Revista Budô Nº 17

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Revista Bud么 n煤mero 17 / 2016

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PK 2016

Dojô Wado Kai Jau

Clube Intern. de Regatas

Okinawa Shorin-Ryu

Ass. Maximus K. Shotokan

Assoc. Mizu Do Karatê

Karatê-Dô Wado Kai Brasil

Projeto Atleta Cidadão

Ass. Santamarense Karatê

Secretaria Esportes Itapira

Okinawa Shorin Ryu Jyureikan do Brasil

Ornaghi Shito-Ryu Karatê

Ass. Primavera Esportes

Prof. Ernesto Taro Nisibara

Prof. Mário Panucci

Prof. Osmar Teixeira Vieira

Prof. Jorge Santos de Jesus Prof. Michizo Buyo

Prof. José Cesário Prado Prof. Flávio V. de Souza Prof. Alessandro Tosim

Koobashi Academia GN Prof. José Messias Alves

Clube MESC

Prof. Paulo Roberto Rocco

Assoc. Higa Dojô

Prof. Nelson Mitsuo Higa

Assoc. Yamato Dojô Prof. Gledson de Paiva

Assoc. Nunes de Karatê Prof. Antenor Nunes

Associação Aranha

Prof. Fábio Porto Aranha

Assoc. Ishii de Karatê Prof. Oscar Kazuo Higashi

Pref. Estância Hidr. Poá Prof. Douglas N. R. Santos

Gladiators Fighter Fitness Prof. Rodrigo Inácio C. Mota

CELT Catanduva

Prof. Alain Patrick Paula

Instit. Ken Yu Karatê-Dô Prof. Sergio R Longo

Assoc. Karatê de Maracaí Prof. Ebiton Oliveira Rocha

Assoc. Tomodachi de Karatê Prof. Roberto Santos Alves

Associação de Karatê Prof. Fabiano F. Ivo

Assoc. Shinshukan Karatê Prof. Carlos Anunciação Jesus

Campos Dojô – Ass. Karatê Prof. Celso Santos Campos

Academia Gaviões Prof. Leonildo Aguiar

Ass. Ken Zen Kan Karatê Davison José Tosadoni

Ass. Portuguesa Desportos Prof. João Paulo Ornelas

Associação Heian de Karatê Prof. Carlos Magno Duarte

Assoc. Olímpia de Karatê Prof. José Roberto Pereira

Ass. Divino Grioles Karatê Prof. Evandro Segura y Grioles

Praia Grande – Depto. Karatê Prof. Denise L. S. Santos

CGE Ken In Kan

Prof. José Antônio Silva

Ass. Karatê Tenryu-kan Prof. Sergio A. Nascimento

A. A. Banco do Brasil Prof. Edcarlos Rodrigues

Clube Cultura Artística Prof. Fernando L. Vicenzi

Assoc. Daitan de Karatê Prof. Fábio Capusso Prado

Living Academia Prof. Dhaniel Natumi

Assoc. Dinâmica Karatê Prof. Augusto José Andrade

Clube Atlético Santa Cecília

Prof. Massahiro Shinzato Prof. José Vieira Santos Prof. Christian Cruyff

Prof. Antônio G. da Silva Prof. Alexandre Ornaghi

Assoc. Kyodo-kai Karatê Ouro Verde CME

Prof. Clodoardo Zanon

Assoc. Karatê Samuray Prof. Edílson Aroca

Assoc. Meikyo de Karatê Prof. Aparecido Rubens

Ass. Washi Kan de Karatê Prof. Antônio Carlos Schiavon

Sec. Esp. Taboão da Serra Prof. Manoel Lopes

A. Shu-Bu-Kai de Karatê Prof. Roberto Yokomizo

SEJEL Karatê Shorin Ryu Prof. Ademir de Jesus Lima

Karatê Guarujaense

Prof. Adalberto Pires Affonso

Spacefit Academia Karatê Prof. Rogério Passos Silva

A. A. Oswaldo Cruz USP Prof. Jurandir Ferreira

Assoc. Nindo Kan Karatê Prof. Ivaldo José Silva

Cl Literário R. Sertanezino Prof. Firmo Leão Ulian

Colégio Bandeirantes Prof. Odair B. Silveira

Kuroshio/SECEL Sumaré Prof. Thiago Bernardino

Associação MC Kan

Prof. Manoel Carlos Silva

Ass. II de Junho Karatê Prof. Luiz Artur do Amaral

Clube Fonte São Paulo Prof. Francisco Basseto

Ass. Artes M. Otokojuku Prof. Takeo Kikutake

Assoc. Shitsuke Karatê Prof. Alcimar Rodrigues

Assoc. Ramos Karatê Prof. Jorgenilto Ramos

Ass. Kombate Itapira Prof. Geraldo Carvalho

Pref. Mun. de Hortolândia Prof. Iranildo Cavalcanti

Butoku-Kai Motorama Prof. Isaias Barbosa

Washi Ki O de Karatê Prof. Edison Zuin

Ass. Tatsujin de Karatê Prof. Hernani Flor Rocha

Associação. Seikan Prof. Marcio Papi

A. Itapetininga Karatê Prof. José Carlos Floriano

A. D. Classista Rigesa Prof. Edson J. Cremasco

A. Desportiva Corpore Prof. Durval Dornellas

Academia Falcão Azul Prof. Rogério Gonçales

Pref. Mun. Saltinho

Prof. Ramon de Oliveira

Assoc. Jauense de Karatê

Pref. Municipal de Jahu CPP- Centro P. Paulista

Assoc. Karatê Eiko-kan

Assoc. Kami Karatê-Dô

Prof. Melquises Lopes Prof. Tito Colo Neto

Prof. André Luiz Abreu Dias

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Prof. Adriano Wada

Prof. Ronaldo Rodrigues

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Karatê SEL Marília

Natação Acqua Center

Assoc. Karatê Higashi

Nipo Brasil. Jabaquara

Assoc. Arte e Vida

Ricardo Oliveira Karatê

Prof. Gerson A. Pereira

Prof. Nelson Koodi Abe

Ass. Karatê Superação Prof. Miguel A. de Melo

União Karatê Esportivo Prof. Ricardo M Marchi

C. Recanto Educacional Profa. Simone Cirillo

Guarukai K. Shotokan Prof. David Querino

Instituto Hitsuji

Prof. José A. Carneiro

Meninos Futeb. Clube Prof. Márcio Sbrana

Epiphany VGS Karatê Prof. Jorge H. Silva

Esp. Cult. Lazer Aguaí Prof. Marcos Ferreira

Acad. Vital Karatê-Dô Prof. Victor Silva Vital

Karatê Vinhedo

Prof. Jefferson Pereira

Assoc. Gaeta Karatê-Dô Prof. Orlando Domenico

DETLA - Brasiliense Prof. Dirceu Brás Pano

Garras Águia Karatê-Dô Prof. Antônio C. Andrade

Cl. Atlético Bioleve

Prof. João Carlos da Silva

Alves Dojô

Prof. Valdemar Vieira Alves

Praia Grande Karatê-dô Prof. Allan Jozala Souza

T.K. Karatê

Profa. Renata Trevisan

Zedo Do Kai Wado Ryu Prof. Marcio Félix

Aquático da Aclimação Prof. Oswaldo de Barros

A. Up Ito Céu Aberto Prof. José Oliveira

Shodo-Kan de Karatê Prof. Roque Bispo

Ass. FPM Piracicaba Prof. Gilson E. Felipe

Assoc. Cobras Akai Prof. Ivan da Silva

Prefeitura de Amparo Prof. Carlos Antonelli

Jomadan Artes Marciais Prof. Osvaldo Jeronimo

Assoc. Karatê Center Prof. Osvaldo França

AKASC – São Carlos Prof. Carlos R. de Mattos

Assoc. Karatêposse

Prof. Edson José Ferreira

Prefeitura de Conchas Prof. Mateus Melo Alves

Patrulheiro de Santos Prof. Melquises Lopes

Esporte C. Santa Cruz Prof. Danilo da Silva

Ennio Vezzuli

Instrutor Chefe da FPK

Assoc. Fartura de Karatê Prof. Paulo Tadeu Souza

Tenryu Kan A. Marciais

Prof. Anselmo R. do Carmo Prof. Flávio Antônio Leite

Prof. Ulysses Cameron

Prof. José H. Camilo

Prof. Ricardo Oliveira Ryubukai Santo André Profa. Cintia Yonamine

Prof. Ticiano Lacerda Lima

Prof. Sérgio A. Nascimento

Assoc. Camilo Karatê

Diretoria Presidente José Carlos Gomes de Oliveira 1º Vice-Presidente Pedro Hidekasu Oshiro

Dojô Bertioga de Karatê

União Ryuzo Watanabe

Ken in Kan Cubatão

Dojô Pinheiro Karatê

Mizukan Karatê

Dojô Ronin de Karatê

O. Shorin Ryu Shobu Kan

Duarte Karatê-Dô

A. Promessas FEC Lazer

Associação Nogueira

Okinawa Kenjin do Brasil

E.E. Prof. Simão Mathias

Clã de Artes Marciais

Cage Fight Team

Academ. Karatê Brandão

Yokoyama Dojô Karatê

Ass. Okinawa Patriarca

Dojô Marçal K. Shotokan

Diretor Administrativo Oscar Kazuo Higashi

Makoto Dojô

Team Nogueira Guarulhos

Diretor de Graduação Sergio Toshioki Hisaoka

AKAJI Jovens Amanhã

Sport Vencer Bushidokan

Karatê-Dô Nintai Dojô

Ass. Yoshino Karatê-Dô

Calis Karatê

Okinawa Karatê Shotokan

Willians Quirino Karatê

Marques Dojô

Associação Alvorada

Nintai Karatê-Dô

Lions Clube de Cubatão

SSME Presidente Prudente

Ass. Ivad Artes Marciais

Thaiwalter Karatê Kobudo

Assoc. Aquino Karatê

Áureo Karatê Shotokan

Diretoria Médica Gabriel David Hushi

Kizami Dojô

Assoc. LW Cantareira

Diretor de Eventos Paulo Romeu da Silva

PEC – RDF São Caetano

Assoc. Motta de Karatê

Instituto André Zago

Liga de Karatê de Osasco

Dojô de Artes Marciais

Assoc. Fênix Karatê-Dô

Shitokai Acad. Usti Arone

Valdemir Silva Karatê-Dô

Club Athletico Paulistano

PM Ibaté/Des./Kii Kuu Kai

Roberto Pacheco Karatê

Shiratomi Karatê-Dô

Departamento de Projetos Sociais Sérgio Hiroshi Takamatsu

Inst. E. José Paiva Netto

Academia Nova Era Sports

Instituto Sonho Vivo

S. E. Lazer Praia Grande

Departamento Escolar Ernesto Taro Nishibara

Projeto Karatê Educando

Assoc. Zanshin Karatê-Dô

Nagata Dojô

Esporte Guarulhos

Inst. Koi Fitness Shitokai

Círculo Militar Campinas

Esporte Clube Vila Galvão

Projeto Genki Karatê S.

Prof. Allan Vicente

Prof. José R. Silva Prof. Mario Nakati

Prof. Rubens Góes Costa Prof. Mario Nakati

Profa. Beatriz Ferraz

Prof. José Soares Brandão Prof. Flávio Vicente Souza Prof. Edmilson Monteiro

Prof. Marco Gomes Silva Prof. Marcos Dedino Prof. Carlos J. Calis

Prof. Willians Quirino

Prof. Jesuíno R. Coutinho Prof. Douglas G. de Brito Prof. Marcelo de Sousa Prof. Ricardo Aquino

Prof. Paulo Renato Costa Prof. Renan Dias Forão

Prof. André Ricardo Zago

Prof. Cláudio Souza Santos Prof. Ricardo O. Gaspar Prof. Wladimir Romic

Prof. Roberto de Pacheco Prof. José Carlos Mattos

Prof. Valdeci R. de Castro Prof. José M. Brandão Prof. Ricardo Pincelli

Prof. Rogério Y. Saito

Prof. Edmilson J. da Silva

Prof. Claudinei Nascimento Prof. Gilson F. Gomes Prof. Tiago M. Barros

Prof. José Carlos Nogueira

Prof. Matheus Firmino Reis

Prof. Carlos Martins Pereira Prof. Cesar Cláudio Filippi

Profa. Sabrina M. de Sousa Prof. Christian H. Ferreira

Prof. João de Deus Santos Profa. Tania Yoshino

Prof. Clayton G. dos Santos

Prof. Ronaldo Marques Silva

2º Vice-Presidente José Ricardo Ortiz D’elia Presidente de Honra Mestre Juichi Sagara (In memoriam)

Kodansha -Kai Koji Takamatsu - Assessor: Sergio Takamats Michizo Buyo - Assessor: Oscar Higashi Tomeji Ito (in memoriam) Yoshihide Shinzato (in memoriam) Assessor Geral do Kodansha-kai Edson Nakama

Diretor Financeira Ivon da Rocha Dede Conselho Fiscal Emerson Ludovico - Antônio Mendes Carlos Eduardo Dauricio Diretor de Arbitragem Nelson Mitsuo Higa

Prof. Denis Cesar S. da Silva

Diretor Técnico Edson Fujinori Nakama

Prof. Alexandre V. A. Serra

Diretor Jurídico Thiago Pedrino Simão

Prof. Walter Jarbas Silva

Prof. Áureo da Silva Dutra Prof. Luiz Carlos Alves

Prof. Huelder Benedito Motta Prof. Gilberto de Schavareto Prof. Edinaldo Silva Souza

Prof. Antônio Valdemir Silva Prof. Élcio Manoel Ferreira Prof. Elton S. Shiratomi

Prof. João Leite Neto Araújo

Diretor de Comunicação, Planejamento e Marketing Alziro Cesarino Departamento de Gestão Estratégica e Relações Institucionais Odair Dias

Departamento de Instrução e Prática (DIP Responsável e instrutor-chefe Ennio Vezzu

Prof. Luiz Fernando Antunes

Departamento de Karatê Adaptado Sergio Reinaldo Longo

Prof. Raphael Carlos Blanco

Departamento de Informática Paulo Cesar Spigolon

Prof. José Marcones

Prof. Edvaldo Cavalcante Prof. Atila Ramos

Prof. Sérgio Nascimento

Bushidô Cândido Mota Prof. Marcos Kamaguso

Proj. Karatê Para Todos Prof. Luciano Moreira

Suzanense Falcões Karatê Profa. Ana Lúcia Silveira

Dojô Júnior de Karatê Jose Orlando Oliveira

ASKAN – Alonso Neto Prof. Alonso José Neto

SESI-SP

Prof. Ivan F. Marques

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Federação Paulista de Karatê Fundada em 13 de setembro de 1974 Rua dos Estudantes, 74 - 4º andar - Sala 45 Liberdade – São Paulo-SP Fones: 11 3887-6493 e 3887-9880 www.fpk.org.br – karatefpk@uol.com.br Revista Budô número 17 / 2016

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EDITORIAL Esportes de Combate

ral vem fazendo, culmine no surgimento de um Brasil novo, pois de nada adianta ficar chorando e pedindo o nosso Brasil de volta. Jamais seremos atendidos por uma simples razão: aquele Brasil que nos venderam e que disseram existir na verdade jamais existiu. Mas pelo menos no campo esportivo temos boas notícias, já que os índices estão sendo alcançados e, com exceção de poucas modalidades, as equipes encontram-se bem preparadas e o nível de competividade do Time Brasil está altíssimo. O judô, o nosso carro chefe quando o tema é rendimento e medalhas, colhe os frutos do excelente planejamento realizado pela Gestão de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô durante todo este ciclo olímpico, e desde o início desta temporada os atletas da seleção brasileira não param de conquistar medalhas nas principais competições internacionais que valem pontos no ranking internacional. Se o quadro se mantiver, o judô brasileiro certamente obterá um resultado histórico e mais uma vez será o grande bicho papão de medalhas olímpicas. Engessadas pela enorme dificuldade financeira as demais modalidades de luta fizeram um trabalho muito aquém daquilo que vem sendo feito pela CBJ, mas a esperança é conquistarmos medalhas com o taekwondo, a luta olímpica, o boxe e a esgrima, que também é um esporte de combate. Esperamos que toda a sujeira que empurrou nosso País para a beira do precipício não nos furte também o direito de comemorar a honra de sediar um evento olímpico de forma digna, pois todos nós brasileiros fizemos a nossa parte arcando com o evento mais caro da história do olimpismo. Em face deste quadro, conclamamos que venham as competições, as medalhas e a glória de um povo que abraçou tudo que aí está, e que espera sua contrapartida. O editor Rafael Silva e David Moura, campeão e vice-campeão no Campeonato Pan-americano realizado na última semana de abril, em Havana (Cuba)

Editor e Diretor Paulo Roberto Pinto de Souza paulobudo@gmail.com Diretora Executiva Daniela Lemos daniela.lemos@terra.com.br Conselho Editorial Mauzler Paulinetti José Jantália Flávio Bang Ivon da Rocha Dedé Lucas Moraes Redator N. T. Mateus – Mtb 10.864 Direção de Arte André Siqueira Assistente de Produção Geisa Guedes Assistente de Redação Isabela Lemos Colunistas Fernando Malheiros Filho Anderson Dias de Lima Guaraci Ken Tanaka Consultores Técnicos Luiz Alberto dos Santos – Judô Walmir Zuza – Karatê Calos Negrão – Taekwondo Michael Moraes – Kung Fu

Foto: © IJF Media by G. Sabau

A

menos de 100 dias dos Jogos Rio 2016, todos nós que militamos no esporte vivemos meio à margem do Brasil real, um País que nós mesmos desconhecemos tamanha foi a desordem e o anarquismo implantados por um desgoverno que se perdeu em meio ao nepotismo e a ganância absurda daqueles que deveriam promover a ordem social e o crescimento econômico da nação que lhes foi confiada. As perguntas que mais faço quando lembro da importância histórica do evento que assumimos sediar em agosto são: que País é este em que vivemos, hoje? Como estará o Brasil em agosto? O que será do esporte, após os Jogos Olímpicos? Mas, tentado deixar o alarmismo de lado, foco o pensamento no trabalho realizado por gestores esportivos, técnicos e principalmente pelos atletas brasileiros que, alheios ao caos social e macroeconômico que nos cerca, buscam fazer a sua parte no sentido de legitimar todo o empenho que o Comitê Olímpico do Brasil e o Ministério do Esporte desenvolvem para manter o programa olímpico vivo e nos trilhos. Sim, vivemos em dois países. Um deles é habitado por gente séria, comprometida e consciente da necessidade de caminharmos juntos, numa mesma direção. Esportistas, médicos, profissionais liberais, comerciantes, professores, prestadores de serviço, gente da indústria e gente do campo que trabalha e vive verdadeiramente pelo bem coletivo e, consequentemente, pelo desenvolvimento social do Brasil. Do outro lado estão os parasitas que, não satisfeitos em obter parte daquilo que produzimos, decidiram tomar a máquina estatal de assalto, visando apoderar-se definitivamente do Estado brasileiro. Mas, como esportistas e brasileiros, temos de acreditar que a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro poderá provocar um impacto de conscientização gigantesco, e que este fator, associado ao enorme clamor popular por mudanças e adicionado ao trabalho que a Justiça Fede-

EXPEDIENTE

Esperamos nossa contrapartida

Colaboradores Mário Manzatti – FPJ Walter França – CBJ Lara Monsores – CBJ Revisão Nilton Tuna Fotografia Marcelo Kura Paco Lozano – Europa Gabriela Sabau – IJF Media Marcelo Lopes – São Paulo Cris Ishizava – São Paulo Daniel Ferrentini – Rio de Janeiro Erik Teixeira – São Paulo Rafal Burza - CBJ Valter França – CBJ Lara Monsores - CBJ Paulo Pinto – Brasil Departamento Comercial Daniela Mendes de Souza revistabudo@gmail.com Assinatura www.revistabudo.com.br/assine Impressão e Acabamento Gráfica Kaygangue – Palmas (PR) A REVISTA BUDÔ é uma publicação quadrimestral da Global Sports Editora Ltda. Rua Henrique Júlio Berger, 855 – Conj. 102. – Caçador (SC) 89500-000 – Fone (49) 3563-7333 Tiragem desta edição 10.300 exemplares Opiniões e conceitos emitidos em matérias assinadas não são de responsabilidade do editor. Direitos reservados © 2016 Global Sports Editora Ltda. Impressa no Brasil – Printed in Brazil www.revistabudo.com.br

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Informação a serviço do esporte

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NESTA EDIÇÃO Foto Capa: ALAOR FILHO/AGIF/COB

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Sarah Menezes está pronta para outro desafio

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Torneio dos Campeões recebe workshop de Douglas Brose

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Lições que ficam de Havana!

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Editorial – Esperamos nossa contrapartida Em evento inédito, CBJ assembleia no Ministério do Esporte IIº Fórum Nacional de Karatê discute e define principais ações da temporada Budô e artes marciais Treinamento de Campo Internacional Pindamonhangaba Ayumi Tanimoto e Mika Sujimoto, ministraram workshop em Curitiba Prêmio Brasil Olímpico contempla seis esportes de combate Em Cuba, o Brasil inicia a temporada olímpica com o pé direito! Brasileiro Sênior comemora os 40 anos da Federação Alagoana de Judô AGO fortalece a relação da CBJ com Ministério do Esporte Miyata, Dell´Aquila e Theotônio destacam-se no Credenciamento Técnico da FPJ Implacável Mayra Aguiar arrebata o ouro no Grand Slam Paris de 2016 Assembleia geral da FPK David Moura – DNA de campeão Campeonato Brasileiro de Kung Fu reúne 3.658 atletas São Paulo obtém vitória expressiva, mas paranaenses e gaúchos fazem duelo de gigantes Pinheiros é octacampeão do Grand Prix interclubes masculino CBJ apresenta projeto olímpico para referências do judô nacional Com juji-gatame sensacional, Rafaela Silva conquista o ouro no Grand Prix de Tbilisi Obtendo 19 medalhas, Pinheiros é campeão do Paulista Sênior Ação inédita aglutina gestão técnica, atletas e clubes Focando Jogos de Tóquio 2020, comitiva do Japão visita FPK CBJ prestigia ação do consulado japonês Maria Suelen Altheman é campeã do Grand Prix de Dusseldorf Paulista Aspirante recebe número cada vez mais expressivo de atletas Paulo Wanderley recebe título de Cidadão Bastense Geraldo Bernardes – A volta por cima do velho campeão Dirigentes aprovam estratégias adotadas para os Jogos Rio 2016 Em jantar no Rio, dirigentes esportivos homenageiam ministro Ricardo Leyser Geraldo Alckmin participa da Copa São Paulo Brasil vence a Mongólia no primeiro Super Desafio BRA de judô no ano Copa Paraná recebe medalhistas olímpicas japonesas Maior projeto social de taekwondo do brasil, Pequeno cidadão, grande campeão! Instituto Reação é campeão do Grand Prix Interclubes feminino Praia Grande inaugura Centro de Excelência de Judô Sator Hirakawa recebe título de cidadão Joseense Rogério Sampaio lança sistema de ensino Paulo Wanderley é homenageado pelo Ministro dos Negócios do Japão Neste século, judô é o esporte que mais deu medalhas olímpicas ao Brasil Brasil traz cinco medalhas do Mundial Ney Wilson expõe os critérios que definirão o time para os Jogos Rio 2016 307 Novos faixas pretas são aprovadas pela FPJ Bastos promove encontro entre judocas dos Centros de Excelências Esportiva Em Joinville São Paulo reedita soberania no karatê George Hilton e Ricardo Leyser visitam sede da CBJ, no Rio de Janeiro Medalhistas olímpicos são homenageados pela CBJ em treinamento da seleção Medalhas são proporcionais à qualidade da gestão O esporte paulista vive um coas sem precedentes Brasil obtém 100% de aproveitamento no Pan-americano sub 13 e sub 15 Kimura comemora expansão da base técnica do judô paulista Com presença de Paulo Wanderley judocas se formam na ABT Judô paulista abraça outubro rosa Juntos Somos Muito Mais Fortes! Ministério do Esporte lança programa “Lutando pela Cidadania” Brasileiros dão show no Quebec Open João Derly apoia entidade que trabalha contra o judô do Brasil João Derly responde à Budô Defesa pessoal urbana Copa Mauá de Jiu-jitsu www.revistabudo.com.br


O judogi mais vendido do Brasil

Kimono de judô mais vendido do Brasil, o judogi Grand Prix hoje é exportado para vários países

Produzidos dentro das medidas e normatizações que regem o judô internacional e obedecendo estritamente aos padrões estabelecidos pela Federação Internacional de Judô (FIJ), o judogi Grand Prix mescla conforto, segurança e durabilidade. Quando for adquirir um novo judogi, experimente antes os nossos kimonos. Sinta a diferença e entenda por que a Shihan é a Marca da Conquista!

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MATÉRIA DE C APA

Sarah Menezes

está pronta para outro

Depois de algum tempo sem grandes resultados e dar a volta por cima, a campeã olímpica treina intensamente no Rio de Janeiro, com apoio da CBJ e do COB. POR N.T. MATEUSo I Fotos ALAOR FILHO/AGIF / COB I MARCELO SARAIVA / ME I GABRIELA SABAU and TAMAS ZAHONYI /IJF I Paulo Pinto / BUDOPRESS

Sarah Menezes vence a romena Alina Dumitru e conquista a medalha de ouro na Arena ExCel nos Jogos Olímpicos de Londres, em 28 de Julho de 2012

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grande desafio Em Londres com o ouro nas mãos, Sarah vive os primeiros dias de glória

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô

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Juntas e sem contar as lágrimas, Sarah e a técnica Rosicléia Campos comemoram o triunfo em Londres

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MATÉRIA DE C APA

C

Após virada sensacional Sarah ganha abraço do técnico Mário Tsutsui e corre pra galera onde chorando, comemora mais um pódio para o Brasil

omo é ser medalha de ouro numa Olimpíada e ser cobrada para repetir a façanha? Seria pressão demais para uma jovem que subiu ao lugar mais alto do pódio olímpico com apenas 22 anos? Aparentemente Sarah Menezes sofreu com tanto questionamento depois de Londres 2012. Uma série de resultados decepcionantes a fizeram não só despencar no ranking mundial, mas perder a confiança de muita gente ligada ao esporte. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, no começo deste ano, Sarah confessou que teve “escorregadelas” e ficou

abalada física e emocionalmente. Depois do ouro, teve de enfrentar muita entrevista, muita viagem, muito cansaço. Não que ela lamente o reconhecimento, principalmente das crianças a viam na rua. E o retorno foi muito positivo também para o judô de maneira geral. Mas não há nada como um dia depois do outro. Quer saber o que Sarah faz agora, enquanto atletas do mundo inteiro se preparam para vir ao Rio com o objetivo de derrubá-la? Treina. Treina muito. Longe de Teresina, sua cidade natal e onde sempre preferiu ficar mesmo depois de tornar-se a grande estrela do judô brasileiro. Ela reconhece que a es-

Um marco em sua retomada, Sara joga a espanhola Julia Figueroa no Grand Slam de Tóquio

trutura proporcionada pela CBJ e pelo COI não tem comparação. Não só pelas instalações físicas, mas pelo apoio de profissionais de todas as especialidades, entre outros recursos. Não há preocupação que possa desviar seu foco – nem mesmo com o peso, que na classe dela tem de ser muito bem controlado. Até a pressão faz parte do treinamento. Dela e dos demais participantes da equipe. “Eu procuro não observar”, explica Sarah. Apenas me concentro no treinamento e procuro fazer da maneira correta. Se eu me sentir bem, o resto vai bem. A minha cabeça está em conquistar o título outra vez. Não é fácil, tenho de treinar todos os dias intensamente.”

Altos e baixos

A partir do grand slam do Japão, último evento da temporada 2015, Sarah recuperou a confiança, avalia Expedito Falcão, seu técnico desde quando era criança. A partir dali ele voltou a acreditar que ela teria condições reais

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Foto: Jorge H. Bastos:

Ao lado de Wellington Dias, governador do Estado do Piauí, Sarah Menezes exibe a medalha de ouro conquistada em Londres 2012

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de subir ao pódio nos jogos Rio 2016. “Logo depois, ela participou de outros eventos e provou que estava bem e voltando a ser a Sarah Menezes de anos atrás.” Muita gente interpretou o fato de Sarah não ter ido aos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no ano passado, como um indício de que algo estava errado. Não foi bem assim, como ela mesma explica: “Os Jogos Pan-Americanos são um evento midiático, não pontuam para os Jogos Olímpicos. Na verdade, no ano passado eu estava focada no campeonato mundial de Astana (Cazaquistão). Este sim foi um momento difícil, pois fui eliminada na primeira luta pela belga Charline Van Snick e isso afetou toda a programação feita para o ranking mundial (WRL, de World Ranking List). E por falar em ranking, a queda para a 14ª posição é coisa do passado. Depois do bronze em Tóquio, do ouro em Havana e de outro bronze em Paris, Sarah chegou ao terceiro lugar, mas isso não lhe dá certeza de pódio. “O objetivo é chegar ao bi, mas só saberemos lá”, diz com modéstia. “É uma categoria muito difícil e, se for para quantificar, temos seguramente umas dez atletas muito fortes. É preciso ter muito cuidado.” Entre as prováveis e mais temíveis adversárias Sarah cita a japonesa Ami Kondo (quinta no WRL), a mongol Urantsetseg Munkhbat (primeira), a cazaqui Otgontsetseg Galbadrakh e www.revistabudo.com.br

a belga Charline Van Snick. “Por ter o mais recente ouro olímpico, serei um alvo natural, mas temos atletas fortes, inclusive da América do Sul. A argentina Paula Pareto (segunda no WRL) é uma delas. A rigor, nas Olimpíadas ninguém pode ser ignorado. Muitas surpresas podem acontecer.” Em vez de apontar características especiais de cada atleta, Sarah avalia os estilos praticados no mundo: “O Brasil domina bem a parte técnica. Já na Europa as atletas trabalham muito a parte física, têm muita força. Na Ásia prevalece a habilidade, a movimentação. Então, é bem diversificado o treino que eu faço”. Outra consequência do sucesso em Londres é que agora as outras atletas fazem um estudo muito mais profundo da Sarah, de como ela luta e se comporta nos tatamis. Por isso ela está treinando muitas outras variações, por exemplo o ne-wasa, técnica de solo da qual ela gosta bastante. “Com este diferencial, posso até surpreender nas Olimpíadas. As atletas estão todas muito niveladas, e quem tiver uma carta na manga pode surpreender nos jogos.”

terno com fisioterapia; à noite faço treinamento específico de judô. Uma vez na semana tenho treino psicológico.” O técnico Expedito Falcão, provavelmente a pessoa que melhor conhece Sarah, está tranquilo. “O que tem de ser feito está sendo feito para que ela possa chegar bem nas Olimpíadas. Acho que não há muito o que inventar. É treinar e tentar ser o mais profissional possível para brigar mais uma vez por uma medalha. Acho que ela tem condições reais de subir ao pódio novamente. Ela está sendo muito bem assistida e recebe todo o suporte necessário da Confederação Brasileira de Judô e do Comitê Olímpico do Brasil. Fora dos tatamis, o brilho de Sarah contagiou muitos jovens no Piauí, Estado onde nasceu e que sempre a apoiou. Em 2012, depois dos jogos de Londres, a Associação de Judô Expedito Falcão, ao qual Sarah está vinculada, montou um centro de treinamento para quase 200 alunos de escolas públicas. O projeto está parado no momento, mas a atleta pretende retomá-lo por intermédio do Instituto Sarah Menezes.

Na reta final

Sarah Gabrielle Cabral de Menezes nasceu em Teresina, Piauí, em 26 de março de 1990. Começou a praticar judô ainda na escola, quando tinha 9 anos. O que a princípio parecia apenas mais uma atividade extra curricular continuou sendo praticada no clube e, quando deu conta, já estava participando de competições. Em entre-

O foco de Sarah agora, portanto, é a preparação. Ela está no Instituto Reação, no Rio de Janeiro, onde o treinamento é o mais adequado com vistas às Olimpíadas. “Minha rotina é puxada: pela manhã faço musculação e treino técnico de judô; à tarde descanso e al-

Uma carreira brilhante

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Principais resultados

MATÉRIA DE C APA vista ao site rio2016.com, ela lembrou que seus pais queriam que ela estudasse e teve de prometer conciliar as duas coisas. “Fiz muito sacrifício, porque não foi fácil e ainda hoje não é”, enfatizou. Em palestra para estudantes cariocas, ela destacou a importância da prática esportiva. “O esporte faz mais do que estimular a atividade física. Ele ajuda a criança a tornar-se um grande cidadão, ensina honestidade, respeito ao próximo, dedicação dentro e fora da sala de aula. Mesmo que não se torne atleta, o jovem pode compreender que a vida é feita de sacrifícios, de escolhas, e é preciso lutar para conseguir o que deseja.” Com 18 anos participou dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e perdeu na primeira luta, mas conseguiu dois ouros nos mundiais da categoria júnior de 2008 e 2009. Em 2009 e 2010 foi bronze no grand slam de Tóquio, evento do circuito mundial da Federação Internacional de Judô, e em fevereiro de 2012 ganhou a prata no grand slam de Paris. Nos Jogos Pan-americanos de 2011, em Guadalajara, ficou com o bronze. Nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, Sarah foi a primeira judoca brasi-

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leira a conquistar uma medalha de ouro e juntou-se a Aurélio Miguel e Rogério Sampaio, os únicos judocas que antes dela haviam subido ao ponto mais alto do pódio. E já fazia 20 anos que isso não acontecia. Apenas outra brasileira tem ouro olímpico em esportes individuais: Maurren Maggi, no salto em distância (Pequim 2008). Em 2013, foi medalha de bronze no grand slam de Tóquio e no campeonato mundial disputado no Rio de Janeiro. Aliás um título que Sarah ainda persegue, pois foi bronze três vezes. Ainda naquele ano, foi ouro no grad slam de Moscou e no pan-americano de judô de San José (Costa Rica). Em 2014 conquistou apenas três medalhas: ouro no grand slam de Tyumen (Rússia), prata no pan-americano de Guayaquil (Equador) e bronze no grad prix de Havana. Em 2015 levou o ouro no pan-americano de Edmonton (Canadá) e foi bronze no grand slam de Tóquio, quando retomou sua melhor forma e partiu para a reta final dos jogos do Rio 2016, começando o ano com ouro no grand prix de Havana e bronze no grand slam de Paris e no grand prix de Samsun (Turquia).

– Grand Prix -48kg – Samsun – Grand Prix -48kg – Havana – Grand Slam -48kg – Paris 2015 – Campeonato Pan-Americano -48kg – Edmonton – Jogos Mundiais Militares -48kg – Coréia do Sul – Grand Slam -48kg – Tóquio 2014 – Grand Slam -48kg – Tyumen – Campeonato Pan-Americano -48kg – Guayaquil – Grand Prix -48kg – Havana 2013 – Grand Slam -48kg – Moscou – Campeonato Pan-Americano -48kg – San José da Costa Rica – World Masters -48kg – Tyumen – Jogos Mundiais Militares -48kg – Astana – Campeonato Mundial -48kg – Rio de Janeiro – Grand Slam -48kg – Tóquio 2012 – Jogos Olímpicos -48kg – Londres – Grand Slam -48kg – Moscou – Grand Slam -48kg – Paris – Campeonato Pan-Americano -48kg – Montreal – World Masters -48kg – Almaty 2011 – Grand Slam -48kg – Rio de Janeiro – Jogos Mundiais Militares -48kg – Rio de Janeiro – Campeonato Mundial -48kg – Paris – Jogos Pan-americanos -48kg – Guadalajara – Grand Slam -48kg – Paris – World Masters -48kg – Baku 2010 – Copa do Mundo -48kg – São Paulo – Campeonato Pan-americano -48kg – San Salvador – Copa do Mundo -48kg – Budapeste – Campeonato Mundial -48kg – Tóquio – Grand Slam -48kg – Tóquio 2009 – Copa do Mundo -48kg – Lisboa – Copa do Mundo -48kg – Madri – Campeonato Mundial Júnior Sub 20 -48kg – Paris – Copa do Mundo -48kg – Belo Horizonte – Grand Slam -48kg – Tóquio – Grand Slam -48kg – Rio de Janeiro – Campeonato Pan-americano -48kg – Buenos Aires 2008 – Copa do Mundo -48kg – Belo Horizonte – Campeonato Mundial Júnior Sub 20 -48kg – Bangcoc – Copa do Mundo -48kg – Budapeste – Campeonato Brasileiro -48kg – Teresina 2007 – Copa do Mundo -48kg – Belo Horizonte 2006 – Campeonato Brasileiro -48kg – Rio de Janeiro 2005 – Campeonato Brasileiro -44kg – Rio de Janeiro – Campeonato Pan-americano -44kg – Caguas Fonte Wikipedia

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gestão esportiva

Em evento inédito, CBJ realiza assembleia nas dependências do Ministério do Esporte No encontro, o secretário nacional de Esportes de Alto Rendimento detalhou investimentos do Ministério do Esporte no judô para dirigentes estaduais. POR

Paulo pinto I FONTE ROberto castro/me I

Fotos

BUDOPRESS

Carlos Geraldo, Marcos Jorge, Paulo Wanderley e Ricardo Leyser na abertura da AGO 2016 da CBJ

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Paulo Wanderley Teixeira

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uma ação inédita, a Confederação Brasileira de Judô promoveu a assembleia geral ordinária de 2016, na última sexta-feira (11), nas novas dependências do Ministério do Esporte, onde apresentou para representantes ministeriais, dirigentes estaduais e autoridades políticas o planejamento da Gestão de Alto Rendimento para a seleção brasileira na reta de chegada para os Jogos Rio 2016. Marcaram presença no encontro Marcos Jorge, secretário executivo do Ministério do Esporte; Ricardo Leyser, secretário nacional de Esportes de Alto Rendimento; Carlos Geraldo, secretário de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social; Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ; Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da CBJ; Roberto David da Graça, titular do Conselho Fiscal da CBJ; Rogério Sampaio, representante da Comissão de Atletas da CBJ; Ney de Barros Bello Filho, desembargador da Justiça Federal; Cláudia Petuba, secretária de Esporte do Estado de Alagoas; Sílvio Bezerra Araújo, coordenador geral de Prestação de Contas do Ministério do Esporte; Marcelo Malta, superintendente de Esporte do Estado de Alagoas; Marcelo França Moreira e Francisco de Carvalho Filho, vice-presidentes da CBJ; e presidentes de 22 federações estaduais filiadas à Confederação Brasileira de Judô.

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Ricardo Leyser Gonçalves elencou o investimento que o Governo federal tem feito no esporte

Ney Wilson

Na abertura do encontro Paulo Wanderley falou sobre o ato inédito. “Temos muito orgulho desta ação pioneira da CBJ, por estarmos promovendo nossa assembleia geral ordinária dentro das dependências do Ministério do Esporte. É uma demonstração clara da proximidade, respeito, transparência e bom relacionamento recíproco entre a confederação e o governo federal.” O encontro começou com a apresentação de um vídeo dos eventos internacionais promovidos pela CBJ que, na análise do presidente da confederação, são utilizados para promover a marca e o esporte judô em âmbito nacional com repercussão internacional. “O que apresentaremos são os Desafios Internacionais de Judô, eventos de curta duração, específicos para a televisão, com situações inclusive de case internacional, quando o esporte judô foi apresentado dentro de um teatro. O Desafio Internacional de Judô é um produto inovador no âmbito esportivo mundial que nós utilizamos para manter o judô em evidência e nossos atletas em constante atividade”, explicou Paulo Wanderley. Na sequência Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da CBJ, apresentou o planejamento, os caminhos e as ações executadas pela CBJ para garantir as condições ideais para que os judocas brasileiros disputem os Jogos Rio 2016 em igualdade com os melho-

res do mundo. Numa palestra dinâmica que durou 30 minutos, Ney mostrou que o Brasil é hoje uma das maiores potências mundiais na gestão de alto rendimento da modalidade. “Fazemos o planejamento individualizado dos atletas da seleção e lembro que nosso melhor resultado em Olimpíadas foi obtido nos Jogos de Londres 2012, nos quais ficamos em quarto lugar geral com quatro medalhas conquistadas. Posso garantir a todos vocês que o trabalho feito para esta edição dos jogos foi extremamente superior ao anterior. Estamos fazendo tudo que é possível no sentido de manter o judô no topo das modalidades olímpicas do Brasil.” Já o secretário Ricardo Leyser Gonçalves apresentou o panorama geral dos investimentos do Ministério do Esporte para deixar um legado esportivo espalhado pelo País. “O bom desempenho dos atletas brasileiros no ciclo olímpico é decorrente do planejamento conjunto e investimentos de diversas fontes de recursos. O planejamento do governo passa pelo legado amplo, democrático, nacional e de longo prazo”, disse. O Plano Brasil Medalhas, a Rede Nacional de Treinamento, os Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs) e as fontes de apoio aos atletas de alto rendimento também foram apresentados. “A presidente Dilma exige de todos do governo federal uma atenção bem

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gestão esportiva

Juntos, dirigentes estaduais, palestrantes e representantes do ministério posam para foto

Paulo Wanderley entrega livro dos eventos realizados na temporada a Carlos Geraldo

Ricardo Leyser recebe livro de eventos da temporada 2015

Marcos Jorge falando sobre a campanha Zica Zero desenvolvida pelo Governo Federal

Marcelo Malta, Ricardo Leyser, Cláudia Petuba, Paulo Wanderley, Marcos Jorge, José Nilson Gama e Carlos Geraldo

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Plateia assiste a palestra de Ricardo Leyser

Ney Wilson e Ney de Barros Bello Filho

detalhada sobre todos os nossos apoios e investimentos”, disse. De acordo com dados apresentados pelo secretário, a modalidade recebeu nos últimos anos um aporte financeiro da ordem de R$ 53,5 milhões. Fazem parte desse pacote os recursos do Programa Bolsa Atleta (nas categorias Estudantil, de Base, Nacional, Internacional, Olímpico/Paralímpico e Pódio), convênios com confederações e federações e investimentos na construção de centro de treinamento. “Procuramos estar muito perto de todas as modalidades para enxergar as oportunidades, e o judô é uma das nossas grandes apostas. Os resultados mostram que estamos no caminho certo”, avaliou. O judô é a modalidade que mais conquistou

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Orlando Ferracioli, Paulo Wanderley e Ney de Barros Bello Filho

medalhas olímpicas para o Brasil e subiu ao pódio nas últimas nove edições dos jogos. Leyser destacou ainda a construção, em parceria com o governo da Bahia, do Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas. “Também temos outras diversas ações. Nós investimos R$ 3,8 milhões na compra de equipamentos para as federações de todos os Estados e do Distrito Federal”, completou.

Estabelecendo um novo recorde

No encerramento Paulo Wanderley destacou que o encontro instituiu um recorde. “Informo com grande prazer que este evento estabeleceu um recorde. Além de ratificar e consolidar a re-

lação entre a CBJ e o ministério, nossa ação parou literalmente a atividade dos titulares da pasta ministerial. Com exceção do ministro George Hilton, que está envolvido nos eventos-teste no Rio de Janeiro, os demais titulares das demais pastas – Marcos Jorge, Ricardo Leyser e Carlos Geraldo – estiveram conosco durante toda a manhã. Esta atenção e envolvimento comprovam o cuidado do governo federal na condução do esporte de alto rendimento. Como gestor de uma das principais modalidades olímpicas afirmo que este é o governo que mais investiu no esporte em todos os tempos. Nenhum governo fez mais pelo esporte, que o governo atual.”

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GESTÃO - CONFEDERAÇ ÃO BRASILEIRA DE KARATÊ

2º Fórum Nacional de Karatê discute e define principais ações da temporada

Participantes das palestras realizadas no dojô do Karatê Clube Verdes Mares

Mais relevante evento na gestão do karatê nacional debateu prioridades e tendências de uma modalidade que deverá estar inserida no próximo ciclo olímpico.

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Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

Confederação Brasileira de Karatê realizou de 26 a 28 de fevereiro, em Fortaleza (CE), o 2º Fórum Nacional de Karatê, que reuniu as principais lideranças e focou os temas de maior relevância da modalidade. O encontro contou com a participação de 110 representantes vindos de 25 federações estaduais. Dirigentes, professores, árbitros, membros de comissões técnicas e atletas discutiram propostas que visam a preparar a modalidade que em breve deverá estrear no circuito olímpico. Todas as palestras foram realizadas no centro de convenções do Hotel Bristol Jangada e as atividades técnicas e práticas, no dojô do Karatê Clube Verdes Mares.

O programa incluiu importantes palestras nas áreas técnica e de gestão, e os palestrantes foram: Diego Oliveira, diretor jurídico da CBK (CE); Alessandra Caribé, representante da Fundação José Silveira (BA); Ricardo Aguiar, coordenador técnico da CBK (SP); Luiz Carlos Cardoso, presidente da CBK (CE); Celso Rodrigues, diretor de Arbitragem da CBK (RJ); Luiz Kotsubo, representante da Goju-Ryu IKGA (RJ); William Cardoso, diretor técnico da CBK (CE); Danilo Haun, representante da Fundação José Silveira (BA); Takeshi Fukuchi, representante da Goju-Ryu Seigokan (RJ); Ennio Carlos, assessor da diretoria de Arbitragem da CBK (CE). www.revistabudo.com.br


A palestra proferida por Alessandra Caribé foi o ponto alto da segunda edição do fórum nacional

Uma plateia seleta acompanhou atentamente o trabalho exposto pelos palestrantes

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Com o apoio do professor João Carlin, Ricardo Aguiar expôs ações técnicas de kumitê

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GESTÃO - CONFEDERAÇ ÃO BRASILEIRA DE KARATÊ

Luiz Carlos Cardoso

Por meio de uma apresentação dinâmica, Diego Oliveira pontuou aspectos importantes da gestão voltados para a área jurídica

William Cardoso

A programação do Fórum Nacional de Karatê 2016 abordou os seguintes temas: • Plano de aplicação das tendências e diretrizes técnicas para o alto rendimento • Regulamento e ações para as pessoas com deficiência • Metodologia de trabalho para o ensino do karatê para pessoas com deficiência • Relatório técnico e administrativo de 2015 • Regulamentos de seletivas para o Campeonato Brasileiro 2016 • Bolsa Atleta Federal • Procedimentos em exames de faixas pretas • Ações da diretoria jurídica • Regulamento de arbitragem • Características do kata Goju-Ryu • Características do kata Shotokan • Metodologia de avaliação da arbitragem

Determinações da área técnica

Takeshi Fukuchi

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Palestrantes, dirigentes, professores e técnicos fizeram observações importantes sobre as áreas técnica e de gestão. No campo específico da competição foram traçadas várias determinações, entre as quais destacamos: A definição de uma nova listagem de katas básicos para serem executados pelos atletas da divisão de novos, no Campeonato Brasileiro 2016. Os atletas da divisão de novos no Campeonato Brasileiro 2016 não serão

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Danilo Haun

desclassificados quando não fizerem o cumprimento inicial e final dos katas. No entanto, os árbitros deverão orientar os técnicos dos karatecas que não realizarem o cumprimento, com o objetivo de esclarecer e elevar o nível dos atletas. O minuto disponibilizado para o atleta se apresentar com o uniforme/ equipamento adequado deverá ser dado antes do início do combate. Caso o atleta tenha seu uniforme/equipamento danificado durante o combate o árbitro deverá usar de bom senso e aguardar o atleta substituir o material danificado.

Surpreendendo pela excelente oratória, Ennio Carlos falou sobre a arbitragem com desenvoltura

Transportadora aérea oficial do karatê do Brasil Confira condições especiais

O karatê abrindo portas Uma das palestras mais interessantes desta segunda edição do fórum nacional abordou a metodologia de trabalho para o ensino do karatê para pessoas com deficiência, proferida por Alessandra Caribé Moura, faixa preta nidan de karatê Shotokan, que por vários anos integrou a seleção brasileira de kata e tem no kata unsu, seu tokui-kata. “O unsu é meu kata preferido, mas guardo um carinho especial pelo goju-shiroday, que foi decisivo para a conquista do bronze, no campeonato mundial de 2004, realizado no México”. Educadora física e fisioterapeuta especialista em ortopedia e traumatologia, a karateca baiana atua hoje no Instituto Baiano de Reabilitação assistindo crianças com deficiência motora e neurológica. “Atendemos todos os níveis de deficiência, dos mais leves aos mais severos, mas priorizamos a questão da in-

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serção e da integração destas crianças, independentemente do grau em que se encontrem, desde que estejam aptas a fazer a atividade física proposta por nós. Um dos nossos focos é usar a atividade esportiva como ferramenta de reabilitação, como um auxiliar terapêutico, entretanto usamos também a questão social para estarmos integrando estas crianças com deficiência, à sociedade.” Alessandra finalizou detalhando a relação do desporto na reabilitação humana. “Para mim tudo isso ainda é um grande desafio porque eu parei de competir há pouco tempo, e ainda tenho um pé no kotô, enquanto o outro já está fincado no consultório. Entendo que o karatê nos proporciona infinitas possibilidades e temos de saber explorar cada uma delas. A questão do karatê ser utilizado terapeuticamente na recuperação de pessoas com inúmeras de-

Celso Rodrigues

ficiências abre portas para os usuários e para a nossa modalidade, desde que nós professores e praticantes tenhamos capacidade para compreender a aplicabilidade do karatê em ações terapêuticas, e possamos desenvolver um diálogo profissional e humano, fundamentado nestes objetivos.” Outro trabalho bastante inovador e emblemático foi apresentado por Ênio Cardoso, que mostrou um novo enfoque sobre as questões que envolvem a formação e a capacitação da arbitragem. “Nossa proposta é inovar por meio de um novo formato de avaliação da arbitragem, objetivando qualificar e melhorar cada vez mais os árbitros do Brasil, unindo questões técnicas com as especifidades da arbitragem. Demos uma cara nova à prova teórica, já que a maior dificuldade era proporcionar maior direcionamento para tudo aquilo que os árbitros realmente necessitam para melhorar a arbitragem. Nosso objetivo não era eliminar os juízes que errassem nas provas, mas fazer com que aprendam realmente a atuar no kotô. Por meio de questões com múltipla escolha, ao final da prova os árbitros podem verificar em que estão errando e com isso redirecionamos o trabalho que cada um vinha desenvolvendo. Não se trata apenas de falar: “você errou e foi eliminado”. Temos de avaliar as provas, encontrar os erros para corrigi-los. Entendemos que isso faz parte de um processo de ensino e aprendizado. Com isso os árbitros descobrem em que estão errando, corrigem os erros e evitamos que os atletas sejam prejudicados. “

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CONCEITO

Budô e artes marciais

Bem mais além de simples sinônimos, termos como budô e artes marciais exprimem expressões e conceitos que desafiam a lógica formal.

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FERNANDO MALHEIROS FILHO

ara muitos são sinônimos, e não é possível afir mar que essa percepção esteja totalmente errada, mas o equívoco não se verifica apenas na superfície da compreensão, no enfeixamento lógico ao alcance dos olhos do observador. Nas profundezas do fenômeno os conceitos se diferenciam e se afastam. A expressão “artes marciais”, no sentido que serve a este ensaio, representa tíbia tentativa de tradução dos ideogramas que compõem a “palavra” budô, com a pretensão de alcançar múltiplos significados na perspectiva que os ideogramas derivam da cultura japonesa, enquanto as artes marciais pretendem dar significação às práticas, orientais e ocidentais, que se desenvolvem em todas as partes do mundo. Não há história de qualquer nação ou povo (se houver exceção é tão remota que justifica a regra) que não seja pontilhada por conflitos, guerras e mortandade.

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I Foto BUDOPRESS

A expressão ou locução substantiva “artes marciais” resolve-se na soma dos significados das duas palavras que a compõem, já compreendendo grande complexidade. Da “arte” retiramos as noções de estética, técnica, excelência, enquanto “marcial” evoca o deus romano da guerra, ou seja, a divindade no politeísmo de Roma que concentrava esse atavismo da natureza humana e suas derivações geopolíticas e sócioantropológicas. O que se vê, com relação às “artes marciais”, é que representam um fenômeno externo com relação ao ser humano. Diz com sua destreza, técnica, expertise nos movimentos e sua aplicação, quer pela motivação originária (guerra), quer para sua representação mais civilizada, em escolas e competições. O budô navega em outra dimensão, ainda que correspondente com sua valência externa emoldurada pela expressão “artes marciais”. Trata-se de nítida distinção conceitual.

O budô insere-se no universo anímico do praticante que o segue (e frequentemente o praticante não terá essa preocupação ou perspectiva, limitado aos benefícios físicos e psicológicos da prática de qualquer arte marcial), e tampouco a simples transliteração de seus ideogramas (caminho do guerreiro) explica por inteiro sua fenomenologia. Menos ainda seria possível explicitar essa magnitude por meio de palavras. Sabemos das limitações idiomáticas para a representação de tudo que nos cerca e, mais ainda, daquilo que está submerso na essência do ser. Mas não nos resta alternativa senão ir melhorando essa possibilidade de compreensão e transmissão do conhecimento, até porque não há outra disponível. O budô significa (com todos os limites que a expressão conceitual pode ter) o veículo de prospecção disponível ao praticante de compreender a si mesmo por meio da experiência com o mundo exterior. E também o revés, isto é, entender o exterior por meio de seu íntimo. Aprende que há percepções holisticamente intercambiáveis. Dentro de todos nós flutuam regras desconhecidas, singrando o magma que nos compõe. Sem saber, obedecemos a essas regras urdidas por milênios de atuação das forças evolutivas, que resultaram na singularidade representada em cada um de nós. O budô é esse caminho para dentro, na constante e intermitente conexão com o universo externo, um liame de compreensão que desafia a lógica formal, que nos é tão familiar, e o entendimento do mundo e dos demais seres humanos que aprendemos a desenvolver com a experiência acumulada. O budô trafega entre esses dois mundos, entre o concreto e o abstrato, entre a ação e a introspecção, entre o ser e o não ser. Desafia constantemente as certezas, tendo nisso uma de suas principais utilidades. Implanta a dúvida, para dela retirar outras certezas que serão longo depois também desafiadas. Explora as insondáveis contradições que nos compõem, habituanos à finitude, desmistifica a grandeza defensiva, apequenando-nos, e nos aproxima da morte, fim inevitável de qualquer um de nós. Fernando Malheiros Filho é professor de karatê-dô, historiador e advogado, especialista em direito da família e sucessões. www.revistabudo.com.br


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PREPARAÇ ÃO JOGOS RIO 2016

Treinamento de campo internacional marca início das atividades em ano olímpico Com formato inédito, evento reuniu técnicos das principais equipes do País, vários medalhistas olímpicos e atletas da Rússia e do Azerbaijão.

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temporada 2016 começou oficialmente para a seleção brasileira no dia 6 de janeiro, com a chegada dos 62 atletas convocados pela Gestão de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e outros 16 convidados pela Gestão das Equipes de Base, que deram início ao Treinamento de Campo Internacional, no Hotel Colonial Plaza, em Pindamonhangaba, interior paulista, em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil (COB).

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VALTER FRANÇA/CBJ I Fotos LARA MONSORES/CBJ e BUDOPRESS

O encontro realizou-se de 6 a 16 de janeiro e contou com representantes de todas as regiões do País, reunindo na abertura todos os envolvidos, inclusive os 30 profissionais que trabalharam no treinamento de campo. Com atividades em dois períodos, os principais nomes do judô nacional tiveram a oportunidade de treinar com judocas importantes do Leste Europeu, sendo 27 atletas da Rússia e 25 do Azerbaijão, mais dois da Colômbia, um do Líbano e outro da Austrália.

Antes da realização do TC, o gestor de alto rendimento da CBJ, Ney Wilson, avaliou a importância do encontro. “Este é o ano mais importante para todos os esportes olímpicos. Este treinamento de campo faz parte do trabalho especial que desenvolvemos com os 14 judocas que irão representar o Brasil nos jogos do Rio. Tenho certeza de que o nível técnico será alto e todos que estão aqui terão muitas lições para aprender. O fato de termos judocas do Amazonas, Pernambuco, Piauí, Mato www.revistabudo.com.br


O presidente da CBJ entre o top 10 do judô feminino brasileiro

Grosso do Sul, Goiás e Espírito Santo, além de centros tradicionais como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, mostra a força do judô brasileiro e o acerto na política de descentralização que a CBJ vem realizando ao longo dos últimos anos.” “Os europeus vão aproveitar para adaptar-se ao clima e nós vamos poder estudar mais a escola russa. E todos os atletas estão em busca de preparação para a competição em Cuba e, de maneira geral, para este primeiro semestre com muitos eventos”, completou Ney Wilson. O TC foi realizado neste período do ano porque a maioria dos clubes brasileiros está em recesso e porque o calendário de competições internacionais foi antecipado. Até os Jogos Olímpicos haverá mais de 15 torneios valendo pontos para o ranking mundial (22, contando com todos os campeonatos continentais).

TC trouxe campeões olímpicos e mundiais para o Brasil

Phelipe Pelim sentiu a potência do campeão olímpico russo Arsen Galstyan

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Primeira colocada no quadro geral de medalhas do judô nos Jogos de Londres 2012, a Rússia trouxe ao Brasil parte da equipe principal, tanto no masculino quanto no feminino. Entre os 20 atletas convocados pelo técnico Vitali Makarov (prata em Atenas 2004, campeão mundial em Munique 2001, vice-campeão mundial em Birmingham 1999 e bronze em Osaka 2003) estavam os campeões olímpicos Arsen Galstyan (66kg) e Mansur Isaev (73kg), além dos medalhistas em campeonatos mundiais Kamal Khan-Magomedov (66kg/bronze em Chelyabinsk 2014), Musa Mogushkov (73kg/bronze em Paris 2011 e Chelyabinsk 2014), Kirill Voprosov (90kg/bronze no mundial de Chelyabinsk 2014) e Renat Saidov (+100kg/bronze em Chelyabinsk 2014). Apesar de não haver nenhum medalhista olímpico entre os 17 convocados pelo técnico austríaco Peter Seisenbacher (ouro em Los Angeles 1984 e em Seul 1988), o Azerbaijão também veio com uma equipe forte, com destaque para Rustam Orujov (73kg) e Elmar Gasimov (100kg), atuais líderes do ranking mundial em suas categorias, e para o campeão mundial Elkhan Mammadov (100kg). A seleção azeri trouxe outros nomes de peso, como Orkan Safarov (60kg/bronze no Rio 2013), Ilgar Mushkiyev (60kg/bronze em Paris 2011), Elkhan Rajabli (81kg/bronze em Munique 2001) e Hidayet Heydarov (66kg/bronze em Abu Dhabi 2015, sub 21). O bicampeão paralímpico (Atenas 2004 e Pequim 2008) e medalhista de bronze em Londres 2012, Ilham Zakyiev (+100kg), também veio com a delegação do Azerbaijão, que desembarcou no Brasil no dia 4 de janeiro. Revista Budô número 17 / 2016

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PREPARAÇ ÃO JOGOS RIO 2016

Eric Takabatake e Orkan Safarov cabeça a cabeça focando a vaga olímpica

Importância da transição na base

Dando continuidade ao processo de transição das equipes de base para a seleção principal, entre os 62 atletas convocados pelo Alto Rendimento estavam nomes que ainda são da classe sub 21 – como Daniel Cargnin, Lincoln Neves, Leonardo Gonçalves, João Marcos Cesarino, Layana Colman, Kamila Silva, Bruna Silva e Beatriz Souza – e até da sub 18, como Larissa Pimenta. Além deles, estavam 16 atletas classificados automaticamente para o treinamento de campo na seletiva nacional das equipes de base, realizada no fim de novembro. “Como em 2016 não teremos campeona-

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô Paulo Wanderley entre todos os judocas do masculino em Pindamonhangaba

Assim como a maioria dos judocas em Pinda, a campeã olímpica foi à exaustão

David Moura no kumi-kata com o gigante russo Renat Saidov

tos mundiais, o TC foi de extrema importância para dar experiência a esses atletas. Assim como tem sido feito nos últimos anos, essa vai ser mais uma oportunidade de colocar essas jovens promessas junto dos medalhistas olímpicos e em mundiais sênior e mostrar a eles que com esforço e dedicação é possível chegar ao mais alto nível esportivo”, disse Marcelo Theotônio, gestor das equipes de base.

trar-se com os atletas que se preparam para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Primeiro falou com os homens e depois com as mulheres, separadamente. Entre os homens foram convidados Felipe Kitadai, Eric Takabatake, Charles Chibana, Alex Pombo, Marcelo Contini, Victor Penalber, Leandro Guilheiro, Tiago Camilo, Eduardo Bettoni, Luciano Correa, Rafael Buzacarini, Rafael Silva e David Moura. Do feminino, participaram Sarah Menezes, Nathália Brígida, Érika Miranda, Rafaela Silva, Mariana Silva, Ketleyn Quadros, Maria Portela, Bárbara Timo, Mayra Aguiar, Maria Suelen Altheman e Rochele Nunes. Por fim, o presidente reuniu-se com os técnicos Luiz Shinohara, Fúlvio Miyata, Mário Sabino, Rosicléia Campos, Mário Tsutsui e Yuko Fujii e os gestores Ney Wilson e Marcelo Theotônio. Na avaliação de Paulo Wanderley o encontro foi de suma importância para que toda a equipe sinta o apoio às suas ações e saiba que será assistida. “O objetivo do encontro foi ter um primeiro contato com a equipe neste ano olímpico. Conversamos sobre a preparação dos atletas e as ações desenvolvidas pós-mundial de Astana, que sinalizam para um desempenho inédito do judô brasileiro nesta edição de Jogos Olímpicos, superando nossos resultados anteriores”, disse.

Paulo Wanderley marca presença no TC

O presidente da CBJ, Paulo Wanderley Teixeira, visitou o Treinamento de Campo Internacional e, além de acompanhar as atividades nos tatamis, conversou com atletas e técnicos da seleção. “Em minha carreira como técnico, e também agora como presidente da CBJ, tive a oportunidade de participar de várias ações parecidas em diversos países. Posso dizer com tranquilidade que toda a estrutura e a logística montadas para este evento pela CBJ com o apoio do Comitê Olímpico do Brasil, especialmente na relação custo-benefício, nos satisfazem muito bem. É um exemplo a ser repetido”, disse Paulo Wanderley. O dirigente teve a oportunidade de encon-

Medalhistas olímpicos

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Tiago Camilo treinou forte em Pindamonhangaba

Ao lado de Matheus Theotônio e Douglas Vieira, Geraldo Bernardes deu a sua mensagem para a nova geração de judocas brasileiros

prestam apoio à seleção

Se os judocas que buscam a convocação para os Jogos Olímpicos Rio 2016 precisavam de uma motivação a mais, bastava olhar para a beira dos tatamis. Lá estavam Luiz Onmura, segundo medalhista olímpico do judô brasileiro que, com a conquista do bronze em Los Angeles 1984, pôs fim ao jejum de 12 anos. Surpreso com a estrutura montada em Pindamonhangaba, Onmura explicou como chegou ao CT que abriu a temporada olímpica. “O Ney Wilson fez o convite e eu aceitei prontamente. O objetivo é ser um exemplo, incentivar estes atletas que poderão representar o Brasil nos próximos Jogos Olímpicos”, disse Onmura. Para o discípulo de Massao Shinohara, um TC desse nível é uma excelente preparação para os jogos. “Eu vejo uma grande mescla de atletas, vários países fortes, e isso é muito importante para o nosso judô. O nível está muito alto. Esses treinos preparatórios dão uma ideia de como está a qualidade dos atletas”, analisou. “Acredito que o Brasil tem grandes chances de fazer uma boa participação.” Outro gigante dos tatamis que levou boa energia aos atletas da seleção foi o vice-campeão olímpico Carlos Honorato, medalhista de prata em Sidney 2000. “Essa ação foi uma das propostas que surgiram no evento CBJ nos Jogos Rio 2016, que reuniu referências do judô em novembro do ano passado em São Paulo. Participei do encontro que expôs todo o planejamento feito para este ciclo olímpico que agora chega aos últimos meses”, disse o peso médio. Bronze em Atlanta 1996, Henrique Guimarães observou os treinos das equipes masculina e feminina que se preparam para os Jogos Olímpicos, além de conversar com jovens das categorias de base. Na palestra, ele lembrou as dificuldades enfrentadas no início da carreira e de como o ouro de Rogério Sampaio em Barcewww.revistabudo.com.br

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

lona 1992 o motivou a buscar uma medalha em Atlanta. “Na minha época não havia nada dessa estrutura que hoje vocês têm. Treinávamos em tatamis de palha, por exemplo”, lembrou. Chiaki Ishii visitou a seleção para passar um pouco do seu conhecimento aos judocas. Na bagagem, uma pilha de exemplares de seu livro Os pioneiros do judô no Brasil, que foram rapidamente distribuídos entre atletas e técnicos. A obra explica o início da modalidade no País, que se confunde com a história do autor, primeiro judoca a colocar o Brasil no pódio olímpico e também em mundiais. Bronze em Munique 1972, Ishii elogiou a ação realizada pela CBJ em parceria com o COB e destacou a participação de atletas estrangeiros no treinamento. “O treino está bom, com judocas do Brasil, Rússia e Azerbaijão. Esse intercâmbio é muito importante para o judô brasileiro se preparar para os jogos do Rio”, considerou. Rogério Sampaio acompanhou os treinamentos feminino e masculino no período da tarde, conversou com judocas das categorias de base e se empolgou com o nível da atividade. “Está extremamente forte. Fiquei impressionado, tanto pelo número quanto pela qualidade dos atletas”, destacou. Ao final do treino, o campeão olímpico foi

procurado pela campeã mundial, Mayra Aguiar, para passar algumas dicas sobre a técnica em que ele é especialista. “A Mayra, na verdade, me procurou porque estava com algumas dúvidas em relação ao o-soto-gari. Ela já é uma atleta muito mais experiente do que eu fui. Mas é sempre uma satisfação contribuir no que eu puder”, explicou. “Senti uma energia positiva muito grande aqui. Falo e fico até arrepiado. O judô brasileiro inteiro trabalhando para que os atletas possam chegar bem lá no Rio de Janeiro.” Em visita à concentração dos brasileiros em Pindamonhangaba, Aurélio Miguel, o primeiro campeão olímpico do judô brasileiro, voltou a vestir o judogi branco e foi para os tatamis. Fazendo randori e repetindo golpes com a maestria de sempre, o campeão olímpico de Seul orientou, suou e conversou com os mais jovens das categorias de base. Atenta a cada palavra do ídolo, a plateia, que contava também com atletas experientes como Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e Luciano Corrêa, recebeu conselhos daquele que fez história no esporte que mais medalhas olímpicas trouxe para o Brasil. “Determinação, desprendimento e disciplina. Todos aqui podem ser campeões olímpicos ou mundiais se tiverem isso todos os dias”, cravou Miguel, incentivando a turma.

Geraldo Bernardes faz apresentação para jovens judocas

Treinador que esteve em quatro Jogos Olímpicos e ajudou a conquistar seis medalhas, Geraldo Bernardes conversou com a nova geração durante o Treinamento Internacional em Pindamonhangaba. “Entre colocar o pijama ou ajeitar o quimono e recomeçar, escolhi a segunda opção. Conquistas esportivas são como páginas viradas, glórias passageiras. Fiz uma boa carreira como atleta e, como técnico, ajudei na Revista Budô número 17 / 2016

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PREPARAÇ ÃO JOGOS RIO 2016

Técnicos do Azerbaijão e Brasil na despedida do TC

Após sete meses no estaleiro, Baby corre contra o tempo para chegar ao Rio 2016

Técnicos, professores e dirigentes no fechamento do Treinamento de Campo Internacional

conquista de seis medalhas olímpicas; mas tudo ficou pequeno diante do que faço hoje, que é transformar pessoas como Rafaela, que tinha poucas perspectivas, em campeãs no esporte e na vida”, disse o kodansha 9º dan, que esteve nos Jogos de Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sidney 2000.

Treinadores de clubes reforçam trabalho técnico do TC

De olho nos jogos, o experiente Luciano Corrêa suou o judogi

Duas referências do judô verde e amarelo, Ichii e Shinohara falam sobre o trabalho realizado em Pindamonhangaba

Uma das principais ações da atual gestão da Confederação Brasileira de Judô é estreitar a relação com os mais diversos personagens envolvidos na preparação de um atleta olímpico. Além dos medalhistas, foram convidados profissionais – entre fisioterapeutas, preparadores físicos e treinadores – dos principais clubes do País para atuar junto à comissão técnica do alto rendimento no Treinamento de Campo Internacional, “O objetivo é o alinhamento e aproximação com os clubes. São esses profissionais que estão no dia a dia com os atletas e podem levar a filosofia que adotamos com a seleção para as agremiações. Sempre tivemos um diálogo bom com os clubes, mas trazer esses profissionais para dentro da comissão técnica foi algo que intensificamos neste ciclo olímpico e vai ser ampliado ao longo deste ano”, disse Ney Wilson. Na primeira semana do TC participaram os treinadores Carlos Honorato, da Associação de Judô Rogério Sampaio; Daniel Pires, da Sogipa; Alexandre Katsuranagi, do Minas Tênis Clube, e

Márcio Pimentel, do Clube de Regatas Flamengo. Na segunda semana atuaram ícones como Geraldo Bernardes, do Instituto Reação; Expedito Falcão, da Associação de Judô Expedito Falcão; Floriano Almeida, do Minas Tênis; Douglas Vieira, do Esporte Clube Pinheiros; Antônio Carlos Kiko Pereira, da Sogipa; e Alexandre Lee, do Clube Paineiras do Morumby. A fisioterapeuta Alessandra Motola e os preparadores Lucas Marques e Paulo Sousa também estavam entre os convidados. “É muito bom ver os técnicos trocando informação. Se eu tiver uma dificuldade e a Rosicléia Campos achar que eu preciso trabalhá-la, ela pode falar diretamente com o Daniel, que tem atuado especificamente comigo. Hoje, por exemplo, estudamos algumas adversárias que eu devo enfrentar em Cuba, trabalhamos algumas situações que me deixam vulnerável e eu pude trazer o que fizemos para o treino da tarde, para o randori. Foi ideal para me forçar a pensar e criar alternativas; na competição eu não tenho esse tempo”, disse a médio Maria Portela, que trabalhou com seu técnico Daniel Pires na sala de análise de desempenho e estudo técnico específico. Outros que utilizaram o espaço foram a ligeiro Nathália Brígida e o treinador Alexandre Katsuranagi. Ali há uma área de tatamis, é possível estudar os vídeos de futuros adversários, especialmente no Grand Prix de Havana, selecionados pelo analista Ricardo Lúcio, e, se necessário, projetá-los na parede para melhor visualização.

Parte das equipes masculinas que atuaram no último dia do TC

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Convocados Masculino Ligeiro (60kg) Eric Takabatake (Pinheiros/SP) Felipe Kitadai (Sogipa/RS) Phelipe Pelim (Pinheiros/SP) Victor Hugo Carvalho (Palmeiras/SP) Meio-leve (66kg) Charles Chibana (Pinheiros/SP) Ricardo Santos Júnior (Minas/MG) Gabriel Pinheiro (Cia do Judô/PE) Luiz Revite (Assoc. Rogério Sampaio/SP) Daniel Cargnin (Sogipa/RS) Leve (73kg) Alex Pombo (Minas/MG) Marcelo Contini (Pinheiros/SP) Igor Pereira (Reação/RJ) Eduardo Katsuhiro Barbosa (Assoc. Vila Sônia/SP) Lincoln Neves (SEL São José dos Campos/SP) Meio-médio (81kg) Victor Penalber (Reação/RJ) Leandro Guilheiro (Pinheiros/SP) Felipe Costa (Pinheiros/SP) Rafael Macedo (Sogipa/SP) Médio (90kg) Tiago Camilo (Pinheiros/SP) Eduardo Bettoni (Minas/MG) Gustavo Assis (Minas/MG) Eduardo Faria (Assoc. Serrana/ES) Meio-pesado (100kg) Luciano Corrêa (Minas/MG) Rafael Buzacarini (Assoc. Vila Sônia/SP) Gabriel Souza (Pinheiros/SP) Hugo Pessanha (Minas/MG) Leonardo Gonçalves (Palmeiras/SP) Pesado (+100kg) Rafael Silva (Pinheiros/SP) David Moura (Reação/RJ) Walter Santos (São Caetano/SP) João Marcos Cesarino (Sogipa/SP)

Feminino Ligeiro (48kg) Sarah Menezes (Assoc. Expedito Falcão/PI) Nathália Brígida (Minas/MG) Gabriela Chibana (Pinheiros/SP) Larissa Pimenta (Pinheiros/SP) Meio-leve (52kg) Erika Miranda (Minas/MG) Rafaela Barbosa (ABLE/AM) Jéssica Pereira (Reação/RJ) Eleudis Valentim (Pinheiros/SP) Raquel Silva (Reação/RJ) Layana Colman (Judô Clube Rocha/MS) Leve (57kg) Rafaela Silva (Reação/RJ) Tamires Crude Silva (Reação/RJ) Flávia Cruz (Reação/RJ) Kamila Silva (Minas/MG) Meio-médio (63kg) Mariana Silva (Minas/MG) Ketleyn Quadros (Minas/MG) Mariana Barros (Paineiras/SP) Alexia Castilhos (Sogipa/RS) Jéssica Baptista Santos (Pinheiros/SP) Médio (70kg) Maria Portela (Sogipa/RS) Bárbara Timo (Flamengo/RJ) Amanda Oliveira (Inhumas Goiás EC/GO) Bruna Silva (Grêmio Náutico União/RS) Meio-pesado (78kg) Mayra Aguiar (Sogipa/RS) Samanta Soares (São Caetano/SP) Renata Januário (Grupo Aliança Real/RJ) Adriana Souza (Assoc. Rogério Sampaio/SP) Pesado (+78kg) Maria Suelen Altheman (Assoc. Rogério Sampaio/SP) Rochele Nunes (Sogipa/RS) Camila Nogueira (Sakurá/MS) Beatriz Souza (Pinheiros/SP)

Convocados das equipes de base Superligeiro Thays Marinho (44kg/Minas/MG) Daniel Silva (55kg/Ass. Rodrigo Bilhar/RS) Ligeiro Gabriela Clemente (48kg/Grêmio Náutico União/RS) Kainan Pires (60kg/Pinheiros/SP) Meio-leve Jéssica Lima (52kg/SEL de São José dos Campos/SP) Nykson Carneiro (66kg/Palmeiras/SP) Leve Giovana Pernoncini (57kg/Sogipa/RS) David Lima (73kg/Pinheiros/SP)

Meio-médio Yanka Paschoalino (63kg /Pinheiros/SP) Guilherme Guimarães(81kg/Pinheiros/SP) Médio Aine Schmidt (70kg/Pinheiros/SP) Euller Pereira (90kg/SESI/SP) Meio-pesado Gabriela Paliano (78kg/Judô Futuro/MS) Tiago Souza (100kg/Minas/MG) Pesado Ellen Furtado (+78kg/SESI/SP) Hugo Praxedes (+100kg/SESI/SP)

Seleções estrangeiras Rússia Nataliya Kondratyeva (48kg) Irina Zabludina (57kg) Ekaterina Valkova (63kg) Pari Surakatova (63kg) Irina Gazieva (70kg) Anastasiia Dmitrieva (78kg) Alena Kachorovskaya (78kg) Kseniia Chibisova (+78kg) Arsen Galstyan (66kg) Kamal Khan-Magomedov (66kg) Musa Mogushov (73kg) Mansur Isaev (73kg) Sirazhudin Magomedov (81kg) Khasan Khalmurzaev (81kg) Kirill Voprosov (90kg) Magomed Magomedov (90kg) Adlan Bisultanov (100kg) Kazbek Zankishiev (100kg) Renat Saidov (+100kg) Andrey Volkov (+100kg) Comissão Técnica Vitalii Makarov - Técnico Andzor Gaunov - Técnico Jean-Pierre Gibert - Técnico Konstantin Filosofenko - Técnico Sirazhutdin Adamov - Médico Dmitrii Kleshchev - Fisioterapeuta Sergey Khitrykh - Fisioterapeuta Azerbaijão Orkhan Safarov (60kg) Ilgar Mushkiyev (60kg) Tarlan Karimov(66kg) Hidayat Heydarov (66kg) Rustam Orujov (73kg) Huseyn Rahimli(81kg) Rustam Alimli (81kg) Abdulhagg Rasullu (81kg) Elkhan Rajabli (81kg) Mammadali Mehdiyev (90kg) Ramin Gurbanov (90kg) Shahin Gahramanov (90kg) Elkhan Mammadov (100kg) Elmar Gasimov (100kg) Ushangi Kokauri (+100kg) Alikhan Hasanov (+100kg) Ilham Zakiyev (+100kg) - Paralímpico Comissão Técnica Peter Seisenbacher - Técnico Harald Horschinegg - Técnico Farhad Mammadov - Técnico Movlud Miraliyev - Técnico Ferid Ismayilov - Oficial Ramil Valiyev - Médico Rustam Hajiyev - Jornalista Rashad Alakbarov – Fisioterapeuta

Paulo Wanderley com todas as judocas do feminino em Pinda

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9ª COPA PARANÁ DE JUDÔ

Ayumi Tanimoto e Mika Sujimoto ministram workshop em Curitiba Carismáticas, Ayumi Tanimoto, bicampeã olímpica, e Mika Sujimoto, vice-campeã olímpica, demonstraram grande magnetismo e deram importantes dicas para mais de 250 crianças.

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POR

Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

s medalhistas olímpicas Ayumi Tanimoto e Mika Sujimoto ministraram clínica de judô para mais de 250 judocas das classes sub 13 e sub 15, que competiram na Copa Paraná. O workshop foi realizado no dia 4 de outubro no ginásio de esportes do Centro Esportivo Bagozzi, em Curitiba, pela Federação Paranaense de Judô (FPrJ) com o apoio da Komatsu do Brasil, fabricante mundial de máquinas e tratores, com sede em Tóquio (Japão). Extremamente simpáticas e carismáticas, as medalhistas olímpicas rapidamente conquistaram a atenção da garotada, que respondeu prontamente ao chamamento feito pelas experientes judocas japonesas. Quebrando um pouco a seriedade e a concentração características da rotina do judô, ao longo do evento as japonesas encantaram a todos e arrancaram muitos sorrisos dos pequenos judocas ao longo do workshop.

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Com uma linguagem moderna e dinâmica, Ayumi Tanimoto e Mika Sujimoto fizeram a transmissão de conhecimento para uma garotada ávida por conhecimento

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Após o workshop Francisco Souza, Makoto Yamanouchi, Luiz Iwashita, Ayumi Tanimoto e Mika Sujimoto, Helder Faggion e Hatiro Ogawa posam para foto histórica

Ayumi e Mika iniciaram o treinamento com um breve aquecimento com exercícios aeróbios e de alongamento. Depois fizeram demonstrações de shi-shi-no-ukemi, ushiro-ukemi, yoko-ukemi, mae-ukemi e zempoo-kaiten. Na sequência, os participantes formaram duplas para fazer randori e uchi-komis sob a supervisão meticulosa das medalhistas olímpicas. Por fim, muitos participantes tiveram a oportunidade de lutar com as judocas japonesas. Os mais animados jogaram e foram jogados pelas medalhistas do país do sol nascente. Ressaltando a importância da disciplina e da dedicação para conquistar objetivos e bons resultados, Ayumi e Mika lembraram ainda que o judô tem o papel fundamental de formar cidadãos e não apenas competidores. E que gostariam de ver um

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Ayumi Tanimoto, Susumu Ueno e Mika Sujimoto

dia campeões saindo daquele ginásio. As medalhistas olímpicas falaram ainda que gostam muito do Brasil e da comida brasileira; e se mostraram surpresas com a energia dos brasileiros. “No Brasil há mais de dez vezes o número de pessoas treinando judô do que no Japão, é fantástico”, disse Ayumi. Esta é a terceira vez que Ayumi veio Brasil e a quinta de Mika. Atualmente, elas têm cargos administrativos na Komatsu no Japão e também trabalham na formação de novos atletas. Mika e Ayumi começaram no judô entre os 9 e 10 anos de idade, e destacaram a importância de iniciar na prática mais cedo que elas, se possível. “É importante começar a partir dos 6 anos para atingir o desenvolvimento físico e mental ao mesmo tempo que se aprimoram as técnicas”, disse a campeã olímpica.

Atualmente ambas estão afastadas das competições, trabalhando com formação de atletas de diferentes idades. Sobre a expectativa de desempenho do Brasil nos Jogos Rio 2016, Mika destacou a judoca santista Maria Suelen Altheman, a quem enfrentou na trajetória da conquista da medalha de prata em Londres. “Foi muito difícil enfrentá-la, acredito que ela é uma atleta de destaque e vai conseguir um bom resultado no Rio de Janeiro. Ela deve preparar-se muito emocionalmente porque a torcida brasileira é sempre muito quente, e se não houver esse cuidado a pressão pode ser maior que o incentivo.” Ayumi e Mika têm no currículo a conquista de três medalhas olímpicas para o Japão entre os Jogos de Atenas (2004) e Londres (2012). Ayumi foi ouro pela categoria até 63kg em Atenas e repetiu o feito em 2008, em Pequim, enquanto Mika ficou com

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9ª COPA PARANÁ DE JUDÔ

Juntos, senseis e judocas fazem o za-rei (saudação ajoelhado) ao finalizar o workshop

Mesmo sem falar uma palavra em português Mika motivou os judocas em Curitiba

a prata em Londres ao perder a final para a cubana Idalys Ortiz na disputa do peso-pesado. Além das medalhas olímpicas, juntas conquistaram oito medalhas em campeonatos mundiais.

Dirigentes comemoram intercâmbio entre Brasil e Japão Participaram do encontro Luiz Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô; Susumu Ueno, presidente da Komatsu Brasil; Jorge Hosakawa, diretor da Komatsu Brasil; Oswaldo Hatiro Ogawa, representante da Federação Paulista de Judô; Helder Faggion, vice-presidente da FPrJ; Francisco Souza, membro do conselho fiscal da FPrJ; e Makoto Yamanouchi, professor kodansha de Curitiba. Após o encontro Ayumi Tanimoto destacou a determinação dos judocas brasileiros. “Visitamos vários países fazendo este trabalho, mas ficamos impressionadas com a interação das crianças brasileiras. Todas queriam atuar seja fazendo randori seja pedindo orientações, e isso mostra a vontade que elas têm de aprender. Usando um tradutor uma menina ainda muito jovem me perguntou o que ela precisava fazer para se

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A bicampeão olímpica deixou sua marca para toda uma geração de judocas brasileiros

tornar uma campeã olímpica, e isso mostra sua determinação e que ela está disposta a atingir um objetivo.” Mika Sujimoto disse que buscou transmitir conhecimento aos judocas brasileiros. “Acima de tudo este workshop foi uma ação motivacional e a nossa proposta principal era fazer com que estas crianças percebam que o judô oferece um caminho de crescimento pessoal em todos os sentidos. Mas viemos a Curitiba para transmitir conhecimento e mostrar nosso judô a eles. Desejamos é claro que daqui saiam campeões e que um dia lembrem que aprenderam algo conosco.” O professor Hatiro Ogawa destacou a didática das judocas japonesas. “Foi um workshop bastante interessante porque elas foram muito bem preparadas para fazer este trabalho. Com excelente didática, mostraram que sabem trabalhar com crianças. Mesmo não falando nosso idioma e com a ajuda de um tradutor elas cativaram e envolveram as crianças, que ficaram totalmente atraídas pela atuação de ambas as medalhistas. A Mika e a Ayumi apresentaram um trabalho muito interessante, dinâmico, e tenho certeza que as crianças adoraram a clínica apresentada por elas”. Susumu Ueno elogiou o comprometi-

mento das judocas japonesas e envolvimento dos atletas brasileiros. “Achei que faríamos a abertura do evento e voltaríamos no final para entregar os brindes e certificados, mas o trabalho apresentado pelas medalhistas olímpicas foi eletrizante e exerceu grande magnetismo em todos que estavam nos tatamis e em volta deles. As crianças, por sua vez, interagiram com as professoras japonesas e parecia até que todos eram velhos amigos. Foi realmente empolgante vivenciar toda a sinergia que surgiu na clínica ministrada pelas medalhistas olímpicas, o que nos deu a certeza de ter proporcionado um grande intercâmbio técnico para os judocas que participaram deste workshop”, celebrou Ueno. Para Luiz Iwashita, o workshop atendeu à proposta de oferecer o maior intercâmbio possível aos atletas que participaram da Copa Paraná. “Tenho certeza de que todos gostaram muito de conhecer a Ayumi e a Mika, e principalmente de vivenciar todo o aprendizado que tiveram com ambas. Um evento desses é uma oportunidade única para aprendermos e aprimorarmos nossa técnica com quem entende verdadeiramente do assunto e tem uma visão diferente da nossa”, concluiu o dirigente paranaense. www.revistabudo.com.br


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COMITÊ OLÍMPICO DO BRASIL

Prêmio Brasil Olímpico 2015 contempla seis esportes de combate O excelente desempenho dos atletas de judô, karatê, taekwondo, luta olímpica, boxe e esgrima na temporada assegurou a presença maciça dos esportes de combate no encontro promovido pelo COB. I

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POR paulo pinto fonte IMPRENSA COB Fotos SAULO CRUZ/EXEMPLUS/COB

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na Marcela Cunha (maratonas aquáticas) e Isaquias Queiroz (canoagem) foram escolhidos os melhores atletas do País em 2015 e homenageados durante a cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico. O prêmio atleta da torcida foi para o nadador Thiago Pereira, após eleição nas redes sociais.

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Organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), a festa de gala do esporte nacional realizou-se no dia 15, no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro, e homenageou os principais destaques esportivos do ano. Além dos troféus, os três maiores vencedores da temporada receberam um prêmio de R$ 30 mil reais.

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil, concede entrevista durante o evento

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A 17ª edição do Prêmio Brasil Olímpico contou ainda com uma homenagem aos medalhistas brasileiros dos Jogos Pan-Americanos Toronto 2015 e aos melhores em 49 modalidades esportivas. Estiveram presentes à cerimônia o presidente do COB e do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman; o ministro do Esporte, George Hilton; presidentes de Confederações Brasileiras Olímpicas, padrinhos e madrinhas do Time Brasil, entre outras personalidades. Em seu discurso, Carlos Nuzman ressaltou o trabalho de atletas e treinadores às vésperas dos Jogos Olímpicos Rio 2016. “Agradeço o esforço e a dedicação de cada um de vocês que aqui estão, atletas, treinadores, dirigentes, e mais do que isso, dando o seu coração para momentos de muita emoção. A emoção de competir em casa, quando o coração vai vibrar mais do que em qualquer lugar do mundo. Vocês estarão juntos com a torcida brasileira. É essa torcida que nos encanta e acompanha, sendo apaixonada em todos os momentos, dando seu calor e sua força. Espero que este desafio mexa com todos vocês meus queridos atletas, com muito orgulho e emoção. Vocês estarão realizando o sonho de mais de 200 milhões de brasileiros, numa delegação de menos de 500 atletas, mas que representam cada um grande parte destes milhões”, disse o presidente do COB. Para o prêmio de atleta da torcida, vencido pelo nadador Thiago Pereira com 24% dos votos, o COB selecionou atletas ou duplas, quatro no masculino e quatro

Charles Chibana e Victor Penalber

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Valéria Kumizaki, Natália Brozulatto e Diego Spigolon

no feminino, que se destacaram durante a temporada, marcando o esporte brasileiro em 2015. Concorreram com Thiago: Ana Marcela Cunha (maratona aquática), Érika Miranda (judô), Fabiana Murer (atletismo - salto com vara), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade), Marcelo Mello (tênis), Yane Marques (pentatlo moderno) e Alison e Bruno (vôlei de praia). Cada fã pôde votar uma vez em seu atleta preferido. A votação do atleta da torcida foi realizada exclusivamente pelo Facebook, em enquete publicada na página facebook.com/timebrasil e no site cob.org.br/pt/pbo. Quinze anos depois de alcançar o primeiro lugar do ranking mundial do tênis

profissional, o catarinense Gustavo Kuerten recebeu no Prêmio Brasil Olímpico o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, que homenageia atletas que perpetuam os valores do esporte olímpico. Muito emocionado, Guga fez um dos discursos mais vibrantes da noite. “O esporte é demais. Vendo todos vocês aqui, conhecendo a história de cada um e suas conquistas, posso afirmar que hoje é o dia de 2015 em que eu mais tive orgulho de ser brasileiro”, disse Guga. “O esporte tem esse poder de emocionar. No ano 2000 eu recebi o Prêmio Brasil Olímpico de melhor atleta do ano e não pude vir receber. Hoje eu queria agradecer à minha avó, que veio receber o prêmio por mim naquela ocasião”, completou o vencedor do Troféu Adhemar Ferreira da Silva. Para o prêmio de melhor técnico do ano, o COB indicou o croata Ratko Rudic (modalidades coletivas), do polo aquático, e Leandro “Brachola” Andreão (individual/ duplas), do vôlei de praia. Técnico mais vitorioso da história do polo aquático mundial, Ratko Rudic comanda a seleção brasileira masculina da modalidade, enquanto Brachola é técnico da dupla Alison e Bruno Schmidt, campeões mundiais em 2015. A nova geração do esporte nacional também foi premiada na 17ª edição do Prêmio Brasil Olímpico. Os melhores atletas dos Jogos Escolares da Juventude 2015 são: na etapa 15 a 17 anos, Stephany Gonçalves, da ginástica rítmica, e Paulo de Oliveira, do atletismo; na fase 12 a 14 anos, Amanda Kunkel, do ciclismo, e Leonardo Santana, do judô.

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COMITÊ OLÍMPICO DO BRASIL Dirigentes avaliam a premiação e indicam os dois melhores da modalidade Após a premiação promovida pelo COB os dirigentes dos principais esportes de combate avaliaram a participação no encontro e elegeram os dois melhores atletas de suas modalidades. Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô, começou enfatizando a tradição da modalidade na premiação. “O COB do judô afirma que o judô é o carro chefe entre Érika Miranda, melhor atleta as modalidades olímpicas, e em todas as edições do evento um judoca é premiado. Em 2005, João Derly foi eleito o melhor atleta do ano, e em 2009, Sarah Menezes alcançou o mesmo feito. Na área técnica a modalidade também fez história com Luiz Shinohara, que em 2007 foi eleito o melhor técnico do ano, e Rosicléia Campos, que em 2011 obteve a mesma premiação. Tradicionalmente o judô está inserido na festa dos melhores do ano, e entendemos que este dado reflete a qualidade do trabalho desenvolvido pelos professores em Iris Silva Tang Sing, melho todos os Estados.” r atleta do taekwondo O dirigente nacional expôs os critérios que elegem o melhor atleta. “Os critérios técnicos que indicaram Érika Miranda como a melhor judoca da temporada foram precisos. A escolha é eminentemente técnica e, para que os leitores possam compreender a amplitude dos critérios adotados nesta escolha, explico que levamos em conta o número de competições de que o atleta participou e os resultados obtidos numa ordem decrescente de importância dos eventos. E ela foi a atleta mais bem ranqueada no judô brasileiro em 2015.” modalidade de karatê Valéria Kumizaki, melhor atleta da Paulo Wanderley encerrou evidenciando a determinação da melhor judoca de 2015. “No tocante à escolha do melhor judoca de 2015 do naipe masculino nossa escolha foi o Vítor Penalber, um atleta bastante experiente que há muito tempo vem crescendo tecnicamente e este ano atingiu um nível altíssimo. Mas acredito que a Érika tenha superado o Vítor devido à experiência que acumula e a maturidade atingida. Acho que é a judoca com maior tempo na seleção brasileira. Certamente este conhecimento pesa muito, mas o diferencial da Erika é a Aline Silva, melhor atleta da modalidade de lutas determinação no treinamento. Ela segue o preparo à risca e deveria ter participado

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dos Jogos de Pequim 2008, mas foi cortada na última hora devido a uma contusão. Certamente toda esta vivência fortaleceu seu espírito, pois ela é uma guerreira na acepção da palavra.” Carlos Fernandes, presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo, pontuou que sua modalidade está inserida no alto rendimento. “O taekwondo é um dos esportes que mais cresce no Brasil e no mundo. Nada mais justo que a modalidade participe de eventos deste porte. Em 2005 a Natália Falavigna foi eleita a melhor atleta do Brasil, e entendo que nossa participação nesta noite de gala do desporto nacional mostra que o taekwondo se destaca entre os esportes de rendimento”. Para o dirigente, a atleta premiada exibe um padrão de conduta diferenciado. “Sobre Íris Tang Sing entendo que ela foi a melhor taekwondista brasileira desta temporada. Uma semana antes deste evento já havia conquistado sua vaga para os Jogos Rio 2016, fato inédito no taekwondo nacional. Íris Sing não é simplesmente uma atleta, ela não é apenas uma competidora. É carismática, simpática e acima de tudo extremamente responsável. Não negligencia seu preparo e dedica-se diuturnamente ao seu condicionamento físico e técnico, e esse é o grande diferencial da Íris.” Sobre os dois melhores atletas da modalidade, Carlos Fernandes preferiu não opinar como dirigente, mas como técnico da modalidade. Disse que Íris Sing e Venilton Teixeira obtiveram o melhor desempenho na temporada. Venilton é o taekwondista amapaense que aos 19 anos conquistou o bronze no Campeonato Mundial Chelyabinsk 2015. “Um atleta de ponta tem de ser igual a documento de carro: tem de estar sempre em dia. Tem de mostrar ao que veio, vencer constantemente e principalmente manter a regularidade nas competições. Nesse contexto o jovem Venilton Teixeira foi o melhor atleta do naipe masculino nesta temporada”, finalizou Fernandes. Na avaliação de Pedro Gama Filho, presidente da Confederação Brasileira de Lutas Associadas, 2015 será lembrado como um ano de conquistas importantes. “A luta olímpica está inserida em todas as edições no Prêmio Brasil Olímpico, mas este ano nossa modalidade www.revistabudo.com.br


obteve um desempenho muito acima do esperado. Além de várias conquistas continentais, obtivemos a vaga olímpica e o ouro inédito em Toronto, com Joice Silva.” Segundo o dirigente, três atletas da modalidade se destacaram no cenário nacional e internacional. “A escolha é feita por um colegiado que entende tudo sobre os esportes de rendimento e consegue avaliar cada conquista com precisão. Acho que fomos Renzo Agrest a, melhor atleta da esgrim a bem representados na premiação, já que vários atletas se destacaram na temporada 2015. O Davi Albino fez a diferença no masculino, mas no feminino vejome obrigado a eleger duas atletas que obtiveram excelente desempenho: Joice Silva e Aline Ferreira.” Para Luiz Carlos Cardoso, presidente da Confederação Brasileira de Karatê, o resultado expressivo de sua modalidade os Jogos Pan -Americanos proporcionou ganho enorme para a modalidade. “Desde o inicio da gestão mantemos r atleta do boxe Robson Conceição, melho bom relacionamento com o COB e o Ministério do Esporte, e isso nos possibilita demonstrar o trabalho que estamos realizando no karatê do Brasil. Os resultados nos Jogos Pan-Americanos possibilitaram melhor compreensão destas entidades a respeito da seriedade e do planejamento que desenvolvemos na CBK.” O dirigente falou sobre os ciclos de gestão e comemorou o excelente momento da modalidade. “Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Todos que estão envol- O judoca Leonardo Santana, melhor atleta escolar da etapa 12 a vidos e vivenciando a modalidade 14 anos Brasil Olímpico 2015 realizado no Teatro Bradesco certamente dirão que este é um dos melhores momentos do karatê do Brasil. Contudo, nós visualizamos a maior para premiar os destaques de cada modalidade por meio dos ciclos de gestão. modalidade. Esta homenagem é fator Em cada época ou ciclo teremos sensadeterminante na vida de cada atleta e ções diferentes; nossa diretoria vivencia o temos de parabenizar o Comitê Olímpipresente, mas trabalha e planifica o futuro. co pela iniciativa. Através de critérios pré Toda gestão demanda planejamento, po-estabelecidos o COB escolheu uma das rém o mais importante é que a cada instanmelhores karatecas das Américas. Além te nossos filiados sintam que estão vivendo do ouro nos Jogos Pan-Americanos, ela o melhor momento do karatê brasileiro.” terminou a temporada como a número 1 Luiz Carlos Cardoso finalizou parabedo ranking da WKF. Sem dúvida alguma nizando o COB pela iniciativa e escolha Valéria Kumizaki e Douglas Brose são os da melhor karateca do gênero feminino. dois melhores karatecas do Brasil e do “A cada ano o COB organiza um evento continente na atualidade.” www.revistabudo.com.br

Melhores do ano Feminino: Ana Marcela Cunha (maratonas aquáticas) Masculino: Isaquias Queiroz (canoagem) Atleta da torcida Thiago Pereira (natação) Os melhores de 2015 em cada modalidade Atletismo – Fabiana Murer Badminton – Lohaynny Vicente Basquete – Leandro Barbosa Boliche – Marcelo Suartz Boxe – Robson Conceição Canoagem Slalom – Ana Satila Vargas Canoagem Velocidade – Isaquias Queiroz Ciclismo BMX – Renato Rezende Ciclismo Estrada – Flávia Paparella Ciclismo Mountain Bike – Henrique Avancini Ciclismo Pista – Kacio Freitas Desportos na Neve – Michel Macedo Desportos no Gelo – Edson Bindilatti Esgrima – Renzo Agresta Esqui Aquático – Marcelo Giardi Futebol – Lucas Lima Ginástica Artística – Arthur Zanetti Ginástica de Trampolim – Camilla Gomes Ginástica Rítmica – Natália Gáudio Golfe – Lucas Yu Shin Lee Handebol – Ana Paula Rodrigues Hipismo Adestramento – João Victor Oliva Hipismo CCE – Ruy Leme Hipismo Saltos – Pedro Veniss Hóquei sobre Grama – André Luiz Couto Judô – Érika Miranda Karatê – Valéria Kumizaki Levantamento de Peso – Fernando Reis Lutas – Aline Ferreira da Silva Maratona Aquática – Ana Marcela Cunha Natação – Thiago Pereira Nado Sincronizado – Luísa Borges e Maria Miccuci Patinação Artística – Marcel Stürmer Pentatlo Moderno – Yane Marques Polo Aquático – Felipe Perrone Remo – Fabiana Beltrame Rugby – Paula Ishibashi Saltos Ornamentais – Giovanna Pedroso e Ingrid Oliveira Softbol – Martha Murazawa Squash – Giovanna Veiga de Almeida Taekwondo – Íris Silva Tang Sing Tênis – Marcelo Melo Tênis de Mesa – Hugo Calderano Tiro com Arco – Marcus Vinicius D’Almeida Tiro Esportivo – Cássio Rippel Triatlo – Manoel Messias Vela – Martine Grael e Kahena Kunze Vôlei de Praia – Alison Cerutti e Bruno Schmidt Voleibol – Sérgio Dutra dos Santos

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GRAND PRIX HAVANA 2016 – CUBA

Em Cuba, o Brasil inicia temporada olímpica muito bem! A seleção brasileira de judô estreou no cenário internacional com o pé direito, finalizando a disputa entre as quatro melhores seleções. POR

O potente uchi-mata de Chibana, que tirou o algeriano Houd Zourdani da repescagem

PAULO PINTO I Foto © IJF MEDIA BY G. SABAU

O

Brasil foi a Havana com 12 atletas, que conquistaram duas medalhas de ouro, duas de prata, dois quintos e um sétimo lugares. O resultado obtido garantiu a quarta colocação geral, entre as 66 nações que disputaram o torneio realizado no Sport City Coliseum de 20 a 24 de janeiro. Em entrevista à Budô, Ney Wilson, gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), afirmou que o resultado construído em Havana foi satisfatório. Estamos de acordo, mas diante do alto nível técnico da competição, que valia pontos para o ranking olímpico, consideramos excelente. Ney Wilson usou de modéstia. Os quatro pódios obtidos em Cuba permitem

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O ippon do cubano Roberto Almenares parou Kitadai, que após a queda viu Takabatake disparar no ranking olímpico

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Rafaela iniciou a temporada pontuando rumo aos Jogos Olímpicos

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afirmar que o Brasil iniciou a temporada olímpica de forma extraordinária e com o pé direito. Com os ouros de Sarah Menezes no -48kg e Eric Takabatake no -60kg, mais os bronzes obtidos por Rafaela Silva, no -57kg, e Maria Portela, no -70kg, o Brasil fechou a conta no GP Havana à frente de seleções fortíssimas como França, Azerbaijão, Cazaquistão, Bélgica, Alemanha e Mongólia. Sarah Menezes começou o ano com tudo, com um belíssimo ippon sobre a israelense Shira Rishony. A campeã olímpica em Londres 2012 conquistou o Grand Prix de Havana com uma campanha exemplar, e na final precisou apenas de um minuto e meio para aplicar a técnica perfeita, derrubar a rival e festejar o ouro logo na primeira importante competição do ano. Em 31 de janeiro Sarah era a número 8 do mundo e Shira, a 16. Elas se haviam enfrentado apenas uma vez, no GP de Dusseldorf, na Alemanha, com vitória para a atleta de Israel. Agora, Sarah equilibra o duelo pessoal contra Shira e ganha moral para o restante da temporada, que terá nas Olimpíadas do Rio 2016 o seu ponto alto.

Na trajetória até o pódio, a campeã olímpica bateu a dominicana Isandrina Sanchez por ippon na primeira luta. Na segunda, derrubou a dona da casa, a cubana Yanisleidi Ponciano, com a pontuação de um yuko. Na semifinal, Sarah cresceu para cima de outra atleta de Cuba, Dayaris Alvarez Mestre, vencendo por ippon. A final foi contra a israelense Shira Rishony, e Sarah não deu mole. Na mesma categoria de Sarah, a atual campeã mundial, a argentina Paula Pareto, foi bronze. Impiedosa, Sarah voltou e focar o pódio olímpico

Takabatake é ouro nos 60kg No peso até 60kg, o brasileiro Eric Takabatake também obteve a medalha de ouro em outra campanha impecável em Cuba. Na final, seu rival, Bekir Ozlu, da Turquia, não compareceu por estar lesionado. Takabatake começou sua campanha em Cuba logo diante de um lutador da casa. Pegou Jorge Turcas e venceu por ippon. No segundo round, passou pelo italiano Maria Carmine Di Loreto com outro ippon. Terminando a fase preliminar, ele não tomou conhecimento do turco Sahin Kaba, vencendo por dois yukos. Na semifinal, Takabatake superou o azerbaijano Orkhan Safarov por um yuko. Na decisão, outro turco pela frente, mas Bekir Ozlu, lesionado, acabou não indo para os tatamis, e o brasileiro foi confirmado como o campeão. Eric é o numero 12 do mundo, enquanto seu rival na final, Bekir Ozlu, é apenas o número 33 do ranking da Federação Inter-

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GRAND PRIX HAVANA 2016 – CUBA

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nacional de Judô. A vitória de Eric é importante na sua briga pessoal contra o também brasileiro Felipe Kitadai, número 14 do mundo. Daqui por diante, cada pódio é decisivo na briga pela vaga olímpica. Felipe Kitadai não teve a mesma sorte no peso até 60kg. O brasileiro venceu na estreia o atleta de Quirguistão Otar Bestaev com uma penalização a menos. Depois, bateu o cubano Roberto Almenares por um yuko. Mas, caiu diante do turco Bekir Ozlu por ippon. O turco depois foi derrotado por Takabatake. Na repescagem, Kitadai caiu para o uzbeque Sharafuddin Lutfillaev por ippon, e deu adeus ao pódio.

O osae-komi parou Maria Portela, que reuniu forças e foi em busca do bronze para o Brasil

Rafaela Silva é bronze Na categoria até 57kg, a carioca Rafaela Silva ficou de bye na primeira rodada. Na segunda, venceu a francesa Sarah Harachi por ippon, com 2m35s de luta. Depois, bateu a alemã Miryam Roper, por ippon, quando faltavam 59s para o fim do combate. Na semifinal, contudo, foi derrotada pela norte-americana Marti Malloy por um yuko e teve de contentar-se em brigar pelo bronze. Na repescagem, a judoca que defende o Instituto Reação encarou a canadense Catherine Beauchemin-Pinard, sua algoz nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e também no último mundial, mas Rafaela deu a volta por cima e, com um yuko, faturou a medalha de bronze.

O pódio do 60kg

O árbitro assinala a vitória de Takabatake na final

Portela garante quarto pódio para o Brasil O Brasil subiu novamente ao pódio do Grand Prix de Havana com Maria Portela, que faturou o bronze da categoria até 70kg. Na disputa pela terceira colocação, a croata Barbara Matic não apareceu para o combate com a brasileira, provavelmente por lesão, e Portela venceu por W.O. Antes, a brasileira havia vencido a venezuelana Elvismar Rodriguez, por wazari, na primeira rodada de sua categoria. Na sequência, foi superada pela

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francesa Marie Eve Gahie. No entanto, voltou para a disputa ao derrotar a atleta russa Irina Gazieva na repescagem.

Chibana fora do pódio Na estreia do peso até 66kg, o garoto de São Paulo, que é o 24º do mundo, bateu o judoca do Azerbaijão Tarlan Karimov, por um yuko. Na segunda luta, ainda na chave preliminar, caiu para o francês Loic Korval, por um wazari. Na repescagem, venceu o argelino Houd Zourdani por ippon e ganhou a chance de brigar pelo bronze com o italiano Elio Verde, 26º no mundo. Partindo para cima de Elio, Chibana fez o italiano ser punido duas vezes. No contragolpe, porém, Verde conseguiu pontuar por wazari e tirou o brasileiro do pódio. Lamentavelmente a excepcional qualidade técnica do judoca que defende o Esporte Clube Pinheiros tem sido proporcional à sua inconstância nos tatamis. Mais uma vez as meninas fizeram as honras da casa e com a ajuda de Eric Takabatake, colocaram o Brasil entre as principais forças do judô mundial. A seleção brasileira de judô foi a Cuba com Felipe Kitadai (60kg), Eric Takabatake (60kg), Charles Chibana (66kg), Alex Pombo (73kg), Leandro Guilheiro (81kg), Tiago Camilo (90kg) e Rafael Silva (+100kg), Sarah Menezes (48kg), Rafaela Silva (57kg), Mariana Silva (63kg), Maria Portela (70kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg). Os técnicos do Brasil foram Luiz Shinohara e Mário Tsutsui.

Pódio do 70kg

O pódio do 57kg

O pódio do 60kg

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TORNEIO DOS C AMPEÕES 2015

Torneio dos Campeões recebe workshop de Douglas Brose Realizada em tempo recorde, competição que reuniu mais de 400 karatecas foi o último evento do calendário esportivo da FPK, em 2015. POR

paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

Foto histórica com professores paulistas Geraldo de Paula, José Marcones, Carlos Magno, Gilmar Gianine, Walmir Zuza, Juliano Alves, Rodrigo Inácio, Eliane Gomes, Luci Nakama, José Carlos de Oliveira, João Batistela, Sérgio Takamatsu, João Cavalcanti, Andréia Vieira, Rogério Saito e Sidirley Souza, rendendo homenagem ao bicampeão mundial

Demonstrando extremo profissionalismo, Brose pontuou pontos fundamentais sobre a dinâmica de competição

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C

om o apoio da Prefeitura de São Paulo, a Federação Paulista de Karatê realizou no ginásio poliesportivo Mauro Pinheiro, no dia 11 de novembro, o 2º Torneio dos Campeões de Karatê. Atletas e admiradores da arte das mãos vazias tiveram um dia especial, pois o certame colocou frente a frente os quatro melhores karatecas de cada categoria, classificados na Copa São Paulo. Mais de 400 atletas participaram da competição que encerrou o calendário da temporada 2015 da principal entidade de administração do karatê no Estado de São Paulo, e comprovou que o departamento de eventos da FPK atingiu a excelência no tocante à promoção de eventos. O torneio reuniu nove classes dos gêneros feminino e masculino e estabeleceu novo recorde ao ser realizado em apenas cinco horas. Na cerimônia de abertura, José Carlos de Oliveira enfatizou o comprometimento das equipes responsáveis pela realização do torneio. “Não posso falar que fizemos uma competição curta, mas posso afirmar que encontramos a forma correta para fazer nossos eventos, já que mesmo com 400 atletas inscritos encerramos a competição às 13h40. Essa celeridade é resultado da dedicação e do comprometimento de nossas diretorias técnica e de arbitragem, que são formadas por dirigentes altamente competentes. Não adianta o professor Airton Grilo estabelecer um cronograma, se as pessoas envolvidas não estiverem comprometidas. Felizmente, a atuação de todos proporcionou este grande resultado.”

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TORNEIO DOS C AMPEÕES 2015

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Ao lado de Douglas Brose e Zeca, Cris Camargo entrega a Jean madeira, uma placa de agradecimento ao apoio prestado pela Selj à FPK, ofertada pela comissão de pais dos karatecas paulistas

Taboão da Serra é campeão geral No tatamis, a força do trabalho realizado pela equipe da Secretaria de Esportes de Taboão da Serra falou mais alto e garantiu o título de campeão geral para o time da grande São Paulo. Conquistando 26 medalhas – 13 ouros, sete pratas e seis bronzes –, os karatecas do Taboão levaram a equipe ao topo do pódio e ratificaram a consistência do trabalho do sensei Manoel Lopes e de todo o seu staff. Com 34 medalhas – 12 de ouro, nove de prata e 13 de bronze –, a Associação de Karatê da Prefeitura Municipal de Caraguatatuba ficou no segundo lugar geral. Além disso, o trabalho realizado pelo sensei Ângelo Augusto Oliveira e sua equipe garantiu a primeira posição entre

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as concorrentes do litoral paulista. O Esporte Guarulhos chegou à terceira colocação geral conquistando 14 medalhas, sendo dez de ouro, uma de prata e três de bronze. O time comandado pelo professor José Marcones reafirmou a tradição de Guarulhos na modalidade. Somando 18 medalhas, a Academia Bonsai Jyuku, de Campinas, garantiu a quarta colocação geral no Torneio dos Campeões. Para figurar mais uma vez entre as melhores do Estado, a equipe campineira comandada pelo professor Valmir Zuza da Cruz conquistou nove medalhas de ouro, sete de prata e duas de bronze. O Centro Esportivo de Ourinhos fechou a classificação das cinco melhores do torneio, com 16 medalhas, sendo oito de ouro, cinco de

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TORNEIO DOS C AMPEÕES 2015

prata e três de bronze, que premiaram o excelente trabalho desenvolvido por toda equipe do professor Adilson Luiz de Oliveira.

Dirigentes expressam a importância do workshop com Brose Ao fim da segunda edição do Torneio dos Campeões houve o seminário de alto rendi-

Apoia a FPK

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mento ministrado pelo bicampeão mundial Douglas Brose e o diretor de eventos da FPK, Paulo Romeu destacou a importância do curso promovido pela entidade. “Não nos limitamos a realizar apenas uma competição que já estava prevista em nosso calendário. Entendemos que devemos utilizar todas as possibilidades e ferramentas para estimular o desenvolvimento técnico dos atletas de nosso Estado. Este

seminário já havia sido realizado com enorme sucesso em várias cidades do mundo e entendemos que chegou o momento de a capital paulista sediar o curso com um dos maiores karatecas do mundo na atualidade. O sucesso foi gigantesco.” José Carlos de Oliveira explicou por que o campeão dos Jogos Pan-Americanos foi convidado para ministrar o curso em São Paulo. “Na

Luci Nakama, Douglas Brose e José Carlos de Oliveira

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TORNEIO DOS C AMPEÕES 2015 verdade minha história com o Douglas é bastante antiga. Quando eu competia ele ficava na beira do kotô me vendo lutar e posteriormente fizemos muitas coisas juntos. Fui seu técnico na seleção brasileira e sou seu padrinho de casamento. Ele é um atleta que todos os países do mundo gostariam de ter. Com esta ação estamos prestigiando um bicampeão mundial, mas ele agregou qualidade técnica ao nosso certame. Falando especificamente sobre a área técnica, estou certo de que todos os 126 karatecas inscritos no curso aprenderam muita coisa com ele. Felizmente os participantes eram na maioria professores que certamente transmitirão tudo que o nosso bicampeão mundial mostrou aqui. Fui espelho e ensinei muitas coisas a ele, no passado, mas hoje foi ele quem veio ensinar técnicas avançadas de karatê para mais de uma centena de professores e atletas paulistas. Estamos muitos orgulhosos por recebê-lo em nossa comunidade”, disse Zeca.

Para o bicampeão mundial o seminário em São Paulo foi uma experiência fantástica Sensibilizado pela presença significativa de professore paulistas no seminário, Douglas Brose falou sobre a emoção de mostrar seu trabalho em São Paulo. “Posso afirmar que vivi aqui uma experiência fantástica. Sempre solícito e muito atencioso, Douglas Brose posou para fotos e distribuiu autógrafos durante o Torneio dos Campeões

Classificação por associação Associação Ouro Prata Bronze 1º Taboão da Serra 13 7 6 2º Caraguatatuba 12 9 13 3º Guarulhos 10 1 3 4º Bonsai Jyuku 9 7 2 5º Ourinhos 8 5 3 6º Kami 8 2 5 7º Unidos 7 5 11 8º Muniz 5 4 4 9º Gomes 5 0 2 10º Dojô Bertioga 4 2 2 11º André Zago 4 2 2 12º Seikan 4 1 1 13º Kuroshio 3 5 1 14º Praia Grande 3 4 2 15º UKE/FAE 3 2 6 16º Hisatugo 3 2 1 17º SEMEPP 3 2 1 18º Resistência 3 0 1 19º Seido Kan 3 0 0 20º Shinshukan 2 3 1 21º Duarte 2 2 5 22º Ken In Kan 2 2 1 23º Mário Moraes 2 2 1 23º C.E.Cambuci 2 2 1 25º S. E. Palmeiras 2 0 26º Yamato Dojô 2 1 0 27º Dojô Kime 2 0 3 28º Kaizen 2 0 3 29º R. Pacheco 2 0 2 30º Subaru 2 0 1

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31º Bonfim 32º Askan 33º Nishikawa 34º Teotônio Vilela 35º Makoto Dojô 36º Butokukai 37º Hortolândia 37º Dojô Ronin 39º R. Oliveira 39º Associação Praia Grande 41º Ornaghi 42º Lions 43º Itapetininga 44º Cadetes 45º Brandão 45º Clube2004 47º Inácio Trindade 48º Várzea Paulista 49º Kiyomizu 49º Wado-Ryu 49º Mizuho Dojô 52º Okinawa 53º K. Para Todos 54º Atl. Cidadão 55º Ce. Joel Neli 56º Gladiators 57º Ce. A. Campos 58º Ippon 59º Sayão F.C. 60º Nogueira 61º Projeto Educando

2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 3 2 1 0 0 0 0 0

0 0 2 1 2 1 1 1 0 0 0 2 2 1 1 1 1 0 0 0 0 0 1 0 5 4 1 1 0 0 0

Todos sabem que este Estado é a meca do karatê em nosso continente. O processo de difusão da modalidade na América do Sul começou aqui e no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo que explodiu. Eu mesmo aprendi muito do que sei com professores formados aqui, e transmitir o que sei em São Paulo para mais de uma centena de professore foi extremamente importante e emblemático.” Brose encerrou falando sobre a amizade com o dirigente do karatê paulista. “Falar sobre o Zeca é explicar grande parte de minha vida, pois realizamos muitas coisas juntos e posso afirmar que aprendi muitas coisas com ele. Ele não é apenas um grande karateca porque foi vice-campeão mundial. Ele simboliza toda uma geração de atletas que consolidaram o karatê brasileiro no cenário internacional e hoje atuam como professores, mestres ou dirigentes esportivos. Temos uma relação de amizade muito grande, mas meu respeito e admiração por ele são fundamentados no que ele fez no passado como atleta e faz hoje como dirigente esportivo.”

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C AMPEONATO BRASILEIRO SÊNIOR 2015

Brasileiro sênior comemora os 40 anos da Federação Alagoana de Judô Seleção paulista fica em primeiro lugar nos dois naipes e 20 Estados comemoram a conquista de medalhas. POR

paulo pinto I Fotos LARA MONSORES/CBJ

C pronuncia Paulo Wanderley faz seu ior sên abertura do brasileiro

mento na cerimônia de

om o apoio do governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado do Esporte, Lazer e Juventude, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) realizou o Campeonato Brasileiro Sênior na arena esportiva do Colégio Marista de Maceió, de 9 a 11 de outubro. A competição teve suas chaves definidas no sorteio realizado no Hotel Maceió Mar, sob o comando de Robnelson Ferreira, gestor técnico nacional da CBJ. A competição reuniu 237 judocas de 26 Estados e celebrou os 40 anos da Federação Alagoana de Judô, presidida por José Nilson Lima, que participou do congresso técnico ao lado de Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ, e dos presidentes Jaciano Delmiro (FPJU), Luiz Gonzaga Filho (FEMEJU) e Durval Américo (FSJ).

José Nilson Lima abriu o congresso técnico cumprimentando os chefes das delegações. “Gostaria de dar as boas-vindas a todos e agradecer à CBJ pela confiança na realização deste evento que também comemora os 40 anos da federação alagoana, fundada em 26 de janeiro de 1975. Estamos nos esmerando para fazer o melhor possível.” Na sequência, Paulo Wanderley anunciou as medidas de controle de doping que seriam feitas na competição. “Este é mais um grande evento da CBJ, que este ano voltou a ser um dos campeonatos de referência para a candidatura à Bolsa Atleta nacional. Com isso, tentamos re-

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô José Nilson Ga

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ma de Lima dá

boas-vindas às delegações

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cuperar cada vez mais o prestígio desta competição. Além disso, faremos testes antidoping por meio de sorteio.” O dirigente finalizou destacando a importância do treinamento de campo após o certame, sob a coordenação de João Gabriel Pinheiro, assistente técnico da Gestão de Alto Rendimento da CBJ, e ministrado pela técnica da seleção brasileira, a japonesa Yuko Fujii. “O treinamento de campo, que já se realizou nas classes sub 23 e sub 18, é uma tendência dos grandes eventos internacionais. Os atletas contemplados pelo Programa de Apoio às Federações (PAF) deverão participar dessa atividade. Quem quer fazer judô com seriedade deve aproveitar ao máximo todas as oportunidades, ainda mais quando a CBJ facilita a participação com a oferta das passagens aéreas.”

Campeão olímpico marca presença em solenidade de abertura A cerimônia de abertura reuniu várias autoridades políticas e esportivas, entre as quais Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô; Cláudia Petuba, secretária de Estado do Esporte, Lazer e Juventude de Alagoas; Rogério Sampaio, campeão olímpico em Barcelona/92; José Nilson Gama de Lima, presidente da Federação Alagoana de Judô; Jaciano Delmiro, presidente da Federação Pernambucana de Judô; Sílvio Holanda, ex-presidente da Federação Alagoana de Judô; Durval Américo Corrêa Machado, presidente da Federação Sergipana de Judô; Aluízio Pereira da Silva Júnior, assessor administrativo do Colégio Marista de Maceió; Luiz Gonzaga Filho, pre-

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sidente da Federação Metropolitana de Judô; e Marcelo Malta, superintendente de Inclusão Social e Rendimento de Alagoas. O primeiro dia de disputas levou muita emoção para os tatamis do Colégio Marista, onde seis categorias conheceram seus campeões. No quadro de medalhas, São Paulo largou na frente, liderando tanto no masculino quanto no feminino, com o Rio Grande do Sul encostado na segunda colocação dos dois naipes. Ao todo, 18 Estados conquistaram medalhas no primeiro dia de disputa. No masculino, os judocas que ocuparam o lugar mais alto do pódio foram Ivan Sabino (60kg/PB), Daniel Silva (55kg/RS), Diego Santos (66kg/RS), Eduardo Barbosa (73kg/SP), Eduardo Santos (81kg/SP) e Raphael Magalhães (90kg/SP). O peso-leve de São Paulo Eduardo Barbosa comemorou muito a vitória sobre o então campeão brasileiro, Igor Pereira (RJ) e contou que teve um apoio especial do campeão olímpico Rogério Sampaio, comandante da delegação paulista na competição. “Chegar aqui e obter essa conquista foi um sentimento muito bom e de alívio. O Rogério Sampaio vem conversando muito com a gente, ajudando muito na parte

Rogério Sampaio, Cláudia Petuba e Paulo Wanderley Teixeira

psicológica, dando muitas dicas para os atletas. A presença dele deu uma motivada mesmo e foi essencial para essa vitória”, contou. Nas disputas individuais do feminino, as campeãs foram Ana Paula Nobre (44kg/RS), Luana Pinheiro (48kg/MG), Eleudis Valentim (52kg/ SP), Fabiana Oliveira (57kg/SP), Veronice Chagas (63kg/RS) e Anne Carmo (70kg/SP). O destaque foi a meio-médio representante do Rio Grande do Sul, única campeã brasileira Dirigentes e autoridades que compuseram a mesa de honra

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C AMPEONATO BRASILEIRO SÊNIOR 2015

Veronice Chagas parou a incursão de Rafaela Silva no -63kg e ficou com o ouro

Leve (-57kg) M5 - Meio-médio (-63kg)

Jaciano Delmiro premia o superligeiro (-44kg)

Fornecedor oficial da Seleção Brasileira de Judô

Médio (-70kg)

Luiz Gonzaga Fil

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ho premia o pe

sado (+78kg)

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Nilson Gama premia o Top

5 do feminino

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Ligeiro (-48kg) Meio-leve (-52kg)

José Pereira pr

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emia o meio-pe

sado (-78kg)

Determinada, a paulista Eleudis Valentin superou Jéssica Pereira e ficou com o ouro do meio-leve

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C AMPEONATO BRASILEIRO SÊNIOR 2015

Luiz Gonzaga Filho premia o

Superligeiro (-55kg)

ligeiro (-60kg)

Rogério Sampaio premia o meio-leve (-66kg )

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô Meio-médio (-81kg)

Paulo Wanderle

y premia o médio

(-90kg)

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Nilson Gama premia o meio-pesado (-100kg)

Sílvio Holanda pr

Paulo Wanderley premia o peso

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-pesado (+100kg)

emia o Top 5 do

masculino

Na final do -66kg o gaúcho Diego Santos superou Lucas Bernardo e correu para o abraço

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que conseguiu manter o título neste primeiro dia. A conquista de 2015 foi a terceira consecutiva da experiente judoca de 30 anos. “Este tri representa muito para mim, me dediquei muito, treinei e, finalmente, todo o esforço valeu a pena”, comentou Veronice. Para chegar à decisão contra Érika Ferreira (CE) ela teve uma prova de fogo na semifinal contra Rafaela Silva (RJ), campeã mundial peso -leve em 2013, que neste Brasileiro lutou na peso-médio (63kg). “Eu penso cada luta de uma vez e, nessa disputa, a semifinal foi o momento mais difícil. Eu me concentrei muito para lutar com a Rafaela e consegui a vitória. O que eu tiro de positivo é ver que o trabalho e o apoio que tenho recebido de meu clube está sendo correspondido”, comemorou a judoca da Sogipa (RS).

São Paulo liderou quadro de medalhas feminino e masculino Os campeões das categorias restantes no segundo dia de competição foram Rafael Buzacarini (100kg/SP) e Renan Nunes (+100kg/RS) no masculino, enquanto no feminino venceram Amanda Soares (78kg/SP) e Richele Jordão (+78kg/SP). Os resultados finais do brasileiro mostram que apesar da hegemonia paulista nos dois naipes, surge gradativamente um equilíbrio no judô nacional, já que 20 dos 26 Estados inscritos colocaram atletas no pódio. Os paulistas totalizaram cinco medalhas de ouro no feminino e quatro ouros e três pratas com o masculino, fechando a temporada com chave de ouro. A equipe chefiada por Rogério Sampaio disputou 12 das 16 finais. “Já atuei outras vezes como chefe da delegação de São Paulo em campeonatos brasileiros, mas fazia tempo que eu não comparecia a um torneio deste nível. Fico feliz por vivenciar toda esta organização que os eventos da CBJ exibem, associada à presença de atletas tão fortes.” Rogério Sampaio finalizou avaliando o desempenho de time paulista. “Nossa delegação teve uma participação muito boa. Fizemos alguns treinamentos em São Paulo, e eu tentei passar aos judocas paulistas a importância da conquista de um título brasileiro para o atleta e para seu Estado. Busco sempre colocar em cada um deles uma semente sobre a importância do desenvolvimento técnico para aqueles que buscam trilhar o caminho do judô de alto rendimento”, completou o campeão olímpico de Barcelona 1992, que encerrou sua carreira de atleta justamente no Campeonato Brasileiro de 1998, realizado em Foz do Iguaçu (PR), no qual conquistou seu quarto e último título nacional (1984, 1986, 1991 e 1998). www.revistabudo.com.br

Classificação Final

FEMININO Superligeiro (-44kg) 1º Ana Paula Nobre – RS 2º Amanda Lima – PE 3º Thays Marinho – MG 3º Patricia Marques – SC

MASCULINO Superligeiro (-55kg) 1º Daniel Silva – RS 2º Jonathan Freitas – SP 3º Ayrton Pinheiro – SC 3º Andreu Souza – SC

Ligeiro (-48kg) 1º Luana Pinheiro – MG 2º Carolynne Hernandez – AM 3º Rosileide Cardoso – MS 3º Natasha Ferreira – PR

Ligeiro (-60kg) 1º Ivan Sabino – PB 2º Raphael Miaque – RS 3º Gabriel Silva – MG 3º Sérgio Nascimento – DF

Meio-leve (-52kg) 1º Eleudis Valentin – SP 2º Jéssica Pereira – RJ 3º Yasmim Lima – CE 3º Maria Krauss – SC

Meio-leve (-66kg) 1º Diego Santos – RS 2º Lucas Bernardo – SP 3º Luciano Loiola – DF 3º Paulo Cruz – BA

Leve (-57kg) 1º Fabiana Oliveira – SP 2º Kamila Santos – SC 3º Flávia Cruz – RJ 3º Manoela Costa – RS

Leve (-73kg) 1º Eduardo Katsuhiro – SP 2º Igor Pereira – RJ 3º João Macedo – RS 3º Luís Augusto Nogueira F. – PA

Meio-médio (-63kg) 1º Veronice Chagas – RS 2º Erika Ferreira – CE 3º Rafaela Silva – RJ 3º Mariana Veiga – MS

Meio-médio (-81kg) 1º Eduardo Santos – SP 2º Edu Ramos – SE 3º Marcus Braga – PE 3º Rafael Macedo – RS

Médio (-70kg) 1º Anne Carmo – SP 2º Emory Spontoni – MS 3º Ennilara Silva – TO 3º Sarah Nascimento – MG

Médio (-90kg) 1º Raphael Magalhães – SP 2º Roberto Gomes – PI 3º Marcelo Filho – RS 3º Felipe Soares – ES

Meio-pesado (-78kg) 1º Samanta Soares – SP 2º Isadora Pereira – MG 3º Renata Januário – RJ 3º Gislaine Araújo – DF

Meio-pesado (-100kg) 1º Rafael Buzacarini – SP 2º Horácio Antunes – RS 3º Pedro Rezende – MA 3º Bruno Altoé – ES

Pesado (+78kg) 1º Richele Jordão – SP 2º Rebeca Miranda – MS 3º Mayara Oishi – PR 3º Marisa Barreto – RN

Pesado (+100kg) 1º Renan Nunes – RS 2º Leandro Gonçalves – SP 3º Francinaldo Segundo – PI 3º Willian Jacques – SC

Com cinco medalhas de ouro, duas de prata e quatro de bronze, o Rio Grande do Sul ficou na segunda colocação geral, seguido por Minas Gerais, que obteve uma medalha de ouro, uma de prata e três de bronze. A equipe da Paraíba chegou em quarto lugar, conquistando uma medalha de ouro e uma de bronze. O Estado do Rio de Janeiro fechou o Top 5 da competição com duas medalhas de prata e três de bronze.

Balanço positivo Após a cerimônia de premiação, José Nilson Lima comemorou o sucesso do certame. “Entendemos que a realização deste evento foi um presente que a Confederação Brasileira de Judô ofereceu ao nosso Estado. Há cerca de 15 anos não sediávamos um evento nacional. E aí o professor Paulo Wanderley, com sua sensibilidade e o excelente senso de gestão, conseguiu congraçar os 40 anos

da FAJU com esse campeonato brasileiro.” Em seu pronunciamento final, Paulo Wanderley avaliou a temporada do judô brasileiro. “Com este evento encerramos o calendário das competições nacionais desta temporada, fazendo um balanço altamente positivo dos certames realizados até aqui. Possuímos um calendário extenso, com competições estaduais, nacionais, continentais e mundiais, e mais uma vez saímos vitoriosos em diversas frentes. Felizmente o judô brasileiro segue firme, rumo ao futuro, alicerçado em uma administração sólida e obtendo resultados cada vez mais expressivos. Vimos aqui atletas que defendem a seleção brasileira e outros que certamente defenderão o Brasil nos Jogos de Tóquio 2020. Agradecemos a presença de todos e cumprimentamos os que aqui estiveram, vencedores e vencidos, já que juntos edificamos e fortalecemos a identidade técnica do judô do nosso País.” Revista Budô número 17 / 2016

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ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CBJ 2016

AGO fortalece a relação da CBJ com Ministério do Esporte No encontro, os gestores da administração pública responsáveis pela área técnica do Ministério do Esporte conheceram de forma ampla tudo que a CBJ vem realizando. POR

Paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

Dirigentes no fechamento da AGO 2016

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A

pós o encontro na última sexta-feira (11), nas novas dependências do Ministério do Esporte, na qual representantes ministeriais e da Confederação Brasileira de Judô expuseram o trabalho que vêm fazendo pelo desenvolvimento do desporto nacional, realizou-se a assembleia geral ordinária que discutiu os resultados do exercício anterior e temas de extrema relevância na gestão da modalidade neste ano olímpico. Além da tradicional prestação anual de contas, no encontro que reuniu os gestores da CBJ e dirigentes de 22 federações estaduais foram apresentadas iniciativas que visam a adequar o estatuto da CBJ ao que está sendo exigido pela lei que rege o desporto nacional. Compuseram a mesa Paulo Wanderley Teixeira, Marcelo França Moreira, Francisco de Carvalho Filho, Roberto David da Graça e Rogério Sampaio, que foram secretariados por Luciano Hostins, assessor jurídico da CBJ. A iniciativa inédita da CBJ em realizar sua AGO nas dependências do ministério permitiu que, antes do início da assembleia, a equipe ministerial do Esporte apresentasse suas ações aos dirigentes estaduais e nacionais do judô. Por outro lado, a diretoria da CBJ mostrou sua estrutura de eventos e a preparação do judô para este ciclo olímpico.

Paulo Wanderley Teixeira detalhando ações do exercício 2015

Mesa gestora

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ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CBJ 2016

Paulo Wanderley exibe o relatório do exercício 2015

Para Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ, a ação fortaleceu a relação entre o ministério e a CBJ. “Esta ação reiterou a parceria, a reciprocidade e a confiança que ambas as organizações depositam uma na outra, mas quem ganhou foi o judô brasileiro. Tivemos aqui gestores da administração pública responsáveis pela área técnica e pelo acompanhamento de projetos do Ministério do Esporte que puderam testemunhar tudo que estamos realizando, no sentido de fortalecer e projetar o judô nos cenários esportivos nacional e internacional. O responsável pela prestação de contas do ministério também esteve conosco e pôde

Marcelo França

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Rogério Sampaio

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô

conhecer e avaliar, de forma mais ampla, tudo que estamos produzindo com os recursos aportados pelo governo federal.” Na avaliação do presidente da CBJ a ação inédita realizada junto ao Ministério do Esporte deverá ser seguida por outras confederações. “Esta resolução partiu da CBJ e temos certeza de que terá desdobramentos e será adotada por outras confederações, já que aproxima e consolida a relação entre o poder público e as entidades de administração do esporte nacional.” Luiz Augusto Martins Teixeira, presidente da Federação Mineira de Judô, pediu a palavra para homenagear gestores

Luciano Hostins

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Francisco de Carvalho

do judô nacional. “Quero deixar registrada a homenagem que Minas Gerais faz ao professor Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento, e a Maurício Santos, gestor de marketing da CBJ, pela projeção que o trabalho realizado por ambos oferece ao judô nacional.” Agradecendo as palavras do dirigente mineiro, Paulo Wanderley explicou que o sucesso da CBJ reflete a qualidade dos gestores da entidade. “Sem dúvida alguma, o sucesso obtido pela Confederação Brasileira de Judô é resultado da qualidade de todos os profissionais envolvidos na gestão da entidade. Desde o início de minha trajetória tive a felicidade de chamar pessoas extremamente capacitadas tecnicamente, em cada área da gestão. Além dos profissionais citados pelo professor Luiz Augusto, contamos com o Renato Araújo, na gestão financeira; Manoela Penna, na assessoria de imprensa; Luciano Hostins, nosso assessor jurídico; Isabele Duran, gestora de projetos; Marcelo Teotônio, gestor das equipes de base; e Robnelson Ferreira, gestor técnico nacional. Estas pessoas são responsáveis pelo sucesso de nossa entidade.” Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ destacou a importância desta iniciativa. “A realização desta assembleia nas dependências do Ministério do Esporte transcende os objetivos traçados pelas imposições normativas e legais de nossa modalidade. Esta foi uma

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Roberto David da Graça

Fornecedor oficial da Seleção Brasileira de Judô

ação política que, além de expor as ações de nossa diretoria para a equipe técnica do ministério, legitimou a afinidade existente entre o judô e o governo federal. Quero parabenizar Paulo Wanderley, nosso presidente, por esta importante iniciativa.” Após enaltecer nominalmente a atuação de cada profissional envolvido na gestão da CBJ e agradecer o inquestionável apoio recebido pelos dirigentes de todas as federações estaduais, Paulo Wanderley lembrou que o fator determinante desta iniciativa foi a demonstração de lisura na utilização de recursos públicos. “O ineditismo desta ação é sem dúvida alguma algo marcante, da mesma forma que a confirmação da parceria e confiança mútua, mas entendo que o ponto alto seja a transparência que demonstramos justamente para quem nos fiscaliza”, ex-

plicou Paulo Wanderley. Participaram da assembleia geral da CBJ os seguintes dirigentes: Delfino Batista da Cunha (Acre); Antônio Jovenildo Viana (Amapá); José Nilson Gama (Alagoas); Aldemir Duarte do Nascimento (Amazonas); Marcelo Ornelas da Cruz (Bahia); Luiz Gonzaga Filho (Distrito Federal); Miguel Ângelo Agrizzi (Espírito Santo); Josmar Amaral Gonçalves (Goiás); Fernando Moimaz (Mato Grosso); César Paschoal (Mato Grosso do Sul); Walter de Jesus Amaral Júnior (Pará); Luiz Iwashita (Paraná); Jaciano Delfino da Silva (Pernambuco); Francisco Grosso (Rio de Janeiro); Tibério Maribondo do Nascimento (Rio Grande do Norte); César de Castro Cação (Rio Grande do Sul); Seloí Totti (Rondônia); Paulo Cézar de Oliveira Ferreira (Roraima); Sílvio Acácio Borges (Santa Catarina); Alessandro Panitz Puglia (São Paulo); Durval Américo Correa Machado (Sergipe); Paulo Wanderley Teixeira (presidente CBJ); Marcelo França Moreira (vice-presidente da CBJ); Francisco de Carvalho Filho (vice-presidente da CBJ); Ney Wilson (gestor de Alto Rendimento da CBJ; (Carlos Renato Araújo (gestor financeiro da CBJ); Luciano Hostins (assessor jurídico da CBJ); Roberto David da Graça (conselho fiscal da CBJ); Rogério Sampaio (representante dos atletas); Ingrid Mendonça da Câmara (secretária da presidência da CBJ); e Carlos Eurico da Luz Pereira (ex-presidente da Federação Gaúcha de Judô).

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CREDENCIAMENTO TÉCNICO – FPJ 2016

Miyata, Dell´Aquila e Theotônio destacam-se no credenciamento técnico da FPJ

Comprovando a atuação cada vez maior de ex-atletas da seleção brasileira na gestão do judô nacional, Fúlvio Miyata, Daniel Dell´Aquila e Marcelo Theotônio foram os principais protagonistas desta edição do credenciamento técnico do judô paulista. POR

Paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

C

om o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura de São Caetano do Sul e SESI Bauru, a Federação Paulista de Judô realizou o credenciamento técnico 2016, reunindo cerca de 1.100 professores e técnicos que atuam nas competições durante a temporada. O encontro realizou-se nos auditórios do Teatro Paulo Machado de Carvalho, em São Caetano do Sul (SP), e no SESI Bauru. Os palestrantes deste ano foram Marcelo Theotônio, gestor das equipes de base da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que expôs detalhes do trabalho que é feito na sua área e descreveu o planejamento específico para 2016; Daniel Fausto Dell´Aquila, médico especialista em ortopedia e ex-atleta da seleção brasileira, que falou sobre a prevenção de lesões na prática esportiva; Fúlvio Miyata, ex-atleta e atual técnico da seleção brasileira, que mostrou métodos e meios de executar uchi-komis; o professor kodansha Rodrigo Motta, que discorreu sobre esportismo; e o professor

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Alessandro Puglia, Edgard Ozon, Cecília Ozon e Francisco de Carvalho

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Fúlvio Miyata fazendo demonstração de formas de uchi-komi

kodansha Takeshi Yokoti, que abordou a atualização das regras de arbitragem. Várias autoridades políticas e esportivas compareceram à abertura do evento, entre as quais Jean Madeira, secretário de Esporte Lazer e Juventude do Estado de São Paulo; Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ; Alessandro Puglia, presidente da FPJ; Joji Kimura, coordenador técnico da FPJ; José Jantália, vice-presidente da FPJ; e Luís Alberto www.revistabudo.com.br

dos Santos, coordenador de cursos da FPJ. Vários delegados regionais e dezenas de professores kodanshas de todo o Estado marcaram presença, ratificando a importância e a relevância do credenciamento técnico paulista.

Faixa vermelha fundador da FPJ O fato marcante da cerimônia de abertura do encontro realizado no ABC paulis-

ta foi a homenagem feita pela diretoria da FPJ ao professor kodansha 9º dan Edgard Ozon, que recebeu diploma de Honra ao Mérito pela contribuição e serviços prestados ao desenvolvimento do judô paulista e brasileiro. Visivelmente emocionado o único judoca fundador da FPJ vivo falou sobre a importância desta homenagem. “Fico muito feliz pela deferência e por tudo que foi dito aqui sobre a minha contribuição ao judô. Mas, voltando ao pasRevista Budô número 17 / 2016

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CREDENCIAMENTO TÉCNICO – FPJ 2016

Jean Madeira

Professor Rodrigo Motta

Professor Marcelo Theotônio

sado, como é que todos nós poderíamos imaginar, há 70 anos, que um dia a FPJ faria um credenciamento técnico para mais de mil professores? Quando imaginaríamos que o judô seria um dos esportes mais praticados no Brasil e conquistaria o maior número de medalhas olímpicas para o nosso País? Estes exemplos que citei são testemunho de que tudo que a minha geração

fez pelo judô valeu a pena. Todo o esforço despendido desde 1908, por centenas de professores japoneses e brasileiros, deixou um legado e uma responsabilidade para vocês. Cabe agora aos senhores fazerem a sua parte para manter o nosso judô no mesmo caminho trilhou até aqui, e eu conto com todos vocês.” Em nome de Paulo Wanderley, presi-

dente da CBJ, Francisco de Carvalho saudou autoridades políticas e esportivas, palestrantes, professores e faixas pretas inscritos no evento, e após fazer suas considerações expôs a importância histórica do professor Ozon. ”Poucas pessoas aqui conhecem a relevância da trajetória do professor Edgard Ozon no judô paulista e nacional. Além de ser o único judoca fundador da FPJ vivo, ele

Professores e faixas pretas inscritos

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Daniel Fausto Dell´Aquila

foi um dos principais articuladores da fundação de nossa entidade. Por muitos anos comandou a Federação Universitária Paulista (FUP) e o departamento de judô do Esporte Clube Pinheiros e foi responsável pela vinda de professores japoneses para o Brasil, entre os quais destaco o extraordinário sensei Seisetsu Fukaia. Extremamente inteligente e participativo, Ozon defende até hoje os interesses do judô no Pinheiros, e aos 94 anos exerce funções de grande importância, sendo o conselheiro mais antigo do clube.”

Dell’Aquila pontuou a importância da disseminação do conhecimento Após sua palestra, Daniel Fausto Dell’Aquila conversou com a equipe da Revista Budô e expôs a importância do credenciamento técnico no sentido de padronizar o ensino do judô em todo o Estado. “Participei em diversas oportunidades dos eventos da FPJ e sempre colaboro com a entidade quando sou convidado. Fiz inúmeras palestras no Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT), mas nada pode ser comparado a este evento. Minha avaliação é muito positiva. Penso que este encontro é de fundamental importância para juntarmos todos os segmentos da modalidade. Provavelmente o CT propicie um momento único para a integração de professores, educadores, técnicos, formadores de opinião e gestores do nosso esporte. Esta confluência proporciona maior normatização e uniformização do ensino de nossa modalidade no Estado de São Paulo.” Como ex-atleta da seleção brasileira, Daniel enfatizou a necessidade de promo-

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Professor Fúlvio Miyata

ver a inclusão do maior número possível de professores no credenciamento. “Acredito que este ano mais de 1.100 professores e técnicos passaram pelo credenciamento, e quanto mais professores forem capacitados a fazer o ensino do judô padronizado, maior será o nosso crescimento técnico. É muito fácil falar, criticar e encontrar erros em todos os níveis deste processo gigantesco que permeia a transmissão do ensino em nossa modalidade. Sei que existem dificuldades de todo tipo da base ao topo da gestão, e a logística é um fator complicativo para os profes-

sores que estão em locais mais distantes. Mas tanto a FPJ quanto os técnicos devem desenvolver esforços no sentido de reunir os professores para passar conhecimento e o maior apoio possível visando a atingir a excelência em nosso esporte. Se quisermos ser grandes, todos nós temos de trabalhar de forma coesa e objetiva.”

Fúlvio Miyata falou sobre a experiência inusitada Surpreso com o gigantismo do evento, o técnico da seleção brasilei-

Francisco de Carvalho abre o credenciamento técnico realizado em Bauru

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CREDENCIAMENTO TÉCNICO – FPJ 2016

Marcelo Theotônio disserta sobre o trabalho desenvolvido na base durante o CT 2016, realizado no Teatro Paulo Machado de Carvalho

Professores Kodanshas Ao todo 66 professores kodanshas prestigiaram as duas fases do Credenciamento Técnico paulista de 2016. Veja relação completa abaixo. Alcides Camargo Alessandro Puglia Antônio Honorato de Jesus Antônio Rizzardo Rodrigues Belmiro Boaventura da Silva Edison Koshi Minakawa Celestino Seiti Shira Cláudio Calasans Camargo Dante Kanayama David Candelli Edgar Ozon Eduardo Dantas Bacellar Fernando da Cruz Francisco de Carvalho Filho Galileu Paiva dos Santos Gerardo Siciliano Harley Barbosa Gonçalves do Amaral Hisato Yamamoto Isaburo Suto Ivo Nascimento Jiro Aoyama João José Antonelli Jorge Siqueira José Gomes de Medeiros Kanefumi Ura Kenzo Matsuura Leandro Alves Pereira Leonel Y. Matsumoto Luís Alberto dos Santos Luiz Sergio Ferrante Luiz Yoshio Onmura Luiz Catalano Calleja Maurílio Cesário

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Mercival Daminelli Milton Trajano da Silva Milton Ribeiro Correa Mishiharu Sogabe Nelson Hirotoshi Onmura Orlando Sator Hirakawa Osmar Aparecido Feltrin Osvaldo Hatiro Ogawa Paulino Tohoru Namie Paulo Graça Paulo Roberto Duarte Almeida Paulo Rogério Padovan Pedro Jovita Diniz Raul de Melo Senra Bisneto Rioiti Uchida Roberto Fuscaldo Rodrigo Motta Rogério Sampaio Cardoso Rubens Pereira Sadao Fleming Mulero Sergio Malhado Baldijão Sidney Paris Silvio Tardelli Uehara Solange de Almeida Pessoa Vincki Sumio Tsujimoto Takeshi Yokoshi Uichiro Umakakeba Umeo Nakashima Valdir Melero Wagner Antônio Vettorazzi Yoshiyuki Shimotsu Zaqueu Rodrigues do Nascimento Zenia Morimasa

ProfessorTakeshi Yokoti

ra falou sobre a experiência inusitada. “Hoje eu faço parte de uma estrutura extremamente complexa na Confederação Brasileira de Judô, onde trabalhamos respaldados pelo apoio de uma grande equipe composta por profissionais de várias áreas, mas confesso que esta foi uma experiência surpreendente e bastante impactante. No início da palestra de São Caetano balancei e fiquei nervoso, pois falei para mais de 900 professores, técnicos, medalhistas olímpicos e entre eles estava o meu sensei. Mas eu domino bem o assunto, gosto muito do que faço e no decorrer da palestra fui me acalmando e me senti como um artista num teatro diante de 900 pessoas que, atentas, buscavam assimilar aquilo que eu estava apresentando. Acabou que fiquei muito feliz, principalmente pela troca que acabou acontecendo naturalmente.” Na avaliação de Fúlvio o CT paulista deve ouvir professores e técnicos de todo o Estado. “A proposta do CT é muito boa, mas penso que isso deve ocorrer com maior frequência. Os professores espectadores também devem interagir com os palestrantes, até mesmo para que possamos pontuar as dificuldades e melhorar a qualidade do evento. Acho que, no momento em que isso acontecer, a dinâmica do CT aumentará substancialmente.” Miyata finalizou destacando o momento mais emocionantes de sua palestra. “Sem dúvida alguma o que mais me emowww.revistabudo.com.br


Francisco de Carvalho homenageia Fúlvio Miyata por sua trajetória nos tatamis e pelo excelente trabalho que desenvolve na seleção brasileira de judô. Sensei Sator Hirakawa também foi homenageado pela trajetória de seu aluno, Fúlvio Miyata.

cionou foi quando o professor Chico do Judô convidou o sensei Hirakawa para subir ao palco. Eu já havia terminado a palestra e estava tranquilo, mas ver o professor Sator naquele momento mexeu comigo e fiquei muito emocionado. Posso afirmar que, como técnico, a sensação que senti hoje, vendo o Teatro Paulo Machado de Carvalho repleto de faixas pretas, assemelhou-se ao que sentia quando era lutador. Foi uma experiência extraordinária!”

Gestor das equipes de base da CBJ avalia o encontro Primeiro palestrante do credenciamento técnico no sábado (20/02), em São Caetano do Sul, Marcelo Theotônio, gestor das equipes de base da Confederação Brasileira de Judô, falou sobre a emoção de dissertar diante de um público seleto e constituído por mais de 900 faixas pretas. “Inicialmente houve aquela surpresa, porque a plateia era composta por um número bastante expressivo de professores e técnicos. Mas, honestamente falando, no primeiro momento fiquei um pouco emocionado porque foi em São Paulo que nasci e iniciei minha carreira nos tatamis. Foi aqui que dei os primeiros passos no judô, segui minha vida como atleta até chegar à seleção de base e depois fiz transição para a área da gestão, sendo que muitos desses técnicos que aqui estavam contribuíram significativamente em meu preparo e crescimento. Costumo falar que, quando fui para Bastos, www.revistabudo.com.br

aos 12 anos, o sensei Umakakeba foi um divisor de águas em minha vida. Aqui estava grande parte dos principais professores do nosso Estado, e a princípio fiquei impressionado pela quantidade de técnicos presentes, mas foi uma honra enorme poder contribuir e expor todo o planejamento e o trabalho que desenvolvemos na CBJ aos professores paulistas.” O gestor das equipes de base da CBJ destacou a importância dos eventos que reúnem técnicos de todos os níveis. “Participei dos dois primeiros credenciamentos técnicos da FPJ como técnico, mas jamais poderia imaginar que um dia seria um dos palestrantes. Acho que esta iniciativa é sensacional porque, inicialmente, promove o alinhamento entre a FPJ e a CBJ, e na prática torna-se mais importante ainda por que aproxima professores formadores e técnicos que atuam no Estado à comissão técnica da CBJ. Entendo que seja até uma ação fundamental para o bom desempenho e desenvolvimento técnico do judô. Esta aproximação é fantástica, porque desmistifica muitas coisas e aproxima segmentos importantíssimos da modalidade.” Theotônio finalizou mostrando que muito pode ser feito ainda visando a aproximar o trabalho da formação ao que se faz na seleção brasileira. “Vejo esta ação como um passo importantíssimo no sentido de aproximar professores formadores ao trabalho desenvolvido pela gestão técnica de base da CBJ. Um segundo passo seria promover maior aproximação e sin-

tonia entre técnicos dos clubes e o treinamento das seleções de base e principal. Assim passaremos a estreitar efetivamente esta relação, já que na verdade a CBJ dá continuidade ao trabalho iniciado por professores e técnicos nos Estados. Isso é essencial para promovermos esta continuidade. Para realizarmos esta transição da melhor forma possível os professores precisam entender como é o nosso trabalho, da mesma forma que nós da CBJ também precisamos compreender como eles trabalham. Esta interação é essencial no processo evolutivo do atleta. Estando em treinamentos, palestras ou mesas-redondas, acredito que podemos estreitar cada vez mais, esta relação.”

Puglia celebrou o sucesso desta edição do credenciamento técnico Fazendo uma avaliação rápida, Alessandro Puglia comemorou a qualidade do credenciamento técnico 2016. “Buscamos inovar sempre, e a cada ano convidamos palestrantes qualificados e capacitados, que somem no dia a dia dos nossos filiados. O principal objetivo deste evento é capacitar professes e técnicos, oferecendo conteúdo cada vez melhor. Além das palestras, este ano oferecemos um kit contendo vários itens e um DVD com material de estudo para 15 técnicas distintas. Esta ação atende à nossa proposta de disponibilizar informação e disseminar conhecimento”, explicou o dirigente. Revista Budô número 17 / 2016

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Grand Slam Paris 2016

Mayra Aguiar arrebata o ouro e projeta o Brasil no Grand Slam POR

PAULO PINTOS I Foto © IJF MEDIA GABRIELA SABAU & MARINA MAYOROVA

Renovada, seleção brasileira se impõe e conquista cinco pódios, o melhor resultado alcançado até hoje, em grand slams.

Com um sode, David Moura quase fechou a conta em Paris

Mayra vibrou muito após o uchi-mata que despachou Kayla Harrison

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O Usando técnica de shime-w Asami quase apagou Sarah Menaza (estrangulamento) com a mão direita, Haruna ezes e venceu a japonesa com um yuko, mas a judoca piauiense resistiu bravamente , que garantiu o primeiro pódio para o Brasil

de Paris!

s dois bronzes conquistados por Sarah Menezes (48kg) e Rafaela Silva (57kg) no sábado, 6 de fevereiro, eram o prenúncio de que o Brasil obteria em Paris o melhor resultado em grand slams. No domingo, tudo se confirmou e o time brasileiro mostrou desde as primeiras rodadas que obteria um resultado inédito com as fortes arrancadas rumo ao pódio de Mayra Aguiar no 78kg, Victor Penalber no 81kg, Eduardo Bettoni no 90kg, Rochele Nunes no +78kg e David Moura no +100kg. O sprint das judocas gaúchas foi o mais forte e levou Rochele até a semifinal, quando parou por força de uma contusão. Contudo, Mayra Aguiar foi em frente e obteve o ouro de forma irretocável, superando a arquirrival norte-americana Kayla Harrison, com um ippon fantástico.

Mayra encaixou o uchi-mata e comemorou o segundo ouro do Grand Slam de Paris

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

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Grand Slam Paris 2016 Para chegar ao segundo título em Paris, Mayra abriu caminho com um ippon sobre Sarra Mzougui, da Tunísia, e nas oitavas impôs um wazari à eslovena Anamari Velensek, número 3 do mundo. Em seguida, levou a espanhola Laia Talarn a sofrer duas punições, avançou à semifinal e, novamente nas punições (3-1), passou pela vice-campeã olímpica Gemma Gibbons, da Grã-Bretanha. A decisão, o reencontro com a campeã olímpica Kayla Harrison, teve final feliz para a gaúcha, que encaixou um uchi-mata indefensável, garantindo a medalha de ouro na primeira competição da temporada 2016. Surpresa pela velocidade do golpe, a norte-americana apenas balançou a cabeça e se resignou. No meio-médio masculino, a categoria com maior número de atletas, Victor Penalber, que também estreava em 2016, precisou de seis combates para alcançar o bronze. Começou com vitória por dois yukos contra Antonio Ciano (Itália), fez um wazari para eliminar Frank De Witt (Holanda) e aplicou um ippon no russo Ivan Vorobev, para ir às quartas. O búlgaro Ivaylo Ivanov tirou de Victor sua chance de chegar à final, mas o brasileiro recuperou-se na repescagem com um ippon contra Roman Moustopoulos (Grécia) que o reconduziu à briga pela medalha. Na disputa do bronze o judoca do Instituto Reação mostrou que sabia o que buscava em Paris, fazendo o russo Alan Khubetsov bater pelo shime -waza que o estava estrangulando. A terceira medalha do dia veio com o pesado David Moura, que começou muito bem, passando primeiro por Marius Paskevicius, da Lituânia, com um ippon, mas caiu nas quartas para o japonês Ryu Shichinohe, que no início do combate recebeu uma mãozinha da arbitragem. Na repescagem o judoca mato-grossense conseguiu o ippon contra o francês Hamza Ouchani e repetiu o desempenho na disputa pela medalha, fazendo com que o georgiano Levani Matiashvili colecionasse quatro shidôs. Com o ouro conquistado no Aberto de Sofia, na semana anterior, David Moura soma duas medalhas em duas competições. “Acredito que estou evoluindo bastante. Isso me deixa muito confiante com meu judô e com meu trabalho. E, nesse jogo, confiança conta muito. Estou muito feliz com meus resultados, mas sei que tenho de continuar trabalhando e evoluindo”, avaliou David. Rochele Nunes vinha muito bem e se classificou para a disputa do bronze, mas

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saiu machucada da semifinal contra a japonesa Megumi Tachimoto e foi poupada da luta final, terminando em quinto lugar. Ela será reavaliada no retorno ao Brasil para definir o diagnóstico. Eduardo Bettoni (90kg) também ficou entre os oito melhores de sua categoria. Em luta dura contra o campeão mundial Dong-Kim Gwak na repescagem, Bettoni levou desvantagem nas punições (3-1) e terminou a competição em sétimo lugar. Luciano Corrêa (100kg), Alex Pombo (73kg) e Felipe Kitadai (60kg), caíram na segunda rodada, enquanto Rafael Silva (+100kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg) perderam na estreia. A seleção brasileira de judô foi a Paris com sua comissão técnica composta por Ney Wilson, gestor de alto rendimento; Fúlvio Miyata, técnico do masculino; Rosicléia Campos, técnica do feminino; Gláucio Paredes e Roberta Mattar, fisioterapeutas; Wagner Lyrio, analista de desempenho; e Roberta Lima, nutricionista.

Primeiras lutas A conquista do bronze de Sarah Menezes, no sábado, começou com a vantagem de um yuko no início do combate com a japonesa Haruna Asami, bicampeã mundial. Depois, defendeu-se bem de um estrangulamento e derrotou a antagonista pela primeira vez, ficando com o terceiro lugar. Rafaela Silva, por outro lado, reverteu uma

desvantagem nas punições (3 a 2) com um yuko a sete segundos do fim da luta contra a polonesa Arleta Podolek e, assim, levou seu segundo bronze consecutivo na temporada. O primeiro foi no Grand Prix de Havana, há duas semanas, no qual Sarah ficou com o ouro. O caminho da peso-leve brasileira começou com vitória nas punições (3-2) contra Hana Carmichael, dos Estados Unidos. Em seguida, ela pontuou com um wazari para eliminar a húngara Hedvig Karakas nas oitavas e avançar com autoridade para as quartas, quando encontraria a canadense Catherine Beauchemin-Pinard. Soberana, a brasileira conseguiu um wazari e depois um juji-gatame (chave de braço), levando a adversária a bater e desistir do combate. Na semifinal, em confronto equilibrado com a líder do ranking mundial, Sumiya Drojsuren, da Mongólia, Rafaela foi imobilizada até o ippon. Sarah Menezes só não chegou às semifinais por conta de um shidô na luta contra a belga Charline Van Snick. As duas pontuaram com um yuko cada, mas a campeã olímpica ficou em desvantagem com a punição. Antes disso, Sarah já havia derrotado a moldava Tatiana Osoiano na estreia e, com um estrangulamento perfeito, despachado a francesa Melanie Clement nas oitavas. Na repescagem, a brasileira se impôs e, novamente por ippon, venceu a cubana Dayaris Mestre para avançar na briga pelo bronze.

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Faltando poucos segundos para o final, Rafaela reverteu a desvantagem e tomou o bronze que já estava nas mãos da polonesa Arleta Podolek com osae-komi

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Esbanjando preparo físico e exibindo técnica refinada, David Moura impôs terror ao peso-pesado em Paris

Paulo Wanderley comemora resultado em Paris Após a importante conquista do Brasil em Paris, a Budô ouviu Paulo Wanderley, presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), e o dirigente disse acreditar que o time chegará muito bem aos Jogos Rio 2016. “Seis atletas

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Alan Khubetsov deu muito trabalho, mas Penalber finalizou o russo e ficou com o bronze

participaram da disputa por medalhas, obtendo um ouro, quatro bronzes e um quinto lugar. Dentro do atual ciclo olímpico, este foi o evento mais forte, e ficar em quarto lugar na classificação geral num certame com 91 países é motivo para acreditarmos que nossos atletas chegarão muito bem aos Jogos Olímpicos.” Para o gestor do judô nacional as nove medalhas obtidas e o quarto lugar geral no Grand Prix de Cuba e no Grand Slam de Paris mostram que o time brasileiro iniciou a temporada determinado na vitória. “Os resultados são fatos incontestáveis. Nossa

comissão técnica e nossos atletas estão focados na conquista dos índices que buscamos durante todo este ciclo olímpico.” Sobre a possibilidade de as medalhas conquistadas por Eric Takabatake, Victor Penalber e David Moura serem um prenúncio de que o judô brasileiro terá a seleção olímpica mais renovada dos últimos tempos, Paulo Wanderley foi enfático. “A equipe olímpica em que acredito será aquela com maiores chances reais de medalha. Ela será escalada após o último evento classificatório, em maio. Até lá, tudo que for dito é pura especulação.”

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Feliz pelo resultado inédito, o presidente da CBJ mostrou otimismo em torno do triunfo da campanha olímpica. “Sempre é muito bom avaliar o trabalho quando se ganha. Mas, o importante é que estamos conscientes do foco principal, que são os Jogos Olímpicos em agosto. Nossa administração desenvolveu um planejamento que é seguido por nossa diretoria e comissão técnica. Todos nós fazemos a nossa parte, da mesma forma que os atletas estão fazendo a parte deles. O triunfo será de todos, assim como o eventual fracasso. Mas não tenho a segunda opção como possibilidade.” O presidente da CBJ finalizou comentando a relevância da hegemonia continental. “Em Paris os Estados Unidos ficaram entre os top 10, mas O pódio do 81kg Cuba não se saiu muito bem. Torço pelo sucesso dos países coirmãos do continente americano, mas não abro mão de manter o Brasil como a maior potência de judô nas Américas.”

O pódio do 57kg

Tradição nos tatamis O pódio do +78kg

O pódio do +100kg

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Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô

O Grand Slam Paris 2016 foi realizado de 4 a 6 de fevereiro, na Accor Hotels Arena, antiga Bercy Paris Arena, um dos mais tradicionais ginásios franceses, que em 2015 foi repaginado e recebeu novo nome. Ao lado do Grand Slam de Tóquio, o de Paris é a competição com mais glamour no judô mundial e teve o Japão como grande campeão geral. O pódio do 48kg Mais uma vez o país berço da modalidade liderou o quadro de medalhas, conquistando cinco de ouro, duas de prata e duas de bronze à frente da Coreia do Sul, que brilhou com três ouros e quatro bronzes, enquanto a anfitriã França obteve dois ouros, uma prata e seis bronzes. O torneio de Paris chegou à sua 45ª edição e, segundo a Federação Internacional de Judô (FIJ), desde 2009 é a porta-estandarte do FIJ Grand Slam. Nesta edição o certame reuniu 557 atletas vindos de 91 países, sendo que a União Europeia de Judô inscreveu 321 atletas, seguida pela União de Judô da Ásia, que levou 115 judocas à disputa. A Confederação Pan-Americana de Judô inscreveu 69 atletas, a União Africana de Judô participou com 44 judocas e a União de Judô da Oceania compareceu com apenas cinco.

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Assembleia Geral FPK

Dirigentes e representantes das associações posam para foto

FPK veta participação em seletivas de outras regiões

A

Para salvaguardar direitos e interesses daqueles que buscam vaga via processo seletivo, José Carlos de Oliveira determinou que nenhum atleta participará das seletivas regionais antes da realização do campeonato paulista.

decisão foi tomada em 16 de janeiro, após a assembleia geral ordinária da Federação Paulista de Karatê (FPK) que abriu oficialmente os trabalhos da temporada 2016. José Carlos de Oliveira, presidente da entidade, destacou os principais pontos da reunião. “Tivemos a participação de um número de filiados bem acima do esperado e os temas discutidos vão ao encontro do nosso objetivo, que é realizar uma gestão cada vez mais abrangente e acima de tudo participativa. Até mesmo em função da probabilidade cada vez maior de o karatê tornar-se uma modalidade olímpica a partir de 2020, entendo que devemos organizar-nos cada vez mais, visando à excelência na gestão.” No tocante ao novo formato seletivo apresentado pela Confederação Brasileira de Karatê (CBK) para esta temporada, o dirigente paulista foi enfático. “Entendo que a nova proposta apresentada pela CBK atende aos

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POR

Paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

José Carlos de Oliveira

interesses da entidade, mas avaliamos que a confederação não abriu apenas mais uma janela para os atletas se classificarem para o campeonato brasileiro. Escancarou portas e janelas. Nossa diretoria entende que esta ação poderá beneficiar o desenvolvimento técnico de Estados com menor expressão. Contudo, São Paulo possui sua forma de fazer a gestão da modalidade e não permitiremos que nenhum atleta participe das etapas do brasileiro antes de esgotarmos nosso processo seletivo, realizado por meio do campeonato paulista de karatê.” O presidente paulista explicou a razão dessa decisão. “O paulista é nosso carro-chefe quando pensamos em renovação e capacitação ou fazemos nossas projeções técnicas. Não vamos dispersar nosso contingente de atletas, pois entendemos que muitas vezes a disputa em nosso Estado é muito mais acirrada e demanda maior competitividade. Somente após ultrapassar esta etapa do www.revistabudo.com.br


nosso processo seletivo é que admitiremos a participação em seletivas de outras regiões. Lá fora a seleção pode ser feita da forma que acharem melhor, mas quem planeja, mede e avalia resultados em São Paulo é a nossa diretoria técnica. Cabe a nós defender os interesses e direitos dos karatecas do Estado de São Paulo, e entendemos que não podemos liberar ou favorecer alguns poucos filiados em detrimento dos demais.” José Carlos finalizou destacando a necessidade da harmonia e da integração nacional. “O suprassumo do karatê competitivo é fruto do trabalho realizado pelos professores nos dojôs que estão espalhados pelas cidades e Estados do nosso País. Entendemos que o crescimento técnico é fruto da competitividade que existe em cada lugar do Brasil. Os destinos desse contingente gigantesco de competidores devem ser fundamentados na harmonia e visando a uma integração nacional maior. Para nós a porta de entrada para o campeonato brasileiro devem ser os campeonatos estaduais, e não torneios regionais promovidos em outros Estados. Além do conflito de interesses, nosso calendário não permite esta participação e nossos atletas seguirão a tradição, buscando a vaga da mesma forma de sempre.”

A assembleia O encontro que reuniu os representantes de aproximadamente100 associações realizou-se no auditório do Hotel Century, em São Paulo (SP), e entre os itens da pauta estavam: aprovação dos relatórios administrativo, financeiro e técnico do exercício de 2015; eventos da temporada; aprovação do balanço financeiro do exercício de 2015 e do respectivo parecer do conselho fiscal; aprovação da previsão orçamentária para o exercício de 2016; homologação dos atos da presidência durante o ano de 2015; eleição de novo membro do conselho fiscal em função da renúncia de Parte dos professores que participaram da assembleia

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Mesa gestora dos trabalhos

FPK institui ranking de atletas

Carlos Magno D. Baptista

Edmundo Barboza Silva por motivos legais; e assuntos gerais pertinentes ao karatê paulista. A mesa gestora foi composta pelos seguintes dirigentes: José Carlos de Oliveira, presidente da FPK; Pedro Oshiro, vice-presidente; João Alberto Baptistella Júnior, diretor jurídico; Edson Nakama, diretor técnico; Ailton Bichara Grilo, diretor adjunto de arbitragem; Sérgio Takamatsu, responsável pelo departamento de projetos sociais; Carlos Magno, treinador da seleção paulista; Jair Gemi, contador; Valmir Zuza da Cruz, diretor técnico adjunto; Jair Donadoni Júnior, secretário da assembleia geral ordinária; e Odair Dias, responsável pelo departamento de Gestão Estratégica e Relações Institucionais e presidente de mesa da assembleia geral ordinária.

Visando a oferecer maior suporte a professores e atletas que defendem São Paulo nas competições nacionais, a diretoria técnica da Federação Paulista de Karatê (FPK) desenvolveu ferramentas que identificarão e pré-selecionarão os melhores competidores do Estado. No encontro da FPK, Carlos Magno, coordenador técnico da seleção paulista de karatê revelou a Budô como o sistema recém-criado funcionará. “Este ano a FPK está instituindo o ranking paulista das categorias 14/15 anos, 16/17 anos e sênior. Nossa intenção é identificar e potencializar o preparo dos atletas mais competitivos do Estado de São Paulo.” O dirigente completou mostrando os avanços do novo sistema de classificação. “Esta iniciativa partiu de nossa diretoria técnica e sua principal finalidade é valorizar o trabalho desenvolvido pelos professores e técnicos formadores de atletas. Queremos também contribuir para o aprimoramento técnico dos karatecas que defenderão São Paulo, por meio da pré-classificação para o campeonato brasileiro zonal, do ano seguinte. Estamos lançando o ranking 2016 e o campeão estadual estará diretamente classificado para o zonal brasileiro de 2017.” Magno pontuou quais competições somarão pontos no ranking paulista. “Estamos criando uma ferramenta para as 33 categorias que serão avaliadas por meio das competições realizadas na temporada. Entre elas estão: os paulistas regionais, o campeonato paulista final, mais os jogos regionais e abertos. A pontuação geral de todos estes eventos vai evidenciar os melhores atletas do Estado de São Paulo das 33 categorias em disputa.” O coordenador técnico da seleção paulista finalizou lembrando que em 2017 o ranking deverá ter maior aplicabilidade. “Tudo indica que o karatê fará parte do programa olímpico a partir de 2017, e se isso acontecer nosso ranking terá mais utilidade, pois o Bolsa Atleta Paulista contempla apenas o desporto olímpico. Caso tudo se concretize, os três melhores atletas do ranking serão os karatecas assistidos pelo programa do governo do Estado de São Paulo.”

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INTERVIEW

Após sofrer um wazari na final em Sofia, David recuperou-se com um juji-gatame que fez seu adversário bater e desistir do combate

Nascido numa família de judocas, David Moura soube aproveitar a oportunidade criada com a lesão de Rafael Silva e projetou-se na seleção brasileira, edificando um currículo extremamente expressivo. Conquistou o ouro nos Jogos de Toronto, no Pan-Americano de Edmonton e no aberto de Sofia, além do bronze no Grand Slam de Paris, elevando-se ao 11º lugar no ranking mundial. POR

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paulo pinto I Fotos budopress/ KOSTADIN ANDONOV / © IJF MEDIA GABRIELA SABAU

ascido em 24 de agosto de 1987 em Cuiabá (MT), David Moura Pereira da Silva traz no sangue a tradição de judocas do alto rendimento. O pai, Fenelon Oscar Muller, defendeu a seleção brasileira por vários anos e em 1975 conquistou bronze nos Jogos Pan-Americanos do México. David cresceu brincando nos tatamis da academia dos pais e aos 7 anos já vestia o judogi e lutava ao lado dos irmãos.

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Em entrevista à Budô, o peso-pesado mato-grossense começou falando sobre a presença da família na seleção. “Minha vida nos tatamis foi precedida pelas trajetórias de meu pai e de meu tio Luiz Virgílio Moura. Somos vários judocas na família, e todos sentem orgulho dos títulos conquistados por meu pai. Um marco em sua carreira foi a participação na Copa Jigoro Kano, na qual fez a primeira luta com Yasuhiro Yamashita. Obviamente a vivência de

ambos precipitou uma série de situações que colaboraram em meu aprimoramento técnico. Além de ter sido decacampeão brasileiro, meu tio defendeu a seleção nacional por vários anos junto com meu pai. Por isso é que meus pais se conheceram e casaram.” Emocionado pela lembrança, o judoca mato-grossense citou um grande marco de sua formação. “Aos 8 anos tive a grande felicidade de conhecer o sensei Hatiro Ogawa, www.revistabudo.com.br


que meu pai convidara para viver e dar aulas em Cuiabá, onde ficou por dez anos. Posteriormente ele voltou a São Paulo para cuidar do Projeto Futuro.” David falou da importância de sua vivência com o patriarca do clã Ogawa. “O sensei Hatiro foi uma espécie de segundo pai. Ensinou-me técnicas e tradições do judô. Era rígido e cobrava disciplina. Mas também me levava para passear, viajar, e Na disputa do bronze David judi sempre íamos para a chácara da família. vili, que levou quatro shidôs ou do georgiano Levani MatiashNossa relação extrapolou os limites dos tatamis, mas dentro deles aprendi muitas coisas. Meu judô é alicerçado em duas escolas: na de meu pai, que tem um estilo mais versátil e partia para o sacrifício com o yoko-tomoe, e com o sensei Hatiro, que segue uma linha mais tradicional com uchi-matas de esquerda e a prática constante de uchi-komi. Por último, meu tio Virgílio deu o retoque final em minha técnica quando o sensei voltou para São Paulo.” Dono de um uchi-mata 2015 no Gran Slam de Tóquio de potente, Moura contou como Moura jogando de ippon alcançou seu aprimoramento técnico. “Depois que o sensei foi para São Paulo, fiquei em Cuiabá me virando como podia, meu tio Luiz Virgílio se dispôs a me ajudar, e entre outras coisas me ajudou a aperfeiçoar meu uchi-mata. Ele foi para a Olimpíada de Moscou em 1980, possui técnica refinada e foi meu guia no alto rendimento.” Falando ainda de sua origem, o medalhista mato-grossense explicou que joga dos dois lados. “Não tenho nenhuma arma mortal. Busco sempre fazer um judô inteligente, pois foi isso que meu pai ensinou e cobrou. Outra característica importante é que em minha iniciação sempre fiz tudo dos dois lados. Sou ambidestro por influência e exigência de meu pai. Tanto é que meu tokui-waza é o yoko-tomoe-nage e uchi-mata de esquerda. Ele sempre pregou que o judô é a busca do equilíbrio, e que no shiai devemos ser equilibrados. Hoje eu não faço todos os golpes para os dois lados, mas tenho um jogo que me permite lutar para os dois lados. Subo a mão de direita fazendo morotegari e seoi-nage para direita. Já uchi-mata, www.revistabudo.com.br

o-uchi-gare e yoko-tomoenage faço com a esquerda.” Falando dos mentores que o guiaram, David reafirmou importância dos três em sua vida, impulsionando-o rumo à vitória. “Tive muita sorte e acredito que todas estas pessoas altamente capacitadas à minha volta foram um elemento facilitador, mas tenho de fazer a minha parte, focar meu aperfeiçoamento trabalhando diuturnamente em busca dos nossos objetivos. Em todos esses anos eles me passaram o que sabem e esforço-me para pôr em prática tudo que buscaram transmitir. Quiçá seja predestinado a grandes feitos, mas o que priorizo é dar a minha contrapartida. Ninguém me cobra ou me pressiona, mas a força deles sempre me acompanha no shiai-jô, e me impulsiona na busca por melhores resultados.” Sobre o início da temporada, o peso-pesado explicou por que foi ao aberto de Sofia. “Nosso calendário é muito extenso e não vamos a todos os eventos, é claro. Existe uma divisão e cada atleta tem perfil e necessidades específicas. Como o Bettoni, o Luciano e eu não fomos a Cuba, nos enviaram para a Bulgária e depois a Paris. Parte do grupo que foi a Cuba veio a Paris e depois iremos para Áustria e Roma. Existe um rodízio, e a comissão técnica estuda o que é melhor para cada atleta.” David avaliou seu desempenho no open de Sofia. “Não verdade eu não parei de treinar. Venho trabalhando seguidamente desde o Grand Slam de Tóquio, mas, sendo a minha primeira competição da temporada, acho que consegui fazer aquilo que buscava. Minha meta era entrar com uma atitude bem ofensiva, buscando impor meu jogo, sendo sempre muito perigoso – e deu certo. Sinto que esse é o melhor caminho. Os adversários ficam desconsertados e receosos quando finto e me mexo, porque não sabem de onde David Moura exibe ouro nos Jogos Pan-Americanos Toronto 2015

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INTERVIEW vem o ataque, e isso faz com que eu pontue sempre no início da luta. Após um ou dois shidôs eles vêm para a luta, e geralmente acabo projetando. Na Bulgária fiz excelente competição e acho que venci apenas uma de wazari, as demais foram de ippon. Meu único erro foi ter tentado dar um abraço, o que eu só faço no contragolpe, quando o adversário tenta me amassar, mas resolvi ir para cima e errei. Tomei um wazari, que foi importantíssimo para eu acordar na luta. Entendi a r Muller, seu pai que é ex-atlet que aquela pontuação era uma segunda David Moura com Fenelon Osca judô de a ileir bras da seleção chance e que eu não poderia perder de jeito nenhum. Ai o israelense deu mole com o braço e finalizei, acho que ainda em pé.” “Já não estou mais pensando O campeão do pesado em Sofia falou sona disputa da vaga para os bre o desempenho do israelense em Paris, e sobre a importância de seu aprendizado no Jogos Rio 2016. Trabalho hoje ne-waza. “O israelense Or Sasson fez a semipara ser campeão olímpico final aqui em Paris e ganhou do Ryu Shichidos pesos pesados. nohe, o japonês que me venceu, e o tirou da disputa pelo ouro. Ele é um adversário bem Então, se eu realmente estiver duro, mas o venci no chão. Aliás, todos os pronto para ser campeão resultados que obtive por meio do ne-waza são fruto de meu aprendizado, já de alguns olímpico, a vaga será minha.” anos, com Flávio Canto. Ele é mestre de chão, e um dos nossos principais objetivos é fazer a transição. Como já venho fazendo o sumigaeshi e yoko-tomoe há bastante tempo, adaptei minha posição de yoko-tomoe – que todo mundo já está meio que esperando – para juji-gatame. Em vez de colocar o pé na cintura, usando ashi, bato o pé na perna, o adversário cai de cara no chão deixando o braço esticado, eu rodo e finalizo.” Moura avaliou seu estilo diferente para o peso-pesado. “Com relação a essa agilidade, conquista acho que tenho um perfil de peso-pesado próprio; pelo menos busco ser mais atlético. www.shihan.com.br Acredito que o judô, sendo um jogo de luta, empurra, puxa e desequilibra. Quanto mais mobilidade nós tivermos, maiores serão as possibilidades de defender, atacar e sermos perigosos. Sei que este é meu diferencial e já há alguns anos trabalho duro em cima disso. Busco associar velocidade e explosão, tentando ficar cada vez mais rápido e forte. Finalmente agora estou conseguindo colocar tudo isso em prática e meus adversários começam a ver que hoje tenho um judô bem perigoso para a classe peso-pesado. Nenhum pesado faz os golpes que aplico lá embaixo. Como é difícil fazer, também é difícil defender. Quando fazemos randori com pesados, ninguém entra seoi-

A marca da

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nage no meio de nossas pernas, e com isso a defesa fica pouco treinada e vulnerável. É por isso que está pegando bastante.” Além de maior pontuação no ranking mundial, os dois pódios na Europa deram certeza ao judoca mato-grossense que iniciou a temporada olímpica muito bem. “Com certeza comecei o ano com o pé direito. Fazer duas competições e subir ao pódio nas duas é muito bom em qualquer competição. Sendo na Europa é muito melhor. Não só pelos pontos, mas por tudo que me faz acreditar cada vez mais em meu jogo e me deixa muito confiante para qualquer competição que venha a disputar até a Olimpíada. Aqui em Paris ganhei de adversários fortíssimos, como o sulcoreano Sung-Min Kim, que está no Top 10 da categoria. Depois de vencê-lo na primeira luta encarei o lituano Marius Paskevicius, e segui na chave. Na terceira luta peguei o Ryu Shichinohe e não quero culpar a arbitragem, mas acho que houve alguns erros que mudaram o destino da luta. Um deles foi que projetei de yuko, e o juiz deu, mas inexplicavelmente a mesa tirou. Isso foi mudando a trajetória da luta. Mas enfim, acontece, e tudo é aprendizado. Como falei antes, judô é o resultado de treino e de trabalho. Sobre o japonês: a hora dele vai chegar.” Na disputa do bronze David projetou o georgiano Levani Matiashvili por três vezes, e questionamos se ainda teria gás para seguir em frente, não fosse o quarto shidô. E o brasileiro não hesitou. “Numa disputa de terceiro lugar, tentamos lutar como se fosse uma final, pois realmente vale uma medalha para o nosso País. Eu particularmente procuro deixar tudo ali. Ir até meu limite máximo, e esta foi minha estratégia. Sabendo que era um adversário duríssimo, entrei bem defensivo e fazendo bastante força, mas sabia que depois de dois ou três minutos ele cansaria. É um atleta com histórico de cansaço e, em função de todo o trabalho que venho fazendo com a equipe multidisciplinar da CBJ, confio muito em minha preparação física, em minha força, e sabia que aguentaria o tranco. Acabou com os quatro shidôs, mas acho que eu estava muito bem e até andava com ele na área. Ele estava nitidamente cansado, e eu nem estava próximo do meu limite.” Sobre a briga interna pela vaga olímpica, o gigante de Cuiabá explicou que hoje está www.revistabudo.com.br


focado na conquista da medalha. “Neste ciclo olímpico nunca esqueci que brigava por uma vaga. Contudo, lá atrás, determinei que toda a minha preparação e todas as lutas que faria seriam apenas um treino para os Jogos Olímpicos. Hoje, quando estou lutando um grand slam ou qualquer competição, foco e penso apenas em melhorar minha condição técnica e física. Busco ficar cada dia melhor e lutar melhor, para ter a maior chance possível de conquistar uma medalha olímpica. Esqueço muitas vezes que existe uma briga que, na verdade, ainda existe. Mas internamente decidi que até o momento da decisão estarei preparando-me para ser campeão olímpico, pois me mantendo assim certamente serei o escolhido.” Determinado, David Moura lembrou que a meta agora e seguir treinando e estudando os adversários. “Voltando ao Brasil vou assistir várias vezes às minhas lutas e avaliar o que fiz de bom e de ruim, para ajustar as coisas. Mas vou manter a linha de trabalho que estamos desenvolvendo. Meu grande diferencial é que sou um atleta estudioso. Aprendi a estudar de fato todos os meus adversários. Aliás, mudei minha forma de analisar os adversários. Hoje estudo com o Flávio Canto, que é um mestre em avaliar adversários e montar estratégias. Nesse contexto eu tenho hoje o melhor professor do mundo e estou aprendendo como lutar e montar estratégias de combate para cada adversário. Isso gera uma tranquilidade tremenda, pois saber exatamente qual mão de seu adversário é a mais importante, ou saber para onde andar, muitas vezes é um fator determinante. Estes detalhes eliminam muitos riscos de erro e proporcionam uma vantagem enorme sobre o adversário. Esse é o caminho, pois acima de tudo o judô é um jogo de inteligência. Jogamos com o corpo, que precisa estar 100%, mas a mente tem de estar melhor ainda. Acredito que vencemos ou perdemos a luta usando mais a inteligência do que o corpo.” Em Paris alguns brasileiros mostraram grande limitação física, mas David acredita que cada atleta está num momento distinto da preparação. “Trata-se de uma periodização. Cada atleta tem a sua equipe, mesmo que dentro do time de cada atleta haja profissionais da CBJ. No meu caso específico, eu tenho uma equipe bem grande que cuida disso. Acho que os resultados obtidos comprovam que esses profissionais sabem o que www.revistabudo.com.br

Raio-X David Moura Pereira da Silva Data de nascimento: 24 de agosto de 1987 Local: Cuiabá (MT) Clube: Instituto Reação (RJ) Dojô: Academia de Judô David Moura – Cuiabá (MT) Ranking mundial: 11º colocado Tokui-waza: yoko-tomoe-nage e uchi-mata Kumi-kata: ambidestro Peso: 130 kg Altura: 192 cm Graduação: Sho-dan Senseis: Fenelon Oscar Muller, Hatiro Ogawa, Luiz Virgílio Moura, Flávio Canto e José Prezoto Equipe multidisciplinar: Josué Morais e Igor Mota, preparadores físicos; Kenneth Bryan, coaching

fazem e que posso fechar os olhos e confiar no trabalho que estão desenvolvendo. Nunca me senti tão forte, tão rápido e com tanta confiança em minha preparação. Pretendo continuar nesta pegada e não vou me acomodar com duas ou dez medalhas. Reafirmo do fundo do meu coração que já não estou mais pensando em ganhar uma vaga para ir às Olimpíadas. Trabalho hoje para ser campeão olímpico dos pesos pesados. Então, se eu realmente estiver pronto para ser campeão olímpico, a vaga será minha.” Sobre a maior lição das disputas que abriram a temporada, o peso-pesado afirmou que o trabalho está sendo muito bem feito e que toda equipe está focada no resultado. “Na reta de chegada para os Jogos Olímpicos, cada disputa é como um degrau que subimos em nosso preparo. Fiz nove ou dez lutas nas duas competições e a que demandará maior estudo é a única que perdi, para Ryu Shichinohe. Foram muitas lições, mas a maior de todas é a certeza de que trilhamos o caminho certo. O time todo mostrou que está unido e determinado. Acredito que as medalhas conquistadas nestas duas disputas testemunham o alto nível do trabalho da Confederação Brasileira de Judô. Aproveito para cumprimentar o professor Paulo Wanderley, nosso presidente, por toda a estrutura disponibilizada para o preparo da equipe para os Jogos Rio 2016. Se estamos indo bem é por que temos uma boa gestão que nos respalda. A prioridade é fazer a nossa parte nos tatamis.” Principais títulos: bronze no Grand Slam de Paris 2016; ouro nos Jogos Pan -Americanos Toronto 2015; prata no Grand Slam de Paris 2015; ouro no Campeonato Pan-Americano de Edmonton 2015; prata no Grand Slam de Paris 2014; bronze no Grand Prix de Almaty 2013; bronze na Universíade 2013; prata no Grand Slam de Baku 2013; bronze no Grand Slam do Rio 2012; prata no Grand Prix de Abu Dhabi 2012; bronze no Grand Prix de Dusseldorf 2013; bronze no Pan-Americano Guayaquil 2014; campeão dos Jogos Sul-Americanos de Santiago 2014; ouro na Copa do Mundo de San Salvador 2010; prata na Copa do Mundo de Miami 2012; prata na Copa do Mundo de Buenos Aires 2012; prata na Copa do Mundo de Roma 2012. Patrocínios: Unimed Cuiabá, Banco Genial e Colégio Ibero Americano. Revista Budô número 17 / 2016

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KUNG FU

Campeonato Bras   reúne

Batendo todos os recordes, a 21ª edição da competição nacional foi a maior da modalidade em nosso País.

C

POR

Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS e RAPHAEL MIRANDA

om apoio da Prefeitura de São Paulo e da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Recreação, a Confederação Brasileira de Artes Marciais Chinesas (CBAMC) promoveu nos dias 5 e 6 de dezembro o 21º Campeonato Brasileiro de Kung Fu. Realizada no Ginásio Mauro Pinheiro, no Ibirapuera, em São Paulo, com a participação de 78 associações, a competição superou todas as marcas obtidas pela CBAMC e impôs novo recorde nacional, reunindo 3.658 atletas vindos de Minas Gerais, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará e São Paulo. Autoridades políticas e esportivas estiveram presentes, entre as quais o grão-mestre Edilson Moraes, presidente da Confederação Brasileira de Artes Marciais Chinesas; Jean Madeira, secretário de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo; Celso Jatene, secretário municipal de Esporte, Lazer e Recreação de São Paulo; Tiago Pereira, diretor do Centro esportivo Ibirapuera; Francisco de Carvalho, vice-presi-

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dente da Confederação Brasileira de Judô; José Carlos de Oliveira, presidente da Federação Paulista de Karatê; mestre Wagner Irineu, vice -presidente da Federação Paulista de Kung Fu e Kuoshu Tradicional; mestre Paulo Silva, presidente da Liga Nacional de Kung Fu; sifu Marcelo Ramos, presidente da Federação Sergipana de Kung Fu; sifu Jucivaldo Oliveira, presidente da Federação Baiana de Kung Fu; mestre Lau, presidente da Federação do Rio de Janeiro de Taichi Chuan; mestre Gabriel Pires, presidente da TSKF; mestres Walter Guerreiro, Barbosa, George Custódio e Cícero; sifus Genivaldo Rosa, Magdiel Soares, Ricardo Lana, Rinaldo Garcia, Wanderley Lucas e professor Leandro dos Santos. Para promover um evento dessa magnitude a CBAMC montou 16 áreas de disputa e arregimentou 217 árbitros, que atuaram sob a orientação de 11 supervisores de áreas. Os árbitros inscritos no certame vieram do Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe e São Paulo. A competição abrangeu as seguintes modalidades: kuoshu, shuai chiao e wushu para as categorias iniciante, intermediário e avançado; www.revistabudo.com.br


ileiro de Kung Fu atletas Os dirigentes Francisco de Carvalho, Edílson Moraes e José Carlos de Oliveira

Celso Jatene e Adilson Moraes

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KUNG FU tai chi mãos e tai chi armas; formas mãos livres, mãos norte e mãos sul; formas armas livres, armas médias, armas longas e outras armas. Todas as formas incluíram categorias para as classes iniciante, intermediária e avançada. As modalidades exclusivas para iniciantes foram: guardas e esquivas, cassetete, semicontato e kuoshu light. Cada modalidade contou com participantes de todas as faixas etárias, divididos por classes: infantil (até 8 anos); infanto-juvenil (de 9 a 12 anos); juvenil 1 (13 e 14 anos); juvenil 2 (de 15 a 17 anos); adulto (de 18 a 39 anos); e sênior (acima de 40 anos). Realizar uma competição para mais de 3.600 atletas em um único dia é um desafio gigantesco, mas o mestre Edilson Moraes, presidente da Confederação Brasileira de Artes Marciais Chinesas, explicou as razões desse desempenho. “A realização de um certame com esta quantidade de atletas demanda planejamento e uma organização gigantesca. Contamos com 217 árbitros e as disputas ocorreram em 16 áreas de combate. Premiamos todos os atletas na mesma área de competição e com isso minimizamos o tempo da cerimônia. Mas é preciso lembrar que esta é a 21ª edição, e foi justamente por toda esta vivência que pudemos desenvolver um sistema dinâmico e um evento que a cada ano atrai maior número de atletas e coloca mais público nas arquibancadas”.

Cerimônia de graduação emociona grão-mestre Edilson Moraes O ponto alto da abertura da 21ª edição do campeonato brasileiro foi a cerimônia de outorga do 7º dan a Edilson Moraes, que se tornou assim grão-mestre da Liga Garra de Águia. Muito aplaudido e bastante emocionado, o professor Edmilson Moraes falou sobre o novo ciclo de sua vida. “Todos nós temos sonhos e metas, e posso dizer que hoje realizei um sonho que carrego desde o início de minha trajetória nos tatamis. Recebo esta graduação com grande honra, pois no kung fu a graduação é feita de forma distinta de algumas artes marciais e entidades que cobram pela graduação. No kung fu a graduação é concedida única e exclusivamente pela trajetória, pelo mérito e obra de cada praticante. Sei que meu compromisso com o kung fu hoje aumenta, e assumo esta responsabilidade ciente de que daqui por diante terei de dedicar-me ainda mais para o desenvolvimento técnico e estrutural de nossa modalidade.”

Entidades participantes Participaram da disputa 78 associações de nove Estados: Cidade Ademar, Vila Penteado,

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Vila Joaniza, 5 Formas, Hung Gar, Bom Jesus dos Perdões, Lapa, Lapa 2, Atibaia 1, Vila Nova York, Lo Fu, Praia Grande, Kwok Family, Atibaia 2, TSKF, Bahia, Aracaju, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Sergipe, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Alagoas, Academia Dragão, Salto, Osasco 5 Formas, Ien Jiao, Ton Lon, Piracicaba 1, Santo Amaro, Vila Santa Catarina, Sabará, Jose Bonifácio, Ermelino Matarazzo, Cambuci 1, Mário de Moraes, Ibirapuera, Cambuci 2, Tiradentes, Jardim São Paulo, Franco da Rocha, Pacaembu, Aclimação 1, Vila das Mercês, Vergueiro, Vila Guarani, Tatuapé, Vila Manchester, Cabuçu, Mário de Moraes 2, Butantã, Jardim São Paulo 2, Aclimação 2, Tietê, Santana, São Miguel, Ipiranga, Freguesia do Ó, Brasilândia, Casa Verde, Jaguaré, Pirituba, Lajeado, Vila Guilherme, Mandaqui, Juscelino Kubistchek, Vila Alpina, Tiquatira, Campo Limpo Paulista, Taipas, Pah Chang, Saúde, Rio Claro, Águias Fight, Catanduva e Piracicaba 2.

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KUNG FU Edílson Moraes, Jean Madeira, Francisco de Carvalho e José Carlos de Oliveira

Sabrina Moraes, Lucas Moraes, grão-mestre Edilson Moraes e Michael Moraes

Autoridades e dirigentes elogiam competição portentosa Satisfeito com o desempenho da equipe organizadora, Edilson Moraes creditou o sucesso da competição à qualidade do staff da confederação brasileira. “Falar ou escrever sobre números é muito fácil, mas adequar uma quadra e um espaço para receber quase 4 mil atletas é algo extremamente complicado. Tenho certeza de que um certame deste porte projeta e valoriza nossa modalidade no cenário brasileiro das artes marciais e dos esportes de combate. Mostra que, além da capacidade que possuímos para organizar eventos grandiosos, os nossos praticantes são pessoas organizadas e acima de tudo educadas, pois não é fácil dividir um espaço tão pequeno com tanta gente. Recebemos aqui atletas de 4 a 90 anos. Mas é importante lembrar que só conseguimos realizar este evento devido à consistência dos quadros técnico e de arbitragem que possuímos. Contamos com um staff gigantesco, composto por árbitros, professores e alunos que ao nosso lado lutaram para consolidar a força de nossa modalidade na realização desta competição.” O dirigente máximo do kung fu do Brasil destacou a presença das autoridades e dirigentes esportivos. “Jamais havíamos recebido um secretário de Estado em nossos eventos, e a presença de Jean Madeira foi algo extremamente significativa para toda a nossa diretoria. Recebemos também Celso Jatene, secretário municipal de Esporte, Lazer e Recreação de São Paulo, nossa grande parceira e apoiadora. Outra grata surpresa foi o elevado número de mestres e dirigentes de entidades de kung fu dos Estados que aqui estiveram. Mas o ponto alto da cerimônia de abertura foi recebermos os dirigentes de duas modalidades coirmãs. Recepcionar o Chico do Judô, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô, e José

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Carlos de Oliveira, o Zeca, que é presidente da Federação Paulista de Karatê, foi surpreendente. O ineditismo dessa ação mostra que estamos amadurecendo e despertando para uma realidade que mostra claramente que juntos seremos muito mais fortes. Sou grato pela presença desses dirigentes e de todas as pessoas que aqui estiveram. Atletas, professores e dirigentes são os verdadeiros responsáveis pelo sucesso desta competição”, finalizou Edilson Moraes. Celso Jatene destacou a qualidade dos eventos realizados pela Liga Garra de Águia. “É sempre um prazer enorme participar das competições promovidas pela equipe do grãomestre Edilson Moraes. A seriedade e o esmero são marca registrada de uma entidade que prima pelo desenvolvimento do kung fu no Brasil”, disse o secretário municipal de esporte Francisco de Carvalho, o Chico do Judô, elogiou a qualidade da competição e a importância da união dos gestores dos esportes de combate para o fortalecimento das modalidades. “Há muitos anos conhecemos o trabalho que o grão-mestre Edilson promove à frente do kung fu, e viemos conhecer esta grande competição de perto e ficamos surpresos com as dimensões do evento. Nós do judô promovemos a Copa São Paulo, que recebe em média 3.500 judocas, mas ela é realizada em três dias. Vimos aqui um número maior de atletas e a competição foi realizada em um único dia. A dinâmica do evento é gigantesca e certamente poderemos aprender muita coisa com os nossos amigos do kung fu. Acho que chegou o momento de todos nós dos esportes de combate darmos as mãos para juntos lutarmos pelos mesmos objetivos comuns. Tenho certeza de que daqui por diante o judô, o karatê e o kung fu lutarão por este objetivo.” José Carlos de Oliveira destacou sua aproximação com o dirigente da CBAMC e cobrou

Genivaldo Souza e Edilson Moraes

Magdiel Soares e Edilson Moraes

Wagner Irineu e Edilson Moraes

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Edilson Moraes, Ronaldo Ferreira dos Santos, Talita Fonseca Arantes, Irene Mitiko Kobayashi e Magdiel Soares

maior união das artes marciais. “Sempre mantive uma relação muito próxima com o grãomestre Edilson e ele sempre prestigia nossos eventos. Na medida do possível estamos sempre nos ajudando mutuamente, desenvolvendo parcerias no sentido de melhorar os serviços prestados aos nossos filiados. Entendo que chegou o momento de deixarmos o discurso de lado e agirmos como budokas. Temos de Grão-mestre Edilson Moraes e Lucas Moraes

Mestres e dirigentes que participaram da cerimônia de abertura

Wagner Irineu, Barbosa, Edilson Moraes, Jean Madeira, Wanderley Luccas

prestigiar nossos colegas das lutas e nos ajudarmos efetivamente. É por isso que o karatê e o judô vieram participar desta festa promovida pelo kung fu do Brasil.” Praticante de artes marciais e secretário estadual de Esportes, Jean Madeira cumprimentou a diretoria da Confederação Brasileira de Kung Fu pela grande competição. “Não poderia deixar de registrar a surpresa pelo agigantado evento promovido pelos diretores da entidade capitaneada pelo grão-mestre Edilson Moraes. Por diversas vezes ouvi que este era um dos maiores eventos de luta do Brasil, mas somente quando chegamos à arena e vimos o ginásio com milhares de atletas competindo é que pudemos avaliar o tamanho exato da competição. O Edilson me levou por todas as áreas onde estavam sendo disputadas as mais variadas formas de combate e pude conhecer a pluralidade de estilos e formas desta arte marcial chinesa. Parabenizo os praticantes desta modalidade pela plástica e a beleza dos katis aqui apresentados por atletas de todo o País. Por meio da infinita variedade de formas e estilos podemos compreender porque a China tem a fama de ser o berço das artes marciais.”

Prêmios para o público Em paralelo aos combates a CBAMC promoveu o sorteio de vários prêmios para o público que lotou as arquibancadas do ginásio Mauro Pinheiro. Entre os prêmios de maior expressão foram sorteados um Xbox 360, uma bicicleta e uma moto. Os felizardos foram Ronaldo Ferreira dos Santos, da Associação Cinco Formas de São Paulo, que ganhou o Xbox. Outra ganhadora foi Irene Mitiko Kobayashi, da Associação Mário Moraes, do Butantã, na capital. A felizarda que ganhou a moto foi Talita Fonseca Arantes, da Associação Garra de Águia da Vila Penteado, de São Paulo. www.revistabudo.com.br

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C AMPEONATO BRASILEIRO DA REGIÃO V

São Paulo obtém vitória expressiva, mas paranaenses e gaúchos protagonizam duelo de gigantes Empatando no mesmo número de medalhas de ouro com Paraná, os gaúchos vencem confronto faturando cinco medalhas de prata e três bronzes a mais que os anfitriões. POR

M Mateus Viana(SP) e Giovanni Mangini (OR) fizeram uma semifinal sensacional

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Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

antendo a tradição e exibindo o poderio que possui, a seleção paulista de judô assegurou a primeira colocação no Campeonato Brasileiro da Região 5, totalizando 86 medalhas: 45 ouros, 23 pratas e 18 bronzes. A segunda colocação ficou com os gaúchos, que obtiveram 71 medalhas: 15 ouros, 23 pratas e 33 bronzes. O Estado do Paraná totalizou 63 medalhas, sendo 15 de ouro, 18 de prata e 30 de bronze, enquanto Santa Catarina alcançou 49 medalhas: cinco ouros, 16 pratas e 28 bronzes. O Campeonato Brasileiro da Região 5 compreende o judô dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e esta edição do certame foi realizada no confortável ginásio de esportes do Colégio Bagozzi, em Curitiba, que nos dois dias de disputa recebeu excelente média de público. A competição envolveu as classes sub 13, sub 15, sub 18, sub 21 e sênior e foi

prestigiada pelo presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley Teixeira e dirigentes dos Estados participantes: Luiz Iwashita (PR), César de Castro Cação (RS), Sílvio Acácio Borges (SC) e Alessandro Puglia (SP), além de Robnelson Ferreira, gestor nacional de eventos da CBJ, e Jeferson Vieira, coordenador nacional de arbitragem da CBJ. Seria no mínimo injusto creditarmos o resultado obtido pelas equipes a uma determinada classe, pois este é um evento que nivela todas as faixas etárias. Um ouro obtido por uma menina com 12 anos vale exatamente o mesmo que o ouro conquistado por uma judoca sênior que atua na seleção principal e, fazendo uma análise rápida por classe, podemos perceber a atual paridade técnica entre o judô paranaense e o gaúcho. No sub 13, sub 15 e sub 21 as duas equipes se nivelaram, com gaúchos destacando-se no feminino, enquanto os paranaenses venceram no masculino. Na classe sub 18 o Paraná roubou a cena, mas no sênior o Rio Grande do Sul conseguiu superar os adversários definitivamente, conquistando a segunda colocação na competição. Um quesito em que os paranaenses levaram vantagem foram as várias medalhas do time gaúcho conquistadas por judocas contratados de outros Estados. Isso mostra que o Paraná faz melhor trabalho na base, mas aponta que o Rio Grande do Sul deverá crescer rapidamente nos próximos anos, fruto do grande intercâmbio técnico que está promovendo internamente, com a contratação de atletas vindos de escolas com muita tradição. Além de vários ippons e muita gente nova exibindo talento e qualidade técnica nos tatamis, vimos www.revistabudo.com.br


Luiz Iwashita, Alessandro Puglia, Paulo Wanderley, César de Castro e Sílvio Acácio

Luiz Iwashita e Paulo Wanderley Teixeira

em Curitiba uma nova geração de técnicos que buscam espaço no cenário estadual e nacional. Gente altamente competente, desfilando talento e muito conhecimento. Entre eles destacamos Danilo Pietrucci, Divinolândia (SP); Lidiane Ferreira, Curitiba (PR); Carlos Camilo, Porto Alegre (RS); Camila Piloni, Concórdia (SC); Marcelo Kiwada, Araçatuba (SP); Cristian Alderette, Canoas (RS); Ademir Schultz Júnior, Blumenau (SC); Angélica Silva, Atibaia (SP); Guilherme Tonieto, Curitiba (PR); Bruno Bastos Venâncio, Florianópolis (SC); Felipe Cassanego, Santa Maria (RS); e Denis Nagahama, Maringá (PR).

um ano histórico, para o judô paulista.” Com a conquista do vice-campeonato, César de Castro Cação comemorou o bom início de gestão. “Conhecemos o quantitativo e o qualitativo do judô paulista, e sabíamos que eles viriam com uma equipe forte, refletindo o bom momento de gestão. Renovamos nossa comissão técnica, que hoje é capitaneada pelo professor Cláudio André Martins, e viemos a Curitiba com o propósito de manter nossa posição no ranking da quinta região e atingimos este objetivo. Esta foi a primeira competição nacional que acompanho como dirigente do judô gaúcho, e felizmente iniciamos nossa jornada conquistando aquilo que havíamos projetado”, explicou o recém-empossado presidente da Federação Gaúcha de Judô (FGJ). Lamentando a virada no quadro geral de medalhas no último dia de disputa, Luiz Iwashita celebrou a qualidade do certame. “Nunca estivemos tão próximos de obter a segunda colocação no quadro de medalhas, e isso nos conforta, já que a disputa acirrada com o judô sul-rio-grandense ratifica nossa competitividade e mostra que o Paraná amadureceu e luta mano a mano

Dirigentes fazem balanço do evento que abriu a temporada Em sua avaliação do primeiro certame nacional da quinta região, o presidente da CBJ destacou a elevado nível técnico em todas as categorias. “Esta região compreende Estados fortíssimos tecnicamente, e o elevado número de judocas da seleção brasileira que aqui estiveram endossa a minha afirmação. Em paralelo, o torneio foi muito bem planejado pelas equipes da FPrJ e da

Na abertura do certame Luiz Iwashita da boas-vindas a todos

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Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô CBJ, fazendo com que a competição tivesse boa fluidez e dinâmica A grande presença de público nas arquibancadas e a participação direta de todos os presidentes das federações envolvidas coroaram de êxito a competição, que abriu o calendário nacional da Região 5 com chave de ouro”, disse Paulo Wanderley. Alessandro Puglia comemorou o número expressivo de medalhas conquistadas em Curitiba. “O resultado obtido por São Paulo reflete o trabalho que as escolas de todo o Estado fazem na base. Sabíamos que faríamos um resultado expressivo, mas não esperávamos algo tão significativo. Tenho certeza de que este será

Dirigentes na cerimônia de abertura

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C AMPEONATO BRASILEIRO DA REGIÃO V

Roberto David da Graça e Jéferson da Rocha Vieira

contra todos os adversários. Com a ajuda dos gestores da CBJ realizamos um grande evento, que foi finalizado em tempo recorde. Sentimo-nos honrados com a presença de Paulo Wanderley que, depois de participar no sábado de dois eventos em Campo Grande (MS), ainda veio a Curitiba para acompanhar o certame da quinta região.” Sílvio Acácio Borges destacou o bom momento do judô da quinta região. “Este evento sempre foi feito com muito esmero e minha avaliação é que esta edição foi perfeita. Conversando ainda ontem com o professor Paulo Wanderley, destaquei a paridade existente hoje, em todos os Estados e regiões, até mesmo pela qualidade do material que temos em nossas mãos. Possuímos bons ginásios e temos o comprometimento de toda equipe, e isso faz com que a competição flua da forma que aconteceu aqui. Um dos pontos altos do evento foi a presença dos presidentes de todos os Esta-

Luiz Iwashita, Paulo Wanderley, Sílvio Acácio Borges e Robnelson Ferreira

Com grande volume no ashi-waza, Pedro Pires botou pressão em Rubens Filho

dos. Este fato ratifica o bom momento que vivemos na CBJ, além da tranquilidade, harmonia e confiança que estamos tendo no trabalho desenvolvido pelo professor Paulo Wanderley. Todos os presidentes vieram a Curitiba porque queriam estar juntos para trocar informações e fortalecer o trabalho desenvolvido na região. No passado a proximidade que havia entre os quatro Estados era um fator importante em nosso desenvolvimento, mas em determinado momento isso se perdeu. Tenho certeza de que esta aproximação fortalecerá ainda mais o judô desta região.”

Gestores celebram sucesso do evento Com ude-hishigi-juji-gatame (chave de braço) André silva (RS) teve a luta nas mãos, mas o paulista Rafael Mizuno conseguiu sair e venceu o combate

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Na avaliação de Robnelson Ferreira, gestor nacional de eventos da CBJ, as competiwww.revistabudo.com.br


Daniel Laurindo e Edilson Hobold

ções do Brasil atingiram padrão mundial. “A experiência que adquirimos realizando torneios internacionais e nacionais dentro do Brasil durante todos esses anos, aliada à vontade política do nosso presidente de padronizar o judô no País todo, tornou as competições da CBJ muito próximas ao que é feito pela Federação Internacional de Judô (FIJ).” Finalizando sua análise comparativa, o gestor nacional lembrou que muita coisa ainda é feita pela paixão e não com profissionalismo. “A principal diferença entre os eventos nacionais e internacionais é que todas as pessoas que atuam numa competição internacional são profissionais que trabalham exclusivamente para o sucesso de um determinado evento. Apesar dos grandes avanços promovidos nos últimos anos, nós do judô ainda trabalhamos com um grande contingente de voluntários imbuídos da vontade de fazer o judô crescer e as coisas darem certo. Basicamente esta é a diferença.”

Na noite de 8 de abril os árbitros internacionais FIJ A, Jéferson Vieira e Edilson Hobold ministraram Seminário Nacional de Arbitragem para mais de 50 árbitros da quinta região que atuaram no certame

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Comemorando o sucesso do campeonato brasileiro da quinta região, Robnelson Ferreira pontuou que a competição transcorreu dentro do havia sido planejado. “Em Curitiba conseguimos executar todo planejamento feito para o certame. Fizemos a competição rodar exatamente como havia sido programada, e acho que foi uma experiência boa para todas as pessoas que

participaram. Não apenas para os atletas, mas também para dirigentes, técnicos e membros das comissões técnicas que tiveram a oportunidade de atuar num certame em que a única preocupação era fazer seus atletas se saírem bem na competição. Cumprimos horários e nossas margens de erros foram preservadas, o que não é uma tarefa fácil quando realizamos um evento para cinco classes, contendo oito categorias de peso no masculino e no feminino.” Outro gestor do judô nacional na competição que teve motivos de sobra para comemorar foi Jeferson Vieira, coordenador nacional de arbitragem, que elogiou a qualidade dos árbitros no certame. “A arbitragem transcorreu dentro do esperado e a qualificamos como muito boa. Muitos árbitros com classificação estadual estavam fazendo prova para Nacional C, e saíram-se muito bem. Não tivemos nenhuma reprovação. Em nossa avaliação a qualidade da

Raphael Magalhães iniciou sua caminhada rumo ao ouro do peso-médio, do sênior, com ippon de osae-komi

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Robnelson Ferreira e Luiz Iwashita na abertura do Congresso Técnico

O professor kodansha Walter Babata e Maurício Alves

Com uma variedade imensa de técnicas, Ronnie Gomes mostrou que tem judô de sobra para brigar por uma vaga na seleção brasileira

Com shime-waza Mateus Viana (SP) apagou Bernardo Welter (SC) na final do peso-médio do sub 18

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Gabriela Chibana teve muito trabalho para superar Jennifer Nunes

Vice-campeã do sub 18, Sarah Silva mostrou grande habilidade

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Ellen Santana (SP) pega o braço e Aine Schmidt (RS) teve que bate, mas mesmo assim houve lesão no cotovelo direito da atleta paulista que hoje defende a Sogipa

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Eleudis Valentim finalizou Suellen Senna com osae-komi

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Com de-ashi-harai, Claudirene César pôs fim ao primeiro combate contra Mayara Oishi

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C AMPEONATO BRASILEIRO DA REGIÃO V

Alessandro Puglia com parte da equipe paulista

Medalhistas sub 18 da equipe gaúcha

Medalhistas sub 15 da equipe paulista

arbitragem em todas as áreas foi muito boa. Problemas pontuais sempre ocorrem em uma competição com 400 atletas, mas nada que interferisse no resultado dos combates.” Professor kodansha 6º dan, Jeferson detalhou o momento da arbitragem no Brasil. “Estados como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são celeiros de atletas e competições e, consequentemente, de árbitros, já que

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Medalhistas sub 18 da equipe paulista

Medalhistas sub 13 da equipe catarinense

esses itens são interdependentes. Fora isso, existe o investimento que a confederação brasileira tem feito na arbitragem, que se reflete decisivamente nos cenários esportivos estadual e nacional. A qualificação está chegando às federações e aos Estados. Temos vários eventos com clínicas de arbitragem, em diferentes pontos do País. Hoje o Brasil possui inúmeros árbitros internacionais FIJ A participando de seminários internacionais e

trazendo as novidades para nós. Todos estes fatores repercutem diretamente na arbitragem nacional, e percebemos a evolução claramente neste evento realizado no Sul.” O coordenador nacional de arbitragem finalizou ressaltando o empenho do presidente da CBJ no aprimoramento constante da arbitragem nacional. “O professor Paulo Wanderley dá total apoio à Gestão Nacional de Arbitragem e eu acredito que nosso www.revistabudo.com.br


Paulo Wanderley faz entrega da premiação aos chefes das delegações do Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná

desenvolvimento tem acontecido naturalmente em função do investimento e do cuidado que a CBJ dedica à arbitragem. Não podemos esquecer que nosso presidente é árbitro continental FIJ B, e melhor do que ninguém ele conhece as necessidades da arbitragem, e este fator tem sido preponderante no desenvolvimento dos árbitros do nosso País.”

Chefes de delegação avaliam desempenho das equipes Túlio Dalagassa, chefe da delegação paranaense, vibrou com a qualidade técnica da equipe anfitriã. “Ontem fechamos o dia na segunda colocação, mas infelizmente não conseguimos segurar a vantagem que tínhamos sobre os gaúchos. Mas estamos satisfeitos com nosso retrospecto na competição. No ano passado os resultados não foram tão bons, e neste ano saímos à frente do Rio Grande do Sul no primeiro dia, ficando apenas dez medalhas de ouro atrás de São Paulo, a maior potência da modalidade no País. Todos estes indicativos fazem com que tenhamos a certeza de que nosso trabalho evoluiu, independentemente do resultado final. E os méritos dessa conquista cabem a todos os professores do Paraná”, disse Dalagassa. Policial civil e professor de judô na Associação de Judô Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul, Cláudio André Martins, chefe da delegação do Rio Grande do Sul, elogiou www.revistabudo.com.br

a qualidade do evento e afirmou que o desempenho de sua equipe ocorreu dentro do que era esperado. “Minha trajetória no judô vem de longa data. Já fui técnico da seleção gaúcha na década de 90 e desde então acompanho as categorias de base. Este é meu segundo ano como chefe de delegação, e acho que o nível da competição foi muito bom. Na verdade até me surpreendi com o Paraná, que chegou muito bem preparado, enquanto nós ainda estamos passando por um processo de renovação. Muitos atletas estão no primeiro ano, outros trocando de categoria, sem contar os que estão saindo pela primeira vez do Estado. Acredito que no próximo ano viremos com uma equipe mais forte. A segunda colocação já era esperada, mas quase fomos surpreendidos pelos anfitriões”, disse Cláudio André. Apesar do resultado adverso, Brunna Maila dos Santos identificou uma sensível evolução técnica nos atletas catarinenses. “Tivemos uma queda em relação ao número de medalhas conquistadas no ano passado, principalmente nas de ouro. Viemos a Curitiba buscando melhorar nosso retrospecto, mas os demais Estados evoluíram muito. Contudo, em conversa com os técnicos catarinenses, avaliamos que os judocas catarinenses lutaram melhor e estavam mais competitivos; as falhas e erros cometidos foram detalhes. Notamos claramente que a competição deste ano estava muito mais forte que a do ano passado. Houve

classes em que esperávamos melhor resultado. Agora vamos nos reunir e trabalhar para que nossos atletas estejam mais bem preparados fisicamente e estrategicamente para os próximos eventos da temporada”, explicou a dirigente catarinense. Paulo Alvim, chefe da delegação paulista, compara o judô bandeirante ao que acontece hoje em nível mundial. “Os resultados desta edição do regional são fruto de muito trabalho, dedicação e investimento. Mas confesso que até nós ficamos surpresos com a grande quantidade de medalhas obtidas, mas é claro que buscamos estar cada vez melhores e mais competitivos. Este ano São Paulo veio com tudo, foi um número exorbitante de medalhas graças à competência do trabalho feito por todos os professores paulistas. Posso afirmar sem medo de errar que São Paulo está acompanhando o que acontece no cenário internacional. Demos uma revitalizada, a modalidade não para de crescer e este crescimento físico, adicionado ao trabalho técnico realizado pelos professores, transforma-se em medalhas e resultados. Veja a quantidade de atletas paulistas que estão migrando para Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e isso não interfere negativamente nos resultados e conquistas nacionais. Para o dirigente paulista os resultados de Curitiba preconizam uma temporada vitoriosa. “Houve categorias em que não fomos bem e até ficamos atrás do Paraná, mas como chefe da delegação afirmo que fiquei muito feliz com os resultados que juntos construímos. Sempre buscamos e queremos mais, e é justamente essa vontade que nos conduz e transforma nossas metas em resultados e medalhas. Alcançamos um resultado exorbitante, mas é um número real, que nos permite projetar um ano de grandes conquistas.” Um dos maiores formadores de atletas da atualidade em São Paulo, Paulo Alvim dá a receita para o sucesso. “Acredito que, se alguns Estados não estão se desenvolvendo, é porque falta investimento na base. E a saída está nos projetos sociais. É premente fazer com que o judô esteja na base. É preciso fomentar o judô na fase escolar como um benefício e complemento educacional, para depois acontecer a detecção de talentos, gerando o mesmo ambiente que existe em São Paulo, onde hoje a maioria das ações se desenvolve por meio de projetos sociais que aproximam a comunidade dos tatamis.” Revista Budô número 17 / 2016

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12º GRAND PRIX NACIONAL INTERCLUBES MASCULINO

Pinheiros é octacampeão do Grand Prix nacional de judô Minas Tênis ficou em segundo, seguido por Instituto Reação, Jequiá, Osasco/Yanaguimori, Sogipa e Judô Queiroz. POR

VALTER FRANÇA/CBJ I Fotos LARA MONSORES/CBJ

A

12ª edição do Grand Prix Nacional Interclubes masculino realizouse nos dias 7 e 8 de novembro, no Ginásio Mané Garrincha, em São Paulo. Envolvendo equipes de quatro regiões, mais uma vez as disputas por medalhas foram transmitidas pelo SporTV para todo o País. Doze equipes participaram da competição. Esporte Clube Pinheiros (SP), Instituto Reação (RJ), Minas Tênis Clube (MG) e Sogipa (RS) foram cabeças de chave por terem sido os primeiros colocados na temporada anterior. Sociedade Esportiva Palmeiras (SP), S.E.L. São José dos Campos (SP), Associação Desportiva Santo André (SP), SESI (SP), Sesc/ Vitória (BA), Judô Queiroz (PI), Jequiá Iate Clube (RJ) e Osasco/Yanaguimori (SP) completaram a lista de postulantes ao título.

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O 12ª edição do Grand Prix Nacional Interclubes masculino começou oficialmente em 7 de novembro, em cerimônia que contou com a presença de Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ; Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ; e Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô. Nos tatamis, atletas do Palmeiras, SESI, São José dos Campos e Santo André representaram os doze clubes participantes da competição. Alessandro Puglia deu boas-vindas a todos e falou sobre a importância para o Estado de sediar os torneios de grande porte promovidos pela CBJ. “É um prazer para São Paulo receber mais uma edição desse grande evento. A Federação Paulis-

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ta de Judô está aberta para receber vocês quando precisarem. Sejam todos bemvindos. Desejo sucesso a todos e boas lutas”, disse o presidente anfitrião.

Dirigente anuncia mundial interclubes

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô

Paulo Wanderley falou sobre a tradição e a importância do GP nacional. “Para nós é uma satisfação enorme estar aqui com vocês, vivenciando a 12ª edição do GP, um evento consolidado no calendário de nossa modalidade, que, assim como o Troféu Brasil, contempla os clubes. Foram as duas competições criadas nesta gestão para valorizar os clubes do Brasil. A inovação deste ano é que o campeão representará o País

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12º GRAND PRIX NACIONAL INTERCLUBES MASCULINO

Aurélio Miguel e Paulo Wanderley

no superdesafio Brasil contra Portugal.” O dirigente pontuou que cada vez mais clubes investem na formação de equipes para disputar este torneio. “O grand prix foi pensado para dar exposição de mídia às agremiações, responsáveis pelos atletas que estão na seleção brasileira na maior parte do ano. E foi uma via de mão dupla, já que vemos cada vez mais clubes investindo por conta da vontade de participar do GP.” O presidente da CBJ aproveitou a oportunidade para revelar a criação do mais novo evento interclubes no calendário internacional. “Anunciamos oficialmente que no próximo ano está prevista a realização do Campeonato Mundial de Clubes, que deverá realizarse na Geórgia, em outubro. Esta ação foi estimulada pela CBJ e por algumas confederações europeias. Não temos ainda a definição do processo seletivo, mas, com certeza, o grand prix estará dentro desse processo de seleção dos clubes para o mundial”, concluiu.

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Nos tatamis a força e a tradição do Pinheiros falaram mais alto

O Esporte Clube Pinheiros foi o campeão do Grand Prix Nacional masculino, e para subir ao lugar mais alto do pódio a equipe paulista venceu na final três das cinco lutas contra o Minas Tênis Clube, garantindo assim seu oitavo título da competição. Com a conquista, o clube paulista foi escalado para representar o Brasil no superdesafio Brasil contra Portugal. Um dos judocas que mais comemoraram a vitória foi o peso-leve Marcelo Contini, que durante a premiação explicou a razão de tanta alegria. “O ponto da minha luta era determinante. E vibrei muito porque esta é uma disputa por equipe e venci nos últimos dez segundos. Não dá para explicar a sensação que é quando se joga o adversário no fim da luta. Foi um combate muito duro e eu queria dar os parabéns para o Katsuhiro. Ele é um atleta excelente e foi um detalhe que decidiu o combate.” Contini foi responsável pelo segundo ponto

de sua equipe na final contra o Minas Tênis. Para o campeão mundial e capitão do Minas Tênis Clube o importante é que toda equipe volta para Belo Horizonte com a cabeça erguida. “Este ano o grand prix foi muito equilibrado, com lutas acirradas desde a primeira fase. Alguns confrontos foram vencidos por 3 a 2, inclusive a final. Lógico que queríamos a primeira colocação, mas saímos de cabeça erguida, sabendo que fizemos um bom trabalho. Trabalho que é realizado em grupo sob o comando muito forte do nosso técnico, Floriano Almeida, e Alexandre Katsuragi, o Xexéu”, avaliou o meio-pesado Luciano Corrêa. A disputa de terceiro lugar confrontou o Instituto Reação e o Jequiá, grande surpresa da competição. Com pontos de David Moura (+90kg), Nassif Elias (90kg) e Marcos Seixas (73kg), o Reação venceu o clássico carioca. Mas o Jequiá pode orgulhar-se de sua campanha. O técnico do Jequiá, André Silva, enfatizou o sentido de união que aproximou e fortaleceu a equipe. “O Jequiá está fazen-

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Esporte Clube Pinheiros Breno Alves (66kg) Gabriel Souza (+90kg) Marcelo Contini (73kg) Leandro Guilheiro (81kg) Phelipe Pelim (66kg) Felipe Costa (81kg)

do um reinício de trabalho. Conseguimos juntar um grupo sem nenhum apoio externo, mas com atletas que têm identificação com os treinadores, que lutam pelas cores da bandeira. É um grupo muito unido e ainda podemos melhorar no ano que vem. Estamos em busca de projetos que possam potencializar a nossa qualidade. Este ano o equilíbrio foi marcante. Mas a gente sabia que tinha condição de vencer qualquer clube, fazendo uma análise peso a peso. Tivemos o reforço do Rafael Buzacarini, que se uniu ao grupo como se estivesse no clube há muito tempo. Vencemos um adversário forte e de tradição como a Sogipa, quase vencemos o Minas Tênis e poderíamos até chegar mais longe. Acho que o sentimento de equipe fez a diferença a nosso favor.” O Jequiá acabou na quarta colocação, após derrota para o Reação na disputa pelo bronze. O peso-pesado campeão dos jogos pan-americanos, David Moura, falou sobre a energia que une as equipes na competição. “Tenho muito orgulho de representar

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o Instituto Reação, um clube que me recebeu e me acolhe como se eu sempre tivesse treinado lá. Eu sempre chego nessa competição, praticamente a única que disputo no Brasil, com muita vontade de vencer. É uma competição de equipe diferente de tudo que estamos acostumados a fazer, em que

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô rola uma energia muito legal. Já temos três medalhas nos últimos três anos e esperamos conseguir o ouro no ano que vem.” Sogipa e Osasco/Yanaguimori lutaram pelo quinto lugar, com vitória por 3 a 2 para a equipe de São Paulo, enquanto o Judô

Belo Dente Minas Gustavo Assis (90kg) Eduardo Katsuhiro Barbosa (73kg) Hugo Pessanha (100kg) Eduardo Bettoni (90kg) Ricardo Santos Júnior (66kg) Luciano Corrêa (+90kg)

Queiroz, do Piauí, bateu o Vitória, da Bahia, terminando a competição em sétimo lugar. Robnelson Ferreira, gestor de eventos da CBJ, falou do glamour que envolve as competições por equipe. “O grand prix é, sem dúvida, a competição nacional mais esperada por todos os envolvidos no judô nacional, sejam atletas, técnicos ou dirigentes dos clubes. Pelo formato atraente, pelo apoio dos torcedores, pela presença dos principais atletas do País, pelo espaço na televisão, a competição tornou-se um marco dentre os eventos nacionais. Às vésperas de uma Olimpíada no Brasil, as agremiações investiram fortemente e podemos dizer que este ano tivemos uma das disputas mais acirradas do torneio”, disse. A história do grand prix começou em 2003, apenas com disputa no masculino. Entre os homens, o Pinheiros é o maior campeão, com oito títulos, sendo os últimos quatro em sequência. O São Caetano, que não disputou o GP deste ano, tem três títulos no currículo. O Minas Tênis Clube, campeão em 2009, completa o hall de campeões.

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GESTÃO

O presidente da CBJ com medalhistas olímpicos

CBJ exibe planejamento para os Jogos Rio 2016

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Mais de 20 medalhistas olímpicos, representantes de clubes e renomados formadores de atletas conheceram detalhes do CBJ nos Jogos Rio 2016, plano de ação criado para este ciclo olímpico.

e maneira bastante democrática e com a visita ilustre da Tocha Olímpica, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) reuniu 23 personalidades do judô nacional, incluindo seis medalhistas olímpicos, para apresentar o planejamento para os Jogos Rio 2016 e ouvir as sugestões sobre possíveis melhorias que podem ser feitas a 266 dias do começo das disputas na Cidade Maravilhosa. O evento CBJ nos Jogos Rio 2016 realizou-se na sextafeira 13 de novembro, em São Paulo. “Foi uma ação inédita no judô brasileiro. Todos os envolvidos puderam dar sugestões a respeito do que acham que pode ser melhorado. A CBJ e sua comissão técnica vão analisar as propostas e ver o que pode ser realizado”, disse o presidente da CBJ, Paulo Wanderley. Além do dirigente, participaram pela CBJ o gestor de alto rendimento Ney Wilson,

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fonte e fotos

Paulo Wanderley Teixeira

imprensa CBJ

os técnicos das equipes masculina e feminina, Rosicléia Campos, Mário Tsutsui, Luiz Shinohara, Fúlvio Miyata, Yuko Fujii e Mário Sabino, o supervisor de alto rendimento Amadeu Moura e o gestor das categorias de base da CBJ Marcelo Theotônio. “As sugestões foram muito ricas, especialmente vindas de pessoas até mais experientes que a gente. Alguns dos pontos colocados já vêm, inclusive, sendo feitos por nós. Com o tempo fomos adquirindo a vivência de competição, convivendo com os atletas e identificando como poderíamos potencializar as qualidades deles. É um trabalho bastante individualizado”, disse Luiz Shinohara. “Conversar é sempre bom porque nosso trabalho é feito em conjunto, é único. Vamos dar as mãos e, quando comemorar, comemorarmos todos. Agora é analisar e mudar o que acharmos que devermos para buscar essas medalhas em 2016”, disse Rosicléia Campos. www.revistabudo.com.br


Confira a lista dos participantes do CBJ nos Jogos Rio 2016

Ney Wilson

Entre os 23 participantes estavam os campeões olímpicos Aurélio Miguel e Rogério Sampaio e os medalhistas Carlos Honorato, Douglas Vieira, Henrique Guimarães e Flávio Canto. “É um evento extremamente importante por reunir tantas pessoas experientes, tantos professores que estão no dia a dia dos atletas. É o momento de o judô brasileiro unir todos os esforços em prol do melhor desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos. Nós temos uma boa estrutura, um grande planejamento, atletas fortes e com um grande potencial para conquistar medalhas. Mas, isso só vai acontecer se todos se unirem. É um trabalho que começou há muito tempo e, com esse evento, será intensificado nos próximos meses”, disse o campeão olímpico Rogério Sampaio.

Paulo Wanderley Teixeira Cézar Roberto Leão Granieri Ney Wilson Silva Amadeu Moura Jr. Luiz Shinohara Fúlvio Miyata Rosicléia Campos Mário Tsutsui Mário Sabino Yuko Fujii Marcelo Theotônio Floriano Almeida Alexandre Katsuranagi Márcio Pimentel Geraldo Bernardes Antônio Carlos Pereira Expedito Falcão Renato Dagnino Sérgio Baldijão Sumio Tsujimoto Marcos Sabino Ivo Nascimento Aurélio Miguel Rogério Sampaio Carlos Honorato Douglas Vieira Henrique Guimarães Paulo Duarte Uichiro Umakakeba Odair Borges Flávio Canto Daniel Hernandes Alessandro Puglia Georgton Pacheco

Paulo Wanderley e Cézar Roberto Granieri, presidente do Sindi Clube

Os presidentes das federações paulista, Alessandro Puglia, e de Tocantins, Georgton Pacheco, além de gestores e técnicos dos principais clubes do País, como Floriano Almeida (Minas TC), Geraldo Bernardes (Instituto Reação), Antônio Carlos Kiko Pereira (Sogipa), Expedito Falcão (AJEF) e Renato Dagnino (EC Pinheiros), participaram do evento. “Gostaria de parabenizar a CBJ pela ação. Eu ouvi sugestões que realmente me fizeram refletir bastante”, disse Kiko, coordenador técnico da Sogipa. Também fizeram parte do encontro os mestres Uichiro Umakakeba, Odair Borges e Paulo Duarte, professores que são referências do judô no Brasil. O próximo compromisso da comissão técnica da seleção brasileira e dos atletas são os Grand Prix de Jeju e o Grand Slam de Tóquio.

Participantes do CBJ nos Jogos Rio 2016

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GRAND PRIX DE JUDÔ

Com juji-gatame sensacional, Rafaela Silva conquista o ouro no Grand Prix de Tbilisi Mostrando técnica apurada, a carioca derrotou Nora Gjakova na final. Mais quatro brasileiros subiram ao pódio da competição realizada na capital da Geórgia.

E

POR

m terceiro lugar na classificação geral, o Brasil fez excelente campanha, conquistando cinco medalhas no Grand Prix de Tbilisi Já no primeiro dia de disputa o time verde e amarelo se impôs, faturando duas medalhas com Rafaela Silva, ouro no peso-leve, e Érika Miranda, bronze no meio-leve. Rafaela Silva (57kg) venceu suas quatro lutas por ippon. O ponto alto foi o juji-gatame (chave de braço) “voador” na final contra Nora Gjakova, do Kosovo. Antes, na estreia, precisou de apenas um minuto para derrotar Rushana Nurjavova, do Turcomenistão. Na sequência, outro ippon sobre a alemã Miryam Roper com três minutos e meio de luta e também sobre a sérvia Jovana Rogic, na semifinal, com três minutos. Já Érika Miranda (52kg) se recuperou de uma derrota nas quartas de final e conquistou o bronze ao vencer Gulbadam Babamuratova, do Turcomenistão. O GP distribui 300 pontos ao campeão, 180 ao vice e 120 ao terceiro colocado. No último dia de disputas do Grand Prix de Tbilisi o Brasil conquistou mais três medalhas:

IMPRENSA CBJ I Fotos © IJF MEDIA BY G. SABAU

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

prata com Maria Suelen Altheman (+78kg) e bronzes com Mayra Aguiar (78kg) e Rafael Silva (+100kg), encerrando a competição com cinco pódios no total. Foi a quinta competição consecutiva em que Maria Suelen foi ao pódio. Para chegar à final em Tbilisi, a peso -pesado derrotou Larissa Ceric (Bósnia e Herzegovina), Maryna Slutskaya (Bielorrússia) e a chinesa Sisi Ma, líder do ranking mundial, por wazari na semifi-

Érika Miranda obteve o bronze jogando Tsolmon Adiyasambuu de wazari

Suelen Altheman jogando Larissa Ceric em seu primeiro combate em Tbilisi

Mais uma vez Baby subiu no pódio, conquistando pontos importantíssimos no ranking olímpico

Mayra Aguiar disputou o bronze com Yahima Ramirez

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nal. A brasileira acabou sentindo o joelho neste combate e não voltou para a luta final contra a turca Kayra Sayit. “Maria Suelen não tem uma lesão que nos preocupe. Apenas sentiu um desconforto no joelho e optamos por poupá-la”, explicou Ney Wilson Silva, gestor de Alto Rendimento da CBJ.

Usando todo seu poderio no kansetsu-waza, Rafaela pegou o braço de Nora Gjakova e fez a www.revistabudo.com.br torção em cruz


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C AMPEONATO PAULISTA SÊNIOR

Com 19 medalhas, Pinheiros é campeão paulista sênior Competição que marcou a volta de Chiaki Ishii aos eventos da Federação Paulista de Judô definiu a seleção que defendeu São Paulo no Campeonato Brasileiro Sênior. POR

Paulo Pinto I Fotos MARCELO LOPES/FPJ

C

om o apoio da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude e da Prefeitura de São Bernardo do Campo, a Federação Paulista de Judô (FPJ) realizou a fase final do Campeonato Paulista Sênior. O ginásio municipal Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo, recebeu os 370 atletas da classe sênior, que foram ao ABC paulista em busca de medalhas e vagas na seleção paulista de judô. A cerimônia de abertura contou com a presença de Alessandro Puglia, presidente da FPJ; Francisco de Carvalho, vice-presidente da CBJ; José Pereira Silva, gestor nacional de arbitragem da CBJ; Jéferson Vieira, árbitro FIJ A; e os medalhistas olímpicos Chiaki Ishii, Rogério Sampaio e Henrique Guimarães. Em seu pronunciamento Alessandro Puglia afirmou que São Paulo é referência no judô, não somente pelo número de praticantes, mas pela influência nipônica. “Os fãs de nosso esporte podem ficar tranquilos, pois São Paulo será muito bem representado no campeonato brasileiro. Nos últimos anos houve um aumento expressivo na quantidade de participantes. A comunidade compreendeu que não é um trabalho individual, mas em conjunto. As escolinhas estão fazendo a sua parte. E assim, vamos avançando”, disse. Francisco de Carvalho concordou com o colega e completou dizendo que a disputa sênior tem uma característica diferente. “Sem dúvida alguma, o campeonato paulista é um dos carros-chefes da FPJ. O Alessandro tem feito um grande plano organizacional, fortalecendo a base e trazendo para perto dos jovens ícones como Chiaki Ishii, primeiro judoca a ganhar uma medalha olímpica para o Brasil, e o Rogério Sampaio, uma lenda do esporte brasileiro”, afirmou o dirigente.

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O campeão olímpico em Barcelona (1992) disse que anualmente acompanha esta competição e concluiu falando sobre a nova experiência na área do ensino. “Recentemente aceitei o convite para treinar judocas de 14 a 18 anos, no Centro de Aperfeiçoamento Técnico da FPJ. Estou empolgado com esta nova experiência. As atividades acontecem às terças-feiras, a partir das 19 horas. Neste trabalho valorizo fundamentos, técnicas, desenvolvimento e, é claro, a questão da competitividade, treinando muito forte. Para participar, os praticantes de 14 anos precisam ser, no mínimo, faixa verde e os demais devem ter a faixa roxa como graduação básica”, explicou Rogério Sampaio.

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C AMPEONATO PAULISTA SÊNIOR Retomando a atividade junto à FPJ, Chiaki Ishii elogiou a organização do certame e os novos planos pedagógicos da entidade. “Fiquei muito feliz em ter visto essas lutas de perto. Agora, estou de volta. A palavra agora é a essência do judô. Vou ajudar a todos e não somente uma categoria. O caminho suave precisa renovar-se, mas sem perder sua tradição”, disse o primeiro medalhista olímpico do judô brasileiro.

Nos tatamis Clube Pinheiros fez barba, cabelo e bigode Os 16 judocas campeões classificaramse automaticamente para compor a seleção paulista que na sequência disputou o campeonato brasileiro: Amanda Alves, Gabriela Chibana, Eleudis Valentim, Fabiana de Oliveira, Jéssica Santos, Anne Caroline Barbosa, Samanta Almeida, Richele Ferreira, Jonathan Bauer, Phelipe Pelin, Lucas Bernardo, Eduardo Katsuhiro, Eduardo Yudy Brito, Raphael Magalhães, Rafael Buzacarini e Leandro Gonçalves. Das mais de 500 associações filiadas à Federação Paulista de Judô, apenas seis subiram ao degrau mais alto do pódio: Esporte Clube Pinheiros, sete ouros; SESI-SP, dois ouros; SEMEL São José dos Campos, dois ouros; São Caetano/Viver Bem, dois ouros; Associação Vila Sônia, dois ouros; Vice-campeão do sup e Academia Edinho Company, um ouro. projeta e voa junto erligeiro, o pinheirense Diego Roch com seu adversário a Disputando finais em 14 categorias

Atento, o árbitro Jundiaiense Marcos Fernandes decreta ippon e Lucas Bernardo comemora mais um título para sua vasta galeria de troféus e o segundo ouro do SESI - SP na competição

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de São José dos Defendendo a SEMEL s comemora o hae gal Ma l Campos, Raphae a no peso-médio bicampeonato paulist

Após enfrentar o fogo cerrado e a enorme pressão adversária, Lucas Bernardo respira e encaixa o koshi-waza que projeta Marcelo Fuzita, e o judoca da Vila Sônia voa nas alturas

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Apoiador Máster da Federação Paulista de Judô

Esporte Clube Pinheiros Campeão Geral do Paulista Sênior 2015

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C AMPEONATO PAULISTA SÊNIOR

P Kodanshas

resentes

Luiz Catalano lva, Chiaki Ishii, José Pereira Si ujimoto, Rioiti Ts io i Yokoti, Sum Calleja, Takesh de Melo Senra u Nitsuma, Raul Uchida, Tsutom , Edison Koshi ga ira Terumi Sh Bisneto, Wilmar Baldijão, Kane rgio Malhado beiro Ri on Minakawa, Sé ilt M , ia sandro Pugl , fumi Ura, Ales , Jéferson Vieira ra Nascimento ei Vi Ivo Diniz, a vit Correa, Jo o dr Pe , rvalho Filho Francisco de Ca lmiro Boavento de Jesus, Be ra no Ho o Antôni no Seiti Shira, sti le Ce dnei Paris, tura da Silva, Si imotsu, Valdir no, Yoshiyuki Sh Matsuura e Gerardo Sicilia o nz Ke , do da Cruz Melero, Fernan io. Rogério Sampa Francisco de Carvalho e Fernando da Cruz

Francisco de Carvalho ladeado pelos medalhistas olímpicos Henrique Guimarães, Chiaki Ishii e Rogério Sampaio

Raul de Melo Senra, Francisco de Carvalho, Arnaldo Queiróz e Alessandro Puglia

Jéferson Vieira, Luiz Catalano Calleja, Francisco de Carvalho Filho e José Pereira Silva

Na cerimônia de Abertura Fábio Bueno, diretor da revista Máster e sua editora Elaine Ferreira fizeram a entrega de certificados de Homenagem Esportiva a inúmeros judocas e na foto premiam Francisco de Carvalho que aparece acompanhado por Milton Correa e José Jantália

Os professores kodanshas Kanefumi Ura, Chiaki Ishii, Alessandro Puglia, Sumio Tsujimoto, Francisco de Carvalho, Rioiti Uchida e Sérgio Baldijão

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Carismáticos e queridos por todos que militam nos tatamis paulistas, os professores Celestino Seiti Shira e Valdir Melero são remanescentes da velha escola Budokan, onde aprenderam judô com Mestre Ryuzo Ogawa, o japonês 8º dan nascido em 1883 que em 1934 embarcou para o Brasil a bordo do navio Hawái Maru e fundou aqui a maior escola de judô do Brasil com mais de 100 filiais instaladas em mais de uma dezena de estados

CLASSIFICAÇÃO Classificação Individual Feminino Superligeiro 1º Amanda Alves - São Caetano/Viver Bem 2º Luana Santos - Associação Yamazaki S.J.C. 3º Karla de Souza - Associação de Judô Nery 3º Natalia Oliveira - A.A.D.S.B/Judô Olímpico Ligeiro 1º Gabriela Chibana - Esporte Clube. Pinheiros 2º Carolina Sessa Bati - SESI - SP 3º Larissa Pimenta - Esporte Clube Pinheiros 3º Luana Barbosa - SEMEL S. José dos Campos Meio-leve 1º Eleudis Valentim - Esporte Clube Pinheiros 2º Tawany Gianelo - Esporte Clube. Pinheiros 3º Maria de Cillo - Clube Paineiras do Morumby 3º Andressa Fernandes - A. Rogério Sampaio Leve 1º Fabiana Oliveira - Esporte Clube Pinheiros 2º Tamara Santos - Sociedade E. Palmeiras 3º Ellen Menon Gonçalves - Associação Nintai 3º Gilmara Prudêncio - SEDUC - Praia Grande Meio-médio 1º Jessica Santos - Esporte Clube Pinheiros 2º Daniele Santos - São Caetano/Viver Bem 3º Yanka Pascoalino - Esporte C. Pinheiros 3º Wedja Pereira - A. Rogério Sampaio Médio 1º Anne Caroline Barbosa - E. C. Pinheiros 2º Nádia Merli - Esporte Clube. Pinheiros 3º Marcia Pernoncini - SEMEL S.J. Campos 3º Helena Romanelli - Rio Preto A. Clube Meio-pesado 1º Samanta Almeida – S. Caetano/Viver Bem 2º Talita Libório - Sociedade E. Palmeiras 3º Beatriz de Oliveira - SESI - SP 3º Adriana Leite – Assoc. Rogério Sampaio Pesado 1º Richele Ferreira - A. Edinho Company 2º Victoria Archina - Clube A. Juventus 3º Claudirene Cezar - SEMEL S. J. C 3º Agatha Martins - SEDUC - P. Grande

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Classificação Individual Masculino Superligeiro 1º Jonathan Bauer - SESI - SP 2º Diego Rocha - Esporte Clube Pinheiros 3º Luiz C. de Lima Jr - SEMEL S.J.C 3º Marcos A. Batista Jr. - SESI - SP Ligeiro 1º Phelipe Pelin - Esporte Clube Pinheiros 2º Guilherme Nascimento - SESI - SP 3º Allan Kuwabara – C. Paineiras Morumby 3º Weverton Alencar – Assoc. Divinolândia Meio-leve 1º Lucas Bernardo - SESI - SP 2º Marcelo Fuzita - Assoc. Vila Sonia 3º Breno Bufolin - Esporte Clube Pinheiros 3º Lucas Queiroz - SEMEL S.J. dos Campos Leve 1º Eduardo Katsuhiro - Associação Vila Sonia 2º Adriano Santos - Esporte Clube Pinheiros 3º Renan Pereira - Rio Preto Automóvel Clube 3º Carlos Roque - Rio Preto Automóvel Clube Meio-médio 1º Eduardo Y. Brito - Esporte Clube. Pinheiros 2º Felipe Moraes - Esporte Clube Pinheiros 3º Guilherme Guimarães - Esporte C. Pinheiros 3º Danilo Gonçalves – Assoc. Rogério Sampaio Médio 1º Raphael Magalhaes - SEMEL S. J. C 2º Rubens Inocente Filho - E. Clube Pinheiros 3º Anderson de Souza - Associação Bushidô 3º Paulo Araújo Jr. - SESI - SP Meio-pesado 1º Rafael Buzacarini - Associação Vila Sônia 2º Gabriel Gouveia - Esporte Clube. Pinheiros 3º Jonas Facho - Esporte Clube Pinheiros 3º Lucas Canalle - A D Ateneu Mansour Pesado 1º Leandro Gonçalves - SEMEL S. J. C 2º Josué Bragança Jr. - Associação Moacyr 3º Daniel Plácido - SESI - SP 3º Ewerton Ribeiro – SEJEL – Cotia

José Pereira Silva, gestor Nacional de Arbitragem da Confederação Brasileira de Judô e árbitro internacional FIJ A. Uma das maiores referências da arbitragem pan-americana o professor kodansha 8º dan é exemplo vivo da força e tradição do judô fluminense

de peso, e mantendo a tradição na classe sênior, o Esporte Clube Pinheiros obteve 19 medalhas. Foram sete ouros, sete pratas e cinco bronzes, que totalizaram 30% das medalhas em disputa e garantiram a primeira colocação geral no certame. O SESI-SP ficou em segundo lugar com oito medalhas, sendo dois ouros, duas pratas e quatro bronzes. O terceiro lugar geral foi alcançado pela SEMEL São José dos Campos, que obteve sete medalhas: dois ouros e cinco bronzes. O quarto lugar ficou com o São Caetano/ Viver Bem e a Associação de Judô Vila Sônia, que somaram dois ouros e um bronze. Em quinto lugar ficou a equipe da Academia Edinho Company, de Piracicaba, que conquistou uma medalha de ouro. A Sociedade Esportiva Palmeiras ficou em sexto lugar com duas medalhas de prata. O sétimo lugar foi ocupado por três equipes que obtiveram uma medalha de prata: Associação de Judô Moacyr, Clube Atlético Juventus e Associação Yamazaki, de São José dos Campos. A Associação de Judô Rogério Sampaio ficou em oitavo lugar com quatro medalhas de bronze e o Rio Preto Automóvel Clube, em nono, com três bronzes. A SEDUC Praia Grande obteve a décima colocação com duas medalhas de bronze. O Clube Paineiras do Morumby chegou em décimo primeiro lugar com duas medalhas de bronze, enquanto Associação de Judô Nery, A.A.D.S.B/Judô Olímpico, Associação Divinolândia de Judô, Associação Nintai, Associação Bushidô, A. D. Ateneu Mansour e SEJEL Cotia dividiram a décima segunda colocação, conquistando uma medalha de bronze. Revista Budô número 17 / 2016

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GESTÃO TÉCNIC A CBJ

Ação inédita aglutina gestão técnica, atletas e clubes Encerrado o Treinamento de Campo Internacional, sobraram elogios à qualidade do pessoal envolvido e à infraestrutura física. O resultado mais importante, porém, foi o apoio aos atletas. POR

N.T.MATEUS I Fotos BUDOPRESS

Dojô construído para sediar o Treinamento de Campo Internacional

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S

transformarmos tudo isso em medalhas.” isso. Então, temos muita fé em nossos atletas. Antônio Carlos Pereira, o Kiko, técnico Eles vão representar muito bem o Brasil e corda Sogipa, concorda: “Se temos de emresponder ao investimento que o País está purrar um caminhão, todos devem dar sua fazendo neles também”. forcinha.” Ele mencionou ainda a oportuQuem talvez tenha traduzido melhor nidade de ter contato mais íntimo com os a proposta da CBJ em parceria com o COB, próprios atletas do seu clube que defenporém, foi o gestor do alto rendimento da dem a seleção. “Fiquei oito dias com eles, o confederação, Ney Wilson. Para que é raro porque viajam frequentemente e ele, a integração de técnicos, ficam pouco comigo em Porto Alegre. Essa preparadores e fisioterapeutas aproximação rendeu muito.” dos clubes num ambiente de Motivação foi outro aspecto valorizado seleção deu mais confiança por Kiko. Para ele, a conversa de medalhistas aos judocas e melhorou a visão olímpicos com os atletas reforçou a imporde todos. “Acredito que até os tância do espírito esportivo, da crença que Jogos Olímpicos essa relação cada um deve ter em seus próprios sonhos. vai melhorar ainda mais, beneMesmo tendo ficado a maior parte do ficiando o atleta, que é nosso tempo nos tatamis, Jun Shinohara, técnico da principal foco.” seleção brasileira, pôde observar que a troca Como exemplo específico de experiências foi positiva. “Os atletas ficaele citou Rafael Silva, o Baby, ram muito à vontade, os técnicos, tímidos no que dificilmente encontra adcomeço, também foram se soltando.” versários à altura em sua catePara Fúlvio Miyata, técnico auxiliar da goria (+100kg) nos clubes e até seleção, todos ganham em eventos como no Estado. Já o evento realizado este: a base, por ter a oportunidade de em Pindamonhangaba consetrocar experiências com os europeus; os guiu reunir judocas de todo o europeus, em sentir o clima do País e sentir País, além dos atletas olímpicos o judô praticado aqui; e a seleção principal, da Rússia e do Azerbaijão. que é o grande foco, em poder conhecer E não se trata apenas de potenciais adversários. treinamento. “Numa concen“É uma grande estrutura, muito diferente tração de dez dias, assumimos Vista aérea parcial do Hotel Colonial Plaza do que tínhamos, desde a parte de nutricioo controle integral do judoca, nistas, fisioterapeutas e psicólogos até a paro que é impossível quando ele ticipação dos técnicos dos clubes. E tudo em está em sua base. Sabemos função do atleta”, detalhou Miyata. quando ele acorda, se vai para pesagem, Como técnico das seleções de base da como se alimenta e descansa, se está denCBJ, Douglas Vieira disse que o treinamento tro do peso, se faz musculação etc.” Mesmo de campo não poderia ser melhor. Como com limitações, Ney Wilson espera que a rotécnico do Pinheiros, restina seja mantida, que haja saltou a relevância de tracontinuidade do trabalho. balhar em conjunto com a Para Mário Tsutsui, técconfederação. “Eu, mais do nico da seleção brasileira, o que ninguém, sei o quanto ponto mais relevante foi o esta integração é importantreinamento antes do início te.” Além dele, os senseis das competições do circuito Sérgio Baldijão e o Sumiu europeu e outras que vêm Patrocinador máster Tsujimoto, do mesmo clube pela frente. “Os técnicos da Confederação Brasileira estiveram presentes e puacompanharam e vivenciade Judô deram avaliar como absorram tudo o que fizemos aqui ver essa experiência. e os profissionais puderam Outro depoimento significativo foi o de colaborar conosco e trocar experiências com Expedito Falcão, técnico da campeã olímpiseleções de outros países”, destacou. ca Sarah Menezes, que destacou a inclusão É o que pensa também outro técnico da dos atletas da base. “É importante para eles seleção, Mário Sabino. “Agregar as experiênestar no meio desse grupo seleto do judô, cias dos técnicos dos clubes foi fantástico. até para que possam sonhar em chegar a São eles que convivem diariamente com os Em visita ao TCI Paulo Wanderley Teixeira, presidente uma Olimpíada. Quem sabe no próximo ciatletas e a troca de informações é imporda CBJ posa para foto com os professores Floriano de clo já não estarão brigando pela vaga nos tante para diminuir espaços e caminharmos Almeida, Geraldo Bernardes, Ney Wilson, Expedito Falcão, Antônio Pereira e Amadeu Moura Jogos de Tóquio?” juntos e, quando chegarmos às Olimpíadas, em querer entrar em seara política, Amadeu Moura Jr. superintendente técnico alto rendimento da CBJ, foi claro e direto em suas conclusões: “Temos de valorizar quem nos está ajudando. As ações do Ministério do Esporte e do COB no apoio aos nossos projetos provam

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GESTÃO TÉCNIC A CBJ

Amadeu Moura Júnior

Treinamento puxado e produtivo Este é um ano atípico. Por isso, no fim da temporada passada, os atletas da seleção brasileira foram aconselhados a manter a rotina de atividades. E eles não decepcionaram: abriram mão do descanso e dos festejos habituais e, de maneira geral, chegaram ao Treinamento de Campo Internacional em boa forma. Jun Shinohara, técnico da seleção brasileira, confessa que ficou até surpreso. “Eles renderam muito e, mesmo diante das competitivas equipes do Azerbaijão e da Rússia, acompanharam bem o ritmo. O objetivo de dar um treinamento reforçado para os atletas foi alcançado.” Sabendo da característica do pessoal que vinha de fora, a equipe técnica da sele-

Yuko Fujii

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Alessandro Puglia e Chiaki Ishii

ção formatou os treinos de forma a aproveitar ao máximo essa oportunidade. “Nossos atletas partiram para cima e mantiveram o espírito de competição, com um índice baixo de lesões – e de grau mínimo, com recupera-

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Jun Shinohara

ção máxima de um mês”, explicou Shinohara. Amadeu Moura Júnior, superintendente técnico alto rendimento da CBJ, também avaliou o aproveitamento como muito bom. “Os atletas corresponderam bem; foi um treinamento muito forte e muito duro, mas acho que a estratégia proposta foi bem recebida.” Ele destacou ainda a colaboração dos técnicos dos clubes. A época escolhida para o encontro e a presença de campões olímpicos e medalhistas em mundiais estrangeiras são dois fatos positivos ressaltados por Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ. A preparação no início de temporada vai ajudar os atletas brasileiros a galgarem posições no ranking internacional e a participação de adversários do Leste Europeu trouxe a experiência de uma escola diferente. Outros dois técnicos da seleção deram sua opinião. Mário Tsutsui reconheceu que nem todas as meninas estavam com 100% da forma física. “Mas elas chegaram preparadas para o treinamento de campo, que foi intenso, com bastante volume. Fizemos uma carga bem equilibrada e ainda contamos com a presença da Rússia na última semana.” Já Mário Sabino observou que o volume de treino foi muito bom para um início, evidenciando a oportunidade de focar nos detalhes, montar estratégias, ver vídeos e mostrar ao atleta no que está errando, para depois transferir os ensinamentos para os tatamis. A possibilidade de fazer ajustes e dar polimento aos recursos dos atletas também foi destacado pela técnica da seleção feminina, Yuko Fujii. “Neste tipo de treino, principalmente no masculino, que teve adversários www.revistabudo.com.br


Fúlvio Miyata

Geraldo Bernardes e Floriano de Almeida

de outros países, podemos ver como superar, testar e ganhar volume na qualidade do material humano e na parte técnica”, explicou. Ela elogiou a organização das atividades. “Outra coisa positiva é que na parte da manhã fizemos bastante treino técnico e randori só à tarde. Assim conseguimos melhorar as técnicas no primeiro período e colocá-las em prática na segunda parte.” Geraldo Bernardes, técnico do Instituto Reação e que exerceu essa função na seleção durante 21 anos, não poderia deixar de dar sua contribuição aos preparativos para os Jogos Olímpicos do Rio. Ele classificou como “superimportante” a concentração no início da temporada, permitindo uma avaliação física, técnica e geral dos judocas que logo em seguida iriam disputar o Grand Prix de Havana. “Treinar com judocas de outros países faz com que nossos atletas se dediquem ainda mais. Parabenizo a comissão técnica e a CBJ pela iniciativa.” Expedito Falcão, técnico da campeã olímpica Sarah Menezes, concorda plenamente. “Todas as vezes que treinaram com seus prováveis adversários os brasileiros se saíram muito bem nas competições”, argumentou. Falcão enfatizou que o judô é um esporte que tem como tradição a troca de informação, de conhecimento. Isso ajuda a aumentar a autoconfiança do atleta e demonstra que ele pode lutar bem com os oponentes mais fortes. Como se tivessem combinado, Floriano de Almeida, técnico do Minas Tênis Clube, completou o pensamento de Falcão. Para ele, no Brasil são poucos os judocas que seguem o estilo europeu – daí a importância de juntar escolas diferentes. Por outro lado, www.revistabudo.com.br

os brasileiros têm enorme capacidade de adaptação. “Essa troca de experiência e estilo é importantíssima”, prosseguiu. “Acho que quando eles vêm para cá é mais proveitoso do que quando vamos à casa deles, pois le-

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Mário Tsutsui

Ney Wilson

vamos em média oito atletas e aqui temos de 100 a 200 judocas absorvendo as informações, e não apenas os atletas de ponta.” Se alguém duvida, basta dizer que Douglas Vieira, técnico das seleções de base da CBJ, ficou muito satisfeito com o que viu. “Nossos atletas puderam pegar nos quimonos de campeões olímpicos europeus e, principalmente, puderam ver o estilo de judô deles, o que nos ajudará a superar a dificuldade que ainda temos com a escola europeia.” Matheus Theotônio também abordou os ganhos dos atletas da base. “Para os que estão chegando agora é essencial quebrar esta barreira entre equipes de base e principais”, comentou. “Saber que os mais experientes fazem as mesmas coisas, como treinam e o quanto treinam, o que é importantíssimo. É um ritmo muito diferen-

Douglas Vieira

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GESTÃO TÉCNIC A CBJ

Antônio Carlos Pereira o Kiko

Matheus Theotônio

Alexandre Lee

te, que contribui para o amadurecimento dos jovens. E eles ainda podem levar o conhecimento adquirido para seus clubes.” Alexandre Lee, técnico do Clube Paineiras do Morumby, enfatizou a relevância técnica do encontro. “O TC com as seleções da Rússia e Azerbaijão foi extremamente positivo, já que a ação inédita da CBJ contemplou a base, os atletas que estão no processo olímpico e técnicos envolvidos no enorme trabalho que visa proporcionar o melhor resultado possível nos Jogos Olímpicos. Os judocas do alto rendimento iniciarão a temporada mais preparados enquanto os mais jovens puderam aprender muita coisa nova.”

a integração da base com a equipe principal, a presença de atletas da Rússia e do Azerbaijão e o conforto das acomodações. “Foi excelente o volume de treino, assim como a iniciativa da CBJ de trazer os técnicos e burilar mais os profissionais, num ambiente doméstico e tranquilo, além dos recursos de vídeo oferecidos. Vamos levar um material muito bom e informações importantíssimas para Belo Horizonte.”

dos e cidades, diminuindo custos. O hotel é excelente e oferece todas as condições”, afirmou Vieira. A avaliação de Expedito Falcão, técnico da campeã olímpica Sarah Menezes, reforça essa impressão. “O técnico que está no dia a dia do atleta pode auxiliar na preparação aqui, não só do seu atleta, mas de toda a equipe brasileira, além de observar a estrutura que a CBJ proporciona para que os judocas fiquem mais confiantes. O que todos nós queremos é um bom resultado nas Olimpíadas.” A técnica da seleção Yuko Fujii também valorizou a participação dos técnicos de clubes e associações. “Nós alinhamos os detalhes, objetivos e metas, mas são eles que trabalham o dia a dia dos atletas. Por isso, acho muito importante que eles tenham contato com pessoas mais experientes, medalhistas olímpicos, como ocorreu aqui.” Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô, ficou particularmente contente com a iniciativa de CBJ de trazer os medalhistas olímpicos para o evento de Pindamonhangaba. “Isso é um incentivo para nossos atletas acreditarem que podem e vão conseguir um excelente resultado nos Jogos Olímpicos Rio 2016, pois todos os esforços estão sendo feitos para que eles alcancem um grande resultado.” Para o dirigente paulista, a visão da CBJ foi extremamente importante para estimular e motivar os técnicos e profissionais dos clubes. “Um treinamento de campo como este, do qual participam diretamente, trocando experiências e aprendendo, é como um prêmio que vão levar para as academias deles. A CBJ está fazendo isso muito bem e certamente continuará fazendo.”

Ineditismo, interação e infraestrutura rendem elogios A excelente estrutura oferecida pelo Hotel Colonial Plaza, em Pindamonhangaba, proporcionou um início de temporada como nunca houve, na avaliação de Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ. Opinião compartilhada pelo Kiko, técnico da Sogipa. “Este hotel fez com que o atleta ficasse isolado, num retiro – come, dorme, treina e se concentra nesta rotina”, disse. Mais enfático foi Geraldo Bernardes, técnico do Instituto Reação: “Nota mil para a CBJ, que demonstrou entender que o atleta é feito nos clubes. A aproximação dos técnicos e profissionais é de extrema importância no que diz respeito à troca de informações. Esperamos que essa abertura para profissionais técnicos que trabalham nos clubes continue”. Floriano de Almeida, técnico do Minas Tênis Clube, destacou como pontos altos

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Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

A aproximação com academias, clubes, projetos e professores, na análise de Douglas Vieira, técnico das seleções de base, foi um tiro certeiro da CBJ. “Eles vêm para cá, trabalham com seus atletas aqui dentro, participam diretamente.” Ele acha que essa integração diminui a distância com a parte técnica da seleção e sai dos contatos por telefone e e-mails para a prática. “É importante trazer não só técnicos e atletas, mas toda a equipe multidisciplinar, para que todos troquem experiências.” O local escolhido foi um elemento facilitador. “Um centro de treinamento a 100 quilômetros de São Paulo é excelente, pois fica no meio do caminho para vários Esta-

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Confederação Brasileira de karatê FAK - Federação Alagoana de Karatê

Presidente Jadgilson T.de Oliveira Av. João Davino, 445 – Sl. 302 - Ed. São João - Maceió – AL karate.fak.alagoas@hotmail.com

FAK - Federação Amapaense de Karatê

Presidente Geyse Arruda Passagem José Barbosa, 115, Infraero 1 - Macapá – AP Tel. (96) 91546025 geysoramos@gmail.com

FAK - Federação Amazonense de Karatê Presidente Washynton Luis Carneiro de Melo Rua Santa Helena, 802 - Betânia - Manaus – AM Tel. (92) 93391407 – 8212-7419 www.fak.org.br

FBK - Federação Baiana de Karatê

Presidente Antônio Carlos Negreiro Praça Castro Alves - Palácio dos Esportes, sala 107 Salvador – BA Tel. (71) 33210083 www.fbk.org.br - fbk@fbk.org.br

FCKDF - Federação Candanga de Karate do Distrito Federal

Presidente: Abdias Cordeiro Dias SRPN – Gin. Cláudio Coutinho Comp. Aquático - Sala AI 12 – Brasília - DF Tel. (61) 3327-1216 www.karatedebrasilia.org.br - fckdfkarate@gmail.com

FCK - Federação Cearense de Karatê

Presidente Luiz Carlos Nascimento Júnior Rua Pedro Rufino, 10 – Varjota - Fortaleza – CE Tel. (85) 32634101 www.karateoficialceara.com.br - karateoficialceara@ uol.com.br

FEK - Federação Espírito-santense de Karatê

Presidente João Espirito Santo Av. João Felipe Calmon, 723 – Centro - Linhares – ES Tel. (27) 99637222 – 33714941 - 32641422 contato@fgk.com.br - fgk@fgk.com.br

FEKAC - Federação de Karatê do Acre

Presidente Joy Braga Cavalcante Rio Branco - AC Tel. (68) 9971-7781 jooybc@gmail.com - rafaellac415@gmail.com www.revistabudo.com.br

FEKAEGO - Federação de Karatê do Estado de Goiás

FKEPA - Federação de Karatê do Estado do Pará

FNK - Federação Norte-rio-grandense de Karatê

FKEM - Federação de Karatê do Estado do Maranhão

FPBK- Federação Paraibana de Karatê

FGK - Federação Gaúcha de Karatê

Presidente Joílson Ferreira Moraes Al. Couto Magalhães, QD.88 Lt.15 - Setor Pedro Ludovico - Goiânia – GO Tel. (62) 3942 6029 - 9619 6217 www.fekaego.com.br - fakaego@hotmail.com

Presidente Joaquim Pedro Almeida Ribeiro Rua das Hortas, 17 – Centro - São Luiz – MA Tel. (98) 88859688 www.budokanma.com.br - budokanma@hotmail.com

Federação de Karatê do Mato Grosso

Presidente Gentil Apolinário de Souza Rua Arnaldo Estevan, 1215 – Centro - Rondonópolis – MT deltakarate@ibest.com.br - karatefkemt@hotmail.com

Federação de Karatê Mato Grosso do Sul Presidente Paulo José Muniz Rua do Touro, 130 – Vila Nhanha (Guanandizão) Campo Grande - MS Tel. (67) 3346-4300 - fkmsoficial@gmail.com - fkms@ brturbo.com.br

FKR - Federação de Karate de Rondônia Presidente: Ronaldo Seráphico Patrício Rua Enrico Caruso, Bairro Aponiã - Porto Velho - RO Tel. (69) 9982-5507 e 8104-8335 www.karaterondonia.com.br federacaokaraterondonia@gmail.com

FEKTO - Federação de Karate do Tocantins

Presidente: Jocivaldo Dias Cardoso QDR 210 S AVE LO 05 - N 16 LT 01 CS 03 – Palmas - TO Tel. (63) 9212-1335 e 8426-1335 www.karate-to.com.br - ftkika@gmail.com

FMK - Federação Mineira de Karatê

Presidente João Carlos Godoy Av. Olegário Maciel, 311 – sala 206 – Centro - Belo Horizonte – MG Tel. (31) 32010114 www.fmk.org.br - minaskarate@bol.com.br

Presidente Pedro Yamaguchi Avenida Almirante Barroso 5.492 - Castanheira Bairro Souza - Belém – PA Tel. (91) 32313049 – 9981-8899 Karatedopara@hotmail.com Presidente José Targino da Silva Filho Av. Liberdade, 4287 – Centro – Bayeux (PB) Tel. (83) 98794-7775 trkarate@hotmail.com

FPRK - Federação Paranaense de Karatê Presidente Aldo Lubes Rua Marechal Deodoro, 51 - sala 810 - Curitiba – PR Tel. (41) 32241059 - 99620187 fprk@fprk.com.br - www.fprk.com.br

FPAK - Federação Pernambucana das Associações de Karatê

Presidente Celso Piaseski Rua Gonçalves Dias, 700 - Ginásio da Ginástica - Porto Alegre – RS Tel.(51) 32316670 - contato@fgk.com.br - www.fgk. com.br

FRK - Federação Roraimense de Karatê

Presidente Oberlan Jones Avenida Getúlio Vargas, 7155 - São Vicente - Boa Vista – RR - 69303-472 Tel. (95) 36264677 - 91190320 - 81005808 karate.frk@gmail.com - oberlanj@gmail.com

FCK - Federação Catarinense de Karatê

Presidente Ivomar Youn Recife (PE) Tel: (81) 30199830 fpakpresidente@gmail.com

FKEPI - Federação de Karatê do Estado do Piauí

Presidente João Soares Alencar Neto – Teresina (PI) Rua Walfram Batista, 444 - Bairro São João Tel. (86) 99808-0195 / 98845-5537 karatedopiaui@hotmail.com - joaosalencar@hotmail.com

FKERJ - Federação de Karatê do Estado do Rio de Janeiro Presidente Juarez Silva dos Santos Rua Garibaldi s/n - Centro - Duque de Caxias – RJ Tel. (21) 3842-4429 – 3248-3455 - 3046-8713 www.fkerj.org - secretaria@fkerj.com.br

Presidente Márcio Oliveira Lima Rua Antônio Farache, 1854 - A - 201 - Bairro Capim Macio - Natal – RN Tel. (84) 8813-4883 – 9698-7234 www.fnk.org.br - marciolima@supercabo.com.br

Presidente Durci da S. Nascimento Rua Bateias, 701 – Bairro Fátima - Joinville – SC Tel. (47) 3028-3926 – 3028-3946 - 9974 6148 9111 0603 www.fckarate.com.br - akan.durci@gmail.com

FPK - Federação Paulista de Karatê Presidente José Carlos de Oliveira Rua dos Estudantes, 74 sala 45 - São Paulo – SP Tel. (11) 38879880 - 38876493 www.fpk.com.br - karatefpk@uol.com.br

FSK - Federação Sergipana de Karatê Presidente Cristóvão José Bittencourt da Silva Av. Francisco José da Fonseca, 418 - Aracajú - SE Tel. (79) 32512957 – 99622938 fsergipekarate@yahoo.com.br

Confederação Brasileira de Karatê

Presidente Luiz Carlos Cardoso do Nascimento Sede Rua Pedro Rufino, 40 Sala A Varjota – Fortaleza CE - 60175-100 Fones (85) 3048-6855 / 9792-3451 / 8883-9257 cbkarate.blogspot.com.br - karatecbk@uol.com.br Revista Budô número 17 / 2016 111 www.karatedobrasil.org.br


Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

Focando Jogos de Tóquio 2020, comitiva do Japão visita Federação Paulista de Karatê

Pedro Oshiro entrega homenagem a Masayuki Shimizu

José Carlos entrega placa a Masami Kubo José Carlos de Oliveira e Masami Kubo selam acordo de cooperação mútua nos Jogos Tóquio 2020 POR

Paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

Delegação japonesa foi a São Paulo convidar o karatê do Brasil para fazer a aclimatação para os Jogos Olímpicos de 2020 na província de Saitama.

O

dia 19 de janeiro será um marco para todos os karatecas brasileiros que sonham ver a modalidade inserida no programa olímpico, já que nesta data surgiu um forte indício de que muito em breve a arte das mãos vazias gozará de status olímpico. No encontro promovido pelo departamento de Esportes da Província de Saitama, Prefeitura de Saitama e Federação Paulista de Karatê (FPK), foi dado o pontapé inicial para estreitar os laços entre o karatê brasileiro e a província situada ao Norte de Tóquio, na região Centro-Oeste de Kanto.

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A comitiva nipônica estava composta por Masami Kubo, diretor executivo do Departamento de Esportes da Província de Saitama; Masayuki Shimizu, diretor administrativo da Divisão Olímpica e Paralímpica da Prefeitura de Saitama; Yuhei Sato, gerente sênior do Grupo Olímpico e Paralímpico da Prefeitura de Saitama; Noriko Fujino, gerente do Grupo Olímpico e Paralímpico da Prefeitura de Saitama; Ritsuko Koike, promotora JTB da Região de Kanto; e Masayuki Hirano, gerente de marketing da Dentsu. Os visitantes do país do sol nascente foram recebidos por José Carlos de Oliveira, presidente da FPK; Pedro Oshiro, vice-presidente da FPK;

Koji Takamatsu entrega homenagem a Noriko Fujino

Carlos Tsutiya entrega homenagem a Yoshiyuki Kitazawa

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Koji Takamatsu entrega homenagem a Yuhei Sato

José Carlos entrega placa a Ritsuko Koike

José Carlos entrega placa a Masayuki Hirano

Koji Takamatsu, hanshi shihan 9º dan, presidente da Wado-ryu Karatê-Dô Renmei do Brasil; Carlos Magno, treinador da seleção paulista; Carlos Tsutiya, diretor de graduação da FPK; e Sérgio Takamatsu, diretor do departamento de Projetos Sociais da FPK. Masami Kubo explicou que os japoneses vieram ao Brasil conhecer o trabalho que está sendo realizado para os Jogos Olímpicos. “Estivemos no Rio de Janeiro e participamos de alguns eventos teste, porque nós vamos sediar quatro modalidades dos jogos de 2020. Além disso, viemos apresentar as instalações que preparamos para receber as delegações que queiram fazer aclimatação para os Jogos de 2020, em Saitama. Fizemos questão de conhecer o trabalho da FPK, mas jamais poderíamos imaginar que só no Estado de São Paulo existissem tantos karatecas. Isso é um indicativo de que o karatê é muito popular no Brasil.” Kubo completou falando sobre as modalidades que participarão dos Jogos de Tóquio. “Até o fim do ano passado, 28 modalidades olímpicas já estavam confirmadas na competição. Além dos esportes definidos, mais cinco deverão ser anunciadas na competição: softbol, beisebol, surf, escalada e karatê. Para nós o beisebol e o karatê são as modalidades que mais nos agradam entre as cinco indicadas, mas acreditamos que as cinco serão anunciadas ainda nos Jogos Rio 2016.” José Carlos expôs aos visitantes que, além de abrigar o maior contingente de karatecas do Brasil, a cidade e o Estado de São Paulo possuem o maior número de projetos socioesportivos fundamentados na prática

do karatê. “A inclusão da modalidade no programa olímpico certamente fará com que o número de crianças atendidas aumente significativamente”, disse. O dirigente paulista concluiu comemorando a boa notícia proferida pelo diretor executivo do Departamento de Esportes da Província de Saitama. “A informação de que as cinco modalidades citadas por Masami Kubo deverão ser anunciadas este ano, durante os Jogos Olímpicos do Rio, é motivo de muita alegria. Todos os praticantes acreditam na participação do karatê nos Jogos de Tóquio, já que o Japão é o berço de nossa modalidade. Agora só nos resta esperar e torcer para que isso realmente aconteça.” O dirigente japonês finalizou desejando enorme sucesso ao Brasil na realização dos Jogos Rio 2016. “Todos nós estamos torcendo pela inclusão do karatê no programa olímpico e desde já estamos à espera da delegação do karatê brasileiro em Saitama, para fazer a aclimatação dos Jogos de 2020.” José Carlos despediu-se agradecendo a visita da comitiva nipônica. “Para nós foi uma honra enorme recebê-los e principalmente saber que nossa modalidade já está com um pé nos Jogos de Tóquio 2020. Esperamos vê-los em breve na cidade de Saitama, onde o karatê do Brasil vai preparar-se para a estreia nos Jogos Olímpicos.” Em nome da Prefeitura de Saitama, Masami Kubo presenteou José Carlos com artigos típicos de sua província, e a Federação Paulista presenteou os membros da comitiva japonesa com placas alusivas ao encontro histórico.

Membros da FPK e da comitiva japonesa posam para foto

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COTIDIANO

CBJ prestigia ação do consulado japonês em projeto social no Rio de Janeiro Marcelo Theotônio, gestor das equipes de base, representou a Confederação Brasileira na entrega simbólica de tatamis ao projeto da Polícia Militar.

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om o apoio do Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a Federação Japonesa de Judô (All Japan Judo Federation) entregou no dia 6 de março 80 tatamis, 100 kimonos e 50 faixas a alunos do projeto social na UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão. Os tatamis são peças seminovas que eram usadas no sagrado dojô do Instituto Kodokan de Tóquio, berço do judô de Jigoro Kano no Japão. O evento contou com a presença de Tsuyoshi Yamamoto, cônsul-geral do Japão no Rio de Janeiro; autoridades dos consulados da Itália, Suíça e Japão; do coronel André Silva de Mendonça, coordenador de Polícia

POR

IMPRENSA/CBJ I Fotos divulgação

Pacificadora; e Marcelo Theotônio, gestor das categorias de base, representante da CBJ na cerimônia. “É um privilégio para essas crianças terem acesso a equipamentos de primeira para a prática do judô. Em nome da Confederação Brasileira de Judô, agradeço o apoio e a Marcelo Theotônio e Kosei Inoue, durante a cerimônia de entrega dos tatamis parceria do Japão no fomento do judô aqui em nosso País”, disse dedica a fazer um bom trabalho, as portas Marcelo Theotônio. se abrem. Sei dos desafios e das dificulO encontro foi dades que vocês enfrentam, eu também prestigiado também passei por isso. Mas tenho certeza de que por um dos maiores todos aqui formam uma família, vocês denomes do judô munvem sempre apoiar uns aos outros. Isso é o dial, o técnico da seque nos torna pessoas melhores e, conseleção masculina de quentemente, atletas de qualidade”, disse judô do Japão, sensei o campeão olímpico. Kosei Inoue, que minisA ação inédita no Rio de Janeiro faz trou uma breve clínica parte do projeto Sport for Tomorrow, do caminho suave às criado pelo governo do Japão para esticrianças e passou almular a cooperação e o intercâmbio enguns ensinamentos aos tre países durante o ciclo olímpico para jovens judocas. 2020, quando os jogos serão realizados “Quando a gente se em Tóquio.

O campeão olímpico Kosei Inoue na apresentação feita no evento Alunos do projeto social na UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão, com dirigentes e autoridades

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GRAND PRIX DE DUSSELDORF

A peso-pesado brasileira derrotou duas chinesas líderes do ranking mundial para conquistar seu primeiro ouro da temporada olímpica.

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POR

m dia perfeito, a peso-pesado brasileira Maria Suelen Altheman subiu ao lugar mais alto do pódio no Grand Prix de Dusseldorf, na Alemanha, no dia 21 de fevereiro. Para alcançar seu primeiro ouro no ano olímpico, a judoca não tomou conhecimento das “muralhas chinesas”, Sisi Ma, na semifinal, e Song Yu, na final, derrotando ambas por ippon. Vitórias maiúsculas sobre as atuais líderes do ranking mundial que garantiram mais 300 pontos para a brasileira na corrida por uma vaga olímpica. O caminho de Maria Suelen começou com duas vitórias em sequência, por ippon,

IMPRENSA/CBJ I Fotos © IJF Media by G. SABAU

contra a mongol Javzmaa Odkhuu e a alemã Jasmin Kuelbs. Nas quartas-de-final, a brasileira conseguiu um yuko contra Lucie Kanning, da França, e avançou às semifinais, para um combate duro contra a vice-líder do ranking mundial, Sisi Ma. Num contragolpe, Suelen conseguiu o ippon e se garantiu na grande final, sua primeira desde que retornou de lesão sofrida na decisão do mundial de 2014. Na disputa pelo ouro contra Song Yu, atual campeã mundial, a brasileira conseguiu a queda, completou com transição impecável para o solo e imobilizou a chinesa até o ippon.

Além dela, outros três brasileiros lutaram no mesmo dia, mas não chegaram às disputas por medalha. Tiago Camilo (90kg) venceu a primeira luta por ippon contra Dmitri Gerasimenko, da Sérvia, mas não passou pelo mongol Altanbagana Gantulga e se despediu da competição nas oitavas-de-final. Rafael Buzacarini (100kg) e Rafael Silva (+100kg) também não passaram das oitavas. O meio-pesado venceu Grigori Minaskim, da Estônia, mas não superou o russo Adlan Bisultanov. Baby foi melhor que Yerzhan Shynkeyev, do Cazaquistão, mas foi derrotado pelo cubano Alex Garcia Mendoza por apenas uma punição.

Suelen vibrou e comemorou muito cada vitória obtida em Dusseldorf

O pódio do +78kg, com Maria Suelen mordendo seu primeiro ouro da temporada

Na final Suelen venceu Song Yu, atual campeã mundial, no osae-komi

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Na semifinal a judoca paulista usou e abusou do seu ashi-waza para vencer a chinesa Sisi Ma

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C AMPEONATO PAULISTA ASPIRANTE

Paulista Aspirante recebe número cada vez mais expressivo de atletas Com mais de 900 judocas inscritos, competição realizada em Mauá apresentou excelente dinâmica e a Federação Paulista de Judô fecha temporada com chave de ouro.

C

POR

Paulo Pinto I Fotos MARCELO LOPES / FPJ

om o apoio da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude e Prefeitura de Mauá, a Federação Paulista de Judô realizou a fase final do Campeonato Paulista Aspirante no dia 17 de outubro, no Ginásio Celso Daniel, em Mauá. Abrangendo as classes sub 09, sub 15, sub 18 e adulto do masculino e feminino, a competi-

Unindo crianças dos 9 anos até o adulto, o Campeonato Paulista Aspirante tem um formato diferente que remete seus participantes ao que era feito no passado, proporcionando à competição que é muito mais demorada, um congraçamento gigantesco

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ção reuniu 900 judocas aproximadamente e foi realizada em 12 áreas de disputa montadas especialmente para suprir a grande demanda de judocas na competição. Para chegar à fase final os atletas tiveram de superar adversários nas fases regionais realizadas nas 16 delegacias do judô paulista, para depois disputarem a fase inter-regional realizada em cinco DRJs do Estado. Diversas autoridades esportivas e políticas participaram da cerimônia de abertura, entre elas Edson Moriconi, coordenador de Esportes de Mauá; Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ; Alessandro Puglia, presidente da FPJ; José Jantália, vice-presidente da FPJ; Adib Bittar Dib, coordenador financeiro da FPJ; Luís Alberto dos Santos, coordenador de cursos da FPF; Leonardo Yamada, vice-presidente do Tribunal Desportivo da FPJ; e os delegados regionais Takeshi Yokoti, Joji Kimura, André Gustavo Costa, Wilmar Terumiti Shiraga, Argeu Maurício de Oliveira, Akira Hanawa, Osmar Aparecido Feltrim e Jiro Aoyama. Alessandro Panitz Puglia agradeceu o comprometimento de todos os professores paulistas. “Parabenizo os professores das 16 DRJs, já que esse evento só aconteceu porque todos se comprometeram e fizeram um bom trabalho durante a temporada, e o resultado está aí. Estamos felizes porque recebemos pouco mais de 900 atletas e estabelecemos novo recorde nesta competição. Estes números mostram a força e o comprometimento do Estado de São Paulo com o judô”, comemorou o dirigente. José Jantália destacou a qualidade da Arena Celso Daniel. “Mais uma vez a cidade de Mauá

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Mesa de autoridades

Como sempre acontece, em seu pronunciamento Francisco de Carvalho lembrou a responsabilidade que cada professor possui no sentido do judô ser utilizado como ferramenta de transformação social

Francisco de Carvalho com o professor kodansha Isaburo Suto, o mais antigo sensei de judô na linda Estância Turística de Paraguaçu Paulista

recepcionou a comunidade judoísta do Estado de São Paulo. Para muitos a distância é enorme, mas as estradas para cá propiciam acesso fantástico. Todavia, o conforto, o espaço e as condições que o ginásio oferece aos atletas e seus familiares compensam nosso esforço. Este é um grande ginásio que oferece excelente condição de trabalho a todos. A competição ocorreu de forma dinâmica e com ela estamos fechando o ano com chave de ouro”, disse o vice-presidente da FPJ. Representando a classe dos técnicos, Danusa Shira Bittencourt destacou o número expressivo de atletas inscritos. “Fico feliz pelo número significativo de praticantes que o judô possui em nosso Estado e, principalmente, por vir a uma final do Campeonato Estadual Aspirante e ver tanta gente nova inscrita para lutar. Cresci nos tatamis e além de achar tudo isso muito bacana, percebo que o judô paulista pulsa cada vez mais forte. A disputa foi realizada em 12 áreas e o nível técnico foi muito bom. Vimos também um número expressivo de professores capacitados e comprometidos que formam a base técnica do judô paulista. São todos estes ingredientes que geram a força e a consistência que o judô do nosso Estado possui. Participar de uma competição tão bem organizada e ver tantos profissionais empenhados no desenvolvimento técnico dessa molecada me deixa realmente feliz. Estou certa de que esta nova geração sai daqui motivada e vislumbrando um caminho promissor a ser trilhado”, disse a técnica da seleção brasileira de base e da SEDUC Praia Grande.

Presenças marcantes

Quase mil judocas da classe aspirante foram à Mauá em busca de intercâmbio e maior conhecimento técnico

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Por revelar novos talentos, o Paulista Aspirante tornou-se uma das competições com maior relevância do judô bandeirante, o que faz com que um grande número de professores kodanshas compareça ao certame. Nesta edição a competição contou com a presença dos seguintes professores: Paulo Roberto Duarte de Almeida, Valdir Melero, Massanori Yanaguimori, Kanefumi Ura, Paulo Graça, Zenia Morimasa, Luís Alberto dos Santos, Rubens Massashi Nakazawa, Jiro Aoyama, Mercival Daminelli, Nélson Hirotoshi Onmura, Antônio Honorato de Jesus, Ivo Vieira Nascimento, Harley Barbosa Gonçalves do Amaral, Isaburo Suto, Milton Ribeiro Correa, Pedro Jovita Diniz, Rodrigo Guimarães Motta, Sérgio Luís Bim, Gerardo Siciliano, Alcides Camargo, Paulino Tohoru Namie, Rioiti Uchida, Hissato Yamamoto, Rubens Pereira, Wagner Vettorazzi, Belmiro Boaventura da Silva, Tsutomu Nitsuma, Sérgio Ferrante, Orlando Sator Hirakawa, Francisco de Carvalho Filho, Alessandro Puglia, Takeshi Yokoti, Wilmar Terumiti Shiraga e Osmar Aparecido Feltrim. Revista Budô número 17 / 2016

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cotidiano

Paulo Wanderley

recebe título de Cidadão Bastense

Presidente da Confederação Brasileira de Judô é homenageado pelas suas realizações e conquistas à frente do judô nacional e continental

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POR

paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

o dia 18 de janeiro, a pacata cidade de Bastos (SP) roubou a atenção do judô nacional ao premiar a trajetória de Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), um dos maiores gestores do desporto nacional na atualidade. Por meio do decreto legislativo 04/2015, aprovado por unanimidade e sancionado em 7 de dezembro de 2015 pela Câmara Municipal

de Bastos, o dirigente máximo do judô brasileiro recebeu o título de Cidadão Bastense em reconhecimento aos serviços prestados à sociedade e à relevante e significativa atuação no comando da CBJ e da Confederação Pan-Americana de Judô (CPJ). A cerimônia de outorga realizou-se na abertura do shotyugeiko (treinamento de verão) 2016, promovido pela Associação de Judô Bastos (AJB). O tradicional encontro de judocas

Uichiro Umakakeba e Paulo Wanderley

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é capitaneado pelo professor kodansha Uichiro Umakakeba, e está em sua quadragésima edição. Além de ser a capital nacional do ovo, a cidade de Bastos é considerada um dos maiores celeiros do judô do Brasil devido à consistência do trabalho desenvolvido pelo sensei Umakakeba e outros que o antecederam na formação de atletas e professores para a modalidade. Várias autoridades esportivas e políticas participaram da solenidade, entre as quais Virgínia Fernandes, prefeita de Bastos; Patrocínio Monteiro, presidente da Câmara Municipal de Bastos; Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ; Francisco de Carvalho Filho; vice-presidente da CBJ; Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô (FPJ); Raul Senra, delegado regional da 4ª DRJ; Elizabeth Penedo, secretária de Esportes e Lazer de Bastos; Edison Motoharu Yoshikawa, empresário e um dos principais apoiadores do projeto de fundação da AJB; Chiaki Ishii, medalhista olímpico; Max Trombini, diretor de marketing da AJB; Teruo Nakamura, professor kodansha da ASERT de Tupã; Kanefumi Ura, professor kodansha da ACEP de Pompeia; e Uichiro Umakakeba, professor kodansha anfitrião do evento. Após cumprimentar autoridades e esportistas, Paulo Wanderley, falou sobre o significado da homenagem. “É com muita alegria que recebo esta honraria e em nome de Patrocínio Monteiro Filho, presidente da Câmara Municipal de Bastos, faço um agradecimento especial a toda a comunidade bastense. Este título é motivo de muito orgulho e lembro que no dia e na hora em foi aprovado na Câmara Municipal, eu estava num hospital fazendo uma cirurgia – e hoje estou aqui com todos vocês, vivendo esta grande emoção.” Saudando Chiaki Ishii, o dirigente prometeu que o Brasil marcará presença no pódio no Rio 2016. “Aos jovens que aqui vieram em busca de conhecimento e crescimento técnico, lembro que entre nós está o grande Chiaki Ishii, nosso primeiro medalhista olímpico que, em 1972, em Munique, abriu as portas para tantas medalhas olímpicas do judô brasileiro. Desde 1984 o judô é a única modalidade que obteve medalhas para o Brasil em todas as edições dos Jogos Olímpicos. Lembro que estamos a exatos 200 dias da abertura do Rio 2016, e todo o his-

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Juntos, professores, autoridades e praticantes posam para foto histórica

Esta edição do shotyugeiko recebeu 276 judocas de todas as macrorregiões do País

Patrocínio Monteiro, Paulo Wanderley e Virgínia Fernandes

Autoridades esportivas e políticas durante a execução do Hino Nacional

Patrocínio Monteiro, Virgínia Fernandes, Uichiro Umakakeba, Paulo Wanderley e Max Trombini

Os professores kodanshas Raul Senra Bisneto, Francisco de Carvalho Filho, Teruo Nakamura, Chiaki Ishii e Alessandro Panitz Puglia

tórico que possuímos, adicionado ao trabalho que está sendo desenvolvido, nos faz crer que o judô estará no pódio mais uma vez”, disse Paulo Wanderley.” O mais novo cidadão bastense finalizou www.revistabudo.com.br

lembrando a importância dos atletas na hierarquia da modalidade. “Queria dizer aos 276 judocas inscritos nesta edição do shotyugeiko da Associação de Bastos que aqui estão representantes de toda a escala hierárquica na

administração do judô nacional. O presidente e vice-presidente da CBJ, o presidente da FPJ, o delegado regional da Alta Paulista, inúmeros professores formadores e vocês, que representam a gigantesca classe de praticantes e atletas de nossa modalidade. Todos nós estamos sendo recepcionados pela prefeita Virgínia Fernandes e o vereador Patrocínio Monteiro, mas na verdade vocês são os verdadeiros protagonistas dessa festa. Há muitos anos queria vir a Bastos para conhecer de perto o trabalho realizado pelo sensei Umakakeba e sua equipe. Finalmente estou aqui hoje, por causa de vocês. Na verdade vocês são a maior motivação para estarmos nesta cidade e à frente de uma entidade que desde 1972 escreve uma história de glórias e conquistas, que resultou em 19 medalhas olímpicas, fazendo do judô o esporte com o maior número de medalhas conquistadas para o Brasil.” Virgínia Fernandes, prefeita de Bastos falou da alegria por homenagear um grande esportista. “Esta festa é razão de grade orgulho para toda a população de Bastos, pois o judô esta arraigado em nossa cultura. O caminho suave é a bandeira de nossa cidade e, conhecendo a força e a consistência do trabalho desenvolvido pelo professor Paulo Wanderley ao longo de sua trajetória na modalidade, nós não poderíamos deixar de reverenciar sua gestão e prestar homenagem a um dirigente diferenciado que colocou o judô no topo das modalidades olímpicas do Brasil. Hoje a cidade de Bastos está orgulhosa por ter entre seus munícipes um dos maiores esportistas no nosso País.” Francisco de Carvalho enalteceu um trabalho que Paulo Wanderley iniciou do zero e se tornou exemplo de gestão. “Fico muito feliz por saber que mesmo com todos os compromissos nacionais e internacionais que acumula você saiu de Maceió para vir a Bastos conhecer o trabalho desenvolvido em uma cidade pequena em tamanho, mas grande na produção de atletas para o nosso País. Fico mais feliz ainda por você se tornar cidadão de Bastos, já que isso vem coroar o trabalho que você faz na Confederação Brasileira. Você veio receber a gratidão do povo de Bastos e principalmente da base do judô de nosso Estado, pelo trabalho que desenvolve na CBJ. Um trabalho que você iniciou do zero e alçou ao mais alto nível entre as modalidades de rendimento do Brasil. Fico feliz por termos você como presidente, como companheiro e nosso dirigente. A partir de agora você tem uma nova responsabilidade com o judô de base, pois é isso que você fez em Bastos, dando o exemplo importante, investindo na iniciação. Desejo que Deus o ilumine e que possa viver muitos anos para poder continuar produzindo para toda a comunidade do judô nacional.” Revista Budô número 17 / 2016

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KODANSHAS DO BRASIL

A volta por

cima

Se alguém dissesse, 15 anos atrás, que o ex-técnico da seleção brasileira de judô levaria a equipe de uma comunidade carente ao ponto mais alto do pódio de um certame nacional, ninguém acreditaria. POR

PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS

A

fastado da seleção após 21 anos treinando os melhores judocas do País, e tê-los ajudado a trazer seis medalhas em quatro Olimpíadas, Geraldo Bernardes volta ao topo. Do que parecia ser apenas uma ação humanitária, abraçada por satisfação pessoal ou para não se afastar dos tatamis, esse pernambucano de 74 anos fez brotar atletas para o alto rendimento, revelou a campeã mundial Rafaela Silva e superou agremiações tradicionais como Clube Pinheiros e Minas Tênis Clube para colocar o Instituto Reação no alto do pódio do Grand Prix Nacional Feminino por Equipes. Não se trata de uma conquista individual, claro, atletas conceituados como Flávio Canto e Eduardo Soares, entre outros colaboradores, dão suporte ao trabalho comunitário que colocou o subúrbio carioca em pé de igualdade com as melhores academias. Mas sua capacidade de descobrir e alimentar o que há de melhor nos jovens é inegável. Tanto que recentemente voltou a ser convidado para ser técnico num desafio internacional promovido pela CBJ. Embora se declare disponível para outros chamados semelhantes, Bernardes tem certeza de ter encontrado seu lugar. “Conquistas esportivas são como páginas viradas, glórias passageiras. Mas tudo ficou pequeno diante do que faço hoje, que é transformar pessoas que tinham poucas perspectivas em campeãs no esporte e na vida”, diz. Nesta entrevista, o homem que não se deixou abater nem quando teve de colocar quatro pontes safenas e duas mamarias mostra que está feliz e que cair e levantar faz parte da vida, principalmente de quem viveu toda uma vida sobre os tatamis.

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O professor kodansha 9º dan, Geraldo Bernardes

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do velho campeão Quando e onde começou sua caminhada no judô? Eu comecei no judô com 15 anos, na Academia Suburbana de Judô, com o professor Teófanes Mesquita. Tornei-me faixa preta em 1963 e hoje sou 9° dan; recebi o kyu-dan no ano passado.

delegação brasileira. Em 1992 eu fui a Barcelona, e Rogério Sampaio foi campeão olímpico. Em 1996, em Atlanta, o Aurélio Miguel e o Henrique Guimarães foram bronze. Minha última participação foi em 2000, em Sidney, na qual Tiago Camilo e Carlos Honorato foram medalha de prata.

do prejuízo sempre – sem reclamação ou divagação, era objetivo o tempo todo. Outra medalha que me deu muito orgulho e alegria, embora eu não estivesse em Atenas, foi a de Flávio Canto, que começou o judô comigo. Pena não estar com ele no shiai-jo naquela hora.

Como foi sua trajetória até chegar a técnico? Comecei a fazer judô porque eu brigava muito na rua e queria aprender a brigar melhor. Para minha surpresa, o judô me fez canalizar toda aquela agressividade para o esporte. Logo comecei a participar de campeonatos, fui campeão carioca algumas vezes e cheguei a ser vice-campeão brasileiro. Depois de algum tempo comecei a dar aula de judô no Esporte Clube Mackenzie, no Rio de Janeiro, e tive bom desempenho, levando o Mackenzie ser campeão carioca e tricampeão por equipes do Torneio Benemérito de Judô, em São Paulo. Em 1973 iniciei minha carreira de treinador na Universidade Gama Filho, e em 1975 comecei a cursar educação física; a formatura foi na Universidade de Graz, na Áustria. De lá fui para o Japão, onde fiquei alguns meses.

Como encarou a saída da seleção? Foi muito ruim para alguém que estava há 21 anos no cargo, acumulando conquistas e medalhas. Só me disseram: “Sai”.

Qual foi sua maior alegria no judô, aquela que o fez chorar de verdade? Eu chorei em todas, sempre fui um velho babão. Fui técnico da maior parte dos atletas que são famosos hoje em dia, como Tiago Camilo e João Derly no campeonato mundial estudantil na Rússia; Rogério Sampaio, no pan-americano em que meu filho Gláucio Bernardes foi campeão; Aurélio Miguel. Na seleção trabalhei com cinco gerações de atletas – Júlio César Avelino, Adelmo Fernandes Batista, César Cruz, Adolfo Cruz, Júlio Lapa e tantos outros que não dá para enumerar. Fui eu que coloquei a irmã da Rafaela Silva, a Raquel, na seleção. Mas não fui professor de todos eles. Professor é aquele que encaminha o judoca desde o início; quando ele chega à seleção, eu sou o técnico, mas não professor dele. Muita gente confunde isso.

Como chegou à seleção brasileira? Em 1979, fui convidado para ser técnico do Brasil no campeonato mundial em Paris, no qual Walter Carmona foi o primeiro brasileiro nato a ganhar uma medalha (bronze) em torneios mundiais. Em 1980 treinei parte dos atletas para as Olimpíadas de Moscou; mas, por um problema político, eu não fui e saí fora da seleção. Em 1984, Sérgio Adib Bahi e Joaquim Mamede disputavam a CBJ, cada um preferindo um técnico para a seleção: eu ou o professor João Gonçalves. No fim eles fizeram um acordo e o professor Massao Shinohara foi o treinador dos atletas nos jogos de Los Angeles. Como foi sua trajetória nas Olimpíadas? Em 1988, fui pela primeira vez a uma Olimpíada, em Seul, na qual Aurélio Miguel ganhou a única medalha de ouro de toda a www.revistabudo.com.br

Hoje há atletas meus, verdadeiramente formados por mim, na seleção olímpica. E entendo que esta seja também uma forma de contribuição ao judô do Brasil.

Qual das medalhas olímpicas teve maior significado? As seis tiveram o mesmo significado, tanto faz se foram de ouro, prata ou bronze. Toda medalha olímpica é espetacular e emblemática. Umas conquistadas com mais técnica, outras com mais garra, mas a emoção é sempre a mesma. Destacar esta ou aquela seria até desonesto em relação aos atletas que eu dirigi nas competições. A primeira medalha de ouro que o Brasil conquistou nas Olimpíadas deu uma satisfação especial. Até hoje eu digo que Aurélio Miguel foi um dos maiores atletas que o País já teve. Guerreiro na acepção da palavra, corria atrás

Como foi a passagem da seleção para um programa social? Em vez de vestir um pijama, ficar chateado e falar mal dos outros, continuei minha vida. Foi o doutor Carlos Azevedo, do qual eu era personal trainer, que me convidou para um projeto comunitário em Jacarepaguá, perto da Cidade de Deus. O projeto teve o nome inicial de Judô Comunitário Geraldo Bernardes Body Planet, referência à Academia Body Planet. E assim comecei a trabalhar com as crianças. Muitas pessoas do Rio de Janeiro ficaram espantadas. Ouvi até gozações por estar trabalhando com menores pobres da favela depois de 21 anos na seleção brasileira de judô Isso o incomodava? Eu só dizia: um dia vocês vão ficar roucos de tanto falar meu nome. Isso aconteceu três Revista Budô número 17 / 2016

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KODANSHAS DO BRASIL

Velhos amigos dos tatamis Geraldo Bernardes e Paulo Pinto, editor da revista Budô em Pindamonhangaba

anos depois, quando o projeto comunitário foi bicampeão de base. Em 2003, Flávio Canto, que era meu aluno e tinha trabalhado na Rocinha em 2000, junto com o Eduardo Soares, outro aluno que estava fazendo um trabalho comunitário na Pequena Cruzada, além de outras pessoas amigas, percebemos que estávamos todos caminhando na mesma direção. E assim surgiu o Instituto Reação, no qual hoje coordeno o Reação Olímpica e o polo da Cidade de Deus.

A equipe do Brasil não fazia chão, e quando fomos ao Japão, em 1980, vários atletas brasileiros foram estrangulados nos combates e perderam facilmente no chão para os japoneses. Então, o professor Mamede nos autorizou a ficar 42 dias lá, e nós tínhamos três horas de aulas de chão todos os dias. Foi a partir daí que houve um boom do chão no judô. Eu também sou faixa preta de jiu-jitsu, sempre gostei de chão, e na época do Clube Marapendi todos os meus alunos treinavam chão duas vezes por semana. Quando o Flávio decidiu fazer chão, passou a percorrer todas as academias de jiu-jitsu da Barra da Tijuca, na ânsia de aprender tudo depressa. Entrou no campeonato de jiu-jitsu e venceu; entrou no brasileiro e foi campeão de novo; e a partir daí todos os lutadores de jiu-jitsu passaram a respeitá-lo.

O Flávio tinha como preparador físico Paulo Caruso, que foi meu aluno na faculdade e é um exímio lutador de chão. Caruso foi uma das pessoas que o ajudaram bastante. Recentemente você voltou a ser chamado para o cargo de técnico. Como foi esta experiência? Na verdade, me convidaram para ser técnico em um desafio internacional. O bom dessa experiência foi sentir de novo o gostinho de sentar na cadeira. Hoje eu tenho meus projetos e não posso abandoná-los por nada, da mesma forma que a seleção brasileira vive outro momento, outra realidade. Mas toda vez que puder ajudar estarei à disposição. Foi uma experiência agradável e uma forma de reconhecimento do meu trabalho. Hoje há atletas meus, verdadeiraGeraldo Bernardes com sua menina de ouro Rafaela Silva, durante o Treinamento de Campo Internacional realizado em Pindamonhangaba (SP)

Qual foi sua maior conquista no judô? Eu busco sempre coisa nova. Então, procuro continuar meu trabalho comunitário. Uma coisa que Deus me deu, que me beneficiou muito e foi importante na minha vida, é esse projeto. Passei a ver a pessoa não só como campeãs de judô, mas como campeãs da vida. Quando tiro um garoto do tráfico, tiro um garoto do crime para que ele evolua socialmente, isso para mim é a maior recompensa. É a maior medalha de ouro que recebo a cada dia. É uma das coisas que eu aprendi muito nesse projeto. E aprendi com o Flávio, que foi um garoto de condições, bonitão, mas sempre preocupado com o social. Ele deixava de treinar por causa disso, e eu o criticava. Minha prioridade era o treino. Agora sei que, no mesmo momento em eu que era professor de judô do Flávio, o Flávio foi meu professor de questões sociais e humanitárias, de ajudar verdadeiramente o próximo. Por falar nisso, o Flávio Canto fazia jiujitsu e virou judoca? Ao contrário. O Flávio detestava o chão. Ne -waza nunca foi à praia dele.

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mente formados por mim, na seleção olímpica. E entendo que esta seja também uma forma de contribuição ao judô do Brasil. Quais são seus planos para daqui para frente? Planejo o sucesso do Reação, que já é uma realidade. Nosso trabalho foi objeto de reportagem recentemente no New York Times, um dos maiores jornais do mundo. Nós somos reconhecidos pela Unesco, então, eu acho que no judô estamos muito bem e podemos ficar melhores. Procuro motivar as pessoas que hoje estão aptas a continuarem esse trabalho amanhã. O judô social é o caminho do alto rendimento daqui por diante? Em todos os esportes estamos vendo a inclusão de pessoas vindas das classes mais pobres. É do esporte da comunidade que saem os atletas do alto rendimento, desde que tenham talento, consigam superar-se e acreditar neles mesmos. O esporte de alto rendimento exige sacrifício e o pessoal das comunidades sabe o que é enfrentar dificuldades. Acho que o Brasil deveria ter muito esporte e áreas de lazer para no futuro ser uma potência mundial. A Rafaela Silva é um fenômeno social? A Rafaela é um fenômeno em tudo. Começou comigo aos 8 anos, vinda de uma comunidade carente. Era muito agressiva, mas dotada de coordenação, habilidade e inteligência peculiares. Prometi que um dia iria colocá-la na seleção brasileira, e consegui. Ela tinha uma atitude natural de querer se impor e é muito importante quando se www.revistabudo.com.br

consegue canalizar isso para o judô. Mas precisava de ajuda, e nós demos – tanto financeira quanto psicológica e alimentar. Rafaela é um produto do projeto social do Instituto Reação, que é dirigido pelo Flávio Canto, e sinto que meu também por conviver muito tempo com ela. Se o esporte é a salvação da comunidade, a comunidade também é a salvação do esporte? Os dois correm paralelamente. Se não houver a carência, não se supre a necessidade do esporte, e se não houver esporte não existe uma mudança social. Esporte e educação são ferramentas fundamentais, pois o esporte não dura para sempre e o jovem precisa de uma formação para dar continuidade a sua vida. Esse vai ser o legado deixado pelas Olimpíadas, as instalações que poderemos utilizar para oferecer às comunidades o desenvolvimento do esporte. Mas as instalações não serão o único legado, certo? Isso. As instalações são um tipo de investimento, mas o governo precisa investir também em equipamentos para que as comunidades possam fazer o uso do esporte. Qual sua expectativa para os Jogos Rio 2016? Eu acho que tem medalha. O Brasil está fazendo um bom trabalho em nível internacional. Penso que a gestão de alto rendimento teve o cuidado de fazer todo o planejamento com os pés no chão e de promover os ajustes quando foram necessários. A iniciativa de aproximar os treinadores dos

clubes foi uma grande sacada. Tem tudo para dar certo, até porque os jogos serão aqui em nosso País. Os atletas terão apoio da torcida, da família e dos amigos. E a Rafa, ela traz uma medalha para nós? No que depender de mim e de toda a equipe do Instituto Reação, ela vai trazer sim. Qual o maior judoca que você conheceu em todos os tempos? O japonês Yasuhiro Yamashita, mas é difícil comparar, pois de tempos em tempos o judô muda. Tivemos a era do judô tático, do judô de força e por aí vai. É muito difícil eleger um só, mas o que vem à minha mente é o japonês campeão olímpico em 1984 em Los Angeles, na classe open. E do Brasil? Aurélio Miguel. Conquistou duas medalhas olímpicas numa época muito difícil e ele entrava para ganhar. Melhor dirigente esportivo? Para mim, cada um tenta fazer o melhor possível dentro de suas limitações e da época em que atua. Uma das pessoas que faz acontecer é o Carlos Nuzman, que mostra excelente trabalho à frente do Comitê Olímpico do Brasil, e o Paulo Wanderley tem um desempenho excepcional na Confederação Brasileira de Judô. Ele é um sujeito muito inteligente, uma águia no bom sentido porque enxerga tudo à sua volta. Se temos hoje tanta coisa acontecendo nos tatamis, é porque ele é um visionário e faz tudo com esmero. O judô está numa situação muito boa graças a ele. Revista Budô número 17 / 2016

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JOGOS RIO 2016

Dirigentes aprovam estratégias adotadas para os

Jogos Rio 2016 Trabalho da Gestão do Alto Rendimento para este ciclo olímpico recebe elogios pelo profissionalismo, e apoio do presidente da CBJ é considerado fundamental. POR

N.T.MATEUS I Fotos BUDOPRESS

Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da CBJ apresentou todo o planejamento feito para este ciclo olímpico

Paulo Wanderley Teixeira avalizou as estratégias adotadas para a olimpíada que acontecerá no Rio de Janeiro Luiz Augusto Martins Teixeira (Minas Gerais)

Parte dos dirigentes que participaram da assembleia geral ordinária na nova sede do Ministério do Esporte, em Brasília

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tanto administrativo quanlembrou que o Brasil temarticipantes da assembleia geral se consolidado como uma ordinária realizada em 11 de marto técnico. Sabemos que o Marcelo França Moreira (vice-presidente da CBJ) grande potência no cenário resultado não é tudo.” ço em Brasília foram unânimes internacional, o que atesta a O dirigente mineiro conem aprovar o trabalho realizado qualidade do trabalho de pela Gestão de Alto Rendimensidera mais promissor o judô feNey Wilson. to da Confederação Brasileira de Judô minino, mas mostrou-se preocupado Ele aprova o investicom vistas aos Jogos Olímpicos Rio com a média elevada de idade dos 2016. Todos comentaram o profissioatletas e com as lesões que podem mento que a CBJ faz em afetar o desempenho deles. Ele citou, mais de um atleta por nalismo e a competência de Ney Wilapenas como exemplo, Rafael Silva e peso, o que proporciona son, destacando que nada disso seria Maria Suelen Altheman – dois bons resultados técnicos. possível sem o apoio de Paulo Francisco de Carvalho Filho (vice-presidente da CBJ) candidatos a medalha –, que “Em muitas categorias não Wanderley Teixeira. ainda se recuperam de lesão. existe mais o dono da vaga. Outro ponto bastante Luiz Iwashita, presidente Há uma disputa muito sadia, elogiado foi a estratégia da Federação Paranaense de que tem elevado o nível do judô braem relação aos judocas da Judô, lembrou que Ney Wilbase, futuros sucessores sileiro”, defendeu. Para ele, o Brasil condas atuais estrelas do judô son teve o cuidado de cerquistar de quatro a seis medalhas no Luiz Iwashita (Paraná) brasileiro. A preocupação Rio é algo razoável. car-se de profissionais altaem cercar-se de profissionais Rogério Sampaio, memente capacitados. “Todo competentes em diferentes o trabalho é fundamentado dalhista olímpico e repreespecialidades foi consideno que existe de mais modersentante dos atletas na assembleia, mostrou-se rada fundamental para o no no cenário esportivo interimpressionado com o sucesso de Ney Wilson. nacional”, explicou. trabalho de organização Muitos mencionaram o Ele não tem dúvida de que Delfino Batista da Cunha (Acre) da comissão técnica da sistema de preparar mais a seleção brasileira de judô vai CBJ, citando a quantidade de de um atleta em cada cumprir o seu papel graças à preSeloí Totti competições e treinamentos e o peso, lembrando principaração feita neste ciclo olímpico e (Rondônia) planejamento de toda a trajetória do ao talento e à qualidade dos atletas. E palmente a possibilidade de atleta ao longo do ano. concluiu: “Se o resultado fosse proporcontusões e as condições que “Acredito que poucos judocas e cada lutador poderá apresentar quando cional à qualidade do trabalho desenconfederações têm uma estrutura a competição estiver mais próxima. volvido pela Gestão de Alto Rendimencomo esta”, afirmou. “E isso Quanto às possibilidades de medato, certamente o Brasil conquistaria pode fazer uma diferenmais de dez medalhas”. lhas, as opiniões ficaram bem divididas. “Mesmo que as medalhas não veUm ou outro mais otimista chegou ça muito grande nos perto de sete delas; os mais Jogos Olímpicos. O nham, o comprometimento de uma realistas disseram esperar a equilíbrio entre os equipe, a seriedade com o treinarepetição do resultado de principais atletas mento e a valorização que esses Londres 2012. E houve redo mundo em cada atletas recebem me levam a Aldemir Duarte do categoria é muito acreditar muito no que está ticentes, que consideram Nascimento (Amazonas) grande, e o que vai sendo feito”, afirmou o trabalho feito até aqui Tibério Maribondo do diferenciá-los será Seloí Totti, presidenvitorioso, independenteNascimento (Rio Grande exatamente o detalhe. mente dos resultados. te da Federação de do Norte) E a organização é o detalhe Luiz Augusto Martins Judô de Rondônia. fundamental.” Teixeira, presidente da FederaA dirigente considePara Marcelo França Moção Mineira de Judô, mostrou-se basra importante a renovatante otimista em relação ao desemção nas equipes de base reira, vice-presidente da CBJ, a Antônio Jovenildo feita pela CBJ, para que atuação de Ney Wilson ao longo penho brasileiro, mas fez Viana (Amapá) o Brasil não tenha apenas dos anos é “fora de série”. “Existe questão de destacar um ou outro atleta bom, como um trabalho científico e existem os a importância de ocorria antigamente. “Vejo com bons recursos da confederação. manter o trabalho olhos tudo que vem sendo feito; é uma Com exceção talvez de realizado até agoequipe competente e multidisciplinar; grandes modalidara. “O que faz o a estratégia está muito bem montada.” sucesso deste modes, como o vôlei, é Rogério Sampaio Tibério Maribondo do Nascimeno judô que tem os mento é o caminho (representante dos atletas) maiores investimenque foi trilhado, com to, presidente da Federação de Judô muito planejamento do Estado do Rio Grande do Norte, tos”, destacou. Carlos Eurico da Luz Pereira (Ex-presidente da FGJ)

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JOGOS RIO 2016 medalhas. Mas ele acha difícil prever ta-mata muito difícil”, Aldemir Duarte do quantas medalhas a modalidano qual nem sempre Nascimento, presidente os resultados são os de vai conquistar e argumenta Luiz Gonzaga Filho da Federação de Judô esperados. “Prefiro torque o judô vem crescendo em Marcelo Ornelas da (Distrito Federal) Cruz (Bahia) do Amazonas, comentodo o mundo e não apenas no cer para que tudo corra Brasil. “Houve muitas mudanças no bem, porque o trabalho tou que Ney Wilson mudou Japão, Coreia e Rússia. Até Cuba reveque a CBJ vem fazendo tem de muito a estrutura de competição, ser compensado na forma de medaprincipalmente em campeonatos e torlou novos talentos.” Francisco de Carvalho Filho, vice neios internacionais. Em consequência, lhas”, afirmou. “Mas a cobrança é natu-presidente da CBJ, ressaltou os brasileiros hoje conhecem melhor ral e não tem como escapar.” que os judocas que vão seus adversários e se fortalecem cada Luiz Gonzaga Filho, presidente da competir no Rio tivevez mais. Ele acha possível também alFederação Metropolitana de Judô (Disram condições que guma surpresa por parte de atletas trito Federal) tem certeza de que nenhum integrante da menos cotados nas Olimpíadas. 2016 será um ano de glória seleção teve antes, seja Carlos Eurico da Luz Pepara a modalidade no Brana parte técnica, seja reira, ex-presidente da Fesil. “O Ney vem mostrando César Paschoal (Mato em recursos financeiros que o judô ainda é um dos deração Gaúcha de Judô, Grosso do Sul) e estruturais. Isso se deve, esportes mais saudáveis chamou atenção para o segundo ele, à vontade que para se praticar, em função que ocorreu após o último Fernando Moimaz Paulo Wanderley tem de compensar da sua disciplina, e é por isso pan-americano, no qual os (Mato Grosso) seus tempos de atleta, quanto tudo que vem tendo este êxito.” resultados não foram tão saque havia era “arroz, feijão e ovo frito”. tisfatórios. “Acho que naquele Miguel Ângelo Agrizzi, presiMas o dirigente faz algumas resmomento foram ouvidos os presidendente da Federação Espírito-santense de Judô, contou que tem acompanhasalvas. “Ele quer dar tudo, e esse tudo tes, técnicos, atletas e a CBJ tomou as muitas vezes pode não ser tão bom medidas necessárias. Hoje já vemos do de perto o trabalho de Ney Wilson quanto a gente imagina. O mesmo resultados, como a Sarah voltando a e que pôde ver como ele e sua equiremédio que cura é o que mata, tudo medalhar no circuito internacional.” pe estão empenhados na conquista depende da dose. Espero que possaPereira faz fé principalmente na equide medalhas olímpicas. Mas entende que a mos ir até o final com a dose certa do pe feminina, mas tem os pés no chão: cobrança será muimedicamento.” “O que vier além de quatro medalhas é lucro”. to grande, pelo César Paschoal, vice-presidente da fato de os jogos Destaque para Federação de Judô de Mato Grosso do serem em casa. Ele planejamento e trabalho Sul, respeita os critérios de Ney Wilson acredita na possina base José Nilson Gama e reconhece o trabalho sério de sua O judô brasileiro teve uma evolubilidade de cinco (Alagoas) equipe extremamente medalhas. ção muito boa no planejamento, como capacitada, mas obdemonstra a conquista de medalhas O presidente da Fedeao longo do tempo, na opinião servou que gostaria ração Mato-grossense de Judô, Ferde Delfino Batista da Cunha, que houvesse uma nando Moimaz, não poupou elogios presidente da Federação seleção de referênà Gestão de Alto Rendimento da CBJ. de Judô do Estado do “O trabalho do Ney é fabuloso, tem cia. E fez questão Acre. E ele atribui esse total suporte da confederação e de de valorizar o trabaJosmar Amaral sucesso ao trabalho da todas as federações em conjunto, e a lho de Maurício San(Goiás) CBJ na base. cada evento vem provando a eficiência tos e Paulo Wanderley Roberto David da Graça Já Antônio Jovenilde sua equipe.” Ele espera que o judô na captação de recursos (conselho fiscal da CBJ) brasileiro consiga sete medalhas e não para a CBJ. do Viana, presidente da esconde sua torcida por David Moura, “Para o trabalho ser feito neste ciclo Federação Amapaense de atleta de seu Estado (hoje no Rio), que olímpico, com todas as viagens e interJudô, acha que algumas adequadisputa a vaga nos Jogos Olímpicos ções ainda precisam ser feitas para que câmbios internacionais, não só tivemos com Rafael Silva. os atletas que representarão o Bradinheiro suficiente como ainda so“Quando falamos em alto rendisil cheguem aos jogos no ápibrou”, concluiu o dirigente sul -mato-grossense. ce de sua preparação física, mento, o que interessa são as medaRoberto David da Gratécnica, tática e psicológilhas, e a expectativa que temos em relação às Olimpíadas aqui no Brasil é ca. Mesmo assim, acredita ça, integrante do conselho muito boa”, assegurou Josmar Amaral que o judô brasileiro vai fiscal da CBJ, classificou as Gonçalves, presidente da Federação conquistar de quatro a seis Olimpíadas como “um maMiguel Ângelo Agrizzi (Espírito Santo)

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Goiana de Judô. Para ele, Ney Wilson acha que o Brasil plo, atribuindo o sucesso delas ao sempre desenvolveu um trabalho espode conseguir esforço de muitos e muitos anos. Ele sete ou oito meprevê duas medalhas de ouro para o tratégico, bem pensado e com muita judô brasileiro, além de outras não esseriedade. dalhas, “se os juCésar de Castro Cação Embora no meio judoístico se fale docas estiverem pecificadas. (Rio Grande do Sul) em cinco ou seis medalhas, naquele momento O planejamento de longo prazo o dirigente goiano aposta especial”. que a CBJ vem fazendo, com o Ney mais alto: “Com certeza A capacidade de liderança de Ney Wilson estruturando o Brasil vai superar as Wilson foi um dos aspectos destacados o judô brasileiro na expectativas, e se manpor Jaciano Delfino da Silva, presidente parte de alto rendida Federação Pernambucana de Judô. tivermos o patamar de mento, faz Durval “A preparação técnica, psicológica, físievolução, com o favoAmérico Correa MaPaulo Cézar de Oliveira Ferreira (Roraima) ritismo de estarmos em ca e tática da seleção brasileira é muito chado, presidente casa, conseguiremos um bem comandada por ele”, atestou o da Federação SergiSílvio Acácio Borges (Santa Catarina) número maior”. dirigente pernambucano. “Nós fizemos pana de Judô, acreMarcelo Ornelas da Cruz, presidente o dever de casa.” Já quanto à quantiditar num bom desemda Federação Baiana de Judô, avaliou dade de medalhas ele preferiu não fapenho no Rio. Ele lembrou que, do ponto de vista técnico, quando que em Londres o Brasil conquistou zer previsão. “Qualquer preocupação se tem uma visão mais detalhada do um ouro e três bronzes e, mesmo que pode mudar o rumo de uma luta num que foi feito nos últimos quatro anos, seja difícil repetir tal performance, instante.” concluímos realmente que seguimos o a estratégia da CBJ está no Para Francisco Grosso, presicaminho correto. Para ele, a perspeccaminho certo. dente da Federação de Judô Sílvio Acácio Borges, do Estado do Rio de Janeiro, tiva de quatro a seis medalhas é bem presidente da Federação a história da CBJ pode ser direal e tangível. Catarinense de Judô, conO presidente da Federação vidida em duas eras: anAlagoana de Judô, José Nilson tes e depois de Paulo centra suas esperanças Durval Américo Correa Gama, considera o trabalho Wanderley Teixeira. no trabalho com os atletas Machado (Sergipe) de Ney Wilson extraordiná“O trabalho que vem de base. Acreditando num sendo feito é de um níbom resultado nos Jogos Rio rio. “Ele traça uma estraté2016, ele afirmou que toda a prepagia em cima da especificivel superprofissional, consJaciano Delfino da dade de cada um, troca uma ciente, pé no chão. Estou ração feita até agora certamente deixaSilva (Pernambuco) peça aqui outra ali, como faz sempre nos treinamentos e sei rá um legado técnico. com essa nova turma de base”, disso. Estamos à frente de muitas “O trabalho está sendo bem oriendescreveu. Essa “mexida”, para o diriconfederações.” tado, dentro de diretrizes técnicas alEle admite que isso não é garantia gente alagoano, é necessária porque tamente competentes e profissionais. de medalhas, e não espera mais do há atletas com muitos anos de seleção. Então, acredito num rendimento muito que quatro ou cinco. E entende que Se vierem cinco medalhas, acrescenbom”, analisou Walter de Jesus Amao mais importante é o judô continuar tou, “será ótimo”. ral Júnior, presidente da Federação destacando-se por ser O maior medo de Paulo Cézar de Paraense de Judô. “Acho que não podiferente, por ter Oliveira Ferreira, presidente da Federademos prever o número de medalhas; um trabalho top seria até injusto impor uma responsação de Judô do Estado de Roraima, é e pelas medaque os investimentos nas equipes de bilidade tão grande.” base venham a diminuir nos próximos lhas que conAlessandro Puglia, presidente da Feanos. Ele considera a formação de quista, não apederação Paulista de Judô, lematletas fortes e inteligentes, e não nas olímpicas, brou que há muito tempo Walter de Jesus Amaral apenas técnicos, um diferencial no mas nos torneios o Brasil é referência na Júnior (Pará) trabalho de Ney Wilson e lamentou mais importantes gestão esportiva, quando que isso possa ser interrompido. “Aí do mundo. o tema é judô. “E devevoltaremos a ser César de Castro Cação, presidente mos isso à capacidade aquele país de da Federação Gaúcha de Judô, descoe ao conhecimento que Alessandro Panitz quinto muno professor Ney Wilson nhece outro trabalho para as OlimpíaPuglia (São Paulo) possui”, acrescentou. “Tedo, que não das tão bem feito quanto o do judô. E consegue isso desde as categorias de base, pornho certeza absoluta de que o nada diante judô do Brasil vai fazer a diferença e isso que não se forma um atleta olímpico das grandes certamente trará benefícios para todos em apenas um ano. Ele citou Mayra Francisco Grosso (Rio de Janeiro) potências.” Ele nós que militamos nos tatamis.” Aguiar e Sarah Menezes como exem-

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MINISTÉRIO DO ESPORTE

e Paulo Wanderley an, Ricardo Leyser Carlos Arthur Nuzm de apoio ao novo ministro Teixeira no encontro

Sempre muito bem-hu morado, Leyser agradeceu o apoio recebi do por toda a classe esportiva

Carlos Nuzman cumprimenta o novo ministro

Em jantar no Rio, dirigentes esportivos homenageiam ministro Ricardo Leyser Encontro com presidentes de confederações reforçou parceria entre governo e entidades esportivas.

D

POR

irigentes esportivos nacionais se reuniram no dia 11 de abril, no Rio de Janeiro, em homenagem ao ministro do Esporte, Ricardo Leyser. Os presidentes dos Comitês Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, e os comandantes de diferentes confederações parabenizaram o gestor pela trajetória e contribuição no desenvolvimento do esporte nacional. “Cada um de nós aqui carrega uma história de relacionamento com o Ricardo Leyser. Temos que agradecer a presidenta Dilma por ter dado a oportunidade de termos um ministro que veio do esporte. Durante os últimos anos temos lutado em busca de crescimento e temos que reconhecer que o Ministério do Esporte tem um papel importante no cenário esportivo brasileiro”, discursou Nuzman. O presidente do COB recordou ainda o

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BRENO BARROS I ASCOM-ME I Fotos FRANCISCO MEDEIROS/ME

tempo que conheceu o trabalho de Leyser durante a gestão na secretaria municipal de Esportes de São Paulo e depois na campanha dos Jogos Pan e Para-Americanos de 2007. Segundo Nuzman, a homenagem é a forma de reconhecer o trabalho dentro do governo federal. “Somos extremamente gratos pelo trabalho desenvolvido pelo ministro. Dentro do governo federal não existe nenhuma pessoa que conheça mais sobre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro do que ele. A homenagem de hoje é agradecimento e uma forma de dizer que estamos juntos”, disse o presidente do COB. O ministro Ricardo Leyser agradeceu o gesto dos dirigentes. “A minha trajetória no esporte é um pouco sobre encarar desafios. Gostaria de agradecer as palavras gentis do presidente Nuzman. Quem sou eu ao comparar a trajetória no esporte perto de todos vocês que trabalham e se dedicam há mui-

to mais tempo”, agradeceu. Sobre o trabalho desenvolvido no esporte de alto rendimento, Ricardo Leyser falou sobre os princípios que orientaram a gestão pública nos últimos anos. “Primeiro, nós não somos entidade esportiva. O governo tem que fazer políticas públicas e não promover eventos. O segundo princípio foi reconhecer que as confederações esportivas são parceiras. Quem sabe fazer esporte no Brasil é a confederação. Nós sempre respeitamos o princípio de que somos governo. Nós entendemos de políticas públicas, sabemos fazer convênios e administrar os recursos públicos. Assim, espero contribuir ainda mais para o esporte”, finalizou. Marcaram presença no encontro Marcos Jorge de Lima, secretário executivo do Ministério do Esporte; Sidney Levy, CEO do Comitê Rio 2016; Marcus Vinícius Freire, superintendente do COB; Bernard Rajman; Paulo Wanderley Teixeira, presidente da

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Em sua fala, Carlos Nu zm to de Leyser para com an lembrou o comprometimeno despor to

Confederação Brasileira de Judô; Kouros Monadjemi, diretor de Relações Institucionais da Liga Nacional de Basquete (LNB); Sérgio Domenici, superintendente da LNB; Álvaro Cotta, gerente de marketing da LNB; Marco Aurélio Klein, secretário nacional para a ABCD; José Antônio Martins Fernandes, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo; Carlos Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Basquete; João Tomasini Schwertner, presidente da Confederação Brasileira de Canoagem; Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos; Emilio Strapasson, Confederação Brasileira dos Desportos no Gelo; Gerli dos Santos, presidente da Confederação Brasileira de Esgrima; Antônio Carlos Nunes de Lima, do futebol; Manoel Luiz Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Handebol; Enrique Monteiro Dias, presidente da Confederação Brasileira de Levantamento de Pesos; Pedro

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Gama Filho, presidente da Confederação Brasileira de Lutas Associadas; Hélio Meireles Cardoso, presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno; Carlos Fernandes, presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo; Alaor Gaspar Azevedo, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa; Marco Aurélio Sá Ribeiro, presidente da Confederação Brasileira de Vela; e Ricardo Trade, da Confederação Brasileira de Voleibol.

Nomeação de Leyser foi um ippon Após o encontro, Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô, endossou a nomeação de Ricardo Leyser para a pasta do esporte. “A notícia da indicação do Leyser para o Ministério do Esporte repercutiu muito bem no meio esportivo e, para o judô, foi um verdadeiro ippon. É uma pessoa que há muito tempo

está dentro do Movimento Olímpico, e de forma mais participativa desde os Jogos Pan-Americanos de 2007. Nesta reunião que contou com a presença de Carlos Nuzman e dirigentes de várias entidades esportivas, ficou demonstrado que ele tem apoio total do desporto brasileiro. Todos nós o conhecemos e aquilatamos seu trabalho. Melhor notícia do que esta seria a de que continuará até o fim deste mandato.” O dirigente concluiu lembrando o compromisso que o novo ministro está assumindo. “Não só acreditamos como temos a certeza de que o Leyser está muito bem preparado para enfrentar este desafio e que os Jogos Rio 2016 estão nas melhores mãos possíveis de uma indicação do governo federal no momento mais importante e único do esporte brasileiro, que são os Jogos Olímpicos que se realizarão em agosto em nosso País”, completou o dirigente da CBJ.

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Geraldo Alckmin participa da

Copa São Paulo de Judô Consolidando a condição de maior competição de judô das Américas, a nona edição da Copa São Paulo recebeu mais de 3.100 atletas de todo o País. POR

Geraldo Alckmin

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e Francisco de Ca

PAULO PINTO I Fotos CRIS ISHIZAWA / BUDÔPRESS e MARCELO LOPES / BUDOPRESS

rvalho

Jean MadeiraRevista Budô númeroAlessandro Puglia 17 / 2016

Geraldo Alckmin

Francisco de Carvalho

Takahiro Nakamae www.revistabudo.com.br


O grupo de taikô Kiendaiko foi fundado em 2006 na Associação Cultural Nipo-Brasileira de São Bernardo do Campo (Bunkai SBC).

Alessandro Puglia, Jean Madeira, Chiaki Ishii, Rogério Sampaio, Henrique Guimarães, Geraldo Alckmin, Douglas Vieira, Francisco de Carvalho e Takahiro Nakamae

Apoiador Máster da Federação Paulista de Judô

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Yamazaki, Ka

ve de sub 21, i campeão peso-le nemoto Neves fo os e aluno do sensei Carlos Kira Ka ln co Lin , so mp bilido abi Extremamente ha de-ashi-harai. De São José dos Cano Mundial realizado em Abu Dh ze com jogando na final ão brasileira e conquistou o bron da seleç Revista Budô número 17 / 2016 nemoto faz parte

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9ª EDIÇ ÃO DA COPA SÃO PAULO DE JUDÔ

C

om o apoio da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, a Federação Paulista de Judô (FPJ) realizou nos dias 19 e 20 de março a 9ª Copa São Paulo de Judô, evento que abre oficialmente o calendário esportivo da modalidade no Estado e proporciona grande intercâmbio técnico para os judocas das classes sub 11, sub 13, sub 15, sub 18, sub 21, sênior e máster. Em função do gigantismo da competição, este ano a Copa São Paulo apresentou novo formato e foi dividida em duas etapas; a primeira foi realizada no Ginásio Geraldo José de Almeida, mais conhecido como ginásio do Ibirapuera, onde foram montadas oito áreas de disputa. A segunda etapa se realizará nos dias 2 e 3 de abril no Ginásio Poliesportivo Municipal Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo, onde serão montadas 12 áreas de disputa que abrangerão as competições de shiai da classe máster e katas: nage-no-kata, katameno-kata, ju-no-kata, kime-no-kata e kodokan goshin jitsu; aspirante e Judô para Todos. Com mais de 3.100 inscritos na primeira etapa, a Copa São Paulo de Judô desta tem-

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porada recebeu atletas de 18 Estados e os judocas paulistas de todas as classes que foram campeões garantiram vaga na fase final do Campeonato Paulista de Judô.

Geraldo Alckmin participa da cerimônia de abertura A cerimônia de abertura foi precedida de uma apresentação de taikô feita pelo grupo Kiendaiko, que mais uma vez emocionou a plateia, e pela distribuição de brindes para os atletas e o público que lotou as arquibancadas do ginásio do Ibirapuera. Estiveram presentes autoridades esportivas e políticas, o que comprova a importância e tradição da Copa São Paulo no cenário nacional. Entre elas estavam Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo; Francisco de Carvalho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; Jean Madeira, secretário estadual de Esportes; Alessandro Puglia, presidente da FPJ; Takahiro Nakamae, cônsul geral do Japão em São Paulo; Lívia Galdino, secretária adjunta de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de

São Paulo; Alex Lima, coordenador de esportes do Estado de São Paulo; Wellington Moura, deputado estadual; Keiichi Hara, presidente da Mitsui Sumitomo Seguros; Walter de Jesus Amaral Júnior, presidente da Federação de Judô do Pará; Sílvio Acácio Borges, presidente da Federação de Judô de Santa Catarina; Takanori Sekine, presidente do Kodokan Judô do Brasil; José Jantália, vice -presidente da FPJ; Emílio Moreira, diretor de graduação da Federação Maranhense de Judô; Marcelo Rigoti, representante do Ministério do Esporte; e Giusepi Fagoti, procurador do Tribunal de Justiça Desportiva da FPJ, além dos delegados regionais e professores kodanshas vindos de todo o Estado. Vários medalhistas olímpicos compareceram à cerimônia de abertura, entre eles Chiaki Ishii, bronze em 1972; Rogério Sampaio, ouro em 1992; Douglas Vieira, prata em 1984; Carlos Honorato, prata em 2000; e Henrique Guimarães, bronze em 1996. Os ex-atletas da seleção brasileira Soraya André e Edelmar Branco Zanol também assistiram ao certame. Alessandro Puglia deu boas-vindas ao governador Geraldo Alckmin e agradeceu à diretoria da Mitsui Sumitomo Seguros, que doou 60 judogis à Federação Paulista de Judô, como parte do programa do gover-

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no do Japão Sport for Tomorrow. “Lembro a todos que este é o maior evento do judô pan-americano e sua realização é fruto do trabalho que é desenvolvido por todos os professores de judô no Estado de São Paulo. Fazemos um agradecimento especial aos professores e técnicos de outros Estados que desenvolveram esforços para inscrever e trazer seus atletas à nossa competição.” Francisco de Carvalho destacou a importância da presença das duas maiores autoridades políticas do Estado na Copa São Paulo de Judô. “Todos sabem que por muitos anos atuo na gestão da modalidade em nível estadual e nacional, e esta é a primeira vez que estamos recebendo o secretário estadual de Esporte e o governador do Estado juntos. Isso nos envaidece e enche de orgulho a toda comunidade judoísta. Praticamos uma modalidade esportiva que recebe muito bem as pessoas e autoridades que nos visitam, dedicando sempre muito carinho aos atletas de outros Estados. Quero registrar nosso agradecimento ao governador Geraldo Alckmin que, apesar da crise econômica sem precedentes que assola nosso País, manteve todos os projetos de formação e excelência do judô paulista espalhados por todo o Estado. O judô agradece por toda atenção e deferência que tem dedicado à modalidade.” Jean Madeira destacou a importância da prática esportiva. “Quero iniciar cumprimentando o governador faixa preta de

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judô Geraldo Alckmin, grande incentivador de nossa modalidade no Estado. Estendo meus cumprimentos aos professores, dirigentes e atletas que aqui estão competindo e desenhando o futuro de nossa modalidade. Faço um agradecimento especial aos pais e familiares de atletas que aqui estão acompanhando pequenos e grandes judocas de todo o País. Vocês compõem um grupo de pais que dificilmente terão problemas com seus filhos no futuro, pois uma criança que está no esporte dificilmente se perderá no caminho que trilhará pela vida.

Agradeço e parabenizo vocês, pois nosso País precisa de bons pais, de bons cidadãos e bons exemplos. A atitude de vocês contempla todos estes aspectos imprescindíveis na formação de um cidadão e de uma sociedade sadia e evoluída.” Takahiro Nakamae acentuou a participação e a importância do judô no desenvolvimento social do Brasil. “Neste ano comemoramos 108 anos do início da imigração japonesa, e é extremamente gratificante constatar que no decorrer desses anos nossa cultura contribuiu no desenvolvimento

A marca da conquista www.shihan.com.br

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de uma parte da cultura brasileira, já que o Brasil é hoje uma potência mundial desta modalidade. Paralelamente o judô colaborou para a aproximação e o fortalecimento da relação sociocultural dos nossos países. Faço um profundo agradecimento à Mitsui Sumitomo Seguros pela doação de material esportivo ao judô paulista, atendendo ao projeto Sport for Tomorrow, desenvolvido

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pelo governo japonês em escala global. Esta iniciativa tem como objetivo enfatizar o valor do esporte para todas as gerações e assim construir um futuro melhor.” O último pronunciamento foi feito pelo governador Geraldo Alckmin que, como faixa preta honorário de judô, começou cumprimentando os professores kodanshas mais graduados, medalhistas olímpicos, demais judocas e familiares. Na sequência Alckmin falou sobre a importância dos preceitos da modalidade criada por Jigoro Kano. “É uma alegria enorme estar com vocês neste grande evento esportivo. Parabenizo todos que aqui estão, pois a prática do judô é de fundamental importância na formação de bons cidadãos. O judô é um esporte e uma filosofia de vida. Ele nos ensina honra, coragem, honestidade, modéstia, respeito, autocontrole e amizade, fortalecendo o físico e o espírito, disseminando o bem pela sociedade. Na infância, em Pindamonhangaba, fui judoca e estou muito feliz por participar de uma competição da modalidade que mais medalhas olímpicas conquistou até hoje para o nosso País. Além de toda a contribuição social, o judô é o carro-chefe do Brasil nas competições olímpicas”, comemorou Alckmin.

A presença marcante de atletas da seleção ratifica a importância da Copa São Paulo para o alto rendimento Antes de iniciar o shiai nas oito áreas montadas no ginásio do Ibirapuera, a garotada das categorias de base que esteve no shiai-jo durante a cerimônia de abertura recebeu kit com material esportivo presenteado pela Federação Paulista de Judô e Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo. A cada ano a Copa São Paulo de Judô fica melhor, mais organizada e mais forte. Além de todo o intercâmbio que oferece aos atletas da base no início de cada temporada, a cada edição o nível técnico fica melhor, atraindo até atletas do alto rendimento. Nas disputas vimos vários judocas da seleção brasileira que vieram a São Paulo em busca de melhor condicionamento e preparo para enfrentar as competições desta temporada. Entre eles estava Mariana Silva, a peso-meio-médio da seleção brasileira que disputará os Jogos Rio 2016 e foi à competição para aprimorar seu condicionamento para as últimas disputas do ranking mundial.

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Em sua avaliação sobre a qualidade técnica do torneio, Mariana afirmou que houve muita adrenalina. “A Copa São Paulo faz parte do meu planejamento, porque neste início de ano disputei três competições internacionais e fui mal nas três. Vi que precisava passar o meu treino para a competição e foi exatamente isso que eu fiz aqui. Não que eu estivesse fazendo um treino, vim a São Paulo em busca de aumentar meu volume e ritmo de luta. Não estava importando se iria perder na primeira ou na segunda luta. Eu vim para lutar, e encontrei meninas muito bem preparadas. Confesso que rolou muita adrenalina e era isso mesmo que eu buscava.” A atleta do Minas Tênis Clube destacou a necessidade de pontuar nos próximos confrontos internacionais, para assegurar vaga no Rio 2016. “Minha próxima competição é o Grand Prix de Samsun, no qual vou em busca de pontos para garantir minha vaga nos Jogos Rio 2016. A Ketleyn está distante, mas vou perder pontos e ela não. Não posso mais perder nenhuma chance para medalhar e pontuar, mesmo porque as competições estão acabando.” As duas judocas que travam luta direta pela vaga do meio-médio são do Minas Tênis Clube, mas Mariana lembrou que fora dos tatamis nada mudou e a amizade é a mesma. Estou em 21º lugar no ranking, e todo o meu foco está direcionado para a vaga dos Jogos Olímpicos. A Ketleyn e eu sempre fo-

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mos muito amigas, e sabemos separar isso muito bem. Sempre treinamos juntas, mas é lógico que deu aquela esfriada e separada porque ambas buscam o mesmo objetivo. Sempre saímos juntas e ela me ajudava nos tatamis, e é claro que hoje isso não existe mais. Mas entendo que isso é normal porque estamos no olho do furacão e neste momento é cada por si. Dentro dos tatamis é tiro, porrada e bomba, e fora deles buscamos manter a amizade de sempre.” Além da atleta que defende o Minas Tênis Clube vimos a peso-médio Nádia Bagnatori Merli, do Esporte Clube Pinheiros, que após cirurgia volta a brigar por pontos

e por uma vaga na seleção brasileira. “No fim da temporada 2014 tive uma lesão de ligamento cruzado no Grand Prix Feminino e operei. Fiquei dez meses afastada e voltei no campeonato paulista sênior e fui vice-campeã. Depois conquistei o bronze no mundial militar e voltei a treinar normalmente, mas duas semanas antes do GP feminino de 2015 machuquei o outro joelho, mas não foi nada cirúrgico. Esta foi a minha

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primeira competição e me saí muito bem.” Comemorando o primeiro ouro da temporada, a campeã do 70kg lembrou que o título garante vaga na final do paulista. “Esta competição é muito forte e classifica para a fase final do campeonato paulista. Podemos pular muitas fases para chegar diretamente à grande final. Além disso, ela é muito importante para pegarmos ritmo de competição. Tive de vencer quatro lutas para chegar à final, na qual enfrentei a Ello Anny Roberta, da Associação de Judô de Bastos. Não é fácil encarar cinco confrontos e no fim deles manterse em pé. E é justamente atrás das medalhas e desse preparo que todos os atletas do alto rendimento vêm à Copa São Paulo.” Outro destaque do Clube Pinheiros foi a peso-ligeiro Gabriela Shinobu Chibana, que iniciou a temporada medalhando no Peru e na Copa São Paulo. “Esta é primeira competição do ano em São Paulo, e o nível técnico é muito forte. Além de aumentarmos o volume de luta, aqui podemos avaliar nosso judô de forma mais precisa. Acabo de voltar do Peru, onde fui vice-campeã, mas não poderia deixar de vir competir porque há muita gen-

te boa lutando aqui e se preparando para o resto da temporada. Hoje eu fiz quatro lutas e consegui soltar meus golpes muito bem, e agora vou poder descansar alguns dias”, disse a campeã do 48kg. O peso-ligeiro Phelipe Pelin, do Esporte Clube Pinheiros, veio ao Ibirapuera em busca da vaga na final do paulista e de maior ritmo de luta. “Em função das Olimpíadas este ano não teremos muitas competições no primeiro semestre e estou aqui para manter ritmo de combate, fazer os acertos finais para a temporada e avaliar como estão os meus adversários. Sempre vale a pena vir à Copa São Paulo, porque além de ser uma competição muito forte há muita gente boa competindo e buscando conquistar espaço no cenário de nossa modalidade”, disse o campeão do 60kg. O Clube Pinheiros foi com tudo para Copa São Paulo e outro destaque da equipe pinheirenses no certame foi a meio-leve Eleudis de Souza Valentim, que após a disputa comemorou a classificação para a fase final do Campeonato Paulista. “Assim como todos os campeonatos do Estado, a Copa São Paulo é muito forte e muito importante para ganharmos ritmo e colocarmos tudo que estamos treinando em prática. É muito difícil, temos de bater o peso e manter o foco, mas vale muito a pena. Já assegurei vaga para a final do paulista e agora posso focar outros objetivos.”

Gêmeos campeões Um fato inusitado envolveu a disputa da classe sub 11, na qual os irmãos gêmeos bivitelinos Mariana e Bernardo Pontara da Luz Correa foram campeões das classes meiomédio e ligeiro, respectivamente, e garantiram dois ouros para a Associação de Judô de Divinolândia. Alunos dos senseis Elton Fiebig e Danilo Pietrucci, os mineiros de Poços de Caldas explicaram que defendem a cidade paulista e já possuem experiência na Copa São Pau-

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lo. “Viemos aqui em busca da vaga na final do paulista. Meu tokui-waza é o harai-goshi e venci duas de minhas quatro lutas hoje, usando meu golpe preferido. Esta é a primeira vez que fui campeã e estou muito feliz. Minha meta é ser campeã paulista e brasileira e me classificar para disputar o campeonato pan-americano”, explicou Mariana. O mais importante para Bernardo foi voltar para casa com a primeira etapa do ano superada. “Eu e a Mariana queremos vencer tudo e conquistar o título continental, mas para chegar lá teríamos primeiro de conseguir a vaga para a final do paulista e hoje demos o primeiro passo de nossa caminhada. Fiz sete lutas e em todas usei meu tokui-waza, o seio bolinha, mas com exceção da primeira luta que venci de shidô, as demais venci todas de osae-komi. Agora vamos para o brasileiro da Região 5, em busca de medalhas e melhor preparo para competir no paulista e no brasileiro”, disse Bernardo.

Edição foi marcada por organização gigantesca Entrevistamos professores de vários Estados e todos ressaltaram a dinâmica e a organização gigantesca de um evento que em nenhum momento apresentou gargalos ou áreas vazias. Velho frequentador da Copa São Paulo, o professor kodansha Abdias Lima de Queiroz, chefe da delegação do Piauí, destacou a dinâmica da copa e a quantidade de judocas paulistas com judô de alto nível. “Tradicionalmente o Nordeste realiza competições abertas para todas as classes, como as copas Natal e Fortaleza. Ultimamente nós também fizemos eventos grandes com mil atletas aproximadamente, mas quando chegamos aqui e nos deparamos com mais de 3 mil competindo em oito áreas, centenas de árbitros atuando e tudo fluindo rapidamente é que dimensionamos o gigantismo desta competição. Contudo, o que mais nos impressiona é a quantidade de atletas talentosos que surgem em todo o Estado. Nas competições nacionais estamos acoswww.revistabudo.com.br

tumados a ver os atletas dos grandes clubes da capital, mas quando chegamos aqui é que entendemos porque o judô paulista possui esta força e este vigor tão grande.” Abdias Queiroz detalhou por que participa dos eventos realizados pela FPJ. “Procuramos sempre trazer nossos atletas para as competições de São Paulo e buscamos manter esse contato devido ao perfil do judô que é feito no Estado. Objetivamos sempre fazer um judô parecido no que tange a movimentação e a técnicas que demandam o uso de muito ashi. Há muito tempo venho trabalhando com evolução de ne-waza e agora estamos percebendo que os paulistas também acordaram e estão fazendo muito isso. O Rio de Janeiro já vinha evoluindo nesse caminho há um bom tempo e agora os paulistas estão adicionando este recurso à todo o talento que possuem naturalmente

www.shiroi.com.br e esta mudança certamente repercutirá em todo o País.” Walter de Jesus Amaral Júnior, presidente da Federação de Judô do Pará, destacou as diferenças entre o judô paraense e o paulista. “Esta é a minha primeira vez neste megaevento. No Pará, quando fazemos uma competição grande, conseguimos reunir 480 atletas no máximo, mas entendo que existem diferenças estruturais e culturais enormes entre estes dois Estados, e cito como exemplo que aqui devemos ter cerca de 380 associações com direito a voto, enquanto no Pará existem apenas 22. Os patamares são muito diferentes e existe uma distância enorme, até mesmo pela quantidade de pessoas envolvidas e nessa quantidade se consegue tirar uma qualidade maior. Mas a minha estada aqui é justamente para aprender, e pode ter certeza de que estou muito impressionado com tudo que vi e aprendi nestes dias na Copa São Paulo.” Sílvio Acácio Borges, presidente da Federação de Judô de Santa Catarina, destacou o perfeccionismo da organização. “O

evento em si impressiona muito. No tocante à quantidade de atletas eu não vejo nada além daquilo que São Paulo poderia fazer. Mas quando andamos nos bastidores do certame e vemos a quantidade de árbitros, oficiais de mesa e pessoal orientando e movimentando 3 mil atletas dentro de um ginásio é que bate a perplexidade. A organização e o perfeccionismo que o Alessandro imprime, o que é uma herança da gestão do Chico em grandes eventos, somados à equipe que é colocada em ação, realmente resultam num show.” O dirigente catarinense finalizou destacando a presença de Geraldo Alckmin na cerimônia de abertura. “O evento é certamente o maior e mais bem organizado que eu vi até aqui, mas o fato marcante foi a presença da maior autoridade política do Estado, assim como a do encarregado da pasta mais importante para nós, que é a do esporte. A presença do governador Alckmin e do secretário Madeira demonstra o poderio político do Chico e o respaldo que o Puglia possui. Para nós é uma honra estar aqui a convite deles, prestigiando esta realização.” O professor kodansha Luiz Massanori Yamate, do Espírito Santo, árbitro internacional FIJ B, ficou impressionado com o gigantismo da competição. “Já atuei em muitos países e jamais havia presenciado algo tão grandioso. Somente São Paulo poderia organizar e promover um evento dessa proporção. Realmente fiquei surpreso e estou muito satisfeito por estar dando a minha contribuição como árbitro, pois sei que não é nada fácil organizar um torneio desta magnitude.” Na avaliação de Joji Kimura, coordenador técnico da FPJ, grande parte do sucesso desta edição deve-se à qualidade e à localização da arena do Ibirapuera. “Acredito que esta edição repercutiu de forma distinta em função do ginásio, que está na área central da capital, o que facilitou muito para todas as pessoas que vieram de outras cidades e Estados. Foi um facilitador enorme, porque todo mundo tem um parente ou um amigo na capital. Sem contar a opção para estacionamento. Tivemos 18 Estados participando, mais de 3 mil atletas competindo e 247 entidades inscritas. Apesar de termos menos áreas do que no ano passado, a competição teve um fluxo infinitamente melhor. Não podemos esquecer de citar o importante trabalho desenvolvido pelo professor Edison Minakawa, que está conseguindo mudar a postura de técnicos e demais envolvidos, e isso tem sido um fator determinante no ambiente no shiai-jo. Nesse contexto os técnicos Revista Budô número 17 / 2016

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Luiz Massanori Yamate

Abdias Queiroz e Francisco de Carvalho

Os gêmeos campeões de Divinópolis, Mariana e Bernardo Pontara da Luz Correa

Sensei Luís Cesar Merli e Nádia Merli

Jean Madeira, Geraldo Alckmin, Francisco de Carvalho e Takahiro Nakamae

Walter de Jesus Amaral Júnior, Alessandro Panitz Puglia e Sílvio Acácio Borges

Ailton José Pereira Calado, Francisco de Carvalho, Alessandro Puglia, Wilmar Shiraga e Joji Kimura

Geraldo Alckmin, Geisa Guedes, Vanessa Madeira, Jean Madeira, Alex Lima e Francisco de Carvalho

Jean Madeira, fez questão de fazer uma foto com a comissão técnica tricampeã da copa São Paulo

O governador Geraldo Alckmin e o secretário estadual de Esporte Jean Madeira, dirigentes do judô paulista e medalhistas olímpicos na abertura da Copa São Paulo de Judô, em apoio à campanha Todos contra a dengue.

também têm de ser elogiados, porque não tivemos nenhuma ocorrência grave. Só cabe agradecer a todos os professores e atletas que participaram da competição e ao governo de São Paulo e à SELJ pelo grande apoio.” O coordenador técnico da FPJ concluiu elogiando o alto índice técnico dos atletas. “Sempre falamos que a Copa São Paulo evolui a cada ano, mas não podemos deixar de citar a qualidade dos atletas que participaram do certame nesta edição. Houve uma melhora e um crescimento significativo na qualidade da competição, desde as classes

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menores até o alto rendimento. Tenho de cumprimentar os professores e técnicos que aqui estiveram pelo elevado nível técnico de seus atletas”, disse Kimura.

Pinheiros inicia a temporada 2016 conquistando o tricampeonato da Copa São Paulo Das 247 agremiações inscritas na competição, 117 (menos da metade) não obtiveram medalhas. Na contagem geral de pontos o

Esporte Clube Pinheiros escreveu definitivamente seu nome na galeria de campeões da Copa São Paulo de Judô, somando 67 pontos e conquistando o tricampeonato do certame. A equipe pinheirense chegou ao primeiro lugar com dez medalhas de ouro, quatro de prata e cinco de bronze, que atestam a qualidade do trabalho desenvolvido hoje no departamento de judô pinheirense. Somando 62 pontos, o São João Tênis Clube/Apaja ficou em segundo lugar, com oito medalhas de ouro, cinco de prata e sete de bronze. Podemos afirmar que a equipe comandada pelo experiente professor Paulo Pi é hoje a principal escola da base do Estado. O resultado obtido no Ibirapuera premiou o grande trabalho que é realizado por toda a equipe do judô de Atibaia. Em terceiro lugar chegou outra escola que é referência no judô paulista: a Associação Brasileira A Hebraica, onde os senseis Edson Minakawa e Mirian Minakawa desenvolvem grande trabalho. Para garantir a terceira colocação a Hebraica somou 44 pontos, obtendo seis medalhas de ouro, três de prata e cinco de bronze. A quarta colocação foi assegurada pela forte equipe do SESI-SP. Sediada em Bauru, a equipe comandada pelo professor Marinho Esteves é a maior referência do judô do interior do Estado. A 330 km da capital, Bauru tornou-se um dos principais polos de desenvolvimento do judô paulista, e para chegar ao quarto lugar a equipe sesiana somou 36 pontos, conquistando quatro medalhas de ouro, três de prata e sete de bronze. Em quinto lugar ficou a tradicional Associação de Judô Araçatuba, que durante décadas foi dirigida por Koji Kiwada, o Kodão, e hoje é capitaneada por seu filho Marcelo Kiwada. Somando 31 pontos e faturando seis medalhas de ouro e uma de bronze, o Judô Araçatuba inseriu a 5ª DRJ Noroeste no grupo de elite da 9ª edição da Copa São Paulo de Judô.

Sumio Tsujimoto avalia o momento da equipe pinheirense As conquistas do Grand Prix masculino e do vice-campeonato GP feminino, duas últimas competições nacionais da temporada passada, somadas ao tricampeonato da Copa São Paulo, mostra que o Esporte Clube Pinheiros voltou a focar títulos dentro do Brasil. E o professor kodansha Sumio Tsujimoto falou sobre a reformulação do departamento de judô do clube. “Fazemos reuniões conswww.revistabudo.com.br


Associações que medalharam

Os medalhistas olímpicos Chiaki Ishii, Rogério Sampaio e Henrique Guimarães hasteando as bandeiras do Japão, Brasil e São Paulo

tantes para avaliar os resultados obtidos por nossos atletas, visando a alcançar a excelência. Isso acontece geralmente nos treinos realizados após as competições e assim decidimos se mantemos ou alteramos o que vinha sendo feito. Não inventamos ou mudamos nada. Buscamos apenas fazer o melhor trabalho possível. Atuamos com uma comissão técnica que gerencia as classes sub 18, sub 21 e sênior, que é formada hoje por Douglas Vieira, técnico das equipes, Andréa Oguma e Leandro Mazei, nossos assistentes técnicos, o professor Sérgio Baldijão, supervisor administrativo, e eu, que sou supervisor técnico. As psicólogas Carla e Sílvia fecham a nossa experiente comissão técnica e posso lhe assegurar que as medalhas que estão surgindo são o fruto da fusão de toda a experiência que estes profissionais possuem. Mas avalio que só poderemos avaliar efetivamente esta nova fase do Esporte Clube Pinheiros no fim desta temporada”, disse Tsujimoto.

Judô quer dar ippon na dengue Na abertura do evento, o Governo do Estado de São Paulo e a diretoria da Federação Paulista de Judô firmaram parceria na luta contra o mosquito aedes aegypti, por meio da campanha Todos contra a dengue, que a partir de agora será divulgada em todos certames da FPJ. Francisco de Carvalho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô, reafirmou o compromisso da modalidade na campanha promovida pelo governo do Estado. “Estamos fazendo a nossa obrigação. Além da divulgação desta importante iniciativa nas placas das áreas dos nossos campeonatos, já convocamos todos os professores de judô do Estado de São Paulo. Se não houver adesão maciça de toda população, não venceremos esta batalha.” www.revistabudo.com.br

Associação Ouro Prata Bronze 1º Esporte Clube Pinheiros 10 4 5 2º São Joao Tênis Clube/Apaja 8 5 7 3º Associação Brasileira Hebraica de São Paulo 6 3 5 4º SESI - SP 4 3 7 5º Associação de Judô Araçatuba 6 0 1 6º Associação Namie de Judô 3 3 2 7º Associação de Judô de Bastos 3 3 3 8º Associação Marcos Mercadante de Judô 2 4 5 9º Grêmio Náutico União 3 1 7 10º Academia de Judô Pissarra 3 2 2 11º ADPM-Reg. S. J. C. 3 1 4 12º Sec. Esp. Lazer de São Jose dos Campos 4 0 1 13º UNIMES - Univ. Metropolitana de Santos 1 4 2 14º SEDUC - Praia Grande 2 2 2 15º Titãs do Judô 2 2 1 16º ADREARMAS - A. Desp. Rec. Artes Marciais 3 0 1 17º Associação de Judô de Divinolândia 2 1 3 18º Judô Clube Mogi das Cruzes 1 3 2 19º Associação Cultural, Esp. Rec. de Tupã 2 0 2 20º Ômega Academia 1 2 1 21º Kiai Associação Canoense de Judô 1 1 4 22º Associação de Judô 9 de Julho 2 0 1 23º Minas Tênis Clube 2 0 1 24º Associação de Judô Kyoei de Suzano 2 0 1 25º Associação de Judô Budokan Peruíbe 1 1 3 26º Clube Paineiras do Morumby 1 1 3 27º Recreio da Juventude 1 1 2 28º C.T. Meninos de Ouro 1 0 5 29º Judô Na Faixa Team 1 1 1 30º Liga de Judô do Litoral 1 1 1 31º Associação Pessoa de Judô 1 1 1 32º Associação Cultural e Esportiva de Tucuruvi 1 1 1 33º Vila Santista Chiao/SMEL 1 1 1 34º Sociedade Esportiva Palmeiras 1 0 4 35º Assoc. de Judô Rogério Sampaio 0 2 3 36º Circulo Militar de São Paulo 0 2 3 37º Associação Judô Nery 1 0 2 38º Associação Kiai Kan 1 0 2 39º Associação de Judô de Mauá 0 2 1 40º Nunes Associação Esportiva de Cacoal 0 2 1 41º Clube Duque de Caxias 1 0 1 42º Dojô Centro de Treinamento 1 0 1 43º Secretaria de Esportes de Franco da Rocha 1 0 1 44º Associação de Judô Vila Sonia 1 0 1 45º Associação de Judô Mongaguá 0 2 0 46º Associação Judocas de Itajaí 0 2 0 47º Secretaria de Esportes de Taubaté 0 1 3 48º Associação de Judô Caieiras 1 0 0 49º Clube Atlética Taboão da Serra 1 0 0 50º Associação Desportiva Itapema 1 0 0 51º Associação de Judô Nova União 1 0 0 52º Associação Dojô Kano de Ubatuba 1 0 0 53º Secretaria de Esporte e Lazer de Salto 1 0 0 54º SESI - SP 1 0 0 55º Associação Bushidô Pais e Amigos 0 1 2 56º Associação Desportiva Santo André 0 1 2 57º Associação de Judô Aleixo - M.F. 0 1 2 58º Clube de Regatas Bandeirantes 0 1 2 59º Rio Preto Automóvel Clube 0 1 2 60º Associação Hikari de Judô 0 1 2 61º Associação de Judô Cho Do Kan Itanhaém 0 0 5 62º SESI - SP 0 1 1 63º SEMEL Lins/Morimoto 0 1 1 64º Associação Esportiva Guarujá 0 1 1 65º Academia Águias do Judô 0 1 1

66º Associação de Judô Corpore Sano/SMERP 0 1 1 67º Academia Calasans Camargo 0 1 1 68º Mato Grosso 0 1 1 69º Associação de Judô Queiroz 0 1 1 70º Judocas de Cristo Missão Inter 0 1 1 71º Clube Esportivo da Penha 0 1 1 72º Associação Desportiva Centro Olímpico 0 0 4 73º Associação dos Amigos do Judô de Itapira 0 0 4 74º Associação Yamazaki Judô São José Campos 0 1 0 75º SEMEL de Sertãozinho 0 1 0 76º Birigui Pérola Clube 0 1 0 77º Associação de Judô Belarmino 0 1 0 78º Assoc. Atlética e Desportiva São Bernardo 0 1 0 79º SEMEL - Amparo 0 1 0 80º Assoc. Masters de Judô 0 1 0 81º Associação Judô Kata Team 0 1 0 82º Associação Mazzili 0 1 0 83º Clube de Judô São Francisco 0 1 0 84º Palmas Judô Clube 0 1 0 85º Associação Leão de Judô - MA 0 1 0 86º Judô Pires 0 1 0 87º Associação Registrense de Judô 0 1 0 88º Associação de Judô Nakashima 0 1 0 89º Associação de Judô Kenshin 0 1 0 90º A. C. E. Amigos do Vila Rica 0 1 0 91º São Paulo Futebol Clube 0 1 0 92º SEJEL - Cotia 0 0 2 93º A. E. P. - Nissei 0 0 2 94º Academia de Judô Morada do Sol 0 0 2 95º Floresta Atlético Clube 0 0 2 96º Associação Hirakawa de Judô 0 0 2 97º Associação Cultural e Esportiva de Pompeia 0 0 2 98º Associação de Judô Hombu Budokan 0 0 2 99º Associação Moacyr de Judô 0 0 2 100º SEJEL de Pindamonhangaba 0 0 1 101º SEMEL Guararema 0 0 1 102º Associação Ed. Esportiva Nintai 0 0 1 103º Academia de Judô Taboão SBC 0 0 1 104º Associação Desportiva Carlos Fossati 0 0 1 105º Grêmio Recreativo Serv. Mun. de Cubatão 0 0 1 106º Associação Santa Bárbara de Judô 0 0 1 107º Associação Desportiva Ateneu Mansour 0 0 1 108º Associação de Judô Gulo 0 0 1 109º Sindicato Ser. Pub. Mun. São Sebastiao 0 0 1 110º Associação Desportiva Indaiatubana 0 0 1 111º Associação Limeirense de Judô 0 0 1 112º Clube Internacional de Regatas 0 0 1 113º Associação Batataense de Judô 0 0 1 114º Associação Colossus de Judô 0 0 1 115º Associação Akatsuki de Judô 0 0 1 116º Shintai Do - PB 0 0 1 117º Associação de Judô Hinodê 0 0 1 118º Associação Desportiva Shiro Saigo 0 0 1 119º Judô Clube Nippon 0 0 1 120º Associação Tiradentes de Judô 0 0 1 121º APAJUDAN SKD Judô 0 0 1 122º Academia Shoorikan 0 0 1 123º I. D. Cul. I. Paulista Shoshichi Chiba 0 0 1 124º Performance Academia 0 0 1 125º Instituto Sensei Divino Budokan 0 0 1 126º Assoc. de Judô Vila Santa Isabel 0 0 1 127º Associação Matsumi de Judô e Karatê 0 0 1 128º Projeto Judô Criando Campeões 0 0 1 129º Clube Atlético Juventus 0 0 1 130º Judô Lemanczuk Júnior 0 0 1

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SUPER DESAFIO BRA DE JUDÔ

Brasil vence a Mongólia no primeiro Super Desafio BRA de judô no ano Com lotação esgotada, o ginásio do Esporte Clube Pinheiros recebeu a competição amistosa. POR

O

Paulo pinto I Fotos VALTER FRANÇA E GASPAR NÓBREGA/Inovafoto

Brasil manteve a sequência vitoriosa e invicta dos eventos internacionais promovidos no Brasil, vencendo a Mongólia por cinco a zero no primeiro Super Desafio BRA desta temporada. O certame realizou-se no ginásio do Esporte Clube Pinheiros, em 27 de março. A torcida paulistana lotou as arquibancadas para conhecer alguns dos judocas que estarão nos Jogos Rio 2016 e viu uma grande exibição da equipe brasileira. O primeiro confronto foi feito por Maria Portela (70kg), que começou jogando Davaasuren Munkhbat de wazari e, na sequência, encaixou uma chave de braço e fechou o confronto com o ippon de jujigatame. Na segunda luta, Victor Penalber (81kg) conseguiu um yuko faltando pouco tempo para o fim do combate

contra Gaajadamba Bayanmunkh e obteve o segundo ponto do Brasil. “A luta foi muito dura, o adversário fez muita força. Com certeza, o apoio da torcida foi fundamental para, no momento decisivo, conseguir a pontuação e a vitória”, disse Penalber. Com a chance de garantir a vitória do Brasil, a campeã olímpica Sarah Menezes (48kg) fez uma luta estratégica contra Narantsetseg Ganbaatar, forçando três punições para a mongol e venceu a luta taticamente. “Estamos muito perto do nosso sonho, que são os Jogos Olímpicos. Essa

vitória nos dá mais energia e confiança para ir em busca de um grande resultado no Rio”, disse Sarah. Na sequência, Alex Pombo (73kg) conseguiu um wazari contra Khadbaatar Narankhuu e marcou o quarto ponto brasileiro. Para fechar o confronto, Rochele Nunes (+78kg) projetou Gandiimaa Erdenebileg por wazari e depois a imobilizou no osae-komi, decretando cinco a zero para o Brasil. “O resultado foi muito bom, especialmente porque estou voltando de uma lesão. É importante lutar bem nesta reta final de preparação para o Grand Prix de Sam-

Victor Penalber teve uma luta dura contra Gaajadamba Bayanmunkh

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Alex Pombo obteve o quarto ponto para o Brasil

Parte da arquibancada tomada por judocas e fãs do judô verde e amarelo

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô Equipes do Brasil e Mongólia dividem o pódio

sun. Estou mais confiante e cientes, pois já no próximo fim vamos para as próximas”, disde semana estarão em Samse Rochele Nunes. sun, na Turquia, lutando para subir no ranking olímpico.” Entre as autoridades Rogério finalizou elogianpresentes estava Rogério Sampaio, campeão olímpico do a qualidade das compede Barcelona 1992. Além de tições promovidas pela CBJ. empresário e professor de Arnaldo Luiz Queiróz Pereira “Falar sobre a judô, atualmente o medaqualidade dos lhista olímpico santista é delegado reeventos realizados pela Congional da 11ª DRJ da Federação Paulista federação Brasileira de Judô de Judô, e foi ao evento com a missão é chover no molhado. A CBJ de representar Paulo Wanderley Teixeira, conseguiu impor um padrão presidente da CBJ. similar ao da Federação InterNa avaliação do campeão olímpico, a nacional de Judô e todos os torcida vibrou com a competição. “A equieventos nacionais possuem Rogério Sampaio padrão internacional.” pe brasileira apresentou um desempenho excelente, vencendo o confronto por 5 a 0. Tenho certeza de que o público que lotou Tradição nos tatamis o ginásio do Esporte Clube Pinheiros gosOutra presença marcante na competitou do que viu, pois as cinco lutas tiveram ção foi a de Arnaldo Luiz Queiróz Pereira, excelente dinâmica.” diretor de esportes competitivos do EsporRogério destacou o desempenho dos te Clube Pinheiros e membro do conselho atletas que deverão representar o Brasil fiscal da Federação Paulista de Judô. nos Jogos Olímpicos. “A seleção brasileiAntes de avaliar o primeiro Desafio BRA desta temporada, o faixa preta nira manteve a invencibilidade no Desafio dan fez questão de lembrar toda a tradiBRA de Judô e todos os atletas lutaram muito bem. Alguns estarão no Rio 2016 e, ção que o Pinheiros possui nos tatamis. mesmo sendo um evento amistoso, todos “É sempre bom lembrar que o Pinheiros apresentaram uma performance muito é um dos clubes fundadores da Federaboa. Victor Penalber (81kg), Maria Portela ção Paulista de Judô. Aliás, o professor (70kg), Sarah Menezes (48kg) e Alex Pomkodansha Edgard Ozon, que atualmente é conselheiro do Clube Pinheiros, é o único bo (73kg) fizeram combates seguros e efiwww.revistabudo.com.br

judoca fundador da FPJ vivo. Hoje ele é 9º dan e atua no judô desde a década de 40, antes mesmo da fundação da FPJ.” Arnaldo Queiróz enfatizou a parceria cinquentenária com a FPJ e a CBJ. “Sediar o Desafio BRA de Judô, um evento internacional com transmissão nacional pela Rede Globo, é uma satisfação enorme para o Clube Pinheiros. Nosso departamento de judô foi fundado em 1943, e há mais de 50 anos somos parceiros da Federação Paulista e da Confederação Brasileira na realização de eventos que fortalecem a nossa marca como clube vencedor e formador de atletas olímpicos. Aliás, esta é a linha de trabalho de uma entidade apaixonada, que há 116 anos dedica-se ininterruptamente ao desenvolvimento do desporto brasileiro.” O dirigente pinheirense finalizou falando sobre a expectativa do clube para os jogos. “Falando sobre os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, nossos atletas estão na briga por vaga em cinco categorias de peso no judô masculino. Nas demais modalidades estamos brigando com mais de 50 atletas. A meta de nossa diretoria é inscrever no mínimo 40 atletas nos jogos, o que representaria 10% da delegação brasileira no Rio 2016.” Revista Budô número 17 / 2016

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9ª COPA PARANÁ DE JUDÔ

Copa Paraná

recebe medalhistas olímpicas japonesas POR

Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

As medalhistas olímpicas Ayumi Tanimoto e Mika Sujimoto participaram da cerimônia de abertura da Copa Paraná e ministraram workshop para mais de 250 judocas das classes sub 13 e sub 15.

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A Susumu Ueno, Ayumi Tanimoto, Mika Sujimoto e Luiz Iwashita

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nona edição da Copa Paraná de Judô realizou-se no dia 3 de outubro, no ginásio do Centro Esportivo Bagozzi, em Curitiba, reunindo mais de 700 judocas das classes sub 9 a sênior, vindos de 54 associações. A competição, que teve apoio dos Kimonos Yama, do Grupo Educacional Bagozzi e Komatsu do Brasil definiu os três melhores atletas paranaenses que participaram do Meeting Interestadual Interclubes em novembro, em Blumenau (SC). Além dos judocas do Paraná, a disputa envolveu atletas dos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Amazonas, Rio de Janeiro e Bahia. A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades políticas e esportivas e empresários, entre os quais Toshio Ikeda, cônsul geral do Japão em Curitiba; Susumu Ueno, presidente da Komatsu do Brasil; Luiz Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô; Oswaldo Hatiro Ogawa, representante da Federação Paulista de Judô; Ayumi Tanimoto, bicampeã olímpica de judô; Mika Sugimoto, vice-campeã olímpica de judô; Elder Faggion, vice-presidente da FPrJ; Joel Belloti, gestor administrativo do Colégio Bagozzi; Jorge Hosakawa e Kumoko Senda, da Komatsu do Brasil; Vicente Morigushi, da Platinun; e os professores kodanshas Makoto Yamanouchi, Jorge Meneguelli, Celso Ogawa e Walter Babata; Em seu discurso Luiz Iwashita agradeceu a presença das autoridades e deu boas-vindas a todos. “Lembramos que esta é a última competição do calendário esportivo do Paraná e classificará os três melhores atletas das classes sub 11, sub 13 e sub 15 do nosso Estado para o Meeting Interestadual que se realizará em noRevista Budô número 17 / 2016

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9ª COPA PARANÁ DE JUDÔ

Mika Sujimoto, Joel Belloti e Ayumi Tanimoto

Ayumi Tanimoto, Mika Sujimoto e Elder Faggion

Ayumi Tanimoto, Francisco e Souza e Mika Sujimoto

Iago Andrews da Associação de Judô Iwashita tenta entrar com harai-goshi, mas encaixou um uchi-mata primoroso

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Toshio Ikeda, Luiz Iwashita e Susumu Ueno

vembro, em Blumenau (SC). Agradeço a Susumu Ueno, presidente da Komatsu do Brasil, que desenvolveu todos os esforços necessários para trazer ao Paraná duas grandes judocas mundiais. Com esta iniciativa estamos estreitando ainda mais os laços de amizade com o judô do Japão e proporcionando intercâmbio técnico para o Paraná e para o Brasil. Não poderia encerrar sem antes fazer um agradecimento especial às judocas japonesas Ayumi Tanimoto e Mika Sujimoto, que atenderam à nossa solicitação e vieram dividir com todos nós o que sabem de judô.” Após cumprimentar a todos, Toshio Ikeda, cônsul-geral do Japão, destacou a importância do tratado de amizade entre o Brasil e o Japão. “Agradeço o convite feito pelo presidente da FPrJ e quero enfatizar que o judô é praticado em todos os continentes e em quase todos os países do mundo. Só aqui no Brasil são mais de dois milhões de praticantes e acredito que seja o país com maior número de judocas. Creditamos a força e a pujança do judô brasileiro ao tratado de amizade firmado há 120 anos entre os nossos países. Quero parabenizar a diretoria da Komatsu do Brasil pela iniciativa de trazer duas medalhistas olímpicas que são referência mundial para transmitirem o que sabem a centenas de jovens brasileiros.”

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9ª COPA PARANÁ DE JUDÔ

Luiz Iwashita faz pronunciamento na cerimônia de abertura da Copa Paraná

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Judô Tonietto é campeã geral Ao todo 54 equipes participaram da competição e a Associação Desportiva de Judô Tonietto foi campeã geral do certame, conquistando 31 medalhas, sendo 15 de ouro, sete de prata e nove de bronze. A vitória expressiva da equipe de Curitiba coloca a equipe capitaneada pelos irmãos Rodrigo e Guilherme Tonietto no topo do ranking do judô paranaense. A segunda colocação geral ficou com outra tradicional equipe da capital paranaense, o Judô Lemanczuk Júnior, que obteve 38 medalhas, sendo 11 de ouro, 11 de prata e 16 de bronze. Um fato curioso é que os campeões e vice-campeões disputaram o mesmo número de finais, porém a o Judô Tonietto obteve mais medalhas de ouro. Fechamos o pódio das três primeiras colocadas com outra tradicional escola de judô da capital paranaense, a Academia de Judô Kussumoto, que totalizou 17 medalhas, sendo nove de ouro, três de prata e cinco de bronze.

Iwashita comemora a expansão do torneio Fazendo uma avaliação final desta edição da Copa Paraná, o presidente da Federação Paranaense explicou que, mesmo com menos competidores, aos poucos o torneio está se firmando no cenário nacional. “Vivemos um momento extremamente difícil no Brasil e a nossa diretoria ficou satisfeitíssima como o número de participantes. O que mais nos surpreendeu foi receber atletas de sete Estados. Isso mostra que nossa competição está se firmando no cenário nacional e é justamente este intercâmbio técnico que nos impele a seguir adiante nesse projeto que visa consolidar a Copa Paraná como o principal evento judoísta da Região Sul.”

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Maior projeto social de taekwondo do Brasil

Mais de 300 crianças par tici

param da cerimônia de out

orga de faixas

Pequeno cidadão, grande campeão! Com previsão de atender a mil crianças, Marília abriga um dos maiores projetos socioesportivos do taekwondo brasileiro.

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iante de grande público, foi realizada a graduação de taekwondo de 300 alunos do projeto Pequeno Cidadão, Grande Campeão. Trata-se de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Marília, por meio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, e o Bang Taekwondo Club, com apoio da Federação do Estado de São Paulo de Taekwondo (FESPT). O evento realizado em 27 de fevereiro, no ginásio de esportes do Clube dos Bancários de Marília, reuniu várias autoridades políticas e esportivas, entre as quais José de Souza Júnior, presidente da Federação do Estado de São Paulo de Taekwondo; Vinicius Almeida Camarinha, prefeito de Marília; Kun Mo Bang, renomado grão-mestre de taekwondo; Hélio Benetti, secretário de Assistência e Desenvolvimento Social de Marília; e Gastão Pinheiro Júnior, secretário municipal de Esportes. O projeto atende a 600 alunos com ida-

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POR

IMPRENSA FESPT I Fotos BUDOPRESS

de entre 6 e 15 anos. A outra turma, de 300 praticantes, será graduada em maio, durante o primeiro campeonato interno. A federação realizou o exame gratuitamente, os alunos aprovados receberam a nova faixa e serão federados na nova graduação sem qualquer custo. Além do transporte, apoio escolar e alimentação para a prática da modalidade, são fornecidos o uniforme (dobok), equipamentos de treino e o tatami. “O objetivo é contribuir para o processo socioeducacional, abrangendo os processos formativos na vida familiar e social, graças à disciplina que o taekwondo exige.” Por meio da prática esportiva, fortalece-se a formação, educação e socialização desses jovens. “Tudo Paula Avakian

gratuitamente”, afirmou Vinicius Almeida Camarinha, o jovem prefeito de Marília. O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Hélio Benetti, lembrou que esse programa é sucesso há três anos. “Nossa meta é atingir mil jovens, trabalhando-se com cidadania e valores. O resultado tem sido excelente. Parabenizo os professores e coordenadores, além do prefeito Vinicius Camarinha, pelo apoio incondicional”, afirmou Benetti. O diretor regional da Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude (SELJ), Fernando José Palma Sampaio, cumprimentou a prefeitura, o Bang Taekwondo Club e a federação. “O esporte é o incentivo para a cidadania e a integração social. Marília está dando ótimo exemplo”, destacou. www.revistabudo.com.br


A graduação foi observada pelo grão-mestre Kun Mo Bang. “O objetivo é a formação dos jovens fisicamente, espiritualmente e socialmente por meio da prática de nossa modalidade. É um grande projeto; parabenizo a prefeitura e a federação”, comentou Bang, pioneiro introdutor da modalidade coreana no Brasil. O advogado José Souza Júnior, presidente da federação, ressaltou o sucesso desse projeto. “É notório o desenvolvimento das habilidades psicomotoras com reflexo escolar e social dos alunos com o taekwondo. A parceria prefeitura, Bang Taekwondo Club e FESPT deu certo mesmo e por isso vai continuar”, disse. O secretário municipal de Esportes, Gastão Pinheiro Júnior, também parabenizou a prefeitura, o Bang Taekwondo Club e a Federação do Estado de São Paulo de Taekwondo por esse projeto modelo. O Projeto Pequeno Cidadão, Grande Campeão, de acordo com a programação, atingirá mil alunos até o mês de junho. Serão incorpo-

Mesa de honra contou com as presenças de José de Souza Júnior, Vinicius Almeida Camarinha, Kun Mo Bang, Hélio Benetti e Gastão Pinheiro Júnior

radas na próxima fase algumas instituições que solicitaram integração, como Projeto Social Bebela e da Faculdade FAIP. O plano de ação do projeto tem capacidade para triplicar o número de alunos, só em Marília, mas é necessário um apoio maior para que a ampliação se realize. A federação pretende ir além, “Vamos buscar este apoio junto ao governo estadual, depois iremos formatar esse programa e difundi-lo por todo o Estado de São Paulo. Vamos criar uma cartilha para orientação, passo a passo, desde a implementação ao funcionamen-

Kun Mo Bang, Hélio Benetti, José de Souza Júnior e Vinicius Camarinha

O prefeito Vinicius Camarinha com professores que atendem o profeto

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to do programa e iremos promover palestras. Queremos que todos aprendam e criem programas como este do Bang Taekwondo Club e da Prefeitura Municipal de Marília”, disse José de Souza Júnior.

Taekwondista formada na Academia Brasileira de Treinadores agradece apoio da entidade Membro da Comissão Técnica da FESPT, recentemente formada na Academia Brasileira de Treinadores (IOB/COB), onde obteve a melhor nota do taekwondo, Paula Avakian foi indicada pelo Comitê Olímpico do Brasil para o 35º curso de formação geral em Ciências Aplicadas ao Esporte. Após um processo de aproximadamente cinco semanas, Paula recebeu a notícia da sua aprovação para o curso, que tem a chancela da Solidariedade Olímpica Internacional, e se realizará de 7 de abril a 5 de julho, no Centro de Alto Rendimento (CAR) de Barcelona, na Espanha. Emocionada por sua aprovação no processo seletivo, Paula Avakian enviou carta de agradecimento à Federação do Estado de São Paulo de Taekwondo (FESPT). “Venho por meio desta agradecer o valoroso apoio da Federação do Estado de São Paulo de Taekwondo e sua diretoria, durante o processo seletivo para o 35º Curso de Formação Geral em Ciências Aplicadas ao Esporte, a ser realizado no Centro de Alto Rendimento de Barcelona, entre os dias 7 de abril e 5 de julho. Reconheço e gratifico o profissionalismo da entidade, mediante a mobilização de sua secretaria representada por Giuliana Rocha, que me auxiliou em todo o processo de coleta da documentação necessária para apresentar à Solidariedade Olímpica Internacional. Agradeço também ao grãomestre Flávio S. Joo Bang por todo incentivo prestado, e não apenas durante este processo, mas desde que ingressei junto a minha equipe na Federação do Estado de São Paulo de Taekwondo. Parabenizo toda a equipe da FESPT pela competência e representatividade do Taekwondo no Estado de São Paulo, a qual certamente será beneficiada significativamente com os frutos desta conquista.” Revista Budô número 17 / 2016

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GRAND PRIX FEMININO DE JUDÔ

De virada, cariocas quebram tabu e fazem história conquistando o primeiro título nacional para o clube da Rocinha. POR

Paulo Pinto I Fonte VALTER FRANÇA / CBJ I Fotos BUDOPRESS

Na cerimônia de abertura, Paulo Wanderley Teixeira destacou a força e a consistência do judô feminino do Brasil

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Judô Comunitário Instituto Reação fez a festa no ginásio do Esporte Clube Goiás, conquistando o título do 10º Grand Prix Interclubes Feminino ao derrotar o Esporte Clube Pinheiros na final da competição por equipes mais importante do Brasil. Um ouro histórico, que marca a estreia do time carioca no hall de campeões da competição. A décima edição do Grand Prix Nacional Interclubes Feminino realizou-se nos dias 21 a 22 de novembro, no ginásio Luiz Torres de Abreu, do Goiás Esporte Clube em Goiânia, e foi oficialmente aberta em 21 de novembro. Participaram da cerimônia de abertura Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô; Júnior Vieira, superintendente executivo de Esportes do Estado de Goiás; Marcelo França e Francisco de Carvalho, vice-presidentes da CBJ; Josmar Amaral Gonçalves, presidente da FederaAs três equipes que subiram ao pódio e formam o grupo de elite do judô feminino do Brasil

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Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô

Andrea Berti (Clube Pinheiros), Geraldo Bernardes (Instituto Reação) e Floriano de Almeida (minas Tênis), exibem os troféus do GP 2015

ção de Judô de Goiás; George Ikeda, prefeito da cidade de Inhumas; Luiz Fernandes de Araújo Júnior, presidente da Organização Atitude Social de Inhumas/Goiás Esporte Clube; Antônio Marques, diretor de Esportes Olímpicos do Goiás Esporte Clube; coronel Claudinei de Souza Soares, representante do Corpo de Bombeiros; e Adelino Montes, diretor social do Goiás Esporte Clube.

Dirigentes estaduais marcaram presença no Grand Prix Interclubes Presidentes de 21 federações estaduais compareceram à cerimônia de abertura: José Nilson Gama (Alagoas); Antônio Jovenildo Viana (Amapá); Aldemir Duarte do Nascimento (Amazonas); Delfino Batista da Cunha (Acre); Marcelo Ornelas da Cruz (Bahia); Luiz Gonzaga Filho (Distrito Federal); Miguel Ângelo Agrizzi (Espí-

Oportunista, Rafaela Silva encaixou um jujigatame sensacional que fez Jéssica Santos bater

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GRAND PRIX FEMININO DE JUDÔ rito Santo); Fernando Moimaz (Mato Grosso); César Paschoal (Mato Grosso do Sul); Walter de Jesus Amaral Júnior (Pará); Luiz Iwashita (Paraná); Francisco Grosso (Rio de Janeiro); Paulo Cézar de Oliveira Ferreira (Roraima); Sílvio Acácio Borges (Santa Catarina); Alessandro Panitz Puglia (São Paulo); Durval Américo Correa Machado (Sergipe); Luiz Augusto Martins Teixeira (Minas Gerais); José Caldeira Cardoso Neto (Ceará); Adjailson Fernandes Coutinho (Paraíba) e Georgton Pacheco (Tocantins). O programa começou com o convite aos clubes SESI (SP), Secretaria de Esporte de São José dos Campos (SP), Organização Atitude Social de Inhumas/Goiás Esporte Clube e Sociedade Esportiva Palmeiras para representarem os oito clubes da competição. Logo após, foi executado o Hino Nacional e, em seguida, o professor Josmar Amaral deu as boas-vindas a todos. “É um grande prazer recebê-los em nosso Estado. Com satisfação cumprimento o presidente da CBJ por nos oferecer a oportunidade de sediar um evento tão importante. Vocês, atletas, são a nata do judô brasileiro. Há três anos Goiás participa dessa prova, que é a maior competição interclubes do Brasil. Graças à iniciativa de Luiz Araújo Júnior, o judô goiano está sendo inserido na rota

dos grandes eventos do judô brasileiro. Desejo boa sorte a todos e que desfrutem a estada em Goiás.” Paulo Wanderley Teixeira destacou a importância do evento, que é classificatório para o mundial interclubes de 2016. “Esta edição do Grand Prix Nacional Interclubes Feminino bateu recorde no número de autoridades presentes, já que estamos com 21 federações estaduais aqui representadas por seus respectivos presidentes. Sem dúvida, teremos aqui um grande espetáculo do judô, por meio de um evento que já está consolidado. Pela décima vez o Grand Prix feminino é realizado, e a cada ano mostra maior evolução, ratificando a força e a consistência do judô feminino do Brasil”, disse o dirigente. Na sequência o goiano Leonardo Ângelo Stacciarini de Resende, árbitro internacional, FIJ A, realizou o hei inicial, que concluiu a cerimônia e abriu o evento.

Nos tatamis o Instituto Reação atropelou a tradição e roubou a cena do espetáculo A décima edição do GP feminino contou com a participação de oito equipes. Os clubes cabeças de chave – Esporte Clube

Pinheiros (SP), Instituto Reação (RJ), Sogipa (RS) e Minas Tênis Clube(MG), atual campeão – eram os favoritos. SESI (SP), Palmeiras (SP), São José dos Campos (SP) e Judô Inhumas/Goiás Esporte Clube corriam por fora para tentar surpreender e mudar o curso natural da competição. Mas já nas primeiras rodadas da fase preliminar a tradição do Clube Pinheiros e a força do Instituto Reação mostraram que não haveria espaço para a sorte ou o improviso. Em confrontos equilibrados, as equipes do Esporte Clube Pinheiros e do Instituto Reação venceram Sogipa e Minas, respectivamente, nas semifinais para garantir suas vagas na grande decisão. Às equipes mineira e gaúcha restou apenas brigaram pelo bronze. Para chegar à final, o Pinheiros venceu Palmeiras (3 a 0) e SESI (5 a 0) na primeira fase, com apenas uma derrota para o Minas (3 a 2), e na sequência, despachou a bicampeã Sogipa na semifinal pelo placar de 3 a 2, com vitórias de Eleudis Valentim, Jéssica Santos e Fabiana Oliveira. O Reação, por sua vez, teve campanha idêntica, vencendo dois confrontos na primeira fase. Passou por Inhumas/Goiás (4 a 1) e pelo São José dos Campos (5 a 0), mas

Com ude-hishigi-juji-gatame, Beatriz Souza venceu Isadora de Souza Pereira

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perdeu para a Sogipa (3 a 2). Na semifinal contra o Minas, Tamires Crude, Rafaela Silva, Raquel Silva e Maria Suelen Altheman garantiram o placar de 4 a 1 para as cariocas e vaga na final da competição com gostinho de revanche, já que, na final de 2014, o Minas bateu o Reação e conquistou o tricampeonato. Fechando o primeiro dia de disputa, o São José dos Campos derrotou o Palmeiras por 4 a 1 e ficou com o quinto lugar geral. Reforçado pela campeã olímpica Sarah Menezes, que venceu cinco das suas seis lutas, o Inhumas/Goiás venceu o SESI no último confronto, por 3 a 2, e ficou com o sétimo lugar.

Rochele Nunes venceu Beatriz Souza no osae-komi

Sogipa fica fora do pódio Sogipa e Minas decidiram o bronze no primeiro combate do último dia de disputa. Nathália Brígida, no golden score, superou Rafaela Barbosa, dando o primeiro ponto para o time mineiro. Em seguida, Érika Miranda, lutando na categoria leve (57kg), passou por Manoela Costa na diferença de punições e Mariana Silva, em confronto equilibrado com Aléxia Castilhos, levou a melhor também nas punições, garantindo o ponto decisi-

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vo para o Minas. O 3 a 0 no placar deu o bronze para as comandadas de Floriano Almeida, mas Maria Portela e Rochele Nunes ainda conseguiram somar dois pontos para a Sogipa, superando Bárbara Timo e Isadora Pereira, respectivamente. “Pensamos pela equipe e eu estou muito feliz com esse bronze, porque o Minas teve um desfalque muito grande que é a Idalys Ortiz e no decorrer da competição ainda perdemos a nossa 57kg (Kamilla Silva). Ou seja, fizemos uma

Após o confronto entre Minas Tênis Clube e Sogipa, o árbitro aponta a vitória para o time mineiro

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competição em que os três pesos não podiam errar, não podiam perder. Hoje tivemos de colocar a Nathália Brígida, forçamos os pesos e deu certo. A equipe estava unida e esse bronze vai para Minas com gostinho de ouro”, avaliou Érika Miranda, um dos destaques da equipe mineira e da seleção brasileira. No final do GP de 2015 o técnico da Sogipa, Antônio Pereira, o Kiko, lembrou que a havia um rodízio sistemático entre sua equipe, Pinheiros, e Minas Tênis. Que todo ano as três equipes medalhavam e se alternavam no pódio. Após ficar fora da dança das cadeiras, o dirigente gaúcho comemorou a vinda de mais uma equipe para o topo, e lamentou que a partir de agora a competição esteja muito mais difícil. “Acho que no fim de tudo até que tivemos um bom resultado e o

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saldo foi positivo, já que viemos com dois desfalques importantes: Mayra e Veronice. Acabamos trazendo uma equipe muito jovem, e acho que o GP também deve ser usado como laboratório e foi isso que fizemos nesta edição. Sobre estar fora do pódio, lembro que a Sogipa já fez cinco finais, e que não dá para vencer todas. Está é a primeira vez que não medalhamos, e isso faz parte do jogo. A vinda de uma quarta equipe é bastante positiva, mas aumenta a competitividade. Agora complicou mais, porém é assim mesmo. Há 20 anos só dava São Paulo. Hoje o poder está dividido entre paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos. Temos de respeitar e reverenciar o bom trabalho que está sendo feito no Rio de Janeiro, e nos esforçarmos para melhorar, porque agora o bicho pegou.”

De virada, Instituto Reação vence Pinheiros e conquista título inédito

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A equipe capitaneada pelo sensei Geraldo Bernardes fez campanha irretocável, classificando-se em primeiro lugar no Grupo B na primeira fase e desbancando o então campeão, Minas Tênis Clube, que em seus quadros possui judocas experientes como Érika Miranda e Ketleyn Quadros, na semifinal. E na final as cariocas não mudaram de postura, partindo para cima do Pinheiros com a mesma garra e determinação. Mas na decisão pelo ouro as pinheirenses começaram melhor, com vitórias de Eleudis Valentim sobre Raquel Silva e de Fabiana Oliveira sobre Tamires Crude. Contudo, as judocas fluminenses sabiam o que queriam e, no terceiro e decisivo combate, a campeã mundial de 2013, Rafaela Silva, conseguiu o ippon com um juji-gatame sensacional que fez Jéssica Santos bater. A vitória de Rafaela Silva deu novo gás ao time carioca que, imitando a fênix, surgiu das cinzas, cresceu e partiu para cima do adversário, em busca da vitória. Na sequência Anne Lissewski entrou com a responsabilidade de fazer o ponto de empate e não fracassou. Venceu Anne Carmo num combate aguerrido que ratificou a determinação do time fluminense na conquista do ouro inédito. Coube, então, à experiente Maria Suelen Altheman fazer o terceiro ponto que garantiu a vitória das cariocas, vencendo a jovem Aine Schmidt.

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GRAND PRIX FEMININO DE JUDÔ

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Com ura-nage Maria Suelen Altman projetou Isadora Pereira

Feliz pelo título inédito, o comandante carioca lembrou que de virada é mais gostoso. “Há três anos estávamos buscando esse título, mas no início sabíamos que éramos uma equipe ainda jovem. Talvez sejamos a equipe mais jovem a conquistar o Grand Prix. Viemos com uma quase certeza de que seríamos campeões hoje, lógico, respeitando nosso adversário. Tivemos de virar um placar para sermos campeões e é isso, nosso nome é Reação”, vibrou o técnico Geraldo Bernardes. Rafaela destacou a evolução da equipe. “Eu tinha comentado ontem com a Suelen que dessa vez o meu ponto seria o decisivo, já que eu lutei no 63kg e não no 57kg, e o dela também”, comentou Rafaela. “Eu já tinha três títulos de Grand Prix, mas nenhum pelo Reação, meu clube. É especial e é bom ver a evolução da equipe que nos formou.”.

Árbitros que atuaram na competição

Técnica do Pinheiros, Andrea Berti, que lutou no primeiro e único título da equipe em 2005, destacou a união de suas atletas durante a competição. “Essa competição depende do desempenho de cada um individualmente, mas também do espírito de união, do coletivo. Enquanto tivemos o problema de ficar sem algumas atletas que considerávamos pontos fortes da equipe, por outro lado esta união fortaleceu o time. Foi uma superação de cada uma das atletas”, concluiu.

Pinheirenses comemoram duas finais consecutivas

Mais uma vez a campeã olímpica Sarah Menezes defendeu a Organização Atitude Social de Inhumas/Goiás Esporte Clube

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Protagonista de vitórias emocionantes nos naipes masculino e feminino, nesta temporada o Esporte Clube Pinheiros foi o grande campeão do Grand Prix Nacional Masculino e vice-campeão do feminino. A recém-formada diretoria do departamento de judô da agremiação paulista teve mo-

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Paulo Wanderley parabeniza Luiz Fernandes de Araújo Júnior, pelo grande evento

tivos de sobra para comemorar as duas finais consecutivas. Sumio Tsujimoto, o novo supervisor do reformulado departamento de judô do Clube Pinheiros, avaliou as conquistas. “Na verdade, estamos acabando de chegar e já existia um trabalho que vinha sendo realizado durante a temporada. Todos os méritos destas conquistas cabem aos professores Andrea Berti e Renato Dagnino. Estamos apenas desfrutando a cereja que foi colocada no bolo. Mas é sempre um prazer enorme fazer parte de uma equipe vencedora e voltar a acompanhar tudo isso dentro dos tatamis, e lutando por um clube que defendo há mais 40 anos. Estou particularmente feliz por voltar à direção ocupando um cargo diferenciado, e por poder dedicar estas duas medalhas a minha querida esposa, Vera Lúcia Sugai.”

Sérgio Baldijão, Sumio Tsujimoto, Paulo Wanderley e Douglas Vieira

Paulo Wanderley destaca a maturidade do judô feminino Em seu balanço final o presidente da CBJ destacou a descentralização do judô. “Tenho de agradecer à FEGOJU e ao Júnior Araújo pelo excelente trabalho desenvolvido na re-

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alização desta edição do GP. O judô feminino ratificou sua maturidade e mostra que está pronto para alçar voos mais altos. Os principais nomes da modalidade vieram a Goiânia para disputar o Grand Prix que, desde 2005, era sediado por Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, três grandes polos do judô brasileiro. Esta, portanto, foi a primeira vez que o evento aconteceu numa cidade fora do eixo Sul-Sudeste, valorizando a política de descentralização desenvolvida pela CBJ. Fico feliz por ver o Grand Prix feminino completando dez anos e sendo disputado na região central do País, uma nova casa do judô brasileiro”, comemorou Paulo Wanderley. Luiz Fernandes de Araújo lembrou que a realização do GP fortaleceu a marca judô no Estado de Goiás. “Criamos um projeto de inclusão social há nove anos em Inhumas e há três anos conseguimos formar

Dirigentes e autoridades na cerimônia de abertura

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GRAND PRIX FEMININO DE JUDÔ

Os dirigentes Ton Pacheco, Luiz Augusto Martins, Josmar Amaral e Carlos Henrique Martins

Atentos Mário Tsutsui, Yuko Fuji acompanham a desempenho das judocas que atuaram no GP

uma equipe competitiva que pudesse fazer parte da elite do judô nacional. Fomos reconhecidos pela Confederação Brasileira de Judô e ganhamos a oportunidade de realizar o Grand Prix pela primeira vez fora do eixo Sul-Sudeste”, comentou Júnior, que também é vice-presidente da Fede-

ração Goiana de Judô e finalizou agradecendo o apoio recebido. “A realização deste evento contou com apoio imprescindível de Júnior Vieira, superintendente executivo de Esportes do Estado de Goiás, e Sérgio Rassi, presidente do Esporte Clube Goiás. O judô é a modalidade esportiva que conquistou o maior número de medalhas olímpicas para o Brasil, mas em nosso Estado ainda é um esporte com pouca tradição, e tenho a certeza de que todo o esforço despendido na realização desse certame projetou e fortaleceu a marca judô em Goiás. Em seu balanço final Josmar Couto destacou a qualidade da gestão na modalidade. “Pela primeira vez Organização Atitude Social de Inhumas/Goiás Esporte Clube, a equipe anfitriã

Os técnicos Miyata, Floriano de Almeida e Expedito Falcão

Goiás sediou um evento do alto rendimento com transmissão ao vivo para todo o País pela SporTV, mas tudo que vimos aqui reflete a excelente gestão que é feita em nossa modalidade. Goiás está de parabéns, a equipe campeã está de parabéns, da mesma forma que as demais equipes que aqui estiveram. Mas os maiores cumprimentos devemos dar ao professor Paulo Wanderley por toda a sua capacidade de gestão e por elevar nossa modalidade a níveis jamais imaginados por nenhum de nós.”

As campeãs dedicam o título à colega Tuany

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COTIDIANO

Praia Grande inaugura Centro de Excelência de Judô Espaço que já se tornou referência nacional homenageia um dos maiores gestores do judô paulista. POR

N o, Tatiana Regina e Luíza O prefeito Alberto Mourã professor Manso Júnior do a filh e osa esp , Beatriz

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FABRICIO TINÊO I Fotos BUDOPRESS

o dia 27 de outubro a Prefeitura de Praia Grande entregou à comunidade o Centro de Excelência de Judô Professor João Carlos Ribeiro Manso Júnior. Destinado especificamente à prática da modalidade, o espaço é anexo ao ginásio Rodrigão. A cerimônia de inauguração contou com a presença de autoridades políticas e esportivas, entre as quais Alberto Mourão, prefeito de Praia Grande; Cláudia Meirelles, secretária de Educação de Praia Grande; Francisco de Carvalho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; Maura Lígia Costa Russo, secretária de governo de Praia Grande; Ales-

sandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô; Hugo Alves Ribeiro, secretário de Esporte e Lazer de Praia Grande; Roberto Andrade e Silva, vereador de Praia Grande; Geisa Guedes, representante de Jean Madeira, secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude; Tatiana Regina Ortize Manso, esposa do homenageado; familiares e servidores que atuaram ao lado de João Carlos Ribeiro Manso Júnior durante sua trajetória como funcionário da Prefeitura de Praia Grande. A cerimônia foi acompanhada por mais de 200 crianças judocas que assistiram atentamente à apresentação de taikô (arte dos tambores japoneses) e acompanharam o mokusô (minuto de silêncio) em homena-

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Auxiliado por Maura Lígia, Tatiana Regina e Luiza Beatriz, Alberto Mourão descerra a placa do Centro de Excelência de Judô da Praia Grande

Apresentação do grupo de taikô

Daniele Zangrando, Francisco de Carvalho, Alberto Mourão e o vereador Betinho

Os tatamis do dojô da Praia Grande tomados por judocas que prestigiaram a inauguração do novo espaço

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Sensei José Gomes de Medeiros, José Carlos, Francisco de Carvalho e Danusa Shira

gem ao saudoso mestre Manso Júnior, pioneiro do esporte na cidade. Após descerrar a placa do equipamento que leva o nome do professor judoca, o prefeito Alberto Mourão lembrou que a missão de Manso Júnior foi criar seus discípulos por meio do judô. “Por isso, agradeço a oportunidade de tirar do papel um sonho de 20 anos. Desta forma, mostramos mais uma vez que a administração municipal busca, com auxílio do esporte e da educação, formar futuros cidadãos que lá na frente, cada um da sua maneira, também farão a diferença na sociedade”, enfatizou Mourão. Para Cláudia Meirelles, secretária de Educação, bem mais que construir um prédio, o centro de excelência solidifica o sonho de futuras crianças em seguir em busca de uma carreira esportiva. “Um exemplo da força do trabalho desta grande equipe é Tawany Gianelo, que começou no programa SuperEscola e hoje é campeã mundial de judô. Durante o processo de construção deste espaço, percebi o empenho e a dedicação da equipe da Coordenadoria de Esporte nas Escolas. Isso fez com que eu passasse a admirar ainda mais o Carlos Manso.” Tatiana Regina Ortize Manso, esposa do homenageado, lembrou que quando dava aula na Escola Municipal José Padin Mouta,

próximo da sua morte, Manso Júnior veio até este terreno e tirou fotos do espaço, porque sempre quis que fosse aqui. “O desejo dele era de formar futuros cidadãos por meio do judô”, lembrou. Com o equipamento idealizado pelo excoordenador de Complementação Educacional, Esporte e Cultura nas Escolas, a Prefeitura de Praia Grande atenderá a 600 alunos do SuperEscola e atletas que representam a cidade em competições. “Acima de tudo, a palavra de hoje é gratidão. Por acreditarem no sonho do João e tornarem realidade tudo aquilo que ele projetou”, completou Tatiana Regina. Alberto Bittencourt Silva, técnico da seleção praia-grandense, destacou que no Brasil há poucos espaços semelhantes a este. “Vamos contar com uma infraestrutura espetacular, que nos irá possibilitar realizar intercâmbios com outras equipes, promover cursos, sediar eventos, além de trabalhar a parte técnica e física dos nossos judocas. Poderemos atender a mais de 600 crianças.” A treinadora da equipe da cidade e da seleção brasileira sub-18, Danusa Shira Bittencourt, reforçou a importância da iniciativa. “Nossa equipe de competição tem hoje mais de 120 jovens. Nos polos do Programa SuperEscola são mais de 300. Agora, todos terão Revista Budô número 17 / 2016

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COTIDIANO

Sensei Fernando Patti e Alberto Bittencourt, grandes companheiros de jornada do professor Manso Júnior pelos tatamis da Praia Grande

Alessandro Puglia, Tatiana Regina, Francisco de Carvalho e Cláudia Meirelles

Placa do Centro de Excelência da Praia Grande

Senseis Felipe Amorin, Antônio Augusto Neto, Danusa Shira, Rodrigo de Matos, Alberto Bittencourt, Andressa Fernandes, Felipe Oliveira, Celestino Seiti Shira, Fernando Patti e Luiz Aquino

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uma casa e vamos poder receber mais alunos ainda neste espaço. A priori, o centro vai funcionar de segundas às sextas-feiras, das 8 horas às 22h30, comigo, o Alberto e o professor Rodrigo de Matos.” Dados – Com investimento de mais de R$ 2 milhões, o centro tem dois pavimentos. No primeiro, localiza-se a área de treino, que tem tatamis com amortecedores (de oito por oito metros), material oficial da Federação Internacional de Judô (FIJ); vestiários e banheiros com acessibilidade para deficientes; arquibancada para 250 pessoas e salas de almoxarifado, enfermaria, preparação física, secretaria e refeitório. No segundo, há espaços para aulas teóricas e reuniões, biblioteca, arquivo, almoxarifado e área de livre circulação Nome – O Centro de Excelência de Judô de Praia Grande leva o nome do ex-coordenador de Complementação Educacional, Esporte e Cultura da Secretaria de Educação (Seduc) nas Escolas, João Carlos Manso Júnior. O professor faleceu em 2011, aos 47 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Manso Júnior foi mentor e precursor da escolinha da modalidade na cidade e chegou ao posto de delegado regional de judô do litoral. Nascido em Santo Antônio da Platina (PR), Manso chegou a Praia Grande em 1993. Casado com Tatiana Regina, e pai de Luíza Beatriz, 11 anos, aprendeu judô aos 8 anos, em Marília, e tornou-se faixa preta 2º dan. Como atleta, foi campeão regional, paulista e brasileiro. Em 1995, aprovado em concurso público, passou a integrar a administração de Praia Grande. Em 2002, na Escola Municipal José Padin Mouta, comandou a primeira escolinha de judô da cidade. Foi ele quem instituiu as aulas de judô no contraturno escolar, ideia que cresceu com a implantação de novas modalidades e se transformou, sob sua coordenação, no programa SuperEscola. Contribuiu para fazer de Praia Grande uma potência nesta modalidade. www.revistabudo.com.br


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Política Esportiva

Lições que ficam de

Havana!

Não obstante o caos gerado no Grand Prix de Cuba pela inépcia administrativa daqueles que hoje estão à frente da Confederação Pan-Americana de Judô, a competição deixou lições importantíssimas. POR

PAULO PINTO I Foto BUDOPRESS

Sport City Coliseum, a meca do esporte em Havana

N

ão bastasse toda crise ética e moral que assola nosso País, hoje vemos dirigentes esportivos e até gente da política partidária querendo comprometer o judô e empurrá-lo para a beira de um precipício. Em janeiro a Budô denunciou o grupo de judocas que, liderados por Ignacio Aloise, o uruguaio secretário geral da Confederação Pan-America-

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na de Judô (CPJ) radicado em Porto Alegre, buscavam desafiar a autoridade e comprometer a soberania da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Contando com o imprescindível apoio do deputado federal João Derly, o representante da CPJ por diversas vezes esteve com George Hilton, ministro do Esporte, a quem pediu apoio oficial para realizar eventos da entidade no Brasil.

Investido de cargos e autoridade oferecidos pela entidade continental, Derly passou a prestar apoio cada vez maior a Aloise, desatendendo ao fato de que a condução de temas pertinentes ao judô nacional ou internacional em nosso País cabe exclusivamente à Confederação Brasileira de Judô. Na reportagem mostramos que o congressista bicampeão mundial de judô apoia uma entidade que sistematicamente atenta contra os interesses do judô do Brasil, e citamos como exemplo o campeonato pan-americano sênior (evento teste dos Jogos Rio 2016), que aconteceria no Brasil, mas despropositada e inexplicavelmente a CPJ levou para Cuba. Após nossa denúncia, o deputado, que antes havia ignorado as perguntas por nós enviadas, encaminhou comunicado por meio de sua assessoria, esbravejando que não admitiria que sua trajetória como judoca e esportista fosse maculada. Contudo, Derly não respondeu a nenhuma pergunta feita pela Budô. Falou sobre sua condição de parlamentar e de seu histórico nos tatamis, mas não esclareceu absolutamente nada sobre nossas acusações. Revés caribenho Há poucos dias, durante a realização do Grand Prix de Havana, a CPJ escreveu uma das piores páginas da história do judô pan-americano, e a Budô expôs os problemas que causaram enormes prejuízos e constrangimento às seleções de vários conti-

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nentes que foram a Cuba participar da competição que somava pontos para o ranking olímpico. Obtivemos depoimentos de dirigentes internacionais, inclusive o desabafo de um vice-presidente da própria CPJ, e o quadro exibido foi desastroso. Os gestores expuseram a fragilidade administrativa e o despreparo das mesmas pessoas que, contando com o apoio de João Derly e outros judocas talvez iludidos, aspiravam tomar o judô do nosso País de assalto por meio de constrangimento e coação. Vamos à síntese dos fatos em Havana. A CPJ credenciou uma agência turística cubana que recebeu dinheiro de delegações da Rússia, França, China, Brasil, Suíça, Costa Rica, entre outras, porém não efetuou o pagamento da empresa hoteleira. Ficou com o dinheiro de centenas de atletas e membros das comissões técnicas e deixou muita gente na mão. Houve delegações que permaneceram alguns dias no lobby do Hotel Meliá aguardando acomodações. Algumas se sujeitaram a ficar em hotéis inferiores ou hospedarias, para não dormir na rua. No congresso técnico realizado na sexta-feira (22/01), Marius Vizer, presidente da Federação Internacional de Judô (FIJ), lamentou o ocorrido, mas não assumiu a parcela de culpa da entidade internacional que, por meio de seu site oficial, jogou 66 delegações internacionais numa aventura sem precedentes. O desfecho do desastre protagonizado pelos dirigentes pan-americanos ocorreu na saída da delegação brasileira do Hotel Meliá: mesmo com toda a documentação comprobatória

do pagamento antecipado das diárias, com maior número de medalhas os funcionários do hotel exigiram que olímpicas conquistadas pelo Brasil. a delegação pagasse de novo. Quando denunciamos o movimenIsso jamais havia acontecido em to capitaneado por Ignácio Aloise, saíum evento da FIJ, e no momento crítimos em defesa de uma administração co nenhum dirigente da CPJ dirigiu-se que está na contramão daquilo que ao hotel oficial para prestar ajuda ou vemos no futebol mundial. Saímos oferecer suporte às delegações e às em defesa da excelente gestão que é vítimas do golpe profeita em nosso País no duzido por uma emesporte que, em 2013, presa credenciada pela foi considerado pela Confederação Pan-AUnesco o mais ademericana de Judô. quado para crianças, e, Por muitos anos pelo Comitê Olímpico Havana será lembrada Internacional, o esporpor europeus e asiáte mais completo. ticos como um episóO sucesso do judô dio triste, que expõe a brasileiro nos tatamis é condição social latino proporcional à qualidawww.kimonosyama.com.br -americana. Contudo, de da gestão exercida para nós brasileiros, o por uma diretoria altaGP de Cuba serviu para alertar aquemente qualificada e competente. Não les que estavam embarcando no cancabe mais empirismo no desporto olímto da sereia de que estavam subindo pico, e a maior virtude do presidente da numa barca furada. CBJ, foi a sua percepção ao formar uma Para aqueles que pretendiam imdiretoria composta por profissionais expor o caos aqui, visando a tomar de tremamente capacitados, que têm em assalto o melhor judô das Américas, comum a peculiaridade de serem todos fica a lição de que faixas pretas de judô, com formação gestão desportiva fundamentada nos tatamis. d e m a n d a Esperamos que daqui por diancapacidade, comte as pessoas que buscavam pôr as petência, estrutura mãos na estrutura criada por gente e, acima de tudo, trabalhadora e competente façam muito trabalho. uma reflexão fundamentada num dos Não se constrói mais emblemáticos princípios escritos nada conspirando, por Jigoro Kano: “Ambição e rivalidae sim trabalhando de, cuidadosamente dosadas, são esarduamente, muitimulantes do progresso. Porém, em tas vezes por anos quantidade excessiva, transformamou décadas. se em venenos destrutivos”. Poucos países Quem sabe o legado do Grand Prix do mundo posde Havana faça com que os responsuem estrutura sáveis pelo retrocesso administrativo parecida com a na CPJ entendam que o judô no Braque existe no judô sil possui raiz sólida, fincada no início do Brasil, hoje. A do século passado, e que, por estar CBJ desenvolve alicerçado hoje na iniciativa pública e um modelo de privada e numa gestão voltada para gestão profissioo desenvolvimento socioesportivo nal fundamentado de milhões de jovens praticantes, é a nas mais modermaior fonte de medalhas do desporto nas ferramentas de administração brasileiro. Não será a perfídia de meia desportiva. A Confederação Bradúzia de lambanceiros que porá fim à sileira é exemplo de eficiência esnossa supremacia continental e à tradiportiva, já que o judô é o esporte ção brasileira nos tatamis.

“Não será a perfídia de meia dúzia de lambanceiros que porá fim à nossa supremacia e à tradição brasileira nos tatamis.”

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COTIDIANO

Sator Hirakawa recebe título de Cidadão Joseense Autor do projeto, vereador Calasans Camargo vê no sensei Orlando Sator Hirakawa um exemplo para a sociedade. POR

Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

Francisco de Carvalho Filho

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ertamente os mais de 53 anos de prática e ensino do judô deram muitas alegrias ao professor kodansha, 8º dan, Orlando Sator Hirakawa, mas foi no dia 28 de outubro de 2015 que, diante dos amigos dos tatamis e seus familiares, que o famoso professor de São José dos Campos recebeu uma homenagem muito especial: o título de Cidadão Joseense. A proposta foi de outro judoca, o vereador Calasans Camargo, que vê no professor kodansha um exemplo vivo para a sociedade. “Em reconhecimento ao seu trabalho e a sua dedicação ao judô, e principalmente por ser uma referência e exemplo para toda a nossa sociedade, queremos prestar esta homenagem ao nosso querido sensei Hirakawa”, disse o vereador Calasans Camargo, que também é atleta e professor da arte do caminho suave. Filho de imigrantes japoneses, Orlando Sator Hirakawa nasceu em 1946 na cidade de Presidente Venceslau, onde viveu boa parte de sua infância. Aos 17 anos, já morando em São José dos Campos, iniciou sua trajetória no judô como aluno de outro ícone dos tatamis, sensei Yoshio Kihara, no Clube Recreativo Kanebo. Com 34 anos conquistou a faixa preta, posteriormente fundou a Associação Hirakawa de Judô, na qual, com muita dedicação, conseguiu formar inúmeros atletas que integraram e integram até hoje a seleção brasileira de judô. Autoridades políticas e esportivas participaram da cerimônia de outorga, no plenário da Câmara dos Vereadores de São José dos

Cláudio Calasans Camargo17 entrega o certificado de cidadão Joseense a Sator Hirakawa Revista Budô número / 2016 166O vereador

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Ao lado de amigos, familiares e autoridades políticas e esportivas, sensei Hirakawa posa para foto histórica

Sator Hirakawa

Isabel Hirakawa e Sator Hirakawa ladeados pelos filhos Fernando Hiroyuki Borges Hirakawa e Luciano Makoto Borges Hirakawa

Campos, entre as quais Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô; Juliana Fraga, vereadora joseense; Antônio Roberto Coimbra, professor kodansha; Jarbas Dias Ferreira, tesoureiro da 2ª DRJ; Luiz Carlos Giudice, diretor adjunto da Secretaria de Promoção da Cidadania, que representou Sílvia Sato; Mishiharu Sogabe, professor kodansha; e Cláudio Calasans Camargo, autor da proposta que contemplou sensei Hirakawa. Em seu pronunciamento Calasans destacou a importância do trabalho desenvolvido por Sator Hirakawa. “Estamos aqui para homenagear uma pessoa extremamente importante para a nossa comunidade. Sua obra se destaca tanto na preparação de campeões para o nosso País quanto na formação de grandes cidadãos para nossa cidade e região. Tenho certeza de que, assim como eu, cada um dos senhores sente grande orgulho pela pequena homenagem que fazemos a ele.” Emocionado, Alessandro Puglia parabenizou Calazans Camargo pela justa homenagem a um dos maiores formadores de atletas do judô paulista. “Cumprimento nosso colega Calasans pela iniciativa, mas afirmo que a cidade de São José dos Campos não fez mais que a obrigação ao homenagear o sensei Hirakawa. Estou extremamente feliz com esta iniciativa e pelo reconhecimento público à trajetória de um dos maiores forma-

dores de atletas do nosso Estado. Lembro o nome de judocas formados pelo sensei que escreveram seus nomes na história do judô de alto rendimento. Entre eles cito Fúlvio Miyata, Marco Antônio Costa, o Rato, Carlos Bortolle, Leandro Cunha, o Coxinha, Kira e muitos outros mais. O judô paulista é grato ao senhor por sua capacidade em transformar seres humanos em grandes atletas e por formar pessoas melhores para o nosso País.” Francisco de Carvalho destacou a importância de serem desenvolvidas políticas públicas para o esporte. “Este evento ratifica a necessidade e a importância de o judô ter representantes na política. Não fosse isso, certamente sensei Hirakawa não seria homenageado por sua obra frente ao judô que, indubitavelmente, é gigantesca. O vereador que defende o futebol não prestaria esta homenagem ao sensei Hirakawa, pois ele jamais compreenderia a relevância do trabalho desenvolvido por nosso amigo Sator Hirakawa. Agradeço ao professor Calasans pela iniciativa, e peço a Deus que dê muita saúde, força e discernimento a ele, e que com isso possa seguir fazendo o trabalho que faz dentro e fora dos tatamis. Quero parabenizá-lo também por aqueles que formou mas não possuem títulos no esporte. Cidadãos que receberam seus ensinamentos e hoje ocupam espaço de destaque na sociedade. O judô é uma importante ferramenta de transformação social. Faço severas críticas aos governos por não criarem políticas

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públicas específicas para o judô e o esporte. O custo para manter um jovem na Febem é infinitamente maior do que o custo de manutenção de um projeto social na periferia de nossas cidades, e pode atender a centenas de crianças. Esta homenagem nos propicia uma reflexão sobre a importância de termos cada vez mais representantes do esporte no Legislativo, desenvolvendo políticas públicas que utilizem o judô e demais modalidades como ferramenta de inclusão e transformação social.” Agradecendo a homenagem e a presença de todos, sensei Orlando Sator Hirakawa lembrou que cada um possui a sua própria história. “O Deus a que eu sirvo hoje transformou realmente a minha vida, e não menosprezo ninguém. Todos sabem que nós japoneses somos muito racistas, mas felizmente hoje compreendo, aceito e respeito as diferenças de raças, credos e cor. Nosso trabalho na Associação Hirakawa é fundamentado em princípios mais abrangentes. O judô deu tudo que eu e minha família precisávamos para crescer e nos deu muito mais, nos deu esta amizade generosa que nos une e aproxima. Este título que recebemos aqui é prova documental da amizade e do amor que nos une em torno no judô, do esporte e principalmente de Deus. Um dia escutei que dar aula de judô era uma tarefa fácil, difícil era formar bons cidadãos. E esse é o grande desafio que todos nós professores temos pela frente. Muito obrigado a todos.” Revista Budô número 17 / 2016

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SISTEMA DE ENSINO – JUDÔ

Campeão olímpico lança Sistema de Ensino Rogério Sampaio Medalhista olímpico em Barcelona 1992, Rogério Sampaio inova e cria sistema pedagógico para o judô e espera contribuir no processo de estruturação do ensino e difusão da modalidade no País. POR

PAULO PINTO I Fonte MYRIAN ROSÁRIO I Fotos MARCELO KURA / BUDOPRESS

Rogério Sampaio, exibe a medalha de ouro conquistada nos Jogos Olímpicos de em Barcelona 1992

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uito mais do que a modalidade esportiva que tem garantido o maior número de medalhas olímpicas para o Brasil, o judô é uma excelente ferramenta para a educação, inserção social e transformação de vidas. Afinal, o judô nasceu não como esporte, mas como metodologia de ensino. Princípios morais como coragem, respeito, cortesia, honestidade, honra, modéstia, autocontrole e amizade são consolidados no nosso caráter quando vestimos o kimono e nos preparamos para treinar e competir. Preocupado em criar um sistema moderno, com uma linguagem lúdica e pedagógica, que proporcione melhor padronização do ensino do judô no País, Rogério Sampaio desenvolveu o Sistema de Ensino Rogério Sam-

paio (SERS), uma importante ferramenta de ensino e difusão da prática do judô no Brasil. Além de ensinar posturas e técnicas aplicadas ao judô, a metodologia criada pelo medalhista olímpico oferece dicas básicas como a utilização correta da faixa, cuidados com o kimono, palavras e nomes em japonês e um pouco da história e origem do judô. Também são focados ensinamentos valiosos para o desenvolvimento da atitude e princípios aplicados em treinos, nas competições e nos relacionamentos social e familiar. Segundo o autor, a proposta da obra é influenciar positivamente a relação das crianças e jovens com o mundo à sua volta. O campeão olímpico em Barcelona 1992 explicou por que decidiu desenvolver um sistema diferenciado de ensino do judô. “To-

O campeão olímpico jogando de o-sotogari, seu tokui-waza

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dos que praticam judô por muito aulas continuará dependendo do tempo reconhecem a importância empenho dos professores. Há grande passar adiante todo o conhecides profissionais por todo o Brasil. O Sistema de Ensino Rogério Sampaio mento adquirido nos longos anos é apenas mais um apoio.” de prática. Esta transmissão de tudo aquilo que aprendemos é uma forCampeão olímpico, professor, ma de agradecimento por todo o empresário e delegado regional da conhecimento recebido. No meu Federação Paulista de Judô na Baicaso específico, achei que deveria contribuir de forma mais substanxada Santista são apenas algumas atividades de um judoca que aspira cial, apresentando algo que tammuito mais para sua modalidade. bém colaborasse com o processo “O judô é a modalidade que de padronização do ensino do judô conquistou até hoje o maior númeem nosso País.” Rogério enfatizou que sua proro de medalhas olímpicas em nosso País. Mas eu sonho mais para o judô, posta visa a aproximar o judô contemporâneo ao que era feito no Mais informações sobre o Sistema de Ensino Rogério Sampaio porque sei que ele pode fazer muito estão disponíveis no site www.regeriosampaio.com.br mais por nossa coletividade. Com este início. “Meu objetivo é reaproximar o sistema de ensino espero poder conjudô atual à sua proposta original, ou seja, utilizar nossa modalidade para educar e tribuir nos processos de desenvolvimento, de conhecimentos sólidos, resgatando muiformar bons cidadãos e uma sociedade mecrescimento e estruturação de nossa modatos ensinamentos que eram transmitidos lhor. Mais importante que conquistar medalidade. Assim como vários professores, desejo pelos professores antigos. O sistema destaca fazer com que o judô tenha um número cada lhas e títulos, a prática do judô pode formar informações sobre a historia do judô, quem vez maior de praticantes, e que ocupe cada grandes campeões na vida.” foi o professor Jigoro Kano, a importância da vez mais espaço na educação e no desenvolUm dos maiores nomes do judô brasileihigiene e de uma boa conduta, entre outros ro e mundial, o judoca santista sempre trabavimento dos jovens brasileiros. Espero que tópicos. O judô no Brasil, comprovadamente, o Sistema de Ensino Rogério Sampaio possa lhou em prol do desenvolvimento da modalitem mais de 2 milhões de praticantes, e o contribuir para isso.” dade em nosso País. Fundador da Associação propósito básico é trazer uma organização de Judô Rogério Sampaio, celeiro de grandes para todo esse ensino, fazendo com que o campeões e medalhistas olímpicos como DaColégio santista adota judô seja ainda mais reconhecido como um nielle Zangrando, Leandro Guilheiro e Maria Sistema de Ensino instrumento para o desenvolvimento educaSuelen Altheman, Rogério desenvolve e exeRogério Sampaio cional e social. Meu desejo é que esse sistema cuta projetos com atletas do alto rendimento O Colégio Novo Tempo da cidade de de ensino seja um facilitador para os profese com crianças e jovens da Baixada Santista. Santos foi a primeira escola de ensino fundasores de todo Brasil.” Fundamentado numa proposta lúdica mental a adotar o Sistema de Ensino de Judô Fazendo uma análise mais abrangente, que visa a introduzir progressivamente a crianRogério Sampaio. Rogério traçou um paralelo entre o treinaAtendendo a alunos da educação infantil ça no universo do judô, o Sistema de Ensino mento do judô e a educação formal. “As duas do quarto ano do Ensino Fundamental 1, as Rogério Sampaio utiliza uma linguagem de fácoisas caminham juntas. O judô também aulas de judô do Colégio Novo Tempo reúcil compreensão. “Nosso sistema destina-se a objetiva o desenvolvimento pessoal e educaqualquer faixa etária. Tivemos a preocupação nem cerca de 100 alunos e são ministradas cional, e estes aspectos são importantíssimos de torná-lo o mais lúdico possível para que o há mais de 20 anos. “Participamos de várias para a educação formal, na medida em que, ensino do judô seja ainda mais prazeroso para competições como forma de incentivo e vapor intermédio do judô, o aluno aprende princrianças e jovens. Por isso se encaixa perfeitalorização da prática esportiva, e optamos por cípios como respeito ao próximo, disciplina, usar o Sistema Rogério Sampaio de Ensino de mente em escolas e colégios de ensino funatenção nas aulas e a importância de atender Judô pela seriedade do trabalho e porque damental, clubes, academias e em projetos a tudo que os professores determinam.” agregará valores aos nossos alunos”, analisa sociais desenvolvidos por prefeituras.” Para Rogério Sampaio a proximidade Regina Lúcia Marcondes, uma das diretoras Fartamente ilustrada e muito bem resolcom um grande nome do esporte é um do Colégio Novo Tempo. vida graficamente, a coleção de apostilas do incentivo a mais para os praticantes de judô e Regina Lúcia finalizou falando sobre o Sistema de Ensino Rogério Sampaio inclui todas estas variantes devem ser utilizadas no ineditismo da parceria com o campão olímpimanual de orientação para pais e alunos; sete sentido de fazer cada vez mais jovens conheapostilas específicas para cada cor de faixa co. “Temos uma proposta pedagógica sólida cerem, praticarem e desenvolverem concei(amarela, azul claro, laranja, verde, cinza, bore um compromisso sério com a educação tos de vida fundamentados no judô. “Avalio na cidade de Santos, e ser a primeira escola dô e azul escuro); e quatro cadernos de ativique o judô brasileiro alcançou este grande a implantar o SEJRS, trabalhando em parcedades divididos em quatro faixas etárias: 4 a número de adeptos e o Brasil tornou-se um 5 anos, 6 a 8 anos, 9 a 11 anos e 12 a 14 anos. ria com o medalhista olímpico, aplicando em dos maiores países em número de praticanRogério Sampaio explicou a abrangênnossos alunos aquilo que ele acredita e o que tes devido exatamente à grande quantidafez para chegar onde chegou. É uma honra cia de sua proposta. “Este é um sistema que de de ídolos, de medalhistas olímpicos que poder oferecer esse modelo de atleta aos tem como objetivo oferecer maior estrutura possuímos. A proximidade comigo pode ser nossos alunos”, completa. de ensino aos professores de judô por meio sim um grande incentivo, mas o sucesso das www.revistabudo.com.br

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Sistema de

Rogério

Fundamentado numa proposta lúdica que visa a introduzir progressivamente a criança no universo do judô, o Sistema de Ensino Rogério Sampaio utiliza uma linguagem de fácil compreensão

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Ensino de Judô

Sampaio

e é uma excelente ferramenta para a introdução e o aprendizado do judô em colégios de ensino fundamental, clubes, academias e projetos sociais desenvolvidos por prefeituras. www.revistabudo.com.br

Maiores informações www.judorogeriosampaio.com.br contato@judorogeriosampaio.com.br Fone 13 98111-0500 judorogeriosampaio Facebook.com/rogeriosampaio Revista Budô número 17 / 2016

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Gestão Esportiva

Paulo Wanderley

é homenageado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão

Cônsul Tsuyoshi Yamamoto foi o responsável pela entrega do Diploma de Honra ao Mérito ao dirigente brasileiro.

O

POR

IMPRENSA CBJ I Fotos VALTER FRANÇA

presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Paulo Wanderley Teixeira, foi homenageado na noite desta terça-feira (26), ao receber do cônsul-geral do Japão no Rio de Janeiro, Tsuyoshi Yamamoto, o Diploma de Honra ao Mérito outorgado por Fumio Kishida, ministro dos Negócios Estrangeiros daquele país. Em seu discurso, Yamamoto destacou o grande número de praticantes da nobre arte de Jigoro Kano no Brasil, bem como o notável desempenho do judô brasileiro nos Jogos Olímpicos. “Como cônsul-geral do Japão, país onde o judô se originou, queria expressar meu profundo respeito e gratidão a Paulo Wanderley Teixeira por dedicar sua vida à difusão do judô em todo o Brasil, mantendo o espírito e a filosofia original desta arte marcial. E creio ser desnecessário mencionar a riqueza do currículo do professor Teixeira no cenário do judô brasileiro, que deve muito de sua popularidade e êxito à paixão e ao devotamento dele por esta modalidade”, disse.

O diplomata parabenizou a CBJ pelos projetos socioesportivos. “Gostaria também de dizer aos senhores que senti uma grande admiração ao tomar conhecimento do projeto social Avança Judô promovido pela entidade. O programa, que tem como objetivo ensinar o judô a crianças e jovens em áreas menos favorecidas, é uma iniciativa extraordinária. Soube que cerca de 3.500 jovens de 7 a 14 anos, de 16 Estados, fazem aula gratuita de judô e começam a conhecer os atrativos dessa arte marcial e a se educar para uma formação saudável do corpo e da mente. Acredito que esse tipo de iniciativa oferece a jovens carentes uma oportunidade preciosa de aprender o valor da vida por meio de atividades esportivas, o que é muito importante e significativo.” Yamamoto concluiu falando sobre parcerias em torno de projetos sociais e Jogos Olímpicos. “E neste sentido, nosso consulado quer contribuir também para a difusão do judô entre as crianças e jovens

Tsuyoshi Yamamoto traduz trechos do diploma outorgado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão

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Paulo Wanderley Teixeira exibe o Diploma de www.revistabudo.com.br Honra ao Mérito recebido de Tsuyoshi Yamamoto


Paulo Wanderley Teixeira e Tsuyoshi Yamamoto posam para foto

O dirigente brasileiro agradece a distinção recebida

os laços de amizade entre nossos povos.” que moram nas comunidades do Rio. Como Como convidados do consulado japonês exemplo, estamos trabalhando com o goestiveram presentes à solenidade Akiyoshi verno do município para realizar a reforma Shikada, presidente da Renmei – Associação de um ginásio de judô localizado no bairro Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira do Estado do Caju. E no início de março planejamos do Rio de Janeiro; Minoru organizar uma cerimônia Matsuura, presidente da Rio e um workshop de judô Nikkei; Ken Kondo, cônsul junto com a UPP para a doadjunto; Hiroyuki Nagata, ação de 80 tatamis e cem cônsul; Kentaro Kato, cônsul; uniformes de judô ofereSho Yamashita, cônsul; Linna cidos pela All Japan Judo Kuwano, vice-cônsul; e Eiji Federation. Ficaremos Takeya, vice-cônsul. muito gratos se pudermos Para dividir o momento Patrocinador máster contar com a valiosa ajuda Confederação Brasileira com o presidente Paulo Wada de Paulo Wanderley e de Judô nderley Teixeira, estiveram da CBJ para organizar este presentes à cerimônia Frane outros eventos. E cisco Grosso e Alessandro com vistas à rePuglia, presidentes das federações do Rio alização dos Jogos Olímpicos e de Janeiro e de São Paulo; Rogério Sampaio, Paralímpicos no Rio este ano, e campeão olímpico de judô em Barceloem Tóquio em 2020, desejamos na/92; Ney Wilson, gestor de alto rendimenincentivar o intercâmbio entre to da CBJ; Kenji Saito, gerente de compeo Japão e o Brasil com o objetição de judô da Rio 2016; Hélio Meirelles, tivo de fortalecer ainda mais

Autoridades consulares e convidados

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Gestão Esportiva

Ney Wilson, Paulo Wanderley e Kenji Saito

Sidney Rocha, Paulo Wanderley e Carlos Fernandes

Japão, assim como Yasuhiro Yamashita, ícone presidente da Confederação de Pentatlo do judô japonês e mundial, fizeram ou ainda Moderno; Carlos Fernandes, presidente da fazem parte do meu cotidiano como diriConfederação Brasileira de Taekwondo; gente esportivo. Este é um dia especial em Paulo Pacheco, presidente da Confederação minha vida pessoal e profissional, pois tudo Brasileira de Ginástica; Sidney Rocha, preaquilo que tenho como residente da Confederação ferência na minha vida, o Brasileira de Hóquei sobre trabalho sério, compromea Grama; e Leslei Kikoler, retimento, respeito, lealdade presentando Carlos Arthur e disciplina, vieram de duas Nuzman, presidente do fontes primordiais: minha COB e CO Rio 2016, além de educação familiar e do meu familiares. esporte, o judô, que é um leEm seu discurso, PauPatrocinadora oficial gado do Japão para o Brasil”, lo Wanderley agradeceu a da Confederação Brasileira disse o presidente. presença de todos e citou de Judô O dirigente brasileiro exemplos de sua ligação pontuou a aproximação com o país do sol nascente. entre o judô brasileiro e o Japão. “O judô no “Minha história de vida, a partir dos 10 anos Brasil foi construído graças aos ensinamende idade, é estreitamente ligada ao judô e, tos dos imigrantes japoneses. A primeira por conseguinte, ao Japão. Pessoas como medalha olímpica no judô foi conquistaLhofei Shiozawa, Liogi Suzuki, campeoníssida por um japonês naturalizado brasileiro, mos brasileiros de décadas passadas, Haruki Chiaki Ishii, nos Jogos de Munique de 1972. Uemura, presidente do Instituto Kodokan do

Rogério Sampaio, Alessandro Puglia, Paulo Wanderley e Francisco Grosso

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A partir dessa conquista, o Brasil alçou voos mais longos até se tornar, nos Jogos de Londres 2012, a modalidade esportiva brasileira com mais medalhas olímpicas, 19 no total. O técnico da seleção brasileira masculina, Luís Shinohara, é descendente de japonês. A assistente técnica da seleção feminina, Yuko Fujii, é japonesa, entre tantos outros atletas nikkeis. O intercâmbio de judô entre o Brasil e Japão é cada vez mais intenso e, todos os anos, a nossa seleção treina no Japão e a seleção japonesa vem ao Brasil.” Paulo Wanderley concluiu agradecendo a deferência do ministro japonês. “Estou verdadeiramente honrado com esta homenagem e em receber o Diploma de Honra ao Mérito de Fumio Kishida, ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, a quem deixo meu especial agradecimento. Agradeço também a Tsuyoshi Yamamoto, cônsul-geral do Japão no Rio de Janeiro, por nos receber em sua residência e pela homenagem à minha pessoa e ao judô brasileiro.”

Paulo Pacheco, Hélio Meirelles, Paulo Wanderley e Tsuyoshi Yamamoto

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ALTO RENDIMENTO

Judô é a modalidade que

conquistou maior número de medalhas olímpicas, neste século Com nove medalhas obtidas, modalidade é a principal esperança de pódios do País nos Jogos Rio 2016. Vôlei de praia aparece em segundo lugar.

A

virada de século representou o início de uma nova fase no esporte olímpico brasileiro. Após deixar os jogos de Sydney, em 2000, sem um ouro sequer, os brasileiros registraram campanhas inéditas nas três edições seguintes. Em Atenas 2004, o País levou cinco ouros, sua melhor marca até hoje. Já em Pequim 2008 e Londres 2012, o Brasil atingiu seus resultados mais expressivos no quesito total de medalhas: 15 e 17, respectivamente. Para 2016, a expectativa do Comitê Olímpico do Brasil (COB) é ainda maior: conquistar 27 medalhas e terminar a competição entre os dez países mais bem classificados. Por isso, a entidade dividiu as modalidades esportivas em

POR

SPORTV.COM I Foto WANDER ROBERTO

quatro subcategorias: vitais, que serão os carroschefes no Rio; potenciais, devido ao seu histórico olímpico; contribuintes, nas quais o Brasil possui um único atleta com condições de trazer medalhas; e legado, cuja meta é o longo prazo. Essa divisão feita pelo COB baseia-se, sobretudo, nos resultados recentes. Tomando apenas os Jogos Olímpicos como referência, é possível identificar com clareza os esportes nos quais o Brasil deve ganhar mais medalhas. Neste século, nenhum esporte conseguiu mais pódios do que o judô: nove. O vôlei de praia aparece logo atrás, com seis, seguido por

vela e vôlei, ambos com cinco. Em comparação com as modalidades que mais deram medalhas ao Brasil na história das Olimpíadas, nota-se que praticamente 50% do total das conquistas do judô (19), líder dessa lista, vieram nas últimas três edições. Ou seja, o esporte apresentou uma grande evolução em termos de resultados. O atletismo, por sua vez, vive situação oposta. Das 14 medalhas brasileiras nos jogos, apenas duas foram obtidas no século 21. Isso significa que a modalidade, apesar de continuar sendo a terceira que mais deu conquistas ao País, ocupa apenas a oitava posição no levantamento que contabiliza somente os resultados de Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012.

Mayra Aguiar, Felipe Kitadai, Rafael Silva e Sarah Menezes, judocas medalhistas, posam para fotos após coletiva na Casa Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres, em agosto de 2012.

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WORLD JUNIOR CHAMPIONSHIPS - ABU DHABI 2015

N

o último dia de disputa do campeonato mundial sub 21, realizado em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), o Brasil brigou por medalhas, fez duas finais e alcançou dois pódios. Com isso a delegação brasileira fechou o certame com cinco medalhas. Os pódios conquistados em Abu Dhabi garantiram medalhas para quatro regiões do País: Sul (Daniel Cargnin/ RS), Sudeste (Lincoln Neves/SP e Leonardo Gonçalves/SP), Centro-Oeste (Camila Nogueira/MS) e Norte (Rita Reis/AM). Os medalhistas do último dia de competição foram Camila Nogueira (+78 kg/Clube Sakurá de Judô/MS) e Leonardo Gonçalves (100 kg/Sociedade Esportiva Palmeiras/SP), vice-campeões mundiais. “É realmente um resultado que evidencia o sucesso da política de descentralização do judô promovida pela atual gestão da CBJ. Além disso, tivemos oito atletas classificados para o bloco final e sete disputando medalhas. Ficar atrás apenas do Japão no número total de medalhas conquistadas é um grande resultado”, avaliou Marcelo Theotônio, gestor das categorias de base da CBJ. Os japoneses conquistaram 12 pódios. O primeiro finalista do dia foi Leonardo Gonçalves, que enfrentou o russo Niyaz Ilyasov, que conseguiu o ippon, deixando a prata para o brasileiro. Antes disso, Leo havia derrotado Jalil Shukurov (Azerbaijão), Ramin Safaviyeh (Irã), Anton Savytskiy (Ucrânia) e Oleg Abaev (Rússia). “Nunca tinha disputado uma competição tão importante em minha carreira. Todos os atletas tinham muita potência, muita força. Mas coloquei na minha cabeça que nenhum deles tinha vontade de ganhar igual à minha. A semifinal foi o momento mais duro. Consegui impor a estratégia traçada pelo sensei Douglas Vieira e finalizei com o ippon. Faltou o ouro por alguns detalhes que eu vou corrigir. Essa prata mostra que o que tenho feito nos treinamentos está dando resultado”, apontou o meio-pesado. Camila Nogueira, por outro lado, precisou de três vitórias para fazer a final com a japonesa Wakaba Tomita, em que acabou sofrendo o ippon. Para chegar à decisão pelo ouro, a brasileira passou por Reka Varga (Hungria), Mackenzie Williams (Estados Unidos) e Yelyzaveta Kalanina, ucraniana que acabaria vencendo outra brasileira, Ellen Furtado, na disputa pelo bronze. “O fundamental foi que eu quis muito essa medalha. Desde o começo do ano eu venho batalhando por ela, treinando muito. Na edição passada eu não consegui, e botei

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Brasil traz cinco medalhas Camila Nogueira e Leonardo Gonçalves são vice-campeões mundiais sub 21, e Brasil fecha disputa com duas medalhas de prata e três bronzes POR

IMPRENSA CBJ I Fotos © IJF Media GABRIELA SABAU & MARINA MAYORIVA

O pódio de Camila Nogueira

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na minha cabeça que a medalha tinha de vir neste mundial. Fiz quatro lutas hoje. A primeira contra a húngara foi muito difícil. Ganhei de um yuko e um shidô. Depois veio a americana, que foi um pouquinho mais fácil, a terceira foi com a ucraniana e eu ganhei por um shidô. E na final, a japonesa me superou, foi melhor, mas são detalhes que eu posso aperfeiçoar. Dedico essa medalha à minha família, meu sensei, aos senseis da CBJ e a todos que torceram muito por mim. Essa medalha tem um pouquinho de todo mundo”, comentou a judoca sul-mato-grossense.

do mundial

Outras medalhas

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô

O belo ippon de Cargnin sobre Gheorghe Blanaru (Moldávia), com um minuto e quinze segundos de luta

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A primeira medalha conquistada pelo Brasil veio por meio da superligeiro Rita Reis, que para subir ao pódio derrotou a russa Sitora Boymatova por ippon. Nessa disputa, ela foi muito superior à adversária, conseguindo pontuar com um yuko, jogar de wazari e imobilizá-la para subir ao seu primeiro pódio em campeonatos mundiais – o primeiro também do Amazonas. Na estreia, a judoca amazonense havia derrotado por ippon uma das favoritas ao título, a turca Melisa Cakmakli, mas acabou caindo para a sul-coreana Hyekyeong Lee nas quartas de final por sofrer três punições. Na repescagem, ela derrotou Mireia Comas, da Espanha, por ippon, depois de estar perdendo por wazari e yuko. “Foi o momento mais difícil da competição. Eu estava meio apática, sem conseguir raciocinar direito. Tive de sair de uma imobilização e foi aí que acordei, conseguindo lutar”, lembrou Rita. “Eu queria muito uma medalha e passei a competição inteira com isso na cabeça, com o apoio constante da Andrea Berti, dizendo que eu podia. Esperava chegar à final, mas estou bastante feliz. Essa medalha vale muito para mim. Representar bem o meu País, meu Estado, e ser a primeira medalhista do Amazonas numa competição mundial de judô é muito importante”, comemorou a judoca. No dia seguinte o meio-leve Daniel Cargnin (66 kg/Sogipa/RS) e o leve Lincoln Neves (73 kg/Tênis Clube São José dos Campos/SP) conquistaram mais dois bronzes para a equipe verde e amarela. “Os dois atletas entraram muito concentrados, com muita vontade de dar o seu melhor, e conseguiram aplicar nas lutas o que estavam fazendo em seus treinamentos com a seleção e com o clube”, analisou o técnico da equipe masculina sub 21 e vice-campeão olímpico Douglas Vieira. Cargnin fez uma luta irrepreensível na disputa pelo bronze contra o iraniano Mehdi Revista Budô número 17 / 2016

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WORLD JUNIOR CHAMPIONSHIPS - ABU DHABI 2015 Fathipoorardal e conseguiu todas as pontuações possíveis: yuko, wazari e ippon. Já na estreia, o gaúcho mostrara que estava em grande forma, vencendo Gheorghe Blanaru (Moldávia) por ippon com um minuto e quinze segundos de luta. Contra o iraniano Alireza Khojasteh, bem mais alto que o brasileiro, Cargnin conseguiu controlar a luta forçando dois shidôs para o adversário e venceu na diferença de punições. Nas quartas de final, vinha fazendo uma boa luta contra Masaya Asari (Japão), mas num descuido, acabou sofrendo o ippon. A repescagem foi contra o holandês Roy Schipper e Cargnin também conseguiu impor o ritmo da luta, forçando três punições para o adversário e vencendo por ter sido penalizado menos vezes. “O Daniel é muito inteligente nas dificuldades e o Lincoln prefere manter uma estratégia e usar sua técnicas para resolver as situações que aparecem na luta. Os dois estiveram muito bem hoje”, completou o técnico Douglas. Lincoln fez uma luta mais conservadora depois de conseguir um yuko logo no começo contra Huseyn Rahimli, do Azerbaijão, e, num contragolpe, conseguiu a projeção por wazari e depois imobilizou o adversário até o ippon. “Eu tinha perdido para Rahimli numa competição na Áustria no ano passado. Ter lutado com ele foi fundamental porque pude mudar minha estratégia. Tinha lutado como canhoto e agora lutei como destro. Saber o que ele faz, os tipos de pegada dele, foi fundamental”, disse Lincoln. Assim como Cargnin, Lincoln Neves também era cabeça de chave número um e, por isso, estreou na segunda rodada, vencendo o lituano Regimantas Rybinas por wazari. Na rodada seguinte, ippon sobre Christopher Wagner (Áustria) com menos de um minuto e meio de luta. Mas nas quartas de final, numa posição dividida, acabou levando a pior diante do esloveno Martin Hojak e foi para a repescagem, quando conseguiu mais um ippon sobre o russo Alexandr Kolesnik, desta vez com apenas 32 segundos de luta. Ou seja, das quatro lutas que Lincoln venceu, três foram por ippon. “Não deixei que a derrota nas quartas de final me abatesse. Quero agradecer novamente à CBJ por ter-me dado a oportunidade de lutar neste campeonato, porque não tive um ano bom em termos de medalhas no circuito mundial. Agradeço também à comissão técnica do São José dos Campos pelos treinos e a todos que torceram por mim. É uma sensação indescritível, essa medalha é uma grande vitória”, concluiu o peso leve. O Campeonato Mundial Júnior Abu Dha-

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Determinado, Lincoln ganhou três lutas por ippon

Leonardo Gonçalves mostrou muita personalidade para chegar à grande final

Rita Reis, conseguindo pontuar com um yuko, jogou de wazari e imobilizou Sitora Boymatova

mas não resistiu à pressão exercida pelo judoca moscovita

Mostrando muita determinação, Daniel venceu quatro lutas que renderam o segundo pódio para o Brasil

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Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Camila Nogueira e a japonesa Wakaba Tomita, na final

O pódio de Daniel Cargin

O pódio de Rita Reis

Dirigente destaca que o Brasil está no Top 10

O pódio de Lincoln Neves

O pódio Leonardo Gonçalves

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bi 2015 foi disputado por 82 países, e o Brasil foi aos Emiratos Árabes Unidos com uma equipe formada por 20 judocas. Feminino: Larissa Farias (44 kg/RJ), Rita Reis (44 kg/AM), Nathália Mercadante (48 kg/SP), Jéssica Lima (52 kg/SP), Kamilla Silva (57 kg/MG), Aléxia Castilhos (63 kg/RS), Aine Schmidt (70 kg/SP), Isabela Sanches (78 kg/MG), Camila Nogueira (+78 kg/MS) e Ellen Furtado (+78 kg/SP). Masculino: Lucas Guimarães (55 kg/RS), Vítor Torrente (60 kg/SP), Daniel Cargnin (66 kg/RS), Lincoln Neves (73 kg/SP), Tiago Pinho (81 kg/ RS), Henrique Francini (90 kg/SP), André Humberto (90 kg/MG), Leonardo Gonçalves (100 kg/SP), João Cesarino (+100 kg/RS) e Hugo Praxedes (+100 kg/SP). A comissão técnica verde e amarela esteve composta por Andrea Berti, técnica do feminino; Douglas Vieira, técnico do masculino; Marcelo Theotônio, chefe da delegação; Gustavo Braga, fisioterapeuta; Edmilson Guimarães e Matheus Theotônio, supervisores técnicos. O Brasil detém 54 medalhas em mundiais de juniores, sendo 12 ouros, 15 pratas e 27 bronzes. A última edição da competição foi disputada no ano passado em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, e os brasileiros voltaram para casa com três medalhas: ouro para Rafael Macedo no meio-médio, prata para Larissa Farias no superligeiro e bronze para Ricardo Santos Júnior no meio-leve.

Paulo Wanderley, presidente da CBJ, destacou o nível competitivo do time brasileiro. “Não podemos avaliar o resultado apenas pelas medalhas obtidas, já que vários atletas ficaram em quinto e sétimo lugares, o que mostra o alto nível competitivo da seleção brasileira. Sobre as medalhas especificamente, o mais importante é que houve superação sobre o resultado que obtivemos no mundial sub 21 da temporada passada”, disse o dirigente. Ao todo 336 atletas do masculino e 219 do feminino, vindos de 82 países, disputaram as medalhas nas oito categorias de peso e, na avaliação do presidente da Confederação Brasileira de Judô, a décima colocação geral comprova que o Brasil faz parte da elite do judô mundial. “Estar dentro do top 10, numa competição desse nível e com a participação de 82 países, é um atestado de eficiência desportiva perante o mundo. Parabenizamos os atletas e a comissão técnica por terem construído um resultado tão significativo em Abu Dhabi. Mas, podemos e queremos mais”, concluiu Paulo Wanderley. Revista Budô número 17 / 2016

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JUDÔ

Ney Wilson expõe os critérios que definirão o time para os Jogos Rio 2016 Além de avaliar o desempenho do time verde e amarelo em Cuba, Ney Wilson Pereira explicou o processo que definirá o time brasileiro para os Jogos Olímpicos, mostrando o caminho que os judocas terão de percorrer para chegar à competição.

P

POR

PAULO PINTO I Foto BUDOPRESS

ara elucidar dúvidas sobre o processo seletivo para os Jogos Rio 2016 e maior compreensão sobre o ranking olímpico da Federação Internacional de Judô, a Budô entrevistou o professor Ney Wilson, gestor técnico da Confederação Brasileira de Judô.

Os quatro pódios em Havana atestam que a seleção brasileira iniciou o ano com o pé direito? Em nossa avaliação, o resultado foi satisfatório. Fizemos uma boa preparação com o treinamento realizado em Pindamonhangaba e isso, com certeza, contribuiu para o bom início da temporada. Algumas competições do circuito mundial se tornam muito fortes, dependendo do país onde são realizadas, e esse é o caso de Cuba, de muita tradição no judô. O fato de haver quatro cubanos em cada categoria já torna a competição diferente e ainda tivemos os atletas europeus que investiram bastante nesta competição. É parecido com o que acontece com os grand slams do Japão, França e Rússia, por exemplo. Por que o Brasil não teve representantes em algumas categorias em Havana? O planejamento da seleção brasileira é individual, cada atleta tem o seu programa de preparação ao longo do ciclo. Nós fizemos um mapeamento das competições de que vamos participar nesta temporada final de ranqueamento olímpico e convo-

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camos os atletas conforme a necessidade de cada um e de cada categoria. O Camilo, a Mayra e outros atletas não deveriam, ou poderiam, ter atuado em Havana? Camilo e Mayra estão em etapas diferentes de preparação, cada atleta tem a sua particularidade. Conversamos com os técnicos da seleção brasileira e membros da equipe multidisciplinar e decidimos que eles iniciarão sua temporada no próximo mês, nas competições da Europa. O campeão do peso médio em Havana foi derrotado pelo Tiago Camilo em Toronto. Na mesma competição, o nosso pesado atropelou seus adversários. Mas eles não foram a Havana. Qual ou quais são os fatores que forçam esta alternância na seleção brasileira? Os Jogos Pan-Americanos eram uma competição-alvo da CBJ e, por isso, foram convocados os atletas em melhores condições físicas e técnicas naquele momento. As alternâncias na seleção brasileira existem para que os atletas estejam preparados para realizar uma boa competição. É impossível um atleta estar 100% em todos os torneios do calendário mundial. O momento agora é estratégico: saber aonde ir para subir no WRL (world ranking list) sem se expor demais. Algumas categorias apresentam duplicidade de atletas, como é o caso do -60 kg, -81 kg, -90 kg e o +100 kg. No momento da escolha vocês adotarão apenas o critério do WRL ou haverá flexibilidade? Eu diria que a briga pela vaga é sadia e importante para fortalecer a categoria na luta por um lugar no pódio; e acrescentaria à sua lista -73 kg, -100 kg do masculino e -48 kg, -63 kg, -70 kg e +78 kg do feminino. Temos o imenso prazer de ter estes Jogos Olímpicos realizados em nosso País, no Rio de Janeiro. Como sede, temos por direito todas as vagas garantidas e isso traz mais tranquilidade para trabalharmos. O ranking será muito importante para a escolha do atleta que disputará os jogos, mas poderá não ser o único critério. Existem algumas particularidades que devemos analisar. Por exemplo: hoje temos atletas que estão bem ranqueados, mas são pontos de um ano atrás, antigos, e www.revistabudo.com.br

nas de 14 países diferentes de cada categoria de peso estarão classificados para os Jogos Olímpicos. Além desses existe a cota da união continental, que poderá incluir atletas com base na representação continental, que só será definida com o ranking de 30 de maio de 2016.

poderemos ter atletas num bom momento nesta temporada adquirindo pontos recentes. Então, critérios como essa curva de desempenho também poderão usados na decisão final. Existe alguma possibilidade de em uma ou outra categoria ser feita alguma forma de seletiva ou confronto direto entre atletas do mesmo peso? Não existe esta possibilidade. Os atletas estão disputando suas vagas ao longo da temporada.

Algum atleta o surpreendeu em Havana? O Grand Prix de Cuba foi uma competição com um nível técnico forte, o que deve ser a tônica agora na reta final para os Qual será o time Jogos Olímpicos. Eric para o Grand Slam Havana mostrou Takabatake fez uma boa de Paris? competição, vencendo que a equipe como Os representantes adversários fortes como do Brasil no Grand o medalhista mundial um todo está Slam de Paris serão: e 4° do ranking Orkhan evoluindo e que Sarah Menezes (48 Safarov, do Azerbaijão. kg), Rafaela Silva (57 certeza, o treinaestamos no caminho Com kg), Mayra Aguiar mento em Pindamo(78 kg), Maria Suelen certo para chegarmos nhangaba teve influênAltheman (+78 kg), cia nessa campanha. bem aos Jogos do Rochele Nunes (+78 Sarah Menezes também kg), Felipe Kitadai (60 conseguiu voltar ao luRio. k kg g), Alex Pombo gar mais alto do pódio (73 kg), Victor Penale fez uma excelente ber (81 kg), Eduardo Bettoni (90 kg), Lucompetição. Maria Portela e Rafaela Silva ciano Corrêa (100 kg), Rafael Silva (+100 mostraram evolução, medalhando nas kg) e David Moura (+100 kg) últimas competições do circuito mundial.

Quais eventos contarão pontos para o ranking este ano? Os eventos que contarão pontos para o ranking olímpico estão divididos em Grand Slam, Grand Prix, Campeonato Continental, World Másters e Continental Open. O evento que encerra o ranking olímpico é o World Masters, que será realizado em Guadalajara, México, nos dias 27 a 29 de maio. Por ser anfitrião o Brasil goza de alguma facilidade no tocante à inscrição de atletas? A inscrição dos atletas é de responsabilidade do Comitê Olímpico do Brasil. A CBJ define os nomes para as 14 vagas garantidas ao judô. Dentro do ranking da FIJ, quais ou quantos atletas disputarão os jogos? Quantos brigarão por medalhas em cada categoria de peso? Após a classificação olímpica ser finalizada, os 22 melhores atletas masculinos de 22 países diferentes e 14 atletas femini-

Qual foi a maior lição de Havana? Agora estamos a seis meses dos Jogos Olímpicos e apenas a quatro meses do encerramento do ranking. As competições se intensificarão com a quantidade e qualidade dos atletas em busca da vaga, pois todos precisam de pontos para se classificar ou ser cabeça de chave. Isso mostra que não devemos desperdiçar oportunidades; cada competição será muito importante neste processo final e os detalhes farão a diferença. O desempenho de alguns atletas é reflexo do trabalho de qualificação dos treinos e ações específicas realizados com cada um deles. A CBJ está investindo nos detalhes e no aumento do diálogo com os diversos profissionais envolvidos na preparação dos atletas. Trouxemos gente dos clubes para dentro da comissão técnica e medalhistas olímpicos para o convívio da seleção, por exemplo. Havana mostrou que a equipe como um todo está evoluindo e que estamos no caminho certo para chegarmos bem aos Jogos do Rio. Revista Budô número 17 / 2016

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EXAMES DE GRADUAÇ ÃO – FPJ

FPJ aprova 307 novos Atingindo novo recorde na realização de exames para candidatos à faixa preta, a comissão de graduação da Federação Paulista de Judô convocou 64 árbitros avaliadores para atuarem na banca examinadora.

POR

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Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

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faixas pretas O professor kodansh de sho-dan ao judocaa Antônio Honorato de Jesus entrega a faixa 1º kyu

Apoiador Máster da Federação Paulista de Judô

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EXAMES DE GRADUAÇ ÃO – FPJ

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o dia 31 de outubro a comissão de graduação da Federação Paulista de Judô realizou o exame para faixas pretas. O tradicional evento anual realizou-se no ginásio de esportes Celso Daniel, em Mauá (SP), que, em apoio à campanha Outubro Rosa, foi totalmente decorado com a cor que identifica a luta contra o câncer de mama. À cerimônia de abertura compareceram dirigentes, autoridades esportivas e mais de 64 árbitros, sendo a grande maioria formada por professores kodanshas, que avaliaram os 307 candidatos. Marcaram presença no encontro Alessandro Puglia, presidente da FPJ; Francisco de Carvalho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; Edson Moriconi, coordenador de Esportes de Mauá; Thiago Brochi, o judoca que é subsecretário da Juventude de Americana; inúmeros professores kodanshas e delegados regionais. A normatização e a promoção dos exames de graduação para faixas pretas de judô são de responsabilidade da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que transfere às federações habilitadas a responsabilidade de realizar os exames nos Estados. Antes de serem examinados, porém, todos os candidatos passam por uma maratona de cursos e treinamento para atender às exigências normativas

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Na cerimônia de abertura Francisco de Carvalho falou sobre a responsabilidade que os novos faixas pretas passaram a assumir com a conquista do sho-dan

técnicas e filosóficas exigidas pela Federação Internacional de Judô (FIJ) e CBJ. Para atender a um número tão expressivo de candidatos, a comissão de graduação da FPJ realizou o evento de forma simultânea no Teatro Municipal de Mauá, onde foram feitas as palestras, e no ginásio Celso Daniel, onde foram montadas 14 áreas para a apresentação de katas e avalição dos candidatos. Dez áreas foram utilizadas para exames dos candidatos a sho-dan; uma para judocas ni-dan; outra para professores san-dan, uma para candidatos yon-dan e uma última para professores go-dan. Edson Minakawa, coordenador de arbitragem da FPJ, atuou na mesa de controle analisando os resultados obtidos pelos candidatos e parabenizou a qualidade técnica dos candidatos. “Como árbitro internacional FIJ A tenho a oportunidade de viajar por vários continentes, e posso afirmar que o nível dos judocas paulistas é altíssimo. O número de candidatos é bastante expressivo, mas o fator preponderante foi a qualidade técnica apresentada pelos candidatos do nosso Estado.” Na avaliação de Joji Kimura, coordenador técnico da FPJ, a realização de exames para mais 307 judocas foi um grande desafio. “Este ano incluímos três candidatos portadores de necessidades especiais, e todos estes números mostram que este foi o maior evento de graduação já realizado pela Federação Paulista em seus 58 anos de existência.” Segundo o dirigente, a realização de cursos itinerantes ocasionou o crescimento gigantesco da demanda de novos faixas pretas. “Penso que a realização dos cursos de história, filosofia, fundamentos técnicos e kata de forma itinerante em todo o Estado de São Paulo proporcionou esta participação maciça. Todas as 16 delegacias regionais receberam a visita de um professor graduado, capacitado e habilitado que ministrou os cursos. Este foi um fator decisivo e um grande facilitador, em todo o processo.”

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O coordenador técnico da FPJ finalizou avaliando a participação dos atletas com necessidades especiais nos exames de faixa. “A inclusão de atletas portadores de necessidades especiais é uma experiência extremamente gratificante e invariavelmente proporciona situações de grande felicidade devido à quebra de inúmeros paradigmas. Aqui estes judocas participam do exame de graduação da mesma forma que os demais

candidatos, o que valoriza substancialmente suas conquistas. É maravilhoso perceber como a prática do judô por meio do kata proporciona evolução da qualidade motora e amplia a capacidade de localização”, pontuou Joji Kimura.

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EXAMES DE GRADUAÇ ÃO – FPJ Inclusão social Os três judocas com necessidades especiais, além de exibirem técnica apurada e serem aprovados para sho-dan, roubaram a atenção daqueles que têm visão mais abrangente sobre os fatos que permeiam a vida nos tatamis e em seu entorno Mostrando parte da amplitude social que a arte do caminho suave possui, Felippe Reis e Marcello Eloy de Godoy mostraram aos praticantes e professores que o judô transcende ippons, projeções, katas e fundamentos que edificam a modalidade nos cenários pedagógico e competitivo, colaborando de forma decisiva nos processos de socialização e desenvolvimento motor de crianças e jovens com necessidades especiais. Atleta bastante conhecido no cenário estadual, Felippe Reis coleciona inúmeros títulos do judô para todos, e acompanhado por Rogério Reis, o pai que também é seu professor e uke nas apresentações para a banca examinadora, atingiu seu grande objetivo conquistando a faixa preta sho-dan. Aos 23 anos, Felippe pratica judô há 15. Nesse período acumulou mais de 500 medalhas em campeonatos e festivais. Em 2014 participou de dois campeonatos internacionais. Da Itália trouxe a medalha de bronze, já na Holanda obteve o título de campeão. Seus treinadores, os senseis José Simão e Rogério Reis, se dedicam para manter Felippe em alto nível técnico. Ele também treina no centro de excelência da capital, sob orientação do técnico e medalhista olímpico Henrique Guimarães. Outro judoca que se destacou neste contexto foi Marcello Eloy de Godoy, que há 22 anos faz um trabalho constante nos tatamis e em Mauá obteve sua tão sonhada faixa preta. Aluno dos professores kodanshas Fernando da Cruz e Alcides Camargo, e do sensei Alexandre Epaminondas Toledo, aos 9 anos Marcello foi diagnosticado com síndrome de Asperger, contudo jamais se afastou dos tatamis. Emocionado com a conquista do filho, Ulisses de Godoy, árbitro e professor de judô san-dan, falou da importância do judô na evolução pessoal de Marcello. “Ao contrário de alguns pais que preferem ficar no anonimato, nós fazemos questão de expor a importância da prática do judô no processo de desenvolvimento das habilidades motoras de nosso filho, e também em seu processo de socialização. Alguns pais não acreditam, mas a prática esportiva contribui de forma substancial no crescimento de crianças com os mais variados tipos de síndromes ou transtor-

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Felipe Reis sendo examinado e já com a faixa preta em mãos, seno abraçado pelo pai e uke, Rogério Reis

Marcello Eloy de Godoy fazendo sua exibição diante da banca examinadora

Kodanshas presentes Solange de Almeida Pessoa Vincki, Umeo Nakashima, Dante Kanayama, Luiz Catalano Calleja, Sumio Tsujimoto, Rioiti Uchida, Takeshi Nitsuma, Edison Koshi Minakawa, Kanefumi Ura, Alessandro Puglia, Wagner Antônio Vettorazzi, Milton Ribeiro Correa, Francisco de Carvalho Filho, Pedro Jovita Diniz, Antônio Honorato de Jesus, Belmiro Boaventura da Silva, Celestino Seiti Shira, Gerardo Siciliano, Yoshiyuki Shimotsu, Valdir Melero, Fernando da Cruz,

Kenzo Matsuura, Antônio Rizzardo Rodrigues, José Gomes de Medeiros, Francisco Aguiar Garcia, Jiro Aoyama, Odair Borges, Mishiharu Sogabe, Orlando Sator Hirakawa, Antônio Roberto Coimbra, Anderson Dias de Lima, Alcides Camargo, Mercival Daminelli, Luiz Alberto dos Santos, Wilmar Terumiti Shiraga, Milton Trajano, Sérgio Ferranti, Rubens Pereira, Leandro Alves Pereira, Sadao Fleming Mulero, Paulo Roberto Padovan e Nélson Hirotoshi Onmura.

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Professor Ulisses de Godoy, Marcello Eloy de Godoy e sua uke, Regiane Miranda, que é aluna do professor Vinícius Jerschow, do Projeto Budô

Apoiador Máster da Federação Paulista de Judô

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EXAMES DE GRADUAÇ ÃO – FPJ nos. O judô foi importantíssimo nas questões de disciplina, expressão e linguagem corporal, e principalmente na relação humana. Ele é prova viva de que a prática esportiva soma no desenvolvimento de crianças com determinados diagnósticos, tanto é que na última edição da Copa São Paulo Judô Para Todos ele foi campeão do peso-pesado.”

Os professores kodanshas Sadao Fleming Mulero, Orlando Sator Hirakawa e Alessandro Panitz Puglia Joji Kimura, Valdir Melero e Adib Bittar Júnior

Temporada excelente Comemorando o número recorde de judocas inscritos, Francisco de Carvalho festejou a boa temporada vivida pelo judô paulista. “Todo ano fechamos o calendário de eventos da FPJ com os exames de graduação, e este ano estamos tendo um motivo a mais para comemorar o encerramento de uma temporada que foi no mínimo paradoxal. Mesmo com o Brasil atravessando uma crise sem precedentes, os números do judô não deixaram de crescer. Isso mostra que a nossa diretoria, delegados regionais e comunidade como um todo estão focados no desenvolvimento técnico e estrutural de nossa modalidade. Os números cresceram em todos os sentidos, o que para nós judocas é motivo para comemoração e orgulho,” festejou o dirigente. Alessandro Puglia e Paulo Roberto Padovan

Edson Catarino e Thiago Brochi, acompanhados dos professores kodanshas Anderson Dias de Lima e Umeo Nakashima, duas referências do judô paulista Edson Moriconi

Geisa Guedes, Francisco de Carvalho e Luiz Catalano Calleja Maurício Neves, Geisa Kelly e Milton Correa

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O professor kodansha Sérgio Ferranti entrega a faixa de sho-dan ao judoca 1º kyu

O professor kodansha Takeshi Nitsuma entrega a faixa de sho-dan ao judoca 1º kyu

O professor kodansha Mercival Daminelli entrega a faixa de sho-dan à judoca 1º kyu

A professora kodansha Solange Pessoa entrega a faixa de sho-dan à judoca 1º kyu

O professor go-dan Eduardo Melato Neto entrega a faixa de sho-dan ao judoca 1º kyu

O professor kodansha Antônio Roberto Coimbra entrega a faixa de sho-dan ao judoca 1º kyu

Após longos anos de muito treinamento e preparo, chegou a hora de iniciar um novo ciclo e pela primeira vez usar a faixa preta sho-dan

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TREINÃO CENTROS DE EXCELÊNCIA DE SÃO PAULO

Bastos promove encontro de judocas dos centros de

excelência esportiva

Pelo segundo ano consecutivo treinamento reúne professores e atletas dos cinco centros de excelência do Estado de São Paulo.

Parte dos judocas inscritos no treinamento dos centros de excelência esportiva de São Paulo POR ELAINE

MIZUNO I Fotos cris ishizava

Senseis Uichiro Umakakeba e Max Trombini

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J

udocas dos centros de excelência esportiva de Bastos, Santos, São Paulo, Divinolândia e Ribeirão Preto, mantidos por meio da parceria entre o Governo do Estado de São Paulo e a Federação Paulista de Judô, estiveram de 26 a 28 de fevereiro na cidade de Bastos, onde foi realizado o treinamento conjunto. Repetindo a ação da temporada passada no Ibirapuera, os atletas dos cinco núcleos se encontraram para treinar duas vezes por dia. Para Cléber do Carmo, delegado da 12ª DRJ e professor responsável pelo CEE de Ribeirão Preto, esse tipo de treinamento é muito importante, pois além da troca de experiência proporciona volume de treino gigantesco. “Reunimos em Bastos mais de 200 atletas, que treinaram incansavelmente em busca de melhor preparo para enfrentar a temporada.” Para Max Trombini, esse tipo de treino visa ao aperfeiçoamento técnico e desenvolvimento humano. “São realizados dois treinos por dia, e além de treinar os atletas cuidam da organização e limpeza do espaço. Na hora das refeições é feito agradecimento antes e depois, e todas estas ações certamente serão lembradas para sempre. Cada judoca levará esta experiência consigo para o resto da vida.” A iniciativa desse treinamento conjunto partiu do sensei Uichiro Umakakeba, e a ideia surgiu no ano passado quando o professor bastense buscava desenvolver novo formato de treinamento para os judocas do Estado de São Paulo. “Esse tipo de treino desperta o espírito de samurai nos atletas, pois quando estão próximos da exaustão acham forças para continuar treinando. O contato dos mais jovens com atletas que já estão na seleção proporciona maior conhecimento e estimula os mais jovens a se prepararem para chegar à seleção brasileira”, explicou Max Trombini. www.revistabudo.com.br

Centro de excelência de Bastos

Centro de excelência de Divinolândia

Centro de excelência de Ribeirão Preto

Centro de excelência de São Paulo

Centro de excelência de Santos

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KARATÊ

São Paulo

mantém supremacia nacional no

karatê

Com 201 medalhas conquistadas, São Paulo ratifica sua hegemonia, superando as próprias marcas. POR

C

om o apoio da Federação Catarinense de Karatê e Prefeitura de Joinville, a Confederação Brasileira de Karatê realizou a fase final do Campeonato Brasileiro de Karatê 2015. Contando com nove áreas de disputa, o certame que reuniu 1.810 atletas vindos de 26 Estados e do Distrito Federal aconteceu entre os dias 15 e 18 de outubro, no Centreventos Cau Hansen – arena multiuso de Joinville (SC). São Paulo foi a Santa Catarina com uma comissão técnica formada por treinadores bastante experientes e algumas referências internacionais nessa área – todos ex-atletas com atuação expressiva nos tatamis e que hoje transmitem conhecimento para as novas gerações. O quadro técnico paulista estava formado

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Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

por Valmir Zuza, Carlos Magno, Sérgio Takamatsu, Ricardo Aguiar, Diego Spigolon, Fábio Aranha, José Marcones, Rogério Saito, Giuliano Alves, Fábio Hisatugo, Rodrigo Inácio, Alexandre Serra e Eliane Gomes. Com 272 atletas, o time paulista desembarcou em Joinville com a maior equipe da competição. Todas as vagas para a final foram conquistadas no Campeonato Brasileiro Regional realizado em abril, em

Foz do Iguaçu (PR). Os paulistas ratificaram sua condição de maior força da modalidade do País, totalizando 201 medalhas, o que corresponde ao surpreendente índice técnico de 74% de aproveitamento. Os karatecas paulistas levaram para casa 56 medalhas de ouro, 51 de prata e 94 de bronze. Mas a grande conquista do time bandeirante foi a superação de seus próprios índices, já que na temporada passada São

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Paulo foi ao Distrito Federal com 325 atletas que conquistaram 53 ouros, 53 pratas e 90 bronzes. Estes números comprovam que São Paulo está evoluindo tecnicamente, já que nesta temporada alcançou maior número de medalhas com uma equipe significativamente menor.

Anfitriões ficam em segundo

Em Foz do Iguaçu (PR) a equipe catarinense classificou 166 karatecas para a fase final do campeonato brasileiro, e para chegar em segundo lugar na contagem geral de pontos o time sulista conquistou 110 medalhas, sendo 43 de ouro, 28 de prata e 39 de bronze. O aproveitamento de 66% evidencia o bom momento da modalidade em todo o Estado e o alto nível técnico do karatê catarinense hoje. Um índice de aproveitamento dessa proporção demanda estruturação e a prá-

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tica do esporte em larga escala no Estado. Não é com meia dúzia de escolas ou clubes que se conquista um número de medalhas tão expressivo e se obtém um resultado tão significativo. Prova disso é o Distrito Federal, que produz numerosos karatecas para a seleção brasileira, mas não marca presença entre os grandes quando se analisa o rendimento. Somando 73 medalhas, Minas Gerais ficou em terceiro lugar com 22 ouros, 19 pratas e 32 bronzes. Com enorme tradição nos tatamis, Minas Gerais foi a Joinville com 157 atletas que obtiveram aproveitamento de 47%. Já o Rio de Janeiro ficou em quarto o lugar geral, com 61 medalhas: 15 de ouro, 16 de prata e 30 de bronze. Os 105 kara-

tecas mineiros alcançaram aproveitamento de 58%. Os índices de Minas e do Rio mostram a força, a qualidade e o bom momento do karatê nos dois Estados.

Com de-ashi-harai, Sergipe derruba Bahia

Surpreendendo a todos que estavam na arena, os 43 atletas da seleção de Sergipe conquistaram a quinta colocação geral, atropelando toda a tradição que a Bahia possui nos tatamis. Com 15 medalhas de ouro, duas de prata e sete de bron-

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KARATÊ Paulistas comemoram mais uma vitória expressiva

ze, que totalizam apenas 24 medalhas, o time sergipano abafou as 54 medalhas obtidas pela seleção baiana. Além de ter conquistado o dobro de medalhas, a Bahia disputou quase o dobro de finais que os sergipanos, mas faltou determinação aos 136 karatecas baianos, que conquistaram 54 medalhas, sendo 13 de ouro, 17 de prata e 24 de bronze. Com dois ouros a mais, Sergipe ofuscou a tradição e o poderio do karatê baiano. Além da falta de determinação e empenho nas finais, o time baiano obteve 40% de aproveitamento. Bem abaixo de Sergipe, que atingiu 57%. Em sétimo lugar, a seleção do Mato Grosso do Sul inscreveu 33 atletas que conquistaram dez medalhas de ouro, seis de prata e oito de bronze, totalizando 24 medalhas. O Estado do Paraná classificou 53 karatecas, que finalizaram a competição na oitava colocação, somando 29 medalhas, sendo dez de ouro, cinco de prata e 14 de bronze. A seleção espírito-santense foi a Santa Catarina com 69 atletas e terminou em nono lugar, com sete medalhas de ouro, 13 de prata e 19 de bronze. Mesmo totalizando 39 medalhas o time da Região Sudeste ficou abaixo no número de medalhas de ouro. O Distrito Federal foi a Joinville com 55 karatecas, que conquistaram seis medalhas de ouro, cinco de prata e 16 de bronze. As 27 medalhas colocaram Brasília em décimo lugar no pódio geral do certame.

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Transportadora aérea oficial do karatê do Brasil Confira condições especiais

José Carlos de Oliveira, presidente da Federação Paulista de Karatê, destacou a união do time paulista. “O resultado comprova que hoje a FPK não depende exclusivamente de um dirigente. Existe um grupo que trabalha pelo desenvolvimento do karatê paulista. Formamos um time extremamente comprometido com a FPK, com a nossa gestão e com os destinos da modalidade. Isso me deixa muito mais à vontade para afirmar que estamos no caminho certo, principalmente pelo fato de estarmos formando novas lideranças, pois entendo que uma gestão não pode ser personificada em um único dirigente.” Zeca finalizou comemorando o excelente momento que o karatê experimenta em São Paulo. “Sobre o resultado em si, nossa equipe obteve uma marca extremamente expressiva. Atletas, comissão técnica e os professores de cada atleta paulista devem ser lembrados e homenageados por esta conquista. Mas quero enfatizar o prazer e a vontade que os atletas têm de representar nosso Estado. E neste contexto eu incluo os pais, que não medem esforços para participar e apoiar seus filhos, e a equipe como um todo. Conseguimos estabelecer um processo em cadeia, no qual todas as pessoas que estão próximas participam, vestem a camisa e fazem o resultado acontecer. Apesar da crise instalada em nosso País, o karatê paulista vive um momento altamente positivo nos

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tatamis. No campo da gestão comemoramos a volta das principais escolas, e isso gerou maior participação e união em busca do melhor resultado para todos.” Na avaliação de Valmir Zuza, diretor técnico da FPK, o resultado foi bastante satisfatório, mas resta ainda muita coisa por fazer. “Trouxemos uma equipe grande e nossa comissão técnica conseguiu atender a todos de forma organizada.

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Viemos com 13 técnicos, entre os quais o Carlos Magno e o Sérgio Takamatsu são os coordenadores. Nossa meta era fazer com que nenhum atleta competisse sem o devido acompanhamento técnico e isso foi cumprido à risca. Todos os atletas foram acompanhados por um técnico e em nossa análise este fator é determinante, principalmente quando falamos de crianças. A competição foi bastante difícil porque Santa Catarina, a anfitriã, também competiu com uma equipe grande e tecnicamente muito forte. Além dos talentos formados pelos professores catarinenses, eles possuem muitos atletas contratados de São Paulo e Brasília. Mas felizmente

fomos muito bem, e não digo isso apenas pelas medalhas conquistadas e sim pelo feedback que recebemos dos professores e pais que acompanharam a equipe. Mas apesar de toda a comemoração pela vitória, nossa comissão técnica percebeu vários erros que foram expostos aqui, nas reuniões realizadas após cada rodada. Agora eles serão discutidos nas reuniões de planejamento para a próxima temporada e muita coisa deverá ser corrigida para o próximo ano”, disse Zuza. Ricardo Aguiar, técnico de São Paulo e da seleção brasileira, destacou que o Estado ainda é o maior celeiro de atletas do País. “Lembro que nos últimos três ou quatro anos sofremos com o problema de renovação no adulto. Na verdade atravessamos um momento de entressafra e gradativamente estamos produzindo atletas

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KARATÊ na base que sobem para o adulto, garantido excelentes resultados para o Brasil. A boa notícia é que vários karatecas estão subindo e em pouco tempo o time adulto estará pronto. Sobre o resultado geral, não tivemos maiores surpresas, já que São Paulo sempre foi muito forte e teve o qualitativo sempre à frente. Alguns técnicos ouviram que ainda estamos vencendo devido à quantidade e não à qualidade, e eu discordo totalmente. Se São Paulo está competindo no adulto com vários atletas do sub 21 é porque empresta vários talentos a outros Estados. Somos o maior celeiro de karatecas do País e, mesmo com as limitações momentâneas do adulto, terminamos a disputa em primeiro lugar. Este resultado ratifica a força do trabalho desenvolvido por centenas de professores filiados à FPK espalhados pelos 645 municípios paulistas. Por outro lado, felizmente muitos Estados do Nordeste e do Centro-Oeste estão surgindo com força e ocupando espaços nos pódios, da mesma forma que Santa Catarina ocupou o lugar de Estados que antes eram fortíssimos e caíram de produção. Toda esta movimentação e sinergia são de fundamental importância para o desenvolvimento técnico do karatê brasileiro.”

Dirigentes celebram novo momento do karatê verde e amarelo

Fazendo um balanço da competição, Luiz Carlos Cardoso, presidente da CBK, enalteceu o trabalho desenvolvido por toda a equipe catarinense, mas lamentou o número de atletas que deixou de comparecer em função do momento que o País atravessa. “A etapa final foi um sucesso, mas a meu ver deixou a desejar. Reputo parte disso ao péssimo momento que a economia do País atravessa. Deixamos de ver inúmeros atletas do alto rendimento e da base que se classificaram, mas deixaram de vir devido a dificuldades financeiras. Estes karatecas treinaram, competiriam em suas regiões, classificaram-se, mas deixaram de vir e tecnicamente isso cria uma lacuna gigantesca.” O dirigente nacional parabenizou a equipe local pela qualidade do evento. “A FCK teve o privilégio de realizar o evento no Centreventos Cau Hansen, uma das melhores arenas do País, com áreas de alimentação, sanitários e estacionamento

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KARATÊ muito bem planejados. Contudo, houve alguns incidentes, fruto da inexperiência do pessoal local, que não está acostumado com o gigantismo da competição; mas só se supera isso com planejamento de gestão. Tudo que fazemos hoje é fundamentado no tempo que cada ação demanda. Mesmo assim, sempre acontecem situações inusitadas, algo novo ou inesperado. Mas nada disso tira o brilho e a competência do time de Santa Catarina que, indubitavelmente, promoveu em Joinville uma das melhores edições do nosso certame.” Durci Nascimento, presidente da Federação Catarinense de Karatê, comemorou o sucesso da competição. “Tudo ocorreu dentro daquilo que havíamos planejado, e temos certeza de que os atletas, técnicos e dirigentes que nos visitaram gostaram do que oferecemos aqui. Graças às dimensões da arena multiuso, tivemos uma competição bastante organizada, apesar do número excessivo de atletas inscritos. Acho que Santa Catarina saiu-se muito bem na organização desta competição.” Para o dirigente sulista, a conquista do vice-campeonato foi o maior prêmio da equipe anfitriã. “Outro fator importante é que mais uma vez Santa Catarina ficou em segundo lugar geral. Demos um salto quantitativo bastante significativo, disputando 71 finais e obtendo 43 medalhas de ouro, 28 de prata e 39 de bronze. Definitivamente o karatê catarinense é a segunda maior força da modalidade no País hoje. Passamos Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e a Bahia, considerados berços do karatê no século passado. Certamente vamos comemorar muito os resultados alcançados neste certame dentro e fora dos tatamis.”

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Mudando a cultura das competições

Comemorando o resultado final da competição, William Cardoso, diretor técnico da CBK, destacou o alto índice técnico do certame. “Foi tudo dentro do esperado e dentro do ponto de vista quantitativo superamos a meta. Fazendo uma análise qualitativa, posso afirmar sem medo de errar que esta foi a competição com melhor resultado téc-

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nico. O número de vitórias no exterior está crescendo, mas esta competição comprova que os resultados obtidos lá fora são fruto do grande trabalho que está sendo feito hoje pelos professores de todo o País. Fortalecemos nossa base técnica e esta competição evidenciou isso claramente.” Para o dirigente, o saldo positivo demonstra a padronização dos eventos do karatê brasileiro. “No tocante ao andamento da competição acho que tudo aconteceu melhor do que era esperado. Pontualmente houve uma coisinha aqui e outra ali, mas os pontos positivos Douglas Brose, Lyoto Machida e Luiz Carlos Cardoso na campanha de inclusão do karatê nos Jogos Olímpicos foram infinitamente superiores aos negativos. As potencialidades pulverizaram as poucas falhas que surgiram no desenrolar da competição. O evento foi excelente e dou nota 10, mas, se no ano que vem a competição for idêntica a esta, eu não dou nem 5, pois temos de nos superar e fazer algo Transportadora aérea oficial melhor a cada ano.” do karatê do Brasil William finalizou enfatizando Confira condições especiais a mudança de postura de dirigentes e atletas. “Coordeno toda a questão da estatística, na qual costumamos fazer um cálculo Valmir Zuza, Ivon da Roc prévio do tempo que demandará ha Dedé e Sérgio Hirosh i Takam São Paulo que enaltecera toda a competição. Hoje os atlem a qualidade do evento atsu, dirigentes de promovido pela FCK tas sabem uma semana antes de competir em quais áreas vão lutar e a que horas vão entrar para as disputas. Sabem o horário que começarão e terminarão todas as lutas que farão. Mesmo contando apenas com nove áreas, todas as categorias foram chamadas dentro do horário previsto, ou dentro da margem de erro, que é de quatro minutos para mais ou para menos. Conseguimos esta façanha em todas as categorias, e isso colabora muito no desempenho e no rendimento do atleta, que por sua vez se organiza melhor e pode avaliar as lutas de seus adversários com maior tranquilidade. O fator importante em todo este processo é que estamos banindo a cultura de desorganização que havia antes em nossas competições.”

Lyoto Machida ministra seminário

O ex-campeão dos meio-pesados do UFC Lyoto Machida comandou a segunda edição do seminário prático SMASH FanExperience. O evento contou ainda com a participação especial do também www.revistabudo.com.br

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C AMPEONATO BRASILEIRO DE KARATÊ

Árbitros que atuaram na competição

Transportadora aérea oficial do karatê do Brasil Confira condições especiais

Catarinenses comem

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oram a conquista do

kumitê por equipe

Técnicos paulistas comemoram mais

um título nacional

Lyoto Machida fala sob re sua experiência no octógono

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São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais dividem o pódio da classificação geral

Árbitros do Estado da Bahia

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atleta Vítor Miranda, lutador joinvilense do UFC, e Douglas Brose, bicampeão mundial de karatê. Aproximadamente 130 atletas, técnicos e professores de karatê de diversos Estados participaram do workshop, que fechou a fase final do Campeonato Brasileiro de Karatê 2015. Além dos karatecas, o seminário recebeu praticantes de outras modalidades, como jiu-jitsu, thai-boxe, bujutsu, judô e karatê Kyokushin, entre outros. “A grande emoção de treinar com um ídolo é não só estar perto dele, mas também, poder aprender algumas das técnicas que o destacaram na história do esporte, como a ponteira que nocauteou Randy Couture em um dos golpes mais famosos do MMA, por exemplo”, contou o empresário e idealizador do projeto Pedro Kazan. Filho de Ioshizo Machida, um dos principais shihans do karatê-dô tradicional do Brasil, Lyoto teve formação fundamentada no karatê tradicional e Shotokan, e em sua passagem pelo evento na manhã de 17 de outubro lembrou dos fins de semana que passava nas competições. “Faz muito tempo que eu não participo de uma competição de karatê, mas foi competindo exatamente assim como vocês estão fazendo aqui que eu cheguei aos octógonos e escrevi minha história no UFC.” No seminário Lyoto mostrou os principais fundamentos usados em seu preparo para os combates do Ultimate Fighting e encerrou o workshop com uma breve palestra sobre atitude mental e determinação. Bastante aplaudido, Machida mostrou que é um budoka na acepção da palavra, um vencedor dentro e fora dos tatamis. Carismático e extremamente solícito, Lyoto deu autógrafos e posou para fotos com todos os participantes, e fez uma foto especial ao lado de Douglas Brose, bicampeão mundial de karatê, e Luiz Carlos Cardoso, presidente da CBK, para foto da campanha de inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos. “Estou no UFC, mas acima de tudo sou karateca. Minha formação ocorreu no dojô de meu pai, onde até hoje ele ensina o karatê. Torço para que nosso esporte faça parte do programa olímpico, pois com isso a modalidade crescerá muito mais e milhões de crianças no mundo terão acesso à prática do karatê.” Revista Budô número 17 / 2016

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COTIDIANO

George Hilton e Ricardo Leyser visitam sede da Confederação Brasileira de Judô Visita inédita foi um marco na relação entre a Confederação Brasileira de Judô e Ministério do Esporte. POR

IMPRENSA/CBJ I Fotos FRANCISCO MEDEIROS/ME

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mês de março foi repleto de acontecimentos inéditos e marcantes para o judô verde e amarelo, e sem dúvida alguma a vista de George Hilton, ministro do Esporte e Ricardo Leyser, secretário nacional de Esportes de Alto Rendimento à sede da ConfeSarah Menezes e George Hilton

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Acompanhados por Ney Wilson, Paulo Wanderley e George Hilton apontam para o contador de dias para o início dos jogos

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Ketleyn Quadros e George Hilton

deração Brasileira de Judô, foi um feito importantíssimo para a modalidade. Acompanhado por vários judocas da seleção brasileira e de Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento, Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ, recebeu no dia 9 de março a visita de George Hilton e Ricardo Leyser, em encontro que sucedeu ao encerramento do evento-teste do judô para os Jogos do Rio 2016, do qual o Brasil saiu com nove medalhas (uma de

Victor Penalber e George Hilton

ouro, duas de prata e seis de bronze). Participaram do encontro os atletas medalhistas olímpicos Sarah Menezes, Ketleyn Quadros, Mayra Aguiar, Felipe Kitadai, Leandro Guilheiro, Tiago Camilo e Rafael Silva, além da campeã mundial Rafaela Silva, da vice-campeã mundial Maria Suelen Altheman e do medalhista de bronze no mundial em 2015 Victor Penalber. Dando boas-vindas aos visitantes, Paulo Wanderley agradeceu todo o

George Hilton fala aos atletas e gestores da seleção brasileira

www.revistabudo.com.br Judocas da seleção, dirigentes e equipe ministerial nos tatamis da CBJ

apoio recebido pelo governo federal. “É um privilégio receber os senhores em nossa casa. Por meio do Sistema de Convênios e da Lei de Incentivo ao Esporte, o Ministério do Esporte nos proporciona todo suporte que necessitamos para oferecer a estrutura de preparação e desenvolvimento que os nossos atletas demandam. Esta é uma oportunidade ímpar para agradecer pessoalmente tudo o que o Ministério do Esporte e o governo federal têm feito pelo judô brasileiro”, disse o dirigente. Em seguida, o secretário nacional de Alto Rendimento reforçou a parceria com o judô em diferentes frentes. “Estamos presentes no judô de várias maneiras e em várias frentes. Entregamos tatamis na Sogipa e no Minas Tênis Clube, investimos na sala de preparação física do Esporte Clube Pinheiros, por exemplo, e também na construção do Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas, que faz parte da Rede Nacional de Treinamento. O objetivo é manter esse investimento para o próximo ciclo olímpico e vamos lutar para que os recursos continuem após 2016”, disse Leyser. Por fim, George Hilton falou sobre o panorama nacional do esporte de alto rendimento, destacando a profissionalização dos atletas. Disse que os Jogos Olímpicos serão um divisor de águas na forma como se vê e se investe em esporte no País e revelou que o governo federal pretende manter as medidas de incentivo após o ano olímpico. “A presidenta Dilma Rousseff já sinalizou que vai manter o Plano Brasil Medalha e que quer as estatais apoiando o esporte no próximo ciclo olímpico”, falou Hilton.

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ENCONTRO DE GERAÇÕES DO JUDÔ

Medalhistas olímpicos

são homenageados pela CBJ em treinamento da seleção brasileira Evento histórico integrou atletas das seleções do passado, presente e futuro, concentrando força no time que representará o Brasil nos Jogos Olímpicos.

O

POR

IMPRENSA/CBJ I Fotos MARCIO RODRIGUES/MPIX/CBJ

dia 15 de março de 2015 foi histórico para o judô brasileiro. Faltando 143 dias para o início dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) promoveu um encontro de gerações no dojô do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), no Rio de Janeiro. Em evento inédito, 15 dos 16 judocas brasileiros medalhistas olímpicos foram homenageados pela CBJ durante o Treinamento de Campo Internacional da seleção que se prepara para os jogos deste ano. Na cerimônia, cada um deles recebeu um judogi personalizado com backnumber na cor da medalha olímpica conquistada, além do nome do judoca com o ano da edição dos jogos em que ele subiu ao pódio. Aldo Rebelo, Paulo Wanderley Teixeira, Chiaki Ishii, Leonardo Gonçalves e George Hilton

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Medalhistas do judô de todos os tempos reunidos no CEFAN

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Paulo Wanderley, Sarah Menezes e Layana Colman

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ENCONTRO DE GERAÇÕES DO JUDÔ

Mostrando que não perdeu a pegada, o campeão olímpico Aurélio Miguel caprichou no randori

“Esse encontro é mais um recorde de todos os recordes que a Confederação Brasileira de Judô tem batido nos últimos anos. É um momento histórico termos aqui reunidos os atletas que fizeram, os que ainda estão fazendo e também aqueles que farão história no judô brasileiro”, comentou Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ. Judocas de todas as gerações olímpicas participaram da homenagem, desde o primeiro medalhista, Chiaki Ishii, bronze em Munique 1972, passando por Luiz Onmura, bronze em Los Angeles 1984; Walter Carmona, bronze em Los Angeles 1984; Douglas Vieira, prata em Los Angeles 1984; Aurélio Miguel, ouro em Seul 1988 e bronze em Atlanta 1996; Rogério Sampaio, ouro em Barcelona 1992; Henrique Guimarães, bronze em Atlanta 1996; Tiago Camilo, prata em Sydney 2000 e bronze em Pequim 2008; Carlos Honorato, prata em Sydney 2000; Leandro Guilheiro, bronze em Atenas 2004 e Pequim 2008; Flávio Canto, bronze em Atenas 2004; Ketleyn Quadros, bronze em Pequim 2008; Sarah Menezes, ouro em Londres 2012; Mayra Aguiar, bronze em Londres 2012; e Rafael Silva, bronze em Londres 2012; além de Felipe Kitadai, bronze em Londres 2012, que foi representado por Charles Chibana. “Senti muita alegria hoje. Pode-

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Paulo Wanderley, Rogério Sampaio e Rafael Macedo O vice-campeão olímpico Douglas Vieira também aproveitou o randori

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Paulo Wanderley, Flávio Canto e Daniel Cargnin

mos perceber um trabalho competente, profissional, pelos frutos que está dando. O judô brasileiro hoje é completamente diferente do que era na minha época de atleta”, comparou Carmona, medalhista de bronze em Los Angeles 1984. “Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história, pelo que conquistei,

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Feliz pelo excelente momento no ranking internacional, Mayra Aguiar era uma das mais alegres do encontro

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mas ainda fico tímida perto desses grandes campeões. Tenho um carinho especial pelo sensei Chiaki Ishii, porque fazemos aniversário juntos e, coincidentemente, ele foi o primeiro homem medalhista e eu a primeira mulher”, contou Ketleyn Quadros, que ganhou um judogi relembrando seu bronze em Pequim 2008. Os presentes foram entregues pelo presidente Paulo Wanderley e por atletas das categorias de base, numa forma de integrar passado, presente e futuro. Entre as promessas da “geração Tóquio 2020” estavam Nathália Mercadante, bronze no Mundial Sub 18 Kiev 2011; Layana Colman, campeã dos Jogos Olímpicos da Juventude Nanquim 2014; Camila Gebara, prata no Mundial Sub 21 Abu Dhabi 2015; Beatriz Souza, bronze no Mundial Sub 18 Sarajevo 2015; Daniel Cargnin, bronze no Mundial Sub 21 Abu Dhabi 2015; Leonardo Gonçalves, bronze no Mundial Sub 21 Abu Dhabi 2015; Lincoln Neves, bronze no Mundial Sub 21 Abu Dhabi 2015; e Rafael Macedo, ouro no Mundial Sub 21 Fort Lauderdale 2014. Campeão mundial em 2007 e um dos capitães da atual seleção, o meio-pesado Luciano Corrêa falou em nome de todos os atletas que seguem na busca pela glória olímpica. “É uma honra estar aqui hoje falando em nome dos meus colegas dos tatamis. Vocês são inspiração para todos nós atletas, porque chegaram onde todos nós buscamos chegar. E vê-los aqui hoje nos motiva ainda mais a lutar por nossos sonhos, pois vemos em vocês que isso é possível”, disse. O encontro foi finalizado com técnicas de projeção nos tatamis em tom de comunhão e descontração entre todos os judocas presentes. O evento foi prestigiado por autoridades como o ministro da Defesa, Aldo Rebelo; o então ministro do Esporte, George Hilton; o secretário nacional de Alto Rendimento, Ricardo Leyser; e o contra-almirante Carlos Chagas. Com conquistas nas últimas oito edições de Jogos Olímpicos, o judô é o esporte que trouxe mais medalhas olímpicas para o Brasil. São 19, no total, sendo três de ouro, três de prata e 13 de bronze.

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ALTO RENDIMENTO

Durante o evento o medalhista olímpico Flávio Canto e os campeões olímpicos Rogério Sampaio e Aurélio Miguel seguram a tocha do Rio 2016

Medalhas são proporcionais à qualidade da gestão O evento CBJ nos Jogos Rio 2016 não exibiu unicamente o que foi planificado pelo judô neste ciclo olímpico, mas um complexo e moderno modelo de gestão a ser seguido. POR

O

encontro realizado no dia 13 de novembro, em São Paulo, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) ratificou uma afirmação que faço há anos sobre a gestão esportiva: as medalhas obtidas em qualquer modalidade são proporcionais à qualidade da gestão. A CBJ reuniu 23 referências do judô nacional, entre eles seis medalhistas olímpicos, para apresentar o planejamento para os Jogos Rio 2016 e ouvir sugestões sobre

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Paulo pinto I Foto BUDOPRESS

possíveis melhorias que ainda podem ser feitas faltando 261 dias para o início da competição. A riqueza de detalhes das ações, somada ao planejamento para este ciclo olímpico, mostra que, além de visionário, o dirigente máximo do judô nacional é um gestor muito à frente de seu tempo. Esta equação fez com que o judô obtivesse o maior número de medalhas olímpicas para o Brasil. Ao todo foram 19 conquis-

tas: três ouros, três pratas e 13 bronzes. Neste século, nenhuma modalidade esportiva conseguiu mais pódios do que o judô: nove. O vôlei de praia aparece em segundo lugar, com seis, seguido por vela e vôlei, ambos com cinco. Numa comparação com as modalidades que mais deram medalhas ao Brasil na história das Olimpíadas, nota-se que praticamente 50% do total das conquistas do judô (19), líder dessa lista, vieram nas últimas três edições. Ou seja, a

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grande evolução em termos de resultados coincidiu com o período da atual gestão. O encontro que teve o objetivo de potencializar o trabalho desenvolvido para este ciclo olímpico mostra a preocupação de uma gestão que democraticamente abre espaço para que os principais fomentadores da modalidade opinem sobre o trabalho que está sendo realizado, e serve de modelo para dirigentes que buscam resultados para suas modalidades e para nosso País. Em seu pronunciamento, Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ, destacou a importância da participação de todos que engrandecem a modalidade. “Esta é uma ação inédita, já que reunimos aqui a inteligência do judô brasileiro. A confederação é o que é hoje por conta da trajetória dos nossos atletas, em primeiríssimo lugar, mas nós não podemos esquecer o conjunto, pois se uma peça desse imenso processo falhar, toda a estrutura falha. A academia que identifica o atleta, o clube maior que o lapida e por último a CBJ, que coordena todo o trabalho de equipe. Minha convicção é que não existe um trabalho único e sim um trabalho de grupo. É por isso que reunimos todos vocês aqui para avaliar o que fizemos

e preparamos para este ciclo olímpico, e Tsutsui, Luiz Shinohara, Fúlvio Miyata, Yuko opinar sobre o que ainda pode ser feito.” Fuji e Mário Sabino; o supervisor de alto O dirigente finalizou dividindo as glórendimento, Amadeu Moura, e o gestor das rias que deverão ser obtidas em 2016 com categorias de base, Marcelo Theotônio. os responsáveis pela fomentação do judô Entre os 23 convidados estavam Cezar no País. “Estou orgulhoso porque este é um Roberto Leão Granieri, presidente do Sindi momento ímpar para o judô brasileiro, pois Clube, que representou Carlos Artur Nuznunca antes professores, man, presidente do COB; os escolas e clubes formadocampeões olímpicos Aurélio res haviam sido chamados Miguel e Rogério Sampaio; para opinar sobre o preparo os medalhistas olímpicos de uma seleção olímpica. Carlos Honorato, Douglas Nunca se teve esta atenção Vieira, Henrique Guimarães com aqueles que fazem e e Flávio Canto; Alessandro constroem o judô do BraPuglia e Georgton Pacheco, sil, e o fazemos não apenas Patrocinador máster presidentes das federações da Confederação Brasileira para escutá-los, mas princide judô de São Paulo e Tode Judô palmente para dividir com cantins; gestores e técnicos vocês as glórias que certados principais clubes do mente teremos em 2016.” País, como Floriano de AlTodos os envolvidos puderam dar sumeida (Minas Tênis Clube), Sumio Tsujimoto gestões a respeito do que acham que pode e Renato Dagnino (Esporte Clube Pinheiros), ser melhorado. A CBJ e sua comissão técniGeraldo Bernardes (Instituto Reação), Antôca analisarão as propostas e vão estudar o nio Carlos Pereira (Sogipa), Expedito Falcão que pode ser realizado. (AJEF). Também fizeram parte do encontro, Além de Paulo Wanderley, participaram os mestres Uichiro Umakakeba, Odair Bordo encontro: Ney Wilson, gestor de alto ges, Sérgio Malhado Baldijão e Paulo Duarte, rendimento; os técnicos das equipes masprofessores kodanshas que são referência culina e feminina, Rosicléia Campos, Mário do judô no Brasil.

Atentos, professores, gestores e medalhistas olímpicos assistem a exposição feita por Ney Wilson

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INTERVIEW

Esporte paulista vive caos sem precedentes Mauzler Paulinetti durante a Conferência Municipal de Educação Física, Esporte e Lazer, realizada na Câmara Municipal de São Paulo

Um dos maiores articuladores do desporto em São Paulo, Mauzler Paulinetti, faz duras críticas aos dirigentes omissos e reclama da falta crônica de políticas públicas para o esporte.

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m novo pleito da política partidária se aproxima e mais uma vez desenvolvemos esforços no sentido de conscientizar a classe esportiva sobre a necessidade e a importância da união de todos em torno de propostas que salvaguardem os interesses do desporto em nível municipal, estadual e federal. Entrevistamos Mauzler Paulinetti, gestor esportivo responsável por importantes conquistas para o esporte e assessor parlamentar de personalidades esportivas que migraram para a política partidária, como Éder Jofre, bicampeão mundial de boxe (1960 e 1970), e Aurélio Miguel, campeão olímpico em Seul 1988 e bronze em Atlanta 1996. Pessimista e desanimado pela falta de comprometimento de muitos dirigentes, Paulinetti lamenta a ausência de uma visão corporativa e de posicionamento político. Entre os maiores problemas o gestor esportivo aponta a total falta de união entre dirigentes e esportistas, o que fragiliza e desintegra todo o cacife político que o desporto possui naturalmente, por ser uma das mais genuínas formas de expressão cultural de nossa sociedade.

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POR

PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS

Qual é a sua maior preocupação com a atual situação política do esporte? O fato de a classe esportiva não possuir identidade própria no contexto da política partidária. O pior é que grande parte dos dirigentes, professores, atletas, praticantes e profissionais do segmento não tem a menor ideia da própria força. O esporte está sempre se submetendo aos caprichos de terceiros. Não existe nenhum posicionamento e a meu ver este é um fator extremamente grave. Nesses meus quase 40 anos envolvido com o esporte, muitas vezes fui mal interpretado por me posicionar. Veja quantas conquistas obtivemos no período em que tivemos um trabalho sério, por meio de parlamentares eleitos por decisão e desejo de nossa classe. Eles tinham comprometimento com os anseios e as necessidades da classe esportiva e lutavam por nossos interesses.

O que mais o incomoda neste contexto? O pessoal do esporte não entende a mecânica da política e fica à mercê de ministros, secretários e vereadores que cumprem o período de quatro anos – às vezes menos – e se vão. Nós continuamos na batalha tentando fazer o esporte avançar, mas isso não ocorre por falta de comprometimento desses agentes públicos com a nossa classe. Falta posicionamento? É aquele velho hábito de andar pelos corredores do poder com o bendito penico na mão. O pessoal ainda pensa e age dessa forma. Nossos dirigentes vivem para apagar incêndios de forma pontual. Ignoram que o gestor público tem a obrigação de trabalhar e defender sua pasta. Para exemplificar, cito a área da saúde. Não vemos filas de doentes querendo votar no secretário da Saúde só porque foram atendidos no posto de saúde, vemos? O Estado tem a obrigação de fomentar a prática esportiva. É obrigação do poder públiwww.revistabudo.com.br


co desenvolver políticas públicas que fomentem verdadeiramente o esporte. Quais são as alternativas? Quando os dirigentes esportivos tiverem consciência de seus direitos, compreenderão que os gestores públicos têm obrigações e deveres conosco, e são eles que precisam estabelecer uma relação amistosa com a nossa classe. Eles é que precisam descobrir uma forma de contribuir efetivamente para o desenvolvimento esportivo, sem nenhum de nós ter de vender a alma para ser atendido. E por que isso ainda não acontece? Porque existem pessoas que se preocupam apenas com interesses pessoais, negociando na base do toma-lá-dá-cá. Ou então, enquanto estou sendo beneficiado eu fico junto, mas parou de chover procuro outro que me ofereça um guarda-chuva. As pessoas envolvidas com o esporte têm de aprender a pensar em longo prazo, e principalmente em salvaguardar direitos e conquistas obtidos pela classe. Nos últimos vinte anos venho brigando por nossas conquistas, e não por interesses pessoais. Mas infelizmente existe um grupo enorme que briga apenas pelo interesse pessoal, e quando para de chover eles debandam e desaparecem. Nos mandatos em que trabalhei com Éder Jofre e Aurélio Miguel, presenciei muitas situações desse tipo. Tive de lidar como pessoas com esta natureza, mas felizmente existem os bons dirigentes e bons profissionais que se posicionam e são comprometidos. Como avalia este impasse? Apesar de toda a minha paixão pelo esporte, sinto que a desilusão hoje é muito grande. O País vive um momento terrível, fruto desses seis anos de má gestão pública, e percebo claramente que mais uma vez o desporto será penalizado. Estamos atravessando um momento extremamente difícil com toda esta situação política insustentável que deflagrou o movimento de impeachment, com a sociedade civil indo para as ruas questionando o governo federal, mas paradoxalmente não vejo ninguém do esporte contestando nada. Vemos a OAB, Fiesp, Rotary, maçonaria, Lions e até segmentos religiosos se organizando e indo para as ruas, mas no esporte não acontece nada. Todos se escondem e não se www.revistabudo.com.br

posicionam, ficam omissos e a omissão é a pior coisa que existe. A falta de comprometimento é tão grande que não se posicionam nem a favor e nem contra. Você está afirmando que o segmento das lutas foge do combate? É mais ou menos isso. O maior paradoxo é que rotulamos nossa atividade esportiva como a mais correta e exemplar, mas eu pergunto: cadê a moral, a ética, os princípios filosóficos e todas as coisas que usamos para vender nossos serviços? Onde estão todos os renomados mestres, atletas e jornalistas esportivos que num momento crítico como esse deveriam dar a cara para bater e se posicionar? Acho que devem viver num mundo completamente diferente do nosso, onde eles e as famílias dos praticantes estão vivendo às mil maravilhas. Será que as pessoas que vivem do esporte não têm dificuldades para oferecer boas escolas para seus filhos, que nenhum deles está desempregado, que não precisam de hospitais com qualidade e uma vida digna? Não vemos absolutamente ninguém do nosso segmento se posicionando. Durante as manifestações fui à avenida Paulista e não vi nenhum amigo nosso. Até cachorro eu vi protestando, mas não vi ninguém de kimono lutando por nossos direitos e interesses. O que deveria ser feito? Temos de nos posicionar e defender nosso País. Temos de acreditar naquilo que precisa ser feito. Não temos que ser servos ou lacaios de ninguém. Mem pai ensinou-me que temos de pautar nossas vidas em convicções próprias. Se eu tiver de apoiar alguém, apoiarei sim, por convicção ou por alguém que tenha comprometimento, e não por interesses pessoais. Pautei minha vida nisso, lutei pelos direitos de nossa classe, me expus muito e não me arrependo. Qual é o quadro hoje perante o governo estadual? Já recebíamos uma esmola do governo estadual que destinava menos da metade do valor investido pela Prefeitura de São Paulo e, para agravar, desde 2015 o desporto de São Paulo foi abandonado e relegado à sua própria sorte. Todos os aportes foram cortados e neste ano até programas de continuidade manti-

dos com modalidades olímpicas como judô e atletismo foram interrompidos abruptamente, pegando milhares de jovens desprevenidos. Crianças que acreditaram nas promessas do governo do Estado e Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude, deixaram seus lares e foram morar nos centros de excelência espalhados por todo o Estado, e agora foram abandonados sem aviso prévio e nem alimentação receberam. Diante este golpe do governo Alckmin eu pergunto: quem reclamou? Quem protestou? Quem lutou pelos direitos desses jovens que foram convidados a vestir a camisa do esporte para um dia defender as cores do nosso País? Ninguém disse nada até agora. A irresponsabilidade é tão grande que já estamos no fim de abril e nem a verba dos Jogos Escolares foi liberada. Isso é um fato gravíssimo, que afeta milhares de pessoas que se preparavam para um evento que faz parte do calendário mundial. Mas esses programas não são conquistas da classe esportiva? É a esse tipo de coisa que me refiro quando falo em conquistas e direitos. Os Jogos Escolares, Jogos Abertos, Jogos Regionais, Jogos da Juventude contemplam anualmente milhões de jovens. Lá atrás isso foi instituído pelo governo estadual. Isso não pode ser quebrado e abandonado de uma hora pra outra, sem que ninguém diga absolutamente nada. Não ouvimos queixas e muito menos protestos. Estamos sendo usurpados dos nossos direitos, e além de perplexos todos estão com os braços cruzados. Qual é a posição dos dirigentes esportivos? Se eles não fossem oportunistas certamente teríamos um grupo de deputados federais e até mesmo senadores que sairiam em defesa dos direitos que estão sendo extirpados pelo governo de São Paulo com o aval da Prefeitura de São Paulo, que aproveitou o clima gerado pelo Palácio dos Bandeirantes para deixar de dar a sua contribuição a uma classe que dedica sua vida para representar o município, o Estado e o nosso País em competições no mundo todo com altivez e dignidade. Esse é o preço que pagamos por nossa desarticulação política? Revista Budô número 17 / 2016

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INTERVIEW Esse é o preço que pagamos por sermos um grupo disperso e desunido. Esse é o preço que pagamos por sermos egoístas e só pensarmos em nós mesmos. São Paulo sempre foi a locomotiva do Brasil em nosso segmento, mas a locomotiva parou literalmente e ninguém se posiciona. O pior de tudo é que imitamos o avestruz enfiando a cabeça no buraco para fugir da realidade. Onde a situação se desvirtua? Não podemos confundir obrigações que a administração pública tem com a sociedade com favores que alguns partidos vinham fazendo para garantir votos. Conquistas nós tivemos lá atrás, quando pleiteamos e conseguimos aprovar as leis de incentivo fiscal que alavancaram o desporto em nosso País. Conquistas como o Bolsa Atleta e o Bolsa Talento Esportivo. E mesmo assim quando lutávamos por estes avanços também não víamos muita gente nos apoiando. Mas sempre há aquele momento em que nos iludimos e acreditamos que parte desses atletas, professores e dirigentes iria acordar e se posicionar em prol de algo maior. Mas lamentavelmente isso é algo microscópico. E pelo bem de todos deveria ser algo macro, mas a grande maioria se acomoda. Claro que não podemos generalizar porque há muita gente boa neste segmento, mas a grande maioria é omissa. Clóvis Volpi, ex-secretário adjunto da SELJ, afirmou que o governo tem obrigação de fomentar o esporte em todas as esferas. É a isso que você se refere? É exatamente isso que estou falando desde o início. Já que existe uma pasta, a obrigação do governo é suprir as necessidades desta pasta. Caso contrário qual é a razão de ela existir? Sempre coloquei isso de forma clara, mas parece que ninguém entende. É por isso que digo sempre que ninguém precisa ficar devendo favor para nenhum secretário, que aliás é pago com dinheiro dos impostos que nós pagamos. Se existe uma secretaria é porque o assunto é uma questão de Estado, e a pasta tem orçamento próprio para funcionar, pagar funcionários, fazer planejamento e desenvolver programas específicos que atendam ao segmento. Desde quando milita no esporte? Estou há 40 anos nisso, e sempre procu-

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rei atender e ajudar, seja no sentido de fazer um projeto, instituir ou regularizar entidades, abrindo frentes, dando acesso e apresentando secretários ou diretores de complexos esportivos. Busquei sempre ajudar de forma institucional. Quando fui presidente da União das Federações Esportivas e Sindicato das Entidades de Administração, fui eleito para atender aos anseios do segmento e procurei atuar com maestria. Jamais deixei de defender e lutar pela classe. Mas não vejo reciprocidade, e o pior é que eu não vejo surgirem líderes ou lideranças que revertam o quadro. De quais movimentos e conquistas esportivas participou efetivamente? Como dirigente venho participando de eventos escolares, universitários, federativos e classistas. Militei em todos estes segmentos, e muitas vezes movido pela paixão. Tenho formação em administração e exerci atividade na área tributária, e aos poucos fui aprendendo e conhecendo os meandros da política. Participei da criação da lei de incentivo fiscal, e o governo Sarney a vetou. Vários nomes contribuíram para derrubar o veto, e este foi o primeiro veto presidencial quebrado na história da República. À frente deste movimento estavam o professor Luiz Roberto, Adhemar Ferreira da Silva, Éder Jofre, Aurélio Miguel, que eram ex-atletas que se posicionaram politicamente, porque naquela época não existia nenhum benefício. Há outro caso emblemático? Sim, vários. Depois o Fernando Collor vetou esta mesma lei e voltamos a lutar e restabelecemos a lei de incentivo. Houve o Bolsa Atleta e assim sucessivamente, mas sempre procurei me envolver em tudo que acontecia no âmbito administrativo. Em 1994 conseguimos aprovar uma lei que foi sancionada pela prefeita Luíza Erundina, a respeito da obrigatoriedade de haver ambulância em todos os eventos esportivos. Outra lei importante foi proposta pelo vereador Éder Jofre, determinando que somente professores formados possam dar aula em academias ou clubes. Mas existe uma infinidade de leis e projetos de nossa autoria que foram sancionados. Qual é realidade atual do esporte em São Paulo?

Há muitos anos reclamo que a atividade esportiva precisava ter uma participação maior na receita, porque faz tempo que sobrevivemos com grande dificuldade. Mas respondendo à sua pergunta, acima já descrevi o quadro do desporto em São Paulo. Mas se quer que eu use adjetivos: vivemos um momento caótico. Na verdade vivemos uma tragédia sem precedentes. Contudo, temos gurus afirmando que vivemos um momento único. O esporte parou? Mais ou menos isso. Infelizmente grande parte dos dirigentes é mal orientada e mal posicionada, e um exemplo claro foi a nomeação do ministro Jorge Hilton. Ele nem tinha tomado posse e já havia muita gente achincalhando sua indicação. Entre seus detratores estavam medalhistas olímpicos, gente famosa e grande parte da imprensa especializada. Ninguém buscou ouvi-lo para saber qual era sua proposta. Já foram batendo, mesmo porque no Brasil todo mundo é profundo conhecedor de gestão esportiva. Lembro que até o João Derly, deputado federal bicampeão mundial de judô protestou e criticou a indicação do Hilton. No fim das contas, no breve período em que atuou à frente da pasta, ele fez o que pôde diante do quadro geral que o País vive. Depois o Derly virou um dos maiores aliados do ministro, até que a Dilma decidiu sacrificá-lo, mesmo depois que ele traiu o PRB para salvaguardar a realização dos Jogos Olímpicos e apoiar o governo Dilma. Já que citou o ministério, como avalia estes primeiros 15 meses do partido à frente da pasta? O partido foi impecável e comprometido em realizar o seu objeto institucional, infelizmente não foram dadas as condições necessárias e na verdade levamos quase 16 meses e não vimos evolução no Ministério do Esporte e muito menos na SELJ. Tudo está literalmente parado. Desculpe, errei. Em nível de São Paulo, tudo regrediu a patamares jamais vividos antes. E avalio este quadro como extremamente prejudicial para o esporte. E mais uma vez eu pergunto: como ficamos? Onde estão os dirigentes e esportistas em todo este processo degenerativo que corrói o desporto paulista e nacional? www.revistabudo.com.br


Renat Abreu, Chico Lang e Mauzler Paulinetti, em São Paulo

Em 1994, Eder Jofre, Aurélio Miguel e Mauzler Paulinetti em almoço de lideranças esportivas com Fernando Henrique Cardoso

O que você espera? Espero que com essas mudanças que estão sendo anunciadas as coisas possam voltar à normalidade, pelo menos em nível de São Paulo, pois sabemos que o novo ministro está focado nos Jogos Rio 2016 e penso que ele está certíssimo. O foco deve ser esse mesmo, porque temos de fazer um evento grandioso, o que aliás ajudaria a limpar um pouco a imagem do Brasil no exterior. Sobre o novo secretário paulista, espero que ele possa realinhar as diretrizes em benefício do esporte e dos projetos que têm de ser mantidos e desenvolvidos. Para encerrar o tema dos Jogos Olímpicos, penso que este ano teremos que nos dar por felizes com o sucesso dos Jogos Rio 2016. Aliás, não fosse o empenho e a determinação do Nuzman e do Comitê Olímpico do Brasil, certamente este evento seria um grande fiasco. Qual é a prioridade hoje? Reafirmo que no ano passado o governo do Estado não fez absolutamente nada pelo esporte, enquanto o município começou a liberar algum recurso apenas no fim de 2015, e foi tudo na base do salve-se quem puder. No Estado tivemos um discurso de portas abertas, mas isso não resolve os problemas do esporte. Onde estão os projetos que www.revistabudo.com.br

Branco Zanol, Celso Russomanno e Mauzler Paulinetti, em Brasília

deveriam ter sido executados? Temos a expectativa de que o novo secretário consiga realmente reconduzir o processo com comprometimento e que tenha força política para aprovar o que tem de ser aprovado pelo governo do Estado. Isso tem de ser feito rapidamente nas questões que tangem ao esporte de alto rendimento, ao social e ao educacional. É isso que esperamos. Não podemos abandonar milhares de jovens e profissionais do esporte que estão nas trincheiras criadas por dirigentes em conluio com o governo do Estado. Existem centenas de projetos abandonados em todo o Estado, com crianças sem alimentação e perdendo o ano escolar. Como ficam essas crianças? Bem lembrado. Aliás, este processo está me parecendo muito com o que aconteceu com o Projeto Clube Escola, que foi muito bem elaborado e caminhou muito bem até que foi desviado em função de interesses eleitoreiros. Lamento o que está acontecendo. Sei que milhares de jovens deixaram de ser assistidos. Da mesma forma que existem milhares de profissionais envolvidos em todos estes projetos e devem estar passando por inúmeras dificuldades devido à falta de seriedade e comprometimento do governo estadual.

Qual é o resumo de sua trajetória no esporte? Atualmente sou vice-presidente do PTN; ex-assessor parlamentar do campeão olímpico Aurélio Miguel e do bicampeão mundial de boxe, Éder Jofre; trabalhei com Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico do salto triplo nos Jogos de Helsinki 1952 e em Melbourne 1956; sou professor da UniSantana; fundei três sindicados ligados ao esporte e a União das Federações Esportivas do Estado de São Paulo; participei da fundação de 75 entidades esportivas como federações, ligas e confederações; fui professor de administração e gestão esportiva na Uniban e Universidade Anhanguera. Você ainda atua no esporte? Estou reduzindo minha atuação por estar cansado de ver pessoas sugando, sem dar a devida contrapartida para o esporte. Cansei e pretendo dar outro rumo ao meu projeto dentro do desporto. Quero finalizar fazendo citação a uma frase célebre do ativista norte-americano Martin Luther King: o que me preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética ... O que me preocupa é o silêncio dos bons. Revista Budô número 17 / 2016

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C AMPEONATO PAN-AMERIC ANO SUB 13 E SUB 15 DE JUDÔ

O peso-leve paulista Pedro Henrique D´Assumpção, da Associação Cultural e Esportiva de Tucuruvi, foi campeão vencendo quase todas as lutas ippon. Na final venceu o norteamericano Ramirez, somando dois yukos, um wazari e um ippon

Na cerimônia de abertura Manuel Larrañaga agradeceu a presença das seleções nacionais

Oscar Cassinerio, presidente da confederação argentina dá boasvindas às delegações

Brasil obtém 100%

de aproveitamento no Pan-Americano sub 13 e sub 15

C

Conquistando dezoito ouros, três pratas e nove bronzes, o judô brasileiro ratifica sua supremacia histórica no continente, e comprova o excelente trabalho desenvolvido pelos professores na base.

om desempenho primoroso dos judocas da base, o Brasil reafirmou sua superioridade técnica na disputa do Campeonato Pan-Americano das classes sub 13 e sub 15 de 2015. A competição realizou-se de 4 a 7 de novembro, no Salón Gran Mónaco da cidade argentina de Carlos Paz, em Córdoba, onde o time brasileiro totalizou 30 medalhas: 18 de ouro, três de prata e nove de bronze. A Confederação Brasileira de Judô enviou a Córdoba uma comissão para dar suporte e coordenar as ações dos judocas, formada pelos técnicos Danusa Shira, Dou-

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POR

paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

glas Potrich e Marcelo Theotônio, além do fisioterapeuta Ricardo Guimarães Amadey e de Ingrid Câmara, chefe da delegação.

Com ajuda feminina, seleção sub 13 surpreende No primeiro dia de competição o time brasileiro obteve 100% de aproveitamento nas disputas da classe sub 13, com onze medalhas de ouro e três de bronze. O grande destaque foi a homogenei-

dade técnica da seleção brasileira feminina. Exibindo nível técnico altíssimo e mostrando um judô bastante efetivo, todas as judocas brasileiras conquistaram a medalha de ouro. O time masculino conquistou quatro ouros e três bronzes Os títulos do Brasil no sub 13 surgiram logo pela manhã. A peso-pesado Ana Araújo (Associação de Judô Gabriela de Souza/ PE) brilhou, vencendo todas as suas quatro lutas por ippon – contra N. Gonzalez (Colômbia), M. Delgado (EUA), L. Palopolo (Argentina) e R. Lopez (Argentina). A peso-leve Gabriela Calvetti (Sogipa/RS) não www.revistabudo.com.br


Oscar Cassinerio premia Ovidio Garnero, árbitro argentino que por décadas se destacou como um dos melhores árbitros da FIJ, e hoje é diretor de arbitragem da Confederação Pan-Americana de Judô

ficou atrás. Venceu suas quatro lutas contra Odeth Gamonal (Peru), Gia Uyen Tran (EUA), Ailim Arce (Argentina) e A. Dickie (Argentina) e também garantiu seu ouro antes do entardecer. O Brasil perdeu apenas três lutas no primeiro dia de disputa, sendo as três nas semifinais, o que garantiu a todos os atletas o direito de disputar medalhas. Na parte da tarde, a novíssima geração do judô brasileiro não deu chances e venceu todas as disputas em que esteve. Ouro para Rebeka Venceslau (28kg/Associação de Judô Gabriela de Souza/PE), Fabíola Oganauskas (31kg/Judô Lemanczuk/PR), Beatriz Lopes (38kg/Instituto Reação/RJ), Thauany Dias (42kg/S.M.E.L. Mogi das Cruzes/SP) e Natália Oliveira (47kg/KIAI - Associação Canoense de Judô/RS). No masculino, vieram mais ouros com Thales Alves (31kg/Judô Kussumoto/PR), Ranieri Segundo (34kg/Associação Mazzili

Equipe sub 15

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Leonardo Sant’Ana destacou-se no sub 15

Campeonato Sul-Americano Em paralelo ao pan-americano, a Confederação Sul-Americana havia programado a realização do Campeonato Sul-Americano de Judô, destinado exclusivamente aos judocas da América do Sul. Contudo, os dirigentes continentais decidiram abrir o certame para os demais países, do que discordamos veementemente. Apesar do excelente desempenho do Brasil nessa competição, a editoria de esportes da revista Budô decidiu não divulgar um evento que, para atender aos interesses dos dirigentes e em detrimento dos interesses dos judocas da América do Sul, teve as regras alteradas na véspera de sua realização.

Patrocinador máster da Confederação Brasileira de Judô de Judô/MA), Gabriel Lira (38kg/Brasil Vale Ouro/RJ) e Ryan Santos (52kg/SESI/DF) e bronzes para Arthur Santiago (42kg/Associação Veleiro de Judô/PA), Kauan Jorge Santos (47kg/Equipe Orlando Araújo/RJ) e José Marco Demarco (+52kg/Associação Desportiva Moura/MS).

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C AMPEONATO PAN-AMERIC ANO SUB 13 E SUB 15 DE JUDÔ

José Demarco, da Associação Desportiva Moura (MS), vencendo na imobilização

Ryan Santos, do SESI (DF), imobilizou e venceu no osae-komi

Seleção sub 15 conquista mais 16 medalhas

O ippon de Gabriela Calvetti na final sobre a norte-americana A. Dickie

Bastante emocionado, Arthur Santiago, da Associação Veleiro de Judô (PA), vibrou com a virada sensacional nos últimos segundos que garantiu o bronze do meio-médio

Mantendo 100% de aproveitamento, os judocas do time brasileiro sub 15 obtiveram 16 medalhas – sete ouros, três pratas e seis bronzes –, que confirmaram a hegemonia verde e amarela no continente. As medalhas de ouro foram conquistadas por Cauan Mendes (40kg/Equipe de Judô Pinheiro/RJ), Pedro Henrique D´Assumpção (48kg/Associação Cultural e Esportiva do Tucuruvi/SP), João Victor Santos (53kg/Unimes/SP), Gabrielle Gonzaga (53kg/ Grêmio Náutico União/RS), Anna Karolina Santos (+64kg/Instituto Reação/RJ), Letícia Menino (36kg/Judô Clube Rocha/MS) e Milena Carminatti (58kg/Grêmio Náutico União/RS). Já as medalhas de prata vieram por meio de Hanna Nascimento (40kg/ G.R. Futuro em Ação/PE), Maria Fernanda Sabbo (44kg/

Ippon de João Victor Santos sobre o chileno Arancíbia Salgado

Equipe sub 13

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Thales Alves, do Judô Kussumoto de Curitiba (PR), mostrou excelente volume vencendo a final com osae-komi

Judô Clube Rocha/MS) e Leonardo Sant’Ana (+64kg/Associação Arruda Judô/PE). Os bronzes foram garantidos por Robert Santos (36kg/Associação Moacyr de Judô/SP), Gabriel Shimada (44kg/Titãs do Judô/SP), Yasmin Botelho (48kg/A.D.R. Artes Marciais/SP), Bruno Pádua (58kg/Academia Corpo Arte de Cultura Física/DF), Eduarda Rosa (64kg/Grêmio Náutico União/RS) e João Victor Santos (64kg/ASCAM-Projeto Caminho Suave/MT).

Técnicos celebram campanha histórica Ao avaliar a competitividade do judô mundial, Marcelo Theotônio lembrou que todos os países evoluíram tecnicamente. “O judô não cresce apenas nas Américas, mas em todo o mundo e de forma espantosa. Nos últimos mundiais temos tido a média incrível de 20 países medalhando. O judô está massificado mundialmente, e em nível pan-americano acontece o mesmo. Sucessivamente vemos países sem tradição alcançando espaço nos pódios e crescendo numa velocidade espantosa. Entre estes cito Colômbia, Venezuela, Equador e México, que evoluíram rapidamente. Toda a nossa equipe está de parabéns porque nenhum judoca está voltando para casa sem medalha. Isso é um feito grandioso, pois os melhores atletas do continente vieram a Córdoba em busca de experiência e medalhas.” Impressionada com o desempenho da equipe feminina sub 13, que conquistou medalhas de ouro em todas as categorias de peso, a técnica Danusa Shira elogiou a determinação da nova geração. “Minha avaliação sobre o desempenho do time sub 13 é muito boa. No geral elas são bastante talentosas e mostraram muita determinação. Todas as atletas do sub 13 foram campeãs, e este é um feito extremamente importante. Sobre o sub 15, penso que o desempenho geral foi bom e atendeu às nossas expectativas. As perspectivas destas atletas sewww.revistabudo.com.br

Natália Oliveira, da Academia KIAI de Canoas (RS), jogou de wazari, mas finalizou no osae-komi

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô guirem crescendo é muito grande porque todas demonstram maturidade e determinação acima de média. É lógico que algumas atletas ainda precisam adquirir mais experiência, mas no geral fomos muito bem em ambas as classes.” Em sua análise sobre a classe sub 13, Douglas Potrich destacou que os jovens ju-

Com maior envergadura, Ana Araújo, da Associação de Judô Gabriela de Souza (PE), venceu seus confrontos com muita destreza

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C AMPEONATO PAN-AMERIC ANO SUB 13 E SUB 15 DE JUDÔ

Yasmin Botelho jogando de wazari e de ippon

Determinada, a peso-pesado Anna Karolina Santos, do Instituto Reação (RJ), conquistou a medalha de ouro

O wazari de Gabrielle Gonzaga

Pedro Henrique D´Assumpção mostrou excelente volume e técnica variada Letícia Menino venceu a argentina Meg Rojas no osae-komi

A meio-pesado Eduarda Rosa, do Grêmio Náutico União (RS), obteve a medalha de bronze

to no básico. Quase todos demandam muito trabalho e atenção de seus professores. O lado bom é que mostraram determinação e grande força de vontade”, concluiu. Ratificando o que foi dito pelo colega gaúcho, Marcelo Theotônio gostou muito do desempenho da equipe sub 13, mas disse que o sub 15 deixou a desejar. “Acho que o desempenho da classe sub 13 foi surpreendente e apresentou uma qualidade técnica superior à dos judocas da classe sub 15. Gostei muito do time infanto-juvenil e confesso que esperava um pouco mais do pré-juvenil. Não que eles não tenham feito boas apresentações, na verdade sempre acabamos sendo mais rigorosos em função até mesmo de cobrar maior empenho e comprometimento de todos. Mas eles também apresentaram um judô muito bom e gostei bastante do resultado geral. O mais importante é que conseguimos constituir um espírito de equipe gigantesco. Os que estavam nos tatamis lutavam muito bem, enquanto os que estavam de fora torciam e apoiavam os colegas que

docas mostraram grande discernimento sobre os fundamentos do judô. “Independentemente da cor das medalhas obtidas, o que eu pude observar é que todos lutaram com consciência e sabendo muito bem o que estavam fazendo. Sabiam o que é kumi-kata, movimentação e variação técnica, o que é muito importante nesta faixa etária. Tudo isso mostrou que eles possuem habilidade e grande potencial para chegar bem no alto rendimento. Fiquei bastante satisfeito, pois apensar da pouca idade eles demonstraram muito conhecimento sobre o que estavam fazendo”, destacou o técnico gaúcho. Já sobre a classe sub 15, Potrich lamentou a falta de maturidade de alguns atletas. “AoA gaúcha contrário do que toda a equipe sub 13 Gabriela Calvetti foiidentifiquei campeã mostrou, certa imaturidade no do -34kg do sub 13 em sua maioria, errou muitime sub 15 que, mostrando grande determinação

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A peso-ligeiro Hanna Nascimento do G.R. Futuro em Ação (PE) conquistou a medalha de prata

Douglas Potrich

Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Judô

Danusa Shira

Marcelo Theotônio

estavam lutando. O conceito de equipe ficou bem caracterizado aqui.” Na avaliação de Ingrid Câmera, o time brasileiro apresentou bom desempenho. “É importante destacar que conseguimos manter nossa hegemonia no judô continental, obtendo 100% de aproveitamento. Sem exceção, todos os atletas subiram ao pódio. O grande destaque foi a atuação das meninas do sub 13, que construíram um resultado surpreendente. Todas conquistaram a medalha de ouro e isso não é um fato comum. Mas os atletas do sub 13 também foram muito bem, da mesma forma que as equipes masculina e feminina do sub 15. O fato marcante foi a união de todos os atletas em torno da equipe. Estas classes têm o diferencial de viajarem acompanhadas de seus familiares, e com isso a torcida cresce, contagia e torna a disputa muito mais vibrante”, disse a chefe da delegação brasileira Ricardo Guimarães Amadey lembrou que não aconteceu nenhum tipo de lesão grave na equipe do Brasil. “Alguns poucos atletas já vieram com algum tipo de lesão antiga devido ao trabalho nos clubes, e o máximo que foi feito foram bandagens para não agravar a lesão pré-existente. Acredito www.revistabudo.com.br

que pelo fato de serem crianças o índice de lesão é muito menor, o que ajuda bastante”, disse o fisioterapeuta brasileiro.

Larrañaga aprovou certame realizado pela Argentina Em seu primeiro evento como dirigente continental, Manuel Larrañaga, atual presidente da Confederação Pan-Americana de Judô, comemorou o sucesso da competição. “Estamos bastante satisfeitos porque houve boa participação, já que mesmo estando no extremo-sul do continente recebemos mais de 400 atletas vindos das três Américas”, disse. Larrañaga avaliou positivamente o evento promovido pela Confederação Argentina de Judô. “Realizamos um certame voltado exclusivamente para a base, e o nível técnico foi surpreendentemente bom. Isso cria uma expectativa bastante positiva quando olhamos para o futuro do judô pan -americano. Capitaneados por Oscar Cassinerio, presidente da confederação argentina, nossos colegas de Córdoba fizeram um grande trabalho na realização deste evento”, concluiu o dirigente mexicano.

Segunda colocada no -48kg do ranking da FIJ, a argentina Paula Pareto foi portabandeira na cerimônia de aberturaRevista Budô número 17 / 2016

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REUNIÃO DELEGADOS REGIONAIS DA FPJ

Kimura comemora expansão da base técnica do judô paulista Apesar da crise política e econômica que assola o País, o tradicional encontro que abre oficialmente a temporada do judô paulista celebrou o aumento do número de filiados e o crescimento técnico em todo o Estado. POR

Paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

Dirigentes, delegados e tesoureiros posam para foto

Alessandro Puglia e Joji Kimura

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E

Composição da mesa

Joji Kimura

m reunião realizada em 23 de janeiro, no auditório de eventos do Pampas Palace Hotel em São Bernardo do Campo, a diretoria da Federação Paulista de Judô deu o pontapé inicial desta temporada, realizando a tradicional reunião dos delegados. Após apresentar o planejamento estratégico para a temporada e definir o calendário anual, Joji Kimura, coordenador técnico da FPJ, comemorou a expansão da base técnica do judô no Estado. “Quando falamos em crescimento, pensamos em números e na arrecadação. Ninguém lembra que todo crescimento demanda maior estrutura e organização. Como coordenador técnico, estou comemorando a ampliação de nossa base técnica. Crescemos em organização e estrutura de treinamento e ampliamos nossa capacidade de realização.”

Kimura concluiu afirmando que, apesar da crise, a temporada passada foi uma das melhores. “Em 2015 o departamento técnico promoveu 16 cursos de oficiais de mesa, 17 cursos de arbitragem, 14 cursos de nageno-kata, 16 cursos de fundamentos técnicos, dois cursos de kodokan goshin jutsu, um curso de ju-no-kata, um curso de katameno-kata, um curso de kime-no-kata, quatro cursos de história e filosofia do judô, e ainda tivemos o seminário promovido pelo Instituto Kodokan em São Paulo. Na área de competição, foram 39 campeonatos paulistas regionais e 13 da fase inter-regional. Tivemos a Copa São Paulo, Torneio Beneméritos, Copa São Paulo de Veteranos, Paulista por Faixa, as finais dos campeonatos paulistas de todas as classes e a Copa Judô para Todos. Houve recorde de participação nos exames de graduação, credenciamos cerca

Delegados regionais e tesoureiros

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Alessandro Puglia e

Valdir Melero

Alessandro Puglia e Raul Senra

Alessandro Puglia e Angélica Mayumi

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Alessandro Puglia e Yoshiyuki Shimotsu

Alessandro Puglia e Edi

son Minakawa

de 400 árbitros e mais de 1.000 técnicos e professores. O treinamento de shiai com o professor Rogério Sampaio, às terças-feiras, e o de kata, com o sensei Luís Alberto, às quintas-feiras no CAT, estão cada vez mais fortes. Todos estes indicativos mostram que em 2015 o judô paulista obteve a maior expansão de sua base técnica da história, e isso é motivo para muita comemoração.” Marcaram presença no encontro delegados e tesoureiros de 14 DRJs, e a mesa de honra foi composta por Júlio Yokoyama, coordenador do Tribunal de Justiça Desportiva; Antônio Carlos Mesquita, coordenador da Comissão Disciplinar; Inácio Hirayama, contador; Luís Alberto dos Santos, coordenador de cursos; Valdir Melero e Adib Bittar Dib, coordenadores financeiros; Joji Kimura, coordenador técnico; Edison Koshi Minakawa, coordenador de arbitragem; Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJ; José Jantália, vice-presidente da FPJ; e Dante Kanayama, membro da comissão de graduação da FPJ. O fato marcante do encontro foi a ausência de Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ, que pela primeira vez não compareceu à tradicional reunião dos delegados. Osmar Aparecido Feltrin, delegado da 6ª DRJ não pôde comparecer por motivo de saúde. Apresentando um breve balanço sobre 2015, Alessandro Puglia enfatizou que o ponto alto da temporada passada foi o exame de graduação. “Avalio que o fato de termos obtido crescimento no número de inscrições foi extremamente positivo, devido à grave situação econômica do nosso País. Mas para mim o fato

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Alessandro Puglia e

Rogério Sampaio

Alessandro Puglia e Sidnei Paris

Alessandro Puglia e Celso de Almeida Leite

Alessandro Puglia e Alb

erto Nunes Júnior

marcante foi o exame de graduação e a cerimônia de outorga de faixas. Devemos o sucesso desse evento aos nossos delegados regionais. Foram examinados 307candidatos e este número recorde de participantes reflete o excelente trabalho que vocês delegados desenvolvem nas 16 DRJs. O crescimento foi tão grande que tivemos de adotar um novo formato, e apesar da quantidade excessiva de judocas inscritos a cerimônia foi coroada com sucesso.”

Delegados presentes

Marcaram presença no encontro os delegados Joji Kimura, das 1ª e 10ª DRJs; Argeu Maurício de Oliveira, da 3ª DRJ; Raul de Mello Senra, da 4ª DRJ; Wilmar Shiraga, da 5ª DRJ; Jiro Aoyama, da 7ª DRJ; Sidnei Paris, da 8ª DRJ; Júlio César Jacopi, da 9ª DRJ; Rogério Sampaio, da 11ª DRJ; da do Carmo, da 12ª DRJ; André Gustavo Costa, da 13ª DRJ; Akira Hanawa, da 14ª DRJ; Celso de Almeida Leite, da 15ª DRJ; e Takeshi Yokoti, da 16ª DRJ. Participaram também do encontro os professores kodanshas Yoshiyuki Shimotsu, Hisato Yamamoto e Gerardo Siciliano, além de Jarbas Dias Ferreira, que aos 91 anos é tesoureiro e secretário da 2ª Delegacia Regional do Vale do Paraíba. No encerramento do evento a FPJ presentou todos os participantes do encontro com kits personalizados contendo camisa oficial da entidade, agenda, blocos de anotação e canetas.

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Alessandro Puglia e Mário Assis

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INSTITUTO OLÍMPICO BRASILEIRO

Com presença de Paulo Wanderley,

judocas se formam na ABT A Academia Brasileira de Treinadores é uma iniciativa do COB que qualificou 76 professores de judô, lutas e taekwondo para atuarem no alto rendimento. FONTE

O

s alunos/treinadores da segunda turma de alto rendimento da Academia Brasileira de Treinadores (ABT) receberam seus diplomas no dia 19 de novembro, em evento realizado na sede do Comitê Olímpico do Brasil (COB), no Rio de Janeiro. Após mais de um ano de estudos teóricos e práticos, 76 técnicos de judô, lutas e taekwondo receberam seus diplomas e um certificado de Treinador Nacional em Esporte de Alto Rendimento. A ABT é uma iniciativa do Instituto Olímpico Brasileiro, braço educativo do COB. “A ABT é uma grande iniciativa da atual gestão do COB. Não basta ter talento, é necessário ter pessoas capacitadas para lapidá-lo, para transformar o talento em resultados. Os treinadores são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento do esporte e, sem ter uma base de conhecimento, se vive só por conta do talento, como era no passado”, disse o presidente Paulo Wanderley Teixeira, que representou as confederações na cerimônia de formatu-

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COB/CBJ I Fotos HEITOR VILELA/COB

ra. “O que mais me chamou a atenção nos trabalhos apresentados foi que possuem grande base científica, que extrapolam o espaço acadêmico e são fundamentados em implicações práticas”, concluiu, comentando sobre os três trabalhos apresentados. No caso do judô, o TCC escolhido foi Caracterização Temporal do Modelo Competitivo do Judô do Alto Rendimento, de André Silva, Luciano Bittencourt e Marcus Albuquerque.

“Basicamente, a ideia do trabalho surgiu a partir de alguns problemas em comum que encontramos em treinamentos. Um deles é que atletas com características diferentes e objetivos individuais são submetidos

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ao mesmo trabalho durante cada sessão de treino. E isso nos levou a uma pesquisa bastante detalhada de 11 competições de 2014 e 2015, entre grand slams, grands prix e campeonatos mundiais, para determinar o tempo de estímulos específicos para cada categoria de peso”, disse André Silva. “Assim, foi possível determinar como fazer randoris ou outras simulações, como disputa de pegada ou transição de tati-waza para ne-waza, individualizadas para cada categoria de peso ou em subgrupos de categorias determinadas que tenham características semelhantes. Uma luta nunca é o tempo total, esse tempo é intermitente. Ou seja, não adianta fazermos randori de quatro minutos de duração porque isso não corresponde à realidade”, disse Luciano Bittencourt. Além dos três, estão entre os alunos formados os técnicos da seleção brasileira Rosicléia Campos, Mário Tsutsui, Luiz Shinohara e Fúlvio Miyata; técnicos das equipes de base Douglas Vieira, Andrea Berti, Douglas Potrich e Danusa Shira; e Expedito Falcão, além de Amadeu Moura e Edmilson Guimarães, supervisores da CBJ. Mesmo técnicos que já possuem uma medalha olímpica no currículo souberam tirar proveito do curso. Rosicléia, por exemplo, desenvolveu seu trabalho de conclusão de curso (TCC) com o tema Evolução do Judô Feminino. “Apesar de todos serem estudiosos em seus esportes, muitos treinadores não têm a experiência acadêmica. No meu caso, tive de colocar de uma forma acadêmica tudo

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o que eu vivi na prática, o que acabou gerando reflexões importantes. Foi uma experiência única e eu adorei”, disse. Além da parte teórica, a ABT tem um importante programa de estágios internacionais, com o objetivo de promover a vivência da prática esportiva por meio de métodos e técnicas aplicados ao dia a dia do treinamento e competições. A segunda turma da ABT participou de estágios com treinadores consagrados, entre eles o judoca britânico Neil Adams, duas vezes medalhista de prata no judô nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 84 e Seul 88. “O ponto alto do curso ministrado para essa turma foi o estágio internacional. Os treinadores que conseguimos trazer eram ídolos desses alunos, técnicos que fazem a diferença mundialmente. Isso motivou muito a todos”, disse Soraya Carvalho, gerente do Instituto Olímpico Brasileiro. “Essa turma é formada por alunos extremamente disciplinados e focados, até pela natureza das modalidades. Eles resolveram enfrentar o desafio de se qualificar com metas muito claras. O importante é que o curso auxilie e acrescente no dia a dia do trabalho desses treinadores. Pelo retorno positivo deles, alcançamos o nosso objetivo.” Todos os participantes da ABT são profissionais de educação física registrados no Conselho Federal de Educação Física e, preferencialmente, filiados à confederação brasileira da respectiva modalidade. Para ingressar na ABT, os treinadores passam por um processo seletivo. O curso é inteiramen-

te financiado pelo COB, por meio de bolsas concedidas aos treinadores. “Acho espetacular essa iniciativa da Academia Brasileira de Treinadores. Aqui está a nata dos treinadores brasileiros ou quem pretende chegar à nata do judô, lutas e taekwondo buscando evolução com professores espetaculares. Os alunos ficaram muito bem impressionados e saem daqui com projetos que podem ser implementados imediatamente em suas instituições”, disse Flávio Canto, medalhista olímpico de bronze em Atenas 2004, que ministrou aulas práticas para a turma do judô e esteve presente à formatura. “O legado dos Jogos Olímpicos não pode ser apenas a conquista de medalhas. A ABT nos dá um exemplo muito bom do que deve ser o verdadeiro legado olímpico”, disse. A Academia Brasileira de Treinadores (ABT) é uma iniciativa do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB) e tem o objetivo de complementar, por meio de atividades de cunho educacional de qualidade, a formação profissional de treinadores, na dimensão do esporte de alto rendimento, e, desse modo, contribuir de forma relevante para a conquista de resultados positivos no esporte olímpico. Esta edição do curso foi chancelada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), Comitê Olímpico do Brasil (COB), Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Confederação Brasileira de Lutas (CBLA), Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) e Conselho Federal de Educação Física (CONFEF).

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JUDÔ NA C AMPANHA CONTRA O C ÂNCER DE MAMA

Judô paulista abraça

Outubro Rosa

Ação inédita do judô paulista resultou no ato mais expressivo da modalidade em favor da campanha contra o câncer de mama. POR

Paulo Pinto I Fotos BUDOPRESS

N

o dia 31 de outubro a Federação Paulista de Judô realizou seu exame anual para faixas pretas, mas o último evento do calendário da entidade desta temporada reservou uma surpresa aos judocas, árbitros, familiares dos atletas, dirigentes e autoridades que foram ao Ginásio Celso Daniel, em Mauá. Palco dos principais certames da FPJ, o ginásio de esportes de Mauá foi totalmente vestido de rosa, em apoio à campanha que enfatiza a luta contra o câncer de mama. Além das faixas e banners, toda a equipe de apoio da Federação Paulista vestia a cor do Outubro Rosa. Participaram da cerimônia de abertura dirigentes, autoridades esportivas e mais de 70 árbitros que avaliaram os 303 judocas examinados. Entre eles estavam Alessandro Puglia, presidente da FPJ; Francisco de Carvalho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô e Edson Moriconi, coordenador de Esportes de Mauá. Para o presidente da FPJ, a ação inédita inseriu parte da comunidade do judô na luta contra o câncer de mama. “Há muitos anos vejo a campanha do Outubro Rosa, e resolvi conhecer a origem dela. Descobri que existe desde 1960 nos Estados Unidos e hoje é conhecida mundialmente. No Brasil algumas entidades esportivas abraçaram esta iniciativa, e achamos que o judô também deveria engajar-se. E pelo que vimos aqui a aceitação foi gigantesca. Com esta ação inserimos o judô em mais uma causa humanitária, e isso nos enche de orgulho. Temos obrigação de fazer a nossa parte, mostrando a importância da prevenção do câncer de mama. Esta foi a primeira de muitas campanhas que pretendemos realizar”, explicou Alessandro Puglia. Edson Moriconi destacou a importância do simbolismo do Outubro Rosa. “O judô goza de enorme prestigio em nossa cidade

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Geisa Guedes, Solan

ge Pessoa e Leonor Lei

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los professores Fra são homenageadas pe

ssandro Puglia e ncisco de Carvalho, Ale

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Joji Kimura


Judocas fazendo kata, que são os fundamentos do judô

Judocas sendo examinados

Edson Moriconi

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por tudo que proporciona no crescimento humano, mas a modalidade aqui está intrinsecamente ligada à figura do Francisco de Carvalho, uma pessoa ímpar e que para nós mauaenses é sinônimo de esporte. Sem dúvida alguma o Chico é incentivador da prática esportiva em nossa cidade. Não falo apenas do judô e sim de todas as modalidades. Somente ele seria capaz de promover uma campanha de prevenção do câncer de mama dentro de um evento esportivo. Sem dúvida alguma, esta foi a maior ação do Outubro Rosa em nossa cidade, e é claro que o Chico está à frente desta iniciativa. Quero parabenizar os dirigentes da modalidade como um todo, pois anualmente milhares de mulheres morrem vitimadas por esta doença em nosso País. Nunca é demais lembrar mulheres, e homens também, que com atenção e cuidado podemos diminuir e quem sabe zerar o altíssimo número de óbitos causados por esta doença.” Francisco de Carvalho enfatizou o elevado número de mortes causadas pelo câncer de mama. “Esta é uma iniciativa fantástica, pois temos aqui um número enorme de professores que, acima de Francisco de Carvalho tudo, são formadores de opinião e certamente multiplicarão a mensagem que buscamos transmitir aqui. Está iniciativa da diretoria da FPJ é extremamente importante, pois não adianta a medicina e a ciência evoluírem se não fizermos a nossa parte. O câncer de mama não admite negligência e não perdoa quem não leva a enfermidade a sério. Anualmente 14 mil pessoas morrem em função deste mal no Brasil, e os homens, que representam 1% deste número, também têm de se cuidar. Além de toda a questão esportiva, o judô precisa dar a sua contribuição social e penso que hoje todos nós fizemos a nossa parte.” Do Rio de Janeiro, Paulo Wanderley Teixeira destacou o caráter preventivo desta ação. “Além de ter sido um feito inédito em nossa modalidade, a iniciativa dos dirigentes da FPJ possui caráter didático, já que o que se busca com esta campanha é reeducar as pessoas e desmistificar o tratamento desse tipo de câncer. Esta ação aponta um novo caminho e mostra que o judô é muito mais que uma simples modalidade esportiva. Parabenizo os colegas paulistas pela brilhante ideia e pela coragem de levar um tema tão polêmico para dentro do shiai-jo.” Revista Budô número 17 / 2016

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COTIDIANO

Em Atibaia, Jean Madeira fala sobre os ensinamentos do judô para os judocas da Associação Paulo Alvin de Judô (APAJA)

Juntos somos muito mais fortes!

animidade an Madeira é un Carismático, Je os praticantes de karatê, entre os pequendo e demais modalidades judô, taek won

Após o período em que esteve à frente da SELJ, e de volta à Câmara dos Vereadores de São Paulo, Jean Madeira avança o trabalho social fundamentado no esporte.

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POR

FERNANDO SORRENTINO I Fotos erik teixeira

om caráter forjado nos tatamis e no nos princípios do budô, Jean Madeira é reconhecido por realizar à frente da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo (SELJ) uma administração isenta e fundamentada nos princípios democráticos. Com formato de gestão próprio, iniciou novo ciclo para o desporto paulista, atendendo a todos com equidade e de forma imparcial, externando a sua preocupação com o aspecto social. Eleito para vereador em 2012 na cidade de São Paulo, com olhar diferenciado, vislumbrou a inclusão social por meio do esporte, e por entender que a prática esportiva é a maior ferramenta de inserção social e de prevenção às drogas, destinou suas emendas para projetos voltados com este enfoque. Atuando incansavelmente no Legislativo da maior cidade do País, conseguiu implantar projetos e atingir boa parte dos seus objetivos. Acreditando na necessidade da inclusão das artes marciais nas escolas de ensino fun-

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damental, busca maior valorização dos professores que atuam neste segmento. O esporte lhe despertou a vontade de trabalhar com projetos sociais e jovens? Sim. Iniciei este trabalho na periferia, fomentando a prática de modalidades como basquete, vôlei, karatê, capoeira e judô. Espelhado em meu pai, que foi mestre de artes marciais, consegui desenvolver um trabalho muito bonito no Rio, na Bahia e em São Paulo, liderando mais de 300 mil jovens. E levamos o trabalho para o mundo, totalizando 2 milhões de participantes em nossos projetos nas áreas do esporte, lazer, recreação, cultura, cidadania e prevenção às drogas. Nesses 20 anos de trabalho social com jovens, sou muito grato a Deus, aos meus pais e à arte marcial que foi fundamental em minha vida. Você criou campanhas como Juventude contra o crack. Como surgiram estas iniciativas? Desde os 17 anos não sei o que é ter um sába-

do, domingo ou feriado. Abdiquei de minha juventude em prol de outros jovens. Presenciei como o tráfico opera em muitas comunidades para aliciar pessoas que nunca usaram droga. Acho repugnante a forma como isso acontece e decidi atuar em programas de prevenção. Foi quando surgiram projetos como Crack, tire essa pedra do seu caminho, O futebol driblando o crack e Copa libertadores do crack. Ações de combate direto a esta pedra maligna que destrói a vida dos jovens. Comecei no Rio, utilizando a prática esportiva não apenas como ferramenta de inserção social, mas principalmente como principal ferramenta de prevenção às drogas. Aprendi que quanto mais próximas estiverem do esporte, mais longe as crianças estarão das drogas. De que forma este trabalho se desenvolveu na capital paulista? Vim para São Paulo e chegando aqui conseguimos ampliar o leque de modalidades esportivas utilizadas, e criamos a campanha Juventude contra o crack, que foi abraçada por vários artistas da Rede Record. Por meio de aulas de artes marciais, da educação e promovendo shows, conseguimos fazer com que ações preventivas chegassem de fato a mais de 50 mil pessoas em escolas das redes pública e privada. Em 2015 surgiu a ideia de montarmos um trabalho dentro da cracolândia e ali conhecemos o pastor Humberto, que faz o trabalho da Missão Batista, que por meio da Cristolândia desenvolve uma ação social importantíssima, acolhendo jovens que estão em situação de www.revistabudo.com.br


vulnerabilidade e adolescentes dependentes químicos que recebem tratamento físico e assistência espiritual. Seguindo esta linha inserimos judô, jiu-jitsu e karatê na cracolândia, atendendo inicialmente a 70 jovens, e dali conseguimos espalhar o atendimento para outros núcleos. Atualmente temos três casas de recuperação e além da prática esportiva doamos os kimonos e tatamis. Em todos estes locais contamos com a colaboração de professores voluntários que dão sua contribuição social. O mal e as drogas prevalecerão enquanto ficarmos de braços cruzados. Por isso convido todos que sonham com uma cidade e um País melhor, a participarem do programa Juventude contra o crack. Você ingressou na política por meio dos projetos voltados para o social? O trabalho que desenvolvi despertou o interesse de meu partido para liderar o PRB Juventude, no qual me esforcei muito para atrair a atenção dos jovens e promover a conscientização do voto. Isso levou a direção do PRB a convidar-me para disputar as eleições e fui eleito com boa margem, mas eu nunca tive pretensões políticas. Como falei, aos 17 anos comecei a dedicar-me aos jovens e desde lá mantenho-me comprometido com as ações sociais. Sempre atuei no resgate do ser humano focando o combate às drogas, por meio do esporte e da educação. As pessoas não sabem, mas na área de educação fizemos um vestibular social em todo o Brasil, com a participação de mais de 12 mil estudantes que ingressaram na universidade por meio do FIES. Sempre fui um homem de missão e sempre busco cumprir as missões que me são dadas. Quando meu partido teve a oportunidade de comandar a pasta da Secretaria Estadual de Esporte, meu nome foi indicado e o governador achou interessante entregá-la a um judoca faixa preta, esportista e vereador, cujas emendas sempre se destinaram ao desporto. Qual foi a sua contribuição na área da gestão esportiva? À frente da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude conseguimos valorizar esportes de combate como judô, jiu-jitsu, kung-fu, taekwondo, muay thai e boxe em todo o Estado, difundindo também esportes como o rúgbi, futebol americano e o basquete 3x3. Abri as portas da autarquia fazendo daquele espaço a casa do atleta, apoiando o esporte de alto rendimento sem esquecer do esporte social. Atendemos a várias cidades paulistas, por meio do programa Esporte Social, que beneficiou crianças e adolescentes de todo www.revistabudo.com.br

Antônio Dias Toledo, Jean Mad eira, Isabella Dias Toledo e Gilberto Freitas

Edilson Moraes, Jean Madeira, Francisco de José Carlos de Oliveira

Carvalho e

Ricardo Dembowski, presidente da Confederação Brasileira Paradesportiva de Jiu-jitsu, Jean Madeira, e Moisés Muradi, presidente da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo

s, Marcelo Bace Tânia Bacelar, Henrique Guimarãe anti Madeira, Ivete madeira e Ricardo Morg

lar Jean

o Estado. Na Câmara Municipal de São Paulo sempre destinei emendas para o desporto e projetos de prevenção às drogas, nos quais a arte marcial é de suma importância no sentido de formarmos bons cidadãos e uma sociedade mais justa. Costumo enfatizar um pensamento que é a minha bandeira: com a união de todos venceremos os obstáculos e faremos uma sociedade melhor. Juntos somos mais fortes! Sozinho chego mais rápido, mas juntos chegamos mais longe! Qual é a principal atribuição das artes marciais na sociedade atual? A importância é total. Por isso queremos valorizar cada sensei. Quando digo sensei, refirome àqueles que amam ensinar, porque isso

é um dom. Muitos faixas pretas sabem para si e para competir, poderiam até ser excelentes técnicos, mas nunca formadores, pois isso exige passar adiante os ensinamentos de Jigoro Kano, Gichin Funakoshi e de cada mestre criador das demais modalidades. O papel das artes marciais é valorizar o ser humano, ensinando a disciplina de que a nossa sociedade carece. Hoje, alunos não respeitam os professores na sala de aula, assim como em casa não respeita os pais. Ou seja, não respeitam a si mesmos. As artes marciais têm papel fundamental na disciplina dos nossos jovens. Invejo a forma como os orientais se comportam. Meu pai ensinoume deste jeito. Ele era mineiro, mas nunca precisou gritar ou alterar a voz, bastava apenas um olhar. Ele foi meu sensei e no dojô ele dava seguimento a essa educação, que acima de tudo pregava o respeito aos mais velhos, às autoridades, às leis, aos amigos e aos nossos adversários, e é isso que entendo como budô. Por que dar tanta ênfase na valorização dos professores de artes marciais? Por mais que a arte marcial seja uma atividade individual, ela é transmitida de forma coletiva. Isso reveste a função dos professores de extrema relevância, já que além de atletas formam cidadãos de bem. Hoje é comum vermos pais e mães procurando senseis para ajudar na formação de seus filhos, porque sabem que a maioria destes professores tem o poder de transformar e formar bons cidadãos. Mestres que transmitem luz e energia positiva aos seus alunos, e merecem nossa admiração, respeito e apoio. Cada criança é como uma pedra preciosa que precisa ser lapidada, e compete a estes professores fazer a lapidação certa. Entendo que a maioria deles é composta por educadores e, acima de tudo, formadores. Creio que nossa sociedade será muito melhor quando os professores forem devidamente valorizados. Onde os professores se encaixam em todo esse processo de formação? Toda arte marcial possui o ideograma dô, que traduzido significa caminho. Aprendemos que, se ensinarmos desde cedo o caminho correto para uma criança, ela jamais se desviará dele. Hoje temos milhares de jovens que se encontram no caminho errado da marginalidade. Entendo que temos de usar o nosso dô para resgatar estes jovens que se perderam, mostrando a eles o caminho do bem, da honestidade e da sinceridade. Por meio dos caminhos suave ou das mãos vazias, faremos com que estas pessoas possam ter paz de espírito e tenham uma vida digna. Revista Budô número 17 / 2016

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PROGRAMAS SOCIAIS

Ministro George Hilton lança programa Luta Praticantes e dirigentes elogiam iniciativa do governo federal e exaltam a inclusão social por meio das artes marciais e dos esportes de combate. I

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POR paulo pinto fonte ASCOM Fotos BUDOPRESS

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om o objetivo de democratizar a prática esportiva no País e o acesso a modalidades de luta e artes marciais, o ministro do Esporte, George Hilton, lançou no dia 21 de dezembro o programa Luta pela Cidadania, seguindo os princípios do esporte educacional, especialmente os de diversidade, cooperação, inclusão, participação, coeducação e corresponsabilidade. O programa será desenvolvido por meio de parcerias com entidades públicas. A duração será de 24 meses, com núcleos compostos por no máximo quatro modalidades de luta e artes marciais. As atividades vão ocorrer em espaços físicos públicos e privados, podendo atender em cada núcleo a cerca de 600 pessoas. O Ministério do Esporte vai responsabilizar-se pela aquisição do material esportivo e pelo pagamento dos recursos humanos, além de realizar o acompanhamento e a capacitação dos professores vinculados aos convênios. A apresentação do programa contou com a presença de atletas da atualidade, como Rodrigo Minotauro (MMA), Douglas Brose e Wellington Barbosa (karatê), Davi Albino (luta olímpica) e Willian Souza, índio lutador pataxó, além de várias feras do passado, como Natália Falavigna (taekwondo), Servílio de Oliveira (boxe) e um time completo de ex-atletas da seleção brasileira de karatê, como José Carlos de Oliveira, Caio Márcio, Célio Rene e Altamiro Cruz, o Didi.

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José Carlos de Oliveira e George Hilton

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O ministro explicou de que maneira funcionará a iniciativa. “O ministério entra com Ministro a função de ampliar o número de centros de George Hilton treinamento, alcançando ainda mais pessoas, desde crianças a idosos. Temos uma parceria com as escolas e as Forças Armadas que contempla 16 mil crianças. Nossa meta é que o programa alcance 50 mil até o fim do próximo ano. Queremos ampliar, precisamos de união com as federações, para trabalhar com crianças especiais. Nós vamos ser responsáveis pelo pagamento de profissionais e doação de equipamentos”, declarou. George Hilton ressaltou ainda a ideia de formular um texto que seja aprovado pelo Congresso Nacional e vire lei o mais rapidamente possível: o Sistema Nacional do Esporte. “O Luta pela Cidadania faz parte de uma política de Estado, uma política que deve ser contínua. Por isso estamos trabalhando diuturnamente para apresentar o quanto antes a Lei de Diretrizes e Bases do Esporte. Assim, independentemente Mesa gestora de partido, de quem estiver à frente de uma secretaria ou da pasta, haverá diretrizes, e todos teremos de segui-las”, acentuou. Célio Rene, diretor do Departamento de Desenvolvimento e Acompanhamento de Políticas e Programas do Ministério dos Esportes e um dos fundadores do programa, falou sobre a expectativa da execução do Luta pela Cidadania. “Estamos trabalhando nesse Célio Rene, Antônio Carlos Schiavom, José Carlos de Oliveira e Douglas Brose projeto desde junho, quando iniciamos uma construção pedagógica por meio das parcerias que mantemos com universidades federais de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Foi com o apoio desse diálogo que formatamos o projeto que estamos lançando hoje. Sobre os números, dependemos agora do edital, mas estamos aguardando um bom número de prefeituras. Sabemos que o período é curto e, como teremos eleições no próximo ano, não podemos prorrogar prazos. Contudo, estamos Os gigantes vice-campeões mundiais otimistas porque sabemos da força das artes do kumitê, José Carlos de Oliveira, o marciais. Na verdade contamos com um núZeca e Altamiro Cruz, o Didi Douglas Brose e Natália Falavigna mero verdadeiramente significativo a partir do segundo ano do projeto.” José Carlos de Oliveira, presidente da Federação Paulista de Karatê, previu o aumento de postos no mercado de trabalho. “Em São Paulo desenvolvemos um projeto parecido em parceria com a prefeitura, no qual atendemos mais de 2.500 crianças. O ponto chave do Programa Luta pela Cidadania é a multiplicidade de municípios que serão atendidos em todo o País, o que poderá fazer com que milhões de crianças sejam assistidas. Outro dado importante é que Parte da comitiva do karatê paulista em Brasília o programa gerará milhares de empregos para

pela Cidadania

Douglas Brose, bicampeão mundial de karatê com George Hilton, ministro do Esporte

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PROGRAMAS SOCIAIS professores de karatê, judô e demais modalidades, fazendo com que faixas pretas que iriam parar por falta de oportunidade no mercado de trabalho continuem atuando e fazendo a transmissão do conhecimento adquirido. No campo competitivo o programa precipitará o surgimento de grandes talentos. Hoje temos muitos campeões mundiais nas mais diversas modalidades de luta que venceram e chegaram lá sem nenhum apoio. O programa certamente propiciará o surgimento de novos campeões. O mais importante é que no aspecto social o Luta pela Cidadania fará a inclusão de milhares de crianças na prática esportiva. Jovens que antes não podiam frequentar uma academia ou comprar um kimono conhecerão os preceitos filosóficos das artes marciais, e essa mudança deverá fazer enorme diferença na vida de cada criança assistida.” Para o bicampeão mundial de karatê Douglas Brose, uma mobilização efetiva dos dirigentes fará com que milhares de crianças e jovens sejam atendidos pelo programa. “Sem dúvida alguma o Ministério do Esporte teve uma iniciativa maravilhosa e agora temos de nos organizar para fomentar a execução dele junto às prefeituras. Os recursos existem, o projeto já está pronto, e agora cabe a nós viabilizar a execução do projeto e fazer com que a coisa realmente aconteça.” Natália Falavigna, medalhista de bronze dos Jogos de Pequim 2008, representando o País no taekwondo, esteve na mesa principal do evento e falou sobre o que o Luta pela Cidadania pode agregar à vida das pessoas. “Quando se tem uma boa quantidade de praticantes, encontramos a qualidade com maior facilidade, falando na questão do alto rendimento. Porém esse programa é mais importante na questão da inclusão. A arte marcial traz uma questão filosófica diferenciada, ou seja, teremos valores éticos muito mais sólidos. Só assim podemos mudar uma sociedade, o que acaba virando uma engrenagem muito positiva. Ajudando os outros, você se torna uma pessoa melhor tanto no lado profissional quanto no pessoal”, declarou Natália. Ícone dos octógonos, Antônio Rodrigo Nogueira, o Minotauro, explicou como o projeto poderá auxiliar na vida das crianças, principalmente as que residem em locais mais pobres. “Hoje temos uma carência de colocar as artes marciais em alguns lugares do Brasil; muitos jovens não têm acesso à arte marcial. A luta corre lado a lado com a educação, porque o esporte forma o cidadão, trazendo valores morais como comprometimento, disciplina e hierarquia, conceitos que podem somar na formação das crianças. Vejo a arte marcial como

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Antônio Carlos Schiavom e José Carlos de Oliveira

Natália Falavigna, Marcos Kamaguso e Willian Souza

um grande meio de motivação para jovens que não têm oportunidade. O projeto mostrará um caminho e trará confiança a eles. Muitos podem não se tornar atletas profissionais, mas serão cidadãos melhores. É de grande importância para os jovens brasileiros”, disse. Medalhista nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, Davi Albino ficou emocionado ao falar sobre a importância do programa e lembrou os tempos difíceis que teve na infância e adolescência. “O esporte não forma apenas campeões, forma cidadãos. Isso é fundamental para as pessoas. Eu sou a prova viva de que o esporte faz você um ser humano melhor, quando colocado em comunidades, em áreas carentes. Eu vim de uma área carente, do Capão Redondo,

Zona Sul de São Paulo. Algo que facilita é o fato de o esporte que envolve lutas ser mais barato que outros. Com uma camiseta e um short, já podemos treinar e praticar”, completou. Ex-atleta da seleção brasileira de vôlei, Alcidio Michael Ferreira de Mello, o Cidão, hoje é secretário de Esportes de Santos (SP) e parabenizou a iniciativa do Ministério do Esporte. “A iniciativa é muito importante porque este programa visa fundamentalmente a base. Quando era esportista eu passei por todos os níveis do esporte e sei da importância de focarmos um trabalho específico na base, fazer com que as crianças saiam das ruas e migrem para a prática esportiva. Há dois anos iniciamos um trabalho na Secretaria de Esportes de Santos focado no www.revistabudo.com.br


te livra os jovens de diversas coisas, como as drogas, e proporciona outras, como disciplina e respeito”, enfatizou. Patrese Malheiros, diretor de Esportes de Promissão (SP), festejou a ação do governo federal. “Esta é uma iniciativa fantástica porque todas as modalidades de luta são esportes individuais, e isso é um grande facilitador quando pensamos em tirar as crianças da rua. Com este incentivo temos certeza de que poderemos ampliar o número de crianças atendidas em nossa microrregião. Por meio do karatê e do judô atendemos hoje cerca de 600 crianças e acredito que com o programa Luta pela Cidadania poderemos dobrar este número.” Luiz Carlos Cardoso, presidente da Confederação Brasileira de Karatê, espera que o programa atenda também as confederações. “É uma iniciativa interessantíssima porque é algo que contempla diretamente as lutas e cabe a elas mostrarem ao que vieram. Eu só tenho uma tristeza porque vamos ficar nas mãos das prefeituras, mas o secretário nos prometeu fazer parcerias com as confederações, e aí sim o projeto será perfeito.”

José Carlos, Ademar Lamoglia e Luiz Carlos Cardoso

Autoridades presentes Paulo René, coordenador da Academia BBF do Distrito Federal, José Carlos, Antônio Carlos Schiavom, João Matos e Douglas Brose

Alcidio Michael Ferreira de Mello, o Cidão e Antônio Rodrigo Nogueira, o Minotauro

karatê e no judô, levando estas modalidades para os locais mais distantes e perigosos, e obtivemos resultados surpreendentes. Estamos transformando verdadeiramente a molecada e obtendo dados altamente expressivos. No karatê começamos com 40 crianças e hoje atendemos 840. Passamos de três para sete núcleos, mas não são os números que mais impressionam e sim a conduta das crianças, que muda radicalmente. Elas assimilam os valores, a filosofia e os princípios da modalidade e passam a se comportar de forma diferenciada. A disciplina, o respeito e o autocontrole passam a fazer pare desses jovens e este é um diferencial social relevante. Neste contexto a iniciativa do Ministério do Esporte surge numa ocasião importantíswww.revistabudo.com.br

sima para o País, que vive um momento conturbado, no qual o respeito e a cidadania são constantemente ameaçados.” Ademar Lamoglia, presidente da Federação de Taekwondo Olímpico do Distrito Federal, destacou que o programa lançado pelo ministério eleva a educação e a cidadania. “Acho que era o que estava faltando em termos de políticas públicas voltadas para o esporte, pois no momento em que o ministério se preocupa com a formação do atleta, que nem sempre passa pela escola, esta ação se transforma num mecanismo de formação desse cidadão. Para nós das artes marciais este projeto é uma ação tremendamente positiva. Esperamos que os municípios deem a resposta necessária ao ministério, porque nossos jovens querem e precisam transformar-se em cidadãos e a melhor forma de fazer isso é por meio da prática das artes marciais, que eleva a educação e a cidadania para todos nós.” Aos 21 anos, Caio Machado Nunes é atleta de Brasília e tem o sonho de chegar à seleção brasileira de boxe. “Quem sabe um dia poderei participar de uma Olimpíada. Um evento desse é muito importante para estarmos cada vez mais divulgando e promovendo o esporte. É importante porque trata da inclusão social, diminui o número de marginalizados. O espor-

A cerimônia de lançamento do programa Luta pela Cidadania contou com a presença de inúmeras autoridades políticas e esportivas, entre as quais George Hilton, ministro de Esporte; Marcos Jorge, secretário executivo do Ministério do Esporte; Carlos Geraldo, secretário nacional de Esporte, Lazer e Inclusão Social; Júlio César, deputado distrital presidente da Frente Parlamentar de Esportes; Alcidio Michael Ferreira de Mello, o Cidão, secretário de Esportes de Santos (SP); Patrese Malheiros, diretor de Esportes de Promissão (SP); Luiz Carlos Cardoso, presidente da Confederação Brasileira de Karatê; José Carlos de Oliveira, presidente da Federação Paulista de Karatê; Luiz Gonzaga Filho, presidente da Federação Metropolitana de Judô; Ademar Lamoglia, presidente da Federação de Taekwondo Olímpico do Distrito Federal; Antônio Flávio Testa, presidente da Confederação Brasileira de Kick Boxing; Luiz Carlos Nascimento Júnior, presidente da Federação Cearense de Karatê; Paulo Roberto Borges, presidente da Federação de Artes Marciais do DF; Servílio de Oliveira, presidente da Liga Paulista de Boxe; Paulo José da Silva, presidente da Liga Nacional de Kung Fu; William Carlos Cardoso do Nascimento, diretor Técnico da CBK; Robson Aguiar, secretário executivo da Confederação Brasileira de Desporto Escolar; Walter Matos, presidente da Federação Brasileira de Jiu-Jitsu; e Antônio Carlos Schiavom, presidente da ACAK. Revista Budô número 17 / 2016

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39º QUEBEC OPEN DE JUDÔ – 2015

Brasileiros dão show no Quebec Open O time verde e amarelo desembarcou em Montreal com nove atletas e voltou para casa com sete medalhas. POR

paulo pinto I Fotos BUDOPRESS

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deaux por an jogou o canadense Bilo Na disputa do bronze Rendiversas vezes, mas o árbitro não viu

Com sasae salvador no finzinho da luta contra o canadense Di Bartolo, Nixon reverteu o placar e comemorou o segundo ouro em Montreal

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om o apoio da Federação Canadense, o Judo Quebec realizou a 39ª edição do Quebec Open, umas das principais competições das Américas e a mais importante competição internacional do judô canadense. O evento reuniu judocas de oito países e, como ocorre tradicionalmente, judocas brasileiros foram ao Canadá em busca de intercâmbio técnico e medalhas. Realizado de 1º a 3 de novembro na arena do complexo esportivo Claude Robillard, em Montreal, o torneio recebeu uma delegação brasileira muito pequena em função do delicado momento econômico que o Brasil atravessa. Mas o reduzido número de atletas não fez com que o Brasil deixasse de exibir seu judô refinado e de alta qualidade nos tatamis de Montreal, conquistando quatro medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Totalizando sete medalhas, os brasileiros obtiveram aproveitamento de 87%. A equipe era formada praticamente por judocas paulistas. Na classe sub 18 competiram Diego Campos Guimarães (81kg), da Sociedade Esportiva Palmeiras; Argeu Maurício de Oliveira Neto (90kg), da Associação Atlética Botucatuense, que representou o Centro de Excelência de São Paulo; Juan Tavares Amaral da Silva (81kg), do Clube Peruíbe Budokan; e Ketlyn Araújo (57kg), da Sociedade Esportiva Palmeiras, que também lutou no sênior. Na classe sub 21 lutaram Nixon Roberto Ferreira Carneiro (66kg), da Sociedade Esportiva Palmeiras, que também lutou no sênior; e Victor Maranhão (81kg), da Associação Torres de Judô, que também representou o Centro de Excelência da capital. No sênior lutaram Renan Yuji Ueti Puglia (66kg), da A.D. São Caetano e Luís Nogueira Filho (73kg), da Associação Esmac de Belém, que é da classe júnior, mas acabou lutando no sênior e num peso acima. O único representante da classe máster foi Alexandre Gaspar (81kg), do M3, da Sociedade Esportiva Palmeiras.

www.revistabudo.com.br Em pé ou no chão, Nixon impôs o terror em Quebec

Parte do time brasileiro ainda na arena do complexo esportivo Claude Robillard, em Montreal

O time brasileiro contou com o apoio de um dirigente e dois técnicos com larga experiência: Tadeu Uehara, da Sociedade Esportiva Palmeiras, e o medalhista olímpico Henrique Guimarães, do Centro de Excelência de São Paulo. Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô, completou a comissão técnica do Brasil.

Show dos judocas palmeirenses Ketlyn Araújo conquistou dois ouros, nas classes júnior e sênior. Argeu Maurício de Oliveira e Juan Tavares Amaral da Silva levaram medalhas de prata, enquanto Luís Nogueira Filho ficou com um bronze. Nixon Roberto Ferreira Carneiro fechou as medalhas do Brasil faturando dois ouros, uma no sub 21 e a outra no sênior. Ratificando toda a tradição da Sociedade Esportiva Palmeiras nos tatamis, as quatro medalhas de ouro alcançadas pelo Brasil foram conquistadas por dois judocas da equipe alviverde. Ketlyn Araújo Nascimento e Nixon Roberto Ferreira Carneiro deram um show à parte e confirmaram a supremacia técnica do Brasil, sendo assim os únicos judocas que conquistaram dois ouros nesta edição do torneio. Com apenas 17 anos e única representante brasileira do judô feminino em Montreal, Ketlyn chamou para si a responsabilidade e usou e abusou de seus ko-uchi-maki-komi e ippon-seoi-nage para superar suas adversárias. “Fiz quatro lutas no sábado e fui para cima de minhas adversárias, pois as canadenses se-

guem o estilo do judô europeu e têm muita força. Joguei quase todas, mas as lutas foram decididas no ne-waza, algo em que não são muito experientes.” Com um bronze conquistado em Luxemburgo na primeira fase do circuito europeu desta temporada e uma estreia ruim no mundial juvenil, Ketlyn volta a pensar na seleção brasileira. “Estes ouros terão um significado importantíssimo em minha trajetória. Este ano não foi tão bom quanto o ano passado e minha vinda ao Canadá teve uma ajudazinha de Deus, pois o Palmeiras mandou para cá os dois atletas mais bem ranqueados da equipe: o Nixon no masculino e eu no feminino. Dentro desse ranking interno do Palmeiras eu disputava a vaga com a Júlia, que é a pesado júnior, a qual estava a quatro pontos de mim. Se ela se classificasse no paulista sub 21, teria vindo em meu lugar.” Absoluta, Ketlyn finalizou elogiando o nível técnico da competição. “Apesar das duas medalhas obtidas, a competição foi muito mais difícil do que eu imaginava. Os melhores judocas dos Estados Unidos estavam aqui e não vi nenhuma menina do júnior competindo hoje no sênior. Minha primeira luta de hoje levou mais de dez minutos e gastei muita energia pra vencer a canadense. O sensei pedia volume, mas eu já não tinha mais gás e nem energia. No geral a competição foi muito boa e vou sair daqui muito mais experiente; mesmo se não tivesse vencido elogiaria a competição pela organização e alto nível técnico.” Nixon Roberto Ferreira Carneiro conquistou o ouro no peso-leve do sub 21 e do sênior. Com tokui-waza no sode-tsuri-komi-goshi e no potente uchi-mata, Nixon roubou aplausos da torcida adversária exibindo técnica refinada e muita determinação. E o habilidoso judoca de Mogi das Cruzes explicou que esta foi a terceira experiência no exterior. “Já fiz os circuitos europeu, pan-americano e sul-americano. Fui bronze na etapa de Bucareste e sou campeão pan-americano e sul-americano.” Sobre os combates no Quebec Open, Nixon lembrou que foram oito ippons em dez lutas. “Ontem fiz cinco lutas e fui campeão sub 21. Ganhei quatro lutas por ippon, mas na final só Revista Budô número 17 / 2016

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39º QUEBEC OPEN DE JUDÔ – 2015

Os professores Tadeu Uehara, Sérgio Pessoa, Francisco de Carvalho e Alexandre Gaspar no centro esportivo do Parc Olympique, em Montreal, onde foi realizado o treinamento de campo

Argeu Maurício de Oliveira Neto fez cinco lutas que lhe garantiram a medalha de prata

Renan Yuji Ueti Puglia mostrou bom desempenho no sênior, mas se machucou na disputa do bronze e teve de parar

A primeira luta de Ketlyn no sênior contra a canadense Burt, durou quase 10 minutos

encaixei um wazari. Hoje também fui campeão vencendo cinco lutas, sendo quatro delas por ippon. Na final joguei de wazari e de yuko. Na verdade a competição é muito forte, e às vezes achamos que só porque estamos na América do Norte o nível não vai ser tão alto, mas me enganei porque a maioria dos adversários exigiu muito cuidado. Gostei de participar e no ano que vem pretendo voltar.” O judoca do Projeto Futuro finalizou avaliando a conquista de dois ouros. “Foi meio surreal. Por ser da classe júnior arrisquei lutar no sênior, mais para adquirir experiência. Dei o meu melhor e consegui ser campeão. Foi uma experiência muito gratificante, dedico esta vitória ao pessoal do Projeto Futuro que é onde eu treino e moro, ao pessoal do Palmeiras que proporcionou toda a viagem para mim e aos meus amigos que estão aqui comigo e são uma família para mim.” No sub 18, Argeu Maurício de Oliveira disputou a final, mas caiu diante do adversário canadense. “Esta competição foi a primeira experiência internacional. Fiz cinco lutas e ganhei três de ippon: a primeira no osae-komi, a segunda de uchi-mata e a última de harai-goshi. A semifinal eu venci com um wazari e a final eu acabei distraindo e perdi, mas foi uma experiência muito boa. Achei o judô daqui bem diferente do nosso. Eles fazem bastante força, travam muito a pegada e entram com muitos golpes na sua frente. Fazem muito barulho para pouco resultado.” Ainda no juvenil, Juan Tavares Amaral também chegou à final, mas voltou para casa com a medalha de prata. “No juvenil me saí muito bem. Fui vice-campeão fazendo quatro lutas, das quais venci duas por ippon usando shime Toda a equipe brasileira vibrou muito com sasae- tsuri-komi-ashi que garantiu o segundo ouro de Nixon na disputa

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-waza. A semifinal venci com dois shidôs e na final eu entrei com vários golpes, mas a arbitragem não ajudou e acabei perdendo de shidô. Hoje eu arrisquei ir para o tudo ou nada no sênior, mas perdi na disputa de terceiro e acabei na quinta colocação”, disse o judoca do litoral paulista que tem no ura-nage e no uchi-mata seu tokui-waza. “O nível técnico estava muito bom e valeu muito a pena vir ao Canadá. Aqui lutei com muitos atletas que vieram de vários países e com estilos diferentes.” No sênior, Luís Nogueira Filho, que ainda é júnior, pegou muita pedreira, mas conseguiu uma vaguinha no pódio. “Não entendi o que houve, mas lutei no peso acima do meu e ainda consegui conquistar um bronze. Fiz seis lutas, mas comecei perdendo de wazari para um canadense. A segunda joguei de ippon-seoi-nage, a terceira venci por shido e a quarta luta venci com juji-gatame. A quinta luta foi contra um canadense e foi muito difícil, mas joguei de ippon e ganhei com um tai-otoshi. A última foi contra um norte-americano que por diversas vezes buscou levar para o ne-waza, e ele não contava que também era a minha praia e encaixei ude-ishigi-juji-gatame e ele teve de bater”, disse o paraense que finalizou enaltecendo o evento. “Já estive na seleção brasileira de base e medalhei no circuito europeu, mas eu confesso que não esperava tanto desta competição, justamente por ser um torneio aberto, mas ela é muito forte e os atletas são muito bem preparados. O judô canadense é fundamentado mais na força, é mais truculento e puxa mais o estilo europeu, mas foi uma experiência fantástica.”

Dirigente canadense lamentou a ausência dos ippons brasileiros Jose Arandi, treinador chefe do Clube de Judô Metropolitano de Montreal e membro do comitê organizador do evento, comemorou o sucesso da 39ª edição do certame. “Fomos responsáveis pela organização do torneio e o realizamos com o apoio do Judo Quebec, que é a Federação de Judô do Estado de Quebec. Nossa avaliação do torneio é bastante positiva, pois há dez anos nosso clube não sediava este evento e recebemos aqui mais de 700 judocas vindos de oito países.”

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Sérgio Pessoa, José Arandi e Nabil Haou, membros da comissão organizadora desta edição do Quebec Open

Sergio Lex, outro brasileiro radicado no Canadá, com seus atletas que medalharam

com os atletas seniores da seleção do Canadá. Vamos trabalhar para oferecer mais facilidades trazer mais brasileiros.” Tadeu Uehara, técnico do Palmeiras, explicou que foi ao Quebec Open para acompanhar os dois atletas do Palmeiras e parabenizou a organização da competição. “Tanto a Ketlyn quanto o Nixon foram campeões em suas classes e no sênior. Hoje eles comprovaram que fazemos um bom trabalho no clube. Voltaremos para São Paulo com dois resultados excelentes. O Quebec Open é uma competição da qual vale muito a pena participar, Técnicos e dirigentes porque é muito difícil e diferente daquilo que estamos acostumados a presenciar. Sem conbrasileiros elogiam a tar que é muito bem organizada e somos muicompetição Para Sérgio Pessoa, brasileiro radicado no to bem recebidos.” Canadá, que por mais de uma década defenHenrique Guimarães, técnico do Centro deu a seleção brasileira de judô e foi o primeiro de Excelência de São Paulo, destacou a determinação dos judocas brasileiros. “No geral ocidental campeão da Copa Jigoro Kano do Jaconstruímos um resultado muito bom, já que pão, esta edição do Quebec Open deixou a desejar. “Em minha avaliação, este ano o certame grande parte dos atletas estavam competindo fora do Brasil pela primeira vez, e isso conta foi mais fraco do que o ano passado, já que em muito. Eles não se intimidaram, partiram para função da alta do dólar poucos brasileiros pucima dos adversários e mostraram que têm deram vir. Há mais de dez anos consecutivos atitude. Esta competição vale como grande contamos com grande presença de brasileiros experiência e intercâmbio, já que estão lutane isso faz o nível técnico aumentar muito. Mas do com atletas de outros países e convivendo tirando esse detalhe, a competição manteve com escolas com estilos diferentes dos nossos. o excelente padrão que sempre apresenta. Aqui estavam os melhores atletas do continenTivemos mais de 700 atletas competindo nas te e esse contato é determinante na formação classes sub 15, sub 18, sub 21, sênior e máster.” e no desenvolvimento dos jovens judocas.” Pessoa finalizou destacando a importância Na avaliação de Francisco de Carvalho, do torneio para as categorias de base. “Este os judocas brasileiros foram surpreendentes. evento é muito importante para as categorias “Para podermos avaliar melhor a importância pré-juvenil, juvenil e júnior do Brasil. Eu recoda conquista dos nossos judocas, temos primendo para todos os atletas da base porque meiro de destacar a diferença estrutural no depois promovemos treinamento de campo desporto em nosso País. O Parte da equipe do Brasil após as conquistas de medalhas em Montreal Canadá possui uma estrutura infinitamente superior à nossa em todos os aspectos. Os atletas canadenses são beneficiados com uma qualidade muito superior à nossa. Imagino quanto avançaríamos se tivéssemos algo semelhante no Brasil. Essa realidade valoriza ainda mais as medalhas obtidas por nossos atletas.” O dirigente brasileiro fiLamentando a menor participação dos brasileiros, o dirigente canadense disse que a ausência contribuiu para o aumento das medalhas de ouro conquistadas pelo Canadá. “Sentimos muito a falta de maior contingente de judocas brasileiros, pois eles costumam impor alto nível técnico em nossa competição. Mas ao mesmo tempo comemoramos, pois com isso sobram mais medalhas de ouro para nossos atletas. Mas sentimos falta dos ippons e da técnica apurada que vocês sempre exibem”, concluiu Arandi.

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Equipe alvi-verde em Montreal

Cláudia Ferrari, Francisco de Carvalho e Gustavo Ferrari no Parc Olympique

Vista parcial do Parc Olympique de Montreal

nalizou analisando o percentual de aproveitamento elevado da equipe verde e amarela. “O fato marcante é o percentual de atletas que vieram. Trouxemos nove atletas e estamos voltando com sete medalhas das quais quatro são de ouro. É um resultado extremante positivo e também surpreendente se contabilizarmos que obtivemos aproveitamento de 87%. Desejo que tudo isso sirva de motivação para os atletas que aqui estiveram.”

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JUDÔ INTERNACIONAL

rge Hilton Em novembro, o ministro Geo se e recebeu João Derly, Ignacio Aloi Alexandre Algeri.

João Derly, deputado federal (Rede-RS)

João Derly respalda entidade que boicota judô do Brasil Depois de transferir do Brasil para Cuba o campeonato pan-americano sênior de 2016, a CPJ usa o ex-atleta e atual deputado federal João Derly para obter apoio para realizar eventos e ações no Brasil, atropelando o órgão máximo do judô brasileiro. POR

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paulo pinto I Fotos IVO LIMA/ME I LUIS MACEDO/Câmara dos Deputados I PAULINO MENEZES/ME

ara entender o desconforto causado pela Confederação Pan-Americana de Judô (CPJ), basta lembrar que o campeonato pan-americano sênior seria um torneio preparatório para os Jogos Olímpicos Rio 2016, inclusive com pontuação dos atletas para o ranking da Federação Internacional de Judô (FIJ). Nada que possa ser substituído pelo evento teste agendado para os dias 8 e 9 de março, mera simulação para efeito protocolar. O Brasil havia sido escolhido para sediar o pan-americano sênior em abril de 2014, em assembleia da CPJ no Equador. Em novembro, porém, a nova diretoria da entidade transferiu o campeonato para Cuba, sem dar nenhuma explicação. E nem poderia. Desde 2007, o Brasil é o país que realizou o maior número de eventos do ca-

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Ney Wilson e João Derly em audiência pública na Câmara, onde representantes das confederações explicaram critérios de seleção de atletas e comentaram as possibilidades de pódio nas Olimpíadas.

lendário da FIJ no continente americano, entre eles quatro grand slams, várias copas do mundo (atuais opens continentais), campeonatos mundiais individual e por equipe, todos com absoluto sucesso. Não se pode alegar falta de competência ou de experiência da organização que rege o judô brasileiro. Já a confusão e o desencontro de informações da entidade pan-americana ficam evidentes quando comunica a seus membros – por e-mail, pois sequer possui estrutura para montar um site – que o evento está marcado para os dias 29 e 30 de abril, mas não diz onde. Um fiasco para quem pretende comandar o judô nas três Américas. Acabou respingando na FIJ, cujo calendário publicado em 10 de dezembro mostra o pan-americano sênior nos dias 27 a 30 de abril, definido para acontecer em Havana. www.revistabudo.com.br


baixador da FIJ no Brasil; deO professor Ney Wilson, gestor de Alto Renpois, dando a ele o cargo de dimento da Confederação Brasileira de Judô presidente da comissão de (CBJ), apontou as consequências dessa decisão atletas da CPJ. Nesse meio unilateral da CPJ para a área técnica. “Além dos tempo, falou-se também problemas causados para a comissão organizada inclusão de Derly no Hall dora, existe prejuízo direto aos atletas olímpicos da Fama da FIJ. do Brasil, que poderiam experimentar a pressão Outro gaúcho, Alexanantes da competição e chegariam mais bem dre Algeri, vice-presidente preparados aos Jogos Rio 2016. Perdem também de esportes da Sogipa, a oportunidade de melhorar a pontuação no clube que Derly defendeu ranking da FIJ, já que todos buscam melhor popor toda a vida, foi nomesicionamento para sair como cabeças de chave.” Ministro George Hilton recebe João Derly e comitiva de judocas composta por ado diretor interclubes da Indagamos quais eram as alegações da diAlejandro Blanco, presidente do Comitê Olímpico Espanhol e diretor de Solidariedade CPJ. Gostaríamos de saber: retoria da CPJ para subtrair uma competição tão Olímpica da FIJ, e Ignacio Aloise, secretário geral da CPJ. como o principal clube do importante do nosso País, judô gaúcho pode apoiar uma entidade que e Ney Wilson foi enfático. trabalha contra os interesses do judô do Brasil? “Eles não alegaram absolutamente nada. Anularam De volta ao passado? uma decisão referendada Qual é a proposta de Ignacio Aloise e de em assembleia de forma João Derly? Será que buscam instalar o caos na abrupta e unilateral, e em modalidade que mais medalhas olímpicas condezembro anunciaram que quistou para o Brasil até hoje? o campeonato seria realizaTodos sabem que os resultados obtidos nas do em Cuba.” quadras ou nos tatamis estão intrinsecamente Wilson, entretanto, não ligados à qualidade da gestão – e, sem a menor vê no comportamento da dúvida, há muito tempo a melhor gestão do CPJ retaliação específica ao desporto brasileiro é feita pela CBJ. Brasil. “A decisão foi um tiro João Derly e o colega Ignacio Aloise no plenário da Câmara A Revista Budô perguntou ao bicampeão no pé, pois afeta todos os mundial de judô, nomeado em março deste países do nosso continente. O prejuízo não é apeManobra inusitada ano presidente da Frente Parlamentar Mista do nas do judô brasileiro, uma vez que pela primeira O fato de ter desqualificado o Brasil na reaEsporte, como pôde apoiar e abrir portas para o vez na história teremos o maior evento esportivo lização do pan-americano sênior não impediu secretário geral da CPJ e coordenador de todo o do planeta sendo realizado na América do Sul. que a CPJ incumbisse seu presidente da comismovimento contra o judô do Brasil. O campeonato pan-americano sem dúvida iria são de atletas, não por acaso o ex-atleta e atual Questionou também por que, sendo contribuir para pequenos ajustes na organização deputado João Derly (Rede-RS), de conseguir comandante do ciclo de reuniões na Câmafutura dos jogos, além das facilidades que o Brasil audiência com o ministro do Esporte, George ra dos Deputados com as confederações poderia proporcionar aos países participantes.” Hilton, para pedir apoio ao 1º Campeonato brasileiras, não saiu em defesa da CBJ e do Os prejuízos, considerados enormes por WilPan-Americano Interclubes de Judô. E ele o Brasil. O congressista não respondeu aos son, afetam também fornecedores e prestadores fez (acompanhado de dirigentes da entidade), questionamentos desta reportagem, assim de serviço, sem falar na cobertura da televisão. como se ignorasse que o órgão máximo da mocomo Aloise, que não se manifestou sobre os “Além de causar dano financeiro, a CPJ ainda perdalidade no País é a Confederação Brasileira de motivos que levaram a CPJ a transferir o panderá muito de sua credibilidade como instituição, Judô. Como o ministério poderia endossar tal americano sênior para Cuba. ao mostrar que não cumpre nem calendários firevento sem a presença da CBJ? Além de ferir acordos firmados, a atitude mados em assembleia.” Nos bastidores, manipulando os atores do mentor intelectual da CPJ repete as arbiSe alguém duvida da importância de evenque participam desse teatro, não poderia faltar trariedades do passado, que puseram fim aos tos preparatórios para os Jogos Olímpicos basta a figura de Ignacio Aloise, uruguaio, secretámais de 50 anos de história da União Pan-Alembrar que a FIJ pretende fazer o campeonato rio geral da CPJ e diretor esportivo da FIJ, que mericana de Judô. mundial de judô de 2019 em Tóquio, justamente atualmente vive em Porto Alegre (RS). Grande Tínhamos a esperança de que a nova gesporque antecede os Jogos Olímpicos de 2020 na articulador político, faz-se passar por homem tão da entidade estaria voltada para o futuro mesma cidade. Em 2015 o campeonato pan-ade confiança do todo poderoso Marius Vizer, e vislumbrando um caminho de crescimento mericano de judô foi realizado no Canadá com presidente da FIJ, para atrair aliados no Brasil e técnico para o judô pan-americano, fundao objetivo de treinar a equipe de trabalho para usurpar o poder no único país das Américas que mentado na união de todos. os Jogos Pan-Americanos de Toronto no mesmo faz investimento sistemático no judô. A atitude absurda e equivocada mostra, ano. Essa prática já se tornou tradição, tanto no Aloise fez propostas a numerosos dirigentes porém, que além de revanchista a nova gesque se refere à área técnica, com as competições, estaduais e empresários ligados ao esporte. Nintão da CPJ está voltada para o passado, o que quanto para capacitar os responsáveis pelo proguém deu ouvidos ao canto da sereia, mas de nos faz prever mais um longo período de subtocolo do cerimonial das Olimpíadas. “Além de tanto insistir ele conseguiu fisgar um peixe granserviência aos interesses políticos e esportivos arbitrária, a decisão foi antiesportiva”, desabafou de: o bicampeão mundial de judô João Derly. dos dirigentes europeus. o dirigente da CBJ. Primeiro, obtendo para Derly a indicação de emwww.revistabudo.com.br

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DIREITO DE RESPOSTA

Derly em audiência com ministro George Hilton (Foto Francisco Medeiros/ME)

João Derly

responde a Revista Budô Após a publicação da matéria intitulada “João Derly respalda entidade que boicota judô do Brasil” o bicampeão mundial de judô enviou resposta rechaçando nossa reportagem.

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rezado editor da Revista Budô, Paulo Pinto, Li, estupefato, matéria que cita meu nome no site da Revista Budô sob o título “João Derly respalda entidade que boicota judô do Brasil”. Em primeiro lugar, afirmar, ou mesmo insinuar, que eu trabalhei ou trabalho contra o esporte brasileiro é uma afirmação leviana e difamatória. Repudio a afirmação de que busco “instalar o caos no judô brasileiro’’. Essa é uma suposição absurda e não coaduna com a realidade dos fatos. Pelo contrário. Minha trajetória dentro dos tatames e na vida pública mostra meu empenho em prol dos interesses do Brasil e dos seus atletas. Diferentemente do que foi publicado na matéria, não tive participação e nem sequer fui consultado sobre a decisão de

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transferir o Campeonato Pan-Americano de Judô do Brasil. Aliás, tal assunto não é de minha competência. Se tivesse tido chance de opinar, e levando em conta minha vivência esportiva, teria uma posição favorável à realização do Campeonato Pan-Americano no Brasil, conforme estava programado, justamente pela proximidade com os Jogos Olímpicos. Da mesma forma, opinei publicamente e defendi a participação, por meio de inscrição da Confederação Brasileira de Judô, dos atletas do país nos Campeonatos Pan-Americano sub-13 e sub-15 na cidade de Córdoba, na Argentina, em 2015. A delegação do Brasil foi a Córdoba e conquistou várias medalhas. Portanto, insinuar que apoiei e trabalhei em prol da decisão de transferir o Campeonato Pan-Americano de Judô – tomada pela direção da Confederação

Pan-Americana de Judô – é descabida e irresponsável. Por outro lado, fiquei honrado com o convite da Federação Internacional de Judô para ser Embaixador da entidade e da Confederação Pan-Americana de Judô, para ser o presidente da Comissão de Atletas da entidade. Aceitei ambas as tarefas com o objetivo de aumentar minha contribuição para o esporte, ao qual tenho muita gratidão. Reafirmo que se for chamado para outras comissões ou empreitadas, no Brasil ou fora dele, me farei presente sempre que possível, pois conheço o meu papel dentro do esporte e do judô e não fugirei das minhas responsabilidades. Exatamente por isso, estive em uma reunião entre o ministro dos esportes do Brasil, George Hilton, e o presidente do Comitê Olímpico Espanhol, Alejandro Blanco. Tal encontro aconteceu em 4 de abril e teve como pauta a experiência espanhola e o legado dos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 e a importância de uma transição dos atletas após a aposentadoria, conforme notícias veiculadas pela imprensa e no site do Ministério do Esporte. Também participei de nova reunião, a pedido da Confederação Pan-Americana de Judô, em novembro de 2015, para buscar o apoio do ministro dos esportes e, principalmente, explicar a importância do Campeonato Pan-Americano Interclubes de judô, que provavelmente selecionará as equipes que irão representar as Américas no Mundial por equipes de 2016. Sou amplamente favorável à realização destes eventos no Brasil, sobretudo envolvendo clubes, por considerar que eles são a mola propulsora do esporte nacional. Por outro lado, reitero que estou sempre à disposição. Meu telefone pessoal é conhecido. Além dele, há os telefones dos meus gabinetes em Brasília e em Porto Alegre, cujos números estão publicados no meu site oficial. Além disso, minha assessoria de imprensa está à disposição deste e de qualquer veículo de imprensa. Enfim, não vou admitir que atentem contra a minha trajetória e contra a minha vida de luta pelo esporte nacional, pois com este tenho um compromisso inarredável. Assim será sempre, onde quer que eu esteja.

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defesa pessoal bate, próprias e impróprias, que servem como equalizadores, ou seja, nivelam um adversário mais fraco ao mais forte, como ocorre frequentemente no caso de uma mulher contra um homem. Outra deficiência no treinamento é basear-se no aspecto físico, deixando de lado o mental e o psicológico do aluno. Defesa pessoal se faz por meio do conhecimento de como o marginal age, ensinando medidas preventivas para evitar as situações de risco, trabalhando o instinto de sobrevivência e preparando a combatividade do homem e da mulher. Os benefícios da defesa pessoal elevam a qualidade de vida, com a prática de exercícios regulares que melhoram as funções do corpo e aumentam a autoestima. Melhora as habilidades físicas, proporcionando força, flexibilidade, coordenação motora, velocidade, agilidade e resistência em situações de emergência. Melhora o aspecto emocional, proporcionando confiança, autodisciplina e determinação para alcançar objetivos.

Defesa pessoal urbana Quem faz uso moderado dos meios necessários para repelir uma agressão atual e iminente, contra si ou outra pessoa, age em legítima defesa. POR

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RONALDO CARDOSO I Foto ??????

defesa pessoal urbana é um conjunto de técnicas de reação utilizadas para preservar a integridade física e emocional própria e de terceiros. A melhor defesa pessoal baseiase na prevenção, evitando a condição de vítima por meio do conhecimento dos riscos e adoção de procedimentos de segurança pessoal que dificultem uma ação violenta por parte do agressor. Existem diversas modalidades de artes marciais que dizem ensinar defesa pessoal, porém, na maioria dos casos, as técnicas só funcionam contra um oponente que segue regras preestabelecidas, ajudando na execução dos movimentos. Algumas destas técnicas ensinadas criam uma falsa sensação de segurança que é, na verdade, suicida. Uma boa técnica de defesa pessoal não espera que o adversário colabore com a vítima. Algumas precisam que o aluno tenha força, velocidade ou até mesmo que seja um verdadeiro contorcionista. A verdadeira defesa pessoal deve funcionar em todas as situações. Há quem ensine formas elaboradas ou centenas de técnicas diferentes, mas a realidade das ruas prova que não importa quantas técnicas você saiba, mas quais são realmente eficazes. Uma boa defesa pessoal utiliza todas as armas disponíveis para equilibrar o com-

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Princípios básicos da defesa pessoal urbana Simplicidade – Uso de movimentos intuitivos, obedecendo à mecânica corporal por meio de técnicas básicas. Objetividade – Descartar técnicas desnecessárias, que só servem para aumentar o currículo e enganar praticantes. Versatilidade – A busca de uma formação completa conhecendo riscos; aplicando os procedimentos preventivos, evitando ser escolhido como possível alvo dos marginais; aprendendo sistemas de formas de combate e utilização de equalizadores; preparando o praticante fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. Efetividade – Ser efetivo significa neutralizar a ameaça, respondendo de forma proporcional à violência aplicada contra o praticante.

Características da violência física Não existem regras preestabelecidas, e uma pessoa violenta não se importa em quebrar um braço ou nariz de sua vítima. A brutalidade registrada em muitos ataques é impressionante. A violência é rápida, explosiva, e os ataques de fúria acontecem sem aviso prévio e muitas vezes por motivos banais ou até mesmo de forma gratuita. O agressor normalmente é maior e mais forte do que o agredido; a agressão é covarde, e ficar em silêncio incentiva novas agressões. O agressor agride psicologicamente a vítima e a última coisa que quer é que ela reaja. Os princípios básicos da defesa pessoal urbana (ver quadro ao lado) refletem o que é considerada uma boa técnica de defesa pessoal. Qualquer arte marcial que ensine movimentos complexos e difíceis de serem aplicados numa situação real deve ser descartada. Ronaldo Cardoso é professor de judô, jiu-jitsu e defesa pessoal; registrado na Polícia Federal de São Paulo, CREF4/SP, FESP e ABSEG.

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JIU-JITSU

4ª Copa Mauá de jiu-jitsu

arrecada meia tonelada de alimentos Contando com atletas do ABC, a tradicional competição realizada no Independente Futebol Clube ratificou a força do jiu-jitsu mauaense.

Chico do Judô cumprimenta Gilberto, do restaurante Gordo, apoiador do evento; Guingo, diretor de Esportes do Independente Futebol Clube; e Gilberto, diretor administrativo do clube.

Os professores Givaldo Gomes, Sidnei Santos, o Sidão, Chico do Judô e Rubens Pinheiro de Araújo, o Rubão

A

Academia Central Jiu-jitsu realizou a quarta edição da Copa Mauá da modalidade, evento que reuniu grandes escolas de jiu-jitsu do ABC e anualmente angaria alimentos que são doados às entidades filantrópicas da cidade. Mais uma vez a importante escola de jiu-jitsu do bairro Feital promoveu um torneio de cunho social, já que as inscrições foram feitas por meio da doação de alimentos não perecíveis que foram doados à Chácara das Flores, entidade espírita que desenvolve atividades filantrópicas em Mauá. Aproximadamente 100 atletas vindos de dez academias e associações do Grande ABC participaram da competição realizada no dia 17 de outubro, no ginásio de esportes do Independente Futebol Clube. A Academia Central Jiu-jitsu foi fundada em 2009 pelos professores Rubens Pinheiro de Araújo, o Rubão, e Sidnei Santos, o Sidão, e nas quatro edições realizadas arrecadou mais de duas toneladas e meia de alimen-

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POR paulo pinto Fotos Marcelo Lopes

tos não perecíveis. Mas o professor Sidão lamentou que neste ano não tenham sido superados os números das edições anteriores. “Em 2013 somamos 635 kg de alimento não perecível, e neste ano totalizamos apenas 500 kg. Nossa meta era bater recorde na arrecadação de alimentos, mas a crise alcançou todas as camadas sociais do nosso País. Na verdade, neste ano todo o evento foi feito na base da correria, mas mesmo assim poderemos contribuir com o excelente trabalho que é realizado na Chácara das Flores. Entendemos que todos têm de fazer a sua parte e dar a sua contribuição social.” Filiada à Federação Paulista de Jiu-jitsu e à Confederação Brasileira de Jiu-jitsu, Além do trabalho desenvolvido pelos professores Rubão e Sidão, hoje a Academia Central conta também com a importante contribuição do professor Claudinei Rodrigues e possui mais de 130 alunos inscritos. “Além da Academia Central que está no Feital, mantemos

mais três núcleos em Heliópolis, Paranavaí e no centro de Mauá. Todos os instrutores são federados e mais de 80% dos nossos atletas são filiados à FPJJ”, disse o professor Rubão. O professor Sidão finalizou agradecendo a todos que participaram e colaboraram na realização da competição. “Todo ano é sempre a mesma coisa: pedimos apoio a vereadores, secretaria municipal de esportes e prefeitura, mas nunca recebemos suporte oficial. Felizmente este ano pudemos contar com a importante ajuda de amigos, de empresários e do professor Chico do Judô, que todo ano presta enorme ajuda às competições que promovemos. Aliás, o poio dele é de fundamental importância para o jiu-jitsu de Mauá. O Chico faz um trabalho social gigantesco e é um dos maiores apoiadores do esporte mauaense. Eu sempre falo que amizade e confiança não se exigem, se conquistam. O Chico do Judô tem a nossa amizade porque confiamos no trabalho que há décadas desenvolve no judô do Estado de São Paulo e no desporto mauaense.” www.revistabudo.com.br


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Fundada em 1989, a Shihan Artigos Esportivos é hoje líder nacional na produção de kimonos e faixas para a prática do judô. Obedecendo estritamente aos padrões estabelecidos pela Federação Internacional de Judô (FIJ), nossos judogis são produzidos dentro das medidas e normatizações que regem o judô em todo o mundo. Para melhor atender às exigências de todas as categorias e classes de peso, desenvolvemos por meio das marcas Grand Prix, Oficial e Grand Slam três linhas de kimonos confeccionados com tecidos altamente resistentes, que proporcionam maior segurança sem abrir mão do conforto. Quando for adquirir seu novo judogi, experimente antes os nossos kimonos. Sinta a diferença e entenda por que a Shihan é a Marca da Conquista.

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Revista Budô número 17 / 2016

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