REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #359

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«ALGARVE ALL JAZZ» | CASA DA CIDADANIA EM LAGOA | PORTO DE OLHÃO TEM NOVO CAPITÃO NASCEU O POLVO OCTÁVIO, A MASCOTE DE QUARTEIRA | «AGUARTE» | «PODIA SER PIOR» NO IPDJ ALGARVE INFORMATIVO 15 de outubro, 2022 #359

ÍNDICE

Polvo Octávio é a nova mascote de Quarteira (pág. 26)

«Ondas em Direto» na Praia da Rocha (pág. 38)

Porto de Olhão tem novo capitão (pág. 44)

Casa da Cidadania de Lagoa (pág. 54)

«Aguarte» estreou no Teatro Lethes (pág. 64)

«No meio do caminho» no Cineteatro Louletano (pág. 76)

«Algarve All Jazz» em Lagoa (pág. 92)

«Podia ser pior» no IPDJ (pág. 106)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 116)

Ana Isabel Soares (pág. 118)

Júlio Ferreira (pág. 120)

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NASCEU O POLVO OCTÁVIO,

A MASCOTE DE QUARTEIRA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Junta de Freguesia de Quarteira deu a conhecer, no dia 10 de outubro, o polvo Octávio, uma mascote que vinha a ser

«sonhada» já há mais de cinco anos. “Quando cá chegámos, em 2013, tínhamos como objetivo fazer de Quarteira uma marca. E uma marca é, não só um logotipo ou uma mascote, mas tudo o que são as características intrínsecas do local onde vivemos, como a gastronomia e a qualidade dos

nossos restaurantes, ou a harmonia e o equilíbrio do espaço público”, explicou Telmo Pinto, lembrando que, em 2014, já se tinha avançado com uma escultura em Quarteira da autoria de Carlos de Oliveira Correia. “O polvo está localizado, intencionalmente, na rotunda que dá acesso ao porto de pesca e é uma referência no país, pelo seu aspeto irreverente e também por ser único, exclusivo”, destacou.

O presidente da Junta de Freguesia lembrou que, em Quarteira, o polvo é a espécie mais transacionada em termos

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de valor e é, igualmente, uma iguaria de referência na gastronomia local. E todo este percurso de cinco anos resultou, agora, no nascimento do Octávio, a mascote da Freguesia de Quarteira, cujo nome é inspirado na designação científica «Octopoda». “O Octávio funcionará como uma «personagem amigável», um interlocutor, uma espécie de canal de comunicação, com os habitantes e turistas da freguesia, capaz de passar os valores que queremos para Quarteira, de uma forma lúdica, descontraída e amigável. Temos como objetivo que o Octávio chegue a todas as idades, mas principalmente aos mais pequenos, pois são eles o nosso futuro e são os que mais devemos motivar e sensibilizar, tanto no

que respeita aos desafios que enfrentamos no mundo em que vivemos, como para aprenderem um pouco mais sobre a nossa freguesia, os nossos valores, história, tradição e boas práticas”, declarou Telmo Pinto.

Nesse sentido, o Octávio estará presente em ações de sensibilização nas mais variadas áreas, como a gastronomia, o turismo, a sustentabilidade, o ambiente ou a saúde, e em diferentes contextos educativos e escolares. “Mas o nosso amigo Octávio não quis chegar de mãos a abanar e traz já consigo trabalho feito, designadamente o primeiro livro de uma coleção de aventuras que irá partilhar com a sua melhor

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amiga, a Valentina”, revelou o autarca, realçando a importância dos livros na educação dos mais jovens e com o intuito destes criarem hábitos de leitura e de escrita, “e assim influenciar o desenvolvimento cultural, social, e até emocional das nossas crianças”. “Por isso, resolvemos lançar uma coleção de livros que, através das suas histórias, tendo o Octávio como personagem principal, vão transmitir valores, história, cultura e as tradições da freguesia”.

Os livros do Octávio serão distribuídos nas bibliotecas das escolas da freguesia e estarão disponíveis em português e inglês. No início de 2023, com a atualização do regulamento de taxas e

licenças, as «Aventuras do Octávio» também serão possíveis de adquirir pelo público em geral na Junta de Freguesia. “Temos já em construção um website, criado com o objetivo de reforçar a presença da mascote no digital, para dar a conhecer as suas aventuras, fornecer informação da sua atividade e adquirir itens de merchandising e recordações. O Octávio chega à Freguesia para demonstrar que é sempre possível aprender, crescer, evoluir e dar o melhor de cada um de nós, em todas as etapas da nossa vida”, salientou Telmo Pinto, acreditando que “o Octávio será um exemplo para toda a comunidade” .

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ONDAS DA PRAIA DA ROCHA JÁ PODEM SER VISTAS EM DIRETO EM TODO O MUNDO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina oi apresentado publicamente, no dia 6 de outubro, o projeto «Ondas em direto da Praia da Rocha», que consiste na transmissão direta por streaming das

ondas e do mar a partir de uma webcam localizada no exterior do Centro Municipal de Apoio Desportivo da Praia da Rocha. O projeto, fruto de uma parceria entre o Município de Portimão e o Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes, foi concebido e

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executado por uma equipa formada pelos professores do grupo de geografia e por um professor de informática, com o objetivo de disponibilizar imagens vídeo em tempo real à comunidade ligada aos desportos náuticos e aos munícipes de Portimão, turistas e visitantes, numa transmissão contínua.

Na ocasião, o coordenador do projeto, Francisco Pereira, sublinhou a parceria do Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes com o Município de Portimão,

“sem a qual não teria sido possível a sua concretização”, falando na existência de um painel com seis variáveis, que se manifestam localmente na estação meteorológica escolar do agrupamento e que se atualizam a cada cinco minutos. “O projeto quis abrir uma espécie de «janela vídeo» para o mar da Praia da Rocha e que incluísse o molhe da Praia da Rocha/Portimão, em cuja frente mar decorrem muitas das atividades promovidas pelas escolas de desportos de mar, sobretudo ligadas ao surf e ao bodyboard, que irão usufruir destas imagens. Mas outros desportos da náutica desportiva e recreativa poderão também colher informações sobre as condições do mar, das ondas e do vento, para além do turismo balnear que se distribui pelo areal da praia ou de todos os passeantes pelo molhe de Portimão”, afirmou.

Francisco Pereira destacou ainda a vertente mais escolar ou curricular sobre os portos de mar e sobre a dinâmica da erosão/acumulação das areias litorais, a problemática dos molhes na costa marítima ou as atividades ligadas à economia do mar, de que o turismo balnear é apenas uma delas. “Para todos os efeitos, uma webcam na Área Desportiva Municipal da Praia da Rocha era sempre a melhor localização para uma excelente proximidade e o melhor

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enquadramento, havendo ainda um servidor informático, energia, comunicações e uma aplicação para acesso às imagens, que só funciona em smartphone”, esclareceu o professor.

Na cerimónia, a vereadora Teresa Mendes, responsável pelo pelouro da Educação, realçou o empenho dos professores envolvidos no projeto e a relevância da webcam, “que vai servir a comunidade local e toda a gente que, em qualquer parte do mundo e durante todo o ano, deseje visualizar esta zona da Praia da Rocha”, recordando na oportunidade a parceria em vigor há alguns anos entre o Município de Portimão e o Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes, da qual resultou a estação meteorológica a funcionar na Escola Secundária Manuel

Teixeira Gomes. Na sequência desta apresentação pública, duas turmas do secundário do Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes tiveram a oportunidade de experimentar várias atividades náuticas, como surf, bodyboard e stand up paddle em colaboração com o Portimão Surf Clube, para além de outras modalidades como o beach ténis, o futebol de praia e o voleibol de praia.

Recorde-se que o projeto ganhou forma no ano letivo 2012/2014 e foi apresentado à Câmara Municipal de Portimão em 2017, que autorizou a utilização da webcam, na sequência de um protocolo de colaboração entre as duas instituições. Em 2018 teve início a primeira emissão experimental, ficando o projeto suspenso em 2019 e 2020 devido à pandemia. A segunda emissão experimental ocorreu em 2021 e em maio passado arrancou a atual emissão .

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ALEXANDRE SILVA ALGARVIO É O NOVO CAPITÃO DO PORTO DE OLHÃO

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina eve lugar, no dia 27 de setembro, junto à Estação Salva-Vidas de Olhão, em Olhão, a tomada de posse do novo Capitão do Porto e Comandante Local da Polícia Marítima de Olhão, o Capitãode-Fragata Alexandre Silva Algarvio, num evento que foi presidido pelo SubdiretorGeral da Autoridade Marítima e 2.º

Comandante-Geral da Polícia Marítima, o Contra-Almirante Noronha Bragança. A cerimónia começou, porém, com as palavras do antecessor no cargo, o Comandante André Cardoso de Morais, que prontamente destacou “a intensa e excelente cooperação que constatei existir entre as diversas autoridades e entidades com competências convergentes e

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complementares” “Tive a honra e o orgulho de chefiar mulheres e homens que em todos os momentos disseram «presente». Os êxitos alcançados devem-se essencialmente a vós. Foram vocês que diariamente salvaram, acudiram, policiaram, vistoriaram, fiscalizaram e acolherem os utentes, mantendo as múltiplas vertentes dos nossos serviços prestados em prol desta comunidade. Se algo correu menos bem e se não se celebraram mais triunfos, tais factos só a mim se devem, por não ter tido o saber, a arte e o engenho para melhor fazer. Foi um privilégio ser o vosso

comandante e faço a todos vós votos das maiores felicidades pessoais e profissionais”, declarou.

O Comandante André Cardoso de Morais aproveitou para agradecer publicamente ao Chefe do Departamento Marítimo do Sul e Comandante Regional da Polícia Marítima do Sul, o Comandante Rocha Pacheco, e a toda a sua equipa “pelo incansável e contínuo apoio prestado, quer ao nível logístico e financeiro, quer ao nível da coordenação regional”. “Manifesto o meu agradecimento pela sua permanente disponibilidade para nos ouvir, orientar e aconselhar. Ao meu sucessor no cargo, camarada de

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O Comandante André Cardoso de Morais

algumas navegações que partilhamos, fazendo uso do termo naval que faz parte do nosso quotidiano, «chegámos à hora da rendição do quarto». Transmiti-te os cargos que hoje assumes como melhor pude e soube. Algumas vezes te referi que nestas funções não existem prescrições, temos de sentir, respeitar, ser honestos e ponderados e usar o bom-senso, qualidades que sei seres possuidor e capaz. Desejo-te mar calmo, ventos de feição, águas safas e que as venturas com que te irás deparar a partir de hoje sejam repletas dos maiores sucessos

profissionais e pessoais, afirmando que estarei sempre disponível para o que entenderes por necessário. Boa fortuna camarada”, desejou o Comandante André Cardoso de Morais.

No uso da palavra, o novo Capitão do Porto e Comandante Local da Polícia Marítima de Olhão assumiu estar bastante motivado por abraçar o desafio de “ir ao encontro das necessidades dos cidadãos e assegurar a sua segurança no domínio público hídrico nestes municípios tão marcados pelo mar, com a particularidade da Ria Formosa e Ilhas Barreiras, assim como garantir as inúmeras

competências que hoje me são conferidas”. “Tomar posse destes cargos é uma missão que me realiza, tanto a nível profissional como pessoal. A intensa e excelente cooperação existente entre as várias entidades aqui representadas e outras demais é fruto do excelente trabalho que tem vindo a ser desenvolvido. Assim, gostaria de vos transmitir que podem contar com a minha total disponibilidade, dedicação e empenho, para, numa postura aberta e construtiva, continuarmos a salvaguardar os superiores interesses das populações e do Estado, nesta área do domínio público marítimo que se estende desde a barra deste porto-comum Faro/Olhão até à Fuseta e que engloba uma parte significativa da Ria Formosa”, apontou o Capitão-de-Fragata Alexandre Silva Algarvio, endereçando ainda “uma palavra de profunda admiração e respeito” ao seu antecessor, “pela forma como conduziste a tua ação nos cargos que hoje entregas”. “Contribuis-te significativamente para o fortalecimento da imagem da Autoridade Marítima Nacional junto da população, órgãos e serviços com que lidaste diariamente. Agradeço a forma empenhada e cuidada com que me familiarizaste com as diversas entidades com as quais a partir de

hoje irei trabalhar e farei bom uso dos conselhos, ensinamentos e experiências que me foram legados. Bons ventos e mar de feição no desempenho das tuas futuras funções”.

A cerimónia terminou com a intervenção do Subdiretor-Geral da Autoridade Marítima e 2.º ComandanteGeral da Polícia Marítima, o ContraAlmirante Noronha Bragança, que sublinhou que “disciplina, integridade, honra e lealdade são valores que norteiam todos aqueles que, envergando o botão de âncora, servem Portugal com brio e dedicação na Autoridade Marítima Nacional e que assumem expressão reforçada a quem presta o serviço público diário, de proximidade, ao cidadão” Dirigindo-se ao Capitão-de-Fragata Alexandre Silva Algarvio, mostrou-se convicto de que “as suas capacidades de comando, gestão e liderança, aliadas à competência que já demonstrou nos cargos exercidos ao longo da sua carreira, são decisivos para garantir a necessária coordenação e articulação, não só dos órgãos e serviços da Capitania de Olhão, mas também das estruturas operacionais da Polícia Marítima”

“Confiamos plenamente no seu sentido de missão e de responsabilidade com que já

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O Subdiretor-Geral da Autoridade Marítima e 2.º Comandante-Geral da Polícia Marítima, o Contra-Almirante Noronha Bragança

demonstrou saber lidar com situações complexas, e bem assim o gosto por novos desafios, que vem demonstrando ao longo da sua carreira. Contamos consigo para estar ao leme desta relevante missão de vigiar, fiscalizar, controlar e proteger a nossa área de responsabilidade em razão da matéria e do espaço, com uma reconhecida área fluvial navegável, a nossa Ria Formosa, uma região fulcral em termos sociais e económicos, onde laboram e desenvolvem atividades marítimo-portuárias e recreativas comunidades com uma forte cultura marítima e significativo

espírito empreendedor”, declarou o Contra-Almirante Noronha Bragança, que não esqueceu, claro, o Comandante André Cardoso de Morais, que nesta data concluía uma comissão de quatro anos, “numa atuação caracterizada por uma serenidade e firmeza de carácter, sempre com elevada dedicação” “É da mais elementar justiça agradecer publicamente o trabalho que desenvolveu nesta sua missão”, finalizou.

O Capitão-de-Fragata Alexandre Rogério da Silva Algarvio nasceu em Santiago do Cacém a 13 de março de 1980, tendo ingressado, a 12 de outubro de 1998, na Escola Naval e concluído a

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Licenciatura em Ciências Militares Navais – Ramo de Marinha, em 2003. Em setembro do mesmo ano embarcou no navio-patrulha Zaire, onde exerceu os cargos de Chefe do Serviço de Navegação, Chefe do Serviço de Artilharia e Chefe do Serviço de Comunicações. A partir de março de 2004, assumiu as funções de Oficial Imediato.

Entre setembro de 2005 e setembro de 2007, comandou a lancha de fiscalização Cisne, especializando-se de seguida em Comunicações. Concluída a especialização, foi colocado na Escola de Tecnologias Navais como Chefe do Gabinete de Organização das Comunicações e Sistemas de Informação até 2010, onde lecionou matérias relacionadas com a Organização e Segurança das Comunicações e Sistemas de Informação e foi o diretor dos Cursos de Especialização de Oficiais em Comunicações e dos Cursos de Formação de Sargentos em Comunicações. Entre 2010 e 2012, foi colocado no Comando Operacional dos Açores, em Ponta Delgada, São Miguel, como Chefe da Área de Comunicações e Sistema de Informação, Chefe do Centro de Comunicações e Chefe do Sub-Registo, onde foi responsável pelas comunicações e sistemas de informação conjuntas das Forças Armadas na Região Autónoma dos Açores.

Em 2012, Alexandre Silva Algarvio regressou à Escola de Tecnologias Navais como Chefe do Gabinete de Organização das Comunicações e Sistemas de Informação até 2014, onde desempenhou funções similares ao período entre 2008 e

2010. Paralelamente, entre 2012 e 2014, integrou o Estado-Maior da Força Naval Portuguesa (PRTMARFOR), exercendo as funções de responsável pelas Comunicações e Sistemas de Informação daquela força, tendo participado em diversos exercícios de âmbito naval e conjunto. Frequentou o Curso de Promoção a Oficial Superior, no Instituto Universitário Militar, no ano letivo de 2014/2015, seguido de uma comissão no Comando Naval entre 2015 e 2017, como Chefe do Protocolo, onde organizou e colaborou na organização de diversas cerimónias militares de âmbito naval e conjunto, eventos e visitas de entidades civis e militares, nacionais e estrangeiras, à Marinha, tendo também acompanhado as visitas de navios de guerra estrangeiros a Portugal.

De 2017 a 2020, prestou serviço na Divisão de Relações Externas do EstadoMaior da Armada, como Chefe da Área da Representação, Diplomacia e Protocolo, onde foi responsável pelo protocolo das cerimónias e eventos da Marinha, pela organização de cerimónias da Marinha e Conjuntas, pelo estabelecimento de relações com as autoridades diplomáticas estrangeiras acreditadas em Portugal, nomeadamente Adidos de Defesa e Militares, e pelo processamento de autorizações diplomáticas dos navios de Estado e de guerra estrangeiros que pretendem visitar Portugal. No período de 2020 a 2021, foi colocado no Gabinete do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas como Adjunto para o Protocolo, onde foi responsável pela organização e protocolo de diversas cerimónias militares e eventos de âmbito Conjunto e Combinado, e visitas de

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entidades civis e militares, nacionais e estrangeiras.

Após uma passagem de oito meses no Instituto Hidrográfico como Chefe da Divisão de Recursos Humanos, frequentou o curso de «Aperfeiçoamento em Autoridade Marítima», na Escola da Autoridade Marítima, tendo sido nomeado para o cargo de Capitão do Porto de Olhão e Comandante Local da Polícia Marítima de Olhão. Na sua folha

de serviço constam diversos louvores e as seguintes condecorações: Medalha de Serviços Distintos – Grau Prata, Medalha da Cruz de São Jorge – 2.ª Classe, Medalha da Cruz Naval – 2.ª Classe, Medalha da Cruz Naval – 3.ª Classe, Medalha de Comportamento Exemplar –Grau Prata e Médaille de la Défense Nationale – Échelon Bronze – Agrafe Marine Nationale. Foi promovido ao posto de capitão-de-fragata em 31 de dezembro de 2020 .

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O Capitão-de-Fragata Alexandre Silva Algarvio

LAGOA VAI TER UMA CASA DA CIDADANIA

PARA HOMENAGEAR O PASSADO E AJUDAR

A CONSTRUIR UM MELHOR FUTURO

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Lagoa

Município de Lagoa apresentou, em setembro, no auditório do Centro Cultural Convento de S. José, em Lagoa, o projeto arquitetónico, artístico e museográfico da Casa da Cidadania de Lagoa, empreitada que irá transformar as instalações do edifício dos antigos Paços do Concelho numa casa dedicada aos movimentos sociais e que deverá ser inaugurada a 16 de janeiro de 2024. Trata-se de um projeto de cariz museológico que irá focar-se essencialmente na história políticoadministrativa de Lagoa, evidenciando

valores como a Liberdade, a Democracia, a Igualdade e a Participação Proactiva da população. “Um projeto ambicioso, diferenciador e que reflete a estratégia assumida pelos gestores políticos do território, num Município de Lagoa que se tem vindo a afirmar no contexto regional e nacional, evidenciandose, não só a sua história, como também a sua identidade, na solidificação de uma consciência de comunidade”, referiu Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa.

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A ideia surgiu em 2018 e desde então tem vindo a desenvolver-se através de vários estudos, num processo conduzido pelo antropólogo Paulo Lima, contando com a participação de investigadores e arquitetos como Nelson Marques (Chefe da Divisão de Planeamento Estratégico da Câmara Municipal de Lagoa) e Bruno Serrão (Red Umbrella), para o projeto de reabilitação dos antigos Paços do Concelho de Lagoa; José Teixeira (Escultor e Mestre Medalhista), para o projeto artístico para a Casa da Cidadania de Lagoa; Paulo Passos (Napperon), para o projeto museográfico da Casa da Cidadania de Lagoa; e Fernando Cabral (Sistemas do Futuro) para o desenvolvimento da plataforma digital casadacidadania.pt. “A poucos meses de completar 250 anos de história, enquanto território autónomo,

Lagoa apresenta um projeto que recorda muitas pessoas que nasceram no concelho, que contribuíram para o seu desenvolvimento, pondo muitas vezes o bem comum acima de si próprio, lutando por um presente e um futuro melhor, dando a possibilidade de sabermos mais sobre o seu contributo na construção do concelho tal como o conhecemos. É um projeto que permite recordar e passar esse legado às novas gerações”, reforça Luís Encarnação. “É no espírito de liberdade, de servir o interesse comum e de procura do bem público que a Câmara Municipal de

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Lagoa abraçou este projeto como um pilar no desenho da democracia que se deseja cada vez mais forte em Lagoa. Crentes de que a liberdade, a democracia, a igualdade e a participação cívica são suporte do bem que deve reger a política, a plataforma digital da Casa da Cidadania que já está disponível pretende disseminar a história e os valores que ao longo de dois séculos e meio se têm constituído como esteios da nossa construção municipal. Esta plataforma será, não somente, o olhar sobre a história do nosso Município e dos seus órgãos políticos, mas também do povo de Lagoa, inscrevendo as suas aspirações de dignidade na história mais vasta do Algarve e de Portugal, num processo que estará

sempre em construção, com foco na melhoria contínua que também caracteriza a nossa forma de encarar a administração pública do território e de como nos relacionamos com os nossos «clientes», os nossos munícipes”, concluiu Luís Encarnação.

A Casa da Cidadania é um projeto dedicado aos movimentos sociais, conforme enfatizou Sandra Generoso, Chefe de Divisão de Ação Sociocultural da Câmara Municipal de Lagoa, para a construção de um ambiente de educação para a cidadania, coesão social e educação para a democracia, “uma casa-mãe de onde poderão partir outras linhas de interpretação paisagística e de ocupação do território nas várias freguesias e que se irá focar essencialmente na história política e administrativa

de Lagoa”. É então a partir deste edifício histórico onde funcionou a Câmara Municipal de Lagoa por mais de dois séculos que se pretende construir um projeto educador vocacionado para os valores e direitos humanos, na sequência da intenção do executivo de se concretizar uma cidade educadora, inclusiva, ativa, sustentável e inteligente, “porque importa, não só preservar e trazer à memória a construção histórica e administrativa deste concelho, como dar visibilidade aos homens e mulheres que contribuíram para aquilo que somos hoje e que poderão inspirar as nossas crianças e jovens para a direção que queremos tomar no futuro e que também terão voz na Casa da Cidadania”, apontou Sandra Generoso, antes de passar a palavra a Paulo Lima. “O que mais me impressionou quando entrei pela primeira vez no antigo edifício da

Câmara Municipal é que estava lá uma capela e foi a partir daí que tudo isto se começou a desenhar. Apaixonei-me também pelo Remexido, uma daquelas figuras que estão entre os tempos, entre o fim do Antigo Regime e o Liberalismo, e percebi que poderia nascer aqui algo que fosse diferente”, começou por dizer o antropólogo.

Iniciou-se, assim, o trabalho a pensar no MOCIV – Museu dos Movimentos Sociais, mas depressa se evoluiu para um projeto mais ambicioso e que tivesse em conta a figura da Câmara Municipal, “o órgão responsável pelo desenvolvimento local e que aplica no seu quotidiano, com as pessoas, como nenhuma outra instituição o faz, a democracia, a participação, que intervém e muda o território, com

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pequenas coisas que, somadas, se tornam grandes coisas”, mas também as políticas de género, de integração, de coesão. “A Casa da Cidadania é composta por partes físicas e materiais, por partes digitais, mas também por um «espírito de lugar», aquilo que, no fundo, dá identidade, a tal poética da paisagem, aquilo que é diferente e que nos dá sensações”, salientou o coordenador deste projeto que se iniciou por um estudo profundo do próprio edifício. “Conseguimos entender a capela como ela era, os seus espaços, os efeitos do terramoto de 1755, e depois percebemos que havia um outro corpo, mandado fazer pelo génio de João Bentes Castel-Branco, terminado em 1861, um homem que mudou Lagoa em muitos

aspetos. Agarrou numa capela que estava em ruínas, reconstruiu-a e criou uma sede que não existia para a câmara municipal”, destacou. “Neste momento, vai cumprir uma nova função, que é albergar o diálogo democrático entre os eleitos e os eleitores. E, até se chegar à sala onde terão lugar as sessões de Câmara e Assembleia Municipal, queremos contar a história do território e do poder local nestes 250 anos, recordando figuras que foram muito importantes nesta caminhada”, indicou Paulo Lima.

A vertente física do projeto será depois complementada por uma estratégia focada na educação para a democracia e cidadania, para os Direitos Humanos, para questões de género e integração

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social, da conciliação entre a vida familiar e profissional; por eventos culturais específicos sobre a política; e pela criação de um repositório dos grandes movimentos sociais da época contemporânea do sul de Portugal e que foram construindo o carácter e a identidade política dos tempos atuais. “Lagoa é um bom barómetro para se perceber a vida política e social de Portugal e não só. E este projeto só é possível por termos aqui uma Câmara Municipal com uma identidade, disponibilidade, força e carácter que não é normal encontrar. Está a ser feito um investimento financeiro elevado, como devem imaginar, reflexo de uma visão que a Autarquia de Lagoa tem para o presente e para o futuro”.

UM EDIFÍCIO PARA O PRESENTE E PARA O FUTURO

A Casa da Cidadania vai ser um local para se conhecer as pessoas que habitam em Lagoa, “a sua história, o seu presente e o seu futuro, retratados em quatro paredes, um espaço, uma casa de todos e para todos”, indicou Mariana Neto, arquiteta da Napperon, um estúdio de design, arquitetura e engenharia de Abrantes com vários de experiência em museografia um pouco por todo o país. “Imaginamos uma experiência, um fio de história, circulação fácil, mobiliário pouco intrusivo, boa legibilidade, um espaço interativo, uma casa de todas as pessoas para o futuro. E o projeto de museografia será sempre ajustável ao que se concretizará com a arquitetura e a reabilitação do

edifício, com dois corpos lado-alado: o Centro de Documentação General Rocha Vieira e a Casa da Cidadania, que se divide em dois pisos, com uma compartimentação bastante subtil, com espaços abertos e que se interligam num percurso que conta uma história”, explicou Mariana Neto.

Nelson Marques (Chefe da Divisão de Planeamento Estratégico da Câmara Municipal de Lagoa) e Bruno Serrão (Red Umbrella) deram a conhecer o projeto de reabilitação dos antigos Paços do Concelho, “um projeto único em Portugal, disso não se tenha dúvidas, uma tela que vai agarrar toda a identidade do povo de Lagoa, todos os movimentos e

dinâmicas, e todos os dias iremos estar a contribuir um pouco mais para a sua perfeição, a criar mais informação e mais camadas”. “Este edifício, que já foi uma prisão, uma capela e uma câmara municipal, é o espaço perfeito para acolher a Casa da Cidadania”, frisou Nelson Marques. “Tem sido um caminho longo, com avanços e retrocessos, mas senti que o projeto de arquitetura foi conciliador, que foi a «máquina» que agarrou tudo e deu um empurrão substancial ao processo, graças aos inputs de todas as pessoas envolvidas”, disse, por sua vez, Bruno Serrão. “Com o decorrer do tempo, ao percebermos que a Casa da Cidadania não possuía área expositiva necessária para

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todo o espólio que lá se pretende colocar, passamos a pensar em dois corpos e automaticamente avançamos para uma intervenção de reabilitação de toda a praça a nascente, por onde se entrava para a antiga ermida da Senhora do Pé da Cruz. Uma praça que, curiosamente, não tem nome, ao contrário de todas as ruas envolventes, que vai ser muito confortável e que funcionará como antecâmara da Casa da Cidadania”, adiantou o arquiteto.

Casa da Cidadania que terá uma área de trabalho, funcional, e outra de contemplação, indicou Bruno Serrão, e onde existirá, igualmente, um Posto de Informação onde estará disponível tudo o que acontece em Lagoa a qualquer momento. “Os espaços intermédios criam ambientes exteriores que

podem ser usados para pequenos eventos culturais ou outras efemérides. Também não queremos que o edifício fique resumido àquilo que estamos a pensar hoje, porque ele já teve muita história, mas desejamos que ainda venha a ter muita mais. Queremos que o edifício tenha a capacidade de se poder transformar sempre que tal for necessário, mas há coisas que só vamos compreender durante a própria obra, nomeadamente na zona da antiga capela, que nos poderá reservar algumas agradáveis surpresas. O que encontrarmos vamos salvaguardar”, salientou Bruno Serrão.

DO ALGARVE» E CRUZ

«ÁGUAS
VERMELHA PORTUGUESA ESTREARAM «AGUARTE» NO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #359

«Aguarte» nasceu em maio, fruto de uma colaboração entre a «Águas do Algarve» e a Cruz Vermelha Portuguesa, culminando o projeto em três espetáculos, dois dos quais aconteceram a 4 e 8 de outubro, no Teatro Lethes, em Faro, e na Biblioteca Municipal de Castro Marim, respetivamente, realizando-se o derradeiro, a 20 de outubro, no Auditório Carlos Carmo, em Lagoa.

Este projeto social de educação e consciencialização ambiental decorreu em diversos pontos do Algarve, com a utilização de diferentes formas de expressão artística como meio de transmitir uma mensagem de preservação

da água e de consciencialização acerca do seu valor intrínseco à vida humana. Para tal foram desenvolvidas várias abordagens de sensibilização ambiental para grupos distintos de atores sociais, como sessões de sensibilização ambiental pelas artes expressivas destinadas a adolescentes e jovens; sessões de voz-terapia e de biodanza destinadas a adultos; e a criação de um grupo de teatro sénior.

Nas sessões de sensibilização ambiental pelas artes expressivas, que ocorreram em três escolas secundárias dos concelhos de Faro e Loulé, abordouse o respeito e uso eficiente da água por via da capacidade expressiva, utilizando materiais alusivos ao tema, evocando ambientes aquáticos e explorando diversas formas de expressão. Estas

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sessões foram facilitadas por Andreia Bruno, Técnica de Serviço Social a exercer funções na Cruz Vermelha Portuguesa de Faro e Loulé como coordenadora da área social.

Nas sessões de voz-terapia, este trabalho de sensibilização e de consciencialização aconteceu através da exploração simbólica

e arquetípica da água e sua origem, por via da partilha de cantos associados a rituais e práticas ligadas à água ao longo dos tempos e de sonorizações oriundas de uma conexão sensorial com a água, pela vibração do som e pela conexão à voz ritual, no desenvolvimento de um olhar valorizador que nos reconecta com a natureza e a com a importância dos

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seus recursos. As sessões, embora destinadas à comunidade em geral, tiveram lugar também junto de populações específicas como os colaboradores do Centro Hospitalar Universitário do Algarve e a população cigana do Bairro da Lejana de Cima, e foram desenvolvidas pela Cátia Alhandra, Cantora, Psicóloga e Voz-Terapeuta.

Nas sessões de Biodanza, um sistema de desenvolvimento humano que aposta em vivências de integração que são induzidas pela música e pela dança e vividas em grupo, foram abordadas diferentes formas de experienciar a reconexão ao elemento água através da dança, reconhecendo e integrando as expressões do movimento associadas às características da água, como a fluidez, a capacidade de fusão e a cinestesia. As sessões abertas à comunidade foram facilitadas por Rita Neves, Diretora dos Recursos Humanos do Centro Hospitalar Universitário do Algarve e facilitadora de Biodanza no Algarve desde 2016.

Foi ainda criado um grupo de teatro na Academia Sénior da Cruz Vermelha Portuguesa, delegação de Faro e Loulé, desenvolvido a partir de experiências de vida, centrado no tema da escassez dos recursos hídricos e fomentado através de jogos dramáticos e de exercícios de concentração, flexibilidade e expressão, num processo de consciencialização para um uso consciente dos recursos hídricos, através do exercício do poder de escolha, da capacidade de expressão e da partilha vivencial. Pedro Monteiro, encenador e produtor deste grupo, é ator e encenador no te-Atrito, grupo de teatro profissional e foi professor e colaborador de diversos projetos de teatro .

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TEATRO GRIOT LEVOU AVENTURAS DE DANTE NO ALÉM AO CINETEATRO

LOULETANO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #359 76
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Cineteatro Louletano

acolheu, nos dias 7 e 8 de outubro, «No Meio do Caminho», pelo Teatro GRIOT, peça que tem como base «A Divina Comédia», epopeia medieval que narra a viagem de Dante pelos três lugares do Além – Inferno, Purgatório e Paraíso. Três atores estão num lugar impreciso, uma sala, um gabinete, um estúdio ou nada disto, em que vão tentando reproduzir o texto, as personagens, os mitos e os vícios de raciocínio ligados a esta obraprima, que não foi originalmente pensada para ser drama, para ser cena. Uma certeza existe: atravessar três projeções metafísicas: Inferno, lugar de condenação e de dor; Purgatório, onde o humano se penitencia e purifica; e Paraíso, pináculo de redenção e meta da aventura.

No espetáculo sustentam-se as coordenadas desta empreitada nos seguintes pontos: o ponto da fábula, a peregrinação de Dante ao centro do mundo, com os diálogos, as ações, as passagens de um círculo ao outro, etc., que poderia bem configurar um drama medieval em estações, à semelhança de obras sacras do teatro litúrgico da época; o ponto moral, questão central na obra. “Como dialogar com a moral cristã nos nossos tempos fortemente seculares? O ponto da alegoria, em si, as questões das personagens, o que representam de nós, como nos aproximamos desta escrita alegórica e a reclamamos para nós, nem que seja por uns momentos?”, questiona o encenador Miguel Loureiro. Por fim, o ponto

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simbólico, tornar em matéria teatral tudo o que na obra se joga no oculto, a começar desde logo pelo número 3: Santíssima Trindade, os 33 cantos, as tercenas, as espirais, os vórtices, os estreitos, as bifurcações e os passos em falso deste lugar, a meio do nosso caminho de criadores.

«No Meio do Caminho» nasce do texto de Dante Alighieri, com dramaturgia de Miguel Graça e Miguel Loureiro e interpretação a cargo de Daniel Martinho,

Tiago Barbosa e Zia Soares. A coprodução do Cineteatro Louletano contou ainda com os apoios de Batoto Yetu, Câmara Municipal de Loulé, Centro Cultural da Malaposta, DeVIR/CAPaCentro de Artes Performativas do Algarve, Junta de Freguesia da Misericórdia, Khapaz e Polo Cultural Gaivotas Boavista. O Teatro GRIOT é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa .

«ALGARVE ALL JAZZ» ESGOTOU AUDITÓRIO CARLOS DO CARMO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Kátia Viola ALGARVE INFORMATIVO #359

Orquestra de Jazz do Algarve regressou a Lagoa e ao Auditório Carlos do Carmo, no dia 8 de outubro, com o concerto «Algarve All Jazz», fazendo-se acompanhar do saxofonista norte americano Rick Margitza e da cantora Vânia Fernandes.

«Algarve All Jazz» é o projeto premium que a Orquestra de Jazz do Algarve apresentou aos Municípios de Loulé, Lagoa e Lagos, e que se tornou possível mercê da sua inclusão na Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses. O resultado são três concertos a ocorrer nestes três concelhos, contemplando o que de melhor se faz a nível mundial no seio do jazz, permitindo igualmente a criação de repertório original, ou de orquestrações

originais, que serão também registadas em CD.

Para esta primeira edição foi convidado o saxofonista Rick Margitza, nome maior que despontou ainda das últimas formações de Miles Davis em finais dos anos 80, e que tem feito até hoje uma carreira notável e, segundo muitos, num estilo também ele notável. “Rick traz-nos uma série de temas originais, com orquestrações para Orquestra de Jazz que decerto não vão passar despercebidos”, frisa Hugo Alves, maestro da Orquestra de Jazz do Algarve. Vânia Fernandes é a voz de diversos temas selecionados do cancioneiro jazz, mas não deixando de incluir um tema do também madeirense Max, o «Bordadeiras da Madeira». “Todos estes temas foram orquestrados por forma a

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fazerem um sentido comum, quer em palco, como em disco, porque este projeto tem essas duas vertentes. De fora não ficará ainda uma ação formativa Sound Capsule, que permitirá o contacto direto destes dois convidados com o

público e profissionais da música, num «Algarve All Jazz» que se quer que seja incluso de toda uma experiência, e que, mais uma vez, deixe um legado na região, quando termine”, salienta Hugo Alves .

PAKI EXPÕE «PODIA SER

PIOR» NA GALERIA DO IPDJ

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galeria do Centro de Juventude de Faro do Instituto Português do Desporto e Juventude acolhe, até dia 31 de outubro, a exposição «Podia ser pior», de Tomás Nunes, o artista visual mais conhecido por PAKI. O jovem de Setúbal tem vindo a desenvolver o seu trabalho, ao longo da última década, em variadas vertentes artísticas, desde o conteúdo audiovisual à produção musical, passando pela moda e, mais recentemente, pelas artes plásticas.

Na exposição «Podia ser pior», “Tomás mostra-nos um lado inconformado, com questões que são pertinentes a

todos, ser eu mesmo ou ser o outro”, descreve o curador Fábio «BASAP» Soares. “O aspeto experimental da sua obra detém um carácter próprio, proveniente de um gesto expressivo, muito intuitivo, que comunica de forma direta. Por vezes fruto de um olhar aborrecido sobre um mundo agilizado, a sua pintura excede regras de equilíbrio e propõe um olhar comunicativo. Estas peças são uma continuidade da sua personalidade, frases simples e sucintas que levantam questões complexas”, acrescenta o curador .

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Do colo Mirian Tavares (Professora)

“O pior é que, justamente nesse momento, quando quase ninguém ainda aprendeu a levar a pedra até o céu, a infância acaba de repente”.

infância é um desejo de colo. Muitas vezes é a certeza do colo, do acalento, do sopro na ferida, do abraço. Porque crescemos e parece que o colo se faz desnecessário. Porque a vida endurece –a nós e a ela mesma. Saímos da condição de receptores para provedores de colo. E acontece assim, de repente. Sem muito aviso. Sem preparação prévia. Há uma frase feita que diz algo como: ser adulto é como se perder da mãe no supermercado para sempre. É talvez uma visão radical, pois os pais, avós, irmãos, primos, enfim, a família, muitas das vezes, está lá. Mas a sensação de que perdemos algo é real e nos acompanha. Talvez não seja a perda da mãe, ou dos pais, necessariamente, mas é a perda do colo. Do lugar de direito inalienável do colo. Há quem cresça mais rapidamente, que tenha de ser colo sem nunca ter propriamente desfrutado de um. Como escreveu Guimarães Rosa – “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. É uma frase linda, daquelas que reproduzimos e espalhamos nas nossas redes sociais. O

que ela quer da gente é coragem. E o que a gente quer, muitas vezes, é colo. E falta coragem para pedir. Lembro-me de, na infância, os meninos, quando andavam à bulha, perguntavam: vai pedir arrego? Os mais sensatos aproveitavam a deixa e desistiam logo ali, sabiam que se continuassem, iam levar mais pancada. Os outros, corajosos, nunca pediam arrego, mesmo que chegassem em casa aos farrapos. Somos ensinados a ser corajosos, a não pedir arrego ou colo. Eu nunca neguei colo ao filho, ou a quem me pedisse. E abraçava o filho, mesmo contra sua vontade, muitas vezes, quando ele queria bater no mundo, e sentia-se frustrado e enraivecido. Sabia que nada do que dissesse ia resolver a sua angústia naquele preciso instante. Davalhe um abraço, ao qual ele resistia, mas depois ia aos poucos acalmando. Porque o colo de mãe é lugar sagrado – dali saímos como que abençoados, com um escudo que nos protege até a próxima queda ou tristeza. Mas nem sempre temos a mãe, ou algo que nos valha. Às vezes somos nós que precisamos de acalento. Outro dia, no carro, vinha a ouvir Maria Betânia cantando a música do Pedro Abrunhosa – Quem me leva os meus fantasmas

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(..)De costas voltadas não se vê o futuro Nem o rumo da bala nem a falha no muro

E alguém me gritava com voz de profeta Que o caminho se faz entre o alvo e a seta.

E pensei nesta perda irreparável – a do colo quando nos tornamos adultos. Mas eu sempre fui daquelas que pediam arrego. A coragem também está, muitas vezes, em reconhecer a derrota e lamber as feridas. Olho para os meus alunos e

penso também nos que sucumbiram a qualquer dor mais profunda ou intensa. Sei que um sopro na ferida não cura. Pelo contrário, se calhar até ajuda a infetar. Mas o gesto do sopro, ah – este gesto, pode curar muita coisa. Porque, ao fim e ao cabo, há sempre um momento em que nos sentimos muito sós, frustrados, tristes, perdidos no supermercado a chorar pela mãe. E é bom ter alguém que nos aperte contra o peito e nos acalente. Pode não curar, mas ajuda a sarar as feridas .

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Foto: Vasco Célio

Sexagésima terceira tabuinha - Joalhada Ana Isabel Soares (Professora)

m 1976, Natália Correia faz publicar num jornal um soneto em que lamenta, em que poeticamente se indigna perante o abastardar da língua portuguesa. É, como muitos outros versos seus, um poema de expressões elevadas e jocosas, de ritmos brandos e rudes, em que convivem as palavras mais comuns com neologismos. Viaja desde o passado glorioso até um presente de talho. A sequência, contida no espartilho da forma do soneto (os catorze versos de praxe, cada um com as dez sílabas costumeiras, mais ou menos rigorosas), vai-se libertando por ligações que no final de um verso se obrigam ao começo do seguinte, quase sem vírgulas, quase sem pontos que norteiem a leitura. Ou melhor, é dentro dos versos que se faz a proposta de orientação: naquele que abre o segundo grupo (a segunda estrofe), “o casulo o vaso o ventre o ninho”, a ausência de qualquer pontuação entre os grupos de artigo+nome sugere que se possam ler outros momentos de poema como um jorrar ininterrupto, uma erupção poética: no primeiro verso de todos, portanto, o período frásico não se detém ao cabo das dez sílabas, mas prolonga-se em baixo – “Tu que foste do Lácio a flor do pinho / dos trovadores a leda a bem-talhada / de oito séculos a cal o pão e o vinho”. A “flor” desta abertura é um eixo que liga para trás (para a

florescência que brotou da raiz do Latium, a região perto de Roma, onde se terá gerado a língua latina, de que a portuguesa é uma das flores). Do distante século III antes da era cristã, quando os exércitos romanos começaram a invadir a Península Ibérica e a trazer consigo o falar de Roma, que haveria de se impor sobre outros modos dos povos que já por aqui andavam, até ao galego-português em que os trovadores medievais se expressariam quase mil anos depois, em que cantariam às “flores do verde pino”, vai o olhar para diante dos dois primeiros versos de Natália, “a flor do pinho dos trovadores”, sublinhada ainda a “leda”, que para os poetas medievais aponta, enquanto pisca o olho à madrugada de Camões, a “triste e leda”. Avança assim a «Lingua Mater Dolorosa» de Natália, olhar para diante, olhar para trás, balançando o seu pesar, pesando o lamento: hoje, diz a poeta em 1976, os sentidos da língua são agredidos por alaridos de festa, de brutos, a “corja coribântica”, a “canalha” que à semântica atira pedras e transforma a beleza da língua em coisa dura, “malho” de ferro, pedras de “cascalho”, coisa minguada e ridícula, “bobo” de uma corte que no verso tem de ser de “corja” para se aliar ao “apedrejar” do verso em baixo. Depois da língua portuguesa, para Natália, nada existe. Machucada por quem a deturpa, envilece, magoa, torce, a vida que nela achou Camões, a luz que nela viu e “joalhou”, o harmonioso canto ao luar que nela viram

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os poetas arcadianos empalidece –esmorece, mole. Seja Natália Correia a mostrar até que ponto:

“Tu que foste do Lácio a flor do pinho dos trovadores a leda a bem-talhada de oito séculos a cal o pão e o vinho de Luiz Vaz a chama joalhada

tu o casulo o vaso o ventre o ninho e que sôbolos rios pendurada

foste a harpa lunar do peregrino tu que depois de ti não há mais nada, eis-te bobo da corja coribântica: a canalha apedreja-te a semântica e os teus verbos feridos vão de maca.

Já na glote és cascalho és malho és míngua, de brisa barco e bronze foste a língua; língua serás ainda... mas de vaca” .

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Foto:
Vasco Célio

Um bom CU e resolvia o problema… Júlio Ferreira (Inconformado encartado)

utubro ainda agora iniciou e temos: - Um selecionador e uma entidade com estatuto de utilidade pública que monta esquemas de fuga ao fisco;

- Um presidente que avisa suspeitos que estão a ser investigados e que acha que 424 casos de abusos sexuais são poucos;

- Um presidente de câmara que organiza uma marcha com pobres.

A juntar a tudo isto, o meu regresso (pela segunda vez em 2022) ao «inferno».

Valha-nos Santa Isabel, virgem do pepperoni!!!

Por minha culpa, minha tão grande culpa (onde já ouvi isto?) tenho a mania de ter coisas a mais nos bolsos de trás das calças, num dos lados o meu arquivo: faturas, lembretes, cartões de visita, números de telefone, a obra completa dos senhores dos anéis, etc., no outro bolso a minha carteira, usada, gasta, mas o que conta é a beleza interior, certo!? Embora esta, infelizmente, não reserve grandes surpresas depois de explorada mais a fundo. São cartões para tudo. Porque raio é que os pontos de todas as lojas, de todos restaurantes de fast-food, de todas as gasolineiras, de todos os hipermercados, de todas as farmácias, e de todo o lado, não podem ser acumulados num Cartão Único (CU)!? Até

já tinha a frase para uma bem-sucedida campanha à escala nacional “Queres marcar pontos? Carrega no CU (cartão único)!”.

Perdiam a fidelização, mas nós ganhávamos espaço na carteira e eu não teria de visitar o «inferno» de 6 em 6 meses ou, na melhor das hipóteses, todos os anos, porque é a frequência com que o meu cartão de cidadão aparece partido. Vou já avisando que sim, sei que sou parvo em manter o dito documento no bolso, mas não tenho estilo suficiente que justifique andar de mochila atrás. No Inverno a coisa ainda se safa porque tenho casacos com imensos bolsos, mas com o calor a coisa agrava-se. As chaves de casa, chaves do carro, telemóvel, caixa dos óculos, moedas, etc. Coisas a mais para um gajo…

Assim, face à minha parvoíce e teimosia, tenho de ir a esse lugar maravilhoso que é o registo civil, mais vezes que o desejável e aceitável. Porque todos aqueles que a dada altura das vossas vidas, entraram num registo, suponho que tiveram a oportunidade de confirmar ao vivo e a cores, que nem toda a gente pode ser funcionário de um registo civil. É uma profissão peculiar que exige um património genético muito particular e está sujeita a uma política de recrutamento muito própria, capaz de criar inveja à resistência da Ucrânia. Sempre que lá vou, fico com a sensação

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que não se estuda para ser funcionário do registo civil – nasce-se, e pronto! Em Portugal, confunde-se serviço com servilismo e, portanto, quando alguém presta um serviço a outrem, deixa bem claro que está ali para nos prestar um favor, e que só o fará se não o chatearmos muito e se for com a nossa cara.

Alguns destes funcionários têm as suas características diferenciadoras: exibem a fronha n.º 32 (que significa “olha-me este agora quer que eu o sirva... tá bem abelha”), arqueiam as sobrancelhas na vã tentativa de mostrar alguma superioridade, e colocam a voz num tom grave, arrastando as palavras em sinal de aborrecimento ou, quem sabe, por alegadamente o seu cérebro funcionar a um ritmo mais lento, o que possibilita a audição seletiva (o que nos obriga a repetir vezes sem conta a mesma coisa) e o armazenamento de dados de uma forma mais metódica.

Para terem uma ideia de como alguns conservadores percecionam a realidade à sua volta, reduzam a velocidade de um vídeo em cerca de 80 por cento: e reparem como tudo «f-i-c-a m-u-i-t-o l-en-t-o». A capacidade pulmonar destes funcionários é francamente mais reduzida do que a de um indivíduo normal, impedindo o cérebro de funcionar mais rápido e cansando-os de sobremaneira enquanto fazem o seu rotineiro percurso secretária-balcãoarquivo. Aliás, a rotina é aquilo a que aspiram desde os seus tempos de estagiários, com o passar do tempo eles vão construindo carris imaginários que percorrem todo o escritório definindo os

seus percursos possíveis. Os mais velhos, já têm a sua rede rodoviária definida e movem-se, lenta e religiosamente, em cima dos «seus» carris.

Por vezes é muito vulgar observarmos alguns funcionários do registo civil a olhar para o infinito (é a chamada «pausa de hibernação» que, dependendo do seu estágio profissional, pode ocorrer várias vezes ao dia), vulgar é também a dificuldade que apresentam ao teclado de um computador. Mas nem tudo é mau; os mais antigos conseguem atingir velocidades de 2 a 3 segundos entre uma tecla e outra.

Espontaneidade e improviso são conceitos totalmente desconhecidos, e confrontá-los com algo inesperado pode ser perigoso dado que estes reagem violentamente. Nunca ouse apresentar como documento oficial um passaporte ou carta de condução, em vez do cartão de cidadão e acima de tudo nunca se manifeste corporalmente de uma forma agitada, isso deixa-os nervosos, e o assunto que demoraria duas horas a resolver poderá atingir uma duração de meses. Para quem desesperou como eu num registo civil (ainda bem que é raro) deixo um pequeno truque que tornará a vossa vida, e a deles, mais fácil: cerca de três horas antes de entrarem na conservatória acendam uma vela para a Santa Isabel, virgem do pepperoni e de seguida tomem dois drunfes. Tudo fica mais fácil, mas ficarás sempre com aquela sensação que “Bastava ter um bom CU (cartão único)!” .

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