REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #370

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ALGARVE INFORMATIVO 14 de janeiro, 2023 #370 110.º ANIVERSÁRIO DE MARIA DA CONCEIÇÃO | SÃO BRÁS CINETEATRO JAIME PINTO «FUTURE PAST» EM LOULÉ | «CANTARES DE JANEIRAS E CHAROLAS» EM QUARTEIRA «TRANSFORMANDO O MUNDO» EM SÃO BRÁS | PROJETO «GATILHO» ARRANCA EM LAGOS
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ÍNDICE

«Transformando o Mundo» chega a São Brás de Alportel (pág. 18)

Inauguração da Estrada das Pereiras (pág. 24)

«Paderne Medieval» (pág. 28)

110.º aniversário da «Rainha» de São Brás de Alportel (pág. 44)

São Brás Cineteatro passa a chamar-se Jaime Pinto em homenagem ao seu mentor (pág. 52)

Projeto Gatilho arranca em Lagos (pág. 62)

Quarteira viveu tradição das Janeiras e Charolas (pág. 72)

«Future Past» em Loulé (pág. 94)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 104)

Adília César (pág. 106)

Fábio Jesuíno (pág. 108)

Nuno Campos Inácio (pág. 110)

Lina Messias (pág. 112)

Dora Gago Nunes (pág. 114)

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«Transformando o Mundo» chega a São Brás de Alportel

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Município de São Brás de Alportel recebe, entre 11 e 27 de janeiro, o conjunto de exposições «Mostra ODS –Transformando o Mundo» que está patente na Escola Secundária José Belchior Viegas, na E.B. 2, 3 Poeta Bernardo de Passos, no átrio das Piscinas Municipais Cobertas e no átrio do São Brás Cineteatro Jaime Pinto.

Na E.B. 2,3 Poeta Bernardo de Passos encontra-se a mostra dedicada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Pobreza, enquanto que, na Escola Secundária José Belchior Viegas, está a mostra dedicada às alterações climáticas. No Cineteatro Jaime Pinto é abordado o tema género e, no átrio das Piscinas Municipais Cobertas, pode ser visitada a mostra dedicada à comunidade escolar, «OS ODS vão à escola», destinada a crianças entre os 6 e os 12 anos.

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A convicção de que cada cidadão tem um contributo a dar na transformação do mundo num lugar mais próspero, justo, sustentável e inclusivo motivou a criação desta exposição que está a percorrer Portugal desde julho de 2022, tendo sido desenvolvida pela organização não governamental OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento, com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, IP. A iniciativa chega a São Brás de Alportel através do convite da Europe Direct Algarve e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve dirigido ao Município de São Brás de Alportel e ao

Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas. “Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um género de road map para um mundo melhor para as gerações futuras e queremos ajudar os mais novos a não repetir os mesmos disparates que nós cometemos ao longo do tempo”, indicou José Luís Monteiro, da OIKOS, aos jovens que assistiam à inauguração da exposição na E.B. 2,3 Poeta Bernardo de Passos. “Até 2030 há que cumprir 17 objetivos, 162 metas definidas pelas Nações Unidas. Para esta mostra

escolhemos três temas que são centrais e que tocam em vários ODS, nomeadamente, a pobreza, o género e as alterações climáticas, e o nosso objetivo é transformar cada jovem num embaixador desta causa e um defensor do planeta”

À inauguração não faltou o executivo camarário, com Vítor Guerreiro a lembrar que os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram aprovados por 193 países numa cimeira que teve lugar, a 25 de setembro de 2015, nos Estados Unidos, na sede das Nações Unidas, “no sentido de revertermos as alterações climáticas, de erradicarmos a pobreza, de trabalharmos para a paz, a inclusão e a igualdade”. “Temos

que cuidar dos seres humanos e desta casa comum em que todos habitamos, o PlanetaTerra, a par de todos os outros seres vivos. O cumprimento dos ODS deve ser uma meta de todos nós, independentemente da função que desempenhamos na sociedade, porque estamos a viver num nível de alerta máximo. Já todos percebemos que estamos aquém do cumprimento de muitas das metas que foram definidas para 2030, pelo que temos que nos esforçar todos para nos desenvolvermos de forma sustentável, sem colocar em causa os recursos do planeta”, apelou o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel .

Estrada das Pereiras torna acesso a Quarteira e Almancil mais rápido

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

briu ao trânsito, no dia 4 de janeiro, uma obra de grande importância para a melhoria da circulação rodoviária no litoral do concelho de Loulé, nomeadamente para quem se deslocar da Via do Infante em direção aos empreendimentos turísticos da freguesia de Almancil ou à zona nascente da cidade de Quarteira. A concretização do novo troço entre a Rotunda das Pereiras e a EM522, nas Escanxinas, vai traduzir-se em mais uma opção para chegar ao

litoral, descongestionando o trânsito automóvel que se fará com mais segurança e conforto.

A empreitada implicou um investimento superior a 1,6 milhões de euros para a construção de uma via totalmente nova, com 1.700 metros de extensão, bermas pavimentadas de ambos os lados, e onde foram construídas duas rotundas. Foram igualmente efetuados trabalhos referentes a redes de águas residuais, sistemas de telecomunicações, redes de iluminação pública, entre outros. “É mais uma facilidade que fica à

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disposição, quer dos residentes, quer dos turistas que nos visitam, até porque esta zona é uma porta de entrada para os principais empreendimentos turísticos de Vale do Lobo, Quinta do Lago, Ancão e Garrão”, referiu Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, que acredita que a nova via será fundamental para reduzir o elevado tráfego que circula na Avenida do Atlântico, em especial durante o Verão. “Os automobilistas que pretendam ir mais para a zona nascente de Quarteira poderão utilizar esta nova via, pelo que

temos a expetativa que algum congestionamento existente na EN396 possa ser aliviado”, explicou.

Depois de cortar a fita inaugural, o autarca louletano realçou ainda os trabalhos de integração paisagística e de valorização ambiental realizados. “É uma via com uma vista panorâmica muito bonita, que percorre uma área que até aqui não era conhecida das pessoas”, referiu, lembrando que a melhoria das vias de comunicação tem sido uma aposta do Município de Loulé para elevar a imagem turística de excelência do território .

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Época medieval regressou a Paderne com muita animação

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina epois de dois anos de interregno devido à pandemia, Paderne voltou a transformar-se, de 29 de dezembro a 1 de janeiro, numa Aldeia Medieval, com o centro antigo da recentemente classificada «Aldeia de Portugal» a recordar os hábitos e costumes característicos da Idade Média. O evento estendeu-se pelas ruelas estreitas da freguesia, invadidas por cheiros e sabores provenientes de excelentes iguarias gastronómicas, de representações de artes e ofícios e de

várias atuações e performances alusivas à época.

Pela 14.ª vez, o Paderne Medieval fez parte da programação de Fim-de-Ano do Município de Albufeira, uma ação “que mostra a relevância deste momento para os albufeirenses, para a promoção de Albufeira e para o desenvolvimento desta aldeia do barrocal algarvio”, declarou o presidente da Câmara Municipal José Carlos Rolo. “Esta é mais uma atividade preparada pelo Município que faz com que os

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visitantes, independentemente da idade, possam aproveitar o melhor que Albufeira tem para oferecer. O Paderne Medieval já é uma tradição do concelho e atinge um nível de qualidade e atratividade indiscutíveis”, sublinhou o edil, reforçando ainda a importância do regresso desta grande festa de Ano Novo, uma vez que “reaviva a memória dos turistas nacionais e internacionais, que reconhecem Albufeira como um destino que celebra com muita animação esta altura do ano”.

À semelhança de edições anteriores, o ambiente único que se vive nesta «viagem» no tempo foi transmitido em direto, no dia 31 de dezembro, no programa da TVI «Somos Portugal», numa emissão de seis horas com entrevistas e reportagens sobre todo o concelho. Ao longo de quatro dias, Paderne acolheu cerca de 10 mil visitantes, num programa que contemplou inúmeras atividades e recriações históricas, com destaque para o Cortejo Régio pelas ruas do Burgo e a Leitura da Carta de Doação do Castelo de Paderne à Ordem de Avis .

«Rainha» de São Brás de Alportel celebrou 110.º Aniversário

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Município de São Brás de Alportel celebrou, no dia 22 de dezembro, o 110.º aniversário de Maria da Conceição, munícipe que nasceu em 1912, dois anos antes da fundação do concelho.

Atualmente a viver na Estrutura Residencial da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, onde é carinhosamente apelidada de «Rainha», Maria da Conceição veio ao

mundo uma década antes da data em que Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, aventura recordada no concelho de São Brás de Alportel com uma réplica do hidroavião Santa Cruz. Ainda criança viu surgir o concelho de São Brás de Alportel, viveu o longo período da ditadura e da Guerra Colonial, assistiu ao nascimento da democracia portuguesa com a revolução de 25 de Abril, assim como à integração de Portugal na União Europeia, entre muitos outros momentos marcantes da história de Portugal dos últimos 110 anos.

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Uma vida preenchida com mais de um século de sabedoria e experiências, com um percurso em plena sintonia com as tradições da sua terra, fortalecida pela tolerância, serenidade, amor ao próximo e gosto pelo convívio. Não admira, por isso, todo o carinho que recebeu neste dia especial, com o Salão de Festas da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel repleto de utentes e de representantes do poder local e de muita comunicação social. E nem faltou, imagine-se, um telefonema do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a dar-lhe os parabéns. “A Dona Conceição vive connosco há

12 anos e tem uma fibra interior diferente, estes ares do sol-posto da zona de São Romão que mostram aquela que é a sua personalidade e natureza. É também uma mulher de fé, crente, faz as suas preces que lhe dão mais resiliência para continuar. Depois, recebe excelentes cuidados da parte da nossa equipa, ela e todos os nossos utentes”, referiu Júlio Pereira, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, sobre os segredos da longevidade de Maria da Conceição.

Uma cerimónia em que participou também Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, porque “a Dona Conceição é um exemplo motivador para todos nós, pela sua força e história de vida” “São Brás de Alportel é um concelho diferente porque as entidades unem-se todas e dão as mãos para resolver os problemas que surgem, de modo a ajudar a nossa comunidade. A Santa Casa é disso prova, trabalhando com as crianças que estão na creche, jardim-de infância e ATL e com os seniores, que deram tanto da sua

vida em prol desta terra, e que aqui são tratados com carinho, amor e profissionalismo”, enalteceu o edil. “O mais importante para nós, dirigentes, é a felicidade das pessoas e a dignidade dos sãobrasenses. Para isso não poupamos esforços para ajudar as famílias que mais necessitam, os mais frágeis que estão em sofrimento. Temos grandes desafios pela frente e há que levar alegria e um sorriso a casa das pessoas, sempre com a esperança de que o dia de amanhã será melhor”, concluiu Vítor Guerreiro .

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São Brás Cineteatro passa a chamar-se Jaime Pinto em homenagem ao seu mentor

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ealizou-se, no dia 21 de dezembro, a sessão comemorativa do 70.º aniversário do São Brás Cineteatro, um momento de homenagem aos fundadores desta casa da cultura em que ficou a conhecer-se o seu patrono, designadamente Jaime Passos Pinto, numa noite em que se assistiu igualmente a uma visita guiada

pela sua história pelas mãos do arquiteto e investigador Vítor Ribeiro.

Inaugurado em 1952, este equipamento tem assistido ao desenvolvimento cultural do concelho década após década. Foi construído por um conjunto de amigos enamorados pela sétima arte, que constituíram a empresa «Unidos», numa época em que a sociedade sãobrasense se dividia pelos salões, ora pelo mais seleto 1.º Dezembro, ora pelo mais

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popular 1.º de Janeiro, pelas festas privadas das famílias mais abastadas ou pelos arraiais populares que se organizavam aqui e ali. O cineteatro, pelo contrário, constituía-se como um templo de sonhos e um espaço onde ricos e pobres, industriais e operários, doutores e analfabetos, velhos e novos, homens e mulheres, se encontravam e comungavam do mesmo fascínio pelas imagens animadas que davam vida àquela tela branca.

Setenta anos é a bonita idade que o São Brás Cineteatro Jaime Pinto cumpriu no final de 2022, sete décadas de memórias partilhadas, de muitas alegrias, mas também de algumas tristezas, e que ficarão registadas num livro que está a ser preparado por Vítor Ribeiro. “Tendo-se assumido, desde a sua construção, como marco de modernidade e

referência urbana, o Cineteatro continua a ser, ainda que de forma diferente, esse espaço de comunhão que sempre foi no passado, sendo já parte inalienável do património comum dos sãobrasenses. Um património que representa um passado, mas se quer projetado no futuro. Um património que se quer vivo e vivido, ativo e partilhado”, referiu Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, na ocasião.

Antes disso, já a vice-presidente Marlene Guerreiro tinha confessado ser um enorme orgulho “estar no dia mais pequeno do ano a prestar um justo tributo à memória”, recordando o

longínquo dia 21 de dezembro de 1952 em que foi projetado o filme «Duas Causas», protagonizado pela atriz sãobrasense Mariana Vilar. “É uma casa que há 70 anos escreve um pouco da história de todos nós e que se mantém como um espaço privilegiado para vivermos os momentos mais importantes desta comunidade. E é um edifício que

não foi construído pelo governo, nem sequer por uma câmara municipal, mas sim por iniciativa de um são-brasense ao qual se associaram outros valorosos sonhadores, que ambicionaram mais para a sua terra e para todos. Deram do seu tempo e dos seus recursos próprios para concretizar

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um projeto para todos, deixandonos uma lição de cidadania que nos cabe transmitir às gerações futuras”, salientou Marlene Guerreiro.

Depois de algumas décadas de um percurso onde naturalmente não faltaram dificuldades, e de modo a honrar esta herança de cultura e cidadania, em 1989, a Câmara Municipal de São Brás de

Alportel adquiriu o edifício, que reabriu quatro anos depois ao público. Agora, a 21 de dezembro de 2022, nos seus 70 anos de vida, a edilidade decidiu homenagear Jaime Passos Pinto, o grande mentor da história do cinema em São Brás de Alportel, na sequência de uma sugestão da sua neta, Maria Eugénia Narra, que depois de devidamente analisada foi aprovada por unanimidade pelo executivo camarário. “Era um homem perseverante, com uma grande força interior e uma visão muito para além do seu tempo. Era um homem de poucos estudos, mas de muitos saberes, e tudo fez para proporcionar aos amantes da sétima arte da sua terra as comodidades necessárias para apreciarem as fitas de cinema”, recordou. “Desde muito novo acompanhou o avô como ajudante quando este, nos anos 20 do século passado, projetava fitas num barracão da Rua Luís Bívar e nos lugareiros mais recônditos, levando o cinema a quem de outra forma não tinha possibilidade de o ver. Mais tarde, Jaime Passos Pinto passou a transportar uma máquina de projeção no seu carro particular, levando a sua paixão para além dos limites do concelho”, contou Maria Eugénia Narra.

O seu espírito não parava e, vendo que a sua terra estava a crescer e a modernizarse, Jaime Passos Pinto começou a sonhar com um espaço próprio para a projeção

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de cinema. “Com muito esforço, uma enorme capacidade de persuasão e o entusiasmo que o caracterizava, conseguiu contagiar um grupo restrito de sãobrasenses que se tornariam os sócios da empresa «Unidos». Após

muitas reuniões e algumas idas a Lisboa, de avanços e recuos, a empresa adquiriu o terreno e Jaime Passos Pinto lança-se de alma e coração à realização do seu sonho. Foi, sem dúvida, um dos

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mais significativos produtores de cultura das gentes de São Brás de Alportel. Morreu a 24 de março de 1959, vítima de uma queda quando instalava em sua casa uma

antena de televisão, essa que mais tarde viria a destronar o seu cinema. Ironia do destino”, apontou a neta de Jaime Passos Pinto.

Depois da entrega de diplomas aos

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familiares dos fundadores do São Brás Cineteatro, Vítor Guerreiro reforçou tratar-se de um dia de celebração da memória e dos feitos dos são-brasenses. “Pessoas como o Jaime Passos Pinto e aqueles que o

acompanharam quiseram fazer mais por esta terra e por esta gente, executaram um empreendimento bastante significativo e que ainda hoje é a nossa principal sala de espetáculos. Não se contentaram com pouco, sonharam ir mais além, batalharam, juntaram os fundos que eram necessários e concretizaram esta extraordinária obra”, enalteceu o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. “Sabemos de onde viemos, aquilo que fizemos, quais são as nossas raízes, sentimos orgulho no que os sãobrasenses fizeram no passado, é algo que nos enche a alma e o coração. Foram muitos os que honraram esta terra e as nossas gentes e devemos homenagear quem nos antecedeu, para isso criarmos valores para as gerações vindouras. Estamos, assim, a ensinar os mais jovens a amar a sua terra e esta comunidade”, finalizou Vítor Guerreiro.

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«Gatilho» quer mudar mentalidades e transformar o mundo através da diferença

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Anabela Gaspar/Entdecken Sie Algarve «Gatilho», um projeto PARTIS & Arts for Change para a inclusão social promovido pela Associação Questão Repetida e pela NECI– Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso, arrancou, no dia 13 de janeiro, com uma série de encontros comunitários no concelho de Lagos, cujo objetivo é reforçar o espírito comunitário

através da partilha de histórias do passado, sonhos do futuro, tradições, desejos de mudança e muito mais. Os encontros decorrem até 30 de março, percorrendo mensalmente as oito freguesias do concelho de Lagos, designadamente, Odiáxere (28 de fevereiro e 30 de março), Bensafrim (20 de janeiro, 24 de fevereiro e 31 de março), Luz (21 de janeiro, 11 de fevereiro e 18 de março), Lagos (27 de janeiro, 17 de fevereiro e 24 de março), Almádena (28

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de janeiro e 25 de fevereiro), Chinicato (2 de fevereiro e 10 de março), Barão de São João (3 de fevereiro e 14 de março) e Espiche (7 de fevereiro e 16 de março).

Na prática, o projeto pretende criar um espaço cultural e artístico diverso neste território, viabilizando a presença de artistas com deficiência. Ao mesmo tempo, pretende criar e alicerçar uma rede de parceiros que ajude na implementação territorial, na qualificação, na promoção da autodeterminação das pessoas com deficiência, bem como na sensibilização para a problemática da sua inclusão na vida ativa. As linguagens artísticas do Teatro, Dança, Performance, Música, Plástica e Fotografia serão algumas das

«ferramentas» a experienciar durante os diferentes momentos deste projeto, que é desenvolvido em parceria com a Câmara Municipal de Lagos, contando com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação «la Caixa».

A apoiar a direção artística e cocriação do «Gatilho» está Maria Conceição Gonçalves, que já tinha colaborado com a Questão Repetida no «Diferente-Mente», uma experiência enriquecedora que acabou por despoletar a candidatura ao PARTIS. “Estamos a falar de arte comunitária e de provocação, e a arte é uma linguagem que consegue unir e criar um discurso que pode ser completamente

revolucionário e impulsionador da mudança. A arte tem que estar cada vez mais ao serviço, não da dimensão egocêntrica e criadora do artista, mas sim da comunidade. Trata-se de democracia cultural, de pôr as pessoas a trabalhar, de implicá-las a todos os níveis”, defende, reconhecendo que lidar com pessoas portadoras de deficiência significa sair da «zona de conforto», mas isso já não é novidade para ela.

O núcleo duro do projeto será constituído por 10 utentes da NECI, com idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos, conforme explica Sandra Marreiros, Secretária-Geral desta IPSS localizada nos Montinhos da Luz, concelho de Lagos. “O «Diferente-Mente» foi a

primeira atividade externa em que alguns dos nossos utentes participaram depois do confinamento, arriscamos e foi um sucesso, porque eles adoram a expressão artística. Estão habituados a trabalhar pelas artes no nosso Centro de Atividades de Capacitação para a Inclusão e gostam imenso de explorar o teatro, a dança e a plástica. A diferença é que, antes, faziam isso apenas nas festas de Natal da instituição, mas sentimos que era importante que fossem lá para fora, que fizessem parte de experiências que tirassem mais partido das suas potencialidades”, explica a técnica, recordando a emoção que sentiu nos espetáculos que tiveram

lugar em auditórios completamente cheios e nos quais os utentes da NECI partilharam o palco com outros artistas, com ou sem deficiência. “Ficou logo a vontade de participar em mais projetos artísticos desta natureza e assim surgiu esta candidatura em parceria com a Questão Repetida”.

A aptidão para as artes não é uma surpresa para quem trabalha diariamente com pessoas portadoras de deficiência, o que não significa que essa ideia seja partilhada por toda a sociedade, admite Sandra Marreiros. “Ninguém é perfeito, nem eles, nem nós, mas têm grandes capacidades para dar a volta às situações. Não conseguem decorar um texto, algum não conseguem ler, mas

conseguem interpretar à sua maneira e serem criativos. Nas festas de Natal, eles é que escolhem as músicas que querem dançar, que roupa querem vestir, o que querem fazer em cima do palco. Dão sempre o melhor deles, mas precisávamos de alguém que nos ajudasse a ter mais visibilidade na sociedade e que tornasse isto até mais profissional”, indica, daí que a parceria com a Questão Repetida seja «ouro sobre azul».

Três anos de encontros, residências e performances

Antes da criação artística há, porém, que criar uma rede de parceiros, um dos alicerces do «Gatilho», que inicialmente

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tinha sido concebido mais numa vertente formativa com vista à capacitação. O projeto foi então refeito, “porque não podemos provocar mudanças se depois não houver eco na comunidade”. Parceiros que são, como se adivinha, a Câmara Municipal de Lagos e as Juntas de Freguesia do concelho, mas pretende-se igualmente cativar outras associações culturais, artistas e

estruturas locais. “Queremos pensar e programar em conjunto e a ideia é haver heterogeneidade, porque assim são as sociedades”, justifica Maria Conceição Gonçalves.

Com duração temporal de três anos e um financiamento a rondar os 96 mil euros, dos quais 58 mil euros assegurados pela Fundação «la Caixa» e o restante

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montante pelo Município de Lagos, estão já no terreno os encontros comunitários para se aprofundar e cimentar a rede de parcerias, e o projeto inclui depois várias residências artísticas e espetáculos. “A fase inicial é de construção identitária, de ligação com o território, e o material recolhido vai ser depois trabalhado de forma crítica e artística em diferentes suportes, sendo depois devolvido à comunidade como objetos performativos com diversas geometrias”, adianta Maria Conceição Gonçalves. “Não iremos atuar apenas nos locais clássicos e até burgueses que são as salas de espetáculos, porque a arte está na rua. E vão estar sempre coisas a acontecer”, aponta, com um sorriso. E o primeiro momento performativo deve ter lugar já em abril, inserido nas comemorações da Revolução dos Cravos programadas pelo Município de Lagos. “Temos um poema da Sophia de Mello Breyner Andresen, músicos, um compositor, vamos ver o que vai sair daqui”

Estar envolvida num projeto desta dimensão é também um grande desafio para a estrutura da NECI, “todos os dias estamos a trabalhar para que se faça arte, e não apenas entre setembro e dezembro a pensar nas festas de Natal”, assume Sandra Marreiros, frisando, porém, que este ritmo até é atrativo para os «artistas». “Fazerem sempre o mesmo ao

longo do tempo acaba por ser monótono. Eles precisam de novos desafios, por isso, acredito que vá correr tudo bem. Eles têm uma grande capacidade de adaptação, mais do que a sociedade, que não é tão elástica nesse aspeto”.

A base do «Gatilho» vai ser, conforme referido, um grupo de 10 utentes da NECI, que poderá não ser o mesmo ao longo dos três anos – porque entradas e saídas são naturais em qualquer projeto –aos quais se vão juntar depois outros artistas, o que vai exigir um tremendo trabalho de articulação, reconhece Maria Conceição Gonçalves. “Não é fácil sair da «zona de conforto» e criar com pessoas que têm outro tipo de limitações, mas também não é fácil trabalhar com artistas. São sempre trabalhos sensíveis, finos, delicados. Neste caso, eu e a Albina Petrolati – que também faz parte da equipa artística – temos um trabalho de enorme articulação com o psicólogo, as animadoras e as terapeutas da NECI que lidam diariamente com estes utentes, para encontrarmos pontes que nos permitam criar”, revela a entrevistada.

No terreno, o «Gatilho» vai ser acompanhado por uma equipa de avaliadores da Fundação Calouste Gulbenkian que demonstra um forte interesse em que o projeto seja bemsucedido e que sabe perfeitamente que o diálogo entre os artistas e as equipas

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técnicas das instituições nem sempre é fácil. E o desejo é que fique no território algo para lá dos três anos de execução do projeto. “Se depois tivermos alguma coisa construída no que toca à rede de parceiros, se a inclusão e a acessibilidade começarem a ser discutidas a todos os níveis, se deixarmos rotinas dentro da instituição, isso seria excelente”, confessa Maria Conceição Gonçalves, com Sandra

Marreiros a falar mesmo da possibilidade de se criar uma companhia de teatro inclusiva no concelho na qual participassem alguns utentes da NECI.

Para já, vai-se trabalhar todas as semanas com o grupo, em diferentes locais do concelho, para recolher material, cria-se o objeto artístico e uma performance, que depois poderá repetirse, em formatos distintos e com maior ou menor visibilidade, com mais ou menos parceiros envolvidos, e a convicção das

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duas entrevistadas é que ninguém ficará indiferente ao «Gatilho». “Há quase 20 anos que estou nesta instituição e continuo a chorar de cada vez que os vejo em palco, porque constato como eles são grandes. Eles são tão felizes a dar o melhor de si”, declara Sandra Marreiros, um sentimento partilhado por Maria Conceição Gonçalves, que colaborou durante vários anos com as Oficias de Teatro da Câmara Municipal de Lisboa e com a Escola do

Alto de Santo Amaro. “A minha primeira dificuldade foi perceber como é que ia programar uma aula de expressão dramática para pessoas com paralisia cerebral e praticamente todas em cadeirasde-rodas. Decidi que ia preparar uma aula exatamente igual às outras e foi uma experiência incrível”, recorda.

Mais recentemente, Maria Conceição Gonçalves e Albina Petrolati trabalharam como artistas residentes, no âmbito do Plano Nacional das Artes, no Agrupamento Júlio Dantas, em Lagos, com o Centro de Apoio à Aprendizagem, mas foi o «Viram a Ana», do «DiferenteMente» que a levou a avançar para uma candidatura ao PARTIS. “Trabalhar com este grupo da NECI e com o Paulo Azevedo foi transformador. Olhar para ele, sem braços nem pernas, construiu uma vida, tem filhos, é licenciado em comunicação social, faz teatro e cinema, aquilo foi um bofetadão para mim. Vivemos umas vidazinhas todas certinhas e não compreendemos as incapacidades e deficiências que todos nós temos. É altura de construir qualquer coisa melhor para todos nós, e o melhor é diferente, é variedade. Não podemos destruir o planeta com coisas massivas, temos que nos implicar na mudança”, concluiu Maria Conceição Gonçalves .

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QUARTEIRA CELEBROU TRADIÇÃO DE JANEIRAS E CHAROLAS

Freguesia de Quarteira voltou a celebrar a tradição das janeiras e charolas, associada às comemorações do Dia de Reis, com o Auditório do Centro Autárquico de Quarteira a receber, no dia 6 de janeiro, mais um evento de «Cantares de Janeiras e Charolas» perante uma lotação mais do que esgotada.

No encontro participaram a Tuna da Academia do Saber, o Grupo de Cantares de Janeiras A Força da Tradição de Paderne, a Charola da Amizade da Casa do Povo de Santa Catarina da Fonte do Bispo, o Grupo Coral de Quarteira, o Grupo da Amizade, a Perijovens, o Cancioneiro do Grupo Folclórico de Faro, os Escuteiros de Quarteira, a Charola da Casa do Povo da Conceição de Faro e a Charolas das Barreiras Brancas. O evento foi uma organização da Junta de Freguesia de Quarteira .

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MARIA RENÉE MORALES LAM LEVA ARTE AO CONVENTO DO ESPÍRITO SANTO

Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo, em Loulé, acolhe, até 28 de janeiro, a exposição «Future Past», de Maria Renée Morales Lam, com curadoria de João Moniz.

O trabalho de Maria Renée Morales Lam apresenta um percurso físicomaterial e imaginário pela cidade, mostrando evidência de uma relação íntima entre o passado e a matéria, onde a função do artefacto se dilui no ato da contemplação. Componentes arquitetónicos são compilados como

amostras de uma memória pública subjacente a um imaginário coletivo que, sem nos apercebermos, distorcemos à força. O trabalho mais antigo convida a refletir na maneira com que a história está a ser preservada – aquilo que escolhemos proteger ou esquecer, e como isto influencia na construção e na transformação acelerada da cidade contemporânea. No trabalho mais recente, tenta exaltar a presença e a corporalidade de ornamentos citadinos esquecidos no quotidiano.

A exposição pode ser visitada de terçafeira a sábado, das 10h às 13h30 e das 14h30 às 18h .

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Das pessoas que partem Mirian Tavares

(Professora)

Morrer — isso não se faz a um gato. Pois o que há de fazer um gato num apartamento vazio. Trepar pelas paredes. Esfregar-se nos móveis. Nada aqui parece mudado e no entanto algo mudou. Nada parece mexido e no entanto está diferente. E à noite a lâmpada já não se acende.

Amorte é nossa única certeza e também o nosso terror atávico. Assusta-nos a ideia de morte como o fim, como o retirar do ciclo da vida a alguém que estava ali, que vimos no outro dia, que nos acenou à distância. O medo do vazio, ou do desconhecido, quando pensamos na nossa própria morte e a certeza do vazio, quando pensamos na morte dos nossos amigos, amantes, familiares, conhecidos. Há um filme do realizador estadunidense Standish Lawder, de 1971, que se chama Necrology e tem como subtítulo People ascending into darkness. É uma obra experimental, e pouco conhecida, marcada pelo humor negro, mas, ao mesmo tempo, extremamente perturbadora. Assistimos a imagens que se desenrolam verticalmente, negando a horizontalidade do ecrã, em que um

grupo de pessoas ascendem (aos céus, talvez) e desaparecem da nossa vista. Pessoas que nos olham, que leem jornais, que fumam. Pessoas desconhecidas, anónimas, em grupos ou isoladas. Pessoas que habitam, provavelmente, o necrológio dos jornais das grandes cidades, como NY, cujas histórias, ou cujo desaparecimento, são imperceptíveis a maior parte de nós. Mas o ecrã fica menos denso e a escuridão aumenta. É uma ideia interessante da morte – pois nos faz pensar na morte da imagem, e na sua efemeridade, e na morte, ela mesma, este assombro que nos rouba o sono algumas vezes. Já não me assusta pensar na morte como ideia, mas continua a aterrorizar-me vivenciar a morte como um facto que acomete aqueles a quem amamos. Como superar, conviver, resistir à ausência? O ano findou-se e com ele levou, como sempre, muitas pessoas. Levou-nos uma mulher fabulosa, elegante, inteligente – uma força da

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natureza. Levou-nos Graça Lobo – que muito nos fará falta e que ainda ontem acenava para mim e sorria. E deixou-nos o vazio em lugar da sua esfuziante presença. Mas como mulher do cinema, ela era também imagem. E esta perdurará em nós. Porque viver, e viver bem, é o que nós temos. E é certamente aquilo que ela esperaria de nós .

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Foto: Vasco Célio

Arvo Pärt: Tintinnabuli, o murmúrio infinito do mundo

Adília César (Escritora)

“Tocas uma harpa de ideias que emite a autêntica filosofia”.

Fernando Esteves Pinto, Um estudo do humano, Edições Húmus, 2021

á palavras que perderam o significado. Ou simplesmente se desgastaram na poeira dos dias, por força de repetições inábeis e exaustivas. Por exemplo, é comum aceitar que a palavra «silêncio» significa «cessação de som». Contudo, já toda a gente experimentou a sensação de uma espécie de barulho dentro da cabeça, ao tentar atingir a perspectiva utópica de completa ausência de ruído. Assim, nunca há silêncio absoluto. Pelo contrário, é audível um murmúrio infinito – a voz do mundo, um caos melódico de sons humanos, da natureza e dos objectos: máquinas de fazer ruído. Por vezes, percebe-se a fala de um anjo, como um instrumento musical que dita as regras do dia que há-de vir. E, muito raramente, uma voz pode assemelhar-se à profundidade espiritual da condição humana.

Desde criança que Arvo Pärt escolhera uma melodia que ninguém ouvira antes. Ouviu-a durante muito tempo na sua cabeça, sem saber o que fazer com aquilo. Primeiro o caos, depois a passada

lenta e meditativa até que a verdade aparecesse em forma de som. Mas não havia nome para nomear essa descoberta intencional e foi necessário recorrer à substância poética para resolver a questão: tintinnabuli, o caminho percorrido onde a procura de respostas faz surgir traços de uma coisa perfeita e tudo o que não é importante desaparece. Nas palavras de Arvo Pärt, a sua música poderia comparar-se à luz branca que compõe todas as cores; somente um prisma pode dividir as cores e fazê-las aparecer; esse prisma pode ser o espírito do ouvinte (do ensaio White Light de Hermann Conen).

Aspirar ao divino não é uma circunstância ocasional de Arvo Pärt: é, pelo contrário, a forma como respira, lenta e meditativa. Sinos intermitentes e resplandecentes, o tilintar da harmonia musical numa composição inspirada no canto gregoriano. Do silêncio ao murmúrio utópico. Do silêncio a algo que eu não imaginava sequer que existisse. O estético divino, portanto.

Arvo Pärt ficará para sempre ligado à música erudita e religiosa, não distanciada, contudo, do povo eslavo,

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que o compreende e admira como nenhum outro. Escutálo é definir a transcendência como uma possibilidade. O divino, o etéreo, a invocação das causas humanas mais actuais e urgentes. Apesar de tão especial e peculiar (a sua música é distinta da obra musical de qualquer outro compositor), remetem-se os sons tintinnabuli para a existência de um sentido universal da humanidade como algo muito amplo e eterno. No entanto, Arvo Pärt é um ser que se metamorfoseou ao longo da vida, sempre de olhos postos em algo mais elevado que a própria condição humana. Ele, a sua própria condição de homem imperfeito e falível, a sua música e o espírito triunfal da arte ao alcance de todos.

Arvo Pärt é o compositor vivo mais tocado do mundo em 2022, de acordo com o banco de dados de eventos de música clássica Bachtrack (Bachtrack calcula uma série de estatísticas relativas a cada ano que mostram o número de vezes que a obra de cada compositor foi executada, juntamente com informações sobre os maestros, orquestras e obras individuais mais executadas). É considerado o mais conceituado compositor contemporâneo da actualidade, tendo obtido numerosos prémios, galardões e homenagens. Nasceu na Estónia em 1935 .

Tintinnabuli (singular. tintinnabulum; do latim tintinnabulum, «um sino») é um estilo de composição criado pelo compositor Arvo Pärt. Ele diz: “Tintinnabuli é a conexão matematicamente exacta de uma linha para a outra… tintinnabuli é a regra onde a melodia e o acompanhamento [a voz que a acompanha]… é um. Um e um, é um – não são dois. Este é o segredo desta técnica” (excerto de uma conversa entre Arvo Pärt e Anthony Pitts gravada para a BBC Radio 3 na Royal Academy of Music, Londres, 29 de março de 2000).

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As tendências de negócios para 2023 Fábio Jesuíno (Empresário)

s negócios estão em constante transformação e saber as suas tendências é algo de grande importância. Na minha opinião, estas serão as principais tendências de negócios para 2023:

Negócios de saúde e bem-estar

A procura por uma melhor qualidade de vida e o aumento da expectativa de vida fazem com que a área da saúde e bemestar seja uma grande tendência de empreendedorismo atualmente. Os negócios que visam a melhoria da saúde e bem-estar das pessoas são impulsionados pelos avanços tecnológicos na medicina e no desenvolvimento de medicamentos inovadores a preços acessíveis.

Os negócios que se destacam são os produtos e serviços relacionados com nutrição, saúde física e mental, beleza, cosméticos, vitaminas, suplementos, ginásios e serviços digitais.

Negócios sustentáveis

Devido à preocupação crescente com o impacto das actividades humanas no ambiente. Este tipo de empreendedorismo está diretamente ligado à criação de negócios que tenham

impacto positivo na sociedade e no meio ambiente economicamente viáveis.

O conceito de empreendedorismo sustentável baseia-se também nos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável serem atingidos até 2030, uma agenda mundial criada pela ONU que inclui, por exemplo, o combate às alterações climáticas, a garantia de saúde, bem-estar, educação, igualdade de género, o consumo e produção responsáveis.

Negócios artesanais

As pessoas gostam cada vez mais de serem diferentes, de ter produtos personalizados, únicos de pequenas produções, os quais são cada vez mais procurados, criando uma grande oportunidade de negócio.

Os produtos artesanais como as cervejas, queijos, sabonetes, perfumes, roupas e jóias são alguns exemplos que se destacam pela qualidade superior.

Estas são as três tendências de negócio que vão fazer a diferença para 2023 e impulsionar o empreendedorismo e a criação de novos empresários .

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16 de Janeiro de 1773 Nuno Campos Inácio (Editor e escritor)

o longo da sua história, a região algarvia regista inúmeras datas memoráveis, por nelas terem ocorrido acontecimentos que, de alguma forma, provocaram mudanças significativas no território ou na vida dos seus habitantes. Poucas, no entanto, serão tão significativas quando o dia 16 de Janeiro de 1773.

Nos próximos dias, são várias as iniciativas e eventos que pretendem registar a passagem de 250 anos sobre esta data histórica para todo o Algarve, mas com especial incidência para os concelhos do Barlavento.

Neste dia, foi emitido um Decreto pelo Marquês de Pombal que determinou uma profunda alteração na organização política e administrativa do Algarve, com reflexos até à actualidade. Num único decreto, foi decidido o desmembramento do concelho de Silves, que permitiu a criação dos novos concelhos de Lagoa e de Monchique, o condado de Alvor foi extinto e o seu território passou a integrar o concelho de Vila Nova de Portimão, iniciando, desse modo, uma reforma administrativa que foi sendo aprofundada nos meses seguintes. A 28 de Fevereiro de 1773 foi elaborado o Decreto que elevava Vila Nova de Portimão a cidade; a 29 de

Março, a Fazenda Real tomou posse de todos os bens da Casa do Infantado em Portimão e, a 28 de Setembro de 1773, foi assinado o Decreto que dividia o Bispado do Algarve em dois, pela Ribeira de Quarteira, sendo nomeados dois novos Bispos, um para a cadeira de Faro e outro para a de Portimão.

Já muito se escreveu sobre a história desta decisão e da sua bondade política e administrativa, mas poucos fazem uma abordagem política das circunstâncias que levaram a uma mudança tão drástica da administração do território algarvio e esses são profundamente sinistros. Afinal, o que levou o Marquês de Pombal a tomar esta decisão e a Rainha D. Maria I a revogá-la parcialmente em 1777?

O Algarve foi apanhado numa contenda política que colocava frente-a-frente o temido Primeiro-Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, e a instável futura Rainha D. Maria I. O Rei D. José estava enlouquecido e assinava qualquer coisa que lhe mandassem, ao ponto, de, no ano seguinte, ter sido declarado inapto para governar. Em 1773, o Marquês de Pombal estava desavindo com o Bispo do Algarve, Frei Lourenço de Santa Maria e Melo, que não se inibia em afrontá-lo, transformando-se num alvo a abater; as cidades de Silves e de Faro pertenciam à Casa das Rainhas, sendo administradas por estas, que daí retiravam os seus rendimentos; Alvor era

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um condado dos Távora, caídos em absoluta desgraça pelas mãos do Marquês de Pombal; Vila Nova de Portimão pertencia à Casa do Infantado, criada para sustentar o segundo filho dos reis, sendo nessa altura administrada pelo tio e marido de D. Maria, o futuro Rei D. Pedro III. Com a emissão deste Decreto, o Marquês de Pombal mostrava, politicamente, todo o esplendor do seu poder e a sensação de absoluta impunidade. Com uma única decisão, que sabia merecer a concordância cega de D. José, Sebastião de Carvalho e Melo afrontou as Rainhas, a mulher de D. José e a futura D. Maria I, privando-as de terras que lhes pertenciam e eram fonte de considerável rendimento; afrontou o Clero, ao destituir tacitamente o Bispo do Algarve, ao dividir o bispado em dois; afrontou a nobreza, ao ridicularizar a família Távora com a redução do condado de Alvor a uma mera aldeia e integrandoa no concelho de Portimão, ainda pertencente à Casa do Infantado, mas logo de seguida integrada na Fazenda Régia, num ataque ao irmão de D. José e futuro Rei D. Pedro III.

Nem tudo correu como o poderoso Marquês de Pombal previra. Com a declaração de inaptidão para o governo de D. José I, o Primeiro-Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo passou a estar

dependente da Rainha-regente. Os conflitos passaram a ser constantes, mas as regentes não tinham poder para destituir o Marquês, nem para revogar as decisões promulgadas por D. José. No entanto, conseguiram evitar que Roma legitimasse D. Manuel Tavares da Silva Coutinho como Bispo de Portimão e, em 1777, com a morte de D. José e a subida ao trono de D. Maria I, muitos dos decretos do Marquês de Pombal foram revogados, entre eles o que elevava Vila Nova de Portimão a cidade e dividia o Bispado do Algarve. No entanto, talvez para evitar o mau estar das populações e situações de conflito, a decisão de criação dos concelhos de Lagoa e de Monchique e a integração de Alvor no concelho de Portimão mantiveram-se inalteradas, festejando-se agora 250 anos sobre essa emancipação .

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2023, o ano da Fé!

Lina Messias (Especialista em Feng Shui)

ei que é previsível, mas este mês vou escrever sobre este novo ano, que afinal é somente uma das muitas versões e perspectivas de finais e princípios de ciclo da humanidade.

O calendário gregoriano que a grande maioria do Mundo Ocidental conhece e que assume 31 de dezembro como o último dia de cada ano civil, foi decretado pelo Papa Gregório XIII em 1582. Como a Europa exportou historicamente os seus padrões para grande parte do mundo, este calendário foi também adoptado por muitos outros países, facilitando o relacionamento entre as nações. Este dia é também conhecido por «Revéillon», palavra de origem francesa e que se refere a termos como «despertar» ou «acordar», sendo o dia 1 de janeiro o despertar de um novo ano.

A 31 de dezembro, milhões de pessoas comemoram as últimas horas do ano com rituais, tradições ou superstições, alguns deles no mínimo estranhos. Para muitos é importante escolher a cueca com a cor apropriada, para outros é fundamental engolir 12 passas a cada uma das últimas doze badaladas, pedindo um desejo por cada uma (triste ideia esta dos nossos vizinhos espanhóis, porque odeio passas) enquanto se sobe para cima de uma cadeira, mas tem que ser

com o pé direito e levar uma nota numa das mãos e na outra brindar com champanhe! Ufa, não sei quanto a vocês, mas fazer tudo isto ao mesmo tempo teria grande potencial para me estatelar no chão! Muitos também não passam a virada anual sem vestir uma peça de roupa nova, e para os que ficam em casa, fazer barulho com tachos e panelas para afugentar toda a má energia do ano anterior é também tradição. Podem ter a certeza que este ano vou usar o trem de cozinha todo!

Todos estes rituais, por mais caricatos e mecanizados que sejam, têm em comum o acto de FÉ que neles colocamos. Fé que o novo ano seja melhorzinho que o anterior, com muita saúde, amor e dinheiro no bolso.

E o que é isso da Fé? Para muitos a Fé está associada à religião, para mim, ter Fé é ter forte crença em algo ou alguém, é acreditar sem qualquer tipo de dúvidas numa hipótese sem base no pensamento lógico e, por isso, tão difícil de integrar.

O Mundo está em plena crise de Fé, seja pela sua ausência ou pelos extremismos que ela evoca. A ausência de Fé torna-nos ansiosos, impacientes e constantemente revoltados pelas circunstâncias da Vida, por outro lado, os extremismos não aceitam que a Fé é algo individual e que existem outras verdades para além da que pregam.

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Previsões para o novo ano há para todos os «gostos», se procurarem no google, só em Português, encontram mais de 15 milhões de resultados.

Este é mais um sintoma da falta de Fé, no entanto, quero destacar algumas tendências energéticas que considero importantes para este artigo:

Na China, o ano novo inicia a 22 de janeiro de 2023 e vai até 9 de fevereiro de 2024, sendo que cada ano chinês é regido por um animal e um elemento da natureza, neste caso será regido pelo Coelho de Água.

Na Cultura Chinesa, o signo de Coelho está associado à longevidade, paz e prosperidade, por isso, 2023 tenderá a ser um ano de mais esperança, com uma energia mais Yin que o anterior ano de 2022 regido pelo Tigre, uma energia Yang de lutas, revoltas e guerra, totalmente oposta à do Coelho. A energia do elemento Água potencia mais contato com os aspectos espirituais, com as emoções, a criatividade e a intuição. Poderá também reforçar a sensibilidade e a impulsividade emocional.

Em Astrologia, o novo ano astrológico que se inicia no dia 20 de março, primeiro dia da Primavera em Portugal, será regido pela Lua. Cada ano astrológico tem a energia predominante de um dos planetas, sendo que desta vez será regido por um luminar.

A Lua está associada às nossas emoções, à energia yin e feminina, prevêse um ano para dar voz e mais poder ao

universo feminino. Tal como a Lua tem as suas fases e energia constante de mudança, é natural que sintamos essa instabilidade emocional, será um ano perfeito para aprendermos a lidar com as nossas emoções.

Em Numerologia, o novo ano de 2023 terá a energia do número 7, energia da perfeição divina e dos mistérios, associada ao crescimento e sabedoria interior, à espiritualidade e à Fé. Será um ano, em que, colectivamente, seremos impulsionados a valorizar o SER em vez do TER, seremos levados a acreditar mais em nós e a melhorar-nos como seres humanos porque percebemos que será sempre essa a primeira condição para mudar o Mundo.

Todas estas previsões ou tendências têm em comum o foco no invisível, no potencial para melhorarmos o nosso SER e acredito que neste novo ciclo a Humanidade renove a FÉ na Vida, num futuro mais bonito, a Fé nos outros e principalmente FÉ em nós próprios.

Acredito porque sou uma Mulher de Fé!.

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O salvador de sapos Dora

Nunes Gago (Professora)

discurso é fluente, embora por vezes hesitante, a espelhar o nervosismo, o entusiasmo típico dos jovens que ainda creem no meio académico como antes, numa fase anterior das vidas, acreditavam no Pai Natal. Está longe ainda a fase da descrença, do “tanto faz”, do “que faço eu aqui?” A trabalhar com etimologia, aborda as tradições, as crenças centradas no Papa-figos – pássaro que habitou o meu imaginário de infância, em terras de figueiras. Recordo que de Maio a Agosto, quando os dias escorriam luminosos, lentos, pelas páginas do calendário preso na porta do frigorífico, era sobretudo uma voz, um canto persistente, aflautado, a vangloriar-se “figoscomi, figoscomi”. Ao ouvi-lo, a minha curiosidade aumentava, queria saber onde estava, vê-lo, tocar-lhe. E acredito tê-lo visto uma vez, num relampejar de asas de ouro, marchetadas de negro – a habilidade para se esconder nas ramagens confere-lhe uma espécie de manto de invisibilidade.

Mais tarde, em descontraída conversa no jantar do Congresso, refiro-lhe o vínculo do papa-figos ao meu imaginário de infância. Conta-me como tem percorrido a Europa acompanhado por uma gaiola com dois canários, as aventuras e desventuras para eles serem aceites nas residências universitárias onde

tem vivido, em diversos países. Dos canários e papa-figos passamos para outros animais em geral. Sobre as crenças que envolvem cobras e osgas, injustamente acusadas de roubarem leite aos recém-nascidos, refere que é algo que se prolonga por toda a Península Ibérica, estendendo-se até à Roménia. Dessas crenças passa às breves crueldades de infância, ao tempo em que incendiava formigueiros com um vidro. Esse vidro bastava para converter as formigas em Ícaros terrestres adiados, sem asas, a sofrerem o paradoxo de serem tocadas pelos dedos fulminadores do sol. Fala do remorso, de como queria voltar atrás e salvar cada uma dessas pobres formigas. Ao ouvi-lo, evoco também o meu remorso que não ouso partilhar: o pequeno morcego que tentei salvar, que encontrei caído em cima do poial da casa da minha avó, mas que não sabia como alimentar. Tinha cinco anos e não imaginava como sustentar o bicho. Perguntei a várias pessoas o que comeria ele. Falaram-me de insectos, moscas, por exemplo. Mas como conseguir apanhá-las e dar ao meu morceguito de estimação? Pensei seriamente nisso. Apanhar insectos era muito difícil mesmo… De repente, descobri que na arrecadação havia moscas caídas, vítimas de insecticida, mais especificamente Bomba H, era assim que se chamava. Com a minha vassoura de brincar e uma pá, recolhi cada um daqueles cadáveres que pressenti serem alimento deliciosamente nutritivo para o meu morcego. Ele comeu, satisfeito.

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Depois, na manhã seguinte, o horror! Estava morto, hirto, gelado… Como era possível, depois de ter comido tão bem? De o ter sustentado com tanto empenho? Só muito depois descobri a terrível verdade e veio a sensação de culpa pelo meu crime acidental… Mas nada disto partilhei com ele, receosa de ser rotulada como assassina de morcegos, por alguém que sofria ainda pelas formigas mortas.

Na verdade, ele confessa ser incapaz de matar uma mosca ou uma formiga, procurando ainda formas de expiar a culpa do passado. Um desses modos de expiação é regressar à Roménia onde viveu e onde vive a namorada, antes do início do Inverno, para... salvar sapos! Apercebeu-se de que inúmeros sapos eram atropelados pelos carros. Por isso, leva sacos onde os coloca, para depositar depois num lago. Imagino-o na azáfama de recolher os bichos na bainha das estradas, a encher sacos atrás de sacos.

Um polícia desconfiado pergunta sobre o conteúdo de tanto recipiente. Incrédulo, verifica aquele vibrante coaxar de criaturas ignorantes da bênção salvadora. Já noite escura, em terra fria e enlameada, depara-se no lago com outros também a buscarem distinta salvação: um grupo de adolescentes, entoando uma espécie de mantra, rezam tal como exigido na religião professada. O lago é convertido em oásis salvífico não apenas para os sapos, mas também para aqueles jovens a buscarem talvez uma vida além da eternidade. O lago, espaço de salvação igualmente para o salvador de sapos, a enterrar nas suas profundezas, nos corpos húmidos, vibrantes, o remorso escondido no alçapão da infância. “Sabes, quando era muito pequeno chacinava formigas. Usava um vidro, ou uma lupa que virava para o sol, incendiava-lhes os carris”, repete.

Afinal, até um doce e promissor académico, salvador de sapos a estudar os mistérios do papa-figos, já foi um dia um incendiário. E assim giramos no carrossel da vida, nos caminhos que escolhemos ou para os quais somos empurrados, a flutuar nas marés do destino (ou a rebelarmo-nos contra ele), nadando em direcção oposta à correnteza – como é típico dos Don Quixotes, dos outsiders, dos que permanecem à margem, olhados de soslaio, contemplados com um erguer de sobrolho desconfiado, surpreendido da vida, ou simplesmente camuflados entre a folhagem de uma figueira. Entre os incêndios da infância, os envenenamentos acidentais, pisam-se as areias movediças do remorso, tentando resgatar o tempo perdido dentro de um saco de sapos .

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