41.ª FATACIL | DIA DO MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA | ORQUESTRA DE JAZZ DO ALGARVE FESTIVAL DE ACORDEÃO JOÃO CÉSAR | DINO D’SANTIAGO | FESTIVAL MAR ME QUER FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES EM CASTRO MARIM ALGARVE INFORMATIVO 27 de agosto, 2022 #353
ÍNDICE Dia do Município de Albufeira (pág. 26) FATACIL em Lagoa (pág. 40) Festas em Honra de Nossa Senhora dos Mártires em Castro Marim (pág. 56) Rita Redshoes em Tavira (pág. 66) Dino D’Santiago em Tavira (pág. 82) Orquestra de Jazz do Algarve em Quarteira (pág. 92) Festival de Acordeão João César em Portimão (pág. 102) Festival Mar Me Quer em Portimão (pág. 112) OPINIÃO Mirian Tavares (pág. 122) Dora Nunes Gago (pág. 124) 12
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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Município de Albufeira Autarquia de aproveitouAlbufeira o Dia do festejadoMunicípio,a20 de agosto, enaltecerparao
ALGARVE INFORMATIVO #353 DIA DO MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA MARCADO PELA HOMENAGEM ÀS INSTITUIÇÕES QUE AJUDARAM NA LUTA CONTRA A COVID-19
trabalho relevante desenvolvido pelas instituições concelhias em resposta à Covid-19, designadamente, o Centro Paroquial de Paderne, a Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, o Centro de Saúde de Albufeira, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Albufeira, a AHSA – Associação Humanitária Solidariedade de Albufeira, a Guarda Nacional Republicana de Albufeira, a Conferência de São Vicente de Paulo, a Conferência de S. José de Ferreiras, a Fundação António Silva Leal, o C.A.S.A – Centro de Apoio aos SemAbrigo – Delegação de Albufeira e o Serviço Municipal de Proteção Civil de Albufeira, faltando ainda reconhecer a
Para José Carlos Rolo, a ética, enquanto fundamento e alicerce do futuro, traduzse no respeito absoluto por todos os seres vivos, sendo ou não da espécie humana. “O pronome «tu» tem que passar a ser a primeira forma verbal, ao invés do tradicional «eu», que demonstra egoísmo, e tem que ser
ALGARVE INFORMATIVO #353 28 Cruz Vermelha Portuguesa – Centro Humanitário de Silves Albufeira. Ética, gratidão e reconhecimento foram, por isso, as três palavras-chaves do discurso de José Carlos Rolo. “Ninguém nasce com ética e é aos poucos, nas nossas relações familiares, de grupo e de comunidade, que vamos aprendendo a distinguir o certo do errado, a esfera individual da coletiva, acima de tudo o que são os direitos fundamentais de cada ser vivo”, referiu o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, lembrando que muito se fala atualmente da urgência de uma educação para os valores e com os valores, valores esses que nem sempre são entendidos da melhor forma. “Com pena minha, a palavra «valor» passou a designar uma medida que pouco importa para aquilo que realmente é fundamental. O importante é aprendermos a usar a ética enquanto existimos e uma velha mentalidade, alicerçada em suposições, opiniões e preconceitos, tem que ser debelada, mediante formação, convívio, bons exemplos e boas práticas”, defendeu.
são apenas pessoas de ação e emoção, são pessoas que sabem conjugar o horizonte da existência com a forma de estar na vida. Não falamos apenas do transporte das pessoas para os centros de saúde e hospitais, foi o garantir que não faltava o pão à mesa de ninguém e dos medicamentos a quem deles precisava; foi o garantir das despesas correntes para que não se assistisse a um acumular ainda maior das preocupações das famílias; foi o garantir a higienização dos espaços públicos, e a vigilância dos espaços públicos e privados; foi, em suma, a construção diária de um escudo contra o avanço da peste do novo século”, recordou José Carlos Rolo.
ALGARVE INFORMATIVO #353 30 aplicado, não apenas às pessoas, mas a tudo o que tem vida”, frisou o edil albufeirense, aludindo à preocupante saúde do planeta Terra e ao que vamos deixar às próximas gerações. “A humanidade tem vindo a fazer pouco uso da ética e a pouca saúde que concedemos à Terra acabou por afetar a saúde de todos nós e ainda recentemente tivemos que atuar rapidamente e fazer o bem sem olhar a quem. Albufeira não foi dos casos mais severos de devastação provocados pela covid19, mas registou e ainda regista muita dor, e pior seria senão fosse a abnegação de homens e mulheres que, ao abrigo das instituições em que se encontram, colocaram a sua vida atrás da vida de todos os outros”, destacou. “Não
A empreitada, há muito ansiada pelos albufeirenses, foi apoiada por fundos comunitários, no valor de 499 mil e 980,63 euros, ao abrigo do FEAM – Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas – Programa Operacional Mar 2020 e Portugal 2020. As obras, de enorme complexidade técnica, tiveram início em outubro do ano passado e integraram a melhoria da acessibilidade existente na escadaria de acesso à praia, a estabilização das arribas confinantes, a reabilitação da escadaria existente, a melhoria da iluminação pública que havia no local, a execução de uma passadeira
A inauguração das obras de Preservação e Conservação da Escadaria e da Arriba da Praia do Peneco, um investimento num valor superior a 1,5 milhões de euros, foi o ponto alto do Dia do Município de Albufeira, celebrado a 20 de agosto. Trata-se de uma obra que era urgente executar, “com vista a garantir a segurança de todos os que frequentam a Praia do Peneco, a mais icónica praia da frente urbana da cidade, contribuindo para a proteção ambiental, a valorização paisagística das zonas costeiras e a sustentabilidade e qualificação das atividades económicas da zona envolvente”, sublinhou José Carlos Rolo.
pela praia, entre o elevador e a escadaria, bem como a execução de equipamentos de apoio, tais como lava-pés e chuveiros. Foram ainda colocados bancos, bebedouro e papeleiras, no percurso de acesso à praia. A cerimónia, que teve início com o descerrar da placa comemorativa, contou com a presença de membros do Executivo Camarário, deputados e o presidente da Assembleia Municipal, presidentes das Juntas de Freguesia do concelho, autoridades civis, militares e religiosas, associações culturais e desportivas locais, bem como do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e do diretor da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, para além de muita população que fez questão de assistir a este momento marcante na vida do concelho. Os Festejos continuaram depois pela noite dentro, com o concerto de Mariza, uma das artistas mais reconhecidas no país e no mundo, que teve lugar na Praça dos Pescadores, a partir das 22h30, perante mais de 40 mil pessoas, que deliraram ao som de êxitos como «Lágrima», «Rosa Branca» e «Barco Negro». Seguiu-se a sessão de fogo-de-artifício, que encheu o céu de Albufeira de luz, cor e música que emprestou ao espetáculo piromusical ainda mais espetacularidade.
O programa de Comemorações começou, porém, logo no dia 12 de agosto, com a Cerimónia de Distinção de 62 Jovens de Mérito do concelho e a inauguração da Exposição «Cores e Formas dos Nossos Artistas», na Galeria de Arte Pintor Samora Barros. No dia 19 teve lugar a atividade desportiva
TikTokers
«Caminhadas ao Luar» e o espetáculo juvenil dos «BRK». Os maiores
ficaramAlvesLeonorDance.albufeirensescom«crew»,departicipaçãocoreografiaespetáculouniram-seportuguesesparaumúnico,comeespecialCifrãoedasuanumafusãootalentolocaldosSoulRafaelSantos,FilipaeRodrigosãojovensquefamosospeladança e que, em conjunto, têm um total de mais de 2.5 milhões de seguidores nas redes sociais. As comemorações terminaram a 21 de agosto, com a 16.ª Prova de Mar, na Praia dos Pescadores. O evento, uma organização do Futebol Clube de Ferreiras, que contou com o apoio do Município de Albufeira, integrou a realização da 5.ª Prova de Promoção (250m), a 7.ª Prova de Divulgação (800m), e a Prova Principal (2.000m), com a entrega de prémios na Praia dos Pescadores .
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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina agoa acolheu, de 19 a 28 de agosto, a 41.º edição da FATACIL – Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa, com um cartaz de espetáculos a pensar nas diferentes gerações que visitam o certame e que valoriza a identidade da maior feira de atividades económicas a sul do rio Tejo. Para além do palco FATACIL, por onde passaram Expensive Souls, Gipsy Kings by Diego Ballardo, João Pedro Pais, Profjam, Quim Barreiros, Plutónio, Bárbara Bandeira, Resistência, Fernando Daniel e Tony Carreira, a edição deste ano introduziu um palco secundário (o Palco Lagoa) na zona da restauração onde os visitantes puderam desfrutar de boa música, desde o pôr do sol até às 22h. Para além dos dois palcos, houve sempre animação de rua a cargo dos grupos Next Combo e Al Fanfare.Conhecida pela sua diversidade de setores, pelas oportunidades de negócio que cria, pela excelente gastronomia e por apresentar espetáculos musicais de grande qualidade, a FATACIL tem vindo a
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A MAIOR FATACIL DE SEMPRE
oficial da 41.ª FATACIL aconteceu no dia 19 de agosto, com a presença do Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, do presidente da CCDR Algarve, José Apolinário, da vice-presidente do Turismo do Algarve, Fátima Catarino, e de diversos autarcas algarvios e diretores regionais de órgãos descentralizados do poder central. “Os lagoenses souberam unir-se e superar-se nos momentos duros da pandemia que nos atinge desde 2020, dando um exemplar sinal de responsabilidade e compreensão, mas sem nunca deixar de ansiar pelo retomar das suas vidas, tal como as conhecíamos antes”, começou por dizer Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, na cerimónia oficial de abertura. “A FATACIL está de volta, um evento e espaço que une gerações de lagoenses há mais de quatro décadas, e que regressa em grande. A maior feira a sul do Tejo e uma das maiores de Portugal cresceu ainda mais e será mesmo a maior de sempre. Aumentamos a capacidade do recinto para mais 8 mil pessoas face a 2019 e
43 ALGARVE INFORMATIVO #353 afirmar-se como uma feira equestre de notoriedade internacional, com alguns dos melhores cavaleiros nacionais e internacionais. Em 2022, o programa contemplou, como cabeça-de-cartaz, o espanhol Paco Martos, a par dos polacos «La Pattat Stunt Show» e de vários campeões nacionais, uma dupla olímpica e um campeão espanhol, entre muito mais.Aabertura
introduzimos várias novidades. Voltamos a ter um segundo palco, o Palco Lagoa, um espaço eclético onde juntamos os artistas locais de Lagoa e do Algarve, que nos trazem o fado, a música tradicional portuguesa e o folclore”, descreveu o edil.
O espaço lounge do Município foi igualmente renovado, uma zona de estar, de convívio e de promoção dos Vinhos de Lagoa, do Algarve e de Portugal, em resultado das parcerias com a Comissão Vitivinícola do Algarve e com a Associação dos Municípios Portugueses do Vinho, sendo que uma das presenças mais notadas foi a de Pinhel, Cidade do Vinho 2022. “O Município de Lagoa compreende e assume plenamente a responsabilidade social que é organizar um evento que, ao juntar perto de 200 mil pessoas ao longo de 10 noites, tem uma dimensão comparável à dos grandes festivais de Verão. A exposição e alcance da nossa feira é um poderoso instrumento
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económico e pode ajudar à retoma de que tanto necessitamos”, apontou Luís Encarnação. “O regresso da FATACIL acontece num momento em que a economia algarvia está a recuperar e a demonstrar que não se resume apenas ao turismo. Um setor que se soube diversificandomodernizar,acapacidade de oferta e criando novos fatores de atração, expandindo a atividade para lá dos tradicionais meses de Verão. Contudo, se há coisa que a pandemia nos ensinou é que não podemos continuar a colocar todos os ovos no mesmo cesto, pelo que a diversificação da economia é um fator decisivo para o futuro do Algarve”, declarou o presidente da Câmara Municipal de Lagoa, defendendo que a agricultura, pesca e indústria encontrem novos motores económicos e empregadores na região. Depois de dois anos de interregno, voltaram então a abrir-se as portas da FATACIL, “uma das maiores feiras do país, uma feira transversal que cobre múltiplos sectores de atividade e estamos aqui também a celebrar o regresso da vida”, referiu o Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva. “Ainda hoje estamos a digerir as consequências destes dois anos de pandemia, com cerca de 95 por cento da economia mundial a ter, pela primeira vez na história, uma
contração generalizada, como sucedeu no primeiro semestre de 2020. Assistiu-se a uma paralisação completa do transporte aéreo e marítimo, do turismo e do comércio internacional, mas pouco a pouco estamos a recuperar. E a FATACIL é um sinal forte de que a atividade económica do país está de volta”, frisou o governante, não escondendo a sua preocupação em relação a 2023 e anos subsequentes. “A nossa vida é hoje condicionada pela guerra que eclodiu na Europa e pela inflação que atingiu níveis elevados. São crise exógenas que nos afetam e nos vão afetar profundamente, apesar da resposta da economia portuguesa em 2022 ser assinalável. Há sinais de esperança, sem esquecermos que há relativamentepreocupaçõesaofuturo”, reforçou António Costa da Silva, chamando ainda a atenção para a crise climática que o planeta está a atravessar e para a possibilidade de virmos a conhecer uma crise alimentar .
CASTRO MARIM VIVEU FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES
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Texto: Daniel Pina | Fotografia: João Conceição e Município de Castro Marim e 12 a 15 de agosto, Castro Marim esteve em festa, nas celebrações em honra da Senhorapadroeira,suaNossados Mártires. Tendo como ponto alto e momento mais icónico a Procissão de 15 de agosto, esta edição vibrou também com o direto do «Somos Portugal» da TVI. Com especial destaque para a participação do repórter e castromarinense João Valentim, foram acolhidas algumas sugestões do Município que representam as tradições, os costumes e a castromarinensesidentidadeequepreencheram a tarde de domingo, sempre em festa com muitos nomes da música popular portuguesa.Ascomemorações arrancaram logo na sexta-feira com a inédita Festa da Juventude, que juntou mais de 200 pessoas na Glow Run Party, animado por Blacp, Possessivo e Gustavo Vera. No dia 13 de agosto, o anfiteatro do Revelim de Santo António esgotou com a peça de teatro «É Disto qu'a minha Maria gosta» do CCD Castro Marim e com o espetáculo de dança das Love to Dance Arutla,
conduzidos pela professora Laura Pook e pelo Clube Recreativo Alturense. No dia 14 de agosto, a festa foi então trazida pelo «Somos Portugal» da TVI, em direto da Praça 1.º de Maio. Paralelamente, decorreu a Feira de Artesanato e Etnografia, com artesãos de diferentes artes e talentos, desde a latoaria, cestaria, renda de bilros, não esquecendo a gastronomia. Em palco, na mesma noite, estiveram o GRUPO +2 e os Mini Break, já conhecidos do «Somos Portugal».Odiadehomenagem à padroeira, 15 de agosto, começou com o Hastear da
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Bandeira nos Paços do Concelho, pelas 9h. Este foi também o dia da quarta edição do torneio de futsal em honra de Nelson Solá, uma homenagem póstuma ao antigo jogador. A Procissão em Honra de Nossa Senhora dos Mártires percorreu as ruas da vila, acompanhada e saudada por centenas de fiéis devotos, numa das romarias mais participadas de que há memória. O grande concerto da fadista Sara Correia fechou esta edição das Festas, numa organização da Câmara Municipal de Castro Marim e da Paróquia de São Tiago e com o apoio dos clubes e associações locais .
RITA EMMARAVILHOSAREDSHOESTAVIRA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #353
parque do Palácio da Galeria, a Praça da República, o Jardim do Coreto e outros espaços ao ar livre da cidade banhada pelo Rio Gilão. Uma programação diversificada, com forte aposta nos talentos nacionais e regionais, e outros da lusofonia, para dar aos milhares de residentes e turistas portugueses e estrangeiros um pouco do que são a tradição, a cultura e a alma lusitanas.
ALGARVE INFORMATIVO #353 68 avira conta, sem dúvida, com divididaatrevemo-nosdasdeprogramaçãoumaculturalVerãodeluxo,umamelhoresdopaís,adizer,entreo
O dia 20 de agosto brindou a numerosa assistência que encheu a Praça da República com um concerto inesquecível da talentosa cantora, música e compositora Rita Redshoes, que trouxe a Tavira os temas do seu mais recente disco, «Lado Bom», e os êxitos dos álbuns anteriores. Uma noite em que a simpática artista esteve em constante diálogo com o público, recordando, inclusive, a sua última passagem pelo concelho de Tavira, mais concretamente pela Casa do Povo de Santo Estêvão, a 17 de novembro de 2018, naquele que, na ocasião, foi o seu primeiro concerto depois de ter sido mãe. Desta vez Rita Redshoes não chorou a cantar «Rosa Flor», tema que escreveu a pensar na sua filha ainda por nascer, mas as emoções estiveram sempre à flor da pele e contagiaram a plateia em mais uma noite de sucesso do «Verão em Tavira» .
ESPETÁCULOS DO «VERÃO EM TAVIRA» NO PALÁCIO DA GALERIA FECHARAM EM GRANDE COM DINO D’SANTIAGO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Miguel Pires (www.mpalgarve.com) ALGARVE INFORMATIVO #353 82
ALGARVE INFORMATIVO #353 84 s concertos do parque do Palácio da chegaramemprogramainseridosGaleriano«VerãoTavira»aofim, no dia 17 de agosto, da melhor forma, com Dino D’Santiago a garantir mais uma – a quarta, depois de MARO, The Gift e Diogo Piçarra – lotação esgotada nestes eventos promovidos pela Câmara Municipal de Tavira. Natural de Quarteira, Dino é atualmente uma voz do mundo e da mistura, trabalhando a tradição caboverdiana com o peso contemporâneo da eletrónica global, como bem o demonstra o hino «Kriolu» com a colaboração de Julinho KSD e produção de Branko e PEDRO. Claudino Pereira de nascença, o artista já pisou palcos como o Super Bock Super Rock, NOS Primavera Sound, MED, FMM, entre muitos outros, numa caminhada repleta de sucessos que parece não ter fim à vista, e com todo o mérito.DinoD'Santiago começou 2020 a estrear «Kriola» (Sony), considerado um dos melhores álbuns do ano por meios como o Público, Time Out, Blitz ou Correio da Manhã, mas também recebendo as mais elogiosas críticas de meios americanos e brasileiros como a Rolling Stone, Complex e Folha de S. Paulo. Conquistou ainda os Prémios Play de Melhor Álbum, Melhor Artista Masculino e Prémio da Crítica. No final de 2021 editou o seu mais recente álbum, «Badiu», com participações de artistas como Branko e Slow J, entre outros. O novo disco, que inclui «Lokura» e «Esquinas», foi já considerado um dos melhores discos de 2021 por vários meios.
ORQUESTRA DE JAZZ DO ALGARVE LEVOU «SABORES» LATINOS AO PASSEIO DAS DUNAS EM QUARTEIRA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes ALGARVE INFORMATIVO #353 92
ALGARVE INFORMATIVO #353 94 a quente noite de 15 de agosto, a Orquestra de Jazz do Algarve apresentouse no Passeio das Dunas, em Quarteira, para um concerto que teve a praia como cenário. Da América do Sul ao Caribe, «Latin Flavours» juntam à Orquestra de Jazz do Algarve a voz de Luanda Cozetti (Brasil) e a percussão de Osvaldo Pegudo (Cuba), num programa que nos transporta numa viagem pela riqueza musical que esta região do mundo nos lega, sobretudo pelo séc. XX fora, com os seus ritmos contagiantes.
Fundada em 2004 pelo trompetista jazz Hugo Alves, é a única orquestra de jazz profissional a Sul do país, cujo aclamado valor musical a torna uma das melhores orquestras de jazz portuguesas. Além das composições e arranjos originais, apresenta um vasto e diversificado repertório, evocativo de épocas ou autores como Count Basie, Duke Ellington, Glenn Miller, ou ainda temáticos como sejam o Latin ou Bossa Jazz. Tem acolhido vários músicos de renome nacional e internacional, como sejam Tom Harrell, Silje Neergard, Rick Margitza, Bobby Medina, Antonio Ciacca, Guto Lucena, Lars Arens, Greg Burk, Luís Cunha, Peter King, Maria Anadon e Arturo Serra, entre muitos outros. Na sua discografia contam-se três aclamados álbuns, sendo que, além dos inúmeros concertos em Portugal e no estrangeiro, algumas das suas mais reconhecidas ações junto do público são os festivais de jazz que tem produzido ao longo dos anos .
FESTIVAL DE ACORDEÃO JOÃO CÉSARAREGRESSOUPORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ricardo Coelho 103 ALGARVE INFORMATIVO #353
Junta Freguesiade de apresentou,Portimão em parceria com a Alvor FM, no dia 20 de agosto, o 8.º Festival de Acordeão João César, na Zona Ribeirinha de Portimão, junto à antiga Lota. Pelo palco passaram, este ano, os acordeonistas Andreia Sofia Rodrigues, João de Castro, Ricardo Alves e Jorge Alves com a participação da cantora Sara Gonçalves.Considerado um ícone da música no Algarve, João César nasceu, em Portimão, a 14 de abril de 1943. Começou a tocar aos 16 anos, a solo e também em conjuntos musicais, atuando em hotéis e salões de baile um pouco por todo o país. Desde sempre colaborou igualmente com todos os grupos de expressão musical da sua terra, de modo que, com esta iniciativa, o executivo da Junta de Freguesia de Portimão pretende manter viva a memória de um artista que tanto contribuiu para honrar o nome de Portimão e dos seus cidadãos .
LOUCURA EM PORTIMÃO COM O FESTIVAL MAR ME QUER Texto: Daniel Pina| Fotografia: Ricardo Coelho ALGARVE INFORMATIVO #353
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Produzido pela «Domingo no Mundo» e «Youknow», o Festival Mar Me Quer contou com o apoio do Município de Portimão, do Continente, da CP –Comboios de Portugal e do Turismo do Algarve e teve, de facto, um cartaz de luxo com Diogo Piçarra, Bispo, Sék Mintendes, Richie Campbell, Chico da Tina, DJ Nuno Luz, Paula Fernandes, Bué Tolo e DJ Wilson Honrado. Um evento que, a julgar pelo enorme sucesso, tem tudo para integrar o programa regular de animação do Verão algarvio .
milhares de pessoas para um novo festival, nos dias 12, 13 e 14 de agosto, com a primeira edição do «Mar Me Quer», evento criado para ir de encontro à procura de um acontecimento com um mood jovem, trendy, irreverente e com causas ambientais bem definidas.
Da paisagem na obra de Joana Mestre Simões Mirian Tavares (Professora Universitária)
“Um pedaço de natureza” é, em rigor, uma contradição em si; a natureza não tem fracções; é a unidade de um todo, e no momento em que dela algo se aparta deixará inteiramente de ser natureza, porque ele só pode existir no seio dessa unidade sem fronteiras, só pode existir como uma onda da torrente conjunta que é a “natureza”.
Georg Simmel
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A humanidade, que já não se sente integrada ao todo, à natureza indivisível, recorta fragmentos e cria a ideia de paisagem como uma parte abarcável de um todo que não se consegue controlar. Recorro a Simmel e ao uso que faz do termo paisagem, como uma categoria do pensamento humano, uma forma cultural, e datada, de se relacionar com a natureza, para falar de um conjunto de obras, da artista Joana Mestre Simões, que ela intitula de Impacto. Através de formas abstratas, desenhadas, pintadas, encravadas na tela através do uso do pincel ou do lápis como um instrumento de penetração, não apenas de riscar ou de pintar, a artista cria imprevisíveis paisagens – não-figurativas, mas, também, não completamente abstratas.
m 1913, o sociólogo alemão Georg Simmel escreve um ensaio que intitula A filosofia da paisagem*. A obra, que teve uma repercussão tardia entre nós, percorre a história da paisagem, ou melhor, do nascimento do conceito de paisagem como categoria – separada da ideia de natureza como um todo. Para Simmel, a ideia de paisagem aparece primeiro nas Artes Plásticas – são os artistas quem representam o que, para ele, era um sintoma de uma nova forma de relação estabelecida com a natureza pela Modernidade.
A paisagem insinua-se nas linhas de montanhas que aparecem ao fundo, nas manchas de cores variadas que se sobrepõem e delimitam zonas de reconhecimento do real em meio ao emaranhado de cores e de formas sinuosas. O azul, o verde, os castanhos e, sobretudo, o amarelo, dão-nos a ver rios, montanhas, espaços soalheiros – um lugar específico, o Algarve, talvez. Um espaço que não aparece de um gesto livre ou inconsciente, mas que surge de estudos, de bosquejos, de ensaios. Uma paisagem que se quer visível mesmo que não dada de forma óbvia. Mesmo a apresentação de algumas telas, propositadamente tortas, ou fora do sítio, indiciam o impacto da paisagem sobre a artista.Joana Mestre Simões, ao falar do seu trabalho, explica porque a necessidade de acrescentar gesso às telas – para que a bidimensionalidade da pintura seja
Ambos, de forma diversa, dão-nos conta da mudança de percepção da e na natureza e da concepção da humanidade como indivíduos, isolados do todo, com uma consciência de si e do seu entorno. Para Eliasson, continuamos a vivenciar uma ideia de espaço fixada pela Modernidade, e a arte teria então a função de promover experiências de instabilidade e de mobilidade. O espaço deixa de ser fixo, e por espaço podemos falar de natureza, ou de paisagem, e passa a existir em relação: “quando alguém caminha pela rua, coproduz a espacialidade da rua e, simultaneamente, vê-se coproduzida por ela”. A paisagem contemporânea é um modelo da contemporaneidade em si e a obra de Joana Mestre Simões é um ensaio que nos permite experienciar novas paisagens, modelos que não representam o real, mas que criam realidades alternativas e fazem-nos pensar – que é também uma das mais importantes tarefas da arte . (Das coisas que me dão mais prazer: ser convidada por um ex-aluno, ou aluna, para escrever um texto sobre o seu trabalho. O que me deixa muito feliz, e orgulhosa, ver artistas emergirem e criarem seu caminho no mundo das artes).
Se Simmel reconheceu, em 1913, que a paisagem é fruto da nova consciência moderna, em 2007 o artista Olafur Eliasson** vem afirmar que somos testemunhas de uma mudança profunda na relação entre «realidade e representação».
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* Simmel, G. (2009). A Filosofia da Paisagem. Covilhã: Lusofiapress. ** Eliasson, O. (2009). Los Modelos son reales. Barcelona: Gustavo Gili. Célio
substituída pela tridimensionalidade do volume que avança para fora do quadro. Ao mesmo tempo serve para ser intervencionado pela artista, criando uma superfície rugosa, passível de ser perfurada, criando uma zona de tensão entre a leveza das cores e a intensidade das linhas que surgem como cortes, cicatrizes, como elementos que revelam a preocupação da artista com as paisagens reais que desaparecem, que são substituídas por outra paisagem –urbana, artificial, desabrigada.
Foto: Vasco
leitura romancedode Lídia
“As chamas voavam entre as ruas, as labaredas consumiam séculos, o cogumelo engrossava a cúpula e rodava sobre si, a catástrofe alastrava em dimensões gigantes. Pessoas, gritos, cenas patéticas, casas e haveres, gente no princípio e no fim da vida vagueava sonâmbula, entre as chamas. Ouviam-se as explosões suceder-se em cadeia. Era difícil distinguir frases completas no meio das vozes”.
Jorge O Jardim Sem Limites, publicado em primeira edição em 1995, galardoado com o Prémio Bordallo Pinheiro e cuja quinta edição foi publicada este ano pelas edições Dom Quixote, conduz-me instintivamente a Agosto de 1988, a quem eu era nesse tempo da adolescência, aos sonhos que alimentava, ao modo como contemplava certos acontecimentos, à forma como projectava o futuro.
Então, neste romance de matriz urbana, seguimos a narradora acompanhada da sua máquina de escrever Remington que habita a Casa de Arara, partilhada com vários hóspedes, cada um encarnando diversas particularidades e desafios.
Entre eles, destaca-se Leonardo, o homem estátua que pretende ser recordista voluntário de imobilidade, tendo como objectivo supremo que as aves façam com ele aquilo que fazem às estátuas, um protagonista silencioso a calar em si inúmeras vozes. Mas, indubitavelmente, do leque de personagens foi com a narradora que mais me identifiquei, uma testemunha imparcial, que observa o mundo circundante sem nele interferir (“eu apenas me limitava a registar” (p. 173), “eu apenas queria ver. Não tinha de intervir”, (p. 342), como se assistisse a um filme que vai registando com a sua Remington, a funcionar como um prolongamento e simultaneamente também como personagem). Tanto ela como a máquina de escrever personificam os sonhos que me moviam nesse ano. Queria escrever e acreditava que para o realizar só precisava de uma máquina de escrever - que me terá sido oferecida pelos meus avós precisamente em 1988. Uma prenda há muito sonhada e verdadeiramente inesquecível. Tratavase de uma Rover 7000 que ainda hoje guardo muito carinhosamente. Foi também o tempo de entender que um sonho não se concretizaria apenas devido
Lídia Jorge, O jardim Sem Limites
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Do sem Limites de Lídia Jorge à intersecção das memórias Dora Nunes Gago (Professora universitária)
Jardim
125 ALGARVE INFORMATIVO #353 a uma máquina, que haveria e continuará a haver um longuíssimo, árduo e sinuoso caminho a trilhar. Claro que aludir a uma máquina de escrever hoje será algo estranho, no nosso tempo vivido pelos e nos ecrãs dos computadores, dos iPad, dos telemóveis. Mas, nessa altura, também um cenário como a Casa de Arara, território de liberdade ancorado no meio urbano onde pudesse escrever sem limites sobre figuras interessantes que me rodeassem correspondia a um sonho, a um projecto para o futuro.
Com efeito, O Jardim Sem Limites é um romance denso, rico, tecido em várias camadas, no qual actuam personagens que também intersectam a vida com as diversas artes, desde a literatura ao cinema, passando pela fotografia. Uma obra que, além de retratar um tempo, uma época, nos conduz a um reconhecimento do que fomos e somos, uma digressão pelas nossas imperfeições, desafios inerentes à condição humana, constantes frustrações de Ícaros adiados e também ao terreno onde germinam os sonhos, numa oscilante dança entre a sombra e a luz -tal como sucede na grande Literatura, fio de seda a unir o passado ao presente e futuro, a intersectar as memórias do nosso mundo privado com outros universos .
Contudo, há um outro facto que se inscreve indelevelmente na minha memória: a descrição do incêndio dos Armazéns do Chiado, ocorrido no dia 25 de Agosto de 1988, perto do final da obra. Lembro-me que nesse dia o eco dessa tragédia me chegou pela voz da rádio que ouvia enquanto amêndoasdescascava-osmeusVerões no Algarve estavam distantes dos apregoados nos folhetos turísticos. Por isso, eu que nessa altura nem sequer conhecia a Baixa de Lisboa, fiquei com estes relatos gravados na memória, depois avivados com imagens dos telejornais. Nesse tempo, os incêndios ainda não povoavam os noticiários, nem mobilizavam os meios de comunicação social. Acedo, por isso, agora, a uma outra dimensão transfigurada na narrativa, permitindo-me uma viagem reinventada ao interior da memória.
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