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Entre o céu e o inferno Vitória Futebol clube
Resumo da bancada
Memórias da bancada
À conversa com Jorge Moreira
Comunicação independente para adeptos
Desastres da bancada
História do movimento organizado de adeptos na antiga Jugoslávia
Resumo do processo contra o Cartão do Adepto
Editorial Ficha técnica
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Contra a Super Liga Europeia
As tréguas de Natal
Cultura de Adepto: Benfica I Will follow
Uma viagem pelo mundo do Subbuteo!
O caso Speziale
O Projecto Piloto
Quem vai salvar a formação?
A primeira vitória do futebol “popular” português
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cultura.de.bancada
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editorial Director J. Lobo Redacção L. Cruz G. Mata J. Sousa Design J. Leite S. Frias Revisão A. Pereira Convidados Martha Gens Vasco Rodrigues Rémulo Jónatas Aires Gouveira João Tibério Sérgio Engrácia Jorge Moreira Pedro Contreiras Eupremio Scarpa Prof. José Vaz M. Bondoso Luís Silva Tiago Marques
Cá estamos de volta para o 3º número da Cultura de Bancada. Seguindo a linha que traçamos e que, de resto, tem sido evidente nos números anteriores, voltamos a trazer até aos nossos leitores a participação de um conjunto de convidados, fazendo desta plataforma um palco plural de comunicação no panorama do adepto português. É bastante perceptível que, mesmo sem a tão desejada presença dos adeptos nas bancadas, não faltam temas de interesse para o adepto e, enquanto todos esperamos pela abertura das portas, continuaremos a apostar na diversidade desses assuntos que a todos nós dizem respeito. Para além dos vários temas que vos apresentamos, este terceiro número fica marcado por alterações significativas no design da fanzine. Com alguma frequência nos questionam sobre a possibilidade de poderem adquirir a fanzine num formato físico. O que podemos deixar em aberto é que, desde o primeiro minuto, ponderamos esse cenário e há ideias nesse sentido. Queremos, contudo, dar passos sólidos e, como já tivemos oportunidade de dizer anteriormente, esta fase passa por manter a regularidade dos lançamentos. É, sem dúvida, uma prioridade para nós que este projecto se mantenha activo e continue o seu caminho. De momento, a única promessa que podemos fazer é que o quarto número da Cultura de Bancada está a ser preparado. Até 12 de abril de 2021!
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resumo da acção judicial contra o cartão do adepto
De há alguns anos a esta parte temos acompanhado o que se tem passado em outros países relativamente à falha grosseira que foi a implementação do Cartão do Adepto. O exemplo, que entre nós tem sido mais comum, é o da “Tessera del Tiffoso” que trouxe um decréscimo brutal de adeptos nos estádios italianos e se tem tornado, além fronteiras, um exemplo de tudo o que não resulta, muito menos como medida de combate a comportamentos anti desportivos. No nosso país, à beira mar plantado, ouvimos falar neste tema pela primeira vez, em 2017, pela boca da Federação Portuguesa de Futebol, anunciado, para os mais desatentos, como a última coca-cola no deserto. Eis que veio o Mundial de 2018 na Rússia onde o Fan ID foi utilizado, e para alguns dos iluminados que nos governam, importado como uma ideia de sucesso. Só que não. Acabou por funcionar como catalisador desta medida o episódio sucedido na Academia do SCP em Alcochete e, eis senão quando, aparece esta medida como a solução para todos os males do futebol em Portugal. A APDA tem seguido todo este trajecto de muito perto desde o seu início. A APDA conhece o flop que esta medida se revelou em outros países, e conhece a realidade onde se pretende implementar este engodo e nunca hesitou, por um segundo sequer, em dizer que jamais funcionará. Hoje, em 2021, e apesar de termos sido
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ouvidos no caminho legislativo desta norma, constatamos que de nada serviu, quando o maior justificativo deste tipo de medidas é o acenar de bandeiras políticas fáceis, em troca de votos e promessas vazias. Neste palco, a verdade e a justiça tardam em vingar, como todos sabemos. Hoje, o cartão do adepto é uma realidade. Uma realidade atenuada pelo contexto provocado pelo Covid 19, mas uma realidade em vigor. No plano legal, nunca os adeptos de forma organizada tinham tido o impulso de colocar as questões a quem por natureza, é detentor desse bastião, os tribunais. A APDA reuniu a quantia de 6500€ numa campanha nunca antes vista, que teve como destino final levar à apreciação dos tribunais a ilegalidade deste cartão. Do mesmo lado da APDA, como demandantes neste processo, estão ainda um grupo organizado de adeptos e um adepto, enquanto pessoa singular. Três diferentes entidades que reinvindicam contra o Ministério da Educação, a quem pertence a tutela desta matéria, através da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto. Assim, foi entendido que era necessário em primeira mão, congelar o efeito prático do cartão e, por isso, se avançou com um procedimento especial denominado Intimação para Protecção de Direitos Liberdades e Garantias. Uma vez que se trata de um procedimento com características muito específicas, e porque podia o tribunal não aceitar a esta roupagem processual, subsidiariamente também se requereu que, se assim não se entendesse, se deveria aceitar como um procedimento cautelar genérico. Este começa por ser uma primeira acção judicial que, a ser procedente, suspenderá o Cartão do Adepto enquanto a acção principal é decidida, o que poderá demorar cerca de um ano e, como tal, foi absolutamente indispensável começar por aí este caminho. O tribunal entendeu, no primeiro despacho, que a forma do processo deveria ser um pro-
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cedimento cautelar genérico, e assim se avançou para que o Ministério da Educação se pronunciasse pelos argumentos expostos que a APDA apresentou ao tribunal. Fomos confrontados com a resposta do Ministério da Educação ao tribunal e a nossa reacção não foi mais do que ficarmos incrédulos com as palavras de um Ministério que tutela a área do desporto, mas que claramente pouco sabe sobre o assunto. Menções a tragédias como Heysel Park e Hillsborough fundamentam a necessidade da existência deste cartão. Dados de condenações por contra ordenações, que aparecem em 2 anos, como resultado de um trabalho nunca feito pelo IPDJ. Necessidade de intervenção para restrição de direitos fundamentais baseados na existência de contra ordenações ligadas aos adeptos. Nesta
peça até conseguimos ler que o próprio Ministério não conhece a lei, não a aplicando a competições não profissionais, desconhecendo ainda a definição de “jogos de alto risco”. Perante este tipo de argumentação, aos adeptos, que deram tudo para levar este assunto a quem de direito, só resta confiar na justiça e que esta argumentação pobre, incoerente e reveladora de ignorância leve a uma sentença a nosso favor. Obtida essa sentença, eis o que o futuro nos pode trazer: ou saímos com uma sentença favorável e avançamos para a acção que declara a nulidade desta norma, ou, não resultando a nosso favor, não nos restará outra alternativa senão avançar, de qualquer das formas, com esta acção. Seremos persistentes, até à última instância. Neste momento, este é o nosso último reduto. Neste momento, estamos entregues à balança da justiça.
Por Martha Gens, Presidente da APDA
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História do movimento organizado de adeptos na antiga Jugoslávia Consta que em Maio de 1931, um grupo de centenas de adeptos do FK Vojvodina viajou até Sabac em 6 autocarros. Nessa altura, fizeram mais viagens a cidades como Borovo, Osijek, entre outras. Viagens essas que eram realizadas também de comboio e de barco a vapor. Em Dezembro de 1937, fundou-se o primeiro grupo de apoio do Vojvodina, que se estima ser também o primeiro grupo de apoio da Jugoslávia. Naturalmente, a partir do início da Segunda Guerra Mundial o grupo diluiu-se e acabou. Fundado a Março de 1945, em poucos meses, o Estrela Vermelha passou a contar com um grupo de apoio, formado por cerca de 100 jovens, a maioria de zonas burguesas, contando também com gente de zonas operárias. No final dessa década, apoiavam com guizos, sinos e bandeiras. Em Outubro de 1950, um dia antes dum jogo histórico entre Hajduk Split e Estrela Vermelha, no qual o clube de Split garantiu o seu terceiro título de campeão da Jugoslávia, foi fundada a Torcida Split. O nome “Torcida” advém da inspiração encontrada nas torcidas brasileiras, que foram apreciadas por um grupo de marinheiros croatas durante jogos do Mundial de 1950, inclusive na final do “Maracanazo”. A essa experiência por parte dos marinheiros aliaram-se jovens de Split que estudavam em Zagreb, que tinham vontade de organizar melhor o apoio ao Hajduk. Dias depois do jogo de estreia do grupo, o mesmo viu-se alvo de repressão por parte do regime jugoslavo, que sancionou o clube, proibiu as actividades e apresenta-
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ção do nome do grupo, chegando a prender e deter vários elementos. Ainda assim, o apoio continuou a sentir-se nos estádios. No final dos anos 50, os adeptos do Partizan começam a organizar as primeiras concentrações antes dos jogos e aparecem as primeiras bandeiras nas bancadas. O mesmo aconteceu com os rivais do Estrela Vermelha que, nos anos 70, já tinham o hábito de se reunir em convívio antes dos jogos e de partir para o estádio em cortejo. No topo norte do Marakana e pelos estádios e ruas, viam-se bandeiras de grandes dimensões. Nessa altura, os mesmos mostravam pelo país e pela Europa a sua grande falange de apoio. Igualmente na década de 70, no Estádio JNA (Partizan) começavam a surgir as primeiras grandes bandeiras, tal como os primeiros cânticos tendo, a partir daí, aumentado o número de elementos de grupos de apoio, grupos esses que acabaram por se unificar sob o nome de Grobari. Enquanto isso, no território croata, os adeptos do Osijek formam o Sokci, o primeiro grupo organizado afecto ao clube. Já nos anos 80, num momento de grande crispação política no país, com a separação do mesmo em discussão, a influência Hooligan e a influência Ultra começam a sentir-se nas bancadas, misturadas com o nacionalismo e sentimento de pertença, surgindo muitos grupos de apoio. Um dos exemplos disso está patente na massa adepta do Estrela Vermelha, no qual surgiram os Red Devils (grupo com influência Hooligan) e os Ultras (grupo com influência Ultra), que abriram portas ao entusiasmo crescente nos jovens, que resultando na fundação de pelo menos mais 7 grupos afectos a esse clube. Em 1989, com a situação política a agravar-se entre o povo sérvio e croata, todos os grupos se reúnem e determinam que se unificariam, fundando o Delije. Este grupo assumiu-se como um grupo de nacionalistas radicais sérvios, tendo sido imposta a regra de que não se poderia falar de outros nomes além de Sérvia e Estrela Vermelha em conversas entre os membros, algo que se mantém em vigor até hoje. Foi então na segunda metade da década de 80 que se deu o “boom” de grupos de apoio por toda
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a Jugoslávia. Por exemplo, na Croácia em 1986, muito por culpa do que a Torcida Split acrescentava surgem vários grupos, sendo a Osijek Torcida (afectos ao Osijek) um bom exemplo disso. Surgem também, no mesmo ano, os Bad Blue Boys, que foram o primeiro grupo organizado do Dinamo Zagreb. Os BBB são um dos expoentes do nacionalismo croata, reivindicando, desde cedo, a vontade de lutar pela independência do seu país de origem. Na região da actual Macedónia, surgem em 1985 o Ckembari, num jogo em que adeptos do Pelister viajaram em 21 autocarros até território actualmente croata, para apoiar a sua equipa de Andebol. Dois anos depois, nasce o Komiti, afecto ao Vardar. A escolha do nome demonstra bem a inspiração nacionalista macedónia, uma vez que Komiti é o nome de um grupo que enfrentou a ocupação turca no final do século XIX. Em 1989, aparece o Shvercerat, em apoio ao Sloga, clube que actualmente se chama Shkupi. Os membros do grupo consideram que o mesmo nasce do seu amor ao clube e da necessidade da comunidade de origem albanesa em fazer sentir a sua voz e revolta. Consideram-se o primeiro grupo Ultra albanês. Em Ljubljana, actual capital eslovena, em 1986 o apoio entusiasta ao Olimpija começa a ganhar força. No Outono de 1988 surge, pela primeira vez, uma faixa com a inscrição “Green Dragons”, sendo até hoje desconhecido o autor da mesma. Facto é, que a mesma influenciou positivamente os jovens adeptos do clube e a partir daí começaram a organizar-se e a crescer. Em 1989, surgem cerca de 15/20 adeptos, que se auto-demominaram de Marinci. No seu auge, o grupo teve 40 membros. No último jogo dessa época, alteraram o nome para Viole Maribor. Antes disso, o povo de Maribor apoiava principalmente os 4 clubes de maior dimensão da Jugoslávia. Com independência da Eslovénia, essa mentalidade mudou e hoje o Maribor tem a maior falange de apoio do país. Relatos contam que o apoio organizado ao FK Sarajevo tenha surgido na década de 1950, a partir da bancada oriental do Estádio Kosevo. Com uma cultura bairrista, originária de três bairros do centro da cidade, os adeptos “marron” destacavam-se pelo apoio, mas também na exigência com os seus jogado-
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res e nos incidentes que provocavam. Tais incidentes levaram a que a direcção do clube os mobilizasse para o topo norte do estádio, visto que essa era a bancada mais distante do relvado. E é lá que, em 1987, aparece a Horde Zla, grupo influenciado pela crescente onda Ultra. Já o FK Zeljeznicar Sarajevo, tem uma massa adepta que se destaca pelo número que mobiliza desde a primeira metade do século XX. Este clube da actual capital da Bósnia-Herzegovina, conta com os The Maniacs, grupo fundado em 1987. Os Varvari são um grupo fundado em 1987, que apoia o Buducnost. É o maior grupo de apoio de Montenegro, algo que foi sendo construído desde os anos 70, a partir de concentrações e apoio vocal nos jogos. Entre 1992 e 1994 suspenderam a actividade do grupo, fruto dos conflitos que já levaram os membros a ver a desintegração de dois estados e, por fim, a independência montenegrina. Os adeptos mais fervorosos do Sutjeska acabaram por criaro grupo Vojvode Niksic, em 1988. Em Maio de 1990, deu-se lugar a um jogo que será para sempre histórico. Cerca de duas semanas antes da primeira eleições livres e multi-partidárias da Croácia, o Dinamo Zagreb recebia o Estrela Vermelha, tendo os Delije apresentado-se em território croata com cerca de 3 000 elementos. O dia foi marcado por graves confrontos pela cidade e no estádio, no qual ficaram feridas cerca de 60 pessoas, sequência de confrontos com mãos, ferros, tiros, facadas, gás lacrimogéneo, etc. Isto aconteceu depois de provocações desferidas através de cânticos e após invasão de campo dos Bad Blue Boys e dos Delije. Em Junho de 1991, começou a guerra da Jugoslávia, onde um grupo de Delije participou activamente sob a liderança de Zeljko Raznatovic, mais conhecido por Arkan. Ele lutou pela Jugoslávia e pela Sérvia, embora tenha nascido na Eslovénia. Ligou-se ao crime desde tenra idade, muito por culpa do contexto familiar. Durante a sua primeira condenação a prisão, lançou as bases para a criação de um grupo criminoso, o qual liderava. Mais tarde, passou a ter ligações íntimas com políticos influentes, como Josip Tito (presidente jugoslavo) e outros ministros. Durante o enfraquecimento do estado jugoslavo, já durante
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a presidência de Milosevic, tornou-se líder do Delije. O grupo de apoio ao Estrela Vermelha foi usado como base de recruta para o que viria a ser a Guarda Voluntária Sérvia, grupo paramilitar que combateu a independência croata, apoiada pelo governo central jugoslavo, e mais tarde a independência bósnia. Os Bad Blue Boys, que apoiavam Franjo Tudman ainda antes da sua eleição para primeiro-ministro croata, também tiveram um numeroso grupo de elementos a combater. Em ambos os estádios, existem monumentos em homenagem aos combatentes dessa guerra que marcou a dissolução da Jugoslávia e levou à formação de 6 países independentes. Tanto Horde Zla, como The Maniacs marcaram desde cedo o movimento jugoslavo, através de grandes deslocações, incidentes e apoio fortes. Além disso, muitos dos membros destes grupos deram a vida pela sua actual pátria, durante a Guerra da Bósnia. Ao passo que o Horde Zla considerava-se um grupo apolítico, mais tarde acabou por ser uma das primera organizações a apoiar publicamente a luta pela independência bósnia. Durante esse conflito, o bairro de Grbavica, no qual o estádio do Zeljeznicar está inserido, era uma das linhas da frente de batalha. Um dos fundadores e líder dos The Maniacs morreu nesse contexto, ficando por essa altura o estádio do “Zeljo” gravemente danificado, devido a bombardeamentos. Por L. Cruz
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Desastres da bancada Estádio Ibrox (Glasgow - 5 de abril de 1902) Durante uma partida que colocou a Escócia frente à Inglaterra, com fontes da época a declarar que estavam presentes, no estádio, 68.000 pessoas, enquanto outras diziam que o valor tinha atingido os 80.000, por volta do minuto 30 da partida, parte de uma das bancadas desabou. Este acidente levou à queda de 200 a 300 pessoas. Dias depois o The Scotsman noticiou que 500 adeptos ficaram feridos, sendo que 2 foram declarados mortos no local e outros 23 viriam a falecer nas três semanas que se seguiram, fruto dos ferimentos sofridos no desastre. Este caso levou a que fosse repensada a construção das bancadas com novos materiais, mais resistentes, em detrimento da madeira, que era o comum à época.
Burnden Park (Bolton - 9 de março de 1946) Numa partida disputada entre o Bolton e o Stoke City, a contar para a FA CUP, o estádio teve uma assistência estimada em mais de 85.000 adeptos, quando a sua capacidade máxima era de 65.000. Mesmo com os bilhetes esgotados, os adeptos continuaram a tentar entrar, escalando o recinto. À medida que iam empurrando os outros adeptos (que já estavam na bancada) em direcção ao relvado. Com isto duas barreiras desabaram e uma multidão caiu para frente, esmagando quem estava em baixo. Esta tragédia resultou na morte de 33 pessoas e cerca de 400 feridos, todos adeptos do Bolton.
Tragédia da porta 12 (Buenos Aires - 23 de junho de 1968) Numa partida realizada no Estádio Monumental, entre o River Plate e o Boca Juniors, foram esmagadas até à morte 71 pessoas enquanto 113 ficaram feridas. O incidente ocorreu, já após o apito final, junto à porta 12, quando os adeptos desciam o túnel de acesso à saída para o exterior. Só que, sem se ter a certeza do porquê, os portões estavam fechados. Aqueles que estavam na dianteira da multidão sofreram as consequências do esmagamento. E foram os únicos a sofrer pois no final ninguém foi responsabilizado pela tragédia.
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Estádio Nacional (Lima - 24 de maio de 1964) No último minuto, num jogo entre o Peru e a Argentina, o árbitro anulou um golo à equipa da casa. Essa decisão deixou os adeptos revoltados e provocou uma invasão de campo. A polícia respondeu violentamente atirando gás lacrimogéneo para as bancadas o que acabou por gerar o pânico. Em resposta, os adeptos tentaram sair em massa do estádio para se protegerem do gás mas, infelizmente, as grades encontravam-se em baixo e travaram os adeptos que tentavam sair. A pressão exercida por aqueles que estavam atrás foi fatal para os que estavam à frente. A força era tanta que até as grades acabariam por ceder. O número oficial de mortes foi de 328 mas, em abono da verdade, convém informar que esse número fica aquém da realidade, pois não contabiliza os adeptos que foram mortos a tiro. Esta é a maior tragédia da história dentro de um estádio de futebol até aos dias de hoje.
Estádio Kayseri Ataturk (Kayseri - 17 de setembro de 1968) Durante a partida de futebol entre os clubes do Kayserispor e Sivasspor, adeptos de ambos os clubes envolveram-se em confrontos. Alguns deles estavam armados com bastões, facas e pedras. A violência não ficou contida no recinto e propagou-se para fora do estádio, provocando vários incidentes graves. Deste episódio resultaram 44 mortes e, segundo a imprensa, cerca de 600 feridos.
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Estádio Ibrox (Glasgow - 2 de janeiro de 1971) Num dia de jogo, entre os rivais Rangers e Celtic, o Ibrox Stadium contou com mais de 80.000 adeptos. Supostamente este incidente aconteceu porque alguém caiu das escadas enquanto saía do estádio o que originou a queda de muitos outros adeptos, empilhando-se uns em cima dos outros. O inquérito oficial acabaria por deitar esta tese por terra. Do incidente resultaram 66 mortos e mais de 200 feridos. O desastre levou o governo britânico a investigar a segurança nos campos desportivos, culminando a publicação de um Guia de Segurança para Terrenos Desportivos, no ano de 1973.
Estádio Karaiskakis (Faliro - 8 de fevereiro de 1981) Após a vitória do Olympiacos sobre o AEK de Atenas, por seis bolas a zero, os adeptos dirigiram-se rapidamente para o exterior do estádio em celebração pelo triunfo. Junto ao histórico Gate 7, uma porta parcialmente fechada provoca desiquilíbrio a alguns adeptos e consequente queda em série. Este acidente originou 21 vítimas fatais e cerca de 55 feridos.
Estádio Luzhniki (Moscovo - 20 de outubro de 1982) Era dia de jogo, para a Taça UEFA, entre o FC Spartak Moscow e o HFC Haarlem e a minutos do fim da partida, centenas de adeptos afectos à equipa da casa tentaram sair em massa para apanhar o metro. Este incidente faz lembrar uma versão sobre o que ocorreu no Estádio Ibrox em 1971, onde uma adepta caiu nas escadas e fez com que os outros também caíssem e fossem esmagados. O inquérito oficial refere que o número de vítimas foi de 66 adeptos, mas a imprensa noticiou números que chegam até às 340 vítimas.
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Valley Parade (Bradford - 11 de maio de 1985) O incêndio no estádio de Bradford City ocorreu durante uma partida da Terceira Divisão da Liga Inglesa entre Bradford City e Lincoln City. Este estádio era antigo e ainda apresentava uma cobertura em madeira. Esta tragédia começou com um pequeno incêndio que, em menos de quatro minutos e por força do vento, atingiu toda a bancada, onde dois idosos acabariam por ser engolidos pelas chamas nos próprios lugares. Muitos adeptos saltaram para o campo para se salvarem enquanto outros, que se encontravam mais atrás, morreram apanhados pelas chamas ao tentar sair pelos portões, que haviam sido trancados após o início da partida. No final, 54 adeptos tinham morrido e 265 ficaram feridos. O desastre levou a novos debates e foram proibidas as bancadas em madeira.
Heysel Park (Bruxelas - 29 de maio de 1985) Este episódio tornou-se, pelos piores motivos, um dos desastres mais conhecidos da história mundial do futebol. Tudo aconteceu durante a final da Taça dos Campeões Europeus, num jogo entre a Juventus e o Liverpool. Os incidentes começaram antes do jogo, mas foi dentro do recinto desportivo que o pior aconteceu. Ao contrário do que estava planeado pelos agentes de segurança, na bancada norte estavam adeptos de ambas as equipas, separados unicamente por uma pequena barreira e alguns polícias. Durante a partida os adeptos Ingleses que se encontravam nessa bancada atacaram os adeptos da Juventus. As barreiras não aguentaram e só restou a fuga aos adeptos da Juventus, o que os levou a pressionar outros que estavam mais perto do muro lateral da bancada. Muitos desses foram espezinhados pelos que fugiam em desespero. No final 39 adeptos morreram e foi noticiada a informação de cerca de 600 feridos.
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Estádio Dasharath (Kathmandu - 12 de março de 1988) Durante uma partida de futebol, entre Janakpur Cigarette Factory Ltd e o Exército de Libertação de Bangladesh, com uma assistência a rondar os 30.000 adeptos, 93 pessoas morreram e cerca de 100 ficaram feridas ao tentar fugir de uma tempestade de granizo. Face ao pânico, gerado pela inesperada chuva de granizo, os adeptos tentaram fugir para a única bancada coberta. De imediato a polícia repele a multidão que foge para a bancada sul e dirigindo-se ao túnel que dava acesso à saída do estádio. Infelizmente as portas encontravam-se fechadas e, dentro do túnel, os que estavam na frente tiveram um destino fatal.
Estádio Hillsborough (Sheffield - 15 de abril de 1989) O Liverpool FC e Nottingham Forest defrontaram-se num jogo a contar para as meias-finais da Taça de Inglaterra. A causa deste desastre não foi a violência, mas a sobrelotação do estádio. Os adeptos do Liverpool ao entrar para a bancada, que já estava totalmente preenchida, iam empurrando os da frente que, sem hipótese de contrariar essa pressão, eram esmagados contra as redes pelo peso da multidão. Muitos adeptos salvaram-se ao invadir o terreno de jogo enquanto outros, mais atrás, agarravam as mãos de quem os tentava puxar para a bancada superior. Esta tragédia levou à morte de 96 adeptos, todos eles do Liverpool, e 766 ficaram feridos. Foi, até hoje, o maior desastre do futebol inglês e certamente um dos maiores de todo o mundo. Um ano depois o relatório oficial do governo culpa os adeptos, algo que foi sempre rejeitado por estes. A 12 de setembro de 2012 houve uma reviravolta. O Hillsborough Independent Panel concluiu que nenhum adepto do Liverpool era responsável pelo desastre e que a sua principal causa foi a “falta de controle policial”. Na sequência disso, o Tribunal Superior anulou os veredictos nos inquéritos originais e ordenou a realização de novos inquéritos. O Partido Trabalhista descreveu a manipulação do desastre de Hillsborough como o “maior erro judiciário dos nossos tempos”.
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Estádio Oppenheimer (Orkney - 13 janeiro 1991) Decorria o jogo, de pré-temporada, entre Kaizer Chiefs e Orlando Pirates quando os adeptos afectos à equipa visitante, descontentes pela validação de um golo do adversário, atacaram os adeptos da casa com latas e fruta. Os apoiantes do Kaizer Chiefs fugiram em debandada, sendo que alguns caíram no chão e foram pisados pelos restantes. Num estádio com lotação acima da permitida, o incidente resultou em 42 adeptos mortos e um número de feridos não conhecido.
Estádio Ellis Park (Joanesburgo - 11 de abril de 1991) Num jogo entre Kaizer Chiefs e Orlando Pirates, assistiam à partida cerca de 60.000 pessoas. Contudo, existem relatos de que pelo menos 30.000 adeptos se encontravam no exterior a tentar entrar. No relatório referiram que entram no estádio 120.000 adeptos. Num estádio lotado, os que se encontravam no exterior, continuaram a forçar a entrada e foi isto que levou ao esmagamento de 43 pessoas. O lançamento de gás lacrimogéneo sobre a multidão comprometeu a actuação da polícia que acabou por agravar a situação.
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Estádio Armand Cesari (Furiani - 5 de maio de 1992) O jogo, em que o SC Bastia recebeu o Olympique de Marseille, ficou marcado pelo desabamento de uma bancada antes do jogo que provocou a morte a 18 adeptos e deixou 2357 feridos. Essa bancada amovível tinha sido instalada propositadamente para este jogo de forma a aumentar a capacidade do estádio e, desde cedo, apresentou sinais de fragilidade na estrutura.
Estádio José de Alvalade (Lisboa - 7 de maio de 1995) Faltava meia hora para o início da partida, entre o Sporting CP e o FC Porto, quando o autocarro do FC Porto chega ao estádio, junto à porta 12-A. Nesse momento um número considerável de adeptos, que já se encontravam no interior do recinto, fez questão de receber o adversário, com algumas provocações à mistura, dirigindo-se ao varandim como já era habitual em situações semelhantes. Infelizmente, com a pressão, o varandim não aguentou e cedeu. Como consequência, deste episódio, 2 adeptos perderam a vida e 18 ficaram feridos. Ainda hoje, José Gonçalves e Paulo Ferreira, o Zé e o Paulo, ambos elementos da Juventude Leonina, permanecem na memória de muitos Sportinguistas.
Estádio Doroteo Guamuch Flores (Guatemala - 16 de outubro 1996) Minutos antes da partida, entre a Guatemala e a Costa Rica, pelo menos 83 pessoas foram mortas e mais de 140 feridos, sufocadas e esmagadas, por ter existido uma afluência maior que o permitido numa das bancadas, um problema que se deveu à venda de bilhetes falsos. Foi estimado que estavam no estádio cerca de 15.000 pessoas a mais do que a lotação permitia.
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Estádio Accra Sports (Accra - 9 de maio de 2001) Naquele dia jogavam duas das principais equipas do Gana, Accra Hearts of Oak Sporting Club e o Asante Kotoko Sporting Club. A equipa da casa acabaria por vencer a partida por 2 a 1, o que não agradou aos adeptos visitantes que logo após o jogo começaram a atirar garrafas e as cadeiras para dentro o relvado. Em resposta, a polícia disparou gás lacrimogéneo para os adeptos. O pânico instalou-se e a multidão precipitou-se em direção às saídas, fugindo do gás para procurar segurança. Só que, à semelhança de outros desastres, os portões estavam fechados. Um inquérito oficial responsabilizou a polícia por uma reacção exagerada, com comportamento imprudente ao disparar indiscriminadamente balas de plástico e gás lacrimogéneo. Este caso custou a vida a 127 adeptos e outros feridos, em número que não nos foi possível apurar. Ficou na história como o pior desastre nos estádios africanos. Estádio Port Said (Port Said - 1 de fevereiro de 2012) Após um jogo entre o Al-Masry e o Al-Ahly, pelo menos 79 adeptos morreram e mais de mil ficaram feridos. Milhares de adeptos invadiram o campo após a vitória de Al-Masry e atacaram violentamente os rivais do Al-Ahly usando tacos, facas, pedras, garrafas, tochas e até foguetes. Muitas das mortes ocorreram devido à recusa da polícia em abrir os portões do estádio, prendendo os adeptos do Al-Ahly dentro da bancada. Foram presos mais de 430 adeptos do Al-Masry. Setenta e três réus, incluindo 9 polícias e 2 oficiais do clube Al-Masry de Port Said, foram acusados após os distúrbios. Em fevereiro de 2017, 10 réus foram condenados à morte e 26 foram absolvidos, incluindo 7 polícias e um oficial do clube Al-Masry. Dos 37 réus restantes, 10 receberam penas de 15 anos de prisão, 9 receberam sentenças de 10 anos e 16 receberam sentenças de 5 anos, incluindo os 2 polícias restantes e um funcionário do clube Al-Masry. Um réu recebeu uma sentença de 1 ano e um novo julgamento foi ordenado para um réu condenado à morte à revelia em junho de 2015. Há versões que associam esta tragédia a interesses políticos mas, para não nos alongarmos demais, deixamos essa parte para investigação dos nossos leitores. Este desastre levou o governo a proibir a realização do campeonato Egípcio durante dois anos. Por J. Lobo
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Comunicação independente para adeptos A comunicação é, por definição, o processo que envolve a troca de informação entre dois ou mais interlocutores. Quando temos por base este conceito e consideramos a actualidade do panorama nacional da comunicação concluimos que algo de muito errado se passa com a nossa comunicação social. Assistimos hoje a uma situação em que o que é publicado, obedece a uma visão parcial, já digerida e, muitas vezes, hipotecada de interesse, sejam políticos, económicos, mediáticos ou apenas focados em audiências fáceis. Como resultado da prestação de um mau serviço de informação temos uma população que, cada vez mais, se afasta dos tradicionais meios de comunicação . Ao mesmo tempo fruto da evolução tecnológica e decorrente adaptabilidade da sociedade, vemos fortalecidos os meios digitais que vieram ajudar a abrir portas a novos intervenientes e a uma nova realidade na partilha de informação. Esperamos que este seja o início de uma nova era, a era de uma comunicação mais independente. É preciso dar resposta ao crescente número de pessoas que anseia por projectos que saiam da órbita dos muitos interesses instalados, que transmitam a real pluralidade presente no meio desportivo, que não fiquem reféns do mercado e que, ao invés de distorcerem a realidade e criarem narrativas que servem interesses duvidosos, sejam efectivamente capazes de informar! A mudança de paradigma está ao nosso alcance. É tempo de todos terem voz, é tempo de juntos colaborarmos para construir uma nova realidade. Nesse proprósito indentificamos e convidamos três projectos que, dentro do seu segmento, servem de exemplo e muito têm feito por passar uma boa informação elevando assim o nível do desporto mas, em particular, o dos adeptos, tanto pelo esclarecimento como pela formação a que estes conteúdos incentivam!
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A BRINCADEIRA QUE SE TORNOU UMA COISA (MUITO) SÉRIA! Uma brincadeira! Pode-se dizer que foi assim que começou a Economia do Golo. Estávamos em Dezembro de 2016 e a ideia era eternizar alguns factos que, a título pessoal, poderia considerar marcantes no futebol. Simplesmente isso... Aliás, a página foi criada sem pensar sequer nos que estavam de fora, nos que a iriam ler. Foi criada de mim, para mim, para registar factos que pudesse considerar curiosos, especialmente nos aspectos económicos do jogo. Aliás, por projectos anteriores, nem sequer lhe poderia augurar grande visibilidade, essa é que era a verdade. Porém, desde os primeiros dias, percebi que havia algo diferente na visibilidade da página, na sua interacção com os seguidores. Estes cresciam exponencialmente, apareciam cada vez mais comentários, discussões, a maioria delas de modo construtivo. Não esperava isso, reitere-se... mas era verdade. Os verdadeiros apaixonados do desporto-rei interessam-se por outros aspectos do jogo, por conhecer momentos marcantes do mesmo, sem ter de falar do fora de jogo ou da grande penalidade que não foi assinalada. Esse, talvez, seja o segredo... de modo despudorado trazer outra visão do jogo, dos seus protagonistas, mas sem qualquer cartilha que nos constranja a inopinadas limitações, que nos induza a agradar a quem quem que seja, ou a promover tercei-
ros com algum interesse. Contudo, não pensem que não promovemos quem merece. Aliás, procuramos fazê-lo. Promover quem não tem espaço nos jornais desportivos nacionais sempre tão sôfregos de falar dos três emblemas nacionais mais titulados. Promover os clubes de menores recursos financeiros, sem possibilidades de merecer destaque nos canais tradicionais. Além disso, promover os belos gestos dos protagonistas do desporto-rei, demonstrando que, ao contrário do que dizem, ainda nele há romantismo, solidariedade, uma filosofia social... sim, o futebol mudou, tornou-se quase uma linha de produção, mas “ela só produz”, porque nela estão pessoas com sentimentos, paixão e emoção. Não podemos, acima de tudo, esquecer os adeptos. Desde que este projecto se alargou para além dos aspectos económicos do jogo, eles tornaram-se a essência do que vamos fazendo. Ora, se é lida por estes, nada mais justo que dar-lhes destaque. As suas iniciativas! O modo como demonstram a paixão avassaladora pelas suas cores! Por essa razão, incentivámos todos a enviar fotografias dos seus clubes em iniciativas como “O Meu Clube é um Grande!”, “O Campo da Minha Terra”, entre outras em que quisemos demonstrar que o país vai além do tripartidarismo que muitos querem promover. Será sempre esse o maior dos desafios! A mãe de todas as lutas! Combater quem não se sente bem quando demonstramos que o país tem vida para além dos mais falados. Abrir horizontes a quem vive
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o futebol no sofá, sem saber o calor que uma bancada traz! Demonstrar que, mais que ganhar, importa o amor com que se sente! Que vencer é bom, mas estar noventa minutos, com os amigos, à chuva ou ao Sol, a defender a causa em que sempre acreditamos é ainda melhor, pois despe-nos de qualquer subjectividade. Somos aquilo e aquilo continuaremos a ser! Para além disso, ambicionamos chegar mais longe. Trazer à página gente que possa ensinar algo. Aqueles ídolos de sempre! A primeira aventura nesse domínio do audiovisiual foi um verdadeiro sucesso. Quatro antigos jogadores do Vitória SC, pois nada mais justo que começar pelo clube da cidade onde o projecto viu a luz do dia, permitiram que fizéssemos um programa diferente, em que de tudo se falou. Mais de dez mil visualizações demonstram que a aposta foi um êxito e que deverá ser para continuar. Porém, ninguém duvide que o caminho é árduo. Falar “saindo da caixa”, colocando os três clubes mais titulados e mencionados em plano de igualdade com os demais requer “estômago” forte pelas críticas duras. A falta de hábito que os adeptos desses clubes têm de ver as cores que professam questionadas, leva-os à discussão, ao confronto, ao desaforo. No fundo, trata-se de algo que sabemos que temos de enfrentar, ainda que, por vezes, o tom desabrido de alguns comentários nos cause estupefacção. Contudo, o nosso caminho está traçado. Um projecto de comunicação desportiva independente, sério e sempre activo, para chegar onde nos permitirem! Por Vasco Rodrigues
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JÓNATAS
Uma Quarentena que foi... da Bola! «Um homem com novas ideias é um louco até que as suas ideias triunfem.» MARCELO BIELSA Março de 2020. A Pandemia do Covid-19 é uma realidade irrefutável. Atónitos e em choque assistimos ao Mundo a fechar-se, gradualmente, em casa. Um país atrás do outro, até que chegou a nossa vez. Portugal confinava. E todos nos debatemos, de uma forma ou de outra, com maior ou menor dificuldade, com maior ou menor capacidade de adaptação, para nos encaixar nesta “nova realidade”. Eu, confesso sem problemas, fui dos que inicialmente me debati muito. A empresa onde trabalhava fechou no arranque do confinamento, o que me fez entrar no confinamento preenchido por desilusão e apreensão. Demorei cerca de 10 dias a lidar com o assunto. Nesse período, passei de consumir avidamente as notícias constantes sobre a Pandemia e seus efeitos nas economias (e nos mais diversos sectores) dos diferentes países, para não ligar sequer a televisão, a não ser para ir vendo o que o futebol e o desporto “produziam” em termos noticiosos. Até que o futebol, o desporto, também pára. Lockdown! E, por incrível que pareça, foi nesse mo-
mento que se deu o tal “click” para mim. Numa primeira fase a Quarentena da Bola nasce apenas e só com um intuito: Entreter-me. Manter a minha mente ocupada, e longe das núvens negras da primeira semana e meia de confinamento. E, por motivos óbvios, tendo em conta o meu passado e presente ligados ao Futebol, como Director Desportivo, e ao Jornalismo (quase sempre como Jornalista que cobriu Desporto), naturalmente juntei essas duas áreas. Os “lives” das redes sociais é um novo paradigma que já se havia, paulatinamente, instalado nas nossas vidas, e o resultado final da equação da vontade de falar sobre futebol quando não havia futebol, com protagonistas de futebol, numa rede social para poder ser acessível a mais gente que estivesse a precisar do mesmo medicamento, do mesmo antídoto, da mesma distração que eu, foi igual ao nascimento da Quarentena da Bola. No entanto, o que começou por ser uma ideia para juntar adeptos, treinadores, dirigentes, agentes e jogadores a falar de como estavam a lidar com a Quarentena, e que impacto a mesma estava a ter nas suas vidas, transformou-se em duas semanas num caso sério de visibilidade e seguidores. A evolução desta ideia para um projecto em que se começou a falar do jogo e do treino, em que se deu voz a campeonatos e protagonistas quase sempre esquecidos na Comunicação Social “mainstream”, foi absolutamente natural. Ou seja, não foi pensada, ou planeada até final de Abril.
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Esse foi o momento em que tive de me render (e de me orgulhar) às evidências. A Quarentena da Bola, com as várias dezenas de convidados do primeiro mês, os vários milhares de seguidores, os muitos milhares de visualizações nos directos, estava de certo modo a fazer história. Estava a provar que é possível falar de futebol em Portugal, falando das ideias sobre o jogo, o treino, e sobre uma paixão que nos une a todos. Estava a provar que não só existe em Portugal (e nos países lusófonos) gente, mesmo muita gente, que gosta e quer ouvir falar sobre o Jogo como, também, os treinadores portugueses gostam e estão disponíveis, assim se criem condições para isso, nomeadamente no tipo de questões que lhes são colocadas, de partilhar as suas ideias, conceitos e metodologias com todos aqueles que gostam verdadeiramente de futebol. De resto, essa abertura que conseguimos criar na Quarentena da Bola, essa forma desassombrada de falar sobre o treino e o jogo, de falar sobre assuntos que normalmente, até então, estavam, na esmagadora maioria das vezes, reservados aos balneários dos clubes, resultou inclusivamente em várias menções em jornais, rádios e televisões nacionais. Resultou também na edição de um livro, pela editora Prime Books, o DESCODIFICANDO O TREINADOR E O JOGO, um guia que, sem falsas modéstias, poderá muito bem ser um dos mais completos alguma vez compilados e editados com as filosofias, com a forma muito particular, muito própria, como todos os treina-
dores citados olham para o treino e para o jogo. Provou, também, a necessidade de espaços deste género. Sem filtros, mas sem “preocupação” com as questões laterais ao jogo e ao Desporto. Provou, essencialmente, o que muitos já previam há algum tempo: o futuro passa por aqui. Não terá sido por “acaso” que, a dado momento, era um total (contei-as eu) de 114 plataformas que, entre Facebook e Instagram, “operavam” no mesmo espaço da Quarentena da Bola (fora as que abordaram outros temas, assuntos ou áreas para lá do Desporto). É verdade que muitas dessas plataformas entretanto “morreram”, “desapareceram” ou deixaram de produzir conteúdos quando se chegou ao fim do primeiro confinamento. Ou que outras perderam, após o final desse primeiro confinamento, seguidores, visualizações e, consequentemente, alento. Porém, algumas se mantiveram. Algumas se mantêm. Com seguidores fiéis. Público fiel. Programação já estrutrurada e fixa, inclusivamente com patronos. É o caso da Quarentena da Bola. No momento em que escrevo este texto, a 21 e Janeiro de 2021, a Quarentena da Bola completa 10 meses de existência. E completa 10 meses com um canal de Youtube e mais de 25 mil seguidores na sua página de Facebook, que geraram mais de meio milhão de visualizações em cerca de 200 programas, por onde passaram mais de 400 convidados, dos mais conceituados treinadores do futebol português, a outros do Futebol Distrital, do Futebol Feminino, do Campeonato de Portugal e 2ª Liga, até ao Futebol de
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Formação. Jogadores, de internacionais AA por Portugal a jogadores de todas as realidades atrás citadas. Dirigentes, de confederações, federações, associações e clubes. Agentes, Coordenadores Técnicos, Psicólogos, especialistas de Coaching ou de Direito Desportivo, comentadores de renome. Todos eles passaram pela Quarentena da Bola e continuarão a passar. Um espaço independente, sem amarras de linhas editoriais sufocadas pela necessidade de agradar a públicos (ou clubes) alvo. Um espaço que espero, sinceramente, continue a ser conhecido como um contributo que serve para colocar no topo da pirâmide as discussões e reflexões sobre o Jogo e toda a riqueza subjacente ao mesmo. Um espaço que continuará a ser de liberdade de expressão, de opinião e de voz aos protagonistas, independentemente do patamar em que se encontram ou da área a que estão ligados dentro das estruturas clubísticas ou associativas. Mais que as minhas palavras, gostaria de fechar com as de outros, insuspeitos, conhecedores mas, acima de tudo, meus Amigos, sobre a Quarentena da Bola. “Tudo o que a Quarentena da Bola nos mostrou desde o primeiro minuto foi o oposto a uma cultura de anti-futebol. Um projecto capaz de viver num planeta bem distante daquele onde habita a desinformação e a manipulação que tantas vezes se vê em alguns conteúdos. E por isso, em pouco tempo, a Quarentena tornou-se uma referência. Uma marca para os que acreditam ser possível fazer diferente e
mostrar o futebol sem o ódio disseminado pelas tão famosas máquinas de comunicação. A única máquina usada pelo Rémulo, e por aqueles que o acompanharam, foi um computador. Um computador e as tecnologias que já cá estavam e que muitos insistem em utilizar para fins bem menos nobres. Um computador e a seriedade, firmeza e espírito positivo que caracterizam o autor deste projecto”. Luís Aguilar – Autor e Comentador Desportivo. “Este ano, quando o mundo foi fustigado pela pandemia e o nosso país entrou em confinamento, a Quarentena da Bola, uma ideia brilhante do meu amigo e companheiro Rémulo Jónatas, permitiu-me viajar no tempo sem sair de casa. De forma desassombrada, treinadores de prestígio fizeram as mais variadas abordagens sobre o perfil dos jogadores, treino, estratégia, tática, metodologias, preparação mental e física, etc. A Quarentena da Bola, num formato descontraído e sem tabus, fez-me recuar aos bons velhos tempos do meu futebol. Sou um espetador assíduo, procurando enriquecer conhecimentos e valorizar competências. A Quarentena da Bola é um espaço distintivo que merece o meu elogio e um especial agradecimento, porque para mim o futebol, apesar de estar diferente, será sempre uma paixão acrisolada!” Pedro Azevedo- Jornalista, Chefe de Redação da Rádio Renascença Por Rémulo Jónatas
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Isto aqui não é o Brinco do Baptista, ou a crónica dos enganos. «Uma vez por semana, o adepto foge de casa e vai até ao estádio. (...) Raras vezes o adepto diz: “Hoje joga o meu clube.” Em vez disso, diz: “Hoje jogamos.” Este jogador número doze sabe bem que é ele quem sopra os ventos do fervor que empurram a bola quando ela adormece, tal como os outros onze jogadores sabem bem que jogar sem claque é como dançar sem música. Quando o jogo termina, o adepto, que não saiu das bancadas, celebra a sua vitória (...) O estádio fica só e o adepto regressa também à sua solidão.» Tudo é uma boa desculpa para voltar a Eduardo Galeano. O escritor uruguaio escreveu como poucos sobre futebol. Aliás, sobre bola. Futebol é coisa de fato e gravata, de academia e balancetes, de transmissão televisiva e de campos perfeitos. Felizmente temos a bola. Temos a possibilidade de inventar o jogo a partir de uma lata espezinhada, de umas folhas de papel coladas, ou mesmo de uma bola remendada, juntamos duas mochilas em cada topo, e talvez haja umas linhas gastas ou mesmo traços imaginados que todos veem, e depois há espaço para o benjamim, o cota, o magro, o gordo, a democracia entre quatro linhas e quatro mochilas. O jogo é nosso. Nunca deixará de ser do povo. Bola. Como gostamos de bola. Repito Galeano «O adepto regressa à sua solidão.» Não há nada mais aterrador do que a solidão. A solidão de ter nas costas a tristeza de um país quan-
do falhas o penalty decisivo; solidão que é seres condenado à pena perpétua por teres ido buscar a bola ao fundo da baliza na final que ninguém queria perder no estádio repleto; a solidão de morreres desamparado depois de um último sorriso. O futebol pode ser muito solitário, mesmo quando estamos acompanhados. O podcast O Brinco do Baptista é o desejo de três amigos nunca estarem sós, de não voltarem a casa no fim de um jogo, de mostrarem que há bola muito para lá do relvado. Procurámos a pureza perdida no futebol e acabámos por encontrar algo mais. Vítor Baptista foi um vândalo. Calma, foi apenas um jogador indomável e isso é tão deslumbrante. Vítor Baptista foi um jogador errante que calhou ter feito sempre uma finta a mais. Vítor Baptista foi o jogador de bola num mundo de futebolistas. Podemos ter perdido o homem, mas ganhámos o mito. E o Brinco do Baptista também acabou por tornar-se algo bem diferente do que era no primeiro jogo.
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Das histórias de bancada (ep #33 #41) à história dos clubes (ep #22 #40) , do Benfica (ep #6 #44) ao mundo (ep #47 #26), fomos redescobrindo que o futebol é (mesmo) muito mais do que um jogo. Do racismo (dossier agosto 2020); homofobia (ep #29); igualdade de género (ep #13); filosofia (ep #14); humor (ep #16); religião (ep #23); vida e morte. Cada episódio tornou-se uma aula para nós e para quem nos ouve. E por estas noites fora, descobrimos a palavra liberdade. «A liberdade está a passar por aqui» canta Sérgio Godinho e é isso que sentimos em cada episódio. A grande vitória dos podcasts e dos projetos independentes - como o Benfica Independente, do qual o Brinco faz parte -, é a liberdade. São novos formatos e convidados diferentes, apenas a vontade de contar histórias é igual de projetos para projetos. Quer estejamos a falar de informação ou entretenimento, nenhum projeto independente pretende substituir-se aos ditos tradicionais mas, claramente, pretende mostrar que há caminhos paralelos e que é possível fazer diferente. Os tempos mudam, é normal que os conteúdos se modernizem e a exigência dos consumidores seja maior. No Brinco do Baptista procuramos o amor ao jogo mas também ao outro e o direito à diferença. Temos crescido na aprendizagem que “todos diferentes, todos iguais” também é válido para a bola. Um seixa-
lense, um farense, um belenense ou um benfiquista tem o mesmo amor ao seu clube e descobrir isso é aprender e voltar a usar quando falamos de um negro, uma mulher, um homossexual, um doente, um pobre, uma morte. O mundo que descobrimos em cada episódio é “rebenta a bolha” que os miúdos gritam nas brincadeiras. O Brinco é o nosso intervalo grande. O Brinco é o nosso «regresso semanal à infância». Apesar do episódio #38, não somos de apostas nem jogamos ao totobola- nem mesmo à segunda-feira -, por isso não arriscamos prever o futuro. Queremos continuar a ouvir «nunca tinha pensado nisso», «comprei aquele livro de que falaram», «fui ver um jogo da minha terra pela primeira vez», queremos deixar a marca de mudar mentalidades passando sempre despercebidos. Mas não podemos prender-nos a isso porque prender é parar. Por isso, garantimos que iremos sempre para campo na esperança de tirar o melhor dos nossos convidados. E agora temos de ir para dentro que a mãe já chamou três vezes. Por Aires Gouveia, João Tibério e Sérgio Engrácia.
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S E Õ T S SUGE APDA - A Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, como de resto já é de conhecimento comum, é a única associação portuguesa que trabalha, em várias frentes, em prol do reconhecimento e respeito à cultura de adepto. A associação está representada no Facebook pela sua página, mas também possuem um website próprio onde está disponível a ficha de inscrição online para, de modo simples e rápido, tornarem-se associados da APDA. www.adeptosportugal.pt
A página Firms Info está presente na rede social Instagram e oferece aos seus seguidores uma variedade de conteúdos que vão desde artigos de informação e notícias a entrevistas.
A Curva Ultra é uma página do Facebook que partilha material multimédia sobre o apoio dos adeptos às sua equipas, em especial sobre os Ultras. Deve ser, neste momento, o local onde existe mais informação reunida sobre as actividades actuais dos adeptos portugueses.
Nos anos em que se massificou o uso da internet, não faltavam elementos multimédia sobre Ultras que estivessem à disposição dos adeptos interessados, mas, pouco chegou até aos dias de hoje. A página de Facebook Velhas Maneiras Ultras, que reúne diverso material inclusive retirado de fanzines antigas, vem por isso, acrescentar uma parte interessante sobre a história dos grupos Ultras em Portugal.
A MagShop está presente no Facebook mas também conta com website. É uma página que reúne informações sobre diversas publicações de adeptos. Para os interessados no tema, torna-se um local de culto onde surgem frequentemente várias novidades vindas de todo os lados e é desse modo que consegue manter informados os leitores e se tornar uma referência. www.clubmagshot.livejournal.com
A Detras de la Portería é uma publicação impressa espanhola, que conta com um Website mas também como uma página de Facebook de onde podem retirar mais informações. Recentemente lançou o seu terceiro número que já se encontra esgotado. Felizmente a Cultura de Bancada conseguiu arranjar o último número desta fanzine e desde já vos podemos informar que tem bastante qualidade, tanto nos conteúdos como na impressão. www.detrasdelaporteria.com
Sport People é uma revista digital com website próprio, que se distingue por estar ao lado dos Ultras. Nascida em agosto de 2003, esta publicação tenta trazer, “com um pingo de honestidade intelectual”, algo mais do que a imprensa comum, que tem o hábito de julgar os Ultras sem nunca se preocupar em conhecer o lado deles. www.sportpeople.net
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À conversa com jorge moreira Oriundo de Matosinhos, no início da sua idade adulta formou-se professor. Atualmente, com 45 anos, lidera o Leixões Sport Club enquanto presidente, eleito em Dezembro de 2018. Pelo meio, esteve intimamente ligado a antigos grupos de apoio leixonenses, tendo sido, à posteriori, um dos fundadores da Máfia Vermelha. Foi líder da M.V. 03’ até se candidatar à presidência do clube de Matosinhos. Um percurso incomum, com muitos anos passados nas bancadas populares, até chegar aos escritórios e camarotes presidenciais, percurso que iremos conhecer melhor de seguida. Lembra-se do seu primeiro jogo visto in loco? Houve algo que o fascinasse? Bem, fazendo uma busca ao baú das memórias, atrevo-me a dizer que o “primeiro” jogo que me fez despertar para o futebol foi o Leixões-Benfica, encontro a contar para a Taça de Portugal, época 1982/83. Esse jogo teve o condão de me marcar pelo ambiente fantástico e, fundamentalmente, pelo colorido das bancadas expresso em centenas de bandeiras, algo muito normal na época. Pode contar-nos como trilhou caminho nas bancadas nacionais, mais especificamente nos grupos de apoio? Foi um processo natural. Na fase da infância, entre os 6 e os 12 anos, acompanhava o Leixões com o meu Pai e os seus amigos, empunhando com orgulho a bandeira gigante feita pela minha mãe. Não tinha bem a noção do jogo, mas gostava do ritual dos jogos: beber o Capri Sonne da praxe, comer uns tremoços e ver o apoio dado pelas claques: Piratas do Mar e Lobos do Mar. Nos jogos fora de Matosinhos, admito que ini-
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cialmente ia “contrariado”, pois na época, as recordações eram das “rixas” e das palavras do meu Pai ”Fica aqui! Não saias daqui, venho já!”- fenómeno repetido inúmeras vezes na década de 80. Ainda nessa etapa, deduzo que em 1983/84, fui com o meu pai e demais amigos assistir a um jogo que trilhou o meu futuro Boavista vs Sporting, no Estádio do Bessa, local onde fiquei fascinado ao ver dois grupos de apoio do Sporting (Onda Verde e Força Verde) abrirem inúmeras tochas. Essas imagens invadiram-me o pensamento durante demasiado tempo, pois achava aquilo de outro Mundo. Na fase da adolescência, a partir dos 12 anos, comecei a praticar desporto no Leixões pelo que, comecei a assistir aos jogos no Estádio do Mar, acompanhado dos meus amigos do clube e da escola. Lentamente, comecei por me aproximar da zona dos grupos de apoio e sentia algo diferente, uma alegria inexplicável e contagiante, desde os simples cânticos muito rudimentares na época “a pulga salta, a pulga grita, e o leixões é a melhor equipa …” ou “Leixões é nosso, leixões é nosso, leixões é nosso e há de ser, leixões é nosso e há de ser, leixões é nosso até morrer”, ao fumo emitido pelos extintores e às bandeiras ao vento. Entretanto já com 15 anos, juntamente com amigos da escola ajudei a formar os Heróis do Mar, um grupo formado a pensar no jogo das meias-finais da Taça de Portugal que opôs o Leixões ao Porto. Marcamos presença nos jogos que precederam o jogo da Taça, trajando os famosos bomber jacket, munidos de algumas tochas e de uma bandeira gigante… lembro-me da “paranoia” de formarmos uma espécie de comboio e darmos a volta ao estádio empunhando bem alto a bandeira rubro-branca. No jogo contra o Porto, o Estádio do Mar estava lotado, o nosso setor composto e volvidos poucos minutos de jogo, abrimos dezenas de extintores, autêntico vulcão. Esse jogo foi muito mediatizado na época, sendo comparado à tragédia de Heysel Park (Bélgica – final da taça dos campeões Liverpool-Juventus), pois no momento do segundo golo do Porto, instalou-se a confusão na bancada, tendo os adeptos do Porto sido corridos do
estádio. Eu, nesse período, comecei a trabalhar num transitário, local onde recebia no final da noite, o que me deu oportunidade e autonomia para viajar - criando um hábito de, quinzenalmente, viajar até Lisboa para assistir aos jogos no meio da Juventude Leonina. Era um Mundo novo para mim, um jovem sozinho na capital, no meio de um exército. Aí comecei a perceber, viver e sentir o ser ULTRA, algo inexplicável! Raramente via o jogo, o ambiente da bancada fascinava-me e o apoio era brutal, não obstante as músicas serem na época pouco trabalhadas. A partir desse momento, a “bancada”/”curva” passou a ser o meu habitat. Eram 2 horas de prazer e felicidade que me faziam esquecer a dura realidade da vida e os meus problemas familiares. O jogo terminava e lá vinha eu na Renex a pensar na próxima deslocação. Durante anos, este procedimento virou rotineiro e, não obstante a minha paixão pelo Leixões, deixei de me identificar com os grupos de apoio do meu clube. Mais tarde, momento em que no Leixões pontificavam os Ultras Leixões, ainda juntei um grupo e pintamos uma faixa enorme “Matosinhos Rebel´s”, no intuito de apoiar o Leixões na deslocação a Alvalade para defrontar o Sporting, em partida a contar para a Taça de Portugal. Numa boa deslocação a Lisboa, fizemos umas tshirts e assumimos a curva do Leixões. No fim da partida o Miguel D´Almada veio ao nosso encontro presentear-nos com umas fanzines. Na época 2001/02 ainda acompanhei a Frente Leixonense, numa fase que o Leixões, a militar na 2ª B, almejou chegar à final da Taça de Portugal, mas nunca me senti verdadeiramente representado, apesar do enorme respeito que o grupo me merecia. Na final do Jamor, juntamente com uns amigos, preparamos uma coreografia, mas a mesma não surtiu efeito devido à nossa inexperiência. Finalmente em 2003, consegui reunir um grupo de malta com espírito e mentalidade Ultra e fundamos a Máfia Vermelha. Foram 15 anos da minha vida dedicados a um grupo que marcou pela diferença e foi indubitavelmente um grupo forte no panorama ultra nacional, muito constante ao nível do apoio vocal e na introdução de temas, que ainda hoje espalham magia pelo país. Sinto nostalgia e saudades
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da Curva do Mar, da adrenalina e dos meus companheiros, mas sei que no “futuro” vou regressar! Considera que ser adepto tem importância relevante na sua vida e na sua construção pessoal? Completamente. Sou licenciado porém, admito que, a melhor escola que tive foi a “bancada”. Foi na qualidade de adepto de “futebol” que cresci como Homem e adquiri grande parte das ferramentas indispensáveis à vida em sociedade. O Futebol e as incidências inerentes ao jogo (entrada no estádio, deslocações, relações interpessoais), fomentaram e estimularam a minha autonomia, criatividade, destreza, improviso, resiliência e capacidade de adaptação a várias realidades e contextos. Destaco também a incorporação de valores, pois a “bancada” para mim é sinónimo de partilha, amizade, união, solidariedade, espírito de entreajuda. Um espaço onde se encontram pessoas dos mais diversos quadrantes: políticos, religiosos, económicos e sociais, juntas a defender um grupo e um clube. Em Outubro de 2018, numa assembleia-geral do Leixões, assumiu-se como candidato a presidente. Em que contexto e com que motivações avançou para essas eleições? O Leixões vivia um período conturbado, assente na desorganização, desinformação, desunião, agudizado pela clivagem entre clube e SAD. Porém, esta clivagem foi cavada de uma forma promíscua entre alguns elementos com responsabilidade no clube e a Administração da SAD, os quais “cozinharam” a realização de uma AG, que contou com a presença de elementos não filiados no clube, no intuito de derrubar a direção. Foi uma AG ferida de ilegalidades e desprovida dos valores que norteiam o Leixões, que culminou com a demissão da Direção. Pelo meio, alguns associados foram injuriados e ameaçados pelo que, inconscientemente movido pela emotividade e amor ao clube, me insurgi e apregoei que me ia candidatar. A verdade é que fui o único candidato a sufrágio. Nunca sonhei ou almejei ser presidente do Melhor Clube do Mundo. Como é a relação entre Clube e associados/adeptos?
Gradualmente estamos a construir uma relação de confiança e respeito, assente na proximidade e transparência. Os adeptos são a essência e alma do Leixões, o maior património do Clube. Assente na premissa do Orgulho nas Origens, temos procurado construir o futuro alicerçado na história do passado e na força das nossas gentes, tendo criado rubricas para dar a conhecer a realidade do clube; dar voz aos associados; e dar a conhecer as histórias e memórias contadas na primeira pessoa, de antigos colaboradores, dirigentes, atletas e associados. Inicialmente existia alguma desconfiança junto dos associados mais velhos, os quais não depositavam grandes expetativas em nós, pelo facto de ser ex: líder da Máfia Vermelha mas, o tempo encarregou-se de mostrar o nosso valor e trabalho em prol do Velhinho do Mar. Por outro lado, “estranhamente” ou talvez não, sinto uma apatia e inércia junto de uma franja mais jovem, sabendo de antemão que somos queridos por alguns, mas invejados por um grande grupo, em especial, por gente que partilhou a bancada da Máfia Vermelha. Por fim, importa vincar o peso dos resultados desportivos nesta relação, pois os associados e adeptos “vivem” o jogo, as emoções e querem ganhar sempre. Quando a bola está a rolar, ninguém quer saber das dificuldades financeiras, das limitações e/ ou constrangimentos do clube e das equipas. Enquanto direção, temos de corresponder às expetativas e exigência “normal” da nossa aguerrida massa adepta que, por vezes, não compreende a importância do movimento associativo e do pagamento de quotas. A construção de um plantel forte, que aspire a conquista de títulos, depende e muito da militância. Sente diferenças entre viver o seu clube e o desporto por dentro ou viver a partir da bancada? Quais são? O sentimento é o mesmo só que é vivenciado de forma diferente!!! A grande diferença é que na “bancada” partilhamos o “sentimento”, vivemos o momento, a adrenalina do jogo, exultamos o golo, a vitória e/ou a frustração pelos resultados menos conseguidos. Normalmente, saímos de consciência tran-
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quila, pois apoiamos e demos o nosso melhor em prol da equipa e da nossa terra. Na qualidade de dirigente é muito diferente. Por vezes, demasiadas vezes, estou sozinho. São jogos diários, contra adversários invisíveis, onde grande parte das “lutas” são travadas fora do plano desportivo. Atrevo-me a dizer que os momentos onerosos dão goleada aos aprazíveis. No jogo, propriamente dito, vibro de forma diferente, sempre com o pensamento da vitória, mas acabo por me penitenciar se o resultado for desfavorável, pois sinto-me responsável pela construção das equipas, pela transmissão dos valores, identidade e cultura de exigência. Entre SDUQ e SAD, qual é o modelo de gestão que prefere? Porquê? SDUQ. Porque no caso da SDUQ, o capital da sociedade unipessoal por quotas é representado por uma quota indivisível que pertence integralmente ao clube fundador, permitindo preservar a identidade do clube. Importa referir que estes modelos de gestão foram impostos pelo Governo em julho de 2013, através do Decreto Lei Nº 10/2013 que estabelece o novo regime jurídico das sociedades desportivas a que ficam sujeitos os clubes desportivos que pretendem participar em competições desportivas profissionais. Sendo obrigatório que as entidades desportivas assumam uma de duas novas formas jurídicas (SAD ou sociedade unipessoal por quotas - SDUQ), para se poderem inscrever nas competições profissionais. Como vê a perda da democratização dentro dos clubes que não têm a maioria nas “suas” SAD’s? Com apreensão e impotência. É extremamente difícil quando os direitos do administrador nomeado pelo clube não são respeitados. O Clube é um sentimento que nos humaniza, liga e lembra as nossas origens pelo que, os seus dirigentes têm o dever de preservar as memórias, histórias, feitos, identidade e transmitir os valores intocáveis que fazem parte de uma “caminhada” sentida e transmitida de geração em geração. Porém, quando os clubes perdem a
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maioria do capital social da SD, tornam-se vulneráveis e dependentes da boa vontade e intenção do(s) dono(s) da SAD. No fundo, trata-se de perspetivas antagónicas, mas que podem e devem entrelaçar-se: a Paixão e o Negócio. Mas o verdadeiro problema entronca no próprio DL 10/2013 de 25 de janeiro que aprovou o regime legal das Sociedades Desportivas (SD). É uma lei com muitas obrigações, mas que não sanciona o seu incumprimento, nem prevê a possibilidade de o Clube recuperar a SD. Apesar da intenção do legislador, esta lei é omissa em questões primordiais, como: - O que acontece à firma caso o clube deixe de ser acionista? - O capital social deve ser definido em função da prova em que a SD participe ou de acordo com o seu objeto? - O que acontece se a SD não respeitar os direitos do administrador nomeado pelo clube? - E se o clube não puder acompanhar um aumento de capital, como manter os 10% de participação mínima? - O que acontece se a SD não aprovar as contas? - Pode o clube vender a totalidade das suas ações? - O que é uma “adequada contrapartida” para utilização do estádio do clube? - O que acontece se a SD não cumprir com o protocolo/parassocial com o clube? Assim, urge uma mudança na legislação das SAD e, fundamentalmente, implicar a Liga e a FPF neste processo, através da criação de um mecanismo de controlo, monitorização e mediação entre clube e SAD, fazendo cumprir a lei/protocolo, com transparência e integridade. Qual é o seu ponto de vista em relação ao afastamento dos adeptos dos recintos desportivos em tempos de pandemia? Neste ponto, reconhecendo a pertinência do tema, analiso numa dupla perspetiva: a de adepto e a de dirigente. Na qualidade de adepto defendo a equidade e coerência pelo que, sendo o Futebol um espetáculo ao nível da Fórmula 1, teatro, cinema, música, consi-
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dero que as condições de acesso dos espetadores aos recintos desportivos deviam ser semelhantes às das áreas supracitadas. Na qualidade de dirigente, reconheço que o afastamento dos adeptos/clientes prejudica gravemente as finanças do clube, empobrece o espetáculo e “enfraquece” as equipas, pois a motivação e o apoio são determinantes no resultado desportivo. Por outro lado, a viabilidade de ter público nos recintos desportivos coloca outro tipo de questões: em que condições? Qual a lotação desejável para garantir e cumprir todas as normas de segurança? Como proceder à seleção dos adeptos que podem assistir ao jogo (Lugar anual? Bilhete de época? Antiguidade? Grupos de apoio?)? Como explicar ao adepto A (sócio há 50 anos) que apenas o B (detentor de lugar anual) e o C (detentor de bilhete de época) podem assistir ao jogo??? Em suma, é um grande dilema moral. E quanto à lei do Cartão de Adepto e anteriores medidas repressivas, acha que são ajustadas? Não! CARTÃO do ADEPTO? Não... Obrigado! Na minha opinião, este Cartão é discriminatório e ataca fortemente a nossa liberdade pessoal, porque: -Impede a aquisição do mesmo a menores de 16 anos
o que significa, no meu caso, não poder apoiar o meu clube de pé, e de bandeira na mão, na companhia dos meus filhos menores de idade; - Obriga a uma subscrição “paga” e fornecimento de dados pessoais, os quais já constam no registo do cartão de cidadão e no ficheiro do clube; - Acentua o fenómeno da estigmatização e segregação entre adeptos. Cria nitidamente uma escala de adeptos, onde os detentores do cartão, são adeptos rotulados como “especiais”, o mesmo é dizer que, na ZCEAP, vão se posicionar os adeptos perigosos, intolerantes, agressivos e mauzinhos; - A criação de zonas de segregação dentro dos estádios e recintos desportivos, visa afastar, rotular e separar pessoas por zonas, colidindo totalmente contra os valores desportivos da inclusão. O Futebol é festa e não uma prisão!!! Em suma, a introdução deste “cartão”, plagiado de contextos e realidades diferentes, onde os resultados demonstraram que o mesmo apenas serviu para afastar os adeptos dos jogos, provocando uma queda abrupta de assistência e uma série de constrangimentos aos clubes, ao nível da quotização, merchandising, bilhética, mas fundamentalmente apoio, potencia a discriminação. Não obstante a minha opinião, a verdade é que, num passado recente, fomos “forçados” a le-
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galizar a Máfia Vermelha. Esta medida visou impedir a “morte” do grupo, pois fomos alvo de uma perseguição e repressão policial e diretiva sem precedentes, traduzida na aplicação de sanções (interdição de recintos desportivos), multas e proibição de trajar adereços do grupo (camisolas, sweats, cachecóis …), bandeiras, faixas, bombo, megafone, o que ,por si só, inibiu os indefetíveis e afastou qualquer tentativa de captar novos elementos, pois ninguém quer estar sujeito a este tipo de imposições. A posição assumida pelo grupo foi criticável, mas defensável, pois só quem conhecia a realidade interna do grupo e do clube, sabia que caminhávamos para o abismo. Para finalizar, considero que esta é uma luta sem cores, que tem sido defendida ,e bem, pela APDA - Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, na linha da frente contra a implementação do cartão do adepto. De que forma é que o Leixões tem preparado o Estádio do Mar para ter todas as condições necessárias obrigatórias pela legislação do Cartão de Adepto? O que está, ou não, pensado e realizado? No âmbito das últimas vistorias efetuadas pelos Engenheiros da Liga ao Estádio do Mar, reiteramos que somos contra o cartão e não equacionamos sequer proceder a qualquer tipo de alterações que a lei exija. Desconheço se vai existir alguma sanção/
multa aos clubes que não cumpram o emanado da lei. Para nós, Leixões, não existem adeptos de primeira, segunda ou terceira, existem sim ... seguidores de uma vida inteira. Os nossos 113 anos de memórias, histórias e glórias, obrigam-nos a defender os valores preconizados por todos os homens e mulheres que, ao longo deste anos, contribuíram para a grandeza do clube, valores que enaltecem e valorizam a educação, união, solidariedade, liberdade e respeito. O Leixões é muito mais que um clube desportivo, é uma Escola e um espaço de inclusão, onde todos são “especiais”, independentemente da cor, género, classe social, ideologia política e/ou religião. É nossa missão lutar contra o preconceito, intolerância, racismo e xenofobia, algo que fazemos com regularidade através de uma série infindável de ações e eventos. Assim, estamos solidários com os nossos adeptos e com todos aqueles que fazem este clube especial, transportando pelo Mundo o SENTIMENTO Leixões. Os nossos adeptos são a verdadeira alma e essência do clube pelo que, dizemos NÃO ao CARTÃO. Se queremos adeptos a encher estádios e pavilhões temos obrigação de os defender e proteger.
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No seu percurso de vida, sentiu alguma vez preconceito ou discriminação por pertencer ou por já ter pertencido a grupos de apoio? Inúmeras vezes. Infelizmente existe um estigma e um rótulo que nos persegue. Muitas vezes senti que me estavam a diminuir e/ou subestimar, porque partem do pressuposto que um membro de uma claque é alguém pouco instruído, uma espécie de delinquente, feio, porco e mau. Felizmente o tempo tem o condão de se encarregar de mostrar o nosso valor. Considera que há cultura de adepto em Portugal? O que é a cultura do adepto? O adepto que participa ativamente na vida do clube e que incorpora os valores do movimento associativo, o adepto que luta pelos seus direitos e cumpre com os seus deveres enquanto filiado? Ou o adepto que vai assistir aos jogos? Penso que em Portugal existe mais cultura de bancada, a qual se vai perpetuando no tempo, muito pelo esforço dos grupos que seguiram o modelo italiano dos adeptos - a cultura ultra. Acredita que ainda existe em Portugal um movimento que se possa apelidar de Ultra? O espirito ultra ainda “resiste” em alguns grupos, não obstante reconhecer que o movimento ultra está a gradualmente a dar o seu lugar ao movimento casual. Fatores, tais como: o mercantilismo, a repressão, a sport tv, têm afastado muitos ultras. A essência do ser ULTRA está lentamente a esmorecer. Hoje é mais fácil ir à bola descaraterizado, viajar em viaturas particulares, beber uns copos livremente, ver a bola num espaço da bancada longe dos olhares das “câmaras” ... Como vê o biclubismo e o aumento de locais que apoiam somente um clube de outra cidade? O fenómeno do biclubismo em Portugal é cultural e muito influenciado pelo regime de mediocracia que vivemos. O impacto mediático dos 3 denominados grandes é brutal, eles entram casa dentro, via: TV, jornais, rádios, redes sociais … e inconscientemente ou talvez não, obrigam o mais comum dos jovens a apoiar um deles. Depois vivemos numa sociedade tacanha, onde o complexo de inferioridade e
a falta de auto-estima “obrigam” as pessoas a apoiarem o clube campeão ou o que ganha mais vezes, o partido mais votado, a religião com mais devotos … no intuito, de se afirmarem, serem aceites e “felizes”, daí o surgimento de casas e núcleos por essas cidades fora. Independentemente de tudo, não me choca o biclubismo, desde que o 1º clube, seja o clube da Terra! Considera que as fanzines podem ter importância na formação ou reforço da cultura de adepto? Que outros “caminhos” aponta nesse sentido? As fanzines são importantes, mas não são acessíveis a todos. Penso que os clubes têm um papel determinante na formação do cidadão adepto. Vivemos numa sociedade carente de afetos pelo que, compete aos clubes cultivar e vender as emoções, valorizar as tradições, a ligação às origens e a terra. Os clubes têm de perceber a escala de fidelização dos seus adeptos e, a partir daí, desenvolver campanhas e ações fora da caixa, proporcionando aos adeptos uma experiência única, fazendo-os sentir que fazem parte de uma família, não uma família de sangue mas uma família que escolhemos e adotamos, pela partilha do sentimento. Fomentar a ida de referências/símbolos do clube às escolas, encetar campanhas na Cidade. Internamente, os clubes devem “olhar” para os seus atletas como futuros adeptos, transmitindo valores e enfatizando que mais importante que formar um grande jogador, é formar um futuro adepto/associado. Quer deixar uma mensagem final aos nossos leitores? Sejam significativos, partilhem o sentimento e valorizem o que é “vosso”: as origens, as memórias, as histórias e feitos. Lembrem-se que todos temos um papel “principal” na preservação de identidade e transmissão de valores. Apoiem o clube da vossa terra. O nosso agradecimento pela sua disponibilidade e contributo para com a Cultura de Bancada.
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MEMÓRIAS Da BANCADA
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Resumo de bancada
Adeptos benfiquistas a apoiar a sua equipa em território belga: Standard de Liège x SL Benfica | 10-122020 Não eram muitos, mas os suficientes para se fazerem sentir antes deste jogo a contar para a Liga Europa. Num país que costuma contar com fortes presenças portuguesas em jogos europeus (quando os jogos não são à porta fechada, o que não foi o caso obviamente), elementos ligados aos Diabos Vermelhos e No Name Boys decidiram marcar presença junto ao hotel onde a comitiva encarnada estava hospedada e também no exterior do Estádio de Sclessin, com material dos seus grupos, tochas e uma tarja da autoria dos Diabos com a seguinte mensagem: “Em Portugal ou no estrangeiro, é sempre para ganhar!”. Recepção dos adeptos sportinguistas à sua equipa: Sporting CP x FC Paços de Ferreira | 11-12-2020 O Sporting segue numa forma incrível, com vitórias atrás de vitórias. Pelo meio, num jogo em Famalicão, empataram a duas bolas com um golo sofrido já na fase final e em que os ânimos se exaltaram perante a equipa adversária e a equipa de arbitragem. Na conferência de imprensa após o encontro, Rúben Amorim diz sobre a polémica que se passou já depois do jogo ter terminado: “Na equipa do Sporting... onde vai um, vão todos”. Esta última expressão deu o mote para que, nos dias seguintes ao encontro em território famalicense, surgisse uma união de forma esporádica entre os sportinguistas. A realidade é que, logo a seguir, o Sporting recebia em casa o Paços, num encontro a contar para a Taça de Portugal. Foram centenas de adeptos que incentivaram a sua equipa no momento da chegada do autocarro ao estádio. Não faltaram tochas, cânticos, material dos grupos e tarjas com o tal lema criado pelo treinador no meio daquela multidão humana.
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Fighters Boys festejam em grande estilo apuramento para os oitavos-de-final da Taça de Portugal | 13-122020 Um dia depois do Fafe ir aos Açores eliminar o Fontinhas, através das grandes penalidades, a equipa justiceira foi recebida com muito júbilo. Os Fighters Boys abriram muita pirotecnia, destacando-se o fogo de artifício que lançaram, nuns festejos que mais pareciam estar associados a uma fase ainda mais avançada da competição! Uma clara demonstração da boa ligação que têm mantido com a equipa, numa época que aspiram a subida ao segundo escalão português. Apoio do Orgulho Aldeano à sua equipa depois de pesada derrota: CO Montijo x SC Braga | 14-12-2020 O grupo Orgulho Aldeano, do Olímpico do Montijo, tem-se revelado cada vez mais como estando um nível acima do patamar habitual de apoio para a divisão em que a sua equipa está inserida, o Campeonato de Portugal. Na quarta eliminatória da Taça de Portugal, ditou o sorteio que iam receber o clube bracarense. Numa noite de 2ª feira, foram derrotados com um resultado claramente “assustador”: 0-7! De qualquer maneira, a equipa do Montijo, ao regressar do Jamor (local excepcionamente escolhido para este encontro), foi recebida sob imensos cânticos e pirotecnia, dignos de vencedores. Uma clara demonstração de amor e apoio à sua equipa, numa altura em que lutam pela manutenção no terceiro escalão... Incentivos de ambas as partes e festejos portistas pela conquista da Supertaça: FC Porto x SL Benfica | 23-12-2020 Ano atípico, calendário atípico e, por isso, uma Supertaça jogada no final do ano civil e sem adeptos nas bancadas do Estádio Municipal de Aveiro, local escolhido para este encontro. De qualquer maneira, fica o registo dos incentivos aos dois rivais na partida, de cada um dos seus autocarros, desde onde estavam a estagiar. No caso do FC Porto, como habitualmente, em São Félix da Marinha. Relativamente aos encarnados, saíram de Ílhavo. Em ambos, muitos cânticos e pirotecnia. De registar a tarja feita pelo Colectivo 95 com a mensagem: “Por uma nação que não pode estar presente, vence pela tua gente!”. De lamentar uma carga policial sobre os benfiquistas. No final, a vitória sorriu aos azuis e brancos e os festejos foram grandes, sendo proporcionados principalmente pelos Super Dragões à chegada da equipa ao Estádio do Dragão. Mais pirotecnia, inclusivamente com muito fogo-de-artifício, para comemorar a 22ª Supertaça do seu clube!
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Absolvição de adepto do Vitória SC em tribunal e publicação lamentável de Pedro Proença sobre isso | 26-12-2020 Na sequência das muitas queixas recebidas por adeptos em Portugal feitas pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD), um tema relacionado com o próprio projecto-piloto [que abordamos nesta edição da fanzine], foi notícia que um adepto do clube vimaranense viu o Tribunal da Relação de Guimarães anular-lhe uma multa, cuja causa seria o facto de estar com o rosto coberto ao fechar o seu casaco. Só este argumento, para se fazer uma queixa, já nos devia deixar a todos perplexos, sendo uma prova das más intenções que estão por trás de quem vai assumindo esta luta contra os adeptos em Portugal, incidindo particularmente na Região do Minho. Naturalmente que o juíz daquele tribunal disse não haver qualquer crime na acção de alguém ficar momentaneamente com o rosto coberto. Para a situação se tornar ainda mais grave e, ao mesmo tempo, anedótica, Pedro Proença, o presidente da Liga de Clubes, decidiu publicar nas redes sociais um lamento contra a decisão, chegando mesmo ao ponto de referir que “coloca em causa os esforços que as instâncias desportivas têm feito na exclusão de comportamentos nocivos”. Apesar da própria comunicação social também ter tentado colar este julgamento a uma eventual ligação ao tal “caso Marega”, pois tratou-se do mesmo jogo, importa salientar que em nada esteve relacionado com algum julgamento por discriminação.
50º aniversário dos Grobari | 27-12-2020 O mítico conjunto de adeptos do Partizan completou meia-centena de anos e festejou de maneira magnífica, como era expectável. À base de muita pirotecnia, fizeram com que o seu estádio ganhasse cores incríveis. Apesar de estarem a ser anos difíceis para os grupos daquele clube da capital sérvia, com vários fraccionamentos entre si, a realidade é que os Grobari são um nome mítico do panorama internacional e estiveram à altura disso mesmo nestas comemorações.
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South Side Boys com mensagem contra o VAR, antes de mais um jogo em casa: SC Farense x FC Paços de Ferreira | 27-12-2020 Numa estrada junto ao Estádio São Luís, podia ler-se numa tarja: “O VAR nasceu para ajudar aqueles que só sabem roubar”. O Farense tinha perdido em Alvalade, na jornada anterior, com um penalti que originou alguma polémica, sendo que os adeptos do clube algarvio já estavam descontentes com arbitragens de jogos anteriores. Revoltados com a situação, os South Side decidiram mostrar a sua indignação, particularmente contra uma ferramenta que foi implementada para supostamente dar transparência às decisões do jogo, mas que tem sido foco de muitas queixas pela forma como é (ou não) utilizada... White Angels a incentivarem a equipa do Vitória SC na véspera do jogo frente ao FC Porto | 28-12-2020 Na noite que antecedia o encontro do clube vimaranense contra o Porto, os White Angels decidiram ir até ao Largo do Toural, na partida do autocarro que levava a equipa até ao hotel, incentivar a mesma com muitos cânticos e pirotecnia, iluminando completamente a praça da cidade de Guimarães. Ultras croatas ajudam a reparar danos após terramoto | 29-12-2020 A Croácia foi assolada por um forte sismo, com magnitude de 6.4 na escala de Richter com epicentro na cidade de Petrinja, que fica a pouco mais de 50 quilómetros da capital, Zagreb. Pouquíssimas horas depois, já vários elementos ligados a grupos ultras daquele país saíam à rua, com destaque para os Bad Blue Boys (do Dinamo Zagreb), para contribuir nas primeiras ajudas à limpeza dos destroços e respectivo apoio às autoridades competentes na reparação do que foi destruído. Importa salientar que foi o segundo grande terramoto no ano de 2020 que assolou a Croácia. E já em Março, altura em que ocorreu o primeiro, os Bad Blue Boys tinham metido “mãos à obra”, ajudando inclusivamente o exército no transporte de material para a reparação dos danos.
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Os de 1915 a incentivar a sua equipa antes do encontro: FC Vizela x Varzim SC | 29-12-2020 A equipa poveira segue afundada no último lugar da classificação do segundo escalão e as derrotas parecem cada vez mais naturais para o histórico emblema nacional. De qualquer maneira, mesmo sendo à porta fechada, o grupo “Os de 1915” fez questão de se deslocar até Vizela para receber e incentivar a equipa antes do encontro. Não eram muitos, apenas cerca de uma dezena de elementos que ainda abriram uma tocha mas, pelo amor à causa numa situação complicada, merecem esta menção. De salientar que, também em Dezembro, cumpriram o seu terceiro aniversário, estando cada vez mais consolidados no apoio à equipa do Varzim, clube conhecido pelo bairrismo dos seus adeptos apesar de, nos anos que antecederam a formação do grupo, terem sentido dificuldades em criar uma base ultra que prevalecesse no apoio à equipa. Para além disso, e ainda no último mês do ano, festejaram também o 105º aniversário do próprio clube, com algumas tochas no seu sector do estádio. Bracara Legion a incentivar a sua equipa antes da final da Taça de Portugal de futsal: SC Braga/AAUM x Sporting CP | 29-12-2020 A final realizou-se em Matosinhos, o que não impediu que cerca de uma dezena de elementos da Bracara Legion de marcar presença nas imediações do pavilhão para dar uma última força à sua equipa, não faltando cânticos entoados e tochas abertas. Uma clara demonstração da grande ligação existente entre o grupo braguista e a secção de futsal do clube que já dura há vários anos.
Apoio dos grupos vitorianos à sua equipa, antes de encontro matinal: Vitória FC x Louletano DC | 03-012021 Os fiéis adeptos do clube sadino continuam a acompanhar a sua equipa, mesmo após a súbita queda de duas divisões nesta última época, destacando-se principalmente nos jogos fora de casa onde conseguem, muitas vezes, arranjar forma de assistir e apoiar. De
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qualquer forma, fica a menção para esta acção num jogo em casa, um dos mais importantes da temporada, pois a equipa defrontava outro candidato à subida que estava em boa forma. Elementos do Grupo 1910 e do VIII Exército marcaram presença bem cedo nas imediações do Estádio do Bonfim para dar um incentivo à sua formação, que segue bem encaminhada no primeiro lugar do campeonato. Com a entoação de vários cânticos e vários fumos abertos, deram algum brilho aos seus jogadores.
South Side Boys antes do dérbi algarvio: Portimonense SC x SC Farense | 04-01-2021 A Primeira Liga voltou a ter direito a um duelo entre dois rivais da região do Algarve, com a curiosidade que ambos os conjuntos estavam nos dois últimos lugares da classificação, aquando deste encontro. Os South Side Boys não desiludiram na partida da sua equipa para Portimão e apoiaram-na junto ao hotel, com direito a várias tochas abertas, algo de valorizar numa altura em que se vive um clima de grande repressão policial neste tipo de contexto. Num viaduto que coincidia com o trajecto que seguia o autocarro farense até Portimão, vários adeptos também apoiaram a sua equipa com mais tochas abertas. Fica também a nota para uma recepção por parte dos adeptos da casa, numa iniciativa feita pelo grupo Orgulhe 1914. Jantar solidário organizado pela Mancha Negra | 0701-2021 Como tradicionalmente já acontece nesta altura do ano, o grupo da Académica de Coimbra decidiu organizar um jantar para os mais necessitados. Contou com o contributo de alimentos doados pelos seus elementos, por várias entidades e pelo próprio clube. Foi o nono evento deste género mas, o primeiro nestas circunstâncias complicadas causadas pela pandemia. De qualquer maneira, foi suficiente para ajudar cerca de sete dezenas de pessoas, com mais dificuldades, em três locais diferentes da cidade. Um exemplo da importância dos grupos ultra, muitas vezes estigmatizados e olhados de forma negativa pela sociedade em geral.
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Incentivo dos Fama Boys à sua equipa, na noite anterior ao encontro contra o FC Porto | 07-01-2021 O grupo do FC Famalicão decidiu surpreender a sua equipa, na véspera do encontro contra o Porto, com muita pirotecnia, inclusivamente com fogo de artifício, material e cânticos. Um registo bastante positivo dos Fama Boys, ainda por cima antes do encontro numa fase em que o conjunto famalicense não estava particularmente bem a nível de resultados em campo.
White Angels antes do derby vimaranense: Moreirense FC x Vitória SC | 09-01-2021 Os White têm sido um dos grupos mais interventivos no que a incentivos à equipa diz respeito, tal como é perceptível pelos registos a que vão tendo direito da nossa parte. Numa estrada nacional que liga a sua cidade até ao estádio do Moreirense, decidiram surpreender o autocarro do Vitória SC com uma tochada, marcando novamente presença antes de um jogo.
Recepção dos adeptos estorilistas à sua equipa após passagem na Taça: Rio Ave FC x GD Estoril Praia | 1201-2021 O Estoril vai somando bons registos no campeonato, mas também na prova rainha portuguesa. A formação do segundo escalão português foi derrotar, em plenos oitavos-de-final, o Rio Ave, já depois de também ter eliminado o Boavista na ronda anterior. A vitória num terreno conhecido pela sua dificuldade levou ao reconhecimento dos adeptos canarinhos que fizeram questão, já durante a noite, de receber a sua equipa com uma grande tochada, na chegada da mesma após o regresso de Vila do Conde.
Topo SCUT com grande actividade para um jogo especial do seu clube: SC Braga x SC União Torreense | 13-01-2021 Uma equipa do terceiro escalão do futebol português chegar aos oitavos-de-final e defrontar o Braga já é de si um feito de assinalar e os ultras pertencentes ao grupo Topo SCUT não quiseram ficar de braços
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cruzados. Dois dias antes do encontro foram apoiar os seus jogadores, pedindo que jogassem “por uma cidade”, algo que se podia ler numa tarja que levaram num treino. Já no próprio dia do encontro, que se realizou a uma 4ª feira, onze elementos fizeram mesmo a deslocação até Braga, onde todos eles foram identificados e expulsos pelos spotters quando se encontravam junto ao estádio. De qualquer maneira, e depois de uma derrota por 5-0, fizeram questão de esperar pela equipa em Torres Vedras, aplaudindo o esforço da mesma!
Fighters Boys interventivos em jogo da Taça: AD Fafe x B SAD | 14-01-2021 O Fafe esteve pertíssimo de fazer história e passar aos quartos-de-final da Taça, mas desperdiçou uma vantagem de dois golos, num encontro que teve uma arbitragem bastante polémica (com um segundo penalti mal assinalado a favor dos visitantes). De qualquer maneira, os adeptos do Fafe marcaram presença muito perto do estádio, mostraram-se activos e ainda fizeram questão de invadir a bancada, já depois do final do jogo, em sinal de desagrado para com o árbitro. Um jovem adepto “justiceiro” fez mesmo questão de entrar no relvado e foi identificado pela GNR. Fica então mais um registo do bairrismo que persiste na cidade de Fafe! Incentivos antes de mais um clássico: FC Porto x SL Benfica | 15-01-2021 Calhou o jogo realizar-se no primeiro dia de um novo confinamento no nosso país, mas isso não impediu que houvesse incentivos antes do encontro. Os adeptos portistas, sobretudo liderados por iniciativa dos Super Dragões, realizaram um já habitual acompanhamento ao autocarro da sua equipa, em maior número que o costume (dada também a importância e a dimensão do encontro), onde não faltaram cânticos, muitas tochas e também tarjas destinadas aos rivais. Do lado benfiquista, fica a nota para algumas tochas abertas num viaduto que coincidia com o percurso feito pelo autocarro dos encarnados desde o hotel até o Dragão.
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Centenário do SC Braga | 19-01-2021 Era com grande expectativa que se previa, há já algum tempo, o dia em que o Braga chegava aos 100 anos de história. Não só pelo número especial deste clube, que tem crescido imenso no passado recente, como pelo facto das várias iniciativas que os ultras braguistas nos têm proporcionado, aproveitando qualquer data ou ocasião para criar boas iniciativas. A realidade é que o tão esperado dia não podia ter chegado em circunstâncias mais adversas para quem desejava comemorar o aniversário, tendo acontecido precisamente pouco tempo depois do segundo confinamento geral decretado em Portugal. Ainda assim, vários ultras do Braga acenderam algumas tochas, um pouco por toda a cidade, havendo também espaço para um bonito fogo de artificio. Incentivo dos ultras do Lyon antes de um dos maiores dérbis franceses: AS Saint-Étienne x Olympique Lyonnais | 24-01-2021 O famoso ‘Derby du Rhône’, um dos jogos mais atrativos do calendário francês, ficou marcado por um incentivo muito acima da média por parte dos adeptos do Lyon, especialmente se considerarmos o período de restrições causado pela pandemia em que vivemos. Foram centenas de adeptos que estiveram presentes na saída do autocarro da sua equipa, com pirotecnia, fumos, material, cânticos e frases de incentivo. Uma moldura humana invulgar e que certamente moralizou os jogadores do Lyon que, dentro de campo, humilharam os seus rivais com um estrondoso 0-5...
Protesto dos ultras do Olympique de Marseille no centro de treinos | 30-01-2021 Os marselheses já se encontram, há muito tempo, numa luta em que exigem a demissão da direcção do clube. Saturados dos sucessivos maus resultados da sua equipa, os vários grupos ultras do clube decidiram organizar uma manifestação rumo ao centro de treinos. Muitas mensagens espalhadas na cidade e outras levadas pelos adeptos durante o cortejo, onde o alvo principal era Jacques-Henri Eyraud, presidente do Olympique de Marseille. Na chegada ao local partiram imediatamente para o lançamento de tochas para o interior do mesmo, che-
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gando a provocar um pequeno incêndio. A verdade é que o impacto do acontecimento foi tremendo, sobretudo tendo acontecido em dia de jogo. Esse encontro (que se ia realizar à noite, contra o Stade Rennais) foi imediatamente suspenso. Dezenas de ultras do clube de Marselha foram detidos nos dias seguintes e o próprio treinador, André Villas-Boas, pediu a sua demissão, criticando a direcção (apesar de ter referido que a sua decisão em nada esteve relacionada com o protesto dos adeptos). Curiosamente, dois dias depois, na Argélia, adeptos do MC Alger decidiram vandalizar a sede da empresa petrolífera Sonatrach, dona do clube, exigindo a sua saída. Fica a menção para duas tomadas de atitude mais agressivas, no estrangeiro, por parte de adeptos que estão agastados pela forma como os seus clubes estão a ser geridos. Final da Libertadores e incidentes ocorridos nesse dia: SE Palmeiras x Santos FC | 30-01-2021 Uma final da maior competição sul-americana com duas equipas brasileiras, mais uma vitória de um conjunto treinado por um português e, acima de tudo, vários momentos atípicos para esta altura de acalmia fora das quatro linhas causada pela pandemia. Antes de mais nada, foi permitido público. Muito pouco, tendo em conta a lotação do estádio, mas houve. No mítico Maracanã, 5000 espectadores ainda tiveram direito a assistir ao encontro. Muitos adeptos das duas equipas viajaram desde São Paulo (cidade de ambos os clubes), a grande maioria sem bilhete. Nota também para o facto de uma autêntica enchente na sede da Torcida Jovem do Santos, onde uma multidão viu o jogo num ecrã gigante. No entanto, o que mais marcou esse dia foram, certamente os incidentes ocorridos na região sul de São Paulo, entre adeptos do Palmeiras (pertencentes à Mancha Verde) e do Corinthians (Gaviões da Fiel). Estes últimos decidiram atacar os palmeirenses, que ripostaram com... tiros. Registou-se imediatamente um morto, um ferido grave e 22 detenções (entre eles, 21 adeptos do Palmeiras). Quanto à partida, como é sabido, a vitória sorriu à formação treinada por Abel Ferreira. A festa foi enorme na chegada a São Paulo, pese embora a proibição de festejos a que a equipa estava sujeita com os seus adeptos. Milhares de adeptos esperaram o autocarro em êxtase, criando um espectáculo muito bonito.
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Actividade no dérbi lisboeta: Sporting CP x SL Benfica | 01-02-2021 Um duelo que ficou marcado pela colocação de diversas tarjas ofensivas, horas antes da realização do jogo, um pouco à imagem do que se tem passado em jogos entre rivais no estrangeiro. Fica a nota para uma situação caricata, já no próprio dia do encontro, em que a polícia decidiu retirar uma mensagem num formato bastante grande, nas imediações de Alvalade, que a Juventude Leonina colocou com o intuito de incentivar a sua equipa, com um simples e inofensivo: “Em frente, Sporting!”. A verdade é que alguns adeptos sportinguistas aproveitaram esse acontecimento para colocarem outra mensagem em tom desafiadora, ao mesmo tempo que ofendiam o rival: “Tirem esta tb”. Já na noite do encontro, nota positiva para a abertura de 10 caixas de fogo de artifício por trás da bancada sul por parte dos ultras do Sporting, pouco antes do início da partida. De destacar também o incentivo, com pirotecnia, por parte dos Diabos Vermelhos num viaduto, à passagem do autocarro do Benfica em direcção ao estádio de Alvalade. Tem particular importância, pela forma como arriscaram esse momento, numa altura de confinamento obrigatório à população em Portugal. Mais uma intervenção com uma mensagem dos South Side Boys antes de um encontro: SC Farense x CD Santa Clara | 04-02-2021 O grupo de apoio ao Farense decidiu mostrar-se novamente activo, através da colocação de outra tarja antes de um encontro em casa. Desta vez, com o intuito de pedir mais atitude à sua equipa, com uma mensagem para lhes lembrar dos tempos que lutaram para voltar a estar no principal escalão português. Numa situação complicada na tabela classificativa e após uma troca de treinador, os adeptos da equipa de São Luís desejam naturalmente outro tipo de resultados e de empenho por parte dos seus jogadores.
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do céu ao inferno Vitória FC O Vitória não é Grande é Enorme. Esta é a frase que qualquer Vitoriano conhece e que define o Vitória Futebol Clube, fundado em 20 de novembro de 1910, pouco mais de um mês após a implantação da República em Portugal. O Vitória completou em 2020 os 110 anos da sua existência e, quando no Fórum Luísa Todi, o centro da cultura da cidade de Setúbal, no dia 20 de novembro de 2020, se apagaram as velas do bolo de aniversário poucos imaginariam que estavam a comemorar o último aniversário antes da queda no Inferno. Aquilo que a maioria dos presentes nessa sala sabiam, mas alguns tentavam ignorar, era que, não estando ainda no Inferno, o clube estava na borda desse precipício que levava até lá. Qualquer empurrão, por mais pequeno que ele fosse, seria fatal. E esse empurrão veio, e de uma forma brutal. Quanto às causas, e o que o futuro reserva a este clube centenário, já lá irei. Antes quero falar um pouco da História bonita, repleta de glórias, que o Vitória escreveu ao longo destes mais de 100 anos. Antes de existirem campeonatos nacionais, que tiveram o seu início em 1934/35 já o Vitória se batia com os maiores emblemas de Portugal e não só. Antes da criação da Associação de futebol de Setúbal disputou o Campeonato de Lisboa tendo sido campeão em 1923/24 e 1926/27 tendo neste mesmo ano chegado à final do Campeonato de Portugal com o Belenenses. Com a criação de um campeonato nacional, a I Liga, em 1934/35 o Vitória lá estava entre os primeiros participantes dessa prova tendo inaugurado mesmo essa competição defrontando o Benfica no Campo das Amoreiras em Lisboa. A partir daí foram 72 participações na principal divisão nacional tendo somente em 15 épocas disputado a segunda divisão. Nunca tinha jogado abaixo desse nível competitivo.
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Durante este percurso competitivo atingiu a final da Taça de Portugal por 10 vezes, tendo vencido 3 delas, a última em 2005. Quanto à Taça da Liga, foi o seu primeiro vencedor numa final contra o Sporting no Estádio do Algarve, tendo estado, devido a essa vitória, na origem das alterações que a Liga de futebol introduziu para tentar evitar que estas surpresas acontecessem muito mais vezes e de forma a garantir que os “Donos” do futebol em Portugal garantissem a presença nas finais. Bem mais rentável, financeiramente, terão eles pensado. A nível europeu, o Vitória, principalmente nos anos 70, foi uma referência tendo ombreado com os grandes clubes europeus, muitos dos quais viriam a cair nos confrontos com os sadinos, entre os quais e a título de exemplo, refiro os nomes do Lyon, Fiorentina (por duas vezes), Liverpool, Anderlecht, Inter de Milão, Leeds United, entre outros. Muito mais haveria a contar, mas ficarei por estas conquistas, o restante está espelhado nos milhares de troféus que estão expostos no Estádio do Bonfim, ou melhor…estavam. Agora, tirando os mais emblemáticos, estão algures numa sala ou em caixas, mas já lá iremos. Para que se entenda o porquê de as gentes sadinas chamarem o seu Vitória de Enorme, basta referir que só neste século XXI, que leva pouco mais de vinte anos e apesar de todas as dificuldades, o Vitória esteve em duas finais consecutivas da Taça de Portugal tendo vencido uma delas em 2005, contra o Benfica no Jamor. Esteve em duas finais da Taça da Liga, tendo vencido também uma
delas, esteve em duas finais da Supertaça Cândido de Oliveira e participou na Taça UEFA por três vezes. Para um clube com as dificuldades que o Vitória atravessava e atravessa, é obra! Vamos então falar das causas. Desde o final dos anos 70, devido ao desmantelamento de grande parte do tecido industrial da Região, que as dificuldades do Vitória se vinham avolumando mas, foi pouco depois do dobrar do século que se deu o passo que muitos, hoje, em Setúbal, consideram como o início da queda. Em Assembleia Geral realizada no auditório da Anunciada, em Setúbal, que pelo seu tamanho e devido à afluência prevista para assunto de tamanha importância foi o local escolhido, foi traçado o futuro do Vitória e, assim, foram muitos os sócios que puderam assistir à estocada que iniciou o caminho que veio a ser trilhado. Nesta Assembleia discutia-se o aluguer por 90 anos dos terrenos onde está o Estádio do Bonfim. Este aluguer seria efetivado somente quando a Câmara Municipal de Setúbal, construísse um Estádio de raiz no Vale da Rosa, a sul da cidade de Setúbal o qual seria, através de contrato com o Município, para utilização exclusiva do Vitória que nessa altura abandonaria o atual Estádio do Bonfim, onde seria construído um grande Centro Comercial e passaria a receber, a preços da época, 750.000,00 € por ano pelo aluguer. Isto foi o que foi vendido aos sócios do Vitória. Mas não foi isto que comprámos. Para compor melhor o retrato, devo referir que o banco que estava por trás do negócio se chamava BPN e que quem veio a ganhar o negócio dos terrenos para construção do Centro Comercial foi a empresa Pluripart, do empresário Emídio Catum, dono da herdade de Rio Frio, que seria financiado pelo referido BPN. Devo referir, para se perceber o dano que este negócio infligiu ao Vitória, que Setúbal foi uma das opções para a construção de um estádio novo para o Euro 2004. Foi proposta esta possibilidade ao Presidente da Câmara da altura, Mata Cáceres,
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o qual recusou pois, esta possibilidade iria contra o negócio que estava montado e que envolvia o BPN, a Pluripart e a Câmara Municipal de Setúbal. O Vitória aqui já não tinha voz ativa, aliás, a partir daí nunca mais teve. A partir daqui, vieram as várias crises que o País atravessou. A queda do BPN. A queda da Pluripart. A mudança de cor política da Câmara de Setúbal e a queda de forma abrupta e contínua do Vitória. Sem Estádio novo, sem direito a decidir sobre o seu próprio Estádio e sobre os seus terrenos, sem dinheiro e somente com a devoção e o amor dos seus adeptos que, apesar de tudo aguentaram até onde foi possível, enquanto assistiam ao descalabro com o sentimento de impotência pois tudo lhes tiraram, até o direito de poder inverter o desfecho que cada vez mais se adivinhava. Depois deste golpe mortal começou-se a vender os anéis para tentar salvar os dedos assim como um velho nobre que vende as pratas e o ouro para tentar não ser expulso do seu Castelo. Venderam-se parcelas de terreno que levaram uma parte do campo de treinos do Bonfim. Deixou-se de apostar em obras de fundo que um Estádio com cerca de 60 anos exige, e chegou-se a um ponto em que um clube que já foi um dos maiores de Portugal e um grande na Europa, não tem um campo para treinar, tendo que andar de mão estendida para treinar em algum campo da região, enquanto o mítico Bonfim se degradava a olhos vistos. Apesar de tudo isto e do mal que iam fazendo a este grande clube, o Vitória ainda continuou a ser apetecível para muita gente. Um clube sem dinheiro e com um futuro incerto pode, apesar de tudo, dar dinheiro a ganhar a alguns e assim estava criado o caldo ideal para pessoas sem escrúpulos, com ambições pessoais, políticas ou outras, sugarem o pouco que restava a este histórico em benefício de interesses próprios. No passado, quando o Vitória era um clube respeitado, grandes nomes da indústria e da Região que tinham fortuna e não precisavam do Vitória para viver, iam para o Vitória por uma questão
de estatuto pessoal. Dava prestígio ser Presidente ou pertencer a uma Direção do Vitória. De há alguns anos a esta parte, salvo raríssimas exceções, quem vai para o Vitória, vai para resolver problemas pessoais ou das empresas que possuem. O Vitória passou a ser um meio e não um fim. Numa época em que as SAD`s e os “Investidores” ditam as regras, quais serão os motivos que levam a que, apesar de tudo o que já aqui referi, ainda haja interesses que se movem mais ou menos na sombra em torno do Vitória? Eu posso responder a essa questão. Esses interesses são políticos e, acima de tudo, os mesmos que já existiam na célebre Assembleia da Anunciada que referi lá atrás: os terrenos do Estádio do Bonfim. Sim. Esses terrenos, cujos direitos de superfície foram adquiridos pela Câmara Municipal de Setúbal e que podem ser a salvação ou a morte do Vitória. Quanto ao futuro, não sei o que esperar. As nuvens são negras e não há meio de se ver um raio de sol a romper. Começar de novo? Até isso não é fácil. Poderia dizer que o futuro pertence aos Vitorianos mas nem isso posso garantir no dia de hoje. Uma coisa eu sei. A História linda do Vitória, essa, nunca a poderão apagar. Enquanto houver um Vitoriano, a História deste clube permanecerá viva. Viva o Vitória! Por Pedro Contreiras
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A PRIMEIRA VITÓRIA DO FUTEBOL “POPULAR” PORTUGUÊS Dia 22 de janeiro de 1898, ocorre uma efeméride pouco conhecida dos muitos adeptos do futebol mas, fundamental na história do jogo da bola em Portugal: neste dia os “putos” da Real Casa Pia derrotaram a invencível armada do Carcavelos FC e o futebol português ganhou um novo fôlego. Desde os anos 80 do sec. XIX que o jogo da bola começou a difundir-se e a ser praticado, sendo dois os seus motivos principais: a grande colonia de ingleses a residir e trabalhar em terras lusas, que dava o novo desporto a conhecer, e as viagens de estudo ou de férias, dos jovens “herdeiros” das famílias da alta burguesia portuguesa que, regresso de terras inglesas, traziam bolas e o bichinho do futebol. A prática desportiva era, nesta altura, uma atividade para a nobreza e a alta burguesia, mas houve uma instituição que teve o mérito de difundir o jogo e transformá-lo numa modalidade “popular”: a Real Casa Pia de Lisboa. No final do século tinha as suas instalações no Convento dos Jerónimos em Belém, o primeiro estabelecimento de ensino a ter no seu currículo a prática desportiva, tendo já em 1838 aulas de ginástica. A Casa Pia sempre teve uma particular atenção ao desporto e quando dois alunos trouxeram uma bola para os claustros da escola, o novo brinquedo tinha já um terreno fértil onde desenvolver-se, com o próprio provedor a incentivar a prática desta nova modalidade. Em 1894 a equipa do Real Casa Pia faz o seu primeiro jogo e, a partir daí, começou a participar em embates com outros grupos e clubes. Os jogadores eram todos estudantes dos cursos profissionais da escola, de famílias menos privilegiadas e a viver no internato, mostrando desde bem cedo porque é que o futebol se tornou o “jogo do povo”. Sábado, 22 de Janeiro 1898, dia de São Vicente, feriado municipal em Lisboa. Os jovens jogadores tiveram a honra de poder jogar na Quinta Nova em Carcavelos, um dos poucos campos com condições para a prática do jogo, propriedade do Carcavelos FC. Este clube, fundado em 1892 por trabalhadores ingleses do Cabo Submarino era, naquela altura, a equipa invencível: nunca tinha perdido um jogo com equipas portuguesas desde a sua fundação, não seriam certamente os “putos” do Casa Pia a quebrar tal invencibilidade.
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Mas o milagre aconteceu: a insolência do Carcavelos foi varrida pelos nossos “humildes heróis”, que ditaram a primeira vitória de uma equipa totalmente portuguesa contra uma equipa inglesa! 2-0 foi o resultado final, perante grande entusiasmo da recém-nascida imprensa desportiva lusa que rejubilou pelo feito: “echoam palmas, bonets voam pelos ares e com razão, porquê é um grupo completamente português, composto de jogadores que se fizeram em Lisboa, devido aos constantes trainings e boa vontade da parte de todos os do grupo. Viva! Três vezes Viva! Pelos valentes rapazes que em tão poucos anos tanto conseguiram” (O Tiro Civil 1 fevereiro 1898). Quando queremos falar de como e quando o futebol português começou o seu caminho, não esquecemos estes heróis e o papel que a Casa Pia teve no seu desenvolvimento. A partir daqui, surgiram várias outras equipas dentro da instituição: A Associação do Bem, o Grupo Sportivo Luz-Soriano e, em 1920 o Casa Pia Atlético Clube. Os casapianos que acabavam os estudos e regressavam às suas cidades de província, levavam consigo o bichinho do jogo ajudando a fundar clubes por todo o Portugal. Entre os jogadores desta mítica equipa, encontramos figuras que não fizeram só a história do futebol mas da cultura e ciência portuguesa: António Couto jogador do Benfica e arquiteto da Estátua do Marquês de Pombal em Lisboa; Francisco dos Santos, jogador do Benfica, Sporting, primeiro português a jogar no estrangeiro e exímio escultor, foi o autor do busto feminino da República portuguesa e esteve também na construção da estátua do Marquês ; o capitão Pedro Guedes, jogador do Benfica e ilustre pintor ; Januário Barreto, jogador do Benfica e Sporting, famoso médico, fervente republicano e marido da Carolina Beatriz Ângelo, médica e primeira mulher a votar em Portugal em 1911. E continuam a dizer que o futebol é só um jogo.
Por VINTAGE FOOTBALL CITY TOUR Eupremio Scarpa
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QUEM VAI SALVAR A FORMAÇÃO? Provavelmente, e sendo cada vez mais usual, será e terá de ser a própria formação a salvar-se… Como? Fazendo o que costuma fazer – inventar e reinventar estratégias, aproveitando a mão de obra existente que são os pais, treinadores, diretores e atletas! Segundo dados recolhidos, cerca de 173 mil atletas “deixaram” o desporto coletivo (futebol, voleibol, basquetebol, etc) por falta de competição. Eles continuam a treinar, mas os clubes não os inscrevem por duas razões: primeira, para não gastarem o dinheiro nas inscrições e a segunda, porque não existe competição. Como afirmámos anteriormente, os treinos continuam mas, a grande dificuldade com que se deparam os profissionais do treino é a motivação do atleta. Se eu não posso jogar, se eu não posso treinar jogo formal (entenda-se jogo formal como situação de treino igual ao jogo 3x3, 5x5, 7x7, 9x9 e 11x11 conforme o escalão em que o atleta se encontra), será que vale a pena treinar? Eu estudo, estudo, estudo e depois ninguém me avalia?... Outra dificuldade associada à diminuição dos atletas será a componente financeira dos clubes. Sabemos perfeitamente que, de uma forma errada mas existente, muitos clubes vivem e sobrevivem da formação e muitos treinadores também vivem do número de atletas que o clube inscreve nas competições. Será que muitos dos treinadores continuarão a treinar sem receber…? Será que os clubes, enquanto instituições, que deveriam trabalhar em prol da sociedade, nestes casos a freguesia ou concelhos que representam, realizarão um esforço de promover esse mesmo desporto sem terem os olhos postos no retorno financeiro e manterão os treinadores remunerados para fazerem face a estas dificuldades financeiras? Os pais podem querer que os filhos continuem
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a praticar desporto, mas será que podem, financeiramente, pagar para o filho treinar?... A resposta é claramente NÃO. O que vai acontecer é que os clubes e os treinadores/trabalhadores, provavelmente, irão ter o seu futuro ameaçado. Os treinadores, esses seres a que cada vez mais se deve dar valor, tentam recriar o treino para que ele seja motivador, entusiasmante, cheio de criatividade e passível de “prender” o atleta ao treino, vendendo-lhe a ideia de que, quando vier a competição, ele estará preparado. É difícil, é desmotivante, é complicado para um treinador treinar para nada, treinar apenas por treinar, tentando criar e tentando “vender” ao atleta uma ideia que não sabe se se realizará. Mas, se presencialmente ainda poderá ser motivador estes treinos, online a dificuldade aumenta muito e, aquele trabalho de motivação que se criou positivamente, agora terá de ser muito mais reforçado e muito mais trabalhado. A dificuldade do treino online advém da dificuldade de espaço e de meios informáticos que muitos não possuem e do fato de um atleta necessitar sempre de um adulto para o “fazer chegar” ao treino. Outro grande problema situa-se nos clubes que se dedicam exclusivamente à formação, onde regista uma diminuição grande nas receitas devido ao abandono dos atletas, o que leva a 2 situações: Primeira - a uma possível dificuldade de gestão financeira do clube, pela diminuição da receita versus a manutenção da despesa; Segunda - desmotivação para os atletas que se mantém a treinar, pois, por falta de competição e competitividade no treino, não irão evoluir o que seria desejável. Aliado a estes fatores, existe também o problema de que as equipas menores tiveram de reduzir as suas ambições ainda mais que as maiores. Para esses, o futuro imediato é, mais do que nunca, de luta
pela sobrevivência. Neste contexto, os clubes que construíram estruturas de treino e formação sólidas, são aqueles que tem melhores condições para ter sucesso desportivo e financeiro. Ou seja, os clubes mais pequenos, que normalmente vivem da formação, terão um duplo impacto negativo – menos atletas pela falta de competição e menos atletas pela falta de condições de treino. Neste momento existem 2 grandes problemas que estão subjacentes a esta situação: 1 – Abandono de um grande número de atletas da prática desportiva e consequente redução do número de clubes que propiciavam essa prática desportiva 2 – Comprometer o futuro do futebol a médio/longo prazo Mas, paradoxalmente a isso tudo, o processo de certificação dos clubes continua a existir e a acontecer por esse país fora. Um país que não deixa os seus atletas mais pequenos competirem, um país que apenas se preocupa com o futebol sénior, um pais em que se pode ter aulas de educação física nas escola mas não se pode treinar e competir nos clubes, dá continuidade a um processo de certificação dos clubes para que estejam melhor preparados para um futuro que tem um prognóstico reservado. É que com a diminuição do número de atletas praticantes, certificar um clube em que não existam atletas, será o mesmo que comprar um carro sem ter carta de condução… A política do Governo/DGS fica aquém do esperado pois, se as crianças com menos de 16 anos de idade o grau de transmissibilidade é menor e a própria vacina não lhes é destinada, justificava-se que pudessem treinar e jogar de uma forma segura. Os mecanismos de apoio das associações e federações são inexistentes para clubes pequenos. Para clubes grandes a competição mantém-se e os patrocinado-
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res idem (até porque sem irmos ao estádio e vendo os jogos na televisão vemos melhor a publicidade do que em casa) mas para os pequenos nada. Os pequenos vivem dos subsídios camarários e dos pequenos patrocinadores que ajudam o clube. O subsídio camarário advém do número de atletas inscritos nas federações. Ora, se não se pode inscrever atletas, como se pode receber um subsídio baseado no que não existe? E os pequenos patrocinadores, neste momento, o que querem é salvar as suas empresas/instituições canalizando o dinheiro para pagamento de salários e impostos em vez de canalizarem o dinheiro para patrocínios. Ficam aqui algumas considerações que se podiam aplicar a treinos e jogos dos atletas para que a formação apresente uma nova “luz”: - Treinos e competição à porta fechada e de forma quinzenal; - Medição de temperatura nos treinos e nos jogos; - Jogos entre os mesmos clubes e escalões (por exemplo: sábado de manhã jogava os benjamins, infantis e iniciados dos mesmos clubes); - Nas situações de lançamento de linha lateral usar o pé em vez da mão para evitar contato com as mãos e nas situações de cantos, para evitar aglomerações, a equipa que ganha canto, começa com a posse de bola na área.
A prática desportiva nos clubes não se cinge só ao treino para o jogo, alastra-se a uma componente de promoção de saúde e ao fator de sociabilização, porque existe, em muitos atletas, o facto de não querer ser profissional, mas apenas querer sociabilizar, pertencer a um grupo, pertencer a uma instituição e realizar desporto como forma de vida saudável. Essa componente também se perde e esses são os atletas que mais facilmente abandonam a prática desportiva e que, irremediavelmente, nunca mais voltam. Não sou contra a certificação de clubes (muito pelo contrário), não sou contra a segurança e higiene dos atletas (muito pelo contrário) e não sou contra o futebol sénior (muito pelo contrário), sou sim a favor de que os “pequenos” atletas possam manter níveis de aptidão física desejáveis, permitindo que, num futuro a médio/longo prazo, sejam seres humanos saudáveis pois mantiveram intato o seu percurso de vida ligado ao desporto! Deixem trabalhar a formação – a prática desportiva é imprescindível para o desenvolvimento físico do praticante, assim como para a formação do caráter. É importante que existam alternativas para que o desporto de formação seja uma realidade presente e não um sonho ausente!!!
Por Professor José Vaz
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O projecto piloto
A lei nº113/2019 foi oficialmente promulgada no Diário da República a 11 de Setembro de 2019 e estabelece o regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos, alterando assim a antiga legislação, que datava de 2009. Esta afamada lei escrita, discutida e promulgada, em grande parte, para satisfazer a vontade da opinião pública depois dos acontecimentos registados na Academia de Alcochete em Maio de 2018, vem numa senda de aumento progressivo de restrições e privações de liberdades individuais e colectivas impostas aos adeptos do fenómeno desportivo em Portugal, com especial enfoque no futebol. Durante anos foi vaticinado por alguns comentadores desportivos, na comunicação social portuguesa, que a solução para erradicar a violência dos recintos desportivos seria o aumento do número de adeptos interditos de acederem a esses mesmos recintos. Essa retórica vezes sem conta repetida, foi colhendo e ganhando apoiantes no nosso país e, é desse contexto, que nasce o projecto piloto, pensado e definido pela Procuradoria Geral da República, e implementado pelo Ministério Público em estreita colaboração com a PSP. Este projecto piloto nasce, em Setembro de 2019, na Comarca de Braga. Delegou os processos relativos a incidentes registados em contexto desportivo para a alçada de oito magistrados judiciais e do ministério público, alegadamente “especializados” na matéria, que mais não fizeram do que utilizar como cobaias os adeptos de todas as colectividades desportivas da região. Num período de cinco meses, de vigência da
lei, foram interditados mais adeptos na Comarca de Braga do que nos dez anos anteriores, número que foi amplamente difundido e utilizado como bandeira, tanto pelas autoridades judiciais como, inclusive, por membros do governo, deixando assim bem patentes as intenções propagandísticas e eleitoralistas por detrás desta lei. Como nem só de números se fazem as histórias, resolvemos investigar alguns dos processos movidos pelos magistrados responsáveis por este projecto e apreciados pela APCVD, organismo também ele criado aquando da promulgação da nova lei. Um dos primeiros processos a que tivemos acesso era relativo a um jogo disputado em Braga, a 2 de Janeiro de 2019, entre o Sporting de Braga e o Marítimo. Nesta acção judicial, um adepto da equipa da casa era acusado de “entoar em uníssono com outros adeptos (…) um cântico com a letra: “Horários indecentes, Violência da polícia, Querem matar o futebol, A liga é merda.”. Para os responsáveis pela acusação, este acto incorre no “incumprimento do dever de usar de correcção, moderação e respeito” pelas entidades visadas no cântico, e é motivo suficiente para levantar uma coima que pode variar entre os 750 e os 10 000 euros, e uma pena de interdição a recintos desportivos. O processo instaurado a este aficionado por entoar o cântico que se celebrizou como “hino nacional” de combate à repressão e desrespeito pelo adepto não é caso único. Num jogo realizado em Fevereiro de 2020, novamente em Braga, dois adeptos que são catalogados pela APCVD como “speakers” dos GOA’S do Sporting de Braga foram também indiciados por “instigar a restante massa associativa (…) à violência
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com cânticos de teor provocatório e ofensivo às forças da autoridade e à Liga Portuguesa de Futebol”, constando igualmente na acusação que a exibição de tarjas aonde se podia ler: “ LigaFlix apresenta, comédia de horários, EP 19 Temporada 2018/19” configurava uma violação dos nºs 1 e 3 dos artigos 39 e 40 respectivamente, da lei de combate à violência em recintos desportivos. No dia 25 de Janeiro de 2020, na noite de sábado, jogava-se a final da taça da liga de futebol, marcada para o Estádio Municipal de Braga. Nessa mesma manhã, decorreu a Corrida do Apdeto, organizada pela Liga de Clubes, e esse evento ficou marcado pela concentração de algumas centenas de aficcionados do Vizela, Vitória de Guimarães, Desportivo das Aves e Sporting de Braga, que queriam fazer se ouvir, reivindicando mais direitos para os adeptos. A concentração decorreu sem sobressaltos de maior mas, a PSP compareceu no local numa altura em que a esmagadora maioria dos adeptos já se tinha retirado. Mesmo assim os agentes da autoridade acabaram por identificar 4 pessoas a quem foi deduzida acusação, sem que 3 das pessoas em questão tivessem sequer participado na dita concentração. Estes processos, cujo teor catalogamos de “caricato”, visaram adeptos de toda a comarca e em Guimarães também se fizeram sentir. Num jogo disputado pelo Vitória de Guimarães no seu terreno, diante do FC Porto, que se “celebrizou” pelo abandono das quatros linhas por parte do «portista» Marega, a APCVD aplicou uma multa de 750 euros a um adepto da casa, por este alegadamente ter “ocultado parcialmente a cara”. Felizmente o Tribunal da Relação
de Guimarães anulou, e bem, a pena de multa e ilibou o adepto, mostrando um pouco do decoro e discernimento que tem faltado aos procuradores ávidos de “mostrar serviço”. No seguimento desta decisão, Pedro Proença, Presidente da Liga de Clubes, classificou a decisão como “incompreensível”, posição que é encarada como “expectável” por parte das pessoas mais atentas ao fenómeno futebolístico, sabendo-se que Proença entre o poder dos lobys e da indústria versus o respeito pelo adepto, escolhe sempre o lado dos poderosos, a bem da manutenção do seu cargo e do “status” a ele inerente. Porém, perante esta acusação e este normativo legal e olhando para o contexto pandémico que vivemos que exige a utilização de máscara a bem do controlo da propagação do vírus, perguntamo-nos como seria possível aceder a um recinto desportivo sem a cara parcialmente coberta. Será que todos os adeptos de Sporting de Braga, FC Porto e SL Benfica que assistiram a jogos das competições europeias, abertos ao público (ainda que com lotação limitada), podem ser indiciados por infringir a alínea k do Artigo 39 da lei 113/2019, que proíbe a “ostentação de qualquer utensilio que oculte, total ou parcialmente, o rosto do espectador de espéculo desportivo”?. Este jogo entre Vitória de Guimarães e FC Porto, ficou também marcado pela interdição de um ano de acesso a recintos desportivos, e pena de multa de 400 euros a que ficou sujeito um adepto vimaranense, por conta de uma publicação realizada na rede social Twitter, mostrando os contornos macabros daquilo que apelidamos de “teia persecutória”. De Vizela também chegam noticias de per-
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seguição, em particular sobre os elementos do grupo Força Azul, e de um episódio em particular em que o líder deste grupo de apoio à equipa vizelense terá sido formalmente acusado, sem recurso a qualquer evidência ou meio de prova, de ter vandalizado uma parede da ETAR de Serzedo, depois deste mesmo grupo se ter manifestado nesse local, junto com outros cidadãos de Vizela, contra as descargas e a poluição do Rio Vizela. Outro dos processos que decidimos delatar passou-se em Fevereiro de 2020, também no Estádio Municipal de Braga, aquando dum jogo que opôs a equipa da casa ao Vitória de Setúbal. Durante o decurso do jogo, no sector do estádio onde costumam permanecer os adeptos dos GOA’S do Sporting de Braga, foram exibidas tarjas nas quais se podia ler: “Estranha democracia esta, em que a corrupção é julgada em anos, e os adeptos num dia” e também “Nunca interditarão a nossa paixão”, tarjas essas que foram abandonadas no chão. No final do jogo e já com a bancada semi deserta, um adepto dirigiu-se ao local, apanhou as referidas frases e transportou-as
até um caixote do lixo que se localiza junto ao acesso à bancada. Pois bem, os agentes da PSP destacados para garantir a segurança do encontro, acharam que este gesto, que entendemos nós devia ser interpretado como um comportamento cívico a salutar, era passível de resultar numa acusação ao referido adepto, novamente alegando a violação dos artigos já acima referidos (1 e 3 dos artigos 39 e 40), mostrando que, para os procuradores ditos “especializados”, a violação do dever de moderação é norma universal e “pau para toda a obra” quando o objectivo é perseguir! Com este artigo pretendemos sensibilizar todos os apaixonados pela bancada para a crescente onda persecutória encabeçada por este projecto piloto, que se iniciou na Comarca de Braga mas que em breve se alastrará a todas as comarcas do país e que, em vez de contribuir para a criação de um ambiente saudável e festivo entre adeptos, tem contribuído e contribuirá ainda mais no futuro para o progressivo definhar do modelo entusiástico e popular que foi elemento fundamental para que o desporto se tornasse o poderoso fenómeno global que hoje conhecemos!
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O caso Speziale A 2 de Fevereiro de 2007, joga-se mais um derby siciliano entre Catania e Palermo. Sempre com ambiente escaldante, o final do jogo é marcado por graves confrontos entre os Catanesi e a polícia. No decorrer desta confusão é preso Antonino Speziale, de 17 anos, por desacatos. Mais tarde é difundida a notícia da morte do Inspector Filippo Raciti. Assim, Antonino passa a ser acusado da morte do Inspector por ter desferido um golpe com a parte de cima de um lavatório do estádio. Contudo, os primeiros sinais de que algo não bate certo começam a surgir. O polícia Salvatore Lazzaro presta o primeiro depoimento no qual declara que atropelou o Inspector Raciti em marcha-atrás. A cronologia dos eventos também não encaixa na narrativa acusatória, já que o alegado golpe terá ocorrido quase 1 hora antes deste atropelamento. É requerida uma perícia pela Juíza de Investigação Preliminar (GIP), Alessandra Chierego, ao departamento de investigação científica da polícia de Parma (RIS) confirmando-se que o golpe desferido não foi a causa da morte do inspector. Apesar das evidências, todas as testemunhas de relevo mudam os seus depoimentos em tribunal e Antonino é condenado a 9 anos de prisão em Novembro de 2012. Paradoxalmente, Daniele Micale, declarado cúmplice no crime, recebe 11 anos de prisão, mesmo não sendo o principal acusado. No decorrer do processo Antonino esteve preso preventivamente 2 vezes num total de 2 anos. Do mundo ultra, Antonino recebeu sempre solidariedade e ao longo dos anos muitos fizeram questão de nunca o esquecer. No passado dia 15 de Dezembro, Antonino pôde finalmente voltar a casa e abraçar a sua mãe e pôde também voltar a viver. Contudo ficam para trás 13 anos de processos, julgamentos, recursos, mas sobretudo: Inocência. Speziale: hoje livre, desde sempre inocente! Por M. Bondoso
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Futebol na ponta dos dedos, uma viagem pelO mundo do Subbuteo! Os mais velhos certamente recordam com saudade as tardes e noites passadas com os amigos, aos piparotes com os mini jogadores de futebol, em jogos mais disputados que as finais das ligas dos Campeões. O Subbuteo foi, nas décadas de 80 e 90, o jogo de futebol mais popular, depois vieram as consolas e tornou-se quase um jogo de culto. O jogo foi importado de Inglaterra no final dos anos 70, numa ação de marketing que teve a participação de Eusébio. Já nos anos 80 cresceu bastante o número de jogadores e era raro haver um prédio onde não houvesse um jogo de Subbuteo. Depois, com a concorrência dos computadores e, mais tarde, das consolas houve uma grande diminuição de praticantes em Portugal, mas a modalidade manteve-se ativa a nível mundial até aos nossos dias. No Subbuteo, ou Futebol de Mesa como também é conhecido em Portugal, as regras são bastante similares às do futebol. Há foras, cantos, faltas e foras de jogo, por exemplo, como no jogo jogado com os pés. O jogo opõe dois atletas em simultâneo e, tal como no futebol, também existe quem ataca e quem defende e tenta ganhar a bola para atacar. O Subbuteo é um jogo bastante dinâmico que alia a destreza de movimentar as figuras com os dedos à rapidez de pensamento na tentativa de antecipar a jogada que o adversário vai executar. O Subbuteo teve o seu “boom” em Portugal por volta dos anos 80 com milhares de praticantes e com o aparecimento das primeiras provas, inicialmente de carácter regional e, mais tarde, a nível nacional. A modalidade cresceu e organizou-se dando origem, em 1993, ao aparecimento da APS (Associação Portuguesa de Subbuteo) que veio substituir uma outra organização mais antiga. Apesar da diminuição do número de atletas, a modalidade continuou a ser disputada de norte a sul com várias provas. A nível internacional os atletas portugueses, quer individual, quer coletivamente alcançaram vários títulos mun-
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diais, como os recentemente conquistados títulos de Campeã Mundial Feminina conseguido pela atleta do Belenenses Carolina Villarigues e, de Campeão do Mundo em Veteranos (maiores de 45 anos) conquistado pelo jogador do Sporting Filipe Maia. Anualmente a APS cria um calendário desportivo com as provas nacionais e internacionais que contam para o ranking nacional, sistema de pontuação idêntico ao do Ténis. A época desportiva dura 11 meses, de setembro a julho do ano seguinte e é composta por cerca de 20 provas. Complementar a este calendário existem também provas regionais em Lisboa e no Porto. Este ano, com a pandemia, tudo está parado e é provável que haja alterações nas datas de início e fim de época. São vários os clubes, de norte a sul do país, filiados na APS e cada clube tem as suas próprias instalações onde são realizados os treinos e, aos fins de semana, as provas. O futebol de mesa é jogado de forma individual, um jogador contra outro ou por equipas, 4 jogadores de cada equipa a jogarem ao mesmo tempo em 4 mesas diferentes contando o resultado das vitórias nas mesas, ou seja, de 0-0 até 4-0. No total são cerca de 80 os atletas filiados. Uns que jogam nos clubes existentes e outros que jogam a nível individual. A nível de clubes existem, entre outros, o CF osBelenenses, o Sporting CP, o CF Sassoeiros, o Orfeão do Porto, o GDR de Tires, mas era bom aparecerem mais clubes, principalmente os tradicionalmente mais representativos no futebol, na esperança de fortalecer esta modalidade. Houve hi-
pótese do Benfica criar a secção, mas não avançou. A modalidade evoluiu muito desde o seu aparecimento. As equipas, hoje em dia, são réplicas quase perfeitas das equipas reais permitindo que cada participante escolha o clube ou equipamento que mais gosta. A principal evolução do jogo foi ao nível das bases onde assentam os bonecos, apesar de ainda existirem as bases dos anos 80 e 90, hoje referenciadas como Old Subbuteo e ainda com muitos praticantes, as bases de competição foram-se adaptando às exigências do jogo, tornando-o mais rápido e
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dinâmico, no fundo, mais espetacular. Quanto aos custos deste jogo, depende sempre do que cada praticante quer gastar, é como no futebol jogado com os pés e com a qualidade das botas, no Subbuteo o maior custo para competir mais a sério são as bases que podem oscilar entre os 35€ e os 50€. Depois há que somar os bonecos e um guarda redes metálico. Resumindo, para jogar a sério cada equipa ronda os 60€, ou mais. A estes valores temos que acrescentar, caso haja essa necessidade, o preço do campo, balizas e bolas que varia igualmente em função da dedicação que queiramos dar ao jogo. Numa solução mais económica, e para iniciar, basta comprar uma caixa completa do jogo que tem duas equipas, balizas, campo e bolas e ronda os 40€ Como consequência da pandemia está tudo parado a nível mundial, só na Austrália é que estão a mexer e em Inglaterra vão fazendo uns torneios, mas nada oficial. Por cá temos igualmente que obedecer às diretrizes da DGS mas, assim que for possivel, vamos iniciar a época e preparar as viagens para disputar as competições europeias e mundiais. No futebol de mesa também jogamos a Liga dos Campeões e Liga Europa, por exemplo, nós no Belenenses já fomos jogar à Bélgica e a Itália em provas europeias que se realizam num único fim de semana e em que cada equipa faz 8 jogos divididos por sábado e domingo. É de salientar que, a última Liga Europa, disputada em outubro de 2019, foi organizada por nós, em Belém, com a participação de cerca de 120 atletas de 22 clubes diferentes, sendo 19 deles estrangeiros. Preparámos 24 mesas de jogo novas, das melhores que existem, e no fim recebemos os parabéns da Federação Internacional e de todos os participantes pela organização. Numa altura em que não podemos estar nas curvas a apoiar as nossas equipas, aproveitem e joguem em casa, vão ver como é fixe. Aproveito para deixar aqui os contactos da Associação Portuguesa de Subbuteo. Qualquer questão que queiram colocar sobre a modalidade contatem a APS através do site www.apsubbuteo.pt ou via e-mail secretaria@apsubbuteo.pt Por Luís Silva, Presidente da Associação Portuguesa de Subbuteo e Director da modalidade no Belenenses
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CULTURA DE ADEPTO BENFICA I WILL FOLLOW As viagens ao estrangeiro a apoiar o clube do coração sempre foram especiais. Por norma, em grupos mais curtos, com o leque de amigos mais próximos, o gosto por estas viagens foi crescendo. E em 2014, quando já contabilizava mais de uma dezena de viagens, comecei a escrever sobre as mesmas num blog criado para o efeito: o Benfica I Will Follow. O nome vem dum estandarte pintado no início do século e que me acompanha desde então, nos últimos anos em formato impresso. Por volta de 2018, já com alguns textos escritos, fui desafiado por dois amigos a passar os textos para livro, compilando assim todas as crónicas das viagens a jogos no estrangeiro. O desafio foi aceite e 2020 deu-me a possibilidade de redigir tudo o que faltava, procurar uma vasta foto-biblioteca para ilustrar as crónicas e meter mãos à obra, entrando também no mundo da paginação e edição, tudo de forma amadora. A opção para a publicação da obra acabou por ser a Amazon (disponível em todas as Amazon europeias – Espanha, França, Itália, Alemanha, Reino Unido, etc) pela facilidade, por não existir necessidade de impressão para publicação, e possibilitando que ficasse com o preço mínimo exigido pela Amazon, pois o interesse era apenas partilhar as histórias e as imagens, daí a publicação a cores ser fundamental. Lazio, Inter, Man United (2 vezes), Liverpool, Barcelona, Chelsea (em Amesterdão), PSG, Olympiakos, Anderlecht, PAOK, Tottenham, AZ,
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Juventus, Sevilla (em Turin), Monaco, Zenit (2 vezes), Atlético Madrid, Galatasaray, Astana, VIC (Liga europeia de Hóquei), Bayern (2 vezes), Napoli, Dynamo Kyiv, Besiktas, Coutras (Liga Europeia Feminina de Hóquei), Borussia, Arsenal e RB Leipzig (na Emirates Cup), Basel, CSKA, Sevilla (International Champions Cup em Zurich). AEK, Ajax, Monza (Liga Europeia de Hóquei) e finalmente Eintracht. Foram estes os 38 jogos que tive o privilégio de acompanhar no estrangeiro e sobre os quais escrevi crónicas que vão de umas dezenas de linhas até várias páginas. O tema da crónica acaba por ir muito mais além do jogo. Às vezes a referência ao mesmo acaba por ser residual, focando frequentemente a cidade, o seu enquadramento, o que há para ver, ou não, visitas aos estádios nas cidades, ou ainda a ida a outro jogo que aí decorra (não necessariamente de futebol). Desde odisseias para chegar a jogos que, na véspera, parecia impossível estar presente, devido aos contratempos, como em Liverpool ou Dortmund, a viagens programadas ao milímetro, até por terem sido em família, como as segundas idas a São Petersburgo e a Munique, passando por voos de regresso cancelados como em Istanbul, há de tudo um pouco. Acaba por ser uma compilação sobre o melhor de dois mundos: o viajar e o acompanhar o clube do coração. Com uma música da banda preferida como lema: “I Will Follow”.
Por Tiago Marques
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As tréguas de Natal
Desde cedo que o futebol tem evoluído assente em vários pilares que o valorizam enquanto actividade desportiva, assim como na sua componente social e na importância do desenvolvimento pessoal do atleta. Próprio de um jogo colectivo, reúne em seu torno uma série de valores que o definem e o tornam capaz de influenciar o que não era expectável de ser influenciado. Um exemplo concreto é a possibilidade de unir polos opostos e de separar os iguais, aplicando as leis da física às interações sociais. Penso estar correto ao afirmar que é quase paradoxal o resultado da análise sobre o impacto que este desporto tem sobre nós. É a luta da emoção contra a razão, um “jogo” que por mais que nos habituemos a jogar, nunca sabemos o resultado. É neste desporto, que tem o dom de congregar mas também de dividir, que encontramos uma história que parece retirada do nosso imaginário sendo que, com o passar dos anos, acabou por soar a lenda... e não será mesmo uma lenda? Pois bem, esta história ficou conhecido como a Trégua de Natal e teve lugar no ano de 1914, mais concretamente na ultima quinzena de Dezembro. Um periodo festivo mas, ao mesmo tempo, muito conturbado já que o mundo, aquela data, era palco de uma guerra, a Primeira Grande Guerra Mundial. O seu início remonta a 28 de julho desse mesmo ano obrigando as tropas, pela primeira vez, a passar a quadra Natalícia longe das suas casas e das suas famílias. Reza a história que, durante a semana que antecedeu o Natal, soldados alemães, britânicos e
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também franceses entoavam, dentro das suas trincheiras, canções de Natal. Em vários lugares do mundo pedia-se o pousar das armas em respeito ao momento, inclusive o Papa Bento XV pediu “que as armas possam cair em silêncio, ao menos na noite em que os anjos cantam”. Infelizmente nenhum apelo havia conseguido o sucesso pretendido. Na véspera e no dia de Natal, incentivados pelos cânticos conjuntos, soldados de ambos os lados aventuraram-se para fora das suas trincheiras e, para além da troca de canções, houve troca de prendas. Espante-se ainda, segundo relatos em vários diários de soldados, entre outros registos, apareceu uma bola, não se sabe bem de que lado, e jogaram futebol entre eles! Mesmo havendo relatos de boas relações entre soldados de ambos os lados do conflito, que trocavam correspondência mas não só, esta foi uma imagem incomum e especial para quem a presenciou e até para quem ouviu apenas relatos. Apesar de tudo, convém não apagar que estes homens se enfrentavam violentamente todos os dias e de repente estavam juntos a conviver “aos olhos do mundo” em plena luz do dia, altura em que o normal era estarem protegidos no interior das próprias trincheiras. A hipótese de ter ocorrido o jogo não é aceite por todos os historiadores da época. Alguns afirmam que o jogo não existiu, outros que o jogo foi entre soldados do mesmo país e sim, também há quem defenda que o jogo ocorreu entre as equipas de frentes inimigas. Supostamente, segundo os relatos, esse jogo teve lugar entre as localidades belgas de Saint-Yvon e Ypres, e as tropas germânicas teriam vencido o encontro frente aos ingleses por 3-2. Tenha ou não ocorrido esta partida de futebol, convém referir em abono da verdade, que esta trégua não foi geral, muito menos significou o fim da guerra. Infelizmente em vários pontos os combates prosseguiram e duraram até 11 de novembro de 1918. Ainda assim, o momento foi visto como um símbolo de esperança de paz para o mundo. Podemos dizer que a data ficou marcada nos soldados e só não foi possível fazer o mesmo nos anos que se seguiram porque os superiores hierárquicos ordenaram que as confraternizações não tivessem lugar, sob ameaça de prisão e fuzilamento para quem transgredisse essa regra. Mais recentemente, a 11 de novembro de 2008, foi inaugurado um memorial da Trégua de Natal em Frelinghien, na França. Moral da história, seja ou não verdade, por vezes os mitos ganham mais força que os factos e talvez seja por isso que ainda hoje esta história faça eco pelos quatro cantos deste mundo. Por J. Lobo
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contra a SUPER LIGA europeia ADEPTOS DE TODA A EUROPA UNEM-SE PARA SE OPOR À SUPER LIGA EUROPEIA Embargado até às 10:00 CET de 02.02.2021 Este comunicado é assinado por um vasto e transversal conjunto de adeptos europeus, incluindo associações nacionais de adeptos, adeptos dos clubes do top 200 da UEFA, Adeptos de clubes que supostamente apoiam a Super Liga, e adeptos de clubes vencedores de anteriores competições europeias. Estamos todos unidos nesta nossa oposição à criação de uma Super Liga Europeia - um esquema impopular, ilegítimo, e perigoso aos olhos da esmagadora maioria dos adeptos. Destruiria o modelo europeu do desporto, que se baseia em princípios comummente aceites como o mérito desportivo, a promoção e despromoção, a qualificação para as competições europeias através do sucesso a nível nacional, e a solidariedade financeira. Neste processo, iria também minar as bases económicas do futebol europeu, concentrando ainda mais riqueza e poder nas mãos de meia dúzia de clubes de elite. Reconhecemos que este Jogo está a necessitar desesperadamente de uma ampla reforma. Mas as propostas neste sentido devem procurar reavivar o equilíbrio competitivo nas competições europeias, proteger as ligas nacionais, promover os interesses dos adeptos, e encorajar uma distribuição mais justa das receitas. Uma Super Liga Europeia não atingiria nenhum destes objectivos – muito antes pelo contrário. O mérito desportivo e as competições europeias O raciocínio por detrás de uma Liga como esta, fechada, é simples: permite aos grandes clubes terem sucesso fora do campo, mesmo quando falham dentro das quatro linhas. É anti concorrencial por concepção. Acaba com a magia de receber uma taça, arrebata o sonho de vermos o nosso clube jogar na Europa, e vai contra o próprio espírito do Jogo. Esta abordagem é profundamente injusta e contraproducente. Acreditamos que todos os clubes devem ter igual oportunidade de se qualificarem para as competições europeias com base no trabalho árduo, determinação e capacidade, e não no tamanho do seu balancete patrimonial ou glórias passadas. Proteger as competições domésticas Uma Superliga iria ainda mais prejudicar as competições nacionais, acentuando ainda mais as desigualdades existentes dentro das Ligas e entre elas – isto porque irá adicionar mais jogos europeus a um ca-
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lendário já congestionado e oferecer aos clubes mais ricos uma vantagem ainda maior, através do aumento das suas receitas. Preocupamo-nos sobretudo, com a forma como os nossos clubes se comportam nas Competições Nacionais e Internacionais. Recusamo-nos a deixar que as Competições Nacionais se tornem competições de segunda classe. Queremos reforçá-las, não enfraquecê-las. Defender os Adeptos e a Cultura dos Adeptos A pandemia mostrou mais uma vez como os adeptos são cruciais para o espectáculo e a sobrevivência do futebol, desde a Liga dos Campeões até ao futebol amador. Apoiámos os clubes – financeiramente, e não só - apesar de não podermos assistir aos jogos e estarmos a sofrer os efeitos de uma crise económica na nossa vida quotidiana. Esta solidariedade deve ser reconhecida e não explorada. Há limites ao tempo e dinheiro que os adeptos podem investir no futebol, e uma Super Liga vai muito além destes limites. Não queremos nem precisamos de mais jogos europeus. E estamos cansados de pagar pelas fantasias de salários sempre crescentes, pelas milionárias taxas de transferência e demais lucros, bem como da má gestão financeira. Distribuição mais justa de receitas e sustentabilidade O actual modelo económico do futebol europeu está profundamente viciado. Um conjunto de clubes estão inundados de dinheiro, enquanto um número significativo de clubes tem muito pouco, e em muitos países o Jogo, na sua base, está à beira do colapso. Uma Super Liga tornaria esta situação muito pior, permitindo aos grandes clubes monopolizar os lucros e colocando em grave perigo o sistema de solidariedade e redistribuição existente. Queremos uma distribuição mais equitativa das receitas do futebol europeu para proteger todas as ligas e clubes, tornando-os mais competitivos a nível nacional e europeu. Diálogo com Adeptos e outros intervenientes Uma Super Liga tornaria o futebol europeu mais desigual, menos competitivo e, a longo prazo, insustentável. Embora seja necessária uma reforma, esta não deveria aparecer sob a veste de um ultimato dos clubes ricos que procuram beneficiar de uma crise de saúde pública sem precedentes. Por conseguinte, apelamos a uma consulta significativa dos múltiplos interessados sobre quaisquer propostas para reestruturar o jogo europeu, incluindo os Adeptos e os seus representantes. Acompanharemos igualmente de perto todas as tentativas de alterar o formato existente das Competições Europeias e compará-las-emos com os princípios delineados acima e opor-nos-emos ainda a quaisquer tentativas de impor uma Super Liga pela porta das traseiras. Para além da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, do comunicado são signatários os seguintes grupos: Diabos Vermelhos (SL Benfica), Bracara Legion, Red Boys Braga (SC Braga), Coletivo Ultras 95, Super Dragões (FC Porto), Brigada Ultras Sporting, Diretivo Ultras XXI, Torcida Verde, Juventude Leonina (Sporting CP), Insane Guys e Gruppo 1922 (Vitória SC).
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