalhes do universo

coleção produzida com matéria-prima nacional. Assim, desfilou

esportivo.

vestidos em fitas que se entrelaçam, rosas e corações que

Já nos dias seguintes à apresentação de Alexandre,

surgem bordados sobre a alfaiataria, em formas ora mais retas,

grande parte dos desfiles aconteceu no prédio da Bienal, no

ora mais amplas, resgatando a mesma silhueta do inverno de

Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP), aliás, velha casa do

2001, com a coleção Rute Salomão.

evento. Muitas marcas mostraram a necessidade de ser apoiar

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muita gente. Eis as marcas que mais se destacaram.

Fernanda Yamamoto foi outra designer que optou apenas



Eventos Foto: Zé Takahashi/ Fotosite /Divulgação

pelo uso de matérias-primas nacionais, entretanto, apaixonou-se pela renda renascença. Inspirada por inúmeras viagens à região do Cariri, na Paraíba, e pelo trabalho manual desenvolvido por lá, a estilista mostrou calças, blusas e saias com uma manufatura delicada, todas construídas com patchwork, trazendo pontos em motivos geométricos, desenvolvidas em parceria com 77 artesãs da localidade. A manufatura destaca-se também no couro de reaproveitamento, em vestidos e vestes desenvolvidos a partir de um tressê manual. A mineira Apartamento 03, assinada pelo talentoso Luiz

ALEXANDRE HERCHCOVITCH

APARTAMENTO 03

COLCCI

COVEN

ELLUS

FERNANDA YAMAMOTO

GLORIA COELHO

JOÃO PIMENTA

JULIANA JABOUR

LETHICIA PARA RIACHUELO

OSKLEN

PATRICIA VIERA

REINALDO LOURENÇO

AMAPÔ

LINO VILLAVENTURA

Claudio Silva, fala da dualidade de gênero inspirada em Orlando, personagem de Virginia Wolf: um homem que nasce na Inglaterra e, durante uma estadia na Turquia, simplesmente acorda mulher. Na passarela, essa história se desdobra por meio de uma inesperada camisaria com plissados nas mangas, uma alfaiataria ampla e casacos, coletes, pijamas com adornos de pedraria e franjas, inclusive nos exuberantes vestidos/robes. Enfim, uma roupa com volume, mas muito bem pensada, com personalidade e essência. A carioca Osklen, de Oskar Metsavaht, vem embalada pelo espírito olímpico, honrando os deuses gregos. Com uma estética que remete a atletas de outras décadas e aliando conforto e sofisticação, a marca inova ao trabalhar, por exemplo, o veludo de seda e a pantacour. Um exercício interessante de estilo é quando a marca “tira” os cadarços dos tênis, que são feitos de faixas, como a dos boxers, e os leva para a roupa em detalhes de vestidos, blusas e assim por diante. Já Reinaldo Lourenço buscou inspiração em uma viagem a Portugal para compor imagens da roupa de inverno, entretanto, nada é literal para o criador. Os trajes típicos e a azulejaria portuguesa ganharam uma leitura geométrica e coloriram casacos, vestidos e vestes construídos por meio de tiras debruadas em cetins, que intercalam desenhos com tecidos lisos ou ainda com transparências. Outro detalhe, muitas peças noir, de veludo, tule point d’esprit (com bolinhas), rendas e seda são uma alusão às noivas que vestem preto, da província de Minho. João Pimenta quer cada vez mais criar algo mais próximo do cliente, resgatando o uso de tecidos antigos de alfaiataria (pesquisados no acervo da Paramount Têxtil). Assim, ele aposta em shapes que vão dos mais retos aos mais amplos, buscando trazer a estética das ruas para o guarda-roupa do homem clássico. Um exercício de sobreposições, como o robe que pode ser usado com o blazer de capuz ou o terno que acompanha um casaco esportivo e que vem com um adorno para dar o arremate, como um broche de flor ou de arara. E por que não inserir na cartela cores de tons suaves? Para Pimenta, o clássico também pode ser romântico.

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Contextualizar na Moda II e Top Five A edição recebeu ainda uma missão de 130 pequenos empresários e gestores técnicos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de todo o Brasil. Eles viram desfiles e visitaram bastidores, além de participar de palestras. A ação fez parte da segunda etapa do convênio entre a entidade e o Instituto Nacional de Moda e Design (InMod), o Contextualizar na Moda II, que também contou com uma vista à tecelagem Vicunha. Foto: Regiane Estima/Divulgação Outra ação importante entre o Sebrae e o In-Mod é a iniciada em abril deste ano, com desdobramento nesta edição: o Top Five, para o qual as marcas participantes do projeto criaram produtos exclusivos para ser vendidos na PopUp Store, loja de design e acessórios com curadoria da própria SPFW. A ação visa principalmente incentivar o pequeno empreendedor e contempla cinco marcas que estão recebendo há nove meses consultoria e capacitação em áreas LUIZ GUIDONI EROBSON SANTOS, EMPRESÁRIOS DA como criação, marketing e AMABILIS, DE COLATINA (ES), MARCA INTEGRANTE DO negócios. Durante os 12 mePROJETO TOP FIVE. ses do processo, passarão por uma série de avaliações e, ao final, a grife que apresentar a melhor performance, em todos os aspectos, desfilará uma coleção cápsula na SPFW de abril de 2016. “Para o ganhador, será uma ótima oportunidade de ter acesso a um público tão específico como o da SPFW. A expectativa é a de que eles se tornem um exemplo para todos os pequenos negócios”, diz Roberta Aviz, coordenadora nacional de indústria da moda do Sebrae. Integram o Top Five a marca homônima Adriano Martin, de Catanduva (SP), especializada em vestidos de festa; a Amabilis, dos empresários Luiz Guidoni e Robson Santos, de Colatina (ES), especialista em roupa feminina; a PH Praia, de beachwear, da proprietária Ana Gomes, de Cabo Frio (RJ); a Green Co., do empresário Cassius Pereira, com uma moda unissex sustentável; e Bhárbara Renault, com a Jardim, de roupa feminina, ambas grifes de Belo Horizonte (MG). Vale desatacar que os empreendedores do projeto contam com o apoio de empresas do setor têxtil, como Swarovski, Santaconstancia, YKK, Canatiba, Kalimo e Tecnoblu.


Eventos

|

POR SILVIA BORIELLO

CASA DE CRIADORES - INVERNO 2016 Conhecida como plataforma lançadora de novos talentos nacionais, a Casa de Criadores chegou à sua 38a edição em novo espaço, um hangar no Campo de Marte, em São Paulo, onde 20 marcas desfilaram suas coleções de Inverno 2016 entre os dias 13 e 16 de outubro. Logo no primeiro dia, uma das novidades mais aguardadas: a estreia da coleção cápsula do rapper Emicida para a West Coast, chamada de Corre Sempre, com styling do estilista João Pimenta, diretor criativo da marca e responsável pelos figurinos de Emicida no palco. Na verdade, esse não é o primeiro contato do rapper com a moda: desde 2009, ele está à frente do coletivo Laboratório Fantasma, que une uma produtora e gravadora musical, e uma marca de roupas e acessórios. Outros que estrearam na Casa de Criadores foram a marca Cotton Project e a estilista Heloisa Faria, com marca homônima. Na passarela, destaque para as coleções da Der Metropol, de Mario Francisco, que voltou ao evento com uma coleção cápsula exclusiva para a West Coast, explorando seu DNA streetwear com estampas estilo grafite feitas por Luan Zumbi; a mistura de streetwear com workwear em uniformes de aviadores que Igor Dadona criou para a Hangar 33; Weider Silveiro, com seus quimonos nada literais, inspirados nos samurais; e Fabia Bercsek, diretora criativa da Cravo & Canela, com looks folk do extremo sul dos EUA, em ricos bordados, tecidos brilhosos, como seda, lamê e veludo molhado, e formas fluidas. As outras marcas participantes foram Ale Brito, Rober Dognani, Karin Feller, Bem, Felipe Fanaia, Rafael Caetano, Fernando Cozendey e os estilistas participantes do Projeto Lab: Diego Fávero, Ellias Kaleb, Tarcísio Brandão, Isaac Silva e Också. O Grupo Lunelli, patrocinador da Casa de Criadores desde a 37ª edição, além da coleção desenvolvida por Igor Daidona para a Hangar 33, participou também com os tecidos da estilista Karin Feller. “O resultado disso tudo é a valorização do mercado de moda no Brasil. Nós nos preocupamos em melhorar o desenvolvimento dos profissionais que atuam no país e, consequentemente, o Grupo Lunelli e todas as empresas do segmento têxtil no Brasil são beneficiadas com as melhorias do mercado”, declarou Edna Maria Felipe, coordenadora de marketing do Grupo Lunelli.

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Fotos: Marcelo Soubhia/Fotosite/Divulgação

EDIÇÃO ACONTECEU EM NOVO LOCAL E MARCOU A ESTREIA DA COLEÇÃO DO RAPPER EMICIDA

CORRE

SEMPRE POR

EMICIDA

FABIA BERCKSEK

FERNANDO COZENDEY

KARIN FELLER

DER METROPOL

FELIPE FANAIA

HELOISA

FARIA

WEIDER SILVEIRO



|

POR VERA GRIGOLLI

Foto: Arquivo pessoal

Produção

Eficiência: uma alternativa de baixo custo Com o cenário nebuloso e incerto, a tendência é que a rotina

que ocorreu em duas etapas: a primeira foi quando muitas

siga por inércia, mas é preciso reagir, sair em busca de uma

empresas que possuíam rede de distribuição significativa e

posição de destaque. Que tal analisarmos detalhadamente o

marcas consolidadas no mercado decidiram terceirizar a

formato de negócio em que estamos? Não raro en-

produção e, consequentemente, pararam de se preocupar

contraremos falhas, lacunas a serem corrigidas ou preen-

com os melhores meios para executar as peças de suas

chidas, e é quando surgem os tais novos caminhos e ótimas

coleções. O foco era simplesmente produzir mais barato. A

oportunidades.

segunda, mais recente, aconteceu quando, embora o

O retorno positivo das vendas depende de diversos fatores

processo já estivesse estrangulado, foi preciso baixar ainda

que precisam de harmonia entre si para que haja equilíbrio. Ao

mais os custos por diversos motivos. Sendo assim, muitos

observar algumas prioridades para seduzir o consumidor,

fabricantes

encontramos itens de grande importância, como atendimento,

revendendo. Embora estejam fazendo parte da cadeia têxtil,

frequência de novidade, fator custo-benefício e produção.

indústria e comércio tomaram caminhos opostos: o primeiro

O atendimento é uma preocupação contínua, é a voz da empresa e onde frequentemente se criam ações e serviços

tornaram-se

comerciantes,

importando

e

foi sucateado e o segundo expandiu. E o consumidor? Tornou-se mais exigente.

que agregam muito valor às vendas. A necessidade de

Para os que ainda produzem, vejo uma nova fase se

apresentar novidades, por sua vez, está cada vez mais

iniciando, mais consciente e madura. É fato que a eficiência

frequente, consumindo o tempo e o intelecto de quem está na

pode ser conquistada de várias formas, seja por meio da

criação de forma frenética.

capacitação dos profissionais da área, seja com a busca por

Mas chegamos ao aspecto que eu quero focar nesta coluna, aspecto esse que tem sido negligenciado ou tratado

ferramentas e recursos técnicos para a otimização de processos.

inadequadamente: a produção. Nossa realidade: perdemos

Nem todos têm consciência de que isso pode gerar um

mercado para produtos importados de baixo custo e com

ótimo custo-benefício. Esses recursos são ideais para o

forte apelo visual. São peças cheias de detalhes que, se

momento em que vivemos, pois não dependem de alto

produzidas de maneira semiartesanal (como muitos fazem

investimento e, no caso da otimização de processos, existem

aqui no Brasil), teriam custo elevado devido a fatores técnicos,

acessórios adaptáveis a maquinários já existentes que podem

como a hora/máquina, sem contar a falta de padronização,

resultar em uma produtividade padronizada e de melhor

que compromete a qualidade.

qualidade, ou seja, traduzindo-se em eficiência.

Não vamos entrar no mérito da mercadoria oriunda de locais onde se explora mão de obra de forma inadequada, nem mesmo enfatizar o polêmico “custo Brasil”. Vou me ater ao fato de que no exterior as empresas cuidam melhor do setor de produção. Elas se empenham constantemente na busca por recursos e ferramentas que as tornem mais eficientes e competitivas. Em contrapartida, aqui no Brasil, há alguns anos passamos a deixar a produção para segundo plano, processo

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VERA GRIGOLLI É CONSULTORA E PALESTRANTE DA IT STUDIO CONSULTING, CONSULTORIA ESPECIALIZADA EM MERCADO TÊXTIL. SEUS PRINCIPAIS TEMAS SÃO RELACIONADOS A DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO. PÓS-GRADUADA EM MILÃO, NA SCUOLADI REGIONEDI LOMBARDIA (ENGENHARIA DE PRODUTO E DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES) E ESPECIALIZADA PELA SCUOLA MARANGONI (CRIAÇÃO EM ESCALA INDUSTRIAL E GERENCIAMENTO DE COLEÇÃO). É DOCENTE DO NÚCLEO DE MODA DA FAAP, NO CURSO A MODA COMO NEGÓCIO. ITSTUDIO.VERA@GMAIL.COM / WWW.ITSTUDIO.COM.BR


POR ROSELAINE ARAÚJO

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Cultura

MASP EXIBE COLEÇÃO DE MODA DA RHODIA VESTUÁRIO PRODUZIDO EM 1960 PODE SER CONFERIDO PELO PÚBLICO Foto: Eduardo Ortega

O Museu de Arte de São Paulo (Masp), em verdadeiros artistas e inspiram milhares de conjunto com a Rhodia, inaugurou em outubro pessoas. Acreditamos que a cultura pode a exposição Arte na Moda: Coleção Masp mudar o país. Para nós, ações como essa são Rhodia. Composta de 78 peças produzidas um dever das empresas. Nossa premissa é em 1960, o acervo foi doado pela empresa inovar e, sobretudo, valorizar o que é nosso. francesa, que, na década de 60, lançava seus Isso inclui moda, arte e cultura”, enfatiza primeiros fios sintéticos no Brasil. Na época, a Boaventura. Assinam a curadoria da mostra: Rhodia já promovia desfiles que mais pareciam Adriano Pedrosa, Patrícia Carta e Tomás espetáculos, uma vez que reuniam profissioToledo. Para Patrícia, o acervo reúne a riqueza nais de teatro, dança e música, entre outras de um momento histórico marcado pela artes. O vestuário exposto no museu tem crescente industrialização do país. “Além de NELSON LEIRNER, VESTIDO DE estampas criadas por artistas brasileiros, como NOITE. trazer a estética e a plasticidade da época, a Willys de Castro, Hércules Barsotti, Nelson exposição aproxima a arte de outras áreas, Leirner e outros. Renato Boaventura, presidente da como moda e design, ressalta Patrícia. Confira: Arte na unidade global de negócios da Rhodia, fala como enxerga Moda: Coleção Masp Rhodia” até 14/2/2016, no Masp, essa parceria com o museu. “A moda é uma expressão de em São Paulo (SP). Para informações sobre os ingressos, arte. Temos estilistas no mundo inteiro que são acesse: www.masp.org.br ou ligue para (11) 3149-5959.


Foto: Divulgação

Curtas BOM RETIRO GANHA SHOPPING DE ATACADO E VAREJO Importante polo de compras populares de São Paulo, capital, o bairro do Bom Retiro ganhou em outubro seu primeiro shopping center de peso. Situado num terreno de 5 mil m², o empreendimento fica entre as ruas Prates e Correia de Melo, importantes vias da região. Jaime Rabinovitsch, sócio-diretor do Shopping Bom Retiro Fashion Mall e da Rebeca Imóveis, conta o que motivou o investimento. “Enxergamos uma grande oportunidade, principalmente porque não existe um empreendimento desse porte no bairro. Atualmente, existem muitos produtos semelhantes e de menor qualidade por aí. Por isso, ambientes que oferecem artigos diferentes que seguem as tendências da temporada certamente terão sucesso. Ainda mais nessa região, que já é reconhecida pela qualidade de seus produtos”, destaca. Um dos maiores diferenciais é que o shopping vai atender tanto os clientes de atacado quanto os de varejo. Mais de 400 lojas de roupas, acessórios, eletroeletrônicos, calçados, entre outros itens, fazem parte do novo centro de compras, que conta com três pisos para abrigar também praças de alimentação, área de lazer para crianças e cerca de 190 vagas de estacionamento para carros e ônibus vindos de outras cidades. Para quem é lojista, há ainda outros benefícios. Haverá sala de descanso, pousada para pernoite e até café da manhã. “Faremos também sorteios de prêmios e brindes destinados a eles”, revela Jaime. O shopping fica na Rua Correia de Melo, 112, Bom Retiro, São Paulo (SP), e funcionará de segunda a sábado, das 6 às 16h. Até o mês de dezembro de 2015, oferecerá vagas gratuitas para ônibus e vans. Fique ligado! Foto: Josias Pinto

APUCARANA DESFILA COLEÇÕES DE ESTILISTAS PARANAENSES Diversas empresas de Apucarana (PR) apresentaram suas coleções de moda em desfile organizado pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale), em outubro. “São profissionais de moda de nossas empresas associadas, que se reúnem semanalmente para trocar ideias e experiências. Dessa forma, surgiu esse evento, que foi um sucesso e seguramente será repetido em 2016”, diz Jayme Leonel, presidente da entidade. O público conferiu criações da Boneleska, Loofting, Griffe Company, Reverso, Elisil, entre outras. “As pessoas têm no imaginário que Apucarana fabrica boné como algo simplista. No entanto, as empresas investem muito em estudo de moda e tecnologia no dia a dia. Pudemos conferir criações elaboradas, uma variedade de peças inovadoras e com riqueza de itens”, diz a empresária Siumara Miquelin, da Boneleska, que apresentou bonés conceituais criados a partir das mascotes dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Alunos de moda da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) também mostraram suas criações seguindo o tema Luz, Ciência e Vida. As coleções foram avaliadas por profissionais e professores especializados. Já o Grupo Lacrimo apresentou uma série de criações usando o mesmo tipo de tecido doado pela empresa Paranatex.

FEIRAS DE VESTUÁRIO SE UNIFICAM EM GRAMADO A cidade de Gramado volta a ser a protagonista das feiras de vestuário no Rio Grande do Sul. Já para a edição de janeiro de 2016, as promotoras Expovest, de Julio Viana, que comanda a Fenin, e a Cia das Feiras, de Claudio Goerl, que comanda a Feira de Moda de Gramado, fizeram um acordo comercial a fim de fortalecer o setor de confecção, que precisa mais do que nunca desse apoio. No acordo, a Expovest coordenará as feiras de vestuário e a Cia das Feiras atuará no segmento de feiras e eventos de outros setores. O local será o tradicional Serra Park, a pedido de expositores e compradores, e segundo Julio Viana, “a estrutura agora está perfeita, e voltar pra Gramado é sempre bom”. A 20ª Fenin Inverno RS acontecerá entre os dias 19 e 22 de janeiro, mas, antes, haverá a estreia da edição de inverno em São Paulo, de 10 a 13 de janeiro, no Anhembi. Mais informações em www.fenimfeiras.com.br.

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Fotos: Divulgação

AGRESTE TEX 2016 Para levar o que há de mais moderno no segmento têxtil em tecnologia, serviços e informação ao polo de confecção do Agreste de Pernambuco, a FCEM (Feiras, Congressos e Empreendimentos), em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), realizará o Agreste Tex 2016, entre os dias 8 e 11 de março. O evento contará com o 3º Fórum Digital by Usefashion, o Fórum de Informações Agreste Tex e o III Ciclo Pernambucano de Moda, Arte & Sustentabilidade. Formado por 13 cidades (Agrestina, Belo Jardim, Bom Jardim, Brejo da Madre de Deus, Caruaru, Cupira, Riacho das Almas, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria do Cambucá, Surubim, Taquaritinga do Norte, Toritama e Vertentes), o polo conta com mais de 18 mil unidades produtivas, geradoras de mais de 150 mil postos de trabalho. Suas empresas produzem cerca de 900 milhões de peças por ano, gerando negócios que movimentam mais de R$ 3,2 bilhões. RECONHECIMENTO AOS EMPRESÁRIOS MINEIROS Nove empresários do polo mineiro de moda íntima receberam o Prêmio Empreendedor Ozires Silva, durante evento realizado em setembro, na cidade de Passos. Uma das premiadas, Tânia Mara Rezende, que também é presidente da Associação Comercial e Industrial de Juruaia (Aciju), ressaltou que todos ajudaram a região a se desenvolver e a se tornar referência em lingerie no país. “Essa premiação mostra que todo trabalho, por mais difícil que seja em certos momentos, sempre tem seu reconhecimento. Estamos muitos felizes com a premiação e esperamos que venham outras”, diz. SÃO PAULO GANHA LOJA-CONCEITO DA CAPEZIO A primeira flagship da Capezio – marca de vestuário fitness e de luxo – foi inaugurada em outubro em São Paulo (SP). O espaço comemora os 40 anos de liderança da marca e, além de apresentar as linhas, oferece aulas especiais em duas das salas destinadas exclusivamente à arte da dança. “Estávamos buscando um lugar que pudesse representar todo o carinho que temos com a marca e com nossos clientes. Foi assim que a charmosa Rua Normandia, em São Paulo, se apresentou para nós, demonstrando toda a sua sinergia estratégica comercial e, principalmente, aflorando todo o potencial de branding que a marca necessita para permitir aos seus admiradores e parceiros a verdadeira imersão no universo da dança”, conta Mariana Capatto, gerente de marketing.


Curtas

Fotos: Divulgação

DARLING CRIA SUTIÃS PARA MULHERES MASTECTOMIZADAS Uma petição online, assinada por mais de 13 mil pessoas que pediam uma atenção especial dos fabricantes de lingerie para pacientes que sofreram a retirada total ou parcial da mama, foi o ponto de partida para a Darling criar modelos exclusivos para essas mulheres. Após a confecção de vários protótipos e testes em dezenas de mulheres, a empresa lança dois tipos de sutiã bonitos e sofisticados, com design moderno, adaptados à ergonomia da mulher, proporcionando autoestima e segurança. O Mastec Lace é para mulheres que já possuem uma prótese externa tradicional, com bastante cobertura nas laterais, alças confortáveis e bolso interno para adaptação da prótese externa. O diferencial está no decote, onde uma aplicação de renda proporciona cobertura para o entresseio com beleza e feminilidade. O Mastec Botanic, confeccionado em tecido com fibra modal, macio e absorvente, dispensa a prótese externa tradicional. Possui modelagem sem arco, estruturada com bojo amplo, para garantir a simetria da mulher. De um lado se encaixa o seio natural, enquanto o outro é preenchido com um enchimento vendido separadamente. CAMPANHA DA GAP VALORIZA PODER DAS MENINAS A Gap lançou a coleção GapKids x ED no Brasil, com roupas que ressaltam o poder das meninas de fazer coisas extraordinárias. As peças fazem parte de campanha em parceria com a ED, marca da apresentadora Ellen DeGeneres, que inclui roupas femininas, acessórios e objetos decorativos para casa, tudo inspirado no estilo, valores e personalidade da mulher norte-americana, como individualidade e liberdade. As novidades foram baseadas nos mesmos valores nos quais a Gap acredita e os quais vem comunicando ao longo de seus 45 anos. A campanha apresenta Renata Barrios, desenhista de 7 anos, e Soffia Gomes Rocha Gregório, rapper de 11 anos, conhecida como MC Soffia. Seja no desejo de Renata de vender seus desenhos em um e-commerce, seja na paixão de Soffia pela música, as duas meninas trazem um sentimento de força, empoderamento e diversão. GapKids x ED chega ao Brasil em fevereiro de 2016. COWORKING DE MODA EM SÃO PAULO A cidade de São Paulo ganhou seu primeiro espaço de coworking de moda, espaço que pode ser locado temporariamente ao lado de outros profissionais em atividades correlatas. Chamado de Lab Fashion, o local foi inaugurado recentemente, funcionando como um ateliê compartilhado, voltado à área de moda. A 3 quilômetros dos cinco principais centros educacionais do setor (IED, Faap, Santa Marcelina, Escola São Paulo e Panamericana), na Consolação, o espaço disponibiliza máquinas de costura industriais, mesa de corte, manequins, material de colorimetria, estúdio para fotos e gravação de vídeos, salão para eventos e outros. Profissionais e estudantes que queiram dividir conhecimentos podem utilizar o coworking, com planos diários ou mensais, além de participar de cursos livres, palestras e workshops. Interessados podem enviar e-mail para contato@labfashion.com.br.

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Fotos: Dvulgação

STAROUP: REPAGINADA E CHEIA DE INOVAÇÕES Com o sentimento de lembrança para quem viveu na época em que a marca foi símbolo de desejo, e hoje, buscando as novas tecnologias do mercado têxtil, a Staroup retorna ao mercado cheia de vida, com novos ares e muitas novidades. A marca acaba de lançar sua coleção Verão 2016, inspirada nos anos 70, com 37 modelos. “As inspirações fogem do caricato setentista, com novas formas e modelagens que remetem a essa época, sem ser tão óbvias e destacando as influências mais estilosas, como franjas, cerzidos e rendas de algodão, lembrando o efeito feito à mão da época”, afirma a estilista Natália Nicoletti. A coleção traz novas lavagens e até uma calça masculina com bolso especial para celular, de olho nos consumidores que usam o aparelho e buscam praticidade para guardálo. “As formas e modelagens, bastante variadas, buscam atender às necessidades cotidianas de mulheres e homens. As palavras-chave da coleção são versatilidade e jeans atemporal”, complementa Nicoletti. Inicialmente, a marca trabalhará com 58 revendedores espalhados por grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. PATRICIA VIERA RECEBE TÍTULO DE HONRA DO BELAS ARTES O Centro Universitário Belas Artes, de São Paulo, acaba de conceder à estilista Patricia Viera o título de professora honoris causa. A homenagem é entregue a profissionais ou autoridades que, apesar de não exercerem o magistério, oferecem contribuição significativa a alguma área de conhecimento. A instituição abrigou a apresentação da coleção de Inverno 2016, como em anos anteriores. “Patrícia Viera e Belas Artes têm muito mais em comum do que antes imaginávamos. Compartilhamos filosofias, valores, visão e, acima de tudo, defendemos a importância da formação profissional como uma maneira de se destacar em um mercado como o de moda, que há até pouco tempo não tinha curso superior nas instituições de ensino do país”, afirma Patrícia Gomes Cardim, diretora-geral do Belas Artes. Antes da estilista, apenas quatro profissionais foram prestigiados com o título: Washington Olivetto (publicidade e propaganda), Olga Krell (design de interiores), Gilberto Kassab (arquitetura e urbanismo, pela Lei Cidade Limpa) e Jô Soares (rádio e TV). EXPERIÊNCIA PESSOAL ESTIMULA COLEÇÃO CÁPSULA A modelo plus size de maior expressividade na moda internacional, Fluvia Lacerda, desembarcou no Brasil para lançar sua primeira linha de lingerie totalmente criada para as mulheres brasileiras. Desenvolvida em parceria com a empresa Morisco Lingerie, a coleção cápsula será vendida com exclusividade pela Flaminga, loja virtual voltada ao público plus. Do tamanho 48 ao 56, a coleção Fluvia Lacerda Lingerie está dividida em duas linhas: Comfy – com peças básicas e funcionais – e Glam – com muita renda, tule e transparências. Todos os modelos visam valorizar as qualidades e proporcionar conforto às mulheres. Os sutiãs possuem alças laterais, colchetes largos, tamanhos de taça, bojo e largura das costas que os transformam na peça ideal. Já as calcinhas com laterais mais largas e cava se adéquam melhor ao corpo.

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Comércio Exterior

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POR SILVIA BORIELLO

PERÚ MODA SÃO PAULO EVENTO QUER APROXIMAR FORNECEDORES PERUANOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Foto: Silvia Boriello

O Escritório Comercial do Peru no Brasil, braço do Ministério do Comércio Exterior e Turismo peruano (Mincetur), em parceria com a Comissão Peruana para Promoções das Exportações (Promperú), promoveu no dia 15 de outubro a terceira edição do evento Perú Moda São Paulo, no Hotel Tivoli Mofarrej, na capital paulista, contando com a participação de 25 indústrias peruanas selecionadas. De acordo com Antonio Castillo, diretor-geral do Escritório Comercial do Peru no Brasil, o mercado brasileiro é um dos prioritários para o Peru no comércio exterior. Segundo Castillo, entre 2010 e 2014, as relações comerciais entre os dois países cresceu 700% e só teve uma pequena retração de 2014 para 2015, devido ao aumento do dólar. “Trabalhamos com a política de não fazer concorrência com as marcas brasileiras, e sim fazer uma complementação, trabalhar com desenhos brasileiros, respeitar as tendências de moda do país. O Peru aprendeu a trabalhar com as melhores marcas do Brasil, a respeitar a padronagem brasileira e fornecer um produto bem acabado, como o mercado nacional pede. Creio que, no futuro, o Peru se manterá como fornecedor de peças de alto valor agregado”, afirma Castillo. Entre os produtos oferecidos no evento, o destaque ficou por conta dos feitos com o especialíssimo algodão pima, 100% colhido à mão e produzido de forma artesanal e limitada, bem como os feitos com a lã de alpaca. A MFH Knits foi uma das empresas focadas em produtos com essa lã e, como parte do Grupo Mitchel, responsável pela compra de 70% das fibras de alpaca produzidas no Peru. Bruno Franco Abupara, representante da MFH, diz que a empresa participa do evento desde o início. Em sua cartela de clientes brasileiros, só há marcas premium, de alto valor agregado, pois o que a fibra de alpaca tem de maciez tem também de custo de produção, apesar de este ter sido reduzido um pouco no último ano, segundo Bruno, o que acabou equilibrando os preços frente à alta do dólar.

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A mesma sorte não teve a Creditex, que viu suas vendas ao Brasil caírem 50% no último ano devido à retração do mercado interno. Especializada em tecidos e produtos prontos de camisaria de algodão pima, possui cerca de 15 clientes aqui no país atualmente. A Algotex, que confecciona especialmente camisetas e polos de algodão, produzindo de 80 mil a 100 mil peças/mês, viu suas vendas ao país se reduzirem 35% no primeiro semestre deste ano, também pela retração do mercado. No Brasil, atende as marcas Cavalera; Brooksfield; Luigi Bertolli, Noir; Le Lis; Centauro e Aleatory. Já as empresas Fina Morenna e Corceli tiveram a oportunidade de participar do evento pela primeira vez. Marco Li Einfeldt, diretor da Corceli, diz que sua capacidade produtiva atual é de 20 mil peças/mês private label, que seguem para França, Alemanha e EUA. No Brasil, fornece polos para a U.S. Polo, mas também fabrica peças infantis de algodão e baby alpaca. Especializada em modinha feminina, com peças de algodão trabalhadas com rendas, bordados e aplicações, a Lina Morenna já possui escritório comercial no Brasil, no bairro da Vila Guilherme, e um ponto de venda no Brás, ambos em São Paulo (SP), mas está em busca de ampliar sua participação por aqui, avisa Ana Maria Macedo, gerente comercial da empresa.


POR SILVIA BORIELLO

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Comércio Exterior

AGENDE-SE PARA A COLOMBIATEX 2016 PRINCIPAL FEIRA DO SETOR TÊXTIL NA AMÉRICA LATINA GARANTE NOVIDADES E PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS Confeccionistas do mundo todo já têm data e local para se encontrar em 2016: entre os dias 26 e 28 de janeiro, acontecerá em Medellín, na Colômbia,

a

edição anual da Colombiatex das Américas, hoje a principal feira de têxteis da América Latina, que também traz lançamentos em maquinário, insumos e químicos para o setor de confecção, unindo oferta e demanda de todos os setores do vestuário. Sob o tema “Ser para Fazer: a Humanização das Marcas”, a feira convida as marcas a atuar com individualidade, sentindo as vibrações do ser humano (e seus clientes, claro) e aceitando o desafio de ser mais impactantes no mercado. O denim ganha destaque cada vez maior no evento e, como já é tradição, no dia 27 haverá o “Denim Day”, quando é sugerido a todos os visitantes vestir seu melhor look jeans, mostrando toda a versatilidade do tecido mais democrático do mundo. Como parte da programação dos três dias de feira, ainda constam o Fórum de Tendências, com um espaço interno dedicado, apresentando ao público as principais tendências para o Verão 2017 com amostras de tecidos e insumos dos expositores participantes, garimpados por meio de curadoria de uma equipe do Instituto para a Exportação e a Moda (Inexmoda), organizador do evento, que também planeja toda a grade de palestras e conferências do Pavilhão do Conhecimento-UPB (Universidade Pontifícia Bolivariana). Algumas delas são transmitidas via streaming ao vivo para o mundo todo. Atentas à qualidade da feira – desde sua organização, compradores e ambiente de negócios –, muitas empresas brasileiras participam há anos e já confirmaram presença na Colombiatex 2016, tais como Cedro, Santista, Vicunha, Canatiba, Cataguases, Covolan, Santanense, Rosset, Salotex, Digital Têxtil (VMF Malharia), RVB Malhas, Farbe, Berlan, Tecnoblu, Expor Manequins, SPGPrints Brasil e Mathis. As empresas brasileiras que tiverem interesse em participar – como expositoras ou compradoras – podem obter mais informações pelo site www.colombiatex.inexmoda.org.co ou ainda entrar em contato com o escritório da Procolombia no Brasil, em São Paulo, pelo telefone (11) 3171-0165.


Fotos: Divulgação

Comércio Exterior ELAIÁ NA PREMIÈRE VISION PARIS O design da Elaiá está ganhando o mundo. O estúdio de estamparia catarinense foi convidado por meio do programa Texbrasil, uma parceria entre Abit e Apex-Brasil, a participar de um dos principais salões de moda internacionais, o Première Vision Paris, que aconteceu entre os dias 17 e 19 de setembro na Cidade Luz. Na

verdade, essa é a segunda participação da Elaiá nas feiras Première Vision; a primeira foi em julho, no salão de Nova York. “Para nós, foi uma grande honra estar nos dois eventos, já que o estúdio foi lançado em outubro de 2014. Nosso primeiro ano foi realmente marcante”, comemora Bruno Hansen, diretor da empresa catarinense. Ele conta que o conceito levado aos dois salões foi o mesmo, ou seja, o foco nas estampas inspiradas no Brasil para o Inverno 2017. “Foi pra isso que nascemos e é essa nossa filosofia. Percebemos que os profissionais de moda do mundo têm um interesse no Brasil que vai além dos estereótipos da calçada de Copacabana, que as nossas cores chamam atenção e que a qualidade artística dos desenhos é impactante”, completa. Nessa nova experiência, Bruno diz que pôde perceber as dinâmicas dos mercados internacionais e se aproximar de grifes com as quais sempre sonhou trabalhar. “Em linhas gerais, além do retorno financeiro, essas duas feiras nos trouxeram uma certeza e uma imensa oportunidade. A certeza é a de que o Brasil está na moda, sim. Mas talvez de uma maneira um pouco diferente da que imaginávamos. Nossa riqueza cultural, exuberância e diversidade fazem com que tenhamos uma flexibilidade para nos adequarmos a diversas temáticas e estilos de coleções. Nossas peculiaridades fazem o nosso potencial. A oportunidade foi mostrar aos compradores estrangeiros que aqui se faz arte de qualidade e que estamos apenas começando.”

COMITIVA BRASILEIRA NA COLÔMBIA Nos dias 8 e 9 de outubro, a Abit, representada por seu diretor-superintendente, Fernando Pimentel, acompanhou uma comitiva presidencial brasileira numa missão empresarial à Colômbia, com o objetivo de aumentar as relações comerciais entre os países. Dividido em três painéis, o encontro iniciou-se pelo diálogo setorial; o segundo foi sobre as oportunidades de negócios e expansão comercial bilateral, que teve a participação da Apex-Brasil, Procolombia, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do presidente da Associação Nacional de Empresários da Colômbia (Andi); e o terceiro, que contou com a participação de empresas brasileiras, falou sobre a promoção e facilitação de investimentos entre Colômbia e Brasil. Fernando Pimentel, que se encontrou com representantes da indústria têxtil colombiana visando à aceleração da desgravação tarifária entre os dois países, conforme acordo assinado em 2005, disse que o quadro se mostrou muito positivo, pois os dois países são muito parecidos comercialmente e têm uma relação saudável nesse âmbito. O superintendente da Abit disse ainda que há uma possibilidade de acúmulo de origens no tecido brasileiro beneficiado na Colômbia, que poderia ter entrada com impostos reduzidosnos EUA.

TEXBRASIL ANUNCIA VENCEDORES DO BTOBE O concurso BtoBe (Brazilians to Be), uma parceria entre o programa Texbrasil, da Abit, com a Apex-Brasil, junto à Casa de Criadores, chegou à sua terceira edição e os vencedores – Japonique e Iara Wisnik – foram anunciados no último dia do evento, 16 de outubro. O objetivo principal do concurso é a descoberta, capacitação e promoção de novos estilistas empreendedores no mercado internacional. A escolha foi feita por um corpo de jurados formado por empresários de multimarcas, consultores e uma jornalista especializada em moda e, a partir de agora, as duas marcas receberão consultoria, treinamento e mentoria em estratégias de crescimento, bem como a participação num evento internacional bancada pelo projeto, que conta com o patrocínio da empresa francesa Lectra. IARA WISNIK,

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UMA DAS GANHADORAS DO

BTOBE.


Foto: Divulgação

AMPLA DE OLHO NO MERCADO INTERNACIONAL Já presente em 11 países, a Ampla Digital, uma das maiores fabricantes de impressoras digitais de grandes formatos da América Latina, quer aumentar ainda mais sua atuação no mercado internacional, tanto na própria América Latina quanto na Europa, por meio de parcerias de distribuição. A meta é vender mais de 40 máquinas da nova linha de impressoras New Targa XT, dobrando o número de exportações do último ano, segundo Ricardo Lie, diretor de negócios da empresa. “Vamos participar da ITMA, feira internacional que é referência no mercado têxtil e de sublimação, que acontece em Milão, na Itália, em novembro, para reforçar nossa presença na Europa. Fazemos parte do seleto grupo de 12 empresas brasileiras entre 900 expositores de todo o mundo”, conta Lie. TPP: O ACORDO DO QUAL O BRASIL FICOU DE FORA Considerado o maior acordo comercial da história, o Trans-Pacific Partnership (TPP), ou Parceria Trans-Pacífico, que reúne 11 países – EUA, Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Peru, Nova Zelândia, Vietnã e Cingapura –, foi formalizado no dia 5 de outubro, após oito anos de negociações. O acordo definitivo ainda está sendo desenhado e deve ser assinado no início de 2016, após passar pelo Congresso Americano e pelo governo das outras nações. A previsão é a queda de barreiras tarifárias entre os países e regras uniformes no comércio entre eles, que, juntos, movimentarão próximo de US$ 10 trilhões, o que representa 40% do PIB mundial e 1/3 da economia global. E o Brasil? Ficou para trás mais uma vez, apesar de esse ser um acordo da região do Pacífico. “Ficamos amarrados a acordos com países menores, praticamente de toda a América do Sul, mas esse não é um continente protagonista. As fichas do Brasil ficaram todas no Mercosul e em Doha, mas as trocas de ofertas entre Mercosul e União Europeia estão caminhando, o que seria uma das últimas possibilidades de boas tratativas brasileiras. O problema é que perdemos muito tempo, e quem não participa das negociações desde o começo perde as melhores oportunidades”, diz Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Ele ressalta que as cláusulas ainda não são conhecidas, mas que certamente gerarão impacto sobre o Brasil, especialmente nas commodities, e que o mundo está caminhando numa direção que não alcançamos ainda. Segundo Pimentel, a Abit está terminando o mapeamento de todos esses mercados e acordos, incluindo cláusulas trabalhistas, sociais e ambientais. Dessa forma, ficará mais claro para o Brasil direcionar suas estratégias no comércio internacional.


Comércio Exterior AUDACES QUER AMPLIAR SUA PRESENÇA NO MERCADO PERUANO Uma das metas da empresa catarinense Audaces, que está presente em mais de 70 países, é aumentar em 50% suas exportações em 2015. O maior desafio será no Peru, onde já mantém um escritório comercial há dois anos. Como a China, maior parceiro comercial daquele país, passa por uma desaceleração econômica, a situação afeta o país andino. As estratégias da Audaces para aumentar sua participação no mercado peruano incluem participar de feiras como a Expotextil Peru, ocorrida entre 22 e 25 de outubro – consideradas importantes gatilhos para novos negócios e fortalecimento da marca –, incentivar o crescimento da indústria local por meio da capacitação de mão de obra e fazer parcerias com instituições de ensino, centros comerciais e polos têxteis como o Gamarra. Fotos: Divulgação

ASSOCIADOS ABEST PARTICIPAM DE SALÕES FRANCESES Durante o período da Semana de Moda de Paris, entre 2 e 5 de outubro, nove marcas brasileiras associadas da Associação Brasileira de Estilistas (Abest), por meio do programa Fashion Label Brasil, apoiado pela Apex-Brasil, participaram de três salões internacionais: Tranoï, Paris SurMode e Première Classe Tuileries. Destacando os trabalhos mais inovadores em desenvolvimento ao redor do mundo, o Tranoï contou com a presença das grifes Triya, Sinesia Karol e Les Petits Joueurs. No Première Classe Tuileries, salão especializado em acessórios, participaram Mariah Rovery, Serpui, Paola Fabris e Vert Shoes. No Paris SurMode, estiveram presentes Lilly Sarti e Ronaldo Fraga, este pela segunda vez. Para Roberto Davidowickz, presidente da Abest, “os resultados gerados pelas participações em eventos de grande porte, como Tranoï, Paris SurMode e Première Classe, impactam positivamente no crescimento das exportações no setor, além de aumentar o número de empregos diretos e indiretos”. A GRIFE SINESIA KAROL, QUE PARTICIPOU DO SALÃO TRANOÏ.

ALEMANHA: UM DOS PRINCIPAIS DESTINOS DOS CALÇADOS BRASILEIROS Um estudo feito pelo Núcleo de Inteligência Competitiva da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), juntamente com o projeto Footwear Components by Brasil, em parceria com a Apex-Brasil, apontou a Alemanha como um dos principais destinos de exportações para o setor coureirocalçadista brasileiro. Só no primeiro semestre deste ano, foram US$ 35 milhões vendidos àquele país, cerca de 7,8% do total exportado pelo Brasil no período. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), os produtos mais pedidos pelos alemães são cabedal (78,1%), palmilha (6,1%), produtos químicos para calçados (5,5%) e outros (10,3%). O estudo está disponível para todas as empresas do setor – associadas ou não à Assintecal – e pode ser requisitado pelo e-mail relacionamento@assintecal.org.br. Entre os assuntos abordados, estão: dados econômicos gerais e localização; cenário econômico, com a previsão do PIB, balança comercial, taxa de desemprego e inflação; infraestrutura e logística; ambiente de negócios: facilidade de fazer negócios, produção e consumo de energia; análise setorial: comércio exterior e produção de calçados, número de empresas, empregados e consumo; comércio exterior: oportunidades de agregação de valor e market share para moda e tecnologia; ações promocionais e contatos institucionais; conclusões e recomendações.

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Couro e Cia

Fotos: Divulgação

OKOKO & ABEL NOS PÉS DE LINO VILLAVENTURA Era uma vez uma jovem marca gaúcha chamada Okoko & Abel, formada a partir da participação na Maratona Mude, em 2014, da qual saiu vencedora. Na ocasião, o mentor era o estilista Lino Villaventura e o entrosamento foi tanto que a equipe, formada por Cícero Ibeiro, Ana Sabi e Vinícius Kniphoff, participou da cocriação dos calçados desfilados pela

O TRIO CÍCERO IBEIRO, ANA SABI E VINÍCIUS KNIPHOFF, DA OKOKO & ABEL, E O CALÇADO DESENVOLVIDO PARA LINO VILLAVENTURA.

marca Villaventura no Minas Trend Preview e que oram parar nas passarelas da SPFW, no desfile da grife principal, Lino Villaventura. “A quantidade de informações e sentimentos ainda está sendo assimilada. Foram dois meses de muito trabalho até o desfile. Ansiedade, expectativas e mais trabalho para que essa produção acontecesse”, contou Ana. E põe trabalho nisso: no espaço de 60 dias, foram produzidos artesanalmente cem pares de calçados, que estarão à venda nas lojas de Lino Villaventura. Já a primeira coleção solo da Okoko & Abel deve sair ainda no final deste ano. Mais informações no site www.okokoabel.com. JOÃO PIMENTA PARA WEST COAST O estilista João Pimenta desfilou sua coleção Inverno 2016 na SPFW e, claro, os sapatos foram desenvolvidos pela West Coast, marca da qual João é diretor criativo. Seguindo sua inspiração numa alfaiataria tropical, revisitando o passado em formas supertradicionais dos imigrantes italianos, mas sempre com seu toque moderno, criou dois modelos de bota – uma de cano médio e outra de longo – e um sapato, todos de couro e com fechamento de velcro. RONALDO FRAGA LEVA À PASSARELA CALÇADOS DO PROJETO ICONOGRAFIA LOCAL O desfile de Ronaldo Fraga na última edição da SPFW não emocionou só pelas roupas, mas por todo o conjunto da obra. Um dos itens que compuseram o trabalho foram os calçados desenvolvidos com exclusividade pelo projeto Iconografia Local, uma ação desenvolvida pelo estilista e que faz parte do Grupo Estratégico de São João Batista. O grupo formou-se a partir do convênio entre a Associação Brasileira de Calçados (Assintecal), o Sebrae, o Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista (SincaSJB), de Santa Catarina, e empresários locais, que identificaram a necessidade de trabalhar a identidade dos produtos desenvolvidos no polo. Ronaldo inspirou-se na cidade catarinense e toda a confecção foi feita junto às empresas locais. “Esses sapatos contam uma história. Têm personalidade e identidade, tem inspirações, como o tema geral mesmo diz, com valores que não têm preço, que transmitem uma história de amor, humor, saudade, desejo, inovação, afeto, esperança, coragem e euforia”, afirma o estilista. NOVOS LAMINADOS CIPATEX Para complementar sua coleção Outono-Inverno 2016, a Cipatex lançou novos laminados de PU para calçados femininos. Entre as novidades, estão os acabamentos próximos ao couro, metalizados, animal print e cores diferenciadas, como lollipop (vermelho queimado), miel (mel), cactos e giallo sole (tons de amarelo). O laminado Predator vem com estampa de crocodilo; o Winter Piton, com efeito pele de cobra; o Mutant Leopard, estampa de onça com aspecto fosco; e o Splendor, um mix de estampa de cobra e onça, com textura de réptil e efeitos metalizados. Nos nobucados, os lançamentos foram o Vintage, em tons terrosos, e o Femminilita, com aspecto de couro, em nove tonalidades. Nos vernizes, destaque para o Brilliancy, em 11 cores, e o Verniz Dep View, em sete tonalidades. Já no acabamento de PU, os lançamentos foram o Galles, nas cores gold, silver e gold light; o Avesso, nas tonalidades LAMINADO SPLENDOR,

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LANÇAMENTO DA

CIPATEX.

grafite e caramelo; e o Padova, nas cores preto, amêndoa e camel.


CALÇADISTAS LAMENTAM REDUÇÃO DA ALÍQUOTA DO REINTEGRA

PASSE LIVRE NO DETECTOR DE METAIS

Foto: Divulgação

A redução da alíquota do Reintegra (restituição de uma porcentagem das exportações feitas por empresas manufatureiras brasileiras, como forma de reintegrar valores referentes a custos tributários residuais na cadeia de produção), anunciada para janeiro de 2016, já não era uma boa notícia. Para “melhorar”, o governo antecipou a medida para dezembro de 2015, o que causou um grande impacto na indústria coureirocalçadista, que exporta em torno de 15% de sua produção, quase 900 milhões de pares, para 150 países. “Em meio a um quadro de quedas na produção e no nível de emprego no segmento, ainda temos que conviver com o corte de incentivos que são fundamentais para manter a atividade”, lamenta Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A medida começa a valer a partir de 1º de dezembro e se estende até dezembro de 2016, quando o percentual

passará de 1% para 0,1%. Para 2017 e 2018, as alíquotas anunciadas ficarão em 2% e 3%, respectivamente. Para Heitor Klein, o setor industrial, que poderia tirar a economia brasileira da recessão, é o mais afetado com os ajustes.

A Piccadilly, pensando nas mulheres que viajam muito ou mesmo trabalham em aeroportos, desenvolveu uma palmilha com tecnologia exclusiva, a Alarm Free, feita de materiais leves e ultrarresistentes, que dispensam o uso da alma de aço, utilizada frequentemente para garantir a resistência do calçado. Os artigos já estão disponíveis na coleção Primavera-Verão 2016 da Piccadilly e podem ser identificados por uma etiqueta colada na palmilha.


Couro e Cia.

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POR SILVIA BORIELLO Foto: Divulgação

MARATONA MUDE 2015

BATALHA CRIATIVA PROMOVIDA AO VIVO NO MEIO DO BARRASHOPPINGSUL, EM PORTO ALEGRE (RS).

EVENTO PROMOVE BATALHA CRIATIVA E O ORGULHO DE SER BRASILEIRO Uma das grandes sacadas para a descoberta e o desenvolvimento de novos talentos no setor calçadista brasileiro, a Maratona Mude teve sua segunda edição realizada entre os dias 25 e 26 de setembro no BarraShoppingSul, em Porto Alegre (RS). A partir de uma iniciativa entre a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o evento é praticamente um reality show de confecção de calçados dentro do shopping, ao vivo, durante 24 horas ininterruptas. O briefing deste ano para a criação de um calçado para a nova mulher brasileira foi “o resgate do orgulho de ser brasileiro através do design”, e as quatro equipes selecionadas tiveram o estilista João Pimenta como mentor, que lembrou: a referência teria que ser usada de forma racional para criar um produto inovador que fosse para os pés, e não para a estante. Conseguiram. O evento foi dividido em duas etapas: a primeira, no dia 25, começou com a explicação do conceito e orientações, dando início à Batalha Criativa, cujo desafio era construir

um protótipo de calçado feminino, somente o pé direito, no período de 24 horas, em tempo real. Para isso, as equipes tiveram à disposição equipamentos, materiais e uma estrutura de fábrica-conceito com máquinas e ferramentas para o desenvolvimento das criações. No mesmo dia, aconteceram oficinas de criação oferecidas por Assintecal, Sebrae, Vinci Shoes, Usthemp, Setti Criadores e Usefashion; palestras com Isabela Capeto, Helen Rödel, Fernanda Yamamoto; bate-papo com Ocksa, Ciao Mao e Perky Shoes; apresentação e defesa dos trabalhos desenvolvidos e, no fim do dia, o anúncio dos vencedores da Batalha Criativa. No dia 26, a programação foi de conversas com profissionais do setor, que compartilharam suas experiências no mercado. O prêmio – um troféu e um cheque de R$ 20 mil – foi para a equipe Rosa, formada por Miriam Magalhães, Anderson Soares, José Dilceu dos Santos e Denise Maders, que se inspirou na música “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, e homenageou as curvas das obras de Tomie Ohtake. O evento contou ainda com o patrocínio do Grupo Couromoda, da Francal Feiras e da Colorgraf. Fotos: Divulgação

A EQUIPE ROSA, VENCEDORA JOÃO PIMENTA, AO CENTRO.

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DA

MARATONA MUDE 2015,

COM O MENTOR,

CALÇADOS DESENVOLVIDOS TOMIE OHTAKE.

PELA EQUIPE VENCEDORA, COM AS LINHAS DE



Tecnologia

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POR SOLLY SEGENREICH

SISTEMA MODA-01 EXPRESS Divulgação

Independentemente da crise econômica pela qual passa o país, é fato indiscutível que o mercado de CADs está saturado. A maioria das grandes, médias ou mesmo pequenas empresas já tem o seu CAD. Algumas têm plotter e as que não têm mandam plotar seus moldes e riscos com terceiros. A estratégia de alguns fornecedores é oferecer produtos cada vez mais sofisticados, como cortadoras e enfestadoras automáticas, aos seus antigos clientes que ainda conseguem sobreviver. Por outro lado, há um enorme mercado constituído por estudantes, modelistas e micros e pequenas empresas, que têm enorme interesse em possuir um CAD de primeira linha, mas não têm recursos financeiros nem linhas de crédito para tal. Diante dessa realidade, e sempre um passo à frente em seu modelo de negócios, a Segen/Moda-01 lançou o Moda-01 Express como solução para atender essa demanda represada. O Moda-01 Express é uma versão do tradicional sistema Moda-01 (versões 17 e 20), que poderá ser baixada gratuitamente por qualquer pessoa ou empresa. O Moda-01 Express não é uma versão demo ou com restrição de tempo de validade. É o próprio consagrado sistema CAD Moda-01, presente no mercado há mais de 23 anos, com mais de 1.200 exemplares e todas as suas funcionalidades de fotodigitalização, criação e alteração de bases e moldes, graduação, cálculo de enfestos e encaixe interativo para risco. AS VANTAGENS PARA O USUÁRIO Para estudantes da área de moda, essa é a oportunidade de começar a utilizar a tecnologia CAD sem nenhum investimento financeiro, preparando-se melhor para o mercado de trabalho ou mesmo estimulando-se para ser um empreendedor. Para modelistas, abre-se um mundo de oportunidades para modelar e graduar via computador, enviando os resultados em papel ou pela internet para seus atuais e futuros clientes.

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Para as empresas, é uma larga avenida para incrementar sua produtividade e, consequentemente, a margem de lucro, sem desembolso financeiro e sem o risco do “será que vai dar certo?”. Para a Segen, são antevistas várias oportunidades, entre elas popularizar cada vez mais o Moda-01 Express no mercado e criar uma demanda para a venda de suas plotters à caneta, a TR-1900/REM. Mais ainda, num mercado voltado cada vez mais à venda de serviços, a Segen oferecerá a geração de arquivos BPS e PLT, para que o usuário possa plotar seus moldes e/ou riscos em qualquer loja de serviços gráficos de plotagem e comunicação visual. Outra oportunidade será a possibilidade de obter encaixes otimizados via um serviço especial a ser oferecido pela Segen, o que gerará uma enorme economia de custos de matéria-prima e pessoal para o cliente. UMA BREVE HISTÓRIA A Segen Comércio e Tecnologia Ltda. foi fundada formalmente em 1992. O Moda-01 é um projeto iniciado e liderado em 1987 pelo professor de engenharia mecânica da PUC-RIO Solly Segenreich e um grupo de alunos de iniciação científica. Alcançou grande sucesso por oferecer, pela primeira vez, um CAD e uma plotter genuinamente nacionais. Com o interesse cada vez maior das empresas de confecção e as primeiras encomendas, foi fundada a empresa, que ocupa até hoje instalações próprias no Rio de Janeiro. Com o passar do tempo, os produtos foram se sofisticando, mas a plotter continuou operando com a caneta (“a plotter da canetinha”), o que lhe rende um enorme sucesso com clientes Moda-01 e com clientes que possuem CAD de outros fornecedores. SOLLY SEGENREICH É DIRETOR COMERCIAL DA SEGEN/MODA 01.


POR ROSELAINE ARAUJO

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Fique Sabendo

NANO TRADESHOW ROUPAS COM NANOPARTÍCULAS PARA REDUZIR RISCOS DE INFECÇÃO HOSPITALAR E TECIDOS REPELENTES A INSETOS FORAM AS PRINCIPAIS NOVIDADES DO EVENTO Em outubro, São Paulo recebeu a Nano Tradeshow. A feira, promovida pelo grupo Hewe Eventos, no Transamerica Expo Center, reuniu mais de 70 expositores de diferentes setores. De acordo com a estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mercado mundial de nanotecnologia deve movimentar aproximadamente US$ 3 trilhões até 2018. O evento abrangeu um vasto leque de segmentos dentro da nanotecnologia, como órgãos goverPALMILHA SEQUINHA DA DUBLAUTO: ISOLA O PÉ namentais, universidades, institutos, empresas e laboratórios 100% DA UMIDADE. ligados às áreas de biotecnologia. O número de indústrias que

podem ser beneficiadas com a tecnologia é extenso e inclui vários setores, como mercado têxtil, cosméticos, embalagens, automotivo e muitos outros. “A nanotecnologia torna qualquer negócio mais competitivo. A feira nasceu para facilitar o acesso das empresas a todas as possibilidades que ela pode oferecer por meio da inovação e, EVANDRO WOLFART, DUBLAUTO, MOSTRA

DIRETOR DA A DU PET: CAMINHA PARA CACHORRO REPELE PULGAS E INSETOS POR MEIO DE NANOCÁPSULAS.

principalmente, no desenvolvimento econômico das companhias”, ressaltou Viviane Ferreira, diretora da Hewe Eventos. Entre as nanotecnologias direcionadas ao setor de calçados e vestuário, estavam os produtos desenvolvidos pela Dublauto. Um dos

destaques é a palmilha sequinha. “A parte inferior da palmilha absorve 400% da umidade do pé. Toda essa umidade fica embaixo de uma espécie de manta nanotecnológica, que isola o pé 100% da umidade”, revelou Evandro Wolfart, diretor da Dublauto. A empresa também dispõe de tecnologia nano para reduzir fungos e bactérias em tecidos e até para conferir aromas especiais às fibras, como o desejado cheirinho de chocolate. A grande novidade da marca, que atraiu muitos olhares no evento, foi a Du Pet, uma cama para cachorro que repele pulgas e insetos por meio de nanocápsulas feitas com óleos naturais repelentes. Gabriel Nunes, diretor da TNS Nanotechnology, destacou as nanopartículas com propriedades antibacterianas, que auxiliam o segmento médico e hospitalar. “Com a nanotecnologia, é possível desenvolver jalecos, lençóis, aventais e luvas que reduzem drasticamente a proliferação bactérias, inibindo o risco de infecção hospitalar. Já desenvolvemos também uma fronha cujas partículas de nanotecnologia combatem a acne durante o sono”, enfatiza. Além dos benefícios diretos, a nanotecnologia também está mais acessível ao bolso. Hoje, é possível desenvolver todas as vantagens investindo somente cerca de 20% ou 30% a mais. Conheça outras empresas que participaram do evento e descubra mais detalhes sobre a nanotecnologia acessando nanotradeshow.com.br


Fotos: Divulgação

Tecnologia CALCINHA QUE INIBE BACTÉRIAS A marca mineira de moda intima Ouseuse lançou no mercado uma calcinha que elimina bactérias. Feito com forro de íon de cobre, o produto ajuda a reduzir 99% de bactérias e fungos. “Os íons de cobre criam uma proteção natural contra fungos e bactérias sem interferir no conforto da mulher. Isso acontece porque as partículas de cobre liberam íons que podem perfurar as membranas das bactérias, destruindo o RNA ou o DNA desses agentes e até mesmo de alguns vírus”, explicou Rosana Marques, proprietária da Ouseuse. Os íons de cobre são aprovados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, que garante que as ligas de cobre antimicrobiano beneficiam a saúde. A calcinha com forro de íon de cobre está disponível em diversas cores no modelo tanga. VENDAS ONLINE NA MODA O Gallerist, um dos mais conhecidos e-commerces de moda do Brasil, fechou parceria com o OPTe+, que reúne as maiores marcas do e-commerce brasileiro. A entrada do Gallerist na lista de parceiros da plataforma de compras reforça a estratégia da CSU MarketSystem para transformar o marketplace em uma referência nacional não apenas para o consumidor de moda, mas para qualquer cliente que viva experiências de compras online. Por meio do OPTe+, os clientes podem pesquisar, comparar preços e adquirir produtos de diferentes lojas em um único ambiente digital. “O carrinho de compras é único e o pagamento também, o que proporciona mais comodidade e segurança”, explica Danilo Vasconcelos, diretor-executivo da CSU MarketSystem. Segundo ele, a entrada da Gallerist vai enriquecer ainda mais o portfólio do portal, que já contabiliza grandes marcas parceiras, como a Schutz e a Pat Pat’s. CAMISETA INTERATIVA KYLY O Grupo Kyly desenvolveu novos modelos de camisetas que vão encantar a criançada. Os itens fazem parte do projeto Realidade Aumentada, criado para as marcas infantis Kyly e Milon. Uma das sensações é a camiseta T-Play, que interage com o usuário graças à tecnologia de realidade aumentada, feita por meio de um aplicativo. Com a estampa em tamanho maior e através da tela do computador ou do celular, é possível brincar com a estampa do produto. Ao todo, são mais de 20 modelos. As peças já estão disponíveis nas lojas físicas e virtuais da Milon e da Kyly. Gostou da novidade? Veja onde pode encontrar os artigos acessando www.kyly.com.br. EFICIÊNCIA HÍDRICA E ENERGÉTICA PARA O SETOR No mês de setembro, o Sinditêxtil-SP, a Abit, a Fiesp e o Ciesp, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), promoveram a palestra “Inovação e Competitividade no Setor Têxtil e de Confecção: O Papel do MCTI”. Realizado no Centro das Indústrias de Americana (Ciesp), em Americana (SP), o evento teve como objetivo promover o desenvolvimento de tecnologias de eficiência hídrica e energética no setor industrial, principalmente na região de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste. A palestra conduzida pelo ministro Aldo Rabelo terminou com a assinatura de um convênio tecnológico para auxiliar o setor têxtil paulista na eficiência tanto de água como de energia.

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Atualidades Fotos: Divulgação

SEMANA TÊXTIL E MODA NA USP A oitava edição da Semana de Têxtil e Moda movimentou a Universidade de São Paulo (USP) Leste entre 26 e 30 de outubro. O encontro tem entre seus principais objetivos estabelecer futuras parcerias em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. O evento anual reuniu mais uma vez alunos e professores da universidade com profissionais e empresários do mercado têxtil e de moda. Diversos conhecimentos práticos foram divididos entre os presentes em uma série de workshops, palestras e exposições. A oportunidade foi perfeita para jovens exibirem seus trabalhos e apresentarem ideias e inovações para o segmento. Neste ano, o tema do encontro foi “Renda – Sua História e Seu Mercado”. A Andrade máquinas apoiou o evento montando uma célula de produção de lingerie, onde os alunos puderam costurar e produzir durante o encontro. Também apresentaram uma palestra sobre a adequação das máquinas de costura à RN12. PLUS SIZE VAI INTEGRAR AS NORMAS DE VESTIBILIDADE PRODUÇÃO EM QUEDA Ninguém esperava que fosse diferente, mas a pesquisa mensal de Conjuntura da Abit comprovou que os líderes do setor têxtil não estão nada animados com o atual rumo dos negócios. A pesquisa identificou que os empresários têxteis estão pessimistas quanto ao nível da produção no setor no fim deste ano. A expectativa de produção para outubro e novembro para 77% dos entrevistados é de queda, enquanto 7,58% dos empresários têxteis acreditam que o indicador ficará acima do esperado. Para Rafael Cervone, presidente da Abit, o resultado é um retrato da crise econômica do país. “A péssima situação da economia brasileira promove um efeito cascata, com perda de empregos, baixo nível de investimento e, consequentemente, diminuição no consumo, o que impacta diretamente na queda da produção. No entanto, apesar de tudo, é preciso planejar o futuro, pois um dia essa crise vai acabar”, explica Cervone. Para 68% dos entrevistados, o nível de inadimplência está acima do identificado em setembro de 2014. A pesquisa de amostragem é enviada para 300 empresários. O grupo pesquisado é composto de industriais das áreas de fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento, fabricantes de vestuário e outros itens.

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O segmento de moda feminina nacional ganhará uma importante novidade em janeiro de 2016. O Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário (ABNT/CB-17) – que tem entre seus integrantes a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) – iniciará a consulta pública da Norma Feminina de Vestibilidade. A inovação mudará a forma de o público tratar os tamanhos de vestuário. É a chamada vestibilidade. Com o novo sistema, as peças passarão a ser classificadas pelas medidas de cada corpo e não mais nas medidas de roupa. Antes que a norma seja regulamentada, continuarão os testes com voluntárias, já realizados hoje. Eles são baseados em medidas trazidas por diversas empresas dos ramos de confecção e varejo.


O segmento de jeanswear é um dos poucos mercados que apresentaram crescimento entre todos os artigos de vestuário produzidos no país, segundo dados divulgados pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) em 2014. De olho nesse panorama, o Grupo Racheltex resolveu inovar no segmento atacadista e a partir de agora deixa de ser Racheltex para se tornar a Opzzi Jeans. Trata-se não só de uma nova marca, mas de um novo direcionamento, já que os lojistas vão poder conferir também uma reformulação nas lojas. As redes de lojas Opzzi estão presentes nas cidades de Capivari, Maringá e Rolândia. Para o próximo ano, a ideia é expandir abrindo mais unidades e também lojas de e-commerce.

ÍNDICES DE INTENÇÃO DE COMPRA CAÍRAM Divulgação

O índice de consumidores que pretendem efetuar uma compra de bens duráveis no período de outubro a dezembro de 2015 é de 34,4%, segundo pesquisa realizada pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA). O estudo, feito em parceria com o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar) e com a Felisoni Consultores Associados, indicou que foram registrados 10 pontos percentuais a menos do que o registrado no terceiro trimestre de 2015, que foi de 44,4%. Além disso, a intenção de compra na internet também diminuiu: passou de 86,6% no trimestre passado para 82,5% neste trimestre. De acordo com o diretor do Ibevar, Nuno Fouto, esse resultado é explicado pela deterioração das condições de compra. “De fato, no quarto trimestre do ano passado, depois de descontadas as despesas e o pagamento das dívidas, sobrava 10,8% do orçamento das famílias para novas compras. No entanto, para o mesmo período deste ano, sobra apenas 6,5%”, detalha o professor. Conheça melhor os números no site www.ibevar.org.br. Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

GRUPO RACHELTEX TEM NOVA MARCA ATACADISTA

CRESCIMENTO CONTÍNUO O grupo químico belga Solvay está entre as empresas que mais crescem mundialmente nos segmentos de energia e meio ambiente, automotivo e aeroespacial, elétricos e eletrônicos. Com um desempenho voltado à melhoria da qualidade de vida de seus clientes, a empresa impressionou no terceiro trimestre do ano. O lucro líquido chegou a 121 milhões de euros. “O crescimento foi resultado de nosso portfólio amplo e global e no foco constante em inovação e excelência, apesar da fraqueza vista em alguns dos mercados em que atuamos. Os resultados também se beneficiaram de taxas de câmbio favoráveis”, afirmou Jean-Pierre Clamadieu, CEO do Grupo Solvay. A novidade para o final de 2015 é a aquisição da empresa Cytec. “Estamos nos mobilizando para um processo rápido e eficaz de integração, confiantes e entusiasmados com essa união”, completou. JEAN-PIERRE CLAMADIEU, CEO

DA

SOLVAY.J.

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Fotos: Divulgação

Caderno Têxtil – Novidades Têxteis CONFORTO E TECNOLOGIA NO VERÃO DA VICUNHA Funcionalidade, conforto e suavidade são os motes do Verão 2017 da Vicunha. A partir de quatro tendências principais que transitam entre o vintage e o atual – como a Roots Recap (estilo tribal e tradições africanas sob um olhar globalizado, em que a estamparia reina absoluta), Nostalgic Remake (valorização das raízes familiares, da beleza do cotidiano, do acolhimento, com referências dos anos 50 e 70 e acabamentos que remetem às marcas do tempo pelo uso da peça); a Notox (nada de excessos, para não ter que fazer o “detox”, luxo por meio do estilo clean, da alta qualidade, sem vinculação a gêneros, em que o brilho natural das fibras é valorizado e o branco puro é a cor principal); e a Free Radicals (street art, grandes centros urbanos, clubes noturnos dos anos 80 e 90, cores vivas e o efeito couro como destaques) –, a tecelagem trouxe dezenas de lançamentos em denim, sarja, brim e estampas. Entre eles, destacamos: o denim Stanley (5,8 oz) e o brim Melissa (5,9 oz), da linha Shirting Collection, superleves – porém resistentes – e com ótimo controle térmico, deixando uma sensação de frescor o dia todo, além do brilho, maciez e toque por sua composição 100% Tencel®. Na Perfect Fit, linha denim premium supersmart da Vicunha, com tecnologia Duo Core, os destaques ficam para o Sabrina (7,5 oz), mescla de algodão, Liocel e T400 (poliéster e elastano), com toque ultramacio; e o Alyson (10,5 oz), em construção cetim alto stretch (46%) que não deforma quando esticado, acompanha as curvas do corpo e dá a sensação de conforto. Na linha True Denim, 100% algodão, as novidades são o Bradley e o Bruce, ambos denins 10 oz e 4x1, que deixam a sarja bem marcada, com cara de pesada, mas são superflexíveis, e mistura de dois tons de azul – o Bradley, mais vibrante, e o Bruce, com coating índigo espatulado, que deixa o fundo do tecido sombreado. Na Athletic Denim, com aparência de denim por fora e o toque e o conforto do moletom por dentro, o Twist (9,8 oz) vem com um superstretch de 80%, graças aos fios produzidos com a tecnologia Duo Core. O Skate (7,8 oz) tem aparência muito próxima do moletom, power de 60% e tingimento puro índigo com trama preta. Já na linha Bi-Stretch Denim Fitness, os destaques ficam por conta das sarjas Raissa (9,2 oz), superstretch de 60% com elastano nos dois sentidos, fio preto do lado avesso e efeito flamê; e Wendy (9,7 oz), com power de 87%, cara de cetim e praticamente zero encolhimento nos dois sentidos. Foto: Marcio Rodrigues/Divulgação

NOVA CAMPANHA MAHANY.

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DA

CEDRO

COM A MODELO

DENIM PREMIUM: A APOSTA DA CEDRO PARA O VERÃO 2017 Alta tecnologia e valor agregado são inerentes aos tecidos da Cedro. Para reforçar essas características em seus denins com acabamento mais sofisticado, a tecelagem anunciou para o Verão 2017, além de quatro novas linhas de produtos, sua nova logomarca na Divisão Jeanswear: junto ao seu tradicional logotipo, agregou a expressão “Jeanswear Just Premium”. Outra novidade é a estreia de um site específico para os clientes e profissionais de moda (http://jeanswear.cedro.com.br), com informações de lançamentos, novidades, beneficiamentos, lavanderias e dicas de tendências e inspirações. Nos lançamentos de tecidos da estação, a Cedro destacou as linhas Super Elastic, que possui tecidos com stretch de 35% a 70% (Duo Dark, Sky, Viggo, Lanai II, Athos, Klee, Charlotte, Dominic, Pietra, Seven, Marcell e Stella); a Elastic, com power entre 20% e 40% (New Asti, Nery e Belucci Stretch); a Fix, com tecidos mais rígidos (Montana, Halle II, Viktor e Belucci – este último uma sarja PT 7 oz e 1,75 m de largura); e a Flow, de tecidos leves (Bellini e Bellagio). Além da alta elasticidade, a tecelagem deu ênfase aos tingimentos, todos em tons de azul e inspiração vintage, com um pé nos anos 70.


Foto: Reprodução

PANTONE ELEGE DEZ CORES PARA 2016 Como já é tradição, a Pantone® destacou a cor eleita para 2016, mas, esse ano, não foi apenas uma, mas dez cores para a cartela Primavera 2016, concentradas em tons calmos, ensolarados, que convidam a relaxar, se desconectar das tecnologias e do estresse diário, ao escapismo, formando uma paleta unissex. São elas: Rose Quartz (13-1520), que promete ser uma das preferidas da estação, Peach Eco (16-1548), Serenity (15-3919), Snorkel Blue (19-4049), Buttercup (12-0752), Limpet Shell (13-4818), Lilac Gray (16-3905), Fiesta (17-1564), Iced Coffee (15-1040) e Green Flash (15-0146). Divulgação

SALOTEX ADOTA NOVA POSTURA DE MERCADO Pensar em se adaptar ao seu tempo e aos novos rumos é um passo muito importante para quem está há 55 anos no mercado, como a Salotex. Atuante especialmente nos segmentos fitness, moda praia e íntima, ela, que é uma das mais tradicionais e reconhecidas tecelagens brasileiras, resolveu mudar sua postura no mercado por meio de gradativas transformações internas bem planejadas, a começar pelo novo positioning statement da marca: “Salotex, a moda em tecidos”. Até o fim de 2015, muitas novidades ainda virão, junto a novos tecidos com mais tecnologia aplicada, seja nas estampas, seja na estrutura, bem como ações de patrocínio que prometem movimentar a indústria têxtil. “Sentimos que, depois de 55 anos de atuação sólida, era chegada a hora de avançar na cadeia e propor algo novo a este mercado vivo e pujante. Sempre trabalhamos com muita alegria e satisfação com o resultado final de nossos produtos. Por isso, entendemos que é o momento de nos revelarmos ao setor têxtil da maneira que somos em nossa essência: uma empresa de moda, pensada de acordo com as necessidades e desejos do público, das pessoas. É nisso que acreditamos e é com essa filosofia que continuaremos a construir nossa história”, destaca Beni Waiswol, diretor comercial e sócio da Salotex, ao lado do irmão, Jairo. Foto: Silvia Boriello

SUMMER BLUE SANTISTA Olhando para o mundo contemporâneo, a Santista Jeanswear trouxe ao seu Summer Blue 2017 o movimento cross gender, ou seja, a androginia, atendendo o universo masculino e o feminino com os mesmos produtos. A coleção de verão da tecelagem traz mais de 40 lançamentos, divididos entre as linhas clássicas Icon, Free e Denim Couture. Na Icon, 100% algodão, a novidade é o conceito Fly Denim, com estruturas mais soft e fluidas presentes nos denins Flight (9,6 oz) e Skitter (9,8 oz), que proporcionam extremo conforto, naturalidade e suavidade nos movimentos. Na Denim Couture, os artigos Euphoria (8,3 oz) e Lusion (9,4 oz), em nova cor, com acabamentos especiais para peças de visual refinado e único. Na linha Free, de alta performance em conforto, mobilidade e recuperação, os destaques ficam por conta do Extreme (8,7 oz), o mais alto power da coleção (60%) com tecnologia Tri-blend®; o Willow (8,1 oz), com azul médio; e o Wing (8,7 oz), que se destaca pela estrutura e pelo conforto de um Fly Denim. Marcando o lançamento de sua coleção Verão 2017, a Santista promoveu o Talk Jeans com uma convidada especial: a americana Leandra Medine, do blog Man Repeller, considerada uma das 30 pessoas mais influentes com menos de 30 anos pela revista Forbes e o blog, um dos 25 melhores do mundo pela Time. A blogueira e jornalista foi escolhida por ser pioneira em seu segmento e por ter o jeans muito presente em seus looks no dia a dia, além da personalidade e identidade própria tão inerentes, como a Santista com seus produtos. Para mediar a conversa com Leandra, que girou em torno de seu pioneirismo, originalidade e todo o universo de possibilidades do jeanswear, foram convidadas as jornalistas Lilian Pacce, Maria Prata e a blogueira Julia Petit.

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Tendências

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POR TRENDZ BUREAU, LONDRES

VAREJO: INOVAÇÃO, CRIATIVIDADE E TENDÊNCIAS NA CONSTRUÇÃO DA ANATOMIA DO VESTUÁRIO Fotos: Trendz Bureau

Em tempos de crise, flexibilidade é essencial para

O nascimento do conceito das silhuetas

adaptar-se aos novos modelos de negócios,

híbridas celebra o poder transformador criativo.

mantendo grifado o DNA, a alma da sua empre-

Inteligentes e funcionais, elas compõem um mix

sa, oferecendo produtos únicos com identidade

de tendências presentes em apenas uma peça

própria, conhecendo seu nicho de mercado e seu

de vestuário, oferecendo ao profissional da

público-alvo, estruturando de maneira segura os

indústria

caminhos que deverá seguir para deixar seu

planejamento, criação e desenvolvimento das

cliente sempre encantado, construindo uma

coleções.

estrutura de valores agregados que funcione

Em

como impulsionadora de coragem, tornando-se

uma

moda

maior

fantástica

agilidade

complexidade

no

da

anatomia de um vestuário inovador, o mercado

um trampolim para a originalidade inventiva, sain-

fast fashion transformou peças simples em

do completamente de sua zona de conforto.

inusitadas – uma mistura de várias tendências,

Saber conectar o presente em uma visão

utilização de novas matérias-primas, de silhuetas

imediata de futuro é necessário para ajustar sua

mais bem planejadas e construídas, além de um

pesquisa de tendências. Mas é preciso manter o

cuidado especial com os detalhes e aca-

foco, pois a quantidade de informações é imensa:

bamentos –, transformando-se em uma diversão

internet, sites de conteúdo, revistas de moda,

extraordinária de peças originais, um real savoir-

birôs de tendências e viagens de pesquisa. A sensação de beber de várias fontes pode ser fantasticamente deliciosa, porém bastante perigosa. Como separar o joio do trigo? Quantidade nem sempre é sinônimo de qualidade, pois o êxito do varejo é possuir o produto

faire da imaginação, tornando o vestuário muito A

FLEXIBILIDADE CRIATIVA NA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO: CAMISA HÍBRIDA: PIJAMA + ALFAIATARIA INTELIGENTE + NEOCONFORTO. SHORT HÍBRIDO: RETRÔ RENASCENTISTA + NEOUTILITÁRIO + ALFAIATARIA INTELIGENTE.

certo, com preço certo, no momento certo.

mais atraente para seu público-alvo. Dessa forma, o futuro chega ao mercado varejista. Rápido e preciso, misturando tendências às texturas, às matérias-primas e aos materiais que nos surpreendem a cada instante, refletindo essa nova dimensão da moda que tenta

E o varejo do hemisfério norte mostra-se cada vez mais

buscar seu estilo próprio em uma eterna necessidade de sentir-

competente em relação a essa questão, otimizando tempo e

se genuíno, fazendo com que o varejo supere qualquer obstáculo

recursos, aproveitando-os no potencial máximo para gerar

e acompanhe de forma precisa essa conexão tão exata, não

coleções de sucesso que, atualmente, são formadas de diversas

apenas a sublime arte de entrelaçar fios, mas de, realmente,

minicoleções, extremamente bem coordenadas e lançadas

construir a anatomia de um vestuário, inovando e aliando

durante a estação. Elas também estão menores e comunicam-

criatividade às tendências de comprovação.

se entre si, tornando o processo criativo mais dinâmico e

Essa pesquisa foi realizada pelo TrendZ Bureau em Londres

eficiente e o consumidor satisfeito com as novidades sempre

com uma análise mapeada no universo das coleções do

frescas oferecidas pelo mercado.

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da

mercado europeu. www.trendzbureau.com



Cursos Foto: Divulgação

PÓS-GRADUAÇÃO NO CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC O Centro Universitário Senac está com inscrições abertas para três cursos de pós-graduação na área de moda: Modelagem e Moulage no Processo de Criação, Criação de Imagem e Styling de Moda e Negócios da Moda: Gestão, Marca e Coleção. O curso de Modelagem e Moulage no Processo de Criação é voltado a profissionais das áreas de moda, design e artes que desejam se especializar na produção de peças de vestuário por meio da moulage, técnica que consiste na feitura do molde diretamente sobre o manequim. Já Criação de Imagem e Styling de Moda forma o aluno para coordenar equipes de criação de imagem de moda para desfiles e editoriais fotográficos, além de compor grupos ligados a trabalhos de visual merchandising. A especialização em Negócios da Moda: Gestão, Marca e Coleção torna os profissionais aptos a gerenciar equipes de desenvolvimento de produtos, compradores da indústria de confecção, além de planejar coleções de moda, considerando a gestão da qualidade e o posicionamento da marca. As inscrições para a pós-graduação lato sensu presencial poderão ser feitas até 29/2/2016. A inscrição custa R$ 50. Para mais detalhes, ligue para 0800-883-2000 ou acesse www.sp.senac.br/posgraduacao.

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ENMODA OFERECE CURSOS ONLINE E WORKSHOPS PRESENCIAIS A Enmoda – Escola de Moda, que tem cursos online e a distância, abrirá turmas para os cursos de formação a partir de fevereiro. As aulas da primeira turma começam no dia 29/2/2016. Ao todo, são cinco cursos de formação online com duração de um ano. São eles: Formação em Digital Fashion Business, Formação em Fashion Marketing & Communication, Formação em Fashion Retail Management, Formação em Fashion Design e Formação em Consultoria de Imagem. A instituição oferece também uma série de workshops presenciais com duração de oito horas. Para os primeiros meses do ano, já estão programados os seguintes workshops: Comportamento do Consumidor (30/1), Direção Criativa (30/1), Porfólio de Marcas por Lifestyle (27/2), Processo Criativo em Desenho de Estampa: Como Criar Estampas Corridas e Variantes de Cores (27/2), Fashion Marketing (12/3), Coloração Pessoal (9/4), Comunicação de Moda (9/4) e muitos outros. Para saber mais, ligue para (11) 4195-6275 ou acesse www.enmoda.com.br. FAAP RECEBE INSCRIÇÕES PARA CURSOS LIVRES A Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) terá para o primeiro semestre de 2016 uma vasta programação de cursos livres, entre eles: Arte, Moda e Modernidade (30/3 a 4/5), Corte, Costura e Modelagem – Básico (8/3 a 3/5), Estamparia Manual e Desenho (14/3 a 4/5); Estamparia Têxtil: do Manual ao Digital (29/3 a 24/5), Figurino – O Papel da Indumentária em Cena (24/3 a 9/6), entre outros. Mais informações podem ser obtidas pessoalmente, pelo e-mail nucleocultura@faap.br ou pelo telefone (11) 3662-7034. SENAI/CETIQT ABRE INSCRIÇÕES PARA VESTIBULAR A Faculdade Senai/Cetiqt está com vagas abertas para o vestibular do primeiro semestre de 2016 nas unidades da Barra da Tijuca e Riachuelo, no Rio de Janeiro. Os cursos oferecidos são: Engenharia de Produção, Engenharia Química, Engenharia Têxtil, Design de Moda e Tecnologia em Produção de Vestuário. As inscrições podem ser feitas pela internet na da faculdade até 22 de novembro. A prova será realizada no dia 28 de novembro nas duas unidades. Há também cursos de extensão presenciais: Criação de


Conceito de Marcas e Coleções de Moda, Criação de Imagem de Moda: o Trabalho da Produção Executiva, Fashion Forecasting – Noções de Logística Internacional com ênfase em Têxtil e Equipamentos, Marketing da Moda, Visual Merchandising e vários outros dentro do segmento. Solicite mais detalhes pelo e-mail aparrini@cetiqt.senai.br ou pelo telefone (21) 2582-1008. SENAI/SP TEM CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA PARA A ÁREA TÊXTIL E DO VESTUÁRIO Mais de 24 cursos de formação inicial e continuada do Senai/SP atendem à necessidade de capacitação rápida para profissionais já atuantes ou que buscam ingressar na área de vestuário. Entre eles, há cursos de Assistente de Estilo, Cortador de Confecção Industrial, Silkscreen, Tecnologia dos Processos Têxteis e muito mais. As matrículas para janeiro de 2016 já estão disponíveis e podem ser realizadas pelo site ou diretamente na secretaria escolar situada na Rua Correia de Andrade, 232, Brás, São Paulo. Informe-se mais no site http://www.sp.senai.br/textil. PARA APRENDER NAS FÉRIAS A L’apis L’Azulle está com inscrições abertas para os Cursos Intensivos de Férias – Modelagem Rittai Saidan – Nível I, em Maringá (PR). Os alunos vão aprender modelagem pelo método japonês Rittai Saidan. Os cursos serão ministrados em dezembro (14 a 19) e janeiro (4 a 9). É necessário fazer a inscrição pelo e-mail contato@lapislazulle.com.br ou pelo telefone (44) 3305-8011. Para mais informações, acesse www.lapislazulle.com.br. INSTITUTO ORBITATO AMPLIA CONHECIMENTO DO MERCADO TÊXTIL E GESTÃO DE MARCAS Você conhece bem seu público-alvo? E a linguagem que usa com ele é a mais adequada? Essas e outras perguntas foram respondidas em setembro no curso de Direcionamento e Gestão de Marcas realizado pelo Instituto Orbitato, em Pomerode (SC). O curso foi ministrado pelo designer industrial Raul Trujillo H., que conseguiu atrair participantes de diversas empresas da região. Com experiência de mais de 20 anos no mercado têxtil, ele abordou temas como estilo de vida das pessoas, planejamento e conhecimento de mercado. Também falou sobre como estabelecer níveis de relacionamento, reciprocidade e reconhecimento de um projeto dentro de uma perspectiva de inovação. Para o designer Maurilio César Bugmann, do Bugstudium Creative Design, o curso foi muito importante para a nova realidade de mercado. “Fiquei muito satisfeito. Existe uma revolução que está acontecendo em termos de consumo e isso está baseado no bem-estar das pessoas. É um caminho sem volta, mas poucas empresas perceberam isso totalmente”, pontua. Para saber mais sobre os cursos de moda, acesse www.cursos.orbitato.com.br.


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Por Fernanda Marinho Pereira da Silva e Andressa Maluche Rinsa

A evolução do jeans e sua estratégia para permanecer no mercado O jeans passou por diversas transformações ao longo de sua história: nasceu rústico, consagrou-se no universo underground urbano, ganhou as ruas, passou por passarelas e se tornou até artigo de luxo. Junto a isso, estratégias e uso de ferramentas de planejamento foram criadas para buscar oportunidades e continuidade de mercado. A disputa acirrada por mercados resultou na busca de novos conceitos de produção e estratégias. Para atender às necessidades das consumidoras, em especial, que atualmente não procuram somente qualidade, mas também conforto, estética e usabilidade nos produtos, as indústrias aprimoram-se cada vez mais nos processos de desenvolvimento de produtos, aperfeiçoando-os com a introdução de novos processos, materiais, equipamentos e ferramentas. Novos procedimentos foram aplicados nas peças, como bordados, sublimações, estampas corrosivas, aplicação de rebites, tachas, strass e pérolas, entre outras. Percebe-se que hoje quem faz diferente é quem sai na frente. A estratégia para permanecer no mercado varia muito de "empresa para empresa"?. Atacadistas que produzem jeans no Brás, por exemplo, vendem calças a, no máximo, R$ 30,00, devido à grande produção. Ao contrário do que muitos pensam, os mesmos investem muito em desenvolvimento e criação. Seus estilistas viajam ao exterior à procura de novidades e informação e, com as novas tecnologias ligadas à indústria de lavanderias, é possível deixar o produto parecido com os de grandes marcas a um preço muito mais acessível. Um grande problema que ocorre é que, pelo fato de a maioria das empresas fazer suas coleções baseadas em marcas internacionais, deixam as peças com cada vez menos identidade brasileira, acompanhando apenas os padrões e as tendências de fora. Empresas de grande porte, como Calvin Klein, Hering e TNG, que possuem uma pequena quantidade de jeans em suas coleções e, de certa forma, clientes fidelizados devido ao tempo de mercado, costumam manter sempre a mesma base de modelagem para todos os produtos e ter sempre em sua loja

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Foto: Arquivo pessoal

Caderno Senai

peças tradicionais, mas com um leque de lavagens diferenciadas. Produtores tanto atacadistas quanto varejistas investem em marketing, e uma estratégia forte é atrelar sua marca a um famoso em campanhas. Geralmente é contratada uma pessoa que esteja em evidência na mídia, como a protagonista da novela ou algum cantor bem popular no momento, Outra estratégia que vem aparecendo é estilistas famosos assinarem uma coleção da marca. Mais do que o marketing e o design da peça, o diferencial está na construção do tecido. Hoje, existem tecidos que possuem um superstretch, com até 4% de elastano, a famosa calça “jegging” (jeans + legging), que foi criada justamente para dar mais conforto à peça. Além disso, outras inovações, como jeans com aspecto de couro, de moletom e até um “jeans milagroso”, que promete melhorar a circulação e combater a celulite. Sobre a adaptação do jeans no mercado atual, os estilistas concluem que o fato de o fabricado no Brasil não concorrer em nenhum aspecto com os importados faz o mercado crescer cada vez mais. Por isso, pode-se afirmar que o mercado do jeans cresce a cada ano e busca estratégias para se manter atuante, já que o produto é resistente e básico e pode gerar artigos mais confortáveis, com aspecto de outros tecidos, como os já citados couro e moletom, entre outros. FERNANDA MARINHO PEREIRA DA SILVA É MESTRE EM TÊXTIL E MODA, COM LINHA DE PESQUISA EM MATERIAIS E PROCESSO TÊXTEIS PELA EACH-USP; PÓS-GRADUADA EM GESTÃO DE NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA DA MODA PELA FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI ANTOINE SKAF E EM PROCESSOS E PRODUTOS TÊXTEIS PELA FEI. ATUALMENTE, É DOCENTE DO CURSO TECNOLÓGICO EM PRODUÇÃO DE VESTUÁRIO E OUTROS CURSOS NA FACULDADE SENAI ANTOINE SKAF. FERNANDA.MARINHO@SP.SENAI.BR ANDRESSA MALUCHE RINSA É ESPECIALISTA EM GESTÃO DE NEGÓCIOS DA MODA PELA FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI ANTOINE SKAF, FORMADA EM DESIGN DE MODA PELAS FACULDADES INTEGRADAS DE SANTO ANDRÉ, E POSSUI EXPERIÊNCIA EM DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NO SEGMENTO JEANSWEAR FEMININO E JUVENIL. ANDRESSA.RINSA@YAHOO.COM.BR


Agenda

Janeiro Nacionais 10 a 13: Fenin Fashion – Inverno 2016 SP (vestuário), São Paulo, SP, www.fenimfeiras.com.br 10 a 13: Couromoda 2016 (calçados e artefatos de couro), São Paulo, SP. www.couromoda.com 10 a 13: São Paulo Prêt-à-Porter – Inverno 2016 (vestuário), São Paulo, SP, www.saopaulopretaporter.com 11 e 12: Inspiramais – Verão 2017 (couro e componentes para calçados e acessórios), São Paulo, SP, www.inspiramais.com.br 19 a 21: Salão Moda Brasil 2016 (lingerie, beachwear, fitness), São Paulo, SP, www.salaomodabrasil.com.br 19 a 22: Fenin Fashion – Inverno 2016 RS (vestuário), Gramado, RS, www.fenimfeiras.com.br 26 a 29: Fecatex – Feira Têxtil Catarinense (vestuário, têxtil, lar e insumos), Brusque, SC, www.fecatex.com.br Internacionais 12 a 15: Heimtextil 2016 (tecidos para decoração), Frankfurt, Alemanha, www.heimtextil.messefrankfurt.com 19 e 20: Première Vision New York (tecidos), Nova York, EUA, www.premierevision.com 22 a 25: Who’s Next – Inverno 2017 (vestuário), Paris, França, www.whosnext-tradeshow.com 22 a 25: Première Classe (acessórios), Paris, França, www.premiere-classe.com 26 a 28: Colombiatex 2016 (tecidos, insumos e maquinário para confecção), Medellín, Colômbia, www.colombiatex.inexmoda.org.co

Fevereiro Nacionais Não foram encontrados eventos para o período. Internacionais 2 a 4: IFLS – International Footwear and Leather Show (couro, calçados e acessórios), Bogotá, Colômbia, www.ifls.com.co 2 a 4: EICI – Exibição Internacional do Couro e Insumos (maquinário para couro, calçados e acessórios), Bogotá, Colômbia, www.ifls.com.co 5 a 7: Momad Metrópolis – Salão Internacional do Têxtil, Calçado e Acessórios (tecidos, vestuário, calçados e acessórios), Madri, Espanha, www.ifema.es 14 a 16: Pure London (vestuário), Londres, Inglaterra, www.purelondon.com 15 a 18: Texworld Paris – Primavera 2016 (tecidos), Paris, França, www.texworld.messefrankfurt.com 16 a 18: Première Vision Paris (tecidos), Paris, França, www.premierevision.com

A revista não se responsabiliza por mudanças de datas e informações fornecidas pelos organizadores dos eventos.


Costura Social

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POR CIBELE DE BARROS – TECIDO SOCIAL

Foto: Cibele de Barros

DA ESQ. PARA A DIR.: EM PÉ, SONIA MARIA LEAL BENTO, MARIA LUIZA NUNES SOARES, VERONEIDE BATISTA DE LIMA, MARIA LUIZA MENDES BARBOSA, NEUSA DONIZETTI, NEIDE MARIA DE SANTANA E IARA MARIA ALVES DA SILVA BARRANCO. SENTADAS: ROZELI CANDIDA DA SILVA, APARECIDA BARBOSA DE JESUS SILVA, TELMA LUCIA BONFIM, MARIA SILENE ROSA E ELAINE CRISTINA BARRANCO DOS SANTOS.

BORDANDO A VIDA COM ARTE E SOLIDARIEDADE E foi assim, entre caseados, hastes e nós, que 40 bordadeiras do Jardim Conceição criaram novos traçados em suas vidas. A trajetória de riscos, pontos e costuras começou há quase dez anos, no curso de bordados oferecido pela Escola de Educação Básica da Fundação Bradesco para a comunidade do município de Osasco, em São Paulo. A fundação motivou e capacitou um grupo de 40 mulheres e logo percebeu a vocação profissional e empreendedora do grupo. No início, cada bordadeira aprendia as técnicas e bordava, isoladamente, peças que eram vendidas para a própria fundação. As peças bordadas eram costuradas por uma confecção parceira da fundação, até que a bordadeira Sonia Leal, encorajada pelas colegas, apresentou-se e deu um show de competência. Após 86 cortinas vendidas para a própria fundação, ela comprou sua máquina industrial à vista e assumiu o ofício de

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costureira do grupo. Ela trabalhava sozinha, em casa, e sabia que suas peças passavam pelas mãos de muitas bordadeiras que ela não encontrava. Esse casamento bem-sucedido, apesar de distante, durou anos. Em 2011, aconteceu a investida transformadora na capacitação técnica e na formação da consciência coletiva do grupo, quando a fundação implementou um projeto de integração e assessoria em gestão e produtos, capitaneado por Renato Imbroisi. Essa fase de incubação foi reveladora e representou um marco na definição da identidade artesanal e no compromisso profissional. As meninas bordaram muitos itens com capricho, mas o pano de fundo mudou radicalmente e foi bem desafiador. Algumas desistiram. Tiveram que aprender sobre controle de qualidade e produção, estética e outros saberes humanos e sociais, sob o olhar exigente, mas generoso, de Renato e outros colaboradores.


Foto: Cibele de Barros

ARTIGOS BORDADOS PELAS ARTESÃS DA ASSOCIAÇÃO DE BORDADEIRAS DO JARDIM CONCEIÇÃO.

Com o processo de integração, elas começaram a trabalhar juntas e Sonia pôde ensinar as colegas a costurar. A criação da coleção Jardins da Conceição, até hoje a principal fonte de renda do grupo, definiu e padronizou a qualidade. Acreditem: foram muitos desmanches! “Numa das produções, tive que desmanchar 70 peças, mas foi então que aprendi a costurar”, conta Aparecida. Foi um período importante de ajuste de medidas e de intenções do grupo. Hoje são seis costureiras confeccionando todas as peças que bordam. Todas as 24 integrantes da associação são bordadeiras apaixonadas, e quatro também são monitoras. Realizaram seu primeiro workshop na inauguração do Sesc Sorocaba, em 2012, e dele vieram outros. Hoje, seis mestras oferecem cursos gratuitos para a comunidade, na sede da Fundação Bradesco e na associação. A colcha social estava pronta! Costurada e bordada em conjunto, símbolo da união e da cumplicidade que possibilitaram a formação, em 2013, da Associação das Bordadeiras do Jardim Conceição, na qual 24 associadas e muitas colaboradoras realizam diversos projetos de costura, sempre com bordados, garantindo um rendimento justo para todas. Conhecendo essa história, pude entender qual o segredo de pontos tão perfeitos: perceber os desalinhos e ter coragem para começar de novo, ponto por ponto. Os desafios ficam registrados na memória dos tecidos, mas logo os sonhos e a determinação preenchem os riscados até a revelação do bordado impecável. Afinal, um bordado, como a vida, não se deixa pela metade. Entre seus planos futuros, estão criar e bordar muito mais. Além de ser protagonista na criação de suas peças, criar uma linha de acessórios bordados e vestuário e lançar uma loja virtual, prevista para dezembro deste ano. Para saber mais sobre essa história, assista ao vídeo no canal da Tecido Social no YouTube pelo link www.youtube.com/channel/UCnov179v2 HCzFcPWCCcn6oQ (também disponível na fanpage da Costura Perfeita no Facebook) e entre em contato com a Associação das Bordadeiras do Jardim Conceição pelos telefones: (11) 99384-9929 e 97125-8540 (Rozeli Candida/ Sonia Leal) e pelo site www.bordadeirasdojardimconceicao.com.


Fotos: Divulgação

Costura Social UNIÃO SOLIDÁRIA: ANDRADE MÁQUINAS E AMIGOS DO BEM O sertão brasileiro melhorou, e muito, desde 1993, quando um grupo de amigos foi levar auxílio emergencial às famílias do Nordeste durante o Natal. Com determinação e união, eles resolveram ampliar esse trabalho para erradicar a fome e a miséria na região. Assim, nasceram os “Amigos do Bem”, que hoje é considerado um dos projetos sociais mais bem-sucedidos do país, pois transformou a vida de mais de 60 mil pessoas por meio de projetos autossustentáveis e educacionais realizados nos sertões de Maceió, Pernambuco e Ceará. Entre as realizações mais expressivas dos Amigos do Bem, está a construção de quatro cidades, quatro centros educacionais, 180 mil refeições por dia, 35 mil atendimentos médicos e odontológicos por ano, além de outros inúmeros benefícios. Para gerar mais trabalho e renda aos nordestinos, uma das últimas apostas dos Amigos do Bem é a implantação de Oficinas de Costura. A primeira foi criada no povoado de Torrões (AL) e outra em Agrovila (CE). A Andrade Máquinas resolveu fazer parte dessa importante história de solidariedade e doou quatro máquinas retas, duas overloques e uma galoneira. Por enquanto, as oficinas confeccionam bolsas de patchwork, mas pode ser que a produção cresça e se diversifique. O projeto das Oficinas de Costura prevê gerar cem empregos diretos. Quem quiser seguir o belo exemplo da Andrade, a instituição necessita de doações de tecido plano, máquinas reta industrial ou semi-industrial, além de linhas e aviamentos em geral. Invista na prática do bem, acesse: www.amigosdobem.org ou telefone para (11) 3019-0100. VISÃO ARTÍSTICA COM RESPONSABILIDADE SOCIAL Existem várias formas de desenvolver uma atividade. Com a moda, não é diferente. É possível olhar e, principalmente, criar nesse universo priorizando o bem-estar social com práticas sustentáveis. O estilista brasileiro Lui Iarocheski é um desses profissionais inovadores que dão um exemplo de empreendedorismo social. Ao participar em outubro da 26ª edição da Vancouver Fashion Week, Lui exibiu muito mais do que conceito baseado em formas. Ele defendeu novas possibilidades de criação incentivando valores de uma sociedade mais consciente e responsável. Com esse pensamento, em 2014 Lui e alguns amigos de Florianópolis (SC) decidiram criar a Iarocheski, grife unissex que propõe uma visão artística e sustentável sobre o vestuário. A empresa é dirigida pelo Grupo WNEXT, de quem Lui é um dos fundadores. Ele e sua equipe recriam processos de forma artística, resgatando técnicas artesanais dentro de uma perspectiva mais humana e socialmente justa. “A nossa proposta é uma nova forma de estudar, criar, apoiar e fazer moda. Envolve estética unida ao desenvolvimento de pessoas. A Iarocheski entrega produtos autorais, promovendo uma ruptura com métodos convencionais e predadores. Nosso objetivo é entregar maior valor ao fazer produtos que unem o moderno e o artesanal”, declara Lui Iarocheski. ESTILISTA ENSINA COSTURA NO HAITI A estilista Gabi Meirelles, da marca de roupas femininas Santa Costura de Todos os Panos (SCTP), arregaçou as mangas para ajudar quem precisa. Quando soube que na ONG Vidas Recicladas, do Haiti, havia quatro máquinas de costura paradas, decidiu ensinar costura para as mulheres da ONG. O envolvimento com a viagem foi tão grande que a coleção Primavera-Verão da marca tem como tema o Haiti. Quatro dias após lançá-la, a estilista e a costureira Silvania Marques, da SCTP, seguiram para uma viagem de 15 dias para o Haiti. Na bagagem, além da vontade de dar àquelas mulheres uma esperança de vida, levaram 150 quilos de tecidos e aviamentos doados por empresas da região de Campinas (SP). Cerca de dez mulheres aprenderam técnicas simples de bordado, como preparar a costura com o corte do tecido e com alinhavos, manusear os aviamentos e operar as máquinas. Como uma cooperativa não dá lucros no início, a proposta é que essas costureiras sejam “adotadas” para receber um “salário” de US$ 70 cada uma, equivalente a um salário mínimo no Haiti. “Com essa ajuda, podemos fazer com que essas mulheres se dediquem ao trabalho sem deixar de custear a família. A semente do projeto foi plantada. Agora, vamos regar para vêlo crescer forte, ajudando as pessoas e desenvolvendo um mundo mais amável”, diz Gabi.

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CLASSIFICADOS OFERTA = FACÇÃO

Facção de EPI, tecidos para aluminização antichama, resinas, repelência e impermeabilização. Vendas: (19) 3384-8696 – Jéssica contato@ambientevida.com.br

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Oficina de modinha, fitness, praia e uniformes. Falar com Juliana (11) 98901-5656

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Alfaiate/consultor 35 anos de exp. Formado na Itália. Senai/Senac (11) 98567-5101

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Facção de biquínis para exportação. Brusque-SC Edilene (47) 3355-1956

Acabamento com ABVTEX qualidade pontual – logística Jundiaí – SP (11) 4526-1834

Of. ampla c/ CNPJ p/ polos, camisetas, modinha em geral. (11) 4655-2818 com Edilma

PROCURO = PROFISSIONAIS FIXOS

Costureira exp. em células e cortador peças piloto c/ Sirlene (11) 2291-6655

Modelista para modinha tecido plano/malha Sirlene (11) 2291-6655

PROCURO = PROFISSIONAIS FREE-LANCERS Conf. de jeans procura prof. p/ sist. de células (35) 3821-6655, com Luiz VENDO Máquina de bordar 9 agulhas. Francisco: (19) 3475-7575 Máquina de bordar Tajima 6 cbçs, 12 cones. R$ 89 mil. 2007. (19) 3475-7575

Máquina de bordar SWF 4 cbçs, 12 cones. R$ 55 mil. 2009. (19) 3475-7575

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CLASSIFICADOS Grátis para confecções e profissionais do setor: 3 linhas com 25 caracteres cada uma, para somente um anúncio. Acima de 3 linhas: R$ 40,00 por linha. Não confecções: R$ 50,00 por linha.

Telefone: (11) 2171-9200 classificados@costuraperfeita.com.br “A revista Costura Perfeita não se responsabiliza pelas informações e relações comerciais firmadas por meio dos anúncios.”


ENDEREÇOS Abest (Associação Brasileira de Estilistas) – R. Fidalga, 407, São Paulo - SP, tel.: (11) 3256-1655, www.abest.com.br Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) – R. Júlio de Castilhos, 561, Novo Hamburgo, RS, tel.: (51) 3594-7011, www.abicalcados.com.br Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) – R. Marquês de Itu, 968, São Paulo, SP, tel.: (11) 3823-6100, www.abit.org.br Abramaco (Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Máquinas de Costura Industrial, Componentes e Sistemas) – R. Ribeiro de Lima, 282, cj. 111, São Paulo, SP, tel.: (11) 3326-6922, fax: (11) 3313-4908, www.abramaco.org.br Abvtex (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) - www.abvtex.org.br Apex-Brasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos) – SBN, qd. 1, bl. B, 10º andar, Ed. CNC Brasília, DF, tel.: (61) 3426-0202,www.apexbrasil.com.br Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos) – R. Júlio de Castilhos, 526, Novo Hamburgo, RS, tel.: (51) 3584-5200, www.assintecal.org.br Escritório Com. do Peru no Brasil - R.: Padre João Manuel, 755, São Paulo, SP, tel.: (11) 5095-2627, www.mincetur.gov.pe www.escritoriodoperu.com.br / Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) – Av.: do Contorno, 4.456, Belo Horizonte, MG, tel.: (31) 3263-4200, www7.fiemg.com.br Iemi (Instituto de Estudos e Marketing Industrial) – Av. Nove de Julho, 4.865, cj. 42, São Paulo, SP, tel.: (11) 3238-5800, www.iemi.com.br Inexmoda – Calle 14, 40a – 173, Medelín, Colômbia, www.inexmoda.org.co Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) – Central de Relacionamento: 0800-570-0800, www.sebrae.com.br Sindivest-MG (Sindicato do Vestuário de Minas Gerais): R.: Juiz de Fora, 284, conj. 630/605/607, Belo Horizonte, MG, tel.: (31) 3295-3535, www.sindivestmg.com.br MODA E GRIFES Algotex - www.algotex.com Arte Sacra – R. Lavras, 605, Belo Horizonte, MG, tel.: (31) 3287-1417, www.artesacramoda.com.br Corcelli – R: Campos Salles, 19, Itatiba, SP, tel.: (11) 4524-7190, www.corcelli.com.br Creditex – www.creditex.com.pe Deliz – R. Antônio Bayer, 700, Tijucas, SC, tel.: (48) 3641-1900, www.deliz.com.br Fakini Malhas – R. 15 de Novembro, 1.800, Pomerode, SC, tel.: (47)3387-7777, www.fakini.com.br Frutacor – R. Pedra Bonita, 318, Belo Horizonte, MG, tel.: (31) 3372-9054, www.frutacorbh.com.br Grupo Kyly – Rodovia SC 418, nº 3.215, Pomerode, SC, tel.: 0800-6440006, www.kyly.com.br

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Grupo Lunelli – R. Athanásio Rosa, 833, Guaramirim, SC, tel.:(47) 3373-7000, www.grupolunelli.com.br Hot Flowers – R. Pérola, 268, Indaiatuba, SP, tel.: (19) 3936-6636, www.lojahotflowers.com.br Kalandra – R. Estácio de Sá, 49, Belo Horizonte, MG, tel.: (31) 3297-9322, www.kalandra.com.br Kempers – tel.: (19) 3824-2651, www.kempers.com.br La Moda – Acesso Estadual Rio Maina, 1925, Criciúma, SC, tel.: (48) 3436.6900, www.lamoda.com.br Lenny Niemeyer – www.lennyniemeyer.com.br Malwee – R. Bertha Weege, 200, Jaraguá do Sul, SC, tel.: (47) 3372-7200, www.malwee.com.br MFH Knits – www.mfhknits.com.pe Milli Lingerie (Dakini) – R. Oriente, 71, São Paulo - SP, tel.: (11) 3322-0851, www.millionline.com.br Reserva – www.usereserva.com Ricardo Almeida – www.ricardoalmeida.com.br Shoulder – www.shoulder.com.br Villaventura – www.linovillaventura.com.br TECELAGENS E FIAÇÕES Cedro – www.cedro.ind.br Finu Fill – Av. Baldan, 2965, Jardim Nova Matão, SP, tel.: (16) 3382-5934, www.finufill.com.br Jorik Textil – Travessa Liberdade, 38 , Maringá - PR, tel.: (44) 3223-0203, www.jorik.com.br Rhodia (Grupo Solvay) – Av. dos Estados, 5.852, Santo André, SP, tel.: (11) 4435-2589, www.rhodia.com.br Salotex – R. Dr. Nicolino Morena, 110, São Paulo, SP, tel.: (11) 2243-0111, www.salotex.com.br Santista Têxtil – www.santistajeanswear.com.br Tecnoblu – www.tecnoblu.com.br Vicunha Têxtil – www.vicunha.com.br DIVERSOS Andrade Máquinas – Av. São Paulo, 125, Guarulhos, SP, tel.: (11) 3787-3333, www.sansei.com.br AOzawa – www.aozawaconsultoria.com Armarinhos 25 – R. João Boemer, 805, São Paulo, SP, tel.: (11) 2790-2525, www.armarinhos25.com.br Arte Mais Comunicação e Editoração – tel.: (11) 4997-9690, artemais@superig.com.br Audaces – Rod. SC-401, 867, Florianópolis, SC, tel.: (41) 2107-3737, www.audaces.com.br Barudan – Av. Gomes Freire, 574, Rio de Janeiro, RJ, tel.: (21) 2506-0050, (11) 3338-1850, www.barudan.com.br Casa Ferro – R. da Graça, 466, São Paulo, SP, tel.: (11) 3221-9473, www.casaferro.com.br Cavemac – R. Newton Prado, 333, São Paulo, SP, tel.: (11) 2171-9200, www.cavemac.com.br CE Bobinas (Bob Bobinas) – R. Juvenal Bogo, 91, bl. B, Blumenau, SC, tel.: (47) 3327-6974, www.cebobinas.com.br

Censi Máquinas – R. Itajaí, 2.163, Gaspar, SC, tel.: (47) 3332-5574, www.censimaquinas.com.br Centro Universitário Senac (Santo Amaro) – Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823, tel.: (11) 5682-7300, www.sp.senac.br Comace – R. Guilherme Maw, 148, São Paulo, SP, tel.: (11) 3326-0617, www.comace.com.br Consultoria TPS – tel.: (47) 9171-8560, abaliarda@gmail.com DKtek – 150 Crowfoot Crescent NW #901, AB T3G 3T2, Canadá, tel.: 99614-5074 (representação), www.dktek.com.br DMP - Disk Maq Peças - R. Pedro Álvares Cabral, 63, São Paulo - SP, tel.: (11) 3315-2222, www.diskmaqpecas.com.br Dotec – tel.: +886-2-2292-5176 #31, www.dotec.com.tw Dublauto – R.: Braz Fortunato, 577, Bariri, SP, tel.: (14) 3662-1381, www.dublauto.com.br Enmoda – Av. Sagitário, 138, Barueri, SP, tel.: (11) 4195-6275, www.enmoda.com.br Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) – R. Alagoas, 903, São Paulo, SP, tel.: (11) 3662-7000, www.faap.br FB Tecnologia: Goiânia, GO, tel.: (62) 32580500, fbtecnologiatextil@gmail.com Gaiofato e Galvão Advogados Associados – R. General Flores, 290, 17º andar, São Paulo, SP, tel.: (11) 3337-7775 GG Tech (Galileu) – R.: Antonio Treis, 275, Blumenau, SC, tel.: (47) 3340-0900, http://galileu.ind.br Gemsy – N. 638 Donghuan Road, Taizhou, Zhejiang, China, 31.800, tel.: 0086-57688207338, www.gemsy.com Golden Wheel – Av. Dr. Américo Figueiredo, 809, Sorocaba, SP, tel.: (15) 3033-1990, www.golden-wheel.com IED (Istituto Europeo di Design) – R. Maranhão, 617, São Paulo, SP, tel.: (11) 3660-8000, http://ied.edu.br Image Host – www.imagehost.com.br Instituto Orbitato – R. XV de Novembro, 426, Pomerode, SC, tel.: (47) 3395- 0447, www.orbitato.com.br Isabela Keiko – http://isabelakeiko.blogspot.com.br It Studio Consulting – R. Serra de Bragança, 825, 66-B, São Paulo, SP, tel.: (11) 23625242 / 2229-9752, www.itstudio.com.br Jorik – Trav. Liberdade, 38, 1º andar, sl. 101, Maringá, PR, tel.: (44) 3223-0203, www.jorik.com.br Lápis Lázulle Modelagem – R.: Piratininga, 814, sobreloja, Maringá, PR, tel.: (44) 3305-8011, www.lapislazulle.com.br Lectra – Al. Jaú, 1.754, 3º andar, São Paulo, SP, tel.: (11) 3894-9129, www.lectra.com.br Link Comercial (Welttec) – R. Arnaldo Hass, 100, Pomerode, SC, tel.: (47) 3242-8000, www.linkcomercial.com.br Mab Fortuna – R. São Jerônimo, 470, Apucarana, PR, tel.:(43) 3423-2244, www.mabfortuna.com.br

Mega Máquinas – Rod. SC-445, nº 32, km 5, Içara, SC, tel.: (48) 3444-1004, www.megamaquinas.net.br MCF Consultoria – Al. Jaú, 1.717, São Paulo, SP, tel.: (11) 3088-7258, www.mcfconsultoria.com.br Mega Máquinas – Rod. SC-444, km 5, 32, Içara, SC, tel.: (48) 3444-1004, www.megamaquinas.net.br Metalsete – R. Rui Barbosa, 300, Blumenau, SC, tel.: (47) 3329-4350, www.metalsete.com.br Millennium Network – Av. Francisco Matarazzo, 1.500, São Paulo, SP, tel.: (11) 2050-6331, www.millennium.com.br Modelagem Ativa – São Paulo, SP, tel.: (11) 94707-0616 NC Aviamentos – R. Newton Prado, 184, São Paulo, SP, tel.: (11) 2373-4230 Optikad – R. Damianópolis, 64, Guarulhos, SP, tel.: (11) 2441-7749, www.optikad.com.br Plotag – R. Sólon, 558, São Paulo, SP, tel.: (11) 3361-8722, www.plotag.com.br Procolombia – Al. Santos, 1.800, 10o andar, cj. 10B, São Paulo, SP, tel.:(11) 3171-0165, www.procolombia.com Segen (Moda 01) – Av. das Américas, 1917, Rio de Janeiro - RJ, tel.:(54) 3292-1226, www.moda01.com.br Senai/Cetiqt – R. Magalhães Castro, 174, Rio de Janeiro, RJ, tel.: (21) 2241-0495, www.cetiqt.senai.br Senai Francisco Matarazzo – R. Correia de Andrade, 232, São Paulo, SP, tel.: (11) 3312-3550, www.sp.senai.br/textil Serv-Mak – Av. Celso Garcia, 4.423, São Paulo, SP, tel.: (11) 2295-1022, www.serv-mak.com.br Sigbol Fashion – R. Domingos de Morais, 1.621, São Paulo, SP, tel.: (11) 5081-6361, www.sigbol.com.br Silmaq – R. República Argentina, 2.025, Blumenau, SC, tel.: (47) 3321-4444, www.silmaq.com.br Socio Tec – R. Walterio de Oliveira Verdi, 270, São José do Rio Preto, SP, tel.: (17) 2137-7777, www.sociotec.com.br Sun Sir – www.chinasunsir.com Sun Special – R. da Graça, 577, São Paulo, SP, tel.: (11) 3334-8800, www.sunspecial.net.br Systêxtil – R. João Marcatto, 260, 5º andar, Jaraguá do Sul, SC, tel.: (47) 2106-1800, www.intersys.com.br Threesale Brazilian Broker Textile Agence – tel.: (48) 3282-9025, 9656-8409, www.threesale.com Trendz Bureau – www.trendzbureau.com Trupe Editorial – São Paulo, SP, tel.: (11) 3384-4040, kpimenta@uol.com.br TNS Nanotechnology – Rod. SC-401, km 1, Florianópolis, SC, tel.: (48) 3236-0466, http://tnsolution.com.br Vibemac – tel.: (11) 99614-5074, www.vibemac.com Walter Porteiro – R. Imigrantes, 211, Americana, SP, tel.: (19) 3475-9999, www.walterporteiro.com.br


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Ponto de Vista

Foto: Divulgação

POR GIUSEPPE TROPI SOMMA

Uma constituição doente mantém o país doente O brasileiro se pergunta: por que pagamos impostos altíssimos em troca de nada? E a resposta é: uma Constituição contraditória dá origem a governos corruptos, incompetentes e, por consequência, a impostos altíssimos. Se a Constituição tivesse sido feita por pessoas inteligentes, e não por políticos, jamais iríamos passar o que estamos passando e não estaríamos atravancados em nosso desenvolvimento. Uma Constituição que permite a possibilidade de um semianalfabeto cuidar da vida de 200 milhões de pessoas, enquanto, para cuidar de alguns bichinhos do mato, é necessário possuir diploma superior, não pode ser considerada justa. Uma Constituição que permite ao STF criar tese jurídica para proteger um governo impopular, desprezando o princípio básico da democracia, que enfatiza que “o poder emana do povo”, não pode ser considerada justa. Uma constituição que prega a independência dos três poderes mas que estabelece que a eleição dos elementos do STF seja feita pelo Poder Executivo não pode ser justa, porque não pode produzir uma justiça independente. Partindo do princípio de que o contribuinte paga os impostos para recebê-los de volta em forma de serviços como saúde, segurança, educação e infraestrutura, uma Constituição que permite a um governante desviá-los para doações – internas e externas –, com finalidade política ou não, jamais poderemos chamar de justa. Jamais poderemos chamar de justa e democrática uma Constituição que diz sermos todos iguais nos direitos e deveres, mas que permite direitos diferenciados e privilégios aos políticos e funcionários públicos fora das normas da CLT, à qual o contribuinte cidadão comum é submetido. É essa constituição falha que dividiu o país em dois lados: o lado de cá, o povo, que é um verdadeiro escravo que trabalha para o governo, e o lado de lá, o governo, com todo o seu corporativismo, que vive na inércia, com desperdícios, corrupção e privilégios. É essa diferença de lado que atiça o interesse e as lutas pelo poder por parte de tanta gente, em busca de enriquecimento fácil e rápido, para os quais a sociedade não é um alvo para servir, mas um meio para ser usado e explorado eleitoralmente. Eles conseguem convencer o povo de que lutam contra o capitalismo em beneficio do trabalhador. É difícil para quem é ruim em matemática entender que quem paga impostos não é o empresário, mas o trabalhador. O empresário é um simples arrecadador. O empresário repassa nos preços todos os seus custos e impostos, até que a conta chegue ao consumidor final para pagar. O empresário paga apenas os impostos sobre o que ele pessoalmente consome, como qualquer trabalhador (isso quando não os repassa nos preços de sua empresa). O trabalhador é o único que não tem onde repassar a não ser sobre o valor de seu salário. Mas como pode fazer isso se a procura por um salário é muito maior que a oferta? Esse repasse do trabalhador só é possível numa economia aquecida, com falta de mão de obra, e não na pobreza aonde as filosofias socialistas levam todas

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Ponto de Vista as sociedades onde (eles) atuam. Essas são coisas que quem domina a matemática entende, mas um socialista jamais. Se o socialista entendesse de matemática, jamais seria socialista. É pelo mesmo motivo que muitos jovens se identificam com essa filosofia na fase estudantil, até a hora em que realmente aprendem e dominam a matemática, quando viram antissocialistas. Mas existem os que permanecem na ignorância matemática pela vida inteira. Esses continuam socialistas, sim, mas espertos o suficiente para explorar a ignorância alheia. Nós, nas últimas décadas, temos sido governados por duas classes da ignorância nacional: A) A ignorância ativa, que mente em tudo, porque não sabe o que diz nem o que faz, sabe apenas o que quer; B) A ignorância passiva, que acredita em tudo, porque não entende nada, e coloca a ignorância ativa no poder. Em nome de um socialismo populista, só se cometem besteiras e mais besteiras que fatalmente levam a um único caminho: a pobreza. Com a filosofia da classe política atualmente dominante, o Brasil jamais sairá da crise, porque a crise não está na sociedade, mas no governo em geral. Eles não entendem que quem faz a prosperidade de um país não é o governo, mas a sociedade, e para a sociedade prosperar é necessário que cada pessoa prospere. E como uma pessoa prospera? Com lucro, e somente com lucro! Mas esse governo há muito tempo está levando o lucro e parte do capital da sociedade. Esse governo, tributariamente ditatorial, até agora fez de tudo para aperfeiçoar a máquina arrecadatória, mas não mexeu uma palha para tornar a máquina pública eficiente e leve. Fazer e implantar esse sistema de controle tributário, de uma complexidade fora do comum, requer muita inteligência e dedicação, mas com muito menos do que isso o governo poderia resolver todos os males de nosso país. Poderia fazer um sistema muito menos sofisticado, que bastaria para cada departamento público calcular a quantidade e o tamanho de todas as tarefas; registrar quantas pessoas trabalham no referido departamento; quanto custa a folha de pagamento do departamento. Se fosse uma empresa privada, quantas pessoas fariam as mesmas tarefas e quanto custaria a mão de obra de cada um e de todo o departamento? Aqui está a essência de nossos problemas. Alguém quer resolver? Não. Só sabem agravá-los. Conseguirão tirar o país da crise? Sim. Depois que nossa presidente conseguir armazenar o vento, conforme declarou recentemente na Organização das Nações Unidas (ONU). * Reprodução liberada *

CAV. GIUSEPPE TROPI SOMMA É EMPRESÁRIO, MEMBRO DA ABRAMACO E PRESIDENTE DO GRUPO CAVEMAC. GIUSEPPE@CAVEMAC.COM.BR Para compartilhar este e outros Pontos de Vista, acesse: www.costuraperfeita.com.br e clique no menu “Edição atual” ou “Edições anteriores”.

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UMA CONSTITUIÇÃO QUE PERMITE AO STF CRIAR TESE JURÍDICA PARA PROTEGER UM GOVERNO IMPOPULAR, DESPREZANDO O PRINCÍPIO BÁSICO DA DEMOCRACIA, QUE ENFATIZA QUE "O PODER EMANA DO POVO", NÃO PODE SER CONSIDERADA JUSTA.”




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