REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #372

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28 de janeiro, 2023
«RELOAD, NENHUM LUGAR É, SEM UM GÉNIO…» | DIA DO MUNICÍPIO DE VILA DO BISPO JÁ ABRIU A NOVA ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DE PORTIMÃO | TRÊS TRISTES TIGRES
ALGARVE INFORMATIVO
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ÍNDICE

Primeira Plataforma Regional para a Redução do Risco de Catástrofes nasce no Algarve (pág. 20)

Água da rede pública vai chegar finalmente ao Monte Ruivo e Azinhal (pág. 28)

Vila do Bispo comemorou Dia do Município e do seu padroeiro (pág. 34)

De uma antiga prisão nasceu a nova Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão (pág. 42)

«RELOAD, nenhum lugar é, sem um génio…» de Yola Pinto no Cineteatro Louletano (pág. 62)

«As Cartas Ridículas do senhor Fernando e os suspiros líricos da menina Ofélia» no Teatro Lethes (pág. 76)

Três Tristes Tigres trouxeram «Mínima Luz» ao Cineteatro Louletano (pág. 94)

OPINIÃO

Ana Isabel Soares (pág. 106)

Fábio Jesuíno (pág. 108)

Nuno Campos Inácio (pág. 110)

Júlio Ferreira (pág. 112)

Alexandra Rodrigues Gonçalves (pág. 116)

Dora Nunes Gago (pág. 118)

Primeira Plataforma Regional para a Redução do Risco de Catástrofes nasce no Algarve

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

oi assinado, no dia 19 de janeiro, por 26 entidades, nacionais e regionais, o Memorando para a Constituição da Plataforma Regional para a Redução do Risco de Catástrofes do Algarve (PRRRC do Algarve), a primeira a nível nacional. A

Plataforma vai promover a articulação de entidades locais e associações de cidadãos para uma atuação conjunta a nível regional face a um potencial risco, e estará assente numa estratégia de prevenção e segurança, através de conhecimento, inovação, sensibilização, educação, comunicação e participação da sociedade civil. Está igualmente previsto

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o desenvolvimento de atividades para a redução do risco de catástrofes, aumentando a resiliência na comunidade e nas diferentes estruturas dos diversos setores de atividade.

Tendo em conta os seus objetivos e dimensão, o projeto envolve a AMAL –Comunidade Intermunicipal do Algarve, a ANEPC – Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, representantes dos 16 municípios do Algarve, a AGIF – Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, a Águas do Algarve, a ATA – Associação Turismo do Algarve, a AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, o CHUA – Centro Hospitalar Universitário do Algarve, a Guarda Nacional Republicana, a Safe Communities Portugal e a Universidade do Algarve. E, na cerimónia de assinatura

do memorando, que decorreu na sede da AMAL, em Faro, o Presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o Brigadeiro General Duarte da Costa, descreveu o Algarve como “um exemplo a nível nacional da vontade coletiva em prol da segurança de todos e para todos”

“Estamos perante um ótimo caso de resiliência regional que consegue congregar, não só os 16 municípios que constituem a região, como também importantes entidades de diversos sectores, transformando o espaço de cada um num espaço coletivo para a segurança de todos”, justificou.

Presente na cerimónia esteve também Elsa Castro, Vogal do Conselho Diretivo

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da AMA – Agência para a Modernização Administrativa, entidade que não integra a Plataforma, mas que foi parte ativa numa fase inicial da preparação do projeto. “Este é um dia simbólico para a região do Algarve, pois esta Plataforma e este modelo inovador de trabalho serão um espaço privilegiado de articulação

entre vários atores, que permitirá potenciar as capacidades de cada estrutura participante para um fim comum. O trabalho da AMA, que se iniciou em 2021, termina aqui, mas estaremos sempre disponíveis para colaborar no que for necessário”, garantiu Elsa Castro,

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fazendo votos para que “esta solução regional possa ser replicada a nível nacional”

Algarve sai, uma vez mais, reforçada porque continuamos a trabalhar para torná-la cada vez mais segura para os nossos residentes e visitantes. É indiscutível a importância do trabalho a desenvolver na redução do risco de catástrofes do Algarve (neste caso concreto incêndios, sismos e tsunamis) e nós, os 16 autarcas e todas estas entidades, estamos a trabalhar nesse objetivo”, sublinhou o também presidente da Câmara Municipal de Olhão, que adiantou já dois desafios que a AMAL deseja ver tornados realidade, “assim existam verbas para nos ajudar a concretizá-los”. “O primeiro é a implementação de torres com videovigilância que nos ajudem a detetar, logo numa fase inicial, incêndios florestais, e a colocação de um sistema de avisos de tsunamis no litoral. O segundo é ter no Algarve uma unidade regional de corpo de bombeiros, a juntar às corporações que já existem, para que possamos dar uma resposta mais eficaz às catástrofes que possam surgir”, declarou, frisando ainda que “estamos todos a trabalhar no mesmo sentido, tornar o Algarve numa Região Resiliente”.

António Miguel Pina, Presidente da AMAL, partilhou da ideia de que “este é realmente um marco importante para a região”. “A imagem do

A Plataforma Regional para a Redução do Risco de Catástrofes do Algarve (PRRRC do Algarve) surge no âmbito do

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projeto Região Resiliente 2.0 (RR2.0), que por sua vez resulta de uma parceria entre a AMAL, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e o LabX –Centro para a Inovação no Setor Público da Agência para a Modernização Administrativa, cujo protocolo foi assinado em 2021. Esta solução de governança está enquadrada nas normativas internacionais, nomeadamente o Quadro de Sendai e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, pretendendo dar resposta a normativos nacionais, como a Estratégia Nacional para uma Proteção Civil Preventiva 2030, e apoiar instrumentos regionais, como o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas do Algarve (PIAAC Algarve).

Recorde-se que o projeto Região Resiliente 2.0 foi desenvolvido em três fases, começando pela capacitação pelo parceiro metodológico LabX aos

elementos da equipa nuclear e coordenadores municipais de proteção civil. Seguiu-se uma fase de investigação que envolveu entidades como o Município de Setúbal (responsável pela primeira e única Plataforma Local), a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, a Universidade do Algarve, a Associação Turismo do Algarve e os 16 municípios do Algarve. Finalmente, a fase de cocriação permitiu de forma colaborativa a definição das bases e dos conceitos gerais da Plataforma, aqui entrando em cena entidades como a Águas do Algarve, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, a Região de Turismo do Algarve, a Guarda Nacional Republicana, a Safe Communities Portugal e a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve. Entretanto, a primeira reunião da Plataforma aconteceu já no dia 26 de janeiro, na sede da AMAL .

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Água da rede pública vai chegar

finalmente ao Monte Ruivo e Azinhal

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina rede pública de abastecimento de água vai chegar, daqui a sensivelmente um ano, ao Monte Ruivo e o Azinhal, duas localidades da freguesia de Alte, numa empreitada que vai beneficiar mais de 300 moradores. “Esta é certamente uma das obras, senão a mais importante em Alte na última década”, afirmou, emocionado,

António Martins, presidente da Junta de Freguesia de Alte, realçando o valor desta infraestrutura para aqueles que, no diadia, enfrentam os constrangimentos inerentes ao acesso à água ser realizado através de fontanários públicos, furos ou poços. Mas são também os elevados valores pagos por quem encomenda um depósito de água aos bombeiros ou empresas, “na ordem dos 200 euros por mês” que deixarão de ser um problema para quem aqui vive. “A água é fundamental para o povoamento

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do interior, para a sua economia, e é fundamental para que as pessoas queiram vir para cá. É um dos fatores de desequilíbrio entre o interior e o litoral”, considerou António Martins.

Do lado do Município de Loulé, o autarca Vítor Aleixo enfatizou o trabalho realizado ao longo dos anos no que diz respeito a este género de infraestruturas. “Já não temos muitos lugares no concelho, com tantos habitantes, que precisem ainda de uma rede de distribuição de águas, porque a autarquia de Loulé tem-se esforçado no passado recente para

dar resposta a esta necessidade básica e natural que se verifica no interior do território”, indicou o edil.

O investimento da Câmara Municipal de Loulé superior a 933 mil euros nesta empreitada, consignada à empresa «Leonel Guerreiro Martins – Obras Públicas, Lda.», pretende garantir o fornecimento de água potável em quantidade e com qualidade aos habitantes destas localidades, sendo que o abastecimento de água será assegurado pelo prolongamento das condutas existentes a nascente da área a intervir e a água chegando do reservatório de Benafim. A empreitada, com uma extensão superior a 16

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quilómetros de condutas, decorrerá desde o ponto de ligação, a poente da localidade de Sobradinho, e incluirá as localidades de Cascabulho, Soalheira, Monte Ruivo, Azinhal, Sítio das Casas, Assumadas e Monte Curral. O prazo de execução estimado é de cerca de um ano

e assim fica mais uma vez demonstrado o empenho da Câmara Municipal de Loulé em aumentar a rede pública de abastecimento de água em diversas zonas do maior e mais populoso concelho da região algarvia.

O ambiente era de festa, mas Vítor Aleixo não deixou de manifestar a sua preocupação com mais uma alteração da paisagem com que se deparou nesta freguesia, aproveitando, por isso, para alertar para os problemas inerentes ao

proliferar da agricultura intensiva, com altos consumos hídricos, em particular num contexto de escassez de água. “A população tem que tomar consciência destes problemas e ajudar as autoridades públicas a regrar aquele tipo de atividade económica, de agricultura altamente consumidora de água. É que já não temos água para alimentar a agricultura que hoje existe”, avisou o edil, considerando que, para além de alterações ao nível do PDM, “a pressão pública e pressão política” também poderão ser decisivas nesta matéria .

Vila do Bispo comemorou Dia do Município e do seu padroeiro S. Vicente

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Câmara Municipal de Vila do Bispo comemorou, a 22 de janeiro, o Dia do Município e do seu Padroeiro, São Vicente, mas as festividades começaram logo no dia 14, destacando-se do programa a inauguração da Mostra de Artistas do Concelho, no dia 15; o concerto com António Zambujo, no dia 21; e a sessão solene da Assembleia Municipal, a

celebração da eucaristia e a procissão em honra de São Vicente, com a presença do Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, no dia 22 de janeiro.

Vila do Bispo cuja municipalidade foi adquirida, a 26 de agosto de 1662, por disposição régia do Rei D. Afonso VI, assim se confirmando a identidade do território, a personalidade da comunidade e a autodeterminação das instituições que representam a sociedade civil, ou seja, as autarquias. “Devemos

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também entender municipalismo como expressão máxima da Independência, da Cidadania e da Democracia locais”, referiu Rute Silva, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, durante a sessão solene da Assembleia Municipal. “Enquanto representantes democraticamente eleitos pela comunidade recenseada, cumpre-nos pugnar por um municipalismo responsável, garantindo a sua legítima continuidade, promovendo políticas eficazes de proximidade e afirmando o localismo como sustentável vanguarda da descentralização e de uma futura regionalização”, acrescentou.

Rute Silva lembrou que nesta data se evoca igualmente São Vicente, santo patrono do concelho de Vila do Bispo, da Diocese do Algarve e do Patriarcado de Lisboa, sendo que este dia se reveste de um especial significado para a comunidade vila-bispense, uma efeméride resgatada na longínqua tradição religiosa e na biografia hagiográfica da vida, da morte e da exaltação de Vicente de Saragoça, perseguido e cruelmente martirizado, em Valência, no dia 22 de janeiro do ano 304, simplesmente por adorar um Deus proscrito. “Passados 1719 anos, em pleno século XXI, será no mínimo desconcertante constatar que estes relatos de barbárie ainda reproduzem ecos na

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contemporaneidade, em acontecimentos que assombram a civilização moderna a uma escala global. Vivemos tempos conturbados e perturbados por inéditas realidades ao tempo das nossas vidas. Tempos difíceis que impõem novos desafios e, por conseguinte, resolutas soluções. A pandemia covid-19 veio abalar a aparente solidez das sociedades, dos Estados, das instituições internacionais e dos mecanismos macroeconómicos a uma escala global e sem precedentes”, declarou a edil.

Numa época em que temos um pé na Lua e outra a caminha de Marte, a ciência foi posta à prova pela espontaneidade de

um singelo vírus microscópico, numa clara mensagem, na opinião de Rute Silva, da Natureza “que pôs em causa a racional superioridade e a autista arrogância da Humanidade”

“Depois veio a guerra, que, apesar de se encontrar relativamente circunscrita às fronteiras físicas de um país europeu, ganhou proporções realmente mundiais. Atravessamos, pois, uma tempestade perfeita que lançou o mundo num clima de instabilidade, inflação e depressão, um nefasto cenário ciclicamente repetido nos ensinamentos da História”, analisa Rute Silva, adiantando que esta conjuntura adversa acabou por desviar a atenção da crise ambiental que se vive “e

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do facto de a Humanidade já ter ultrapassado largamente o ponto de não retorno da sustentabilidade planetária”.

Sobre São Vicente, Rute Silva destacou a sua presente importância para este território e as suas gentes, apontando que o Cabo de São Vicente e a Costa Vicentina são topónimos que eternizam o facto de as suas Santas Relíquias terem permanecido em Sagres durante 400 anos, entre a segunda metade do século VIII e o ano de 1173, quando foram transladadas para Lisboa por vontade de D. Afonso Henriques. “Há precisamente 450 anos, este dia trouxe à nossa terra o então chefede-estado D. Sebastião, Rei de Portugal. De 21 a 23 de janeiro de 1573, o jovem Rei permaneceu no convento do Cabo de São Vicente,

em razão da sua profunda devoção ao santo mártire. A estadia no Cabo e em Sagres, na Vila do Infante, seu tio, terá impressionado D. Sebastião com sentimentos que explicam o seu regresso, em setembro desse mesmo ano, para ser armado Cavaleiro da Ordem de Cristo no altar do convento do Cabo. A veneração de D. Sebastião a São Vicente é reafirmada na sua derradeira visita ao nosso Cabo, em 1578, de onde partiu, para não mais voltar, a caminho do trágico desaire de Alcácer Quibir, ocorrido no dia 4 de agosto desse ano”.

Rute Silva realçou também no seu discurso o riquíssimo Património Cultural Religioso do Concelho de Vila do Bispo,

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“herança coletiva que nos cabe conservar e transmitir às futuras gerações, uma responsabilidade que hoje assumimos formalmente, na presença do Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, por via de dois protocolos de colaboração estabelecidos entre o Município, a Diocese e a Paróquia de Vila do Bispo”. “Não vou usar este ato solene como tempo de antena política, pois sei que a obra não se faz de discursos. Apenas dizer que me encontro cada vez mais segura do meu projeto autárquico e serenamente consciente do caminho a seguir nos próximos anos. Não será de modo algum fácil, mas tenho plena confiança nas minhas capacidades, valores e motivações. A avaliação deste nosso percurso conjunto será feita

em momento oportuno do calendário democrático e o meu sucesso será o sucesso de todos”, afirmou ainda a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, avisando, porém, que “os nossos objetivos programáticos e os compromissos assumidos perante os eleitores apenas poderão ser concretizados com o contributo de todos”.

Terminada a Sessão Solene da Assembleia Municipal de Vila do Bispo, houve lugar à inauguração da escultural «Renascimento da Pedra», do artista Renato Rodyner, em celebração do bicentenário da independência do Brasil, assinalado a 7 de setembro de 2022. Seguiu-se, da parte da tarde, a celebração da eucaristia e a procissão em honra de São Vicente, com a participação do Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.

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De uma antiga prisão nasceu a nova Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e o Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, inauguraram, no dia 23 de janeiro, as novas instalações da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão. Com um investimento de quase 2,2 milhões de euros, o edifício, localizado no antigo

estabelecimento prisional da cidade, combina espaços técnicos inovadores com características sustentáveis e eficientes, que permitirão incrementar a qualidade da formação e reduzir os consumos de energia e de água.

Com esta requalificação, o Turismo de Portugal mantém a sua aposta na formação e capacitação de recursos do sector, através do reforço da sua oferta com novas áreas de formação, de um foco na digitalização dos programas e de

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infraestruturas que permitem o desenvolvimento de produtos e investigação, com a possibilidade de ser usada por empreendedores locais para o desenvolvimento dos seus próprios projetos. A nova escola tem oito salas de aula equipadas com a mais recente tecnologia, que vem facilitar um ensino híbrido que conjugue formação presencial e à distância, duas cozinhas de aplicação com equipamentos topo de gama, um auditório com capacidade para 140 pessoas, laboratório com cozinhas individuais, bar de aplicação e restaurante de aplicação, estes últimos abertos ao público em geral.

As intervenções oficiais começaram com as palavras entusiastas da Presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, que realçou a importância cada vez maior de os

destinos turísticos terem recursos humanos de elevada formação, de modo a manterem-se competitivos. “O que nos pode distinguir dos restantes territórios é a qualidade do serviço prestado e por todos é reconhecida a simpatia com que os algarvios recebem quem nos visita, a par da nossa gastronomia. Por isso, conto com esta nova Escola de Hotelaria e Turismo para fazer com que as pessoas se orgulhem das suas tradições gastronómicas e que não as esqueçam, inclusive que as recriem”, declarou, não escondendo a alegria por ver finalmente concretizado um sonho que começou a ganhar contornos em 2016. “Precisamos ter a capacidade de encontrar, de construir, diversas formas de

turismo, do gastronómico ao de mergulho, porque o «sol e praia» já não representam tudo, as famílias procuram mais. O que é bom para Portimão é bom para todo o Barlavento, para todo o Algarve, e há que garantir saídas profissionais de qualidade para estes jovens e que os empresários subam um pouco os valores que pagam mensalmente aos seus funcionários”, afirmou ainda a edil portimonense.

Isilda Gomes que visitou este antigo estabelecimento prisional, noutros tempos, quando era Governadora Civil do Distrito de Faro, pelo que não escondeu a felicidade por agora entrar “numa casa de portas abertas para a

comunidade, porque os jovens que se formarem aqui vão trabalhar nos nossos hotéis, restaurantes e bares” “E fica também o pedido para que os adultos tenham a possibilidade de aqui virem aprender a fazer coisas novas. Foi um sonho que quase se tornou num pesadelo, mas, felizmente, tudo se iluminou e a obra tornouse uma realidade num curto espaço de tempo”, acrescentou, antes de passar a palavra a Pedro Moreira, Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, que lembrou que, nos seus 54 anos de existência, este é o quarto edifício em que este estabelecimento de ensino está instalado. “As novas condições físicas e materiais de que agora dispomos acrescentam

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dignidade, facilitam a formação técnica e possibilitam-nos explorar novas tipologias de formação, novas abordagens pedagógicas e alcançar públicos e parceiros diferentes”, evidenciou, dizendo ainda que “a formação para o turismo deve ser ancorada numa perspetiva de conhecimento técnico, sempre aliada ao estímulo do desenvolvimento de uma atitude hospitaleira e ainda ao desenvolvimento das competências comportamentais” “Contudo, a evolução das pessoas e do mundo em geral altera as circunstâncias e cria necessidades diferentes. Para dar resposta a essas necessidades, prosseguindo

a estratégia do Turismo de Portugal para a sua rede de escolas, também a Escola de Hotelaria e Turismo Portimão incrementou, desde há alguns anos, a formação para a cidadania, para a sustentabilidade (económica, social e ambiental) e para o empreendedorismo e inovação na sua atividade pedagógica”.

Pedro Moreira acredita que esta escola irá continuar a promover a sustentabilidade junto dos seus alunos, através da promoção, defesa e valorização dos produtos endógenos e do incremento de práticas que lhes permitam aproximar do desígnio «desperdício zero». “Conjugando a

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formação para a sustentabilidade com o empreendedorismo e inovação, promovemos a nossa candidatura a Clube de Ciência

Viva que foi aprovada com o projeto «Sea Lab», e candidatámos o projeto «Cozinhar o Mar» ao Programa Escola Azul, atendendo à vocação atlântica da nossa área geográfica de intervenção. Os nossos alunos são diariamente desafiados a serem empreendedores e, ao estimularmos o seu espírito crítico, a sua criatividade e a sua capacidade de adaptação, recebemos como resposta inovação, capacidade de melhoria e de diferenciação”, apontou, sublinhando ainda que “estas

respostas, suportadas em conhecimentos e desenvolvimento de competências na área da ideação, planificação, desenvolvimento e implementação de negócios que lhes proporcionamos através de conteúdos curriculares e de programas da Start Up Portimão e da Junior Achievement Portugal, resultam em conhecimentos e atitudes empreendedoras que certamente replicarão ao longo da vida”

Considerando que o ativo estratégico transversal para o turismo são as pessoas, a Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão pretende assegurar-se de que os seus alunos têm acesso a um ambiente que lhes permita um desenvolvimento

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saudável também do ponto de vista emocional, motivo pelo qual foi implementado o Programa «Torna-te» do Turismo de Portugal (com as suas declinações «Conhece-te» e «Preparate») enquanto promotor do desenvolvimento de competências socioemocionais. E, em 2022, este estabelecimento prestou formação a mais de 3 mil e 700 trabalhadores do setor turístico, formandos que, na sua quase totalidade ativos empregados no setor turístico, usufruíram destes serviços através dos vários programas de formação contínua e executiva, com Pedro Moreira a destacar o Programa «Formação + Próxima» e as ações de formação nas áreas comportamentais e de gestão, através de cursos da Academia Digital do Turismo de Portugal.

Quanto ao futuro, Pedro Moreira

indicou que a Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão pretende continuar a contribuir para que haja mais e melhor capital humano ao serviço do turismo. “Seja através da formação inicial de dupla certificação e póssecundária, mas também através de programas de formação de curta duração de introdução às profissões do turismo. Queremos diversificar a oferta para responder às necessidades do nosso território de intervenção, e contamos com os contributos da Comissão Regional de Formação para o Turismo para o efeito. Mantemos toda a disponibilidade em aprofundar as parcerias com as instituições de ensino superior para que, juntando as forças de

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cada instituição, possamos servir melhor as pessoas e as empresas através da transferência do conhecimento. Estamos absolutamente empenhados em contribuir para a valorização e reconhecimento das profissões turísticas, neste novo capítulo na vida da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão que hoje se abre”

A este dia feliz não faltou José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, fruto da sua convicção de que “as Escolas de Hotelaria eTurismo do Algarve são uma mais-valia estratégica para a qualificação dos recursos humanos do setor e que foram e são decisivas na consolidação do Algarve como destino turístico de referência

nacional e internacional”. Mas os novos tempos exigem respostas novas, a começar pela “expansão da rede de oferta formativa para a hotelaria e turismo no ensino secundário, que retrai a procura”, mas também dos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP), o que exige um novo posicionamento para a oferta de cursos de especialização tecnológica (CET) das escolas de hotelaria e turismo, “para além da pressão para qualificações de nível superior (licenciaturas), designadamente na inovação e valorização de produtos no quadro da dieta mediterrânica, na manutenção, na eficiência energética”

Para José Apolinário, o Algarve tem a obrigação de conseguir implementar um regime pioneiro entre a Universidade, o Politécnico e as Escolas de Turismo que

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otimize e use bem os recursos financeiros disponíveis, assegure sinergias, melhore a qualidade e qualificações dos nossos recursos humanos. Por outro lado, o país e o Algarve assumiram, no âmbito do Plano de Ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, o compromisso de multiplicar por cinco a formação ao longo da vida. “O Turismo, como muitos outros setores em Portugal, precisa de qualificação contínua dos seus trabalhadores, sobretudo numa década marcada pelo impacto no mercado de trabalho do inverno demográfico. Teremos menos jovens e a escassez de recursos humanos tenderá a agudizar-se. Sobretudo no Algarve, as escolas de hotelaria, a estrutura de formação, precisa

posicionar-se como agentes ativos de qualificação dos fluxos migratórios e de adultos”, defende o presidente da CCDR Algarve, adiantando ainda que, nos próximos 30 anos, “o crescimento na União Europeia será sobretudo impulsionado pela transição climática e digital e pela afirmação de uma muito maior circularidade da economia, também no turismo”.

José Apolinário aproveitou para partilhar alguns dados do Eurobarómetro sobre o Futuro do Turismo, nomeadamente que 44 por cento dos inquiridos colocam no topo das prioridades de escolha do destino turístico a oferta cultural, a vida e eventos locais, a gastronomia; 43 por cento a sustentabilidade e ambiente; 55 por

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cento estão disponíveis para consumir produtos locais; e 48 por cento têm a predisposição de, em férias, produzir menos resíduos e lixo. “Temos de antecipar o futuro, em especial com as empresas. O turismo é uma atividade económica e só se desenvolve e cresce com empresas sólidas, mobilizando a ação e os meios para colocar a economia circular no centro das decisões de gestão das empresas de turismo, em linha com o Compromisso de Glasgow, através de planos de ação concretos nesta década de ação climática em favor do Turismo”, frisou.

No Ano Europeu para as Competências, a Comissão Europeia tem incentivado os Estados e as Regiões à celebração de pactos para a empregabilidade e Portugal

tem respondido a esse desafio em sede de Conselho Económico e Social, designadamente com: o Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade; o Acordo de Concertação Social sobre Formação Profissional e Qualificação; e o Acordo «Combater a precariedade e reduzir a segmentação laboral e promover um maior dinamismo da negociação coletiva». “Mas como é ao nível local que a vida real se concretiza, temos de levar à prática esses compromissos também aqui no Algarve. 2022 foi um bom ano para o turismo. Aumentaram os proveitos, o turismo alavancou o crescimento da nossa economia, criou emprego. Dados do INE dizem-nos que no Algarve estão 6 dos 11 concelhos portugueses que

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acolhem mais turistas. Em conjunto, com as empresas e as suas associações, temos de fazer das verbas do Portugal 2030 uma alavanca de sustentabilidade e resiliência no setor do turismo”, desejou o presidente da CCDR Algarve.

O hardware é de excelência, agora é criar software também de excelência

No uso da palavra, o Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços recordou que o turismo representa 20 por cento das exportações de bens e serviços de Portugal e para esse desempenho muito contribui a região do Algarve. “O crescimento que temos tido nos últimos anos – com exceção dos

anos de pandemia – deve-se em grande medida às empresas do turismo, às instituições que trabalham na área do turismo e a políticas públicas que favorecem o turismo, mas devemos ter mais ambição para fazer mais e melhor, quer no país, quer na própria região do Algarve”, apontou Nuno Fazenda, para o que é necessário valorizar os recursos turísticos e assegurar a preservação e sustentabilidade do território. “Depois, assegurar a competitividade das nossas empresas, porque são elas o motor da economia do turismo, daí termos avançado com várias medidas de apoio. E é por isso mesmo que no Portugal 2030 e no PRR as empresas estão na linha da

frente. Comparando o Portugal 2020 e o Portugal 2030 e o PRR, há um acréscimo de 90 por cento de fundos ao dispor das empresas”.

Ter as melhores praias ou unidades hoteleiras do mundo é importante, mas, no final do dia, o que faz a diferença são as pessoas, reconheceu o governante, daí que a atração e requalificação de recursos humanos seja outra prioridade do poder central. “Este é um dia feliz porque contribui para esse grande desafio e temos, ao dispor do país, uma rede de 12 Escolas de Hotelaria e Turismo no âmbito do Turismo de Portugal que fazem um trabalho excelente que é reconhecido em todo o mundo”, disse Nuno Fazenda, admitindo, contudo, que o setor tem vindo a perder mão-de-obra no passado recente. “As próprias Escolas de Hotelaria e Turismo tiveram um decréscimo de 800 alunos nos

últimos cinco anos, ou seja, 23 por cento, mas crescemos na formação online, na adaptação de alunos estrangeiros e na formação de ativos”.

O Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços destacou ainda que a nova escola nasce da reabilitação de um edifício que já existia com vista a formar mais jovens e adultos, numa estreita parceria entre o poder central e local. “Tratámos do hardware, agora vamos tratar do software, que são os alunos e as ligações. Para termos sucesso nessa caminhada há que assegurar a internacionalização da Escola, captar mais alunos e trabalhar sempre em conjunto com as autarquias e os empresários, com a Região deTurismo do Algarve e a CCDR Algarve, e com instituições

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Papel importante nesta empreitada teve a ESTAMO, uma empresa de capital exclusivamente público que tem por missão a gestão, venda, arrendamento e promoção de ativos imobiliários não estratégicos por ela adquiridos ao Estado e a outras entidades públicas, com o presidente do Conselho de Administração a reforçar a importância dos entes públicos trabalharem em cooperação e estreita articulação para a prossecução do interesse comum. “Este projeto permitiu que um antigo estabelecimento prisional, que estava devoluto, em acelerado estado de degradação, pudesse ser reabilitado e ganhasse uma nova vida, e isto foi possível

do Estado e dos

, elogiou António Furtado, que agradeceu ao Turismo de Portugal pela confiança depositada na ESTAMO para esta obra, e também à Câmara Municipal de Portimão, por ter abraçado, desde a primeira hora, este projeto.

António Furtado indicou igualmente que todos os calendários, programas e orçamentos foram rigorosamente cumpridos, numa obra de 2 milhões e 190 mil euros que foi concluída em 10 meses para ser colocada ao serviço do ensino e do conhecimento. “A mobilização do património do estado português ao serviço das políticas públicas e

de ensino superior como a Universidade do Algarve”.
mobilizando vontades e sinergias de diferentes parceiros, da administração direta e indireta do Estado, do setor empresarial
Municípios”

dos cidadãos permite a sua rentabilização e afetação a usos alternativos, acrescentando valor significativos e ganhos para o interesse público. Queremos, na ESTAMO, fazer mais e melhor, na certeza de que o património do estado português será sempre gerido numa perspetiva estratégica, com uma visão holística e integradora, e que seja indutora de desenvolvimento social, económico, territorial e cultural. Contem connosco como um parceiro ativo, dinâmico, responsável, alinhado no cumprimento das orientações do estado português, que somos todos nós”, assegurou.

Com a sessão a aproximar-se do final, Luís Araújo, Presidente do Turismo de Portugal, reiterou que “hoje é um dia bom”. “O nosso propósito é crescer do ponto de vista económico, mas considerando o bem-estar das populações e a preservação do planeta. Queremos ser um dos destinos mais sustentáveis do mundo, sem esquecer a competitividade e com um foco muito claro nas pessoas.

Queremos que os turistas tenham a melhor experiência, que os residentes encarem o turismo como algo positivo, e que os colaboradores do setor aqui

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Ser um dos destinos mais sustentáveis do mundo

tenham uma carreira atrativa e bem-sucedida”, referiu, considerando ainda que Portugal tem um dos melhores parques públicos do mundo de escolas dedicadas à formação na hotelaria e turismo.

Escolas de Hotelaria e Turismo que têm foco em áreas de formação como «Hotelaria e Alojamento», «Cozinha e Pastelaria», «Cultura e Património», «Natureza e Aventura», «Restauração e Bebidas», sendo que mais de 90 por cento dos seus alunos têm empregabilidade imediata, isto num universo de 3 mil alunos de formação inicial e 5 mil de formação contínua. “E 20 por cento dos alunos que fazem estágio ficam a trabalhar nesse local. Além disso, são escolas certificadas pela Organização

Mundial deTurismo com inúmeros prémios conquistados ao longo dos anos”, reforçou Luís Araújo.

Em 2022, as Escolas de Hotelaria e Turismo trabalharam em projetos de formação profissional (mais de 24 mil pessoas), de capacitação das empresas (mais de 15 mil pessoas) e de integração do turismo para atrair novos recursos humanos para este setor. “A Estratégia 2027 tem o objetivo de inverter, até 2027, a pirâmide da formação no setor. Em 2017, 60 por cento das pessoas que trabalhavam no turismo tinham o ensino básico. A formação superior é importantíssima, é essencial, mas a técnico-profissional e a secundária devem ser ainda mais

apoiadas. Acredito que esta nova escola vai ser um belíssimo exemplo da coordenação com a Universidade do Algarve e com outras instituições de ensino”.

A concluir as intervenções oficiais, o Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, salientou o facto de se ter transformado “uma prisão numa casa do conhecimento e da inovação, para se formar e treinar pessoas” “A educação muda as pessoas e são as pessoas que mudam o mundo. Queremos ser o destino turístico mais sustentável do mundo e isso não se faz sem escolas de qualidade. Tivemos o setor quase paralisado em 2020 e 2021 devido à pandemia e muitas pessoas diziam que, para recuperarmos os números alcançados em 2019, seriam necessários três, quase, cinco anos. Em 2019, recebemos 27 milhões de hóspedes no país e as receitas foram de 18.4 mil milhões de euros. Terminamos 2022 com 22 mil milhões de euros, é absolutamente extraordinário”, afirmou o governante.

Trabalhar em conjunto, desenvolver redes colaborativas, construir plataformas e definir desígnios claros são o caminho para se transformar a vida das comunidades, na opinião de António Costa Silva, criando-se riqueza e alinhando Portugal com o futuro. “O turismo é, sem dúvida, um dos pilares fundamentais do nosso

desenvolvimento económico, do norte ao sul, incluindo as regiões autónomas. Está em todo o espaço nacional, é transversal e mobiliza múltiplos setores da economia”, entende o Ministro da Economia e do Mar. “E, para ser líder no turismo, Portugal precisa ter as melhores escolas de formação e a melhor oferta formativa, que não é estática, é dinâmica, interligada com o que acontece na comunidade onde está inserida e em proximidade com as empresas, porque o próprio perfil do turista está a mudar. Se tivermos uma atitude holística e olharmos para a panóplia de recursos que o Algarve pode oferecer, vamos ter cada vez mais turismo cultural, histórico, da natureza e do mar”, acredita o Ministro. “Nunca podemos ser complacentes com aquilo que temos, pensar que está tudo feito, pois as perspetivas para 2023 são otimistas, mas há uma enorme competição no turismo mundial. O turismo gastronómico e enológico é vital, assim como o turismo cultural e histórico, há que abrir novas vias para o futuro para sermos mais atrativos, pois queremos vencer consecutivamente nos anos que se seguem e Portugal é capaz de crescer, de se mobilizar, de criar riqueza, tudo isto alicerçado na educação” .

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YOLA PINTO APRESENTOU «RELOAD, É, SEM UM GÉNIO...» NO CINETEATRO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

«RELOAD, NENHUM LUGAR CINETEATRO LOULETANO

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ELOAD, nenhum lugar é, sem um Génio... é uma performance participativa de desenvolvimento comunitário que homenageia a hipótese de recomeçar do zero um pensamento sobre a nossa própria existência. “Uma existência de múltiplas vontades, onde um eminente estado de inquietude e manifesto vigora e onde todos somos, sem exceção, refugiados em potência, num planeta que implora pelo nosso sentido de pertença”, explica a coreógrafa Yola Pinto.

O espetáculo subiu ao palco do Cineteatro Louletano no dia 20 de janeiro com o intuito de “provocar uma reflexão aberta, sem expetativa de respostas imediatas, sobre as relações humanas, a relação entre o Homem e a sua noção de ambiente, o progresso contínuo e os limites com que nos deparamos entre uma ideia de desenvolvimento desenfreado e as inevitáveis consequências no mundo físico e relacional, tal e qual o conhecemos”, descreve Yola Pinto.

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Em cena, um bailarino viaja num lugar utópico, (re)construindo o seu movimento a cada vez, com outros corpos oriundos de vários lugares, na expressão fisicalizada de um imaginário coletivo comum. Poeticamente, a ideia é voltar a um paraíso perdido, num espetáculo que contou com a participação de intérpretes da comunidade local que participaram na residência artística que teve lugar, entre 10 e 19 de janeiro, no Palácio Gama Lobo.

Com Direção Artística e Coreografia de

Yola Pinto, a interpretação esteve a cargo de Miguel Santos e dos participantes da residência, sendo o Espaço Sonoro da responsabilidade de Noiserv, Nuno Veiga e Yola Pinto e o Espaço Cénico e Objetos em Cena concebidos por Yola Pinto em colaboração com a comunidade local. O Desenho de Luz é de Cristóvão Cunha e a Recolha/Projeção de Vídeo esteve a cargo de Nuno Veiga. «RELOAD, nenhum lugar é, sem um Génio...» é uma coprodução do Centro de Arte de Ovar, Cineteatro Louletano, Dançando com a Diferença e Teatro Aveirense .

TEATRO LETHES COMEÇOU

RIDÍCULAS DO SENHOR FERNANDO LÍRICOS DA MENINA OFÉLIA»

2023
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

2023 COM «AS CARTAS FERNANDO E OS SUSPIROS OFÉLIA»

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Teatro Lethes, em Faro, iniciou a sua programação de 2023 com «As cartas ridículas do senhor Fernando e os suspiros líricos da menina Ofélia», uma peça que é a dramatização de alguma da correspondência trocada entre Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz. À referida correspondência são acrescentados outros textos de Fernando Pessoa e também do próprio encenador Paulo Moreira.

Com dramaturgia, adaptação e encenação de Paulo Moreira e interpretação de André Canário e Tânia da Silva, esta produção da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve toma por pressuposto dramatúrgico que o

senhor Fernando sabe o que está a fazer enquanto a menina Ofélia é enredada no idílio inconsequente de uma paixão sem correspondência. No senhor Fernando há uma racionalidade com objetivos experienciais que visam servir a sua obsessiva e obstinada produção poética, enquanto na menina Ofélia há uma participação irrefletida como desígnio de destino. “Nela, a existência cumprese com um sentido de devir trágico; nele, dá-se um incidente que confere uma inesperada densidade à sua vida rotineira e comezinha”, descreve o encenador. O desenho e operação de luz é de Octávio Oliveira, o espaço cénico é da responsabilidade de Luís Vicente e Tó Quintas assume a execução cenográfica.

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TRÊS TRISTES TIGRES TROUXERAM «MÍNIMA LUZ» AO CINETEATRO

LOULETANO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Cineteatro Louletano acolheu, no dia 20 de janeiro, o esperado regresso dos Três Tristes Tigres a palcos algarvios, com a banda liderada por Ana Deus e Alexandre Soares a trazer na bagagem o disco lançado em 2020, «Mínima Luz». Uma eletrizante banda que nasceu na última década do século passado, com Ana Deus, chegada dos BAN, e Regina Guimarães a criarem informalmente colagens e canções.

Os primeiros concertos, realizados no bar Aniki-Bobó, tinham Ana Deus e Paula Sousa a interpretarem ao vivo as letras de Regina Guimarães e a elas junta-se, entretanto, Alexandre Soares, vindo dos GNR. «Partes Sensíveis» marca a estreia,

em 1993, nos discos, seguindo-se «Guia Espiritual» (1996) e «Comum» (1998) e uma compilação, «Visita de Estudo», com revisitações, algumas distanciadas, de composições anteriores.

Além das digressões ligadas à divulgação dos discos, os Três Tristes Tigres produziram objetos de formatos variados, nomeadamente o concerto «Ferida Consentida» (1999) em torno do livro «Um beijo dado mais tarde» de Maria Gabriela Llansol, e canções para filmes de Saguenail e de João Canijo. O grupo reúne-se novamente em 2017 a convite do Teatro Rivoli, no Porto, para tocar o álbum «Guia espiritual» que em 1996 tinha sido considerado «Disco do ano» nos prémios do então Jornal Blitz. Em 2020 é lançado, então, «Mínima Luz», mas Ana Deus e Alexandre Soares continuaram envolvidos com diversos

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projectos ligados ao cinema, teatro e dança, assim como no coletivo «Osso Vaidoso», com dois álbuns editados em 2011 e 2016, onde se nota uma forte componente de poesia e instrumentação minimal.

Em «Mínima Luz», as guitarras de Alexandre Soares navegam entre a vertente mais crua, elétrica e acústica espacial, ao passo que a voz de Ana Deus transporta, de forma livre, os poemas adaptados de William Blake e Langston Hughes, a par dos poemas originais de

Regina Guimarães e de Luca Argel para as partes sensíveis, as minorias e as coisas que sussurram. Um disco de rock mais rugido e delirante, contaminado com circuitos eletrónicos, e outros temas mais ambientais e lentos, que levaram ao delírio o público que assistiu ao concerto no Cineteatro Louletano, e no qual a dupla se fez acompanhar por Miguel Ferreira nos Teclados/Programação, Fred Ferreira na Percussão e Sampler, Rui Martelo no Baixo e Eleonor Pica nas Harpas .

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Septuagésima primeira tabuinha: Joelho (XXI)

Ana Isabel Soares (Professora)

á não sei localizar a data em que vi atuar em Lisboa uma companhia japonesa de dança/teatro. Seria Butô?

Seria Nô? Seria Kabuki?

Lembro-me, isso sim, de ter visto num palco do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, ainda eram os anos 90, talvez a primeira metade – nos Encontros Acarte. Vi companhias de muitos lugares do mundo, de muitas diferentes tendências artísticas, com bailarinos mais e outros menos ágeis, de idades e tamanhos de corpos variados, por vezes desacreditava dos gestos que via à minha frente, mas tinha – tenho – grande fé na beleza e na dedicação com que se expressavam. Uma das características constantes dos espectáculos era a ocupação do espaço do palco. A sensação de leveza com que eu saía, no final de cada performance, talvez se devesse ao peso que aquelas pessoas, aqueles bailarinos, impunham sobre o plano à minha frente, e o modo como marcavam a distância dele, em saltos, quantas vezes em piruetas. Os espectáculos japoneses que vi surpreenderam-me, desde logo, por não haver voos físicos, elevações do corpo que o descolassem do chão, acrobacias ou vertigem. Mas, apesar disso, os atores/dançarinos que se apresentavam eram-me oferecidos como

os mais etéreos, os mais ligeiros, os que mais graciosamente se movimentavam no espaço que ocupavam sem parecer que o estavam a ocupar.

Passava – essa impressão de uma nãoexistência, de uma incorporalidade – pela caracterização de cada corpo, de cada pessoa: tudo o que era pele à mostra tinha uma camada de cera branca (ou alguma base de maquilhagem que a deixava com o aspecto imaculado da cera); e por um absoluto despojamento do palco, que sobressaía com o trabalho das luzes e de algumas fumarolas a encher o vão em que os bailarinos caminhavam. É que caminhavam, quase só sustentação para as túnicas brancas que envergavam, quase só espectros à minha frente, os olhos parecendo fechados e as pálpebras pálidas, lábios igualmente brancos, a imagem de uma neve total e permanente.

Não se lhes viam os joelhos. Ao contrário de muitos outros bailarinos que vira dançar naquele palco (naqueles festivais em que tanto aprendi, em que tanto me eduquei), de fatos colados às pernas, ao tronco, ou mesmo despidos, fazendo da exposição dos membros um jogo coreográfico de pedaços que se autonomizavam, projetando sentidos desconexos, o corpo dos bailarinos japoneses era oculto, não presente – não

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individual, formava (ou na minha memória foi formando) um conjunto de dança feita do ambiente, da atmosfera. No último capítulo de Produção de Presença, Hans Gumbrecht fala das suas experiências perante o teatro japonês (o Nô e o Kabuki) como “experiências religiosas”, que podem fazer o espectador “compreender como a sua relação com o mundo se alterou”. Afirmao enquanto espectador ocidental, leigo em tantas matérias da espectacularidade oriental. Eu direi que ainda mais leiga seria quando vi no Centro de Arte Moderna os dançarinos japoneses.

Aprendi há pouco, por um excerto do

diário de Lee Strasberg na Rússia – onde esteve em 1934 a aprender com o mestre Nikolai Georgevic Kustov, que “a diferença fundamental entre o movimento clássico e o da biomecânica [conjunto de movimentos e práticas estudadas e ensinadas por Kustov] consiste no facto de esta última usar os joelhos como base, à semelhança do teatro japonês” .

NOTAS: Hans Gumbrecht (2004). Produção de Presença. Rio de Janeiro: Contraponto e PUC do Rio, p. 184. Nicola Savarese (2002). Il teatro eurasiano. Roma: Laterza, p. 87.

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Foto: Vasco Célio

Dicas de marketing digital para o sucesso de uma marca

Fábio Jesuíno (Empresário)

marketing digital é um componente essencial nas estratégias de comunicação das marcas, pois permite uma abordagem mais precisa e eficaz no alcance do público-alvo, aumentando a visibilidade e a interações.

Com o uso de ferramentas digitais avançadas, o marketing digital tem o poder de transformar o modo como as empresas se relacionam com seus clientes e potenciais clientes, tornandose imprescindível para o sucesso das marcas.

Marketing Digital é o conjunto de técnicas e estratégias utilizadas para promover e divulgar produtos ou serviços através da internet, com o objetivo de alcançar um público-alvo específico e aumentar a visibilidade da marca.

Conteúdos

Os conteúdos são essenciais para as marcas construírem progressivamente um relacionamento de confiança com o seu público-alvo e dessa forma conquistarem a preferência.

É sempre importante a implementação de uma estratégia focada no mercado

alvo, porque nem todos os conteúdos que se criam são relevantes para obtenção de bons resultados em termos de posicionamento nos motores de busca, redes sociais e na credibilidade do negócio.

Vídeo

Nos últimos anos o vídeo tem apresentado um grande crescimento de popularidade, consumindo a maioria do tráfego da internet. Os vídeos permitem apresentar um serviço ou produto de uma forma que seja mais facilmente compreendida pelo público.

É também o tempo dos vídeos em directo, as famosas lives que se tornaram muito relevantes, principalmente no Instagram e TikTok.

Micro influenciadores

Os micro influenciadores digitais são pessoas aparentemente comuns que têm uma boa reputação num nicho específico. Possuem, em média, entre 5 a 50 mil seguidores nas redes sociais e geram normalmente mais identificações e, consequentemente, mais atenção e engagement.

A utilização dos micro influenciadores digitais é cada vez mais forte nas estratégias de marketing digital das

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marcas, tornando-se cada vez mais frequente devido aos resultados gerados.

Estas são apenas algumas dicas de marketing digital que considero essenciais para o sucesso de uma marca a comunicar de uma forma mais eficaz junto aos clientes e ao público-alvo .

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A lição dos professores Nuno Campos Inácio (Editor e escritor)

as últimas semanas o país tem assistido a grandes e ruidosas manifestações de protesto contra propostas e decisões governamentais. Não sendo nada de novo no panorama político e social português, os actuais protestos assumiram um maior destaque do que o habitual, graças a um abrangente conjunto de factores.

O país tem assistido, há décadas, a um definhar da capacidade reivindicativa dos trabalhadores e das classes profissionais. Sindicatos de grandes dimensões, liderados por dirigentes cristalizados nas direcções, distantes das mudanças que ocorrem diariamente nos locais de trabalho, sem grandes ligações à vertente prática do exercício das profissões, arvoram-se no direito de se considerarem os únicos e legítimos representantes de uma classe, fazendo grandes anúncios para a sociedade, mas mostrando elevada brandura nas mesas de negociações. Este sistema está petrificado, para grande comodidade de todos. Os dirigentes sindicais sabem que, com o tempo, conseguem garantir da parte do Governo uma qualquer reivindicação que possa ser apresentada como a materialização do grande esforço negocial, fruto da capacidade

reivindicativa, enquanto o Governo sabe que, de todas as exigências, bastará ceder na mais barata para ter a necessária paz social. Pelo meio os trabalhadores vão fazendo as suas greves às sextas-feiras, com os governantes a lamentarem os transtornos e a poupar nos pagamentos salariais. Os dirigentes sindicais apresentam afluências de 90%, o Governo de 30% e os trabalhadores ganham um dia de descanso. Desta vez, porém, aconteceu algo que todos os governos temem: a união dos trabalhadores ultrapassou a reivindicação dos sindicatos, ganhou corpo e vida própria, adquiriu visibilidade e faz muito ruído.

Não há nada que assuste e fragilize mais um Governo do que o protesto público e a manifestação. Não é por acaso que qualquer estado totalitário, de direita, de esquerda, ou de fundamentação religiosa, implementa a proibição de manifestação. A manifestação é a exteriorização do descontentamento popular, que impele à adesão de outros, mesmo não partilhando dos mesmos receios ou ambições, mas que se consideram prejudicados ou esquecidos. Com esta manifestação, os professores acenderam um rastilho, deram uma aula social e a população, como eterna aluna, tem replicado e apoiado no protesto, criando um ruído de fundo e fragilizando a posição governamental.

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Não é a primeira vez que um Governo se fragiliza mais pelo protesto do que pelas políticas. A queda do PSD em 1995 e o fim do denominado Cavaquismo é indissociável das manifestações da Ponte 25 de Abril, as manifestações no final do mandato de José Sócrates e no tempo de Passos Coelho criaram uma nebulosa em torno das lideranças, que dificilmente podem ser esquecidas ou apagadas. Os professores sabem dessa realidade e não se inibiram de usar essa poderosa arma reivindicativa.

É claro que, como se iniciou, a maior relevância destes protestos deveu-se a uma conjugação de outros factores. Desde logo, estarmos perante uma maioria absoluta de um único partido, que une todas as forças políticas na crítica e no ataque, impedindo que uma voz coordenada do governo se sobreponha no confronto com a manifestação popular. Acresce que o Governo perdeu a voz, por se encontrar fragilizado e em desagregação, não conseguindo o seu

líder acorrer a todas as frentes. Somamse os escândalos e avolumam-se as críticas de governação, somando-se mais protestos de outras classes sociais. Os dois anos de pandemia, o aumento da inflação e das taxas de juro, criam um mau estar social global, potenciando uma tempestade perfeita. Os resultados desta soma de factores, está visível nas últimas sondagens, que confirmam um princípio político ancestral: as eleições não se ganham, perdem-se!... Sendo um Governo de esquerda, cresce a extremadireita, como os governos de direita fizeram crescer a extrema-esquerda. Certo é que o país se torna cada vez mais ingovernável pelos parâmetros tradicionais da democracia portuguesa, aumentando os riscos de radicalização.

Para a história, fica a lição dos professores, que é ancestral, mas andava esquecida pelo comodismo burguês dos governantes e dos representantes sindicais: a união faz a força e o protesto é a maior arma de reivindicação. Os professores até poderão vir a ser obrigados a suspender a greve, mas ninguém os poderá privar do direito de protesto fora das horas de serviço. Desta vez o Governo terá de ir além da aceitação da proposta mais barata e uma revolução social e no ensino está iminente .

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omeço por pedir um minuto de silencio, para todas as máquinas de lavar e secar roupa, que continuam a ser tão injustamente acusadas de encolher a roupa neste pósNatal e Ano Novo. Ano que já não está assim tão novo. Num ápice, estamos no final do mês de janeiro e voltamos à velocidade de cruzeiro, com a nitidez de uma vaga memória de um filme antigo, assistimos, impotentes, ao esfumar da euforia da expectativa criada no início de cada ano. Esgotados os foguetes, apanhadas as canas, sentindo ainda o fígado a latejar e com sabor a vodka fora do prazo na língua, impõe-se o doloroso regresso à realidade e à espuma dos dias. Existe quase uma unanimidade que 2022 foi um ano para esquecer! O próximo, dizem que será ainda mais negro. Sinto que em 2023 vai ser preciso muito álcool e vaselina…

Todo o ano a mais é um sinal de envelhecimento, mas insistimos em pensar que um novo tempo nasce à medida que outro morre. Em vez de sucessão, renovação. Sempre que se aproxima o fim de um ano a ingénua alegoria do nosso desejo, o Ano-Novo aparece como um bebé rechonchudo e risonho que substitui um ano velhinho magro e decrépito. Ambos são imagens de nós mesmos. A segunda corresponde

ao nosso eu real, a primeira à fantasia com que julgamos renascer melhores, sem os velhos vícios e defeitos. A cada ano se renova o ciclo, com promessas que não são cumpridas e projetos que jamais viram realidade. Precisamos dessas transições pomposas para nelas enquadrar nossos propósitos de mudança. Qual a graça em se deixar de fumar num dia qualquer? Faz mais efeito pensar que o abandono do cigarro vai ocorrer em um ano que se inicia. Outros prometem fazer mais exercício físico, mudar de profissão, ou pedir finalmente a namorada em casamento. Mesmo que nada disso seja feito, este ainda é o momento de sonhar «a sério» com a possibilidade.

Eu sei que é árduo e longo o caminho daqueles que não são «lambe botas» e, por isso, também sei que se conselhos fossem bons, não se davam, se vendiam, mas aqui vai: Faça a sua parte e a vida fará o resto por você. Seja você a mudança, não de ano após ano, mas dia após dia, momento após momento. O novo ano traz 365 oportunidades de mudanças, de ser feliz e encontrar o sentido e o propósito de nossa vida. E vinte e tal dias já passaram…

Desfrutem do poder e da beleza. Ou melhor, esqueçam, porque só vão compreender o poder e a beleza, quando estes já tiverem desaparecido. Mas acreditem numa coisa: daqui a vinte

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“Álcool e vaselina!?” Júlio Ferreira (Inconformado encartado)

anos, vocês vão olhar para as vossas velhas fotografias e compreender, de uma maneira que não compreendem agora, quantas oportunidades tiveram, e o quão verdadeiramente maravilhosos vocês eram… que vocês são! Não se preocupem muito com o vosso futuro. Ou, se quiserem, preocupem-se sabendo de antemão que, se sofrer por antecipação fosse uma modalidade olímpica, eu já teria ouvido o hino no

pódio. Acreditem que é muito triste ser assim e não vale a pena! Não se sintam culpados se não souberem muito bem o que pretendem da vida. A maior parte das pessoas interessantes que conheço não tinham, aos 30 anos, nenhuma ideia do que fariam na vida. E algumas das pessoas interessantes de 40 e 50 anos que conheço, ainda não sabem. O que quer que façam, não se orgulhem nem se autocritiquem demasiado. Façam, todos

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os dias, pelo menos uma coisa que vos assuste. Cantem e dancem, mesmo que o único lugar que tenham para o fazer seja a vossa sala de jantar ou no WC às escondidas. Leiam livros, artigos e todas as instruções, mesmo que não as sigam. Não tratem os sentimentos alheios de uma forma irresponsável. Não tolerem quem trate os vossos sentimentos de forma irresponsável. Relaxem. Não percam tempo com a inveja. Algumas vezes vocês ganham, outras vezes vocês perdem. A corrida é longa, e no final só podem contar com vós próprios. Lembrem-se bem dos elogios que recebem. Esqueçam os insultos e maledicência («matando» essas pessoas no vosso coração e ignorando na vossa cabeça). Imaginem que há mesmo pessoas capazes de tudo e algumas chegam ao extremo de comer ananás na pizza.

Guardem as vossas velhas cartas de amor. Fotos de quem foi importante em determinada fase da vossa vida e que permanece no vosso coração. Façam alongamentos. Todas as vossas escolhas têm 50 por cento de hipóteses de dar certo, assim como as escolhas de toda a gente. Curtam o vosso corpo da melhor maneira que puderem; não tenham medo dele, ou do que as outras pessoas pensem dele. O vosso corpo é o vosso maior instrumento. Estamos todos muito púdicos. Infelizmente, quanto mais para a frente no tempo mais para trás na mentalidade. Sejam elegantes. Elegância é a forma como avançamos na vida… como tratamos os outros! Não leiam revistas de beleza: uma ficção que o único objetivo é vender algo que não existe… perfeição.

Aprendam a conhecer os vossos pais, vocês não fazem ideia as saudades que vão ter quando eles já não estiverem cá. Sejam simpáticos com os vossos irmãos, com a vossa família, eles são o vosso maior vínculo com o passado, e aqueles que, no futuro, provavelmente não vos vão deixar pendurados (a não ser na partilha de bens herdados). Entendam que as amizades chegam e partem, mas que há um punhado precioso delas, que vocês têm que guardar com carinho. Viajem. Aceitem certas verdades universais: há dias bons e outros nem tanto, vocês também vão envelhecer, o Marcelo continuará a ter opinião sobre tudo e todos, há políticos bons e outros muitos maus e os preços vão sempre subir. E quando vocês envelhecerem vão fantasiar que, quando eram jovens, as coisas eram muito mais fáceis, os políticos mais sérios, o Marcelo até falava pouco, mas tirava muitas selfies, as crianças respeitavam os mais velhos e os preços eram acessíveis.

Façam coisas. Apostem naquilo que não apostaram antes. Vão atrás do que lhes dá conforto, gozo, prazer, nem que seja por breves minutos, horas, meses.

Prove que mesmo falhando… tentou!!!

Com álcool, bebido com Moderação. Se não tiverem Moderação, bebam vinho que também é bom e dá sorte e alguma vaselina…vão ficar com os lábios bonitos. Vamos lá!?

Feliz ano novo ano (que já não está assim tão novo) a todos!! .

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Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg)

s centros urbanos e os seus bairros principais estão completamente transformados. Às populações envelhecidas e imóveis abandonados juntam-se hoje as unidades de alojamento local (AL) com os seus turistas, os novos residentes de comunidades imigrantes, a restauração da gastronomia do mundo, e a do local ou regional, as lojas de bebidas espirituosas, o pequeno comércio de merchandising importado ou o do artesanato local tradicional…

Independentemente da maior ou menor qualidade das ofertas misturam-se também nos nossos centros os empresários do comércio tradicional e as cadeias franchisadas internacionalmente, em todo os sectores do negócio e assistese a um tipo de vivência da experiência do mundo global no espaço contido do bairro. Esta é uma constatação.

As gentes não se conhecem, não se cumprimentam e praticam um nomadismo dos tempos modernos, que os deixam sempre em fuga para outro lugar qualquer, onde esperam que aconteça a oportunidade da vida.

Por sua vez, os locais assistem a uma passerelle de transeuntes com os quais

comunicam com dificuldade e dos quais procuram retirar os maiores benefícios económicos e financeiros, onde se incluem os imobiliários.

Estas reconfigurações não acontecem apenas por aqui e não tão só pelo fenómeno da massificação do turismo e das companhias aéreas de baixo custo, que tornaram acessíveis as viagens para todos. A mundialização das nossas vidas e a acessibilidade digital trouxeram oportunidades e competências –sobretudo para as gerações mais jovens –que procuram encontrar melhores condições de vida e outros desafios à escala global. As formas de estar e os estilos de vida sofreram uma revolução, a que a Pandemia acrescentou uma nova forma de olhar para a vida.

A paisagem do bairro histórico assistiu, assim, nos últimos 10 anos a uma revitalização do edificado que tem sido importante e fica muito explícita pelas quantidades de placas de AL que se associam a estes edifícios requalificados, mas tem também uma alteração significativa dos tipos de comércio e de vivências, que parece não estar a ser equilibrado em todas as cidades. A este lado positivo de requalificação, associamse outras questões de gentrificação, especulação imobiliária e afastamento dos residentes dos bairros. Os novos residentes, por sua vez, estão

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A vida dos bairros, as cidades e o lazer

desenraizados e têm de ser convocados para uma participação na vida dos bairros.

Uma observação empírica do que se passa nas duas metrópoles do Portugal Continental e no Algarve diz-nos que em muitos destes bairros se perdeu a noção de identidade e de memória coletiva, o espírito de «boa vizinhança» e de prolongamento da casa para a rua, tão características das nossas vilas e cidades «mediterrânicas». Por vezes, a intervenção em símbolos patrimoniais ou espaços de referência desses bairros ajuda na identificação com o lugar e promove o desenvolvimento dos laços sociais.

O estilo de vida dos bairros necessita de um planeamento urbano – para além do construtivo – que promova lazeres de proximidade, de troca, de encontro, de partilha, de sociabilidade e de aprendizagem intergeracional, pois é também isso que se procura hoje na escolha do bairro para residir.

A população mudou e diversificou em nacionalidades e em estilos de vida. O

habitus cultural da comunidade local deve ser promovido e salvaguardado, bem como a procura de compatibilização entre os lazeres e a vida diária. O lazer ganhou centralidade, com um reforço de importância no pós-pandemia. As formas e os tipos de lazer de hoje têm muita relação com estilos de vida saudáveis e de sociabilização e aprendizagem com o local.

Por sua vez, o que não mudou nas abordagens do território citadino foram as dinâmicas das suas atrações e equipamentos, pois continuam na abordagem tradicional e sem grande pensamento sobre os recursos capazes de gerar fluxos de turistas ou movimentos de lazer dos residentes. No panorama algarvio são poucos os centros históricos e urbanos que procuraram pensar o espaço público associado às vivências dos mesmos e à sua revitalização.

A cidade e o bairro de hoje assumem hoje novas geografias e novas configurações, e as intervenções requerem olhares particulares sobre as suas vivências que recuperem estes lugares de encontro e de partilha.

Nota: este artigo procura alertar para necessidade de planeamento urbano integrado que não esqueça as vivências externas nos bairros e a sua maior adequação aos parâmetros de hoje do lazer e de qualidade de vida dentro dos paradigmas do desenvolvimento sustentável.

Um excelente 2023! .

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Dora Nunes Gago (Professora)

o passado Domingo, dia 22, iniciou-se o Ano Novo Chinês do Coelho, a suceder ao turbulento Tigre. Esta é a quadra mais importante na cultura chinesa, tempo de reunião familiar, como sucede com o nosso Natal, mas também correspondente ao início da Primavera, a um tempo de regeneração, de uma espécie de princípio do mundo. Como não poderia deixar de ser, são dias habitados por rituais, superstições. Embora não seja supersticiosa, sempre tive uma enorme curiosidade pelas tradições e superstições, por tudo o que elas representam como testemunhas vivenciais. Elas enraízam-se num tempo anterior ao chamado progresso científico, quando semeavam no espírito das pessoas a ilusão de se protegerem, de poderem controlar a sua vida, o seu futuro, agindo de determinada maneira. Aliás, segundo refere Michael Shermer, na obra intitulada Why People Believe Weird Things, os seres humanos são animais que procuram um padrão, entretanto, não se importam, de vez em quando, se o padrão faz sentido ou não. Contudo, em momentos de grande incerteza, o «pensamento mágico» pode aliviar tensões psicológicas.

E, neste contexto, partilho duas

imagens significativas que retive dos jantares de Ano Novo Chinês organizados pela Faculdade de Letras da Universidade de Macau: o leitão de olhos vermelhos psicadélicos a piscarem e a travessa com a galinha, ostentando a cabeça, de bico em riste. Por lá, é costume a carne ser acompanhada pela cabeça do respectivo animal, para provar que não há engano.

Contudo, se o olhar vermelho flamejante do leitão nunca me fez levantar da mesa, no caso da galinha, não poderei dizer o mesmo. A certa altura, uma colega a viver há muitos anos em Macau, contou que ter o bico de galinha a apontar para nós era mau presságio. Poderia significar, entre outras coisas, perder o emprego. O mais arrepiante foi quando, passados anos, começámos a reparar na direcção para onde os bicos das galinhas apontavam nas várias mesas para concluirmos que, no ano seguinte, pelos mais diversos motivos, alguns colegas que haviam sido o alvo dos bicos implacáveis, já não se encontravam na Universidade. Por isso, jantares houve em que a chegada da galinha provocava uma discreta saída da mesa, à qual se regressava, após a partida do perigoso bico.

Na verdade, mesmo que não se acreditasse, este era um comportamento irracional que adoptávamos, com a ilusão de que nos poderíamos estar a proteger

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Do Ano Novo Chinês e das cabeças de galinha

de algo, de um mal, que nos poderia subitamente atingir como uma flecha. No fundo, seria esse o mesmo pensamento que há muitos séculos impelia o homem pré-histórico a desenhar nas cavernas os animais que desejava caçar.

Assim, por mais que o ser humano evolua, por mais que domine o império da razão, da tecnologia, da ciência, haverá

sempre algo deste tempo remoto, anterior à luz do conhecimento a viver em nós, esse paradigma do passado que não se questiona e que integra a nossa essência como seres humanos. E nesta esteira, esperemos que o Ano do Coelho traga paz e tranquilidade a todo o planeta e possamos mover-nos longe dos bicos de todas as galinhas aziagas .

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