REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #361

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1 ALGARVE INFORMATIVO #361 EXECUTIVO MUNICIPAL DE LOULÉ MOSTRA TRABALHO FEITO | «ALGARVE MUSIC SERIES» «LAGOA MAGIC FEST» | «PEDRAS COM ASAS» DA ACTA | RITA REDSHOES EM PORTIMÃO «ALGARVE + SUSTENTÁVEL» EM ALJEZUR | 3.º TORNEIO DA LIBERDADE EM FARO ALGARVE INFORMATIVO 29 de outubro, 2022 #361 «SAMOTRACIAS»
ÍNDICE «Algarve + Sustentável» em Aljezur (pág. 22) Executivo municipal de Loulé faz balanço de um ano de mandato (pág. 38) 3.º Torneio da Liberdade em Faro (pág. 50) «Samotracias» estreou no Cineteatro Louletano (pág. 62) «Pedras com Asas» é a nova produção da ACTA (pág. 76) Festival Internacional de Magia de Lagoa (pág. 92) «Algarve Music Series» em Faro (pág. 106) «Rita Redshoes em Portimão (pág. 116) OPINIÃO Pedro Tavares Ferré (pág. 124) João Ministro (pág. 126)

ALJEZUR PROMOVEU E DEBATEU UM TURISMO MAIS SUSTENTÁVEL NO ALGARVE

e 18 a 22 de outubro, o «Algarve + Sustentável», o maior evento de turismo de natureza e sustentabilidade do Algarve, que reúne a Bienal de Turismo de Natureza e o Algarve Nature Fest, voltou a realizarse na vila de Aljezur. O evento arrancou com atividades para os mais jovens no dia 18, seguindo-se três dias essencialmente direcionados aos profissionais e um último dia dedicado ao público em geral.

Nesta segunda fase do evento existiu uma área expositiva, onde empresas de vários sectores apresentaram os seus produtos e serviços, criaram oportunidades de negócio e estabeleceram contactos com agentes de outras atividades. A utilização consciente dos recursos naturais, a criação de serviços turísticos ambientalmente responsáveis, a implementação de tecnologias verdes nas unidades hoteleiras e demais empresas do sector, e dos sectores adjacentes, o tratamento de resíduos, a produção ecológica de bens e

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Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Vico Ughetto/Vicentina André Gomes, Aura Fraga e António Carvalho

o (re)aproveitamento de bens e energias, foram alguns dos temas abordados.

Durante a abertura do Espaço Expositivo e de Debate, António Carvalho, vereador da Câmara Municipal de Aljezur, recordou que a Bienal de Turismo de Natureza nasceu “de muitas conversas e vontades com um homem fantástico que tinha uma visão do território bastante peculiar, o Pedro Dornelas, que entendia que Aljezur tinha uma capacidade de desenvolvimento muito para além do que era mais visível”. “Estamos aqui para a segunda parte de um evento que se iniciou em outubro de 2021 e que pretende valorizar o território, mostrar o seu grande potencial e encontrar a sustentabilidade para tudo o que nos envolve neste

parque natural, e também para todo o Algarve”, afirmou o autarca.

Em nome da Região de Turismo do Algarve, André Gomes considerou que este evento é uma demonstração de tudo aquilo que o Algarve faz de bem, seja ao nível da promoção do destino turístico, seja do desenvolvimento sustentável de toda a região. “Esta conjugação de dois eventos permite trabalhar estas questões em diferentes medidas e para diferentes públicos, com atividades de turismo de natureza junto das escolas, e com uma vertente de formação, capacitação e partilha de know-how através do espaço expositivo, das oficinas de conhecimento e do seminário / debate”.

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A terminar as intervenções, Aura Fraga falou um pouco sobre a Vicentina, uma associação de desenvolvimento local que completa, em 2022, três décadas de existência “e sempre assumimos o património natural como um ativo específico da região que podia contribuir para o seu desenvolvimento social e económico” “Há muitos anos que trabalhamos em diversas iniciativas, eventos e ações de formação, não de uma forma contínua, mas de uma forma consistente, e, analisando a oferta que já existia em torno do turismo de natureza, surgiu a oportunidade de se fazer a Bienal deTurismo de Natureza”, contou a dirigente associativa.

No passado recente tornou-se, entretanto, fundamental abordar-se a sustentabilidade, com Aura Fraga a falar de dois grandes desafios para os territórios de baixa densidade e qualificados do ponto de vista ambiental: “o uso de um património e de um ativo específico para o desenvolvimento social e económico, conjugado com o equilíbrio e a sustentabilidade”. “O Plano deTurismo Mais Sustentável do Turismo de Portugal incide sobre diversos eixos, desde a promoção à monitorização da sustentabilidade, e este é o nosso contributo para se conseguir chegar a bom-porto” .

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LOULÉ É DOS CONCELHOS DE MÉDIA DIMENSÃO QUE MAIS INVESTE EM PORTUGAL E PROJETOS NÃO FALTAM

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina executivo municipal de Loulé convidou a comunicação social para fazer, no dia 25 de outubro, o balanço do primeiro ano do mandato 2021/25, numa sessão que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho com a presença dos seis vereadores socialistas que tomaram posse no dia 13 de outubro de 2021. E Vítor Aleixo começou logo por

desmistificar a ideia de que a Câmara Municipal de Loulé pouco dinheiro investe no seu território, facto que, aliás, tem sido contrariado pelo Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses publicado pela Ordem dos Contabilistas Certificados. “Em dois anos sucessivos, e no que toca aos municípios de média dimensão, Loulé é claramente aquele que mais investe, que mais despesa de capital realiza, devendo atingir,

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David Pimentel, Marilyn Zacarias, Ana Machado, Vítor Aleixo, Abílio Sousa e Carlos Carmo

em 2022, os 38 milhões de euros”, indicou o edil, acrescentando ainda que “Loulé continua a ter a melhor política fiscal municipal que é possível praticar, de acordo com a lei, em Portugal”. “Considerando o IMI, Derrama e IRS, poupamos às famílias e às empresas do concelho cerca de 20 milhões de euros por ano. E a Câmara de Loulé aproveita também muito bem os fundos comunitários, sendo que, entre 2014 e 2021, e no âmbito de 61 candidaturas desenvolvidas, contratualizamos quase 14,5 milhões de euros de dinheiro proveniente da União Europeia”

No uso da palavra, a vice-presidente Ana Machado destacou o regresso à «normalidade» nas escolas do concelho, às aulas presenciais e aos programas de ocupação de tempos livres nas férias de Verão, falando ainda da abertura de 11 novas salas de aulas. “No ano letivo anterior investimos fortemente no transporte escolar dos alunos, mais de 2,8 milhões de euros, abrangendo 2.051 crianças dos quatro cantos do concelho, de tal forma que os autocarros, no seu total, percorreram mais de 15 mil quilómetros por dia durante o período escolar. Este ano voltamos a oferecer os cadernos de atividades, gramáticas, dicionários e partituras a 11 mil e 200 alunos do 1.º ao 12.º ano, num montante

de 586 mil e 801 euros”, destacou a vereadora com o pelouro da Educação.

Num ano em que a Câmara Municipal de Loulé assumiu mais competências nesta matéria, Ana Machado lembrou que, para melhorar a capacidade de resposta na área da educação inclusiva e do ensino especial, já estão em funcionamento os Centros de Recursos Educativos para a Inclusão em Loulé e Quarteira, “que acolhem os meninos e meninas que, depois do período letivo, não têm nenhum ATL que os receba, devido ao seu grau de deficiência” “No CREI temos crianças que usam algálias e que comem por sondas, mas inclusão é isto, é levá-los a participar nas nossas «Férias para Todos», é complementar as terapias que elas recebem nos centros de saúde e que, depois, nem todos os pais possuem meios financeiros para dar continuidade. Neste momento temos 32 crianças e jovens no CREI, 16 em Quarteira e 16 em Loulé”, revelou Ana Machado. “Temos igualmente neste ano letivo um projeto que resultou de uma moção aprovada em Assembleia Municipal e que diz respeito à distribuição gratuita de produtos de higiene menstrual em todas as escolas do concelho, ao mesmo tempo que estes assuntos são tratados nas aulas de Cidadania”.

Na ação social, foram assinados 33

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contratos-programa com instituições particulares de solidariedade social e associações sociais, num montante de 1 milhão e 185 mil euros e o Regulamento Municipal Loulé Solidário tem permitido implementar medidas promotoras de maior coesão social e melhoria da qualidade de vida dos munícipes, garantindo assim que as pessoas e famílias em situação de carência económica tenham acesso a níveis de subsistência dignos que lhes possibilitem um maior equilíbrio social. Mas Ana Machado ainda realçou tudo o que foi feito após a invasão da Ucrânia pela Rússia. “Fizemos o transporte de refugiados para cá, fizemos o transporte de bens para lá, providenciamos alojamento partilhado e temos uma rede local para a integração destes refugiados de guerra com acompanhamento de proximidade”. A vice-presidente abordou ainda o trabalho realizado pelo NPISA – Núcleo de Planeamento e

Intervenção Sem Abrigo de Loulé e da implementação do «Housing First», um projeto piloto no Algarve que ajuda as pessoas a autonomizarem-se em cinco apartamentos definitivos, a par da existência de mais 10 apartamentos partilhados. “E congratulamo-nos muito com o nosso prémio de boas-práticas relativo à Oficina Móvel, que ajuda as pessoas que vivem em situação de isolamento do interior do concelho e que precisam de apoio para pequenas reparações e intervenções nas suas residências”

A terminar a sua intervenção, Ana Machado lembrou que também na área da Saúde a Câmara Municipal de Loulé assumiu novas competências em 2022, sendo confrontada com três Extensões de Saúde “em muito mau estado” “As reparações impuseram-se e estamos, devagar, devagarinho, a tratar disso. Novas Unidades de Saúde Familiar foram

implementadas e nós estivemos lá para as apoiar, nomeadamente, na «Estrela do Mar», na USF de Quarteira e na «Serra Mar»”

MUITAS OBRAS NO TERRENO, OUTRAS A AGUARDAR PELO VISTO DO TRIBUNAL DE CONTAS

Da educação, saúde e ação social passou-se para as obras públicas, com o Vereador Abílio Sousa a salientar dois investimentos de grande importância para o desenvolvimento do concelho, designadamente, o «fecho» da Circular Norte e a construção do novo Edifício de Serviços de Saúde de Loulé. “A segunda fase da Circular Norte de Loulé foi complexa por envolver 50 parcelas de terreno, mas esse

processo está concluído, um investimento de 5 milhões e 150 mil euros que vai fazer o «fecho» entre a Rotunda do Centro de Saúde e a Rotunda do Cilindro, com o objetivo de retirar a circulação de viaturas do centro da cidade, sobretudo dos veículos pesados”, disse o vereador sobre esta obra que aguarda agora o visto do Tribunal de Contas, à semelhança do que sucede com a beneficiação da EM 526 (Ponte Barão), com a rede de abastecimento de água em Monte Ruivo e Azinhal – Alte, com o coletor alternativo ao instalado na Ribeira da Graça em Loulé e com a rede de esgotos e de abastecimento de água do Cerro do Galo.

No que toca ao Edifício de Serviços de Saúde de Loulé, a primeira pedra foi

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lançada a 8 de setembro, com o rés-dochão a ser dedicado à Unidade de Saúde Familiar «Lauroé» e à Unidade de Cuidados para a Comunidade «Gentes de Loulé», com o segundo piso a albergar as instalações do Agrupamento Central de Centros de Saúde do Algarve e um Centro de Saúde Universitário, num investimento global a rondar os cinco milhões de euros. Em fase de conclusão está, entretanto, a ampliação da Extensão de Saúde de Almancil e vai avançar, em breve, a Unidade de Saúde Familiar «Estrela do Mar» em Quarteira.

Reforçando as palavras iniciais de Vítor Aleixo de que a Câmara Municipal de Loulé investe bastante neste território, Abílio Sousa apontou diversas grandes obras que estão presentemente no terreno, como o Pavilhão Multiusos de Almancil (13,4 milhões de euros), o edifício do INEM (1,8 milhões de euros), a ampliação do heliporto (2,659 milhões de euros), a creche do Forte Novo (2,394 milhões de euros) ou a EB1 com JI Hortas de Santo António II em Loulé (2,458 milhões de euros). E, nos últimos 12 meses, foram já concluídas a nova Escola EB 2,3 D. Dinis em Quarteira (6,5 milhões de euros), a reabilitação do edifício do antigo Atlético Sporting Clube (360 mil euros), a musealização dos Banhos Islâmicos e Casa Senhorial dos Barreto (1,8 milhões de euros) e a reabilitação da Igreja Matriz de Loulé (1,1 milhões de euros). “Foi também aprovado em setembro o início do procedimento de concurso para a construção de 64 fogos de habitação no Loteamento da Clona, em Loulé, cuja primeira fase ascende a 11,5

milhões de euros, e está em fase de concurso público a ampliação da EB 2,3 Eng.º Duarte Pacheco em Loulé (1,696 milhões de euros)”.

Loulé tem sido um defensor incansável do ambiente, com Carlos Carmo a recordar a aprovação, em fevereiro, do Plano Municipal de Ação Climática, “que estrutura a nossa política municipal relacionada com a ação climática e articula a dimensão local no que concerne à mitigação das emissões de gases poluentes, à eficiência energética, à descarbonização e à adaptação às alterações climáticas” “Desde 2013 que trabalhamos as matérias da adaptação, mitigação, governança e conhecimento e este Plano Municipal congrega 33 medidas e 72 ações prioritárias em vários domínios. Em relação à escassez de água, foram implementadas em agosto e setembro diversas medidas do Plano Municipal de Contingência para Períodos de Seca, como o encerramento das piscinas interiores de Loulé e Quarteira e das piscinas exteriores de Loulé e Salir, a instalação de redutores de caudal em equipamentos públicos e a redução ou suspensão da rega em alguns espaços verdes do concelho”, indicou o vereador, que realçou igualmente o processo de

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classificação da Reserva Natural da Foz do Almargem e do Trafal, uma área com 135 hectares, tendo em vista a preservação da biodiversidade do território.

Muito trabalho tem sido efetuado, nos últimos anos, também no reforço dos meios afetos à vigilância florestal, como é disso exemplo a inauguração da Unidade Avançada de Proteção Civil em Vale Marias Dias, e a dinamização do programa «Vigilância Florestal –Voluntariado Jovem» durante o Verão, envolvendo, em 2022, 64 participantes. Sobre o pelouro do Desporto, Carlos Carmo salientou a reformulação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Desportivo em Loulé e que contemplou, em 2022, 48 entidades, 50 modalidades e 4.302 atletas, num montante de 1,3 milhões de euros.

Marilyn Zacarias abordou, entretanto, as medidas colocadas em prática pelo Município de Loulé em torno da conciliação da vida profissional e pessoal dos seus funcionários, como consultas de nutrição gratuitas, serviço gratuito de apoio médico, dispensa do serviço no dia de aniversario dos trabalhadores e os cheques-brindes dados aos seus filhos nos três primeiros anos de vida.

“Estamos também bastante atentos a todas as questões que digam respeito à igualdade de género, ao combate à discriminação entre sexos, à prevenção da violência contra as mulheres, da violência de género e da violência doméstica”.

ESTRATÉGIA LOCAL DE HABITAÇÃO E REVISÃO DO PDM SÃO FUNDAMENTAIS

David Pimentel enfatizou, por sua vez, que o Município de Loulé está, em termos financeiros, “numa fase francamente positiva, com uma significativa progressão de receitas, um valor acumulado que, até setembro deste ano, é de 114 milhões e 646 mil euros, o que traduz um acréscimo de 20,5 por cento em relação a 2021; ao passo que os custos são na ordem dos 101 milhões e 306 mil euros, ou seja, mais 5,4 por cento face a 2021”. De acordo com o vereador, o grande catalisador da progressão das receitas é o

Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis, o vulgo IMT, que subiu 54 por cento em 2022, revelando ainda que Loulé é o município com maior equilíbrio orçamental, de acordo com o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses.

Sobre a Estratégia Local de Habitação, aprovada em 2019 e com um horizonte temporal de execução até 2030, David Pimentel lembrou que Loulé foi o primeiro município do Algarve a ter firmado um acordo com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, com o intuito de apoiar 1.400 agregados familiares. E isto porque Loulé é o quarto concelho de Portugal onde é mais dispendioso adquirir casa, segundo dados do INE de 2021, e o 10.º mais dispendioso para se alugar casa. “O parque habitacional de iniciativa pública

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no concelho de Loulé é de apenas 0.7 por cento, sendo que o valor médio do Algarve é de 1.1 por cento, de Portugal é de 2 por cento e, na União Europeia, é de 7.5 por cento. Desde o início da Estratégia Local de Habitação temos um total de 5,2 milhões de euros de aquisições feitas; investimento realizado na aquisição de terrenos, lotes e parcelas, temos um total de 2 milhões e 360 mil euros; empreitadas em execução ou em fase de concurso, são, nesta data, 17,9 milhões de euros”, descreveu.

David Pimentel indicou ainda que o Município de Loulé tem 15 pedidos de financiamento feitos ao IHRU ao abrigo do «1.º Direito» e do Plano de Recuperação e Resiliência, que dizem

respeito a 115 fogos, num investimento total previsto de 17 milhões de euros. “Só na Clona são 64 fogos, um investimento de 11,5 milhões de euros que nos vai permitir ter soluções, quer para a renda apoiada, como para a renda acessível. Em Salir são mais 17 fogos, 2 milhões e 100 mil euros, e muito em breve vamos avançar com a reabilitação de 17 fogos do Bairro Municipal Frederico Ulrich, mais 2,7 milhões de euros”, frisou, não esquecendo também os subsídios ao arrendamento que, neste momento, são concedidos a 131 famílias do concelho, um investimento anual de 300 mil euros. “E na revisão do PDM vamos ser profundamente inovadores, com medidas para fomentar a construção de habitação a custos

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controlados, fogos destinados a habitação própria e permanente e que têm que ficar na posse do proprietário durante, no mínimo, 20 anos, sendo vendidos cerca de 20 a 30 por cento abaixo dos preços praticados no mercado”.

Antes de terminar a sessão, Vítor Aleixo chamou uma atenção especial para a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas em toda a vida autárquica de Loulé, bem como para a revisão do Plano Diretor Municipal. “Queremos um PDM participativo e, para isso, temos recebido os contributos dos deputados municipais, dos presidentes de junta de freguesia e dos vereadores sem pelouro atribuído. E, antes de apresentarmos a versão final à CCDR Algarve, queremos ouvir os clubes e associações desportivas, as instituições particulares de solidariedade social e as comunidades escolares. Vamos tentar integrar algumas inovações no PDM e o problema que mais nos preocupa é a falta de habitação acessível à classe média e às franjas mais carenciadas da nossa população”, declarou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, manifestando o desejo de “no futuro nos podermos defender de um mercado imobiliário que é global e que inflaciona os preços todos os

dias, deixando de fora muitos jovens em início de vida e muitas famílias que não têm rendimentos suficientes para contrair empréstimos bancários para aceder a uma habitação, o que constitui um autêntico bloqueio ao desenvolvimento económico de Loulé, do Algarve e de todo o País”.

Um novo PDM que se pretende que também dê uma maior flexibilidade ao interior do concelho de Loulé, “com vista ao combate à desertificação, à decadência e ao declínio económico desse território”. “Apesar de todas as medidas tomadas ao longo dos anos, este continua a ser um problema que nos deve preocupar. Loulé é um concelho diferente, enorme, que concentra em si todas as realidades de Portugal, com zonas muito dinâmicas, economicamente bastante pujantes, com enorme vitalidade, e outras zonas pautadas pela desertificação, envelhecimento da população e dificuldades de estruturar atividades económicas. Não é um concelho fácil para se fazer uma revisão do PDM, mas o processo está a correr bem e de uma forma participada e vai estar concluído dentro do horizonte temporal definido por lei”, finalizou Vítor Aleixo .

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3.º TORNEIO DA LIBERDADE

DISPUTOU-SE EM FARO

Texto: João Pelica| Fotografia: Afonso Pelica

eve lugar, no dia 22 de outubro, em Faro, a terceira edição do Torneio da Liberdade, um evento nacional nas disciplinas de velocidade em tatami marcado pela utilização do sistema de pontuação eletrónica Sportdata. No total participaram mais de 120 atletas proveniente de 12 clubes de Portugal e da Andaluzia, que no Pavilhão Municipal da

Penha realizaram mais de 60 combates das disciplinas de Pointfight, Light Contact e Kick Light, sendo as equipas vencedoras a A.K.A. – Team Flash na primeira disciplina e o Sporting Clube de Portugal nas duas últimas, sagrando-se, por isso, o grande vencedor do torneio.

As equipas participantes foram as seguintes: de Portugal – Sporting Clube de Portugal, Boavista F.C., A.K.A. – Team Flash, Academia Be-Fit, Norte Forte,

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Desportos de Combate J. F. Faro, Associação de Desportos de Combate de Macedo de Cavaleiros, Mr. Big K.O. Team e APAMTT; e de Espanha – Miguel Donoso Fight Team, Club Shark e Sport Fitness Cartaya. O evento foi organizado pelo clube algarvio Desportos de Combate J. F. Faro, sob a égide da FNKDA – Federação de Desportos de Combate, que recentemente foi reconhecida pela WAKO – World Association of Kickboxing Organization, a entidade que rege o desporto do kickboxing a nível mundial. Os main

sponsors foram a Autarquia de Faro e a Top Ten Portugal.

Conforme referido, o sistema Sportdata marcou a diferença com a gestão eletrónica das atividades do evento, desde a inscrição até à gestão dos combates. Este é o sistema de arbitragem da plataforma oficial da WAKO, com transmissão permanente e online das pontuações de combates, e que garante a transparência e fiabilidade dos resultados e do desporto. Em jeito de balanço final, a organização assume que o evento foi um grande sucesso .

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MÁKINA DE CENA APRESENTA O EMOCIONANTE «SAMOTRACIAS» DE CAROLINA SANTOS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #361

21 de outubro estreou, no Cineteatro Louletano, em Loulé, «Samotracias»», com direção artística de Carolina Santos, numa cocriação com Letícia Blanc e Ulima Ortiz. A nova produção da Mákina de Cena foi inspirada na obra «Les Samothraces» de Nicole Caligaris e conta a história de Pepita, Sandra e Sissi, três mulheres de diferentes gerações, nacionalidades e línguas — português, espanhol e francês — que manifestam o mesmo desejo: o de partir.

Carolina Santos explica que, pela ambição ou pela urgência da fuga, cruzam-se os destinos de uma jovem que procura a fama no estrangeiro, uma mãe

viúva que se recusa a um casamento forçado e uma senhora que, passadas décadas de servidão, procura um fim diferente para a sua vida. “Esmagadas pela esperança de um outro futuro, assistem, porém, ao desvanecimento dos seus sonhos numa viagem cruel. Será que têm mesmo o direito de partir?”, questiona a atriz e encenadora.

Atenta às desigualdades e às violências de género que nunca deixam de acompanhar as experiências das mulheres migrantes — muitas vezes, até, de forma ampliada — «Samotracias» propõe um compromisso com estas reflexões, tanto em cena como nos seus processos de criação artística. “Fiel à lógica feminina de horizontalidade das decisões, privilegiando um

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modelo de trabalho coletivo e implicado socialmente, a peça incorpora a escuta e a partilha de histórias de mulheres migrantes residentes em vários concelhos do Algarve. A aproximação e o engajamento com a comunidade manifestam-se, ainda, no âmbito pedagógico, com apresentações para escolas nas cidades de Loulé, Lagoa e Faro”, indica Carolina Santos.

A encenadora recorda ainda que, desde «Les Samothraces», publicado em 2000 pela escritora francesa Nicole Caligaris, a tragédia daqueles que continuam a andar sem rumo, casa ou sorte multiplicou-se. “Aconteceu Mória, aconteceu uma

pandemia global, continuou Gaza, o Irão, continua o género a ser tabu”, diz Carolina Santos. “Aconteceu, também, o Afeganistão e, agora, a invasão da Ucrânia, que obrigou e obriga centenas de milhares de mulheres a abandonarem a sua terra, e parte das suas identidades, com as suas crianças e famílias. Num momento histórico em que se vive a maior vaga de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, como não ser uma Samotrácia?”, desafia Carolina Santos.

Sem se esquivar dos dilemas da atual geopolítica portuguesa e europeia, numa

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história fictícia, mas não por isso menos real, «Samotracias» segue, de perto, os itinerários de mulheres desenraizadas e, por isso mesmo, sempre em movimento. Uma fantástica e inquietante coprodução da Mákina de Cena e da Fondación Teatro Libre De Bogotá (Portugal, Colômbia e Chile), com financiamento da Câmara Municipal De Loulé e da estrutura Iberescena – Fundo de ajudas para as artes cénicas Ibero-Americanas, e

apoio de First Round — Int. Creative Platform, Auditório Carlos Do Carmo — Município De Lagoa, Fundación Santiago Off, IPDJ Faro, ACM – Alto Comissariado para as Migrações, CNAIM Faro, Fundação António Aleixo, Casulo — Laboratório De Inovação Social De Loulé e Vamus – Transportes do Algarve, Loulecópia .

COM ASAS» NO TEATRO

ACTA ESTREOU «PEDRAS
LETHES
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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o dia 21 de outubro aconteceu, no Teatro Lethes, em Faro, a grande estreia de «Pedras Com Asas», a mais recente produção da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve. Com texto de Alexandre Honrado e encenação de Luís Vicente, o espetáculo oferece uma nova visão da famosa história de Romeu e Julieta. “Entre paradigmas do amor, da loucura do homem alienado, do tempo presente, uma Julieta incrível contracena com a impossibilidade de um Romeu sem lugar na atualidade. A ação decorre num cemitério irreal,

numa irreal Verona, muitos anos depois do drama shakespereano. Julieta, ou uma mulher que pensa ser Julieta, põe flores todos os dias na sua própria campa. Romeu aparece-lhe. Ele acredita que personifica o amor, mas vai ter algumas surpresas capaz de abalálo, e de nos abalar”, descreve Luís Vicente.

«Pedras Com Asas» é interpretado por Carolina Teixeira e Carlos Pereira, tem cenografia de José Manuel Castanheira e figurinos de Ana Paula Rocha, com execução cenográfica de João Frank, assistência de encenação de Tânia da Silva, desenho de luz de Octávio Oliveira e desenho de som de Diogo Aleixo .

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LAGOA VIBROU COM O II FESTIVAL INTERNACIONAL DE MAGIA
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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agoa foi palco, de 20 a 22 de outubro, da segunda edição do Festival Internacional de Magia, que contou com a participação de sete mágicos conceituados, campeões em diversas modalidades de magia, e sob a direção artística do lagoense e mágico Paulo Cabrita.

O Lagoa Magic Fest 2022 tinha dois dias dedicados à magia de rua, com espetáculos agendados em seis locais do concelho, contudo, as condições climatéricas adversas obrigaram a uma alteração dos planos, com as atuações a acontecerem, desta forma, em vários estabelecimentos de ensino de Lagoa. No

dia 22 de outubro realizou-se a grande apoteose, uma extraordinária Noite de Gala que esgotou por completo o Auditório Municipal Carlos do Carmo.

Um público de diversas nacionalidades e de diferentes estratos etários que se deixou maravilhar com as eletrizantes e divertidas performances dos «Tá na Manga», José de Lemos, Salguery, Rafael Titonelly, Andrely e Paulo Cabrita. Uma prova de que a magia respira saúde em pleno século XXI, com números mais fiéis aos métodos tradicionais, outros mais contemporâneos, e assim se mantém viva esta nobre arte de fazer sonhar e acreditar no impossível .

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CICLO DE MÚSICA DE CÂMARA «ALGARVE MUSIC SERIES» REGRESSOU A FARO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Irina Kuptsova/Algarve Music Series ALGARVE INFORMATIVO #361 106

«Algarve Music Series», ciclo de música de câmara organizado pela violoncelista Isabel Vaz e pelo pianista Vasco Dantas, este ano com o apoio do Município de Faro, Município de Loulé, Fundação AMMF, Direção Regional de Cultura do Algarve e Associação Égide, regressou para a sua maior edição de sempre, com 11 concertos, a par da energia e elevada qualidade artística habituais.

O concerto «Routes», a 4 de outubro, na Igreja do Carmo, contou com a

participação do Cologne Guitar Quartet, que apresentou música de Bach, Vivaldi, músicas tradicionais e muito mais. No dia 5 de outubro, no Teatro Lethes, escutouse um dos mais promissores pianistas da atualidade, Congyu Wang, artista Steinway, que tocou o primeiro concerto para piano de Chopin, acompanhado por um quinteto de cordas composto por Tim Brackman, Miguel Simões (violinos), Floor Le Coultre (viola), Mikhail Shumov (violoncelo) e Bruno Carneiro (contrabaixo). No dia 6 de outubro, o Projecto Sefarad trouxe música sefardita, em arranjos para piano (Filipe Raposo) e coro (Coro ECCE), com direção de Paulo Lourenço .

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RITA REDSHOES LEVOU «LADO BOM» AO TEATRO MUNICIPAL DE PORTIMÃO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Ricardo Coelho ALGARVE INFORMATIVO #361 116

ADO BOM, editado em outubro de 2021, é o quinto álbum de originais da discografia de Rita Redshoes, o primeiro integralmente escrito em português, e a tournée de promoção passou, no dia 22 de outubro, pelo TEMPO – Teatro Municipal de Portimão. Um concerto onde esta artista singular transportou para o palco uma energia própria da sua experiência artística e de vida, caracterizada pela sua serenidade, elegância e mistério próprio. E «Lado Bom» é, sem dúvida, o disco mais intimista de sempre de Rita Redshoes, sendo definido pela artista como “um sobrevivente, o disco mais pessoal

da minha carreira, no qual relato, na primeira pessoa, uma das maiores transformações da vida”

Com cinco álbuns editados, «Golden Era» (2008), «Lights & Darks» (2010), «Life is a Second of Love» (2014), «Her» (2016) e agora «Lado Bom» (2021), Rita Redshoes estreou-se a solo em 2008 e, enquanto autora e intérprete, tem somado colaborações com David Fonseca, The Legendary Tigerman, Noiserv, GNR ou Fernando Tordo. Tem ainda colaborado em inúmeras bandas sonoras premiadas para teatro e cinema, tendo, inclusivamente, discos editados nesta área .

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Que terra é essa? Pedro Tavares Ferré (Estudante)

az algum tempo que não sei mais quem sou, por isso sai de casa à procura do Pedro. Nascido no Brasil e criado em Portugal, com um pai espanhol – ou melhor, catalão – e uma mãe brasileira - agora lusa. Ou seja, sou brasileiro e espanhol! Pela lei, talvez, mas a verdade é que tanto os meus costumes como o meu português são os de Portugal. Então sou português! Pela criação, talvez. No entanto, o meu apego pelo Brasil é tanto, que agora moro aqui e não suporto mais ouvir falar do povo que tão bem me acolheu. E aí surge o problema: para os brasileiros, eu sou português, e para os portugueses eu jamais seria brasileiro. Tenho de andar com o meu RG o tempo inteiro para provar quem sou eu. Parece que me olvidei da parte de ser espanhol. Então isso sei que não sou: falo tão pouco a língua; a sua cultura conheço menos ainda, então espanhol não serei, certo? Sim, eu de fato não me identifico com o povo espanhol, porque eu sou catalão, com muito orgulho! Possivelmente nem tanto, mas o meu pai o é, e como eu o amo profundamente, é algo que me pertence. Até ao presente momento encontro-me mais confuso do que quando comecei. Poder-me-á a estatística auxiliar na resposta? Eu sou 33,33(...)% brasileiro, espanhol e português. Mas como raios eu explico isso para todos os que me

questionarem...? Definitivamente a matemática e o que diz respeito ao amor não são condizentes. Pela música? Não é possível. Em Portugal escuto Martinho da Vila sonhando com o Brasil, e no Brasil escuto António Zambujo sonhando com Portugal. Afinal, quem sou eu? Pedro? Pere? Pois é, tenho dois nomes distintos, para as duas certidões de nascimento, a brasileira e espanhola, respectivamente. É estranho, sim. Contudo é a única certeza que tenho sobre quem sou eu. O Pedro, fora da União Europeia e o Pere, dentro dela. Fácil. Adoraria que a minha crise existencial fosse tão simples de explicar quanto os meus nomes. Voltando um pouco atrás, pelo futebol? Também não dá. Eu simultaneamente apoio o Brasil, Portugal e Espanha. Quando há uma eventual disputa entre eles, torço por quem tenha, na altura, mais jogadores com os quais simpatizo. Se for mencionar a culinária, não facilitaria em nada, pois, como amante de comida, todas as três têm pratos excecionais. Deverei perguntar para os meus pais o que eu sou? Acho que não fará sentido, visto que o problema é pessoal e ambos com certeza iriam divergir ligeiramente nas respostas.

A minha criação é crucial para mais ou menos definir quem sou. Português, ora pois! – que por curiosidade, é uma expressão que ninguém utiliza em Portugal. Podendo finalizar e ficar por aqui, saber-me-ia a pouco, já que não é

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algo tão simples assim. A minha mãe, como já foi mencionado, é brasileira, e os meus primeiros quatro a cinco anos por lá, foram acompanhados tanto por ela como pela minha tia Rosa, mais uma brasileira para a mistura. A influência foi tanta, que certas palavras que ia aprendendo ao crescer eram a versão em português do Brasil, logo, linguisticamente, não fui criado cem por cento português. Complicando ainda

mais, eu atualmente compreendo quase perfeitamente o catalão, devido ao esforço que o meu querido pai fazia ao responder-me apenas na sua língua mãe. Retiro o que disse, a minha criação é uma parte de mim, mas não é nem mais ou menos o todo.

“Ó gente da minha terra”, jamais fará sentido para mim. Que terra é essa a que me pertence? Ainda não descobri .

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A outra realidade João Ministro (Engenheiro do Ambiente e empresário)

odos os dias somos confrontados com notícias que nos deveriam deixar, no mínimo, intrigados com o que se passa no país e em particular no Algarve. Há coisas boas, naturalmente, mas há outras que são seriamente preocupantes e que pouca atenção recebem dos media, das autoridades e dos decisores, ou até da população em geral. Vejamos.

Continuamos a ser a região do país com o pior índice de qualidade ambiental, segundo o mais recente relatório do «Índice Sintético de Desenvolvimento Regional relativo a 2020», publicado em junho passado. Estamos entre as regiões com pior índice de coesão territorial e na análise integrada do desenvolvimento regional (que é o resultado do desempenho conjunto das dimensões estudadas) somos a quarta pior região em Portugal, entre as 25 estudadas. Já aqui falei deste índice no passado e desde então continuamos iguais: no fundo da tabela. Os dados poderiam levar-nos a pensar que, ao abdicarmos da parte ambiental e da coesão, teríamos uma competitividade económica forte e robusta. Mas não. Nem isso. Estamos nesse capítulo com um desempenho mediano.

De acordo com outro relatório, este ainda de outubro, sobre «Pobreza e Exclusão Social», publicado pelo Observatório Nacional da Luta contra a Pobreza, o Algarve está entre as regiões com maior taxa de risco de pobreza, mesmo após as transferências sociais. Poder-se-ia argumentar que o encerramento quase total da actividade económica na região devido à pandemia em 2020 teve um impacto significativo neste índice. Certo e errado. Ao analisar os dados de 2019, verifica-se que o Algarve e o Norte, em ex aequo, partilham o primeiro lugar das regiões com maior vulnerabilidade à pobreza – só mesmo ultrapassadas pelas ilhas –estando o Algarve no pódio no que respeita ao risco de pobreza após os apoios sociais.

Paradoxalmente, os preços das casas continuam a subir em todo o país (mais 17,8% no segundo semestre deste ano, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística), estando o Algarve e a região de Lisboa entre os locais mais caros. De tal forma que continuamos a ser, a nível nacional, a região onde é mais difícil adquirir casa para habitação, o mesmo se aplicando à capacidade de arrendamento. Esta é, talvez, a região onde esse fenómeno mais se verifica tanto no litoral como no interior. Curiosamente, é no Algarve onde se geram as maiores receitas turísticas do país, prevendo-se atingir este ano os 1,3

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mil milhões de euros, o valor recorde desde que há registos.

Continuamos, por fim, em seca severa, com os níveis de armazenamento das barragens a atingir volumes historicamente baixos. Mas nem por isso deixamos de aprovar novas urbanizações, aldeamentos ou resorts e a construir piscinas, relvados e golfes. Tudo servido com água potável dos aquíferos e tratada da rede pública. Só em Vilamoura, Loulé, e no concelho de Lagoa, preparam-se para avançar centenas de novas construções, com milhares de camas turísticas. Já para não falar – pela enésima vez – das extensas plantações agrícolas intensivas pouco ajustadas às características edafoclimáticas da região e que continuam a expandir-se.

Não, não estamos a viver numa realidade paralela ou num multiverso. Estamos todos no mesmo plano e no mesmo decorrer do tempo. Apenas com percepções – ou interesses – diferentes. Veremos o que o futuro ainda mais nos dirá! .

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