Revista Costura Perfeita Edição Ano XVII - N90 - Março-Abril 2016

Page 1

COSTURA PERFEITA

ANO XVII O Nยบ 90 O Marรงo/Abril 2016




ÍNDICE

|

EDIÇÃO 90

.20 Seções 8 – Editorial 10 – Cartas 26 – Lançamentos 53 – Atualidades 74 – Curtas 82 – Meio Ambiente 84 – Comércio Exterior 86 – Couro e Cia.

|

MARÇO E ABRIL DE 2016

|

ANO XVII

www.costuraperfeita.com.br

.30 87 88 89 93 94 96 97

– – – – – – –

.64

Tecnologia Serigrafia Caderno Têxtil – Novidades Têxteis Agenda Cursos Endereços Classificados

Colunas 12 – Oferta e Demanda 14 – Tributos: O novo ICMS interestadual e o impacto para o setor 16 – Gestão: Como lidar com os conflitos em sua empresa 18 – Empreendedorismo Sebrae 38 – Produção: Criação: conhecimento e muitas possibilidades 60 – Qualificação: Falando sobre qualidade em jeanswear 78 – Dentro da Lei: Costureira ganha na Justiça indenização mensal por perda da capacidade laborativa 85 – Coaching: O que mais? 90 – Tendências: Denim detox: a conscientização da sustentabilidade 92 – Costura Social: O papel social do jeans 98 – Ponto de Vista: O inferno econômico tem saída

Matérias 20 – Negócios: Denim sem fronteiras – Calçados, acessórios e móveis rendem-se aos encantos do jeans 28 – Perfil: Dario Takeshi Morishita – Gerente de produtos da YKK conta os desafios da companhia, uma das maiores fabricantes do artigo que revolucionou a moda 30 – Mercado: O mercado de jeans e denim – Setor tenta se equilibrar driblando a crise 40 – Fique Sabendo: Lenny Niemeyer assina uniformes das Olimpíadas 2016 44 – Especial: Raio X do setor de confecção no Brasil 52 – Fique por Dentro: Cuidados no processo de beneficiamento de jeans 54 – Eventos: Inspiramais – Verão 2017 62 – Feiras: Colombiatex 2016, Fenin – Inverno 2016 80 – Dicas e Economia: Aparelhos para jeans

4

.54

CAPA: Foto da campanha Summer Blue da Santista Jeanswear – Verão 2016, gentilmente cedida pela companhia. Foto: Zeca Rodrigues/Trix Modelo: Sheila Baun Styling: Osvaldo Costa Direção de arte: Grupo de Moda e Comunicação Santista Arte: Arte Mais Comunicação A revista Costura Perfeita apoia a campanha da Rhodia #feitonobrasil



Diretor-presidente: Giuseppe Tropi Somma Editora e Jornalista Responsável: Silvia Boriello (MTB 41.139) Repórter: Roselaine Araujo (MTB 38.256) Diagramação: Arte Mais Comunicação e Editoração Ltda. Revisão: Kiel Pimenta Cola aboradores: Alessandra Rustarz, Alexandre Gaiofato de Souza, Alexandre Sakamoto, Angela Valiera, Cibele de Barros, Claudia Valéria da Silva, Fábio Romito, Fidelia Gutierre, Marcelo V. Prado, Marta De Divitiis, Marta Sales, Renata Martorelli, Ricardo Martorelli, Vera Grigolli, Thiago Franklin Publicidade: Valdir Porto Ribeiro – comercial1@costuraperfeita.com.br Assinaturas: assinatura@costuraperfeita.com.br Impressão: Prol Gráfica Distribuição Nacional Costura Perfeita é uma publicação bimestral da Cavemac – Rua Newton Prado, 333 – Bom Retiro – São Paulo (SP) – CEP: 01127-000 Telefone: (11) 2171-9200 Costura Perfeita – Redação: Telefones: (11) 2171-9252 / 2171-9263 – redacao@costuraperfeita.com.br

A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. É proibida qualquer forma de reprodução das matérias, fotos ou ilustrações desta publicação sem a prévia autorização da editora.



|

POR SILVIA BORIELLO

A direção é uma só: para a frente Desculpe-me quem acha que o ano no Brasil só começa depois do Carnaval. Quem pensa assim, na minha opinião, já está atrasado. Ainda mais para quem trabalha com moda, em que “o ano seguinte começa no ano anterior”, com coleções que precisam ser pensadas, planejadas e produzidas com antecedência. Aliás, esse formato foi muito discutido nas apresentações do Inverno 2016 no hemisfério norte, mas esse é um assunto para a próxima edição. Este ano começou no ano passado. Explico: todas as dificuldades do “ano perdido” que foi 2015 continuam agora, porém, com aprendizados para superá-las e seguir em frente, apesar de todo o cenário caótico da política e da economia brasileiras. Os empresários já sabem que ficar parado não é uma opção, a não ser que desistam de seus negócios. Reduzir a marcha e andar com cautela ou procurar novos caminhos a seguir, essas sim são alternativas válidas. Nesta edição, tivemos a difícil tarefa de fazer um raio X do setor confeccionista brasileiro, que passa por um momento ímpar. Enquanto algumas empresas fecham as portas, outras estão aumentando a produção e os lucros. O que acontece, então, entre uma e outra situação? Isso você descobre no Especial. Como oportunidades de mercado são sempre bem-vindas e uma das tendências para este ano é aproveitar o câmbio elevado para fomentar as exportações, falamos em Mercado e em Negócios como o segmento de denim e jeanswear vem ganhando força não só no vestuário e não só internamente, mas em outras possibilidades de uso e no mercado externo. Não à toa, o jeans é um dos tecidos mais versáteis e democráticos do mundo. Nessa Denim Edition da Costura Perfeita, exploramos o tema também em outras seções, como Produção, Qualificação, Tendências, Fique por Dentro e Dicas e Economia, trazendo o máximo de informações desse segmento para o mercado. E como logo teremos as Olimpíadas aqui no país, falamos sobre o assunto em Fique Sabendo. Você sabe quem fará os uniformes dos atletas e do staff? Não? Então corra para a página 40 para desvendar esse mistério. Fechando com chave de ouro, Costura Perfeita esteve na cobertura das principais feiras e eventos do início de ano, como o Inspiramais, que a cada edição se supera em termos de conteúdo para o setor coureiro-calçadista e de moda em geral, e a Colombiatex 2016, hoje a principal feira do setor têxtil da América Latina, que é exemplo de organização e geração de negócios. E tudo isso, leitores, aconteceu muito antes do Carnaval! Boa leitura e um sopro de ânimo para o que vier pela frente. SILVIA BORIELLO É EDITORA DA REVISTA COSTURA PERFEITA editora@costuraperfeita.com.br

8

Foto: Alexandre Sakamoto

Editorial

DESCULPE-ME QUEM ACHA QUE O ANO NO BRASIL SÓ COMEÇA DEPOIS DO CARNAVAL.”



Cartas

|

DA REDAÇÃO

VAMOS VIRAR A MESA? SR. GIUSEPPE,

mais nos chama a atenção. Na primeira

Meu marido quase morreu por causa do

edição de 2016, você parece ter ouvido

nosso convênio médico, que tratou uma enxaqueca sem pedir exames. Depois de muita insistência, fizeram uma tomografia e constataram que ele estava com um

verdadeiramente de uma “reforma” na Constituição. Carecemos também de governos gestores com conhecimento

tendo convênio, ele operou pelo SUS em

administrativo e ético. É preciso “estercar” a

Ribeirão Preto. Pagamos o convênio por 30

cultura, a educação, o governo e a

anos e quando mais precisamos não

sociedade inteira para termos um Brasil

aguentamos mais trabalhar tanto para financiar a saúde e esse governo corrupto.

Endereço: Rua Newton Prado, 333 Bom Retiro, São Paulo, SP CEP 01127-000

minha conversa no Natal. Precisamos

sangramento interno na cabeça. Mesmo

usufruímos. Agora, com quase 60 anos, não

FALE CONOSCO

Telefones: +55 11 2171-9200

digno. Parabéns por seu artigo. Excelente como sempre!

Fazemos parte do movimento “Vem pra

Ivone de Asssis, da Assis Editora

Rua”, mas está difícil convencer os

Uberlândia – MG

E-mail: redacao@costuraperfeita.com.br Site: www.costuraperfeita.com.br

empresários que temos que virar a mesa e dar um basta. Parece que ninguém enxerga que estamos indo para o abatedouro. No entanto, ainda acredito que vamos mudar o país. Deveriam clonar o senhor! Mais uma

Li seu artigo “Uma Constituição doente

www.facebook.com/costura.perfeita.1

mantém o país doente”, publicado na edição nº 88 da Costura Perfeita (nov.-dez.).

vez, obrigada por seus artigos.

Gostaria de reproduzir o texto em nosso

Márcia Martins de Carvalho

jornal aqui em Americana (SP). Muito

Ribeirão Preto – SP

obrigado e parabéns pelas colocações!

twitter.com/costuraperfeita

Ju Jensen, Jornal da Cidade O Grupo Biliton completa 25 anos em abril e, diante da magnitude da revista Costura

Americana – SP

Perfeita, que nos acompanha ao longo desses anos, quero agradecer essa fonte de EQUIPE, informação que traz conhecimento a todos A revista Costura Perfeita é, sem dúvida, os interessados no desenvolvimento do

sempre de grande relevância. Traz matérias

mercado têxtil e confeccionista.

claras e objetivas que só acrescentam

Camyla Schmitz Itajaí – SC

Silvia Boriello editora@costuraperfeita.com.br

conhecimento na minha vida e na minha empresa. Devoro todo o conteúdo várias

Há anos recebemos a revista Costura

vezes. Parabéns a toda a equipe!

Perfeita. De todas as seções, a sua é a que

aiara, por e-mail Josiane Ma

Roselaine Araujo redacao@costuraperfeita.com.br

10



|

POR MARCELO V. PRADO

Neste momento turbulento, mantenha a “mão firme e a mente sóbria” Estamos vivendo um momento bastante difícil no Brasil, em que temos a desconfortável sensação de que tudo está bagunçado, quase fora do controle. As notícias que chegam a nós todos os dias, do mundo, da nossa economia, da política, da Operação Lava Jato etc., têm nos deixado preocupados e ansiosos. Abrir o jornal pela manhã é por si só um exercício de autocontrole, diante do temor de encontrar uma sucessão de manchetes desagradáveis. Nesses momentos, o maior desafio é manter a calma e seguir em frente, firmes e convictos do caminho a ser trilhado. O guru da administração Jim Collins, juntamente com Morten T. Hansen, desenvolveu um belíssimo trabalho, anos atrás, sobre o tema da liderança em tempos turbulentos. Eles estudaram milhares de empresas para tentar entender por que, em situações difíceis como a que vivemos atualmente, algumas fracassam e outras não. Nesse estudo, aventaram inúmeras hipóteses e concluíram que as lideranças que foram mais bem-sucedidas não foram, necessariamente, as mais criativas, as mais carismáticas, nem as mais ambiciosas, ousadas ou abençoadas pela sorte. Na verdade, as que se saíram melhor foram as que conseguiram manter um surpreendente autocontrole, em um ambiente de mercado de total descontrole. Ao final, o que fez a diferença foi a capacidade de se manter com a mão firme e a mente sóbria, o que só é possível quando se tem um planejamento prévio, com o foco bem definido de aonde se quer chegar. Aqui cabe citar o exemplo de Roald Amunsen, o famoso norueguês que liderou, em 1911, uma épica expedição para alcançar pela primeira vez na história o polo sul. O inglês Robert Scott, com sua equipe, postou-se como concorrente nesse desafio, tentando superar Amunsen numa verdadeira corrida para ver

12

Foto: Divulgação

Oferta e Demanda

quem seria o primeiro a realizar tal feito. Para sair vencedor, Amunsen utilizou um plano bem definido, mas que exigiu de sua equipe um esforço incansável: percorrer todos os dias uma distância de 25 a 30 km, independentemente se o clima estava bom ou ruim. Convenhamos que na Antártica, quando o clima está ruim, é ruim mesmo. Com isso, a equipe de Amunsen alcançou o objetivo 34 dias antes de Scott, sem perder a vida de nenhum membro. Scott, por sua vez, conduziu sua equipe de forma bastante irregular: em dias de clima bom, submetia os membros da equipe a uma jornada por demais exaustiva, buscando ganhar terreno. Em dias ruins, não se movia, tentando se resguardar do mau tempo. Na verdade, Scott não tinha um plano definido, movia-se conforme as oportunidades que surgiam. Além de perder a corrida para Amunsen, Scott perdeu sua vida e a de muitas integrantes de sua expedição. Esse caso é interessante, pois o desafio era exatamente o mesmo, mas duas filosofias distintas geraram resultados bem diferentes. Nota-se que a existência de um plano bem definido foi fundamental para o sucesso. Seria ótimo se a mera aprovação de uma medida no Congresso ou a simples troca de comando na política resolvesse tudo como em um estalar de dedos. Mas sabemos que isso, simplesmente, não vai acontecer. A superação da crise atual se dará de forma lenta, dolorida e com base em um esforço incansável. Ainda assim, para garantir a inserção de sua empresa no grupo das que serão bem-sucedidas em meio à turbulência atual, você dependerá de um planejamento prévio, no qual esteja bem definido aonde pretende chegar e o caminho a ser percorrido. A ansiedade e a angústia que o momento atual traz


às lideranças de nossas empresas terá que ser dominada e substituída por métodos de autocontrole que ajudem a mantê-las firmes e fazê-las seguir adiante, com a mente sóbria e sem perder o foco nos objetivos traçados, independentemente se o clima está bom ou ruim. Sucesso!

INDICADORES SETORIAIS A produção da indústria do vestuário teve retração de 7,7% no mês de novembro, quando comparado ao mês anterior. No acumulado do ano (jan.-nov.), segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE, o índice registrou queda de dois dígitos, chegando a (-)10,1% no período e de (-)9,5% nos últimos 12 meses no volume físico produzido. G O índice de vendas no varejo (volume) de vestuário teve aumento de 6,4% no mês de novembro em relação ao mês anterior, porém acumula recuo de 8,4% no ano. O setor pode se beneficiar com a proximidade das demandas de fim de ano. O valor das importações reduziu 7,1% em 2015 e a taxa média do câmbio encontra-se em alta (R$ 3,34 para 2015). A expectativa é que o valor dessas importações se reduza significativamente nos próximos meses, beneficiando a indústria brasileira. Essas importações somaram US$ 2,37 bilhões entre janeiro e dezembro de 2015. G As exportações brasileiras de vestuário alcançaram US$ 127,6 milhões no ano, com diminuição de (-)12,2% em relação ao ano de 2014, apesar da elevação recente do câmbio, dando claras demonstrações de recuperação nesse indicador, mas demandará tempo e muito trabalho para gerar os frutos desejados. Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo cresceram 1,15% no mês de dezembro de 2015, acumulando alta de 4,47% no ano. G

CONJUNTURA DO SETOR DE VESTUÁRIO NO BRASIL 1. Produção, emprego, preços (%)

No mês

No ano

Últimos 2 meses

Produção física volumes (novembro 2015)

-7,7%

-10,1%

-9,5%

Vendas no varejo em volumes (novembro 2015)

6,4%

-8,4%

-7,6%

Vendas no varejo em valores (novembro 2015)

7,3%

-5,1%

-4,3%

Preços ao consumidor (dezembro 2015) IBGE(1)

1,15%

4,47%

4,47%

Jan.-dez. 2014

Jan.-dez. 2015

Variação(2)

Exportação (dezembro 2015)

145.257

127.556

-12,2%

Importação (dezembro 2015)

2.555.468

2.374.705

-7,1%

Saldo (exportação – importação) (dezembro 2015)

-2.410.211

-2.247.149

-6,8%

2. Comércio exterior (US$ 1.000)

Fontes: IBGE/Secex. Elaboração Iemi. Notas: (1) IPCA – Índice de preços ao consumidor amplo da cesta de produtos de vestuário – Brasil. (2) Variação de janeiro a dezembro de 2015 contra janeiro a dezembro de 2014.

MARCELO V. PRADO É SÓCIO-DIRETOR DO INTELIGÊNCIA DE MERCADO (IEMI) E MEMBRO DO COMITÊ TÊXTIL DA FIESP. COLUNA.CP@IEMI.COM.BR


|

POR RICARDO MARTORELLI

Foto: Arquivo pessoal

Tributos

O novo ICMS interestadual e o impacto para o setor No início deste ano, muitas empresas do setor foram pegas de surpresa com a nova forma de recolhimento do ICMS em operações interestaduais destinadas ao consumidor final não contribuinte do ICMS. Com o objetivo de amenizar a chamada “guerra fiscal” entre os estados, agravada principalmente pelo crescimento do comércio eletrônico, a solução encontrada pelo governo foi partilhar o ICMS entre o estado de origem e o de destino. No entanto, os impactos para as empresas brasileiras foram enormes com o aumento da buro-

cracia e os custos para adequação de sistemas e treinamento de funcionários. No caso das empresas optantes pelo Simples Nacional, em 18/2 foi publicada uma liminar que valerá pelo menos até o final do julgamento da ação, desobrigando-as de recolher o diferencial de alíquota. Até 2015, o ICMS era totalmente recolhido para o estado de origem da operação. A partir deste ano, ele é partilhado entre o estado de origem e o estado de destino. O quadro abaixo demonstra a regra que será aplicada até 2019:

ANO

PERCENTUAL DE RECOLHIMENTO

RECOLHIMENTO

2015

100% do diferencial da alíquota interna do estado de origem para a do ICMS interestadual

Estado de origem

2016

60% do diferencial da alíquota interna do estado de destino para a do ICMS interestadual

Estado de origem

40% do diferencial da alíquota interna do estado de destino para a do ICMS interestadual

Estado de destino

40% do diferencial da alíquota interna do estado de destino para a do ICMS interestadual

Estado de origem

60% do diferencial da alíquota interna do estado de destino para a do ICMS interestadual

Estado de destino

20% do diferencial da alíquota interna do estado de destino para a do ICMS interestadual

Estado de origem

80% do diferencial da alíquota interna do estado de destino para a do ICMS interestadual

Estado de destino

100% do diferencial da alíquota interna do estado de destino para a do ICMS interestadual

Estado de destino

2017 2018 2019

O ICMS interestadual continuará sendo recolhido para o estado de origem e, a partir de 2019, todo o diferencial de alíquota entre o ICMS interestadual e o ICMS interno do estado de destino será recolhido para o estado de destino. Para exemplificar as alterações da nova regra, a imagem a seguir demonstra a diferença de uma venda de R$ 100,00 de uma empresa de São Paulo não optante pelo Simples Nacional para um consumidor final do estado do Pará em 2015 e 2016.

14


Alíquota de ICMS São Paulo: 18% Pará: 17% Alíquota interestadual entre São Paulo e Pará: 7% 2015

Consumidor do Pará pagava R$ 18 de ICMS (alíquota de São Paulo) Empresa de São Paulo recolhia esses R$ 18 para o seu estado

2016 Consumidor do Pará paga R$ 17 de ICMS (alíquota do Pará) Loja de São Paulo recolhe: R$ 13 para São Paulo (7% de alíquota interestadual + 60% do restante) R$ 4 para o Pará (40% do restante)

Nesse caso, a empresa pagará R$ 1,00 a menos de ICMS. Para empresas não optantes pelo Simples Nacional, o impacto tributário dependerá da operação, mas não será muito significativo. As Micro Empresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) optantes pelo Simples Nacional que realizam vendas interestaduais para consumidores finais não contribuintes do ICMS seriam as mais afetadas pela nova legislação, pois deveriam recolher a diferença entre a alíquota interna do estado de destino e a alíquota interestadual da operação de acordo com a nova regra, além do recolhimento do imposto do Simples Nacional que já abrange o ICMS. No entanto, a liminar publicada no dia 18/2 desobrigou essas empresas de recolher o diferencial de alíquota pelo menos até o final do julgamento da ação. Sendo assim, as empresas do Simples Nacional continuarão recolhendo apenas o ICMS dentro do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). Muitos estados já sinalizaram com a possibilidade de aumentar as alíquotas internas de ICMS para alguns produtos, fato que poderá onerar ainda mais a tributação das empresas brasileiras. Entidades que defendem empresas ME e EPP estão lutando para que a cláusula que inclui empresas optantes pelo Simples Nacional nessa nova regra seja revogada definitivamente, principalmente pelo fato de infringir o objetivo do governo quando criou o Simples Nacional. A conquista da liminar foi muito comemorada pelos pequenos empresários brasileiros que anteriormente estavam sofrendo com a oneração do ICMS nas vendas interestaduais para não contribuintes do imposto. A primeira batalha foi vencida, mas orientamos que o empresário se mantenha sempre informado com seu contador e lembre que o preço da adequação será sempre menor do que o da sonegação.

RICARDO MARTORELLI É BACHAREL PELA FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO (FECAP) EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS COM ÊNFASE EM FINANÇAS E EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E SÓCIO/CONSULTOR DA HOPEN CONSULTORIA E ASSESSORIA. RICARDO@HOPEN.COM.BR


|

POR THIAGO FRANKLIN

Foto: Arquivo pessoal

Gestão

Como lidar com os conflitos em sua empresa Situações mal resolvidas dentro de qualquer relação são como fantasmas pairando sobre as cabeças dos envolvidos. Essas relações sinuosas dentro de uma empresa, ao longo do tempo, vão minando a energia dos profissionais envolvidos, além de acabarem refletindo, mais cedo ou mais tarde, no financeiro. Apesar do tema gestão de conflitos ser algo cada vez mais debatido entre gestores, ainda é comum nas empresas um leve fechar de olhos para essas situações. É corriqueiro encontrar ambientes de trabalho conturbados, rodeados de intrigas e com os envolvidos evitando mexer no vespeiro, ignorando a existência do conflito, mas a médio e longo prazo essas faíscas acenderão uma bomba nuclear. Um bom gestor costuma aplicar metodologias de detecção e mediação em busca de equipes mais engajadas e produtivas, e resolve pequenos desentendimentos do dia a dia intervindo de forma rápida e por meio de quatro passos que também podem ajudar sua empresa: 1 – Assumindo a imparcialidade: o aspecto mais difícil e ao mesmo tempo mais importante para enxergar a realidade dos fatos. Para resolver um conflito de forma sustentável, não se deixe levar pelas armadilhas das amizades ou interesses que vão além da discussão em pauta. 2 – Mantendo-se racional: “vestir a camisa” da imparcialidade ajudará muito a deixar os sentimentos de lado e manter o foco estritamente racional, principalmente no caso de discussões mais acaloradas. 3 – Ouvindo os dois lados: ao mediar o conflito, busque dados mensuráveis, que embasem sua futura decisão. Trabalhe a paciência para não encerrar a conversa antes da hora, acalmando as partes envolvidas para que elas se sintam mais seguras para explanar detalhes da situação. 4 – Decidindo de forma coerente: a decisão nunca é uma tarefa fácil, por isso expor os erros e acertos das partes envolvidas na situação que está sendo avaliada é crucial, já que dificilmente alguém está certo ou errado de forma absoluta. O diálogo pós-decisão é uma excelente ferramenta

16

para reforçar o aprendizado diante do ocorrido e para manter um canal aberto para futuros ajustes. E quando os conflitos ocorrem no alto escalão ou entre os sócios da empresa? Se esse problema estiver afetando sua sociedade ou seus cargos de confiança, busque a solução na “imparcialidade profissional”. Esse é o grande diferencial da mediação por meio de um terceiro. Um consultor especializado em gestão busca sempre o equilíbrio por meio do consenso. A imparcialidade, aliada à metodologia adequada e ao conhecimento técnico adaptado à realidade da empresa, faz toda a diferença para obter resultados assertivos e sustentáveis. O mais importante é não se enganar achando que esse tipo de atenção só deve ser dado a sua empresa quando ela crescer, pois é nas pequenas e médias empresas que o convívio é mais intenso e, consequentemente, os conflitos mais comuns. Alinhar pensamentos e ideias, solucionar qualquer pequeno desentendimento entre sócios, executivos e funcionários é algo que deve ser levado com prioridade na gestão da sua empresa, tenha ela o tamanho que tiver. Aplicar a gestão de conflitos em seu negócio é mais ou menos como o diagnóstico precoce de uma doença, que, quanto antes for detectada, antes será tratada e menores serão seus efeitos colaterais durante o tratamento e, consecutivamente, menores serão as sequelas após a cura. Todo conflito é resultado da incompatibilidade de ideias ou personalidades entre indivíduos dentro de uma organização. Uma boa gestão de conflitos detecta esses espinhos entre as relações para conseguir removê-los sem precisar podar a árvore. THIAGO FRANKLIN É CONSULTOR E PALESTRANTE DO IT STUDIO CONSULTING, CONSULTORIA ESPECIALIZADA NO MERCADO TÊXTIL. SEUS TEMAS PRINCIPAIS SÃO GESTÃO DA EMPRESA FAMILIAR E GESTÃO SOCIETÁRIA. É FORMADO EM MARKETING E ADMINISTRAÇÃO, PÓS-GRADUADO PELA FAAP COM ESPECIALIZAÇÃO NA FGV EM GESTÃO DA EMPRESA FAMILIAR. ITSTUDIOCONSULTING@GMAIL.COM / WWW.ITSTUDIO.COM.BR



Empreendedorismo Sebrae

POLO TÊXTIL DO AGRESTE SEBRAE AUXILIA PRODUTORES DE JEANS DE CARUARU E TORITAMA A EMPREENDER

gera 150 mil empregos diretos e movimenta 700 milhões de peças por ano em artigos de moda. Toritama e Caruaru concentram a produção, com mais de 2.500 fabricantes que vendem para todo o Brasil e investem em tecnologia e na oferta de produtos de alto valor agregado. É a moda ajudando no desenvolvimento do país.

Dellu’s: jeans feminino para todo o Brasil Entre os exemplos de transformação proporcionados pelo Polo Têxtil do Agreste está a Dellu’s Jeans, que nasceu na cidade em 2005. Fundada pelos empresários Luciano e Denise Oliveira, a proposta da marca era trazer produtos diferenciados para o segmento feminino. Nos últimos cinco anos, a empresa participou de capacitações no Sebrae e se transformou em uma marca presente em todo o país, com coleções próprias que se destacam pela criatividade e pelo bom gosto. “Hoje temos produtos de melhor qualidade,

Palavra do Presidente Rota tradicional de caminhoneiros, a região de Caruaru, a 130 km do Recife (PE), há mais de 30 anos movimenta o setor de confecções com o comércio informal nas chamadas feiras da Sulanca. Sebrae e Senai se uniram com associações comerciais e empresários e auxiliaram na criação do Polo Têxtil do Agreste, um arranjo produtivo local que revelou novos caminhos para o setor, principalmente na produção de jeans. A área se estende por 18 municípios do interior do estado, nos quais estão baseados cerca de 5 mil empreendedores com atuação em todas as pontas da cadeia de confecção, que são responsáveis por 16% da produção de roupas no Brasil. Investimos em quatro pilares: promoção de governança corporativa, formalização dos negócios, capacitação de mão de obra e profissionalização dos canais de venda. Hoje a região

18

CASAL

INVESTIU EM REDES SOCIAIS E FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES PARA VENDER SEUS PRODUTOS.


acessamos outros mercados e temos uma pessoa

O Sebrae busca ser a “opção mais fácil e econômica

responsável pela parte visual da marca, principalmente

de obter informações e conhecimento para apoiar as

nas redes sociais”, explica Oliveira.

decisões” dos pequenos negócios. Este ano, entre março e abril, a Unidade Sebrae Agreste Central e

Criatividade e reciclagem

Setentrional, em Caruaru (PE), fará cursos como a

Para reaproveitar o jeans que sobra das dezenas de fábricas da região, surgiu a Associação Mulheres de Argila, localizada no Alto do Moura, em Caruaru. A empresa usa a sobra do jeans como matéria-prima para produzir jogos americanos, capas para tablets, computadores e notebooks, peças de vestuário, ecobags, almofadas, tapetes e outros itens que já são comercializados para várias empresas da região e de outros estados.

Oficina de Plano de Negócios, que orienta o

Fique ligado O que o Sebrae pode fazer para ajudar o empreendedor do setor na região?

empreendedor quanto aos principais desafios na implementação de um negócio. Essa ferramenta apresenta os componentes do plano de negócio, tais como a empresa, o plano de marketing, o plano operacional e o plano financeiro.

www Para quem quiser aproveitar as oportunidades do setor, no Portal Sebrae está disponível o “Guia de Implementação: Normas para Confecção de Jeans”. Para saber mais, acesse: http://goo.gl/aS28nM.


Negócios

|

POR ROSELAINE ARAÚJO

Foto: Divulgação

DENIM SEM FRONTEIRAS CALÇADOS, ACESSÓRIOS E MÓVEIS RENDEM-SE AOS ENCANTOS DO JEANS

POLTRONA DA MARKA MOVÉIS

Poucos tecidos são tão célebres como o denim. O grande responsável por isso foi o criador da calça jeans, Levi Strauss. O jovem comerciante da Califórnia, em conjunto com Jacob Davis, patenteou em 1873 a primeira peça jeans confeccionada com essa valiosa matéria-prima. Naquela época, a calça surgiu como roupa de trabalho dos mineradores do oeste americano. No entanto, ganhou o mundo e se perpetuou no tempo. Na virada do milênio, chegou a ser eleita pela revista Time como o melhor item de moda do século 20, desbancando a minissaia e o tubinho preto.

20

O prestígio mundial não é à toa. Resistente, charmoso e versátil, o tecido se popularizou em peças jeans e virou febre a partir da Segunda Guerra Mundial ao ser utilizado por astros do cinema e da música, como James Dean, Marilyn Monroe e Elvis Presley. Segundo o Iemi - Inteligência de Mercado, o Brasil é hoje um dos maiores produtores de denim ou índigo do mundo, posição que divide com China, Turquia e Índia, com capacidade de produção de 3,4 bilhões de metros lineares de tecido por ano, o que significa cerca de 1,5 bilhão de calças. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o Brasil é o segundo maior produtor de jeans do mundo e movimenta mais de R$ 8 bilhões por ano. Os números tendem a aumentar ainda mais já que o uso da matéria-prima ultrapassou os limites do vestuário. Cientes das inúmeras vantagens do tecido, as indústrias calçadista, moveleira e de acessórios resolveram investir na fama mundial do jeans para criar outros tipos de produto. Assim, os principais produtores do tecido investem na ampliação e diversificação desse mercado.


Foto: Divulgação

ESTÍMULO ÀS TECELAGENS Líder mundial na produção de índigos e brins, a Vicunha possui fábricas em diversos países e produz cerca de 200 milhões de metros de tecido por ano, entre índigos e brins, lisos e estampados. A empresa, que comercializa em torno de 300 artigos, desenvolve projetos exclusivos, atendendo às demandas de cada mercado. Em 2015, ela fez EQUIPE DO RESTAURANTE KOUZINA VESTE AVENTAIS DE DENIM uma parceria com o CRIADOS POR ANDRÉ RAZUK. estilista André Razuk para criar uniformes, como aventais de denim. Vários estabelecimentos aderiram à proposta. Cliente da Vicunha há anos, Razuk explica que a ideia da parceria se deu pela qualidade e versatilidade dos tecidos, que se encaixaram perfeitamente na proposta de vários restaurantes atendidos por ele. “Trabalhar com jeans é muito fácil e divertido. A parceria foi um sucesso e novas ideias para as criações foram surgindo. O importante é, de vez em quando, quebrar a monotonia e se reinventar”, ressaltou o estilista. O restaurante grego Kouzina foi um dos estabelecimentos que aderiram à novidade, como declara a chef da casa, Mariana Fonseca. “Queria algo com uma proposta mais despojada e irreverente. Conversei com o André e ele trouxe a ideia de aventais mais curtinhos de jeans. O resultado não poderia ser melhor”, aprova Mariana. A Santista Jeanswear, que produz 50 milhões de metros de tecido por ano, é outra fabricante que observa o interesse cada vez maior pelo azul profundo do índigo. Segundo Sueli Pereira, gerente de Comunicação e Moda, além das confecções de roupas, o denim passou a ser muito utilizado no segmento de uniformes. Isso fez crescer o campo de atuação de outra linha de negócios da empresa: a Santista Work Solution. “O design de interiores também vem utilizando o tecido, mas em menor escala. Vemos que até a indústria automobilística se apropriou das características do jeans, adaptando estofados e detalhes. Um exemplo é o Beetle Denim, edição limitada lançada pela Volkswagen, inspirado no modelo do Beetle Jeans, de 1970. A capota do conversível vem na cor


Negócios azul-escuro, que tem uma textura especial de denim,

JEANS POR TODOS OS LADOS

além de detalhes nos assentos. Isso deixa claro que para o jeans não existem fronteiras”, lembra Sueli. Entre os artigos mais vendidos da marca, estão a família de produtos Free, que conta com elastano na composição (denim stretchs) e corresponde a 80% da venda total dos artigos. “O que torna o denim tão desejado é o conforto e a versatilidade de estilo. É uma matéria-prima que permite criar múltiplos efeitos de lavanderia. Pode receber inúmeras lavagens, indo das mais vintage às mais sofisticadas”, afirma Lílian Kurosaki, gerente de Marketing de Jeanswear da Santista. A Cedro Têxtil também vem sendo beneficiada pela procura de outros setores. “Além das indústrias de vestuário, decoração e uniformização, atendemos o segmento calçadista. Sempre acompanhamos as iniciativas de uso do jeans em outras áreas. Essas possibilidades só reforçam a versatilidade do produto. Em nossas coleções, temos desde os tons mais tradicionais aos mais diferenciados, entre azuis, pretos e acinzentados. A realização de desgastes, puídos, detonados, aplicações a laser e outros processos que realizamos agrega ainda mais valor ao tecido e o torna extremamente democrático”, ressalta Oto Arantes, gerente comercial da marca.

Um dos setores que mais apostaram no denim para oferecer produtos diferenciados foi a indústria calçadista. Há 30 anos no mercado, a Bebecê, com sede em Três Coroas (RS), fabrica hoje 15 mil pares de sapatos por dia. Parte dessa produção inclui calçados feitos com denim. “Lançamos cerca de 12 modelos, que transitam entre botas, sapatilhas e espadrilles. Já foram comercializados em média 50 mil pares de modelos com jeans. O mais vendido foi o modelo espadrille”, disse Analdo Moraes, diretor-presidente da Bebecê. Para ele, o grande apelo é sua capacidade de se adaptar a diferentes tipos de estilos, cores e modelagens. “O jeans traz visual jovem, leve e irreverente, o que é perfeito para o cenário da moda urbana. Além de muito democrático e atemporal, se adapta bem a qualquer estilo. Como a aceitação foi positiva, vamos lançar outros itens na próxima estação”, acrescenta Moraes. Fotos: Divulgação

JEANS

BEBECÊ VENDEU 50 MIL CALÇADOS CONFECCIONADOS COM DENIM.

22

PARA O QUARTO: CRIAÇÃO DA

CHARADA CONCEITO.

Dentro do segmento de cama, mesa e banho, o jeans também encontrou adeptos. A Charada Conceito, presente nessa área há 40 anos, fez uso do denim numa série de produtos. “Temos edredom, colcha, almofadas, rolinhos, capa de edredom, jogo de lençol, cortina, entre outros artigos. O diferencial do nosso jeans é que ele já é pré-lavado e amaciado. Por isso, não desbota nem solta tinta na lavagem”, destaca Olga Stefani, diretora da Charada Conceito. Segundo ela, uma das principais



Negócios produtos mais clássicos industrializados aos personalizados desenvolvidos com exclusividade pelas mãos

Fotos: Divulgação

de artesãos, como Nanda Ribeiro. Há um ano, a artista

MARKA MÓVEIS

CRIOU TRÊS POLTRONAS EM JEANS QUE BATERAM RECORDES DE VENDAS.

vantagens dessa matéria-prima é a resistência. “O jeans dura muitos anos e combina com tudo. Nunca sai de moda. Desde o lançamento, tornou-se um dos nossos produtos mais vendidos. Cerca de 20% das colchas que vendemos são em jeans. Para diversificar, o misturamos com outros tecidos, como listrados e xadrezes”, completa Olga. Que tal decorar a casa com uma poltrona jeans? Em 2015, a Marka Móveis deu um tiro certeiro ao criar uma linha de poltronas produzida nesse material. “Dos sete produtos lançados, três foram vendidos em menos de 45 dias. Ou seja, recebemos o primeiro lote no segundo semestre do ano passado e, em novembro, já estava tudo esgotado. As poltronas Egg MKP-011, MKP-009 e Swan MKP-010 são nossos best-sellers. Como a aceitação foi muito boa, devemos lançar outros modelos, mas ainda não há data prevista”, informou Richard Touitou, diretor comercial da empresa. Na área de acessórios, as bolsas jeans também se popularizaram entre os consumidores e vão desde os

24

fez sua primeira bolsa jeans e não parou mais. “Meu primeiro modelo foi feito a partir de calça que tinha e não utilizava mais. Usei técnicas de reciclagem e, no mesmo dia em que terminei, vendi a bolsa. Fiquei interessada em reciclar mais peças do vestuário para transformá-las em bolsas e elas foram superbem-aceitas, pois o jeans nunca sai de moda. Hoje, faço bolsas de outros tecidos também, mas as peças jeans são sempre as campeãs em vendas. Misturo outras matérias-primas com o mesmo propósito de reciclagem, porém priorizo a qualidade dos artigos e escolho estampas que favoreçam a peça. Acabei de iniciar uma coleção que mistura jeans com chita para dar um toque superbrasileiro nas bolsas. Amo trabalhar com o jeans e pretendo desenvolver outras peças, como mochilas e carteiras. Sei que estou no caminho certo, pois vejo a moda sustentável crescendo no país”, revela Nanda, que recebe encomendas específicas e comercializa suas bolsas no Elo 7, uma plataforma de artesanato que comercializa produtos pela internet.

BOLSAS

ARTESANAIS ASSINADAS POR

NANDA RIBEIRO.



Fotos: Divulgação

Lançamentos HIKARI APRESENTA NOVA OVERLOQUE DA SÉRIE HX6800TA

Em 2008, a Hikari foi a primeira empresa no mundo a criar uma overloque inteligente de altíssima velocidade com direct drive computadorizado, tornando-se referência em máquinas overloque de alta tecnologia. Para este ano, a Hikari está trazendo ao Brasil a HX6814TC-03 UTC3/AK, uma overloque da série HX6800TA que agrega, além das patentes de design inteligente como costura, corte de linha e levantador de calcador automáticos, um design que efetivamente economiza pontos (cerca de 40 cm de pontos) e ar comprimido, que é consumido apenas no início da costura e corte de linha. Seu motor drive servo vem equipado com um terceiro sensor, o que lhe dá maior precisão nos processos, e seus três passos garantem uma velocidade de até 8000 rpm. Vem ainda com a estrutura de um puller puxador opcional, patenteado pela Hikari, mostrando-se um modelo ideal para confecções de alta produção.

26

FILIGRANA COM MENOS CONSUMO DE ENERGIA Alto desempenho de costura, pontos precisos e ainda consome 13% menos energia que o modelo anterior. Esta é a BAS-311H, uma máquina eletrônica tipo filigrana, com padrões programáveis e motor direct drive, que a Brother está trazendo ao mercado brasileiro por meio da Andrade Máquinas, que possui o modelo para pronta-entrega e com preço especial. A BAS-311H possui velocidade de até 2.800 ppm, partidas e paradas rápidas, pontos uniformes e de qualidade, com resolução a partir de 0,05 mm e grande força de penetração, área de costura de 150 mm x 100 mm – o que permite trabalhar com uma grande variedade de materiais, como filigranas em jeans, fixação de etiquetas e velcro, costura de cintos de segurança, volantes e bancos de couro de automóveis, costuras decorativas de couro para sapatos, chaveiros, capas de smartphones, entre muitos outros itens. Seu painel foi projetado para ser de uso mais amigável e facilitar as operações e, além de tudo, possui o menor consumo de energia entre as máquinas de filigrana disponíveis no mercado. CORTAAA! A Censi Máquinas acaba de lançar a RNT-2000H, máquina para cortar papel sublimático que também funciona para outros materiais, como TNT, lona e papel de outdoor. Com tela de programação touch screen e largura de rolo de até 1,95 m, o equipamento puxa o papel cortando na transversal e também faz o corte na horizontal, sem destacá-lo, possibilitando que o operador o faça. Para cada intervalo de desenho, é necessário imprimir uma tarja para que o sensor leia e corte sobre a mesma; após o corte, a tarja é eliminada sem que haja transferência posterior para a peça a ser estampada. A máquina possui dez facas de corte que podem ser reguladas de acordo com o tamanho do desenho.


LEITURA FASHION

Iconografia Belém do Pará: incansável na busca de elementos da cultura brasileira, o estilista Walter Rodrigues esteve em março de 2015 na capital paraense para uma pesquisa histórica e, em locais históricos e instalações desde o século 17, pôde degustar toda a identidade cultural local. Junto a Walter estava o fotógrafo Daniel Herrera, que registrou mais de mil imagens. Todo esse material inspirou o livro Iconografia Belém do Pará, trazendo ainda, com exclusividade, o estudo de uma cartela de cores e um exercício de decodificação de imagens baseadas naquela região. O livro pretende ser um sopro de inspiração para os fabricantes de moda nacional e internacional, que têm à disposição todos os elementos de pesquisa, como imagens (algumas decodificadas para estampas), informações e cartela de cores, para o desenvolvimento de novas coleções. As imagens captadas percorreram um roteiro minuciosamente estudado por Walter e Daniel, passando pelo Mercado Vero-o-Peso, pela Igreja de Santo Alexandre (que é o Museu de Arte Sacra), a Basílica do Santuário de Nazaré, o Palacete Bolonha, a Casa de Plácido, o Museu Paraense Emilio Goeldi, a Feira de Artesanato da Praça da República, o Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves e o Mangal das Garças. “Mistério move, seduz, trama. Por isso, Belém e sua distância do resto do Brasil em pleno século XXI instiga. De longe, atiçamos a imaginação, construímos crenças próprias; quem chega cheio de expectativas logo vai se acostumando ao jeito calmo e caloroso desse ambiente. Assim fica mais fácil de entender e decodificar o lugar. Transportar-se para outro cotidiano sempre produz percepções ímpares quando se pensa num lugar, procura-se entender a força dele. Há um entrelaçamento entre patrimônio tangível e intangível, base de sua cultura e encantamento. O olhar sobre Belém foi sendo construído a partir de seis vetores, seis histórias que eu gostaria de contar. Tudo plasmado pelo forte impacto de adrenalina e do mistério e, outra vez, dessa determinação em contar histórias para instigar pessoas. Mistério que se transmuta em inspiração”, diz Walter Rodrigues. O livro Iconografia Belém do Pará, desenvolvido a partir de uma parceria entre o Sebrae Nacional e a Assintecal, tem prefácio do estilista paraense André Lima, apresentação da superintendente da Assintecal, Ilse Guimarães, edição gráfica e exercício de decodificação de imagens de Hélio de Tomassi e edição de textos do jornalista Carlos Santos. Com edição limitada, o livro pode ser baixado gratuitamente pelo link http://issuu.com/assintecal6/docs/iconografia-belem-2015.


Foto: Divulgação

Perfil

|

POR ROSELAINE ARAÚJO

DARIO TAKESHI MORISHITA GERENTE DE PRODUTOS DA YKK CONTA OS DESAFIOS DA COMPANHIA, UMA DAS MAIORES FABRICANTES DO ARTIGO QUE REVOLUCIONOU A MODA O zíper está para a roupa assim como o café está para o leite. Ou seja, uma combinação perfeita. Criado pelo engenheiro Whitcomb Judson, em 1893, desde quando surgiu pela primeira vez numa Exposição Mundial de Chicago (EUA), o artigo foi batizado na época de The Original. Seu primeiro uso na indústria deu-se em malas, porta-níqueis e porta-fumo. No mundo da moda, o zíper chegou em 1935 por meio do trabalho da estilista Elza Schiaparelli. Ela anunciou naquele ano que suas roupas seriam elaboradas com esse inovador fecho. No entanto, o grande salto do zíper como artigo aconteceu durante a Segunda Guerra, quando foi utilizado em sacos de dormir, uniformes e malas. Porém, o uso em massa só veio quando a rede de lojas norte-americana Sears lançou na década de 40 saias justas com zíper lateral. A partir daí, o uso se popularizou, mas ele ainda iria surpreender mais. O utilitário dominou a cena da moda em 1970 ao entrar para a alta-costura pelas mãos do estilista francês André Courrèges. Ele foi o primeiro a usar o zíper como enfeite em suas peças, ampliando a forma de visualizar e aplicar o item. O fato coincidiu com a necessidade de renovação da moda e outros grandes nomes do estilismo aderiram à inovação, como Pierre Cardin e Paco Rabanne. De lá pra cá, o zíper conquistou espaço definitivo, evoluindo em tecnologia, cores e tamanhos. Uma das maiores responsáveis pela fabricação e evolução do item no mundo inteiro é a YKK. Com 82 anos de existência e presença em 71 países, a empresa japonesa lidera o mercado e acumula conquistas significativas nesses 44 anos em território brasileiro. Dario Takeshi Morishita, gerente de produtos da YKK, conversou conosco sobre produção e perspectivas para 2016. Confira! Costura Perfeita – O que significa inovação para a YKK? Dario Morishita – A verticalização da produção e o desenvolvimento de nossos próprios equipamentos fabris nos proporcionam uma capacidade tecnológica acumulada ímpar, que nos permite inovar continuamente ao levar em consideração a redução do impacto ambiental de nossas atividades. O objetivo é proteger e preservar a natureza, assumindo papel preponderante no desenvolvimento de uma sociedade sustentável. É isso que nos possibilita e nos impulsiona a atender as mais diversas necessidades de nossos clientes, propondo novas soluções tanto para o segmento do vestuário como para os industriais.

28

DARIO MORISHITA,

GERENTE DE PRODUTOS DA

YKK.

CP – Como o senhor avallia a relação do mercado de vestuário com a produção atual de zíperes? DM – O principal segmento para uso dos zíperes ainda é o vestuário. Com a crise, muitos confeccionistas se ajustaram, buscando enxugar seus custos operacionais, e isso ficou visível nos produtos das vitrines. Olhando sob a óptica dos consumidores, as peças acabaram ficando muito parecidas, distinguindo-se pelas etiquetas, limitando bastante o potencial dos departamentos de criação. Por outro lado, observamos também empresas se movimentando em sentido contrário à onda, buscando criar oportunidades e inovando para se diferenciar. Não podemos fechar os olhos para o fato de que o mercado consumidor enfrenta forte retração pela deterioração de sua capacidade de consumo. Hoje, o setor de vestuário não compete somente entre si, entre peças produzidas aqui ou importadas, mas também com outros produtos que geram a necessidade de compra por parte dos consumidores. Concorremos com smartphones, serviços de entretenimento, restaurantes, enfim, diversos segmentos. Todos buscam ter uma participação nos gastos efetuados pelo consumidor durante o mês. Os efeitos que sentimos atualmente são sistêmicos e estruturais, e não estão restritos ao vestuário. e enfrentar as adversidades para CP – Como a YKK pretende produzir no Brasil? DM – Este ano também será de grandes desafios. Apesar das dificuldades econômicas e políticas do país, além das mudanças ocorrendo em escala global, encaramos as adversidades como oportunidades e aprendizado para implementarmos novas ideias e projetos. Com o foco no cliente e no aperfeiçoamento contínuo, a YKK tem explorado a sinergia entre produtos distintos, como, por exemplo, a fabricação de zíperes, botões e rebites metálicos. Não ficamos restritos somente à racionalização dos processos produtivos. Reduzir custos e trabalhar com uma estrutura enxuta são importantes e fazem parte do dia a dia de uma empresa com cultura oriental, mas nossos esforços vão além. Criamos valor agregado para os produtos de nossos clientes e nos dedicamos a atendê-los com excelência.



Foto: Zeca Rodrigues – Trix/Divulgação

Mercado

SANTISTA:

ADAPTAÇÃO DE SEU MIX DE PRODUTOS APOSTANDO EM ACABAMENTOS QUE VISAM A VERSATILIDADE, TOQUE E ASPECTO VISUAL

|

POR MARTA DE DIVITIIS

O MERCADO DE JEANS E DENIM SETOR TENTA SE EQUILIBRAR DRIBLANDO A CRISE Considerada uma das peças mais democráticas do universo fashion, a calça jeans está presente em todos os guarda-roupas, independentemente de faixa etária ou classe socioeconômica. Além das calças, jaquetas, macacões, vestidos e shorts entram no rol de peças de denim. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), as classes B2 e C (classe média atual) são as maiores consumidoras de jeans no Brasil, que tem nas regiões Sul e Sudeste suas principais compradoras, lideradas pelo estado de São Paulo. Dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), especializado em pesquisas e análises do setor de móveis, calçados, têxteis e confeccionista, apontam que essas regiões são responsáveis pela demanda de aproximadamente 65% do artigo. A distribuição se dá por meio de grandes lojas especializadas. A produção dessas peças está concentrada especialmente em grandes polos, como Goiás, Pernambuco, Paraná e Espírito Santo, que fornecem jeans para todo o Brasil. Segundo informações do Iemi, o país contava em 2014 com 6.500 produtores com porte industrial (representando 22,4% do total de confecções de vestuário em geral), empregando 26,3% de trabalhadores da indústria do vestuário. Em 2014, alcançou 362,6 milhões de itens confeccionados, sendo que foram consumidos internamente 397,2 milhões de peças. Em 2015, foram 342,3 milhões de peças produzidas no país e estima-se que em 2016 se produzam 359 milhões. Em 2014, a produção de jeanswear recuou 0,7%, enquanto em 2015 a estimativa

30


Fotos: Divulgação

A DEMANDA DO MERCADO INTERNO DETERMINA A PRODUÇÃO DE JEANS NO BRASIL, UMA VEZ QUE O MERCADO EXTERNO É LIDERADO PELOS PAÍSES ASIÁTICOS

CEDRO: REDIRECIONANDO ESFORÇOS PARA A RETOMADA DO MERCADO EXTERNO.

apontou queda de 4,5%. Espera-se que em 2016 haja alta de 3,7%. O consumo interno (produção – exportação + importação) recuou 5,3% em 2015, e acredita-se que em 2016 tenha uma alta de 1,5%. De acordo com Marcelo Prado, diretor do Iemi, a produção nacional de jeans depende especialmente da demanda interna, uma vez que os produtos asiáticos, em especial da China, ganharam os mercados internacionais já há alguns anos. Mas, de acordo com ele, as empresas fabricantes de denim também têm essa mesma dependência. “Embora a produção de denim no Brasil tenha, em termos de exportação, condições de avançar mais que os produtos confeccionados, depende também desse mercado interno”, avalia em relação à recente alta do dólar. Segundo Prado, o Brasil hoje é um grande criador de tendências em lavagens. Falando em lavagem, podemos dizer que ela é um fator muito importante para as vendas ao consumidor final, que, com a retração da economia, ficou mais exigente e não aceita mais uma peça básica, no tecido cru ou com lavagem convencional. Segundo Vinicius Azevedo, designer do Grupo GB Customização, que nasceu em 1984 no Espírito Santo e hoje é uma das maiores empresas de beneficiamento de jeans no país, com a diminuição do poder de consumo o GB CUSTOMIZAÇÃO: BENEFICIAMENTOS E público final passou a ter CUSTOMIZAÇÕES PARA TRANSFORMAR mais critério na hora da PEÇAS BÁSICAS EM PEÇAS-DESEJO.

compra, exigindo um produto diferente daquele que já tem parecido em seu guarda-roupa, colocando as empresas que possuem baixo nível de inovação em uma situação crítica. Com as novas tecnologias é possível, de acordo com ele, fazer um denim com alto poder elástico ter a aparência de 100% algodão, com aspecto vintage, que nos remete às primeiras calças jeans, usadas pelos mineradores dos EUA. “Quando começamos, a lavanderia era apenas para fazer o complemento do produto para venda. A intenção era somente mudar a cor e tirar a goma do tecido. Era impossível agregar valor e desejo ao produto, pois todos faziam a mesma coisa. Hoje em dia, a lavanderia mudou, como no nosso caso, e passamos a ser uma empresa de customização, pois a roupa fica mais tempo em setores artesanais e tecnológicos do que em máquinas de lavar. Atualmente, muitas empresas agregam valor ao produto e várias delas o fazem apenas com o trabalho de customização. Com isso, diferenciam-se e atingem o desejo de compra do consumidor final,” explica Azevedo. FABRICANTES DE DENIM SE ADÉQUAM À RETRAÇÃO DO MERCADO INTERNO E INVESTEM EM BENEFICIAMENTOS ORIGIN NAIS De acordo com o Iemi, o Brasil é um dos maiores produtores de denim ou índigo do mundo, posição que divide com China, Turquia e Índia, com capacidade de produção de 3,4 bilhões de metros lineares de tecido por ano. No entanto, a

A DESVALORIZAÇÃO DO REAL PROPICIA AOS FABRICANTES DE DENIM APOSTAR NO MERCADO EXTERNO, A MÉDIO PRAZO

VICUNHA:

EM 2016, A EMPRESA PRETENDE AUMENTAR AS RECEITAS EXTERNAS, APROVEITANDO O MOMENTO DE DÓLAR VALORIZADO.

31


Mercado Fotos: Divulgação

dificuldade do mercado, mais acentuada no segundo semestre de 2015, levou os fabricantes, em curto prazo, a se adequarem à nova realidade, sem, contudo, deixar de lado as estratégias para auxiliar seus clientes a tentar reverter a situação. Com o câmbio mais favorável devido à recente alta do dólar, há possibilidades de apostar na exportação. “No entanto, é preciso destacar que esse movimento é de médio prazo. A partir da estabilidade da taxa de câmbio em patamares próximos do atual, o mercado tende a se adaptar e abrir novas possibilidades. Exportação é um processo de maturação, não acontece do dia pra noite. Com o dólar mais estável, como tem ficado nos últimos meses, nós temos direcionado nossos esforços para retomar o mercado”, segundo Luis Cesar Guimarães, diretor comercial da Cedro. No mercado interno, a estratégia da empresa foi se aproximar mais de seus clientes, oferecendo um atendimento mais consultivo junto à equipe de estilistas. Nas palavras de Fábio Augusto Covolan, diretor de marketing da Canatiba, a empresa viu na situação atual a oportunidade de trabalhar seus produtos especiais que, segundo ele, garantem maior rentabilidade. Denins com o fio Emana®, da Rhodia (que proporciona benefícios físicos aos usuários), com construções especiais com as fibras naturais de Tencel® e Modal®, entre outros. Lilian Kurosaki, gerente de marketing da Santista, afirma que a empresa adaptou seu mix de produtos em função da crise econômica em 2015, mas que, para 2016, a aposta vai para os acabamentos que visam a versatilidade, toque e aspecto visual. A Vicunha, multinacional que também oferece seus artigos a todos os polos de jeans no Brasil, além de 80 países entre Américas, Europa e Ásia, pretende se voltar ao mercado internacional. “Para este ano, pretendemos aumentar nossas receitas externas entre 20% e 25%, aproveitando o momento de dólar valorizado”, diz a diretora executiva-comercial e de marketing da Vicunha, Anna Maria Kuntz. Para o ano vigente, aqui no Brasil a empresa está

32

CANATIBA:

SEGUNDO O DIRETOR DE MARKETING, FÁBIO AUGUSTO COVOLAN, A EMPRESA VIU NA SITUAÇÃO ATUAL A OPORTUNIDADE DE TRABALHAR SEUS PRODUTOS ESPECIAIS, QUE GARANTEM MAIOR RENTABILIDADE.

apostando em denins com beneficiamentos diferentes, como estampas e corrosão. Maria José Orione, diretora de planejamento estratégico e de marketing da Capricórnio Têxtil, mencionou que para a empresa não houve retração em 2015. Pelo contrário, a produção chegou a aumentar 10% e o faturamento teve um incremento de 5% em relação ao ano anterior. De acordo com a executiva, essa evolução se deu principalmente devido à renovação do setor de tecelagem e tingimento da empresa, que tem investido em seu parque industrial desde 2012. Em 2016, pretendem se empenhar na participação no mercado externo, iniciada em 2014. POLOS CONFECCIONISTAS DE JEANS TÊM DECRÉSCIMO DE PRODUÇÃO

CAPRICÓRNIO TÊXTIL:

EM 2015, A PRODUÇÃO AUMENTOU 10% E O FATURAMENTO TEVE UM INCREMENTO DE 5% EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR.

JOSÉ DIVINO ARRUDA, PRESIDENTE DO SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DO VESTUÁRIO DE GOIÁS (SINVEST).

De acordo com o diretor de assuntos estratégicos do Sindvest Maringá, Valdir Escalon, a produção de jeans no polo paranaense, do qual fazem parte Maringá e Cianorte, caiu muito. “Até 2011, só a produção destinada ao Brás, em São Paulo (SP), contabilizava 2 milhões de peças mensais. Quando os confeccionistas do bairro paulista passaram a terceirizar a produção na China, em meados de 2012, esse número caiu 70%.” Com a queda do consumo interno, a produção de jeans diminuiu ainda mais, segundo o executivo. Só em Maringá, foram 2.069 demissões no ano passado. “O setor ficou desestruturado, perdendo sua capacidade de exportação,” afirma Escalon. Mesmo com a alta do dólar, o executivo calcula um mínimo de dois anos para que o segmento se articule novamente para tal. “Para se reerguer, são necessários mais investimentos. No entanto, não existe mais credibilidade econômica e política para que isso aconteça”, explica. As indústrias sobreviventes estão tentando trabalhar com redução de custos e otimização do produto. O polo de Goiás também foi afetado pela crise, com diminuição da produção. Segundo José Divino Arruda, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do



Mercado Estado de Goiás (Sinvest), os empresários estão focados no preparo de negócios internacionais, uma vez que a alta do dólar permite aumentar as exportações. Já o polo do Espírito Santo, que tem capacidade produtiva de 20 milhões de peças por ano, também tem sentido o efeito da retração do consumo interno, assim como das medidas de ajuste adotadas pelo Executivo Federal. “Estamos todos reavaliando nossos planejamentos de produção, modelo de negócio e estratégias de comercialização, buscando principalmente novos mercados. A principal ordem é adotar cada vez mais uma gestão estratégica e profissional buscando reduzir custos sem perder qualidade e inovação”, diz Fábio Tadeu Zanetti, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Colatina e Região (Sinvesco). Toritama, cidade pernambucana distante 170 km do Recife, é considerada a capital do jeans, contando com 2.500 fabricantes que respondem por 16% da produção nacional. Em 2015, além dos efeitos da crise econômica, a cidade enfrentou problemas com a falta de água, item fundamental na indústria de jeans (lavagens e beneficiamentos utilizam água em seus processos). Em meados de maio, já contabilizavam perdas de até 30%, com fechamento de lojas de revenda e demissões.

indústria de cristais Swarovski. “Os cristais valorizaram muito os modelos e, aliados a um preço justo, foram muito bem recebidos por nossos clientes”, justifica Laís. Além disso, a marca fidelizou seus consumidores ao longo dos anos trazendo novidades semanais, produtos patenteados como a calça Levanta Bumbum, uma de suas exclusividades. Outro ponto positivo foi a abertura de e-commerce para o consumidor final, que alavancou vendas, paralelamente ao aumento da produção da linha masculina, cuja campanha é estrelada pelo cantor Luan Santana. “Mesmo em meio a essa crise, a Sawary, que teve que adequar sua estrutura interna aos novos tempos, se manteve bastante ativa, trazendo novas oportunidades”, completa a executiva. A marca tem entre seus consumidores um público das classes B, C e D, a maior parte feminino. Fotos: Divulgação

SAWARY:

FIDELIZAÇÃO DOS CONSUMIDORES COM NOVIDADES SEMANAIS E PARCERIA COM A SWAROVSKI.

34

MARCAS FIDELIZAM CLIENTES COM INOVAÇÕES CONSTANTES E PEÇAS DE VALOR AGREGADO

ZUNE:

Com a inegável retração do poder de compra do consumidor brasileiro, as marcas de jeans têm driblado a questão por meio de alguns artifícios. O aumento de valor agregado das peças é um deles. A Sawary Jeans, marca sediada no Brás, em São Paulo, apostou, de acordo com Laís Lettieri, gerente de marketing, numa parceria com a

José Eduardo Nahas, que responde pelas marcas Zune (masculino e feminino), Rock & Soda (masculino), Disparate (feminino) e Uber (masculino e feminino), há 33 anos no mercado e sediado no Brás, em São Paulo, até há pouco desenvolvia seus produtos no Brasil e produzia na China (aproximadamente 40% das coleções, especialmente da

MARCAS DO GRUPO SONDADAS PARA EXPORTAÇÃO.


Fotos: Divulgação

Zune). Com a alta do dólar, essa produção foi reencaminhada para facções brasileiras. “Nunca parei de produzir, pelo menos em parte, no Brasil, prevendo que, em algum momento, ficaria inviável – como agora – produzir fora do país, pagando em dólar”, justifica Nahas. Equipada com uma máquina de corte de última geração, completamente computadorizada, a empresa desenvolve e corta as peças na própria fábrica e terceiriza o restante da produção em várias facções, espalhadas pelos principais polos têxteis do país. Otimista, o empresário afirma que as roupas costumam satisfazer os desejos do público e são mais baratas que eletrodomésticos, têm sempre novidades, fazendo o consumidor optar por estar, sempre que possível, vestindo roupa nova. Ultimamente, a empresa tem sido sondada por compradores estrangeiros, mas a efetivação da exportação ainda depende da estabilização da economia. Já para a Comask, de Sorocaba (SP), que trabalha para várias marcas premium, alguns magazines, e possui a marca YCK’S, a crise começou realmente no início de 2016, quando teve um decréscimo de 20% na produção (usualmente eram 250 mil peças ao mês). Com um parque fabril completamente atualizado em maquinário, que economiza 20% do tempo de produção, a empresa, de acordo com o diretor comercial, Fábio Américo Leme dos Santos, atende seus clientes com o maior cuidado, fazendo disso seu diferencial. “Deixamos eles livres de qualquer preocupação, a não ser com suas vendas. Temos profissionais altamente capacitados, que pesquisam em feiras internacionais, uma lavanderia com equipamento de ponta e a obrigação de manter a mais alta qualidade, sempre inovando, fidelizando, assim, nossos clientes”, justifica. Atualmente, estão trabalhando para a conquista de clientes nos EUA e na Europa. No entanto, de acordo com o diretor

RUI ARAÚJO SILVA, DIRETOR DE NEGÓCIOS DA LEVI’S NO BRASIL: PRODUTO NÃO É APENAS JEANS, MAS UM LIFESTYLE ATEMPORAL”.

“NOSSO

comercial, será um longo caminho até lá, uma vez que os potenciais clientes não se sentem seguros com a instabilidade econômica do Brasil. Quando falamos de jeans, não podemos esquecer a Levi’s, pioneira no segmento, com mais de 160 anos de tradição. Com a produção hoje totalmente globalizada – as peças são desenvolvidas em várias fábricas em alguns países e, dos EUA, as coleções são distribuídas para o mundo. Segundo Rui Araújo Silva, diretor de negócios no Brasil, a alta do dólar fez com que revisassem preços e, mesmo assim, a demanda se manteve, sendo que em alguns momentos ela cresceu. “Nosso produto não é apenas jeans, mas um lifestyle atemporal. Nossa marca tem valores, qualidade e originalidade. Atingimos todos os nichos de mercado, desde o consumidor mais convencional até aquele de vanguarda”, completa o diretor.

35


Mercado

JEANS: NOVIDADES EM MAQUINÁRIO DE PONTA Fotos: Divulgação

VIBEMAC 1010V4F1: um clássico da Vibemac, a máquina automatizada para costurar jota em calças jeans permite jotas diferenciados com qualidade superior, alta produtividade e sem mudar o output da linha de produção. Utilizando apenas um operador de máquina, produz até 250 jotas/hora com 2.800 pontos na versão 1 agulha e 2.500 na versão 2 agulhas, com o sistema DCT patenteado.

COMACE MK 9820-02 A: esta caseadeira de olho eletrônico da Megamak possui motor direct drive (com baixo consumo de energia: redução de até 70%), corte de linha automático curto (superior e inferior), painel de LCD em português, de fácil operação, bem como lubrificação automática de fácil manutenção. Com velocidade máxima de 2.500 ppm, possui nove tipos de caseados diferentes (inclusive milanesa), com tamanhos que variam de 5 mm a 50 mm, largura do zigue-zague de 1,5 mm a 5 mm, comprimento do travete de 0 a 20 mm, e altura do calcador de 16 mm. Ainda vem com reservatório que suga resíduos de corte de olho, evitando o acúmulo dentro da máquina e mantendo-a limpa. Disponível em 2 fios (caseados normais) e 3 fios (caseados milanesa), em 220 V.

CENSI MÁQUINAS MCE-240: desenvolvida para vincar bolsos e fusionar entretelas em peitilhos, a máquina foi desenvolvida com o intuito de economizar tempo e aumentar a produtividade. Os aparelhos são específicos, desenvolvidos de acordo com o modelo de bolso desejado. Possui controlador de velocidade e temperatura digital (temperatura máxima de 200 ºC), resfriamento de esteira com desligamento automático, potência de 3.200 W, área útil da esteira de 240 mm, produz 500 bolsos/hora (uma pessoa) e 1.200 peitilhos/hora (uma pessoa). Tag Press: a máquina foi criada para aplicar o tag na peça sem a necessidade de manuseá-lo, agilizando a produção. Sua capacidade produtiva é de até 1.400 peças/hora, sem a utilização de energia elétrica (automática e pneumática, com baixo consumo de ar comprimido). Disponível em 1, 2 ou 3 cabeçotes independentes, que podem aplicar tags simultaneamente em peças diferentes, a Tag Press adapta-se a todos os tipos de etiqueta, sendo que alguns precisam de gabaritos desenvolvidos pela Censi Máquinas.

ANDRADE MÁQUINAS Sansei SA-007-364 XL/DP: máquina de costura para fechamento de calça jeans. Esta fechadeira de braço 3 agulhas ponto corrente vem com bitola de 6,4 mm e lubrificação automática. Com catraca posterior dupla de ferro, é perfeita para o transporte de materiais pesados. Indicada para tecidos pesados como denim, brim etc. Acompanha aparelho de embainhar. SA-7250RPF: máquina de costura reta eletrônica ponto fixo, de alta velocidade, indicada para tecidos médios e pesados. Possui sistema de corte de linha oscilante (mais eficiente que o sistema tradicional), painel de programação integrado ao cabeçote (simples de operar, compacto e funcional) e possibilidade de programação de ciclos de costura para aplicação de etiquetas, bolsos em camisas e outras variações. SA-254: máquina eletrônica para costurar passante de calça, permite fazer passantes de 40 mm a 90 mm de largura entre costuras. Possui motor direct drive, velocidade de até 2.000 ppm, dupla lançadeira oscilante, painel digital touch multifunções em oito idiomas diferentes, inclusive português e inglês, e entrada USB para transferência de novos programas.

36



|

POR VERA GRIGOLLI

Foto: Arquivo pessoal

Produção

Criação: conhecimento e muitas possibilidades Tenho enfatizado com frequência a importância de

que não acompanham com a mesma agilidade, nem

conhecer profundamente as etapas dos processos

mesmo utilizam todo o suporte oferecido como

têxteis para que se possa encontrar alternativas de

ferramenta de aperfeiçoamento por inúmeros motivos,

driblar as adversidades.

mas destaco aquele que está relacionado ao fato de

A criatividade e o conhecimento são ferramentas

que profissionais da área de produto direcionam a maior

fundamentais para tal e, independentemente do

parte de seus interesses às pesquisas de tendências,

momento atual, a questão é que o fast fashion pede

lifestyle, acompanhamento das mídias sociais, entre

novidades constantemente. Sendo assim, é preciso

outros, mas precisariam dedicar-se também um pouco

seduzir, criar desejo de consumo, pois essa é a melhor

mais ao conhecimento dos recursos tecnológicos, pois

maneira de crescer e “ganhar o mundo”.

esses sim trazem um horizonte infinito para que a

Na cadeia têxtil, alguns setores preocupam-se de

aconteça

com

competência,

propondo

maneira intensa com inovação, versatilidade, sus-

renovação a cada estação com eficiência, palavra de

tentabilidade, eficiência e custos, como, por exemplo,

ordem para um resultado comercial positivo.

as tecelagens do segmento de jeanswear. Elas possuem

Sei da necessidade de pensar com cautela na

uma característica inovadora: a cada temporada,

elaboração de novas coleções em período de economia

apresentam tecidos que possuem linguagem mundial,

recessiva, mantendo os best-sellers, porém, a

traduzem os mais diversos estilos de comportamento

introdução de itens diferenciados pode ser uma

que marcam gerações, investindo em tecnologia,

alavanca nas vendas e, para que isso aconteça, é

trazendo novas lavagens, cores, padronagens, mistura

preciso testar, analisar questões de engenharia de

de fios para suprir as novas e constantes necessidades

produto, ter uma visão do business como um todo e

do consumidor final.

utilizar as novas propostas de forma estratégica para

Acompanhando os lançamentos têxteis, verifica-se a inquietude, a sede por inovação, a evolução constante,

38

criação

chegar ao ponto de equilíbrio entre o aspecto estético e o comercial.

mas, quando falamos de produto acabado, não

Em meu cotidiano, trabalhando com departamento

podemos dizer o mesmo. Observo muitas vezes que

de desenvolvimento de produto das empresas que

não se trata de desinteresse e sim de falta de interação

atendo, percebo essa carência. Ela se inicia quando

do profissional da área com o departamento de produto

vamos definir o mix após as viagens de pesquisas, ou o

das tecelagens. Assim, ocorre certo descompasso entre

briefing. Geralmente me apresentam fotos ou peças as

os produtores de matéria-prima e aqueles que dão

quais há intenção de realizar com algumas alterações

continuidade ao processo, em especial as confecções,

para incluir na coleção sem saber exatamente como


fazê-lo, qual matéria-prima é adequada ou como

em intervalos cada vez menores, e a reinvenção das

poderia ser explorada a proposta com assertividade. Há

peças do vestuário apresenta-se nas diversas maneiras

também outra situação bem comum, quando se define

de aplicação das matérias-primas e nas novas

uma sequência de itens praticamente iguais aos de

propostas que as tecelagens apresentam. Costumo

coleções anteriores, com a mesma matéria-prima.

dizer que não se cria uma camisa ou uma calça,

Nesse caso, sugiro determinados lançamentos de

mas conta-se uma nova história da mesma peça a

tecidos interessantes para modificar o produto com

cada vez que as apresentamos em tecidos ou

compatibilidade de custos e produção, que até então

lavagens diferentes.

foram apenas vistos em feiras, mas, por desconhe-

A abordagem é a produção, mas esta está íntima e

cimento dos processos, não foram testados. Acredito

diretamente ligada ao desenvolvimento, que, por sua

que é muito positiva a busca por resultados diferentes.

vez, se inicia na criação. Ou será o inverso?

Isso deveria ser uma constante para aqueles que trabalham nessa área. Com o objetivo de otimizar custos e minimizar erros, muitas empresas preferem apresentar por anos variações do mesmo tecido em modelos similares sem perceber que o caminho aponta para outra direção, uma vez que os lançamentos para o varejo têm acontecido

VERA GRIGOLLI É CONSULTORA E PALESTRANTE DA IT STUDIO CONSULTING,CONSULTORIA ESPECIALIZADA EM MERCADO TÊXTIL. SEUS PRINCIPAIS TEMAS SÃO RELACIONADOS A DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO. PÓS-GRADUADA EM MILÃO, NA SCUOLA DI REGIONE DI LOMBARDIA (ENGENHARIA DE PRODUTO E DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES), ESPECIALIZADA PELA SCUOLA MARANGONI (CRIAÇÃO EM ESCALA INDUSTRIAL E GERENCIAMENTO DE COLEÇÃO) E DOCENTE DO NÚCLEO DE MODA DA FAAP, NO CURSO A MODA COMO NEGÓCIO. ITSTUDIOCONSULTING@GMAIL.COM / WWW.ITSTUDIO.COM.BR


Fique Sabendo

|

POR RENATA MARTORELLI

Foto: Divulgação/COB

ESTAMPA

ESCOLHIDA PARA AS CRIAÇÕES DE

LENNY NIEMEYER.

LENNY NIEMEYER ASSINA UNIFORMES DAS OLIMPÍADAS 2016 A ESTILISTA FOI SELECIONADA PARA DESENHAR UNIFORMES DOS ATLETAS BRASILEIROS PARA AS CERIMÔNIAS DE ABERTURA E ENCERRAMENTO DOS JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016 As Olimpíadas 2016 acontecem entre os dias 5 e 21 de agosto, no Rio de Janeiro, mas a moda brasileira já começou a mostrar seu DNA antes mesmo de o evento mundial começar. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) convidou Paulo Borges, diretor da Luminosidade, para elaborar um projeto de criação dos uniformes dos atletas brasileiros com a assinatura da moda nacional. A ação fez parte da campanha “Amo Moda Amo Brasil”, comandada por Paulo, que busca oportunidades de posicionar a identidade, a criação e o design brasileiros, com visibilidade global. Após definirem o conceito, cinco estilistas de destaque da moda nacional foram convidados a participar do processo seletivo. A proposta era trazer uniformes criativos e elegantes, que representassem a brasilidade nas cores e nos cortes, sem deixar de lado o conforto. “A criatividade e a vibração inerentes à nossa moda são também ‘um ouro para o Brasil’. Num momento em que todos os holofotes estão voltados

40

para nós, quem melhor para vestir nossos atletas do que um criador brasileiro?”, comenta Paulo Borges. Além do COB, a seleção contou com a participação da C&A, da Luminosidade, e com a opinião de alguns atletas, como Victor Penalber, do judô; Marcus Vinicius D’Almeida, do tiro com arco; Jade Barbosa, da ginástica artística; e Ana Sátila, da canoagem slalom. Lenny Niemeyer, considerada uma das maiores estilistas brasileiras de moda praia, passou pelo processo seletivo e foi escolhida para desenhar os uniformes de desfile do Time Brasil nas cerimônias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016. “Foi com muito orgulho que aceitei o desafio de criar os uniformes oficiais. Minha inspiração veio da natureza, com toda a diversidade de nosso país. A partir do verde, azul e amarelo da bandeira brasileira, criei uma estampa que remete aos nossos pássaros e flores tropicais, em tecidos leves que se movimentam ao vento e tons de areia do nosso vasto litoral. A modelagem é


Foto: Heitor Vilela/COB

REUNIÃO

FINAL PARA ESCOLHA DO UNIFORME DE DESIFLE DO

TIME BRASIL

NAS

OLIMPÍADAS 2016.

clássica e atemporal, reforçando o comprometimento e a grandiosidade de um evento que vai ficar marcado na nossa história’’, revelou a estilista. A C&A será a responsável por confeccionar os uniformes. Segundo o vice-presidente de Operações e Marketing da C&A, Elio Silva, a empresa sempre busca estar próxima de seus clientes, seja em pontos de venda, como lojas físicas ou e-commerce, seja também com ações de ativação da marca em eventos. “Sempre foi um desejo da empresa fazer parte dessa celebração do esporte e, por isso, decidimos apoiar os Jogos Olímpicos Rio 2016 com a produção dos uniformes do Time Brasil para as cerimônias de abertura e encerramento. Ter a oportunidade de desfilar a paixão pelo país e pela moda nessa grande passarela do esporte é algo muito especial para cada integrante da nossa equipe.” Para Elio Silva, a estilista Lenny Niemeyer é uma grande profissional. “Lenny já fez parcerias conosco na Plataforma Collection e nossos times são acostumados a trabalhar em conjunto. Estamos muito empolgados com o resultado e percebemos que a estampa, divulgada recentemente, teve uma aceitação extraordinária do público.” Quando indagado se a produção dos uniformes seria realizada por costureiras brasileiras, Silva disse que, por políticas internas, não poderia dar detalhes sobre a confecção do material. “Estamos muito felizes com o resultado final e temos a certeza de que nossos atletas estarão muito bem-vestidos e elegantes nas cerimônias. Podemos afirmar que, como país anfitrião dos Jogos Olímpicos, o Brasil causará excelente impressão ao encerrar o desfile da cerimônia de abertura no dia 5 de agosto, no Maracanã”, comemora o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman. Os uniformes que serão utilizados pelos atletas do Time Brasil na Vila Olímpica, nas competições e no pódio serão produzidos pela Nike, porém, não foi informado se seriam feitos dentro ou fora do Brasil. Essa seria uma grande oportunidade de valorizar a indústria brasileira, já que o evento será realizado aqui no país.




Especial

|

POR SILVIA BORIELLO

RAIO X DO SETOR DE CONFECÇÃO NO BRASIL COM PANORAMA POLARIZADO – ENQUANTO ALGUMAS EMPRESAS AUMENTAM FATURAMENTO E PRODUÇÃO, OUTRAS FECHAM AS PORTAS –, SETOR VIVE MOMENTO ÍMPAR, REFLEXO DO DESALINHO DO PAÍS Seria ótimo poder iniciar esta matéria com previsões superanimadoras de que tudo mudará para melhor este ano, mas, infelizmente, não é bem assim. Podemos dizer que as setas indicam para todos os lados: um pouquinho para cima, um tanto para baixo e outra maior numa linha horizontal, mostrando estagnação. Estudos da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apresentados no início de fevereiro com o balanço da indústria em 2015 e prognósticos para 2016 trazem dados preocupantes, especialmente no que diz respeito às demissões: enquanto em 2014 foram 20 mil postos a menos, 2015 fechou com 100 mil desempregados no setor, que abriga 1,5 milhão de postos de trabalho. A produção de vestuário caiu 10% em 2015 e deve ter ainda uma ligeira queda de 1,8% em 2016 e cerca de 5% a menos de vendas no varejo. As exportações totais (sem fibras de algodão) caíram 8,24% em volume, somando US$ 1,08 bilhão (destes, US$ 127,6 milhões em vestuário) e 3,9% em

44

quantidade (fechando em 206 mil toneladas). Os estoques parados ficaram em 29,5%, ou seja, 44% acima do que em 2014, quando estavam em 7,35%. E a utilização da capacidade instalada, que era de 88% no início de 2015, despencou para 78,6% negativos no final do mesmo ano. Por outro lado, em vez de lenços para enxugar as lágrimas – não que não sejam legítimas, afinal, as adversidades econômicas bateram, sim, às portas das empresas brasileiras de forma bruta –, algo de positivo acena para o segundo semestre deste ano e um pouco mais para 2017. O mesmo estudo da Abit aponta para uma produção 9% maior na área têxtil em 2016, faturamento de R$ 127 bilhões para o setor como um todo e investimentos de R$ 2.795 milhões, cerca de 11% a mais que em 2015, além do aumento de 1,5% em volume e 5% em quantidade nas exportações, especialmente de têxteis, com um câmbio médio de R$ 4,07 para o ano. Mas as projeções do Iemi - Inteligência de Mercado são um pouco mais otimistas, com um aumento de 5% nas


vendas do varejo de vestuário devido à substituição dos produtos importados, puxando, dessa forma, a confecção e as tecelagens nacionais. Outro ponto favorável, destacado tanto pelo Iemi quanto pela Abit, é que a alta do dólar frente ao real fez cair as importações e favorece as exportações, mas só para empresas que já têm essa estrutura formatada. “Sentiremos os números um pouco mais pra frente, mais no segundo semestre, em alguns nichos como o de denim e toalhas de banho, inclusive nas exportações. Contudo, esse benefício não é para todo mundo, pois nem todas as empresas brasileiras têm o know-how necessário para exportar. A melhora mesmo será em 2017, pois, com o fator da substituição dos importados e também com a compra estagnada de itens mais caros, como carros, celulares, geladeiras, eletrônicos e viagens, por exemplo, a tendência é o mercado consumidor direcionar suas compras a itens como os de vestuário, calçados, acessórios, beleza, que têm uma vida útil menor e precisam ser repostos, além de mais acessíveis”, avalia Marcelo Prado, sócio-diretor do Iemi. Rafael Cervone, presidente da Abit, conta que o mercado internacional do setor têxtil e confeccionista movimenta mais de US$ 700 bilhões anualmente e que a meta da associação traçada para os próximos dez anos é reconquistar 1% desse market share, participação que o Brasil possuía 20 anos atrás, o que alavancaria as exportações de US$ 1,3 bilhão ao ano, como acontece agora, para US$ 7,5 bilhões. “É uma meta arrojada e possível, mas não resolve os problemas”, pontua. Ao mesmo tempo, destaca o trabalho bem estruturado e audacioso feito em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), por meio do programa Texbrasil, viabilizando a entrada de empresas brasileiras no no exterior com todo o suporte de conhecimento de mercado, missões empresariais e outras ações estratégicas, atendendo junto a entidades um número maior de objetivos. Em dois anos, já foram mais de 800 ações. Entre os mercados-alvo que mais se destacam na mira da Abit atualmente estão União Europeia e Estados Unidos, os maiores do mundo, países da América Central e do Sul, como México, Peru, Colômbia e a retomada da Argentina, sem deixar de fora os países asiáticos, como a China. Mas, para isso, o Brasil precisa correr atrás do prejuízo nos acordos comerciais, minimizando a leniência governamental em mais esse quesito. O QUE VEM ACONTECENDO COM O SETOR? Informações sobre fechamentos bombardearam os noticiários nos dois primeiros meses de 2016, como o pedido de recuperação judicial do Grupo GEP, dono da Cori, da Luigi Bertoli, da Emme e que coordena a Gap no Brasil, justificando que, apesar de ter crescido 10% em número de lojas entre 2008 e 2014 e ter um faturamento de R$ 544 milhões anuais, suas dívidas atingiram mais de R$ 510 milhões. Além de responsabilizar o atual momento econômico brasileiro, ainda cita a grave crise mundial que a Gap enfrenta por não ter atualizado seu modelo de gestão. Grandes magazines estão balançando, fechando lojas, como a Marisa, e decretando falência, como o Leader, com dívidas anunciadas batendo em R$ 1 bilhão. A Malwee também encerrou atividades na unidade de Blumenau (SC), demitindo centenas de funcionários em menos de um ano – foram 250 no primeiro trimestre de 2015 e mais 300 em fevereiro de 2016. Em comunicado oficial, a empresa lamentou o ocorrido e o impacto na vida de seus funcionários, dizendo


Especial que, apesar de todos os esforços para reduzir seus custos que cresceria apenas com serviços, agricultura e tecnologia da operacionais, como o enxugamento de estrutura e a informação, mas que agora “caiu a ficha” de que essa conta unificação de turnos, entre outros aspectos, não foi possível não fecha. “Nós, da Abit, mostramos esses dados ao governo manter a unidade frente à situação econômica do país. com estudos internacionais, via Confederação Nacional da Marcelo Prado, do Iemi, destaca que o mercado é Indústria (CNI) e, especialmente, Federação das Indústrias do heterogêneo, com empresas de portes, nichos, regiões e Estado de São Paulo (Fiesp), mas parece que isso sempre momentos de vida diferentes, e isso é o que o torna tão ecoa e nunca se transforma numa política industrial horizontal. polarizado, apesar de estar difícil e desafiador para todos. Para O Brasil insiste na política do ‘puxadinho’, e isso não resolve o ele, algumas empresas estão muito vulneráveis Fotos: Divulgação problema, até porque é temporária, com em termos de gestão, sucessão, endiviprazo de validade curto, não dá para se damento, apostas que não deram certo e, planejar. E, mesmo na política provisória do quando um período desses se aproxima, são ‘puxadinho’, nós fomos segregados, pois, colocadas em situações muito mais difíceis do junto ao setor de calçados, fomos os que as já impostas normalmente pelo mercado. primeiros a lançar a questão da desoneração “As empresas com maior estrutura da folha de pagamento e os primeiros a ser aguentam por um pouco mais de tempo e excluídos, mesmo com uma representa2015 foi um ano de peneira, realmente, pois tividade incrível de empregos. Algumas coisas não sabíamos o que aconteceria. Na verdade, não conseguimos entender. Então, a primeira poderia acontecer um monte de coisas, e questão a ser respondida pela presidente esse é o maior problema do Brasil, sempre Dilma Rousseff é: o que espera da indústria pode acontecer um monte de coisas de uma no longo prazo?”, questiona Cervone. vez. São muitas peças no tabuleiro, e para MARCELO VILLIN PRADO, SÓCIO-DIERTOR Essa é uma daquelas famosas “perguntas 2016 vejo o mesmo. As regras mudam a toda DO IEMI. de 1 milhão de dólares”, da qual gostaríamos hora, e isso enlouquece as empresas”, diz de saber a resposta. Mas de uma coisa Rafael Cervone. Rafael e a maioria esmagadora dos brasileiros Para ele, tudo o que vem acontecendo não têm dúvidas: a solução para os com as empresas do setor têxtil e de problemas econômicos do país não passa confecção, bem como com todos os setores pelo aumento de impostos, definitivamente. industriais, se deve a um dos fatores-chave, “Esse tamanho de Estado inchado, que não que é a falta de previsibilidade, de curto a reduz suas contas e não se planeja, não cabe longo prazo, por parte do governo, o que deimais dentro do Brasil”, alinhava. xa qualquer um perdido, impedindo o cresciMarcelo Prado, do Iemi, traz à luz ainda mento e afastando investimentos no país. outra questão sobre o momento: a Além disso, comenta que, mesmo reduzindo importância dada à gestão das empresas. Ele seus custos ao mínimo, colocando o pé no explica que, quando as coisas estão indo freio – o que o próprio governo deveria estar bem, com a empresa se mostrando lucrativa fazendo –, sem essa previsibilidade para e crescendo, mesmo com a produtividade RAFAEL CERVONE, PRESIDENTE DA ABIT. arriscar, as empresas chegam a um patamar aquém de sua capacidade, a situação fica de endividamento tão grande e sem persmaquiada, pois um mercado ativo o favorece. pectivas do que fazer que a solução para muitas é baixar No entanto, quando a situação aperta, como agora, a gestão as portas. ganha ainda mais importância, pois o gestor precisa colocar a “Quaisquer países que saíram de crises o fizeram com empresa numa situação de eficiência que talvez nunca tenha grande participação do PIB industrial. Todos os países que tido antes, produzir mais com muito menos, e essa é uma estão crescendo têm um PIB industrial percentualmente maior, passagem dolorosa. e o nosso está caindo: saímos de 30% para 20%, agora “Cada empresa vai perceber seu momento e onde precisa estamos em 10% tendendo a 5% até o final do ano”, revela. de ajustes. Algumas coisas levam tempo e investimento, mas No entanto, Cervone faz uma ressalva quando diz que o nesses momentos descobrimos que somos capazes de fazer governo evoluiu no sentido de antes achar que eventualmente muitas coisas sem dinheiro, simplificar sem tirar a essência”, a indústria era um risco ao país ou que ele não precisava dela, pondera Marcelo. E é justamente aí que ele destaca a

46



Especial Fotos: Divulgação

diferença que faz um executivo bem preparado, que procura e acha soluções para ganhar eficiência, empreender e trazer resultados positivos com recursos reduzidos para a empresa. “É muito fácil chamar os melhores consultores do mercado para te dizer o que fazer, assessorar na implantação de ações, medir o resultado, mas eles são terceiros. Quem tem que fazer isso acontecer, motivar a equipe a abraçar a ideia é o executivo. Esse é o maior desafio”, acrescenta. Além dessa prova de fogo, quem possui confecção no Brasil ainda precisa enfrentar outras, como a trabalhista, por exemplo. Rafael Cervone faz um desabafo: “Nós carregamos uma legislação trabalhista arcaica, superprotetora, que parte do princípio de que o trabalhador é um coitadinho e o empresário acorda todos os dias pensando em como atrapalhar a vida do funcionário. Isso nunca foi verdade e o resto do mundo já entendeu há muito tempo. Enquanto o mundo migrou para a livre negociação, nós não conseguimos o mesmo nem negociando com os funcionários e sindicatos dos trabalhadores e homologando esse acordo. Os juízes dizem que não vale. Um país com 7 milhões de causas trabalhistas por ano tem alguma coisa muito errada. No Japão esse número é de 2.500/ano, nos EUA 100 mil/ano e em Portugal cerca de 70 mil/ano. Isso levou as empresas no ano passado a provisionar quase R$ 2,7 trilhões só para essas custas”. O LADO B: CONFECÇÕES QUE CRESCERAM MESMO NO ATUAL CENÁRIO Frente a todas as adversidades, ainda existem empresas do setor confeccionista que conseguiram crescer no Brasil no último ano, resultado de uma tarefa nada fácil, onde há muito planejamento e esforço por trás. É o caso da 2Rios Lingerie,

2RIOS:

48

CRESCENDO NA CONTRAMÃO DO MERCADO.

MATHEUS FAGUNDES,

PRESIDENTE DA

2RIOS.

que nasceu em 1990 na cidade de Rio do Sul (SC) e logo se transferiu para Joinville, terra natal de seus fundadores. A empresa, que completou 25 anos em 2015, produz hoje 2,5 milhões de peças ao ano, 100% no Brasil, e cresceu tanto no mercado interno quanto no externo, com projeção de 25% a mais em 2016. O segredo? Matheus Fagundes, presidente da 2Rios, conta. “A 2Rios, principalmente no final de 2013, começou um reposicionamento com um trabalho de branding e, em 2014, com investimentos em expansão de mercado, verticalização e imagem da marca ligada às garotas-propaganda Mariana Rios, em 2015, e Carol Castro, este ano. Mas no ano de 2015 a empresa teve uma mudança de gestão, na qual o fundador passou ao conselho e eu, Matheus, assumi a presidência, seguindo com os investimentos. Foi um ano de muitos ajustes que começaram a dar resultados agora em 2016, com uma expectativa de crescimento na contramão do mercado. Nosso plano é de dobrar o faturamento em três anos e triplicar em cinco, algo bem arrojado para o momento atual.” Matheus tem total consciência de que o cenário hoje continua não sendo positivo, que os custos aumentaram, que, quando os clientes não fecharam, estão comprando menos, mas que é na crise que também surgem ocasiões surpreendentes. “Foi nessa oportunidade que a 2Rios resolveu apostar para construir seu futuro. Temos um comitê de inovação que sempre busca melhorar seus processos a fim de tornar a empresa mais competitiva no mercado global em que atua, olhando de forma mais macro todas as possibilidades e caminhos”, relata. Entre essas possibilidades e caminhos, estão as exportações, com um projeto iniciado em 2003 e que Matheus assumiu em 2004, mesmo enfrentando os mais diversos cenários econômicos e variações cambiais. “Mesmo dessa forma, nunca abandonamos o projeto e sempre conseguimos



Especial Foto: Actonove Fashion Photography/Divulgação

FRANCIS GIORGIO FACHINI,

DIRETOR COMERCIAL DA

FAKINI.

buscar espaço e crescimento no mercado externo. Em consequência disso, nos últimos anos demos início ao processo de internacionalização da marca, hoje com escritório e centro de distribuição em Miami (EUA), sempre com a ajuda do programa Texbrasil”, enfatiza Matheus. Hoje, a marca está presente em 20 países. Na opinião do presidente da 2Rios, a confecção brasileira pode, sim, “invadir” o mundo, e toda essa crise servirá de “peneira” para o setor. “Somente empresas estruturadas e com visão estratégica vão passar e se

fortalecer. Neste momento, precisamos olhar mais para outros mercados, melhorar nossa competitividade – independentemente do câmbio –, ter um planejamento de longo prazo e cobrar mais acordos comerciais e condições de negócios do nosso governo.” Quem também tem motivos para comemorar é outra catarinense, a Fakini, com sede em Pomerode. Especializada no segmento infantojuvenil, a empresa fechou 2015 com um faturamento 6,8% maior que 2014 e produção 8% superior no mesmo período. Para tanto, investiu em equipamentos, ampliação da estrutura física e internalização dos processos que eram feitos por terceiros, como grande parte da costura. Francis Giorgio Fachini, diretor comercial da Fakini, comenta que o planejamento inicial era um crescimento maior, mas, mesmo com o momento econômico delicado, os investimentos não pararam. “Entendemos que períodos bastante conturbados ainda virão e precisamos estar preparados para atender com a melhor produtividade para seguirmos com nossa política de preços justos. Além do mais, quando esse momento passar, teremos uma estrutura que vai comportar a retomada de um crescimento mais intenso”, afirma o executivo. Para 2016, a expectativa é a finalização de um novo galpão que abrigará a tecelagem da empresa. O espaço, que terá mais de 2 mil metros quadrados, deve receber as operações no segundo semestre. Fotos: Silvia Boriello

BRÁS E BOM RETIRO SÃO UM REFLEXO DO MOMENTO

Os principais centros produtores de vestuário do país – Brás e Bom Retiro -, localizados na capital paulista – são também um termômetro do que acontece no setor. Visitando os bairros, é impossível não notar a quantidade de pontos comerciais vagos, a maioria com a placa de “aluga-se”. Jean Makdissi Jr., presidente da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), conta que a região abriga hoje 3 mil confecções, com um fluxo médio de 300 mil pessoas por dia e queda de 10% nesse número no ano passado. Segundo Makdissi, algumas confecções estão se concentrando apenas na revenda ou mesmo encerrando atividades, culpa da crise econômica e política do país, dos altos custos de infraestrutura e aluguel, e também uma acomodação do mercado, em que o empresário evita fazer investimentos. “Acreditamos que 2016 possa ser um pouco melhor, pois o brasileiro e os empresários estão com os pés no chão. E o Brás é sempre uma boa alternativa de compras de bons produtos a preços baixos”, afirma o empresário. No Bom Retiro, que abriga 1.700 lojistas, sendo 1.400 fabricantes de pequeno e médio portes, e por onde circulam 80 mil pessoas por dia, a situação não é diferente. Nelson Tranquez Jr., presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro (CDL Bom Retiro), afirma que o movimento e, consequentemente, os volumes de compras no ano de 2015 caíram em

50

AS PRINCIPAIS RUAS DO BRÁS E DO BOM RETIRO TÊM ALTA VACÂNCIA DE PONTOS COMERCIAIS.

relação a 2014. “O desempenho das vendas nos feriados também foi aquém do esperado. Diante do quadro atual, não imaginamos crescimento, e vamos trabalhar muito para que os resultados sejam parecidos com os de 2015”, revela Tranquez.



Fique por Dentro

CUIDADOS NO PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DE JEANS Foto: Divulgação/Coats Corrente

O jeans é um dos principais artigos de vestuário. Os acabamentos e efeitos de lavagens estimulam a criação e a diferenciação em cada estação, contudo, devem ser cuidadosamente planejados e desenvolvidos quanto aos aspectos técnicos envolvendo os processos de lavanderia e acabamento. Um ponto crítico é também avaliar as consequências desses processos nos aviamentos, como linhas, zíperes, botões, etiquetas etc. “Temos uma preocupação constante em orientar nossos clientes sobre as melhores práticas para os processos de lavanderia, mas o número de variáveis envolvidas é grande e elas devem ser controladas minuciosamente”, afirma Gregorio Mazzucco, gerente do Controle de Qualidade da Coats Corrente, fabricante dos zíperes Opti. Apesar da constante evolução das lavanderias, devese sempre avaliar os efeitos oxidantes causados nos zíperes em decorrência da utilização de determinados produtos químicos durante a preparação das peças, lavagem e secagem. A utilização demasiada ou indevida desses produtos ocasiona danos em partes específicas do jeans e a consequência varia com base em fatores como a gramatura do tecido, a concentração do produto químico, o tempo e a temperatura do processo, além de procedimentos executados incorretamente. Em relação aos zíperes, é sempre importante observar os níveis corretos de enxágue a fim de reduzir o acúmulo de agentes químicos entre os dentes e/ou cavidades dos cursores, evitando a concentração desses reagentes, que, em contato, ocasionaria a danificação do tecido. Para que haja mais segurança nesses processos, é fundamental a orientação de um profissional da área química, seja na formulação de receitas, seja na definição dos procedimentos, tempos e demais variáveis. Outro ponto crítico é o processo de acabamento, no qual é necessário inflar a peça para a operação. Nesse

52

caso, é extremamente importante controlar a pressão e evitar uma força demasiada capaz de exceder o limite de resistência das peças. Isso ocasiona a remoção ou o deslocamento dos dentes dos zíperes, e também rupturas dos pontos de costura. É importante ressaltar que, nesse processo, o artigo ainda não possui botões e todo o esforço recai sobre o zíper. Nos processos molhados, é comum ocorrer encolhimento em certos tecidos, o que pode acarretar enrugamento de algumas partes costuradas em função da utilização de uma linha inadequada e/ou pontos desregulados. Na passadoria, cuidados devem ser observados para que as pranchas de passar não sejam fechadas diretamente sobre os zíperes com força excessiva. Essa ação pode provocar o fechamento da boca dos cursores e/ou a quebra dos puxadores. A Coats Corrente disponibiliza uma equipe experiente de consultores técnicos para auxiliar seus clientes. Para mais informações sobre produtos compatíveis com beneficiamento de jeans, entre em contato pelos seguintes canais: Portal Industrial: www.coatsindustrial.com/pt e Central de Atendimento: 0800-702-1101.


Fotos: Divulgação

Atualidades

MODA DO FUTURO SERÁ ABORDADA NO CONGRESSO INTERNACIONAL ABIT 2016 “Não haverá produções em massa no futuro: cada pedaço de roupa será concebido e produzido com exclusividade.” Essa é uma afirmação do futurologista venezuelano José Luis Cordeiro, pesquisador do Millenium, projeto ligado JOSÉ LUIS CORDEIRO: à Universidade das Nações Unidas – parte da FUTUROLOGISTA SERÁ DESTAQUE NO CONGRESSO INTERNACIONAL Organização das Nações Unidas (ONU), que ABIT 2016. elabora relatórios com atualizações constantes sobre tendências do futuro em relação ao aprimoramento do pensamento humano em vários aspectos, como políticas e educação públicas. Essa é apenas uma das questões abordadas por Cordeiro durante a primeira edição do Congresso Internacional Abit 2016, do qual será o principal palestrante. “A minha expectativa em participar do evento é poder partilhar opiniões sobre as tendências atuais e futuras possibilidades para as indústrias têxteis, do vestuário e da moda. Busco saber mais sobre as tendências atuais do Brasil e compará-las aos desenvolvimentos internacionais. Em que áreas o Brasil está na frente ou atrás?”, comenta. Cordeiro, que é engenheiro e professor da Singularity University, instituição de ensino que fica dentro do escritório da Nasa no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), defende a ideia de que a nanotecnologia estará cada vez mais aperfeiçoada e presente no desenvolvimento das peças de vestuário. O Congresso Internacional Abit 2016 acontecerá nos dias 1º e 2 de junho no WTC Events Center, no Hotel Sheraton, em São Paulo (SP), e as vagas são limitadas. Saiba mais sobre a programação e inscrições pelo e-mail congressoabit@abit.org.br. RESERVA: 30 DIAS DE ATERNIDADE LICENÇA-PA No final de janeiro, Rony Meisler, um dos sócios da Reserva, enviou um e-mail a todos os funcionários sobre o tema licença-paternidade, porém, com uma alta dose de empatia. “Pensando no bem-estar da família e acreditando que a presença paterna nos primeiros dias de vida do bebê é fundamental para criar vínculos e dar suporte às mamães, a partir de agora todos os papais da Reserva, caso queiram, poderão ficar um mês em casa, 100% focados no amor. Válido para novos papais de casamentos hétero ou homossexuais”, é a mensagem principal da marca, destacando que, em tempos de debate sobre a igualdade de gêneros e a importância da presença masculina na criação dos filhos, a maioria dos homens que trabalha fora não consegue estar presente o tempo todo devido ao período determinado por lei para a licençapaternidade. “Hoje em dia, há pouco incentivo ao envolvimento paterno. Seguindo a ideologia da marca, queremos introduzir mudanças na sociedade – lembrando que quase nenhuma empresa extrapola os cinco dias previstos em lei e concede um mês aos novos pais”, ressalta Rony.


Eventos

|

POR SILVIA BORIELLO E ROSELAINE ARAUJO

INSPIRAMAIS – VERÃO 2017 Foto: Divulgação

MUITAS PESQUISAS, NOVIDADES, PARCERIAS E INTERNACIONALIZAÇÃO MARCARAM O EVENTO QUE SE TORNOU REFERÊNCIA VANGUARDISTA NA AMÉRICA LATINA Foi só sair do elevador e cruzar a área de acesso ao evento que o turbilhão de informações se fez presente na 13ª edição do Inspiramais, que aconteceu nos dias 11 e 12 de janeiro no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP). Inovações e pesquisas apuradíssimas sobre tendências para o verão 2017 mais direcionadas ao setor de couro, calçados e acessórios, porém abrangentes a toda a indústria da moda, de forma geral, porém sempre em busca da riqueza cultural brasileira em primeiro plano, fazem do Inspiramais um evento único, essencial e inspirador para a indústria brasileira, um tanto carente de reconhecer seus valores e particularidades. Não à toa, vem crescendo no cenário nacional e internacional. “Acreditamos que os componentes criados pelos associados da Assintecal a partir da pesquisa do Fórum de Inspirações sejam de ‘moda’, por isso fortalecemos mais e mais a cada edição a percepção de que todos são bem-vindos: calçados, acessórios, mobiliário, vestuário e bijuteria. Todos esses setores são contemplados no Inspiramais. Estamos prontos para

54

atendê-los”, afirma Walter Rodrigues, estilista e coordenador do Núcleo de Design da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal). Uma curiosidade a esse respeito foi que, no painel de tendências, algumas partes estavam identificadas como para confecção. Questionado sobre isso, Walter Rodrigues respondeu: “Estamos prontos a promover nossos associados para que possam investir em novos mercados e novos segmentos. A confecção é muito ativa e ao mesmo tempo carente de novos produtos, acabamentos, enfeites. Sendo assim, acreditamos que, como os processos de fabricação dos componentes de calçados, os de vestuário são muito semelhantes. Assim, torna-se possível o alinhamento das empresas associadas, visando a esse outro mercado. Temos tecidos, couros, laminados sintéticos, fivelas, botões, peças funcionais e enfeites para beachwear e lingerie, e ferragens para jeanswear. Queremos cada vez mais a participação dos visitantes do setor de confecção no Inspiramais”.


Para William Marcelo Nicolau, presidente da Assintecal, chegar à 13ª edição do evento significa sua consolidação, que tem como objetivo único contribuir para o desenvolvimento do setor. “A aceitação por parte do público ligado ao mercado de moda mostra que estamos no caminho certo ao propor a criação de coleções genuinamente brasileiras e com apelo de design e inovação.” Já na tarde do dia 12 de janeiro, em coletiva de imprensa, representantes de todas as áreas do Inspiramais puderam falar sobre o andamento de seus projetos e novidades. Uma delas, anunciada por Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, é que a 14ª edição – Inverno 2017 acontecerá em novo local, o Centro de Eventos Pro Magno, entre os dias 27 e 28 de junho. “Sem dúvida, essa mudança marca a solidificação do Salão”, afirmou Ilse. O novo espaço possui 30 mil m2 de área construída, foi projetado de forma sustentável e seguindo padrões internacionais de construção, e está localizado na região central da capital paulista, no meio do caminho entre os aeroportos de Congonhas e Cumbica, com fácil acesso pelas principais vias. Flávia Vanelli, designer e consultora do Núcleo de Design da Assintecal, comentou como o projeto Saberes Manuais, feito em parceria com o Sebrae – e que nesta edição aparece com o tema “Heróis Artesãos de Santa Catarina” –, vem se destacando nas últimas edições do evento devido à proposta de agrupar sustentabilidade, consumo consciente e responsabilidade social para o desenvolvimento positivo da moda brasileira. “Para o verão 2017, nos aprofundamos em soluções que possam ser rapidamente incorporadas pelas pequenas e médias indústrias, sempre com a participação de artesãos em redes colaborativas, fomentando o corporativismo, o comércio justo e o consumo consciente”, diz. Flávia conta que trabalharam com sobras da indústria coureirocalçadista, resíduos plásticos da indústria em geral, látex, solado de borracha reciclada, tecidos feitos de aparas têxteis, fio de algodão natural, fibra de banana e fios de seda aproveitados de casulos considerados impróprios para a indústria. Entre as comunidades catarinenses participantes do projeto, estavam Associação Jaraguense de Recicladores do Vale do Itapocu (Jaraguá do Sul), Mulheres do Frei (Palhoça), Ana Banana (São Francisco do Sul) e Das Catarinas (Joinville), que tiveram apoio das empresas Ecosimple, Amazonas, Tecnoblu, Casulo Feliz, Hexoplexo, Le Chaussure e Sean Couros.

PARCERIAS E INTERNACIONALIZAÇÃO Ainda durante a coletiva, Roberta Aviz de Brito Fernandes, gestora de projetos e coordenadora nacional da indústria da moda do Sebrae; Gustavo Marques, gerente do Sebrae/SP; e Marco Aurélio Copetti, gerente regional do Sebrae do Vale dos Sinos, Paranhana e Caí, no Rio Grande do Sul, comentaram sobre a parceria de muito tempo com a Assintecal (em 2015, chegaram a 3.667 empresas do setor coureirocalçadista atendidas por meio de consultorias e palestras), bem como sobre os road shows do Fórum de Inspirações. De acordo com Roberta Aviz, “ao longo do convênio com a Assintecal, realizamos mais de R$ 101 milhões em negócios por meio de rodadas de negócios e missões empresariais”. Segundo Gustavo Marques, a ideia é orientar na gestão das empresas trazendo tecnologia, crédito e acesso a mercados. Outros parceiros da Assintecal – tanto dentro quanto fora do Brasil – são o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). José Fernando Bello, presidente do CICB, contou que, em setembro de 2015, o Inspiramais participou da feira All China Leather Exhibition, em Xangai, na China, por meio do Brazilian Leather e do Footwear Components by Brasil, dois programas de promoção comercial apoiados pela Apex, marcando a internacionalização do evento. “Recebemos um convite para participar da feira. É todo um processo de apresentação do setor de componentes ao mercado internacional. Nossos empresários participam de missões internacionais, as empresas estão presentes nas principais feiras e eventos com estandes, existe uma admiração e um interesse pelo setor de componentes brasileiros em toda a Ásia. A experiência foi ótima e deve se repetir”, revela Ilse. A superintendente da Assintecal conta que usou a sinergia existente entre os dois programas para levar ao exterior essa apresentação exitosa. “O público da feira foi muito receptivo a essa iniciativa, pois havia vários conceitos que representam as iniciativas brasileiras na área de criação e design, além de termos trabalhado a questão da sustentabilidade. Começa-se a pensar em não mais só vender produtos, mas, sim, todo um conceito de desenvolvimento”, ressalta. Para 2016, a promessa é dar continuidade nessa expansão internacional, tanto na Ásia quanto na América Latina, com os dois programas. Ilse explica que o maior

55


Eventos percentual de exportação de couro destina-se à Ásia em razão do volume que pode ser exportado, e também é onde se concentram as maiores produções de calçados. Já os componentes, por sua vez, têm participação nos dois mercados, mas, pela questão logística, quando se fala em produtos de moda, estão mais concentrados na América Latina. “Os dois programas têm uma estratégia bastante similar no que diz respeito a comercializar tanto no mercado interno quanto no externo, ou seja, com mais valor agregado. Isso se reflete em foco no design, inovação e sustentabilidade”, complementa. Walter Rodrigues diz que países como Peru, Colômbia, Chile, Equador, Guatemala e México têm um movimento muito forte quanto ao desenvolvimento de uma indústria calçadista e, também, uma similaridade de gostos e comportamento de consumo. Dessa forma, os componentes criados a partir da pesquisa do Fórum de Inspirações também podem ser usados nesses países. Frente ao resultado positivo, a Apex-Brasil anunciou durante o evento a renovação de sua parceria para 2016 e 2017. Só em 2015, as empresas participantes do Footwear Components by Brasil fecharam US$ 219 milhões em negócios. Mariana Gomes, gestora de projetos da Apex-Brasil, contou que haverá a continuidade das ações desenvolvidas até o momento, focadas em moda, tecnologia e químicos para couro, e que para o próximo biênio haverá um aporte de mais de R$ 19 milhões para isso, ou seja, 29,82% maior em relação a 2014-2015. Ainda nessa pauta está incluso trazer ao Brasil compradores e formadores de opinião internacionais. Outras ações que vêm ganhando destaque lá fora são os projetos + Estampa e Startline, que foram convidados a atuar na Índia. Em 2015, a Startline, incubadora de escritórios de design de calçados – do Brasil para o mundo –, participou de feiras na Colômbia e no Peru e, por meio dessas representantes da Índia, tomou conhecimento e quis levar o projeto à feira.

MIX BY BRASIL E REFERÊNCIAS BRASILEIRAS Os dois projetos coordenados pelo estilista Jefferson de Assis têm como objetivo a descoberta de novas culturas em povoados remotos, materiais locais e modos diferenciados de trabalhá-los, adaptando-os a novos usos comerciais e conectando o universo da moda ao artesanal, bem como o impulso à inclusão social. As peças foram desenvolvidas junto às comunidades de Canoas (RS), Nova Esperança (PR) e das regiões de São João do Cariri (com criações dos mestres Zé e Manoel Carlos no couro branco) e Ribeira de Cabaceiras (PA). Nesta edição, o destaque foi a cultura do carimbó, do Pará, no projeto Referências Brasileiras, que tem como missão trazer a iconografia brasileira à tona e aplicar esses signos em componentes, materiais e produtos acabados. “Esse projeto segue as diretrizes do Preview do Couro, que, para o inverno 2017, inicia seu discurso tratando da miscigenação. Por isso a referência brasileira que sugeri para ser pesquisada é a cultura do carimbó, que se origina quando os rituais indígenas se encontram com a música africana nas ilhas do Pará. Esse encontro do índio com o negro seduziu os lusitanos que viviam na região e incorporaram passos de danças de cortejo europeias ao que viria a ser chamado de carimbó. Ou seja, a miscigenação plena numa manifestação tipicamente brasileira”, explica Jefferson. O estilista, que há cinco edições é responsável pela curadoria e transformação de técnicas artesanais em produtos de consumo de moda, diz que a tarefa de descobrir e pesquisar essas novas comunidades e técnicas é reveladora e também um desafio. “Durante esse período, tive a sorte e o prazer de encontrar artesãos que não estão catalogados em nenhum tipo de documento ou pesquisa, mas que, independentemente disso, detêm técnicas centenárias e habilidades extraordinárias”, diz. Para Jefferson, seus maiores aprendizados em meio a essas descobertas são que, mesmo sem ser valorizados, existem no Brasil inúmeros mestres que sentem um prazer imenso em fazer o que fazem, e Fotos: Silvia Boriello

INFLUÊNCIAS

56

DO

CARIMBÓ

E ARTESÃOS CATARINENSES NO

MIX BY BRASIL

E

REFERÊNCIAS BRASILEIRAS.


Foto: Divulgação

que, apesar das condições adversas, não abandonaram seus ofícios. “Quanto à autoestima, os visitantes do Inspiramais são muito generosos e transmitem muita satisfação no encontro com esses mestres. Inúmeras vezes presenciei os visitantes agradecendo aos artesãos por estarem ali”, comenta o estilista. + ESTAMPA

ECODESIGN Coordenado pela estilista Isabela Capeto, o projeto Ecodesign trouxe, nesta edição, produtos feitos com a utilização de taninos vegetais, produtos livres de cromo e solventes à base d’água, todos desenvolvidos durante seis meses junto às indústrias de calçados e acessórios, com o intuito de produzir também objetos.

Foto: Divulgação

FÓRUM DE INSPIRAÇÕES – VERÃO 2017 Foto: Silvia Boriello

Um projeto que vem crescendo dentro do Inspiramais é o + Estampa. Capitaneado pelo estilista Lucius Vilar, o projeto chega à sua quinta edição e agrega designers de superfície, com estampas que podem ser trabalhadas tanto no setor de couro e calçados como nos de acessórios, vestuário e móveis, entre outros. “Estou notando que estamos recebendo novos perfis interessados nos trabalhos dos estúdios – que já têm uma carreira independente e trabalham com as principais marcas nacionais e internacionais –, e atendendo mais confeccionistas também”, revela Lucius. Em sua opinião, esse é um trabalho muito especial da Assintecal feito em parceria com a Abit, que teve sua premissa baseada em trazer o trabalho dos estúdios para complementar as pesquisas do núcleo do Fórum de Inspirações. “O olhar especial de cada estúdio sobre a pesquisa só alimenta e aumenta a qualidade da imagem da pesquisa apresentada a cada temporada”, afirma. Participaram desta edição os estúdios Capim Puro, Manacá, Vermelho e Marina Rebouças (SP), Renato de Melo Medeiros (RN), João Pedro Schmitt (RS), Niu Studio (RJ) e Base Tecidos (RS), que imprimiu todas as estampas apresentadas na mostra.

Com o tema “Despertar” – que induz a estar aberto a mudanças positivas, ter prazer em trabalhar, conhecer melhor a própria empresa e sua capacidade criativa, acompanhar o ciclo de vida dos produtos e contar uma história encantadora por meio deles –, três conceitos foram desenvolvidos para o Fórum de Inspirações – Verão 2017: Conceito 1 – Deslocamento: rompimento de fronteiras, sentimento de aventura e adrenalina. Texturas inspiradas em minerais, corda, tramas rústicas, combinação de superfícies lisas com cores brilhantes a aspectos desordenados em tons naturais. Nas cores, tons ferrosos, brilho de superfícies metálicas, cinzas, azul índigo, cáqui, ocre e verde-oliva. Conceitto 2 – Pertencimento: o que nos identifica e fortalece. Aqui, ostentação e simplicidade andam juntas e o dourado é a referência mais forte em cor, aliado a formas puras. Inspiração retrô nas cores, com pink, turquesa, rosa-claro e vermelho. Conceito 3 – Cotidiano: experiências vividas por heróis ou arquétipos mitológicos e sua volta ao mundo habitual. Conceitos minimalista (bruto, puro, sem enfeites), pop (olhar o banal com outro olhar, artístico) e estranho (excentricidade, desconforto, beleza selvagem). Peças com aspectos luminescentes, texturas sombrias, estruturas celulares e efeitos pontiagudos.

57


Eventos Fotos: Divulgação

DESTAQUES E LANÇAMENTOS Altero: trouxe para o evento placas para jeans em cores vivas e feitas em conjuntos geométricos. Expôs também peças de metal articulado, que podem ser usadas, por exemplo, nas laterais de biquínis ou nas alças de blusas.

Cipatex: no preview 2017, a empresa trouxe forros e cabedais de todos os tipos. Estampados, foscos, metalizados e envernizados. Como a estampa animal print continua em alta, a empresa lançou o laminado Urutu, que remete à cobra com efeito de verniz, e também o Nilo, material bitonado fosco que lembra a pele do crocodilo. Dublauto: há mais de 40 anos no mercado, a empresa oferece uma série de propriedades especiais aos materiais têxteis por meio do uso da nanotecnologia. No evento, destacou o novo cabedal para calçados Design Flex. Criado em três camadas dubladas e com 2 mm de espessura, ele oferece contraste de cores, texturas e ainda proporciona maior leveza e flexibilidade ao calçado. Lartex: trouxe como destaque o item Pop 70. Com 70% de algodão e 30% de poliéster, ele pode ser usado na fabricação de shorts, bolsas e calçados. Apresentou também o Essence, que traz uma rica mistura de cores, tendo em sua composição poliéster, algodão e viscose.

58

Brisa: indústria de laminados de poliuretano para cabedais e forros, fez o lançamento da napa de microfibra feita para atender o segmento do vestuário. Com toque próximo ao do couro, ela é produzida sob encomenda nas especificações que o cliente desejar. Para o setor calçadista, a empresa trouxe o artigo Ecopelle Calf, laminado que pode ser trabalhado com duas cores e traçados a laser. D+E: o estúdio de design de Sapiranga (RS) trouxe para o evento um calçado modular que se adapta ao pé da criança. Concebido pelo designer Vinícius Prado, o sistema, batizado de Moodo, é composto de várias partes do calçado já devidamente cortadas e com seus respectivos encaixes. O consumidor recebe as partes e realiza a montagem do sapato. O mais interessante é que as furações predefinidas permitem que seja feita o ajuste correto do pé. Se ele crescer, o usuário adapta novamente o calçado para o tamanho atual. O produto tem o apoio do Instituto By Brasil e já está em negociação com um grande distribuidor. Deve ser lançado no mercado no segundo semestre deste ano. JP Spezzia: mostrou enfeites manuais para calçados e vestuário. Entre os destaques, estão as pedrarias adesivas, que aderem ao calçado. A empresa também exibiu uma linha de strass adequada para utilizar em cima do tecido ou do vinil. LLV: de Novo Hamburgo (RS), a marca exibiu fivelas e enfeites plásticos de zamac. O visual é bastante atraente, mas o grande diferencial é o baixo custo, além da leveza das peças. Os artigos são desenvolvidos sob encomenda e podem ser aplicados em calçados, roupas e acessórios.


Fotos: Divulgação

R. Mello: produtora de tecidos e estampas, a grife chamou atenção para o Katty, um tecido cuja estampa lembra uma calça jeans. A composição traz 85% de poliéster e 15% de elastano. O confeccionista compra o tecido e só tem o trabalho de cortar e costurar a peça.

Rigdom: dentre os inúmeros enfeites que fabrica, apostou nos acrílicos que podem, inclusive, ser aplicados em roupas. As principais vantagens do produto é que ele tem preço acessível, além de ser resistente e versátil para fazer composições tanto com o couro como com os tecidos.

Silvatrim: com uma vasta gama de perfilados de plástico laminado, evidenciou as viras metalizadas para calçados. A novidade fica por conta da vira destacável para inserir no calçado. São feitas sob encomenda e o cliente decide as cores e as espessuras. Como ela não recebe cola, isso acelera a produção, uma vez que fica muito mais fácil inseri-la no calçado.

Twiltex: apresentou o artigo Goya, 100% poliéster, indicado para confecção de moda esportiva. Para produção de calçados femininos, despertou a atenção dos visitantes o verniz Ellegance, disponível nas cores bege, preto, marrom e cinza.

York: com laminados plásticos para calçados, artigos esportivos, bolsas e revestimentos, a companhia do interior de São Paulo ressaltou a Linha Casual para a indústria calçadista. A maior aposta são os laminados listrados com gravação e textura e também a linha maternidade, composta de materiais em tons pastel e acabamentos de matelassê.


|

POR FÁBIO ROMITO

Foto: Arquivo pessoal

Qualificação

Falando sobre qualidade em jeanswear Considerando-se que o denim é um dos tecidos mais consumidos no mundo e que, com sua utilização, milhares de produtos são fabricados, fiquei empolgado em escrever um pouco sobre qualidade para o segmento jeanswear, o que, inclusive, remete às minhas origens profissionais. Começarei falando um pouco sobre o tecido denim. Apesar de haver notícias do uso do “tecido de Nîmes” ou “sarja de Nîmes” – depois conhecido por denim (de Nîmes = denim) – já no final do século 18, seu uso foi intensificado apenas após a metade do século 19, sobretudo nos Estados Unidos, ganhando a cor azul característica no final do mesmo século. Sua utilização foi largamente difundida a partir do início do século 20, em função de se caracterizar como um tecido que apresenta rusticidade e alta durabilidade. Além disso, foi associado à imagem viril construída na época, em função de seu uso por caubóis, personagens rebeldes das telas de cinema, e em roupas para militares. Por se tratar de um tecido que “topa qualquer parada”, teve uma relação de amor à primeira vista com os estilistas. Essa relação longa e duradoura perdura até hoje. O tecido é construído utilizando algodão como matéria-prima básica e algumas misturas (como elastano, por exemplo), e principalmente o ligamento sarja ou sarja interrompida (eu disse principalmente, e não unicamente, pois admite diversas construções). Trata-se de um tecido bastante versátil, que não costuma apresentar um índice de defeitos muito elevado quando fabricado com atenção. Se você utiliza esse tecido, é importante que faça a revisão visual de defeitos, utilizando uma máquina de revisão e os critérios técnicos da norma ABNT NBR 13484 – Tecidos planos – Método de classificação baseado em inspeção por pontuação de defeitos. A aplicação dessa norma o ajudará a garantir que a matéria-prima não causará problemas nos processos que se seguirão e lhe dará respaldo técnico para discutir problemas de qualidade junto aos fornecedores. Note que a aplicação dessa norma é condicionada ao uso de outras, tais como a NBR 13378 – Tecidos planos – Defeitos – Terminologia. Isso tudo você encontrará com facilidade no site da ABNT.

60

Garantindo a qualidade da matéria-prima, deve-se pensar em como garantir a qualidade do produto acabado. Como eu já escrevi em artigos anteriores, o projeto do produto de vestuário com vistas ao usuário final é preponderante para a construção de um produto de boa qualidade. Para tal, devese atentar aos detalhes de modelagem. Lembro aqui um detalhe muito importante: o produto provavelmente passará por processo de lavagem, o que requer atenção especial da modelagem, no intuito de testar a porcentagem de encolhimento e poder compensá-la no molde da peça, para ter o produto final dentro das medidas planejadas (pode-se utilizar como referência a NBR 10320 – Determinação de alterações dimensionais de tecidos planos e malhas). Em seguida, gostaria de destacar a atenção a ser dada à costura dos artigos, especialmente em alguns pontos. Geralmente um produto de jeanswear utiliza linha contrastante em relação à cor do tecido, o que significa que os pespontos ficarão em destaque, portanto, eles merecem atenção redobrada, pois a qualidade de execução dessa costura vai influenciar a percepção de qualidade do consumidor em relação ao produto. Então, para que seu produto não seja visto como ruim, de má qualidade, exija a regulagem das máquinas, a padronização do tamanho do ponto, a adequação do trio tecido/linha/agulha e peça testes no tecido que será trabalhado, pois cada tecido novo vai precisar de uma atenção especial. Lembre-se: para pespontos duplos, utilize máquinas de duas agulhas paralelas, evitando costuras tortas. Dê atenção aos fechamentos e aos reforços em pontos críticos ou delicados. E, por fim, faça produtos com qualidade. Sempre.

FÁBIO ROMITO É TÉCNICO TÊXTIL, ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. ATUA NO MERCADO DE CONFECÇÃO HÁ MAIS DE 25 ANOS, SENDO QUASE 20 DEDICADOS A CONSULTORIA E TREINAMENTO EM EMPRESAS DE VESTUÁRIO. É PROFESSOR UNIVERSITÁRIO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO NAS ÁREAS DE MODA E ADMINISTRAÇÃO. ROMITOFABIO@GMAIL.COM



Feiras

|

POR SILVIA BORIELLO

Foto: Inexmoda/Divulgação

COLOMBIATEX 2016 MAIOR FEIRA DO SETOR TÊXTIL E DE CONFECÇÃO DA AMÉRICA LATINA DESTACA PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA Qual a receita para fazer uma feira de sucesso? Fórmula mágica e certa não há, mas o Instituto para a Exportação e Moda (Inexmoda), da Colômbia, conseguiu achar a medida certa para fazer da Colombiatex das Américas a melhor feira do setor têxtil e confeccionista da América Latina, com altas doses de profissionalismo, engajamento, integração e estudo minucioso da cadeia, gerando ótimos resultados para todos os participantes. “No Inexmoda, buscamos gerar sinergia entre os atores do Sistema Moda, com eventos como a Colombiatex das Américas, uma feira que se firmou como o cenário de negócios mais importante do continente e, graças a seu desempenho na economia do país, propicia o começo de projetos que fortalecem o setor”, declarou Carlos Eduardo Botero, presidente do Inexmoda. Nessa 28ª edição, realizada no Plaza Mayor, em Medellín, entre 26 e 28 de janeiro, a feira alcançou 21.300 visitantes, 12% a mais que em 2015, segundo a organização do evento, sendo 12.180 compradores nacionais colombianos e 1.770 internacionais – Bahamas e Barbados pela primeira vez –, com

62

destaque para a presença de equatorianos, venezuelanos, peruanos, mexicanos, americanos e brasileiros, nacionalidades que mais fomentaram os negócios durante a feira. De acordo com o Inexmoda, foram movimentados US$ 313 milhões, um incremento de 2% em relação à edição anterior. Do Brasil, a Procolombia, agência governamental colombiana para comércio exterior e investimentos, que possui escritório em São Paulo (SP), levou 13 empresas para conhecer a feira, entre elas Coltex, DelRio Internacional, Ventre Livre, Marxan, Paulatex, Onport, Babilônia Indústria de Confecções, Twisti Indústria e Comércio de Confecções, SB Trade Comércio Exterior e DMI Representações Têxteis. “A participação das empresas foi muito positiva. O feedback geral dos participantes é de um evento muito bem organizado, produtivo e que propiciou bons contatos para futuros negócios”, diz Carolina Ulloa, assessora de exportações da Procolombia no Brasil. Ela diz que, durante a feira, algumas dessas empresas saíram com negócios fechados, e a expectativa para o decorrer do ano é concretizar mais US$ 5 milhões no comércio bilateral entre essas participantes.


Foto: Inexmoda/Divulgação

Ao todo, foram 510 expositores vindos de 24 países, sendo 57% da Colômbia e 43% internacionais, liderados por Índia (15%), Brasil (12%), Itália (11%), Espanha (10%), EUA e Turquia (4% cada) e participação menor de outros países. APOIO MÚTUO E DESGRAVAÇÃO TARIFÁRIA A Colômbia de hoje, apesar de enfrentar algumas situações econômicas semelhantes às do Brasil, porém em menor escala, está conseguindo ultrapassar barreiras e se manter em pleno desenvolvimento, muito graças ao entendimento de empresários e governo de que é preciso fomentar a educação e a tecnologia para que o país expanda suas fronteiras de conhecimentos e negócios, vitaminando seu crescimento. Carlos Botero, presidente do Inexmoda, disse que em 2015 o consumo interno na Colômbia cresceu 5%, porém as exportações caíram 38% por causa do Equador, um de seus principais compradores. A previsão para 2016 é se manter igual, já que a crise no Brasil tem trazido mais empresas ao país em busca de novas oportunidades. Aliás, este ano o Brasil entrou de vez na pauta de Botero, que vem defendendo avidamente o estreitamento da relação comercial entre os dois países, tanto que abordou o assunto durante a coletiva de imprensa na abertura da Colombiatex 2016, onde estavam presentes autoridades como o novo prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez; o governador da Antioquia (região que abriga Medellín e onde se concentra 45% da produção têxtil do país), Luis Pérez; e a ministra de Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia, Cecília Álvarez. O presidente do Inexmoda aproveitou a ocasião para dar umas “alfinetadas” em assuntos que vêm atravancando o progresso do setor têxtil e confeccionista colombiano e gerando instabilidade na formação de novos postos de trabalho, como a necessidade de redução do custo da energia elétrica, a facilitação da contratação de mão de obra terceirizada, a eliminação de travas de exportação e, em especial, a desgravação tarifária entre Colômbia e Brasil. Essa questão já vem se arrastando há alguns anos, foi retomada em 2015, mas estacionou devido a alguns motivos, como a questão de origem do produto e também a presença da Venezuela no Mercosul. Depois da cobrança pública de Botero durante a coletiva, a ministra Cecília Álvarez tomou a iniciativa de reunir os empresários e entidades presentes para ouvi-los, saber mais detalhes de suas demandas, e, segundo Fernando Pimentel, da Abit, a luz verde se acendeu para o avanço nas negociações, com encontros a acontecer entre junho e julho para os acertos que faltam.

COLETIVA

DE IMPRENSA NA ABERTURA DA COLOMBIATEX 2016, QUE CONTOU COM A PRESENÇA DA MINISTRA DE COMÉRCIO, INDÚSTRIA E TURISMO DA COLÔMBIA, CECÍLIA ÁLVAREZ; DO GOVERNADOR DA ANTIOQUIA, LUIS PÉREZ; E DO NOVO PREFEITO DE MEDELLÍN, FEDERICO GUTIÉRREZ. NA FOTO, A MINISTRA E CARLOS BOTERO.

A FORÇA DA PRESENÇA BRASILEIRA Este ano, o Brasil foi destaque na Colombiatex com a presença de 35 empresas – 22 pelo programa Texbrasil, uma parceria da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e da Apex-Brasil, e outras de maquinário por meio do programa Brazil Machinery Solutions, feito entre a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e a Apex-Brasil. Segundo balanço divulgado pela Abit e Apex-Brasil, as empresas participantes de seu programa de comércio exterior fecharam US$ 7 milhões em negócios dentro da feira e mais US$ 50 milhões estão engatilhados em transações futuras. Entre elas, estavam Berlan, Brittânia, Canatiba, Cedro, Cataguases, Covolan, Dalila Têxtil, Digitale Têxtil, Expor Manequins, Farbe, Paramount, Pelican, RVB Malhas, Rosset, Salotex, Sancris, Santanense, Santaconstancia, Santista, Tecnoblu, TBM e Vicunha. “A feira é estratégica para o mercado da América Latina, uma vez que reúne vários elos da cadeia, como insumos, maquinários e acessórios. Por esse motivo, abre muitas possibilidades de contatos e movimenta milhões em negócios”, comentou Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit, que esteve acompanhando toda a movimentação da Colombiatex de perto, tanto nos corredores quanto no estande da entidade dentro da feira, que se tornou um hotspot para rodadas de negócios e um espaço interativo para mostrar um pouco de cada empresa participante. Pimentel conta que, além das companhias selecionadas pelo Texbrasil, muitas outras seguem interessadas em participar da Colombiatex. Algumas tentaram até de forma particular, mas não conseguiram por falta de espaço na feira, que estava com lotação máxima.

63


Feiras Fotos: Silvia Boriello

SANTANENSE ESTANDE

DA

ABIT

E

TEXBRASIL

NA

COLOMBIATEX 2016.

EXPOSITORES: NOVIDADES E IMPRESSÕES Quem expôs na Colombiatex, pela primeira ou pela enésima vez, teve um saldo bastante positivo, tanto em contatos quanto em negócios efetivos. A Rhodia, que não participou expondo, mas sim visitando a feira para divulgar o lançamento do Amni® Soul Eco, primeiro fio de poliamida 6.6 biodegradável do mundo e que foi desenvolvido no Brasil, causou boa impressão. Mayra Montel, gestora de Marketing do Grupo Solvay no Brasil, e Marcelo Bathe, gerente de Exportação da área de fibras da empresa, estiveram lá para prestigiar os expositores parceiros que usaram o fio em seus tecidos, como a Santaconstancia e a Berlan, do Brasil, e a Balalaika, da Colômbia, bem como fazer novos negócios. “A experiência foi muito boa. Há mais de dez anos participamos da Colombiatex. Essa é uma feira muito importante para a América Latina. E temos clientes do Brasil, Colômbia e Peru expondo lá. A receptividade do mercado em relação ao Amni® Soul Eco foi muito positiva já no primeiro momento. Estamos confiantes de que essa tecnologia fará sucesso por lá”, comemora Mayra. Ela ainda destaca que a Colômbia é um mercado muito relevante para a Rhodia, pois, com um clima bastante parecido com o do Brasil, também é um grande consumidor de moda praia e lingerie. “Por isso abrimos um escritório exclusivo do setor têxtil para atender diretamente os clientes colombianos e ajudá-los a desenvolver produtos inovadores para o consumidor de hoje a partir de nossas fibras”, conta Marcelo Barthe, que hoje vive na Colômbia e é responsável pelos negócios do Grupo Solvay por lá. A seguir, a opinião das empresas participantes, que levaram seus mais recentes lançamentos feitos no Brasil à Colômbia.

64

TECELAGENS A Santanense, que participa há dez anos da Colombiatex, destacou a linha Extreme Power T400, com altíssima elasticidade, bem como as sarjas com elastano (Belize, Press Flex e Summer Flex), o denim superleve DND Lynx, de 5.5 oz, e o Mali White Denim, da linha Denim Color, usado em peças da grife colombiana Studio F. Na linha workwear, a tecelagem também fornece tecidos para homologadas que fazem os uniformes das petroleiras colombianas. Michele Gallo, gerente de exportações da Santanense, conta que as exportações para a Colômbia representam 20% dos negócios fechados por ano, mostrando a importância de sua presença na feira.

SANTISTA

A Santista, que desde 2015 vem se reaproximando do mercado colombiano com a participação na feira, reforçou sua presença este ano criando uma coleção exclusiva para exportação com seis artigos de denim: na linha Icon, com pesos de até 12 oz e 100% algodão, destaque para o Montoya, o Krigor e o Martine, com tingimento black blue, e o Jason, puro índigo. Na linha Denim Couture, com acabamentos resinados e toppings diferenciados, as estrelas são o Cardón, puro índigo resinado puxado para o turquesa, e o Florência, com acabamento brilho e azul intenso. Sueli Pereira, gerente de Comunicação e Moda da Santista, afirma que o objetivo, além de fazer negócios, era



Feiras reforçar a imagem da Santista no exterior, ampliando sua participação no mercado abrindo novos clientes e fortalecendo os vínculos com os atuais. “Muitos clientes antigos nos procuraram e foram reativados. Isso se deve ao nosso histórico, uma relação de confiança e de inovação construída há anos. A maior parte dos contatos foi da Colômbia, seguidos de Peru, Bolívia e Equador, mas também houve muita procura de clientes da América Central, como República Dominicana, El Salvador e Honduras, mercados nos quais reduzimos a atuação nos últimos anos, mas que reconhecem a marca Santista. Além do espaço maior, desta vez, para celebrar o retorno da marca, levamos a exposição #WelcomebackSantista, que, além das grifes e criadores brasileiros, contou com a participação da Diesel e da Levi’s, nossos clientes e fortes parceiros. Outras ações foram realizadas, como desfiles, palestras de tendência no Espaço do Conhecimento e evento fechado para clientes VIPs e imprensa. Com isso, muitas visitas foram programadas após a feira e já estão trazendo resultados positivos para a companhia”, destaca Sueli. A Vicunha, uma das empresas veteranas de participação na Colombiatex, tem muito a comemorar. Reflexo disso é seu estande, sempre lotado, com compradores ávidos pelos lançamentos. Anna Maria Kuntz, diretora executiva-comercial e de Marketing da Vicunha, diz que essa é uma das feiras mais representativas da América Latina, com um mercado atento às tendências e tecnologias. “O mercado externo tem sido cada vez mais importante para a Vicunha. Ainda este ano, esperamos aumentar nossa receita de exportações em 20%. Participar das principais feiras do setor é sempre algo muito positivo. Neste ano, recebemos inúmeros visitantes e percebemos que o público está cada vez mais preocupado com o conforto na hora de usar o jeans e o brim. Apresentamos nossos lançamentos mais tecnológicos, como a linha Bi-Stretch, que traz artigos de denim multidirecionais com extrema flexibilidade e perfeita recuperação. Nos três dias

ROSSET

66

da feira, recebemos pessoas de diversas partes do mundo e conseguimos observar e traduzir os desejos desse mercado para nossas próximas criações”, ressalta Anna. A Rosset, que também participa da feira há mais de dez anos, colheu bons resultados. Com muitos clientes na Colômbia, Peru, México e Venezuela, a empresa pôde, além de mostrar seus lançamentos, rever clientes ativos e prospectar novos. “O resultado foi ótimo e ainda colheremos bons negócios iniciados na feira”, destaca Amanda de Almeida, gerente nacional de Vendas da Valisere, marca do grupo Rosset. Fotos: Silvia Boriello

CANATIBA

Para a Canatiba, esta edição foi animadora, com produtos muito bem recebidos e uma condição melhor de preços, tornando a empresa mais competitiva. “A desvalorização cambial nos coloca de volta no comércio internacional, porém, com algumas vantagens em relação a outros tempos. Nossa empresa está mais bem estruturada para atender volumes maiores e nossos produtos evoluíram imensamente, competindo de igual para igual com as melhores indústrias do denim mundial. Hoje, nossos desenvolvimentos ocorrem simultaneamente com Europa e EUA. Expomos nas principais feiras do mundo e estamos mais preparados do que nunca para exportar”, celebra Fábio Augusto Covolan, gerente de Marketing da Canatiba.

COVOLAN


Foto: Silvia Boriello

A Covolan, outra do segmento denim, resolveu apostar numa nova estratégia nesta edição da Colombiatex: sair do Pavilhão Amarelo, dedicado ao segmento, e mudar-se para o branco, junto a outros tipos de tecido, para dar novos ares e ganhar visibilidade, de acordo com Allan dos Anjos, gerente de Exportação da empresa. Segundo Allan, a visitação foi maior e receberam compradores da Colômbia, México, Peru e Equador. Pela sexta vez na Colombiatex, a Farbe levou sua coleção esportiva Verão 2017, firmando sua marca naquele mercado. “A Colombiatex é uma feira interessante para o trabalho de reconhecimento de marca no mercado colombiano, e nosso objetivo maior ao participar dela é exatamente este: fazer da Farbe uma marca conhecida por lá. O mercado colombiano é muito mais aberto que o brasileiro. Para sermos reconhecidos, devemos aliar qualidade, tendências e tecnologia com uma oferta de preço que seja atrativa aos clientes daquele país. É o que estamos fazendo e, com isso, conquistando ótimos resultados”, avalia Ricardo Axt, presidente da Farbe. Renata Tonaco, da área comercial da Digitale Têxtil, diz que ficaram muitos satisfeitos com a participação na feira, com quase 200 novos contatos, pedidos fechados e muitos

DIGITALE TÊXTIL,

elogios, e pretendem retornar no próximo ano. “As pessoas tiveram uma aceitação enorme da nossa nova tecnologia de microcápsulas de aloe vera e proteção UV. Nosso tecido tricô foi o destaque, sendo utilizado para saídas de praia, e o tag que disponibilizamos no pedido foi bastante solicitado para as próximas compras”, revela Renata.


Feiras Fotos: Silvia Boriello

participação na feira fortalece a marca. O estande esteve sempre bem movimentado, demonstrando que acertamos na coleção. Fizemos muitos contatos; agora é hora de estreitarmos o relacionamento com essa clientela, pois muitos já conheciam a Salotex, visto que já participamos do evento diversas vezes”, explica Jairo Waiswol, diretor da Salotex. AVIAMENTOS

SANTACONSTANCIA

Algumas tecelagens fizeram sua estreia na Colombiatex, caso da Santaconstancia e da RVB Malhas. Para Sandra Lima, gerente comercial e de Exportação da Santaconstancia, essa foi uma excelente oportunidade de fazer contatos com novos clientes. “Foi uma experiência extremamente positiva. Fizemos a divulgação de nossos produtos da linha CO2 Control® e da linha Emana®, com uma grande aceitação por parte do público e da mídia local”, conta. Michel Maurici, gerente de vendas da RVB Malhas, diz que também fizeram contatos importantes com clientes e distribuidores colombianos e de toda a América do Sul, e considera a feira fundamental para empresas que possuem estratégias de exportação. “Para a RVB, foi um passo muito importante, já que estamos ampliando nossos negócios com o mercado externo”, revela.

SALOTEX

A Salotex também colheu bons frutos. Após ficar alguns anos ausente da feira, voltou este ano e pretende retornar em 2017. “Além de apresentar nossa coleção, a constante

68

Quem também fez seu début na Colombiatex foi a catarinense Tecnoblu, que nos últimos cinco anos vem investindo em equipamentos únicos e com tecnologia de ponta, mantendo sua produção toda interna. Cristiano Buerger, CEO e fundador da empresa, contou que a decisão de participar da feira se deu pela pujança do mercado colombiano, e escolheu esse destino para começar a exportar. Agora está analisando se o melhor é fazer vendas diretas ou por meio de representante local. Para isso, fez o lançamento do projeto Total ID Jeans, que envolve, além da criação da identidade visual das peças jeans, tecnologia e logística. Funciona assim: como a ideia é fazer um produto único, mesmo que básico, a identidade visual de seus aviamentos, tags e etiquetas faz toda a diferença. A partir daí, a Tecnoblu cria uma identidade visual personalizada, encaminha por email ao cliente a peça em 3D para visualização dela pronta e aguarda sua aprovação. Depois de tudo aprovado, a Tecnoblu produz o kit (etiquetas, tags, aplicações) com a quantidade exata de peças que serão confeccionadas. Esses kits seguem fechados para a confecção, garantindo que não haja perda nem mistura de itens da identidade visual, o que garante a padronização das peças, ganhando em tempo, dinheiro, qualidade e agregação de valor, pois o consumidor está mais exigente e percebe essas diferenças. “A Tecnoblu avalia como muito positiva sua participação na Colombiatex. Saímos satisfeitos e otimistas com a quantidade e a qualidade dos contatos feitos, gerando expectativa real de venda já para fevereiro e, dessa forma, seguiremos firmes para cumprir o orçamento de exportação planejado para 2016. Pretendemos voltar no próximo ano”, avalia Cristiano. A Fitas Britânnia, que já participa da feira há algumas edições, tem em suas fitas e mantas tressê os produtos-âncora, que mais chamam a atenção dos compradores. Rebecca Veloso, gestora de imagem da empresa, diz que mostrar o trabalho da Britânnia ao mundo é sempre bom, mas a Colômbia os surpreende com o calor latino e uma nova perspectiva animadora para os negócios. “Temos encontrado muito sucesso internacionalmente com nossos tecidos tramados em fita, aos quais demos o nome de tressê. Trata-se de um produto lindo, que enche os olhos do consumidor e dos estilistas. É um pro-



Feiras duto nobre e que engrandece as criações mundo afora. Na Colômbia não foi diferente. O sucesso por lá, porém, foi valorizar muito a questão de que deixamos nossos clientes brincar com cores e a composição dessa trama, o que permite que cada um deles encontre uma combinação única para si. Dessa forma, entendemos que, além de fornecermos um produto exclusivo, estamos permitindo que os estilistas deem asas à imaginação, e foi isso, sem dúvida, que nos permitiu alcançar sucesso nesse destino. Se abrimos mercado? Acreditamos que foi o mercado que se abriu para nós! Estamos muito felizes com os resultados”, comemora Rebecca. A Sancris é outra empresa brasileira que está em sua quinta participação na Colombiatex e pretende continuar. Após três anos afastados, retornou em 2016 com todo seu mix de produtos, marcando sua volta ao mercado colombiano e em busca de abrir novos. Pelo estande da empresa passaram clientes da Colômbia, Bolívia, Panamá, Venezuela, Costa Rica, Porto Rico, República Dominicana, Equador e Canadá, esses dois últimos países, inclusive, com grandes chances de concretização de negócios. “Em termos gerais, a Colombiatex foi proveitosa para a Sancris e acreditamos que colheremos frutos. Nosso mix de produtos é bastante amplo e diversificado, o que nos permite oferecer uma vasta variedade e atender diferentes tipos de cliente. Vale relembrar que a Abit

faz toda a diferença, deixando o expositor tranquilo e confortável. A instituição oferece suporte em todo o processo que antecede o evento, durante e após”, salienta Vitor Sapelli, diretor de Marketing da Sancris. Quem também não abre mão de participar da feira é a Expor Manequins, que está há nove anos no México e há dois na Colômbia, com escritório próprio. Marcos Andrade, CEO da Expor, diz que o mercado colombiano vem recebendo bem a empresa, que hoje é uma das principais do segmento no país e ainda tem muito espaço para crescer. Como destaque nesta edição, apresentou os manequins Plex-T, feitos com fibras plásticas de material reciclado, que não quebram, não riscam e podem ser feitos em mais de 30 cores por encomenda. Outra novidade foi a linha Blend, da Hans Boodt (a Expor é licenciada da marca na América Latina), feita de fibra de vidro, com fit mais alongado, sem face, traço semiabstrato, cuja cor é escolhida pelo cliente. MAQUINÁRIO Algumas das empresas brasileiras de maquinário estiveram pela primeira vez na Colombiatex e aprovaram a experiência, apesar de acharem que um espaço maior na feira seria o ideal para mostrar seus produtos. Fotos: Silvia Boriello

METALNOX

EXPOR MANEQUINS

70

A Metalnox, por exemplo, escolheu o evento para lançar sua marca Metalnox Digital no mercado mundial, apostando na impressão digital. “A impressora para sublimação E-print estava no estande imprimindo em diferentes resoluções e velocidades para que o público pudesse conferir de perto a qualidade de impressão do equipamento. Para completar o processo, a Calandra CMD 1800 série 2 estava transferindo, no tecido rolo a rolo ou em peças cortadas, todas as impressões que a E-print estava realizando. Também foi possível conferir a qualidades das prensas térmicas EL 900 e PTS 950 Basic, cabendo ao visitante escolher o equipamento


Fotos: Silvia Boriello

ideal para seu processo industrial”, conta Carolinne Odorizzi, gerente de Marketing da Metalnox. A empresa ainda levou seu mostruário completo de peças estampadas por meio de impressão direta no tecido feita pela Evox MTx8. Para Carolinne, “o mercado colombiano possui a infraestrutura e a demanda ideal para os produtos fabricados pela Metalnox. O resultado da feira não poderia ser outro a não ser o sucesso. Junto aos três distribuidores que estavam presentes na feira (Sign Products, Sign Suply e Andicolor), foi possível apresentar uma ampla linha de produtos Metalnox e atender todo o território colombiano”, avalia. Participar da feira também estava nos planos de expansão global da Automatisa. Joana de Jesus, diretora da empresa, diz que considera esse um evento representativo do mercado têxtil dos países andinos e a participação da Automatisa, além de ter gerado consistentes resultados de vendas, possibilitou a consolidação de parcerias estratégicas na Colômbia e em outros países. “A participação da Automatisa em eventos internacionais não está associada ao aumento do dólar. Isso é um facilitador, mas não um determinante. A Automatisa nasceu com perfil internacional, tendo comercializado equipamentos desde os primeiros anos para países latinoamericanos e europeus. Hoje, o que está acontecendo é uma aceleração do planejamento estratégico previamente estabelecido, no qual a Automatisa tem o mercado externo como parte permanente de sua atuação. Cada vez mais, a empresa será internacional e essa decisão já reflete em benefícios para o público local brasileiro, bem como para os outros países que

JEANOLOGIA FAZ LANÇAMENTO NA COLOMBIATEX Referência mundial em acabamentos em jeanswear, a Jeanologia lançou na Colombiatex a solução a laser Light PP Spray, que elimina o uso de permanganato de potássio no acabamento do jeans, acabando com um processo prejudicial ao trabalhador e ao meio ambiente, com garantia de contaminação zero. Outro lançamento apresentado foi a tecnologia E-flow, na qual o ar da atmosfera, em contato com a água e químicos, se transforma em nanobolhas que transportam as propriedades do produto para as peças de maneira mais eficiente.

AUDACES

nos compram. Entendemos que essa mentalidade nos dará perenidade empresarial, oportunidades de crescimento para a empresa e para seus colaboradores, aumento de maturidade em produtos e serviços e uma taxa de crescimento mais agressiva. Temos muito trabalho a fazer e a Colombiatex passa a ser mais uma agenda permanente, assim como é a ITMA, para a Automatisa Laser Solutions”, explica Joana. A empresa lançou dois produtos na feira: o primeiro é a máquina de vista de calça de 500 mm de largura, com visão artificial LED, desenvolvida a partir de uma solução de que já dispunham, mas agora com área de captura maior para acompanhar as mudanças que vêm acontecendo nos processos antes do corte a laser. O segundo foi um preview de um novo equipamento revolucionário inexistente no mundo, direcionado ao corte a laser automático e inteligente para rendas. “A Colômbia é um grande fabricante de rendas e de artigos de renda e a recepção desse produto por parte de grandes empresas colombianas nos mostrou que estamos no caminho certo”, festeja a diretora. A Audaces, já estabelecida e atuante no mercado colombiano, não estaria de fora da feira. Denis López, gerente da Audaces para a Colômbia, diz que nesta edição focaram mais nas soluções em salas de corte e que, apesar de em 2015 a visitação ter sido maior, este ano fecharam mais negócios, com um público mais qualificado. Já a Morgan Tecnica, representada no Brasil pela Mab Fortuna, armou uma tenda na área externa dos pavilhões para apresentar o 3Dress, um programa de design virtual para confecção que une as funcionalidades dos softwares de modelagem da Morgan à realidade virtual, com o uso de avatares e videogame.

71


Feiras

|

Foto: Liane Neves/Divulgação

POR SILVIA BORIELLO

FENIN – INVERNO 2016 FEIRA COMPLETA 20 ANOS E SE CONSOLIDA COMO A MAIOR DO PAÍS EM VESTUÁRIO JULIO VIANA, CEO

Este início de ano foi bastante intenso e movimentado para a Expovest, empresa que coordena a Fenin Feiras: de 10 a 13 de janeiro, aconteceu a Fenin Fashion Inverno 2016 no Anhembi, em São Paulo (SP), e de 19 a 22, sua 20ª edição no Rio Grande do Sul, marcando seu retorno a Gramado e também os 20 anos da edição de inverno, sempre a mais aguardada do ano. Sobre essa trajetória, Julio Viana, diretor e organizador da Fenin, faz um balanço: “O trabalho feito na Fenin ao longo destes 20 anos é o de organizar feiras que conectem o setor de confecção – os lojistas aos compradores –, movimentar o mercado. Na verdade, é um grande encontro de negócios, pois fomenta a economia dentro e fora da feira, movimentando as áreas de hotelaria, turismo, gastronomia”, diz. Hoje, a Fenin Inverno abastece cerca de 60% do mercado brasileiro e se tornou referência nacional no segmento. De volta a Gramado a pedido dos expositores, segundo Julio, a feira recebeu cerca de 10 mil visitantes, sendo 3.600 compradores convidados, vindos de 23 estados, além dos compradores internacionais vindos da China, Peru, Argentina, Uruguai, Paquistão e Israel. De acordo com o diretor da feira, as instalações do Serra Park, onde foi realizada, estão melhores, com ar-condicionado (que não havia antes), e contam com toda a infraestrutura da cidade de Gramado. Apesar de todo o cenário econômico difícil no país, Julio afirma que, se só se pautar pelo governo, ninguém trabalha, por isso segue firme com seus planos. Este ano pulará a edição carioca da Fenin devido às Olimpíadas no Rio de Janeiro, mas o público de lá sente falta de um evento business e a feira deve retornar ao Rio em 2017. Para 2016, o foco está concentrado em São Paulo e Rio Grande do Sul, e as próximas datas para a edição

72

DA

EXPOVEST.

Primavera-Verão 2016-2017 já estão marcadas: 26 a 29 de junho no Anhembi e 5 a 7 de julho em Gramado. EXPOSITORES FALAM DE AJUSTES DE MERCADO Durante as duas edições da Fenin Inverno 2016, em São Paulo e Rio Grande do Sul, uma das maiores tendências observadas entre os expositores foi o ajuste do planejamento e das metas das empresas de acordo com o mercado. A Zune, por exemplo, que há muitos anos marca presença na feira com suas marcas Zune Jeans, Rock & Soda e Über Jeans, resolveu participar apenas da edição paulista desta vez e convidar seus clientes para um evento especial em seu showroom. Segundo Anderson dos Santos, que trabalha na parte comercial da Zune, o resultado da participação foi positivo, apesar de ter faturado 10% menos que na edição anterior. Para incrementar as vendas, a marca apostou em jeans mais leves e com elastano, resinados e lavagens diferenciadas, bem como num preço mais atrativo. A Gangster, outra marca fiel à Fenin, esteve nas duas feiras com o maior estande, que incluía ainda as marcas Dixie Jeans e Mosaico, e, para incrementar as vendas de vestuário, lançou em primeira mão uma linha exclusiva de perfumes e acessórios, como óculos e chinelos masculinos e femininos. “A marca está muito bem posicionada. No Centro-Sul do país, somos líderes de mercado. Aproveitando isso, quisemos expandir a marca com licenciamentos, que começaram com perfumes, óculos, sungas, chinelos e em breve mochilas escolares, de viagem, dia a dia, cadernos, pranchas de surfe, stand up paddle e skate. É todo um lifestyle que aumenta o alcance da marca. Já temos um consumidor que usa nossas roupas; agora ele pode chegar


Fotos: Divulgação

INTUIÇÃO

MILLÉSIMA

NICOBOCO

a uma papelaria e comprar um caderno da grife, ir a uma loja de tênis e encontrar um da Gangster ao lado das principais marcas mundiais. A fidelização à marca é nossa maior aposta para este ano”, conta Paulo Jorge, gerente de Produto e Marketing do grupo. Esse processo todo começou em maio de 2015, o grupo procurou fornecedores – todos nacionais, devido ao tempo de entrega e à alta do dólar –, participou de uma feira de licenciamento e deu sequência ao plano. A maturidade desse projeto, de acordo com Paulo, é de 5 a 7 anos, nos quais pretende igualar o faturamento com o vestuário. E avisa: para a próxima edição da Fenin, deverão vir com um estande de 700 m2, para trazer todos os produtos licenciados, pois a meta é vender, apenas neste primeiro ano, 200 mil pares de tênis e chinelos e chegar a 500 mil pares em 2017. Sobre o momento de retração econômica, Paulo diz que a empresa sentiu, sim, um pouco desse reflexo, porém, como a produção trabalha de forma bastante assertiva, tem total ciência dos anseios de seu público e ainda conseguiu reduzir os custos, o resultado tem sido bastante favorável. Segundo ele, o estilo próprio de gestão da empresa enxerga que, se a produção se estabilizar, a tendência é “embicar para baixo”, por isso o objetivo é crescer de 15% a 20% ao ano, sem aceitar uma redução.

APA

GANGSTER

Por isso, estão com uma equipe agressiva e atuando mais perto de seus mercados mais fortes e ainda abrindo três novos este ano. “Não queremos rota de cruzeiro”, ressalta. A Nicoboco, que participa há 12 anos da Fenin, voltou a produzir 100% no Brasil a parte de vestuário. “Hoje o cliente, quando vem comprar um produto, já olha na etiqueta para ver onde foi feito e muitos deles exigem que seja feito no Brasil”, conta Marcelo Meira, do grupo Global Co., do qual faz parte Nicoboco, Occy, Blanch e Nica. Marcelo acredita que este ano o setor de confecção dará uma reagida, pois, como em 2015 o setor ficou parado, “sem gordura para queimar”, com a alta do dólar a importação fica mais cara e a tendência é produzir aqui. Ele conta que o grupo já vinha fazendo um trabalho de reestruturação de seus canais de venda, com representantes, e-commerce e pontos de venda aqui e lá fora. Hoje, só a Nicoboco vende de 250 mil a 300 mil peças/mês em todo o Brasil (35% das vendas são feitas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e no exterior, para Alemanha, Portugal, Japão e Miami. A grife feminina Intuição, de Nova Petróplis (RS), também resolveu sair do lugar-comum para se destacar. Stéfani de Lio, responsável pela área de criação da marca, conta que, para não afetar as vendas, decidiram não produzir mais itens básicos, pois não têm como concorrer com eles, mas sim produtos diferenciados e de alto valor agregado, com estamparia e bordados exclusivos e corte a laser. Durante a feira, além de manter a carteira de clientes que já atendia, Stéfanie revela que abriram novos em regiões que ainda não trabalhavam tanto, como São Paulo (capital e interior), Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. A APA, de Teresópolis (RJ), que produz ternos mas-

ZUNE

73


Feiras culinos, participa da Fenin desde o início. Com 48 anos de mercado vendendo para as classes A e B e confeccionando internamente 35 mil peças/mês, manteve estável a produção em 2015 e, para 2016, a aposta é a linha de camisaria feminina. Luiz Apa, diretor da marca, também acredita no favorecimento da produção nacional com a alta do dólar e espera retomar as exportações para Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Bolívia e Peru. Para os EUA, vem prospectando vendas há cerca de um ano e acredita que ainda este ano deva começar. A Millésima, marca feminina do grupo têxtil Farbe, de Blumenau (SC), fez sua estreia na Fenin. Há três anos no mercado, a marca começou a pavimentar seu caminho de

forma estruturada com a vinda de Adinei Teixeira, gerente de Mercado que possui experiência com outras grifes. Com um perfil bem definido – uma mulher sofisticada e que exige produtos de alta qualidade e design –, a Millésima, acredita Adinei, tem uma boa chance de crescimento neste período de desgaste pelo qual passa a moda brasileira, pois se abre uma brecha que a marca vem ocupar como uma novidade, atendendo novos clientes. “Nosso lema é trabalhar fora da vala comum. A ideia é tornar a Millésima uma marca bem posicionada, com valor emocional, proposta visual com valor agregado e roupas diferenciadas, com alta qualidade e preço competitivo, fazer com que o cliente tenha um bom markup”, salienta Adinei.

SALÃO DA LINGERIE BRASIL SUL 2016 Foto: Liane Neves/Divulgação

O Salão da Lingerie Brasil Sul aconteceu pela segunda vez paralelamente à Fenin no Rio Grande do Sul, no mesmo espaço, reunindo as principais grifes do mercado com os lançamentos que estarão nas vitrines do Inverno 2016. Indhira Pêra, que junto a Ana Flores comanda a New Stage Eventos, promotora da feira, diz que esta edição do Salão contou com os best-sellers das marcas participantes, facilitando ao lojista conhecer um pouco do perfil de cada uma delas. “Apesar do momento econômico do país, as empresas que participaram do evento tiveram resultados surpreendentes e saíram bem motivadas com as vendas efetivadas”, ressalta Indhira. A DelRio é uma delas. A empresa cearense iniciou o ano comemorando o crescimento de 19% no faturamento em 2015 e veio cheia de gás e novidades para o varejo, como a linha Kids Club, que vem atender um novo nicho de mercado: meninos de 6 meses a 7 anos, que antes só contavam com modelos básicos, agora ganharam uma coleção com cuecas de estampas divertidas, exclusivas e superconfortáveis, sem etiquetas que machucam. A linha Miss Del Rio, voltada ao público feminino infantil e pré-adolescente, também ganha reforço com peças mais confortáveis, feitas de fibra de algodão. Outro destaque da DelRio para este ano é o lançamento de uma linha feminina teen (dos 14 aos 16 anos) e o retorno da linha noite. A Recco Lingerie, de Maringá (PR), também não brecou investimentos em 2015. Antonio Recco, presidente da marca, conta que aumentou sua produção com maquinários automatizados de última geração e quer

74

competir de frente com a China. Outro detalhe é que agora a empresa, que já fazia internamente todas as suas estampas exclusivas, agora está fabricando o próprio tecido em Santa Catarina. Durante o Salão, recebeu mais visitantes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e está abrindo mercado na Bolívia e ampliando no Uruguai e na Argentina. Uma das maiores marcas do país, a Lupo, esteve presente mais uma vez na feira, que, segundo Samuel do Carmo Capato, gerente nacional de Vendas da empresa, serve como showroom local. Samuel diz que em 2015 a Lupo cresceu 3% e, para este ano, a perspectiva é se manter nessa base. O item com maior saída têm sido as cuecas, pois os homens estão procurando uma maior variedade de cor, tecido, modelo e toque. Como diferencial para se destacar no mercado, Samuel diz que a empresa tem investido muito no atendimento e suporte aos clientes, treinando seus 120 representantes exclusivos para estar mais próximos e responder às necessidades deles com maior agilidade e atenção.



Curtas Foto: Divulgação

DA MÚSICA AOS NEGÓCIOS DA MODA No início de fevereiro, a marca holandesa de jeanswear G-Star Raw revelou que Pharrell Williams comprou parte da empresa. Segundo informações divulgadas pela G-Star, o cantor vai se envolver em muitas áreas da empresa, das coleções às propagandas, passando pelas estratégias de business. “A GStar é criativamente independente e pensa para a frente. Acredito que será a marca de jeanswear definitiva do século 21. Quero ser parte dessa história”, disse Williams, que já colaborou anteriormente com a G-Star transformando plástico retirado dos oceanos em matéria-prima para os jeans. DASLU REINVENTADA PODE VIRAR FRANQUIA Poucas marcas colecionam no currículo tantas mudanças como a Daslu. Considerada no passado o templo da moda de luxo, a grife viveu dias de glória e também de trevas, quando sua ex-dona, Eliana Tranchesi, morta em 2012, foi detida sob a acusação de fazer parte de um esquema de fraude de importações, em 2005. Depois de ser vendida por Tranchesi ao fundo Laep por R$ 65 milhões para evitar a falência, a grife ingressou numa fase de reestruturações nos últimos cinco anos, quando passou para as mãos de um grupo de investidores liderado pelo empresário baiano Crezo Suerdieck. Uma das mudanças mais significativas é que as novas lojas serão bem menores. A loja no shopping JK Iguatemi (SP), por exemplo, que tinha 1.600 m², será reduzida para 400 m². A Daslu tem hoje sete lojas próprias em São Paulo, Rio, Pernambuco e Brasília. Algumas delas podem ser convertidas em franquia, modelo que deve servir de base para a expansão da marca. Segundo a direção da holding, os itens à venda manterão a qualidade dos materiais, mas está fora dos planos resgatar marcas estrangeiras do porte de Valentino e Prada. A ideia é tornar a Daslu um berçário para boas marcas estrangeiras que já operam com êxito no exterior. QUALITY MALHAS E SULFABRIL ANUNCIAM FUSÃO Uma das mais conhecidas malharias brasileiras pode voltar à vida. Com sua massa falida leiloada em 2015, o grupo de investidores que arrematou a fábrica da Sulfabril anunciou em fevereiro a fusão com a Quality Malhas, empresa pertencente ao Grupo Régis, de Minas Gerais, mas que comercializa malhas em Brusque (SC). O comando acionário será dividido igualitariamente entre ambas as partes. Dessa forma, as operações da Quality passarão todas ao parque industrial da Sulfabril em Blumenau (SC), utilizando suas instalações para a estrutura administrativa e a produção de malharia e vestuário já a partir de março. Parte das instalações será alugada ou arrendada a prestadores de serviços ligados ao negócio, reduzindo consideravelmente os custos de produção. Com previsão de lançar a primeira coleção de verão em junho, as contratações na área de costura devem começar em breve. ZANOTTI ASSOPRA VELINHAS A Zanotti, fabricante de fitas elásticas, festejou 35 anos de atividades no início de fevereiro. Nessa longa trajetória, a empresa conquistou seu espaço como uma das maiores produtoras nacionais do setor, investindo sempre em pesquisas de tendências. Em 2015, a empresa alçou novos voos. Além dos tradicionais elásticos, passou a oferecer também rendas largas e tecidos com o objetivo de ampliar e aprimorar cada vez mais o atendimento ao cliente.

76


Foto: Divulgação

LECTRA FASHION PLM NA GALERIES LAFAYETTE A mundialmente famosa e centenária loja de departamentos Galeries Lafayette, em Paris, visando melhorar sua capacidade de desenvolver marcas próprias, incorporou recentemente à sua linha de produção a Lectra Fashion PLM, plataforma para o gerenciamento do ciclo de vida de produtos desenvolvida pela Lectra especialmente para a indústria da moda, com uma abordagem muito mais abrangente que um sistema ERP e integração de todas as equipes que fazem parte do processo produtivo. “A solução de PLM da Lectra é a mais adequada para melhorar o fluxo de trabalho e facilitar a cooperação entre diferentes equipes

envolvidas no processo de desenvolvimento de produtos”, declarou Delphine Chevalier, diretora de compras de marcas próprias da Galeries Lafayette.


|

POR ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA

Costureira ganha na Justiça indenização mensal por perda da capacidade laborativa

Foto: Arquivo pessoal

Dentro da Lei

RECENTE DECISÃO DO TST CONDENOU FAMOSO MAGAZINE A PAGAR À COSTUREIRA INDENIZAÇÃO POR PERDA DA CAPACIDADE LABORATIVA

Tenho acompanhado nos últimos 20 anos as decisões judiciais trabalhistas na relação confeccionista-costureiras e essa decisão me chamou a atenção por algumas peculiaridades: O Indenização até os 70 anos, de 40% sobre a última remuneração recebida, por incapacidade total de exercer a profissão de costureira, diante da doença ocupacional adquirida por excesso de horas trabalhadas e pressão por metas; O Concausa: síndrome do túnel do carpo. A atividade

exercida não foi a única e exclusiva causa, mas ajudou a desenvolver a doença; O Indenização por danos materiais e morais pela perda da capacidade laborativa; O Repercussão do caso pela exposição no Facebook, na página do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que chamou atenção para o nome da empresa reclamada. No caso em comento da costureira, após perícia médica, comprovou-se que o excesso de horas extras, durante anos, causou uma deterioração tão grave à sua saúde que a impediu de exercer sua função de costureira. Nesse ponto, as várias instâncias da Justiça do Trabalho foram unânimes em condenar a empresa em que a costureira trabalhou, porém, somente no último julgamento dentro da estrutura da Justiça do Trabalho, no TST, a trabalhadora ganhou o direito a pensão de 40% da última remuneração, por perda da capacidade laborativa. Importante fato para compreensão dessa decisão é

78

que a costureira já estava afastada pelo INSS e recebia benefício previdenciário, porém, somente o TST entendeu que o trabalho extenuante, apesar de não ser a única causa para o desenvolvimento da doença (síndrome do túnel do carpo), contribuiu para o agravamento dos sintomas. Não objetivo neste espaço discutir se o TST acertou em sua decisão nem passar minha interpretação da lei, mas trazer à discussão a tendência da última instância trabalhista e os cuidados que devem ser adotados para evitar situações similares. A costureira desse caso já possuía a predisposição para desenvolver a doença que a afastou do trabalho, como ficou provado no processo pelo perito que a analisou, porém, entenderam todas as instâncias que a mera predisposição não excluía a reponsabilidade da empregadora. Tenho orientado as empresas a investir mais no exame periódico anual, evitar os exames de fachada – aqueles em que o funcionário nem sequer é examinado corretamente – e fazer um trabalho sério e adequado que possa avaliar a predisposição a doenças e o estado emocional do trabalhador. Ginástica laboral também pode atenuar eventuais problemas físicos dos colaboradores e ajuda a melhorar o ambiente de trabalho. É importante, ainda, ter um canal na área de Recursos Humanos em que o funcionário fique à vontade, sem medo de represália, para discutir qualquer desconforto físico ou emocional. É impossível para uma empresa sobreviver sem


metas e objetivos. Por essa razão, qualquer trabalho

redes sociais o nome da empresa reclamada e a

exigirá superação e esforço, mas lembre-se: cabe

condenação, o TST extrapolou sua competência e

ao empresário sopesar a pressão exercida. Há

prejudicou a imagem do magazine. Cabe ao TST promover o equilíbrio social dentro de sua competência e em suas decisões. A Justiça não pode prejudicar deliberadamente uma empresa e sua imagem. A simples supressão do nome dela não prejudicaria a divulgação da decisão e o amplo conhecimento do público.

muito a Justiça do Trabalho vem condenando os exageros, como as brincadeiras que muitas áreas comerciais fazem com os vendedores que tiveram as piores vendas. Por fim, quero ressaltar o que entendo ser um erro na divulgação da decisão pelo TST: os processos judiciais, salvo os que têm segredo de Justiça, são públicos e qualquer pessoa pode acessá-los. Como eles estão migrando para o formato digital, está ainda mais fácil acompanhá-los. Acontece, nesse caso, que o TST divulgou em sua página no Facebook, com estardalhaço, o nome da empresa que foi condenada, o que sabemos causar danos irreparáveis à imagem de qualquer pessoa ou marca. Entendo que, ao divulgar de forma acintosa nas

ALEXANDRE GAIOFATO DE SOUZA É ADVOGADO, PÓS-GRADUADO EM PROCESSO CIVIL PELA PUC/SP, MBA EM DIREITO DA ECONOMIA E DA EMPRESA PELA FGV E PELA OHIO UNIVERSITY, MEMBRO RELATOR DO IV TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB/SP, ADVOGADO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÁQUINAS E COSTURA INDUSTRIAL, COMPONENTES E SISTEMAS (ABRAMACO), VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DOS LOJISTAS DO BOM RETIRO E SÓCIO DA GAIOFATO E GALVÃO ADVOGADOS ASSOCIADOS. ALEXANDRE@GAIOFATOEGALVAO.COM.BR


Dicas e Economia

Aparelhos para jeans Um dos mais básicos e democráticos itens de vestuário – o jeans – precisa de uma costura reforçada e acabamento de primeira. Para isso, Costura Perfeita te mostra os aparelhos ideais que farão a diferença na qualidade de sua produção. Fotos: Silvia Boriello

80

AP-cos anat jardineira (CVM 214017): aparelho de cós anatômico para jardineira, usado em máquina de cós ou de elástico

AP30-1/4” G tipo americano (CVM 24118): aparelho com mola para fechamento, usado em máquina fechadeira de braço

AP-cos anatômico (CVM 113698): aparelho para cós anatômico 2 fitas, usado em máquina de cós ou de elástico

AP328 entra reto (CVM 24145): aparelho de cós reto 1 fita, usado em máquina de cós ou de elástico

AP-cos duplo 7,0 esp. (CVM 161933): aparelho de cós 2 fitas sem dobrar embaixo, para colocação do viés, usado em máquina de cós ou de elástico

AP-bolso dianteiro ref. (CVM 173301): aparelho para bolso dianteiro com viés (aberto) sobreposto, usado em máquina 2 agulhas ponto fixo

AP280 – viés pronto sobreposto (CVM 137892): aparelho para bolso dianteiro com viés pronto sobreposto, usado em máquina 2 agulhas ponto fixo

AP162G (CVM 188666): aparelho para fechamento com vivo pronto, usado em máquina fechadeira de braço

AP-cos anatômico emb (CVM 23952): aparelho para cós anatômico embutido 1 fita, usado em máquina de cós ou de elástico

AP-vista calça (CVM 24031): aparelho para vista de calça, usado em máquina reta

AP-36 reta tran-L (CVM 184467): aparelho para passante formato lateral, usado em máquina reta

AP-36 reta tran-D (CVM 191684): aparelho para passante, formato de frente, usado em máquina reta


AP-36 PC com vivo (CVM 157147): aparelho para passante com vivo, usado em máquina fechadeira plana

AP-bolso traseiro PF (CVM 23935): aparelho para bolso traseiro, usado em máquina 2 agulhas ponto fixo

AT30 MH (CVM 24617): aparelho para fechamento, usado em máquina fechadeira de braço

AT358-1/4 XH (CVM 113785): aparelho para fechamento, usado em máquina Union Special

AP bolso dianteiro (CVM 23933): aparelho para bolso dianteiro, usado em máquina 2 agulhas ponto fixo

AP-36PC-transpassado (CVM 178483): aparelho para passante transpassado, usado em máquina fechadeira plana

AP-59-transpassado (CVM 127914): aparelho para passante transpassado, usado em máquina de passante com faca

Calc. barra reg (CVM 146041): calcador regulável para barra, usado em máquina reta

AP-172 com vivo (CVM 130635): aparelho para fechamento com vivo, usado na máquina de braço ou plana

AP36 212 (CVM 112627): aparelho para passante, usado em máquina 2 agulhas ponto fixo

OBSERVAÇÃO Observação: Verifique sempre a marca e o modelo de sua máquina antes de adquirir qualquer peça ou aparelho. Todos os aparelhos com os códigos acima podem ser encontrados na Cavemac. Para conhecer os aparelhos que agilizam sua produção, adquira os DVDs Cavemac com dicas sobre diversos deles. Acesse o site www.cavemac.com.br e consulte os títulos disponíveis. Se tiver alguma dúvida sobre que aparelho utilizar, envie uma foto dele por e-mail para vendas@cavemac.com.br ou traga-o pessoalmente ao nosso showroom. Na compra de aparelhos, caso necessite fazer algum teste no showroom, é necessário trazer todo o material necessário para a confecção da amostra (tecido, elástico, fitas etc.).

Agradecimentos: Alessandra Rustarz, Marta Sales e Fidelia Gutierre.


Meio Ambiente TODOS CONVOCADOS PARA A REVOLUÇÃO DA MODA

Fotos: Divulgação

INSECTA SHOES ABRE PRIMEIRA LOJA FÍSICA EM SÃO PAULO Os calçados veganos da Insecta Shoes vêm fazendo sucesso Brasil afora promovendo o consumo consciente, mas com muito charme, já que são produzidos com a reutilização de roupas vintage garimpadas em brechós ou tecidos ecológicos à base de garrafas PET. Agora, a marca instalou sua primeira loja física em São

Desde o colapso do edifício Rana

Paulo (SP), estado que conta com o maior número de compradores de seu e-

Plaza, em Bangladesh, no dia 24 de

commerce. A projeção é faturar R$ 40 mil ao mês, o que equivale à venda de 150

abril de 2013, onde funcionavam

pares. A produção é toda feita em Novo Hamburgo (RS), em quantidade limitada,

várias oficinas de costura, as

apostando no fair trade, ou seja, com artesãs locais e condições de trabalho e

designers inglesas de moda

remuneração justas. Barbara Mattivy, sócia-fundadora da Insecta Shoes, lembra que sustentável Carry Somers e Orsola de todos os calçados são unissex. Castro fizeram dessa data um marco Foto: Adriana Santos para a criação do Fashion Revolution

DESTINO ECOLÓGICO PARA AS CALÇAS JEANS

Day, que este ano entra em sua

Há muito tempo engajada na preservação

terceira edição. Já são quase 80

ambiental, a Elas Ecomodas, de Nova Friburgo (RJ),

países se unindo para perguntar

iniciou 2016 com mais uma novidade: o projeto

“Quem fez minhas roupas?” e, dessa

Jeans EcoFashion. Como são fabricados cerca de

forma, impulsionar a reflexão dos

200 bilhões de pares de calças jeans ao ano apenas

consumidores sobre as condições

no Brasil, a confecção pensou em como dar um

em que são produzidas as roupas

destino ecologicamente correto a essas peças

que vestem, desde a matéria-prima até o consumo (e seu descarte), atentando aos valores humano e

ALEX SANTOS, DA ELAS ECOMDAS, AO DE SEBASTIÃO VENTURA, GERENTE DO SUPERMERCADO BRAMIL DE OLARIA.

LADO

quando descartadas e reduzir o impacto ambiental. Para isso, resolveu desenvolver uma linha de produtos reaproveitando calças que teriam o lixo

ambiental. “Conscientização é a

como destino. À frente da equipe, estão Adriana Santos (modelista, desenhista de moda e

palavra-chave”, diz Fernanda Simon,

gerente de qualidade da Elas Ecomodas), Alex Sandro Santos (repórter fotográfico,

coordenadora do Fashion Revolution

jornalista e responsável pela comunicação da Elas Ecomodas), Verônica Kratochwill

no Brasil. Como este ano a data cai

(pesquisadora e consultora de moda) e Victor Couto (desenhista e estilista). A matéria-

no meio de um feriado, as ações no

prima são calças vindas de doações – shorts e jaquetas jeans também são bem-vindos –,

Brasil acontecerão entre os dias 17 e

e a Elas já conta com pontos de coleta em Nova Friburgo, como a Universidade Estácio

18 de abril, com eventos físicos e nas de Sá e na rede de supermercados Bramil, onde já há coletores instalados. Em breve, a redes sociais. As faculdades de Associação Comercial de Nova Friburgo será mais um deles, e a ideia é expandir esses moda também participarão com uma

pontos a todo o país. Mais alguns detalhes bacanas do projeto são a utilização de outros

ação especial. Fernanda diz que

materiais reaproveitados nessa coleção, como lonas de caminhão, banners publicitários e

qualquer pessoa que tenha alguma

tecidos feitos de garrafas PET e os próprios coletores de jeans, feitos a partir de galões de

ideia ou queira participar deve entrar

uma indústria de etiquetas têxteis que seriam descartados e envolvidos com banners

em contato das seguintes formas:

cedidos por um dos parceiros do projeto e que são feitos a partir do reaproveitamento de

brasil@fashionrevolution.org,

pontas de outras impressões. Toda a sobra da produção (retalhos 100% algodão)

www.facebook.com/fashionrevolution. também será reaproveitada para o desenvolvimento de mudas de árvores de seu projeto brasil, instagram.com/fash_rev_brasil, ambiental, o Elas Preservando. No caso do supermercado, a cada jeans doado a pessoa

82

e usar as hashtags #fashrev,

recebe um cupom, depositado numa urna no próprio local, para concorrer a uma cesta

#whomademyclothes e

básica sorteada a cada mês. Na segunda etapa do Jeans EcoFashion, está prevista uma

#quemfezminhasroupas nas

iniciativa social. Quem quiser saber mais e participar é só acessar

redes sociais.

www.elasecomodas.com.br.



Fotos: Divulgação

Comércio Exterior MODA BRASILEIRA É APRECIADA PELOS EUROPEUS Em busca de diversificar seus negócios, Rosana e Cícero Marques, presidente e diretor da Ouseuse, respectivamente, desembarcaram em Paris (França) para o Salão Internacional da Lingerie, realizado de 23 a 25 de janeiro. “A participação da Ouseuse foi extremamente válida. Além dos contatos com outros países que, com certeza, vão se transformar em negócios futuros, vi de perto como funciona o mercado externo. Também deu para sentir como a moda brasileira é apreciada pelos europeus. Expor é sempre um aprendizado e um amadurecimento. Somente

CÍCERO E ROSANA MARQUES NO ESTANDE DA OUSEUSE NO SALÃO INTERNACIONAL DA LINGERIE.

ao participar de um evento desse porte é possível entender os meandros do mercado internacional”, afirma a presidente. A empresa de Juruaia (MG) fez contatos com companhias dos EUA, Itália, Espanha, Portugal, Dubai e Líbano, e ainda foi abordada por um estilista francês que possui a patente de um sutiã diferenciado, que propôs à marca desenvolver a peça.

ELAIÁ FOI DESTAQUE NA PREMIÈRE VISION NY Pela terceira vez na Première Vision NY, que aconteceu nos dias 19 e 20 de janeiro, o estúdio catarinense Elaiá teve duas de suas estampas escolhidas como tendências para o Verão 2017, e foi o único entre os mais de 86 participantes a ter mais de um desenho escolhido. Antes da Première Vision, o estúdio ainda participou, pela primeira vez, da Printsource NY. “Este foi um início de ano e tanto para o Elaiá. Nos dias 12 e 13 de janeiro, estivemos na Printsource NY e nos dias 19 e 20, na Première Vision NY. Essa foi nossa terceira Première Vision, e nosso amadurecimento em termos de produto se refletiu nas vendas. Tivemos uma procura muito maior do que nas outras edições e várias marcas querendo conhecer melhor nosso trabalho depois do evento. O que nos marcou muito, claro, foi a escolha de duas estampas nossas, classificadas entre as 30 tendências do evento pela curadoria da Première. Fomos o único estúdio entre os 86 participantes a ter dois desenhos selecionados. Essa resposta da maior feira de tendências do mundo nos traz ainda mais segurança nesse novo momento. Em relação às tendências para o Verão 2017, confirmou-se o que já esperávamos: as estampas estão mais abertas, sem tanta informação. Também há uma valorização muito grande das cores suaves e refrescantes. Voltamos muito satisfeitos e com perspectivas de iniciar um trabalho ainda mais forte no exterior em 2016 e, claro, com muita vontade de ampliar os negócios no Brasil com a expertise que esses eventos nos trazem”, analisa Bruno Hansen, diretor do Elaiá. PA NO EXTERIOR + ESTAMP Um seleto grupo de designers do mundo foi convidado pelo Council for Leather Exports (CLE) a participar da 1ª Designers Fair, que aconteceu entre os dias 1º e 3 de fevereiro na cidade de Chennai, na Índia. Entre americanos, italianos, belgas, espanhóis e indianos, o Brasil ficou em posição de destaque com a terceira maior delegação confirmada no evento, que contou com os consultores do Núcleo de Design da Assintecal, Lucius Vilar, Flávia Vanelli e Victor Barbieratto. “Para nós, esse convite tem uma dimensão muito significativa. Acredito que o Brasil possui grande vivacidade e possibilidade de gerar o novo. Participar da Designers Fair na Índia é fazer parte de uma estratégia de amplificação de conhecimento, dando oportunidade a compreensões pertinentes e abrindo janelas para exportação do nosso DNA, nosso design nacional, para o sistema calçadista global”, conta Flávia Vanelli, consultora do Núcleo de Design da Assintecal e da Rato Rói. Outra novidade é a apresentação inédita do projeto +Estampa, capitaneado pelo estilista Lucius Vilar e com prints dos designers Brads, Renato de Melo Medeiros e Marina Rebouças – que apresentaram estampas aplicadas ao couro desenvolvidas exclusivamente para a Designers Fair. Fruto de uma parceria com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), a aplicação das estampas contou com a participação das empresas Tanac (taninos vegetais), CBR Group (couro), Curtume Krumenauer (couro) e Top Cut (impressão). “A Índia tem uma grande tradição na indústria mundial e esse convite só veio valorizar nossa parceria mercadológica”, afirmou Ilse Biason, superintendente da Assintecal.

84


| Coaching

Foto: Divulgação

POR ANGELA VALIERA

O que mais? Ela chegou ao meu escritório de coaching e counseling se dizendo “perdida”. Não sabia o que queria. Não sabia se o que tinha escolhido e construído até então era o que ela realmente queria ou não. – Mas por que você se sente perdida? – perguntei. – Não sei. Não sei se é isso, sabe? – O que a faz pensar que não é isso? – Não sei se isso me satisfaz. – Tem outra coisa que você gostaria de estar fazendo e que não faz hoje? – Na verdade, eu fico pensando... Será que não existem outras coisas melhores? Não é que eu esteja insatisfeita, acho que não estou. Mas penso: e se existirem outras coisas mais legais e eu não fui atrás para conhecer e experimentar? É interessante como, em vez de pensar no que temos, focamos nossa atenção naquilo que não temos. Mas a ansiedade por experimentar tudo chegou a tal ponto que ficamos estressados em imaginar que possam existir coisas que não temos e que nem mesmo conhecemos! Isso tem alimentado uma insatisfação coletiva. Um modus vivendi no qual a satisfação é tão efêmera que não chega a ser percebida. Quer-se acabar logo o que se tem para poder começar a experimentar algo novo. Profissionais constantemente insatisfeitos pulam de galho em galho, de trabalho em trabalho, de profissão em profissão, como se trocassem de roupa. Geram grandes perdas financeiras, de produto, de qualidade e de atendimento às empresas. Vende-se uma ideia de que existe o ofício perfeito. De que basta seguir seu coração e você será 100% feliz no trabalho. Trabalho dá trabalho, não é simples, não é fácil, não é só alegria. Se fosse assim, todos trabalhariam de graça pelo simples prazer que ele proporciona. Continuamos nossa conversa: – Seu trabalho atual vai ao encontro das suas principais características, ou seja, ele combina com você? – Sim, tem muito a ver comigo. – Você gosta do que faz hoje? Sente prazer em seu trabalho? – Sou criativa, gosto de desenvolver materiais gráficos, me sinto bem fazendo isso. Só fico pensando se existe algo mais por aí... – Como seria esse “algo mais”? O que poderia ser melhor do que hoje? – Não sei. Hoje é legal, mas não penso muito no hoje... Acho que só penso em como será o amanhã. – Como foi seu dia de trabalho hoje? – Bem legal! – Isso é suficiente? – Hum... Não tinha pensado nisso... Acho que sim. Persistência, resiliência, superação de obstáculos, realização. Isso é o que torna possível a colheita dos bons frutos do trabalho. E é aí, quando se atinge o estágio de crescimento, que o trabalho começa a ser prazeroso, quando percebemos tudo o que conseguimos realizar e o quanto nos desenvolvemos ao longo da jornada. ANGELA VALIERA É COACH, FASHION CAREER COUNSELOR, DESIGNER DE INOVAÇÃO E NOVOS MERCADOS DO CARREIRA FASHION – EMPRESA DE RH ESPECIALIZADA EM MODA – E COORDENADORA DA ESCOLA ONLINE ENMODA. ANGELA@CARREIRAFASHION.COM.BR


Couro e Cia.

Fotos: Divulgação

NEGÓCIOS COM A ÍNDIA Durante a 43ª Couromoda, em janeiro, a delegação indiana do Conselho de Exportadores de Couro, com apoio da Câmara de Comércio Brasil-Índia e do Consulado da Índia no Brasil, organizou um almoço para a imprensa e empresários do setor coureiro-calçadista para apresentar o programa governamental “Make in India”, sobre oportunidades de negócios na área entre os dois países, que se mostram bastante prósperas. A Índia conta atualmente com uma população de 1,25 bilhão de habitantes, é um dos maiores mercados consumidores do mundo e concentra 10% da produção mundial de couro – inclusos calçados e acessórios –, e é o segundo maior em produção de calçados e vestuário de couro, com perspectivas de crescer (a projeção é dobrar o consumo interno e as exportações em 20% ao ano nos próximos cinco anos). Uma curiosidade: o principal exportador de couro da Índia possui joint venture com uma empresa brasileira. Com as principais marcas globais produzindo por lá, a Índia quer atrair mais investidores, já que possui o conhecimento. Para tanto, seu governo vem concedendo alguns benefícios – os mesmos que os empresários indianos –, como políticas previsíveis e estáveis, mão de obra jovem (cerca de 450 milhões de pessoas com menos de 25 anos) e subsídio a programas de treinamento técnico e de habilidades vocacionais dentro das empresas. Não há limite de investimentos, que podem estar em Zonas Econômicas Especiais (SEZ) ou na área de tarifação interna, e é permitida a repatriação de 100% dos lucros. Quem estiver interessado pode entrar em contato com o Council for Leather Exports pelo e-mail cle@cleindia.com ou com o Invest India pelo e-mail makeinindia@nic.in. SAPATO QUE TROCA DE SALTO VIRA SENSAÇÃO Qual é a mulher que não gostaria de trocar de salto em segundos na hora em que bem entendesse? Com certeza, todas gostariam. Está aí o motivo do sucesso da grife Lizzy Kahl, que está há quase quatro anos no mercado e lançou na Couromoda o primeiro sapato que troca de salto do Brasil. No mês dezembro de 2015, a empresa recebeu uma média de 60 e-mails por dia de pessoas interessadas em abrir franquia da marca. “O sucesso vem devido ao fato de o produto ser inovador e atender às expectativas da mulher moderna que anseia por um guardaroupa versátil”, afirmou Patricia Strebinger, diretora da marca. A empresa planejava abrir as primeiras unidades de franquia no segundo semestre. No entanto, a surpreendente quantidade de solicitações fez com que as análises dos futuros lojistas fossem antecipadas. Por isso, serão inauguradas 20 novas lojas da Lizzy Kahl ainda neste semestre. COUROMODA ALÉM DA CRISE Mesmo com as perspectivas econômicas mais sombrias, a Couromoda – maior feira de calçados e artigos de couro da América Latina – encerrou sua 43ª edição, de 10 a 13 de janeiro em São Paulo (SP), com otimismo e confiança. Expositores e lojistas, em vez de reclamar, focaram na geração de negócios para alavancar as vendas tanto no mercado interno como fora do país. “Nesta edição, tivemos aumento de 10% no número de importadores. Ao todo, foram 113 compradores vindos dos Emirados Árabes, Estados Unidos, Europa, Ásia e América, tudo para ampliar as prospecções e os negócios externos, beneficiados com o aumento do dólar. Nossa expectativa para 2016 é crescer em torno de 3% a 4% e estar novamente entre os principais players mundiais, oferecendo produtos com moda, qualidade, preço e competitividade”, disse Francisco dos Santos, presidente do evento. Hoje, o Brasil é o terceiro maior produtor de calçado do mundo, produzindo 900 milhões de sapatos anualmente e exportando para mais de 150 países. Integrada à Couromoda, aconteceu também a sexta edição da São Paulo Prêt-à-Porter (SPPAP), feira especializada em confecção de roupas e acessórios. O evento apresentou lançamentos de 500 marcas para o outono-inverno. A novidade deste ano foi o espaço criado dentro da feira para reunir um grupo de marcas internacionais, principalmente vindas da Índia, Turquia e China. “Com caráter profissional e nível internacional, a São Paulo Prêt-à-Porter é uma feira de eficiência, referência para lançamento de produtos e fechamento de pedidos”, ressalta Jeferson Santos, diretor da SPPAP.

86


Tecnologia Foto: Divulgação

VTEX DAY 2016 ACONTECE EM MAIO O VTEX Day, maior evento de e-commerce da América Latina, realizará sua edição 2016 no dia 12 de maio, no prédio da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo (SP), com uma agenda repleta de fóruns, palestras e conferências. Entre os palestrantes confirmados, estão Joaquim Barbosa, jurista e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal; Igor Beuker, marketing and media expert da Nike, Unilever e Amazon; Andreas Weigend, especialista em big data e former chief scientist da Amazon; Paula Belizia, presidente da Microsoft no Brasil; Marcelo Ribeiro, CEO de e-commerce da Máquina de Vendas; Ricardo Alonso, regional E.V.P. do e-commerce da Falabella; Rafael Forte, sócio-diretor da VTEX; Leandro Soares, diretor de marketplace do MercadoLivre; Andre Beisert, diretor de e-commerce da C&A; Fabio Bonfá, country manager Brazil do Privália; Eiras Villa, responsável pelo ShopFácil; e Nicolas Simone, CIO (head of IT/IS) do Grupo Boticário. A programação completa pode ser conferida no site www.vtexday.com,

onde também podem ser comprados os ingressos. Vale lembrar que os espaços são limitados. O VTEX Day 2016 conta com o patrocínio do e-Millennium ERP para e-commerce.


Serigrafia Foto: Divulgação

EPSON PROMOVE ENCONTRO NA NEW YORK FASHION WEEK Dias antes da New York Fashion Week – Inverno 2016, a Epson promoveu, pelo segundo ano consecutivo, o Digital Couture Project – Epson NYFW 2016. Realizado no dia 9 de fevereiro, o evento teve o intuito de promover marcas e estilistas que incorporam o processo de sublimação em

suas coleções, oferecendo uma chance de divulgação de seus trabalhos paralelamente a uma das principais semanas de moda do globo, bem como apresentar e disseminar a tecnologia Epson de sublimação digital dentro do segmento fashion a estilistas, editores, jornalistas e profissionais do mundo da moda. Sob o tema “Harmonia & Paz Através da Moda”, a Epson selecionou coleções de nomes da América do Norte e Latina, entre eles a marca brasileira Tigresse, conhecida pela forte identidade de suas estampas exclusivas.

BRASIL GANHA A PRIMEIRA FEIRA DE IMPRESSÃO TÊXTIL DA AMÉRICA LATINA Após o encerramento da feira Serigrafia SIGN FutureTEXTIL 2015, na qual mais de 46 mil visitantes conferiram de perto as novidades em impressão digital, têxtil, sublimação, sinalização, brindes e comunicação visual, chamou a atenção da direção da feira a quantidade de pessoas interessadas na área de impressão em tecidos: foram 6.500 trabalhadores de con fecção e estamparia, sendo mil deles pertencentes à área de tecelagem. Entre esses visitantes, 22% estavam interessados em estamparia digital; 19% em soluções para sublimação; 17% em tecidos para impressão digital; e 9% queriam equipamentos têxteis. Por isso, em 2016, a feira ganhará um espaço totalmente dedicado a esse segmento: o FutureTEXTIL, considerado o primeiro na América Latina dedicado a tecnologia de impressão têxtil digital. “Nós sempre tivemos a impressão digital em tecido na feira, porém, como a procura por essa tecnologia aumentou por parte dos visitantes, assim como o número de expositores que estão investindo nesses equipamentos, resolvemos criar esse espaço”, conta Cíntia Miguel, show manager da feira. A ideia é resultado da parceria entre a Informa, organizadora da Serigrafia SIGN FutureTEXTIL e o World Textile Information Network Ltd. (WTiN), renomado portal do Reino Unido especializado no segmento têxtil. A feira, que acontecerá de 3 a 5 de maio no Anhembi, em São Paulo (SP), contará com a segunda edição da Digital Textile Conference, conferência com palestras nacionais e internacionais. De acordo com dados do WTiN Analytics, o Brasil emergiu como líder na tecnologia de impressão digital têxtil, pois só em 2015 consumiu mais de 40 milhões de m2 de tecido impresso, com uma taxa anual de crescimento de 16%. “Nossa ideia é ampliar ainda mais esses números. Por isso, criamos esse evento para o público que é formador de opinião, tais como o varejo têxtil, que precisa conhecer melhor essas novidades e enxergar possibilidades por intermédio delas”, reforça Cíntia. Além do varejo têxtil, estão no perfil de visitantes as confecções, estamparias, tecelagens e indústria têxtil em geral. Entre os expositores, estarão fabricantes e distribuidores de rolo a rolo, direct to garment, equipamentos auxiliares e tintas; fornecedores de softwares relacionados e soluções de gerenciamento de cores; fornecedores de consumíveis, incluindo tecidos e vestuário para impressão e papéis de transferência; serviços de informações B2B; consultores; e associações e instituições da área. Programe-se para visitar a feira e saiba mais informações nos sites www.signsilk.com.br e www.serigrafiasign.com.br.

88


Caderno Têxtil – Novidades Têxteis Fotos: Divulgação

HOMENAGEM À CIDADE MARAVILHOSA

A marca Salotex decidiu retratar a riqueza cultural, étnica e natural da Cidade Maravilhosa: é a Rio by Salotex. A equipe da empresa se dedicou a criar estampas e padronagens que traduzem o jeito carioca de ser. Cores, texturas, a biodiversidade do Jardim Botânico, a tropicalidade de Copacabana e também a tradição da Lapa fazem parte do conceito da coleção. “Trabalhamos de olho em tudo que há de mais belo e emblemático no Rio de Janeiro, buscando não apenas deixar transparecer a alma carioca, mas tudo que move a cidade e faz seus moradores cativarem o mundo”, explica Beni Waiswol, diretor da grife. A empresa lançou também quatro linhas específicas de tecido: Acqua, Action, Casual e Skin. Versatilidade e tecidos tecnológicos continuam sendo as maiores apostas para a confecção de moda praia, esportiva, íntima e casual.

PARA COMBATER A DENGUE Para combater um mosquito tão perigoso como o Aedes aegypti, transmissor do zika vírus, da dengue, chikungunya e febre amarela, tomar várias medidas preventivas nunca é demais. A fabricante de roupas infantis GBaby, de Londrina (PR), criou uma linha de roupas para bebês que trazem no tecido a citronela, um repelente natural do mosquito. Há seis meses, a marca desenvolveu peças com microcápsulas do repelente natural, que apresenta aroma suave e dura até 50 lavagens. Segundo a marca, os pedidos ultrapassaram a capacidade produtiva. Existe até fila de espera para comprar as roupas. Com a mesma intenção, a Lalitex desenvolveu um tecido para decoração que também repele o mosquito da dengue. Depois de quatro meses de estudos no Brasil e na Holanda, a empresa paulista criou uma linha de dez artigos desenvolvidos com nanotecnologia para repelir insetos. Batizado de Proofelex®, o produto repele mosquitos como o Aedes aegypt e o Anopheles. “Fomos atrás de tecnologia de ponta e encontramos o melhor produto para a confecção de cortinas, xales para cama e berço e roupa de cama”, contou Anselmo Lancman, diretor da Lalitex. Além do mercado brasileiro, a indústria já exporta a linha Proofelex® para países da América Latina, como Argentina, Colômbia e México, além de Espanha e Portugal. PRECIOSAS TEMPORADAS A nova campanha da Preciosa Crystal Components, fabricante do cristal tcheco, vem recheada de lançamentos. A temporada mescla futurismo com nostalgia, como bem explica Johana Kozmiková, gerente de Negócios da marca. “A inspiração vem do estilo boho (mistura de muitos estilos). Novo e elegante, ele dissolve fronteiras entre épocas e culturas. É o boho que rege nossos lançamentos”, revelou. Entre as novidades, estão as cores Khaki (com inspiração na natureza e harmonias rústicas), Light Topaz (brilho intenso) e Crystal Golden Honey (agora mais chique). Para o Verão 2016-2017, a Preciosa destaca a cor Padparadscha como elemento-chave da pesquisa. Originada do sânscrito, Padparadscha é uma palavra que remete tanto à flor que leva esse nome como à safira padparadscha, que harmoniza em sua composição os tons de vermelho e amarelo. ESPECIALMENTE PARA VOCÊ Sob Medida é o tema que norteou o lançamento do catálogo Primavera-Verão 2017 da Etical Etiquetas. A proposta da marca é estimular desejos e originar realizações de acordo com o despertar de cada um. Com soluções personalizadas para cada cliente, a cartela é vasta, mas a promessa da estação recai sobre os tons dourados, feitos para iluminar e dar um toque de sofisticação. A matéria-prima faz referência ao artesanal por meio do uso do papel cru, traduzindo o natural e as raízes. Somada a isso está a linguagem estética que aborda o tema da existência. A divergência entre estilos, comportamentos e gostos individuais são os elementos que no final formatam uma nova vivência coletiva. Portanto, não faltam opções para o confeccionista. Destaque para as formas geométricas emendadas e retalhadas e também para os recortes e pregueados.

89


Tendências

|

POR TRENDZ BUREAU – LONDRES

DENIM DETOX: A CONSCIENTIZAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE Fotos: TrendZ Bureau/Londres

O jeans do futuro traz em seu DNA o comprometimento e a conscientização com o desenvolvimento de uma sociedade mais informada e de um meio ambiente mais saudável, garantindo sua preservação. Um denim honesto, que acredita em uma fabricação mais sustentável de jeanswear, baseada no respeito e na proteção à natureza, buscando caminhos inovadores mais inteligentes por meio da tecnologia sustentável, que nos levem a visualizar o denim no varejo de uma maneira mais limpa e menos prejudicial ao nosso planeta. Não basta imaginar um amanhã melhor sem estar realmente preparado para construí-lo. A fast fashion sueca H&M lançou sua primeira coleção Outono-Inverno 2015 de

AEO DENIM X CAFÉ, AMERICAN EAGLE.

LANÇAMENTO COLEÇÃO AMERICAN EAGLE, LONDRES.

AMERICAN EAGLE, LONDRES.

JAQUETA JEANS CONSCIOUS COLLECTION H&M.

jeans como parte de sua “Conscious Collection”, produzida com a redução do uso de recursos naturais e consumo mínimo de energia e de água, efeitos de lavagens e estampas a laser, sem produtos químicos, utilizando matérias-primas sustentáveis e ecológicas como o algodão orgânico, a lã reciclada, o Tencel® e outras fibras vegetais. Da mesma forma, a Orta Denim, da Turquia, apresentou este ano sua primeira coleção denim produzida em escala industrial exclusivamente com corantes vegetais e naturais, e desenvolveu uma nova técnica de tingimento que ultrapassa completamente os problemas de consistência da matériaprima, garantindo um aumento de afinidade do corante com o algodão e obtendo tonalidades intensas no índigo vegetal e nas cores naturais, criando assim o “denim vegan”.

novo conceito de bem-estar, pautado no conforto do corpo

com que a americana American Eagle lançasse em sua

humano e na liberdade de movimentos, tanto que o mercado

recente coleção de denim o café reciclado em sua

absorveu o conceito do denim com elastano 360º, ou seja,

composição, que possui o poder neutralizador do odor. Assim,

que estica e volta no sentido da trama e do urdume (largura

o jeans exigirá menos viagens para a lavanderia, além de

e comprimento).

conter poros microscópicos que refletem os raios UV,

Versátil, ele atualmente não se limita como matéria-prima.

proporcionando, dessa forma, uma proteção UV ao con-

Tem gramaturas que variam de 3 oz a 15 oz, com ou sem

sumidor. A coleção, batizada de AEO Denim X Café para as

elastano, e está presente nos mais diversos segmentos da

mulheres e de Denim Flex Café para os homens, chegou às

indústria da moda, como beachwear, lingerie, fitness, calçados

lojas do hemisfério norte no dia 15 de outubro de 2015, com

e acessórios, entre outros, perpetuando de forma sustentável

preços que variam de US$ 49,95 a US$ 54,95.

a existência dessa extraordinária matéria-prima para as futuras

Confirmando essa dinâmica incansável que o guia na

90

busca da eterna evolução criativa, o denim abraça um

Usar e abusar do jeans, senti-lo mais e lavá-lo menos fez

gerações.



Costura Social

|

POR CIBELE DE BARROS – TECIDO SOCIAL

Foto: Carina Barros

O PAPEL SOCIAL DO JEANS DA ESQ. PARA A DIR.: MARIA JOSÉ LAURINDA, IRACILDA LOIOLA DESENA, TERESINHA CAMILA SILVA E LIA FIGUEIREDO.

Sabe aquela amiga de todas as horas, que não deixa você sem opção e só te abandona quando você quer? Ela mesma: a boa e velha calça jeans! Acessório histórico da humanidade desde o século 19, símbolo clássico de contestação e rebeldia dos anos 60, representou nas tramas reforçadas do tecido o desejo pela igualdade de direitos, o coletivismo, paz, amor e estruturas econômicas alternativas. Essa bandeira índigo tremula na oficina do Projeto Recicla Jeans, um laboratório onde uma simples peça perpetua sua missão inclusiva e democratizante da moda. Onde o defeito vira efeito e o velho recupera sua juventude. O Recicla Jeans é uma das filhas de Nadia R. Bacchi, fundadora e presidente da Associação Florescer, que, desde 1990, promove o desenvolvimento local por meio da educação, esporte, lazer e profissionalização para crianças, jovens e mulheres em comunidades de baixa renda. O projeto, criado em 2003, tem raízes na parceria entre a Associação Florescer, a Prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Desenvolvimento do Trabalho e Solidariedade (SDTS) e a Unesco, viabilizando a formação de 40 jovens aprendizes selecionados pelo Programa Bolsa Trabalho da SDTS. Os cursos de costura, estilo e reciclagem inauguraram a oficina, sediada na Florescer, na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo (SP). Durante a formação, os alunos eram apresentados às mágicas da reciclagem, sempre utilizando como base peças de jeans recebidas de doações. O bairro de Paraisópolis logo se revelou um ambiente fértil para a atividade da costura por adequar-se

92

DA

às exigências da vida doméstica e familiar das mulheres da comunidade. No processo, oito monitoras dos cursos se estabeleceram como costureiras do projeto e produziram peças de vestuário, acessórios e brindes dignos de prêmios como Top of Busines 2004, Revelação Nacional 2004, Quality Internacional 2005. Estimuladas pela criatividade de estilistas e parceiros, atingiram projeção nacional e internacional, participando de eventos na Itália e na Espanha. Mas nem sempre foi assim. Desde 2010, as corajosas costureiras resistem às instabilidades econômicas e à perda de parceiros mantenedores importantes. O Recicla Jeans mantém, no entanto, a proposta original de ser uma incubadora de desenvolvimento de produtos com células produtivas, locais e nas casas das mais de 20 colaboradoras do bairro. Na loja, são encontradas peças incríveis produzidas por elas. Também há a possibilidade de fazer uma encomenda exclusiva, pois elas adotam um modelo de voluntariado a distância para orientação profissional e cocriação de produtos, aberto a todos. No mapa do futuro, planejam lançar uma franquia social para a multiplicação da metodologia e ampliação da consciência ambiental. Mas, para isso acontecer, precisam de muito jeans, voluntários e parceiros. Participe. Doe jeans. Conheça o projeto e os produtos. Contato: Lia/Sandra, projflorescer@uol.com.br, tels.: (11) 3746-9846 / 3451-2456. Visite o Recicla Jeans no canal da Tecido Social: www.youtube.com/channel/UCnov179v2HCzFcPWCCcn6oQ.


Agenda

Maio Nacionais 3 a 6: Serigrafia SIGN 2016 (serigrafia e estamparia digital), São Paulo, SP, www.serigrafiasign.com.br 4 a 8: Dragão Fashion 2016 (desfiles), Fortaleza, CE, www.dfhouse.com.br 12: VTEX Day 2016 (evento sobre e-commerce), São Paulo, SP, www.vtexday.com Internacionaais 3 a 5: Texprocess Americas (maquinário e tecnologias para confecção), Atlanta, EUA, www.texprocessamericas.com 3 a 5: Techtextil North America (maquinário e tecnologias para tecidos técnicos), Atlanta, EUA, www.techtextilna.com 18 e 19: Denim Première Vision (tecidos, lavanderias e cadeia de suprimentos para denim), Barcelona, Espanha, www.denimpremierevision.com 25 e 26: Tissu Premier (tecidos), Saint André Lez Lille, França, www.tissu-premier.com

Junho Nacionais 1º e 2: 1º Congresso Internacional Abit (palestras e debates com especialistas do setor têxtil e de confecção nacionais e internacionais), São Paulo, SP, www.abit.org.br 15 a 18: ABF Franchising 2016 (franquias), São Paulo, SP, www.abfexpo.com.br 19 a 21: Salão Moda Brasil 2016 (lingerie, beachwear, fitness), São Paulo, SP, www.salaomodabrasil.com.br 26 a 29: Francal 2016 (calçados e acessórios), São Paulo, SP, www.feirafrancal.com.br 26 a 29: Fenin Fashion São Paulo – Verão 2017 (vestuário prontaentrega), São Paulo, SP, www.fenimfeiras.com.br Internaciionais Não foram encontrados eventos para o período. ATENÇÃO: Minas Trend – Verão 2017 (desfiles e salão de negócios), Belo Horizonte, BH, www.minastrend.com.br. Conforme divulgado pela Fiemg durante o mês de janeiro, o evento acontecerá entre os dias 4 e 7 de abril no ExpoMinas.

A revista não se responsabiliza por mudaanças de datas e informações fornecidas pelos organizadores dos eventos.


Cursos Foto: Orbitato/Divulgação

ESTILISMO DE MODA NO SENAC

APRENDA MODELAGEM PLUS SIZE EM SANTA CATARINA O Orbitato – Instituto de Estudos em Arquitetura, Moda e Design, localizado em Pomerode (SC), preparou rica programação para os meses de abril e maio. Faz parte dela o curso Moulage: Desenvolvimento de Bases e Modelos, que acontece dias 8 e 9/4. A ideia é proporcionar aos participantes o conhecimento e a prática da técnica de moulage no vestuário feminino, e compreender a transformação dessas “telas de moulage” para utilização industrial. Quem vai ministrar as aulas é Ana Lúcia Niepceron. Ela também está à frente do Plus Size – Modelagem Plana, que será realizado de 12 a 14 de maio. Nele, Ana vai mostrar como interpretar as características do corpo plus size para construir uma modelagem adequada que respeite a silhueta. De 12 a 14/5, é a vez de Celaine Refosco ensinar Estamparia e Superfície. Os estudantes vão aprender como criar estampas a partir do reconhecimento técnico, unindo teoria e prática. Eles vão poder também saber mais sobre linguagens individuais e como convertê-las em estampas. Visitas técnicas a empresas de estamparia em cilindro e digital estão no cronograma. Além desses, a Orbitato tem uma série de opções para quem quer se aperfeiçoar na área do vestuário. Confira toda a programação da escola no site www.orbitato.com.br ou telefone para

O Senac São Paulo lançou o curso livre Estilismo de Moda para quem deseja entrar nesse mercado de trabalho. O programa acontece a partir de fevereiro no Senac Lapa Faustolo (SP) e nas unidades do interior paulista, como Americana, Araraquara, Campinas, Franca, Itapira, Mogi Guaçu, Ribeirão Preto e Senac São José do Rio Preto. O conteúdo é direcionado a criação e desenvolvimento de produto. Ou seja, o profissional vai ter a chance de desenvolver uma ampla visão desde a pesquisa até a aprovação de um protótipo de peça. Outras habilidades também são trabalhadas, como a criação de uma ficha técnica com desenho vetorizado e suas especificações, além de aprimoramento do olhar estratégico para a gestão do produto. Os interessados precisam ter, no mínimo, 16 anos e o ensino fundamental completo. É importante também saber manusear a máquina de costura. Na capital, as aulas na unidade Lapa Faustolo têm início em 15 de fevereiro. Já no interior, há turmas abertas no Senac Americana, com início das aulas em 15 de março; Araraquara, em 15 de fevereiro; Senac Campinas, em 15 de abril; Franca, em 30 de março; Senac Itapira, em 30 de maio; Senac Mogi Guaçu, em 7 de março; Ribeirão Preto, em 22 de fevereiro; e Senac São José do Rio Preto, em 1º de março. As inscrições e a programação completa estão disponíveis no portal Senac: www.sp.senac.br. DIREITO E MODA EM RIBEIRÃO PRETO A Faculdade de Direito de Ribeirão Preto lançou o curso Fashion Law – Direito e Moda. Nele, os alunos vão aprender os conceitos básicos do direito aplicados à indústria da moda, analisando os principais aspectos do setor a partir do ponto de vista jurídico. As aulas vão abordar questões relacionadas à proteção das criações; consolidação da indústria, proteção às marcas e patentes, questões trabalhistas, concorrência desleal, entre outros assuntos pertinentes ao segmento. Com carga horária total de 30 horas, as aulas vão do dia 12/3 a 30/4 e serão ministradas aos sábados das 8h às 17h, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – Campus Ribeirão Preto (Rua Prof. Aymar Baptista Prado, 835, Ribeirão Preto, SP). A coordenação será feita pela professora doutora Juliana Domingues. Para mais informações, ligue para (16) 3315-9128 ou acesse www.direitorp.usp.br. NTES SIGBOL OFERECE DESCONTOS AOS ESTUDAN Quer estudar, mas a grana está curta? A Sigbol talvez possa dar uma forcinha extra. A escola oferece promoções permanentes de


incentivo voltadas para a terceira idade, para ex-alunos e para os que precisam se especializar em mais de uma área. A grade atual conta com uma série de cursos abertos que podem ser iniciados a qualquer momento. Os interessados podem começar imediatamente. A duração, em média, é de seis a sete meses. Entre as opções de estudo, estão: Ajustes & Reformas, Moda Íntima & Praia, Modelagem Industrial em Tecido Plano ou Malha, Desenho de Moda Básico, entre outros. Veja mais detalhes no portal www.sigbol.com.br ou ligue para (11) 5904-6461. IBMODA AJUDA A CONHECER MELHOR O CONSUMIDOR Conhecer e entender os desejos do consumidor é uma atividade essencial para a criação e o desenvolvimento de estratégias de sucesso em qualquer área. Consciente disso, o IBModa – Instituto Brasileiro de Moda, em São Paulo, criou o programa online Conhecimento do Consumidor: Base para Empresa, que aborda as principais tendências de comportamento de consumo atual e apresenta formas para segmentação de mercado, propondo aos participantes a reflexão sobre como a cultura pode ser incorporada ao design de moda e como segmentar e atender seus clientes, contribuindo assim para os objetivos da empresa. Quem comanda as aulas é André Robic, presidente do Instituto de Estudos e Desenvolvimento da Moda (I-Moda) e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). A carga horária do programa online é de cinco horas. Depois de efetuada a matrícula, o aluno tem um mês para cursá-lo. A instituição oferece uma série de cursos direcionados aos negócios da moda. Destaque também para Gestão de Marcas, Marketing de Moda, Comunicação de Moda, Fast Fashion, entre outros. Descubra o conteúdo de todos eles no site www.ibmoda.com.br ou entre em contato com o instituto pelo telefone (11) 3159-2952. PALESTRAS NA FAAP COM JOÃO BRAGA De fevereiro a junho, o historiador de moda, professor e escritor João Braga vai ministrar 15 palestras na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Os encontros serão sempre às segundas-feiras das 19h30 às 22h. O conteúdo abordado é sobre o fascinante mundo da moda e suas interfaces com outras áreas percorrendo abordagens históricas, sociais e estéticas. No primeiro semestre, os temas contemplados são Joalheria, Paris e Moda. Confira os temas e as datas: "O ouro e as jóias" (14/03), " Paris e a moda" (21/03), "Anos 1920 e 1930 (28/03) , "As gemas e as jóias" (04/04), "Paris e as artes" (11/04), "Anos 1940 e 1950" (25/04), "Grandes Casas Joalheiras" (09/05), "Paris e a arquitetura" (16/05), "Anos 1960 e 1970" (23/05), "Sobre Relógios" (06/06), "Curiosidades de Paris" (13/06), Anos 1980 e 1990 (20/06). Para participar, é necessário fazer inscrição. Saiba mais detalhes no Núcleo de Cultura: (11) 3662-7034 e | https://central.faap.br ou escreva para: nucleocultura@faap.br


ENDEREÇOS ASSOCIAÇÕES, FEDERAÇÕES, ONGS E SINDICATOS

Canatiba – www.canatiba.com.br Cedro – www.cedro.ind.br Covolan – www.covolan.com.br Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias Digitale Têxtil – www.digitaletextil.com.br de Calççados) – R. Júlio de Castilhos, 561, Novo Fitas Britânnia – www.britannia.ind.br GB Customizaçãoo – Hamburgo, RS, tel. (51) 3594-7011, www.facebook.com/laundryshow www.abicalcados.com.br Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Grupo Rosset – www.rosset.com.br Confecção) – R. Marquês de Itu, 968, São Paulo, R. Mello – www.rmellotextil.com Rhodia – www.rhodia.com.br SP, tel.: (11) 3823-6100, www.abit.org.br Abramaco (Associaçãoo Brasileira de Máquinas e Salotex – www.salotex.com.br Equipamentos para Confecção) – Rua Ribeiro de Santaconstância – www.santaconstancia.com.br Lima, 282, 1º andar, cj. 110/111, São Paulo, SP, Santanense – www.santanense.com.br Santistaa – www.santistasa.com.br tel.: (11) 3326-6922, www.abramaco.org.br Tecnoblu – www.tecnoblu.com.br Alobrás (Associação de Lojistas do Brás)): Rua Têxtil Farbe – www.farbe.com.br Maria Joaquina, 309, São Paulo, SP, Vicunha –www.vicunha.com.br tel.: (11) 2694-0823, www.alobras.org.br Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Zanotti – www.zanotti.com.br Exportações e Investimentos) – SBN, qd. 1, bl. B, MODA E GRIFES 10º andar, Ed. CNC Brasília, DF, tel.: (61) 34260202, www.apexbrasil.com.br Assintecal (Asssociação Brasileira de Empresas de 2Rios – www.2rios.com Componentes para Couro, Calçados e Artefatos) APA – www.apaconfeccoes.com.br – R. Júlio de Castilhos, 526, Novo Hamburgo, RS, Bebecê Callçados – http://bebece.com.br C&A – www.cea.com.br tel.: (51) 3584-5200, www.assintecal.org.br CDL Bom Retiro (Câmara dos Dirigentes Lojistas Charada Conceito – www.charada.com.br do Bom Retiro) – Rua José Paulino, 226, sala Comask – www.comask.com.br Del Rio – www.delrio.com.br 301, São Paulo, SP, tel.: (11) 3361-9984, Fakini – www.fakinistore.com.br www.bomretironamoda.com.br Iemi (Instituto de Estudos e Marketing Industriial) Gangster – www.gangster.com.br – Av. Nove de Julho, 4.865, cj. 42A, São Paulo, Intuição – www.intuicao.com.br Leenny Niemeyer – www.lennyniemeyer.com SP, tel.: (11) 3238-5800, www.iemi.com.br Inexmoda (Instituto para a Exportação e Moda) – Levi’s – www.levi.com.br Liebe – www.liebelingerie.com.br www.inexmoda.org.co Procolombia – Alameda Santos 1.800, 10º andar, Lupo – www.lupo.com.br Millésima – www.millesima.com.br conj. 10B, São Paulo, SP, tel.: (11) 3171-0165, Nico Boco – www.nicoboco.com.br www.procolombia.co Sebrae (Serviço Brasileirro de Apoio às Micro e Raffer – www.raffer.com.br Pequenas Empresas) – Central de Recco Lingerie – www.recco.com.br Sawary Jeans – www.sawary.com Relacionamento: 0800-570-0800, Zune – www.zune.com.br www.sebrae.com.br Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado DIVERSOS de Goiiás – Rua 200, nº 1.121, tel.: (62) 3225-8933, Goiânia (GO), Affare Laser – www.affarelaser.com.br www.sindicatodaindustria.com.br/sinvestgo Sindvest Maringá (Sindicato da Indústria do Altero – www.altero.com.br Vestuário de Maringá) – Av. Rebouças, 140, zona Andrade Máquinas – www.sansei.com.br Armarinhos 255 – www.armarinhos25.com.br 10, Maringá, PR, tel.: (44) 3026-3379, Audaces – www.audaces.com.br www.sindvestmaringa.com.br Automatisa – www.automatisa.com.br Sinvesco (Sindicato daas Indústrias do Vestuário de Colatina e Região) – Rodovia Gether Lopes de Barudan – www.barudan.com.br Brisa – www.ecobrisa.com Farias, s/nº, Colatina, ES, tel.: (27) 3721-3894, Casa Ferro – www.casaferro.com.br www.sinvesco.com Tecido Social – www.tecidosocial.com.br Cavemac – www.cavemac.com.br CE Bobinas (Bob Bobinnas) – TECELAGENS E FIAÇÕES www.cebobinas.com.br Censi Máquinas – www.censimaquinas.com.br Cipatex – www.cipatex.com.br Capricórnio Têxtil – www.capricornio.com.br

96

Coats Corrente – www.coats.com.br Comace – www.comace.com.br D+E – www.dmaise.com.br Dublauto – www.dublauto.com.br Dürkopp Adleer – www.durkpp.adler.com Empreenda – betiza@empreendasolucoes.com.br EnModa – www.enmoda.com.br Expor Manequins – www.expor.com Gaiofato e Galvão Advogados Associados – www.gaiofatoegalvao.com.br GB Customização – www.grupogbcustomizacao.blogspot.com.br GG Tech – www.ggtech.com.br Guia Jeans Wear – www.guiajeanswear.com.br GW Entretelas – www.gwentretelas.com.br Hikari – www.hikarisewingmachine.com Hopen Consultoria e Assessooria – www.hopen.com.br IT Studio Consulting – www.itstudio.com.br Jeanologia – www.jeanologia.com Jorik – www.jorik.com.br JP Spezzia – http://jpspezzia.com.br Kouzina – www.facebook.com/Kouzina Lartex – www.lartex.com.br Lectraa – www.lectra.com.br LLV – www.llv.com.br Mab Fortuna – www.mabfortuna.com.br Marka Móveis – www.markamoveis.com.br Mega Máquinas – www.megamaquinas.net.br Metalnox – www.metalnox.com.br Millennium Network – www.millennium.com.br Nanda Ribeiro – www.facebook.com/BolsasNanda-Ribeiro Omatex – www.omatex.com.br Plotag – www.plotag.com.br Rigdom – www.rigdom.com.br RTK1 Passadoria – www.dryluxx.com.br Sancris – www.sancris.com.br Segem Moda 01 – www.moda01.com.br Serv-Mak – www.serv-mak.com.br Sigbol Fashion – www.sigbol.com.br Silvatrim – www.silvatrim.com.br SocioTec – www.sociotec.com.br Sunsir – www.chinasunsir.com Systêxtil – www.systextil.com.br Trendz Bureau – www.trendzbureau.com Twiltex – www.twiltex.com.br Vibemac – www.vibemac.com YKK – www.ykk.com.br York – www.york.com.br


CLASSIFICADOS OFERTA = FACÇÃO Facção de EPI, tecidos para aluminização antichama, resinas, repelência e impermeabbilização. Vendas: (19) 3384-8696 – Jéssica contato@ambientevida.com.br Facção moda praia e fitness. Marília – SP. (14) 3451-5230 – Ângela Facção de malhas e tecido plano. Regiane/Rosana (11) 98755-3449/4056-3542 Ofereço facção de camisaria c/ABVTEX (44) 3641-3302 - Inês Oficina de modinha, fitness, praia e uniformes. Falar com Juliana (11) 98901-5656 Oficina moda feminina e uniformes em geral (11) 98901-5656 – Juliana Facção de camisaria masculina e feminina com Gisele (11) 3228-2684

Estamparia de tecido corrido e localizado. C/ Gil (11) 2524-0250/98170-0493 Facção de alta moda Tratar com Atílio Telefone: (11) 3207-9152

PROC CURO = PROFISSIONAIS FIXOS Confecção de jeans procura: encarregado de confecção com experiência em célula. (35) 38210-6655 c/ Luiz

OFERTA = PROFISSIONAIS FREE-LANCERS

Costureira exp. em células e cortador peças piloto c/ Sirlene (11) 2291-6655

Modelagem com peça piloto plano e malharia ampliada. José (11) 99514-9277 (Vivo)

Modelista para modinha tecido plano/malha Sirlene (11) 2291-6655

Modelista – modelagem/ corte/ampliação/piloto. (31) 2565-5837 Maria José

PROCURO = PROFISSIONAIS FREE-LANCERS

Alfaiate/consultor 35 anos de exp. Formado na Itália. Senai/Senac (11) 98567-5101

Conf. de jeans procura prof. p/ sist. de células (35) 3821-6655, com Luiz VENDO

Modelista Mônica: (11) 99295-1772

Máquina automática corte Largura 2 m, R$ 140 mil (21) 2178-4848 com Bersange

PROCURO = FACÇÃO Oficina de costura c/ ABVTEX. Com experiênciaa em modinha, plano, malha e camisaria. (11) 2696-3405/97489-5929 contato@betilha.com.br

Máquina de bordar 9 agulhas. Francisco: (19) 3475-7575 Máquina de bordar Tajima 6 cbçs, 12 cones. R$ 89 mil. 2007. (19) 3475-7575

Caseado, botão, travete. Zona Leste – Vila Matilde. (11) 3498-8494

Malharia, camisetas, polos, modinha em geral com CNPJ. (11) 4655-2818 – Edilma

Máquina de bordar SWF 4 cbçs, 12 cones. R$ 55 mil. 2009. (19) 3475-7575

Produz 2 mil pçs/dia, malha fitness, moda noite. C/ ABVTEX Rogério (17) 99109-9646

Facção de biquínis para exportação. Brusque-SC Edilene (47) 3355-1956

Plotter Segen Moda 01 Interessados: idios@idios.com.br

Acabamento com ABVTEX qualidade pontual – logística Jundiaí – SP (11) 4526-1834

Of. ampla c/ CNPJ p/ polos, camisetas, modinha em geral. (11) 4655-2818 com Edilma

Máq. de corte Audaces Neocut Entrada + 48x R$ 12.800,00 com Fabricio (35) 9156-5522

CLASSIFICADOS Grátis para confecções e profissionais do setor: 3 linhas com 25 caracteres cada uma, para somente um anúncio. Acima de 3 linhas: R$ 40,00 por linha. Não confecções: R$ 50,00 por linha.

Telefone: (11) 2171-9200 classificados@costuraperfeita.com.br “A revista Costura Perfeita não se responsabiliza pelas informações e relações comerciais firmadas porr meio dos anúncios.”


|

POR OSCAR ARMANDO BALDONI

Foto: Arquivo pessoal

Ponto de Vista

O inferno econômico tem saída MAS É PRECISO UM MEA CULPA DO GOVERNO E DA EQUIPE ECONÔMICA PARA ACERTAR AS CONTAS E DEIXAR INTERESSES PARTICULARES DE CORPORAÇÕES EM PROL DE TODO O PAÍS O economista-chefe da Standard & Poor’s Rating Services para América Latina, Joaquin Cottani, fala claro, em seu artigo publicado no jornal Valor Econômico de 28 de dezembro passado, intitulado “Desequilíbrios da economia pedem medidas inovadoras”, coincidindo exatamente com o que estamos dizendo há anos: o Brasil não pode continuar pagando esses juros. Cottani adverte sobre a urgência, lembrando do caso argentino e do desastre dos anos 2001-2002, e insiste que pode ser esse o cenário do Brasil se o país não mudar o rumo da economia. É enfático: a taxa Selic tem que ser pelo menos a metade do que a praticada atualmente. Trocar a dívida tem que ser um ato soberano do Brasil. Mais do que urgente, é muito necessário para evitar o colapso total. Existem dentro desse tema fatos nunca mencionados, tais como: como são efetuados os pagamentos?, quem paga e quem recebe? Isso não é bobagem. Ao contrário, é muito profundo. Maria Lucia Fattorelli, auditora aposentada da Receita Federal e fundadora do movimento “Auditoria Cidadã da Dívida” no Brasil, diz que todo santo dia o país paga e/ou refinancia R$ 2,63 bilhões. Só no ano passado foram R$ 962.210.391,32, ou seja, quase a metade do orçamento. Por isso não sobra dinheiro para nada. Na realidade, a administração só trabalha 250 dias úteis por ano, e isso significa que os dias pagos somam a ordem de R$ 3,85 bilhões por dia útil. Isso dá mais de 24 toneladas de ouro por dia útil. Se fosse pago em dinheiro, teríamos uma enorme despesa adicional por causa do exército de pessoas contando e conferindo. Naturalmente, vão dizer que hoje essas transações são efetuadas de forma eletrônica etc. Perfeito. Isso quer dizer que sabem a quem têm que pagar. Mas a Receita não sabe quem se locupleta. Esse fato, ignorando todo o anterior, seria motivo para a troca da dívida. A administração pública tem o dever de mandar se apresentarem todas as pessoas (físicas ou jurídicas) que tenham obrigações com o Tesouro para passar na Receita Federal. Muitas, digamos, 30%, são suspeitas de não estar devidamente declaradas. Quando aconteceu o confisco no tempo de Collor, grandes capitais não foram devolvidos por esse motivo. Em resumo: trocando a dívida por outra, com juros normais internacionais, como os valores que o Brasil obteve no ano passado (4,25% ao ano), a administração pode, de forma automática, ter um alívio nas contas, sem a necessidade de inventar novos impostos. Podemos relembrar aqui o caso do falecido presidente Néstor Kirchner, que, sem mais chance nem recursos, encarou o problema e enfrentou os bancos donos da dívida externa argentina em 2002. Argumentou que nunca tinham entrado esses valores, produtos de refinanciamentos, ou seja, juros sobre juros. Os bancos entenderam. O resultado, nunca comentado pela mídia local, foi que a Argentina cresceu com taxas que nunca teve em sua história, e os responsáveis obtiveram um crédito político impensado. Para terminar, um detalhe importante destacado por Joaquin Cottani: o Brasil pode implementar as medidas sem ter que consultar o Congresso. OSCAR ARMANDO BALDONI É EMPRESÁRIO, TÉCNICO EM AUTOMOTORES E PROFESSOR DO ENSINO MÉDIO. OSCAR_BALDONI32@YAHOO.COM.AR

98




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.