REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #342

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ALGARVE INFORMATIVO 11 de junho, 2022

PORTIMÃO BOX CUP LA PORTEÑA TANGO FESTIVAL SARGO DA COSTA VICENTINA «MEMORIAL DO CONVENTO BAILADO EM III ATOS» LAGOA WINE EXPERIENCES

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ÍNDICE Dia do Município de São Brás de Alportel (pág. 24) NPISA de Olhão (pág. 36) Festival Sargo da Costa Vicentina (pág. 42) Lagoa Wine Experiences (pág. 52) Taça do Mundo de Ginástica Rítmica em Portimão (pág. 58) Portimão Box Cup (pág. 80) «Memorial do Convento - Bailado em III Actos» no Cineteatro Louletano (pág. 94) Festa do Tango em Lagoa (pág. 110)

OPINIÃO Paulo Cunha (pág. 126) Ana Isabel Soares (pág. 128) Adília César (pág. 130) Fábio Jesuíno (pág. 132) Júlio Ferreira (pág. 134) João Ministro (pág. 138) Dora Nunes Gago (pág. 140) ALGARVE INFORMATIVO #342

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MUNICÍPIO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL FESTEJOU 108.º ANIVERSÁRIO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Município de São Brás de Alportel assinalou o seu 108.º aniversário no dia 1 de junho com um programa que ALGARVE INFORMATIVO #342

integrou as cerimónias solenes, a inauguração de exposições, a Festa do Dia da Criança, o concerto de Sara Correia e um espetáculo pirotécnico. Logo pela manhã assistiu-se ao habitual hastear da bandeira, ao som do Hino 24


primeira página da história do nosso concelho, João Rosa Beatriz, que acreditou no sonho e conseguiu transformá-lo em realidade. Um homem de grande dimensão, que soube lutar pelos seus ideais, com uma visão de futuro para a sua terra, e a ele devemos agradecer o legado que nos deixou”, afirmou, na ocasião, Vítor Guerreiro. O presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel reconheceu que os desafios atuais são diferentes, cada vez mais complexos e exigentes, e assumem uma dimensão global. “Nos dois

Nacional interpretado pela Banda Filarmónica de São Brás de Alportel, com a colaboração dos Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel. Depois, na sessão solene, foram atribuídas Insígnias Municipais e o nome de patrono ao novo Campo Municipal Afre Lourenço. “É um

dia para celebrarmos a história do nosso concelho, das nossas gentes, para recordarmos os nossos antepassados e, de forma especial, o homem que escreveu a 25

últimos anos vivemos um dos maiores desafios, enquanto comunidade, com a pandemia, que nos trouxe um teste à nossa resiliência. Os são-brasenses responderam, unidos, coesos, com solidariedade, a trabalhar em equipa, dando assim uma vez mais provas da força da nossa identidade e da capacidade de superação. Além da pandemia continuar bem presente, o contexto atual traz-nos um novo desafio de enorme complexidade a nível mundial, um conflito armado na Europa, que nos coloca a todos numa situação de grande fragilidade, com uma crise humanitário e económica sem precedentes na nossa história recente”, referiu o edil, enaltecendo “a ALGARVE INFORMATIVO #342


forma como recebemos todos aqueles que nos procuram, para cá viver, trabalhar ou para aqui encontrarem paz e segurança para as suas famílias”. “É um exemplo para o mundo, com um sorriso, de portas e coração abertos e ALGARVE INFORMATIVO #342

estendendo sempre a mão a quem necessita, o que ilustra bem a nossa essência, a fibra dos sãobrasenses. Pois são as pessoas a nossa maior riqueza, esta humanidade que marca os nossos

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dias e que faz de nós uma comunidade diferente”. A pandemia e as respostas de saúde, o conflito armado na Europa e a segurança das populações, as alterações climáticas e a crise humanitária, económica e social que o mundo está a viver são então alguns dos desafios enumerados por 27

Vítor Guerreiro, lembrando que “é com

o poder local que as populações mais contam, para agarrar as oportunidades e ultrapassar as dificuldades, dando respostas mais adequadas às suas necessidades”. “A Descentralização de ALGARVE INFORMATIVO #342


Competências do Governo para as Autarquias que está em curso é um voto de confiança do governo, na eficácia do trabalho de proximidade, desenvolvido pelas Câmaras Municipais. A nossa Autarquia já recebeu as competências nas áreas da Educação, Cultura, Património, entre outras, e encontramo-nos neste momento a ultimar o protocolo para acolher as competências da Saúde e da área Social, que são essenciais na vida da nossa população”, indicou. Saúde que é uma área prioritária para o Município de São Brás de Alportel, daí ter estabelecido diversas parcerias com a Administração Regional de Saúde do ALGARVE INFORMATIVO #342

Algarve com vista à melhoria e ampliação das respostas dadas aos são-brasenses. São disso exemplo a Unidade Móvel de Saúde de Proximidade, o Espaço Multifuncional de Intervenção e Reabilitação, centrado nas respostas às necessidades das crianças, o Gabinete de Saúde Oral ou o rastreio de oftalmologia em todas as crianças das escolas do concelho. “Temos trabalhado em

estreita articulação com a ARS Algarve no processo da transferência de competências desta área, por forma a garantir as verbas adequadas, assim como na garantia dos investimentos necessários para a modernização e melhoria das instalações do Centro de Saúde. Apesar das novas competências não integrarem pessoal médico ou técnico, 28


estamos ainda em constante diálogo com a ARS Algarve para assegurar que o Centro de Saúde seja dotado de todos os profissionais necessários a uma resposta abrangente, célere e de qualidade”, revelou Vítor Guerreiro, não esquecendo igualmente o que se passa no Centro de Medicina e Reabilitação do Sul. “Mantemos um diálogo constante com o Conselho de Administração do CHUA para acompanhar o funcionamento desta unidade e defender uma resposta mais célere e mais abrangente”, garantiu.

AMBIENTE, REQUALIFICAÇÃO URBANA E HABITAÇÃO Vítor Guerreiro acredita ainda que a regionalização será determinante para o futuro dos algarvios, pois, “só com

mais autonomia e mais capacidade de decisão é que poderemos alicerçar o crescimento do Algarve, num futuro mais sustentável, com mais e melhores condições, para os que cá vivem e para os que nos visitam”. “Mas temos mais oportunidades que vamos agarrar, pois o novo Quadro de Apoio Portugal 2030 e o Plano de Recuperação e Resiliência são impulsionadores de projetos estruturantes para o desenvolvimento sustentável do nosso concelho, permitindo a consolidação da estratégia que 29

temos vindo a delinear nos últimos anos. A nossa gestão autárquica rigorosa, o bom aproveitamento de fundos comunitários e a sua eficiente execução, são, sem dúvida, características da nossa liderança”, destacou o autarca. Na ordem do dia continuam, como é natural, o ambiente e o combate às alterações climáticas e a Câmara Municipal de São Brás de Alportel vai dar continuidade à implementação de sistemas de recolha e valorização de resíduos, à implementação da Estratégia Municipal de Eficiência Hídrica, à adaptação dos espaços verdes existentes à Estratégia Ambiental de Combate às Alterações Climáticas, à modernização da frota de viaturas municipais, à criação de novos espaços verdes e à ampliação da rede de saneamento. Na educação, pretende-se ampliar o Centro Escolar com novas salas do pré-escolar, melhorar os espaços exteriores das escolas do concelho e investir na modernização do ensino. No que toca à mobilidade, as prioridades estão bem definidas, nomeadamente a requalificação da ligação à Via do Infante, a ligação do Parque Empresarial Municipal ao nó de Olhão da Via do Infante e a acessibilidade digital. “E o Projeto de

Requalificação do Núcleo Urbano da nossa vila é estruturante para a melhoria das acessibilidades, eficiência ambiental e apoio ao comércio local. Estes e outros projetos em desenvolvimento dão continuidade à Estratégia ALGARVE INFORMATIVO #342


Municipal de Requalificação Urbana em curso e que teve como foco inicial a revitalização do Centro Histórico. Prosseguimos com a reabilitação do Largo de São Sebastião, Rua Gago Coutinho e a primeira fase da Avenida da Liberdade, entre outros investimentos como a Praça da República, o Parque da Vila e Jardim das Amendoeiras”, evidenciou Vítor Guerreiro. Entretanto, a Estratégia Local de Habitação, que aguarda aprovação do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, irá possibilitar um investimento global superior a 11 milhões de euros na criação de respostas habitacionais, com o edil a realçar o trabalho realizado em parceria com a Santa Casa da Misericórdia e a Junta de Freguesia. “A

aprovação e implementação da ELH será determinante para chegarmos a mais famílias, a mais pessoas que precisam uma habitação condigna”, acredita o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, que lembrou ainda os investimentos efetuados nas acessibilidades e na proximidade digital,

“para serviços municipais mais presentes, de resposta mais célere e que facilitem o quotidiano dos munícipes”. “E falar da valorização do nosso território é falar da revisão do Plano Diretor Municipal, que tem sido um processo complexo e com ALGARVE INFORMATIVO #342

constantes alterações legislativas, mas em que todos devemos participar. Neste processo reivindicamos mais autonomia para uma melhor gestão do nosso território, pois não são as 26 entidades que dão os pareceres para a revisão do PDM que conhecem ou defendem melhor o nosso território do que os autarcas. Se a Câmara Municipal tivesse mais competências na gestão territorial, seria certamente mais eficaz no combate à desertificação do interior e na 30


melhoria da sua atratividade”, declarou Vítor Guerreiro. No seu discurso, o autarca falou ainda da valorização e defesa da serra e das gentes do concelho, na valorização turística do património material e imaterial, nos investimentos realizados em torno da Proteção Civil e defesa da floresta e no apoio ao desenvolvimento económico, às empresas e ao comércio são-brasenses. “Nos dias de hoje, e

ao fim de mais de um século, São Brás de Alportel afirma-se no panorama nacional e internacional como um concelho de excelência 31

em diversas áreas. É uma referência de qualidade na educação, na cultura, nas respostas sociais, no ambiente, na valorização do património, no turismo, no desporto para todos, nas acessibilidades, na qualidade do espaço urbano, e em tantas outras áreas. Tudo isto só é possível, porque somos um exemplo de uma comunidade Inclusiva, Solidária, Dinâmica, Resiliente, Tolerante. Porque os são-brasenses estão presentes, e com orgulho honram os seus ALGARVE INFORMATIVO #342


antepassados e o seu concelho, quer aqueles que estão cá, na sua terra natal, quer aqueles que elevam e dignificam o nome de São Brás de Alportel nas comunidades portuguesas onde estão inseridos nos quatro cantos do mundo”, enalteceu Vítor Guerreiro. “Juntos vamos continuar o caminho de desenvolvimento sustentável do nosso concelho, construindo dia-a-dia o futuro que vamos deixar para os nossos filhos e netos”, finalizou. A insígnia dos Bons Serviços foi entregue a 14 funcionários que já completaram 25 ou mais anos ao serviço do Município de São Brás de Alportel e da sua comunidade, nomeadamente, Ana Paula Guerreiro, Arlindo Martins, Catarina Cunha, Célia Silva, Ema Pinto, Filipe Gago, Flora Tomé, Luís Martins, Maria Custódia Reis, Maria de Fátima Guerreiro, Maria Margarida Ramos, Nélia Ramos, Paulo Brito e Valdemar Rosário. A este emotivo momento seguiu-se a entrega da insígnia de Valor e Altruísmo a Gilberto Jacinto Rodrigues, um bracarense de berço que se tem dedicado à solidariedade na terra em que escolheu viver, sendo responsável pela criação e coordenação da Cáritas Paroquial de São Brás de Alportel. As insígnias de mérito começaram por ser entregues a duas personalidades que se têm distinguido na área da comunicação social, nomeadamente: Catarina Neves, jornalista da SIC, com um percurso notável que integra teatro e ALGARVE INFORMATIVO #342

cinema; e Rui Marcelino Viegas, voz incontornável da Rádio Renascença. A insígnia de mérito foi igualmente atribuída a duas personalidades que se notabilizaram na área da saúde, nomeadamente, aos médicos Celso Guerreiro Barbosa, a título póstumo; e Renato dos Santos. Dora Gago, escritora e professora associada de Literatura, diretora e vice-diretora do Departamento de Português da Universidade de Macau, recebeu a insígnia de mérito pelo contributo que tem dado na promoção da língua portuguesa em vários cantos do mundo. Em ano de comemoração dos 100 anos da primeira travessia aérea sobre o Atlântico Sul, o Município pretendeu 32


reconhecer também personalidades que deram continuidade ao exemplo de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, na terra e no mar. Fernando Lopes, piloto comandante da TAP, com muitos milhares de milhas de voo em longo curso, sobre o Atlântico, recebeu a insígnia de mérito pelos seus 41 anos de carreira aeronáutica. José Francisco Ventosa, Capitão de Mar e Guerra, que inúmeras vezes liderou missões navais, recebeu a insígnia de mérito pelos 43 anos que dedicou ao serviço da Marinha Portuguesa e à defesa nacional e que mereceram várias condecorações a nível nacional. O casal José Passos de Carvalho e Maria Umbelina de Almeida Montalvão Machado Passos de Carvalho recebeu a insígnia de mérito a título 33

póstumo em reconhecimento pelo valoroso contributo para o conhecimento científico. A parte da tarde foi abrilhantada por mais uma Festa da Criança, no Jardim Carrera Viegas, para além da tradicional romagem ao Mausoléu do Fundador do Concelho, João Rosa Beatriz e da inauguração da exposição «Por mares nunca dantes navegados», em comemoração do 1.º Centenário da Primeira Travessia Aérea sobre o Atlântico Sul. O programa terminou, à noite, com o concerto da fadista Sara Correia, antecedido por uma homenagem solidária com a comunidade ucraniana . ALGARVE INFORMATIVO #342


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OLHÃO JÁ TEM NÚCLEO DE PLANEAMENTO E INTERVENÇÃO SEM-ABRIGO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ealizou-se, no dia 2 de junho, a cerimónia de assinatura do protocolo de parceria entre as entidades pertencentes à Rede Social de Olhão para a constituição do NPISA – Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Olhão, ALGARVE INFORMATIVO #342

designadamente, o Município de Olhão, o Centro Distrital de Faro da Segurança Social, a Administração Regional de Saúde do Algarve, a Delegação do Algarve do Instituto do Emprego e Formação Profissional, a Procuradoria de Faro do Ministério Público, a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública, a Polícia Municipal de Olhão, a Direção Geral de Reinserção e 36


Serviços Prisionais, a Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão, as Delegações de Moncarapacho-Fuseta e de Olhão da Cruz Vermelha Portuguesa, o Grupo de Bem Fazer Celeiro de Amor e o MAPS – Movimento de Apoio à Problemática da SIDA. Recorde-se que, em 2021, o Município de Olhão procedeu a um levantamento das pessoas em situação de sem-abrigo, tendo sido identificados 62 casos nestas condições em Olhão. Foi depois aprovada a constituição do NPISA de Olhão, que envolve 14 entidades locais e regionais e cujo objetivo principal é estabelecer um trabalho articulado e integrado, com vista 37

à promoção das condições de autonomia e do exercício de cidadania da população em situação de sem-abrigo. “São

pessoas que estão numa situação muito vulnerável e é preciso trabalhar de forma diferente e articulada para as ajudar. Este é apenas o início de algo que o Município de Olhão já vinha a querer preparar há algum tempo e tenho que agradecer aos nossos colaboradores dos Serviços de Ação Social, porque são mais do que funcionários, são voluntários com um espírito de missão”, ALGARVE INFORMATIVO #342


enalteceu António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão. O momento foi considerado muito importante por Margarida Flores, Diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, “porque

reconhecemos e passamos a ver, com olhos de ver, as pessoas que vivem na rua, por sua própria opção ou por contingências da vida”. “Estamos a falar essencialmente de respeito e de direitos humanos. Sabemos que há pessoas que, por exemplo, estiveram presas e não querem voltar a viver entre quatro paredes, outros casos originam em questões de saúde mental. Há ALGARVE INFORMATIVO #342

pessoas perfeitamente pacíficas, outras não, e espero que, em breve, estejamos também a assinar um protocolo para a criação de apartamentos partilhados”, indicou. Margarida Flores sublinhou igualmente o papel das IPSS’s e do Instituto do Emprego e Formação Profissional “para que estas pessoas tenham um futuro” e falou das

“mochilas interessantes que elas trazem consigo”. “Há pessoas com dependências, depressões, e é preciso encontrar mediadores para lidar com elas. O MAPS, por exemplo, integra nas suas equipas pessoas que já viveram, elas próprias, em situação de semabrigo, porque é difícil perceber o 38


que elas sentem e pensam. Elas veem-se como invisíveis”. A Diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social avisou que o recémcriado NPISA de Olhão vai ter muitos insucessos, mas acredita que também terá a sua quota-parte de sucessos.

“Algumas pessoas passaram pelos apartamentos partilhados e, com o auxílio do Instituto do Emprego, dos Municípios e das IPSS’s, já estão a trabalhar e a sustentar o seu próprio alojamento. Mais importante do que tirar a pessoa da rua é tirar a rua da pessoa, mas este trabalho precisa ser feito por todas as entidades que estão aqui nesta sala e sempre respeitando a pessoa”, salientou Margarida Flores. “Uma pessoa que encontrei numa ação à noite do MAPS em Quarteira só tinha a roupa do corpo e a mochila cheia de livros. Há várias bibliotecas do Algarve que acolhem todos os seus dias, entre os seus utentes, pessoas em situação sem-abrigo que vão ler livros, que depois vão comer à cantina social e que à noite dormem na rua. É o seu modo de vida”, descreve, alertando que “existe uma linha muito ténue que nos separa entre a certeza de ter uma cama, roupa lavada e comida na mesa e viver em situação de semabrigo”. “Há pessoas que não vamos conseguir tirar da rua, 39

outras vamos ajudar a dar o primeiro passo para terem uma vida melhor, o que demonstra que somos uma sociedade que se preocupa com os seus cidadãos”, terminou a Diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social. O recém-criado NPISA terá como principais competências, ao nível do planeamento, a elaboração do diagnóstico local sobre o fenómeno das pessoas em situação de sem-abrigo, como contributo para o diagnóstico da rede social e base de planificação da sua atividade; a identificação e mobilização dos recursos necessários à resolução do problema, através da sistematização de um guia de recursos local; a planificação das atividades nesta área, através da construção de um plano de ação, para conjugação de esforços e rentabilização de recursos na resolução do problema; a identificação das necessidades de formação das equipas e programação da mesma; e a realização de relatórios de atividades anuais. No que diz respeito à intervenção, deverá coordenar os encontros para análise e atribuição de casos de acordo com os diagnósticos e necessidades apresentadas; promover a articulação entre as entidades públicas e privadas visando a conjugação e rentabilização de recursos; monitorizar os processos; assegurar a articulação com equipas de supervisão e avaliação externa; e promover ações de sensibilização/educação da comunidade para as questões da inserção relativamente à população em situação de sem-abrigo .

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FESTIVAL SARGO DA COSTA VICENTINA FOI UM SUCESSO E É PARA REPETIR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Município de Vila do Bispo ljezur e Vila do Bispo dinamizaram, de 20 a 29 de maio, o primeiro Festival Sargo da Costa Vicentina, que contou com diversas experiências gastronómicas e ações de sensibilização junto dos mais novos e cujo sucesso lhe garantiu já a realização de nova edição em 2023. Durante 10 dias, os restaurantes aderentes apresentaram menus ALGARVE INFORMATIVO #342

dedicados ao sargo da Costa Vicentina, proporcionando aos seus clientes pratos de autor, degustações e workshops de cozinha. Para além destas experiências, o evento promoveu as Jornadas do Sargo da Costa Vicentina, no Centro Interpretação da Lota de Sagres, onde se discutiram as estratégias para a promoção e valorização do sargo desta região, fomentando a pesca artesanal sustentável e o aumento do potencial turístico da região, e promovendo assim o desenvolvimento sustentável da Costa Vicentina. Foram igualmente dinamizadas ações de sensibilização nas 42


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ALGARVE INFORMATIVO #342 Pedro Valadas Monteiro, Rute Silva e José Gonçalves


escolas, como a palestra «Sargo na Costa Vicentina», destinada a alunos dos concelhos de Aljezur e Vila do Bispo, para abordar os ecossistemas marinhos e biodiversidade, o sargo, a importância da pesca na Costa Vicentina, as ameaças e importância da sustentabilidade. Já o concurso «Eu Vi um Sargo» desafiou as escolas do 1.º ciclo a apresentarem trabalhos sobre o Sargo da Costa Vicentina, que estiveram patentes para visualização no Centro Interpretação da Lota de Sagres. O projeto é, como se adivinha, do agrado de Rute Silva, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, por contribuir para a valorização do sargo enquanto produto endógeno e diferenciado, à semelhança do que sucede, por exemplo, com a batata-doce de Aljezur e o percebe de Vila do Bispo. ALGARVE INFORMATIVO #342

“O sargo é o peixe-rei da Costa Vicentina, a espécie de peixe mais icónica dos nossos mares litorais, considerando a sua abundância, qualidade, significado sociocultural, tradição gastronómica, valor económico e potencial turístico. Tal como as outras espécies de pescado e de marisco dos nossos mares, o sargo beneficia de um excecional contexto geográfico e ambiental que lhe proporciona habitats ideais e de elevada disponibilidade nutricional, em águas limpas e alimentadas por influências mediterrânicas, atlânticas e norteafricanas”, descreve a edil vilabispense. 44


Segundo Rute Silva, o Projeto VALSARGO “vem preencher um

vazio temático num período do ano menos densificado em termos populacionais, criando uma alternativa sustentável à sazonalidade dos tradicionais fluxos turísticos da nossa região”. “Porque somos gentes do mar, nesta terra de mar feita, aqui onde a terra se acaba e o mar começa, à vista do Cabo de São Vicente, manifesto todo o meu interesse, motivação e disponibilidade para, conjuntamente com todos os

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parceiros envolvidos, trabalharmos para que esta iniciativa se afirme nos próximos anos no calendário cultural e gastronómico do Algarve”, assumiu a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo no arranque das Jornadas do Sargo da Costa Vicentina, que ocorreram no dia 21 de maio, deixando ainda um desafio aos restaurantes aderentes para

“explorarem a superior qualidade desta espécie de pescado com abordagens mais diferenciadas e contemporâneas, cruzando saberes e sabores locais com influências transcontinentais da portugalidade além-mar”.

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Parceiro no Festival Sargo da Costa Vicentina é igualmente o Município de Aljezur, para quem trabalhar em rede é fundamental, com José Gonçalves a realçar a participação das universidades nestes projetos. “É lá que está o

ensino, a ciência e o conhecimento, é lá que se podem estudar, de forma aprofundada, estas matérias. Todos conhecemos e reconhecemos o valor do sargo enquanto produto gastronómico, mas esta costa maravilhosa tem uma enorme variedade de pescado que deve ser estudada e valorizada, para tornarmos a pesca atual mais sustentável”, defendeu o edil aljezurense. “Na Arrifana e Carrapateira predomina a pesca ALGARVE INFORMATIVO #342

artesanal e isso obriga-nos a pensar nas políticas a implementar no futuro, inclusive em encurtar os circuitos que levam o pescado aos nossos pratos”. O presidente da Câmara Municipal de Aljezur lembrou ainda que a gastronomia marca cada vez mais os destinos turísticos, pelo que os territórios se devem afirmar pelos seus produtos de excelência e sempre com a preocupação na sustentabilidade. Presente nas Jornadas esteve igualmente Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, para quem áreas protegidas como os concelhos de Aljezur e Vila do Bispo precisam ter um turismo diferente, não massificado, de menor intensidade e que aposte na riqueza patrimonial. “É

muito importante, não só 46


apregoarmos que temos o melhor de qualquer coisa, mas que isso seja consubstanciado pelo estudo científico e que os produtos sejam certificados. Temos que chamar a academia para dar apoio e o envolvimento das autarquias e das associações é fundamental para conseguirmos criar esta estratégia holística. E assim poderemos ter uma atividade económica que seja geradora de riqueza e que continue a proteger os valores ecológicos”, sublinhou, recordando que a pesca é uma atividade fortemente regulada. “Mas o próprio turista está

cada vez mais preocupado na forma como é produzido aquilo que consome e como é que as

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autoridades locais fazem uma gestão sustentável dos recursos naturais. E este festival é importante para se caminhar para o tal turismo diferenciado, ao juntar as várias componentes desta cadeia de valor”, entende. Pedro Valadas Monteiro mostrou-se ainda convicto de que este evento vai ser uma imagem de marca deste território, a par de outros como o Festival da BatataDoce de Aljezur e o Festival do Percebe de Vila do Bispo. “Queremos uma

região mais sustentável onde temos turismo, agricultura e pescas, onde cada sector puxe pelos outros. O turismo só pode diferenciar o seu produto se apostar mais nos recursos

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endógenos e a agricultura e as pescas depois sofrem do efeito de alavancagem oferecido pelo turismo”, indicou o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. “Nesta Costa Vicentina temos condições de eleição para desenvolver projetos interessantíssimos que liguem o território, os recursos endógenos e o turismo, para ser um «laboratório» para testar projetos-pilotos que depois possam ser replicados noutras zonas do Algarve. Se aqui conseguirmos demonstrar que é possível seguir um determinado caminho e um modelo de desenvolvimento que dá dinheiro a ganhar aos vários operadores económicos e preserva, em simultâneo, o território, isso poderá depois ser aplicado em locais onde está mais enraizado outro modelo de desenvolvimento e onde as resistências à mudança poderão ser maiores. Mas a mudança tem que ser feita, porque precisamos de um Algarve mais equilibrado e harmonioso”, reforçou Pedro Valadas Monteiro. No dia 28 de maio realizou-se a sessão de encerramento, na sede da Associação dos Pescadores do Portinho da Arrifana e Costa Vicentina, que contou com a presença de José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Aljezur, Rute Silva, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Rui Manuel ALGARVE INFORMATIVO #342

Marreiros de Jesus, representante da Associação Pescadores da Arrifana e Costa Vicentina, Isabel Ferreira, representante da Docapesca, e Tiago Verdelhos, da Universidade de Coimbra, que apresentou as próximas ações do projeto VALSARGO. O momento integrou também a entrega de prémios do concurso «Eu Vi um Sargo», cujos grandes vencedores foram os alunos que frequentam a Atividade de Enriquecimento Curricular (AEC) de Ambiente do 3.º ano do Centro Educativo Comunitário Multiserviços de Budens. O Festival resultou de uma parceria com a Universidade de Coimbra no âmbito do projeto «VALSARGO – Valorização do Sargo da Costa Vicentina», cofinanciado pelo Programa Operacional MAR2020, através do GAL Pesca do Barlavento do Algarve, com vista à promoção e valorização do Sargo da Costa Vicentina, fomentando a pesca artesanal e o aumento do potencial turístico da região, tendo por base um profundo conhecimento sobre o produto a valorizar, através de investigação científica de excelência, e na avaliação das suas potencialidades nos mercados turístico e dos produtos de pesca. Este projeto encontra-se em desenvolvimento nos concelhos de Aljezur e Vila do Bispo, contando com o apoio destas autarquias, e pretende estabelecer uma estreita ligação com os principais agentes locais, nomeadamente, associações de pescadores, profissionais do turismo e restauração e comunidade escolar. Para além do Festival Sargo da Costa Vicentina, o projeto VALSARGO contempla também um conjunto de iniciativas de promoção do sargo desta 48


região que incluem a elaboração de estudos científicos sobre a pesca do Sargo e das suas propriedades nutricionais, a criação de um guia de 49

oportunidades de negócio, e a implementação de ações marketing e promoção do Sargo da Costa Vicentina a nível nacional e internacional . ALGARVE INFORMATIVO #342


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VINHO, GASTRONOMIA E ENOTURISMO EM DESTAQUE EM MAIS UM «LAGOA WINE EXPERIENCES» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Lagoa edição de 2022 do «Lagoa Wine Experiences» deu o pontapé de saída no dia 28 de maio e pelo terceiro ano consecutivo vai dar a conhecer, ao longo de sete meses, os melhores vinhos que se produzem no concelho e a sua oferta de enoturismo, através de sete sessões que prometem não deixar os visitantes indiferentes. Depois do sucesso alcançado em 2021, ALGARVE INFORMATIVO #342

onde mais de metade das sessões estiveram esgotadas, o Município de Lagoa volta a apostar neste evento com visitas aos produtores Arvad, Dona Niza Wines, Dos Santos, Monte dos Salicos, Morgado do Quintão, Quinta da Palmeirinha, Quinta dos Capinhas, Quinta dos Vales e ÚNICA. A primeira sessão iniciou-se com a visita à Quinta dos Vales, um produtor pioneiro na aposta no enoturismo que atualmente apresenta um leque alargado de serviços 52


numa propriedade onde a arte e o vinho se promovem em conjunto. O almoço foi servido na ÚNICA – Adega Cooperativa do Algarve e o período da tarde foi passado no Morgado do Quintão, um produtor estabelecido numa propriedade histórica, integrada num ambiente rural e que privilegia a produção de vinhos exclusivamente de castas tradicionais do Algarve. O «Lagoa Wine Experiences» tem por objetivo promover os vinhos de qualidade que se produzem no concelho junto da hotelaria, da restauração local e da população em geral e sensibilizar para a importância de fomentar o consumo dos produtos locais junto dos turistas, portugueses e estrangeiros, que escolhem Lagoa como seu destino de férias. O evento enquadra-se nas políticas municipais de apoio às empresas e

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valorização da produção local, considerando a Autarquia de Lagoa que o enoturismo é uma área estratégica que muito contribui para diversificar a economia e mitigar a sazonalidade do turismo. “O vinho faz parte da

cultura e da identidade do nosso território, com uma história ancestral de produção que queremos manter viva. Para além disso, contribui de forma muito positiva para a promoção dos destinos turísticos e o turismo impacta, direta ou indiretamente, cerca de 90 a 95 por cento na economia do nosso concelho”, indicou Luís Encarnação, Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, acrescentando que reforçar a fidelização de quem visita Lagoa e o Algarve se torna

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mais fácil com o auxílio do vinho e da excelente gastronomia da região, complementando-se assim às praias, campos de golfe ou atividades de natureza. “Estamos a criar

experiências únicas para os turistas”, frisa. Vinhos do Algarve que, num passado não muito longínquo, não eram famosos pela sua qualidade, mas o cenário inverteu-se nas últimas décadas, fruto do trabalho realizado pelos produtores, pela ALGARVE INFORMATIVO #342

Comissão Vitivinícola do Algarve e pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, na opinião de Luís Encarnação. “Em Lagoa, procuramos

alavancar este sector de atividade e dar-lhe a notoriedade de que necessitava, através de iniciativas como o «Lagoa Wine Experiences». Quando, em 2016, Lagoa foi Cidade do Vinho, existiam três produtores de vinho. Neste momento são cerca de uma 54


dezena, mais que triplicamos o número em apenas seis anos”, destaca o autarca. “Estamos no bom caminho, embora ainda haja muito por fazer”. As restantes sessões realizam-se nos dias 25 de junho, 9 de julho, 6 de agosto, 10 de setembro, 15 de outubro e 12 de novembro, limitadas a um máximo de 40 participantes, e «desenhar» o programa dá trabalho, mas é uma tarefa fácil devido à qualidade dos produtores de vinho de Lagoa. “Queremos criar

percursos itinerários do ponto de vista do enoturismo para que os players percebam o potencial de uma atividade que ainda está por

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explorar. A ideia é envolver produtores, unidades hoteleiras, operadores turísticos, empresários da restauração, para além dos próprios turistas, para que, no futuro, seja o próprio mercado a dinamizar estas experiências, com todas as mais-valias que isso trará para as empresas e para a região”, explica Luís Encarnação. “O nosso objetivo é que estas experiências se possam desenvolver sobretudo na época média e baixa e o certo é que a maior parte das sessões tem lotação esgotada”, conclui o presidente da Câmara Municipal de Lagoa .

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PORTIMÃO ARENA FOI PALCO DE MAIS UMA TAÇA DO MUNDO DE GINÁSTICA RÍTMICA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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om uma pontuação total de 123 mil e 600 pontos após as rondas de qualificação com o Arco, Bola, Maças e Fita, a israelita Adi Asya Katz, de 18 anos, conquistou em Portimão o seu primeiro grande título internacional, três anos após se ter afirmado como uma estrela em ascensão ao arrecadar três medalhas no Campeonato do Mundo de Juniores de 2019. O feito foi agora alcançado na Taça do Mundo de Ginástica Rítmica que se disputou, de 27 a 29 de maio, no Portimão Arena, ao obter mais uma medalha de ouro com o Arco e duas medalhas de pratas com a Bola e Clubes, ALGARVE INFORMATIVO #342

nas finais de aparelhos, perfazendo um total de seis medalhas. Os títulos mundiais de Bola e Maças foram para a alemã Daria Varfolomeev, que já tinha vencido, na semana anterior, a World Challenge Cup de Pamplona, na vizinha Espanha. A jovem de 15 anos, que introduziu letras de sincronização labial para performances rítmicas, deixou Portugal com mais quatro medalhas em seu nome, incluindo as medalhas de prata em Arco e All-Around. A medalha de bronze de All-Around, a búlgara Eva Brezalieva, conquistou o ouro em Fita e uma medalha de bronze com o Arco. As norte-americanas Evita Griskenas e Lili Mizuno e a búlgara Magdalina Minevska obtiveram as medalhas de bronze em 60


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Fita, Bola e Maças, respetivamente, ao passo que a israelita Alona Hillel levou para casa a medalha de prata com a Fita. Nos grupos, Israel conquistou o ouro com Romi Paritzki, Amit Hedvat, Shani Bakanov, Diana Svertsov, Ofir Shaham e Adar Friedmann, que levaram a melhor sobre as espanholas Ana Arnau Camarena, Ines Bergua Navales, Patricia Perez Fos, Valeria Marquez, Mireia Martinez e Salma Solaun. Uma vitória que se repetiu nos cinco Aros. México, com Dalia Alcocer, Nicole Cejudo, Sofia

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Flores, Quénia Hernandez, Kimberly Salazar e Adirem Tejeda, conquistou o título com as três Fitas e duas Bolas e o bronze com os cinco Arcos. A terceira medalha de Espanha foi obtida com as três Fitas e duas Bolas. Quanto à formação da Polónia constituída por Mariia Balakina, Liwia Krzyzanowska, Madoka Przybylska, Magdalena Szewczuk, Julia Wierzba e Julia Wojciechowska, levou para casa medalhas de bronzes no All-Around e com as Fitas e Bolas .

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PORTIMÃO BOX CUP JUNTOU PROMESSAS DO BOXE DE OITO PAÍSES Texto: Daniel Pina | Fotografia: João Pelica e Afonso Pelica

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Pavilhão Gimnodesportivo de Portimão recebeu, de 13 a 15 de maio, a segunda edição da «Portimão Box Cup», que reuniu em Portimão 265 atletas provenientes de oito países, em masculinos e femininos e em todos os escalões etários. O maior torneio de boxe olímpico do Algarve e um dos maiores do país junta jovens promessas às elites da arte de «esgrimar com os punhos», numa organização da Escola de Boxe de Portimão, com o apoio institucional do Município de Portimão, Freguesia de Portimão, Instituto Português do Desporto e Juventude e Associação de Boxe do Algarve, que proporcionou três dias de muito espetáculo em que os pugilistas competiram em dois ringues em simultâneo. ALGARVE INFORMATIVO #342

O evento foi projetado por Carlos André Reis para que os seus atletas tivessem a oportunidade de competir, em Portugal, num nível de exigência mais elevado, com vista à maximização das suas capacidades através de novos desafios, enfrentando múltiplos adversários em diferentes estilos e estratégias, o que lhe possibilita uma maior progressão e amadurecimento enquanto pugilistas. “A

ideia deste torneio passa por dar aos clubes nacionais a possibilidade de colocar os seus atletas a jogar com atletas estrangeiros, apostando na sua formação, mas também na sua promoção para fora do país”, explica o responsável da Escola de Boxe de Portimão .

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BAILADO INSPIRADO NO «MEMORIAL DO CONVENTO» DE JOSÉ SARAMAGO ESTREOU NO CINETEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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os rasgos de três histórias de personagens díspares – de D. João V e a sua promessa de erigir um Convento colossal, de Frei Lourenço e o seu sonho de voar, e de Baltasar e Blimunda que mais não querem senão a simplicidade do amor que os une – surge uma fluência narrativa única provocada pelos acontecimentos que cruzam as suas vidas e que questionam a mais complexa atitude humana: a vontade. “As três histórias outrora

relatadas pela escrita intensa, hábil e perturbadora de Saramago, ALGARVE INFORMATIVO #342

aparecem aqui numa adaptação multidisciplinar que ilustra a contemporaneidade inesgotável de uma obra única e que se revela pela palavra tornada dança”, descrevem Solange Melo e Fernando Duarte, responsáveis pela Direção Artística de «Memorial do Convento – bailado em III atos» que estreou, no Cineteatro Louletano, no dia 4 de junho. Com Dramaturgia e Coreografia de Fernando Duarte e Curadoria Musical a cargo de Martim Sousa Tavares, «Memorial do Convento – bailado em III atos» da «Dança em Diálogos» teve Figurinos de José António Tenente, 96


Cenografia de Pedro Crisóstomo, Imagem Cinematográfica de Pedro Castanheira e Desenho de Luz de VJ. No que toca à interpretação, foi magistralmente executada por Margarida Trigueiros, Joshua Feist, Pedro António Carvalho, Valentina Codinha, João Reis e Fernando Duarte, com a participação em filme de Solange Melo e dos alunos finalistas da Escola de Dança do Conservatório Nacional, em programa FCT, Ana Clara Mendonça, Catarina Gonçalves, Catarina Palma, Inês Fernando, Maria José Borges, Francisco Maduro, Gaspar Ribeiro, José Maria Borges, Lucas Ribeiro e Tomás Silva. «Memorial do Convento – bailado em III 97

atos» é uma produção da «Dança em Diálogos», com coprodução do Cineteatro Louletano, Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão e Teatro José Lúcio da Silva, apoio à criação da Direção-Geral das Artes, República Portuguesa/Cultura e com o apoio Institucional da Fundação José Saramago, Escola de Dança do Conservatório Nacional, RTP 2 / Antena 2. Contou igualmente com apoio à criação através de Residências Artísticas no Polo Cultural das GaivotasBoavista/Câmara Municipal de Lisboa, no Centro de Dança de Oeiras, no Estúdio LX Dance e no Estúdios Victor Córdon/OPART E.P.E. . ALGARVE INFORMATIVO #342


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TANGO ARGENTINO DELICIOU AUDITÓRIO CARLOS DO CARMO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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o dia 4 de junho, o Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, recebeu a «Festa do Tango» pelo La Porteña Tango, grupo de tango argentino que ao longo da sua vasta trajetória já gravou cinco cd’s e um DVD, produzidos pelo importante músico Litto Nebbia. Cenários de mais de 20 países e quatro continentes acolheram este espetáculo de enorme beleza visual e sonora e que é uma ALGARVE INFORMATIVO #342

preciosa homenagem a um dos géneros de música e dança mais belos e universais – El Tango. O grupo é constituído por Alejandro Picciano (Guitarra), Federico Peuvrel (Piano) e Matías Picciano (Bandoneón), tendo como cantora convidada Mel Fernandez e os bailarinos Carlos Guevara & Debora Godoy, David Suárez & Juana Escribano e Guillermo Henao & Gema Leiva . 112


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Os favores não se pedem, concedem-se! Paulo Cunha (Professor) endo, por definição, um serviço gratuito prestado ou recebido como prova de benevolência, de simpatia ou de bondade, sempre me causou alguma estranheza ouvir tanta gente a dizer publicamente que pediu um favor a fulano, sicrano ou beltrano. Da mesma forma, é também comum ouvir gente, aparentemente séria e com responsabilidades várias, a dizer que determinadas ações e realizações resultaram da troca de favores ou que, como favoreceu alguém, esse alguém lhe ficou a dever um favor que, a seu tempo, cobrará. Como explicar então a uma criança o que é efetivamente um favor e qual é a sua função social, quando lhe ensinamos a importância de usar a locução adverbial «por favor» como forma de mostrar cortesia e boa educação? Da mesma forma, a expressão «se faz favor» não altera o significado da frase a que se junta, mas atribui um tom de delicadeza e de deferência. Ora, como a delicadeza, o obséquio, a boa vontade e a cortesia não se vendem, também não se deveriam cobrar. Infelizmente, é cada vez mais comum depreciar e alterar o real significado do substantivo favor. Convencionou-se que prestar um favor é, alegadamente, ALGARVE INFORMATIVO #342

«meter uma cunha» por ou para alguém que a solicitou. Daí parecer ofensivo, e até de mau tom, dizer que favorecemos alguém. É óbvio que ao prestarmos um favor a alguém o estamos a favorecer, não tendo que nos justificar a ninguém por isso. Desde que não tenhamos dado preferência, ocultado os defeitos ou apresentado alguém melhor do que na realidade é em detrimento de outros, qual é então o mal de conceder um favor a quem gostamos e o merece? No que toca aos favores, entre o dar e o receber é preferível conceder a pedir. Aliás, tal como é hoje entendido o favor, é quase um motivo de submissão e de dependência saber que alguém nos encara como devedores. É claro que nem todos entendem a concessão de um qualquer favor da mesma forma. É por isso que ainda há gente a quem podemos, efetivamente, chamar amigos. Que não necessita que lhe peçamos seja o que for para nos prestar o favor que, numa determinada altura, possamos vir a precisar. São os tais que oferecem pelo prazer de dar em contraponto com todos aqueles que medem o seu poder pelos favores que concedem. É, sem qualquer margem para dúvida, o melhor indicador que a vida nos dá em relação a quem nos merece e quem, efetivamente, merecemos. Com o seu ar bonacheirão e bem-disposto, já dizia o 126


saudoso Raul Solnado quando se despedia do seu público: “Façam o favor de ser felizes!”. Não poderia estar mais de acordo com tal desejo. Façamos o favor a nós próprios de favorecer quem merece e a vida far-nos-á, por certo, o favor de nos conceder muitos momentos de felicidade! E há lá melhor? . 127

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Quinquagésima quarta tabuinha - Joelho (XII) Ana Isabel Soares (Professora Universitária) m janeiro de 1818, o poeta romântico Percy Shelley fazia publicar, no Examiner, um semanário de Londres, um soneto a que chamou «Ozymandias». A horizontalidade dos catorze versos cede à espiral da sequência narrativa: a primeira voz começa por dizer ao leitor “Conheci um viajante...”; depois, avança através das palavras desse personagem, que conta que estão no deserto. “Duas enormes pernas de pedra, sem o tronco” e perto delas “um rosto despedaçado” ainda a exibir os traços de um poder perdido, trejeitos de “frio comando” – trejeitos, traços, rosto, tudo naquela ruína de estátua «fala» da habilidade e do génio do escultor, que soube captar tais furores; e, antes do comentário derradeiro (enunciado nos últimos dois versos e meio pelo narrador que abrira o poema), o pedestal revela o que terá sido um clamor atemorizante: “O meu nome é Ozymandias, Rei dos Reis; Olhai para a minha Obra, Poderosos, e desesperai!”. Nada mais restou entre as areias do deserto, inabitadas, a estender-se no infinito.

Pode ser comparado a um outro, contemporâneo, que Horace Smith compôs, desafiado por Shelley, e publicou três semanas depois do do seu amigo. Ambos se referem à ruína, à decadência de um poder ilusório, que o tempo trata de esvaziar e tornar impotente. Mas Smith sustenta toda a ironia do vão poder na perna que resiste, ao passo que Shelley a distribui pelas duas pernas e pelo que resta da expressão do rosto, na pedra carcomida. Smith canta a uma voz só, enquanto Shelley espalha por um coro de quatro vozes a surdez e a inutilidade do comando. Faz dia 8 de julho duzentos anos que Shelley morreu, afogado no trajeto entre Livorno e Lerici – a sua estátua jacente está em Oxford, é o corpo em pedra de um afogado: deitado de lado, é como se só estivesse adormecido, a paz no rosto, as mãos e o sexo pendidos, e os joelhos, perfeitamente unidos, fitam o mundo onde o olhar já cegou .

É um dos mais belos e potentes poemas sobre o vazio do poder, a «vã glória de mandar», a ironia e a vitória da morte. ALGARVE INFORMATIVO #342

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Foto: Vasco Célio

I met a traveller from an antique land, Who said—“Two vast and trunkless legs of stone Stand in the desert... Near them, on the sand, Half sunk a shattered visage lies, whose frown, And wrinkled lip, and sneer of cold command, Tell that its sculptor well those passions read Which yet survive, stamped on these lifeless things, The hand that mocked them, and the heart that fed; And on the pedestal, these words appear: My name is Ozymandias, King of Kings; Look on my Works, ye Mighty, and despair! Nothing beside remains. Round the decay Of that colossal Wreck, boundless and bare The lone and level sands stretch far away. (Percy Bysshe Shelley)

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In Egypt's sandy silence, all alone, Stands a gigantic Leg, which far off throws The only shadow that the Desert knows:— “I am great OZYMANDIAS,” saith the stone, “The King of Kings; this mighty City shows The wonders of my hand.”— The City's gone,— Naught but the Leg remaining to disclose The site of this forgotten Babylon. We wonder, — and some Hunter may express Wonder like ours, when thro’ the wilderness Where London stood, holding the Wolf in chace, He meets some fragment huge, and stops to guess What powerful but unrecorded race Once dwelt in that annihilated place. (Horace Smith)

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Notas Contemporâneas [42] Adília César (Escritora) Mas para que insistir? A Natureza mesma desta poesia não suporta os comentários. Intolerável seria um jardim onde cada flor tivesse preso à haste o grosso capítulo da botânica que a explica e descreve. Prefácios para versos sinceros são infinitamente arriscados. Quando se quer mostrar a beleza de um cristal, movendo-o muito com os dedos – quase sempre se finda por lhe empanar a transparência e o brilho casto. Eça de Queirós (1845-1900), in Notas Contemporâneas (1909, obra póstuma) NSISTIR no que for sombrio, dúbio, questionável. É necessário arrebatar soluções cristalinas, pensamentos coerentes. Desatar nós, esticar linhas até ao limite do impossível. E, todavia, as percepções do quotidiano são sorrateiras, como as osgas que se infiltram, dissimuladas, nos esconderijos do lar. Mas também são absolutamente necessárias para desmascarar a veemente imprudência de se acreditar em tudo o que parece ser verdadeiro (refiro-me às percepções do quotidiano, não às osgas). Insisto, portanto. * A OSGA submeteu-se à minha aprovação, bem agarrada à lombada do livro Ângulo Morto de Luís Quintais. Bem escolhido, sem dúvida. Eu própria já o li três vezes e descubro sempre algo questionável: assim é o poder da poesia. Apressei-me a iniciar o diálogo, mas o bicho pareceu perder o interesse e, veloz, desapareceu atrás de uma prateleira de livros de poesia. Imaginei o destino de um ou dois insectos que ALGARVE INFORMATIVO #342

também habitassem aquela rectidão literária de madeira e papel. Foram, com certeza, engolidos, sem apelo nem agravo, que é para isso que as osgas servem: para engolir criaturas mais pequeninas e indefesas do que ela. É uma questão de sobrevivência. * COM A CRÍTICA LITERÁRIA passa-se exactamente a mesma coisa: a osga engole os insectos, sendo que a osga é um intelectual muito competente e os insectos... Bem, para sabermos o que eles de facto são, teremos de ler as críticas ou os prefácios dos seus livros. Tudo isto é uma grande tragédia humana, já que, tanto as críticas como os prefácios podem induzir-nos em erro sobre o carácter genuíno dos poemas a que se referem. É sempre preferível tomar atenção às primeiras águas da nossa leitura e só depois fazer outras barrelas com as percepções alheias sobre aquela obra. E, por fim, enxugar bem o livro e perfumá-lo com uma ou outra afirmação intelectual de valor. Que também as há, valha-nos isso. 130


* MAS O CLICHÉ está na ordem do dia, nas redes sociais e não só: o cliché abundante, oco, breve e… ternurento. Que doce felicidade não ter que ler mais do que duas linhas de texto, meia dúzia de versos pouco exigentes, aos quais se seguem entusiásticos elogios dos ingénuos leitores. Mas será que os autores e os leitores são assim tão ingénuos? * O CARINHO que os autores procuram nas manifestações dos seus leitores devia ter outro nome. Na verdade, os primeiros desejam ouvir frases redondas de efeito por parte dos segundos, julgando que, deste modo, apaziguam a sua ansiedade durante o processo de testagem da obra. Validar ou não a escrita alheia é um acto de coragem, mas ninguém quer ofender o autor, certo?

Camões”. Em traços gerais, eu concordo com ele. *

* O CRÍTICO teria aqui um papel essencial na educação literária do público, não enquanto mediador do gosto, mas na qualidade de intelectual que aprofunda conhecimento e esclarece dúvidas, tornando o leitor mais competente para o acto de leitura seguinte. Somos livres de ler o que quisermos e de gostarmos seja do que for, mas também é verdade que nos enganamos de vez em quando e perdemos demasiado tempo a ler livros que deveriam estar fechados a sete chaves no baú da vergonha. Paulo Rodrigues Ferreira afirma que: “O pior que tem acontecido à literatura é precisamente esta medíocre proletarização da vida intelectual, este achar que um estagiário faz o papel de Barthes, que um qualquer poeta de subúrbio vem de repente substituir 131

NA VERDADE, a osga é um bicho admirável e eu não devia sentir tanta repulsa. É esquiva e praticamente invisível, escondida num ângulo morto da estante. Poderá até tornar-se um óptimo animal de estimação, barato e útil. Gosta de ler e, por enquanto, não critica nem escreve prefácios, apesar da ambição intelectual que a consome. Por agora, a estante de livros é a sua casa, mas a osga é uma criatura admirável e sabe que o mundo do conhecimento está ao seu alcance. Eu também sei e, por enquanto, não critico nem escrevo prefácios, apesar da ambição intelectual que me consome. Estou tranquila, porque de vez em quando é-me dado ver a beleza do cristal, a transparência, o brilho casto de um poema. ALGARVE INFORMATIVO #342


Vamos valorizar e desenvolver as regiões do interior Fábio Jesuíno (Empresário) s regiões do interior são de grande importância para todos os países, sendo a sua valorização e desenvolvimento factores fundamentais para o crescimento sustentável e duradouro. Em Portugal, metade da população reside nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, que representa 5 por cento do território. Segundo os dados dos Censos 2021, nos últimos 10 anos aumentou o desequilíbrio na distribuição da população pelo território, ou seja, os municípios do interior perderam população em detrimento dos situados no litoral. Nos últimos anos têm existido várias medidas dos governos para promover uma política de coesão territorial que pretende valorizar o interior do país, através de incentivos para atração de investimentos empresariais, como a fixação de empresas, aumento da produção, promoção do empreendedorismo, atração de talento qualificado. Os municípios do interior também têm desenvolvido muitas iniciativas de valorização e desenvolvimento, desde a promoção da cultura, atração de empresas e investimentos, criação de parques industriais, mesmo com orçamentos muito limitados têm conseguido bons resultados. ALGARVE INFORMATIVO #342

É também importante valorizar as potencialidades das regiões do interior, sendo a qualidade de vida um dos grandes destaques, proporcionada pela qualidade ambiental, maior mobilidade, um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Outros factores são o custo de vida mais baixo, mais segurança, educação com mais qualidade e uma maior socialização. Um dos desafios para valorizar e desenvolver as regiões do interior passa por criar condições tecnológicas, como melhorar a cobertura de Internet. Boas condições de internet são um factor fundamental na actualidade. É claramente uma lacuna que inviabiliza a fixação de pessoas no interior. Este problema pode ser resolvido com a melhoria da cobertura móvel através de incentivos para instalação de antenas. Outro dos desafios são as acessibilidades, que ainda são muito deficitárias no interior, sendo fundamental a criação de novas estradas e melhorias das existentes, é também importante a aposta na ferrovia, como forma sustentável de transporte. Uma maior coesão territorial é um dos fatores mais importantes e determinantes para o desenvolvimento sustentável! .

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«Só te deixava os ossinhos»… Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) tradição já não é o que era! Espero que estejam preparados para mais uma discussão elevada sobre as questões verdadeiramente fraturantes desta vida. Esqueçam todos os outros debates e programas de opinião… aquilo que realmente importa, discute-se aqui. Portugal sempre foi um país que valorizou as suas tradições. Desde o fado ao cante alentejano, o português é um povo que em toda a sua auto maledicência consegue valorizar as lembranças de um passado glorioso, em forma de tradições. Algumas dessas tradições perdem-se no tempo e outras até se transformam. Decerto que por uma razão ou por outra, a dada altura das vossas vidas, tiveram de entrar numa oficina de automóveis. Eu não escrevo a pensar naquelas oficinas todas modernas, sem um pingo de óleo no chão e peças espalhadas por todos os lados à espera do dia em que possam fazer felizes um cliente, mas nas outras… as mais antigas. Se assim foi, suponho que tenham tido oportunidade de reparar que não são a mesma coisa. Os filósofos chamam-lhes de cortes epistemológicos. ALGARVE INFORMATIVO #342

Sabemos que, atualmente, nem toda a gente pode ser mecânico de automóveis. É preciso muito conhecimento e uma vasta panóplia de equipamentos e softwares para as mil uma marcas existentes no mercado. Mas, há uns anos, era uma profissão peculiar que exigia um património genético muito particular e estava sujeita a uma política de recrutamento espartana, capaz de criar inveja à legião estrangeira. Antes de mais é preciso realçar com alguma veemência que não se estudava para ser mecânico, nascia-se mecânico (ou chumbava-se uns anos na escola), e pronto! O mecânico atual tem um património genético diferente. São profissionais altamente qualificados, em constante aperfeiçoamento. Mas algures no processo de evolução desta profissão, houve um ramo que foi afetado por alguma síndrome que ditou o nascimento de uma nova espécie. Com esta evolução muito se perdeu e tristemente durante esta semana senti na pele ao entrar na oficina de um amigo meu. Senti na pele essa dura realidade assim que passei o portão daquela oficina de pessoal trabalhador, qualificado e amigo. Um arrepio pela espinha, algo não estava bem. Fiz questão de manifestar o meu desagrado alto e bom som: - Epá… a sério? Isto não pode estar a acontecer! Meu caro amigo, desculpa 134


dizer isto, mas sabes como sou e não consigo estar calado perante esta grave falha… Não percebo muito de carros, não domino como tu os automóveis e estou a leste dos mais recentes lançamentos tecnológicos. Mas mais triste que isso, é não perceber o porquê. Porquê??? - O que foi? Então Júlio, o que se passa? 135

- Onde estão os calendários de garagem, pá? Os leitores já pensaram nisto? Devo estar parvo ou a fingir que há temas mais interessantes sobre os quais dissertar nestes últimos dias. Não foi a isso que vos habituei e corta-me o coração só de ALGARVE INFORMATIVO #342


pensar que posso estar a falhar. Um dia destes começam a achar que este cantinho é um local seguro para crianças e recomendável a pessoas sérias, dignas e com alguns princípios. Não tarda muito e os meus artigos começam a ser lidos em família. Isso não vai acontecer. Era só o que mais me faltava… Explicação dada, vamos ao que interessa. Não sei em que altura da nossa história foi, mas Portugal nunca mais voltou a ser o mesmo. Perdemos aquela dose de loucura que sempre fez com que nós, desde sempre um pequeno país no ponto mais ocidental da Europa, achássemos que éramos muito (mas muito mesmo) maiores que os nossos mais selvagens sonhos. Como vou dizer ao meu filho (que agora tirou a carta) o que era esta tradição de gerações de mecânicos? Que não havia oficina mecânica deste país que não tivesse orgulhosamente exposto um ou paredes inteiras forradas de calendários de garagem. Este objeto distinguia-se dos vulgares calendários dos coelhinhos, galinhas, santos e carros, já para não falar dos signos chineses, pela quantidade de mulheres total ou parcialmente desnudas em poses do tipo «anda cá que és meu» ou «só te deixava os ossinhos». Muitos vão pensar e há mesmo quem diga que o calendário de garagem era um manifesto de masculinidade do mecânico. A receita era antiga… criatividade, irreverência, umas frescas em posições provocatórias e tá feito o ALGARVE INFORMATIVO #342

«marketing» do talho, drogaria ou funerária! Depois disso, era distribuir que nem pãezinhos quentes e começar a forrar camiões e oficinas por esse Portugal fora. A função era mostrar aos clientes enquanto esperavam, ensinar até, a evolução na história de Portugal nos cortes de cabelo, lingerie (quando havia) e depilações desde os anos 70 e 80 até agora. Já que assinalar os dias do ano parece estar fora de questão, uma vez que isso pode ser feito com uma qualquer aplicação no telemóvel que não exiba umas glândulas mamárias proeminentes. A verdadeira razão do calendário de garagem era a produtividade provocada pela testosterona, potenciada pelas lindas mulheres em poses mais ou menos provocantes o polimento da carroceria fazia-se em muito menos tempo, o alinhamento da direção era impressionantemente mais apurado, a calibragem das rodas adquiria uma precisão robótica e a focagem de faróis fazia inveja a qualquer robot de fábrica. E em cada mês que passava, uma nova «boazona» vinha substituir a anterior mantendo elevados os índices de produtividade que agora todos se queixam que falta a Portugal. Pergunto-me se isto não deveria ser considerado uma «best practice» para a Função Pública ou mesmo na justiça. Um calendário de garagem (tendo em consideração o gosto da maioria dos trabalhadores) em cada repartição, tribunal ou ministério, poderia ser a solução para este país .

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A real ausência João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) naugurou esta semana em Lisboa o Museu do Tesouro Real, projecto que pretende constituir-se como mais um pólo de atracção daquela cidade, esperando receber cerca de 275 mil visitas anuais. À parte da impressionante e rica coleção com quase mil peças que ali irão estar expostas – sob umas muito especiais condições de segurança, naturalmente! – o que me leva a realçar esta iniciativa é o facto de parte significativa da mesma ter sido financiada pela Associação de Turismo de Lisboa, com as receitas provenientes da taxa turística. Este é mais um bom exemplo sobre o papel positivo que pode ter essa dita taxa. Investir em projectos de impacto colectivo, de atractividade regional, na recuperação e valorização do património, na gestão de espaços naturais ou em projectos públicos de reconhecida capacidade de promover um destino, são apenas alguns dos desígnios que deveriam estar na génese deste tipo de instrumento. O que não serve de exemplo – ou aliás, serve pela negativa – é o que se passa no Algarve. Ainda se recorda da discussão gerada em torno deste tema? Descrevo sucintamente. Em 2018 veio à baila a possibilidade de se aplicar uma taxa turística na região, tema que levantou uma onda de indignação – e mesmo ALGARVE INFORMATIVO #342

contestação – de empresários, autarcas e até do presidente da Região de Turismo do Algarve. Mais tarde, em sede de AMAL – Associação de Municípios do Algarve, foi um total desalinho de posições, havendo uns com vontade de aplicar, outros contra, uns a propor 1,5 euros, outros 2 euros, entre outras ideias espontâneas, sem qualquer perspectiva futura ou séria do assunto. E, sobretudo, nunca se avançou na discussão sobre para que serviria essa taxa, como seria gerida e monitorizada. O que aconteceu entretanto? O esperado, obviamente. Há municípios que decidiram aplicar a taxa e que hoje estão a fazê-lo (ex. Faro ou Vila Real de Santo António) e outros que não aplicam; uns cobram 1,5 euros, outros menos; uns definiram isenções, outros nem por isso; E, no geral, não se sabe para que servem as receitas da mesma nos locais onde é aplicada e nem sequer existe um mecanismo de monitorização dos ganhos e dos investimentos. Resumindo: no Algarve, como já estamos infelizmente habituados a assistir, não houve uma resposta regional, consensual, colectiva e coesa, em definir os critérios para aplicar uma taxa turística que servisse a região, seu património, desenvolvimento e valorização sustentável e, basicamente, bloqueou-se a oportunidade de ter algo com impacto positivo no território. É, no 138


essencial, mais um aspecto da nossa «real» ausência de visão e capacidade de actuação colectiva enquanto região a pensar no futuro da mesma. Por fim, uma nota de rodapé: para quem ficou escandalizado com esta discussão na altura – e foram muitos – e que ainda hoje não concordam com isto, deixo uma sugestão: vá viajar lá fora e veja o que se passa! São hoje muito poucos os destinos que não aplicam uma qualquer taxa turística e não foi por isso que deixaram de crescer turisticamente. E em muitos casos – atrever-me-ia mesmo a dizer, em todos os casos – de forma mais sustentável e competitiva! .

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Dora Nunes Gago (Professora Universitária) á dias em que nos perdemos nas teias do tempo, no embalar a ritmo célere do desfolhar das páginas do calendário. São tantas as efemérides, que tendemos a perder-lhes a conta, por vezes, até a desvalorizarmos as mais significativas. Assim, algumas chegam-nos revestidas da maior relevância, se as recebemos numa parte longínqua do mundo. De repente, o seu significado transforma-se, cresce no caudal da distância a que nos encontramos da nossa matriz, das nossas raízes. Aconteceu-me isso, em Macau, com o Dia da Língua Portuguesa (celebrado pela primeira vez a 5 de Maio de 2020), língua que integra o quotidiano de 293 milhões de pessoas, na qual se exprimem tantos escritores magníficos, oriundos de vários continentes, desde a Europa à América do Sul, África e Ásia. Aliás, terá dito Saramago que “talvez seja a língua que escolhe os escritores de que precisa, fazendo uso deles, para que cada um possa expressar uma pequena parte do que é”. Uma imagem original, sem dúvida, esta do poder selectivo da língua sobre aqueles que a vão configurando, enriquecendo página a página. Por isso, também ouvir estudantes universitários ALGARVE INFORMATIVO #342

chineses cantarem fado ou declamarem poemas em língua portuguesa, acenda uma profunda sensação de partilha e de aproximação de mundos culturais tão distantes. E, nesta esteira, saliento outra data que, na distância, passei a sentir de modo completamente diferente: o 10 de Junho, Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas. Nos últimos dez anos, este dia foi pautado pelo hastear da bandeira, às 9h30 da manhã, no Consulado-Geral de Portugal em Macau: o som solene do hino tocado pela banda, palavras, emoções embrulhadas entre si, num estranho novelo a unir-nos. E, de repente, surgem lágrimas ocultas, insuspeitadas – mais nítidas se estivermos num espaço exíguo de 29 quilómetros quadrados, confinados por uma pandemia – ao vermos dançar no ar esse retalho de pano verde e vermelho. Não se trata de nacionalismo, nem de patriotismo, nem de outro «ismo», mas antes de uma emoção intensa lavrada em nós, os das «Comunidades», das vidas feitas de fragmentos espalhados, mantas de retalhos pelo mundo repartidas, a certa altura, estrangeiros em terra alheia e também na própria. E, consciente, ou inconscientemente, sempre aquela referência, rosa-dos-ventos entranhada na nossa alma, mesmo que os nossos caminhos sejam traçados de 140


desobediências, de reconstruções contra o que fomos, o que aprendemos, há uma dimensão maior que emerge, consubstanciada nessa lágrima oculta, fundida na cálida humidade de Junho, a colarse à pele. Porque nós, os emigrantes, os expatriados, somos também, à semelhança daquele retalho de pano, bandeiras transplantadas, desenhando identidades dispersas no dorso do vento. Rumamos à Gruta de Camões (a tal, onde segundo a lenda, se teria refugiado e escrito versos), oferecem-se coroas de flores ao Poeta, estrofes de Os Lusíadas declamadas em português, em mandarim, pelos alunos da Escola Portuguesa de Macau. E se, como escreveu Torga, no Diário XVI, precisamente em Macau, no ano de 1987, numa visita integrada nas Comemorações do 10 de Junho: “Corremos o mundo 141

fantasmagoricamente, a deixar nele pegadas sonâmbulas”, a verdade é que nos alimentará sempre a esperança de que algo, ainda que diminuto, fique, permaneça e possa ser, independentemente do espaço onde a vida aconteça, semente embalada pelo sonho de germinar .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #342

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