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ALGARVE INFORMATIVO 6 de novembro, 2021
«CENAS DA VIDA CONJUGAL» | CLUB MAKUMBA | «CORDYCEPS» | VEM AI O MOMI ALGARVE INFORMATIVO #314 MILA FERREIRA | HUGO PEREIRA | JOSÉ GONÇALVES | FESTIVAL EMRAIZART
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18 - Festival MOMI a chegar a Faro 112 - Mila Ferreira em Loulé
82 - Festival Emraizart em Lagos
92 - «Cordyceps» em Loulé
104 - Club Makumba em Portimão
64 - «Dançando nos Passos de Bernardo» em São Brás de Alportel
OPINIÃO
52 - «Cenas da Vida Conjugal» em Loulé ALGARVE INFORMATIVO #314
122 - Paulo Cunha 124 - Mirian Tavares 126 - Fábio Jesuíno 128 - Nuno Campos Inácio 130 - Lina Messias 10
28 - José Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Aljezur
40 - Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos 11
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MOMI TRAZ O MELHOR DO TEATRO FÍSICO A FARO Texto: Daniel Pina | Fotografia: D.R. Festival MOMI MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico – Algarve vai realizar-se, nos dias 26, 27 e 28 de novembro, em Faro, com um cartaz composto por companhias e artistas provenientes de Espanha, Argentina, Costa Rica, França, ALGARVE INFORMATIVO #314
República Checa, Japão e Portugal. O último fim-de-semana do mês promete ser inesquecível mercê desta produção da Companhia JAT – Janela Aberta Teatro, liderada por Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, com diversos espetáculos de teatro físico, pantomima, mimo, dança-teatro, magia e circo. 18
formadores com larga experiência em disciplinas de Teatro Físico, bem como uma residência artística que une a espanhola Tania Garrido e a japonesa Yuko Kominami e cujo resultado será apresentado durante o certame. Serão três dias de Festival MOMI cuja primeira edição vai permitir ao público apreciar o trabalho de companhias e artistas de renome nacional e internacional, colocando Faro e Portugal no mapa dos grandes eventos teatrais, nomeadamente do Teatro Físico, género que remete a palavra para segundo plano e que elimina barreiras de idiomas. “Este evento
apresenta a coexistência de fórmulas e linguagens estéticas distintas, conectando público, artistas e cidade, numa experiência inesquecível”, garantem os programadores Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa.
Num programa riquíssimo que vai subir aos palcos do Teatro das Figuras, Teatro Lethes, Auditório do IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude, Casa das Virtudes, Gimnásio Clube de Faro e Camada – Centro Coreográfico, destaque para as estreias absolutas em Portugal dos espetáculos «Solitudes», de Kulunka Teatro (Espanha), «Le Voisin», de Benoît Turjman (França), «El alquimista del sonido», de Fausto Ansaldi (Argentina) e «Balada para una noche de luna llena», de Plató Physical Theater Bcn (Espanha e Costa Rica). Mas, para além dos espetáculos, terão lugar, em várias salas de Faro, workshops ministrados por 19
O MOMI arranca, no dia 26 de novembro, às 21h, no Teatro das Figuras, com «Solitudes», espetáculo dos espanhóis Kulunka Teatro com mais de 150 representações em uma dezena de países e muitos prémios conquistados. “O protagonista
desta peça sente-se incompreendido porque, como quase todos os idosos, para quem a vida é praticamente uma espera, ele só quer coisas simples. Não se resigna, não desiste dos seus pequenos desejos e luta por eles com determinação e dignidade. Isto, naturalmente, terá ALGARVE INFORMATIVO #314
consequências para si próprio e para aqueles que o rodeiam”, adiantam Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa. No dia 27 de novembro, às 12h, o Auditório do IPDJ recebe o espanhol Nando Caneco e o seu «WoooW», um compêndio daqueles momentos da vida quotidiana que se tornam únicos e extraordinários, numa viagem fantástica que mistura circo, magia, teatro gestual e improvisação para crianças e adultos. Às 17h, sessão dupla no Gimnásio Clube de Faro com «This is not about me», de Micha Ela Dašková (República Checa) e «Becoming MA», de Tania Garrido (Espanha) e Yuko Kominami (Japão). «This is not about me» é a exposição física de um narrador, um palhaço, um malandro, que toma emprestadas ALGARVE INFORMATIVO #314
expressões contemporâneas de várias figuras políticas poderosas e comentários sobre o mundo com a sua voz, gesto e corpo. A produção movese numa linha ténue entre a paródia e a crítica, enfatizando e revelando subtilmente o que nem sempre é visível. O espetáculo baseia-se em casos políticos concretos e comummente conhecidos, que têm uma mensagem universal e que geralmente refletem os valores e ações que são promovidos em vários ambientes e sistemas sociais. Já «Becoming MA» é o resultado da residência artística que decorrerá no âmbito do MOMI e que convida Tânia Garrido e Yuko Kominami para um encontro criativo e original que coloca as suas experiências num maravilhoso desafio no tempo e no espaço para 20
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compreenderem o movimento e o corpo em cena. O dia 27 termina, no Teatro Lethes, às 21h, com «Un Poyo Rojo» (Argentina / França), em que, num vestiário, Alfonso Barón e Luciano Rosso enfrentam-se, desafiam-se, combatem e seduzem-se, num cruzamento interdisciplinar entre a dança, o desporto e a sexualidade. No dia 28 de novembro, pelas 11h, a companhia farense te.Atrito leva «Varredor de Marés» ao Auditório do IPDJ, com André Canário, Laura Pereira e Pedro Monteiro a contarem a história de um Mar tão grande que era de toda a gente, de todos os peixes e de todas as algas, até que, um dia, alguém disse que o mar era dele e que podia fazer tudo o que ALGARVE INFORMATIVO #314
quisesse. “Esse alguém (que era
muita gente) apanhou demasiados peixes, e usava o Mar como se de um grande caixote do lixo se tratasse. Até que o Varredor de Marés acordou com um balde em cima da cabeça e não quis acreditar no que observou”, conta a encenadora Rita Neves. “Esta história não tem fim, mas é um bom princípio, alertando os mais novos para a acelerada perda da biodiversidade, com profundas consequências para o mundo natural e o bem-estar humano”, acrescenta. 22
Termina o «Varredor de Marés» começa, às 12h, no pátio externo do IPDJ, «Sorriso», do Teatro Só, que aborda um amor que perdura no tempo, que preenche uma vida até ao seu crepúsculo e que nunca acaba para aquele que recorda o passado. “Esta história de
amor não se inspira na morte heroica de Romeu e Julieta, mas sim na vida comum de um velho casal para quem o amor se consumou numa vida de sorrisos”, explica o encenador Sérgio Fernandes. Do IPDJ saltamos para o Parque Ribeirinho de Faro, mais concretamente para a Casa das Virtudes, para nova sessão dupla, às 16h, desta feita com «El 23
alquimista del sonido», de Fausto Ansaldi (Argentina), e «Balada para una noche de luna llena», do Plató Physical Theater Bcn (Espanha). No primeiro espetáculo temos em palco Fausto Ansaldi, um maestro excêntrico, brincalhão, que comunica numa linguagem lúdica de sons com instrumentos peculiares feitos de objetos reciclados. Depois, temos um espetáculo de teatro físico, um ballet contemporâneo que se concentra em novas dramaturgias. O primeiro MOMI encerra em beleza, às 19h, no Teatro das Figuras, com «Le Voisin» do francês Benoît Turjman, que, com o seu cabelo oleoso, calças de veludo e sempre solteiro, faz as meninas fugirem e cria confusão como ALGARVE INFORMATIVO #314
ninguém. Sem pronunciar uma única palavra, o ator faz o público viajar pela vida da sua personagem com um humor fino e divertido e numa trilha sonora elegante em cenários que quase nos fazem sentir como se estivéssemos a assistir a um filme. Terminado o espetáculo, os Al-Fanfare vão animar a rampa do Teatro das Figuras, assim culminando, em apoteose, a primeira edição do Festival Internacional de Teatro Físico – Algarve. Para assistir aos espetáculos, os bilhetes já estão à venda no site bol.pt e nos vários equipamentos culturais da cidade de Faro por onde vai passar o MOMI, com a possibilidade de se comprar bilhetes individuais para cada espetáculo ou o MOMI PASS, um bilhete que dá acesso a todos os eventos, descontos nos workshops e outras surpresas. “Durante
o festival haverá encontros entre artistas e público, em jeito de conferências, que permitirão ALGARVE INFORMATIVO #314
fortalecer o contacto entre todos os intervenientes do festival”, revelam ainda os responsáveis da Companhia JAT. A primeira edição do MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico – Algarve conta com o apoio da República Portuguesa – Cultura/Direção-Geral das Artes, Município de Faro, Iberescena, Direção Regional de Cultura do Algarve, Acción Cultural Española e Região de Turismo do Algarve; e conta com os parceiros Teatro das Figuras – TMF, Teatro Lethes, Gimnásio Clube de Faro, IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, Casa das Virtudes, Camada – Centro Coreográfico, Super Flash Studio, Acesso Cultura e UAlg – Universidade do Algarve. Mais informações sobre os espetáculos e os workshops podem encontrar-se em https://www.colectivojat.com/momi.ht ml .
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“ALJEZUR POSSUI CONDIÇÕES PARA SER SUSTENTÁVEL E TEM UMA POPULAÇÃO CADA VEZ MAIS ATENTA E PARTICIPATIVA”, INDICA JOSÉ GONÇALVES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina socialista José Gonçalves foi, a 26 de setembro, a votos pela primeira vez para liderar os destinos de Aljezur, tendo obtido maioria absoluta, quer na Câmara Municipal como na Assembleia Municipal, um resultado que lhe garante ALGARVE INFORMATIVO #314
estabilidade nos próximos quatro anos, mas que não torna a tarefa mais fácil.
“Nunca tinham concorrido tantas forças políticas, mas acabou por ser uma campanha muito bipolarizada entre o PS e uma lista de independentes, porque o PSD e a CDU «demitiram-se» do papel que Aljezur precisa e 28
merece. E, quanto menos representatividade existir, quem fica a perder é a Democracia”, acredita o antigo professor. “Falámos do nosso projeto, das nossas equipas, do que queríamos para este concelho, e os aljezurenses foram a votos e deram-nos uma maioria confortável para podermos trabalhar com mais tranquilidade. Vamos sempre procurar consensos, quando isso não for possível, iremos continuar a seguir o nosso caminho, mas os problemas que temos para enfrentar são duros, porque Aljezur é um concelho rural e de baixa densidade”.
existirem”, defende o edil, falando de
Autarca há 23 anos, José Gonçalves conhece bem um território que, nos últimos tempos, tem conseguido atrair novos residentes e investidores e que, ao contrário de outros concelhos algarvios, tem lidado melhor com os efeitos da pandemia por covid-19 que surgiu em 2020. Seguem-se, agora, quatro anos com alguns processos delicados, sobretudo em termos de ordenamento de território, casos do Vale da Telha e Espartal e do próprio Plano Diretor Municipal que carece de revisão. “Teremos que
“É preciso demonstrar, «por A + B», que há situações que têm que ser alteradas e que não vão, como é claro, prejudicar o maior tesouro que temos, a natureza, ou a biodiversidade. Sem estes equilíbrios há coisas que nunca se vão resolver”, assume o presidente
convencer Lisboa de que é necessário alterar algumas coisas em Aljezur, não porque se pretende destruir para construir – não é isso que está em causa – mas porque há situações que são bastante penalizadoras para as pessoas e que já não fazem sentido nenhum
de primeira como todos os outros, queremos ser tratados de igual modo e temos o direito de ter o que os outros têm, apesar de vivermos longe de tudo. É certo que nos deram novas competências, nomeadamente em termos de saúde e educação,
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«amarras invisíveis» das quais nem todos os cidadãos se apercebem. “Às
vezes não é possível fazer um simples acrescento de casa, nem um telheiro, o que não é compreensível. Se queremos dar qualidade de vida às pessoas, não devíamos estar dependentes de um regulamento que, efetivamente, está ultrapassado”, desabafa o entrevistado. José Gonçalves fala igualmente de um Plano de Ordenamento da Orla Costeira obsoleto e que não permite, por exemplo, construir uma casa de banho em praias que são frequentadas por centenas ou milhares de pessoas.
da Câmara Municipal de Aljezur, reconhecendo que outros desafios prementes dizem respeito à habitação, saúde e educação. “Somos cidadãos
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mas elas têm de vir acompanhadas do respetivo envelope financeiro e, para além disso, há aspetos em que o Município não pode intervir. Não podemos mexer na gestão de um centro de saúde ou de um agrupamento de escolas, embora tenhamos uma palavra a dizer em certos temas, portanto, deram-nos mais competências, mas não são suficientes”. Com ensino até ao 9.º ano de escolaridade, um dos compromissos assumidos pela equipa de José Gonçalves é tentar conquistar o ensino secundário para Aljezur, até porque o universo escolar aumentou no concelho, contrariamente ao que se possa pensar.
“Apesar do tradicional abandono das zonas rurais, temos mais gente a residir em Aljezur e, por conseguinte, mais crianças nas nossas escolas. A partir do 9.º ano, os jovens vão estudar para Lagos, com a Câmara Municipal a pagar os passes, mas vamos lutar para ter ensino até ao 12.º ano … e também se verificam dificuldades ao nível das creches”, conta o presidente, antes de virar a atenção para outro problema complicado de resolver, o da saúde. “Há
muitos meses que temos alertado a tutela para a falta de médicos de família, porque temos apenas uma médica no concelho. Existe um Centro de Saúde em Aljezur e as Extensões de Saúde do Rogil e Odeceixe, aumentaram-se, de facto, ALGARVE INFORMATIVO #314
as consultas, mas queremos ter mais um médico de família e o Ministério da Saúde até já autorizou essa contratação e temos uma casa à sua espera”, indica José Gonçalves. “A saúde não pode falhar, motivo pelo qual temos respondido a todas as solicitações da Administração 30
Regional de Saúde do Algarve, seja para adquirir equipamento de fisioterapia e de dentista, seja para termos uma Unidade Móvel de Saúde. Só não podemos contratar médicos de família”. O problema torna-se mais sério quando é necessário percorrer mais de 60 quilómetros para se chegar ao Hospital de 31
Portimão, mas José Gonçalves enaltece os benefícios da mudança do Hospital de Lagos para o edifício do Hospital de São Gonçalo, “uma conquista
importante para este triângulo vicentino e que esperamos que tenha resultados práticos na assistência dos nossos concidadãos”. “Há áreas em que precisamos ir chatear A e B e ALGARVE INFORMATIVO #314
demonstrar que temos razão. Apenas um médico de família para um concelho como Aljezur não é possível, as pessoas precisam das suas consultas regulares, de medicamentos, de pedir uma baixa”, justifica, admitindo ainda que, para além da distância até Lagos e Portimão ser considerável, o trajeto para chegar a essas cidades também não é o mais fácil, tanto para os doentes como até para os estudantes. “Uma jovem de
Odeceixe que ande na secundária de Lagos sai de casa às 6h45 e regressa às 20h. É violento. O IC4 não se fará, a Via do Infante não chegou até Aljezur, e a EN 120 não tem condições para nos deslocarmos com muita rapidez. A vivência num concelho rural, do interior, com uma costa fantástica, mas de baixa densidade, tem estas limitações, o que não impede que tenha uma grande qualidade de vida”.
HABITAÇÃO É PRIORIDADE E ZONA INDUSTRIAL GANHA DINAMISMO Problema transversal a todos os concelhos, do litoral ao interior, é a falta de habitação, com Aljezur a não ser exceção, mas José Gonçalves revela que, apesar de todos os constrangimentos relacionados com o ordenamento do território, a Câmara Municipal até possui alguns loteamentos disponíveis para autoconstrução e construção a custos ALGARVE INFORMATIVO #314
controlados, a par de algumas casas na zona antiga da vila que podem ser recuperadas. “Temos terrenos
capacitados para esses fins, o nosso maior entrave é o financiamento, daí a importância da Estratégia Local de Habitação e dos fundos do «1.º Direito». Estão identificados mais de 100 casos que nos obrigam a um esforço financeiro que não se pode 32
realizar de um momento para o outro, porque a própria contratação pública é pesada e os processos demoram muito tempo a concluírem-se. Entretanto, as rendas praticadas são obscenas e comprar uma casa também é difícil, porque os preços são altos, devido a uma procura bastante elevada da parte de pessoas com dinheiro que 33
querem vir para Aljezur”, descreve o entrevistado. Apesar das dificuldades apontadas, a verdade é que este território é bastante atrativo para se visitar e prova disso é que, em pleno final de outubro, início de novembro, os restaurantes continuam a trabalhar bem, graças ao turismo de natureza e ao surf. Claro que o maior empregador do concelho é a Câmara Municipal, seguindo-se a Casa ALGARVE INFORMATIVO #314
da Criança, a Santa Casa da Misericórdia, o Agrupamento de Escolas e os Bombeiros. “A maior empresa
privada tem 20 e qualquer coisa funcionários, é este o tecido económico de Aljezur, mas vão aparecendo alguns projetos aliciantes ligados ao turismo e não só. A nossa zona industrial começa a captar investimentos bastantes interessantes, que, não sendo de muitas centenas de trabalhadores, empregam pessoas com elevadas capacidades técnicas”, sublinha José Gonçalves. Esta atratividade não é, porém, de tal ordem que permita a Aljezur ter a pujança económica dos concelhos do litoral e a própria autarquia não nada em dinheiro, possuindo um orçamento a rondar os 12 milhões de euros. “Temos mais-valias
que permitem ao território ser sustentável e o nosso desafio diário é ir respondendo às exigências de uma população cada vez mais atenta e participativa, o que é muito bom. Não tenho dúvidas de que Aljezur tem o seu lugar e um futuro assegurado”, afirma, sorridente, ao que perguntamos como está a dinâmica cultural, associativa e desportiva no concelho. “Possuímos um campo de
futebol relvado, um pavilhão desportivo e umas piscinas em Aljezur e alguns polidesportivos espalhados pelo concelho e as associações – que sofreram bastante nestes dois anos – estão a ALGARVE INFORMATIVO #314
retomar as suas atividades. Temos, inclusive, o projeto «Entrelaçar», com várias associações e as juntas de freguesia, que tem realizado um trabalho notável junto dos mais idosos. Fazem teatro, cantam, aprendem e recuperam algumas tradições”, destaca o edil, enaltecendo igualmente o «Lavrar o Mar», que há alguns anos tem promovido diversas iniciativas culturais neste concelho de seis mil habitantes.
“Os museus estão abertos e a funcionar, organizamos todos os anos ciclos de exposições e de teatro, temos uma política editorial e uma revista cultural, uma banda filarmónica bastante dinâmica. As associações vão-se renovando e procurando soluções diferentes para responder a um público que, hoje, é bem diferente daquele que existia há 20 anos”, salienta José Gonçalves. Os desafios estão, assim, bem identificados, a maioria na câmara e assembleia municipal é um garante de estabilidade, portanto, há que meter mãos ao trabalho e a habitação é, sem dúvida, a grande prioridade, mas há outras, conforme se percebeu ao longo da conversa. “Temos vários
projetos que estão praticamente concluídos, casos da transformação de um edifício em Paços de Concelho e do Mercado Municipal, das ecovias e ciclovias, 34
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mais outros projetos que queremos fazer para parques de estacionamento e para um parque de lazer em Odeceixe. Depois, é lançar as obras, mas os processos são morosos e corremos sempre o risco de os concursos ficarem vazios. A administração pública tem que fazer um esforço para se tornar mais leve e com uma capacidade de resposta mais célere”, defende José Gonçalves. “A Câmara de Aljezur tem uma situação financeira equilibrada que nos permite gerir os desafios do dia-a-dia e acudir a imprevistos – como aqueles que sucederam com a pandemia – e ainda podemos recorrer à banca até cerca de 15 milhões de euros. Há projetos que dependem de nós, noutros temos que lutar para que se tornem realidade, como aqueles que dependem da Administração Central. É fundamental rever o PDM e temos duas ou três situações pesadíssimas que não nos tiram a vontade de trabalhar, mas que às vezes nos tiram energias, com Vale da Telha à cabeça, um caso que dura há 50 anos e que só se resolverá se houver vontade política, nossa e do Estado”, frisa, antes de concluir: “Vamos preparar o nosso calendário de obras para estes quatro anos, depois, tudo dependerá das oportunidades de financiamento que existirem e dos ALGARVE INFORMATIVO #314
JOSÉ GONÇALVES: (…) “VAMOS PREPARAR O NOSSO CALENDÁRIO DE OBRAS PARA ESTES QUATRO ANOS, DEPOIS, TUDO DEPENDERÁ DAS OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO QUE EXISTIREM E DOS PROCESSOS QUE SE FOREM CONCRETIZANDO, MAS TEMOS TODAS AS CONDIÇÕES PARA CUMPRIR O NOSSO PROGRAMA. NESTAS ELEIÇÕES ENTROU GENTE NOVA COM MUITA CAPACIDADE E VONTADE DE COLABORAR E ISSO DEIXAME ESPERANÇOSO”. processos que se forem concretizando, mas temos todas as condições para cumprir o nosso programa. Nestas eleições entrou gente nova com muita capacidade e vontade de colaborar e isso deixa-me esperançoso” .
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HABITAÇÃO, MOBILIDADE, AMBIENTE E CULTURA NO TOPO DAS PRIORIDADES DE HUGO PEREIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina epois de ter liderado a Câmara Municipal de Lagos após a saída da anterior presidente Joaquina Matos para deputada da Assembleia da República, Hugo Pereira foi também pela primeira vez a sufrágio no dia 26 de setembro e mereceu a confiança, por maioria absoluta, dos lacobrigenses. “Andámos na rua,
caminhámos por todo o lado, para que todos os cidadãos nos ALGARVE INFORMATIVO #314
pudessem apresentar as suas queixas e carências. Parte do executivo já estava em funções há oito anos e, apesar da pandemia e dos seus efeitos na saúde e economia do concelho, estávamos a conseguir cumprir as propostas do anterior mandato. Apesar de alguns projetos se terem atrasado devido aos confinamentos, não deixamos que a pandemia nos vencesse”, descreve Hugo Pereira. 40
As boas provas dadas na gestão do concelho refletiram-se na vitória da lista do PS nas Eleições Autárquicas, para um mandato que se pretende ainda mais ambicioso, se bem que o tempo das grandes obras de betão já faça parte do passado, reconhece o entrevistado.
“Não prometemos aquilo que não podemos cumprir. Construir piscinas, pavilhões, bibliotecas a cada metro quadrado já não se aplica, mas vamos, certamente, investir muitos milhões, em muitos metros quadrados de construção de habitação, seja para atribuir a famílias carenciadas, seja para colocar no mercado a preços ao alcance da classe média e média baixa, o que neste momento é
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bastante complicado, sobretudo devido à concorrência do alojamento local. Daí termos uma Estratégia Local de Habitação aprovada, com cerca de 18, 19 milhões de euros com financiamento garantido”. Uma política de habitação que não nasceu do zero, acrescenta Hugo Pereira, com algumas construções já no terreno e com a previsão de serem atribuídos, em 2022, os primeiros apartamentos a quem deles mais precisa. “A promessa dos 400
fogos a custos controlados e de lotes para autoconstrução vai ser uma realidade, num programa a seis anos porque não é fácil construir-se tão depressa como
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noutros tempos, face às dificuldades para arranjar empresas de construção civil e mão-de-obra. Mas esse é um problema que existe em todo o país”, aponta o presidente da Câmara Municipal de Lagos, confirmando que tudo isto irá acontecer ao abrigo do protocolo assinado com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana no âmbito do «1.º Direito». “Os
terrenos existem, uns da Autarquia, outros prestes a ser adquiridos, alguns projetos de arquitetura já estão praticamente terminados, outros estão a ser feitos, alguns fogos já estão a ser construídos, portanto, a estratégia não é apenas um documento de papel, é uma realidade”, reforça. “Estamos também a negociar com o mercado privado para que injete no concelho alguns fogos a preços mais baixos. O que se observa, de há uns anos a esta parte, é uma grande procura de habitação em Lagos por parte de pessoas com elevado poder de compra, o que leva a que as casas que se estão a construir se adequem a esse cenário, de modo que os projetos de preço inferior vão ficando para segundo plano”, nota o edil.
mão-de-obra proveniente de outros pontos da região ou do país, algo que se nota particularmente na hotelaria e restauração, a par da construção civil.
Está visto que a habitação será uma das prioridades da equipa liderada por Hugo Pereira, até porque, para além de complicar a fixação dos jovens lacobrigenses na sua terra natal, é igualmente um entrave para a atração de
“É uma situação bastante complicada de gerir, porque alguns hotéis ou restaurantes podem querer contratar mais funcionários, só que, depois, não têm onde os alojar. E o mesmo se
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passa, no início de cada ano letivo, com professores que chegam de outras zonas do país, ou de médicos e enfermeiros para os hospitais e centros de saúde. Temos que dar vários passos, mas, como é óbvio, é um problema que não cabe apenas ao Município resolver”, desabafa Hugo Pereira. 43
Não se preveem grandes obras de betão, mas um importante equipamento foi inaugurado há poucos meses, o Centro Escolar da Luz, e verificam-se mais necessidades no campo da educação. “Estamos a
trabalhar na possibilidade de ampliar as duas EB 2,3 de Lagos, para além das normais ALGARVE INFORMATIVO #314
intervenções na manutenção dos edifícios e no seu apetrechamento em termos tecnológicos”, adianta, antes de virar a conversar para outra prioridade do mandato 2021-2025, a mobilidade. “Não somos adeptos de
grandes inaugurações, preferimos simplesmente colocar os equipamentos e infraestruturas ao dispor da população, e assim ALGARVE INFORMATIVO #314
fizemos com a ligação das 4 Estradas à vila da Luz, que apresentava muitos danos e não assegurava, inclusive, a existência de um passeio, quando é uma estrada bastante percorrida a pé. A estrada da Meia-Praia também carecia de uma forte intervenção, que está praticamente concluída, 44
para a Dona Ana e estamos à espera do reconhecimento de interesse público para avançarmos com toda a gestão da via de acesso e a criação de parques de estacionamento”, revela. Projeto semelhante está preparado para a Meia Praia, com financiamento garantido para se proteger o cordão dunar, evitando que as pessoas passem por cima das dunas, estando a decorrer, igualmente, os estudos prévios para se conseguir proteger a costa do Porto de Mós até ao Burgau, no vizinho concelho de Vila do Bispo.
“Queremos preservar o máximo possível a natureza, permitindo que a costa continue a ser apreciada e desfrutada com cuidado e em segurança”, justifica.
e há outras obras em cima da mesa, como a segunda e terceira fase da Ponta da Piedade, que tem uma forte componente de mobilidade, mas também de defesa do património natural e de proteção e segurança dos visitantes. Já está adjudicada a construção dos passadiços da Ponta da Piedade 45
Outra frente de batalha em termos ambientais, e de adaptação às alterações climáticas, é a diminuição das perdas de água que se verificam no concelho, com projetos com financiamento aprovado para substituição de algumas condutas e resolução de situações que historicamente têm dado problemas.
“Vamos fazer a nossa parte, mas o problema principal está nas mãos do poder central, do Governo, o de tentar encontrar outras fontes de água. Há várias hipóteses em cima da mesa, mas queremos vê-las concretizadas, porque o Algarve não pode continuar todos os anos a ALGARVE INFORMATIVO #314
debater-se com este drama da escassez de água”, aponta Hugo Pereira.
QUASE TODO O MUNDO PASSA POR LAGOS A preocupação com o ambiente e com as alterações climáticas nota-se também na frente de mar urbana de Lagos, com a sua proximidade ao mar e à Ribeira de Bensafrim, desejando-se a criação de um muro de suporte para impedir a intrusão do mar na Avenida dos Descobrimentos.
“É algo que compete à Direção Geral Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos e à Docapesca, mas estamos disponíveis para assumir essa responsabilidade, por se tratar de um dos locais mais percorridos da cidade de Lagos e gostaríamos de lhe dar uma maior dinâmica, beleza e utilidade”, explica o autarca lacobrigense. A ideia é, então, tornar o concelho de Lagos cada vez mais requalificado e atrativo para um turismo ao longo de todo o ano, de maior grau de exigência, de posses financeiras mais elevadas, com Hugo Pereira a reconhecer que o investimento hoteleiro de cinco estrelas chegou mais tarde a este território do que a outros pontos do Algarve, mas que veio para ficar e os seus efeitos já são bem visíveis. “As crises económicas fazem
sempre oscilar o investimento privado, mas as intenções não desapareceram e temos vários projetos de hotéis de cinco estrelas ALGARVE INFORMATIVO #314
em construção ou em vias de arrancarem as obras. Se calhar, antigamente, era mais evidente o turismo de classe média baixa em Lagos, pela falta de unidades de cinco estrelas, mas existia uma procura bastante diversificada. Tínhamos pessoas que pagavam 15 ou 20 euros por uma noite de estadia, e outras a pagar 300 ou 400 euros. No nosso centro 46
histórico encontrávamos pessoas a comer, numa esplanada, uma refeição de classe alta, e no café ao lado alguém a optar pelo prato do dia. Lagos é muito cosmopolita e quase todo o mundo passa por cá”, sublinha o entrevistado. “O facto de existirem muitos hostels na cidade também cativa um público cujas disponibilidades financeiras estão mais destinadas para o lazer do que 47
propriamente para a viagem de avião e para o alojamento. Querem chegar depressa e dormir pouco, o que lhes interessa é desfrutar ao máximo o tempo que estão em Lagos. Ao mesmo tempo, vemos pessoas com um estilo de vida mais pausado e tranquilo, os tais que preferem os hotéis e restaurantes de cinco estrelas. E um turismo não afasta ALGARVE INFORMATIVO #314
o outro, existe uma convivência saudável que dá um colorido mais bonito às nossas ruas, onde tudo é natural, nada é artificial”. Um puzzle de nacionalidade, tanto ao nível dos visitantes, como dos próprios residentes, que motiva a Câmara Municipal de Lagos a apostar forte na sua política cultural e na conservação do património histórico, como se constata pela recente reabertura do Museu de Lagos Dr. José Formosinho, que vai ser mais ampliado para o edifício em frente, onde se localizava a antiga esquadra da PSP. O Forte da Ponte da Bandeira, um dos ex-libris de Lagos, carece igualmente de uma forte intervenção, o mesmo acontecendo com outra marca bem visível da história de Lagos, as suas muralhas e torreões. “Já se fizeram
algumas pequenas obras que eram mais urgentes, mas vamos avançar com uma mega-intervenção para se recuperar toda a muralha e o acesso aos baluartes. É um projeto de quase seis milhões de euros e estamos a aguardar por fundos comunitários para irmos para o terreno. Lagos tem tudo aquilo que os outros têm, mais uma coisa que os outros não possuem, que é a nossa marca na história global”, frisa Hugo Pereira. A par da requalificação do património histórico, também os grandes eventos culturais vão ser retomados em breve, casos do Festival dos Descobrimentos, da Feira da Arte Doce e do Réveillon, sem ALGARVE INFORMATIVO #314
nunca esquecer as iniciativas «indoor» no Centro Cultural de Lagos.
“Gostávamos que Lagos tivesse, a médio prazo, um equipamento cultural que levasse mais público, e assim poderíamos atrair espetáculos de música, dança e teatro de maior dimensão e renome internacional, mas que também funcionasse como espaço multiusos, que acolhesse seminários ou congressos. Em Lagos vivem muitos britânicos, franceses, suecos, brasileiros, 48
alemães, americanos, holandeses, italianos, e temos tentado adequar a nossa agenda cultural a todos esses públicos-alvo”, declara Hugo Pereira, demonstrando que, de facto, projetos não faltam para os próximos quatro anos. “Com ou sem maioria, o
trabalho nunca é fácil, há sempre imensas dificuldades no dia-a-dia. Ter maioria na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal e nas Juntas de Freguesia dá-nos maior estabilidade, mas sempre existiu, e continuará a existir, respeito pela oposição, pelas suas opiniões e 49
contributos. Temos um programa eleitoral que foi sufragado, o nosso caminho está definido e estamos preparados para enfrentar as dificuldades com trabalho e dando o melhor de nós. O objetivo é que, daqui a quatro anos, Lagos esteja melhor do que agora, com uma forte aposta em termos sociais e económicos e de apoio ao associativismo cultural, recreativo e desportivo”, finaliza Hugo Pereira. ALGARVE INFORMATIVO #314
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KATRIN KAASA E IVO CANELAS INTERPRETARAM «CENAS DA VIDA CONJUGAL» NO CINETEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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Cineteatro Louletano, em Loulé, acolheu, no dia 30 de outubro, «Cenas da Vida Conjugal», na qual Rita Calçada Bastos reflete sobre este tempo em que o que parece ser a realidade a maior parte das vezes não é. “Não passa de uma
lente que traduz o presente, em que cada um tem a sua visão, a sua noção de verdade, a sua imagem do outro, mas não passa de uma breve noção à medida daquilo que sabemos. Ser, na sua totalidade, está cheio de coisas feias e magras e comezinhas, e isso nós habitualmente não mostramos, queremos mesmo esconder, empenhamo-nos seriamente nessa ALGARVE INFORMATIVO #314
empresa. Esconder de nós e sobretudo do outro, da sociedade”, diz a encenadora. A peça interpretada por Katrin Kaasa e Ivo Canelas é uma adaptação de um texto de Ingmar Bergman, na qual Rita Calçada Bastos encontrou “essa
impossibilidade de ser total, essa dificuldade de suportar a realidade tal como ela deveria ser e essa crueldade da relação com o outro”. “A partir de um jogo de atores puro e duro, a peça cria um diálogo entre Teatro – aquilo que queremos que se veja e o que se quer esconder – e Cinema (a cargo de João Canijo) – aquilo que aparenta ser real e o que não passa de uma projeção”, explica a encenadora .
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SÃO BRÁS DE ALPORTEL PRESTOU HOMENAGEM A BERNARDO DE PASSOS ATRAVÉS DA DANÇA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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Cineteatro São Brás acolheu, no dia 29 de outubro, «Dançando nos Passos de Bernardo – Quando a poesia inspira o corpo… a dança acontece!», onde a música, a dança e a poesia se uniram para homenagear o poeta Bernardo de Passos, expoente máximo da cultura são-brasense que nasceu justamente neste dia há 145 anos. O espetáculo foi promovido pelo Município de São Brás de Alportel no âmbito do projeto intermunicipal de programação ALGARVE INFORMATIVO #314
em rede «Bezaranha – Há ventos que vem por bem!» e foi construído por um conjunto de agentes culturais locais, nomeadamente pelas associações São Brás Bailando e Urban Xpression, a Escola de Dança Municipal e o projeto de poesia GUME, de Fernando Guerreiro, que aceitaram o desafio de dar passos de dança às palavras deste poeta singular para transmitir a sua mensagem intemporal de fraternidade, de humanidade e de verdade, aproximando as gerações mais novas da obra literária de Bernardo de Passos.
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Primeiro Festival Emraizart encantou Lagos Texto: Daniel Pina | Fotografia: João Catarino
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m montado de sobreiros num monte no Cotifo, a caminho da Barragem da Bravura, foi o cenário improvável escolhido pelo Teatro Experimental de Lagos organizar, de 18 a 23 de outubro, a primeira edição do Festival Emraizart.
“Num ambiente rural, ao ar livre, o festival pretendeu unir as raízes da arte e da natureza, vinculando o desenvolvimento sustentável das cidades com o meio natural, num cruzamento dos universos urbano e rural através das artes”, referiu a diretora artística Berna Huidobro. ALGARVE INFORMATIVO #314
A programação, com especial enfoque no público infantil e nas famílias, combinou, de forma equilibrada, a experiência de ver como espetadores, refletir com os artistas e participar em atividades e experiências na natureza. No palco azul assistiu-se, em todos os dias, o espetáculo «Land Ahoy!» (Terra à vista!), pela companhia Zaperoco Circus, da Venezuela, ao passo que, no palco amarelo, Philippe Phénieux, da Compagnie Zinzoline, de França, interpretou «Leitor, tens um corpo?». Já o palco vermelho foi partilhado pelos Cotzani&Wendy, da Espanha e Argentina, com o espetáculo «Dia de circo», e pelos chilenos Los Pepes com «Surprise». No último do festival, destinado para o público em geral, subiu 84
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ao palco vermelho o «Cabaret do Sul», que une as criações artísticas de Marionetas Por Um Fio (Brasil) e Clown Corazonada (Chile). A par das artes performativas, também estiveram presentes as artes visuais, através de Jorge Pereira, artista visual de referência na arte urbana e sediado no Algarve há mais de 20 anos, que através da arte procura dar uma nova vida à natureza morta, transportando o público para um ALGARVE INFORMATIVO #314
ambiente ainda mais mágico, mas sem perder a simplicidade rural. O festival teve como parceiro institucional o Governo de Portugal – Ministério da Cultura, através do Programa Garantir Cultura, e contou com os apoios da Câmara Municipal de Lagos e Direção Regional de Cultura do Algarve, entre outros parceiros de cultura e educação do Algarve . 86
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«CORDYCEPS» RETRATOU EM LOULÉ O ÚLTIMO DIA DA DEMOCRACIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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m «Cordyceps», que foi a cena, no dia 23 de outubro, no Cineteatro Louletano, em Loulé, estamos no último dia da democracia e, com a sua extinção, desaparece também o acesso a qualquer forma de expressão e pensamento livre. “Por
consequência, este será o último espetáculo que terão oportunidade de ver. O tempo terá de ser bem aproveitado e não nos passa pela cabeça dramatizar sobre o desfecho trágico e inevitável do qual faremos parte. Queremos que seja uma ocasião feliz, como a despedida de um lugar ao qual nunca regressaremos, onde a política e a ALGARVE INFORMATIVO #314
ficção, o futuro e o agora, dão origem ao protótipo de uma sociedade distópica”, referiam, na sinopse, os criadores Eduardo Molina, João Pedro Leal e Marco Mendonça, que em palco contaram igualmente com a participação de Mestre André. «Cordyceps» é uma coprodução da Rede 5 sentidos, constituída pelo Centro Cultural Vila Flor, Cineteatro Louletano, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Académico Gil Vicente, Teatro Micaelense, Teatro Municipal da Guarda, Teatro Municipal do Porto, Teatro Nacional São João, Teatro Viriato e conta com o apoio da República Portuguesa – Cultura I DGARTES – Direção-Geral das Artes . 94
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CLUB MAKUMBA ANIMOU HALLOWEEN DE PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ricardo Coelho
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m noite de Halloween, 30 de outubro, o TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, recebeu a visita dos «Club Makumba», um dos mais recentes projetos da cena musical portuguesa, criado pelo conhecido guitarrista Tó Trips (Dead Combo, Lulu Blind, entre outros) e pelo baterista e percussionista João Doce (Wraygunn), a que se juntaram depois Gonçalo Prazeres, ALGARVE INFORMATIVO #314
nos saxofones, e Gonçalo Leonardo, no contrabaixo e baixo. “A banda é um
exercício livre, espontâneo, experimental e tribalista, que abre a janela para uma viagem pelas sonoridades do Mediterrâneo e pela África imaginada, para uma música sem preconceitos e sem fronteiras”,
descrevem os fundadores .
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LOULÉ «VIAJOU» ATÉ PARIS AO SABOR DA VOZ DE MILA FERREIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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epois de ter sido adiado devido aos constrangimentos ditados pela pandemia, «Mila Ferreira – Bonsoir Paris, o Charme e a Emoção da Canção Francesa» aconteceu, finalmente, no dia 24 de outubro, no Cineteatro Louletano, em Loulé. Perante uma plateia praticamente cheia e entusiástica, Mila Ferreira interpretou, com uma voz poderosa e emotiva, canções como «Je Suis Malade», «Ne Me ALGARVE INFORMATIVO #314
Quitte Pas», «La Vie en Rose», «L'hymne à L'amour», «Je Ne Regrette Rien», num repertório deslumbrante e escolhido para fazer as delícias e reavivar memórias de quem ama a canção francesa. Escutou-se, desta forma, o melhor da música francesa numa belíssima tarde de domingo, pela voz de Mila Ferreira, acompanhada por António Barbosa (violino), Pedro Santos (acordeão) e Rui Moura (piano) . 114
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OPINIÃO Peça de mobiliário ou prata da casa? Paulo Cunha (Professor) m destes dias, respondendo a uma «boca» de um colega de labuta letiva, dei por mim a dizer-lhe que cheguei a uma altura da minha vida profissional em que me sentia uma peça de mobiliário. Depois de ambos termos rido de tão inusitada afirmação (que até a mim surpreendeu), contextualizei-a referindo ser tão antigo na escola como as paredes que a suportam. Efetivamente, a prolongada continuidade num espaço físico dá-nos a sensação de móvel (peça de uma divisão ou de um espaço, movível e que serve geralmente para alguém se sentar, deitar, comer, trabalhar, arrumar, sustentar ou exibir objetos de menores dimensões). Sem qualquer queixume, desprimor ou desencanto, sinto-me um privilegiado por me outorgar tal título, tendo em conta a quantidade de colegas que, todos os anos, andam literalmente com os seus móveis às costas. Esses sim, são os profissionais da Educação que terão justificadas razões de crítica e de desabafo. No universo do funcionalismo público, acredito que muitos continuarão a questionar-se qual será a sua real e ALGARVE INFORMATIVO #314
efetiva função profissional, tal a quantidade de papelada (real e virtual) que, ano após ano, veem ser depositada nas suas mãos e que, tal como numa peça de mobiliário, se vai amontoando e acumulando ao sabor da burocracia que teima em não diminuir. É, por isso, importante saber qual é a nosso papel na orgânica funcional do nosso local de trabalho. Sabê-lo, dar-nos-á uma maior paz de espírito, justificará certas rotinas e apontar-nos-á um propósito de vida. Não se conhecendo o que terá provocado o aparecimento da expressão «prata da casa», pensa-se que poderá ter surgido por comparação com o que se passava nas casas burguesas dos séculos XIX e XX: em ocasiões especiais, ostentava-se o melhor que se possuía, por exemplo, à refeição, recorrendo à baixela de prata. Pegando neste termo, poderão as chefias considerar os seus funcionários mais do que meras peças de mobiliário, tratando-os como a prata da casa? É claro que sim. Devem! Sou daqueles que acham que qualquer local de trabalho em que os seus operários, pelo seu mérito, afinco e dedicação, são referidos como a prata da casa, merece ser reconhecido e louvado. Ao contrário das peças de mobiliário que, na maioria das vezes, 122
permanecem uma vida no mesmo local, com a mesma função, acumulando pó e ganhando caruncho, a prata da casa é devidamente polida, tratada e colocada em lugares de destaque. No fundo é isso que nos distingue: a forma como
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tratamos e somos tratados por quem connosco trabalha. E vós? Na vossa outra casa (trabalho), sabeis qual é a vossa função? Peça de mobiliário ou prata da casa? .
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OPINIÃO You want it darker Exposição de Fernando Amaro Mirian Tavares (Professora Universitária) “I struggle with some demons They were middle class and tame I didn't know I had permission To murder and to maim You want it darker” (…). Leonard Cohen ouco antes de morrer, o cantautor canadiano Leonard Cohen lançou o último disco, a que deu o nome You want it darker. As canções do álbum falam da morte, mas, ao mesmo tempo, celebram a vida. E a morte não é, para Cohen, tão escura como possa parecer. Se estávamos à espera de um auto requiem com lamentos lancinantes, deparamonos com a fina ironia que caracteriza a obra do poeta/cantor. A escolha do nome de uma exposição é, ao mesmo tempo, a escolha de um conceito, de uma ideia que serve como guia para aqueles que vão partilhar com o artista da sua experiência. Nesta exposição, Fernando Amaro traz-nos um conjunto de obras que são fruto do encontro do artista com autores como Cohen, mas também de cineastas como Buñuel ou dramaturgos como Beckett e Ionesco. Afinal, a morte, essa desconhecida ALGARVE INFORMATIVO #314
companheira de estrada, que nos acompanha desde o momento em que nascemos, marca o absurdo da nossa existência ela mesma, estendida sobre um fio ténue que divide morte/vida, que pauta as nossas escolhas, que povoa os nossos medos. Filósofos como Nietzsche, também referência do artista para a criação das suas obras, refletiram sobre a dualidade dos seres, sobre aquilo que nos move e também o que nos comove, que nos faz estar em movimento constante, numa viagem cujo fim é previsível, mas cujo percurso é sempre diverso. A viagem proposta por Fernando Amaro tem o tom irônico e autorreflexivo da obra final de Leonard Cohen e procura levar-nos, através de imagens como a do tríptico «No distinction shall be made», ao universo ambíguo de um artista que, na sua deriva criadora, não tenta encontrar respostas, mas propor enigmas .
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Foto: Victor Azevedo
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OPINIÃO O futuro a acontecer na Web Summit Fábio Jesuíno (Empresário) oltei a ter a oportunidade de participar na Web Summit, a conferência onde podemos ver o futuro a acontecer
que no próximo ano queria fundar, com a ajuda da Web Summit e de alguns participantes, uma Fábrica de Unicórnios em Lisboa. Achei muito positivo este objectivo, porque não basta termos a Web Summit, é necessário aproveitar todas as suas potencialidades.
e fazer parte dele. Conhecer aqueles que tiveram ideias que mudaram o mundo é uma experiência única e muito inspiradora, nesta que é a maior conferência de tecnologia e empreendedorismo do mundo, podemos assistir às grandes tendências que vão marcar a sociedade nos próximos anos e aprender com 748 oradores, conhecer as 1.519 startups que disputam o concurso de pitch e fazer muito networking. Houve vários temas que se destacaram na edição deste ano, foram eles o Facebook, a inteligência artificial e as criptomoedas, entre as mais de 42.751 pessoas que participaram, de 128 países, com o número de mulheres a superar pela primeira vez o dos homens. Um dos primeiros discursos foi o de Carlos Moedas. O antigo Comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação e agora presidente da Câmara Municipal de Lisboa, falou num sonho, ALGARVE INFORMATIVO #314
Um dos temas mais falados na Web Summit foi, sem dúvida, o Facebook, que arrancou com Frances Haugen, a mais recente denunciante do Facebook, afirmando que não existe interesse por parte da empresa de Mark Zuckerberg em pôr fim ao discurso de ódio e propagação de informações falsas. A ex-funcionária da rede social, que falou pela primeira vez num evento ao vivo, revelou ainda que a gigante tecnológica tem conhecimento dos efeitos nocivos dos próprios serviços sobre os utilizadores. A inteligência artificial voltou a ser muito mencionada durante toda a conferência, onde se destaca a intervenção de Tom Taylor, responsável pela Alexa, da Amazon, dizendo que, no futuro próximo, vamos falar cada vez menos com as assistentes virtuais, que vão ter a capacidade de ler o contexto e de se adaptarem às necessidades do utilizador de forma autónoma.
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participação de Tim Draper, multimilionário norte-americano e investidor pioneiro no bitcoin, que viu o seu potencial como moeda global na fase inicial. Um dos momentos que destaco foi o lançamento da Europe Startup Nations Alliance, a primeira entidade com a missão de apoiar os governos europeus na melhoria das condições estruturais para as startups, para garantir que possam crescer em qualquer estágio do seu ciclo de vida. A estrutura ficará localizada no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa.
Continuando na mesma temática, a empreendedora portuguesa que lidera uma das startups com mais sucesso mundial na área da Inteligência Artificial, fundadora e CEO da Defined.ai, Daniela Braga, disse que já vivemos na era da Inteligência Artificial, através da procura de informação online ou a escrever uma mensagem no smartphone, todos estes processos recorrem a sistemas inteligentes. As criptomoedas tiveram um momento único e revelador. Simon Robinson, editor global da Reuters, perguntou, em plena Altice Arena quase esgotada, quem detinha criptomoedas, sendo que a sua maioria confirmou positivamente, num painel que contava com a 127
Outro dos momentos positivos foi a vencedora do Pitch da Web Summit ser uma startup portuguesa, a Smartex, que encontrou uma solução baseada em inteligência artificial que permite detetar defeitos nos têxteis e evitar toneladas de desperdícios. Contactei com muitos empreendedores e sublinho a presença de muitas startups de países lusófonos, principalmente de Angola e Cabo Verde, pela inovação das suas ideias que estão a contribuir no desenvolvimento dos seus países. A Web Summit é, acima de tudo, uma grande comunidade de empreendedores, onde se promove o networking, debate e aprendizagem nas mais diversas áreas onde o digital está sempre presente . ALGARVE INFORMATIVO #314
OPINIÃO Território e Património Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) a semana passada adquiri duas obras que, apesar de parecer inexistir qualquer relação entre elas, se conjugam e complementam-se numa mensagem mais abrangente. São elas: «Portugal Geopolítico – História de uma Identidade», do meu conterrâneo Virgílio Miguel Machado; e «Nave do Barão – Memória e Identidade», promovido pela Associação «Os Barões» e editado pelo Município de Loulé. Virgílio Machado alicerça a sua obra a partir do território. Segundo ele, a identidade está intrinsecamente ligada ao território. O que une as diferentes gerações, o elencar de sucessivos momentos históricos, a manutenção de uma determinada língua ou dialeto, as tradições, os usos e os costumes de uma determinada comunidade, é o território que ocupa. O solo dos homens do período calcolítico, que edificaram os monumentos fúnebres de Alcalar, é o mesmo onde os romanos sepultaram os seus mortos, onde os árabes colhiam os seus frutos, onde os cristãos edificaram os seus templos, onde os agricultores actuais plantam e semeiam e onde os turistas observam os monumentos. Há uma ligação multimilenar que nos une e ALGARVE INFORMATIVO #314
abarca pelo chão, pelo território. O sentimento de pertença de alguém que observa um monumento, de alguém que preserva os usos, costumes e tradições, daquele que luta pela preservação de vestígios do passado, está associado à sua ligação mais íntima a um determinado território. Este sentimento territorial acaba por colidir frequentemente com a indiferença daqueles que, partilhando o mesmo território, não têm com este um vínculo afectivo ou umbilical. O que para uns é visto como um monumento, um legado do passado, para outros é uma mera ruína sem qualquer valor; o que para uns é uma tradição, uma memória colectiva, para outros são manifestações de ignorância; o que para uns é uma pronúncia, um dialecto, para outros é não saber falar… O território é um palco permanente de uma infinidade de passagens, de momentos e de conflitos. Os territórios, abertos, não são estáticos, evoluem, enterram vestígios ancestrais e criam novas correntes, novos vestígios, que vistos do futuro serão igualmente ultrapassados. Como poderemos, então, conciliar o passado com a evolução contínua de um território que se quer dinâmico e progressista? 128
A obra «Nave do Barão – Memória e Identidade» abre-nos um caminho, ao perpetuar numa obra literária um vasto conjunto de imagens do território, inventariando os vestígios do passado, imortalizando nomes e rostos dos seus habitantes, perpetuando costumes e tradições, narrando histórias de tradição oral, mantendo um vasto leque de palavras do seu vocabulário local, mantido por séculos de quase isolamento entre os cerros de Salir, que cercam o vale, permitindo que nesse território fosse criada uma comunidade que se distingue de outros do Algarve e do concelho de Loulé. Se o desenvolvimento é necessário e urgente, para o bem-estar social num país envelhecido e endividado, ele não pode ser feito a partir de uma política de 129
terra queimada, que destrua completamente a memória e a identidade territorial, que devem ser vistos como uma parte da solução e não como um factor problemático. Para isso, urge, casa vez mais, que os diferentes municípios do Algarve olhem para as suas comunidades territoriais, como Loulé mostra ser um bom exemplo, e tentem perpetuar para a memória futura do seu território as características únicas de cada um desses aglomerados, para que não seja tudo colhido por levas de passantes desenraizados. No final, permitiremos que as gerações futuras sejam mais ricas, porque conhecedoras das diversidades históricas do seu território e construtoras de um novo território .
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OPINIÃO Casas Sagradas Lina Messias (Especialista em Feng Shui) ssim como cada um de nós é único, temos a nossa «impressão digital» individual, também as casas têm os seus arquétipos energéticos tornando-as também únicas. Esses arquétipos são traduzidos através da Numerologia de cada espaço; a Numerologia Pitagórica é baseada nos fundamentos matemáticos de Pitágoras, que viveu na Grécia antiga em 600 AC e ele é considerado o «Pai da Numerologia moderna». Cada número da numerologia de Pitágoras carrega significados e símbolos próprios, assim quando as casas são construídas, são em determinado lote, assumindo de imediato a energia desse número. Essa energia irá pautar grandemente a energia da família enquanto moradores dessa Casa, podendo ser mais ou menos benéfica para os objectivos de Vida de cada um. Como se calcula então a energia da casa onde vivemos? Numa casa isolada é mais fácil, basta somar os algarismos do número da sua casa até que eles sejam reduzidos a um número de 1 a 9, por ex. ALGARVE INFORMATIVO #314
Lote 14, estamos a falar de uma energia 5. Se viver num apartamento, o cálculo é feito apenas com a designação do apartamento e não soma a identificação do prédio. Quando existem letras utiliza-se a tabela de Pitágoras para reduzir as mesmas a um número, por ex. 2º F, somamos o 2 ao número correspondente da letra F (6), sendo que será uma energia 8. Outro ex. 5º Direito, somamos o 5 à energia letra D (4), será energia 9. TABELA PITAGÓRICA
Na minha opinião como consultora de Feng Shui, não existem energias boas ou más, existem energias que nos servem melhor para determinada altura ou objectivos de Vida. No meu caso pessoal 130
e falando com muitas famílias, penso que muitas vezes são as Casas que nos escolhem e não o contrário, para que possamos receber o que precisamos (não o que queremos). Faço então uma descrição breve de cada vibração numérica: Casa 1 – promove a liderança e individualidade, excelente para novos inícios Casa 2 – promove as parcerias e uniões, potencia a parte emocional Casa 3 – energia da alegria, aumenta a criatividade e a visão positiva da Vida Casa 4 – promove a disciplina e a estrutura, tendência a trabalhar em excesso 131
Casa 5 – energia da mudança constante, aumenta as capacidades de comunicação Casa 6 – promove o amor incondicional e a harmonia Casa 7 – energia do crescimento interior e da ligação à espiritualidade Casa 8 – aumenta a prosperidade financeira e realização material Casa 9 – potencia fechos de ciclo e aumenta o sentido de solidariedade O conhecimento traz responsabilidade, que se possa então utilizar esta informação com consciência para escolhermos melhor a próxima CASA SAGRADA! .
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #314
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