Ano VI - № 21 - R$ 40 - revistabudo.com.br
Gaertner
recebe forte apoio para reestruturar a ITKF Judô Lemanczuk é campeão da Copa www.revistabudo.com.br Paraná de Judô 2018
Mesmo sem apoio da CBJ, Brasil faz história em Cancún
Askace comemora seu Números do exame de cinquentenário em graduação mostram o Revista Budô número 21 da / 2018 1 altíssimo nível gigantismo FPJudô
Federação Paulista de Judô O. E. C. E. Laz. Periferia Legal Bauru Associação Namie de Judô Mogi das Cruzes Amigos Judô de Paranapanema Paranapanema Instituto Rumo Piracicaba Associação de Judô de Garça Garça Clanisa Judô São Paulo Hatsuyume Kan Dojô Santo André SESP - Poá Poá A. Branco Zanol Judô Orlândia Orlândia Academia de Judo Monte Sinai São Paulo Sec. Esportes Turismo de Matão Matão Ins. Batista Lázaro Ferreira Filho Paulínia Academia de Judô MCMA Piracicaba Hiiroo Centro T. Artes Marciais Taubaté
Cen. Comunitário de Guaratuba Bertioga J. Bushidô Presidente Prudente Presidente Prudente Clube Concórdia Campinas SEST – Taubaté Taubaté Ass. C. Toni Cristian Cerqueira São Paulo Centro T.A.M. Fusão das Lutas Campina do Monte Alegre Sec. Esp. Recreação de Jacareí Jacareí Barueri Esporte Forte Barueri Ass. de Judô Fernandópolis Fernandópolis C. A. T. Pariquera-Açu Pariquera-Açu Soc. Esportiva Sanjoanense Sao João da Boa Vista Ass. Bauru Judô Clube Bauru SMEL Vinhedo Vinhedo SMEL Cordeirópolis Cordeirópolis
A. Acadêmica Euryclides Zerbini São José do Rio Preto Academia Henrique Guimaraes São Paulo A.C. E. Sol Nascente Quintana Quintana Associação Atlética Ararense Araras A. D. Cult. Benicio Guarulhos Guarulhos Clube Atlético Bandeirantes Louveira A.D. Americanense de Judô Americana Associação de Judô Palmital Palmital Ong Futurong Sao Paulo Ass. Judô Jardim Primavera Iguape Ass. Esportiva Judô de Dracena Dracena Judô Trajano Center Artes Marc. Vinhedo Academia Júnior Teixeira Santo Antonio de Posse Asso. Judô Butantã Budokan São Paulo
Academia Kaor Okada Mauá Centro Treina. Meninos de Ouro Guaíra Associação Resgate da Nação Itapecerica da Serra Associação Barbosa de Judô Registro Associação Colossus de Judô São Paulo Ass. Desportiva Centro Olímpico Sao Paulo SET de Mogi Guaçu Mogi Guaçu Acad. de Lutas Anderson Cássio São Paulo Associação Judô Kata Team São Paulo Clube Rodoviário de Judô Jacareí Club Athletico Paulistano São Paulo S.M. Esporte Turismo Ipaussu Ipaussu Associação Batataense Judô Batatais Academia de Judô Asahi Sao Paulo
Ass. João do Grito de Judô São Paulo Ass. Cavalcanti de Judô Nova Odessa Associação Moura de Judô Americana Ass. Sementes do Futuro Judô Sumaré Sec. Esporte e Lazer de Itapira Itapira Associação Hirakawa de Judô São José dos Campos Associação de Judô de Piquete Piquete Judô na Faixa – Tatuí Tatuí Dojô Landim - Gold Team Fernandópolis Instituto Roldão São Paulo Judô Nambei Honganji Campinas Sec. Esportes e Lazer Leme Leme Judô Constantino São Paulo
Ass. Edu. de Jovens do Brasil São Paulo Escola Judô Gilberti Assis Associação de Judô Hinodê Santo André Clube Sem. de Cultura Artística Campinas Ass. Raça Judô de Quintana Quintana E. Municipal de Judô Mauro Sakai Registro Instituto Paulo Tsujimoto – INPT Apiaí Ass. C. Esportiva Judô Rio Claro Rio Claro Clube de Judô São Francisco Ribeirão Preto Secretaria Esporte Taquaritinga Taquaritinga Ass. Cul. Esportiva de Tucuruvi São Paulo Clube Atlético Monte Líbano São Paulo Ass. Ensô Judô Ribeirão Preto Ribeirão Preto
Associação de Judô Mauá Mauá Associação de Judô Guararapes Guararapes Tênis Clube de Campinas Campinas Ass. Judô Cho Do Kan Itanhaém Itanhaém Associação Unijudo Sao Paulo Associação Piedadense de Judô Piedade São João Tênis Clube - Apaja Atibaia União Bras. Israelita Bem-Estar São Paulo Judô Clube Valparaiso Valparaiso Vila Souza Atlético Clube Guarujá Associação Cesário de Judô Pirassununga Associação Pessoa de Judô Sao Paulo Associação Pedreirense de Judô Pedreira
Ass. Pederneirense de Judô Pederneiras Associação Itapevense de Judô Itapeva Prim. Igreja Batista Jacupiranga Jacupiranga Academia Fight Club de Judô Paraguaçu Paulista Associação Cajatiense de Judô Cajati Rio Preto Automóvel Clube São José do Rio Preto Clube Internacional de Regatas Santos Serviço Social Nova Jerusalém Campinas Associação Mercival de Judô Paulínia Clube Atlético Taboão da Serra Taboão da Serra G. Rec. Iochpe Maxion Fabriva Cruzeiro Depto. Cul. Esporte Serra Azul Serra Azul Soc. Técnica Ituveravense Judô Ituverava
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Revista Budô número 21 / 2018
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ô 60 Anos 1958 – 2018 Academia Calasans Camargo São José dos Campos Sociedade Esp. Rec. Alvi Celeste Oswaldo Cruz Instituto Cultural Nipo-Brasileiro Campinas Ass. de Judô Budokan Peruíbe Peruíbe Academia de Judô Morada do Sol Poá Associação Kiai Kam São Paulo Associação de Judô Ichikawa Embu Guaçu Ass. Judô Tigre de São Carlos São Carlos Shiroma Judô Defesa Pessoal Jundiaí Asso. de Judô Rogério Sampaio Santos Serra Negra Esporte Clube Serra Negra Fami-Fund. Ass. Mun. Ipaussu Ipaussu A. E. Cultural Okinawa Ipiranga São Paulo Clube Atlético Aramaçã Santo André Ass. Desportiva São Caetano São Caetano do Sul Alphaville Tênis Clube Barueri Olho de Tigre Judô e Comp. Campinas Associação Judô Santa Isabel Santa Isabel Ass. Real União Judô e Karatê Araraquara Ass. de Judô Alto da Lapa São Paulo Ass. de Judô Araçatuba Araçatuba Ass. Fun. Robert Bosch Brasil Campinas Associação de Judô 9 de Julho Guarulhos Ass. Junqueiropolense de Judô Junqueirópolis Clube de Regatas Bandeirantes Bragança Paulista ADC Embraer São José dos Campos Associação de Judô Previato São Paulo Ass. Botucatuense de Judô Botucatu Associação Yoshin-Ryu Judô Itaí Ass. Ibiunense Artes Marciais Ibiúna Ass. Aurélio Miguel de Esportes São Paulo Associação Masters de Judô Mococa Associação Judô Corpore Sano Ribeirão Preto Academia Angatuba de Kodokan Angatuba Ipanema Clube Ribeirão Preto Associação de Judô Nery Ribeirão Pires Associação Lex de Judô Avaré Ass. Judô Kassada de Marilia Marilia Sayão Futebol Clube Araras A. Marcos Mercadante Judô Araras Ass. Hortolandense de Judô Hortolândia Ass. de Judô Nelson Morimoto Presidente Prudente Ass. E. Amigos do Japão Itapecerica da Serra Esporte Clube Santa Sofia Pedreira Associação de Judô Aleixo - M.F. Jaú Associação de Judô Fernandes São Paulo A. Centro Esportivo de Ourinhos Ourinhos Clube Monte Líbano São José do Rio Preto A.E.P. Nissi Paulínia Clube Atlético Bioleve Lindóia Ass. Desportiva Santo André Santo André Associação de Judô Yasuda São Paulo Associação Judô Yama Arashi Avaré Xavante Clube de Altinópolis
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Altinópolis Ateneu Barão de Mauá Ribeirão Preto Ass. de Judô Escola Paulista São Paulo Alfa Judô Clube Guarujá Colégio Dom Macário Schimitt Franco da Rocha Associação Takayama de Judô Jundiaí A. Pais Amigos Judô Votorantim Votorantim Associação Limeirense de Judô Limeira Univ. de Metropolita Santos Santos Associação Itapetininga Kodokan Itapetininga Amparense Judô e Defesa Pessoal Amparo Clube Floresta/Amparo Amparo A.R.C. Desportiva São Bernardo São Bernardo do Campo Ass. Desportiva Indaiatubana Indaiatuba S.S.P. Municipais São Sebastião São Sebastião Ass. de Judô Morimoto Lins Lins ADPM São José dos Campos São José dos Campos Ass. Desportiva Judô Gulo São Bernardo do Campo Academia Edinho Company Piracicaba Academia Saúde Total Jaboticabal Associação Sekai de Judô Campo Limpo Paulista Ass. Bandeirantes Sorocaba Sorocaba Fundesport - Araraquara Araraquara Associação Judô Ilha Solteira Ilha Solteira Associação de Judô Kimura São Paulo Associação Judô Belarmino Vila Maria São Paulo SEDUC - Praia Grande Praia Grande Academia de Judô Pissarra São Paulo Ass. Desportiva Ateneu Mansor São José do Rio Preto Academia Águias do Judô Lins Bushikan Dojô Santo André Companhia Athletica Campinas Campinas Associação Santa Bárbara Judô Santa Barbara D’oeste Judô Clube Itararé Itararé Tênis Clube Vargem Grande Sul Vargem Grande do Sul Projeto Budô de Artes Marciais São Paulo Caiçara Clube de Jaú Jaú Ass. Esportiva Irmãos Ribas Itapecerica da Serra Ass. Atlética Botucatuense Botucatu Associação Pro Alcance Sports Guarujá Associação Atlética Portuguesa Santos Liga de Judô do Litoral Guarujá Grêmio Rec. Serv. Mun. Cubatão Cubatão Associação de Judô Caieiras Caieiras Proj. Olí. de Judô de Guararapes Guararapes Associação Judo No Tomodachi Santa Isabel Colégio Jean Piaget Santos Ass. Desportiva Carlos Fossati São Paulo Associação Esportiva Piracicaba Piracicaba Associação de Judô Iguapense Iguape Aca. Judô Taboão São Bernardo Sao Bernardo do Campo Academia Figueiredo Campinas Associação de Judô Lozano Monte Alto Academia Equilíbrio Tatuí
C. Nipo Brasileira Jacupiranga Jacupiranga Branco Zanol Judô S. J. da Barra Sao Joaquim Da Barra Ass. Amigos Cohab Bandeirantes Guaratinguetá Associação Esportiva Guarujá Guarujá Judô na Faixa Team Sorocaba Ass. Ilhacompridense de Judô Ilha Comprida Ass. Bushidô Pais e Amigos Bauru Ass. Des. Fábrica de Campeões São Carlos Ass. de Judô de Adamantina Adamantina Sesi – SP Cubatão Ass. de Judô de Divinolândia Divinolândia Sesi - SP Limeira Colégio Eduardo Gomes São Caetano do Sul Semel Lins Morimoto Lins Birigui Pérola Clube Birigui Associação Esportiva Ubatuba Ubatuba Ribeirão Pires Fut. Clube/A.D.R.P Ribeirão Pires Academia Judo Gambatê Leme Sec. Mun. Esp. Caraguatatuba Caraguatatuba Associação de Judô Makoto Bom Jesus dos Perdões Sesi - SP Bauru Adu-Ass. Des. União da Comarca São Paulo Adrearmas A.D.R. Artes Marciais São Vicente SEJEL-Cotia Cotia Clube de Campo Braganca Bragança Paulista A.D.E.S Equilibrium São Vicente Associação de Judô Umino Cesário Lange Sesi – SP Sorocaba Sec. Mun. Esp. Lazer Guararema Guararema Associação de Judô Sensei Suga Sao Bernardo Do Campo Judô Arashiro Altair Academia Judô Adriana Bento Tatuí Secr. Mun. Esp. Laz. Sertãozinho Sertãozinho Academia Titãs do Judô Mogi das Cruzes Ass. Des. Cultural Juquiá-ADEJU Juquiá SME – Penápolis Penápolis Sec. Mun. Esp. Pindamonhangaba Pindamonhangaba Pirituba Futebol Clube São Paulo SMEL Francisco Morato Francisco Morato A. Ippon Judô e Defesa Pessoal Limeira Academia Heisei de Judô Piracicaba Aca. Leonardo Cassab de Judô Rio Claro Clube de Campo Rio Claro Rio Claro Associação de Judo Fênix Presidente Prudente Country Club Valinhos Valinhos A.A.P.F. Melhor Bom Sucesso Bom Sucesso de Itararé Ass. Catanduvense de Esportes Catanduva Meikyo – Núc. Atividades Físicas São Paulo Ass. Yamazaki de Judô S.J.C. São José dos Campos Judô Taquarivaí Taquarivaí Academia Fight Center Capão Bonito Associação Mirai de Judô Ferraz Vasconcelos Associação de Judô Mongaguá Mongaguá
Fundada em 17 de abril de 1958 Presidente: Alessandro Panitz Puglia Vice-presidente: José Antônio Jantália Presidente de Honra: Francisco de Carvalho Filho Presidente do TJD: Júlio Sakae Yokoyama Presidente do Conselho Fiscal: Arnaldo Luiz de Queiroz Pereira
Coordenadores de Área Coordenador Técnico: Joji Kimura Coordenador de Arbitragem: Takeshi Yokoti Coordenador Oficiais de Mesa: Marco Aurélio Uchida Coordenador de Cursos: Luis Alberto dos Santos Coordenador Exames Graduação: Dante Kanayama Coordenador Financeiro: Adib Bittar Júnior Supervisor de Eventos: Júlio César Jacopi
Delegados Regionais 1ª DRJ Capital: Hissato Yamamoto 2ª DRJ Vale do Paraíba: Cláudio Calasans 3º DRJ Centro-Sul: Argeu Mauricio Oliveira 4ª DRJ Alta Paulista: Raul de Mello Senra Bisneto 5ª DRJ Noroeste: Wilmar Terumiti Shiraga 6ª DRJ Araraquarense: Osmar Aparecido Feltrim 7ª DRJ Sudoeste: Jiro Ayoama 8º DRJ Oeste: Sidnei Paris 9ª DRJ ABC: José Gildemar de Carvalho 10ª DRJ Central: Leandro Tomé Correa 11ª DRJ Litoral: Osvaldo Mitsuji Uno 12ª DRJ Mogiana: Cleber do Carmo 13ª DRJ Alta Sorocabana: André Costa Gonçalves 14ª DRJ Vale do Paraíba: Akira Hanawa 15ª DRJ Grande Campinas: Celso de Almeida Leite 16ª DRJ Sul Itapeva: Takeshi Yokoti
Centro de Aperfeiçoamento Técnico - CAT Rua Airosa Galvão, 45 - Água Branca - São Paulo (SP) Fones: (11) 3862-0749 - 3673-0497
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FORNECEDORES OFICIAIS
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EDITORIAL
Precisamos de políticas públicas que permitam planejar o esporte a longo prazo,
sem improvisos ou empirismos
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o limiar de mais uma temporada repleta de incertezas, vamos iniciar 2019 com o Ministério do Esporte reduzido ao status de simples secretaria do recém-criado Ministério da Cidadania, que irá englobar as pastas do Esporte, da Cultura e do Desenvolvimento Social. Diante da iminente perda de recursos para os já combalidos projetos esportivos e demais iniciativas esportivas, só nos resta esperar que o novo governo avalie claramente a importância do esporte no contexto social. Nos tatamis, o quadro é ainda mais desalentador, em função das péssimas administrações em entidades como as confederações brasileiras de taekwondo e judô. O karatê, esporte recentemente incluído no programa olímpico, faz as honras da casa entre as modalidades de combate, galgando cada vez mais espaço nos pódios internacionais e, consequentemente, na grande mídia esportiva, firmando-se entre as modalidades com possibilidades concretas de medalha para o Brasil em Tóquio 2020. No âmbito socioeducativo, o karatê-dô tradicional mundial encerra a temporada alavancando projetos inovadores que projetam a modalidade em novos e importantes cenários. Mergulhada num caos institucional e administrativo gigantesco, a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) inicia a temporada 2019 às voltas com a Justiça e com seu CNPJ incluído no Cadastro de Entidades sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim). Com isto a modalidade fica impossibilitada de receber os recursos provenientes da Lei Agnelo/Piva. Sob o comando de Sílvio Acácio Borges, a outrora gigante Confederação Brasileira de Judô (CBJ) termina a temporada 2018 apequenada, com apenas dois patrocinadores, fora da programação dominical do Globo
Esporte, e o pior, sem o imponente Centro Pan-Americano de Judô (CPJ), situado na praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas (BA). O invejável complexo esportivo já não pertence ao judô e não é mais administrado pela modalidade devido à falta de visão dos vaidosos dirigentes, que preferem despejar meio milhão de reais no lixo, anualmente, no aluguel da sede atual no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro, e decidiram abrir mão do espaço que foi projetado na gestão Paulo Wanderley Teixeira, para ser a casa do judô. Apelidado de Casa de Praia e Elefante Branco pelo atual comandante da CBJ, a partir de agora o CPJ será administrado por alguma autarquia do governo do Estado da Bahia. Será rebatizado em breve e deverá receber eventos de igrejas, empresas e diferentes modalidades esportivas. Desejamos que 2019 seja, de fato, um marco na reconstrução de um Brasil novo, e que o esporte receba do presidente eleito o aporte necessário para a manutenção de sua subsistência e desenvolvimento. Assim como está acontecendo na política partidária, almejamos que a gestão esportiva tambaém passe por uma limpeza e que sejam estabelecidas políticas públicas claras, que permitam pensar e planejar o esporte brasileiro a longo prazo, já que em toda a atividade humana não há mais espaço para o improviso e o empirismo. PAULO PINTO Editor e Diretor
Legado dos Jogos Rio 2016, o imponente equipamento, que era referência mundial na modalidade, já não pertence mais à Confederação Brasileira de Judô
EXPEDIENTE
Esportes de Combate Editor e Diretor Paulo Roberto Pinto de Souza paulobudo@gmail.com Diretora Executiva Daniela Lemos daniela.lemos@terra.com.br Conselho Editorial Mauzler Paulinetti Antonio Sérgio Palú Filho Redator N. T. Mateus – Mtb 10.864 Direção de Arte André Siqueira Assistente de Redação Isabela Lemos Colaboradores Lara Monsores – CBJ Mário Manzatti – FPJ Revisão Nilton Tuna Fotografia Marcelo Kura Gabriela Sabau – IJF Media Marcelo Lopes – FPJudô Cris Ishizava – Brasil Mayara Ananias - MCSports Lara Monsores – CBJ Paulo Pinto – Budôpress Departamento Comercial Daniela Mendes de Souza revistabudo@gmail.com Assinatura www.revistabudo.com.br/assine Impressão e Acabamento Gráfica e Editora Kaygangue – Palmas (PR) A REVISTA BUDÔ é uma publicação quadrimestral da GLOBAL SPORTS EDITORA LTDA. Localidade Interior, Sala 3, Bairro Distrito de Ipomeia - Rio das Antas (SC) – 89550-000 Tiragem desta edição 10.000 exemplares – Dezembro de 2018 Opiniões e conceitos emitidos em matérias assinadas não são de responsabilidade do editor. Direitos reservados © 2018 Global Sports Editora Ltda. Impressa no Brasil – Printed in Brazil www.revistabudo.com.br revistabudo@gmail.com
Informação a serviço do esporte
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Revista BudĂ´ nĂşmero 21 / 2018
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Nesta Edição 4 Editorial: Precisamos de políticas públicas que permitam planejar o esporte a longo prazo 6 Nesta Edição 8 Gaertner recebe forte apoio para reestruturar a ITKF 11 Wagner Uchida e Paulo Ferreira são campeões mundiais de nage-no-kata 18 No detalhe, Vinicius Figueira é superado por francês e é vice-campeão mundial 20 Judocas paulistas conquistam ouro e bronze no Mundial Paralímpico de Lisboa 24 Cônsul geral do Japão de São Paulo recebe Alessandro Puglia e Hirotaka Okada
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26 Com sete ouros, cinco pratas e quatro bronzes, Clube Pinheiros é campeão paulista sênior 2018
Números do exame de graduação mostram o gigantismo do judô no Estado de São Paulo
48 Hirotaka Okada leva mais de 300 professores à Arena Olímpica do Ibirapuera
31 Karatê tradicional sai na frente, inova e lança a Traditional Karate University by ITKF 32 Campeonato Paulista de Kata revela talentos e nova geração de competidores 37 Pintou limpeza na Federação Paulista de Judô 38 Judô Lemanczuk é campeão da Copa Paraná de Judô 2018 45 Devastador, São Paulo passeia na Bahia e conquista onze ouros, três pratas e dois bronzes 52 Celebração dos 70 anos do sensei Cid Massahide Ioshida leva seus principais alunos a Goiânia 56 Para Shuhei Okano, o verdadeiro judoca deve dedicar-se ao desenvolvimento humano 58 Paulista sênior exibe judô de Primeiro Mundo no coração da América do Sul 60 Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô evidencia o novo momento da ITKF 64 Mesmo sem apoio da CBJ, o Brasil faz história em Cancún, e conquista título inédito 70 Instituto Kodokan do Brasil homenageia professores agraciados com a comenda Kasato Maru 72 Em encontro de kodanshas, FPJudô reinaugura dojô do CAT e homenageia Mário Matsuda 80 Mauá sedia o Campeonato Paulista Veteranos de Judô
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84 Dirigentes estaduais vão à Copa São Paulo e celebram os 60 anos da FPJudô
Campeonato Paulista Aspirante encerra o calendário esportivo da FPJudô em altíssimo nível
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88 FPJudô reúne delegados regionais para discutir inovações técnicas e mudanças do calendário 90 Conquistando 159 medalhas, São Paulo reafirma sua hegemonia no Campeonato Brasileiro Regional 96 Dante Kanayama é nomeado coordenador geral dos exames de graduação da FPJudô 98 Supertreino da FPJudô leva atletas da seleção brasileira à Arena Olímpica do Judô no Ibirapuera 102 Na comemoração de seu cinquentenário, a Askace ratifica o presente e reverencia o passado 110 São Carlos sedia fase final do Campeonato Paulista Aspirante das classes infantil e infanto-juvenil 114 Sob o comando da FPJudô, o Campeonato Paulista Estudantil tem presença recorde de atletas 116 São Paulo perde um grande campeão, um dos judocas mais queridos, comprometidos e irreverentes
Primeira fase do credenciamento 118 Coordenação de arbitragem da FPJudô forma 34 novos árbitros estaduais técnico da FPJudô reúne 1.200 120 Deputado Natalino Lázare celebra os 45 anos da Federação Catarinense de Judô professores 123 Hortolândia sedia fase final do Campeonato Paulista de Judô Juvenil 128 Esporte Clube Pinheiros é campeão da Copa São Paulo de Judô 2018 134 Equipes da Argentina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais resgatam o glamour do Beneméritos 139 Em seu primeiro ano de gestão, Sérgio Bastos imprime ritmo forte na CBKT 148 Sertãozinho sedia fase final do campeonato paulista das classes sub 15 e sub 21
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Como transportadora aérea oficial da Confederação Brasileira de Karatê, a LATAM disponibiliza a compra de bilhetes aéreos para os eventos de 2016 com até 25% de desconto através site: www.latam.com/pt_br/ Disfrute desta vantagem exclusiva que a LATAM oferece aos praticantes de karatê filiados à Confederação Brasileira de Karatê, solicitando os códigos promocionais junto a CBK e federações estaduais.
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GESTÃO ESPORTIVA
Gaertner recebe forte apoio para reestruturar a ITKF
Dirigentes de federações nacionais do karatê tradicional e outras lideranças apontam também a necessidade de estabelecer prioridades para executar o processo de reestruturação da entidade
A
POR
proveitamos a presença de vários dirigentes internacionais da ITKF em Curitiba durante o 19º Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô Tradicional para averiguar qual é a expectativa deles quanto ao projeto de reestruturação que se vislumbra na ITKF. Talvez quem melhor entenda o momento atual da International Traditional Karate Federation (ITKF) seja seu ex-presidente e atual coordenador do comitê técnico Rick Jorgensen. Para ele, é muito importante a presença de uma liderança forte no executivo da entidade, atributo que não falta a Gilberto Gaertner para fazer um trabalho coroado de sucesso. “Eu acho imprescindível que o novo presidente da ITKF fomente o lado operacional da gestão, incremente o setor de comunicação da entidade e dinamize a administração”, disse Jorgensen. Além disso, o dirigente canadense citou a implementação de programas inovadores, como o Traditional Karate University by ITKF, entre os elementos capazes de ampliar os horizontes da organização. O dirigente canadense lembrou o papel importante que o Brasil desempenha há anos dentro da ITKF. “O professor Gaertner e eu trabalhamos juntos por muito tempo. Durante anos os senseis Tanaka, Inoki, Watanabe e Arai exerceram importante liderança no Brasil e de certa forma respaldaram as ações internacionais da ITKF”, enfatizou Jorgensen.
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS
Gilberto Gaertner, preside
nte da ITKF
Parcerias que viabilizem um grande projeto
Rick Jorgensen, coorde
nador do comitê técnic
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Robert Burnett, reitor da Tradition
o da ITKF
“O karatê é muito mais que um esporte, ele tem uma vocação socioeducativa”, lembrou Robert Burnett, primeiro reitor da Traditional Karate University by ITKF. No futuro, explicou, o karateca poderá deixar de praticar, mas manterá valores como ética e respeito às diferenças e à hierarquia para toda a vida. Mas para a reestruturação da ITKF o dirigente considera a obtenção de apoio financeiro, um ponto fundamental.
Gaertner expõe seus projetos De forma resumida, o presidente da ITKF falou sobre seu trabalho à frente da entidade. “Neste
momento, trabalhamos prioritariamente na reorganização administrativa e financeira, na retomada do contato com os filiados e ex-filiados, no marketing, na área de comunicação da ITKF e na estruturação da universidade de karatê tradicional”, e reiterou que o objetivo da entidade é educativo e voltado para o desenvolvimento humano, mediado por um karatê focado na defesa pessoal e na aplicabilidade existencial. Para o dirigente mundial, o momento é de transição, no qual o diálogo se torna imperativo. Para a organização voltar a crescer, acredita, é necessário entendimento e integração. “Temos de atuar como uma equipe coesa para retomar a força e a vitalidade que a ITKF sempre possuiu.”
al Karate Universit y by ITKF
“O aporte financeiro é muito importante para alargar nossas ações. Precisamos de recursos para promover treinamentos, seminários, workshops, treinar instrutores etc. Foi assim que outros esportes conseguiram crescimento expressivo.” www.revistabudo.com.br
Burnett reconhece que o karatê tradiJusto Gomez, presidente cional ainda não tem esse apelo, não só no da Federação de Karatê TradiBrasil, mas em todo o mundo. Ele acredita cional da Argentina, apontou que o karatê conseguirá atingir esse objetimaior atualização na arbitravo quando puder mostrar para as empresas gem e reinserção das federae grandes organismos de financiamento ções nacionais no calendário que a proposta da modalidade é o desenda entidade como medidas volvimento humano e a execução de grannecessárias para impulsionar o des projetos sociais. karatê tradicional rapidamente. O italiano Eligio Contarelli, membro da Ele afirmou ainda que acompacomissão de arbitragem da ITKF, ainda não nha há décadas o trabalho do Eligio Contarelli, membro da comissão de arbitragem vê com clareza os caminhos que serão perprofessor Gaertner no Brasil da ITKF corridos a partir de agora, quane que acredita na capacidade do há uma gestão começando dele de promover grande desenvolvimene muitos ajustes a serem feitos. to para a modalidade. Mas ele não tem dúvidas de John Price Kataoka, presidente da Feque, com a chegada de Gaertderação de Karatê Tradicional do Japão, ner, as perspectivas se reconhece que a ITKF vive um momento renovaram e vários dirigende transição. Sobre os membros que por tes estão demonstrando cada algum motivo saíram da organização, diz vez mais interesse neste revigoque é preciso mostrar-lhes que eles têm ramento da ITKF. muito em que contribuir, e que há espaço Contarelli foi enfático ao aponpara todos na ITKF. “Mas imprescindível tar como prioridade para a ITKF neste momento é mantermos o ensino estabelecer um método de ensino do karatê fundamentado essencialmente ousado e inovador que projete a no Budô”, disse. área técnica da organização. “Recentemente vivemos momentos tê Tradicional Federação Pan-Americana de Kara “Entendo que é correto facríticos, mas toda crise oferece oporAntônio Walger, presidente da larmos dos princípios do karatê tunidades e acredito que tradicional, mas antes é preciso pô-los em o professor Gaertner está prática. Se quisermos fortalecer nosso coraproveitando este momenpo e nossa postura, temos de praticar mito”, afirmou Jorge Alejandro lhares de vezes e fazê-lo com um método Crosa Pérez, presidente da específico”, cravou Contarelli Associação de Karatê-Do Tradicional e representante da ITKF no Uruguai. “Ele posDirigentes reconhecem sui as ferramentas necessáavanços rias para realizar uma grande gestão.” Antônio Walger, presidente da FederaNa opinião dele, é impresção Pan-Americana de Karatê Tradicional, cindível retomar a matriz eduprevê tempos melhores para a modalidacativa da ITKF, pois a entidade de. “Não tivemos um tempo muito longo sempre foi forte devido ao seu para preparar este campeonato pan-americonteúdo acadêmico, e não cano e o master course no Brasil. Mas para Justo Gomez, presidente da Federação de Karatê Tradicio nal da Argentina só desportivo. “Retomando o próximo, que deverá ser na este caminho, a ITKF voltará a Argentina teremos dois anos ser aquela mesma entidade que todos nós para organizá-lo e com isso conhecemos”, acrescentou. teremos um reagrupamenBrad Webb, presidente da Federação to das Américas muito forte”, Norte-Americana de Karatê Tradicional, previu. lembrou que a gestão da ITKF sob a tuteEntre os avanços já consela do sensei Rick Jorgensen foi um período guidos ele mencionou o reagrumuito conturbado porque ele assumiu logo pamento de vários países que após a morte de Hidetaka Nishiyama, quanestavam ausentes e o interesse do houve dissidências e conflitos internos. de outros em renovar a filiação. Para ele, agora está acontecendo um mo“Alguns professores que há alvimento inverso, com muita gente regresgum tempo não faziam contato sando, e manifestando interesse em voltar. com a ITKF já nos ligaram e con“A proposta do professor Gaertner confirmaram seu retorno”, garantiu. www.revistabudo.com.br
John Price Kataoka, presidente
da Federação de Karatê Tradicion
al do Japão
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GESTÃO ESPORTIVA templa isto”, avaliou, “pois ele é uma pessoa de consenso e está conseguindo aglutinar as pessoas em torno de sua nova proposta de gestão. Para a ITKF, no momento, o imprescindível é crescer, e seus integrantes precisam olhar para os problemas com as mentes mais abertas, projetando o aquilo que a organização será no futuro”, resumiu presidente da Associação Jorge Alejandro Crosa Pérez, i o dirigente estadunidense. gua Uru do al de Karatê Tradicion A prioridade da atual gestão, segundo o presidente da Federação de Karatê Tradicional do Chile, Carlos Alfaro Macherone, deve ser resgatar as pessoas que estão fora da organização e padronizar o ensino da modalidade, promovendo grande quantidade de seminários e cursos técnicos. Tudo isso sem esquecer da arbitragem, que periodicamente precisa ser revisada e repassada para os novos árbitros que anualmente iniciam nos tatamis.
Kazuo Nagamine, presidente da Federação Paulista de Karatê-do Tradicional
Brasileiros demonstram união e convergência de ideias Brad Webb, presidente da Fede
ração Nor
te-Americana de Karatê Tradicional Sérgio Bastos, presidente da Confederação Brasileira de Karatê Tradicional, considera fundamental mostrar a todos que aquilo que foi preconizado pelo professor Hidetaka Nishiyama tem de ser valorizado. “Dar continuidade a este trabalho diferenciado é o que nos coloca à frente de qualquer outro tipo de organização de luta no tocante a princípios filosóficos, e não apenas de entidaicional do Chile des voltadas para o karatê. idente da Federação Karatê Trad Carlos Alfaro Macherone, pres Isto é o que efetivamente nos diferencia dos demais esportes de combate”, avaliou o dirigente brasileiro. Já para o presidente da Federação Paulista de Karatê-do Tradicional, Kazuo Nagamine, o grande desafio da ITKF hoje é desenvolver condições e tecnologia metodológica para formar melhores professores. “Concordo com o que está sendo falado por vários dirigentes, que existe uma disseminação muito grande de praticantes, mas sempre que buscamos crescimento devemos pensar no aumento do número de praticantes, e isso,
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Sérgio Bastos, president e da Confederação Bra
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consequentemente, significa que mais professores precisam surgir. E aí está um ponto muito importante para a nova gestão”, disse Nagamine. Como jornalista especializado em esportes de combate, e há mais de 30 anos acompanhando o trabalho dos dirigentes internacionais, entendo que a International Traditional Karate Federation atravessa seu melhor momento, após o advento da morte do mestre Nishiyama. Toda crise gera oportunidades, e como observador, entendo que a ITKF tem em mãos a grande chance de projetar seu futuro. Seus dirigentes precisam estabelecer o que é realmente prioritário para a sobrevivência e a expansão da ITKF, não só como entidade gestora de uma modalidade esportiva, mas como organização multiplicadora do karatê Budô, criado pelo mestre Gichin Funakoshi e aprimorado posteriormente pelo mestre Hidetaka Nishiyama. Entre os vários caminhos possíveis, destaco os segmentos terapêutico e socioeducativo. E não custa lembrar: a International Traditional Karate Federation foi fundada em 1978, em Los Angeles, na Califórnia, por Hidetaka Nishiyama (19282008), discípulo direto de Gichin Funakoshi (18681957), idealizador do ka-
sileira de Karatê Tradic
ratê-dô tradicional, fundamentado eminentemente no Budô e no desenvolvimento humano. ional
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WORLD JUDO CHAMPIONSHIPS KATA
Wagner Uchida e Paulo Ferreira são campeões mundiais de nage-no-kata e
reafirmam a supremacia técnica do judô paulista Equ ipe b r a
Té cnico: Rioi
silei r a
ti Uchida (FPJu
dô) Nage -no- ka ta Tori: Wagne r Ta Uke: Paulo Ro dashi Uchida (FPJudô) berto Alves Fe rreira (FPJudô ) Ju -no- kata Tori: Roberto Ca Uke: Nádia Hi rlos Pereira (FPJudô) ssako Hori (FP Judô) Katame- no -k at a Tori: Alexandr e Uke: Maurício Ricardo Nardi (FPJudô) Batis ta (FPJudô ) Tori: Henrique Fernandes da Uke: Gabriel Costa (FPJudô a Fernandes ) da Costa (FPJu dô) Kime- no -k at a Tori: Rone M onte Uke: Victor He ne gro de Araújo (FEBA JU ) nrique de Araú jo (FEBA JU) Ko dokan go sh Tori: Luís Albe in jutsu rto Uke: Diogo Co dos Santos (FPJudô) lela (FPJudô)
O pódio do nage-no-kata
O Brasil foi a Cancún com seis duplas, que competiram em nage-no-kata, ju-no-kata, katame-no-kata, kime-no-kata e kodokan-goshin-jutsu
O
POR
PAULO PINTO I Fotos DIVULGAÇÃO
s judocas paulistanos da Associação de Judô Alto da Lapa Wagner Tadashi Uchida e Paulo Roberto Alves Ferreira fizeram o Hino Nacional do Brasil tocar em Cancún, no México, ao conquistar o ouro do nage-no-kata no Campeonato Mundial de Kata. A dupla assegurou 402,5 pontos, ratificando a tradição de São Paulo nas competições de kata e a força do Brasil nesta modalidade. A medalha de prata ficou para a dupla de colombianos formada por Gerardo Restrepo e Edwin
Gomez. Os holandeses Niels Neumann e Erik Faes completaram o pódio em terceiro lugar.
Além de Uchida e Ferreira, o Brasil foi representado por outras cinco duplas, mas somente os dois judocas da Associação de Judô Alto da Lapa subiram ao pódio em Cancún. Na disputa da fase final do katame-no-kata, a dupla formada pelos irmãos paulistas Gabriela Costa e Wagner Costa ficou em quarto lugar. Bicampeões pan -americanos de katame-no-kata e alunos do Parte da equipe brasileira em Cancún sensei Paulino Namie,
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de Mogi das Cruzes (SP), Gabriela e Henrique fazem parte da nova geração do kata brasileiro, e certamente alcançarão grandes conquistas nos tatamis. Neste ano o Campeonato Mundial de Kata apresentou novo formato de disputa, selecionando dois grupos por kata: o grupo 1 foi formado por judocas abaixo dos 35 anos e o grupo 2 abrangeu judocas de 36 anos ou mais.
Após a conquista, os alunos do multicampeão mundial de kata e professor da Associação de Judô Alto da Lapa, Rioiti Uchida, destacaram a importância do treinamento focado e contínuo. “Sempre treinamos com o sensei Uchida que, junto com o sensei Luís Alberto dos Santos, foram sempre a maior referência técnica do kata no Brasil. Para nós esta medalha premia o nosso esforço e a dedicação ao treinamento. Somente o treino constante e com objetivos permite resultados expressivos”, avaliaram os novos campeões mundiais de nage-no-kata. Revista Budô número 21 / 2018
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EXAMES DE GRADUAÇ ÃO DA FPJUDÔ 2018
Números do exame de mostram o gigantismo do judô no Estado de São Fundamentada no ji-ta-kyo-ei e na atuação voluntária de 82 examinadores entre os quais renomados professores kodanshas, a FPJudô examinou 370 judocas e ao todo graduou mais de 500 judocas, do 1º ao 9º dan, nesta temporada POR
Cerimônia de abertura dos exames de faixa de 2018
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS / MARCELO LOPES / CRISTIANE ISHIZAWA
Mais uma vez a FPJudô cumpre seu importante papel na formação de uma quantidade expressiva de novos faixas pretas
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graduação Paulo
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C
om o apoio da Prefeitura de Mauá, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou os exames de graduação de 2018 no dia 20 de outubro, no Ginásio Celso Daniel e no Teatro Municipal de Mauá. Foi o encerramento grandioso do calendário de eventos do judô paulista desta temporada. Numa ação gigantesca desenvolvida em 18 áreas, os departamentos técnico e de graduação da federação paulista avaliaram 370 candidatos na primeira e na segunda chamada, aprovaram mais 98 faixas pretas pelo sistema de ranqueamento. Somados a eles, os 48 professores kodanshas indicados pela comissão de graduação do Estado de São Paulo completam 516 judocas promovidos ou graduados desde o 1º dan (sho-dan) ao 9º dan (kyuu-dan) nesta temporada. No evento de Mauá o staff da Federação Paulista de Judô estava composto por 52 colaboradores, enquanto a banca examinadora contou com a atuação voluntária de 82 árbitros examinadores, entre os quais 52 professores kodanshas de altíssima graduação e profunda experiência nos katas, no gokio-go e demais fundamentos do judô. Joji Kimura, diretor técnico da FPJudô, explicou que 85% dos candidatos inscritos nos exames de graduação da FPJudô desta temporada vieram das delegacias regionais do interior e do litoral.
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EXAMES DE GRADUAÇ ÃO DA FPJUDÔ 2018
Na cerimônia de outorga, Joji Kimura transmite mensagem aos candidatos desta temporada
Ton Pacheco faz a entrega do ni-dan a Alana Maldonado
Apenas 15% dos candidatos examinados eram da Capital
“Desde que assumimos a direção técnica planejamos realizar os módulos de kata, história, filosofia, ética, terminologia de judô e de preparação para os exames de graduação de forma itinerante em todo o Estado de São Paulo. Esta alteração promoveu uma grande mudança no perfil dos faixas pretas que Paulo Pi, Michiharu Sogabe, Francisco de Carvalho, Sator Hirakawa e Salvador Cruz vêm sendo examinados nas últimas temporadas. Neste ano 85% dos judocas inscritos são do interior e do litoral. Apenas 15% são da capital. Isso mostra claramente a força do judô em todo o Estado, e nos faz olhar para este segmento com maiores cuidados”, disse. Na avaliação do professor kodansha Dante Kanayama, o trabalho em equipe foi o grande responsável pelo sucesso do exame de graduação desta temporada. “Iniciamos os trabalhos neste evento há várias semanas e o sucesso obtido é fruto do comprometimento de uma equipe coesa e dedicada. Além do planejamento que Em média, anualmente São Paulo tem aprovado mais de nos permitiu gerenciar este evento e exa350 candidatos do primeiro ao quinto dan minar 370 candidatos, houve uma mobilização geral que possibilitou este resultado espetacular. Às 15h45 já tínhamos o resultado dos exames de todos os candidatos. Toda a equipe está de parabéns, já que mais uma vez a FPJudô cumpre seu importante papel de formar novos faixas pretas e promover o surgimento de novos professores para São Paulo e para o Brasil”, disse o professor Kanayama, coordenador geral dos exames de graduação da Federação Paulista de Judô. Ao todo 82 professores atuaram na banca examinadora
Em poucas horas de avaliação, candidatos vão da tensão total à alegria absoluta Como não poderia deixar de ser, o clima que antecede os procedimentos é sempre muito tenso. Centenas de faixas marrons serão examinados, avaliados, e quase todos
Este ano o índice de aprovação atingiu 100%
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guardam dúvidas e o receio de ser reprovado. Na medida em que os candidatos são examinados e vão sendo aprovados, a adrenalina começa a baixar e, num passe de mágica, o ambiente tenso cede espaço ao clima festivo, de euforia e muita alegria. Tradicionalmente, o judô bandeirante demonstra particularidades e peculiaridades vistas apenas em São Paulo, e uma cerimôwww.revistabudo.com.br
nia como a que foi realizada em Mauá pelas coordenações técnica e de graduação da FPJudô deixa sempre exemplos claros disso. Entre os renomados professores kodanshas que marcaram presença no evento destacamos o sensei Dante Kanayama, atual coordenador geral dos exames de graduação da FPJudô; Edison Minakawa, coordenador de arbitragem da FPJudô e gestor nacional de arbitragem da Confederação Brasileira de Judô; e Miguel Suganuma, discípulo direto professor Yoshio Kihara e um dos melhores judocas do Brasil nos anos 60, quiçá a maior autoridade do kata do Brasil atualmente. Outro destaque entre os professores kodanshas foi Roberto Vallim Bellocchi, desembargador da Justiça e ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, homenageado por Alessandro Puglia na abertura da cerimônia de outorga de dans, que recebeu uma placa de honra ao mérito e de amigo do judô paulista. Entre os examinadores estavam sensei Rioiti Uchida, professor kodansha detentor de numerosos títulos mundiais em kata, e seu filho Wagner Tadashi Uchida. Recém-chegado de Cancún, no México, onde ao lado de Paulo Roberto Alves Ferreira conquistou o título mundial de nage-no-kata. A dupla desembarcou no Brasil na sexta-feira, mas no dia seguinte o campeão mundial foi dar a sua contribuição à banca examinadora paulista.
Para Joji Kimura, o alto índice de atletas examinados e aprovados no interior do Estado tem elevado o nível técnico do judô que acontece fora da Capital
Antes das 16 horas a comissão de graduação da FPJ já tinha concluído a avaliação
Recém-chegado de Cancún, Wagner Uchida foi a Mauá e fez parte da banca avaliadora da FPJudô
Alessandro Puglia presta homenagem a Roberto Vallim Bellocchi
Entre os judocas graduados pelo ranqueamento vimos Alana Martins Maldonado, atleta vice-campeã paralímpica nos Jogos Rio 2016, que no mês de novembro foi campeã mundial em Lisboa. Um fenômeno do judô paralímpico, além da medalha de prata do peso médio nos Jogos, naquele mesmo ano ela foi eleita a melhor judoca paralímpica pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Alana é natural de Tupã (SP), e recebeu o ni-dan de Georgton Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins.
Francisco de Carvalho, Ton Pacheco, Miguel Suganuma e Alessandro Puglia
Ansiosos os candidatos aguardam o resultado
Miguel Suganuma faz a entrega do go-dan a Carlos Leonardo Borges
Ainda no ranqueamento presenciamos professores kodanshas tendo a enorme satisfação de entregar as novas graduações para os filhos faixas pretas. Expressando grande alegria, o professor kodansha Edison Minakawa deu a faixa preta 3º dan (san-dan) a sua filha Camila Satie Ziman Minakawa. Da mesma forma, o professor kodansha Ademir Raimundo Machado entregou a faixa preta 5º dan (go-dan) a seu filho Leônidas Ismael Machado. Bastante emocionado, o professor kodansha Mercival Daminelli entregou a faixa preta 4º dan (yondan) ao filho Mercival Breda Daminelli. www.revistabudo.com.br
Parte da banca examinadora, já na cerimônia de outorga de dans
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EXAMES DE GRADUAÇ ÃO DA FPJUDÔ 2018
Dirigentes prestam homenagem a dupla Wagner Uchida e Paulo Roberto Ferreira, campeões mundiais de nageno-kata
Ao todo 370 judocas foram examinados
Coordenadores, examinadores e assistentes que atuaram na segunda chamada da FPJudô
Outro fato marcante foi a participação inusitada de Georgton Thomé Burjar Moura Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins. Promovido recentemente ao 6º dan (roku-dan), e com grande histórico de atuação no judô paulista, Ton Pacheco fez questão de vir a São Paulo receber a nova graduação diretamente dos dirigentes paulistas, com os quais dividiu grande parte de sua história e trajetória nos tatamis.
Alessandro Puglia enfatizou a importância de os novos faixas pretas assumirem um papel diferenciado dentro e fora dos tatamis. “A cada ano formamos centenas de novos judocas e cumprimos esta meta imprescindível, zelando pela qualidade técnica, didática e pedagógica nos futuros mestres. Contudo, é preciso que os candidatos aprovados, que serão professores, compreendam que isso demanda mudança de postura e conduta exemplar, dentro e fora dos tatamis. Este é um dos diferenciais do judô, e nós, da federação paulista, não abrimos mão deste aspecto”, explicou o presidente da Federação Paulista de Judô. Em seu balanço final Francisco de Carvalho Filho falou sobre a alegria contagiante daqueles que conquistam a tão sonhada faixa preta e de quem obtém promoção de dan. “Mais uma vez a coordenação de graduação da FPJudô cumpre seu importante papel, que é formar e graduar professores que futuramente deverão fazer a transmissão de conheci-
O professor kodansha Edison Minakawa entrega a faixa preta 3º dan para sua filha Camila Satie Ziman Minakawa
O professor kodansha Mercival Daminelli entrega a faixa preta 4º dan (yon-dan) ao filho Mercival Breda Daminelli
Alessandro Puglia fala aos candidatos aprovados pelo ranqueamento
Francisco de Carvalho dá as boas-vindas aos novos faixas pretas, na cerimônia de outorga realizada no Teatro Municipal de Mauá
Professores kodanshas na cerimônia de outorga pelo ranqueamento
Vista aérea do Teatro Municipal de Mauá
Autoridades e candidatos aprovados no encerramento da cerimônia de outorga realizada no teatro Municipal de Mauá
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Candidatos perfilados após a cerimônia de outorga de dans
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Promovidos em 2018 Aprovados no exame de graduação
Heitor A. Dias dos Santos Hélio Fernando R. Gomes Henrique César Cavalcante Promovidos a Sho-dan Hercílio Pereira da Silva Adriano de Carvalho Ordonho Herrison Leite R. dos Santos Ailton Belas Torres Júnior Hugo Daniel da S. Coutinho Alain Segundo Potts Iago de Vasconcellos Cunha Alessandra Cristina Pereira Igor Hiroki Lima Yasuda Alex Sandro Ferreira Irati Goncalves Mafra Ana Paula Aquino Dantas Isabela Marcal Bassani Andre Luís Pereira Belchior Isabella Angélica S. Oliveira Andre Luiz de Aguiar Ribeiro Isabella Rosa Ribeiro Andre Massa Cipriani Ítalo Augusto Miranda Nizoli Andre Yuri Piva Santos Izabela Figueiredo Zarda Andre Yuri Silva Madureira Jair Ferreira Cintra Andressa Cristina M. Cabral Jason Paulina dos Santos Andrey Fabiano de Oliveira Jennifer de Jesus Rosa Antônio Cézar C. Torres Jessika Caroliny L. Martins Antonio Duarte C. da Silva Jhefferson H. Theodoro Archie T. Goncalves Alves Jhonata Higor S. Pereira Arthur Katsuto O. Stobaus Jhonata Martins Nogueira Artur de Barros Watanabe Jhulia Bernardino Soares Bernardo Cabrera Rosa João Dias Júnior Boaz Benicio Souza João Felipe de C. Castilho Bráulio Roberto Libanori João Gabriel Santos Brenda M. Oliveira Costa João Henrique O. Baptista Breno Biazotto B. Silva João Lucas Vasconcelos Bruna Sales Galloro João Paulo de Proença Bruno B. Andrioni Martins João Pedro dos Santos Bruno de Souza Silva João Víctor de A. Santos Bruno Silva Gomes João Víctor Z. Matuo Bruno Urbano Torsoni João Vítor da Silva Café Caina Dias Goncalves Johnny Fernandes Silva Caio César T. Fernandes Jonathan Siqueira Silva Caio Felipe O. Mendonca Jorge William M. da Cruz Caio Kenji Yokota Kiwada José Alfredo Dallari Júnior Caio Kenzo Souza Kameo José Antonio Ercolin Camila Silva de Siqueira José Pedro Costa Neto Camila Tomitaka Manzani José Raimundo Júnior Carlos Alberto O. Mendes Joseli J. Calixto da Silva Carlos A. Martins Júnior Josué Alexsander Soares Carlos Eduardo Romão Julia Tiemi Fukai Carlos Luiz Alves Souza Juliano Teodoro de Souza Carolina Hayashida Millan Júlio Cesar Bovo Ascariz Celso Adriano A. dos Reis Júlio Cesar da Silva Celso G. Ferreira Grizzo Kaio Henrique de Araújo Cesar Morais Ferreira Karen Cristina de Araújo Cezar Nunes Bartolotto Karina Almada Claudino Christian Leandro Pereira Karol P. Bueno Gimenes Cláudia Marques S. Silva Kendy Franchini Cláudio Pereira de Morais Kleber Fernando Pavani Cleber Roberto Francisco Laislaine Sampaio Rocha Cristiano Bocuhy Almeida Larissa Tami Hokama Cristiano Rosa de Paula Laudenir L. Miranda Melo Dalmo Cézar Vicente Laura Boletti de Castro Daniel Santos Francisco Laura Prudente da Silva Daniele da Costa Máximo Leandro Oliveira Madeira Danielly Nascimento Freitas Leonan Gomes Goncalves Danilo Donato F. Mesquita Leticia Tiburtino Silva Danilo Felipe dos Santos Lia Moutinho Farias Danilo Palanycia de Oliveira Luan Barbosa Oliveira Danilo Wagner Domingues Luan Vinicius Lopes Davi da Silva Alves Luana do Valle Lopes Davi Ferlin Flauzino Luana Volpone de Souza Dayana Oliveira dos Santos Lucas Akira Hori Delcio Candido da Silva Lucas do N. Boareto Diego A. Batista Rocha Lucas Gonzales Dominato Dimas Daniel de Campos Lucas Prado do Carmo Diogo Heitor do Nascimento Lucas Ucela Fuji Diogo Henrique Daniel Lucas Vinicius da Rosa Diogo Peloso Coraine Luciano Bernardes Júnior Diogo Takao Ueda Luís Henrique Lima Silva Douglas do Nascimento Luiz Fernando Ramos Filho Edson Enrique Conceição Luiz Guilherme Guimarães Edson Masson Lima Luiz Gustavo de Oliveira Eduarda Santos Guimarães Manuele Oliveira Barbosa Eduardo Bruno Sousa Santos Marcello Loffredo Eduardo Daigo A. Shingaki Marcelo Ângelo Eduardo Henrique G. Costa Marcelo Casagrande Elizabeth Midori Nishijma Ito Marcelo Castro Bezerra Emerson de Oliveira Lins Marcelo Regassi Emerson Filintro de Oliveira Marcelo Zamora Garcia Eric de Gusmão Tomson Marco Antonio de Souza Eric Torreiro Carvalho Lessa Marco A. Mantoan Trinca Eriton Christian de Carvalho Marcos Paulo Botelho Eumildo de Campos Júnior Maria Luiza H. Barbosa Everton Luiz de Oliveira Matheus Correard Ezequiel Almeida da Silva Matheus Isidoro Freitas Fabiano Alves Ferreira Matheus Rikiya Ishizava Fábio da Costa Silva Matheus Soares Santos Fábio da Silva Monteiro Maurício Augusto Pereira Fábio Luiz Alves Maurilio Farias Marques Fabio Marcel Pio Jesus Mayrha Lucato Fabio Rafael da Rosa Micael G. Jesus Teixeira Fabrizia Diniz Oliveira Michel Lopes Roveratti Fernando Milton Leme Miguel Freitas Hipólito Francis Massashi Kakuda Mikael A. R. Bertoncello Francisco Carlos de Araújo Mirella Fernandes Fontes Francisco M. U. Stanojlovic Moises Carlos Barbosa Fredson Moura Santos Monica Satiko Tahara Gabriel Catelan Sanches Murilo Martinho Silva Gabriel da Silva Brito Nathalia de O. Medeiros Gabriel Ferrari Mariano Nayla Gabriele Tobias Gabriel Novaes da Silva Orlando Rosário Filho Gabriel Soares de Souza Pablo Souza Genaro Gabriel Tomazini Devidis Paloma da Silva Felipe Gabriel Toshio C. Kawahara Paulo Luís da Silva Geovane Prado Goncalves Pedro Henrique Oliveira Geraldo Gonçalves Pessoa Rafael Chinelli Giovana Lopes dos Santos Rafael de Ávila Peloi Giovane José Pertile Dozzo Rafael Saqueto Cadurin Giovanna Melo dos Santos Rafaela Silva de Souza Glauber Fortini Raphael C. Benedicto Glauco Adriano Gomes Raul Oliva Graziela da Silva Rodrigues Rauni Fidelis Fernandes Guilherme de Andrade Silva Reginaldo Hirayama Guilherme Henrique Oliveira Renato do Espirito Santo Gustavo Donato de Oliveira Rene Moreira A. Filho Gustavo Garcia Frozoni Ricardo Souza Nogueira Gustavo Henrique Feitosa Ricardo Jacob da Fé Gustavo Henrique Oliveira Richard Macedo Silva Gustavo Moraes Gouveia Robert Hittler Gonzales www.revistabudo.com.br Gustavo Salvestre Martins Roberto César Gonzales
Roberto Yakio Yoshitake Robson Luiz Correa Rodrigo Eugenio Gomes Rodrigo Yuke Makiyama Rogério Alves Pereira Rogério Eduardo Marques Rogerio Yukio Tamaoki Rogers Luiz dos Santos Rone Anderson Bertoncini Rubens Máximo Júnior Ryozo Kuroda Sandro Ferraz M. Fadiga Sara Almeida de Souza Sarah Gabrielle Chaves Sérgio Buchino Sérgio Tadeu Bozzo Tácio Henrique B. Santos Taina Borges dos Santos Tamires Pereira Guedes Thailine Cristina Xavier Thais Borges dos Santos Thales Augusto Tomé Thales Barbosa Machado Thatiany Kaori Watanabe Thayna Cavalcante Silva Thiago Marta Miranda Thiago Sanches Costa Thomas Henrique da Silva Thomaz Oliveira Santos Tiago Borin Ferreira Tiago Henrique Feres Tifany Aparecida Osório Ulysses de Souza Dentello Ulysses Fusetti Fernandes Victor de Oliveira Zupirolli Victor de Oliveira Rocha Victor Noronha Rodrigues Victor Hossepian Ferreira Victor Nunes dos Santos Vinicius H. Christ Peres Vitor Argolo de Souza Vitor Lipszyc Kuzniec Vitor Martins Salomé Viviane F. da Costa Mota Walter Thiago S. Correa Warlei Júnior Alves Silva Washington G. da Motta Welton Satoshi Kondo Wesley Oliveira Silva Wesley Santos de Jesus Willian Roberto Oliveira Willians Bini Silva Wilson Yuji Azuma Yohana Dhara Loureiro Yuri Lucio da Silva Reis Promovidos a Ni-dan Andre Paschoal Scavarielo Carlos André R. Durvalino Carlos Antônio Matos Silva Dayana da Silva Neves Deise Fernandes Ribas Diego Almeida Pezavento Emerson Eisaku Tanahara Enderson Carlos Lourenço Fernando Antoine Zahil Filipe Mello Reis Zumbano Ivan Medina Kim Watanabe Hayakawa Leonardo Maria Angioletti Rafael de M. Carvalho Dias Ricardo Perez Rodrigues Roberto Benicio de Souza Rogerio de Souza Wellington Francisco Silva William Scalise Coutinho Promovidos a San-dan Agenor Garcia Júnior Diego Thomas Tancler Diego Viger Granjeiro Douglas Wilson Duarte Eudes Gabriel Nascimento Maurício Marcondes Machado Rodrigo César Capelucci Promovido a Yon-dan Luís Cláudio Andrade de Assis Aprovados pelo ranqueamento Promovidos a Sho-dan Adamil de Souza Barros Ailton Gonçalves Santos Alexandre de Paula Alexandre J. Mônaco Iasi André Luís Figueira Filho Ângelo Mantia Castellano Antonio Afonso Cazu Arnaud Bento da Silva Artur Hajnal Caio Piva Carlos Alberto Vieira Jr. César Augusto Moureal Cláudio Juny Figueiredo Denise Regina Mariano Douglas Bachega Pereira Fabricio Sidnei da Silva Fernando César L. Vieira Fernando Francischelli Fred Jonathas Gonçalves Giulia Dos Santos Pereira Glauco Vieira Coelho Gregory Maciel Fernandes Isis Conus Rocha Jackson Nascimento Oliveira Jane Junko Maeda Hokama Jorys César Hegedus Juliano Pescuma Rodriguez Kelly Cristina Guilherme Cruz Kelly Carolina Pereira Cabral Lúcio de Souza Júnior
Luís Fernando Gandolfi Luís Gustavo Mateus Dias Luiz Antonio Júnior Marcelo Fiorete Gorini Marcelo Pitarello Moya Marcio da Fonseca Marco Antônio P. Pereira Mario José Camelo Gomes Mauricio César Crnkovic Renato Giorgiani Nascimento Rita de Cássia C. Marques Robinson Germano Pinheiro Rodrigo Barbosa Pereira Rodrigo de Souza Ferreira Rodrigo Ramalho Oliveira Rosalbo da Costa Bortoni Sidnei Cruz Silvana Oliveira A. Santos Thamirys Cristina Silva Tiago Aparecido Calabrese William Sene dos Santos Yghor Luiz Hideki Hatae Promovidos a Ni-dan Alana Martins Maldonado Alisson Ricardo R. Tanaka Anderson Ribeiro Silva Aristides de Souza Filho Breno Marconato Rossetti Bruno Alves de Araújo Denis Cristiano Briani Evandro Luiz Simões Felipe Rivas Hadzic Francisco Basilino Júnior Janaina Silva Diniz Jefferson Brito Delgado Jefferson Queiróz Celestino Joyce Hitomi Nakamura Júnior Aparecido Ribeiro Luciano André Tavares Luciano Aparecido Rigo Lucila Carneiro Abreu Luz Marcelo Oliveira A. Silva Márcia Lima V. Pernoncini Marcos Alexandre Daud Michelle Alves Pereira Rodrigo Marcolino da Silva Ronald Jorge Welzel Thiago dos Santos Flor Wagner dos Santos Silva Promovidos a San-dan Ana Paula Faria Parpinelli Antonio Jose dos Santos Antonio Marcos Monteiro Camila Satie Z. Minakawa Carlos Alberto O. Ardito Eduardo Lourencetto Hugo Almeida Pinto Luciano Rogério Antonio Mauro Zukerman Renata Zyman de Mello Pati Roberta de Q. Guimarães Rodrigo T. de Vasconcelos Suzana Nakabayashi Moriya Wagner Castropil Promovido a Yon-dan Adriano Alves Coelho Alessandro Santiago Santos Aline Soares de Carvalho Daniel Andrey Hernandes Denílson Moraes Lourenço Diego Francisco Sanches Elton Rogério Carvalho Silva Ícaro Augusto Villa Menezes Marcos Magri Benador Mercival Breda Daminelli Newton Modesto de Oliveira Raphael Luiz Moura Silva Sebastião Alexandre Cunha Seiko Komesu Promovido a Go-dan Carlos Leonardo B. Silva Glauber Diniz Aragão Jaime Roberto Bragança Leônidas Ismael Machado Osvaldo Quessa Roberto Tanahara Rodrigo de Campos Resende Sergio Massaharu Akutagawa Aprovados na segunda chamada Promovidos a Sho-dan Aline A. Oliveira Muniz André Almeida Cançado Fabiano Alves Pereira João Victor Lima Lourenço Lorraine Nicole M. Ribeiro Marcelo Arantes P. Silva Marviny Ferraz Crepaldi Maurício Cardoso Santos Mayko Mendes Tamires Paula Feres Thammy Lucena D’amici Promovidos a Ni-dan Fernando Bruno Sinfrônio Helbert Carlos de Souza João Malaquias da Cunha José Samuel Silva Borges Rogival Lopes Mattos Filho Álvaro Virgínio da Silva Paulo Fernando Gabarron Pedro Petroni Madid Promovidos a San-dan Antônio Carlos Bustamante Fernando Haenni Infante
mento em São Paulo, no Brasil, e até mesmo no exterior. Hoje temos professores formados em São Paulo ministrando o judô em vários países da Europa, no Canadá e Estados Unidos. No campo pessoal sinto uma grande alegria por compartilhar a felicidade e a emoção dos faixas pretas que se formam a cada ano e daqueles que são promovidos. Formar bons professores é o legado que deixamos para as próximas gerações”, disse o dirigente paulista.
Na segunda chamada 21 candidatos foram examinados no dojô do Centro de Aperfeiçoamento Técnico da FPJudô Neste dia 11 de novembro, as coordenações técnica e de graduação da Federação Paulista de Judô realizaram a segunda chamada dos exames de graduação da temporada 2018, no dojô do Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da FPJudô. Esta segunda chamada reuniu os 21 judocas que não conseguiram aprovação nos exames realizados no dia 20 de outubro, no Ginásio Celso Daniel em Mauá. Neste segundo exame todos os candidatos se saíram bem, e com isso a coordenação de graduação da FPJudô atingiu a marca de 100% dos candidatos aprovados nesta temporada. A banca examinadora foi comandada pelo professor Dante Kanayama, coordenador dos exames de graduação da FPJudô, e composta pelos professore kodanshas Antônio Honorato de Jesus, Takeshi Nitsuma, Rioiti Uchida e Jiro Aoyama e os professore Caio Kanayama, Antônio Carlos da Silva Mesquita, Leonardo Yamada e Carlos Alberto Previato. O professor kodansha Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô, comandou a área técnica, auxiliado por Marco Aurélio Uchida, Rafael de Menezes Amaro, o Ceará, Frederico Nery Kemmerich, o Lico, Angélica Mayumi Murata e Mário Manzatti. Após a cerimônia de outorga de dans, Alessandro Puglia festejou o número significativo de faixas pretas formados e promovidos em 2018. “Estamos encerrando mais um ciclo, cumprindo à risca nosso papel de formar e promover anualmente novos faixas pretas em São Paulo. A demanda por professores tem sido muito alta e estamos convictos de que cumprimos nossa missão nesta temporada”, comemorou o presidente da FPJudô. Revista Budô número 21 / 2018
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C AMPEONATO MUNDIAL DE KARATÊ SÊNIOR 2018
Final da categoria 67kg do karatê foi vencida por Steven Acosta por 6 a 5, numa das melhores lutas da fase final do campeonato na Espanha. No paralímpico, Débora Knihs também conquistou a medalha de prata
No detalhe,
Por duas vezes Vinicius esteve à frente na final
Vinicius Figueira é superado por francês e é vice-campeão mundial
V
POR
GUSTAVO CUNHA / REDEDOESPORTE I Fotos ABELARDO MENDES JR / REDEDOESPORTE
inicius Figueira esteve duas vezes com o gostinho do ouro durante a final do mundial da categoria 67kg. Logo no início do combate contra o francês Steven Acosta, quinto do ranking mundial, o brasileiro acertou um chute alto, o árbitro assinalou o ippon e abriu 3 a 0 no placar. O europeu, contudo, estava num dia inspirado. Conseguiu na sequência desequilibrar o brasileiro com os pés e pontuar com Vinicius no chão, igualando o placar: 3 a 3. O paranaense de Londrina não se abalou. Mediu a distância e
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acertou um chute preciso no tronco do rival: 5 a 3. E parecia conduzir a decisão de forma consistente, numa estratégia bem pensada. Isso até ocorrer uma aproximação maior, e ambos terem zerado a distância. Na saída, Acosta apertou o karategi de Vinicius na região do ombro e encaixou um belo golpe de calcanhar na cabeça do brasileiro. Na matemática simples, dois golpes para cada lado. Mas as técnicas utilizadas pelo francês valiam três pontos: 6 a 5, fim de luta e ouro para a França. “Vim à Espanha para ser campeão do mun-
do, mas infelizmente não consegui. Saio daqui com a prata, que não é um mau resultado. Agora é seguir trabalhando. De qualquer forma, a competição é importante, vale muitos pontos no ranking olímpico”, comentou o karateca brasileiro, antes de avaliar os detalhes do lance decisivo. “Projetei o corpo para frente para evitar o chute. Sei que ele tem a perna boa, mas ele teve a habilidade de fazer o gancho com a perna e acertar a minha cabeça. Foi uma luta de alto nível”, disse. “O que posso dizer é que foi a melhor luta www.revistabudo.com.br
Débora apresentou excelente postura no koto
A mineira Paula Gomes mostrou excelente kihon e promete ir muito longe em sua jornada nos tatamis
O pódio do kata feminino
WKF para os quais tinha perdido recentemente. “Eu havia perdido do húngaro (Martial Tadissi, a quem venceu por 4 a 0) um mês atrás, no Japão. Ele foi vice-campeão no último mundial. Para o lutador da Jordânia (Abdel Almasatfa, a quem superou por 1 a 0 nas quartas de final), eu tinha perdido numa decisão no Chile. O atleta do Egito (Ali Elsawy, batido por 2 a 1 nas oitavas) também é muito bom. Então, estrategicamente e taticamente, consegui vitórias importantes”, avaliou. Vinicius deve abrir boa frente na competição por uma das dez vagas olímpicas na categoria unificada (60kg e -67kg) nos jogos do Japão e tem boas chances de assumir a liderança do ranking dos 67kg. O mundial de Madri é a competição que atribui mais pontos no ciclo até Tóquio. A pontuação obtida na Espanha tem fator 12. As etapas da Premier League, segunda competição de maior valor, têm peso 6. Antes da decisão do ouro, Chile e Irã ficaram com os dois bronzes da categoria até 67kg. Camilo Velozo lutou pela medalha contra Abdel Almasatfa, da Jordânia. O sul-americano, derrotado por Vinicius na semifinal, levou a melhor e subiu ao pódio: 3 a 2 no hantei, após empate em 2 a 2 durante a luta. A outra disputa de bronze reuniu o espanhol Raúl Cuerva e H. Derafshipour, do Irã. O atleta da casa foi derrotado nos últimos segundos. O combate estava 3 a 3 e acabou 6 a 3 para o iraniano, que encaixou um chute na cabeça do rival no fim da luta.
Paralímpicos também marcam presença no pódio O pódio do kumitê 67kg
do dia. Espetacular mesmo. São dois atletas com vontade de fazer um espetáculo ali em cima, com alegria, emoção. A torcida adorou porque esse é o karatê que a gente quer ver. É o karatê que a gente espera na Olimpíada”, afirmou Ricardo Aguiar, técnico da seleção brasileira. “O importante é que ele sai de cabeça erguida, com a certeza de que fez um belo trabalho, uma bela preparação, com ajuda do Ministério do Esporte”, completou o treinador. Segundo colocado no ranking mundial, Vinicius passou a integrar o Bolsa Pódio, categoria mais alta da Bolsa Atleta, em 2018. Aos 27 anos, ele chegou à segunda medalha em três mundiais disputados. Além da prata em Madri, foi bronze na edição de Bremen, na Alemanha, em 2014. O brasileiro ainda esteve na disputa do pódio em Linz, na Áustria, em 2016, mas acabou na quinta posição. Ao todo, Vinicius fez sete lutas na chave individual. Venceu seis e só caiu na decisão. No caminho, superou dois adversários do top 20 da www.revistabudo.com.br
O Brasil também esteve presente em duas disputas de medalhas da categoria para deficientes visuais do parakaratê. Primeiro, a mineira Paula Gomes competiu pelo bronze contra a russa Alexandra Meteleva. Paula fez um kata limpo, sem deslizes ou faltas, e com dois saltos acrobáticos que renderam palmas efusivas da torcida no Wizink Center. A russa fez uma apresentação mais conservadora, mas como se apresentou vendada, teve três pontos de bonificação, contra um da brasileira. Na soma, mesmo com Paula tendo notas maiores, a russa levou a melhor no somatório: 43,4 pontos contra 43,3. “Eu achei incrível a minha participação. Fiz tudo o que podia. Fiquei feliz. É uma experiência que nunca vou esquecer. Nasci e vivo numa cidade bem pequena, que não tem academias que se destaquem, então foi tudo porque fui atrás, tive pessoas que me ajudaram, fui dedicada, esforçada e o resultado veio”, disse a brasileira, natural de Carmo do Paranaíba. Paula tem 8% da visão em um dos olhos e 15% no outro em função de uma doença de-
generativa, atualmente controlada, que afeta a retina. Para as próximas competições, ela e o técnico Ariel Longo, da seleção brasileira, pretendem avaliar se é o caso de fazer o kata com os olhos vendados, para evitar perda pontos diante das adversárias em função da classificação funcional. “A Paula fez um kata mais difícil, com dois saltos, não se desequilibrou, encaixou tudo e o público reagiu muito bem, mas o resultado, com a soma dos bônus, foi favorável à rival. A partir de agora, estamos pensando em adotar a estratégia do kata com venda. Ela já fez isso antes e desempenhou bem. De repente, vai ser uma opção para se equiparar às outras atletas e buscar a pontuação necessária para chegar aos pódios”, afirmou o treinador.
Um degrau acima Débora Knihs sabia que tinha um desafio complicado na final contra a alemã Helga Balkie, dona do título mundial em 2016. Se a brasileira nascida em Brusque (SC) vai completar quatro anos de treinamento em 2019, a europeia tem mais de 15 anos de prática. As duas, com comprometimento total da visão, tiveram performances similares. Débora, no entanto, perdeu um pouco de orientação de espaço ao longo da sequência. Encerrou a apresentação pela lateral dos tatamis, e não por onde havia começado. Com isso, na avaliação dos árbitros, melhor para Balkie, que somou 44,9 pontos, contra 43,1 da brasileira. Bronze no mundial de 2016, na Áustria, Débora subiu um degrau, mas o choro “de raiva” ao fim do campeonato mostra que ela está longe de se sentir acomodada. “Pelo barulho da arquibancada eu cheguei a pensar que tivesse vencido, mas preciso treinar mais. Segundo lugar é um degrau importante, mas eu estava aqui para pegar o primeiro. Vou treinar muito mais”, avisou a brasileira. Na avaliação do técnico campineiro, Valmir Zuza da Cruz, é hora de aceitar o resultado, mas não de se conformar. “Achei que a campeã mereceu. Fez o kata e voltou no lugar certo. Tecnicamente ela tem menos qualidades do que a Débora, mas a Débora se perdeu um pouquinho no caminho. Isso influenciou bastante”, comentou Zuza. Um dos limitadores do kata de Débora foi ela ter sentido uma contusão no joelho ao longo da preparação. Isso fez com que optasse por uma sequência sem saltos, com menos potencial de “chamar nota”. “Agora voltamos empolgados em treinar com ainda mais foco, em fazer com que ela se torne mais forte, concentrada e traga novos elementos ao kata”, disse o professor Zuza Revista Budô número 21 / 2018
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IBSA JUDO WORLD CHAMPIONSHIP ODIVELAS 2018
A campeã mundial com colegas de treino no dojô do Palmeiras
Alana vence a final contra a uzbeque Vasila Aliboeva com osae-komi
Judocas paulistas conquistam ouro e bronze no Mundial Paralímpico de Lisboa Alana Maldonado fez história conquistando o ouro inédito para o Brasil, Meg Emmerich obteve o bronze e o time brasileiro ainda garantiu outro bronze na disputa por equipe feminina e fechou o Campeonato Mundial de Judô Paralímpico com três medalhas
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paulista Alana Maldonado conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil na história do Campeonato Mundial de Judô Paralímpico, para atletas com deficiência visual. Realizado entre os dias 16 e 19 de novembro, em Odivelas, distrito de Lisboa, em Portugal, onde a brasileira ven-
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PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS e IBSA PRESS
ceu todos os combates e conquistou o lugar mais alto do pódio na categoria até 70kg. Medalhista de prata nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro 2016, Alana consolida-se no topo do ranking mundial de sua divisão. Como cabeça de chave da sua categoria, Alana folgou na primeira fase e
estreou nas quartas de final, com vitória sobre Zulfiyya Huseynova, do Azerbaijão. Em seguida, pela semifinal, teve pela frente a croata Lucija Breskovic, a qual superou por ippon, com 1min51 de combate. Na luta que lhe rendeu a medalha de ouro, a rival foi a uzbeque Vasila Aliboeva. A adversária chegou a estar à frente em
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que me apeguei punições, mas a brasileira encaixou um ao esporte para koshi-guruma, jogou e venceu no osae seguir em fren-komi a 28 segundos do fim do combate. “Primeiro, agradeço o apoio que recete. Meus senseis foram Teruo e bi de minha equipe. Ainda não consigo Márcio Nakamura, acreditar, pois foi um ano muito difícil com os quais fipara mim. Tive um período complicado por causa da lesão no joelho esquerdo. quei até ingressar Mas, com muita garra, pude conquistar no paralímpico”, Alana Maldonado com a medalha de ouro conquistada em Lisboa o meu objetivo. disse a judoca, Confiei em Deus que contou como até o fim e conconheceu o paralímpico e revelou suas técnicas preferidas. segui mudar esta luta final. Já não “Eu só conheci o judô paralímpico na tinha mais muitas faculdade, em 2014, e já na primeira comforças, estava muipetição fui campeã brasileira em Camto cansada, mas po Grande (MS). No ano seguinte, com acreditei o tempo 18 anos, fui convocada para disputar os todo”, disse a judoJogos Mundiais e obtive o bronze. Nesca de 23 anos. sa época já representava a Associação Alana Martins Marilhense de Esporte Inclusivo (AMEI). Maldonado nasConsigo fazer uma leitura bastante amceu em 27 de julho pla das lutas e meu tokui-waza envolve de 1995, em Tupã várias técnicas, entre as quais se desta(SP), e descobriu cam uchi-mata, o-soto-gari e o-uchi-gari aos 14 anos que Alexandre Garcia, o icônico técnico que por muitos anos comandou os treinos do Projeto de esquerda”, detalhou a peso médio. Futuro de São Paulo, hoje utiliza todo o seu conhecimento e talento no judô paralímpico tinha doença de Grata por tudo Stargardt – patoloque lhe ensinaram, Alana destacou gia degenerativa que afeta a visão cena importância de tral, sobretudo em jovens, mas não prejuseus senseis no dica a visão periférica. Como já praticava processo de reprojudô convencional desde os 4 anos, a paulista ingressou na sua versão adaptagramar e redimenda ao entrar na faculdade. sionar a sua vida. A campeã explicou que começou no “Não tenho judô devido à influência da avó, Marlene como agradeMaldonado, que trabalhava na Associacer por tudo que aprendi e pelo sução Cultural Esportiva e Recreativa de Tupã, um dos principais dojôs da 4ª DRJ porte que recebo Alta Paulista. hoje dos profes“No início fui meio que forçada. Eu sores Alexandre não gostava muito de lutar, mas como Garcia, Jaime BraO pódio do peso médio feminino a minha avó, tragança e Denílson Lourenço, o Zóio, com quem inicie o balhava na ACERT treinamento lá em Tupã, na ACERT, no e meu tio Guilherperíodo em que ele assumiu o comando me Maldonado técnico do dojô. Depois ele recebeu conera professor de judô, eu treinava vite para dar aula no Palmeiras, e postepor obrigação. riormente eu também fui convidada. Daí Quando fiquei por diante as coisas fluíram rapidamente, doente parei, até e já em 2016 conquistei a medalha de mesmo para reprata nos Jogos Rio 2016”, disse. pensar e reorgani“A medalha de prata foi um divisor de águas em minha vida, me proporcionou zar a minha vida, total independência e melhor estrutura mas quando volde treinamento. Além da Bolsa Pódio do tei aos tatamis enMinistério do Esporte, hoje sou apoiada carei o judô com e patrocinada pela Segmente de Tupã, gosto e muita deLoterias Caixa, Time São Paulo, Unimed terminação. Acho O pódio do peso pesado feminino www.revistabudo.com.br
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IBSA JUDO WORLD CHAMPIONSHIP ODIVELAS 2018
Professor Denílson Lourenço cumprimenta a campeã mundial
Alexandre Garcia cumprimenta as meninas da equipe pela conquista do bronze
de Marília e Sociedade Esportiva Palmeiras, que hoje é o clube que defendo”, pontuou a campeã mundial. O calendário esportivo paralímpico de 2017 foi muito fraco, mas a judoca peso médio, que pretende disputar mais quatro paralimpíadas, não passou em branco. “Em 2017 conquistei três medalhas de ouro: Open da Alemanha, Copa do Mundo do Uzbequistão e Pan-Americano em São Paulo. Fiz a transição para 2018 voando Meg Emmerich com marido e técnico, Ives Emmerich física e psicologicamente. Em abril disputei a Copa do Mundo na Turquia e já na primeira luta rompi o ligamento cruzado e vi o sonho de conquistar um título mundial adiado. Fiz cirurgia no dia 15 de maio, com o Daniel Dell’Aquila, com sucesso. Já havíamos descartado o mundial, porque tanto o Dell’Aquila quanto os fisioterapeutas pediram para aguardar oito meses”, disse. Determinada a conquistar o título inédito, Alana dedicou-se initerruptaRandori de Alana Maldonado no dojô do Palmeiras mente à sua reabili-
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Meg Emmerich com seu sensei e técnico, Celso Takeshi Ogawa
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O pódio por equipe feminino
tação e em seis meses estava pronta para embarcar rumo ao mundial de Portugal. “Além da excelente cirurgia, o dr. Daniel me ofereceu um suporte gigantesco, e dois meses antes do previsto eu estava pronta para enfrentar mais um grande desafio. Fui a Lisboa com a estratégia de não me expor muito, e devido ao meu posicionamento no ranking não lutei na primeira fase. Fiz apenas três lutas e deu certo. A primeira venci de hansoku-make, passei pela semi jogando duas vezes de wazari (o-soto-gari e de-ashi-harai) e na final eu estava perdendo por dois shidôs e joguei de mata-galinha (koshi-guruma na gola), imobilizei, e venci no osae-komi”, detalhou a judoca paulista, que avaliou a importância desta conquista. “Foi uma sensação indescritível, pois ninguém acreditava que eu iria a Lisboa e subiria ao pódio. O Jaime, Garcia e o Zóio não mediram esforços. Eles não tinham fim de semana e nem feriado. Era treino o tempo todo. Divido este título com eles e com o Daniel Dell’Aquila. A medalha deste mundial é muito mais expressiva que a prata dos Jogos Paralímpicos, porque em 2016 eu havia treinado muito e estava muito bem em todos aspectos. Em 2018 eu praticamente ressuscitei para conquistar o título mais importante de minha trajetória. Toda a equipe médica me aconselhou esperar mais tempo, mas me apoiou 100% nesta aventura, e deu certo. Agora é treinar e ir atrás do ouro em Tóquio”, concluiu a surpreendente judoca Alana Maldonado. www.revistabudo.com.br
Mais dois bronzes com Meg Emmerich e a equipe feminina A outra medalha do Brasil em Lisboa veio com a paulistana radicada em Maringá Meg Emmerich. Ela chegou à semifinal da categoria acima de 70kg, mas foi superada pela sul-coreana Hayeong Park. Em seguida, voltou aos tatamis e conquistou o bronze ao superar a compatriota Rebeca Silva, por ippon, após 1min41 de luta. Meg pratica judô há 16 anos na Academia Hobby Sport, de Maringá (PR), sob o comando do professor Celso Ogawa e há pouco tempo iniciou sua participação em eventos paralímpicos. A atleta de 31 anos pratica uma rotina diária intensa de treinos. Trabalha numa financeira e ainda tem os afazeres domésticos como esposa do judoca faixa preta Ives Emmerich e mãe do pequeno Oliver. Nascida em 23 de outubro de 1986 em São Paulo (SP), aos 15 anos Meg Rodrigues Vitorino Emmerich migrou para Maringá (PR), onde começou a praticar judô com o sensei Walter Babata e posteriormente passou a treinar com o professor Celso Takeshi Ogawa. Com o importante apoio da Academia Hobby Sport, Clinisport Fisioterapia, Force One Academia e a bolsa Top 2020 oferecida pelo Estado do Paraná,
após o bronze conquistado em Lisboa, Meg Emmerich pretende dedicar-se ainda mais ao treinamento e conquistar muitas medalhas e títulos. “Esta medalha premia meu esforço e também o apoio que recebo da minha família – mãe, pai, sogra e meu marido, pois sozinha eu não poderia assumir tantos compromissos. Esta conquista é um marco em minha trajetória nos tatamis, e espero poder dedicar-me ainda mais ao treinamento e conquistar mais títulos para o Brasil. Agradeço a BV Financeira pelo apoio prestado, ao meu sensei e, é claro, ao meu marido Ives Emmerich, que me acompanham no treino diário”, disse a judoca que hoje é maringaense. O Brasil fechou a sua participação no Mundial Paralímpico de Judô com uma terceira medalha, o bronze conquistado pela equipe feminina. Comandadas pelo experiente técnico gaúcho Alexandre Garcia, as judocas Karla Cardoso, Rebeca Silva e Lúcia Araújo perderam a semifinal para a Coréia do Sul e buscaram o bronze diante da Turquia. A equipe brasileira contou ainda com Giulia Santos, Maria Nubea Lins e Meg Emmerich. Lúcia Araújo e Rebeca Silva brilharam e bateram as adversárias com autoridade. Com apenas 17 anos, Rebeca mostra-se como a grande promessa do judô paralímpico brasileiro dos próximos anos. Revista Budô número 21 / 2018
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JUDÔ PAULISTA
Alessandro Puglia e Yasushi Noguchi
Cônsul geral do Japão de São Paulo recebe Alessandro Puglia e Hirotaka Okada No encontro realizado em sua residência, Yasushi Noguchi ofereceu jantar para a comitiva formada por professores kodanshas japoneses e brasileiros
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a noite de terça-feira (6 de março), Yasushi Noguchi, cônsul geral do Japão, promoveu recepção inédita para uma comitiva formada por professores judocas do Brasil e do Japão. O encontro marcou a vinda do professor Hirotaka Okada ao Brasil e contou com a presença dos cônsules Takuo Sato e Yosuke Nakatomi; Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô (FPJudô); Takanori Sekine, presidente do Instituto Kodokan do Brasil (IKB); e o pro-
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PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO/FPJUDÔ
fessor kodansha Roberto Mityo Harada. Destacando a tradição esportiva que une o Japão e o Brasil, Yasushi Noguchi deu as boas-vindas ao conterrâneo que é detentor de um currículo extremamente expressivo. “O judô tem a tradição de aproximar ainda mais o Japão ao Brasil, e esta aproximação fez com que o Brasil se tornasse uma potência mundial da modalidade.
É com grande orgulho que recebemos esta comitiva formada por proeminentes judocas e desejo que o sensei Okada presenteie os judocas paulistas com seu vasto conhecimento técnico e pedagógico da Arte do Caminho da Suavidade”, ensejou o cônsul geral do Japão em São Paulo.
Currículo expressivo Nascido em 22 de fevereiro de 1967 em Gifu, região central do Japão, Hirowww.revistabudo.com.br
taka Okada foi medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992). Bicampeão mundial em 1987 e 1991, Okada venceu os Jogos da Ásia de Pequim (1990) e o Goodwill Games realizado em Seattle (1990). Além de ser árbitro internacional, o kodansha (8º dan) é professor associado da Faculdade de Educação Física da Universidade de Tsukuba, mestre especialista em treinamento de judô, técnico da equipe principal de judô da Universidade de Tsukuba, professor da equipe infantil da cidade de Tsukuba e veio ao Brasil para falar sobre a importância do judô nas escolas. Na avaliação de Alessandro Puglia, a turnê do professor Okada atende ao antigo projeto da FPJudô que prevê maior dedicação e investimento na difusão da modalidade por meio de sua inclusão na grade do ensino fundamental da rede pública. “Há muitos anos desenvolvemos esforços no sentido de incluir o ensino do judô no currículo escolar das redes municipal e estadual de ensino fundamental. Acredito que a vinda do sensei Okada a São Paulo nos aproxima deste objetivo”, disse o presidente da FPJudô. Takanori Sekine destacou que a vinda do professor Hirotaka Okada ao Brasil integra o projeto de aperfeiçoamento técnico dos professores brasileiros desenvolvido pelo Instituto Kodokan do Brasil. “Trabalhamos muito para trazer o mestre Okada ao Brasil, e o nosso obje-
Alessandro Puglia e Hirotaka Okada
tivo era fazer com que os professores paulistas – que são grandes formadores de opinião – lancem um novo olhar na questão pedagógica de nossa modalidade. Se quisermos dar maior contribuição social, o judô e a educação têm de andar de mãos dadas e estabelecer novos objetivos”, recomendou o presidente do IKB.
Agenda extensa Em São Paulo, Hirotaka Okada cumprirá uma agenda bastante movimentada que passará por vários municípios. Na terça-feira, na capital, Okada visitou a sede da FPJudô, o Instituto Kodokan do Brasil e o Museu de Imigração Japonesa, além de ser recebido pelo cônsul geral do Japão. Nesta quarta-feira a comitiva foi ao
Vale do Paraíba, onde sensei Okada fez sua primeira palestra sobre o judô em São José dos Campos, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Emmanuel Antônio dos Santos. No período da tarde o medalhista olímpico realizará palestras para professores de toda a região. Na quinta-feira a comitiva visitará um dos principais nascedouros do judô paulista, a cidade de Mogi das Cruzes, onde visitará projetos sociais e realizará treino no Judô Mogi Clube para os professores da área central e regiões vizinhas. Na sexta-feira o grupo visitará Praia Grande, onde realizará um treinamento específico para professores de judô que atuam na área de educação do município. No sábado haverá o principal evento da primeira turnê do sensei Hirotaka Okada em São Paulo, o workshop para orientação dos professores referente ao ensino do judô nas escolas, no Centro de Excelência do Ibirapuera, na Arena Olímpica do Judô no Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, que deve contemplar 300 professores filiados à FPJudô. No encontro o bicampeão mundial também realizará treinamento específico de tachi-waza e ne-waza. No domingo a comitiva vai a Bastos para o último compromisso de Okada, onde visitará a prefeitura e escolas do ensino fundamental e fará o último treino no Brasil, no tradicional dojô da Associação de Judô de Bastos, dirigido pelo sensei Uishiro Umakakeba.
Autoridades consulares, dirigentes e professores que estiveram no encontro
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Com sete ouros, cinco pratas bronzes, o Clube Pinheiros é
campeão paulista sênior POR
PAULO PINTO I Fotos ISABELA e BÁRBARA LEMOS
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om o apoio da prefeitura e da Secretaria de Esporte e Lazer de Itapecerica da Serra e da Associação Desportiva União da Comarca (ADUC), a Federação Paulista de Judô realizou a fase final do Campeonato Paulista Sênior. A disputa, que reuniu 308 atletas de 100 clubes, realizou-se no dia 30 de junho no Centro Poliesportivo Antônio Baldusco, em Itapecerica da Serra (SP), uma das melhores arenas esportivas do Estado. Após superar as seletivas regionais e inter-regionais, os principais judocas paulistas da atualidade se defrontaram na fase final da competição, que reuniu atletas das 16 delegacias regionais do judô paulista. A gestão técnica foi executada por meio da plataforma Zempo e, de acordo com o novo sistema de classificação para o Campeonato Brasileiro Sênior, a competição somou pontos para o ranking nacional. A coordenação da arbitragem ficou a cargo dos árbitros FIJ A Marilaine Ferrante e Edison Minakawa, que comandaram a equipe formada por 40 árbitros e 26 auxiliares de mesa. A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades políticas e esportivas, entre as quais Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô; José Jantália, vice -presidente da entidade; Valdomiro de Freitas Dias, o Miro, secretário de Esporte e Lazer de Itapecerica da Serra, que representou o prefeito Jorge Costa; os vereadores Carlinhos Bandeira e Alan Dias; Roberto Joji Chiba Kimura, coordenador técnico da FPJudô; Edison Koshi Minakawa, coordenador estadual de arbitragem da FPJudô; e Lúcia de Oliveira.
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Disputa que reuniu 100 equipes em Itapecerica da Serra teve São Caetano em segundo lugar, Clube Paineiras em terceiro, São José dos Campos em quarto e SESI-SP em quinto lugar
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e quatro
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Francisco de Carvalho faz seu pronunciamento na abertura do certame
Vários delegados regionais abrilhantaram a abertura do certame: Hissato Yamamoto (1ª DRJ), Takeshi Yokoti (16ª DRJ), Argeu Maurício (3ª DRJ), Cléber do Carmo (12ª DRJ) e Celso de Almeida (15ª DRJ). Também participaram da cerimônia de abertura mais 25 professores kodanshas, entre os quais Valdir Melero, Yoshiyuki Shimotsu, Tomyo Takayama, Michiharu Sogabe, Orlando Sator Hirakawa, Pedro Jovita Diniz, Antônio Honorato de Jesus, Douglas Eduardo de Brito Vieira, Takeshi Nitsuma, Uichiro Umakakeba, Belmiro Boaventura da Silva, José Paulo da Costa Figueirôa, Nélson Hirotoshi Onmura, Rioiti Uchida, Kiishi Watanabe, Leandro Alves Pereira e José Gildemar de Carvalho.
Itapecerica da Serra está inserida no calendário esportivo da FPJudô
Mesa de honra durante a execução do Hino Nacional
Breno Alves vence Guilherme Minakawa com juji-gatame
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Transmitindo a mensagem enviada pelo prefeito Jorge Costa, que não pôde comparecer ao evento, Valdomiro de Freitas Dias, o Miro, secretário de Esporte e Lazer de Itapecerica da Serra, destacou a grandeza dos eventos realizados pela Federação Paulista de Judô. “É com enorme satisfação que Itapecerica da Serra realiza parcerias e contribui na realização de eventos esportivos que possuem infraestrutura com nível internacional e possibilitam o intercâmbio, além de fomentar a prática esportiva em todos os níveis”, destacou. Após cumprimentar autoridades, árbitros, professores, técnicos e atletas que estavam no ginásio Antônio Baldusco, Francisco de Carvalho agradeceu o apoio da Prefeitura de Itapecerica da Serra, a cordialidade da comunidade Itapecericana, e terminou cobrando comprometimento dos faixas pretas paulistas. “A classe sênior é a mais importante de todas por sintetizar tudo aquilo que aprendemos desde a infância com nossos professores. É o sênior que representa o Brasil nas principais competições, o que torna a responsabilidade de vocês muito maior. Mas quero enfatizar outro aspecto importante do judô adulto. É nesta classe que mostramos se nos tornamos verdadeiramente Revista Budô número 21 / 2018
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C AMPEONATO PAULISTA SÊNIOR 2018 judocas, agindo dentro e fora dos tatamis com a ética e a lisura inerentes a todos que assimilam os ensinamentos deixados pelo professor Kano. Pensem nisso ao assumirem responsabilidades e fazerem suas escolhas no dia a dia, pois o judô nos ensina a cair e levantar, deixando exemplos de conduta e retidão”, expressou o dirigente. Fazendo uma avaliação técnica do certame, Joji Kimura afirmou que o judô paulista se fortalece e se projeta no cenário nacional na medida em que estimula novos talentos. “Acredito que tivemos uma disputa altamente competitiva. Vimos o Leandro Guilheiro, medalhista olímpico nos Jogos de Atenas (2004) e Pequim (2008), perder para um judoca júnior num combate intenso que durou mais de 12 minutos, e entendo que São Paulo saiu desta competição bastante fortalecido. Temos de continuar oxigenando a seleção paulista, dando oportunidade para os talentos que surgem a cada temporada”, disse o coordenador técnico da FPJudô. Kimura destacou ainda o grande momento que muitos judocas paulistas vivem, e explicou que todos buscam espaço na seleção brasileira. “Vimos que os atletas estavam muito aguerridos e todos que chegaram às finais tiveram de lutar muito e suar o judogi. Acredito que vamos fortalecidos para o campeonato brasileiro e faremos uma campanha marcante. Temos excelentes atletas que vivem um grande momento e sem nenhuma lesão. Tanto o campeonato paulista quanto o brasileiro somam pontos para o ranking nacional, e todos os atletas vão a Salvador focados e cientes da responsabilidade de cada um no processo de renovação e fortalecimento da seleção brasileira sênior”, concluiu. Andrea Oguma, técnica da equipe feminina do Esporte Clube Pinheiros, avaliou o desempenho da equipe que há décadas mantém hegemonia absoluta na classe sênior do judô paulista e brasileiro. “Disputamos 12 finais e totalizamos sete medalhas de ouro, cinco de prata e quatro de bronze, que asseguraram a primeira colocação de nossa equipe. Este resultado é fruto de muito treinamento e de uma equipe boa; todos colaboram bastante, participam e ajudam no treinamento dos colegas. Mesmo os que
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Esporte Clube Pinheiros, campeão paulista sênior de 2108
Eduard Katsuhiro jogando Welton Kondo
Caio Kiwada levanta Bruno Watanabe
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Vinicius Panini e Elimário Júnior se enfrentando nas quartas de final
não competiram aqui nos ajudaram a preparar a equipe, sem contar os atletas que servem a seleção e não puderam comparecer, e somaram no processo de fortalecimento e preparo dos judocas que lutaram por medalhas. É isso que dá consistência para a equipe”, detalhou Andrea, que falou sobre a prioridade da equipe. “O foco agora é o Troféu Brasil, que se realiza em agosto em Canoas (RS) e vai confirmar as vagas para o campeonato brasileiro”, concluiu a técnica campeã. Francisco de Carvalho Filho observou que o número de atletas pode não ser determinante no rendimento de uma competição. “Na verdade, a quantidade de atletas não diz muita coisa quando falamos em qualidade. Promovemos uma abertura para que mais atletas pudessem participar. Se compararmos o número de inscritos nesta competição, constataremos apenas o gigantismo do judô paulista. Mas quantidade não é tudo e cito como exemplo o judô do Rio Grande do Sul. Não sei se os gaúchos inscreveram 50 ou 60 judocas no campeonato sênior da FGJ deste ano, mas sei que no ano passado eles fizeram dois campeões mundiais. Isso de quantidade muitas vezes é relativo”, disse o professor Chico. O dirigente concluiu fazendo uma projeção do desempenho paulista na competição nacional que se realizará em outubro, na Bahia. “Tradicionalmente o sênior de São Paulo representa 70 por cento do judô nacional. Geralmente conquistamos este percentual de medalhas, sendo que em algumas edições o índice aumenta ou diminui um pouco. É lógico que eu gostaria muito de ver mais Estados pontuando, pois isto aumentaria o intercâmbio técnico e fortaleceria o judô verde e amarelo, mas por mais que alguns dirigentes insistam em falar em homogeneidade, lamentavelmente este é o quadro”, concluiu o dirigente. Revista Budô número 21 / 2018
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C AMPEONATO PAULISTA SÊNIOR 2018 Apenas quatro equipes conquistaram o ouro Das 100 equipes inscritas na disputa, apenas o Esporte Clube Pinheiros, Associação Desportiva São Caetano, Clube Paineiras do Morumby e Secretaria de Esporte e Lazer de São José dos Campos subiram ao degrau mais alto do pódio. De modo geral, somente 26 equipes conquistaram medalhas. Ao todo 64 medalhas estavam em disputa, mas quando se fala em nivelamento e homogeneidade técnica no Brasil, o mesmo quadro se repete em São Paulo no tocante à classe sênior. Nada menos que 74 equipes vindas de todo o Estado voltaram para casa com as mãos vazias. O espírito competitivo, a busca por espaço e a determinação dos atletas em evoluir tecnicamente ao certo fará com que no próximo ano um número ainda maior de judocas se inscreva na competição.
Finais eletrizantes
Componentes da mesa de honra fazem o Mokutô
Os anfitriões de Itapecerica da Serra, Miro Dias, Carlinhos Bandeira, Eduardo Lourencetto e Alan Dias
PinheiroS impôs o ritmo da disputa Como ocorre tradicionalmente, os judocas do Esporte Clube Pinheiros impuseram o ritmo na competição, disputando 12 finais. A equipe do Jardim Europa, na zona Oeste da capital, não participou apenas das finais do superligeiro masculino e feminino, no peso leve masculino, no peso médio feminino e no pesado feminino, e ainda fez dobradinha no peso médio masculino. Não bastassem as 16 medalhas conquistadas, o Clube Pinheiros foi campeão geral feminino e masculino, totalizando sete medalhas com as meninas e nove com os rapazes. Reeditando o desempenho alcançado num passado não muito distante e disputando seis finais que renderam quatro medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze, a Associação Desportiva São Caetano obteve a segunda colocação geral. Com três medalhas de ouro no feminino e uma no masculino, a equipe do ABC foi vice-campeã geral no feminino e ficou na quarta colocação no masculino. Presente em quatro finais e somando quatro medalhas de ouro e três de bronze, o Clube Paineiras do Morumby ficou
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na terceira colocação geral. O clube da Zona Sul da capital paulista foi vice-campeã geral no masculino e terceira colocada no feminino ao conquistar duas medalhas de ouro no feminino e duas no masculino. Os judocas da Secretaria de Esporte e Lazer de São José dos Campos totalizaram uma medalha de ouro, duas de prata e uma de bronze, que garantiram a quarta colocação geral na disputa. Todas as medalhas conquistadas pelo time do Vale do Paraíba foram obtidas por judocas da equipe masculina, que lhe garantiram também a terceira colocação geral na categoria. Totalizando duas medalhas de prata e três de bronze o SESI-SP garantiu a quinta colocação geral, o quinto lugar na disputa masculina e a quarta colocação no ranking feminino.
Seguindo o modelo de finais simultâneas, a briga pela medalha de ouro transformou as finais do Campeonato Paulista Sênior numa disputa dinâmica e eletrizante. As finais da classe sênior também são extremamente empolgantes devido ao elevado número de atletas de alto nível técnico e com passagem pela seleção brasileira. Entre os competidores havia medalhistas olímpicos, muitos judocas com várias passagens pela seleção brasileira sênior e outros que estão na seleção atual. Entre eles destacaram-se Leandro Guilheiro, Gabriela Chibana, Vitor Torrente, Eleudis Valentim, Tawany Silva, Marcelo Fuzita, Kainan Pires, Lincoln Neves, Eduardo Katsuhiro Barbosa, Mariana Barros, Yanka Pascoalino, Amanda Oliveira, Vinicius Panini, Henrique Francini, Raphael Magalhães, Gabriel Souza, Gabriel Oliveira, Samanta Soares, Rafael Buzacarini, Ellen Furtado, Sibilla Faccholli e os pesos pesados Jonas Inocêncio, Agatha Silva e João Marcos Silva, que prometem voos muito altos nos cenários nacional e internacional. O Campeonato Paulista Sênior é indubitavelmente muito mais forte e competitivo do que o certame nacional desta classe. E isso ocorre porque São Paulo dispõe de estrutura federativa de Primeiro Mundo e gestão administrativa de altíssimo nível. Além disso, alguns dos principais clubes sociais e esportivos do Brasil têm sede no Estado e concentram grande quantidade de atletas do alto rendimento em todas as classes e categorias de peso. Em média 1.100 técnicos são credenciados, anualmente no Estado e, além de possuir centenas de professores e técnicos altamente capacitados, o judô paulista reuni milhares de atletas tecnicamente diferenciados desde a base ao alto rendimento. Por tudo isso, é muito mais fácil chegar ao pódio num campeonato brasileiro do que no paulista. www.revistabudo.com.br
KARATÊ-DO TRADICIONAL UNIVERSIT Y
Karatê tradicional
sai na frente, inova e lança a Traditional Karate University by ITKF Budo for Life são as palavras-chave da nova diretoria da Federação Internacional de Karatê Tradicional, que ambiciona laançar um olhar mais amplo e abrangente sobre a Arte das Mãos Vazias
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POR
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS
esde a sua criação em 1978, por Hidetaka Nishiyama, o karatê-do tradicional fundamentou-se no Budô e priorizou o desenvolvimento humano. Hoje, 40 anos depois, os novos dirigentes da ITKF buscam estes mesmos objetivos, e saem na frente criando a Traditional Karate University by ITKF (TKU – ITKF). Em recente entrevista à revista Budô, Gilberto Gaertner, presidente da ITKF, deixou claro que chegou o momento de lançar um olhar mais abrangente sobre a modalidade. Para o dirigente brasileiro, o karatê fundamentado no Budô pode ser muito mais amplo que uma simples modalidade esportiva, e no curto prazo deverá emergir em outros cenários e em vários setores da atividade humana, em ambientes como reabilitação, saúde e ensino superior. “Nossas palavras-chave são Budo for Life e nosso objetivo é educativo e voltado para o desenvolvimento humano. Este direcionamento é mediado por um karatê focado na defesa pessoal e na aplicabilidade existencial. Respeito o caminho que o karatê olímpico tomou e a atividade daqueles que optam por esta via, mas deixo claro que a ITKF tem outros objetivos e vai continuar preservando a base técnica e ético-filosófica da visão de karatê desenvolvida pelo mestre Hidetaka Nishiyama”, pontuou o dirigente. Explicando de forma mais detalhada o que é o Traditional Karate University by ITKF, Gilberto Gaertner lembrou que este é um projeto antigo. “A ideia da criação da Traditional Karate University by ITKF surgiu de forma mais concreta ao longo do Masters Course realizado www.revistabudo.com.br
em Paris, em julho. Já vínhamos pensando algo similar ao longo da gestão à frente da CBKT, mas foi na França que o projeto tomou forma e está em processo de finalização da
primeira etapa de planejamento”, disse o dirigente, que detalhou de que forma o programa será disponibilizado. “A ideia é iniciarmos a qualificação dos instrutores da ITKF de forma sistematizada e com um conteúdo de complexidade progressiva, utilizando o sistema semipresencial, com aulas em educação a distância (EAD) e presenciais. A formação de instrutores vai contar com oito níveis, do primeiro ao oitavo dan. Além da capacitação continuada dos instrutores, estamos finalizando um projeto socioeducativo tendo o karatê tradicional como ferramenta central para implantação global.” Contando com a parceria de universidades em todos os continentes, a Traditional Karate University by ITKF deverá estar disponível no curto prazo. “O terceiro fator da TKU é a criação de uma rede mundial de universidades para pesquisar o karatê tradicional em seus múltiplos aspectos e que dará suporte científico para
Reunião de planejamento da TKU – ITKF na PUC-PR com a participação dos professores doutores Robert Burnett, Gilberto Gaertner, Rui Marçal, Kazuo Nagamine e Rick Jorgensen
Robert Burnett, primeiro reitor da Traditional Karate University by ITKF
a formação de instrutores e para os projetos socioeducativos. No momento já temos universidades parceiras nas Américas, Europa e África. Vamos trabalhar com os mesmos objetivos das universidades formais de ensino, com capacitação dos instrutores, e extensão de projetos socioeducativos aplicados à comunidade de forma global”, concluiu Gaertner.
O Prof. Dr. Robert Burnett, primeiro reitor da Traditional Karate University by ITKF, falou sobre o momento da ITKF e destacou a necessidade de dirigentes e praticantes fazerem uma releitura da modalidade. “Acho que o karatê tradicional vive um momento de expansão e crescimento, mas quando falo em expansão refiro-me a outros segmentos, não somente ao esporte”, disse o dirigente, que detalhou o TKU – ITKF.
“Inclusive, este é o meu trabalho junto à ITKF. Estrearemos em outra área que é também muito interessante, mas ao mesmo tempo estamos voltando às nossas origens, utilizando a Arte das Mãos Vazias efetivamente como ferramenta de desenvolvimento humano, por meio da Traditional Karate University by ITKF. O karatê tradicional dá um passo à frente, atuando diretamente no ensino superior. O karatê é uma modalidade esportiva que visa fundamentalmente ao desenvolvimento social, e temos o dever de fazer uma releitura do momento que vivemos e mudar a percepção sobre a nossa atividade”, explicou Burnett.
O grupo que está desenvolvendo os projetos da TKU, capitaneado pelo prof. Burnett, conta com os brasileiros Rui Marçal e Kazuo Nagamine, além do canadense Rick Jorgensen, da francesa Sandrine El Marhoumy, do sérvio Vladimir Jorga e Djan Nedev da Macedônia. Revista Budô número 21 / 2018
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JUDÔ VETERANOS E KATA
Campeonato Paulista de Kata revela talentos e nova geração de competidores Competição realizada em Mauá apresentou disputas de nage-no-kata, ju-no-kata, katame-no-kata, kime-no-kata e kodokan goshin jutsu I
POR PAULO PINTO Fotos BÁRBARA LEMOS/BUDÔPRESS
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om o apoio da prefeitura e da Secretaria de Esporte e Lazer de Mauá, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou no dia 28 de julho, no Ginásio Poliesportivo Celso Daniel, de Mauá, o Campeonato Paulista de Kata de 2018. O certame reuniu 166 judocas, que formaram 83 duplas e competiram nas modalidades de nage-no-kata, ju-no-kata, katame-no-kata, kime-no-kata e kodokangoshin-jutsu. A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades políticas e esportivas, entre as quais Alessandro Panitiz Puglia, presidente da FPJudô; Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; e Cláudio Calasans Camargo, vereador de São José dos Campos, além de vários delegados regionais e professores kodanshas, os quais foram representados por Michiharu Sogabe (9º dan), de São José dos Campos. Principal competição desta modalidade no Estado, o Campeonato Paulista de Kata 2018 reuniu uma banca examinadora de elevado nível técnico, formada em sua quase totalidade por professores kodanshas de elevado conhecimento. Coordenador dos exames de graduação e do kata da FPJudô, o professor
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Com criatividade a FPJudô está formando gerações de praticantes de kata cada vez mais novos
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Judocas perfilados durante a execução do Hino Nacional
Judocas perfilados durante a execução do Hino Nacional
kodansha Dante Kanayama não pôde comparecer ao evento, mas a coordenação da banca examinadora ficou a cargo do professor kodansha Rioiti Uchida, auxiliado pelos professores Alcides Camargo, Antônio Honorato de Jesus, Antônio Roberto Coimbra, Belmiro Boaventura da Silva, Carlos Alberto Previato, Celestino Seiti Shira, Eduardo Kitadai, Fernando da Cruz, Hissato Yamamoto, Jiro Aoyama, Kenzo Matsuura, Leandro Alves Pereira, Marcos Fernandes, Marcus Michellini, Milton Trajano da Silva, Ricardo Eishin Ozaki, Takeshi Nitsuma e Washington Aoike. Em seu pronunciamento Alessandro Puglia destacou e importância do kata no aperfeiçoamento técnico dos praticantes e professores. “Sabemos que aqui vocês vão apresentar-se e competir, mas é muito importante frisar que todos os judocas que estudam o kata adquirem um grande diferencial e
Dirigentes e examinadores durante a execução do Hino Nacional
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uma poderosa ferramenta de desenvolvimento técnico. Ao estudar o kata, na verdade estão aprendendo os fundamentos do judô, e este é o grande diferencial entre os professores e praticantes de judô”, disse o dirigente. Na sequência Alessandro Puglia homenageou os professores Leonardo Yamada e
Caio Kanayama, que retornaram do curso de verão no Instituto Kodokan de Tóquio, e solicitou que ambos transmitam o conhecimento que acumularam no Japão aos demais professores paulistas. “Quero parabenizá-los pela iniciativa, e afirmo que a nossa diretoria reconhece o esforço de ambos para buscar maior conhecimento e aperfeiçoamento. Vocês foram a Tóquio beber água na fonte, e pedimos que compartilhem com seus colegas”, sugeriu Puglia. José Jantália anunciou a homenagem do departamento técnico da FPJudô aos judocas que se destacaram no Campeonato Pan-Americano de Nage-no-kata. “Vamos homenagem os judocas Paulo Roberto Ferreira, Nádia Hori e Roberto Carlos Pereira, que foram campeões pan-americanos no ju-no-kata e vice-campeões
Judocas perfilados
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JUDÔ VETERANOS E KATA pan-americanos em nage-no-kata, na competição realizada em São José da Costa Rica”, disse Jantália. As homenagens foram entregues pelos professores kodanshas Michiharu Sogabe, Rioiti Uchida e Milton Trajano da Silva Ainda na cerimônia de abertura o departamento técnico da FPJudô premiou os irmãos Gabriela Fernandes da Costa e Henrique Fernandes da Costa pela conquista do bicampeonato pan-americano de katame-no-kata, em competição realizada em São José da Costa Rica. Alunos da Associação Namie de Judô, Gabriela e Henrique possuem idade muito abaixo da média dos demais concorrentes e explicaram à Budô que iniciaram o estudo do kata há mais de seis anos. “É verdade. A maioria dos nossos concorrentes tinha idade acima dos 30 ou 40 anos, mas desde pequenos ficamos atraídos por esta forma de disputa e começamos a praticar quando tínhamos cerca de 14 anos, e o sensei Paulino Namie sempre nos incentivou muito”, explicou Henrique. “Tem mais, todas as quartas vamos ao Centro de Aperfeiçoamento Técnico da FPJudô, e participamos do treinamento feito pelos senseis Luís Alberto dos Santos e Alcides Camargo. Treinamos e nos dedicamos muito. Nosso foco agora é o campeonato mundial que se realizará em Cancun em outubro, e estamos treinando muito para buscar uma medalha inédita nesta competição”, detalhou Gabriela. Henrique da Costa explicou que esta será a segunda participação em competições mundiais, e enfatizou que a meta agora é medalhar. “Em nossa estreia em mundiais ficamos em sexto lugar e agora focamos o pódio. Pensamos subir gradativamente, se conquistarmos uma medalha já estaremos muito felizes. Paulatinamente vamos subir na classificação mundial até chegarmos ao topo”, previu o campeão pan -americano. Em seguida todos os membros da comissão avaliadora foram convocados para proferir o rei inicial, que foi brilhantemente comandado pelo professor kodansha Takeshi Nitsuma.
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Os professores Sogabe, Uchida e Trajano fizeram a entrega das homenagens aos judocas que medalharam no pan-americano de nage-no-kata e ju-no-kata
Gabriela Fernandes da Costa foi homenageada pela conquista do bicampeonato pan-americano de katame-no-kata
Alessandro Puglia, presidente da FPJudô
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Sensei Takeshi Nitsuma comandou o rei inicial
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Dirigentes e autoridades homenagearam os irmĂŁos Gabriela e Henrique Fernandes da Costa pela importante conquista no bicampeonato pan-americano
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JUDÔ VETERANOS E KATA Nova geração e jovens praticantes do kata A cada ano vemos maior número de judocas envolvidos no estudo e a prática do kata, e quem ganha com isso é o judô paulista e brasileiro, que cresce tecnicamente, já que esta prática resulta no aprofundamento do estudo dos fundamentos do judô, criados pelo mestre Jigoro Kano no fim do século 18. Esse fenômeno resulta da visão dos professores, que incentivam seus alunos nesta prática, e da importante iniciativa da FPJudô, que há décadas fomenta o estudo constante do kata. A federação promove cursos e módulos itinerantes pelas 16 delegacias regionais de São Paulo e o curso prático realizado no CAT pelo sensei Luís Alberto dos Santos. Ao avaliar o aumento de inscritos nas disputas de kata, Alessandro Puglia detalhou a iniciativa da Federação Paulista de Judô. “Fizemos algumas alterações no formato do campeonato paulista de kata, visando a atender aos interesses dos judocas mais novos que buscam estudar e aprofundar o conhecimento no kata, para obter o sho-dan. Mudamos o regulamento, deu certo, e a procura foi enorme. Outro detalhe importante é o curso que promovemos todas as quartasfeiras no CAT. Este curso também tem fomentado a prática do kata em São Paulo. O Luís Alberto dos Santos faz um trabalho muito bom e conta com o apoio do sensei Alcides Camargo”, concluiu o dirigente. Joji Kimura explicou que a inovação introduzida nesta temporada foi decisiva no incremento do número de judocas inscritos nas diversas competições de kata que se realizam no período. “A partir deste ano foi oferecida aos candidatos a promoção de dans a possibilidade de serem isentos do kata propriamente dito nos exames de graduação e isso fez a procura por determinadas competições aumentar significativamente”, disse coordenador técnico da FPJudô. “Esta proposta foi apresentada na reunião dos delegados, que tradicionalmente ocorre em janeiro, e foi homologada no credenciamento técnico. Acredito que este fator foi decisivo e fez aumentar a participação dos atletas nos eventos de kata”, acrescentou o coordenador técnico da FPJudô. “Assim, os judocas que participarem como tori da Copa São Paulo, do Campeonato Paulista Open ou do Campeonato Paulista de Kata ficam isentos de fazer a apresentação de katas nos exames de graduação se obtiverem notas 5,5 no kata para sho-dan, 6,5 no kata para ni-dan ou 7,5 no kata para san-dan e acima”, concluiu Kimura.
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JUDÔ PAULISTA
Na abertura da Copa Alessandro Puglia conSão Paulo 2018, paulistas para darem voca os judocas exemplos de civism o
As 12 áreas de disputa e a arquibancada do Ginásio Poliesportivo Adib Moysés Dib completamente tomada por judocas e seus familiares
Pintou limpeza na Federação Paulista de Judô
O alambrado da arena recebeu dezenas de faixa conclamando o público a adotar postura diferenciada
Durante a Copa São Paulo, Alessandro Puglia lançou a campanha “Seja a mudança que quer ver no mundo”, iniciativa fundamentada nos hábitos e costumes da cultura japonesa. E deu certo!
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PAULO PINTO I Fonte IMPRENSA FPJS I Fotos BUDÔPRESS e MÁRIO ASSIS
m seu pronunciamento durante a cerimônia de abertura da Copa São Paulo de Judô, Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô (FPJudô), lembrou que o judô é um esporte de origem japonesa, e pediu que todos colaborassem no sentido de deixar o ginásio limpo, da mesma forma que estava antes da competição, mas a ação não ficou apenas no discurso. Durante a realização do maior evento do judô brasileiro, a equipe de apoio da FPJ desenvolveu várias ações para divulgar a campanha “Seja a mudança que quer ver no mundo”. Houve distribuição de sacolas de lixo, e a frase do líder pacifista indiano Mahatma Gandhi foi impressa em banners e painéis distribuídos nas áreas de disputa. Segundo os organizadores, a campanha teve adesão do público que lotou a arquibancada do Ginásio Poliesportivo Adib Moysés Dib, e foi um sucesso. No fim de cada dia de competição o ginásio estava limpo, e quase da mesma forma que estava no início do dia. www.revistabudo.com.br
“Somos judocas e temos o dever de aprender com aqueles que nos ensinaram o esporte que amamos: os japoneses. Vivi alguns anos no Japão, onde, além de aperfeiçoar meu judô, pude aprender um pouco do idioma e assimilar alguns costumes da cultura milenar. Nas escolas japonesas os alunos limpam até o banheiro. É preciso compreender que, executando este tipo de tarefa, os estudantes assumem mais comprometimento e passam a ter maior consciência do mundo à sua volta e mais responsabilidade social. Lá, atividades como varrer, lavar os banheiros, passar pano no chão e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio”, detalhou Puglia. O dirigente concluiu lembrando que virou um chavão falar em respeito e disciplina, mas na prática muitas vezes isto não acontece e é preciso mostrar coerência e colocar tudo isso em prática. “A campanha foi muito positiva! Os judocas e seus familiares entenderam que, se cada
um fizer a sua parte, os ginásios das competições se manterão limpos. Uma modalidade que tem suas raízes na cultura japonesa deve, também, ter hábitos e costumes pautados nos exemplos de responsabilidade e consciência mostrados pelo povo do país do sol nascente”, expôs o presidente paulista. A iniciativa da federação paulista precisa ser levada para outros Estados, e até mesmo para outras modalidades. Lamentavelmente, somos um povo com péssimos hábitos e costumes. Temos o péssimo hábito de andar na contramão daquilo que é praticado nos países do Primeiro Mundo, e exemplos como este devem ser propagados para todos os segmentos da sociedade. Quem sabe um dia o Brasil possa equiparar-se ao Japão e aos povos que há muito entenderam a necessidade de investir numa sociedade mais racional, organizada e harmoniosa. Mas, até que isto aconteça, temos de disseminar exemplos como os que Alessandro Puglia deu na realização da Copa São Paulo de Judô. Revista Budô número 21 / 2018
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XII COPA PARANÁ DE JUDÔ
Judô Lemanczuk é campeão Realizado em dez áreas e reunindo equipes de sete Estados, em Curitiba, o torneio realizado pela FPrJ consolida-se entre os mais importantes e competitivos para a base do Brasil POR
PAULO PINTO I Fotos COMUNICAÇÃO/FPr J
ão Kenji Ishida, vice-cônsul do Jap
em Curitiba
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om o apoio da Secretaria de Estado do Esporte e do Turismo do Paraná (SEET) e Kimonos Yama, a Federação Paranaense de Judô (FPrJ) realizou a 12ª edição da Copa Paraná de Judô nos dias 20 e 21 de outubro, no ginásio Professor Almir Nelson de Almeida, mais conhecido como ginásio do Tarumã, em Curitiba (PR). Esta edição de uma das mais tradicionais competições interclubes do judô brasileiro reuniu 1.040 judocas das classes mirim, infantil, infanto-juvenil, pré-juvenil, juvenil, júnior, sênior e máster. Participaram 70 agremiações no masculino e 49 no feminino, vindas do Amapá, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Paraná. Disputada em dez áreas e contando com 38 árbitros comandados pelo experiente professor Francisco de Souza, a 12ª edição da Copa Paraná de Judô fluiu muito bem e transcorreu em tempo recorde, já que somente a disputa da classe veteranos ocorreu no domingo. Mais uma vez a presença de elevado número de atletas de diferentes origens mantém a Federação Paranaense de Judô no seleto grupo de entidades que organizam e realizam competições abertas com grande projeção e expressão. Hoje, apenas São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná promovem eventos capazes de atrair número de competidores tão expressivo. Lamentando a menor quantidade de atletas de Santa Catarina, Luiz Hisashi Iwashita, presidente da FPrJ, comemorou a quantidade significativa de judocas e dojôs de São Paulo nesta edição da copa.
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da Copa Paraná de Judô 2018 Emílio Antônio Trautwein, secretário de Espor tes Lazer e Juventude de Curitiba
Luiz Hisashi Iw
ashita, presiden
te da FPrJ
“O velho problema de calendário persiste e neste ano a Copa Paraná coincidiu com um grande evento de Santa Catarina; com isso muitos atletas e escolas não puderam participar desta edição. Por outro lado, São Paulo estava realizando exames de faixa, o que permitiu que muitas escolas viessem a Curitiba abrilhantar nosso certame”, comemorou o dirigente paranaense. Entre as equipes inscritas estavam tradicionais clubes e escolas do judô paranaenses e agremiações de renome vindas de outros Estados, como Judô Lemanczuk Júnior, Sesi -SP, Judô Kussumoto, Associação de Judô de Bastos, Associação Desportiva Judô Tonietto, Semel Lins Morimoto, Associação de Judô Judocas da base perfilados no shiai-jo durante a cerimônia de abertura
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XII COPA PARANÁ DE JUDÔ
Washington Toshihiro Donomai, Celso Takeshi Ogawa e Luiz Hisashi Iwashita
Mesa de honra da XII Copa Paraná de Judô
Luiz Iwashita, Uishiro Umakakeba, Makoto Yamanouchi, Kenji Ishida e Hatiro Ogawa
Iwashita, Judô Praia Grande, Sociedade Morgenau, Academia Integrada de Formação e Aperfeiçoamento do Amapá, Academia de Judô Okano, Associação de Judô Araçatuba, Associação Esportiva Juventus, Associação Recreativa e Esportiva de Judô de Tupã (ACERT), Instituto Nintai do Brasil, Pais de Alunos e Amigos do Judô de Blumenau, Escola de Judô Pedro Dias, Academia Ronildo Nobre, Associação de Judô Fujiyama Marechal Cândido Rondon, Associação Esportiva Judofoz, Dojô Otto Judô e Academia Hobby Sport, entre outras. A cerimônia de abertura reuniu autoridades políticas e esportivas, entre as quais Luiz Iwashita, presidente da FPrJ; Cristiano Barros, diretor da Secretaria de Estado do Esporte e Turismo do Paraná; Kenji Ishida, vice-cônsul do Japão em Curitiba; Helder Marcos Faggion, primeiro vice-presidente da FPrJ; Emílio Antônio Trautwein, secretário de Esportes Lazer e Juventude de Curitiba; Reinaldo Francisco, tesoureiro
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Árbitros Estaduais
Os professores kodanshas 9º dan, Liogi Suzuki e Yoshihiro Okano, os professores mais graduados da Região Sul do Brasil
Marcos Romagna Valmir Loures Marcos Kalinke Gabriel Hobold Felipe Nascimento Adauto Silva Tony Alves Natália Bergamini Eduardo Costa Simone de Conto Halef Guitierrez Luiz Hirai Sionara de Fátima Anselmo Silva Vitor Levandoski
Árbitros Nacionais
Os professores Carlos André Kussumoto, coordenador do evento; Rivaldo Oliveira, Reinaldo Francisco, tesoureiro da FPrJ; e o professor kodansha Uishiro Umakakeba de Bastos (SP)
Edson Saito Gilberto Carneiro Rodolfo Valentino Marco Aurélio Souza Luciano Ferreira Augusto Semprebom Gabriela Harnisch Lucas Zeferikoski Andréia Becker Luiz Matos
Aspirante a FIJ Irineu Roberto Scmidtke Fábio Fadoni Marco Bueno Maiky Palhano
Os professores Liogi Suzuki, Yoshihiro Okano e Makoto Yamanouchi
Árbitros Internacionais Edilson Hobold Reinaldo Francisco Hélder Faggion Roberto Okano Lauro Azuma Jackson Conrado Marcos da Veiga Jorge Yokoyama
Oswaldo Hatiro Ogawa, Celso Takeshi Ogawa, Washington Toshihiro Donomai, Ney de Lucca Mecking e Helder Marcos Faggion
da FPrJ; Carlos Eduardo Pijak Júnior, diretor de Esportes de Curitiba; Rivaldo Oliveira, delegado regional Sul; Thiago Soares, diretor de Incentivo ao Esporte de Curitiba; Francisco de Souza, coordenador estadual de arbitragem; Carlos André Kussumoto, coordenador do evento; e os professores kodanshas Liogi Suzuki, Yoshihiro Okano, Oswaldo Hatiro Ogawa, Makoto Yamanouchi, Ney de Lucca Mecking, Celso Ogawa, Uishiro Umakakeba, Washington Toshihiro Donomai, Edison Hobold e Jorge Luís Meneguelli.
Em seu discurso na cerimônia de abertura, Luiz Iwashita afirmou que a Copa Paraná cumpre importante papel no fomento técnico das categorias de base. “Agradeço a presença de autoridades, dirigentes do judô paranaense, professores, atletas e técnicos do Paraná e de outros Estados, que não mediram esforços para estar conosco e abrilhantar nossa competição. Em sua 12ª edição, a Copa Paraná cumpre importante papel na difusão e no fomento técnico do judô para os atletas de todas as classes, e em especial das categorias de base. Este ano foi atípico e nosso País enfrentou enormes dificuldades, mas com todos os problemas existentes, nós recebemos mais de mil atletas vindos de 70 dojôs de vários Estados. Estamos nos adequando para inovar em 2019 e oferecer um evento melhor ainda, visando a atingir o nosso propósito, que é ampliar cada vez mais a base técnica do judô do Paraná e do nosso País”, disse o dirigente paranaense.
Arbitragem fez a diferença Mais uma vez a arbitragem da Copa Paraná esteve a cargo do experiente professor Francisco de Souza, coordenador estadual de arbitragem da FPrJ, que também conduziu o rei inicial. O professor Francisco comandou uma equipe formada por 37 árbitros das classes estadual, nacional, aspirante a FIJ e internacional, que se desdobraram para atender às demandas de um evento com alto nível técnico.
Copa Paraná fomenta o desenvolvimento da base técnica do judô nacional Em sua avaliação final da competição, Luiz Hisashi Iwashita elogiou o comprometimento dos membros da equipe técnica da Federação Paranaense de Judô que atuaram na competição. “Graças ao empenho de nossa equipe técnica comanda pelo professor Carlos André
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Washington Toshihiro Donomai, Ney de Lucca Mecking, Helder Marcos Faggion, Edison Hobold e Jorge Luís Meneguelli
Kussumoto, nesta edição da Copa Paraná realizamos um evento primoroso e muito bem organizado. O ginásio do Tarumã é muito confortável e adequado para eventos deste porte, e inovamos nesta edição, disponibilizando uma praça de alimentação para as equipes que vieram a Curitiba. Pretendemos promover algumas alterações na edição de 2019, e uma delas será a inclusão de disputas de nage-no -kata, que está na fase final do estudos”, detalhou o presidente da FPrJ.
Judô Lemanczuk Júnior de Curitiba é campeão geral Numa situação inédita até então, as cinco primeiras colocadas nesta edição da Copa Paraná são de Curitiba, o que demonstra a dis-
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Makoto Yamanouchi, Uishiro Umakakeba e Luiz Iwashita
puta acirrada no judô da capital paranaense. A escola Judô Lemanczuk Júnior sagrouse campeã geral por associação, reafirmando a força do trabalho desenvolvido por todos os seus professores. No total, conquistou 37 medalhas, sendo 21 de ouro, nove de prata e sete de bronze. Formado em educação física, com licenciatura e bacharelado em treinamento desportivo pela Universidade Tuiuti, do Paraná, o professor go-dan José Luís Lemanczuk Júnior começou nos tatamis em 1980, e em 1996 fundou sua escola, iniciando uma trajetória vencedora e recheada de conquistas como praticante e como técnico de uma das principais escolas de judô do Paraná. Além do título de campeã geral, a equipe do Ahu, tradicional bairro de Curitiba, também foi campeã geral do masculino e obteve a quinta colocação geral do feminino. O segundo lugar foi conquistado pela Associação de Judô Kussumoto, do professor san-dan Carlos André Kussumoto, importante representante da nova geração de professores de judô do Paraná. A equipe do bairro Xaxim, de Curitiba, assegurou o vice-campeonato com 23 medalhas, sendo 11 de ouro, sete de prata e cinco de bronze. A Sociedade Morgenau assegurou a terceira colocação geral, totalizando 26 medalhas, sendo 11 de ouro, quatro de prata e 11 de bronze. Capitaneado pelo sensei Alan Vieira, o time do bairro Cristo Rei também obteve a primeira colocação geral do feminino e a quarta do masculino. O Dojô Otto Judô conseguiu a quarta colocação geral por associação, conquistando 36 medalhas, sendo dez de ouro, sete de prata e 19 de bronze.
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Comandado pelo sensei Saimon Magalhães de Souza, referência internacional no trabalho da base, o dojô do bairro Cidade Industrial da capital paranaense foi vice-campeão geral do feminino e alcançou a quinta colocação na classificação geral do masculino. A quinta colocação geral ficou com a Associação Desportiva Judô Tonietto, que totalizou 27 medalhas, sendo oito de ouro, oito de prata e 11 de bronze. Comandada pelos experientes irmãos Rodrigo Marcelo Tonietto e Diogo Guilherme Tonietto, a escola localizada no Pinheirinho, em Curitiba, ficou em terceiro lugar geral no masculino e na nona colocação geral no feminino.
Campeão geral parabeniza seus 37 medalhistas Surpreso com o expressivo número de pódios conquistados, o sensei José Luís Le-
manczuk Júnior destacou o comprometimento de toda a equipe e exaltou a determinação dos medalhistas. “Parabenizo todos os nossos atletas que atuaram na competição e defenderam as cores de nossa escola. Lutaram muito focados e foram destemidos nas lutas. Para atingir nosso objetivo a preparação para esta competição foi além das aulas normais. Treinamos aos sábados e no feriadão prolongado para competir em alto nível. Parabenizo também nossa equipe de técnicos pelo excelente trabalho e reverencio o comprometimento de todos os nossos atletas. Vencidos e vencedores lutaram bravamente”, destacou Lemanczuk, que encerrou fazendo um chamamento para os certames futuros. “E assim motivados e muito satisfeitos com o nosso resultado, ficamos sempre na expectativa e nos preparando para novos desafios nos tatamis”, concluiu o técnico campeão da 12ª edição da Copa Paraná.
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Os representantes das cinco equipes finalistas Judô Lemanczuk Júnior (1ª colocada), Associação Judô Kussumoto (2ª colocada), Sociedade Morgenau (3ª colocada), Dojô Otto Judô (4ª colocada) e Associação Desportiva Judô Tonietto (5ª colocada), receberam seus troféus de Kenji Ishida, vice-cônsul do Japão em Curitiba
Classificação da Copa Paraná Geral por Associação
1º Judô Lemanczuk Júnior 2º Associação Judô Kussumoto 3º Sociedade Morgenau 4º Dojô Otto Judô 5º Ass. Desportiva Judô Tonietto 6º Ass. de Judô Randori/Guairacá 7º Instituto Nintai do Brasil 8º Associação de Judô Iwashita 9º Escola de Judô FFR 10º Senshi Judô Club 11º Associação Esportiva Judofoz 12º Associação de Judô Bastos 13º Ass. Ensino Senhor Bom Jesus 14º Sesi-SP 15º Judô Nippon/Ocarioca 16º Ass. Hikari Judô de Toledo 17º Judô CSF – Palmeira 18º Santa Mônica Clube de Campo 19º SJC, Esporte, Lazer de Sarandi 20º Associação de Judô Paranavaí
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Masculino
1º Judô Lemanczuk Júnior 2º Judô Kussumoto 3º Ass. Desportiva Judô Tonietto 4º Sociedade Morgenau 5º Dojô Otto Judô 6º Associação de Judô Iwashita 7º Instituto Nintai do Brasil 8º Judô Nippon/Ocarioca 9º Ass. Judô Randori/Guairacá 10º Associação Esportiva Judofoz 11º Escola de Judô FFR 12º Associação Judô Paranavaí 13º Sesi-SP 14º Associação de Judô Bastos 15º Santa Mônica Clube de Campo 16º Maringaense Cultura Física 17º Ass. Ensino Senhor Bom Jesus 18º Academ. Augusto Semprebom 19º Judô Tambosi 20º Associação Esportiva Juventus
Feminino
1º Sociedade Morgenau 2º Dojô Otto Judô 3º Ass. de Judô Randori/Guairacá 4º Senshi Judô Club 5º Judô Lemanczuk Júnior 6º Escola de Judô FFR 7º Ass. Hikari Judô de Toledo 8º Judô CSF – Palmeira 9º Ass. Desportiva Judô Tonietto 10º Ass. Ensino Senhor Bom Jesus 11º SJC, Esporte, Lazer de Sarandi 12º Associação de Judô Bastos 13º Associação de Judô Kussumoto 14º Associação Esportiva Judofoz 15º Academia Juan Jimenez 16º Instituto Nintai do Brasil 17º Santa Mônica Clube de Campo 18º Associação de Judô Iwashita 19º Sesi-SP 20º Associação Londrinense de Judô
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C AMPEONATO BRASILEIRO DE JUDÔ SUB 21
Exibindo excelente técnica de ashi, Beatriz Souza reina absoluta do peso-pesado
Devastador, São Paulo passeia na Bahia e conquista onze ouros, três pratas e dois bronzes Mato Grosso do Sul é vice-campeão e Rondônia fica em terceiro lugar no feminino, enquanto Minas Gerais é vice e Rio de Janeiro fica em terceiro no masculino
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PAULO PINTO I Fotos TATI AMAYA
om o apoio da Federação Baiana de Judô (FEBAJU), a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) realizou o Campeonato Brasileiro de Judô da classe júnior de 2018. A competição realizada de 18 a 20 de maio no Centro Pan-Americano de Judô em Lauro de Freitas (BA) reuniu 329 atletas (176 no masculino e 153 no feminino) de 26 Estados. Participaram da cerimônia de abertura autoridades políticas e esportivas, entre as www.revistabudo.com.br
quais o presidente da CBJ, Sílvio Borges, e os presidentes das federações estaduais Marcelo Ornelas da Cruz França Moreira (Bahia), Alessandro Panitz Puglia (São Paulo), Jucinei Gonçalves da Costa (Rio de Janeiro), Moisés Gonzaga Penso (Santa Catarina), Luiz Gonzaga Filho (Distrito Federal) e Paulo Cézar Ferreira (Roraima); Elias Dourado, diretor geral da Superintendência de Desporto da Bahia (Sudesb); Douglas Eduardo Vieira, medalha de prata no Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984) e técnico
da seleção júnior masculina; e Aloísio Short Sobrinho, representante dos árbitros. A coordenação da arbitragem do brasileiro sub 18 ficou a cargo do experiente árbitro FIJ A André Mariano dos Santos, do Distrito Federal, que comandou os 28 árbitros que atuaram no certame.
São Paulo passeia nos tatamis A delegação paulista foi a Lauro de Freitas composta por 20 atletas, mais os técnicos Andréa Oguma (Esporte Clube Pinheiros) e Denílson Moraes Lourenço, o Zóio (Sociedade Esportiva Palmeiras) e Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJudô, que chefiou o grupo. Ao todo a equipe paulista obteve 16 Revista Budô número 21 / 2018
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C AMPEONATO BRASILEIRO DE JUDÔ SUB 21 medalhas, sendo 11 de ouro, três de prata e duas de bronze, que asseguraram a primeira colocação geral na competição. O time bandeirante disputou oito finais e conquistou nove medalhas, sendo seis de ouro, duas de prata e uma de bronze, construindo uma vitória histórica ao arrebatar 75% das medalhas de ouro em disputa. Laura Ferreira (48kg/ Esporte Clube Pinheiros), Larissa Pimenta (52kg/Esporte Clube Pinheiros), Ketleyn Nascimento (57kg/ Sociedade Esportiva Palmeiras), Gabriella Moraes (63kg/A. São Bernardo), Ellen Santana (70kg/Sociedade Esportiva Palmeiras) e Beatriz Souza (+78kg/Esporte Clube Pinheiros) conquistaram as medalhas de ouro, reafirmando a supremacia paulista no judô feminino verde e amarelo. Na competição masculina o cenário não foi muito diferente, mas São Paulo obteve apenas sete medalhas: cinco de ouro, uma de prata e outra de bronze. Os judocas paulistas arrebataram 65% das medalhas de ouro em disputa com Renan Torres (60kg/SESI-SP), Michael Marcelino (66kg/SESI-SP), Marcelo Gomes (81kg/ Associação de Judô Belarmino), Giovani Ferreira (90kg/Esporte Clube Pinheiros) e Lucas Lima (100kg/Esporte Clube Pinheiros).
Mato Grosso do Sul ratifica seu poderio como vice-campeão feminino Comprovando o poderio e a qualidade técnica dos professores sul-mato-grossenses, o Estado foi vice-campeão geral feminino, conquistando sete medalhas, sendo uma de ouro e seis de bronze. As judocas Alexia Vitória Nascimento (48kg), Aline Cristina Neves (52kg), Milena Matias (57kg), Maria Perfeito (63kg), Yasmin Maruyama (70kg) e Vitória Camila Ponce (78kg) asseguraram a vice-lideran-
Atletas e dirigentes do Estado de São Paulo
ça do judô feminino da classe júnior a Mato Grosso do Sul. Já os judocas sul-mato-grossenses conquistaram três medalhas de bronze e garantiram a nona colocação na classificação do naipe masculino, contribuindo decisivamente na conquista da quinta colocação geral no certame. No total, a equipe comandada pelos professores Alessandro Nascimento (Buiu) e Marco Aurélio Moura obteve dez medalhas, ficando atrás apenas de São Paulo. Esse resultado expressivo coloca Mato Grosso do Sul entre as principais potências do judô do Brasil.
Minas Gerais se impõe como vice-campeã geral do certame A seleção mineira de judô obteve um resultado bastante expressivo, conquistando oito medalhas, sendo uma de ouro, três
O paulista Michael Marcelino campeão do peso meio-leve (66kg) está firmando como um dos melhores atletas da nova geração
de prata e quatro de bronze, que asseguraram o vice-campeonato geral do certame. De quebra, os mineiros também foram vice-campeões do naipe masculino, totalizando uma medalha de ouro, duas de prata e duas de bronze. Com os pódios alcançados por Amanda Lima (48kg), Maria Taba (52kg), Júlio Koda Filho (73kg), Matheus Oliveira (73kg), Leonardo Lopes (81kg), Millena da Silva (79kg), Luan Ferreira (100kg) e Daniel Araújo (100kg), Minas Gerais se renova e mostra que está voltando para a briga nas classes júnior e sênior.
Rondônia faz história e fica em terceiro lugar no feminino A seleção de Rondônia fez história nesta edição do brasileiro júnior, terminando em terceiro lugar no feminino e na sexta colocação geral da competição. A medalha de ouro conquistada pela judoca peso superligeiro Amanda Arraes, da Nunes Associação Esportiva de Cacoal (NAEC), projetou o Estado no quadro de medalhas e a atleta rondoniense no ranking nacional sub 21. Bronze no mundial sub 18 e campeã do Troféu Brasil Interclubes de 2017, a faixa preta san-dan Amanda Arraes se consolida como a primeira colocada no ranking nacional numa classe em que o Brasil reúne grandes atletas e forte tradição. Sua conquista valoriza a gestão do professor Antônio Carlos Tenório, presidente da Federação de Judô de Rondônia, e destaca o trabalho do sensei Antônio Marques Nunes no cenário nacional.
Dirigentes e técnica avaliam desempenho da equipe paulista
Representantes dos 26 Estados, árbitros e autoridades durante a execução do Hino Nacional
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Na avaliação de Joji Kimura, coordenador técnico da Federação Paulista de Judô, o desempenho em Lauro de Freitas premia o esforço de todos os professores do Estado. “Foi um ótimo resultado. Acredito que o www.revistabudo.com.br
O pódio do peso meio-leve (66kg) masculino
sculino com idiu o pódio geral do ma São Paulo, campeão, div e Distrito Federal eiro Minas Gerais, Rio de Jan
trabalho realizado nos clubes e associações de São Paulo está sendo recompensado, pois nos últimos anos os técnicos e professores buscam aprimoramento técnico e aplicam novos modelos de treinamento. Sinto que estamos num momento muito bom para esta classe”, avaliou Kimura Andréa Oguma, técnica da seleção paulista feminina sub 21 e do Esporte Clube Pinheiros, credita a vitória expressiva da classe feminina à enorme competição existente no Estado de São Paulo. “Nossas meninas tiveram um desempenho excelente, e enfrentaram adversárias com as quais disputam o topo do ranking nacional. Acredito que, além do trabalho bem desenvolvido pelos professores dos clubes e associações, o fato de o campeonato paulista ser muito forte, agregado à enorme competição interna, faz com que os atletas cheguem muito fortes e bem preparados”, disse Andréa. Alessandro Puglia elogia o trabalho desenvolvido pelas equipes paulistas e destaca o comprometimento de todos os judocas que participaram das diversas fases das competições em São Paulo. “Realmente, conquistamos um resultado expressivo que comprova o grande trabalho que vem sendo feito pelos clubes e escolas paulistas. Talvez alguns Estados tenham se surpreendido com o número significativo de medalhas de ouro que obtivemos, mas este feito é consequência da política de descentralização que estamos promovendo em São Paulo, da seriedade dos nossos professores e do comprometimento de todos os atletas que participaram das fases www.revistabudo.com.br
O pódio do peso ligeiro (48kg) feminino
O pódio do peso médio (70kg) feminino
regional, inter-regional e final do campeonato paulista”, disse o presidente da FPJudô. Parabenizando a comissão técnica, atletas e chefe da delegação, Puglia finalizou destacando a força de um grande trabalho em equipe. “Este feito mostra o resultado de um trabalho coeso, que começa nos dojôs espalhados em nossas 16 delegacias regionais. Esta conquista comprova que estamos no caminho certo, e vamos em busca de fortalecer a tradição hegemônica do judô paulista no cenário nacional. Não acho que esta vitória desmereça o trabalho feito em outras regiões do Brasil. Penso que, juntos, os 27 Estados brasileiros precisam desenvolver esforços para elevar cada vez mais o ní-
Campeãs do Feminino Amanda Arraes (44kg/RO) Laura Ferreira (48kg/SP) Larissa Pimenta (52kg/SP) Ketleyn Nascimento (57kg/SP) Gabriella Moraes (63kg/SP) Ellen Santana (70kg/SP) Camila Ponce (78kg/MS) Beatriz Souza (+78kg/SP)
Campeões do Masculino Matheus Takaki (55kg/DF) Renan Torres (60kg/SP) Michael Marcelino (66kg/SP) Júlio Koda Filho (73kg/MG) Marcelo Gomes (81kg/SP) Giovani Ferreira (90kg/SP) Lucas Lima (100kg/SP) Arthur Barboza (+100kg/RJ)
O pódio do peso ligeiro (60kg) masculino
vel técnico do judô do Brasil”, recomendou Alessandro Puglia. Francisco de Carvalho Filho também creditou aos professores e técnicos paulistas o resultado expressivo obtido pelo selecionado bandeirante. “São Paulo foi à Bahia com 20 atletas e obteve 16 medalhas. Este é sem dúvida um fato marcante, uma conquista emblemática que engrandece e projeta o trabalho de todos os professores paulistas e das pessoas que participam do processo de gestão técnica da Federação Paulista de Judô”, disse o dirigente. Mas ele não vê com bons olhos a conquista de tantas medalhas de ouro por um único Estado. “Este resultado é importante, porém, no meu entender, não é motivo para comemoração e sim para ser lamentado, pois seria muito melhor que estas medalhas tivessem sido distribuídas pelas demais 26 federações estaduais. Daí sim teríamos maior competitividade e todos estaríamos crescendo juntos tecnicamente. São Paulo não pode e não deve distanciar-se muito dos demais Estados. Isso não é bom para São Paulo e muito menos para o judô brasileiro”, disse Chico do Judô, que defende maior transferência de conhecimento a partir de São Paulo. “É por isso que há décadas defendo que nós temos de distribuir conhecimento técnico com os demais Estados brasileiros. Deveríamos enviar professores formadores e técnicos experientes sistematicamente para outros Estados e regiões do País, independentemente de políticas, bairrismos, vaidades e conceitos tribais. Até mesmo por sua história e origem, o judô de São Paulo é diferenciado, e um grande exemplo disso são os exames de graduação. O número de faixas pretas san-dans que a FPJ forma anualmente é significativamente maior que o dos formados pelos demais Estados juntos. Não dá para fechar os olhos, querer nivelar na marra ou falar em homogeneidade. Isso é balela e só faz aumentar o abismo técnico que lamentavelmente nos separa”, cravou Francisco de Carvalho.
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INTERC ÂMBIO BRASIL X JAPÃO
Hirotaka Okada leva mais
de 300 professores à Arena Olímpica do Ibirapuera Em São Paulo, o bicampeão mundial e mestre especialista em treinamento de judô expôs um trabalho pedagógico que enfatiza aspectos motivacionais e prioriza a integridade física e psicológica dos jovens praticantes
C
om apoio do governo do Japão, Sport For Tomorrow e Instituto Kodokan do Brasil, a Federação Paulista de Judô realizou workshop para professores sobre o judô nas escolas. O palestrante foi Hirotaka Okada, mestre especialista em treinamento de judô, profes-
POR
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS/FPJUDÔ
sor associado e técnico da equipe principal da Faculdade de Educação Física da Universidade de Tsukuba (Japão), e professor da equipe infantil da cidade de Tsukuba.
Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), bicampeão mundial em 1987 e 1991, e árbitro FIJ A, o professor Okada veio ao Brasil para falar sobre a importância da introdução do judô nas escolas públicas e expor um sistema pedagógico que enfatiza aspectos motivacionais e prioriza a integrida-
Hirotaka Okada projeta Junpei Igarashi
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Professores perfilados
de física e psicológica dos jovens iniciantes. A cerimônia de abertura foi acompanhada por autoridades políticas e esportivas como Alessandro Puglia, presidente da FPJudô; Satoshi Watanabe, secretário de gestão operacional do Sport For Tomorrow; Takanori Sekine, presidente do Instituto Kodokan do Brasil (IKB); Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô; Luís Alberto dos Santos, coordenador de cursos da FPJudô; e Junpei Igarashi, estudante da Universidade de Tsukuba que foi o uke de Okada no workshop e em toda a turnê realizada no Estado de São Paulo. Em seu pronunciamento inicial Alessandro Puglia destacou a importância do trabalho desenvolvido pelo visitante japonês. “O judô do Estado de São Paulo vive um momento especial com a vinda do mestre japonês Hirotaka Okada. Ele nos traz informações importantes sobre o trabalho de transformação de crianças e jovens, por meio da educação e da prática do judô. A FPJudô é fomentada e transformada pelas ações de cada um de vocês, e sabemos a importância da formação que cada um de vocês recebeu de seus professores. A competição é uma parte muito pequena em relação ao universo que o judô vive hoje. Se queremos um País melhor e um mundo melhor, nós, professores de judô, temos a missão de assumir protagonismo nesta proposta que visa a estabelecer mudanças por meio da filosofia do judô. Desejo que aproveitem ao máximo e voltem para seus dojôs e transmitam todo conhecimento que está sendo disponibilizado pelo mestre Okada”, disse o dirigente paulista. Com sotaque japonês bastante carregado, Takanori Sekine falou sobre a iniciativa governamental bilateral que pretende introduzir o judô nas escolas. “Por meio da iniciativa dos governos do Japão e Brasil, estamos desenvolvendo iniciativas que resultem na introdução do judô nas escolas da rede pública de ensino fundamental do Brasil. Graças ao importante trabalho realizado por todos vocês professores, o Brasil possui 2 milhões de judocas e buscamos agowww.revistabudo.com.br
ra atingir uma nova etapa disponibilizando a transmissão dos nossos princípios filosóficos para o maior número possível de crianças do Brasil. Para atingir este objetivo contamos com a colaboração de todos vocês”, disse o presidente do Instituto Kodokan do Brasil. “Temos conhecimento de que a população de judocas do Brasil é dez vezes maior que a do Japão. Soube que grandes professores e importantes técnicos do Brasil estão aqui e quero externar minha alegria e a grande honra por estar diante de um público tão especializado e, principalmente, em poder dividir com vocês parte daquilo que fazemos no Japão, em nosso dia a dia. A finalidade desta viagem era apresentar nosso projeto a vocês, mas em nossa passagem por algumas cidades ficamos surpresos ao saber que o judô já está sendo ensinado em várias escolas públicas, o que nos deixou extremamente felizes. Nossa proposta visa a agregar valores simples como o respeito ao próximo e oferecer melhor qualidade de vida às futuras gerações, por meio dos ensinamentos deixados pelo professor Jigoro Kano, e acredito que este também seja o propósito de todos vocês”, disse o bicampeão mundial. Satoshi Watanabe explicou que é membro da Secretaria Nacional de Esporte do Ja-
pão e em nome do governo japonês esclareceu a razão da vinda da comitiva ao Brasil. “Desde o ano passado os governos do Brasil e do Japão desenvolvem parceria no sentido de introduzir o judô na grade escolar. O primeiro estágio dessa iniciativa foi enviar sete professores brasileiros ao Japão para conhecer como esta ação ocorre em nosso país. A segunda fase foi trazer os professores Junpei Igarashi e Hirotaka Okada a São Paulo. Estas iniciativas fazem parte do projeto Sports For Tomorrow desenvolvido pelo governo japonês, que, por meio desta iniciativa, pretende dar a sua contribuição ao desenvolvimento social de vários países, através da prática esportiva. Agradecemos a presença de vocês e contamos com a participação de todos para concretizarmos este ambicioso projeto”, disse Watanabe.
Okada surpreende pela excelente didática Buscando fomentar o desenvolvimento da base técnica do judô brasileiro, todos os anos o governo do Japão ou o Instituto Kodokan de Tóquio enviam comitivas de professores e técnicos especialistas a São Paulo. Contudo, o evento que reuniu neste sábado (10 de março) pouco mais de 300 professores na Arena Olímpica de Judô do
Mesa de honra
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INTERC ÂMBIO BRASIL X JAPÃO Ibirapuera foi um marco no intercâmbio que existe entre o Japão e o Brasil. Um dos maiores nomes do judô mundial nos anos 1990, Hirotaka Okada fez história como atleta, posteriormente se destacou como árbitro internacional e hoje é um dos judocas mais comprometidos com o projeto que visa a tornar o judô matéria extracurricular nas escolas públicas do ensino fundamental do Japão e em todos países em que o judô é praticado. Ovacionado inúmeras vezes pelos professores que o acompanharam atentamente, na palestra apresentada em São Paulo mestre Okada discorreu de forma profunda sobre os fundamentos básicos da modalidade e abordou temas simples como posição correta dos pés, caminhar, sentar e reverenciar corretamente no shiai-jo. Falou sobre protocolos e códigos do judô, com a mesma confiança e desenvoltura que dissecou técnicas como os seus tokui-wazas: osoto-gari e ko-uchi-gari maluco, criado por ele para surpreender o senpai que o venceu por muitos anos seguidos. Externando enorme respeito e cuidado para com as crianças e jovens iniciantes, mestre Okada mostrou como cada técnica poderia ser ensinada para crianças de forma segura, e na sequência revelou como ele utiliza e aplica as mesmas técnicas com adultos, empregando todo o vigor e a contundência exigidos nos esportes de combate no alto rendimento. Em segundos Okada transcendia da suavidade absoluta para o vigor total, sem esboçar a menor emoção ou expressão facial. Com grande serenidade exibia o que deve ser feito no sentido de garantir total segurança aos iniciantes e fazer com que sigam trilhando o caminho pavimentado pelo shihan Jigoro Kano, visando a um mundo melhor para todos por meio da prática de princípios como o jita-kyo -ei (se todos atuarem com o espírito de cooperação mútua, o trabalho de cada pessoa beneficia não só a si mesmo, mas também a outros) e o sei-ryoko-zen-yo (uso máximo e eficiente das energias espiritual e física de um indivíduo para realizar o propósito almejado). Após sua palestra mestre Okada explicou que desde a juventude aspirava desenvolver um trabalho pedagógico que mostrasse a preocupação do professor Kano com a educação e o desenvolvimento humano. “Desde a adolescência eu sabia que a competição seria algo transitório e naquela época eu já projetava ser um educador. Vários atletas renomados do Japão enveredaram por este caminho, pois a essência
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Professores kodanshas
Takanori Sekine, presidente do Instituto Kodokan do Brasil
Joji Kimura, Yoshiyuki Shi e Takanori Sekine
mo
ndro Puglia tsu, Hirotaka Okada, Alessa
Carismático, sensei Oka aos seus ensinamento da manteve os professores atentos s O bicampeão mundial possui
técnica refinada
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Juntos, professores posam para foto histórica
Alessandro Puglia entrega lembrança a Hirota
ka Okada
Alessandro Puglia destacou a relevância da trajetória do sensei Okada, e a importância do trabalho desenvolvido por ele no judô infantil
Takanori Sekine entre
Mário Tsutsui, Hirotaka Oka
da e Henrique Guimarães
ga lembrança a Jun
pei Igarashi
da pesquisa e do trabalho realizado pelo shihan Jigoro Kano é fundamentada na educação e no desenvolvimento humano”, disse Okada, que ainda detalhou por que focou o trabalho como crianças. “Existem vários motivos que me fizeram olhar para este caminho, mas a razão principal é mostrar que por meio do judô as crianças podem desenvolver-se socialmente e com isso podemos projetar um mundo melhor no futuro. Neste caminho existirão aqueles que se tornarão grandes campeões, mas surgirão grandes cirurgiões, advogados, sociólogos, engenheiros, pois o judô tem de cumprir seu papel social, dando sua contribuição para a sociedade. Neste sentido, é muito importante desenvolver um trabalho pedagógico específico para cada grupo de praticantes”, concluiu o mestre especialista em treinamento de judô. Renomados professores kodanshas participaram do workshop apresentado neste fim de semana. Grandes mestres paulistas acompanharam atentamente e aplaudiram a proposta apresentada por Hirotaka Okada. Entre os professores graduados estavam Sator Hirakawa, Osvaldo Hatiro Ogawa, Sadao Fleming Mulero, Luís Alberto dos Santos, Kiichi Watanabe, Henrique Guimarães, Dante Kanayama, Alessandro Panitz Puglia, Hissato Yamamoto, Yoshiyuki Shimotsu, Wagner Antônio Vettorazzi, Joji Kimura, Alcides Camargo, Rioiti Uchida, Uishiro Umakakeba, Márcio Nobuharu Iwafune, Leonel Yoshiki Matsumoto, Nélson Hirotoshi Onmura, Milton Correa, Soraia André, José Gildemar de Carvalho, Rubens Pereira, Luiz Yoshio Onmura, Wilmar Terumiti Shiraga, Mário Tsutsui, Iwan Kiko, Ademir Xavier, Roberto Forte Katchborian, Sérgio Barrocas Lex, Paulo Ferraz Alvim Muhlfarth, Takanori Sekine, Roberto Mityo Harada e Odair Antônio Borges. O workshop realizado pela FPJudô, IKB e governo do Japão contou com tradução simultânea realizada pelo professor kodansha Yoshiyuki Shimotsu, de Mogi das Cruzes (SP), que mais uma vez deu sua importante contribuição no sentido de aproximar o judô brasileiro ao do Japão. O Sport For Tomorrow é uma iniciativa capitaneada pelo governo do Japão que visa a utilizar o esporte como ferramenta no desenvolvimento social e humano. Por meio de uma iniciativa implementada conjuntamente pelo setor público e privado, o Sport For Tomorrow promoverá a prática esportiva para mais de 10 milhões de pessoas em mais de 100 países até 2020, ano em que Tóquio receberá os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de verão.
Detalhista, Okada dissecou as principais técnicas do gokio
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HOMENAGEM
Celebração dos 70 anos do sensei Cid Massahide Ioshida leva seus principais alunos a Goiânia Encontro realizado na capital do Estado contou com a participação de professores de São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins e Goiás
S
eguindo os passos de seu pai, o lendário Hideki Yoshida (8º dan), Cid Massahide Ioshida (9º dan) disseminou o judô pelo interior de São Paulo e Goiás, onde formou centenas de faixas pretas que hoje também transmitem os princípios e fundamentos do judô em vários Estados. Filho caçula de Hideki Yoshida, sensei Cid nasceu em 28 de setembro de 1948 em Campo Grande (MS), e ainda jovem começou nos tatamis, quando aos 15 anos passou a ajudar o pai nas aulas de judô. Sensei Hideki Yoshida e sua esposa, Yoshiko Yoshida, desembarcaram no porto de Santos em 1928, casaram-se no Brasil e tiveram oito filhos: seis rapazes e duas moças.
POR
PAULO PINTO I Fotos SAMUEL DE ALMEIDA
Em 1938, dez anos após sua chegada, Hideki fundou seu primeiro dojô na cidade de Bastos (SP), onde inaugurou dez filiais que ensinavam judô gratuitamente. De Bastos sensei Hideki partiu para Tupã, Marília, Presidente Prudente e Presidente Wenceslau. Em 1948 iniciou sua trajetória em Campo Grande, cidade que naquela época ainda pertencia ao Estado de Mato Grosso. Somente em 11 de outubro de 1977 o presidente Ernesto Geisel assinou a criação da nova unidade da Federação, batizada de Mato Grosso do Sul. Posteriormente sensei Hi-
deki voltou a Lins, onde fundou a Academia de Judô Linense, que chegou a contar com 17 filiais. Seus seis filhos o ajudavam nas aulas, e o caçula Cid teve destacada atuação.
Os professores kodans Pacheco, Cid Ioshida, has Leonardo Stacciarini, Joseph Guilherm Artêmio Caetano e Jos e, Georgton mar Gonçalves
Sensei Cid Ioshida e seus alunos em foto histórica
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Sensei Ioshida com alunos faixas pretas
Em 1983 a família Yoshida mudouse para Goiânia, cidade escolhida por Cid Massahide Ioshida para lançar âncora e estruturar sua vida como professor de judô e massoterapeuta. Formado em educação física, sensei Cid trabalha hoje no tratamento de dores ortopédicas crônicas, e é auxiliado pelo filho Marcelo Massahide Borges Ioshida, fisioterapeuta pós-graduado em acupuntura e traumato-ortopedia. Considerado um dos melhores professores de judô do País, pela excelente didática herdada do pai, Cid Ioshida tinha como tokui-waza o ippon-seoi-nage, o-soto-gari e tai-otoshi. Hoje sensei Ioshida é 9º dan, o professor mais graduado de Goiás.
O reencontro com velhos amigos No início do ano, Marcelo Ioshida e Leonardo Stacciarini tiveram a ideia de reunir em Goiânia alunos e amigos antigos com as últimas safras de judocas formados pelo sensei Ioshida. O encontro realizou-se em 28 de setembro, dia em que Ioshida completava 70 anos. Depois de realizarem a busca minuciosa de vários judocas, puderam realizar o sonho do professor que, mesmo tendo passado sua infância e adolescência mudando para várias cidades, jamais esqueceu os amigos e ex-alunos que formou. Entre os judocas que foram a Goiânia estavam profissionais liberais de todas as áreas e muitos professores de judô que decidiram seguir os passos e os exemplos deixados pelo mestre. Entre eles identificamos os professores kodanshas Cid Massahide Ioshida, Georgton Pacheco, Artêmio Caetano, Leonardo Ângelo Stacciarini, Josmar Amaral Gonçalves e Joseph Guilherme. E também os professores Paulo César Bicalho, Marcelo Ioshida, Elisson Cardoso, Giuliano Santana, Herbert Mota, Edson Cavalcante, Marcelo Rodrigues Torres, Zedemar Sena, Jefferson Valente, Rodolfo Wieck Júnior, Casil www.revistabudo.com.br
Cid Ioshida e Leonardo Stacciarini
Frazon, Fernando César Guilherme, Simone de Moraes, Sandro Oliveira e Hugo Brandsteter. O encontro foi uma grande mesa redonda, na qual todos os alunos de Cid Ioshida falaram sobre o período em que estiveram nos tatamis com o professor e relataram a importância desta relação na vida de cada um.
Após o encontro, bastante emocionado, sensei Ioshida revelou a alegria de rever amigos que há décadas não via e o grande prazer em saber que todos cresceram e se tornaram grandes seres humanos. “O dia 28 de setembro foi muito especial. Poder comemorar meus 70 anos ao lado de meus grandes alunos foi uma das coisas mais emblemáticas de minha vida. Fiquei muito feliz por revê-los e saber que todos cresceram profissionalmente e são excelentes pessoas na comunidade em que vivem. O judô é isso, é poder ajudar na formação da vida de cada um que escolheu o caminho suave, e este foi o grande legado deixado por meu pai, um homem que dedicou sua vida à disseminação do judô essência”, disse Ioshida.
Alunos e amigos revelam o prazer de rever o mestre Hexacampeão mundial de judô máster, o professor kodansha 6º dan Artêmio Caetano Filho é professor no Sesi. Contemporâneo do professor Ioshida, foi a Goiânia rever o amigo e reverenciar um grande judoca.
“Conheci o sensei Ioshida por volta de 1970, quando Bauru competia na Região Oeste. Ele era um atleta muito forte. Desde cedo o respeitamos muito por sua habilidade no shiai-jô e por sua simplicidade. O professor Cid sempre foi uma pessoa muito humilde, seguindo os moldes de seu pai, sensei Hideki, que era uma pessoa fantástica e um verdadeiro samurai, sempre muito prestativo”, descreveu Artêmio. Naquele período, todo um aprendizado resultante da aproximação de ambos nos tatamis resultou em grande empatia. Embora não tenha sido discípulo direto, Artêmio sentia-se como tal, pois ele sempre auxiliava
Marcelo Rodrigues Torres cumprimenta o aniversariante
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HOMENAGEM
Artêmio Caetano e Cid Ioshida
Bastante emocionado, Stacciarini relata aspectos de sua relação com Cid Ioshida
os companheiros no processo de evolução e aprendizado. “Mas este excelente período durou pouco. Em menos de dez anos eles mudaram-se para Goiás e acabamos perdendo contato.” O convite feito pelo Marcelo fundamentado em todo o carinho que sensei Ioshida guardou por todos os companheiros de Bauru surpreendeu Artêmio. “Após quase 40 anos sem nos vermos, o encontrei na mesa redonda em que diversos personagens da história do sensei Ioshida deram seu testemunho. Não poderia deixar de contribuir e expor parte daquilo que fizemos e construímos juntos; confesso que foi um dia de muita emoção e saudosismo.” Graduado em direito, o professor kodansha 7º dan Josmar Amaral Gonçalves é presidente da Federação Goiana de Judô e da Associação Esportiva Ippon de Anápolis. Ele destacou a relevância da obra de sensei Ioshida para o desenvolvimento do judô goiano. “Sensei Ioshida possui técnica extremamente apurada e contribuiu de forma relevante no desenvolvimento técnico do judô de Goiás. Pude aprender muito com seus abundantes ensinamentos e com sua experiência de vida”, detalhou. Fisioterapeuta com especialização em RPG, acupuntura e pilates, o professor kodansha Georgton Thomé Burjar Pacheco foi outro aluno de Cid Ioshida que esteve em Goiânia para demonstrar toda a gratidão e admiração que nutre pelo mestre. “Sempre digo ao sensei Ioshida que, sendo aluno dos bons, a chance de ele se tornar bom é muito maior. Ele teve um papel muito importante em minha vida
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e aprendi muito do que sei com ele. Ao mesmo tempo em que é duro, pelo jeitão japonês, também é muito gentil para explicar os detalhes de cada técnica. O professor Ioshida sempre teve o dom de moldar em seus alunos a melhor maneira para executar cada técnica. Ele sempre foi um grande didata”, disse Ton Pacheco. Outro fato que o marcou muito foi quando sensei Ioshida, que era 4º dan, lhe deu a sua faixa preta. “Usei-a até ficar desfiada”, contou. No campo pessoal ele foi decisivo na escolha da profissão de fisioterapeuta abraçada por Ton Pacheco, pois o apoiou e incentivou para que tivesse uma qualificação e uma profissão, além de professor de judô. “Penso que devemos homenagear as pessoas admiradas e queridas enquanto elas estão vivas”, finalizou Ton Pacheco. “Nada melhor do que reunir várias gerações de judocas que aprenderam com ele para dividir um momento tão importante e significativo. O encontro foi muito gratificante.” Natural de Tupã, Paulo César Ferreira Bicalho, graduado em educação física, direito e pós-graduado em direito tributário, estava entre os antigos companheiros que foram homenagear Cid Ioshida em Goiânia. Ele lembrou que começou a praticar judô de forma eventual em Tupã, em 1962 e posteriormente retomou os treinos de forma mais consistente em Pirajuí, com o sensei Hideki Yoshida, com quem adquiriu toda a base técnica. Quando passou a dar aula no Sesi de Bauru, ia esporadicamente ao dojô de Lins para aperfeiçoar seu aprendizado. “Após o horário de aula na academia, o Cid sempre estava pronto para transmitir
seus ensinamentos, com extrema humildade e sabedoria. Já naquele período ele acumulava grande conhecimento fisioterápico e ortopédico, incomuns na época, resolvendo casos que até médicos se recusavam a atender devido à gravidade”, lembrou. Segundo Paulo Bicalho, sensei Hideki Yoshida foi um ícone, um desbravador no Centro-Oeste brasileiro na implantação e no fomento do verdadeiro judô e da essência filosófica criada pelo mestre Jigoro Kano. “O encontro de Goiânia foi marcante e muito forte em minha vida. Um momento de reflexão sobre minha história, em que muitos fatores primordiais foram relembrados. A família Yoshida foi relevante e fundamental na minha formação. Lembro-me bem dos senseis Fernando, sério e disciplinador, e Juvenal, que era mais maleável, filhos também do sensei Hideki. Cid é a réplica perfeita do pai. Possui enorme conhecimento, humildade e equilíbrio. A família Yoshida é um exemplo raro no mundo judoísta.” Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia de Goiás, Marcelo Rodrigues Torres, faixa preta sho-dan, teve o primeiro contato com sensei Cid em 1987, aos 17 anos, após ter sido escalado para lutar judô nos Jogos Universitários Goianos sem nunca ter tido nenhum contato com a modalidade. Com isso Marcelo inspirou-se a procurar um professor e lhe indicaram Cid Ioshida. “Mesmo com idade avançada, o professor Ioshida conseguiu me levar a um nível de judô que ninguém acreditava que atingiria. Participei de vários campeonatos em nível nacional, JUBs, Copa Aurélio Miguel, seletivas de pan-americanos e para Jogos Olímpicos. Aos poucos percebia que a maneira como ele nos ensinava fazia com que nos preocupássemos com os menores detalhes. Aos poucos percebi que as peças se iam encaixando e de repente tudo começou a fazer mais sentido no judô”, contou Marcelo. www.revistabudo.com.br
Paulo Bicalho detalhou a importância da família Yoshida em seu aprendizado
Simone de Moraes cumprimenta Cid Ioshida
Giuliano Santana, Cid Ioshida e Georgton Pacheco
“Sensei Ioshida praticamente me adotou, pois eu estudava numa faculdade federal e não conseguia pagar a academia regularmente. Houve um tempo que ele parou de falar em mensalidade, e ainda me atendeu inúmeras vezes na clínica de osteopatia sem cobrar absolutamente nada. De quebra ainda levava nossa equipe para campeonatos fora de Goiás em sua caminhonete. Posteriormente percebi que para ele aquilo tinha outro significado e que fazia tudo por amor ao judô, mesmo tendo prejuízo.” Marcelo reconhece que só agora, depois de tantos anos, conseguiu juntar todas as peças deste quebra-cabeças. Mesmo sabendo que ele jamais seria um atleta olímpico, o sensei nunca lhe disse isso. Dizia que chegaria onde fosse possível, nunca permitindo que desacreditasse de sua capacidade. “Hoje, fora dos tatamis, continuo seguindo os ensinamentos dele.”
o professor kodansha 6º dan é árbitro FIJ A. Sem dúvida alguma ele é o aluno de Cid Ioshida com maior projeção no cenário judoísta, provavelmente por ter sido o discípulo que mais vivenciou e absorveu os ensinamentos da família Yoshida. Visivelmente emocionado no encontro, ele explicou à revista Budô que a emoção foi muito grande e não teve como conter as lágrimas. “Não tem como não ficar emocionado porque o sensei fez parte de nossas vidas e exerceu enorme influência. É praticamente igual ao meu pai, então, naquela hora, perdi a estribeira, fiquei meio sacudido”, confessou.
Após a chegada de Cid Ioshida a Goiás, o judô do Estado se desenvolveu muito. Antes dele as referências japonesas dos praticantes eram os senseis Tiuji Yamaguchi, que faleceu há uns 15 anos, e Lhofei Shiozawa, também já falecido. O sensei Tiuchi focava as crianças e o Shiozawa lidava com atletas quase formados. Não se formavam muitos competidores. Cid reequilibrou esse quadro. Formou novas gerações de atletas e a seleção de Goiás começou a crescer, chegando a ficar
O ex-atleta goiano disse que ficou muito feliz em poder participar da homenagem ao professor Ioshida e ver os sentimentos expressos por todos que estiveram no encontro, inclusive o próprio sensei. “Acredito que ele teve a sensação de missão cumprida, foi maravilhoso, mas a história não acaba aqui. O sensei Ioshida certamente continuará ajudando novos jovens judoístas a encontrarem o mesmo caminho que nós encontramos na vida.”
Stacciarini explicou que seu primeiro professor foi o sensei Ton Pacheco, e Cid Ioshida, o segundo. “Tenho uma relação muito estreita com ele, pois desde os 12 anos ele marcou forte presença em minha vida, e o admiro muito. Hoje estou com 45 anos e levo 33 aprendendo com ele.”
Um segundo pai Leonardo Ângelo Stacciarini de Resende foi quem coordenou o evento, realizado em seu dojô, na Academia Yoshida Judô, Musculação, Ballet e Dança. Formado em direito pela PUC-GO, em educação física pela Esefego e doutorando em educação pela PUC-GO, www.revistabudo.com.br
Cid Ioshida e Ton Pacheco já com a nova graduação
quase oito anos entre as três melhores do País. Surgiram então as primeiras conquistas importantes, com títulos brasileiros dos judocas Ton Pacheco, Joseph, Leonardo Stacciarini, Élsio e Leonardo Caiado. Foi a partir da chegada do sensei Ioshida que o judô teve grande crescimento nas áreas técnica e tática. Com a conquista de títulos, o número de alunos e praticantes aumentou significativamente.
“Eu e o Marcelo Ioshida tivemos a ideia de fazer este evento, assim como fizemos o dos ex-alunos do sensei Shiozawa, após seu falecimento”, concluiu Stacciarini. “Resolvemos homenagear sensei Ioshida em vida, e buscamos aproximar a Ton Pacheco pediu que garotada que está chesensei Ioshida fizesse a gando agora dos aluentrega oficial da faixa nos mais antigos, para vermelha e branca recebida recentemente que os novos possam conhecer nossa origem e propagar sua história. Ele é professor 9º dan, o único faixa vermelha de Goiás, e a sua história tem de ser divulgada. Temos de devolver a ele parte daquilo que nos ofereceu, e aproveitar seu conhecimento enquanto ele tiver forças para nos ensinar”, finalizou Stacciarini. Revista Budô número 21 / 2018
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KODANSHAS DO BRASIL
Para Shuhei Okano, o verdadeiro judoca deve dedicar-se ao desenvolvimento humano
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Atuando na base a no alto rendimento do judô brasileiro há 52 anos, o professor kodansha (9º dan) nos aproximou do Japão e ajudou a escrever a história do judô de São Paulo e do Brasil
ascido em 20 de janeiro de 1938, em Hokkaido, graduado em Direito pela Universidade de Thu, em Tóquio, Shuhei Okano é um judoca japonês educado e formado sob os preceitos e costumes da Ásia Oriental. Aos 28 anos emigrou para o Brasil e mergulhou na vida e nos costumes de um País tropical, eminentemente cristão e com sua cultura marcada pela miscigenação. Em comum com o universo japonês, Okano encontrou no Brasil apenas o judô, modalidade esportiva que praticava desde criança, chegando a capitão da equipe de
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judô da universidade, com participação em diversas competições importantes. Uma das mais marcantes ocorreu em 1964, em Osaka, dois dias após o encerramento dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Os atletas das equipes olímpicas que ficaram na reserva disputaram um amistoso que reuniu judocas de vários países, e Okano sagrou-se
vice-campeão, derrotando, inclusive, o holandês Willem Ruska, o Tarzan dos tatamis, que se tornaria bicampeão olímpico nos jogos de Munique (1972), conquistando um ouro no peso médio (+93kg) e outro no absoluto. Aos 28 anos, Okano chegou ao Brasil em 1966 para trabalhar na fábrica de lâmpadas Sadokin. Já em 1967 assumiu o comando da seleção paulista de judô, contribuindo para inúmeras conquistas. Não demorou muito para ser chamado pela Confederação Brasileira de Judô, na qual ajudou vários atletas a conquistarem títulos sul-americanos e pan-americanos entre 1968 e 1974. Shuhei Okano durante o encontro de kodanshas e lideranças realizado em São Paulo
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Sua atuação não se limitou apenas aos tatamis. Shuhei Okano contribuiu também para incrementar o intercâmbio entre os judocas brasileiros e japoneses. Em 1982 encabeçou a comissão que comemorou os 100 anos do judô e em 1995, nos festejos do centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão. A partir daí, por dezenas de anos sensei Okano promoveu vários eventos no Brasil envolvendo atletas da seleção japonesa. “Todo o intercâmbio técnico que propiciamos por décadas não seria possível sem o apoio do governo do Japão e da Federação Paulista de Judô”, disse Okano, que em 2004 intermediou junto ao governo japonês verba para a reforma da arena olímpica de judô do Ibirapuera, em São Paulo, e para a compra de 300 tatamis olímpicos. “Se o Brasil é hoje referência mundial na modalidade, devemos muito a pessoas como o professor Okano”, conta Francisco de Carvalho Filho, acrescentando que um de seus grandes méritos foi ter preservado a essência da arte marcial japonesa. “O próprio Japão perdeu a reverência e parte da filosofia de forma até mais veloz que a maioria dos países ocidentais, devido ao rápido crescimento econômico no pós-guerra. Não foi a toa que eles criaram um movimento que busca o resgate de certos valores e tradições”, explicou o presidente de honra da FPJ. A contribuição de Shuhei Okano ao judô brasileiro não parou por aí. Em 2007, com o apoio da Fundação Japão, lançou no Brasil a tradução do livro Sugata Sanshiro, considerada uma espécie de bíblia dos judocas por narrar a origem da modalidade no decorrer do século 18.
Há décadas os professores Okano e Chico desenvolvem ações em prol do judô
Sensei Okano mostrando os pontos mais vulneráveis do corpo humano
O professor Okano declarou que além de ser um grande gestor, Francisco de Carvalho foi o dirigente que mais reverenciou a tradição e respeitou a hierarquia
Outorga do kyuu-dan Em 22 de maio de 2010 a Federação Paulista de Judô realizou o campeonato paulista da classe sub 17, no Ginásio Municipal de Esportes Dr. Mário Covas Júnior, como parte do 1º Tomodati – Festival Botucatuense de Cultura Japonesa. Durante a cerimônia de abertura, foi outorgada a Shuhei Okano a faixa vermelha kyuu-dan (9º dan), graduação que apenas três professores brasileiros possuíam na época. Participaram da solenidade autoridades políticas e esportivas como Kazuaki Obe, cônsul do Japão, Eiko Obe, consulesa do Japão; João Cury, prefeito de Botucatu; Francisco de Carvalho, então presidente da FPJ. Atualmente o professor Okano é presidente de honra da Associação Kodokan do Brasil, auxiliando na área da pesquisa de dados para a história do judô no Brasil. É responsável também de numerosas publicações de cunho didático e cultural envolvendo o caminho suave. Dedica-se ainda ao aprimoramento do kowww.revistabudo.com.br
Kazuaki Obe, cônsul do Japão faz entrega do kyuu-dan (9º dan) ao professor Okano
Kazuaki Obe e Shuhei Okano em Botucatu
Kazuaki Obe, Francisco de Carvalho Filho e João Cury, ex-prefeito de Botucatu
sen judô (técnicas utilizadas em lutas de solo) e à defesa pessoal específica para mulheres. “O professor Shuhei Okano sempre mostrou preocupação com a formação do caráter e com a educação dos jovens praticantes. Ele sempre se dedicou à pesquisa e hoje foca a defesa pessoal para a mulher, comentou Hatiro Ogawa, ex-presidente da FPJ e neto de outra lenda do judô, Ryuzo Ogawa. Fazendo um balanço dos mais de 50 anos vividos no Brasil, Shuhei Okano reverenciou os imigrantes que, assim como ele, disseminaram a modalidade no País e os dirigentes brasileiros que mantiveram a tradição e o foco no caminho encetado pelo shihan Jigoro Kano. “Os ensinamentos do judô tiveram início no Brasil com os primeiros imigrantes que aqui chegaram no limiar do século passado. Graças a esta transmissão de conhecimento nosso País é hoje uma das principais potências da modalidade. Mas temos de distinguir e reverenciar o apoio e o comprometimento dos dirigentes da Federação Paulista de Judô e, em especial, do professor Francisco de Carvalho, que lá atrás teve a iniciativa de fomentar o judô, sem abrir mão da tradição e dos princípios que norteiam a modalidade”, disse Okano. Reafirmando o pensamento do mestre Shuhei, Francisco de Carvalho explicou que os fundamentos técnicos da modalidade podem e devem caminhar lado a lado com os aspectos filosóficos. “Sim. O professor Okano citou um fato marcante da gestão de nossa entidade, pois além de administrar o judô esportivo, a diretoria da FPJ sempre buscou transmitir o verdadeiro espírito do judô às novas gerações. Acreditamos fervorosamente que é possível crescer preservando a filosofia e a essência do judô”, disse o dirigente. No fim, reverenciou os japoneses pioneiros que disseminaram o judô no Brasil. “Devemos muito à imigração japonesa, potencializada na figura de pessoas como o professor Okano.” Em sua trajetória dentro e fora dos tatamis, o professor Shuhei Okano edificou os princípios que norteiam sua vida. “O verdadeiro judoca é um indivíduo que se dedica à segurança da sociedade e ao desenvolvimento humano, interagindo com outros, formando caráter magnânimo por meio de treinamento espiritual constante e dedicação aos estudos, não se dedicando exclusivamente ao treinamento físico. Para tanto precisamos compreender três coisas: entender diferentes filosofias através de amplos estudos da história e cultura universal para obter espírito tolerante; escolher o caminho real, assimilando a consideração e a misericórdia por seus semelhantes mediante estudos morais e éticos explanados pelos antigos; e ter fé na existência de Deus, respeitando e conservando a dignidade de todos os seres viventes com espírito de convivência.” Revista Budô número 21 / 2018
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IPPON
Paulista sênior exibe judô de Primeiro Mundo no coração da América do Sul Reunindo atletas da seleção brasileira, técnicos consagrados, árbitros de primeira linha e os principais clubes do País, o Paulista Sênior 2018 expôs a distância que existe entre o judô de São Paulo e o dos demais Estados e Países da América
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om o apoio da prefeitura e da Secretaria de Esporte e Lazer de Itapecerica da Serra, no dia 30 de junho a Federação Paulista de Judô realizou a fase final do Campeonato Paulista Sênior. A disputa reuniu exatos 100 clubes e associações no Centro Poliesportivo Antônio Baldusco, uma das melhores arenas esportivas do Estado, localizada em Itapecerica da Serra (SP), na região metropolitana de São Paulo. Os números do certame prenunciaram
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PAULO PINTO I Fotos ISABELA e BÁRBARA LEMOS
que esta seria uma edição diferenciada. O departamento técnico da FPJudô recebeu quase 400 pedidos de inscrição que, na prática, resultaram em 308 atletas participantes, sendo 193 do masculino e 115 do feminino. O nível técnico da competição esteve muito acima da média e evidenciou o bom momento dos judocas e das equipes paulistas. Nas 354 lutas, registraram-se 287 ippons e 57 wazaris. A plataforma Zempo contabilizou um hansoku-make, sete fusen-gachis e
dois kiken-gachis. O tempo médio dos combates foi de 03:55 minutos, sendo que 301 confrontos se encerraram no tempo normal, enquanto 55 avançaram no golden score. Um ponto bastante importante, que comprova a eficiência da equipe técnica da Federação Paulista de Judô, foi o tempo da disputa. A competição realizou-se em seis áreas e durou apenas sete horas. Os campeonatos brasileiros recebem em média apenas 240 atletas e são realizados em dois dias.
Campeã meio-leve, Eleudis Valentim em seu caminho rumo ao pódio
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Arbitragem de alto nível Entre os 40 árbitros que atuaram no certame havia grandes nomes da arbitragem mundial e continental, entre os quais destacamos os árbitros nível FIJ A, B e C, Edison Koshi Minakawa, coordenador estadual e nacional de arbitragem, Marilaine Ferrante, Takeshi Yokoti, Kendi Yamamoto, Mário Luiz Miranda, Edna Pioker de Lima, Takeshi Nitsuma, Antônio Honorato de Jesus, João David de Andrade, Eduardo Melato Neto e Leandro Alves Pereira. Entre os professores e técnicos renomados destacaram-se Orlando Sator Hirakawa, Douglas Brito Vieira, Uichiro Umakakeba, Marinho Esteves, Sumiu Tsujimoto, Gil de Carvalho, Paulo Pi, Marcos Antônio Inácio, Tiago Valadão, Marcos Dagnino, Alexandre Lee, Galileu Paiva, Andréa Oguma, Rainner Ociscki, Marcos Húngaro, Alexsander Guedes, Alex Russo, Carlos Kira Yamazaki, Marcos Sabino, Marcelo Kiwada e Denílson Moraes Lourenço. Entre os competidores havia medalhistas olímpicos, muitos judocas com várias passagens pela seleção brasileira sênior e outros que integram a seleção atual. Entre eles estavam Leandro Guilheiro, Gabriela Chibana, Vitor Torrente, Eleudis Valentim, Tawany Silva, Marcelo Fuzita, Kainan Pires, Lincoln Neves, Eduardo Katsuhiro Barbosa, Mariana Barros, Yanka Pascoalino, Amanda Oliveira, Vinicius Panini, Henrique Francini, Raphael Magalhães, Gabriel Souza, Gabriel Oliveira, Samanta Soares, Rafael Buzacarini, Ellen Furtado, Sibilla Faccholli e os pesos pesados Jonas Inocêncio, Agatha Silva e João Marcos Silva, que prometem voos muito altos nos cenários nacional e internacional. No rol das associações, clubes e academias inscritas no certame estavam alguns dos maiores clubes sociais e esportivos do país e algumas das principais escolas do Brasil, entre os quais Esporte Clube Pinheiros, Associação Desportiva São Caetano, Clube Paineiras do Morumby, Secretaria de Esporte São José dos Campos, Sesi-SP, Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo, AD Santo André, São Paulo Futebol Clube, Associação de Judô Rogério Sampaio, Seduc Praia Grande, Sociedade Esportiva Palmeiras, Associação de Judô Bastos, Club Athletico Paulistano, São João Tênis Clube, MESC São Bernardo, Associação Pessoa de Judô, ADPM São José dos Campos, Associação Namie de Judô, Associação de Judô Vila Sônia, Judô, Associação de Judô Mauá e Yanaguimori Judô Osasco. www.revistabudo.com.br
Os árbitros FIJ A, Takeshi Yokoti e Edison Minakawa
Mesmo ostentando três ouros em pan-americanos e quatro ouros em Copas da Europa, Laura Ferreira atuou como mesária na competição
Árbitros fazendo o mokutô
Árbitros convocados
Angélica Balsamão Lanzellotti Belmiro Boaventura da Silva Djalma Terto Edilson José da Silva Edna Pioker de Lima Eduardo Melato Neto Elton Rogério Carvalho da Silva Francisco Carlos Alves Gilson Tavares Hissato Yamamoto Idson de Souza Lima João David de Andrade João Manoel Costa da Rocha Kendi Yamamoto Leandro Alves Pereira Leandro Said da Costa Leandro Tomé Correa Luciana Takayama Marcos Fernandes Marilaine Ferrante Mário Koji Chibana Mario Luiz Miranda Rafael Lazareff Renato Gomes Camacho Roberto Moisés Dutkiewcz Rosilene Dourado Takeshi Yokoti Tomio Takayama Wagner Tadashi Uchida Willian Suda
Árbitros de Estatística
Takeshi Nitsuma Antônio Honorato de Jesus Danilo Takashi Oike
Árbitros Verificação Judogis
Hugo Almeida Pinto Filho Maria Cristina Antunes Amorim Rubia Renata Fabre Nádia H. Hori Suzana Nakabayashi Moriya Edson Donizette Bertolli Roberto Augusto Macedo
Perfilados, atletas fazem o juramento do atleta
Após 10:27 minutos de combate, Leandro Guilheiro cai diante de Marcelo Gomes
Outro fato marcante foi o número expressivo de professores kodanshas que participaram da cerimônia de abertura, ou atuaram na competição. Ao todo contabilizamos 27 mestres na final do sênior paulista. Os professores kodanshas que identificamos na competição são Valdir Melero, Yoshiyuki Shimotsu, Ivo Vieira Nascimento, Francisco de Carvalho Filho, Tomyo Takayama, Michiharu Sogabe, Orlando Sator Hirakawa, Pedro Jovita Diniz, Hissato Yamamoto, Antônio Honorato de Jesus, Douglas Eduardo de Brito Vieira, Takeshi Nitsuma, Uichiro Umakakeba, Belmiro Boaventura da Silva, José Paulo da Costa Figueirôa, Nélson Hirotoshi Onmura, Rioiti Uchida, Kiishi Watanabe, Leandro Alves Pereira, José Gildemar de Carvalho, Sumio Tsujimoto, Galileu Paiva dos Santos, Joji Chiba Kimura, Edison Koshi Minakawa, Takeshi Yokoti, Argeu Maurício de Oliveira e Cléber do Carmo.
Berço do judô nas Américas Tradicionalmente o Campeonato Paulista Sênior apresenta nível altíssimo, mas além do elevado número de atletas inscritos que proporcionou qualidade técnica bem acima da média, o conjunto de boas atuações de todos os segmentos resultou numa competição também acima da média e equiparada aos melhores eventos realizados na Europa. Juntos, dirigentes, atletas, árbitros, técnicos, equipe técnica da FPJudô e um público participativo e vibrante legitimaram o pensamento de que, além de ser o berço da modalidade no continente americano, em São Paulo se pratica o melhor judô das Américas. Revista Budô número 21 / 2018
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XIX C AMPEONATO PAN-AMERIC ANO DE KARATÊ-DÔ TRADICIONAL
Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô evidencia o novo momento da ITKF POR
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Reunindo centenas de atletas das três Américas em Curitiba, o evento foi o primeiro passo da retomada da International Traditional Karate Federation no continente americano e demais regiões do planeta Antônio Walger, presidente da FPKT
Autoridades durante a execução do Hino Nacional
A XIX edição do campeonato pan-americano reuniu 11 países
Sérgio Bastos, presidente da CBKT
Em sua retomada, a Confederação Pan-Americana de Karatê-dô Tradicional realizou um grande evento na PUC-PR
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Confederação Pan-Americana de Karatê-dô Tradicional (PTKF) realizou a 19ª edição do Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô Tradicional, o 7º Campeonato Pan-Americano Interclubes, o ITKF Master Course e a Nishiyama World Cup com o apoio da Pontifícia Universidade Católica, Escola Superior de Polícia Civil, E. Brasil Vigilância e Serviços e Sanepar. As três competições – Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô Tradicional, Copa Nishiyama e Campeonato Interclubes – realizaram-se de 8 a 11 de novembro na arena esportiva da PUC Paraná em Curitiba e receberam 472 inscrições. Surpreendendo até mesmo os membros da nova diretoria da Confederação Pan-Americana de Karatê-dô Tradicional, as disputas congregaram países das Américas do Sul, Central e Norte: Argentina, Canadá, Chile, Estados Unidos, México, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai, Venezuela e Brasil. A cerimônia de abertura reuniu autoridades políticas e esportivas, e grandes nomes do karatê-dô tradicional mundial marcaram presença na solenidade. Entre os presentes estavam Gilberto Gaertner, presidente da International Traditional Karate Federation (ITKF); Rick Jorgensen (Canadá), coordenador da comissão técnica da ITKF; Eligio Contarelli (Itália), membro da comissão de arbitragem da ITKF; Antônio Walger, presidente da PTKF; Sérgio Bastos, presidente da CBTK; Cristiano Barros Del Rey, coordenador e secretário estadual de Esportes; Robert Burnett, representante da reitoria da PUC-PR; Sebastião dos Santos
Equipes perfiladas
Neto, diretor da Escola Superior de Polícia Civil; Rubens Recalcatti, deputado estadual pelo PSD; os shihans Tasuke Watanabe, Takuo Arai, Dino Contarelli (Itália), Carlos Alfaro (Chile) e Ugo Arrigoni Neto; e os dirigentes estaduais Eckner Cardoso, Kazuo Nagamine e Alfredo Aires.
Homenagens Após a execução do Hino Nacional foram feitas homenagens àqueles que têm colaborado com o desenvolvimento da modalidade. Sebastião dos Santos recebeu diploma de faixa preta honorário do mestre Tasuke Watanabe. Foram homenageados Eckner Cardoso, Ugo Arrigoni Neto, Tasuke Watanabe, Takuo Arai, Rick Jorgensen, Dino Contarelli, Eligio Contarelli, Kazuo Nagamine, Sérgio Bastos, Alfredo Aires, Brad Web, John Price, Jorge Alejandro Crosa Pérez, Justo Gomez e Carlos Alfaro.
Professores, dirigentes e atletas fazem círculo no centro dos tatamis e prestam homenagem a Hidetaka Nishiyama, o fundador da ITKF
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Pronunciamentos encerram a cerimônia de abertura Após dar as boas-vindas a todos, Sérgio Bastos destacou que os princípios e valores do karatê transcendem a competição. “Este é um momento importante para todos aqueles que visam à troca de experiência e conhecimento técnico e permite que todos possam demonstrar o conhecimento que possuem. Mas desejo que todos possam demonstrar também tudo aquilo que aprenderam sobre os princípios éticos e morais que formam a base do karatê-dô tradicional. Sempre digo que a competição não é nosso principal foco, e sim o complemento do nosso trabalho”, disse o presidente da CBKT. Antônio Walger agradeceu a presença das dez delegações estrangeiras no primeiro evento continental realizado pela atual gestão e falou sobre o novo desafio à frente do karatê pan-americano. “Em 2010 realizamos aqui o campeonato mundial e naquele momento o grande desafio era promover o desenvolvimento contínuo do karatê. Agora assumo a presidência da PTKF, e nossa principal missão é promover a expansão e o crescimento do karatê nas Américas; para tanto pretendo me empenhar integralmente neste objetivo. Todos nós reconhecemos e enaltecemos o esforço que cada um de vocês desenvolveu para estar aqui conosco, e afirmo que trabalhamos com afinco para retribuir a iniciativa de vocês realizando um grande evento”, afirmou o presidente da PTKF. Após saudar a todos, Sebastião dos Santos Neto destacou o importante papel do karatê na formação de crianças e jovens, e desejou boa sorte a todos os competidores. “Desejo que tudo corra bem, que valorizem o espírito esportivo, que voltem para casa bem e que vençam os melhores Revista Budô número 21 / 2018
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XIX C AMPEONATO PAN-AMERIC ANO DE KARATÊ-DÔ TRADICIONAL de cada categoria”, expressou o diretor da Escola Superior de Polícia Civil do Paraná. Enaltecendo a participação dos grandes mestres do karatê mundial no ITKF Master Course 2018, realizado na quinta-feira (8), Gilberto Gaertner destacou a importância da presença dos dirigentes de vários países do continente americano, nos vários eventos realizados pela PTKF com o apoio da ITKF e CBKT.
“Estamos realizando o campeonato pan -americano, evento muito significativo que une as Américas e esperamos que não sirva apenas como um certame competitivo, mas que promova a integração entre os povos e cumpra assim algumas das principais finalidades do karatê-dô tradicional: educar e desenvolver seus praticantes, no mais amplo sentido”, disse o presidente da ITKF. O mestre Takuo Arai foi convidado a fazer a saudação do karatê tradicional e o mestre Tasuke Watanabe proferiu o Dojô Kun, conjunto de regras a ser seguido pelos praticantes de karatê, inspirado no Bushidô, e foi seguido por todos os atletas perfilados nos tatamis. Na sequência, Suelen Souza fez o juramento do atleta, encerrando a cerimônia de abertura e abrindo oficialmente a competição. Antes, porém, professores, dirigentes, atletas e autoridades foram convidados a fazer um círculo no centro das seis áreas montadas no ginásio da PUC-PR para, juntos, fazerem um minuto de silencio em memória de Hidetaka Nishiyama (1928 – 2008), o fundador da ITKF.
A tradição e o budô nos tatamis
Gilberto Gaertner, presidente da International Traditional Karate Federation
Eligio Contarelli, Tasuke Watanabe e Rick Jorgensen
Sebastião dos Santos recebeu diploma de faixa preta honorário do mestre Tasuke Watanabe e Antônio Walger
Professores estrangeiros sendo homenageados na cerimônia de abertura
Antes mesmo de começarem os combates, quando dezenas de praticantes ainda faziam aquecimento, notamos a forte presença do budô nas áreas montadas para a disputa continental, por meio dos marcantes fundamentos do karatê-dô: o kihon, o kata e o kumitê, pilares do karatê-dô tradicional. Importantes elementos de uma prática esportiva que não se perdeu e não se degenerou para atender interesses midiáticos ou comerciais. Ginchin Funakoshi dizia que o objetivo maior do karatê não é a vitória nem a defesa, mas o aperfeiçoamento do caráter dos seus praticantes. No campo ético, Funakoshi pregava que os princípios do karatê tratam de questões do caráter e da espiritualidade, assim como da necessidade de coragem, honestidade, perseverança e, o que é mais importante, humildade — virtudes que encontram expressão na cortesia e no respeito, já que o karatê começa e acaba com a saudação e o respeito.
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Dirigentes durante a cerimônia de abertura
Tasuke Watanabe com parte das atletas da seleção brasileira em visita a Escola Superior da Polícia Civil
Atletas e dirigentes posam para foto no encerramento do certame
7º Pan-Americano Interclubes e 19º Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô Tradicional A PUC-PR sediou o 7º Pan-Americano Interclubes de Karatê-dô Tradicional e o XIX Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô Tradicional. Contando com a participação de equipes da Argentina, Uruguai, Chile e Brasil, a competição interclubes totalizou 306 inscrições de atletas e 33 de agremiações do continente americano, e premiou as equipes que buscam firmar-se no cenário competitivo da International Traditional Karatê Federation. A Academia Souza (PR) foi a campeã geral do certame, somando 136 pontos. A Kiai Artes Marciais (PR) ficou em segundo lugar, totalizando 120 pontos, e a Academia União da Força (MT) ficou na terceira colocação com 117 pontos. A IKTU do Uruguai somou 104 pontos e terminou na quarta colocação, enquanto o Dojô Dentô do Paraná atingiu 95 pontos para assegurar a quinta colocação. A Academia Bodhidharma, de Curitiba, totalizou 91 pontos e garantiu a sexta colocação.
Brasil é campeão geral e Uruguai é vice-campeão Reunindo 166 atletas e 11 países – Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, México, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela –, esta edição foi marcada pela determinação da nova gerawww.revistabudo.com.br
O pódio do kumitê por equipes masculino
ção de atletas que busca conquistar espaço e se firmar no cenário internacional da ITKF. As quatro principais forças da disputa foram a Argentina, Brasil, Canadá e Uruguai, e a equipe verde e amarela levou a melhor, totalizando 903 pontos com 41 medalhas de ouro, 29 de prata e 39 de bronze conquistadas no kata e kumitê. Os uruguaios, vice-campeões, totalizaram 68 pontos com cinco medalhas de ouro e duas de bronze conquistadas no kata e kumitê. A Argentina ficou em terceiro lugar obtendo uma medalha de prata e cinco de bronze, que proporcionaram 34 pontos. O Canadá ficou em quarto com uma medalha de ouro, uma de prata e uma de bronze, que garantiram 21 pontos.
Um novo momento e um grande desafio Com a eleição da nova diretoria somada à determinação demonstrada pelos dirigentes espalhados por todo o planeta, o karatê ITKF vive de fato um novo momento e sai de Curitiba renovado e fortalecido. Novas medidas estão sendo tomadas pela recém-eleita diretoria, com o objetivo de projetar o karatê tradicional em novos e revigorantes cenários. O ambicioso projeto que visa a implantar o Traditional Karate University by ITKF é um grande exemplo desta mudança de foco e postura de gestão. Os valores socioeducativos do karatê ITKF e a efetividade das técnicas adicionados ao potencial marcial e defensivo que a modalidade reformulada por Hidetaka Nishiyama efetivamente possui se contrapõem as dificuldades e divisões que dominaram a organização após o falecimento do mestre Nishiyama, em 2008.
Cabe ao novo presidente e à sua diretoria firmarem acordos que viabilizem os novos projetos e as medidas que projetem rapidamente a ITKF em nível mundial. Arrisco dizer que a morte dos grandes mestres e a ida de outros para entidades diferentes poderão resultar em novo momento para um dos esportes de combate mais efetivos e complexos, e que até hoje é fundamentado eminentemente no budô. Revista Budô número 21 / 2018
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WORLD JUDO CHAMPIONSHIP VETERANS 2018
Na disputa do bronze do M3 (73kg), o paulista Bahjet Hayek jogou o argentino Luís Pablo Corulo de ippon com um potente seoi-nage
Mesmo sem apoio da CBJ, o Brasil faz história em Cancún, e conquista título inédito de
Campeão Mundial Máster
Com 51 medalhas – 20 de ouro, 13 de prata e 18 de bronze – veteranos brasileiros superaram os franceses, que levaram a maior delegação ao México, e ainda ficaram à frente de potências como Alemanha, Japão e Rússia
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um Campeonato Mundial que reuniu 789 judocas de 45 países em Cancún, no México, de 17 a 20 de outubro, a delegação brasileira foi a segunda mais numerosa, com 122 homens e 22 mulheres, atrás apenas da França, com 148 representantes. Os judocas brasileiros fizeram uma campanha histórica conquistando o título inédito de campeões gerais do certame. Foram 51 medalhas, sendo 20 de ouro, 13 de prata e 18 de bronze.
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N.T. MATEUS I Fotos BRANDENBURGER AURELIAN
Entre os medalhistas brasileiros, destacaram-se Gleyson Alves (M4 -60kg), que conquistou seu oitavo título mundial; Cristian Cezário (M2 -60kg), pentacampeão; Nelson Onmura (M7 -73kg), tetracampeão; e Mário Sabino (ouro no M4 -100kg), atleta olímpico em Sydney 2000 e Atenas 2004. Mas, como bem lembrou o presidente da Associação Veteranos de Judô do Rio de Janeiro, Oswaldo Simões Filho, o su-
cesso de atletas que viajam com recursos próprios e pagam altas taxas para competir acentua o fracasso neste ano das equipes brasileiras contempladas com os recursos da Confederação Brasileira de Judô e do Ministério do Esporte. Independentemente dos milhões de reais despejados pela Gestão de Alto Rendimento anualmente na classe sênior, a seleção brasileira voltou o Azerbaijão com uma única medalha de bronze conquistada por Erika Miranda na categoria até 52kg. www.revistabudo.com.br
Parte da equipe brasileira em Cancún
“A CBJ precisa dar mais atenção para os veteranos”, disse Simões. “Alguns têm performances invejáveis, mas muitos permanecem eternos desconhecidos. É preciso dar destaque a esses heróis e premiar o esforço que desenvolveram para representar o Brasil.” Ele sugere que a confederação estabeleça um planejamento para a classe máster, que promova seminários com atletas veteranos, possibilitando a troca de experiência com os mais jovens, ou treinamentos de campo, nos quais os mais experientes poderiam demonstrar suas técnicas. Em resumo, Simões cobra “um pouco de valorização e troca de informações para que os mais jovens possam saber o que é dedicação ao judô de forma íntima e voluntária, investindo do próprio bolso por amor ao judô”, coisa que as novas gerações de judô nem imaginam o que significa. Não que a CBJ fique completamente alheia aos veteranos. Ela recolheu R$ 11.520,00 dos brasileiros que foram a Cancún, a título de taxa de inscrição. E ainda se fosse só isso: cada judoca pagou R$ 562,00 à FIJ pela inscrição e mais R$ 168,00 pela carteiri-
Árbitros FIJ A que atuaram na competição
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nha. Todos custearam suas passagens, hospedagem e despesas com alimentação. A verdade é que a CBJ jamais deu importância ao judô máster. Se as competições existem hoje, é por iniciativa da Federação Paulista de Judô, a primeira a organizar e promover torneios para a categoria, em 1994. O primeiro Campeonato Brasileiro Máster realizou-se em 1997, em Bauru (SP) por iniciativa do professor Artêmio Caetano Filho. E, embora tenham a chancela da CBJ (que cobra taxas de inscrição dos atletas), os campeonatos estão sob responsabilidade das federações estaduais, ou melhor, São Paulo. Este ano a Federação Cearense de Judô realizou uma grande competição para os veteranos em Fortaleza, mas geralmente é a FPJudô que realiza o brasileiro máster. Atualmente, a gestão de alto rendimento da CBJ investe quase todos os recursos a classe sênior, pouco sobrando para o sub 21 e demais equipes da base. A categoria máster nem existe para a CBJ, pois todos os eventos do calendário anual recebem recursos do Ministério do
Esporte, que não disponibiliza recursos para a classe veteranos. O valor da taxa cobrada pela CBJ dos atletas que vão aos mundiais é de R$ 80,00; nas competições por kata, são cobrados R$ 80,00 para participação em cada kata (R$ 120,00 em dois katas, R$ 160,00 em três, R$ 200,00 em quatro e R$ 240,00 em cinco katas).
Atletas comemoram resultados e cobram apoio Elton Quadros Fiebig (go-dan), gaúcho de Santa Maria, 46 anos radicado em São Paulo desde a infância, e medalhista de bronze em Cancún, usa um tanto de ironia ao se referir ao apoio da CBJ aos veteranos. “Faço tudo sozinho. Entro na plataforma Zempo, pago as taxas e tenho de me virar. A CBJ nunca deu bola para o judô máster”, conta. Mesmo reconhecendo o esforço de Matheus Theotônio, presente no evento como voluntário, Fiebig acha pouco. “O Matheus responde pelos eventos da entidade, está sobrecarregado, não conhece nossos problemas. Precisamos de representatividade, de alguém comprometido com a categoria e que tenha vínculo com os atletas. Alguém que nos escute e dê soluções às nossas demandas.” As dificuldades não impediram que ele ficasse feliz com a participação brasileira, e principalmente por ter encontrado veteranos da região Norte e Nordeste que nem conhecia. “Isso me impressionou. A França levou mais atletas, mas vencemos Revista Budô número 21 / 2018
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Os árbitros que atuaram na área 1: Dan Ionescus (Romênia), Harald van Mulukom (Holanda), Carlos Lazaga (México), Diane (Estados Unidos), Paulo Ferreira (Brasil) e Mark Hirota Estados Unidos
O pódio do M7 (73kg) o paulista Nelson Onmura - Campeão
graças à ajuda do feminino. As mulheres realmente fizeram a diferença.” Fiebig acredita que na Europa as condições do campeonato seriam diferentes, “desde a arbitragem tendenciosa até a quantidade de lutadores do continente”. Atletas de destaque do sênior estão cada vez mais retornando ao esporte e trazendo mais competitividade para a categoria. Neste ano, no M4 Pesado, havia quatro veteranos que já haviam vencido o mundial sênior em anos anteriores, além do campeão europeu. O ouro ficou com Ivan Radu, atleta olímpico em Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sidney 2000. Fiebig perdeu para o ucraniano Oleksii Ovcharenko na semifinal, numa luta controversa, e ganhou o bronze contra o gigante alemão Jens Peter Bischof, de 2,25 m, campeão do ano passado. A comparação do sucesso dos veteranos com os resultados fracos da seleção principal é inevitável. Ele acha que os atle-
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“Fiquei muito feliz com o resultado do time brasileiro. Pela primeira vez ficamos em primeiro lugar e conquistamos um título inédito. Fiquei satisfeito com a minha performance e pelo resultado que premiou um ano inteiro de muita dedicação. Atualmente, moro no subúrbio de Houston (EUA), onde é raro encontrar academias de judô. Agradeço a todos que me apoiaram e torceram por mim, em especial a minha esposa Tatiana Neder, Cristian Cezário e Rodrigo Motta. Dedico este ouro ao nosso querido amigo Marco Aurélio Trinca. Mesmo estando em outro plano, sentimos sua energia de guerreiro em Cancún”, disse o paranaense Maurício Neder, campeão do M6 (81kg)
O pódio do M6 (66kg) Sílvio Uehara (SP) - Campeão
tas da classe sênior, se comportam como estrelas devido aos salários e benefícios, deixam de fazer o essencial, que é suar o judogi e ralar a cara todo dia. “Na minha época, quando não havia nenhum apoio, o Aurélio Miguel nunca deixou de treinar por achar que estava em outro nível. Hoje quem chega à seleção se acomoda, busca pontuação no ranking mundial, mas internamente não tem o menor compromisso com resultados para suas equipes e depois quebram a cara lá fora.” Fiebig reconhece que a CBJ tem excelentes quadros e gostaria de ver um técnico específico para cada categoria de peso do sênior. Isso daria oportunidade para técnicos e atletas fazerem um trabalho mais específico, “Mas se não isto foi feito para a Olímpiada do Rio em 2016, quando havia grana, agora é que não vão fazer.” Ele também não está convencido da presença de Yoko Fujii como técnica da seleção.
Detentor de vários títulos quando jovem, Fiebig acumula seis medalhas pela Federação Mundial de Veteranos (quatro ouros, uma prata e um bronze) em duas participações com equipes, individual e absoluto, e cinco pela Federação Internacional de Judô (FIJ), sendo um ouro, duas pratas e dois bronzes. Por isso, rejeita a ideia de que os mais velhos busquem os louros que não conseguiram na juventude. Claro que todos gostariam de ter sido campeões olímpicos e mundiais, mas as condições para tanto eram muito adversas. “Estamos a anos-luz daquela época. Hoje, desde a base, três ou quatro equipes viajam pelo mundo competindo e ganhando experiência com recursos do Ministério do Esporte. Antigamente, era preciso ser titular ou treinar com os titulares para obter informação do exterior. Quem não estivesse num grande centro não tinha oportunidade.” www.revistabudo.com.br
Superação e satisfação pessoal “Ser o melhor do mundo naquilo que se ama fazer não tem preço”, comemorou Gleyson Ribeiro Alves (go-dan), depois de conquistar seu oitavo título de campeão mundial de judô máster. “Dá uma sensação de superação e satisfação pessoal, depois de muito treino e dedicação.” Mas não tem sido fácil participar das competições organizadas pela FIJ, devido à falta de apoio da CBJ aos atletas da categoria. “Melhorou um pouco agora”, diz, “mas continua precário.” Para juntar o dinheiro necessário para ir a Cancún, por exemplo, Gleyson teve até de fazer rifa. “Não é fácil bancar as viagens para quem tem família e um monte de conta para pagar todo mês”, desabafa. Mas o problema financeiro não é tudo. Ele gostaria que os veteranos fossem mais reconhecidos, valorizados pela CBJ, pois, além de atletas, são professores e também espelho para as novas gerações. A falta de apoio e o medo de sofrer lesões já fizeram Gleyson pensar até em parar de competir. “Se eu machucar, ficarei numa situação complicada porque sou professor de educação física, defesa pessoal e judô. Preciso do meu corpo para trabalhar.” Antes de competir na classe máster o judoca mineiro teve uma carreira de vencedor em diferentes categorias. “Fui medalhista brasileiro juvenil, júnior, sênior, militar, universitário e integrei a seleção brasileira em todas elas”, lembra. “Gostaria que os veteranos fossem mais reconhecidos e valorizados pela CBJ, pois, além de atletas, são professores e também espelho para as novas gerações” Membro da comissão de graus da Federação Mineira de Judô, Gleyson ministra vários módulos de padronização para os candidatos a faixa preta e graus superiores. Para ele, o judô de academia passa por dificuldades – número crescente de praticantes, mas professores mal preparados em algumas escolas –, enquanto a prática competitiva e em projetos sociais fica limitada aos grandes clubes, como o Minas Tênis Clube. Gleyson lamentou a falta de torneios da classe máster em Minas, mas acredita que isso se deve à falta de interesse dos praticantes. “A maioria gosta de treinar, e não de competir”, explica o octacampeão mundial. www.revistabudo.com.br
Nélson Onmura, o pentacampeão mundial máster exaltou o nível técnico do certame realizado com o apoio da Federação Mexicana de Judô: “O Campeonato Mundial de Cancún foi muito difícil e emocionante. Consegui superar todas dificuldades e, pela quarta vez conquistei o título de campeão mundial.”
O pódio do M4 (100kg) também teve dobradinha brasileira com Mário Sabino (SP) campeão e Glauber Aragão medalha de bronze
O pódio do F2 (52kg) com a paulista Lilian Terada - Campeã
Preparação explica os resultados
Oliveira) e o bronze (Argeu Cardoso). A busca pela liderança, na verdade, começou há alguns anos. Houve vitórias e derrotas, mas o grupo não abandonou seus objetivos. No mundial de 2016, em Fort Lauderdale (EUA), por exemplo, a delegação foi ainda maior: 156 inscritos. Faixa preta ni-dan, Cezário não conheceu grandes conquistas até a classe sênior. Foi na categoria máster, em que começou há oito anos, depois de formado, que pôde dedicar-se mais aos treinos e participar de competições. Além de pentacampeão mundial, foi também pentacampeão pan-americano e sul-americano e hexacampeão brasileiro, entre outros feitos. Otimista, Cezário avalia que a classe veteranos vem num crescendo muito grande e que as federações e confederações dão uma atenção maior depois que a FIJ assumiu a organização dos campeonatos mundiais. “Deixou de ser somente um festival, como muitos pensavam, e tornou-se um grande certame. Os atletas vão mais preparados e o nível técnico cresce a cada ano”, explicou o pentacampeão máster.
Ouro em Cancún na categoria M2 -60kg, Cristian Cezário subiu ao lugar mais alto do pódio em mundiais másteres pela quinta vez consecutiva. Mais do que feliz pela conquista, o campeão não se mostrou surpreso com a chegada do Brasil em primeiro lugar na classificação geral. Ele faz parte do Instituto dos Camaradas Incansáveis (ICI), uma associação que valoriza sobremaneira os atletas veteranos. “Neste ano o estímulo e a organização foram diferentes, com o Desafio Nacional de Veteranos que a Judô Veteranos Brasil organizou em fevereiro e que atingiu o impressionante número de 2.292 atletas treinando simultaneamente no Brasil inteiro e até em Angola”, explicou. “Os atletas sentiram-se estimulados a participar de um campeonato mundial, nos organizamos, criamos condições e fomos com uma equipe fortíssima para o México.” Na categoria em que Cezário conquistou o ouro, outros dois brasileiros conquistaram a prata (Welington
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WORLD JUDO CHAMPIONSHIP VETERANS 2018 Retorno às competições e aos pódios Depois de ficar oito anos sem competir no mundial, o professor Mário Sabino (yon-dan) foi a Cancún decidido a trazer a medalha de ouro na categoria M 4 -100kg. E conseguiu, repetindo o feito de 2007 no M1. Frequentador assíduo e vencedor dos principais campeonatos másteres, Sabino coleciona títulos de bicampeão pan-americano, campeão sul-americano e tetracampeão brasileiro, entre outros. Faixa preta ainda juvenil, foi um atleta vitorioso e integrou as seleções brasileiras sub 21, universitária, militar e principal, participando de duas Olimpíadas.
Na fase classificatória o paulista Adriano Silva M1 (73kg) joga o norte-americano Adam Moyerman de ippon com um sode espetacular O pódio do M4 (+100kg) teve dobradinha brasileira no bronze com Elton Fiebig (SP) e Joseph Guilherme (GO)
O pódio do M4 (66kg) teve dobradinha brasileira com o maranhense Márcio Barbosa campeão e o paulista Leandro Borges medalha de bronze
O pódio do M2 (60kg) teve um trio brasileiro: Cristian Cezário (SP) campeão, Welington Oliveira (MT) prata e Argeu Cardoso (SP) bronze
O pódio do M2 (+100kg) o paulista Josué Gomes Braganca Júnior - Campeão
O pódio do M4 (60kg) com a dobradinha brasileira entre Gleyson Alves (MG) campeão e Alexandre Nogueira (SP) vice-campeão
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Para ele, o máster tomou proporções muito grandes, de nível profissional, chamando a atenção das entidades. E está satisfeito com essa evolução. “Assisti ao primeiro campeonato brasileiro máster aqui em Bauru. Dava para contar nos dedos os atletas de cada classe e a divisão dos pesos era de 10 em 10 kg. Ele também ficou impressionado com a disposição dos veteranos. “Muitos atletas tiveram de abdicar do alto rendimento para se tornar profissionais em outras áreas. Estudaram, formaram
famílias cedo, e hoje têm a chance de competir internacionalmente, fazendo isso com muito amor e dedicação ao judô. Vibram muito em cada conquista, e são muito unidos”, diz entusiasmado. Quanto ao mundial do México, considera que o nível foi elevadíssimo, com os Países brigando pelo título máximo medalha por medalha até o fim. E o Brasil destacou-se contra adversários de peso, como França e Rússia. Ele acredita que a classe máster ainda vai trazer resultados muito expressivos para o País. Não reclama da fal-
Classificação Individual World Judo Championship Veterans 2018
MASCULINO M1 -60 Kg 2º Bruno Vieira (SP) M1 -73 Kg 1º Adriano Silva (SP) 2º Thiago Macena (SP) M1 +100 Kg 1º Ewerton Pereira (SP) 2º Rafael Brito (PR) M2 -60 Kg 1º Cristian Cezario (SP) 2º Welington Oliveira (MT) 3º Argeu Cardoso (SP) M2 -73 Kg 1º Flavio Pinheiro (BA) M2 -90 Kg 3º Anilton Júnior (BA) M2 -100 Kg 3º Daniel Rocha (GO) M2 +100 Kg 1º Josué Gomes Braganca Júnior (SP) M3 -66 Kg 1º Vlamir Dias (SP) M3 -73 Kg 3º Bahjet Hayek (SP) M3 -81 Kg 3 Everson Silva (SP) M3 -90 Kg 2º Victor Queiroz (DF) M3 -100 Kg 3º Wilson Caldeira (SP) M4 -60 Kg 1º Gleyson Alves (MG) 2º Alexandre Nogueira (SP) M4 -66 Kg 1º Márcio Barbosa (MA) 3º Leandro Borges (SP) M4 -73 Kg 3º César Rocha (SP) M4 -90 Kg 3º Denison Santos (SP) M4 -100 Kg 1º Mário Sabino (SP) 3º Glauber Aragão (SP) M4 +100 Kg 3º Elton Fiebig (SP) 3º Joseph Guilherme (GO)
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M5 -60 Kg 3º Gláucio Bernardes (RJ) M5 -66 Kg 1º Clóvis Kuno (PR) M5 -81 Kg 3º Shigueto Yamazaki Jr. (SP) M6 -66 Kg 1º Silvio Uehara (SP) M6 -73 Kg 1º Joao Velloza (SP) M6 -81 Kg 1º Mauricio Neder (PR) M6 -90 Kg 2º Fernando C. Guilherme (GO) M6 -100 Kg 3º Walter Vieira (GO) M7 -60 Kg 1º Edson Silva (DF) 2º Luiz Moreira (SP) M7 -73 Kg 1º Nelson Onmura (SP) M7 -81 Kg 3º Marco Alencar (RJ) M8 -66 Kg 2º Luiz Nascimento (BA) FEMININO F1 -63 Kg 3º Marilia Moreira (RJ) F2 -52 Kg 1º Lilian Terada (SP) F2 -78 Kg 1º Mirian Fernandes (SP) 3º Ana Paula Silva (SP) F3 -48 Kg 1º Rosileide Barroso (MS) F3 -70 Kg 1º Thelma Rossa (PR) F3 +78 Kg 1º Fernanda Oliveira (SP) F4 -57 Kg 2º Maria Aparecida Maia (SP) F4 +78 Kg 2º Carla Prado (SP) F5 -70 Kg 2º Rosangela de Oliveira (SP) F6 -63 Kg 2º Fátima Camargo (SP)
ta de apoio, mas entende que a categoria não pode ser esquecida. Sabino explicou que voltou a competir em 2018 porque desde os Jogos Rio 2016 colaborou em apenas um evento da CBJ, e não queria ficar parado. Sua meta agora é voltar a trabalhar na comissão técnica da confederação, tendo em vista a proximidade dos Jogos Pan-Americanos e Mundial em 2019 e da Olimpíada de Tóquio em 2020. “Quero ajudar os atletas a vencerem suas competições e colocar o Brasil no seu devido lugar, entre os melhores do mundo”, assegurou.
São Paulo lidera quadro de medalhas e dez Estados sobem no pódio em Cancún Não obtivemos acesso à origem dos 144 bravos guerreiros brasileiros que foram ao México, mas com a importante ajuda do pentacampeão mundial, Cristian Cezário conseguimos identificar os Estados dos 51 judocas que subiram no pódio do mundial veteranos realizada no México. Com 12 ouros, 8 pratas e 11 bronzes, São Paulo totalizou 31 medalhas e assegurou uma liderança absoluta no quadro de medalhas brasileiro. Ratificando a forte presença na classe máster, e surpreendendo até os mais otimistas o Estado do Paraná assegurou a vice-liderança nacional conquistando três medalhas de ouro e uma de bronze. Totalizando uma medalha de ouro, uma de prata e uma de bronze, a Bahia terminou a disputa em terceiro lugar. O Distrito Federal assegurou a quarta colocação com uma medalha de ouro e uma de prata. Minas Gerais, Maranhão e Mato Groso do Sul dividiram a quinta colocação conquistando uma medalha de ouro. O Estado de Goiás ficou em sexto lugar com uma medalha de prata e três medalhas de bronze. O Estado do Mato Grosso se garantiu em sétimo lugar conquistando uma medalha de prata, enquanto o Rio de Janeiro ficou na oitava colocação totalizando três medalhas de bronze. Paradoxalmente, o gaúcho Carlos Eurico da Luz Pereira, o Cacá, coordenador da classe veteranos da Confederação Brasileira de Judô não foi a Cancún devido a problemas pessoais, o que nos impediu de obter maiores informações sobre a delegação brasileira que foi ao campeonato mundial veteranos. Em breve divulgaremos os projetos e as principais metas do judô máster, para a próxima temporada. Revista Budô número 21 / 2018
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LEGADO
Max Trombini, Alberto Senna, Chiaki Ishii, Miyako Yamazaki, Uichiro Umakakeba, Yasushi Noguchi e Naomi Umakakeba Sensei Umakakeba falando sobre a homenagem recebida do governo japonês
Participantes do encontro do IKB Hatiro Ogawa, Nobuharu Iwafune, Uichiro Umakakeba, Shiro Matsuda, Francisco de Carvalho e Yasuhiro Sogabe
Participantes do encontro
Instituto Kodokan do Brasil
homenageia professores agraciados com a comenda Kasato Maru
D
Entre os 110 imigrantes homenageados pelo governo do Japão estavam os professores kodanshas Shiro Matsuda (RJ), Michiharu Sogabe (SP) e Mitsugu Iwafune (MG)
iversas entidades estão promovendo em vários pontos do Brasil enorme gama de eventos comemorativos dos 110 anos de imigração japonesa. Na tarde de sexta-feira (24), o Bunkyo Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa de Assistência Social outorgou a comenda Kasato Maru para 110 homenageados, em cerimônia realizada pela Comissão para Comemoração dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil. A finalidade da comenda é identificar e homenagear as pessoas físicas e jurídicas que contribuíram para o desenvolvimento da comunidade nipo-brasileira e para o crescimento da relação entre Brasil e Japão. Entre os imigrantes homenageados pelo governo japonês estavam os professores kodanshas Shiro Matsuda (7º dan), radicado na Região dos Lagos, em Macaé (RJ); Michiharu Sogabe (9º dan), radicado no Vale do Paraíba, na cidade de São José dos Campos (SP), e Mitsugu Iwafune (7º dan), professor falecido que difundiu o judô em Belo Horizonte e várias regiões de Minas Gerais. Após a cerimônia, o Instituto Kodokan do Brasil (IKB) ofereceu jantar a várias autoridades e personalidades de destaque do judô nacional, entre as quais Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da Fe-
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POR
PAULO PINTO I Fotos LUCIA SILVA
deração Paulista de Judô (FPJudô); Takanori Sekine, presidente do IKB, e esposa Itsuko Sekine; Shuhei Okano, presidente de honra do Instituto Kodokan do Brasil, e esposa Reiko Okano; Hatiro Ogawa, presidente do Hombu Budokan, e a filha Karina Ogawa; Shiro Matsuda e esposa Regina Celi; Maria Mikiko Sogabe e Yasuhiro Sogabe, esposa e filho do sensei Sogabe; Nobuharu Iwafune e esposa Ana Iwafune; Uichiro Umakakeba e a esposa Linda Naomi Umakakeba; Jiro Ayoama, delegado da 7ª DRJ; Fuminori Kanegane, diretor financeiro do Instituto Kodokan do Brasil, e esposa Yukie Kanegane; Lúcia Silva, assistente do sensei Matsuda; Gustavo Carvalho Ferrari e Max Trombini, coordenador da AJB. Takanori Sekine explicou por que o Instituto Kodokan do Brasil prestou homenagem aos professores laureados pelo governo japonês. “O IKB não poderia deixar de comemorar a outorga feita pelo governo do Japão aos professores Michiharu Sogabe, Mitsugu Iwafune e Shiro Matsuda, pelos relevantes serviços prestados na difusão da cultura japonesa. Aproveitamos a oportunidade para comemorar também a premiação feita pelo
Ministério das Relações Exteriores do Japão ao professor Uishiro Umakakeba e referendar a indicação do professor Jiro Aoyama, delegado da 7ª DRJ, que foi nomeado pelo governo do Japão coordenador do Projeto do Judô nas Escolas de 2018, cargo ocupado pelo sensei Uishiro Umakakeba em 2017”, disse o dirigente, que também falou sobre a origem desta iniciativa. “As homenagens prestadas a estes grandes professores de judô fazem parte da comemoração dos 110 anos da imigração japonesa no Brasil. Comemorações e festejos que no mês de passado trouxeram ao Brasil a princesa Mako e oito governadores de províncias do Japão”, concluiu o presidente do IKB. Em seu pronunciamento, o professor Shuhei Okano explicou a importância das premiações feitas aos professores Umakakeba, Sogabe, Matsuda e Iwafune. “A comenda Kasato Maru homenageia os imigrantes japoneses que desbravaram o Brasil, país distante e com história e cultura muito diferentes das japonesas, e reverencia o esforço daqueles que vêm trabalhando na divulgação dos valores e princípios culturais do Japão na orientação e formação de crianças brasileiras, por meio dos ensinamentos do mestre Jigoro Kano”, disse Okano. www.revistabudo.com.br
No encontro o professor Okano explicou que ofereceu este jantar e fez questão de convidar as esposas dos homenageados. “Tenho certeza de que o trabalho de vocês não foi fácil, mas com o auxílio e o empenho de suas respectivas esposas venceram os desafios e chegaram onde estão. Por isso fiz questão da presença delas e ligamos para todas convidando pessoalmente”, disse o presidente de honra da IKB. O professor Hatiro Ogawa traduziu a fala de Reiko Okano, a esposa do sensei Okano, que enfatizou o empenho dos professores japoneses que, apesar das dificuldades e limitações idiomáticas, transmitem os aspectos técnicos e filosóficos do judô. “Casei-me com sensei Okano e na época não entendia nada de judô. Hoje continuo não entendendo, mas percebo que a dedicação de meu marido e demais senseis envolvidos na difusão do judô proporciona muitos benefícios na formação do ser humano. Admiro muito o trabalho de todos os professores, em especial os que ensinam o judô”, externou Reiko Okano. Responsável pela iniciativa de realizar o encontro, Shuhei Okano exigiu a presença de Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô, no jantar comemorativo. “Gosto muito do professor Francisco. Ele é um dos brasileiros que mais conhece a cultura japonesa, por isso fiz questão da presença dele. O Francisco começou no judô muito cedo, e seu sensei o educou dentro daquilo que ensinamos às crianças no Japão. É por isso que ele desenvolveu uma visão mais ampla dos hábitos e costumes japoneses. Ele valoriza muito as nossas origens, os princípios e a hierarquia”, concluiu sensei Okano
Os homenageados Nascido em 4 de abril de 1933 na cidade de Miyako, na província de Iwate, no Japão, Mitsugu Iwafune chegou ao Brasil em 14 de julho de 1959 e iniciou a difusão do judô em 1960 na cidade de Itaquaquecetuba (SP). Posteriormente mudou-se para Belo Horizonte e formou judocas nas cidades de Poços de Caldas, Ipatinga e Belo Horizonte. Em 30 de outubro de 2006 o professor kodansha 7º dan faleceu, deixando como legado a transmissão dos princípios do judô a milhares de brasileiros. Representando o pai na cerimônia de outorga da comenda Kasato Maru e no jantar oferecido pelo IKB, Nobuharu Iwafune comentou a homenagem feita a seu pai www.revistabudo.com.br
pelo Bunkyo Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e o Instituto Kodokan do Brasil. “Foi uma grande honra ver a o esforço e a dedicação de meu pai destacados numa cerimônia tão importante. Agradeço o jantar oferecido pela IKB, assim como o reconhecimento do trabalho de meu pai no cenário judoísta nacional”, disse Sensei Nobuo. Uma das maiores referências do judô na Região dos Lagos, o professor Shiro Matsuda foi o representante do Estado do Rio de Janeiro no evento realizado pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e no jantar oferecido pelo IKB. Em sua avaliação da iniciativa do Instituto Kodokan do Brasil, o professor kodansha de Macaé falou de sua admiração por sensei Okano, e destacou a importância do judô no cenário sociocultural do Brasil. “Em cada encontro que tenho com o professor Okano sinto como se estivesse voltando para a família, para o lugar onde respiro o ar do judô e vou tomar água da fonte. Há sempre o gosto do aprendizado com o pai, que quer passar suas experiências de adaptação a uma nova geração sem perder a essência e a espinha dorsal do verdadeiro judô”, disse Matsuda. “Entendo que a premiação feita aos quatros professores comprova o grau de importância do judô no Brasil. Cada pessoa homenageada desenvolveu um trabalho relevante em prol do judô e da cultura japonesa, e o governo do Japão acertou ao reverenciar homens e mulheres que dignificam o país”, disse Matsuda sensei. Promovido a faixa vermelha 9º dan em 11 de dezembro de 2014, o professor kodansha Michiharu Sogabe é uma das maiores referências entre os professores paulistas em atividade. Membro da comissão de graduação da Confederação Brasileira de Judô, Sogabe teve um compromisso com a CBJ e foi representado por sua esposa e filho nos dois eventos realizados em São Paulo. “Recebi a notícia de minha indicação com muito orgulho, principalmente por estar sendo homenageado pela divulgação e a manutenção da cultura japonesa no Brasil. Acredito que o grande legado dos imigrantes tenha sido o aporte cultural que o Japão disponibilizou aos brasileiros. O Brasil recebeu engenheiros, economistas e muita gente capacitada e que, devido à dificuldade do idioma, atuaram inicialmente na lavoura e na agricultura. Como descendente de japoneses sinto-me honrado por ter de alguma forma colaborado na expansão da cultura deles”. Disse Sogabe.
Agradecendo a homenagem feita pelo governo japonês, Uichiro Umakakeba dividiu os méritos desta conquista com todas pessoas que o apoiaram e incentivaram. “Recebi a homenagem do governo do Japão com extrema honra. Atribuo este tributo primeiramente a Deus que me abençoa, e aos meus pais que sempre me incentivaram a buscar meus próprios caminhos. Agradeço também ao professor Chiaki Ishii, que me ensinou o judô competitivo, e não posso deixar de dividir esta importante homenagem com a comunidade de Bastos que sempre nos apoiou financeiramente o que permitiu que em 1990 inaugurássemos um dos maiores dojôs do Brasil”, disse Umakakeba. Fazendo um balanço final das homenagens prestadas aos professores de origem japonesa, Francisco de Carvalho Filho lembrou que todos são referência em seus Estados. “Recebi o convite feito pelo professor Shuhei Okano, e fiquei muito feliz por saber que três judocas haviam sido homenageados no evento realizado pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa. Isto comprova a importância do judô no cenário cultural do Japão, da mesma forma que a realização do encontro promovido pelo Instituto Kodokan do Brasil em São Paulo reafirma a pujança do nosso Estado na modalidade”, disse o dirigente paulista. “O professor Okano é uma referência para todos nós, atuou na seleção japonesa de judô, foi técnico da seleção brasileira e edificou um histórico extremamente importante para o nosso judô, e entendo que devemos evidenciar e valorizar sua atuação em nosso cenário, já que ele é um dos poucos professores japoneses ainda em atividade”, enfatizou o dirigente, que concluiu endossando o a importância do trabalho realizado pelos professores premiados. “Os professores homenageados pelo governo japonês e pelo Ministério das Relações Exteriores do Japão desenvolveram um trabalho importantíssimo para o judô em suas regiões e Estados. Além de formar medalhistas olímpicos, o professor Umakakeba construiu o maior dojô do Brasil em Bastos. O sensei Shiro Matsuda é a maior referência de nossa modalidade na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Sensei Mitsugu Iwafune foi um dos introdutores do judô em Minas Gerais. O professor Michiharu Sogabe teve papel importantíssimo na gestão da FPJudô, em todo o Vale do Paraíba. O governo do Japão fez uma justa homenagem a quatro professores notáveis”, concluiu Francisco de Carvalho. Revista Budô número 21 / 2018
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JUDÔ PAULISTA
Em encontro de kodanshas, FPJudô reinaugura dojô do CAT e homenageia Mário Matsuda Ícones dos tatamis como Massao Shinohara (10° dan), Shuhei Okano (9° dan) e Michiharu Sogabe (9° dan) participaram da homenagem feita à maior lenda do kata do Brasil
E
POR
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS/FPJUDÔ
m solenidade que reinaugurou oficialmente o dojô do Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da Federação Paulista de Judô (FPJudô), a diretoria da entidade homenageou o professor kodansha (8º dan) Mário Katsumi Matsuda, falecido em 30 de dezembro de 2017. O encontro realizado no dia 6 de maio, no dojô do CAT, reuniu 36 professores kodanshas e oito delegados regionais e foi prestigiado por mestres como Massao Shinohara (10° dan), Shuhei Okano (9° dan) e Michiharu Sogabe (9° dan). Os três professores, apesar das dificuldades inerentes à idade bastante avançada, não mediram esforços para homenagear e reverenciar um dos
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maiores judocas do Brasil de todos s tempos. Os principias dirigentes da FPJudô participaram da solenidade, entre os quais estavam o presidente Alessandro Panitz Puglia; Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra; José Jantália, vice-presidente; Joji Kimura, coordenador técnico; e os delegados regionais Akira Hanawa 14ª (DRJ); Argeu Maurício de Oliveira (3ªDRJ), Cléber do Carmo (12ª DRJ); Jiro Aoyama (7ª DRJ); Osmar Aparecido Feltrim (6ª DRJ); Roberto Joji Chiba Kimura (10ª DRJ); Sidnei Paris (8ª DRJ) e Wilmar Shiraga (5ªDRJ). Familiares do sensei Mário Matsuda também estiveram no encontro de kodanshas. O filho Rodrigo Matsuda, a nora
Andréia Lumi Matsuda, a neta Naomi Matsuda, a sobrinha Meire Matsuda e Rafael Rossi, aluno do sensei Mário, participaram do descerramento da placa. Além da reinauguração oficial do dojô do CAT e a homenagem prestada, no encontro Alessandro Puglia nomeou o professor kodansha (8º dan) Dante Kanayama coordenador geral dos exames de graduação da FPJudô. “Peço desculpas pela demora desta indicação, mas fazemos este convite em função dos relevantes serviços prestados à nossa entidade, nas últimas décadas, e tendo a certeza de que com a sua colaboração certamente os exames de graduação da FPJudô deverão acompanhar o processo de ajuste e aperfeiçoamento que o judô paulista vive”, disse o dirigente paulista, que finalizo u fazendo um apelo em japonês ao professor Dante: “Onegai-shimasu, sensei Kanayama”. Na ocasião o presidente da FPJudô também apresentou a nova comissão de graduação da FPJudô, composta por cinco professores.
Professores e dirigentes posam para foto no encerramento do encontro histórico
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Dirigentes e familiares descerram a placa do dojô Mário Katsumi Matsuda
“O nosso departamento técnico decidiu criar uma nova comissão de graduação da Federação Paulista de Judô. Com isso, todas as solicitações acima de go-dan do Estado de São Paulo serão encaminhadas a esta comissão, que fará uma pré-avaliação e posteriormente decidirá se as enviará ou não para a comissão nacional de graduação da Confederação Brasileira de Judô”, explicou Alessandro Puglia. Os membros da recém-criada comissão de graduação do Estado de São Paulo são os professores kodanshas Celestino Seiti Shira, Umeo Nakashima, Kanefumi Ura, Yoshiyuki Shimotsu e José Gomes de Medeiros. Membro da comissão nacional de graduação da Confederação Brasileira de Judô, sensei Michiharu Sogabe deu boas-vindas ao grupo recém-criado pela FPJudô. Alessandro Puglia explicou que a homenagem feita a Mário Matsuda é uma forma de gratidão ao esforço e à persistência de um professor que dedicou sua vida ao desenvolvimento técnico do judô. “Tive a felicidade de ser aluno do sensei Matsuda no dojô da Rua Bom Pastor, no Ipiranga. Era um espaço muito pequeno, onde transbordava o frutífero trabalho pedagógico desenvolvido por ele. Acho que tudo aquilo que começa de forma correta acaba gerando bons frutos e, pedagogicamente falando, sensei Matsuda ensinava judô com carinho e disciplina. Todos os professores que aprenderam com ele expressam forte sentimento de gratidão. Fez inúmeras incursões pelo interior, contribuindo sobremaneira no desenvolvimento técnico de todas as regiões do Estado,
e por muitos anos foi responsável pelo departamento técnico de nossa entidade. Mário Matsuda ajudou a construir o judô que existe hoje em São Paulo, e pela grande contribuição que ofereceu para a modalidade, a partir de hoje este dojô levará seu nome como forma de gratidão de todas as gerações que tiveram e terão a felicidade de desfrutar um pouco do amor que ele dedicou a nossa modalidade”, afirmou o dirigente paulista. José Jantália relatou a natureza de um professor que dedicou a vida ao saber e à transmissão do conhecimento que acumulou em sua jornada nos tatamis. “Faço questão de me pronunciar porque tive o prazer de conviver e conhecer o sensei Matsuda. O conhecimento é muito profundo. É algo que todos nós carregamos em nossas mentes e em nossos corações, e o sensei Mário Matsuda possuía um verdadeiro amor ao conhecimento. Algo que vai ao encontro da etimologia da palavra, ou seja, no significado da palavra. No grego, a palavra conhecimento vem de sofia, que expressa o saber daquele que possui conhecimento e é erudito. Mas se formos para o latim, ela expressa o saberi, que é o gosto e o prazer. Para fazermos tudo aquilo que fazemos bem feito, temos de fazer com gosto. E era por isso que o professor Matsuda transmitia seus ensinamentos de forma plena. Ele tinha conhecimento, e o transmitia com gosto e grande prazer. Vivi momentos com Mário Matsuda que deixaram marcas indeléveis em minha vida, e aprendi muito com ele. Ele possuía um lado irreverente, mas colocava o conhecimento acima de qualquer coisa. Era
Ao lado de Francisco de Carvalho, Shuhei Okano e Massao Shinohara abrilhantaram a homenagem feita ao professor que dedicou sua vida ao aperfeiçoamento técnico do kata
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Rodrigo Matsuda descerra a placa que homenageia seu pai, um dos maiores judocas que o Brasil conheceu até aqui
desprovido de orgulho, doava-se a todos de forma equivalente e cultuou o conhecimento até o último instante de sua vida”, disse o vice-presidente da FPJudô. Bastante emocionado, o professor kodansha Osmar Aparecido Feltrim lembrou que todos os judocas aprendem a cair, levantar e enfrentar o que vem pela frente, mas além do grande carisma o professor Mário Matsuda possuía uma filosofia de vida que o diferenciava dos demais judocas. “Todos sabem que moro em Fernandópolis, a 600 quilômetros da capital, e quando recebi este convite eu fiz questão de levantar de madrugada e vir ao CAT para homenagear uma pessoa que nos ensinou muita coisa sobre as técnicas do judô, porém ensinou muito mais sobre a filosofia e a história de nossas próprias vidas. Um dos mais expressivos alunos do professor Yoshio Kihara, sensei Mário Matsuda foi um dos maiores seres humanos que conheci e com o qual tive o prazer conviver. Quando meu filho sofreu um acidente, ele sempre encontrava uma forma para me confortar. Uma vez disse que nós sempre vemos a felicidade dos outros e nunca lembramos da nossa, e sentenciou que temos a obrigação de somar na felicidade dos outros, mas temos a obrigação de fazer com que a nossa seja sempre maior, pois ninguém tem a obrigação e nem o compromisso de saber de nossas dores e dificuldades. Que ao cumprimentar uma pessoa devemos fazê-lo de forma alegre, plena, e transmitindo a melhor energia possível. Possuía uma filosofia de vida totalmente diferente, e nunca víamos o Mário triste ou chateado. Ele
Professores kodanshas durante a cerimônia
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JUDÔ PAULISTA
Tadashi Kimura, Alessandro Puglia, Hatiro Ogawa, Francisco de Carvalho, Maurílio Cesário, Shuhei Okano e Massao Shinohara Cléber do Carmo, José Gildemar Carvalho, Alessandro Puglia, José Raimundo da Silva, Francisco de Carvalho e Joji Kimura
Dirigentes, professores e familiares se preparam para o ritsu-rei
O novo dojô do Centro de Aperfeiçoamento Técnico do judô paulista foi rebatizado diante de uma geração nonagenária que conseguiu manter acesa a chama e o sonho dos migrantes que no início do século passado introduziram no Brasil o esporte fundado por Jigoro Kano em 1882
Imediatamente todos acataram, se calaram e silenciosamente fizeram uma oração para o amigo querido
Professores kodanshas no encontro Massao Shinohara Michiharu Sogabe Shuhei Okano Celestino Seiti Shira Dante Kanayama Odair Antônio Borges Umeo Nakashima Valdir Melero Francisco de Carvalho Filho José Gomes de Medeiros Josino Francisco de Souza Luiz Yoshio Onmura Maurilio Cesário Osmar Aparecido Feltrim Tadashi Kimura Yoshiyuki Shimotsu Alessandro Panitz Puglia Antônio Roberto Coimbra Argeu Maurício de Oliveira Neto Cláudio Kiyoshi Kanno Cléber do Carmo Gerardo Siciliano Henrique Serra Azul Guimarães Jiro Aoyama José Gildemar Carvalho José Paulo da Costa Figueiroa José Raimundo da Silva Kanefumi Ura Leandro Alves Pereira Leonel Yoshiki Matsumoto Milton Trajano da Silva Osvaldo Hatiro Ogawa Roberto Joji Chiba Kimura Sérgio Barrocas Lex Sidnei Paris Wilmar Terumiti Shiraga
10º dan 9º dan 9º dan 8º dan 8º dan 8º dan 8º dan 8º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan
Parte dos professores que estiveram no encontro
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Gerardo Siciliano recordou a pré-disposição de Mário Matsuda para auxiliar o próximo
Chico do Judô pontuou que além do conhecimento adquirido com o professor Kihara, Mário Matsuda possuía uma didática inigualável
sempre era amável, preciso e positivo. Acho que era meio sensitivo porque sempre que alguém estava meio caído ele notava e dizia uma palavra de conforto”, relatou Mazinho. Extremamente atento a tudo que aconteceu no encontro que homenageou seu querido amigo, Massao Shinohara parabenizou a iniciativa da FPJudô e todos que participaram desta grande homenagem. “Tive o prazer de conviver com o professor Mário Matsuda, e posso afirmar que ele, ao lado dos professores Yoshio Kihara e Miguel Suganuma, foi uma das pessoas mais importantes no processo de desenvolvimento técnico no kata do Brasil. Como pessoa ele foi um ser humano espetacular e quero parabenizar a diretoria da federação paulista por esta importante iniciativa. Hoje eu estou muito feliz”, concluiu o professor kodansha 10º dan.
Kanefumi Ura lembrou os recursos pedagógicos do professor do bairro do Ipiranga
Joji Kimura enalteceu o legado técnico deixado pelo professor Matsuda
“Conheço muitas pessoas que são verdadeiras sumidades, mas, quando chega o momento de transmitir o conhecimento que possuem, isto não acontece por dificuldade ou pela soberba.” Na sequência Alessandro Puglia pediu que o professor kodansha Francisco de Carvalho Filho definisse quem foi o professor Mário Matsuda. “Tentar falar ou definir o Mário Matsuda é algo muito difícil, e paradoxalmente, é uma coisa extremamente simples. Se cada um de nós for falar sobre ele, vai contar uma história sobre a relação que teve com ele e obrigatoriamente relatará sua simplicidade. Contudo, o grande legado do professor Mat-
Professores kodanshas durante a cerimônia
Bastante emocionado, sem ninguém esperar o professor kodansha 10º dan se aprumou na cadeira de rodas, encheu o peito e usando toda a sua força proferiu “mokutô”
Alessandro Puglia e José Jantália ajustam detalhes da cerimônia
Os professores kodanshas Valdir Melero e Francisco de Carvalho
O professor Massao Shinohara oferece flores para Naomi Matsuda
Shuhei Okano entrega flores para Meire Matsuda
A família Matsuda abrilhantou a homenagem organizada pela FPJudô
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Osmar Aparecido Feltrim lembrou que o professor Mário Matsuda possuía uma filosofia de vida que o diferenciava dos demais judocas
Alessandro Panitz Puglia presta homenagem ao professor Mário Matsuda
suda é o exemplo ético e moral que deixou para todos nós. Mas atendendo à solicitação do Puglia vou falar quem era o Mário que eu conheci e com quem convivi por décadas, ao lado de senseis como Nobuo Suga e Miguel Suganuma. Muita gente detém conhecimento, mas o difícil é fazer o que ele fazia: transmitir todo conhecimento que possuía. Ele punha tudo para fora com a maior simplicidade do mundo. Conheço muitas pessoas que são verdadeiras sumidades, mas, quando chega o momento de transmitir conhecimento, isto não acontece por dificuldade ou pela soberba. Já o Mário era muito simples ao transmitir o que sabia. Não vou tentar definir sua personalidade, buscar definições sobre seu caráter ou características, pois todos que o conheceram sabem quem ele foi e podem avaliar a sua importância em nosso cenário”, disse o dirigente, que preferiu externar o carinho e o amor que todos têm por ele. “Quando cheguei ao comando da FPJ ele assumiu um compromisso com o sensei Nobuo Suga, e eu gostaria muito que o sensei Miguel Suganuma estivesse aqui, hoje, pois ele participou desse encontro bem no início de minha administração. Tínhamos o compromisso de levar o judô para o interior, e num determinado dia ele e o professor Suga pegaram um carro rumo a várias cidades e regiões do Estado. A ideia era ficarem 15 ou 20 dias na estrada sem voltar para casa, e fiquei sabendo que eles fariam o último curso desta viagem em Rio Claro, e fui para aquela cidade. Quando cheguei eles estavam com o carro estacionado na rua, e amarraram cordas no carro para pendurar os judogis que haviam lavado para dar o último curso daquela viagem. Essa era a vida dele, e não havia tempo ruim ou dificuldade que fizesse com que ele esmorecesse ou desanimasse. De forma simples e objetiva, a vida do Mário Matsuda se resumiu no ensino e na difusão do judô essência criado pelo sensei Kano. Tudo que falarmos sobre ele aqui é pouco, e o que eu quero apenas é que todos vocês externem aos familiares dele, que aqui estão, todo o carinho e o amor que guardamos por ele, e não porque ele faleceu, mas é porque ele está vivo entre nós”, cravou Chico do Judô Revista Budô número 21 / 2018
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C AMPEONATO PAULISTA ASPIRANTE 2018
Campeonato Paulista Aspirante encerra o calendário esportivo da FPJudô em altíssimo nível
O Paulista Aspirante exibiu lutas eletrizantes
A última competição oficial da temporada reuniu mais de mil judocas das classes mirim, pré-juvenil, juvenil e sênior em São Bernardo do Campo
C
POR
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS e MARCELO LOPES/FPJUDÔ
om o apoio da Prefeitura de São Bernardo do Campo, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou a fase final do Campeonato Paulista Aspirante das classes sub 9, sub 15, sub 18 e sênior no dia 29 de setembro no ginásio municipal de esportes Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo (SP). A competição recebeu pouco mais de mil judocas e foi disputada em 12 áreas. Para chegar à fase final do torneio, os judocas tiveram de vencer as seletivas das etapas regionais e inter-regionais.
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A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades políticas e esportivas, empresários e apoiadores da FPJudô. Entre eles estavam Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Takanori Sekine, presidente do Instituto Kodokan do Brasil (IKB); Masayoshi Kurosaki, presidente da Ajinomoto do Brasil; Jony Sugo, presidente da Federação Paulista de Kendo (FPK); Alex Mognon, vereador licenciado de São Bernardo do Campo; Roberto Joji Shiba Kimura, coordenador técnico da FPJudô; Seiji Takagi, diretor operacional de Amino Science da Ajinomoto www.revistabudo.com.br
do Brasil; José Antônio Jantália, vice-presidente da FPJudô; Yutaka Tsunoda, gerente de planejamento estratégico da Ajinomoto do Brasil; Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJudô; Henrique Guimarães, medalhista olímpico nos Jogos de Atlanta 1996; e os delegados regionais Osmar Aparecido Feltrim, o Mazinho, 6ª DRJ Araraquarense; Raul de Melo Senra Bisneto, 4ª DRJ Alta Paulista; Cléber do Carmo, 12ª DRJ Mogiana; Akira Hanawa, 14ª DRJ Vale do Paraíba; Wilmar Terumiti Shiraga, 5ª DRJ Noroeste; Hissato Yamamoto, 1ª DRJ Capital; Argeu Maurício Oliveira, 3ª DRJ Centro-Sul; Sidnei Paris, 8ª DRJ Oeste; e André Gonçalves, 13ª DRJ Alta Sorocabana. Também ocuparam lugar na mesa de honra os professores kodanshas Michiharu
Sogabe, Celestino Seiti Shira, Alcides Camargo, Antônio Honorato de Jesus, Belmiro Boaventura da Silva, Dante Kanayama, Galileu Paiva dos Santos, Gerardo Siciliano, Gerardo Oscar Birbier, José Gomes de Medeiros, Kanefumi Ura, Milton Ribeiro Correa, Osvaldo Hatiro Ogawa, Paulo Ferraz Alvim Muhlfarth, Paulino Tohoru Namie, Pedro Jovita Diniz, Rioiti Uchida, Roberto Luís Fuscaldo, Takeshi Nitsuma, Takeshi Yokoti, Umeo Nakashima, Valdir Melero e José Sinésio Vanzella.
Participação inédita A cerimônia de abertura do Campeonato Paulista Aspirante 2018 registrou um
fato inédito no judô paulista: a apresentação de várias duplas de kendo, modalidade esportiva japonesa fundamentada na espada. Capitaneados por Jony Sugo, presidente da Federação Paulista de Kendo, os praticantes desta arte marcial centenária encantaram o público que lotou o ginásio de esportes Adib Moysés Dib. A demonstração dos kendocas recebeu aplausos efusivos dos judocas, que ficaram surpresos com a plástica e a dinâmica da modalidade coirmã. Após dar boas-vindas a todos os judocas que estavam no evento, Alex Mognon reafirmou que São Bernardo do Campo é a cidade do judô paulista. “É com enorme prazer que mais uma
Atletas perfilados no shiai-jo
Mesa de honra
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C AMPEONATO PAULISTA ASPIRANTE 2018 vez São Bernardo do Campo sedia um evento do judô paulista. É também com grande prazer que recebemos cada um dos senhores professores, técnicos e dirigentes desta importante modalidade esportiva. Reafirmo que São Bernardo é a casa do judô e em nome do prefeito Orlando Morando dou boas-vindas a todos”, disse Mognon. Após agradecer o apoio recebido da Autoridades durante a execução do Hino Nacional Prefeitura de São Bernardo do Campo, todos os membros da mesa, árbitros, professores, atletas e seus familiares, Alessandro Puglia parabenizou os atletas que conseguiram conquistar vaga para disputar a fase final do Campeonato Paulista Aspirante. “Parabenizo cada um de vocês pela importante conAlex Mognon reafirmou que São Bernardo é quista de uma vaga na gran- Alessandro Puglia enfatizou a importância de os pais lerem a mensagem do mangá a cidade do judô de final do paulista aspirante produzido pela IKB das classes mirim, pré-juvenil, juvenil e sênior. Sabemos que para chegar aqui vocês tiveram de enfrentar os melhores judocas de sua cidade, região e das delegacias regionais que concorrem com as delegacias de vocês. Aos poucos estão construindo a estrada que os levará à elite do judô paulista e nacional. Parabenizo também os pais que fazem este importante investimento em seus filhos. Aproveito para agradecer ao professor Alessandro Puglia presta homenagem a Masayoshi Shuhei Okano e a Takanori Sekine, presiKurosaki, presidente da Ajinomoto do Brasil dente de honra e presidente do Instituto Kodokan do Brasil, respectivamente, por terem ofertado os mangás distribuídos aos jovens judocas que aqui estão. Faço um agradecimento especial à Ajinomoto do Brasil, que patrocinou a iniciativa do IKB e ofertou milhares de publicações didáticas sobre o judô”, disse o dirigente. Diretor geral da Ajinomoto do Japão para a América Latina, Masayoshi Kurosaki falou sobre a importância do projeto Victory. “Visando a otimizar o deatletas da seleção brasileira de Kendo exibiram sempenho dos judocas brasi- Os as técnicas desta vibrante arte marcial japonesa leiros nas Olimpíadas de Tóquio 2020, a Ajinomoto do Brasil criou o projeto Victory, que disponibiliza alimentação balanceada e o suplemento Amino Vital aos atletas brasileiros. Mesmo após os Jogos de Tóquio manteremos este projeto e as parcerias que visam a incrementar e fortalecer a prática esportiva”, disse o Apresentação de Kendo durante dirigente da multinacional alimentícia. a cerimônia de abertura
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Joji Kimura presta homenagem a Jony Sugo, presidente da Federação Paulista de Kendo
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Masayoshi Kurosaki enfatizou a importância do projeto Victory
Alessandro Puglia, Joji Kimura, José Jantália, Marilaine Ferrante e Takeshi Yokoti com os árbitros que atuaram brilhantemente na competição
Arbitragem faz evento paralelo
Alessandro Puglia, Masayoshi Kurosaki e Takanori Sekine
A arbitragem do evento foi comandada pelos experientes árbitros FIJ A Marilaine Ferrante e Takeshi Yokoti, que lideraram os 24 árbitros convocados e os 11 voluntários que Seiji Takagi e Yutaka Tsunoda atuaram no certame. Em paralelo à competição o departamento de arbitragem da FPJudô realizou exame para os 32 árbitros que foram aprovados para atuar no Estado de São Paulo. Além dos 35 árbitros convocados e voluntários, a arbitragem que atuou na disputa contou com os 32 candidatos, quatro check-in judogi, dois coordenadores e sete examinadores.
Categoria aspirante cada ano mais forte Devido ao grande número de áreas de disputa, mesmo contando com pouco mais de mil atletas a competição terminou antes das 18 horas, ratificando a qualidade da equipe técnica da Federação Paulista de Judô. As lutas fluíram e em nenhum momento houve áreas paradas ou vazias. A divisão aspirante avança a passos largos em São Paulo, o que propicia uma importante renovação para a divisão especial. Cerca de 1.800 judocas das classes mirim, infantil, infanto-juvenil, pré-juvenil, juvenil e sênior participaram da fase final do paulista aspirante realizada em São Carlos e São Bernardo. Mas, se forem contabilizados os que disputaram as fases regional, inter -regional e final da competição durante a temporada, é gigantesco o número de atletas que se preparam para ingressar e estrear na divisão especial, promovendo a renovação que o judô paulista e brasileiro necessitam periodicamente.
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Mauá sedia o Campeonato Paulista Veteranos de Judô Competição realizada no Ginásio Poliesportivo Celso Daniel reuniu centenas de judocas das 16 delegacias regionais da Federação Paulista de Judô POR
PAULO PINTO I Fotos BÁRBARA LEMOS/BUDÔPRESS
Autoridades durante a execução do Hino Nacional
José Jantália comandou a homenagem prestada a Mário Manzatti
Voltando às competições em altíssimo nível, aos 42 anos André Gonçalves (de judogi azul), o delegado regional da 3ª DRJ foi campeão peso médio do M3 Dirigentes e autoridades na mesa de honra
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om o apoio da prefeitura e da Secretaria de Esporte e Lazer de Mauá, a Federação Paulista de Judô realizou o Campeonato Paulista de Veteranos e o Campeonato Paulista de Kata de 2018. As competições reuniram neste sábado (28), no Ginásio Poliesportivo Celso Daniel, em Mauá, 267 atletas vindos das 16 delegacias regionais do judô paulista, que brigaram pelos pontos do ranking estadual da classe veteranos e lutaram por medalhas na disputa do shiai veteranos. A cerimônia de abertura teve a presença de autoridades políticas e esportivas, entre as quais Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô e secretário de Serviços Urbanos de Mauá; Alessandro Panitiz Puglia, presidente da FPJudô; Salvador Cruz, secretário de Esporte e Lazer de Mauá, que representou a prefeita Alaíde Damo (MDB); Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô; Davi Alves de Oliveira e Hugo César Silva, executivos da empresa Davi Caminhões; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; Cláudio Calasans Camargo, vereador de São José dos Campos; e Murilo Saba, diretor da MKS Sports, patrocinadora da FPJudô, além de vários delegados regionais e professores kodanshas. Considerado o torneio mais forte do calendário nacional da classe veteranos, o campeonato paulista desta temporada foi a última competição preparatória para os campeonatos sul-americano e pan-americano másteres, que
se realizam na Argentina, em agosto. Nas seis áreas montadas pelo departamento técnico da FPJudô desfilaram nomes consagrados do judô máster, entre eles Mário Sabino Júnior, Elton Quadros Fiebig, Nelson Hirotoshi Onmura, Jéssica do Amaral, Marco Aurélio Trinca, Paulo Ricardo Castelanos Souza, Bahjet Rached Kassem Said, Cristina de Almeida Castilho, Sérgio Kazuo Noda, Carlos Hideaki Kawahara, Fabiana da Costa Norberg, Rogério Shinobe, Maria Aldevânia Alves Santos, Jurandir de Lira Matos da Silva, Denison Soldani Santos, Antônio Tadeu Tardelli Uehara, Fátima Belboni de Camargo, Ricardo Yukio Koga, Rogéria Cozendey da Silva, Walter Teixeira Júnior, Sílvio Tardelli Uehara, Acácio Valdemar Lorenção Júnior, Reinaldo Seiko Tuha, Cristian Cesário e Rogério Valeriano dos Santos. Em seu pronunciamento Alessandro Puglia pediu que os competidores que estavam no shiai-jo e também são professores que não se esquecessem de focar o aspecto socioeducativo do judô. “Peço a todos os judocas que irão competir que façam o treinamento diário em seus dojôs de forma séria e comprometida. Sabemos que o judô não é apenas a disputa por medalhas, e mesmo competindo devemos preservar os princípios de nossa modalidade, não esquecendo que trabalhamos com crianças e jovens. O judô é transformador e não podemos negligenciar a questão pedagógica de nossa modalidade”, lembrou o dirigente.
Atletas perfilados durante a execução do Hino Nacional
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C AMPEONATO PAULISTA VETERANOS Francisco de Carvalho destacou que a classe máster tem o poder de resgatar judocas que por diversos motivos se afastam do ambiente federativo e competitivo. “A classe veteranos é um projeto antigo da FPJudô, e num passado não muito distante existia apenas em São Paulo. Não havia judô máster no Brasil ou fora de São Paulo. Quando iniciamos esta classe a CBJ não tinha despertado para a importância das competições máster. Somente fora do País havia disputas anuais promovidas pela World Masters. Hoje eu olho para o shiaijô e percebo a importância deste certame vendo professores de Lindoia, Osasco, Ribeirão Preto e demais regiões do Estado competindo, e conseguimos expressar a representatividade que esta classe possui hoje. Sem contar que a classe máster promove o resgate de praticantes e até professores que se haviam afastado do cenário esportivo. Desejo boa sorte a todos e espero que não tenhamos nenhum tipo de incidente disciplinar nesta competição, pois vocês são referência para todos os seus alunos”, disse Chico do Judô. Na sequência foi comemorado o aniversário de Mário Sílvio de Oliveira Manzatti, o mais antigo e querido colaborador do judô paulista. Conhecido por sua dedicação a todos os setores da modalidade e querido por seu comprometimento com os destinos do judô paulista, por alguns minutos Mário Manzatti foi aplaudido pelos atletas que, em pé e perfilados, primeiro gritaram seu nome e depois cantaram Parabéns a Você. “Parabenizar e premiar autoridades e atletas é um bom e costumeiro hábito praticado pela FPJudô. Mas a homenagem feita ao amigo Mário Sílvio de Oliveira Manzatti, além de justíssima e emocionante, foi marcada por uma ímpar e fantástica manifestação espontânea de apoio, carinho e admiração. Todos os judocas presentes aplaudiram muito e cantaram. Todos aqueles que militam e frequentam o ambiente judoísta paulista reconhecem seu trabalho dedicado, anônimo, incansável e imprescindível. Fui honrado em ter sido indicado para entregar o presente ao Mário. O espírito de confraternização registrado neste evento também merece destaque: foi muito legal! Parabéns Mário San e parabéns a todos os verdadeiros amigos do judô”, comemorou José Jantália. Ainda na cerimônia de abertura a diretoria da FPJudô homenageou as integrantes da primeira equipe feminina do judô de
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Os atletas vibram na comemoração do aniversário de Manzatti
Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô e secretário de Serviços Urbanos de Mauá
Salvador Cruz, secretário de Esporte e Lazer de Mauá
Alessandro Panitiz Puglia
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Atletas no shiai-jo durante a cerimônia de abertura
Parte dos 42 árbitros que atuaram na competição
Francisco de Carvalho destacou o pioneirismo das judocas homenageadas na abertura do certame
Árbitros perfilados para o rei inicial
Francisco de Carvalho Filho
Soraia André, Solange Pessoa, Carla Lívia e Heliana do Carmo
Cláudio Camargo, Solange Pessoa, Carla Lívia, Alessandro Puglia, Heliana do Carmo, Soraia André, Francisco de Carvalho e Joji Kimura
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São Paulo que participou de um campeonato brasileiro. Foram homenageadas as judocas Carla Lívia, Heliana do Carmo, Solange Pessoa, Selma Almeida e Soraia André. A entrega da premiação para as judocas pioneiras foi feita pelos professores kodanshas Takeshi Nitsuma, Belmiro Boaventura da Silva, Pedro Jovita Diniz e Alcides Camargo, que por muitos anos acompanharam a trajetória das judocas homenageadas. “Eu ainda era delegado regional quando esta equipe de judocas representou o Estado de São Paulo no Campeonato Brasileiro de Judô feminino, na cidade de Americana, em 1979. Naquela época havia uma portaria federal que proibia as mulheres de participarem dos chamados esportes de combate. Elas foram pioneiras e representaram nosso Estado naquele certame, abrindo assim o caminho que hoje é trilhado por milhares de meninas do nosso País”, disse Francisco de Carvalho Filho, que ainda destacou o protagonismo do judô feminino brasileiro na atualidade. “Vocês são motivo de muito orgulho para todos nós. Graças à coragem e à determinação de vocês, hoje o judô feminino detém maior protagonismo que o masculino e tem garantido o sucesso do Brasil no circuito internacional”, concluiu o dirigente. A classificação individual do Campeonato Paulista Veteranos está disponível no site da FPJudô ou no link ht tp: //w w w.fpj.com.br/novo2016/ wp-content/uploads/2017/12/RESULTADOSKATA.pdf
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60 ANOS FPJUDÔ
Dirigentes estaduais vão à Copa São Paulo e
celebram os 60 anos da Federação Paulista de Judô
Dirigentes que foram a Copa São Paulo confraternizando
Presidentes das federações do Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Ceará, Tocantins e Sergipe e da Confederação Brasileira de Judô foram a São Paulo comemorar o sexagésimo aniversário de fundação da entidade mais antiga do Brasil
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omo parte dos festejos comemorativos dos 60 anos de fundação da Federação Paulista de Judô, os dirigentes paulistas convidaram os presidentes das demais entidades estaduais do Brasil para participarem da Copa São Paulo de Judô. Em função das dificuldades do dia a dia, apenas os dirigentes de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Ceará, Tocantins e Sergipe e da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) puderam comparecer ao certame realizado em São Bernardo do Campo (SP). Após a passagem por São Paulo, os dirigentes avaliaram os momentos vividos na capital paulista e detalharam a experiência de ter acompanhado os
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PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
O encontro promovido pela FPJudô oportunizou a aproximação entre a velha e a nova geração de dirigentes estaduais
bastidores de um evento grandioso. Enfatizando aspectos que transcendem a competição, César Augusto Progetti Paschoal, presidente da Federação de Judô do Mato Grosso do Sul, destacou os laços que unem judocas em torno daquilo que a prática esportiva tem de melhor. “O judô evidencia-se na mídia por meio das competições, porém, há um mundo espetacular que o judô proporciona desde a sua criação por Jigoro Kano, e ele reside fora dos tatamis, fora do ambiente de competição, nas amizades que se alimentam dos próprios princípios e da sabedoria que essa notável modalidade esportiva nos oferece.” O dirigente sul-mato-grossense disse www.revistabudo.com.br
Francisco de Carvalho, Sérgio Pessoa, Diego Pessoa, Michel Raymond e Geraldo Ferrari Júnior
Luiz Iwashita, Francisco de Carvalho, Durval Corrêa, César Paschoal, Sílvio Acácio, Ton Pacheco e Alessandro Puglia
que recebeu com muita alegria o convite do professor Francisco de Carvalho Filho para acompanhar de perto um dos maiores eventos de judô mundial e participar da comemoração dos 60 anos de fundação da FPJudô. “Foi minha primeira vez no certame, e espero voltar outras vezes. Só dependerá de mim, pois o convite está eternamente feito, segundo Chico.” Paschoal relatou a satisfação de encontrar o professor Sérgio Pessoa, ex-atleta olímpico do Brasil e hoje técnico da seleção do Canadá. “Quase pedi um autógrafo, e devia tê-lo feito, pois ele é um dos notáveis do judô brasileiro. Foi uma honra jantar ao seu lado e
Dirigentes durante a execução do Hino Nacional, na cerimônia de abertura da Copa São Paulo
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60 ANOS FPJUDÔ observar sua figura simples e humilde, típico do verdadeiro judoca.” Além disso, o presidente da FJMS mencionou a presença de dirigentes e professores da FPJudô, “judocas que mantêm uma qualidade técnica incrível, sempre motivados e compartilhando conhecimento com os Estados que buscam crescer na modalidade”. Para Durval Américo Corrêa Machado, presidente da Federação Sergipana de Judô, o ponto alto da viagem foi a confraternização com os colegas de gestão e reencontrar Sérgio Pessoa, saber de sua trajetória no Canadá e relembrar detalhes e treinos que fizeram no passado. “Vivenciar a magnitude da Copa São Paulo foi especular, e agradeço ao professor Chico por nos ter proporcionado esta grande experiência”, disse o dirigente sergipano. Mais uma vez Georgton Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins, falou sobre os laços afetivos que o unem aos paulistas. “Meu caso de amor com São Paulo vem desde 1986, quando fui campeão brasileiro júnior pela primeira vez, e lá fui treinar muito tempo. Treinei com os senseis Paulo Duarte, Umakakeba e muitos outros que também fizeram história. Nunca tive dinheiro para treinar fora do País, mas como sou aluno dos senseis Shiozawa e Cid Yoshida, que são de São Paulo, as portas sempre estiveram abertas para mim.” O dirigente de Tocantins considera a Copa São Paulo o maior evento de judô do País, pela quantidade de participantes, atletas olímpicos, atletas de seleção, áreas de luta e árbitros, e pela qualidade dos tatamis, das equipes de primeiros socorros e dos mesários.
“O presidente Alessandro me convidou e pediu para que eu convidasse outros dirigentes, e ajudei no que pude. Fiz as reservas e conseguimos reunir um número expressivo de gestores, num evento que, acima de tudo, comemorava os 60 anos da entidade mais antiga do judô brasileiro”, acrescentou Pacheco. Ele falou também do prazer de encontrar Sérgio Pessoa, considerado um dos maiores judocas brasileiros, no jantar oferecido pelo professor Francisco de Carvalho. “O Pessoa foi o único brasileiro a ganhar a Copa Jigoro Kano, a maior copa de judô do mundo, realizada em Tóquio”, lembrou Ton Pacheco. “Ele competiu com quatro japoneses, dois deles os melhores do mundo, e enfileirou todos. Deu aula de judô para os japoneses dentro do Japão. São situações inusitadas que só vivemos em São Paulo, a meca do judô no Brasil.” Focando o resgate da Copa Rio de Judô, Jucinei Gonçalves da Costa, presidente da Federação de Judô Estado do Rio Janeiro, elogiou o que viu em São Paulo. “Foi um momento importante proporcionado pela Federação Paulista de Judô, na organização da Copa São Paulo, evento de grande qualidade que nesta edição reuniu 2.500 atletas, aproximadamente.” O dirigente fluminense comentou a oportunidade de ouvir Sérgio Pessoa sobre a experiência de comandar a seleção canadense. “Para mim foi uma ótima oportunidade de vivenciar a atmosfera que envolve um evento de grande porte, visto que naquele momento estávamos organizando o resgate da tradicional Copa Rio Internacional de Judô.”
Professores kodanshas, dirigentes e autoridades esportivas aplaudem o rei inicial
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Jucinei Costa, Sérgio Pessoa e Alessandro Puglia
O paulista Sérgio Pessoa, que hoje é técnico da seleção de judô do Canadá, lembrou os laços que unem o judô paulista ao Judô Quebec, e agradeceu a oportunidade de rever muitos amigos. “Quero agradecer à Federação Paulista de Judô por me receber e receber o professor Michel Raymond, do Canadá. Este reencontro fortalece ainda mais o intercâmbio entre a FPJudô e o Judô Quebec, que há mais de dez anos proporciona aos atletas do Brasil e do Canadá novas experiências em relação aos hábitos e costumes de ambos os países e uma ótima oportunidade de treino.” Para Pessoa, o ponto alto da visita foi o jantar oferecido pela FPJudô, ao qual compareceram presidentes de outras federações e o presidente da CBJ, professor Sílvio Acácio. “O convite foi feito pelo presidente da FPJudô, Alessandro Puglia, e pelo meu amigo Francisco de Carvalho, que há vários anos vem apoiando e fomentando o intercâmbio entre o Brasil e o Canadá; sem a sua contribuição nossa vinda ao Brasil não seria possível”, afirmou.
O jantar também foi uma oportunidade para Pessoa rever judocas que eram atletas na época dele e que hoje são dirigentes de federações, como Alessandro Puglia, Luiz Iwashita, Jucinei Costa, Ton Pacheco, Durval Machado e José Caldeira Neto (ex-aluno). “Foi uma boa ocasião para colocarmos os assuntos em dia e de tirarmos algumas fotos, um pouco mais gordos do que nos tempos de competição”, acrescentou. Luiz Hisashi Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô, elogiou a gestão paulista e destacou a grandeza da Copa São Paulo de Judô. “Todos que me conhecem sabem que minha origem é São Paulo, onde nasci e cresci. É o maior centro do judô do nosso País, mas foi na administração do Chico que São Paulo deu um salto significativo na gestão, e o Puglia vem implementando este crescimento.” O dirigente paranaense classificou o torneio como exemplo do novo momento que www.revistabudo.com.br
Agradecendo as presenças dos colegas dirigentes, Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô, disse que espera rever todos os colegas em futuras edições do certame. “Pensamos realizar uma grande festa para comemorar os 60 anos de fundação da FPJudô, e convidamos os dirigentes de todas as federações estaduais do Brasil para conhecerem a Copa São Paulo. Contudo, Durval Américo Corrêa Machado e Sérgio Pessoa
Sérgio Pessoa e José Caldeira Cardoso Neto
vezes”, concluiu o dirigente cearense. o judô paulista atravessa, e disse que os diSílvio Acácio Borges, presidente da Conrigentes estaduais puderam ver um evento federação Brasileira de Judô (CBJ), ratificou a gigantesco, executado em tempo recorde importância da Copa São Paulo e a tradição e com fluidez. Lembrou que houve edições que envolve o judô paulista. com mais de 3 mil atletas, e destacou como é “Recebemos o convite da FPJudô e não difícil fazer milhares de lutas de forma organipoderíamos deixar de participar e prestigiar zada, precisa e respeitosa. um evento que comemorava os 60 anos da Também para Iwashita o momento esentidade. Já estive nesta competição em pecial da visita foi o jantar oferecido pelo Chivárias ocasiões e mais uma vez constatamos co do Judô, no qual os amigos se reencontrao gigantismo de um evento que reflete fielram e puseram a conversa em dia, além de mente o que é o judô paulista”, atestou. matar a saudade do tempo que todos estavam dentro do shiai-jô. Outro paulista, José Caldeira Cardoso Neto, presidente da Federação Cearense de Judô, destacou a surpresa ao reencontrar velhos amigos e rever seu ex-professor, que hoje vive no Canadá. “Por ser ex-atleta da FPJudô, foi uma satisfação enorme ter sido convidado para assistir à Copa São Paulo e estar com os demais dirigentes no jantar ofereTon Pacheco, Luiz Iwashita, Rogério Sampaio e Francisco de Carvalho cido pelo professor Chico. Foi muito emblemático, principalmente por ter reencontrado Sérgio Pessoa, meu ex-professor, entre os demais convidados. Pude reviver muitas coisas que aconteceram quando migrei para São Paulo para fazer faculdade e passei a treinar com o sensei Pessoa no dojô do Palmeiras.” Cardoso manifestou satisfação pelos momentos com os demais dirigentes, e em especial com Francisco de Carvalho, ex-vice-presidente da CBJ, uma pessoa pela qual tem grande admiração e carinho, fruto do tratamento especial e diferenciado dedicado que recebeu antes mesmo de atuar como dirigente. “Assistir à Copa São Paulo é como ir a uma escola para aprender o bê-á-bá da gestão de eventos grandiosos. Foi uma exParte dos dirigentes estaduais em São Paulo periência fantástica e espero retornar outras www.revistabudo.com.br
nem todos puderam ausentar-se de seus compromissos”, lamentou Puglia, que reforçou os agradecimentos.
“Agradecemos a presença do professor Sílvio Acácio Borges, presidente da CBJ, e dos demais dirigentes que vieram a São Paulo. Esperamos revê-los brevemente nos futuros eventos de nossa entidade.” Na avaliação de Francisco de Carvalho, presidente de honra da FPJudô, o ponto alto da visita que os dirigentes de vários Estados fizeram a São Paulo foi o encontro entre a velha e a nova geração de dirigentes.
Ele destacou que no jantar os presidentes estavam descontraídos por se encontrarem fora do ambiente de competição. Considerou a confraternização muito agradável, em que até o presidente da CBJ participou e por algumas horas lembrou o Sílvio Acácio que todos conheciam antes da era CBJ. “Na verdade, foi o único momento da Copa São Paulo em que pudemos estar juntos. Depois, cada dirigente priorizou algo específico na competição que se desenrolou nos dois dias seguintes. Pudemos trocar referências e até informações sobre a gestão; revivemos temas do passado e discutimos alguns pontos envolvendo a administração de nossa modalidade”, detalhou o dirigente paulista.
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JUDÔ PAULISTA
FPJudô reúne delegados regionais para discutir inovações técnicas e mudanças do calendário de 2019 Entre as mudanças anunciadas por Roberto Joji Shiba Kimura estão a exclusão de algumas disputas e a inclusão de novos certames no calendário, que deverão promover maior intercâmbio e elevar o nível competitivo dos judocas do Estado de São Paulo
O
Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da Federação Paulista de Judô sediou a reunião solicitada pelos departamentos técnico e de eventos da entidade. Participaram do encontro realizado no dia 1º de dezembro, coordenadores de todos os setores da FPJudô, dirigentes, diretores e delegados regionais, aos quais foi apresentada proposta que visa a otimizar o rendimento dos judocas paulistas, por meio de importantes mudanças no calendário previstas para a próxima temporada. A cúpula da FPJudô esteve presente: Alessandro Panitz Puglia, presidente; Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra; Roberto Joji Shiba Kimura, coordenador técnico; José Antônio Jantália, vice-presidente; Júlio Sakae Yokoyama, presidente do TJD; Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro; Gerardo Siciliano, membro da comissão de graduação; Valdir Melero, consultor financeiro; e Antônio Carlos da Silva Mesquita, presidente da comissão disciplinar. Além deles, marcaram presença os delegados regionais e representantes Hissato Yamamoto, 1ª DRJ - Capital; Argeu Maurício Oliveira, 3ª DRJ - Centro-Sul; Raul de Melo Senra Bisneto, 4ª DRJ - Alta Paulista; Wilmar Terumiti Shiraga, 5ª DRJ - Noroeste; Fábio Feltrim, 6ª DRJ - Araraquarense; Jiro Aoyama, 7ª DRJ - Sudoeste; Sidnei Paris, 8ª DRJ - Oeste; Júlio César Jacopi, 9ª DRJ - ABC; Joji Kimu-
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POR
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS
Joji Kimura expôs a necessidade de manter os atletas ativos durante toda a temporada
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Dirigentes no dojô do Centro de Aperfeiçoamento Técnico da FPJudô
Júlio Sakae ponderou sobre a importância da manutenção dos eventos existentes
José Jantália destacou a atuação preponderante de Carlos Eduardo Santos Motta, o Tico, na formação da atual diretoria da FPJudô
Alessandro Puglia festejou a aprovação das inovações da área técnica
Francisco de Carvalho enfatizou a importância autonômica dos delegados regionais
Mesa gestora da reunião realizada no CAT
Delegados regionais e coordenadores de área do judô paulista
Delegados regionais
Rafael Amaro, André Gonçalves, André Luiz Mafetoni e Patrícia Yasue Mafetoni
ra, 10ª DRJ - Central; Osvaldo Mitsuji Uno, 11ª DRJ - Litoral; Cléber do Carmo, 12ª DRJ - Mogiana; André Gustavo da Costa Gonçalves, 13ª DRJ - Alta Sorocabana; André Luiz Mafetoni, 14ª DRJ - Vale do Paraíba; Celso de Almeida Leite, 15ª DRJ - Grande Campinas; Takeshi Yokoti, 16ª DRJ - Itapeva; e José Gildemar, o Gil, que no dia 1º de janeiro de 2019 assumirá o comando da 9ª DRJ - ABC. Participaram ainda da reunião Mário Manzatti, Rafael Amaro, o Ceará, e quatro colaboradoras das delegacias regionais Noroeste, Grande Campinas, Centro-Sul e Vale do Paraíba: Samie Osaki Shiraga, Leonor de Almeida Leite, Lúcia Faraldo Oliveira e Patrícia Yasue Shishido Manjor Mafetoni, respectivamente. www.revistabudo.com.br
Mudanças visam a otimizar o desempenho das seleções paulistas Roberto Joji Shiba Kimura explicou que as mudanças focam maior qualidade e regularidade técnica dos judocas do Estado de São Paulo. “As mudanças que pretendemos promover em nosso calendário a partir de 2019 visam a melhorar o nível de competitividade e o padrão de avaliação do desempenho dos judocas paulistas da Divisão Especial. Acreditamos que com estas alterações vamos aperfeiçoar a qualidade técnica dos nossos atletas, permitindo que eles mantenham regularidade durante todo
o período competitivo”, disse o dirigente. O coordenador técnico da FPJudô negou que as mudanças acontecerão em função dos resultados ruins obtidos nesta temporada, explicando que esta transição já vinha sendo estudada há alguns anos. “Desde 2013 estamos notando a necessidade de reformular nosso calendário, pois percebemos grande oscilação no desempenho dos nossos atletas devido aos espaços criados pelos calendários estadual e nacional. Vimos claramente que o modelo utilizado até aqui não proporcionava a regularidade que buscamos para os nossos judocas, e muitas vezes era responsável pelo desempenho deles não ser tão bom”, explicou Kimura. Francisco de Carvalho Filho iniciou seu depoimento enfatizando a necessidade da manutenção da gestão política das delegacias regionais e encerrou destacando a importância da atuação de cada delegado regional no desenvolvimento da modalidade no Estado de São Paulo. “Não podemos admitir interferência de outros setores da administração na gestão regional. A autonomia dos delegados nas DRJs é prioridade, e não podemos admitir que isto aconteça de forma alguma. São os delegados que fazem o judô crescer e parabenizo o nosso departamento técnico por ter apresentado as propostas de mudança para a próxima temporada e as colocado em votação, pois em São Paulo as situações e inovações não são impostas goela abaixo. São apresentadas, discutidas e colocadas em votação democraticamente, antes de serem adotadas definitivamente”, disse o dirigente paulista. Alessandro Puglia comemorou a aprovação das sugestões apresentadas pela coordenação técnica e explicou que o calendário de 2019 será feito com base no novo formato. “Nossa proposta para o calendário busca otimizar o desempenho dos nossos atletas e achamos por bem apresentá-la aos delegados regionais antes do fim da temporada. Com isso poderemos delinear as mudanças e apresentar o novo calendário na reunião dos delegados, em janeiro, quando definimos o que será feito na temporada. Felizmente os delegados entenderam o apelo da nossa coordenação técnica, aprovaram as medidas que impulsionarão ainda mais o judô paulista, e em janeiro a FPJudô apresentará o calendário de 2019 e detalhará as mudanças que serão efetuadas”, explicou o presidente da FPJudô. Revista Budô número 21 / 2018
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JUDÔ NACIONAL
Conquistando 159 medalhas,
São Paulo reafirma sua hegemonia no Campeonato Brasileiro Regional A grande surpresa da competição foi o Paraná, que de forma inédita superou o Rio Grande do Sul e ficou em segundo lugar na classificação geral do masculino POR
PAULO PINTO I Fotos CRISTIANE ISHIZAVA
C
om o apoio da Prefeitura de Itapecerica da Serra, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou o Campeonato Brasileiro de Judô da Região V, que reuniu 949 atletas e 66 técnicos dos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Sob a chancela da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), o certame realizou-se no Ginásio Antônio Baldusco, em Itapecerica da Serra, e envolveu disputas das classes sub 13, sub 15, sub 18, sub 21 e sênior, contando pontos para o ranking nacional de todas as classes. A cerimônia de abertura teve a presença de autoridades esportivas, entre as quais Alessandro Puglia, presidente da FPJudô; Miró Dias, secretário de Esportes e Laser de Itapecerica da Serra; Cláudio Juninho, secretário de governo de Itapecerica da Serra; Sílvio Borges, presidente da CBJ; Alan Dias, vereador de Itapecerica da Serra; César de Castro Cação, presidente da Federação Gaúcha de Judô (FGJ); Moisés Gonzaga Penso, presidente da Federação Catarinense de Judô (FCJ); Luiz Hisashi Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô (FPrJ), e Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô.
Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da Federação Paulista de Judô
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Luiz Hisashi Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô
Moisés Gonzaga Penso, presidente da Federação Catarinense de Judô
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ze. Os gaúchos ficaram em último lugar, somando apenas duas medalhas de prata e seis de bronze. Na soma geral de medalhas do masculino e feminino São Paulo ficou em primeiro, o Paraná obteve a segunda colocação e Santa Cataria garantiu o terceiro lugar. Sem ter obtido nenhuma medalha de ouro, o Rio Grande do Sul ficou na quarta colocação do pré-juvenil.
No sub 18 gaúchos ocupam lugar de destaque no pódio Autoridades na mesa de honra
Além deles, Henrique Guimarães, medalhista de bronze nos Jogos de Atlanta em 1996; Yoshiyuki Shimotsu, professor kodansha 7º dan; e Daniel Dell’Aquila, ex -atleta da seleção brasileira e presidente do Clube Paineiras do Morumby, compuseram a mesa de honra. A direção da competição ficou a cargo de Matheus Theotônio, gestor nacional de eventos; Marson Albani, gestor técnico da CBJ, e Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô. O professor kodansha norte-riograndense Carlos Barreto foi o coordenador de arbitragem do certame.
Paulistas vencem sub 13 e paranaenses surpreendem no segundo lugar Com nove ouros, cinco pratas e dois bronzes, os paulistas levaram o título da classe sub 13. Comprovando o excelente trabalho desenvolvido na base, o Paraná conquistou cinco medalhas de ouro, sete de prata e oito de bronze, garantindo a segunda colocação. Totalizando duas medalhas de ouro, duas de prata e nove de bronze, o Rio
Sílvio Borges, presidente da Confederação Brasileira de Judô
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Grande do Sul terminou em terceiro lugar. Santa Catarina também conquistou duas medalhas de ouro e duas de prata, mas obteve apenas dois bronzes e terminou em quarto lugar.
No sub 15 São Paulo fica em primeiro e Santa Catarina e Paraná se garantem na segunda colocação No feminino as paulistas obtiveram sete medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Santa Catarina assegurou a segunda colocação com o ouro conquistado por Heloisa Galkowski, no peso superligeiro, e mais três bronzes. Com sete medalhas de prata e quatro de bronze, as gaúchas ficaram em terceiro lugar. As paranaenses ficaram em quarto, totalizando duas medalhas de prata e duas de bronze. No masculino os judocas paulistas totalizaram cinco medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. O Paraná ficou em segundo lugar conquistando três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Santa Catarina ficou em terceiro lugar com três medalhas de prata e mais três de bron-
César Cação, presidente da federação Gaúcha de Judô
No feminino, paulistas e gaúchos conquistaram três ouros e o desempate ocorreu na contagem das medalhas de prata. São Paulo faturou seis, enquanto o Rio Grande do Sul obteve apenas uma. Na contagem dos bronzes os paulistas somaram dez pódios, contra cinco dos gaúchos. O Paraná faturou duas medalhas de ouro, que asseguraram a terceira colocação, enquanto Santa Cataria obteve apenas uma medalha de prata. Mais uma vez os paulistas se impuseram no masculino, conquistando cinco medalhas de ouro, cinco de prata e sete de bronze. Os gaúchos asseguraram a segunda colocação com dois ouros, duas pratas e quatro bronzes. Somando uma medalha de prata e quatro de bronze, o Paraná ficou em terceiro lugar, enquanto os judocas catarinenses ficaram em quarto, com duas medalhas de prata e duas de bronze. Na contagem geral de medalhas da classe juvenil São Paulo liderou o quadro de medalhas com oito ouros, 11 pratas e 17 bronzes. O Rio Grande do Sul ficou em segundo lugar totalizando cinco medalhas de ouro, três de prata e nove de bronze. O Paraná ficou em terceiro lugar com três ouros e quatro bronzes. Na última colocação do sub 18, Santa Catarina obteve duas medalhas de prata e uma de bronze.
Alessandro Panitiz Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô
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JUDÔ NACIONAL São Paulo sobra no sub 21 Foi na classe júnior que o Estado de São Paulo mostrou maior poderio e abriu maior distância de seus adversários, conquistando nada menos que 13 medalhas de ouro, 12 de prata e 20 de bronze. Os gaúchos conquistaram duas medalhas de ouro, duas de prata e cinco de bronze e asseguraram a segunda colocação. O Paraná obteve uma medalha de ouro, duas de prata e cinco de bronze e ficou em terceiro lugar. Santa Catarina obteve apenas duas medalhas de bronze e ficou em quarto lugar.
São Paulo lidera o sênior Na disputa da classe sênior São Paulo conquistou 45 medalhas, sendo 11 de ouro, 13 de prata e 21 de bronze. As judocas paulistas subiram 22 vezes no pódio, enquanto os rapazes obtiveram 23 medalhas. Conquistando quatro medalhas de ouro, duas de prata e cinco de bronze, os gaúchos ficaram em segundo lugar. Santa Catarina ficou em terceiro com uma medalha de ouro e duas de bronze. O Paraná ficou em quarto lugar, somando uma medalha de prata e três de bronze.
Além de confirmar a superioridade técnica paulista, o quadro geral de medalhas destaca a conquista inédita do Paraná, que ficou em segundo lugar no masculino Para ser campeão geral do certame o Estado de São Paulo inscreveu 485 atletas, 20 técnicos e um chefe da delegação. Este batalhão de judocas viabilizou a conquista de 54 medalhas de ouro, 43 de prata e 62 de bronze, o que totaliza 159 pódios, que representam 52,5% das medalhas em disputa. Fazendo uma análise focada apenas nas medalhas de ouro, São Paulo obteve 54, que representam 65% das disputadas. Juntos, os demais Estados totalizaram apenas 30 medalhas de ouro, ou seja, 35% dos lugares mais altos do pódio da competição. São Paulo venceu em todas classes e categorias de peso, nos gêneros masculino e feminino. A segunda colocação geral foi dividida entre paranaenses e gaúchos, que se alternaram no pódio. Nas classes mirim e pré-juvenil o Paraná mostra um trabalho muito mais consistente do que gaúchos e catarinenses, enquanto a partir do juvenil o Rio Grande do Sul exibe uma superioridade técnica sobre os dois Estados coirmãos da Região Sul.
Dirigentes e autoridades durante a execução do Hino Nacional
A grande surpresa desta edição do Campeonato Brasileiro da Região V foi a classificação inédita do Paraná no pódio do masculino. A Federação Paranaense de Judô fez história conquistando o segundo lugar geral no masculino, ficando pela primeira vez à frente do Rio Grande do Sul. “Alcançamos a marca expressiva de 50 medalhas, sendo 11 ouros, 16 pratas e 23 bronzes. Fiquei muito emocionado e feliz com o resultado obtido por nossos judocas. Lembro que esta conquista é fruto do empenho dos nossos delegados regionais e do grande trabalho desenvolvido pelos professores que estão em todas as regiões do Estado. Evoluímos gradualmente graças à união de todos, ao planejamento e às ações desenvolvidas pela diretoria da FPrJ”, disse o presidente Luiz Iwashita.
Gestores técnicos dos quatro Estados avaliam o desempenho de suas equipes Fazendo uma avaliação sobre o desempenho geral da equipe gaúcha, Luiz Bayard Martins dos Santos disse que foram atingidas as metas traçadas pelo departamento técnico da FGJ. “Apesar da nova proposta da CBJ, em que para este ano tivemos vagas liberadas nas categorias sub 18, sub 21 e sênior, o Rio Grande do Sul se manteve como a segunda potência da região. Trouxemos apenas 185 judocas e 14 técnicos, e mesmo sem uma equipe muito grande o Rio Grade do Sul sagrou-se vice-campeão geral do certame”, avaliou o diretor técnico da Federação Gaúcha de Judô, que detalhou o importante momento que o judô atravessa no Estado. “O Rio Grande do Sul experimen-
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Luiz Iwashita, César Cação, Francisco de Carvalho, Moisés Penso e Alessandro Puglia
Luiz Iwashita e Yoshiyuki Shimotsu
ta um processo de interiorização do judô bastante interessante. Com isso, hoje não temos apenas atletas da capital e da área metropolitana nas competições nacionais. Isto demonstra que, de forma geral, a nossa modalidade cresce em todas as regiões do Estado e que o judô federativo está ficando muito forte. Existe um grande contingente de judocas inseridos no contexto escolar, nas mais diversas instituições, desde o ensino fundamental à universidade. Grande parte destes praticantes está filiando-se à FGJ, e criamos a divisão de acesso, o que contribuiu significativamente para adesão de um número expressivo de filiados”, concluiu Bayard. Adriana Alves Capela, coordenadora de projetos da Federação Catarinense de Judô e coordenadora técnica da equipe no brasileiro da Região V, falou sobre o novo momento do judô em seu Estado. “Acredito que estamos fazendo um trabalho importante em Santa Catarina, para que as coisas melhorem e aconteçam ainda neste ciclo olímpico. A nova gestão do professor Moisés disponibiliza ferramentas para fomentar o fortalecimento das categorias de base, ou seja, o sub 15. Com isso podemos prever que daqui a quatro anos teremos um sub 18, um sub 21 e até um sênior fortes, coisa que hoje não existe. Se não trabalharmos a base, chegaremos às categorias maiores enfraquecidas. Trouxemos 164 atletas e nove técnicos, e dentro daquilo que havia sido feito até hoje, em nosso Estado, as 33 medalhas conquistas aqui representam um resultado excepcional”, concluiu a coordenadora de projetos da FCJ. Enaltecendo o trabalho realizado pelos atletas e técnicos do Estado de São Paulo, Marco Aurélio Uchida, chefe da delegação paulista, destacou a importância do trabalho em equipe e a necessidade de todos os atletas serem assistidos por um técnico durante os combates. “A nossa avaliação sobre o desempenho da equipe é a melhor possível. Vendo o comprometimento e a atuação dos atle-
tas, temos de parabenizar toda a equipe que construiu este resultado tão expressivo. Totalizamos 159 medalhas, sendo 54 de ouro, 43 de prata e 62 de bronze. Ou seja, um pouco mais do que todos os demais Estados juntos. Os técnicos se desdobraram para atender à grande demanda de atletas na competição, pois entendemos que os judocas não podem entrar no shiai-jo sozinhos. Buscamos sempre darlhes um apoio, e todos receberam suporte da nossa equipe técnica”, disse o chefe da delegação paulista, que finalizou parabenizando toda a equipe.
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“Em nome de toda a comissão técnica de São Paulo faço um agradecimento especial aos atletas, aos familiares dos nossos judocas e à nossa diretoria. Envolvemos mais de 500 pessoas nesta iniciativa, mas o resultado compensou o esforço de todos que atuaram dentro e fora dos tatamis. Estas 159 medalhas são o resultado prático de muito trabalho e determinação”, disse Uchida. Vislumbrando maiores conquistas, Celso Takeshi Ogawa, diretor de rendimento das seleções, destacou o esforço dos professores paranaenses na obtenção de grandes resultados para a FPrJ. “Viemos a Itapecerica com 202 atletas e 12 técnicos, e ficamos em terceiro lugar na classificação geral, conquistando 11 medalhas de ouro. Em 2017 ficamos em terceiro, mas totalizamos apenas quatro ouros. Neste ano tivemos um crescimento aproximado de 300% em medalhas de ouro, e os gaúchos conseguiram apenas três douradas a mais que nós. Esta mudança de atitude é fruto de numerosas iniciativas adotadas pelo nosso presidente, mas afirmo que todos os professores do Paraná estão focados em projetar nosso Estado no cenário judoísta nacional”, disse Ogawa. O diretor de rendimento das seleções do Paraná concluiu enaltecendo a conquista inédita da equipe masculina. “O vice-campeonato geral do masculino nos enche de orgulho e premia o trabalho de todos os judocas paranaenses. Estamos no grupo mais competitivo do Brasil e enfrentamos a agremiações mais poderosas do País. Não temos uma equipe grande como as de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Não contratamos atletas de outros Estados e ainda formamos judocas
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JUDÔ NACIONAL
Equipe sub 15 do Estado do Paraná
que migram para grandes equipes. O judô paranaense comemora este resultado, mas vamos manter o trabalho duro, visando ao degrau mais alto do pódio”, previu o professor kodansha 6º dan que é de Maringá.
Anfitriões fazem o balanço final do certame Alessandro Panitz Puglia começou destacando a presença dos presidentes das federações de todos os Estados envolvidos na disputa, “Como anfitriões, fazemos uma avaliação superpositiva, já que o evento transcorreu dentro daquilo que havíamos projetado. Recebemos os amigos Luiz Iwashita, Moisés Penso e César Cação, presidentes das federações que compõem a região, e aproveitamos o encontro para traçar metas futuras. Recebemos também o presidente da CBJ, o que comprova a importância da quinta região no cenário nacional. Este é um certame longo, que provavelmente sofrerá mudanças para a próxima temporada e deverá ser realizado em menos dias. Fizemos um teste, mas provavelmente isso deverá ser alterado”, previu o presidente da FPJudô. Destacando a alto nível técnico da competição, o dirigente paulista concluiu lembrando que o foco agora são as competições por categoria estaduais e nacionais. “O brasileiro regional foi muito forte e o nível técnico estava altíssimo. Com exceção da lesão sofrida pela atleta Samara Contarini, do Esporte Clube Pinheiros, felizmente tudo correu bem e São Paulo ratificou a excelência que possui na realização de grandes eventos A foco agora são as competições nacionais por categoria, nas quais
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Árbitros que atuaram na competição
esperamos obter resultados tão expressivos quanto os que construímos aqui”, disse o presidente da FPJudô. Francisco de Carvalho Filho enalteceu o trabalho da equipe técnica da Federação Paulista de Judô na condução e realização da competição. “Não poderia deixar de iniciar parabenizando a equipe técnica e os colaboradores da FPJudô. Mesários, oficiais de mesa, árbitros, técnicos e atletas foram os grandes protagonistas desta importante conquista. O Ginásio Antônio Baldusco possui excelente estrutura para a realização de competições de judô, e a cidade de Itapecerica da Serra nos recebeu de braços abertos. Na área da gestão o ponto alto foi o intercâmbio que os presidentes das quatro federações realizaram nos dias em que estiveram aqui. O futuro se faz com planejamento e
trabalho, e foi isso que fizemos”, concluiu o dirigente paulista, que desaprovou o novo formato da disputa. “Em minha avaliação a mudança no formato da competição foi totalmente desnecessária. Um dia a mais gera despesas, e todos nós sabemos qual é a realidade nacional. Isso aumenta o custo para os atletas e entidades. O importante é condensar a competição, colocando mais áreas e reduzindo o tempo do certame. A decisão de fazer o campeonato aberto também é um
grande equívoco porque esvazia o processo seletivo que ocorre nos Estados. A meu ver isso desvaloriza as competições estaduais que precedem o brasileiro regional. Sou radicalmente contra”, sentenciou o presidente de honra da FPJudô. O ex-vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô enfatizou o alto nível técnico da competição, que reuniu grandes nomes da modalidade. “Tecnicamente falando o certame foi fortíssimo e vimos aqui vários atletas da seleção brasileira, e até medalhistas olímpicos. A nossa região é a mais forte do Brasil e com raríssimas exceções é onde estão concentrados os principais atletas brasileiros. Fora da quinta região podemos citar o trabalho feito no Minas Tênis Clube em Minas Gerais, e a atuação do professor Geraldo Bernardes que, no Rio de Janeiro, desenvolve um trabalho de vanguarda na área técnica do judô do nosso País”, concluiu Francisco de Carvalho.
O pódio da classificação final do masculino
O pódio da classificação final da Região V
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Dante Kanayama é nomeado
coordenador geral dos exames de graduação da FPJudô Indicação foi anunciada no encontro de kodanshas realizado no Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da Federação Paulista de Judô
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Paulo Pinto I Fotos BUDÔPRESS/FPJUDÔ
solenidade que reinaugurou oficialmente o dojô do Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da Federação Paulista de Judô (FPJudô) foi palco de várias iniciativas e ações inéditas. No encontro, a diretoria da entidade homenageou o professor kodansha (8º dan) Mário Katsumi Matsuda, apresentou a nova comissão de graduação da FPJudô, composta por cinco professores kodanshas. O também professor kodansha (8º dan) Dante Kanayama foi nomeado coordenador geral dos exames de graduação da entidade. Os principias dirigentes da FPJudô participaram da solenidade, entre os quais Alessandro Panitz Puglia, presidente; Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra; José Jantália, vice-presidente; Joji Kimura, coordenador técnico; e os delegados regionais Akira Hanawa (14ª DRJ), Argeu Maurício de Oliveira (3ª DRJ), Cléber do Carmo (12ª DRJ), Jiro Aoyama (7ª DRJ), Osmar Aparecido Feltrim (6ª DRJ), Roberto Joji Chiba Kimura (10ª DRJ), Sidnei Paris (8ª DRJ) e Wilmar Terumiti Shiraga (5ª DRJ). Ao todo 36 professores kodanshas abrilhantaram o encontro, entre eles os senseis Massao Shinohara (10º dan), Shuhei Okano (9º dan), Michiharu Sogabe (9º dan), Celestino Seiti Shira (8º dan), Dante Kanayama (8º dan), Odair Borges (8º dan), Umeo Nakashima (8º dan) e Valdir Melero (8º dan).
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Após a homenagem prestada a Mário Matsuda, Alessandro Puglia apresentou a nova comissão de graduação da FPJudô e na sequência nomeou o professor Dante Kanayama coordenador geral dos exames de graduação da entidade. “Fizemos este convite ao sensei Kanayama em função dos relevantes serviços prestados nas últimas décadas. Temos certeza de que com a sua colaboração os exames de graduação acompanharão o processo de ajuste e adequação que o judô paulista vive”, disse o dirigente, que ainda fez um agradecimento em japonês ao professor Dante: “Onegai-shimasu, sensei Kanayama”.
Francisco de Carvalho cumprimenta Dante Kanayama
Após sua nomeação o professor Dante Kanayama falou sobre o novo desafio e avaliou o compromisso assumido com a entidade que auxilia por várias décadas. “É sempre uma grande honra colaborar e representar a federação paulista. Afinal de contas, com exceção da CBJ, que faz a gestão nacional da modalidade, a FPJudô é a maior entidade do judô no Brasil. Todos os anos exportamos talentos para outros Estados e até para outros países. Sei que assumo uma grande responsabilidade, mas tenho certeza de que contarei com a ajuda de grandes colaboradores que me transmitem a certeza de que juntos atenderemos as demandas do cargo que me está sendo confiado”, disse o dirigente. Ele lembrou os momentos difíceis vividos à frente da arbitragem. “Por 20 anos fui coordenador de arbitragem da FPJ e muitas vezes tive dúvidas e pensei em falar com o professor Chico. Mas aí eu ponderava que, se o presidente me nomeou para tocar o departamento e resolver contratempos, por que levar problemas a ele? Quando assumimos cargos de comando e fazemos a gestão de pessoas temos de exercer a liderança que nos foi confiada por nossos superiores e equacionar os problemas. A experiência acumulada anteriormente me dá total segurança para assumir este compromisso”, revelou Kanayama. Lembramos ao novo coordenador de exames da FPJ que, quando falamos em graduação, tocamos em algo muito delicado, que envolve a vaidade e o orgulho de um núwww.revistabudo.com.br
mero bastante expressivo de praticantes, e Kanayama contou como pretende lidar com esta questão. “Na realidade vou coordenar os exames, mas a comissão recém-nomeada fará a análise criteriosa dos currículos enviados. Quem estiver realmente capacitado receberá a nova graduação. Acho que com a colaboração de todos, esta função será facilmente executada. Além do mais, este é um tema que eu gosto muito e mexe muito comigo. Torço também para que o trabalho que faremos em São Paulo agilize os pedidos de graduação enviados à comissão de graduação da CBJ”, finalizou Kanayama. Após enumerar os predicados do novo coordenador geral dos exames de graduação, Francisco de Carvalho parabenizou o professor recém-nomeado e assegurou que Kanayama executará a nova função com maestria. “A pessoa do professor Dante Kanayama, fala por si e dispensa palavras ou adjetivos. Sua marca registrada é a fidelidade, e faço esta afirmação pelo comprometimen-
José Gomes de Medeiros, Umeo Nakashima, Celestino Seiti Shira, Yoshiyuki Shimotsu e Kanefumi Ura, membros da recém-criada comissão de graduação do Estado de São Paulo com os professores Michiharu Sogabe e Dante Kanayama
Professores kodanshas no encontro Massao Shinohara Michiharu Sogabe Shuhei Okano Celestino Seiti Shira Dante Kanayama Odair Antônio Borges Umeo Nakashima Valdir Melero Francisco de Carvalho Filho José Gomes de Medeiros Josino Francisco de Souza Luiz Yoshio Onmura Maurílio Cesário Osmar Aparecido Feltrim Tadashi Kimura Yoshiyuki Shimotsu Alessandro Panitz Puglia Antônio Roberto Coimbra Argeu Maurício Oliveira Neto Cláudio Kiyoshi Kanno Cléber do Carmo Gerardo Siciliano Henrique Serra Azul Guimarães Jiro Aoyama José Gildemar Carvalho José Paulo Costa Figueiroa José Raimundo da Silva Kanefumi Ura Leandro Alves Pereira Leonel Yoshiki Matsumoto Milton Trajano da Silva Osvaldo Hatiro Ogawa Roberto Joji Chiba Kimura Sérgio Barrocas Lex Sidnei Paris Wilmar Terumiti Shiraga
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10º dan 9º dan 9º dan 8º dan 8º dan 8º dan 8º dan 8ºdan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 7º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan 6º dan
Mesa de honra da solenidade
to que ele mostrou com a minha administração e com os interesses da FPJ ao longo de muitos anos. O Dante é incomparável pela fidelidade, pelo comprometimento e senso de responsabilidade. Muitas vezes teve de tomar decisões difíceis, mas sempre teve um olhar maior fundamentado nos destinos da federação”, disse o presidente de honra da FPJudô. “Tenho o maior orgulho em ver o Dante ocupando uma função de protagonismo na FPJudô. Aliás, meu sonho era vê-lo comandando a arbitragem nacional, pois tenho plena convicção do seu conhecimento e de seu comprometimento com este setor. Lamentavelmente este sonho não se concretizou, mas estou certo de que vencerá o desafio das novas funções e atenderá aos anseios e interesses de nosso Estado e de nossa comunidade”, previu Chico do Judô. Alessandro Puglia explicou que o professor nomeado participou ativamente
da formação na nova comissão de graduação, e que a sua indicação foi baseada na meritocracia. “O professor Dante teve uma participação decisiva na formação do grupo de professores que compõem a nova comissão de graduação. No passado, quando ainda era o nosso diretor de arbitragem, ele já tinha esta preocupação e cuidado com os exames de graduação. Felizmente, recentemente o número de pedidos cresceu muito no interior do Estado e por isso o professor Dante desenvolveu um trabalho para agilizar a realização dos exames. Com base na meritocracia, achamos que a coordenação geral dos exames deveria ficar nas mãos dele, e deu certo. O sensei Dante também auxiliará a comissão de graduação nas análises dos pedidos de dans acima do go-dan, que serão enviados para a comissão de graduação da confederação brasileira”, concluiu Alessandro Puglia. Revista Budô número 21 / 2018
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RANDORI
Supertreino da FPJudô
Técnicos e dirigentes que participaram do encontro
leva atletas da seleção brasileira à Arena Olímpica do Judô no Ibirapuera O encontro coordenado pela Federação Paulista de Judô reuniu técnicos dos principais clubes do Estado de São Paulo e mais de 250 atletas, entre os quais vários judocas das seleções brasileiras juvenil, júnior e sênior
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om o apoio da 1ª DRJ Capital, no dia 12 de junho a Federação Paulista de Judô (FPJudô) promoveu um supertreino na Arena Olímpica do Judô, localizada no Complexo Esportivo do Ibirapuera. O encontro reuniu os técnicos dos principais clubes de judô do Estado de São Paulo e mais de 250 atletas, entre os quais vários judocas das seleções brasileiras sub 18, sub 21 e sênior. Marcaram presença no encontro Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô; e os técnicos Henrique Guimarães, Daniel Hernandes e Marcos Antônio Inácio (Projeto Futuro), Marcos Dagnino e Rainner Ociscki, (Club Athletico Paulistano),
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PAULO PINTO/BUDOPRESS I Fotos BUDÔPRESS/FPJUDÔ
Douglas Vieira, Andréa Oguma e Adriano Santos (Esporte Clube Pinheiros), Nélson Onmura (Clube Atlético Taboão da Serra), Alex Russo (Associação de Judô Divino), José Gildemar de Carvalho, o Gil (Associação Desportiva Santo André), Alexandre Lee (Clube Paineiras do Morumby) e Denílson Moraes Lourenço, o Zóio (Sociedade Esportiva Palmeiras). A iniciativa que envolveu o Centro de Excelência do Judô de São Paulo, clubes, associações e a Federação Paulista de Judô resultou no fortalecimento da proposta de retomada de uma prática antiga: a reunião dos melhores judocas do Estado para treinamento contínuo visando ao fortalecimento da modalidade. “No início desta temporada o departamento técnico da federação paulista priori-
zou a retomada dos supertreinos, voltados para o fortalecimento dos atletas paulistas que buscam cada vez maior espaço no alto rendimento. Os treinos abertos a todos os judocas das classes sub 18, sub 21 e sênior ocorrem às terças e quintas-feiras na arena olímpica do Ibirapuera”, explicou Alessandro Puglia. Douglas Vieira, técnico do Clube Pinheiros e da seleção brasileira júnior, destacou a necessidade de alternar adversários nos randoris e treinar com a maior quantidade possível de atletas e diferentes. “Antes de tudo é preciso lembrar que treinos como este fortalecem o judô de São Paulo. Sobre a nossa equipe destacamos que, mesmo tendo um treino forte no Pinheiros, é muito importante que nossos atletas saiam www.revistabudo.com.br
Técnicos, atletas e dirigentes posam para foto
do reduto. Ficamos treinando uma ou duas semanas no clube e depois vimos para a arena olímpica e temos a oportunidade de avaliar o trabalho desenvolvido em nosso dojô, com judocas de diferentes escolas. Acho que isto é de fundamental importância para o crescimento dos atletas e para o fortalecimento do judô paulista e brasileiro. O judô não é igual a natação ou atletismo, em que os atletas treinam sozinhos. Treinar judô demanda adversário e depende dele. Quanto maior for a experiência do atleta, melhor será seu desempenho. Acima de tudo, esta iniciativa da FPJudô engrandece o judô de São Paulo”, disse o técnico do Esporte Clube Pinheiros. Ao avaliar a importância dos treinões conjuntos para o desenvolvimento técnico do judô paulista, Alessandro Puglia foi enfático. “Isto aqui é fantástico! Não tenho outro adjetivo para definir um treinamento no qual os melhores judocas do País estão reunidos. Aqui todos são seletos e até o mais fraco acaba ficando forte”, disse o dirigente, lembrando que o caminho para o pódio em Tóquio 2020 passa por este tipo de preparo. “Os atletas que buscam efetivamente um patamar mais elevado têm de estar envolvidos em treinos deste nível. Aqui, cada classe e categoria de peso tem cinco ou seis praticantes de altíssimo nível. Se todos treinarem constantemente, teremos muito mais atletas à disposição da seleção brasileira.” Ex-atleta da seleção brasileira, Alessandro Panitz Puglia concluiu destacando a necessidade de manter um volume de treino alto. “Os fatos e a história são soberanos, e neste sentido nos últimos 60 anos a FPJudô tem sido a grande referência para o País, assim como o treinamento na arena olímpica, já que muitos atletas que compõem a seleção brasileira e clubes de outros Estados já treinaram aqui. No projeto trabalhamos a
formação da base e o desenvolvimento dos atletas olímpicos. Estas são as principais funções do Centro de Excelência de São Paulo. Temos de manter o maior número de judocas qualificados treinando neste volume”, disse o dirigente paulista. Para o medalhista olímpico Henrique Guimarães, a troca e a variedade de adversários com qualidade são a melhor parte do treinão realizado na arena olímpica. “O ponto alto deste treinamento é colocar os atletas lutando com o maior número possível de adversários, conhecendo e vivenciando várias escolas e estilos. Geralmente treinamos muito tempo em nossa academia, mas com o tempo acabamos ficando amigos dos nossos oponentes. Aqui o tempero da rivalidade permite que se faça um randori muito parecido com a competição. Neste tipo de situação treina-se mais focado, com maior seriedade, e os resultados aparecem”, disse o coordenador do Projeto Futuro. Denílson Moraes Lourenço, o Zóio, avalia que treinos como este deveriam ocorrer sistematicamente em todas as delegacias regionais. “Este treinamento é de extrema importância para o fortalecimento do judô do Estado. O grande destaque é a quantidade de atletas de alto nível reunidos para um randori protagonizado pelos melhores judocas da atualidade. O Projeto Futuro foi e sempre será uma referência para o judô brasileiro, e meu desejo é que este tipo de encontro aconteça também em todas as delegacias regionais. Aproveito para agradecer o apoio da FPJudô ao desenvolvimento das equipes paulistas”, disse Loureiro. Na avaliação do técnico Alexandre Lee, o treinão da FPJudô deveria ocorrer com maior frequência e regularidade. “O supertreino promove o intercâmbio
entre os principais clubes e academias paulistas, e por se realizar num local neutro como o Projeto Futuro ele acaba sendo muito produtivo para o desenvolvimento e a manutenção dos atletas de alto nível. O ponto alto é a possibilidade concreta de realizarmos um randori intenso e competitivo, muito mais próximo do shiai. Precisamos incentivar a regularidade destes encontros”, disse o ex-atleta da seleção brasileira, que hoje é técnico do Clube Paineiras do Morumby. Além de aprovar este tipo de treinamento, Andrea Oguma destacou o ganho que os atletas da base obtêm nestes encontros. “Avalio que iniciativas como esta são fundamentais para o desenvolvimento do judô, pois estimulam o intercâmbio entre atletas de faixa etária e nível técnico diferentes. Esta troca auxilia muito no crescimento individual, já que é preciso que os competidores tenham diversidade de oponentes, o que muitas vezes é restrito no treino exclusivo em seus clubes. Outro fator importante é a possibilidade de os atletas mais jovens terem contato com os mais experientes e que já fazem parte da seleção, não apenas pelo aspecto técnico, mas também pelo motivacional. Quanto mais encontros desse tipo tivermos, melhor será para o judô paulista e, consequentemente, para o judô brasileiro”, previu a técnica da equipe feminina do Esporte Clube Pinheiros. Rainner Z. Ociscki enfatizou a evolução que todas as equipes de São Paulo podem experimentar em encontros deste tipo. “Treinos como este trazem melhorias tanto para atletas mais experientes quanto para os judocas mais novos que estão batalhando por sua ascensão no ranking. O que deve ser destacado deste encontro é a oportunidade de todos os clubes paulistas treinarem em conjunto. Neste cenário, as equipes progridem tecnicamente, o que favorece muito
Judocas que participaram do treinão
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RANDORI
Alessandro Puglia fala sobre a importância dos treinos conjuntos
Judocas no shiai-jo
Professores perfilados
o judô paulista”, avaliou o jovem técnico do Club Athletico Paulistano. Segundo o professor Alex Sandro Russo da Silva, a integração e a evolução técnica dos atletas de São Paulo são alguns dos principais destaques do treino realizado na arena olímpica. “O supertreino é muito importante para a integração e a evolução dos judocas de São Paulo. Por meio deste tipo de ação todos os atletas evoluem nos aspectos técnico e tático, e ainda gozam da importante convivência com técnicos de outros clubes que atuam no alto rendimento. O ponto alto destes encontros é a troca de experiências entre os atletas, dando-lhes oportunidade de treinar com adversários de níveis diferentes, fortalecendo sobremaneira o judô paulista. Penso que este tipo de encontro deveria realizar-se semanalmente. Aproveito a oportunidade para parabenizar a FPJudô e os senseis Puglia e Chico do Judô por esta importante iniciativa”, disse o professor go-dan e técnico da Associação de Judô Divino. Nelson Hirotoshi Onmura destacou a diversidade de técnicos inteiramente à disposição de todos os atletas. “Todos ganham com este tipo de treinamento, já que aqui está a nata do judô paulista. A manutenção deste treinão é de suma importância para o desenvolvimento técnico desta nova geração. Ao meu ver o ponto forte do treino é a diversidade de técnicos presentes, que ficam à disposição de todos os atletas. Isto é muito importante para os que vêm das escolas menores. Acredito que o treino poderia render mais se fosse dividido em duas turmas: até o peso leve num horário e do peso meio-médio em diante em outro. Acho que o aproveitamento seria maior, pois mesmo realizado num tatami enorme, o treino junta mais de 250 atletas em determina-
dos momentos”, disse o professor kodansha de Taboão da Serra. Enfatizando o ganho técnico, tático e físico dos atletas, Marcos Dagnino afirmou que não se consegue tamanha qualidade e diversidade técnica no treino em nenhum clube ou academia. “Minha avaliação do supertreino é a melhor possível, já que atletas e técnicos têm um ganho gigantesco. Apesar de ser um esporte individual, no judô precisamos do adversário para evoluir tecnicamente. Penso que quanto mais treinos desse tipo houver melhor será para os atletas, técnicos e a federação”, disse o técnico do Club Athletico Paulistano, que também falou sobre a quebra de tabus. “Acho que alguns técnicos e atletas deveriam reavaliar seus pontos de vista sobre o treinamento conjunto. Muitos ainda têm um pensamento antiquado e acham que treinando fora irão expor técnicas e revelarão segredos. Isto não procede. Hoje, o mundo inteiro treina junto. Avalio que a iniciativa da FPJudô é excelente e acredito que precisamos ter mais treinos como este. Quanto mais treinos houver, melhor será para todos”, assegurou Dagnino. Ex-atleta da seleção brasileira, Daniel Hernandez destacou a importância e a tradição do Projeto Futuro na formação de judocas para o alto rendimento. “Sou professor do Projeto Futuro há três anos e desde que cheguei vejo uma evolução constante em todas as áreas. Fui atleta e para chegar à seleção brasileira tive de treinar muitos anos aqui. Sei o quanto este treinamento é importante para os que querem evoluir, para São Paulo e para o Brasil. Aliás, nenhum dojô é tão democrático quanto a arena olímpica. Quem chegar com seu judogi e quiser treinar encontrará as portas sempre abertas”,
Alessandro Panitz Puglia
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Marcos Dagnino
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Nélson Onmura
lembrou o peso-pesado, que concluiu destacando a importância do intercâmbio técnico. “Acho que ultimamente estavam todos se fechando em suas academias, mas chega uma hora em que o intercâmbio faz muita falta. Acredito que aos poucos a importância e a tradição do projeto estão sendo retomadas, com o treinamento forte que se realiza nas terças e quintas-feiras. Nas segundas e quartas-feiras também há bons treinos, mas esta retomada só está sendo possível devido ao grande apoio que recebemos da FPJudô e à liderança do professor Henrique Guimarães”, disse Hernandez. José Gildemar de Carvalho destacou o gigantismo do judô bandeirante e conclamou todos os professores a lançarem um novo olhar para a modalidade. “O ponto alto do encontro no dia 12 de junho foi termos mostrado a força do judô de São Paulo. Bastou um dirigente dar cinco telefonemas e colocamos mais de 250 atletas de altíssimo nível dentro de um único dojô. Tirando o Japão e a França, em qual País do mundo se encontra isso? No campo da transmissão de conhecimento, a oportunidade que os jovens do projeto têm cada vez que as principais equipes se reúnem é fantástica. Esta aproximação com os atletas da seleção faz com que eles possam entender e acreditar que é possível atingir um ponto mais alto. Meus atletas, por exemplo, chegaram em casa alegres porque tinham treinado com os judocas da seleção. Além de proporcionar conhecimento técnico, isto é fundamental para estimular o surgimento das novas gerações”, disse Gil. “Outra coisa fundamental neste encontro foi a grande aproximação dos professores e técnicos. É um momento de conhecermos como cada um trabalha, como cada um con-
Daniel Hernandes
Francisco de Carvalho Filho
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Atletas ouvem os dirigentes
Dirigentes e técnicos se preparando para o rei inicial
duz e orienta seus atletas, e no fim de tudo quem ganha é o judô de São Paulo. Entendo que chegou o momento de São Paulo transformar-se numa unidade. Precisamos aproximar-nos mais e não ficarmos divididos porque, quando vamos para um campeonato brasileiro, o País inteiro se une contra nós – e mesmo assim não mudamos de postura. É justamente esta rivalidade que tem feito o judô do Brasil crescer e se projetar cada vez mais. Para que isto continue acontecendo temos de nos unir e promover o desenvolvimento que o Brasil busca e todos os professores do nosso País anseiam”, concluiu o professor da A.D. Santo André. Marcos Antônio Inácio fez uma avaliação muito positiva do supertreino que reuniu as principais equipes de São Paulo. “O Projeto Futuro sempre tem uma rotatividade enorme de atletas de fora, mas um treino desta magnitude, como ocorreu na terça-feira passada, é de extrema relevância. Principalmente para quem quer aprender a lutar judô em um patamar acima, pois a qualidade técnica dos atletas que estavam nos tatamis e o nível de conhecimento dos professores presentes foi muito elevado. A arena olímpica é um local de suma importância para judô nacional. Por ele passaram técnicos como Floriano de Almeida, Elton Fiebig, Alexandre de Almeida Garcia e outros grandes professores”, disse Marco Antônio. “Este tipo de treinamento é muito importante para o desenvolvimento do judô paulista, um encontro de diferentes escolas e estilos. O projeto não tem bandeira e é um local aberto para trocar informações, treinar judô e promover a socialização entre atletas e técnicos. Nosso coordenador é o medalhista olímpico Henrique Guimarães. O Daniel Hernandes e eu somos os professores, e os treinos
acontecem diariamente, mas são abertos aos visitantes apenas no período da noite. Todos os técnicos e atletas que queiram visitar-nos ou treinar conosco serão muito bem-vindos”, concluiu o professor Inácio. Francisco de Carvalho Filho lembrou que foi este tipo de treinamento, e não o ranking internacional, que garantiu as primeiras medalhas olímpicas conquistadas pelo Brasil. “Foi exatamente este tipo de treinamento que gerou resultados internacionais e garantiu as primeiras medalhas olímpicas. Era assim que fazíamos antigamente na Rua França Pinto, no Clube Pinheiros, na Budokan ou no Projeto Futuro, tornando o judô a modalidade com maior retrospecto olímpico do Brasil”, explicou o dirigente, que destacou a importância do projeto no aprimoramento técnico e tático dos judocas paulistas. “Na arena olímpica os treinamentos reúnem vários atletas que, independentemente das cores de seu clube, podem testar tudo aquilo que praticam no dia a dia, porque lá o treino é intenso e com volume diferente. Tínhamos mais de 250 atletas nos tatamis, e se o atleta fizer dez randoris, já terá feito um supertreino porque só se enfrentam adversários nivelados tecnicamente. Quem treina num dojô pequeno pega um adversário muito forte e outro muito fraco, e acaba descansando. Aqui isto não acontece. Num treino como este fazem-se todos os randoris no mesmo padrão”, explicou Chico do Judô, que finalizou lembrando que todos devem lutar pelo mesmo objetivo: o desenvolvimento técnico comum. “É assim que temos mantido bons resultados, e se mantivermos este formato certamente alcançaremos os objetivos que buscamos. Independentemente da faixa etária, temos vários atletas ranqueados que, se
Henrique Guimarães
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Andréa Oguma
Alex Russo
Atletas ouvem os dirigentes
Atletas ouvem os dirigentes
treinarem juntos, vão melhorar o nível técnico do grupo todo. Porque todos estão todos ali, juntos, por um único resultado: a vitória do judô de São Paulo e do Brasil”, disse Francisco de Carvalho. Entre os atletas que compareceram ao treinamento da arena olímpica estavam grandes nomes da atualidade, como Laura Ferreira (48kg), Gabriela Chibana (48kg), Eleudis Valentim (52kg), Larissa Pimenta (52kg), Juliana Rodrigues (57kg), Jéssica Carvalho (57kg), Yanka Pascoalino (63kg), Gabriela Rodrigues Alves (63kg), Sandy Vieira (63kg), Caroline Cometki (63kg), Manuela Frediani (70kg), Samanta Soares (78kg), Ellen Furtado (+78kg), Lincoln Gonçalves (60kg), Willian Lima (66kg), Enzo Gasparini (66kg), Eliseu Leme (66kg), Eduardo Barbosa (73kg), Leonardo Georjutti (73kg), Ronin Rocha (73kg), Gabriel Venâncio (81kg), Gustavo Cardin (81kg), Giovane Ferreira (90kg), Rafael Buzacarini (100kg), Lucas Lima (100kg), André Soares (+100kg) e Jonas Inocêncio (+100). Entre as equipes que compareceram ao supertreino da semana passada estavam Club Athletico Paulistano, Esporte Clube Pinheiros, Clube Atlético Taboão da Serra, Associação de Judô Divino, Projeto Futuro, Associação Desportiva Santo André, Clube Paineiras do Morumby, Sociedade Esportiva Palmeiras, A Hebraica e São Paulo Futebol Clube.
Denílson Moraes Lourenço
Marcos Antônio Inácio
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LEGADO
Na comemoração de seu a Askace ratifica o presente e reverencia o passado
Pioneira no Nordeste, a Escola de Karate-Dô Shotokan Tradicional de Fortaleza investe hoje no desenvolvimento humano, valorizando a função sócio educativa do karate-dô POR
PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO ASK ACE e chico GADELHA
F
undada em 23 de novembro de 1967, a Associação de Karatê do Ceará (Askace) é a agremiação pioneira do karatê-dô no Estado. Ela foi criada pelo capitão Joaquim Antônio Maia Martins, formado pelo mestre Sadamu Uriu, no Rio de Janeiro. Membro da brigada aeroterrestre de paraquedismo do Rio de Janeiro, Maia Martins foi transferido para Fortaleza e iniciou a história que edificou o karatêdô no Estado do Ceará. Vinculada à Federação de Karatê Tradicional do Ceará (FKTC), à Confederação Brasileira de Karatê-Dô Tradicional (CBKT) e à International Traditional Karate Federation (ITKF), a Askace têm por objetivo proporcionar desenvolvimento humano por meio de uma visão socioeducativa do karatê-dô. Ao comemorar os 50 anos da entidade, a diretoria técnica da Askace desenvolve estudos com o objetivo de compreender com maior profundidade a proposta da metodologia do sensei Gishin Funakoshi, fundador do estilo Shotokan. “Buscamos suporte nos princípios da moderna ciência desportiva, onde o
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Aluno do Método Kodomô
Aluno do Método Kodomô
Aluno do Método Kodomô
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cinquentenário, Lateral da ASKACE - Escola de karate-Do Tradicional
Parte frontal da ASKACE
Curso de atualização com Tasuke Watanabe shihan
jitsu (aspecto técnico) e o dô (aspecto filosófico) caminhem paralelamente. Contamos com a experiência acumulada nos 50 anos de prática e a valiosa cooperação de muitos shihans que, nas últimas cinco décadas, proporcionaram profundas reflexões e ensinamentos. Mestres renomados como Sadamu Uriu, Denílson Caribé, Yoshizo Machida, Yasuyuki Sasaki, Anthony Joseph, Yasutaka Tanaka, Hiroyasu Inoki, Tasuke Watanabe, Kazuo Nagamine e Gilberto Gaertner, entre outros, transmitiram seus ensinamentos”, explicou o atual presidente, sensei Iko Trindade.. O corpo técnico da Escola de Karate-Dô Shotokan Tradicional é coordenado pelo seu presidente e pelo diretor técnico Francisco Maciel. Compõem a equipe os senseis Paulo Meireles, Jorge Viana, Francisco Maciel, Patrício Serra, Erivan Maciel, Felipe Saldanha, Ary Costa, Leidiane Andrade, Marcelo Teles e Ronaldo Sabino. Na secretaria da entidade trabalham hoje Ana Paula Truzor e Gabriela Mariano, apoiadas por Wilker Santos e Peu Leite. O professor Iko Trindade é reconhecido por ter desenvolvido em 2005 uma proposta para prática do karatê para crianças de 3 a 5 anos, por meio do Método Kodomô, que utiliza elementos da neurociência e da psicomotricidade. Trata-se de uma abordagem histórica e cultural, observando sempre os aspectos cognitivos, afetivos, motores e sociais. Esse trabalho foi publicado no congresso da FIEP (2011, 2013) e pelo College European Sport of Science (ECSS, 2014). O método Kodomô foi também motivo de tese de doutorado pelo autor.
Grandes comemorações No dia 23 de novembro de 2017 a Askace comemorou seu cinquentenário numa cerimônia que reuniu autoridades esportivas, políticas e militares. Alunos antigos, professores, dirigentes do Círculo Militar de Fortaleza e convidados prestigiaram o evento da eswww.revistabudo.com.br
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LEGADO cola de karatê mais antiga do Ceará. João Crisóstomo Souza, general de brigada e atual presidente do CMF, agradeceu a todos e em especial aos membros da Askace. Saudou também o shihan Tasuke Watanabe, instrutor-chefe da Confederação Brasileiro de Karatê-Dô Tradicional, que havia ministrado no dia anterior um curso de aperfeiçoamento técnico-filosófico-histórico. Em seguida o coronel Samuel Souza, ex-presidente do CMF (1993 a 1998), descreveu em detalhes como o mestre Iko Trindade e sua família se envolveu e ajudou na releitura da Askace e do Círculo Militar de Fortaleza. Na composição da bancada estavam Jorge Henrique, membro presidente do Conselho Regional de Educação Física (CREF-5); FrancisRonaldo e Erivan senseis ao fundo Iko sensei co Francelino, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET) e Universidade Estadual do Ceará (UECE); shihan Tasuke Watanabe, técnico da Confederação Brasileira de Karate-Dô Tradicional (CBKT); Heitor Ferrer, deputado estadual do Ceará pelo Solidariedade; João Crisóstomo Souza, general de brigada e presidente do Círculo Militar de Fortaleza (CMF); mestre Iko Trindade, presidente da Askace e delegado da Federation Internacionale D`Education Physique (FIEP); coronel Samuel Melo, ex-presidente do CMF; José Wellington, presidente da Federação de Karate-Dô Tradicional do Ceará (FKTC), João Airton, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC); Heraldo Filho, médico e karateca que representou seu pai, mestre Heraldo Lôbo; professores e primeiros
Visão geral de alunos e convidados da ASKACE
Demonstração do Iko Trindade para autoridades e senseis
Bodhidharma
1200Noa mundo 1960 • Foi o tempo que decorreu entre o aperfeiçoamento do estilo das mãos vazias, o Kara Te e a chegada ao Brasil daqueles que iniciaram e prosseguiram com a difusão.
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No Brasil 1200
1936
• Daruma, que levou da índia para a china os fundamentos de um tipo de luta.
• Ginchin • Uriu e Tanaka chegam Funakoshi, criou ao Brasil e tornam-se o estilo shotokan. referências no ensino do karatê. Capitão Maia Martins torna-se aluno do mestre Uriu
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1960
1965 a 1967
Ceará Clube C.M.F. Ass. de Karate do Ceará 1965 • Instrução no 23 BC • José Barbosa (Boinha) Aldenir de Castro Aderne Lomônaco, Pedro Idelano, Wilson Cavalcante, José Candido e Gilson Wayny
• Colégio Militar de Fortaleza • Heraldo Lôbo
1967 • A primeira academia de karatê do Ceará, fundada em 23 de novembro de 1967 no Círculo Milita de Fortaleza pelo Capitão Maia Martins.
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alunos do coronel Maia Martins. Na ocasião todos os alunos presentes receberam o medalhão alusivo ao evento. O ponto alto da festa foi a entrega das comendas dos 50 anos da Askace aos primeiros alunos do capitão Maia Martins, amigos e senseis que ministraram aulas nesse período. O shihan Tasuke Watanabe fez um discurso de reconhecimento e gratidão, citando a organização, o cuidado com as imagens fotográficas, a exposição e o empenho de toda a equipe da escola. A imprensa local registrou o evento com muito profissionalismo. A inovação, uma das inquietações do mestre Iko Trindade, o levou a expor, num dos dojôs, mais de 60 painéis de fotos antigas que contam a verdadeira história do karatê-do no Ceará. Uma exposição “Arte das Mãos Vazias” rica de imagens dos primeiros alunos e da primeira turma feminina do Estado e das primeiras demonstrações, além de imagens inéditas dos 50 anos de existência da escola. Alguns alunos que viveram isso se fizeram presentes o que lhes trouxe muita emoção em rever registrada ali uma importante parte de suas vidas. A mostra destacou as pessoas como a parte mais importante do processo de aprendizado para a vida dessa arte marcial milenar, sem deixar de registrar os primeiros campeonatos dos quais os mestres Heraldo Lôbo e Iko Trindade participaram, tornando-se campeões absolutos em 1971 e 1973, respectivamente. Ao cortar a fita, mestre Iko Trindade, shihan Tasuke Watanabe, general João Crisóstomo Souza e coronel Samuel Souza inauguraram a visitação da mostra e se depararam com uma verdadeira obra de arte no dojô Capitão Maia Martins. No dojô Heraldo Lôbo, localizado no mesmo prédio, uma aula foi montada e gravada com comando do kiai, barulho
Exposição “História viva das Mãos vazias” Iko, Samuel e Tasuke
Aluna Rafaela Aragão durante o kata
Alunos do Kodomô visitam a exposição
Painéis de fotos antigas Kim, Iko, Claudia, Iago e Mestre Tasuke
1967 a 1972 • Uma estrebaria no CMF foi adaptada para ser a primeira academia do Ceará. Neste período o Cap. Maia Martins treinou e deu orientações para muitos alunos. Citando os que continuaram trabalhando pelo desenvolvimento do karate, Heraldo Lôbo, Iko Trindade, José Isaac, Anísio Ribeiro, Paulo Silva, Ricardo Basile (Sansão), Bosco Barboza, Mário Sales e Inaldo Marques.
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1971
1972
1972
• Neste ano foi realizado pelo Cap. Maia Martins o primeiro campeonato de karatê do Estado do Ceará. No kumitê absoluto, conseguiram o 1º lugar Heraldo Lôbo (ASKACE), 2º lugar Rodrigo (23 BC) e 3º lugar Iko Trindade (ASKACE).
• Senseis e alunos da Askace agora divulgam o karatê, ainda pouco conhecido no Ceará, fazem demonstrações na TV Ceará e em clubes da cidade. Na foto Heraldo Lôbo, José Candido e Iko Trindade na AABB.
• Vence o torneio do sesquicentenário de Fortaleza, o karateca Bosco Barboza, ficando em segundo lugar Iko Trindade.
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LEGADO do kimono no corpo, etc. Ali se podia sentir o mesmo espírito de uma aula real, remontando aos tempos iniciais com os totens dos mestres Sadamu Uriu, Mitsusuke Harada, capitão Maia Martins, mestres e alunos. A festa dos 50 anos da Askace conseguiu resgatar antigos alunos Escudos da ASKACE 1º-1967/1973; 2 º -1973-1994; 3 º -A partir de1994 para os treinos na atualidade. Praticantes que estavam parados há mais de 30 anos hoje integram uma turma dirigida pelo mestre Iko Trindade aos sábados pela manhã. Com o desejo de agradecer a todos e especialmente aos alunos e senseis pioneiros, mestre Iko Trindade fez uma demonstração de defesas do karatê-dô aplicadas a defesa pessoal e defesas de ataques de katana. A imprensa destacou a perseverança e o zelo da equipe que mantém até hoje o legado de Maia Martins, concedendo-lhe o prêmio Cliente Nota 10 à Escola de Karatê-Dô Shotokan Askace. Outras exposições, copas comemorativas e a criação Inauguração da exposição “História viva das Mãos vazias” Iko sensei, Maia do museu Askace são projetos para um Martins (totem), Cel. Samuel, Gen. Souza e Mestre Tasuke Watanabe futuro bem próximo.
Rodrigo Aragão e alunos da ASKACE em aula de Kata
Entrevistas durante a exposição
Foto panorâmica por ocasião do curso dos 50 anos da ASKACE com Tasuke shihan
1973 • Representando a ASKACE Iko Trindade vence o Campeonato Cearense de Karatê no kumitê absoluto, no Ginásio Paulo Sarasate.
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1974 • Após a saída do Cap. Maia Martins do Estado do Ceará, os senseis da ASKACE buscaram atualizações para uma prática eficiente, recorremos a ASKABA e ficamos sob orientação do sensei Denílson Caribé, que nos acolheu muito bem naquele momento (Iko, Denílson e Isaac).
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1975 • Foi preciso construir um novo espaço, e na gestão do prof. Heraldo foi construído um dojô que contava com banheiros, e uma secretaria. (Paulo Sérgio, Heraldo Lôbo).
1980 1975 • A vista mostra a parte interna do dojô. A inauguração contou com a presença do Dr. Glauco Lôbo, Cel. Garcez que na ocasião presidia o clube e outro diretores.
• Nos anos seguintes a ASKACE dedicou-se as competições, contando agora também com alunos de outra geração, conquistando importantes títulos para a academia, estavam: Renato Monteiro, Paulo Silva, Murilo Teixeira, Alberto Barroso, Jorge Viana, Henrique Franklin, Paulo Meireles, Esaú Bezerra, Cleiton Albuquerque, Paulo Guimarães, Evandro Chaves, Marcus Braga, Eliomar Leitão, Paulo Macedo, Sérgio Caju, Paulo Sérgio Carvalho, João Airton e outros.
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Sensei Heraldo Lôbo - 1975
Um pouco de história No começo, em 1967, a Associação de Karatê do Ceará funcionou num antigo estábulo, onde hoje está o ginásio coberto do Círculo Militar de Fortaleza (CMF), adaptado para ser a primeira academia especializada em karatê do Estado. O capitão Maia Martins também ministrava treinamento para militares e utilizava técnicas do karatê nesta formação no 23° Batalhão de Caçadores para a turma daquele ano, onde participava o 2° tenente José Barbosa Júnior (Boinha). A pedido de Aldenir de Castro e outros amigos civis, que também queriam treinar, conseguiram um espaço onde havia aula de jiu-jitsu e luta livre, mas por pouco tempo pois os movimentos do karatê desgastava e desalinhava os tatamis, que naquele momento era lona sobre palha, logo foram para o clube Círculo Militar de Fortaleza, assim, então inicia a primeira turma de karatecas, com maior graduação estavam, José Barbosa Junior (Boinha) e Aldenir de Castro já citados e mais Aderne Lomônaco, Pedro Idelano, Wilson Cavalcante, José Candido e Gilson Wayny. Como professor do Colégio Militar de Fortaleza, em 1966 sensei Maia criou uma turma de karatê para alunos do ensino regular, entre os quais estavam Heraldo Lôbo e outros que se juntaram aos karatecas da turma inicial do clube militar. Nos anos seguintes começaram na prática José Isaac, Anísio Brito, Iko Trindade, Bosco Barboza, Mário Sales, Ricardo Basile e posteriormente Inaldo Marques, que ainda era criança, para citar os que deram continuidade. Em 1972 ocorreu a transferência do capitão Maia Martins para outro Estado, e
Alunos do Cap. Maia Martins em curso com Mestre Uriú no Ceará -1967
Membros do Shihankay do Karate-Dô Tradicional do Ceará. Etelmo, Wellington, Maciel, Iko, Patricio e Enderson
1994 • Após uma pausa no funcionamento do dojô, o professor Iko Trindade assumiu a direção geral e faz uma reforma para reiniciar os serviços.
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1996 • Num segundo momento, o coronel Joaquim Antônio Maia Martins passou os direitos de propriedade da marca ASKACE para Trindade, e com isto foi possível realizar investimentos para que uma nova proposta se consolidasse. A partir desta iniciativa foi construída uma nova sede e uma nova proposta pedagógica foi implantada.
1996
1996
1996
• O novo prédio construído conta agora com três dojôs, banheiro para adultos masculino, feminino e um para crianças, secretaria com deposito, uma lojinha, deposito externo, cantina e sala de reuniões. O dojô superior recebeu o nome de Heraldo Lôbo e o inferior de Capitão Maia Martins, este, atualmente é climatizado e tem sistema transmissão de filme de uso pedagógico.
• Aceitando o desafio do Cel. Samuel de Melo Sousa em trabalhar a favor do CMF incluindo a construção da nova sede da ASKACE.
• Em parceria com o CMF o casal Claudia Vidal e Iko Trindade projetou a pista de Cooper, as grades substituindo os antigos muros na frente e lateral do clube, cobertas da casa de chá, caramanchões e ainda construíram a caixa d’agua central.
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LEGADO coube a Heraldo Lôbo e a Iko Trindade assumirem a presidência e a vice-presidência da agremiação, e fizeram a gestão com a ajuda da equipe de senseis. Quando o local precisou ser ocupado pelo ginásio do clube, foi construída pelo presidente uma segunda sede, que naquele momento era suficiente para a demanda, da escola que na époMesa da solenidade dos 50 anos, Prof. Francelino Alves, Mestre Tasuke Watanabe, ca era denominada Dep. Heitor Ferrer, Gen. Souza Melo, Iko Trindade sensei e Cel Samuel Melo Academia Askace. Naquele período a Askace tornou-se um importante polo de arte marcial na sociedade Cearense, Entrega da comenda de 50 anos ao Aldenir de Castro sensei, um obtendo importantes dos primeiros alunos do Cap. Maia Martins. conquistas esportivas, formando atletas graduados e novos senseis, entre os quais Renato Monteiro, Paulo Silva, Murilo Teixeira, Alberto Barroso, Jorge Viana, Henrique Franklin, Paulo Ximenes, Esaú Bezerra, Cleiton Albuquerque, Paulo Guimarães, Evandro Chaves, Marcus Braga, Eliomar Leitão, Paulo Macedo, Sérgio Caju, Paulo Sérgio Carvalho, Discurso do Iko para autoridades, senseis e convidados João Airton e outros. Após uma pausa no funcionamento do dojô, em 1994 o professor Iko Trindade assumiu a direção geral. Num segundo momento, o coronel Joaquim Antônio Maia Martins passou os direitos de propriedade da marca Askace para Trindade, e com isto foi possível realizar investimentos para que uma nova proposta se consolidasse. Essa iniciativa foi motivada pelo projeto de retomada do Círculo Militar de Fortaleza pelo coronel Samuel Melo, que trouxe ideias inovadoras para o clube. Diante da necessidade imediata de recuperação das instalações, construiu-se uma terceira Askacianos, Carlos Magno, Théo, Gaston Viana, Carlos Alberto, Jorge Viana, Herique Franklin, Mário Sales, João Bosco, Iko Trindade.
Método KoDoMô
2005
®
• O método kodomô para crianças de três a cinco anos foi criado com objetivo de desenvolvimento na primeira infância, tem uma abordagem histórico cultural, utiliza a psicomotricidade e a interação social.
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2005 • Muitos cursos de atualização, clínica e seminários foram realizados na ASKACE, em todos os anos.
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2013
2014
Os exames de faixas pretas da Federação de Karatê Tradicional do Ceará (FKTC) são realizados na ASKACE.
• Senseis da ASKACE participam do Goshin-Dô como forma de interagir e acompanhar o desenvolvimento do karatê mundial, por meio do Shihankay e os senseis da escola de karatê, nos anos de 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
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sede, agora denominada Escola de Karate-Dô Shotokan, hoje com três dojôs, dois deles com nomes que homenageiam os senseis Maia Martins e Heraldo Lôbo. Foi então que a equipe da Askace foi remontada, com Anísio Ribeiro de Brito, Henrique Franklin, Paulo Meireles, Jorge Viana, e se ampliou a partir de 1996 com Ferrucio Petri, Heraldo Simões e Oswaldo Tavares. Outras mudanças se seguiram: em 1998, com Máximo de Castro e Marcos Ernesto; em 2002, com Jocélio Mesquita; em 2008, Francisco Maciel, Patrício Serra e Erivan Maciel; em 2010, com Joceliano Mesquita, Adriano Augusto e Renata Alves; em 2011, com Jorge Etelmo; em 2012, Ari Costa com Francisco Enderson, Cristina Saraiva e Felipe Saldanha; em 2015, com Vandegleson Cardoso; e em 2017, com Leidiane Andrade, Marcelo Teles e Ronaldo Sabino. Na secretaria, Ana Paula Truzor, também karateca, trouxe um incansável suporte a toda a equipe.
Dojo Heraldo Lôbo e comenda dos 50 anos da ASKACE
Defesa de doutorado do Método Kodomô No início de dezembro o professor Iko Trindade fez a defesa da sua tese de doutorado do Método Kodomô no karatê para crianças de três a cinco anos. Estudo do prof. Trindade que teve como orientadora a profa. Dra. Ilvana Lima Verde Gomes ainda na banca as professoras doutoras Thereza Magalhães (programa de doutorado UECE); Andréa Benevides (profissional de Educação Física, ATENEU); Layza Castelo Branco (docente do curso de psicologia da UECE) e o professor doutor Gilberto Gaertner (docente do curso de psicologia da Universidade Positivo/ Paraná, e presidente da International Traditional Karate Federation (ITKF).
Momento da defesa de tese patrocinadores
2014
2016
2017
• Os gashukus são sempre uma rica experiência junto a natureza 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
• Encontros de trabalho com shihans do Karatê-do Tradicional, onde a Askace foi oficializada como sub-sede da CBKT no nordeste.
• O corpo técnico da Escola de Karate-Dô Shotokan Tradicional é coordenado por seu presidente, sensei Iko Trindade e pelo diretor técnico Francisco Maciel. Compõem a equipe os senseis Paulo Meireles, Jorge Viana, Francisco Maciel, Patrício Serra, Erivan Maciel, Felipe Saldanha, Ary Costa, Leidiane Andrade, Marcelo Teles e Ronaldo Sabino. Na secretaria da entidade trabalham hoje Ana Paula Truzor e Gabriela Mariano, apoiadas por Wilker Santos e Peu Leite.
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2017 • Em 2017 a ASKACE celebrou seu aniversário de meio século de funcionamento, homenageou seus antigos e atuais senseis, alunos e autoridades presentes.
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C AMPEONATO PAULISTA DE JUDÔ SUB 11 E SUB 13
São Carlos sedia fase final do Campeonato Paulista Aspirante das classes infantil e infanto-juvenil Durante a cerimônia de abertura a FPJudô presenteou os jovens judocas com squeezes personalizados e um mangá produzido pelo Instituto Kodokan do Brasil POR
PAULO PINTO I Fotos CRISTIANE ISHIZAVA
igual para igual. Trata-se de uma grande escola de competição, preparando-os para desafios maiores quando chegarem à divisão especial. A cerimônia de abertura teve a presença de autoridades políticas e esportivas, entre as quais Alessandro Panitiz Puglia, presidente da FPJudô; Edson Ferraz, secretário de Esporte e Lazer de São Carlos; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; Joji Chiba Kimura, coordenador técnico da FPJ; Sebastião Alexandre Cunha, o Sebá, organizador do evento; Adib Bittar, coordenador financeiro da FPJudô; os delegados regionais Akira Hanawa, Raul Senra Bisneto, André Gustavo Gonçalves, Cléber do Carmo, Cláudio Calasans e Sidnei Paris, da 8ª DRJ e anfitrião do evento, além de dezenas de professores kodanshas. Ao todo, 52 árbitros e 32 oficiais técnicos atuaram nas oito áreas de disputa e foram comandados pela árbitra FIJ A Marilaine Ferrante. O rei inicial foi conduzido pelo professor Rodolfo Mathias, de Rio Claro.
Presente educativo
Os campeões da classe sub 13 representarão Sâo Paulo no Campeonato Brasileiro
C
om o apoio da prefeitura e da Secretaria de Esporte e Lazer de São Carlos, neste sábado 18 de agosto a Federação Paulista de Judô (FPJudô) promoveu a fase final do Campeonato Paulista Aspirante das classes infantil e infanto-juvenil (sub 11 e sub 13). A competição realizou-se no ginásio municipal de São Carlos, uma das principais arenas esportivas da região Centro-Leste de São Paulo, e recebeu cerca de 700 judocas das 16 delegacias regionais do Estado.
Os competidores foram atletas que durante maio, junho, julho e agosto disputaram
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as fases regionais e inter-regionais do Campeonato Paulista Aspirante das classes sub 11 e sub 13. Participaram da disputa realizada neste fim de semana somente os judocas que medalharam na fase inter-regional. Os campeões da classe infanto-juvenil (sub 13) representarão São Paulo no Campeonato Brasileiro Sub 13, que acontece
A divisão Aspirante foi criada para dar oportunidade aos judocas graduados até a faixa verde competirem e chegarem às finais de um campeonato paulista. Apesar do grande número de atletas que hoje integram esta categoria, todos têm chance de disputar de
Em uma ação inédita, a Federação Paulista de Judô presenteou todos os judocas com squeezes personalizados e um mangá (revista) produzido pelo Instituto Kodokan do Brasil, com o título Judô Educação, Respeito e Disciplina. A publicação de cunho pedagógico destaca os 110 anos da imigração japonesa no Brasil, mostra a importância do cumprimento, da cordialidade, da gentileza, do respeito e da manutenção do amor na relação com os pais, avós e familiares, e na relação humana como um todo. Sobre o judô especificamente, a publicação mostra que a luta começa e termina com cumprimento ritsu-rei, za-rei, ensina como amarrar a faixa, vestir e dobrar o judogi corretamente após sua utilização. www.revistabudo.com.br
O mangá produzido pelo Instituto Kodokan do Brasil também aborda aspectos como regras, a higiene no dojô e a denominação de algumas técnicas em japonês e as cores das faixas de cada graduação. Por meio da pequena publicação as crianças aprendem de forma lúdica e divertida diversos aspectos da arte marcial japonesa criada por Jigoro Kano. Em seu pronunciamento Alessandro Puglia parabenizou a Prefeitura de São Carlos pela qualidade do ginásio municipal. “Há muitos anos a Federação Paulista de Judô não realiza uma final de campeonato paulista nesta região do Estado. Graças ao esforço e o empenho do professor Sebá, fizemos uma aproximação com a Secretaria de Esporte e Lazer de São Carlos e conseguimos realizar aqui este importante evento do nosso calendário. Faço um agradecimento especial ao prefeito Airton Garcia Ferreira e ao secretário de Esporte e Lazer, Edson Ferraz, pelo apoio na realização desta competição. São Carlos está no centro do Estado e desejamos que esta parceria dê frutos e possamos realizar novos eventos aqui, facilitando assim o acesso dos judocas de todas as regiões”, disse o dirigente. Agradecendo ao Instituto Kodokan do Brasil que gentilmente cedeu mangás para todas as crianças inscritas na competição, o presidente da FPJudô explicou a importância desta iniciativa e sugeriu que num momento oportuno os pais lessem as revistinhas com seus filhos, já que o conteúdo é de suma importância no tocante à conduta e ao comportamento dos jovens judocas, dentro e fora dos tatamis. “Agradeço ao professor Shuhei Okano, presidente de honra do Instituto Kodokan do Brasil, que gentilmente cedeu os mangás para todas as crianças inscritas na competição. Quero sugerir aos pais que aqui estão que na medida do possível leiam o mangá que estamos dando aos seus filhos, e percebam a
Parte dos árbitros que atuaram na competição
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Atletas perfilados durante a cerimônia de abertura
Edson Ferraz, secretário de Esporte e Lazer de São Carlos
Distribuição de squeezes e mangás
Autoridades durante a execução do Hino Nacional
Parte dos árbitros que atuaram na competição
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C AMPEONATO PAULISTA DE JUDÔ SUB 11 E SUB 13 preocupação do judô no sentido de educar e transmitir bons modos aos jovens praticantes. Por meio desta publicação vocês terão acesso a pequenas dicas daquilo que nós, professores, buscamos transmitir aos praticantes. O judô é muito mais que wazaris e ippons. Estamos certos de que com a colaboração de vocês este processo pode acontecer de forma muito mais ampla e eficiente. O judô transforma e fundamenta a criança em princípios saudáveis, esportivos e pedagogicamente positivos”, explicou Puglia. Dando boas-vindas a todos, Edson Ferraz, secretário de Esporte e Lazer de São Carlos destacou os aspectos pedagógicos do judô. “Em nome do prefeito Airton Garcia Ferreira dou boas-vindas a todos os judocas do Estado de São Paulo, que vieram com seus familiares para disputar a fase final do Campeonato Paulista de Judô das classes infantil e infantojuvenil. É com grande prazer que recebemos vocês e sediamos uma disputa tão importante. O judô é um esporte revestido de princípios filosóficos e enfatiza a educação e a saúde. A cidade de São Carlos está de portas abertas para receber os eventos da Federação Paulista e todos os judocas do nosso Estado”, disse.
A FPJudô e o secretário Edson Ferraz homenageando o professor Sebá
Sidnei Paris, Edson Ferraz, Alessandro Puglia e professor Sebá
Judocas com os mangas produzidos pelo Instituto Kodokan do Brasil
Esforço recompensado Sebastião Alexandre Cunha, o Sebá, detalhou como iniciou o projeto para levar um evento final da FPJudô para São Carlos. “Já faz um tempo que vinha conversando com os senseis Chico e Alessandro sobre a possibilidade de trazer um grande evento para São Carlos, e em janeiro, no Shotyugeiko de Bastos, retomamos o tema. Eles falaram com o professor Sidnei Paris e tudo acabou dando certo. Mesmo sabendo que daria muito traba-
Judocas exibem os squeezes
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Alessandro Puglia sugeriu que os pais também lessem os mangas Judocas no shiai-jo
Judocas no shiai-jo
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Árbitros e autoridades fazem o rei inicial
Mário Manzatti, Alessandro Puglia, Sidnei Paris, professor Sebá e Uishiro Umakakeba
lho, aceitei assumir este desafio porque a paixão pelo judô e a possibilidade de fazer com que São Carlos entrasse no circuito de grandes eventos da FPJudô me deram a força de que eu precisava”, explicou.
Após a realização do certame, Sebá avaliou que todo o esforço valeu a pena. “Desde janeiro vinha correndo atrás de tudo junto à prefeitura, hotel, alimentação, ambulâncias, manutenção do espaço, som, carregamento, mesas e cadeira – e valeu a pena! É difícil encher o Ginásio Milton Olaio Filho, e fazia tempo que não víamos aquele espaço com tantos judocas, ainda mais sendo um evento tão familiar, devido às classes que estiveram em disputa. O Edson Ferraz, nosso secretário de Esporte e Lazer, ficou muito feliz, e os outros secretários e gestores da prefeitura que estiveram na competição ficaram impressionados com a quantidade de crianças e familiares. Foi um evento de grande impacto, ótimo para o judô do município, ótimo para o comércio da cidade. Fizemos tudo da melhor forma possível, e os próximos eventos sairão ainda melhores”, prometeu o professor São-Carlense. Lembrando sua origem nos tatamis, sensei Sebá falou da emoção de ver seu sensei na mesa de honra de um evento organizado por ele. “Foi muito gratificante ver o sensei Umakakeba ali na mesa de honra de um evento que ajudei a organizar; senti que ele estava feliz. Comecei
no judô em 1990 aqui em São Carlos com o professor Erasmo, e entre 1995 e 1998 tive a honra e o prazer de me mudar para o Projeto Bastos de Judô, no qual pude aprender a arte por completo: competitiva, filosófica, educacional, o judô da forma que Jigoro Kano deixou. De lá para cá nunca mais me desliguei de Bastos, vou para lá todo ano e hoje em dia meus filhos Caio Satoshi, de 16 anos, e Mateus Kioshi, de 14, moram lá também, o que me dá uma satisfação indescritível”, disse sensei Sebá.
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C AMPEONATO PAULISTA ESTUDANTIL
Mario Manzatti, Alessandro Pug Leite, Francisco de Carvalho Filh lia, Celso de Almeida o e Joji Kimura
Dirigentes per filados durante a execução do Hino Nacional
Sob o comando da FPJudô, o Campeonato Paulista Estudantil tem presença recorde de atletas Certame realizado na Associação Portuguesa de Desportos marcou a volta do principal torneio interescolar de judô de São Paulo ao calendário de eventos da FPJudô
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eunindo atletas de mais de uma centena de escolas do ensino fundamental, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou no sábado (15) o Campeonato Paulista Estudantil 2018. Certame classificatório para os Jogos Escolares da Juventude (JEJ), o paulista
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PAULO PINTO I Fotos MARCELO LOPES/FPJ
estudantil desta temporada teve a participação recorde de 700 judocas aproximadamente, o que por si só mostra a importância de a competição ser realizado por uma entidade oficial que conhece as particularidades e minúcias da modalidade. O Campeonato Paulista Estudantil visa
a inserir os estudantes na prática esportiva, e destina-se aos atletas das classes sub 13 e sub 18 matriculados nas escolas das redes pública e privada, garantindo vaga para os Jogos Escolares da Juventude, torneio organizado e realizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). www.revistabudo.com.br
Atletas perfilados durante a execução do Hino Nacional
Judocas durante a cerimônia de abertura
Membros da comissão técnica e atletas classificados no Paulista Estudantil, já em Natal para a disputa do Campeonato Brasileiro Estudantil
A cerimônia de abertura reuniu diversas autoridades esportivas, entre as quais Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô; Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; Hissato Yamamoto, delegado da 1ª DRJ Capital; Cláudio Calasans, delegado da 2ª DRJ Vale do Paraíba; Celso de Almeida Leite, delegado da 15ª DRJ Grande Campinas; e os professores kodanshas Takeshi Nitsuma, Belmiro Boaventura da Silva, Paulino Tohoru Namie; Antônio Honorato de Jesus, Orlando Sator Hirakawa; Gildemar de Carvalho; Leandro Alves Pereira, Paulo Ferraz Alvim Muhlfarth, Ivo Vieira Nascimento, Milton Ribeiro Correa, Solange Pessoa, Uishiro Umakakeba e Rubens Pereira. Em seu depoimento Alessandro Puglia destacou a importância do Campeonato Paulista Estudantil voltar a ser realizado pela FPJudô. “Na verdade, as coisas aconteceram muito rapidamente e fomos escalados quase na data limite. Não conseguimos fazer o planejamento habitual, mas a com-
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petição foi coroada de sucesso. Há muitos anos não realizávamos esta disputa e nos surpreendemos com o número de atletas inscritos, pois não houve tempo para divulgar que realizaríamos esta edição. O paulista infantil abrange as classes sub 13 e sub 18, que pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo são denominadas de mirim e infantil. Esperamos que daqui por diante a diretoria de eventos da Selj compreenda que eventos desta magnitude só podem ser realizados pelas entidades oficiais, que conhecem as regras e possuem estrutura física e técnica para realizar competições de grande porte”, explicou o presidente da FPJudô. Francisco de Carvalho detalhou a estrutura montada para a esta edição do Campeonato Paulista Estudantil. “Para atender as exigências da Selj, montamos oito áreas de disputa nas quais dividimos os judocas do masculino e feminino das classes sub 13 e sub 18. Nos últimos anos esta competição foi realizada por uma empresa de eventos que não reunia a estrutura técnica e física necessárias para executar a competição. No fim das contas
eles pediam auxílio e acabávamos atendendo, já que não podíamos permitir que o judô ficasse fora dos Jogos Escolares”, explicou o dirigente. “Os alunos que estão matriculados no ensino fundamental e praticam judô são todos filiados à FPJ. Não há como alguém ser judoca de rendimento e não estar filiado à nossa entidade. O resultado prático de toda esta operação, que felizmente voltou a ser realizada por nós, foi o seguinte: recebemos quase 700 atletas, o nível técnico foi bastante elevado, fizemos um evento grandioso e São Paulo vai a Natal (RN) disputar os Jogos Escolares da Juventude com uma equipe muito forte”, disse Francisco de Carvalho, que concluiu enaltecendo a coordenação técnica da FPJudô. “Graças ao empenho e à destreza de nossa equipe técnica, brilhantemente comandada pelo professor Kimura, a competição terminou antes das 17 horas. Aproveito para agradecer ao Joseph e a toda a diretoria da Portuguesa de Desportos pelo empenho na realização deste evento no ginásio de esportes do clube em tempo recorde”, finalizou o dirigente.
Etapa final dos Jogos Escolares da Juventude Os campeões de todas as classes e pesos representarão o Estado de São Paulo na fase final dos Jogos Escolares da Juventude que serão realizados em Natal, no Rio Grande do Norte, entre 12 e 25 de novembro.
Os Jogos Escolares da Juventude são organizados e realizados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), e em suas fases regional e final a competição reúne milhares de atletas em modalidades individuais e coletivas.
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MEMÓRIA
São Paulo perde um grande campeão, um dos judocas mais queridos, comprometidos e irreverentes bilidoso e não possuía um tokui-waza específico. Forte como um touro, o peso médio da seleção brasileira usava várias técnicas, como o harai-goshi, hane-goshi, uchi-mata e ko-soto-gake, entre outras.
Amigos e dirigentes lamentam a perda irreparável
Carlos Eduardo Santos Motta (1955 – 2018)
Vítima de uma parada cardíaca, Carlos Eduardo Santos Motta, o Tico, deixa um legado de conquistas dentro e fora dos tatamis e grande exemplo de integridade e abnegação
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POR
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS e ARQUIVO
arismático, combativo e vencedor, quando atleta o professor kodansha Carlos Eduardo Santos Motta foi um dos grandes destaques de sua geração. Após a significativa trajetória nos tatamis, Tico manteve seu comprometimento com o judô, colaborando incansavelmente nos bastidores da gestão esportiva. Multimedalhista numa época em que os atletas só viajavam com recursos próprios, Tico inscreveu seu nome na galeria dos grandes judocas do Brasil nas décadas de 1970 e 1980, conquis-
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tando dezenas de títulos internacionais. Nascido em 25 de fevereiro de 1955 em São Paulo, Tico foi aluno de Fuyuo Oide, a lenda dos tatamis que nasceu em 27 de janeiro de 1919 em Ishinomaki, província de Miyagi Ken no Japão, imigrou para o Brasil em 1929 e posteriormente fundou o Lapa Judô Clube. Oide formou dezenas de campeões continentais e em 16 de abril de 1993 tornou-se o primeiro professor kodansha faixa vermelha 9º dan (roku-dan) do Brasil. Formado numa das melhores escolas de judô do País, Tico era extremamente ha-
Em sua página do Facebook, no dia 30 de outubro, José Antônio Jantália, vice-presidente da Federação Paulista de Judô, externou a tristeza com a perda do amigo inseparável. “Sempre achei que este dia nunca chegaria. É com muita tristeza no meu coração que reúno forças para comunicar a todos que acabo de receber um telefonema da querida Rita, agora viúva, informando o falecimento do nosso estimado amigo Tico. Na década de 80 tive a honra de ser apresentado por ele à comunidade judoística de São Paulo. Uma das maiores referências do judô na década de 1970, época na qual os atletas do Brasil não tinham nenhum apoio financeiro ou de qualquer espécie; eram só dificuldades”, lembrou o dirigente, que concluiu enumerando as conquistas do amigo nos tatamis. “Carlos Eduardo Santos Motta foi inúmeras vezes campeão paulista, brasileiro, militar, sul-americano, pan-americano, vicecampeão dos Jogos Pan-Americanos 1975 (México). Também foi campeão das copas Latina e Ibero-Americana, além de atleta olímpico nos Jogos Olímpicos de Montreal (1976), entre outros. O que posso dizer neste momento? Que o Senhor receba sua alma e que, em nome de Jesus, ele esteja ao lado de Deus para sempre”, escreveu o vice-presidente da FPJudô. O carioca Oswaldo Cupertino Simões Filho, companheiro de Tico na seleção www.revistabudo.com.br
Francisco de Carvalho e o amigo Tico
brasileira, falou sobre o privilégio de ter atuado ao lado de um dos judocas mais talentosos de sua geração. “Hoje partiu de forma fulminante, assim como os ippons que ele dava, para o plano superior o nosso Tico. Posso dizer nosso Tico, porque o judô que ele apresentava e a garra com que lutava era motivo de admiração de todos que o viam. Suas lutas ofereciam momentos de alegria para todos. Tico exibia um judô técnico, preciso e quase cirúrgico na precisão dos movimentos. Companheiro de todos os judocas do alto rendimento em nível estadual, nacional e internacional nas décadas de 1970 e 80, ele era alegre, bem -humorado e guerreiro ao mesmo tempo, além de muito forte física e tecnicamente. Privilégio meu e de toda a minha geração tê-lo tido como amigo e tê-lo visto atuar. Tinha o verdadeiro judô que a Federação Internacional de Judô busca hoje em dia: o judô positivo, para frente sempre, e não recuava nunca. Hoje, Tico, sugiro que continue e faça da mesma forma: não recue, siga na direção da evolução espiritual, porque, esteja onde estiver, um facho de luz certamente estará sobre você, iluminando o seu talento para a luta, a superação e a evolução. Um abraço fraterno e que o Mestre Jesus o abençoe em paz”, almejou Simões. Contemporâneo e amigo de Carlos Eduardo Motta dentro e fora dos tatamis, Luiz Hisashi Iwashita destacou as virtudes do amigo querido. “Nos tatamis o Tico foi virtuoso e um fiel seguidor da escola japonesa. Fora deles ele foi uma pessoa sublime, querida por todos e grande companheiro. O comprometimento foi uma de suas principais características. Lamentavelmente perdemos um grande judoca e um grande amigo”, disse o presidente da Federação Paranaense de Judô. Alessandro Panitiz Puglia destacou que era um grande admirador da técnica refinada, da conduta e da retidão de Carlos Eduardo Motta. “Para falar sobre o Carlos Eduardo eu tenho de fazer uma viagem no tempo, e chegar no período em que eu estava começando a competir e admirava muito o judô clássico e limpo do Tico. Cresci inspirado na www.revistabudo.com.br
Luiz Iwashita e Tico
Tico com o amigo Paulo Duarte em São José do Rio Preto
Campeonato Mundial de Lausane na Suíça em 1973: Maurinho agachado, Sansão, Ishii, Oswaldo e Tico com óculos escuro
Equipe brasileira no Campeonato Mundial de Viena em 1975: Odair Borges, Robertinho Machusso, Oscar Fenelon Muller, Oswaldo Cupertino Simões Filho e Carlos Eduardo Santos Motta
mesma formação de judô que ele teve. Fora dos tatamis ele sempre foi muito carinhoso e respeitoso com todos. Foi um grande competidor, conhecia muito mesmo sobre a parte técnica e formou grandes atletas. O Tico certamente vai deixar muita saudade, e o seu legado é fundamentado na sinceridade, respeito e o carinho que dedicou a todos os
Tico com o amigo José Jantália
amigos”, disse o presidente da FPJudô. Grande amigo e conhecedor do professor kodansha Carlos Eduardo Santos Motta, o dirigente Francisco de Carvalho Filho destacou o pragmatismo e o comprometimento de Tico dentro e fora dos tatamis. “Para podermos avaliar a trajetória do Tico temos de separar sua atuação primeiro como atleta e professor, e depois como dirigente. Como atleta ele era fortíssimo e manteve-se na seleção brasileira por quase duas décadas. Possuía técnica refinada e dispunha de um amplo repertório de golpes quase sempre infalíveis. Como professor, também primou pela técnica refinada e formou grandes atletas. Pragmático nos tatamis, o Tico foi um judoca na acepção da palavra no shiai-jô e fora dele”, disse o presidente de honra da FPJudô. “O Tico esteve ao meu lado desde o primeiro dia em que assumi a gestão da federação. Sempre fiel, sempre escudeiro, mostrou enorme comprometimento em todos os momentos, fossem eles bons ou ruins. Primou sempre pela transparência e a honestidade. Quando eu estava doente e fiz transplante de fígado, ele estava sempre ao meu lado, viajava comigo e demonstrava enorme carinho. Ele sempre ultrapassou limites da cordialidade, externando grande carisma. Independentemente de sua ida, sempre dedicarei a ele o mesmo carinho e o respeito que dedicou a mim e a todos que estiveram à sua volta”, concluiu Francisco de Carvalho. Tico foi 12 vezes campeão paulista, 12 vezes campeão brasileiro, 20 vezes campeão brasileiro militar, pentacampeão sul-americano, tetracampeão pan-americano, vicecampeão mundial universitário na Finlândia (1984), medalha de bronze no Campeonato Mundial das Forças Armadas (1974), vicecampeão dos Jogos Pan-Americanos (México/1975), campeão das copas Latina e Ibero -Americana, atleta olímpico em 1976 (Jogos Olímpicos de Montreal), além de ter conquistado diversos outros títulos. Por quase duas décadas foi professor de judô no Centro Olímpico de São Paulo e formou dezenas de atletas que conquistaram medalhas para São Paulo e para o Brasil. Revista Budô número 21 / 2018
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ARBITRAGEM FPJUDÔ
Coordenação de arbitragem da FPJudô forma 34 novos árbitros estaduais
Os árbitros provenientes das 16 delegacias regionais do judô paulista foram examinados e aprovados após atuação no Campeonato Paulista Aspirantes
A
POR
PAULO PINTO I Fotos MARCELO LOPES/FPJUDÔ
coordenação de arbitragem da Federação Paulista de Judô realizou exame para 34 novos árbitros da classe estadual paralelamente à fase final do Campeonato Paulista Aspirante das classes sub 9, sub 15, sub 18 e sênior. Todos foram aprovados. A competição realizou-se no dia 29 de setembro no ginásio municipal de esportes Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo, e teve apoio da prefeitura da cidade.
Integrantes do seleto grupo dos árbitros mais experientes do Brasil, Marilaine Ferranti e Takeshi Yokoshi (ambos FIJ A) comandaram as ações da arbitragem nos dois eventos. Takeshi Yokoshi concentrou-se na condução do Campeonato Paulista Aspirantes, enquanto Marilaine Ferranti coman-
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dou o exame dos novos árbitros estaduais. Ao todo, 24 árbitros foram convocados para a competição e mais 11 atuaram como voluntários. O coordenador de arbitragem da
competição, Yokoshi, contou como funciona a classificação da arbitragem estadual. “Temos os árbitros regionais que atuam estritamente dentro de suas delegacias. Depois temos os árbitros estaduais, que trabalham em todo o Estado de São Paulo, porém em eventos de menor relevância. Somente os árbitros nível nacional A, B e C podem arbitrar torneios das classes sênior, júnior e juvenil, no Estado de São Paulo”, explicou o coordenador de arbitragem da competição. Marilaine Ferranti lembrou que os árbitros examinados foram indicados pelas de-
legacias regionais, e explicou por que foi a responsável pelo exame desta temporada. “Precisávamos colocar os candidatos à prova e por isso utilizamos a estrutura do paulista aspirante. Com isso pudemos avaliar a atuação de cada árbitro regional aprovado para estadual. Participaram do exame somente os indicados pelos delegados regionais. Este ano a organização do evento ficou sob minha responsabilidade porque o professor Edison Minakawa, nosso coordenador de arbitragem, estava ministrando um seminário para a Federação Alagoana de Judô”, disse Marilaine. “Anualmente temos grande participação de candidatos e, como disse antes, são árbitros vindos de todas as delegacias regionais. Com isto todos ganham e ajudam a melhorar o nível e a qualidade da arbitragem de suas regiões. Foi uma final de campeonato estadual e, mesmo tendo parte da arbitragem com menor experiência, a competição foi bem tranquila. Os candidatos mostraram grande capacidade de aprender a trabalhar em equipe ao lado de www.revistabudo.com.br
árbitros mais experientes, e foram bem-sucedidos”, avaliou Marilaine. Sobre o momento da arbitragem no Brasil, a árbitra paulista destacou o gigantismo do quadro paulista. “Acredito que a arbitragem tem crescido muito em todo o Brasil, e São Paulo diferencia-se dos demais Estados devido à grande quantidade de árbitros existente. Este ano promovemos mais 34 árbitros para estadual e no dia 1º de setembro tivemos 60 candidatos aprovados para os níveis nacional C, B e A. Este procedimento já existia com o sensei Dante Kanayama, que trabalhou muito no crescimento e desenvolvimento de nossa arbitragem, que atualmente cresce ainda mais sob o comando do professor Edison Minakawa. Ele está fazendo um grande trabalho, com novas ideias, muitas inovações e ações, nas quais todos têm conseguido oportunidade de crescimento dentro da arbitragem, até mesmo em nível internacional”, disse a árbitra paulista.
Em seu balanço final o professor Takeshi Yokoshi destacou o amplo quadro de arbitragem que existe no Estado de São Paulo. “Minha avaliação geral é que o exame realizado em São Bernardo do Campo apresentou um nível técnico muito bom. É lógico que tivemos algumas oscilações, com árbitros mais experientes e outros com menor experiência, mas o nível médio foi excelente. A qualidade dos novos árbitros vai refletir-se diretamente na qualidade da arbitragem de São Paulo. Hoje, temos mais de 600 árbitros cadastrados e atuando, e o professor Edison Minakawa, nosso coordenador, vem fazendo um excelente trabalho no que diz respeito à renovação. E os novos árbitros estaduais vêm ao encontro da proposta de renovação do nosso quadro de árbitros”, finalizou Yokoshi. Em sua avaliação final Marilaine destacou o apoio recebido da diretoria e parabenizou os novos árbitros da Federação Paulista de Judô. “Nossa federação, na pessoa do presidente Alessandro Puglia, tem apoiado muito o trabalho da comissão de arbitragem, tendo por consequência a evolução do judô no que tange ao conhecimento das regras de competição por técnicos e atletas. Aproveito para deixar aqui meus cumprimentos aos árbitros, que se empenham, investem e se dedicam à arbitragem. Fazemos tudo isso porque gostamos e por amor ao nosso esporte. Vamos em frente e evoluindo cada vez mais”, concluiu Marilaine Ferrante. Alessandro Puglia enalteceu o trabalho www.revistabudo.com.br
Árbitros estaduais aprovados
Marilaine Ferranti e Takeshi Yokoshi conduziram brilhantemente a arbitragem da competição e o exame para árbitros estaduais
Marilaine Ferranti, Alessandro Puglia, Takeshi Yokoshi, Belmiro Boaventura da Silva, Hissato Yamamoto e Kendi Yamamoto
Árbitros paulistas
O presidente da FPJudô falando com os árbitros que atuaram na competição
O professor kodansha e árbitro Antônio Honorato de Jesus cumprimentando os candidatos aprovados
Adler Felipe de Godoy Lopes Alexandre Luiz Tropaldi Álvaro Virgínio da Silva Bruno Arruda Soares Caíque Yamada da Silva Celso Ferreira Procópio Celso José Guimarães Cláudio César de Oliveira Pereira Daniela da Silva Monteiro Daniel Mori Décio Antônio Gonçalves Diego Viger Granjeiro Enderson Carlos Lourenço Everton Roberto Mendes Fábio de Camargo Santos Gustavo Henrique Fernandes Leonardo Araújo da Conceição Luciano Alves Marcelo Roberto Sica Marco Antônio Domingues Marco Aurélio da Silva Pedrosa Marcos da Silva Haeazin Maria Aparecida Maia Mauro Gabriel Teixeira de Souza Rafael Ferreira Bueno Rafael Guida Kraus Raphael Federicci Franco Rayana Luíza Bonfogo Renan Bueno da Silva Rodrigo Elias de Carvalho Taylor Silva Gomes Valdemir Carlos do Nascimento Vinicius A. Fernandes Messias William Araújo Santos
da comissão estadual de arbitragem está desenvolvendo em todo o Estado. “A coordenação de arbitragem escolheu uma competição com um número elevado de atletas, envolvendo cerca de 80 pessoas da área, e estamos avançando rapidamente nesta direção. Isto acontece em função do grande trabalho que a nossa coordenação de árbitros vem fazendo em todas as delegacias. Isso é muito importante, porque a arbitragem precisa ser assimilada pelos nossos técnicos e atletas. Neste evento também fechamos nosso calendário de módulos de cursos e exames de arbitragem com chave de ouro, e este é um fato que deve ser muito comemorado por todos”, disse o dirigente. Francisco de Carvalho Filho reafirmou o compromisso de São Paulo com a arbitragem atualizada e independente. “A Federação Paulista de Judô sempre primou pela qualidade da arbitragem, e o exame realizado em São Bernardo do Campo ratifica o nosso compromisso com a atualização e renovação constantes da arbitragem paulista”, disse o presidente de honra da FPJudô. Revista Budô número 21 / 2018
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45 ANOS DA FEDERAÇ ÃO C ATARINENSE DE JUDÔ
enfatiz Moisés Gonzaga Penso esquecer o passado
ou a importância de esc
ando para o futuro revermos a história olh
sem
O deputado estadual Natalin da Assembleia Legislativa o Lázare homenageou a FCJ no plenário de Santa Catarina
Deputado Natalino Lázare
celebra os 45 anos da Federação Catarinense de Judô Parlamentar do Podemos homenageou Moisés Gonzaga Penso e ex-presidentes da FCJ no plenário da Assembleia Legislativa de Santa Catarina POR
Paulo Pinto I Fotos BUDÔPRESS
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or iniciativa do deputado Natalino Lázare (Podemos) a Assembleia Legislativa de Santa Catarina realizou sessão solene em comemoração aos 45 anos de fundação da Federação Catarinense de Judô (FCJ). Participaram da cerimônia, além de Natalino Lázare, Moisés Gonzaga Penso, presidente da FCJ; Kasuo Konishi, ex-presidente da FCJ; Sílvio Borges, presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ); Roberto David da Graça, o Cocada, ex-presidente da FCJ; Camilo Moisés Penso, ex-presidente da FCJ; Alan Camilo Cararetti Garcia, que representou Mário Adolfo Corrêa Filho, ex-presidente da FCJ; Fabiano Marafon, secretário de Infraestrutura de Videira, que representou
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o prefeito Dorival Carlos Borga; os deputados estaduais Valmir Comin e Mário Marcondes; e Ademir Schultz, vice-presidente da FCJ. Após homenagear nominalmente todos os dirigentes que escreveram a história do judô catarinense e agradecer aos que compareceram e abrilhantaram a sessão solene, Natalino Lázare enalteceu as gestões dos videirenses Moisés Gonzaga Penso e seu pai Camilo Moisés Penso. “Tenho a honra enorme de fazer uma referência muito especial ao professor Moisés Gonzaga Penso, o ilustre videirense que desenvolve um grande trabalho no comando da Federação Catarinense de Judô. Seu desempenho à
frente da FCJ tem projetado o judô do nosso Estado a um novo patamar, o que é motivo de orgulho para todos nós. Faço também um registro especialíssimo ao pai do nosso dirigente, o professor kodansha Camilo Moisés Penso, que precedeu seu filho no comando da entidade no biênio 1977 e 1978”, disse o parlamentar proponente da sessão solene, que ainda falou sobre a importância da prática do judô. “Propus esta homenagem aos 45 anos de fundação da FCJ porque sou amante do esporte em todas as suas vertentes. Penso que a prática esportiva aproxima e une as pessoas em torno de grandes objetivos. Participei de vários certames de judô e sempre fico impressionado com a educação e o respeito exibido pelos judocas como um todo. A organização impecável e a reverência deste esporte que foi criado no Japão me fizeram perceber que o judô é uma atividade que educa e prepara o cidadão para a vida. É por este motivo que me propus fazer esta homenagem na Assembleia Legislativa”, disse Natalino. www.revistabudo.com.br
“Nem que eu viva mil anos e trabalhe para o judô por mil anos poderei retribuir o que o judô fez por mim” Presidida desde março de 2017 pelo professor Moisés Gonzaga Penso, a nova diretoria da FCJ vem inovando e desenvolvendo projetos para o crescimento do judô, reagrupando os professores de todas as regiões do Estado que estavam afastados e fazendo com que Santa Catarina avance cada dia mais. “É com muito orgulho que venho aqui hoje, como representante e gestor da FCJ, participar desta homenagem aos 45 anos de fundação de nossa entidade. Nosso judô é constituído de catarinenses que nasceram em Santa Catarina e catarinenses que adotaram nosso Estado, e eu acho que é com este sentimento que devemos fazer o nosso judô. Sentimento de amor, de respeito e acima de tudo externando grande paixão por aquilo que fazemos”, disse o presidente da FCJ. “O judô é um buquê com muitas flores, e a competição é apenas uma delas. Nós temos e devemos respeito à hierarquia, à disciplina, aos mais velhos, mais graduados, e acredito que este seja o grande diferencial desta modalidade. Não quero com isto dizer que somos melhores que ninguém, busquei apenas enaltecer aquilo que temos de mais importante, já que a maioria das pessoas pensa o judô apenas como competição e esquece daquilo que nos leva ao treinamento todos os dias, que é justamente o respeito e a disciplina”, lembrou Moisés Penso. “Sou videirense e tenho muito orgulho de minha ascendência, e quero agradecer imensamente às pessoas que me ensinaram judô. O professor Sérgio Marafon, meu querido pai, Camilo, que por muitas vezes me levou para o dojô pela orelha. Nem que eu viva mil anos e trabalhe para o judô por mil anos poderei retribuir o que o judô fez por mim. Mesa de honra da solenidade
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Autoridades com homenageados
É disso que falamos aqui, de fazer nossa história todos os dias, olhando para o futuro sem esquecer o passado. Homenageamos aqui pessoas que fizeram parte do judô catarinense, nos ajudaram a escrever a nossa história e devem ser reverenciados por isso. Espero que um dia possamos levar o judô para as escolas do nosso País, pois ele tem muito a contribuir em nosso desenvolvimento social”, disse o dirigente, que finalizou convocando todos os judocas catarinenses. “Minha gestão é pautada em darmos um passo à frente, modernizar algumas coisas, ambicionar mais e querer conquistar mais. Este é nosso norte, e vamos trabalhar para deixar a FCJ cada vez mais moderna e mais atuante”, concluiu Moisés Penso.
Homenageados A sessão solene homenageou judocas pioneiros e desbravadores que contribuíram decisivamente no desenvolvimento da modalidade em todo o Estado. Entre os ex-presidentes que foram homenageados na solenidade estava Mário Adolfo Corrêa Filho, primeiro presidente da Federação Catarinense de Judô, eleito na reunião de fundação da entidade, realizada na cidade de Videira, no dia 22 de maio de 1973, na qual, além de Mário Corrêa, estavam os professores Kasuo Konishi, Kenzo Minami, Roberto David da Graça e outros entusiastas e atletas de judô. O judoca Alan Garcia represen-
tou o professor Mário Corrêa na solenidade. Camilo Penso, praticante de judô e comerciante na cidade de Videira, sempre foi destaque pelo seu empenho como atleta, mas principalmente por propagar os preceitos filosóficos do judô. O professor Camilo presidiu a federação nos anos de 1975 e 1976. Kasuo Konishi foi sem dúvida quem disseminou o judô por Santa Catarina. Vindo de São Paulo para Itajaí, passou por Rio do Sul e Videira, de onde expandiu a modalidade pelo Estado. Também foi em Videira que reuniu o maior número de adeptos para fundar a FCJ. Mudou-se para Joaçaba, onde formou novo polo da modalidade, visando mais o Oeste catarinense. Foi o terceiro presidente da entidade, de 1977 a 1979. Reeleito em 1984, comandou o judô catarinense por mais duas décadas. Entusiasta da modalidade, Vinicius Schimitz de Carvalho iniciou a prática quando estava no Exército, em Curitiba. Voltando a Joaçaba, Vinicius e outros praticantes que formavam a equipe da cidade sentiram a necessidade se integrarem com o órgão que era responsável pelo judô. Foi quando lançaram sua candidatura à presidência; eleito, comandou a FCJ nos anos de 1983 e 1984. Natural Joinville, Roberto David da Graça, mais conhecido como Cocada, sempre esteve envolvido com o judô de Santa Catarina como atleta, como diretor técnico da FCJ ou técnico das equipes de Joinville e Videira. Foi destaque no Estado e atleta consagrado nas
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O ex-presidente da FCJ, Camilo Moisés Penso sendo homenageado
disputas dos Jogos Abertos de Santa Catarina. Após coordenar por décadas vários departamentos da entidade, foi eleito presidente da Federação Catarinense de Judô em 2002 e reeleito por outras duas gestões, até 2012. Sílvio Acácio Borges tem o judô como esporte desde sua infância; natural de Joinville, além de atleta da sua cidade foi integrante ativo da federação, coordenando vários departamentos. Estabelecido ainda em Joinville, fundou sua academia e expandiu a modalidade aos municípios vizinhos de Guaramirim e Jaraguá do Sul. Elegeu-se presidente da federação em 2013, comandando a entidade até 2016. Hoje Sílvio Acácio Borges é presidente da Confederação Brasileira de Judô. Moisés Gonzaga Penso, eleito em 2017, está à frente da Federação Catarinense de Judô em seu segundo ano. Além da continuidade nas inovações implantadas por seus antecessores, vem dando um ritmo pujante e enérgico a sua administração, reunificando os professores, desenvolvendo novos projetos e tendo sempre o judô como principal objeto de crescimento.
Judocas e familiares no plenário da Assembleia Legislativa
Moisés Penso com os representantes do judô para todos homenageados na cerimônia
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O ex-presidente da FCJ, Kasuo Konishi sendo homenageado
Professores homenageados A expansão do judô de Santa Catarina foi bastante rápida em virtude das estratégias adotadas por seus dirigentes, seja pela criação de polos específicos seja pelas pessoas que ajudaram na disseminação da modalidade, levando-a além da prática esportiva, mas como filosofia de vida, repassando o legado deixado pelo criador do judô, o professor Jigoro Kano. Assim espalharam-se pelo Estado e nesta solenidade receberam seus certificados de desenvolvedores do judô catarinense os professores enumerados a seguir. Kenzo Minami, vindo do Japão com rápidas passagens por São Paulo e Curitiba, chegou a Joinville em 1965, onde se estabeleceu e começou a ensinar judô. Muito minucioso e sempre bem fundamentado, teve sucesso formando vários judocas que, como ele, começaram a difundir o judô na região. Pedro Nakagaki veio do interior de São Paulo, estabelecendo-se em Criciúma. Mesmo não sendo sua atividade profissional, o judô falou mais alto: montou seu dojô,
Moisés Gonzaga Penso, Camilo Moisés Penso e Dirma Zanella
O ex-presidente da FCJ, Roberto David da Graça, o Cocada, sendo homenageado
transmitindo seus conhecimentos e disseminando a modalidade no Sul do Estado. Tsuno Shimazaki, atleta de judô iniciado no Japão, veio diretamente para Blumenau, onde se estabeleceu. Por conta da dificuldade de comunicação com a língua portuguesa, teve a ajuda necessária de seu principal pupilo, o professor Ademir Schultz, e assim conseguiu formar muitos dos atuais professores catarinenses. Altevir Fonseca Mayer iniciou sua vida no judô em Curitiba, destacando-se nas competições em que atuou. Com espírito aventureiro, mudou-se para Florianópolis e entre outras atividades foi docente da cadeira de judô da UDESC, primeira universidade a ter o judô como disciplina no curso de Educação Física. Nelson Wolter começou sua vida de judoca em São Bento do Sul, com o professor Sérgio Marafon. Depois de algum tempo de treinamento mudou-se para Videira, onde fez estágio de aperfeiçoamento com o professor Kasuo Konishi e o acompanhou na expansão do judô para o Oeste do Estado. Desde então esteve sempre envolvido com atividades do judô, tanto em academias quanto na própria federação. Natural de Videira, Sérgio Luiz Marafon (in memoriam) iniciou sua vida como judoca recebendo os ensinamentos do professor Kasuo Konishi. Ainda como faixa marrom, recebeu uma grande responsabilidade: foi enviado a São Bento do Sul para disseminar o judô no Norte do Estado, onde formou sua família. Seu filho Fabiano Luiz Marafon o representou na solenidade.
O ex-presidente da FCJ, Sílvio Borges sendo homenageado
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JUDÔ PAULISTA
Hortolândia sedia fase final do Campeonato Paulista de Judô Juvenil Numa competição marcada pela renovação e pelo equilíbrio técnico, o SESI–SP foi campeão geral masculino, enquanto o Judô Clube Mogi das Cruzes venceu no feminino
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POR
PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS
Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou no dia 12 de maio a fase final do campeonato paulista sub 18 da divisão especial, com apoio da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer de Hortolândia. O evento, classificatório para o Campeonato Brasileiro Juvenil, reuniu mais de 350 atletas das 16 delegacias regionais no Centro de Especialidades em Artes Marciais Eliel Gomes, projetado exclusivamente para esportes de combate.
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Inaugurado em 16 de setembro de 2017, com investimento estimado em R$ 6 milhões, o centro é resultado de parceria entre os governos federal e municipal. O espaço atende 3 mil crianças e, segundo a coordenação do equipamento, existe uma fila de espera com nomes de milhares de jovens. A competição realizou-se nas cinco áreas oficiais onde são ministradas as aulas
de modalidades como karatê, taekwondo, judô, kung fu, jiu-jitsu, muay thai e capoeira. A cerimônia de abertura reuniu autoridades políticas e esportivas, entre as quais Alessandro Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da entidade; Francisco Raimundo da Silva, secretário de Cultura, Esportes e Lazer de Hortolândia; Sidnei Paris, delegado da 8ª DRJ Oeste e anfitrião do evento; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; Sérgio Matos, coordenador do Centro de Especialidades em Artes Marciais; Marilaine Ferrante e Edison Minakawa, coordenadora e supervisor de arbitragem da competição; Roberto Joji Chiba Kimura, coordenador técnico da FPJ; e Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJ.
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Árbitros perfilados para o rei inicial
Atletas perfilados durante a execução do Hino Nacional
Também compuseram a mesa de honra os delegados regionais André Gonçalves Costa (13ª DRJ Alta Sorocabana), Raul Senra Bisneto (4ª DRJ Alta Paulista), Osmar Aparecido Feltrim (6ª DRJ Araraquarense), Hissato Yamamoto (1ª DRJ Capital), Cléber do Carmo (12ª DRJ Mogiana) e os professores kodanshas Umeo Nakashima, Yoshiyuki Shimotsu, Paulo Alvim Muhlfarth, Roberto Luís Fuscaldo, Rubens Pereira, Tomyo Takayama, Anderson Dias de Lima, Galileu Paiva dos Santos e Nélson Hirotoshi Onmura. Agradecendo a hospitalidade do governo municipal de Hortolândia e elogiando a estrutura que o Centro de Especialidades em Artes Marciais oferece, Alessandro Puglia deu boas-vindas a todos. “A classe sub 18 é a fase intermediária para aqueles que pretendem concretizar o sonho de defender o Brasil nas competições internacionais. Todos os atletas que estão aqui treinaram para atingir metas com o apoio e o auxílio de seus professores e familiares. Vocês sabem que já estão entre os melhores judocas do Estado e provavelmente daqui sairão os atletas que representarão São Paulo no campeonato brasileiro. Contudo, o que vocês não podem perder é a busca pelo ippon. Se vocês não estiverem focados nisso nesta fase, lá na frente sen-
Alessandro Puglia faz seu pronunciamento
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tirão muito mais. Independentemente do resultado alcançado hoje, isto será muito importante para o desenvolvimento técnico de cada um de vocês”, disse o dirigente paulista. O segundo pronunciamento foi feito por Francisco de Carvalho Filho, que após cumprimentar todas as autoridades presentes elogiou a estrutura que a Prefeitura de Hortolândia disponibiliza no Ginásio Eliel Gomes, onde mensalmente atende milhares de crianças e promove inclusão social por meio da difusão da prática esportiva. “Vocês estão no momento de definição daquilo que poderão fazer visando ao alto rendimento. Aos 18 anos buscamos dar um rumo em nossas vidas e procuramos realizar nossos sonhos. O que tenho a dizer é que acreditem em seus sonhos e jamais desistam deles. Nós, dirigentes, falamos exaustivamente sobre a disciplina e formação, e peço que não tenham vergonha de serem disciplinados e cumpram as regras estabelecidas em nossa modalidade”, disse o dirigente, que cobrou postura também dos professores. “Muitas vezes certos professores são responsáveis pelo não cumprimento das regras. Quando vejo um professor vestindo agasalho fazendo uchi-komi no shiai-jo,
concluo que das duas uma: ou ele não possui formação disciplinar, ou quer aparecer. São Paulo costuma ser o exemplo para os demais Estados, porque no passado aqui ocorreu a maior concentração de professores vindos do Japão. Não é inteligente nem moderno ser indisciplinado, e o maior exemplo disso vem de novo do Japão, que perdeu grande parte dos valores culturais que possuía e foi obrigado a criar o projeto renascença, que visa a resgatar a origem cultural que sempre foi fundamentada na educação, na formação e na disciplina. Por isso rogo a todos os atletas que representarão São Paulo no campeonato brasileiro que sejam modelo de disciplina. Que respeitem seus adversários e principalmente os árbitros”, concluiu Chico do Judô. Em nome de toda a administração pública de Hortolândia, Francisco Raimundo da Silva deu boas-vidas aos presentes e enalteceu o trabalho desenvolvido pela diretoria da FPJudô. “A grandeza deste equipamento esportivo não é medida por seu tamanho ou suntuosidade, mas sim pela grandiosidade com que é ocupado e utilizado por todos vocês. Em nome do nosso prefeito Ângelo Augusto Perugini saúdo a todos e afirmo que este espaço não pertence ao poder público, e sim à comunidade esportiva hortolandense e principalmente aos judocas de nosso Estado, que por meio da federação
Francisco de Carvalho pediu que os atletas paulistas deem exemplo de educação e respeito
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Francisco Raimundo da Silva, secretário de Cultura, Esportes e Lazer de Hortolândia faz seu pronunciamento e da boas-vindas aos judocas de todo o Estado As cinco áreas do Centro de Especialidades em Artes Marciais de Hortolândia
paulista demonstram muita organização e extrema capacidade em realizar grandes eventos. O judô é a modalidade esportiva que mais dignifica o nosso trabalho junto ao esporte. Muito obrigado a todos e esperamos vê-los em breve em nossa cidade”, disse o secretário de Cultura, Esportes e Lazer de Hortolândia Na sequência o árbitro hortolandense Sérgio Matos comandou rei inicial e foi acompanhado pelos demais 52 árbitros que atuaram no certame.
Judô Clube Mogi das Cruzes vence no feminino Mostrando o grande equilíbrio existente no judô juvenil feminino do Estado, 24 agremiações subiram ao pódio. Nenhuma equipe acumulou mais de uma medalha de ouro, e apenas o Judô Clube Mogi das Cruzes conquistou meda-
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lhas de todas as cores. Giovana Guin Campos Shimada conquistou o ouro no peso leve, Isabela Farias Pereira obteve a medalha de prata no peso ligeiro e Vitória Camila Malachias Bagat assegurou o bronze também no leve. Sob o comando do experiente professor Yoshio Kimura, as três judocas de Mogi das Cruzes asseguram um título inédito nesta classe e extremamente importante para uma das equipes mais tradicionais do Estado. A Associação Brasileira Hebraica de São Paulo assegurou a segunda colocação conquistando uma medalha de ouro e outra de prata, com as judocas peso meio-leve Fernanda Costa Rodrigues dos Santos e Tauane de Oliveira Gonçalves. O terceiro lugar foi conquistado por uma das equipes do interior com maior presença nos pódios do alto rendimento: a ADPM Regional de São José dos Campos.
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Sob o comando do sensei Jefferson Santos, as judocas Maria Eduarda Paiva Mariano e Júlia Fernandes da Silva asseguraram uma medalha de ouro e outra de prata nos pesos médio e meio-médio, respectivamente. Nada menos que cinco equipes dividiram a terceira colocação geral. As equipes do SESI-SP, Associação de Judô Araçatuba, Esporte Clube Pinheiros, Associação Marcos Mercadante de Judô e Associação Moacyr de Judô obtiveram uma única medalha, a de ouro, que as projetou na classificação geral. No peso superligeiro Ana Luiza Segalla Carvalho venceu para o SESI-SP. No peso ligeiro Camille de Souza Silva assegurou o ouro para Araçatuba. No peso meio-médio Sarah Vieira de Souza obteve o ouro para a equipe de Araras, enquanto Bruna Sales Galloro colocou o Pinheiros no topo do pódio do peso meio-pesado e Júlia de Paula Andrade conquistou o ouro do peso pesado para a equipe da Mooca.
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SESI–SP foi campeão geral masculino O pódio masculino do campeonato palista juvenil desta temporada foi ocupado por 20 agremiações, e sete delas conquistaram o ouro. Somente o SESI-SP conquistou dois ouros, assegurando assim a primeira colocação geral. Formando atletas ou aperfeiçoando judocas vindos de outras agremiações, progressivamente a equipe comandada pelo professor Marinho Esteves foi subindo degraus e hoje o time sesiano é uma das equipes mais fortes do Estado de São Paulo, desde a base ao alto rendimento. Com os ouros conquistados por João Pedro Ramos do Nascimento (60kg) e Guilherme Oliveira Cabral (+90kg), a prata obtida por Matheus Soares dos Santos (81kg) e o bronze assegurado por Matheus Rikiya Ishizava (55kg), a equipe de Bauru reafirmou
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seu poderio como principal equipe masculina da classe sub 18 do Estado. A segunda colocação foi obtida por uma das equipes mais fortes do litoral paulista, a Seduc Praia Grande. Comandada por grandes professores, como Alberto Bittencourt, Danusa Shira e Rodrigo de Matos, a equipe masculina praiana disputou duas finais e manteve a tradição de grande formadora, impondose como vice-campeã paulista juvenil desta temporada. A equipe coordenada pelas secretarias de Esporte e Lazer (SEEL) e Educação (Seduc) conquistou uma medalha de ouro com o peso superligeiro João Marcelo de Oliveira e uma de prata com o peso ligeiro Fábio Lescreck dos Santos. A terceira colocação foi alcançada por duas equipes tradicionais de São Paulo: a da Associação de Judô Araçatuba e a da Sociedade Esportiva Palmeiras. Para chegar em terceiro lugar ambas conseguiram uma medalha de ouro e outra de bronze. Comandada pelo professor Marcelo Kiwada, a equipe interiorana chegou em terceiro lugar com o ouro obtido por Caio Kenji Yokota Kiwada (55kg) e o bronze conquistado por Bernardo Cabrera Rosa (+90kg). Sob o comando do professor Denílson Moraes Lourenço, a equipe palmeirense consolidou a terceira colocação com a medalha de ouro do peso meio-médio Victor Hugo da Silva Nascimento e o bronze do peso médio Juan Victor Bispo. A quarta colocação foi dividida por três importantes equipes paulistas: a da Associação Esportiva Guarujá, comandada pelo sensei Galileu Paiva dos Santos, a do Esporte Clube Pinheiros, que foi a Hortolândia chefiada pela experiente técnica Andréia Oguma, e a da Secretaria de Esporte e Lazer de São José dos Campos. O peso ligeiro Nicolas Dias da Silva garantiu o ouro da equipe do Guarujá e o peso médio Gustavo Ferreira Guimarães, a do Pinheiros. O meio-pesado Adriel Joselter dos Santos levou o ouro para São José dos Campos.
Uma arena excelente Na avaliação de Joji Kimura, coordenador técnico da Federação Paulista de Judô, a arena de Hortolândia reúne várias qualidades que a colocam entre as melhores do País. “Ficamos surpresos com o projeto www.revistabudo.com.br
Os professores Reinaldo Cavazani, Anderson Lima e Sérgio Matos
à Bahia com uma equipe bastante forte e acredito que atingiremos nossos objetivos. Felizmente, hoje, quase todos os Estados possuem excelentes professores e atletas muitos bons, e quem ganha com isto é o judô brasileiro. A competitividade interna é que nos projeta no cenário internacional, e além de pensar em medalhas temos de lembrar que a competição nacional será um grande aprendizado para todos nós”, concluiu Kimura.
Rumo a Lauro de Freitas
Os delegados regionais Cléber do Carmo (12ª DRJ Mogiana), Sidnei Paris (8ª DRJ Oeste) e Hissato Yamamoto (1ª DRJ Capital)
Oswaldo Ishizava, Paulo Pinto e José Jantália
arquitetônico da arena de Hortolândia. Além de atender às necessidades físicas das competições oficiais, o espaço oferece excelente estrutura para as equipes e o público se acomodarem nas duas amplas arquibancadas”, disse o dirigente, que destacou o trabalho de toda a equipe hortolandense. “Os professores Sérgio Matos, Reinaldo Cavazani e Roberta Andrade realizaram um evento impecável e tudo foi perfeito. O comprometimento de toda a equipe resultou numa competição singular e todos nós voltaremos para nossas cidades lembrando do atendimento diferenciado que tivemos em Hortolândia”, disse Joji Kimura. Fazendo uma avaliação final da competição, o coordenador técnico da FPJudô prevê bom desempenho paulista em Lauro de Freitas (BA). “Neste ano tivemos uma grande renovação nesta classe, mas vimos muitos atletas talentosos chegando às finais. Vamos
O resultado final do Campeonato Paulista Juvenil de 2018 não foi uma equação que se resumiu nos combates de Hortolândia. Antes de chegar à final os mais de 350 judocas passaram pelas fases regional e inter-regional promovidas em suas delegacias regionais, numa operação que envolveu milhares de atletas e centenas de professores de diferentes escolas e regiões do Estado. No início de junho São Paulo vai a Lauro de Freitas com uma equipe renovada, muito forte e que prioritariamente busca espaço no cenário nacional, focando obviamente os Jogos de Paris 2024. Contudo, estar inserido no alto rendimento é uma condição que exige muito preparo e acima de tudo enorme determinação para cair, levantar, recolher os pedaços e reiniciar a longa caminhada que levará a vitória. Para os que caíram nos tatamis do Centro de Especialidades em Artes Marciais de Hortolândia, e até mesmo nas etapas que precederam a final, cabe a reflexão de avaliar o trabalho feito na temporada e mudar o planejamento técnico e tático. Para os que carimbaram o passaporte para a disputa no Centro Pan-Americano de Judô, restam duas semanas apenas para fazer os ajustes finais, já que lá estarão os melhores judocas do País. Todos vão em busca do mesmo objetivo e vencerão aqueles que estiverem mais bem preparados fisicamente, psicologicamente e tecnicamente. Para aqueles que já enxergam as luzes de Paris 2024 refletindo nas nuvens de seus dojôs, não é hora para comemorar nada. É preciso recuperar-se da batalha estadual, concentrar-se e treinar muito focando o lugar mais alto do pódio de Lauro de Freitas. Revista Budô número 21 / 2018
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Esporte Clube Pinheiros é campeão da Copa São de Judô 2018 Para avaliar e aprimorar o trabalho da pré-temporada, 137 clubes e as principais equipes do Brasil participaram em São Bernardo do Campo do maior evento do judô da América
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POR
om o apoio da Prefeitura de São Bernardo do Campo, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou a primeira fase da Copa São Paulo de Judô 2018, evento que anualmente abre o calendário esportivo do judô paulista e permite que as principais equipes do País possam avaliar e aprimorar o trabalho desenvolvido na pré-temporada. A competição classificatória para o Campeonato Brasileiro da Região V realizou-se no Ginásio Poliesportivo Adib Moysés Dib, nos dias 16 e 17 de março, e reuniu 2.800 judocas de 16 Estados: São Paulo, Alagoas, Maranhão, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande Norte, Roraima, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina. Clubes tradicionais participaram da competição que reuniu as principais equipes do judô brasileiro: Sogipa, Esporte Clube Pinheiros, Instituto Reação, Clube Paineiras do Morumby, SESI – SP, Sociedade Esportiva Palmeiras, A Hebraica de São Paulo, Associação Desportiva São Caetano, SEDUC - Praia Grande, Associação de Judô de Bastos, São Paulo Futebol Clube, Club Athletico Paulistano, Sport Club Corinthians Paulista, Associação de Judo Yamarashi, Clube Espéria, Associação de Judô Rogério Sampaio, Associação Namie de Judô e São João Tênis Clube.
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PAULO PINTO I Fotos MARCELO LOPES/FPJ e CRIS ISHIZAVA
Alessandro Puglia, presidente da FPJudô
Georgton Pacheco, Luiz Iwashita, Rogério Sampaio e Francisco de Carvalho
Atletas ouvem o pronunciamento das autoridades
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Paulo Atletas perfilados
Francisco de Carvalho, presidente de honra da FPJudô
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JUDÔ PAULISTA Pinheiros sobra no alto rendimento e garante o título de campeão geral Com três medalhas de ouro conquistadas pelas meninas do sub 21, uma no júnior masculino e sete no sênior masculino, o Esporte Clube Pinheiros sobrou nos tatamis e com 11 medalhas de ouro, cinco de prata e sete de bronze garantiu 77 pontos e o título de campeão geral da Copa São Paulo 2018. Para Douglas Vieira, coordenador de alto rendimento do ECP o resultado ratifica o bom preparo das equipes sub 21 e sênior do Pinheiros. “Esta competição abre o calendário esportivo da FPJudô e, se observarmos detalhadamente as categorias, notaremos uma incidência muito grande de atletas de alto nível. Para aqueles que buscam medalhas e pretendem evoluir tecnicamente o certame é um bom teste e permite fazer uma avaliação mais profunda do trabalho realizado desde o início do ano. Sobre o resultado, vencemos mais uma vez, confirmando o bom preparo da equipe”, disse o técnico vice-campeão olímpico. As medalhas de ouro da equipe pinheirense foram obtidas por Laura Louise Ferreira (48kg), Larissa Cincinato Pimenta (52kg), Joseane Santos Nunes (57kg), Willian de Sousa Lima (66kg), Giovani Henrique Ferreira (90kg), Lucas Antônio Martins (100kg), Vítor Oliveira Torrente (60kg), Vinicius Taranto Panini (81kg), Henrique Abreu Francini (90kg), Rubens Inocente Filho (90kg) e Jonas Facho Inocêncio (+100kg). Mantendo o retrospecto vencedor da temporada passada, quando conquistou o título inédito do Grand Prix masculino e feminino, o Instituto Reação ficou na segunda colocação geral com sete medalhas de ouro, sete de prata e nove de bronze. O técnico da equipe carioca, Geraldo Bernardes, assinalou a importância dos eventos abertos. “Competições como esta reúnem os melhores atletas da base ao alto rendimento. Se não houver este tipo de evento, os mais jovens perdem a referência que os mais velhos oferecem. Muitas crianças ficam aqui para ver os amigos mais velhos competirem. Esta aproximação motiva e impele os mais jovens a seguirem adiante. Fomos vice-campeões, mas no próximo ano voltaremos e brigaremos pelo título”, disse. As sete medalhas de ouro da equipe capitaneada pelo experiente professor kodansha (9º dan) Geraldo Bernardes foram
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Dirigentes na cerimônia de abertura
Dirigentes durante a execução do Hino Nacional
Francisco de Carvalho, Georgton Pacheco e Luiz Iwashita
Mesa de honra
Alessandro Puglia faz homenagem a Alex Mognon
Alessandro Puglia homenageando Sílvio Acácio Borges
Osmar Aparecido Feltrin, Emílio Moreira, Francisco de Carvalho, Danys Marques www.revistabudo.com.br Queiroz, Alessandro Puglia, Geraldo Bernardes e Sérgio Pessoa
Durval Américo Machado, Cesár Augusto Paschoal, Jucinei Gonçalves da Costa, Georgton Pacheco e Luiz Iwashita
Michel Raymond, Daniel Dell’Aquila, Alessandro Puglia, Luiz Iwashita e Cesár Augusto Paschoal
Henrique Guimarães, Rogério Sampaio, Sérgio Pessoa e Hatiro Ogawa
conquistadas por Joana Maynard Moreno Maia (53kg), Beatriz Braga Lopes (44kg), Anna Karolina Belém dos Santos (+70kg), Jéssica Baptista Santos (70kg), Lorenzo Martins Strasbourg (+60kg), Thawa Santos Frade (40kg) e Victor Hugo Souza de Almeida (55kg), Confirmando seu poderio na base e mostrando que é uma das principais escolas do Estado de São Paulo, a Associação Namie de Judô, de Mogi das Cruzes, assegurou a terceira colocação geral com nove medalhas de ouro, quatro de prata e quatro de bronze, que lhe renderam 61 pontos. A escola foi fundada em março de 1982 por Paulino Tohoru Namie, professor kodansha (6º dan) que segue os passos de seu pai Sethiro Namie, que também é professor kodansha (6º dan). “Já fomos campeões da Copa São Paulo em duas oportunidades, mas a cada ano o nível técnico aumenta e as coisas ficam ainda mais complicadas. Neste ano inscrevemos quase 50 atletas, mas foram quase 150 associações inscritas e isto acirra muito a disputa. A garotada surpreendeu e conquistamos 17 medalhas, mas a Copa São Paulo atingiu um nível técnico muito alto e demanda uma equipe muito forte para levar o título”, explicou o professor Paulino Namie. As nove medalhas de ouro da equipe mogiana foram obtidas por Sol Rodrigues (28kg), Alice Santos Mangueira (52kg), Isabeli Teixeira Barreto (34kg), Júlia Teixeira Barreto (38kg), Vitória Isabelle da Costa (64kg), Viviane Fernandes da Costa Mota (+78kg), Bruno Shinji Kato (30kg), Bruno Rafael Lima Nóbrega (42kg) e Kauã Henrique de Souza Mello (58kg). A competição da primeira fase envolveu a disputas da divisão especial nas classes sub 11, sub 13, sub 15, sub 18, sub 21 e sênior. No próximo fim de semana haverá a disputa das classes aspirante, veteranos, kata e judô para todos.
Autoridades prestigiam competição
Sérgio Pessoa, Alessandro Puglia e Francisco de Carvalho entregam o troféu de vice-campeão geral ao professor Geraldo Bernardes
Adriano dos Santos, Douglas Vieira, Sumio Tsujimoto e Giovani Marcon, parte da comissão técnica da equipe campeão Equipes finalistas e autoridades
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A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades políticas e esportivas, entre as quais Sílvio Acácio Borges, presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ); Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Carvalho, presidente de honra da FPJudô; Rogério Sampaio, secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte; Alex Mognon, secretário de Esportes de São Bernardo do Campo; Luiz Hisashi Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô; Georgton Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Revista Budô número 21 / 2018
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JUDÔ PAULISTA Tocantins; José Caldeira Cardoso, presidente da Federação Cearense de Judô; Cesár Augusto Paschoal, presidente da Federação de Judô do Mato Grosso do Sul; Jucinei Gonçalves da Costa, Presidente da Federação de Judô Estado do Rio Janeiro; Durval Américo Machado, presidente da Federação Sergipana de Judô; Sérgio Pessoa, técnico da seleção de judô do Canadá; os medalhistas olímpicos Douglas Vieira e Henrique Guimarães; Michel Raymond, presidente do Clube Hannagata, do Canadá; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô; delegados regionais e numerosos professores kodanshas. No domingo assistiram à competição o campeão olímpico Aurélio Miguel; Danys Marques Maia Queiroz, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; Daniel Dell’Aquila, presidente do Clube Paineiras do Morumby; e Roberto Canassa, ex-vice-presidente da FPJudô. Discursaram na cerimônia de abertura Alessandro Puglia, Francisco de Carvalho Filho e Sílvio Acácio Borges. Alessandro Puglia enfatizou os 60 anos de fundação da FPJudô e a participação do Estado de São Paulo no processo de desenvolvimento do judô brasileiro como um todo. “Neste ano comemoramos 60 anos de fundação da nossa entidade e não poderíamos deixar de reverenciar nossos antepassados, professores, atletas e dirigentes que pavimentaram a estrada que nos trouxe até aqui. Temos a responsabilidade de dar sequência ao projeto iniciado por nossos antecessores e seguir projetando o judô brasileiro no cenário mundial”, disse o dirigente. Após cumprimentar e dar boas-vindas a todos, Francisco de Carvalho fez um agradecimento especial aos atletas, professores e dirigentes de outros Estados e do Canadá. “Recebemos aqui dois personagens importantíssimos para o judô brasileiro, os professores Sérgio Pessoa e Michel Raymond, que são do Canadá. Sensei Sérgio foi o primeiro professor brasileiro que migrou para o Canadá, enquanto Michel é o canadense responsável pela ida de uma dezena de professores do Brasil para aquele país, onde existe excelente mercado de trabalho. Por meio da iniciativa destes dois senseis Brasil e Canadá promovem um intercâmbio técnico que vem aprimorando o judô daquele importante país da América do Norte”, disse o dirigente paulista. Sílvio Acácio Borges, presidente da CBJ, enfatizou a relevância e a importância da Copa São Paulo no calendário nacional. “Já estive neste evento em outras opor-
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tunidades, e a cada ano me surpreendo com a quantidade e a qualidade que a Copa São Paulo de Judô oferece aos milhares de atletas que todos os anos vêm a São Paulo, no início da temporada, em busca de ritmo e aprimoramento técnico. Parabenizo o presidente Alessandro Puglia e toda a coordenação técnica da FPJudô pela realização desta importante competição”, disse o dirigente nacional.
Medalhistas olímpicos e principais técnicos marcam presença no certame Como ocorre tradicionalmente, a Copa São Paulo reuniu vários atletas olímpicos e os principais técnicos do País. Entre eles estavam os campeões Aurélio Miguel e Rogério Sampaio, os medalhistas Douglas Vieira e Henrique Guimarães, o ex-técnico da seleção brasileira olímpica e técnico do Instituto Reação Geraldo Bernardes, e Sérgio Pessoa, técnico da seleção canadense de judô. Assíduo na competição, sensei Geraldo Bernardes, um dos técnicos mais laureados da história do judô brasileiro, explicou o propósito da ida a São Bernardo do Campo. “Vim participar de um dos melhores campeonatos realizados em nosso País para o alto rendimento, a Copa São Paulo de Judô. Viemos com 46 atletas e, como sempre, em busca do título”, explicou Bernardes, que detalhou a importância desta competição no preparo de seus atletas. “Além da qualidade técnica, que é fortíssima, a copa é uma grande sacada da FPJudô, porque encerra todo o trabalho que desenvolvemos na pré-temporada. Aqui avaliamos se o nosso treinamento foi adequado, se precisamos ajustar algo e fazer com que nossos atletas compreendam que só evolui quem participa de competições fortes como esta”, disse o coordenador do Programa Reação Olímpico.
Dirigentes estaduais avaliam gigantismo da competição José Caldeira Cardoso, presidente da Federação Cearense de Judô, lembrou que a Copa São Paulo é a maior referência em eventos da modalidade. “No Ceará fazemos a Copa Fortaleza, que também é muito grande. No ano passado recebemos 2.800 atletas. Mas a Copa São Paulo é a maior referência em eventos de judô e, indubitavelmente, um modelo a ser seguido”, disse.
Luiz Hisashi Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô, destacou a grandiosidade e a fluência de uma competição que é muito bem equacionada pela equipe técnica da FPJudô. “Este evento é espetacular. As 12 áreas funcionaram ininterruptamente, o que mostra a interação de todos os setores da organização. Basta ficar alguns minutos na saída do aquecimento para perceber a velocidade com que o evento transcorre”, descreveu. Fazendo uma análise geral do certame, Durval Américo Machado, presidente da Federação Sergipana de Judô, falou sobre a tradição da modalidade no Estado de São Paulo. “A Copa São Paulo é a cara do judô paulista e cultua a tradição nipônica que apenas esse Estado possui. Desde a apresentação do grupo de tambores japoneses até o comprometimento dos atletas e o carisma do público que lotou o ginásio. O evento revela a presença marcante de nossa modalidade na cultura paulistana”, disse. Emocionado com que viu, Cesár Augusto Paschoal, presidente da Federação de Judô do Mato Grosso do Sul, lembrou que a Copa São Paulo mais uma vez é um exemplo de gestão. “Esta é a primeira vez que participo e até me emocionei com o que vivenciei aqui. É um grande evento que dá exemplo de organização. Não é fácil promover uma competição com 12 áreas, 80 árbitros e quase 3 mil crianças. Isto é só para quem entende e está acostumado a realizar competições grandiosas. Quero voltar mais vezes, aprender com os paulistas e compreender como funciona a dinâmica de uma competição deste porte”, destacou. Um dos dirigentes que mais medalhas conquistou como atleta, Georgton Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins, enfatizou que a Copa São Paulo é um evento para a família. “Conheci o judô de vários continentes, mas jamais vi algo com esta dimensão e organização. Tudo é feito com muita dedicação e esmero, desde a locução até a premiação dos atletas. É um evento muito gostoso de acompanhar por agregar atletas da base ao alto rendimento, com a arquibancada ocupada pelos familiares dos atletas, que se unem em torno da competição e transformam a disputa numa festa da família. A Copa São Paulo sintetiza o desejo de todo dirigente esportivo que prima pelo desenvolvimento técnico e estrutural de sua modalidade”, disse. Além de elogiar a estrutura da competição, Jucinei Gonçalves, presidente da Federawww.revistabudo.com.br
ção Judô do Estado do Rio Janeiro, salientou a importância de estar numa competição que reúne expoentes da modalidade. “É uma honra para todos nós vivenciar um evento com esta estrutura e com um número tão expressivo de atletas. Neste ano vamos resgatar a Copa Rio e observar a estrutura montada aqui para a competição é superimportante”, disse. “Outro fato marcante é ter a oportunidade de conviver com ícones de várias gerações do judô nacional. Estar num evento como este em São Paulo é uma oportunidade única para vivermos a história dos nossos antepassados. Isto nos incentiva a fazer algo semelhante no Estado do Rio de Janeiro”, concluiu o dirigente fluminense.
Gestores comemoram início da temporada em alto nível Alessandro Puglia, presidente da FPJudô, enfatizou a importância da troca de conhecimento entre os dirigentes estaduais para nivelar o desempenho técnico. “A copa foi muito bem coordenada e todas as etapas transcorreram dentro do previsto. Recebemos 16 Estados, que trouxeram judocas muito bons, elevando ainda mais o nível da disputa. Tivemos a presença do professor Sílvio Acácio Borges, presidente da CBJ, e de seu vice, Danys Marques Queiroz, e o comparecimento recorde de presidentes de seis federações coirmãs, o que propiciou uma troca de conhecimento muito grande. Entendo que temos o dever de prestigiar e acompanhar o trabalho que é desenvolvido nos Estados. São Paulo tem de ir a Fortaleza, a Curitiba e Teresina para somar esforços e ampliar o intercâmbio técnico dos nossos atletas”, disse o dirigente, que também previu nova quebra do recorde do número de judocas inscritos no certame. “Na próxima semana teremos a Copa São Aspirante, classe que não está inserida nos eventos oficiais da CBJ, mas é de extrema importância para o desenvolvimento e a expansão da base técnica do judô no Estado de São Paulo. Haverá também disputas das classes veteranos, kata e judô para todos. Acreditamos que receberemos cerca de 1.800 atletas que, se forem somados aos 2.800 judocas que atuaram neste fim de semana, baterão o recorde de 4.600 judocas na competição. Acredito que estamos iniciando a temporada em alto nível e pretendemos manter a mesma pegada em toda a temporada”, previu o dirigente paulista. www.revistabudo.com.br
Classificação por associação Associação 1 - Esporte Clube Pinheiros 2 - Instituto Reação 3 - Associação Namie de Judô 4 - São Joao Tênis Clube/APAJA 5 – A Hebraica de São Paulo 6 - Sesi - SP 7 - Clube Paineiras do Morumby 8 - Associação de Judô Araçatuba 9 - ADPM-REG. S. José dos Campos 10 - S. Esp. Lazer S. José dos Campos 11 - Judô Clube Mogi das Cruzes 12 – Sociedade Esportiva Palmeiras 13 - A.R.C.D. São Bernardo 14 - Associação de Judô Mauá 15 - A. Desportiva São Caetano 16 - ADREARMAS A.D.R.A.M. 17 - Judô na Faixa Team 18 - Clube Esportivo da Penha 19 - Associação Marcos Mercadante 20 - SEDUC - Praia Grande
P O 77 11 65 7 61 9 43 4 39 5 36 5 31 3 27 4 25 3 24 3 23 1 21 1 20 3 20 2 16 1 15 2 15 2 15 2 4 2 14 2
P 5 7 4 6 3 3 3 1 2 2 4 4 1 2 2 1 1 1 0 0
B 7 9 4 5 5 2 7 4 4 3 6 4 2 4 5 2 2 2 4 4
Fazendo um balanço final, Sílvio Acácio enfatizou a importância de eventos abertos de grande porte no fomento da modalidade. “Este certame tornou-se referência no Brasil e muitos Estados procuram seguir o exemplo de São Paulo na realização de torneios de grande porte, justamente pelo fomento que competições deste gênero oferecem ao judô estadual e regional. Vimos aqui 16 Estados e outros não vieram por também estarem promovendo eventos. O quantitativo da Copa São Paulo é significativo e importante, contudo a qualidade do intercâmbio técnico para os atletas seguramente é o ponto alto da competição”, disse o presidente da CBJ. Destacando a importante presença dos dirigentes estaduais e da CBJ, Joji Kimura falou da grande contribuição dos professores e atletas de outros Estados, no intercâmbio e no aprimoramento técnico dos atletas que participaram da competição. “Acredito que a Copa São Paulo cumpriu seu papel no fomento do aprimoramento técnico de todos os judocas que aqui estiveram. O número expressivo de Estados expôs a preocupação de muitos professores do Brasil com o intercâmbio e aprimoramento técnico de seus atletas. Estamos no caminho certo, pois quanto mais elevado for o nível técnico dos judocas brasileiros, mais fortes seremos nas competições internacionais”, disse o coordenador técnico da FPJudô.
Danys Marques Maia Queiroz, vice-presidente da CBJ, disse que a Copa São Paulo é uma competição maravilhosa. “É o maior evento do Brasil em termos numéricos e em qualidade técnica, e nesta edição reuniu 16 Estados que desfrutam grande intercâmbio técnico. Pelo fato de anteceder os campeonatos brasileiros regionais, a Copa São Paulo permite que todos os atletas avaliem o trabalho que estão desenvolvendo em seus Estados. A competição é realmente fortíssima, muito bem organizada e resolvida, apesar da quantidade de atletas inscritos. Cumprimentamos a coordenação técnica do evento pela fluidez e a dinâmica que a Copa São Paulo possui. Sem dúvida alguma, este evento é maravilhoso”, disse Queiroz. Na avaliação da Francisco de Carvalho, esta edição da copa consolidou a importância do evento que abre oficialmente o calendário esportivo do judô nacional. “Vimos a Copa São Paulo recebendo a visita da autoridade máxima da modalidade, o professor Sílvio Acácio Borges. O presidente da CBJ teve uma participação ativa, que não se resumiu ao pronunciamento feito na cerimônia de abertura. Durante sua estada Sílvio Acácio acompanhou atentamente todos os detalhes que envolveram a competição. Tivemos a presença dos presidentes de seis federações estaduais, do vice -presidente da CBJ e a participação expressiva de 16 Estados. Estes fatores mostram a importância da Copa São Paulo, mas pude ouvir a avaliação positiva que o professor Geraldo Bernardes fez da competição. Acredito que ele é hoje uma das maiores autoridades da área técnica de nossa modalidade, o que nos envaidece ainda mais”, disse o dirigente, que destacou ainda o ganho técnico e político do evento. “Penso que o prestígio da Copa São Paulo, do Estado e da FPJudô tenha aumentado significativamente neste fim de semana, e quero aproveitar para cumprimentar todos os colaboradores do departamento técnico, que foram extremamente eficientes na realização do certame, da mesma forma que agradeço aos professores de outros Estados que aqui estiveram e somaram esforços na realização deste grandioso evento. Acho que tivemos um ganho técnico muito bom, e uma consecução política muito maior, nesta Copa São Paulo. Por tudo que a FPJudô representa para o judô nacional, estamos certos de que este torneio ofereceu um ganho enorme para São Paulo em todos os níveis”, concluiu o dirigente paulista. Revista Budô número 21 / 2018
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50º TORNEIO BENEMÉRITOS DE JUDÔ DO BRASIL
Equipes da Argentina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais resgatam o glamour do Torneio Beneméritos Club Atlético Lanús, da Argentina, Associação Desportiva Moura, de Campo Grande (MS), e Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte (MG), reafirmam a importância e a tradição da competição por equipes mais antiga do Brasil
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om apoio da Prefeitura de Mogi das Cruzes, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou a 50ª edição do Torneio Beneméritos de Judô do Brasil, a mais antiga e tradicional competição por equipes do judô verde e amarelo. O torneio realizou-se no ginásio municipal Professor Hugo Ramos, em Mogi das Cruzes (SP), no sábado 22 de setembro, e
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PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS
contou com a participação das grandes equipes de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e uma da Argentina. A cerimônia de abertura reuniu diversas autoridades esportivas, entre as quais Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Roberto Joji Shiba Kimura, coordenador técnico da FPJudô; José Antônio Jantália, vice-presidente da FPJudô; Cláudio Cala-
Mário Sabino e Bahjet Hayek fizeram uma das lutas mais eletrizantes da classe máster
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Dirigentes e os 36 árbitros que atuaram na competição posam para foto histórica do cinquentenário do Torneio Beneméritos
Autoridades na cerimônia de abertura
Alessandro Puglia enfatizou a necessidade de manter o atual formato original do Torneio Beneméritos
Autoridades durante a cerimônia de abertura
sans Camargo, delegado da 2ª DRJ Vale do Paraíba; Celso de Almeida Leite, delegado da 15ª DRJ Grande Campinas; Julio Jacopi , delegado da 9ª DRJ ABC; Kendi Yamamoto, coordenador de arbitragem da 1ª DRJ Capital; e os professores kodanshas Sadao Fleming Mulero, Paulo Duarte, Tomyo Takayama, Michiharu Sogabe, Gildemar de Carvalho, Paulo Alvim Muhlfarth, Yoshiyuki Shimotsu e Daniel Dell’Aquila, presidente do Clube Paineiras do Morumby; e os professores visitantes Marco Aurélio Moura, diretor Associação Desportiva Moura, e Ignacio Damián Narváez, representante do Club Atlético Lanús. Durante a cerimônia de abertura o técnico argentino Ignacio Narváez homenageou dirigentes paulistas e destacou a receptividade demonstrada pelos judocas de São Paulo. “Vir ao Beneméritos era um projeto antigo e felizmente este ano conseguimos realizar. Fui atleta e sempre soube da tradição do judô de São Paulo. Na Argentina todos sabem que aqui está o melhor judô do Brasil e das Américas, e estar aqui é a realização de um sonho antigo. O ponto alto da disputa foi o elevado nível técnico, mas no campo pessoal destaco a hospitalidade e o carinho demonstrado por todos. Desde o mais alto dirigente ao atleta mais inexperiente. Foi uma experiência fantástica”, disse o técnico go-dan. A cada edição o mais tradicional torneio por equipes do Brasil homenageia os professores pioneiros da modalidade, entregando aos campeões de cada classe troféus que levam o nome dos professores beneméritos. Este ano as equipes campeãs foram premiadas com troféus que levavam os nomes dos professores kodanshas Nobuo Suga, Ikuo Onodera, Matheus Sugizaki, Sebastião Germano da Silva, Miriam Tereza Bezerra Correa, Messias Rodarte Correa, Edgar Ozon, Mário Katsumi Matsuda e Yokichi Kimura.
Professores destacam a relevância histórica do Torneio Beneméritos
Equipe do Clube Paineiras do Morumby, a campeã da classe sênior
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Na avaliação do professor kodansha 8º dan Sadao Fleming Mulero, o ponto alto do Torneio Beneméritos são as homenagens feitas aos antepassados. Revista Budô número 21 / 2018
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50º TORNEIO BENEMÉRITOS DE JUDÔ DO BRASIL “O fato marcante deste evento é lembrar e reverenciar nossos antepassados, os professores que trabalharam pelo desenvolvimento do judô do Brasil, fizeram excelentes professores e formaram muitos faixas pretas, milhares de pessoas e profissionais que hoje atuam nas mais diversas áreas. Não podemos esquecernos do trabalho que foi feito pelos professores Ogawa, Ono, Kihara, Fukaya e Okoshi, entre outros”, disse Mulero.
José Antônio Jantália destacou a necessidade de vivenciar e relembrar constantemente a história da Federação Paulista de Judô. “Há quem diga que nós brasileiros esquecemos a história rapidamente, e um dos principais objetivos do Beneméritos é justamente homenagear os precursores da modalidade. Nossa história tem de ser lembrada constantemente, pois do contrário ela se perde. Nesse contexto cito nomes de alguns judocas notáveis que muito contribuíram na edificação do judô paulista e brasileiro: Mozumo Abe, Sérgio Adib Bahi, Ikuo OnoAtletas e técnico argentino prestando homenagem aos dirigentes paulistas dera, Fuyuo Oide, Messias Rodarte Correa, Mata Sugizaki, Naoishi Ono, Matsuo Ogawa, Luiz Tambucci e Mateus Sugizaki, entre outros”, lembrou o dirigente paulista. Alessandro Puglia falou sobre a necessidade de manter o atual formato original de disputa, visando a dar continuidade à tradição da modalidade. “Em sua 50ª edição, esta competição envolve grande parte da história da Federação Paulista de Judô. Os grandes atletas de São Paulo disputaram este certame. Esta-
Atletas da base perfilados durante a execução do Hino Nacional
mos relutando em mudar o formato de disputa, até mesmo para preservar esta grande
tradição do judô do Estado de São Paulo”, explicou Puglia. Paulo Duarte lembrou que no passado as principais equipes se digladiavam pelo troféu Tatsuo Okoshi, o mais emblemático do Torneio Beneméritos. “Por muitos anos o Torneio Beneméritos foi considerado o principal campeonato por equipes do Brasil. Os melhores times do País queriam participar da disputa mais emocionante do judô verde e amarelo, e lutavam fervorosamente para conquistar o troféu Tatsuo Okoshi. Com o tempo o evento perdeu parte do glamour, mas é sempre muito bacana ver torneios
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Paulo Roberto Duarte a Alessandro Puglia
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Equipes da base no shiai-jo
por equipe. Espero que com o tempo a FPJudô consiga resgatar a importância deste certame”, disse o professor Duarte. Joji Kimura lembrou que muitas vezes o Beneméritos oferece um custo mais elevado para algumas equipes, mas a manutenção desta tradição tem mantido a chama acesa. “A vibração e a energia da torcida são o grande diferencial do Torneio Benemérito do Brasil. Uma competição individual não possui o carisma e a emoção que vivenciamos aqui. Acredito que, quando contextualizamos um trabalho em equipe, fortalecemos conceitos como a união e o comprometimento, fatores que invariavelmente motivam todos os atletas, e este é o grande diferencial deste certame”, destacou Kimura.
Alessandro Puglia e Sadao Fleming Mulero
Equipe do São Paulo Futebol Clube, a campeã da classe máster
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Marco Aurélio Moura comemorou a conquista do Troféu Sensei Messias Rodarte Correa no sub 18, além do vice-campeonato do sub 15 feminino e do terceiro lugar no sub 15 masculino. “Iniciei minha trajetória nos tatamis muito cedo, e quando atleta disputei quatro edições do Benemérito, no qual conquistei uma medalha de bronze que guardo com muito orgulho. É uma competição muito tradicional e muito difícil, mas vale o esforço, pois o intercâmbio técnico é gigantesco. Conquistamos o título da casse juvenil, além de importantes medalhas em outras classes e voltaremos para casa muito felizes”, disse o técnico sul-mato-grossense, que é o diretor técnico da Associação Desportiva Moura. Francisco de Carvalho Filho destacou a importância da competição e falou sobre as mudanças que deverão reforçar a tradição e a importância do torneio. “O Torneio Beneméritos do Judô do Brasil é uma competição peculiar por vários motivos. Além de contemplar equipes, é um dos campeonatos mais antigos do Brasil. Nesta 50ª edição reuniu 54 delas, que disputaram medalhas ainda no formato tradicional. Nossa coordenação técnica estuda a possibilidade de alterar o formato da competição e criar mecanismos para torná-la mais atraente. O grande diferencial desta competição é a homenagem que anualmente fazemos aos técnicos e professores que mais se destacaram no cenário competitivo”, explicou o dirigente paulista. Revista Budô número 21 / 2018
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50º TORNEIO BENEMÉRITOS DE JUDÔ DO BRASIL Paineiras do Morumby e Judô Clube Mogi das Cruzes foram campeões em duas classes Nove títulos estavam em disputa, mas apenas sete agremiações subiram ao lugar mais alto do pódio, porque o Clube Paineiras do Morumby e o Judô Clube Mogi das Cruzes foram campeões em duas classes.
A equipe da Zona Sul da capital paulista conquistou o ouro das classes pré-juvenil e sênior, ratificando o poderio do Clube Paineiras – presidido por Daniel Dell’Aquila, ex-atleta da seleção brasileira – possui na base e no alto rendimento. O experiente professor Alexandre Lee, ex-atleta da seleção brasileira de judô, coordena a comissão técnica paineirense. Comandado pelos senseis Joji e Yoshio Kimura, o Judô Clube Mogi das Cruzes foi campeão pré-juvenil feminino e sênior feminino, faturando os troféus Miriam Tereza Bezerra Correa e Mário Katsumi Matsuda. O resultado expressivo premia o excelente trabalho que a equipe mogiana vem desenvolvendo no judô feminino nas últimas temporadas. Ratificando o grande trabalho que é feito na base pelo sensei Rogério Quintela, o Ateneu Barão de Mauá foi campeão infantil e levou o troféu Sensei Ikuo Onodera para Ribeirão Preto. Outra equipe campeã que vem desenvolvendo excelente trabalho nas categorias de base é a Associação Cultural Esportiva e Recreativa de Tupã (ACERT). Comandada pelo renomado professor Raul de Mello Senra Bisneto, delegado da 4ª DRJ Alta Paulista, a equipe venceu na classe infanto-juvenil e levou para Tupã o troféu Sensei Sebastião Germano da Silva. Os professores Joaquim Teruo Nakamura, Eduardo Domingues Marandola, Guilherme Meira Trocolli e Gabriel Bassoli completam a comissão técnica da ACERT.
Campeões por classe Sub 11 – Ateneu Barão de Mauá – Troféu Sensei Ikuo Onodera Sub 13 – A.C.E.R. de Tupã – Troféu Sensei Sebastião Germano da Silva Sub 15 – Clube Paineiras do Morumby – Troféu Sensei Matheus Sugizaki Sub 15 – Judô Clube Mogi das Cruzes – Troféu Miriam Tereza Bezerra Correa Sub 18 – Associação Desportiva Moura (MS) – Troféu Sensei Messias Rodarte Correa Sub 21 – Minas Tênis Clube (MG) – Troféu Sensei Nobuo Suga Sênior – Masculino – Clube Paineiras do Morumby – Troféu Sensei Edgar Ozon Sênior Feminino – Judô Clube Mogi das Cruzes – Troféu Sensei Mário Katsumi Matsuda Veteranos Masculino – São Paulo Futebol Clube – Troféu Sensei Yokichi Kimura
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Apresentando um grande trabalho nas equipes de base, a Associação Desportiva Moura de Campo Grande foi campeã juvenil (sub 18) e levou o troféu Sensei Messias Rodarte Correa para o Mato Grosso do Sul.
O Minas Tênis Clube conquistou o ouro na classe júnior (sub 21) masculino e faturou o troféu Sensei Nobuo Suga, que agora integrará a gigantesca galeria de prêmios da equipe mineira, em Belo Horizonte. No máster masculino a equipe do São Paulo Futebol Clube nadou a braçadas e, além das medalhas de ouro, faturou o troféu Sensei Yokichi Kimura. www.revistabudo.com.br
gestão
As gaúchas Cristiane Babinski e Kauane Sgarbi em disputa do Enbu
Em seu primeiro ano de gestão,
Sérgio Bastos imprime ritmo forte na CBKT
O dirigente baiano quer expandir a presença da modalidade nos Estados e disseminar o legado do mestre Nishiyama POR
E
MARTINNA REY, K AZUO NAGAMINE e EMERSON REY I Fotos STEPHANY ALVES, BRUNA QUEIROGA, ÉRICA ARAK AKI, ELAINE GOLUBICS e KIYOSHI SUETO
ncerrando oficialmente o ciclo em que o paranaense Gilberto Gaertner ficou à frente da Confederação Brasileira de Karatê-dô Tradicional (CBKT), a entidade realizou nos dias 20 e 21 de janeiro de 2018, em Salvador (BA), a assembleia geral extraordinária em que foram traçadas as diretrizes para a temporada. No encontro também tomou posse a nova diretoria da instituição, capitaneada pelo presidente eleito, o shihan 8º dan Sérgio Luiz www.revistabudo.com.br
Fonseca Bastos. Os demais membros da nova diretoria são: Kazuo Nagamine, sensei 7º dan, 1º vice-presidente; Antônio Walger, sensei 7ª dan, 2º vice-presidente; Eckener Cardoso, sensei 7º dan, diretor técnico; Arthur Rêgo, sensei 6º dan, diretor financeiro; Jonathan Miranda, sensei 4º dan, diretor secretário; e Haeckel Patriarcha e Martinna Rey, ambos senseis 4º dan, diretores de comunicação e publicidade. Formado em educação física, acadêmico em fisioterapia, o shihan Sérgio Bastos foi
eleito por aclamação e em seu depoimento agradeceu o apoio e a confiança que resultaram na manutenção do legado deixado pelo sensei Nishiyama. “Em primeiro lugar quero agradecer a confiança e indicação feita por meus colegas que em 2010 apoiaram nossa chapa. Todos nós vivíamos insatisfeitos com os impasses que impediam maior desenvolvimento de nossa organização. Foi a partir do início da gestão do professor Gaertner que a CBKT passou por mudanças profundas que resultaram em sua depuração política, ideológica e filosófica. Todos que ficaram conosco assumiram o compromisso de levar adiante o legado deixado pelo sensei Nishiyama e adotaram nova postura, o que resultou em maior comprometimento e na participação de gestores, praticantes e filiados como um todo”, disse Bastos. Revista Budô número 21 / 2018
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gestão Goshin-dô Entre os dias 16 e 18 de março foi realizado o tradicional Goshin-dô, evento anual organizado pela CBKT sob a supervisão técnica do shihan Tasuke Watanabe, na exuberante praia de Setiba, no Espírito Santo. A coordenação deste importante evento do calendário da Confederação Brasileira de Karatê-dô Tradicional ficou a cargo dos professores Alfredo Aires (RS) e Ulisses Damasceno (GO). Esta edição do encontro ficou marcada como o último evento da CBKT/ITKF com a participação ilustre do grande shihan 10º dan Yasutaka Tanaka. Como sempre, vários mestres estiveram presenSérgio Bastos, presidente da Confederação Brasileira de Mestre Yasutaka Tanaka em sua última participação no tes e deram sua contribuição, ministrando Karatê-do Tradicional Goshin-dô aulas e compartilhando conhecimento. Os trabalhos iniciavam-se sempre no período da manhã, com uma atividade meditativa na praia em frente ao mar de Setiba. As demais atividades eram realizadas, após o café da manhã, no Wata Dojô, espaço aberto entre a vegetação característica que lembra muito Okinawa e as origens do karatê-dô. O evento reuniu praticantes de todo Brasil e alguns do exterior. As aulas foram ministradas por renomados mestres, como os shihans Tasuke Watanabe, Yasutaka Tanaka, Sérgio Bastos, Eckener Cardoso, Gilberto Gaertner e Kazuo Nagamine. Ademais, foram realizadas Martinna Rey se destacou na disputa Kazuo Nagamine, Sérgio Bastos e Antônio Walger apresentações científicas, pelo karateca de kata do Campeonato Brasileiro Guaraci Ken Tanaka, e musicais, pelos karatecas baianos Paulo Emílio, professor de música, e João Ramos, consagrado repentista. Kazuo Nagamine destacou a importância de o karatê reunir pessoas em torno de propostas que extrapolem a prática esportiva. “A convivência com pessoas em torno do que amam fazer, karatê-dô, no ambiente onde o respeito acima de tudo, é pauta para o desenvolvimento do caráter, pelo esforço contínuo na busca do aperfeiçoamento do ser humano.”
Curso nacional de capacitação de arbitragem Entre os dias 18 a 20 de maio, a CBKT promoveu o primeiro Curso Nacional de Capacitação de Arbitragem, realizado na Universidade de Brasília (UnB), tendo como público alvo árbitros, atletas, técnicos e delegados. O curso foi aberto a todos os praticantes de karatê com graduação de faixa preta a partir de ni-dan (2º dan), sendo permitida a participação de faixas pretas shodans (1º dan), na condição de ouvintes. Foram ministradas aulas teóricas e práticas sobre todas as modalidades competitivas do karatê-dô tradicional pelos senseis Eckener Cardoso (7º dan - Bahia), Antônio Walger (7º dan – Paraná) e Arthur Rêgo (6º dan – Bahia). As exposições realizaram-se em sala de aula e no dojô montado no ginásio de esportes da UnB. Ao final do evento, os participantes foram submetidos a exames para a comprovação da capacidade técnica para atuar com árbitros nas competições organizadas pela CBKT.
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Senseis Arthur Rêgo, Eckener Cardoso, Kazuo Nagamine, Sérgio Bastos e Antônio Walger no curso nacional de capacitação de arbitragem
Mestres e professores que atuaram e participaram no curso nacional de capacitação de arbitragem
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Campeonato Sul-Sudeste No dia 23 de junho foi realizado o Campeonato Sul-Sudeste de Karatê-dô Tradicional no Clube Oásis, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em homenagem ao shihan Yasutaka Tanaka. O evento contou com a presença do mestre Watanabe, além da diretoria da CBKT. As competições foram de alto nível, com disputas acirradas, podendo ser citado como destaque o atleta paulista Andrew Rodrigo, da cidade de Barueri, campeão em três modalidades, entre elas o kata individual.
Senseis Arthur Rêgo foi um dos instrutores do curso de capacitação da arbitragem
Campeonato Norte-Nordeste De 29 de junho a 1º de julho ocorreu o Campeonato Norte-Nordeste de Karatê-dô Tradicional, nas instalações do Shopping Grão Pará, em Belém (PA). O evento prestou homenagem aos 50 anos do Shihan Yoshizo Machida no Brasil. A competição foi marcada pelo grande nível técnico dos atletas, tendo como destaque a baiana Martinna Rey, campeã em cinco modalidades na categoria adulto. O evento contou com a ilustre presença do brilhante karateca e um dos grandes nomes do MMA mundial Lyoto Machida, que executou uma apresentação de kata equipe juntamente com os seus irmãos, os notáveis karatecas Chinzo e Takeriko Machida. A vida do mestre Machida foi narrada aos participantes e ao público presente pelo seu filho e repórter Kenzo Machida, que contou a história de grande batalha e dedicação do patriarca do clã Machida ao karatê.
Campeonato Brasileiro Nos dias 9 a 11 de agosto realizou-se o maior evento anual organizado pela CBKT, o Campeonato Brasileiro de Karatê-dô Tradicional, na Universidade de São Paulo (USP). Antecedendo as competições, a CBKT realizou a VIII Clínica de Esportes, com foco no estudo do Karatê Shotokan. O seminário incluiu palestras do professor doutor sensei Kazuo Nagamine, (FAMERP/SP), shihan Watanabe; professor doutor Go Tani (USP/SP), professora doutora Luciana Rossi (UAM/SP) e professor doutor Victor Lage (UnB/DF). Durante as palestras, foram feitas várias homenagens ao saudoso mestre Yasuyuki Sasaki, falecido em 2017. A abertura do torneio contou com mais uma homenagem aos mestres japoneses Tanaka e Sasaki, tributo que deixou todos os presentes muito emocionados, observando-se as presenças da dona Rute, viúva do sensei Sasaki, e de Guaraci Ken Tanaka, filho de sensei Tanaka, que também é karateca. As competições impressionaram pelo grande número de participantes e, principalmente, pelo elevadíssimo nível técnico dos www.revistabudo.com.br
Clínica de Esportes, com foco no estudo do Karatê Shotokan realizada em paralelo ao Campeonato Brasileiro
Seleção paulista, a equipe anfitriã do Campeonato Brasileiro XXIX Campeonato Brasileiro Juvenil por Estado 1º Mato Grosso - 208 pontos 2º Bahia - 130 pontos 3º São Paulo - 92 pontos 4º Paraná - 90 pontos Campeonato Brasileiro Juvenil Interclubes 1º Drakon (BA) - 90 pontos 2º União da Força (MT) - 72 pontos 3º Machida (PA) - 40 pontos 4º Musashi (BA) - 36 pontos XXX Campeonato Brasileiro Adulto por Estado 1º Bahia - 88 pontos 2º São Paulo - 80 pontos 3º Rio Grande do Sul - 70 pontos 4º Mato Grosso - 60 pontos Campeonato Brasileiro Adulto Interclubes 1º Sesc Salvador (BA) - 51 pontos 2ª ASKAP (CE) - 44 pontos 3º União da Força (MT) - 41 pontos 4º Barueri (SP) - 38 pontos Budo Congress
atletas. Nas categorias juvenis, Mato Grosso mostrou mais uma vez sua hegemonia, faturando o título de campeão geral. Já nas categorias júnior, adulto e máster, a Bahia mostrou sua força, sagrando-se a grande campeã. Um ponto importante que merece ser destacado é a longevidade que o karatê-dô tradicional proporciona a seus praticantes. Prova disso é que os maiores destaques da competição na categoria adulto foram os atletas considerados veteranos, acima dos 30 anos, que conquistaram quase todas as modalidades individuais. Citamos como exemplo os campeões do kumitê individual: a baiana Martinna Rey, no feminino, e o paranaense Vinicius Santana, no masculino, os dois mais experientes atletas da seleção brasileira na atualidade. Nos dias 12 a 14 de setembro realizou-se o Budo Congress, importante evento científico internacional, sediado e promovido pela Universidade Positivo, em Curitiba (PR). A organização do evento contou com a liderança do sensei Gilberto Gaertner, presidente da ITKF, que, ao mesmo tempo, coordenou um congresso de psicologia do esporte, área do conhecimento na qual exerce grande domínio, tendo atuado como psicólogo da vitoriosa seleção brasileira campeã olímpica de vôlei, durante o comando de Bernardinho. No Budo Congress, mesas redondas discutiram projetos socioeducativos nos quais o karatê e o judô atuam como importantes ferramentas de inclusão, além de debates acerca da história das artes marciais e, em especial, do karatê, tratando também dos aspectos fisiológicos, metodológicos e educacionais dessa arte. A CBKT esteve representada neste evento por integrantes da diretoria e competidores, entre eles os senseis Sérgio Bastos, Antônio Walger, Iko Trindade, Alfredo Aires e Kazuo Nagamine, na condição de mediadores de mesas redondas e palestrantes nas sessões de pôster e oral. Ressalte-se que sensei Kazuo Nagamine, vice-presidente da CBKT, além de ministrar palestras, foi mediador de mesas redondas.
Balanço positivo Fazendo uma avaliação final sobre seu primeiro ano de gestão, o dirigente baiano destacou a importância do fortalecimento da ITKF no contexto mundial. “Além dos eventos mencionados, em nível continental tivemos o XIX Campeonato Pan-Americano de Karatê-dô Tradicional, a volta da Copa Nishiyama e o Campeonato Interclubes, realizado de 8 a 11 de novembro na arena esportiva da PUC-PR em Curitiba”, disse o dirigente, que destacou a forte presença do Brasil neste novo cenário. “O karatê-do passa por um processo de profunda readequação em nível global, e em 2019 haverá muitas inovações. O Brasil terá papel decisivo neste novo cenário e estamos nos preparando para fazer a nossa parte”, finalizou Bastos.
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CREDENCIAMENTO TÉCNICO FPJUDÔ 2018
Primeira fase do credenciamento técnico da FPJudô reúne 1.200 professores em São Caetano As etapas realizadas na capital e no interior abriram oficialmente o calendário técnico do judô paulista e reuniram mais de 1.500 professores e técnicos POR
PAULO PINTO I Fotos MARCELO LOPES, CHICO EMOLO e EVERTON MONTEIRO
Tiago Camilo, presidente da Comissão de Atletas do COB
Francisco de Carvalho, presidente de honra da FPJudô
Alessandro Puglia, presidente da FPJudô
As 1.400 poltronas do Teatro Paulo Machado de Carvalho foram completamente tomadas por professores
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C
om o apoio da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude e Prefeitura de São Caetano do Sul, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou no dia 24 de fevereiro, o primeiro credenciamento técnico desta temporada. As palestras realizadas no Teatro Paulo Machado de Carvalho foram proferidas pelos professores Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô, que falou sobre as alterações, novas normas e propostas para 2018; Matheus Theotônio, gestor técnico da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que discorreu sobre os eventos desta temporada; o medalhista A mesa de honra foi formada por dirigentes, medalhistas olímpicos e 65 professores kodanshas
Rogério Sampaio, secretário nacional de alto rendimento do Ministério do Esporte
Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô
Além de expor detalhes sobre as novas regras, Minakawa enfatizou a importância da manutenção dos valores que promovam a harmonia e o respeito mútuo
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Matheus Theotônio discorreu sobre a formatação e os detalhes dos eventos do calendário nacional
olímpico Tiago Camilo, cuja palestra se intitulou Uma história olímpica; e Edison Minakawa, kodansha (7º dan), coordenador nacional de arbitragem, que falou sobre a atualização das regras para esta temporada. Autoridades políticas e esportivas participaram da cerimônia de abertura, entre as quais Alessandro Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Carvalho, presidente de honra da FPJudô; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; Marcos Siarvi, que representou José Auricchio Júnior, prefeito de São Caetano do Sul; os medalhistas olímpicos Douglas Vieira, Carlos Honorato, Henrique Guimarães, Tiago Camilo, presidente da Comissão de Atletas do COB e Rogério Sampaio, o então secretário nacional de alto rendimento do Ministério do Esporte; vários delegados regionais e 65 professores kodanshas. Segundo os organizadores, o evento reuniu 1.200 professores, mas as 1.400 poltronas do teatro foram completamente tomadas pelos professores que moram próximos da capital. O ponto alto do encontro foi a apresentação de um curta-metragem produzido pela equipe do Boletim Osotogari sobre os 60 anos da FPJudô. O vídeo mostrou os pioneiros da modalidade e destacou um pouco da história do que foi a Federação Paulista de Judô desde a sua fundação, em 17 de abril de 1958. No período da tarde houve o seminário de arbitragem ministrado pelo professor Edison Minakawa e o encontro dos coordenadores dos oficiais técnicos da FPJudô. Revista Budô número 21 / 2018
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CREDENCIAMENTO TÉCNICO FPJUDÔ 2018
O professor Chico pediu que todos avaliassem a importância que cada sensei possui em sua comunidade
Tiago Camilo, Alessandro Puglia e Joji Kimura
Em paralelo ao encontro houve a eleição para definir o representante dos técnicos do Estado junto à federação. Foi eleito o professor Kendi Yamamoto, que pertence à delegacia da capital.
tem de querer muito mais que o adversário. Nos Jogos Olímpicos, quando a luta está dura e vai para o golden score, repare que um dos atletas sempre acaba desistindo. Perceba que um sempre acaba pondo as mãos na cintura ou nos joelhos, e entrega os pontos. Eu sempre dizia para mim mesmo: você não pode desistir. Não pode! Tem de ser o outro que desiste e entrega a luta, e não você. A vontade de vencer tem de ser maior que o cansaço. Podia perder por ippon, mas jamais admiti perder por falta combatividade. Eu sempre lembrava tudo que passava para chegar àquela disputa por medalha”, contou Camilo, que destacou a importância de perseguir os sonhos.
Tiago Camilo faz palestra envolvente Em sua apresentação eminentemente motivacional, o medalhista olímpico Tiago Camilo lembrou que a vitória não ensina. “É na derrota, naquele momento em que estamos lá embaixo, que tiramos as grandes lições e aprendemos. Naquele momento não existe nada, e ninguém te abraça. Restam apenas você e seus sentimentos, e é nessa hora que temos de rever o que vínhamos fazendo para encontrar um novo caminho que nos leve à vitória”, disse Tiago, que enfatizou que a vitória exige comprometimento e abnegação.
“O caminho da vitória demanda dedicação, renúncia, disciplina e abnegação. Tem de treinar e dedicar-se muito. A pessoa que enfrentamos no shiai-jo busca o mesmo objetivo: vencer. E para vencer
“Quando somos jovens existem os sonhos, o destino e o caminho que o tempo todo nos fica empurrando para os lados. Hoje me sinto muito feliz por sempre ter andado muito próximo daquilo que sonhei quando era jovem. Minhas conquistas atestam a determinação para realizar aquilo que sonhei na adolescência”, concluiu o vice-campeão olímpico no peso leve em Sidney (2000) e bronze no peso meio-médio em Pequim (2008). A primeira fase do credenciamento recebeu público recorde
Onegai-shimasu Edison Minakawa dissecou as mudanças promovidas pelo comitê de arbitragem da Federação Internacional de Judô. Antes de iniciar sua preleção, dirigiu-se ao professor kodansha Michiharu Sogabe e fez um pedido no mínimo curioso. “Como todos sabem sou diretor de arbitragem da FPJudô, no primeiro semestre de 2017 fui convidado para assumir a coordenação nacional de arbitragem e em setembro recebi um novo convite para ser membro da comissão pan-americana de arbitragem. Contudo, antes de iniciar peço humildemente permissão ao professor Sogabe, o sensei mais graduado aqui, para iniciar minha exposição.” Em pé, o sensei 9º dan do Vale do Paraíba curvou-se e atendeu à solicitação de Edison Minakawa, dizendo apenas: “onegai-shimatsu (por favor).” Na sequência o coordenador nacional e estadual de arbitragem explicou por que pediu autorização ao professor Michiharu Sogabe. “Com este gesto busquei mostrar que dentro de nossas academias, de nossas casas e estando com nossas famílias, deve persistir o respeito à hierarquia e a reverência àqueles que no passado nos ensinaram o que fazemos hoje. Quer como pais, professores, árbitros ou dirigentes, temos o dever de reverenciar nossos antepassados e estabelecer uma relação cordial fundamentada no respeito mútuo e na harmonia. Penso que desta forma o judô fica mais bonito e exercitamos algo de que a sociedade contemporânea é muito carente: o respeito ao próximo”, afirmou Minakawa.
Números cada vez mais expressivos Natural de Pindamonhangaba e aluno de grandes professores do judô pau-
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lista, Matheus Theotônio, gestor técnico da CBJ, falou sobre a pujança do judô paulista. “É muito gratificante fazer parte da história da FPJudô, uma entidade que fundamenta a gestão da modalidade na excelência e com ótimos resultados. É uma grande responsabilidade falar diante de 1.200 professores que sabem tanto quanto eu sobre judô, mas é gratificante compartilhar algumas informações que temos, como normas e regulamento. É muito importante poder informar, num único evento, um número tão expressivo de professores”, disse o dirigente, que concluiu falando sobre a importância de voltar a São Paulo e rever grandes amigos. “Estar em meu Estado, onde minha carreira esportiva teve início e se desenvolveu, com meus professores, amigos e grandes ídolos, foi uma experiência extremamente gratificante. Agradeço a diretoria da federação paulista por esta oportunidade e espero ter colaborado no aprimoramento técnico dos professores que aqui estiveram”, disse Theotônio.
São Paulo, um país no cenário nacional Lembrando os 60 anos de fundação da FPJudô, Alessandro Puglia afirmou que São Paulo é um país à parte no cenário nacional da modalidade. “Estamos completando 60 de uma história fundamentada no comprometimento dos professores que nos antecederam e na dedicação de todos nós. São Paulo é um país do judô dentro do Brasil. Temos 16 delegacias regionais e 12 mil
Takeshi Yokoti, árbitro FIJ A substituiu o professor Edison Minakawa no encontro de Bauru
O Teatro Paulo Machado de Carvalho registrou presença recorde de judocas
atletas filiados e mais de 400 associações filiadas. Tenho um grande orgulho em falar isso para vocês, pois eu também sou formado em educação física, sou professor de judô e me esforço para manter minha associação funcionando dentro daquilo que a federação exige e a CBJ determina. Encerro fazendo um agradecimento especial aos professores Rioiti Uchida e Luís Alberto dos Santos pelo grande trabalho desenvolvido nos fundamentos de nossa modalidade, por meio do kata”, disse o presidente da FPJudô.
Um olhar diferenciado sobre a forma de treinar Rogério Sampaio, secretário nacional de alto rendimento do Ministério do Esporte, destacou a necessidade de retomar o
treinamento conjunto em várias escolas, visando a fortalecer os atletas do alto rendimento. “Quero aproveitar este momento único, quando a maioria dos professores e técnicos paulistas está presente, para lembrar que para construirmos o futuro precisamos lembrar do passado. Nos dois últimos anos tenho desenvolvido um trabalho com a FPJudô, que compreende treinamento para um número reduzido de atletas de diversas faixas etárias nas segundas-feiras, no CAT. Este grupo pequeno reflete o problema que ocorre no judô nacional como um todo, nos últimos anos”, disse o campeão olímpico, fazendo um comparativo entre gerações. “Lembro que a minha geração foi vencedora, mas naquela época treinávamos
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dentro e fora de nossas escolas. É preciso fazer treinamento conjunto rodando por vários locais. Com o tempo nós e nossos colegas acabamos nos acomodando, e hoje nos fechamos cada vez mais em nossos próprios espaços”, disse Sampaio.
“Na minha época entendíamos que era preciso realizar o treinamento conjunto. Hoje existe o conhecimento científico e o treinamento planejado dos atletas, mas nós não podemos deixar de fazer o treinamento conjunto com o objetivo de fortalecer nossos atletas. Lembro que às terças e quintas-feiras o sensei Massao Shinohara lotava o dojô da federação com gente da seleção. Aos sábados e domingos o sensei Ishii estava disponível no CAT, com muitos atletas treinando em altíssimo nível, e o sensei Umakakeba promovia treinos fortíssimos no dojô de Bastos”, enfatizou o secretário de alto rendimento. Rogério concluiu recordando que o resultado é consequência de planejamento, treinamento e trabalho. “Sinto que hoje nos estamos fechando cada vez mais e temos de lembrar a fórmula vencedora que proporcionou numerosas medalhas para o nosso País. Temos de reavaliar a importância do treinamento conjunto. O resultado da competição é importante, mas ele é consequência da prática e do trabalho bem feito. Na minha época buscávamos o ippon, e a vitória era consequência. Acho que é fundamental desenvolver uma visão daquilo que buscamos para o nosso judô, para que daqui a 60 anos tenhamos um judô tão forte como o dos primeiros 60 anos. Vamos olhar para o Revista Budô número 21 / 2018
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CREDENCIAMENTO TÉCNICO FPJUDÔ 2018
Douglas Vieira, Rogério Sampaio, Alessandro Puglia e Carlos Honorato
passado sem esquecer aquilo que é realmente importante no desenvolvimento dos nossos atletas e nossos judocas”, disse o campeão olímpico.
O ensino do judô é um sacerdócio Cumprimentando todos os professores presentes, Francisco de Carvalho Filho começou destacando a importância dos professores de judô na sociedade. “Quando criamos o credenciamento técnico pensamos em criar uma oportunidade ímpar para nos reencontrarmos no início de cada temporada, discutir as mudanças das regras e as novidades em nosso cenário. E neste ano peço que avaliem a importância que cada um de vocês tem na comunidade e na sociedade. Deixando a performance esportiva de lado por um instante, vocês têm de ter a consciência do papel que desempenham no contexto social, no resgate de pessoas e alunos por intermédio da base que o judô proporciona na edu-
Professores e técnicos no Teatro do SESI-BAURU
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Galileu Paiva, Henrique Guimarães, Francisco de Carvalho e Rogério Sampaio
cação e formação de seus praticantes.” Na avaliação do dirigente, o foco da educação e da construção de indivíduos é a maior contribuição que cada professor pode oferecer ao cenário social e o grande legado do judô para a sociedade. “Lamentavelmente vivemos num País onde os professores não são valorizados. Todo mundo acha o nosso trabalho muito bonito, mas ninguém quer que o filho seja professor do ensino fundamental ou de judô. Contudo, a nossa classe cresce em função do comprometimento e da paixão que acabamos nutrindo pela modalidade”, disse Chico do Judô, lembrando que o ensino do judô é uma missão. “O que vocês fazem na verdade é um sacerdócio, e quero cumprimentá -los por esta dedicação e paixão ao ensino do judô. Peço a Deus que ilumine todos vocês, que dê saúde e vontade para que possam resgatar um número cada vez maior de jovens e possamos mostrar um novo caminho para a sociedade como um todo”, preconizou o dirigente paulista.
Juntos somos mais fortes! Alessandro Puglia avaliou que o departamento técnico da FPJudô atingiu todos os objetivos traçados para a primeira etapa do credenciamento. “Foi muito gratificante ver o auditório do Teatro Paulo Machado de Carvalho totalmente tomado pelos nossos professores e perceber a preocupação de todos em estar a par das novidades e mudanças. A palestra do Tiago Camilo foi muito boa, da mesma forma que o trabalho apresentado pelos professores Matheus Theotônio e Edison Minakawa foi muito bem fundamentado e prestou grande auxílio aos nossos professores”, pontuou Puglia, que conclamou a união de todos visando a maiores objetivos. “A estrutura atual da FPJudô e o trabalho desenvolvido pelos nossos delegados regionais têm impulsionado a modalidade em todas as regiões do Estado, e o resultado deste esforço conjunto tem sido o crescimento expressivo do número de praticantes federados. Cumprimos nosso papel e iniciamos 2018 com o pé direito. Agora vamos tocar esta grande nação que é o judô paulista, e para atingir nossos objetivos temos de estar todos juntos, lutando pelo objetivo comum que é projetar ainda mais São Paulo no cenário nacional lembrando que juntos somos mais fortes”, finalizou o dirigente.
Segunda fase do credenciamento técnico leva mais 300 professores ao SESI Bauru www.revistabudo.com.br
Dirigentes e autoridades na mesa de honra
Com o apoio do Serviço Social da Indústria (SESI-SP), a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou no dia 3 de março a última fase do credenciamento técnico desta temporada. As palestras realizadas no teatro do Sesi Horto Florestal foram proferidas pelos professores Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô, que falou sobre as alterações, novas normas e propostas para 2018; Matheus Theotônio, gestor técnico da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que detalhou procedimentos e normas dos eventos do calendário da CBJ desta temporada; o medalhista olímpico Tiago Camilo, que apresentou palestra intitulada Uma história olímpica; e o professor kodansha (6º dan) Takeshi Yokoti, árbitro FIJ A e delegado regional da 16DRJ/FPJ, que falou sobre a atualização das regras de arbitragem para esta temporada. Autoridades políticas e esportivas participaram da cerimônia de abertura, entre as quais Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Car-
valho Filho, presidente de honra da FPJudô; Tiago Camilo, presidente da Comissão de Atletas do COB; Clóvis Aparecido Cavenaghi Pereira, diretor do SESI-SP da Região de Bauru; Matheus Theotônio, gestor técnico da CBJ; Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô; Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJudô; e os delegados regionais André Gustavo Costa Gonçalves, Raul de Mello Senra Bisneto, Cléber do Carmo, Júlio César Jacopi, Sidnei Paris e Argeu Maurício de Oliveira Neto. Segundo os organizadores, o evento reuniu mais de 300 professores que, somados aos 1.200 participantes da primeira fase realizada em São Caetano do Sul, totalizam 1.500 credenciados para atuar nos certames da Federação Paulista de Judô e da Confederação Brasileira de Judô desta temporada. Assim como ocorreu em São Caetano, o encontro começou com a apresentação do curta-metragem feito pela equipe do Boletim Osotogari sobre os 60 anos
O presidente da FPJudô entrega agasalho da seleção paulista ao dirigente do SESI-Bauru
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Clóvis Aparecido Cavenaghi Pereira, diretor do SESI-SP da Região de Bauru
da FPJudô. O vídeo mostrou pioneiros da modalidade e destacou um pouco da história da Federação Paulista de Judô desde a sua fundação, em 17 de abril de 1958 O primeiro pronunciamento foi feito por Clóvis Aparecido Cavenaghi Pereira, que reiterou a disposição do SESI-SP em receber e apoiar os eventos da FPJudô. “Hoje é um dia para recebê-los com enorme carinho, respirarmos judô e vivenciarmos esta coisa boa que é o reencontro das amizades e estar entre amigos. Para nós é uma grande felicidade receber todos vocês em nossa casa. Anualmente toda a equipe de judô do SESI espera ansiosamente por esta data e para promover este importante evento que antecede as competições da temporada. Desejamos a todos vocês um dia de muito aprendizado e confraternização”, disse Cavenaghi. A partir do pronunciamento de Clóvis Aparecido Cavenaghi Pereira, diretor do SESI-SP da Região de Bauru o credenciamento técnico do interior seguiu os passos do encontro realizado em São Caetano do Sul, e consolidou mais um recorde obtido pelo departamento técnico da FPJudô. Revista Budô número 21 / 2018
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JUDÔ PAULISTA
Equipe de karatê do Brasil nos Jogos Sul-Americanos da Juventude
Sertãozinho sedia
A classe júnior exibiu ippons eletrizantes
fase final do campeonato paulista das classes sub 15 e sub 21 Competição realizada na 12ª DRJ Mogiana definiu as seleções que representaram São Paulo nos campeonatos brasileiros pré-juvenil e júnior
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POR
PAULO PINTO/BUDOPRESS I Fotos CRISTIANE ISHIZAVA E BUDÔPRESS
om o apoio da Prefeitura Municipal de Sertãozinho, a Federação Paulista de Judô realizou a fase final do campeonato paulista das classes sub 15 e sub 21 neste sábado (28 de abril), no Ginásio de Esportes Docão, em Sertãozinho (SP). A competição vale pontos para o ranking paulista do sub 21. A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades políticas e esportivas, entre as quais Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Luís Fernando Laurenti, secretário de Esportes e Lazer de
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Sertãozinho; Cléber do Carmo, delegado regional da 12ª DRJ Mogiana; Edison Koshi Minakawa, coordenador nacional de arbitragem da Confederação Brasileira de Judô; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; e os delegados regionais Raul Senra Bisneto, Joji Kimura, Wilmar Terumiti Shiraga, Júlio César Jacopi, Osmar Aparecido Feltrim e Akira Hanawa. Completaram a mesa de honra os professores kodanshas Rubens Pereira, Kanefumi Ura, Maurílio Cesário, Kiishi Watanabe, Yoshiyuki Shimotsu, Orlando Sator Hirakawa,
Osvaldo Hatiro Ogawa, Francisco Aguiar Garcia, Luiz Sérgio Ferrante, José Gildemar de Carvalho; Sérgio Luiz Bin; Paulino Tohoru Namie, Paulo Alvin e Tomyo Takayama. A coordenação técnica do campeonato paulista das classes sub 15 e sub 21 foi realizada pelo professor Joji Kimura. Ao todo 35 árbitros e 24 auxiliares de mesa atuaram na competição, e a coordenação da arbitragem ficou a cargo dos professores Kendi Yamamoto e João Davi Andrade. O Hino Nacional foi executado pela dupla de violeiros sertanezinos Lucas e Luwww.revistabudo.com.br
Autoridades durante a execução do Hino Nacional
ciano, que foram acompanhados pelo coral formado pelos judocas perfilados e o público da arquibancada.
Secretário de Esportes e Lazer de Sertãozinho é homenageado A Federação Paulista de Judô e a 12ª DRJ Mogiana homenagearam Luís Fernando Laurenti, secretário de Esportes e Lazer de Sertãozinho, que respaldado pelo prefeito José Alberto Gimenez viabilizou a realização da competição no importante município paulista, localizado na Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Em seu pronunciamento Luís Laurenti
agradeceu à diretoria da federação paulista por ter levado as finais do campeonato sub 15 e sub 21 para Sertãozinho. “Faço um agradecimento especial ao professor Cléber do Carmo, que, além de ser o coordenador de lutas de nossa secretaria, é uma bandeira do judô em nossa região. Ele está em Sertãozinho, mas desenvolve grande trabalho em toda a nossa região. Agradeço à diretoria da FPJudô pela realização deste importante evento em nosso município, e principalmente por ter trazido este enorme contingente de amantes do judô para conhecer a nossa cidade. Esta final mostra a grandeza deste esporte e a capacidade que a entidade possui na realização de grandes eventos”, disse gestor público sertanezino.
O secretário de Esportes e Lazer encerrou enfatizando que, além de apaixonante, o judô é um esporte eminentemente educativo. “Lamentavelmente nosso prefeito Zezinho Gimenez teve de cumprir agenda na capital do Estado, mas ele declarou que estava muito feliz pelo trabalho desenvolvido no judô de nossa cidade e pela realização deste grande evento em Sertãozinho. Além de ser uma modalidade envolvente e apaixonante, o judô dispõe do apelo socioeducativo que é de suma importância, hoje. O judô possui poder para originar uma sociedade mais justa, tolerante, inteligente e amorosa, que respeite as regras e fomente a harmonia”, vaticinou Laurenti. Delegado regional da 12ª DRJ Mogiana e coordenador de lutas da secretaria de Esportes e Lazer de Sertãozinho, Cléber do Carmo deu boas-vindas a todos e salientou a importância de sediar grandes eventos. “É um prazer recebê-los aqui. Neste fim de semana Sertãozinho tornou-se a cidade do judô no Estado de São Paulo. Em nome da diretoria da FPJudô agradeço o esforço desenvolvido pelo prefeito Zezinho Gimenez e pelo secretário Luís Laurenti em trazer este certame para a nossa cidade. Temos certeza de que a realização de grandes eventos contribui sobremaneira no desenvolvimento técnico do judô de toda a nossa delegacia regional”, disse Cléber do Carmo.
As oito áreas montadas no Ginásio de Esportes Docão de Sertãozinho, uma das grandes praças esportivas do interior paulista
seguram a Bandeira do Judocas da 12ª DRJ Mogiana a rtur abe Brasil na cerimônia de
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Parte dos árbitros perfilados durante a cerimônia de abertura
José Jantália foi o mestre de cerimônia da solenidade de abertura
Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô
Joji Kimura, Alessandro Puglia, Terêncio Barbério Neto, Angélica Mayumi, Osmar Aparecido Feltrim (Mazinho), Rafael Amaro (Ceará), Marco Aurélio Uchida, Mario Manzatti e Fernando Ikeda
Judocas fazendo o juramento do atleta
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Judocas do pré-juvenil perfilados
Luís Fernando Laurenti, secretário de Esportes e Lazer de Sertãozinho Cléber do Carmo, delegado regional da 12ª DRJ Mogiana
Parte da arbitragem durante a cerimônia de abertura
Em seu pronunciamento, Luís Laurenti enfatizou os aspectos socioeducativos do judô
Renan Ferreira Torres comemora a conquista da medalha de ouro no peso leve do sub 21
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JUDÔ PAULISTA Classificação Individual Feminino Sub 15 Superligeiro 1º - Eloisa de Oliveira Ferreira 2º - Agatha Cassari Benedicto 3º - Maria Eduarda Oliveira Elias 3º - Vitoria Peres de Oliveira Ligeiro 1º - Julia França Cores Almeida 2º - Alline Cristina da Silva 3º - Ivana Dutra Panella Magno 3º - Veronica Lie Muramatu Noda Meio-leve 1º - Juliana Neper Oliveira Santos 1º - Pietra Garcia de Souza Pinto 3º - Luísa Naomi Iutaka 3º - Ana Beatriz Santos da Silva Leve 1º - Carolina Caldas Lima 1º - Maria Eduarda Alves Silva 3º - Ester Ribeiro 3º - Kaillany Valentim R. Cardoso Meio-médio 1º - Julia Roberta Delfino G. Henri 1º - Maria Eduarda Camargo 3º - Natielly Gonçalves Lira 3º - Gabriela Felippe de Faria Médio 1º - Isabella Marques Montaldi 1º - Kemille Mayse de Sousa Ribeiro 3º - Flaviane Cristina de Souza 3º - Adrielly Lopes de Faria Meio-pesado 1º - Vitoria Isabelle da Costa Camp 1º - Yasmin Vitoria Bertoncini 3º - Ana Julia de Macedo 3º - Ingrid Rodrigues de Oliveira Pesado 1º - Anna Julia da Silva 1º - Gabrielle Beatriz Cipriano 3º - Julia Caconde de Paula 3º - Bianca Ramos Valido dos Santos Superpesado 1º - Beatriz Helena Santos 1º - Luana Ribeiro de Oliveira 3º - Zara Alves do Amaral 3º - Denise Rodrigues de Araújo Feminino Sub 21 Superligeiro 1º - Giovanna Silva Monteiro 1º - Maria Jasmin Pinheiro 3º - Luana Raissa dos Santos 3º - Thayna Cavalcante da Silva Ligeiro 1º - Laura Louise Nunes Ferreira 1º - Tauane de Oliveira Gonçalves 3º - Giuliana Silva Monteiro 3º - Laura Santos Meio-leve 1º - Larissa Cincinato Pimenta
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1º - Ana Paula Pedro dos Santos 3º - Natalia Aparecida de Oliveira 3º - Nicolly Alexandra dos Santos Leve 1º - Ketelyn Araújo Nascimento 1º - Joseane Santos Nunes 3º - Franciele Caroline Terenzi 3º - Vitoria Siqueira Andrade Meio-médio 1º - Gabriella Mantena De Moraes 1º - Izabela Sommer Franco 3º - Sandy Vieira de Souza 3º - Bianca Laurie Rocha Correia Médio 1º - Ellen Froner Santana 1º - Gabriela Vitoria Máximo Fontes 3º - Meire Elen Cornélio Souza 3º - Pamella Barbosa Palma Meio-pesado 1º - Laislaine Sampaio da Rocha 1º - Giovanna Vitoria Máximo Fontes 3º - Luana do Prado Moura 3º - Leticia Marconi de Lima Pesado 1º - Beatriz Rodrigues de Souza 1º - Gabriela Libório Vilhena 3º - Giovanna Melo dos Santos 3º - Sarah Luiza Gomes da Silva Masculino Sub 15 Superligeiro 1º - Guilherme Rios Dias 1º - Carlos Mikael Silva dos Santos 3º - Raphael Pinheiro da Silva 3º - Eduardo Augusto Furuya Ligeiro 1º - Renato Costa Rodrigues 1º - Pedro Henrique Mitsuaki Paes 3º - Enzo Simomura Maximiano 3º - Jose Cleiton Alves Meio-leve 1º - Ronald Oliveira Lima 1º - Gabriel Vitorino Lopes 3º - Joao Vitor Cardozo Yatabe 3º - Diogo Seiji Ohara de Oliveira Leve 1º - Matheus Nolasco de Souza 1º - Icaro Reis da Silva 3º - Gabriel Fernandes da Silva 3º - Fabio Eduardo Ali dos Santos Meio-médio 1º - Ernane Ferreira N. da Silva 1º - Michel Natan Felix Augusto 3º - Gabriel do Prado Sampaio 3º - Agnaldo Correia de Melo Junior Médio 1º - Kauã Henrique de Souza Mello 1º - Guilherme Augusto do Nascto 3º - Paulo Eduardo de Freitas 3º - Lucas da Silva Nardin
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Meio-pesado 1º - Pedro Arthur Michilini 1º - Fabricio Pereira Santos 3º - Victor Sambatti da Silva 3º - Caio Barasnevicius Barbosa Pesado 1º - Raphael Pereira de Souza 1º - Ian Victor Grachet 3º - Erik Alves 3º - Victor Assis Lira Superpesado 1º - Vinnicius Roveroni Silva 1º - Rhamon Manoel Ferreira 3º - Gabriel Ramalho de Albuquerque 3º - Igor Costa Masculino sub 21 Superligeiro 1º - Mike Silva Pinheiro 1º - Rodrigo Nascimento de Araújo 3º - Caio Nilander 3º - Nicolas Dias da Silva Ligeiro 1º - Renan Ferreira Torres 1º - Joao Cláudio Cimurro Júnior 3º - Felipe Carvalho Costa Santo 3º - Caio Kenji Yokota Kiwada Meio-leve 1º - Willian de Sousa E Lima 1º - Eliseu Leme Vicente da Silva 3º - Guilherme Augusto Nascto 3º - Michael Vinicius Oliveira Marc Leve 1º - Lucas Rodrigues Togni 1º - Madson Goncalves Oliveira 3º - Pietro Marmorato A. Muhlfar 3º - Kaio Henrique de Araújo Meio-médio 1º - Marcelo Augusto Silva Gomes 1º - Gabriel de Carvalho Varandas 3º - Wilgner Vinicius Mendes 3º - Paulo Vinicius da Silva Paes Médio 1º - Giovani Henrique Ferreira 1º - Lucas Prado do Carmo 3º - Eduardo Bruno S. dos Santos 3º - Juan Mattucci Sorrilha Meio-pesado 1º - Lucas Antonio Martins Lima 1º - Derik George Jacinto Faccholli 3º - Gustavo Cardoso de Oliveira 3º - Vitor Hugo Ribeiro Batista Pesado 1º - Andre Lourenço Granado Soares 1º - Lucas da Costa Brito 3º - Eduardo Manoel da Costa 3º - Gustavo Balotta do Prado
Cleber do Carmo e Alessandro Puglia homenagearam o secretário Luís Laurenti
Alessandro Puglia destacou a importância de cada atleta assumir seu papel e as consequências de seus atos no shiai-jo. “Todos os professores, técnicos e dirigentes que aqui estão já foram atletas e conhecem nossa modalidade a fundo. Com base neste quadro peço que reflitam a importância que cada um de vocês possui como atleta, como representante de seus dojôs e como aluno de seus senseis. Daqui sairão os judocas que representarão nosso Estado no campeonato brasileiro, mas todos já estão entre os melhores atletas de São Paulo. Quando vocês conseguirem entrar no shiai-jo e não perceberem que estão sendo avaliados por três pessoas e se entregarem verdadeiramente à luta, vocês certamente não terão nenhum problema. Se perderem, entenderão que o adversário foi superior. Se vencerem, saberão que lutaram melhor. Não transfiram o resultado de seu desempenho para os árbitros. Façam 110%, mostrem aquilo que aprenderam na academia, prestigiem seus professores, pois este é o melhor resultado. Nenhum grande atleta deixou exemplo de má conduta e desrespeito. Assim nasce um campeão paulista, um campeão brasileiro, um campeão olímpico e uma grande pessoa”, profetizou o dirigente paulista. Joji Kimura, coordenador técnico da federação paulista, enfatizou o alto nível competitivo e o nivelamento técnico em várias categorias de peso. “Tecnicamente falando tivemos uma competição extremamente forte nas classes pré-juvenil e júnior. Muitos combates foram definidos nos detalhes devido ao alto nível técnico dos competidores. Certamente vamos para a Bahia com duas seleções muito fortes. Estou certo de que faremos grandes campanhas nos brasileiros sub 15 e sub 21”, previu o coordenador técnico da FPJudô. www.revistabudo.com.br
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Ernane Ferreira Neves da Silva (53kg) Foi campeão das seguintes disputas em 2018: Copa São Paulo de Judô Interclubes Campeonato Brasileiro Região V Campeonato Paulista Sub 15 Campeonato Brasileiro Sub 15 Campeonato Paulista Estudantil Campeonato Pan-Americano Sub 15 Campeonato Sul-Americano Sub 15 Jogos Escolares da Juventude Sub 15 Jogos Escolares Sul-Americanos Jogos Escolares Sul-Americano por Equipe
LOJA DA FÁBRICA Rua Bento Vieira, 69 – Ipiranga – São Paulo (SP) Fone (11) 2215-6589 – shihan@shihan.com.br
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