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ALGARVE INFORMATIVO 3 de novembro, 2018

JOÃO FRADE TEM DISCO NOVO «ALGARVE DESVENDADO» COM MUITO HUMOR| CAROLINA DESLANDES| MIGNA MALA ENCONTRO INTERNACIONAL DE ARTE E COMUNIDADE RUMA A FAROALGARVE | II LUZA FESTIVAL 1 INFORMATIVO #178


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CONTEÚDOS #178 3 DE NOVEMBRO 2018

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ARTIGOS

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12 - Dia de Lagos 24 - II LUZA Festival 42 - The Campus 50 - João Frade 60 - Migna Mala 70 - «Algarve Desvendado» 82 - MEXE 92 - Carolina Deslandes 116 - Atualidade 82

OPINIÃO 100 - Paulo Cunha 102 - Mirian Tavares 104 - Adília César 106 - Ana Isabel Soares 108 - Fábio Jesuíno 110 - Antónia Correia 112 - Nuno Miguel Silva ALGARVE INFORMATIVO #178

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REPORTAGEM

MUNICÍPIO DE LAGOS HOMENAGEOU UM DIOGO MARREIROS EM LÁGRIMAS E UMA GLÓRIA MARREIROS SEMPRE IRREVERENTE Texto:

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á diz Pedro Abrunhosa que “um homem também chora quando assim tem que ser” e, para Diogo Marreiros, não houve mesmo volta a dar à questão na tarde de 27 de outubro. Em 2018, o lacobrigense sagrouse Vice-Campeão do Mundo de Patinagem de Estrada 10 quilómetros pontos, na ALGARVE INFORMATIVO #178

Holanda, e Vice-Campeão da Europa, também em Patinagem de Velocidade 10 quilómetros pontos, na Bélgica, mas são muitos mais os títulos nacionais e internacionais que o jovem atleta possui no seu riquíssimo palmarés. Por esse feito foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Municipal – Grau Prata nas comemorações de mais um Dia do Município do Lagos e foi com um sorriso 12


Maria Joaquina Matos, presidente da Câmara Municipal de Lagos largo nos lábios que subiu ao palco do Auditório Duval Pestana do Centro Cultural de Lagos. De sorrisos nos lábios recebeu a medalha e o ramo de flores e com pose confiante tirou as fotografias da praxe. Até aí tudo bem. O pior foi quando Diogo Marreiros se deslocou ao púlpito para dizer algumas palavras. Minutos antes todos tínhamos assistido a um breve filme com imagens dos seus sucessos, mas também com os testemunhos, sentidos e honestos, dos pais, do treinador e de alguns dos seus colegas do Roller Lagos Clube de Patinagem. E quando os teve pela frente, olhos nos olhos, as emoções falaram mais alto… e Diogo Marreiros não conseguiu conter as lágrimas, recordando todos os 13

sacrifícios do passado e do presente para conseguir alcançar tão elevados feitos desportivos. Por entre os muitos aplausos da assistência e várias pausas a respirar fundo para controlar as emoções, o lacobrigense mostrou, em escassos minutos, a sua tremenda humildade e a enorme paixão que sente por este desporto. Diogo Marreiros agradeceu aos pais por sempre lhe terem permitido fazer aquilo que realmente o faz feliz, praticar um desporto que, diga-se em abono da verdade, não é dos mais mediáticos em Portugal. Agradeceu ao treinador Paulo Batista, que tem estado ao seu lado praticamente desde miúdo, com quem cresceu enquanto atleta, mas também ALGARVE INFORMATIVO #178


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Paulo Morgado, Presidente da Assembleia Municipal de Lagos como homem e ser humano. Agradeceu aos colegas do clube e à namorada por todo o incentivo que lhe dão no dia-a-dia. E só assim tem sido possível mostrar, além-fronteiras, que Portugal não é só futebol e que, nas restantes modalidades, os portugueses não são nenhuns coitadinhos e que têm todas as condições para vencerem. Por isso, antes de terminar, prometeu lutar pelo título de Campeão do Mundo. Mais contida nas lágrimas, porque a idade é um posto, esteve Glória Marreiros, a «Glorinha» para os amigos, a quem foi atribuída a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro. Militante cívica e política, defensora da valorização e do reconhecimento do papel da mulher na sociedade, investigadora nas áreas da Psicologia Infantil, da Etnologia, da 15

Museologia Social e da História Local, escritora e autora de uma vasta e diversificada obra publicada, Glória Marreiros é uma referência da geração que combateu a ditadura, fez a revolução e ajudou a construir um Portugal democrático e moderno, abraçando várias atividades, todas com assinalável sucesso. E, quase a completar os 90 anos de idade, ainda conserva toda a sua fibra, como se assistiu na Sessão Solene, em que não teve qualquer pudor em quebrar o protocolo e contar alguns episódios da sua vivência em Lagos. As comemorações do Dia do Município desenrolaram-se, este ano, de 26 a 28 de outubro, sendo a primeira iniciativa oficial a receção à Comitiva de Ksar El Kebir (Alcácer Quibir) e a formalização ALGARVE INFORMATIVO #178


do Acordo de Geminação entre as duas edilidades. A comitiva marroquina foi recebida no Auditório dos Paços do Concelho Séc. XXI, no dia 26, depois de uma delegação lacobrigense liderada pela presidente da Câmara Municipal de Lagos, Maria Joaquina Matos, ter feito o percurso inverso no início do ano. Este Acordo de Geminação tem como objetivo principal o desenvolvimento de vínculos permanentes entre ambos os Municípios, conducentes ao aprofundamento do conhecimento das identidades culturais locais, em termos de tradições, costumes, memória histórica e património, ao intercâmbio de atividades e eventos culturais, patrimoniais e artísticos e à participação conjunta em projetos de interesse comum. À noite, Paulo de Carvalho trouxe ao palco do Centro Cultural de Lagos o espetáculo «Informal» e o programa prosseguiu, já na manhã do dia 27, feriado municipal, com a tradicional Cerimónia de Hastear das Bandeiras, com hinos executados pela Banda da Sociedade ALGARVE INFORMATIVO #178

Filarmónica Lacobrigense 1.º de Maio, na Praça Gil Eanes. A manhã continuou com as Festas Religiosas de São Gonçalo de Lagos, com uma Missa Campal e a Procissão em Honra do Santo Padroeiro e, depois do almoço, o Centro Cultural de Lagos voltou a acolher a habitual Sessão Solene. Um ato em que, conforme evidenciou Paulo Morgado, presidente da Assembleia Municipal de Lagos, estiveram presentes representantes de Espanha, Marrocos e Cabo Verde, para além do presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares. “Lagos sempre foi uma terra de encontros. Por aqui passaram muitas civilizações e daqui partiram as nossas gentes para percorrerem todo o mundo. Estes feriados municipais servem também para estes encontros de culturas, para celebrarmos os direitos humanos, a tolerância, o olhar o diferente de uma forma sem medo, o termos a capacidade de aprender com o outro”, considerou Paulo Morgado. 16


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Para o atual presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, as sociedades só se conseguem desenvolver se tiverem uma perspetiva de partilha e de buscar sempre a felicidade. “A cultura somos nós que a fazemos, são as relações humanas que vamos construindo e passando às gerações que se seguem. A cultura não é mais do que este encontro de pessoas, esta partilha de saberes e fazeres”, defendeu o presidente da Assembleia Municipal de Lagos, lembrando que Lagos, e Portugal, estão numa fase de crescimento e desenvolvimento económico e que devem continuar a investir na cultura, “nas pessoas que se destacam e merecem reconhecimento por produzirem obras belas, por serem capazes de escrever, de tocar, de representar, até de ter ALGARVE INFORMATIVO #178

performances desportivas que sobressaem”. “Olharmos para os nossos melhores e reconhecermos aquilo que eles fizeram em prol da comunidade é um dever dos autarcas”, concluiu Paulo Morgado, antes de passar a palavra a Maria Joaquina Matos, que agradeceu a presença dos representantes dos municípios com quem Lagos tem vindo a estabelecer acordos de geminação no passado recente. “Simbolizam os tempos da história partilhada, sobretudo na época dos Descobrimentos Portugueses e são hoje a concretização do querer das nossas populações por uma política de aproximação, colaboração e amizade que consideramos os pilares para o convívio entre os povos”, referiu a edil lacobrigense. 18


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No seu discurso, Maria Joaquina Matos mostrou-se preocupada com “as manifestações, gestos e atitudes de populismo, de rejeição do outro porque é diferente e, por isso, é ameaçador, do incentivo à xenofobia, ao racismo e ao ódio entre os povos”, que têm vindo a crescer no continente europeu. “Numa altura em que nos regozijamos por Lagos estar a atravessar um momento de estabilidade e de equilíbrio financeiro, há o compromisso de retomar e fortalecer projetos já encetados no passado, nomeadamente em matérias como a cooperação com outros municípios, mas também de investir no relançamento de ALGARVE INFORMATIVO #178

Lagos enquanto município de excelência, perspetivando investimentos estratégicos que venham ao encontro das necessidades da população local, mas que contribuam também para estimular o setor do turismo”, salientou a autarca. “Queremos consolidar-nos como concelho de diferenciação e de autenticidade, continuando a afirmar a marca de «Lagos dos Descobrimentos» e apostando em estratégias promotoras do nosso desenvolvimento económico, ambiental e cultural”, finalizou a presidente da Câmara Municipal de Lagos . 20


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REPORTAGEM

LUZA FESTIVAL VOLTOU A ILUMINAR CÉUS DE LOULÉ Texto:

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cidade de Loulé recebeu a segunda edição do LUZA Festival – Algarve Internacional Festival of Light, de 1 a 3 de novembro, este ano com muitas novidades, uma maior aposta na interatividade com o público e uma mensagem forte em termos dos problemas ambientais. A produção do ByBeau Studio e da Eventors’Lab voltou a contar com o apoio da Câmara Municipal de Loulé e teve a chancela do «365 Algarve», com o intuito de consolidar-se como um dos eventos que integram o circuito de festivais de luz da Europa. O LUZA aposta em diversos formatos (exposições, instalações, performances, conferências, workshops) que primam pela inovação, criatividade e arrojo no que concerne ao universo da luz e das suas múltiplas aplicações e potencialidades. De entre as novidades nesta edição contou-se o LUZA Kids - Lumo meets Precious Plastic, iniciativa que aconteceu nos serviços educativos do Museu Municipal, dirigida às escolas e também ao público em geral, que procurou mostrar a transformação de peças de plástico em peças artísticas. Os pequenos participantes foram convidados a trazer um objeto em plástico que seria reciclado e, em conjunto com todas peças recicladas, seria criado um azulejo de grandes dimensões. ALGARVE INFORMATIVO #178

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Dois projetos do Município Loulé Design Lab e Loulé Criativo – juntaram-se nesta edição à programação do LUZA. No primeiro caso, com uma instalação nos Claustros do Convento Espírito Santo, «Candeeiros do Pidutournée», e com os candeeiros executados em empreita pelas artesãs que ali mostraram a sua arte, na Casa da Empreita. Destaque ainda para uma ação de formação, com um Workshop de Light Art «Introdução à arte Light Painting Photography», com Kim Van Coels e Phill Fisher. Realce ainda para a Conferência «Working with Light», no Cine-Teatro Louletano, no dia 3 de novembro, onde os artistas do Festival e o público em geral são convidados para um debate com alguns nomes sonantes do mundo da iluminação. O LUZA voltou a ser uma montra internacional, com artistas oriundos de vários pontos do mundo: Portugal, Áustria, Espanha, Alemanha, Escócia, Rússia, Eslovénia ou França. Quanto ao percurso urbano, é semelhante ao de 2017, excetuando o facto de terminar em frente à Galeria ArtCatto. O ponto de partida foi o Santuário da Mãe Soberana, onde teve lugar o momento inaugural do Festival, a «Torch Light Parade», com público e artistas a transportarem as tochas acesas ALGARVE INFORMATIVO #178

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até ao terreno da feira, onde seriam colocadas formando um desenho. Por cada tocha adquirida foi efetuado um donativo e toda a verba arrecadada será doada à Associação Existir. «Infinity», instalação que cria a ligação entre o nosso planeta e o universo, da autoria da equipa alemã «The Core», esteve instalada na Mãe Soberana e foi o ex-líbris do evento até pela sua dimensão em altura, que a tornava visível a todos os que passaram por estes dias na A22. No Convento Santo António, Elías Merino e Tadej Drolic (Espanha/Eslovénia) apresentaram o projeto audiovisual «Synspecies», inspirado por «ecologias virtuais». Já na Rua Nossa Senhora da Piedade, Telmo Ribeiro mostrou «Cloud in Street», instalação artística que colocou a rua com nuvens entre três a quatro metros do chão, através de fumo e laser. A única obra que será em forma de espetáculo foi «Water Melody», uma combinação brilhante e extraordinária de música e pintura de água, dos russos Olga Kaurova&Artur Bochkivskiy, na Igreja de S. Francisco. Na fachada do Castelo, a instalação interativa «Flora», de Phillip Artrus, possibilitou ao espetador controlar interactivamente a animação com um touchpad. No chafariz, ALGARVE INFORMATIVO #178

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foi a prata da casa a brilhar, com os artistas de Loulé e Faro – José Jesus, Ricardo Jesus e Ricardo Ferreira – a fazerem uma intervenção na emblemática fonte da Bica Velha. «Lumo» foi a instalação desenvolvida por Irena Ubler e Daniel Rodrigues, a partir da transformação e reutilização de plástico reciclado e que podia ser apreciada no Largo D. Pedro I, também como uma forma de sensibilização dos visitantes para a importância da recolha e transformação do plástico. Na Alcaidaria do Castelo, os algarvios Boris Chimp 504 regressaram ao evento com a instalação «InterWorlds», enquanto que, na Cerca do Convento, houve mais uma instalação interativa – «For iTernity», uma coreografia de luz baseada no famoso 35

solo de ballet «The Dying Swan». O vídeo mapping e som estiveram este ano no edifício dos Paços do Concelho, pela mão de Klaus Obermaier e a sua instalação «Dancing House». Beau McClellan, artista que é também o mentor do Festival, regressou com a peça «Cardume», outro dos pontos deste Festival que apelou à problemática global das alterações climáticas e esteve exposto no CineTeatro Louletano. Na Galeria ArtCAtto, o LUZA Lab exibiu a instalação «Light Box» da artista residente em Paris, Filipa Cruz, enquanto que de Lisboa veio até Loulé Nuno Mika, com «Memória Sonorosa», na travessa em frente à Cerca do Convento, no âmbito das new media art.

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REPORTAGEM

QUINTA DO LAGO INVESTE 10 MILHÕES DE EUROS EM CENTRO DESPORTIVO DE ALTA PERFORMANCE Texto:

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he Campus é o mais recente projeto desportivo de elite da Quinta do Lago e o resultado de um investimento de 10 milhões de euros e de

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uma estratégia de rejuvenescimento deste empreendimento de luxo do concelho de Loulé iniciada em 2009. Com uma área total de 48 hectares, trata-se de um espaço único centrado na educação e na reabilitação e constitui um complemento muito importante

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para os clientes habituais deste resort, bem como para as equipas e profissionais que procuram instalações e equipamentos de qualidade superior e com os melhores profissionais. O «The Campus» pretende ser também o espaço ideal para aqueles que gostam de desporto, independentemente da idade, e do nível de treino, pois permite a prática desportiva num complexo que dispõe das caraterísticas fundamentais procuradas por atletas profissionais. Neste centro desportivo pode-se praticar ténis, padel, yoga, ballet ou barre fitness, desenvolver programas de fitness como o zumba ou até treinos de alta intensidade como HIIT, pump no estúdio de fitness, indoor cycle, máquinas de cardio e pesos leves no ginásio funcional. No ginásio de alto desempenho está prevista também a ginástica funcional 43

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para todos aqueles que procuram aumentar a força muscular e corrigir a má postura. Disponíveis encontram-se ainda as modalidades aquáticas nas duas piscinas exteriores aquecidas – uma para adultos e outra para crianças – assim como salas de tratamento médico, sauna, banho turco, jacuzzi, banho de gelo e bike shed, gerido pelo atleta paralímpico Mark Rohan, que permite o aluguer de bicicletas para a realização de passeios dentro e fora do resort, programas de ciclismo para diferentes itinerários, fittings, treino e equipamento. No exterior, o lago privado com mais de 11 hectares é indicado para os treinos de natação e as estradas e trilhos podem ser facilmente incluídos nos planos técnicos adaptados aos mais diversos níveis de dificuldade. Os atletas de triatlo encontram igualmente neste empreendimento turístico as condições ALGARVE INFORMATIVO #178

ideais para a prática dos três desportos. O seu campo de futebol tem sido procurado por equipas de futebol oriundas do Reino Unido, França, China, Croácia, Dinamarca e também por equipas portuguesas. O centro desportivo vem reforçar o posicionamento da Quinta do Lago, já reconhecido internacionalmente como resort de golfe e de férias em família de excelência no Algarve, mas sobretudo vem alargar a sua oferta como um destino privilegiado de desporto e de saúde e bem-estar. “Em 2016, finalizamos um investimento de 50 milhões de euros no rejuvenescimento deste resort que foi criado há mais de 40 anos. A Quinta do Lago procura reinventar-se continuamente com o objetivo de manter a sua reputação, aumentar o seu valor no mercado e atrair novos moradores e visitantes”, 44


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explica o CEO Sean Moriarty, acrescentando ainda que «The Campus» representa apenas um dos muitos projetos que têm vindo a ser desenvolvidos, dando outros exemplos como o «The Magnolia Hotel» ou a renovação do Campo Norte. “A Administração do resort tem como

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missão melhorar continuamente e de forma sustentada a oferta existente, com o objetivo de garantir que mantém a notoriedade alcançada de resort exclusivo e atrativo”, justificou o CEO .

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ENTREVISTA

MAIS DO QUE UM EXÍMIO ACORDEONISTA, JOÃO FRADE É, HOJE, UM CRIADOR DE PROJETOS ARTÍSTICOS DE EXCELÊNCIA Texto:

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os 35 anos de idade, o albufeirense João Frade praticamente não tem um minuto de descanso e, em conversa de amigos na Quinta do Mel, perto das Açoteias, lá deixou escapar que é nas viagens de avião e nos quartos de hotel por esse mundo fora que consegue pôr o sono em dia… ou pelo menos tentar, porque, nessas viagens pelos vários continentes, bate sempre forte a vontade de melhor conhecer essas novas terras e as suas gentes e culturas. Outubro foi mais um mês típico para o virtuoso do acordeão, tendo concebido o concerto de abertura da terceira edição do programa cultural «365 Algarve», que juntou em palco as vozes de Ana Bacalhau, Moçoilas e Ana Afonso e, no dia seguinte, estava a estrear o «Moda Vestra», criado em parceria com Ana Perfeito e Rafael Correia, uma encomenda da Azul – Rede de Teatros do Algarve que irá andar em itinerância um pouco por toda a região até março de 2019. Pelo meio, alguns dias de pausa antes de partir para uma minidigressão pela Alemanha, como membro efetivo da banda que acompanha a consagrada fadista Mariza. Com a sua habitual forma de estar, acanhado e humilde, João Frade não se mete em bicos de pé, apenas confirmando que se juntaram, de facto, uma série de projetos em simultâneo cujo peso se fez sentir nas costas. Não admira, por isso, que o seu mais recente disco, simplesmente «João Frade» de título, tenha demorado quase um ano para levar os retoques finais, estando quase pronto para sair para o mercado, primeiro através ALGARVE INFORMATIVO #178

das plataformas digitais, depois nas lojas físicas. “Tive agora uma pequena janela para tratar do disco porque novembro vai ser praticamente todo passado na estrada com a Mariza”, adianta, enquanto bebia um chá de olhos postos na paisagem. “Nos últimos tempos tenho sido desafiado para criar projetos artísticos de raiz, se calhar porque o pessoal gosta da maneira como eu organizo as ideias. Já não participo tanto naqueles projetos em que vou apenas tocar aquilo que foi estipulado por outro produtor”, reconhece. A agenda supercarregada de João Frade tem-no afastado bastante de Albufeira, passou vários meses em Madrid em 2016 e 2017, 2018 foi marcado por outra estadia em Lisboa para assumir o seu papel efetivo na banda de Mariza e o ritmo promete não abrandar porque, de facto, a sua faceta de diretor artístico é cada vez mais apreciada e 52


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requisitada, por aliar, de forma perfeita, a música tradicional aos sons mais contemporâneos. “Sou o gajo que chega e consegue fazer a ponte entre esses dois mundos, como criador de estética e não somente como instrumentista”, admite, com um sorriso envergonhado. “Com este novo disco também pretendo dissociarme definitivamente daquela imagem do típico acordeonista virtuoso que, depois, não consegue sair dessa caixinha, que só consegue vingar se impressionar o público com um certo e determinado tipo de malabarismos. Esse tem sido o meu caminho há muitos anos, não apenas por vontade própria, mas porque as coisas se foram proporcionando nesse sentido”, reforça o entrevistado. É, de facto, sobejamente conhecido além-fronteiras o talento dos algarvios para o acordeão mas, como sucede no futebol, nem todos os jovens conseguem dar o salto de juniores para seniores, ou seja, saírem da realidade dos concursos de acordeão e das suas vertentes clássica e varieté e tornarem-se acordeonistas profissionais de corpo e alma. Um salto que, para João Frade, foi relativamente fácil de dar, pois cedo começou a alargar os seus horizontes musicais, a beber de várias sonoridades, a multiplicar-se em participações em projetos de mil e uma naturezas. Bem mas complicado foi, confessa, assumir o papel de frontman, de tornar-se diretor artístico. “É um papel em que não me sinto muito confortável. Pegando no exemplo do futebol, acho que seria mais o número 10 do que o finalizador, mais um Rui Costa do que um Cristiano Ronaldo. Felizmente, sempre tive uma grande abertura para ouvir música diferente e para escutar ALGARVE INFORMATIVO #178

com atenção as outras pessoas, para estar recetivo a outras ideias e conceitos. Isso deu-me uma palete maior de soluções para enfrentar rapidamente os desafios que vão surgindo, ao invés de ficar feito um burro a olhar para um palácio. O concerto com a Maria João e as Moçoilas no Cine-Teatro Louletano por exemplo, correu bastante bem, 54


apesar de todas as limitações de tempo e de alguma dificuldade em encaixar aquelas linguagens. Foi uma interação bastante bonita”. Depressa e bem parece ser um apanágio das criações artísticas de João Frade, porque, de facto, os processos normalmente demoram muito pouco tempo a concretizarem-se, algo que João 55

Frade atribui ao leque de amizades e relações que foi cultivando ao longo dos anos. “Pessoal supercompetente que me ajuda a montar um projeto em poucos dias ou semanas. Os músicos, hoje, têm pouco tempo disponível seja para o que for, andamos todos desdobrados em imensos projetos para conseguirmos sobreviver”, confessa, com um encolher de ombros. ALGARVE INFORMATIVO #178


Apesar disso, o maestro sabe bem os craques com que pode contar para cada criação artística. “De repente vi-me num papel que não me passava pela cabeça há cinco ou seis anos. Mas, quando deveria ter tido medo de arriscar, não tive, agora é tarde para essas hesitações, para pensar em tabus e que certas coisas não se podem misturar. Claro que existem coisas que não resultam, levamos sempre algumas frustrações para casa, mas isso não me impede de ter um processo criativo tão arrojado”, garante.

Aproveitei estarmos todos juntos e fomos quatro ou cinco dias para um estúdio nas redondezas. Tocávamos, comíamos e dormíamos, não saímos de lá enquanto não despachamos quase tudo”, recorda. “Aconteceu muita coisa a uma velocidade relâmpago, mas já passou praticamente um ano desde então, porque se meteu uma tournée com a Mariza e outros projetos pelo meio. Também há picos altos de motivação em que tudo anda mais depressa, depois outros de alguma desmotivação em que a vontade vai arrefecendo, mas finalmente descobri um buraquinho de mês e meio para concluir o disco”.

Selo de qualidade João Frade não presume ter nas suas criações, limitandose a falar em experimentalismo, em algo fresco. “Se é melhor ou pior não sei, mas vai ter, de certeza, algum fator diferencial por não estar preocupado com o que muita gente vai pensar daquilo que faço”, comenta o albufeirense, acrescentando que, apesar deste reboliço constante, ainda vai arranjando tempo para as suas produções próprias. O pior é mesmo ir para estúdio. “Tinha intenção de gravar este disco há bastante tempo e fui juntando material para ele durante esse período, metade nem utilizei, ficará para um próximo álbum. Já tinha escolhido também as pessoas com quem queria gravar a base, um baterista cubano (Michael Oliveira) e um baixista brasileiro (Munir Hossn), mais alguns convidados, e consegui encaixar tudo num concerto que demos no «La Pedrera», um edifício de Barcelona desenhado pelo Gaudí.

Três músicos a tocar em simultâneo em estúdio, ao vivo, sem rede, como João Frade gosta, a que se juntam os tais convidados, entre os quais Ricardo Toscano, saxofonista da nova vaga do jazz português, e o argentino Leo Genovese, pianista que toca com a norte-americana Esperanza Spalding e com o qual João Frade misturou o jazz contemporâneo com o tradicional corridinho algarvio. Um disco homónimo que teve os apoios do Município de Loulé e da Mito Algarvio e que exemplifica o que o albufeirense é atualmente, diferente, mais maduro. “O último disco que lancei foi em 2012, em dueto com o Munir Hossn, mas gravei outros que não editei por insatisfação, porque nunca estou contente com aquilo que faço”, nota o entrevistado. “Não gosto de cair em rotinas, quero continuar a surpreender-me a mim próprio. Estamos em constante mutação e, ao

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fim de um ano, já não somos a mesma pessoa, já não nos identificamos com o disco que gravamos, ou com o livro que escrevemos. Isso, às vezes, também atrasa o processo de produção”. Hoje, João Frade sente-me mais parte do universo das melodias, por onde improvisa também bastante, deixa-se viajar nos seus devaneios artísticos, mas longe do frenesim das músicas de acordeão super aceleradas onde os dedos voam sobre as teclas. “Estou muito feliz com o disco enquanto produto musical e, para além disso, é sempre importante como cartãode-visita enquanto artista independente, como frontman. Fui fugindo o mais possível a ser o personagem principal em palco, mas chegou o momento de ALGARVE INFORMATIVO #178

assumir esse papel”, confirma, o que não significa que a sua timidez tenha desaparecido, antes pelo contrário. “A vontade é também canalizar o meu percurso a solo para o exterior, para um certo nicho de mercado, sem descurar Portugal, claro. E vai sair, no início de 2019, outro disco gravado numa residência que fiz em Serpa, a convite do Musibéria. 90 por cento do álbum são ideias criadas de raiz e gravadas no momento durante aquela semana, mas é a solo, mexe mais com as minhas inseguranças. Senti-me despido ao máximo, mas correu bem”, revela, em final de conversa, porque o tempo ia apertando e havia que preparar tudo para a viagem para a Alemanha com a banda de Mariza . 58


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MIGNA MALA DERAM A CONHECER O SEU MUNDO IMAGINÁRIO NUM CONCERTO ESPECIAL NO CAPA Texto:

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s irreverentes Migna Mala subiram ao palco do CAPa – Centro de Artes Performativas do Algarve, em Faro, no dia 26 de outubro, para dar a conhecer o seu primeiro trabalho discográfico de longa duração, intitulado «Ni Noderidá», mas também o filme realizado por João Marco que retrata, em movimento, a cores e a três dimensões, a história contada pelos temas do disco. Um regresso, quase dez anos depois, ao palco onde se estrearam, no início de 2009, no âmbito do concurso «5.55» que viriam a ganhar e que lhes valeu o direito para apresentarem o ALGARVE INFORMATIVO #178

concerto de estreia em nome próprio em dezembro desse mesmo ano. Formados por João Beles (letras, voz e guitarra), Paulo Machado (acordeão, baixo, sintetizador e coros) e Nuno Murta (bateria e percussões), os Migna Mala transportam-nos para a música do mundo e para um imaginário de fantasia, ligado aos elementos da natureza, às tradições ancestrais e às emoções primordiais, como as vivenciadas durante a nossa infância e que, à medida que vamos crescendo, vão ficando esquecidas no baú das memórias. Isso mesmo se constata, de imediato, pelas letras de «Ni Noderidá», numa linguagem saída da cabeça de 62


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João Beles. E, perante a ausência de uma linguagem facilmente identificável, somos convidados a escutar ainda com mais atenção a música dos Migna Mala, “quase como se estivéssemos a desvendar uma nova forma de comunicação, não-verbal, mais ligada às emoções primordiais, como as vivenciadas precisamente durante a nossa infância”, explicam os elementos da banda. Desde o seu nascimento, os Migna Mala têm tocado um pouco por todo o Algarve e em eventos de referência, como o Festival MED, em Loulé, o Festival Fusos, em Alte, no Teatro Lethes, em Faro, no Chalet João Lúcio, em Olhão, no Clube Tavira ou na Galeria Zem Arte, em São Brás de Alportel. Quanto às suas músicas, já as podíamos ouvir na banda sonora do filme «Além de Ti», na coletânea «Sul Azul», no primeiro ALGARVE INFORMATIVO #178

EP do trio lançado, em novembro de 2011, no Festival Womex, em Copenhaga, na Dinamarca, e na coletânea «Terra», produzida para ajudar as vítimas dos incêndios que assolaram Monchique em 2016. «Ni Noderidá» começou a ser preparado em 2016 e viu a luz do dia em junho do corrente ano, pela editora Fungo Azul. Na noite de 26 de outubro, num CAPa completamente esgotado, o concerto contou com a participação especial de Elsa Palmeira e Inês Mestrinho, bailarinas que fazem parte dos videoclips «Kia kaliom» e «U diac», e de Salomé Brilha, autora dos figurinos de Migna Mala e do filme «Ni Noderidá» e que também entra na película e videoclips com a personagem Iu dioco.

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COM MUITA BO Texto: Fotografia:

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ESVENDADO

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rrancou, na manhã do dia 28 de outubro, no Centro Histórico de Faro, o «Algarve Desvendado», uma continuação do «Faro Desvendado» que esteve em destaque nas duas primeiras edições do programa cultural «365 Algarve». Com ideia, conceito e direção artística de Rui Gonçalves e cocriação e interpretação de David Simão, Fernando Cabral, Miguel Martins Pessoa, Rui Gonçalves, Tânia Silva, Tata Regala, Ivelina Assenova-KavrakovaPereira e Diana Bernedo, o espetáculo pretende dar a conhecer a história do Algarve, nomeadamente episódios menos conhecidos da opinião pública, e a estreia atraiu um animado grupo composto por ALGARVE INFORMATIVO #178

várias dezenas de espetadores de todas as idades. Dos jardins da Sé de Faro até ao Museu Municipal de Faro, terminando nas conhecidas Muralhas de Faro, D. Afonso III e o rei árabe Almutâmide levaram o grupo numa viagem através de diversos períodos históricos do Algarve, em constante interatividade com os participantes mercê de uma linguagem visual e de narrativa bastante contemporâneas. E assim se ficou a conhecer melhor a conquista do Algarve aos árabes e os Descobrimentos, período durante o qual o Algarve foi ponto de partida para algumas das mais importantes viagens marítimas portuguesas, conforme explicou um Infante D. Henrique de chinelos que, 72


inicialmente, até foi confundido por um «turista de pé-descalço». Abordaram-se também as aventuras da Padeira de Aljubarrota e a Guerra Civil Portuguesa que opôs os Liberais aos Miguelistas, onde pontificou o algarvio Remexido. No final, foi proporcionado aos participantes uma prova de vinhos e degustação de mel produzido na região, no mesmo espaço onde decorria uma pequena mostra de artesanato local. E, a par da evolução de «Faro Desvendado» para «Algarve Desvendado» e da ida a cena também nos castelos de Loulé e de Castro Marim, o que mais sobressaiu foi o tom de boa-disposição em que toda esta narrativa foi transmitida ao público. “O «Faro Desvendado» terminou precisamente com a conquista de Faro aos mouros por D. Afonso III e o «Algarve Desvendado» dá seguimento à história da região a partir desse momento, mas senti a necessidade de puxar pelo

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contemporâneo, sem nunca perder a vertente de dramatização, para que os mais novos pudessem perceber melhor algumas das situações retratadas”, referiu Rui Gonçalves, no final da primeira exibição do «Algarve Desvendado». Uma contemporaneidade que ficou evidente pelo constante uso do GPS por D. Afonso III para não se perder no caminho, pela leitura do Pentateuco pelo Bispo Francisco Martins Mascarenhas num e-reader ou pela pesquisa, por um liberal espanhol, de fotografias do Remexido no Wikipedia. “Falamos de guerras atuais e mesmo os trajes que usamos são retro futuristas. Penso que se conseguiu uma boa fusão entre o passado e o presente”, acredita Rui Gonçalves, acrescentando que os espetáculos de Loulé e Castro Marim terão enredos ligeiramente diferentes para incluir

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informações históricas específicas desses dois concelhos. “Em Faro tocamos ao de leve, por exemplo, na Ordem de Cristo, que tem sede em Castro Marim e, quando lá estivermos, essa componente será mais realçada”, indica o mentor do projeto. O enredo não será muito distinto, já os locais serão completamente diferentes, uma vez que os espetáculos em Loulé e Castro Marim terão como pano de fundo dois castelos. “O Castelo de Castro Marim é enorme, tem vários sítios onde nos podemos esconder e aparecer de repente para surpreender o público. Em Loulé, como o castelo é mais pequeno, algumas cenas vão acontecer nas zonas envolventes, mas o D. Afonso III vai andar sempre perdido e agarrado ao GPS”, revela, com um sorriso, reforçando ainda que a componente pedagógica é bastante importante em «Algarve Desvendado». “Queremos mostrar a história do Algarve de uma forma 75

animada e interativa e podia ter escrito mil espetáculos, porque a história da região é riquíssima. Tive que reduzir o enredo aos episódios mais marcantes, nomeadamente os árabes e o D. Afonso III, que supostamente foi o conquistador de Faro e o primeiro Rei de Portugal e do Reino dos Algarves. Depois, achei curioso que a Padeira de Aljubarrota tivesse uma rua em Faro com o nome dela. Na história de Faro há também o episódio das pilhagens britânicas do espólio de livros do Bispo Francisco Martins Mascarenhas. Saltamos depois cerca de um século para a guerra civil portuguesa, com o Remexido”, descreve Rui Gonçalves. Material há muito, está visto, mas o «Algarve Desvendado», para já, vai acontecer apenas em Faro, Loulé e Castro Marim, por uma razão muito simples, conta o entrevistado. “Somos nove atores e artistas que se juntam ALGARVE INFORMATIVO #178


para um projeto particular, não somos uma companhia teatral, portanto, é bastante complicado gerir a agenda de todos. Mais vale fazer sessões em três concelhos com todo o elenco presente, do que alargarmos a cinco, seis ou sete locais e a coisa correr menos bem. Claro que adorávamos ir a outros concelhos e é possível que isso venha a acontecer em futuras edições”, garante, em final de conversa, deixando ainda o convite para se assistir às próximas sessões de «Algarve Desvendado», nos dias 3 e 25 de novembro, em Loulé e Castro Marim, respetivamente . ALGARVE INFORMATIVO #178

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ENCONTRO INTERNACIONAL DE ARTE E COMUNIDADE VIAJA DO PORTO ATÉ FARO Texto: 83 83

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e 12 a 15 de novembro, o MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade desce do Porto até Faro, mais concretamente até ao Teatro das Figuras, que se vai tornar num espaço de reflexão em torno de memórias, identidades e sentimentos de pertença, através da construção de dois espetáculos inéditos com a população da cidade. O desafio passa pela criação de dois momentos que, cruzando a performance e a música, pensem a cidadania e as pertinências do dia-a-dia dos habitantes de Faro, mas haverá ainda espaço para uma conversa sobre a urgência da arte se relacionar de forma direta com a organização social de hoje. Orientada por Edith Scher, a primeira das oficinas versará sobre as práticas de teatro comunitário que a mesma tem vindo a desenvolver na Argentina há mais de 35 anos. É um teatro de vizinhos para vizinhos, com forte componente territorial, que integrará elementos de todas as idades, trabalhando a memória e a celebração. A oficina arranca logo no dia

10 de novembro e vai trabalhar técnicas de atuação, dinâmicas de comunicação com vizinhos e dramaturgia. O resultado final será apresentado ao público no dia 13, às 16h, feito com base no trabalho de recolha e adaptação realizado no processo de criação. ALGARVE INFORMATIVO #178

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O espanhol Josep Borrás é o responsável pela segunda oficina, que tem lugar de 12 a 14 de novembro, propondo a criação de um espetáculo musical com bolas de basquete que explore as habilidades e os interesses dos participantes, as suas conceções sobre a realidade e as suas opiniões face à comunidade em que habitam. Depois, a apresentação pública do trabalho acontece às 21h30 do dia 15 de 85

novembro, também no Teatro das Figuras. O programa para esta extensão MEXE em Faro encerra com uma conversa entre Hugo Cruz, diretor artístico do festival, e Edith Scher sob o tema «Práticas Artísticas Comunitárias em Diálogo». E foi precisamente com Hugo Cruz que estivemos à conversa para nos falar mais sobre este encontro internacional cuja próxima edição tem lugar em 2019, tendo surgido agora a ALGARVE INFORMATIVO #178


Hugo Cruz, Diretor Artístico do MEXE

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oportunidade de descentralizar o festival para Faro, mas também para Lisboa. “Temos cerca de 10 anos de experiência a programar projetos artísticos que envolvem as comunidades, que têm, naturalmente, objetivos diferentes de uma produção artística concebida numa lógica mais profissional. As propostas do Josep e da Edith são bastante diferentes: a primeira é um diálogo entre o hip-hop e o basquetebol que procura demonstrar como é que, através do ritmo e dos batimentos da bola no chão, nós conseguimos gerar música; a segunda é uma espécie de convocação dos vizinhos de uma determinada zona ou bairro de uma cidade para que possam pensar sobre a identidade desse lugar, como é que a vida acontecia no passado e acontece hoje, o que é que gostaríamos de mudar para que a nossa vida fosse melhor”, desvenda Hugo Cruz. Teatro comunitário que não implica estarmos na presença de produtos artísticos de menor qualidade. No entanto, as peças que normalmente vão a cena resultam de workshops ou cursos com duração de algumas semanas ou meses, ao passo que, no MEXE, tudo está concentrado em três dias. “As nossas oficinas são um bocadinho mais aceleradas, mas é uma oportunidade única de se trabalhar com estes colegas internacionais e estas trocas de experiências acabam por ser bastante ricas”, reconhece Hugo Cruz, entendendo que o teatro comunitário, quando cruza profissionais com não-profissionais, acaba por reunir o melhor dos dois mundos. “Mistura a técnica dos profissionais das artes performativas com a verdade e o amor à arte que os ditos amadores estão 87

a fazer. É um encontro feliz que se traduz em espetáculos muito interessantes e que devem ter as mesmas exigências e excelência artística que qualquer outro espetáculo. Não é por uma pessoa não ser profissional que uma atuação deve ser menos digna. Aliás, sou bastante chato com essa questão”, garante o entrevistado.

Para Hugo Cruz, o mais importante, neste contexto, não é se o participante individual colocou mal ou bem a voz, mas sim como o coletivo consegue levar a cena alguma coisa que se pretende ser extremamente impactante para quem está na assistência, mas também para quem está em cima do palco. “Se tivermos esta exigência do ponto de vista coletivo, as questões técnicas são colmatadas na maior parte das vezes”, sublinha o diretor artístico do MEXE, o que é mais fácil de dizer do que concretizar na prática, admite. “É uma experiência que tem todos os ingredientes para desistirmos dela, mas continuamos em frente, devido à possibilidade que temos, numa arena de criação, num espaço de experimentação artística, de nos superarmos, de nos surpreendermos com as capacidades e competências que temos. Ao longo do processo as pessoas ficam perplexas quando descobrem o que está dentro delas mas que, ao longo da vida, nunca ALGARVE INFORMATIVO #178


tiveram oportunidade de experimentar por variadíssimos motivos”.

pessoas com opiniões diferentes a trabalhar em conjunto”.

É por este motivo que, na ótica de Hugo Cruz, a democratização da cultura é fundamental para o desenvolvimento de um país e de um povo. “Como o mundo está hoje, cada vez mais as pessoas sentem necessidade de participar nas suas comunidades, nos locais de trabalho, nas escolas, porque não se sentem bem representadas do ponto de vista político. Temos que encontrar, nós próprios, enquanto comunidades, algumas soluções que nos deem alguma esperança no futuro”, salienta, acreditando que a voz de cada um pode efetivamente contribuir para a mudança. “Ainda somos capazes, e ainda bem, de fazermos coisas juntos, desde que haja vontade, esforço e dedicação. A democracia é isso mesmo, uma série de

Projetos de teatro comunitário em que frequentemente vemos, lado a lado, jovens adultos com alguma experiência nestas andanças e cidadãos seniores sem qualquer antecedente nas artes performativas, o que é positivo para o entrevistado. “Infelizmente, os jovens deixaram de estar habituados a conviverem com os idosos e viceversa. Os idosos estão sozinhos em casa, nos centros de dia ou nos lares, os jovens andam nas escolas, portanto, há pouco cruzamento entre ambos. A arte, no entanto, é um espaço que coloca as pessoas olhos nos olhos, frente a frente, e isso leva a que muitos preconceitos que temos em relação a certos estratos da sociedade percam toda a razão de

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ser”, tem observado Hugo Cruz ao longo desta década de Encontro Internacional de Arte e Comunidade. “Verifica-se uma certa solidariedade entre todos os participantes, os mais experientes ajudam os menos experientes, por vezes descemos o próprio grau de exigência para que toda a gente possa caminhar junta e chegar a outro patamar. É um trabalho de constante ajuste e reajuste entre as pessoas”, destaca. Neste contexto, ir a cena no final do workshop é crucial, todos querem superar o desafio, ter um público pela frente, confirma Hugo Cruz. “Os espetáculos fazem parte dos processos, esse choque com o público é essencial, porque, para muitos participantes, é a primeira vez nas suas vidas que têm pela frente um grupo de pessoas, caladas, a ouvir o que

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têm para dizer. É uma experiência simbolicamente bastante forte e, na maior parte dos casos, ainda têm aplausos no final”, aponta, bemdisposto. “Como nós anulamos frequentemente esses espaços de diálogo, torna-se difícil mudarmos as nossas ideias e opiniões sobre os outros. Essa lógica de que o palco está reservado a alguns eleitos e iluminados está absolutamente ultrapassada”, acrescenta, em tom mais sério. “Todos nós devemos ter acesso à arte enquanto público, mas também devemos ter a possibilidade de a experimentar. Depois, obviamente, há quem faça disso a sua vida, se especialize e se torne profissional, mas a capacidade de criar está presente em todos os seres humanos”, reforça Hugo Cruz .

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Carolina Deslandes encheu Teatro das figuras em noite de Halloween Texto:

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arolina Deslandes regressou ao Algarve, no dia 31 de outubro, noite de Halloween, para mais um concerto, desta vez em Faro, no Teatro das Figuras. Na bagagem trouxe, como esperado, o muito bem-sucedido álbum «Casa», lançado em 2018 e que rapidamente atingiu o primeiro lugar do top nacional de vendas e conquistou o Galardão de Ouro, tendo colocado a jovem como uma das maiores artistas da atual geração de cantores e compositores portugueses. Prova disso é que do disco fazem parte dois dos temas com maior sucesso nos tops de vendas e streaming em Portugal: «A Vida Toda», que já atingiu o Galardão de Platina e está prestes a chegar aos nove milhões de visualizações no YouTube; e «Avião de Papel», com a participação de Rui Veloso, que conta com quase cico milhões visualizações no YouTube. O concerto no Teatro das Figuras fez parte de uma extensa digressão nacional que já ultrapassou a meia centena de concertos. Recorde-se que Carolina Deslandes está nomeada para «Best Portuguese Act» dos MTV Europe Music Awards, que terão lugar, no Centro de Exposições de Bilbao, Barakaldo, Biscay, no dia 4 de novembro .

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Direitos humanos, para quando? Paulo Cunha (Professor) o seguimento da explanação dos direitos e deveres dos alunos, numa das aulas da nova disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, perguntei aos alunos, com cerca de dez anos e que integram uma turma com várias etnias representadas, se já tinham ouvido falar nos Direitos do Homem. Todos eles me responderam que não. Nunca tinham abordado tal assunto, nem em casa com os pais, nem na escola com os professores. Integrado no conteúdo programático Educação para a Cidadania, com eles visionei um dos vídeos que constam do sítio na internet da «Youth For Human Rights». Posso assegurar-vos que, se não tivesse tocado para a saída, todos teriam algo a dizer e a comentar, tal o bulício que então se levantou. Perante tal interesse, sei que terei neste assunto o «pano para mangas» que certas disciplinas não conseguem criar ou propiciar com os seus conteúdos. Sei que não vai ser fácil explicar-lhes que, mais do que direitos do homem, os direitos são, intrinsecamente, naturais, devendo fazer parte da natureza humana desde a nascença até à morte. Mas como confrontar os constantes atos de violação dos direitos humanos que todos os dias lhes entram em casa através dos vários écrans disponíveis, com os deveres que lhes exigimos enquanto cidadãos? Uma tarefa hercúlea esta a de, em cinquenta minutos semanais, sensibilizálos para um natural e harmonioso desenvolvimento enquanto cidadãos! Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, a seguir a um preâmbulo onde constam uma série de considerandos, a Assembleia Geral das Nações Unidas define os seus trinta artigos como um ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações. Pretende-se que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo os pressupostos da Declaração Universal dos Direitos do Homem no espírito, se esforcem pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito por esses direitos e liberdades e por promover, através de medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universal e ALGARVE INFORMATIVO #178

efetiva, tanto entre as populações dos próprios estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição. No início deste século, a antiga Comissão dos Direitos Humanos recomendou uma série de medidas legislativas, institucionais e práticas, que visavam consolidar a democracia (resolução 2000/47) e, em 2002, declarou como essenciais à democracia os seguintes elementos: respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais; liberdade de associação; liberdade de expressão e de opinião; acesso ao poder e ao seu exercício, de acordo com o Estado de direito; realização de eleições livres, honestas e periódicas por sufrágio universal e voto secreto, reflexo da expressão da vontade do povo; um sistema pluralista de partidos e de organizações políticas; separação de poderes; independência da justiça, transparência e responsabilidade da administração pública; meios de comunicação social livres, independentes e pluralistas; remediar/suprir os défices democráticos. Continuam a ser estes os desafios que se colocam às democracias, aos direitos humanos e aos estados de direito: a pobreza crescente; as ameaças à segurança humana; o desrespeito dos direitos individuais e entraves ao exercício das liberdades fundamentais; a erosão do estado de direito no contexto da luta contra o terrorismo; a ocupação ilegal acompanhada do uso da força; a escalada dos conflitos armados; o acesso desigual à justiça por parte dos grupos desfavorecidos; a impunidade. Desafios que só podem ser ultrapassados se todos colaborarmos com a nossa quota-parte. Para que isso aconteça é necessário que, em cada lar, os pais façam também o seu «t.p.c.» no que concerne à educação para a cidadania, pois, mais do que desejar que os filhos venham a ser grandes mulheres/homens, devemos almejar que venham a ser principalmente - boas pessoas. Porque só as boas pessoas respeitão os direitos humanos que farão do seu planeta um local onde valerá a pena viver! E já agora… sabeis quais são os vossos direitos?.

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O poder da imagem Mirian Tavares (Professora) «Hoje somos bombardeados por uma tal quantidade de imagens a ponto de não podermos distinguir mais a experiência direta daquilo que vimos há poucos segundos na televisão. Em nossa memória se depositam, por estratos sucessivos, mil estilhaços de imagens, semelhantes a um depósito de lixo, onde é cada vez menos provável que uma delas adquira relevo”. Italo Calvino

á uma história do Sherlock Holmes que gosto muito de contar aos meus alunos: um dia, o grande detetive é chamado para ajudar um conde, ou outro nobre qualquer, nunca me lembro bem qual é o seu título nobiliárquico, a resolver um problema. O tal conde, ou o que quer que ele seja, está a ser chantageado por alguém que ameaça revelar à sua esposa que o tal senhor tem uma amante. Sherlock pergunta então: quais os documentos que ele tem contra si? Cartas? Não há problema, podemos dizer que foram falsificadas. Testemunhas? Isso é ainda mais fácil, as pessoas mentem e caem em contradição. Uma foto? Ah, meu caro senhor, assim não posso ajudá-lo. Não há como negar a evidência de uma imagem! Claro que estávamos na era da fotografia analógica, na verdade, bem no início da era da imagem fotográfica e a esta colava-se, como algo inequívoco, o papel de reproduzir o real, ou seja, a imagem não mentia. Foi, aliás, este o grande problema que o cinema enfrentou no início para conseguir alcançar o estatuto de arte. Os seus detratores diziam que o cinema nunca teria o poder de criação da literatura porque a imagem não mente e não é possível mentir através dela. Claro que esta questão foi rapidamente ultrapassada e que o cinema cresceu sobre esta dupla vinculação verdade/mentira, mostração /efabulação. O que me interessa da história do Sherlock Holmes e o motivo por que a ela recorro tantas vezes é para explicar aos alunos que, apesar de tudo o que sabemos hoje sobre a capacidade de mentir que a imagem possui, continuamos, muitas vezes, a acreditar cegamente que uma imagem vale mais que mil palavras. E esquecemo-nos que a imagem, independentemente do dispositivo que a produz, é um processo e não apenas um dado

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adquirido. Se vejo, compreendo. Não vemos com os olhos, mas com o cérebro e nossa visão é um compósito de elementos físico-químicos, fisiológicos e psíquicos. E que o que eu vejo não é, necessariamente, o mesmo que tu ou outros veem. Porque o que vejo é condicionado pelo que sou, por aquilo que me conforma. Nos anos 60, vários foram os autores que falaram sobre isso. No magnífico filme Blow Up, o grande Antonioni questiona a ideia de verdade que a imagem veicula e a capacidade que os dispositivos possuem de amplificar a nossa visão. A câmara vê mais e mais longe. Começamos a duvidar da nossa própria experiência no terreno e passamos a dar mais credibilidade à experiência mediada e registada. Italo Calvino questiona, poucos anos depois, se somos ainda capazes de ter experiências visuais de primeira mão. Se o excesso de imagens que consumimos não nos embotam a capacidade de ver, se ainda somos capazes de enxergar sem nada que atravesse o nosso olhar e o mundo. Calvino não viveu até aos nossos dias e não presenciou a multiplicação vertiginosa da produção, e do consumo, de imagens. O universo digital é capaz de criar e de manipular as imagens do mundo a uma velocidade alucinante. E a pergunta que continua é: somos capazes de ver? De distinguir na imagem o papel do dispositivo que a captou? Será que temos, passados muitos anos sobre a invenção, quer da fotografia, quer do cinema, uma verdadeira literacia que nos permite reconhecer, nas imagens, a sua capacidade de efabulação? Tenho muitas dúvidas. E temo que se não nos conscientizarmos disso, vamos continuar, como Sherlock Holmes, in illo tempore, a pensar que a imagem não pode ser desmentida, desmontada, desconstruída. Que ela é uma prova cabal do mundo. E vamos continuar a acreditar nas imagens sem questioná-las ou pô-las em causa. E vamos continuar a ser traídos . 102


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Aqueles Dois – Carl e Margarette Schurz Adília César (Escritora) empre me fascinaram os casais criadores e empreendedores, independentemente das áreas que escolheram para se manifestarem. Gosto de pensar como teriam sido as suas vidas, o amor que os unia, e as longas conversas entre marido e mulher sobre os meios em que estavam inseridos: cultura, arte, ciência, política, um futuro melhor para os que vieram depois. Poderia falar-vos de Marco António e Cleópatra, de Pierre e Marie Curie, de Rodin e Camille Claudel, mas escolhi Carl e Margarette Meyer-Schurz para exemplificar como a história pode ter sido pouco justa em relação às mulheres intervenientes, dando, de um modo geral, uma maior atenção à obra perpetuada pelos homens. Carl Chistian Schurz (1829-1906) é sobejamente conhecido: foi jornalista e reformador, um revolucionário alemão e um estadista americano. Depois das revoluções alemãs de 1848-1949, ele imigrou para os Estados Unidos e integrou o novo Partido Republicano, tendo-se tornado um proeminente defensor da Reforma do Funcionalismo Público. Foi Senador pelo Estado do Missouri e 13.º Secretário do Interior dos Estados Unidos. Schurz teve direito a uma longa vida dedicada ao serviço público, sendo uma figura muito respeitada. Em 1851, Carl e Margarette Meyer (1833-1876) casaram-se e viajaram para os Estados Unidos. Margarette tinha sido desde cedo incentivada a estudar educação e artes, através de seu pai. Em Hamburgo contactou com pedagogos seguidores de Friedrich Froebel, o criador do Kindergarten, a primeira instituição dedicada à educação das crianças pequenas, fora do ambiente familiar, através de um método pedagógico lúdico e criativo. Margarette e

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Froebel conheceram-se em 1849, e ela sentiu imediatamente a influência desta inovadora filosofia educativa para a melhoria da vida das crianças. Depois do casamento com Carl, enquanto este se dedicava de forma responsável às suas causas políticas, Margarette cuidava da casa e da família, como seria de esperar na época, mas nunca abandonou os seus ideais. Apesar dos dois investirem em áreas diversificadas – ele na política e ela na educação – nunca deixaram de se apoiar mutuamente, só sendo assim possível o sucesso que ambos tiveram na época. Assim, Margarette foi estudando e pondo em prática o Método Froebel enquanto cuidava da sua filha Agathe, juntamente com mais quatro crianças vizinhas em Wisconsin: jogos, música, e outras actividades lúdicas eram as estratégias educativas para canalizar a energia das crianças e promover o seu desenvolvimento, preparando-os para a entrada na escola. Outros pais ficaram impressionados com o seu trabalho e convenceram Margarette a abrir um jardim de infância conduzido em língua alemã – o 1.º nos Estados Unidos – o que veio a acontecer em Watertown, em 1854, sempre com o total apoio do seu marido. Este jardim de infância manteve-se em funcionamento até ao início da Primeira Guerra Mundial, tendo sido fechado devido à oposição ao uso da língua alemã. Um passo importante para a generalização dos jardins de infância nos Estados Unidos foi a visita da transcendentalista Elisabeth Peabody à residência Schurz em Watertown. Margarette e Elisabeth conversaram longamente sobre os ensinamentos de Froebel e esta ficou impressionada com a maturidade e a capacidade da jovem, tendose convertido à causa da educação precoce

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na infância. Quando a saúde de Margarette se deteriorou a ponto de não poder continuar a trabalhar, Elisabeth Peabody tomou iniciativas no sentido de disseminar o acesso das crianças pequenas aos jardins de infância. Margarette MeyerSchurz morreu em 1876, aos 43 anos de idade, apenas três dias após o nascimento do seu filho Herbert. Hoje em dia ainda é possível visitar o primeiro edifício de jardim de infância totalmente restaurado. Inicialmente situado na esquina da N. Second e Jonas Street, em Watertown, foi mais tarde transferido para o terreno da Octagon House em Dezembro de 1956. O interior permanece decorado como uma sala de aula da época original e é edifício protegido, constante no Registo Nacional de Lugares Históricos desde 1972. Provavelmente, muitos educadores de infância nunca ouviram o nome de Margarette MeyerSchurz, que impulsionou a ideia inovadora de algo que hoje, é tão comum: o jardim de infância e o profissional que lhe dá vida perante as crianças que acolhe – o educador de infância .

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Do Reboliço #14 Ana Isabel Soares (Professora) á vozes que o Reboliço gosta de recordar, de doces que eram. A voz da Tia Patrocínia é dessas vozes. Sempre que alguém a visitava, recebia a guloseima do sorriso e das frases ditas nele. “Olha”, dizia a Tia, “Fiz uma sopinha para ti, já sabia que virias”. Como poderia ela saber, se nada a avisara? Mas o certo é que lá estava a sopa, as nabiças, ou a canja quente, o mesmo prato de louça, o mesmo talher antigo, a pequena toalha que quase não cobria a mesa, a cadeirinha onde a Tia se sentava ao lado de quem comia, à beira da porta da cozinha que dava para as escadas de serviço de um prédio na capital. A Tia viera da aldeia, mas viveu na cidade sempre como se não tivesse saído da sua casa baixa, do Largo dos Bairros Alegres, das ruas quietas. Ali na capital, se calhava não responder a campainha, bastava que se procurasse por ela na padaria, na mercearia, na farmácia, na loja de roupa: alguém saberia onde andava, todos sabiam dela. Às vezes, entrando na cozinha, viam-se alinhadas garrafinhas de cerveja, alguns pratos lavados sobre a bancada de pedra, de borco a secar: “Quem é que cá esteve, que bebeu cerveja, Tia?”, perguntavam, a sorrir. Ela, cuja porta da cozinha nunca fechava e tinha acesso por todos os andares daquele e dos prédios contíguos, dizia “Oh, filha, coitados dos homens: andam arranjando aqui ao lado uma casa, todo o dia laboram, ofereço-lhes um caldinho e uma cerveja. Ficam contentes, poooois”. (Este «poooois» era a sua marca: muito arrastado, como se fosse o refrão da sua permanente cantiga, a ladainha dos dias em toada feliz). Era uma espécie de avó pequenina de todos, mais ainda se fossem pequeninos

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como ela. Por isso o Reboliço lhe tinha tanta ternura. Se saía de casa mais do que um dia ou dois (numa ida à aldeia, às termas, ou a algum santuário), davam com ela a atirar pedacinhos de pão aos pássaros do lugar: “São para os pardais, que são meus parentes”, explicava – chamava-se Patrocínia Pardal, a Tia, tinha o mesmo nome que uma sua avó. O destino dela era alimentar bichos e gente, e sabia que com comidinha tudo ficava em sossego. Uma vez, contou do avô dela, Manuel Joaquim Pardal (o tal que, por casamento, dera o nome de Pardal à sua avó Patrocínia – e a Tia continuava para uma sobrinha-neta: “Aquele de quem tive o nome, pai do teu bisavô José Manuel Pardal, que casou com a tua bisavó Júlia, minha mãe, mãe da tua avó Mariana e de quem a tua mãe teve o nome”). Contou que “um dia, estava o Manuel Joaquim a dormir, apareceram-lhe duas bruxas e procuraram-lhe: ‘Manuel Joaquim, tu acreditas em bruxas ou não acreditas?’ E ele – que não acreditava em bruxas – disse-lhes assim: 'Deixem-me da mão, não me moam. Vão ali falar com a minha Patrocínia, que ela dá um alqueire de trigo a cada uma'”. E continuou a Tia: “Então, elas foram e deixaram-no sossegado. Eram duas bruxas. Poooois. E a minha avó Patrocínia também não acreditava em bruxas – nem em padres, nem em benzeduras. Era uma pessoa já muito moderna”. Assim, com alqueires de trigo se enxotavam bruxas. Não precisava ninguém de crer ou deixar de crer: o importante era levar tudo a barriguinha cheia e não ter consumições. De uma vez, brilharam-lhe muito os olhos ao lembrar-se de um homem que havia na aldeia e fazia funis, cafeteiras, regadores, formas para os queijos, tabuleiros de lata 106


Foto: Vasco Célio

para os bolos, alguidares de zinco – era Mestre Lino, o latoeiro, e fazia, além das artes todas úteis para as mulheres e os homens da aldeia, o gosto das crianças que o iam ver a trabalhar no casão. Ali estava os dias um atrás do outro, batendo, formando, pondo tachinhas, criando no brilho do material que as mãos amaciavam aquilo que haveria de transportar leite, acolher os doces ou carnes de ir ao forno. Ria muito, o Mestre Lino, com o cigarro pendido do lábio, assobiando enquanto martelava e esticava, endireitava e encurvava o metal. 107

“Aparecíamos-lhe na oficina, sorria-nos sempre, íamos aos grupos, e gostávamos de ver penduradas na parede e espalhadas pelo chão as formas que o Mestre Lino estava a fazer”. O brilho das paredes do Mestre Lino passava para os olhos da Tia, quando contava depois que ele apanhava do chão as aparas metálicas, “fazia anelinhos e davanos: anéis de prata eram de lata” . **Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #178


OPINIÃO

Viagem em busca da criatividade Fábio Jesuíno (Empresário) uscar a criatividade é um grande desafio, difícil de alcançar, mas sempre muito gratificante. Foi nesse sentido que parti na semana passada em busca da criatividade, depois de ter sido selecionado para participar numa conferência internacional sobre essa temática em Bari, uma cidade italiana que não conhecia, juntamente com pessoas extraordinárias. Esta aventura em busca da criatividade começou muito cedo, na madrugada da passada terça-feira, no Aeroporto de Faro, de onde partimos para a primeira etapa da nossa viagem até Lisboa, onde fizemos escala e aproveitamos para conhecer melhor todos os elementos da equipa, que passo a apresentar: Marisa Madeira, gestora de projetos do CRIA; Bruno Cruz, da Botodacruz; e a Sílvia Rodrigues, da Sigues. Aproveitamos também para falarmos sobre a conferência «Matchmaking Event for Creative and Cultural Industries in the Med Area» onde íamos participar nos dias seguintes. O tempo passou depressa e fomos apanhar o próximo voo até Roma e posteriormente até Bari. Em Bari deparei-me com uma cidade muito desenvolvida, em termos de infraestruturas, aeroporto internacional com boas condições e um comboio de ligação entre o aeroporto e a cidade tecnologicamente evoluído. Cansados, fomos jantar nas imediações do hotel, numa pizzaria, foi aí que comecei a ver um tipo de criatividade única, todas as paredes tinham quadros da Marilyn Monroe, tínhamos descoberto por acaso uma pizzaria dedicada a essa estrela de cinema americano. No dia seguinte, começamos os trabalhos na conferência com a apresentação do projeto «Ch.IMERA», onde os responsáveis italianos falaram sobre os objetivos que foram e serão desenvolvidos. Na segunda apresentação falouse sobre desafios e oportunidades das indústrias criativas e culturais e novas abordagens para fortalecer a inovação. Apresentações muito ricas em termos de conhecimento, onde destaco a ALGARVE INFORMATIVO #178

intervenção da portuguesa Ana Solange Leal, da Inova+, que falou sobre o projeto «Vertigo Start», que visa apoiar e financiar residências artísticas com base tecnológica, com uma interligação internacional. Durante a tarde participamos em reuniões de trabalhos com membros das equipas dos restantes países, entre eles, Espanha, Itália, Eslovénia, Grécia e França, que no meu caso foram muito produtivas, pois tive a oportunidade de trocar ideias e desenvolver possíveis parcerias internacionais. À noite, fomos participar num evento promovido na Officina degli Esordi, uma incubadora de projetos culturais e criativos onde fiquei surpreendido com toda a dinâmica desenvolvida, com as magníficas instalações e com todas as condições para a criação de projetos de sucesso. Foi uma boa oportunidade de conhecer uma série de pessoas espetaculares. No segundo dia, durante a manhã foi abordado o tema das redes de clusters e networks como ferramentas para superar as dificuldades e criação de estratégias para a internacionalização das indústrias criativas e culturais. Desta apresentação destaco a intervenção de Bernd Fesel, diretor da European Creative Business Network, que falou sobre a importância na promoção das indústrias criativas e culturais na Europa. Durante a tarde tivemos mais uma serie de reuniões de trabalho. Estes dias foram muito gratificantes e enriquecedores para melhorar os meus conhecimentos em criatividade e poder conhecer novas realidades sobre o que melhor se faz na Europa sobre esta temática. Venho muito mais rico, pelas pessoas que pude conhecer em Itália e pela equipa portuguesa que participou, exemplos extraordinários do melhor que se faz no nosso país relacionado com as indústrias criativas. Um agradecimento muito especial à Universidade do Algarve e ao Cria por esta oportunidade única .

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OPINIÃO

Overtourism - Mito ou realidade? Antónia Correia (Professora) ongratulo todos os destinos que hoje são capazes de discutir esta temática. É sinal de que alcançaram um estágio de desenvolvimento em que já existe excesso de procura. Este «problema» é sinónimo de excelência. Em teoria económica discute-se a lei da oferta e da procura que suporta a formação de preços. Quando existe excesso de procura, tradução económica de overtourism, os preços sobem e o mercado ajusta-se pela entrada de novas empresas, neste caso destinos. Este processo quase impercetível aos olhos do consumidor (turista) e do produtor (destino) acontece até que o preço se ajuste e o excedente do consumidor seja similar ao excedente do produtor. Isto é, todos ganham, sim, porque no mercado não pode haver perdedores. No caso dos destinos turísticos, a situação é algo atípica: surgem novas ofertas (destinos), mas a procura persiste em determinados lugares que, com legitimidade, se queixam de excesso de turistas, leia-se procura. Também não existem evidências de ajustamentos de preços, sugerindo uma procura pouco sensível ao preço e determinada nas suas escolhas e preferências. De facto, o turismo é uma atividade social que

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confere status ao turista, as multidões e o congestionamento são também um fator de escolha. Não é um bem essencial e por isso não é sensível ao preço. O ajustamento de mercado é, portanto, mais difícil e mais lento. O excesso de procura turístico é um problema de planeamento e não de mercado, ajustar as infraestruturas para facilitar a mobilidade, deslocalizar o turista para zonas adjacentes aos destinos mais populares e regular o congestionamento com tecnologia, são propostas que minimizam o overtourism mas não resolvem, porque o problema é a determinação do turista nas suas escolhas. O turista quer e vai querer sempre visitar os lugares mais famosos e mais reputados. Por isso, o importante é que a médio/longo prazo outros locais sejam promovidos e dinamizados. Permitir a livre entrada no mercado de outros destinos com uma promoção forte e assertiva que consiga colocar estes espaços no imaginário dos turistas, mas sem deixar de promover os existentes, é a forma de redistribuir a procura. Planear, regular e aproveitar a bonança destes tempos é a recomendação que fica, porque afinal este é um «bom» problema .

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OPINIÃO

iHibrido: Mentiras e Inverdades Nuno Miguel Silva (Técnico de Comunicação) á três grandes classes sociais identificadas: a baixa, a média ou a alta. Mas falta uma. Hoje em dia, e como em tudo, existem os mecanismos de medição tradicionais e os de tecnologia de ponta. Ora, tradicionalmente, olhar para a carteira e não ver dinheiro já nos diz qualquer coisa. Não ter carteira ainda nos diz um bocadinho mais. No entanto, para lá do óbvio, as diferenças tendem a tornar-se impercetíveis. A verdade é que sempre que ultrapassamos uma crise financeira devastadora, nasce uma nova classe social: a hibrida. Esta é a classe daquelas pessoas que, em primeira instância, não são nem uma coisa nem outra, mas que em última instância acabarão sempre por ser qualquer uma delas. A diferença? O crédito. Se há coisa que a Fnac, a Worten, a Box ou a GMS sabem é que, depois da tempestade, vem sempre a bonança, e se há outra coisa que estes gurus do crédito fácil ainda sabem melhor é que depois da bonança vem sempre uma série de débitos de mensalidades de iPhone recusadas pelo banco: no fundo, o parto natural dos iHibridos. É a lógica da batata: inteira, não se segura em pé, esventrada pela metade, tenta. O que é que isto nos diz? Nada. Mas aceito sugestões para melhores lógicas sobre créditos e classes sociais. Ora, no fundo percebo pouco mais que nada de hierarquias sociais, mas tenho a certeza que o número de créditos pessoais ALGARVE INFORMATIVO #178

pode já ser considerado como um dos mecanismos mais vanguardistas de aferição de classes. Vanguardistas, entenda-se. Não de tecnologia de ponta. Para falarmos de métodos ou mecanismos de aferição de tecnologia de ponta temos de estar mais atentos. Para além de confusos, algumas classes sociais têm a capacidade camaleónica de coexistir sem que se note. Mas eles estão lá e ainda hoje vi um. Ou melhor, ouvi: falo do seu vocabulário. Os neologismos que hoje consagramos no dicionário são pura tecnologia no que ao ilusionismo diz respeito, e permitem distinguir de olhos fechados a classe alta e, eventualmente, a hibrida. Vejamos. Se perguntarem a um ladrão se roubou e este responder “é mentira”: classe baixa. Se perguntarem a um ladrão se roubou e este responder “é uma inverdade”: classe hibrida ou alta. De caras. No fundo, uma inverdade é uma mentira que se maquilhou. São exatamente a mesma coisa, mas uma janta no Ritz e a outra petisca na tasca. São exatamente a mesma coisa, mas uma permite mentir sem que ninguém perceba e a outra permite mentir sem que ninguém duvide. Enfim. Na prática, isto nem devia ser tema para crónica nenhuma. Mas tinha de escrever sobre qualquer coisa e esta manhã tive o azar de ouvir José Sócrates. E leia-se, nada contra créditos. Tenho um. Ou dois. Mas esta é uma inverdade. Ou duas. E agora? .

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ATUALIDADE

ALBUFEIRA, ALCOUTIM E LOULÉ ENTRE OS 35 FINALISTAS AO PRÉMIO MUNICÍPIO DO ANO cerimónia de entrega dos Prémios Municípios do Ano - Portugal 2018 realiza-se no dia 16 de novembro, no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, em mais uma organização da Universidade do Minho através da plataforma UM-Cidades, e do Município de Guimarães. Esta quinta edição contou com 56 candidaturas, estando nomeados projetos de 35 municípios para nove categorias e para o grande prémio final. Os finalistas nomeados em 2018 são Albufeira, Alcoutim e Loulé (Algarve); Avis, Coruche, Santarém e Sines (Alentejo); Cascais, Lisboa, Mafra e Sesimbra (Área Metropolitana de Lisboa); Arouca, Espinho, Gondomar e Vila Nova de Gaia (Área Metropolitana do Porto); Águeda, Mealhada, Oliveira do Hospital e Seia (Centro); Figueira de Castelo Rodrigo,

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Idanha-a-Nova, Lousã e Sátão (Centro com menos de 20 mil habitantes); Braga, Ponte de Lima, Viana do Castelo e Vila Real (Norte); Alfândega da Fé, Armamar, Montalegre e Valpaços (Norte com menos de 20 mil habitantes); Horta, Madalena do Pico, Ribeira Grande e Vila Praia da Vitória (Regiões Autónomas). O concurso visa reconhecer as boas práticas de projetos implementados pelos municípios com impacto no território, na economia e na sociedade, promovendo o crescimento, a inclusão e a sustentabilidade. Pretende também colocar na agenda a temática da territorialização do desenvolvimento, perspetivada a partir da ação das autarquias, bem como valorizar realidades diversas que incluam as cidades e os territórios de baixa densidade nas diferentes regiões do país .

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MUNICÍPIO DE LAGOA ENTRA NA ONDA ROSA Município de Lagoa aderiu, no dia 31 de outubro, à campanha «Onda Rosa» numa estreita parceria com a Liga Portuguesa Contra o Cancro. O presidente da autarquia, Francisco Martins, pretende assim contribuir para a importância da deteção precoce do cancro da mama, através da promoção de ações de consciencialização. Uma das medidas imediatas consistiu na criação do «Dia Rosa» na Instituição, um desafio lançado aos colaboradores do Município no qual todos vestiram uma peça de vestuário rosa, a título ilustrativo.

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Esta iniciativa da Liga Portuguesa Contra o Cancro, realizada pelo quarto ano consecutivo, ocorre num mês que assinala, por um lado, o Dia Mundial da Saúde da Mama (15 de outubro) e, por outro, o Dia Nacional de Luta Contra o Cancro da Mama (30 de outubro), tornando outubro num mês de cor Rosa por excelência. O movimento conhecido como «Outubro Rosa» nasceu nos Estados Unidos, na década de 1990, com o objetivo de estimular a população para o controlo do cancro da mama. Atualmente, a data é celebrada anualmente, consciencializando e partilhando informações sobre esta doença . ALGARVE INFORMATIVO #178


ATUALIDADE

NEW LIGHT PICTURES GANHOU 11 PRÉMIOS NO 11.º ART&TUR INTERNACIONAL TOURISM FILM FESTIVAL 2018 produtora audiovisual New Light Pictures conquistou 11 prémios na 11.ª edição do «Art&Tur Internacional Tourism Film Festival 2018», que se realizou, de 23 a 26 de outubro, em Leiria. Na categoria internacional, a produtora algarvia destacou-se com «Walking Trails» (1.º Prémio Tourist Routes), «From Farm to Table» (2.º Prémio Enoturism e 2.º Prémio Gastronomy and Tourism) e «São Brás de Alportel» (2.º Prémio Rural and Nature». Na categoria nacional, evidenciaram-se «Faro City of Stars» (Melhor filme do Algarve), «Walking Trails» (1.º Prémio ALGARVE INFORMATIVO #178

Rotas Turísticas), «From Farm to Table» (1.º Prémio Turismo Gastronómico e 2.º Prémio Turismo Rural e Natureza), «Madeira Pass» (1.º Prémio Destino Regiões e 2.º Prémio Rotas Turísticas) e «São Brás de Alportel» (2.º Prémio Turismo Rural e Natureza). A recente fusão entre as duas empresas Margem Films e New Light Pictures começa a dar frutos e, de forma surpreendente, foram 11 prémios arrecadados naquele que é mundialmente um dos festivais de referência para o cinema de turismo. "Aconteceu magia nesta edição, pela qualidade geral dos participantes 118


regulares, que é demasiado evidente", frisou Francisco Dias, Diretor do Festival, enquanto que, para Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, a mudança do festival para o Centro é "um contributo inestimável para reposicionar esta região, revelando-se importante para o novo fôlego que, a partir daqui, esta entidade pretende desenvolver”. "Este festival trouxe-nos a evidência da importância que a magia do cinema tem na promoção e no processo de internacionalização dos nossos territórios", acrescentou Pedro Machado. Pedro Matos, Diretor de fotografia da New Light Pictures, recordou que esta não é a primeira vez que a produtora é premiada neste Festival, “mas nesta edição fomos vencedores com todos os filmes que tínhamos na competição, o que é um reconhecimento fantástico do trabalho que temos vindo a realizar”. “Os filmes em competição são do melhor que

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se faz pelo mundo fora e já é uma honra fazermos parte da short list do festival, pelo que termos ganho estes prémios todos é um voto de confiança extraordinário”, reforçou Patrício Faísca, Editor da New Light Pictures. Por sua vez, João Viegas, realizador da New Light Pictures, considera que “este reconhecimento internacional premeia, acima de tudo, o território de rara beleza que é Portugal, com a sua riqueza cultural e paisagística, patrimonial e identitária”. “Estes filmes procuram representar essa dimensão poética, quase sublime e sempre apaixonante, deste nosso jardim à beira mar plantado. A New Light Pictures está em fase de produção de novos projetos, que certamente também irão dar que falar muito em breve”, concluiu João Viegas.

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ATUALIDADE

ANTÓNIO COSTA VEIO A LAGOA PARA ENCERRAR 15.º CONGRESSO DOS ARQUITETOS erminou, no dia 27 de outubro, o 15.º Congresso dos Arquitetos, que decorreu pela primeira vez no Algarve, no concelho de Lagoa, com mais de 300 congressistas, entre arquitetos, arquitetos paisagistas, estudantes de arquitetura e representantes do Conselho Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa e do Docomomo Ibérico. Para José Manuel Pedrerinho, Presidente da Ordem dos ALGARVE INFORMATIVO #178

Arquitetos (OA), a adesão registada foi "bastante superior à dos últimos congressos realizados, numa clara demonstração das possibilidades da efetiva descentralização da OA, que urge ser replicada igualmente nas suas estruturas organizativas". O Património e a Prática Profissional foram alguns dos assuntos abordados no Congresso da Ordem dos Arquitetos, enquadrada nas celebrações dos 20 anos da sua constituição. O Congresso aprovou por unanimidade e 120


aclamação um conjunto de recomendações, transmitidas e entregues ao Primeiro-Ministro, António Costa e à Secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, que participaram na Sessão Solene de Encerramento, no dia 27 de outubro, que contou ainda com as presenças do Presidente do Congresso, Alexandre Burmester e do Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Francisco Malveiro Martins. A promoção de um entendimento político e da dimensão global de uma Arquitetura que vive e constrói a paisagem e a implementação de um Código de Edificação que simplifique e introduza transparência no procedimento administrativo, uniformizando-o, e que fomente a participação pública, foram outras das reivindicações transmitidas por José Manuel Pedreirinho a António Costa. “Defendemos uma qualidade do

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edificado que seja representativo de uma verdadeira cultura da construção, da qualidade e uma demonstração de inteligência. Um edificado sustentável, representativo de uma economia que se pretende circular e inclusiva. Para tal, consideramos fundamental o papel da educação e do desenvolvimento cultural, como forma de desenvolver uma cultura onde o papel do arquiteto na melhoria das condições de vida da sociedade possa ser claramente entendido e assumido", frisou o presidente da OA, acrescentando ainda que "não queremos ser parte de um qualquer retrocesso civilizacional, mas sim ser parte da solução para a valorização do território que urge realizar, mas precisamos de condições para o fazer”.

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ATUALIDADE

«POESIA A SUL» PRESTOU HOMENAGEM A JOÃO LÚCIO COM POETAS DOS QUATRO CANTOS DO MUNDO oão Lúcio, cujo centenário da morte o Município de Olhão assinala neste mês de outubro, foi um tema transversal a toda a edição deste ano do «Poesia a Sul». O colóquio de homenagem ao poeta olhanense, no dia 27, juntou apreciadores e estudiosos da sua obra e vida, num dia em que também se evocou Saramago e a poesia cabo-verdiana. O encerramento teve lugar, no dia 28 de outubro, com a Ria Formosa como pano de fundo. Centenas de pessoas respiraram poesia durante 10 dias na cidade olhanense, com o IV Encontro Internacional Poesia a Sul, organizado pelo Município de Olhão, a trazer ao concelho poetas de quase duas

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dezenas de países. Viveram-se momentos de partilha de experiências e de intercâmbio cultural, ouviu-se música, viu-se teatro, declamaram-se poemas e colocou-se Olhão no centro do mundo artístico. João Lúcio «deu que falar» em vários eventos, que culminaram com o colóquio que decorreu na Associação Cultural Re-Criativa República 14. António Cândido Franco, Jacinto Palma Dias, Fernando Cabrita, Vasco Prudêncio e Vítor Cantinho falaram das obras do poeta olhanense e das características invulgares da sua casa, considerada uma «arquitetura do espírito». Uma das grandes figuras do

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modernismo português, sobrinho do pintor Henrique Pousão e que privou com Francisco Fernandes Lopes (ilustre médico olhanense) e Fernando Pessoa, cujo poema «Espalhando Phantasmas» foi o último que escreveu em vida, foi homenageado no centenário da sua morte numa iniciativa municipal que já começa a consolidar-se. «Poesia a Sul» é um dos grandes eventos de poesia a nível internacional, ou não contasse com a presença de poetas dos quatro cantos do mundo. Muitos espaços municipais acolheram este encontro, comissariado por Fernando Cabrita, que também passou pelas freguesias, pelos concelhos de Castro Marim, Lagos e Vila do Bispo e esteve ainda na vizinha Espanha. “Este evento, organizado e suportado logística e financeiramente pelo Município, com o importante apoio do Programa Cultural 365 Algarve, vai ganhando o seu lugar no cenário nacional e internacional, levando o nome de Olhão e da literatura portuguesa a diferentes países e a públicos e círculos especializados”, referiu o autarca António Miguel Pina. 123

Entre muitas iniciativas que ficam na memória de todos os participantes, o IV Encontro Internacional Poesia a Sul terminou como começou, na rua, junto dos olhanenses, neste caso tendo como cenário a inspiradora Ria Formosa, onde se ouviram poemas e música .

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ATUALIDADE

AUTARQUIA TAVIRENSE COM TODOS OS SERVIÇOS CERTIFICADOS Município de Tavira recebeu, no dia 26 de outubro, da Associação Portuguesa de Certificação (APCER), o certificado de conformidade que garante o cumprimento dos requisitos da Norma Portuguesa EN ISO 9001:2015, em todos os serviços da autarquia. Na ocasião, o Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Jorge Botelho, enfatizou que a orientação dos esforços de toda a orgânica municipal para uma administração mais eficiente, simplificada e modernizada, mais próxima dos cidadãos e que responda de forma célere e objetiva às suas necessidades, tem sido uma das prioridades estratégicas do seu executivo. Neste contexto, a autarquia entendeu que o alargamento do Sistema de Gestão da Qualidade, já implementado nalgumas atividades desde 2008, ao âmbito «Gestão ALGARVE INFORMATIVO #178

Autárquica», constitui um veículo privilegiado para materializar esses objetivos, capaz de fomentar a eficiência da administração local, através de uma nova cultura organizacional suportada na melhoria contínua. O processo de certificação de uma organização, qualquer que seja a sua dimensão ou setor de atividade, consiste no reconhecimento formal por um organismo acreditado para esse efeito, que comprova, após a realização de auditorias anuais, que os produtos, serviços e processos de uma determinada entidade estão em conformidade com os requisitos do referencial normativo. Por intermédio da certificação da qualidade de todos os serviços, a autarquia tavirense dá mais um passo na modernização da administração municipal .

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ATUALIDADE

SISTEMA NASCENTE DE COLETORES DOMÉSTICOS DE OLHÃO VAI SER ALVO DE MELHORIAS Ambiolhão assinou, no dia 31 de outubro, o contrato da empreitada que visa uma intervenção relevante na rede de coletores domésticos associados ao sistema de interceção de águas residuais do concelho de Olhão – Sistema Nascente. A obra, adjudicada à empresa «MAJA Construções, S.A.», tem um valor de dois milhões, 235 mil e 453,01 euros e é financiada pelo Programa Portugal 2020 – POSEUR. O projeto visa a ampliação da rede de drenagem de águas residuais em diversas áreas do concelho, nas freguesias de Quelfes e União de Freguesias de ALGARVE INFORMATIVO #178

Moncarapacho-Fuseta, mais concretamente nas zonas situadas ao longo na EN 398, Sítio da Igreja e faixas a sul e a norte da EN 125 entre Olhão e Fuseta. A execução da obra permitirá aumentar a população servida por sistema de drenagem e tratamento, sendo as redes a construir interligadas aos intercetores do sistema em alta. Grande parte da rede de coletores a construir fica localizada em zonas sensíveis de aquíferos e do Parque Natural, pelo que “esta obra se reveste de grande importância em termos ambientais, pois irá promover a desativação de um número elevado de sistemas individuais tipo fossa sética”, 126


destaca o presidente da autarquia olhanense, António Miguel Pina. No Sistema de Quelfes serão construídos 26 novos coletores gravíticos, uma conduta elevatória e uma estação elevatória. O Sistema de Bias ficará dotado de 48 novos coletores gravíticos, dois condutas elevatórias e duas estações

elevatórias, enquanto que, no Sistema de Moncarapacho, será construído um coletor gravítico. A população abrangida por esta obra é de cerca de três mil e 550 habitantes: mil e 200 no Sistema de Quelfes, dois mil e 300 no Sistema de Bias e 50 no Sistema de Moncarapacho.

AMBIOLHÃO INICIOU COMBATE À LAGARTA DO PINHEIRO EM TODO O CONCELHO empresa municipal de ambiente de Olhão Ambiolhão - já começou mais uma campanha de prevenção e controlo da lagarta do pinheiro ou processionária. Com esta ação, que irá decorrer nas próximas semanas, pretende-se evitar a formação de ninhos e consequente proliferação deste inseto junto da população. Os trabalhos desenvolvidos pela Ambiolhão estendem-se a todo o concelho e incidirão sobre os pinheiros localizados em áreas públicas, nomeadamente nas escolas de ensino básico, circuito de manutenção dos Pinheiros de Marim, Ilha da Armona e árvores localizadas em praças, largos, parques, jardins ou arruamentos. As ações preventivas realizam-se através de duas técnicas: a pulverização das árvores com um inseticida biológico (específico para esta praga, não tendo qualquer efeito noutros organismos) e a microinjeção dos pinheiros (endoterapia) que, para além de não provocar quaisquer danos à planta, evita a dispersão de partículas na atmosfera, contaminação do solo, água e ambiente envolvente.

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A Ambiolhão alerta todos os munícipes para, se tiverem pinheiros nos seus próprios jardins e/ou quintais, contactarem empresas que realizem o serviço de prevenção e tratamento dos mesmos de modo a conseguir-se um controlo eficaz na disseminação desta praga. Em ambiente urbano, é importante uma vigilância constante e um combate urgente e atempado, dadas as consequências que a processionária pode provocar em termos de saúde pública, devido à ação urticante dos pelos das lagartas, que causam reações alérgicas. Os pelos funcionam como agulhas, injetando as substâncias tóxicas na pele ou mucosas. As crianças, por brincadeira, e os animais domésticos, são os principais afetados . ALGARVE INFORMATIVO #178


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LOULÉ PARTICIPOU NO FÓRUM DA REDE PORTUGUESA DE MUNICÍPIOS SAUDÁVEIS Município de Loulé esteve em Lagoa, nos Açores, nos dias 25 e 26 de outubro, no âmbito da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, da qual faz parte desde 2016. Na quinta-feira teve lugar a reunião bianual da Assembleia Intermunicipal, que foi norteada pelo diálogo entre os 34 municípios participantes: Almodôvar, Azambuja, Barreiro, Braga, Castro Marim, Coimbra, Cuba, Figueira da Foz, Gondomar, Lisboa, Loulé, Loures, Miranda do Corvo, Monção, Monchique, Odemira, Oeiras, Palmela, Ponta Delgada, Porto, Póvoa do Lanhoso, Ribeira Grande, Santo Tirso, Serpa, Seixal, Setúbal, Soure, Torres Vedras, Valongo, Viana do Castelo, ALGARVE INFORMATIVO #178

Vidigueira, Vila Franca de Xira e Vila Real e Lagoa – Açores. No dia seguinte realizou-se, no Nonagon – Parque de Ciência e Tecnologia de São Miguel, o VII Fórum da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, onde estiveram em debate a governação e a política para a saúde, nomeadamente ao nível local. A Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, constituída em 1997, é uma associação de municípios cuja missão passa por apoiar o desenvolvimento do projeto Cidades Saudáveis nos seus aderentes, os quais pretendam assumir a promoção da saúde como uma prioridade nas decisões políticas .

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MUNICÍPIO DE LAGOA INTEGRA CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA RECEVIN Câmara Municipal de Lagoa integra o Conselho de Administração da Rede Europeia de Cidades do Vinho (RECEVIN), que reuniu no dia 12 de outubro, na Câmara Municipal de Paris, para eleger os representantes daquele órgão em representação da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) para o mandato de 2018-2021. Foi votada por unanimidade a proposta que renova na liderança da RECEVIN a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, através do seu presidente, José Calixto, para mais um mandato. O dia serviu ainda para a delegação portuguesa da AMPV participar na inauguração da Festa das Vindimas de Paris. O encontro contou com a presença do presidente e secretário-geral da Associação de Municípios Portugueses do Vinho, Pedro Ribeiro e José Arruda; do Embaixador de Portugal, Jorge Torres Pereira; do vereador lusofrancês da Câmara Municipal de Paris, Hermano Sanches Ruivo; do presidente da RECEVIN e de autarcas portugueses da Cidade Europeia do Vinho 2018, entre os quais Luís Encarnação, Vice-Presidente do Município de Lagoa. A Rede Europeia de Cidades do Vinho conta com o apoio das associações nacionais de cidades do vinho existentes 129

na maioria da dezena de países que compõem a rede (Sérvia, Portugal, Itália, Hungria, Grécia, França, Eslovénia, Bulgária, Alemanha e Áustria.

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EMPRESA ALGARVIA EM DESTAQUE NA MAIOR FEIRA DE NEGÓCIOS DO MUNDO jovem empresa farense «Open China» esteve presente na «Canton Fair», considerada a feira em que mais negócios se concretizam em todo o mundo. Com uma comitiva de quatro elementos, a Open China, que se dedica ao estabelecimento e acompanhamento de negócios entre companhias portuguesas e chinesas, aceitou o convite da organização para participar no certame, estabeleceu em Guangzhou novas parcerias e abriu portas em áreas de negócios tão distintas quanto a robótica ou a indústria do vestuário. Com dimensão global, a «Canton Fair» teve a sua primeira edição em 1957, é o principal palco de negócios do gigante asiático e um dos pontos de visita obrigatória para a empresa algarvia que ali fortalece a sua presença e know-how. Já a ALGARVE INFORMATIVO #178

Open China foi fundada em 2008, com a intenção de servir de elo comercial entre a China, Portugal e Espanha, oferecendo os seus vastos conhecimentos, grande experiência e ampla rede de contactos para assessorar empresas internacionais através das complexidades do dinâmico setor empresarial chinês. A Open China dedica-se a ajudar estas empresas a estabelecer com sucesso as suas operações na China continental, de forma oportuna e rentável. Para tal, opera em diversas áreas e fornecem os mais variados serviços, tais como a importação e exportação da China, análise de mercado chinês, supervisão de encomendas produzidas na China e traduções de múltiplos idiomas, com enfâse no chinês .

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«MÊS DA EMPREGABILIDADE» NA UNIVERSIDADE DO ALGARVE ENVOLVEU CENTENAS DE ALUNOS «Mês da Empregabilidade» realizou-se pela primeira vez na Universidade do Algarve e o balanço é bastante positivo, tendo participado na iniciativa cerca de 400 estudantes da academia algarvia, nas várias sessões realizadas durante outubro. Procurando desenvolver competências de empreendedorismo e empregabilidade nos alunos, o Gabinete Alumni e Saídas Profissionais (GASP) organizou várias sessões com oradores convidados que incidiram sobre os seguintes temas: «O Linkedin como ferramenta de networking

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e o perfil do programador»; «Erros a evitar no uso da linguagem corporal»; «Preparação do CV e da entrevista»; «Alinhar as estratégias de comunicação com a procura de (primeiro) emprego»; «Coaching: ferramenta de excelência académica e profissional». Esta iniciativa enquadra-se numa estratégia da Reitoria que pretende fomentar o apoio aos estudantes, no sentido do desenvolver competências transversais, também designadas por soft skills, que possam ajudar a preparálos para que melhor consigam alcançar os seus objetivos académicos e profissionais .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Hugo Moura

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

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