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ALGARVE INFORMATIVO 1 de dezembro, 2018

AVISHAI COHEN INCRÍVEL EM LOULÉ NELSON CONCEIÇÃO |PRÉMIOS JUVENTUDE | «OPERA ROCKS» DA IDEIAS DO LEVANTE «PAGA TEATRO DAS BEIRAS 1 DEUS OU O GORILA» DO TE-ATRITO | «UMA MULHER SÓ» DOALGARVE INFORMATIVO #181


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CONTEÚDOS #181 1 DE DEZEMBRO 2018

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ARTIGOS 12 - Projeto Pró-Vida da APEXA 24 - Águas do Algarve 38 - Prémios da Juventude de São Brás de Alportel 52 - Nelson Conceição 62 - «Opera Rocks» 72 - Avishai Cohen Trio 84 - «Uma Mulher Só» 94 - «Paga Deus ou o Gorila» 122 - Atualidade

OPINIÃO

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102 - Paulo Cunha 104 - Mirian Tavares 106 - Adília César 108 - Ana Isabel Soares 110 - Antónia Correia 112 - Fábio Jesuíno 114 - Carla Serol 116 - Afonso Dias 118 - David Martins ALGARVE INFORMATIVO #181

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REPORTAGEM

APEXA INAUGUROU CENTRO DE TREINO DE COMPETÊNCIAS DIÁRIAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Texto:

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manhã do dia 26 de novembro foi mais um daqueles momentos extremamente felizes para a direção da APEXA – Associação de Apoio à Pessoa Excecional do Algarve, com a inauguração do «Projeto Pró-Vida» - Prémio Fidelidade Comunidade, na sede localizada na antiga ALGARVE INFORMATIVO #181

Escola Primária de Valverde, concelho de Albufeira. Trata-se do primeiro Centro de Treino de Competências Diárias para pessoas com deficiência e muitos são os aspetos que o distinguem de outras unidades de reabilitação destes utentes, de acordo com Nuno Miguel Neto, responsável pelas Relações Externas e Projetos desta associação. “Antes de mais vamos ter sessões, não só individuais, mas 12


também de grupo, ou seja, vamos ensinar competências pessoais como atar os sapatos, dobrar a roupa para a guardar no armário, lavar a louça ou confecionar a comida, mas também preparar a casa para receber convidados. 13

São situações perfeitamente banais para as pessoas ditas «normais» mas, quem é portador de alguma deficiência motora ou mental, precisa de treino para as desempenhar com sucesso”, explicou Nuno Miguel Neto. ALGARVE INFORMATIVO #181


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Nuno Miguel Neto, responsável de Relações Externas e Projetos da APEXA

Outra novidade é que não vai ser ministrada formação apenas a pessoas com deficiência, mas também a todos aqueles que lidam com esta população no seu dia-a-dia, desde familiares a professores e cuidadores. E a razão é muito simples. “A APEXA, e muitas outras instituições, fazem um trabalho terapêutico diário para que os nossos utentes fiquem melhor capacitados para viverem em sociedade, em termos de memória, de noção de espaço, de convivência. O problema é que, muitas vezes, estas pessoas depois vão para casa e, ou por falta de tempo, de conhecimento ou de incentivo, os seus familiares ou cuidadores não dão continuidade ao trabalho realizado na instituição. Chegam a casa e deixam de ter estas rotinas e regras, o que torna a sua evolução mais lenta”, considera o 15

entrevistado. “Nós compreendemos que é mais fácil pôr a comida do filho a aquecer no micro-ondas, contudo, quando esse filho se vir numa situação em que não tem ninguém para lhe fazer essa tarefa, ele rapidamente desiste de aquecer a comida”, exemplifica. Dar maior independência e autonomia às pessoas com deficiência é, assim, a grande missão deste Centro de Treino de Competências Diárias, mas não apenas para as tarefas realizadas dentro de casa. “Se receber dois amigos em casa para jantar, vou ter que ir às compras ao supermercado e são essas situações que vamos também recriar. São práticas que estes cidadãos aprendem através do treino mas que, por vezes, vão ficando esquecidas na memória porque as outras pessoas ALGARVE INFORMATIVO #181


Nuno Neto, presidente da Direção da APEXA

tentam facilitar-lhes a vida”, avisa Nuno Miguel Neto, acrescentando que o projeto não será exclusivo para utentes da APEXA. “Andamos sempre todos a tentar fazer o melhor para os nossos utentes e esquecemo-nos que as outras instituições têm mais-valias que podemos aproveitar. Por isso, este projeto tem 24 parcerias, entre juntas de freguesias dos concelhos de Albufeira, Lagoa, Loulé e Silves, as Câmaras Municipais de Albufeira, Lagoa e Silves, agrupamentos de escolas de Silves e Albufeira e outras entidades como o Instituto Português do Desporto e Juventude, a Santa Casa da Misericórdia de Albufeira ou a Casa do Povo de Messines”, aponta. Para treinar utentes de outras instituições e aperfeiçoar estratégias com os seus familiares, professores, cuidadores ALGARVE INFORMATIVO #181

e educadores basta agendar as sessões com a direção da APEXA, porque não é suficiente preparar estes homens e mulheres para o mercado de trabalho, há que prepará-los, antes de mais, para serem cidadãos autónomos. “Não interessa uma pessoa ir trabalhar para uma empresa, levar a comida numa marmita e depois não saber aquecê-la no micro-ondas ou usar os talheres. Ou uma coisa tão simples como atar os sapatos. Claro que é mais rápido se fizermos isso aos nossos filhos, mas isso não os capacita para a vida. A APEXA já tem dois projetos para a integração das pessoas no mercado de trabalho, este é um complemento indispensável porque se preocupa com aquilo que tem que ser feito, em termos pessoais, no dia-a-dia”, reforça Nuno Miguel Neto.

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José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira

Para que o sonho se concretizasse foi bastante significativo o apoio da Fidelidade, através do Prémio Fidelidade Comunidade, que contribuiu com quase 15 mil euros para a criação do módulo do Centro de Treino. Depois, para que a obra ficasse mais completa, foi necessário construir uma casa de banho adaptada e fazer a ligação para um módulo já existente, um investimento que foi assegurada pela receita de duas ações da APEXA: um evento solidário de stand-up comedy realizado, em abril, no Auditório Municipal de Albufeira; e o jantar solidário de 2017 do «Algarve Chefs Week». E há objetivos a cumprir, esclarece Nuno Miguel Neto. “Comprometemo-nos com a Fidelidade a realizar, até março de 2019, 40 sessões individuais com utentes, 10 sessões de grupo e 15 formações com pais e cuidadores de pessoas com 17

deficiência. Não há uma lotação prédefinida, a única limitação é a disponibilidade dos nossos técnicos, porque tudo vai ser feito com a «prata da casa». Precisamos garantir a sustentabilidade do projeto e, para já, não podemos contratar mais pessoal, porque toda esta formação e capacitação é gratuita. Sabemos que as pessoas querem e precisam deste projeto, o problema é que a maior parte delas não têm capacidade financeira para o pagar”.

De voz tremida usou da palavra Nuno Neto, presidente da Direção da APEXA e um dos fundadores de uma associação que nasceu no virar do milénio para suprir as carências de cuidados especiais ALGARVE INFORMATIVO #181


Custódio Moreno, Diretor Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude

para muito jovens que, à semelhança de um dos seus filhos, eram portadores de algum tipo de deficiência. E entre a assistência estava outro homem fundamental para a progressão da APEXA, José Carlos Rolo, na época vereador da Câmara Municipal de Albufeira, que cedo se prontificou para auxiliar a associação no que fosse possível. “Há 14, 15 anos apresentei-lhe o projeto, disse-lhe que ainda não tínhamos uma «casa» e ele garantiu que alguma coisa se haveria de arranjar… e arranjou-se esta antiga escola primária. É uma pessoa que vai ficar sempre no meu coração, porque acarinhou a APEXA desde a primeira hora”, enalteceu o dirigente. A APEXA não tem parado de crescer desde então, exerce a sua atividade nos concelhos de Albufeira, Loulé e Silves e o «Pró-Vida» é o mais recente projeto desta ALGARVE INFORMATIVO #181

instituição onde só trabalha quem tem vocação para lidar com os cidadãos que nasceram diferentes. “Tenho muito orgulho pela Fidelidade ter acreditado neste projeto, é algo que nos motiva a todos a seguir em frente nesta missão”, referiu ainda Nuno Neto, antes de passar a palavra a Felisbela Paulino, do Gabinete de Responsabilidade Social da Fidelidade, que explicou que o Projeto Pró-Vida reflete o compromisso da empresa no apoio à capacitação do setor social, “em particular em organizações que atuam diariamente na promoção da melhoria da qualidade de vida e da ocupação e autonomização de crianças e jovens com deficiência”. “A requalificação dos contentores onde a APEXA trabalha diariamente com jovens em atividades de vida diária contribuirá para a sua autonomia e independência. As 18


respostas do Algarve são escassas a este nível e a APEXA destaca-se como uma organização de referência no apoio à deficiência e na promoção da inclusão social”, salientou Felisbela Paulino. Uma das entidades parceiras do Centro de Treino de Competências Diárias é o Instituto Português do Desporto e Juventude, cujo Diretor Regional do Algarve rapidamente enalteceu a paixão que os dirigentes e técnicos da APEXA colocam nas tarefas que desempenham no quotidiano. “E conseguiram juntar o poder central, o poder local, o associativismo e o tecido empresarial nos projetos que desenvolvem. Estão envolvidos 24 parceiros neste projeto, o que demonstra estarmos na presença de um dirigente do século XXII, já nem digo do século XXI”, destacou Custódio 19

Moreno. “São as associações que têm as ideias, ao poder central e local cabe facultar os meios, financeiros ou logísticos, para que elas se concretizem. Às vezes basta-nos ser facilitadores, estarmos ao lado, ajudarmos a abrir algumas portas, porque isso depois encoraja as empresas a darem um passo em frente, a apoiarem as instituições. E as pessoas diferentes merecem um carinho especial de todos nós”. Antes da visita às instalações, Paulo Freitas, presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, confirmou o sentimento de bem-estar, a alegria e a emoção que caracterizam todos quanto trabalham na APEXA. “Às vezes não é fácil lidar com estas pessoas que nasceram diferentes, mas, quando se ALGARVE INFORMATIVO #181


Felisbela Paulino, do Gabinete de Responsabilidade Social da Fidelidade

fazem as coisas com gosto e amor, tudo se torna menos complicado”, sublinhou. Alegria que, convém realçar, se estende aos próprios utentes da APEXA, fez questão de apontar José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, já depois do descerramento da placa que assinala a inauguração do Centro de Treino de Competências Diárias. “Mal cheguei, o Luís veio logo cumprimentarme quase ao portão, de sorriso nos lábios e braços abertos. No fundo, é para isso que todos nós trabalhamos, os públicos e os privados, para que estes cidadãos sejam mais felizes. Neste caso, a Fidelidade fez jus à responsabilidade social que todas as empresas têm, umas praticam-na, outras eventualmente estarão um pouco esquecidas dela. Quando acreditamos nas instituições, é natural que apoiemos naquilo que elas ALGARVE INFORMATIVO #181

precisam e é isso que acontece com a APEXA”. APEXA que, conforme Nuno Neto lembrou na sua intervenção, é bem conhecida de José Carlos Rolo, razão pela qual a autarquia de Albufeira nunca vira as costas à instituição. “Aliás, ainda há poucos dias fizemos a aquisição de um espaço, já construído mas que precisa ser recuperado, na Belavista para outros projetos que a APEXA vai desenvolver, o que lhe permitirá dar mais um salto qualitativo. É uma associação que não está limitada às fronteiras geográficas do concelho de Albufeira, trabalha noutros territórios do Algarve, pelo que merece a ajuda de todos, pois a união faz a força”, finalizou o edil albufeirense .

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REPORTAGEM

«ÁGUAS DO ALGARVE» INAUGUROU ETAR DE FARO/OLHÃO E SISTEMA ELEVATÓRIO DE OLHÃO/FARO Texto:

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oram inauguradas, na manhã do dia 28 de novembro, a nova ETAR Intermunicipal de FaroOlhão e o Sistema Elevatório de Olhão-Faro da «Águas do Algarve, S.A.», um investimento superior a 21 milhões de euros que contou com ALGARVE INFORMATIVO #181

financiamento do Fundo de Coesão no âmbito do Programa Operacional Temático Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR). Recorde-se que, até à data, parte significativa das águas residuais geradas na cidade de Faro eram tratadas na antiga ETAR de Faro Nascente, ao passo que parte substancial das águas 24


Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro

residuais produzidas na cidade de Olhão eram tratadas na ETAR de Olhão Poente. As duas infraestruturas de tratamento encontravam-se, contudo, subdimensionadas em relação às condições de afluência (qualitativa e quantitativa), assentando em sistemas de lagunagem que se revelavam desadequados face aos níveis de qualidade atualmente exigidos para o efluente tratado a descarregar no meio recetor, nomeadamente a Ria Formosa. As duas instalações de tratamento emanavam ainda um odor muito ativo em determinadas épocas do ano, penalizando os estabelecimentos hoteleiros e habitações construídas nas suas proximidades. A esta situação acresce o esforço efetuado no âmbito do reforço e 25

ampliação da obra, de modo a integrar as afluências dos aglomerados populacionais de Estoi, Conceição, S. Brás de Alportel e da zona Poente de Olhão, e à construção de um sistema elevatório de forma a desativar a ETAR de Olhão Poente, integrando os seus efluentes na ETAR de Faro Nascente. Tratou-se, por isso, de um avultado investimento da «Águas no Algarve» no concelho de Faro e que envolve, para além da construção da ETAR de FaroOlhão e do Sistema Elevatório de Olhão-Faro, a reabilitação das Estações Elevatórias de Águas Residuais de Faro e de Olhão, orçado em quase quatro milhões de euros. Esta empreitada incluiu a reabilitação de sete estações elevatórias de águas residuais situadas nos dois concelhos e que integram os subsistemas que agora afluem à Estação ALGARVE INFORMATIVO #181


António Miguel Pina, Presidente da Câmara Municipal de Olhão

de Tratamento de Águas Residuais de Faro-Olhão. A nova ETAR Intermunicipal era um sonho de há quase uma década e vai servir mais de 113 mil habitantes a título permanente, “sem macular aquilo que temos de mais sagrado do ponto de vista ambiental, a nossa Ria Formosa”, destacou Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro. “O Algarve pretende consolidar uma marca de diferenciação e que potencia a associação da identidade de cada concelho com o ambiente na construção de um sistema mais saudável e sustentável. Por isso, saudamos todos os investimentos realizados, na última década, pelas «Águas do Algarve», que se constituem como um fator de competitividade económica, em

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particular na área do turismo”, reforçou o edil, recordando um tempo assim não tão distante em que a água era escassa nas torneiras e o saneamento básico era um privilégio de alguns. Rogério Bacalhau considera, então, bastante positiva a jornada iniciada em 1986 quando, sob a presidência de João Negrão Belo, a Câmara Municipal de Faro adquiriu o terreno onde esta infraestrutura veio a ser construída, “dando um salto tecnológico colossal e conferindo aos nossos concelhos uma melhor qualidade ambiental, bem como à nossa Ria Formosa”. “Naquele tempo, as águas da Ria Formosa eram praticamente inacessíveis, o lixo acumulava-se nas margens e despejávamos as nossas águas sujas 26


diretamente para a Ria, sem qualquer tratamento. Os autarcas de então preferiam investir em tudo menos no Ambiente”, lamentou Rogério Bacalhau, situação que se inverteu por completo no passado recente. “No espaço onde nos encontramos respira-se ar puro e a envolvente apresenta-se limpa. A área adjacente, devido às lagoas que aqui existem, representa um dos principais pontos de concentração de avifauna selvagem do Algarve e de Portugal. Faro tem uma água certificada com o selo de excelência; taxas de cobertura de água e saneamento de 96 por cento e ao nível do que de melhor se faz na Europa; um sistema municipal de recolha e depósito de resíduos elogiado por todos; e, agora, mais uma ETAR de topo, que se soma à da freguesia de Montenegro”. “Um dia felicíssimo”, assim descreveu

António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, embora entenda que as ETAR’s de Faro-Olhão e da Companheira, em Portimão, deveriam ter sido construídas há mais tempo. “O Algarve é, hoje, uma região melhor do que era há 20 anos e estamos todos de parabéns, especialmente o Grupo Águas de Portugal”, salientou, antes de usar da palavra o Presidente do Conselho de Administração da «Águas do Algarve», Joaquim Peres. “Não é em todo o lado que podemos beber água da torneira com 100 por cento de segurança, em resultado do trabalho desenvolvido ao longo do tempo por todos aqueles que estão presentes, diariamente, nas ETA’s e nas ETAR’s, operando e mantendo. Podemos dizer que encerrou o ciclo da «Águas do Algarve» de construção das grandes

Joaquim Peres, Presidente do Conselho de Administração da «Águas do Algarve» 27

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João Nuno Mendes, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Águas de Portugal

infraestruturas, mas há outros ciclos para desenvolver, em virtude da sua conservação e manutenção”, indicou Joaquim Peres, adiantando que a Investigação e o Desenvolvimento vão marcar o futuro da empresa. “Ontem inauguramos um datacenter que finalmente saiu de um vau de escada e ocupou, de uma forma digna, as instalações das «Águas do Algarve». Saímos quase da Idade da Pedra para a Idade Moderna, o que nos permite agregar os trabalhos de telegestão”. Joaquim Peres reconheceu ainda que, quando se fazem estes tratamentos de águas residuais, há subprodutos que vão surgindo, um deles as lamas, falando da necessidade de se fazer “uma intervenção inteligente nestes materiais”. “Graças ao Instituto de Conservação da Natureza e ALGARVE INFORMATIVO #181

das Florestas temos a possibilidade de, por detrás destas instalações, implantarmos umas estufas para secagem solar dessas lamas. E porque o espaço ainda é generoso, vamos igualmente introduzir um parque fotovoltaico”, revelou o presidente do Conselho de Administração da «Águas do Algarve», sem esquecer a questão da educação ambiental. “Temos aqui uma sala em open space que pode ser visitada por escolas para que os mais novos aprendam a fazer um uso inteligente da água. Estamos aqui com uma visão de futuro, porque novos desafios se lançam”, concluiu. Presente na cerimónia esteve também o Presidente do Conselho de Administração da «Águas de Portugal», até porque o grupo estava a festejar os 28


25 anos precisamente no Algarve. “Esta infraestrutura é um testemunho do nosso espírito de serviço aos portugueses e tenho que agradecer o esforço extraordinário da equipa da «Águas do Algarve», por tornarem possível que este ano, no Algarve, tenhamos concluídas a ETAR de FaroOlhão e a ETAR de Portimão, que revolucionam o saneamento da região”, salientou João Nuno Mendes. “Continuamos em reuniões com os presidentes das Câmaras Municipais do Algarve para tentarmos encontrar a solução do nosso «casamento» até 2048. Temos consciência das questões estratégicas de cada concelho, tomamos conhecimento do amplo estudo que a AMAL tem desenvolvido para perceber quais serão as alterações climáticas e o seu impacto na região e na atividade turística e vamos procurar incorporar, em

equipa, essas conclusões no trabalho conjunto que estamos a realizar”. A inauguração da ETAR Intermunicipal de Faro-Olhão e do Sistema Elevatório de Olhão-Faro da «Águas do Algarve, S.A.» foi presidida pelo Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, para quem “é impressionante como se consegue construir uma infraestrutura como esta num local tão sensível em termos ambientais e valorizando o próprio território envolvente”. “Todos nos devemos orgulhar do que tem sido feito em Portugal no domínio da recolha e tratamento de efluentes. Passar de, em 1996, 50 por cento de água segura na torneira para os 98,7 por cento atuais só foi possível porque ninguém virou a cara ao problema, porque todos os governos quiseram

O Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes 29

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que tivéssemos melhores infraestruturas. E, quando falamos no tratamento de águas residuais, esta evolução ainda é mais expressiva”, garantiu João Pedro Matos Fernandes. Fechado o ciclo das grandes construções, outros se abrem, concordou o Ministro do Ambiente e da Transição Energética, da manutenção e valorização destes investimentos, da eficiência energética, de que os produtos tratados nas ETAR tenham uma vida circular e possam vir a ser reutilizados. “Acreditamos que o próximo quadro comunitário vai ter ainda uma fatia expressiva de verbas para investimento no ciclo urbano da água, mas isso não se vai prolongar por muitos anos. Neste setor foram investidos 10 mil milhões de euros, boa ALGARVE INFORMATIVO #181

parte deles financiados por fundos comunitários, nos últimos 25 anos, mas não podemos ter a ilusão, nem sequer a expetativa, de que isso se vai manter no futuro”, alertou o governante, não escondendo, porém, a sua satisfação pela boa forma como estes dinheiros comunitários foram utilizados para se assegurar a qualidade da água que todos bebemos no nosso dia-a-dia.

«ÁGUAS DO ALGARVE» JÁ TEM UM DATACENTER À ALTURA DOS DESAFIOS DO SÉCULO XXI Ao longo de 18 anos, a atividade da «Águas do Algarve, S.A.» tem sido

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pautada por uma constante evolução tecnológica, melhoria de sistemas de controlo e gestão do abastecimento de água e tratamento de águas residuais e, como seria de esperar, a informação armazenada e tratada tem vindo a crescer, assim como as necessidades tecnológicas têm vindo a aumentar. A constituição do DataCenter e do Disaster Recovery, que foram inaugurados, no dia 27 de novembro, pelo Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, decorreu da necessidade de promover a reformulação do Sistema de Telegestão do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve, com a consequente reformulação da infraestrutura informática de suporte; da necessidade de diminuir os

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riscos, aumentando a fiabilidade da operação de todo o sistema; e da necessidade de modernizar a rede de comunicações de suporte. O Disaster Recovery destina-se a garantir, em caso de eventos disruptivos significantes que originem uma falha do DataCenter, a recuperação ou continuidade da infraestrutura e sistemas informáticos que suportam as funções de negócio críticas, assegurando, no essencial, a manutenção da atividade da empresa. Para além da transformação a operar nos Sistemas de Telegestão e Comunicações, a disponibilização de forma unificada de recursos de rede, de

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computação, de armazenamento, de segurança e de gestão, a necessidade de melhorar a eficiência, de racionalizar a utilização de recursos e diminuir os riscos operacionais, garantida a partir de um único local, representam também argumentos relevantes na tomada desta decisão que implicou um investimento na ordem dos 500 mil euros. Desta forma, garante-se o cumprimento de princípios de disponibilidade, flexibilidade, escalabilidade e segurança na disponibilização dos serviços, bem como um maior controlo sobre os mesmos. “Fez-se um esforço bastante grande para que os nossos sistemas de informação sofressem este upgrade e praticamente passamos da Idade da Pedra para a Idade Moderna”, reconheceu Joaquim Peres, Presidente do Conselho de Administração da «Águas do Algarve, S.A.».

investimento de quatro milhões, 599 mil e 267,62 euros que será executado pelo Consórcio Tecnorém, S.A. / Acciona Água, estando a fiscalização a cargo da «Prospectiva». A ETA de Alcantarilha entrou em funcionamento no final de 1999 e é alimentada, desde 2012, com água superficial proveniente da albufeira da barragem de Odelouca e com água subterrânea captada nos furos de Vale da Vila e de Benaciate. Esta empreitada preconiza um conjunto de obras de ampliação e beneficiação, tendo fundamentalmente em vista, não só a resolução do problema do deficit de capacidade da etapa de decantação existente, mas também o aumento de capacidade das instalações de tratamento das águas residuais de processo – lamas dos decantadores e água da lavagem dos filtros.

De maior envergadura é a empreitada de beneficiações da ETA de Alcantarilha, um

A infraestrutura serve em alta os concelhos de Albufeira, Aljezur, Lagoa,

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Lagos, Monchique, Portimão, Loulé (Oeste e Norte), Silves e Vila do Bispo, o que demonstra, de imediato, a sua importância no contexto regional. “Sabemos o que queremos para o futuro e vamos fazê-lo com todo o rigor – na qualidade e no tempo de execução – que nos tem acompanhado nas outras obras. Vamos estar a trabalhar numa instalação que está em funcionamento e que é vital para a empresa e para a região, pelo que é preciso bom-senso de todos os envolvidos para levar esta missão a «bom porto»”. A obra deverá durar praticamente um ano a concluir, o que significa que irá atravessar o Verão de 2019, o que implicará um maior esforço da parte da «Águas do Algarve» para que não haja distúrbios no abastecimento de água a todo o Algarve. “Mas estou confiante que vamos ser capazes de cumprir com

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os objetivos a que nos propomos”, frisou Joaquim Peres. Uma confiança partilhada por Carlos Martins, Secretário de Estado do Ambiente, e que foi, precisamente, o anterior administrador da «Águas do Algarve». “O governo está muito interessado para que esta obra tenha uma boa execução física e financeira, pois teremos, em breve, uma comissão da União Europeia a verificar o modo como estamos a utilizar os fundos comunitários. Algumas empresas conseguem candidatar-se, mas depois não conseguem fazer as obras a tempo e horas, e a «Águas do Algarve» é uma excelente executora de fundos nesse aspeto”, salientou o Secretário de Estado .

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REPORTAGEM

Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel

SÃO BRÁS DE ALPORTEL VOLTOU A DISTINGUIR JOVENS DE MÉRITO Texto:

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om o Cineteatro de São Brás a ser alvo de obras de requalificação, coube ao Salão de Festas da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel acolher, na noite de 24 de novembro, a grandiosa gala de atribuição dos Prémios Juventude São Brás de ALGARVE INFORMATIVO #181

Alportel 2018. A iniciativa é organizada desde 2004, de dois em dois anos, pelo Município de São Brás de Alportel, com o objetivo de distinguir os jovens de mérito e os valores de futuro, contando para tal com a colaboração da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, das associações locais que desenvolvem trabalho junto dos jovens do concelho, do Agrupamento de Escolas José 38


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Belchior Viegas, dos órgãos locais de comunicação social e de um conjunto de entidades regionais. Com apresentação de Maria José Carochinho e Patrícia Reis, a gala começou com umas breves palavras de Vítor Guerreiro, Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, que voltou a frisar serem as pessoas a maior riqueza deste concelho e mostrando-se satisfeito, e orgulhoso, por nunca faltar matéria-prima para este evento, ou seja, jovens com imenso talento nas diversas categorias a concurso. Um concurso que envolve toda a comunidade são-brasense, pois foi a própria população que, numa primeira fase, durante o mês de outubro, sugeriu jovens ou grupos de jovens que, pelo seu mérito e talento, são merecedores de reconhecimento e distinção. ALGARVE INFORMATIVO #181

Após esta fase coube a uma comissão organizadora composta por representantes da autarquia, das associações locais, do agrupamento de escolas e da comunicação social local, e liderada pela Vereadora da Juventude e Vice-Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Marlene Guerreiro, selecionar os nomeados de entre as propostas recolhidas, no máximo de três por cada categoria temática e de dez para o Prémio Juventude Município. Depois, o processo foi novamente colocado nas mãos da comunidade sãobrasense, que decidiu, por via do seu voto, quais os premiados. A concurso estavam estiveram 10 categorias temáticas sujeitas à votação da comunidade estão nomeados 28 jovens: Artes - André Nunes, Beatriz 40


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Prazeres e João Barriga; Carreira - Adriana Cavaco e João Soares; Cidadania - David Ferreira e Pedro Ornelas; Ciência e Investigação - Lucianna Russel, Joana Silva e Lúcia Santos; Desporto – Guilherme Jesus, Lara Martins e Sofia Marques; Formação Desportiva - Dinis Cruz, João Romeira e Vasco Ventura; Empreendedorismo – André Guerreiro, Luís Sousa/Ricardo Alves e Sílvia Guerreiro; Música - André Guerreiro, Inês Graça e Paulo Sousa; Música – Revelação: David Brito, David Mendonça e Inês Sousa; Solidariedade: Nuno Teixeira e Ricardo Peres. Depois da música dos «4Play», foi hora de conhecer o primeiro distinguido da noite, João Barrita, vencedor na categoria «Artes», que se fez representar pela mãe por se encontrar a viver em Itália, onde trabalha para uma marca de roupa. João ALGARVE INFORMATIVO #181

Barriga venceu, em 2016, o prémio da melhor coleção do projeto «Sangue Novo» na Moda Lisboa e desde então dedica-se de corpo e alma a perseguir o seu sonho, ser estilista. Um sonho que começou muito cedo com o gosto pela costura e a criação de roupa, tendo estudado Artes Visuais na Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, e frequentado um curso intensivo de modista de Atelier e Design de Moda em Lisboa. Conta já com diversas apresentações das suas criações, sempre aberto a novos desafios, sendo mesmo um dos fundadores da produtora de moda «Twisted Soul Productions». O galardão da categoria «Cidadania» foi entregue a David Ferreira, que foi Vice-Presidente e Presidente da Direção da Associação de Estudantes da Escola 42


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Secundária José Belchior Viegas entre 2015 e 2018. Bem cedo as coletividades são-brasenses entraram na sua vida, participando em diversos clubes desportivos e no Agrupamento de Escuteiros desde o seu início como lobito. Foi, contudo, no ensino secundário que a paixão pela causa associativa começou a crescer e, aquando da sua presidência da Associação de Estudantes do Agrupamento de Escolas José Belchior, esta destacou-se pelo desenvolvimento de várias iniciativas culturais, científicas e solidárias. Estuda atualmente Engenharia Física Tecnológica no Instituto Superior Técnico e pensa integrar a Associação de Estudantes desta instituição. Na categoria «Música», a preferida da população foi Inês Graça, vocalista e instrumentista em bandas musicais. Do rock à música clássica, logo em criança ALGARVE INFORMATIVO #181

começou a devorar os álbuns que os seus pais tinham em casa, seguindo-se aulas de guitarra a partir dos 12 anos, mas só principiou a sua carreira musical aos 19 como vocalista na banda de originais «Godai». Desde então a sua sede de cantar e explorar novas sonoridades e estilos musicais aumentou, tendo passado por bandas como «Orblua», «Damn Pussies» e «Let's Go Out». Aprendeu a tocar instrumentos como o baixo, bouzouki, bandolim, concertina e percussões, mas é a sua voz inconfundível que mais se destaca. Em edição de estreia de categoria, Diogo Mendonça foi o vencedor em «Música – Revelação». Com apenas 18 anos, finalizou o ensino secundário e ingressou recentemente na Escola dos Artistas de Minerva em Loulé. Iniciou-se 44


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no acordeão aos seis anos, quando a mãe o desafiou a ingressar no Grupo Veredas da Memória. Obteve formação com diversos mestres e contou com a grande ajuda de outros colegas de profissão e amigos. Nos últimos dois anos tem tido influências de jazz e outros estilos por via das aulas de música improvisada com Paul Carter. Da Música para o Desporto, a distinguida da noite foi Lara Martins, de 15 anos, que começou a praticar atletismo, aos 10 anos, como federada no Clube São Francisco Associação Desportiva. Em 2017 mudou-se para o Clube Oriental de Pechão, cujas cores já defendeu em provas regionais e numa prova internacional. A nível escolar já participou duas vezes no Corta Mato Nacional e uma vez no Mega Km Nacional. Também no desporto, lugar a mais uma nova categoria, «Desporto Formação», ALGARVE INFORMATIVO #181

cujo vencedor foi Dinis Cruz, atualmente treinador de guarda-redes nos Sub-14 do Sport Lisboa e Benfica. Antes disso jogou futebol federado durante sete épocas como guarda-redes, na Sociedade Recreativa 1.º de Janeiro. Aos 25 anos, é treinador de futebol UEFA B, licenciado em Ciências do Desporto – Educação Física e Treino Desportivo, pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, tendo também um Mestrado em Treino Desportivo pela mesma faculdade. Em 2013 tornou-se analista de jogo nos Sub14 do Belenenses, no ano seguinte foi treinador adjunto nos Sub-14 do Casa Pia Atlético Clube e treinador de guarda-redes. Regressou uma época ao Belenenses para ser treinador de guarda-redes nos Sub-12, Sub-11, Sub10 e Sub-9. Em 2015/16 fez parte da equipa técnica dos Sub-19 do Sport 46


Lisboa e Benfica, desempenhando funções de Preparador e Recuperador Físico, com participação no Campeonato Nacional de Juniores e UEFA Youth League. Desde 2016/17 é treinador de guarda-redes no Sport Lisboa e Benfica, estando, na presente época, no escalão de Sub-14. Após um curto intervalo, ficou-se a conhecer a vencedora da categoria «Ciência e Investigação», Joana Silva, Licenciada em Psicologia e Mestre e Investigadora em Psicologia Forense e da Exclusão Social pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Elaborou um estudo na sua dissertação de mestrado que pretendia compreender os fatores preponderantes no desenvolvimento da criança e do adolescente, associados à Psicopatia. Realizou o seu estágio de Mestrado no 47

Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, no Serviço de Clínica e Patologia Forenses, onde apoiava a realização de perícias psicológicas forenses no âmbito dos processos penal e cível. Nesta altura escreveu, conjuntamente com um dos seus orientadores, o artigo «Avaliação Psicológica Pericial na Parentalidade», publicado em 2017 no livro «O Risco e o Perigo na Criança e na Família». Pósgraduou-se em «Profiling Criminal e Criminologia Forense» pelo Instituto Português de Psicologia e Outras Ciências. Atualmente é Psicóloga e encontra-se num processo de formação no âmbito do Ministério da Justiça. Sílvia Guerreiro foi a eleita pela comunidade na categoria «Empreendedorismo». Depois de alguns ALGARVE INFORMATIVO #181


anos a trabalhar por conta de outrem, numa empresa da área da publicidade, decidiu abrir o seu próprio negócio e apostar na sua paixão, a agricultura. Assim nasceu a «Produtos da Nossa Horta», que, para além de ser uma marca de produção agrícola, já tem um espaço de venda no Mercado Municipal e participa regularmente em diversos eventos. Na categoria «Carreira», o galardão foi para Adriana Cavaco, Diretora de Curso da Área Departamental de Ortoprotesia da Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve. Com Doutoramento em Engenharia Biomédica na área de materiais aplicados em Ortoprotesia, pela Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, tem também formação avançada em

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Nano-Bioengenharia para Medicina, coorganizado pelo Laboratório Internacional de Nanotecnologia e Instituto de Investigação de Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho; uma Pós-Graduação em Estudos Avançados em Engenharia Biomédica na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra; e Licenciatura em Ortoprotesia na Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve. A última categoria a concurso dizia respeito à «Solidariedade», onde o vencedor foi Ricardo Peres, voluntário e missionário e membro dos Jovens Sem Fronteiras desde 2007. Logo se iniciou nas atividades missionárias e desde 2014 que faz parte também da «Sol sem Fronteiras», fazendo parte da sua Direção Social desde novembro de 2017. E foi através da Solsef que partiu para a sua primeira experiência de voluntariado internacional, que o levou dois meses para a Guiné Bissau, onde 49

esteve acompanhar o projeto de cooperação «Edificando Educação» em Calequisse. Terminadas as categorias, foram depois distinguidos os dois melhores alunos finalistas do ensino secundário de São Brás de Alportel nos anos letivos 2016/17 e 2017/18, Lúcia Nunes e David Ferreira, respetivamente, e atribuídos nove Prémios Juventude Município, aos jovens Bruno Gomes e Jorge Loureiro; ao projeto «DIGI 3D - uma solução para a deficiência motora»; às equipas de futsal Casa do Benfica de São Brás de Alportel e futsal feminino do Grupo Desportivo e Cultural de Machados; ao Núcleo de São Brás de Alportel dos Jovens Sem Fronteiros; ao Grupo Musical «Young Melody»; ao Grupo de Jogos Tabuleiro de São Brás de Alportel; e à Associação de Estudantes do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas . ALGARVE INFORMATIVO #181


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ENTREVISTA

“O ACORDEÃO É UM INSTRUMENTO QUE RESPIRA CONNOSCO E QUE TOCA NO CORAÇÃO DAS PESSOAS”, DESCREVE NELSON CONCEIÇÃO Texto:

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uase de malas feitas para rumar à China, onde o aguarda uma dura e intensa jornada pedagógica e artística, Nelson Conceição é um dos mais reputados acordeonistas e professores de acordeão do nosso Algarve e de Portugal, para além de dinamizar o projeto «Terra de Acordeão» e ser maestro de algumas orquestras de acordeão. Muito trabalho, quase ininterrupto, e os resultados estão à vista de todos quanto os queiram ver. Aliás, o Campeão do Mundo de Acordeão na categoria de Júnior Virtuoso é seu aluno, o louletano João Campos Palma, mas este é apenas o mais recente caso de sucesso a sair da escola de Nelson Conceição. E se o ditado lá vai dizendo que «quem corre por gosto não cansa», nem sempre é fácil gerir todas estas facetas, reconhece o entrevistado, numa conversa na Alcaidaria do Castelo de Loulé. “Venho da Bordeira, uma terra onde o acordeão é rei e com uma tradição muito particular, as charolas, por onde passaram praticamente todos os grandes acordeonistas do Algarve. Cresci com esse som entranhado nos meus ouvidos, nas minhas emoções, no meu sangue, portanto, foi natural seguir este caminho”, explica Nelson Conceição. Recolher, difundir e dignificar os acordeonistas da Bordeira que tem sido um dos grandes objetivos do «Terra de Acordeão», nomes como José Ferreira Pai e José Ferreira Filho, António Malhadinho, Daniel Rato, Hermenegildo Guerreiro e João Barra Bexiga. Foi precisamente na Rua José Ferreira Pai, na Bordeira, que ALGARVE INFORMATIVO #181

Nelson Conceição viveu durante 30 anos, antes de se mudar para Loulé, e se o seu primeiro brinquedo não foi um acordeão, andou lá bem perto. “O meu primeiro instrumento musical foram as castanholas, a tocar ao colo do meu pai nas charolas, ao som do acordeão do Álvaro Carminho, Hermenegildo Guerreiro e Daniel Rato. Aos oito anos, os meus pais ofereceram-me um acordeão pelo Natal, sem eu estar à espera e sem saberem se eu tinha 54


alguma apetência para o instrumento. Depois, comecei a aprender com o professor Joaquim Machado, em Estoi, com quem estive 10 anos”, recorda. Como é natural, houve fases melhores e piores neste trajeto, momentos em que a motivação vacilou um pouco, situação com que se voltou a deparar, mais tarde, já como professor. “A adolescência é sempre uma fase complicada e temos que os incentivar a continuar, não 55

deixarmos que percam o gosto pelo acordeão”, indica Nelson Conceição. “O problema é que a música nem sempre é encarada como uma profissão, apesar de exigir bastante trabalho. Uma pessoa não acaba o 12.º ano e decide que quer ser músico, essa escolha tem que ser feita praticamente desde criança. Mas, como costumo dizer aos pais dos meus alunos, o primeiro objetivo da aprendizagem da música não deve ser ALGARVE INFORMATIVO #181


tornar-se músico profissional no futuro. Está mais que provado cientificamente que é uma aprendizagem com imensas mais-valias no quotidiano e no desenvolvimento das crianças”, frisa o professor de Educação Musical de formação. “Depois é que vem a parte artística, irmos para o palco para mostrarmos aquilo que sabemos fazer, com a consciência de que uns têm mais capacidade do que outros, de que uns trabalham mais do que outros. Contudo, não devemos entender isto como uma competição, mas olharmos para a componente saudável do convívio, da paz, equilíbrio, harmonia e fraternidade que a música nos transmite. Ainda há dias tivemos um festival de jovens acordeonistas em São Brás de Alportel, com crianças de várias escolas a conviverem, ao invés de estarem agarradas às consolas”. Nota-se, sem dúvida, um novo fôlego no acordeão, depois de uma fase em que o envelhecimento dos seus intérpretes era cada vez maior e preocupante. No entanto, o acordeão ainda não é «cool» para todos os jovens, por continuar a estar associado à música popular, aos ranchos folclóricos e bailaricos, admite Nelson Conceição. “O João Palma, se calhar, foi gozado no 1.º, 2.º e 3.º ciclo e, hoje, é um ídolo na escola secundária, ficaram todos de boca aberto quando o ouviram tocar. Aparece-me pessoal de todas as idades para aprender, porque ficaram fascinados com as novas sonoridades do acordeão”, revela Nelson Conceição, avisando, todavia, que convém começar cedo para se tornar um músico de excelência. “Um João Frade, um João Barradas ou um João Palma cresceram ALGARVE INFORMATIVO #181

com o acordeão nas mãos, o instrumento tornou-se uma extensão do corpo humano. Repare que estamos a falar de um instrumento polifónico de uma riqueza harmónica muito complexa e bastante difícil de dominar”. Nelson Conceição afirma que todos nascemos com algum tipo de aptidão musical, que depois pode ser estimulada, desenvolvida e ampliada até aos 10 anos. Porém, no seu entender, o meio envolvente em que se nasce e cresce é também determinante. “O facto de eu ter crescido num meio cultural tão rico como a Bordeira e de constantemente ouvir boa música levou a um interiorizar automático e inconsciente de vários processos musicais que depois se refletiu mais tarde. É mais complicado alguém aprender a tocar um instrumento se, no seu dia-a-dia, nunca ouve música, se não vai a um baile ou a um concerto”, defende o professor, confirmando, entretanto, que nem todos os bons instrumentistas são bons compositores e vice-versa. “O João Barra Bexiga, por exemplo, era um excelente criador de música, um homem que facilmente transformava os estados de alma em música, mas não tinha uma execução técnica muito apurada porque não teve estudos para isso. No entanto, conseguiu compor temas bastante virtuosos e difíceis de executar mesmo para os grandes instrumentistas. Por outro lado, há pessoas com uma técnica excecional, fazem coisas incríveis, mas a sua componente criativa é zero”.

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A abertura do acordeão a outros estilos para além da música popular e tradicional foi crucial para cativar as gerações mais novas, disso não tem dúvidas Nelson Conceição, caso contrário, tinha-se ficado parado no tempo. Uma expansão que, ultrapassados os tabus, foi relativamente fácil, dada a enorme versatilidade deste instrumento. “Temos que desbravar os caminhos e mostrar às pessoas que o acordeão existe. Ainda há pouco tempo atuei num concerto privado em Lisboa, com um público bastante seleto e elitista, e desconheciam por completo o que o acordeão podia fazer. No final vieram dar-me os parabéns e até arranjei contratos para alguns espaços culturais no estrangeiro. O acordeão é um instrumento de sopro muito belo, que respira connosco, permite criar sons fantásticos que chegam ao coração das pessoas”, enaltece o entrevistado. Neste cenário, dar o salto de jovem instrumentista para músico profissional é uma questão de empenho, dedicação e ambição, considera Nelson Conceição. “Tive alunos com grande qualidade que abdicaram de uma carreira artística a 100 por cento para abraçar outras profissões, mas nunca descurando o acordeão. A Catarina, por exemplo, trabalhou muito, ganhou concursos, foi a mundiais, mas fez um Mestrado em Matemática Aplicada e está no Banco de Portugal. Apesar disso, quando lhe digo que tenho um concerto ou uma gala, tenta ir sempre e é mais um extra que ganha”, conta, garantindo que ninguém se arrepende de aprender música. “Através ALGARVE INFORMATIVO #181

da música pode-se desconstruir emoções negativas e construir emoções positivas. Tenho pessoas que já se reformaram das suas atividades profissionais, com 60 ou 70 anos, quiseram regressar à música e ainda querem evoluir mais nela. A música é algo especial, espiritual, não se encontra maldade nela”.

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Respira-se acordeão no Algarve, mas o Algarve também é uma terra rica em excelentes professores e tudo isso contribui para as sucessivas fornadas de jovens talentos. E Nelson Conceição volta a avisar que ser um bom instrumentista não significa que se seja um bom professor, e vice-versa. “Antigamente, aprendia-se muito a ver e a conviver 59

oralmente com os outros, de ouvido, e só íamos à procura dos mestres de banda para desenvolver a teoria musical. Depois, foram aparecendo professores que dominavam o instrumento e a parte teórica, como o Joaquim Machado, o Fernando Carvalho, a Dulce Marçal ou a Eugénia Lima, e um homem que transformou isto tudo, o Hermenegildo Guerreiro, ALGARVE INFORMATIVO #181


que realmente elevou a fasquia e criou uma geração de novos talentos, de onde se destacam o João Frade e o filho dele, o João Guerreiro”, refere o docente. “Hoje, todavia, as crianças abstraemse facilmente da obrigação do estudo e, para conseguirmos algo, temos que trabalhar. Não cai uma estrela do céu que nos bate na cabeça e, de repente, somos fenomenais”, alerta. No meio de tantos projetos, do tempo dedicado aos alunos, de tocar com outros músicos e bandas, foram ficando para trás os seus próprios originais, mas 2019 vai mesmo ver um disco de Nelson Conceição, não há volta a dar, e até já temos data para o concerto de lançamento, 17 de março, no Cine-Teatro Louletano. “Às vezes fico muito infeliz por não estar tanto tempo em palco como gostaria, mas não consigo conciliar tudo e, como resultado, o meu CD está parado há 13 anos. O «Terra de Acordeão» ficou com um património documentado de 550 obras de vários compositores genuinamente algarvios que perdurará para sempre. Durante 10 anos fui professor no ensino público, tive que abdicar disso há quatro anos. Coordenei durante 13 anos as «Moças Nagragadas», gravamos quatro discos, saiu um livro, e senti uma tristeza enorme quando tive que me afastar também desse projeto”, confessa, mas escolhas tiveram que ser feitas porque, aos ALGARVE INFORMATIVO #181

40 anos, já não conseguia estar envolvido em tanta coisa. “Agora fui encostado, no bom sentido, à parede pela Câmara Municipal de Loulé, porque me desafiaram para apresentar um disco de originais. 40 anos é uma idade bonita para se lançar o álbum, que se vai chamar «Descobrindo-me», tenho mais de 100 composições, algumas até já ganharam prémios internacionais. Está a seleção praticamente feita, é uma questão de me fechar no estúdio que tenho em casa”, adianta Nelson Conceição, com um sorriso, em final de conversa . 60


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CARLA PONTES E RAY VAN DUIJVENBODE DÃO CORPO A

«OPERA ROCKS» Texto:

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Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, vibrou, na noite de 17 de novembro, com a estreia absoluta da mais recente produção da Ideias do Levante, «Opera Rocks», uma história de amor clássica onde uma estrela de rock, Freddy, entra na vida de uma diva, a soprano Maria. O enredo é apresentado ao público por um narrador (Mário Rui Filipe), que transporta o espetador para a vida desta dupla romântica, soberbamente interpretada por Carla Pontes e Ray van Duijvenbode, ao mesmo tempo que vamos escutando a música tocada ao vivo pelo pianista Cristiana Silva. «Opera Rocks» é mais um sucesso desta conhecida associação cultural de Lagoa, que contou com o apoio autarquia local na produção, e terá sido, de acordo com o público entusiasta, um dos melhores e mais bem conseguidos espetáculos de música que alguma vez estreou neste auditório . ALGARVE INFORMATIVO #181

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AVISHAI COHEN TRIO LEVOU CINE-TEATRO LOULETANO AO DELÍRIO Texto:

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oi uma tarde verdadeiramente inebriante, sobretudo para os amantes do jazz, aquela que se viveu, no dia 25 de novembro, em Loulé, mais concretamente no Cine-Teatro Louletano. O culpado, Avishai Cohen, é uma das maiores referências contemporâneas no contrabaixo de jazz a nível mundial. O músico, compositor e vocalista israelita chegou a Nova Iorque no início dos anos 90 e, enquanto estudava na prestigiada «New School for Jazz and Contemporary Music», tocou na rua para sobreviver até conseguir entrar no disputado circuito de clubes. A mudança na carreira chegou com um telefonema do grande pianista Chick Corea e fundou, em 1996, o coletivo «Origin», liderado por Corea. Foi pela editora «Stretch» de Chick Corea que Avishai Cohen lançou os seus primeiros quatro discos como líder e participou nos projetos de Corea até 2003. Nesse ano decidiu começar o seu próprio trio e a sua editora, a «Razdaz Recordz», que já leva praticamente duas dezenas de lançamentos, incluindo vários do próprio Avishai Cohen. «From Darkness» é o mais recente título na discografia do trio de Cohen, trabalho apontado como mais um extraordinário capítulo na sua busca pela pureza. Em 2017 lançou também, em nome próprio, «1970», trabalho que mereceu rasgados elogios da imprensa internacional especializada. Aliás, o «The Jerusalem Post» não hesita em descrever Avishai Cohen como “a mais bem-sucedida exportação jazz do país”. A revista de referência «Down Beat» também não poupa elogios ao israelita, considerando-o “um visionário jazz de proporções globais”. E, como seria de esperar, Chick Corea é outro fã incondicional do contrabaixista, apontando-o como “um grande compositor e um músico de génio”. As expetativas eram, por isso, elevadas para o concerto do Cine-Teatro Louletano inserido no Misty Fest, onde Cohen tocou ao lado de Noam David na bateria e de Elchin Shirinov no piano, outros dois sólidos músicos de classe mundial. E o público estava muito bem preparado para receber o trio, depois da fantástica primeira parte da responsabilidade de Francisco Sales, um dos mais prestigiados guitarristas portugueses que trouxe na bagagem o seu novo trabalho «Miles Away», uma viagem sonora intimista, cativante e envolvente, que convida o ouvinte a um cenário de paz, emoções, descobertas . ALGARVE INFORMATIVO #181

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TEATRO LETHES RIU COM AS DESVENTURAS DE «UMA MULHER SÓ» Texto:

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Teatro Lethes proporcionou uma excelente noite de boadisposição, no dia 23 de novembro, com a peça «Uma Mulher Só» do Teatro das Beiras. O texto original de Franca Rame e Dario Fo foi encenado por Luís Vicente, diretor da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve e magistralmente interpretado por Antónia Terrinha e coloca-nos numa sala muito cor-de-rosa de uma casa escura, onde uma mulher solitária está sossegadamente a desempenhar a rotineira tarefa doméstica de passar a roupa a ferro. As luzes de palco acendem-se e ela passa… e passa… e passa a roupa, com a música do gira-discos, do radiogravador e da televisão bem altas, porque precisa de muita música para não pensar em suicidar-se. Ou talvez para não ouvir os chamamentos do cunhado, que teve um acidente e está acamado num dos quartos da residência. Ou talvez para não ouvir a choradeira do filho de poucos meses, deitado noutro quarto. E talvez para não pensar nas amarguras da vida de uma mulher que o marido tem trancada em casa, depois de ter descoberto que ela o enganara com um homem 15 anos mais novo a quem contratara para lhe ensinar inglês De repente, a personagem apercebe-se que, no prédio em frente, num apartamento que até então estava desabitado, se instalou uma nova inquilina. Num estalar de dedos tudo se altera, a mulher deixa de estar só, começa a conversar desalmadamente com a perfeita desconhecida que num instante se torna na sua confidente e conselheira. Um solilóquio no qual, na opinião dos autores do texto, se evidencia a relação homem/mulher, agora e no antes, uma questão de antropofagia. “Diz Unamuno que o homem não pode viver senão de fome. A mais viva expressão de amor é «eu comia-te». Só que hoje já não comemos as carnes, comemos as almas. É desta matéria, na sua abrangência real e metafórica, que fala o espetáculo”, explica Luís Vicente . ALGARVE INFORMATIVO #181

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«PAGA DEUS OU O GORILA» FAZ-NOS PENSAR SOBRE O FIM E A ESPERANÇA Texto:

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oi a cena no Teatro das Figuras, em Faro, nos dias 21 e 22 de novembro, inserido no Ciclo Às Quintas no Teatro, a nova produção da companhia te-Atrito, intitulada «Paga Deus ou o Gorila». Com argumento e encenação de Pedro Monteiro, a peça coloca em palco dois mendigos – interpretados pelo próprio Pedro Monteiro e por André Canário – que se encontram à porta de uma igreja e conversam sobre as suas vidas e a miséria do mundo. Dois mendigos não, porque um, segundo o próprio confessa, até é um milionário que tem como hobbie pedir esmolas. No decorrer da conversa percebe-se que, afinal, aquilo que se entende por «realidade» é só uma perspetiva, muitas vezes uma alucinação, e pode-se sempre tentar descobrir como é que o mundo veio a ser como é e como é que cada um se pode tornar naquilo que é. Uma conversa que tem por interlocutores os dois «mendigos», mas também um gorila que é, imagine-se, um filósofo. “Haverá esperança para o Fim ou estaremos numa época em que se vive o fim da Esperança", pretende fazer pensar «Paga Deus ou o Gorila». ALGARVE INFORMATIVO #181

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Quando num bairro cabia o nosso mundo Paulo Cunha (Professor) resci numa zona que, volvidos tantos anos, ainda me continua a ser querida: o Bom João, em Faro. Embora já lá não more, sempre que por lá passo, olho para as casas que sobreviveram à minha infância e adolescência e fixo o olhar nas janelas com as persianas e os postigos ainda entreabertos, à espera de ver todos os vizinhos que, com respeito, carinho e deferência, então cumprimentava. Era um tempo em que ainda havia tempo para viver a vida sem tempo marcado. Hoje, quando desço ou subo de elevador, cruzo-me com pessoas que moram no mesmo prédio que eu, mas que não considero vizinhos. São meros confinantes que pernoitam num mesmo bloco de apartamentos, a quem eu, por uma questão de respeito e de educação, cumprimento, embora nem sempre seja correspondido. Felizmente, tenho noutros (não muitos) vizinhos, gente que sabe o meu nome e que me recebe na sua casa na qualidade de amigo. Algo, para mim, bastante natural, pois fui educado a receber com gosto quem - com gosto - visitava os meus pais. Sei que, tal como eu, muitos de vós se queixarão do mesmo. “É o novo tempo”, dirão. Um tempo onde não há tempo para iniciar, manter e estreitar relações, ainda que à distância de metros entre nós. Lembro-me da minha mãe pedir-me para ir bater à porta da casa da Dª Ofélia para perguntar-lhe se tinha um ovo que nos cedesse, pois faltava-lhe um para acabar o jantar, ou de deixar a chave de casa à D.ª Júlia para regar as plantas quando íamos de férias. Já não falando da malta da minha geração, que passava os dias na casa uns dos outros. Não havia nada que se passasse na Rua José de Matos em Faro, nos idos anos setenta, que toda a vizinhança não soubesse e, se fosse o caso, não tentasse interceder de forma a ajudar quem precisasse. Era um tempo em que, para além de sabermos o nome de todos os vizinhos, sabíamos a sua história e a fibra com que eram feitos. De tal ALGARVE INFORMATIVO #181

forma que, após ter perdido os meus pais do mundo dos vivos, continuei a ir visitar os meus antigos vizinhos à rua que me viu a andar de skate, a saltar as fogueiras de Stº António e de S. João e a fazer tropelias no Carnaval, entre muitas outras coisas que me ajudaram a ser como hoje sou. Sei que tenho em todos aqueles vizinhos, os que partiram e os que ainda cá estão, amigos para a vida! Sempre que os reencontro parece que entrei numa bolha do tempo onde os anos não passaram, tal a forma como continuamos a tratarmo-nos. O mesmo olhar, as mesmas “bocas”, as mesmas brincadeiras… enfim, a mesma forma de estar e de ser que fez das ruas Pedro Nunes, José de Matos e Antero de Quental um bairro que povoa o imaginário de quem, como eu, lá viveu. Tal só foi possível porque, na altura, a socialização fazia-se presencialmente, olhos nos olhos e mão na mão, privilegiando o convívio interpares. Será possível voltar a imprimir esse tipo de vizinhança, onde os habitantes de um prédio não sejam apenas meros condóminos que apenas falam entre si nas reuniões de condomínio? Acredito que sim. Para além dos Cafés de bairro, que para muitos ainda continuam a ser as suas salas de estar partilhadas, é possível tomar como exemplo e referência o sentido de interajuda, de partilha e de solidariedade que ainda é possível encontrar nalgumas localidades rurais ou menos centrais deste país. Quem, como eu, precisa regularmente de fazer uma desintoxicação citadina, sabe bem do que falo: um bairrismo bom, em que as portas das casas estão tão abertas quanto as dos corações de quem as abre. Tradições que os mais jovens, em boa altura, estão a descobrir, a dignificar e a valorizar. Um espírito de bairro que, primeiro, se estranha, depois se entranha e, finalmente, nos acompanha pela vida fora. Com agrado e orgulho, bairrista! .

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OPINIÃO

Professor – modo de consumo Mirian Tavares (Professora) “Brilhar para sempre, brilhar como um farol, brilhar com brilho eterno, Gente é pra brilhar que tudo o mais vá prá o inferno, este é o meu slogan e o do sol”. Vladimir Maiakóvski

uando andava na universidade, como aluna, nunca me filiei em nenhum partido ou fui membro ativo de nenhum Diretório Académico. Mas sempre apoiei as lutas estudantis, e protestei, quando necessário, de forma branda ou veemente, contra aquilo que me pareciam laivos de autoritarismo e desrespeito aos alunos, parte fundamental, repito, FUNDAMENTAL, e basilar, de uma universidade. Sem os alunos não pode haver professores, nem instituições de ensino – a nossa função, do lado de cá da barricada, é perceber a importância dos estudantes como uma parte vital do corpo institucional, e também a razão primeira da nossa existência. Como professores, professamos a nossa fé, que não é, necessariamente religiosa, ou convém que não o seja, mas que é baseada em princípios morais e éticos e, sobretudo, deve ser legítima e fundamentada. Etimologicamente o temor professor provém do latim: professorōris, designa aquele que manda, dirige, ordena, guia, conduz. Gosto de pensar que o meu papel, enquanto professora, é conduzir e guiar os estudantes em direção ao conhecimento. Mais que proferir verdades, inteiras ou meias, sobre determinados assuntos, prefiro despertar-lhes a curiosidade e guiá-los pelos caminhos diversos que nos levam ao verdadeiro conhecimento - que é feita da nossa capacidade de articular conceitos e de fazer relações. Neste processo, não me posso ocultar sob um manto de neutralidade pseudo-objetiva, pois ser professor é, também, professar uma fé, por isso defendo, nas minhas aulas, o direito à fala, à diferença, e manifesto a minha repugnância por ALGARVE INFORMATIVO #181

quaisquer formas de preconceito e tento que os alunos percebam a sua real importância e o seu valor. Sem discurso demagógico mascarado de pedagogia, porque não acho que os alunos possam decidir tudo o que diz respeito ao seu processo educativo, defendo, no entanto, que devem estar cientes, e conscientes, do processo e usar o que aprendem para crescer como seres humanos, politizados e capazes de professarem uma fé no futuro. Falar de politização dos alunos, na época que atravessamos - profundamente nebulosa, mas mascarada de transparente - parece anacrónico. Tornou-se quase proibido, ou malvisto, falar de politização, ou mesmo de política, palavra que caiu em desgraça devido àqueles que a usam como profissionais, os políticos. O desgaste do termo, e o desuso em que ele caiu nas universidades, faz com que tenhamos alunos cada vez mais inconscientes, quer do seu papel, quer do verdadeiro papel das universidades e, portanto, incapazes de se organizarem e de promoverem lutas que lhes devolvam os direitos que lhes foram usurpados: o direito de estudar o que bem quiserem, sem se preocuparem com saídas profissionais; o exercício da livre escolha entre as disciplinas, e os cursos, para que possam formar-se como cidadãos verdadeiramente contemporâneos, capazes de ter uma visão do todo e, principalmente, capazes de perceber que a política não é apenas uma profissão que deu, de modo geral, maus frutos, mas que é uma forma de se estar no mundo se queremos viver numa verdadeira democracia. A consciência do poder de escolha, e a vontade/força de exercê-la, não são preocupações que atravessem de forma quotidiana as mentes dos nossos estudantes que têm vindo a ser formatados para pensar que as únicas escolhas que podem fazer são de caráter puramente pragmático e economicista e que não podem escolher, por exemplo, uma formação humanística que lhes permita ter conhecimento pleno dos seus direitos e das diversas maneiras de melhor exercê-los .

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OPINIÃO

Aqueles Dois – Jacques Maritain e Raïssa Oumançoff Adília César (Escritora) “Decidimos, portanto, confiar no desconhecido por algum tempo, e acreditaríamos na vida como uma experiência a ser feita, na esperança de que o nosso apelo veemente pelo sentido da vida fosse revelado, que novos valores seriam revelados tão claramente que trariam nossa completa adesão, e nos libertariam do pesadelo de um mundo sinistro e inútil. Se essa experiência não tivesse sucesso, a solução seria o suicídio, o suicídio antes dos anos terem acumulado a sua poeira. Antes das nossas jovens forças estarem desgastadas queríamos morrer por uma recusa livre, se fosse impossível viver de acordo com a verdade”. Raïssa Oumançoff Maritain, in Grandes Amizades, col. Livro da Vida, Desclée de Brouwer, 1949, Prémio Renovação Francesa

empre me fascinaram os casais criadores e empreendedores, independentemente das áreas que escolheram para se manifestarem. Gosto de pensar como teriam sido as suas vidas, o amor que os unia, e as longas conversas entre marido e mulher sobre os meios em que estavam inseridos: cultura, arte, ciência, política, um futuro melhor para os que vieram depois. Hoje vou falar-vos de Jacques Maritain (1882-1973) e Raïssa Oumançoff Maritain (1883-1960). Jacques nasceu em Paris, França. Raïssa em Rostov-On-Don, Rússia. Raïssa Oumançoff estudava filosofia na Universidade de Sorbonne quando conheceu o filósofo Jacques Maritain. Ambos partilhavam a mesma descrença em relação ao cientificismo da Sorbonne, que não dava resposta às suas inquietações, sentindo-se vazios e sem esperança, apesar de apreciarem a qualidade inerente aos estudos superiores a que tinha acesso. A necessidade de viverem juntos surgiu dessa sintonia: amor e aspiração intelectual. Casaram-se em 1904, quando ela tinha vinte e um anos e ele vinte e dois. Viveram juntos por mais de meio século, bem no centro de um cenário vivenciado por intelectuais católicos franceses. Eram ateus e juntos assumiam as mesmas e intensas inquietudes existenciais, a paixão da procura da verdade através da

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filosofia, com enormes decepções conceptuais e religiosas, chegando a dada altura a fazer um pacto de suicídio se dentro de um ano não descobrissem algo que desse um sentido coerente, real e verdadeiro às suas vidas. Mas Jacques e Raïssa conheceram melhor a fé cristã e converteram-se ao catolicismo, em 1906, pelo que o pacto suicida ficou sem efeito, felizmente, tendo os dois vivido uma vida rica e enriquecedora do ponto de vista intelectual – ele na filosofia política e metafísica, e ela na filosofia, arte e poesia místicas. Jacques Maritain escreveu mais de sessenta obras e é considerado um dos pilares do pensamento do século XX. Conhecido como filósofo de orientação católica (tomista), as suas obras tiveram influência no conceito de Democracia Cristã moderna e no debate sobre a cidadania e a ética. Desenvolveu o chamado «humanismo integral» a partir dos estudos sobre o pensamento de São Tomás de Aquino (tomismo), tornando-se um defensor dos direitos humanos, o que lhe valeu uma das vinte e uma vagas na comissão da ONU que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1948. Estabeleceu inúmeras relações com personalidades relevantes da época e assumiu diversas e relevantes funções intelectuais, sociais e religiosas, chegando a

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tornar-se Embaixador de França no Vaticano, tornando-se amigo de Monsenhor Montini (que viria a tornar-se o Papa Paulo VI). A partir de 1960 (ano da morte de sua esposa) passou a viver com os Pequenos Irmãos de Jesus, em Toulouse, e fezse noviço da congregação aos oitenta e oito anos. Morreu três anos depois, em 1973. Raïssa Oumançoff Maritain é também detentora de uma obra considerável no campo da poesia, ensaio, filosofia. No entanto, ela não conseguiu manter uma ocupação regular, por ter contraído, por volta de 1904, uma doença respiratória que a acompanhou e incapacitou até ao fim da sua vida, com inúmeros episódios sob supervisão médica, tratamentos e descanso forçado. Apesar da sua frágil condição, deu um amplo contributo ao pensamento do século XX. Intelectuais incontornáveis do seu tempo, o casal Jacques e Raïssa são um símbolo de unidade, de vidas dedicadas a metas elevadas. Permanecem juntos depois da morte, estando ambos enterrados em Kolbsheim, França – vida e obra, amor e memória .

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Do Reboliço #17 Ana Isabel Soares (Professora) Reboliço anda entre a janela e o lume, ainda indeciso se há de entregar-se ao conforto que o frio pede ou ficar a pensar nos dias mais quentes. Recorda-se de uma vez, era Verão, em que se sentou na relva fresca a ouvir o senhor Neil Young cantar «Harvest Moon», uma mão na guitarra enquanto a outra apontava para a Lua Cheia que subia num céu ainda diurno. Recorda-se de o ver apontar a lua no momento em que ele mesmo, canino bicho, a vê no céu da manhã, talhada do caminho da Terra à volta dela e do sol. A lua talhada. Não consegue decidir-se sequer sobre qual das luas mais gosta: se até a Nova, porque se esconde e lhe mostra mais brilhantes as estrelas todas a pintalgar a noite, lhe parece tão humilde e bonita. No instante em que se lembra da canção do senhor Young, é mais Inverno do que Outono e não é a Lua Cheia das colheitas que o olha lá de cima, mas uma que vai decrescendo, minguando – despede-se devagarinho da terra até dali a umas voltas mais. (Nas viagens para o Moinho, tantas vezes via a lua no caminho. Se galgara havia pouco o horizonte e era vermelha, parecia um salpico de sangue mal espalhado nas costas de uma mão. Mais adiante, desavermelhava e subia, uma nuvem a cobrir-lhe o topo. “Está mais amarela agora”. “A lua é como os olhos do Sorna”, dizia o pai, falando dos olhos lunares do cão grande. “Quando acorda, tem os olhos muito vermelhos. É uma espécie de Sorna, a lua”). O Reboliço pensa na lua porque a vê e porque lhe lembra o pão redondo que a mãe corta para o jantar. (Numa outra fábula, ou noutro sermão, seria um queijo inteiro, grande no fundo de um poço e sempre impossível de alcançar, como para ensinar que as imagens de ilusão seduzem e jamais satisfazem quem as persiga.) O pão dos dias do Reboliço é um pão de cabeça, de solo circular – não o perfeito ALGARVE INFORMATIVO #181

círculo da lua, mas um círculo que tem as imperfeições das mãos que o moldaram, da pá que o deslocou, do impulso de o fazer cair no chão do forno para cozer. Quando, à mesa, alguém quer cortar dele uma fatia, encosta-o ao peito, a camisa a enfarinhar-se, e faz atravessar a lâmina da faca a crosta que estala, encontrar o miolo brando, a alma do padeiro, antes de chegar ao outro lado, à côdea mais próxima da roupa, da pele e da carne, aquela que lhe serve armadura. As nuvens cortam a lua como quem encosta ao peito um pão e o talha: encheu-se o céu de borreguinhas, sinal de frio, fiapos que escondem a parte da lua que já faltava e fazem errar quem, desavisado, desconhecesse em que fase passa nesse dia o satélite, pensasse que poderia estar o planeta pequeno no seu pleno. O Reboliço sabe – não se lembra disso todos os dias, mas sabe. Vigia a lua uma noite por outra, para perceber quando mudam das marés as horas, quando é tempo de semear e de colher e quando não, se o pêlo cortado lhe crescerá com mais vigor ou mais vagar. Está fresco o dia, mas só o bastante para se querer fazer lume e não sair de casa. O Reboliço olha pelo vidro da janela para a lua, depois volta até ao pé do fogo para esquecer o final do Verão e reentrar na dormência. Vai sonhando com outros lugares, terras sem fogo de lenha nem precisão dele, com o calor só de haver gente, outras luzes. Quando o tronco estala, com um olho aberto vê de relance um gato esguio atrás dos passarinhos que desde manhã saltitam pelas pedras da rua. “Quatro lumes tenho eu nesta casa!,” ouve dizer a mãe do trabalho que lhe dão. O pai ri-se e cantarola ao abrir da noite: “Já lá vem nascendo o Sol, lá das bandas do Algarve – Ai, enganei-me, é a Lua, que o Sol não nasce tão tarde” . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 108


Foto: Vasco Célio

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É tempo de fazer a Carta ao Pai Natal Antónia Correia (Professora e Investigadora) 25 dias do Natal, a azáfama das compras começa, as cartas daqueles que ainda acreditam no Pai Natal multiplicam-se; o texto é mais ou menos o mesmo: Querido Pai Natal Este ano portei-me bem, por isso gostava de te pedir: 1 trotinete 1 playstation 1 barbie Gosto muito de ti e espero que o Natal seja bom para ti. Abraços Antónia Este ano também me apetece escrever ao Pai Natal, mas a minha carta será, concerteza, em moldes claramente diferentes. Uma carta sem os consumismos a que habituámos os nossos filhos; uma carta onde a tão falada economia da partilha realmente aconteça. Como podemos esperar que o Natal seja bom para o Pai Natal se ele só dá e não recebe? Pois bem, como profissional e apaixonada pela minha profissão – professora e investigadora em turismo – escrevo pedindo: Querido Pai Natal Este ano não vou pedir bens físicos, apenas que ajude a devolver maior clareza e justiça a algumas das situações que a nossa região vai acumulando. Este ano portámo-nos muito bem: Portugal foi eleito como o melhor destino turístico do mundo; o Algarve foi a ALGARVE INFORMATIVO #181

região que mais prémios arrecadou; os números do turismo continuam a crescer e as receitas derivadas também. Mas ainda subsistem alguns problemas que ficaria muito contente se nos ajudasses a resolver: A mão de obra continua subqualificada – as entradas no ensino superior, para potenciar profissionais no turismo, ficaram aquém do esperado; Os aeroportos estão sobrelotados; A Via do Infante continua a ser a única via de comunicação no Algarve; As infraestruturas médicas da região estão hipercongestionadas; A sazonalidade persiste; A desertificação em algumas zonas do país é alarmante, a que acresce o envelhecimento galopante da população que, associado à saída dos jovens recém-formados para o estrangeiro, sugere um retrato social claramente comprometedor; A democracia está em fase de declínio um pouco por todo o mundo e o conflito é latente; Novos destinos turísticos estão a emergir, portanto, a competitividade aumenta; As catástrofes naturais multiplicam se fruto do excessivo consumismo e da forma como tratamos o ambiente. Querido Pai Natal, face a este sumário de problemas estruturais por resolver, peço a tua ajuda para os solucionar, pois corremos o risco de perder a posição de melhor destino turístico do mundo e com isso comprometer uma das principais riquezas económicas que ainda temos. ….. E eu queria muito muito muito continuar a trabalhar no MELHOR DESTINO DO MUNDO! BOM NATAL PARA TODOS . 110


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OPINIÃO

O polémico artigo 13 vai acabar com a Internet? Fábio Jesuíno (Empresário) m dos temas que têm gerado mais destaque e alarmismo ultimamente em Portugal e na Europa é o famoso artigo 13, onde as opiniões divergem entre o fim da internet e a proteção dos direitos de autor. Tudo começou com a apresentação de uma proposta da Comissão dos Assuntos Jurídicos (JURI), de alterações significativas aos direitos de autor no mercado único digital que foi aprovada no Parlamento Europeu a 12 de setembro. A partir desse momento gerou-se um debate sobre como seria a internet no futuro. Quando falamos de artigo 13, não podemos esquecer de mencionar também o artigo 11, que também foi apresentado no mesmo dia. Estes artigos fazem parte da maior reforma legislativa sobre os direitos de autor para o Mercado Único Europeu desde 2001. O artigo 11 vai restringir os conteúdos que os agregadores de notícias podem distribuir sem que seja necessário partilhar as receitas com os criadores, e também vai obrigar às plataformas de carregamento de conteúdos pagarem uma taxa por carregamento de conteúdos protegidos por direitos de autor ou que seja bloqueado. E o artigo 13 tem como objetivo proteger a criatividade dos autores, encarregando as plataformas digitais e redes sociais de criarem filtros de conteúdos que possam, de alguma forma, violar os direitos de autor. O próprio criador da Web, Tim BernersLee, é muito critico destes dois artigos, ALGARVE INFORMATIVO #181

considerando que vão contra todos os princípios pelos quais a internet foi criada. O fundador da Wikipedia, Jimmy Wales, menciona que estes artigos são um passo para transformar a internet numa ferramenta de vigilância e controlo dos seus utilizadores. Nos últimos dias intensificou-se o alarmismo, depois de grandes youtubers nacionais declararem o «fim da Internet», gerando uma onda mediática sem precedentes, consequentemente, a Comissão Europeia já veio tranquilizar todos, garantido que não existe razões para se preocuparem. Um esclarecimento que vem garantir que não vai haver censura e a liberdade de expressão não vai ser limitada, clarificando que estes artigos se dirigem às plataformas como o YouTube e o Facebook, que têm lucrado graças a conteúdos que não cumprem as leis de direitos de autor. Acho que estes artigos vão prejudicar a liberdade de expressão na Internet, limitando em muito o que se publica na Internet, mas deve haver alguma regulamentação, que permita conter alguns excessos, como o de empresas digitais a lucrarem com os conteúdos de terceiros ou mesmo a proliferação de notícias falsas que muitas vezes interferem na democracia. Os artigos 11 e 13 possivelmente vão ser ainda melhorados e posteriormente avaliados pelos 751 deputados que fazem parte do Parlamento Europeu em janeiro de 2019. A Internet não vai acabar! .

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OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

E com as sem pernas também! Carla Serol (Uma Loira Qualquer) sta semana decidi abordar um tema zoológico, uma vez que vivemos cada vez mais por entre uma enorme diversidade de espécies animais. Naturalmente, não irei aqui armarme em Darwin e explorar a infinidade de criaturas que connosco coabitam neste maravilhoso lugar chamado vida, e nem tão pouco divagar sobre a sua evolução, até porque há algumas que não apresentam de todo, qualquer evolução, como, por exemplo, as cobras. Assim sendo, vou debruçar-me sobre estas subtis e encantadoras criaturas. Acho piada a cobras, muito honestamente! São criaturas que, com a sua natural ligeireza e inata capacidade de camuflagem no nosso espaço, são de tal forma eficazes que dificilmente nos apercebemos da sua presença e, quando nos apercebemos, provavelmente, já fomos picados! São silenciosas, ardilosas e algumas delas até bastante encantadoras. Umas são mais interessantes do que outras, demonstrando maior discrição no que toca à sua presença e perigosidade. Há outras que são apenas «cobrecas» que almejam um dia ser Piton, mas que, invariavelmente, jamais sairão do seu mísero estatuto de minhoca de engodo. Quando temos conhecimento que na envolvência do espaço em que nos movimentamos existem cobras, há que reforçar a atenção! Por muito que achemos que a cobra é inofensiva, e até amistosa, na medida em que se arrasta de um lado para o outro sem que ninguém dê por ela, esta pode, a qualquer momento, passar ao ataque! Eu compreendo, deve ser um horror ser cobra e ter consciência que se é! Ter a pobre criatura de deambular e arrastar-se a todo o momento de um lado para o outro, sem que ninguém lhe preste atenção alguma... ninguém merece! Mas cobras, vocês têm de entender uma coisa: o facto de vocês até serem, vá, engraçadinhas e por vezes até com um aspeto chamativo, não quer dizer propriamente que os outros tenham ALGARVE INFORMATIVO #181

de reparar em vós. Principalmente se forem só daquelas cobrinhas da palha que até de um rato têm medo. Sejam, portanto, cobras com atitude. Ter atitude está na moda e nesta estação até está bastante em vogue o vosso inconfundível padrão. Assumam-se de uma vez por todas, como criaturas que devemos temer e principalmente estar atentos. Deitem cá para fora toda essa garra de Piton feroz que vos atormenta num pequeno corpo de bichoca, pois só desta forma os outros seres as poderão respeitar. Não se escondam, mostrem logo aquilo que são, façam barulho, sejam espalhafatosas, usem cores mais alegres, pois tarda nada esse padrão está démodé novamente e lá vão ficar vocês outra vez esquecidas. Sejam cobras ativas, atualizem-se, e principalmente evoluam, por favor!!! É que já ninguém vos leva a sério! Já não há pachorra para levar convosco a fazerem-se passar por discretas, delicadas e inocentes, quando já todos sabemos o bicho chato que vocês são! A evolução é o segredo de tudo. Cobra silenciosa, ardilosa e perigosa já não resulta, pois é do conhecimento geral que não devemos ir para onde há cobras e, se ainda assim formos, devemos tomar as devidas precauções para que não hajam mordidas inesperadas. Et voilá, (o tal tique das palavras francesas para dar alguma classe), vocês em três tempos deixam de ser sequer um perigo para passarem a ser somente mais um pormenor a ter em conta entre tantos outros. Quanto às cobras, que normalmente no Verão morrem atropeladas na estrada, quando saem da toca depois de um longo período de hibernação, em busca de alimento e reprodução, na sua incessante luta contra a extinção da espécie, eu também simpatizo. Pronto, simpatizo com cobras… e com as sem pernas também .

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OPINIÃO - Poemas Contados

Romance da Ria Formosa Afonso Dias (Poeta, autor de canções, cantor, dizedor de poesia) frágil e garboso cavalo marinho - hippocampus guttulatus de seu nome erudito -, bailarino minúsculo da Ria Formosa, tem, lá para oriente, fama de competente afrodisíaco e, como quase todos os derivados da crendice, é produto caro e de muita procura naqueles longínquos bazares. Esperança de homens que não confiam na ciência dos homens ou a ignoram e que preferem seguir bizarrias de seita a confiar nas pastilhas coloridas que habitam a moderna farmacopeia. O resultado do ignóbil mercantilismo é o desaparecimento quase total deste peixinho das águas da bela laguna e ao seu completo genocídio que mundialmente se avista. Outro animal da ria, a holotúria, conhecido por cá como pepino do mar, protagonista de dichotes brejeiros pelo seu ar estranhamente Romance IV (da Ria Formosa) leve e formosa é a ria morada de pão e água e homens sal e marisco no bailado das marés cujas se elevam no embalo das medusas que esbeltas coram vergonhas à vista do hippocampus guttulatus cavalo marinho chamado altivo como um solista em ondulante bailado na transparente humidade e tantos que a ria tinha e que agora já não tem pois que da china a crendice de ressuscitar firmezas e saudosas competências ALGARVE INFORMATIVO #181

fálico, também é perseguido até à quase extinção. Neste caso para satisfação de outros apetites. A gula oriental não dá sossego ao nosso pepino. Petisco de elevado gabarito por aquelas partes. Pobre Ria Formosa! A estas maldades acrescentemos os milhares de embalagens de sal usado na apanha de lingueirões, o remanescente plástico e metal de garrafas, latas, sacos..., os despejos de toda a ordem, sem regra e sem respeito, os – imagine-se! - carros de supermercado atirados à água junto aos cais de embarque... tudo a ria vai suportando numa agonia que dói a quem sofre estas dores. Muitos de nós. Que devemos exigir-nos ir mais longe e fazer mais na protecção desta relíquia brilhante que nos ilumina e refresca. Por enquanto .

da endocrinologia fez voar redes furtivas e pelo espanto embarcou o peixe da extravagância rumo à insana tolice e o hippocampo abalado fez-se deserto na ria certo é que rara santola e alguma ameijoa boa inda por ali passeiam com lingueirões e douradas pequeninas dos viveiros mas o berbigão a monte que em tempos foi tapete de areias que mal se viam debaixo da tal fartura já não se pisa na borda da laguna espoliada da população que tinha

pois que até a holotúria pepino do mar chamada que não tinha serventia na petisqueira de amigos é rapinada pela névoa e pela sombra é levada a ser manjar do japão servida em prata lavrada pobre ria transvestida em estaleiro e vazadouro que a navegar-lhe saudades ‘inda tem gente teimosa que semeia amor na água espelho que não se acanha de brilhar a correnteza ninfa é a ria formosa tão de mágoa e de beleza de esperança tão sequiosa 116


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Para quando o prometido Hospital Central do Algarve? David Martins (Diretor de Marketing e Alojamento) oi aprovado no passado dia 29 de novembro de 2018 o último Orçamento de Estado desta legislatura. Em termos gerais e para além dos dossiers e propostas que criaram maior alarido nos últimos dias do debate parlamentar, como por exemplo a redução para 6% do IVA para as touradas, foram aprovadas várias medidas que, no seu conjunto, ajudarão as várias classes sociais a perspetivar um futuro melhor. Relativamente à região do Algarve, e como bem foi dada nota pública pelo responsável máximo do PS Algarve, Deputado Luís Graça, registámos diversos avanços, entre os quais o reforço de verbas para a Administração Regional de Saúde do Algarve, que terá mais oito milhões de euros em 2019, face ao presente ano, e o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, que terá mais capacidade financeira. Não obstante esses avanços, fica um amargo de boca por confirmar, uma vez mais, que o retorno para a região ainda não é suficiente para resolver muitos dos problemas estruturantes com que nos deparamos, como é o caso da saúde. Lamento, por conseguinte, que a construção do tão necessário Hospital Central do Algarve não tenha feito parte integrante deste orçamento, ou dos demais orçamentos apresentados por esta maioria de esquerda que findará o seu mandato em outubro de 2019. De facto, este não é um assunto novo, e só lamento que seja aproveitado politicamente pelo principal partido da oposição que, enquanto governou, se limitou a «deixá-lo na gaveta». É pena e vale o que vale. O Povo ainda tem alguma memória… Respeitando todas as alternativas que possam existir e todas as posições individuais, é claro para mim que a construção e organização de um Hospital novo e moderno, de fim de linha, para substituição do atual Hospital de Faro, irá criar mais e melhores condições de saúde para todos os algarvios e visitantes e será uma condição fundamental para atrair novos profissionais de ALGARVE INFORMATIVO #181

saúde para a região. Recordo-me enquanto participante indireto no processo de criação do curso de Medicina da Universidade do Algarve que também nesse domínio sempre foi considerado vital. Há quem considere que, face à oferta pública e privada existentes, tudo se deve manter como está ou, no limite, enveredarmos pela criação de unidades descentralizadas na região. Penso, porém, ser evidente que a aposta deverá ser num Serviço Nacional de Saúde público com excelentes recursos humanos e tecnologia de ponta, evitando que quem já efetua descontos para o Estado seja obrigado a recorrer a serviços privados de saúde. Termino com a convicção de que enquanto não houver uma verdadeira união de todos os algarvios (incluindo as forças políticas, os municípios, as associações empresarias e de demais naturezas, os líderes de opinião, etc.) em torno deste objetivo – como foi conseguido para a Exploração de Petróleo na Costa Algarvia, o novo Hospital nunca verá a luz do dia. Isto porque os interesses envolvidos são grandes, dos agentes públicos e privados, em redor das suas pequenas «capelas», e não com uma visão verdadeiramente regionalista. Haja coragem e vontade para lutarmos todos juntos pela nossa região! (POST SCRIPTUM: Quanto à proposta apresentada pelo BE para que o início dos procedimentos referentes ao Hospital Central do Algarve seja incluído na redação do Orçamento de Estado para 2019, resta-me augurar que tal se concretize não para satisfazer as «necessidades» do ano eleitoral que se avizinha, mas sim para concretizar o investimento! Para chegarmos a bom porto, poderá começar-se pela atualização do perfil assistencial, em função das mudanças demográficas e sociais da região, incluído no estudo realizado há 13 anos pela Escola de Gestão do Porto) .

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IN LOCO VENCEU MOSTRA DE BOAS PRÁTICAS DE VOLUNTARIADO JOVEM Associação In Loco conquistou o Prémio de Boas Práticas Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas, atribuído no dia 21 de novembro pelo Diretor Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, Custódio Moreno, pelos dois projetos «Florestas Nossas». Os projetos de voluntariado jovem decorreram entre agosto e outubro do corrente ano e tiveram como objetivos a sensibilização dos jovens voluntários e da comunidade em geral para a importância de preservar o património natural e apoiar as entidades locais na vigilância e limpeza das florestas dos concelhos de São Brás de Alportel, Faro e Tavira. ALGARVE INFORMATIVO #181

Neste contexto, foram levadas a cabo várias iniciativas com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel, o Zen Sup Stand Up Paddle, o Exército Português, o RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa, o GIPS - Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR de Cachopo. Na ocasião, Artur Gregório, presidente da Direção da In Loco, deu os parabéns a todos e a todas que contribuíram para que estes projetos se concretizassem, “e um especial obrigado à equipa do projeto, aos voluntários, à Câmara Municipal de São Brás de Alportel e a todas as entidades e organizações que os 122


jovens tiveram oportunidade de conhecer melhor e de com elas partilhar a responsabilidade de desempenhar um papel ativo para a valorização e proteção do ambiente, trabalhando em rede e em cooperação”. Na Mostra de Boas Práticas de Voluntariado Jovem participaram ainda, no âmbito do Programa Agora Nós – Geração Z, a MOJU, com o projeto «Gente Diferente», e a Associação Designers do Sul, com o projeto «Farol Ativo». Inserido no Programa Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas estavam em disputa, para além do «Florestas Nossas» da In Loco, o projeto «Rias – Centro de Recuperação e investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa» da Associação

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Aldeia; a Junta de Freguesia de Cachopo com o projeto «Preserva o Ex-Líbris da Freguesia de Cachopo»; a Associação Akredita em Ti, de Quarteira, com o projeto «Akredita no Ambiente»; e o «Vamos à Piscina – a descoberta da água como bem essencial à vida», da Junta de Freguesia de Pechão. Para além dos projetos a concurso, a manhã foi ainda preenchida com a apresentação dos projetos «Paddle Out for Nature / O Surf pela Natureza», por Francisco Alvo, e «Terra» da Fungo Azul, por Nuno Murta, pelo momento de dança contemporânea «Silêncio Comprado» e pela atuação dos Migna Mala .

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MUNICÍPIO DE ALCOUTIM APOSTA NA CRIAÇÃO DE HABITAÇÃO PARA FIXAR OS MAIS JOVENS Município de Alcoutim vai avançar com a construção de um edifício habitacional com cinco fogos na sede de concelho, tendo o projeto de execução sido aprovado, no dia 28 de novembro, em reunião do executivo. Trata-se da reconversão do antigo edifício dos CTT, pertença do município, situado na Rua D. Sancho II. O edifício térreo é constituído por seis divisões e logradouro, com uma área coberta de 191 metros quadrados e uma área descoberta de 171 metros quadrados, num total de 392 metros quadrados. Situado junto ao castelo, numa zona privilegiada da vila, o antigo edifício dos

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CTT apresenta um elevado grau de degradação, pelo que a opção da autarquia passa pela sua demolição integral, sendo que o novo espaço que surgirá irá obedecer ao seu traçado original, bem como ao tipo de revestimentos, proporções estruturais e estéticas. Ali vai nascer um edifício multifamiliar com cinco fogos habitacionais, quatro de tipologia T2, divididos por dois pisos com entrada pela Rua D. Sancho II, e um fogo de tipologia T0, com um único piso e entrada pela rua junto ao castelo e acessível a pessoas com mobilidade reduzida. O preço base da empreitada cifra-se em 464 mil e 945,65 euros e tem um prazo de execução de 24 meses. “É

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mais uma medida para manter os jovens na sua terra e para resolver problemas de habitação, já que a falta de casa para venda ou arrendamento e os elevados preços das poucas existentes constitui um dos entraves à fixação das camadas mais jovens da população”, refere Osvaldo Gonçalves, presidente da autarquia. Também nesta matéria, a autarquia vai avançar com um loteamento na aldeia de Martim Longo para implementação de um conjunto de 26 lotes, exclusivamente para uso habitacional, junto à 2.ª Fase da

Avenida de Acesso à EBI de Martim Longo. O terreno a intervencionar tem uma área total de 20 mil metros quadrados. Toda a zona residencial enquadra um conjunto de zonas verdes com espécies endógenas, com uma área total de aproximadamente três mil e 180 metros quadrados e espaço infantil, com posterior implantação do respetivo equipamento. Esta empreitada tem um preço base de um milhão, 61 mil e 760,40 euros e um prazo de execução de 12 meses .

NOVA UNIDADE DE SAÚDE MÓVEL DE ALCOUTIM DISPONIBILIZA CONSULTAS EM GIÕES E PEREIRO importância da proximidade entre profissionais de saúde e utentes é uma das apostas da nova Unidade de Saúde Móvel +Proximidade que leva os profissionais do Serviço Nacional de Saúde mais perto dos utentes, tornando os cuidados de saúde primários mais equitativos e proporcionando consultas de rotina nas localidades de Giões e Pereiro. Giões terá acesso aos novos serviços da Unidade de Saúde Móvel todas as quartasfeiras, às 14h, o mesmo acontecendo, no Pereiro, todas as segundas-feiras, também às 14h. A Unidade Móvel de Saúde está especialmente vocacionada para a prevenção, vigilância de saúde, e auxílio na realização de consultas médicas domiciliares, bem como a prestação de cuidados de enfermagem à população mais idosa e com mais dificuldades de 125

acesso aos Centros de Saúde. por isso, o Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo dos Santos Gonçalves, sustenta que o protocolo com a ARS/Algarve “garante as condições para melhorar o serviço, adaptando e reorganizando o que o município já vinha disponibilizando, serviços de saúde e acesso a prestação de cuidados de saúde no concelho”. “O serviço da Unidade de Saúde Móvel traz um conjunto de serviços que até agora só se faziam nos Centros de Saúde, possibilitando reforçar os serviços nas localidades de Giões e Pereiro, onde os postos de atendimento foram encerrados, colmatando o constrangimento desse encerramento e atribuindo uma maior justiça aos munícipes afetados, combatendo a desigualdade de acesso aos cuidados de saúde”, reforçou o edil alcoutenejo . ALGARVE INFORMATIVO #181


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CLUBE DE ARTES MARCIAIS DE ALTURA FAZ TRÊS CAMPEÕES NACIONAIS Clube de Artes Marciais de Altura (C.A.M.A.), a funcionar desde 2007 e dirigido pelo Mestre Reinaldo Aquilino, voltou a fazer campeões nacionais no Campeonato Nacional de Ju-Jitsu. O clube tem levado o nome de Castro Marim aos pódios nacionais e internacionais, com resultados que premeiam o esforço, o empenho e o compromisso dos cerca de 30 atletas que ali treinam diariamente. “As conquistas são o reconhecimento de um trabalho contínuo, com treinos diários, talento e muita disciplina”, reforça Reinaldo Aquilino, orgulhoso dos seus atletas. Os campeões do C.A.M.A. desta competição foram Denis Dinga (Júnior, ALGARVE INFORMATIVO #181

Campeão Nacional de Ne-Waza) – 100 Kg; Rui Estevão (Sénior, Campeão Nacional de Ne-Waza e 3.º lugar em Kumite) – 65 Kg; e João Claro (Sénior, Campeão Nacional de Kumite e 3.º lugar em Ne-Waza) – 77 kg. Há cerca de um mês, Rui Estevão também levou o nome de Castro Marim aos primeiros lugares do Campeonato da Europa, realizado em Roma, com uma honrosa quarta posição. “Quase todos os nossos atletas já conquistaram títulos regionais e nacionais”, realça o treinador sobre as vitórias conquistadas de ano para ano. Entretanto, no dia 22 de novembro foram graduados oito atletas .

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FESTIVAL MED FOI PREMIADO POR BOAS PRÁTICAS ENERGÉTICAS Festival MED recebeu o Prémio «Sê-lo Verde» como a melhor medida implementada na vertente «Energia», como exemplo de utilização de energias renováveis, numa cerimónia que decorreu, no dia 24 de novembro, no Porto, na Associação «Maus Hábitos», com a presença do Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, do Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, da Secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, da Diretora do Fundo Ambiental, Alexandra Carvalho e, em representação da Autarquia de Loulé, do Vereador Carlos Carmo. Esta distinção relativa ao setor energético prende-se com a introdução, na edição de 2018 do MED, de painéis fotovoltaicos numa área da restauração, ação que já tinha tido o reconhecimento do Fundo Ambiental, com a atribuição de um financiamento à candidatura apresentada pela Câmara de Loulé em março de 2018. Junto ao Palco Arco, algumas tasquinhas funcionaram durante os quatro dias de realização do evento com células fotovoltaicas. Toda a energia necessária para o funcionamento dos equipamentos foi de origem solar, garantido um sistema de autonomia durante todo o Festival e que permitiu reduzir os consumos de energia elétrica da rede pública. A organização do MED tem promovido, ao longo das edições, iniciativas que mostram a sua preocupação na educação dos públicos e na adoção de novos comportamentos em matéria ambiental.

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O Copo Ecológico, o Movimento Zero Desperdício, um Sistema de Gestão de Resíduos no espaço do recinto, ações para a sensibilização do consumo da água da torneira, nomeadamente através da disponibilização de pontos gratuitos e eficientes de água, foram algumas das iniciativas implementadas. Para os responsáveis municipais, “é uma satisfação enorme ver Loulé ser reconhecido, uma vez mais, numa área – a ambiental – que tem sido uma prioridade na política municipal dos últimos anos”. “Com a incorporação de Energia Limpa Renovável na 15.ª edição do Festival MED, a organização manteve o seu foco na aplicação de medidas que promovem a sustentabilidade ambiental e a redução da sua pegada ecológica. Já em 2019 queremos reforçar esta preocupação, com iniciativas inovadoras nesta matéria”, consideram ainda .

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ROSSIO DA TRINDADE, EM LAGOS, VAI SER REPENSADO E REORDENADO Município de Lagos vai proceder à abertura de procedimento para a elaboração de um Plano de Pormenor para a zona do Rossio da Trindade, definida no Plano de Urbanização de Lagos como área estratégica de intervenção, ou seja, uma zona que, pela sua localização e potencialidades, é considerada fundamental para a valorização e qualificação da cidade. São 8,75 hectares, compreendidos entre os Polivalentes Porta da Vila /Quartel dos Bombeiros Voluntários de Lagos e o edifício do antigo Hotel Golfinho, que somam várias categorias de uso do solo, como urbano, equipamentos e zona verde de recreio e lazer.

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Os termos de referência aprovados indicam que toda esta zona deve ser reequacionada no sentido de reordenar e renovar uma área central, com o objetivo fundamental de introduzir novas funções que reforcem e qualifiquem a centralidade e a animação cultural da cidade e traçam algumas orientações para o trabalho de planeamento em pormenor a desenvolver, designadamente: aproveitamento do desnível topográfico existente entre o campo de futebol e a Avenida das Comunidades Portuguesas para a criação de um parque de estacionamento subterrâneo; edificação sobre a plataforma criada por esse estacionamento subterrâneo que inclua as instalações do

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equipamento/habitação/comércio/serviç os; reordenar o esquema viário de toda a área envolvente através da clarificação e hierarquização dos acessos rodoviários à Porta da Vila, ao Convento da Trindade, ao Forte do Pinhão e toda a área de D. Ana (Iberlagos); proteger e valorizar a mata adjacente ao Clube Esperança de Lagos, integrando-a e dando continuidade ao Parque da Cidade. Outra das preocupações e princípios presentes é o da salvaguarda dos valores patrimoniais em presença,

designadamente o Convento da Trindade. Os trabalhos de elaboração do Plano de Pormenor, a contratar, têm um prazo de 24 meses, havendo lugar a um período prévio de participação pública, de 15 dias, para formulação de sugestões e apresentação de informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do respetivo procedimento de elaboração .

TRANSPORTES URBANOS NO CONCELHO DE LOULÉ PASSAM A SER GRATUITOS PARA CRIANÇAS ATÉ AOS 12 ANOS

partir de janeiro de 2019, os transportes urbanos do Concelho de Loulé serão de acesso gratuito para as crianças até aos 12 anos de idade. Em Loulé, Quarteira, Vilamoura e Almancil, o «Apanha-me!» poderá assim ser utilizado pelos passageiros mais novos, sobretudo nas suas deslocações para a escola, sem qualquer custo. Esta medida da «Loulé Concelho Global», empresa municipal que gere os 129

transportes públicos no Concelho, vai ao encontro da estratégia de promoção de uma mobilidade mais partilhada e mais ecológica na comunidade louletana, que, de resto, tem sido a grande aposta do Município de Loulé como uma das medidas de mitigação das alterações climáticas. “Queremos que os nossos jovens voltem a privilegiar o autocarro em detrimento do transporte pessoal dos seus pais, reduzindo o trânsito automóvel e a emissão de gases com efeito de estufa”, consideram os responsáveis municipais. Recorde-se que, em 2017, o serviço de Transportes Urbanos do Concelho de Loulé transportou em todas as suas linhas um total de 216 mil e 467 passageiros, o que resulta num crescimento anual de quase 7 por cento de utilizadores .

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LAGOS VAI ESTREITAR RELAÇÕES DE AMIZADE COM O MUNICÍPIO MARROQUINO DE EL JADIDA oi aprovada, no dia 27 de novembro, em Reunião de Câmara, a proposta de celebração de um Acordo de Geminação entre o Município de Lagos e o Município de El Jadida (Reino Marrocos). A intenção desta aproximação institucional é colocar em rede as duas muralhas «irmãs» que são significativos exemplares da arquitetura militar dos primórdios da pirobalística com o traço de Miguel de Arruda, o projetista da muralha de Lagos e coordenador do projeto da Cidadela Portuguesa de Mazagão (atual El Jadida).

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A decisão surge depois da recente geminação com o município marroquino de Ksar El Kébir (Alcácer Quibir) e concretiza a Política de Acordos de Cooperação e Geminações traçada pelo Município de Lagos, que, neste caso concreto, tem como objetivo a internacionalização e promoção das Muralhas de Lagos, no âmbito da criação da Rede de Fortificações da Fronteira Marítima, estrutura que se pretende desenvolver com base nas parcerias que Lagos tem na esfera dos Descobrimentos Portugueses. Acresce que a Câmara Municipal de Lagos está a desenvolver um Plano Geral de 130


Intervenção que contempla medidas de reabilitação, gestão e promoção das muralhas de Lagos, estando já definidos quatro projetos distintos, mas complementares e de implementação sequencial: o Estudo do Cadastro; o Projeto de Reabilitação; o Projeto de Iluminação de Valorização; e o Projeto de Sinalética. Paralelamente será desenvolvido um Plano de Promoção, instrumento estratégico e integrado que tem como objetivo garantir uma coordenação entre as ações de reabilitação, salvaguarda e valorização, com ações de gestão e de promoção do imóvel, esta última entendida como a sua divulgação, estudo, colocação em redes de conhecimento, circuitos turísticos ou geminações. Esta Geminação irá dar seguimento e novo alento aos contactos e às ações de cooperação já existentes, visto que ainda recentemente Lagos participou numa

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conferência e organizou uma ação de formação para jovens guias intérpretes da Cidadela Portuguesa de Mazagão. A iniciativa foi felicitada por Maria Rita Ferro, Embaixadora de Portugal em Marrocos, que, em mensagem dirigida à autarquia lacobrigense, considerou de “relevante interesse, no quadro das relações de Portugal com Marrocos, tanto na sua vertente cultural como económica e social, o projeto de assinatura do Protocolo de Geminação que oficialize e dinamize o relacionamento entre as duas cidades já unidas pela História comum, e lhes permita ir mais longe em ações concretas que sejam úteis para ambos os lados e traduzam, junto das respetivas populações, o bom relacionamento bilateral que existe atualmente entre os dois Países e os respetivos responsáveis”.

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CÂMARA DE LOULÉ VAI ESTABILIZAR EDIFÍCIO AUSTRAL EM QUARTEIRA Câmara Municipal de Loulé e os condóminos do Edifício Austral (situado na Rua da Armação, junto à Rotunda do «Polvo») celebraram, no dia 27 de novembro, no Centro Autárquico de Quarteira, acordos com vista à intervenção preventiva da autarquia no local. Desde 2006 que este edifício apresenta uma ligeira inclinação e, após uma vistoria dos serviços técnicos municipais, detetou-se que a falta de estabilidade se prendia com um erro de conceção, da inteira responsabilidade do construtor. Apesar das competências da Autarquia nesta matéria passarem apenas pela responsabilidade com a segurança de pessoas e bens, não tendo qualquer dever em matéria de intervenção no edifício, decidiu a Câmara Municipal tomar uma medida preventiva numa situação que se arrasta há largos anos, dada a ausência do construtor. Com a assinatura destes acordos, a autarquia louletana disponibiliza-se a levar a cabo as obras necessárias para a estabilização e correção das deficiências que o prédio padece, enquanto que os condóminos se comprometem a ressarcir a autarquia por esta intervenção, com o pagamento das verbas correspondentes. O projeto e os trabalhos levados a cabo neste local terão um custo que ascende a 400 mil euros (IVA incluído) e a obra, da responsabilidade técnica de uma empresa ALGARVE INFORMATIVO #181

especialista em cálculos de estruturas, arranca dentro de quatro a cinco meses, com um prazo de execução de seis meses. Durante esse período, os moradores poderão manter-se nas suas casas. O presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, sublinhou a importância desta intervenção para que “os moradores fiquem mais tranquilos relativamente à segurança do edifício, uma situação que tirava o sono a muita gente” . 132


QUARTEIRENSES VOLTAM A HOMENAGEAR A PADROEIRA DE PORTUGAL os dias 7 e 8 de dezembro, Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, volta a ser homenageada na cidade de Quarteira, naquela que é uma das mais emblemáticas festas religiosas da região algarvia. O arranque das celebrações acontece na sexta-feira, dia 7, pelas 21h, com a procissão de velas com a Imagem da Padroeira em direção à Igreja de S. Pedro do Mar. Na manhã do dia 8, a cidade vai acordar às 9h com uma alvorada e, pelas 14h, é celebrada uma Eucaristia na Igreja de S. Pedro do Mar. A partir das 15h tem início o ponto alto das festividades – a procissão solene com a Imagem de Nossa Senhora da Conceição em direção ao mar (Porto de Abrigo), seguindo-se a saudação à Padroeira. Depois, num momento singular em termos etnográficos e da tradição desta antiga vila piscatória, haverá a bênção do mar e das embarcações engalanadas que acompanham a procissão religiosa por mar. No final, dá-se o regresso à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, enquanto que a Imagem Pequena do Porto de Abrigo retorna à sua capelinha. As celebrações prolongam-se até às 23h, no largo em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, num espaço com gastronomia diversa, animação musical com José Manuel Pasadinhas e Rita Melo, venda de ramos e leilão de ofertas e variedades. A Festa em Honra de Nossa Senhora da Conceição tem raízes culturais profundas

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(a Imagem foi encontrada nas redes pelos pescadores há mais de 200 anos), na comunidade piscatória e em todos os quarteirenses. Para além das novenas e de outras celebrações religiosas, destaca-se a Bênção do Mar, que desde o ano de 2000 é efetuada no novo Porto de Pesca de Quarteira onde foi erigida uma pequena capela para acolher a Padroeira . ALGARVE INFORMATIVO #181


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ALGARVE É UM DOS SETE MELHORES DESTINOS PARA PASSAR O INVERNO uma altura em que as temperaturas baixas de inverno se começam a fazer sentir, a revista norteamericana «International Living» enumerou sete destinos ideais para fugir do frio. O Algarve surge como uma dessas sugestões, sendo apresentado como um «paraíso de Inverno» que oferece um clima quente durante todo o ano e uma boa relação custo-benefício. Entre os atributos da região, a publicação salienta ainda os campos de golfe, a gastronomia (com destaque para o marisco fresco e para o típico «frango da Guia»), as praias e a beleza das paisagens ALGARVE INFORMATIVO #181

naturais. Como ponto a favor do Algarve é também referida a facilidade de se conviver com a língua inglesa, facto que simplifica a adaptação do turista norteamericano ao destino. A «International Living» é uma publicação mensal que se dedica à divulgação de conteúdos sobre os melhores locais do mundo para se viver, para se passar a reforma, para viajar e para investir. “Este reconhecimento vem confirmar o interesse crescente e o peso que o Algarve está a conquistar junto do mercado norteamericano, surgindo como uma alternativa apelativa face aos destinos 134


europeus tradicionalmente procurados por este mercado”, analisa Dora Coelho, diretora executiva da Associação Turismo do Algarve. Recorde-se que em novembro a ATA recebeu no Algarve um grupo de 14 agências de viagens que operam no mercado dos EUA e Canadá, a quem foi dado a conhecer as potencialidades da região em torno da sua oferta turística diversificada e de qualidade e a possibilidade de participar em experiências diferenciadoras, entre as quais um workshop para aprender a confecionar uma cataplana e a realização de provas de degustação de vinhos do Algarve. Esta visita incluiu ainda uma forte componente

de networking entre os participantes e agentes turísticos da região (associados da ATA), como forma de incentivo ao desenvolvimento de oportunidades de negócio. A presença de visitantes norteamericanos no Algarve tem vindo a crescer de forma significativa. De janeiro a setembro deste ano, o destino registou um aumento de 25,3 por cento no número de hóspedes provenientes dos EUA face ao mesmo período de 2017 (alcançando em valores absolutos o número de 64 mil e 700 hóspedes) e um aumento de 27,4 por cento no que diz respeito às dormidas (contabilizando 179 mil e 600 dormidas na região) .

ALGARVE É A REGIÃO DE PORTUGAL COM MAIS ESTRELAS MICHELIN Algarve continua a ser a região portuguesa com maior número de estrelas e restaurantes no Guia Michelin, ao manter dez estrelas e oito restaurantes no mais prestigiado guia gastronómico mundial. A revelação foi feita na gala de apresentação do «Guia Michelin Espanha e Portugal 2019», que decorreu, no dia 21 de novembro, em Lisboa. A melhor parte da notícia é que o Algarve continua a ter dois restaurantes com duas estrelas («uma cozinha excecional, vale a pena desviar-se»): o Ocean, no Vila Vita Parc, em Lagoa, do chef Hans Neuner; e o restaurante de Vila Joya, em Albufeira, do chef Dieter Koschina, que está representado há 26 anos consecutivos no Guia Michelin, um recorde em Portugal. Recentemente, o chef austríaco revelou 135

que o segredo dessa longevidade está no próprio Algarve, um paraíso com sol e produtos do mar de elevada qualidade. Àqueles juntam-se ainda seis restaurantes que mantêm uma estrela Michelin («uma cozinha de grande fineza, compensa parar»): o Bon Bon (Carvoeiro), o Willie’s (Vilamoura), o Vista (Portimão) e ainda o Henrique Leis, o São Gabriel e o Gusto (os três em Almancil). “A gastronomia do Algarve é um património de excelência, com produtos de alta qualidade para os maiores chefs de cozinha do mundo, que os utilizam com toda a mestria para alcançarem o reconhecimento internacional, como o do Guia Michelin”, destacou o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes . ALGARVE INFORMATIVO #181


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

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