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ALGARVE INFORMATIVO 16 de julho, 2022
LOUCURA EM ALBUFEIRA
COM TONY CARREIRA
«CENAS NA RUA» | ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DE VRSA | PEDRO JÓIA TRIO ALGARVE INFORMATIVO #347 «BULLDOG» | «TRANSATLÂNTICO» | FESTA DA JUVENTUDE EM LAGOA | B&B HOTEL OLHÃO 1
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ÍNDICE B&B Hotel Olhão vai abrir no Ria Shopping na Primavera (pág. 28) 24.ª Feira da Caça, Pesca, Turismo e Natureza na Marina de Albufeira (pág. 36) Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António (pág. 46) «BullDog» é a nova criação do JAT - Janela Aberta Teatro (pág. 62) «Cenas na Rua» em Tavira (pág. 80) «Transatlântico» no Cineteatro Louletano (pág. 96) Festa da Juventude em Lagoa (pág. 108) Pedro Jóia Trio no Teatro Municipal de Portimão (pág. 120)
OPINIÃO Mirian Nogueira Tavares (pág. 130) Adília César (pág. 132) Lina Messias (pág. 134) ALGARVE INFORMATIVO #347
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B&B HOTEL OLHÃO VAI ABRIR NO RIA SHOPPING NA PRIMAVERA DE 2023 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina parceria Casais/Sunny lançou, no dia 7 de julho, a primeira pedra do Hotel B&B Olhão, um projeto na ordem dos seis milhões de euros com a assinatura do arquiteto José Mário Fernandes. Este valor de investimento integra ainda a renovação do Ria Shopping, espaço onde está integrado esta nova unidade hoteleira, sendo que ALGARVE INFORMATIVO #347
Olhão se prepara, assim, para receber, na Primavera de 2023, uma unidade hoteleira de 3 estrelas, do Grupo B&B Hotels, com capacidade para 89 quartos. A construção fica a cargo do Grupo Casais, proprietário do Ria Shopping, num grupo de seis unidades hoteleiras do Grupo B&B Hotels, cadeia que chegou em 2018 ao mercado português e que conta atualmente com 17 unidades hoteleiras já em funcionamento ou em construção, e um forte pipeline de unidades em licenciamento que lhe permitirá ser, em 28
2023, líder de segmento Budget & Economy em Portugal.
clientes”, explicou José Mário
O Grupo Casais acompanha, deste modo, aquele que já é apontado por muitos como o ano da retoma no setor do turismo, investindo em diversos projetos que se vão materializar até 2023. “A
desde a fase de desenvolvimento do projeto, soluções que vão permitir a execução de obra com maior fluidez, cumprindo os objetivos e a visão do cliente. Procuramos em conjunto criar soluções construtivas que oferecem um equilíbrio entre a qualidade e a funcionalidade, com especial enfoque nos temas relacionados com a operação e a manutenção. Numa época de escassez de recursos qualificados, esta é a única solução que garante uma satisfação de todas as partes envolvidas num projeto de construção”.
aposta no setor do turismo é fundamental quando falamos de um país com características únicas. Este será certamente um dos setores com maior potencial de crescimento e o Grupo Casais estará a acompanhar esse crescimento. Para além disso, projetos como o B&B Hotel Olhão são o exemplo vivo do tipo de relação que o Grupo Casais pretende estabelecer com os seus
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Fernandes, Administrador Executivo do Grupo Casais. “Procuramos oferecer,
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O empresário confirmou, igualmente, tratar-se de um projeto muito importante para o Ria Shopping, que teve, reconheceu, alguns problemas de gestão comercial nos últimos anos. “Um dos ALGARVE INFORMATIVO #347
erros que cometemos e que queremos corrigir passou pela definição do público-alvo e pretendemos dedicar este edifício aos olhanenses, criar um espaço de conveniência para a população 30
que gravita ao redor de Olhão. Aqui vão ter um hotel, já existe uma clínica com uma série de serviços, vai abrir brevemente um ginásio de prestígio, para além de estarem em funcionamento 31
diversos espaços comerciais”, indicou José Mário Fernandes, antes de passar a palavra a Torcato Faria, Country Manager da B&B em Portugal.
“Estamos agora a chegar ao Algarve, mas já temos um pipeline de 32 unidades em Portugal, 18 ALGARVE INFORMATIVO #347
das quais em construção ou abertos. Estamos aqui perante um resort urbano que acredito que vai ser bastante interessante para os nossos clientes, devido à interação que terá com o centro comercial. Como somos um Bed & Breakfast, não temos restaurante próprio, o que significa que os restaurantes do Ria Shopping e da zona envolvente vão ser parceiros importantes”, declarou. “O B&B é maioritariamente um hotel de 3 estrelas, mas com uma qualidade acima da média, de tal modo que o nosso cliente, quando nos visita, normalmente repete a sua experiência. Por isso é que somos líderes mundiais em crescimento e ALGARVE INFORMATIVO #347
estamos a abrir praticamente um hotel por semana. E a Sunny/Casais é um parceiro estratégico, ela acredita em nós e nós acreditamos neles”. No lançamento da primeira pedra marcou presença António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, que revelou que a ideia deste hotel surgiu antes do eclodir da pandemia por covid-19. “O Município
acompanha o percurso deste shopping desde que ele surgiu por ser um projeto estruturante para a cidade. Um shopping que tem que ajudar a população local no seu dia-a-dia e onde desejamos concentrar também alguns serviços do Estado que se 32
encontram dispersos pela cidade, alguns em zonas já de difícil acesso. Queremos ter aqui, por exemplo, uma Loja de Cidadão”, anunciou o edil olhanense. “O shopping encerrar ou desaparecer seria um problema para a cidade, portanto, somos parceiros empenhados em manter esta infraestrutura viva e dinâmica”. Criada em 1958, a Casais é atualmente uma das maiores empresas do setor da construção em Portugal, mantendo o cariz familiar. Em 1994, iniciou o processo de internacionalização, na Alemanha, operando hoje em 17 países, nomeadamente, Portugal, Angola, Alemanha, Argélia, Bélgica, Brasil, Espanha, Estados Unidos da América, Emirados Árabes Unidos (Dubai e Abu 33
Dhabi), França, Gana, Gibraltar, Holanda, Marrocos, Moçambique, Reino Unido, Qatar, mas da história da sua internacionalização constam outros países como a Rússia, o Cazaquistão, a China e Cabo Verde. Em 2020 ganhou pela quarta vez consecutiva o prémio de melhor construtura nacional atribuído pelos «Prémios Construir», tendo fechado o ano de 2021 com um volume de negócios agregado de mais de 527 milhões de euros, dos quais 293 milhões de euros realizados nos mercados internacionais. Quanto ao Grupo B&B Hotels, foi adquirido pela Goldman Sachs em conjunto com a sua equipa de gestão em 2019 e é a principal cadeia hoteleira independente com forte crescimento no setor Budget & Economy na Europa, com mais de 600 hotéis espalhados pela Europa e Brasil . ALGARVE INFORMATIVO #347
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MILHARES RUMARAM À MARINA DE ALBUFEIRA PARA VISITAR A 24.ª FEIRA DE CAÇA, PESCA, TURISMO E NATUREZA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina epois de um interregno de dois anos, a Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza regressou a Albufeira, com a 24.ª edição do certame a realizar-se, de 8 a 10 de julho, na Marina de Albufeira. Do diversificado programa constou o colóquio «A problemática da caça em Portugal e suas patologias», no Hotel Nau ALGARVE INFORMATIVO #347
– São Rafael Atlântico, com as presenças do Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, do presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, do Presidente da Federação de Caçadores do Algarve, Victor Palmilha e da Diretora Geral da Alimentação e Veterinária, Susana Pombo. Num recinto com mais de 2 mil metros quadrados de área coberta e um enorme 36
espaço ao ar livre para a instalação de um picadeiro, tasquinhas, bancadas e um palco para as atuações musicais, realce para os concertos de Tony Carreira e Bárbara Tinoco nas duas primeiras noites. Durante o dia foi possível visitar a mostra de raças autóctones algarvias e outras raças exóticas, com cerca de 1.200 metros quadrados, demonstrações de falcoaria e das 14 matilhas de cães de parar, bem como assistir ao sempre apreciado concurso de mel do Algarve e o de ovinos da raça churra algarvia, ou até mesmo um aquário gigante com mais de 35 metros quadrados. Outro motivo de interesse da Feira foi, claro, a arte equestre, com um espetáculo
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de apresentação da «Charanga a cavalo da Guarda Nacional Republicana», o «Sentimento equestre por Lusitanus Miranda – Equestrian Art» e a 2.ª Taça de Dressage – Cidade de Albufeira (Provas P2 e E3). “Foram três dias intensos
de um evento que se realiza pela segunda vez no concelho e é um enorme motivo de orgulho para a valorização de Albufeira e dos produtos locais, bem como uma forma de promover os setores da pesca e da caça”, referiu José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira .
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OS NOSSOS ALUNOS PODEM ESCOLHER O SEU PRÓPRIO CAMINHO, NÃO LHES FALTA EMPREGO E COM BONS SALÁRIOS”, GARANTE MANUEL SERRA, DIRETOR DA ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina or esta altura, as salas e corredores da Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António vivem momentos mais tranquilos, com os ALGARVE INFORMATIVO #347
alunos de férias ou, na maior parte dos casos, a realizar estágios em diversas unidades hoteleiras e de restauração do concelho e arredores. Isso não significa que o tempo seja de descanso para o Diretor Manuel Serra, porque há que preparar o ano letivo 2022/2023, depois 50
Jorge Rodrigues, Eunice Rosa e Manuel Serra
de no último semestre já se terem retomado as aulas presenciais, após os constrangimentos impostos pela pandemia. “Foi o regresso ao «meter
a mão na massa», que é aquilo que os alunos mais desejam neste género de cursos”, começa por dizer o responsável da escola. “Estamos a falar de cursos de proximidade, de calor humano, de experimentação, e a aprendizagem é melhor quando se está junto do formador. No entanto, conseguimos dar a volta aos problemas colocados pelo confinamento desafiando os alunos a ajudar nas tarefas domésticas nas suas próprias casas e, com isso, a praticar alguns dos ensinamentos que o formador lhes 51
ia ministrando à distância em termos de cozinha, pastelaria e do serviço de sala. Acredito que houve muitos pais que ficaram radiantes”, prossegue Manuel Serra com um sorriso. Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António desde o arranque do ano letivo 2019/2020, o alentejano de nascença teve que lidar, poucos meses depois, com o eclodir da pandemia por covid-19, o que o obrigou a colocar na gaveta os planos que tinham sido elaborados. Curiosamente, o número de alunos até aumentou durante o confinamento, sobretudo no curso de Gestão e Produção de Cozinha. “Os
alunos não se sentiram prejudicados porque conseguimos ALGARVE INFORMATIVO #347
arranjar estratégias para suprimir as dificuldades e, quando regressaram à escola, terminaram os seus cursos sem problemas de maior. Até tiveram a oportunidade de tirar outras ofertas formativas e assim complementar, no póspandemia, o que não lhes foi possível realizar, em termos práticos, aquando dos confinamentos”, conta Manuel Serra, adiantando que o ano letivo 2021/2022 chegou ao fim com 65 alunos e que as expetativas é que esse número atinja a centena no novo ano letivo que se avizinha. “As inscrições continuam
abertas até setembro e esperamos preencher todas as vagas disponíveis”.
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Formação inicial que contempla o curso de Cozinha/Pastelaria e o curso de Restaurante/Bar, ambos de nível 4, direcionados para alunos que completaram o 9.º ano de escolaridade e que fazem na Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António o seu percurso até ao 12.º ano de escolaridade, com uma componente escolar normal a par da componente técnica; e três cursos de nível 5 , nomeadamente o curso de Gestão e Produção de Cozinha, o curso de Turismo, Natureza e Aventura e o novo curso de Gestão de Restauração e Bebidas, estes três para alunos que já tenham concluído o ensino secundário ou que tenham feito uma inscrição no 12.º ano, e com uma duração de 18 meses.
“Temos também muitas pessoas que tiraram licenciaturas ou
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mestrados e que agora procuram uma componente técnica com o intuito de abrirem negócios próprios. Possuem soft skills bastante desenvolvidas e demonstram uma enorme vontade em aprender e empreender”, observa o entrevistado. Com uma vida inteira dedicada ao turismo, à hotelaria e restauração, bem como à formação, Manuel Serra confirma que os alunos que chegam agora às Escolas de Hotelaria e Turismo têm perspetivas de vida bastante diferentes do que se notava nas gerações anteriores.
“Mesmo os candidatos que têm apenas o 9.º ano concluído evidenciam uma grande ambição, sentem que estes cursos de formação inicial são um passo em 53
frente. Pretendem ir para a universidade, querem ir longe numa carreira profissional, e aqui desenvolvem capacidades que depois lhes são benéficas no mercado de trabalho”, nota o Diretor, lembrando ainda que as 12 unidades da Rede de Escolas do Turismo de Portugal passaram, desde há três anos letivos, a estar mais vocacionadas e direcionadas para o perfil económico e social das respetivas áreas de abrangência. “Em Vila Real de Santo
António, como estamos numa zona de baixa densidade populacional e pretendemos atrair e fixar jovens e pessoas em idade laboral, os nossos cursos de especialização tecnológica têm um desconto de 50 por cento nas ALGARVE INFORMATIVO #347
propinas, tal como acontece em Lamego e Portalegre. Quanto à formação inicial de nível 4, é toda gratuita, como no Ministério da Educação. Aqui damos também uma maior importância à Dieta Mediterrânica, um conceito que é abrangente a todo o Algarve e Portugal, mas sentimos uma responsabilidade acrescida nesta temática. Temos também um excelente relacionamento com escolas da vizinha Espanha, o que nos confere um perfil diferenciado que aplicamos aos nossos currículos, com foco no saber receber, no turismo de ar livre e de natureza, no respeito pelos produtos endógenos”, explica Manuel Serra. ALGARVE INFORMATIVO #347
CONHECER A VALORIZAR A HISTÓRIA PARA IR MAIS LONGE A localização da Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António num dos extremos no Algarve origina alguns constrangimentos a alunos e formadores, tanto ao nível dos transportes como no alojamento, mas Manuel Serra prefere pensar num «copo meio-cheio» e realça a proximidade com o Mediterrânico e com Espanha. “É com
este tipo de estratégia e abordagem que nos relacionamos com os nossos parceiros, portugueses e espanhóis, e conseguimos uma centralidade diferente, e não uma periferia”, 54
refere o entrevistado, acrescentando ainda que tirar uma formação nesta unidade é quase uma garantia de ter um emprego à sua espera. “Os nossos
alunos podem selecionar o seu próprio caminho, não lhes falta emprego e com bons salários. Claro que a hotelaria e o turismo têm as suas exigências em termos de horários de trabalho e de disponibilidade e é isso que procuramos transmitir aos jovens nos três anos que aqui estão connosco. Para além da formação escolar e de obterem o 12.º ano, compreendem toda a lógica do setor, a importância da pontualidade, da responsabilidade, das horas que 55
dedicam à atividade num dia, numa semana, num mês”. Manuel Serra entende que quem entra na hotelaria como empregado de mesa ou cozinheiro de primeira categoria aspira a voos mais altos, a ser escanção, chefe de sala, diretor de comidas e bebidas, eventualmente diretor de hotel, mas avisa que, para que isso aconteça, há um caminho longo a percorrer.
“Costumamos dizer-lhes que, quando os concorrentes chegam àqueles programas de televisão, as batatas já estão descascadas, aqui têm eles que as descascar. Só com tempo, técnica e experiência é que se evolui na profissão e ninguém chega a chef só porque tirou um curso numa escola de hotelaria e turismo”, avisa. “Os nossos ALGARVE INFORMATIVO #347
currículos são muito idênticos aos das melhores escolas do estrangeiro, portanto, nem sequer é uma questão de tirar o curso em Portugal, Espanha, Inglaterra ou noutro país qualquer”, reforça. O que mudou, entretanto, também nas escolas de hotelaria e turismo é o seu relacionamento com a sociedade civil e com a comunidade académica, sendo habitual, agora, participarem em vários projetos com associações, empresas, autarquias ou universidades. “Temos
um perfil de matérias e atividades para lecionar, mas a dinâmica que se cria à volta de tudo isso é o segredo para se alcançar o sucesso. É fundamental existir um grande envolvimento com a ALGARVE INFORMATIVO #347
comunidade, com os empresários, com as associações de desenvolvimento local e regional, com as juntas de freguesia e câmaras municipais. Criamos, por exemplo, o Med_Lab, um clube de ciência viva das experiências associadas à Dieta Mediterrânica, através do qual surgiram convites para integrarmos diversos projetos”, indica Manuel Serra, apontando o caso recente das conservas de carapau com figo da índia e de cavala com amêndoa e azeitona, dinamizadas em parceria com a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, a Confraria do Figo e Figueira da Índia, a Opuntias Cooperativa Agrícola e a Saboreal – Conserveira do Arade. “Os
nossos projetos giram muito à 56
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volta dos produtos endógenos e da valorização regional e precisamos conhecer a história para podermos ir mais além, a tal aprendizagem disruptiva que só se consegue quando se trabalha em grupo. Já tínhamos desenvolvido um trabalho interno para sabermos como poderíamos ser úteis para o ALGARVE INFORMATIVO #347
nosso território e, quando apareceu o desafio da Direção Regional de Agricultura, facilmente decidimos o que queríamos realizar com os nossos chefs e alunos”. Projetos que implicam mais horas de trabalho para os formadores e mais esforço para os alunos, mas os benefícios 58
representar Portugal em concursos internacionais e com resultados de mérito. É disso exemplo Eunice Rosa, 17 anos, natural de Vila Real de Santo António, a frequentar o 2.º ano do Curso de Cozinha/Pastelaria e que tinha acabado de chegar, na véspera, de Itália, onde esteve no «Global Youth Tourism Summit». “Participei num projeto
de desenvolvimento sustentável na área do turismo e foi uma semana bastante interessante. Convivi com muitas pessoas de diferentes países e culturas, o que me permitiu olhar para o turismo de outras perspetivas”, declarou Eunice, que também já tinha estado num Interescolas e cujo futuro já está delineado: “A ideia é prosseguir os
estudos, aprofundar a minha formação académica e depois, claro, trabalhar no turismo”, diz, sorridente, e sob o olhar atento de Manuel Serra. “Eles primeiro estão
são evidentes para os jovens, assume Manuel Serra. “Explicamos-lhe o que
pretendemos alcançar, pedimoslhes opiniões, e as coisas funcionam porque eles vestem a camisola, sentem-se parte de algo novo e diferente”, justifica o Diretor, não escondendo a satisfação por ver também alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António a 59
nervosos, receosos de ir aos concursos, mas depressa percebem que é uma mais-valia para o seu trajeto e acabam por desenvolver a componente técnica e as soft skills, nomeadamente as línguas. Oportunidades diferenciadoras é aquilo que eles pretendem de nós e aquilo que nós nos esforçamos para lhes oferecer. Estar numa sala de aula faz falta, mas também faz falta sair dela, meter os alunos a pensar, a trabalhar em equipa”, salienta o diretor, em final de conversa . ALGARVE INFORMATIVO #347
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«BULLDOG» É A NOVA CRIAÇÃO DO JAT – JANELA ABERTA TEATRO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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streou, em Faro, no dia 7 de julho, «BullDog», a nova criação original do JAT – Janela Aberta Teatro, de Máscara e Teatro Físico, num espetáculo de grande exigência física, elegância, precisão de movimento e interpretação que deleitou o muito público presente. Uma peça que, de forma poética e simbólica, aborda temas sociais e humanos como o bullying, a amizade, o amor e a família, e que promete levar o espectador numa viagem trepidante através da vida dos personagens. Em palco, o elenco dirigido por Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo retrata o primeiro dia de aulas, depois das férias. Quatro jovens com personalidades distintas, interpretados por André Canário, ALGARVE INFORMATIVO #347
Diana Bernedo, Fernando Cabral e Tânia Silva, vivem histórias de amizade, amor e violência, num espaço social que marca a nossa adolescência e as nossas vidas, a escola. Um espetáculo de máscara expressiva, sem palavras, que combina comédia, drama, reflexão e esperança. Criado e encenado por Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo, as Máscaras são de Ambra Zotti, a Luz e Som de Miguel Martins Pessoa, o Registo Audiovisual de Ana Brandão, o Design Gráfico de Rita Merlin e a Produção Executiva está a cargo de Joana Cabrita Martins. «BullDog» conta com os apoios do Teatro das Figuras, Câmara Municipal de Faro (Ciclo Emergentes II), Cineteatro Louletano e Câmara Municipal de Loulé, tendo como parceiros o Centro TICE – Centro 64
Italiano de Psicologia per Esseri Humani, Gimnásio Clube de Faro, Instituto Português de Desporto e Juventude, Agrupamento de Escolas João de Deus e a SuperFlash Studio.
destacam-se os espetáculos «Algo de Macbeth», «As Bodas de Prata do Conde Baldinski», «Cocktail da Evolução», «Cinema Miami», «Sai da Frente» e «Asas de Papel».
Sediado em Faro, o JAT – Janela Aberta Teatro nasceu do desejo de formar uma companhia especializada em Teatro Físico, onde a fisicalidade do artista cénico assume especial relevância, e a pesquisa do corpo poético e extra-quotidiano é colocada ao serviço de novas dramaturgias. “Um teatro que não
Paralelamente à criação de espetáculos, o JAT desenvolve um forte projeto de Formação Teatral no Algarve, sendo solicitado para dirigir oficinas e workshops em Portugal, Inglaterra, Espanha e Itália. O Teatro Comunitário é outro dos domínios de atuação da companhia, com a criação de projetos de índole social, cultural e participativo. No final de 2021 o JAT organizou o MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico – Algarve, que terá a segunda edição em 2023 .
necessita do uso da palavra, mas que não a deixa de parte”, explicam Diana Bernedo, atriz e encenadora basca, e Miguel Martins Pessoa, ator e encenador português. Entre as suas criações originais
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«CENAS NA RUA» ANIMAM NOITES DE TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Município de Tavira
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epois de dois anos de interrupção devido à pandemia Covid-19, a Câmara Municipal de Tavira voltou a organizar, de 1 a 17 de julho, o Cenas na Rua – XVI Festival Internacional de Teatro e Artes na Rua de Tavira, dando o «pontapé-de-saída» da melhor forma para mais um programa cultural «Verão em Tavira», que tem como destinatários os tavirenses e todos aqueles que visitam o concelho. O «Cenas na Rua» pretende assegurar a fruição cultural, divulgar diferentes disciplinas e géneros artísticos, dança, música, poesia, teatro, humor, novo circo, cinema, marionetas, assim como dar a conhecer e permitir uma nova leitura sobre a cidade de Tavira. ALGARVE INFORMATIVO #347
No dia 7 de julho, a Praça da República acolheu «Karpaty», de La Troupe Malabó, Companhia de Teatro-Circo vinda de Espanha. O projeto multidisciplinar aborda várias técnicas circenses, música em direto e o palhaço e, partindo do drama e da poesia visual, pretende ser um espetáculo cómico e esperançoso. Uma viagem que a princípio parece não chegar a parte alguma, em que migrantes e exilados procuram um lugar onde chegar, fugindo da miséria, da guerra, da destruição, fugindo de um lugar onde o amor desapareceu. No dia 10 de julho também na Praça da República, foi a vez de se assistir a «El Gran Final», do Bucráa Circus de Espanha. Trata-se de uma tragicomédia que baseia a sua essência no reencontro de dois palhaços que tiveram que 82
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separar-se, há muitos anos, como resultado da eclosão de uma guerra civil. Esta guerra interrompe o seu último espetáculo, pouco antes do grande ato final, e o conflito força-os a seguir caminhos separados e a nunca mais ter contacto. Agora, depois de mais de 30 anos, reencontram-se e decidem terminar o seu trabalho, com «The Grand Finale». A mesma Praça da República voltou a encher-se de residentes e turistas, no dia 11 de julho, para vibrar com «Une partie de soi», com João Paulo Santos, da 85
Companhia Último Momento (Portugal/França). No vibrante estado criativo que caracteriza o seu trabalho, João Paulo Santos relata a viagem de uma vida dedicada a uma arte que moldou o corpo e o caminho para ali chegar. Ao afastar-se voluntariamente da sua assinatura corporal habitual, o artista desenvolveu uma linguagem coreográfica radicalmente diferente, marcada pela lentidão e suspensão, a fim de realçar a densidade da matéria do movimento, bem como a relação única que o liga ao mastro chinês . ALGARVE INFORMATIVO #347
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RICARDO NEVES-NEVES ENCENOU «TRANSATLÂNTICO» DA COMPANHIA MAIOR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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Cineteatro Louletano, em Loulé, recebeu, nos dias 8 e 9 de julho, o famoso «Transatlântico» de Christopher Durang, levado desta feita a palco pela Companhia Maior e com dramaturgia e encenação a cargo do conhecido Ricardo Neves-Neves do Teatro do Eléctrico. O enredo passa-se a bordo de um navio, numa viagem de um lado ao outro do Atlântico. São muitos os que ali se cruzam e muitas as histórias que cabem ALGARVE INFORMATIVO #347
neste tempo e neste lugar, onde um capitão e a sua família pegam no leme rumo a um destino incerto. Uma história interpretada por um coletivo de atores e atrizes com mais de 60 anos que, todos os anos, é dirigido num espetáculo por artistas ou coletivo artístico diferentes. Em tom de comédia, o encenador Ricardo Neves-Neves continua o seu trabalho de dramaturgia musical, levando a palavra cantada para o palco e descobrindo novos caminhos com este grupo de intérpretes tão especial, constituído por Carlos Fernandes, Carlos Nery, Catarina Rico, Cristina Gonçalves, Edmundo Sardinha, Elisa Worm, Isabel 98
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Simões, João Silvestre, Júlia Guerra, Kimberley Ribeiro, Manuela de Sousa Rama, Maria Emília Castanheira, Maria Helena Falé, Maria José Baião, Mário Figueiredo, Michel e Paula Bárcia. A música é da responsabilidade de André Magalhães e Andrew Santos (Bandolim), António Ignês e Eliana Lima (Trompa), Juliana Campos (Fagote), Pedro Maralma, Rita Carolina Silva e Tiago Galrito (Percussão) e Diana Rodrigues e Tomás Ribeiro. «Transatlântico» é uma coprodução do São Luiz Teatro Municipal, Cineteatro Louletano, Companhia Maior, Teatro do 101
Eléctrico e Culturproject. O Teatro do Eléctrico é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa – Cultura/Direção Geral das Artes, pelo Cineteatro Louletano/Câmara Municipal de Loulé e pela Câmara Municipal de Lisboa/Polo Cultural Gaivotas | Boavista. Já a Companhia Maior é apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação «la Caixa», através da iniciativa PARTIS & Art for Change, pela Câmara Municipal de Lisboa no âmbito do RAAML, e ainda pela Fundação GDA, Espaço do Tempo e Junta de Freguesia de Belém . ALGARVE INFORMATIVO #347
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MUNICÍPIO DE LAGOA PROMOVEU FESTA DA JUVENTUDE NO RECINTO DA FATACIL Texto: Daniel Pina Fotografia: Daniel Pina e Ricardo Coelho
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Município de Lagoa organizou, de 8 a 10 de julho, a Festa da Juventude, no Parque de Feiras e Exposições de Lagoa. O evento nasceu de uma ideia da turma do 9.º B do Agrupamento de Escolas ESPAMOL, no âmbito do projeto Academia MY Polis nas escolas, tendo sido trabalhado em parceria com a autarquia com o objetivo inicial de ajudar o comércio e a restauração locais. A Festa teve como público-alvo os mais jovens e respetivas famílias, oferecendo diversos concertos, nomeadamente com Ivo Lucas, Pedro Mafama, Filipe Sambado ALGARVE INFORMATIVO #347
& Luís Severo, Black Puzzle e The Search, insufláveis, atividades lúdicas, culturais e desportivas, bem como um Roadshow Movimento S, com ações de promoção e prevenção da saúde oral. Contou com cerca de 50 expositores, desde associações do concelho, entidades de educação e formação e comerciantes locais, que deram a conhecer o que de melhor se faz em Lagoa nas diversas áreas da comunidade. A iniciativa teve também por objetivo promover a solidariedade para com as pessoas mais vulneráveis, junto dos mais jovens, pelo que a entrada era gratuita, apelando-se à entrega de bens alimentares, roupas ou brinquedos . 110
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TEATRO MUNICIPAL DE PORTIMÃO RECEBEU O VIRTUOSISMO DO PEDRO JÓIA TRIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ricardo Coelho
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Grande Auditório do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão recebeu, no dia 9 de julho, o Pedro Jóia Trio, para uma viagem pelo fado, flamenco, música popular brasileira e jazz, sempre com um elevado nível de execução técnica e artística. Considerado um dos grupos mais relevantes do atual panorama musical ALGARVE INFORMATIVO #347
português, o trio é composto por Pedro Jóia na guitarra clássica, Norton Daiello no baixo e João Frade no acordeão, cujo virtuosismo de classe internacional é reconhecido aquém e além-fronteiras e será reforçado neste espetáculo com a participação de um convidado especial, Marcelo Araújo na percussão. Em palco, os músicos propõem uma bem-disposta incursão pelo Brasil e pela memória da guitarra portuguesa, pelo fado e pelo flamenco, com destaque para clássicos como «Verdes Anos» de Carlos Paredes, ou «Bulerias» de Paco de Lúcia, 122
prometendo um jogo de dinâmicas infindáveis. Nascido em 1970 e descendente de uma conhecida família de Portimão, Pedro Jóia desde muito jovem desenvolveu os seus estudos na guitarra clássica e flamenca, e é com este instrumento que tem revelado a sua qualidade e virtuosismo, patente em todos os trabalhos discográficos e nas atuações ao vivo por todo o mundo. Vencedor de dois Prémios Carlos Paredes, o guitarrista desenvolveu uma linguagem instrumental sofisticada que tem como 123
universo musical a cultura ibérica e mediterrâneas. A solo, em trio, como solista em orquestras ou formações de câmara, ao longo de uma já extensa carreira e com uma abordagem muito própria à sua arte, tem tido a aclamação do público nas mais prestigiadas salas de concertos e nos espetáculos que integrou ao lado de grandes intérpretes da música atual, como Resistência, Mariza, Yamandú Costa, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Simone, Bobby McFerrin, entre muitos outros consagrados . ALGARVE INFORMATIVO #347
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Permaneço numa paisagem do infinito – Exposição de Bertílio Martins e Vasco Célio Curadoria de Miguel Cheta e Mirian Tavares Mirian Tavares (Professora Universitária) “Morrer — isso não se faz a um gato. Pois o que há de fazer um gato num apartamento vazio. Trepar pelas paredes. Esfregar-se nos móveis. Nada aqui parece mudado e no entanto algo mudou. Nada parece mexido e no entanto está diferente. E à noite a lâmpada já não se acende”. Wislawa Szymborska
inha o meu filho uns cinco anos quando enfrentou, pela primeira vez, a ideia da morte. Nunca lhe neguei explicação sobre nada e não o ia deixar no vazio sobre a questão que ele me fez. Disse-lhe que a morte é apenas um estado passageiro, como a vida ela própria. Morremos e nos transformamos em moléculas que depois adubam o solo e viramos grandes árvores. O ciclo da vida, porque é disso que se trata – um ciclo, ou um círculo, que começa, termina e volta a começar – é infinito. Somos infinitos, como o pó de estrelas. Talvez porque a nossa pequenez seja tamanha que nunca conseguimos saber quando começa e acaba aquilo que está fora de nós. Quantas estrelas já morreram e continuam a brilhar?
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Bertílio Martins e Vasco Célio trazem, nesta exposição, duas visões opostas e complementares sobre a indesejada das gentes, como dizia o poeta. As obras de Bertílio Martins – desenhos, gravuras e pinturas – dão uma visão horizontal e escura da morte. Através das monotipias que se apresentam encobertas, dos desenhos que espreitam por um óculo ovalado ou das pinturas, grandes superfícies obscuras de onde emerge algum sinal de luz, o artista convoca a morte e convive com sua ideia e com seus mistérios. A morte está lá, mas não completamente desnudada, é preciso subir uma escada para a ver mais de perto, ou baixar ao nível do chão, ajoelhar-se quase, como fazemos nos cemitérios, diante das lápides, diante dos nossos mortos que permanecem e sobrevivem em nós. Não é a primeira vez que a morte aparece na obra do artista e a sua presença é um sintoma que se converte em gesto criador. Não se controla o ciclo da vida, nunca sabemos do começo nem do fim, mas da obra sabe o artista e aqui ele consegue inscrever o seu próprio ciclo e fazer que permaneça viva a memória, e a presença, daqueles que já não estão, mas que brilham, como as estrelas lá no alto, sobre todos nós. 130
Foto: Vasco Célio
É de pó de estrelas, e de fumo, que a morte é figurada por Vasco Célio. Ao falar da sua obra, ele diz: “O pó das estrelas – nós! Humanidade? Também – fazemos parte dessa estranha comunidade interestelar que se consegue definir como pó das estrelas. Um ser humano, uma rocha, um animal, a lua, marte, uma flor, tudo é pó das estrelas”. Somos feitos da mesma matéria de que é feito o cosmos, somos fruto do acaso, da não-matéria que se converteu em matéria e se expandiu e continua a expandir-se, infinitamente, que é a medida humana limitada e imprecisa. As suas fotografias estão organizadas em séries, ou blocos de sentidos. O artista revela-se, ou vela-se, como uma miragem, uma sombra, como um desenho feito de luz e de escuridão. A fotografia, que habitualmente descortina o visível, o mundo tangível e próximo, torna-se aqui um instrumento revelador do invisível, como os instrumentos óticos que foram e continuam sendo inventados pelo humano, cuja visão limitada quer ver mais, quer ver o que está longe, quer ver o que já não está. Walter Benjamin refere a perda da aura provocada pelo surgimento das imagens reprodutíveis enquanto André Bazin evoca a ontologia da imagem fotográfica, 131
reconhecendo que a câmara vê e enxerga mais que qualquer um de nós. Para Roland Barthes, a imagem fotográfica é sempre um isso foi, uma revelação ou um rasto do real, que se agarra à fotografia, que se agarra ao nosso olho, que permanece em nós. A aura não desapareceu, mas transformou-se. Vemos emergir, de uma floresta sem céu, rochas fundacionais, que estavam ali talvez desde que a matéria decidiu organizar-se. A imagem das rochas é uma imagem do passado no presente, personificam o tempo – irrepresentável enquanto matéria sólida, mas presentificável através de imagens. A morte, para Vasco Célio, é vertical. Apesar da escuridão da quase monocromia das suas obras, Bertílio dá-nos uma escada, que se reflete, se virmos bem, numa ou noutra imagem. Porque ambos os artistas sabem que a arte é a melhor, e talvez a única, maneira de olhar de frente para aquilo que assusta, que entristece, aquilo de que passamos a vida inteira a fugir. A arte de Vasco Célio e de Bertílio Martins é uma celebração da vida. Somos todos pó de estrelas, árvores, rochas, fumo. E infinita é a medida humana – imprecisa, incerta, falível, mas é a única medida que nos abarca e que nos consola. Continua Szymborska, Algo aqui não começa na hora costumeira. Algo não acontece como deve. Alguém esteve aqui e esteve, e de repente desapareceu e teima em não aparecer. É por isso que criamos as imagens, para que possamos, de alguma maneira, permanecer . ALGARVE INFORMATIVO #347
Notas Contemporâneas [47] Adília César (Escritora) “Nada há mais ruidoso, e que mais vivamente se saracoteie com um brilho de lantejoulas, do que a política. Por toda essa antiga Europa real, se vêem multidões de politiquetes e de politicões enflorados, emplumados, atordoadores, cacarejando infernalmente, de crista alta”. Eça de Queirós (1845-1900), in Notas Contemporâneas (1909, obra póstuma) POLÍTICA é, para mim, assim como uma espécie de prima afastada. Sei que existe, mas não a conheço bem, não sinto qualquer afinidade e até sou capaz de mudar de passeio só para não a encarar de frente e não ser obrigada a fazer conversa de circunstância. Eu bem sei que devia ser mais militante e pró-activa a nível da política social, já que é a vertente que eu poderia compreender melhor e dar algum contributo válido; devia conhecer os problemas nacionais e internacionais, emitir opiniões válidas, defender os mais fracos; devia tomar partido da esquerda, da direita ou do centro, ou ainda de outra coisa enviesada que, entretanto, parecesse fazer mais sentido num determinado momento da minha vida, tendo em conta a necessidade de encontrar um sentido digno na vida que hoje nos é oferecida. Devia, mas não tenho essa competência, apesar de aceitar, sem grande relutância, a máxima de Aristóteles: “(…) o homem é, naturalmente, um animal político (…)”. A história do mundo está, de facto, cheia de bons e de maus exemplos. A história do mundo transborda de políticos, politiquetes e politicões, dos quais vamos tendo notícias através da comunicação social. Uns são colocados em altos pedestais, aguentando estoicamente os furiosos ventos ALGARVE INFORMATIVO #347
das alturas, e outros afogam-se na espuma dos acontecimentos. * ASSUMIR a minha fragilidade em relação ao ser, saber e saber-fazer do ponto de vista político, com tudo o que isso acarreta, não é fácil, apesar de perceber que a política está em tudo o que me rodeia. Apesar da minha assumida ignorância, admito que nos períodos de campanha eleitoral presto mais atenção ao que se passa, para poder tomar uma decisão de voto mais consciente e, sobretudo, mais válida para os problemas reais do meu país. Ponho uma ou outra garra de fora num comentário mais agreste, mudo de canal quando o discurso de campanha não me agrada, suspiro e volto ao princípio de tudo: não percebo nada do que se está a passar. E agora? * NO CALENDÁRIO, não há eleições à vista. Assim, a política está, para mim, em pausa, embora não completamente desligada. Assisto aos noticiários e vejo o fogo arder em praticamente todos os distritos de Portugal. O fogo arde para se fazer vida, mas ninguém o quer por perto a destruir os bens das pessoas, seja a pequena horta de Ansião, em 132
Leiria, ou a turística Quinta do Lago, no Algarve. Queremos o fogo apagado, morto e enterrado. Creio que este é um assunto assumidamente político, se pensarmos um pouco: Estado, instituições, pessoas, bens; cidadania, educação, crime, planeamento; causas e consequências. Faz tudo parte do mesmo teatro de operações. No ano passado, foi assim. Este ano está a ser também assim. E para o ano? * O QUE SE ERGUE DO FOGO é um lugar comum, um déjà vu: o desespero dos cidadãos ameaçados pelos incêndios, os constrangimentos dos presidentes de junta, os abalos políticos dos nossos políticos de topo que repetem a ladainha que todos conhecem. Todos conhecem, mas, ainda assim, deixo-a registada, porque já a sei de cor e concordo com a lista de ser, saber e saber-fazer no que diz respeito a incêndios florestais: é preciso insistir na consciencialização social, educando a população para o uso racional do fogo; é preciso levar a cabo um estudo de fundo para um melhor planeamento da massa florestal, com a sua rede de caminhos florestais e depósitos de água; é preciso limpar as florestas e o mato; é preciso incentivar o Estado e as empresas a fazerem um melhor aproveitamento económico das florestas (como por exemplo, a biomassa); é preciso introduzir nos terrenos franjas delimitadoras de espécies de árvores com um baixo poder combustível; é preciso realizar queimas preventivas durante períodos de baixo risco de incêndio; é preciso adoptar medidas legislativas que previnam que pessoas ou empresas possam tirar benefício dos incêndios; é preciso reforçar a perseguição policial e judicial dos incendiários, bem como a vigilância destes após cumprirem pena e saírem em liberdade; é preciso oferecer recompensas a quem denuncie um incendiário criminoso; é preciso reforçar os 133
meios de vigilância das florestas, nos períodos de alto risco de incêndio. É preciso. Então porque não se faz? * PORTUGAL é um isqueiro infinito. Não é preciso dar-lhe gás, basta dar-lhe vento e ele acende-se. Portugal é um território ofuscado por faíscas de ineficácia e cinzas de arrependimento. E eu, que não percebo nada de política, tenho vergonha dos políticos portugueses, esses politiquetes e politicões enflorados, emplumados, atordoadores, cacarejando infernalmente, de crista alta. A Europa começa aqui, com as suas políticas “europeias”. A Europa também começa aqui, com a labuta dos bravos bombeiros portugueses e, também, de muitos heróis acidentais que, de tronco nu, lutam com a arma da sua tenacidade. Portugal chama? Quem responde? .
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Não acredito que há bruxas, mas sei que elas existem! Lina Messias (Especialista em Feng Shui) as histórias contadas à noite pelos meus avós antes da hora de dormir, em muitas entravam bruxas e feiticeiros. Confesso que era um dos meus momentos favoritos: ouvir aqueles enredos fantásticos onde o «bem» sempre triunfava e os finais eram “e foram felizes para sempre”.
consideradas pagãs fazendo o trabalho do Diabo, a maioria, no entanto, eram simplesmente curandeiras naturais ou as chamadas «mulheres sábias» cuja escolha da profissão foi mal compreendida e que culminou com a morte de quase 80 mil suspeitas de bruxaria na Europa, entre os anos de 1500 e 1660.
Os meus avós não sabiam ler, estas histórias eram passadas de geração em geração, com acrescentos e alterações à medida dos «contadores». Infelizmente, as histórias «morreram» com eles, mas ainda hoje me recordo de alguns personagens e nem todas as bruxas eram «más».
Para os antigos como os meus avós, ser bruxa estava associado a ser curandeira, a quem tinha conhecimentos sobre mezinhas, benzeduras, curas, rituais e símbolos sagrados. Havia sempre alguém com estas qualidades e sabedoria a quem todos recorriam em caso de doença, másorte ou mau olhado. Foi com essa crença que eu cresci, não é ser bruxa que faz de ti má pessoa, é seres má pessoa que faz de ti bruxa má!
Não está bem claro quando as bruxas entraram no cenário histórico, mas um dos primeiros registos de uma bruxa está na Bíblia no livro 1 de Samuel, que se pensa ter sido escrito entre 931 a.C. e 721 a.C. Conta a história de quando o rei Saul procurou a Bruxa de Endor para convocar o espírito do profeta morto Samuel, para ajudá-lo a derrotar o exército filisteu.
Hoje ser bruxa está na «moda», a versão moderna chama-se Wicca (embora seja tão ou mais antiga que o conceito de bruxaria) e está a ser difundida por milhares de mulheres no Mundo inteiro através das redes sociais e pelos milhões de livros vendidos sobre o assunto, desmistificando e até romantizando o assunto.
De acordo com a história, as primeiras bruxas eram pessoas que praticavam feitiçaria, usando feitiços mágicos e invocando espíritos para ajudar a promover mudanças. Muitas eram
O que é certo é que a minha infância está recheada de vivências, que têm perdurado ao longo do tempo, em que as mezinhas eram utilizadas (e com sucesso), de rezas e orações para momentos felizes e para
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momentos difíceis, de rituais e símbolos para afastar o mau olhado e a inveja. Sabiam que para aliviar a dor de barriga devemos esfregá-la, no sentido dos ponteiros do relógio, com azeite morno? Sabiam que se disserem “Deus te acrescente, Deus te alimente e as almas do Céu para sempre” enquanto fazem o sinal da cruz a um bolo antes de ir para o forno, ele fica sempre bom? Sabiam que se encontrarem um cão potencialmente perigoso na rua e invocarem S. Romão “Entre mim e este cão, valha-me S. Romão” a pedir ajuda, o cão se afasta?
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Sabiam que se esfregarem um dente de alho nas picadas de mosquito elas curam mais rápido? Sabiam que rodelas de batata colocadas à volta da cabeça com a ajuda de um pano azul diminui dores de cabeça e enxaquecas? Eu sei! E isso não faz de mim bruxa (no sentido depreciativo da palavra), mas seria o suficiente para ser reconhecida como tal e «arder na fogueira» noutros tempos. O que, para mim, é importante é considerar todo este conhecimento e sabedoria como um legado a preservar e deixar para as gerações futuras . ALGARVE INFORMATIVO #347
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #347
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