ÍNDICE
Dia Mundial do Turismo (pág. 16)
Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão (pág. 22)
Casa do Povo do Concelho de Olhão vai ter Centro de Atividades Ocupacionais (pág. 30)
Campeonato do Mundo de Pesca em Barco Fundeado em Albufeira (pág. 40)
Festival Política em Loulé (pág. 48)
«A Viagem de Sophia» no Teatro Lethes (pág. 60)
Festival de Flamenco em Lagos (pág. 70)
Moonspell em Albufeira (pág. 84)
GNR em Lagoa (pág. 98)
Noble no «Choque Frontal ao Vivo» (pág. 106)
Ana Isabel Soares (pág. 114)
Nuno Campos Inácio (pág. 116)
LARANJAS ALGARVIAS DÃO
BOAS-VINDAS AOS TURISTAS
NO DIA MUNDIAL DO TURISMO
Texto: Daniel Pina|
Fotografia: Daniel Pina
Turismo do Algarve e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve distribuíram cerca de 200 quilos de laranjas algarvias aos turistas que chegaram, no dia 27 de setembro, ao Aeroporto Gago Coutinho, em Faro, numa forma doce e sumarenta de
celebrar o Dia Mundial do Turismo com aqueles que ajudam a fazer do Algarve o principal destino turístico do país.
A ação contou com o apoio da AlgarOrange – Associação de Operadores de Citrinos do Algarve, uma associação sem fins lucrativos constituída por Cacial, Cordeiro & Filhos, Frusoal, Frutalgoz, Frutarade, Frutas Lurdes, Frutas Tereso, Lisboa Correia, Machado & André,
Martifruta, Matinhos Hortofruticultura e Mediterrâneo Dourado e que representa cerca de 40 por cento da produção de citrinos da região, e também do Aeroporto Gago Coutinho, tendo contado com a presença da vicepresidente do Turismo do Algarve, Fátima Catarina, do diretor desta infraestrutura aeroportuária, Alberto Mota Borges, e do Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro. Promover a qualidade da laranja do Algarve no exterior e referenciar a IGP – Citrinos do Algarve como garantia dessa mesma qualidade é o principal papel da associação, o qual vai ao encontro desta iniciativa.
A par da distribuição dos citrinos do
Algarve aos turistas na zona de chegadas do aeroporto, serão também entregues brindes a quem passar pela rede de 20 postos de informação turística do Turismo do Algarve. Deste modo, quem tiver escolhido o Algarve para férias nesta altura do ano e procurar os postos da região vai receber pequenas lembranças para festejar o Dia Mundial do Turismo, efeméride que se celebra desde 1980 com o objetivo de promover a tomada de consciência sobre o valor social, cultural e político do turismo. Este ano, o mote é «Repensar o Turismo» e pretende promover a reflexão em torno de um setor mais sustentável, inclusivo e resiliente .
SARDINHA DE PORTIMÃO
JÁ TEM CONFRARIA GASTRONÓMICA
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Ricardo Coelho e João Figueiras
esde o dia 17 de setembro que o Algarve conta com mais uma Confraria que ambiciona ser muito mais que uma associação de comes e bebes. A cerimónia de entronização dos membros fundadores da Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão contou com a presença e intervenções do Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, José Apolinário, do Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, da
Vereadora da Câmara Municipal de Portimão, Teresa Mendes, e da Deputada e Presidente da Assembleia Municipal de Portimão, Isabel Guerreiro. A confraria madrinha escolhida foi a do Atum de Vila Real de Santo António, representada por vários confrades e por António Cabrita, que também representou a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas.
De vários pontos do país vieram outras confrarias que se quiseram associar ao nascimento da nova confraria que tem como objetivos e ambições: contribuir para o levantamento, defesa, promoção e
divulgação do património cultural, ambiental, histórico e gastronómico da Sardinha, podendo abranger também a região do Algarve; apoiar a pesquisa, divulgar, promover, organizar todo o tipo de ações em defesa do ambiente em geral e da sardinha em particular; colaborar com os organismos públicos e privados, locais, regionais, nacionais e internacionais de turismo, ambiente e
cultura. E o seu Capítulo I teve lugar na antiga fábrica de conservas de peixe La Rose, da «Feu Hermanos», atual Museu de Portimão, mais concretamente na «Sala do Descabeço», onde se mantêm as mesas de pedra, os tanques de salmoura e as máquinas de lavagem.
A Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão assenta a sua ação nos
valores, humanos, sociais e de cidadania, onde a política, a religião e o clubismo não interferem, em qualquer situação ou funcionamento. Tem como principal objetivo honrar os seus antepassados e deixar esse legado aos vindouros, unindo Portimão e o Algarve através da sua cultura gastronómica. “Na Confraria a única política e objetivo é a defesa e promoção da nossa sardinha”, afirmam
os confrades. E nos vários cargos que compõem os órgãos sociais, com a ajuda do Museu de Portimão e baseado na Portaria de Regulamentação do Trabalho de 15/03/1980, para a pesca da sardinha Portimão e Lagos, constam o nome das várias profissões que operavam numa traineira.
Assim, na Assembleia Geral, o Armador de Pesca, quem gere embarcação (preside à Assembleia Geral, é Álvaro Bila, sendo Ivo Faria o Segundo Armador de Pesca e Rui Rosa o Apontador. Na Direção, o Mestre de Pesca, ou seja, quem governa a traineira tendo a seu cargo a determinação e mando das fainas da pesca e mantém a disciplina a bordo, é Júlio Ferreira, ao passo que os Contramestres, aqueles que conduzem a embarcação durante a atividade da pesca desde a saída até ao regresso ao porto, e substituem o Mestre na sua ausência, são Luís Brito (1.º Contramestre Pescador), Luís Rodrigues (2.º Contramestre Pescador), Filipe Cabral (3.º Contramestre Pescador) e João Mergulhão (4.º Contramestre Pescador). O Arrais de Acostado, que efetua tarefas de condução, atracação e desatracação, neste caso, desempenha a função de 1.º Secretário, é António Feu, enquanto que o Homem da Chata, quem governa a chata, pequeno barco auxiliar ou de apoio à traineira e ajuda as fainas a bordo da traineira, (o 2.º secretário), é Pedro Mota.
Ainda na Direção, o Mestre Terra, que tem a seu cargo a reparação das redes e apetrechos da pesca em terra (desempenha as funções de Tesoureiro) é António Vitorino; o Vendedor/Pregoeiro da Lota, que fazia o leilão do pescado na
lota perante os compradores (vogal que coordena, organiza e delega funções na organização dos eventos, em consonância com a Chancelaria) é João Monteiro; o Pescador, que presta serviço a bordo relacionado com a pesca (Vogal Vice Mestre de Cerimónias) é David Cid; e o Remendador, que remenda a redes a bordo e ajuda as fainas a bordo (Vogal Vice Mestre de Cerimónias) é Jorge Fernandes. Finalmente, o Conselho Fiscal é constituído pelo Fiscal da Junta, quem controlava as entradas dos compradores na lota, fiscalizava compras e vendas, cargo que, entretanto, foi extinto (Presidente do Conselho Fiscal), neste caso, Carlos Martins; sendo Nuno Vieira e João Sena o Segundo e Terceiro Fiscal da Junta, respetivamente.
No logotipo, a Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão também quis
inovar, com uma sardinha de traço simples facilmente identificável e moderna. Para a concessão do traje a nova Confraria de Portimão teve a colaboração da estilista portimonense Sandra Gonçalves e as escolhas feitas para a elaboração do traje marcam uma herança histórica e uma tradição fortemente enraizadas na cultura da cidade de Portimão, outrora um dos mais importantes polos industriais da conserva e da pesca da sardinha. O Traje é composto por: Boné, de cor azulmarinho, inspirado no modelo usado nesta zona litoral; Capa de cor azulmarinho, com sobrecapa na mesma cor, ambos forrados com tecido no tom prata, que remetem ao mar e à cor da sardinha. Contém também uma rede de malha de pesca na sobrecapa alusiva a esta atividade. A capa tem uma gola de padre onde foram colocados, em ambas as
extremidades (da gola), um botão em madeira (contraplacado marítimo), com o formato de um flutuador de pesca. As duas extremidades unem-se através de um cabo que forma um nó de marinheiro. Aos Confrades
Fundadores corresponde o cabo com nó de marinheiro vermelho e aos restantes Confrades corresponde o cabo com nó de marinheiro verde. O vermelho e o verde representam o bombordo e o estibordo respetivamente, para quem navega. Contém ainda faixa com logotipo, na tonalidade prata, igual ao forro das capas, aplicada na frente inferior esquerda da gola. O logotipo da Confraria apresenta a designação «Confraria da Sardinha – Portimão».
Depois da cerimónia de entronização dos membros fundadores da Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão, com o juramento e as rubricas que oficializaram o ato, teve ainda um jantar no restaurante «Taberna de Portimão», onde a sardinha foi rainha, local onde tudo começou em 2021 .
CASA DO POVO DO CONCELHO DE OLHÃO VAI TER CENTRO DE ATIVIDADES OCUPACIONAIS
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
Casa do Povo do Concelho de Olhão continua a apresentar uma programação cultural bastante ativa e diversificada aos seus associados e, no dia 18 de setembro, foi a vez de acolher uma Festa Branca com Arraial com a atuação do músico Filipe Romão e a eleição da participante mais charmosa e
elegante, entre outros apontamentos de variedades. Ao mesmo tempo, no exterior da sede localizada em Moncarapacho, decorria uma venda de artigos artesanais da responsabilidade de algumas instituições do concelho de Olhão.
Este não foi, porém, um domingo igual aos outros, uma vez que a Casa do Povo do Concelho de Olhão recebeu a visita de elementos do executivo da Câmara
Municipal de Olhão e das juntas de freguesias do concelho, bem como da Diretora do Centro Distrital de Faro do Instituto da Segurança Social, Margarida Flores, para assistir, in loco, à evolução das obras do novo CAO – Centro de Atividades Ocupacionais, “uma resposta social que tem por finalidade disponibilizar condições que contribuam para a qualidade de vida de jovens e adultos com deficiência, através do desenvolvimento de diferentes atividades e do apoio na superação das necessidades, de forma a permitir o desenvolvimento possível das suas capacidades, promovendo competências sociais
e respeitando as características e a individualidade de cada utente”, conforme explicou o presidente da direção Joaquim Fernandes.
O CAO destina-se a 30 jovens e adultos, com idade igual ou superior a 16 anos, de ambos os sexos, com deficiência grave e que não reúnam as condições para o exercício, temporário ou permanente, de uma atividade produtiva. Os objetivos desta resposta social são proporcionar aos portadores de deficiência a execução de atividades estritamente ocupacionais ou socialmente úteis, assim como favorecer o equilíbrio físico e emocional, potenciando as suas necessidades remanescentes com vista à sua integração na sociedade e, sempre que possível, facilitar o encaminhamento para
programas adequados de integração socioprofissional.
A sua concretização envolve um investimento total, entre construção e aquisição de equipamento, de 871 mil e 121,63 euros, contando, para tal, com o apoio financeiro da União Europeia, através do CRESC Algarve 2020, de 477 mil e 188,54 euros, e um apoio financeiro público nacional de 393 mil e 933,09 euros. Uma fatia que é conseguida com 253 mil e 200 euros provenientes do Município de Olhão e 100 mil euros da União de Freguesias Moncarapacho e Fuseta, cabendo o remanescente à Casa do Povo do Concelho de Olhão. E é precisamente para angariar esse montante que se realizam eventos como esta Festa Branca que, por sinal, foi bastante concorrida .
CAMPEONATO DO MUNDO DE PESCA EM
BARCO FUNDEADO REGRESSA A ALBUFEIRA
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
lbufeira voltou a ser o destino escolhido para a realização do Campeonato do Mundo de Pesca em Barco Fundeado, nas vertentes júnior e sénior, após um interregno de dois anos, devido à pandemia. O evento acontece de 24 de setembro a 1 de outubro, ao largo da costa de Albufeira, e traz até ao concelho cerca de 200 atletas, em representação de 14 países, sendo que as cores de Portugal serão defendidas pelas seleções nacionais de ambos os escalões. “O
turismo é a principal atividade económica do concelho de Albufeira, sabemos receber quem nos visita, possuímos excelentes condições para acolher eventos de diferentes naturezas e o mar é uma fonte inesgotável de oportunidades. Por isso, já não é a primeira vez que apoiamos a organização de campeonatos internacionais de pesca, assim contribuindo para minimizar a tão falada sazonalidade”, lembrou José Carlos Rolo, presidente da Câmara
Municipal de Albufeira, na sessão de abertura que teve lugar no Largo Eng. Duarte Pacheco, na baixa de Albufeira.
O edil acrescentou que os apoios concedidos às várias modalidades desportivas têm também em vista ajudar a concretizar o sonho de Albufeira ser considerada Cidade Europeia do Desporto em 2026, motivo pelo qual, no fim-de-semana de 24 e 25 de setembro, decorria igualmente uma prova internacional de futevolei e os jogos das supertaças de futsal do Algarve. “Voltem sempre, porque Albufeira vos vai receber de braços abertos com tudo o que tem de melhor
para oferecer. Boa pesca”, desejou José Carlos Rolo, antes de passar a palavra a Carlos Vinagre, presidente da Federação Portuguesa de Pesca Desportiva de Alto Mar, que começou por agradecer o apoio financeiro da Autarquia da Albufeira, assim como à Marina de Albufeira, pela disponibilização dos espaços de ancoragem das embarcações, entre outros apoios logísticos. “Uma vez mais Portugal foi escolhido pela FIPS-M (Fédération Internationale de Pêche Sportive – Mer) para a realização dos Campeonatos do Mundo de Pesca Embarcada, fruto da nossa experiência e dos
resultados obtidos na organização de anteriores eventos internacionais. Albufeira tem as condições ideais para a prática de desporto náutico e os albufeirenses sabem receber como ninguém. Este é o reflexo do trabalho de muitos anos e do empenho desinteressado de todos aqueles que têm contribuído para o desenvolvimento desta modalidade em Portugal”, destacou
(Fédération Internationale de Pêche Sportive – Mer), Gilbert Zangerle, que, apesar do momento ser de festa, não deixou de expressar a sua preocupação com o futuro da modalidade, devido ao aumento exorbitante do custo das embarcações e do combustível. “Já vínhamos observando há alguns anos uma diminuição do número de praticantes de pesca em barco fundeado e a pandemia e a crise económica vieram agravar esta tendência. Por isso estou
federações. Vocês serão os líderes e os gestores do amanhã. Como tal, devem elevar, já agora, as vossas vozes para promover uma pesca sustentável e amiga do ambiente”, apelou Gilbert Zangerle. “Não vamos ser passivos, precisamos caminhar todos na mesma direção”.
Referir ainda que os barcos saem para o mar nos dias 26, 27, 28 e 29 de setembro, com o início das provas marcado sempre para as 8h. Este é o tempo que os participantes do concurso têm para capturarem o maior número de exemplares ou para capturarem o maior exemplar da temporada. No final de cada um dos dias do concurso, às 17h, há uma cerimónia de apresentação dos resultados diários, de forma a possibilitar o acompanhamento da competição ao pormenor. Todo o pescado que for capturado será ofertado pela Federação Portuguesa de Pesca Desportiva de Alto Mar a instituições de solidariedade social .
FESTIVAL POLÍTICA VEIO A LOULÉ PARA
AJUDAR A COMBATER A DESINFORMAÇÃO
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Jorge Gomes e 22 a 24 de setembro, em Loulé, a reflexão sobre a «Desinformação» fez-se com debates, conversas, exibição de filmes premiados, a música de Luca Argel e Sílvia Barros, o humor de Hugo van der Ding, o «Cara a Cara com Deputados» e um encontro com os jornalistas Anselmo Crespo e Catarina Carvalho.
Após as edições de Lisboa e de Braga em abril e maio do corrente ano, que
contaram com mais de três mil participantes, o festival viajou pela primeira até Loulé e, durante três dias, a «Desinformação» foi abordada de uma perspetiva crítica através de um arrojado conjunto de propostas, que convidaram a refletir e a repensar as notícias, as respetivas fontes e como estas, quando falsas, são efetivamente uma ameaça à democracia. Para tal, quatro locais receberam uma extensa programação de cinema, debates, humor, música, workshops e propostas de várias linguagens artísticas, nomeadamente, o Cineteatro Louletano, o Palácio Gama Lobo, o Auditório Solar da Música Nova e
os Banhos Islâmicos. O programa foi composto por 18 atividades, incluindo junto do público escolar, sendo que a secção de cinema contou com 10 filmes com foco nos direitos humanos, liberdade e cidadania.
No arranque do festival, a 22 de setembro, o Cineteatro Louletano acolheu o anúncio dos vencedores do Programa de Bolsas para Jovens, fomentado em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude, com João Diogo Veiga a mostrar uma instalação em torno da sustentabilidade e Raquel Rodrigues a estrear dois temas originais com voz e guitarra. Também a jovem promessa da música em português
Sílvia Barros apresentou um showcase do seu álbum «Nua». “É um festival que é necessário para percebermos a importância da decisão e, mais importante ainda, da participação. Todos nós decidimos e a política começa em cada um de nós”, declarou Custódio Moreno, Diretor Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude. “Hoje, como sempre, e cada vez mais, temos que ajudar, contribuir, decidir, e não podemos pensar que a cidadania se resume a ir votar nas eleições de quatro em quatro anos. E o IPDJ vai continuar
sempre a apoiar a criatividade dos nossos jovens”.
O anfitrião da festa era Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, que depressa assumiu que a política é um tema que o apaixona desde que era jovem, apesar de nem tudo estar bem nos tempos atuais. “Vivemos numa sociedade fortemente despolitizada, não se iludam, a democracia que temos mais parece uma palavra sem conteúdo real, ou, no seu oposto, um significante vazio, porque cabe tudo lá dentro. É um tema essencial que acompanha a humanidade desde a sua formação, por isso, vale a pena aproximar a lente, olhar com mais atenção para a atividade política e não nos ficarmos por aquelas afirmações bastante básicas e primárias e que muitas vezes não resistem a cinco minutos de uma análise mais cuidada”, aconselhou o autarca aos muitos jovens presentes no arranque do Festival. “Quer queiram, quer não, com esperança ou com tristeza, porque as duas coisas são possíveis, os jovens vão-se cruzar com a política, é uma certeza incontornável. A coisa mais bonita e interessante que há é compreendermos o mundo em que vivemos e, para isso, a política está lá em primeiro lugar. Só que eu, por exemplo, enquanto presidente de câmara, não mando
nada, administro coisas que outros decidiram a montante. Tenho uma moldura legal dentro da qual me tenho que movimentar e raramente posso discutir, mesmo quando acho que as coisas não são justas, que deveriam ser de outra maneira. Contudo, é quando
questionamos algo que nos dizem ser impossível de alterar que começa a política”, salientou Vítor Aleixo. “E os jovens questionam por natureza, são irreverentes, não se conformam, não têm grandes coisas que os prendam, é uma idade em que a liberdade brota
espontaneamente em cada individualidade”, reforçou.
Concluída a abertura oficial do Festival seguiu-se a sessão de cinema «Corpos Políticos I», onde o grande destaque foi o filme «Alcindo», de Miguel Dores, sobre o brutal assassinato de Alcindo Monteiro por um grupo de etno-nacionalistas
portugueses. À noite foi exibido «Quo Vadis, Aida?», de Jasmila Zbanic, nomeado para o Óscar de melhor filme internacional, que explora a vida de uma tradutora da ONU, que assiste à crise dos refugiados, onde se inclui a própria família, com um olhar diferente e impotente.
O dia 23 de setembro foi marcado pelo habitual e incontornável «Cara a Cara com os Deputados», um encontro no Palácio Gama Lobo entre cidadãos e deputados representantes dos partidos com assento parlamentar em que, durante cinco minutos, cada participante e deputado conversam individualmente sobre um tema ou questão. No mesmo espaço aconteceu o debate entre Anselmo Crespo (TVI/CNN Portugal) e Catarina Carvalho (Mensagem de Lisboa), sobre o estado atual do jornalismo e a sua
responsabilidade no combate à desinformação. Para fechar o dia em grande e com grandes gargalhadas, no Cineteatro Louletano, o humorista Hugo van der Ding desmistificou alguns dos grandes mitos da História de Portugal, no espetáculo «A grande mentira», à qual se seguiu uma sessão para maiores de 18 anos intitulada «Sexo no Feminino».
O último dia do festival, 24 de setembro, começou com uma visita guiada pelo centro de Loulé para conhecer melhor a História Islâmica da cidade, conduzida por Alexandra Pires. O percurso terminou nos Banhos Islâmicos, com uma conversa com o sheik Zabir Edriss e Dália Paulo (Câmara Municipal de Loulé). Ao final da tarde, o Auditório Solar da Música Nova acolheu o documentário «A música invisível», de Tiago Pereira, sobre a presença dos
ciganos em Portugal e de como a sua música tem sido esquecida e pouco divulgada. Este documentário parte do projeto «A Música Cigana a Gostar Dela Própria», que o realizador tem vindo a desenvolver junto da comunidade cigana.
O festival terminou, no Cineteatro Louletano, com a delicadeza da música
de Luca Argel, que apresentou o seu quarto disco de originais, «Samba de Guerrilha», em que versa sobre as temáticas da resistência política, a escravidão e o racismo, e ainda com a exibição de «O Teu Nome É», de Paulo Patrício, que mergulha no caso de homicídio real de Gisberta Salce Jr, mulher transexual, hiv-positiva, sem-
abrigo e toxicodependente, em formato de animação; e de «Tracing utopia», de Catarina de Sousa e Nick Tyson, que mostra um olhar diferente sobre a identidade de género e a geração Z.
O festival contemplou ainda exposições e workshops. «Falsos títulos» é a instalação de Rui Sebastian sobre o papel
dos tipógrafos e a sua responsabilidade na indução do erro, que esteve patente no Palácio Gama Lobo; e «Revelação», uma exposição de fotografia apresentada no Auditório Solar da Música Nova pela CooLabora, (Cooperativa de Intervenção Social da Covilhã), que reflete os sonhos e aspirações das crianças e jovens ciganos que, muitas vezes, lhes vêm negadas as oportunidades. No Cineteatro Louletano esteve a instalação de um dos jovens vencedores do Programa de Bolsas para Jovens, João Diogo Veiga, «Eco-nomica», em torno do sustentável, da economia e da importância da consciência ambiental. Na vertente educativa, destaque para o workshop «Desinformação, Regulação e Literacia Mediática», onde foram analisados temas como a covid-19 e a guerra na Ucrânia, com o objetivo de ajudar a compreender os desafios que a Desinformação traz aos responsáveis pela comunicação social, mas também a cada cidadão.
O Festival Política é um conceito da Associação Isonomia e conta com a direção artística de Bárbara Rosa e Rui Oliveira Marques. Com coprodução da Cineteatro Louletano e Produtores Associados, o Política tem o apoio institucional da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, Instituto Português do Desporto e Juventude, Parlamento Europeu – Gabinete em Portugal, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, CooLabora, FCB, BRO, O menino Grava, Conselho Nacional de Juventude, Centro de Vida Independente, esqrever, dezanove, Federação Portuguesa das Associações de Surdos e this is ground control .
S.A. Marionetas –Teatro & Bonecos levou, ao Teatro Lethes, em Faro, nos dias 23 e 24 de setembro, a sua nova produção, «A viagem de Sophia», criada a partir do texto «A viagem» do livro «Contos Exemplares», de Sophia de Mello Breyner. Trata-se de uma viagem que vai sendo feita através das personagens do conto representadas em marionetas de manipulação direta que se movem em deambulações poéticas por um lugar em constante mutação. “A palavra lida e o movimento desconcertante do mundo imaginário onde toda a
ação acontece é o mote para nos envolvermos no imaginário da poetisa através das suas palavras”, refere a companhia.
Com texto de Sophia de Mello Breyner, a Encenação e Manipulação esteva a cargo de José Gil, Natacha Costa Pereira e Sofia Olivença Vinagre, com Narração de Carla Vasconcelos, Sonoplastia de Natacha Costa Pereira, que também foi a responsável pela construção e figurinos das marionetas. Os Objetos de Cena são de José Gil e Natacha Costa Pereira, as Estruturas Cénicas de José Gil, a Música de Israel Costa Pereira e o Desenho de Luz de Daniel Santos .
FLAMENCO
A ENCANTAR CENTRO CULTURAL DE LAGOS
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pinauma organização da Ibérica Eventos & Espetáculos, o Centro Cultural de Lagos foi palco, de 15 a 17 de setembro, do XX FestivaldeFlamenco, que trouxe à cidade lacobrigense os Estampa Flamenca, Alma Flamenca e David Pérez y su Cuadro Flamenco.
O festival arrancou da melhor forma,
com casa cheia, com os Estampa Flamenca, uma formação de cante, guitarra, cajón e baile formado exclusivamente por músicos e bailadores da província de Cádis, uma das mais prolíferas no que a «palos» (géneros) flamencos se refere. Este cuadro flamenco apresentou um espetáculo de flamenco puro «sem aditivos», com direção musical do guitarrista Niño Manuel, que por diversas vezes deixou o público a bater palmas de pé .
epois de, no ano passado, a Câmara Municipal de Albufeira ter anunciado os Moonspell como os anfitriões das comemorações de «Halloween» na cidade, as expectativas eram muitas. A banda de metal, habituada a celebrar a festividade –não fosse a sua música tão facilmente enquadrada no tema da época – prometia um concerto "poderoso, original e vibrante". Infelizmente, e talvez por não se ter conformado ainda com o sucesso de uma banda que tem discos com nomes como «Irreligious», São Pedro não colaborou e as notícias de uma tempestade a atingir a cidade por aqueles dias obrigou a adiar o concerto.
Mas os Moonspell são perseverantes, como demonstram os seus 30 anos de carreira, e ficou desde logo prometido que regressariam quando estivessem reunidas as condições. Não tinha ainda passado um ano quando a autarquia de Albufeira anunciou que os Moonspell trariam o seu feitiço da Lua à Praça dos Pescadores no dia 24 de setembro, dando as boas-vindas ao Outono e garantindo uma noite da pesada para os fãs da banda.
A abertura do concerto esteve a cargo dos «No Time to Waste». A jogar em casa, os veteranos que andam nestas andanças desde 2001 – mas que só em 2020 lançaram o seu primeiro disco, só por acaso com o título «2020» –começaram a sua actuação para uma
Praça ainda a meio gás. Apesar da experiência e energia em palco, a banda insere-se numa sonoridade claramente punk-rock, que, não chocando obviamente os fãs de Moonspell, não terá ainda assim sido o chamariz ideal para os levar mais cedo a Albufeira.
E isso, como referido, notou-se no início do concerto, o que ainda assim não prejudicou em nada a entrega da banda, que entre músicas do disco «2020» e outras que os acompanham há mais tempo, foi cativando os que iam chegando. Ao olhar à volta, era já notório que muitas cabeças abanavam ao som dos ritmos, mesmo entre aqueles cujo motivo que os havia trazido até Albufeira era óbvio: ver Moonspell.
Quando a banda algarvia terminou, já estávamos perante uma verdadeira
multidão. As escadas rolantes continuavam a trazer pessoas e dos bares e restaurantes de Albufeira – que apesar de estarmos em setembro continua a ser o local escolhido para muitos turistas passarem uns dias depois da «confusão» veranil – vinham muitos «curiosos» que, nesta noite em particular, destoavam com as suas camisas floridas e vestidos coloridos da «mancha negra» que esperava pelo concerto dos Moonspell.
Junto ao palco, fãs de diferentes idades, não estivéssemos nós a falar de uma banda com 30 anos de carreira, gritavam pelos Moonspell enquanto os últimos preparativos do palco eram feitos. Um pouco depois da hora marcada, o fumo encheu o palco e, um a um, os membros da banda foram entrando para gáudio dos fãs que
batiam palmas, entoavam cânticos e, erguiam as mãos com os «devil horns» (gesto com o punho fechado deixando apenas o indicador e o mindinho esticados) deixando bem claro aos mais desatentos que ali ia acontecer um concerto de Heavy Metal. Com a entrada de Fernando Ribeiro, o vocalista da banda, a animação aumentou e começaram a sentir-se os efeitos do «feitiço da lua». Apesar da noite ser de lua nova, os Moonspell trouxeram a sua própria lua cheia e um espectáculo de luzes e cor (e fogo) que durante a sua duração permitiu fazer esquecer o vento frio que se fazia sentir.
A banda que se tem reinventado ao longo das últimas três décadas, não obstante ter ainda assim conseguido manter uma identidade que lhes garante um conjunto
de seguidores fiéis, conta já com quase meio milhão de discos vendidos, concertos nos cinco continentes e mais de vinte edições, sendo consensual que são os autores das páginas mais famosas do capítulo português na História do Metal mundial. No concerto em Albufeira, essa experiência não deixou de ser notada, e a banda percorreu, entre os 16 temas tocados, músicas dos seus muitos trabalhos, numa viagem pelo tempo que nos levou de 1995, data da edição de «Wolfheart» (o primeiro disco da banda), até 2021, ano em que foi editado «Hermitage», o mais recente registo do colectivo e que foi número 1 de vendas em Portugal durante três semanas, com cerca de 15 entradas nos tops da Europa e dos Estados Unidos da América.
O público foi reagindo com entusiasmo a cada novo anúncio por parte da banda da música que se seguiria, mas, obviamente, os primeiros acordes de músicas como «In and Above Men», «Opium», «Mephisto» e, obviamente, os clássicos «Alma Mater» e «Full Moon Madness» (estas duas as escolhidas para encerrar o concerto) levaram a multidão presente ao rubro. A opção da autarquia de Albufeira, apesar de não ter sido possível garantir a vinda da banda para o Halloween de 2022, foi ainda assim uma aposta ganha, não fossem os Moonspell uma banda que tem conseguido manter bem viva a ligação que tem com os fãs desde 1992 (para os mais exigentes fica a ressalva que sabemos da existência de Morbid God, mas é a própria banda que está a celebrar o seu trigésimo aniversário e quem somos nós para contestar?), ano em que saiu da Brandoa e anda, desde então, à conquista do Mundo .
MILHARES DE PESSOAS
COM OS GRANDES SUCESSOS
Texto: Ricardo Coelho| Fotografia: Ricardo CoelhoSUCESSOS DOS GNR
o dia 8 de setembro, Lagoa recebeu, no Largo do Auditório Carlos do Carmo, um concerto dos GNR –Grupo Novo Rock liderado pelo carismático Rui Reininho e o recinto encheu-se rapidamente para ouvir e celebrar a longa carreira de uma das bandas mais populares da música portuguesa.
Em Lagoa escutaram-se os êxitos da banda que se deu a conhecer em setembro de 1980, num concerto na Igreja do Carvalhido, no Porto. De entre muitos outros, fizeram parte do alinhamento «Mais vale nunca», «Asas», «Morte ao Sol», «Pronúncia do Norte», «Sangue
Oculto», «Video Maria», «Pós Modernos», «Las Vagas», «Ana Lee», «Popless», «Dunas» e «Sub-16». Entre letras com improvisos pelo meio e conversas animadas por entre as músicas, Rui Reininho agradeceu por diversas vezes a presença de todos os que encheram o largo onde se realizou o evento para verem e ouvirem a banda que regressou ao Algarve para mais um grande espetáculo cheio de boas recordações.
A banda que se deu a conhecer nos anos 80 com o tema «Portugal na CEE» é atualmente formada por Tóli César Machado (guitarra, teclas e acordeão), Rui Reininho (voz), dois dos fundadores, e Jorge Romão (baixo) .
oble foi o convidado de mais uma edição do «Choque Frontal ao Vivo» que decorreu, no dia 15 de setembro, no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão. Um programa da rádio Alvor FM gravado em palco com público, que conta com a atuação de um artista convidado para uma conversa informal e descontraída com os realizadores Ricardo Coelho e Júlio Ferreira.
Em formato intimista, o convidado dividiu-se entre a guitarra e o piano, ouviu-
se a sua poderosa e inconfundível voz nos temas «Beautuful», «Secrets», «Coming Back», «Home», «Dancing In The Dark (Bruce Springsteen) / I Do», «Where Are You Now» e «Honey». Em mais uma noite de música e muitas histórias, Noble desvendou factos da sua infância, viajando até aos dias atuais em que é um dos artistas com maior airplay nas rádios nacionais, sendo considerado uma das grandes promessas da música nacional.
Noble arrebatou o público português com o seu primeiro single, «Honey», tema que conta com mais de três milhões de visualizações no Youtube e foi genérico de uma novela. Em
fevereiro deste ano, Noble lançou o tão aguardado segundo álbum de originais, «Secrets», um desafio lançado pelo artista em conjunto com a rádio RFM, como uma forma de descobrir novas vozes e dar-lhes uma oportunidade de se lançarem no mundo da música pela mão de ambos. A este desafio juntou-se a vontade de criar um disco onde pudesse agradecer a todos os que de forma pessoal ou profissional o têm ajudado no seu percurso até ao momento.
Entretanto, no dia 20 de outubro, o «Choque Frontal ao Vivo» recebe os «Alcoolémia», banda da Amora criada em 1992, com uma linhagem de composição que tinha por base o rock, variando a textura sonora entre punk rock, hard rock e pop, na busca de uma sonoridade própria .
Sexagésima primeira tabuinha
- Joelho (XVIII)
Ana Isabel Soares (Professora)
erá verdade, mesmo, mesmo, que não existem dois flocos de neve iguais em toda a natureza? Que as flores de uma planta única se distingam todas elas, umas das outras, por mais semelhanças que se lhes reconheça? O mundo tem tanta gente e – por mais concursos de sósias –, ainda assim, Elvis foi apenas um. (Como a única Deanie Loomis do Ruy Belo, ainda que caminhasse entre as mais). A maior riqueza parece estar na existência de diversidade – no haver muitas coisas idênticas que são, nem que seja por um pormenor, distintas; um número infinito de objetos idênticos diferentes. Como se pode, então, associar a diferença a um empobrecimento, a uma falha? Ser diferente é diferir – na origem, a palavra significa «levar noutra direção» (aquele ferir tem o sentido de levar: veja-se transferir, que subentende a ideia de levar para além de algum lugar). Ora, diferir é, igualmente, levar por um caminho próprio, um caminho que não seja bom nem mau em relação ao(s) que se descarta(m), apenas outro. Como foi, então, que a expressão «fazer as coisas em cima do joelho» passou a ter uma conotação negativa?
«Fazer [alguma coisa] em cima do joelho» tem origem (segundo relatos apelativos, apesar de não necessariamente comprovados) na construção de telhas
para a cobertura de edifícios: casas, casinhas, casotas, casões. Atribuir-se-ia a escravos (nos tempos de Roma, seria?) a fabricação de telhas a partir de placas de barro: a matéria, ainda branda, seria colocada sobre as coxas dos escravos mais fracos, aqueles que outra serventia não teriam. Era o barro moldado nessas curvaturas que, por natural, são de natureza variável (na mesma pessoa, uma perna será diferente da outra, é o mais certo; uma coxa mais magra do que a outra, um joelho menos arredondado do que o outro), de onde sairia, onda a onda, um telhado. No Brasil, veja-se, a palavra é mais exata: fazer alguma coisa sem grande preparação nem profissionalismo é fazer alguma coisa sobre as coxas, nas coxas.
Seria por ser trabalho escravo, trabalho feito pelos menos especializados trabalhadores, que se passou a designar como obras feitas em cima do joelho as mais atabalhoadas, aquelas em que a pressa é inimiga da perfeição, as que saem todas desiguais entre si? Se, numa coleção, a riqueza é a diversidade, a desigualdade deveria ser um bem em vez de um mal. Assim como a escrita à mão, que varia não só de pessoa para pessoa, mas de momento para momento, de disposição para disposição – na língua inglesa, para se referir uma peça feita em cima dos joelhos diz-se que foi feita off the cuffs: que saiu dos punhos. Vá-se lá entender .
Que Turismo para o Algarve? Nuno Campos Inácio (Editor e escritor)
elebrou-se, no dia 27 de Setembro, mais um «Dia Mundial do Turismo». Para uma região como o Algarve, que tem o seu sistema económico e de organização social alicerçado quase exclusivamente na monocultura turística, mais do que um tempo de celebração, este deverá ser um momento de reflexão profunda, atendendo às exigências e instabilidades que se avizinham.
Em Portugal existe a tradição endémica de ir reagindo aos acontecimentos negativos, em vez de prevê-los e evitálos, se não na totalidade, pelo menos quanto aos efeitos. O país funciona como automóvel na autoestrada, que vê as curvas e os obstáculos, mas só reage, travando ou mudando de direção, quando o acidente se mostra inevitável. Em termos turísticos é evidente para qualquer leigo que se adivinha uma tempestade perfeita, que já não é uma hipótese académica, mas uma realidade embrionária. Perante ela, temos, coletivamente, duas hipóteses: reagir ao sabor dos acontecimentos, ou prevenir e acautelar.
O ovo fecundado, prepara-se para se dividir em quadrigémeos vorazes: guerra, crise económica, crise energética e de produtos e dificuldade de locomoção, os
quatro grandes fatores adversários do desenvolvimento turístico, sendo que o Algarve está assustadoramente no olho do furacão, por uma dependência exagerada dessa atividade, pela proximidade ao palco de conflito, por estar dependente da importação de quase tudo o que consume e por estar localizado num país com uma economia anémica.
Depois do que sofreu com a crise pandémica, que resultou no encerramento de uma parte considerável da sua oferta turística e na partida de grande parte da mão-de-obra qualificada disponível, com reflexos já visíveis no presente ano, é evidente que a região não suportará um novo embate com efeitos semelhantes. Desta vez, o Algarve tem de assumir um papel e uma consistência efetivamente regional, que enfrente os problemas como um todo, autónomo, aguerrido e eficaz, sob pena de, remando cada um por si, ficar transformado numa jangada de pedra sem rumo e em risco de naufrágio.
É chegado o momento do Algarve, enquanto região, preparar o seu futuro e acautelar o efeito das agruras que se adivinham. Como em 1915, quando o turismo foi visto como uma janela de oportunidade para o desenvolvimento do Algarve, é urgente replicar esse conceito, unindo os vários sectores sociais, políticos e económicos, num congresso
ou num outro modelo mais eficaz, mas que debata e decida: Que Turismo para o Algarve?
As crises são sempre janelas de oportunidade para quem é ágil a preparar o futuro. Só com um debate alargado e abrangente, que torne o turismo um desígnio regional em vez de um negócio pontual de cada empresário per si, será possível um esforço conjunto no embate da crise. A título de exemplo, pensar o futuro no Algarve é pensar na mobilidade regional, nas vias de comunicação e nos transportes e ligações; é pensar na produção local para o consumo regional, com a criação de plataformas de escoamento de produtos; é pensar em sistemas alternativos de abastecimento e distribuição de água potável; é pensar na oferta ao nível da saúde; é pensar nos espaços verdes e no meio ambiente; é
pensar na preservação do património e da identidade regional; é pensar na oferta cultural; é apostar na formação qualificada; é pensar em energias renováveis; é preparar uma campanha de promoção regional; é cativar população residente e criar condições de alojamento para trabalhadores temporários ou sazonais; é limpar feridas expostas e evitar que erros pontuais manchem a imagem regional.
Sem isto, ficando à espera que outros decidam, que outros façam, que outros sugiram, que outros estendam a mão para ofertar uma qualquer esmola que mate a fome de cada dia, seremos permanentemente ultrapassados pelos outros e pelas circunstâncias, de crise em crise, até à falência regional .
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