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ALGARVE INFORMATIVO 16 de dezembro, 2023
FESTEJOU 125.º ANIVERSÁRIO DIA CASTRO MARIM 1 DA CIDADE DE PORTIMÃO | «DESCOBRI-QUÊ?» | «DENTRO³» | PRESÉPIO DE SAL DE ALGARVE INFORMATIVO #415 PROJETO «SAL C» AVANÇA EM CASTRO MARIM | CENTRO DE RECOLHA OFICIAL DE ANIMAIS DE PORTIMÃO
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ÍNDICE Dia da Cidade de Portimão (pág. 18) Centro de Recolha Oficial de Animais de Portimão (pág. 32) Projeto «Sal C» avança em Castro Marim (pág. 42) Presépio de Sal de Castro Marim (pág. 48) 125.º aniversário do Gimnásio Clube de Faro (pág. 62) «Dentro³» no Festival Contrapeso (pág. 78) Teatro Nacional D. Maria II trouxe «Descobri-quê?» a Olhão (pág. 92)
OPINIÃO Paulo Cunha (pág. 106) Fábio Jesuíno (pág. 108) Carlos Manso (pág. 110) Sílvia Quinteiro (pág. 112)
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Portimão divulgou linhas da programação cultural para assinalar o centenário da cidade e lançou a primeira pedra do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina s comemorações do 99.º aniversário da elevação de Portimão à categoria de cidade, assinalado a 11 de dezembro, foram marcadas por diversos momentos altos, com destaque para a sessão solene, ALGARVE INFORMATIVO #415
onde foram revelados alguns pormenores sobre a programação do centenário, a celebrar ao longo de 2024, bem como para o lançamento da primeira pedra do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles. Depois do hastear da bandeira, o dia prosseguiu com a inauguração, no Cemitério de Portimão, do Memorial ao 18
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Antigo Combatente, por iniciativa do Núcleo Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes, em conjunto com a Câmara Municipal de Portimão. Seguiuse, no salão nobre dos Paços do Concelho, a tradicional sessão solene, cuja primeira intervenção pertenceu à presidente da Assembleia Municipal de Portimão, Isabel Guerreiro, que recordou factos marcantes que moldaram o passado recente do município. Coube depois a Maria João Raminhos Duarte, doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e docente da Escola E.B. 2,3 Eng. Nuno Mergulhão, abordar o tema «Portimão: 100 anos de Excelência na Geografia da Memória», centrando-se em ilustres portimonenses, de berço ou adoção, que se distinguiram ao longo do último século nas mais diversas áreas. Sob o tema «Cidade Invisível», Portimão vai ter ao longo de 2024 uma ALGARVE INFORMATIVO #415
programação artística e cultural de dimensão e respiração europeia, que foi introduzida por Giacomo Scalisi, da cooperativa cultural «Lavrar o Mar», que será responsável por um ano de arte e cultura. Até final de fevereiro de 2024 será revelado o resultado do trabalho a desenvolver por uma equipa pluridisciplinar, ligada à cidade de Portimão e com competências nos campos da antropologia, arquitetura, literatura e história, entre outros, com forte presença das artes plásticas e de espetáculos de novo circo, teatro, música e dança. Na ocasião, o artista espanhol José António Portillo apresentou três projetos que farão parte da «Cidade Invisível», o primeiro dos quais a «Biblioteca de Cordas e Nós», que trabalhará com a comunidade educativa, para falar de uma escola intemporal, inspirada em princípios universais como a capacidade 20
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de escutar e de fazer silêncio, centrandose em algo muito importante numa sociedade cheia de ruído, onde as pessoas já não sabem escutar, nem descodificar toda a informação que recebem. Esta biblioteca especial, que viaja pela Europa há 22 anos, ganhará em Portimão uma nova pele, mostrando que o ensino analógico pode conviver perfeitamente com o digital. Outro dos projetos intitula-se «Museu do Tempo» e vai estar abaixo da terra, dentro de uma caixa metálica a 50 centímetros de profundidade, reunindo memórias dos portimonenses, para que sejam redescobertas algures no futuro. Serão os próprios participantes, representando diversas gerações, a escolher o local onde desejam enterrar as suas recordações na forma de objetos ligados à relação que têm com Portimão, ALGARVE INFORMATIVO #415
criando uma espécie de museu subterrâneo espalhado pela cidade. Por fim, os «Caminhos Orgânicos», cujo título se baseia numa expressão de Fernando Pessoa, lidará com adolescentes, para mostrarem os caminhos que percorrem na cidade e aquilo que acontece nas suas vidas nesses trajetos, onde há cheiros, ruídos, desenhos de sítios e recantos. O sítio mais importante para cada jovem será registado em fotografia, recolhendo a sua própria sombra, de onde resultará uma exposição, com QR code específico, permitindo escutar qual o caminho orgânico do adolescente retratado, através de sistema áudio, para que se possa ouvir o seu relato sobre os caminhos pessoais invisíveis, através da cidade. 22
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Outro dos pontos altos da sessão solene foi protagonizado pela presidente da autarquia aniversariante, Isilda Gomes, que falou sobre o presente e perspetivou o futuro de Portimão, adiantando alguns dos principais projetos previstos para os próximos tempos. “No ano que agora
finda antecipámos o pagamento de uma importante tranche do empréstimo contraído, fruto das dificuldades financeiras por que passámos no passado. Com esta antecipação de pagamento, a autarquia sai do endividamento excessivo e retoma o controlo orçamental absoluto, o que permitirá já a partir do próximo ano uma muito maior capacidade para rever taxas e impostos ALGARVE INFORMATIVO #415
municipais, bem como para investir na requalificação e desenvolvimento da nossa terra”, realçou Isilda Gomes. Do conjunto de projetos “que
mudarão a face de Portimão”, a autarca destacou as novas infraestruturas turísticas em processo de licenciamento, que reforçarão a oferta de alojamento em mais de 1.200 camas, assim como o futuro Museu do Mar, a instalar na Fortaleza de Santa Catarina, a ampliação da Casa Manuel Teixeira Gomes e a requalificação da zona ribeirinha de Portimão, entre outros. Na vertente da educação, a presidente referiu a adaptação das instalações da antiga Escola de Hotelaria e Turismo, que se transformará num centro escolar com novas salas de creche, pré-escola e primeiro ciclo, assim como a criação de 24
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nova creche pública no Vale de Lagar e requalificação e ampliação das escolas de primeiro ciclo de Chão das Donas, Alvor e Pedra Mourinha, bem como da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes. Para além de projetos ligados à habitação, ao melhoramento da fluidez rodoviária, à sustentabilidade energética e à reabilitação do espaço público, nomeadamente no centro histórico da cidade, Isilda Gomes também mencionou a construção de uma nova piscina municipal e do pavilhão da Quinta do Amparo, além de um centro de desportos náuticos “que reforce a nossa
ligação história e cultural ao mar e incremente a prática dessas ALGARVE INFORMATIVO #415
modalidades”. “Mais que uma simples declaração de intenções, defendemos uma ideia de cidade que nos sobreviverá a todos. É um projeto de espaço comum de vida e de conhecimento, de esperança e formação para jovens, de trabalho e lazer para adultos, de solidariedade e apoio para idosos”, sublinhou a autarca. A cerimónia foi abrilhantada pelos apontamentos musicais do virtuoso portimonense Rafael Pacheco, vencedor do Prémio Novos Talentos Ageas 2022 (guitarra portuguesa), acompanhado por José Santana (viola de fado). 26
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A tarde de 11 de dezembro ficou marcada pelo ato simbólico do lançamento da primeira pedra do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles, que em breve se converterá num novo espaço verde e de lazer em pleno centro da cidade. A animação musical esteve a cargo de alunos da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes (ESMTG), estabelecimento de ensino responsável pela petição que defendia a data do nascimento de Gonçalo Ribeiro Telles, 25 de maio, como o Dia Nacional dos Jardins, entretanto aprovada em Assembleia da República. Na presença de Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, e do professor de Filosofia Carlos Café, que inspirou o processo, Verónica Gambôa, ex-delegada da turma do 10.º ano do curso de Filosofia daquela escola, na origem da petição, leu o documento, onde se salienta que “os ALGARVE INFORMATIVO #415
jardins são… lugares de encontro”, frase em destaque na lápide descerrada nesta data. Vários foram os moradores da zona e curiosos que aceitaram o convite e conheceram de perto o projeto, situado entre a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes e o Mercado Municipal da Avenida S. João de Deus. Na ocasião, foram oferecidas 100 árvores do futuro jardim, entre oliveiras, medronheiros e alfarrobeiras, num convite para que as pessoas cuidem do seu crescimento e, desta forma, se envolvam desde já com o futuro espaço de lazer, que em breve será seu. Além de espaços verdes, o projeto prevê um quiosque, uma zona de «street workout» e um pequeno anfiteatro, além da exibição das cantaria manuelinas da chamada Quinta do Morais, bem como a recuperação da nora e tanque existentes no local . 28
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Portimão inaugurou Centro de Recolha Oficial de Animais Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina oi inaugurado, no dia 9 de dezembro, o Centro de Recolha Oficial de Animais de Portimão, localizado na zona da industrial da Coca Maravilhas, que vem aumentar a capacidade de resposta do antigo canil e gatil. As instalações foram alvo de uma profunda intervenção, no sentido de permitir a melhoria substancial no acolhimento de animais, bem como do trabalho dos funcionários, num investimento camarário na ordem dos 870 mil euros. ALGARVE INFORMATIVO #415
O novo equipamento municipal tem uma área total de 860 metros quadrados, distribuídos por dois pisos, nos quais funcionarão os serviços técnicos e de saúde, salas de esterilização, adoção e quarentena, gabinete de atendimento e parques de recreio, entre outras valências, aumentando de 30 para 60 a capacidade de acolhimento de cães, e de 20 para 40 gatos. “Quero agradecer a
todos aqueles que se empenharam para que esta obra fosse feita, assim como a todos os voluntários e às associações que nos têm 32
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ajudado a chegar até aqui com dignidade. É um momento importante para Portimão, porque a qualidade de vida e o grau civilizacional de uma cidade ou concelho também se medem pela forma como se tratam os animais”, declarou Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão. Para a autarca, “uma cidade que
despreza os animais, que não tem qualquer pudor em os abater se for necessário, é uma cidade muito retrógrada”. “Nós queremos estar na linha da frente do bem-estar animal, porque não deixamos ninguém para trás, nem os animais”, frisou Isilda Gomes,
que agora foi inaugurada. “Mas isto
não significa que deixemos de precisar dos voluntários. Queremos que sejam nossos parceiros, porque todos juntos seremos capazes de fazer mais e melhor. O movimento associativo é fundamental na nossa cidade e concelho e em todas as áreas”, destacou a edil portimonense, não terminando sem deixar uma palavra de apreço a Osvaldo Mateus, veterinário municipal de Portimão. “Sempre
conseguiu tratar bem os nossos animais e dar-lhes melhores condições de vida, mesmo quando as instalações não eram as mais adequadas” .
mostrando-se muito satisfeita com a obra ALGARVE INFORMATIVO #415
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Salinas de Castro Marim têm projeto de Valorização para o Sequestro de Carbono e Mitigação das Alterações Climáticas Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina estaurar o ecossistema das ervas marinhas nas Salinas de Castro Marim é o grande desígnio do projeto «Sal C», liderado pela start-up e spin off da Universidade do Algarve BlueZ C Institute – Associação para a Conservação Marinha e Economia do Carbono e que tem a parceria do Município de Castro Marim, da ALGARVE INFORMATIVO #415
Eurocidade do Guadiana e da empresa MadeinSea. A candidatura ao programa «Promove», que se destina à dinamização das regiões do interior de Portugal, vem demonstrar que a instalação de ervas marinhas nos canais das salinas permite, de forma sustentável, o sequestro de carbono Azul a uma taxa 30 vezes mais eficiente que a floresta, para além da melhoria da qualidade da água e retenção de microplásticos. 42
As salinas de Castro Marim vão funcionar como uma maternidade de ervas marinhas, que estão em declínio global e são essenciais ao sistema costeiro, quer pelo sequestro de carbono, quer pela purificação da água e retirada dos nutrientes. Por enquanto, é apenas usada uma salina, a «Made In Sea»,
“mas o objetivo é plantar as ervas marinhas em mais salinas e levar o projeto mais longe, a qualquer empresa salineira que haja no sul da Europa”, afirmou Rui Santos, presidente do BlueZ C Institute, durante a apresentação que teve lugar, no dia 30 de novembro, no Revelim de Santo António. Além da componente ambiental positiva, este é um projeto que também ajudará na própria produção de sal, porque a água que entra para a produção é mais limpa e
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pura, sendo que a plantação das ervas marinhas será feita na Primavera. Com um investimento total de cerca de 200 mil euros, apoiado em 75 por cento pela Fundação la Caixa, o projeto vem aumentar a cadeia de valor de um dos setores mais relevantes na economia castromarinense, a salinicultura tradicional, promovendo a rentabilização das salinas, ao transformar uma atividade sazonal numa atividade permanente e criando novos postos de trabalho qualificados. Outro fator determinante é o seu potencial na salvaguarda das condições futuras da produção de sal e flor de sal, por permitir a retenção de potenciais elementos poluentes e de microplásticos que possam surgir na água do mar. “Estes projetos acontecem
porque a região tem conseguido,
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com a sua forte ligação à Universidade do Algarve, reter conhecimento e potenciar conhecimento na própria região. Neste caso, além desta spin off, os empresários são pessoas que estudaram na UAlg e a própria regeneração da atividade do sal tradicional é reflexo da importância e da massa crítica que a universidade aporta à região”, referiu a vice-presidente do Município de Castro Marim, Filomena Sintra. A autarca aproveitou a ocasião para dar os parabéns à Associação Odiana pelo seu 25.º aniversário, entidade que esteve na génese da valorização do sal tradicional de Castro Marim, há duas décadas, à época uma atividade ALGARVE INFORMATIVO #415
completamente desacreditada. “E,
tendo sido o primeiro projeto apoiado pela Fundação la Caixa no Algarve, é um dia muito feliz para Castro Marim”, prosseguiu Filomena Sintra, que vê neste projeto uma oportunidade para o posicionamento internacional das salinas e zona de sapal e para a incubação de muitos outros projetos no território do Baixo Guadiana. A vice-presidente considerou ainda que foi “determinante o facto de a
Câmara Municipal assumir desde logo a parceria, independentemente do resultado que daí pudesse advir”. “Foi o voto de confiança e conforto necessário para que, quem sabe, ousasse avançar” . 44
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Presépio de Sal de Castro Marim lança artes e ofícios do território, este ano a cestaria Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina stá patente até dia 7 de janeiro, na Casa do Sal, em Castro Marim, mais uma edição do Presépio de Sal, que, inspirado em novas linguagens a cada ano, desta feita utiliza elementos artesanais em cana da ribeira, construídos pelas mãos do cesteiro Martinho, um aprendiz do saudoso António Mestre. À tradição unem-se os acervos do colecionador Ernesto Pires, já colaborador no ano anterior, e da Junta de Freguesia de Castro Marim, que tem vindo também a adquirir as suas próprias peças. ALGARVE INFORMATIVO #415
Às novas formas e interpretações criativas sobre o Nascimento de Jesus soma-se um céu estrelado que invoca os sentimentos que ilustram a história, de luz, esperança e amor, e faz cintilar ainda mais a base deste presépio, o «ouro branco» de Castro Marim. Iniciativa do Município e Junta de Freguesia de Castro Marim, o Presépio de Sal continua o seu trabalho na promoção e reforço do grande motor económico, social e cultural de Castro Marim, que é o sal. Enriquecer e valorizar a ligação simbiótica de Castro Marim à atividade salineira e, paralelamente, promover outros elementos da cultura e 48
patrimónios locais, como o artesanato e as artes, são os principais objetivos do «Presépio de Sal».
festividades de Natal e mobilizando cada vez mais visitantes, o Presépio de Sal pode ser visitado todos os dias, entre as 9h e as 13h e das 14h30 às 17h30 .
Sendo já uma referência das 49
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GIMNÁSIO CLUBE DE FARO A DE VIDA COM ESPETÁCULO M Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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ASSINALOU 125 ANOS MULTIDISCIPLINAR «1898»
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Gimnásio Clube de Faro comemora, em 2023, 125 anos de existência e preparou um evento único para o dia 7 de dezembro, no Teatro Lethes, em Faro. «1898» foi um espetáculo de várias artes, tal como a história da entidade, criado em exclusivo para festejar a data com arte, diversão e humor. Dos ensaios aos espetáculos, o salão do Gimnásio Clube de Faro tem sido, desde sempre, palco de múltiplas artes, onde se ALGARVE INFORMATIVO #415
destacaram a música, dança, teatro e poesia. Por isso, participaram em «1898» diversos grupos de artistas, como sejam Pedro Monteiro e André Canário do te.Atrito; Armando Correia e Ricardo Mendonça dos Calceteiros de Letras; Luís Manhita, Isa de Brito, Valentim Filipe e Nuno Martins da Associação de Fado do Algarve; o Projeto Incorpora de Filipa Rodrigues, o Coral Ossónoba liderado pelo maestro Paulo Sopa, o pianista Luís Conceição e os Folk n’Quim envolvendo mais de 30 pessoas. Depois do espetáculo terminar, seguiu-se um brinde de honra nas instalações do Gimnásio Clube de Faro, no centro da capital algarvia . 64
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«DENTRO³» ENCANTOU PÚBLICO MAIS JOVEM DO FESTIVAL CONTRAPESO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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Festival Contrapeso regre ssou a Loulé para a sua terceira edição, de 30 de novembro a 3 de dezembro, com um programa de teatro, jazz, cruzamentos disciplinares e várias ações de mediação, como workshops e masterclasses, abrangendo diferentes públicos e temáticas, desde a emigração contada pelo prisma de quatro clowns, à eutanásia ou à ciganofobia, passando pelo revisitar de nomes incontornáveis do jazz mundial à criação de música original a partir de poesia. ALGARVE INFORMATIVO #415
«Gerações» foi o tema deste ano e o programa incluiu a performance «Dentro³», de Ana Catarina Santos e Sílvio Vieira da «outro», que encantou miúdos e graúdos na Casa da Mákina no dia 3 de dezembro. “Este cubo, como
a arte, quer crescer dentro de quem o vê, desdobrando-se em memórias e sentimentos que é incapaz de controlar. Também a árvore deixa cair o fruto sem saber se algum dia a semente encontrará terreno fértil. «Dentro³» é uma performance criada para a infância 80
e, quando nos pedem para explicar, dizemos que é sobre o gesto artístico, ao mesmo tempo tradutor e criador das coisas indizíveis”, explicam os criadores. A «outro» é uma estrutura de investigação e criação artística multidisciplinar dirigida por Sílvio Vieira. Com sede em Lisboa, surgiu como clube de leitura e reflexão em 2017, pela necessidade de dar corpo ao pensamento e partilhá-lo numa plataforma próxima do público através de textos, ilustrações, um dicionário etimológico e um armazém com materiais de outros autores, dando origem aos trabalhos «As árvores deixam morrer os ramos mais bonitos», «Dentro³» «Arena» e «Equador» . 81
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PROJETO DO TEATRO NACIONAL D. MARIA II LEVOU CULTURA A OLHÃO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Filipe Ferreira
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escobri-quê?» foi a criação de Cátia Pinheiro, Dori Nigro e José Nunes que subiu ao palco do Auditório Municipal Maria Barroso, em Olhão, no dia 29 de novembro, no âmbito do projeto «Odisseia Nacional» do Teatro Nacional D. Maria II. «Descobri-quê?» pretende contribuir para a descolonização – enquanto gesto inacabado, portanto, constante e continuado – do ensino do período histórico designado como Descobrimentos, quebrando uma série de narrativas oficiais que romantizam esta época e procurando uma confrontação com o passado invasor, expansionista e ALGARVE INFORMATIVO #415
colonialista português. Esta apresentação é orientada para o público juvenil e resulta da colaboração dos criadores da estrutura – Cátia Pinheiro e José Nunes – com o artista, performer e arte-educador Dori Nigro. Também o Museu Municipal de Olhão – Edifício do Compromisso Marítimo acolheu, no âmbito deste projeto do Teatro Nacional D. Maria II, entre os dias 4 e 7 de dezembro, a oficina de criação teatral «Mãos a Dentro», uma parceria com a Fundação GDA e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que é alicerçada em conteúdos práticos como dinâmica, foco, planos, imaginação, memória individual e coletiva, suspensão, ruturas, sistemas de criação e composição participativos . 94
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Questões de «bolha» Paulo Cunha (Professor) al como muitos de vós, à medida que a vida avança sinto-me cada vez mais cercado e apertado por uma bolha invisível que teima a confinar-me num espaço social demasiado restrito e limitado para as minhas expetativas e, consequentemente, para o meu gosto. A expressão «rebentar a bolha social» geralmente refere-se a quebrar as barreiras sociais ou desafiar as normas e expetativas sociais estabelecidas. Obviamente, o objetivo não é necessariamente rebentar com a bolha de uma forma destrutiva, mas sim expandi-la de maneira positiva, promovendo uma compreensão mais ampla e inclusiva da sociedade. Sempre que viajo e conheço novas realidades sinto que alargo horizontes, cresço e valorizo-me intelectualmente, tornando-me por isso mais rico em autoconhecimento. Efetivamente, sair da minha zona de conforto (bolha), proporcionar-me-á conhecimentos que só posso aprender viajando. Sair contribuirá para a minha saúde física e mental, proporcionar-me-á memórias únicas, fomentará a minha autodescoberta, tornar-me-á numa pessoa mais flexível e tolerante, ajudarme-á a alcançar objetivos e vencer medos, desenvolverá e estimulará a minha sensibilidade cultural, ALGARVE INFORMATIVO #415
proporcionar-me-á maior sensação de liberdade, ajudar-me-á a descansar, a relaxar e a refletir e tornar-me-á uma pessoa mais feliz e completa. Sair das bolhas sociais em que vivemos é fundamental para uma compreensão mais ampla e equilibrada do mundo. Uma bolha social refere-se a um ambiente onde as pessoas têm contato principalmente com indivíduos que compartilham características semelhantes, como opiniões políticas, interesses, valores ou background cultural. Ao reconhecer a importância de sair das bolhas sociais, é possível promover uma sociedade mais coesa, justa e resiliente, onde a diversidade é valorizada e as diferenças são celebradas. O cérebro humano adapta-se e tenta prever constantemente o mundo ao seu redor, incluindo as emoções das outras pessoas. Essas previsões são baseadas em experiências passadas e nas informações armazenadas na memória. No entanto, essas previsões automáticas podem ser influenciadas por vieses cognitivos, limitações percetivas e diferenças culturais, resultando numa visão distorcida das emoções dos outros. Por isso é importante questionar as normas, diversificar perspetivas, promover a tolerância, a empatia e a igualdade, incentivar o desenvolvimento pessoal, tomar decisões informadas, estimular a criatividade e a inovação, 106
Foto: Daniel Santos
os factos. É um espaço onde facilmente se criam grupos disto ou daquilo e onde frequentemente se furam muitas «bolhas», sendo comum observar pessoas a interromper relações com outras que tomam posicionamentos divergentes, «deixando de segui-las» nas redes sociais ou até mesmo chateando-se e terminando amizades reais.
combater os preconceitos e os estereótipos, permanecer aberto a novas conexões sociais e desenvolver e potenciar o autoconhecimento e a comunicação com os outros.
Num tempo em que prevalece a cultura do cancelamento e de algoritmos de redes sociais que facilitam o acesso somente ao que e a quem nos interessa, facilmente tornamo-nos intolerantes a ideias que se opõem ao que acreditamos. A comunicação com quem pensa diferente de nós ajuda-nos a entender o que leva alguém a agir de uma forma com que não concordamos. É um bom método para criarmos mais empatia, desenvolvendo e estimulando a inteligência emocional e fugindo a certos estigmas e preconceitos. Na prática, tal atitude significa aprender a tolerar os outros, mesmo aqueles que não compartilham as nossas opiniões, não tendo por isso de nelas deixar de acreditar e de ser o que somos.
Não se deve considerar uma bolha social como boa ou má. Na verdade, ela propicia-nos aspetos positivos, como a intimidade e a segurança nos relacionamentos próximos, tal como nos limita, restringindo a convivência apenas com quem concorda e tem gostos semelhantes aos nossos – as apelidadas «tribos». É interessante observar como as redes sociais marcaram uma nova forma de nos relacionarmos não só com as pessoas, mas também com as notícias e
É preciso aprender a olhar de fora para dentro. É preciso sair das várias bolhas em que vivemos para, duma forma assertiva e justa entendermos que não somos os únicos donos da razão. Sendo filha de muitos pais e mães, tal como a culpa, a razão jamais morrerá sozinha. Embrulhá-la numa bolha retirar-lhe-á a verdade e sem a verdade haverá, por certo, consequência. Transformemos, pois então, o nosso planeta numa única bolha! .
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Como vender mais online Fábio Jesuíno (Empresário) ender mais online é importantíssimo, uma oportunidade para muitos negócios se expandirem e chegarem a mais clientes e conseguirem melhores resultados.
redes sociais. Nos anúncios do Google e nas principais redes sociais, devido à diminuição da concorrência, muitas empresas estão a reduzir os investimentos e mesmo a cancelar. Na minha opinião, quem pensar diferente vai ter uma grande oportunidade e com valores mais baixos conseguir grandes resultados.
Com base na minha experiência de mais de 20 anos na área do marketing digital, reuni algumas ideias para aumentar as vendas online de uma forma sustentável e contínua.
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decisivos para aumentar a probabilidade de compra. Por esse motivo recomendo sempre a contratação de fotógrafos profissionais para executarem este tipo de trabalho. SEO Ter uma loja online bem posicionada nos resultados orgânicos nos motores de busca é essencial para aumentar o número e qualidade dos visitantes e a taxa de conversão. É um trabalho que leva algum tempo para alcançar os resultados desejados, mas são sempre muito positivos. Estas são algumas ideias que recomendo para qualquer tipo de loja online vender mais . 109
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"Valorizando Destinos: A Importância das Memórias e Sensações no Turismo Sazonal" Carlos Manso (Economista e Membro da Direção Nacional da Ordem dos Economistas) ivemos numa era em que o turismo desafia fronteiras, mas a sazonalidade continua a moldar muitos dos destinos. Para prosperarmos e fidelizarmos quem nos visita nesse cenário de sazonalidade, é crucial transcender o efêmero e construir experiências memoráveis. A criação de memórias e sensações não apenas enriquece a visita do turista, mas também impulsiona a valorização dos territórios. Para quem nos visita e para quem opta por residir nesses territórios. Em territórios com elevada sazonalidade, como o Algarve, a oferta turística muitas vezes enfrenta desafios de consistência e continuidade, mas também de adaptação das infraestruturas para os períodos em que a procura é elevada ficando sobredimensionada, pressionando os decisores políticos e «players» no mercado a encontrar soluções que normalizem essa procura ao longo do ano. As memórias, entretanto, transcendem as estações, transformando uma única visita em um capítulo duradouro na história do viajante. Ao invés de focar ALGARVE INFORMATIVO #415
apenas em atrativos temporais, devemos também concentrar os nossos esforços em experiências que resistam ao teste do tempo. A construção de memórias não é apenas responsabilidade dos gestores turísticos, mas uma colaboração entre a comunidade local e os visitantes. Ao envolver residentes e as entidades públicas, como os Municípios, na criação de experiências autênticas, geramos um sentimento de pertença que ecoará nas mentes dos visitantes para além da época alta. As histórias contadas pelos habitantes locais e as tradições compartilhadas transformam destinos em narrativas vivas, imortalizadas nas lembranças dos visitantes. Exemplo disso são alguns festivais de verão intrinsecamente ligados ao território onde acontecem, como o Festival do Marisco em Olhão ou o Festival da Sardinha em Portimão. Essas sensações e memórias são o tecido que liga o turista ao território e que nos tempos atuais poderá definir a escolha do destino turístico em detrimento de outros. Essa riqueza sensorial, seja através da gastronomia local, dos sons característicos ou da beleza visual única, cria uma teia de experiências que transcende a simples 110
observação. Investir na preservação e promoção desses elementos sensoriais não apenas cativa os visitantes, mas também preserva a autenticidade do destino. Num mundo onde as viagens são cada vez mais padronizadas, a criação de memórias e sensações diferencia destinos, como tal, valorizar um território vai além de estatísticas de visitantes; é cultivar uma conexão emocional que transcende a sazonalidade. Ao fazê-lo, não apenas asseguramos a sustentabilidade econômica, mas também enriquecemos a experiência turística e deixamos um legado duradouro para as gerações futuras. E, nesta matéria, os Municípios têm um papel fundamental, na criação de memórias visuais através de uma gestão mais adequada dos espaços públicos e das infraestruturas através de melhor planeamento, nomeadamente em 111
garantir espaços verdes bem tratados, arranjados e mais sustentáveis, no licenciamento de sinalização rodoviária para evitar a proliferação de painéis publicitários, na preservação e manutenção atempada das vias viárias e pedonais, uma aposta clara na preservação do Património histórico e cultural, entre outros. A gestão do espaço público é cada vez mais um fator diferenciador nos destinos turísticos e de valorização dos investimentos realizados nesses territórios. Em resumo, a verdadeira magia do turismo em territórios sazonais e, arrisco em afirmar, em todos os territórios, reside na capacidade de criar memórias que perduram e sensações que encantam. Ao abraçarmos esta abordagem, não apenas transformamos destinos, mas moldamos uma herança turística que resiste ao teste do tempo na mente dos visitantes, melhorando a qualidade de vida e o orgulho dos residentes. Aproveito para desejar a todos um Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Pensem nisto . Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha. ALGARVE INFORMATIVO #415
Valha-me Santo António! Sílvia Quinteiro (Professora) im pela primeira vez à Itália há cerca de trinta anos. Volto com a intenção de revisitar os lugares anteriormente percorridos, munida de um olhar maduro, informado. Um olhar enriquecido por três décadas de livros, filmes e experiências. Embarco numa viagem facilitada pelas novas tecnologias. Telemóvel e internet versus guia e mapa de papel. A diferença entre seguir a voz do GPS e os palpites de um marido que garante que vamos no sentido certo: ⎼ Basta veres onde está o sol! Estamos a andar para Norte! – Em mim, um misto de confiança, fé e desejo de que esteja certo. Está. Mas nem sempre. Aterro em Milão. Um espresso, igual a tantos outros, mas que pronunciado em italiano sabe muito melhor, ressuscitame. Rumo ao centro histórico. Vou confirmar, e sim, o Scala continua pequeno. Tenho exatamente a mesma impressão que tive quando o vi pela primeira vez. O edifício é demasiado exíguo para albergar gigantes. Uma passagem rápida pelas principais atrações turísticas. Tudo na mesma. Sigo viagem. Chego a Pádua. Dedico dois dias a conhecer a cidade que disputa Santo António com Lisboa, ainda que por aqui ninguém o saiba, percebo agora. O próximo destino é Veneza. A expectativa, ALGARVE INFORMATIVO #415
enorme. A primeira vinda à Itália foi completamente improvisada. Uma viagem de carro, sem destino. Apenas um prazo. Um mês. Um percurso desenhado pela curiosidade que a sinalética despertava ao longo do caminho. Nessa altura, cheguei a Veneza como poderia ter chegado a Praga ou a Berlim. Desta feita, a ida à Sereníssima foi cuidadosamente preparada. Trago uma lista: «A não perder». Logo abaixo, nomes de edifícios, ruas, museus, cafés, restaurantes, praias e, até mesmo, gelatarias. Venho em busca daquele «interior» de que fala Javier Marías. Quero observar os venezianos, onde e como vivem. Quero perceber se, de facto, há uma Veneza dos turistas e outra dos habitantes locais. Venho confiante. Marías ensinou-me a distingui-los. Trago na bagagem outras leituras incontornáveis: William Shakespeare, Thomas Mann, Jan Morris, Predrag Matvejević… Não há como não me sentir uma viajante especial. Dentro de horas caminharei por entre os milhares de visitantes de Veneza. Mas não serei um deles. Não uma turista normal. Não mais uma. Eu conheço os segredos da cidade. Conheço as histórias. Sei os caminhos dos livros e os dos escritores. O meu olhar é simultaneamente o de muitos e único. Pouco antes de vir descobri que, nos seus Diários de Viagem, Walter Benjamin dedica uma secção à viagem que fez à 112
Itália, em 1912. Trouxe o texto comigo. Ainda me restam duas horas em Pádua. Faço o check-out e decido tomar o pequeno-almoço na Piazza dei Signori. Uma praça quase vazia. Observo o imponente relógio astronómico. Olho de ciclope que, lá do fundo, supervisiona a montagem das pitorescas tendas do mercado. Folhas e flores que desabrocham com o evaporar do orvalho. Em breve, encontrar-se-ão envoltas no zumbido de um vaivém delirante. Quero guardar a memória deste amanhecer único em Pádua. Fotografo a praça com o clique de um pestanejar. A manhã está fresca. Peço um cappucino e uma sfogliatella de maçã. Abro o Diário de Benjamin e termino a leitura. Peço a conta no meu melhor italiano. Reparo que o talão indica mais dois euros do que paguei nos dias anteriores pela mesma refeição. Chamo a 113
jovem que me atendeu e pergunto se há engano. Estão três itens na conta. Diz-me que não. Que tenho de pagar o servizio. Verifico o significado da palavra no Google. Percebo, então, que existe uma taxa para o serviço à mesa. Não para todas as mesas, nem para todos os clientes. Apenas para os que, por desconhecimento, trazem consigo malas de viagem. E eu que li tanto. Que me preparei tanto. Que praticamente me sentia italiana. O pior não são os dois euros, é a crueldade. A rapariga, alheia aos meus esforços, confrontou-me, abrupta e impiedosamente, com o meu estatuto de turista. Subtraiu-me, com implacável objetividade, a ilusão de ser especial. Valha-me Santo António! De Pádua ou de Lisboa… tanto faz .
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #415
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