Albufeira vai ser capital mundial do Beach Tennis (pág. 20)
Ginásio Clube Naval de Faro festejou 97 anos de vida (pág. 26)
Festival das Amendoeiras em Flor do Algarve em Alta Mora (pág. 34)
São Brás de Alportel vai ter nova Unidade de Saúde Familiar (pág. 52)
Comando Territorial de Faro da GNR comemorou 16.º aniversário (pág. 62)
I Faro Acro Cup (pág. 84)
The Black Mamba no Cineteatro Louletano (pág. 116)
OPINIÃO
Mirian Tavares (pág. 128)
Fábio Jesuíno (pág. 130)
Sílvia Quinteiro (pág. 132)
Paulo Neves (pág. 134)
Albufeira vai ser capital mundial de beach tennis
om o apoio do Município de Albufeira, a primeira edição do «Albufeira Beach Tennis Tour» disputa-se, de 11 a 16 de fevereiro, com cerca de 300 atletas de 22 nacionalidades. A Praia dos Pescadores vai tornar-se, deste modo, na capital do ténis de praia a nível mundial, numa iniciativa organizada pela Aduane Sports Solutions, com o suporte da Federação Portuguesa de Ténis.
Durante a conferência de imprensa de apresentação do evento que teve lugar, no dia 3 de fevereiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o presidente do Município apontou a potencialidade dos 25 quilómetros de praia do concelho e manifestou-se satisfeito por “Albufeira voltar a ser a montra do desporto com mais um evento de referência a nível internacional, poucos dias após a realização do 48.º Cross Internacional das Amendoeiras em Flor, com a projeção de Albufeira ao longo de duas
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
horas, através das televisões, para todo o mundo”. O autarca salientou ainda a “importância de eventos como este para dinamizar o tecido empresarial da cidade, especialmente num contexto de época baixa no setor turístico”.
O recinto do «Albufeira Beach Tennis Tour» vai ser composto por oito campos de ténis de praia, que ao longo dos seis dias da prova vão receber mais de 300 atletas. Os embates poderão ser acompanhados junto aos campos, onde também estará uma bancada com capacidade para acolher até 200 espectadores. O vice-presidente do executivo municipal, Cristiano Cabrita, garantiu que “as infraestruturas que
estão a ser instaladas terão todas as condições para proporcionar aos espectadores um excelente espetáculo”, lembrando que Albufeira será «Cidade Europeia do Desporto» em 2026 e que, “de entre um vasto leque de modalidade, ainda não tínhamos esta”
Ao longo do «Albufeira Beach Tennis Tour», a Praia dos Pescadores será palco dos torneios masculino e feminino de BT10, BT50 e BT200, ou seja, pontuam 10, 50 e 200 pontos, respetivamente, para o ranking do ITF – International Tennis Federation. Nuno Piçarra, um dos elementos que compõem a Direção Desportiva, explicou que “a prova está inserida no campeonato mundial de
ténis de praia” e que se trata da competição que “nesta semana vai atribuir mais pontos a nível mundial” Por isso, entre os atletas inscritos, encontram-se vários elementos incluídos no top-50 do ranking mundial, como é o caso do italiano Filippo Boscolo (21) e do espanhol Gerard Rodríguez (22), em masculinos, e da dupla francesa composta por Lola Barrau (23) e Maire Bray (25), em femininos. Francisco Paula, igualmente da Direção Desportiva do «Albufeira Beach Tennis», referiu que as expectativas são elevadas e revelou que a “modalidade está em grande crescimento a nível mundial e também no nosso país”.
Cristina Cabrita confessou que “o acolhimento deste tipo de eventos desportivos insere-se numa estratégia do executivo com vista a alavancar a economia local” e que a organização de provas desportivas como esta, que trazem “mais de 500 pessoas a Albufeira, deixa um impacto positivo na cidade”, esperando que o número de atletas venha a aumentar em edições posteriores. A entrada no recinto é gratuita e haverá um campo para quem quiser pegar na raquete e lançar a bola de ténis. As finais da competição vão ser transmitidas via streaming pelo jornal Record, contando também como reportagens do local pelo canal televisivo Now.
Ginásio Clube Naval de Faro
festejou 97 anos de vida
Texto: Daniel Pina| Fotografia: GCNF
ealizou-se, no dia 24 de janeiro, no Hotel Eva Senses AP, o jantar de celebração do 97.º aniversário do Ginásio Clube Naval de Faro, que serviu para assinalar de forma simbólica a tomada de posse dos Órgãos Sociais para o quadriénio 2025-2028. Neste evento de comemoração da história e marcos do clube, estiveram presentes o Diretor Regional do IPDJ, Custódio Moreno, o Presidente da CCDR, José Apolinário, e o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Faro, Paulo Santos.
A celebração dos 97 anos do clube náutico teve início com um discurso da recém-eleita Presidente de Mesa da Assembleia Geral do Ginásio Clube Naval de Faro, Vanda Veríssimo, seguido de um momento de reconhecimento a Marta Sancho, pelo desempenho das suas funções enquanto Presidente de Mesa, que cessaram agora com o começo de um novo mandato. A noite foi pautada ainda por vários momentos de agraciação, dirigidos aos atletas e entidades parceiras que dedicaram o seu tempo à conquista de novos títulos e iniciativas ao longo do último ano, através da entrega de
Prémios de Mérito e Louvor Desportivo, como forma de reconhecimento pelo trabalho levado a cabo pelas equipas e corpo de atletas que integram o clube nas diferentes modalidades.
Durante o jantar de celebração destes 97 anos foi também atribuída uma distinção de reconhecimento a Abel Oliveira Carrasquinho, patrocinador da Volta ao Algarve à Vela e parceiro em muitas outras iniciativas que o clube tem tido o privilégio de organizar conjuntamente. O Presidente do Ginásio Clube Naval de Faro, João Marques, dirigiu depois umas palavras de apreço a todos os presentes, em especial às entidades que permitem que o clube continue a inovar e a organizar novas e melhores iniciativas. “É um orgulho poder contar com o apoio de todos na organização das mais diferentes atividades e tipos de prova que nos propomos a fazer, ano após ano. É a forma que temos de continuar a
promover a prática desportiva na região e estamos gratos por podermos partilhar este objetivo convosco e continuar a contar com o vosso apoio”, declarou o presidente, terminando com uma nota de esperança e confiança no futuro: “Temos pela frente ainda muitos desafios e objetivos que queremos ver cumpridos, mas, para isso, sabemos que tudo conta, e a diferença está na vontade e determinação com que os nossos atletas enfrentam os desafios e na forma como as entidades continuam a apoiar o desporto da região, lembrando que o desporto é de todos, para todos e que não existem limites para o que conseguimos fazer, em conjunto”
Homenageados
Prémio Mérito Desportivo
Na modalidade de Vela: Enzo Monte-Pegado
João Ferreira
David Cabrita
Matilde Guedes
Maria Leonor Soeiro
Beatriz Caetano
Sienna Wright
Na modalidade de SUP:
António Lacerda
Alberto Henrique
Hugo Cabral
Na modalidade de Natação:
Zoe Condon
Daniel Fisticanu
Na modalidade de Triatlo:
Patrícia Neto Martins
Bila Duarte
Paulo Cabrita Silva
Sónia Barros
Sandro Rodrigues
Prémio Louvor
André Cabrita Lima
Reconhecimento
Abel Oliveira Carrasquinho
Tradições da serra levaram uma multidão a Alta Mora para mais um Festival das Amendoeiras em Flor
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Município de Castro Marim
e 31 de janeiro a 2 de fevereiro, a aldeia de Alta Mora, no interior do concelho de Castro Marim, acolheu milhares de visitantes de várias partes do mundo em mais uma edição do Festival das Amendoeiras em Flor do Algarve.
Já considerado como um dos maiores eventos de época baixa da região algarvia e com um forte contributo para o desenvolvimento do interior, esta iniciativa começou há mais de duas décadas com a exploração turística de percursos pedestres, um projeto que foi pioneiro no Algarve. Estes percursos pedestres foram um dos grandes
destaques desta edição, com lotação esgotada, além da Torta de Amêndoa Gigante com 43 metros, e da valorização de artistas, artesãos e produtores locais que demonstraram as suas artes e tradições ao vivo. O recinto foi ainda preenchido com um mercado de produtos da região como o mel, frutos secos, doçaria, artesanato e cestaria, não faltando também workshops e recriações ao vivo.
A programação deste ano incluía ainda pinturas faciais, o desfile das amendoeiras, a fazenda dos animais, demonstrações gastronómicas, jogos tradicionais e a atuação de grupos de dança e música como as ARUTLA, o Grupo Etnográfico Amendoeiras em Flor, Pardais à Solta ou o Rancho Folclórico do Azinhal. “Sou um orgulhoso
montanheiro do nordeste do Algarve e a serra algarvia, apesar de todos os estrangulamentos criados, cada vez vale mais ouro”, afirma o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral.
No seu discurso de inauguração do evento, o autarca realçou que “o festival é organizado genuinamente pelos habitantes locais, do mais novo ao mais velho, com muito amor à camisola”. “É uma mostra natural da vivência destas gentes, orgulhosas do seu passado, e que teimam em viver o presente com alegria de quem saboreia os dias e as horas que restam de vida”, acrescentou. Já a vice-presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Filomena Sintra, salientou que é necessário que “as entidades que decidem e gerem
acreditem no território” “Não só no investimento nestas iniciativas, mas que tenham uma sensibilidade na área do ordenamento, porque precisamos de gente neste território”, defendeu.
O Festival das Amendoeiras em Flor do Algarve foi organizado pela Associação Recreativa, Cultural e Desportiva dos Amigos da Alta Mora, em parceria com o Município de Castro Marim e a Junta de Freguesia de
Odeleite e a participação de muitos voluntários e residentes com espírito de equipa e de missão pelo combate ao despovoamento, isolamento e desertificação.
Arrancou a obra da nova Unidade de Saúde Familiar de São Brás de
Alportel
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
eve lugar, no dia 3 de fevereiro, a cerimónia de lançamento da primeira pedra da nova Unidade de Saúde Familiar de São Brás de Alportel, um investimento estruturante, da iniciativa do Município de São Brás de Alportel, no valor de 2 milhões, 86 mil e 973,63 euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que foi adjudicado à empresa Martins Gago & Filhos, Lda.
A nova infraestrutura, com uma área de construção de 756 metros quadrados, será equipada com modernos espaços médicos e logísticos, incluindo seis gabinetes médicos, salas de enfermagem, um espaço dedicado à saúde materna e infantil, bem como estacionamento adequado, garantindo a acessibilidade e conforto para utentes e profissionais. Será uma obra estratégica que irá complementar os serviços prestados no Centro de Saúde, no edifício
José Lourenço Viegas, que continuará de portas abertas e com mais valências, permitindo melhorar os cuidados de saúde primários do concelho e, em simultâneo, contribuindo para garantir a fixação de profissionais de saúde e responder às necessidades crescentes da população local. “Infelizmente assistimos muitas vezes, em Portugal, ao lançamento de primeiras pedras de obras desta importância que depois ficam muitos anos à espera de serem executadas. Neste caso concreto, está previsto que, ainda este ano, todos nós possamos usufruir da nova USF, e construída por uma empresa do nosso concelho”, destacou Ulisses de Brito, presidente da Assembleia Municipal de São Brás de Alportel.
Presente na cerimónia esteve Tiago Botelho, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Algarve, que elogiou o empenho e dedicação de todos os profissionais de saúde em funções na região e em São Brás de Alportel, um concelho que tem 100 por cento da sua população coberta por médico de família. “Essa não é, infelizmente, a realidade em todo o distrito de Faro, mas é para isso que trabalhamos na ULS. Os cuidados de saúde primários são fundamentais e fulcrais no papel que desempenham na sociedade e na missão de cobrir as necessidades existenciais e é na equipa de saúde familiar que está o segredo e a chave para uma vida mais saudável”, considera Tiago Botelho. “Para o profissional de saúde poder acompanhar o ciclo de vida do cidadão, para fazer o ensino para a promoção da
saúde, para prevenir a doença e para evitar o recurso a outros níveis de cuidados médicos. O foco tem que estar no trabalho dos cuidados de saúde primários”, reforçou. Tiago Botelho enalteceu ainda as parcerias existentes entre os municípios e a área da saúde, fruto da descentralização de competências promovida pelo anterior governo socialista, “que eu sempre apoiei e defendi e que me parece ser benéfica para os trabalhadores e cidadãos, porque aproxima a decisão e a resposta às necessidades locais”.
No uso da palavra, o edil Vítor Guerreiro não escondeu a sua satisfação “num dia histórico para São Brás de Alportel, pois estamos a escrever mais uma
importante página de desenvolvimento do nosso concelho” “Os cuidados de saúde e a promoção de estilos de vida saudáveis têm sido um dos principais objetivos desta gestão autárquica. João Rosa Beatriz, fundador do nosso concelho, tinha como grandes desígnios para este território a educação, as acessibilidades e a saúde. Passados 110 anos da nossa autonomia como concelho, vimos hoje reafirmar e honrar os seus desígnios”, declarou o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel.
Vítor Guerreiro recordou que, no século passado, foi edificado neste território uma unidade de saúde de referência nacional, o Sanatório dos Ferroviários,
mais tarde designado Carlos Vasconcelos Porto e há alguns anos transformado no Centro de Medicina e Reabilitação do Sul. “Este é um legado que temos vindo a honrar, num trabalho desenvolvido em parceria e em total cooperação com as diferentes entidades, públicas e privadas. Em janeiro de 2023, numa reunião onde assinamos o auto da transferência de competências da área da saúde para a Câmara Municipal, com o então Ministro da Saúde Manuel Pizarro, na presença da Ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, do Presidente da CCDR Algarve, José Apolinário, e do Presidente da ARS Algarve, Paulo Morgado, sensibilizei para a importância da criação de um novo edifício para instalar uma Unidade de
Saúde Familiar em São Brás de Alportel. Na altura houve abertura para este investimento caso o projeto fosse apresentado num curto espaço de tempo, e assim o fizemos, num esforço redobrado e com o apoio incondicional dos técnicos da autarquia e da equipa projetista liderada pelo Arquiteto António Neto Freire”, sublinhou Vítor Guerreiro.
Apesar de se tratar de um projeto de grande complexidade, a candidatura ao PRR foi submetida no prazo de um mês, “mas a nossa missão não se esgotou aqui, continuámos a lutar por mais respostas e melhores condições para os profissionais e utentes e a Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel tem sido um destes parceiros, proprietária do edifício do Centro de
Saúde” “A transferência de competências na área da saúde reforçou o nosso poder de intervenção, para uma atuação mais célere e eficaz. Desde janeiro de 2023 que assumimos novas competências e responsabilidades e esse foi igualmente o ano em que conseguimos alcançar a cobertura de 100 por cento da população com médico de família. A entrada em funcionamento da Unidade de Saúde Familiar da «Villa», em outubro de 2023, veio contribuir para esta realidade que muito nos orgulha”, apontou Vítor Guerreiro, que relembrou ainda que, a 1 de junho do ano passado, foram inauguradas as obras de requalificação e modernização do Centro de Saúde de São Brás de Alportel, um investimento superior a 300 mil euros integrado no Plano de Recuperação e
Resiliência e que assegurou intervenções profundas em termos de eficiência energética, acessibilidade, segurança e conforto de utentes e profissionais. “Procedemos ainda à renovação do Jardim José Lourenço Viegas, a primeira fase do espaço exterior do Centro de Saúde, um investimento de 100 mil euros com especial incidência na melhoria da mobilidade e eficiência hídrica”.
Neste dia feliz, o presidente da Câmara Municipal anunciou igualmente a segunda fase de intervenções de melhorias na área da eficiência energética e do jardim exterior no edifício do Centro de Saúde, e aproveitou ainda para elogiar o protocolo de cooperação existente entre os municípios do Algarve, através da AMAL, e a Universidade do Algarve para duplicar o numero de
formandos no Mestrado Integrado em Medicina, “seguramente um grande contributo dos municípios para aumentar a fixação de médicos na região” “Mas temos ainda muito caminho pela frente. Queremos mais médicos para a região e mais profissionais para o CMR Sul, pretendemos reforçar as respostas em muitas especialidades e é fundamental e urgente que o Hospital Central do Algarve avance. Com novas respostas, mais proximidade, mais proatividade, mais prevenção, só assim conseguimos ter uma comunidade mais saudável. As parcerias com entidades, IPSS e clínicas privadas são igualmente importantes para a nossa comunidade”, apontou o autarca são-brasense, antes da assinatura do contrato de empreitada e do lançamento da primeira pedra.
O Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana, Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso, e o Comandante do Comando Territorial de Faro da GNR, Coronel
Comando Territorial de Faro da GNR comemorou 16.º aniversário
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Comando Territorial de Faro da GNR – Guarda Nacional Republicana celebrou o seu 16.º aniversário a 29 de janeiro, tendo realizado a cerimónia militar comemorativa do Dia da Unidade, no dia 2 de fevereiro, na Marina de Vilamoura. A cerimónia foi presidida pelo Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana, TenenteGeneral Rui Alberto Ribeiro Veloso, e contou com a presença de diversas
entidades militares e civis. Durante a cerimónia foram igualmente impostas condecorações e homenageados os militares já falecidos.
No início da sua alocução, o Comandante do Comando Territorial de Faro, Coronel Marco Henriques, lembrou que foi a 29 de janeiro de 1914 que a Guarda criou e instalou a sua primeira Unidade na região do Algarve. Todavia, o Comando Territorial de Faro apenas assumiu a sua atual designação e estrutura orgânica em 2009, em
Marco Henriques
resultado da extinção das Brigadas Territoriais e da fusão dos Grupos Territoriais de Portimão e Faro num só Comando Territorial com jurisdição no distrito de Faro.
Acabado de encerrar mais um ano de intensa atividade operacional, marcada por diversos eventos de elevada visibilidade nacional e internacional, e que exigiram um esforço assinalável de todos quanto servem este Comando Territorial, o Coronel Marco Henriques apontou que, em 2024, foram realizadas por esta Unidade 1.892 ações de sensibilização em todo o Distrito abrangendo crianças, idosos, pessoas com deficiência e comerciantes. “No âmbito do programa «Idosos em Segurança» sinalizamos, até à data, 3 mil e 519 idosos em situação vulnerável, numa afirmação plena da Guarda como uma Força Humana, próxima e de confiança. No que concerne aos registos da criminalidade, mais importante que exibir números, gostaríamos de deixar um apelo à reflexão quanto à forma como são calculados os rácios de crimes per capita, com destaque para o facto da população do Algarve não se limitar aos seus residentes. Basta uma análise atenta a alguns dados para que se alcance tal perceção, como são exemplo os 640 mil passageiros que, só no mês de agosto de 2024, deram entrada na região por via do Aeroporto de Faro, ou, nesse mesmo mês, as dormidas no concelho de Albufeira, que atingiram a impressionante marca de 1 milhão e 200 mil”
Na dimensão da otimização e complementaridade dos recursos,
destaca-se o desempenho fundamental dos sistemas de videovigilância, “sendo nossa determinação estender o exemplo de Albufeira, que acabou de dar início à operação de um sistema composto por 65 câmaras, a outras zonas do distrito, cobrindo assim as zonas mais turísticas, e, por conseguinte, mais vulneráveis à ocorrência de ilícitos”, referiu o Coronel Marco Henriques, acrescentando que,
também no domínio do safety, e perante o estímulo do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, “este Comando encontra-se empenhado no projeto de implementação de um sistema integrado de videovigilância para a deteção de incêndios rurais, considerando-se uma mais valia a aquisição desta capacidade”
Quando tomou posse há cerca de cinco meses, o Comandante do Comando Territorial de Faro da GNR enfatizou que o capital humano é o recurso mais importante na prossecução dos objetivos desta Força de Segurança. “Em primeiro lugar caberá lutar e encontrar soluções para que as condições de trabalho dos nossos militares sejam minimamente funcionais e acolhedoras, convictos de que, alcançando esse desiderato,
também estes prestarão um melhor serviço às populações. Nesta senda, aguardamos com expectativa a formalização de dois novos protocolos de cooperação com os Municípios de Albufeira e Portimão que irão contribuir significativamente para a melhoria dos espaços de atendimento ao público, e, por conseguinte, dos serviços prestados pela Guarda nestes concelhos”, adiantou o Coronel Marco Henriques, que falou ainda da contínua preocupação com a manutenção ou procura de novas instalações, com especial enfoque em Postos como o de Aljezur, Monchique e Martim Longo. “Com um compromisso tripartido — que abrange a cooperação estreita com as entidades locais –destacando-se novamente o papel fundamental dos Municípios; a apresentação de propostas ao Comando da Guarda; e a busca
contínua pela excelência na gestão interna dos recursos — garantimos que o futuro é o presente em preparação e asseguramos que o nosso centro de gravidade, as pessoas, continuam a estar bem «guardadas» no Algarve. Por fim, torna-se igualmente importante reconhecer o esforço conjunto do Comando da Guarda e da tutela na obtenção de novos meios, como os 43 alcoolímetros recentemente adquiridos, as 22 viaturas destinadas ao serviço operacional, e outros equipamentos de segurança e transição digital, incluindo o Kit do Patrulheiro e o Guarda Digital”.
A terminar a sua alocução, e dirigindose aos militares, guardas-florestais e civis do Comando Territorial de Faro, o Coronel Marco Henriques declarou que “o vosso compromisso, sentido do dever e
elevado profissionalismo conferem-me a absoluta serenidade e inabalável confiança de estar assegurada a ordem e a tranquilidade pública neste distrito”. “Guiados por princípios e valores que se mantêm inalteráveis ao longo destes 111 anos, estou certo que continuaremos a responder «presente» a todos os que aqui residem e nos visitam, fazendo jus ao lema e divisa deste Comando Territorial – «Do Algarve d’aquém mar cuidamos»”
Seguiu-se a intervenção do Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana, Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso, que começou por reconhecer publicamente o empenho, a dedicação e o elevado profissionalismo de todos os militares e civis que servem no Comando Territorial de Faro da GNR, bem como a forma exemplar como o
Coronel Marco Henriques tem exercido a sua ação de comando, “e que muito têm dignificado e prestigiado a Guarda Nacional Republicana na região”. “Neste dia festivo, é com um enorme orgulho e apreço que vos felicito e agradeço o incansável trabalho que têm vindo a realizar, ao serviço da Lei, da Liberdade e da Segurança de Portugal e dos Portugueses, e, em especial, nesta região algarvia. Neste dia festivo, permitam-me também que evoque o nosso Guarda Florestal André Jesus, um dos nossos – da nossa Grande Família –que partiu prematuramente, vítima de um trágico acidente de viação, na Zona de Santarém. Paz à sua Alma e uma palavra de solidariedade e sentidos pêsames à sua família e amigos”.
O Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso não teve dúvidas em afirmar que
“as Mulheres e Homens que se perfilam diante de nós são a melhor representação de uma Guarda que, cumprindo uma multiplicidade de atribuições no Quadro da Segurança, da Defesa e da Proteção e Socorro, tem vindo a reinventar-se e adaptar-se ao longo dos tempos perante a evolução das exigências securitárias e sociais resultantes de um mundo cada vez mais global e em permanente mudança”. “Neste contexto securitário e social, exalto a proficiência e o notável trabalho que o Comando Territorial de Faro tem vindo a desenvolver, ultrapassando, de forma competente e inovadora, a complexidade dos desafios impostos por um território de grandes contrastes, com uma vasta diversidade geográfica e socioeconómica, seja pelas inúmeras zonas urbanas e com elevada afluência turística, seja pelas zonas
rurais e isoladas, como as serras algarvias, que possuem extensas e densas manchas florestais. Perante esta realidade, começo por destacar o extraordinário papel que tem vindo a ser desenvolvido pelas Equipas de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário, principalmente junto dos mais idosos no interior algarvio, da comunidade escolar, dos comerciantes, bem como dos milhares de turistas que visitam anualmente a região”, sublinhou.
Segundo o Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana, esta vertente próxima, humana e solidária intercala também com uma atuação dinâmica e muito proativa na prevenção e resposta às mais diversas formas de criminalidade, tanto no âmbito das Operações Noite + Segura e Verão
Seguro, conduzidas sobretudo nas zonas costeiras e de elevada afluência turística, como no âmbito do policiamento de grandes eventos, e ainda no policiamento das zonas de interesse agrícola, florestal e ambiental da respetiva área de responsabilidade. “Esta valorosa atuação, em todas estas áreas, revela um extraordinário e louvável esforço diário do efetivo desta Unidade que, se, por um lado, se traduz num aumento da visibilidade policial e do combate à criminalidade violenta e grave, que tem vindo a ser associada à noite algarvia, por outro, traduz-se na importante prevenção e redução da sinistralidade rodoviária, ao mesmo tempo que contribui para a proteção do ambiente e do extenso património florestal desta região. Ademais, esta Unidade, prosseguindo as orientações estratégicas do Comando da Guarda,
centradas nas Pessoas, tem vindo ainda a promover uma atuação policial integrada e estrategicamente apoiada na intensificação da cooperação transfronteiriça e interinstitucional, quer com as autoridades espanholas, quer com as diferentes entidades e autoridades regionais e locais”, elogiou.
Para o Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso, “esta é a Guarda dos nossos dias, polivalente, moderna e ágil na resposta a todo o tipo de necessidades das comunidades que protege”. “Celebrarmos mais um aniversário do Comando Territorial de Faro é um marco que representa, não só anos de história, de dedicação e compromisso com a causa pública, mas também a oportunidade para renovar energias e reafirmar o nosso propósito. Assim, diante de vós e de olhos postos
no Futuro, quero reafirmar os compromissos do Comando da Guarda, os quais passam por zelar por melhores condições de trabalho e por uma maior valorização Pessoal, Profissional e Familiar. Pois acredito que uma Guarda de Rosto Humano também se constrói com a estabilidade pessoal e familiar dos Homens e Mulheres que nela servem”, referiu, garantindo que, “com igual determinação continuaremos a promover e aprofundar a formação pessoal e profissional que assegure comportamentos e ações policiais irrepreensíveis no plano da defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e do intransigente respeito pela dignidade da pessoa humana”. “E, no plano operacional, tudo faremos para continuar a apoiar a missão da Unidade, reforçando o seu efetivo, equipamento e viaturas, tendo em conta o atual Quadro Securitário
caracterizado por riscos e ameaças à Segurança Interna, difusas, sem fronteiras e em constante evolução. Porém, para que tudo isto se alinhe, importa que assumam as vossas responsabilidades com competência, determinação e sensatez, orientando a vossa energia, disponibilidade e conhecimento para as tarefas inerentes ao cumprimento da nossa missão. Lembrem-se sempre que a imagem da Nossa Guarda resulta do trabalho que cada um de vós executa diariamente”
A terminar, o Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana exortou os presentes “a fazer sempre, mais e melhor em prol da Lei e da Grei, pois deste modo irão contribuir para uma Guarda que é de todos e para todos, e que trabalha, todos os dias, para ser cada vez mais Humana, Próxima e de Confiança”
NOVA TEMPORADA DE GINÁSTICA ARRANCOU NO ALGARVE COM
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
GINÁSTICA ACROBÁTICA
COM A 1.ª FARO ACRO CUP (2)
nova temporada competitiva de ginástica acrobática deu o pontapé-de-saída de forma espetacular, no dia 25 de janeiro, no Pavilhão EB 2,3 Poeta Emiliano da Costa, em Estoi, com a realização da primeira edição da Faro Acro Cup, uma organização do CEDF –Clube Educativo e Desportivo de Faro com o apoio do Município de Faro, Federação de Ginástica de Portugal e Associação de Ginástica do Algarve.
Com as bancadas repletas de público, pelo praticável passaram mais de uma centena de atletas dos escalões Infantil e Juvenil (combinado), 2.ª Divisão (dinâmico), 1.ª Divisão (equilíbrio),
Iniciado, Júnior e Sénior (combinado), Níveis (combinado), 2.ª Divisão (equilíbrio), Iniciado 2.ª Divisão (combinado) e 1.ª Divisão (dinâmico), que demonstraram o excelente trabalho que tem vindo a ser realizado no Algarve nesta exigente modalidade. Atletas que representaram com empenho, paixão e de sorriso nos lábios o Acro Al-Buhera –Clube de Ginástica de Albufeira, a ACD CHE – Associação Cultural e Desportiva Che-Lagoense, a AGSB – Associação de Ginástica de Sesimbra, a APAGL –Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, o CEDF – Clube Educativo e Desportivo de Faro, o GCT – Ginásio Clube de Tomar e o LDC – Louletano Desportos Clube. E houve ainda direito a uma participação especial da Quadra da Classe AxroElite do SCP – 1.ª divisão sénior.
Depois de, na edição anterior, terem sido publicadas as fotos da parte da manhã, ou seja, de Níveis – Nível I, Infantis, Juvenis Base e o primeiro esquema das atletas da 1.ª e 2.ª Divisão, desta feita a reportagem inclui as imagens da parte da tarde, isto é, Níveis - Nível II e III, Iniciados Base, Juniores Base e o segundo esquema dos atletas da 1.ª e 2.ª Divisão. Quanto aos resultados finais, podem ser consultados em https://drive.google.com/file/d/ 1AlZUvSf0_9CQaYrdLej8CkoC 4-hnhVkv/view
LOUCURA TOTAL NO LOULETANO COM THE
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes
NO CINETEATRO THE BLACK MAMBA
nserido nas comemorações do Dia da Cidade de Loulé, os The Black Mamba deram um concerto, no dia 1 de fevereiro, no Cineteatro Louletano… e que concerto fenomenal foi, com a plateia a ir à loucura ao longo de quase duas horas da contagiante música da banda liderada por Tatanka.
Os The Black Mamba são, sem dúvida, uma das bandas portuguesas mais enérgicas, emocionantes e apaixonantes que se apresentam ao vivo em Portugal. Nascida, em maio de 2010, para percorrer o universo do blues, soul e funk, adaptando-o ao seu habitat natural, já tem no seu repertório quatro discos e no currículo passagem pelos maiores palcos e eventos do nosso país. São, no entanto,
uma banda do mundo que já atuou em países como Espanha, Brasil, Estados Unidos da América e Reino Unido, entre outros, tendo em 2021 vencido o Festival da Canção e participado de forma brilhante na Eurovisão com o tema «Love Is On My Side».
O mais recente disco «Last Night in Amsterdam», inspirado na viagem da banda a Amesterdão e em histórias da vida da cidade nos anos 70, foi tocado ao vivo, de forma eletrizante, nesta noite inesquecível no Cineteatro Louletano, um álbum de soul, funk, rhythm e blues do qual despontam temas como «Love Is On My Side», «Crazy Nando», «Sweet Amsterdam» e «Love Is Dope». Uma noite, de facto, para mais tarde recordar.
Das coisas que se quebram
Mirian Tavares, professora
á uma frase que aparece no Mágico de Oz que diz: o coração nunca será prático enquanto não for inquebrável. (Essa é uma tradução libérrima da frase que L. Frank Baum escreveu na sua obra que depois virou filme). Podemos interpretá-la de muitas maneiras – tendo em conta que o coração não é inquebrável, significa que ele nunca será prático. E na verdade, de que serve um coração prático ou inquebrável? Porque as coisas, e os sentimentos, são frágeis por natureza. As coisas quebram: o amor, as amizades, o desejo, o corpo. Tudo o que existe é frágil, pois a vida, em si mesma é das coisas mais frágeis que há. Um sopro, um momento, um átimo de segundo. Caímos e partimos um ombro, um braço ou dois, a testa, o coração. Um dia, talvez, me atrevesse a fazer um tratado sobre os motivos da quebra – de uma amizade, de uma boa relação, de um amor, do desejo. Há muita obra sobre cada um dos motivos, desde ficção à diarística e à filosofia são diversas as pessoas que refletem sobre o fim, que é a quebra mais dura, porque definitiva e incolável. Às
(…) Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro. Belchior
vezes o fim começa num gesto, ou na sua falta, numa conversa ou na sua falta, no excesso de amor ou na sua falta. A falta, além de ser o motor da busca, provoca também o seu ponto final. Faltam gestos de carinho, falta a ternura, falta aquele à vontade que sentimos com as pessoas, amigos ou amores, falta a falta que elas, amores e amigos, nos fazem ou melhor, que deixam de nos fazer. Quando a falta se torna confortável, a quebra acontece. Algo se fragmenta dentro de nós, talvez o coração, que não é inquebrável nem prático. Talvez a nossa paciência ou a ternura. Talvez a nossa capacidade de fechar os olhos aos pequenos gestos que já lá não estão. Talvez porque somos frágeis e facilmente quebráveis. Por isso tenho tanto cuidado com as pessoas à minha volta. Porque não quero quebrálas ou permitir-me ser quebrada por elas. Porque sabemos o quanto dói.
Foto: Isa Mestre
Inteligência Artificial: O novo horizonte da inovação humana
Fábio Jesuíno, empresário
em-vindos ao fascinante mundo onde a inteligência artificial emerge como um acelerador sem precedentes da evolução humana, refendido os limites do possível em todas atividades humanas.
Mais que uma ferramenta tecnológica, configura-se como uma extensão cognitiva que amplifica nossa capacidade de resolver problemas complexos, desde diagnósticos médicos precisos até a otimização de cadeias logísticas globais.
Este novo paradigma tecnológico está transformando radicalmente a forma como vivemos, a IA não é apenas uma inovação isolada, mas um potencializador de avanços em diversas áreas do conhecimento humano.
Um dos exemplos mais claros desta revolução é na saúde, os algoritmos com base em linguagens de programação de machine learning que já permitem diagnósticos médicos mais rápidos para a deteção precoce de uma doença com uma precisão superior à de médicos experientes. Sistemas de IA têm a capacidade de analisar milhões de imagens médicas em questão de segundos e identificar padrões subtis que poderiam passar despercebidos ao olho humano. Estes avanços também estão a ajudar na rapidez com que a indústria
farmacêutica descobre e desenvolve novos medicamentos, o que vai começar a ter um resultado muito positivo no tratamento e cura de doenças.
Outra área com grande potencial é no campo da educação, plataformas de educação começam a utilizar IA para personalizar o ensino de acordo com as necessidades individuais de cada estudante. Isso permite uma abordagem sob medida, otimizando o processo de aprendizagem e tornando-o mais eficiente, apelativo e motivador para os alunos.
Na indústria, a IA está revolucionando os processos de produção, com grande destaque para uma otimização de recursos. Fábricas inteligentes utilizam sensores e análise de dados em tempo real para prever problemas antes que ocorram, reduzindo drasticamente o tempo de inatividade e os custos operacionais. A Inteligência Artificial também exerce um impacto na automação de processos humanos repetitivos nas indústrias, permitindo que essas tarefas sejam realizadas de forma mais eficiente e precisa. Com isso, os trabalhadores são liberados para se dedicarem a atividades mais estratégicas e criativas, promovendo um ambiente de trabalho mais produtivo e inovador.
O futuro é onde os humanos e máquinas trabalham em sinergia, garantindo que o novo horizonte da inovação humana seja brilhante, inclusivo e sustentável.
Somos o que lemos
Sílvia Quinteiro, professora
atália fora uma leitora ávida desde criança. O cartão da biblioteca municipal era, por isso, o seu maior tesouro. Na vila, todos reparavam que a pequena nunca andava de mãos vazias. Havia sempre um livro.
– Esta vai para Lisboa. Temos aqui doutora! – antecipavam uns. – Ou escritora… – adivinhavam outros. – Nem uma coisa nem outra. Vai ser professora, como a tia. – corrigia o pai.
O que nunca lhes ocorreu é que aquele palmo de gente já tivesse eleito o seu caminho. Ia ser bibliotecária. Viver entre os livros: procurá-los, adquiri-los, organizá-los, sugeri-los e, claro está, lêlos. Imaginava as viagens que iria fazer, as aventuras que iria viver, o quanto iria aprender.
O tempo foi passando. Natália acumulando conhecimento. Tinham razão os que pensavam que iria para Lisboa. Foi e regressou. Culta, dona de um saber universal. Aos que exaltavam a sua sabedoria, a jovem bibliotecária explicava que as pessoas são o que leem. Que o que viam era simplesmente o reflexo dos livros da sua vida. E não perdia a oportunidade para sugerir alguns.
De há algum tempo para cá, tinha, porém, começado a reparar numa intrigante coincidência. Se lia um romance mais triste, diziam-lhe que andava com um ar infeliz, envelhecida (Céline nunca mais saiu da prateleira). Se lia sobre o estado da política atual, comentavam que andava com cara de poucos amigos – tomara! A leitura de um romance ao jeito “e viveram felizes para sempre” valeu-lhe a suspeita de andar mouro na costa. Já a releitura de A Menina do Mar levou a que lhe elogiassem a leveza e o ar jovial.
Questionou-se sobre se se trataria, de facto, de uma coincidência. Somos o que lemos, sim. Mas seria a relação entre uma coisa e outra assim tão literal e visível?
Dirigiu-se à estante de «Saúde e BemEstar» e levou consigo um saco cheio de livros sobre hábitos de vida saudáveis e dietas: keto, jejum intermitente, paleo, detox, volumétrica, vegana, DASH, macrobiótica…
Passou o fim de semana no sofá, mergulhada num universo completamente novo. Um chazinho, uns biscoitinhos, uma pizza, para não perder muito tempo.
Na segunda-feira, regressou confiante ao trabalho. Sentia-se poderosa, elegante, a exalar saúde por todos os poros. Calças justas. Decote bem mais
arrojado do que o habitual. Atravessou o gabinete uma e outra vez. Desfilou pelos corredores. Subiu e desceu escadas. Verificou, um a um, os volumes da prateleira junto ao teto. Aguardava expectante uma referência às suas leituras mais recentes.
Frustrada, mas não derrotada, Natália retirou os livros da mochila e empilhou-os junto a uma estante. Vinte centímetros de lombadas. Chamou uma colega e pediu que lhe tirasse uma fotografia. Colocou-se em cima dos livros. Tinha agora um metro e oitenta e cinco. Chegava quase ao topo da estante.
— Agacha-te. — pediu. — Isso. Faz de maneira a que se perceba a altura, mas vê lá, não me apanhes os pés.
Ficou linda. Altíssima. Elegante. Aprendera naquelas páginas que o que importa não são os quilos, é a sua relação com os centímetros.
Colocou a fotografia nas redes sociais. Choveram corações e foguinhos.
Não restam dúvidas. Somos o que lemos!
Até que, finalmente, uma frequentadora habitual da biblioteca se aproximou dela e sussurrou: — Não leve a mal o que lhe vou dizer, Natália. A menina é tão nova e tão bonita… Se perdesse uns quilinhos, ficava uma estampa. Faça uma dietazinha, dê uns passeios a pé. Estão uns dias tão lindos.
(Des)Confiança
Paulo Neves, «Ilhéu» (mas nenhum homem é uma ilha)
lemento essencial para a vida em comunidade que se perde(u), penso que, por via do aumento da (des)informação global a que temos acesso e nos faz entrar o receio portas adentro e até deixar de acreditar nos vizinhos, às vezes mesmo, nos familiares.
De todo o lado nos chegam ameaças. E, ato de sobrevivência, protegemo-nos e fechamo-nos sobre nós próprios.
De tal modo o egoísmo aprofunda-se na exata medida do aumento das dificuldades face às necessidades e nas antípodas das facilidades que nos dão a sensação (logo, a certeza) do excesso de facilidades que (indevidamente) beneficiam outros.
De elemento essencial à convivência em comum, à partilha e ao esforço coletivo, vindo de cada contribuição individual que forma e enriquece a vontade, revigorada em cada sucesso, tornamo-nos, na voragem da informação (às vezes apressada), porque não temos tempo para tanta e tão diversa em catadupa, em cada momento, mais desconfiados, distantes, desinteressados e desacreditando que a prossecução do interesse público ainda seja objetivo de outro, como nós e menos ainda daqueles que devíamos escolher para o ajudar a realizar.
Preferimos deixar de escolher para engrossar a massa dos que desconfiam. Já mesmo dos que desacreditam desde logo.
Desde há 40 anos que acredito, estando por dentro de muitas realidades, e ainda assim encontro-me surpreso com o estado de coisas que assisto no mundo e, também, me assusto e tento seguir no meu cantinho até que sinto que é isso mesmo que os oportunistas nos poderes se querem aproveitar. Que deixemos seguir as coisas como querem, como nos dizem que são e tem de ser.
Por isso participo sempre, acompanho, arrisco fazer, ser criticado se fizer menos bem ou errar e também que sou beneficiado por o estar a fazer. Ter opinião e tentar contribuir para fazer caminho é a maior realização pessoal de cada um.
Vem esta missa (missão) a propósito das próximas semanas. Seremos informamos de perfis, pessoas, projetos, promessas, caminhos para o desenvolvimento das nossas comunidades por comuns, como cada um de nós. Vizinhos que se propõem, em conjunto, a realizar os interesses das nossas freguesias e Municípios.
O mais certo é cada um dos vizinhos se alhear, (des)confiar, não se
Foto: João Neves dos Santos
comprometer, criticar e achar que o seu próximo o que deseja é ser tocado pelo benefício e facilidade da eleição.
O meu convite é que se deixe tocar pela normalidade de ser parte, participar, assumir e liderar propostas, discutir, defender e lutar por essa realização e estar aberto à descoberta da satisfação de ter conseguido parte e o anseio de cumprir o que faltou e assim
compreender que este ato de disponibilidade para ser criticado faz parte de ser pessoa porque progredimos conjuntamente ou voltamo-nos para nós próprios apenas afastando-nos dos outros.
Aprendi que parte das vezes não tive razão, mas soube depois, pelos outros, que havia melhores soluções ou não era possível e isso faz-nos crescer, compreender porque as coisas acontecem ou não, faz-nos acreditar, mesmo quando não acontecem como pensámos. Acreditamos uns nos outros e conhecemos o(s) outro(s).
Claro que nos irritamos com os oportunistas, com o populismo que nos envolve e que faz com que muitos sigam o que parece mais fácil e à primeira vista, que é a verdade.
Vivo com uma certeza: Raramente há respostas simples para problemas complexos.
Portanto, nunca aceitar apenas o que nos contam e é de olhar, sempre, para a realidade e o seu contexto. Isto e a nossa disponibilidade para acrescentar diferença, faz-nos ser cidadãos.
Participemos, portanto, enquanto iguais para sermos, coletivamente melhor e acrescentar progresso à nossa comunidade em vizinhança. A alternativa é pior, acreditem. Não deixe isto sempre para os mesmos.
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