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ALGARVE INFORMATIVO 20 de outubro, 2018
TANGO AQUECEU NOITE DE OLHÃO «ROCCO» DE HANSPETER AMMANN | «UMA BAILARINA ESPE(TA)CULAR» | BLIND ZERO NASCIMENTO 1 JOÃO FERNANDES | «CINCO LÉSBICAS E UMA QUICHE» | LINA ALGARVE INFORMATIVO #176
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CONTEÚDOS #176 20 DE OUTUBRO 2018 30
ARTIGOS 12 - «Atlantic On Bike» 20 - Algarve aposta forte no Turismo Culinário e Enológico 30 - João Fernandes 42 - Lina Nascimento 54 - Blind Zero em Loulé 62 - «Cinco Lésbicas e uma Quiche» no Teatro das Figuras 74 - «Uma Bailarina Espe(ta)cular» no Teatro Lethes 84 - Tango Argentino em Olhão 98 - «Rocco» de Hanspeter Ammann na Galeria Trem 122 - Atualidade
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OPINIÃO 108 - Paulo Cunha 110 - Adília César 112 - Ana Isabel Soares 114 - Fábio Jesuíno 116 - Nuno Miguel Silva 118 - Carla Serol ALGARVE INFORMATIVO #176
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REPORTAGEM
«ATLANTIC ON BIKE» UNE O «SOL DA MEIA-NOITE» DA NORUEGA AO «MÁGICO» PÔR-DO-SOL DE SAGRES Texto:
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Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve acolheu, no dia 17 de outubro, o 3.º Workshop Internacional do projeto «Atlantic On Bike», que visa desenvolver a sustentabilidade turística do destino baseada na rota ciclável transnacional EuroVelo 1. Estão envolvidos nesta rota europeia com mais de nove mil quilómetros a Noruega, Irlanda, Reino Unido, França, Espanha e Portugal, sendo que, no Algarve, o projeto tem uma extensão de 214 quilómetros, de Vila Real de Santo António a Sagres, correspondendo à Ecovia do Litoral. O objetivo geral do «Atlantic On Bike» passa por alcançar benefícios resultantes da implementação de uma estratégia transnacional de cicloturismo, baseada no património natural e cultural da Eurovelo 1 – Rota da Costa Atlântica, desenvolvendo um projeto europeu economicamente ALGARVE INFORMATIVO #176
sustentável, amigo do ambiente, inovador e inclusivo. A par disso pretende-se dinamizar uma marca europeia com base na identidade da região; criar mais-valias que permaneçam para além da duração da candidatura; promover o desenvolvimento local e um turismo sem carros; definir um modelo de marketing territorial colaborativo que possa ser avaliado; construir uma comunidade com forte cultura da bicicleta, especialmente entre a população europeia; desenvolver serviços de alta qualidade associados à bicicleta; envolver empresas, municípios e cidadãos no desenho; e estruturar a oferta, de forma a conseguir soluções socialmente inclusivas para todos. O projeto «Atlantic On Bike» tem uma duração prevista de três anos e teve início em maio de 2017, contemplando um orçamento global de 4,8 milhões de euros, cofinanciado em 75 por cento pelo Programa Interreg – Espaço 14
Atlântico (2014-2020). Os parceiros portugueses do projeto são a AMAL e a RTA, cada um dispondo de um orçamento de 175 mil euros. “Cerca de 40 por cento do território do Algarve tem estatuto de proteção ambiental, temos três parques naturais e 20 sítios da Rede Natura e todos os 200 quilómetros da costa algarvia são reserva ecológica nacional submarina, portanto, a aposta no Turismo de Natureza era clara, quer do ponto de vista da capacidade dos nossos recursos, quer das tendências da procura, quer de uma oferta que já estava a despontar em 2014, quando elaboramos o nosso Plano Estratégico”, declarou João Fernandes, Presidente da Região de Turismo do Algarve. Foram então definidos segmentos prioritários, entre os quais o «walking & cycling», assim surgindo o envolvimento da RTA no projeto «Atlantic On Bike», que pretende tornar a Eurovelo 1 numa referência internacional. “A rota começa na terra do «sol da meia-noite», na Noruega, e termina no mais bonito pordo-sol do mundo, onde a terra acaba, em Sagres. Os desafios de RTA serão, sobretudo, centrados na comunicação e promoção desta rota, o tiro de partida está dado e muitos são os desafios que nos esperam ao longo desta etapa. Agora é tempo de pedalar e de liderar o pelotão em direção aos objetivos do 15
«Atlantic On Bike»”, reforçou João Fernandes. O outro parceiro do projeto em Portugal é a AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, liderada por Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira, que lembrou que os municípios algarvios estão a dinamizar rotas cicláveis paralelas à Eurovelo 1. “O incentivo à bicicleta, seja de uso individual ou partilhado, é fulcral para nós e é algo que está a ser alvo de investimentos substanciais. Até 2020 iremos aplicar 6,2 milhões de euros no PAMUS, com financiamento do CRESC Algarve 2020 e, ao mesmo tempo, iremos criar pequenas rotas, trajetos ou circuitos para ligar, em modo ciclável, os centros das cidades ao que é turisticamente visitável na nossa ALGARVE INFORMATIVO #176
João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve terra, ou seja, praticamente tudo”, salientou Jorge Botelho. “O Algarve tem quase 20 milhões de dormidas, com gente de todas as nacionalidades e com todas as motivações mas, principalmente, gostam de natureza, de qualidade de vida e de comer, não gostam de confusões e cada vez mais apreciam andar de bicicleta”. Em nome dos 16 concelhos do Algarve, Jorge Botelho reafirmou o compromisso da região em redor do uso da bicicleta e enalteceu os méritos do «Atlantic On Bike» e da Eurovelo 1. “Estes encontros servem para nos conhecermos uns aos outros, para trocarmos experiências e para ambicionarmos fazermos muito mais do que aquilo que os nossos governantes querem ou desejam que nós façamos. Temos o poder da proposta, de apresentarmos ideias que sejam ALGARVE INFORMATIVO #176
exequíveis, que sejam boas para as pessoas, que fidelizem visitantes e que possam ser financiadas de forma sustentável”, destacou o presidente da AMAL, reforçando a importância de se apostar no turismo de natureza e na mobilidade suave para combater a sazonalidade do Algarve. “Estarmos envolvidos numa rota europeia com milhares de quilómetros faz com que a visibilidade do Algarve seja ainda maior. Praticamente todos os municípios algarvios estão a redimensionar os seus projetos de mobilidade, de ruas e estradas, de ligação às frentes ribeirinhas e praias, já com rotas cicláveis”, sublinhou. Como a Rota Eurovelo 1 já existe há vários anos e envolve tantos parceiros, é natural, para Jorge Botelho, que existam velocidades diferentes no que toca ao 16
trabalho realizado no terreno, o mesmo se passando no contexto do próprio Algarve. “Reconhecendo essa realidade, o que interessa é priorizar as intervenções que são necessárias para correspondermos às expetativas dos nossos parceiros europeus e à necessidade que temos de possuirmos uma rota ciclável cada vez mais adequada que permita ir de Vila Real de Santo António até Sagres de bicicleta”, aponta o autarca tavirense. O objetivo é, então, ter a Ecovia do Litoral finalizada até 2020/2021, com obras já em curso e concursos em procedimento para mais intervenções serem inicializadas. “Acredito que esteja concluída ainda neste quadro comunitário de apoio, mas temos que ser mais ambiciosos e alocar mais recursos financeiros a estes projetos. Tudo depende da pressão dos ciclistas e da necessidade de se criar mais rotas para
que as existentes não fiquem demasiadamente congestionadas. Há destinos europeus nossos concorrentes em matéria ciclável durante a época baixa que estão a ficar saturados e o Algarve está-se a posicionar nessa frente, porque temos rotas lindíssimas que combinam o litoral com o interior”, frisou Jorge Botelho. “A Ecovia do Litoral, a Via Algarviana e a Eurovelo 1 estão perfeitamente delimitadas e admitimos que ainda há situações para conciliar, ao nível dos pisos e da sinalética integrada, para depois se avançar para a sua promoção. A bicicleta está a reentrar nos usos das pessoas, estamos atentos a essa realidade e não há problema nenhum em bebermos das boas ideias dos outros, da mesma forma que os outros também se inspiram nos nossos casos de sucesso” .
Jorge Botelho, presidente da AMAL e da Câmara Municipal de Tavira 17
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REPORTAGEM
ALGARVE VAI APOSTAR FORTE NO TURISMO CULINÁRO E ENOLÓGICO Texto:
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projeto «Algarve Cooking Vacations» foi galardoado com o prémio de «Melhor Projeto 2018» na categoria International Brand dos Travel Food Awards 2018, organizados pela Associação de Imprensa Italiana de Turismo. O prémio foi entregue no dia 12 de outubro, durante a TTG Travel Experience, a principal feira de turismo para profissionais realizada em Itália. O «Algarve Cooking Vacations» é um programa pioneiro de aprendizagem culinária e enológica que pretende criar novas rotas turísticas centradas na gastronomia e nos vinhos da região, indo ao encontro das tendências da procura internacional. Promovido pela Região de Turismo do Algarve, Associação Turismo do Algarve e Tertúlia Algarvia, nasce da consciência de que o Turismo Culinário e Enológico tem vindo a ganhar uma atenção redobrada por parte dos destinos de todo o mundo. E isto porque a gastronomia une as pessoas, faltando apenas saber melhor quem são os turistas que percorrem o mundo em busca de uma experiência gastronómica memorável. ALGARVE INFORMATIVO #176
Foi precisamente para responder a essa questão que a Região de Turismo do Algarve apresentou, no dia 11 de outubro, o estudo «Turismo Culinário e Enológico – Conhecer o mercado, as tendências, definir a cadeia de valor e estratégias de comercialização / internacionalização», da responsabilidade da docente e investigadora Cláudia Almeida, da Universidade do Algarve, para servir de base à elaboração de novas ofertas para a região do Algarve. “É uma abordagem a um nicho específico, portanto, temos que começar por compreender o conceito do Turismo Culinário e Enológico e como se deve tratar este produto do ponto de vista turístico. Mas é uma candidatura financiada pelo programa CRESC Algarve 2020 que tem um espectro mais lato, isto é, contempla mais ações do que este estudo que vamos aqui ficar a conhecer. Queremos envolver os agentes locais nestas iniciativas e vamos também reeditar o Guia de Vinhos da RTA, com a característica adicional da maridagem, e editar um livro de receitas de gastronomia tradicional”, explicou João Fernandes, presidente da Região 20
de Turismo do Algarve. Este enfoque no Turismo Culinário e Enológico insere-se na estratégia delineada pela RTA em 2014 e que definia uma matriz de produtos e mercados em que se devia apostar prioritariamente, sendo que a Gastronomia e os Vinhos era transversal a toda a oferta. “Deverá estar, subliminarmente, ou de forma mais explícita, em todas as ações promocionais desenvolvidas pela RTA, seja do Sol e Mar ou do Turismo de Natureza, porque é um fator diferenciador e enriquecedor da visita e da experiência no território. Concorre também com fatores de sustentabilidade, por permitir a incorporação de bens e serviços de produção local, ou seja, é uma maneira de estimular as economias circulares e de proximidade”, apontou João Fernandes, acrescentando que um dos grandes motes da estratégia da RTA é captar turistas que deixem mais valor na região e de forma homogénea no território. “Que tenha um consumo mais elevado e especializado e 21
que aconteça preferencialmente fora da época alta, para além de ter a motivação de visitar, tanto o litoral como o interior”. O perfil e as motivações do turista que visita o Algarve mudaram, disso ninguém duvida, com Dora Coelho, Diretora-Executiva da Associação Turismo do Algarve, a chamar a atenção para o forte interesse e curiosidade em se conhecer aquilo que torna o Algarve tão autêntico e diferente de outros ALGARVE INFORMATIVO #176
Dora Coelho, Diretora-Executiva da Associação Turismo do Algarve destinos. “A par da praia, do clima, da simpatia e da hospitalidade das nossas gentes, aspetos como a cultura, a história e a gastronomia são cada vez mais apreciados pelos visitantes, que valorizam o caráter genuíno das experiências aqui vividas. Este comportamento exige aos profissionais do setor, não só uma maior sensibilidade e criatividade, mas também uma postura proactiva e informada, daí a importância deste estudo”, reforçou Dora Coelho. A dirigente da ATA confirmou que a Gastronomia e os Vinhos contribuem, de forma decisiva, para a satisfação global de quem visita o Algarve e que assumem um papel mais preponderante nos processos de escolha dos destinos. “Já em 2015 a «Gastronomia» representava 10 por cento das brand tags mais populares ALGARVE INFORMATIVO #176
relativamente ao Algarve, com a «Praia» a ter 29 por cento e o «Golfe» 11 por cento. Os turistas entregam-se, sem receio, à descoberta dos novos sabores e iguarias que vão muito para além do tradicional bacalhau e pastel de nata, portanto, parece ser o momento ideal para a gastronomia e os vinhos do Algarve se darem a conhecer ainda mais, com orgulho e consciência do seu valor”, enfatizou Dora Coelho. “Temos uma gastronomia rica e diversificada, assente em produtos frescos e de qualidade excecional, e fiel a uma cultura da Dieta Mediterrânica cujos benefícios são cada vez mais reconhecidos e procurados. Produtos como a alfarroba, o figo, o medronho ou a laranja conferem um paladar único e transformam a sua degustação 22
João Fernandes, Presidente da Região de Turismo do Algarve em experiências ricas de sabor e tradição. Nada disto é uma novidade para nós, mas ainda o é para muitos daqueles que nos visitam”, concluiu a Diretora-Executiva da ATA. A operacionalização no terreno da «Algarve Cooking Vacations» está a cargo da Tertúlia Algarvia e a missão é bem clara, “colocar o Algarve no mapa do mundo novo que é o Turismo Culinário e Enológico”, referiu João Amaro. “Pretende-se ir ao encontro daquelas pessoas que, para além de terem interesse na Gastronomia e Vinhos dos locais que visitam, têm interesse também em colocar a mão na massa, em aprender a confecionar, em ir aos locais de produção. É um mapa onde estão presentes países europeus como a Itália, França e Espanha e há plataformas com 23
perto de um milhar de programas específicos para este nicho de mercado”, revelou o empresário. João Amaro lembrou que a Tertúlia Algarvia já realizou, no primeiro semestre de 2018, dois workshops de Turismo Culinário e Enológico com especialistas internacionais, um momento que serviu “para bebermos da experiência de pessoas que sabem muito mais sobre estes assuntos do que nós e para juntarmos um conjunto de agentes com interesse nesta temática”. “Estamos conscientes que este é um caminho longo, mas queremos lançar, ainda este ano, os dois primeiros programas de férias culinárias e colocá-los nas principais plataformas internacionais de promoção. E, se o Algarve se quer ALGARVE INFORMATIVO #176
João Amaro, da Tertúlia Algarvia afirmar neste mercado, é preciso que haja várias entidades a desenvolver programas, não pode ser apenas a Tertúlia Algarvia. Quanto maior for a competição, e se ela for saudável, melhores serão os programas que teremos para oferecer no futuro”, salientou João Amaro. Conforme referido, o projeto «Algarve Cooking Vacations» conta com financiamento do CRESC Algarve 2020 através da CCDR - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, com Aquiles Marreiros a destacar a importância do desenvolvimento de um destino turístico sustentável. “O Algarve já tem bons exemplos e práticas que trilham este caminho e que tocam, ao leve, na questão da Gastronomia e Vinhos, ALGARVE INFORMATIVO #176
promovidos por entidades públicas e agentes privados. Todos identificaram no Algarve um conjunto de situações que já existiam, deram-lhes nova forma, valor acrescentado, e colocaram-nos ao dispor de quem nos procura para gozar as suas férias. Voltamos a olhar para a região, para os nossos recursos, para criar motivos de diferenciação e a produção de conhecimento, como é o caso deste estudo, é de extrema importância para o nosso sucesso”, salientou Aquiles Marreiros.
Do estudo conduzido por Cláudia Almeida se constata que os turistas 24
Aquiles Marreiros, da CCDR Algarve culinários têm como principal motivação da viagem a participação em atividades de culinária, interagindo com pessoas e locais que permitam entender diferentes contextos gastronómicos e enológicos, quer do ponto de vista dos alimentos, como também na sua confeção/transformação, enaltecendo a história, tradições e os usos e costumes locais e culturais. Ou seja, na era da globalização, estes turistas procuram autenticidade e experiências únicas. E, segundo a World Food Travel Association (WFTA), os turistas culinários e enológicos são predominantemente indivíduos do género masculino (56,6 por cento), casados (48,3 por cento), possuem formação académica (54,5 por cento) e fazem parte da geração dos Millennials (39,5 por cento). Com um rendimento médio elevado, gastam mais do que os 25
outros turistas culturais, permanecendo mais tempo no destino e privilegiando hotéis. Reconhecem a gastronomia como uma forma de socialização e partilha de vivências e viajam frequentemente, pelo menos uma vez por ano, influenciados por recomendações de amigos, familiares e publicações dos social media. Contudo, nem todos os turistas culinários e enológicos apresentam as mesmas preferências. De facto, a WFTA identificou 13 perfis psicoculinários com características e hábitos alimentares distintos que influenciam as suas escolhas gastronómicas e também o local onde pretendem usufruir das mesmas. Assim, alguns apreciam o consumo de comidas e bebidas familiares e procuram apartamentos ALGARVE INFORMATIVO #176
Cláudia Almeida, coordenadora do estudo turísticos onde possam preparar as suas refeições. Outros são clientes de restaurantes de grandes cadeias internacionais que apresentam pratos familiares. Alguns procuram novas experiências e pratos confecionados de acordo com as tradições locais e há quem prefira restaurantes gourmet e aposte em novas tendências culinárias. O estudo de Cláudia Almeida analisou, em diversas plataformas de comercialização, a oferta de turismo culinário e enológico existente em Portugal e noutros mercados europeus e verificou que o nosso país possui ainda uma oferta reduzida, tendo sido identificados apenas 37 programas de Turismo Culinário e Enológico, dos quais nove no Algarve. No documento é também possível encontrar uma análise mais detalhada da programação oferecida ALGARVE INFORMATIVO #176
nestas plataformas para Itália, França, Espanha e Grécia, destinos que apresentam uma oferta mais estruturada e diversificada. Foram também identificados os principais stakeholders nacionais e internacionais que podem apoiar o desenvolvimento de novos conceitos e programas, assim como a definição de posicionamento, comercialização e internacionalização de futuros programas de turismo culinário e enológico no Algarve. E as peculiaridades da cozinha local e a riqueza dos produtos endógenos do Algarve, bem como os cenários únicos da região, serão o ponto de partida para criar programas e propostas temáticas que colocam a comida e os produtos locais no centro do desenvolvimento deste produto turístico no destino . 26
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ENTREVISTA
“ALGARVE ESTÁ NA MODA HÁ 40 ANOS E É CADA VEZ MAIS RESILIENTE ÀS ADVERSIDADES EXTERNAS”, ENTENDE JOÃO FERNANDES Texto:
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e dúvidas houvessem de que o Algarve continua a ser a principal região turística de Portugal, os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatísticas conhecidos a 15 de outubro ilustram bem essa realidade, com mais de três milhões de dormidas registadas em agosto, o mês mais forte da época alta do turismo em Portugal, o que lhe granjeou uma quota de cerca de 40 por cento de todas as dormidas turísticas nacionais. E, atendendo ao valor total de janeiro a agosto, o Algarve soma já 13,5 milhões de dormidas nos primeiros oito meses do ano, muito acima das outras regiões, alcançando 34 por cento do total nacional acumulado. Um cenário bem diferente do verificado noutros tempos, em que a famigerada sazonalidade do Algarve era bem mais feroz, ainda que a região continue a ser sobretudo conhecida pela sua oferta nos produtos em torno do sol e mar. “Fomos reconhecidos vezes sem conta como Melhor Destino de Praia da Europa, mas o Algarve é uma panóplia de oportunidades, entre as quais o Turismo de Natureza com o birdwatching, que esteve em destaque no início de outubro em Sagres, o walking & cycling ou os passeios da costa para observação de cetáceos. Temos tido, realmente, a oportunidade de explorar diferentes nichos e segmentos de mercado até que se transformaram em produtos já com uma expressão significativa. Basta recordar que, em 2017, 70 por cento do aumento das dormidas no Algarve aconteceu durante os meses da chamada época baixa”, frisa João Fernandes.
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O presidente da Região de Turismo do Algarve lembra, contudo, que atenuar a sazonalidade não é um exercício de curto prazo e que a procura dificilmente se tornará homogénea ao longo do ano, pois estamos na presença de um destino fortemente procurado por famílias e estas estão condicionadas, por exemplo, pelos períodos de interrupção de aulas 32
dos filhos. “Todos os agentes envolvidos no setor turístico, privados e públicos, têm feito um trabalho que nos deve orgulhar imenso. Nota-se um discurso forte e transversal sobre a necessidade de diversificar e qualificar a oferta do turismo do Algarve, de a rejuvenescer, de nos diferenciarmos por aquilo que nos caracteriza, não perdendo as nossas raízes. Quem visita um local quer ser 33
cada vez mais um local e normalmente as pessoas com essa preocupação deixam mais valor nos territórios”, aponta João Fernandes. Crescer em valor e não em quantidade é, então, o caminho a seguir, porque o Algarve não consegue lutar com os preços praticados pelos concorrentes mais diretos da Bacia do Mediterrânico. ALGARVE INFORMATIVO #176
Nem precisa, entende o presidente da RTA, recordando que o Algarve é, há quatro décadas seguidas, o destino preferido de visita em contexto de férias em Portugal. “A moda é uma medida que mede o que é mais frequente, portanto, o Algarve está na moda há 40 anos. Isso não significa que possamos ficar descansados sobre os resultados alcançados, temos que persistir nesta estratégia vencedora”, afirma, satisfeito por verificar que a maioria dos agentes envolvidos concorda com a importância de se continuar a desenvolver a natureza, a cultura e outros elementos que enriquecem a experiência dos visitantes, mas que também concorrem para o bemestar dos residentes. “O turismo tem que ser sustentável. Não deve ser encarado como um fim em si mesmo, mas como um benefício para o território e para os resistentes, e julgo que, hoje, estamos todos mais conscientes dessa abordagem. Mesmo que não haja uma governança estruturada, uma regionalização que nos permita, de forma mais hierarquizada, trabalhar nesse sentido, vejo que todos os setores de atividade têm a mesma sensibilidade de responder, em simultâneo, aos residentes e turistas, e sempre à procura de simbioses, para melhorar o serviço que prestamos com os meios de que dispomos”, enaltece João Fernandes. Proporcionar experiências únicas e irrepetíveis, apostar forte nos valores identitários, na cultura, tradição e traça genuína, são mensagens que, nos dias que correm, estão quase omnipresentes nos discursos dos dirigentes e governantes, mas houve tempos em que assim não se pensou, ou não se fez. Alturas em que se ALGARVE INFORMATIVO #176
tentou ir pelo caminho mais fácil, oferecendo ao visitante aquilo que ele estava habituado a encontrar noutros destinos turísticos, mas João Fernandes é cauteloso na sua análise e lembra que há que ter em atenção os contextos que se viviam em cada época. “Se pensarmos no conhecimento que então havia sobre o fenómeno turístico no Algarve, e em Portugal, facilmente percebemos que estaríamos muito longe da realidade atual. Hoje, com mais conhecimento, é claro que temos que fazer as coisas de maneira diferente. É um exercício algo semelhante ao que o fado fez. Não podemos ter a mesma oferta que existia nos anos 60 ou 70, há que torná-la contemporânea, estimular para que ela se inove, mas sem perder as nossas características. Não precisamos deixar de ser quem somos, mas temos que evoluir, porque o contexto é mais exigente”, salienta o entrevistado. João Fernandes vai mais longe e acredita que é a própria procura que nos obriga a ter uma oferta mais moderna, mas genuína e típica, e destaca a facilidade dos portugueses em se adaptarem a novas realidades. “O Algarve sofreu a influência de muitos povos que aqui chegaram e daqui se partiu também para muitas paragens e ainda hoje temos cerca de 70 mil habitantes, em 450 mil, que são estrangeiros. Convém aprendermos com as suas vivências e incorporarmos as suas boas-práticas e Portugal é conhecido pela sua capacidade em assimilar novas culturas, em transformá-las em algo nosso. Basta 34
ver que não existe bacalhau na costa portuguesa e toda a gente o descreve como o prato nacional”.
Com quase 40 por cento do território a ter um estatuto de proteção ambiental, o presidente da Região de Turismo do Algarve defende, igualmente, a importância de se «casar» a preservação desses recursos com a fruição desses espaços, sempre numa perspetiva de desenvolvimento sustentável. “O processo de descentralização pode ser uma grande oportunidade também neste capítulo, porque temos recursos naturais para todos os gostos e apetências. 35
Temos praias com e sem arribas, atlânticas e mediterrânicas, para o surf e windsurf, ou para as crianças irem a banhos em total segurança. Temos um interior que pode ser desfrutado em períodos em que, no resto na Europa, é bastante difícil estar em contato com a natureza. E o mesmo se passa com os nossos recursos culturais e imateriais”, declara João Fernandes, frisando ainda a mais-valia que é os vários organismos do poder central localizados na região olharem para o quadro geral e não cada um para a sua tutela. “Um dos grandes desafios que se coloca à Região de Turismo do Algarve é a interseção com outras áreas de atuação, públicas e privadas, e é isso que temos tentado fazer. É importante começar a fomentar a ALGARVE INFORMATIVO #176
mobilidade elétrica também nas rent-acars. É necessário trabalhar com o Instituto do Emprego e Formação Profissional as questões da sazonalidade, da mobilidade e da habitação para os recursos humanos, da sua remuneração e qualificação. Há que incentivar as agências de viagens a criarem pacotes de visita na época baixa. A RTA não pode baixar os braços e dizer que tem poucos recursos, mas olhar para o Algarve como um todo e perceber quais são os parceiros onde pode encontrar pontes para resolver desafios”. Não é necessário, portanto, tentar inventar a roda para vencer os desafios atuais, concorda João Fernandes. “Precisamos ter uma base estratégica ALGARVE INFORMATIVO #176
sólida e consistente e prossegui-la, porque nada se concretiza sem persistência. É lógico que existem maneiras diferentes de se olhar para a mesma estratégia, formas diferentes de agir, mas eu era responsável pela área do planeamento enquanto fui vice-presidente da RTA e o caminho que escolhemos é para seguir por muitos e bons anos… a não ser que a realidade nos contradiga e, nesse caso, temos que ser conscientes e rever a estratégia”, refere o atual líder do Turismo do Algarve, uma análise que, garante, é feita todos os anos, por causa do Brexit, da reemergência de destinos concorrentes, das flutuações dos preços, da falência de companhias aéreas, entre outros fatores. “Em 2018 36
houve quase um concílio das maldades para que o ano corresse mal, no entanto, em valores acumulados, o volume de negócios subiu até setembro e esse é um dos nossos grandes propósitos. Isso atesta que o Algarve tem, claramente, uma capacidade de resiliência enorme”, salienta o entrevistado. “Retirando 2017 da equação, porque foi um ano manifestamente fora de série, e comparando os valores com 2016, que tinha sido, à data, o nosso melhor ano de sempre, verificamos que crescemos 3 por cento em hóspedes e 4 por cento em dormidas. E os dados de setembro e as expetativas em relação a outubro são significativos”.
O Algarve continua, então, na senda do sucesso, a crescer, mas não só no litoral, esclarece João Fernandes, com muitas empresas a surgirem no interior da região para responder à procura que se verifica no turismo de natureza. Do mesmo modo aumenta o número de empresários a apostar em lógicas sustentáveis e em produtos que incorporam bens e serviços de outros parceiros. “Aqueles que, antigamente, se encaravam como concorrentes, agora pensam em colaborar para ganharem escala. Quando estamos a desenvolver um nicho, é muito importante que existam várias empresas em atividade para conseguirem dar resposta à procura. Grosso modo, temos uma oferta que está a melhorar a vários níveis e decisores de diversos setores que estão cada vez mais qualificados para os desafios do setor, todos temos a noção 37
de que não há aqui passes de magia, mas também sabemos que o Algarve mostra muita resiliência face às adversidades externas”, afirma, sorridente. Remam todos para o mesmo sentido no Algarve e, felizmente, o poder central também já percebeu há muito tempo que o turismo é o principal motor da economia nacional e que o Algarve é a sua «galinha de ovos-de-ouro». “Recordo-me, em tempos idos, que vários Ministros da Economia, quando falavam de turismo, revelavam muita ignorância sobre o funcionamento do setor. Tal não acontece de há uns tempos para cá, porque o setor também tem dado a conhecer aos decisores nacionais qual o seu peso no PIB, no Emprego, nas Exportações, uma trilogia bem vincada por um antigo Secretário de Estado do Turismo que é algarvio, o Vítor Neto. Agora já há quem se queixe da pressão turística, mas o Algarve também tem muitas e boas lições a dar nesse capítulo, resolvemos esse problema por nós próprios”, sublinha João Fernandes. Todavia, nem tudo é «ouro sobre azul» e o Algarve deve continuar a ser acarinhado pelo poder central, como o comprova, lembra o entrevistado, a linha de qualificação de oferta de 30 milhões de euros especialmente dedicada à região, com a possibilidade de 20 por cento desse valor ser nãoreembolsável. “Ou o investimento que foi feito na requalificação da Escola de Hotelaria de Faro e o que se prevê fazer em Portimão. Ou as parcerias ALGARVE INFORMATIVO #176
que se vão estabelecer com associações locais para a formação de ativos e jovens. Não devemos deixar cair os temas do Hospital Central do Algarve, da requalificação da EN 125, das portagens na Via do Infante, de não haver exploração de petróleo na Costa Vicentina, mas temos que reconhecer os investimentos que têm sido feitos na região. Olhe-se para as importantes obras feitas no Aeroporto Internacional de Faro, que teve um desempenho fabuloso durante esse período. O Aeroporto estava a crescer a dois dígitos, coisa que, para um destino maduro, era inesperado, e os pequenos problemas esporádicos que teve acontecem em qualquer aeroporto em velocidade de cruzeiro”, defende João Fernandes. Entretanto, a nível interno, o presidente da Região de Turismo do Algarve deseja ALGARVE INFORMATIVO #176
retomar o Jantar dos Cônsules e desafiar os representantes das comunidades estrangeiras para celebrar a sua presença no Algarve e explorar as oportunidades que possam surgir. “Queremos também atrair investimento externo para trazer inovação e requalificação de infraestruturas e este é o timing certo. Não ficamos à espera que nos venham bater à porta, pretendemos ter um papel proactivo”, assegura João Fernandes. “Temos muita e boa gente na RTA que precisa ser mais ouvida e desafiada e temos que ser mais exigentes com esses desafios. O grande desafio externo é encontrarmos, nos nossos parceiros, a energia e o alinhamento mais adequados à nossa estratégia”, finaliza João Fernandes .
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LINA NASCIMENTO: UMA EDUCADORA-DE-INFÂNCIA QUE LEVA O NOME DE VILA DO BISPO ALÉM-FRONTEIRAS Texto:
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e há uns anos para cá que o Jardim-deInfância de Vila do Bispo tem estado em destaque um pouco por todo o mundo, sendo o motivo mais recente o projeto «Cachecol que Agasalha Portugal» da Sala 2, da educadora-deinfância Lina Nascimento, que num instante saltou as fronteiras físicas do concelho e da região, chegou a vários pontos de Portugal e mesmo alémfronteiras. E tudo começou no ano letivo de 2015/16, na sequência de uma reunião de pais, em outubro, em que se pretendeu criar um desafio que envolvesse as famílias no dia-a-dia do jardim-de-infância. “Nesse ano estava a trabalhar as tradições locais e pensei em fazermos um cachecol que fosse passando pela casa de cada criança e a primeira reação foi que precisávamos realizar um workshop de tricot, porque muitas mães não tinham esse conhecimento. Como isso era mais complicado de concretizar, sugeri que pedissem ajuda às vizinhas, amigas e familiares. Dois meses depois já tínhamos um cachecol de 30 metros, com contributos de todas as famílias das crianças da Sala 2”, recorda Lina Nascimento. Porque se estava na época do Natal, decoraram a sala de aulas com o cachecol e participaram num concurso de árvores de Natal promovido pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, tendo conquistado o primeiro lugar. Tudo poderia ter terminado nessa altura, mas algumas mães mostraram-se disponíveis para continuar com o «cachecol circular» e num instante começaram a chegar mais senhoras do ALGARVE INFORMATIVO #176
resto do concelho a quererem contribuir para o cachecol gigante que estava a nascer a partir daquele jardim-deinfância. “A nossa perspetiva era reutilizarmos lãs, não comprar material novo, e as pessoas abraçaram efetivamente essa ideia, pelo que cada cachecol que aparecia tinha uma história diferente”, conta Lina Nascimento, que entretanto criou uma página de Facebook da Sala 2 para divulgar o projeto. O impacto de se estar na rede social mais popular do mundo depressa se fez notar, os cachecóis vinham de todas as freguesias do concelho e até se gerou uma competição saudável porque ninguém queria ficar atrás do vizinho do lado. E, neste momento, o cachecol é mesmo gigante, com três mil e 800 metros fruto de contributos de países como o Brasil, Luxemburgo, Espanha, França, Inglaterra, Mónaco, Alemanha, Bélgica e Áustria, estando em exposição, na Fortaleza de Sagres, até final do mês de outubro. “Neste «mar revolto de Sagres» estão 950 metros de cachecol feito pelas avós, mães e população de Sagres e o «barco» é da população da Salema. O problema é que, à medida que fomos juntando os cachecóis, os rolos tornaram-se enormes e cada vez mais difíceis de manusear. Algumas pessoas apareciam no jardim-de-infância com rodas gigantes que tinham feito ao longo do ano letivo”. Pelos vistos o tricot não estava assim tão esquecido, ou colocado de lado, pela população portuguesa e participar no projeto nascido em Vila do Bispo gerou 44
mesmo histórias enternecedoras que podem ser lidas no livro de honra da exposição. “Num lar de terceira idade de Almada, uma senhora que sofria de Alzheimer, mal se levantava todos os dias, ia logo fazer o seu cachecol. Outra senhora tinha tendinite no braço e, com a rotina de fazer o seu cachecol, o problema desapareceu. Momentos de solidão foram substituídos por momentos de convívio entre amigas e vizinhas em torno do cachecol”, conta Lina Nascimento, de olhos a brilhar, acrescentando que muitas crianças mostraram interesse em aprender a fazer tricot, uma atividade que apela à calma e reflexão. “Mesmo agora saiu daqui uma senhora de Leiria que estava de férias no Algarve e fez questão de vir à Fortaleza de Sagres ver o cachecol”. O projeto motivou, de facto, um grande entusiasmo entre as crianças da Sala 2, 45
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que não se importavam de levar o «cachecol circular» mais vezes para casa para que as vizinhas pudessem acrescentar mais um pouco. E, sem este envolvimento dos mais pequenos, nada seria possível, reconhece a entrevistada. “Isto excedeu todas as minhas expetativas. Nunca imaginei que, três anos depois, estivesse aqui com quase quatro quilómetros de cachecol”, confessa, indicando ainda que este «cachecol» acabou por ser o fio condutor para outros projetos dinamizados em contexto de sala de aula. “No Carnaval fomos vestidos de novelos de lã. Na Páscoa, construímos um coelhinho e um ovo com o cachecol. No Natal foi a Árvore de Natal. Esteve presente em todas as épocas festivas”, confirma Lina Nascimento. A verdade é que o cachecol gigante transitou de um ano letivo para o seguinte porque era na altura do Verão que muitos 47
familiares e amigos teriam mais tempo para fazer a sua quota-parte. As aulas começaram, continuavam a chegar cachecóis por correio, mas havia mesmo que dar um fim ao projeto e assim aconteceu com a exposição no maior monumento nacional a sul do Rio Tejo e o segundo mais visitado de Portugal – a Fortaleza de Sagres. “Não foi fácil porque o monumento pertence ao Ministério da Cultura e tem regulamentos a cumprir e uma agenda bastante preenchida, mas conseguiuse montar agora a exposição no âmbito das Jornadas Europeias do Património. A ideia é mesmo terminar por aqui e temos algumas ideias, mas precisamos de ajuda para dar um destino final a este cachecol gigante. Aquela parte que participou na atividade inaugural da rosa-dosventos, por exemplo, não tenho esperança nenhuma de a reutilizar, ALGARVE INFORMATIVO #176
não é fácil a lã sobreviver à maresia, à humidade à noite, ao sol durante o dia”, desabafa.
Esta não foi, todavia, a primeira vez que a Sala 2 do Jardim-de-Infância de Vila do Bispo alcançou tamanho mediatismo e mais uma vez devido a um projeto da autoria de Lina Nascimento, o «Economia Familiar», criado em 2013. “Sempre achei que o dinheiro era muito mal visto pela generalidade das pessoas, que só serve para maus fins, que só tem muito dinheiro quem é corrupto. O dinheiro é um bem do qual todos nós necessitamos e que pode ser utilizado para fins muito positivos”, disse a entrevistada, que desenvolveu um método muito particular para depois implementar junto dos 25 alunos com que lida no dia-a-dia. “Se conseguirmos dividir todo o nosso rendimento em três partes iguais – uma para doar, outra para poupar, outra para investir – é fácil atingirmos o equilíbrio financeiro. Apresentei este projeto de educação financeira numa conferência internacional na Universidade de Aveiro, estava lá a Vera Rita, que trabalha sobre Psicologia Económica no Brasil e, três anos depois, convidou-me para participar num evento no Rio de Janeiro. Não havia ninguém no pré-escolar a abordar esta temática e o projeto foi um sucesso entre todos os participantes”, conta, não escondendo o orgulho pelo reconhecimento que o seu projeto alcançou do outro lado do Atlântico. O projeto começa sempre pelo delinear, ALGARVE INFORMATIVO #176
na sala de aulas, de um sonho que una o grupo de crianças. No primeiro ano, como grande parte dos pais tinha alguma ligação ao mar, escolheu-se rumar ao Oceanário de Lisboa para passar uma noite com os tubarões e conviver com diferentes espécies de mares distintos. “O primeiro passo foi fazer uma reunião de pais para lhes explicar o projeto, que era uma coisa completamente nova, e mais uma vez tive as famílias do meu lado. Fizemos o plano financeiro e arranjamos estratégias para angariar o dinheiro necessário, com trabalhos manuais feitos pelos meninos e bolos confecionados pelos pais para se ir vender de porta em porta. E a comunidade envolveu-se de forma bastante ativa”, destaca Lina Nascimento. Arranjou-se dinheiro para pagar a atividade no Oceanário e todas as refeições e ainda sobrou para fazer uma visita à KidZania, também em Lisboa. “Desde o início explicamos aos meninos que era tão importante doar, como poupar e investir e, nestas idades, dos três aos seis anos, o conceito do doar é fácil de assimilar. Reunimos comida para os animais, brinquedos e roupas usadas para os mais carenciados, partilhar não é, para eles, um bicho-de-sete-cabeças”, garante a educadora-de-infância, embora aqui o método fosse um pouco mais rigoroso. Assim, existiam três mealheiros construídos pelas próprias crianças, em material reciclado e transparente, para que verificassem que o dinheiro estava, efetivamente, a crescer. Depois, houve que depositar o 48
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dinheiro num banco, com a Caixa Agrícola de Vila do Bispo a acolher prontamente o projeto. Como é óbvio, o grupo de crianças foi sofrendo alterações à medida que os anos letivos se foram sucedendo, umas rumaram para a escola primária, outras novas entraram, e cada ano se escolheu um sonho diferente, do mesmo modo que a parte doada teve destinatários distintos. “No primeiro ano os pais decidiram que o dinheiro disponível – 580 euros – seria para doar à ala pediátrica do Hospital de Portimão e, por altura do Natal, as crianças compraram brinquedos e outros bens que eram necessários, embrulharam os presentes, vestiram-se de Pais Natais e foram entregar tudo pessoalmente”, lembra Lina Nascimento.
No ano seguinte, o sonho escolhido foi realizar uma viagem de avião, mas a entrevistada confessa que o «Economia Familiar» até era para ser bianual. “Exige um imenso trabalho de bastidores porque estamos a falar de dinheiro real, não é virtual. As contas têm que bater certo, está um banco envolvido, há patrocinadores para angariar, é preciso motivar toda a comunidade local. Os pais, no entanto, conseguiram convencer-me a meter a mão na massa. Viajamos de avião de Faro para o Porto e visitamos um parque temático sobre dinossauros, o Museu de Serralves e a Casa da Música e fomos a um teatro de fantoches”, relata, acrescentando que, nesse ano, doaram mais de 900 euros à Fundação Make-a-Wish, que procura concretizar os sonhos de crianças com doenças terminais. Há dois anos, a vontade das crianças era brincar aos reis e rainhas e assim se rumou ao Palácio de Queluz, onde se fazem regularmente recriações históricas, mas o mais interessante do projeto foi a componente da doação. “Trabalhamos com a «Walking Sagres» da Ana Carla Cabrita em projetos sobre o ambiente, é uma pessoa muito próxima das crianças e, como é guia de caminhadas, anda sempre com uma mochila carregada de coisas que os mais pequenos adoram. Um dia ela chegou à escola um pouco desesperada porque o carro tinha avariado e um menino de imediato lhe disse que podia ficar com o mealheiro da doação. Decidimos que íamos fazer a doação à empresa da
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Ana para adquirir material necessário para as suas atividades, neste caso um telescópio portátil”. A vertente do investir também tem sido estimulada e em situações bem fáceis de entender pelos mais pequenos, como o simples ato de comprar sementes para plantar na horta pedagógica do jardim-deinfância e, ao fim de algum tempo, e de muita atenção e carinho, colher-se algo para vender por um valor mais elevado. E ninguém duvide que o projeto está a ter resultados efetivos junto destas crianças. “Uma mãe contou-me que a filha começou a recolher sempre as moedas mais pequenas que ficavam largadas em cima das mesas. Outro menino de cinco anos já andava a guardar dinheiro para tirar a carta de condução. Desde 2013 que existe um referencial de Educação Financeira que pode ser seguido por 51
todos docentes do país, do pré-escolar ao 12.º. O problema é que nem todos os colegas aderem a estas propostas, à semelhança do que sucede com a Prevenção Rodoviária”, lamenta. Com novo ano letivo em andamento, Lina Nascimento está, então, a apalpar o terreno, a sentir o pulso à sala, a tentar descobrir uma motivação que una todo o grupo, porque só assim é que as coisas resultam, garante. “Tem que ser algo que parta deles, não posso chegar e tentar impor-lhes uma ideia que, para mim, é engraçada. Só com a força de um sonho em comum é que se pode ir para a frente com algo desta natureza”, finaliza. E assim ficamos todos à espera de mais novidades, para saber qual o sonho a concretizar no ano letivo 2018/2019 pela Sala 2 do Jardimde-Infância de Vila do Bispo . ALGARVE INFORMATIVO #176
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BLIND ZERO deram CONCERTO ESTRONDOSO no CINE-TEATRO LOULETANO Texto:
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ra para ser, assim estava anunciado, um concerto em formato acústico… mas de acústico apenas teve, talvez, o facto dos músicos estarem a maior parte do tempo sentados, embora depressa se percebesse que Miguel Guedes pouca vontade tinha de estar parado. E embora nada tenha contra o acústico, a verdade é que, para mim, enquanto espetador, a música dos Blind Zero é mesmo para ser ouvida com guitarradas a plenos pulmões, com o baixo bem grave, com o ritmo imposto pela bateria em volume alto. E assim aconteceu na noite de 12 de outubro, no Cine-Teatro Louletano, com a banda portuense a trazer na bagagem a quase totalidade dos temas de «Often Trees», disco lançado em 2017, mas também muitos dos sucessos de outros tempos, de onde pontificaram canções como «Recognize», «Tree», «Shine On» e «Slow Time Love». Apesar do formato acústico pouco convencional, ou menos acústico do que estávamos à espera, um concerto mais intimista dá uma maior dimensão à palavra e permite que a viagem pelo ALGARVE INFORMATIVO #176
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repertório incida sobre pormenores que, de outra forma, quase passariam despercebidos. Por isso, alguns temas chegaram aos nossos ouvidos pelo caminho mais longo, com arranjos especiais que pouco se compadecem com espetáculos ao ar livre e com os ambientes mais ruidosos dos grandes festivais de Verão. Nesta noite especial foi fácil assimilar toda a magnitude do oitavo disco dos Blind Zero, um álbum surpreendente, químico, intemporal e revelador da enorme criatividade da banda. Editado em CD, cassete e vinil, «Often Trees» regista a capacidade de reinvenção do quinteto que ALGARVE INFORMATIVO #176
conta já com 24 anos de carreira e um percurso ímpar. Estreado ao vivo na Casa da Música, no Porto, «Often Trees» engloba, de acordo com a banda, “um imaginário sombrio e poético, de perseguição e novelos, passeia pela berma dos lagos e sobe à copa das árvores”. E este imaginário não podia ser mais tenso. “É um disco de mutação sonora, onde a cada escuta multiplicam-se novas camadas. O seu tronco robusto assenta também no uso de equipamento analógico com mais de quatro décadas e na longa experimentação em busca do detalhe”, explicam .
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Cinco lésbicas andaram à solta no Teatro das Figuras Texto:
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Yellow Star Company de Paulo Sousa Costa regressou ao Teatro das Figuras, em Faro, para levar a cena, na noite de 13 de outubro, «Cinco Lésbicas e uma Quiche», uma divertida comédia que tem no elenco, claro está, cinco mulheres, mais concretamente Melânia Gomes, Joana Câncio, Leonor Seixas, Paula Neves e Mafalda Teixeira. O texto original de Evan Linder & Andrew Hobgood tem encenação de Paulo Sousa Costa e é, de facto, um pagode, pelo que não foi de estranhar a lotação esgotada que a maior sala de espetáculos do concelho de Faro registou nesta noite de chuva e vento, mercê da passagem do Furacão Leslie por Portugal. «Cinco Lésbicas e uma Quiche» faz-nos recuar aos Estados Unidos de 1956, em plena Guerra Fria, com o perigo iminente de um ataque nuclear vindo das hostes soviéticas. Uma comunidade, no meio da América, realiza o Encontro Anual de Quiches da Susan B. Anthony Society, as Irmãs Gertrudes. O seu lema principal é: «Sem carne, sem homens, somos felizes!» e, apesar de serem todas, ou quase todas, lésbicas, o assunto é tabu. O cenário acaba por mudar quando, isoladas num bunker improvisado, fruto de um alerta de ataque nuclear, as cinco mulheres começam a confessar-se, melhor dizendo, a «sair do armário», em catadupa. Uma delas admite, porém, estar grávida e, depois de muitos gritos e histerias, chegam à conclusão de que, caso nasça um filho, caberia às cinco a dura tarefa de repovoar o planeta Terra após o holocausto nuclear. As revelações foram surpreendentes até ao fim do espetáculo e o resultado foi uma noite plena de boa-disposição .
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Ficha artística e técnica: De: Evan Linder & Andrew Hobgood Encenação: Paulo SousaCosta Interpretação: Melânia Gomes, Joana Câncio, Leonor Seixas, Paula Neves e Mafalda Teixeira Sonoplastia: Yannick Pinto Guarda‐Roupa: Ana Paula Rocha Diretor Técnico: Paulo Pereira Direção de Cena: Ricardo Guerreiro Assistentes de Cena/ Contra Regra: Paulo Pessoa Desenho De Luz: Ricardo Guerreiro Montagem e Operação Luminotécnico: Ricardo Guerreiro Operação Sonoplastia: Ricardo Guerreiro ALGARVE INFORMATIVO #176
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COMPANHIA DE DANÇA DE MATOSINHOS TROUXE «UMA BAILARINA ESPE(TA)CULAR» AO TEATRO LETHES Texto:
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Teatro Lethes, em Faro, foi palco, no dia 14 de outubro, de uma sessão dupla de «Uma Bailarina Espe(ta)Cular», pela Companhia de Dança de Matosinhos. Neste espetáculo vocacionado para as famílias recorda-se que as bailarinas foram crianças e que estas cresceram para a dança obrigando o corpo e a cabeça a caberem dentro de um certo molde. “O que é que se perde ou se alcança quando se realiza um sonho de dança?
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Perguntando-se quem sonha a criança que dança, uma bailarina encontra, pela dança, a criança contando como foi sonhada”, refere a sinopse. A Companhia de Dança de Matosinhos é uma companhia profissional de dança contemporânea que emergiu da necessidade de devolver o virtuosismo técnico da dança, associando-o ao conceptualismo da arte contemporânea. A estrutura promete desafiar o corpo humano e a perceção do mesmo pelo público, apresentando a arte traduzida
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em corpos que se moldam, desafiam e ultrapassam os seus próprios limites. A companhia convida intérpretes de elevada qualidade artística que, nos seus ágeis e precisos movimentos, espelham as preocupações e visões de coreógrafos emergentes. “Através desta seleção e dos processos de criação e produção, a Companhia de Dança de Matosinhos pretende trazer a lume as questões político-sociais fraturantes da contemporaneidade, explorando projetos de intervenção e reflexão e promovendo o desenvolvimento da ALGARVE INFORMATIVO #176
comunidade”, explicam Sara Silva e Diana Amaral, que assumem, respetivamente, a Direção Artística e Direção Pedagógica da CDM. Com o seu abrangente projeto pedagógico, a CDM pretende desempenhar um papel de relevância na aproximação das pessoas à arte e das pessoas às pessoas, contribuindo para uma comunidade coesa, em forma e informada. Assim, a dança assume-se como veículo capaz de promover a equidade social e desenvolver o património intelectual . 78
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Tango argentino levou Auditรณrio Municipal de Olhรฃo ao rubro Texto:
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Auditório Municipal de Olhão recebeu, a 13 de outubro, uma fantástica noite de tango argentino com o espetáculo «La Porteña Tango & Eugenia Giordano», que colocou em palco os insuperáveis músicos Alejandro Picciano, Federico Peuvrel, Matías Picciano e a quente voz de Eugenia Giordano. Com uma longa carreira na qual pontificam quatro discos e um DVD, produzidos pelo destacado músico argentino Litto Nebbia, o grupo já atuou em mais de 20 países de quatro continentes, sempre com espetáculos de enorme beleza visual e sonora numa inesquecível homenagem a um dos géneros de música e dança mais belos e universais – o tango. O concerto de Olhão contou com a participação especial da cantora argentina Eugenia Giordano e do par de bailarinos Amira Luna e Damián Roezgas, que fundem magistralmente o tango cénico com o tango de salão. E foi, sem dúvida, uma noite de grande emoção, em cima do palco e na plateia . ALGARVE INFORMATIVO #176
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artista suíço Hanspeter Ammann, um dos pioneiros da vídeo arte na Europa, usa o vídeo na contramão da História para contar histórias através das ALGARVE INFORMATIVO #176
imagens, histórias que prescindem do texto, da fala. Histórias que são cartografias de corpos, que criam paisagens culturais através do movimento lento, do movimento contido, do não-movimento. As suas imagens exigem, do espectador, tempo de contemplação, de compreensão e de 100
apreensão do que não é dito, mas que se diz por se apresentar no ecrã, que se expõe. E expor (se) é um termo chave para quem deseje penetrar na sua obra – o artista expõe os corpos que se disponibilizam, que se deixam percorrer pela câmara, que se deixam imobilizar e se transformam em imagens, simulacros de um universo paralelo, multicultural, híper étnico, num espaço de ambiguidade que
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torna o contemplador livre para desfrutar do que vê, como um voyeur solitário, interpretando, ou não, os contextos e subtextos que cada obra dispõe. As imagens não são trabalhadas para mascarar a realidade, mas sim para avivá-las, para torná-las mais realistas e mais reais, sem descurar, no entanto, a
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poesia, o lirismo implícito em cada plano. O neorrealismo italiano deu-nos filmes crus, desinvestidos de ambiguidade à procura de sentidos unívocos. Mas o neorrealismo deu-nos também Lucchino Visconti e Pier Paolo Pasolini, os mestres da ambiguidade e do lirismo, capazes de transformar a fealdade em beleza, a transgressão em arte. Rocco é uma obra que pede tempo, que é feita de imagens que se arrastam no tempo, seguindo outra ALGARVE INFORMATIVO #176
lógica que não a do movimento contínuo e progressivo. Entre a fotonovela e o filme, desfilam ante nossos olhos um conjunto de imagens de corpos jovens, seminus, em planos médios e em grandes planos. Corpos que encenam uma luta, um jogo de sedução, uma dança. Corpos em movimento contido e ensaiado, encenado. Corpos e rostos de homens 102
comuns, de homens do povo, de homens que habitam o imaginário artístico desde, pelo menos, a obra de Caravaggio e que são reencontrados, mais tarde, no cinema neorrealista de Pasolinni e de Visconti. O Cristo de Pasolini não tem olhos azuis nem a tez delicada. A maneira como a câmara passeia pelos atores, nos seus filmes, é dura – deixando que a pele curtida, as imperfeições, as máculas, no fundo, a
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verdade de cada corpo que sua, que tem poros, reentrâncias, seja revelada. A câmara, e a luz do cinema de Pasolini extrai da fealdade, a beleza, do mundo real, o lirismo, sem mascarar, ou enfeitar o que se mostra. Pasolini expõe. Esta exposição crua, fotografada em alto contraste, é visível nesta obra de Hanspeter Ammann – que lhe acrescenta a mise-en-scène poética da
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Ana Isabel Soares, Mirian Tavares, Hanspeter Ammann e Matteo Pezzi durante a inauguração da exposição, no dia 16 de outubro, na Galeria Trem, em Faro obra de Luchino Visconti. O seu photo roman reproduz, em diversos momentos, gestos que ficaram impressos na memória dos cinéfilos - gestos presentes em Rocco e seus irmãos, revisitados aqui por corpos orientais, de desconhecidos, o que torna ainda mais forte a ideia de transgressão do filme de Visconti – como amar aqueles que se perderam? Os que estão à margem? Os não-heróis? Os homens vulgares que não conhecemos? O olhar amoroso de Visconti e de Pasolini está presente aqui – amor pelos personagens, amor pelos seus corpos e pela sua imperfeição. A câmara espreita e admira. A câmara acompanha delicadamente cada gesto e vai registando o movimento que se prolonga em cada nova foto. O movimento simulado, o não movimento ALGARVE INFORMATIVO #176
do cinema, reencenado também neste processo de negação da continuidade e da fixação de cada gesto. Espreitamos as histórias que os corpos no ecrã insinuam. Entre o jogo e a luta, entre a submissão e a conquista, entre o desejo e a fuga, as personagens executam uma coreografia exata, enxuta, perfeita. Uma coreografia que convida o espectador a cumprir o seu papel – ficar expectante, à espera de algo que nunca finaliza, que não se completa, que não se fecha. Uma história em aberto que convida ao gesto mais primitivo e a pulsão mais básica - o voyeurismo. No vídeo, e no cinema, eu vejo, sem ser visto. O meu gozo é este - não ser visto e desfrutar do que vejo à distância. As personagens olham, diretamente 104
para cada um de nós e nós devolvemoslhes o olhar, mas nossos olhos nunca se cruzam, há um ecrã entre nós, este espaço intransponível que nos protege. As personagens seguem, no ecrã, a sua dança interminável, executada, quadro a quadro, como num tempo mítico, fora do tempo. Um tempo outro que não tem pressa de andar para frente. Um tempo que permanece. Um tempo que se nega a 105
reproduzir o movimento do vídeo, mas que se (re) produz passo a passo, delicadamente. O tempo da leitura. O tempo das imagens sem tempo de Hanspeter Ammann . Exposição patente até 13 de novembro, na Galeria Trem, em Faro
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O Ballet não é para meninos? Paulo Cunha (Professor) inha dez anos quando entrei para o Conservatório Regional do Algarve (1974). Lá, tive a oportunidade de conhecer inúmeros colegas e professores que me ajudaram a descobrir novas perspetivas e formas de estar na arte e na vida. Foi, sem qualquer tipo de dúvida, o período da minha vida em que descobri o maravilhoso mundo onde gravitam os criadores, os intérpretes e os consumidores de arte. Talvez já tenha sido tarde de mais, a altura em que iniciei a aprendizagem da música, mas foi a altura certa para me proporcionar ferramentas que me ajudaram a conquistar tudo aquilo que hoje sou! Recordo-me, como se fosse hoje, a altura em que comecei a observar, pela primeira vez, miúdas da minha idade a aliar a música clássica à dança. Para alguém que, como eu, não tinha tido ainda o privilégio de descobrir as virtudes e a magnificência de tal disciplina artística, poder vê-las a ensaiar e, no final do ano letivo, a encher o palco do Teatro de Lethes (Faro) de charme, beleza e graciosidade, fez-me ficar, inegável e eternamente, conquistado pelo Ballet. Tendo em conta que as minhas hormonas masculinas já começavam a fazer das suas e as minhas jovens colegas já não conseguiam disfarçar as formas de mulher que, timidamente, já se insinuavam, as aulas de Ballet pareciam-me afigurar o paraíso na terra, tal a quantidade de raparigas por metro quadrado e sem qualquer concorrência masculina. Obviamente, eram perspetivas e expetativas de um pré-adolescente que, para além de apreciar a graciosidade dos gestos, apreciava ainda mais a graciosidade de quem os produzia. Não foi, por isso, de estranhar que, um dia, quando fui pagar a mensalidade
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à Secretaria, tenha perguntado ao diligente funcionário se aceitavam inscrições de rapazes na disciplina de Ballet. Ainda hoje ecoa a gargalhada que então escutei, acompanhada pela perentória e assumida frase “O Ballet é para meninas!”. Perante tal atitude, corado, quedei-me mudo e imóvel. Sendo um Conservatório de província, pequeno e onde todos se conheciam, pereceu ali o desejo de experimentar e vivenciar a aprendizagem deste nobre estilo de dança. Miúdo ainda, era o que faltava: colocarem em dúvida a minha orientação sexual! Quase todos os anos afiro aquilo que aqui escrevo, quando pergunto aos meus alunos (meninos) quem é que dança ou gostaria de dançar Ballet? Invariavelmente, depois de um silêncio confrangedor, vem a risada geral e, de seguida, as apreciações depreciativas e homofóbicas à minha pergunta. Volvidas mais de quatro décadas, pouco mudou, pois se estimarmos a quantidade de aspirantes a bailarinos (rapazes) que frequentam os conservatórios e escolas de dança no Algarve, verão que a passagem do tempo não aboliu certos estigmas e preconceitos, nem trouxe o devido esclarecimento sobre o verdadeiro universo do Ballet. Porque o preconceito transmite-se e transforma-se em vários tipos de «bullying», é importante informarmo-nos, raciocinarmos e refletirmos, antes de tomar determinadas atitudes que poderão adulterar a verdade e condicionar e magoar os outros. Embora o número de jovens aspirantes a bailarinos seja ainda diminuto, Portugal está já a dar cartas, internacionalmente, no mundo do Ballet (no masculino). Por isso, aqui destaco e louvo todas as famílias e escolas que ao preconceito disseram e continuam a dizer: Não! .
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NÃO Adília César (Escritora) “Se ensinarmos às crianças que não se respeita um não e – atenção a isto – que pela utilização da violência ou da coerção ultrapassamos este não, estamos a dar um exemplo. E é um exemplo que elas vão levar ao longo da vida toda. E esse exemplo diz que se tiveres poder suficiente, podes passar por cima do não do outro”. Daniel Cardoso educação e a pedagogia (na família e na escola) apoiam-se nos estudos efectuados sobre as culturas da infância e da legislação em vigor, nomeadamente no que concerne aos direitos das crianças. Na família, o estabelecimento das relações de parentalidade ditam, em larga medida, aquilo que a criança será enquanto pessoa. Na escola, existem outras relações verticais de poder, mais ou menos consonantes com os critérios estabelecidos pelos adultos como adequados e aceitáveis. Há um discurso oficial que não dá, na verdade, uma voz às crianças e esta é uma questão controversa, questionada pela psicologia, filosofia e ciências da educação há décadas, sabendo-se que a evolução dos conceitos e concepções da infância tem vindo a modificar as representações que os adultos têm sobre as crianças. «Infância» escreve-se no plural. Sendo uma categoria histórica, social e psicológica, a infância e aqueles que a vivem – as crianças – apresentam perfis bastante diversificados, sendo necessário perceber o que existe de comum. Não podemos também deixar de ter em linha de conta que esses retratos formulados sobre a infância não têm origem nas próprias crianças. Baseiam-se nelas e nos comportamentos que evidenciam, mas são produzidos pelos adultos, aqueles que já não são meninos. E o que fazer com as histórias de silêncios, tudo aquilo que as crianças não nos contam? E é aqui que entra o direito e o dever de dizer «não». ALGARVE INFORMATIVO #176
Numerosos estudos históricos dizem-nos que a infância enquanto facto sociocultural tem apenas cerca de quatrocentos anos e que ao longo do tempo alguns adultos com poder impuseram as suas concepções de infância a outros adultos e às próprias crianças. Parece existir uma manipulação dos adultos face a este período de vida, e neste sentido todo o conceito de infância pode ser considerado como um fenómeno criado pelo homem. Assim, de acordo com as expectativas, percepções e necessidades dos adultos, e consoante o período histórico considerado, a infância poderá ter uma maior ou menor duração. Ver a criança como vulnerável, imatura e dependente, sugere que ela necessita de ser protegida e amada num ambiente seguro. Por outro lado, a visão da criança como um ser que ainda não está totalmente formado sugere que deve ser educada para se tornar ela própria. Se a este caldo ambiental acrescentarmos a visão da criança como dependente, o adulto sente-se impelido a responder às solicitações dos mais pequenos com um sentimento de responsabilidade e vocação. Também o adulto (que é sempre educador) se sente no direito e no dever de decidir o que é bom e o que é mau para as crianças, possibilitando experiências adequadas ou inadequadas, de acordo com o que é «melhor» para elas. Quatrocentos anos é pouco tempo para este tipo de fenómeno social, mas já vai sendo tempo de evoluirmos.
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O filósofo Gareth Mathews apresenta uma teoria interessante e original para fundamentar a afirmação de que a infância não tem voz num mundo gerido pelos adultos: «ao contrário da maioria de nós, as crianças estão normalmente cercadas por gigantes, alguns dos quais se inclinam para conversar com elas ou podem mesmo sentar-se no chão para estarem mais ao seu nível, mas a maioria está contente por usufruir de uma posição de autoridade imponente. A grande parte do
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mundo construído à volta das crianças não é apropriada ao seu tamanho. As crianças não podem chegar ao interruptor e à maçaneta. A mensagem que se transmite às crianças é inconfundível: não és inteiramente um membro da sociedade.» (in A Filosofia da Infância) “Se tu, criança, não és inteiramente um membro de pleno direito para a tomada de decisões sobre a tua própria vida, não podes dizer NÃO, porque eu, adulto, não te dou essa possibilidade: eu é que mando em ti e tu só farás o que eu autorizar”. Esta afirmação pode parecer um exagero, mas serve para chamar a atenção para uma convicção pessoal que regula o meu relacionamento com as crianças, as de família e as que atendo em contexto escolar, desde há muito tempo: não estou a dizer que devemos proporcionar um ambiente educativo anárquico, no qual a criança toma todas as decisões sobre a sua vida, mas temos de lhe dar a possibilidade de dizer NÃO. Tem esse direito. Tem esse dever. E o NÃO da criança é tão importante como o nosso NÃO, é uma reacção enérgica e visceral relativa a algo ou alguém que a «invade» contra a sua própria vontade. E isso é o quê? Violência. Se nós, adultos, conseguirmos aceitar a voz das crianças, teremos no futuro uma sociedade mais justa, baseada numa ética em que as relações de poder entre crianças e adultos, entre homens e mulheres, sejam mais humanizadas .
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OPINIÃO
Do Reboliço #12 Ana Isabel Soares (Professora) vento é bom bailador – baila, baila e assobia; baila, baila e rodopia”. O Reboliço não percebe, no estado de semisonolência em que o começo do Outono o dispõe, se ouve o vento ou a voz que canta o estribilho. A casa onde está tem janelas a Sul e a Norte, e o vento faz-se aparecer, às vezes forte, de um lado, quando o outro é calma absoluta. As orelhas são duas, e o bicho orienta-as, cada uma para seu lado, para divertida confusão do pensamento. Brinca a decidir de que lado vem soprado o ar e de qual dos lados está o sossego. Se vem do lado da ria o vento, traz o fresco da água, faz abanar as árvores do jardim público, as da avenida, papéis que andem pelas ruas soltos, os bonés dos homens, das lojas os toldos. Mas se chega de Norte, do lado do interior, não é tão fresco quanto frio o que sopra, incomoda o curvar de uma esquina ou a chegada às docas. Abrigado, o Reboliço sorri e observa. Bóreas e Zéfiro, lembra-se, estão representados no mosaico de Oceano: no chão de uma das salas do museu da cidade, onde entra com a mesma reverência com que visitaria uma mesquita antiga, o Reboliço gosta de os ver, um de barba pontiaguda, outro de queixo despido, mesmo se amargurados por lhes faltarem os companheiros de Leste e do Sul (a escavadora que descarnou o mosaico comeu, como se fosse, os desenhos que enfeitavam a figura na parte inferior do rosto de Neptuno, e daí para baixo; agora, só se imaginam as silhuetas próximas dos dois ventos ausentes). Estão Zéfiro, benfazejo e doce, que vem de poente, e Bóreas, o vento-norte, como rafeiro de dentes arreganhados que morde o caule das flores quando estão para crescer e lhes gela a seiva. Neptuno, de olhos interrogados, mudo para sempre, que a boca lhe desapareceu debaixo da barba, das pernas de caranguejo e das pedrinhas que não estão, sofre por ver aqueles irmãos tão diversos. O Reboliço olha com curiosidade: pensa em como se dão os
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nomes a estes elementos. Por que razão Oceano é Neptuno (ou «Oceano»), Zéfiro é Zéfiro (não lhe parece que venha de «Joséfiro»), ou Bóreas Bóreas. Uma vez, lembra-se, houve na aldeia um pequeno tornado. Toda a gente ali – como, aliás, no Moinho, de onde facilmente se vê o efeito desses fenómenos – se habituara, sobretudo no Verão, aos «espojinhos»: nos campos em volta, já feitas as colheitas, o ar dá em subir, começa num ponto pequeno, vai levantando o pó do chão, faz uma espiral com ele, com folhas soltas, ervas e tronquinhos leves que no chão estivessem, e, rodando, rodando, passeia-se pelos campos. Varre, limpa – limpinho. Numa ou outra ocasião, sobe com mais força, levanta mais do que folhas e ramagem pequena e chega a assustar quem o vê (como o tio, que olhava pela janela da casa as flores dispostas pela tia, os dois arbustos, os vasos altos de orquídeas, e se ficou, minutos em pasmo, os olhos muito abertos, aberta a esperança de que nada por ali fugisse com aquele vento danado). Foi na aldeia – era 1987, um ano lá longe –, quando passou na aldeia um assim, mais tornado que espojinho. Chamam-lhe também «diabo de pó». O Alves Delgado, homem da aldeia (nem tão magro que o nome lhe assentasse), estando no quintal da sua casa, e estando esta no caminho do possante vento que subiu, foi por ele erguido, no ar – num rápido ar – passou o muro do quintal, na rua de trás da avenida, e, com susto grande mas logo a surpresa de não haver mais novidade, descido no quintal do vizinho. Passou na aldeia o diabo empoeirado: deixou casas destelhadas, pintos, galos, patos e galinhas desorientados por verem sumir-se paredes e telhados dos galinheiros, oliveiras destroncadas – o tio pasmado. Atrás de si deixou ainda um novo nome para o Alves Delgado, que veio a ser conhecido como o Astronauta . **Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 112
Foto: Vasco
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OPINIÃO
Como o empreendedorismo está a mudar o mundo Fábio Jesuíno (Empresário) nosso mundo está a mudar a um ritmo alucinante, estamos vivenciando uma nova revolução industrial onde os avanços tecnológicos e científicos se sucedem e têm um impacto disruptivo. Na liderança desta grande mudança estão os empreendedores, aqueles que conseguem identificar um problema e transformá-lo numa oportunidade. Aqueles criativos, loucos e muitos presidentes que não têm medo de arriscar para terem a oportunidade de mudar o futuro e fazerem nascer projetos com impacto na vida das pessoas. Uma das características dos empreendedores é a busca permanente pela inovação. O facto de estarem constantemente à procura de novas ideias mostra uma capacidade ativa na sociedade. Isso faz com que surja uma abordagem de mudança de comportamentos mais rápida e participativa. A cultura empreendedora está cada vez mais presente na nossa sociedade, em destaque constante na comunicação social, mostrando as histórias de sucesso de grandes empreendedores. Muitos desses empreendedores de sucesso tornaram-se celebridades globais, muito devido às suas ideias inovadoras que mudaram a forma como vivemos e comunicamos.
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O empreendedorismo começa a estar presente na educação nos países mais desenvolvidos, em diversos níveis de ensino, mas principalmente nas universidades, onde muitas se destacam por apostarem nessa vertente com a criação de incubadoras de startups e uma forte ligação com o meio empresarial. Um dos aspetos desta mudança é a preparação para encontrar dificuldades e a qualquer momento e enfrentar riscos, tentando assustar o medo de errar, de forma que, quando isso acontecer, ser um momento de aprendizagem. A ausência de erros no empreendedorismo é, na maior parte das vezes, sinónimo de carência de inovação e de risco, por isso mesmo, deve ser encarada de uma forma mais positiva. Ser empreendedor está ao alcance de todos, é uma característica que não se resume à criação de empresas, antes pelo contrario, é uma atitude e uma busca por novas ideias, ter iniciativa, ter ação, sempre pensando de forma diferente. São esses aspetos que contribuem para uma sociedade melhor, onde todos podem participar ativamente na mudança. O interesse crescente pela cultura empreendedora está a mudar mentalidades, mostrando novas realidades e abrindo caminhos que nunca antes foram explorados .
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OPINIÃO
As três grandes questões dos 30 Nuno Miguel Silva (Técnico de Comunicação) partir dos 30 anos parece que o sucesso se define por uma medida assente na resposta às três mais pertinentes questões da vida. - Tens filhos? - Carreira? - E casa? No fundo, independentemente da que dermos, percebe-se que a equação se define por uma soma de monossílabos: um «sim» é mau, dois «sins» é bom, mas três «sins» é orgásmico. Uma reação ali perdida entre uma surpresa estúpida porque foi você que perguntou - e a uma invejazinha gaiteira de quem afinal não queria que lho esfregassem na cara. Calculo que aí um “take that bitch” saiba bem, mas ainda não o poderei dizer. No fundo, exacerba-se a cultura do tem que ser porque sim. A culpa? Seguramente de alguém que ninguém conhece mas que devemos respeitar religiosamente. Uma Paula Bobone da vida em comunidade, digamos. E tentamos. Tentamos porque não há mais para além desta empreitada sociológica que nos indica à única fórmula historicamente aceite para a definição de «realização pessoal». E frustramo-nos. Frustramo-nos porque, para além das três perguntas, há ainda os termos e prazos legais indicados para o cumprimento.
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Na prática, o mundo leva 18 anos a apregoar-nos a calma, a ponderação e o conceito de momento certo para, logo a seguir, mandar tudo isso à merda: Fizeste os 18? Tira a carta. Saíste da Universidade? Arranja trabalho. Arranjaste trabalho? Compra casa. Compraste casa? Faz um filho. Espera, ainda és solteiro? Hum…há algum problema contigo. No fundo, ninguém explicou a essas Paula Bobones da vida que o mundo mudou. O futuro e as tecnologias fizeram do mundo um pequeno apartamento. Deixámos de viver no planeamento e na futurologia e passámos a viver o momento, as sensações imediatas e os individualismos. Hoje, trocam-se filhos por carreiras e carreiras por viagens. Trocam-se casamentos curtos por namoros longos. Espera-se. Adia-se. Adia-se até que algo cá dentro nos diga que é altura. Afinal, em que momento da vida nos tornamos donos da nossa própria vontade? Quanto a mim, nem o já, nem o depois estão mal, o mundo é que procura provavelmente respostas nas perguntas erradas. O sucesso não se medirá nunca no que se tem, mas no que se é. E aí mora então a única pergunta que não deixará nunca de fazer sentido: És feliz? .
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OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral
Os Putos 10G Carla Serol (Uma Loira Qualquer) xiste toda uma nova gama de putos de última geração que, ao contrário do que possam estar a pensar, não é a dos putos nascidos sob a égide das novas tecnologias de que vos vou falar, mas sim de putos de tal forma evoluídos face às gerações anteriores, que comprometem décadas de estudo sobre o desenvolvimento infantil. São estes os Putos 10G! Acontece que os Putos 10G vêm equipados com kits de alta qualidade que, comparativamente aos putos de gama baixa (ou puto vulgar), são extremamente precisos, tão precisos quanto um relógio suíço. Como qualquer máquina exigente, digna de qualquer tecnologia nórdica, estes putos requerem desde o dia da sua aquisição, vulgo nascimento, uma manutenção rigorosa, de modo a não comprometer toda a sua performance momentânea e, principalmente, futura. Os Putos 10G não devem ser tratados como putos vulgares e de gama baixa. Ao contrário destes, sobre aqueles putos devem ser elaborados relatórios de desempenho exaustivos, desde que acorda até que se deita, registando toda a atividade do petiz durante o dia, passando pela alimentação e pelo estado de exercício da fralda, e não esquecendo o controlo minucioso de água que um Puto 10G ingere, de forma a garantir uma performance de luxo. Assim, é absolutamente essencial confrontar relatórios diários e, desta forma, ajustar todas as funções, de modo a evitar um manuseamento desadequado destas crianças. Caso contrário, os pais correm o risco de fazer desenvolver putos vulgarmente, despreocupados, saudáveis e trivialmente suscetíveis de serem felizes e o que se pretende, no caso dos Putos 10G, é ALGARVE INFORMATIVO #176
uma performance exímia e isenta de falhas. Um orgulho, portanto! Um dos fatores de relevante interferência no desempenho dos Putos 10G é, sem dúvida, as visitas da família aquando da aquisição de um puto deste gabarito. Estes, meus amigos, têm que ser respeitados! Era o que mais faltava a avó e o avô, a tia ou o tio, mais os primos que não são 10G, irem lá a casa visitar a menina ou o menino 10G, logo 15 dias depois de ter nascido! Sabemos que um Puto 10G é algo que suscita muito interesse, mas devem controlar a vossa curiosidade e ficar em casa! Quando o Puto 10G tiver feito todo o download de faculdades e resistências, os pais decidirão quando os demais familiares podem ir visitar o tão ansiado neto 10G! Isto pode ocorrer entre os primeiros cinco a dez anos do Puto 10G, dependendo do kit de utilização que cada pai tenha adquirido. Outra medida bastante pertinente a ser tomada perante um Puto 10G é a não vacinação! Jamais se vacina um Puto 10G. As vacinas são destinadas aos putos vulgares, que desta forma ficam aptos a lidar com tudo e com todos e não é para isto que se quer um Puto 10G. Os Putos 10G não precisam de vacinas, uma vez que, por serem putos de gama alta, vêm já equipados com sistema de defesa incorporado, e se todas as instruções de manutenção de um Puto 10G forem seguidas à risca pelos pais, como, por exemplo, evitar ir à praia entre as seis da manhã e as nove da noite, sem protector, no mínimo, de fator 100, comer açúcar antes dos quinze anos, deixar (ou educar, obrigando a) dar beijinhos aos avós, apanhar chuva e brincar ao relento ou frequentar a escola pública, um puto 10G fica imune a tudo, até imune a um dia almejar tornar-se num ser humano vulgar e feliz! . 118
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ATUALIDADE
EXPOSIÇÃO DO ARQUIVO MUNICIPAL DE OLHÃO RECORDA LAÇOS FAMILIARES DE JOÃO LÚCIO ENTRE O ALGARVE E O ALENTEJO o ano em que se assinalam os 100 anos sobre a morte do poeta João Lúcio, um dos mais relevantes autores da sua época e um dos mais proeminentes olhanenses de todos os tempos, o Município de Olhão preparou um conjunto de iniciativas que decorrem ao longo de todo o mês de outubro em vários espaços do concelho. O programa teve início, no dia 12, com a inauguração, no Arquivo Municipal António Rosa Mendes, da exposição «Laços familiares: entre o Alentejo e o Algarve», que recorda ALGARVE INFORMATIVO #176
os laços familiares alentejanos e algarvios do poeta. Composta maioritariamente por fotografias e documentos de família, a exposição pretende revelar a origem dos «Pousão Pereira», onde a árvore de costados assume um papel fundamental, exibindo o entrelaçar entre a família calipolense e a olhanense. Descendente de uma família olhanense, o seu avô, João Inácio Pereira, foi Diretor do «Correio de Olhão», por mercê feita por D. Fernando II, posteriormente confirmada por via de 122
Carta de Serventia vitalícia, passada por D. Pedro V, em 1861. O seu pai, João Lúcio Pereira, proprietário abastado, foi um dos fundadores da Sociedade Recreativa Olhanense e Presidente da Câmara Municipal de Olhão, tal como o próprio João Lúcio viria a ser. A família Pereira cruza-se com a família Pousão, originária de Vila Viçosa, após a vinda de Francisco Augusto Nunes Pousão, para Olhão, para ocupar o cargo de 1.º Juiz de Direito da recém-criada Comarca de Olhão, em 1875. Seria com uma das filhas do Juiz Pousão, Maria Helena de Araújo Pousão, que João Lúcio Pereira se viria a casar, em segundas núpcias. Deste matrimónio nasceria, a 4 de julho de 1880, João Lúcio Pousão Pereira, precocemente falecido, aos 38 anos de idade, vítima de pneumónica, a 26 de outubro de 1918. “Foi uma figura carismática do nosso concelho e esta mostra inclui documentos expostos pela
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primeira vez ao público, entre os quais a sua árvore genológica já com alguma dimensão. O Arquivo Municipal de Olhão tem feito um trabalho meritório ao longo dos anos, os seus elementos nunca viram a cara aos desafios lançados pela autarquia, e espero que a próxima exposição seja ainda melhor do que esta”, referiu Gracinda Rendeiro, Vereadora da Câmara Municipal de Olhão. As comemorações do centenário do falecimento de João Lúcio repartem-se entre a Biblioteca, o Museu e o Arquivo Municipais de Olhão, entre outros espaços culturais da cidade, a par da própria Casa João Lúcio, sendo que cada um deles organizou uma mostra alusiva a uma temática específica. “O lado materno do João Lúcio serviu de mote à exposição do Arquivo, com material que faz parte do nosso espólio. A componente fotográfica
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ATUALIDADE desse espólio está a ser neste momento inventariado, a vertente mais documental já estava tratada e temos, inclusive, o Fundo Francisco Fernandes Lopes e o Fundo João Lúcio que abordam a vida e obra do João Lúcio. A exposição vai buscar um bocadinho dos dois fundos e da coleção fotográfica”, explicou Helena Vinagre, responsável pelo Arquivo Municipal António Rosa Mendes. Reunir todo esse espólio fotográfico sobre João Lúcio no Arquivo Municipal de Olhão é, entretanto, uma das vontades do executivo liderado por António Miguel Pina, também para facilitar o acesso e consulta desse material pelos muitos investigadores, portugueses e estrangeiros, interessados no legado deste ilustre poeta, advogado e político. “A Câmara Municipal de Olhão, e o Arquivo Municipal em particular, ainda não estavam devidamente vocacionados para esta componente fotográfica, à semelhança do que sucede em muitos outros concelhos, mas o público merece ter acesso a todo esse material que estava disperso por vários equipamentos e entidades”, reforçou Ana Pedro, do Serviço de Atendimento e Gestão ALGARVE INFORMATIVO #176
Documental da Câmara Municipal de Olhão, adiantando que esta exposição estará patente até 15 de novembro . 124
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ATUALIDADE
PARQUE INFANTIL TEMÁTICO VENCEU ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE ALBUFEIRA 2019 m Parque Infantil dedicado à temática dos instrumentos musicais, a construir em espaço ajardinado na zona urbana da Guia, foi o projeto vencedor da edição de 2019 do Orçamento Participativo de Albufeira (OP). A votação dos projetos decorreu durante o mês de junho, tendo sido disponibilizadas duas formas de votação: presencial nos locais previamente definidos pela Autarquia (Edifício dos Paços do Concelho, instalações das Juntas de Freguesia em Albufeira e Olhos de Água, Ferreiras, Guia e Paderne, Biblioteca Municipal Lídia Jorge, Piscinas Municipais, Pavilhão Municipal de Albufeira e Galeria Municipal Pintor Samora Barros) e telefónica. Apesar da votação ter ficado concluída no final de junho, só agora foi possível aceder aos resultados finais por dificuldades que se prenderam com a contabilização dos votos telefónicos ALGARVE INFORMATIVO #176
repetidos, por força da Lei de Proteção de Dados. Refira-se que, de acordo com as normas de implementação do OP, está previsto que a votação telefónica seja realizada através da atribuição de um número telefónico a cada projeto, sendo apurado um único voto por número de telefone ou telemóvel, situação que obriga a aceder ao ficheiro integral da Operadora Telefónica para efeitos de apuramento dos votos válidos. Assim, no que se refere à votação presencial do total de 533 votos apurados, 27 foram invalidados por se tratar de votos nulos ou em branco. Relativamente à votação telefónica, foram contabilizados 658 votos válidos. No total das duas formas de votação foram registados mil e 164 votos, distribuídos por 12 projetos. O Parque Infantil Temático na Guia (Projeto N.º 6), orçamentado em 250 mil euros, 126
recolheu 653 votos, o que corresponde a 56.1 por cento da votação válida. Nesta quinta edição do OP, a Câmara Municipal de Albufeira elegeu com tema central «a Arte no Espaço Público», com o objetivo de compatibilizar diversas expressões artísticas com os diferentes usos dos edifícios, equipamentos e espaços municipais, com vista a transformá-los em zonas mais atrativas. A vereadora responsável pelo pelouro da Cidadania e Orçamento Participativo, Ana Pífaro, destaca que “os temas escolhidos anualmente são bastante abrangentes e atuais, conseguindo atrair e suscitar a participação ativa dos cidadãos no âmbito das decisões que implicam com o desenvolvimento do concelho”, acrescentando que também a verba destinada aos projetos OP tem vindo a aumentar, “permitindo uma maior exequibilidade das ideias dos proponentes, bem como a sua distribuição por mais do que um projeto vencedor, conforme aconteceu nas edições de 2016 e 2017”. Em cinco anos de OP foram eleitos um total de sete projetos, distribuídos pelas diferentes freguesias do concelho (à exceção da freguesia de Paderne que, apesar de ser uma das mais participativas, as suas propostas ainda não conseguiram o consenso na fase de votação). Até à data foram apresentadas 192 propostas, destacando-se Albufeira (54) e Paderne (58) como os locais cujas sessões foram mais concorridas. A título de balanço, Ana Pífaro afirma que ”foi retomada a tendência de crescimento verificada entre a segunda e terceira edição, sendo que, em 2019, foram recebidas mais duas propostas em relação ao ano anterior”. Sublinhou igualmente nesta última edição, 127
o aumento da votação presencial, “graças a uma sólida votação na urna instalada na Junta de Freguesia da Guia”, bem como uma maior aproximação entre as duas formas de votação, enquanto nas quatro edições anteriores a votação telefónica foi a mais utilizada. Relativamente às obras no âmbito dos projetos OP, recorde-se que o Centro de Bem Estar Animal (projeto vencedor da edição de 2015) foi inaugurado em dezembro de 2016, estando em pleno funcionamento. No que respeita à edição de 2016, dos dois projetos mais votados, encontra-se concluída e inaugurada a obra de Reabilitação da Zona de Recreio da Escola Básica N.º 1 de Albufeira e em fase de conclusão a obra de Requalificação do Polidesportivo da Guia (cujo projeto teve que ser revisto e adaptado ao longo dos últimos anos). Em relação a 2017, já foram executados os Parques Lúdicos de Vale Navio e Falésia, bem como a Requalificação da Estrada dos Salgados, prevendo-se que as obras sejam inauguradas até ao final do ano. Entretanto, os serviços municipais competentes estão a desenvolver todos os esforços com vista à conclusão do processo e respetivo procedimento concursal destinado à requalificação da zona envolvente a Norte do Complexo Desportivo de Ferreiras (projeto vencedor da edição de 2018). Nos próximos meses, a Autarquia de Albufeira irá dar andamento ao processo referente ao Parque Infantil Temático da Guia (projeto vencedor da edição de 2019) para que a obra possa estar concluída e inaugurada até ao final de 2020 . ALGARVE INFORMATIVO #176
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ALBUFEIRA É UM DOS MELHORES MUNICÍPIOS PARA VIVER
Município de Albufeira recebeu, no dia 16 de outubro, o galardão de «Melhor Município para Viver», na categoria Social, com o programa «Autarquia + Segura». A cerimónia de entrega de prémios da edição de 2018 do concurso «Os Melhores Municípios para Viver – M2V» teve lugar no Madan Parque Parque de Ciência e Tecnologia, em Almada, numa iniciativa do Instituto de Tecnologia Comportamental (INTEC) que distingue, desde 2008, os melhores projetos nos domínios do Ambiente, da Economia e do Social. O programa «Autarquia + Segura» foi implementado no Município de Albufeira em outubro de 2017 e consistiu na instalação de 11 desfibrilhadores automáticos na via pública e outros dois em veículos, bem como na formação em Suporte Básico de Vida (SBV) e Desfibrilhação Automática Externa (DAE) de 170 pessoas, entre civis, funcionários ALGARVE INFORMATIVO #176
municipais e elementos da GNR e dos Bombeiros Voluntários. “O Programa de Desfibrilhação Automática Externa de natureza comunitária que instalámos no concelho é inovador e pioneiro a nível nacional e internacional, não existindo nenhum sistema que tenha cabines na via pública com abertura remota e com ativação do GSM dos socorristas”, explica o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo. Os equipamentos DAE estão em cabines especialmente preparadas para o efeito e sinalizadas, junto a edifícios âncora, como são algumas estruturas municipais, e em locais com grande afluência de pessoas. “Com o programa «Autarquia + Segura» pretendemos contribuir para o sucesso da cadeia de sobrevivência em Portugal, nomeadamente nas situações de socorro a uma vítima de paragem cardiorrespiratória. Nesta matéria, o Município de Albufeira assume uma postura de pro-atividade face à defesa da vida humana”, reforça José Carlos Rolo. “A segurança é cada vez mais um fator decisivo no setor turístico. Este programa vem reforçar o sentimento de segurança de quem nos visita, que certamente se sentirá mais protegido no que se refere a uma possível ocorrência de doença súbita. Somos hoje um município mais seguro”, garantiu ainda o edil albufeirense .
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MUNICÍPIO DE ALCOUTIM QUER MELHORAR EVENTOS TRANSFRONTEIRIÇOS Município de Alcoutim, representado pelo seu presidente Osvaldo Dos Santos Gonçalves, pelo vice-presidente Paulo Cavaco Paulino e pelo técnico de Turismo Júlio Cardoso, participou, no dia 17 de outubro, em Sanlúcar de Guadiana, numa reunião com a Diputacion de Huelva, Patronato Provincial de Turismo de Huelva, Mancomunidad de Beturia e Ayuntamiento de Sanlúcar, com o objetivo de apoiar e implementar um conjunto de projetos transfronteiriços que necessitam de apoio financeiro, nomeadamente o Festival do Contrabando, procurando criar mais condições para os eventos conjuntos entre o Município de Alcoutim e o Ayuntamiento de Sanlúcar de Guadiana. Presentes na discussão de soluções estiveram José Maria Pérez Alcalde de Sanlúcar de Guadiana, Imaculada Montes Vereadora de Urbanismo e Patrimônio, contando também com a presença de 129
Maria Eugenia Limão, Vice-Presidente da Excma. Diputación de Huelva, Daniel Navarro gerente do Patronato de Turismo de Huelva, Loli Ruiz e Paco Santana, presidente e gerente da Mancomunidad de Municipio de Beturia. A realização de eventos transfronteiriços integra-se numa estratégia de desenvolvimento turístico do concelho de Alcoutim, onde o Festival do Contrabando se assume como um evento de referência e com expressão regional que assenta no critério de diferenciação e que se pretende como evento âncora no programa cultural da região e, desta forma, impulsionar o turismo e o desenvolvimento económico através da promoção do património natural, histórico, gastronómico e cultural. Os representantes das diferentes instituições destaparam várias propostas de ajuda, nas quais se trabalhará nos meses que sucedem . ALGARVE INFORMATIVO #176
ATUALIDADE
ALBUFEIRA DISPONIBILIZA INTERNET GRATUITA NO CENTRO HISTÓRICO E ZONAS DE MAIOR AFLUÊNCIA TURÍSTICA lbufeira Online» é o nome do projeto que o Município de Albufeira está a desenvolver, com vista a dotar o centro histórico da cidade e as zonas de maior afluência turística do concelho de acesso gratuito à internet, através da instalação de um conjunto de infraestruturas que visam disponibilizar sinal wifi de qualidade com capacidade de resposta, nomeadamente nos picos máximos de utilização do espaço público. Trata-se de uma aplicação móvel que inclui um travel planner, ferramenta que permite ao turista organizar e personalizar as suas férias no destino, de acordo com o tipo de experiência que deseja realizar. Com esta iniciativa, a Autarquia pretende criar novas formas de interação com residentes e turistas, disponibilizando um canal de comunicação online, acessível e com informação especializada, um projeto inovador de promoção turística, modernização do acesso à informação e simplificação dos serviços disponibilizados. A solução contempla uma aplicação móvel que integra um conjunto alargado de informações com interesse turístico (atrações, eventos, museus, praias, alojamento, restauração, rede de transportes, serviços, entre outras), que visam melhorar a experiência do visitante antes, durante e após a sua estada. Tratase de uma aplicação user friendly, baseada numa lógica de navegação fácil e intuitiva,
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que permite ao utilizador obter a informação pretendida com um mínimo de cliques. Caracteriza-se por ser multiplataforma, podendo ser utilizada por todos os sistemas operativos: IOS, Android e Windows. Disponível em diversos idiomas, a APP encontra-se integrada com o Sistema de Gestão de Conteúdos do site de promoção turística «Visit Albufeira», o que permite ter a informação sempre atualizada e acessível de forma automática. Paralelamente, tem associado um sistema de georreferenciação, que disponibiliza um mapa interativo com a localização de pontos turísticos, serviços e infraestruturas turísticas do concelho, incluindo a funcionalidade de realidade aumentada para recolha de informações através da utilização de smartphone. O utilizador tem ainda à sua disposição um formulário para envio de informações ou apresentação de sugestões, tendo a possibilidade de deixar o seu endereço de email para futuro contacto. O presidente da Câmara Municipal de Albufeira sublinha que, “na era do digital, o acesso rápido e simples a conteúdos informativos relevantes é condição essencial na tomada de decisão, quer no que se refere à escolha e organização da visita turística quer no que respeita à criação de condições mais favoráveis ao surgimento de novos negócios”. José Carlos Rolo acrescenta que, sendo
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Albufeira um município que reúne cerca de 40 por cento da oferta turística do Algarve, o que representa aproximadamente seis milhões de dormidas por ano, “a solução é pertinente, inovadora e contribui para potenciar a atividade turística e a economia do concelho na sua globalidade”. O Município definiu como zonas prioritárias para instalação dos equipamentos de acesso gratuito à internet os locais que ao longo de todo o ano acolhem um maior número de visitantes, nomeadamente a Praça da República, no centro histórico, Igreja de Sant`Ana, Galeria de Arte Pintor Samora Barros, Largo Eng.º Duarte Pacheco, Praça dos Pescadores, Praia dos Pescadores, Olhos de Água e Castelo de Paderne. O projeto denominado «Albufeira Online» tem um investimento total de 178 mil e
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753,98 euros, tendo recebido uma comparticipação do Turismo de Portugal no valor de 50 mil euros, na sequência da candidatura apresentada à Linha de Apoio à Disponibilização de Redes Wifi do Programa Valorizar – Programa de Apoio à Valorização e Qualificação do Destino. A aplicação permite agregar conteúdos de diversas redes sociais a nível mundial, que serão disponibilizados na página oficial da Autarquia. A solução integra ainda um sistema de recolha de estatísticas de visitantes, nomeadamente por nacionalidade, páginas mais visitadas, entre outros itens, gerando relatórios, cuja informação irá contribuir para uma melhor gestão da cidade e dos seus recursos, numa visão alinhada com o projeto smart cities .
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TREINADOR ALCOUTENEJO LEVOU SELEÇÃO FEMININA DE FUTSAL AO OURO NOS JOGOS OLÍMPICOS DA JUVENTUDE ortugal sagrou-se campeão olímpico jovem na modalidade de Futsal feminino, com o técnico Luís Conceição, natural de Martim Longo, a orientar a equipa portuguesa de futsal ao longo de uma caminhada que terminou, no dia 17 de outubro, com a vitória por 4-1 no jogo contra o Japão, na final dos Jogos Olímpicos da Juventude, disputados em Buenos Aires, capital da Argentina. A formação das quinas
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terminou o torneio invicta, somando vitórias nos cinco encontros disputados, depois de, na fase de grupos, ter derrotado o Chile (15-2), a República Dominicana (14-0), os Camarões (6-0) e o Japão (2-0) e de, nas meias-finais, ter eliminado a Bolívia por 16-2. Luís Conceição licenciou-se em Educação Física e Desporto, em 1999, no Instituto Superior Dom Afonso III, em Loulé. Iniciou a sua atividade como professor em 2003, lecionando em Vila
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do Bispo, Vila Real de Santo António e Alcoutim. Iniciou o seu percurso como treinador na aldeia de Martim Longo, orientando durante 12 épocas a equipa local dos Inter-Vivos, onde conquistou vários títulos a nível distrital. Em 2011 assumiu funções como Selecionador e coordenador Distrital de futsal da Associação de Futebol do Algarve, cargo que ocupou durante quatro temporadas, nos mais diversos escalões jovens. Posteriormente, liderou as equipas algarvias do Desportivo Sapalense Clube e Louletano Desportos Clube. Iniciou funções na Federação Portuguesa de Futebol, em 2014, como Selecionador Nacional de futsal feminino, cargo que mantém até ao momento, tendo levado a Equipa das Quinas à conquista de vários títulos. Recebeu diversos galardões individuais, entre os quais o prémio «Cândido de Oliveira» atribuído pela ANTF, na época 2013/14, como treinador de formação no futsal feminino.
O Município de Alcoutim já felicitou Luís Conceição, que exerce o cargo de Vereador, pelo brilhante resultado obtido na competição, pelo esforço e empenho do treinador da seleção nas suas atividades desportivas e por levar o nome de Alcoutim a todo o mundo. “Temos um concelho extraordinário a vários níveis e a conquista de uma medalha de ouro por um alcoutenejo, num evento de dimensão internacional, honra e representa o concelho ao mais alto nível. É uma conquista que demostra a capacidade de resiliência e determinação das nossas gentes e é uma clara forma de motivar outros para que prossigam o seus trabalhos em prole do concelho com a persistência, o caráter e o espírito guerreiro que os caracteriza”, refere o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo dos Santos Gonçalves .
AUTARQUIA DE CASTRO MARIM QUER REPINTAR SINALIZAÇÃO HORIZONTAL DE VÁRIAS ESTRADAS MUNICIPAIS Câmara Municipal de Castro Marim vai abrir concurso público para a adjudicação da empreitada de repintura de sinalização horizontal nas estradas municipais nos 505 (IC27 – Furnazinhas – limite do concelho), 512 (IC27 – Alta Mora – limite do concelho), 1063 (passagem pela Foz de Odeleite limite do concelho) e na Avenida de Castro Marim. Com esta empreitada, avaliada em 20 mil euros, a autarquia pretende
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melhorar as condições de segurança e assegurar melhores condições de circulação para os automobilistas. O investimento está integrado na política de requalificação urbana deste município, que tem vindo a melhorar as acessibilidades e rede de drenagem de águas residuais pluviais em todo o concelho. Em desenvolvimento estão também os concursos das empreitadas de arruamentos em Odeleite e no Azinhal . ALGARVE INFORMATIVO #176
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«LAGOA - TERRA DE CAMPEÕES» DISTINGUIU 280 ATLETAS NA GALA DO DESPORTO Centro de Congressos do Arade acolheu, no dia 6 de outubro, mais uma Gala do Desporto de Lagoa, durante a qual o executivo liderado por Francisco Martins distinguiu 280 atletas, “um número verdadeiramente impressionante, se tivermos em linha de conta que os premiados correspondem a quase 20 por cento do total dos atletas federados do concelho”, referiu o Vice-Presidente Luís Encarnação. “Ainda mais notável, sem dúvida, é o facto de registarmos ALGARVE INFORMATIVO #176
campeões em aproximadamente 60 por cento das cerca de 15 modalidade desportivas praticadas no concelho e distinguirmos com o galardão máximo, Grau Ouro, 71 atletas”, acrescentou. A homenagem de distinção aos atletas e técnicos que mais se destacaram ao longo da anterior época desportiva regressou ao concelho no ano em que Lagoa se afirma como «Cidade Educadora». “Promover o desenvolvimento dos cidadãos, reconhecer o mérito e estimular 134
desempenhos de excelência são valores fundamentais das sociedades modernas, que se encontram plasmados nos princípios da Carta das Cidades Educadoras que Lagoa subscreveu, precisamente, no início deste ano”, recordou o discurso de Francisco Martins. Os 280 atletas, campeões regionais e nacionais, campeã mundial, campeões regionais e nacionais do Desporto Escolar, participantes em provas internacionais de relevo e representantes das respetivas seleções nacionais, foram distinguidos com o Grau Ouro e Mérito Desportivo Municipal em função dos feitos alcançados, de acordo com o Regulamento Municipal em vigor. Este evento cumpre a missão de estimular e criar condições para a prática generalizada da atividade física e desportiva (iniciativa que se integra no âmbito do «Desporto para Todos» - I Eixo da Estratégia de Desenvolvimento Desportivo do concelho). O Vice-presidente da edilidade fez questão de recordar que, “em Lagoa, o Desporto Competição representa o II Eixo da sua Estratégia de Desenvolvimento Desportivo” e que espera que esta distinção possa servir de exemplo para os mais jovens que estão a iniciar o seu percurso desportivo. O caminho trilhado nesta área foi já reconhecido como «boa prática» por parte da Direção Geral de Saúde e da Faculdade de Motricidade Humana que, através do Plano Global para a Promoção da Atividade Física (inspirado no Programa Nacional 135
para a Atividade Física da Organização Mundial de Saúde), selecionou os municípios de Lagoa e Loulé como parceiros na região do Algarve. A Gala, que intervalou as homenagens aos atletas e técnicos com momentos musicais e culturais de jovens artistas do concelho, encheu por completo o Centro de Congressos do Arade, com cerca de mil espetadores. Francisco Martins deixou os seus votos de agradecimento e reconhecimento em nome de todo o Município aos clubes e associações desportivas, dirigentes, técnicos e familiares presentes que, todos os dias, desenvolvem um trabalho meritório e lutam por se superar .
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LAGOS JÁ É CIDADE EDUCADORA Município de Lagos aderiu recentemente à Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE), passando a integrar também a Rede Territorial Portuguesa de Cidades Educadoras, organismos que promovem a troca e partilha de experiências, no âmbito da educação não formal em toda a sua abrangência, e que entendem a cidade como um espaço de oferta de importantes elementos para uma formação integral do indivíduo. O Movimento Cidades Educadoras foi iniciado em 1990, conta com mais de 300 municípios distribuídos por mais de 30 países dos cinco continentes e tem como principal objetivo sensibilizar para o desenvolvimento de políticas concertadas nos diversos níveis de atuação do poder ALGARVE INFORMATIVO #176
local. Portugal conta já com 70 municípios associados, sendo agora Lagos um deles. O conceito de Cidade Educadora tem na sua génese a ideia de que educar é uma responsabilidade de toda a sociedade, e de que a Educação não se deve centrar exclusivamente na Escola, sendo um direito de todos e ao longo de toda a vida. De acordo com a Carta das Cidades Educadoras (AICE, 2004): «Todos os habitantes de uma cidade terão o direito de desfrutar, em condições de liberdade e igualdade, os meios e oportunidades de formação, entretenimento e desenvolvimento pessoal que ela lhes oferece». Lagos como Município Educador implica uma visão e ações coerentes, a nível dos espaços e dos serviços autárquicos. Neste sentido, esta visão 136
pressupõe uma intervenção convergente, a nível dos equipamentos sociais e culturais, e em alguns domínios como as acessibilidades, ambiente, património cultural construído, condições de base para o desenvolvimento económico, entre outros. Refira-se, a este propósito, que duas das principais atividades organizadas pela Câmara Municipal de Lagos já integram alguns dos princípios da Carta das Cidades Educadoras, nomeadamente o projeto «Saúde em Movimento» e a iniciativa «Viv´O Mercado».
Segundo a AICE, as vantagens do Município de Lagos ao integrar esta Rede são o aceder a um conhecimento aprofundado de projetos estruturantes em áreas fundamentais do desenvolvimento, avaliando os aspetos positivos e negativos da sua implementação e concretização, adquirindo saberes para a antecipação e resolução de problemas que são comuns aos diversos municípios, para a ampla divulgação de projetos pioneiros para que outras cidades ou regiões possam beneficiar com esse conhecimento .
LAGOS VAI ADERIR À ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS PORTUGUESES DO VINHO alorizar a produção vitivinícola lacobrigense, incrementar o espírito associativo e o trabalho em rede no setor e promover a economia em volta do vinho, estabelecendo parcerias entre diferentes setores económicos, nomeadamente com o turismo, são os propósitos da decisão da Câmara Municipal de Lagos de aderir à Associação de Municípios Portugueses do Vinho (A.M.P.V.). No debate que antecedeu a deliberação, Maria Joaquina Matos, presidente do Município, relembrou a mais-valia que representa a geminação com Torres Vedras, a capital portuguesa do vinho, salientando que, apesar de em Lagos não existirem tantos produtores como naquele concelho, os mesmos, neste contexto de cooperação institucional intermunicipal, que puderem agarrar esta oportunidade de, com a ajuda do Município de Torres Vedras, dar um 137
contributo acrescido à promoção da produção vitivinícola do concelho, serão muito bem-vindos. A apresentação da proposta de adesão foi consolidada após a realização de uma reunião com os produtores de vinho sedeados no concelho de Lagos e registados na Comissão Vitivinícola do Algarve com vinhos de Indicação Geográfico Protegida (IGP) e Denominação de Origem Controlada (DOC). Dessa reunião terá ficado demonstrado o interesse dos produtores presentes em participar ativamente nas ações a desenvolver, tendo existido o compromisso mútuo de se organizar uma Prova de Vinhos, assim como outras iniciativas que contribuam para a valorização do vinho produzido em Lagos, designadamente ações de sensibilização junto dos distribuidores .
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PORTIMÃO UNE ESFORÇOS COM 136 CIDADES INTERNACIONAIS PARA PROMOVER CIDADES MAIS INCLUSIVAS E ACOLHEDORAS os dias 9 e 10 de outubro, o Município de Portimão participou no 1.º Laboratório de Políticas de Inclusão («Policy Lab») uma conferência dinamizada pela Rede Portuguesa das Cidades Interculturais (RPCI), da qual faz parte, e que teve lugar pela primeira vez em Portugal, com vista a criar um fórum de discussão para debater ALGARVE INFORMATIVO #176
questões identificadas pelo Conselho da Europa e pelos municípios integrantes da Rede como essenciais aos direitos humanos e que melhorarão a forma como o país acolhe e integra migrantes e refugiados. O Laboratório de Políticas de Integração surge no sentido de promover a multi-governança nas áreas de competência partilhadas pelos 138
diferentes níveis, com vista a implementar uma plataforma que promova o diálogo robusto e permanente entre os decisores políticos a nível nacional e local sobre o tema da integração de migrantes e refugiados. Durante dois dias de conferências e workshops estiveram sentados à mesma mesa legisladores, governo e representantes de cidades para debater a aplicação da legislação referente à inclusão de pessoas migrantes, refugiadas e de minorias étnicas, tendo sido promovido o diálogo entre as diferentes partes intervenientes com vista à adaptação das práticas de inclusão na sociedade portuguesa. De entre os temas em discussão destaca-se a Regularização do Trabalho, Saúde, Educação, Habitação e Participação Cívica, no contexto da interculturalidade. A curtomédio prazo será criada uma task force que mantenha este diálogo ativo e implemente medidas relevantes para uma sociedade mais solidária e uma referência nas questões da diversidade e da inclusão. Nos últimos anos, o Município de Portimão tem vindo a apostar numa política de inclusão para «bem» acolher, assumindo-se cada vez mais como uma cidade tolerante e solidária para com os migrantes de 70 nacionalidades diferentes que ali vivem e trabalham. Recorde-se que o CLAIM de Portimão abriu portas a 20 de abril de 2016 e foi o primeiro a nível nacional a adotar esta nomenclatura, substituindo a antiga designação CLAII (Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes), e passando a fazer parte da rede CLAIM em Portugal. Após dois anos, é cada vez mais um espaço de acolhimento, informação e apoio aos migrantes que ali encontram soluções para
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os obstáculos a ultrapassar numa adaptação a uma nova vida. Muito para além da informação que presta, o CLAIM dá apoio em todo o processo de acolhimento e integração dos migrantes articulando com as diversas estruturas locais e promovendo a interculturalidade a nível local. A sua ação contribui ativamente para a integração social, educacional e profissional dos migrantes, não só através de todo o acolhimento que presta a pessoas refugiadas, mentoria, encaminhamento e acompanhamento de migrantes no mercado de trabalho e acompanhamento personalizado em serviços no Instituto de Emprego e Formação Profissional, como também a dinamização de um conjunto de atividades interculturais com vista a promover a partilha de experiências e o convívio entre as várias comunidades migrantes, estimulando o diálogo entre as diversas culturas e sensibilizando todos os cidadãos para a importância da construção de uma sociedade mais justa, igualitária e intercultural. Destaque ainda para diversas atividades que têm vindo a ser dinamizadas, como é o caso da Semana Intercultural de Portimão ou o Projeto de Acolhimento e de Integração de Requerentes de Proteção Internacional Recolocados, por via do qual o Município promoveu a integração social, educacional e profissional, apoiando, acompanhando e incentivando os Requerentes de Proteção Internacional Recolocados, nacionais da Eritreia, da Síria, do Iraque, aquando da sua chegada a Portimão .
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SÃO BRÁS DE ALPORTEL LANÇA NOVA EDIÇÃO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO COM 70 MIL EUROS PARA O PROJETO VENCEDOR ob o lema «As suas ideias dão Futuro», o Município de São Brás de Alportel tem em curso mais uma edição do Orçamento Participativo que terá 70 mil euros disponíveis para concretizar uma proposta apresentada pelos munícipes. Deste modo, decorre até ao final do mês de outubro o período de apresentação de propostas/projetos por parte dos munícipes, que poderão utilizar formulários próprios ou preenchimento online. Depois de analisadas as propostas, verificando-se a sua exequibilidade e interesse para a comunidade, estas serão colocadas a votação durante a segunda quinzena de novembro, sendo a proposta vencedora anunciada em dezembro. O projeto mais votado será incluído no Orçamento Municipal de 2019 e virá a ser ALGARVE INFORMATIVO #176
uma realidade. Envolver a comunidade na vida e no futuro do concelho de São Brás de Alportel é o objetivo deste instrumento de gestão pública participada que a autarquia iniciou em 2006 e os são-brasenses têm mostrado a sua capacidade para pensar o concelho com muitas propostas e ajudado o executivo nas suas decisões. A concretização do Parque Roberto Nobre, o Espaço Desportivo do Jardim Carrera Viegas, a Praça da República, o Parque das Amendoeiras, a Reabilitação da Entrada Nascente e até o Skate Parque nasceram justamente de propostas apresentadas ou defendidas pelos munícipes nos Orçamentos Participativos que há uma dúzia de anos trouxeram para a rua o processo de elaboração do orçamento . 140
GRUPO PESTANA INICIA CONSTRUÇÃO DE POUSADA DE PORTUGAL EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO grupo Pestana vai dar início à construção da Pousada de Vila Real de Santo António, que ficará sediada em quatro imóveis de interesse histórico – propriedade do município e da empresa municipal Sociedade de Gestão Urbana – e contará com 57 quartos, dispondo ainda de restaurante e sala de eventos. O conceito hoteleiro do projeto está alicerçado na história de Vila Real de Santo António, criando um novo segmento turístico baseado no património e na cultura local. O investimento privado do Grupo Pestana, responsável pela gestão da rede nacional de pousadas, está cifrado em três milhões de euros e deverá gerar 30 postos de trabalho. Prevê-se que as obras de reabilitação e transformação dos edifícios, localizados na Praça Marquês de Pombal, tenham a duração de cerca de um ano. Esta operação faz também parte da
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estratégia de recuperação do conjunto edificado da cidade e contribuirá fortemente para a sua notoriedade, promovendo a diferenciação do destino através de um turismo de qualidade superior e cultural. No Algarve, o Pestana Hotel Group conta já com 16 unidades hoteleiras: 13 Pestana Hotels & Resorts e três Pousadas de Portugal (Palácio de Estoi, em Faro, Fortaleza de Sagres e Convento de Tavira). Recorde-se que o Centro Histórico de Vila Real de Santo António constitui, na atualidade, um excelente exemplo da arquitetura e do urbanismo do século XVIII e possui um Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino, o que levou à constituição da primeira Área de Reabilitação Urbana (ARU) do país e à implementação do primeiro programa Jessica a sul do Tejo .
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