Arquitetura romana - guiões para trabalhos práticos

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ARQUITETURA ROMANA – TRABALHOS PRÁTICOS DE ANÁLISE

Arquitetura

Edifícios

Exemplos

Religiosa

Templos

Pública

Aras ou altares Santuários Estradas, Ponte e Aquedutos

Panteão de Roma Templo da Fortuna Virilis, Roma Ara Pacis de Augusto, Roma Fortuna Primigénia, Roma Aqueduto-ponte do Gard Aqueduto de Segóvia Maxêncio, Roma Marcelo, Roma Flaviano ou Coliseu de Roma Circo Máximo, Roma Caracala, Roma Trajano, Roma Constantino, Roma Casa dos Vettii, Pompeia Villa de Adriano

Basílicas … de lazer Teatros Anfiteatros Estádios-hipódromos Termas Comemorativa Colunas Arcos de triunfo Privada Domus Villae Insulae

A LINGUAGEM DA ARQUITETURA Elementos da análise formal A arquitetura diz respeito à arte de projetar e construir edifícios. Pode ainda referir-se à forma ou à estrutura de um dado elemento. Ao analisar uma obra arquitetónica, os elementos principais a ser identificados são desdobrados de acordo com os elementos formais que a caracterizam, a sua função ou propósito de construção e a relação das suas formas com a sua história e geografia. Assim, interessa-nos analisar o seguinte: 1. Identificação: nome(s) do(s) arquiteto(s) – quando conhecido; designação geral do edifício (e outras designações que possa ter adquirido ao longo do tempo e, se possível, justificadas); localização (o mais completa possível); data de construção (tomar atenção que muitos edifícios foram construídos ao longo de vários anos ou em períodos intermitentes – estes devem ser devidamente assinalados, especificando que partes foram construídas em qual data e se alterações de estilo podem ser identificadas ao longo do tempo). 2. Função ou propósito de construção: Um edifício construído para propósitos devocionais ou para aqueles domésticos terá características diferentes. Por isso, em continuidade com a identificação da função para a qual foi construído: A sua função é devocional, funerária, doméstica, civil,…? Se é devocional: conseguimos identificar o seu propósito? Sendo uma igreja, a que corrente de fé pertence (católica, ortodoxa, copta, luterana, etc.)? E ainda: é uma capela, uma igreja, uma catedral,…? Podemos ainda determinar se existe alguma importância atribuída ao seu local de construção; Qual o estatuto dos indivíduos que encomendaram a construção do edifício (na sua função original)? 3. Estrutura: refere-se aos elementos que servem de base às formas e como estes se interrelacionam. Incluímos aqui vários elementos, tais como os materiais (madeira, metal, terracota, colmo, mármore, pedra…), iluminação, decoração e articulação de espaços. Que formas sustentam o edifício? Que materiais foram usados (e em que partes)? Como é feita a montagem dos elementos? Eram acessíveis e obtidos com facilidade pelos construtores? Como é que se dá a iluminação do edifício? Qual o tamanho e quantidade das aberturas (portas e janelas)? Estas são conseguidas através da decoração? Como são espaçadas? A forma ou altura do sítio de construção afetam a forma do edifício? Em relação ao teto: qual o formato (plano, abobadado, etc.)? De que é feito (madeira, pedra, etc.)? Apresenta decorações? Como é distribuído o peso das paredes e telhado(s)? Que tipo de contrafortes são utilizados para segurar a estrutura do telhado (se é que existem)? Onde se encontram localizados estes suportes? Existem colunas no edifício? Quantas? Onde? De que tipo? São ornamentadas ou simples? De aspeto mais maciço ou delgado? Existe escultura em alguma parte do edifício? Onde? De que tipo? Consegue-se identificar a razão para a sua presença naqueles espaços em particular? Analisar a relação entre exterior e interior: A estrutura do edifício é composta por vários níveis? E estes são visíveis pelo lado exterior? Como? Qual é a parte mais ornamentada? O interior ou o exterior do edifício? A 1


fachada é de materiais polidos e de efeitos suaves, ou mais rústicos e com saliências? Existe um contraste deliberado entre o exterior e o interior? Se sim, por que razão terá o arquiteto escolhido fazê-lo desse modo? 4. Leitura morfológica das unidades espaciais: leitura da planta – volumes, forma das paredes; elementos de sustentação e cobertura, elementos decorativos. 5. Composição arquitetónica: princípios ordenadores – proporção, simetria, ordenação rítmica. 6. Relação entre função e estrutura: relacionam-se na medida em que estão dependentes uma da outra. Por exemplo, se a construção é pretendida para ser um edifício de escritórios, convém ao arquiteto ou construtor analisar (mediante a função conhecida) qual a melhor estrutura para o efeito, tendo em conta aspetos como o número de indivíduos para o qual se destinam os escritórios, qual o espaço mais relevante de conforto para cada unidade, como organizar as áreas, etc. Desse modo, perante uma obra arquitetónica, qualquer que seja sua função, é importante salientar os seguintes pormenores: O edifício possui o espaço necessário para abarcar o público para o qual foi construído? Existem diferentes partes do edifício para diferentes atividades, propósitos ou indivíduos? Como é que o arquiteto/construtor organizou a planta? Como estão as áreas ordenadas? Existe alguma área em destaque? Qual? Como é que o arquiteto enfatizou esta área como sendo mais importante? 5. Relação entre a história e geografia do local de construção e as formas arquitetónicas: Devemos, assim, perguntar-nos: O edifício em análise tem semelhanças com outros da mesma área? Tem elementos que refletem a cultura local? Quais? Em que parte do edifício se encontram localizados? Estes elementos locais foram adotados por questões práticas (por exemplo, a forma do telhado está relacionada com questões climatéricas)? Ou têm a ver com costumes locais (por exemplo, a determinação de zonas específicas para homens e mulheres em alguns templos judaicos ou mesquitas)? As formas arquitetónicas estão relacionadas com ou foram influenciadas por modelos estrangeiros? Conseguimos identificá-los? E por que razão esses modelos haverão sido escolhidos? Têm elementos que os diferenciam? Presença de revivalismos: as formas arquitetónicas imitam algum vocabulário arquitetónico mais antigo (por exemplo, neogótico)? Por que razão? O edifício procura afirmar algo relativo a valores humanos, ideais, crenças, sentimentos,…? Quais? De onde deriva essa necessidade? Ver vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=VHxvDLVa4SA

Metodologia para o estudo da ARQUITETURA CLASSIFICAÇÃO

FUNÇÃO

DESCRIÇÃO

Autor, título, localização e data de execução da obra. Estilo, escola ou tendência a que pertence. Período ou fase a que pertence, no conjunto da sua produção.

Religiosa ou funerária. Edifício civil público: função política, jurídica ou administrativa; função comemorativa ou lúdica; obra de engenharia. Edifício público privado: palácio, villa, casa particular, fábrica, edifício de habitação coletiva, edifício de serviços, etc.

Características físicas: dimensões, número de pisos, organização do plano, etc. Tipologia. Orientação, integração na paisagem (natural ou urbana).

ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

TÉCNICAS E MATERIAIS

DECORAÇÃO

Sistema construtivo utilizado. Géneros de suportes e elementos estruturais: muros, pilares, colunas ou pilastras; arcos e tipos de vãos. Coberturas: abobadadas, cúpulas, lintéis, estruturas de madeira, etc.

Técnicas utilizadas: pedra, argamassa, adobe, taipa, madeira, aço, etc. Materiais de construção e de revestimento (ladrilhos, pinturas, estuques, etc.).

Género de decoração: arquitetónica (frontões, arcos, colunas, etc.), escultórica (relevos, ornamentos, vulto redondo) ou pictórica. Função da decoração: simbólica, acessória, integrada nos elementos estruturais, etc. Temas: figurativo, geométrico, vegetalista, etc.

VALORES PLÁSTICOS

SÍNTESE CRÍTICA

Qualidades dos elementos estruturais e construtivos; qualidades dos materiais de revestimento. Proporção, escala e harmonia. Espaço interno e espaço externo: articulação formal, luz, cor, ambiente.

Relação da obra com o contexto sociocultural. Antecedentes e referências artísticas; inserção da obra no conjunto da produção do seu autor; avaliação histórica da obra. Suporte em documentos e fontes literárias; leitura de significados. Estabelecimento de uma monografia da obra.

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Panteão de Roma, 118-125 Identificação Mandado construir em Roma por Adriano, entre 118 e 125. Localização O Panteão foi construído no Campo de Marte, num local onde Agrippa tinha dedicado um santuário a Augusto. Contexto histórico e cultural Adriano, tal como o seu pai adotivo Trajano, era originário do Sul de Espanha (Itálica). Homem culto, de gosto refinado e intelectual, dirigiu um governo pacífico (117-138) que marcou o apogeu da criação artística imperial. O edifício mais inovador da arquitetura religiosa romana, e que exerceu grande influência na arquitetura europeia a partir do Renascimento, foi construído nos primeiros anos do seu governo. No Panteão, o templo de todos os deuses, o imperador pretendeu incluir no culto imperial os deuses de todos os povos submetidos de forma a assegurar a sua integração política no Estado romano. Datando da época de Augusto, tinha sido reconstruído após o incêndio de Roma em 64, mas a intervenção de Adriano transformou o Panteão na imagem do Império. O Panteão é um dos edifícios clássicos que maior fascínio tem exercido sobre a cultura europeia ao longo da História, constituindo uma referência fundamental para a evolução da arquitetura. Não devemos, pois, estranhar que Brunelleschi, Bramante ou Miguel Ângelo se tenham servido dele como modelo para as cúpulas das Catedrais de Florença (século XV) e de S. Pedro do Vaticano (século XVII). Materiais e técnicas A execução do Panteão segue a tradição técnica e os materiais tradicionais dos grandes empreendimentos conduzidos por Roma, sendo utilizado o opus caementicium e o revestimento em pedra. Porém, o mais surpreendente deste edifício e a sua maior inovação é a complexidade técnica da execução da grande cúpula que cobre aquele espaço imponente: uma semiesfera de 43,5 m de diâmetro que constituiu a maior estrutura abobadada construída até ao século IX. Tirando partido dos conhecimentos técnicos das grandes obras de engenharia desenvolvidas por todo o Império, os Romanos construíram paredes espessas (com 7 m) dotandoas de um sistema estrutural apropriado para receber as cargas da cúpula. Esta, por sua vez, foi construída com materiais mais leves, adelgaçando à medida que se aproximava do topo. Análise formal Panteão Com o Panteão rompem-se todas as tradições da arquitetura religiosa da Antiguidade. Apesar de já conhecermos os tholos – os templos circulares gregos e romanos – este é muito maior e dispensou as colunas à sua volta; o pórtico de entrada constitui o único elemento tradicional utilizado. As suas grandes dimensões, inéditas para a época (um espaço interior com 43,5 m de altura), fazem dele o espaço mais amplo de toda a arquitetura clássica. Este efeito é acentuado não só pelos "caixotões" da cúpula semiesférica que vão reduzindo a sua dimensão à medida que sobem em altura, como também pelo oculus da iluminação zenital (com 9 m de diâmetro), a única abertura em todo o edifício e que https://bit.ly/2rx9R4v produz um efeito quase mágico de leveza, como se a cúpula flutuasse no espaço. Atribuído ao arquiteto Apolodoro de consultado a 11/12/2018 Damasco, também autor do Fórum de Trajano (107-112), produz-se um contraste formal entre volumes geométricos perfeitos, utilizando o cubo na fachada colunada que é rematada por um frontão. A originalidade do edifício resulta, sobretudo, da forma circular da sua planta que possibilitava a disposição de todos os deuses num plano de igualdade, em nichos praticados na parede, criando assim o primeiro espaço panóptico, ou seja, um espaço que, onde quer que nos situássemos deixava ver sempre o mesmo. Análise temática – leitura de significados Com esta construção, Adriano concretizou a sua utopia: construir um edifício em Roma onde "coubesse" todo o mundo. E, na verdade, o seu traçado geométrico está dotado de propriedades numéricas e simbólicas que o remetem para a imagem do universo e do movimento celeste. Para os antigos, estes sólidos eram a expressão da inteligência divina: do quadrado ao cubo, do círculo ao cilindro, da pirâmide ao cone, todas as formas convergiam na esfera. Suportado pela mística dos números e da geometria pitagórica, o edifício inscreve-se num cubo que contém uma esfera; por outro lado, a sua forma deriva de um triângulo equilátero que liga o oculus às absides opostas, definido um cone ou uma pirâmide. Construído no tempo de Adriano e dedicado a todos os deuses do Império, o Panteão introduz a noção de espaço interior como expressão de uma nova dimensão existencial. Se bem que o pórtico que remata o volume retangular que destaca a entrada o assemelhe aos templos romanos normais, a vasta rotunda rematada por uma cúpula semiesférica constitui não só um virtuosismo da técnica de construção romana, como também converte o espaço arquitetónico num símbolo significante da existência do Homem no mundo. O tambor da cúpula consta de duas zonas articuladas mediante elementos clássicos: em baixo, grandes pilastras e colunas coríntias e, em cima, pilastras mais pequenas. Estes elementos, os seus delicados entablamentos e os caixotões da cúpula ocultam a complexa construção abobadada e outorgam ao interior a tranquila ordem cósmica. A zona superior apresenta uma ordem simples de elementos antropomorfos enquanto a cúpula transmite a suave harmonia da perfeição geométrica. O oculus que se abre no topo da cúpula semiesférica define um eixo vertical que se eleva livremente até ao zénite, enquanto o corpo porticado saliente acentua um eixo longitudinal horizontal: na organização do espaço interior, o Panteão integra assim a dimensão sagrada da vertical numa escala humana de apropriação do espaço, unificando a ordem cósmica e a natureza num todo significante. NUNES, Paulo Simões, História da Cultura e das Artes, 10, Raiz Editora (guiões de exploração fornecidos ao professor).

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Templo da Fortuna de Virilis ou Templo de Portuno, II a.C. O pequeno Templo da Fortuna de Virilis, designddo corretamente de templo de Portuno construído durante os últimos anos dos séculos II a. C., mostra uma vaga influência helénica em sua coluna jônicas e no seu entablamento. Também apresenta elementos etruscos, como o alto podium, o profundo pórtico e a larga cella onde estão adossadas as colunas de peristilo. Esse templo apresenta, portanto, um novo tipo de edifício religioso. Fica localizado no rione Ripa, na cidade de Roma, Itália, o principal dedicado ao deus Portuno na cidade. Pertence à ordem jónica. Localizado no Fórum Boário perto da margem do rio Tibre, o local, durante a Antiguidade, vigiava o Porto Tiberino numa curva acentuada do rio; dali, Portuno guardava as barcaças de gado que chegavam à cidade vindas de Óstia, o porto marítimo de Roma. Construído no século I a.C., o edifício é constituído por um pórtico tetrastilo e uma cela, elevados num pódio alto acedido por um lance de escadas, ainda presente. Assim como a Maison Carrée, em Nîmes, o pórtico pronaos tem duas fileiras de quatro colunas jónicas. As cinco colunas nas laterais e as quatro no fundo estão embutidas nas paredes da cela. É um pseudoperíptero. O templo foi construído em tufo e travertino recobertos em estuque, que desapareceu completamente ao longo dos séculos. O templo deve seu admirável estado de conservação ao facto de ter sido convertido em igreja, dedicada a Santa Maria Egyziaca (Santa Maria do Egito), Templo de Fortuna Virilis desconsagrada em 1832. https://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Portuno, consultado a 11/12/2018

https://bit.ly/2Px1qQv, consultado a 11/12/2018

https://bit.ly/2Lbx3yn, consultado a 11/12/2018

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Ara Pacis Augustae (Altar da Paz de Augusto), Roma, 13-9 a.C.

Ara Pacis

https://bit.ly/2QFNYOT, consultado a 11/12/2018

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PINTO, Ana LuĂ­sa e outros, Ideias e Imagens. Porto Editora (documentos adicionais do projeto)

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Fortuna Primigénia, Roma, 82 a.C.

Um exemplo da mistura de influências na arquitetura Romana é o SANTUÁRIO DA FORTUNA PRIMIGENIA, na província de Palestrina: Ele é o mais antigo monumento, onde se encontra essa mistura de estilos (grego, etrusco etc.) mesclada com as inovações romanas. Localiza-se nas colinas do sopé dos Apeninos, a leste de Roma. Esse santuário só foi encontrado na contemporaneidade por causa de um bombardeamento em 1944 que destruiu a maior parte de uma cidade medieval erguida em cima do santuário. Esse santuário, antes uma fortaleza etrusca, data do século I a.C., foi erguido em homenagem à deusa-mãe Fortuna (o destino, a sorte), e associado a um oráculo também. Esse templo marca o regime de transição entre Sila, que vinha governando de forma autoritária e Júlio César. Como Sila obteve uma grande vitória sobre a guerra civil em Palestrina, é de se supor que ele tenha ordenado a construção desse santuário. Esse santuário é constituído por uma série de rampas e terraços (claramente visível na maquete de reconstituição) que conduziam a um grande pátio ladeado de pórticos, do qual sobe por uma escadaria disposta como as bancadas de um teatro grego até a colunata semicircular que coroava o edifício. Os arcos das aberturas, enquadradas por colunatas adossadas e entablamentos desempenham importante papel na fachada como se pode ver na gravura que mostra os Terraços Inferiores do Santuário. Com exceção das colunas e das arquitraves, todas as superfícies visíveis na atualidade são de concreto. Outra característica que chama atenção é o fato de o santuário estar apoiado na encosta de uma colina, comparável à Acrópole de Atenas. Pois, o complexo se ergue das rochas, como se o homem não fizesse mais do que completar um traçado devido à própria natureza. Essa modelação de um complexo religioso ser erguido de rocha pode ser comparada ao templo funerário egípcio de Hatsepsut. http://tempodearquitetura.blogspot.com/2011/02/o-santuario-da-fortuna-primigenia.html, consultado a 11/12/2018

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Aqueduto-ponte do Gard A ponte do Gard (Pont du Gard em francês) é uma porção de um aqueduto romano situado no sul da França. Trata-se de uma ponte construída em três níveis que assegura a continuidade do aqueduto que trazia água de Uzès até Nîmes na travessia do rio Gardon (também chamado rio Gard). Foi provavelmente construída no século I a.C.. A ponte do Gard foi construída pouco antes da era cristã para permitir que o aqueduto de Nîmes (que tem quase 50 km de comprimento) atravessasse o rio Gard. Os arquitetos e engenheiros hidráulicos romanos que a desenharam criaram uma obra-dearte técnica e artística. Características A ponte tem 49 m de altura, e 275 m de comprimento. A distribuição dos arcos é feita da seguinte forma: nível inferior: 7 arcos, 142 m de comprimento, 6 m de espessura, 22 m de altura nível médio: 11 arcos, 242 m de comprimento, 4 m de espessura, 20 m de altura nível superior: 35 arcos, 275 m de comprimento, 3 m de espessura, 7 m de altura

Aqueduto-ponte do Gard

https://bit.ly/2C4P7XT consultado a 11/12/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_do_Gard, consultado a 11/12/2018 A utilização do arco na arquitetura civil e militar ofereceu novas potencialidades exploradas nas construções de diques, aquedutos e pontes como o aqueduto-ponte de Gard, mandada construir por Marcus Agrippa para amainar a água em Nîmes, no vale de Gardon, e que era formada por três níveis de arcos, medindo 360 metros, a 48 metros do solo. Trata-se da mais alta ponte conhecida do mundo romano, erigida a partir de pedras talhadas, segundo uma técnica da Antiguidade ainda presente nos nossos dias, que conferia uma grande resistência às construções. As suas proporções graciosas davam-lhe um aspeto leve e uma simplicidade majestosa própria das construções romanas. Esta ponte foi em parte prefabricada, pois os seus arcos foram construídos antes de serem colocados no local apropriado. Para facilitar este método todas as medidas tinham a mesma base e todos os perfis a mesma forma semicircular, e as aduelas estavam dispostas no solo de modo a permitir uma verificação prévia da construção, estando marcadas com uma letra e um número. A ponte de Gard (aqueduto romano) é um monumento classificado Património Mundial pela UNESCO desde 1985.

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Aqueduto de Segóvia É um dos monumentos antigos mais importantes e mais bem preservados deixados na Península Ibérica pela civilização romana. Como o aqueduto carece de uma inscrição legível (uma foi aparentemente localizada no subsolo da estrutura), na data de construção não pode ser definitivamente determinado. A data geral de construção do aqueduto foi por muito tempo um mistério embora acredita-se que tenha sido durante o século I dC, durante os reinados dos imperadores Domiciano, Nerva e Trajano. Segundo o arqueólogo Ernesto Quintana toda a estrutura do aqueduto está apenas suportada pelo próprio peso das pedras. Os romanos inventaram este aqueduto com a idéia de tirar água da fonte de Fuenfría, na Serra de Guadarrama, até Segóvia, a uma distância de 15 quilómetros. Consiste em 20.400 blocos de pedra de granito que não são unidos por nenhuma massa ou cimento, mantendo um equilíbrio perfeito. É mais largo na sua base e diminui com o aumento da altura. Múltiplos arcos compõem a estrutura, em particular Há um total de 163, dos quais 75 são arcos singelos e 44 são arcos dobrados. A construção tem uma altura de 28 metros no ponto mais alto e tem até 6 metros de fundação. Dois nichos coroam a parte superior da estrutura, em um deles é a imagem de San Esteban e no outro a Virgem de Fuencisla, padroeira da cidade. Em outras ocasiões, um desses nichos foi reservado para a imagem de Hércules, a quem a fundação de Segóvia foi atribuída. Aqueduto de Segóvia Os romanos estabeleceram em detalhes o caminho pelo qual o aqueduto passaria. De diferentes pedreiras, mesmo sem uma localização precisa, os blocos de granito foram removidos e movidos que foram concluídas no local e deixadas secas, sem cimento ou argamassa. Para levantar os grandes blocos, foram usadas roldanas e cordas. Para cumprir sua missão, os romanos usaram fortes andaimes que sustentavam as formas, sobre as quais se montavam as aduelas dos arcos. A pedra central tinha que ser perfeitamente esculpida na forma de uma cunha para exercer pressão suficiente. https://youtu.be/JSunVes i9Z consultado a 11/12/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aqueduto_de_Seg%C3%B3via, consultado a 11/12/2018

cimbre para criar o arco e ajudar a descarregar as forças

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Basílica de Maxêncio ou Magêncio Era o maior edifício do Fórum Romano. Sua construção foi iniciada em 308 pelo imperador Maxêncio e terminada quatro anos depois por Constantino. Sua localização era próxima do Templo da Paz, que na época provavelmente já estava abandonado, e do Templo de Vénus e Roma, cuja restauração também fez parte do programa de obras de Maxêncio.

O edifício era constituído por uma nave central coberta por três abóbadas de aresta suspensas 39 metros acima do piso e assentadas sobre quatro grandes pilares e com uma abside na extremidade ocidental que abrigava uma gigantesca estátua de Constantino. As forças laterais geradas pelas abóbadas eram sustentadas por três corredores laterais de cada lado, cada um medindo 23 x 17 metros. Estes corredores eram encimados por abóbadas de berço semi-circulares perpendiculares à nave e uma estreita arcada seguia paralela a ela abaixo das abóbadas. A nave em si media 80 metros de comprimento por 25 metros de largura, o que criava um espaço de 2 000 metros quadrados. Ao longo de toda a fachada oriental do edifício se projetava uma arcada. Na fachada sul, projetava-se uma varanda com quatro colunas. A Basílica de Maxêncio é considerada uma maravilha da engenharia romana. Na época de sua construção, era a maior estrutura já construída e, por isso, um edifício único que fundia aspetos das antigas basílicas com a dos grandes banhos imperiais. As mais avançadas técnicas de engenharia foram empregadas na obra, incluindo inovações aprendidas em outras grandes obras, como o Mercado de Trajano e as Termas de Diocleciano. Como muitas basílicas da época, como a Basílica Úlpia, a Basílica de Maxêncio contava com um grande espaço na nave central, mas, ao contrário delas, ao invés de colunas suportando um teto simples, o edifício todo foi construído utilizando arcos, uma característica muito mais comum em banhos do que em basílicas. Outra diferença em relação às antigas basílicas é o teto da estrutura. Enquanto as tradicionais contavam com um teto plano simples, a Basílica de Maxêncio foi construída com um tento curvo, o que diminuiu o peso total da estrutura e diminuiu as forças horizontais sobre os arcos exteriores. As seções sul e central do edifício provavelmente ruíram depois de um terremoto em 847. Em 1349, a abóbada da nave desabou depois de outro terremoto. A única das oito colunas de mais de 20 metros de altura que sobreviveu ao terremoto foi transportada pelo papa Paulo V para a praça de Santa Maria Maggiore em 1614. Tudo o que resta da basílica hoje são os três corredores da ala norte com suas três abóbadas de berço de concreto com caixotões octogonais para diminuir o peso. Durante o período imperial, as basílicas serviam para uma variedade de funções, incluindo abrigar cortes de justiça, servir de local para realização de negócios e como um ponto de encontro. Durante o governo de Constantino e de seus sucessores, este tipo de edifício foi escolhido como modelo para a construção das primeiras grandes igrejas, presumivelmente porque, sendo um edifício civil, a basílica era menos associado aos antigos templos pagãos. A partir desta época, o termo "basílica" passou a designar unicamente grandes igrejas ou catedrais, um sentido preservado até os dias de hoje na língua portuguesa. Basílica em Leptis Magna

Basílica

https://bit.ly/2BagrlZ consultado a 11/12/2018

https://bit.ly/2Pw0pId consultado a 11/12/2018

em

Pompeia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Max%C3%AAncio , consultado a 11/12/2018

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Teatro de Marcelo Construído nos últimos da República Romana para a realização de espetáculos de teatro e música. É um dos monumentos mais visitados em Roma por oferecer uma perspetiva única da reutilização de antigas ruínas romanas por edifícios posteriores, especialmente durante a Idade Média. O espaço para a construção do teatro foi dado por Júlio César, que foi assassinado antes do início da construção. Em 17 a.C., as obras já estavam avançadas o suficiente para que as celebrações dos Jogos Seculares foram realizadas ali. Quatro anos depois, a obra foi completada e, em 12 a.C., o Teatro de Marcelo foi inaugurado por Augusto. O teatro caiu em desuso no começo do século IV e a estrutura serviu como fonte de materiais de construção, por exemplo durante a construção da Ponte Céstio (370). Na Alta Idade Média, o teatro foi utilizado como fortaleza O teatro tinha 111 metros de diâmetro e era o maior e mais importante teatro da antiga Roma até a construção do Coliseu; ele abrigava originalmente entre 11 000 e 20 000 espetadores. O edifício foi construído maioritariamente em tufo num padrão conhecido como opus reticulatum e completamente revestido por mármore branco. Além disto, é o mais antigo edifício datável em Roma a fazer uso de tijolo romano cozido, na época uma novidade importada do mundo grego. A rede de arcos, corredores, túneis e rampas que davam acesso aos espaços interiores deste tipo de teatros romanos eram normalmente ornamentados com um padrão de colunas embutidas das antigas ordens gregas: dórica no topo e jónica no meio. Acredita-se que colunas coríntias tenham sido utilizadas no nível mais alto, mas é impossível determinar pois este nível foi removido quando o teatro foi reconstruído durante a Idade Média.

https://revistadehistoria.es/el-teatro-marcelo/, 11/12/2018 Teatro

consultado

a

Marcelo

https://bit.ly/2Gf7Xjd consultado a 11/12/2018

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Anfiteatro Flaviano ou Coliseu de Roma O Coliseu poderia abrigar, estima-se, entre 50 mil e 80 mil espectadores, com uma audiência média de cerca de 65 mil pessoas. O edifício era usado para combates de gladiadores e espetáculos públicos, tais como simulações de batalhas marítimas, caçadas, execuções, encenações de batalhas famosas e dramas baseados na mitologia clássica. A sua designação de "Coliseu" começou a difundir-se a partir do século VIII, o qual se crê que tenha sido devido a uma grande estátua de Nero, que se encontrava perto do edifício, na Casa Dourada, conhecida popularmente como o Colosso de Nero. Este fato pode ter sido a razão pela qual o anfiteatro de Roma tenha adotado o nome de Coliseu. Essa dita estátua foi destruída provavelmente para reciclagem do seu bronze. Apenas a sua base chegou aos nossos dias, e pode ser vista entre o anfiteatro e o Templo de Vénus e Roma. Começou sob o governo do imperador Vespasiano em 72 d.C. e foi concluído em 80, com Tito. Outras modificações foram feitas durante o reinado de Domiciano (81-96). Estes três imperadores são conhecidos como a dinastia flaviana e o anfiteatro foi nomeado em latim desta maneira por sua associação com o nome da família (Flavius). A construção começou num lugar que fora devastado pelo Grande incêndio de Roma do ano 64, durante a época de governo do imperador Nero. Vespasiano, decidiu aumentar o moral e autoestima dos cidadãos romanos e também cativá-los com uma política de pão e circo, demolindo o palácio de Nero e construindo uma arena permanente para espetáculos de gladiadores, execuções e outros entretenimentos de massas. Vespasiano morreu mesmo antes Coliseu de Roma do Coliseu ser concluído. Os jogos inaugurais do Coliseu tiveram lugar no ano 80, sob o governo de Tito, para celebrar a finalização da construção e duraram 100 dias No Coliseu eram realizados diversos espetáculos, com os vários jogos realizados na urbe. Os combates entre gladiadores, a caça de animais, ou venatio, onde eram utilizados animais selvagens importados de África. Os animais mais utilizados eram os grandes felinos como leões, leopardos e panteras, mas animais como rinocerontes, hipopótamos, elefantes, girafas, crocodilos e avestruzes eram também utilizados. As caçadas, tal como as representações de batalhas famosas, eram efetuadas em elaborados cenários onde constavam https://bit.ly/2UAZqKH árvores e edifícios amovíveis. consultado a 11/12/2018 A arena era como um grande palco, feito de madeira, e se chama arena, que em italiano significa areia, porque era jogada areia sob a estrutura de madeira para esconder as imperfeições. Os animais podiam ser inseridos nos duelos a qualquer momento por um esquema de elevadores que surgiam em alguns pontos da arena. Sylvae, ou recreações de cenas naturais eram também realizadas no Coliseu. Pintores, técnicos e arquitetos construiriam simulações de florestas com árvores e arbustos reais plantados no chão da arena. Animais seriam então introduzidos para dar vida à simulação. Esses cenários podiam servir só para agrado do público ou como pano de fundo para caçadas ou dramas representando episódios da mitologia romana, tão autênticos quanto possível, ao ponto de pessoas condenadas fazerem o papel de heróis onde eram mortos de maneiras horríveis mas mitologicamente autênticas, como mutilados por animais ou queimados vivos. O monumento permaneceu como sede principal dos espetáculos da urbe romana até o período do imperador Honório, no século V. Danificado por um terremoto no começo do mesmo século, foi alvo de uma extensiva restauração na época de Valentiniano III. Em meados do século XIII, a família Frangipani transformou-o em fortaleza. O edifício é construído em mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo (pedra calcária com grandes poros). A sua planta elíptica mede dois eixos que se estendem aproximadamente de 190 metros por 155 metros. A fachada compõe-se de arcadas decoradas com colunas dóricas, jónicas e coríntias, de acordo com o pavimento em que se encontravam. Esta subdivisão deve-se ao facto de ser uma construção essencialmente vertical, criando assim uma diversificação do espaço. A arena (87,5 m por 55 m) possuía um piso de madeira, normalmente coberto de areia para absorver o sangue dos combates (certa vez foi colocada água na representação de uma batalha naval), sob o qual existia um nível subterrâneo com celas e jaulas que tinham acessos diretos para a arena. Alguns detalhes dessa construção, como a cobertura removível que poupava os espectadores do sol, são bastante interessantes, e mostram o refinamento atingido pelos construtores romanos. Formado por cinco anéis concêntricos de arcos abóbadas, o Coliseu representa bem o avanço introduzido pelos romanos à engenharia de estruturas. Esses arcos são de concreto (de cimento natural) revestidos por alvenaria. Os assentos eram em mármore e a cavea, escadaria ou arquibancada, dividia-se em três partes, correspondentes às diferentes classes sociais: o pódio, para as classes altas; as maeniana, setor destinado à classe média; e os portici, ou pórticos, construídos em madeira, para a plebe e as mulheres. O pulvinar, a tribuna imperial, encontrava-se situada no pódio e era balizada pelos assentos reservados aos senadores e magistrados. Rampas no interior do edifício facilitavam o acesso às várias zonas de onde era possível visualizar o espetáculo, sendo protegidos por uma barreira e por uma série de arqueiros posicionados numa passagem de madeira, para o caso de algum acidente. Por cima dos muros ainda são visíveis as mísulas, que sustentavam uma enorme cobertura de lona destinada a proteger do sol os espectadores e, nos subterrâneos, ficavam as jaulas dos animais, bem como todas as celas e galerias necessárias aos serviços do anfiteatro. O Coliseu era sobretudo um enorme instrumento de propaganda e difusão da filosofia de toda uma civilização, e tal como era já profetizado pelo monge e historiador inglês Beda na sua obra do século VII "De temporibus liber": "Enquanto o Coliseu se mantiver de pé, Roma permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma ruirá e quando Roma cair, o mundo cairá".

https://pt.wikipedia.org/wiki/Coliseu, consultado a 11/12/2018

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Estádio - Circo Máximo, Roma Media 621 metros de comprimento e 118 metros de largura e podia acomodar mais de 150 000 espetadores. Em sua forma mais completa, tornou-se o modelo para todos os demais circos do Império Romano. Atualmente o local é um parque público. O Circo Máximo era a maior arena dedicada aos jogos públicos que eram realizados nos principais festivais religiosos. Os jogos eram geralmente patrocinados pelos cidadãos mais ricos ou pelo próprio estado romano com o objetivo de agradar ao povo e aos deuses anualmente ou em intervalos bem estabelecidos. Também eram realizados para cumprir um juramento ou promessa ou durante a celebração de um triunfo. Segundo a tradição romana, os mais antigos jogos realizados no Circo Máximo foram prometidos pelo rei Tarquínio, o Soberbo, a Júpiter já no final do período monárquico (século VI a.C.) por sua vitória contra Pomécia. Os maiores jogos começavam com uma pomposa parada (pompa circensis) no Circo Máximo, muito similar uma parada triunfal, que explicava ao povo o objetivo dos jogos e introduzia os participantes. Contudo, alguns eventos realizados no Circo aparentemente eram relativamente pequenos e reservados. Conforme a República se expandia, os jogos passaram a ser cada vez mais faustosos e novos jogos foram inventados pelos políticos que competiam pelo apoio popular e divino. Nos anos finais da República, os jogos ocupavam 57 dias do ano, mas não se sabe quantos destes exigiriam a utilização do Circo. Na maior parte do resto do ano, jóqueis e condutores praticavam utilizando a pista. Nos dias restantes, a arena servia de curral para os animais negociados no vizinho Fórum Boário, que ficava bem ao lado dos carceres (os portões de largada). Abaixo das arquibancadas, perto das múltiplas entradas do Circo, ficavam oficinas e lojas. Na época de Cátulo (meados do século I a.C.), o circo era "um empoeirado espaço aberto com lojas e bancas [...] uma colorida e lotada área de baixa reputação" frequentada por "prostitutas, malabaristas, adivinhos e artistas de rua". Os imperadores romanos atenderam a crescente demanda popular por jogos regulares e a necessidade de arenas mais especializadas como obrigações essenciais de sua função e de seu culto. Durante os vários séculos de seu desenvolvimento, o Circo Máximo se tornou a arena dedicada à corrida de bigas. Mesmo no auge de seu desenvolvimento como pista de corrida de bigas, o Circo permaneceu sendo o espaço mais apropriado em Roma para procissões religiosas de grande porte e também para grandes caçadas — no final do século III, o imperador Probo realizou uma caçada espetacular na qual os animais eram perseguidos através de uma floresta de árvores num cenário especialmente construído. Com o advento do cristianismo como religião estatal do Império Romano, os jogos gradualmente foram perdendo popularidade. A última caçada realizada no Circo Máximo ocorreu em 523 e a última corrida foi patrocinada pelo rei ostrogodo Totila em 549.

Circo

Máximo

https://bit.ly/2Bbm2bz consultado a 11/12/2018

Estádio

de

Domiciano

https://bit.ly/2EoyHw7 consultado a 11/12/2018

https://pt.wikipedia.org/wiki/Circo_M%C3%A1ximo, 11/12/2018

consultado

a

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As Termas de Caracala, em Roma, 212-217 Contexto histórico e cultural Caracala (186-217) nasceu na Gália, filho de Septimo Severo. A sua ascensão ao poder está rodeada de inúmeras intrigas políticas e assassinatos, tendo inclusivamente mandado matar o seu irmão e declará-lo como inimigo público pelo Senado. O seu governo caracterizou-se por uma política militar muito agressiva e por despender elevados gastos em obras públicas, o que terá enfraquecido significativamente os cofres do Estado. Uma dessas obras avultadas foi a edificação das Termas, as maiores até então construídas em todo o Império, cujo elevado custo terá contribuído para o declínio em que a economia do Estado mergulhou. Para além disso, a sua instabilidade mental, a violência com que eliminava os seus adversários políticos e a muito severa política fiscal, fizeram com que fosse odiado, em especial, pela velha aristocracia do Senado que chegou a comparar o seu governo ao “período negro” de Nero. Análise temática As termas (thermae) eram um dos equipamentos mais importantes e mais populares na cidade romana. De certo modo, foram uma criação original da civilização romana cuja função transcendia muito a simples utilização para fins de higiene e banhos públicos. As termas eram um elemento fundamental da cultura urbana de Roma e abarcavam uma série de atividades relacionadas com o lazer, a cultura e a diversão. Para avaliarmos a sua importância, em 354, só na cidade de Roma foram registadas 952 termas de diversos tamanhos e configurações. No contexto da expansão do Império, as termas eram consideradas como uma autêntica instituição e um dos

Retrato de Caracala, século III.

principais veículos de afirmação civilizacional. Para além da sua principal função balnear, as termas possuíam Termas de Caracala bibliotecas, teatros, lojas, espaços para reuniões, ginásios e áreas com fontes, jardins e esculturas onde se ouvia música, poesia ou tratava de negócios. As termas eram públicas e gratuitas, sendo suportadas financeiramente pelo mecenato patrício. Materiais e técnicas A execução das Termas seguiu a tradição técnica e os materiais tradicionais dos grandes empreendimentos conduzidos por Roma, sendo utilizado o opus caementicium e o revestimento em pedra. Mas, o que é mais surpreendente neste grande edifício é a complexidade técnica que possibilitou a cobertura em sucessivas abóbadas de berço dos amplos espaços. Um passeio elevado que cobria internamente o edifício permitia disfrutar de uma panorâmica de todo o recinto. A imponência do edifício e o requinte da decoração interior com https://bit.ly/2BdzaNB pinturas e mosaicos levou Polémio Sílvio, um autor romano do século V, a referir-se ao edifício como “uma das consultado a 11/12/2018 sete maravilhas de Roma”. Termas de Dioclesiano Análise formal e funcional As Termas de Caracala foram as maiores construídas até à época, podendo acolher mais de 1600 pessoas de um único sexo. Abrangendo uma área coberta de mais de 13 hectares, a totalidade da construção tinha um comprimento de 351 m, excluindo as exedras laterais, e uma largura de 378 m, incluindo os depósitos do setor sul (com capacidade para 80 000 litros de água) que se alimentavam através do aqueduto Marciano. Só o edifício dos banhos da área central media 220 m x 114 m. Na zona sul deste edifício havia uma câmara circular abobadada com 35 m de diâmetro onde funcionava o caldarium, a sala de banhos de água quente, vapor e massagens. Interligado com este espaço encontrava-se o tepidarium, a sala de água tépida com duas piscinas simétricas e o ar e pavimento aquecidos. Daqui, passava-se para a grande sala de frio, o frigidarium, um espaço https://bit.ly/2LdLKRt com 55,7 m x 24 m que ocupava o centro do edifício e estava coberto com três enormes abóbadas, elevadas consultado a 11/12/2018 32,9 m acima da cobertura, de modo a permitir a entrada de luz natural. A norte do edifício funcionava a piscina principal, ou o natatio, um recinto descoberto mas iluminado por espelhos de bronze fixados a um nível superior. Termas de Caracala, planta, Roma, 212-217. Legenda: 1 – Jardins interiores 2 – Piscina (natatio) 3 – Basílica 4 – Piscina de água quente (caldarium) 5 – Ginásio (palestra) 6 – Espaços de reunião (exedras) Todo o conjunto, incluindo os jardins e as instalações periféricas, estava construído sobre uma plataforma elevada a 6 m do solo, por baixo da qual se situavam os armazéns e os fornos que aqueciam o tepidarium e o caldarium, por meio de condutas de ar quente que percorriam as paredes e os pavimentos. Nas grandes exedras laterais funcionava o laconicum que integrava as bibliotecas e as salas de leitura e convívio, o gymnasia. Na zona sul do edifício existia um estádio para a prática de exercícios físicos.

NUNES, Paulo Simões, História da Cultura e das Artes, 10, Raiz Editora (guiões de exploração fornecidos ao professor) 15


Coluna de Trajano, Roma, 112-114 Localizaçao A Coluna fazia parte do conjunto urbanístico monumental do Fórum de Trajano, o maior até então construído em Roma, projetado por Apolodoro de Damasco. O acesso à praça efetuava-se através de um Arco de Triunfo, no centro erguia-se a Estátua Equestre de Trajano e ao fundo a Basílica Ulpia; transposta esta, surgia a colossal Coluna entre as Bibliotecas grega e latina; mais adiante situava-se o Templo dedicado ao divino Trajano. Dimensões e características A Coluna foi construída em mármore de Paros, num fuste de 17 tambores esculpidos em relevos historiados dispostos numa banda helicoidal. A banda de relevos tem uma altura progressivamente maior à medida que se aproxima do capitel, passando de 0,89 m para 1,25 m. Contexto histórico e cultural Trajano é o primeiro imperador "não romano" (já que era natural de uma província, Itálica, atual península Ibérica), e também o militar mais eficiente e experiente depois de Augusto. No seu governo (98-117) atinge um clima de grande estabilidade política e prosperidade económica e consegue a máxima extensão territorial do Império. Roma domina o mundo e, com o firme propósito de a engrandecer, Trajano empreende algumas das maiores realizações arquitetónicas e urbanísticas jamais levadas a cabo. Frente ao Templo de Trajano ergueu uma colossal Coluna, um monumento inovador com funções funerárias e comemorativas que, em termos urbanísticos, funcionava como a grande referência do amplo espaço do Fórum que se abria diante de si. Análise formal A Coluna levanta-se sobre um embasamento (onde se encontram depositadas as cinzas do Imperador) decorado com uma série de armas e adereços militares, a que se segue um plinto decorado com louros, depois o fuste e o capitel numa altura total de 38 metros. Era rematada com uma águia, substituída posteriormente por uma estátua do Imperador. (Em 1587 seria colocada uma estátua de S. Pedro que ainda se encontra atualmente.) O acesso ao topo é facultado através de uma escada em caracol interior, iluminada por pequenas fenestrações que interferem no desenho dos relevos, levando a crer que não faziam parte do projeto inicial. Análise temática e significados Estamos perante um relevo histórico comemorativo das campanhas vitoriosas de Trajano na Dácia (101102 e 105-107), um monumento de clara propaganda política do Imperador que, ao longo da Coluna, surge representado mais de 60 vezes. O longo friso de 200 metros apresenta vários episódios como batalhas, assaltos, pilhagens e acampamentos militares, entre outros, integrando cerca de 2500 figuras com expressões e atitudes individualizadas, representadas com enorme realismo. Este exaustivo detalhe narrativo, que parece enquadrar-se na tradição das representações triunfais em lugares públicos (arcos de triunfo), permite acompanhar as sucessivas operações que as tropas tiveram que concretizar, desde a construção de pontes de barcos até à batalha. A história começa na parte inferior com a representação humanizada do Danúbio contemplando a progressão das legiões romanas, continuando até ao meio do fuste onde surge uma Vitória escrevendo a crónica da guerra num escudo, assim se dividindo as duas guerras dácicas. As figuras têm um tratamento anatómico correto e num tal realismo que pretende acentuar as distintas atitudes das personagens em função da ação que se desenvolve, isto é, sem idealizações nem arquétipos de qualquer ordem. Apenas o Imperador surge representado numa escala ligeiramente superior, numa hierarquização que permite facilmente identificá-lo e, assim, contribuir para a exaltação da sua glória e imortalização. O que ali ficou patente foi, sobretudo, uma vontade de narração objetiva e técnica, a que não foi alheio o carácter militarista evidenciado por Trajano, por exemplo, nas suas campanhas da Dácia e a pretensão de afirmar o papel de Roma no mundo. A Coluna de Trajano é um dos monumentos mais importantes da arte romana no auge do poder do Império. O friso em espiral foi um enquadramento novo para a narrativa histórica exigindo do escultor o aperfeiçoamento de certos recursos técnicos: a descrição visual devia ser tão explícita quanto possível, na ausência de inscrições explicativas; devia manter a coerência interna de cada cena de forma a manter a continuidade visual; os relevos deviam ser suaves a fim de evitar excessivas sombras que dificultariam a leitura das cenas, sacrificando a representação da paisagem e da arquitetura. Neste caso, os objetivos da arte imperial e as suas funções simbólicas, narrativas e comemorativas eram incompatíveis com um tratamento naturalista do espaço. A capacidade descritiva que os artistas manifestaram neste grande poema épico do exército imperial faz deste relevo um precioso documento visual acerca de aspetos da vida material na Roma do século II. Por outro lado, a Coluna converteuse num protótipo que viria a ter continuidade noutras obras posteriores como, por exemplo, a Coluna de Marco Aurélio ou, mais recentemente, a Coluna da Place Vendome, em Paris. NUNES, Paulo Simões, História da Cultura e das Artes, 10, Porto Editora (guiões de exploração fornecidos ao professor)

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Arco de Constantino, Roma É um arco triunfal de Roma construído por ordem do Senado Romano para comemorar a vitória do imperador Constantino sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvia em 312. Foi inaugurado em 315. Sob ele passava a Via Triunfal, a rota seguida pelos grandes generais e imperadores romanos em seus triunfos. O arco tem 21 metros de altura, 25,9 de largura e 7,4 de profundidade. Há três arcos de passagem, o central com 11,5 metros de altura e 6,5 de largura e os laterais com 7,4 metros de altura e 3,4 metros de largura cada um. Durante a Idade Média, o Arco de Constantino foi incorporado à fortaleza de uma das famílias de Roma, como aconteceu com muitos dos monumentos antigos da cidade. Obras para restaurá-lo ao seu estado original foram realizadas pela primeira vez no século XVIII e a última no final da década de 1990, pouco antes do Grande Jubileu do ano 2000. Durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1960, o Arco de Constantino serviu como linha de chegada para a maratona. O Arco de Constantino é muito decorado e incorpora partes elementos decorativos de monumentos mais antigos. Como ele celebra uma vitória de Constantino, o novo friso "histórico" ilustrando sua campanha na Itália reflete o tema central: a glória do imperador, tanto em combate quanto em seus deveres civis. Os demais elementos dão suporte a este tema: a decoração emprestada dos "anos dourados" do século II sob o comando dos imperadores da dinastia nerva-antonina reforça o lugar de Constantino entre os "bons imperadores" enquanto o conteúdo das peças evoca imagens de um governante piedoso e vitorioso. Outra explicação dada para esta reutilização é o curto espaço de tempo entre o começo da obra (no máximo final de 312) e a inauguração (julho de 315), o que obrigou os arquitetos a buscarem obras já existentes para compensar a falta de tempo para criar novas esculturas. É possível que tantas obras mais antigas tenham sido utilizadas por que os próprios construtores não acreditavam que os artistas da época podiam criar obras mais belas do que as que já existiam. Finalmente, já se sugeriu que os romanos do século IV de fato não tinham a habilidade artística necessária para produzir obras da qualidade necessária e sabiam disto, o que os levou a remover obras prontas de monumentos mais antigos para decorar os recém-construídos. Esta interpretação, contudo, tem se tornado menos proeminente em tempos modernos conforme a arte da Antiguidade Tardia passou a ser apreciada de forma distinta. Atualmente, acredita-se que a combinação de todos estes fatores seja a resposta correta. O arco está decorada com duas colunas caneladas destacadas em cada uma das duas fachadas dos dois pilares, num total de oito colunas. No alto de cada uma delas está uma estátua representando dácios da época do imperador Trajano. Sobre a passagem central está a inscrição dedicatória, a porção mais proeminente do ático e idêntica nas duas fachadas. Flanqueando a inscrição, acima das duas passagens laterais, estão quatro pares de painéis em relevo. Na fachada norte, da esquerda para a direita, eles representam o retorno do imperador depois da campanha (adventus), o imperador deixando a cidade saudado pela personificação da Via Flamínia, o imperador distribuindo dinheiro ao povo (largitio) e o imperador interrogando um prisioneiro germânico. Na fachada sul, também da esquerda para a direita, estão um chefe inimigo capturado levado ao imperador, uma cena similar com outros prisioneiros, o imperador discursando para a tropa (adlocutio) e o imperador sacrificando um porco, uma ovelha e um touro (suovetaurilia). Juntamente com os três painéis atualmente preservados nos Museus Capitolinos, estes relevos foram provavelmente retirados do chamado Arco de Marco Aurélio, construído para comemorar a guerra contra marcomanos e sármatas entre 169 e 175 e que terminou com o retorno triunfante do imperador em 176. No painel largitio, a imagem do filho de Marco Aurélio, Cômodo, foi removida depois que ele teve um decreto de damnatio memoriae decretado contra si.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Arco_de_Constantino, consultado a 11/12/2018

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Casa dos Vetti, Pompeia É uma das mais célebres e luxuosas residências da antiga cidade romana de Pompeia. Uma domus, e não uma vila, a casa foi preservada juntamente com o resto da cidade pela erupção do Vesúvio, em 79, e recebe este nome em homenagem a seus proprietários, dois libertos bem-sucedidos: Aulo Vécio Conviva (em latim: Aulus Vettius Conviva), um sodal augustal (sacerdote dedicado ao culto do deus-imperador Augusto) e Aulo Vécio Restítuto (Aulus Vettius Restitutus). A escavação cuidadosa da casa preservou quase todos os afrescos de suas paredes, que foram terminados depois do terremoto de 62, no estilo chamado pelos historiadores da arte de "Quarto Estilo Pompeiano". A Casa dos Vettii localizava-se numa viela, na frente de um bar. Foi construída em torno de duas áreas centrais a céu aberto, um escuro átrio pelo qual o visitante passaria, vindo de um pequeno e escuro vestíbulo que o trazia da porta da rua, e mais adiante - perpendicular ao eixo de entrada - um peristilo de colunas dóricas iluminado por luz natural e cercado em todos os lados por um pórtico ricamente decorado com afrescos, no qual os espaços mais formais se abriam. Os aposentos dos criados localizam-se num dos lados do átrio, dispostos em torno de um pequeno átrio próprio. As principais decorações com afrescos dão vida ao peristilo, aos diversos aposentos (ecos) e ao triclínio, espécie de sala de jantar.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_dos_Vettii, consultado a 11/12/2018 Casa dos Vetti, Pompeia

Casa do Fauno, Pompeia

https://bit.ly/2zTjq2v consultado a 11/12/2018

https://bit.ly/2UE8D4G consultado a 11/12/2018

Casa de Loreius Tiburtinus

https://bit.ly/2B76hCC consultado a 11/12/2018

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Villa de Adriano É um antigo complexo palaciano construído, no século II, para o Villa de Adriano Villa de Adriano Imperador Adriano. Situado na cidade de Tivoli, a uma trintena de quilómetros de Roma, figura entre os mais ricos conjuntos monumentais da Antiguidade. A vila, atualmente em ruínas, está repartida sobre uma superfície de 120 hectares, dos quais 40 estão visíveis. Amante de arte, Adriano era um apaixonado pela arquitetura, tendo desenhado, ele próprio, edifícios (manifestou mesmo uma predileção particular pelos edifícios com cúpula). Também deu prova de um https://bit.ly/2PwnV7Z https://bit.ly/2PwnV7Z cuidado particular par escolher o lugar da nova residência imperial que consultado a 11/12/2018 consultado a 11/12/2018 decidiu construir desviada de Roma: selecionou um planalto situado sobre os declives dos montes Tiburtinos, situados a 17 milhas romanas a partir da Porta Esquilina (cerca de 28 km.). A zona compreendia numerosas pedreiras (travertino, pozolana e tufo) para alimentar os trabalhos; era provida de água por quatro aquedutos, elemento crucial para as termas romanas e para as fontes. O planalto já estava ocupado por uma vila da época republicana, construída no tempo de Sula e ampliada sob Júlio César, a qual pertencia à família da esposa de Adriano, Sabina, e seria integrada no Palácio Imperial.Depois do estudo do sistema de canalizações e dos esgotos, é possível que o complexo tenha sido concebido na sua globalidade desde o início, apesar da impressão de livre improvisação provocada pela distribuição assimétrica e disseminada das construções. Com uma dimensão de 1.200 metros no eixo Norte/Sul e 600 m. no eixo Este/Oeste, o perímetro atual da vila estende-se por uma superfície de 40 hectares e compreende uma trintena de edifícios de naturezas diferentes: três complexos termais, edifícios administrativos, edifícios de lazer (teatro, passeios, etc.). O todo insere-se num conjunto jardins e de espaços verdes decorados com fontes e planos de água.

PINTO, Ana Luísa e outros, Ideias e Imagens. Porto Editora (caderno de atividades)

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