REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #354

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XXIII DIAS MEDIEVAIS DE CASTRO MARIM | BANHO DE 29 EM ALJEZUR | OSMOSE «PROMETO VIVER - EM SEGURANÇA» | FOLKFARO EM QUARTEIRA | EXPENSIVE SOUL POLO TECNOLÓGICO VAI NASCER NO AUTÓDROMO INTERNACIONAL DO ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO 3 de setembro, 2022 #354

ÍNDICE «Prometo Viver - Em Segurança» (pág. 26) Polo Tecnológico vai nascer no Autódromo Internacional do Algarve (pág. 34) XXIII Dias Medievais de Castro Marim (pág. 46) Expensive Soul na FATACIL (pág. 68) Banho de 29 em Aljezur (pág. 82) João Pedro Pais em Lagos (pág. 92) OSMOSE no «Verão em Tavira» (pág. 108) FolKFaro em Quarteira (pág. 118) OPINIÃO Mirian Tavares (pág. 130) Ana Isabel Soares (pág. 132) Adília César (pág. 134) Fábio Jesuíno (pág. 138) Nuno Campos Inácio (pág. 140) ALGARVE INFORMATIVO #354 14

JUNTA ARTISTAS EM EVENTO SOLIDÁRIO EM FARO EM HOMENAGEM A GONÇALO ASSUNÇÃO

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«PROMETO VIVER – EM SEGURANÇA»

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina os locais mais sombrios pode haver luz e da tristeza, do drama, da perda irreparável, pode nascer um movimento de solidariedade e esperança que se propõe ajudar quem de ajuda precisa. Esse é o objetivo primeiro do «Prometo Viver», que se juntou à Associação Salvador para organizar o evento «Prometo Viver – Em Segurança», a ter lugar, no dia 30 de setembro, no Teatro das Figuras, em Faro. Uma noite que juntará em palco João Pedro Pais, Pedro Chagas Freitas, Luís Represas, Nuno Guerreiro, Domingos Caetano, Carolina Leite, Joana Reais, Pedro Lamy e Kristoman, conforme se ficou a saber numa conferência de imprensa que teve lugar, no dia 29 de agosto, no Tivoli Lagos Algarve Resort. “Estes projetos são importantes, fazem sentido, é preciso continuar sempre a chamar a atenção de que todos nós somos segurança rodoviária”, começou por

dizer Sara Coelho, vice-presidente da Câmara Municipal de Lagos, com a sua colega são-brasense, Marlene Guerreiro, a acrescentar que “tem sido um privilégio dar um pequenino contributo a esta ideia tão bonita e que merece o reconhecimento”nosso“Não é fácil encontrar pessoas como esta família, que têm um rasgo de generosidade autêntica e extraordinária e que ousaram transformar a dor de uma perda enorme em algo que permite ajudar aqueles que tiveram outro desenlace numa história parecida. Sinto uma profunda admiração por esta família e pelos seus amigos, porque este não é um evento musical, é um evento que mostra, sim, a força do amor e aquilo que é possível fazer com amor. «Prometo viver» é um compromisso que todos nós devemos assumir todos os dias, connosco e com quem amamos”, declarou a vice-presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel.

O movimento nasceu de uma tragédia imensa, a morte do jovem são-brasense Gonçalo Assunção na sequência de um acidente rodoviário, conforme explicou o tio, Joaquim Terêncio. “No dia 24 de dezembro de 2020, o meu sobrinho teve um acidente frontal de viação, foi operado logo nessa noite e nos quatro meses seguintes esteve num coma vegetativo, um período que foi

ALGARVE INFORMATIVO #354 28 bastante difícil para a nossa família. Durante esse tempo todo, a minha irmã passava horas a colocar nos ouvidos do Gonçalo músicas do João Pedro Pais, porque era o seu artista preferido, e de alguma forma ele ficava mais calmo”, recordou. “Ao fim de três, quatro meses, começamos a pensar no que poderia acontecer se ele saísse do hospital, conseguimos provisoriamentereservarumquarto

no CRM Sul e fomos pesquisando tudo o que seria necessário, em termos de acessórios, para equiparmos a casa quando ele tivesse alta hospitalar. Nessa altura passamos a olhar com maior preocupação para aquelas pessoas que são nossos pares e que, devido a algum infortúnio da vida, têm dificuldades motoras, e sentimos vontade de ajudar aqueles que se encontravam numa situação semelhante àquela em que o meu sobrinho eventualmente iria ficar”

Infelizmente, a história teve um desenlace diferente, com Gonçalo Assunção a falecer no dia 10 de maio de 2021 e a cerimónia de despedida de São Brás de Alportel ao seu «filho» foi bastante emotiva e, diga-se, diferente, com a Igreja Matriz a receber um autêntico «concerto» com temas de João Pedro Pais tocados e cantados pelos seus amigos e familiares. “Ficou a vontade de organizar um evento solidário com o João Pedro Pais e, num passeio pelos Passadiços da Quinta do Lago, em julho de 2021, cruzei-me com o Salvador. No dia seguinte enviamos um email para a Associação, recebemos logo uma resposta, a primeira entidade a ser contatada foi a Câmara Municipal de São Brás de Alportel e todo o trabalho que tem sido desenvolvido após essa data culminou neste cartaz”, acrescentou Joaquim Terêncio. A primeira reunião com a Associação Salvador e com o Município de São Brás de Alportel aconteceu precisamente a 8 de outubro de 2021, data de aniversário dos gémeos Gonçalo e Rodrigo Assunção. “Tudo nasceu com um desejo muito forte e uma vontade enorme de fazer algo, porque o Gonçalo continua a ser uma força bastante presente no seu grupo de amigos, a NATA, e a movê-los, a impulsioná-los para fazer coisas. E, durante o tempo em que estive no hospital a acompanhar o meu filho, apercebi-me de uma realidade que todos nós conhecemos, mas da qual não estamos conscientes”inteiramente , contou, entretanto, Cristina Terêncio. “Cada um tem a sua forma de fazer o luto, a sua terapia, e eu andava a escrever, de tal modo que o meu irmão e a minha cunhada me ofereceram um

curso de escrita criativa com o Pedro Chagas Freitas, que teve bastante paciência comigo enquanto eu ia deitando cá para fora aquilo que tinha no meu interior. Ao fim de dois meses de curso, desafiei o meu mestre a criar um nome para o nosso evento, e assim apareceu o «Prometo Viver», que fez logo todo o sentido para a família”, relatou a mãe de Gonçalo Assunção. “A música fala quando não sabemos o que dizer e o nosso desejo maior era ter, claro, o João Pedro Pais neste evento. E pode ter a certeza de que vai estar para sempre no coração de São Brás de Alportel e de que nenhum são-brasense vai ouvir as suas músicas da mesma maneira depois do que sucedeu ao Gonçalo”, garantiu, emocionada, Cristina Terêncio ao consagrado músico que estava a seu lado.

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Presente na cerimónia à distância esteve Salvador Almeida, o mentor da Associação Salvador, que ficou bastante sensibilizado com “esta forma tão positiva, exemplar e estimulante para as outras famílias de dignificar também o Gonçalo”. “A música tem uma força brutal e ajuda-nos sempre nos momentos mais divertidos e nos momentos

Com mais de 25 anos de carreira, mas sempre com uma postura discreta e avessa aos holofotes da fama, João Pedro Pais prontamente deu os parabéns a Cristina e a Joaquim Terêncio por terem pensado nesta forma de homenagear o Gonçalo e todos aqueles que sofrem acidentes rodoviários. “É um prazer imenso participar neste evento porque me senti bastante incomodado com aquilo que aconteceu ao Gonçalo, um miúdo que gostava muito das minhas canções e que estava numa situação complicado e sem se saber se continuaria ou não entre nós. Estão neste cartaz pessoas com quem me dou muitíssimo bem, pessoal e profissionalmente, e de certeza que vamos fazer uma coisa bastante engraçada para chamar a atenção para a sinistralidade rodoviária”, assumiu o cantor, músico e compositor.

Quanto ao «Prometo Viver – Em Segurança», fica a promessa da família de Gonçalo Assunção de continuar a ajudar, pelo que poderemos aguardar por mais capítulos deste movimento solidário que nasceu em São Brás de Alportel .

ALGARVE INFORMATIVO #354 30 de maior mágoa e de indefinição. A associação faz 19 anos e o nosso objetivo é ajudar qualquer pessoa com deficiência motora para que possam fazer uma vida ativa, com a noção de que existem muitos Salvadores neste país que se continuam a confrontar com problemas de acessibilidades nas nossas cidades”, frisou Salvador Almeida, antes de agradecer a Cristina e Joaquim Terêncio a oportunidade da associação ser um parceiro nesta história.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Algarve vai ter um novo localizadorenováveis,energiasdedicadotecnológicopoloàsjunto ao Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, ao abrigo de um investimento de 7,2 milhões de euros, com um apoio de 4 milhões de fundos europeus do Programa Operacional do Algarve – CRESC Algarve 2020, o que corresponde a uma taxa de cofinanciamento de 55 por cento, efetuado com verbas do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) geridas na região. O projeto é desenvolvido pela CELERATOR –Associação Parque Tecnológico do Algarve, constituída pela Parkalgar e Universidade do Algarve e pretende instalar naquela infraestrutura cinco empresas de alta e média-alta tecnologia Paulo Águas, Paulo Pinheiro, Ana Abrunhosa, Isilda Gomes, Rita Marques, José Apolinário e António Miguel Pina

ALGARVE INFORMATIVO #354 34 SONHO ANTIGO DO POLO TECNOLÓGICO JUNTO AO AUTÓDROMO INTERNACIONAL DO ALGARVE VAI

FINALMENTE TORNAR-SE REALIDADE

até 2024. Uma associação que tem como objetivos potenciar o trabalho em rede, no sentido de concentrar nas infraestruturas tecnológicas de valorização de conhecimento a massa crítica conjunta para o desenvolvimento de conhecimento e tecnologia, permitindo a sua internacionalização pelo tecido empresarial, com produtos e serviços de elevado valor acrescentado, potenciados pela aposta na componente tecnológica e pela integração de mão de obra qualificada. De acordo com Hugo Barros, responsável pelo CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, o novo Polo Tecnológico vai incluir laboratórios e centros de ensaios, contemplando a instalação de bancos de ensaio para motores de combustão interna com e sem sistemas híbridos de energia acoplados; a instalação de módulos para I&D de processo de criação e implementação de pilhas de combustível em meios de transporte convencionais; a criação de unidades para I&D e instalação de unidades para a reciclagem, com reutilização maximizada de baterias elétricas automóvel em fim de vida; uma unidade de I&D com componente de comparação com unidade convencional, para Motores Térmicos Otto, usando combustíveis sintéticos, para usos diversificados, correntes e em competição; e uma unidade de investigação, capacitação e transferência de tecnologia, em ligação com os centros de I&D da Universidade do Algarve. “É um projeto que apresenta várias oportunidades, desde o reforço das dinâmicas do AlgarveTech Hub, com particular incidência naquelas associadas ao Autódromo Internacional do Algarve (eletrónica, mecânica, energia, novos combustíveis, mobilidade); à intermediação com

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as linhas de investigação dos centros de I&D da Universidade do Algarve, e com as áreas de formação avançada (TesP, Licenciaturas, MsC, PhD); à intermediação com as dinâmicas e empresas instaladas no Polo Tecnológico do Algarve, com particular foco com as dinâmicas do UALG TEC CAMPUS (TICE); à articulação com o Campus Universitário de Portimão; e à dinamização do ecossistema de inovação do Barlavento Algarvio”, destacou Hugo Barros. Antes disso, Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar, já tinha manifestado o seu regozijo pelo início da última fase de um projeto global que começou com o Autódromo e prosseguiu com um kartódromo e um complexo turístico. “O parque tecnológico era uma das componentes mais importantes e uma das grandes apostas deste projeto. É talvez o maior desafio de todo este complexo e finalmente conseguimos. A tecnologia, a mobilidade, a sustentabilidade, são pilares fundamentais para o nosso desenvolvimento social e económico e ajudam inclusive os países a serem mais competitivos uns em relação aos outros. E estes circuitos são talvez a forma mais disruptiva de fazer a diferença neste caminho”, salientou Paulo Pinheiro, dando o exemplo concreto do Grupo Volkswagen, que esteve praticamente duas semanas no Autódromo Internacional do Algarve com cerca de 32 carros e 90 pessoas a fazer testes. “Aquilo que antigamente víamos em filmes de ficção científica está hoje a acontecer nos circuitos, porque possuímos todas as condições de segurança para

ALGARVE INFORMATIVO #354 38 que tal aconteça. O polo tecnológico que aqui vamos construir terá as condições técnicas mais avançadas para que se possam testar componentes, combustíveis, formas de locomoção, veículos autónomos, híbridos e não híbridos, com densidades energéticas diferentes” Paulo Pinheiro lembrou que Portimão é a 56.ª cidade de Portugal e que nem sequer consta nas 10 mil maiores da Europa, contudo, em termos de automobilismo e motociclismo, é uma das três melhores do mundo. “Contra a vontade de muitos, Portugal tornou-se uma referência global turística e desportiva, somos o circuito que nos últimos três anos

teve mais provas de campeonatos do mundo de desporto motorizado e vamos terminar 2022 com 42 corridas”, indicou o administrador do Autódromo Internacional do Algarve. “Este dia para mim não tem valor.

O desporto motorizado é um motor da economia na vertente turística e uma excelente forma de um destino ganhar notoriedade.

Portimão e Portugal vão passar a ser uma referência mundial na engenharia, nas novas tecnologias, nos novos caminhos da mobilidade e sustentabilidade.

Não é por acaso que todos os países do Médio Oriente – os mais ricos do mundo – construíram circuitos e atrás deles veio o desenvolvimento sustentável. E o desenvolvimento tecnológico tem

Na apresentação do projeto, o Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, José Apolinário, salientou o regresso e reforço da presença da Universidade no Barlavento e destacou que esta nova infraestrutura permite “aproveitar o efeito trator do turismo para a inovação e económica,diversificaçãocontribuindopara a coesão territorial e criação de emprego qualificado”. O dirigente sublinhou também o facto deste polo de inovação se situar numa área de baixa densidade, “focado na transição climática, na mobilidade sustentável e na diversificação económica, demonstrativo da nossa visão regional 2030”. “Os fundos europeus somam-se aos esforços dos privados, dos municípios, das entidades públicas do Estado, não se substituem, para garantir um impacto económico real. Com os 4 milhões de euros de fundos europeus mobilizados para este investimento queremos ajudar a dotar a região de um equipamento de investigação com condições para atrair empresas e inovação. O Algarve apresenta uma fatia de emprego altamente qualificado de 18,2 por cento, inferior aos 24,4 por cento a nível nacional, pelo que ambicionamos com este projeto dar um salto significativo nesse valor e duplicar igualmente o peso em investimento em I&D na região. Com a criação deste polo

UMA REGIÃO TODA UNIDA TORNO DO PROJETO

EM

que ser feito por engenheiros, pelas universidades, por pessoas que percebam da poda”

“Uma região resiliente é uma região com mais investimento em inovação e conhecimento, com recursos qualificados, com mais coesão social e territorial”, completou.Namesma sintonia, Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, sustentou que a criação do novo polo “faz parte da missão da universidade”, instituição que “só tem a beneficiar com uma região que tenha uma economia mais diversificada e que possa gerar trabalho mais qualificado”

desejamos também provocar um efeito acelerador na oferta formativa”, reforçou José Apolinário.

“O Autódromo Internacional do Algarve é muito mais do que as competições de desporto motorizado, é também turismo, investigação e inovação. Só conseguiremos ultrapassar as grandes dificuldades que a humanidade enfrenta atualmente, nomeadamente em torno da energia e da água, através da ciência, daí estarem nesta cerimónia diversos autarcas algarvios. É importante que o governo saiba que no Algarve não

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. Já António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão e da AMAL – Comunidade

.

Intermunicipal do Algarve, recordou que os autarcas algarvios consideraram este Polo Tecnológico como o terceiro investimento mais importante para a região, apenas atrás do Hospital Central do Algarve e do Porto de Portimão, expressando que “este não é só um projeto de Portimão, é da região”

andamos às cabeçadas uns com os outros, a região pensa de uma maneira alinhada”, declarou o edil olhanense.Palavrasreforçadas por Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, apontando para os vários dirigentes de associações empresariais que também marcaram presente na cerimónia. “Nós não queremos «capelinhas», queremos uma região unida e coesa, porque aquilo que é bom para Portimão é bom para o Algarve e para Portugal e o InternacionalAutódromodoAlgarve é uma mais-valia para todo o país”, afirmou, antes de deixar umas palavras de agradecimento a José Apolinário e à Ministra Ana Abrunhosa, “duas pessoas determinantes para estarmos hoje aqui”. “O José Apolinário abraçou este projeto com um entusiasmo imenso desde a primeira hora, também em nome da coesão regional, transmitiu essa dinâmica e força à Ministra, e esta de imediato deu luz verde para seguirmos em frente. Disse logo que era para fazer e que conseguíamos ultrapassar os constrangimentos que existiam. É destas pessoas que nós precisamos”, enalteceu a autarca. “Este processo começou com entusiasmo e dinâmica, com soluções, de forma estruturada, mas, tratando-se de um polo tecnológico, vamos precisar de mão-de-obra qualificada na região. Nesse sentido, a Câmara Municipal de Portimão já disponibilizou um terreno com 22 mil metros quadrados de área de construção para se fazer um campus universitário com residências

ALGARVE INFORMATIVO #354 42 universitárias e para professores, com todas as estruturas necessárias para apoiar alunos e docentes. É um investimento que vai permitir que muitos dos nossos jovens estudem aqui e se fixem aqui”, adiantou Isilda Gomes. Na sua intervenção, a Secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, sublinhou o potencial deste investimento em termos nacionais, complementando a política de eventos apoiados na época baixa e diversificando a base económica. Por seu lado, a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, salientou que o complexo do Autódromo Internacional do Algarve vai ser um «laboratório vivo» que congrega uma pista para desportos motorizados e um laboratório no setor dos transportes, mobilidade e soluções energéticas. “Sabemos que os desafios que enfrentamos atualmente são muito diferentes daqueles que tivemos pela frente no passado e não os conseguimos ultrapassar sem novas soluções e, por vezes, temos que ir beber a várias fontes de conhecimento. O Paulo Pinheiro desde o início que sonhava com um parque tecnológico com empresas e marcas internacionais e, neste momento, já aqui encontramos a última fase de muitos projetos, já temos a atividade económica e os futuros parceiros que vão beneficiar da inovação e das novas soluções que aqui vão nascer. Este não é um projeto apenas de Portimão, mas do Algarve e de Portugal”, concluiu a governante .

dois anos de ausência devido à pandemia. Durante cinco animados dias e cinco misteriosas noites, largos milhares de pessoas viajaram à época mais intrigante da história, num evento organizado pelo Município de Castro Marim que se distingue pela preocupação com o rigor histórico e pela participação de mais de 30 grupos de animação, nacionais e internacionais, alguns só com presença em Castro Marim.

ALGARVE INFORMATIVO #354 46 XXIII DIAS MEDIEVAIS ENCHERAM CASTRO MARIM COM MILHARES DE VISITANTES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina s Dias agosto,desuanaquelaCastroregressaramMedievaisaMarim,quefoia23.ªedição,24a28dedepoisde

Por palcos distintos da vila, desde o mercado medieval até ao Castelo, foi possível conhecer a diversidade de artes e performances, desde teatros de rua, grupos «passa calles», malabaristas, zaragateiros, cuspidores de fogo, gaiteiros, equilibristas, espadachins e contorcionistas, música medieval, música e dança árabe-oriental, música sacra,

47 ALGARVE INFORMATIVO #354 danças medievais, encantadores de serpentes, arruadas e ainda demonstrações de falcoaria. Embora a animação percorresse todo o recinto, o Castelo voltou a ser o palco principal dos Dias Medievais em Castro Marim. Sendo o cenário mais leal possível à Idade Média, ali estiveram representadas mais de 45 artes e ofícios e também ali decorreram grandes espetáculos e torneios medievais a cavalo. Outra das grandes atrações foram os banquetes que tiveram lugar num espaço exclusivo e à luz misteriosa das tochas. A ementa reuniu as melhores iguarias da época medieval e durante a ceia os comensais foram entretidos pelas performances dos grupos de animação. Ainda no Castelo, a exposição de Instrumentos de Tortura e Punição (cofinanciada pelo Interreg V-A, apoiada pela União Europeia, cofinanciada a 75 por cento pelo FEDER, projeto FOURTOURS), recordou algumas das razões pelas quais a Idade Média foi a Idade das Trevas. Os Dias Medievais continuam a ser um evento pensado para as famílias, não faltando espaços destinados às crianças no castelo (junto à loja medieval) e na vila (junto à Igreja Matriz e na Rua dos Combatentes da Grande Guerra), que contavam com oficinas, jogos, carrocéis e contadores de histórias. A Recriação Histórica no Forte de S. Sebastião foi outro dos palcos deste evento, a cargo da Associação Companhia Livre, a «Guarnição Militar Século XVII – A

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Restauração», com exposições temáticas e demonstrações de esgrima e de equitação.

Além da animação, participaram nos Dias Medievais centenas de pessoas trajadas, que colaboram para que esta seja uma viagem verdadeiramente inesquecível e de onde é sempre difícil regressar. Pelas ruas e ruelas encontravam-se reis e rainhas, cavaleiros de armaduras reluzentes, bobos e jograis, comerciantes, monges, damas e nobres, mas também criaturas mitológicas, monstros, criaturas demoníacas e mágicas, que explicavam tudo o que ainda era vago e impreciso. E o desfile medieval, claro, é sempre uma das melhores oportunidades para absorver este universo de fantástico .

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EXPENSIVE NAAMOSTRARAMSOULTODASUAENERGIAFATACIL

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

A banda deu os primeiros passos na música em 1999, mas só se estreou nas edições, em 2004, com o clássico «B.I.». O percurso de New Max e Demo foi marcado por vários momentos altos nos anos que se seguiram, lançando os álbuns «Alma Cara» em 2006 e «Utopia» em 2010. Os seus temas deram eco à voz de uma nova geração, fizeram parte de bandas sonoras de séries juvenis de sucesso e, inclusive, de filmes da Disney, provando para lá de qualquer dúvida que «O Amor É Mágico», música que lhes valeu um Globo de Ouro em 2011 e que continua a ser uma das mais marcantes da pop portuguesa. Com mais de duas décadas de existência, os Expensive Soul mantêm-se no topo das preferências nacionais graças à sua sonoridade única em Portugal, e isso mesmo ficou demonstrado em Lagoa, com milhares de pessoas a vibrar do princípio ao fim do espetáculo que deu o «pontapé-de-saída» para a FATACIL em 2022 .

41.ª FATACIL –Feira IndústriaComércioAgricultura,Turismo,Artesanato,deede

Lagoa, realizada entre 19 e 28 de agosto, bateu todos os recordes de afluência de público, num sucesso que começou logo a desenhar-se na primeira noite, com um fantástico concerto dos Expensive Soul.

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ALJEZUR FESTEJOU FERIADO MUNICIPAL COM MUITA MÚSICA E O TRADICIONAL BANHO DE 29 Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #354 82

a semana de 25 a 29 de agosto, a vila de Aljezur revestiu-se de cor e animação tendo como pontos altos, no dia 28, a tradicional «Noite A» e, no dia 29, o Feriado Municipal com o sempre concorrido Banho de 29.

No dia 28 de agosto aconteceu mais uma edição da «Noite A – Noite Multicultural» com o dress code branco e a zona histórica de Aljezur a ser palco de diferentes espetáculos, do fado à música clássica, com performances diversas, rock, DJ Set, tasquinhas, petiscos, artesanato, e a possibilidade de visitação aos núcleos museológicos do circuito histórico-cultural e ambiental. As atuações musicais iniciaram-se no Largo da Liberdade, junto à Ribeira de Aljezur, passando pelo Largo 5 de Outubro, Igreja da Misericórdia e Castelo de Aljezur e terminaram no Largo do Mercado. As festas continuaram no dia 29 com uma Marcha Passeio logo pelas 9h30, com partida no Vale da Telha e chegada à Praia de Monte Clérigo, onde foi recriado o tradicional Banho de 29, com atuação musical do Grupeto do Coreto. Pelas 11h30 iniciou-se a «Mega Sardinhada em sua Casa», existindo em todas as freguesias pontos de entrega de sardinhas à população. A noite foi preenchida com os espetáculos musicais a cargo do grupo Némanus, Rui Soares e Lau .

O programa arrancou a 25 de agosto com a abertura da zona de Street Food e a atuação da artista local Zélia Viana. O dia 26 foi dedicado ao rock e à música dos anos 80 e 90, com os Hybrid Theory, banda de cover dos Linkin Park, e o DJ Vasco Dantas. Seguiram-se, no dia 27, Piruka e os DJ´s Los Bandidos, com muita energia e animação numa noite direcionada para os mais jovens.

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Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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FESTA DO BANHO 29 EM EMTERMINOULAGOSAPOTEOSECOMJOÃOPEDROPAIS

pós dois anos de suspensão, o Município de Lagos voltou comemorar,a a 29 de agosto, uma das tradições mais queridas do concelho, a Festa do Banho 29, e não faltaram as recriações históricas, os comes e bebes, os desfiles de trajes de banho tradicionais e muita animação musical, com o grande destaque a ser, certamente, a presença de João Pedro Pais no Cais da Solaria. Um concerto fantástico de um artista com mais de 25 anos de carreira e que continua a exibir uma energia e dinamismo incríveis que contagiam de imediato o público, um público que não se cansou de cantar os seus êxitos intemporais.

Com novo disco a lançar em novembro, João Pedro Pais mantém a sua forma única de estar na vida e na música, um anti-vedeta que encanta várias gerações, e basta conversar com ele durante alguns minutos para se perceber o porquê do seu sucesso e da sua longevidade. “Eu escrevo sobre aquilo que me rodeia e me envolve, sobre aquilo que leio, vejo e ouço. Ninguém inventa palavras e eu escrevo sobre mim e sobre vocês.Todos respiramos o mesmo ar, somos todos iguais e

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todos nós partimos um dia. Por isso, há que celebrar as pessoas que nos fizeram bem e que nunca iremos esquecer”, defende João Pedro Pais. “As coisas acontecem quando nós menos esperamos. Eu estou na música por divertimento e por contentamento. Tenho noção da minha realidade e da minha existência, sei que estou de passagem. Não vou estar até quando eu quiser, mas sim enquanto as pessoas forem às salas de espetáculos e enquanto tiverem paciência para ouvirem aquilo que eu escrevo. Para isso, tenho que tentar que as palavras façam sentido às pessoas. Serei muito breve, até quando não sei”. Nós também não sabemos, mas esperamos que esse momento ainda esteja bastante longe .

«VERÃO EM TAVIRA» DEU A CONHECER NOVO DISCO DOS OSMOSE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Miguel Pires (www.mpalgarve.com) ALGARVE INFORMATIVO #354 108

par dos grandes nomes nacionais, o «Verão em Tavira», programa tambémMunicípiodinamizadoculturalpelodeTavira,deuespaço aos projetos regionais e locais e, no dia 4 de agosto, foi a banda tavirense Osmose que teve oportunidade de subir ao palco da Praça da República para dar a conhecer o seu novo disco, intitulado «Memórias».

Mais uma noite com uma moldura humana impressionante para assistir a um dos grupos mais badalados do sotavento algarvio, composto por Diogo Ramos (voz), Luís Conceição (piano e voz), Valter Estevens (guitarras e voz), Pedro Parreira (baixo) e Bruno Maié (bateria), comprovando que a música criada no Algarve não fica atrás da produzida no resto do país .

FOLKFARO ANIMOU MERCADO DE VERÃO EM QUARTEIRA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes ALGARVE INFORMATIVO #354 118

121 ALGARVE INFORMATIVO #354 edição de 2022 do FolKFaro percorreu várias cidades do sotavento algarvio de 21 a 27 de agosto, Quarteiratendorecebido este evento organizado pelo Grupo Folclórico de Faro no dia 23. O Mercado de Verão acolheu, desta forma, o maior festival de folclore do sul de Portugal, sob o mote «Danças do Mundo pela Cultura da Paz», numa noite intensa de música, dança e tradições que contou com as atuações do Conjunto Folclórico Arte Nativa do Brasil e do Grupo Tierras Mexicanas .

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Adélia Prado

ndo, uma vez mais, às voltas com meu currículo. É sempre um Freudprovavelmente,que,sofrimentopode explicar. Já levei o assunto à terapia, mas não cheguei a nenhuma conclusão. Um amigo dizia: arrumar o currículo é como mexer no sótão, podemos encontrar muitas caixas que nem sabíamos que lá estavam guardadas, a juntar teias de aranha. Mas é também um processo de (re)conhecimento de nós mesmos, do nosso percurso, do que fizemos ou fomos obrigados a fazer. Talvez por isso a minha resistência, pois, quando entro em arrumações, tendo a me perder numa caixa de inutilidades e o resto fica à espera. O certo é que sou a pessoa mais desorganizada da face da terra - porque não arquivo coisas, porque não aponto coisas, porque há qualquer coisa em mim que me impele a um estado de quase caos. Até 2009, ano em que fiz o concurso para Professor Associado, a coisa ainda está composta. Depois daí, como disse o defunto rei, veio o dilúvio. Claro que tenho as informações, não poderia deixar de manter alguma organização estando à frente de um Centro de Investigação. Mas o que me desespera é que cada vez que tenho de mexer no bicho, que penso – vai ser desta, nunca é. Parece um buraco sem fundo em que vou me lembrando de coisas, completando outras tantas e entrando em desespero. Nessas horas, lembro-me de Mishima e da sua obra Confissões de uma máscara. Sou, e somos todos, o que conto de mim: as escolhas que fiz, os trabalhos que executei, os textos que escrevi. Mas será que isto sou eu? Seria mais interessante um currículo alternativo, onde eu pudesse ser quem penso que sou. Onde a máscara que me cobre o rosto, e o de todos nós, caísse e atrás dela estivesse alguém. Há sempre o risco de não sermos nada além das

Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. (…) Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura. (…) Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.

Curriculum Vitae Mirian Tavares (Professora Universitária)

Foto: Vasco Célio

máscaras - de sermos apenas isso, máscaras, currículos, textos, trabalhos. Sempre penso em vidas alternativas, em aquilos para além dos istos. Em escolhas que não fiz e que poderia ter feito. Penso em mim como um ser mutante, múltiplo: eu e a máscara. Eu que gosto de permanecer, mas que prefiro sair; eu que detesto escolher, mas estou sempre a tomar decisões; eu que queria descansar e não paro nunca. Eu que sou uma e tantas, que fiz coisas impublicáveis. Eu que fiz, sobretudo. E o que fiz me fez e sou um pouco disto e um bocado daquilo. Meu currículo nunca estará pronto porque há coisas que faço e que não posso registar. E estas são as melhores. E estas também me fazem. E principalmente estas, prefiro não as organizar .

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Sexagésima tabuinha - Calmaria setembrina

Acaba de ninar o Verão, aconchega-lhe sobre as costas o magro lençol de linho, encosta-lhe a porta do quarto e não cedas à sua lamúria de criança .

Quem me dera a lembrança destes fins de Verão, sempre recomeços. Saberia reconhecer o desconforto dos agostos, o jeito com que – identificam-me as palavras do viajante catalão – “a luz explosiva e incandescente, sólida mas branda, que desfia a paisagem e transforma as suas formas numa espécie de fumarola flutuante, produz em mim uma espécie de nervoso de moléstia, um estado de fatiga gratuito e inexplicável que convida a fechar-se num interior meio escuro, triste e solitário”. O pino do Verão tem a inclemência do calor e iludeme com a paragem do tempo. Penso: “Vai regressar o Outono, tudo refrescará”. Acredito numa ligeireza do corpo, no equilíbrio do seu peso com a menor carga do ar – na iluminação das paredes com as sombras prolongadas, as ruas ensombrecidas a acolher as pressas, oVem,andar.setembro.

ALGARVE INFORMATIVO #354 132 alvez já não me venha tão clara à ideia a lembrança do tempo do regresso às aulas, era eu mais pequena do que agora, e mais sábia. Mas há neste calor de sol a enviesar-se, no intervalo de silêncio que as ruas fazem, depois de debandarem os veraneantes, aves ou pessoas, um lembrete do que eram os meus setembros. Viver ao Sul é isto também: procurar os interstícios em que os lugares nos deixam habitá-los com todo o luxo com que nos seduzem. Como se descreve uma temperatura sentida no corpo, acrescentada à calma e ao silêncio? Quando visitou o Algarve, aí pelos anos 40 do século passado, o catalão Josep Pla (que entrara em Portugal pela primeira vez aos 24 anos) veio no Verão e deixou escrito que talvez não fosse essa a melhor altura para visitar a região: dizia que, “aparentemente, este país parece mais ligado a determinados sonhos de bem-estar invernal” e que fora do Verão o Algarve devia “ser mais doce, porque a luz se lança sobre a paisagem com mais suavidade”. É a luz que acaricia, mesmo nas memórias de quem não esteve aqui na altura em que a carícia mais se sentisse. Parece uma luz mais suave, esta em que o Verão vai decaindo (mesmo se, em vozes populares, se acredita ser a luz de setembro mais ferente) – a luz de uma despedida que traz ao mesmo tempo a claridade das boas-vindas. A canícula algarvia, para Pla, contrariava a ação: sob os seus «rigores», escreveu, “estas povoações parecem exalar uma morna, esmagadora preguiça, vasta e transcendental”. Setembro chega, vem manso e acicata a modorra, agitar as dormências, fazer sair da toca letárgica o homúnculo desta terra.

Ana Isabel Soares (Professora Universitária)

Nota: As citações do texto de Josep Pla (traduzidas por mim) encontram-se no volume 28 da sua Obra Completa, Direcció Lisboa (Edicions Destino, Barcelona), nas pp. 474-475. É um dos meus autores de cabeceira e foi-me apresentado, há décadas, pelo meu amigo Isaías Fanlo.

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Foto: Vasco Célio

iama. Um nome dado à voz que se assume como uma das mais radicais do século XX, predestinada à magia da «palavra infinita», a chama que nunca perece: Fiama foi, é e será uma chama poética, através de uma linguagem original, que começou por ser complexa, depois ousada e finalmente, muito simples e despojada, como afirmou o poeta Gastão Cruz.Fiama Hasse Pais Brandão nasceu a 15 de Agosto de 1938 e faleceu a 20 de Janeiro de 2007, vítima de doença prolongada. Estreouse em 1957 com Em Cada Pedra um Voo Imóvel. Depois, em partilha com Luiza Neto Jorge, Casimiro de Brito, Maria Teresa Horta e Gastão Cruz, quando publica Morfismos na colectânea Poesia 61. Tinha um “ar de senhora frágil, simbolista do fim do século XIX, mas era uma mulher de armas”, como realça Jorge Silva Melo, reforçando que a sua faceta irritadiça e inflamada é “um verbo que lhe vai bem”, daí o simbolismo do seu nome.

Quando viajamos no mundo não sabemos quem somos”3

A infância vivida na Quinta de Carcavelos –a Vivenda Azul – está sempre presente na memória dos seus poemas. Fiama é agora uma mulher madura, culta, introspectiva, mas já foi uma menina. E o que vê mistura-se com o que viu, sabe que o mundo se transforma a cada segundo, que a flor parecendo aberta, murcha e fecha-se pouco a pouco; que a borboleta parecendo em voo,

Guardado no silêncio mais espesso, O tempo faz e desfaz a vida.1

Fiama Hasse Pais Brandão - A perfeição alucinatória de Fiama Adília César (Escritora)

Imaginemos agora uma janela aberta por onde entra a brisa do fim da tarde, no limiar do crepúsculo. Eduardo Prado Coelho sugere este momento do dia como o melhor para ler a poesia de Fiama. A casa recolhida em redor da figura delicada, debruçada sobre o parapeito. A brisa é um corpo esguio capaz de movimentos sinuosos e remotos, mas indeléveis. Sentimos que tudo está concluído no limite do círculo vivo e ao mesmo tempo aberto ao êxtase da curva infinita do horizonte, a eternidade antiga que vem de outros séculos. Se a indagação sobre esse tempo clássico que não acaba dilacera-nos e angustia-nos, também é verdade que a cada passo nosso levado por cada poema seu, instiga à reconciliação com a modernidade. Tudo tem o seu lugar: a palavra, o tempo, a sensação, a viagem, o espanto. Agora, todas as coisas são irreversíveis, como a água que escorre da fonte, como o verso que brota do pensamento para o exterior. Quando o lugar da linguagem não é convocado, o idioma não nos pertence. Fiama vai mais longe e reclama: “Porque o idioma / é fechado e insondável em cada criatura, / porque cada nação é o berço de uma língua / e os meus poemas noutra língua não são meus. /

ALGARVE INFORMATIVO #354 134

Fiama Hasse Pais Brandão2

Sou capaz de conversar com Fiama, mesmo sem nunca a ter conhecido, com a intenção de a entrevistar, de a questionar sobre o seu processo de escrita e a evolução da sua poesia, que muito admiro; e creio que ela pretende ouvir-me, compreender o que dela se espera. Há até uma certa ternura na sua aura, tudo naquele ser respira poesia e me seduz. De repente, Fiama levanta a mão e interrompe-me, parecendo enfadada e surpreendentemente afogueada ao mesmo tempo:-Pode repetir? Parece-me demasiado inflectida, essa descrição relativa à minha pessoa. Veja bem minha querida, a única entrevista está nos poemas… Quer mesmo desvendar a minha alucinação? Uma absoluta presença de espírito abre os olhos à visão do poema e a poetisa reivindica uma vontade que não lhe cabe no corpo frágil, onde a doença já se instalou. Ainda vejo o seu “sorriso quase infantil”, como recorda Jorge Silva Melo. A sua natureza humana funde-se com a natureza em redor, doméstica e orgânica, como tentativa de destacar a transitoriedade fugaz das «coisas» que observa, que percepciona, e com a qual se compromete para a desvendar. É evidente a construção de imagens poéticas onde surge o realce da finitude, da morte. Sendo visível no decurso dos dias e das noites, a natureza não compensa a necessidade de respostas, não conclui as inquirições das paisagens

135 ALGARVE INFORMATIVO #354 sucumbe no último instante do dia. Ela sabe que apenas a criação estética pode guardar o que vale a pena, ainda que esses fragmentos ocasionais instiguem um empreendimento árduo de reformulações mentais, outros caminhos menos concretos de sangue ou vísceras: o corpo inteiro das coisas vivas e inertes, podendo ser um lugar ameno, é uma escravidão à espera da morte.

“Escrevo como um animal, mas com menor perfeição alucinatória”4 , invoca Fiama. Logo, não há consolação nem conforto nos versos da obra Área Branca, esse cenário do falsamente bucólico, que apesar de tudo nos arrebata. O locus terribilis por oposição ao locus amoenus, sendo que o ameno é uma

miméticas e culturais: Fiama aprisiona uma lírica reflexiva que nos provoca, que nos inquieta, que nos verga, que nos separa do todo. Mas nem sempre foi assim. Começara palavra a palavra, confinando a poesia a uma única imagem que coincidia quase sempre com uma única palavra, assim: “água significa ave”. Mas depois, na década de 60, aconteceu “a grande sucção do cérebro para a fronte e para a testa como um lago” e os versos tornaram-se mais longos, a poesia assumia-se como um corpo expansivo no seu pensamento. A este respeito, Veiga Ferreira constatou que os poemas de Fiama nasciam de quase tudo, sendo escritos em papéis soltos e posteriormente dactilografados, com poucas emendas.

ALGARVE INFORMATIVO #354 136 falsa sensação de refúgio contra o tempo e a mortalidade. Quem está vivo vê sempre a morte, vê sempre o branco da luz do fim. É para me salvar que questiono Fiama. As suas respostas conduzem à solidão metafórica. E continua: “Não sei imprimir as três linhas / convergentes do pé da gaivota, nem os pomos /leves da pata dos felinos. Só de uma forma rudimentar / escrevo, e estou a predestinar-me ao fim”. Fiama questiona-se sobre duas inevitabilidades: por um lado, a perplexidade do código escrito, que sendo complexo é ao mesmo tempo rudimentar e pouco clarificante das ideias, pelo menos em relação às marcas perfeitas deixadas pelos animais; por outro lado, a sua compulsão para poetizar destrói a vida, impele-a para um fim inevitável. Estaremos realmente a viver, ou apenas a morrer devagar? Fiama insiste: “Depois de tantos séculos posso afirmar / que a escrita é uma escravidão dura. / Sei que é inútil e desumano mover as mãos / assim. Nem estou convicta de que seja digno / escrever desta maneira; é uma manufactura triste, / quando as mãos podiam apenas escavar / na terra ou no corpo. Podem ficar as palavras / somente na fita magnética como nas cabeças loiras”. A poetisa põe de parte a eventual lucidez da sua escrita, a preponderância do erudito na linguagem escrita dos homens, aperfeiçoada desde há tanto tempo. Contudo, esse reformular contínuo dos códigos não validam as tentativas – os poemas – de concederem humanidade ao acto de escrever, pois mais dignos são os outros animais que não escrevem.Opoema

invoca a infância pura: “Nada na infância nos deveria obrigar / a traçar as patas dos roedores repelentes / que são letras. O som da boca deve escrever-se / no écran, com a nova razão da nova máquina / da realidade. Na areia, porém, ou / no mosaico molhado / terei de aperfeiçoar a minha pegada. Aproximar / dela a mão até alcançar a harmonia do trilho / do escaravelho. Uma fieira de montículos / e ranhuras até ao infinito que para ele é o mar”. A natureza que a cerca, ainda que visceral e alucinatória, é perfeita em todo o seu equilíbrio e Fiama pretende aperfeiçoar o passo, o avanço, o movimento do corpo, até alcançar a harmonia dos animais consentidos, como se a poesia não precisasse de ser escrita. E se os poemas fossem apenas ecos do grito imperial daDougaivota?asmãos a Fiama: ela está tão próxima, tão íntima, a mostrar-me generosamente todos os inícios da sua existência: ela é humana, profundamente humana; ela é o vento omnipresente, o tempo cósmico de outros séculos, a realidade poética que tanto almejo, mas não consigo alcançar. Decido tratá-la por tu. Quero entender como o poema descreve a realidade ou se o poema é a tua realidade, a falência do eu criativo como uma doença incurável. Não ousarei inventar falsas questões: Fiama diz que a única resposta está no poema introspectivo, escrevendo os 27 versos descomunais e abstractos para eu os declamar a seguir à sua criação, a fala em voz alta numa linha de escrita contínua e também, ela mesma, alucinatória e imaginada, uma recriação a partir dos poemas que leio e escavo repetidamente, a partir do tempo vivido. Pode a luz resistir à mais obscura sombra sobre o papel branco? A melancolia de Fiama sobressai nas reflexões que reitera sobre a evolução da escrita enquanto mito, ou seja, a ineficácia do acto escrevente tendo em conta a sua inutilidade, contrapondo-se à fala e à visão, e sente a solidão do seu entendimento. A aprendizagem é urgente e potenciadora da paz de espírito: “Há quantos séculos os seres humanos se aprisionaram / no mito da caligrafia. Como tem sido penoso esse gesto,

A última versão da Obra Breve de Fiama Hasse Pais Brandão contém 766 páginas de uma poesia clara e obscura que atravessam “um mundo ao mesmo tempo anterior ao olhar e esperando por ele para ser decifrado. Esse mundo não é um cosmos pleonasticamente harmonioso, desde sempre votado à contemplação e a um óbvio sentido. É só um mundo escrito em hieróglifos, finito e inesgotável na sua minúcia”5. O último poema do livro, datado de Agosto de 2000, termina com estes versos, junto ao mar do Algarve: “Hoje, / meu dia, o coração e o dia rejubilam” .

5 In Prefácio de Eduardo Lourenço à Obra Breve (2017), Assírio & Alvim.

1 In Cenas Vivas (2000), Relógio d’Água

3 In Cenas Vivas (2000), Relógio d’Água

Fiama sabe que ao longo da História a escrita condicionou as ideias, sendo que os pergaminhos e os livros fixaram no papel o que alguns escribas entenderam registar. A escrita não fixou, portanto, a fala ou a visão verdadeiras e reais, comuns a toda a natureza: a pedra, a formiga, a árvore, a areia, o mar, todos falam e vêem, sem necessidade de códigos escritos. Ela sente a opressão infligida aos escribas, esses escravos mecânicos e supérfluos da linguagem. Fiama idolatra a infância, onde mora a paz dos nomes nos fios da memória. Fiama constrói a matriz da casa, do mar, da folha, do bicho. Fiama escreve, escreve sempre: recorda, percepciona, enreda, desvenda, sofre e reconcilia-se com o mundo e as coisas; é nessa escrita alucinatória que encontramos a perfeição perfeita da linguagem poética.

2 Fiama Hasse Pais Brandão (Lisboa, 15 de agosto de 1938 – Lisboa, 20 de janeiro de 2007) foi uma autora multifacetada: poetisa, dramaturga, ficcionista, ensaísta e tradutora portuguesa; estudou Filologia Germânica na Universidade de Lisboa; exerceu actividade de investigação na área da literatura e da linguística.

4 In Obra Breve (1991), Editorial Teorema: Área Branca, Rosas (1976-1979)

137 ALGARVE INFORMATIVO #354 / há tanto tempo, e só eu o renego, porque sinto / a opressão com que alguém o tornou mais nobre / do que a minha fala ou a minha visão, únicas / propensões inatas. Prefiro aprender pormenorizadamente / a conservar uma impressão digital. Há um pensamento / abstrato e maquinal que decora a História com inteligência / mecânica, e por isso é supérfluo escrever. Só alguns / raros escribas, como os desenhadores de máquinas, / seriam necessários. E poderia descansar a cabeça / no regaço da lama”. Também Fiama concretiza a sua busca intencional de liberdade, voltando-se para o passado com o propósito de encontrar o futuro da escrita, num estado de completo dilaceramento interior. Ela escreve fora do corpo; ela sofre. E o movimento das mãos não é gesto utilitário de cavar a terra nem tão-pouco coreográfico das batidas por dentro do peito e no latejar das têmporas: é uma prisão, a escravidão do trabalho poético. A melancolia instala-se no processo de busca da origem, na recuperação do tempo tradicional e pacífico da infância. Escrever é uma tortura, dentro e fora da tradição que conhece e da necessidade de alterar essa mesma tradição, ou seja, transformar o passado num futuro real e não apenas linear. Fiama está na sombra e a paisagem que vislumbra é caracterizada por fragmentos fragmentados: divagações diluídas, perdidas nas sombras: “Ensinaria à infância a gravar / no pó de talco a palma das mãos e a considerar as palavras / modulações da voz pura, sem a mancha embaciada / compacta que paira diante dos olhos sempre / que se fala. A mancha que se desloca no raio da visão / e desbota qualquer imagem como a chama de uma vela / com a fuligem constante a torná-la opaca”.

Uma inovação geradora de novas oportunidades que está a transformar a nossa sociedade a um ritmo alucinante e a criar um novo paradigma na inovação.

Nesta inovação, os pitchs estão sempre em destaque. Os pitchs são apresentações com a duração entre os três e cinco minutos com o principal objetivo de despertar o interesse do público, sejam eles clientes ou investidores. Depois de muitos pitchs, crescimento e notoriedade, um grupo restrito de startups consegue alcançar um patamar de grande importância, os unicórnios, o nome que se dá às startups com um valor de mercado superior a mil milhões de dólares, onde os portugueses já conseguiram gerar bons exemplos.

ALGARVE INFORMATIVO #354 138

ejam bem-vindos à maior inovação da história da humanidade, onde uma simples ideia de negócio pode ter um impacto global na sociedade e transformar a forma como vivemos. Um mundo cheio de oportunidades e desafios. Esta inovação começa com a criação de uma startup, que é acima de tudo, uma iniciativa de uma ou mais pessoas para criarem um modelo de negócios inovador, repetível, escalável e que gere valor.Ainovação das startups é claramente democrática, possibilita a qualquer pessoa com empreendedorascapacidadeseideiasinovadoras criar negócios de grande sucesso e rapidamente escaláveis por todo o mundo.Nasociedade portuguesa, esta inovação também se faz sentir, com um crescimento nos últimos anos do espírito empreendedor na sociedade. Considero que seja uma oportunidade de ver nascer os «novos Descobrimentos» se aumentarmos o investimento na promoção do empreendedorismo e da criação de startups. Um dos contributos de maior relevo em Portugal na promoção das startups tem sido a criação de incubadoras, concursos de ideias e programas de aceleração, um fenómeno que permite uma ajuda importante e fundamental para capacitar qualquer empreendedor de uma estratégia empresarial com maior probabilidade de sucesso.

A inovação surpreendente das startups Jesuíno (Empresário)

Fábio

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sta semana faleceu, sem a glória que lhe era devida, o último dos grandes líderes que, após a Segunda Guerra Mundial, alteraram o rumo da história e a configuração geopolítica do mundo. Na década de 1980, uma geração nascida da adversidade, profundamente ideológica e idealista, centrada no humanismo e nos ideários democráticos, dirigiu o mundo para a consolidação da paz e para a liberdade, igualdade e fraternidade entre os homens. Ronald Reagan, Mikhail Gorbatchov, Margareth Tatcher, Helmut Kohl, François Mitterrand, Olof Palme e noutra vertente Nelson Mandela, João Paulo II, Yasser Arafat, Shimon Peres e Indira Ghandi, deram um contributo inestimável para o silenciar das armas e para a aproximação dos povos e dos países.Detodos, o mais vanguardista foi Mikhail Gorbatchov, justificando todos os ódios e paixões que acompanharam a sua liderança e as últimas décadas de vida. E isto tem uma razão de ser, já que, apesar dos aspetos positivos que a paz e a concórdia mundiais trouxeram, a falta de um conflito ideológico e geoestratégico, provocou a deslocalização do foco das governações mundiais do Homem para a economia, com consequências que poderão vir a ser mais nefastas do que qualquer conflito armado. Neste aspeto, há que respeitar o desconforto dos idealistas comunistas e de uma esquerda mais radical relativamente a Gorbatchov, que pretendiam manter uma União Soviética forte, não para viverem nela, mas para servir de travão ao imperialismo económico multinacional.

Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor)

Tributo a Mikhail Gorbatchov

ALGARVE INFORMATIVO #354 140

As adversidades criam grandes líderes, As facilidades criam maus governantes, que criam novas adversidades.

O problema é que, nos anos 1980, Gorbachov tinha de viver na União Soviética, com a sua realidade e os seus problemas internos. E teve de optar entre salvar a Rússia, ou a União Soviética. Optou, do ponto de vista ocidental bem, por salvar a Rússia e o impacto dessa decisão levou à independência de 14 países: Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Estónia, Geórgia, Letónia, Lituânia, Moldávia, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbesquistão. O fim da União Soviética fez cair uma outra estrutura, criada pelo Pacto de Varsóvia, retirando da influência soviética a Albânia, Bulgária, Checoslováquia (atuais República Checa e Eslováquia), Hungria, Jugoslávia (atuais Croácia, Eslovénia, Macedónia, BósniaHerzegovina e Jugoslávia), Polónia e Roménia. Mas, apesar da influência de Gorbachov nesta quantidade de países, o acontecimento mais marcante e

141 ALGARVE INFORMATIVO #354 duradouro, será a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha.EstareunificaçãoalemãserviudeelixirparairmaisalémnacriaçãodeumaEuropaunidaquefossemaisdoqueumaquantidadedepaísescominteresseseconómicoscomuns,reunindoquasetodoocontinentenumaUniãoEuropeiasemfronteiras,quenoslevadoAlgarveàEstónia,usandoamesmamoeda,ouomesmocartãodecidadão.Écertoquenemtudofoiperfeito,masmuitosdoserroscometidos,quelevaramàcriaçãodanovaespéciehumanado«Homoeconomicus»,resultammaisdemáspolíticastomadaspormausgestoresdepaíses,governantesdeocasiãoquenãoficamnahistória,doquepelasdecisõesdosgrandeslíderes.Pelaminhaparte,agradeçopublicamenteaMikhailGorbatchov o seu contributo, para que eu tenha vivido numa Europa em paz nos últimos 30 anos. Requiescat in pace Sit tibi terra levis

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