REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #324

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ALGARVE INFORMATIVO 29 de janeiro, 2022

CUSTÓDIO MORENO | LIGA DOS COMBATENTES EM SÃO BRÁS | «PÓLO NORTE» | «PLASTICINE» DIA DO MUNICÍPIO DE VILA DO BISPO | «BASTIEN UND BASTIENNE» | PRÉMIOS CINETENDINHA 1 ALGARVE INFORMATIVO #324


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SUMÁRIO

OPINIÃO 112 - Paulo Cunha 114 - Paulo Bernardo 116 - Ana Isabel Soares 118 - Adília César 122 - Fábio Jesuíno 124 - João Ministro

76 - Prémios Cinetendinha em Loulé

48 - «Bastien und Bastienne» em Lagoa

12 - Dia do Município de Vila do Bispo

66 e 88 - Pólo Norte e Plasticine no TEMPO 100 - Pedro Abrunhosa em Sagres ALGARVE INFORMATIVO #324

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36 - Custódio Moreno, Diretor Regional do Algarve do IPDJ

24 - Liga dos Combatentes chega a São Brás de Alportel 9

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MUNICÍPIO DE VILA DO BISPO ENTREGOU PRÉMIOS DE MÉRITO ESCOLAR AOS ALUNOS E HOMENAGEOU FUNCIONÁRIOS QUE SE REFORMARAM Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Câmara Municipal de Vila do Bispo atribuiu, no dia 23 de janeiro, o prémio de mérito escolar a 11 alunos do 6.º e 9.º anos da Escola EB 2,3 de S. Vicente de Vila do Bispo, referente ao ano letivo 2020/2021. Os prémios foram entregues por Rute Silva, presidente da Câmara Municipal, e ALGARVE INFORMATIVO #324

pelo artista Pedro Abrunhosa, numa cerimónia que decorreu no Auditório do Centro Cultural de Vila do Bispo, no âmbito das comemorações do Dia do Município. Carolina Sá Camacho Franco, Concha Magalhães Simões da Silva, Duarte Rosado Guerreiro, Mariana Rosado da Encarnação, Marta Zollmer, Martim Morgado, Rodrigo Figueiras, Ronja Meier 12


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e Ruby Cordwel do 6.º ano, e Laura Canovas e Mafalda Serrano Tropa Figueiredo Teles do 9.º ano, foram os alunos distinguidos e levaram para casa um cartão Fnac no valor de 250 euros e ainda duas entradas gratuitas no Zoomarine, uma oferta deste parque temático, bem como algumas edições do Município. Para a Câmara Municipal, a atribuição destes prémios tem como objetivo colaborar na construção de um modelo de incentivo ao desempenho escolar dos jovens do concelho. Esta sessão serve também para reconhecer e valorizar o trabalho, o esforço e a cooperação entre alunos, professores, encarregados de educação, auxiliares de ação educativa e restante comunidade escolar. Logo de seguida foi a vez do Município prestar homenagem aos funcionários da

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autarquia aposentados em 2021, nomeadamente Américo José de Campos, Cesaltino Francisco Amantes, Joaquim Luís Borba Rosado, José Barata Bravo, José da Glória Tomé Correia, José Francisco da Glória Boto, José Joaquim Martins, José Romão Gonçalves Pires, Manuel Francisco Vieira Rio e Maurício José Cintra de Sousa. “Porque as

pessoas são o principal «património» da autarquia e porque os exemplos de boas práticas devem ser dados dentro de portas”, referiu a autarca Rute Silva, que assim reconheceu publicamente o trabalho desenvolvido ao longo de uma vida destes funcionários “que foram

exemplo de profissionalismo, de dedicação e de responsabilidade para com os seus concidadãos” .

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LIGA DOS COMBATENTES ABRIU DELEGAÇÃO EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Delegação de São Brás de Alportel do Núcleo de Faro da Liga dos Combatentes abriu formalmente, no dia 12 de janeiro, o seu gabinete na sede da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, numa cerimónia promovida em conjunto pelo Núcleo de Faro da Liga dos Combatentes e pelo Município e Junta de Freguesia de São Brás de Alportel e que contou com a ALGARVE INFORMATIVO #324

presença de antigos combatentes e representantes regionais das forças militares portuguesas. A delegação vai funcionar às quartas-feiras à tarde, no gabinete 4 da Junta de Freguesia, sendo dinamizada pelo antigo combatente Ilídio Viegas, que não escondeu o orgulho em colaborar nesta iniciativa impulsionada pelo Município de São Brás de Alportel. Neste espaço de diálogo e partilha acolhem-se também as participações no «Tributo aos Combatentes» que a 24


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autarquia são-brasense iniciou em abril de 2021 com a publicação semanal das suas memórias, e a colaboração com outras ações que estão em curso, como seja a instalação de um monumento de homenagem a todos os combatentes.

dignificaram o nosso país. Em parceria, de mãos dadas com a Câmara Municipal e outras entidades, queremos sempre fazer parte da solução”, frisou João Rosa,

“Queremos continuar a apoiar os antigos combatentes, homens que

presidente da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, antes de passar a palavra a Marlene Guerreiro, vice-

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presidente da autarquia são-brasense.

“Abrimos aqui, se calhar, a porta de muitas memórias que ainda estão escondidas, de muitas vidas que foram interrompidas, marcadas, pela guerra. Este «namoro» com a Liga dos Combatentes já começou há muito 27

tempo, por percebermos o quão relevante e meritório é o trabalho que desenvolvem junto destes homens, e das mulheres que fazem parte das suas vidas, de tal modo que há alguns meses que a Liga dos Combatentes passou a ALGARVE INFORMATIVO #324


integrar o Conselho Local de Ação Social de São Brás de Alportel”, indicou a autarca. O passo seguinte foi desafiar a Junta de Freguesia de São Brás de Alportel a envolver-se também nesta parceria, à semelhança do que sucede com tantas outras, e assim «nasceu» esta delegação física do Núcleo de Faro da Liga dos Combatentes. “Houve uma sintonia

de pensamentos de que faria todo o sentido termos uma pessoa a representar a delegação e nada melhor do que alguém que foi combatente e que ao longo de toda a sua vida fez jus a essa memória, daí termos convidado o Ilídio Viegas”, explicou Marlene Guerreiro. “Queremos prestar o ALGARVE INFORMATIVO #324

merecido tributo aos nossos antigos combatentes e a Rita Luís e a Suzele Gonçalves desde maio que registam e partilham com a comunidade as histórias destes homens e das suas famílias. Era bom apagar muitas das histórias que ali estamos a ouvir e a escrever, mas, não podendo fazer isso, é justo homenagear, agradecer, louvar a sua coragem e altruísmo”. Na sua intervenção, o presidente do Núcleo de Faro da Liga dos Combatentes, Henrique André, confirmou que a abertura desta delegação é um momento muito marcante e que concretiza uma antiga ambição do Núcleo, de forma a estar mais próximo dos seus associados 28


são-brasenses. “São Brás de Alportel

tem uma série de heróis que morreram em combate e os antigos combatentes deste concelho merecem ter um acompanhamento de maior proximidade da parte da Liga. As nossas ideias foram sempre colocadas num plano de grande compreensão, ternura e carinho por parte dos responsáveis autárquicos de São Brás de Alportel, que têm desenvolvido

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um trabalho excecional de pesquisa e de partilha das histórias destes homens, a partir de relatos na primeira pessoa e das cartas e aerogramas que eles enviavam para as suas famílias”, destacou o antigo paraquedista do Exército Português. Colocado em Angola, Henrique André recordou, de forma bastante emocionada e com lágrimas nos olhos, a sua experiência na Guerra Colonial e em todo o processo de descolonização. “Faço

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parte de uma geração que apanhou com uma série de transformações. Ficamos sem saber por que razão fomos para África, os motivos de termos andado a combater, de termos deixado para trás as nossas famílias e, depois, de termos entregue as antigas colónias aos movimentos que tinham feito a guerra. A nossa missão sempre foi lutar pela paz, para acabar com a guerra, para que não houvesse mortes na população portuguesa e, na altura, éramos todos portugueses”, lembrou. “Tantas vezes arriscamos as nossas vidas para que muitos ainda hoje estejam entre nós”, disse, depois de uma pausa para recuperar a voz. De volta ao presente e ao processo da chegada da Liga dos Combatentes a São Brás de Alportel, Henrique André contou que os pedidos feitos à Autarquia foram para a possibilidade de se contruir um monumento de homenagem aos antigos combatentes e de se disponibilizar um talhão no cemitério para estes homens.

“Fomos arrancados às nossas famílias para lutar por Portugal e tão mal tratados e vilipendiados temos sido. Ter a bandeira da Liga hasteada na Junta de Freguesia às quartas-feiras é uma ação fantástica, não tenho palavras para agradecer este gesto, e peçovos que, se souberem de algum excombatente que esteja a passar ALGARVE INFORMATIVO #324

por dificuldades, que precise de roupa, comida, tratamentos médicos, apoio psiquiátrico ou psicológico, nos avisem, porque temos um Centro de Apoio Médico e Social a funcionar em Loulé”, declarou o dirigente. 30


Sem esconder as emoções que o assolavam, Henrique André afirmou que quem passou pela guerra nunca mais consegue esquecer essa fase da sua vida e, pior do que isso, também tem muitas dificuldades em desabafar ou pedir ajuda.

“Quando há alguma contrariedade, às vezes a situação 31

descamba em violência e são as mulheres que pagam. Em 2020 levamos a cena, em Faro, uma peça de teatro que quero trazer a São Brás de Alportel, «Mariana não foi à guerra», porque elas estiveram lá. As mães, as esposas, ALGARVE INFORMATIVO #324


as filhas, foi para elas que sobrou tudo. Há casos de violência doméstica que as mulheres têm sabido aguentar por amor e compreensão aos antigos combatentes, porque eles só conseguem falar uns com os outros e assim aliviar um pouco o seu stress pós-traumático”, admite. “Quando as balas andam a voar pelo ar, pensamos logo que podemos nunca mais ver as nossas famílias e isso deixa marcas para o resto da vida. E, hoje, vemos os monumentos aos antigos combatentes serem vandalizados e estes homens serem ignorados ou maltratados. Ainda há pouco tempo faleceu o oficial do Exército mais condecorado do país, tinha uma Torre Espada e seis Cruzes de Guerra, e foi completamente ostracizado e insultado. Dizem que fomos uns assassinos, mas eu nunca fui para lado nenhum para matar alguém, mas sim para defender as vidas das outras pessoas que lá estavam. E fui preparado para uma guerra de guerrilhas e tive que fazer uma guerra urbana e que evacuar colunas com dezenas de quilómetros e milhares de pessoas a tentar escapar à guerra”, conta. A sessão terminou com as palavras de Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás, que revelou que o ALGARVE INFORMATIVO #324

projeto para o monumento de homenagem aos combatentes já está concluído e que a obra deve avançar brevemente para concurso, ficando localizada na Rua das Comunidades Portuguesas. “Valorizar a nossa

história e os nossos antepassados é, sem dúvida, um dever de qualquer autarca e aqui trata-se de uma justa homenagem à nossa história recente. O meu pai foi um ex-combatente e vai-me contando algumas histórias, e aos netos, do 32


que viveu em Angola. Na altura não havia redes sociais nem comunicação social como existem hoje, portanto, iam de olhos fechados e só o medo do desconhecido já provoca grandes traumas”, declarou o edil são-brasense. “O meu pai não esteve na linha da frente, ia buscar o correio durante a noite e, numa dessas viagens, o colega que ia com ele no jeep caiu para o lado com um tiro numa 33

emboscada e lá ficou. É urgente escrever e contar estas histórias para que fiquem para as gerações vindouras”, considera Vítor Guerreiro. “São Brás de Alportel orgulha-se daqueles que serviram – e que continuam a servir – a pátria a troco da manutenção da paz. A Liga dos Combatentes pode contar connosco para continuarmos a valorizar esta página importante da nossa história”, concluiu . ALGARVE INFORMATIVO #324


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O INSTITUTO NÃO TEM UMA VARINHAMÁGICA PARA RESOLVER TUDO, MAS ESTÁ MUITO ATENTO ÀQUILO EM QUE PODE SER ÚTIL, SEJA EM QUE ÁREA FOR”, AFIRMA CUSTÓDIO MORENO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ano de 2021 foi de festa para o Centro de Juventude do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, que assinalou três décadas de existência com um extenso programa que se prolongou por vários meses e que contemplou mais de uma centena de iniciativas. O encerramento aconteceu em Loulé, a 14 de dezembro, com um grandioso concerto dos Entre Aspas no Cineteatro Louletano, numa noite em que participaram igualmente três projetos que deram nas vistas nas recentes edições do Música JA – Concurso de Música Moderna do IPDJ Algarve, mais concretamente Mateus Verde, Saída de Emergência e The Black Teddys. Terminou a festa, mas não houve muito tempo para recuperar energias, porque o IPDJ não para, liderado pelo dinâmico Diretor Regional Custódio Moreno, que nunca escondeu a paixão que sente por esta «casa». “Da primeira vez estive ALGARVE INFORMATIVO #324

cá entre 1991 e 2004, depois regressei em 2016, são muitos anos a cumprir esta nobre missão. Mas eu não sou o único a ter esta afetividade pelo IPDJ, de tal modo que fui recuperar alguns elementos da antiga equipa a outras direções regionais, como a Helena e o Miguel. Desafios que eles aceitaram imediatamente”, conta o professor de profissão, sublinhando que os festejos dos 30 anos do IPDJ no Algarve foram uma iniciativa de toda a equipa e não apenas da pessoa que normalmente aparece a fazer os discursos. “Em 2019 começamos a

preparar o programa e, como é natural, falamos com as câmaras municipais, até porque muitos autarcas tinham sido dirigentes associativos no passado, e com vários artistas da região. E todos disseram logo que podíamos contar com eles, porque o Instituto era uma referência para eles, tinha 36


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sido um alicerce para a sua cidadania ativa”. Motivar a participação dos jovens na sociedade é o intuito do IPDJ, seja em associações ou nos clubes, e assim se foi pensando num conjunto amplo de eventos para acontecer em todos os concelhos do Algarve. Entretanto, dá-se a pandemia, o que constituiu um desafio extra para uma equipa que não é gigantesca, nem nada em dinheiro. “As

pessoas que trabalham comigo volta e meia dizem-me que eu nasci com uma estrelinha na cabeça – mas a sorte também se procura. Essa lança esteve apontada a nós desde o primeiro ao último dia de comemorações, não podíamos ignorar o momento que estávamos a passar, pelo que preparamos cenários alternativos para todos os eventos. Algumas iniciativas tiveram que ser adaptadas e redimensionadas, mas poucas foram canceladas ou adiadas”, declara Custódio Moreno. “A abertura oficial foi a 25 de maio e tínhamos pensado num grande convívio na esplanada do IPDJ com bandas convidadas, que depois não se realizou, fizemos uma coisa mais pequena no Auditório. Tivemos sempre que jogar com este maldito covid que não nos deixa sossegar, mas isso não nos retirou a motivação ou a vontade de fazer. Em todos os concelhos aconteceram iniciativas, mais de ALGARVE INFORMATIVO #324

100, em parceria com as câmaras municipais, as juntas de freguesia, os clubes e as associações”. «Contigo por todo o Algarve – Este é o teu IPDJ» foi o chavão dos festejos, porque Custódio Moreno não se cansa de dizer que este instituto é feito com as pessoas e para as pessoas, sobretudo com os jovens empreendedores e os 38


clubes e associações da região. E assim se demonstrou que o tecido associativo do Algarve é, sem dúvida, fortíssimo.

“Tínhamos ideias bem definidas para os momentos mais institucionais, mas a grande maioria das atividades nasceu de contributos dos clubes e associações. Mesmo o concerto de encerramento foi uma 39

«sementinha», com os artistas mais experientes a apadrinhar projetos que surgiram num concurso de música que não se faz em mais nenhuma região do país. Se não tivéssemos um associativismo dinâmico, forte, empreendedor e motivado para fazer coisas, nada tinha sido ALGARVE INFORMATIVO #324


possível”, admite o Diretor Regional, sem esquecer outro apoio fundamental para todo este sucesso, aquele que chega do Conselho Diretivo do IPDJ e do presidente Vítor Pataco, bem como da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto. Outra nota dominante nos discursos de Custódio Moreno é que não se olhe para o IPDJ como um banco a que se vai apenas pedir apoios financeiros para isto ou aquilo, mas sim para ser um parceiro diário dos seus projetos e iniciativas.

“Contem connosco para quando precisarem, porque é importante existirem organismos do poder central que sejam uma referência para as pessoas no seu dia-a-dia. E é nesse sentido que vamos apostar forte da formação dos dirigentes associativos. São pessoas apaixonadas pelo que fazem, mas precisam de mais ferramentas para dar respostas aos novos desafios que se colocam ao associativismo no século XXI. Hoje é quase tudo feito em plataformas digitais, o papel está em desuso, e esse é um obstáculo a ultrapassar”, exemplifica o entrevistado.

UM PARCEIRO CRUCIAL NO DIA-A-DIA Os eventos culturais, desportivos e sociais são, sem dúvida, a parte mais visível do trabalho desenvolvido pelo IPDJ, mas muito mais acontece nos bastidores, nas ações de formação, no ALGARVE INFORMATIVO #324

apoio aos dirigentes para apresentarem candidaturas a programas estatais, em mil e um assuntos que as pessoas não percecionam. E 2022 não será exceção, até porque foi definido pela Organização das Nações Unidas como o Ano Internacional da Juventude. “É um

desafio a que o IPDJ não pode ficar indiferente, não podíamos assobiar para o lado e dizer que 40


não era nada connosco”, diz, com um sorriso. “O governo percebeu há alguns anos que as direções regionais do IPDJ não estavam a ser devidamente aproveitadas, que não se explorava todo o seu potencial, porque nós somos os primeiros a sofrer com as dificuldades sentidas pelos 41

dirigentes associativos. Lançamos, em 2016, as Jornadas Técnicas Associativas e este ano queremos voltar a realizá-las em formato presencial, porque as pessoas estão cansadas dos eventos online. Muito se faz nos computadores, mas as associações não são lideradas por robots ou ALGARVE INFORMATIVO #324


máquinas, mas por pessoas de carne e osso que querem estar próximas umas das outras. Por isso vamos realizar, em 2022, as tais ações de formação, incluídas no «Club Top», para lhes dar ferramentas à la carte. Se precisam de ajuda sobre fiscalidade, candidaturas, ALGARVE INFORMATIVO #324

legalização de espaços, questões jurídicas, é isso que lhes vamos dar”, anuncia Custódio Moreno. O IPDJ pretende ser, assim, um facilitador, um farol, uma mão amiga para os dirigentes concretizarem as suas ideias, com o entrevistado a lançar mais uma das suas frases que já se tornaram célebres. “Afastem-se dos políticos 42


superior a um milhão de euros, pagar salários a quase 20 pessoas, administrar dois bares, dois centros de cópias e, se a pandemia o permitir, organizar um dos maiores eventos que acontece no Algarve, a Semana Académica, entre outras coisas. Reparem a responsabilidade que está em cima dos ombros do Fábio Zacarias e da sua equipa”, enaltece Custódio Moreno. O Diretor Regional do IPDJ de Faro lembrou ainda que já foi lançada mais uma edição do PRID – Programa de Requalificação de Infraestruturas Desportivas e que, em fevereiro, avança o Plano Nacional Desporto para Todos. Decorrem também as candidaturas para os apoios ao associativismo juvenil e para o «Cuida-te», um programa que vai às escolas dinamizar sessões de esclarecimento e que possui um caminhão equipado com gabinetes para prestar apoio a diversas iniciativas no terreno. “Aqui na sede temos um

que dizem estar cheios de ideias para os jovens. Os jovens têm ideias próprias com imenso valor, só precisam de ajuda para as tornar realidade. Veja-se a Associação Académica da Universidade do Algarve. São 48 dirigentes associativos, 48 jovens, que vão gerir um orçamento 43

gabinete com duas psicólogas que acompanham regularmente cerca de 40 jovens e existe uma longa lista de espera. E temos uma nutricionista, duas enfermeiras, tudo gratuito, anónimo e confidencial, porque constatamos que existia essa lacuna em Faro. O Instituto não tem uma varinhamágica para resolver tudo, mas está muito atento àquilo em que pode ser útil, seja em que área ALGARVE INFORMATIVO #324


for”, destaca Custódio Moreno. “A juventude é a área mais transversal de todas, quem falar em política da juventude na vertical não percebe nada disto. Como em tudo na vida, tem que haver aqui bom-senso, nada de fundamentalismos, porque esta geração está melhor preparada em termos de formação, mas também está sujeita a desafios e problemas a que as anteriores não estavam”, acrescenta. Na parte cultural, a Galeria de Exposições do Centro de Juventude do Algarve do IPDJ já tem a agenda de 2022 completa e prepara-se agora a de 2023, e a situação do Auditório não é muito diferente, demonstrando que talento não falta na região. “Vamos continuar a

dar vida a esta casa, não fazia sentido nenhum termos aquele programa comemorativo em 2021 e depois «fecharmos a loja»”, comenta, não poupando elogios à equipa que lidera. Uma atuação que não se limita à sede em Faro, existindo projetos para levar a Loja JA a outros pontos do Algarve, seja como loja ou balcão. “Era

algo que tínhamos começado a pensar em 2019 e que depois ficou em stand-by com a pandemia. Os jovens são todos diferentes, mas têm que ser iguais nas suas oportunidades, por isso, precisamos estar perto deles para lhes apresentarmos as soluções mais indicadas para os seus ALGARVE INFORMATIVO #324

anseios. A internet e o doutor google são muito bons, mas temos vários pedidos de autarquias para lá instalarmos Balcões da Juventude, estruturas mais pequenas que vão utilizar os recursos humanos das câmaras municipais, sendo que o IPDJ fornece os conteúdos e algumas orientações”, adianta o entrevistado. “O Instituto é um parceiro que não se confina ao Centro da Juventude, a este espaço físico em Faro, até para não prejudicarmos os concelhos mais distantes. Não podemos reivindicar, e bem, a descentralização em relação a Lisboa e depois não fazermos o mesmo dentro do Algarve e obrigarmos as pessoas a virem a Faro se quiserem falar connosco”, justifica. Com a convicção de que o associativismo é essencial para uma sociedade mais moderna, dinâmica e inclusiva, o Centro de Juventude do Algarve do IPDJ não poupa, então, esforços para dar ferramentas aos seus dirigentes e para os jovens enquanto indivíduos. “Ao longo destes 30 anos

temos sido úteis e estado disponíveis para apoiar, e isso não significa apenas ajudar a pagar despesas. Damos uma parte do apoio e estamos ao lado das associações para reunirem mais facilmente a restante verba, que normalmente chega das câmaras 44


municipais ou juntas de freguesia. É uma dinâmica económica e de desenvolvimento local bastante interessante em que todos ficam a ganhar. Nestes cinco anos, por exemplo, o IPDJ deu a clubes e associações do Algarve um milhão de euros ao abrigo do PRID para se concretizarem investimentos na ordem dos 2,5 milhões de euros. São 45 instalações desportivas recuperadas na região, por todo o lado há uma placa a dizer «com o apoio do IPDJ». É algo que me deixa cheio de orgulho”, admite Custódio Moreno. “Mas há muito 45

para fazer, não podemos cruzar os braços. Quanto mais conhecemos o Algarve, mais percebemos as necessidades verdadeiras das pessoas e aqui tenho que enaltecer a postura do José Apolinário à frente na CCDR Algarve, pois tem vindo a desenvolver várias reuniões com todos os organismos descentralizados. Só estando todos a remar na mesma direção é que vamos a algum lado e os jovens são uma parte importante para se melhorar a nossa região”, defende o Diretor Regional do IPDJ do Algarve, em final de conversa . ALGARVE INFORMATIVO #324


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AUDITÓRIO CARLOS DO «BASTIEN UND BASTIENN Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge F. Marques

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CARMO RECEBEU NE» DE MOZART

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ubiu ao palco do Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, nos dias 21 e 22 de janeiro, sob a Direção Artística e Musical de Elsa Mathei e com Encenação de João de Brito, a ópera «Bastien und Bastienne» de W. A. Mozart. Num formato acessível a todas as idades acima dos 6 anos, o evento destinou-se a alunos do Ensino Básico e Secundário, bem como a famílias e jovens, tendo sido pensado para agradar a pequenos e graúdos, até porque a peça se caracteriza por uma grande simplicidade e coesão melódica. «Bastien und Bastienne» foi uma das primeiras obras compostas por Wolfgang Amadeus Mozart – tinha na altura apenas 12 anos – baseada na peça de Jean Jacques Rousseau, «Le Devin Du Village», revelando logo um extraordinário domínio na área da composição. Trata-se de um ALGARVE INFORMATIVO #324

singspiel, uma ópera em que se alternam árias, duetos e trios com diálogos falados, desenrolado em um ato e com tradução do libreto dos Favart, por F. W. Weiskern – J. H. Müller e J. A. Schachtner. O enredo conta a história de amor entre um jovem casal de camponeses, Bastienne e Bastien. Bastienne, a jovem protagonista, encontra-se desolada pois acabou de perder o seu grande amor, Bastien, para uma nobre dama. Desesperada, recorre à ajuda do Mago Colas, que lhe dá um conjunto de feitiços e conselhos para provocar ciúmes a Bastien, acabando por conseguir a reconciliação dos dois. Foi interpretada, em Lagoa, por Michele Tomaz (Soprano), Francisco Brazão (Barítono) e Marios Maniatopoulos (Tenor), com a Orquestra D’Aquém Mar e Denys Stetsenko (Concertino) . 50


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PÓLO NORTE ASSINALARAM 25 ANOS DE CARREIRA COM CONCERTO ACÚSTICO NO TEATRO MUNICIPAL DE PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ricardo Coelho

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s Pólo Norte passaram, no dia 22 de janeiro, pelo TEMPO – Teatro Municipal de Portimão com a digressão que assinala os 25 anos desde a criação do grupo e que irá percorrer as principais salas do país até ao final de 2022. Do alinhamento deste concerto acústico fizeram parte algumas das mais emblemáticas canções compostas pela banda e que se tornaram parte da vida de muitos dos seus fãs e seguidores.

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Foi em meados dos anos 90 que surgiram os primeiros acordes de uma banda que viria a marcar o panorama musical português, atravessando várias gerações e deixando um legado de canções que perduram no tempo. A cada cinco anos, o grupo reencontra-se para celebrar esses primeiros acordes, indo ao encontro daqueles que sempre os acompanharam desde o primeiro instante. Em 2020, os Pólo Norte preparavam-se para assinalar o seu 25.º aniversário, mas, infelizmente, por força da pandemia, viram esta celebração adiada para 2022 .

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PRÉMIOS CINETENDINHA DISTINGUIRAM «A METAMORFOSE DOS PÁSSAROS», CATARINA WALLENSTEIN E JOAQUIM DE ALMEIDA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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Metamorfose dos Pássaros», de Catarina Vasconcelos, foi o melhor filme português de 2021 para os Prémios Cinetendinha, evento que se realizou, no dia 22 de janeiro, no Cineteatro Louletano, em Loulé, no âmbito do «Monstrare» e da Algarve Film Week. O filme português com maior impacto internacional do passado recente sucedeu, assim, a «Listen», de Ana Rocha de Sousa, que tinha sido o vencedor da primeira edição. Os Prémios Cinetendinha são uma organização do crítico e jornalista Rui Pedro Tendinha para o programa de cinema «Cinetendinha», sendo que os ALGARVE INFORMATIVO #324

vencedores são selecionados por uma academia formada por críticos, cineastas, atores e programadores convidados. Na categoria de melhor filme internacional foi eleito «Titane», de Julia Ducournau, que foi Palma de Ouro no mais recente Festival de Cannes. João Arrais, o rosto e a voz de «Serpentário», de Carlos Conceição, levou para casa o troféu de melhor ator nacional, ao passo que Anabela Moreira, em «O Último Banho», de David Bonneville, venceu o prémio de melhor atriz. O prémio de melhor elenco foi para «Bem Bom», de Patrícia Sequeira, tendo Ana Marta Ferreira recebido a claquete de madeira. Outros destaques dos Prémios Cinetendinha foram Catarina Wallenstein (Prémio Talento Futuro) e Joaquim de Almeida (Prémio Tributo) . 78


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PLASTICINE DEIXARAM TEMPO AO RUBRO EM MAIS UM CHOQUE FRONTAL AO VIVO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Vera Lisa

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TEMPO – Teatro Municipal de Portimão assistiu, no dia 20 de janeiro, à maior produção de sempre do Choque Frontal ao Vivo, programa da Alvor FM Rádio dinamizado por Ricardo Coelho e Júlio Ferreiro e gravado ao vivo neste equipamento cultural há vários anos. De facto, depois de terem visto o seu concerto adiado em dezembro, os Plasticine arrasaram no Grande Auditório, tendo ainda por convidados Sickonce e Perigo Público, que deram a conhecer uma nova música e respetivo videoclip.

soul ao afro-beat, passando por rock, pop, R&B, jazz, world music e fusão. Nascido em 2018, já fizeram parte deste projeto 27 músicos, estando em palco no TEMPO para o «Choque Frontal ao Vivo» a formação completa, composta por dez elementos, que interpretaram temas como «Magreb», «Funky Sin», «Time Knife», «Metropol», «Cubano», «Tunataka Amani» e dois novos temas ainda sem nome. A esta noite memorável não faltaram, inclusive, os dois finalistas portimonenses do The Voice Portugal, João Leote e Edmundo Inácio, através de vídeos gravados exclusivamente para esta edição do Choque Frontal ao Vivo .

Os Plasticine definem-se como um coletivo musical de influências variadas, do ALGARVE INFORMATIVO #324

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PEDRO ABRUNHOSA ARRASOU NO PAVILHÃO MULTIUSOS DE SAGRES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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epois de, na parte da tarde, ter participado na entrega dos prémios de mérito escolar aos alunos do concelho de Vila do Bispo, Pedro Abrunhosa subiu ao palco, no dia 23 de janeiro, do Pavilhão Multiusos de Sagres para um daqueles concertos que promete ficar na memória. Visivelmente bemdisposto, o compositor, músico e cantor esteve sempre a interagir com o público, tanto para transmitir mensagens e os seus pensamentos sobre o que se passa na atualidade, mas também para partilhar episódios dos tempos do antigamente, de quando ainda tinha cabelo, não usava óculos escuros e possuía espaços de animação noturna no Porto.

Pedro Abrunhosa, ao piano, pandeireta e harmónica, se fez acompanhar pelo guitarrista Bruno Macedo ao longo de mais de duas horas, cantando temas que se tornaram autênticos hinos como «É Preciso Ter Calma», «Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar», «Fazer o Que Ainda Não Foi Feito», «Não Posso Mais», «Socorro» e «Para Os Braços da Minha Mãe», assim como um original do seu próximo disco, «É Sempre Escuro Antes de Amanhecer», e ainda «Hallelujah» em homenagem a Leonard Cohen, uma das suas referências musicais que partiu em 2016. O concerto foi mais um evento promovido pela Câmara Municipal de Vila do Bispo no âmbito das comemorações do Dia do Município que decorreram de 15 a 23 de janeiro .

O concerto que era a solo, em formato acústico, acabou por ser um dueto, já que ALGARVE INFORMATIVO #324

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Por uma vida sem raiva Paulo Cunha (Professor) empre que mostro aos meus alunos a cena do filme «The Wall» (Alan Parker, 1982), baseada na música «Another Brick In The Wall», incluída no álbum homónimo composto por Roger Waters para os «Pink Floyd», julgo entender o que os autores nos terão querido transmitir no vídeo-clip musical, onde o professor que maltrata os alunos na escola é admoestado, repreendido e humilhado pela mulher em casa. Sabendo que a sabedoria popular tem sempre uma explicação para justificar certos comportamentos ostensivos, maldosos e repulsivos praticados em variados contextos, é quase um lugarcomum ouvir que quem os realiza tem falta de qualquer coisa ou então transfere para os outros a resposta que, por medo e cobardia, deveria dar a quem lhe faz mal. É verdade, fazendo uma constatação simplista é possível perceber que convivemos diariamente com gente mal resolvida e infeliz que, aproveitando-se dos seus pequenos poderes, manipula, manieta e inferniza a vida de quem com ela priva. E assim, na nossa ingenuidade, fragilidade, bonomia e boa-vontade, acabamos por ser, não raras vezes, «sacos de pancada» para quem nos outros apenas vê um recetáculo onde ALGARVE INFORMATIVO #324

pode descarregar, na forma de raiva, as suas frustrações e problemas. Alguns psicólogos apontam o desenvolvimento moral e psicológico do indivíduo como determinante na maneira como exterioriza a sua fúria. Este sentimento pode ser despoletado por acontecimentos externos e internos. A ira pode ainda ser causada por preocupação excessiva ou focalização nos problemas pessoais, tal como acontecimentos traumáticos ou marcantes. Segundo os especialistas, as pessoas servem-se de uma variedade de processos, conscientes e inconscientes, para tentar lidar com estes sentimentos de raiva e de revolta de um modo eficaz e socialmente adequado, nomeadamente: expressando os sentimentos de um modo assertivo (e não agressivo); banindo os maus sentimentos; inibindo e trocando a fúria por comportamentos construtivos; acalmando e relaxando, controlando assim as suas atitudes. As pessoas que rebaixam constantemente os outros, que criticam tudo e que fazem comentários cínicos, muito provavelmente, não aprenderam a expressar a sua raiva de um modo construtivo. Habitualmente, são pessoas com poucos relacionamentos satisfatórios e que, literalmente, 112


descarregam nos outros o que as torna infelizes e revoltadas. Porque quem connosco priva não tem que nos aturar, não levem para casa os 113

problemas do trabalho nem vice-versa. Resolvam-nos no sítio, no tempo e com a pessoa certa e verão que a vida que vos resta, tal como numa boa música, ficará mais harmoniosa . ALGARVE INFORMATIVO #324


Estima a tua Mãe Paulo Bernardo (Empresário) lguns dos meus amigos/leitores do artigo da semana passada vieram falar comigo, se eu estava bem, pois referia que estava triste. Gostei das atitudes e expliquei o porquê da referência à tristeza, pois não podemos ocultar que é um sentimento que faz parte de nós e que nos leva também ao caminho da alegria e das coisas positivas. A vida é um balanço entre a tristeza e a alegria. Mas no meio deste mundo estranho existem momentos que nos fazem entrar nos eixos e voltar a ver o lado positivo do mundo. Hoje tenho a ecoar na minha cabeça a frase que um colega da minha filha lhe disse: “estima a tua mãe”. Quando alguém com catorze anos diz “estima a tua mãe” faz-me acreditar que vivemos num mundo muito interessante. Comecei a pensar como nós, filhos, temos grande dificuldade em estimar os nossos pais. O meu pai sempre me dizia que só entenderia o que era ser filho quando fosse pai, contudo, e hoje em particular, tenho a frase “estima a tua mãe” a soar na cabeça e a sensação que podia ter feito muito mais deixa-me com sentimento de culpa. Julgo que não estimei o que devia ter estimado, felizmente que em relação à ALGARVE INFORMATIVO #324

minha mãe ainda posso melhorar a atitude. Olhando mais à minha volta então as palavras do colega da minha filha ainda fazem mais sentido, o quase abandono a que alguns filhos deixam os pais e não é necessário eles estarem doentes ou acamados, apenas não os têm como família. Aparecem nas épocas que socialmente é impossível de fugir e depois quando têm falta de algo, um egoísmo atroz, que só pensam neles. Para não falar nos casos extremos de verdadeiro abandono nos hospitais, porque é Natal e o velho chateia ou porque apenas queremos ir de férias ou ainda porque o estado que tome conta dele. Quantos são abusados psicologicamente e roubados dos seus haveres até não terem mais para dar? Não é necessário ir muito longe, basta olhar às vezes melhor à nossa volta. “Estima a tua mãe” fez-me sorrir e acreditar que temos pessoas boas neste mundo. Estimar para mim rima com empatia, com estar ao lado, com conseguir colocar-me no lugar do outro. Também devemos estimar quem está ao nosso lado, os que trabalham connosco, passamos mais tempo com eles que com muitos da nossa família, dizer uma palavra amiga e saber como eles vão, não os abandonar também no fim da vida ativa, 114


continuarem a ser parte da nossa organização.

o idoso, a natureza que te dá o oxigénio, essencialmente, estima.

No mundo de hoje em que é notícia que um idoso morre em Paris porque, depois de desmaiar, ninguém o ajudou, talvez não fosse notícia se não fosse o fotógrafo francês René Robert. Não aconteceu num subúrbio escuro, mas sim perto da famosa «Place de La République», morreu de hipotermia após nove horas de abandono.

O Covid não pode ganhar a guerra da indiferença, a guerra do abandono. Vamos voltar a viver e a olhar para o lado. Não necessitamos ser diferentes do que somos, só temos que entender que todos os dias caímos, seja num erro, num atraso, num esquecimento, numa resposta, numa falta de um sorriso, quase todos nos conseguimos levantar, mas um dia podemos desmaiar e ficar no chão a morrer ao frio, como aconteceu ao velho na famosa «Place de La République».

Este é o mundo que temos e este é o mundo onde a frase “estima a tua mãe” poderia ser alterada para “estima o teu próximo”, olha para o lado, vê quem pode necessitar de um sorriso, estima a criança, 115

Estimem os outros, pois vai haver um dia que os outros somos nós . ALGARVE INFORMATIVO #324


Quadragésima terceira tabuinha Joelhos (VI) Ana Isabel Soares (Professora Universitária) uando se começa a olhar para uma forma relativamente inconspícua, indiferente, como a do joelho, enche-se o mundo num instante de joelhos. Tudo aparece, de repente, sob essa forma: em vez de apontar ao nariz dos outros, lugar também neutro, de não compromisso, ou aos olhos, região de enganche, baixa o olhar até meio da perna: se despida, é um gosto apreciar as diferenças, o modo como se coloca o joelho entre coxa e perna-canela, se arredonda, embica para diante ou aparece meio de lado, se é mais ou menos protuberante, como inflete, de quantas pregas faz a sua dobra, que cicatrizes lhe aparecem, ou esfoladelas (pode adivinhar-se a idade de alguém vendo-lhe apenas os joelhos...?); se a perna se veste, põe-se a cabeça a imaginar a forma do que causa um vinco ali no centro. As nuvens – até as nuvens se parecem com joelhos, quando alguém se põe a pensar neste lugar onde o corpo se curva. O joelho, como qualquer junta, também maça: mas é o modo como se entende a maçada que pode pôr-nos perante a dor ou a descoberta. Jasper Johns, um dos mais velhos e amados artistas norteALGARVE INFORMATIVO #324

americanos ainda em atividade, sofre dos joelhos. Numa das consultas de ortopedia a que teve de ir por mor dessa maleita, descobriu um desenho anatómico que o intrigou: há de tê-lo pedido ao médico, a quem tinha sido oferecido por outro paciente, e levou-o consigo para casa. É um claro esquema dos ligamentos do joelho, desenhado numa página perto de tamanho A3, com a zona central do órgão a cores diferentes a ilustrar diferentes partes do joelho, e traços, como longas agulhas, a sair de cada um dos lugares do joelho e ao seu redor, a dar para as palavras com que se designam. A laranja, mesmo ao centro, o disco do «menisque»; a «Tibia» cá em baixo, ao cimo o «Fémur», com acento e tudo – e, do lado direito, em baixo, a toda a altura do que se mostra da tíbia, um nome pintado a verde, de letras cercadas com risco preto: «Jéan Marc». Vá-se lá saber o que passa na cabeça de um artista nonagenário. Uns meses antes, Johns recebera de uma astrofísica de Cambridge (do Massachusetts) a imagem computorizada de uma porção do universo, resultado do trabalho dela no mapeamento do céu. E, muito entretido com as ideias que o atravessam, terminou em 2020 um quadro a que chamou «Slice» – fatia (o título inscreve-se, negro sobre negro, tudo a óleo, no limite superior esquerdo). Uma fatia do céu, tal como a Dra. 116


Foto: Vasco Célio

Margaret Geller o retratara, ocupa o centro; à esquerda, em difuso até à margem da moldura, o que parece uma pegada, o desenho de uma rosácea num vitral, a reprodução de um dos padrões de nós que Leonardo da Vinci, obsessivamente, fixou – e, do lado direito, aparentemente colado com fita gomada, o desenho de «Jean Marc», a fatia do joelho tal como Jéan-Marc Togodgue, um estudante de origem camaronesa, jogador de basquetebol et, pour cause, sofredor de joelhos. A história do quadro de Johns passou por algumas peripécias (o pai de um dos amigos de Togodgue, também artista, escreveu a Johns, referindo a indelicadeza e mesmo a ilegalidade de se apropriar sem autorização do desenho do rapaz), mas terminaram com um acordo entre o pintor e o autor do desenho do joelho. 117

Mas, na tela toda, nem todo púrpura, a sair da renda de tantos céus que Geller mapeou, exposto por John, uma das supremas merendas da arte é aquele encanto de joelho transformado em pormenor aberto do outro, o joelho que avança na forma de homem que as constelações de Geller mostram, ao centro do quadro . (A partir destas ligações podem ver-se reproduções do quadro de Jasper Johns e alguns relatos sobre o episódio da sua origem: https://www.nytimes.com/2021/09/13/arts/d esign/slice-jasper-johns.html https://www.washingtonpost.com/artsentertainment/interactive/2021/jasperjohns-slice-painting-whitney/ https://news.artnet.com/art-world/jasperjohns-used-teenagers-knee-drawing2016175). ALGARVE INFORMATIVO #324


Notas Contemporâneas [31] Adília César (Escritora) “Esta expressão, «a leitura», há cem anos, sugeria logo a imagem de uma livraria silenciosa, com bustos de Platão e de Séneca, uma ampla poltrona almofadada, uma janela aberta sobre os aromas de um jardim: e neste retiro austero de paz estudiosa, um homem fino, erudito, saboreando linha a linha o seu livro, num recolhimento quase amoroso. A ideia de leitura, hoje, lembra apenas uma turba folheando páginas à pressa, no rumor de uma praça”. Eça de Queirós (1845-1900), in Notas Contemporâneas (1909, obra póstuma)

Á MAIS DE TRINTA ANOS assisti a uma peça de teatro com um título inquietante, de tão contraditório: MÁSCARAS E MÁS CARAS. Já não recordo o enredo da peça, mas ficou na minha memória a perturbação de não conseguir decifrar, ao longo da vida, as máscaras alheias, apesar de inúmeras tentativas. Pela mesma razão, resisti durante muito tempo aderir às redes sociais, ao perceber que a rede é uma colecção de más caras, salvo honrosas e relevantes excepções. Aqui, no «livro dos rostos» (ou deveria chamar-se o «livro das máscaras»?), a discrição é qualidade ou defeito? Rede, teia, embaraço circunstancial. * ENSAIAR ensaiar ensaiar. Parece um eco. O verbo é acção repetida, repisada, com vista à minimização dos erros de uma qualquer ALGARVE INFORMATIVO #324

acção. A noiva ensaia os passos de dança para inaugurar o baile no dia do seu casamento. A criança ensaia a lengalenga para apresentar à família na festa da escola. O poeta ensaia a criação de versos na procura do poema e, em dada altura do processo criativo, procura o título perfeito para o seu livro – infelizmente, nem sempre consegue. * TENTAR fará sempre parte de todas as facetas das nossas vidas. Não convém, no entanto, confundir «tentar» com «experimentar», pelo menos no sentido de se ter muitas «experiências de vida», tendo em conta a tentação universal das pessoas de combaterem dias entediantes. Já as experiências laboratoriais são, efectivamente, acções de tentativa e erro, até que os cientistas atinjam os seus objectivos ou consigam, pelo menos, chegar a algumas conclusões dignas de serem publicadas em revistas da especialidade. Ensaiar, portanto, é tentar acertar os passos que damos em 118


qualquer detalhe do quotidiano, seja uma receita de culinária, uma pega de croché, uma aula, um poema. Ou um título de um livro. * VIVER é uma sucessão de tentativas e erros. Estamos sempre a falhar, mas nem sempre aprendemos com os nossos percalços. Tantas vezes é impossível reparar o erro cometido ou tão-pouco 119

repetir a acção anterior (as variáveis, tal como o nome indica, variam ao menor desvio). Com a leitura acontece o mesmo fenómeno. Se o livro começa pela capa e, principalmente, pelo título, que pistas devo procurar para não errar o alvo? A subtileza de uma metáfora? A violência de uma explícita denúncia? A confortável sensação de uma palavra requintada? Posso, de vez em quando, ficar fascinada com a loucura do léxico alheio, mas nunca cedo à chantagem da lapalissada. ALGARVE INFORMATIVO #324


* É DIFÍCIL resistir à pomposidade de uma «Ode»: aquele «O» está a gritar, logo, o livro parece conter um texto importante, inequívoco, promissor do ponto de vista da estética literária. É preciso ouvir o texto, portanto. E seguindo-se o adjectivo «Triumphal», escrito com o clássico «ph», acrescentam-se camadas de significação apelativas que vêm da origem dos tempos e da linguagem, tão estimulantes para a curiosidade humana. Mas o problema está prestes a rebentarme na cara: o poeta escreveu uma «Ode Triumphal» a quê? Ah… isso, essa explícita banalidade contemporânea. Ora se um título é quase tudo para cativar um leitor, deixo um recado: caro poeta, não me dês “quase tudo” esparramado na capa, porque “quase tudo pode ser demais” e o teu livro perde, consequentemente, “quase tudo”. Resta um mau título na capa de um livro que eu não tenho vontade de ler. Menos é mais, entendes? * ENTÃO, dir-me-ás que eu não tenho nada a ver com esse assunto que a ti diz respeito, e que os títulos dos livros apenas denunciam o tema principal, ou seja, o que interessa nesta questão, que para muitos parece ser uma não-questão, é ler a obra apresentada sob aquele título, e não uma análise filosófica e transcendente sobre as palavras que sintetizam o enquadramento do assunto poético. Certo. No entanto, o livro, ao ser publicado, torna-se público e eu tenho o ALGARVE INFORMATIVO #324

direito de me manifestar, uma vez que a mim se destina, como hipótese de leitura pessoal: não é para esse fim que os autores escrevem livros e os editores os publicam? E, todavia, não existe a partir de um mau título a imortal serenidade que instigue à leitura, existe apenas um mau título. E ocorre-me uma ideia perigosa: diz-me que título dás ao teu livro e dir-te-ei quem és. * AS PALAVRAS não têm gaiolas que as prendam. Têm asas. As palavras são livres, povoam as nossas cabeças num arremesso contínuo, em estreita ligação com os estados emocionais, as inquietações, os anseios. Tudo isso nos pertence numa intimidade difícil de controlar. A minha intimidade, as minhas palavras. Eu sou a minha intimidade, sou as minhas palavras. Tu és a tua intimidade, és as tuas palavras. Às vezes, existe uma sintonia rara. E volto ao mistério: as palavras também têm máscaras ou, por vezes, possuem armadilhas de leitura que apanham os leitores incautos na teia da ignorância. A ingenuidade leitora também é uma forma passiva de controlo de massas. Afinal, o que é a literatura? Uma abertura do espírito ou uma castração do pensamento? Contudo, tendo plena consciência do perigo a que me exponho, insisto na tentativa de manter as fronteiras das minhas percepções em amável e tolerante permissividade: e se a má cara desse título esconde uma visão genial? Ah, mas assim a crónica seria outra .

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A economia do futuro vai ser sustentável e digital Fábio Jesuíno (Empresário) ivemos actualmente a quarta revolução industrial, onde as mudanças são constantes e rápidas, consequência directa da utilização e evolução das novas tecnologias digitais, que são factores determinantes para uma sociedade mais sustentável. A economia do passado foi baseada em critérios pouco amigos do ambiente, que contribuiu para o aumento do aquecimento global e, consequentemente, de alterações climáticas, tornando o nosso planeta mais quente e perigoso. A economia do futuro é baseada na digitalização, contribuindo para uma sociedade mais sustentável, quer em termos de igualdade, de saúde ou de educação. Segundo dados da ONU, as novas tecnologias digitais são a inovação mais rápida na história da Humanidade, chegando a mais de metade da população mundial em apenas duas décadas e transformando radicalmente a sociedade.

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Com a economia digital existe um grande aumento da conectividade, permitindo acesso ao conhecimento, comércio e serviços públicos de uma forma fácil, eficaz e muito rápida. É também um factor determinante para um mundo mais verde, devido ao surgimento de inovações tecnológicas que contribuem para a descarbonização da sociedade, incentivo da economia circular, as cidades mais sustentáveis, valorizar o interior, entre outras. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, uma economia sustentável vai criar mais de 24 milhões de novos empregos no mundo até 2030, devido a adoção de práticas mais verdes no setor de energia, do uso de veículos elétricos e do aumento da eficiência energética em edifícios existentes e futuros. A digitalização, alinhada à proteção do ambiente, serão os principais aspectos da economia do futuro .

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Olhar e Não Ver João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) realidade que nos circunda dá que pensar. Estamos numa constante observação da mesma, sem nos consciencializarm os acerca dos fenómenos que diariamente a moldam, pressionam e a colocam perante desafios cada vez mais exigentes. Desafios esses de natureza diversa, incluindo ambientais ou sociais. Olhamos, olhamos e teimamos em não ver. As notícias, quase diárias, sobre a grave seca que se abate na nossa região (algo que sabemos há anos), com tendências para piorar, devia, no mínimo, levar-nos a mudar a nossa atitude do dia a dia perante a escassez deste elemento vital à nossa vida, mas também como planeamos e ordenamos a região ou definimos as estratégias de desenvolvimento. O que vemos? Pouco ou nada. No turismo, mantém-se a «velha máxima» das massas, do low cost e do all inclusive, da necessidade de mais construção, mais empreendimentos, mais golfes e mais relvados. O paradigma mantém-se estagnado como se não tivesse ocorrido uma pandemia e se tudo estivesse igual, como no século passado. A prova disto espalha-se escandalosamente à nossa frente! Vejamse os casos dos mega resorts «Verde ALGARVE INFORMATIVO #324

Lago» (Castro Marim), a «Quinta Ombria» em Loulé, o futuro «Freixo Verde», também em Loulé ou o recentemente propalado empreendimento desenhado para a Praia Grande, em Silves, na futura reserva natural da Lagoa dos Salgados. Veja-se, também, a construção descontrolada e dispersa de centenas de «villas», casas de luxo ou moradias por esse barrocal fora, agora também acompanhados pelas casas amovíveis de madeira que à vista de olhos polvilham cada vez mais a paisagem campestre. O turismo está sob forte redefinição em diversas partes do mundo, mas quer manter o seu status quo no Algarve, região altamente deficiente em água, com graves problemas de habitação a preço acessível, com um dos maiores níveis de pobreza em Portugal e um interior em forte desertificação. Está tudo ao alcance do nosso olhar. Simplesmente não queremos ver. A agricultura, assente no regadio e na intensificação, é hoje a prioridade na região. O recente estudo em consulta pública, designado «Regadio 2030» é nesse aspecto esclarecedor: expansão da área regada, mais captações superficiais de água e construção de novos «açudes» que na verdade mais não são do que pequenas barragens, incluindo a da 124


Foupana. O fomento da reutilização de águas residuais tratadas para a agricultura é como o próprio nome diz: residual.

contribui para uma coesão ou um equilíbrio harmonioso. Está à vista, mas continuamos impávidos a olhar sem realmente ver.

O desequilíbrio territorial é cada vez mais notório, em particular no Algarve, que junta em si mesmo o que de mais rico e de mais carente existe em Portugal. Um paradoxo alimentado por lógicas comerciais cujo verso da moeda em nada

Como dizia Saramago: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Precisamos mesmo de ver e reparar. Urgentemente.

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #324

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