REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #360

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NASCEU A ASSOCIAÇÃO ALFAIA | ANA ARREBENTINHA EM ALBUFEIRA | CAMP’22 EM LAGOA ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DO ALGARVE EM FESTA | «GOTA D’ÁGUA [PRETA]» EM LOULÉ ALGARVE INFORMATIVO 22 de outubro, 2022 #360

ÍNDICE

Loulé debateu proteção civil

Gala do Centenário da Associação de Futebol do Algarve (pág. 30)

«A Cor das Nuvens» em exposição na Associação Alfaia

«Gota d’Água [Preta]» no Cineteatro Louletano (pág. 52)

«Ensaio no Jardim sem Deuses» no Cineteatro São Brás

«CAMP’22», o não-festival veio para ficar (pág. 84)

Ana Arrebentinha em Albufeira

OPINIÃO

Paulo Cunha (pág. 110)

Ana Isabel Soares (pág. 112)

Adília César (pág. 114)

Fábio Jesuíno (pág. 116)

Dora Nunes Gago (pág. 118)

Carlos Manso (pág. 120)

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SEMINÁRIO EM LOULÉ REFORÇOU IMPORTÂNCIA DA SOCIEDADE CIVIL COMO AGENTE DA PROTEÇÃO CIVIL

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Jorge Gomes Cineteatro Louletano, em Loulé, acolheu, no dia 13 de outubro, no âmbito do Dia Internacional para a Redução do Risco de Catástrofes, o VIII Seminário «A Proteção Civil e a Comunidade», numa organização da Câmara Municipal de Loulé através do Serviço Municipal de Proteção Civil, Segurança e Florestas que contou com a presença da Secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar. E, no arranque dos trabalhos, o edil Vítor Aleixo sublinhou de imediato que “a

proteção civil não é apenas as mulheres e os homens fardados, mas sim uma matéria de toda a população que começa em cada um dos cidadãos”.

Pela terceira vez em Loulé desde que exerce funções governativas, Patrícia Gaspar veio assistir a um dos principais fóruns que, em Portugal, reúne especialistas, não só os académicos, mas também os homens e mulheres que estão no terreno, numa partilha de conhecimentos, experiências e debate de ideias à volta do tema da proteção civil,

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da prevenção ao planeamento. Um evento que “é a prova da importância do trabalho em rede”, como frisou a representante do Governo.

Um painel diversificado de oradores trouxe um conjunto de matérias pertinentes para o centro da discussão, desde o tema das cidades resilientes para a redução do risco de catástrofe ao caso prático do Município de Matosinhos, mas

também as questões do clima e das alterações climáticas que se conectam de forma indissociável com a proteção civil, os desafios que esta enfrenta e o impacto dos incêndios na gestão da paisagem. Falou-se igualmente de questões mais práticas como os planos de evacuação para zonas ameaçadas por tsunami (o caso de Loulé), a segurança integrada em edifícios e o papel dos Sapadores Florestais, matérias que permitem

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“prevenir, planeando, adaptando o território e as comunidades humanas e, ao mesmo tempo, trabalhar na resiliência territorial” destacou o autarca de Loulé.

Realçando a importância deste Seminário que poderá constitui-se como um modelo a ser replicado por outros municípios, a Secretária de Estado frisou o papel fulcral do patamar local ao nível da proteção civil, “porque é aqui que mais de 90 por cento das ocorrências começam e terminam”. “Por mais que se trabalhe nas políticas de redução do risco de catástrofe ao nível do estado central, se no patamar local não houver uma base sólida e consistente, tudo o resto terá

Europeia”, referiu, considerando que “este é mesmo um desafio geracional, trazer as pessoas para esta área e consciencializar todos os cidadãos de que cada um de nós é um agente ativo da sua própria segurança”

Com elogios dirigidos ao trabalho realizado em Loulé, a Secretária de Estado entende que a forte mobilização regional e concelhia para a matéria da proteção civil se deve “à enorme consciência das pessoas para os riscos que a região tem, sejam eles

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florestais, costeiros, urbanos ou o risco sísmico”. Por seu turno, Vítor Aleixo salientou o foco do executivo que lidera “na proteção das pessoas, das suas comunidades e do seu território, seja a parte terrestre ou marítima”. De facto, a par da criação de uma estrutura de proteção civil “com alguma densidade” ou da aposta no conhecimento, a Câmara Municipal de Loulé tem também atraído a fixação de organismos do Estado ligados à proteção e socorro no concelho, beneficiando da sua posição estratégica. É o caso Centro Regional da Proteção Civil, a ampliação do heliporto municipal que permitirá operar seis aeronaves, o edifício regional do INEM, equipamentos críticos para as funções de segurança do Estado ou ainda o futuro quartel regional da GNR. Quanto a ações que estão na calha no âmbito do

dispositivo municipal de proteção civil, o vereador Carlos Carmo adiantou que “já no próximo ano irá concretizar-se a primeira fase do sistema de avisos e alertas para o risco de sismos e tsunamis”

Depois dos incêndios que afetaram o litoral do concelho no passado Verão, a Autarquia de Loulé está agora atenta ao que se passa a sul da cidade de Loulé. “Contra todas as estatísticas é aí, nas freguesias de Quarteira e Almancil, onde temos mais ignições de fogos florestais, na área do Trafal e Ludo. Portanto, vamos alargar o programa de vigilância também para os territórios no litoral do concelho”, revelou o vereador, sendo que a criação

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de uma equipa de Sapadores Florestais para aumentar a vigilância e resiliência será uma das apostas.

Entretanto, o concelho de Loulé vai acolher, em 2023, o Encontro Nacional das Cidades Resilientes, “mais uma forma de partilharmos aquilo que de bom se faz na nossa rede para que cada vez mais municípios e outras cidades trabalhem em rede”, declarou Carlos Carmo. São neste momento 30 municípios e 1 região (precisamente o Algarve) que aderiram às cidades resilientes, uma rede fundamental que tem vindo a ser gerida em Portugal e que promove boas práticas e uma série de projetos que podem fazer a diferença na redução do risco de catástrofe.

Na sequência da Estratégia Internacional para a Redução do Risco de Catástrofes, que encoraja as cidades a

implementar medidas que contribuam para o aumento da resiliência a catástrofes, nasceu a Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes, coordenada pela Autoridade Nacional da Proteção Civil e que inclui diversos representantes de entidades relacionadas com emergência, segurança, economia, transportes, comunicações, educação, agricultura, florestas investigação científica, entre outras, bem como a Associação Nacional dos Municípios Portugueses. A Plataforma publica anualmente um relatório sobre as atividades de cada município envolvido com os principais riscos identificados, ocorrências registadas, exemplos de boas práticas implementadas e resultados alcançados. Esta rede integra o movimento internacional «Construir Cidades Resilientes», que reúne mais de 1.400 cidades em todo o mundo e 150 na Europa .

GALA NA UNIVERSIDADE DO ALGARVE ASSINALA 100 ANOS DE HISTÓRIA DA ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DO ALGARVE

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Associação de Futebol do Algarve Associação de Futebol do Algarve juntou, no dia 16 de outubro, cerca de 400 pessoas no Grande Auditório do Campus de Gambelas da Universidade do Algarve para o evento final de celebração do centenário da Instituição. Reinaldo Teixeira, Presidente da Direção da Associação de Futebol do Algarve, Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro, João Paulo Correia,

Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Custódio Moreno, Diretor Regional do Instituto Português do Desporto e Juventude, Fernando Gomes, Presidente da Direção da Federação Portuguesa de Futebol, Rui Caeiro, Diretor Executivo da Liga Portugal, André Botelheiro, representante da Universidade do Algarve, Alves Caetano, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação de Futebol do Algarve, restantes membros da Direção, representantes das Câmaras Municipais do Algarve, das Associações Distritais e

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Regionais de Futebol, entre outras entidades públicas de relevo, para além dos clubes e dos núcleos de árbitros filiados, marcaram presença na Gala que contou com diversas iniciativas.

A abrir o evento foi apresentado, com videoclipe, o novo hino da Associação de Futebol do Algarve, que voltou a palco no final com a atuação ao vivo da banda, composta pelos algarvios João Tiago Neto (autor e vocalista), Ana Tereza (vocalista), Dave Negri (baterista), Razvan Crestin (baixista), Rui Daniel (guitarrista) e André de Oliveira (sintetizadores). A obra será lançada brevemente nas plataformas digitais. Alves Caetano, João Paulo Correia, Fernando Gomes e Reinaldo Teixeira discursaram na cerimónia conduzida por Alexandre Moura e Patrícia Manguito –que contou também com as intervenções de Armando Alves, autor do livro «Associação de Futebol do Algarve – 100

Anos», e de Luís Coelho, Vice-Presidente da Associação de Futebol do Algarve – e que incluiu momentos de homenagem aos clubes fundadores, aos exPresidentes da Direção da Associação de Futebol do Algarve, a António Matos, à Universidade do Algarve, aos 16 Municípios, à Liga Portugal, à Federação Portuguesa de Futebol e ainda um minuto de silêncio em memória de todos os antigos agentes desportivos da Associação de Futebol do Algarve.

Pelo meio, para além das apresentações do vídeo alusivo aos programas concelhios realizados recentemente e das maquetes da nova Sede e Academia Associação de Futebol do Algarve, houve espaço para dois momentos musicais do prestigiado acordeonista algarvio Nelson Conceição e uma performance de dança contemporânea, protagonizada pelo grupo Incorpora .

«A COR DAS NUVENS» DE MANUEL BAPTISTA E RODRIGO ROSA MARCA

O NASCIMENTO DA ASSOCIAÇÃO ALFAIA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Associação Alfaia inaugurou, no dia 14 de outubro, «A cor das nuvens» de Manuel Baptista (Faro, 1936) e Rodrigo Rosa (Tavira, 1997), naquele que foi o «pontapé-de-saída» das atividades desta nova associação algarvia vocacionada para as artes visuais.

Sediada em Loulé, a Alfaia tem como principais desafios pensar as artes e a sua

condição na sociedade contemporânea, criar condições para o desenvolvimento da atividade criativa e estabelecer vínculos entre artistas, comunidade e o território. A associação não se restringe, porém, à sua condição local, mostrandose interessada em trabalhar a questão do Algarve enquanto território periférico, tanto no sentido de usar essa condição como matéria, como também no sentido de esbater ou estreitar o distanciamento para os principais centros de criação.

A exposição «A cor das nuvens» reúne

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dois artistas bem representativos da posição que a Alfaia quer assumir no panorama das artes visuais da região. De facto, Manuel Baptista, com um percurso nacional e internacional que abarca cerca de 70 anos de atividade, e Rodrigo Rosa, um dos jovens promissores da nova geração, “são escolhas reveladoras da vontade da nova associação em construir um futuro alicerçado no conhecimento e no respeito pelo nosso passado cultural”, explica Miguel Cheta, presidente da direção da Alfaia.

Manuel Baptista foi um dos precursores do abstracionismo em Portugal e, sobre a sua obra, refere-se invariavelmente a dimensão de desconstrução / reconstrução, de fragmentação e de recomposição presente nas colagens. “As formas recortadas. A vocação escultórica. A tridimensionalidade ou a sua sugestão. As sobreposições de tela ou a linha como invenção do próprio desenho”, descreve Miguel Cheta, ao passo que “os trabalhos de Rodrigo Rosa de associam a conceitos de

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verticalidade, imponência, austeridade e frieza”. “Os trabalhos dos dois artistas encontram-se numa certa melancolia dos vazios. Na sensibilidade lírica expressa pela sugestão escultórica do trabalho do Manuel Baptista e que encontramos na atenção ao efémero registado nos trabalhos de Rodrigo Rosa”, acrescenta o dirigente.

A exposição pode ser visitada até 19 de novembro, às quintas e sextas-feiras, entre as 14h30 e as 18h30, e aos sábados, das 10h às 18h. Mas da Alfaia aguardamos igualmente com expetativa o seu ciclo programático inicial, o «Sopro», com exposições, residências artísticas, uma open call, masterclasses, conversas com artistas, filmes de autor e serviços educativos. Mais uma demonstração de que a cultura em Loulé respira saúde e recomendase.

MOSTRA SÃO PAULO 2022 TROUXE «GOTA D’ÁGUA [PRETA]» AO CINETEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #360 52
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Mostra São Palco 2022, concebida pelo Teatrão, com curadoria de Jorge Louraço Figueira, é um ciclo teatral que decorre em várias cidades portuguesas, uma rede de programação a pretexto da comemoração de um momento emblemático da descolonização (cultural) do Brasil: a declaração da independência de 1822. Loulé foi uma das escolhidas para acolher o evento, com «Gota d’Água [Preta]» a ir a cena no Cineteatro Louletano, no dia 15 de outubro.

A adaptação de «Gota d’Água», musical de Chico Buarque e Paulo Pontes, ressalta as questões raciais embutidas na obra de 1975, que transfere a tragédia de Medeia para o subúrbio do Rio de Janeiro. Se o original discute as implicações sociopolíticas do regime militar brasileiro, então vigente, a releitura do diretor Jé Oliveira enegrece e atualiza a obra, com um elenco maioritariamente negro, evidenciando o contexto social e racial dos personagens (pobres, moradores de

um complexo de habitação social), além de salientar religiões de matriz africana e a musicalidade negra – com instrumentos de percussão africana e elementos do hip-hop. Joana, a versão brasileira de Medeia, é uma mulher de meia-idade que se vê abandonada pelo marido, o jovem sambista Jasão, e que está prestes a ser despejada do apartamento em que vive com os seus dois filhos. Com a metáfora de uma traição conjugal, o espetáculo realça a discussão racial, social e de classes com base no atual momento político do Brasil.

Com Dramaturgia de Chico Buarque e Paulo Pontes e Direção-Geral, Conceção e Idealização de Jé Oliveira, «Gota d’Água [Preta]» foi interpretada por Aysha Nascimento, Dani Nega, Ícaro Rodrigues, Jé Oliveira, Juçara Marçal, Marina

Esteves, Mateus Sousa, Rodrigo

Mercadante e Salloma Salomão, com a banda em palco a ser constituída por DJ Tano (pickups e bases), Fernando Alabê (percussão), Gabriel Longhitano (guitarra, violão, cavaco e voz) e Suka Figueiredo (sax) .

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TEAS 13 APRESENTOU «ENSAIO NO JARDIM SEM DEUSES» EM SÃO BRÁS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #360 68
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Grupo de Teatro Experimental Amador de São Brás (TEAS 13) apresentou, no Cineteatro São Brás, nos dias 13, 14 e 15 de outubro, a peça «Ensaio no Jardim sem Deuses», “um exercício de fragmentação sem uma narrativa com princípio, meio e fim que aborda a absoluta glorificação da individualidade no trivial quotidiano e a crueldade que floresce, tanto pela insensibilidade, como pela dessacralização do mundo”, explica a encenadora Lilia Parreira, acrescentando que “os excertos que

dão carne aos corpos em palco são extraídos da obra «Uma viagem à Índia» de Gonçalo M. Tavares, que escolhemos porque acreditamos que, no tempo da noite do mundo, o poeta diz o sagrado”

A peça foi levada a cena por Ana Lourenço, Ana Lúcia, Ângela Lourenço, Beatriz Jesus, Carla Boita, Graça Bernardo, Maria Carochinho, Nélia Parreira, Paulo Botelho, Susana Campina, Tânia Martins e Telma Rasquinho e arrancou aplausos de pé do numeroso público presente, perfeitamente justificados graças a uma interpretação muito bem conseguida por este grupo de atores amadores .

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CAMP’22,

VEIO PARA FICAR

O NÃO-FESTIVAL,
Texto:
Daniel Pina| Fotografia: João Gomes
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e 7 a 9 de outubro realizou-se, num lugar entre o campo, o mar e a serra, a primeira edição do CAMP’22, que tornou o Morgado do Quintão num ponto de encontro cultural e artístico que reuniu músicos, criadores e pensadores em total simbiose com o público que visitou o espaço durante o evento. Foram mais de três centenas de pessoas a visitar este não-festival que teve lugar entre as vinhas antigas, debaixo de uma oliveira milenar e com a imponente Serra de Monchique como pano de fundo, no qual a música teve um lugar de destaque, aliada a uma proposta de programação cultural desafiante, numa escala intimista.

Carminho, Bruno Pernadas e Mário Laginha proporcionaram aos visitantes alguns dos momentos mais fortes e emotivos do CAMP’22, não só com os seus concertos, mas também através do seu envolvimento com o público e instituições de ensino locais. De facto, Carminho recebeu um grupo de alunos da ESPAMOL para uma conversa sobre música, a carreira de fadista e os sonhos que a movem. Após o seu concerto, Bruno Pernadas foi o anfitrião de uma conversa com o público e Mário Laginha deu uma aula aberta a estudantes do Agrupamento Escolar da Bemposta ao fim da tarde.

Nestes três dias, a programação CAMP’22 incluiu ainda talks sobre temas

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variados, da fotografia ao sensorialismo, da astrologia à criação poética, passando pela ecologia e o urbanismo, que enriqueceram o mundo dos que assistiram às conversas. Nomes como os de Lourenço Lucena, Isabel Saldanha, Teresa Júdice da Costa ou Rita Castel’Branco integraram um painel de oradores em conversas inspiradoras. Houve ainda o ciclo de workshops «Gentes da Nossa Terra», desenvolvido em parceria com o Loulé Design Lab, um laboratório de criação, investigação e experimentação integrado no Projeto Loulé Criativo da Câmara Municipal de Loulé, e provas de vinhos diárias, conduzidas por Joana Maçanita e Filipe Caldas de Vasconcellos, responsável pelo Morgado do Quintão e fundador do CAMP.

Já se percebeu, assim, que o CAMP não é um festival de música, mas sim um encontro onde a música e cultura se unem

como um guia de campo para cada pessoa se perder e encontrar, um palco que convida à expansão do pensamento através da arte, música, alegria, partilha e celebração da vida. “Durante três dias, o CAMP reuniu, no Morgado do Quintão, em Lagoa, pensadores, músicos e criadores que se uniram ao vinho, celebrando a união da cultura à agricultura. Este não-festival, que nasce numa propriedade agrícola, orgulha-se de ter servido de plataforma e de ponte, facilitando o acesso a um outro tipo de cultura, maior e mais abrangente. Foi lançada uma semente para edições futuras”, garante Filipe Caldas de Vasconcellos, criador do CAMP 22 .

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ANA ARREBENTINHA ESGOTOU AUDITÓRIO MUNICIPAL DE ALBUFEIRA COM «COISAS DE MULHERES» Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #360 96
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utubro é mês de grande agitação no Auditório Municipal de Albufeira e disso foi um excelente exemplo o espetáculo de stand-up comedy de Ana Arrebentinha no dia 15, que esgotou a sala por completo com um público feminino, mas não só, para assistir a «Coisas de Mulheres».

Ao longo de mais de uma hora, a simpática alentejana abordou diversas questões às quais nenhuma mulher é indiferente, como os efeitos da pandemia e dos confinamentos nas suas vidas sociais, com muitas mulheres a deixarem de saber como se sai à noite; as eternas tormentas para se manter uma silhueta sinuosa com inúmeras aulas de zumba e horas a fio a soar com personal trainers;

as dificuldades de se descobrir o par certo nos tempos das redes sociais e das aplicações de encontros escaldantes; as conversas que mudaram por completo com as amigas que, entretanto, foram mães; e muito mais, tudo isto ao mesmo tempo que ia recordando as suas vivências no pacato Alentejo e das diferenças que notou quando se mudou para a frenética Lisboa.

Um monólogo intensamente humorístico que colocou em delírio as dezenas de mulheres, comprovando que Ana Arrebentinha é um dos nomes mais «in» da stand-up comedy nacional dos últimos anos. “De tanto rir, já me custava respirar”, desabafou uma espetadora no final do espetáculo. Um sentimento certamente partilhado por muitas outras, porque as gargalhadas foram uma constante nesta noite no Auditório Municipal de Albufeira .

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Não há idade para a música! Paulo Cunha (Professor)

ecebi, recentemente, por parte do meu amigo João de Deus Vaz (elemento da direção da UATI Universidade do Algarve para a Terceira Idade) um convite para conferenciar com os seus colegas universitários (seniores) sobre a importância da música na terceira idade. Apeteceu-me, desde logo, responder-lhe que não há idade para a música, pois, acompanhando-nos vida fora, e em função do propósito a que se destina e do efeito que provoca, será sempre importante. Escusando-me com múltiplos afazeres, prometi-lhe fazê-lo mais tarde do que a data solicitada. E, afinal de contas, acabou por ser esse convite o mote para esta minha reflexão. A vida tem destas coisas!

Encaminhando-me a passos cada vez mais largos para uma outra faixa etária, recordo com saudade o enorme gosto e orgulho que senti ao ter abraçado o desafio de ministrar «aulas para adultos» no Conservatório de Música do Algarve - Maria Campina. Ter, entre os meus alunos, «maduros(as)» com a idade para serem meus pais e até avós fezme, então na fase etária dos trinta anos, ter de adaptar e reformular as planificações de aula a alunos que, tendo já passado a idade recomendável (pelos entendidos) para iniciar os estudos musicais, tinham o enorme desejo de colmatar os anos perdidos na tão almejada aprendizagem da nobre arte musical.

O crescimento e a maturação cognitiva, racional e vivencial permitem atingir mais rapidamente e com maior rigor os objetivos pretendidos: assimilar, adquirir e aplicar os conteúdos abordados. Essa é, inquestionavelmente, a maior vantagem do ensino da música a adultos. Não concordando com o provérbio «Burro velho não aprende línguas», e considerando a música também como uma língua, percebo que seja mais moroso e trabalhoso colocar em prática as aprendizagens teóricas de caráter rítmico, melódico e harmónico por parte dos mais velhos, mas tal jamais será restritivo ou impeditivo da sua realização pessoal enquanto criadores e intérpretes musicais!

Em Portugal, é com grande agrado que tenho vindo a assistir a um aumento de escolas de ensino artístico (oficiais e particulares) com turmas de adultos, de instituições vocacionadas para o ensino genérico a pessoas aposentadas/reformadas e de grupos musicais amadores de música de conjunto que integram no seu seio elementos de qualquer idade adulta.

Ao longo da minha vida, por mais de uma vez, universidades, academias e grupos seniores ligados a diversas instituições contactaram-me no sentido de poder vir a contar com os meus préstimos no ensino da música à faixa etária da apelidada «terceira idade». Honrado e agradecido, fui obrigado a declinar todos os convites, pois das 24 horas diárias, para além de várias ocupações, algumas horas são também

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necessárias para preservar a integridade física e a sanidade mental. Fiquei em paz comigo, pois a todos que me inquiriram indiquei outros seniores que fazem da música também uma fonte de juventude.

A aprendizagem da música na terceira idade melhora a qualidade de vida do grupo onde se está inserido, promovendo o desenvolvimento criativo e expressivo dos seus elementos. O ensino musical para o idoso pode ser um veículo de fortalecimento das relações interpessoais, onde a música é um elemento socializador e integrador, além de promover o equilíbrio emocional. A música pode favorecer a memória, evocando lembranças. Quando se ativa a memória através da música transmite-se a ideia de que a senescência é um período propício à recordação. Assim, o idoso reconstrói experiências do presente e do passado. Por associação, o prazer propiciado pela música traz ao consciente recordações adormecidas e momentos já esquecidos.

Fazer música com prazer, como uma linguagem, contribui para uma maior compreensão do mundo e de nós mesmos. Existem estudos científicos que comprovam que a atividade muscular, a respiração, a pressão sanguínea, a pulsação cardíaca, o humor e o metabolismo são afetados pela música e pelo som. O corpo é um instrumento, configurando-se também como uma caixa de ressonância e a voz, através do seu timbre, uma marca identitária de cada indivíduo.

Para Rolando Arañeda (1991), a experiência com distintos grupos de idosos demonstra que, com a ajuda da música, o

envelhecimento é parcialmente reversível, através da reabilitação de funções ao nível motor, psicossomático e em respostas emocionais e intelectuais. Refere também que os fatores mais importantes na reabilitação são os de ordem afetiva, indo ao encontro de Piaget que fundamenta a inteligência nas estruturas afetivas e no processo de formação da identidade.

O ancião experimenta grandes perdas afetivas e, socialmente, sofre a desvalorização e a perda da identidade e de motivação existencial, e tudo isso tem efeito no seu desempenho intelectual. A educação musical pode transformar a realidade do idoso, de forma a que se sinta agente da sociedade e transformador da mesma: a integração em grupos corais e/ou instrumentais, a título de exemplo. Para além de ser grandemente enriquecedora, a prática musical em grupo será sempre um bom motivo para a interação social e para a terapia ocupacional.

Não, não é nem nunca será tarde para começar a aprender música. Digo-vos eu, que o sei por experiência própria. Palavra de Paulo Cunha! .

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Sexagésima quarta tabuinha - Moinhos Ana Isabel Soares (Professora)

or estes dias, décadas depois de terem sido preparadas as obras de restauro, foi inaugurado em Évora o Núcleo Museológico do Alto de São Bento. Agora, pode visitar-se e ver-se três torres brancas no topo de uma colina de granito, das mais altas elevações nos arredores da cidade. Duas delas têm cúpulas redondas a encimá-las; a terceira é um moinho de vento todo inteiro: telhado, mastro, varas – e, em dias de laborar, velas abertas. As pedras onde se instalam estas três construções são lajedos gigantes. A visita valeria só por elas, chão granítico de uma lisura e redondez suave, tão bem casadas entre si, testemunhas a cinza e branco de 350 milhões de história geológica. Hoje, os moinhos ajudam ao convite. O que tem o aparato molinológico completo é visitável por dentro; dois pisos que devem ser um mimo, a julgar pelas imagens que fui vendo pelas redes sociais. Emociona-me saber destes cuidados, da curiosidade que vi alegre em pessoas de muitas idades diferentes.

Desde que me conheço que visito outro moinho de vento, um pouco mais a Sul. Visito-habito. Dantes, guiada pelo meu pai e com o resto da família no mesmo cubículo do automóvel, quantas vezes acompanhados por uma gata, um cão ou dois, ia do centro do Algarve até Beja. No

tempo a partir do qual me recordo melhor – lá pelo fim dos anos 70, as idas e vindas faziam-se pela Estrada Nacional. Os carros a passar connosco eram tão poucos que eu, a minha irmã e o meu irmão tentávamos distrair-nos o caminho a contá-los. Demorava às vezes entre cruzarmo-nos com um e mais outro: “Ana, eram onze, ou doze?”; uma excitação gritada, cada vez que aparecia, ao longe, mais um. Reconhecíamos que estávamos perto de Beja quando víamos a Boavista (Santa Clara de Louredo). Ali, começávamos a preparar outro grito, uma saudação: “Mãe, podemos abrir a janela?”, abríamos a janela de trás do lado direito, os três à solta no banco a aglomerarmo-nos naquele retângulo aberto e, assim que víamos o quartel de Infantaria (a velocidade do carro mantinha-se, era tudo mais a direito, sem as rotundas que agora abotoam a estrada), a cidade a avolumar-se à nossa frente, saía-nos forte o trio de “Viva o MFA!”, antes de misturarmos, já de cabeças recolhidas, as gargalhadas.

Pouco, muito pouco depois, endireitávamos o corpo e esticávamo-nos para olhar a diante e ver qual dos três seria o primeiro a avistá-lo. “Olha o moinho!”. Outro grito, alegria igual, sempre, sempre, de todas as vezes. Hoje, outras as crianças viajam noutros carros, vêm de Sul, chegam de Norte, e os meus irmãos aproveitam a chegada para lhes dizer: “Vejam lá se o veem agora”.

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Passem dois dias ou dois meses sem ver o Moinho Grande, não importa: dar por ele, descobri-lo na paisagem e antecipar o reencontro torna impossível segurar a alegria de o ver: tem de ser vozeada.

Faz daqui a um dia cinquenta e dois anos que fiz esta viagem pela primeira vez. Aproximação à cidade, contorno da cidade, curva do cemitério, dobra da

rotunda, estrada, estrada de alcatrão, pisca para a direita, redução, uma abaixo, balanço diferente um pouquinho, dos pneus, estradinha de terra. A velocidade abranda – depois da voz, o silêncio. À medida que me aproximo, tudo se silencia e ergue-se a torre, cada vez maior, cada vez mais imponente. Fala ela, fala, então o Moinho Grande – os moinhos de vento falam .

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Maria Judite Carvalho: TANTA GENTE, JUDITE Adília César (Escritora)

ste tempo

No corpo e no espírito não existem espaços vazios. Tudo é preenchimento do passado, memória, tempo. Há instantes que vêm ao de cima, como azeite na água. Sujam, ficam por ali a contaminar a pureza do branco e não se misturam com circunstâncias atenuantes. Na língua deposita-se o veneno, o sal, o rumor e a transparência dos sentidos enquanto nas rugas do rosto ainda dorme a tua infância.

Som de não dizer nada

Mas o que poderá ser mais eloquente do que uma lágrima? Rasgas a carne quando viajas para fora do teu corpo. Quando deixas a porta aberta e entra o fervor ruidoso das coisas pensadas. Uma eloquência tão calada, sem dizer uma palavra. E, todavia, isso ainda não é o silêncio. Não, isso ainda não é o silêncio: é apenas o teu umbigo a verter cascatas de lágrimas sobre o jardim do idioma humano. O silêncio é uma flor discreta

As palavras e as vozes

Apenas as asas são matrizes mentais dos sonhos, fundamentos alados que se deitam na bruma, esse céu que para sempre te abandona numa inspiradora rajada de vento. Tudo é secura no deserto. O tempo, andando submisso desde a paciência dos séculos, estremece

perante a visão de já não haver rio nem mar. E nós, talhados na pedra em corpo presente, somos ornamentos da fonte dos desejos recolhidos no espaço selado e separados da tormenta, pelos reposteiros altos como cordilheiras. Estamos tão presos aos umbigos das horas num orifício onde o chão se abriu em sequelas de pasmo e redundância. Tanta gente, Judite. Tantas vozes, tantas palavras dementes, deitadas nas camas das enfermarias da civilização. E sobretudo, ainda não somos capazes de voar ou sequer de matar a nossa obstinada sede.

E tempo?

Vai a indiferença andando sobre quatro patas. Vai a demagogia crescendo a um ritmo alucinante. Sentes que enlouqueces nas margens da pele. Sempre esta espécie de pele como substância de fronteira nos espíritos em combustão comovida, aura no limite da imagem inscrita, na vontade de querer voltar a entrar por dentro das retinas. Os olhos tão abertos. Outra vez as sílabas incendiadas de dentro para fora. A solidão exibe um encantador retrato de menina: é a matriz do tempo à procura de onde fazer o corte mais límpido, a cicatriz mais invisível, a dor mais efémera. No início de cada palavra, o peito aberto do fogo.

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As frases mortais

És ainda tu, galgando espaços inquietos, adiando a melancolia. Não vais conseguir, digo. Voltas a página, enquanto eu seguro, com firmeza, o feminino escrito. A angústia desvia-se, deita-te passar, mas segue-te de tão perto. E tu pensas que a luz ilustra o corpo das mulheres martirizadas, torna-as visíveis na escuridão. Voltas à página de onde nunca quiseste sair. Os olhos tão fechados. Os dedos a desenhar a vida possível, a eternidade.

A menina desapareceu no sabor agridoce das palavras: parece que é merecida a sujeição à derrota. Afinal, há frases que matam. A tua cabeça permanece ilegível na sentença de paz forçada. Perdoa-me este dia que te imponho, esta comemoração sem brilho, este dia de ilusão fora da vida.

A escrita certeira da angústia feminina

O corpo da linguagem é o único espaço que habitas: esperas ainda um espírito do mundo que se escreva com outro alfabeto a disparar flechas através de um arco esticado até ao limite do impossível. Quando existem feridas antigas não há tempo para a cura e moldam-se arco-íris

perfeitos para as diluir em poesia. Tanta gente, Judite. Por exemplo, Adília .

Nota da autora:

Este texto resulta de um diálogo entre a escritora Maria Judite de Carvalho (19211998) e Adília César. Os itálicos transcrevem expressões da autoria de MJC retiradas do volume V das suas Obras Completas (Este Tempo, Seta Despedida, A Flor Que Havia na Água Parada, Havemos de Rir! – Minotauro, Setembro de 2019).

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As tendências do marketing digital para 2023 Fábio Jesuíno (Empresário)

marketing digital é uma das principais formas que as empresas e organizações têm para comunicar produtos, serviços e marcas diretamente com o seu público, utilizando vários recursos e plataformas digitais. As tendências de marketing digital para 2023 apontam para um futuro cheio de desafios e muitas oportunidades.

O ano de 2023 vai trazer algumas novidades. Vamos agora analisar as principais tendências de marketing digital para o próximo ano:

Influenciadores digitais

Os influenciadores digitais, sejam pequenos ou grandes, vão continuar a ser uma das principais forças impulsionadoras do marketing digital para o próximo ano.

Os influenciadores digitais estão entre os elementos decisivos no momento de uma compra, permitindo uma aproximação entre uma marca e o seu público-alvo. Vários estudos demonstram que a maioria dos consumidores utiliza as redes sociais como guia nas decisões de compra, o que torna os influenciadores digitais mais importantes neste processo.

Lives

As lives são umas das tendências de marketing digital que mais cresce e vai estar em grande destaque no próximo ano. É uma forma de marketing de conteúdo interactivo que permite aos clientes terem uma resposta imediata e às empresas e organizações mostrarem os seus produtos ou serviços.

Os vídeos em directo multiplicam-se pelas redes sociais, tornando-se comum haver lives a qualquer hora do dia, com os mais diversos objetivos, desde a partilha de conhecimentos, publicidade de serviços e produtos, entretenimento e espectáculos ao vivo de música.

Fim dos cookies

É dos temas mais falados nos últimos meses, os famosos cookies, pequenos arquivos criados quando acedemos a um website através do browser, com capacidade de rastrear o comportamento dos utilizadores, melhorando a forma como se comunica os produtos, serviços e marcas.

Uma revolução, chefiada pelo Google, que era para acontecer no início de 2023, foi adiada para início de 2024, a data limite para os profissionais de marketing digital criarem novas estratégias para

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recolher dados sobre leads que não sejam baseados nos cookies de terceiros, visto que o Chrome vai ficar sem suporte para qualquer tipo de arquivo que não seja do próprio Google.

O impacto na forma como os anúncios vão ser segmentados vai ser grande, visto que os cookies de terceiros permitem rastrear o comportamento e interesses

dos utilizadores, possibilitando uma maior personalização.

Estas são as três tendências principais que, na minha opinião, vão fazer a diferença no próximo ano na área do marketing digital e impulsionar em grande escala os resultados das empresas e organizações .

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No dentista com o Pikachu Dora Nunes Gago (Professora)

ma ida ao consultório de dentista nunca é uma experiência agradável nem desejada. Tudo tem um sabor e um som desagradável desde os refinados aparelhos de tortura, às agulhas, à anestesia, ao gel e massas estranhas que nem percebemos para que servem, àquele sugador embirrante, a tentar arrancar-nos a alma para dentro de um tubo, às brocas que fazem com que a nossa boca se converta num sótão semiarruinado em reconstrução, como se estivéssemos em vias de engolir um martelo pneumático. Por tudo isto, sempre evitei os dentistas de Macau, deixando as consultas necessárias para as vindas a Portugal. No entanto, quando a pandemia eclodiu tornou-se impossível sair do território.

Consciente das consequências dos problemas de comunicação, escolhi uma dentista macaense que falava português. O caso envolvia a desvitalização e restauro de um dente.

A dentista jovem, simpática, assim que me sentei, perguntou-me se eu estava nervosa e deu-me como calmante, um Pikachu amarelo, dizendo que seria muito útil, que o tinha de segurar, de o apertar. E aqui, como até este momento, o universo dos Pokémones sempre me foi distante, é pertinente explicar que o

Pikachu é uma das personagens deste vídeojogo, desenhado por Atsuko Niglida e Ken Sugimori, no Japão, em 1996. Contudo, foi em 2016 e 2017 que eclodiu o fenómeno da «caça aos Pokemones», com o jogo «Pokemon Go» que viciou muita gente um pouco por todo o mundo, causando alguns incidentes, pois era uma actividade que rompia com a solidão do jogador lançando-o para um espaço aberto, povoado de gente. Imediatamente, vários psicólogos alertaram para o perigo de confusão entre a dimensão virtual e a real, universos que cada vez mais se fundem. Aliás, tal como refere Byung Chul Han em Não- Coisas, Transformações no mundo em que vivemos: “Hoje a ordem terrena está a ser substituída pela ordem digital (…) O mundo torna-se cada vez mais incompreensível e espectral. Nada é firme e palpável”. Contudo, a Macau, já por essência terra de fantasia convertida na carne do real, ancorada mais na margem de lá do que na de cá, tal época venatória não chegou, talvez os referidos personagens se tenham afogado ao cruzar o Rio das Pérolas.

A verdade é que nunca pensei ter como confidente e apoio de infortúnio aquele pokemone amarelo. Comecei a ficar apreensiva, com a suspeita de que o Pikachu poderia eventualmente funcionar como anestesia e a duvidar seriamente do seu feito. É que recuar ao tempo em que abraçávamos um peluche

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que nos fazia companhia, nos consolava e servia de confidente pode atenuar certos estados de espírito, mas quando ao seu efeito numa desvitalização dentária, será muito mais discutível.

Não obstante, tento enquadrar-me, pensar nos cadernos com múltiplos bonequinhos, nos estojos com orelhinhas e focinhos das minhas alunas de licenciatura e de mestrado, nos bouquets de ursinhos e de pintainhos dos finalistas na Universidade, na presença da Hello Kitty num altar em Macau – a gatinha japonesa subitamente canonizada... A explicação apontada será a enorme pressão sofrida pelos jovens durante a infância, desdobrados entre múltiplas

actividades, uma competitividade que desponta muito cedo, o que atrasa a vivência de certos elementos infantis a irromperem depois, tardiamente. E penso que aquele peluche amarelo não passa, no fundo, de uma mera prova de coerência, atendendo ao contexto. Neste caso, tranquiliza-me a visão de uma seringa com anestésico (afinal havia anestesia), mas durante o processo de desvitalização, vi a dentista tão nervosa (o que não inspira muita segurança, digamos) que, se pudesse falar, lhe teria perguntado se queria o apoio ali do amarelinho felpudo.

Quando recentemente contei aos meus sobrinhos (ele com 9 anos e ela com 5) que no dentista me tinham dado um Pikachu – experiência pela qual eles nunca passaram, a pergunta foi imediata: E que idade tinhas tu, tia? 49…

Sim, precisei quase de meio século, de uma travessia para a outra ponta do mundo, mais de uma pandemia para receber um Pikachu numa cadeira de dentista. Agora, na iminência de ter de realizar uma pequena cirurgia para colocação de três implantes dentários, em Portugal, pergunto-me: de quantos Pikachus precisarei? .

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#apobrezaestánamoda?

Carlos Manso (Economista e Membro da Direção Nacional da Ordem dos Economistas )

uma altura em que a PORDATA emite um estudo a indicar que existem 1,9 milhões de Portugueses abaixo do limiar da pobreza e que, se excluirmos os apoios sociais atribuídos pelo Governo, esse número atingiria 4,4 milhões de Portugueses a viver no limiar da pobreza, vemos uma permanente indiferença em vez de sentimento de revolta e vergonha por parte da sociedade e uma cada vez maior incapacidade dos governantes em alterar o rumo da nossa triste história cada vez menos recente e mais permanente.

Segundo Aristóteles, o fim da política não é viver, mas viver bem. É o pensamento aristotélico que está na base daqueles que consideram que a política é a luta constante pelo bem comum. É o meu caso. Infelizmente, considero que a doutrina que reina na nossa classe política não é a tradição aristotélica, mas a doutrina de Maquiavel, em que a política é sobretudo a arte de conquistar, dominar e manter o poder político.

Se não fosse assim, como é possível que aceitemos este empobrecimento permanente da nossa sociedade e empobrecimento comparativo com os restantes países que compõem os países

considerados como desenvolvidos? Para muitos, podemos sempre piorar e por isso devemos estar satisfeitos com o que temos. Pergunto, que projeto de sociedade é esse e que projeto de vida temos para dar a quem nasce em Portugal?

Analisando mais ao detalhe a região do Algarve, vemos que no período de 2002 a 2019 (antes do COVID para que não seja desculpa para quem está satisfeito com o estado a que chegámos) dos 16 concelhos da região, apenas cinco não perderam poder de compra (Monchique, São Brás de Alportel, Tavira, Alcoutim e Castro Marim). Ainda assim Faro, Loulé, Portimão e Albufeira, apesar de terem perdido poder de compra, conseguiram apresentar valores acima da média nacional no que ao poder de compra diz respeito nesse período de 18 anos (130,6%; 109,30%; 105,6% e 114,1% respetivamente). Já a região do Algarve como um todo perdeu poder de compra nesse período passando de 108,8% para 100,8% da média nacional.

Apesar dos tempos atuais parecerem cinzentos, é sempre possível melhorar e recuperar a perda do poder de compra e a prova disso é que nos últimos 10 anos (de 2009 a 2019), segundo a PORDATA, dos 16 concelhos da região algarvia, 11 concelhos melhoraram o poder de

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compra, com destaque para São Brás de Alportel (subiu de 73,70% para 87,80%), Lagoa (subiu de 77,40% para 91,50%), Albufeira (subiu de 102,1% para 114,1%) e Loulé (subiu de 107,80% para 109,30%). O concelho de Faro continua a ser o concelho do Algarve com maior poder de compra.

Estranhamente, e em sentido oposto, os concelhos de Olhão (desce de 85,80%

para 82,80%) e Portimão (desce de 112,40% para 105,60%, mas mantêm-se acima da média nacional) perdem poder de compra quando existe um sentimento generalizado na opinião pública de desenvolvimento económico. Ou será que confundiram desenvolvimento com crescimento? O concelho de Olhão, não só perdeu poder de compra, como é dos concelhos mais populosos aquele que apresenta piores resultados na década, tendo inclusive sido ultrapassado por concelhos de menores dimensões como São Brás de Alportel, Tavira e Lagoa.

É fundamental que a região do Algarve analise os fundamentos que estão por detrás destes resultados e implemente um modelo económico e social que nos permita um desenvolvimento sustentável para todos e com todos. Pensem nisto .

Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.

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