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ALGARVE INFORMATIVO 28 de julho, 2018

LUÍS MANHITA, FINALMENTE EM DISCO! 37.ª CONCENTRAÇÃO DE MOTOS DE FARO | FAINA MARÍTIMA NOS ENFOLA 2018 1 ALGARVE INFORMATIVO #165 GUILHERME PINTO | «SALIR DO TEMPO» | NOA E TERESA SALGUEIRO EM TAVIRA


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CONTEÚDOS #165 28 DE JULHO, 2018 52

ARTIGOS 10 - PEM de Castro Marim 18 - «Salir do Tempo» 26 - Feira do Livro de Olhão 36 - 37.ª Concentração Internacional de Motos de Faro 52 - Luís Manhita 64 - Noa e Teresa Salgueiro no «Verão em Tavira» 74 - Guilherme Pinto 90 - Faina Marítima em destaque nos ENFOLA 2018 100 - Futevólei em Santa Luzia 118 - Atualidade

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OPINIÃO 110 - Paulo Cunha 112 - Adília César 114 - Ana Isabel Soares ALGARVE INFORMATIVO #165

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REPORTAGEM

CONCELHO DE CASTRO MARIM JÁ TEM POSTO DE EMERGÊNCIA MÉDICA Texto:

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oi inaugurado, no dia 25 de julho, o novo Posto de Emergência (PEM) do concelho de Castro Marim, sediado na aldeia do Azinhal, mais concretamente no Centro Multiusos do Azinhal. Com o apoio da Câmara Municipal de Castro Marim foi estabelecido um protocolo entre o Instituto de Emergência Médica (INEM) e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António

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para tornar possível o PEM, que traz uma valência a este concelho que carecia de uma mais acessível prestação de socorros, em caso de sinistrados ou doença súbita. O Corpo de Bombeiros de Vila Real de Santo António fica então responsável pela operacionalização da ambulância de socorro do INEM, permitindo reforçar e melhorar a resposta aos pedidos recebidos através do Número Europeu 10


de Emergência Médica – 112. O novo PEM vai funcionar 24 horas por dia e a ambulância encontra-se equipada com os mais modernos equipamentos de socorro e emergência, como o desfibrilhador automático externo. No futuro está prevista a deslocação do PEM para as futuras instalações da unidade local de formação e pré-posicionamento de meios de emergência, a construir no Azinhal e cujo investimento global ascenderá a mais de meio milhão de euros. Recorde-se que a área de atuação do Corpo de Bombeiros de Vila Real de Santo António definida pela Autoridade Nacional de Proteção Civil é constituída pelas sete freguesias dos concelhos de Vila Real de Santo António e Castro Marim, numa área superior a 350 quilómetros quadrados. Para operacionalizar o PEM, a Associação

Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António necessita contratar oito bombeiros, de modo a constituir quatro equipas de dois elementos em turnos de 12 horas cada. “A contratação destes bombeiros representa um custo anual aproximado de 146 mil e 600 euros. Ora, para a constituição do PEM, o INEM atribuiu à associação um subsídio de 50 mil euros para a aquisição da ambulância, um subsídio anual de 2 mil e 500 euros para manutenção mecânica e seguro, um subsídio trimestral variável de 6 mil e 400 euros e um subsídio mensal correspondente ao prémio de saída de mil e 500 euros. Tendo por base o número de serviços prestados no concelho de Castro Marim nos últimos anos, estima-se que o INEM conceda à associação cerca de 45 mil e 600, pelo

Nuno Pereira, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António 11

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Luís Meira, presidente do INEM

que facilmente se verifica um desfasamento substancial de valores”, revelou Nuno Pereira, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António. Apesar disso, considerando a importância da existência de um PEM no concelho de Castro Marim, em particular no interior do seu território, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António aceitou subscrever o protocolo com o INEM, tendo recebido da parte da Câmara Municipal de Castro Marim a garantia de apoio necessário à sua constituição, sem que a associação fique financeiramente lesada. “Apelamos ao Ministério da Saúde que tutela o INEM, à Autoridade Nacional de Proteção Civil, à Liga dos Bombeiros Portugueses e demais entidades ALGARVE INFORMATIVO #165

cooperantes no Sistema Integrado de Emergência Médica para a necessidade de rever os valores das comparticipações atribuídas às Associações Humanitárias dos Bombeiros para a constituição dos PEM, em particular para estas situações de necessidade de garantia de socorro no interior do país onde as realidades são bem distintas do litoral e onde as contas são manifestamente desfavoráveis a quem tem que prestar o socorro”, reforçou Nuno Pereira. Rodeia Machado, Vice-Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, está bem consciente destas dificuldades e da urgência de se reverem diversos protocolos que estão em vigor, tendo sido criado um grupo de trabalho precisamente para esse efeito. “Vamos 12


discutir três fatores fundamentais: os prémios trimestrais e de saída; a taxa do oxigénio, que se transformou num medicamento e custa, atualmente, enormidades às associações humanitárias; e a questão dos salários e ajudas de custas. Sabemos, contudo, que é uma discussão que está inquinada logo à partida, porque quem paga pensa que paga demasiado e quem recebe entende que recebe pouco. Temos que encontrar um justo equilíbrio para resolvermos estas situações a contento de todos”, frisou Rodeia Machado. No uso da palavra, Luís Meira, presidente do INEM, considerou que o dia 16 de julho ficará para a história da instituição e do próprio Sistema Integrado de Emergência Médica porque, com a entrada em funcionamento do PEM de Castro Marim, todos os concelhos de Portugal

Continental passaram a dispor de pelo menos um PEM do INEM. “Num esforço conjunto entre o INEM e as corporações de bombeiros, bem como da Cruz Vermelha Portuguesa, as populações de todos os concelhos do território continental passam também elas a dispor de uma ambulância dedicada em exclusivo a acudir a situações de acidente ou doença súbita. Uma ambulância de socorro destinada à estabilização de doentes que necessitem de assistência durante o transporte e que, graças ao desempenho dos seus operacionais, vai permitir salvar vidas”, sublinhou o médico de profissão. Este marco histórico traduz igualmente a visão que o INEM tem na atualidade e que assenta em três princípios: Proximidade, Equidade e

Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim 13

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Gestão Eficiente. “Numa área tão importante como a emergência médica, a proximidade é fundamental para uma resposta em tempo útil. De igual modo, garante-se que todos os cidadãos do continente são tratados de forma igual, com justiça e imparcialidade, sejam eles mais ou menos populosos, tenham mais ou menos recursos financeiros”, prosseguiu Luís Meira, salientando ainda a importância de se dar uma resposta em tempo útil aos desafios que se colocam nos tempos modernos. “Se, até aqui, o INEM adquiria diretamente as ambulâncias, colocando-as depois à disposição das corporações de bombeiros, agora a cooperação entre estas entidades funciona em moldes diferentes. Assim, o INEM passa a subsidiar a corporação dos bombeiros para que esta faça a aquisição da ambulância diretamente”, revelou o presidente do INEM. Nesse sentido, com os protocolos assinados em 2017 para concluir a rede de PEM, investiu-se 850 mil euros na aquisição e equipamento de ambulâncias, a que se juntam mais de 500 ALGARVE INFORMATIVO #165

mil euros anuais para funcionamento das novas estruturas. A finalizar a cerimónia de abertura do PEM localizado no Azinhal, Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, destacou ainda a futura instalação do Centro de Formação de Bombeiros nesta aldeia do concelho, orçada em cerca de 600 mil euros, financiados por Fundos Comunitários e pelo Município. “Esta infraestrutura poderá resultar também no embrião do futuro quartel dos Bombeiros em Castro Marim, pois somos o único concelho português que ainda não dispõe de um. Estamos a trabalhar em várias frentes, articulados com diversos interlocutores, consensualizando ações, porque é em harmonia, com franqueza, sem desconfianças, que se atingem os objetivos que, no fundo, são servir da melhor maneira, com os parcos recursos financeiros que possuímos, a população deste Baixo Guadiana” . 14


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REPORTAGEM

SALIR DO TEMPO REGRESSOU COM VIAGEM ATÉ AO PERÍODO DA RECONQUISTA Texto:

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eve lugar, de 20 a 22 de julho, mais uma edição do «Salir do Tempo», evento que transportou esta vila do interior do Concelho de Loulé ao período em que o Algarve era ainda ocupado pelos árabes. Tendo por base a recriação histórica do período da Reconquista e as lutas entre Cristãos e Mouros na disputa pelo território, o «Salir do Tempo» transformou Salir num palco de experiências de regresso ao passado, onde a música, dança, artes performativas, recriações históricas, torneios de armas, teatralizações, torneios de armas, animação itinerante, rábulas e estórias, falcoaria, exposições ou gastronomia foram algumas das componentes desta festa medieval. A recriação do mercado medieval, baseado em produtos dessa época, onde vários mercadores estiveram presentes com as suas bancas de produtos tradicionais como o mel, cortiça, cestaria ou frutos secos, e os artesãos com os seus ofícios, também fizeram parte deste cenário, bem como a parte gastronómica, com destaque para a recriação de uma cozinha medieval. O recinto dividiu-se em três áreas temáticas – Cristã, Moura e Judaica – e, entre outros espaços, o visitante deparou-se com o acampamento castrense, a caravana moura, o mercado dos petizes e dos infantis, o judeu ferreiro, o harém, a pedra da moura encantada ou a praça dos artistas. Para além de promover a animação no interior, o «Salir do Tempo» pretende também valorizar as tradições e a história local e dar a conhecer o património histórico do concelho .

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REPORTAGEM

FEIRA DO LIVRO DE OLHÃO DE 2018 FOI UM ÊXITO Texto:

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hegou ao fim, no dia 21 de julho, a edição de 2018 da FLO – Feira do Livro de Olhão. Durante oito dias, o Jardim Patrão Joaquim Lopes acolheu a festa dos livros, que contou este ano com mais expositores, iniciativas dedicadas ao público infantojuvenil e um cartaz cultural paralelo mais forte.

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Em termos de autores, a iniciativa do Município de Olhão trouxe à Cidade da Restauração nomes como Miguel Miranda, Luís Ene, Filipa Martins, Paulo M. Morais, Isabel Rio Novo, António Manuel Venda, João Luís Barreto Guimarães, Marco Mackaaij, Catherine Dumas, Manuela Sabino, Paulo Cunha, Ana Cristina Leonardo, António Ladeira, Rita Ferro e Eduardo Jorge Duarte, que participaram em conversas conduzidas por Adriana Nogueira e Sandra Boto. O certame contou também com a rubrica «Conversas ao fim da tarde», que reuniu alguns dos mais destacados autores residentes no concelho, como Goreti Costa, Maria do Pilar Santos, Mário Moreno, Paulo Moreira, Zélia Ortiz, Carla Vicente, Gustavo Marcos, Lígia Boldori, Margarida Caria, Paula Sousa, Carlos da Encarnação, Conceição Pires, Deodato Pires, Gisélia Sinfrónio, Graça Dimas, Andreia Fidalgo, Idalécio Soares e Sandra Romba. No que toca à programação cultural paralela, a noite de abertura trouxe ao recinto do certame o ator Virgílio Castelo, que protagonizou o monólogo «O último dia de um condenado», baseado no livro homónimo de Victor Hugo, publicado em 1829, escrito como um protesto à sentença de morte. O espetáculo surgiu inserido nas comemorações dos 10 anos da Biblioteca ALGARVE INFORMATIVO #165

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Municipal José Mariano Gago. O dia 16 foi marcado por Jorge Serafim, com o standup comedian, contador de estórias e narrador a protagonizar dois momentos dirigidos a públicos diferentes: «Contos para crianças» e «Contos ao serão». Outro nome de destaque a passar pelo palco da Feira do Livro de Olhão foi Carlos Alberto Moniz, com «Cantar poetas», um espetáculo único de guitarra e voz onde o cantautor interpretou canções para poemas de Amílcar Cabral, Antero de Quental, José Afonso, José Carlos Ary dos Santos, Manuel Alegre e Natália Correia, entre outros. A FLO 2018 encerrou com Sérgio Gonçalves e a banda Amantes d’Fado, que apresentaram ao público «Cantar Amália». Em três das oito noites do certame, o ator Alexandre Lopes abriu o «À noite, na

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FLO», com o espetáculo «Serenata em passeio», de drama, canto e dança. Mas também de artes plásticas se fez a Feira do Livro de Olhão, que contou com duas mostras permanentes: de pintura, pelo centro de Arte de Pintores Olhanense, e de fotografia, pelo Clube de Fotografia de Olhão. “Olhão está de parabéns porque voltou a celebrar da melhor forma os livros e a cultura. Contámos este ano com mais expositores, mais iniciativas, mais convidados e mais público. O feedback que temos recebido é também bastante animador, o que faz antecipar uma edição de 2019 mais rica e ainda mais dinâmica”, afirmou a vice-presidente da autarquia, Gracinda Rendeiro . ALGARVE INFORMATIVO #165

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REPORTAGEM

CONCENTRAÇÃO INTERNACIONAL DE MOTOS DE FARO REUNIU MILHARES DE MOTARDS EM AMBIENTE DE FESTA Texto:

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Vale das Almas, em Faro, recebeu, de 19 a 22 de julho, mais uma edição da Concentração Internacional de Motos de Faro, evento organizado pelo Moto Clube de Faro. Foram cerca de 20 mil os que não quiseram deixar de voltar a fazer parte desta bonita festa do motociclismo que anualmente traz até à capital algarvia milhares de pessoas, vindas de todos os cantos do país e com uma enorme presença de motociclistas estrangeiros. O número é particularmente significativo se tivermos em conta as notícias que ensombravam a 37.ª edição da Concentração, devido a uma situação que, não obstante ser completamente alheia à sua organização, terá ainda assim sido alvo de ampla atenção mediática. Apesar de nem sempre se ter prestado um bom

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serviço informativo, antes contribuindose para a confusão entre o que representa o verdadeiro espírito motard e outros movimentos que nada têm que ver com ele, o espírito de convívio e animação voltou a reinar no recinto, não se tendo verificado quaisquer incidentes de maior. Como não podia deixar de ser, as motos foram as rainhas da festa que se prolongou durante quatro dias. Quer se tenha um fascínio pelas clássicas choppers, popularizadas em filmes como o icónico «Easy Rider», ou se aprecie mais a velocidade que as motos desportivas permitem, a verdade é que na Concentração encontram-se motos para todos os gostos. A única forma de sair desapontado da Concentração é não gostar de motos, situação que ainda 38


assim será de estranhar, já que não seria a primeira vez que um cético sairia do recinto a pensar em engrossar o crescente número de pessoas que adquirem um motociclo, quer seja para a utilização no dia-a-dia, quer seja para uns passeios de fim-de-semana. No entanto, além dos inúmeros «parques de estacionamento» onde é possível ver motos de vários modelos e estilos em «exibição», os que pretendem ver autênticas obras de arte sabem onde procurar: no espaço dedicado ao Bike Show. Aí encontram-se motas que nos levam desde o imaginário de filmes como Mad Max – as famosas Rat Bikes – a motos que ascendem à categoria de obras de 39

arte, tanto pelas pinturas como pelas modificações que as tornam em autênticas esculturas mecânicas. Para os que têm sentido de humor, uma particular nota para a categoria de strange, onde este ano pudemos ver, entre outras coisas, uma «mota» construída a partir de uma mesa, ou uma outra construída tendo por «eixo central» sinalização rodoviária. O Bike Show é um dos elementos de competição na concentração de motos – sobre os restantes, lá iremos mais adiante – já que as diversas motas das várias categorias vão a concurso, sendo a revelação dos premiados feita na noite de sábado, como tem vindo a ser ALGARVE INFORMATIVO #165


habitual. Também terá sido durante a apresentação dos prémios do Bike Show que ouvimos, ainda que de forma um tanto ou quanto tímida, as primeiras referências às notícias que ensombravam a realização da concentração. Da boca do apresentador dos prémios pudemos escutar “aqui não se passa nada, a não ser «peace and love»”, enquanto o presidente do Moto Clube de Faro, José Amaro, acrescentou de forma quase telegráfica: “Obrigado por terem confiado”. Mas se as motas são as rainhas do evento, a música não deixa de ter um papel de destaque, sendo que o palco principal onde decorrem os concertos é, pela noite, um enorme ponto de interesse para todos os presentes. Com um balanço entre a música pesada e apostas menos convencionais, entre ALGARVE INFORMATIVO #165

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bandas portuguesas e estrangeiras, a mescla de culturas que é a concentração de motos de Faro faz-se também sentir nas bandas que podemos ouvir no palco principal. Este ano, contou-se com a presença dos nacionais «Quem é o Bob?», Vítor Bacalhau, Jorge Palma e, numa clara aposta que já se sabe ser ganhadora, Xutos & Pontapés. De modo a agradar aos nuestros hermanos, sempre presentes em grande número, situação para a qual contribui a proximidade com Espanha, a Concentração tem também algumas bandas espanholas. Este ano, a presença esteve a cargo de dois nomes pesados da música rock e heavy metal: Obus e Mägo de Oz. Por fim, houve ainda espaço para os britânicos Voodoo Six e dos internacionais Black Star Riders, banda que conta com elementos dos famosos Thin Lizzy. Entre os ritmos mais ou menos pesados e independentemente da língua em que se

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canta, os motards fazem a festa, embora não seja de ignorar o contributo dos vários litros de cerveja consumidos. Se as bandas que atuaram na quintafeira fizeram-no ainda para um Vale das Almas a meio gás, a sexta-feira já fez sentir uma maior presente de espectadores. Ainda assim, Jorge Palma começou a sua atuação para um público mais reduzido do que aquele com que acabou, provavelmente depois do line up escolhido ter convencido muitos a aproximarem-se do palco devido ao autêntico desfile de clássicos feitos pelo experiente música português. De seguida vieram os Obus, madrilenos que andam nestas andanças desde 1980 mas que nem por isso deram sinais de cansaço. Com letras na sua língua materna, apelaram principalmente ao público espanhol, apesar de um concerto competente. A encerrar a noite de sexta-feira estiveram os Voodoo Six,

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que trouxeram mais força e ritmo à noite com o seu hard rock que deixou muitos dos presentes a abanar a cabeça. Na noite de sábado, as honras de abertura das hostilidades, terminada a entrega dos prémios do Bike Show, couberam aos Mägo de Oz. Os espanhóis que iniciaram carreira no fim dos anos 80, apesar de só terem adotado o nome atual já em 1992, não deram sinal da idade passar por eles e foram provavelmente das bandas mais aclamadas da noite (ficando, evidentemente, apenas em segundo lugar para os nossos Xutos). Guitarras, violino, flauta e uma voz feminina que chegou a fazer ecoar uma ópera pelo recinto, os ingredientes para o que podia ser uma cacofonia mas que, bem vistas as coisas, fazem soar melodias que levam o público a dançar (ou algo parecido a dançar),

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mostrando que continuam a mover multidões. Após a festa que foi Mägo de Oz, foi a vez de Black Star Riders. A banda, que iniciou-se em 2012 e com elementos dos Thin Lizzy, pratica um rock duro sem grandes truques, mas que convence. E convenceu de facto, a avaliar pelo número de cabelos compridos que abanavam ao som da banda. Por fim, foi a vez dos Xutos & Pontapés subirem ao palco, encerrando assim os concertos de sábado e da 37.ª Concentração de Motos de Faro. Começaram com clássicos, a emoção estava ao rubro, mas não deixou de se sentir uma enorme ausência, sentimento certamente provocado pela falta que Zé Pedro faz, inevitavelmente, na banda. Ainda assim, as vozes do público confundiam-se com a do Tim e havia um ambiente que era ALGARVE INFORMATIVO #165


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certamente de reencontro entre amigos, estando de um lado a banda e do outro os fãs de todas as idades e backgrounds sociais que têm Xutos na sua lista de bandas de eleição. Mas nem só de música vive o Homem … ou devemos dizer o homem? A utilização da letra minúscula é propositada já que falamos de como a sensualidade faz parte das concentrações de motos. E não, não nos referimos aos homens que andam pelo recinto – não obstante também os haver certamente para todos os gostos – mas dos habituais shows surpresa (que já não são surpresa há alguns anos) e da Miss Faro (que não obstante a mudança de nome há uns anos a esta parte, continua a ser chamado por muitos de Miss T-Shirt Molhada). Também no capítulo de sensualidade, ainda que sem a grande produção que víamos no palco principal, o 45

palco abrigado pela tenda onde os visitantes da concentração costumam aproveitar as mesas disponíveis para tomar refeições ou descansar, acolheu demonstrações de pole dancing e os habituais espetáculos do grupo «Trash Circus», onde a sensualidade se conjuga com uma clara inspiração sadomasoquista, o que parece ser apreciado por muitos dos presentes. Voltando, contudo, ao striptease, é importante realçar que há muito que as performances levadas à concentração são verdadeiros momentos artísticos, onde, além das strippers, há ainda um coletivo de outras dançarinas que, não se despindo, animam as hostes com as suas interpretações animadas e energéticas. É claro que a componente artística poderá passar ao lado de alguns dos presentes, mas não deixa de ser ALGARVE INFORMATIVO #165


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uma nota interessante num evento que se torna cada vez mais eclético. Em jeito de conclusão deste capítulo, e recuperando a ideia da competitividade presente na concentração, o concurso Miss Faro é já um clássico. Com prémios em dinheiro que não são de ignorar, além de toda a fama e glória proporcionados por aqueles 15 minutos, o concurso contou este ano com nove participantes, sendo que a vitória foi para uma repetente destas andanças que conquistou o público com os seus atributos físicos e à vontade. Sem nudez (pelo menos não como requisito), mas também em jeito de competição, o concurso de tatuagens é mais um dos pontos de atração da Concentração, já que a arte corporal é visível por todo o recinto. Também aqui, como nas motas, as tatuagens são uma expressão da personalidade de quem as 47

usa e há para todos os gostos. No concurso vimos algumas das melhores que andavam pela Concentração e a vitória acabou por ir para uma incrível tatuagem de perna inteira dedicada aos bombeiros. Mas não se pense que os encantos da Concentração se ficam por aqui. Assim que se entra no Vale das Almas, os visitantes têm ao seu dispor uma feira onde não faltam à venda os patches e os coletes, figurino praticamente obrigatório entre os amantes das motos. De realçar, por lá, a presença constante do grupo motociclista cristão que distribui versões gratuitas do Novo Testamento, numa demonstração, uma vez mais, que a concentração é um verdadeiro melting pot de culturas e credos, onde o elemento unificador é o

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motociclo (e a cerveja, também, não o escondemos). Já após a passagem para dentro do recinto da concentração, entre comes e bebes, mais algumas tendas que vendem os sempre obrigatórios produtos de couro e capacetes, há um espaço que se torna para muitos o local preferido para passar o tempo: o Oásis. E o nome não é escolhido ao acaso, já que é montado um lago artificial que permite aos mais quentes refrescar um pouco no ambiente quente e seco que se faz viver pelos dias da Concentração. Também ali ao lado há uma tenda e um pequeno palco que acolhe algumas bandas mais desconhecidas, mas nem por isso menos capazes na hora de meter os presentes a dançar. O Domingo, último dia de concentração, fica sempre marcado pelo desfile pela ALGARVE INFORMATIVO #165

cidade de Faro, organizado pelo Moto Clube de Faro em jeito de agradecimento à população da cidade algarvia pela receção que, ano após ano, fazem aos milhares de motociclistas que ali se deslocam. E não é fácil, convenhamos, já que entre o barulho dos motores e dos escapes e o trânsito acrescido, a cidade não dorme. Mas festeja, e festeja num clima de alegria e união que mostra e comprova que a Concentração é já um evento da Cidade de Faro e da região algarvia e que veio para ficar. Dúvidas houvesse e a 37.ª edição, não obstante toda a publicidade negativa dos dias que antecederam a sua realização, comprovou que o Vale das Almas continua a ser, por meados de julho, o sítio onde todos os amantes das duas (ou três ou quatro em alguns casos) rodas querem estar .

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ENTREVISTA

“O FADO É UMA TRADIÇÃO ORAL, NÃO SE APRENDE NAS ESCOLAS”, DEFENDE LUÍS MANHITA Texto: 53

Fotografia: ALGARVE INFORMATIVO #165


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chegar aos 10 anos de carreira, o fadista Luís Manhita lançou o seu primeiro disco, no dia 11 de julho, nos claustros do Museu Municipal de Faro. O trabalho resultou da residência artística de quatro meses que o farense realizou na «Povo», carismática casa de fado de Lisboa, e retrata o seu percurso e história na canção lusitana que é Património Imaterial da Humanidade, inspirando-se nos lugares por onde andou, nos locais onde atuou e nos poetas e músicos com quem trabalhou. Rosto e voz sobejamente conhecidos da cena fadista algarvia, foi preciso quase uma década para Luís Manhita se estrear nos registos gravados, por uma razão bastante simples: editar um álbum nunca foi uma obsessão. “Comecei nisto quase por brincadeira, há 20 anos, quando fazia parte de um grupo de jovens da Igreja. Numa das peças que realizávamos todos os Natais interpretei uma fadista – a Maria Bigodes – uma personagem completamente cómica que cantou um fado com a letra toda alterada. Nas pausas da música, eu esticava a voz como tinha ouvido na versão original e isso chamou a atenção de um fadista que estava no público”, recorda, à conversa no Teatro Lethes, onde é produtor/programador cultural. Com 21 anos de idade, Luís Manhita é desafiado para participar no seu primeiro concurso de fados, já tarde, segundo alguns, opinião não partilhada pelo entrevistado, por acreditar que o fado deve entrar na vida dos intérpretes quando são mais maduros. “A melhor formação ALGARVE INFORMATIVO #165

que se pode ter acontece nos coros de igreja, onde andei desde os seis anos. Aprendemos a cantar em coro, a ouvir os outros, a afinar a voz”, considera o formado em Educação Social pela Universidade do Algarve e com curso de Técnicos e Animadores Teatrais tirado na ACTA – A Companha de Teatro do Algarve. Depois disso, trabalhou na Biblioteca Municipal de Faro, emigrou por duas vezes, até finalmente ter regressado de vez às origens. Dos concursos de fado amador lembra que as suas participações foram melhorando com o tempo e a experiência e chegou mesmo a vencer uma competição, em Vila Real de Santo António. “O Valentim Filipe dizia-me sempre que não bastava ter boa voz, que era preciso ouvir imenso fado, sobretudo os antigos, ir a casas de fado para respirar aquele ambiente. Eu concorria mesmo para ganhar e ficava bastante chateado quando perdia, mas nunca desisti, mesmo tendo perfeita consciência das capacidades que tinha, que não eram muitas no início”, reconhece, adiantando que, na época, lamentava ter entrado para o fado numa idade tão tardia. “Descobri o fado aos 17 anos, através do primeiro disco da Dulce Pontes, e a minha mãe disse-me logo que aquilo era tudo músicas da Amália, que a Amália é que as cantava como deve ser. Por isso, fui à procura dos originais e, caraças, notei a diferença, o peso que tinham”, conta. Em 2009, Luís Manhita venceu então o concurso de fado amador de Vila Real de Santo António e de imediato deixou de 54


participar, estava alcançado o objetivo. “Gostava de cantar, naquela altura até já dava uns toques, mas nunca tive a arrogância de ficar à espera que me contratassem e me pagassem para atuar num espaço porque, agora, já era fadista. Ouvia Ana Moura, Mariza, Camané, Ricardo Ribeiro, Pedro Moutinho, e pensava cá para comigo que eu nunca ia conseguir chegar àquela patamar”, indica o farense, pois sabia bem, devido à sua formação teatrão, o que era necessário para se marcar a diferença em cima de um palco, como profissional, não como amador. “Existem escolas de fado, tudo bem, sistematizam um bocadinho o fado, mas isto, para mim, é uma tradição oral que se passa de pessoa para pessoa, e é uma vivência. E o Valentim Filipe 55

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também me dizia que, para se cantar fado, só era preciso ter ritmo e afinação, não era obrigatório ter uma voz extraordinária. Cada um tem a voz com que nasceu e o fado cabe em todas as vozes”, defende. “Alguém escreveu uma história com que tu te identificas, tu cantas e dizes ao público que também já te sentiste assim num determinado momento da tua vida. A Amália cantava «Estranha forma de vida» há 60 ou 70 anos, do amor como ele era na década 50, que é bem diferente do amor no século XXI. O fado é o mesmo, vai buscar inspiração à Amália, mas a vivência é diferente, estás a meter o teu sentimento pessoal”. Algo bem diferente, para Luís Manhita, são as novas roupagens que o fado tem conhecido nas últimas décadas e que introduzem uma série de novos instrumentos na canção nacional. “A Amália correu o mundo inteiro com uma voz, uma guitarra e uma viola, porque o fado é uma canção muito simples. Aceito bem o contrabaixo, dá um chão diferente, vai dobrar os baixos da viola e fica tudo mais sustentado. Mais confusão me faz quando se mete os violinos, os clarinetes, as teclas, mas não critico ninguém, cada um é livre de escolher o caminho que pretende seguir”, afirma o entrevistado, pensando que o desafio de inovar, mantendo a simplicidade, é bem mais aliciante. “A viola marca o compasso, a guitarra dá-te a introdução e responde à voz, numa conversa a três que pode ser diferente todos os dias. Quando percebes o que é verdadeiramente cantar o fado, os sentimentos que transmites, o que dás ao público, as reações que provocas nele, ALGARVE INFORMATIVO #165

consegues cantar todos os dias, mesmo quando a voz não está tão boa. E eu gosto de cantar a olhar para as pessoas, para compreender o que é que elas estão a sentir”.

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A entrevista vai seguindo em tom informal, quase como uma conversa de café, mas depressa constatamos que Luís 57

Manhita leva o fado bastante a sério, que estudou as vidas dos mestres antigos, de Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Fernando Maurício, os ídolos da sua geração. Depois, foi escolhendo os temas que mais se adequavam às suas próprias vivências e ALGARVE INFORMATIVO #165


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sentimentos, não apenas os mais badalados, aqueles que mais facilmente arrancam aplausos da assistência, mas isso também se vai aprendendo com o tempo. “No início tinha uma grande dificuldade em escolher marchas ou fados mais corridos, só queria cantar fados tristes. Temos o fado menor, o fado maior, as marchas e os fados musicados – todos aqueles que têm refrão – depois, há uns mais alegres e outros mais tristes. Quando estamos a dar os primeiros passos, se calhar é mais fácil interpretar aquilo que está na berra. Passados uns anos fiquei bastante seletivo, não gostava de nada, só daquelas coisas tremendamente profundas. Finalmente, percebes que é uma alegria cantar qualquer coisa, mesmo os fados mais tristes”, aponta o farense. “Pode ser uma história pesadíssima, terrível, mas ela só existe enquanto eu estou a cantar, portanto, posso cantar uma marcha logo a seguir”. Os tempos vão mudando, é verdade, mas ainda vai persistindo a ideia de que o fado só serve para contar tristezas, desgostos de amor, a eterna saudade. Luís Manhita cedo compreendeu que a história não era bem assim, porque sempre gostou de conviver e conversar com os fadistas e guitarristas mais velhos. “Mesmo agora, com 41 anos, às vezes faço umas perguntas um bocado estúpidas, coisas que, se calhar, era suposto já saber. Mas eu nasci em Faro, no Algarve, não sei o que é um bairro de Alfama, a Boémia, o que é andar nessas ruas, o que é uma noite de fados até de manhã”, declara, antes de abordar os quatro meses que passou em Lisboa para a gravação do disco «Povo». “Fiz muitos amigos, partilhei 59

imensas noites de fado com nomes conhecidos, pessoas de outras gerações, e nota-se que existe alguma resistência em relação aos novos tempos. O fado é uma tradição oral, ponto final parágrafo, uma tradição muito bonita, da noite, que não se aprende nas escolas. E o fado não se tornou Património Imaterial da Humanidade só por causa da Mariza, da Ana Moura ou do Camané, mas de todos aqueles que andam lá, que bebem uns grandes copaços de vinho e que, quando abrem a boca – mesmo sem terem grande voz - nós «morremos» ali à frente deles, desatamos a chorar. Naquelas ruas canta-se a alma”, salienta. Neste sentido, e de acordo com Luís Manhita, as grandes mudanças que têm acontecido no passado recente dizem respeito ao fado que normalmente se vê na televisão ou nos grandes festivais, porque, nas ruas de Alfama, de Lisboa, o fado tradicional continua bem vivo. “Mas há espaço para tudo. O problema é que a malta mais nova que começou a cantar há meia dúzia de dias mete uma grande minissaia ou um vestido vermelho, usa um grande decote para ressaltar tudo o que tem da sua adolescência, e tem o desplante de dizer aos mais velhos ‘isto agora é que é’. É uma enorme falta de respeito para quem canta fado há meio século”, desabafa, com tristeza. “Algumas pessoas mais novas, não são todas, sentem uma grande necessidade de afronta, de serem rebeldes. Ser irreverente não significa cortar com o passado, ser irreverente é inovar o passado”, distingue. ALGARVE INFORMATIVO #165


explica Luís Manhita. “Nunca descaracterizam aquilo que tu és, a tua personalidade, a tua voz. Podem alterar um pouco a tua maneira de cantar, fazer algumas correções em termos de dicção ou sílabas, mas mudar o estilo não. Querem pegar na tua essência e torná-la maior”, acrescenta.

A vontade, entretanto, de participar nas residências artísticas da «Povo» já vinha de há alguns anos, mas na altura rumou ao País de Gales. Regressado ao Algarve, entrou ao serviço da ACTA e a intenção foi novamente adiada, até que finalmente se concretizou em abril de 2017, para quatro meses de intenso trabalho e aprendizagem. “Cantamos ao vivo quatro vezes por semana e a gravação do disco não é obrigatória nem certa, tudo depende de como corre a residência. Normalmente pretendem pessoas que vão lançar o primeiro álbum. Ali cresces enquanto fadista, aumentas o teu repertório, contatas com muitos músicos e poetas, visitas o Museu do Fado, conheces o Mestre António Parreira. É um projeto que já dura há sete anos e de onde nasceu a coletânea «Discos do Povo», já com 25 trabalhos editados”, ALGARVE INFORMATIVO #165

Um disco que também assinala a estreia de Luís Manhita como letrista, embora não se considere escritor ou poeta, simplesmente havia fados tradicionais que queria interpretar e que não gostava das letras já existentes. “Eles têm uma estrutura estrófica própria, sem refrão, existem 300 e tal. Aos guitarristas pedimos as músicas, depois cantamos os poemas que nos apetecer. No fado temos a possibilidade de escrever vários poemas dentro da mesma música”, esclarece, confessando ser uma responsabilidade acrescida cantar as suas próprias palavras. “Estás a escrever e a cantar na primeira pessoa, mas também já dei letras para outros cantarem. Depois de fazer um workshop com a Aldina Duarte percebi logo como isto de escrever funciona e tive alguma ajuda da Teresa Muge, de modo que o disco tem três temas originais meus. O Mestre António Parreira ofereceu-me também uma música dele, a «Maria Inês» e a Teresa

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Muge, há uns anos já me tinha dado 10 canções”. «Povo» mostra, então, um Luís Manhita diferente e outra coisa não poderia deixar de ser, na opinião do entrevistado, exceção feita à roupa, porque sempre vestiu de preto, uma influência da sua formação teatral. “No Teatro, o preto não existe e eu, em palco, também não quero existir. Apenas quero que exista a minha voz e o meu fado, não o Luís Manhita. E uso um lenço para abrir o peito, porque é algo que me sai do coração”, declara. “O fado nasceu nas ruas de Lisboa e eu passei quatro meses no meio daquelas pedras, a ver o Rio Tejo, nas noites lisboetas. Talvez tenha ficado mais melancólico, mas irei sempre cantar aquilo que me apetece, nisso nunca farei cedências. Mas, claro, estou um fadista diferente. Eu próprio, quando ouço as gravações, fico surpreendido com aquilo que fiz, fico um pouco em transe. Não digo que estou melhor, estou diferente, mas fiel a mim mesmo” . 61

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REPORTAGEM

VOZES FANTÁSTICAS DE NOA E TERESA SALGUEIRO MARCARAM INÍCIO DO «VERÃO EM TAVIRA» Texto:

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pátio do Palácio da Galeria, em Tavira, praticamente esgotou, na noite de 24 de julho, para assistir ao duplo concerto da israelita Noa e da portuguesa Teresa Salgueiro, naquele que foi o «pontapé-desaída» dos espetáculos musicais do «Verão em Tavira».

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A primeira parte da noite foi assegurada por Achinoam Nini, ou Noa, como é conhecida fora de Israel uma das mais celebradas artistas deste país cuja música é ainda largamente secreta no ocidente. 10 anos depois de ter representado o seu país no Festival Eurovisão da Canção ao lado da cantora árabe Mira Awad, Noa é, atualmente, um nome sobejamente reconhecido internacionalmente, contando com uma dezena de álbuns de estúdio e mais um punhado de gravações

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ao vivo. Mas é ao vivo que Noa mais intensamente brilha, conforme o comprovaram os muitos algarvios e turistas estrangeiros presentes no Palácio da Galeria. Com uma voz extraordinária, um sorriso permanente no rosto e uma simpatia inesgotável, Noa surpreendeu com os seus dotes na percussão, sendo acompanhada pelo virtuoso guitarrista Gil Dor, com quem pisa os palcos há praticamente três décadas. E surpreendeu igualmente pelo conhecimento que tem de Portugal, cuja história estudou, enquanto crescia nos Estados Unidos da América, devido ao papel que o povo lusitano desempenhou nos Descobrimentos. «Love Medicine» é o título do mais recente álbum de uma artista que

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acredita que a música pode ajudar a curar as maleitas do mundo. Talvez por isso, Noa já subiu a palcos para cantar para presidentes, até para o Papa, num evento em Cracóvia, na Polónia, visto por mais de dois milhões de pessoas. Para uma cantora que já fez scat ao lado de George Benson, que já dividiu atenções com Sting e Stevie Wonder, parece mesmo não haver impossíveis. E, em Tavira, sempre em diálogo com o público, Noa declarou a sua admiração por um povo que vive de braços abertos para o mar, mas falou também do conflito armado entre Israel e a Palestina e do drama em que continuam a viver as mulheres do Yemen, país de onde é originária a sua família. Depois, cantou e encantou com temas do seu vasto repertório, apresentou algumas experiências que a dupla faz com a música eterna de Johann Sebastian Bach, um «Sebastião» que, diz, nunca morreu, ALGARVE INFORMATIVO #165

fazendo também uma referência a outro Sebastião, aquele que os portugueses ainda esperam que regresse numa noite de nevoeiro. Foi, de facto, uma agradável surpresa escutar Noa, que terminou a sua atuação cantando, da melhor forma que conseguiu, um tema em português que aprendeu de propósito para o concerto de Tavira. Um sinal de enorme respeito pelo público que teve pela frente nesta noite. Após um curto intervalo para mudança de palco, foi a vez de escutar outra voz feminina, esta mais conhecida dos portugueses, Teresa Salgueiro, sem dúvida uma figura artística ímpar no nosso país nas últimas três décadas. Na música iniciou-se em 1986 quando, com apenas 17 anos, foi convidada para integrar a fundação do grupo Madredeus, gravando nove discos de música original, criada especificamente 68


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para a sua voz. Entre 1987 e 2007, 20 anos de viagem e mais de cinco milhões de álbuns vendidos em todo o mundo tornaram-nos nos primeiros representantes internacionais da música feita em Portugal depois de Amália Rodrigues. E Teresa Salgueiro, com a sua presença discreta e delicada e a sua voz extraordinária, foi a «figura de proa» dessa nau musical. Convites de nomes tão distintos como José Carreras, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Carlos Núnez, Angelo Branduardi ou Zbigniew Preisner reconheceram Teresa como uma das grandes cantoras contemporâneas. Começava, assim, a esboçar os passos seguintes do seu percurso, aventurando-se com gravações e concertos em que colaborou com artistas distintos de diversas nacionalidades. Em 2011, Teresa Salgueiro retirou-se para o Convento da Arrábida, onde gravou o disco no qual assume a produção, bem como a direção musical e a escrita da

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música e letras. Com «O Mistério» prosseguiu a sua ininterrupta viagem à volta do mundo, tocando nas mais importantes salas para plateias que acorrem com entusiasmo e curiosidade ao reencontro com esta voz que escutam com paixão há tantos anos. A qualidade das suas interpretações, bem como o rigor técnico dos espetáculos que idealiza, têm sido alvo de rasgados elogios, por parte da crítica e do grande público. A viagem de «O Mistério» proporcionou ainda uma nova aventura que se traduziu na criação de arranjos originais para uma série de canções mexicanas e latino americanas, culminando com a edição exclusiva para o México do disco «La Golondrina y El Horizonte» e posteriores apresentações ao vivo, com estreia mundial no Festival Cervantino. O «Horizonte», o seu novo álbum autoral recentemente premiado com o

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conceituado Prémio José Afonso 2017, atribuído por unanimidade e aclamação, é a afirmação da sua faceta de compositora e letrista, expressa na criação e interpretação de um repertório original. E foi «O Horizonte e a Memória» que Teresa Salgueiro trouxe até Tavira, onde apresentou um breviário de canções representativas da melhor tradição 71

musical portuguesa. Tendo como fio condutor o seu próprio repertório desde «O Mistério» ao recém-editado «O Horizonte», interpretou também os mais conhecidos temas dos Madredeus, prestando ainda homenagem a Amália Rodrigues, José Afonso, Carlos Paredes, entre outros .

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ENTREVISTA

GUILHERME PINTO A ARTE DE EXPRIMIR SENSAÇÕES ATRAVÉS DOS MOVIMENTOS, CORES E FORMAS Texto:

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stá patente até 7 de agosto, na Galeria de Exposições da Direção Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro, a exposição «EUPINTO» de Guilherme Pinto, com obras realizadas entre 2017 e 2018, na sua maioria pinturas a óleo. Aos 20 anos de idade, o jovem farense ingressou no curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Algarve, mas depressa constatou que aquela não era «a sua praia» e a intenção, agora, passa por rumar à Escócia para estudar Arte. Porque, de facto, Guilherme Pinto decidiu, de uma vez por todas, que a pintura é aquilo que quer fazer na vida, mesmo sabendo tratar-se de uma carreira incerta, instável, sem retorno financeiro garantido ao fim do mês. ALGARVE INFORMATIVO #165

Essa foi, precisamente, a grande preocupação dos pais quando, à medida que ia crescendo, Guilherme evidenciava um talento natural para as artes. Porque os pais preocupam-se com o futuro dos seus filhos, sobretudo em terem uma profissão que lhes ponha comida na mesa, que lhes permita pagar as contas da casa, e bem nós sabemos que a cultura, em Portugal, não possibilita isso a quase ninguém. “Acabei por me afastar da pintura, um lado meu e um mundo que só mais recentemente comecei a redescobrir. É uma escolha de vida difícil de se fazer para qualquer jovem no nosso país, mas pode ser que a sociedade e o mercado mudem no futuro”, refere, de forma tímida, pouco habituado a estas 76


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coisas de entrevistas e fotografias. No início, porém, não pensava nisso, limitava-se a desenhar, desde os tempos da escola primária. Naquela altura eram as bandas desenhadas que faziam as delícias de Guilherme Pinto, inventava as suas próprias personagens e histórias, sem nunca ter noção de que se poderia construir uma carreira profissional como cartoonista. Os anos foram passando e o farense foi aumentando os seus conhecimentos artísticos, de forma autodidata, muito à base da internet, “embora ela torne difícil que não sejamos influenciados por este ou aquele artista, é uma poluição visual descomunal”. “Tento fazer os meus quadros sem olhar a referências, apenas colocar na tela o que está na minha cabeça, seguir as ideias de maneira intuitiva”, acrescenta. Se seguir Belas Artes nunca lhe passou pela mente, continuar em Ciências da Comunicação rapidamente deixou de ser uma hipótese, Guilherme Pinto não tem feitio para tirar uma licenciatura simplesmente para ter um canudo debaixo do braço. ALGARVE INFORMATIVO #165

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“Senti que estava a enganar-me a mim próprio e não podia deixar que isso acontecesse. Tinha que fazer alguma coisa da minha vida antes que fosse tarde demais. Enquanto somos jovens temos oportunidade para tomar decisões importantes e, às vezes, não devemos ter medo de o fazer. Decidi investir em algo que realmente me faz feliz, que me dá gozo”, afirma o entrevistado, à conversa no edifício do IPDJ de Faro, na véspera da inauguração da sua exposição. 79

Artes que, no caso de Guilherme Pinto, não se limitam à pintura. Aos 16 anos chegou a participar num concurso de poesia organizado pelo Museu Municipal de Faro e a música foi uma constante ao longo da sua adolescência, tocando em várias bandas e gravando alguns discos. Em 2017 pintou, assim se pode dizer, as duas primeiras telas a sério e a veia criativa começou a jorrar livremente em 2018, ano em que opta ALGARVE INFORMATIVO #165


por se dedicar, a tempo inteiro, à pintura. “Saiu-me um peso de cima dos ombros, mas os meus pais ficaram bastante apreensivos com a minha decisão, o que é perfeitamente normal num país como Portugal. Percebem que a pintura é a minha paixão, mas isso não significa que as preocupações em relação ao meu futuro desapareçam”. Definido o rumo a seguir, dê para onde der, Guilherme Pinto passou a desfrutar totalmente da pintura e o sentimento de ver uma tela finalizada é «brutal», descreve. “Criamos algo completamente novo, que não existia, independentemente de termos ou não referências. É uma sensação extraordinária quando trazemos uma ideia do mundo imaginário para o mundo real e as coisas ganham vida por elas próprias”, analisa, com um sorriso aberto no rosto, depressa respondendo que não se consegue encaixar num estilo artístico. “Todos temos as nossas noções estéticas e dominamos determinadas técnicas, mas não me vejo preso a um rótulo. Algumas pessoas dizem que me insiro no expressionismo, o que faz algum sentido, porque eu quero exprimir-me através da pintura, mas não sei…”, indica. Com um ritual próprio, sem pensar previamente no que vai sair, Guilherme Pinto senta-se em frente à tela branca e normalmente ALGARVE INFORMATIVO #165

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começa a brincar com as suas memórias, deixando que as imagens fluam de forma distorcida. “Pinto sobre coisas que vi, das quais me recordo, procurando encontrar simbologias e tentando sincronizar as cores e os movimentos, tudo o que está na imagem. Quanto aos temas, dependem do meu estado de espírito naquele dia”, aponta o artista. “Vejo as coisas de uma maneira mais emocional e procuro exprimir sensações através dos movimentos, cores e formas presentes ALGARVE INFORMATIVO #165

no quadro. Tenho alguma facilidade em encontrar-me no espectro de sensações por via de imagens, custame mais fazer isso por palavras”, reconhece.

Guilherme Pinto não tem frequentado o curso de Ciências de Comunicação em

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que se inscreveu na Universidade do Algarve, mas é nas salas de aula da academia algarvia que normalmente pinta, sem ter uma noção exata do que vai fazer quando lá chegar. Naquele instante desliga-se do mundo exterior, mergulha de cabeça nas telas, sem necessidade de fazer qualquer esboço do que vai pintar. “Olho para as cores e deixo-me guiar pelo que sinto no momento, ataco a tela de imediato. Só nos primeiros quadros é que fiz pequenos esboços, por uma 83

questão de insegurança. Agora, começo, as formas vão aparecendo à medida que vou pintando e a própria imagem vai-me dando dicas dos melhores caminhos a seguir. Há sempre uma comunicação entre o artista e a obra de arte”, acredita o farense. Assim tem sido a rotina de Guilherme Pinto nos últimos meses, pintando quase todos os dias, fazendo pausas ALGARVE INFORMATIVO #165


para ver se a coisa está a sair em consonância com o que lhe vai na mente. “Tudo vai fazendo sentido com o hábito, tem sido uma caminhada progressiva”, declara, garantindo não ser daqueles artistas que só mostra os quadros quando estão finalizados. “Não me importo que me deem opiniões ou dicas, embora tenha tendência para seguir aquilo que faz mais sentido para mim. Claro que há sugestões que são muito construtivas, aspetos em que eu não tinha reparado ou pensado, porque as ideias estão em todo o lado”. ALGARVE INFORMATIVO #165

Quando questionado com os custos inerentes à pintura, sai de imediato uma risada, é uma dor-de-cabeça bem familiar aos jovens artistas, mas Guilherme Pinto confessa que tem tido uma tremenda sorte até à data. “Uma amiga deixou de pintar e ofereceu-me muito material e tenho a facilidade de poder pintar na universidade, onde vou deixando as telas enquanto ela não fecha para férias. Algumas pessoas têm manifestado interesse em comprar-me quadros, outros vão ficar com a minha família ou vou oferecer, porque não quero construir uma carreira em Portugal e não vou conseguir levá-los comigo”, adianta. “Temos coisas fantásticas das quais vou sentir imensa falta quando partir – o sol, o café, a comida, as pessoas, o bem-estar – mas aquilo que busco faz mais sentido noutros sítios. Ando à procura de comunidades de artistas no estrangeiro para me integrar, conhecer outras pessoas e assim evoluir a minha pintura” .

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Foto: José Carlos Carvalho

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REPORTAGEM

FAINA MARÍTIMA EM DESTAQUE NOS ENFOLA 2018 Texto:

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Francisco Martins, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, com José Vieira e Nuno de Santos Loureiro, dos Encontros de Fotografia de Lagoa

inco fotógrafos – Júlio Bernardo, Luís Torres, Nuno de Santos Loureiro, Filipe da Palma e José Carlos Carvalho – reuniram-se com uma ideia em comum, fotografar a pesca da sardinha no Algarve, e o resultado do «The Sardine Photo Experience» foi uma exposição de fotografias, que tem estado em itinerância por vários pontos do Algarve ao longo de 2018, e um extraordinário livro de fotografia, «Faina Marítima», cujo lançamento aconteceu, no dia 19 de julho, no Sítio das Fontes, em Estômbar, no concelho de Lagoa.

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Os ENFOLA – Encontros de Fotografia de Lagoa surgiram, há cinco anos, de uma parceria do Município de Lagoa com a Universidade do Algarve, com o objetivo ALGARVE INFORMATIVO #165

de reconhecer a importância e a transversalidade da fotografia relativamente a todos os aspetos da vida contemporânea. Sem esconder a existência de um «olhar» pragmático neste projeto, há uma crença inabalável, da parte da organização dos ENFOLA, nas mais-valias que existem para o Algarve quando se promovem iniciativas inovadoras de turismo cultural em torno da identidade algarvia, da singularidade dos seus espaços naturais, da grandiosidade da luz meridional, da dieta mediterrânica e de tantos outros aspetos do dia-a-dia desta região conhecida mundialmente. “Mas, num ano em que Lagoa se assume como Cidade Educadora, já não nos é suficiente mostrar fotografia. Queremos criar públicos para as 92


diversas vertentes da fotografia, queremos acolher fotógrafos consagrados e, quase literalmente, queremos embarcar no espírito das mensagens veiculadas pelas obras fotográficas, sobretudo no contexto desta «The Sardine Photo Experience». E temos a ambição de marcar uma posição de destaque em todo o Algarve, relativamente à fotografia enquanto

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forma de expressão cultural e meio de comunicação”, declarou Francisco Martins, presidente da Câmara Municipal de Lagoa. Após os anos temáticos em que o Município de Lagoa se envolveu de 2014 a 2017, dedicados ao Vinho e à Vinha, ao Mar, à Nossa Gente e ao Património, pretendeu-se, em 2018, abraçar a

Foto: NunoINFORMATIVO de Santos #165 Loureiro ALGARVE


Foto: Nuno de Santos Loureiro

educação global, “aquela que não se esgota nas salas de aula, aquela que desafia e intervém em toda a sociedade”, explicou o edil lagoense, entendendo que a fotografia estimula e educa o olhar, incentiva o pensamento e a conquista do conhecimento e abre novos horizontes. “Sendo os livros objetos educadores por excelência, não poderíamos deixar de apostar neste registo da Faina Marítima que revela uma faceta pouco conhecida de alguns algarvios, na pluralidade do olhar de fotógrafos de diferentes gerações. Aqui vemos um Algarve visitado e olhado a partir de uma multiplicidade de formas, algumas de singular criatividade, que valorizam visitantes e anfitriões. O Algarve que acolhe turistas e também viajantes. O Algarve que fomos e somos e de que nos orgulhamos sempre”, destacou Francisco Martins. “Em boa hora tive o bom-senso de acolher a ideia que o José Vieira e o ALGARVE INFORMATIVO #165

Nuno de Santos Loureiro me apresentaram para estes Encontros de Fotografia de Lagoa e este é o segundo livro que editamos”, salientou ainda o autarca durante a inauguração da exposição. E, de acordo com Nuno de Santos Loureiro, a fotografia documental é mesmo indispensável para a identidade de um povo e de uma região, pois cada imagem é um instante da realidade e consequência de um registo fotográfico intencional ou acidental. “Foi e será sempre uma interação complexa entre realidades, tecnologias e fotógrafos. No passado analógico e nos primórdios do digital, esses três eixos já existiam, embora fossem distintos dos do presente. Hoje, as realidades podem ser semelhantes ou diferentes, os equipamentos fotográficos são mais «potentes», o fotógrafo 94


documental tem desafios mais complexos a enfrentar”, entende o fotógrafo e mentor dos ENFOLA, consciente de que, atualmente, ser um fotógrafo documental é bastante mais exigente do que noutros tempos. “Mais em termos de domínio das tecnologias de registo, muito mais em termos de escolha das imagens que constituirão e consolidarão o corpo do trabalho mostrado ao público, muito mais ainda no que se refere à sensatez exigida durante a pós-edição dos ficheiros digitais saídos das máquinas”, justifica. É neste contexto que se insere o projeto fotográfico «The Sardine Photo Experience», de fotografia documental contemporânea, regional e universal, orientada para um tema abrangente e multidisciplinar. “Ambicionamos contribuir para uma descrição

interpretada do povo a que pertencemos. Este é um projeto coletivo, com numerosos olhares, que um dia findará, em oposição com a realidade e a identidade registadas, que são e serão inesgotáveis”, frisou Nuno de Santos Loureiro, aproveitando para agradecer a José Gameiro, Diretor Científico do Museu Municipal de Portimão, pela cedência de uma coleção de fotos de Júlio Bernardo sobre este tema para fazer parte da exposição e do livro. “Desafiamos vários fotógrafos para entrar numa traineira, a «Arrifana», para experimentar ao vivo, ver, registar, uma noite de pesca de sardinha na costa algarvia. Com a particularidade de o estarem a fazer pela primeira vez, portanto, sujeitos a um conjunto de surpresas e imprevistos que fizeram com que fossem descobrindo, passo-a-passo, o

Foto: Luís Torres

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que ia acontecendo”, descreveu. Agradecimentos formais deixou igualmente ao proprietário da traineira, André Dias, bem como ao Mestre Joaquim Manuel Dias, ao Contramestre Joaquim Manuel Ramos e a toda a tripulação da «Arrifana», pela oportunidade de concretizar o «The Sardine Photo Experience». “Para além da exposição e do livro, este projeto tem uma terceira valência, a possibilidade de outras pessoas assistirem, ao vivo, à pesca da sardinha, uma experiência que é, verdadeiramente, fantástica, única e

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inesquecível. Não só estamos a oferecer fotografia, mas a promover experiências de turismo fotográfico e a criar uma nova oferta de turismo ativo e cultural para o Algarve”, finalizou Nuno de Santos Loureiro .

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FILIPE SANTOS E BETO CORREIA VENCERAM IV ETAPA DO CAMPEONATO NACIONAL DE FUTEVÓLEI 2018 EM EM SANTA LUZIA Texto:

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vila de Santa Luzia, no concelho de Tavira, voltou a acolher um grande espetáculo desportivo em prova a contar para o 13.º Campeonato Nacional de Futevólei, a principal prova do panorama nacional. Foram 16 as equipas, 32 atletas, que evoluíram ao longo dos dois dias de prova (21 e 22 de julho), no areal do recinto desportivo instalado no Jardim Público de Santa Luzia, e que contou com a participação das principais duplas e valores da modalidade oriundos de todo o país.

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O evento começou no sábado, por volta das 18h30, com a Fase de Grupos, em que as equipas jogaram até madrugada dentro, num total de 24 jogos para apurar as primeiras quatro finalistas. No domingo, o recomeço deu‐se igualmente das 18h30, com os Oitavos de Final, com quatro jogos decisivos para apurar outras tantas duplas para os Quartos-de-final. Já com o quadro competitivo dos Quartos-definal completo, a prova prosseguiu já só com os oito finalistas em prova, seguindo para as Meias‐finais, Filipe Santos/Beto Correia (CD ALGARVE INFORMATIVO #165

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Póvoa), Vítor Vilaça/Júlio Alves (CD Póvoa), Pedro Salvador/Bonga (CD Póvoa) e Ruben Santos/Bruno Carvalho (EF Alan Cavalcanti). O primeiro jogo da Meias-Finais pôs frente a frente duas duplas poveiras e Filipe Santos/Beto Correia tiveram de suar para resolver a partida em três sets (15x12|9x15|15x3) face à boa réplica dos seus homónimos Vítor Vilaça/Júlio Alves. No segundo jogo, os poveiros Pedro Salvador/Bonga, resolveram a partida em dois sets sem resposta (16x14|15x9) frente à dupla representante da Escolinha Futevólei Alan Cavalcanti, Ruben Santos/Bruno Carvalho, e seguiram para o jogo de todas as decisões. Em clima de festa e de grande animação chegou‐se à discussão da grande Final da etapa, de um lado Filipe Santos/Beto Correia, do outro Pedro Salvador/Bonga, todos do CD Póvoa, e foram necessários apenas dois sets para encontrar os grandes vencedores. Conseguindo impor o seu jogo e através de uma maior consistência e eficácia nas suas ações, Filipe Santos/Beto Correia chegaram à merecida vitória pelos parciais 19x17 e 18x15, saindo assim como os grandes vitoriosos desta quarta etapa do Campeonato Nacional de Futevólei 2018, alcançando a quarta vitória consecutiva em outras tantas etapas .

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OPINIÃO

Emigrantes? Não, portugueses! Paulo Cunha (Professor) nos meses de Verão que Portugal se prepara para se engalanar e receber todos aqueles que, sendo portugueses de gema, tiveram que deixar o seu país para procurar o que alguns governantes permitiram que lhes extorquissem. Ciclicamente, tentando fugir à pobreza e ao desemprego e procurando melhor qualidade de vida, temos vindo a assistir a surtos migratórios que nos roubam jovens portugueses, cada vez mais instruídos e especializados. Jovens que são aconselhados a sair, levando consigo tudo aquilo que nós, através dos impostos, investimos neles. Enfim, incongruências de um povo que, ciclicamente, elege quem não o respeita e dignifica! É neste período de férias que os nossos emigrantes aproveitam para matar saudades de todos os entes queridos que deixaram no país de origem. Com a popularidade de Portugal em alta, depois do boom turístico e das vitórias no Europeu de futebol em 2016 e no Festival da Eurovisão em 2017, muitos lusodescendentes, filhos e netos de emigrantes portugueses, estão a dirigir o seu foco e interesse para Portugal. Alguns já o tinham feito durante a década de 1990 e o início dos anos 2000, quando o país vivia em crescimento económico e a Expo 98 e o Euro 2004 projetavam uma imagem cosmopolita de um Portugal jovem, moderno e empreendedor. Conjuntamente com alguns emigrantes de outras gerações, aqueles que, nos locais públicos, ainda nos brindam com muitos diálogos num «franceguês» que acaba por ser motivo de troça e de anedota, vemos cada vez mais emigrantes a chegarem de férias, mais empenhados em aproveitar tudo de bom que Portugal sempre teve para lhes dar (embora quando cá estavam não tivessem condições de usufruir nem de desfrutar), do que propriamente ostentar uma nova posição ou estatuto social. É uma nova geração de

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emigrantes, que, com a ausência forçada do seu país, redescobre, sempre que regressa, uma portugalidade desconhecida repleta de referências identitárias. Trazem consigo a explicação, expressa nos gestos e nas ações, da palavra que aprenderam a definir como sua: Saudade. Num mês em que todos os reencontros valem todo o sacrifício colocado nos restantes onze, mais do que louvar e enaltecer os mais de dois milhões de portugueses que por este mundo mostram de que fibra são feitos, ajudando com as suas poupanças a economia portuguesa, quero aqui dar as boas-vindas a estes cidadãos de primeira que, tal como os descobridores, continuam a dar ao mundo novos mundos! É com enorme satisfação e regozijo que os vejo chegar e, tal como peças de um enorme puzzle, completar este retângulo à beira mar plantado, transformando-o, nos meses de verão, num país de que todos nos devemos orgulhar. Nestes desejados regressos a casa, as saudades e a vontade que tudo esteja como deixaram é grande, mas a passagem do tempo e as mudanças operadas acabam por provocar alguma surpresa nos ambicionados reencontros familiares. Tendo em conta que uma parte considerável dos novos emigrantes saíram diretamente da casa dos pais, este regresso de férias poderá causar algumas dificuldades, como, por exemplo, a colocação de antigos obstáculos a uma independência já adquirida, mas não vivenciada pela família de origem, bem como a exigência de dedicação de muito tempo à família, quando a importância de rever os amigos, que ficaram ou que partiram, também se impõe. Apenas o diálogo e o bom-senso por parte de quem chega e de quem recebe poderão tornar este processo mais simples e eficaz. É difícil partir, mas nem sempre é fácil chegar. O tempo não para, e em férias, quando as mesmas atingem a metade da sua duração, 110


parece que as que restam passam num ápice. Assim sendo, e sabendo quanto é difícil, num único mês, juntar o útil de conviver com a família e os amigos com o agradável de nada fazer, deixo aqui expresso o desejo que possamos compreender uma realidade que não é fácil de gerir. Assim sendo, termino escrevendo aquilo que, muitas vezes, digo aos 111

meus amigos emigrantes: “Aproveitem as férias em Portugal! Se o acaso nos fizer reencontrar, ótimo. Se não, reencontramo-nos quando regressarem definitivamente… aí teremos - por certo - muita conversa para pôr em dia!”. Façam de Portugal a vossa casa. Portugal agradece! .

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OPINIÃO

Uma estranha forma de vida Adília César (Escritora) “Há gente que precisa de mais vidas para sofrer”. Vítor Gil Cardeira

lhando a nossa vida e a dos outros, é inevitável a confirmação do sofrimento como realidade linear e metafórica. Sofre-se por tudo e por nada. Sofre-se por nós, através das nossas pequenas-grandes tragédias diárias: as contas por pagar, a avaria do carro, o filho que anda tristonho, a roupa apertada, a azia, a dor nas costas, o cansaço imperdoável dos dias, a insolvência das noites. Sofre-se pelos outros: o silêncio da mãe de um bebé que não pára de chorar, o velhote envergonhado de bengala que passa para a frente da fila no supermercado, o acidente de trânsito no cruzamento do costume, a cliente constrangida no salão de cabeleireira a raspar as peles e os calos dos pés à frente de todos, o empregado contrariado da pastelaria que nos serve o café sem dizer uma palavra, o gato de rua a chafurdar no quase nada que lhe é dado pela civilização. E ainda as notícias de catástrofes que assolam o mundo, nos jornais, na televisão e nas redes sociais. Sofre-se a vida e o sonho que destinamos à vida. A civilização é sofrimento e pesadelo. E gostamos. Tenho tido muitas provas do que afirmo: quando observo as pessoas que circulam à minha volta nos espaços públicos e quando leio as notícias do dia, as queixas são sempre mais do que muitas, parecendo que o sofrimento não cabe numa vida. Nas salas de espera dos hospitais e centros de saúde, as contas do rosário não chegam para a enumeração das doenças que assolam um único ser humano: “estive três dias em trabalho de parto, ia morrendo! Tinha a tensão alta e estava carregadinha de anemia!”, logo seguido de “então e o dos meus gémeos?

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Sabe lá o que eu passei? Olhe, foi assim (…)”, e depois de ouvir o longo monólogo obstétrico, sou levada a acreditar que o parto de qualquer mulher é e será sempre mais doloroso do que os partos de todas as outras mulheres do mundo; “já ando aqui há meses, consultei quatro médicos e nada! Não sabem o que eu tenho e estou cada vez pior!”, levando-me a concluir que estou perante um paciente peculiar, cujas análises e exames médicos efectuados são mais numerosos e mais difíceis de levar a cabo do que os de qualquer um dos presentes, sendo a sua doença absolutamente misteriosa e que o médico competente para lhe descobrir a maleita ainda estará por nascer… Nas esplanadas ao ar livre, como entrada: “está muito calor” e “a aragem fresca estraga a minha ida à praia”; logo seguido do prato principal: “o cunhado da Marieta meteu-se com a sobrinha do mecânico, vê lá tu”, ao que a outra responde “ora, não me admira nada, tens olhado bem como a miúda se veste? Estava mesmo à procura de qualquer coisa e ele também, coitadito, com o estafermo que tem em casa…”; e a sobremesa, para acabar com a cereja no topo do bolo: “o Ronaldo é que sabe fazêlas…dá uns chutos na bola e é o que se vê… e eu a assar frangos nove horas por dia!”. Nas notícias dos jornais, da televisão e das redes sociais, o sofrimento de outras vidas repartido e partilhado por todos: a corrupção dos políticos, os incêndios, a poluição dos oceanos, os buracos das estradas, as touradas, o trânsito caótico nas horas de ponta, o ruído ensurdecedor dos festivais e festas de Verão, as frases feitas, 112


as imagens do sangue e da tortura, as memórias da mediocridade. E é tão visível esta passagem inconformada de um longo desfile de pequenas-grandes tragédias diárias, como se a nossa quota de sofrimento não coubesse numa vida. A civilização é isto? Um longo desfile de desgraça e pessimismo, de dores do corpo e do espírito, de desastres interiores e de visões de cataclismos? Talvez a resposta esteja no poema «A Passagem» de Vítor Gil Cardeira: “A passagem conforta os que não têm nada/ os que procuram/ os que nunca encontram./ A passagem é um caminho que reflete as sombras do passado/ enquanto dormem os inúteis sobressaltos./ Há gente que precisava de mais vidas para amar/ os sinuosos tremores da paixão/ as escolhas impossíveis e imateriais/ os labirintos claros da impotência que sopra da juventude/ difusa, larvar e narcótica./ A passagem une o que respira ilusão./ Os sonhos são a realidade por cumprir/ quando da solidão nasce a palavra que embriaga/ que sorve o conforto incontornável das distâncias./ Há gente que precisa de mais vidas para sofrer”. Talvez a resposta esteja na Poesia .

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OPINIÃO

Do Reboliço #1 Ana Isabel Soares (Professora)

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a mercearia da aldeia, onde passou muitas tardes quentes – daquelas em que não se pode sair à rua e, espreitando pelo postigo, se vê as ondas do calor por cima das árvores e dos bancos do larguinho –, vendiam-se latas de Tonycao (ou «Tonicau», o Reboliço não se lembra das letras precisas). Eram umas latas redondas, de rótulo amarelo, castanho e vermelho: a figura que se via nesse rótulo da lata de chocolate em pó era um homem sorridente, atlético, de tronco nu: olhava para a frente (para quem o olhava, afinal) e segurava numa das mãos outra lata de Tonycao; esta, por sua vez, tinha desenhado outro homem igual ao primeiro, que, tal como aquele, segurava nova lata de chocolate em pó, ilustrada como as duas primeiras. É um infinito abissal que o Reboliço imagina enquanto dormita. *** Na sua cabeça, todas as pessoas de que o Reboliço se lembra estão ligadas umas às outras. Como se vivessem numa casa muito grande, com espaço para não se atropelarem, mas encontrando-se e reconhecendo-se, mutuamente, a cada instante. O Reboliço pensa que, além de estarem sempre ligadas umas às outras, se relacionam todas, de algum modo, com as canções que ele ouve, os quadros que vê nos museus, ou os poemas que lê. É uma maneira de as fazer caber a todas naquele sentido minúsculo que o seu crânio encerra. Uma convivência interior, confortável porque íntima, muito sua. Mas, de vez em quando, surpreende-se quando vê que não é só lá dentro que essas ligações se fazem.

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No outro dia, cochilava no canto mais fresco da casa, na corrente de uma aragem batida devagarinho pela cortina da sala, e, olhando para as folhas da orquídea gigante, tentava adivinhar se viria a dar flor branca, igual à que vira no horto – escolhera esta, sem flor nenhuma, porque se encantara com as folhas compridas, de um verde muito vivo, bonito. Já lhe tinham dito que estas caprichosas precisavam que as escondessem da luz durante alguns dias, para sentirem o ímpeto da floração. Andava indeciso sobre se se daria ao trabalho de recolher o vaso, escondê-lo do sol, e esperar para ver se sempre seria como lhe haviam contado. Estava nisto, em boa deambulação preguiçosa, quando o ouvido lhe foi parando, parando, e se fixou numa conversa entre duas amigas. Uma era professora aposentada de Educação Visual. No diálogo, falou, de passagem, sobre alguém que fora seu aluno e era hoje arquitecto. Nem o chegou a nomear, mas qualquer coisa fez com que a outra, a mais jovem, atirasse um nome: “Não me diga que é fulano”. Volta a primeira: “Como foi que adivinhou? É esse mesmo”. A mais jovem acabava de descobrir que fora aluna de Educação Visual do aluno da primeira. Entre o sonolento e o divertido, o bicho ergueu um nada a orelha direita e esboçou um sorriso: lembrava-se que aquelas duas se tinham conhecido e tornado amigas depois de a mais velha ter sido aluna da mais nova. É isto, pensa o Reboliço, o símbolo do infinito . * Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

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Foto: Vasco Célio

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ATUALIDADE

ALCOUTIM ACOLHE CENTRO DE COMPETÊNCIAS NA LUTA CONTRA A DESERTIFICAÇÃO Governo, em parceria com o Município de Alcoutim e mais 35 instituições, entre universidades, municípios, empresas, organismos públicos e associações de produtores e de desenvolvimento local, assinaram, no dia 19 de julho, o protocolo de criação do Centro de Competências na Luta Contra a Desertificação, que pretende estudar, procurar soluções e contribuir para o sucesso do programa nacional de combate a fenómenos de desertificação. O Centro de Competências na Luta contra a Desertificação (CCDesert), terá a sua sede em Alcoutim, e será um fórum de partilha e articulação de conhecimentos, que congrega agentes de investigação,

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formação, capacitação, divulgação e transferência de conhecimento, com agentes económicos e organismos da administração pública relevantes, potenciando a sua cooperação, a nível nacional e internacional, assumindo competências de âmbito nacional. Promover o desenvolvimento e sustentabilidade do combate à desertificação pela via do reforço da investigação, da formação, da capacitação, da promoção da inovação e da transferência e divulgação do conhecimento, é a missão do CCDesert. O CCDesert terá como órgãos de gestão uma direção, uma assembleia geral e um conselho consultivo, os recursos financeiros, humanos e 118


materiais necessários para o seu funcionamento serão afetos pelos membros e pelo município de Alcoutim que, enquanto anfitrião, assegurará o apoio logístico e administrativo. A atividade do CCDesert começará com a realização da primeira reunião da assembleia geral para eleger a mesa e a direção, que será convocada pelo presidente da Câmara de Alcoutim num prazo de um mês após a homologação do protocolo. “Trata-se de uma parceria de âmbito nacional, que foi capaz de reunir

um vasto e multidisciplinar conjunto de entidades e personalidades, o que permite uma ampla visão na abordagem desta problemática e na definição de soluções mais ajustadas às reais necessidades do território, em torno de um objetivo comum, desenvolver de forma eficaz medidas e planos de ação que combatam a desertificação e o despovoamento”, considera o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves .

INTER-VIVOS PROMOVEU 1.º ENCONTRO DE CICLOMOTORES ANTIGOS DE MARTIM LONGO

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oram cerca de centena e meia as motas que participaram, no dia 22 de julho, no 1.º Encontro de Ciclomotores Antigos em Martim Longo, organizado pela Associação Inter-Vivos. A organização considerou a primeira edição do evento um sucesso, tendo atraído até ao interior algarvio muitos amantes dos ciclomotores, ainda mais num fim-de-semana em que decorria igualmente a tradicional Concentração de Motas de Faro. Com uma extensão de cerca de 40 quilómetros, o passeio teve como ponto de partida a sede da Associação InterVivos, de onde os «motards» percorreram a freguesia de Martim Longo, tendo tido uma paragem na ribeira da Foupana para tomar um reforço. A organização contou com o apoio da Junta de Freguesia de Martim Longo, do Município de Alcoutim, 119

do Mel da Betty Luís, da Associação de Caçadores dos Medronhais, do restaurante Chada da Aroeira, das Frutas Paulo Gonçalves, da Guarda Nacional Republicana e do Agrupamento de Escolas do Concelho de Alcoutim, para além da especial ajuda de cerca de 30 voluntários que em muito contribuíram para o sucesso desta iniciativa . ALGARVE INFORMATIVO #165


ATUALIDADE

MUNICÍPIO DE ALCOUTIM CONTINUA A ATRIBUIR APOIOS SOCIAIS E EDUCATIVOS A CRIANÇAS E JOVENS DO CONCELHO

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Câmara Municipal de Alcoutim aprovou, no dia 25 de julho, em reunião do executivo, a abertura de concurso público para as candidaturas às Bolsas de Estudo «Dr. João Dias» referentes ao ano letivo 2018/2019. As bolsas destinam-se aos alunos residentes no concelho que frequentam cursos do ensino superior, licenciatura ou mestrado, em estabelecimentos públicos ou privados, têm um valor mensal de 100 euros e serão atribuídas durante um período de dez meses. Ainda no âmbito da sua política de educação e ação social escolar, a Autarquia deliberou a atribuição de apoios relativos a alimentação e auxílios económicos, quer individuais como coletivos. Assim, no que respeita à alimentação, o município irá ALGARVE INFORMATIVO #165

pagar o almoço a todas as crianças a frequentar o berçário, creche, pré-escolar, ATL, 1.º, 2.º e 3.º ciclos nas escolas e infantários do concelho. O pagamento dos almoços às crianças que frequentam o berçário, creche, pré-escolar e ATL no Concelho de Alcoutim prolonga-se aos períodos de férias letivas, já às crianças do 1.º, 2.º e 3.º ciclos será pago o valor não comparticipado pelo Ministério da Educação. Relativamente aos auxílios económicos a título individual, serão atribuídos auxílios no valor de 60 euros a todos os alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos; no valor de 70 euros a todos os alunos que frequentem o ensino secundário e ensino profissional; e no valor de 300 euros a todos os alunos que frequentem um CET (curso de Especialização Tecnológica) ou um CTSP (Curso Técnico Superior Profissional). A título coletivo será concedido um auxílio económico para os alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos no montante de mil euros. No que concerne à rede de transportes escolares, o executivo deliberou transportar gratuitamente todas as crianças do 1.º, 2.º e 3.º ciclos e suportar a totalidade do valor dos passes dos alunos a frequentar o ensino secundário e ensino profissional, desde que previamente requeridos . 120


ÁUDIO GUIAS DESVENDAM PATRIMÓNIOS DE CASTRO MARIM tenta à necessidade de potenciar o valioso património e, ao mesmo tempo, prosseguir com a estratégia de dinamização dos equipamentos culturais da vila de Castro Marim, a NovBaesuris- Empresa Municipal acaba de lançar, no acervo das suas competências, o projeto «À descoberta de Castro Marim com Áudio Guias». O meio, associado às novas tecnologias, permite a descrição da riqueza e diversidade patrimonial da vila de Castro Marim, através do uso de dispositivos eletrónicos e digitais com recurso à voz, que permite aos visitantes aceder a informação relevante sobre a história, património edificado e natureza locais, na sua própria língua de um modo inovador, possibilitando um acesso mais fácil e direto às temáticas apresentadas, libertando-os da leitura de textos e de legendas. Os Áudio Guias disponibilizam aos visitantes duas dezenas de pontos informativos de grande interesse sobre o património da vila de Castro Marim, designadamente do Castelo e do Forte de São Sebastião, ambos monumentos nacionais, assim como do Mercado Local /Posto de Turismo, Salina Félix e Colina do Revelim de Santo António – Centro de Interpretação do Território e Ermida de Santo

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António. Os conteúdos do património da vila de Castro Marim difundidos pelos Áudio Guias, além do português, estão disponíveis também em espanhol, inglês e francês. De referir ainda que cada locução inclui áudio discrição para que os visitantes cegos ou com reduzida capacidade de visão possam usufruir desta experiência na companhia de familiares e amigos. Os visitantes com dificuldades auditivas e utilizadores de aparelhos auditivos podem ainda usar adaptadores especiais para seu maior conforto. Para o público surdo pretende-se disponibilizar brevemente uma versão em linguagem gestual. Esta viagem convida a desvendar o património cultural e natural de Castro Marim e tem como ponto de partida o mercado local, que integra o Posto de Informação Turística, onde os turistas terão à disposição toda a informação para programar e empreender a sua visita .

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ATUALIDADE

FESTIVAL INTERNACIONAL DO CARACOL EM CASTRO MARIM TEVE MAIS UMA EDIÇÃO DE GRANDE SUCESSO

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ealizou-se, de 20 a 22 de julho, mais uma edição do Festival Internacional do Caracol de Castro Marim, com três dias de lotação esgotada no Revelim de Santo António. Presentes estiveram os melhores aromas e sabores do afamado petisco do caracol, trazidos pelas mãos dos talentosos cozinheiros das associações e clubes aderentes e dos chefs de cozinha de Espanha, França e Marrocos, que fizeram equipa, no balcão internacional, com o chef Abílio Guerreiro, formador da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, num trabalho de fusão de paladares. ALGARVE INFORMATIVO #165

O cartaz musical também atraiu muitos visitantes, com a animação de rua a cargo do grupo «Pardais à Solta», enquanto pelo palco passaram «Nelson Conceição Trio», com um reportório desde o tango ao corridinho em acordeão, o grupo espanhol «Calle Pureza», de música Flamenco-Pop, música andaluz de Marrocos com «AlSultan Wal Awtar», o grupo de flamenco de «Gracia Diaz», «Os Quatro & Meia», com um espetáculo de música portuguesa com nova roupagem, o «Conjunto Memórias de António Mafra», que recorda um dos maiores nomes da música popular portuguesa, e os «Amantes d’Fado», que encerraram o certame. 122


Aos ingredientes do Festival Internacional do Caracol junta-se a excelente localização do evento, na Colina do Revelim de Santo António, em Castro Marim, um miradouro privilegiado para o território, com visibilidade a 360º. Grande estímulo ao comércio local e coletividades locais, que se fazem representar nas tasquinhas do evento, o Festival Internacional do Caracol tem o propósito de afirmar Castro Marim como destino dos melhores caracóis do Algarve e potenciar os produtos tradicionais, a cozinha e a cultura mediterrânicas .

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ATUALIDADE

«EQUIPA UALG» ABRANGE MAIS DE CINCO MIL ALUNOS DO ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO

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Universidade do Algarve, através da iniciativa «Equipa UAlg», tem vindo a promover um conjunto de palestras e atividades gratuitas e informais, realizadas voluntariamente pelos docentes e investigadores da academia algarvia para alunos e professores do ensino básico e secundário. Com esta iniciativa, só no presente ano letivo, cerca de 5 mil e 666 alunos foram sensibilizados para a importância do ingresso no ensino superior, assistindo a mais de uma centena de palestras em áreas científicas diversificadas. Dividida em duas categorias, «A Universidade vai à Escola», que consiste na oferta de várias atividades e palestras em que a UAlg se desloca às escolas da região, e «A Escola vem à UAlg», que ALGARVE INFORMATIVO #165

disponibiliza um conjunto de temas nas instalações da Universidade, a «Equipa UAlg» contou, neste ano letivo (2017/2018), com cerca de 100 voluntários. Os temas são definidos consoante o nível de formação dos destinatários, podendo ser integrados nos programas das disciplinas. No ano letivo passado (2016/2017), esta atividade já havia realizado um total de 90 palestras, abrangendo um universo de cerca de quatro mil alunos, o que se traduz num forte contributo para o reforço da imagem da Universidade do Algarve junto das escolas da região. Com a «Equipa UAlg», as relações entre o ensino superior e os ensinos básico e secundário são fortalecidas, o que muito seguramente contribuiu para os resultados alcançados no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior. Recorde-se que, no ano transato, a academia algarvia atingiu o número mais elevado de candidatos colocados na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior dos últimos sete anos .

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UNIVERSIDADE DO ALGARVE E DGE ASSINARAM PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO PARA PROMOVER MILAGE Direção Geral de Educação (DGE) e a Universidade do Algarve (UAlg) assinaram um protocolo para colaborarem a nível técnico, pedagógico e logístico, no sentido de promover a divulgação e a utilização da aplicação MILAGE APRENDER+ junto dos Agrupamentos de Escolas e Escolas Não Agrupadas. A aplicação foi desenvolvida pela Universidade do Algarve no âmbito do projeto MILAGE, do programa ERASMUS+, financiado pela União Europeia, e pode ser descarregada gratuitamente em http://milage.ualg.pt/ para os smartphones e tablets Android ou da Apple. Desenvolvida para o ensino da matemática, a MILAGE APRENDER+

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implementa um método pedagógico inovador e motivante que estimula a aprendizagem autónoma. Com esta aplicação, os alunos podem resolver exercícios, do 1.º ao 12.º ano, na sala de aula ou de forma autónoma, com acesso às suas resoluções, passo a passo, em vídeos educacionais. Mais recentemente, também podem resolver exercícios de outras disciplinas. Mais de 10 mil alunos usam esta aplicação, também disponível em espanhol, inglês, norueguês e turco. Com a celebração deste acordo pretendese estender a utilização da aplicação MILAGE APRENDER+ a todos os alunos de Portugal, contribuindo para uma maior motivação e sucesso na aprendizagem da matemática e das outras disciplinas .

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CÂMARA DE LAGOA PROMOVE SUCESSO ESCOLAR A «BRINCAR COM AS PALAVRAS» tenta às necessidades sentidas pelos agrupamentos de escolas do concelho, a Câmara Municipal de Lagoa tem apostado na criação de respostas inovadoras e diferenciadoras que contribuam para o sucesso escolar dos seus alunos. Neste contexto, e no âmbito da sua intervenção no préescolar, iniciou em 2017 o projeto «Brincar com as Palavras» com o objetivo de promover as competências pré-leitoras das crianças com cinco anos dos jardins-de-infância do concelho. Para a implementação deste projeto foi criada uma equipa com técnicos das áreas da Psicologia e da Terapia da Fala que, semanalmente, desenvolveram sessões de literacia emergente com as crianças, com o intuito de melhorar o desenvolvimento das capacidades que facilitam a aquisição da leitura e da escrita, motivar para a aprendizagem e contribuir positivamente para o seu desempenho escolar. Os/as educadores/as foram também diretamente envolvidos/as, tendo a equipa promovido oficinas de formação acreditadas no âmbito da literacia emergente. Da análise de resultados efetuada ao impacto do projeto nas competências de literacia emergente nas crianças, tais como linguagem oral, consciência fonológica e concetualizações sobre a linguagem escrita, verificaram-se melhorias em todas as competências avaliadas, tendo os

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resultados mais significativos sido registados ao nível da consciência fonológica com uma melhoria de 60 por cento nos valores apresentados pelo grupo total das crianças do concelho. Face aos resultados positivos obtidos, o município de Lagoa propõe-se a dar continuidade a este projeto no ano letivo 2018/2019, alargando a sua intervenção ao 1.º ano do 1.º Ciclo de Ensino Básico e envolvendo, para além das crianças e educadores, as famílias - agentes fundamentais para o sucesso escolar dos alunos, através da criação e implementação de um programa de literacia familiar . 126


DESIGN DE LOULÉ EM EXPOSIÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS Museu do Design e da Moda vai incluir na Exposição «Como se Pronuncia Design em português? 2000-2018» as taças «Empreita à Hora» (duas horas e oito horas) recentemente oferecidas pela Câmara Municipal de Loulé para integrar a coleção do MUDE. A exposição está patente na Sol Koffler Gallery em Providence, nos Estados Unidos da América. As taças foram desenvolvidas pelo designer Henrique Ralheta, em colaboração com as artesãs Odete Dias (empreita) e Júlia Laurência (costura), no âmbito da Residência Designers de Loulé realizada entre 2016 e 2017, em que

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designers nascidos em Loulé trabalharam com os artesãos do Concelho, para criar peças de marcada identidade local. As peças consistem em rolos de empreita que, pela sua flexibilidade, permitem que o utilizador possa moldar a taça a seu gosto. A grande particularidade passa por serem vendidas à hora, num claro alerta para as questões da subvalorização do trabalho artesanal. Na técnica da «Empreita», antes de se dar forma aos objetos, tece-se uma longa trança de palma. O comprimento dessa trança corresponde aqui, diretamente, ao tempo de trabalho. Quanto maior o diâmetro, maior o tempo despendido na produção da peça .

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ATUALIDADE

ENTREGUES MAIS CINCO TALHÕES NAS HORTAS SOCIAIS DAS BICAS VELHAS DE LOULÉ presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, acompanhado pelo vereador do Ambiente, Carlos Carmo, e pelo presidente da Junta de Freguesia de S. Clemente, Carlos Filipe, entregou, no dia 19 de julho, cinco talhões nas Hortas Sociais das Bicas Velhas de Loulé a cinco munícipes do Concelho. As Hortas Sociais de Loulé constituem um equipamento camarário com uma forte componente social, que proporciona aos cidadãos, em especial aos mais carenciados, a possibilidade de cultivarem e poderem usufruir de produtos agrícolas

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frescos, produzidos por si e pelo seu agregado familiar, constituindo, por isso, um instrumento de subsistência alimentar, complementar e sociocultural para famílias com maiores dificuldades económicas. As Hortas das Bicas Velhas são detentoras de um Regulamento, o qual é cumprido pelos utilizadores no que se refere ao uso correto dos recursos disponibilizados, bem como o cumprimento das técnicas de uma agricultura sustentável e saudável, de acordo com as regras da agricultura biológica e uma convivência sã entre os utilizadores .

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CRAQUES DO FUTSAL MUNDIAL VOLTAM A COMPETIR EM PORTIMÃO

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oi apresentada, no dia 25 de julho, no Hotel Tivoli Marina, em Portimão, a 3.ª Record Masters Cup Futsal, em cerimónia em que estiveram a presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, António Magalhães, diretor do jornal Record, Paulo Jorge, administrador da Unisports, Miguel Albuquerque, Diretor do Departamento Futsal do Sporting Clube Portugal e Gonçalo Alves, Team Manager do Futsal do Sport Lisboa e Benfica. O evento volta a reunir, nos dias 25 e 26 de agosto, no Portimão Arena, um elenco de luxo com quatro das maiores equipas de futsal do mundo: Sporting Clube de Portugal, Sport Lisboa e Benfica, Movistar Inter FS e o estreante Magnus Futsal, vindo do Brasil. Este ano a constelação de estrelas será ainda maior com a presença de muitos dos melhores jogadores do mundo do futsal, 129

sendo de relevar a participação, pelo terceiro ano consecutivo, do melhor jogador do mundo, o português Ricardinho, pelo Movistar Inter FS, e também da lenda do Futsal mundial, Falcão, pelo Magnus Futsal. “É com muito entusiasmo que o Município de Portimão recebe este torneio pela segunda vez, voltando a comprovar a capacidade de acolhimento e as condições únicas que o «Portimão Arena» oferece para a realização deste tipo de eventos desportivos”, afirmou Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, acrescentando ainda que “dada a dimensão do torneio e sendo Portimão, em 2019, a Cidade Europeia do Desporto, não poderíamos deixar de garantir que não há duas sem três e para o ano cá estaremos novamente a anunciar mais uma grande edição do Masters Cup em Portimão”. Considerado por todos os presentes como o melhor torneio de futsal do mundo, o evento é organizado pela Unisports, detentora da Marca, em coorganização com a Câmara Municipal de Portimão e a Associação de Futebol do Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #165


ATUALIDADE

MINISTRO DO PLANEAMENTO ANTEVIU EM OLHÃO FUTURO DA MOBILIDADE ALGARVIA Ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, deslocou-se, no dia 25 de julho, a Olhão, onde se inteirou da conclusão das obras de urgência na EN 125 no troço entre Olhão e Vila Real de Santo António. O governante teve ainda oportunidade de anunciar diversos projetos para a mobilidade na região do Algarve, onde o governo prevê gastar 200 milhões de euros, nomeadamente a Variante de Olhão. Nos últimos dois meses, a Infraestruturas de Portugal procedeu a um conjunto de intervenções de emergência, no sentido de corrigir as patologias identificadas no

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troço da EN 125 entre Olhão e o limite do concelho de Vila Real de Santo António, atravessando os concelhos de Olhão, Tavira, Vila Real Santo António e Castro Marim, numa extensão de cerca de 40 quilómetros, dos quais 10 com pavimentação integral. O investimento de perto de 250 mil euros devolveu a este trecho da principal via algarvia condições de circulação em segurança e conforto, contemplando trabalhos ao nível do pavimento que envolveram, entre outros, a fresagem e repavimentação, o alteamento das bermas e a execução da marcação horizontal da via. Quanto à reabilitação integral do traçado da EN 125 no Sotavento, o ministro deixou 130


a garantia de que se trata de uma prioridade do atual governo, estando o seu avanço apenas dependente do resultado do recurso interposto junto do Tribunal de Contas, no que diz respeito à negociação da jurisdição desta via. “Temos uma estratégia no caso de vencermos o recurso, como esperamos, e temos uma estratégia caso isso não se verifique”, garantiu o ministro do Planeamento em Olhão. Um dos anúncios mais importantes para o concelho foi o avanço, já no início do próximo ano, da Variante de Olhão. “Estamos a fazer o estudo prévio que nos permite receber, a seguir, a declaração de impacte ambiental. O estudo prévio deve ficar concluído entre agosto e setembro. Depois, em 2019, é fazer o projeto de execução e depois a obra", revelou Pedro Marques. No que diz respeito à infraestrutura ferroviária, estão a decorrer intervenções

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na Estação de Olhão, com a remodelação das instalações sanitárias, e no apeadeiro de Fuseta A, onde, para além da colocação de suportes para bicicletas e reparação dos painéis de vedação danificados, foi substituída a cobertura do abrigo. Quanto ao futuro da Linha do Algarve, Pedro Marques deixou a garantia de que é um desígnio do atual governo avançar com a sua eletrificação integral. Respondendo ao apelo de António Miguel Pina para, “de uma forma sensata e exequível, dar particular atenção à questão das portagens na A22”, o ministro garantiu que “para além das reduções até agora registadas nas portagens, que já pouparam mais de 15 milhões de euros aos algarvios, pretendemos baixar ainda mais o custo de circulação nesta via tão estruturante para a região” .

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ATUALIDADE

COMITIVA DE AGADIR VISITOU CONCELHO DE OLHÃO

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ma delegação de elementos da comuna urbana de Agadir, em Marrocos, participou, entre 22 e 24 de julho, numa visita ao concelho de Olhão, integrada na geminação de quase três décadas entre as duas cidades. O périplo teve o objetivo de reavivar as relações entre os dois municípios e estabelecer novos termos de cooperação bilateral. A comitiva, encabeçada por Salah Elmalouki, deputado e presidente da Cidade de Agadir, Mustapha Ennagachi, membro do Conselho Urbano e do Conselho Provincial de Agadir e Idaoutane, contou também com a presença do Cônsul Honorário do Reino de Marrocos para a

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região do Algarve, José Alberto Alegria, e do Embaixador do Reino de Marrocos em Portugal, Othmane Bahnini. Num primeiro momento, os representantes de Agadir tiveram oportunidade de ficar a conhecer a estrutura administrativa da Câmara Municipal olhanense, tendo aproveitado a visita para colocar questões acerca do modelo de gestão municipal em vigor em Olhão e do sistema de administração local e regional português, que poderão vir a colocar na prática na sua cidade. Um dos pontos que despertou mais interesse junto da comitiva marroquina foi o modelo de gestão da Ambiolhão, a empresa municipal de ambiente. Outro dos objetivos desta visita de três dias prendeu-se com a familiarização com

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as principais atividades económicas da região, nomeadamente as atividades ligadas ao mar, as atividades agrícolas de vanguarda e os serviços ligados ao ambiente. A comitiva marroquina teve oportunidade de efetuar visitas a diversas empresas do concelho ligadas a estes setores, das quais levaram de volta valor a conhecimento acrescentado que irão agora procurar aplicar na municipalidade de Agadir. A agenda foi igualmente preenchida com reuniões de trabalho, que se debruçaram sobre temas como a troca de informações sobre o sistema educativo e eventuais intercâmbios entre as estruturas locais de ensino, culturais e desportivas de ambas as cidades. Houve ainda oportunidade para que os representantes de Agadir visitassem os Mercados Municipais, a Ilha da Armona, o Museu Municipal e o Centro Histórico da cidade cubista, bem como a exposição de tapetes de Marrocos que se encontra patente ao público no Auditório Municipal. No último dia, e na presença do embaixador de Marrocos, ambos os autarcas assinaram um acordo comum, que estabelece objetivos a curto e médio prazo, que passam pela valorização das boas relações entre os dois povos amigos, consubstanciada num “quadro de permuta entre as duas cidades nos campos cultural, desportivo e outros, bem como através da organização de visitas mútuas entre todos os elementos das duas cidades e os seus funcionários eleitos nos campos do turismo, pesca, agricultura e outros”. O documento prevê ainda a criação de comissões mistas de funcionários, eleitos e 133

do quadro, das duas cidades, que serão responsáveis pela coordenação e desenvolvimento destes programas de intercâmbio. No final desta visita, os líderes das municipalidades de ambos os lados do Atlântico mostraram-se convencidos de que esta constituirá um estímulo para o aprofundamento dos dois concelhos. O presidente da autarquia olhanense, António Miguel Pina, sublinhou que “está na hora de dar nova vida a esta relação de amizade de quase 30 anos entre Olhão e Marrocos, aos níveis cultural, económico, mas também desportivo e mesmo turístico”. Já o seu homólogo marroquino, Salah Elmalouki, deixou claro que “Agadir está à disposição para cooperar e retomar as antigas relações entre as duas cidades”. Quanto a Othmane Bahnini, embaixador marroquino em Portugal recentemente empossado, deixou em cima da mesa a realização de um seminário entre todas as cidades portuguesas e marroquinas geminadas, como forma de aprofundamento das relações entre os dois países . ALGARVE INFORMATIVO #165


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