REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #351

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26.º FESTIVAL DA SARDINHA | CARLA PONTES | FESTIVAL DE JAZZ BERNARDO SASSETTI ORQUESTRA LIGEIRA DO EXÉRCITO EM TAVIRA | MIGUEL MADEIRA TEM NOVO LIVRO CARNAVAL DE VERÃO EM MONCARAPACHO | «AMAR AMÁLIA» E MMA EM ALBUFEIRA ALGARVE INFORMATIVO 13 de agosto, 2022 #351

Albufeira recordou Amália Rodrigues (pág. 100) Festival de Jazz Bernardo Sassetti em Loulé (pág. 112) Orquestra Ligeira do Exército em Tavira (pág. 124) OPINIÃO Mirian Tavares Lina DoraMessiasNunesGago

ALGARVE INFORMATIVO #351 14 ÍNDICE Festival da Sardinha em Portimão MMA regressa ao Algarve Miguel Madeira lança «A Quinta da Fonte da Pipa» (pág. 46) The Gift no «Verão em Tavira»

Carnaval de Verão voltou a Moncarapacho (pág. 74) Carla Pontes em Lagoa

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Após dois anos de interregno devido à Covid-19, este regresso em grande também se pautou pela criação de novas

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Ricardo Coelho 26.º Festival da Sardinha encheu de animação a zona ribeirinha de Portimão entre 3 e 7 de agosto e bateu todos os máximos de afluência, com 110 mil entradas registadas, a uma média diária superior às 20 mil visitas. A noite mais procurada do evento, que foi de acesso livre, verificou-se no dia 7 de agosto, com a atuação de David Carreira no palco principal a atrair mais de 30 mil pessoas, mas os concertos de João Leote com Mariza Liz, David Fonseca, Bárbara Tinoco e Wet Bed Gang foram também bastante concorridos.

FESTIVAL DA SARDINHA BATEU RECORDE DE AFLUÊNCIA COM 110 MIL ENTRADAS

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Nos cinco dias do mais popular certame gastronómico do sul do país foram consumidas mais de três toneladas de sardinha assada, entre muitos outros petiscos, a que acresce mais uma tonelada da rainha do festival, por ocasião da sardinhada popular servida gratuitamente à população na sequência da recriação da tradicional descarga à canastra, realizada no dia 2 de agosto.

zonas de estar e lazer, mais «instagramáveis» e de partilha das experiências, como foram os casos do espaço lounge e dos locais inspirados nas sardinhas, onde as famílias puderam registar fotograficamente a sua presença noAfestival.organização do Festival da Sardinha pertenceu ao Município de Portimão, que já endereçou um agradecimento especial a todos os intervenientes, com destaque para o movimento associativo local que voltou a corresponder ao desafio e permitiu, juntamente com a autarquia, concretizar uma edição memorável, quer para os participantes, como para as largas dezenas de milhar de pessoas que frequentaram o recinto e os outros espaços próximos da zona ribeirinha, onde a música e a animação foram uma constante, como se verificou no Petinga Park, no coreto da Praça Manuel Teixeira Gomes e no Jardim 1.º de Dezembro .

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MMA REGRESSA AO ALGARVE

Texto: João Pelica | Fotografia: Afonso Pelica oi no dia 30 de julho que se deu o esperado regresso de eventos de desportos de combate de MMA (Artes Marciais Mistas) ao Algarve, no evento TFC 2 – Time Fighting Championship, na Marina de Albufeira.Ainiciar a noite registou-se um combate preliminar em regras de submissão. No seguimento ocorreram os sete combates amadores e os quatro combates profissionais com alguns dos melhores atletas desta modalidade de Portugal que foram os heróis do público, que vibrou com o desempenho dos desportistas e aqueceu a resfriada noite de final de julho de Albufeira. Para a história ficam os 11 combates, maioritariamente com decisão dos juízes, e com quatro duelos decididos antes do tempo por KO e submissão. A prova foi sancionada pela FPLA –Federação Portuguesa de Lutas Amadoras, que regula o desporto de MMA em Portugal .

«A QUINTA DA FONTE DA PIPA» É O MADEIRAPOLICIALTERCEIRODEMIGUEL Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #351

ALGARVE INFORMATIVO #351 48 uma noite chuvosa de janeiro, o inspetor Ângelo Simões, ou Cacau, como o chamam os seus recebeuamigos,um telefonema do seu estagiário, Marciano Lopes, informando-o de que havia ocorrido, em pleno centro de Loulé, numa casa devoluta referenciada como um local de abrigo de toxicodependentes, um crime de sangue que, à partida, se afigurava como o resultado trágico de uma luta entre consumidores e traficantes. A trama, afinal, é bem mais complexa do que aparentava ser, assim se dando o «pontapé-de-saída» para «A Quinta da Fonte da Pipa», o terceiro romance policial de Miguel Madeira, depois de «Obsessão» (2015) e «Vingança» (2017), e que volta a ter Loulé como epicentro da ação. “Sou um apaixonado incorrigível pela minha cidade e região e gosto de escrever falando sobre os locais de referência de Loulé, as suas ruas e espaços. A Quinta da Fonte da Pipa é um palacete do século XIX que teve várias ocupações ao longo da sua história e sempre povoou o imaginário dos louletanos. Noutros tempos, muitas brincadeiras de rua dos jovens eram feitas nessa quinta, nomeadamente a partir do final da década de 70, quando o edifício deixou de ser habitado”, recorda o venezuelano radicado em Loulé desde criança.

O crime volta a ser investigado pelo inspetor Ângelo Simões, o protagonista de «Vingança» que decifrou a morte de Pedro Mesquita, que tinha sido a

personagem principal de «Obsessão», mas este é apenas o único ponto em comum nos três policiais, o estilo em que Miguel Madeira se sente mais confortável. “Por questões profissionais tenho que ler muitos livros técnicos, contudo, por estranho que possa parecer, uma das formas que tenho para ocupar

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Miguel Madeira concorda que há terras que suscitam um maior deslumbramento em termos literários, o que depois se poderá traduzir em maiores vendas, mas o essencial será sempre uma trama consistente, quem morreu e que razões estão subjacentes a esse crime. “Mesmo quando estamos a falar de pessoas com outro tipo de motivações psicóticas, quando é a doença que impele a ação, os alvos também têm a ver com o seu passado, com traumas que vivenciou. Para mim, quando a história é contada de forma intensa, não é muito relevante acontecer num local que eu não conheça”, refere, assim se justificando a sua eleição por Loulé como palco das suas tramas, sítios como o Café Calcinha, o Café Delfim, o Mercado Municipal, a Quinta da Fonte da Pipa. “A ideia é que aqueles que lerem o livro e que se identifiquem com estes locais também possam, de certa forma, promovê-lo junto dos seus amigos, mesmo não sendo eu um escritor extraordinário. Quem gosta de escrever deve-se sujeitar ao escrutínio dos potenciais leitores. Naturalmente que preferimos as opiniões positivas, mas as negativas fazem igualmente parte do nosso processo de aprendizagem, porque refletem pontos de vista pertinentes e que nos levam a pensar quando avançamos para uma nova obra”, entende Miguel Madeira. Esse foi, aliás, um dos motivos para o terceiro livro ter demorado mais tempo a ver a luz do dia, “foi escrito de forma mais minuciosa”, confirma, até porque um policial é um estilo exigente e não convém que, ao fim de poucas páginas, o leitor já tenha percebido o fim da história. “A ideia, a mim, surge-me subitamente, mas é um esqueleto incompleto. Depois, tento tornar o

os meus tempos livres é escrever ou ler. E desde sempre que os policiais foram as obras que mais me fascinaram, a forma como as tramas são escritas, o mistério de conseguirmos perceber quem é que assassinou aquela pessoa, se vai ser apanhado ou ficar impune”, explica o entrevistado, reconhecendo tratar-se também de um estilo literário mais comercial. “Um autor sem notoriedade como é o meu caso tem que investir para os seus livros serem publicados, daí que exista uma maior preocupação para chegar ao grande público. Apesar disso, vivendo eu neste território, não me fazia sentido colocar a ação numa grande metrópole como Lisboa ou Porto. Como tenho a tendência para pormenorizar excessivamente os locais onde acontece a história, este livro reflete também uma fase em que continuo a viver em Loulé, mas trabalho desde há quatro anos em Faro”, acrescenta.

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AS REAÇÕES DAS PESSOAS SÃO COMBUSTÍVEL PARA NOVOS LIVROS

Sendo um processo longo e exigente, Miguel Madeira não consegue ler depois os seus próprios livros, preferindo submetê-lo à apreciação de outras pessoas e, claro está, das editoras que possam estar interessadas em publicálos, sabendo de antemão que depois terá que comparticipar nessa despesa. No caso concreto de «A Quinta da Fonte da Pipa», a Europa Editora deu o seu «sim»,

esqueleto mais robusto, dar-lhe consistência. Entretanto, quando começo a escrever a própria história, passo a ser controlado por ela, é um processo de avanços e recuos”, declara Miguel Madeira. “Neste livro foi-me óbvio, logo numa fase inicial da história, quem teria assassinado, mas o leitor dos policiais gosta de vestir a pele do inspetor para descobrir a trama antes que as páginas a revelem de forma objetiva. Nesse sentido, tive que reescrever alguns capítulos para que tudo fizesse sentido à medida que a história se ia desenrolando”, esclarece. “Noutros géneros literários as coisas são mais claras e as pessoas identificam-se com as personagens, sentem-se próximas delas, solidárias com os seus problemas. Nos policiais há a tendência para escondermos o desenlace da história até ao final e eu, por vezes, fico encalhado e sinto necessidade de rever todas as notas, de dar um passo atrás, porque há qualquer coisa que não bate certo”

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53 ALGARVE INFORMATIVO #351 para satisfação do autor. “Ficamos com a sensação de missão cumprida, é extremamente gratificante ter o livro nas minhas mãos e vê-lo à venda das lojas. Creio que este é, dos três, aquele em que mais me revejo enquanto escritor e espero conseguir captar o interesse das outras pessoas. O desafio que lanço àqueles que o

O livro está feito, há agora que promovê-lo e vendê-lo num mercado onde abundam os escritores e escasseiam os leitores. Como é, então, lidar com a concorrência dos escritores profissionais, daqueles que se dedicam a tempo inteiro à sua carreira literária e que têm por detrás a máquina promocional das principais editoras, questionamos. “Não vivendo da escrita, ela é para mim um hobby, assim como viajar, sair com os amigos, comer num bom restaurante. Como tenho a minha atividade profissional de base, escrever para mim é como ter cães ou gatos: são custos que estou disponível para suportar porque me dá um prazer imenso escrever e fazer com que os meus livros cheguem às pessoas”, responde. “Mais do que a concorrência de outros escritores, o mais complicado para mim são os meios exíguos que existem para se divulgar livros de autores de menor notoriedade. Temos que compreender que é difícil para uma editora apostar muitos nestes autores, são «tiros no escuro» que podem não dar retorno. O fim da empresa não é necessariamente o lucro, mas o lucro é uma condição necessária à sua sobrevivência”, admite.Entretanto, depois de «A Quinta da Fonte da Pipa», Miguel Madeira tem intenção de reeditar «Obsessão», por julgar que ele foi publicado sem o devido amadurecimento, já que o processo foi acelerado e «depressa e bem não há quem». “Fiz uma revisão aprofundada sem o descaracterizar e está pronto para reeditar, para além de duas histórias alinhavadas para começar. Só que um dos estímulos que temos para escrever é precisamente saber a reação das pessoas às nossas obras. É tão bom ouvir alguém dizer que gostou do nosso livro. Sabemos que, para avançar com um livro, em determinadas condições, são alguns milhares de euros e nem sempre conseguimos recuperar esse investimento, mas os livros ajudam-me a conhecer outras pessoas. Esse é o combustível que me faz avançar para o próximo livro, com a certeza de que não será lançado no próximo ano, porque não sou um escritor profissional” .

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lerem é que não tenham qualquer problema em opinar sobre ele nas redes sociais, dizerem o que efetivamente sentem, porque isso suscita outros a lerem, inclusive aqueles que têm capacidade para ajudarem a construir o nome de alguém em certos domínios”, afirma o entrevistado.

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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THE EMNOBRILHARAMGIFT«VERÃOTAVIRA»

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o dia 3 de agosto, o Parque do Palácio da Galeria, em Tavira, esgotou por completo para mais um concerto do programa «Verão em Tavira», desta feita com os The Gift, numa noite que celebrou a história da banda dos últimos 25 anos, mas onde também se escutaram as canções do último disco, «Verão». O momento musical juntou a intimidade das canções mais próximas do grupo e que caracterizam este disco «Verão», com a explosividade de tantos temos que integram a vida da banda, com a plateia a aderir em peso, cantando frequentemente em uníssono com Sónia Tavares e dançando de pé as músicas mais agitadas .

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Texto: Daniel

CARNAVAL DE VERÃO VOLTOU A MONCARAPACHO

Pina | Fotografia: Fábio Freira Photography/União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta 74ALGARVE INFORMATIVO #351

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O Carnaval de Verão de Moncarapacho revive o Carnaval mais antigo do Algarve – o de Moncarapacho – que este ano comemorou a 122.ª edição. Para além de atrair muitos visitantes à vila, proporcionou também aos imigrantes desta freguesia recordações de outros tempos, numa organização da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta que contou com o apoio do Município de Olhão e com a colaboração da população local .

ALGARVE INFORMATIVO #351 s carros alegóricos voltam a sair à rua, no dia 6 de agosto, para mais um Carnaval de Verão Moncarapacho,de no regresso de «A Batalha das Flores» após dois anos em que o evento não se realizou devido à pandemia. Com muita folia e animação, pelo percurso traçado entre a Praça Major João Xavier de Castanheda (Largo da Junta de Freguesia) e a Praça da República (Largo da Igreja Matriz), desfilaram nove carros alegóricos e cerca de 250 figurantes. O cortejo integrou ainda um grupo de animadores, constituídos por palhaços, malabaristas e figuras luminosas. Depois do desfile, na Praça Major João Xavier de Castanheda (Largo da Junta de Freguesia), a animação continuou pela noite fora, com a atuação do DJ Flip d’ Palm. Os carros alegóricos foram revestidos com pequenas flores de papel, uma marca distintiva do Carnaval de Moncarapacho e que lhe valem o cognome de «Batalha das Flores». Estas flores são executadas pela população local, num envolvimento que se estende também à construção dos carros, conferindo ao evento um significado popular e pleno de autenticidade.

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CARLA PONTES LANÇOU PRIMEIRO ÁLBUM DE ORIGINAIS EM LAGOA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Kátia Viola / Ideias do Levante 91 ALGARVE INFORMATIVO #351

associação cultural Ideias do lançamentooMunicípioparceriapromoveu,LevanteemcomodeLagoa,concertodedo

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álbum de originais «O Mar em Mim» da cantora Carla Pontes, no dia 30 de julho, no Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa. Estiveram em palco, com a cantora, o músico e produtor do disco, Barqueiro, a violoncelista Sunita Mamtani e o acordeonista João Frade. Carla Pontes surpreendeu, mais uma vez, com a apresentação de um trabalho de elevadíssima qualidade, como já tem vindo a habituar o público ao longo da sua carreira. Por isso, o Auditório Carlos do Carmo encheu-se de familiares, amigos, colegas e de outros conhecidos e desconhecidos, perfazendo uma multidão emocionada, curiosa e ansiosa por conhecer o mais recente projeto desta tão acarinhada cantora. Não admirou que cada tema, interpretado magistralmente por Carla Pontes, tenha sido aplaudido incansavelmente. No final, a cantora foi ovacionada de pé pelo público, que foi brindado com dois «encores». E Roberto Estorninho, presidente da direção da associação cultural Ideias do Levante, também enalteceu a carreira da cantora e o trabalho e empenho de toda uma equipa de amigos, entidades e profissionais de várias artes e ofícios que contribuíram para a produção deste álbum e para o seu concerto de apresentação.

Após diversos anos em projetos em torno da música clássica, Carla Pontes lança agora o seu primeiro álbum a solo, «O Mar em Mim», com 12 temas inéditos de casta portuguesa no qual a cantora assumiu a sua narrativa de emoções e nostalgias, numa estética neo-fadista, com vários travos da «world music» e um toque contemporâneo com elementos de eletrónica. No entanto, continuam miscigenadamente presentes os instrumentos clássicos, como é o caso do piano e violoncelo .

| Fotografia: Ricardo Coelho 100ALGARVE INFORMATIVO #351

ALBUFEIRA RECORDOU AMÁLIA RODRIGUES

Teresa

Texto: Coelho

ALGARVE INFORMATIVO #351 102 m 2019, passaram 20 anos do desaparecimento da grande diva do fado, Amália Rodrigues, uma das mais incríveis vozes do século XX. Agora, para comemorar os 100 anos do nascimento da fadista, vários artistas portugueses juntaram-se em palco, no Pavilhão Desportivo de Albufeira, no dia 30 de julho, para um espetáculo que homenageou e enalteceu o maior nome da música nacional.

O espetáculo contou com interpretações de Luís Trigacheiro, Sara Correia, Marco Rodrigues, Aurea, Cuca Roseta e Paulo de Carvalho, numa emocionante noite em que deram voz às canções de Amália Rodrigues, mas onde também interpretaram alguns dos seus próprios sucessos. O encerramento foi feito ao som do «Fado Amália», com todos os intérpretes convidados em palco a cantarem com o público, que aplaudiu de pé este espetáculo memorável.Depoisdapassagem pelo Algarve, já estão marcados mais dois concertos da tour «Amar Amália», nomeadamente, no dia 5 de novembro, no Altice Forum Braga e, no dia 25 de novembro, no Casino Estoril .

O evento levou ao público alguns dos principais fados que imortalizaram a voz de Amália, bem como narrações e projeções de imagens sobre a fadista. O projeto, que inclui grandes vozes da atualidade a cantar os fados de Amália e que já encheu diversas salas do nosso país, não se ficou pelos palcos nacionais e ultrapassou fronteiras. Depois do Palais des Congrès em Paris, a Tour regressou a Portugal para mais uma digressão que teve o seu início no Algarve.

LOULÉ ACOLHEU ESTREIA DO FESTIVAL DE JAZZ BERNARDO SASSETTI Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes 112ALGARVE INFORMATIVO #351

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Durante quatro dias foi possível assistir a diversos concertos de músicos reconhecidos do Jazz como Salvador Sobral, Rebecca Martin – cantora americana que já gravou discos com músicos como Paul Motian e Larry Grenadier –, Orquestra de Jazz de Matosinhos, Mário Barreiros, Mané Fernandes, Daniel Bernardes, entre outros. A programação contou ainda com quatro Jam Sessions diárias ao longo da semana, com músicos diferentes a abrir cada uma delas. O evento contou igualmente com uma componente formativa através de um workshop direcionado para jovens músicos dos 13 aos 18 anos, com a Direção Pedagógica do pianista Daniel Bernardes. O festival aconteceu em colaboração com o já conhecido Loulé Jazz e teve o apoio de todo o concelho, incluindo a Câmara Municipal de Loulé, a Casa da Cultura de Loulé, o Cineteatro Louletano e o Conservatório de Música de Loulé. “Este festival é a concretização de uma ideia de há muito tempo para homenagear o Bernardo e todo o trabalho que

primeira edição do Festival de Jazz Bernardo Sassetti, criado e organizado pela Casa Bernardo Sassetti, realizouse, de 28 a 31 de julho, em Loulé, mas estamos perante um festival itinerante que acontecerá, todos os anos, numa cidade diferente do país.

construiu. Com este evento, além de conseguirmos continuar a promover a música Jazz em Portugal, contribuímos também para o aumento da formação nesta área. Tal só é possível através de todo o apoio municipal e da colaboração do Loulé Jazz, que gentilmente cedeu o seu evento para podermos realizar aquele que acreditamos que será o primeiro Festival de Jazz Bernardo Sassetti de muitos”, sublinhou Inês Laginha, Diretora Artística da Casa Bernardo Sassetti.ACasaBernardo Sassetti foi criada em 2012, pouco depois da morte do pianista,

TAVIRA COMEMOROU DIA DE SANTIAGO COM CONCERTO DA ORQUESTRA LIGEIRA DO EXÉRCITO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Miguel Pires (www.mpalgarve.com) 124ALGARVE INFORMATIVO #351

Criada em 1979, a Orquestra Ligeira do Exército é dirigida pelo Sargento-Chefe Cândido Ameixa. A sua estrutura, em género de Big Band, é composta por cinco saxofones (flauta, clarinete), quatro trompetes (fliscorne), quatro trombones, dois teclados, duas violas, bateria, percussão e quatro vocalistas. Executando composições de música ligeira, tem procurado incrementar o gosto pela música nacional, desenvolvendo para o efeito um trabalho de recolha, instrumentação e difusão de temas de raiz popular, sendo hoje considerada uma verdadeira «embaixadora» do Exército Português junto da sociedade civil, contribuindo para a afirmação e valorização do nosso património cultural.

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Orquestra Ligeira do comemoraçõesparticipouExércitonas do Dia de Santiago, em Tavira, com um concerto, no dia 25 de julho, na Praça da República, integrado no Programa «Verão em Tavira».

Ao longo dos anos, a Orquestra Ligeira do Exército tem-se apresentado assiduamente nas mais prestigiadas salas de espetáculos do País e com os mais variados artistas e convidados do panorama musical nacional e internacional. O seu currículo não se resume às fronteiras nacionais, tendo já efetuado múltiplos concertos no estrangeiro, especialmente dirigidos às Comunidades Portuguesas e Forças Nacionais Destacadas. Vários compositores, orquestradores e arranjadores têm tido ao longo dos anos uma relação estreita com a orquestra, agraciando-a com temas originais e exclusivos, que não raras vezes dão origem a arranjos e orquestrações executadas por inúmeros agrupamentos musicais portugueses .

Mirian Tavares (Professora Universitária)

“Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro – e também certa não fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco”.

Caio Fernando Abreu

Numa crónica, publicada em 1995, ele escreveu: “Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu –sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, António Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancun ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados. (…) Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não deem a impressão de serem maiores do que são”. Nunca soube ao certo porque agosto é chamado de “o mês do cachorro louco”. Há quem diga que, por causa da temperatura, as cadelas sincronizam o cio e a cachorrada enlouquece. Ou ainda que desde o Império Romano, ou antes até, associava-se agosto a factos macabros ou desavindos. Para mim, agosto já foi recomeçar as aulas e agora é o mês de férias, ou pelo, menos, do auge do verão. Nunca precisei de conselhos

– mês do cachorro louco

ALGARVE INFORMATIVO #351 134 o arrumar as estantes reencontro um dos meus livros de cabeceira, Os dragões conhecemnãooparaíso, de Caio Fernando Abreu. Já muito gasto, de tanto andar, de tantas mãos que o folhearam, que o devoraram, talvez. Uma data, logo na primeira página – é duma altura em que ainda escrevia, além do meu nome, o ano e o lugar em que comprara, ou ganhara, o livro. Vitória, agosto de 1990. Tantos anos. Quem era eu naquele instante? Naqueles dias? Não é difícil, saber: Vitória, 1990. O livro traz as marcas desse tempo, com canetas de várias cores ia riscando passagens, frases, fragmentos. Frases que, pensava, eu poderia ter escrito, de tão minhas que eram. Muitas canetas, de cores variadas, algumas marcas quase invisíveis. Um livro de cabeceira que não envelhece. Eu sim, envelheço, mas as frases que marquei continuam a fazer muito sentido. Às vezes ainda arrasto “a dor feito buraco de traça disfarçado sob castiçais”. É bom saber, por mais que doa, que continuo fiel a mim mesma. E a mesma pessoa, muitos anos depois. Com alguns acréscimos, outros desvios, mas lá no centro de mim, naquele lugar escuro onde me agarro, continuo ali, inteira.

Agosto

135 ALGARVE INFORMATIVO #351 para atravessar agosto, mas sempre apreciei a prosa limpa, seca e ao mesmo tempo poética, de Caio Fernando Abreu. Morreu cedo, não deixou uma obra vasta, mas ficaram fragmentos, crónicas, contos, palavras certeiras, ditas com simplicidade e uma boa dose de coragem. Encontrei-o muitas vezes, quando vivia em São Paulo, num café da Av. Paulista. Via-o e tinha imensa vontade de dizer: Adoro o que você escreve. Minha timidez desconcertante nunca me permitiu chegar lá. Olhava-o de longe e seguia meu caminho. Logo depois ele morreu. Era um nómada, como eu. Às vezes estrangeiro dentro do próprio país, ou de si mesmo. “Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota (...)” .

Foto: Vasco Célio

ostar de nós próprios ou ter a autoestimachamada pode ser um desafiantesexercíciosdosmaisda Vida! O que é então essa autoestima?

(A)Gosta-te!

Lina Messias (Especialista em Feng Shui)

Pela definição de Morris Rosenberg, trata-se de um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre o seu próprio valor, competência e adequação, que se reflete em atitudes positivas ou negativas em relação a si mesmo. A autoestima está relacionada com a forma como nós nos valorizamos, com o nosso bem-estar, como nós nos percebemos no mundo e quão importantes somos para as pessoas que nos são queridas. Morris Rosenberg foi um conhecido sociólogo americano, pioneiro no estudo e análise da autoestima, que criou uma ferramenta ainda hoje usada por psicólogos e outros, 30 anos após a sua morte: a Escala de Rosenberg. De acordo com vários estudos com esta escala, concluiu-se também que são as pessoas extrovertidas que têm maior autoestima. Em Feng Shui, de acordo com a teoria dos cinco elementos, o Verão e mais concretamente o mês de agosto, (no Hemisfério Norte) é o mês da energia do elemento Fogo. Esta energia está associada aos extrovertidos, a quem gosta da vida social e de palco, é a altura do ano em que mais podemos brilhar, é o mês dos Leões de signo, os grandes «Reis da Selva», a energia de Leão ajuda-nos a explorar a nossa inspiração, criatividade e também Autoestima! Este é sem dúvida o mês preferido de quem gosta de si próprio, enquanto o Inverno está associado ao recolhimento e aos introvertidos. Agosto é também o mês das colheitas, literal e simbolicamente. Este mês traz à tona tudo aquilo que foi semeado nos últimos tempos e se a sementeira foi em terreno fértil a colheita também o será. No nosso país, curiosamente, este mês de agosto está também associado ao «desgosto», ao mês em que as mulheres portuguesas não casavam. Esta história remonta ao tempo dos descobrimentos, em que os navios saíam à descoberta de novos mundos. Casar em agosto era sinónimo de lua de mel solitária e muitas vezes de viuvez precoce, uma vez que muitos dos grandes aventureiros que embarcavam já não voltavam à sua Pátria.Reza também a História que neste oitavo mês do ano com o nome de agosto (do latim Augustus) em homenagem ao imperador César Augusto, os romanos já consideravam que o período era acompanhado de acontecimentos negativos. No século I, muitos acreditavam que um dragão voava pelo

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Seja «desgosto», ou, seja «a gosto», que este mês de AGOSTO potencie o brilho que todos temos, que aprendamos a gostar de nós incondicionalmente, a valorizar-nos e a não depender da validação alheia para sermos as estrelas da nossa “SomosVIDA!todos estrelas de ímpar brilho”. Agostinho da Silva .

céu cuspindo fogo durante a noite, porém foi comprovado que o «monstro do céu» na verdade é a constelação de Leão, que fica visível nos céus do Hemisfério Norte nesta altura do ano.

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“Serra! /e qualquer coisa dentro de mim se acalma.../ Qualquer coisa profunda e dolorida, /Traída, Feita de terra/ e alma”.

ecordo com aquela fina capa de nostalgia com que o tempo vai cobrindo os ediçõesdaacontecimentosvida,asprimeirasdaFeirada Serra. Iniciou-se em 1991 por iniciativa de uma Associação de Desenvolvimento Local (Associação IN LOCO) com o intuito de valorizar e divulgar produtores e produtos da Serra do Caldeirão, tendo o Município de São Brás de Alportel apostado, desde o início, na sua realização. Uma iniciativa muito distinta das que se costumavam presenciar, por dar voz a uma essência, a um mundo de certo modo oculto e escamoteado no contexto algarvio. Esse mundo distinto, formado pela serra, pelo barrocal, ancorado na outra margem, além do Algarve turístico que todos conhecem, das enchentes de gente nas praias, dos bares, das festas, da intensa vida nocturna, das luzes da ribalta. O que transparecia era esse reino feito de alfarrobeiras, medronheiras, figueiras, e amendoeiras – de sequeiro, não as intensivas «da moda» que principiou por contagiar as oliveiras, a invadir os terrenos do Alentejo, na voragem do lucro, proporcional à degradação dos terrenos e dos recursos hídricos gastos –mais uma das marcas do tempo em que vivemos (ou que nos vai vivendo) caracterizado pela rapidez, pela superficialidade, independentemente das consequências provenientes desse proliferar de «fogos-fátuos» nos mais diversosDessassectores.visitasàs primeiras edições da Feira da Serra recordo sempre o entusiasmo com que as minhas avós observavam tudo, felizes por verem ali expostos universos e produtos tão seus, oriundos do seu mundo rural em risco de extinção e esquecimento. Foi, pois, transportando uma série de memórias das últimas três décadas que visitei este ano aquela que foi a 31.ª edição da Feira da Serra da minha terra, São Brás de Alportel, após um longo interregno – aos dois anos de pandemia somaram-se os dez em Macau em que raramente o calendário de férias coincidiu com a data. E foi emocionante ver o mar de gente que a visitou, a vida, a juventude, mesclando-se com as tradições, as raízes e tudo o que o nosso solo nos oferece de mais genuíno, tendo, neste caso, o medronho e o medronheiro, como «estrelas». Deste modo, percorrer Feira da Serra renascida Dora Nunes Gago (Professora universitária)

Miguel Torga, Diário II

139 ALGARVE INFORMATIVO #351 os diversos espaços temáticos permitiu presenciar a aliança frutífera e tão necessária entre inovação e tradição. Em suma, a Feira da Serra cresceu, expandiu-se, convertendo-se numa referência no roteiro turístico e cultural do Verão no Algarve, a misturar os sons oriundos de vários quadrantes culturais com as cores, saberes e sabores oriundos da serra e do barrocal, que importa, cada vez mais, valorizar, proteger e promover.

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ALGARVE INFORMATIVO #351 142

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