Revista Costura Perfeita Edição Ano XVII - N91 - Maio - Junho 2016

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COSTURA PERFEITA

ANO XVII O Nยบ 91 O Maio/Jnho 2016




ÍNDICE

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EDIÇÃO 91

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MAIO E JUNHO DE 2016

.24 Seções 8 – Editorial 10 – Cartas 18 – Lançamentos 19 – Comércio Exterior 63 – Meio Ambiente 84 – Couro e Cia.

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ANO XVII

www.costuraperfeita.com.br

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Caderno Têxtil – Novidades Têxteis Cursos Endereços Classificados Agenda

Colunas 12 – Oferta e Demanda: A verdadeira dimensão do mercado de moda plus size no Brasil 14 – Tributos: A importância do tributo verde no desenvolvimento da sustentabilidade 16 – Qualificação: Qualidade ambiental e desperdício de material 20 – Produção: Desenvolvimento de produto e suas facetas de sustentabilidade 36 – Gestão: Gestão de Impacto Social e Gestão Socioambiental: como absorver essas tendências? 37 – Coaching 68 – Ranking: Moda sustentável não é sinônimo de fibra natural e artesanato 80 – Empreendedorismo Sebrae 86 – Tendências: “Fast Fit”: a força e a consolidação do mercado activewear no Hemisfério Norte 88 – Dentro da Lei: STF e Justiça do Trabalho – Decisão e repercussão no empresariado do setor de confecção 92 – Costura Social: O avesso do negócio também tem que ser sustentável 93 – Costura Social: Andrade doa máquinas ao Projeto Ubuntu 97 – Ponto de Vista: Ditadura ou “ditaleidura”? Matérias 24 – Mercado: Consumo consciente – Pesquisadores e marcas sustentáveis ensinam como fazer mais e melhor pelo bem de todos nós 34 – Perfil: Pedro Paulo Silva, CEO da Systêxtil, explica como a empresa se fortalece mesmo diante do atual cenário econômico 38 – Fique por Dentro: Corre Alexandre, costura Herchcovitch! – Em reality show, designer desmistifica glamour da profissão 40 – Fique Sabendo: Brandili implanta primeira expedição automatizada 42 – Especial: Práticas sustentáveis na confecção. Sim, é possível e viável 64 – Feiras: Agreste Tex 2016 70 – Eventos: Minas Trend – Verão 2017, Denim Meeting 78 – Dicas e Economia: Babado forte! – O verão 2017 vem aí e com ele uma profusão de babados e jabots, trazendo à tona a delicadeza e a feminilidade 82 – Tecnologia: 3Dress: tão realista que é quase mágico!

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.64 .70

Foto do catálogo Malwee Inverno 2016, gentilmente cedida pela marca. A empresa é uma das referências nacionais em práticas sustentáveis na confecção. Foto: Gilson de Resendeh Modelo: Isabella Barreto Styling: Aline Cristine Müller Finta Makeup: Julio do Amaral Direção de arte: Vinicius Marcus dos Santos e Eduardo Pawlak Arte: Arte Mais Comunicação A revista Costura Perfeita apoia a campanha da Rhodia #feitonobrasil



Diretor-presidente: Giuseppe Tropi Somma Editora e Jornalista Responsável: Silvia Boriello (MTB 41.139) Repórter: Roselaine Araujo (MTB 38.256) Diagramação: Arte Mais Comunicação e Editoração Ltda. Revisão: Kiel Pimenta aboradores: Alessandra Rustarz, Alexandre Gaiofato de Souza, Alexandre Sakamoto, Angela Valiera, Bruna Miranda, Bruna Nicolao, Cola Cibele de Barros, Claudia Valéria da Silva, Fábio Romito, Fernanda Simon, Giovanna Borielo, Henriete Mirrione, Marcelo V. Prado, Marta Sales, Regina Guidon de Assis, Ricardo Martorelli, Sandra M. de Albuquerque, Vera Grigolli, Thiago Franklin Publicidade: Valdir Porto Ribeiro – comercial1@costuraperfeita.com.br Assinaturas: assinatura@costuraperfeita.com.br Impressão: RR Donnelley Distribuição Nacional Costura Perfeita é uma a publicação bimestral da Cavemac – Rua Newton Prado, 333 – Bom Retiro – São Paulo (SP) – CEP: 01127-000 Telefone: (11) 2171-9200 Costura Perfeita – Redação: Telefones: (11) 2171-9252 / 2171-9263 – redacao@costuraperfeita.com.br

A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. É proibida qualquer forma de reprodução das matérias, fotos ou ilustrações desta publicação sem a prévia autorização da editora.



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POR SILVIA BORIELLO

Foto: Alexandre Sakamoto

Editorial

Que mudança você quer ser?

Chegamos à edição 91 da Costura Perfeita, que circula entre os meses de maio e junho. Sim, meio do ano. Confesso a vocês, leitores, que eu, particularmente, estava bastante ansiosa para que ela, enfim, chegasse, e estou muito feliz com o resultado. Explico. Há dois anos, pelo menos, eu já estava pensando em fazer uma edição abordando as práticas sustentáveis no setor de confecção. Como alguns assuntos foram se transpondo no decorrer desse tempo, a ideia ficou lá guardadinha, mas nunca esquecida. Como dizem que as coisas acontecem no tempo em que têm que acontecer, segui meus instintos e acho que acertei. Por que numa edição maio-junho? Tomei como gancho o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 6 de junho, o que coincidiria com o mês vigente. E, melhor ainda, conseguiríamos fazer a cobertura e colocar nesta mesma edição o Fashion Revolution Day, relembrado todo dia 24 de abril há três anos. Para quem não sabe, o Fashion Revolution é um movimento criado por um conselho global de líderes da indústria de moda sustentável, encabeçado pelas inglesas Carry Somers e Orsola de Castro, com o intuito de despertar as pessoas para a origem de suas roupas, se elas têm noção do que há por trás de sua produção e do impacto disso no mundo. A gota d’água foi o desmoronamento, no dia 24 de abril de 2013, do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que, construído e mantido sem os requisitos mínimos de segurança, abrigava em seus três andares diversas oficinas de costura que trabalhavam para as mais famosas marcas mundiais. Juntando as péssimas condições estruturais + a trepidação de máquinas de costura em funcionamento + a falta de manutenções básicas de uma construção + pessoas trabalhando dia e noite em péssimas condições = o prédio entrou em colapso, ou seja, ruiu, matando mais de 1.100 pessoas e deixando outras 2.500 feridas. Entre os escombros e corpos, milhares de etiquetas daquelas marcas pelas quais você paga caro em lojas do mundo todo, mas que não respeitam a vida de quem as produz (falamos desse assunto e entrevistamos Carry no Especial da Costura Perfeita 83, de janeirofevereiro de 2015). De lá pra cá, o Fashion Revolution foi expandindo sua atuação e, este ano, foi celebrado em 89 países, incluindo o Brasil. A semente foi plantada e está germinando. Com seu slogan “Who made my clothes?” (“Quem fez minhas roupas?”), o movimento está despertando a atenção de consumidores que, por sua vez, estão questionando suas marcas preferidas sobre as condições em que as roupas são confeccionadas. Essa tem sido uma forte arma de conscientização das próprias empresas, tanto que várias delas têm aderido ao movimento, mostrando de forma transparente “quem está fazendo suas roupas”. Este ano, em especial, o Brasil teve uma explosão de ações relacionadas ao movimento durante a semana do Fashion Revolution, inclusive com a Abit apoiando e grandes marcas nacionais também, como, por exemplo, Malwee, Brandili, 2Rios, entre outras. Foi o timing perfeito para esta edição, que aborda a sustentabilidade em praticamente todas as suas seções e desmistifica a ideia de que moda sustentável é aquela feita com tecido orgânico, reciclado, que não polui etc. Não só, é um leque infinitamente maior. É um conjunto de práticas sustentáveis que envolve desde a origem das matérias-primas, as condições de produção, o reaproveitamento de resíduos de tecidos, a adequação do descarte, as condições de trabalho dos funcionários (ambiente saudável e relação respeitável e justa), a economia de recursos naturais como água e energia nos processos, o destino da peça usada, enfim, diversos pontos a ser considerados. O intuito é mostrar que não é tão fácil, mas, sim, é possível ter uma produção sustentável. O primeiro passo é quebrar alguns tabus para possibilitar as mudanças, que, depois de implantadas, se tornam um ganho para todos. E você que mudança quer ser? SILVIA BORIELLO É EDITORA DA REVISTA COSTURA PERFEITA editora@costuraperfeita.com.br

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Cartas

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DA REDAÇÃO

“E POR FALAR EM SAUDADE...” EQUIPE DA REVISTA COSTURA PERFEITA, No meu antigo trabalho, levava a Costura Perfeita

FALE CONOSCO

Endereço: Rua Newton Prado, 333 Bom Retiro, São Paulo, SP CEP 01127-000

comigo por onde ia. Saí de lá em novembro passado e desde então estou na Crisdu Moda Íntima, no Rio Grande do Sul. Atendemos o mercado interno e os grandes magazines. Além

Telefones: +55 11 2171-9200

disso, exportamos a linha de fitnesswear e de moda íntima. Sinto-me realizada, mas faltam meus exemplares da revista... Ela se tornou minha biblioteca, pois sempre tirei dúvidas e me atualizei por meio do trabalho de vocês. Parabéns! Fátima O. Morassutti, da Crisdu Moda Íntima Sapucaia – RS

E-mail: redacao@costuraperfeita.com.br Site: www.costuraperfeita.com.br

Nada contra o sr. Oscar Baldoni, que escreveu o último Ponto de Vista, mas senti falta do

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“calor” e do senso crítico do sr. Giuseppe na última edição. Conceição Ruiz, da Andrade Máquina as

twitter.com/costuraperfeita

São Paulo – SP SR. GIUSEPPE, Parabéns pelos seus textos! Precisamos fazer mudanças profundas na política, pois só assim nossa economia voltará a crescer. Nosso Brasil é maravilhoso, necessitamos lutar por ele! Infelizmente hoje ele entrou nesse poço sem

Silvia Boriello editora@costuraperfeita.com.br

fundo. No entanto, temos culpa, já que não fiscalizamos nem cobramos ninguém. Agora é a hora de melhorar. Só assim poderemos entregar um país melhor aos nossos filhos e netos. Um forte abraço. Luiz Paniago Por e-mail

Roselaine Araujo redacao@costuraperfeita.com.br



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POR MARCELO V. PRADO

A verdadeira dimensão do mercado de moda plus size no brasil Já há algum tempo que tenho lido matérias referentes à importância e à atratividade do mercado de moda plus size no Brasil, onde são citadas muitas estimativas diferentes sobre seu potencial de consumo, sem, entretanto, o devido respaldo de uma pesquisa aprofundada e criteriosa acerca das reais dimensões dessa relativamente nova linha de produtos. Diante dessa dúvida e do crescente interesse das indústrias de moda por esse novo nicho, o Iemi, por meio de seu painel de pesquisa anual, resolveu assumir o ônus de mensurar a produção de roupas plus size no país, o que vem sendo feito desde 2013. Com a consistência dos dados já comprovada (foram três anos de trabalho para podermos chegar a isso), esta é a primeira vez que julgamos oportuno divulgá-los e, para tanto, escolhemos fazê-lo em primeira mão para os leitores desta coluna. Nosso primeiro desafio para conseguir obter uma visão mais precisa do segmento, sem dúvida nenhuma, foi a definição de um critério claro sobre o que poderia ser classificado como “moda plus size”. Afinal, sabemos que a fabricação de roupas de “tamanhos grandes” sempre existiu no vestuário, mas nem tudo o que é tamanho grande se refere à moda plus size, aqui caracterizada pelo desenvolvimento e comercialização de uma coleção específica, pensada e desenvolvida para mulheres e homens mais “gordinhos”. De acordo com esse critério, muitos dos produtos que já são ofertados em “tamanhos grandes”, como meias, roupas íntimas, roupas para a prática de esportes etc., não foram considerados nessa análise, até porque, em muitos casos, destinam-se a consumidores grandes, ou altos, mas que estão longe de ser “gordinhos”, como, por exemplo, jogadores de vôlei e de basquete, praticantes de fisiculturismo, entre outros.

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Foto: Divulgação

Oferta e Demanda

Dessa forma, o estudo concentrou-se no lançamento de coleções de roupas externas femininas e masculinas (tops e bottons, de uso casual ou social) destinadas a uma fatia cada vez maior da população brasileira, que se encontra acima do peso recomendado, mas nem por isso abre mão de se vestir bem. Ao todo, o estudo conseguiu identificar ao menos 492 indústrias de confecção no Brasil, equivalentes a 2,5% do total dos estabelecimentos em atividade no setor, que já desenvolvem coleções específicas para o segmento plus size (conforme o critério descrito nesta coluna), com uma produção anual em torno de 45 milhões de peças em 2015 e receitas levemente superiores a R$ 1 bilhão de reais (valores líquidos, sem impostos). No varejo, se incluídos os impostos, fretes e o mark up dos lojistas, estamos falando de um valor próximo a R$ 2,5 bilhões em vendas anuais. Embora já represente valores consideráveis, o segmento corresponde hoje a apenas 1,5% das vendas totais da linha de roupas externas femininas e masculinas, o que mostra que ainda se encontra muito aquém do seu verdadeiro potencial, principalmente se considerarmos que mais da metade da população brasileira se encontra acima do peso atualmente. Por si só, isso já explicaria a alta taxa de crescimento que vem sendo registrada na produção e comercialização desses produtos no país, mesmo em meio à forte crise que se abateu sobre o mercado de moda no último ano. Para ter uma ideia, de 2013 a 2015 o segmento avançou nada menos que 7,9% em volumes de peças e quase 13% em receitas nominais. O desempenho invejável das coleções de moda plus size, na indústria e no varejo brasileiro, enquadra-se plenamente no conceito de que na crise “o que vende é o novo” ou, mais especificamente, produtos que, por meio


da inovação, conseguem satisfazer a necessidades ainda não atendidas de uma gama relevante de consumidores. Pense nisso, procure identificar as necessidades mais latentes dos consumidores de sua marca, inove e amplie seus negócios, mesmo em meio à crise. Sucesso!

INDICADORES SETORIAIS A produção da indústria do vestuário teve aumento de 16,7% no mês de fevereiro de 2016, quando comparada à do mês anterior. No acumulado do ano (janeiro-fevereiro), segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE, o índice registrou queda de 9,6% no período e de 9,7% nos últimos 12 meses no volume físico produzido; G O índice de vendas no varejo (volume) de vestuário teve recuo de 15,1% no mês de fevereiro em relação ao mês anterior; no ano, acumula queda de 12,0% e de 9,7% na variação nos últimos 12 meses. O valor das importações reduziu em 47,9% no primeiro trimestre de 2016 sobre o mesmo trimestre do ano anterior. A taxa média de câmbio no primeiro trimestre de 2016 encontrase em alta (R$ 3,9123) e a expectativa é que o valor dessas importações se reduza significadamente ao longo do ano, beneficiando, assim, a indústria brasileira. Essas importações somaram US$ 434 milhões entre janeiro a março de 2016; G As exportações brasileiras de vestuário alcançaram US$ 26,4 milhões no ano, com diminuição de 8,2% em relação ao primeiro trimestre de 2015, apesar da elevação recente do câmbio, dando claras demonstrações de recuperação nesse indicador, mas demandará tempo e muito trabalho para gerar os frutos desejados; G Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo cresceram 0,69% no mês de março de 2016, acumulando 5,94% nos últimos 12 meses. G

CONJUNTURA DO SETOR DE VESTUÁRIO NO BRASIL 1. Produção, emprego, preços (%)

No mês

No ano

Últimos 12 meses

Produção física em volumes (fevereiro 2016)

16,7%

-9,6%

Vendas no varejo em volumes (fevereiro 2016)

-15,1%

-12,0%

-9,7%

Vendas no varejo em valores (fevereiro 2016)

-14,9%

-6,8%

-5,9%

Preços ao consumidor (março 2016) IBGE(1)

0,69%

0,69%

5,94%

Jan.-mar. 2016

Jan.-mar. 2016

Variação(2)

28.764

26.396

-8,2%

2. Comércio exterior (US$ 1.000) Exportação (março 2016)

-9,7%

Importação (março 2016)

833.117

434.025

-47,9%

Saldo (exportação – importação) (dezembro 2015)

-804.353

-407.629

-49,3%

Fontes: IBGE/Secex. Elaboração Iemi. Notas: (1) IPCA – Índice de preços ao consumidor amplo da cesta de produtos de vestuário – Brasil. (2) Variação de janeiro a março de 2016 contra janeiro a março de 2015.

MARCELO V. PRADO É SÓCIO-DIRETOR DO INTELIGÊNCIA DE MERCADO (IEMI) E MEMBRO DO COMITÊ TÊXTIL DA FIESP. COLUNA.CP@IEMI.COM.BR


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POR RICARDO MARTORELLI

A importância do tributo verde no desenvolvimento da sustentabilidade

Foto: Arquivo pessoal

Tributos

Em pleno século XXI, o mundo sofre as consequências

fiscais impactantes para a empresa sustentável, exceto para

desastrosas da displicência humana com a questão ambiental,

indústrias automotivas cadastradas no Programa Inovar Auto,

principalmente a partir da evolução tecnológica e industrial.

que podem angariar créditos de IPI caso cumpram as

Assuntos como o aquecimento global e a destruição da

exigências de desenvolvimento ambiental e ecológico do

camada de ozônio são debatidos com mais preocupação

programa, além de outras poucas legislações que beneficiam

pelas lideranças mundiais nos últimos tempos, fazendo com

apenas poucos setores específicos.

que as práticas sustentáveis passem a ser cada vez mais valorizadas

pelos

acionistas,

investidores

e

clientes

das empresas. A sustentabilidade é conceituada a partir de um tripé, conhecido como “Triple Bottom Line” ou “Tripé da

A maioria das práticas de produção sustentável é mais cara do que as práticas convencionais e, sem um incentivo fiscal, a empresa sustentável tem dificuldade para competir com outras que utilizam métodos irresponsáveis ou convencionais.

Sustentabilidade”. Como todo tripé, a sustentabilidade

Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma ampla

depende de cada uma de suas três bases para manter-se de

legislação que concede incentivos fiscais para empresas que

pé. As bases da sustentabilidade objetivam o desenvolvimento

utilizam tecnologias sustentáveis. Não é à toa que os Estados

social, ambiental e financeiro-econômico, ou seja, para a

Unidos aparecem na primeira posição no estudo da KPMG,

efetividade da sustentabilidade, é necessário que a empresa

como principais incentivadores de negócios sustentáveis por

traga benefícios sociais, como a geração de empregos,

meio do tributo verde. No Japão, segunda posição no índice

preserve o meio ambiente e, não menos importante, obtenha

da KPMG, diferentemente dos Estados Unidos, a política de

bons resultados financeiros para remunerar seus acionistas e

tributação verde está mais focada em sanções aplicadas às

funcionários, além de desenvolver a economia mundial.

empresas que não cumprem as práticas sustentáveis

Uma das maneiras mais eficientes de incentivar a

desejadas.

sustentabilidade é conceder benefícios fiscais para empresas

Apesar de no Brasil ainda não haver grandes incentivos

sustentáveis. No entanto, nesse quesito o Brasil está um

para empresas sustentáveis, existem muitas discussões e

pouco atrasado.

projetos de lei para geração de incentivos de tributação verde

No Primeiro Índice de Imposto Verde, estudo realizado pela

em andamento para que a empresa com práticas res-

KPMG e divulgado em 2013, o Brasil ficou apenas na 18ª

ponsáveis consiga ser de fato sustentável, completando,

posição, entre as 21 principais economias mundiais.

assim, a base do desenvolvimento financeiro e econômico, a

Em 1991, o estado do Paraná foi o pioneiro na aplicação

perna mais difícil de ser concretizada no tripé da susten-

do tributo verde, aplicado até hoje em seu território. Do valor

tabilidade, principalmente com a ausência de incentivos fiscais

de ICMS pago pelo contribuinte, uma parte é destinada a

impactantes.

ações de preservação ambiental. Além do Paraná, outros 16 estados brasileiros possuem legislações similares. Apesar dessa importante ação da maioria dos estados brasileiros, muitos estudiosos do tema criticam o fato de que, além do benefício ecológico gerado para a sociedade por essa destinação do ICMS, não existem no Brasil, de fato, incentivos

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RICARDO MARTORELLI É BACHAREL PELA FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO (FECAP) EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS COM ÊNFASE EM FINANÇAS E EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS, PÓS-GRADUANDO EM GESTÃO TRIBUTÁRIA PELA FECAP E SÓCIO/CONSULTOR DA HOPEN CONSULTORIA E ASSESSORIA. RICARDO@HOPEN.COM.BR



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POR FÁBIO ROMITO

Qualidade ambiental: desperdício de material Como esse assunto não se esgota e, a cada dia que passa, recebemos mais informações sobre o desrespeito de empresas da cadeia têxtil tanto em relação ao meio ambiente quanto em relação à exploração de pessoas, resolvi retomar um pouco o assunto e reforçar alguns pontos. Sabemos da urgência em implementar nas empresas ações relacionadas ao problema ambiental. Sabemos também que ele é muito sério na cadeia produtiva têxtil e de vestuário. No entanto, como não acontece “debaixo do nosso nariz”, fingimos que ele não existe. Uso indiscriminado de água, poluição de rios com resíduos gerados por empresas inconsequentes, poluição sonora que afeta a qualidade de vida de trabalhadores em tecelagens, entre outros, são problemas conhecidos e que estão sendo tratados de alguma forma pelas autoridades. Da mesma maneira, o problema mundial de exploração de mão de obra por empresas de vestuário é bastante conhecido e largamente divulgado pela mídia e em documentários ao redor do mundo, como o True Cost (2014). Então, orientá-las a seguir os critérios da certificação ABVTEX, procurando ter controle de sua cadeia produtiva, selecionar fornecedores que tenham algum tipo de certificação ambiental ou mesmo alguma preocupação nesse sentido, seria redundância. Gostaria de abordar um assunto que me incomoda muito como profissional e estudioso do setor: o nível de desperdício de materiais. Falando um pouco mais claramente, o setor de confecção tem como referência para um processo de corte considerar um bom aproveitamento de tecido algo em torno de 85%. Isso é considerado bom por boa parte das empresas do mercado. Vamos fazer um pouquinho de conta: conforme artigo escrito na edição

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Foto: Arquivo pessoal

Qualificação

nº 90 da Costura Perfeita, uma grande empresa fabricante de tecidos produz cerca de 200 milhões de metros de tecido por ano. Seja como for, esse tecido será consumido. Digamos que 80% dele seja consumido no mesmo ano, o que representa 160 milhões de metros. Considerando-se um resíduo de corte na casa de 15%, teremos 24 milhões de metros de tecido em um único ano, provenientes de um único fabricante, como resíduo. Se projetarmos isso para todo o mercado, esse número terá um aumento exponencial. São milhões de metros de tecido refugados todos os dias. O que está sendo feito pelas empresas para minimizar o impacto desse número? Lembro que muitos recursos foram gastos na produção desse tecido que está sendo simplesmente descartado. Estamos buscando uma forma de reaproveitá-lo? Estamos buscando soluções dentro de nossas salas de design ou de modelagem para minimizar a perda de tecido nos processos produtivos? O que de efetivo estamos fazendo para auxiliar na resolução de um problema que também tem um enorme impacto no uso de recursos posteriormente desperdiçados? Você já pensou que desse pensamento pode surgir uma ideia com potencial de gerar lucro para sua empresa, ou mesmo uma grande economia? Caro amigo, reflita sobre esse assunto, ele é importante para todos nós e pode levar sua empresa a outro patamar. Lembre-se que produzir com eficiência energética também é qualidade. Sempre! FÁBIO ROMITO É TÉCNICO TÊXTIL, ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. ATUA NO MERCADO DE CONFECÇÃO HÁ MAIS DE 25 ANOS, SENDO QUASE 20 DEDICADOS A CONSULTORIA E TREINAMENTO EM EMPRESAS DE VESTUÁRIO. É PROFESSOR UNIVERSITÁRIO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO NAS ÁREAS DE MODA E ADMINISTRAÇÃO. ROMITOFABIO@GMAIL.COM



Lançamentos Fotos: Divulgação

MAIS COR EM SUA CONFECÇÃO A Guarany, empresa certificada pela ISO 14001, abre o mercado de corantes para quantidades industriais. O destaque é para o corante Sintexcor, indicado para fibras têxteis de poliéster e materiais sintéticos, como acrílico e acetato. São 21 opções de cores tradicionais e fluorescentes disponíveis em embalagens de 1 kg e 5 kg. Para saber mais e conferir a cartela, acesse: http://www.corantesguarany.com.br.

VERSATILIDADE NO BORDADO DOMÉSTICO Com braço tubular livre e mais de 400 desenhos embutidos, a Brother – PRS 100, distribuída pela Andrade Máquinas, tem tudo para ser uma das máquinas de bordar domésticas mais versáteis do mercado. De 1 agulha, a máquina faz até 1.000 pontos por minuto numa área de trabalho de 20 cm x 20 cm; seu tamanho é 30% menor que o das máquinas convencionais; possui duas entradas USB; além dos 405 desenhos embutidos, vem com 20 fontes, 140 desenhos de molduras e 8 padrões de bordado estilo quilting (e recurso exclusivo para quilting livre como acessório opcional); vem com bastidores pequenos inclusos e bastidor de boné opcional.

PRIMEIRA MÁQUINA QUE FALA Imagine controlar as funções da máquina de costura por meio da voz? Agora não precisa imaginar mais, ela já existe! É a Jack A4, uma reta eletrônica criada com um novo e sofisticado design alemão, em que cada operação tem uma orientação por voz, traduzida em diversos idiomas, facilitando, inclusive, o uso por pessoas com deficiências motoras. Com teclas simples e de fácil reset (com botão que restaura as configurações de fábrica), vem com seletor de ponto; solenoide do calcador embutido no cabeçote; ventilador embutido que, com um leve toque, resfria a máquina; opção de arremate manual; luz LED ajustável; alavanca do retrocesso compacta, que evita o derramamento de óleo. Possui ainda entrada USB para carregar aparelhos eletrônicos, como o celular, por exemplo, enquanto estiver sendo utilizada. Compacta, a Jack A4 costura desde tecidos leves, como a seda, até os pesados, como o jeans. No Brasil, sua distribuidora oficial é a Welttec. GAVETEIRO EM MÓDULOS Há 23 anos fabricando móveis para o setor de confecção, a Comace apresenta seu gaveteiro modular, feito 100% em MDF (fabricação própria), que se adapta ao crescimento do estoque da empresa apenas com a junção de mais módulos para compor um balcão. Suas medidas são 85 cm de largura x 52 cm de comprimento x 53 m de altura, e está disponível na cor branca.

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Comércio Exterior Foto: Divulgação

MINIMALISMO TROPICAL NA PREMIÈRE VISION DESIGNS A estamparia brasileira teve seu lugar na Première Vision Designs (antes conhecida como Indigo), feira do grupo Première Vision dedicada exclusivamente a estúdios de criação de estampas, que aconteceu nos dias 12 e 13 de abril em Nova York (EUA). E quem representou nosso país foi o estúdio catarinense Elaiá, mais uma vez selecionado para as feiras da Première Vision. Os desenhos apresentados na coleção Verão 2017-2018 seguem a linha de folhagens desconstruídas e folhas tropicais, mas agora com um tom mais realista e fundos suaves, destacando a qualidade artística, mirando os mercados de beachwear e swimwear. Bruno Hansen, diretor comercial do Elaiá, destaca que, por ser um evento voltado somente a estampas para moda, com estúdios de design do mundo inteiro, o grau de complexidade do que foi exposto aumentou, tornou-se mais denso, pensado para equipes de criação das marcas realmente integradas ao processo de estamparia. “Como um evento novo, veio também o questionamento sobre o timing, questão tão debatida no calendário nova-iorquino. Aos nossos olhos, a impressão é a de que o calendário foi acertado, as marcas realmente estavam todas voltadas à produção e criação do Verão 2017 do Hemisfério Norte, o que favoreceu, e muito, o consumo de nossa linha de design, colocando em evidência todo o trabalho tropical desenvolvido pelo estúdio para essa coleção. Em termos de produto, o que levamos a essa edição foi um trabalho de estamparia muito mais suave e elegante, apostando nos fundos lisos, dando ênfase ao trabalho manual desenvolvido nos elementos, que vão desde folhagens do cerrado até flores encontradas no Sul do Brasil. Um trabalho em que o processo fica muito mais em evidência, e toma isso como premissa para toda a construção de coleção. O ‘como’ muito mais do que o ‘quê’. Técnicas de ilustração das mais variadas foram utilizadas, desde simples ilustrações aquareladas até processos fotográficos produzidos em estúdio e, posteriormente, alinhados divinalmente”, revela Bruno. Em 2015, 60% da receita da Elaiá veio das vendas ao exterior por meio da participação em feiras e eventos internacionais, e a expectativa para 2016 é que essa porcentagem aumente.


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POR VERA GRIGOLI

Desenvolvimento de produto e suas facetas de sustentabilidade Falamos muito neste período a respeito de todos os desafios que precisamos superar devido à situação econômica atual, mas

Foto: Arquivo pessoal

Produção

situações favoráveis não são muito visíveis, mas em períodos como o atual podem levar a consequências dramáticas.

isso traz também uma interessante reflexão a respeito do tema

Coleções definidas com matérias-primas e acabamentos

sustentabilidade, um assunto que na maioria das vezes é

incompatíveis com os respectivos processos de produção

abordado apenas sob a óptica ecológica.

continuam sendo uma constante; a falta de interesse por parte

A moda como negócio passa obrigatoriamente pelo produto

de muitos profissionais da área de desenvolvimento de produto

e sua engenharia e, quando não se conhece o suficiente seus

em conhecer a fundo os processos produtivos e seus recursos

caminhos, a permanência no mercado de maneira sustentável

facilitadores também.

torna-se vulnerável, muitas vezes ameaçada.

Podemos verificar que, apesar de a situação econômica ser

A fragilidade de vários negócios na área de confecção pode

delicada, há sempre um espaço a ser preenchido nas empresas

não derivar desse momento específico em que o país se

que já estão se conscientizando e buscando um novo perfil de

encontra; esse fator talvez tenha se apresentado como

profissional que possa apresentar conhecimento abrangente

catalisador decorrente da inconsciente falta de preparo ou das

para trazer um ponto de equilíbrio entre os setores.

práticas usuais do famoso “jeitinho brasileiro” de trabalhar.

A sustentabilidade está diretamente ligada à capacidade de

Quando os processos do negócio como um todo acontecem

conhecer a fundo a área da empresa que atua para ter

constantemente com defasagens básicas, percebe-se que

condições de buscar alternativas e soluções assertivas, incluindo

crises podem ocorrer em qualquer período.

as práticas de âmbito ecológico: um olhar atento para o

Durante todos estes anos de mercado convivendo com

desperdício, as maneiras de descarte dos resíduos decorrentes

muitas confecções, deparei com diversos casos que, embora

do trabalho produtivo diário, buscando parcerias com instituições

fossem bem direcionados e estivessem vivenciando momentos

específicas para direcionar aquilo que pode ser reaproveitado em

áureos da economia, tiveram suas trajetórias interrompidas,

outros segmentos, conscientizando a equipe no sentido de que

apresentando prejuízos consideráveis.

todos têm igual importância para o crescimento da empresa.

Percebi um fator comum em quase todos os casos que

Entendo que dessa forma as condições de manter-se no

acompanhei e vejo que ele perdura até os tempos atuais: ainda

mercado em qualquer período se tornam mais sólidas, e aqueles

há uma percepção deturpada a respeito de determinados

que conseguem criar uma nova postura de trabalho a partir

setores das empresas, em especial quando falamos de dois

desse ponto de vista estarão trilhando bons caminhos.

sempre muito polêmicos: criação e produção. Às vezes, parece que há um enorme abismo entre eles. O primeiro vive o intangível, a beleza estética e seus conceitos, mas é também responsável por apresentar diretrizes comerciais; já o segundo, visto como algo menor, deve executar as propostas e dar um jeito de fazê-las acontecer da melhor maneira possível, mesmo sem condições reais. A ausência de interação entre eles geralmente traz resultados comerciais insatisfatórios, que em

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VERA GRIGOLLI É CONSULTORA E PALESTRANTE DA IT STUDIO CONSULTING, CONSULTORIA ESPECIALIZADA EM MERCADO TÊXTIL. SEUS PRINCIPAIS TEMAS SÃO RELACIONADOS A DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO. PÓS-GRADUADA EM MILÃO, NA SCUOLA DI REGIONE DI LOMBARDIA (ENGENHARIA DE PRODUTO E DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES), ESPECIALIZADA PELA SCUOLA MARANGONI (CRIAÇÃO EM ESCALA INDUSTRIAL E GERENCIAMENTO DE COLEÇÃO) E DOCENTE DO NÚCLEO DE MODA DA FAAP, NO CURSO A MODA COMO NEGÓCIO. ITSTUDIOCONSULTING@GMAIL.COM / WWW.ITSTUDIO.COM.BR





Mercado

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POR ROSELAINE ARAUJO

CONSUMO CONSCIENTE

CAMPANHA DE SUSTENTABILIDADE DA LEVI’S.

PESQUISADORES E MARCAS SUSTENTÁVEIS ENSINAM COMO FAZER MAIS E MELHOR PELO BEM DE TODOS NÓS

Há tempos que ser sustentável virou necessidade. Diante do cenário de devastação ambiental a que chegamos, construir condições melhores de produção e consumo em todos os setores é fundamental para nossa sobrevivência e a do planeta. O termo desenvolvimento sustentável foi usado pela primeira vez em 1983, na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Lá se vão 33 anos que o grupo da comissão propôs que o desenvolvimento econômico fosse integrado à questão ambiental. Segundo ela, desenvolvimento sustentável significa atender às necessidades da atual geração sem comprometer a capacidade das futuras gerações de prover suas demandas. Para isso, é essencial integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais dentro do mesmo objetivo. Dentro da indústria da moda, fazer valer esse conceito tem sido um processo lento. Contudo, mudanças positivas já ocorreram. Mestre em design e especialista em moda, Miriam Levinbook é coordenadora do curso de Negócios da Moda da Universidade Anhembi Morumbi. Pesquisadora do assunto há anos, ela comenta os avanços que notou.

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“Há um crescimento na busca por produtos sustentáveis. Os consumidores já entendem o compartilhamento e o reaproveitamento de peças com menor consumo para recuperar fatores ambientais. Quanto às empresas de moda, muitas começam a perceber a importância de cuidar dos resíduos, assim como o varejo de moda, que vem se transformando graças ao pensamento de utilizar os conceitos da sustentabilidade em seu ponto de venda e em seus processos internos”, conta. Embora exista hoje maior consciência ambiental, há um longo caminho a percorrer e vários desafios para chegar ao equilíbrio no uso dos recursos naturais. “Ainda há muito a fazer. Como desafios, temos uma cadeia de produção que gira em torno da cultura voltada à moda rápida e ao consumo exacerbado. Precisamos alcançar um nível muito maior de conscientização dos empresários e da sociedade. A educação para o desenvolvimento sustentável é fundamental. A abordagem atual do assunto nas escolas do ensino médio deve se multiplicar para as questões sociais. A evolução está focada nos critérios sustentáveis e numa juventude consciente e compromissada em transformar


E DOCENTE DA

seu meio a partir da responsabilidade social e ambiental”, aponta Miriam. Falar que adota práticas de baixo impacto ambiental ou que fabrica e comercializa produtos ecologicamente corretos não é garantia de credibilidade. Várias empresas camuflam processos poluentes ou adotam mão de obra escrava para produzir seus produtos. Como então diferenciar o joio do trigo? As certificações e os selos que atestam os procedimentos sustentáveis auxiliam o consumidor e todas as companhias que desejam se relacionar apenas com as empresas responsáveis não só na esfera ambiental, mas também na social. O mais reconhecido entre eles é o ISO 14001. A sigla ISO advém do termo em inglês International Organization for Standardization, que em português quer dizer Organização Internacional para Padronização. A ISO é uma entidade de padronização e normatização criada em 1947, em Genebra, na Suíça. Os números da certificação se alteram conforme os critérios de qualificação e seleção evoluem. A ISO 14000 é o nome dado a uma família de normas. A 14001 pertence a essa família e discorre sobre as diretrizes básicas para um sistema de gestão ambiental. Para a maior parte das empresas, obter a certificação da ISO 14001 é suficiente para demonstrar o comprometimento com práticas sustentáveis e mesmo exportar para o exterior. A Fundação Vanzolini é um dos principais centros de referência em certificação no Brasil. João Amato Neto coordena na entidade o projeto Inovatex, desenvolvido pela Vanzolini para o Núcleo de Inovação e Susten-

JOÃO AMATO NETO, COORDENADOR DA FUNDAÇÃO VANZOLINI E DO PROJETO INOVATEX.

Foto: Reinaldo Marques

Foto: Divulgação

MIRIAM LEVINBOOK, PESQUISADORA UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI.

tabilidade do Texbrasil, criado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecções (Abit). Neto explica o que as empresas precisam fazer para obter o ISO 14001. “Elas devem se adequar aos padrões de excelência em termos de requisitos socioambientais, buscando adequar seus produtos e processos ao menor consumo de recursos, minimizando assim a geração de resíduos. Por outro lado, elas necessitam também evitar o emprego de força de trabalho sob condições precárias”, detalha. Segundo ele, a produção têxtil é ainda um dos setores mais poluidores da indústria. “Um exemplo típico é o tingimento de tecidos. Para produzir uma calça jeans, consomem-se 11 mil litros de água ao longo de toda a cadeia produtiva. Já há exemplos de empresas que começaram a investir de forma significativa em projetos de reúso de água e novas tecnologias de processos que minimizam o consumo de água, de energia e utilizam materiais recicláveis. Contudo, a grande maioria das empresas brasileiras ainda não se adequou aos requisitos das melhores práticas socioambientais”, lamenta. Neto afirma ainda que quem quiser gerir uma empresa totalmente sustentável precisa primeiro constituir uma equipe de profissionais comprometidos com a questão. “As empresas que mais avançaram nesse sentido formaram comitês de qualidade ou de inovação para tratar das questões socioambientais. Isso não impede que outras pessoas da organização integrem os comitês. Depois disso, sugiro incluir na agenda essa questão como prioridade”, recomenda o coordenador da Fundação Vanzolini.

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Mercado Foto: Divulgação

nasceram inovações como o uso de malha PET, malha biodegradável e algodão desfibrado. Além disso, os sistemas operacionais de produção estão cada vez mais inteligentes. Fazemos redução contínua do consumo de energia e água. Essas ações nos tornam mais compe-

A MALWEE INVESTIU R$ ÁGUA AO RIO JARAGUÁ.

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MILLHÕES PARA TRATAR EFLUENTES E DEVOLVER A

EXEMPLOS DE TIRAR O CHAPÉU Existem marcas que inspiram as demais por meio de exemplos práticos de responsabilidade socioambiental. Dentro da indústria da moda, uma delas ganha cada vez mais a confiança dos clientes e investidores, além de prêmios consecutivos. Com 47 anos de existência e aproximadamente 12 mil colaboradores, o Grupo Malwee é uma das principais empresas de moda do Brasil. Hoje, produz mais de 80 milhões de peças por ano, que integram suas dez marcas. Em 2015, a companhia aderiu ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e assinou a Carta de Compromisso que busca mobilizar a comunidade empresarial rumo ao desenvolvimento sustentável. Com isso, a empresa se comprometeu a alinhar suas operações e estratégias com os dez princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Taise Beduschi, gestora de sustentabilidade da empresa, revela como essa questão é avaliada lá dentro. “O Grupo Malwee acredita que para fazer acontecer nessa área é preciso engajar o público-alvo. O tema sempre foi tratado com prioridade pelos fundadores e está presente no negócio ao longo das gerações. Há alguns anos, criamos o Plano de Sustentabilidade 2020, um trabalho feito com metas para reduzir riscos e investir nas oportunidades ligadas ao negócio. Desse trabalho

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titivos e também sustentáveis”, destaca Taise. Preservar áreas verdes também virou uma das especialidades da Malwee. A marca é responsável por conservar mais de 4 milhões de áreas verdes em Santa Catarina. Faz parte desse conjunto o Parque Malwee, localizado em Jaraguá do Sul (SC). O local tem mais de 1,5 milhão de metros quadrados de área preservada. Além dele, há na mesma região a Reserva Particular do Patrimônio Natural Estadual (RPPNE), que protege espécies ameaçadas de extinção. A reutilização da água é outro ponto forte das ações sustentáveis. O Grupo Malwee investiu R$ 11 millhões para criar um sistema que trata os efluentes e devolve a água ao Rio Jaraguá com padrões de qualidade acima dos previstos na legislação, o que possibilita sua reutilização na produção. Por meio dele, a companhia garante a recuperação de 200 milhões de litros de água por ano. Todo o volume de água recuperado é reaproveitado nos processos de tingimento e lavagem. Grande parte desse esforço converte-se em benefícios para a natureza e para toda a população que depende dos recursos naturais para viver. Para a Malwee, essa é a principal recompensa, mas além dela aumenta a credibilidade da empresa. Este ano, a marca conquistou o reconhecimento internacional na área de sustentabilidade com a Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), na categoria Commercial Interior, cedida pelo U.S. Green Council Brasil. Além disso, possui mais de cinco prêmios nesse setor. O êxito reconhecido serve de combustível para vencer novas etapas. “Nosso desafio é agregar mais consumidores, mostrar para eles que aquela roupa linda tem muito mais que beleza: ela gera um impacto ao longo do caminho para chegar ao guarda-roupa. Transmitir essa mensagem é bastante difícil, pois a maioria das pessoas desconhece como os produtos surgem. Buscamos conectar o consumidor com essa nova realidade, oferecendo produtos com matérias-primas sustentáveis e que gerem cada vez menos impacto socioambiental em


sua fabricação. As pessoas precisam entender que não

incluindo combinações de ozônio e lavagem. As técnicas

são tão difíceis ou onerosas as iniciativas sustentáveis,

empregadas diminuíram 96% do volume de água. “Vamos explorar novas oportunidades de economizar água em todo o ciclo de vida de produto. Levamos nosso primeiro tecido Water<Less ao mercado por meio de um sistema de tingimento inovador que utiliza cerca de 70% menos água que o índigo convencional. Estamos trabalhando para ampliar essa prática de forma rápida e substancial. Introduzimos também um novo produto feito com algodão colorido, o que elimina toda a tintura usada no processo de produção. Isso reduz o impacto na utilização da água e da energia”, acrescenta Dillinger. É bom lembrar que o conceito de sustentabilidade não se restringe apenas aos cuidados com o meio ambiente, mas abrange também o bem-estar social. Nesse quesito, a Levi’s também marca pontos. Há cerca de 20 anos, a grife implantou as Condições para Contratação (Terms of Engagement – ToE), um código mundial de conduta rigoroso para cada unidade fabril, abordando possíveis violações de direitos trabalhistas dentro da cadeia de fornecimento. “No início, pensávamos que essas expectativas rígidas para práticas de trabalho justas e

sejam elas em produto, processos ou matéria-prima. Esse é o ponto para que possamos alcançar patamares mais eficientes. Depois, elas precisam se sentir responsáveis por aquilo que produzem e consomem, refletindo sobre o uso dos recursos naturais, o próprio consumo e o destino que dão para o resíduo desse consumo”, completa Taise. Foto: Divulgação

“WATER‹LESS”

DA LEVI’S: ECONOMIA DE DE ÁGUA POTÁVEL.

1

BILHÃO DE LITROS

Outra empresa que faz da sustentabilidade um dos pilares do negócio é a Levi’s. A marca, que carrega todo o prestígio de ser a inventora do jeans, dedica-se a melhorar cada vez mais seus processos. “Na Levi’s, consideramos fast fashion uma moda não sustentável. Uma calça Levi’s vai ficar melhor com o passar dos anos e queremos que nossos amigos usem seus jeans por muito tempo e, principalmente, cuidem deles de forma responsável. A durabilidade é parte fundamental da moda consciente e temos orgulho de produzir roupas bem-feitas e resistentes. Cada jeans que fazemos é uma expressão do nosso profundo comprometimento com a sustentabilidade social e ambiental”, enfatiza Paulo Dillinger, vicepresidente da Levi Strauss &Co. No ano passado, a grife anunciou que a iniciativa batizada de “Water‹Less”, criada em 2011, resultou numa economia de 1 bilhão de litros de água potável ao longo dos últimos quatro anos. A redução espantosa foi obtida em 25% da produção após a marca alterar os procedimentos de acabamento das roupas. Ao todo, são 21 técnicas que contemplam várias aplicações no denim,

padrões ambientais elevados geraria custos e nos colocaria em desvantagem competitiva. No entanto, descobrimos que influenciamos todo o setor. Nossas regras obrigaram parte dos concorrentes a implementar programas similares para mitigar riscos e elevar o padrão de vida para quem trabalha numa fábrica”, arremata o vice-presidente da Levi’s. ESPECIALISTAS EM PRODUÇÃO RESPONSÁVEL Foto: Alex Santos

ADRIANA SANTOS, IDEALIZADORA DA EMPRESA ELAS MUDA DE SAPUCAIA CULTIVADA NO CONE DE LINHA.

ECOMODAS,

SEGURA

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Elas são novas no mercado, mas cheias de entu-

quatro pilares do desenvolvimento sustentável defendido

siasmo para fazer diferente. Construir um mundo melhor é

no livro Our Common Future, de Gro Brundtland. A publicação é uma síntese do relatório criado em 1987 pela Organização das Nações Unidas (ONU). É com base nesses conceitos que surgiu há cinco anos a Contextura, uma marca gaúcha que se destacou por reunir arte, moda e desenvolvimento sustentável. “Nossa principal motivação é criar roupas com as quais o consumidor possa se identificar. Temos como diferencial o design e seu processo criativo, incorporando fazeres artísticos. Ou seja, é a singularidade e a inovação que cativam as pessoas. Está em nosso DNA o amor pelas texturas tanto visuais quanto táteis. Desejamos que os clientes comprem e usem as peças sem descartá-las tão cedo. Existe uma troca simbólica quando o cliente mantém a roupa em seu armário, até porque nossos artigos não saem de moda. O paradigma adotado é o do slow fashion, o oposto do fast fashion, tendências, calendários de moda”, afirma Evelise Ruthschilling, sócia da grife que produz roupas reaproveitando materiais. Em média, a empresa produz 500 peças por mês e seus processos produtivos passam por colagens têxteis e arte impressa sobre os tecidos. A marca já conquistou o selo Oeko-Tex de tintas de impressão digital e selos de procedência de tecidos. Além disso, faz o trabalho de inclusão social ao contratar pessoas de baixa renda para confeccionar acessórios com técnicas artesanais, como o tricô. Está nos planos da Contextura fazer também sapatos sustentáveis priorizando o design e o conforto.

o que norteia as marcas Elas Ecomodas, Contextura, Grama e Insecta Shoes. A mais experiente delas é a Elas Ecomodas, que começou suas atividades em 2010, em Nova Friburgo (RJ). A empresa já nasceu dentro dos princípios de preservação ambiental e hoje possui cerca de sete grandes projetos em prol da natureza. “Sustentabilidade é a palavra que rege toda a empresa. O difícil é manter-se firme nesse propósito. Ou você é ou não é ecologicamente correto. Existem várias empresas que dizem fazer e acontecer, mas na prática não é nada disso. O conceito sustentável necessita ser pautado do início ao fim dos processos. Isso requer dedicação, avaliação, criatividade e outros requisitos. No entanto, o mais importante é gostar muito do que se faz, caso contrário o empresário vai desanimar do mercado iludido por preços arrasadores e de origem duvidosa”, adverte Alex Santos, diretor da empresa. Uma das principais ações da companhia é o projeto Elas Preservando, que consiste em reaproveitar cones de linhas vazios para servirem de recipiente para armazenar terra e cultivar mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. A ideia surgiu há sete anos e já contribuiu com o plantio de mais de 10 mil mudas nativas, mas a empresa espera chegar a 100 mil. Além disso, a marca embala suas camisetas em papelão reciclado, faz uso de tecidos de PET reciclado para fabricar bolsas, estojos e nécessaires e também reutiliza papéis gerados durante o processo de estamparia. Com o objetivo de ampliar a conscientização, criou uma tenda ecológica itinerante que leva ao público dicas de desenvolvimento sustentável. Nos eventos programados, a grife distribui mudas de árvores, como palmito-juçara, uma espécie da Mata Atlântica que está ameaçada de extinção. Fora isso, todos os produtos são embalados com papel reciclado. Em janeiro deste ano, a empresa lançou o Projeto Jeans EcoFashion, do qual a revista Costura Perfeita é parceira. “A iniciativa consiste em arrecadar jeans usado para criar novos artigos com apelo fashion. Outro ponto positivo é que parte das peças recolhidas será destinada a comunidades e instituições carentes”, revela Alex. Ser ambientalmente correto, socialmente justo, economicamente viável e culturalmente aceito são os

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GRAMA APOSTA EM FIBRAS ORGÂNICAS.

Foto: Divulgação

Mercado



Mercado Foto: Divulgação

INSECTA SHOES:

MARCA PRODUZ CALÇADOS

100%

ECOLÓGICOS.

Com apenas dois anos de atividades, a Grama é outra marca inspiradora. A estilista Ana Sudano resolveu usar parte de sua experiência de 15 anos num novo negócio, porém bem mais condizente com seus valores. “Não imagino mais a moda sem que haja atenção aos materiais, processos, colaboradores e fornecedores. A gestão de resíduos e efluentes, o comércio justo e a inovação em tecnologias e processos sustentáveis são premissas básicas para a existência da Grama”, ressalta a estilista. Em pouco tempo, a empresa alcançou uma produção três vezes maior do que quando iniciou. Uns de seus produtos mais vendidos são os artigos feitos de algodão orgânico. “Ficamos atentos a todas as etapas da roupa, do fio aos beneficiamentos finais. Trabalhamos com tecidos e malhas de ‘tecnologias verdes’, como algodão reciclado, tingimentos e fibras naturais. Priorizamos artesãos e parceiros como organizações de caráter social e inclusivo, buscando aumentar a geração de renda”, complementa Ana. Já na área calçadista, não há como passar despercebida a Insecta Shoes. A marca gaúcha de sapatos 100% veganos produz artigos ecológicos feitos de forma artesanal. O ponto de partida é reutilizar na fabricação de

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seus produtos roupas e acessórios garimpados em vários locais, como brechós. Solados de borracha reciclada e de tecidos ecológicos feitos com garrafa PET reciclada também fazem parte do processo criativo. Diversos modelos de calçados são ainda tingidos com tinta à base de água, que não polui o meio ambiente. “A moda é a segunda indústria mais poluente do planeta. Ela ainda é bem inescrupulosa e tem baixíssima preocupação ambiental. Felizmente o assunto tem sido mais discutido. Os números assustadores agora são compartilhados, o que aumenta a conscientização, principalmente de quem compra fast fashion”, declara Bárbara Mattivy, gerente de marketing. Segundo ela, não é mais possível produzir sem considerar o ecossistema. Acreditamos numa gestão participativa, justa e com maior qualidade de vida para todos. Sustentabilidade tem a ver também com responsabilidade social, gerando empregos e empoderando comunidades carentes”, adiciona Bárbara. A marca planeja criar a Fundação Insecta com o objetivo de implantar programas educacionais que tratem de assuntos como consumo consciente, redução do lixo, veganismo, entre outros temas pertinentes à sustentabilidade.



Mercado EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA EVOLUIR

LAB FASHION

ENSINA PASSO A PASSO A ATINGIR PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS.

Não dá para gerar mudanças na sociedade sem conhecimento. Tornar-se sustentável requer não só boa vontade, mas também estudo e preparo. Por essa razão, o Lab Fashion – espaço voltado para a discussão de temas relacionados à moda – criou uma série de cursos sobre práticas sustentáveis. “Houve uma procura maior por cursos que abordam o assunto, pois ser sustentável dá trabalho. Não se trata apenas de usar melhores tecidos ou de reduzir as coleções. É preciso considerar a cadeia de produção de modo socialmente responsável e com menor impacto ambiental. Apesar dos desafios, investir nessa ideia traz muitas vantagens. Uma equipe com melhores condições de trabalho produz mais. Reduzir o desperdício otimiza a produção e os retalhos maiores viram novas peças. Sem contar os benefícios de longo prazo relativos à natureza. Esperamos que nos próximos cinco anos a moda sustentável conscientize um número maior de consumidores por meio de notícias e movimentos como a Virada Sustentável, além dos aplicativos de troca de roupas e também com as informações cedidas pelas próprias marcas, que podem estimular seus consumidores”, esclarece Fábio Uehara, fundador do Lab Fashion. Em maio, outra iniciativa foi feita para ajudar nesse

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Foto: Divulgação

propósito de conscientização. Foi inaugurada em Santo André (SP) a The Cool Lab Store, uma loja sustentável e colaborativa que se preocupa com o futuro do planeta. “A loja tem um espaço físico de 400 m² e concede espaço para 80 marcas. Se estivessem separadas, cada unidade iria consumir mais energia, água, além de gerar mais lixo. Reunidas num mesmo local, os custos são rateados e conseguimos dar oportunidades aos novos empreendedores dos segmentos de moda, arte, design e gastronomia. Os consumidores estão mais conscientes e as lojas também precisam ficar. Esse processo ainda está engatinhando. Temos muito desafios pela frente. As fibras recicladas, por exemplo, ainda possuem alto custo. As empresas encontram dificuldades para utilizar materiais sustentáveis. Em vez de consumir novos produtos – ainda que sejam sustentáveis –, o ideal seria refletir se aquilo é mesmo necessário. Consumir menos, porém, de maneira assertiva”, recomenda Caroline Makimoto, fundadora da loja. Entre tantas ofertas de produtos que se autointitulam amigos da natureza, há portais na internet que ajudam o consumidor a refletir sobre o que, de fato, pode ser considerado sustentável. O Moda Ética é um deles. O site


Foto: Divulgação

nasceu a partir da ideia de um blog, escrito pela designer

são as pessoas. Tanto as

de produto Luciana Duarte, que hoje é mestre em

que fazem moda (estilistas

engenharia de produção e professora universitária. No

e empresários) quanto os

blog, ela disponibilizava diversas pesquisas sobre moda.

consumidores. Todos pre-

Em 2010, diante da necessidade de profissionalizar os

cisam ter acesso ao co-

contatos e compartilhar as experiências de forma mais

nhecimento científico so-

ampla, surgiu o site. “O que diferencia o site Moda Ética dos outros é a abordagem. Todas as informações têm embasamento científico e ele traz também críticas sobre o assunto exposto. Estou no mercado há anos e percebo o que é somente demagogia, ideologia ou trabalho consistente. Estudei com profundidade os tecidos e o impacto ambiental deles. Procuro desmistificar temas e a forma como são tratados. É um trabalho sério. Vários sites e blogs tratam a questão de forma superficial e com certo deslumbramento pelos termos “green”, “slow”, “atemporal” e “organic”. O Moda Ética está na contramão disso”, descreve Luciana. Para ela, um dos maiores obstáculos para evoluirmos nesse universo é mesmo o aprendizado. “O maior desafio

bre os atributos sustentáveis dos produtos. É necessário educar ambos os grupos. Devem ser criados também meca-

LUCIANA DUARTE, MODA ÉTICA.

CRIADORA DO SITE

nismos para validar o que é sustentável ou não. Esse papel cabe ao governo ou às instituições que tenham isonomia para realizar esse trabalho. Quando vejo premiações para moda ou calçados sustentáveis, tenho sérias dúvidas sobre para onde caminhamos: uma ignorância coletiva e consentida? As pessoas precisam estudar antes de contemplar marcas, negócios, produtos inconsistentes e demagogos, ainda que tenham um ou outro aspecto dito sustentável”, recomenda Luciana.


Perfil

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POR ROSELAINE ARAUJO

PEDRO PAULO SILVA CEO DA SYSTÊXTIL EXPLICA COMO A EMPRESA SE FORTALECE MESMO DIANTE DO ATUAL CENÁRIO ECONÔMICO

O que seria da indústria da moda sem a tecnologia dos programas de gestão? Cada vez mais eficientes e velozes, eles monitoram toda a cadeia produtiva e comercial tanto das tecelagens como das confecções. É possível criar estratégias de negócios, controlar gastos, estimular vendas, ou seja, gerir de modo mais eficaz e econômico. Tudo isso com apenas alguns cliques. Uma das empresas que se especializaram nesse mercado foi a Systêxtil.

ocê avalia o mercado nacional quando comparado CP – Como vo

Criada em 1991, em Jaraguá do Sul (SC), a companhia focou

ao externo?

todo o seu desenvolvimento em sistemas de gestão do tipo ERP

PP – O segmento têxtil e confeccionista nacional apresenta muitas

(Enterprise Resource Planning). Há 36 anos no segmento, Pedro

“ilhas” de sucesso tanto na produção de insumos como na criação

Paulo da Silva, CEO da marca, conta um pouco da trajetória da

e produção de tecidos e peças confeccionadas. Num mundo

Systêxtil e dos planos da companhia. Confira!

globalizado, estamos alinhados com o que acontece no mercado externo. Para melhorar o crescimento do segmento, acredito que

CP – Quando a Systêxtil foi fundada e o que motivou sua criação?

sejam necessárias políticas mais racionais, integração ainda maior

Pedro Paulo – A Systêxtil vai completar 25 anos em julho. Um

dos vários segmentos da cadeia têxtil e também parcerias com

quarto de século! O que nos motivou foi a grande carência ou até

entidades de pesquisa e universidades.

mesmo quase inexistência de um ERP que entendesse as particularidades da indústria da moda. Portanto, somos pioneiros

er-se ativa diante da crise CP – Como a Systêxtil faz para mante

na oferta de soluções de gestão baseadas em tecnologias

política e econômica?

adequadas para toda a cadeia têxtil e de confecção.

PP – Além de reforçar a oferta de novas soluções de nossos produtos e serviços, redobramos investimentos em nossa área

e tantos segmentos para implantar novas CP – Por que, entre

comercial e de relacionamento com nossos clientes. Essas ações,

tecnologias, a Systêxtil escolheu a área têxtil e de vestuáriio?

levando em conta que a crise deve se prolongar, exigem que

PP – Desde a sua concepção, a Systêxtil sempre pensou em

continuemos reforçando também ações de melhoria de processos

especialização – focar apenas num segmento para ser melhor e mais

internos, buscando otimizar resultados.

competitiva. Sendo os fundadores oriundos da indústria têxtil e de confecção, foi natural escolher esse meio já que o histórico favorecia

CP – Como você avalia o crescimento da empressa depois de

o conhecimento dos processos, além de saberem também quais

anunciar na revista Costura Perfeita?

seriam as melhores soluções de tecnologia de informação.

PP – No nosso negócio, houve um crescimento significativo na carteira de clientes após os investimentos na revista. Ao iniciarmos

CP – Nos últimos cinco anos, qual foi a grande conquista

essa ação, alcançamos o que era esperado, que sempre foi

tecnológica?

pulverizar nossas soluções em todo o território nacional e trazer a

PP – Entre as várias conquistas, sem dúvida a maior foi entregar

mídia institucional para nossa empresa – resultados que vêm

ao mercado a versão Java/Web do Systêxtil. A decisão foi tomada

sendo alcançados constantemente.

há dez anos e exigiu vencer muitos desafios, além do altíssimo

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investimento. No entanto, compensou. Hoje, temos produtos

o semestre? CP – O que a empresa planeja para o segundo

inovadores, numa plataforma robusta, segura e que entrega

PP – Daremos atenção especial aos projetos de migração para a

muitas vantagens aos nossos clientes, como disponibilidade,

nova versão do Systêxtil. Temos também a participação na

mobilidade, racionalidade e, sobretudo, custos justos. Essa vitória

Febratex em agosto. Lá vamos expor nossas soluções em TI e

também nos habilitou a sair na frente, podendo disponibilizar

esperamos fechar novos contratos importantes, especialmente na

nosso ERP in cloud (na nuvem), o que com certeza vai ajudar

versão Cloud do Systêxtil (nuvem), pois entendemos que essa

todos os clientes a reduzir bastante os custos com TI.

será a solução que o mercado procurará desta vez.



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POR THIAGO FRANKLIN

Gestão de impacto social e gestão socioambiental: como absorver essas tendências? Quem acha que tendência é algo exclusivo do mundo fashion está muito enganado, pois também existe tendência no mundo da gestão. Atualmente, a tendência hi-lo do mundo da gestão está focada no impacto social e socioambiental. E aí vem o ponto principal: como absorver essas tendências na sua empresa? Explicando de forma rápida e bem resumida, o foco principal dos projetos que visam ao impacto social é fomentar algo que a comunidade do entorno necessite, fazendo com que esse negócio venha para ajudar e somar de forma impactante. Mais do que lucrar, o foco é fazer a diferença na vida das pessoas, muitas vezes tapando lacunas deixadas pelo poder público. São projetos importantíssimos para o desenvolvimento de nosso país, pois na maioria das vezes acabam mudando de forma real a cultura de bairros, municípios, cidades e até mesmo de alguns estados. Por isso, esse tipo de negócio quase sempre está atrelado ao fomento cultural, esportivo, educacional, estrutural, entre outros. São iniciativas que merecem muito respeito. Além desse segmento, vale lembrar das empresas adeptas da bandeira da gestão socioambiental, que não são mais novidade há algum tempo, mas continuam como tendência. Essas empresas trabalham de forma sustentável, validadas por selos e regulamentações específicas, e se responsabilizam por não agredir o meio ambiente com processos e operações pautadas pela longevidade do planeta. Também são iniciativas louváveis. Muito bem. Sabendo de tudo isso e voltando à pergunta inicial, sim, podemos absorver parte desses conceitos de gestão de forma gradual em qualquer tipo de negócio, sem mudanças drásticas nem acúmulo de “prejuízos do bem”. Existem vários ajustes que podem vir ao encontro dessas tendências no dia a dia da empresa. Para isso, uma reflexão básica sobre algumas perguntas vem a calhar: O Há quanto tempo sua empresa não implementa uma ação destinada aos funcionários? O Essas ações têm impacto exclusivo no funcionário como

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Foto: Arquivo pessoal

Gestão

profissional ou também agregam seu lado pessoal? O Qual é o nível de interesse da sua empresa sobre a interação entre os funcionários? O Já existiu algum trabalho de instrução sobre educação financeira dentro da empresa? O Sua empresa se preocupa com seus terceirizados e seus processos? O Qual o engajamento da sua empresa perante seus vizinhos e a comunidade do entorno? O Qual o nível de preocupação da sua empresa em relação ao descarte de resíduos e excedentes? Se as suas respostas a essas perguntas se encaixam nos dizeres “sim”, “muito” e “muito alto”, parabéns, você é um empresário de olhar atento à atualidade. Caso essas perguntas sejam desconexas do seu dia a dia, que tal começar a expandir os horizontes de sua empresa? Com este momento de mudança de hábitos por meio da autocrítica devido a todo o cenário de crise econômica e política que estamos passando, vale também tentar adicionar, mesmo que de forma embrionária, ações que envolvam cuidados sociais e ambientais dentro de sua empresa, pois, além de cuidar da sobrevivência, fazer o bem e cuidar do próximo, assim como do próprio ambiente em que se vive, isso tem o poder de transformar a curto/médio prazo o mercado em menos volátil e mais seguro para investimentos de forma geral. Cuidar do futuro com mais atenção é um ponto que demonstra a maturidade das empresas e de seus empresários, por isso a palavra sustentabilidade se enquadra de forma perfeita, não somente pelo âmbito ecológico, mas ainda melhor pelo âmbito da longevidade. THIAGO FRANKLIN É CONSULTOR E PALESTRANTE DO IT STUDIO CONSULTING, CONSULTORIA ESPECIALIZADA NO MERCADO TÊXTIL. SEUS TEMAS PRINCIPAIS SÃO GESTÃO DA EMPRESA FAMILIAR E GESTÃO SOCIETÁRIA. É FORMADO EM MARKETING E ADMINISTRAÇÃO, PÓS-GRADUADO PELA FAAP COM ESPECIALIZAÇÃO NA FGV EM GESTÃO DA EMPRESA FAMILIAR. ITSTUDIOCONSULTING@GMAIL.COM / WWW.ITSTUDIO.COM.BR


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Coaching

Foto: Arquivo pessoal

POR ANGELA VALIERA

Carreira eco Tenho ficado fascinada com a quantidade de novos projetos bárbaros que tem aparecido aqui no meu escritório de coaching. Eles chegam trazidos por pessoas visionárias que vêm buscar no coaching ferramentas para aprimorar seu lado empreendedor, um suporte para o desenvolvimento de seus novos negócios. Não por acaso, os projetos mais incríveis têm sido os ligados a novos modelos de consumo e trazem a reboque que uma profunda consciência que permite sentir, pensar e agir diferente. Fico muito feliz em escrever isto: os valores estão mudando. Até pouco tempo eu queria acreditar nisso, mas não acreditava 100%. Hoje eu vejo a mudança. Não é mais uma questão de acreditar. É claro, concreto e lapidado, como um belíssimo brilhante. A nova geração de profissionais de moda que está em início de carreira hoje muda o conceito de status e o conceito de “ter”. O valor agora não está em ter uma empresa de moda de forma vertical assumindo o status de dono; está em fazer parte de um negócio colaborativo, de gestão horizontal. Não está em ter uma marca que vende muito e estimula as pessoas a se endividarem no cartão; está em ter uma marca inovadora que vende o suficiente para o sustento digno de todos os seus colaboradores, com preço justo, usando etiquetas de custo aberto. Também não está em conseguir desenvolver um jeans com uma lavagem incrível, mas em conseguir desenvolver uma nova peça esteticamente brilhante e com bom acabamento a partir do reúso de um jeans antigo para evitar o uso excessivo de água. O valor não está em ter um carro 0 km para ir pro trabalho, mas em ter uma bicicleta para não poluir o ar. Mas se engana quem pensa que essa nova geração é muito idealista e vende um discurso barato de que não quer ter nada, que são neo-hippies. Essa geração quer ter muita coisa. Quer ter água, ter ar limpo, ter tempo com os filhos, ter mais saúde e menos estresse, ter mais comida orgânica, ter mais conceito do que consumo, ter mais ideais do que ser vítima do modelo vigente, quer ter mais tempo. Muitos ainda têm, sim, certa dificuldade de compreender como fazer tudo isso funcionar bem comercialmente. Até porque não existem modelos que se encaixem aqui. Eles estão criando novos modelos de negócio. E nada como a riqueza do “não saber” para permitir novas ideias e tentativas. Para aqueles que acham que é impossível criar um modelo de sobrevivência comercial com tantas preocupações ambientais e sociais, e ainda assim conseguir ter preço e ser competitivo, eu gostaria de lembrar aquela antiga frase: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. E tem muita gente fazendo! ANGELA VALIERA É COACH, FASHION CAREER COUNSELOR, DESIGNER DE INOVAÇÃO E NOVOS MERCADOS DO CARREIRA FASHION – EMPRESA DE RH ESPECIALIZADA EM MODA – E COORDENADORA DA ESCOLA ONLINE ENMODA. ANGELA@CARREIRAFASHION.COM.BR


Fique Sabendo

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POR HENRIETE MIRRIONE

Foto: Amana Salles/Divulgação

CORRE ALEXANDRE, COSTURA HERCHCOVITCH! EM REALITY SHOW, DESIGNER DESMISTIFICA GLAMOUR DA PROFISSÃO Despindo-se de todo o status da profissão de um grande designer, e muito além das comodidades que um ateliê oferece – repleto de equipamentos, assistentes, matérias-primas e aviamentos a seu dispor –, Alexandre Herchcovitch encara um desafio contra o relógio no reality show Corre e Costura, exibido desde o dia 28 de março pelo canal Fox Life, em oito episódios com 30 minutos de duração cada um. A meta é satisfazer o desejo de clientes que ele nunca viu antes – pessoas comuns que estão passando por um momento especial ou têm algum evento importante e esperam encantar, também, com as roupas que estarão usando – em apenas 48 horas, tempo de ele os conhecer, criar, produzir e entregar a peça, ou peças.

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Para tal façanha, Herchcovitch conta com a ajuda da mãe, Regina Herchcovitch, aliás, uma modelista de mão-cheia, além de grande parceira e conselheira, e de Rhody, amigo “palpiteiro” e responsável por garimpar todos os materiais que o designer escolhe para confeccionar as criações. “O programa foi criado e escrito por mim juntamente com Christiano Metri. O objetivo é pura diversão e entretenimento, além de ser a realização dos sonhos dos participantes. É uma ideia que nós tivemos, totalmente original. No reality, posso mostrar um lado diferente, que muitas pessoas não conhecem. Não apenas crio o look, mas coloco a mão na massa, modelo, penso em cada detalhe e costuro. Mais do que um desafio, é uma oportunidade de desmistificar e


Foto: Amana Salles/Divulgação

Foto: Zé Paulo Cardeal

mostrar que a profissão não é só glamour, é também muito trabalho”, diz Herchcovitch. Personagens e locais são outro destaque do reality. O estilista produziu roupas para um time de futebol completo, um casal paquistanês, uma fisiculturista e até uma noiva. Além disso, para fazer tudo acontecer, a produção precisou encontrar lugares para Alexandre costurar e preparar suas criações: galpões, brechó e um teatro serviram de ateliê para o designer. “As escolhas dos personagens e das localidades foram norteadas por estes dois pontos: cada um precisava ter uma boa história e tinha de ser um desafio criativo e de produção para o Alexandre e sua equipe. A escolha de cada ‘ateliê’ também tinha por objetivo tirar o

Alexandre de sua zona de conforto e gerar tanto surpresa quanto dificuldade. Além de ele ter de utilizar alguma instalação próxima da casa do personagem, em muitos casos a equipe deparava com a falta do maquinário ideal, com mesas de corte e modelagem pequenas, máquinas desreguTETEL QUEIROZ, GERENTE DE ladas etc.”, conta Tetel Queiroz, CONTEÚDO DA FOX NETWORKS gerente de conteúdo da Fox GROUP BRASIL. Networks Group Brasil. “Somente no Episódio 7 – Dom Casmurro, é que a produtora decidiu montar um ateliê no palco de um teatro. Nessa primeira temporada, todos os personagens escolhidos foram da região metropolitana de São Paulo. Para o futuro, quem sabe podemos ter novidades nesse quesito”, entrega Tetel Queiroz. E para Herchcovitch qual foi o maior desafio? “Sem dúvida, o de correr contra o relógio. O reality testou ao máximo minhas habilidades, mesmo porque não fiz as roupas em 48 horas. Eram oito horas diárias de gravação, portanto, eu precisava fazer as peças em 16 horas.” Quanto a uma segunda temporada, o designer faz mistério. “Gostaria muito, mas ainda estamos estudando.”

ALEXANDRE HERCHCOVITCH

EM AÇÃO.

Foto: Amana Salles/Divulgação

REGINA HERCHCOVITCH,

MÃE DO ESTILISTA; A BODYBUILDER SELMA LABAT, PARTICIPANTE DO TERCEIRO EPISÓDIO; O AMIGO E RESPONSÁVEL POR GARIMPAR MATÉRIAS-PRIMAS E AVIAMENTOS.

ALEXANDRE

E

RHODY,

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Fique Sabendo

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POR ROSELAINE ARAUJO

BRANDILI IMPLANTA PRIMEIRA EXPEDIÇÃO AUTOMATIZADA COM INVESTIMENTO DE R$ 20 MILHÕES, A EMPRESA PODE AGORA EXPEDIR 18 MILHÕES DE PEÇAS POR ANO Foto: Divulgação

Crescimento gera crescimento. Essa é a lógica do livre mercado. Especialista em moda infantil desde 1964, a Brandili deu um passo importante nesse sentido em março. Com o objetivo de aperfeiçoar ainda mais a entrega de seus produtos, a marca concluiu a implantação da primeira expedição automatizada da América Latina. Há três anos a empresa se dedica a finalizar esse projeto, cujo investimento chegou a R$ 20 milhões. A automatização implantada vai facilitar o processo de estocagem, separação e expedição. Tudo agora será feito com mais segurança, agilidade e capacidade de estoque vertical, ou seja, ocupando menos espaço físico e dando maior capacidade de tráfego para as caixas de armazenamento. “Com a primeira fase, a expedição já conseguia atender 478 pedidos simultâneos e 230 caixas por hora, agora serão 528 pedidos simultâneos e 270 caixas no mesmo período”, explica Sigfrid Hornburg, gerente de logística da companhia. Antes da automação, a produtividade média de separação tradicional e manual era de 300 peças/operador/hora. Na primeira etapa de implantação do novo sistema, que contou com dois robôs verticais e foi concluída em julho de 2014, houve um expressivo ganho de produtividade para 1.250 peças/operador/hora, o que representa capacidade de armazenagem de 14 mil caixas. Com a finalização do projeto e a implantação de um terceiro robô, a previsão é que essa produtividade aumente em 20%, com 1,5 mil peças separadas/hora/operador e estoque de 21 mil caixas.

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COM

A

BRANDILI

AUTOMATIZADA, A PRODUÇÃO CRESCEU

20%.

No ano passado, a capacidade de expedição da Brandili foi de 15 milhões de peças; agora, com a conclusão da automatização, será possível expedir 18 milhões de peças por ano. “Hoje contamos com 17 mil clientes. Tivemos que aprender a operar o negócio de maneira completamente diferente, pois a solução automatizada exige um planejamento cuidadoso do abastecimento da produção nos pontos de estocagem, repensando o modelo integrado de demanda e operações para que nossa coleção chegue ao cliente final”, revela Eduardo Salvo, diretor-geral da Brandili. A automação da empresa também vai reduzir deslocamentos para armazenagem e movimentação manual das caixas com produtos de até 25 quilos. A mudança deve impactar todos os processos, elevando as vendas da marca.



Especial

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POR SILVIA BORIELLO

Foto: Grupo Malwee/Divulgação

MALWEE:

EMPRESA BRASILEIRA ESTÁ INVESTINDO E ATUALIZANDO AS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS EM TODA A PRODUÇÃO.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA CONFECÇÃO SIM, É POSSÍVEL E VIÁVEL Falar em sustentabilidade imediatamente nos remete ao meio ambiente,

local, gerando valor social e evitando ou minimizando impactos

recursos naturais, menor impacto na natureza. Mas, além disso, sus-

ambientais. Essas práticas variam de acordo com o segmento e o nível

tentabilidade tem um significado muito mais amplo: engloba práticas

de maturidade da empresa quanto ao seu grau de conhecimento sobre

produtivas que terão, além da parte ambiental, um impacto social e

sustentabilidade”, esclarece Suênia Sousa, gerente do Centro Sebrae de

financeiro, reduzindo desperdícios, achando caminhos para que as

Sustentabilidade.

necessidades do presente sejam sanadas e não gerem impacto negativo ? ambiental e social – para as gerações futuras.

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Criado em 2010, o Centro Sebrae de Sustentabilidade é o único centro de referência no país que atua com a geração e disseminação de

Na verdade, práticas sustentáveis formam um conjunto conhecido

conhecimentos sobre sustentabilidade aplicada aos pequenos negócios,

como “ciclo fechado”, que envolve desde a origem das matérias-primas,

fornecendo conteúdo qualificado que apoia o atendimento do Sistema

as condições de produção, o reaproveitamento de resíduos de tecidos,

Sebrae em todos os estados. “Nosso papel é mapear inovações,

a adequação do descarte, as condições de trabalho dos funcionários

técnicas e práticas sustentáveis no Brasil e no mundo, formular

(ambiente saudável e relação respeitável e justa), a economia de recursos

conteúdos exclusivos e mostrar aos empresários que é possível ser mais

naturais como água e energia nos processos, o destino da peça usada,

rentável, sem agredir o meio ambiente e contribuindo para um

enfim, diversos pontos a ser considerados. Na verdade, chamaria até de

desenvolvimento social mais justo e igualitário”, comenta a gerente. Ela

“ciclo de eficiência”, pois todas essas práticas juntas deveriam ser o

conta ainda que, para a construção dos materiais, são consideradas as

comportamento-padrão de qualquer empresa, de que tamanho for.

diferentes realidades dos empresários brasileiros: setores, segmentos,

“Práticas sustentáveis são ações de fácil implementação que

tamanho, região e potencial de impacto no meio ambiente, resultando

reduzem os custos de produção e/ou serviço, com desenvolvimento

em inúmeras ações e publicações segmentadas e disponíveis


Foto: Divulgação

gratuitamente. Todas as ações do Centro Sebrae de

AS PRÁTICAS NA PRÁTICA

Sustentabilidade têm como base as decisões de sua

Falar sobre o ciclo fechado de práticas sustentáveis na

Governança Corporativa, composta de representantes das

confecção exige certo tempo e atenção, mas compensa

cinco regiões do país. Isso garante o respeito à diversidade

todos os esforços. Ele funciona como uma engrenagem, em

brasileira, fazendo com que as diferentes realidades dos

que prática e praticantes têm que estar alinhados e a visão

pequenos negócios sejam contempladas em todo o

da empresa muito clara sobre seus objetivos atuais e futuros.

planejamento. O Sebrae também aposta na formação e

Suênia lembra que os tipos de práticas a serem

capacitação dos gestores que atendem os clientes em

adotadas variam de acordo com alguns fatores, como o

cada região do Brasil, preparando-os para dar um atendimento com foco em sustentabilidade de acordo com a realidade de cada um desses lugares.

SUÊNIA SOUSA, GERENTE DO CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE.

“No setor de confecção, especificamente, as práticas sustentáveis vão desde a análise do setor produtivo para redução de desperdícios e

segmento de atuação, que possui dificuldades específicas e pontos com maior impacto em termos de economia e ganho de mercado; e o nível de maturidade gerencial, que

mostra o quanto a empresa está organizada e pronta para investir em soluções mais complexas.

custos com a implementação de métodos de produção mais eficientes,

Nesse quesito, o Sebrae possui um núcleo técnico orientado por seu

passando pelo uso de matérias-primas sustentáveis (algodão orgânico,

Centro de Sustentabilidade, preparado para direcionar as micros e

tingimento natural, reaproveitamento de tecidos, tecidos de fios de PET

pequenas empresas interessadas na implantação dessas práticas,

etc.), chegando à segregação e destinação correta dos resíduos gerados

trabalhando em duas frentes: para quem já possui um negócio e para

pela extração e transformação da matéria-prima. Podemos dizer que

quem pretende iniciar um.

uma empresa possui práticas sustentáveis quando é capaz de olhar todo

Para facilitar ainda mais o esclarecimento, por meio das publicações

o seu processo produtivo buscando formas de reduzir impactos

de sua série Como Fazer, o Centro Sebrae de Sustentabilidade publicou

negativos e contribuir para o desenvolvimento das pessoas ligadas a ela

os infográficos Confecção e Moda, com todo o organograma de uma

direta ou indiretamente”, explica Suênia.

confecção de micro e pequeno porte, mostrando as seções em que

Muitos confeccionistas têm em mente que a implantação dessas

podem ser implementadas melhorias, como redução de consumo de

práticas requer enormes sacrifícios e altos custos. Às vezes, é só uma

água e energia nos processos, bem como o uso mais eficiente desses

questão de adequação de alguns hábitos e processos, que depois de

recursos por parte da direção e funcionários; separação de resíduos na

inseridos se tornam rotina no dia a dia das empresas e de seus

costura; direcionamento desses resíduos para ser aproveitados de

funcionários. A especialista comenta ainda que esse é um trabalho que

formas diversas; seleção de insumos, como tecidos, linhas, agulhas, de

requer a desmistificação do conceito de que adotar práticas sustentáveis

fontes sustentáveis; seleção de fornecedores locais e com melhores

é bom apenas para o meio ambiente. Também é na redução de custos

práticas; bem-estar e relação justa com os funcionários, fornecedores e

e na melhoria na imagem da empresa, o que atrai clientes cada vez mais

clientes; entre outras sugestões. O outro é o infográfico Como Fazer o

conscientes, aumentando seu lucro.

Gerenciamento dos Resíduos da Moda?, lançado em primeira mão para

Aliás, a saúde financeira da empresa é outro ponto intrínseco ao

os leitores de Costura Perfeita, trazendo os principais impactos da

“ciclo fechado”, pois, sem um planejamento eficiente, o restante não se

indústria de confecção e mostrando um passo a passo sobre como

mantém. Segundo Suênia, uma empresa não pode ser considerada

gerenciar os resíduos produzidos no setor. Entre essas etapas, estão

sustentável se possuir práticas ambientais e sociais implantadas e, ao

gestão e organização, reprocessamento de tecidos, ciclos de

final do mês, não tiver dinheiro para pagar as contas ou o salário dos

reaproveitamento, armazenamento, classificação de tecidos para

funcionários e fornecedores. “O tripé deve andar sempre equilibrado. A

reciclagem e destinação final do material.

empresa precisa minimizar os impactos na natureza para dela obter o

“A série Como Fazer foi criada a partir da necessidade dos

necessário para continuar existindo, mas precisa também ter lucro com

empresários de analisar a produção de maneira mais simples e com o

sua atividade para fornecer condições adequadas aos trabalhadores,

olhar voltado à sustentabilidade. Por isso, todos os infográficos têm foco

com salários justos e compatíveis com o mercado, além de uma boa

no processo produtivo em si, em ‘como fazer’ as práticas acontecerem

qualidade de vida no trabalho, bem como desenvolver a região onde está

em cada etapa. Neles, os empresários são capazes de perceber as

com investimentos locais, promover a expansão dos negócios e a

melhores formas de gerir recursos como água, energia e resíduos,

contratação de mão de obra, pagar os impostos que contribuem para

trazendo mais economia e mais resultados”, informa Suênia.

desenvolver a cidade, o estado e o país. Esse é um aspecto

Os dois infográficos citados estão nas páginas a seguir e foram

extremamente relevante para a tomada de decisão em atuar com

pensados exatamente para que os confeccionistas tenham uma visão

sustentabilidade”, avalia. Para ela, a barreira à implantação é comum no

mais clara e didática de cada ação. Além dessa série, outros materiais

primeiro contato com o tema, quando o empresário considera

sobre sustentabilidade nos pequenos negócios, como vídeos e cartilhas,

sustentabilidade um gasto para a empresa. Mas, ao ver a economia

estão

financeira no final do mês, acaba abrindo espaço para outras ações,

www.sustentabilidade.sebrae.com.br

inclusive sociais.

www.youtube.com/sustentabilidadetv.

disponíveis

gratuitamente

para e

no

download canal

do

no

site

YouTube

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Especial ESCOLHA DE MATÉRIAS-PRIMAS E FORNECEDORES

entrada de luz e circulação de ar, pois nessa área há uma enorme

Com o crescente interesse dos confeccionistas pelo tema

quantidade de poeira gerada pela própria costura (tecidos e linhas).

sustentabilidade, aumentou também a oferta de insumos menos

A automação de maquinário também deve ser levada em

agressivos ao meio ambiente, como tecidos feitos com fibras naturais e

consideração, pois a produção é maior num período menor,

materiais reciclados [algodão orgânico, cânhamo, banana, milho,

economizando energia e dando melhores resultados. “No ano de 2009,

beterraba, liocel (polpa de madeira), PET, fios reciclados, reduzindo assim

estávamos com alta demanda de produtividade, porém enfrentando

o uso de fios de poliéster, derivado do petróleo e altamente poluente,

diversas dificuldades em relação à mão de obra, tendo que reduzir

linhas, aviamentos, tingimentos e estamparia com produtos naturais ou

custos relativos ao processo e ao tempo por peça, foi então que

tinturas e pigmentos à base de água, menos poluentes.

decidimos procurar alternativas na área tecnológica”, conta Rubens Lira, proprietário da confecção Keltex, em Brusque (SC). Após uma pesquisa

CORTE

com fornecedores, conseguiram achar o que melhor se encaixava às

Esta é a etapa onde ocorre a maior geração de resíduos têxteis, se

suas necessidades e, em pouco tempo, tiveram uma melhora

não for bem planejada. Os encaixes do molde precisam ser otimizados

significativa na qualidade final do produto, reduzindo custos relativos ao

ao máximo, fazendo com que o tecido renda mais e sobre o mínimo

processo e o tempo de produção, tornando-se mais competitivos. “Em

possível, reduzindo desperdício e resíduos, anulando-os, se possível.

2010, fizemos a importação direta com a Vibemac, possibilitando a uma

Assim é o conceito da metodologia Zero Waste (Desperdício Zero), criada

empresa de pequeno porte, como a Keltex, adquirir máquinas de ponta.

pelo designer inglês Mark Liu com o intuito de reduzir drasticamente ou

Hoje, estamos convencidos de que a tecnologia não se restringe a

até mesmo eliminar resíduos no processo produtivo. Para isso, todas as

grandes empresas, sendo possível uma de pequeno ou médio porte ter

etapas da construção de uma roupa são pensadas para que o material

o que há de melhor no mercado para confecção”, avalia Lira.

que sobrar na primeira fase seja usado na seguinte, e assim por diante, até chegar ao zero. Uma curiosidade é que, na construção de algumas dessas peças, se evita até o uso de aviamentos. Nessa metodologia, a modelagem faz parte do processo criativo da peça, com soluções de encaixe e total reaproveitamento do material antes de ir para o corte, o que não deixa de envolver as etapas seguintes à construção e

DICAS PARA ECONOMIA DE ENERGIA

acabamento da mesma. Quem tiver interesse em se aprofundar no assunto pode consultar a página www.zerowasteeurope.eu. Mas, se ainda não conseguir aplicar essa metodologia, há ferramentas poderosas para ajudar nessa tarefa, como opções de softwares de encaixe (CAD) altamente eficientes para que haja uma otimização da área de corte, justamente com o intuito de usar todo o tecido, sem desperdícios, e modelagem 3D, que mostra o caimento da peça e os ajustes a serem feitos, evitando a pilotagem de várias amostras. Vale a pena checar com as empresas do mercado qual a melhor solução para o tamanho e segmento de sua confecção. COSTURA Na área de costura, além de máquinas com maior rendimento e menor consumo de energia, é necessária uma linha de produção com processos enxutos e posicionamento correto de maquinários, seguindo uma ordem lógica e eficiente. Isso gera economia de tempo e recursos. No caso do óleo mineral usado para lubrificação das máquinas, vale juntar e descartar para reciclagem, assim como é feito com o óleo de cozinha usado, que pode virar sabão. Pesquise locais de descarte próximos à sua empresa. Outros fatores importantes na costura são o equilíbrio entre produtividade e carga horária, a fim de não sobrecarregar os funcionários, e a ergonomia do mobiliário e do maquinário, para não prejudicar a saúde de seus operadores, bem como iluminação e ventilação adequadas, aproveitando os recursos naturais sempre que possível, como janelas bem planejadas e posicionadas para uma melhor

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Projeto de estrutura local eficiente, ventilado, com boa iluminação; Projeto da parte de condutores elétricos deve estar sempre com boa manutenção. Iluminação de baixo custo, como lâmpadas de LED, são uma boa alternativa. A disposição das máquinas deve ser eficiente, de acordo com as etapas a serem executadas; Projeto de iluminação elétrica eficiente, pensado não apenas para ambientes gerais, mas principalmente para o tipo de atividade ou trabalho que será executado. Exemplo: a sala de corte exige um tipo de iluminação diferente da sala de máquinas. Muitas das máquinas de costura precisam ter luminárias acopladas por estarem em ambientes escuros; Manutenção regular dos maquinários. O motor de uma máquina reta industrial, por exemplo, em mau funcionamento, esquenta e exige maior condução elétrica para posterior resfriamento; Propor possibilidade de processos manuais no lugar de manufaturados. Exemplo: prender o botão da camisa na mão em vez de utilizar uma máquina industrial botoneira. A questão do tempo deve ser avaliada; Optar por escolhas de tecidos que não exijam detalhes de passadoria; Todas as técnicas industriais podem ser substituídas por técnicas manuais. Há máquinas que funcionam com pedais, por exemplo. O grande fator é a questão do tempo. Os processos manuais exigem outra relação com o tempo de produção e, portanto, o valor de produção será mais elevado. Fonte: Cláudia Regina Martins, Universidade Anhembi Morumbi.


A docente do curso de negócios da moda da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo (SP), Cláudia Regina Martins lembra que o Brasil é um país com dimensões continentais e cada região tem suas peculiaridades de produção, ambientais, econômicas e sociais, e a maioria das empresas confeccionistas brasileiras, seja de pequeno ou de médio porte, foi construindo seus próprios modelos de estruturas funcionais para melhor eficiência na produção, de acordo com as realidades locais. Os parques industriais, ou mesmo uma pequena confecção, foram se desenhando conforme as demandas do local. “Nem todas seguem o mesmo padrão nas etapas do desenvolvimento de uma peça. Algumas optam por desenvolver toda a peça em um mesmo local, outras possuem muitos fornecedores de serviços externos, ou mesclam os dois modelos”, avalia Cláudia. Contudo, no balanço geral do setor confeccionista brasileiro, a docente destaca o alto custo cobrado pela energia elétrica e, sendo esse um setor que a utiliza muito, o impacto recai diretamente sobre o custo final das peças, inviabilizando a paridade na concorrência com produtos importados, especialmente os asiáticos. Para ajudar na economia de energia, Cláudia preparou dicas especiais às confecções (vida página anterior). ACABAMENTO O planejamento e a separação correta de insumos como zíperes, botões, patches, entre outros, além de agilizar os processos, faz com que os materiais não se percam, gerando prejuízo e mais resíduos. Uma boa pedida é a escolha de aviamentos ecológicos, como zíperes e botões feitos de materiais recicláveis e biodegradáveis. Há disponíveis no mercado botões feitos com sementes, plantas, papel reciclado, milho, sêmola de batata e madeira, entre outros. Na parte dos bordados e aplicações, máquinas com consumo reduzido de energia e maior produtividade estão ganhando espaço, bem como o uso de linhas, patches, etiquetas e mesmo entretelas ecológicas. Na estamparia e tingimento, a oferta de corantes naturais e pigmentos menos agressivos ao meio ambiente, livres de químicos pesados, também vem crescendo. As lavanderias, especialmente de jeans, estão renovando o maquinário de beneficiamento para os que reduzem ou até eliminam o uso de água por meio da utilização de ozônio. As que ainda utilizam água fazem seu tratamento e reaproveitamento. PASSADORIA Equipamentos de gerações mais recentes oferecem menor consumo de energia elétrica. Os movidos a vapor, que consomem gás, óleo ou lenha, precisam de local e cuidados adequados para sua utilização. A lenha deve ser de reflorestamento, comprada de empresas certificadas. Também é exigido o tratamento dos gases gerados por esse tipo de máquina. Uma ideia interessante seria alguma forma de aproveitar o vapor gerado para outras finalidades, como o próprio reabastecimento de água dos ferros e pranchas, depois do vapor condensado. EMBALAGEM E LOGÍSTICA A escolha de embalagens feitas de materiais reciclados ou biodegradáveis seria um grande favor ao meio ambiente, assim como planejar a logística de entrega de mercadorias, a fim de reduzir o uso de veículos (terrestres, aéreos e marítimos) e reduzir a poluição com os gases emitidos. TECNOLOGIAS E PROCESSOS Para quem acha que tecnologia e sustentabilidade andam em caminhos opostos, é melhor rever seus conceitos. O ganho de eficiência faz também com que a empresa produza mais num menor tempo, poupando recursos naturais e humanos. Essa otimização dos processos resulta em maior produtividade com menos gastos, índice reduzido de desperdício de matéria-prima, uso controlado de insumos, de recursos naturais (energia e água, entre outros), uso reduzido e eficaz de produtos químicos nos processos de beneficiamento e tinturaria (alvejantes, corantes e outros estabilizantes de tecidos), além de gerar


Especial Foto: Arquivo Pessoal

menos efluentes e outros agentes poluentes que precisam

sobre o destino dos resíduos têxteis. À medida que a

ser controlados e minimizados. Levando-se em conta o fato

constatação aumentava, crescia também seu interesse

de que o setor têxtil é conhecido por apresentar potencial

pelo assunto, tanto que seu trabalho de mestrado em

poluente elevado quando esses fatores não são

gestão social, educação e desenvolvimento local pelo

gerenciados com eficácia, um sistema ERP que possibilita

Centro Universitário Una, em Belo Horizonte (MG),

um controle efetivo e completo de todo o processo fabril

concluído em 2016, resultou no Manual da Implementação

garante uma boa contribuição na minimização dos efeitos

da Gestão Socioambiental dos Resíduos Sólidos Têxteis

adversos ao meio ambiente, como destaca Zeno Périco,

nas Indústrias de Confecção e do Vestuário, que deve ser

diretor de marketing da Systêxtil, empresa brasileira de sistemas de ERP para o setor têxtil e de confecção.

GABRIELA MARCONDES SCHOTT.

“Nossas soluções são especialistas e compreensivas do processo que abrange toda a cadeia têxtil, desde a compra da matéria-

lançado em breve no mercado com uma abordagem bastante rica e didática sobre toda essa problemática e instruções de como proceder, enfatizando os setores de

corte, costura e modelagem.

prima e insumos até a venda do produto acabado ao consumidor final.

Grande estudiosa do assunto, a consultora conversou com

Essas ferramentas permitem controles mais precisos, maior velocidade

proprietários e funcionários de 14 confecções do bairro do Prado, em

de ações e respostas, maior segurança, precisão, clareza e objetividade

Belo Horizonte, um importante centro produtivo de vestuário em Minas

na tomada de decisões, evitando reprocessos, retrabalhos e atrasos,

Gerais, sendo elas micros e pequenas empresas de moda feminina

resultando em maior economia e ganhos reais”, explica Zeno.

casual e festa. O critério utilizado na pesquisa foi a acessibilidade até a saturação desses resíduos.

RESÍDUOS TÊXTEIS: GERAÇÃO, PROCESSAMENTO

Ela diz que sempre trabalhou com confecção do vestuário e o

E DESTINAÇÃO

desperdício de matéria-prima a inquietava. Por isso, procura criar

A geração de resíduos no setor têxtil e de confecção é um assunto

alternativas para os resíduos têxteis nas indústrias de confecção e

de extrema importância, tanto no âmbito ambiental quanto social. Para

também nas disciplinas que leciona. “Destaco os resíduos têxteis como

ter uma pequena ideia, tomando como base somente o universo dos

uma questão urgente para a indústria de confecção do vestuário. Seu

bairros do Brás e Bom Retiro, uns dos principais produtores de vestuário

gerenciamento (caracterização, classificação, segregação e armaze-

do país, diariamente são geradas dezenas de toneladas desses resíduos.

namento) é imprescindível para que sejam reaproveitados, reutilizados ou

Vejam bem: dezenas de toneladas.

reciclados em vez de descartados de maneira inapropriada. Outra

Mesmo com a Lei 12.305/10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que propaga condutas para que haja um avanço no

questão é a integração e a inclusão das associações de catadores de materiais recicláveis no processo de reciclagem desses resíduos”.

enfrentamento dos problemas causados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos – e aqui se incluem os têxteis –, pouquíssima coisa de fato aconteceu que se torne perceptível. Claramente, precisa haver uma

RESÍDUOS X REJEITOS

reeducação sobre a geração, separação e destinação desses resíduos, que, na maioria dos casos, se transformam em outros produtos

A PNRS, lei 12.305/2010, estabelece a diferença entre resíduoss

tranquilamente, mesmo dentro da própria confecção que os gerou. Em

e rejeitos. Os retalhos e aparas dos tecidos não são rejeitos, são

outras palavras, é dinheiro jogado no lixo, literalmente.

resíduos que podem ser reaproveitados, reciclados e tratados e

Além da reeducação de empresas, cidadãos e coletores, falta também incentivo e exemplo do próprio poder público para que isso vá

devem ter sua disposição final ambientalmente adequada. O resíduo têxtil é 100% reciclável e dispõe de tecnologias para tanto.

em frente. Voltando aos bairros do Brás e Bom Retiro, há dois anos o Sinditêxtil/SP apresentou um projeto à prefeitura da capital chamado

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Retalho Fashion, justamente com o intuito de reduzir e dar um destino

Ainda de acordo com Gabriela, as principais dificuldades encon-

correto e eficiente aos resíduos têxteis gerados na região. A proposta foi

tradas pelas indústrias de confecção do vestuário são a falta de

acolhida, mas atualmente está totalmente estacada na própria prefeitura,

informação para o gerenciamento do processo, de capacitação das

por questões burocráticas e de alta rotatividade dos profissionais que

partes envolvidas, de encontrar destinatários para a reciclagem dos

dariam sequência ao projeto, que tem como meta inicial recolher 20

resíduos têxteis, a falta de práticas para o correto descarte desses

toneladas ao dia, separar e dar uma destinação aos resíduos. Esse é um

resíduos, o desconhecimento da PNRS e as dificuldades para

assunto de extrema importância e que precisa ser levado em

implementar a gestão socioambiental no processo produtivo. “A PNRS,

consideração.

lei 12.305/2010, foi um avanço, mas foi só o início. Estamos em 2016 e

Gabriela Marcondes Schott, designer de moda, professora

precisamos avançar muito mais. A indústria da moda necessita

universitária, pesquisadora e consultora de gestão de resíduos têxteis,

reconhecer o resíduo têxtil como reutilizável e reciclável, investindo em

sabe muito bem disso. Há 16 anos trabalhando na indústria de

capacitação técnica e qualificação”, avalia a gestora, que incluiu em seu

confecção, percebeu há tempos que pouco se sabia ou nada era feito

manual o conceito de práticas com os “12 Rs”: Repensar os setores



Especial envolvidos no processo; Refletir sobre os impactos positivos e negativos; Respeitar as limitações; Reorganizar as práticas nos setores; Repassar

TIPOS DE RESÍDUOS TÊXTEIS E DESTINAÇÕES

as informações; Reproduzir as ideias; Reduzir a geração de resíduos, evitando desperdícios; Reutilizar com criatividade e originalidade; Reciclar é Renovar e Recomeçar um novo ciclo de vida; e Responsabilizar-se pelas atitudes.

Fonte: Abit.

IPEA LANÇA LIVRO SOBRE O PANORAMA DA RECICLAGEM NO BRASIL Com o objetivo de discutir as políticas públicas relacionadas a reciclagem no país envolvendo a perspectiva dos próprios catadores, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou em março o livro Catadores de Materiais Recicláveis: um Encontro Nacional. O livro, que conta com depoimentos de catadores, é Para facilitar o entendimento desse assunto – resíduos têxteis –, o

dividido em três partes: a primeira destaca a noção de

Sebrae, como já mencionado anteriormente, criou um infográfico

identidade do próprio catador, suas questões a partir de sua

especial explicando como a separação e destinação pode ser feita em

perspectiva como trabalhador, além de questões de gênero e

cada área da confecção, que você confere nas próximas páginas.

aquelas relacionadas à divisão sexual do trabalho. Já na

A Abit, com o mesmo intuito de esclarecer essas dúvidas ao setor,

segunda parte, o destaque é para o aspecto coletivo, com a

montou um organograma sobre onde cada tipo de resíduo têxtil pode ser

discussão sobre organização, instituição e fortalecimento das

aplicado, como segue abaixo. Mas os mesmos precisam estar limpos e

cooperativas como forma de inclusão produtiva. A última parte

livres de quaisquer aviamentos metálicos ou plásticos, que podem

do livro discorre sobre o desenvolvimento e os desafios para a

causar danos ao maquinário, como lembra Mariana Correa, analista de

tecnologia e inovação no processo produtivo de materiais

projetos industriais da Abit. Outra dica é separar os resíduos por

recicláveis. O livro está disponível online para download

composição e cor, a fim de garantir a qualidade do produto final.

gratuito no link http://goo.gl/9VpvnT.

EMPRESAS QUE COMPRAM OU RECICLAM RESÍDUOS TÊXTEIS EMPRESA

UF

PRODUTO FINAL

SITE

Adami Têxtil

SC

Fibra

http://www.adamitextil.com.br/site/index.php

Benefios

SC

Fios e barbantes

http://benefios.com.br/web/

Ecosimple

SP

Tecidos

http://www.ecosimple.com.br/

Eurofios

SC

Fios e barbantes

http://www.euroroma.com.br/home

Fiação Patamuté

PB

Fios

http://www.fiacaopatamute.com.br/

H3 Polímeros

SP

Flakes de poliamida

http://www.h3polimeros.com.br/index.html

JF Fibras

SP

Fibra

http://www.jffibras.com.br/

Grupo Wolf

SP

Fibra

http://www.grupowolf.com.br/

Multicor

CE

Fios

http://multicor.ind.br/

Ober

SP

Não-tecidos

http://www.ober.com.br/

Superfios

PE

Fibra

http://www.superfios.com.br/index.html Fonte: Abit

50


SUSTENTABILIDADE TRABALHISTA E SOCIAL

um agente de transformação e mudar o paradigma de vitimização, parar

A questão trabalhista e social é inerente às práticas sustentáveis, e é

de acreditar que a culpa é do governo, da mídia, das empresas e, assim,

preciso valorizar a melhor matéria-prima que se pode ter dentro de uma

mudar o cenário de que a culpa é sempre do outro, pois não é. Todos

empresa: a humana.

fazem parte do problema, assim como todos podem fazer parte da

Salários e carga horária adequados, ambiente de trabalho salubre e

solução. Se um produto não for aceito pelo público e não vender, ele será

seguro, respeito aos direitos e dignidade. Infelizmente, nem sempre é

tirado de linha, então acreditamos que, se o consumidor agir

isso que se encontra nas empresas. No setor confeccionista, situações

conscientemente e exigir transparência, os produtores vão, obrigato-

degradantes têm preocupado o mundo todo. Um grande exemplo foi a

riamente, atender a demanda”, atenta Fernanda Simon, coordenadora

tragédia ocorrida em Bangladesh em 2013, quando o edifício Rana Plaza

do Fashion Revolution Brasil.

ruiu, levando abaixo três andares com milhares de vidas e máquinas de

Foto: Giovana Fabbri

costura que funcionavam ali a todo o vapor, sem qualquer segurança nem condições dignas de trabalho. O ocorrido tornou-se um marco para a criação do Fashion Revolution, um movimento encabeçado por ativistas da indústria da moda e que este ano já está presente em 89 países, incluindo o Brasil. Em seu terceiro ano, o Fashion Revolution Day é relembrado todo dia 24 de abril e convida os consumidores a postar fotos com suas roupas do avesso, mostrando a etiqueta e perguntando à marca “quem fez minhas roupas?”, como uma forma de trazer à luz as condições nas quais aquela peça foi confeccionada, conscientizando as pessoas sobre o consumo e a origem dos produtos ao mesmo tempo que pressiona as grifes a rever seus conceitos. “O papel do consumidor é fundamental para transformar os meios de produção. É essencial que ele entenda sua capacidade de agir como

ENCONTRO DO FASHION REVOLUTION DAY EM SÃO PAULO: FERNANDA SIMON, DO FASHION REVOLUTION BRASIL; HÉLIO MATTAR, DO INSTITUTO AKATU; MARINA COLERATO, DO MODEFICA; O ESTILISTA JUM NAKAO; CIBELE DE BARROS, DO FASHION REVOLUTION BRASIL; EDU BIZ, DA BOX 1824; E ELOISA ARTUSO, DO FASHION REVOLUTION BRASIL.



A moda, de forma geral, tem um impacto gigantesco no mundo, por sua imagem, por sua mensagem, pela poluição ambiental (é a segunda maior poluente, atrás apenas da indústria petrolífera, promovendo mudanças climáticas, poluição do ar, da terra e da água – cerca de 20% da poluição aquática vem do tingimento industrial e do tratamento têxtil, com químicos sintéticos que acabam sendo lançados em fontes de água potável) e na questão social. “No entanto, apesar de a maioria dos acidentes serem relatados em países asiáticos, casos de exploração no setor de confecção são frequentemente descobertos no Brasil também. Marcas renomadas, nacionais e internacionais, já foram flagradas produzindo roupas em fábricas ilegais em condições extremamente precárias”, reforça Fernanda. E com razão. A maioria esmagadora de casos desse tipo tem acontecido em São Paulo, na capital e em cidades-satélites, onde são encontradas pessoas (especialmente imigrantes latino-americanos) trabalhando em condições análogas à escravidão, ou seja, com sua liberdade cerceada, confinamento, más condições de trabalho, higiene e alimentação, carga horária exaustiva, entre outros fatores. Aqui, chamo atenção para a atuação da ONG Repórter Brasil, que, junto às autoridades responsáveis, tem feito um incrível trabalho de descobertas e denúncias para que a sociedade veja o que está acontecendo e cobre rígidas ações governamentais a fim de coibir essas práticas. A ONG é membro das Comissões Nacional, Estadual (SP) e Municipal (São Paulo) para a Erradicação do Trabalho Escravo e, para se aproximar ainda mais dos consumidores de moda com o intuito de alertá-los sobre as marcas que já foram flagradas em práticas como essa e/ou têm boa reputação, criou em 2013 o aplicativo Moda Livre, que avalia as ações que as principais empresas do setor vêm tomando a fim de evitar que sua produção esteja sendo feita por mão de obra escrava. Disponível gratuitamente para Android e iOS, o app teve sua última atualização em 18 de abril deste ano, contando agora com 77 marcas e varejistas em sua base de dados. De alguns anos pra cá, desde a descoberta do tema e sua recorrência no setor de confecção, para reforçar as medidas contra o trabalho análogo ao escravo, algumas ações têm sido tomadas a respeito. Uma delas é a lei 14.946/13, conhecida como “Lei do ICMS” ou “Lei do Trabalho Escravo”. Criada pelo deputado estadual Dr. Carlos Bezerra Jr. e sancionada em 13 de maio de 2013 pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin, a lei promove a cassação da inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em qualquer instância de empresas flagradas no estado de São Paulo com trabalho escravo ou análogo, ou seja, seu registro será cassado e ela não poderá mais atuar no mercado. “É a mais rígida punição de que se tem notícia. São Paulo declara tolerância zero a esse crime. Quem explora visa ao lucro a qualquer custo, e nada melhor do que causar prejuízo a quem lucra, e muito, com isso. O lucro a qualquer custo jamais se sobreporá à vida e aos direitos humanos”, declarou Bezerra. Na mesma ocasião, o governador ainda assinou o decreto de funcionamento da Comissão Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae-SP). A prefeitura de São Paulo também engrossou o coro e, instituída pela lei 15.764/2013 (art. 263) e regulamentada pelo decreto 54.432/2-13, criou a Comissão Municipal para a Erradicação do Trabalho Escravo (Comtrae/SP), articulada ao II Plano Nacional para a Erradicação ao Trabalho Escravo e ao II Plano Nacional ao Enfrentamento do Tráfico de Pessoas. Mesmo envolvendo diversas secretarias, o tema ficou alocado na pasta de Direitos Humanos e Cidadania, com o entendimento de que a política deve ser aplicada de modo transversal e intersetorial. Dessa forma, São Paulo tornou-se o primeiro município no país a criar uma estrutura nos moldes da comissão nacional que trata do assunto. Além das secretarias envolvidas, compõem ainda a Comtrae/SP organizações da sociedade civil, como a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), o Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, o Repórter Brasil, o Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPacto), a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região (Amtra 2), o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (Cami), o Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Migrante (CDHIC), a Missão Paz e a Conectas Direitos Humanos.


Especial Foto: Divulgação

“O município de São Paulo tem se destacado

tranquilos em encaminhar os assistidos a um novo

pelas constantes denúncias referentes à existência de

trabalho sem saber se a empresa respeitaria

trabalho escravo e pelos resgates de trabalhadores

integralmente as leis trabalhistas. “Mas agora, com a

nessas condições. Nos últimos anos, ganharam

parceria firmada com a Oficina 1212 e a ONG 27

destaque os casos que ocorreram em oficinas de

Million Brasil, esse encaminhamento começará a ser

costura e em obras da construção civil. De acordo

possível”, comemora a advogada. A Oficina 1212 fica

com os casos registrados, é grande a presença de

em São Paulo e trabalha com práticas totalmente

trabalhadores

sustentáveis e a ONG 27 Million Brasil atua no

latino-americanos,

especialmente

bolivianos e paraguaios no caso das oficinas, e de origem nordestina entre os da construção civil. Não conseguimos afirmar que houve uma mudança por parte das confecções, mas sim que há uma melhor compreensão sobre as responsabilidades objetivas do

combate a todas as formas de tráfico de pessoas no MARINA MARTINS NOVAES, ASSESSORA ESPECIAL DE PROMOÇÃO DO TRABALHO DESCENTE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA PMSP.

dono da confecção e da cadeia produtiva”, analisa

trabalhistas, especialmente imigrantes, Cristiane orienta a procura de uma das entidades parceiras do escritório munidos de documentos relativos à relação de trabalho.

Marina Martins Novaes, assessora especial de Promoção do Trabalho

Apesar de a questão do trabalho análogo ao escravo na moda

Descente da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura

hoje ser bastante diferente da encontrada há dez anos, ainda não

de São Paulo.

podemos dizer que foi erradicada. A procuradora do trabalho e vice-

Ainda na capital paulista, outro reforço tem ajudado bastante num

titular da Coordenadoria Nacional para Erradicação do Trabalho

dos aspectos do trabalho escravo. Em 2013, o Escritório Modelo

Escravo no Ministério Público do Trabalho (Conaete/MPT), dra.

Mackenzie (E. E. Mack), que atua na área jurídica, foi consolidado por

Christiane Nogueira, diz que a maior ocorrência do problema se dá

meio de um Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a

nas camadas finais da cadeia produtiva, ou seja, nas oficinas de

Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e a

costura (terceirizadas, quarteirizadas), com a pulverização da

Defensoria Pública da União (DPU/SP). As atividades foram iniciadas

produção e a falta de controle da cadeia, mas destaca que isso não

em abril de 2014, justamente com casos de imigrantes resgatados em

acontece quando o assunto é a qualidade do produto: aí sim,

condições análogas à de escravo em fiscalizações do Ministério

estranhamente, as empresas conseguem fazer o controle. Com isso,

Público do Trabalho. Depois a atuação foi estendida apenas em

verifica-se claramente a responsabilidade das camadas superiores

demandas trabalhistas à população em situação de rua (brasileiros e

dessa mesma cadeia. Ela revela que, entre os tipos de trabalho

estrangeiros), refugiados e imigrantes em situação de vulnerabilidade e pessoas protegidas pelo Programa Estadual de

análogos ao escravo descritos pela legislação brasileira, em especial Foto: Divulgação

no art. 149 do Código Penal, as que mais ocorrem

Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita/SP). Tudo

são as que envolvem condições degradantes e

gratuitamente, por meio de uma triagem prévia, e, no

jornadas exaustivas, bem como casos de servidão

momento, apenas na cidade de São Paulo, devido às

por dívida e restrição de liberdade. “O sistema de

regras da Justiça do Trabalho.

produção de moda está assentado sobre o chamado

Cristiane Dovico, advogada do Escritório Modelo

sweat system (sistema do suor), onde há oficinas de

E. E. Mack, conta que, durante esses dois anos de

costura nas quais o local de produção se mistura

atuação, a maior parte dos casos recebidos em que

completamente com o alojamento dos trabalhadores,

houvesse indícios de trabalho em condições análogas

encontrado em péssimas condições de higiene e

às de escravo era de imigrantes que conseguiram, por conta própria, fugir da situação de exploração. “Atualmente,

54

país. Para quem precisar solucionar questões

recebemos

os

casos

segurança, CHRISTIANE NOGUEIRA, CONAETE/MPT.

via

DO

com

muitas

famílias

vivendo

em

habitações coletivas e trabalhando no mesmo local, em situação de perigo e insegurança, com fios

encaminhamento de nossos parceiros (DPU/SP, Missão Paz, Cami,

expostos, material químico inflamável, sem rotas de fuga, com comida

Caritas Arquidiocesana de São Paulo, entre outros) e atendemos os

estragada, ou seja, o trabalhador é ‘coisificado’, tratado como mero

assistidos prestando o auxílio necessário na seara trabalhista, seja por

instrumento de trabalho, tendo sua dignidade completamente

meio de acordos extrajudiciais ou de ingresso via judicial. Procuramos

violada”, explica.

ainda orientar essas pessoas sobre seus direitos e deveres

A procuradora informa que, desde que se tiveram notícias sobre

trabalhistas, de modo que aquela situação de exploração não volte a

trabalho escravo no Brasil, na década de 1990, muita coisa foi feita,

ocorrer. Na maior parte dos casos, os assistidos conseguem sair da

como a criação de grupos de fiscalização móvel, a Lista Suja (cadastro

situação de exploração após ter conhecimento de seus direitos”,

de empregadores que exploram mão de obra escrava), entre outras,

explica Cristiane.

como a criação dos Termos de Ajuste de Conduta (TACs) e Ações

Sobre a questão da vulnerabilidade em voltar às mesmas

Civis Públicas (ACPs), pelos quais se exige o cumprimento de diversas

condições anteriores, Cristiane diz que no E. E. Mack não se sentiam

obrigações e o pagamento por danos morais coletivos causados à


sociedade, e que essas ações propostas pelo Ministério Público do

menores de 18 anos são ilegais. “Contudo, há uma estimativa de que

Trabalho (MPT) têm contribuído de forma eficiente no combate ao

em torno de 200 milhões de crianças no mundo ainda trabalhem em

trabalho escravo. No TAC, a empresa se compromete a regularizar sua

diversas partes da cadeia de fornecimento”, ressalta Fernanda Simon,

conduta em instrumento firmado diretamente com o MPT e, quando

do Fashion Revolution Brasil.

não há concordância por parte da empresa, é ajuizada a ACP na Justiça do Trabalho, com os mesmos objetivos, que são o cum-

INDICAÇÕES DE LEITURA E VIDEO

primento de diversas obrigações por quem explorou a mão de obra O Documentário The True Cost, disponível no Netflix.

análoga à de escravo. A Procuradoria Regional do Trabalho de São Paulo (PRT 2ª

O Livro To Die For, de Lucy Siegle, disponível em inglês, é leitura

Região) produziu cartilhas em inglês, francês e espanhol para

essencial para quem deseja entenderr melhor os impactos e

orientação sobre direitos trabalhistas, cujo conteúdo pode ser baixado

alternativas da cadeia da moda.

na internet (http://www.prt2.mpt.gov.br/informe-se/cartilhas). Quem quiser fazer uma denúncia pode ligar para o Disque 100 ou também

O Fashion Revolution White Papper, disponível para download no

site do Fashion Revolution: www.fashionrrevolution.org.

entrar em contato direto com o MPT, que recebe denúncias, inclusive anônimas,

tanto

por

telefone

quanto

pela

internet,

em

www.pgt.mpt.mp.br.

SELOS E CERTIFICAÇÕES

Mais um lembrete importante sobre a questão da mão de obra na

Manter práticas sustentáveis na confecção e ser certificado por

cadeia de moda é sobre o trabalho infantil, que vem acontecendo

isso é um grande incentivo para melhorias constantes e um destaque

mesmo com a proibição por lei na maioria dos países, inclusive no

positivo para o mercado nacional e internacional. No Brasil,

Brasil. De acordo com a Convenção dos Direitos da Criança das

especificamente para o setor confeccionista, temos dois selos

Nações Unidas, ficou estabelecido que todo trabalho realizado por

importantes: o Selo Qual, da Abit, e o Programa de Certificação de

crianças com menos de 15 anos e todo trabalho perigoso feito por

Fornecedores – Abvtex.


Especial Foto: Divulgação

O Selo Qual foi iniciado em 2006, a partir de uma

também, mesmo sendo um selo local, pois os requisitos

demanda do mercado que consome roupas profissionais

são baseados nas normas ISO, que são internacionais.”

especiais, como os de proteção contra fogo, químicos,

Enquanto o Selo Qual da Abit abrange todas as

entre outros, para atestar a qualidade e as características

práticas internas da empresa e também algumas

daquele material. O Selo Qual começou a funcionar

terceirizadas (como lavanderias, bordados etc.), a

efetivamente a partir de 2008, quando teve algumas

certificação da Associação Brasileira de Varejo Têxtil

certificações. Em 2013, o Programa Texbrasil também

(Abvtex) está mais focada na rede de fornecedores de

começou a apoiar o Selo Qual no sentido de expandir a

seus associados, em questões relativas a trabalho e

certificação para outros segmentos e passou a atender toda a cadeia, desde fios e filamentos até cama, mesa e banho e moda e vestuário em geral. No momento, só há

responsabilidade social. EDMUNDO LIMA, DIRETOR-EXECUTIVO DA ABVTEX.

Lançada em setembro de 2010, a Certificação de Fornecedores – Abvtex reuniu as grandes empresas

empresas de uniformes profissionais certificadas.

varejistas brasileiras associadas (são 22 no total, com 40

“Percebemos que agora os próprios compradores desses

marcas) com o objetivo de ajudá-las a monitorar e qualificar de

uniformes nos ligam para saber quais são as empresas certificadas, e

maneira estruturada e integrada a cadeia de fornecedores do setor

falamos que, se ele exigir isso em sua compra ou licitação, esse

têxtil, a fim de disseminar as boas práticas e combater o uso do

número tenderá a crescer, com empresas cumprindo requisitos de

trabalho análogo ao escravo na confecção e do trabalho infantil, e

qualidade, sustentabilidade ambiental, responsabilidade social, o que

estabelecer diversos pontos que garantam a segurança e a saúde de

até o momento é visto como um custo. A certificação ajuda as

seus trabalhadores.

empresas a organizar seus processos produtivos, minimizar

“As confecções têm aderido ao programa de forma bastante

desperdícios e ser mais competitivas em seus processos de

satisfatória, criando um ambiente sustentável nas relações entre

produção, pois se tornam mais eficientes, têm melhor controle de

fornecedores, varejo e consumidores, cada vez mais preocupados

qualidade, pois até como proceder nos erros precisa constar na

com a procedência das roupas e calçados que adquirem. A

certificação”, diz Mariana Correa, analista de projetos industriais da

certificação tem sido uma resposta aos desafios do varejo nessas

Abit.

áreas”, afirma Edmundo Lima, diretor-executivo da Abvtex.

Ela conta que, para formatar o Selo Qual, foram analisados os

“As empresas varejistas signatárias do programa assumem, além

requisitos mais importantes das certificações ISO 9001 (qualidade),

da promoção da certificação em suas respectivas redes de

ISO 14001 (meio ambiente) e ISO 26000 (responsabilidade social) e

fornecimento, o compromisso de monitorar continuamente seus

absorvidos os que mais faziam sentido para o setor têxtil e de

fornecedores e subcontratados. Ou seja, a certificação Abvtex é mais

confecção.

uma importante ferramenta para as redes varejistas nesse complexo

O selo está dividido em três certificações: Bronze, com os

monitoramento, mas não tem como fornecer 100% de garantia, já que

requisitos básicos que toda empresa deve cumprir; Prata, com maior

as auditorias espelham um raio X da confecção em determinado

abrangência, e Ouro, que cumpre todos os requisitos solicitados pelo

momento. Além disso, os auditores não têm poder de polícia. A

programa. No site www.seloqual.com.br, as empresas interessadas

Abvtex esclarece que não tem o papel de homologar ou credenciar

podem responder ao questionário de forma anônima (a Abit não tem

fornecedores.

acesso aos dados) e verifica em qual categoria se

Foto: Divulgação

responsabilidade

cabe

aos

organismos

encaixa. Atualmente, apenas uma empresa certificada

os mais renomados do país – ABNT, Bureau Veritas,

conseguiu essa categoria e foi este ano, a Vectra Work,

Intertek e SGS. A adesão à certificação é voluntária por

com fábrica instalada em Fortaleza (CE). Sua validade é

parte das empresas signatárias e a Abvtex tem o

de três anos e, a cada ano, há uma checagem feita pelo

importante mérito de reunir e uniformizar procedimentos

auditor.

de qualidade e de monitoramento dessa cadeia de

De acordo com Mariana, atualmente quem certifica

fornecedores”, esclarece Edmundo.

as empresas com o Selo Qual é a Associação Brasileira

A certificação possui validade de dois anos e os

de Normas Técnicas (ABNT) e a SGS Brasil, duas

fornecedores e subcontratados interessados em

certificadoras

independentes

e

que

podem

ser

escolhidas conforme a preferência da confecção. O processo transcorre apenas entre ambas, ficando com a

participar podem acessar os itens do regulamento no JOÃO LAMPREIA, GERENTE-GERAL DA CARBON TRUST NO BRASIL

Abit a parte institucional. “Acreditamos que as empresas

56

Essa

certificadores externos do programa, selecionados entre

site www.abvtex.org.br/certificacao, devendo conquistar uma pontuação igual ou superior a 70% nesses itens e passar por auditorias independentes. Contudo, a

que têm certificações são mais competitivas, conseguem rastrear

existência de trabalho infantil, forçado ou análogo ao escravo ou

seus produtos, entregar mercadorias de maior qualidade, pois

trabalho

mapeiam tudo o que acontece na empresa e o que pode melhorar. Se

subcontratados da certificação. “Uma vez sanados os problemas,

ela já é competitiva no Brasil, tem mais chances de ser no exterior

após seis meses eles podem solicitar uma nova auditoria para buscar

estrangeiro

irregular

excluem

os

fornecedores

e



Especial Foto: Divulgação

o selo Abvtex. Após um ano de certificação, são

reconhecimento mútuo entre selos de diferentes

realizadas auditorias-surpresa para garantir sua

países, facilitando a entrada de produtos em

idoneidade e isenção”, conclui Edmundo.

mercados mais exigentes, como a Europa e os EUA”,

Para as empresas que quiserem estar ainda mais

destaca Guy Ladvocat, gerente de certificação de

em dia com a sustentabilidade, outro selo acabou de

sistemas da ABNT.

entrar para o rol brasileiro: o Marca ABNT de Pegada

No que diz respeito ao setor confeccionista,

de Carbono, fruto de uma parceria entre a ABNT e a

Lampreia diz que o consumo energético pode se

Carbon Trust, uma consultoria estratégica britânica

tornar

sem fins lucrativos especialista em estratégias custo-

equipamentos mais modernos, que usam menos

efetivas de redução de emissões e eficiência de recursos, trabalhando com governos e entidades

GUY LADVOCAT, GERENTE DE CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DA ABNT.

privadas no mundo todo e presente no Brasil desde 2011.

mais

eficiente

com

a

instalação

de

eletricidade para executar a mesma função, como caldeiras

mais

modernas

que

usam

menos

combustível para esquentar a mesma quantidade de água; recuperação do calor de processo para evitar o desperdício do

João Lampreia, gerente-geral da Carbon Trust no Brasil, conta

calor gerado; combustíveis mais limpos em vez de diesel ou gás

que foi proposto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

natural; motores mais eficientes para máquinas; manutenção

Comércio (MDIC) o desenvolvimento de um sistema de medição e

adequada de equipamentos; iluminação eficiente em uma fábrica etc.

certificação da pegada de carbono de produtos para o Brasil,

“Medir a pegada de carbono de um produto permite que uma

baseados em sistemas já desenvolvidos no Reino Unido, que obteve

empresa veja as emissões em suas cadeias produtivas e isso serve

o primeiro certificado desse tipo no mundo. Com a aprovação do

como um mapa apontando onde estão os maiores potenciais para

MDIC, teve início a construção desse sistema por meio de um

tornar processos mais eficientes. Cabe a cada empresa avaliar as

processo participativo com 20 grandes empresas e associações de

medidas que pode implementar, o custo de cada uma delas, o retorno

vários setores da indústria brasileira. Mas, como todo país precisa de

do investimento e, eventualmente, a priorização dessas medidas”,

uma instituição local para ser a “dona” do sistema, operando-o e

comenta Lampreia. Quem quiser saber mais sobre a Carbon Trust

gerenciando-o, a ABNT ofereceu-se voluntariamente para a função.

basta acessar www.carbontrust.com e, sobre o selo, diretamente a

“Inclusive, o programa foi desenvolvido para facilitar o processo de

ABNT no site www.abnt.org.br.

SELOS E CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE STeP – Sustainable Textile Production Selo Qual (práticas sustentáveis e de

(certificação da Oeko-Tex® de sistemas de

qualidade no setor têxtil e confeccionista):

gestão da qualidade, ambiental, social e de

www.seloqual.com.br

segurança química do produto): www.step.oeko-tex.com

Certificação de Fornecedores – Abvtex (segurança e práticas trabalhistas de fornecedores do varejo têxtil): www.abvtex.org.br/certificacao

Citeve – Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (centro português que certifica a Oeko-Tex® e a STeP no Brasil): www.citeve.com

Instituto Hohenstein (instituição alemã que certifica

ISO 9001 (qualidade), 14001 (ambiental) e

a Oeko-Tex® no Brasil):

26000 (responsabilidade social): www.iso.org

www.hohenstein.com / brazil@hohenstein.com

Oeko-Tex® (certificação europeia que avalia a segurança química e ecológica dos têxteis): www.oeko-tex.com

58

Marca ABNT de Pegada de Carbono: www.abnt.org.br


EXPORTAÇÕES

temos que reconhecer qualquer melhoria desenvolvida e observar que

A sustentabilidade também pode ser um ótimo negócio para

existem empresas que apresentam interesses genuínos.”

quem pretende exportar. O mercado internacional está cada vez mais

Nesse sentido, muitas tecelagens e confecções brasileiras já

aberto e à procura de novidades. Quem afirma é a gerente de

trilham esse caminho há tempos. Uma delas é o Grupo Malwee, que

Inovações e Sustentabilidade do Programa Texbrasil, Karine Liotino. O

participou do Fashion Revolution Day este ano e se tornou um case

programa é uma parceria entre Abit e Apex-Brasil para a promoção da

modelo com 100% de seus prestadores de serviços de costura

moda brasileira no exterior. Ela diz que, há cerca de três anos, pouco

auditados em 2015 e 76% deles auditados e certificados pela Abvtex,

se falava sobre o assunto, mas agora a Europa, especialmente países

levando em consideração quesitos como responsabilidade social,

como França, Dinamarca, Suécia, Alemanha, e também os EUA vêm

meio ambiente, saúde e segurança no trabalho. No caso de haver

promovendo fóruns e encontros anuais e desenvolvendo programas

alguma irregularidade, o grupo elabora um plano de ação para exigir

voltados à moda sustentável. “Enquanto nos anos 90 era exigida

adequações e, se necessário, o contrato com a empresa é encerrado.

qualidade dos produtos sem saber como eram feitos, hoje a tendência

O Grupo Malwee lançou ainda o “Plano 2020”, no qual a empresa

é saber como se produz, a ética na produção. Tudo isso está

formaliza sua meta de sustentabilidade em toda a cadeia de valor,

emergindo muito forte nos EUA e Europa, e até clientes antigos que

desde as bases de fornecimento até o uso e o pós-uso dos produtos.

exportavam para essas regiões estão perdendo mercado por não

Essa é uma notícia realmente alentadora. “Até o ano de 2020, o grupo

cumprir as adequações pedidas”, revela Karine.

se compromete a quantificar o impacto ambiental de 100% de seus

Para os produtos entrarem nos EUA há uma série de normas a

produtos; restringir o uso de produtos químicos usados nos processos

atender, entre elas sobre produtos químicos e responsabilidade social,

têxteis, aplicando padrões exigidos pela legislação internacional;

e na Europa, é exigida a certificação Oeko-Tex® (segurança química e

alcançar 70% das peças produzidas usando matérias-primas ou

ecológica dos têxteis) e Oeko-Tex® STeP (sistemas de gestão da

processos que contribuam para o desenvolvimento sustentável; atingir

qualidade, ambiental, social e de segurança química do produto). Ela

10% dos modelos desenvolvidos pela marca Malwee com viés

ainda destaca que o Brasil tem leis trabalhistas mais rígidas que outros

sustentável; e alcançar 100% de seu público consumidor com a

países e precisa tomar isso como um diferencial. O algodão produzido

mensagem de sustentabilidade das marcas do grupo”, diz Taise

aqui, por exemplo, é certificado e é proibida a presença de trabalho

Beduschi, gestora de sustentabilidade do Grupo Malwee. Hoje, o

infantil ou análogo ao escravo em sua produção.

grupo se preocupa também em utilizar em seus pontos de venda

O tema tem emergido tanto que para o convênio 2017-2018 do

materiais de baixo impacto ambiental, como luz LED e arquitetura

Texbrasil, está sendo feito um projeto para desenvolver ações que

reciclável e/ou de reciclado para as lojas. Mais uma meta é reduzir

orientem e auxiliem as empresas a se adequar aos padrões

20% das emissões de poluentes atmosféricos, dos resíduos em

internacionais de sustentabilidade (capacitações, missões, treina-

efluentes, do uso de energia, e de resíduos têxteis, desenvolvendo

mentos, consultorias), bem como às normas, regulamentos e certifica-

ainda ações e programas de engajamento para todos os públicos com

ções de modo que as empresas estejam adequadas a atender as

os quais mantém relacionamento para que se tornem agentes de

exigências praticadas na comercialização com os mercados-alvo do

mudanças. Foto: Divulgação

programa de internacionalização. EXEMPLOS DE CONFECÇÕES Com o despertar dos consumidores sobre a realidade de como é feita a sua roupa, as empresas estão revendo suas práticas e fazendo mudanças. Fernanda Simon revela que durante os dois últimos anos de efetiva atuação do Fashion Revolution no Brasil, houve uma significativa ascensão de marcas que já nascem com propósitos éticos embutidos na identidade do negócio, assim como cresceu também o interesse de grandes marcas pelo engajamento no assunto. Mas aponta algumas “pegadinhas” no mercado para ficarmos atentos. “Grandes redes varejistas de fast fashion criam coleções com matérias-primas ecológicas, fazem campanhas de conscientização sobre o uso da água, por exemplo, e outras ações que mostram a preocupação em atender o consumidor consciente. Vale ressaltar que, em muitos casos, trata-se apenas de um green washing, ou seja, a marca se aproveita de algo positivo que realiza para não justificar as falhas em outras etapas de seu processo produtivo. Por outro lado,

2RIOS

ADERIU AO MOVIMENTO

FASHION REVOLUTION BRASIL.

59


Foto: Divulgação

BRANDILI:

GOVERNANÇA, ESTRATÉGIA E SUSTENTABILIDADE COMO PILARES.

Outro passo importante dado pelo grupo e que valida suas ações

crescimento, pois resultam em redução de custos, otimização dos

foi a assinatura do Pacto Global da ONU, em 2015, com uma carta-

recursos e processos, preservação do meio ambiente e redução das

compromisso que busca mobilizar a comunidade empresarial rumo ao

externalidades, tudo isso associado a significativos ganhos sociais

desenvolvimento sustentável. “Com o pacto, a empresa se

diretos e indiretos. Nos processos têxteis, podemos destacar algumas

compromete a alinhar suas operações e estratégias com os dez

práticas sustentáveis que podem e devem ser aplicadas a toda a

princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos,

cadeia de valor, entre as quais estão: respeito aos direitos humanos,

trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. São mais de 12 mil

às relações trabalhistas e às diferenças; coibição de práticas

empresas participantes em mais de 145 países”, destaca Taise.

discriminatórias, trabalho infantil e escravo; promoção do consumo

A marca 2Rios foi outra que aderiu este ano ao movimento

consciente; preservação dos recursos naturais; controle de perdas;

Fashion Revolution Brasil. Pautada na sustentabilidade, a construção

emprego de matriz energética renovável; eficiência térmica e redução

de seu parque industrial de 2.800 m² em Joinville (SC) foi pensada

no desperdício de recursos; redução na geração de resíduos,

para reduzir impactos ao meio ambiente, conta com economia de

reutilização, segregação, reciclagem e destinação adequada de

energia, captação de água da chuva, ventilação natural e destinação

resíduos; e redução e monitoramento de padrões na emissão de

de resíduos. A empresa é sucesso em mais de 20 países, e as

efluentes líquidos e gasosos”, comenta o gerente de Sustentabilidade

coleções de exportação são desenvolvidas para atender as exigências

da Brandili Têxtil, Leonir Felipe Soliman Filho.

do mercado internacional, tudo 100% made in Brazil.

60

O desejo de começar uma confecção pautada em todas as

Quem também defende essa bandeira é a Brandili, que tem na

práticas sustentáveis foi o que motivou Erika Park e Linda Vivian Lee a

governança, na estratégia e na sustentabilidade pilares inseparáveis.

montar a Oficina 1212, localizada no bairro do Pari, em São Paulo

“A sustentabilidade faz parte das estratégias e práticas das empresas

(SP). Prestes a completar um ano de existência em agosto de 2016, a

que se destacam pela produtividade, competitividade e longevidade.

oficina começou com um trabalho tímido, por enquanto no arremate e

Esse é um dos propósitos da Brandili. Por meio de práticas

acabamento de peças de vestuário de duas confecções da região que

sustentáveis aplicadas ao processo produtivo, é possível conciliar

estão apostando na ideia, e, em breve, iniciarão a parte de costura,

ganhos significativos nas esferas econômica, social e ambiental e,

quando chegar o maquinário comprado, com quatro costureiras já

assim sendo, tais práticas se traduzem num modelo sustentável de

aguardando ansiosamente suas estreias.


As amigas Erika e Linda dizem que estudavam bastante as questões sociais e o capitalismo consciente, o que “casou” perfeitamente com suas ideologias. Em 2015, participaram do 7th Global Social Business Summit, um congresso realizado em Berlim, Alemanha, organizado pelo professor e Nobel da Paz Mohammed Yunus, e voltaram de lá com muito conteúdo sobre práticas sustentáveis, como o Sistema B, que une o lucro ao benefício social. “É um sistema novo, que chegou há pouco no Brasil, mas tem tudo para crescer”, conta Linda Lee. Ela e Erika contam que entre seus maiores desafios – e de toda a cadeia têxtil – está a competição com a informalidade, especialmente no tipo de serviço que oferecem, que não é competitivo do ponto de vista comercial. “Quem está mandando serviços para nós é quem abraçou a causa conosco e compartilha a mesma visão, já que o valor cobrado é superior ao do mercado”, explica Linda. Mas por um excelente motivo. O valor da Oficina 1212 é a empregabilidade direcionada, ou seja, o processo de reinserção social de pessoas que, por motivos diversos, tenham dificuldade de se empregar novamente, como pessoas resgatadas de situação de trabalho análogo ao escravo, maustratos, refugiados e em recuperação de dependência química. Para tanto, a empresa tem firmado parcerias com ONGs e algumas instituições, como E. E. Mack, Compassiva, 27 Million Brasil, NCCV, Vila Cairós e com a comunidade carente da Vila Maria (onde estão formando costureiras), cada uma trabalhando numa frente de resgate, atendimento e suporte. Foto: Silvia Boriello

OFICINA 1212

JÁ NASCEU COM O PROPÓSITO DE SER TOTALMENTE SUSTENTÁVEL.

Quando há vagas disponíveis, a 1212 aciona essas entidades em busca de candidatos e faz uma triagem de acordo com o perfil necessitado. Depois, dá o treinamento, ensina o ofício pacientemente, e só contrata com a carteira de trabalho em mãos. “A ideia é fazer tudo certo do início, desde a produção até a parte trabalhista, mas é muito difícil, pois ninguém sabe como fazer o certo. Fomos atrás de diversos órgãos públicos e entidades do setor para nos informarmos e poucos sabem dar uma orientação, falta mais informação e interação”, ressalta Erika. Mas o resultado, muito mais que financeiro, tem sido humano, de restauração da dignidade. “As ONGs estão muito gratas por resgatarmos o ‘trabalhar, produzir’ nessas pessoas, para que se sintam úteis e resgatem sua autoestima e independência”, diz Linda.


SUGESTÕES DE PRODUTOS E SERVIÇOS SUSTENTÁVEIS PARA AS CONFECÇÕES Fotos: Divulgação

Metalnox: a Evox MTx8 é uma máquina para impressão direta em tecidos em escala industrial, de fabricação nacional, capaz de produzir até 300 peças/hora e alcançar resolução de 1.440 dpi. Também economiza 50% de energia com a redução do layout da fábrica e a eliminação de processos desnecessários, cortando tempo e custos, e elimina o uso de quadros e tintas de serigrafia e o tratamento de efluentes. Comace: a empresa julga importante a preocupação com o meio ambiente e, por isso, possui o certificado FSC e sempre consulta a procedência de seus fornecedores. Todas as madeiras utilizadas na produção dos móveis são de reflorestamento, e em todo o sistema de pintura não são utilizados solventes. Mab Fortuna: representante oficial no Brasil da Morgan Tecnica, possui softwares de CAD, modelagem 3D, corte e gerenciamento de alta tecnologia, gerando maior eficiência e redução de custos, energia e resíduos têxteis. Singer: única fábrica de agulhas de costura da América, a Singer preocupa-se constantemente com o meio ambiente no processo produtivo em sua fábrica em Indaiatuba (SP). Denominada “fábrica verde”, a Singer utiliza no processo óleo de mamona, faz reúso da água e não usa solvente para lavar as agulhas. O processo de lavagem é feito com sabão biodegradável, água quente e ultrassom. Além disso, todos os resíduos plásticos têm destinação adequada e os resíduos de níquel e cromo vão para uma empresa que faz a separação e a queima. Ao adotar a reutilização da água, além de contribuir com o meio ambiente, a empresa também conseguiu uma economia importante de recursos financeiros. “No processo de galvanoplastia, que é onde mais usamos água, conseguimos uma economia de 50%, porque a mesma água é reutilizada mais de cinco vezes. No consumo total da empresa, a redução foi de 20%”, explica o supervisor de produção e qualidade, Reginaldo Fernandes.

Andrade: Todas as máquinas equipadas com motor direct drive têm redução no consumo de energia em até 70%, chegando a consumir entre 0,33 Kw/h e 0,17 Kw/h, além do ganho de produtividade devido a redução do tempo de ajuste da máquina para a produção inicial de trabalho (com a agulha levantada).

Sancris: fio de alta tenacidade 100% poliamida Eckobond, uma linha ecológica para costurar couro. A Sancris lançou o processo Eckobond, uma tecnologia desenvolvida para que os filamentos contínuos dos fios sejam unidos sem a utilização de químicos nocivos ao ser humano e ao meio ambiente. Com essa tecnologia, produziu o fio 100% poliamida de altíssima tenacidade, destinado ao mercado coureiro-calçadista, com resistência e durabilidade iguais ou superiores às dos fabricados nos sistemas tradicionais. Barudan: todas as máquinas de bordar Barudan da nova série X chegam a um aproveitamento 20% superior, gerando maior produtividade e economizando energia.

Lectra: uma das líderes mundiais em soluções de corte, modelagem e gestão de produção, toda a oferta da Lectra é pensada para otimizar os recursos de matériaprima, eliminando desperdícios e resíduos. Com a modelagem 3D, por exemplo, é possível eliminar a produção de grande parte dos protótipos físicos. O encaixe realizado com o Diamino (solução de encaixe da Lectra) é realizado com o chamado espaçamento zero entre as peças. Isso também gera uma economia de matéria prima da ordem de 5%. As máquinas de última geração da Lectra, entre elas a Vector, para tecidos e materiais compósitos, têm um consumo de potência em torno de 25% menor, o que representa economia de energia elétrica.

Haco: a Haco tem na sustentabilidade e no desenvolvimento social os principais pilares de sua missão. Um dos grandes diferenciais são os teares especiais de lançadeiras, nos quais é produzida uma das linhas Haco mais sustentáveis, que utiliza fibras naturais como algodão, bambu e linho. Essa técnica artesanal, exclusividade da empresa, possui baixíssima emissão de gases e consumo de energia, e suas matérias-primas são adquiridas com rigoroso controle de procedência. Ainda confere um aspecto handmade e possibilidades de acabamento que os teares eletrônicos mais modernos não são capazes de fornecer. Possui as certificações dos principais órgãos de controle de produção, garantindo que todas as suas soluções sejam desenvolvidas dentro dos mais rígidos padrões de preservação do meio ambiente, como o selo Oeko-Tex® 100, que comprova a ausência total de substâncias nocivas à saúde humana e que agridam o meio ambiente e estão nos seguintes produtos: etiquetas tecidas em poliéster, algodão e suas misturas, em todas as cores, com ou sem aplicação de goma, na cola termocolante e na fita dupla face. E também em cadarços, cordões e fitas 100% poliéster e 100% algodão, em todas as cores. A certificação FSC (Forest Stewardship Council), sistema de certificação florestal de maior credibilidade internacional, tem como objetivo assegurar o manejo responsável das florestas mundiais e o controle das práticas florestais, garantindo que a principal matéria-prima das embalagens (papel) não venha de reserva ambiental, desmatamentos na Amazônia ou em outras florestas tropicais.

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Meio Ambiente

Foto: Divulgação

UM BOSQUE PRA CHAMAR DE SEU A Guarany, empresa tradicional no universo das cores, possui uma preocupação permanente com o meio ambiente e a utilização dos recursos naturais. Em suas instalações, há um projeto de reflorestamento chamado “Arboreto”, com 400 árvores nativas em extinção, como jacarandá, araucária e pau-brasil, representando cada um dos colaboradores da empresa. A cada admissão de um novo funcionário, ele escolhe uma das espécies disponíveis para adoção e pode visitá-la sempre que desejar. Criado em 1999, o projeto tem como objetivo formar um banco genético de espécies brasileiras nativas que estão em extinção e, ao mesmo tempo, estimular a consciência ambiental de seus colaboradores e da comunidade de Itu, no interior de São Paulo, onde fica a sede da empresa, disseminando, assim, o espírito de preservação e integração.


Feiras

|

POR ROSELAINE ARAÚJO Foto: Bruno Augusto

AGRESTE TEX 2016 PÚBLICO QUALIFICADO VIRA MARCA DA FEIRA QUE CHEGA À TERCEIRA EDIÇÃO Ainda que o cenário político e econômico não esteja nada

mesmo em meio à turbulência macroeconômica”, afirmou

favorável ao crescimento dos negócios no país, várias

Roberto

empresas do segmento têxtil e confeccionista não deixaram a

FCEM/Febratex Group.

Madeira,

diretor-presidente

do

peteca cair e continuam a investir em feiras e eventos do setor.

Para ele, o desenvolvimento da região é notório. “Per-

A terceira edição da Agreste Tex, que aconteceu entre os dias

cebemos hoje que o Polo de Caruaru se desenvolveu em

8 e 11 de março em Caruaru (PE), é

Foto: Divulgação

processos e tecnologia. Os confeccio-

exemplo disso. A feira, organizada pelo

nistas daqui estão mais proativos e

FCEM/Febratex Group em parceria

abertos a ouvir as necessidades do

com

e

mercado. Isso representa um ganho

Empresarial de Caruaru (Acic), recebeu

para toda a indústria do vestuário”,

cerca de 13.803 profissionais da

complementa Pompeo. Osíris Lins

indústria da moda. Realizado no Polo

Caldas, presidente da Acic, também

Caruaru, o evento reuniu este ano cerca

mostrou satisfação com os resultados

de 280 marcas expositoras. Segundo

do evento. “A Agreste Tex e a Rodada

dados da organização, gerou negócios

de Negócios da Moda Pernambucana

da ordem de R$ 218 milhões.

são instrumentos de movimentação

a

Associação

Comercial

“O Norte e o Nordeste sempre

para os setores econômicos. Em um

passaram por vários tipos de crise, mas

ano de crise econômica, provamos

isso tem um lado positivo. Em virtude

que é possível gerar negócios e

desse histórico, as empresas da região

dinamizar a economia local. A Agreste

são mais flexíveis e criativas. Nos últimos dois anos, a feira se profissio-

ROBERTO POMPEO MADEIRA, DIRETOR-PRESIDENTE DO FCEM/FEBRATEX GROUP.

nalizou e cresceu 35%. A maior parte

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Pompeo

Tex oferece todo o caráter técnico, institucional e mercadológico para a região. Daqui a dois anos, quando será

dos expositores já confirmou presença na próxima edição.

realizada a próxima edição, tenho certeza de que teremos

Estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos. Foram

uma realidade melhor para o país e, consequentemente,

mais de 13 mil visitantes que efetivamente fecharam negócios,

para os negócios”, afirma.


COMO ENFRENTAR A CRISE?

Para Alexandre Feitosa, supervisor comercial da Mimaki, nem todo mundo sentiu o mesmo abalo econômico. “A crise

Entre os expositores, a situação econômica não deixou de

chegou para todos, mas não foi proporcional em todo o país.

ser citada. No entanto, o chororô cedeu lugar a soluções para

No Nordeste, o impacto foi menor. Nossa estratégia foi reduzir

o mercado mesmo num período como esse. “Monitoramos o

custos desnecessários e diminuir o preço de alguns produtos.

mercado. Já sabíamos que haveria retração com um ano de

Dessa forma, conseguimos manter nossos funcionários e os

antecedência. Diante disso, revisamos toda a cadeia de

investimentos na imagem da empresa”, revelou.

fornecimento, fechamos parcerias para reduzir custos,

Eduardo Molinero, da Tajima do Brasil, aposta em dias

estreitamos relacionamento com os principais clientes,

melhores. “Não existe empresa que não tenha sentido impacto

aperfeiçoamos as estratégias de vendas, profissionalizamos a

nos negócios. Na nossa, a situação atual prejudicou o valor

exportação e, por fim, aumentamos o investimento em

das máquinas. Entretanto, escolhemos cortar custos, em vez

inovação e marketing. Com essas ações, não fomos afetados

de funcionários. Conseguimos manter nossas atividades e

pela crise. Aliás, conseguimos crescer até mesmo dentro

ainda participar de eventos do segmento, que são essenciais

desse cenário”, contou Joana de Jesus, sócia-diretora da

para garantir o contato com nossos clientes. Acreditamos que

Automatisa.

em 2016 haverá melhores condições do que no ano passado”,

Luiz Antônio, engenheiro de produção da Indústria de

enfatizou.

Botões Guairá (IBG), lembrou que há tempos o segmento não

No segundo semestre, o setor deve mesmo subir alguns

vive uma boa fase. “Desde 2011, sofremos com os impactos

degraus. Em agosto, acontece a Feira Brasileira para Indústria

dos produtos asiáticos. Com a alta do dólar, reduzimos a

Têxtil (Febratex), promovida também pelo FCEM/Febratex

importação e, em 2015, tudo isso somado à crise política fez

Group. Sediado no Parque Vila Germânica, em Blumenau

nossa produção cair 30%. No entanto, não dá para desistir.

(SC), o evento recebeu na última edição cerca de 90 mil

Optamos por profissionalizar ainda mais nossos funcionários,

pessoas, totalizando 2.250 marcas. Para este ano, o diretor-

eliminar qualquer tipo de desperdício e elevar o padrão de

presidente do FCEM é ainda mais otimista: “Teremos mais

qualidade. Assim, conseguimos manter todos os nossos

marcas do que na edição anterior. A Febratex é um marco

funcionários e ainda aumentar os investimentos em marketing,

para a indústria têxtil e certamente vai ajudar um número maior

como apostar em feiras como esta”, afirmou.

de empresários a impulsionar seus negócios”, finalizou.

Confira as novidades expostas na Agreste Tex Fotos: Divulgação

Agabê: Exibiu a linha completa de emulsões fotográficas para matrizes serigráficas de alta definição. O lançamento foi a emulsão pronta, que não precisa ser misturada com outros componentes químicos, além das emulsões pré-sensibilizadas, como a Unifilm TEX, que dura até dois anos e não endurece. American Laser: Apresentou a máquina de corte e gravação a laser LW 9060. Com área de 90 cm por 60 cm, ela corta EVA, MDF, tecidos, couros, sintéticos e acrílicos, entre outros materiais. A potência do tubo laser varia de 70 W a 100 W. A máquina conta com um sistema de aspiração de fumaça. Andrade Máquinas: Destacou a máquina Travetti Eletrônico Direct (SA/430D/01). A vantagem é que esse produto está agora mais silencioso e economiza 70% de energia

elétrica. Mostrou no estande também a galoneira de base plana WX-8803MG, que traz kit completo para passar viés e tem base aberta e fechada para costuras gerais. A velocidade é de 6.000 pontos por minuto (ppm). Ápice: Chamou atenção pelos inúmeros acessórios que produz para o segmento de jeanswear, como botões, rebites e zíperes de todos os tamanhos e modelos. A novidade são os banhos de verniz para evitar a oxidação dos acessórios. A empresa também anunciou uma redução de preço de 32% em vários produtos. Audaces: Mostrou o Audaces Neocut A20, nova máquina de corte automática para tecidos. O equipamento tem altura de corte para 5 cm e 7 cm de enfesto comprimido. A velocidade máxima de corte é de 60 metros por minuto e o ruído é menor que 80 dbA. O produto reduz

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Feiras Fotos: Divulgação

o desperdício de material e oferece encaixes mais precisos, o que garante maior lucratividade ao confeccionista. Automatisa: Ressaltou as vantagens da Prisma, que faz corte digital a laser. As dimensões são 1,40 m x 1,20 m x 1,32 m. O equipamento traz computador com monitor LCD, cabeçote magnético antiimpacto, sistema de elevação automático da mesa, mangueira de conexão, entre outras facilidades que tornam o corte preciso, limpo, ergonômico e consequentemente mais produtivo. Barudan: Mostrou a bordadeira japonesa de uma cabeça da série BEX, que se destaca pela favorável relação custo-benefício. Com maior precisão e mais silencioso, o modelo borda qualquer tipo de tecido e faz 1.200 ppm. Canatiba: A coleção Verão 2017 traz mudanças para as tecnologias Duo Core e SexyFit. Surgiram novas composições com 98% algodão e 2% elastano, além dos tecidos de gramatura leve e da mistura com fibras ecológicas. Na linha SexyFit, a elasticidade aumentou 74%. A mudança na composição traz para o confeccionista inclusive a possibilidade de alterar as numerações para P, M e G, saindo da restrita numeração tradicional das calças jeans. Dallmac: Especialista em acessórios, a empresa de Caxias do Sul (RS) mostrou no estande a nova coleção Premium, que traz botões, placas e ilhoses de metal com banhos envelhecidos e espelhados, seguindo as tendências de Milão (na Itália). Elastan: Divulgou a linha de elásticos e rendas com estamparia digital e degradê de cores, que são utilizados na produção de lingerie e também em acabamento de blusinhas. Destaque para o artigo Sabrina, composto de 82% poliamida e 18% elastano. A empresa disponibiliza mais de 70 cores e desenvolve outros tons sob encomenda. Enfesmak: Trouxe de Blumenau (SC) a enfestadeira automática FXA. O equipamento, que dispensa operador, tem cilindro com rosca sem fim para diminuir rugas no tecido, trabalha com tecidos em rolo ou em fralda. Traz tecnologia wi-fi para operação e assistência via internet. Além disso, a máquina pode ser fabricada sob encomenda, de acordo com o peso, a largura e o diâmetro que o cliente precisar.

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Etical Etiquetas: Lançou o catálogo Sob Medida Verão 2017. Nele, sobressaem as inspirações minimalistas e o encontro de culturas diferentes expressas em mosaicos hexagonais e diferentes materiais, fios e estruturas. Ganham espaço os fios envoltos, recortes, sobreposições, pregueados, franjas, pelos e penas. IBG: De Guaíra, interior de São Paulo, a empresa evidenciou seus botões de poliéster que são produzidos sob encomenda. Chamou atenção para os botões com duas camadas diferentes de cores desenvolvidos em tons degradê. Exibiu também os botões perolados para casacos em diferentes tamanhos e cores. Imatec: Lançou na feira a enfestadeira para rendas ER16. O equipamento oferece alinhamento automático, maior agilidade para o corte e também mais precisão, especialmente para executar cortes pequenos e médios. Lanmax: Apresentou a máquina de overloque eletrônica LM805D-EX, que coloca elástico nas pernas das calcinhas e ainda refila as sobras. O equipamento faz o corte da linha, levanta o calcador e suga o resíduo. Mab Fortuna: Mostrou o 3Dress, fabricado pela Morgan Tecnica. O programa em três dimensões (3D) elabora provas de roupa e permite fazer alterações e customizações nas peças antes da produção. O software disponibiliza avatares – bonecos virtuais de todos os biotipos – para testar pontos de tensão da roupa, modelagem e cores, entre outros aspectos. O produto representa uma redução de 10% no custo da peça-piloto. Mimaki: Revelou à cidade de Caruaru a Mimaki Team CJV series. Com 1,10 m de largura, a impressora é compacta e tem sistema de abastecimento de cores batizado de Bulk Ink. São 16 litros de tinta que podem ser repostos sem parar a máquina. O equipamento faz também notificação via web, ou seja, o usuário é informado por e-mail quando a máquina começou, terminou ou interrompeu o trabalho, o que torna possível controlar a produção mesmo fora do escritório.


Fotos: Divulgação

Paraguaçu Têxtil: Levou lançamentos inéditos para a feira. O primeiro é o artigo Life, um tecido desenvolvido para atender o setor de camisaria. A composição é 75% de algodão, 22% de poliéster e 2% de elastano. Outro item é o Ônix, feito com 72% de algodão, 26% de poliéster e 2% de elastano. Apresentou ainda o Premium Denim Ônix, que possui lavagens diferenciadas. Um dos artigos da linha é o artigo Ideal Blue Black, com 82% de algodão, 16% de poliéster e 2% de elastano. Pontual Etiquetas: Com sede em Goiás, a empresa levou para o Nordeste brasileiro as etiquetas com acabamentos sintéticos, couro, metais e materiais sobrepostos. Um dos produtos que mais chamaram atenção foram os metais com banho cataforético, que evita a oxidação. O produto é ideal para ser aplicado em calças jeans. Silmaq: Levou para a região a máquina de pregar bolsos em calças jeans e sarjas. Automático, o equipamento PS-G3020 é direcionado ao pequeno e médio confeccionista. Prega 2 mil bolsos, ou seja, são cerca de 1.000 calças finalizadas dentro de um turno de oito horas de trabalho. Sociotec: Exibiu a máquina de pregar bolsos MST-AA. Com cabeçote japonês Mitsubishi, o modelo tem duas agulhas e costura bolsos com dois tipos de linha (bicolor). É possível costurar bolsos, com aplicação em calças jeans, esporte e roupas profissionais, podendo trabalhar com material médio ou pesado. Systêxtil: Mostrou aos visitantes o programa Systêxtil View (RP), uma ferramenta de gestão que o próprio cliente customiza, de acordo com suas necessidades. O software reduz custos, uma vez que monta estratégias de crescimento para a empresa, administrando custos e várias etapas da produção. O programa tem grande facilidade de extração de dados e não precisa ser instalado, já que fica disponível na internet como solução em nuvem. Tajima: Entre tantos produtos, elegeu a bordadeira automática de oito cabeças como a vedete do estande. Há um ano no mercado, o equipamento reduz custos de manutenção, já que apresenta menor quebra de linha. A velocidade é de 1.100 pontos por minuto (ppm). Virtual Age: Levou para Caruaru o software Virtual Age (ERP), uma solução sob medida para o mercado da moda. O programa funciona 100% pela internet por meio de “nuvens” – armazenamento de dados feito na web que permite acesso em qualquer lugar do mundo. O programa gerencia todas as etapas produtivas das confecções, desde as ações estratégicas até a entrega final do produto. Uma das maiores vantagens do software é o mapeamento dos clientes e também as projeções de produção, compra e venda.


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POR SANDRA M. DE ALBUQUERQUE E REGINA GUIDON DE ASSIS

Moda sustentável não é sinônimo de fibra natural e artesanato Recentemente, o The Journal of the Textile Institute publicou um estudo que chama atenção para a necessidade de os consumidores de moda compreenderem o conceito de moda sustentável e passarem a valorizar os produtos e as marcas que atendem os requisitos de produção têxtil sustentável. Esses requisitos tratam do uso de produtos químicos não nocivos à saúde, de processos de produção em instalações que não poluam o meio ambiente e que sejam produzidos em locais seguros e socialmente responsáveis. A pesquisa cita que existe uma imagem estereotipada das roupas sustentáveis que as associa ao uso exclusivo de fibras naturais, como algodão e linho, e ao movimento hippie, como sandálias de corda, bordados étnicos, xales, o que cria uma barreira para o mercado atual adotar a moda sustentável. É preciso esclarecer que a sustentabilidade não interfere em nenhum momento no design criativo. O conceito entra na escolha de materiais feitos com produtos químicos não nocivos, produzidos em condições de não poluição do ambiente, baixo consumo de energia e água e respeito à segurança do trabalhador. A própria fibra natural cultivada e produzida de modo inadequado não atende aos critérios de produção sustentável e não deve ter sua utilização estimulada. Por exemplo, se uma peça é feita com fio 100% algodão cultivado em uma fazenda que usou agrotóxicos cancerígenos, fez irrigação com desperdício de água e usou mão de obra em condições inseguras, ela não tem nada de sustentável, embora na etiqueta esteja escrito “produto feito com fibra natural”.

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Fotos: Arquivo pessoal

Ranking

A sustentabilidade ambiental é um objetivo a ser atingido e não uma direção a ser seguida. Pequenas ações podem transformar o mundo e, dentro desse pensamento, cada consumidor de moda pode fazer sua parte, dando preferência em suas compras de roupas e acessórios a produtos e empresas realmente engajadas na sustentabilidade do planeta. A postura conhecida como “desenvolvimento sustentável” tem sido a tônica de conferências internacionais, parecendo a solução mais adequada para a humanidade conciliar interesses e necessidades aparentemente antagônicos. O impulso que falta para movimentar de forma inquestionável toda a cadeia têxtil na direção da produção sustentável está em como conscientizar o consumidor de moda de que a participação dele nesse movimento global em favor do planeta é fundamental. Estamos diante de um desafio, e não há nada melhor para criar um cenário propício a inovações, ideias criativas e quebra de preconceitos. A estratégia das empresas de obter melhorias de desempenho ambiental está inserida em sua função social, pois, além de atender às necessidades dos seus clientes, melhora seu relacionamento com os órgãos ambientais de controle e com a sociedade em geral. Certificações ambientais que forçam a empresa a seguir processos produtivos mais amigáveis em relação ao meio ambiente (série de normas ISO 14000, por exemplo), estratégias de marketing e propaganda para divulgar ações nesse sentido, campanhas com celebridades que possam sensibilizar as pessoas para a causa ambiental, adoção de rótulos ecológicos


informando sobre reciclagem, destino dos resíduos,

impactos gerados na produção de produtos e serviços

biodegrabilidade, taxas de emissão de carbono, índices

por ele consumidos. É necessária uma população

de sustentabilidade, entre tantas ações possíveis,

consciente e preocupada com o meio ambiente e

podem ajudar no processo de disseminação da

engajada na busca de soluções para os problemas

informação e despertar a atenção de todos para o

atuais e na prevenção de problemas futuros. Participe de ações para um mundo melhor!

assunto. O desenvolvimento sustentável pressupõe um equilíbrio entre as partes econômica, social e ambiental. Na Europa, esse tema já está mais evoluído e a conscientização por parte do consumidor é maior. Um bom exemplo no setor têxtil é a criação de uma certificação – específica para empresas – voltada ao tema sustentabilidade. Ela se chama STeP by OekoTex® (Sustainable Textile Production, ou Produção Têxtil Sustentável). A Associação Oeko-Tex® (cuja sede fica na Suíça) também tem o Oeko-Tex Standard 100, que é um selo para produtos isentos de substâncias nocivas. No caso da certificação STeP, o objetivo é a implementação permanente de processos de produção que respeitem o meio ambiente, realizados em condições de trabalho seguras, saudáveis e socialmente aceitáveis. Mais recentemente, essa mesma associação lançou outra certificação de produto chamada Made in Green (MiG), que garante que os produtos têxteis certificados foram testados com relação a substâncias nocivas e produzidos de forma sustentável, de acordo com os referenciais Oeko-Tex®. A certificação Made in Green permite a rastreabilidade do produto ao longo de toda a cadeia de valor. Por meio de um código de identificação e/ou um QR code impresso na etiqueta da peça, o consumidor poderá obter as informações da cadeia de produção daquele produto disponível no ponto de venda. A expressão “desenvolvimento sustentável” é repetida com exaustão, muitas vezes sendo empregada de forma incorreta. Parece ser apenas uma retórica de marketing sem, todavia, deixar claro o que quer dizer exatamente, dando margem a diversas interpretações, muitas vezes motivadas por interesses pessoais ou objetivos de ganho financeiro. Cada vez mais se percebe a necessidade de haver uma educação ambiental que possibilite uma melhor conscientização do consumidor em relação aos

SANDRA MONTEIRO DE ALBUQUERQUE É MESTRE EM CIÊNCIAS PELA EACH/USP, PÓS-GRADUADA EM ADMINISTRAÇÃO PELA FGV, GRADUADA EM ENGENHARIA TÊXTIL PELA FACULDADE DE ENGENHARIA INDUSTRIAL (FEI), PROFESSORA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI NO CURSO DE ENGENHARIA TÊXTIL E CONSULTORA DE EMPRESAS DE CONFECÇÃO NA ÁREA DE PRODUÇÃO. TRABALHA HÁ 30 ANOS NA ÁREA DE VESTUÁRIO. SANDRAMDEALBUQUERQUE@GMAIL.COM / OM.BR ANTESDOGUARDAROUPA.BLOGSPOT.CO HTTPS://BR.LINKEDIN.COM/IN/SANDRAMONTEIRODEALBUQUERQUE

REGINA GUIDON DE ASSIS É MESTRE EM CIÊNCIAS PELA EACH/USP, PÓS-GRADUADA EM MARKETING PELA ESPM, GRADUADA EM ENGENHARIA TÊXTIL PELA FACULDADE DE ENGENHARIA INDUSTRIAL (FEI) E FORMADA EM ESTILISMO DE MODA PELA ACADEMIA ITALIANA DE MODA (FIRENZE/ITÁLIA). SUA CARREIRA FOI DESENVOLVIDA EM EMPRESAS TÊXTEIS NACIONAIS E MULTINACIONAIS EM DIVERSAS FUNÇÕES, TANTO NO SETOR DE VESTUÁRIO QUANTO DE TÊXTEIS TÉCNICOS. POSSUI VIVÊNCIA NAS ÁREAS DE QUALIDADE, CERTIFICAÇÕES E AUDITORIAS, CONTATO COM FORNECEDORES, AVALIAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA E ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (CONFECÇÃO), ALÉM DE MINISTRAR PALESTRAS E AULAS. ATUALMENTE É RESPONSÁVEL PELO ESCRITÓRIO DO CENTRO TECNOLÓGICO DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DO VESTUÁRIO DE PORTUGAL (CITEVE) NO BRASIL. REG GINAGUIDON@GMAIL.COM

Bibliografia

The Journal of the Textile Institute. Popularization of sustainable fashion: barriers and solutions, 5 set. 2014. MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São Paulo: Edusp, 2008. PHILIPPI, Jr. Arlindo; BRUNACCI, Attilio. Dimensão humana do desenvolvimento sustentável. In: PHILIPPI, Jr. Arlindo; PELICIONI, Maria Cecília Focesi (ed.). Educação ambiental e sustentabilidade. Barueri, SP: Manole, 2005. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. www.oeko-tex.com www.madeingreen.com

69


Eventos

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POR SILVIA BORIELLO

Foto: Silvia Boriello

MINAS TREND – VERÃO 2017 MESMO COM O MERCADO RETRAÍDO, EVENTO MANTÉM VENDAS AQUECIDAS

70

Num período em que todo cuidado é pouco no cenário

ponto para a curadoria dos expositores, que sempre

econômico brasileiro, há uma tendência natural de retração

apresentam peças bem selecionadas, de alta qualidade e de

produtiva e de poder de consumo. Mas o que se pôde

encher os olhos, tendo a moda festa como carro-chefe.

constatar entre os expositores do salão de negócios do Minas

“Atualmente, devido à retração econômica, os lojistas

Trend é que por ali as vendas continuam aquecidas. Essa é

privilegiam eventos que oferecem todos os segmentos de

uma notícia alentadora para o setor de confecção nacional,

moda, desde o vestuário até a bijuteria, além de produtos com

que vive tempos bicudos, sabemos bem.

alto valor agregado em termos de design e tendências de

Ao todo, reuniram-se 220 expositores (106 de vestuário,

moda”, declarou Henrique Câmara, superintendente da

45 de calçados e bolsas e 69 de bijuterias), representados por

Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg),

17 sindicatos setoriais locais, entre os dias 4 e 7 de abril no

promotora do evento.

Expominas, em Belo Horizonte (MG), atraindo cerca de 5 mil

Vale lembrar que o fomento ao salão de negócios foi

compradores espontâneos e mais 516 compradores

provido pelo Governo do Estado de Minas Gerais por meio da

convidados – 500 nacionais e 16 internacionais –, que

Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais

puderam ver um preview das coleções do Verão 2017. Aliás,

(Codemig), com patrocínio da Confederação Nacional da


Indústria (CNI), do Senai Nacional, Senai-MG e Sesi-MG, e

bordados, destacando a modelagem, os tecidos, recortes a

apoio do Sebrae-MG, Associação Brasileira da Indústria Têxtil

laser e acessórios poderosos, um contraponto para equilibrar

e de Confecção (Abit), Apex-Brasil e Texbrasil.

as vendas com a linha tradicional, pautada em ricos bordados. A coleção foi inspirada no Palácio dos Ventos, na Índia,

A ESSÊNCIA MINEIRA

trabalhando detalhes de sua arquitetura e cores nas peças, que atendem até o tamanho 52. “Sabíamos que os compradores viriam atrás de preço, por isso fizemos roupas

tema da temporada, pois, segundo a direção do evento, este

mais limpas, deixando o detalhe para os cintos de acrílico e

é o momento de “enxergar o presente e organizar o futuro”. Na

brilhos pontuais”, diz Ana Flávia de Castro, diretora da marca.

síntese pela busca do essencial na indústria da moda, é hora

Seguindo essa linha, a Fedra,

de formar e reforçar o DNA de cada marca, ou seja, sua identidade como diferencial e impulso competitivo no

Foto: Divulgação

A 18ª edição do Minas Trend elegeu a Essência como

Foto: Leca Novo/Divulgação

mercado. Assim as marcas o fizeram, adaptando-se aos

Scofield (que possui grife homônima), focou em peças de alfaiataria, prio-

desafios do cenário atual.

rizando tecidos, forma e caimento, e

A Arte Sacra, das irmãs Marcela e

elegeu apenas quatro estampas para ser

Carolina Malloy, que fazem questão de

trabalhadas na estação, como explica

estar presentes em todas as etapas do

Daniel Corrêa, estilista da marca. O

processo de produção das coleções,

resultado apareceu em uma coleção

trouxe, além da linha Twins, com peças

primorosa, com excelente acabamento e

mais jovens e casuais que a marca

peças-desejo, atemporais.

principal, a coleção Blooming, com

Fabiana Milazzo, que expõe no salão de negócios e

estampas e rendas floridas significando

também desfila no line-up oficial do evento, diz que sua

o “florescer de uma nova etapa”. Essa

participação no Minas Trend foi fundamental para a

nova etapa é uma linha dedicada a

consolidação da grife, hoje uma das mais desejadas pela

debutantes, na qual as adolescentes,

golden girls brasileiras. “Para minha marca foi muito especial,

filhas de clientes da Arte Sacra, criarão

pois o Minas Trend fez toda a diferença na conquista do

seus primeiros laços com a marca.

mercado nacional. O formato do evento é perfeito ao conciliar a visibilidade ao valor comercial que proporciona”, afirma a

diz que continuaram trabalhando com tecidos de primeira

estilista, que é categórica ao dizer que hoje 80% de seu

linha, como rendas francesas, organza de seda, entre outros,

faturamento anual provém de resultados do evento.

minimalistas e algumas com bordados sobrepostos à estamparia digital, reduzindo custos. “Nosso mostruário, desenvolvido quatro meses antes do evento, foi produzido com muita assertividade, negociações com fornecedores e matéria-prima. Mesmo com tecidos importados e a alta do

Foto: Juliano Arantes/Divulgação

Para se adequar à realidade do mercado, Marcela Malloy

mas incrementaram a produção com um mix de peças mais

Foto: Juliano Arantes/Divulgação

segunda marca da estilista Fátima

Para a Frutacor, que participa do evento há cinco anos, as expectativas foram superadas. A coleção de verão, inspirada na cultura latina, com muitos babados e flores, tanto estampadas quanto aplicadas, agradou os compra-

dólar, conseguimos comprar em larga escala e melhorar os

dores de todo o país, e o resultado foi

preços e, mesmo assim, não repassa-

bastante positivo. Enquanto esperava ao

mos esses custos ao consumidor final,

menos igualar as vendas da edição

pois acreditamos que é o momento de

anterior, os números cresceram. “Pen-

manter os preços para continuar com

sando nesse momento de mercado,

alto giro nas lojas”, explica a irmã e sócia Carolina Malloy.

acrescentamos ao nosso portfólio de produtos uma linha festa com custo menor junto às peças

A grife Kalandra, especializada em

feitas de renda, e o cliente aderiu”, destaca Lucas Bastos,

moda festa, também apostou suas

diretor da grife. O empresário considera o Minas Trend o

fichas em aumentar a oferta de peças

melhor evento de negócios do Brasil, e 90% de seus pedidos

clean, ou seja, com menos ou nada de

durante todo o ano é resultado do salão de negócios.

71


Foto: Divulgação Foto: Divulgação

A grife Engenharia Modern, há

Ana Elisa Dzenk,

25 anos no mercado atendendo o

sócia-diretora e irmã

público

do

feminino

com

peças

estilista

mineiro

do

Victor Dzenk, conta

manequim 38 até o 50, ajustou

que o evento é res-

seu quadro de produção ao atual

ponsável por 50% das

cenário, deixando-o mais enxuto,

vendas da coleção, e

e está investindo num design mais

o faturamento nesta

atual e refinado e também em

edição do Minas Trend

mídias para impulsionar a marca, o

se manteve igual ao da

que tem refletido em crescimento,

anterior.

segundo Rodrigo Carvalho, gestor

atendeu 47 clientes,

casual-chiques,

que

vão

Ao

todo,

sete deles novos. “O evento estava mais

continua sendo um dos maiores do país, apesar de ter sentido

vazio que os anteriores, mas os clientes convidados foram

um volume menor de compradores nesta edição, mas, mesmo

bem selecionados. Abrimos um novo nicho de mercado com

assim, manteve sua qualidade. “Conseguimos manter o

a coleção-cápsula #dressmeup, assinada por Thais Dzenk, o

faturamento em relação à última edição, graças ao reposicio-

que possibilitou ao cliente comprar, além da coleção principal,

namento da marca e às novas ações adotadas pela empresa,

um pouco desse novo produto. Com isso, criamos um novo

como novo design, campanha inovadora e um trabalho mais

atrativo para nossos clientes antigos e conseguimos novos

agressivo nas redes sociais e no contato com os clientes. Sem

que trabalham especificamente com o público jovem”, revela

dúvida, valeu a pena participar”, considera o gestor. Em sua

Ana. Essa coleção-cápsula atende jovens de 15 a 20 anos

percepção, os clientes estavam à procura de uma roupa que

com uma moda festa mais apropriada à idade, fidelizando

encantasse e com preço justo, sem disposição para investir um

novas clientes desde cedo. Ana também diz que os vestidos

valor alto mesmo em peças mais trabalhadas. “Segundo eles, o

de festa da marca principal continuam, pois o glamour faz

mercado não está pagando”, diz Rodrigo.

parte do desejo feminino, mas inseriu no mix de produtos

Foto: Jean Pierre Kruze/Divulgação

da marca. Presente no Minas Trend desde a primeira edição, Rodrigo avalia que o evento

Mariana Pavan, designer da marca Maria Pavan, de Porto

peças mais acessíveis para incrementar as vendas. Foto: Silvia Boriello

Alegre (RS), também achou que esta edição estava com menos compradores que a anterior. A grife, que está presente no Minas Trend há cinco anos com uma linha feminina de malharia retilínea supertrabalhada em design exclusivo, vende para todo o Brasil e para 12 países no exterior, especialmente na Europa, Oriente Médio e EUA. Segundo Mariana, as vendas foram 5% superiores se comparadas às do verão passado, porém não abriram nenhum novo comprador nacional, apenas internacionais. “Mérito das

72

ações da Abit”, destaca, referindo-se ao Programa Texbrasil,

Outra marca mineira, desta vez de acessórios, a Isla é

pelo qual a Abit, em parceria com a Apex-Brasil, traz

famosa por suas peças-desejo que encantam tanto em solo

compradores internacionais de acordo com o perfil dos

brasileiro quanto no internacional. A coleção Tropicália, apre-

produtos oferecidos.

sentada no evento, transformou as formas de frutas como


Foto: Divulgação

melancia, banana, abacaxi e laranja, entre outras, em clutches com acabamentos de madrepérola, madeira, couro, e bordados com fios de seda, canutilhos e pedraria – tudo feito à mão. A Isla já exporta para países como Japão, Colômbia, EUA, República Dominicana, Oriente Médio e também Europa, e conseguiu fechar negócios com novos clientes do exterior durante o evento, além de estar em negociação com várias novas butiques na Europa, Oriente Médio e EUA. “Além disso, abrimos novos clientes e reativamos outros, o que é excelente para qualquer empresa”, destaca Bruno Saldanha, da Isla, resultando num faturamento 5% superior ao da edição anterior. Já sobre a visitação, Bruno engrossa o coro de que estava abaixo da esperada. “Contudo, dentro do nosso

chapéus feitos à mão com materiais de alta qualidade, para

segmento AA, considero que o público estava bem alinhado

manter a elegância em quaisquer dos balneários mais

com as marcas de luxo”, pondera.

badalados do mundo, sem abrir mão do conforto. “Fizemos muitos contatos e fechamos com as melhores multimarcas do

PRIMEIRA PARTICIPAÇÃO

país. A Nammos foi planejada e desenvolvida durante os

Foto: Weber Pádua

últimos dois anos, todas as lojas-alvo foram pesquisadas Algumas marcas fizeram

minuciosamente e fizemos um contato prévio, agendando

sua estreia no salão de

horários para a edição. Já que possuíamos um produto

negócios do Minas Trend,

diferenciado e de ótima qualidade para apresentar, o retorno

como é o caso da Cajo por

foi superpositivo”, comemora Amanda.

Carol Caetano. A estilista

Outra que debutou no Minas Trend, mas nas passarelas, foi

apresentou uma coleção de

a Viva, “filha” mais nova da Vivaz, e com sucesso. Isabela Faria,

moda festa inspirada na

diretora criativa da marca, diz que a etiqueta já havia sido

Riviera Maia e umas pitadas

testada no mercado em três edições do evento como uma

de México, com muitas

coleção-cápsula da Vivaz. “Foi então que percebemos a ótima

cores, recortes, pregas e

aceitação do mercado e um nicho a ser trabalhado como uma

tecidos mais encorpados.

moda contemporânea. Independente, a grife passou a atingir

Carol conta que a ideia inicial

clientes que a marca principal do grupo não atingia, como, por

sobre a participação no

exemplo, pessoas mais jovens em busca de opções de roupas

evento era dar maior visi-

elegantes para celebrações diurnas”, explica Isabela.

bilidade à marca, mas se surpreendeu muito com o resultado revertido em negócios, pois os

COMPRADORES INTERNACIIONAIS

clientes se impressionaram com a qualidade e a beleza das peças e com o potencial da marca em desenvolver uma coleção

Por meio do Texbrasil, programa de incentivo às exportações

de festa na qual bordado e minimalismo formaram um blend

feito pela Abit em parceria com a Apex-Brasil, foram convidados

harmônico. “A entrada para o setor de pedidos representa um

seis jornalistas e 11 compradores internacionais vindos de

amadurecimento da etiqueta e o lançamento da linha Cajo por

diversos países, como Alemanha, Portugal, Itália, Inglaterra,

Carol Caetano, que marca a transição da moda casual para a

Bolívia, México e Emirados Árabes, entre outros. Segundo dados

moda festa”, ressalta Carol.

do Texbrasil, a expectativa é de fechar US$ 348 mil em negócios

Quem também estreou – tanto no mercado quanto no

durante os próximos 12 meses.

evento – foi a grife de resortwear Nammos, da empresária

Christina Knoll, compradora da plataforma criativa Edged

Amanda Miranda. Inspirado na expressão grega que significa

Selected, especializada em agregar novos designers, stylists e

“para a areia”, o nome da marca reflete exatamente seu

fotógrafos de todo o mundo, esteve pela primeira vez no

público-alvo, as jet setters que buscam sombra e água fresca

Minas Trend. Sua impressão geral foi a de um evento bem

em lugares exclusivos e no maior estilo, com caftãs, bolsas e

profissional, com uma moda de alta qualidade e bastante

73


Eventos Fotos: Zé Takahashi/Fotosite/Divulgação

colorida, o que agrada o mercado alemão (a sede do The Edged fica em Berlim). Christina focou mais em produtos confeccionados em materiais naturais e de produção local, com uma identidade bem particular, inclusive moda praia, como Feriado Nacional. Já Layla Al Shehri, gerente de compras da Maison Bo-M, ateliê de moda da Arábia Saudita que oferece um mix de novos designers mundiais, esteve pela segunda vez no Minas Trend. Ela conta que há dois anos descobriu uma marca no evento com a qual trabalha até hoje, tendo grande sucesso em sua loja devido às inovações em tecidos. Nesta edição, encantou-se com as bolsas tropicais da Isla, destacando o frescor, a criatividade e a qualidade dos produtos. FABIANA MILAZZO

FAVEN

PLURAL

SONIA PINTO

LINO VILLAVENTURA

LUCAS MAGALHÃES

AJUSTE DE CALENDÁRIO Um dos assuntos do momento na moda brasileira é a questão do “see now, buy now” (veja agora, compre agora), pela qual, logo que forem lançadas ou desfiladas as coleções, já estarão disponíveis para venda, atendendo o desejo imediato do consumidor, sem perder vendas com o gap de quase seis meses que temos atualmente até as peças chegarem ao mercado. Alguns expositores entrevistados durante o Minas Trend consideram ideal o modelo atual, pois há que se respeitar a logística de produção; outros acreditam ser ideal o evento ajustar seu calendário para ficar mais próximo da estação vigente, como, por exemplo, a edição de verão ser em maio, quando os lojistas já estão vendendo a coleção de inverno e observando melhor o comportamento dos clientes, fazendo uma compra mais assertiva. Inez Villaventura, diretora financeiro-administrativa da grife Lino Villaventura, que participa pela segunda vez do evento com a marca Villaventura desfilando na passarela e expondo Foto: Sergio Caddah/Fotosite/Divulgação

no salão de negócios, diz que o evento é superorganizado e tudo funciona muito bem, porém seus clientes preferem fazer os pedidos diretamente no showroom em São Paulo, pois ficam mais à vontade. “O cliente vê a coleção, gosta, mas prefere pensar e fazer os cálculos. Nós já adotamos o “see now, buy now”. Para nós que fabricamos, temos uma marca conhecida e duas lojas próprias, é ótimo. Lançamos na passarela e o desejo da cliente é saciado no dia seguinte com o produto pronto para usar. Com as redes sociais e a rapidez de informação, as revistas perderam a função de lançadores de tendências e estão mudando seus perfis”, pondera Inez. Já Bruno Saldanha, da Isla, considera a apresentação muito adiantada. “Considero que o mercado de moda está se antecipando demais nas datas de lançamento, o que causa

74

VIVA

CONFRARIA


desconforto para expositores e compradores. Acho que o Minas Trend acontece muito cedo. Além disso, senti que o órgão responsável pelo evento diminuiu investimentos na principal fonte de vendas: passagem e hospedagem para lojistas”, avalia. Henrique Câmara, superintendente da Fiemg, explica que uma alteração de datas no Minas Trend não é algo tão simples de ser resolvido, pois envolve muitas variáveis. Tem que haver um estudo criterioso e assertivo para o mercado, considerando os investimentos e planejamentos estratégicos, tais como a disponibilidade do espaço onde o evento acontece, o Expo Minas, capaz de acomodar uma estrutura desse porte. Ele conta que a agenda do local já está toda fechada para os próximos quatro anos. “A Fiemg não se relaciona diretamente com as marcas expositoras, cada uma tem seu tempo e estratégia. Mas cabe aos sindicatos que os representam ouvir as demandas do setor e, em consenso, trazer as propostas até nós. Só com essa força conjunta conseguiremos mudar o que for necessário”, conclui Henrique.

Foto: Hippiecaviatfotografia/Divulgação

ADRIANA COUTINHO,

DA

M’ADRI.

READY TO GO Funcionando como uma espécie de incubadora de novas marcas, preparandoas para o mercado, o projeto Ready to Go, encabeçado pela estilista e consultora Tereza Santos, com apoio do Sebrae-MG e do Sindivest-MG, esteve presente em mais uma edição do Minas Trend. Um comitê técnico avalia a performance dessas novas marcas durante o evento e premia os três melhores com um estande individual na edição seguinte. Os ganhadores desta foram Molet e Ronaldo Silvestre (empatados em 1º lugar), Benedita (2º lugar) e Lu Tolentino (3º lugar). Um dos destaques do Ready to Go foi a M’adri, marca de Adriana Coutinho especializada em camisetas de fibras naturais, presente há um ano no mercado. Para ela, as orientações dadas durante o projeto, especialmente na área de criação de estilo, foram muito válidas, assim como a participação no Minas Trend. “Os lojistas estavam muito concentrados em produtos e ponderados nas compras. A marca também foi apresentada ao mercado e aos principais lojistas e veículos de moda. Adorei a participação, o saldo foi muito positivo”, comemora Adriana.


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Eventos

POR GIOVANNA BORIELO

DENIM MEETING PRIMEIRA EDIÇÃO DO EVENTO REUNIU PROFISSIONAIS E ESPECIALISTAS DA ÁREA PARA TROCA DE CONHECIMENTOS Fotos: Kate Bucioli/Divulgação

A primeira edição do Denim Meeting

complicações nos últimos dez anos, há

aconteceu no dia 26 de abril, na Escola

uma luz no fim do túnel. Anna Maria Kuntz,

Senai Francisco Matarazzo, em São Paulo

diretora-executiva e de marketing da

(SP), já com perspectiva de crescimento

Vicunha, vê o momento como ótima

em edições futuras. As anfitriãs Iolanda

oportunidade de valorização do mercado

Wutzl e Marlene Fernandes, diretoras do

interno e do produto brasileiro. Todos os

site Guia JeansWear, e a Style WF

CEOs concordaram que uma boa relação

organizaram o evento com foco no denim,

de proximidade com o cliente se torna

sendo este o segmento mais estável do

fundamental. Questionados sobre quais

setor têxtil, segundo dados do Inteligência

eram as melhores estratégias das marcas

de Mercado (Iemi), com o intuito de unir o

para adaptação e sucesso em meio à

setor para trazer soluções ao mercado.

mudança comportamental de consumo

O evento trouxe a proposta de

dos clientes, mesmo antes da crise, todos

discussão de “Mudanças no Mercado x

citam alternativas à produção tradicional,

Desafios do Crescimento Sustentável”,

seja firmando parcerias com marcas

sendo iniciado pelo criador pernambu-

nacionais e internacionais, seja lançando

cano, representando os Ativistas da Moda,

novas linhas sustentáveis, que eco-

Leopoldo Nobrega, que defende a ideia do

nomizam água na produção, e até usando

uso de resíduos da indústria para a

materiais reciclados. No Fórum de Lavanderias, foi discutida

fabricação de peças autorais como ótimo nicho

de

mercado,

e

a importância de investimentos tecno-

apresentando

também o projeto Fashion Lab, que já fora trazido

lógicos nas lavanderias especializadas em denim,

ao Sesc Pompeia. O projeto consiste em

apresentando novas máquinas que reduzem em

encontros com criadores de universidades e

até 70% o uso de água e energia, além de

voluntários, incentivando-os a criar peças

alternativas, como máquinas que fazem lavagem a

autorais a partir dos materiais descartados pela

laser ou ozônio, algumas até tratando a água,

indústria têxtil.

possibilitando seu reúso. Foi discutida também a fórum

importância da regulamentação de produtos

“Tecelagens + Clientes = A Força do Denim no

químicos usados durante a produção e lavagem,

Brasil”, colocando em questão o atual momento

que podem ser nocivos, mostrando que a

econômico para o mercado e os procedimentos

responsabilidade socioambiental se faz cada vez

Outro

ponto

importante

foi

o

que deveriam ser tomados para fortalecimento do

76

mais presente.

setor. Os CEOs e representantes de tecelagens convidados,

Por fim, o Denim Meeting foi encerrado por Cristiano

entre eles Marco Antônio Branquinho Jr. (Cedro), Anna Maria

Buerger, fundador e CEO da Tecnoblu, com a palestra “O

Kuntz (Vicunha), Gilberto Stocche (Santista), Fábio Covolan

Produto + ID = Construção de Marca Sustentável”, defen-

(Canatiba), Rogério Coimbra (Covolan) e Priscila Locatelli

dendo que a maior característica do brasileiro e das marcas

(coordenadora do núcleo de jeanswear da Dudalina), afirmam

nacionais é a capacidade de adaptação e que, sendo o Brasil

que é um momento complexo para o Brasil, no qual a

o terceiro maior fabricante de denim e o quinto colocado em

flutuação do dólar não traz segurança para a programação de

qualidade mundialmente, deve haver uma valorização do

exportação, mas, apesar de as tecelagens terem passado por

produto nacional frente aos produtos externos.



Dicas e Economia

Babado forte! O verão 2017 vem aí e com ele uma profusão de babados e jabots, trazendo à tona a delicadeza e a feminilidade. Confira a seleção de aparelhos que Costura Perfeita fez para seus babados não virarem confusão! Fotos: Silvia Boriello

P 952 (CVM 112005): calcador para franzir com parafuso de regulagem, usado em máquina reta

P 950 (CVM 128940): calcador para franzir e para pregas, usado em máquina reta

P 50M (CVM 118587): calcador para franzir tecidos leves, usado em máquina reta

P 50H (CVM 60704): calcador para franzir, usado em máquina reta

P 50N (CVM 190861): calcador estreito para franzir, usado em máquina reta

MAS-09700-0A0 (CVM 129456): aparelho para franzir, usado em máquina overloque

78

P 5W (CVM 151730): calcador largo para franzir, usado em máquina reta

AP pregas overloque Siruba (CVM 178619): aparelho para pregas, usado em máquina overloque Siruba


AP pregas galoneira F007 J (CVM 169947): aparelho para pregas, usado em máquina galoneira Siruba

AP pregas reta Siruba (CVM 169946): aparelho para pregas, usado em máquina reta Siruba

G 900E (CVM 45228): aparelho para pregas, usado em máquina reta

G 9E (CVM 129669): aparelho para franzir, usado em máquina reta

NOVIDADE

PG-FM L 52 – franzir (CVM 158581): calcador para franzir, usado em máquina ponto cadeia

OBSERVAÇÃO Observação: Verifique sempre a marca e o modelo de sua máquina antes de adquirir qualquer peça ou aparelho. Todos os aparelhos com os códigos acima podem ser encontrados na Cavemac. Para conhecer os aparelhos que agilizam sua produção, adquira os DVDs Cavemac com dicas sobre diversos deles. Acesse o site www.cavemac.com.br e consulte os títulos disponíveis. Se tiver alguma dúvida sobre que aparelho utilizar, envie uma foto dele por e-mail para vendas@cavemac.com.br ou traga-o pessoalmente ao nosso showroom. Na compra de aparelhos, caso necessite fazer algum teste no showroom, é preciso trazer todo o material para a confecção da amostra (tecido, elástico, fitas etc.).

Agradecimentos: Alessandra Rustarz e Marta Sales.


Empreendedorismo Sebrae

MICROEMPRESA DESFILA COM GRANDES GRIFES NA SPFW CAPIXABA AMABILIS APRESENTOU ESTAMPAS EXCLUSIVAS E MODA PARA A MULHER MODERNA E REAL NAS PASSARELAS PAULISTAS Foto: Rafael Fonti/Divulgação

Criada em 1998 pelos designers de moda Luiz Carlos Guidoni e Robson Santos em Colatina (ES), a marca feminina Amabilis conseguiu o que poucos pequenos negócios de moda brasileiros têm, que é a oportunidade de desfilar na São Paulo Fashion Week ao lado de marcas famosas. Selecionada pelo projeto de aceleração de negócios Top Five, uma iniciativa conjunta do Sebrae e do Instituto Nacional de Moda e Design (IN-MOD) que faz parte do convênio Contextualizar na Moda II, a marca se destacou na 41ª edição do evento, apostando em estampas exclusivas e roupas para a mulher moderna e real, aliando tendências de moda ao seu estilo próprio. Ao longo de dez meses do projeto, os empreendedores receberam consultoria de especialistas para aprimorar seus trabalhos em busca de excelência e profissionalização. “Nosso processo de criação era muito solitário, sem referências práticas, e tínhamos vícios que adquirimos ao longo dos anos”, conta Guidoni. Os empresários criaram um conceito inovador, mudando completamente seus meios de confecção. As roupas passaram a contar, por exemplo, com técnicas de dublagem, em que os materiais surgem da sobreposição de aviamentos com tecidos de alta tecnologia. “Agora pensamos em roupas para o corpo das brasileiras e buscamos peças que tenham fácil manutenção, para não complicar na hora de lavar ou passar”, revela. Além da Amabilis, outros quatro Foto: Divulgação pequenos negócios participaram do Top Five: PH Praia (Cabo Frio/RJ), Adriano Martin (Catanduva/SP), Green Co. e Jardin (ambas de Belo Horizonte/MG). Os consultores escolheram a marca capixaba por considerarem que era a que tinha mais potencial para explorar a SPFW de maneira efetiva nas diferentes áreas do negócio. “A SPFW é uma grande vitrine para projetar marcas no mercado nacional”, explica a diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes. A partir da SPFW, as cinco empresas vão estrear um LUIZ GUIDONI E ROBSON showroom em São Paulo. SANTOS,

80

DA

AMABILIS.

IMAGEM SPFW.

DA COLEÇÃO DA

AMABILIS

QUE SERÁ DESFILADA PELA PRIMEIRA VEZ NA

Estampa, lenços e sonhos: marca mineira levou cor à FFWShop Foto: Divulgação

Nascida da união de três mentes criativas e idealizada a seis mãos pelas sócias e designers Júlia Martins, Luiza Miranda e Mariana Marrara, a mineira Tropicale esteve pela segunda vez na FFWShop, ao lado de outras 16 marcas de sete estados (AM, CE, GO, MG, RJ, RS e SC) LUIZA MIRANDA, JÚLIA MARTINS E indicadas pelo Sebrae. MARIANA MARRARA, DA TROPICALE. A paixão das três por cores, flores e movimento está traduzida em lenços de seda com estampas exclusivas que podem virar blusa, saia, colete e até vestido de festa. Feitos a partir de fibras naturais, os produtos trazem em suas etiquetas um QR Code que dá acesso a vídeos que ensinam diferentes maneiras de utilizar cada peça. “O Sebrae tem nos ajudado desde o começo, principalmente facilitando nosso acesso aos eventos e nos incentivando a inovar sempre”, explica Luiza.


NÚMEROS DO CONTEXTUALIZAR NA MODA (2012-2016) 650 empresários participaram das missões técnicas à SPFW 300 marcas receberam curadoria da loja conceito FFWShop 126 micros e pequenas empresas expuseram seus produtos CONVÊNIO SEBRAE E IN-MOD ABRE PORTAS NOS EVENTOS DE MODA

Foto: Divulgação

Estruturado para ser desdobrado em ações conectadas aos eventos do calendário oficial da moda brasileira realizados pelo IN-MOD, o convênio Contextualizar na Moda está em sua

A

VERSATILIDADE DOS LENÇOS DE SEDA COM ESTAMPAS EXCLUSIVAS DA TROPICALE, QUE PODEM VIRAR VESTIDOS, POR EXEMPLO.

segunda edição e, além do Top Five, promove uma missão técnica que permite aos empresários e gestores do Sebrae o acesso a um ambiente de oportunidades, potenciais parcerias e novos negócios na SPFW, e garante a participação dos pequenos negócios na loja conceito FFWShop no evento. Nas missões são realizadas visitas técnicas a empresas da cadeia da moda, palestras, acesso a desfiles, desfiles comentados, visita aos bastidores e conversas com profissionais. Cerca de 120 empresários e gestores participaram este ano, com o objetivo de descobrir como se tornar mais competitivos no mercado de alto valor agregado. Vitrine de tendências, a FFWSHOP (pop up SPFW) expõe produtos de design e acessórios com curadoria assinada pela SPFW. A loja acontece a cada edição da SPFW, apresentando novas parcerias com artistas, estúdios, lojas e expositores focados em joias, acessórios, moda e design. WWW Facebook.com/sebrae Twitter.com/sebrae Snapchat: sebraenacional LinkedIn: sebrae


Tecnologia

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POR MAB FORTUNA

3DRESS: TÃO REALISTA QUE É QUASE MÁGICO! Algo extraordinário está acontecendo no mundo do virtual design: seus projetos de moda podem ganhar vida na passarela virtual. A Morgan Tecnica, empresa Italiana representada no Brasil pela Mab Fortuna, inova mais uma vez ao criar o 3Dress, um novo software altamente evoluído, resultado de um especial e bem-sucedido mix entre a mais avançada tecnologia digital do mundo dos videogames e o profundo conhecimento e expertise do processo tradicional de modelagem. Seu Foto: Divulgação lançamento oficial será feito durante a Texprocess Americas 2016, que acontece no início de maio em Atlanta (EUA), e estará no Brasil em agosto, na Febratex 2016, em Blumenau (SC). Com muita facilidade e rapidez, trabalhar com o 3Dress é tão divertido quanto jogar em uma avançada plataforma de videogame. O designer terá um preview virtual mais realista de seus projetos, tanto em modelagem, caimento e tamanhos quanto nas alterações de tecido, com as conferências e ajustes facilitados. O 3Dress oferece a possibilidade real de diminuir etapas: eliminar o manequim, pular a prova com um modelo e aumentar as pro-

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postas de pilotagem simuladas instantâneas. Na área de marketing, o software também traz diversas possibilidades para evoluir no e-commerce e na apresentação virtual envolvendo pontos de venda. Ao mesmo tempo, o processo de pré-aprovação/pré-apresentação da coleção junto à sua equipe de REPs se tornará muito mais rápido, visto que as sugestões de alteração poderão ser aplicadas na hora devido às ferramentas disponíveis no 3Dress, tais como: formas e medidas customizáveis e ultrarrápidas; diferentes backgrounds; efeito caimento do tecido no “Soft Body” para um fitting virtual mais realista, com movimentos push-up e bottom-up; efeito “Fit Stop”, em que o avatar realmente veste a roupa com expressões faciais, gestos e movimentos complexos, como desfilar ou dançar, possibilitando uma visualização ergonômica e de diferentes ângulos. No opcional Kynetic, a Morgan oferece o efeito “espelho virtual”, pelo qual o designer poderá analisar os movimentos do tecido em diversos ângulos. Além de “montar e costurar” a peça no avatar, com o Fit Stop é possível simular o movimento de vesti-lo para identificar qualquer eventual problema com cavas, tornozelos ou decotes justos ou acima das medidas. O software acelera e evolui o método tradicional e, assim como o CAD, é compatível com qualquer outro sistema CAD 2D. Confira a seguir algumas das opções mais detalhadamente para perceber os benefícios do 3Dress. FIT STOP Softwares comuns de modelagem virtual normalmente cobrem o corpo do avatar e costuram as peças à sua volta como uma segunda pele. No entanto, com esse recurso exclusivo do 3Dress, o avatar


realmente veste a roupa. Além da evidente estética e dos benefícios virtuais, o efeito Fit Stop também permite ao designer verificar eventuais necessidades de ajustes ou problemas estruturais do projeto, como pescoço demasiadamente estreito, tornozelo, cavas ou outros.

Em um software 3D clássico, o avatar que as peças vão cobrir é concebido como um corpo sólido e rígido. Os avatares avançados do 3Dress são, por sua vez, “suaves” e formatados de acordo com a montagem da estrutura de vestuário. Especialmente em algumas áreas, eles são ajustados e moldados pelo vestuário, como quando o avatar veste um push-up ou um bottom-up, ou quando a pressão do tecido é muito alta. GRAVIDADE DO TECIDO Durante os movimentos do avatar, o 3Dress leva em conta o comportamento do tecido de acordo com suas características particulares, como peso, elasticidade, leveza, rigidez etc. De acordo com o tipo de tecido vestido, seu peso específico e propriedades individuais, o fitting e o movimento do vestuário serão alterados em conformidade, sempre de maneira muito realista. MOVIMENTOS COMPLEXOS Os movimentos são suaves, naturais e complexos: andar, dançar, estar feliz, desapontado, bagunçar o cabelo, girar. O usuário pode verificar a roupa de todos

Foto: Divulgação

SOFT BODY

os ângulos. Além disso, o avatar é customizável até em sua forma e medidas. Você pode fazê-lo parecer com qualquer pessoa, até com você mesmo ou com o modelo que você usará nas provas. Os cenários das locações são intercambiáveis, de modo que você pode conferir a peça de vestuário em diversos panoramas sociais, geográficos e étnicos. DELAGEM CRIATIVIDADE NÃO LIMITADA À SALA DE MOD As possibilidades virtuais do uso do software também envolvem a rede de vendas, filiais, franquias, loja online e o usuário final. Com a opção do Kynetic, a experiência do fitting virtual se torna hiper-realista, capaz de envolver o público. Você pode criar seu próprio avatar, vesti-lo e fazê-lo se movimentar ou sincronizar com seus movimentos. O dispositivo pode ser colocado em um estande ou no ponto de venda. É possível, além de tudo, criar um aplicativo e inventar novas maneiras de fidelização e comunicação social, ou também integrar o e-commerce com a tecnologia do 3Dress, incluindo uma versão para tablet. O cliente pode criar seu avatar pessoal, vesti-lo, movê-lo ou envolvê-lo em jogos e sugestões típicas da cocriação e da cultura da marca. A Morgan Tecnica e a MabFortuna oferecem essa grande oportunidade e garantem qualidade e eficiência graças à sua forte rede de assistência direta e à parceria com seus clientes em todo o mundo. Acesse o site www.mabfortuna.com.br para receber informações complementares.

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Fotos: Divulgação

Couro e Cia. PRODUÇÃO DE CALÇADOS MAIS ÁGIL Especializada em revestimentos sintéticos, a Cipatex lançou no mercado o laminado Expanflex Termo Ad, que conta no verso com adesivo hot melt termoativo para aplicação direta no calçado esportivo. Desenvolvido com exclusividade pela empresa, o novo material possui uma tecnologia aplicada que diminui o peso do produto final, agilizando o processo fabril, uma vez que o laminado chega pronto para o uso. Além disso, a companhia conta agora com o laminado misto de PU e PVC com diversos acabamentos em estampas e possibilidade de gravações profundas com o adesivo já acoplado. Ele permite a aplicação direta no tecido do tênis pelo sistema de alta frequência. Com essa nova aposta, várias etapas de produção são eliminadas. Para os fabricantes de calçados, as vantagens são a redução de tempo e de custos com transporte de materiais e mão de obra. JBS, MATS E AMCM RECEBEM CERTIFICAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE JBS Couros, AMCM e Mats Beneficiamento de Couro aderiram ao programa de Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB). A certificação reconhece curtumes com práticas de excelência em sustentabilidade. O CSCB é promovido pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). As empresas que quiserem aderir ao programa precisam passar por uma etapa de consultoria e treinamento. Durante esse período, são trabalhados 173 indicadores da base normativa criada a partir de uma Comissão de Estudos Especial dentro da ABNT. Os indicadores consideram vários pontos essenciais ao conceito de sustentabilidade, como o econômico, o ambiental, o social e o de gestão responsável. UNIÃO PROMISSORA: MELISSA + VITORINO CAMPOS A marca Melissa fechou parceria com o estilista brasileiro Vitorino Campos. Juntos, eles criaram uma linha inspirada no olhar – para a moda e para si mesmo. O trabalho resultou na Melissa+Vitorino Campos, composta de itens inéditos que traduzem o estilo de Vitorino aliados ao design já reconhecido da grife. Para os pés, a parceria traz a flat Íris, um modelo de chinelo moderno nas cores preto, branco e marinho, que chega com apelo esportivo e futurista. Com palmilha confortável e sola robusta, a Íris conta também com aplicações em dourado na versão preta, o que confere à Melissinha um toque extra de elegância. O cabedal com volumetria e marcação de pesponto atende à reflexão de Vitorino sobre saltos, físicos e metafísicos. Para compor os looks, foi desenvolvida também uma versão de plástico do acessório sucesso do designer: a Pupila, bolsa-lancheira térmica e impermeável. Os artigos prometem trazer mais estilo à estação. SISTEMA INOVADOR EM LOGÍSTICA É DESTAQUE DA FIMEC A Fimec, umas das principais feiras de insumos para o setor calçadista, ocorrida em março, em Novo Hamburgo (RS), trouxe este ano uma inovação que despertou a atenção do público. Trata-se do Sistema de Operações Logísticas Automatizadas (Sola), desenvolvido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), no espaço da Fábrica Conceito. O Sola é um modelo de negócio criado para otimizar a logística e a automação dos processos industriais. Igor Hoelscher, assessor-executivo da Abicalçados, diz que a ferramenta tem o objetivo de integrar a cadeia produtiva no que tange a identificação, processos e troca eletrônica de informação (EDI – Eletronic Data Interchange), na linguagem global padrão GS1. Além disso, o sistema diminui a incidência de erros, gerando maior produtividade, redução de custos e, consequentemente, elevando a competitividade para a indústria nacional. A Via Marte foi a primeira empresa do setor a adotar a metodologia

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Fotos: Divulgação

Caderno Têxtil – NovidadesTêxteis CASA DE CRIADORES APRESENTA DESFILES CHEIOS DE CONTRASTES A Casa de Criadores chegou à sua 39ª edição. Realizada entre 12 e 15 de abril, em São Paulo, este ano os novos talentos da moda brasileira apresentaram looks ousados e criativos. A Vicunha

TENDÊNCIAS EM

Têxtil, que há dez anos é parceira do evento, forneceu diversos

LAVANDERIA

tecidos, inclusive os tecnológicos, para ajudar na criação das coleções. A inspiração em décadas passadas, somada à preocupação com o conforto e a qualidade, ficou em evidência. A abertura da edição ficou por conta de Heloísa Faria, que exibiu uma coleção com peças leves e versáteis, com a cara do verão. Rober Dognani homenageou William Shakespeare no desfile. As peças trouxeram contrastes entre preto e branco, além de leveza e peso. O final da década de 1990 foi representado pelos clubbers. Felipe Fanaia o retratou usando o brim resinado Cher LOOK

CRIADO POR

HELOÍSA FARIA.

para quase todos os looks confeccionados em modelagens amplas e diferentes cores. Já a dupla Igor Bastos e Deisi Witz

apostou no conceito slow fashion. Criaram peças piloto com aspecto inacabado para serem

Deixar o jeans com

finalizadas no inverno 2017. As fibras naturais foram o destaque de suas criações. “A ideia era

aqueles efeitos incríveis

remeter ao algodão cru, por isso a elasticidade e o toque dos tecidos ajudaram”, explica Witz.

requer amplo trabalho

Confira os outros talentos do evento no site http://evento.casadecriadores.com.br.

na lavanderia, mas nem sempre essa etapa de

COMBATE AO VÍRUS ZIKA

produção é bem

A Sanitized AG, especialista em tratamentos antimicrobianos para têxteis e plásticos, em parceria

conhecida. Para ajudar

com a Archroma, desenvolveu o Sanitized® AM 23-24, uma comprovada tecnologia de acabamento

confecções de todo

para produtos têxteis que resiste a lavagens. Essa tecnologia já foi utilizada com sucesso pelos

país, a Cedro realizou

militares como proteção contra vetores como o Aedes aegypti, mosquito que transmite doenças

em abril a terceira

como malária, dengue e febre amarela. O produto contém o ingrediente ativo Permethrin, que

edição do “Aqui Lava

proporciona uma defesa contra os mosquitos e reduz o número de picadas. A Biogents realizou

Cedro”, que aconteceu

testes reconhecidos oficialmente e apresentou os resultados que comprovam essa eficiência. O

no Shopping Fashion

Instituto Suíço de Saúde Pública e Tropical (THP Suíço) também atestou a redução do número de

Brás, em São Paulo

picadas por mosquitos. Mesmo com mais de cem lavagens a 60 graus Celsius, o sistema especial

(SP). O evento

de fixação do produto garante que o ingrediente ativo permaneça no tecido agindo de maneira

destinado a confecções

eficiente. No Brasil, assim como no resto do mundo, o Sanitized AM 23-24 é distribuído pela

do segmento jeanswear

Archroma. “Esta é uma excelente opção para aumentar a proteção contra o mosquito Aedes

ofereceu capacitação

aegypti, bem como outros vetores. Estamos orgulhosos em poder apresentar esse produto,

para beneficiamento de

contribuindo para proteger a saúde de consumidores e trabalhadores expostos a esse risco”, afirma

alto nível. Durante três

Lawrence Dougall, diretor de vendas da Archroma Textile Specialties na América Latina.

dias, as empresas

®

Lavam, Iberlaser, Tecno Jeans, Pluma e GB PROTEGENDO A PELE DAS CRIANÇAS

Customização

A Tecelagem Panamericana desenvolveu um tecido que auxilia na

apresentaram seus

proteção da pele das crianças, principalmente contra irritações e alergias.

processos e aplicações

O tecido Maresias Fun for Kids recebeu acabamento especial que repele

que enriquecem o

substâncias nocivas à saúde. Com isso, conseguiu conquistar a

mercado da moda.

certificação Oeko-Tex 100, que garante ao produto o mérito de tecido confiável.

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Tendências

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POR TRENDZ BUREAU – LONDRES

“FAST FIT”: A FORÇA E A CONSOLIDAÇÃO DO MERCADO ACTIVEWEAR NO HEMISFÉRIO NORTE Fotos: TrendZ Bureau, Londres

Um novo estilo de vida se fortalece a cada dia, buscando uma união equilibrada entre corpo e mente, reflexo do importante mercado mundial de activewear, que vai muito além da simples utilização do vestuário para a prática de atividades físicas, aliando conforto e praticidade ao nosso dia a dia. Seguindo o ritmo da expansão para novos nichos de mercado e com previsão de continuar crescendo nos próximos anos, segundo relatórios de especialistas, gigantes varejistas como a irlandesa Primark, a espanhola Zara, a americana Forever 21 e as britânicas Topshop e Selfridges investem em um mercado vantajoso e extremamente lucrativo, atendendo a uma forte demanda de consumidores interessados em adequar o “bem-estar” ao “estar bem” em sua rotina diária. A Primark Workout chegou à cadeia de lojas da Primark em janeiro deste ano, contando com diversas opções que vão ajudar a compor os looks para o treino esportivo, contando com leggings, coletes, t-shirts e casacos. As peças foram fabricadas com tecidos respiráveis. Nas leggings e nos casacos, foram incluídos bolsos internos para facilitar a liberdade de movimentos e manter os objetos pessoais em segurança. Além disso, há uma linha de acessórios que inclui pesos, tapetes de ioga, cordas e bolas de ginástica. Em março deste ano, o empresário espanhol Amancio Ortega confirmou a consolidação do mercado fitness e lançou a Zara Sport, a mais nova linha de gymwear do grupo Inditex, que iniciou a comercialização de peças como bonés, camisetas, luvas, shorts e leggings feitos especialmente com materiais tecnológicos, que permitem melhor transpiração e regulação da temperatura corporal para os consumidores que realizam todos os tipos de esporte, além de acessórios como garrafas d’água e toalhas. SPORTSWEAR + PLUS SIZE Nesta primavera, a fast fashion Forever 21 anunciou o lançamento de uma coleção de sportswear também para plus size, com peças de tamanho até 3XL que incluem sutiãs esportivos, tops, blusas, hoodies de mangas compridas, jaquetas e leggings. PARCERIA: TOPSHOP + BEYONCÉ Uma das apostas de sucesso mais esperadas para o mês de abril era o lançamento da coleção de activewear da Topshop em parceria com a cantora americana Beyoncé. São no total 200 peças com preços que variam entre £ 20 e £ 150, que serão comercializadas em apenas 12 lojas em todo o mundo, incluindo a Topshop e as lojas de departamentos Selfridges e Nordstrom.

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ZARA SPORT: CONFORTO BÁSICO EM TOPSHOP EMBARCA “TOPFITNESS”.

NA ONDA

VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS PARA UMA ROTINA ATIVA A PREÇOS ACESSÍVEIS.

PRIMARK WORKOUT: READY, SET & SPORTSWEAR.

BODY STUDIO NA SELFRIDGES A loja de departamento Selfridges, na Oxford Street, em Londres (Inglaterra), estreou recentemente o Body Studio, uma experiência única dedicada exclusivamente ao bodywear, incluindo lingerie, swimwear, sportswear, sleepwear e loungewear. Uma proposta bastante inovadora que coloca o corpo como destaque e uma extraordinária seleção de mais de cem marcas distintas com uma variação de preços de £ 8 a £ 2.500, oferecendo um serviço personalizado para seus clientes. O projeto abrange também um restaurante/café que serve um cardápio delicioso, balanceado e saudável, assim como um espaço ao ar livre. Dessa maneira, a tendência fitness continua dando sinais de bastante força e deve continuar presente no mercado fast fashion por um bom tempo, inspirando os consumidores a estar em forma com estilo e a preços acessíveis.



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POR ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA

Foto: Arquivo pessoal

Dentro da Lei

STF e Justiça do Trabalho DECISÃO E REPERCUSSÃO NO EMPRESARIADO DO SETOR DE CONFECÇÃO

Recente decisão tomou os noticiários brasileiros: o Supremo Tribunal Federal (STF) mudou o entendimento que tinha até então e deu nova interpretação ao texto constitucional, permitindo que, após o julgamento de recursos em segunda instância, o réu em processo criminal possa ser preso, ainda que haja outros recursos pendentes de julgamento para os tribunais superiores. O caso analisado pelo Supremo Tribunal Federal foi de um habeas corpus impetrado pelo réu, cuja prisão foi determinada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo após o julgamento da apelação, ou seja, antes dos recursos para Brasília, do trânsito em julgado. Em época de prisões preventivas, todos os dias noticiadas nos jornais, é importante esclarecer a diferença: a prisão preventiva visa evitar que o réu destrua provas, coaja testemunhas, obstruindo o andamento do processo penal e evitando a condenação. Por esse motivo, diversos empresários foram presos na operação Lava Jato, pois poderiam e estavam obstando as investigações. É importante esclarecer que nas prisões preventivas da operação Lava Jato não há decisões condenatórias de segunda instância, ou seja, esses empresários não foram considerados culpados ainda. Daí a preocupação de encarcerar alguém antes de acabarem todos os recursos, pois poderia ser cometida alguma injustiça. Não há como devolver os anos de vida retirados injustamente de uma pessoa considerada inocente somente em seu último recurso.

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Considerou, entretanto, o Supremo Tribunal Federal que as chances de mudança de condenação nos Tribunais Superiores são remotas e que não se reanalisam provas ou situações de fato, apenas se houve violação à lei ou à Constituição Federal. Obviamente, a mudança do entendimento do Supremo Tribunal Federal vem atender ao clamor de justiça do povo brasileiro. Tardar anos para que uma sentença seja cumprida – como no notório caso do jornalista Pimenta Neves, que matou a namorada e ficou muitos anos em liberdade aguardando o trânsito em julgado, ou seja, o esgotamento de todos os recursos – gera a sensação de impunidade e desesperança. Justiça tardia não é justiça e a sociedade precisa acreditar que, se alguém violar suas leis, será julgado e punido conforme as regras estabelecidas. Diversas são as razões da morosidade do Judiciário, tantas que não caberiam aqui no espaço desta coluna, contudo, muito tem sido feito nos últimos anos para tentar minimizar essa demora e prover ao povo uma prestação jurisdicional digna. Acredito que o que foi feito até agora não tenha sido suficiente, pois a sensação de impunidade ainda permeia nossas vidas. Mas o que isso tem a ver com a vida do empresário do setor têxtil e de confecção brasileiro? A resposta é simples e decorre da consequência da decisão do STF, aplicada pela Justiça do Trabalho. Em recente decisão, a Justiça do Trabalho liberou


aos ex-funcionários da Vasp valores que estavam depositados em juízo pela venda forçada de duas fazendas, Rio Verde e Santa Luzia, do empresário Wagner Canhedo. Por volta de 6 mil funcionários lutam há mais de uma década na Justiça para receber as verbas trabalhistas devidas pela Vasp, porém, como ainda pendia o julgamento de alguns recursos nos tribunais de Brasília, o dinheiro não podia ser liberado. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, o juiz trabalhista Flavio Bretas Soares entendeu que não mais caberia aguardar o trânsito em julgado desses casos e liberou o pagamento do arrecadado aos funcionários, fundamentando sua decisão desta forma: “Ora, se em esfera penal, em que o objeto é a própria liberdade da pessoa, é possível a execução da pena, com maior razão é legítima a execução total da sentença de segundo grau na esfera trabalhista, em que o executado fraudou o direito de mais de 6 mil trabalhadores”. Acredito que os ministros do STF não imaginaram que a decisão para encarcerar um réu de ação penal antes do trânsito em julgado pudesse ter essa repercussão na esfera trabalhista. Não posso negar a sagacidade do magistrado trabalhista, cuja rápida tomada de decisão, tão logo divulgado o novo entendimento da suprema corte, pode ter amenizado o sofrimento de milhares de pessoas. Essa decisão deve ser seguida por outros juízes trabalhistas, portanto, passei a alertar os empresários em disputa na Justiça sobre a mudança de entendimento. A legislação trabalhista já permite a execução provisória, antes do trânsito em julgado, quando há recurso pendente, porém, agora entendo que, caso o processo tenha sido julgado em segunda instância, pendente recurso para tribunais superiores, poderá o reclamante obter os valores dos depósitos recursais dos autos e até realizar a penhora em contacorrente e levantar os valores, mesmo sem o julgamento em Brasília. É cedo para prever as consequências dessa decisão e se ela vai criar uma nova injustiça, qual seja, reclamantes receberem valores que depois serão considerados indevidos, mas que dificilmente a empresa reclamada conseguirá receber de volta. Como disse, ainda é cedo para conhecer as sequelas dessa decisão, porém, que nossa sociedade clama por mudança e que isso é uma grande mudança não tenho nenhuma dúvida.

ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA É ADVOGADO, PÓS-GRADUADO EM PROCESSO CIVIL PELA PUC/SP, MBA EM DIREITO DA ECONOMIA E DA EMPRESA PELA FGV E PELA OHIO UNIVERSITY, MEMBRO RELATOR DO IV TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB/SP, ADVOGADO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÁQUINAS E COSTURA INDUSTRIAL, COMPONENTES E SISTEMAS (ABRAMACO), VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DOS LOJISTAS DO BOM RETIRO E SÓCIO DA GAIOFATO E GALVÃO ADVOGADOS ASSOCIADOS. ALEXANDRE@GAIOFATOEGALVAO.COM.BR


Cursos Foto: Divulgação

MARKETING DE MODA COM LUCIANE ROBIC Aulas online estão cada vez mais populares devido à comodidade que oferecem. No Instituto Brasileiro de Moda (IBModa), uma das opções disponíveis nesse formato é o Marketing de Moda: Criando Valor para o Cliente. Nele, o aluno vai deparar com as principais variáveis envolvidas no marketing, tais como posicionamento, desenvolvimento e estratégias do marketing sensorial sempre direcionadas ao contexto da moda. O objetivo é desenvolver uma visão mais apurada que permita aos participantes diagnosticar e propor suas próprias estratégias para os negócios. A responsável por transmitir todo esse conteúdo é Luciane Robic, diretora de marketing e professora do IBModa. Luciana já atuou como executiva em várias empresas, entre elas Porto Seguro e Johnson & Johnson. A diretora de marketing tem especialização em visual merchandising pelo FIT/New York University/EUA, além de ser mestre em administração de empresas e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP. Quando e onde estudar? Você decide. A partir da efetivação da matrícula, o estudante tem um mês para cursar o programa online. Para mais informações, acesse www.ibmoda.com.br.

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CICLO DE PALESTRAS NA FAAP A Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) continua realizando várias palestras com profissionais renomados dentro da indústria da moda. O Núcleo de Cultura e Extensão da instituição preparou uma série de encontros para os meses de maio e junho. Dentro da área de moda, haverá palestras com João Braga, especialista em História da Indumentária e da Moda, em História da Arte e em Histoire du Costume pela Esmod de Paris. Braga é autor de livros como História da Moda: uma Narrativa e coautor de História da Moda no Brasil: das Influências às Autorreferências. Ele também é professor da Faap e articulista em vários veículos de comunicação. Com ele, estão programados os seguintes temas: Sobre Relógios (6/6), Curiosidades de Paris (13/6) e Anos 1980 e 1990 (20/6). As palestras ocorrem às segundas-feiras das 19h30 às 22h. Interessados devem fazer inscrição. Para mais detalhes, ligue para (11) 3662-7034 ou acesse www.faap.br. INTRODUÇÃO À TECELAGEM NAS FÉRIAS Que tal aproveitar o mês de julho para incrementar a qualificação? O Istituto Europeo di Design (IED Rio de Janeiro) criou para esse período um programa de iniciação à tecelagem, que explora técnicas artesanais em diferentes suportes. Nas aulas, o aluno vai conhecer a história da tecelagem, as tecnologias envolvidas e como são realizadas aulas práticas com execução de experimentos. Faz parte do conteúdo também o estudo sobre fibras, fios e tecidos, padrões têxteis, planejamento e a tecelagem-padrão. O objetivo é capacitar o aluno a tecer tecidos básicos em diferentes padrões, exercitando as técnicas e aprimorando a criatividade. À frente do curso está Aline Monçores, doutora e mestre em design pela PUC-Rio e especialista em marketing de moda pela Universidade Anhembi Morumbi. Para os interessados, a primeira turma começa no dia 5/7 e termina em 19/7. As aulas acontecem às terças e quintas, das 13h30 às 16h30, totalizando 15 horas. ALFAITARIA, CUSTOMIZAÇÃO E VENDAS NO SENAC Além das graduações e do ensino técnico, o Senac oferece uma série de cursos livres. Em junho, temos três destaques dentro da área do vestuário. O primeiro é o de Alfaiataria Feminina, que capacita o aluno para o desenvolvimento peças do vestuário feminino, aplicando técnicas de alfaiataria. Ministrado no Senac Lapa Faustolo, na Lapa, em São Paulo, as aulas desse módulo vão de 1º/6 a 29/7 e acontecem de segunda a sexta das 19h às 23h. São ofertadas 20 vagas, totalizando uma carga horária de 172 horas. Em São Carlos, interior de São Paulo, haverá aulas de Customização de Peças do Vestuário. O objetivo é preparar o aluno para personalizar roupas a partir de técnicas de bordado, pintura, tingimento, descoloração, entre outras possibilidades desenvolvidas em sintonia com as tendências de moda. As aulas serão ministradas somente aos sábados das 8h30 às 12h30, de 25/6 a 3/9. A carga horária mínima é de 40 horas e estão


disponíveis 30 vagas. Não basta saber criar e produzir vestuário. Para conquistar o mercado, é preciso vender e muito bem, especialmente em tempos de crise econômica. Em Americana, isso será ensinado nas aulas de Vendedor de Moda, que analisa os movimentos de consumo, pesquisa fontes e ensina formas-padrão de atendimento do consumidor final. As aulas no Senac Americana vão acontecer de 15/6 a 25/7, todas as segundas e quartas-feiras, das 19h às 22h30. São 40 horas de ensino e nesse módulo serão oferecidas 35 vagas. Os cursos livres do Senac possuem valores diferentes, dependendo da opção escolhida. Para saber esse e outros dados, acesse www.sp.senac.br. MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS DE COSTURA EM CARUARU (PE) O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Caruaru, localizado no agreste de Pernambuco, está com inscrições abertas para 20 cursos em diversas áreas. Em vestuário, existem vagas para Mêcanico de Manutenção em Máquina de Costura Ponto Corrente (19/6 a 9/7), Mecânico de Manutenção em Máquina de Costura Overloque (9/7 a 29/7), Manutenção de Máquinas de Costura Especiais – Casear, Botão e Travete (30/7 a 19/8) e, por fim, Manutenção de Máquina de Costura Eletrônica (30/7 a 19/8). Em geral, as aulas são ministradas das 18h às 22h, mas a carga horária varia conforme a modalidade escolhida. A instituição exige idade mínima de 16 anos e ensino fundamental completo. As inscrições podem ser feitas até o início de cada curso, enquanto houver vagas. Para obter mais esclarecimentos, ligue para (81) 2103-2775 ou 0800-600-9606. Confira toda a programação do Senai Caruaru no site www.pe.senai.br. DECIFRANDO OS CAMINHOS DA MODA O Istituto Europeo di Design (IED São Paulo) criou um programa de capacitação para aqueles que desejam entender a dinâmica dos negócios no mercado atual. O curso reúne um conjunto de ações, como disciplinas, palestras, viagem e visitas monitoradas, que permitem conhecer mais sobre as principais práticas e estratégias dos diferentes tipos de segmento em que as empresas de moda atuam. Com ênfase em prática e pesquisa, o aluno será conduzido a uma imersão no universo dos negócios de moda, tendo acesso a diferentes interfaces oferecidas pelo mercado. À frente das aulas está Katherine Sresnewsky, mestre em Administração de Empresas com Ênfase em Marketing e especializada em Gestão de Relacionamento, além de possuir MBA em Gestão de Negócios de Varejo. Em seu histórico profissional, há passagens por empresas como Zoomp, Iódice, Carlos Miele, Marisol, entre outras. Atualmente, é consultora da N.evsky e é professora no IED. É sua missão trabalhar as disciplinas sobre os pilares de inovação, sustentabilidade, design e gestão estratégica. O curso, batizado de One Year Executive Course em Fashion Business Management, possui uma carga horária de 144 horas distribuídas em 14 aulas. Elas serão ministradas aos sábados e domingos, das 9h às 12h e das 12h às 17h. Um módulo internacional de 40 horas será ofertado para quem quiser estudar na Espanha. A data oficial do início ainda não foi divulgada, mas será realizada no mês de maio. Fique ligado para não perdê-la! Acesse http://ied.edu.br.


Costura social

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POR CIBELE DE BARROS – TECIDO SOCIAL

O AVESSO DO NEGÓCIO TAMBÉM TEM QUE SER SUSTENTÁVEL Foto: Cibele de Barros

O Tecoste – Tecido, Costura e Arte – é a floração de sementes germinadas na comunidade da DR, em São Bernardo do Campo (SP). O cultivo desse jardim ocorreu entre 2009 e 2011, quando a ONG Mundaréu, a Fundação Volkswagen e a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo estabeleceram uma parceria para a implantação do programa Costurando o Futuro, com o objetivo de formar um empreendimento de geração de renda com 44 mulheres e uma oficina-escola de corte e costura para 120 mulheres de baixa renda. O Tecoste foi o primeiro grupo formado de um ciclo que durou três anos. O primeiro ano foi dedicado ao desenvolvimento da qualidade dos relacionamentos interpessoais, noções básicas de gestão de negócios, finanças e, principalmente, o despertar de uma consciência coletiva e

DA ESQ. PARA A DIR.: LUSINETE DE SOUZA ALMEIDA, MARIA DA GLÓRIA, FRANCISCA BRITO, MARIA GORETI S. DE OLIVEIRA E CUSTÓDIA BENEVENUTO.

colaborativa que firmasse as raízes do próprio negócio. Afinal, não é pouco o desafio de transformar um agrupamento de

empreendimento. Resumindo: a sustentabilidade poderia

mulheres em um grupo produtivo, orientado por valores e

estar em risco dentro de casa.

objetivos comuns.

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A solução do dilema surgiu em 2011, quando foram

No segundo ano, somou-se o desafio de aprender a

selecionadas por sorteio, pela incubadora de economia

costurar. Nenhuma das artistas da atual oficina sabia. Nesse

solidária de São Bernardo, e receberam orientação para

ciclo de aprendizagem, quatro integrantes do grupo Tecoste,

formalizar o grupo, quando definiram que seria uma

que já haviam feito o curso de corte e costura, ajudavam nas

cooperativa com dez costureiras. Os elos ainda eram frágeis e

aulas de formação técnica e atuavam como multiplicadoras,

cinco desistiram. Hoje, são um grupo forte de cinco

compartilhando o aprendizado adquirido na formação em-

costureiras simpáticas, criativas e dedicadas que trabalham na

preendedora, com o objetivo de estimular a adesão ao grupo

confecção de produtos variados, desde aventais, bolsas,

de novas colaboradoras.

mochilas, acessórios até brindes, muitos brindes.

A metodologia exigia que o grupo estivesse formalizado

A Fundação Volkswagen ainda figura como principal cliente

após os dois anos de formação, condição necessária para o

do grupo, fornecendo uniformes e camisetas que são tratados

recebimento do maquinário para sua oficina. O formato do

e aproveitados em novos produtos, bem como no exercício da

empreendimento seria decidido pelo grupo. Chegava, então, o

prática de sua logística reversa, fornecendo matérias-primas

momento: “E agora, o que queremos ser quando

provenientes de retalhos e amostras de tapeçaria, trans-

crescermos?”.

formados em brindes vendidos à própria empresa.

Lusinete de Souza Almeida, uma das participantes, nos

Para conhecer mais sobre o trabalho da Tecoste,

conta que, mesmo considerando o peso estratégico dessa

basta entrar em contato com Lusinete pelo e-mail

definição, uma das maiores dificuldades foi estabelecer

tcoste.adm@hotmail.com ou pelo telefone (11) 3713-4323.

confiança e diálogo, elos estruturais de toda associação, e

Visite também o canal da Tecido Social, com os vídeos e

acreditar que tinham um objetivo comum e competências

entrevistas desta seção, entre outros: www.youtube.com/

individuais e coletivas que garantissem o sucesso do

tecidosocial.


POR SILVIA BORIELLO

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Costura social

ANDRADE DOA MÁQUINAS AO PROJETO UBUNTU Fotos: Divulgação

PARTICIPANTES DO PROJETO UBUNTU (DA ESQ. PARA A DIR.): GERSON FALOPA FILHO E DANIELA PASSATUTU FALOPA, DA EMPRESA FALOPA; ANTONIA REGINA, SUPERVISORA TÉCNICA DA CROPH; DANILO FERREIRA, DA ANDRADE MÁQUINAS; CLAUDIA ALENCAR, GESTORA NA CROPH; ANDREA MOURA, SUPERVISORA TÉCNICA DA CROPH; CONCEIÇÃO RUIZ, DA ANDRADE MÁQUINAS; MARCIA AGUIAR, PSICÓLOGA E OFICINEIRA NA CROPH; PROFA. DRA. FRANCISCA DANTAS MENDES (TITA), DA USP LESTE; ALEXANDRE FINOTTI, GESTOR NA CROPH; E NÁDIA NICÁCIO, COORDENADORA NA CROPH.

A palavra africana ubuntu, interpretada como humanidade, solidariedade, compaixão, irmandade, amor ao próximo, capacidade de entender e aceitar o outro, inspirou a criação do projeto “Ubuntu: Sou Quem Sou, Porque Somos Todos Nós!”, idealizado pela ONG CROPH (Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana), em atividade há quase 50 anos, parceira da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) em mais de 30 projetos de atendimento à população em situação de rua da capital paulista. O propósito é a coleta (feita por conta própria) de resíduos têxteis descartados nas regiões do Brás e Bom Retiro para a confecção de tapetes, impulsionando, assim, o desenvolvimento do potencial humano e a inclusão social das pessoas auxiliadas pelo projeto, que conta com o apoio da Universidade de São Paulo (USP), por meio da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP). Os tapetes são feitos com os retalhos coletados cortados manualmente – algumas confecções parceiras do projeto já entregam esse retalho cortado no tamanho ideal, recebendo seu nome como apoiadoras numa etiqueta afixada às peças produzidas –, e o que sobra dos retalhos não é desperdiçado: há parceiros da iniciativa que desfibram esses resíduos, visando zerar a destinação a aterros sanitários. Para dar um impulso a essa produção, a Andrade Máquinas doou ao Ubuntu algumas unidades de máquinas de costura reta e overloque industriais, entregues em março na sede da CROPH, no Jardim São Paulo, Zona Norte da capital, depois destinadas à oficina localizada no Complexo Canindé, no bairro do Pari. Cada tapete é vendido por cerca de R$ 20, e metade da renda é convertida aos conviventes da ONG participantes do projeto. Para saber mais, acesse MÁQUINAS DOADAS PELA PROJETO.

ANDRADE

AO

www2.croph.org.br.


ENDEREÇOS ASSOCIAÇÕES, FEDERAÇÕES, ONGS E SINDICATOS

Prefeitura de São Paulo – R. Líbero Badaró, 119, São Paulo, SP, tel.: (11) 3113-9644, www.prefeitura.sp.gov.br Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Tecido Social – www.tecidosocial.com.br Confecção) – R. Marquês de Itu, 968, São Paulo, Texbrasil – www.texbrasil.com.br SP, tel.: (11) 3823-6100, www.abit.org.br Abvtex (Associação Brasileira do varejo Têxtil) – TECELAGENS E FIAÇÕES Rua Cayowaá, 1.071, São Paulo, SP, Cedro – www.cedro.ind.br tel.: (11) 2533-0034, www.abvtex.org.br Abramaco (Associação Brasileira de Máquinas e Ecosimple – www.ecosimple.com.br Equipamentos para Confecção) – Rua Ribeiro de Haco – www.haco.com.br Lima, 282, 1º andar, cj. 110/111, São Paulo, SP, Paraguaçu Têxtil – www.paraguacutextil.com.br Rhodia – www.rhodia.com.br tel.: (11) 3326-6922, www.abramaco.org.br Alobrás (Associação de Lojistas do Brás) – Rua Santaconstancia – www.santaconstancia.com.br Têxtil Canatiba – www.canatiba.com.br Maria Joaquina, 309, São Paulo, SP, Tramaree Innovativ – www.innovativ.com.br tel.: (11) 2694-0823, www.alobras.org.br Vicunha – www.vicunha.com.br Apex-Brasiil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) – SBN, qd. 1, bl. B, MODA E GRIFES 10º andar, Ed. CNC Brasília, DF, tel.: (61) 3426-0202, www.apexbrasil.com.br Assintecal (Associação Brasilleira de Empresas de 2Rios – www.2rios.com Arte Sacra – www.artesacramoda.com.br Componentes para Couro, Calçados e Artefatos) – R. Júlio de Castilhos, 526, Novo Hamburgo, RS, Brandili – http://www.brandili.com.br Cajo por Carol Caetanno – tel.: (51) 3584-5200, www.assintecal.org.br Cami – Centro de Apoio e Pasttoral do Migrante: www.cajofashion.com.br Confraria – www.confrariastudio.com.br Al. Nothmann, 485, São Paulo, SP, Contextura – www.shopcontextura.com tel.: (11) 3333-0847, Elas Ecomodas – www.elasecomodas.com.br www.camimigrantes.com.br Cáritas – Rua Major Diogo, 834, São Paulo, SP, Engenharia Modern – www.engenhariamodern.com.br tel.: (11) 3241-3239, caritas.org.br CDL Bom Retiro (Câmara dos Dirigentes Lojistas Fabiana Milazzo – www.fabianamilazzo.com.br Faven – www.faven.com.br do Bom Retiro) – Rua José Paulino, 226, salas Fedra – www.fedra.art.br 301, São Paulo, SP, tel.: (11) 3361-9984, Frutacor – www.frutacorbh.com.br www.bomretironamoda.com.br CIICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Grama – http://www.grama.eco.br Grupo Malwee – www.grupomalwee.com.br Brasil) – Saus qd. 1, bl. N, Edifício Terra Brasilis, Insecta Shoes – www.insectashoes.com 408/409, Brasília, DF, tel.: (61) 3224-1867, Isla – www.islaoficial.com.br www.cicb.org.br Defensoria Pública da União – Rua Fernando de Kalandra – www.kalandra.com.br KelTex – Brusque, SC, tel.: (47) 3351-4086 Albuquerque, 155, São Paulo, SP, Levi’s – www.levi.com.br tel: (11) 3627-3400, www.dpu.gov.br Escritório Moddelo Mackenzie – São Paulo, SP, Lino Villaventura – www.linovillaventura.com.br M’adri – www.madricamisetas.com.br tel.: (11) 2766-7328, vestibular.mackenzie.br Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Maria Pavan – www.mariapavan.com Minas Gerais) – Av. do Contorno, 4.456, Belo M.Pollo – www.mpollo.com.br Nammos – www.instagram.com/nammosoficial Horizonte, MG, tel.: (31) 3263-4200, Oficina 1212 – São Paulo, SP, www.fiemg.com.br Fundação Vanzolinni – www.vanzolini.org.br tel.: (11) 2164-8100 Iemi (Inteligência de Mercado) – Av. Nove de Plural – www.pluralestilo.com.br Rabusch – www.rabusch.com.br Julho, 4.865, cj. 42A, São Paulo, SP, Sonia Pinto – www.soniapinto.com.br tel.: (11) 3238-5800, www.iemi.com.br Ministério Público do Trabalho – Saun qd. 5, lote Victor Dzenk – www.victordzenk.com Viva – www.shoponline.vivaporvivaz.com C, Brasília, DF, tel.: (61) 3314-8500, www.pgt.mpt.mp.br Missão Paz – Rua do Glicério, 225, São Paulo, DIVERSOS SP, tel.: (11) 3340-6950, Agabê – http://www.agabe.com www.missaonspaz.org Sebraee (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e American Laser – www.americanlaser.com.br Pequenas Empresas) – Central de Andrade Máquinas – www.sansei.com.br Ápice – www.apiceaviamentos.com.br Relacionamento: 0800-570-0800, Armarinhos 25 – www.armarinhos25.com.br www.sebrae.com.br Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania – Audaces – www.audaces.com.br

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Automatisa – www.automatisa.com.br Barudan – www.barudan.com.br Casa Ferro – www.casaferro.com.br Cavemac – www.cavemac.com.br CE Bobinas (Bob Bobinas) – www.cebobinas.com.br Censi Máquinas – www.censimaquinas.com.br Coats Corrente – www.coats.com.br Comace – www.comace.com.br Dallmac – www.dallmac.com.br Durkop Adler – www.durkpp.adler.com Elastan – www.elastan.com.br Enfesmak – www.enfesmak.com.br EnModa – www.enmoda.com.br Etical Etiquetas – www.etical.com.br Febratex – www.febratex.com.br Gaiofato e Galvão Advogados Associados – www.gaiofatoegalvao.com.br GG Tech – www.ggtech.com.br Guarany – www.guaranyind.com.br Guia Jeans Wear – www.guiajeanswear.com.br Haco Etiquetas – www.haco.com.br HI Etiqquetas – www.hietiquetas.com.br Hikari – www.hikarisewingmachine.com Hopen Consultoria e Assessoria – www.hopen.com.br IBG – www.botao.com.br Imatec – www.imatecmaquinas.com.br IT Studio Consulting – www.itstudio.com.br Jeaanologia – www.jeanologia.com Jorik – www.jorik.com.br Kora Entretelas – www.koraentretelas.com.br Lab Fashion – www.labfashion.com.br Lanmax – www.imatecmaquinas.com.br Lectra – www.lectra.com.br Mab Fortuna – www.mabfortuna.com.br Mega Máqquinas – www.megamaquinas.com.br Metalnox – www.metalnox.com.br Millennium Network – www.millennium.com.br Mimaki – www.mimakibrasil.com.br Moda Ética – http://modaetica.com.br Pontual Etiquetas – www.pontualetiquetas.com.br R-Tech – rtechmaquinas@rtechmaquinas.com.br Rtk1 Passadoria – www.dryluxx.com.br Sancris – www.sancris.com.br Serigrafia – www.serigrafiasign.com.br Serv-Mak – www.serv-mak.com.br Singer – www.singer.com.br Silmaq – www.silmaq.com.br SocioTec – www.sociotec.com.br Sunssir – www.chinasunsir.com Systêxtil – www.systextil.com.br Tajima – www.tajimadobrasil.com.br The Cool Lab Store – http://thecoollab.com.br Trends Bureau – www.trendabureau.com.br Universidade Anhembi Morumbi – http://portal.anhembi.br Vibemac – www.vibemac.com Virtual Age – www.virtualage.com.br Welttec – www.welttec.com.br


CLASSIFICADOS OFERTA = FACÇÃO Jackstar Camisaria Jakson – (48) 3523-1127 Facção de EPI, tecidos para aluminização antichama, resinas, repelência e impermeabilização. Vendas: (19) 3384-8696 – Jéssica contato@ambientevida.com.br Facção moda praia e fitness. Marília – SP. (14) 3451-5230 – Ângela

OFERTA = PROFISSIONAIS FREE-LANCERS

PROCURO = PROFISSIONAIS FIXOS

Modelagem/ampliação Peça piloto + 20 anos exp. (11) 3487-0002

Confecção de jeans procura: encarregado de confecção com experiência em célula. (35) 38210-6655 c/ Luiz

Modelagem com peça piloto plano e malharia ampliada. José (11) 99514-9277 (Vivo) Modelista com experiência Tecido plano/malha Heloisa (54) 9966-5194

Costureira exp. em células e cortador peças piloto c/ Sirlene (11) 2291-6655 Modelista para modinha tecido plano/malha Sirlene (11) 2291-6655

Facção de malhas e tecido plano. Regiane/Rosana (11) 98755-3449/4056-3542

Modelista – modelagem/ corte/ampliação/piloto. (31) 2565-5837 Maria José

Ofereço facção de camisaria c/ABVTEX (44) 3641-3302 – Inês

Alfaiate/consultor 35 anos de exp. Formado na Itália. Senai/Senac (11) 98567-5101

Oficina de modinha, fitness, praia e uniformes. Falar com Juliana (11) 98901-5656

Modelista Mônica: (11) 99295-1772

Conf. de jeans procura prof. p/ sist. de células (35) 3821-6655, com Luiz

PROCURO = FACÇÃO

VENDO O

Oficina de costura c/ ABVTEX. Com experiência em modinha, plano, malha e camisaria. (11) 2696-3405/97489-5929 contato@betilha.com.br

Máquina automática corte Largura 2 m, R$ 140 mil (21) 2178-4848 com Bersange

Oficina moda feminina e uniformes em geral (11) 98901-5656 – Juliana Facção de camisaria masculina e feminina com Gisele (11) 3228-2684 Caseado, botão, travete. Zona Leste – Vila Matilde. (11) 3498-8494 Produz 2 mil pçs/dia, malha fitness, moda noite. C/ ABVTEX Rogério (17) 99109-9646

Malharia, camisetas, polos, modinha em geral com CNPJ. (11) 4655-2818 – Edilma Facção oferece malha/praia/fitness 75 funcionários c/ exp. ABVTEX (17) 3637-7177

Acabamento com ABVTEX qualidade pontual – logística Jundiaí – SP (11) 4526-1834

Facção de biquínis para exportação. Brusque-SC Edilene (47) 3355-1956

Estamparia de tecido corrido e localizado. C/ Gil (11) 2524-0250/98170-0493

Facção oferece moda praia/fitness (10 máquinas) Ângela (14) 3451-5230

Facção de alta moda Tratar com Atílio Telefone: (11) 3207-9152

Of. ampla c/ CNPJ p/ polos, camisetas, modinha em geral. (11) 4655-2818 com Edilma

PROCURO = PROFISSIONAIS FREE-LANCERS

Máquina de bordar 9 agulhas. Francisco: (19) 3475-7575 Máquina de bordar Tajima 6 cbçs, 12 cones. R$ 89 mil. 2007. (19) 3475-7575 Máquina de bordar SWF 4 cbçs, 12 cones. R$ 55 mil. 2009. (19) 3475-7575 Plotter Segen Moda 01 Interessados: idios@idios.com.br Máq. de corte Audaces Neocut Entrada + 48x R$ 12.800,00 com Fabricio (35) 9156-5522

CLASSIFICADOS Grátis para confecções e profissionais do setor: 3 linhas com 25 caracteres cada uma, para somente um anúncio. Acima de 3 linhas: R$ 40,00 por linha. Não confecções: R$ 50,00 por linha.

Telefone: (11) 2171-9200 classificados@costuraperfeita.com.br “A revista Costura Perfeita não se responsabiliza pelas informações e relações comerciais firmadas por meio dos anúncios.”


Agenda

Julho Nacionais 3 a 5: Fevest 2016 (feira de lingerie), Nova Friburgo, RJ, www.fevest.com 5 a 7: Fenin Fashion Gramado – Verão 2017 (vestuário pronta-entrega), Gramado, RS, www.fenimfeiras.com.br Internacionais 1º a 4: Premiière Vision NY (tecidos e insumos para confecção), Nova York, EUA, www.premierevision-newyork.com 9 a 11: Mode City (salão de lingerie e moda praia), Paris, França, www.lingerie-swimwear-paris.com 16 a 18: Cabana Show (resortwear), Miami, Flórida, EUA, www.cabanashow.com 16 a 19: Miami Swim Show (salão de moda praia), Miami, Flórida, EUA, www.swimshow.com 24 a 26: Pure London (vestuário), Londres, Inglaterra, www.purelondon.com 26 a 28: Colombiamoda 2016 (desfiles e salão de negócios), Medellín, Colômbia, www.colombiamoda.inexmoda.org.co 26 a 28: GDS – Global Destination for Shoes and Accessories (couro, calçados e acessórios), Dusseldorf, Alemanha, www.gds-online.com 311 a 2: Curve NY (lingerie e moda praia), Nova York, EUA, www.curvexpo.com

Agosto Nacionais 9 a 12: Febratex 2016 (maquinário e soluções para confecção e têxtil), Blumenau, SC, www.febratex.com.br 24: Senac Moda Informação – Inverno 2017 (tendências), São Paulo, SP, www.senacmoda.info 30 a 1º setembro: Pet Soutth America (roupinhas e acessórios para pets), São Paulo, SP, www.petsa.com.br Internacionais 2 a 4: IFLS 2016 + EICI – International Fashion and Leather Show (insumos e máquinas para couro e calçados), Bogotá, Colômbia, www.ifls.com.co 8 e 9: Swim Collective (salão de negócios de moda praia), Huntington Beach, Califórnia, EUA, www.swimcollective.com 15 a 17: Magic (salão de negócios, tecidos e vestuário), Las Vegas, EUA, www.magiconline.com 15 a 17: Curve Las Vegas (lingerie e moda praia), Las Vegas, EUA, www.curvexpo.com 30 a 1º: Munich Fabric Start (tecidos), Munique, Alemanha, www.munichfabricstart.com ATENÇÃO: 27 e 28 de junho: Inspiramais – Inverno 2017 (couro e componentes para calçados e acessórios), São Paulo, SP, www.inspiramais.com.br A revista não se responsabiliza por mudanças de datas e informações fornecidas pelos organizadores dos eventos.


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Ponto de Vista

Foto: Divulgação

POR GIUSEPPE TROPI SOMMA

Ditadura ou “ditaleidura”? CONSERTAR O BRASIL SÓ SERIA POSSÍVEL COM DITADURA. JÁ QUE DITADURA NÓS NÃO QUEREMOS, ENTÃO SUGIRO UMA “DITALEIDURA” O Brasil está prestes a se livrar definitivamente de uma tragédia política, gerada por um governo inescrupuloso com o firme propósito de nos levar a um sistema ditatorial de pobreza geral, chamado bolivariano. Disso parece estarmos a salvo, mas, como depois da passagem de um tsunami, ficamos com gigantescos estragos e temos que reconstruir tudo. Os desafios são grandes e as incertezas maiores ainda, devido ao resíduo político que restou, mas é muito melhor a incerteza de um novo caminho do que a certeza de uma catástrofe. O Brasil precisa urgentemente recomeçar. Apesar do abismo em que a incompetência dos governantes nos jogou, não seria impossível recolocar nossa economia rapidamente em ascensão. Bastaria para isso apenas vontade política. E, quando digo vontade política, me refiro a desprender-se de princípios ou discursos ideológicos demagogos para dar prioridade absoluta e respeito aos princípios matemáticos. Está mais do que provado que idealismos utópicos esquerdistas só levam à miséria. A nossa miséria não se deve tão somente a uma ideologia esquerdista, mas à associação desta com um projeto criminoso de uma grande quadrilha política. A causa principal que permitiu isso é, sem dúvida, a fraqueza de nossas instituições e de nossas leis, que permitem impunidade para a prática do crime, da corrupção, do desvio, da irresponsabilidade administrativa etc. e, ao mesmo tempo, mantém a sociedade numa instabilidade permanente, com insegurança política, institucional, econômica e até física. Tal ambiente é ideal para deixar surgir os perigosíssimos líderes de esquerda ou de direita (alternando-se entre si, após atingirem seus respectivos abismos) para impor as famosas e cruéis ditaduras. Aí eu pergunto: por que não blindarmos essas ditaduras de esquerda e de direita com uma terceira, excelente e sadia, que levaria ao progresso, à segurança, à saúde e à prosperidade? Chamá-la-emos de “ditaleidura”, e não de ditadura. Um tipo de lei que não permita desigualdades de direitos entre ricos e pobres, entre funcionários públicos e privados, entre quem manda e quem obedece, com os famosos direitos adquiridos. “Ditaleidura” seria algo impossível de transgredir sem punição. “Ditaleidura” seria recomeçar um novo Brasil. É necessário fazer uma nova Constituição, mas, por favor, não me coloquem só políticos para fazer isso. Temos que buscar as inteligências nacionais entre economistas, engenheiros, médicos etc. para uma coisa tão importante como esta. Antes de entrar em vigor a “ditaleidura”, poderíamos anistiar todos pelo passado corrupto – mesmo porque, se mexermos no passado, mexeremos num poço sem fundo – e pensar tão somente no Brasil do futuro, com a certeza de que em poucos anos o país será referência mundial em prosperidade e segurança. Quando falo em anistiar, refiro-me apenas ao caso de a “ditaleidura” entrar em vigor; caso contrário, cada pessoa deve pagar por seus atos. Eis algumas possibilidades para recomeçar: Como reativar a atividade industrial: Tributar em, no mínimo, 50% qualquer produto importado, até que se tenha ao menos um pequeno reequilíbrio nas contas públicas e redução do índice de desemprego. Mas vamos taxar tudo mesmo. Coisas excepcionais, como remédios, o próprio governo pode importar.

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Ponto de Vista Como combater a corrupção: A) No setor público: havendo um caso de corrupção, demitir por justa causa todo o pessoal do departamento ou setor do culpado. Cadeia para o infrator e desapropriação de seus bens imóveis – exceto a moradia –, mas incluindo imóveis doados a parentes ou terceiros. Todos os funcionários do mesmo departamento teriam o direito de fiscalizar uns aos outros, pois todos seriam penalizados. B) No setor privado, em empresas médias e grandes: demitir por justa causa todo o pessoal do departamento ou setor do culpado, com cadeia para o infrator direto. Todos os funcionários do mesmo departamento teriam o direito de fiscalizar uns aos outros, pois todos seriam penalizados. C) No setor privado, em empresas pequenas, com gestão direta do proprietário: cadeia para o infrator e desapropriação de seus bens imóveis – exceto a moradia –, mas incluindo imóveis doados a parentes ou terceiros. É justo penalizar coletivamente por causa de um único criminoso? Aparentemente não (por isso é uma “ditaleidura”), mas é o único modo de tornar impossível qualquer corrupção, porque a própria sociedade se autofiscaliza e os resultados dirão o quanto terá valido a pena. Disciplinar a administração pública: A) Restringir o orçamento público a 90% de seu total de arrecadação, destinando os 10% restantes para amortizar a dívida pública até sua total liquidação. Já pensaram um dia ver o governo sem gastar anualmente quase R$ 300 bilhões para pagar juros da dívida? O quanto isso aqueceria nossa economia com obras públicas de infraestrutura? B) Proibir empréstimos públicos com juros abaixo do que o próprio governo paga; C) Auditoria (profissional, e não política) em todos os departamentos públicos para verificar a eficiência, a produtividade, as presenças e as faltas, o enxugamento do empreguismo improdutivo público; D) Tirar do Legislativo, do Executivo e do Judiciário o poder de admitir novos funcionários públicos, evitando, assim, o inchaço político da máquina pública. O pedido deveria ser feito ao TCU, que agiria de acordo com a necessidade e disponibilidade de orçamento, priorizando a saúde e a segurança pública. E) Procurar implantar um imposto único para diminuir o custo do governo e dar mais praticidade empresarial ao contribuinte. Tudo isso teria como meta tornar o Estado mais eficiente e menos custoso e, como consequência, depois de zerada a dívida pública, baixar os impostos. Uma verdade flagrante, mas omitida até pelos renomados economistas: impostos baixos, para quem não entende, querem dizer deixar na sociedade mais recursos para novos investimentos, novos empregos e melhores remunerações trabalhistas. Se alguém não entende isso é porque estudou na mesma escola de Dilma, Lula, Fidel Castro, Maduro, entre tantos outros abestalhados, onde só aprenderam a destruir as riquezas que os outros constroem. * Reprodução liberada *

CAV. GIUSEPPE TROPI SOMMA É EMPRESÁRIO, MEMBRO DA ABRAMACO E PRESIDENTE DO GRUPO CAVEMAC. GIUSEPPE@CAVEMAC.COM.BR Para compartilhar este e outros Pontos de Vista, acesse: www.costuraperfeita.com.br e clique na revista digital em “Edição Atual” ou no menu em “Edições Anteriores”.

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POR QUE NÃO BLINDARMOS AS DITADURAS DE ESQUERDA E DE DIREITA COM A ‘DITALEIDURA’?”




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