ALGARVE INFORMATIVO #182

Page 1

#182

ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 8 de dezembro, 2018

ACTA ESTREOU O SEU «FREI LUÍS DE SOUSA» EMMY CURL | BRUNO NOGUEIRA REGRESSA COM «DEPOIS DO MEDO»| «CANAS 44» FERNANDES 1 «QUEBRA-NOZES»| LEONOR CANCELA| LUÍS GALRITO| TERESA ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

2


3

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

4


5

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

6


7

ALGARVE INFORMATIVO #182


CONTEÚDOS #182 8 DE DEZEMBRO 2018

50

ARTIGOS 64

14 - USF Golfinho 20 - Leonor Cancela 30 - Teresa Fernandes 40 - «Uma Cartografia Emocional Para Frei Luís de Sousa» 50 - «Canas 44» 64 - Emmy Curl 74 - «Depois do Medo» de Bruno Nogueira 84 - «Quebra-Nozes» 102 - Luís Galrito 124 - Atualidade

84

OPINIÃO 112 - Paulo Cunha 114 - Mirian Tavares 116 - Adília César 118 - Ana Isabel Soares 120 - Carla Serol ALGARVE INFORMATIVO #182

8


9

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

10


11

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

12


13

ALGARVE INFORMATIVO #182


REPORTAGEM

MINISTRA DA SAÚDE INAUGUROU USF GOLFINHO NO CENTRO DE SAÚDE DE FARO Texto:

| Fotografia:

Ministra da Saúde, Marta Temido, veio ao Algarve, no dia 1 de dezembro, para inaugurar a Unidade de Saúde Familiar (USF) Golfinho, instalada na sede do Centro de Saúde de Faro. A nova USF, unidade integrante do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Central da Administração Regional de ALGARVE INFORMATIVO #182

Saúde (ARS) do Algarve, reúne uma equipa multiprofissional composta por oito médicos, oito enfermeiros e sete assistentes técnicos, e abrange um total de 15 mil e 200 utentes do concelho de Faro, incluindo a sede em Faro e o Pólo de Estoi, permitindo também alargar a cobertura assistencial com a atribuição de médico de família a mais cinco mil e 469 utentes.

14


Com horário de funcionamento das 8h às 20h na sede em Faro e das 8h às 16h no Pólo de Estoi, todos os dias úteis, a USF Golfinho vem reforçar a prestação de cuidados de saúde de proximidade e aumentar para 16 o número de Unidades de Saúde Familiar em atividade no Algarve (3 no ACeS Barlavento; 9 no ACeS Central e 4 no ACeS Sotavento). “Esta abertura é o resultado do trabalho de uma equipa multiprofissional fortemente motivada no aumento da acessibilidade e qualidade dos cuidados prestados a mais de 15 mil utentes. A direção do ACeS pretende abrir mais duas USF a curto prazo, autonomizando, responsabilizando e conciliando os espaços existentes, e modernizando numa ótica de melhoria contínua para prestar mais e melhores cuidados de saúde primários”, frisou Sílvia Cabrita, Diretora Executiva do ACeS Central da ARS do Algarve, deixando ainda um

15

agradecimento especial ao pessoal da carreira médica, enfermagem, administrativa e operacional do Centro de Saúde de Faro, “que ajudaram a encontrar soluções para materializar a USF Golfinho num tão curto espaço de tempo”. Prestar cuidados centrados no utente e tendo em conta as suas características biopsicossociais é o objetivo da USF Golfinho, referiu a sua coordenadora, Ofélia da Ponte, destacando a abertura, para breve, do «Cantinho do Idoso». “Não irá apenas complementar os diagnósticos de problemas de saúde, mas pretende diagnosticar também problemas a nível social. Não devemos estar apenas focados na saúde do utente, porque ele é um indivíduo inserido numa comunidade com os problemas daí inerentes”, afirmou Ofélia da Ponte.

ALGARVE INFORMATIVO #182


Outra aposta da USF Golfinho passa pelas consultas do pé diabético, para diminuir o número de complicações que os diabetes têm nos seus membros inferiores e, em última instância, tentar evitar a sua amputação. “O desejo é conseguirmos, com uma melhor articulação com o CHUA – Centro Hospitalar Universitário do Algarve, reencaminhar o nosso diabético de uma forma mais célere para os cuidados de saúde secundários”, explicou Ofélia da Ponte. Satisfeito com a nova USF mostrou-se igualmente o Vereador da Câmara Municipal de Faro Adriano Guerra, contudo, aproveitou a vinda da Ministra da Saúde pela primeira vez em funções ao Algarve para falar das dificuldades que a região sente em termos de saúde. “Precisamos urgentemente de reforçar a capacidade ao nível hospitalar, porque temos condições muito precárias em várias unidades do Algarve, apesar ALGARVE INFORMATIVO #182

do incansável trabalho dos seus trabalhadores e do Conselho de Administração do CHUA. É algo de que temos necessidade e que nos é devido em virtude do contributo que o Algarve dá para o PIB nacional”, considerou Adriano Guerra. Os problemas existem, reconheceu o Presidente da ARS Algarve, mas lembrou que, com a inauguração da USF Golfinho, Faro passa a ser o único concelho do Algarve, e um dos primeiros de Portugal, a ter 100 por cento de cobertura no que toca a médico de família. “Queremos dar a todos os cidadãos aquilo que eles merecem em termos de cuidados de saúde e esta unidade cumpre com todas as normativas em vigor e tem um plano de ação ambicioso”, destacou. Paulo Morgado admitiu, todavia, que o Algarve continua a sentir 16


grandes dificuldades para atrair recursos humanos especializados, tando nos cuidados de saúde primários como hospitalares. “Somos à volta de meio milhão de residentes, mas teremos sempre 700 ou 800 mil pessoas em permanência na região e, no Verão, esse número ultrapassa bastante o milhão de habitantes. O Algarve tem necessidades específicas e merece um olhar um pouco diferente da parte do Ministério da Saúde”, reivindicou. No uso da palavra, a Ministra da Saúde, Marta Temido, recordou que se assinalam, em 2018, os 40 anos da assinatura da Declaração de Alma-Ata, que marcou a ambiciosa visão de «saúde para todos» até ao ano 2000, através dos cuidados de saúde primários. “Eles fazem parte das prioridades do XXI Governo Constitucional, mas são naturalmente

17

diferentes daqueles que ambicionávamos há quatro décadas. O que hoje precisamos é de maior cobertura no campo dos equipamentos e recursos humanos e, no início desta legislatura, tínhamos mais de um milhão de portugueses sem médico de família. Este número baixou para os 600 mil e, com a abertura da USF Golfinho, demos mais um passo para garantir que todas as pessoas tenham, não só médico de família, mas uma equipa de saúde familiar”, sublinhou, referindo que as USF não fazem apenas “transações de atos médicos”, disponibilizando, sim, “uma abordagem de saúde feita por médicos, enfermeiros e secretários clínicos que garante um conjunto de apoios ao nível da saúde oral, visual, psicologia e nutrição, entre outras valências” .

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

18


19

ALGARVE INFORMATIVO #182


ENTREVISTA

A CIÊNCIA DE TRANSFORMAR PEIXES EM LUPAS DE AMPLIAR O FUTURO Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #182

20


Foto: ©Clara Azevedo/CiênciaViva

21

ALGARVE INFORMATIVO #182


iz o povo que «a necessidade aguça o engenho». Leonor Cancela é, na Universidade do Algarve, um exemplo disso mesmo. Se, como reza a lenda, a Rainha Isabel transformou pão em rosas, bem se poderia dizer desta bióloga molecular que Leonor transformou peixes em respostas, dificuldades em soluções, escassez em criatividade, desenvolvendo uma linha de investigação única em Portugal que permite olhar as doenças ósseas através do peixe-zebra. Para recuperar a história é preciso recuar mais de 20 anos, ao momento em que, após passagens por França e Estados Unidos, onde trabalhara, na área do desenvolvimento ósseo, em instituições de referência, Leonor Cancela «aterra» numa Universidade do Algarve onde parecia haver, praticamente, quase «só pinheiros e lama». “Na altura a Universidade não tinha condições laboratoriais para fazer genética molecular e celular. Quando cheguei não havia nada. Lembro-me que até as pontas para pipetar tinham de ser lavadas. Não havia dinheiro, não havia meios… podia até haver vontade, mas não havia recursos”. À vista, apenas uma solução: “Foi preciso ser criativo”, esclarece a atual professora catedrática do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina. “O que havia, na altura, era um Curso de Biologia Marinha e havia peixes”. E Leonor, que confessa que, até então, “peixes só no prato”, viu na escassez um desafio e decidiu continuar a perseguir o seu objetivo: olhar para as ALGARVE INFORMATIVO #182

doenças ósseas, mas, desta vez, usando os peixes como modelo para ampliar horizontes. “Foi necessário dar uma volta à minha investigação. Era preciso aproveitar aquilo que havia”. Assim foi. Primeiro, tentou perceber se os peixes tinham as mesmas estruturas moleculares dos mamíferos e dos Humanos, depois, constituiu o grupo de investigação em Biologia do Esqueleto e não mais cessou de investigar. Verificou, na altura, aquilo que é, hoje, como explica, comumente aceite pela comunidade científica: a ideia de que os peixes são um bom modelo para estudar algumas doenças como as doenças ósseas, o cancro ou até mesmo as 22


doenças neurológicas. “Os peixes têm uma estrutura óssea que pode ser muito semelhante à do Ser Humano. Não somos assim tão diferentes”, esclarece. Quando questionada sobre o potencial da utilização do peixe-zebra como modelo biomédico, a investigadora não deixa margem para dúvidas: “Uma das nossas grandes conquistas foi termos conseguido implementar, em Portugal, o peixe como modelo biológico para patologias ósseas. Era algo que, à partida, parecia não ter «pernas para andar», mas que agora nos começa a abrir horizontes”. Num país em que dois milhões de portugueses têm mais de 65 anos, o 23

envelhecimento ósseo e doenças como a osteoporose, a doença de Paget, entre outras, são, como elucida a investigadora, “questões a que todos nós estamos sujeitos”. No laboratório, onde trabalha com uma equipa de mais de 15 investigadores - entre biólogos marinhos, bioquímicos, biofísicos e biólogos moleculares e celulares – utiliza-se o peixe-zebra não apenas para estudar doenças do foro ósseo, como também para identificar moléculas que possam ter interesse biotecnológico e biomédico. Falamos, essencialmente, de moléculas que podem vir a ser usadas a nível farmacológico para ajudar nos processos de formação e regeneração do osso. ALGARVE INFORMATIVO #182


A trabalhar há mais de 30 anos na área da biologia do osso e da cartilagem, a investigadora da Universidade do Algarve acredita que um dos pontos-chave da investigação passa, também, pela disseminação e difusão do trabalho que é feito no interior da academia. “Se as pessoas tiverem mais consciência dos problemas, estão mais aptas a ouvir aquilo que temos para dizer”. Sobre este tema, Leonor Cancela, recorda, particularmente, dois episódios. Um deles, ocorrido em 2008, quando, no decorrer de uma palestra na Biblioteca Municipal de Faro, foi abordada por um grupo de polícias que tinham interesse em saber mais sobre o que se podia fazer com as técnicas moleculares; e o outro, ainda nos tempos de liceu da sua filha mais nova, quando foi procurada por um grupo de professores que mostraram interesse e necessidade em ter formação no domínio da biologia molecular. O problema estava a nu e, mais uma vez, a resiliência de Leonor Cancela não a ALGARVE INFORMATIVO #182

deixou passar indiferente às dificuldades. “Desenvolvemos sessões de formação para os professores do ensino secundário e estudámos com eles a possibilidade de os alunos executarem técnicas básicas de biologia molecular por eles mesmos. Porque uma coisa é verem vídeos, outra, completamente diferente, é serem eles a fazer”. Assim nasceu o Lab-It, o primeiro laboratório itinerante do Algarve. Com uma carrinha apetrechada com equipamento científico e uma equipa altamente qualificada, o projeto, iniciado em 2009, fez-se à estrada e, em cinco anos, visitou o Algarve de lés-a-lés, tendo realizado perto de 150 sessões práticas para mais de dois mil alunos do 11.º e 12.º ano. Apenas sete mil e 500 quilómetros de um caminho que começou quando Leonor Cancela, na altura com apenas 15 anos, decidiu concorrer a uma bolsa da American Field Service para estudar nos Estados Unidos. Em Portugal viviase a ditadura, e a Leonor faltavam-lhe 24


asas para voar. Ganhou-as, em todos os promissores anos que se seguiram. Com passagens pelas Universidades de Washington, Paris VI e Califórnia, começava a desenhar-se o percurso daquela que é, atualmente, uma das investigadoras mais internacionais da Universidade do Algarve. Dos tempos passados, Leonor Cancela recorda, particularmente, uma época “de grande boom tecnológico, de muita efervescência, uma época em que tudo se desenvolveu muito rapidamente”. Em Portugal, porém, a realidade era bem diferente. Em 1992, quando regressa, debate-se com o atraso do país relativamente a outras estruturas internacionais. “Eu vinha de um local onde havia tudo e chego aqui e não havia nada. Não tínhamos sequer um

25

laboratório”. Lembra-se de ter pedido para falar com o reitor da altura e de este lhe ter alocado dois gabinetes. Foram os próprios investigadores que organizaram as obras de remodelação do espaço. Desde substituir chão, a pintar paredes e montar prateleiras, Leonor Cancela e a sua equipa fizeram de tudo um pouco. A bricolage de uma investigação que, como nos conta, “hoje deriva muito daquilo que na altura se implementou e deu frutos”. “Quando chegámos não havia azoto líquido, não havia água ultradestilada. Quando chovia muito a eletricidade ia abaixo e lá tínhamos de levar as coisas para casa para que não descongelassem, pois nem sequer havia geradores”.

ALGARVE INFORMATIVO #182


Foi um período diferente, confessa. “Atualmente as pessoas não têm essa perceção pois as condições de que dispomos são muito semelhantes àquelas que existem nos laboratórios do resto do mundo. Naquela altura não era assim. Era preciso ser criativo e tentar ultrapassar os problemas com todas as dificuldades inerentes”. Ainda assim, a carreira de Leonor Cancela fala por si. Desenvolveu as primeiras linhas celulares derivadas de osso de peixe, semelhantes às humanas e de mamíferos, e inscreveu o seu nome na página dourada do genoma humano, ao identificar um gene e a sua localização específica no interior do nosso código genético. Pelo meio, criou algumas das matrizes que hoje se encontram nos maiores bancos de células europeus e ajudou a identificar moléculas «antiterrorismo», capazes de funcionar contra armas químicas.

Com os seus estudantes confessa ter uma relação muito especial: “Eles sabem que a minha porta está sempre aberta, podem bater a qualquer hora”. Desde receber SMS’s a meio da noite ou no fim-de-semana, até ajudar em assuntos do foro pessoal, Leonor Cancela mantém apenas uma certeza: “Nós não estamos ali só para lhes dar aquelas aulas e depois acabou. Somos mais que isso”. Da carreira da investigadora bem se poderia dizer que foi sempre mais do que isso, mais do que aquilo que lhe foi dado a conhecer. Antes da Ciência, estudava e trabalhava em simultâneo. Passou por uma cafetaria, serviu às mesas, tomou conta de pessoas idosas, preparou dosagens para o Hospital. Hoje, lidera, no Centro de Ciências do Mar (CCMAR), um dos grandes grupos de investigação em Portugal.

Mas, a sua maior conquista, diz, vai além do trabalho desenvolvido no laboratório: “Sinto que consegui formar pessoas eticamente corretas e honestas, capazes de tomar as rédeas da investigação e criar resultados, criar coisas novas. Quando eu sair, aquilo que eu fiz, fica. Fica porque é feito e continuado por outros. Não morre ali (...) porque tudo o que consegui não o fiz sozinha, para isso contribuíram os alunos e investigadores que colaboraram comigo ao longo destes anos, em particular aqueles que me acompanham ainda e que são atualmente responsáveis por continuar e expandir aquilo que conseguimos até agora em conjunto. Tenho muito orgulho neles”.

Não transformou pão em rosas, mas das suas mãos nasceram «pequenos milagres» científicos que contribuem atualmente para olhar as doenças ósseas a partir de uma nova perspetiva. Com guelras e barbatanas, e um percurso feito de muitas «espinhas» pelo caminho, Leonor Cancela e os seus colaboradores fizeram dos peixes lupas de ampliar futuro. Viu aqui, executou além. Construiu do zero uma investigação que pode hoje abrir-nos novas pistas sobre a evolução do osso e da cartilagem e das suas implicações no aparecimento de adaptações esqueléticas em função do stress e das condições ambientais .

ALGARVE INFORMATIVO #182

26


27

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

28


29

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

30


ENTREVISTA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL É PEÇA-CHAVE PARA A «ÁGUAS DO ALGARVE» Texto:

31

| Fotografia:

ALGARVE INFORMATIVO #182


oucos dias depois da inauguração da nova ETAR Faro/Olhão da «Águas do Algarve, S.A.», a empresa responsável pelo abastecimento de água em alta aos 16 municípios da região e pelo tratamento de águas residuais lançou mais uma campanha de educação ambiental especialmente vocacionada para a quadra natalícia que vivemos. O objetivo é reduzir a pegada ecológica de cada um de nós, porque a mudança começa nas nossas próprias casas, e viver um Natal mais «verde» até parece não ser muito complicado. De facto, os conselhos que compõem a campanha são fáceis de implementar, ALGARVE INFORMATIVO #182

desde usar luzes led de menor consumo a reutilizar a árvore do Natal do ano transato ou adquirir um pinheiro natural que possa ser replantado, decorar a casa com ornamentos ecológicos ou aproveitar os efeitos de outros anos, evitar o uso de sacos de plástico nas compras de Natal ou adquirir, por exemplos, perfumes naturais e/ou sem testes em animais. E os motivos para adotar estes comportamentos são muito simples, de acordo com Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da «Águas do Algarve». “Infelizmente, o nosso planeta não está de boa saúde, a situação que vivemos é bastante grave, e custa-nos imenso ver a apatia que ainda existe da parte da população em geral perante esta 32


situação. É verdade que há uma maior sensibilidade da sociedade para as questões associadas ao ambiente e à preservação da água, mas as atitudes reais, do dia-a-dia, dos consumidores, dos cidadãos, são poucas ou quase nenhumas”, lamenta. Teresa Fernandes lembra as conclusões da recente Cimeira do Clima que se realizou em Paris e que avisam que o planeta está a atingir um ponto de não retorno. “É o futuro dos nossos filhos e netos, e de toda a vida na Terra, que está em causa. Não se trata de retórica, é a mais pura das verdades”, alerta a entrevistada, razão pela qual a «Águas do Algarve» não se cansa de levar por diante campanhas de sensibilização para que novos e menos novos modifiquem os seus comportamentos. “A problemática dos plásticos não é atual, mas tem estado em grande destaque nos últimos tempos, daí esta campanha específica que estamos a desenvolver em dezembro. Por que não utilizarmos alternativas mais amigas do ambiente e sermos mais eficientes e ecológicos neste Natal”, questiona. Com um contrato de concessão que visa, essencialmente, a gestão de dois sistemas multimunicipais de abastecimento de água, em alta, à população, assim como o tratamento de águas residuais, conforme referido anteriormente, a «Águas do Algarve» assume um papel bem mais importante na região e, inclusive, no país. “A água que fornecemos é de elevadíssima qualidade, está certificada internacionalmente, mas ainda continuamos a ver muitas pessoas irem ao supermercado comprar água 33

engarrafada, quando isso não se justifica. Nos tempos modernos todos temos uma torneira perto de nós, seja em casa, nas escolas ou nos locais de trabalho. Mesmo a colocação de filtros só se justifica, porventura, em populações dispersas que sejam abastecidas por furos”, garante Teresa Fernandes, recordando que o próprio saneamento do Algarve é uma referência nacional e internacional, como o atestam as bandeiras azuis hasteadas em todas as praias da região. Mas não basta, para a «Águas do Algarve», fazer o seu trabalho com índices de excelência, a empresa quer que todos tenham um comportamento de excelência, em termos ambientais, no quotidiano, e para isso o Gabinete de Comunicação ganhou, há uns anos, mais uma componente, a da Educação Ambiental, “para ajudar cada um de nós a ser mais sustentável e a proteger aquilo que é nosso”, justifica Teresa Fernandes. Uma Educação Ambiental que deve ser extensiva a todos os escalões etários, embora uma grande fatia das ações da «Águas do Algarve» se destine ao público mais jovem. “Apenas com as visitas às nossas instalações, às ETA’s, ETAR’s e à Barragem de Odelouca, estamos a falar de perto de dois mil jovens por ano. Os mais novos são bons recetores desta mensagem e acabam por ser também bons emissores e transmissores, aos pais lá em casa, daquelas que são as melhores práticas ambientais. No entanto, não podemos descurar os adultos, porque são eles que, no dia-a-dia, estão a ter atitudes menos corretas”, admite. ALGARVE INFORMATIVO #182


Este é o cenário atual, todavia, nota-se que as ações da «Águas do Algarve» vão tendo bons resultados no plano do uso mais eficiente da água, um bem que não é infinito, ao contrário do que muitos teimam em continuar a pensar. E para o sucesso destas iniciativas contribui um rigoroso planeamento do que se deve fazer em cada altura do ano e para cada público-alvo, confirma Teresa Fernandes. “Essa assertividade é fundamental ALGARVE INFORMATIVO #182

porque os adultos não estão tão disponíveis para receber esta mensagem quanto os mais jovens. Andamos a correr desde o primeiro minuto em que nos levantamos de manhã até que nos deitamos na cama à noite, e aí apercebemo-nos de que o dia já acabou. O tempo é tão preenchido que, se as ações não forem bem dirigidas, dificilmente conseguiremos alcançar os nossos objetivos”, sublinha a responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da «Águas do Algarve». Preocupações que já não são exclusivas da «Águas do Algarve», com a própria APDA – Associação Portuguesa de Distribuição e 34


Drenagem de Águas a criar um grupo nacional de trabalho em Comunicação e Educação Ambiental, que terá coordenação nacional de Teresa Fernandes. “As pessoas só se apercebem que alguma coisa não está bem quando abrem a torneira e não sai água, mas, quando se chegar a esse ponto, e se chegarmos, talvez já seja tarde demais. Mas o ser humano é inteligente e estou certa de que, todos unidos, vamos conseguir evitar as previsões mais sombrias que se estão a fazer relativamente ao nosso futuro”. O que também contribui para o êxito das campanhas da «Águas do Algarve» é uma 35

boa seleção dos parceiros que a acompanham em cada ação. Veja-se, por exemplo, a nova peça «Uma Torneira na Testa» do Serviço Educativo da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, que conta com o alto patrocínio da empresa. “É um projeto bastante interessante que vai a escolas de toda a região e que permite aos jovens aprenderem mais sobre assuntos muito sérios, mas de uma forma divertida. As parcerias são para nós fundamentais e deslocamo-nos com frequência aos estabelecimentos de ensino ou associações da região para sensibilizar jovens ou adultos. Ir ao encontro daquelas que são as ALGARVE INFORMATIVO #182


Teresa Fernandes com o Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins

necessidades da região, não ficando à espera que sejam sempre elas a deslocarse até nós. Só assim a Educação Ambiental e a Sustentabilidade podem ir mais além”, entende Teresa Fernandes. Depois de ter começado 2018 em beleza com o encontro «Desafios da Água», a «Águas do Algarve» prepara-se para terminar o ano, também em beleza, com a associação a «Uma Torneira da Testa», que estará em cena, no autocarro do VATe, no Jardim Manuel Bívar, em Faro, de 15 a 21 de dezembro. “Foi um ano, de facto, muito positivo nesta matéria, mas podemos sempre chegar a mais uma pessoa. Congratulamo-nos com o sucesso das nossas iniciativas, mas o passado faz parte do passado, porque o ser humano tem memória curta. É importante reforçarmos continuamente esta mensagem educacional da proteção do nosso planeta, porque ele está ALGARVE INFORMATIVO #182

mesmo a pedir socorro”, defende, ao mesmo tempo que mostra uma sala existente na nova ETAR Faro/Olhão que foi projetada precisamente para acolher um grande projeto educativo para os mais novos. Quanto ao «Desafios da Água», deverá estar de regresso em 2020, porque assim o exige o êxito que a primeira edição registou. “Conseguimos juntar, no mesmo local, especialistas nas várias matérias cujas discussões estão na ordem do dia, mas também as escolas a participar em diversas atividades. Foi uma partilha de ideias, opiniões e experiências bastante enriquecedora para todos os participantes”, recorda Teresa Fernandes. “Não podemos ficar à espera que sejam os outros a fazer algo, todos temos um papel a desempenhar nesta mudança”, finaliza.

36


37

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

38


39

ALGARVE INFORMATIVO #182


REPORTAGEM

ACTA ESTREOU «UMA CARTOGRAFIA EMOCIONAL PARA FREI LUÍS DE SOUSA» Texto:

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182

| Fotografia:

40 40


41 41

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182


ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve estreou, no dia 1 de dezembro, no Teatro Lethes, em Faro, a sua 75.ª produção, com base na obra «Frei Luís de Sousa» de Almeida Garrett, desta feita com dramaturgia de Alexandre Honrado, encenação de Luís Vicente e conceção plástica de Tó Quintas. A interpretação está a cargo de Glória Fernandes, Luís Vicente, Bruno Martins, Sara Mendes Vicente, Paulo Moreira e Miguel Martins Pessoa. A história tal qual Almeida Garrett a escreveu decorre no século XVI e retrata a vida de Manuel de Sousa Coutinho (Bruno Martins) e sua esposa, D. Madalena de Vilhena (Glória Fernandes), uma mulher muito supersticiosa e que acredita que qualquer coisa fora do normal era uma chamada de atenção para ações futuras, ou seja, um presságio. Manuel, homem corajoso e patriota, amava profundamente Madalena e não se importava com o seu passado, mas esta vive permanentemente com a sombra do seu primeiro marido, D. João de Portugal (Paulo Moreira), que se julga ter sido morto na batalha de Alcácer Quibir, mas está vivo e regressa a casa, tornando ilegítimo o casamento de Manuel e Madalena. Ao dramático casal Almeida Garrett juntou uma filha, D. Maria de Noronha (Sara Mendes Vicente), uma jovem que sofre de tuberculose. Pura, ingénua, curiosa, corajosa, completamente alheia aos atos dos pais, personifica a própria beleza e pureza que se consegue originar ALGARVE INFORMATIVO #182

42


43

ALGARVE INFORMATIVO #182


mesmo num casamento condenável. E, como é natural, não poderia faltar um aio, Telmo Pais (Miguel Martins Pessoa), leal ao antigo amo, D. João de Portugal, e pouco adepto do segundo casamento de D. Madalena. Apresentadas as personagens, na história, Manuel de Sousa, cavaleiro da Ordem de Malta, pega fogo à sua casa para não alojar os governadores. Ao perceber que o quadro de D. Manuel de Sousa Coutinho foi consumido lentamente pelas chamas, Madalena pressente que vai perder o esposo da mesma forma como ficou sem a sua casa… e o quadro. Mercê disso, Manuel vê-se obrigado a habitar na residência que dantes fora de D. João de Portugal. E este, que ninguém acreditava que regressaria à sua antiga residência, ALGARVE INFORMATIVO #182

surge como Romeiro, para adensar ainda mais o drama. A história imaginada por Almeida Garrett não é, contudo, a que vai a cena nesta produção da ACTA porque, durante os ensaios de «Frei Luís de Sousa» por uma companhia de teatro de fracos recursos económicos, o ator que interpreta Manuel de Sousa Coutinho acaba por, acidentalmente, pegar mesmo fogo ao teatro, perdendo-se praticamente todos os adereços, cenários e até alguns atores, que se terão ido embora por imaginarem que a peça já não se concretizaria. O problema é que os bilhetes já tinham sido vendidos e, pior do que isso, os subsídios já tinham sido recebidos, portanto, sem estreia não havia 44


45

ALGARVE INFORMATIVO #182


pagamentos para ninguém e era preciso devolver muito dinheiro. Perante esta situação, o encenador (Luís Vicente), intempestivo, híper rigoroso e com pouca paciência para atitudes menos profissionais, vê-se forçado a seguir caminhos diferentes da narrativa como única forma de assegurar a sobrevivência do projeto, assim surgindo «Uma Cartografia Emocional para Frei Luís de Sousa», que combina as cenas do texto original que podiam ser levadas a cabo com os cenários, adereços e atores que resistiram ao incêndio, com o caos que envolve encenador e atores na tentativa de estrear mesmo a peça. A tarefa acaba por ser possível e todo o drama de «Frei Luís ALGARVE INFORMATIVO #182

de Sousa» é magistralmente interpretado pelo coletivo da ACTA, onde a grande surpresa é, sem dúvida, Sara Mendes Vicente. Depois de participar em peças direcionadas para um público mais juvenil, a jovem atriz superou, com nota máxima, a prova de fogo que é personificar a ingénua, angelical, resistente e sonhadora D. Maria de Noronha. Mas também temos uma versão de «Frei Luís de Sousa» que acaba por ser surpreendentemente divertida, onde se misturam as histórias da peça com os episódios dos bastidores e ensaios, dai se justificando, plenamente, uma ida ao Teatro Lethes até 26 de janeiro .

46


47

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

48


49

ALGARVE INFORMATIVO #182


REPORTAGEM

CANAS 44 VEIO A LOULÉ QUESTIONAR O VAZIO Texto:

ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182 ALGARVE

Fotografia:

50 50


51 51

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182


oi a cena, no dia 30 de novembro, no Cine-Teatro Louletano, a peça «Canas 44», da companhia Amarelo Silvestre, em mais um capítulo do ciclo Estórias Silenciosas. “Quando as pessoas desaparecem, o que é que fica nos lugares?”, é a pergunta que coloca o encenador Victor Hugo Pontes e à qual as atrizes Leonor Keil e Rafaela Santos respondem … ou tentam responder. Em «Canas 44» há uma personagem que chega e há uma personagem que parte. Uma quer construir uma vida nova e a outra quer partir para ganhar mundo. Em comum têm o mesmo lugar, Canas de Senhorim, que, por nunca ser mencionada diretamente, acabe por simbolizar todos os lugares. Têm ainda em comum o número 44, a sua idade. “A partir destes elementos constrói-se um universo autoficcional que especula sobre pessoas, lugares, ruas que já não existem ou que estão em vias de desaparecimento, numa constante enumeração dessa memorabilia, como um movimento contínuo entre utopia e catástrofe, como se ressuscitar os mortos fosse uma forma de inscrevê-los na História”, explica o encenador .

ALGARVE INFORMATIVO #182

52


53

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

54


55

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

56


57

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

58


59

ALGARVE INFORMATIVO #182


Direção artística e dramaturgia: Victor Hugo Pontes Textos: Maria Gil e Fernando Giestas Interpretação: Leonor Keil e Rafaela Santos Espaço cénico: Henrique Ralheta Desenho de luz: Cristóvão Cunha Música original: Rui Lima e Sérgio Martins Adereços: Lira Projeto Paralelo: Fernando Giestas Apoio à montagem: Carolina Reis Produção executiva: Susana Rocha Apoio à produção: Nome Próprio Criação: Amarelo Silvestre Coprodução: Amarelo Silvestre, Nome Próprio, TNDMII, Centro de Arte de Ovar, Câmara Municipal de Nelas

ALGARVE INFORMATIVO #182

60


61

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

62


63

ALGARVE INFORMATIVO #182


REPORTAGEM

DE SORRISO TÍMIDO E VOZ MELOSA,

EMMY CURL ENCANTOU NO CAPA Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #182 ALGARVE INFORMATIVO #182

Fotografia:

64 64


65 65

ALGARVE INFORMATIVO #182 ALGARVE INFORMATIVO #182


oi, de facto, uma agradável, mesmo muito agradável, surpresa o concerto que Emmy Curl, nome artística de Catarina Miranda, deu no CAPa – Centro de Artes Performativas do Algarve, em Faro, no dia 1 de dezembro. O espaço é acolhedor, intimista, coloca o público praticamente em cima do artista, daí que os espetáculos sejam, normalmente, diferentes, mais envolventes e impactantes, do que aqueles que acontecem em espaços de maior envergadura. Se calhar por isso se tenham evidenciado mais a timidez e olhar sonhador da artista naquela noite, se calhar é mesmo assim no seu dia-a-dia, mas esse sorriso tímido com que recebia as palmas no fim de cada música, e o rosto radioso e a voz melosa com que as interpretava, proporcionaram um excelente serão a todos quanto assistiram ALGARVE INFORMATIVO #182

a este concerto da primeira noite do último mês do ano. Nascida em Trás-os-Montes, Catarina Miranda assume-se como uma cidadã do mundo e do país, e é a toda essa riqueza, natural e humana, que vai buscar inspiração para as suas canções. Um dom que, porventura, terá já nascido com ela, porque foi criada no seio de uma família dada às artes. Não é de admirar, por isso, que Emmy Curl alie à sua música a paixão pela fotografia, artes plásticas e moda, facetas que depois transbordam para os seus temas, para os videoclips que produz, para a forma como se apresenta em cena. Um caminho que vem sendo palmilhado de forma lenta, gradual, sem grandes sobressaltos, desde 2007, por via de quatro EP’s - «Ether», «Birds Among The Lines», «Origins» e «Cherry Luna».

66


67

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

68


Só em 2015 Emmy Curl se aventurou num longa duração, «Navia», estando o segundo álbum na forja. Dele apenas se conhece o single «A Dança do Sol e da Lua», mas percebe-se que o disco vai ser recheado de letras sobre o amor, o desejo e a natureza, tanto em inglês como em português, explorando a sua ligação, natural e intuitiva, a uma ideia de folk telúrica, “tão próxima das minhas origens transmontanas como da nuvem etérea em que me movo com graciosidade”, costuma dizer. «Dreams Made This Boat», «Sand Storm», «Amory» ou «Come Closer» são intensos momentos de «Navia», um título que remete para a deusa dos rios e da água na mitologia galaica e lusitana e que, inclusive, deu nome ao Rio Neiva, perto de

69

Braga. «Dança da Lua e do Sol» conta com a participação de Vicente Palma e fala, segundo a artista, “de duas perspetivas diferentes sobre uma paixão”. “Ambas impossíveis, ambas bucólicas e sonhadoras, um romance não correspondido ou vivido apenas nas nossas cabeças. Há realmente um lado que não sabe o que o outro pensa, pois não houve um discurso sobre o estado emocional, vivem os dois em universos diferentes, rotinas diferentes, fases de vida diferentes”, explica Emmy Curl, adiantando que o novo disco será uma interligação entre a natureza e a tecnologia, combinado a sua voz e guitarra com ambientes mais eletrónicos e produzidos de forma bastante caseira, como, aliás, se observou durante o concerto no CAPa.

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

70


71

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

72


73

ALGARVE INFORMATIVO #182


REPORTAGEM

BRUNO NOGUEIRA ENCHEU TEATRO DAS FIGURAS COM «DEPOIS DO MEDO» Texto:

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182

Fotografia:

74 74


75 75

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182


runo Nogueira apresentou em estreia nacional, no dia 29 de novembro, no Teatro das Figuras, em Faro, «Depois do Medo», que assinala o seu regresso à standup comedy e à escrita de sinopses na terceira pessoa do singular. E, como seria de esperar, a lotação depressou esgotou, para se assistir a um espetáculo em que Bruno Nogueira aborda questões que só incomodam pessoas que têm demasiado tempo livre. De facto, entre os temas que preencheram o serão de quinta-feira encontrava-se a intrigante problemática das pessoas que, sem terem nada na boca, mastigam quando estão a olhar para alguém a comer, “um encantador processo mental”, descreve o autor, adiantando que, depois de se ver «Depois do Medo», “o mundo, tal como o conhecem, vai ficar exatamente igual”. Já Bruno Nogueira ficou visivelmente mais aliviado por ter semeado os problemas dele na cabeça do público que encheu o Teatro das Figuras. O que não impediu que fosse, sem dúvida, uma noite muito bem-disposta .

ALGARVE INFORMATIVO #182

76


77

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

78


79

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

80


81

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

82


83

ALGARVE INFORMATIVO #182


REPORTAGEM

RUSSIAN CLASSICAL BALLET TROUXE «QUEBRA-NOZES» AO TEATRO DAS FIGURAS Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #182 ALGARVE INFORMATIVO #182

Fotografia:

84 84


85 85

ALGARVE INFORMATIVO #182 ALGARVE INFORMATIVO #182


streado a 18 de dezembro de 1892, no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, na Rússia, «QuebraNozes» é um dos três ballets que Tchaikovsky compôs, baseando-se na versão de Alexandre Dumas de um conto infantil de E. T. A. Hoffmann, «O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos / Ratos». Com sessão dupla no Teatro das Figuras, em Faro, no dia 1 de dezembro, o Russian Classical Ballet transportou para o palco um sonho de Natal com bonecos animados, criaturas maléficas e um herói improvável, o príncipe Quebra-Nozes. Repleto de romance e fantasia, o ballet exalta a capacidade de sonhar das crianças e a genuinidade dos seus sentimentos, neste caso concreto o primeiro amor de Clara. A história conta as aventuras de um quebra-nozes de aparência humana, trajado como um soldado, mas que tem as pernas e a cabeça de enorme tamanho. Clara gostava tanto da sua aparência que o pediu como presente de Natal ao padrinho, Herr Drosslmeyer, fabricante de relógios. Clara experimenta-o e vê que ele quebra as nozes com grande eficácia e sem nunca perder o sorriso. Fritz, o seu irmão, também o quis usar, contudo, seleciona as nozes maiores que havia no cesto. O quebra-nozes, ao ALGARVE INFORMATIVO #182

86


87

ALGARVE INFORMATIVO #182


ser utilizado de forma grosseira por Fitz, acaba por ficar com um dos braços partidos. Face às reclamações da pobre Clara, o pai, o juiz Stahlbaun, entrega à filha o seu quebra-nozes como propriedade exclusiva, obrigando Fritz a brincar com os seus próprios brinquedos. Clara recolhe do chão o braço partido do quebra-nozes e abraça-o até que ambos acabam por adormecer. A criança sonha que volta ao esconderijo onde havia colocado o seu quebra-nozes, mas encontra o salão cheio de enormes ratazanas que Drosselmeyer criara. A casa desapareceu e no lugar onde ficavam os móveis estavam árvores gigantescas. Ao mesmo tempo, o Quebra-Nozes de Clara tornou-se num soldado de carne e osso e que tem às suas ordens um pelotão de soldados como ele. Começa uma batalha entre as ratazanas e o pelotão do QuebraNozes, que sai triunfante do confronto. O bosque transforma-se depois numa linda estufa de Inverno e o Quebra-Nozes torna-se num lindo príncipe que leva Clara até ao Reino das Neves, onde a apresenta ao rei e rainha. Pouco depois, ambos seguem para o Reino dos Doces, onde conhecem a fada açucarada, seguindo-se mais aventuras e desventuras. Até que Clara acorda e descobre que, afinal, tudo não passara de um sonho . ALGARVE INFORMATIVO #182

88


89

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

90


91

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

92


93

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

94


95

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

96


97

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

98


99

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

100


101

ALGARVE INFORMATIVO #182


REPORTAGEM

LUÍS GALRITO APRESENTOU «MENINO DO SONHO PINTADO» NO CINE-TEATRO LOULETANO Texto:

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182

Fotografia:

102 102


103 103

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #182 #182


enino do Sonho Pintado é o novo disco de originais de Luís Galrito e que os algarvios puderam conhecer, em primeira mão, no Cine-Teatro Louletano, na tarde de 2 de dezembro. E puderam escutar uma sonoridade que não é indiferente às incontornáveis influências dos cantautores portugueses, das raízes folk do Alentejo e de outras sonoridades de matriz tradicional (ou não) de diversas zonas do país e do mundo. O título do disco é retirado de uma das canções que fala sobre as crianças vítimas de violência em cenários de guerra, recordando igualmente a sempre atual questão dos refugiados e outros contextos preocupantes. Mas o título evoca também um desenho que Luís Galrito fez na infância e que o marcou profundamente pela sua carga simbólica de ativismo pela paz, assim como é reflexo dos momentos de cumplicidade que passa no seu dia-adia desenhando com a filha Eva.

M

Neste disco, o alentejano radicado no Algarve há vários anos partilha a sua vontade de esboçar o sonho na pureza de uma criança, o desejo de mudança, o querer apagar um céu riscado de tintas de medo e afins, e de desenhar cores de harmonia, paz e amor. A fase de composição deste novo disco coincidiu também com a experiência de ser pai pela primeira vez, como se verifica através das canções «Filhos» ou «Balada para o meu Amor». Letrista, compositor e intérprete das suas canções, nota-se em Luís Galrito “uma genuína vertente de trovador, um saudável misto das raízes alentejanas, de ALGARVE INFORMATIVO #182

onde é oriundo, e das referências urbanas mais modernas”, podia ler-se na sinopse do espetáculo. “Há uma intervenção despretensiosa e natural nos seus temas, aliada a uma visão algo romântica que renasce continuadamente nos seus textos e se revive de uma voz, com um timbre bem peculiar, e uma guitarra mano a mano”. 104


Uma caminhada que começou em 1996, quando editou seu primeiro trabalho discográfico, «Véu vermelho», um álbum temático, filosófico, surrealista e introspetivo, com influências do pop-rock progressivo ao estilo de bandas lendárias como Pink Floyd e outros. Em 2002 gravou «Matura Inculta», com uma sonoridade mais orgânica e crua, 105

revelando referências marcantes da música portuguesa, tais como Jorge Palma, Sérgio Godinho e bandas de sempre do pop-rock nacional, casos dos UHF e Xutos & Pontapés. Dois anos depois regista novas versões promocionais, com novos arranjos, de alguns temas marcantes dos seus anteriores discos, num trabalho que

ALGARVE INFORMATIVO #182


contou com a colaboração e produção de Kalú, baterista do Xutos & Pontapés. Em 2005 inicia um ciclo de diversos espetáculos de tributo a grandes cantautores portugueses, onde se destaca a sua homenagem a Zeca Afonso e a outros cantores ligados à Revolução do 25 de abril, a qual tem levado a vários pontos do país e do estrangeiro, e tem recebido as melhores críticas da imprensa, do público e também de algumas personalidades próximas do cantautor, bem como de membros da Associação José Afonso. «Quero Ser Humano» é o nome do disco que lança em 2010 e que contou com a produção do reconhecido Luís Jardim. Em 2015 edita o seu álbum de tributo a Zeca Afonso, denominado «Seja bem-vindo quem vier por bem», e participou ALGARVE INFORMATIVO #182

recentemente, com João Afonso (sobrinho do cantautor) e o coletivo «O Barco do Diabo» (Rogério Pires, Paulo Machado, Sónia Pereira e João Espada), num projeto inédito denominado «O Sul de José Afonso», que, num formato audiovisual, revisita as vivências e geografias pessoais, afetivas e musicais de Zeca no sul do país. «Grafonola Voadora», um dueto artístico com João Espada, é o seu mais novo projeto, assente numa performance-concerto interdisciplinar e intimista que opera um diálogo criativo entre imagem, música, palavra e espaço envolvente, que conta com convidados especiais nas suas apresentações ao vivo como Napoleão Mira, Ricardo Martins ou João Frade .

106


107

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

108


109

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

110


111

ALGARVE INFORMATIVO #182


OPINIÃO

Gosto do campo com pessoas! Paulo Cunha (Professor) m 2016, o presidente da Associação Alentejo de Excelência, Henrique Sim-Sim, alertava que o Alentejo tinha perdido, em média, oito pessoas por dia na última década. Com o aumento da emigração, a diminuição da imigração e o envelhecimento da população, esse número já tinha atingindo cerca de vinte e nove mil pessoas por ano, indicava ele então. Volvidos quase três anos, quase a entrar em 2019, questiono se algo terá sido feito para reverter tal situação, que condena cada vez mais o interior de Portugal à desertificação? É fácil apercebermo-nos das dificuldades com que lutam, diariamente, os empresários dos vários setores agricultura, vinicultura, restauração, hotelaria, serviços, etc - para sobreviverem, mantendo os poucos empregos que conseguiram criar no interior do país. Devemos preocuparmonos com o interior de Portugal por motivos redistributivos, de equidade, e até de segurança, mas não devemos esquecer que a eficiência económica também tem de ser considerada. O encerramento de serviços públicos (tribunais, hospitais e correios) e a degradação da qualidade dos restantes, têm vindo a contribuir decisivamente para a desertificação do meio rural. Não terão as políticas públicas, desenvolvidas nas últimas décadas, contribuído para manter o atual ritmo de despovoamento? Um despovoamento acelerado por uma série de projetos que foram dinamizados para esses territórios e que não foram capazes de criar valor e, assim, emprego.

ALGARVE INFORMATIVO #182

A atual desertificação do interior deve ser gerida de modo a garantir as necessidades básicas da população que lá reside, defender o património de interesse cultural e, principalmente, criar condições que potenciem a fixação de novos habitantes. Infelizmente, a meu ver, não se vislumbra ainda uma estratégia de desenvolvimento inteligente, concertado e consistente, aproveitando as potencialidades das várias parcelas do interior do nosso território. Será a solidariedade regional uma palavra vã, tendo em conta a quantidade de jovens das regiões rurais, sem perspetivas de futuro, que emigram para as grandes cidades, criando assim uma cultura suburbana que acabará por destruir a riqueza da nossa identidade nacional? Quero crer, e acredito, que tal fenómeno se reverterá e não vingará, pois vejo, cada vez mais, jovens empreendedores a trocarem o bulício da cidade pela tranquilidade do campo. Numa época em que problemas de saúde como a depressão, a ansiedade, o «burnout», a obesidade e sedentarismo estão a atingir níveis globais de calamidade pública pelo impacto negativo na qualidade de vida de milhares de pessoas, o «back to basic» está a tornar-se uma opção para muitas jovens famílias. Se me perguntarem quais são os pontos negativos de ir viver para as zonas rurais, responderei: o aumento dos gastos em combustível e em portagens com as deslocações para o trabalho; a diminuição do tempo disponível em casa durante a semana; a ausência de supermercados, de farmácias e de lojas de conveniência perto

112


de casa; a inexistência de conexão à internet ou wifi em muitos locais. Quanto aos positivos poderei enumerar: o facto de integrarmos verdadeiras comunidades onde os valores humanos, como a amizade, a solidariedade, a partilha e a dádiva, fazem parte do dia a dia dos seus membros; a possibilidade de alcançar um melhor equilíbrio entre os momentos de produtividade e de relaxamento, propiciando uma maior sensação de bem-estar; a descoberta de novas formas de recriação, divertimento e de interação interpares; o usufruto de mais e melhor tempo para nós e, consequentemente, para a família; o desfrute e o uso de tudo o que a natureza tem, gratuitamente, para nos dar. Como muitos de vós, gosto do campo! Um campo onde o tempo tem outro tempo, as cores combinam-se com a luz do sol, o orvalho lava-nos as mãos pela manhã, a mistura de cheiros faz-nos querer sair debaixo da telha, a terra tem a textura quente do pão e os sabores não têm tempo. Gostaria muito que os mais novos vivessem o campo de outra forma. Mas como, quando no campo não há condições para os pais lá quererem viver? Gostaria

113

tanto que o campo português não servisse apenas para os nossos filhos o visitarem connosco nas férias, cruzando-se com os emigrantes que do campo tiveram de sair. Uma riqueza única e insubstituível que os, por nós, eleitos têm vindo, (in)consciente e sistematicamente, a negligenciar. Com muita pena minha... Uma pena a juntar a tantas outras! ,

ALGARVE INFORMATIVO #182


OPINIÃO

Até não haver mais Exposição de Leandro de Sousa Marcos Mirian Tavares (Professora) “Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida”. Carlos Drummond de Andrade

té não haver mais o quê? É a pergunta que nos fazemos diante deste título, poético e imprevisível da exposição de Leandro Marcos. Até não haver mais arte? Até não haver mais espaço para a arte? Ou até não haver mais formas de o artista expressar o que sente através daquilo que faz? A arquitetura era o destino inicial do artista – queria, como o pai, projetar espaços e construí-los, ver nascer do seu desenho uma casa, um prédio, uma escola. Ver nascer do seu desenho algo que estava para além do projeto. Mas, os caminhos da arte, muitas vezes são imponderáveis, e o seu chamado pode ocorrer quando menos se espera e quando, muitas vezes, não se espera nada. E a arte chamou para si o futuro arquiteto, que passou a pintar formas que nada tinham a ver com projetos arquitetónicos. A escolha inicial de Leandro Marcos foi pelas formas puras, uma reinvenção do estilo de Piet Mondrian, uma apropriação consciente de um método que é também um modo de pensar a arte: o quadro é apenas superfície pintada e as linhas e cores bastam-se pelo que são, formas, e não pelo que podem significar. Não há uma intencionalidade narrativa ou dramática. Há traços que se entrecruzam e criam padrões. Uma arte mais ascética em que o artista se distancia do que faz criando, através de um gesto contínuo e repetido, uma obra formalmente bem resolvida e, propositadamente, sem alma.

ALGARVE INFORMATIVO #182

Após envolver-se em diversos projetos que exigiram do artista uma tomada de posição, uma saída do seu lugar de conforto, o trabalho de Leandro Marcos caminhou numa direção mais pessoal e intimista - transfigurando o gesto dos primeiros quadros num movimento mínimo, quase num não-gesto, ou usando a tela como um diário em que podia expressar sentimentos e explicitar questões que a arte lhe foi colocando ao longo do seu percurso. A ideia de arte como linguagem, ou de arte reduzida à linguagem, à língua, à letra, não é nova. Para não recuarmos tanto no tempo, podemos apenas espreitar os anos 60, do século XX, quando artistas como Robert Barry, Lawrence Weiner e Joseph Kosuth questionaram o fazer artístico a partir da linguagem escrita, transformando o texto não num poema, mas numa obra visual que era, ao mesmo tempo, arte e manifesto. Sem pretender ir tão longe, parece-me que a escrita, nos quadros de Leandro Marcos, é o resultado de um processo de reinvenção do artista que, sem descurar a forma, a superfície, decidiu deixar que a arte entrasse dentro de si e que voltasse à tona revestida de sentimentos e de questionamentos que ele, pelo menos no princípio, preferiu contornar. E voltamos ao princípio, a pergunta que esta exposição nos coloca: até não haver mais o quê? Talvez até não haver mais um sujeito que se deixa envolver pelo que faz e que não para de pensar na arte e através dela. Até não haver mais artista. Pois enquanto ele cá estiver, haverá mais obras e mais arte e mais exposições. Porque seu trabalho traçou já um percurso e Leandro Marcos não pretende, ainda, parar .

114


115

ALGARVE INFORMATIVO #182


OPINIÃO

A Lana é autista, e agora? Adília César (Escritora) “Amar é aceitar incondicionalmente! Não podes amar uma criança e odiar o seu autismo. A imagem que estarias a transmitir é: “não te aceito como tu és””. Joe Santos

Associação «Vencer Autismo», fundada a 26 de Novembro de 2016, é uma organização sem fins lucrativos com a seguinte

ALGARVE INFORMATIVO #182

missão: «Queremos um mundo onde o Autismo seja aceite e compreendido por todos. A nossa missão é retirar o estigma negativo do Autismo e dar as ferramentas para que todos saibam lidar e ajudar estas pessoas». Joe Santos e Susana L. da Silva dinamizam um trabalho meritório de mentoria, através de produtos educacionais e terapêuticos: consciencialização da realidade do Autismo; palestras e workshops; terapias; desenvolvimento de modelos para pais, profissionais e para escolas; partilha gratuita de técnicas e estratégias para ajudar as crianças e jovens autistas, sem colocar limites às suas possibilidades de desenvolvimento. Os últimos dois anos foram cruciais para o reconhecimento do projecto «Autism Rocks!»: em 2016, este projecto foi premiado pelo Instituto de Empreendedorismo Social; e em 2017, ganharam a sua candidatura (Portugal Inovação Social/ EMPIS) para levar o modelo de intervenção «Autism Rocks!» aos dezassete Municípios da área Metropolitana do Porto, tendo ainda Joe Santos sido nomeado um dos dez empreendedores sociais mais importantes de Portugal. Já realizaram palestras em sessenta cidades para mais de quinze mil pessoas, e cursos para mais de quinhentos pais e profissionais, com impacto na vida de mais de 400 crianças e jovens. Uma proeza num país como o nosso.

116


Assisti recentemente a uma palestra «Vencer Autismo» na Universidade do Algarve, onde fui uma das cerca de trezentas pessoas atentas e interessadas. Joe Santos e Susana L. da Silva são excelentes comunicadores e proporcionaram à assistência duas horas de informação e formação, explicando detalhadamente a sua visão, experiência e resultados alcançados, bem como os desafios associados ao autismo, as suas possíveis causas e as áreas a dar prioridade no desenvolvimento da criança. A minha neta Lana tem quatro anos e é autista. A tomada de consciência da sua problemática surgiu quando ela tinha cerca de dois anos, através de comportamentos peculiares: ausência de comunicação com as outras crianças e adultos; alheamento face aos estímulos do exterior; dificuldade em organizar-se no dia a dia – ritmos de brincadeira, sono, alimentação e higiene. Como avó, tive alguma dificuldade em admitir que «algo estava errado», pois enquanto educadora de infância tinha (e tenho) a percepção de que existem características e ritmos individuais: cada criança é um mundo e tem direito a essa especificidade, bem como às melhores condições no atendimento para o seu pleno desenvolvimento enquanto cidadã. «O Autismo é só uma forma diferente de perceber o mundo, agora falta o mundo perceber o Autismo de forma diferente»: não como uma deficiência, mas como uma condição que pode ser ultrapassada, no sentido de potenciar as possibilidades de enriquecimento das crianças e jovens com Autismo. No entanto, as palavras bonitas e as ideias românticas de superação das dificuldades não chegam, é preciso muito trabalho. E é isso que a Associação «Vencer Autismo» propõe: uma actividade sistemática e sistematizada por parte dos adultos que atendem as crianças e jovens com Autismo. Da palestra a que assisti retirei

117

muitas ilacções pedagógicas, mas também afectivas. Como avó e educadora de infância, preciso de aceitar a condição da minha neta e de alguns educandos que tenho vindo a atender (e ainda atenderei) ao longo dos anos: proporcionar ambientes calmos sem demasiados estímulos, saber ouvir, celebrar as iniciativas de comunicação da criança e estar disponível para responder. Assim, a comunicação, a forma mais gratificante de experimentar o mundo que nos rodeia, surgirá naturalmente, pouco a pouco, transformando a criança num adulto autónomo, responsável e feliz. Viver com uma criança autista e ser responsável por ela é exponencialmente intenso. Por esta razão, dedico esta crónica não só à Associação «Vencer Autismo», mas principalmente à minha filha Inês, pela sua coragem e dedicação, e à minha neta Lana, pelo amor e felicidade que demonstra à sua mãe. A Lana é autista. Apesar dos seus comportamentos relativamente previsíveis no decurso de actividades-tipo, nunca sabemos muito bem o que pode acontecer no momento seguinte, perante uma novidade. A Lana vive os dias e as noites em lugares paradisíacos e infernais, consoante a satisfação ou a frustração. Para a sua mãe Inês, o inferno é quando não entende o que a Lana precisa naquele momento, e o paraíso é quando a comunicação funciona e a filha fica feliz. De vez em quando acontece um desses momentos comoventes. Ser mãe de uma criança autista é ser ainda mais mãe do que alguma vez a Inês imaginou. E ser avó de uma criança autista é ser ainda mais mãe do que alguma vez fui para as minhas três filhas. Quando mãe e filha caminham juntas, encontrarão um lugar comum que tem o nome do Amor, por muito difícil que seja esse caminho .

ALGARVE INFORMATIVO #182


OPINIÃO

Do Reboliço #18 Ana Isabel Soares (Professora) á décadas boas, eram no moinho moços os moços e novas as moças, a tia Adelaide usava um vestido de saia rodada e os manos possuíam uma lambreta – motoreta de fazer barulho e andar a levá-los de um lado para outro. Quantas vezes a novidade motorizada do renhenhenhaaaam os conduziu até à estrada grande e os trouxe de regresso, sem mandado para fazer, recado para dar, ou outro fito que não fosse o de levantar a poeira do caminho e assustar nas bermas perdizes e seus perdigotos, lebres, e outra fauna mais habituada à calmaria do que à algazarra. Vizinhança, ali, só a do monte e dos dois moinhos do lado. Mas dia de pouca laboração no Moinho Grande, ou se o pai moleiro se ausentava, era feriado na loja. Numa de tais ocasiões, recorda-se o Reboliço de ter a folga interrompida pela barulheira, e não era o motor só da lambreta, mas a máquina das gargalhadas em volume fixo, que o vento não bufava e não as levava dali, e que era parado o calor da tarde. Piscou os olhos, estremunhou um bocadinho, ergueu uma orelha e depois outra, à procura de saber de onde chegava o chinfrim e, já nas quatro patas, olhou a cena e acrescentou-lhe um ou dois latidos – querendo participar talvez da festa, aclamar ou reclamar, sabe-se lá o que passa no sentido de um cão. Sentada na lambreta a moça, os moços riam das voltas que davam ambas, do engasgar da motoreta e da roda da saia do vestido da mana. As rodas de aros finos faziam saltar as pedrinhas, minúsculos torrões da terra da rua do socalco do moinho, e a moça fazia saltar o riso. Não era tia ainda, mãe sequer, eram todos jovens, rodava feliz na saia rodada do vestido e nas rodas que deixavam os pneus da lambreta na terra do caminho. Riam os moços daquelas rodas todas e do renhenhenhaaaam da motorizada e era um riso só todo o lugar. A meia distância, ao latir do Reboliço ALGARVE INFORMATIVO #182

respondiam, ladrando, os cães do monte do vizinho, como sempre ladram os cães ao barulho de todos os motores, com ladrar diferente conforme sejam engenhos de maior ou menor potência, estridentes mais ou menos, movidos a um ou a outro combustível. (O que entendem os cães de mecânica automóvel é toda uma força de trabalho em desperdício). Havia, entre os cães do monte do vizinho, um mais estouvado e bravo, que era o Vida Alegre – chamava-se assim. A ele mais que aos outros a estridência do motor da lambreta instigou, irritou, danou e levou a que viesse em corrida, as orelhas lançadas para trás com a força do ar que ele empurrava, a ladrar, a ladrar, a ladrar cada vez mais perto e mais forte ao riso dos moços, da moça e ao engasgar da endiabrada lambreta. Rodava a saia do vestido, rodava a lambreta debaixo dos pés da tia (que não era, lembra o Reboliço, tia ainda, sequer mãe), rodava o riso dos moços, e rodou nisto para fora do vestido a saia, puxada nos dentes do Vida Alegre, que alegre vida, e o riso, e o riso, e o riso. O Reboliço, aos saltos curtos perto da porta do moinho, que não o atrevia a fraqueza do tamanho a chegar-se à confusão, ouvia as risadas, via os manos moços agachados no caminho da terra a rir, as mãos em sonoras palmadas sobre as coxas, as lágrimas a saltar dos olhos fechados com a força do rir, a tia entre atrapalhada e divertida, rindo também enquanto fazia parar o diabo motorizado – e viu, rodando caminho fora, entre a estrada do Moinho Grande e a do monte do vizinho, o pedaço de pano do vestido, preso entre os dentes do Vida Alegre . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

118


Foto: Vasco Célio

119

ALGARVE INFORMATIVO #182


OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

Vermelho ou Encarnado, Prendas ou Presentes? Carla Serol (Uma Loira Qualquer) hegou finalmente mais um Natal! Respira-se magia no ar, somos todos amigos e amigas, e as diferenças sentidas entre uns e outros parecem sanadas e congeladas no frio ártico típico da época. Essas e outras diferenças surgirão logo após o Réveillon e ao longo de todo o ano novo, até que, no próximo advento, sejam novamente esquecidas. Mas não é desta tão pura e natural verdade que vos quero falar. Vou antes abordar uma outra aflitiva dualidade que se vive quando o tema é o Natal. Mas afinal, a cor do Natal é o vermelho ou o encarnado?! Dão-se prendas ou presentes?! Pessoalmente, fico sempre muito confusa quanto às perspetivas que o advento toma, sempre que o agente envolvido é de estirpe mais alta que a do comum mortal. Não sei quanto a vós, e muito sinceramente quero acreditar que não sou só eu que imagino isto, (e aconselho que leiam este meu delírio de forma nasalada, pois de outra forma perde imensa categoria), mas enfatizo a ceia de Natal destas pessoas de educação refinada, todas vestidas de encarnado, sentadas numa linda mesa adornada com uma preciosa toalha de linho que já está na família vai para mais de cem anos, em que a ceia é servida numa valiosíssima baixela em faiança portuguesa que pertenceu à tetravó do anfitrião, que era prima em oitavo grau de um qualquer visconde de quem nunca ninguém ouviu falar, e, um lindérrimo faqueiro de prata que foi deixado de herança pela bisavô, qualquer coisa de Vasconcelos. Os temas de diálogo são as ações que o primo Miguel Maria tem investido na bolsa, as notas extraordinárias que o menino Afonso Maria tem tido no colégio mais prestigiado de todos, os resultados fantásticos do menino Vasco Maria nos torneios de golfe e as audições exemplares de ballet da menina Constança no conservatório, pois claro! De ressalvar que as criancinhas, também estão todas elas vestidas de encarnado, com os seus conjuntinhos de jardineiras de fazenda cinzenta ALGARVE INFORMATIVO #182

e camisas bordeaux aos xadrezes, meia pelo joelho, e as meninas exibem um imenso laço de cetim, pregado num dos hemisférios das suas nobres cabecinhas. Outro importantíssimo detalhe é o facto de o velho gordo de barbas brancas vestido de vermelho (ou encarnado?!), denominado de Pai Natal, não existir no imaginário destas crianças. Quem dá as prendas (ou presentes?!), a estes meninos e meninas, é o Menino Jesus! E neste momento, a minha, confesso, tola aptidão para a fantasia, começa logo a processar, e imagino o pobre recém-nascido a sair das palhinhas todo despidinho, na madrugada gelada de dezembro, para distribuir os presentes (ou as prendas?!), aos meninos e meninas muitíssimo bem comportados, vestidos de encarnado (ou vermelho?!), que esperam educadamente pelo outro também menino, sentadinhos nas Bergers Luís XV, na casa da avó Bé. Espero que nesta parte tenham ativado também, a vossa faculdade nasalada, para que isto tenha igualmente em vós, um efeito tolo no imaginário. O que me conforta no meio disto tudo é acreditar que, se o Menino nasceu com o dom de andar sobre a água, possa também ter nascido com o dom de caminhar logo após o nascimento e igualmente muitíssimo resistente ao frio, para que não arranje uma pneumonia à pala disto. Mas, na verdade, assim que a fantasia tola que, por vezes, invade o meu imaginário, desvanece, acredito vivamente que encarnado estará o espírito do verdadeiro significado do Natal, em cada um dos presentes na ceia, e que estes possam, deveras, disfrutar daquele nobre momento de partilha e que as prendas, essas, corram pela casa aos gritos numa euforia natural por ter a família toda reunida, e, porque, afinal, nasceu o Menino Jesus!!! Eu sei… isto ficou um pouco lamechas, mas perdoem-me, afinal… é Natal! .

120


121

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

122


123

ALGARVE INFORMATIVO #182


ATUALIDADE

CASTRO MARIM PASSA A INTEGRAR DESIGNAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO Associação Humanitária de Bombeiros de Vila Real de Santo António (AHBVVRSA) passa agora a integrar Castro Marim na sua designação, consolidando uma relação que sempre existiu, uma vez que este concelho, o único do país sem corporação, já fazia parte da sua zona de intervenção. "É uma questão de justiça e devia ter acontecido há muitos anos, até porque Castro Marim também contribuiu financeiramente com a corporação. Este ano, se aprovarmos uma taxa de 0,39% de IMI, conseguiremos aumentar substancialmente a verba (cerca de 150 mil euros/ano)”, refere o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral. ALGARVE INFORMATIVO #182

A cooperação e a comunhão de objetivos entre a AHBVVRSA e o Município de Castro Marim tem já projetos em prática, que têm estreitado os laços e constituído bons exemplos desta parceria, como a celebração de um protocolo entre ambas as instituições e o INEM que permitiu a instalação do Posto de Emergência Médica (PEM) no Azinhal, e um projeto de investimento de 627 mil e 500 euros que permitirá uma nova Unidade Local de Formação, também no Azinhal, para gestão e coordenação pela AHBVVRSA, no âmbito do seu estatuto enquanto entidade formadora integrada na rede da Escola Nacional de Bombeiros .

124


VILA DE CASTRO MARIM VAI FINALMENTE TER UM HOTEL … E DE 4 ESTRELAS vila de Castro Marim vai ter um hotel de 4 estrelas, situado ao lado do jardim infantil, para colmatar uma falta há muito sentida na sede de concelho, que recebe diariamente um número considerável de turistas, que depois se veem obrigados a procurar alojamento fora. O primeiro hotel em Castro Marim terá dois pisos, 44 quartos, piscina exterior e solário, e é uma iniciativa do proprietário do Hotel Apolo de Vila Real de Santo António. Na mesma reunião de câmara do dia 3 de dezembro foi consignada a obra da ciclovia que ligará Castro Marim a Vila Real de Santo António, estando a sua execução prevista em oito meses. “A desburocratização dos processos de licenciamento e o estímulo à iniciativa privada têm promovido o aparecimento de novos investimentos”, sublinhou Francisco Amaral, Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim.

125

Prevista está também a construção de hotéis rurais em Odeleite (Vale das Gatas) e na zona da Maravelha (Castro Marim), bem como um apartamento edifício, de 3 estrelas, em Altura. No caso particular deste hotel em Castro Marim, o autarca diz que se está a fazer justiça. “Era a única sede de concelho do Algarve sem uma unidade hoteleira e constituía uma grande lacuna na oferta turística da vila, além de vir a ser uma fonte de emprego”, justifica o edil, referindo ainda que o proprietário do investimento tem uma forte ligação sentimental e familiar a Castro Marim. O novo empreendimento tem a assinatura do Arquiteto José Alberto Alegria, também autor do projeto do Revelim de Santo António e da Biblioteca Municipal de Castro Marim, contribuindo para a criação de uma harmonia arquitetónica, marcada pela influência mediterrânica do Algarve AlAndaluz .

ALGARVE INFORMATIVO #182


ATUALIDADE

CASTRO MARIM ADQUIRIU VIATURA DE TRANSPORTE ESCOLAR ADAPTADA A PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA Câmara Municipal de Castro Marim adquiriu uma nova viatura para o parque automóvel do município, mais concretamente um autocarro de 55 lugares para transporte de crianças e adaptado a pessoas com mobilidade reduzida. É objetivo da autarquia renovar e modernizar parte do seu parque automóvel durante os próximos anos, tendo em conta que são investimentos muito elevados e requerem a consideração de uma multiplicidade de fatores.

ALGARVE INFORMATIVO #182

O novo autocarro é ilustrado com imagens da atividade salineira em Castro Marim, uma iniciativa que pretende promover e levar além território o «melhor sal do mundo», um dos grandes ex-líbris de Castro Marim e um dos traços mais fortes da identidade castro-marinense. “Este é o primeiro município do Algarve a investir num autocarro adaptado, que pretendemos que seja um contributo e um exemplo para a inclusão”, refere a vicepresidente Filomena Sintra .

126


LAGOA ASSINALOU DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES Município de Lagoa entregou, no dia 27 de novembro, à Guarda Nacional Republicana, uma obra de arte composta por artistas da Escola de Artes de Lagoa e orientados pelo artista Patico, com o propósito de assinalar o Dia Internacional Para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. A obra foi entregue pela Vereadora da Ação Social da autarquia, Anabela Simão, ao Comandante de Unidade, Coronel Joaquim Paulo Fernandes Crasto, na Secção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário do Posto Territorial de Silves. O Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres celebra-se 127

todos os anos a 25 de novembro e tem como objetivo alertar a sociedade para a violência exercida contra as mulheres, nomeadamente casos de abuso ou assédio sexual, maus tratos físicos e psicológicos. Este é um tema que merece cada vez mais reflexão num ano em que as estatísticas revelam que os casos de violência doméstica em Portugal sofreram um aumento em relação aos quatro anos transatos. Segundo o Observatório das Mulheres Assassinadas, desde o início do ano até 20 de novembro, foram assassinadas em Portugal 24 mulheres, 67 por cento tinham uma relação de intimidade com o agressor .

ALGARVE INFORMATIVO #182


ATUALIDADE

CLAREANES, MALHADA VELHA E CARVALHAL VÃO TER ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTOS EM 2020 uase dois milhões e meio de euros é quanto vai custar a rede de abastecimento de água e de esgotos de Clareanes, Malhada Velha e Carvalhar, no interior do concelho de Loulé. A consignação da empreitada foi assinada, no dia 4 de dezembro, pelo presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, e representantes do consórcio constituído pelas empresas Hidralgar, Eduardo Pinto ALGARVE INFORMATIVO #182

Viegas e J.J. Brito e tem um prazo de execução de 540 dias. O projeto irá servir 236 habitantes destas três localidades da freguesia de S. Clemente e será constituído por uma rede de condutas de abastecimento de água com a extensão total de 17,40 quilómetros; uma rede de coletores gravíticos (esgotos) com 11,80 quilómetros; uma rede de condutas elevatórias (esgotos) de dois quilómetros; e três estações elevatórias 128


de esgotos domésticos. A obra era desejada pela população há algumas dezenas de anos, mas só agora foi possível avançar para o terreno, tendo sido aprovada em reunião de câmara em março do corrente ano. Seguiu-se, depois, a publicação em Diário da República, a celebração do contrato e a sua aprovação pelo Tribunal de Contas, fez questão de sublinhar o edil louletano. “A obra vai iniciar-se e, por isso, é um momento de muita alegria para todas estas pessoas. Hoje, contudo, há a ideia de que, a partir do momento em que se identifica uma necessidade, volvidas uma semana ou duas o assunto está resolvido. Os presidentes de junta de freguesia e câmara municipal gerem dinheiros públicos, que têm regras bastante rígidas e apertadas, condensadas no Código da Contratação Pública, que nos obriga a uma série de procedimentos entre o

momento de encomenda do projeto até à adjudicação das obras”, esclareceu Vítor Aleixo. As regras não podem ser ignoradas, devem ser cumpridas escrupulosamente, e isso tem um ritmo e tempo próprios, reforçou o autarca louletano perante muitos moradores da zona. E, como a espera vai longa, Vítor Aleixo apelou aos construtores para que o prazo de execução seja cumprido, até para não criar mal-estar junto da população. Já Carlos Filipe, presidente da Junta de Freguesia de São Clemente, lembrou que, aquando da campanha eleitoral das Autárquicas de 2017, tinha assegurado que a obra era mesmo para avançar. “O prometido foi cumprido, estamos a assinar aqui a consignação da obra e seguimos no caminho certo”, afirmou .

Vítor Aleixo com o Vereador Abílio Sousa, responsável pelo pelouro das Obras 129

ALGARVE INFORMATIVO #182


ATUALIDADE

FESTIVAL MED NOMEADO EM SETE CATEGORIAS NOS IBERIAN FESTIVAL AWARDS elhor Festival de Média Dimensão, Melhor Promoção Turística, Melhor Alinhamento, Melhor Programa Cultural, Contributo para a Sustentabilidade, Melhor Atuação (Portugal/Espanha ou Internacional) para Bonga e Melhor Festival Lusófono e Hispânico são as categorias em que o Festival MED está nomeado nos Iberian Festival Awards, concorrendo ao lado de grandes nomes ibéricos como o Azkena Rock Festival, Bilbao BBK Live, Sol da Caparica ou Bons Sons. O público poderá votar para apurar os finalistas, até ao dia 31 de janeiro de 2019, através site www.talkfest.eu/iberian-festival-awards. Os vencedores da quarta edição dos Iberian Festival Awards serão conhecidos

ALGARVE INFORMATIVO #182

no dia 13 de março, no Teatro Afundación, em Vigo, numa gala composta por 22 categorias e um excellence award e que irá reconhecer, tanto os eventos, como os agentes da indústria dos festivais de música de Portugal e Espanha. Relembre-se que, em 2017, o Festival MED arrecadou o prémio de Melhor Festival de Média Dimensão da Península Ibérica, enquanto que, na edição de 2018, juntou a este também o galardão para Melhor Promoção Turística em Portugal. Criados em 2016, os Iberian Festival Awards são uma iniciativa que pretende reconhecer todos aqueles que contribuíram para o sucesso dos festivais ao nível da organização, produção, logística, ativação de marcas, entre outras áreas .

130


COLETIVIDADES LOULETANAS RECEBERAM RECEITAS DO CARNAVAL epois da entrega de metade das receitas do desfile do Carnaval 2018 a quatro instituições particulares de solidariedade social do concelho, a Câmara Municipal de Loulé atribuiu os restantes 50 por cento do montante global a dez associações que participaram no corso. Assim, cerca de 32 mil euros foram distribuídos pelo Grupo Desportivo das Barreiras Brancas, Associação EXISTIR, APAGL – Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, DOINA – Associação de Emigrantes Romenos e Moldavos do Algarve, Moto Clube de Loulé, AGAL – Associação Grupo 131

dos Amigos de Loulé, GCL – Ginástica Clube de Loulé, TUALLE – Tuna Universitária Afonsina de Loulé, Associação Artística Satori e Corpo Nacional de Escutas - Agrupamento 290 - Loulé. Estas coletividades da área desportiva, cultural, social e recreativa participaram no desfile do Carnaval 2018, em carros alegóricos e/ou como grupos de animação apeados, contribuindo com toda a sua criatividade na elaboração dos fatos e das coreografias e com a sua alegria e boa disposição durante os três dias de desfile para o sucesso deste evento centenário . ALGARVE INFORMATIVO #182


ATUALIDADE

EDIFÍCIO DA LOTA DE OLHÃO VAI SER REPAVIMENTADO Docapesca aprovou a abertura do concurso público para a empreitada de repavimentação do edifício da Lota de Olhão, com um preço base de 220 mil euros e um prazo de execução previsto de 120 dias. Esta empreitada insere-se num conjunto de intervenções no Porto de Pesca de Olhão que visam a reorganização e melhoria das condições de trabalho na área portuária, estando enquadrada no objetivo estratégico da Docapesca de modernização e beneficiação dos estabelecimentos de primeira venda de pescado e áreas adjacentes. A intervenção contempla a repavimentação do espaço interior da lota, ALGARVE INFORMATIVO #182

onde se realizam operações de receção, acondicionamento e primeira venda de pescado fresco após desembarque, com um revestimento antiderrapante com elevados níveis de resistência mecânica, durabilidade, continuidade e otimização nas operações de higienização. No espaço exterior estão previstos trabalhos que compatibilizem as novas cotas dos pavimentos interiores com os portões e pavimentos exteriores. Todos os trabalhos serão executados sem que a atividade da lota seja interrompida. A lota de Olhão movimentou a maior quantidade de pescado dos portos de pesca do Algarve, com cerca de duas mil e 619 toneladas nos primeiros dez meses de 2018 . 132


JOVENS DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL FORAM AO OCEANÁRIO DE LISBOA Município de São Brás de Alportel levou as duas turmas do 1.º ciclo vencedoras do concurso lançado às escolas do concelho «Poupe água! Gota a gota podemos salvar o futuro!» para visitar o Oceanário de Lisboa, no dia 20 de novembro. O júri atribuiu o primeiro lugar ao desenho da turma N.º 3 da EB 1 N.º 2, enquanto que o desenho da turma da EB1 do Alportel alcançou o segundo lugar. O concurso foi promovido pela autarquia local com o objetivo de sensibilizar as camadas mais jovens sobre a importância

133

da poupança da água e do seu uso consciente e eficiente. Todos os alunos participantes receberam também um copo telescópico com mensagens alusivas ao concurso e à poupança de água. A iniciativa, coordenada pela Unidade de Ambiente e Serviços Urbanos da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, está integrada no projeto «Promoção do Uso Eficiente da Água à população residente no concelho de São Brás de Alportel», que conta com financiamento do Fundo Ambiental e é desenvolvido no âmbito do Plano Municipal de Poupança de Água .

ALGARVE INFORMATIVO #182


ATUALIDADE

NOVA DIREÇÃO DA ATA QUER ENVOLVER AS EMPRESAS NA PROMOÇÃO DO ALGARVE E FOMENTAR O TRABALHO EM REDE romover um maior envolvimento e uma participação ativa dos empresários do Algarve num projeto sólido e ambicioso para a promoção da região enquanto destino turístico é um dos grandes objetivos da nova direção da Associação Turismo do Algarve (ATA), liderada por João Fernandes, que venceu as eleições para a presidência deste organismo no dia 3 de dezembro. “Iremos trabalhar no sentido de tornar o Algarve um destino

ALGARVE INFORMATIVO #182

mais competitivo e reconhecido pela qualidade e pela diversidade da sua oferta”, revela o novo presidente. “Para isso, vamos potenciar um trabalho em rede, contando com a intervenção de todos os agentes da indústria de turismo da região, desde as empresas de alojamento, às agências de viagens, empresas de animação turística e de rent-a- car ou ainda as marinas, entre outros, em torno desse objetivo comum. Queremos ainda

134


assegurar uma cobertura territorial de toda a região e contar com o contributo de todas as empresas do sotavento ao barlavento algarvio”, explica João Fernandes. Neste contexto, de acordo com o também presidente da Região de Turismo do Algarve, a estratégia passará por “um maior foco na comercialização da oferta da região, visando o aumento dos negócios das nossas empresas”. A partir de dia 17 de dezembro, data em que terá lugar a tomada de posse da nova direção, a ATA passará a partilhar o presidente com a RTA, facto que João Fernandes encara como um desafio estimulante e como benéfico para a região. “As duas organizações são complementares na sua ação, pelo que, através da articulação dos seus papéis e da criação de sinergias entre quem define a estratégia de desenvolvimento turístico do destino e quem o promove internacionalmente, será possível obter,

não só uma maior rentabilização dos vários recursos disponíveis, mas também ganhar uma maior eficácia, um maior peso e um maior poder negocial para o Algarve”, justifica. Para a nova direção da ATA, o futuro da promoção externa passa ainda por dar continuidade à aposta na diversidade da oferta da região, posicionando o Algarve como um destino que, em complemento ao «Sol & Mar» e ao golf - dois produtos de excelência e amplamente reconhecidos internacionalmente -, tem outras valências e potencialidades que devem ser exploradas, de forma a gerar diferentes motivações de visita e, consequentemente, novas oportunidades para os turistas virem conhecer a região. Paralelamente, a ATA irá também fomentar a colaboração e o trabalho conjunto com outras regiões em torno de produtos ou temáticas transversais .

CONRAD ALGARVE ELEITO WORLD’S LEADING LUXURY LEISURE RESORT Conrad Algarve foi eleito, pela quinta vez, o «World’s Leading Luxury Lifestyle Resort 2018» nos World Travel Awards 2018. Estes prémios, considerados os Óscares do Turismo, destacam a excelência nos diferentes setores da indústria do turismo a nível global e a cerimónia de entrega aconteceu no dia 1 de dezembro, em Lisboa. A alta gastronomia, o seu ambiente luxuoso, o prestigiado Conrad Algarve Spa ou a agenda eclética e inovadora de eventos gastronómicos e culturais fizeram 135

com que o Conrad Algarve fosse distinguido novamente pela excelência da sua oferta. O Conrad Algarve já foi reconhecido pelos World Travel Awards como «World’s Leading Luxury Leisure Resort» em 2013, 2014, 2015 e 2016 e, no ano passado, foi distinguido com «Europe's Leading Luxury Lifestyle Resort». Em 2012, ano da inauguração do resort, recebeu os prémios de «World’s Leading New Resort», «Europe’s Leading New Resort» e «Portugal’s Leading New Resort» .

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

136


137

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

138


139

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

140


141

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

142


143

ALGARVE INFORMATIVO #182


DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

ALGARVE INFORMATIVO #182

144


145

ALGARVE INFORMATIVO #182


ALGARVE INFORMATIVO #182

146


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.