REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #452

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ALGARVE INFORMATIVO

ÍNDICE

Ana Graciete Coelho lança «Viagem em Ti» (pág. 20)

ABC inaugurou Imaging Lab em Loulé (pág. 28)

X Semana Europeia do Desporto encerrou em Lagoa (pág. 40)

4.º Capítulo da Confraria Gastronómica da Serra do Caldeirão (pág. 68)

1.º Encontro de Teatro Comunitário de Quarteira (pág. 92)

«Pé de Laranja Lima» no Cineteatro Louletano (pág. 110)

OPINIÃO

Ana Isabel Soares (pág. 124)

Ana Graciete Coelho deu a conhecer «Viaja em Ti» em Tavira

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Miguel Pires

Biblioteca

Municipal Álvaro de Campos, em Tavira, encheu-se de amigos, familiares e admiradores, no dia 28 de setembro, para assistir à apresentação do primeiro livro de Ana Graciete Coelho, «Viaja em Ti», em mais uma sessão da rúbrica «Encontro com

Autores». “Como não podia deixar de ser, a apresentação oficial tinha que ser na minha cidade. Foram incansáveis na Biblioteca deTavira em receber-me, estiveram sempre

disponíveis para me ajudar com todas as dúvidas”, justifica.

O livro é o resultado de uma viagem que a escritora fez ao seu interior, uma jornada que a fez crescer enquanto pessoa, crescer em amor, e perceber que “a vida só faz sentido quando percebemos que é maior que nós e na entrega aos outros em amor”, indica Ana Graciete Coelho, que fez questão de se fazer acompanhar pela sua primeira professora da escola primária, Isabel Mestre, que partilhou algumas histórias da sua ex-aluna e agora amiga e colega, como catequista. “Um livro

que, antes de ser livro, é um quadrinho de ardósia onde todos dias a escritora partilha aquilo que sente e está no seu interior. Um livro que quer transformar as pessoas em pessoas cheias de amor próprio e pelos outros”, descreve.

Ana Graciete Coelho reconheceu que “nada disto seria possível sem a minha família e o seu amor, que é o meu grande suporte, que me ama e me fazem poder multiplicar esse amor por mim e levá-los aos outros”. Quanto à obra, convida o leitor a parar, a centrar-se nele próprio para ouvir o que vem do seu interior. “Sim, porque dentro de ti e no teu coração tens muito para ouvires, mesmo que penses que não. Vai ajudar-te de página em página a

entrares em ti e a aprenderes a refletir sobre ti, para que possas começar a ouvir o teu coração. Vai mostrar-te que toda a viagem tem curvas, lombas, túneis, buracos, mudança de pneus, abastecimento, que às vezes tens até que encostar, mas que, além disto, tem-te a ti ao volante”, indicou a autora. “Este livro quer convidar-te a sorrir quando olhares para dentro de ti e a ouvires o que tem o teu coração a dizer depois de fazeres esta viagem”, reforçou a tavirense.

A próxima apresentação de «Viaja em Ti» decorre na FNAC de Faro, no dia 26 de outubro, às 17h. O livro, entretanto, está à venda na Wook, FNAC, Bertrand, e na própria editora Cordel de Prata.

ABC inaugurou em Loulé um equipamento de ressonância magnética que está ao serviço de todo o Algarve

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Imaging Lab by ABC foi inaugurado, em Loulé, no dia 27 de setembro, e promete fazer a diferença ao nível do desenvolvimento da investigação clínica no Algarve, graças à realização de exames de ressonância magnética de alta qualidade em estreita colaboração com a Unidade Local de Saúde.

Trata-se de uma tecnologia avançada essencial para o diagnóstico e monitorização de diversas condições médicas, em áreas como a neurológica, músculo-esquelética, abdominal, génitourinária, mama/senologia, oncologia, cardiovascular ou pediátrica, tendo capacidade para produzir imagens que, neste momento, não são possíveis fazer no Serviço Nacional de Saúde no Algarve. O equipamento permitirá, por exemplo,

efetuar ressonâncias magnéticas de corpo inteiro, cardíacas ou fetais, da forma mais exata e rápida possível, ao mesmo tempo que integra ferramentas de inteligência artificial que possibilitarão um melhoramento do tipo de imagem.

À frente deste novo projeto está Helena Guerreiro, jovem médica louletana que se encontrava em Hamburgo, na Alemanha, a chefiar uma equipa de investigação. E, de acordo com a responsável, o equipamento terá três pilares: a criação de linhas de investigação com utentes do Serviço Nacional de Saúde, enquadradas também para combater as listas de espera; a criação de estudos prospetivos de investigação que permitam desenvolver novas técnicas e novas tecnologias de aquisição de imagem médica; e a criação de uma

“plataforma ideal”, através da conexão e colaboração entre o Hospital, a

Unidade Local de Saúde do Algarve, a Universidade e o Algarve Biomedical Center, de apoio ao desenvolvimento de investigação clínica.

As ressonâncias terão de ser todas realizadas por referência hospitalar e destinam-se a utentes que se enquadrem em linhas de investigação colaborativa entre a Unidade Local de Saúde e o Centro Académico. “O objetivo é que, um dia, essas referenciações possam ser feitas também pelos centros de saúde e não apenas pelo Hospital”, acrescentou Helena Guerreiro. “Estamos a desenvolver algo único, uma unidade de imagiologia num centro académico, e estamos a tentar reforçar esta ligação com a ULS para, mais tarde, conseguirmos

abranger o maior número de utentes possível”, explicou a médica.

Para o presidente do ABC – Algarve Biomedical Center, Pedro Castelo Branco, “este projeto visa, acima de tudo, impulsionar a investigação médica na região, e, desta forma, melhorar a qualidade de vida daqueles que aqui vivem”. O responsável sublinhou o facto de a criação desta unidade só ter sido possível com o esforço de entidades como a CCDR Algarve, por via do apoio de fundos comunitários, a Câmara Municipal de Loulé, “parceiro-chave neste e noutros projetos”, a ULS, “que contribuiu com todo o know-how médico e estruturas hospitalares”,

e a Universidade do Algarve, “que entrou com todo o seu conhecimento científico e capacidade formativa”. Pedro Castelo Branco realçou ainda o contributo deste equipamento para a redução das listas de espera e lembrou que “permitirá o acesso aos utentes da região a exames altamente especializados que previamente se tinham que deslocar a outras zonas do país”.

Aquiles Marreiros, vogal executivo da comissão diretiva da CCDR Algarve, recordou que a saúde mereceu uma atenção muito particular no âmbito do CRESC Algarve 2020, com investimentos superiores a 15 milhões de euros em infraestruturas e equipamentos, “nas

vertentes da proximidade e da melhoria da qualidade de vida e numa aposta bastante incisiva ao nível da produção e transferência de conhecimento para o tecido empresarial e para garantir competitividade neste setor” “E o ALGARVE 2030 é um marco significativo na aposta em respostas de qualidade e tempo nos cuidados de saúde, como é o caso do Centro Oncológico de Referência do Sul, que ficará situado no Parque das Cidades. Que este seja um espaço de utilização fidedigna para garantir efetivamente as respostas

adequadas de que precisamos”, acrescentou Aquiles Marreiros.

Em representação da ULS Algarve, Paulo Neves considerou que o Algarve se tem afirmado cada vez mais, desde 2020, na área da saúde, com o apoio dos municípios, da Universidade e dos corpos clínicos. “Estes são projetos muitos difíceis, que levam o seu tempo, e que todos nós temos que acarinhar, portanto, é uma grande felicidade quando eles se concretizam. A CCDR Algarve tem sido verdadeiramente o porta-voz da autonomização da região na gestão dos fundos comunitários e, com o ABC, ainda pensamos dar

muitas vidas ao Algarve, e melhores vidas, a todos aqueles que precisam de nós”

A unidade funcionará provisoriamente num contentor junto ao Pavilhão Municipal Professor Joaquim Vairinhos, mas a ideia é que venha a ser integrada no Edifício Mariano Gago, a futura «casamãe» do ABC que irá nascer junto ao Estádio Municipal de Loulé. Será para aí que vão ser relocalizados outros equipamentos do ABC que se encontram espalhados pela cidade de Loulé, como o Centro de Cirurgia Experimental, a funcionar na Rua de Betunes. Um edifício que será dedicado exclusivamente à investigação, numa área de 4 mil e 200

metros quadrados e cujo concurso público para a empreitada será lançado no final do primeiro trimestre de 2025, num investimento municipal de 25 milhões de euros, revelou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo. “Esta ressonância magnética é mais um pilar do grandioso projeto que já é – e será cada vez mais – o complexo ecossistema de inovação e investigação científica para apoio à Biomedicina. Um projeto que já está cá fora e que vai entrar agora na sua infância”, considerou o autarca, reconhecendo, porém, que “ainda estamos muito longe daquilo que será o impacto

deste investimento que Loulé está a fazer com o ABC”. “E pode estar já reconhecido, em primeiro lugar, a um homem de invulgar visão e capacidade de concretização que é o Nuno Marques. Tenho que louvar igualmente o papel de liderança entusiástica que o Pedro CasteloBranco imprimiu desde que se viu investido da responsabilidade de liderar o ABC e estamos muito gratos também a todos os que, no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, aos médicos e investigadores das Faculdades de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve, trabalharam e ajudaram a trazer este projeto até aqui”, elogiou.

Vítor Aleixo fez questão de relembrar a aposta política que o Município de Loulé está a fazer no desenvolvimento da Ciência, sendo que, também na área da Saúde, em breve será inaugurado em Loulé o primeiro Centro de Saúde Académico do país. “Todos estes investimentos evidenciam uma clara escolha política deste executivo que entende que a economia da nossa região não pode continuar circunscrita a uma só atividade, que é o turismo, e a atividade imobiliária que a ele está agregada. A aposta na Ciência, que estamos a fazer no Algarve, e muito particularmente em Loulé, é de facto o grande futuro que vem

aí para a nossa região”, concluiu Vítor Aleixo, visivelmente satisfeito com a inauguração desta nova valência, mas também pelo regresso a casa da louletana Helena Guerreiro. “É uma tristeza ver os nossos filhos sair da nossa terra. A Helena soube deste projeto e decidiu colocar o seu valor e conhecimento ao serviço

dos seus conterrâneos, da sua família e amigos. Estamos imensamente felizes por isso, como a Helena há mais pessoas, e queremos desenvolver a nossa região de uma forma diferenciada e que valorize o capital humano, porque aqui também se pode viver

bem e ser feliz. Estamos a construir uma coisa maior e de que muito nos orgulharemos no futuro pelo bem que trará a muitos cidadãos, independentemente da sua condição financeira, pois a dignidade humana não se compadece com desigualdades”, finalizou o edil.

Semana Europeia do Desporto

2024 no Algarve terminou em festa em Lagoa

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

grande Festa de Encerramento da Semana Europeia do Desporto 2024 aconteceu em Lagoa, no dia 29 de setembro, e foi um verdadeiro sucesso, resultado da parceria bastante profícua entre o IPDJ –Instituto Português do Desporto e Juventude Algarve e o Município de Lagoa, sendo igualmente de destacar a estreita colaboração e cooperação com

as restantes autarquias, associações de modalidade e clubes desportivos.

O recinto da FATACIL, em Lagoa, transformou-se num enorme campo desportivo #BEACTIVE, com 35 modalidades desportivas presentes e a realização de uma marcha e corrida do Calendário Regional de Marcha e Corrida do Algarve. Entre ambas as dinâmicas, convidou-se mais de um milhar e meio de participantes, miúdos e graúdos, a praticar exercício físico. Uma manhã

onde se respirou saúde, muita animação e energia positiva, honrando o verdadeiro conceito de «Desporto para Tod@s».

Luís Encarnação, Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Carla Silva, Vogal do IPDJ, e Custódio Moreno, Diretor Regional do IPDJ Algarve, foram os anfitriões que fizeram as honras deste megaevento desportivo. Apadrinharam o evento os atletas olímpicos Susana Feitor (participação em cinco Jogos Olímpicos) e Gabriel Albuquerque (participação nos Jogos Olímpicos de Paris 2024). Entre os cerca de 80 convidados de honra que fizeram questão de marcar presença, contaram-se muitos dirigentes das associações de modalidade, federações e clubes desportivos, atletas olímpicos, campões mundiais e europeus, embaixadores do PNED – Plano Nacional para a Ética no Desporto, treinadores, representantes de municípios, da ANAFRE – Associação Nacional de

Freguesias do Algarve, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Algarve, da DGEST – Direção Regional de Educação do Algarve, da Polícia de Segurança Pública, da Guarda Nacional Republicana, entre muitos outros. Foi uma manhã inesquecível que, inequivocamente, espelhou a força e o dinamismo do desporto no Algarve.

A Semana Europeia do Desporto é uma iniciativa da Comissão Europeia que visa promover a prática de desporto e atividade física, bem como sensibilizar para as numerosas vantagens de ambos. É um acontecimento à escala europeia, com atividades que decorrem em vários países, e na edição deste ano, a décima, aconteceu de 23 a 30 de setembro. No Algarve, durante esta semana, foram realizados mais de 200 eventos/iniciativas, de natureza diversa, em todos os concelhos algarvios.

Confraria Gastronómica da Serra do Caldeirão celebrou mais um Capítulo em São Brás de Alportel

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Confraria

Gastronómica da Serra do Caldeirão organizou, no dia 22 de setembro, em São Brás de Alportel, o seu 4.º

Capítulo, durante o qual foram entronizados novos confrades que assim se juntaram aos cerca de 50 já existentes.

A gastronomia representa atualmente um papel importante na defesa e

promoção da identidade de um povo e do seu território, o que levou à criação, em novembro de 2018, da Confraria Gastronómica da Serra do Caldeirão. Um dos principais objetivos da fundação desta entidade é a divulgação, preservação e registo das tradições gastronómicas, bem como dos produtos autóctones da Serra do Caldeirão, abrangendo para isso o território dos concelhos de São Brás de Alportel, Loulé, Tavira, Alcoutim, Silves e Almodôvar. “Somos, acima de tudo,

embaixadores de uma região rica em identidade própria, onde cada prato, cada ingrediente, cada tradição e cada expressão cultural que aqui mantemos viva, reflete a alma do nosso povo”, descreveu o Grão-Mestre Gonçalo Mesquita. “Este é efetivamente um momento de celebração e de renovação, assinalado hoje pelo simbolismo do equinócio de Outono, um tempo de colheita, de reflexão e de novos começos. Desejo que este dia fique marcado na memória de todos nós, como um testemunho do nosso amor e compromisso pela Serra do Caldeirão e pelas suas gentes”, acrescentou.

De acordo com Gonçalo Mesquita, o ano em que a Confraria Gastronómica da Serra do Caldeirão celebra o seu sexto aniversário tem sido marcado pela organização e participação em diversas atividades que reforçaram a sua presença e influência junto da comunidade e da família confrádica. São disso exemplo uma palestra subordinada ao tema «O que é uma Confraria?» realizada na Escola Secundária de Quarteira e que se pretende replicar junto das escolas do ensino básico, preparatório e secundário nos concelhos da Serra do Caldeirão; os diversos encontros gastronómicos sob o lema «Sabores e Tradições» realizados nos restaurantes e tascas tradicionais que ainda se podem encontrar no coração da Serra do Cadeirão, onde o paladar se mistura com a tradição mais genuína; a participação em múltiplas festas, feiras e arraiais em várias localidades e freguesias serranas; a participação em eventos de

relevo nacional como a BTL, a Feira da Serra, a Festa da Espiga, o Lagoa Wine Show, a FATACIL, as Comemorações da Elevação da Gastronomia a Património Cultural de Portugal, a Feira da Dieta Mediterrânica; e a presença em diversos eventos e capítulos confrádicos que fortaleceram os laços com outras confrarias regionais, nacionais e além fronteiras. “Estas iniciativas têm sido fundamentais para promover o que de melhor se faz na nossa serra, apoiando diretamente os produtores locais, artesãos e todos aqueles que trabalham para preservar e enriquecer o nosso património gastronómico e cultural”, assumiu Gonçalo Mesquita.

O Grão-Mestre lembrou ainda que a Confraria Gastronómica da Serra do Caldeirão se inscreveu na Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas e que foram atribuídos 16

novos selos de qualidade desta Confraria, “um selo que comprova que o local, pessoa, instituição pública ou privada, evento representa a história, cultura, tradição e gastronomia da Serra do Caldeirão, uma imagem da autenticidade que nos define, respeitando assim o nosso legado”, explicou. “Este ano iremos reconhecer diversos artesãos, produtores, restaurantes, cafés, doceiras, eventos, espaços museológicos do concelho de São Brás de Alportel com a parceria do Município”, revelou.

Gonçalo Mesquita entende, também, ser imperativo que as confrarias assumam o seu papel na elevação e promoção das tradições gastronómicas de Portugal, “um país de

extraordinária diversidade cultural e natural e com uma importância inegável no contexto da gastronomia e dieta mediterrânica”. “A missão que nos une vai além do prazer gastronómico; ela representa um pacto de apoio ao tecido económico tradicional, valorizando o trabalho árduo e a dedicação de todos aqueles que mantêm vivas as práticas e os sabores que são o coração da nossa cultura”, apontou, antes de deixar um desabafo: “O papel das confrarias e dos confrades não é de usar em proveito próprio estas associações culturais, mas sim de servir o bem público, honrando e divulgando as tradições e o saber

dos nossos antepassados. As confrarias não são entidades lucrativas, nem plataformas para enriquecimento pessoal ou emprego direto. Somos movidos por propósitos identitários, culturais e gastronómicos, e com o objetivo claro de preservar e promover as tradições locais, contribuindo para o desenvolvimento dos agentes económicos que diariamente oferecem produtos e experiências autênticas que refletem a alma da nossa gente”.

O 4.º Capítulo de Entronização da Confraria Gastronómica da Serra do Caldeirão contou com elementos de outras confrarias de diversos pontos do país, nomeadamente, a Confraria dos

Amigos da Guia e do Frango da Freguesia, a Confraria do Atum de Vila Real de Santo António, a Confraria Bacchus de Albufeira, a Confraria da Broa D´Avanca, a Confraria dos Enófilos do Alentejo, a Confraria Gastronómica do Alentejo, a Confraria Gastronómica de Almeirim, a Confraria dos Gastrónomos de Lafões, a Confraria da Lampantana, a Confraria Marinha da Ria Formosa, a Confraria do Medronho «Os Monchiqueiros», a Confraria Olhanense do Litão, a Confraria da Sardinha de Portimão, a Confraria do Vinho de Carcavelos e a Confraria do Vinho Verde. Durante a Cerimónia Capitular, que aconteceu no Cineteatro Jaime Pinto, foram entronizados, como Confrades Efetivos, Adérito Cavaco, Albino Martins, Ângela Fortes, Elisabete Barradas, Gisela Viegas, Rafael Dias, Maria Manuela Encarnação, Nuno Palma, Silvia Revés, Sónia Horta, Sónia Martins e Sónia Viegas, e, como Confrades Honra, Beatriz Pereira, Nuno Martins, Suzy Caboz,

A.S.T.A. – Associação de Artes e Sabores de Tavira e Renato Rocha – Lagar de Santa Catarina da Fonte do Bispo. Foi ainda entronizada como Confrade de Mérito Filipa Faísca. O evento assistiu igualmente à apresentação do hino oficial da confraria.

Terminada a sessão no Cineteatro Jaime Pinto, a comitiva seguiu para Santo Estevão, concelho de Tavira, para um Almoço Serrano n’A Quinta, onde, entre inúmeros pratos, se destacaram as Papas de Milho Serranas, o Galo Guisado com Batatas e a Feijoada de Javali. Este 4.º Capítulo de Entronização contou com o importante apoio da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, União de Freguesias Querença, Tôr e Benafim, Junta de Freguesia de Cachopo, Junta de Freguesia de Salir e de diversos produtores do vasto território da Serra do Caldeirão.

JAT – JANELA ABERTA

PROMOVEU 1.º ENCONTRO

COMUNITÁRIO EM QUARTEIRA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

ABERTA TEATRO ENCONTRO DE TEATRO QUARTEIRA

os dias 28 e 29 de setembro, a marginal de Quarteira, entre o mar e o pôr-do-sol, assistiu ao 1.º

Encontro de Teatro

Comunitário Quarteira/Algarve.

Idealizado, produzido e coordenado pelo JAT – Janela Aberta Teatro, a iniciativa contou com o apoio e parceria da Junta de Freguesia de Quarteira e da Câmara Municipal de Loulé e CCDR Algarve e o principal objetivo foi mostrar ao público a dimensão poética do sentido de comunidade e o poder do teatro como prática artística e cultural coletiva, universal, transgressora e agregadora.

Este objetivo de valorização da dimensão comunitária e artística fez-se em distintos momentos de intercâmbio

cultural e criativo, por intermédio de espetáculos, conversas e convívios que geraram conhecimento, confrontação de ideias e ideais, identidade, cooperação e humanismo. Nesta sua edição inaugural, com a duração de dois dias, o Grupo de Teatro Comunitário de Quarteira, a comemorar seis anos de existência, foi o anfitrião e o programa incluiu mais três grupos, designadamente, «As Mulheres do Alto» (Gorjões), Teatro Sénior de Quarteira e Teatro de Vizinhes (Faro), num total de quatro espetáculos.

O Encontro apresenta-se como uma janela aberta para criar diálogos intercomunitários, interculturais e intergeracionais através da arte, numa narrativa em que a arte de todos e para todos é dominante, não excluindo nem marginalizando ninguém, dando palco à cidadania ativa e consciente. Numa

perspetiva não hegemónica, mas harmoniosa, o encontro reuniu comunidades de proximidade, que habitam um (pressuposto) mesmo território geográfico, com distintas identidades culturais, e que, através das criações originais, narram as histórias das suas comunidades, dando a conhecer os seus pontos de ligação e as suas diferenças e singularidades, as suas preocupações e as suas forças, com uma matriz de partilha para a consciencialização e para ação.

Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo são a dupla artística que há muito idealizou este encontro que agora teve lugar “num momento local e global onde a violência e o extremismo, a segregação e a discriminação são uma realidade diária, onde os

direitos humanos e os valores sociais democráticos são diariamente questionados e deturpados, em que os cidadãos são apartados e se apartam dos seus direitos e deveres”, pelo que “urge mostrar novas formas criativas e ativas de efetivar a cidadania e a participação em sociedade, provocando reflexão e ação”. E o local escolhido, Quarteira, é a cidade de onde é originário Miguel Martins Pessoa, um dos diretores artísticos, coordenadores e encenadores do JAT – Janela Aberta Teatro, numa ligação umbilical com as suas raízes comunitárias, humanas e socias, sendo igualmente o lugar geográfico da fundação histórica dos dois primeiros grupos de teatro comunitário no Algarve central com direção e coordenação

artística do JAT – o Grupo de Teatro Comunitário de Quarteira e o Grupo de Teatro Sénior de Quarteira.

Nas futuras edições, o evento, que se vai realizar num horizonte temporal bienal, procurará abrir janelas com vista para o territorial nacional e internacional, permitindo estabelecer pontes de ligação entre distintas comunidades através da arte do teatro, convidando grupos, encenadores e equipas artísticas de teatro comunitário de outras regiões de Portugal e do mundo. Desta feita, o primeiro dia começou com o espetáculo das «Mulheres do Alto», grupo que surgiu, em 2022, no Sítio dos Gorjões, como um projeto comunitário que juntou nove membros femininos desta comunidade do interior do concelho de Faro. Desde então, estas mulheres, jovens e meninas têm dado a conhecer as

memórias pessoais e sociais deste lugar de onde são originárias, num processo de capacitação e qualificação cultural, com base em textos escritos por historiadores locais e experiências de vida das participantes, utilizando o teatro como elemento de expressão universal da comunidade para a comunidade. O espetáculo teve encenação de Ilda Nogueira Martins e Graça Madeira, com coordenação musical de Ilda Nogueira Martins e interpretação das vizinhasatrizes dos Gorjões.

A terminar o programa do dia 28 de setembro assistiu-se a «Cinema Miami» pelo Grupo de Teatro Comunitário de Quarteira, fundado, em 2018, numa das vilas piscatórias e turísticas mais antigas e tradicionais do Algarve, e que veio potenciar a mudança de estigmas negativos associados à cidade como a

droga e a criminalidade. O grupo tornouse embaixador deste território, promovendo-o e valorizando-o, estimulando ativamente a integração, acolhimento e capacitação das suas gentes, independentemente da sua condição social, fomentando um sentimento de pertença e identidade nos elementos desta comunidade. Com direção artística e encenação a cargo de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo,

«Cinema Miami» tem como intérpretes vizinhos-atores e vizinhas-atrizes de Quarteira de todas as idades e aborda o encerramento de uma carismática sala de espetáculos para que se fizesse um furo em busca de petróleo, tendo sido concebido precisamente quando se falava da exploração de petróleo ao largo da costa algarvia.

MÁKINA DE CENA REGRESSOU ALGARVIOS COM «PÉ DE

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

REGRESSOU AOS PALCOS DE LARANJA LIMA»

clássico da literatura infantojuvenil

«Meu Pé de Laranja Lima» serviu de mote à nova criação teatral da estrutura louletana Mákina de Cena, que estreou, no dia 26 de setembro, no Cineteatro Louletano. A adaptação aos palcos desta obra maior da literatura brasileira, escrita em 1968 por José Mauro de Vasconcelos, parte da vontade da encenadora, Carolina Santos,

de dar vida às histórias que marcaram a sua infância e juventude. “Não me lembro do primeiro livro que li, mas guardo uma viva memória da primeira vez que chorei a ler. Tinha 13 anos e estava a meio de «O Meu Pé de Laranja Lima», de José Mauro deVasconcelos. Foi aí que percebi o poder da leitura e da elasticidade que tem o nosso imaginário”, recorda.

Com esta nova criação, a estrutura sediada em Loulé prossegue com o seu propósito de capacitação e profissionalização de uma nova geração de atores algarvios, apresentando um elenco totalmente composto por atores oriundos ou residentes na região, dois deles provenientes do recém revitalizado SinCera – Grupo de Teatro da Universidade do Algarve. Mauro Coelho e Rafaella Ambrozio juntam-se a Beatriz Medeiros, dando corpo às diversas personagens desta história, num espetáculo que se assume como uma ode à alegria-mais-forte-que-tudo das

crianças que conhecem mais dor do que deveriam, e um regresso de três adultos ao lugar do «tudo é possível», que só a imaginação permite.

Com um dispositivo cénico atípico e uma boa dose de ilusão, este «Pé de Laranja Lima» coloca pequenos e grandes espetadores muito perto da ação, quase como se fizessem parte dela, nesta que é a segunda incursão da Mákina de Cena pelos clássicos da literatura infantojuvenil, depois de «Viagem ao Centro da Terra» em 2023.

Um filme, um livro (3)Five Easy Pieces (1969)

ometimes it’s hard to be a woman”, canta Mississippi Tammy Wynette no começo de Five Easy Pieces, um dos primeiros filmes dirigidos por Bob Rafelson (que produziu, entre outros, Easy Rider, de 1969). Antes de se ouvir o verso que abre a canção, a banda sonora é feita de ruídos de maquinaria: uma escavadora monstruosa, torrões de terra a cair. A comandar a máquina, de capacete branco protetor e camisa de ganga clara («blue colar», ma non tropo, é o que afirma o figurino), os olhos postos no céu que é a pá desmesurada que maneja, está alguém cuja fama estava também a começar, e uma personagem que era nada mais do que a aparência física da paisagem, do que vestia, do contexto laboral em que se apresentava. Passa um minuto inteiro – vê-se outros homens, tubagens ligadas, o tempo a passar, o dia de trabalho que termina – antes de surgir na imagem o título do filme e se ouvirem os primeiros acordes, em tom country, de «Stand by your man», o tema que, em 1968, fora campeão de vendas durante três semanas consecutivas (pouco mais de um mês depois de ter sido lançado). A canção era provavelmente o elemento que o público mais depressa reconheceria: às vezes não é fácil ser mulher e dar o teu amor a um homem só,

mas lembra-te que ele não é mais do que isso, um homem, e dá-lhe o teu apoio. Parece estar tudo errado, nos dias de hoje, com a mensagem que ali passa: um amor incondicional por alguém cuja identidade é inferiorizada; o aprisionamento de indivíduos uns aos outros, as menos sólidas justificações para essa vida difícil. Mas a melodia incita, vai desde a dolência do início até ao encorajamento do refrão, batido em cadência forte, como se fosse a afirmação da vida daquela mulher (a cantora que o popularizou parece ter passado também por maus bocados), ou de uma feliz, muito justa razão de ser – que, descobrese desde o título, consiste em dar apoio ao outro. O filme começa a mostrar apenas o trabalho dos homens; mas aquela canção, numa frágil voz feminina, exalta o poder anímico e a anulação própria em favor de alguém. Contrasta com a força física, com os braços que agarram tubos e máquinas, ou as pernas que sobem andaimes e estruturas. “Apoia o teu homem”, vai soando, enquanto eles, sozinhos, sabe-se lá o que fazem pelas mulheres, ou mesmo por si próprios.

Esta é só uma das «peças» (será uma das que o título refere?) que o filme de Rafelson entrega a quem o vê para fazer parte de um quebra-cabeças sobre o que pretende cada ser humano, sobre de

onde vem a insatisfação que o leva a demolir os caminhos da sua vida enquanto constrói os que outros hão de trilhar. O que quer Robert Dupea? A sua desorientação resulta do mundo que pressente perdido, de olhar para a frente e não conseguir vislumbrar o futuro? A meio do caminho entre o lugar onde

escolheu trabalhar e a casa onde vive o pai, que a doença já alheou de tudo, Robert dá boleia a duas mulheres: uma delas é Palm Apodaca (feita pela incrível Helena Kallianiotes), um furor que pretende chegar ao Alaska, convencida de que o branco da paisagem de lá lhe oferecerá a pureza que a Califórnia já perdeu: parte da viagem leva-a, no banco de trás, a queixar-se do derrame consumista que há de acabar com a Terra (“Têm tantas lojas e coisas e porcaria cheia de merdas”) e da poluição que acompanha o desfile final. É um diálogo – ou melhor, o monólogo de um corode-voz-única cujos espectadores estão entre o indiferente (Robert, por estar consciente de tudo o que as palavras de Palm significam) e o incrédulo (Rayette DiPesto, colagem do nome da cantora do início, que nem parece discernir o alcance do que ouve). Apodaca é uma Cassandra – hoje, irónica e tristemente vingada: acredita-se no que profetizou, mas a concretização das profecias implica que ela, assim como todos os que a inventaram (Rafelson, Nicholson, Wynette, ...) têm os dias contados.

Foto: Vasco Célio

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A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas.

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

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