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ALGARVE INFORMATIVO 21 de julho, 2018

JOÃO BARRADAS VIRTUOSO NO «JAZZ NO PALÁCIO» «EPIC NOTES» | «EUPHORIA 1» | EXPOSIÇÕES «289» E «A FLORESTA» 1 «CINEMA MIAMI» DISSE «NÃO!» AO PETRÓLEO | «MERCADO FORA ALGARVE INFORMATIVO #164 D’HORAS»


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CONTEÚDOS #164 21 DE JULHO, 2018 18

ARTIGOS 10 - Feira da Serra de São Brás de Alportel quase a chegar 18 - «Cinema Miami» em Quarteira 36 - João Barradas no «Jazz no Palácio» em Tavira 48 - «Mercado fora d’horas» em Silves 60 - Exposição «A Floresta» em Portimão 72 - «Euphoria 1» deu início ao «Baixa Street Fest» em Faro 80 - «Epic Notes» em Loulé 88 - Exposição 289 em Faro 104 - João Barata 126 - Atualidade

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OPINIÃO 110 - Paulo Cunha 112 - Paulo Bernardo 114 - Adília César 116 - Mirian Tavares 118 - Ana Isabel Soares 120 - Fábio Jesuíno 122 - Antónia Correia ALGARVE INFORMATIVO #164

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REPORTAGEM

FEIRA DA SERRA, UM ORGULHO PARA OS SÃO-BRASENSES E UM INVESTIMENTO NO FUTURO DO CONCELHO Texto:

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oi à sombra de uma alfarrobeira, no exterior do Pavilhão Municipal Dr. José de Sousa Pires, que se ficou a conhecer a 27.ª Feira da Serra de São Brás de Alportel, este ano subordinada ao tema, como se adivinha, da alfarroba, “um produto de excelência muito presente na gastronomia regional algarvia e nas vivências sociais da região”, explicou Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. “É o evento mais importante do concelho, bastante ALGARVE INFORMATIVO #164

acarinhado pela autarquia desde o seu nascimento – numa parceria com a Associação In Loco – e que é para nós fundamental, por ser responsável por desenvolver toda a economia local e por ser a festa de toda a comunidade são-brasense”, acrescentou Marlene Guerreiro, Vice-Presidente da edilidade. De 26 a 29 de julho serão quatro dias de uma viagem inesquecível ao Algarve genuíno, onde as tradições se mantêm vivas e são apresentadas às dezenas de milhar de visitantes que rumam à Serra 10


do Caldeirão, ao coração do Algarve, neste fim-de-semana. Mas a feira continua a reinventar-se e a surpreender, com novos espaços e iniciativas direcionadas para todos os escalões etários e conservando todos os seus ingredientes de sucesso, com a diversidade, qualidade e genuinidade a garantirem muitas horas bem passadas. Mas também a darem resposta aos objetivos da autarquia sãobrasense, nomeadamente: valorizar, proteger e promover as tradições e costumes da Serra do Caldeirão, do Barrocal e do Algarve; promover e preservar os saberes ancestrais associados ao artesanato local e à confeção de produtos agroalimentares, enquanto impulsionadores da atividade económica da serra e barrocal; proporcionar o contato direto com a flora e fauna, de modo a sensibilizar os visitantes para a biodiversidade local e sua importância;

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divulgar as apostas inovadoras de empreendedorismo local e regional; promover a gastronomia tradicional assente nos valores da Dieta Mediterrânica; valorizar o comércio local; e apresentar a oferta turística do território são-brasense. “O certame deixou de ser, há muito, uma simples feira de artesanato e gastronomia, para ser uma montra do melhor que temos e somos neste território, este ano com a Rainha do Barrocal, a nossa alfarrobeira”, salientou Marlene Guerreiro. O recinto é o do costume, ou seja, o exterior da Escola Poeta Bernardo de Passos e pelo palco principal vão passar artistas como Matias Damásio, Raquel Tavares, Miguel Gameiro e Fernando Pessoa, para além do sempre glamouroso desfile São Brás Fashion,

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tudo pela módica quantia de quatro euros por ingresso, havendo a possibilidade de adquirir o bilhete para os quatro dias por 12 euros, o mesmo valor que custa comprar um ingresso familiar, correspondente a quatro entradas. Um facto bastante enfatizado pela Câmara Municipal de São Brás de Alportel é que a Feira da Serra é 100 por cento acessível em todos os 20 mil metros quadrados do recinto, de modo a que todos os visitantes possam desfrutar dos prazeres do certame, independentemente das suas limitações em termos de mobilidade. Assim, em colaboração com a Casa de Repouso e Saúde de São Brás de Alportel e a Fisio São Brás, vão estar disponíveis circuitos acessíveis, haverá um espaço reservado junto aos palcos principais e espaços de estacionamento específicos, para além de apoio personalizado para quem necessitar. A alfarroba é, como se disse, o convidado especial da edição de 2018 da Feira da Serra de São Brás de Alportel, e vai inspirar ALGARVE INFORMATIVO #164

o Palco Sabores, não faltando os doces, compotas e licores do fruto da alfarrobeira. Mas o convidado de 2017, o Vinho, não foi deixado de lado, pelo que haverá um renovado Sítio do Vinho com degustações dos melhores néctares algarvios acompanhados por especialistas da área. Outra novidade é a Street Área, um ponto de encontro entre a tradição e a inovação, com uma mostra de projetos de street food, mas também de uma exposição de automóveis Citroen de 2 cavalos e motorizadas Vespa. Renovado vai ser igualmente o espaço dedicado aos agentes turísticos do concelho, para darem a conhecer as inúmeras potencialidades de São Brás de Alportel. E, em 2018, teremos ainda os «Batidos com Coração», um projeto inovador, divertido, saudável e ecológico que permitirá aos visitantes fazerem o seu próprio batido de fruta a pedalar, com a misturadora instalada nas próprias bicicletas. 12


Ao todo estarão 18 espaços à espera dos visitantes: Sítio da Alfarroba, Street Área, Aldeia Serrana, Encontro de Sabores (6 espaços de restauração e 2 tasquinhas à portuguesa), Encontro de Saberes (o lugar do associativismo), Encontro de Ofícios, Picadeiro, Sítio dos Animais, Sítio dos Curiosos (o mundo do faz-de-conta), Praça do Município, Palco Principal, Palco Sonoridades, Palco Sabores, O Mercado vai à Feira (sabores da agricultura tradicional), Sítio do Vinho, Jardins da Serra e do Barrocal, Praça da Diversão e Espaço Visit São Brás. Percebe-se, por isso, a gigantesca tarefa que é montar a Feira da Serra para uma Câmara Municipal com recursos financeiros e humanos limitados, já que tudo é feito com a prata da casa, não se contratando nenhuma empresa externa para organizar o evento. “Somos ambiciosos, mas olhamos para o horizonte com muito cuidado e atenção e não estendemos o pé para além do lençol. Por isso, a Feira da Serra só é

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possível porque temos uma «máquina» feita de pessoas que se entregam de corpo e alma a este evento ano após ano”, enfatizou Marlene Guerreiro. “A Feira da Serra é sinónimo de vitalidade, crescimento e inovação”, afirmou, sem rodeios, o Vereador Acácio Martins, adiantando que todos os setores da Autarquia contribuem com os seus recursos humanos para a organização do evento, para além dos numerosos voluntários da comunidade local, num total que ronda as duas mil pessoas. “São mais de 220 stands numa feira moderna e que cumpre com todas as exigências técnicas, funcionais e legais, que são cada vez mais rigorosas”, referiu, enquanto Vítor Guerreiro voltou a chamar a atenção para o orgulho que toda a comunidade sente em relação à Feira da Serra. “É o principal evento para São Brás, não só pela sua dimensão e pela quantidade

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de pessoas que atrai e que estão envolvidas na organização, mas pela capacidade que tem para valorizar o nosso território. É uma mais-valia para a economia local e para a promoção turística do concerto”, garante o autarca. A Feira da Serra de 2018 exigiu um investimento à volta dos 250 mil euros, mais 12 por cento do que no ano transato por motivos bastante fáceis de compreender, adiantou Vítor Guerreiro. “Temos mais 20 mil euros de investimento para cumprirmos com a nova legislação relativa à parte elétrica e aos projetos de eletricidade com geradores, e que já não será feito nos próximos anos. Depois, como é óbvio, há uns anos tudo era mais barato e as empresas estavam desejosas de ter trabalho. Fizemos um concurso público para o palco principal com o mesmo valor que pagamos em 2017 e ninguém concorreu, tivemos que abrir um novo concurso com um orçamento mais ALGARVE INFORMATIVO #164

elevado”, revelou o edil, uma situação que nunca irá colocar em causa a realização da Feira da Serra. “Traz um retorno económico enorme que é dividido pelas famílias do concelho, pelas empresas, associações e comerciantes de São Brás de Alportel, daí a Câmara Municipal continuar a investir nela”, justificou. E quanto às críticas que têm surgido por o evento dar «prejuízo financeiro» à autarquia, Vítor Guerreiro foi rápido a responder. “De acordo com essas lógicas, sempre que asfaltamos uma estrada, teríamos que colocar portagens nela para recuperarmos o dinheiro investido. Com os investimentos que fazemos na Educação também não entra dinheiro nos cofres da Câmara Municipal. Dinamizar a cultura, a economia, a educação, conceder apoios sociais, tudo isso faz parte da missão de uma Autarquia, nunca se pode falar em prejuízo” .

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CINEMA MIAMI DISSE «NÃO!» AO PETRÓLEO NO ALGARVE Texto:

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Jardim Filipe Jonas, palco da nova Feira de Verão de Quarteira, acolheu, nos dias 16 e 17 de julho, «Cinema Miami», o primeiro espetáculo do Grupo de Teatro Comunitário - Quarteira Fora da Caixa, composto por membros da comunidade quarteirense, e arredores, que fazem do teatro um espaço de encontro, convívio, reflexão, criatividade, jogo e crescimento pessoal. A divertida comédia conta a história de uma comunidade que vê o seu cinema fechar, com a decisão a ser comunicada, durante uma sessão tripla que incluía os filmes «Tarzan», «Romeu e Julieta» e «Titanic», pelo próprio governador local, para ali se iniciar uma operação de exploração de petróleo.

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Em palco estiveram 22 jovens atores amadores que interpretaram personagens típicas de Quarteira, desde lavadeiras e pescadores até uma madre superiora, mas também os habituais turistas que esgotam a cidade costeira do concelho de Loulé durante os meses quentes de Verão. O objetivo dos encenadores Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo foi resgatar a memória destas figuras do quotidiano quarteirense de outros tempos – porque um povo sem memória não tem identidade – mas também fazer o espectador viver um momento de ritual e reflexão, abordando temas atuais que dizem respeito a todos nós. O projeto é da responsabilidade do Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro, de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo, contando com o apoio da Junta de Freguesia de Quarteira e com a parceria da Associação Akredita em Ti e da Câmara Municipal de Loulé. Atualmente 23

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tem cerca de 35 membros ativos, vizinhosatores de todas as idades, dos 5 aos 83 anos, que todas as quintas-feiras se reúnem no edifício da Junta de Freguesia de Quarteira para ensaiar e brincar juntos. “A criação do grupo de Teatro Comunitário teve como grande propósito oferecer um espaço de criação e expressão à comunidade de Quarteira, mas também de encontro entre vizinhos e para vizinhos, pois todos temos direito à criatividade, à imaginação e ao desenvolvimento humano. Com a evolução do mundo moderno e tecnológico, as pessoas encontram-se cada vez menos umas com as outras. Vivemos em pequenos mundos, isolados e muitas vezes de costas voltadas para o próximo”, explicam Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo, acrescentando ainda que “o Teatro, por natureza, é celebração e festa, um espaço de encontro e de expressão através da arte, e um dos rituais mais antigos que a humanidade nos deixou” . ALGARVE INFORMATIVO #164

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JOÃO BARRADAS, VIRTUOSO NO «JAZZ NO PALÁCIO» Texto:

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os 25 anos de idade, João Barradas é um dos mais conceituados e reconhecidos acordeonistas europeus, créditos facilmente comprovados no brilhante concerto que deu, no dia 19 de julho, em Tavira, no arranque de mais uma edição do «Jazz no Palácio». O pátio do Palácio da Galeria praticamente esgotou, numa plateia com muitos residentes, mas também bastantes turistas estrangeiro, conhecedores do talento deste jovem que se move, como «peixe na água», entre a música clássica, o jazz e a música improvisada.

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Em Tavira, João Barradas apresentou-se com os «Home», do qual fazem parte Mané Fernandes (guitarra), Eduardo Cardinho (vibrofone), Gonçalo Neto (guitarra), Ricardo Marques (contrabaixo) e

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Guilherme Melo (bateria), todos eles excelentes instrumentistas, como se constatou nos solos que executaram com mestria ao longo do espetáculo, bem à imagem do que é a cena do jazz, onde os músicos num instante vagueiam ao improviso, colocando nos seus instrumentos os sentimentos que lhes vão na alma, para deleite dos apaixonados duma sonoridade que nem sempre é fácil de encaixar. No entanto, quando estamos na presença de artistas desta qualidade, mesmo os não apreciadores de jazz se deixam contagiar e levar pelo som, neste cado de «An End As a New Beginning», o primeiro álbum do sexteto que mistura jazz com rock. Mas João Barradas foi, de facto, o foco de todas as atenções, um virtuoso do acordeão, instrumento que tanto diz aos

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portugueses, em geral, e aos algarvios em particular. No seu historial contam-se vitórias em alguns dos mais prestigiados concursos internacionais, dos quais se destacam o Troféu Mundial de Acordeão, que venceu por duas vezes, o Coupe Mondale de Acordeão, o Concurso Internacional de Castelfidardo e o Okud Istra International Competition. Desde então, tornou-se uma das figuras de proa no acordeão jazz, gravando para a editora nova-iorquina «Inner Circle Music» e colaborando com diversos músicos de renome, casos de Greg Osby, Gil Goldstein, Fabrizio Cassol, Mark Colenburg, Jacob Sacks, Sérgio Carolino, Pedro Carneiro, entre muitos outros. Em 2016 lançou o seu primeiro álbum enquanto líder, de nome «Directions», produzido por Greg Osby e com as participações de Gil Goldstein e Sara Serpa. ALGARVE INFORMATIVO #164

O talento, esse, apareceu bem cedo, logo aos seis anos de idade, quando iniciou os estudos numa pequena escola de música em Samora Correia. Um ano depois ingressou no Instituto de Música Vitorino Matono, em Lisboa, e com nove anos entrou diretamente para o 2.º Grau do Curso Oficial de Acordeão do Conservatório Nacional, formação que concluiu com a nota máxima de 20 valores. A preparação para os concursos nacionais e internacionais foi feita na escola de Música Serenata dirigida por Aníbal Freire, um dos mais conceituados pedagogos mundiais no acordeão. Depressa o nome de João Barradas começou a correr o mundo, sendo-lhe reconhecido o seu ouvido absoluto, uma técnica exemplar e uma enorme

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facilidade de leitura. E isso permitiu-lhe estudar e tocar em várias salas de concerto, ao lado dos maiores nomes da história do acordeão, mestres coo Friederich Lips, Viatcheslav Semyonov, Yuri Shishkin, Richard Galliano, Alexander Dmitriev, Grayson Masefield, Frederic Deschamps, Aydar Gaynullin, Jérôme Richard, Eugénia Lima, Mario Stefano Pietrodarchi, Petar Maric, Aude Giuliano, Vitali Dmitriev e Eric Bouvelle. Ao mesmo tempo prosseguiu com uma formação exaustiva, estudando contraponto e composição com o Maestro Edgar Saramago e com o Compositor Hugo Ribeiro. De facto, a paixão que sente pelo acordeão e a seriedade com que encara a arte levaram João Barradas a querer descobrir a história deste instrumento musical, percorrendo grande parte da literatura acerca do acordeão, desde a música Varietté dos 41

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anos 60, 70 e 80, às composições contemporâneas de Sofia Gubaidulina. Esta escolha eclética traduziu-se em mais de 30 concursos ganhos e em inúmeras colaborações musicais. Não admirou, por isso, que, com apenas 19 anos, gravasse o CD «Surrealistic Discussion» em conjunto com Sérgio Carolino, dando assim início à sua carreira discográfica no mundo da música erudita. A par da história e teoria, a improvisação chega-lhe pela audição de acordeonistas históricos do jazz como Gil Goldstein, Art Van Damme, Tommy Gumina e Johnny Meijer. Contudo, as primeiras noções de improvisação recebeu, aos 10 anos, do acordeonista algarvio João Frade. Depois, a sua extrema curiosidade levou-o a estudar com os maiores nomes do jazz

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português, João Paulo Esteves da Silva, Afonso Pais, Filipe Melo, Pedro Madaleno, Paula Sousa, Nelson Cascais, André Sousa Machado, Bernardo Moreira, Bruno Santos. No plano internacional frequentou vários workshops e master classes, conheceu e trabalhou com Mark Turner, Avishai Cohen, Jim Black, Eric Harland, Nir Felder, Carlos Bica, Miguel Zenón, Robin Eubanks, Matt Penman, Stefan Harris e Frank Mobus. Em paralelo, começou a chamar à atenção de nomes cimeiros do jazz americano como Nicholas Payton ou Walter Smith III, e surgiu nos mais importantes festivais de jazz dos quatro cantos do mundo. E Tavira passou a fazer parte, desde o dia 19 de julho, deste itinerário de luxo do fantástico João Barradas .

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REPORTAGEM

MERCADO FORA D’HORAS REGRESSOU A SILVES, AGORA AO SABOR DO FRUTO Texto:

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Mercado Fora d'Horas conhece, em 2018, a sua terceira edição e continua a assumir-se como o mercado de produtores mais criativo do sul do país. Depois do primeiro episódio ter acontecido a 13 de junho, o evento regressou, na noite de 11 de julho, ao Mercado Municipal de Silves, sendo que o foco deste ano é dado ao ciclo das plantas: a flor, o fruto e a semente. “As plantas obedecem a um ritmo natural e este ano festejamos a ordem da natureza. O florescimento das flores que gera o fruto, que por sua vez nos oferece a semente. Exploramos novos modelos de convivialidade num espaço que achamos próprio do saber e do sabor local”, indica Alexandra Santos, a mentora do projeto.

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O Mercado Fora d'Horas é um evento gastronómico sobre cultura local que pretende consciencializar a comunidade para as vantagens, precisamente, dos produtos locais e teve a sua origem no projeto de design comunitário «ConsumirLocal», daí que a atmosfera do mercado se transforme numa noite promovida pela criatividade, onde se misturam valores tradicionais com contemporaneidade. O programa concentra-se nas qualidades gastronómicas do espaço do Mercado Municipal de Silves e em como o design pode ser um impulsionador ativo de preservação cultural. Para esse efeito conta com diferentes atividades, desde a abertura do mercado à noite, a existência de um mercado de produtores e de artesanato, a apresentação de produtores e a ALGARVE INFORMATIVO #164

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realização de uma exposição temática, para além de jogos sobre produção local, momentos relacionados com gastronomia, música e animação de rua. De acordo com Alexandra Santos, “o foco da mensagem que pretendemos passar aos visitantes são as tradições alimentares, a convivialidade, a cultura local e os produtos de proximidade, apresentando o Mercado Municipal de Silves enquanto espaço de convergência entre o rural e o urbano, o comunitário e o público local de celebração da alimentação algarvia”. Ao longo das três noites que compõem o calendário, o visitante tem, então, a oportunidade de adquirir bens de produção local e experimentar uma noite diferente em torno da gastronomia local. Depois do dia 13 de junho ter sido dedicado à Flor, a noite de 11 de julho decorreu ao sabor do Fruto, sendo que a derradeira sessão está agendada para 8 de agosto, alusiva à Semente. “O nosso lema é «Saber/Sabor Local» e esta mistura entre conhecimento e gosto, entre sabedoria e prazer, faz parte do espírito do evento. O verdadeiro Saber local reside no nosso capital humano. Os mercados são espaços de convívio e, com isso em mente, desenvolvemos mais atividades que promovam o saber estar ligado com o outro”, enfatiza Alexandra Santos . 53

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REPORTAGEM

FUNDAÇÃO «LA CAIXA» E BPI TRAZEM EXPOSIÇÃO «A FLORESTA» À ZONA RIBEIRINHA DE PORTIMÃO Texto:

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presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, o membro da Comissão Executiva do BPI, José Pena do Amaral, e o diretor corporativo de Território e Centros da Fundação «la Caixa», Rafael Chueca, inauguraram a exposição «A Floresta», no dia 12 de julho, na Zona Ribeirinha de Portimão. Esta é a primeira exposição itinerante da Fundação «la Caixa» em Portugal, adaptada agora à realidade de Portugal, mas teve mais de um milhão de visitantes nas várias cidades de Espanha onde esteve presente. A Fundação «la Caixa», a primeira em Espanha e uma das mais relevantes a nível internacional, iniciou este ano a implementação da sua ação em Portugal, fruto da entrada do BPI no Grupo CaixaBank. A floresta não é um conjunto de árvores mas sim um complexo ecossistema onde

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habitam e se relacionam um grande número e variedade de seres vivos. Além de dar abrigo a toda esta biodiversidade, as florestas desempenham uma série de funções ambientais fundamentais para que a vida no planeta seja tal como a conhecemos. Deste modo, a primeira parte da exposição centra-se na organização hierárquica dos diferentes níveis de vida, desde a biosfera até ao nível microscópico. Ao mesmo tempo, é feita uma viagem pelos diferentes elementos que compõem e caracterizam os ecossistemas florestais e as suas dinâmicas naturais, desde o modo como o crescimento das árvores afeta o clima, às relações que se estabelecem entre seres vivos, passando pelos diferente componentes e processos que ocorrem no solo da floresta.

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Os protagonistas destes ecossistemas são as árvores e a elas é dedicada a segunda parte da exposição. As árvores são seres vivos pluricelulares, vegetais e lenhosos que ocupam o estrato mais elevado da vegetação. É neste âmbito que se explica as partes constituintes de uma árvore, as funções de suporte e de captação das raízes e como se expandem as florestas através das sementes. Também se explicam as diferentes partes que compõem a madeira das árvores e como as alterações climáticas as influenciam. De facto, através da cronologia das mudanças climáticas mais recentes, compreende-se em grande medida a distribuição atual das florestas e das espécies florestais no conjunto do continente europeu e, mais concretamente, na Península Ibérica. Atualmente, a Península Ibérica tem 21,6 ALGARVE INFORMATIVO #164

milhões de hectares de floresta, o que corresponde a 36 por cento da sua superfície total, pouco menos de 60 milhões de hectares. É uma das regiões com mais biodiversidade no continente e com maior área florestal, sendo essa riqueza evidente na grande diversidade de espécies de flora e fauna que habitam as suas florestas. Neste sentido, a exposição apresenta 18 das espécies mais representativas de toda a Península Ibérica. O público encontrará uma coleção de amostras de diferentes madeiras, folhas e frutos que ajudarão a identificá-los e diferenciá-los uns dos outros, bem como instrumentos e objetos feitos a partir dessas madeiras. Alguns dos elementos expostos são muito comuns no nosso dia-a-dia, outros pertencem a outra época e são um testemunho do nosso recente património cultural e artesanal. Mas nem todas as árvores são iguais e 64


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em todas as regiões existem espécies únicas que se destacam do resto e são conhecidas devido a alguma característica relacionada com o seu tamanho, a sua história ou a sua dimensão cultural e tradicional. É o caso dos cinco exemplares excecionais de Portugal representados na exposição «A Floresta»: a Oliveira do Mouchão, em Abrantes; a Castanheira de Vales, em Vila Pouca de Aguiar; o eucalipto da Mata Nacional de Vale de Canas, em Torres do Mondego; a Azinheira do Porto das Covas, em Loulé; e o Assobiador, em Palmela. Finalmente, na última parte da exposição «Floresta e Ser Humano», é explicada a ALGARVE INFORMATIVO #164

evolução dos usos que as florestas tiveram ao longo da história e qual o seu papel na atualidade. O uso das florestas na Península Ibérica passou por diferentes fases, desde os primeiros colonos pré-históricos ou as primeiras intervenções romanas, até ao início da exploração florestal em larga escala que coincidiu com a época dos descobrimentos e da construção de barcos, uma atividade que modificou para sempre estas paisagens. A partir desse momento, e depois com a revolução industrial, as florestas experimentaram uma intervenção humana cada vez mais intensa. A partir delas foi obtida a madeira para construir 66


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e energia na forma de lenha e carvão, bem como muitas outras matérias-primas (cortiça, resinas, etc.). Esta exploração levou a uma redução muito significativa da área das florestas na Península Ibérica, uma tendência que se manteve até meados do século XX. Foi então que o mundo rural e a exploração florestal entraram numa fase de declínio lento e progressivo. A introdução de novas fontes de energia (combustíveis fósseis) para substituir a lenha e o carvão, e o uso de novos materiais de construção em vez de madeira, reduziram a exploração da floresta e a vida e tradições em torno dela. Um abandono que explica que nas últimas décadas a área florestal se tenha multiplicado, por vezes sem uma gestão adequada. Atualmente, as florestas continuam a fornecer-nos uma grande quantidade de

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bens de consumo, bem como serviços essenciais ao nosso dia-a-dia, como os produtos certificados presentes na exposição. Garantir a sustentabilidade ambiental e socioeconómica desses produtos e apostar na economia verde é uma alternativa fundamental para preservar as florestas, a sua biodiversidade e importância ecológica. Estes ecossistemas estão atualmente sujeitos a riscos de conservação que os ameaçam global e localmente. Questões como as alterações climáticas, os incêndios florestais ou a desertificação, cujas causas e consequências são importantes conhecer para saber evitá-las. Desta forma, conhecendo, respeitando, conservando e gerindo de forma sustentável todas as funções e benefícios que a floresta nos oferece, está-se a apostar num futuro melhor para todos .

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«BAIXA STREET FEST 2018» ARRANCOU COM «EUPHORIA 1» Texto:

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UPHORIA 1 foi o espetáculo pluridisciplinar que marcou a abertura do «Baixa Street Fest 2018», no dia 13 de julho, tendo por palco o Jardim Manuel Bívar, na zona ribeirinha da cidade de Faro. Integrado no «Aquatropia», projeto artístico de base comunitária que tem por inspiração a identidade algarvia, nomeadamente na sua relação com o elemento água, o conceito partiu de motivos naturais presentes na Ria Formosa e foi levado a cabo por uma equipa de mais de 30 artistas locais. Muitas dezenas de pessoas, entre residentes e turistas, assistiram a um acontecimento artístico que celebrou a vida, a natureza, o Verão e a sua leveza. De facto, impelidos pela energia contagiante da música e conduzidos por atores, animadores e adereços, o público depressa ficou imerso num ambiente inspirador que os surpreendeu, num perfeito início de noite de sexta-feira. «EuphoRia 1» teve Criação e Direção Artística de Mauro Amaral, com Produção Executiva de Nuno Filhó e Cenografia de Ricardo Viegas, Maria Bagarrão e Bruno Palmeira. A Direção Musical coube a Ricardo Coelho e a banda sonora foi interpretada, ao vivo, pelos músicos Ricardo «Bala» Coelho, João Melro, Paulo Franco, Ivo Martins, Luís Lourenço, Nelson Conceição e a voz de Cátia Alhandra. Já os atores fazem parte do te-Atrito e os animadores da «Maxim´Us» .

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EPIC NOTES LEVOU MÚSICA ELETRÓNICA E DANÇA ACROYOGA AO CASTELO DE LOULÉ Texto:

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ugo Alves ao trompete e Filipe Santos na dança acrobática foram os protagonistas do projeto EPIC NOTES, que aconteceu, no dia 14 de julho, na Alcaidaria do Castelo de Loulé. O projeto multidisciplinar conjuga música e dança, sendo uma fusão entre música original, composta em exclusivo para este projeto, usando por base a música eletrónica, mas ao mesmo tempo enraizada no legado histórico nacional de influência árabe/medieval/descobrimentos/popular, que nos faz viajar pelo tempo, numa ponte entre o passado e o futuro. A improvisação também presente na música liga-se assim à da acroyoga, que trabalha a força e o equilíbrio, fazendo um paralelismo com a força graciosa dos monumentos e toda a energia e o foco realizados para a sua edificação, tendo uma perspetiva cultural de inovação, cativando novos públicos, com interesses e provenientes de setores distintos. EPIC NOTES juntou, assim, duas disciplinas executadas ao vivo com ênfase na improvisação, fruto de uma nova parceria artística: uma modalidade acrobática, desenvolvida inicialmente no século XII, com uma componente de sabedoria milenar do yoga, em conjunto com a música improvisada, experimentada também ela de uma nova forma inovadora apoiada em técnicas eletrónicas. EPIC NOTES é um projeto da Orquestra de Jazz do Algarve e conta com o apoio e colaboração do Museu Municipal de Loulé /Câmara Municipal de Loulé. É uma iniciativa integrada no DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos - programa cultural organizado pela Direção Regional de Cultura do Algarve .

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REPORTAGEM

CASA CHEIA NO SOLAR DAS PONTES DE MARCHIL PARA CONHECER A NOVA EXPOSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO 289 Texto:

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argas dezenas de farenses, e não só, homens e mulheres da cultura, autarcas, dirigentes associativos, empresários, marcaram presença, no final de tarde do dia 14 de julho, no Solar das Pontes de Marchil, à entrada da cidade de Faro, para assistir à inauguração da mais recente iniciativa cultural da Associação 289, a exposição «289». “Desafiado para ocupar o espaço do Solar, Pedro Cabrita Reis, com o gesto largo que o desenha, trouxe muitos dos seus amigos e ainda lhes disse para trazerem outros tantos. A reunião de toda esta gente, embora despretensiosa como uma coisa de Verão, promete-nos quase o balanço de uma situação artística e pode reservarnos muitas surpresas, como numa festa inesperada”, tinha dito há umas semanas João Pinharanda, na antevisão da mostra. 91

De acordo com a organização, o lugar é, desde logo, “na sua arquitetura vernácula, deslocação no tempo, por desafetação do destino rural que historicamente lhe coube, muito especial; e os artistas que nele se reúnem constituem, entre nomes muito conhecidos e nomes menos conhecidos, uma rara multidão de vozes individuais”. Artistas que são, de facto, muitos, alguns deles envolvidos presentes no projeto «@British Bar», que se pode ver desde abril de 2017, nas três montras do British Bar, em Lisboa, sob curadoria de Pedro Cabrita Reis. Os outros integram o coletivo algarvio «289» e a todos estes vêm ainda juntarse artistas que Pedro Cabrita Reis foi convidando ao longo do processo. E assim se chegou a um diversificado e talentoso lote constituído por Fernando ALGARVE INFORMATIVO #164


S. Amaro, Vasco Araújo, Cristina Ataíde, Paulo Barros, Manuel Baptista, Pedro Barateiro, Paulo Brighenti, Tiago Batista, Sara Bichão, Diogo Bolota, Alexandra C., Pedro Cabral Santo, Pedro Cabrita Reis, Rui Calçada Bastos, Pedro Calapez, Luís Campos, Rosa Carvalho, Rui Chafes, Catarina Correia, Gil Heitor Cortesão, Vasco Costa, Fernão Cruz, Luísa Cunha, Milita Doré, Armanda Duarte, João Paulo Feliciano, Ângela Ferreira, João Ferro Martins, Norberto Fernandes, Fernanda Fragateiro, Vasco Futscher, Patrícia Garrido, Pedro Gomes, Ângelo Gonçalves, Gat.Uno, Tomaz Hipólito, Gustavo Jesus, Leandro Marcos, Bertílio Martins, Edgar Massul, Susana de Medeiros, Paulo Mendes, Fátima Mendonça, Tereza Mieiro, José Miranda Justo, Vasco Marum Nascimento, Jorge Neves, Rodrigo Oliveira, Maria José Oliveira, Miguel ALGARVE INFORMATIVO #164

Palma, Rubene Palma Ramos, Henrique Pavão, Marta Peneda, Francisco Queirós, Jorge Queiroz, Joana R. Sá, Ana Rostron, Rui Sanches, Julião Sarmento, Noé Sendas, Paulo Serra, Fernando Silva Grade, Jorge Mestre Simão, Tânia Simões, Marta Soares, Miguel Soares, João Timóteo, Rui Toscano, Francisco Tropa, Pedro Valdez Cardoso, João Pedro Vale + Nuno, Alexandre Ferreira, Francisco Vidal, Ana Vidigal, Vanda Madureira e Xana. “Aqui se apresentam eles, cruzandose, prosseguindo encontros antigos ou recentes numa prática de permanente colóquio (com evidentes momentos de solidão e outros tantos de confronto). Em nenhum caso pretendem estabelecer conclusões; cada voz (cada autoria) deverá permanecer 92


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Rogério Bacalhau, Pedro Cabrita Reis, Paulo Santos e Tiago Batista

irredutível, no seu território próprio - só assim poderá ser produtiva para si, para os outros artistas e para o público. Os artistas que habitam por momentos os labirintos interiores e os espaços abertos desta velha quinta chegam de tempos diversos, de lugares dispersos e vontades próprias igualmente díspares”, referiu ainda João Pinharanda. Com a sua conhecida irreverência, Pedro Cabrita Reis sacou de um megafone para falar, do terraço do Solar das Pontes de Marchil, à multidão que não faltou à inauguração de «289», depressa explicando a sua escolha: “É um objeto estético extraordinário, de impacto político único e que tecnicamente dá jeito”, afirmou. “Não há nada para dizer numa exposição de artes plásticas. O ALGARVE INFORMATIVO #164

importante são as vossas emoções e pensamentos, as análises que farão destas obras. É assim que se constrói uma exposição e se aumenta o poder da arte e a inteligência que ela é suposta dar às pessoas que a partilham”, sublinhou o artista. “As pequenas forças são grandes forças. A Associação 289 é um conjunto de artistas que vive no limiar da resistência. Tem apoios, mas vive, acima de tudo, do entusiasmo dos seus associados. Contudo, as condições para fazer isto foram criadas, com a energia, o trabalho, a dedicação, o encanto por este projeto. Portanto, temos que imaginar que é possível, apesar de tudo, conceber projetos desta natureza, com esta capacidade de generosidade, com esta 96


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riqueza que é preciso partilhar entre todos nós”, reforçou ainda Pedro Cabrita Reis. Rasgados elogios à Associação 289 fez Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, agradecendo a todos aqueles que contribuíram para a concretização desta mostra. “É importantíssima para nós, enquanto Município e projeto cultural que temos e que queremos cada vez mais desenvolver, para nos ajudar a pensar, a divertir, a olhar e a criar novas ideias. Espero que possamos continuar a trabalhar com a Associação 289 e o Pedro Cabrita Reis, em prol das artes e dos artistas”, manifestou o edil farense, antes de iniciar a visita pelo Solar das Pontes de Marchil para percorrer uma exposição que ficará patente até dia 15 de setembro .

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ENTREVISTA

JOÃO BARATA PROCURA COMPREENDER QUAIS OS PRINCIPAIS MECANISMOS QUE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO E PROGRESSÃO DA LEUCEMIA Texto:

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oão Barata nunca sonhou ser detetive. Por isso, estaria, talvez, longe de imaginar que, em 2018, a vida lhe daria pistas para continuar a perseguir a doença que afeta, atualmente, mais de 300 mil pacientes, por ano, em todo o mundo. Líder do laboratório em Sinalização do Cancro, no Instituto de Medicina Molecular, o investigador é hoje uma das principais referências nacionais na investigação em leucemia. Como explica, um dos seus principais focos é “entender como é que uma célula normal sofre um processo de transformação que a faz tornar-se numa célula maligna”. A investigação que tem conduzido ao longo dos últimos anos já lhe permitiu chegar a algumas respostas: “Temos evidências de que esse processo ocorre não apenas em eventos ALGARVE INFORMATIVO #164

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dentro da própria célula, mas também depende de eventos externos a esta. Na verdade, o ambiente em que a célula está determina aquilo que ela é”. Estabelecendo uma analogia entre o comportamento das células e o próprio comportamento humano, João Barata garante que, no caso das células

tumorais, “é um bocadinho como a nossa educação. Aquilo que somos é determinado não apenas pelas características que herdamos dos pais, mas também pelo ambiente em que estamos”. Assim, de acordo com o investigador, um tumor e uma célula tumoral refletem, não apenas a

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desregulação dentro da própria célula, mas também o que ocorre fora dela. Desta forma, centrando-se nos mecanismos através dos quais as células malignas ganham vantagem sobre as células normais, João Barata pretende compreender de que modo os fatores microambientais têm impacto na

evolução da leucemia. Tendo como principal eixo de investigação a interleucina 7, um dos principais fatores que contribuem para a aceleração da leucemia, a equipa, composta por 18 investigadores, procura agora compreender como é que o recetor desta proteína consegue desvirtuar uma célula do sangue, em 106


desenvolvimento, por forma a originar leucemia. Para já há, pelo menos, uma certeza: “A interleucina 7 é produzida pelo microambiente em que a célula tumoral se encontra e estas células, ao serem estimuladas por ela, vão proliferar mais e vão ter mais resistência a certos tipos de tratamento. Logo, a interleucina 7 é muito importante para compreender a biologia destas leucemias”, refere João Barata, acrescentando: “Temos de fazer boas perguntas para encontrar melhores respostas. É importante perceber bem a biologia da doença para poder tratá-la”. Ora, o tratamento é precisamente um dos pontos de chegada desta investigação que começa no estudo dos mecanismos básicos e celulares e se estende ao entendimento do modo como o organismo funciona, para, depois, tentar descobrir ou desenvolver novas estratégias terapêuticas. “Ao mesmo tempo que temos estas questões muito fundamentais para entender a biologia do doença estamos, em paralelo, a tentar desenvolver ferramentas para combatê-la”, explica o investigador português. O trabalho para desenvolver um anticorpo para o recetor da interleucina 7 é precisamente um dos mais recentes esforços da equipa para, no futuro, tentar tratar doentes que tenham uma leucemia deste tipo. Para já, e embora, como defende o investigador, seja necessário “ter uma perspetiva realista de que o impacto nunca é imediato”, os resultados parecem promissores. “Estamos muito entusiasmados com o que temos em 107

mãos neste momento. Temos encontrado coisas muito interessantes e há muitas perguntas novas a surgir”. Para além dos projetos mais ligados à leucemia e à análise de tumores cerebrais, o grupo encontra-se ainda a trabalhar num projeto na área da cronoterapia. Partindo da ideia de que as células se encontram sujeitas aos chamados ritmos circadianos, os investigadores acreditam que determinadas vias de sinalização dentro da célula, ou seja, determinadas proteínas, poderão estar, também elas, mais ou menos ativadas, consoante a altura do dia. Ora, como esclarece o investigador, que realizou parte do seu doutoramento em Harvard, “isso significa que, em potencial, podemos usar tratamentos contra essas proteínas de forma cronoterapêutica, ou seja, em determinadas alturas do dia. Porque, a comprovar-se a nossa tese, em determinadas alturas do dia o seu efeito será maior do que noutras”. A atuar na área da biologia do cancro, da biologia celular e molecular e das terapias dirigidas, o grupo de investigação liderado por João Barata pretende, assim, continuar a trabalhar para identificar e caracterizar um número cada vez maior de biomarcadores e de alvos moleculares que permitam o desenvolvimento de novas terapias, mais seletivas e mais eficazes, no tratamento do cancro . Um trabalho original de http://scienceplatformpt.cbmr.ualg.pt/

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OPINIÃO

A importância de pensar Paulo Cunha (Professor)

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ecordo-me, como se fosse hoje, de um debate autárquico a que fui, na qualidade de jovem candidato à Assembleia Municipal de Faro, representando uma nova força partidária que então tinha surgido e que se intitulava «da terra». Acompanhado por vários independentes que, tal como eu - inocentemente - acreditavam que era possível mudar o que estava mal e acrescentar empreendedorismo e novidade ao que estava menos bem, deparei-me com uma situação que, volvidas cerca de três décadas, ainda hoje considero como um marco na minha forma de estar em sociedade. Depois da apresentação do programa de cada força/movimento partidário para o mandato a que concorriam, um dos meus, então, correligionários levantou a mão e fez uma pergunta de âmbito cultural a um dos candidatos que concorria a um novo mandato. Desde logo, a sala apercebeu-se do embaraço que a mesma provocou ao inquirido, pois o tempo que demorou a balbuciar uma resposta, misturado com uma interminável procura de dados entre os inúmeros papéis, que pudessem legitimar uma resposta, foi confrangedor. Foi aí que o meu companheiro de lides partidárias se levantou e, interrompendo-o, da plateia lhe lançou o seguinte repto: “O senhor será capaz de nos responder usando apenas a sua cabeça? Como é que quer que alguém vote em si, se não tem uma ideia sua sobre o assunto?!”. Na altura, devido à minha tenra idade e inexperiência política, pareceu-me excessiva tal abordagem, pois deixou o putativo candidato sem pio e com um enorme rubor na face. O tempo, entretanto, passou e esta forma de estar na vida acompanha-me no dia a dia. De tal forma que, a todos os que me presenteiam com o tempo que despendem ao ler aquilo que escrevo, dizendo-me que gostam do que leem, eu, invariavelmente, respondo que o mais importante é que respeitem o que penso. Não é necessário que gostem ou que concordem com o que raciocino, mas que, dando-me o benefício

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da dúvida, acreditem que o que escrevo é o que penso e, consequentemente, o que sou! Cansa-me e entristece-me, cada vez mais, ler as opiniões publicadas em várias plataformas (físicas ou digitais), onde as notícias são filtradas e depuradas à medida dos interesses de quem as comenta e veicula. Depois, cada um acrescentalhes um ou mais pontos, transformando a verdade em contos à medida de quem os conta e de quem os compra. O mesmo facto, abordado de várias perspetivas, quadrantes e cores partidárias, transforma-se em notícias diferentes, que vistas à luz dos interesses da ocasião, a história encarregar-se-á de transformar numa verdade insofismável. Numa altura em que as frases feitas, as palavras-chave e as ideias estereotipadas tomaram conta das várias fações ideológicas que dominam os vários setores intelectuais que condicionam e manipulam a opinião pública, deixar que sejam os outros a pensar por nós poderá ser cómodo e prático, mas provoca uma atrofia e apatia intelectuais que, a todos os níveis, me parecem preocupantes e perigosas. Lembro-me, numa altura em que fui militar, de, em jeito de brincadeira e em vez de ordenar, dizer aos soldados com quem trabalhava que fizessem apenas aquilo que eu lhes dizia para fazerem, pois eu era pago para pensar por eles. Mesmo tendo sido em tom de graça, hoje quando penso nisso, arrependo-me de tal ter dito, pois, sejam quais forem os cargos de chefia ou de direção, jamais deveremos cortar a razão ao pensamento! Num novo tempo, em que o google nos dá a resposta a todas as dúvidas e o «youtube» se transformou num «professor sempre à mão», quando pergunto a um aluno qual é a opinião sobre qualquer assunto, raramente oiço respostas que me surpreendam e fujam da norma opinativa vigente. Tal como o «googlar» se transformou no verbo que substituiu a velha pesquisa nas enciclopédias e dicionários que povoavam as nossas estantes, o processo de pensar, intuir, refletir e debater, exercitando o 110


pensamento analítico e crítico, tem vindo a transformar-se na assunção de clichés que, de tanto proferidos, se transformaram em verdades prontas a ser consumidas nas mais variadas situações. Quem me ouve e lê, e por isso conhece algo sobre mim, provavelmente dirá que, tal como com um piano, aqui estou eu a bater outra vez 111

na mesma tecla. É verdade, é uma tecla que aciona um martelo que bate em cordas desafinadas, daí a premência e a insistência em as afinar. Como? Potenciando o livre pensamento desde tenra idade. Porque só é livre quem fala e escreve usando a sua própria cabeça! .

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OPINIÃO

Ver ou Enxergar Paulo Bernardo (Empresário)

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stava a ouvir uma conversa no outro dia em que alguém dizia que o doente iria voltar a enxergar. Em primeira instância eu apenas vi, mas não enxerguei, depois de pensar mais um pouco, enxergar é muito mais do que apenas ver. Este tema fez-me refletir pois, numa cadeira de avião, o que não falta é tempo para pensar. A reflecção levou-me a pensar que hoje todo o mundo vê muito, temos toda a informação a chegar portas adentro, via inúmeros meios, chega a verdade e a mentira. O que nos torna peritos a ver, mas a não refletir, saltamos de tema para tema sem aprofundar nenhum, o processo de pensar é cortado pela rapidez de informação. Pessoalmente, estou num processo de mudança e espero conseguir ser melhor observador daquilo que esta à minha volta, com o objetivo de poder servir melhor os outros e de ser uma pessoa melhor. Se todos conseguíssemos enxergar em vez de ver, conseguiríamos refletir sobre o que vemos. Mas o nosso egoísmo nem nos deixa ver para além de nós, do nosso eu, de dentro das nossas entranhas. Temos uma dificuldade louca de ser empáticos, de entender um pouco os outros. Esta semana tivemos um exemplo parvo de como se pode ser um racista primário da pior espécie. A vitória da França foi falada como a vitória de África, mas com desdém. Deveríamos ter enxergado e dizer que a vitória da França deveria servir para uma melhor integração dos filhos de várias nacionalidades na sociedade francesa, com mais intervenção na vida comum. Também numa semana em que se comemorou os cem anos sobre o ALGARVE INFORMATIVO #164

nascimento de Mandela, mais uma vez não se enxergou que a África do Sul está cada vez pior, onde os seus habitantes não aprenderam também a enxergar o legado que lhes foi deixado. Poderia utilizar mais exemplos, mas estaria a repetir-me. A sociedade está egoísta e triste, pois aceita o momento e não a vida. A vida não é um like no Facebook ou um post no Instagram, a vida é para ser vivida lentamente, com tempo para enxergar, como forma de refletir e trazer o que de bom existe à nossa volta. Sei que o mundo não é fácil, mas nós muitas vezes complicamos o que é simples. Se todos pensássemos mais no próximo, o mundo era bem melhor. Quantas vezes somos uns verdadeiros ignóbeis para com quem nos rodeia? Estou a tentar ser melhor observador, trabalhar essa parte, passar para além de ver, enxergar o que tenho junto de mim. Não vale a pena dizer que gostava muito de ajudar as vítimas do mau tempo no Japão e não olhar para o meu vizinho e dizerlhe bom dia. Para finalizar, deixo uma passagem de São Mateus (7:3-5), que sempre gostei muito e vai ao encontro do ver e enxergar. “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”. Meus amigos, vamos tentar que o Verão, sendo uma estação mais propícia à calma, nos deixe enxergar o que temos junto de nós.

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OPINIÃO

Mergulhar no escuro para encontrar a claridade, urgentemente Adília César (Escritora) “É urgente o amor,/é urgente o barco no mar. Sem redes salgadas nem provocações,/sem amarras escuras, nem o vínculo das nações. É urgente o amor/afirmado em planos inclinados/de beijos com maresia. Ao som da harpa vazia/de sonantes sonetos de dor/de fugidias memórias a navegar,/ de caminhos estreitos no deslizar. E de carentes sorrisos de mulher nua./ É urgente o amor, é urgente o barco no mar”. (Eugénio de Andrade)

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empo veranil e quente. Férias, festas, futebol e festivais. Petiscos e cocktails. Tempo de enfeitar os monumentos públicos com as cores da solidariedade das respectivas tragédias. Tempo das superficialidades e dos devaneios. De mergulhos no mar e risos inconsequentes. Mas o mundo continua a mostrar-se tal como o desenhámos, através de imagens editadas pelos meios de comunicação social que olhamos sem querermos ver, e que não se vão embora, nem à noite quando queremos dormir. Ficam por ali, a remexer debaixo das pálpebras. Um mundo louco, cruel e ignóbil. Quer seja a guerra civil, o atentado terrorista, a o golpe de estado sangrento ou a vassalagem rendida ao capitalismo que parece só beneficiar alguns, a par dos actos de corrupção à vista de todos, tomamos por fim consciência de que o desenho que fazemos da nossa realidade não é figurativo, nem tão pouco abstracto, é real e caótico. De facto, há muito em jogo, e o resultado de todos estes conflitos determinará se viveremos num caos distópico ou numa sociedade civil. Linhas cruzadas e enredadas de leis e sanções para tudo e para nada. Canos de água, postes de electricidade, cabos de telecomunicações, buracos nas estradas, conflitos artificiais numa paisagem urbana ALGARVE INFORMATIVO #164

que já não se enquadra na natureza. Obrigando-nos a trabalhar para pagar as contas da utilização de serviços dos quais somos escravos. Espécies vegetais e animais extintas e em vias de extinção. Alterações climatéricas a provocarem uma sucessão de desastres naturais. Migração em massa das populações do interior quase desertificado para as periferias superlotadas. Patologias inventadas com vista à comercialização de medicamentos e tratamentos. Refugiados que enxotamos de um lado para o outro, sem lar à vista. Gente pobre e miserável, homens, mulheres e crianças aos quais raramente se concede o estatuto de «pessoa». E cito apenas algumas perplexidades mundanas e desumanas, para que as garras da angústia não se cravem muito fundo. A nova religião e as novas relações de poder que se apropriaram da nossa humanidade, através da acumulação de riqueza e do roubo descarado das hipóteses dignas de sobrevivência dos que efectivamente trabalham. A mudar os conceitos éticos que tudo justificam. Não existem fronteiras geográficas nem culturais. O que parecia ser bom, democrático e tolerante desabou sobre a nossa cabeça. A soberania dos países mais pobres diluiu-se com as suas fronteiras e 114


acentuou disparidades: restaurantes gourmet de um lado, onde os ricos se dão ao luxo de não terem fome, e do outro, gente a comer bagos de arroz com as mãos… E lá longe e aqui tão perto, gente que nada tem para comer. Cada um, à sua maneira, a preencher vazios que são buracos sem fundo, fomes de tudo a que têm direito. Mansões de trinta quartos adquiridas por celebridades de um lado, e campos de refugiados em ruínas, do outro. A dependermos do petróleo para tudo e mais alguma coisa. Paradoxos da civilização a impor novos conceitos éticos? Mas quais? Não há soluções políticas ou religiosas à vista. Espirituais, talvez. Na verdade, não necessitamos de profetas da luz ou da escuridão, mas sim de amor incondicional ao próximo e do retorno às coisas simples. O respeito pela formiga e pelo elefante, o respeito pelo silêncio da solidão e pelos gritos de todo o sofrimento alheio, sem qualquer preconceito, como podemos ter a ganância e o descaramento de querermos «medir» o sofrimento dos outros?!). Esta é a única ideia feliz que me ocorre: a urgência do amor. E esperar um big bang cósmico ou filosófico que nos dê um novo mundo, mais humano. Mergulhar no escuro para encontrar a claridade . 115

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Da memória Mirian Tavares (Professora) “Do lugar onde estou, já fui embora”. Manoel de Barros

arupeira de Dêdê! Era o grito do público à volta do campo de futebol onde se improvisara uma pista de obstáculos para motos. Devia ter uns 15 anos, cabelos longos e calções curtos. As pernas sempre foram grossas, um dia me disseram que tinha pernas de centroavante. Se calhar era das aulas de balé e de dança moderna. Ou era mesmo uma questão de genética. Dêdê era o primo, José Francisco, quatro anos mais velho e dono de uma Honda 125 azul. A cidade, uma pequena cidade do interior do Brasil, era o lugar preferido para passarmos as férias do Verão. Os tios tinham uma casa grande e um coração ainda maior. Acolhiam quem chegasse e havia lugar, e comida com fartura, para todos. Apesar de, algumas vezes, não nos portarmos muito bem. Como quando, nas horas mortas, a seguir ao almoço, íamos ajudar o primo no supermercado dos pais e fazíamos guerras de desodorizantes ou comíamos parte do estoque de chocolates. No quintal, um dia, o primo tentou ensinar-me a atirar com uma espingarda de chumbinho. Não correu nada bem - a minha desorientação natural aplicase também à pontaria e quase lhe acerto em cheio no olho. Em julho, todos os jovens que viviam durante o ano na capital, onde estudavam nas universidades, voltavam para casa e a cidade se transformava. Festas, jogos, competições. E uma delas era uma corrida de motos com obstáculos. A garupeira, no caso do primo, moi-même, tinha de realizar algumas proezas o mais rapidamente possível ao longo do circuito. O público torcia por nós. Mas ficamos em segundo lugar.

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Quem ganhou foi um rapaz que tinha uma Yamaha 250 e apenas uma mão. Acho que era de nascença. Não me lembro se era a esquerda ou a direita, mas me lembro de, no ano seguinte, dar-lhe trela só para irritar o mano que não gostava nada dele. Havia um rio magnífico entre rochas onde nos íamos banhar. E havia um bar que se chamava «Rock in Rio», mas que estava a muitas léguas daquilo que era o festival que ainda hoje existe. O bar, provavelmente, fechou. A tia morreu e o primo já não mora lá. Voltei, há um ano, de passagem. E quase não reconheci mais nada. Nem a praça central, onde estava a igreja de duas torres. Dizia-se que Lampião, o cangaceiro, uma espécie de Robin Hood do Nordeste do Brasil, só atacava cidades cujas igrejas tivessem apenas uma torre. Era um indício de que não haveria grande força policial. Não reconheci nem a igreja, que era a mesma. A praça parecia outra e o lugar não se ajustava à minha memória. Passaram-se muitos anos. Eu e a cidade mudamos bastante. E a memória não é uma fonte fidedigna. Ela é feita mais de afetos que de factos. E o que me ficou, daquele Verão, foi o grito dos miúdos à volta daquela pista improvisada: «garupeira de Dêdê»! Já não tenho os cabelos longos e nem os calções curtos. Mas a memória é ativada quando menos esperamos. E desta vez, enquanto via passar as motos que chegam à cidade para mais uma concentração, lembrei-me dos meus 15 anos. E de uma moto azul numa cidade pequena. Quando o mundo era mais simples e só tinha de fazer algumas acrobacias e não pensar em mais nada até o Verão acabar .

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Do Reboliço Ana Isabel Soares (Professora)

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uando o avô morreu, no último mês de 1999, houve um turbilhão de sentimentos: o da perda, sim. Mas, antes desse, uma zanga pequenina. Teimara, eu com ele, uns dias antes, que o avô ainda havia de ver dobrar o século, vai ver. Ele que não, que isso nem sequer aconteceria porque o mundo acabaria antes. (Tinha essas ideias: demorava-se a explicar que o Homem nunca poderia ter ido à Lua, tanto quanto a descrever o fenómeno da formação das nuvens e da queda da chuva, ou a regra de três simples.) Ele, irritado, dizia, com os seus 94 anos bem feitos, que estava farto, que já fizera tudo o que tinha para fazer, que o mundo já não era o dele e que queria ir-se embora desta vida – sem amargura nenhuma, só com o sentido do tempo certo. E foi. No mês derradeiro do século. Para ele, o mundo, de facto, terminou. Agora, eu que me entendesse. Uma das maneiras que encontrei de me entender foi olhar para trás (não é assim que nos certificamos de que estamos onde queremos estar, de que reconhecemos e reconheceremos o caminho?). E para trás estava o lugar onde sempre vira o avô, como raiz de árvore centenária: o Moinho Grande. Demorei uns anos (a morte da avó chegaria, pelo meio), mas, em 2005, comecei a escrever sobre o Moinho. Não foi logo uma imagem nítida o que aquele olhar me permitiu, e percebi rapidamente que teria de dar os tais passos atrás, de distanciar-me, se pretendia alguma clareza. Ora, se não queria afastar-me do Moinho Grande, daquelas memórias e do ALGARVE INFORMATIVO #164

entendimento delas para entender o meu mundo, também compreendi que teria de olhar pelos olhos de outro. Foi assim que nasceu o Reboliço. O Reboliço foi um cão que houve no Moinho Grande. O avô deveria estar perto dos 80 anos quando o levou para lá. Havia o cão da rua (que tinha sido o Lobito, para guardar o moinho e o monte) e havia o cão de casa. O cão da rua era maior: um bonito animal de pelo comprido, que ganhava ar de labareda quando o sol estava ainda baixo ou à tarde, quando se punha. O cão de casa era um podenguito de figura fraca, nem grande nem pequeno, patinhas baixas e a cor do pelo um mel esbatido, discreto. Tinha, isso sim, duas ou três características que o faziam ficar na memória da gente: as orelhas, que se espetavam por qualquer diferença no vento, no ar, nas vozes; ou os olhos finos, com que perscrutava tudo e dava sinal. (O mais era o faro, bem entendido.) Quando decidi que teria de ter, para ver melhor aquele lugar, outros olhos, escolhi os olhos do Reboliço. Tudo quanto vim a escrever, daí em diante, sobre o Moinho Grande, foram os olhos dele que viram. Pede-me o Daniel Pina, a quem dirijo a minha gratidão, que escreva algumas linhas sobre o que entendo do mundo. Não sei escrever sem ser pelos olhos do Reboliço – que já não vislumbram apenas o monte e o Moinho Grande, não se ocupam só da família e dos passos conhecidos, não se ficam pelo caminho que vai até ao poço. É ele que permite a distância que me torna a visão mais nítida. Será dele, portanto, o olhar que aqui procurarei transcrever . 118


Foto: Vasco Célio

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OPINIÃO

Cristiano Ronaldo, o rei da era digital Fábio Jesuíno (Empresário) melhor futebolista do mundo é o rei das redes sociais, com mais de 330 milhões de seguidores consegue um poder global inimaginável. É a pessoa mais seguida do planeta na soma entre os perfis no Instagram, Twitter e Facebook, à frente de grandes celebridades da música como Justin Bieber, Taylor Swift e Katy Perry. A sua influência digital é apetecida por muitas marcas que utilizam o seu poder digital para atrair a atenção de milhões de pessoas com uma simples foto ou post. É talvez o maior influenciador digital que teve, desde o início da sua presença nas redes sociais, uma gestão profissional, soube ter atenção aos pequenos pormenores e reuniu-se de bons profissionais para o ajudar na complicada tarefa de gerir milhões de seguidores. Cristiano Ronaldo apostou fortemente nos últimos anos nas redes sociais como meio de comunicação pessoal, envolvendo também a sua família, prevendo a importância na sua carreira em termos de patrocínios e de relações públicas. Mesmo em termos de investimento como empresário, o digital não ficou esquecido, tendo adquirido uma participação maioritária na agência digital «Thing Pink», que passou a chamar-se «7egend».

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Recentemente, a sua transferência do Real Madrid para a Juventus foi um dos assuntos mais falados em termos digitais, com impactos surpreendentes. Um deles foi nas redes sociais do clube italiano, que em 24 horas depois da oficialização da transferência ganhou 1,5 milhões de novos seguidores no Instagram, mais 1,1 milhões no Twitter e 500 mil no Facebook, resultados impressionantes que provam o seu poder de influência à escala global. O futebolista português pretende continuar a crescer em termos digitais, sinal disso é a possibilidade de ser a estrela de um reality show de 13 episódios produzido para o «Facebook Watch», plataforma de Video on Demand da rede social. A confirmar-se, o negócio avaliado em mais de 10 milhões de dólares, seria a segunda experiência de reality show do Facebook que, em janeiro, lançou o «Tom vs.Time» sobre o jogador de futebol americano Tom Brady. Além das redes sociais, Cristiano Ronaldo é também protagonista do «FIFA 18», o mais popular videojogo de futebol, com milhões de jogadores em todo o mundo. O rei da era digital sabe melhor que ninguém o poder que as redes sociais têm na sociedade atual e como elas podem ser uma ferramenta fundamental nos seus resultados financeiros .

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OPINIÃO

O Algarve para além da praia! Antónia Correia (Professora)

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m Atenas foram distribuídos 132 prémios pelo European Travel Awards. Portugal arrecadou 23 prémios. Estes prémios distinguiram empresas, regiões e experiências que emprestam ao turismo a excelência do saber fazer. Estas distinções que afirmam e reafirmam a competitividade de Portugal enquanto destino turístico, não são fruto duma moda, nem o sucesso do acaso. Pelo contrário, são o reflexo de mais de 70 anos de trabalho em prol do turismo. Na categoria de melhor destino europeu surge Portugal, o melhor destino de cidade foi atribuído a Lisboa e o melhor destino insular foi para a Madeira. Desta vez o prémio de melhor destino de praia não veio para o Algarve, mas sim para a Grécia. Refira-se que a região mais a sul de Portugal arrecadou esta distinção por cinco anos. Os concorrentes mais próximos foram sempre Grécia e Turquia.

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Ainda que possa parecer estranho, o Algarve está de parabéns por não ter sido galardoado como melhor destino de praia! Em vez disso, distinguiu-se pela qualidade dos seus resorts e hotéis. Uma análise aos prémios recebidos mostra claramente que o paradigma turístico está a mudar. Maior qualificação da oferta turística, numa era em que o alojamento local predomina; recuperar o conceito de luxo que a massificação do turismo trouxe; a aposta nos congressos e incentivos; e uma oferta alinhada com os novos desafios sociais, são as novas direções turísticas que estes galardões apontam. Não ganhar o prémio de melhor destino de praia é a evidência de que esta associação tão enraizada já não é tão evidente. Agora que o Verão se aproxima a passos largos, importa reafirmar que o Algarve é para todo o ano, mas tem as melhores praias do mundo .

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ATUALIDADE

NAU HOTELS & RESORTS RENOVOU SALGADOS DUNAS SUITES E SÃO RAFAEL SUITES NAU Hotels & Resorts reabriu este Verão as unidades cinco estrelas Salgados Dunas Suites e São Rafael Suites, ambas situadas no concelho de Albufeira, após intervenções de remodelação. No Salgados Dunas Suites, o bar, restaurante e piscinas foram as áreas intervencionadas. Já no São Rafael Suites, a renovação estendeu-se aos quartos, lobby bar e restaurante buffet, tendo sido ainda criado um ginásio outdoor. O projeto de renovação das unidades Salgados Dunas Suites e São Rafael Suites esteve a cargo da Tecnárea, da designer Laura Carvalho e do arquiteto Miguel Cardoso, aos quais coube desenvolver um conceito de refresh de ambos os hotéis assente na premissa «Transformar, Reutilizar, Reformar» o existente, conjugando com a reorganização, ampliação e aplicação de novos elementos de decoração e cores, tornando os espaços ainda mais funcionais, acolhedores e confortáveis. O Salgados Dunas Suites foi a unidade que sofreu alterações mais profundas. O projeto de organização do espaço assentou na ampliação da área de bar e esplanada de apoio, na criação de uma nova sala dedicada a jogos e na reformulação da área de restaurante e pequenos-almoços. Dada a especificidade

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da unidade, optou-se por aplicar novos elementos de mobiliário com cores mais claras, bem como novos revestimentos e um novo conceito de iluminação, que permitiram criar ambientes mais funcionais, com mais conforto e envolvência para os hóspedes. Já no São Rafael Suites procurou-se fazer um refresh visual através da utilização das cores quentes associadas ao Verão, em harmonia com o espaço exterior, acrescentando-se ao mobiliário já existente nos seus 105 quartos cores como o bordeaux, o verde, o azul e o bege. Optou-se também pela introdução de novos materiais de revestimento em paredes e balcões do bar e restaurante que conjugados com os novos elementos de mobiliário e o novo estudo de iluminação formam um todo coerente, mais atrativo e mais confortável. Aproveitando a extensão e beleza dos recursos exteriores foi criado um ginásio outdoor . 126


MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA ALTERA LOCALIZAÇÃO DE PARAGENS DOS TUK-TUK E PRAÇA DE TÁXIS Câmara Municipal de Albufeira deliberou, no dia 3 de julho, eliminar a paragem de veículos ligeiros a exercer atividade de animação turística (vulgarmente conhecidos como tuk-tuk), atualmente localizada na Rua Manuel Bentes Júnior, junto ao Bairro dos Pescadores, uma vez que a mesma estava a ser subutilizada, causando transtorno e desordem a moradores e visitantes. Como alternativa, a Autarquia decidiu alterar a localização desta paragem para a zona de estacionamento a sul do Parque P1, nas mesmas condições e horários anteriormente em vigor. Também devido à sua utilização bastante reduzida, a atual Praça de Táxis existente na zona de estacionamento a sul do Parque P1 foi relocalizada para nascente, junto à nova paragem dos tuk-tuk.

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As alterações estão devidamente assinaladas nos locais, sendo que foram tomadas todas as diligências para causar o mínimo de inconvenientes. “A correta ordenação dos transportes, com particular incidência nos transportes de índole turística, é fundamental para a imagem do concelho enquanto destino de excelência”, justifica o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, sublinhando ainda que o Município está bastante empenhado nas questões da mobilidade urbana, “sendo igualmente importante proporcionar novas formas de deslocação e de fruição da paisagem e do património concelhios, criando as condições necessárias para que Albufeira se assuma cada vez mais como um destino cosmopolita, dinâmico e turisticamente atrativo” .

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ATUALIDADE

FOI APROVADO QUASE UM MILHÃO E 800 MIL EUROS PARA A REDE DE REGA DA VÁRZEA DE ODELEITE

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Município de Castro Marim e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve já assinaram o contratoprograma que dará início à construção da Rega da Várzea de Odeleite, homologado pelo Ministro de Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos. O sistema da rede de rega da Várzea de Odeleite é uma obra ambicionada há mais de 20 anos, desde a inauguração da Barragem de Odeleite, em 1997, que estava destinada ao abastecimento de água para consumo humano, função que sobejamente tem assumido nestas décadas, e para sistemas de rega. Da Barragem depende o Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento Algarvio, que beneficia uma área de cerca de 8 mil e 600 hectares de terrenos agrícolas dos concelhos de Castro Marim, Tavira, Vila Real de Santo ALGARVE INFORMATIVO #164

António e Olhão, mas não integra os terrenos a jusante da ribeira. Desde então que Odeleite idealiza um sistema de rega para os terrenos na margem da ribeira a jusante, tendo-se iniciado, em março de 2017, um processo de candidatura a apoio comunitário, numa estreita parceria entre a Direção Regional de Agricultura, a Cooperativa Agrícola e de Rega de Odeleite, e a DGRADR -Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, assumindo-se o Município de Castro Marim por impossibilidade dos demais reunirem condições mínimas para a sua concretização e operacionalização. A área total a beneficiar pelo sistema será aproximadamente de 132 hectares, de acordo com o delimitado pelas entidades competentes, situando-se a jusante da Barragem e desenvolvendo-se ao longo da Ribeira de Odeleite. A construção da rede de rega permitirá melhorar as condições de produção dos agricultores daquela área, possibilitando, inclusivamente, a diversificação de culturas. Esta obra representa um investimento de um milhão, 717 mil e 170,20 euros, enquadrado na operação 3.4.1 «Desenvolvimento do regadio eficiente», do programa PDR2020, e financiado a 100 por cento (cofinanciado pelo FEADER, no âmbito do Portugal 2020). 128


PRAIAS DO CONCELHO DE CASTRO MARIM ANIMADAS POR WORKSHOPS om o objetivo de promover uma maior consciência ecológica junto da comunidade, em particular junto da faixa etária infantil e juvenil, a Câmara Municipal de Castro Marim desenvolve nas praias do concelho, durante os meses de julho e agosto, workshops de educação ambiental e de «Ciência Viva no Verão». Os workshops de educação ambiental, dinamizados no âmbito do programa Bandeira Azul, acontecem sempre pelas 9h30 e com o tema da bandeira Azul «O Mar que respiramos», incluindo ações diversificadas que se debruçam sobre duas temáticas distintas: biodiversidade no ambiente marinho e costeiro e resíduos. As atividades concretizamse através de 18 ações que consistem em jogos sobre reciclagem e sobre a vida marinha, pintura de tshirt’s e execução de brinquedos com resíduos como jogos do galo, jogos de bowling. O principal objetivo destas atividades é alertar as crianças para a problemática da produção de resíduos, que poderá ser minimizado através da reciclagem, do reaproveitamento de materiais e de deposição seletiva de resíduos.

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As atividades da «Ciência Viva no Verão» constituem um convite à descoberta, com ações que exploram diferentes áreas da ciência e da tecnologia. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Centro de Ciência Viva de Tavira e o Município de Castro Marim, que procura enriquecer e diversificar o programa de educação ambiental. Gratuito, o «Ciência na Praia», desenvolvido no âmbito do programa «Ciência Viva no Verão em rede 2018», destina-se a todas as

faixas etárias e decorre entre as 9h30 e as 13h. Com estas iniciativas, ambas gratuitas, cujo sucesso tem sido confirmado pelo entusiasmo dos participantes ano após ano, a Câmara Municipal pretende tornar as praias do concelho num espaço privilegiado, não só de lazer, mas também de aprendizagem e de descoberta .

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ATUALIDADE

UNIVERSIDADES DO ALGARVE E DE ÉVORA INVESTIGARAM ESTADO DE SAÚDE DOS PROFESSORES EM PORTUGAL

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á são conhecidos os resultados dos maiores estudos feitos até ao momento sobre stress, motivação e saúde dos professores em Portugal. A investigação, realizada pelas Universidades do Algarve e de Évora, contou com a participação de cerca de 15 mil professores. A sessão de apresentação dos resultados teve a presença de José Verdasca, coordenador do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, Adelinda Candeias, professora associada da Universidade de Évora, participando ainda por videoconferência Saúl Neves de Jesus, vice-reitor e

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professor catedrático da Universidade do Algarve. Nesta sessão pública estiveram representantes de sindicatos, escolas, associações profissionais e órgãos de comunicação social. José Verdasca salientou a importância da valorização social da profissão de professor como condição fundamental para o bemestar e a qualidade da educação. Destacou ainda a importância dos resultados obtidos em estudos anteriores que salientam a maior intensidade da expressão de afeto e gosto pelos professores por parte dos alunos portugueses, quando comparados com alunos de outros países europeus. No entanto, esses mesmos alunos portugueses, quando questionados sobre a sua intenção 130


de virem a ter a profissão docente, apenas 1 por cento admite essa possibilidade para o seu futuro. Saúl de Jesus sublinhou a importância dos resultados obtidos nas investigações realizadas, a partir dos quais “podem ser delineadas estratégias de intervenção nos planos político, formativo e organizacional, que possam contribuir para prevenir os elevados níveis de stresse, exaustão e desmotivação dos professores portugueses”. Acrescentou ainda que “este tema é da maior importância desde há vários anos”. Por seu turno, Adelinda Candeias frisou a “importância dos resultados como ponto de partida para uma intervenção junto dos professores que «trate» e previna o stress e promova a saúde e o bem-estar profissional e pessoal da pessoa que é o professor”. “Uma intervenção que deve ser diferenciada, de acordo com as necessidades dos professores e os indicadores de saúde que apresentam, à semelhança do que se faz, por exemplo, na Alemanha e na Espanha, onde programas de gestão de stresse e de promoção da saúde estão a ser testados com sucesso”, apontou. De seguida foram apresentados os principais resultados de estudos, ainda a decorrer, coordenados por Saúl de Jesus e Adelinda Candeias, sobre: «A motivação profissional dos docentes do Ensino Básico e Secundário: A influência de variáveis organizacionais, individuais e pertencentes à interface sujeitoorganização», desenvolvido por João Viseu; «Mobbing/Assédio no trabalho em professores de Ensino Básico e Secundário», de António Portelada; e «Saúde docente: estudo da influência de variáveis organizacionais e pessoais», de 131

Liberata Borralho. De entre os principais resultados obtidos nestes estudos destacam-se os seguintes: numa amostra de 12 mil e 158 professores portugueses, 52,4 por cento percecionam bem-estar do desempenho da sua atividade profissional, 50,2 por cento sofrem de esgotamento, 26,9 por cento de distúrbios cognitivos, 32 por cento de distúrbios músculoesqueléticos e 27,9 por cento de alterações na voz. Verificou-se ainda que os resultados obtidos nas várias dimensões de saúde dos professores portugueses são, na sua generalidade, inferiores aos dos espanhóis, observando-se maiores diferenças nas dimensões bem-estar e esgotamento. As análises realizadas permitiram definir três níveis de intervenção diferenciados, de acordo com o índice de saúde. Um primeiro nível onde 24,4 por cento dos professores apresentam baixos resultados e cuja intervenção a realizar deve ser, essencialmente, ao nível do tratamento dos problemas diagnosticados e de promoção do bem-estar; um segundo nível (saúde média), com 45,2 por cento, onde se deve incidir com intervenção preventiva; e um terceiro nível (saúde alta), com 30,4 por cento, que evidenciam um grupo de professores resilientes, envolvido na sua profissão e que experienciam bem-estar, e que, como tal, deverão ser melhor investigados no sentido de ajudar a identificar modelos promotores de bemestar e resiliência na profissão docente. Encontram-se mais professores portugueses no índice de saúde mais baixo e menos nos índices médio e alto, quando comparamos com os professores espanhóis. Os resultados indicam que os professores do ensino público, do 2.º e 3.º ciclo, e secundário, do género feminino, com mais de 50 anos e 20 de serviço são os que ALGARVE INFORMATIVO #164


ATUALIDADE apresentam menor bemestar e mais problemas relacionados com as dimensões de perda de saúde e, sobre os quais devem incidir urgentemente um programa de intervenção de primeiro nível. Este estudo revela ainda que o principal preditor da baixa saúde dos professores portugueses é a exaustão. De facto, 24,4 por cento dos professores portugueses apresenta baixos resultados no índice de saúde profissional, enquanto em Espanha se haviam verificado 20 por cento dos professores nesta situação (N=11668). No estudo sobre mobbing/assédio no trabalho, com dois mil e três professores, 22,5 por cento dos professores têm consciência que sofrem com este fenómeno, no entanto, 75,1 por cento dos professores assinalaram pelo menos um item da escala de mobbing LIPT-60, mas não reconhecem estar a ser vítimas (N=1504). Em média, os professores relatam 9 condutas de mobbing no local de trabalho. As condutas de agressão mais verificadas inserem-se no bloqueio à comunicação (47 por cento), ou seja, condutas que não deixam provas físicas. Dos professores que referem ter sido vítimas de mobbing, 83 por cento consideram que tal teve consequências na sua saúde e desses, 59 por cento recorreu pelo menos uma vez por ano ao atestado médico e 19 por cento recorreu pelo menos duas vezes. Por fim, o estudo relativo à influência de variáveis organizacionais, individuais e ALGARVE INFORMATIVO #164

pertencentes à interface sujeitoorganização (N=1129), demonstrou que: a relação entre a satisfação no trabalho e o desejo de permanecer na escola é parcialmente explicada pela identificação psicológica dos docentes com o estabelecimento de ensino; a combinação das perceções sobre a avaliação de desempenho e a justiça organizacional facilitam os recursos psicológicos positivos dos docentes (autoeficácia, resiliência, otimismo e esperança); a associação entre uma cultura de suporte (focada nas relações interpessoais e caracterizada por uma comunicação aberta) e o funcionamento da escola fomentam a satisfação laboral; a relação entre o clima da escola e o seu funcionamento contribui, igualmente, para uma maior satisfação no trabalho; e, quando os docentes se sentem justamente tratados pela sua escola e o funcionamento desta é visto como eficaz, vai surgir uma maior identificação psicológica com o estabelecimento de ensino e uma maior satisfação com as tarefas desempenhadas.

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MANJARES SERRANOS E FOLCLORE EM DESTAQUE NA CORTELHA aldeia da Cortelha volta a receber, nos dias 4 e 5 de agosto, a mostra gastronómica da Serra do Caldeirão, denominada como «Manjares Serranos», na qual será possível saborear pratos tradicionais como as papas de milho, galo com grão, javali estufado, orelha de porco, chouriço, aguardente de medronho, entre muitos outros. Para completar o ambiente saboroso que se irá viver no Polidesportivo da Cortelha, vão subir também ao palco diversos grupos no âmbito do Festival de Folclore da Serra do Caldeirão. No sábado, dia 4, a animação será da responsabilidade dos grupos participantes no Festival de Folclore da Serra do Caldeirão, onde vão estar

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representadas as danças e cantares de todo o país, desde o Alto Minho com o Grupo de Folclore das Terras de Nóbrega, ao Ribatejo com o Grupo Folclórico da Golegã, passando pela zona de Setúbal com o Rancho Folclórico Praias do Sado, bem como os usos e costumes do interior algarvio com o grupo anfitrião, o Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão. No final da noite subirá ao palco o grupo «Sons do Sul». No domingo, dia 5, terá lugar uma retrospetiva pelo panorama da música popular portuguesa com a atuação do Grupo «Moces Marafados», que irá apresentar em palco as sonoridades das diferentes regiões do país. Para animar o recinto e proporcionar a todos mais um baile serrano subirá ao palco o acordeonista Valter Cabrita .

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ATUALIDADE

SÃO BRÁS DE ALPORTEL REFORÇA REDE DE ECOPONTOS SUBTERRÂNEOS Município de São Brás de Alportel está a dar continuidade ao projeto de colocação de ecopontos subterrâneos na vila de São Brás de Alportel, com a instalação de mais cinco ilhas ecológicas e de seis oleões. Os cinco conjuntos de ecopontos subterrâneos vão ser colocados na zona urbana da vila, em locais de maior densidade populacional, onde se regista boa adesão à deposição seletiva e, como tal, onde é necessário reforçar o número de equipamentos ao dispor da comunidade. O concurso público para a aquisição dos novos contentores já foi lançado pelo Município, estando previsto um investimento na ordem dos 70 mil euros que conta com financiamento do POSEUR

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a 85 por cento e está integrado numa candidatura de promoção da reciclagem multimaterial de resíduos que inclui ainda oito ecopontos subterrâneos e cinco oleões colocados numa primeira fase. A candidatura teve um reforço físico e financeiro aprovado que permitiu esta segunda fase e que contempla ainda o lançamento da empreitada para a colocação dos ecopontos e de mais seis oleões. Esta aposta no reforço de ecopontos subterrâneos é um dos eixos da estratégia de promoção da qualidade ambiental definida pelo município são-brasense, que tem por prioridades a promoção da higiene e limpeza do espaço público e a deposição seletiva de resíduos, com vista à sua crescente reciclagem e valorização .

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CORRIDA DA BAÍA DE MONTE GORDO REGRESSA NO DIA 12 DE AGOSTO

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Corrida da Baía de Monte Gordo regressa às praias do concelho de Vila Real de Santo António, no dia 12 de agosto, num trajeto de oito quilómetros junto à linha de mar. A 29.ª edição de uma das provas mais antigas do Algarve tem partida marcada para as 11h, no areal da Manta Rota, em plena baixamar, estando a meta localizada na praia de Monte Gordo (zona do coelho), onde será feita a entrega dos troféus e prémios. O percurso atravessa as praias da Lota e Altura e as praias Verde e Retur, pelo que a competição conta habitualmente com muito público a assistir e a apoiar a passagem dos atletas. Nesta corrida podem participar atletas nascidos em 1998 ou anteriores, inscritos individual ou coletivamente, quer sejam federados ou 135

não, de acordo com os escalões Juniores, Seniores e Veteranos (I, II, III, IV e V), Masculinos e Femininos. Os primeiros três classificados da geral individual masculina e feminina ganham, além do troféu, uma estadia numa unidade hoteleira. Os classificados das restantes categorias obterão um diploma. As inscrições estão abertas até dia 8 de agosto e podem ser efetuadas no sítio de internet da Associação de Atletismo do Algarve (www.aaalgarve.org) ou na secretaria do Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António (de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h). A participação tem o valor de 10 euros (no dia da prova as inscrições podem ser feitas no secretariado, entre as 8h e as 10h, e têm o custo de 15 euros) e contempla a oferta de uma t-shirt, água e seguro temporário de acidentes pessoais. A 29.ª Corrida da Baía de Monte Gordo está classificada como prova de atletismo de praia e é uma organização conjunta da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, da VRSA SGU e da Associação de Atletismo do Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #164


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina

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