#185
ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 12 de janeiro, 2019
«SAISON DE CIRQUE» EM MONCHIQUE MUSEU MARÍTIMO ALMIRANTE RAMALHO ORTIGÃO | «1.5ºC PONTO DE ALGARVE EQUILÍBRIO» INFORMATIVO #185 «PADERNE MEDIEVAL»| FESTIVAL TERMÓMETRO| «UMA TORNEIRA NA TESTA»| RIDING A METEOR 1
ALGARVE INFORMATIVO #185
2
3
ALGARVE INFORMATIVO #185
CONTEÚDOS #185 12 DE JANEIRO 2019 6
ARTIGOS 6 - Paderne Medieval 20 - Cine-Teatro Louletano 34 - Gimnásio Clube de Faro 40 - Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão 48 - Maria de Conceição Brito 52 - «Saison de Cirque» 66 - Riding a Meteor 76 - «Uma Torneira na Testa» 86 - «1.5ºC Ponto de Equilíbrio» 96 - Festival Termómetro 106 - Semear Saúde 140 - Atualidade
OPINIÃO
52
76
118 - Paulo Cunha 120 - Adília César 122 - Ana Isabel Soares 124 - Fábio Jesuíno 126 - Carla Serol 128 - Afonso Dias 130 - Fernando Cabrita 134 - Vera Casaca 136 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #185
4
5
ALGARVE INFORMATIVO #185
PADERNE REGRESSOU À ÉPOCA MEDIEVAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO #185
6
7
ALGARVE INFORMATIVO #185
á mais de uma década que Paderne termina o ano velho e começa o ano novo a respirar os ares da Idade Média, com uma viagem no tempo a transportar a típica aldeia do concelho de Albufeira ao remoto século XIV. Assim, de 29 de dezembro a 1 de janeiro, a Feira Medieval transformou esta freguesia do barrocal algarvio num rigoroso cenário onde não faltaram personagens típicas e diversas encenações históricas. Algarvios e turistas, portugueses e estrangeiros, foram aos milhares os que ALGARVE INFORMATIVO #185
visitaram Paderne nestes quatro dias, percorrendo as ruas da povoação num ambiente único e informal, desinibido, para toda a família. Isto porque o núcleo antigo da aldeia se transformou numa verdadeira vila medieval, com o mercado tradicional, danças próprias da época, recriações históricas, demonstrações de artes e ofícios, manjares medievais e muita animação. O ponto alto do evento aconteceu no primeiro dia de 2019 com o cortejo histórico que retratou a cerimónia da entrega da Carta de Doação do Castelo de Paderne, por D. Dinis, à Ordem de Avis, e no qual participaram os elementos do executivo camarário e muitos convidados especiais. 8
9
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
10
Mas antes disso houve muitos mais motivos de interesse. De facto, o dia 29 começou com os arautos a anunciarem a visitação de El Rei D. Dinis e a aclamarem os termos de aceitação da tenência de El Rei D. Dinis sobre o Reino do Garb Al’Andaluz conforme o Tratado de Badajoz firmado ainda em vida de seu pai. El Rei D. Afonso III e seu avô, El Rei D. Afonso X do Reino de Leão. No mercado, o Almotacem e o Almoxarife acompanharam o homem da vara para verificar os pesos e medidas nas bancas dos tendeiros e houve lugar à leitura da procuração redigida no Condado de Barcelona sobre o régio esposamento e anúncio dos Banhos Reais, aprazando-se as assinaturas do contrato nupcial para Castelo de Vide e os termos de acolhimento para Trancoso. Bailias e folias do Al Aldaluz, demonstrações de armas pelos cavaleiros de El Rei, a magia e o teatro do fogo fizeram ainda parte do programa do primeiro dia da Feira Medieval, que prosseguiu, no dia 30, com o 11
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
12
recrutamento de homens e seu adestramento com lanças e piques para defesa do burgo e com o cortejo de El Rei D. Dinis com a Rainha D. Isabel. Por ordem d’El Rei D. Dinis criaram-se também os corpos de Besteiros e fez-se o seu ajuramento e vassalagem, ao mesmo tempo que as contagiantes melodias dos travadores do Reino da Sicília e a recriação da tomada do Castelo de Paderne por D. Paio Peres Correia a mando de El Rei D. Afonso III fizeram as delícias dos visitantes. No último dia de 2018 houve comeres fartos e beberes frescos nas tabernas da Feira e mais uma arruada pelo Burgo, antes da leitura dos termos do Tratado de Alcanizes, apartando-se as terras raianas entre os reinos de Portugal e de Leão e Castela, como acordo de El Rei D. Dinis e seu primo, o soberano leonês. Houve ainda leilão de cativos de guerra e de escravos por dívida e o agasalho dos peregrinos de Santiago de Compostela com a régia presença de Dona Isabel de Aragão. A Feira Medieval de Paderne chegou ao fim, no dia 1 de janeiro, com a bênção do Burgo pela clerezia, o cortejo régio e a leitura da Carta de Doação do Castelo à Ordem de Avis, por D. Lourenço Annes, a saudação a El Rei D. Dinis e à Rainha D. Isabel, que tomaram depois o rumo de Coimbra. Antes do anoitecer fez-se a festa ao som dos menestréis e jograis e escutou-se um sermão do pregador franciscano sobre os malefícios da alma, que ouviu também em confissão vários penitentes. Já de noite, lugar para mais um teatro de fogo e perícia de esgrima e a parte final da encenação da tomada do Castelo de Paderne por D. Paio Peres Correia a mando de El Rei D. Afonso III . 13
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
14
15
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
16
17
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
18
19
ALGARVE INFORMATIVO #185
PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA DO CINE-TEATRO LOULETANO ACONTECE TAMBÉM NO SOLAR DA MÚSICA Texto: Daniel Pina
ALGARVE INFORMATIVO #185
20
21
ALGARVE INFORMATIVO #185
á arrancou a nova temporada (janeiro a julho de 2019) de programação artística do Cine-Teatro Louletano, prosseguindo com uma ampla oferta artística dirigida a públicos diferenciados e pautada pela qualidade, diversidade e originalidade, e continuando a afirmar esta sala de espetáculos como uma referência no sul de Portugal. Em ALGARVE INFORMATIVO #185
2019 surgirá um novo auditório na cidade, situado no Solar da Música Nova, junto ao Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado, que vem potenciar e permitir a implementação de novos e ambiciosos projetos e dinâmicas ao nível da intervenção cultural camarária ligada às artes performativas, numa lógica de programação em rede, concertada e complementar entre os dois espaços. 22
O Cine-Teatro Louletano continuará a privilegiar a apresentação de propostas diversificadas, de maior fôlego, nas áreas do Teatro, Dança, Música e Multidisciplinar, ao passo que o novo auditório vai centrar a sua ação num projeto de mediação artística e cultural que terá como principais vetores a aproximação dos públicos ao universo da Música e suas múltiplas derivações e diálogos; as dimensões formativa (formal e informal) e reflexiva; a arte para a infância; as residências artísticas no âmbito das artes do palco; e uma estreita articulação, quer com o Conservatório de Música, quer com as associações culturais do Concelho e a comunidade escolar.
23
ALGARVE INFORMATIVO #185
Relativamente à programação para o Cine-Teatro, o universo do Teatro constitui uma clara aposta estratégica da grelha deste semestre, com a presença de diversas companhias, encenadores e atores de renome a nível nacional. Somase ainda um incremento muito significativo do número de coproduções, ALGARVE INFORMATIVO #185
num total de nove para esta temporada (algo pouco habitual a nível nacional fora das urbes lisboeta e portuense), com especial ênfase no campo teatral: Teatro do Eléctrico, Teatro da Terra, Carla Maciel, Catarina Requeijo, João de Brito, Ana Borges/corpodehoje – sendo estes dois últimos criadores sediados no Algarve. De sublinhar ainda a realização 24
de uma encomenda artística do CineTeatro Louletano ao já reconhecido encenador quarteirense Ricardo NevesNeves para uma releitura contemporânea, a nível teatral, da Festa da Mãe Soberana, transpondo esta emblemática manifestação religiosa, de forma inédita, para um contexto de palco. 25
O lançamento, também em modo de coprodução e numa parceria com a associação louletana Folha de Medronho – Associação de Artes Performativas de Loulé, de um novo festival de teatro, denominado «Tanto Mar», dedicado exclusivamente a peças criadas por estruturas sediadas em ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
26
países falantes da língua portuguesa, promovendo assim a lusofonia cultural na região algarvia, é igualmente um aspeto a realçar nesta temporada. A estreia do encenador João Samões em Loulé, a peça «Improvável» da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve e um novo modelo de apresentação pública do «Cenários – Mostra de Teatro do Concelho de Loulé» são ingredientes que marcam também a programação no campo teatral. Prossegue a visibilidade conferida à dança contemporânea, neste caso com a estreia absoluta, no sul do país, em Loulé, das novas criações de duas das mais prestigiadas companhias portuguesas (Olga Roriz e Clara Andermatt, esta última coproduzida pelo Cine-Teatro), mas também com a apresentação de propostas diferenciadoras, inclusive com uma dimensão internacional, integradas no prestigiado festival encontros do DeVIR 27
organizado pelo CAPa – Centro de Artes Performativas do Algarve, agora em quinta edição sob o tema «Denúncia». A nova temporada enfoca, mais uma vez, no universo do Cinema com três mostras temáticas de inegável relevância (Monstrare – Mostra Internacional de Cinema Social, Mostra de Cinema da América Latina e Festa do Cinema Italiano), trazendo a Loulé as mais recentes e melhores produções nestas áreas. No que concerne à Música, prossegue a aposta em estrear em Loulé espetáculos que venham pela primeira vez ao Algarve ou ao Sul do país, incluindo nomes de primeira linha do panorama nacional como Pedro Abrunhosa ou António Zambujo (que vêm estrear no Sul os seus novos discos), Cristina Branco, entre outros. Há ainda uma preocupação em ALGARVE INFORMATIVO #185
apresentar concertos especiais, que revelem ingredientes inovadores e inesperados ao nível dos intervenientes, temáticas e/ou formatos, como sejam os casos dos espetáculos de Sam The Kid & Mundo Segundo com Napoleão Mira (juntando em palco filho e pai, pela primeira vez, a 24 de abril), do tributo a Carlos Paião a 15 de junho (uma estreia absoluta no Sul deste formato com vários intérpretes de renome nacional), do concerto da banda algarvia Íris ou do ALGARVE INFORMATIVO #185
acordeonista Nelson Conceição (que apresenta o seu novo disco), ou ainda do tributo «Por terras do Zeca», que junta em palco Zeca Medeiros, Filipa Pais, Maria Anadon e João Afonso. O acolhimento de propostas artísticas de elevada qualidade que integram o programa «365 Algarve», neste caso com os concertos «West Side Story» (com os pianistas Armando Mota e António Rosado, acompanhados pelos 28
A nova temporada espelha ainda um enfoque muito significativo na programação dirigida à comunidade escolar do Concelho de Loulé, percorrendo uma linha que vai desde o pré-escolar (Catarina Requeijo apresenta a criação «É pró menino e prá menina», centrada numa questão extremamente atual: a igualdade de género), passando pelo 1.º ciclo (a reconhecida dupla formada pelo coreógrafo Victor Hugo Pontes e pela pianista Joana Gama revisitam o tema da noite e do medo; e a criadora Ana Borges faz a apologia da positividade na vida com o seu novo espetáculo de teatro e dança «Abel e Amália»), até à faixa adolescente, em que o encenador algarvio João de Brito explora a seguinte interrogação: “Será a amizade capaz de sobreviver à mudança?”.
Percussionistas de Lisboa) e a estreia mundial da nova obra de Mário Laginha (com o Quarteto de Matosinhos), constitui igualmente um vetor fundamental desta nova temporada. A prossecução da aposta na música clássica, com vários eventos de referência integrados no FIMA – Festival Internacional de Música do Algarve, também se insere nessa lógica de acolhimento de eventos inseridos no programa «365 Algarve». 29
Permanecem as rubricas regulares que assentam na reflexão e debate em torno de temas ligados à Cultura, Artes e Letras, bem como na valorização de figuras locais dotadas de um percurso singular e relevante (respetivamente, os formatos «Conversas à Quinta» e «Dos Sabores da Cultura»). Em 2019 são convidados a docente universitária e gestora cultural Maria Cabral, o encenador Nuno Carinhas, o maestro Osvaldo Ferreira e o músico (baixista) Marco Martins. A continuidade de uma opção estratégica (iniciada em 2017), que consiste em privilegiar o campo da arte para a infância (bebés, pais e profissionais que trabalham com esta faixa etária), através da parceria estratégica com duas companhias de referência a nível nacional, a Companhia ALGARVE INFORMATIVO #185
Musicalmente (Leiria) e a Companhia de Música Teatral (Lisboa), é uma tónica da programação do Cine-Teatro Louletano, sendo privilegiadas várias ações de formação, espetáculos e palestras/debates a pensar nesse objetivo, numa parceria, quer com os jardins-de-infância do Concelho, quer com a Universidade do Algarve (Escola Superior de Educação e Comunicação). Em relação à programação prevista para o auditório do Solar da Música Nova (que inaugurará a 1 de fevereiro de 2019 com um concerto especial coordenado pelo Professor Manuel Rocha e envolvendo os docentes do Conservatório de Música de Loulé, fruto de uma encomenda do CineTeatro), a aposta incide claramente na área da mediação artística e cultural, apresentando um trabalho que sustenta, alimenta e justifica a agenda proposta pelo Cine-Teatro. Assim, e em concertação com ALGARVE INFORMATIVO #185
as escolas da cidade e o Conservatório de Música, será realizada, em março, uma semana temática em torno da música clássica coordenada pelo prestigiado maestro Osvaldo Ferreira, na qual se incluirão concertos, formação e conversas performativas, no auditório e nas escolas, que pretendem aproximar, de um modo efetivamente acessível e atrativo, o grande público da linguagem musical erudita. Também na linha da mediação musical, Pedro Jóia, figura maior da guitarra clássica, encetará o ciclo «Instrumentalia» com conversas performativas, masterclass e concerto em modo de carta branca em maio de 2019, enquanto a reconhecida Luísa Sobral abre o ciclo «Pessoalíssima», revisitando temas que marcaram a sua vida num formato de concerto comentado. De destacar ainda o 30
31
ALGARVE INFORMATIVO #185
arranque de um novo ciclo musical intitulado «Ilustres Desconhecidos», cuja motivação principal é a valorização e apresentação de projetos musicais (quer da região, quer exteriores à mesma) emergentes e/ou desconhecidos do público algarvio. Neste ciclo participarão o projeto algarvio Galopim e Raquel Ralha & Pedro Renato (ex-Belle Chase Hotel), Lince (de Sofia Ribeiro) e Cassete Pirata.
programação do novo auditório, com duas ações de formação, uma de cariz intensivo e outra imersiva (este último modelo numa estreia absoluta a Sul depois de três anos de ocorrência na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa), dirigidas a educadores, animadores, artistas/músicos e mediadores, a realizar entre fevereiro e julho de 2019 e dinamizadas pela já aludida Companhia de Música Teatral .
A arte para a infância constitui igualmente uma prioridade na ALGARVE INFORMATIVO #185
32
33
ALGARVE INFORMATIVO #185
GIMNÁSIO CLUBE DE FARO COMEMOROU 120 ANOS DE EXISTÊNCIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
Pedro Bartilotti, Custódio Moreno, Luís Brás e Bruno de Azevedo Lage
oi legalmente constituído, a 22 de dezembro do ano de 1898, o Gimnásio Clube de Faro, uma das mais antigas e dinâmicas associações culturais e recreativas da cidade capital do Algarve durante o século XX, antes de ter sido acometida, como tantas ALGARVE INFORMATIVO #185
outras, pelas dificuldades advindas da multiplicação de ofertas de entretenimento e lazer que estão ao dispor da geração nascida no pós-25 de Abril. Apesar disso, o Gimnásio nunca fechou portas e de há uns anos para cá recuperou toda a sua vitalidade, sob os comandos da direção encabeçada por Pedro Bartilotti. 34
Serões de teatro, encontros literários, concertos de música, espetáculos de dança, workshops, ações de formação e muito mais preenchem o dia-a-dia da entidade situada em pleno coração de Faro, na Rua de Santo António, e foi com um medronho de honra que, no dia 22 de dezembro, se comemoraram os 120 anos de existência do Gimnásio Clube de Faro, a que não faltou Bruno de Azevedo Lage, presidente da União de Freguesias de Faro. “Recordo-me do meu avô falar com muito orgulho deste ilustre clube, do qual era sócio, dos fantásticos bailes e saraus de poesia que aqui se organizavam. Era um dos mais dinâmicos do concelho e da região, um autêntico embaixador da cultura farense”, enfatizou o autarca.
35
Eram, de facto, tempos de enorme e saudável competição entre o Club Farense – preferido pelos mais seniores – e o Gimnásio Clube de Faro, antes de este atravessar “uma fase de maior recolhimento”, reconheceu Bruno de Azevedo Lage, que foi ultrapassada recentemente mercê de “uma equipa muito interessante, versátil e eclética que relançou este clube de novo para a ribalta da cultura farense”. “Estão de parabéns pelo excelente trabalho que têm feito nos últimos anos”, frisou, antes de entregar a Pedro Bartilotti uma medalha a assinalar os 120 anos do Gimnásio Clube de Faro. Apesar de ser olhanense de nascença, Custódio Moreno, Diretor Regional do Algarve do Instituto Português do
ALGARVE INFORMATIVO #185
Desporto e Juventude, conhece bem o historial e atividade do Gimnásio Clube de Faro. “Os clubes são como todos nós, têm os seus altos e baixos, mas o Pedro Bartilotti é a pessoa certa no momento certo para o conduzir no século XXI. O trabalho que se faz nestas coletividades traduz-se no acesso mais fácil à cultura, pela sua proximidade às comunidades”, considerou, mostrando-se ainda disponível para encetar parcerias entre as duas entidades para dinamizar atividades culturais e desportivas para públicos de todas as idades. Para além de um pequeno filme a recontar a história do Gimnásio Clube de Faro, de alguns apontamentos culturais e do cantar dos parabéns e soprar das velas do bolo de aniversário, a tarde ficou ainda marcada pelo lançamento de um selo de correio personalizado e de postais comemorativos da efeméride e pela inauguração de uma exposição de selos e postais da responsabilidade da seção de filatelia da coletividade .
ALGARVE INFORMATIVO #185
36
37
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
38
39
ALGARVE INFORMATIVO #185
MUSEU MARÍTIMO ALMIRANTE RAMALHO ORTIGÃO COMEMOROU 130 ANOS E TEM MUITOS PLANOS PARA O FUTURO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
riado por despacho de 4 de janeiro de 1889 do Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Conselheiro Emídio Júlio Navarro, na altura com o nome de Museu Industrial Marítimo, o Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão, o ALGARVE INFORMATIVO #185
mais antigo do Algarve, assinalou os 130 anos de existência, no dia 4 de janeiro, com uma cerimónia no edifício do Departamento Marítimo do Sul, em Faro, que contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, do Chefe do Departamento Marítimo do Sul e Diretor do Museu, Capitão-de-Mar-e40
O Chefe do Departamento Marítimo do Sul e Diretor do Museu, Capitão-de-Mar-e-Guerra Nuno Cortes Lopes
Guerra Nuno Cortes Lopes, da Diretora Regional da Cultura do Algarve, Adriana Nogueira, do Presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, do Diretor Regional do IPDJ de Faro, Custódio Moreno, do Delegado Regional de Educação do Algarve, Alexandre Lima, e do Presidente da União de Freguesias de Faro, Bruno Lage, entre outras individualidades e familiares de Ramalho Ortigão.
por Carlos Porfírio. E desde o seu início, quando se encontrava na extinta Escola Industrial Pedro Nunes, hoje Escola Secundária Tomás Cabreira, sempre esteve ligado à Marinha e a Faro, mercê da coleção de modelos de redes, armações, aparelhos e barcos de pesca organizados pelo engenheiro hidrógrafo da Marinha Baldaque da Silva e que estiveram, inclusivamente, em Paris na Exposição Universal de 1900.
O museu conta atualmente no seu espólio com uma variedade de peças ligadas ao mar, com a prevalência de modelos das artes de pesca mais usadas na região sul de Portugal, de onde se destaca o modelo de armação do atum, que mostra como se realizava, no século XIX e inicio do século XX, o «Copejo do Atum». Salta à vista, também, o magnifico tríptico em exposição, sobre esta faina, assinado
Segundo recordou o Capitão-de-Mare-Guerra Nuno Cortes Lopes, até 1916 as coleções estiveram espalhadas por várias localizações em Faro, altura em que, após alguns sobressaltos, o museu foi formalmente entregue à Marinha e à extinta Escola de Alunos Marinheiros do Sul, situada no Paço Episcopal, na qual Ramalho Ortigão era instrutor. “Contudo, só após a extinção dessa
41
ALGARVE INFORMATIVO #185
A Diretora Regional da Cultura do Algarve, Adriana Nogueira
escola, em 1926, e depois de muitas dúvidas sobre o destino a dar às coleções, se concretizou, em 1929, a entrega formal de todo o espólio ao Departamento Marítimo do Sul, precisamente quando Ramalho Ortigão desempenhava as funções de Adjunto do Chefe do Departamento Marítimo do Sul. Ainda assim, continuou-se num período de grandes incertezas, entre as quais algumas propostas de levar as coleções para Lisboa e posteriormente até para a Figueira da Foz, terra de Baldaque da Silva”, contou o Capitão-deMar-e-Guerra Nuno Cortes Lopes. Após diligências de Ramalho Ortigão junto do Ministro da Marinha, foi-lhe prometido que as coleções não sairiam de Faro nem da Marinha, “onde era e é, de facto, o seu lugar”, tendo conseguido financiamento para edificar salas adequadas para o Museu e para iniciar ALGARVE INFORMATIVO #185
o restauro das peças. O Museu Marítimo de Faro foi inaugurado já pelo Comandante Ramalho Ortigão nas suas novas instalações, em 1931, no edifício do Largo da Sé, local onde estava situado o Departamento Marítimo do Sul. “Numa muito justa homenagem, em 1946 o Museu Marítimo de Faro alterou a sua designação oficial para Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão, quando este passou à reforma por limite de idade”, sublinhou o Capitão-de-Mar-e-Guerra Nuno Cortes Lopes, lembrando que, em 1964, a Marinha e o seu Museu se mudaram do Largo da Sé para as suas atuais instalações, junto à Doca de Faro. Entretanto, na sequência de um incêndio ocorrido em maio de 2015, o museu esteve encerrado a visitas durante cerca de três anos e “passou por algumas incertezas em termos de 42
localização”, reconheceu o Capitão-deMar-e-Guerra Nuno Cortes Lopes. “Felizmente, reabrimos o museu no dia 27 de julho do ano transato, o que só foi possível, não só devido ao incentivo de muitas pessoas que têm um enorme carinho por este museu, mas sobretudo pelo apoio que obtive do Museu da Marinha, tendo-se conseguido fazer as beneficiações mínimas essenciais para a sua reabertura ao público”. Mas a atividade cultural do Departamento Marítimo do Sul não se restringe ao Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão e, em 2018, o Navio Escola Sagres veio pela primeira vez a Faro, tendo sido visitado por cerca de 30 mil pessoas durante os dois dias em que esteve aberto ao público no Cais Comercial. Realce igualmente para as sete mil visitas que o Farol de Santa Maria teve no ano passado, a maioria das quais no
Verão, no âmbito de um protocolo entre a Autoridade Marítima, o Instituto Português do Desporto e Juventude e a Câmara Municipal de Faro. Quanto ao Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão, registou perto de 700 visitantes no segundo semestre de 2018, um número bastante digno que motivou a decisão de, em 2019, se alterar o horário de funcionamento do Museu, que passará a estar de portas abertas todos os dias úteis à tarde, revelou o Chefe do Departamento Marítimo do Sul e Diretor do Museu. Ainda segundo o Capitão-de-Mar-eGuerra Nuno Cortes Lopes, e na sequência da colaboração com a Universidade do Algarve, nomeadamente com a estagiária Carolina Ribaric do Curso de Património Cultural, surgiu a ideia de se criar um folheto do Museu que, com o apoio do
O Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau 43
ALGARVE INFORMATIVO #185
Museu de Marinha, deverá ser produzido até final de janeiro. “Com a colaboração da Delegação Regional de Educação do Algarve vamos recomeçar também a receber visitas programadas de turmas de escolas, uma prática do passado que se pretende retomar e estimular. E iremos iniciar a implementação do protocolo entre a Marinha e o Município de Faro, assinado a 27 de julho, para recebermos o apoio que for possível da parte do Museu de Faro no que toca à beneficiação e restauro de peças. Queremos ainda instalar uma calha com uma cadeira para pessoas com mobilidade reduzida, por forma a permitir que todos possam visitar o Museu, estando-se a analisar a possibilidade de responder a um aviso que a CCDR Algarve lançou recentemente no âmbito do PO Algarve 2020 + Acesso”, adiantou o Capitão-deMar-e-Guerra Nuno Cortes Lopes em final de intervenção. De sorriso radiante no rosto estava ALGARVE INFORMATIVO #185
Adriana Nogueira, Diretora Regional da Cultura do Algarve, uma conhecida apaixonada por museus, as «casas das musas», “espaços fundamentais para a preservação da memória e para que as comunidades se revejam nelas próprias”. “A abertura de um museu ao público é um passo que se dá a favor da integração e contra a xenofobia, porque percebemos que todos somos semelhantes, que todos fazemos parte da comunidade humana. Faro é uma cidade que se preocupa em dar valor à nossa memória, por vezes contra ventos e marés, porque nos tempos modernos se procura frequentemente o que é novo. Só que nada se constrói do zero e a cultura é preservar o antigo, sempre a olhar para o futuro”, defendeu Adriana Nogueira. A importância do Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão foi igualmente destacada por Rogério Bacalhau, que reconheceu ainda o 44
crucial papel do Comandante da Autoridade Marítima do Sul para a sua reabertura, “permitindo que este acervo daqui não saísse, como em tempos tememos”. “Foi um ato de boa gestão que muito valorizou as coleções que temos diante de nós e assim também se devolveu riqueza ao concelho, à região e ao país”, enalteceu o presidente da Câmara Municipal de Faro. “Este acervo, de enorme riqueza e grandiosidade histórica, representa a ligação e a devoção que os farenses e os algarvios têm para com o Mar e a Ria. Para o compreendermos basta olhar para os impressionantes painéis de Carlos Porfírio, para a coleção de Baldaque da Silva e para todos os preciosos contributos dados por aqueles que possibilitaram a abertura deste museu”. Em relação ao protocolo assinado com vista à recuperação, visibilidade e dinâmica
45
do Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão, Rogério Bacalhau reiterou a disponibilidade da autarquia e do Museu Municipal de Faro para colaborarem, dentro das suas possibilidades, para enriquecer a experiência do visitante, sem esquecer os compromissos com a conservação e o estudo dos acervos. “E para trabalhar para que a oferta museológica aqui patente receba uma nova organização, com maior coerência narrativa e uma lógica própria de exposição. Este esforço conjunto é o que nos merecem as nossas populações e todos aqueles que nos visitam, mas também a memória dos pais fundadores do Museu, uma memória que ganha um novo alento, na esperança que temos de um futuro ainda mais risonho para estas peças e para a riqueza da nossa cultura”, concluiu o edil farense .
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
46
47
ALGARVE INFORMATIVO #185
MARIA DA CONCEIÇÃO BRITO FESTEJOU 106 ANOS DE VIDA COM MUITA ALEGRIA E BOA-DISPOSIÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
rometia ser um momento emotivo e assim foi, na tarde de 22 de dezembro, sábado, no Lar da Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, onde uma residente muito especial comemorou os 106 anos de idade. A festa repete-se há sete anos, ALGARVE INFORMATIVO #185
tantos quantos Maria da Conceição Brito está a viver neste lar, onde é uma verdadeira «princesa», descreveu o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, Júlio Pereira, antes do tradicional soprar das velas do bolo de aniversário. Maria da Conceição Brito nasceu em 1912, o ano em que Gago Coutinho e 48
49
ALGARVE INFORMATIVO #185
Sacadura Cabral fizeram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, feito imortalizado em São Brás de Alportel com uma réplica artística do hidroavião Santa Cruz. A data inscrita na sua certidão de nascimento assume, por isso, um outro simbolismo, mas Maria é também a única habitante do concelho que persiste do tempo em que São Brás de Alportel fazia parte, em termos administrativos, do concelho de Faro, do qual viria a ganhar a independência a 1 de junho de 1914. Curiosidades históricas que são apenas isso, meras curiosidades, porque o facto principal deste dia 22 de dezembro foi mesmo a alegria, o sorriso espelhado no rosto, a jovialidade, vitalidade e frescura de espírito com que Maria da Conceição Brito brindou a todos aqueles que ALGARVE INFORMATIVO #185
participaram na sua festa. E pouco dada a essas coisas de protocolos e formalismos, nem foi muito fácil a Júlio Pereira, mas também a Vítor Guerreiro e João Rosa, presidentes da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, respetivamente, dizerem umas palavras, porque a aniversariante esteve sempre bastante interventiva. Foi, por isso, um emotivo e bem passado momento de confraternização com responsáveis autárquicos, utentes, familiares, dirigentes e colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel e, assim haja saúde e boadisposição, lá estaremos novamente em 2019 . 50
51
ALGARVE INFORMATIVO #185
O CIRCO COMO ELE SEMPRE DEVERIA SER, MÁGICO, DIVERTIDO, SURPREENDENTE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
ALGARVE INFORMATIVO #185
52
53
ALGARVE INFORMATIVO #185
hegados ao final de mais um ano, os aficionados pelas artes circenses ficaram mais uma vez de olhos postos em Monchique, que voltou a acolher, ao longo de quatro dias, uma inesquecível e fantástica celebração de circo como ele deverá ser nos tempos modernos, sem os constantes números de animais que poucas ou nenhumas novidades já conseguem trazer, ou as tradicionais «patetices» dos palhaços e os truques de ilusionismo que há muito deixaram de encantar uma nova geração habituada à internet, às consolas de jogos e a mil e uma outras ofertas de lazer. Isso não significa que «Saison de Cirque – As Estações do Circo» não seja divertido, antes pelo contrário, é um constante pagode do princípio ao fim do espetáculo, mas um divertimento que não é nonsense, demasiado ridículo, pois retrata, afinal de contas, as peripécias, dentro da arena e nos bastidores, da vida do «Cirque Aïtal», o projeto de um casal unido na vida e na arte. Na génese da produção estão o gigante francês Victor Cathala e a pequena finlandesa Kati Pikkarainen, que nesta nova cocriação itinerante para chapiteaux absorveram e integraram o coletivo de acrobatas siberianos de barra russa «Kanakov», o acrobata equestre Ludovic Baladin – sim, afinal temos um número com animais, o malabarista suecofinlandês Matias Salmenaho e o quarteto de músicos «Streetswing Orchestra», que produzem uma extraordinária e empolgante banda sonora ao vivo. E toda a ação se desenrola no interior de uma ALGARVE INFORMATIVO #185
54
55
ALGARVE INFORMATIVO #185
grande tenda de circo instalada no Heliporto de Monchique, com chão de terra batida, onde acontecem os números acrobáticos de barra russa, o equilíbrio mão-a-mão e com cavalos, os malabarismos e muitas correrias desenfreadas. «Saison de Cirque» é um espetáculo de circo híbrido onde se mesclam diferentes linguagens e universos circenses, que se intersectam numa atmosfera ligeiramente burlesca, viva e inebriante que arranca imensas palmas e
ALGARVE INFORMATIVO #185
ininterruptas gargalhadas do público. Porque, à medida que os números vão decorrendo na arena também se vai assistindo às peripécias que têm lugar nos bastidores, à vista de todos. E ao permanente desespero de Victor Cathala a tentar explicar ao acrobata equestre e ao malabarista como devem fazer os seus números com mais charme e glamour de modo a entusiasmar ainda mais o público, mas também para tentar controlar Kati Pikkarainen, que umas vezes quer ser a protagonista à força dos números dos seus colegas de profissão,
56
57
ALGARVE INFORMATIVO #185
noutras tenta fugir desesperadamente aos números que ela supostamente deve executar. O frenesim é constante, o ritmo é alucinante e quase nem se dá pelo passar do tempo porque, de facto, não há tempos mortos neste espetáculo, com todos os preparativos a acontecerem em tempo real e de forma atabalhoada, já que os artistas não se entendem com uma entrada da arena que é rotativa. Por isso, várias vezes entravam pela plateia adentro, sentavam-se ao colo de quem estava nas primeiras filas, enfim, um reboliço sem fim que, como é natural, mais gargalhadas despoletava em miúdos e graúdos. Uma paródia com constante ALGARVE INFORMATIVO #185
gritos e raspanetes numa língua que ninguém percebia e que tornava tudo ainda mais hilariante… e mágico para os pequenotes, sempre a perguntar aos pais o que os artistas estavam a dizer, ou como é que tinham feito isto ou aquilo. «Saison de Cirque» foi, então, um excelente espetáculo de circo, com números de uma graciosidade e grandiosidade ao alcance de muito poucos artistas, e chegou a Monchique mais uma vez integrado no ciclo «Lavrar o Mar», projeto inserido no Programa «365 Algarve» e apoiado pelo CRESC Algarve 2020, Direção Geral das Artes e Municípios de Aljezur e Monchique . 58
59
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
60
61
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
62
63
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
64
65
ALGARVE INFORMATIVO #185
RIDING A METEOR: UMA EPOPEIA CÓSMICA EM TORNO DO AMOR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Mónica Brazuna iding a Meteor não é propriamente uma banda, é mais um projeto artístico que explora ambientes eletrónicos e sonoridades acústicas para transportar o público numa viagem pintada por analogias conceptuais. Uma viagem composta, para já, por um ato com sete temas, na sua maioria instrumentais e com uma forte componente cinematográfica, que conta a história de um meteoro que já não se lembra da sua origem, nem do seu destino, entregue a um vazio galáctico. Tudo muda quando um acontecimento altera a trajetória deste corpo celeste e lhe mostra um novo Mundo, mas o desenlace final do enredo, que começou a ser conhecido com o EP «Dissolve or Collide», só deverá ser conhecido na próxima década, revela Luís Caracinha, um dos mentores do projeto, a par de Mónica Brazuna e Rui Guerreiro. “Expressei-lhes as minhas ideias sobre o que se podia criar, eles deram contributos que influenciaram o caminho a percorrer e, quando demos por nós, tínhamos um conceito bastante coeso, com uma linha condutora, mais um projeto de storytelling do que um simples produto musical”, explica o designer de profissão. “Algo que depois se pudesse espelhar por via do vídeo e fotografia, um produto mais plástico”, acrescenta o alentejano natural de Vila Ruivo, perto de Cuba. A paixão pela música vem dos tempos da adolescência, do mesmo período em que começou a estudar design, no ensino secundário. Seguiram-se várias bandas a tocar baixo elétrico, mesmo quando rumou ao Algarve, em 2007, para ingressar no curso de Design de ALGARVE INFORMATIVO #185
66
67
ALGARVE INFORMATIVO #185
Comunicação na Universidade do Algarve. “Nessa altura criei o projeto «Esfinge» de música portuguesa baseada em mitologia grega, onde fomos buscar referências de arquétipos da mitologia para fazer paralelismos com a vida contemporânea das pessoas e o estado atual da sociedade. Era uma abordagem temática bastante densa a nível de informação que juntava o poder da palavra em português e a sua capacidade de expressar muitas coisas nas entrelinhas”, recorda Luís Caracinha. «The Miranda’s», de blues, e «Up This River» com rock dos anos 60 são mais duas bandas em que ainda participa atualmente, estilos completamente díspares de «Riding a Meteor» em termos de sonoridade, um reflexo também das pessoas que convidou para o acompanharem nesta caminhada, casos de António Barradinhas, Bárbara Santos, Davis Sousa, Gabriel Costa, Helena Madeira, Ivo Ferreira e Ruben Azevedo. Um percurso que tem sido rápido, pois o projeto surgiu em meados de 2017 para participar especialmente no Festival F desse ano. “Quando fui desafiado para isto já possuía um vasto conjunto de material musical espalhado pelos meus computadores e discos rígidos e pensei que bastava ir ao «baú» selecionar umas coisas, agrupá-las e fazer um disco com 13 temas. Depois era só convidar outros músicos e um vocalista ou outro – porque eu sou péssimo a cantar – meter um pouco de eletrónica e estava feito. O problema é que tinha temas de fado, pop/rock, pop/pop, música tradicional, registos mais líricos, não batia a bota com a perdigota”, admite, com uma risada. ALGARVE INFORMATIVO #185
A tarefa, portanto, mostrou-se mais complexa do que tinha imaginado porque o processo praticamente começou do zero, com Rui Guerreiro e Mónica Brazuna, para contar a história do tal meteoro por via da música. E o primeiro ato é constituído por sete temas que devem ser tocados numa ordem específica para que o público consiga perceber o enredo, sempre com uma grande componente visual. “Num ano fizemos 18 concertos pelo país todo e em Espanha com uma banda que não tem nada editado em conjunto, que começou precisamente no Festival F de 2017, o que demonstra 68
69
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
70
alguma sensibilidade para a nossa música. No entanto, todos os concertos foram diferentes, apesar do alinhamento ser o mesmo, porque o desenrolar vai variando consoante o nosso estado de espírito e a própria acústica dos espaços”, refere Luís Caracinha. Tal só é possível porque existe uma estrutura rígida e cada um sabe perfeitamente o que deve fazer a cada momento, já que o tempo para ensaiar também é escasso, reconhece o entrevistado. “Quando temos um concerto e estivemos muito tempo parados, se calhar ensaiamos três vezes antes. Há um género de GPS que vai guiando os músicos ao longo do 71
espetáculo, o que lhes tira alguma magia e liberdade de atuar, a banda não pode flutuar tanto, mas é algo incontornável. O vocalista é de Cuba; o baixista de Castro Verde; eu estou em Faro mas ando sempre a correr de um lado para o outro; o guitarrista é da Amadora mas está agora em Faro; o baterista é de Loulé; a cantora e harpista tem muitos espetáculos a solo no país inteiro; a violoncelista é do Porto, vive em Faro, mas vai para o S. Carlos, em Lisboa, em fevereiro. Tudo isto obriga a que exista uma estrutura para não estarmos constantemente a trabalhar juntos”, justifica. ALGARVE INFORMATIVO #185
técnicos que trabalham connosco em termos de luz e som”, destaca. É em casa de Luís Caracinha que «Riding a Meteor» vai evoluindo de dia para dia, mas todos os músicos contribuem para a alma deste meteoro com as suas próprias influências, desde a música clássica pura e dura ao rock mais pesado, da música tradicional ao blues. Por isso, as versões eletrónicas dos temas normalmente são bem diferentes das que depois são tocadas ao vivo pela banda, para satisfação do entrevistado. “A lógica do projeto sempre foi muito colaborativa. É certo que há uma pessoa que vai à frente, que dá a cara, que trabalha a base, eu tenho sido a locomotiva, mas é impossível fazer isto sem todos os outros, não só os músicos, mas também a Mónica e o Rui com a parte concetual, a equipa da Epopeia, os ALGARVE INFORMATIVO #185
Imagens que, de facto, são uma presença constante nos concertos, umas editadas a partir de material já existente, outras criadas de propósito para o projeto, e a lírica das canções também não falta ao vivo, porque os versos escritos por Rui Guerreiro são, por vezes, muito técnicos. “Fomos buscar termos à física e astrofísica para expressar a mensagem que queríamos transmitir, porque é a história de um meteoro que se encontra perdido no espaço e que, ao cruzar-se com algo que o atrai, vai entrar num outro corpo celeste que espelhamos como se fosse a Terra, mas que gostávamos que pudesse representar a multidimensionalidade 72
73
ALGARVE INFORMATIVO #185
que algumas teorias relatam”, esclarece Luís Caracinha. “É verdade que o tema do espaço está muito na moda nos últimos anos, mas o nosso conceito é sobre o «apaixonar-se» e quem não vê isso é porque não percebe nada do que estamos a dizer. O que é que acontece quando uma coisa que está perdida se cruza com outra que tem uma força gravitacional tão grande? É como uma pessoa depressiva, triste, sem rumo, e de repente aparece uma força que a atrai e lhe muda todo o sentido de vida. O problema desta história é que aquilo que é atraído é tão pequeno que tem medo de chocar com o outro corpo e destruirse por completo”.
espetáculo tocado ao vivo, neste momento, relata a segunda parte do enredo, quando o ser atraído é captado pelo atractor e colide. O ato da préatração deverá sair em novembro ou dezembro de 2019, num formato mais acústico e sinfónico, e o desenlace final, o pós-colisão, está previsto acontecer já em 2021, numa componente mais eletrónica. “O nosso objetivo seria, em 2022/23, fazer um concerto de quatro horas, com intervalos para o pessoal ir à casa-de-banho, onde contamos a história toda desde o início até ao fim. Vamos ver o que acontece, porque estas coisas de bandas atrasam sempre um bocadinho”, termina, com um sorriso .
Uma história que vai ser contada ao longo de três grandes atos, sendo que o
ALGARVE INFORMATIVO #185
74
75
ALGARVE INFORMATIVO #185
«UMA TORNEIRA NA TESTA» SENSIBILIZOU MAIS NOVOS PARA O DESPERDÍCIO DA ÁGUA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO #185
76
77
ALGARVE INFORMATIVO #185
e 15 a 21 de dezembro foram 13 as sessões, mais três do que as inicialmente previstas, que o VATe – Vamos ao Teatro da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve realizou de «Uma Torneira na Testa». A 19.ª produção do serviço educativo da prestigiada companhia liderada por Luís Vicente foi a cena no autocarro estacionado no Jardim Manuel Bívar e contou com a participação de quase quatro centenas de crianças de todo o concelho, sendo um divertido diálogo entre duas personagens que apelou à importância da educação ambiental e do uso consciente da água. “Imaginem um mundo sem água, sem o som dos animais, sem o som dos rios, sem o cheiro das flores…um mundo seco, completamente seco”. Este é o sonho do Sr. Desperdício que, por via de um plano maquiavélico, pretende acabar com toda a água do planeta. O feitiço volta-se, contudo, contra o feiticeiro, pois o vilão da história, interpretado por Luís Manhita, de repente deixa de poder beber o seu tão apreciado sumo de laranja ou comer a muito desejada gelatina. ALGARVE INFORMATIVO #185
78
O Sr. Desperdício acaba por perceber que a água é para poupar porque sem ela não se pode viver e assim se conclui, de forma feliz, esta história. Água, chuva, seca, corpo humano, sede, rega, incêndios, oceano, poluição, alterações climáticas, em tudo existe um denominador comum, a água e a sua escassez. O conceito do espetáculo é de Gustavo Tuti Nunez, com Criação, Texto e Manipulação de marionetas a cargo de Luís Manhita e Raquel Ançã, sendo que as marionetas são idealizadas por Natacha Pereira. A Direção de Atores/Manipulação é de Jeannine Trévidic, com Desenho de Luz de Octávio Oliveira, Operação de Luz e Som de Adriana Pereira, Música de Luís Manhita, Arranjos Musicais de Nuno Balbino e Voz de Anapi, contando ainda com o apoio aos figurinos de Gianni Bach. O projeto do VATe é coordenado por Jeannine Trévidic e a Direção de Produção é de Luís Vicente. E, depois da «residência» no Jardim Manuel Bívar, em Faro, o autocarro do serviço educativo da ACTA vai fazer-se à estrada a partir de janeiro, numa itinerância que o levará a visitar escolas do barlavento ao sotavento, para levar esta importante a ainda mais crianças .
79
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
80
81
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
82
83
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
84
85
ALGARVE INFORMATIVO #185
companhia erva daninha trouxe 1.5c ponto de equilíbrio ao teatro das figuras Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
ALGARVE INFORMATIVO #185
86
87
ALGARVE INFORMATIVO #185
epois de, em julho do ano transato, ter participado no Festival Cenas na Rua, em Tavira, com «E-nxada», a Companhia Erva Daninha regressou ao Algarve, mais concretamente a Faro, para apresentar, no dia 20 de dezembro, no Teatro das Figuras, «1.5ºC Ponto de Equilíbrio». Dirigido para o público escolar e com Direção Artística de Julieta Guimarães e Vasco Gomes, o espetáculo foi criado e é interpretado por Vasco Gomes, com Conceção Plástica de Julieta Guimarães, e é um solo de circo contemporâneo, com malabarismo, manipulação de objetos e equilíbrios onde o espaço, o ambiente e o som transportam a assistência numa viagem de desafios e surpresas.
ALGARVE INFORMATIVO #185
O enredo é simples: no limiar da sobrevivência, um ilhéu tenta resistir à solidão. Com os últimos recursos naturais e com a agilidade do seu último habitante, este pedaço de terra adaptase, transforma-se e renova-se, numa reflexão sobre a poluição dos oceanos através da relação de um homem com os seus objetos e ambiente, numa ilha onde o plástico e a água se confundem. “Nesta pequena ilha, o cenário e a ação refletem a fragilidade e equilíbrio dos ecossistemas, a poluição e as alterações climáticas”, explicam os elementos da Erva Daninha, num alerta dirigido aos mais novos, aos homens e mulheres de amanhã e àqueles que mais facilmente conseguirão influenciar a geração atual para a adoção de comportamentos mais amigos do ambiente . 88
89
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
90
91
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
92
93
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
94
95
ALGARVE INFORMATIVO #185
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO #185
96
97
ALGARVE INFORMATIVO #185
ussa, Maro e Jaguar Jaguar foram os protagonistas da primeira passagem do Festival Termómetro por terras algarvias, no dia 21 de dezembro, no Teatro das Figuras, em Faro. Criado em 1994, o festival é uma ideia original do radialista e apresentador Fernando Alvim e ostenta, ao longo de quase um quarto de século, um histórico impressionante. De facto, foram no Termómetro que muitas bandas e artistas que hoje esgotam salas de espetáculo se viriam a revelar, casos de Ornatos Violeta, B Fachada, Capicua, DJ Ride, Mazgani, Ana Bacalhau, David Fonseca, Noiserv, Richie Campbell, Tatanka, Quelle Dead Gazelle ou quartoqaurto. Foram mais de 500 bandas e artistas a pisar o palco deste festival que já passou por cidades como Braga, Guimarães, Coimbra, Leiria, Aveiro, Porto e Lisboa, rumando desta feita ao sul para um animado serão de sexta-feira. A primeira artista a subir ao palco do Teatro das Figuras foi Russa, rapper nascida no Ribatejo e a residir atualmente no Algarve. Durante a sua infância e adolescência teve pouco contacto com o meio artístico e até com a música. Aos 18 mudou-se para Lisboa e ALGARVE INFORMATIVO #185
98
99
ALGARVE INFORMATIVO #185
ficou muito mais exposta à arte urbana, não admirando que, três anos depois, tenha começado a escrever os primeiros poemas. Entretanto, seguiu o curso académico tradicional, tirou um curso universitário e só aos 22 anos é que surge o seu primeiro rap. A sua vida levou-a a mudar de casa mais de 10 vezes e a morar em cinco países diferentes, entre eles a Rússia, onde foi buscar o seu nome artístico. E, depois de alguns projetos amadores, a rapper lançou em março de 2018 o seu primeiro álbum, numa vertente mais profissional e ambiciosa. Seguiu-se no palco Maro, ou Mariana Secca, jovem cantora lisboeta a viver do outro lado do Atlântico, na cidade norte-americana de Los Angeles, com um pop acústico de grande qualidade. A sessão algarvia do Festival Termómetro terminou em apoteose com os belgas Jaguar Jaguar, irreverentes, divertidos, um rock multicultural com influências de outras sonoridades e a prometer uma bemsucedida carreira . ALGARVE INFORMATIVO #185
100
101
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
102
103
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
104
105
ALGARVE INFORMATIVO #185
PROFISSIONAIS REUNIRAM-SE NA UNIVERSIDADE DO ALGARVE PARA ESCLARECER SOBRE LINFEDEMA Texto: Sara Rosado e Pedro Amorim Um contributo Associação Semear Saúde
ealizou-se, a 24 de novembro, na Universidade do Algarve – Campus da Penha, a primeira reunião sobre Linfedema no Algarve, uma iniciativa da Associação ALGARVE INFORMATIVO #185
Nacional de Doentes Linfáticos (ANDLinfa), em parceria com o «Espaço Saúde em Diálogo» de Faro e com coordenação científica do cirurgião vascular Pedro Amorim. A reunião contou com um painel de profissionais multidisciplinar que deu o seu contributo no sentido de esclarecer e/ou 106
informar os profissionais de saúde e os doentes acerca da doença. O linfedema é uma condição extremamente debilitante com consequências a vários níveis: na qualidade de vida, autoestima, a nível financeiro – pela não existência de apoio social e, sendo a atividade física importante no tratamento, ela também está limitada pela doença. A evidência científica no linfedema não é consistente nem vasta. Neste sentido, a reunião pretendeu reunir o conhecimento mais recente, de forma a esclarecer e discutir aspetos relacionados com o diagnóstico diferencial, a gestão e tratamento da doença. Na primeira parte da reunião, Pedro Amorim enquadrou o tema, fazendo uma
107
breve e esclarecedora introdução ao Linfedema, que ocorre quando um fluido, conhecido como linfa, se acumula nos tecidos moles resultando num edema/inchaço. Trata-se de uma doença crónica que pode acontecer em qualquer idade e em qualquer parte do corpo. A linfa é um líquido incolor que circula nos vasos linfáticos e é responsável pela eliminação de impurezas que as células produzem, sendo, por esse motivo, uma importante componente do sistema imunológico. O Linfedema pode ser classificado em primário, quando não existe uma causa externa bem definida, pode ser por malformação de vasos ou gânglios linfáticos, ou pela ausência de vias linfáticas; ou secundário, quando ocorre
ALGARVE INFORMATIVO #185
como consequência de uma cirurgia (por exemplos uma mastectomia) ou tratamentos que lesaram o sistema linfático. O diagnóstico diferencial é extremamente importante em caso de edema. João Vieira esclareceu que um edema de um membro pode ter diferentes etiologias e só uma avaliação criteriosa consegue clarificar a sua origem, para depois se definir a melhor abordagem interventiva. Através de uma explicação da fisiopatologia foi possível entender que um mau diagnóstico condiciona muito o sucesso da intervenção. O ecodoppler parece ter um papel relevante no diagnóstico do edema dos membros inferiores, como explicou Gonçalo Sousa. É um exame simples e dinâmico que permite sem radiação ou
ALGARVE INFORMATIVO #185
custos elevados uma primeira abordagem no diagnóstico diferencial das situações de edema dos membros. Participa assim no diagnóstico de exclusão em que o linfedema tantas vezes é remetido. A gestão da doença crónica tem sido um tema bastante debatido na área da saúde nos últimos tempos pelo impacto que uma condição deste tipo tem na qualidade de vida da pessoa e na sua funcionalidade. Sendo o Linfedema uma doença crónica, estes aspetos foram abordados na segunda parte da reunião. Assim, Alda Martins (psicóloga e responsável pelo Espaço Saúde em Diálogo em Faro) abordou a questão da autoimagem em pessoas com Linfedema, atendendo ao facto de que a
108
imagem corporal se altera e que essa alteração tem impacto em vários aspetos da vida das pessoas com esta condição, nomeadamente a nível psicossocial, emocional e sexual. O acompanhamento psicológico pode ter um papel importante nesta gestão e é muito importante procurar essa ajuda atempadamente para que se possam prevenir e/ou tratar outros problemas do foro psicológico. A Nutrição é outro dos aspetos que se tem revelado crucial na gestão da doença crónica e mesmo na prevenção de variadíssimas doenças. O excesso de peso como fator de risco para o desenvolvimento e progressão do Linfedema dá ênfase à importância da gestão nutricional diária. Apesar dos estudos com população com Linfedema 109
serem escassos e com amostras reduzidas, Maria Palma Mateus, juntamente com a nutricionista Luísa Geada, assinalaram a importância de uma alimentação anti-inflamatória, com um valor calórico adequado à pessoa e priorizando a dieta mediterrânica. Este tipo de dieta parece ser muito rico a nível nutricional, contendo os nutrientes e vitaminas necessários para uma alimentação saudável e equilibrada. Além da nutrição e da autoimagem, é importante perceber a experiência de doentes que vivem diariamente com esta condição e Manuela Lourenço Marques e Rita Galvão deram o seu testemunho como doentes de Linfedema Primário. As duas estiveram em tratamento na Földi Klinik, uma ALGARVE INFORMATIVO #185
unidade de internamento de referência mundial na área da linfologia, assinalaram a importância de uma abordagem multidisciplinar e diferenciada e mostraram os resultados de um mês de tratamento na Alemanha. Por último, na terceira e última mesa desta reunião falou-se sobre o tratamento do Linfedema. Nesta condição é extremamente importante que sejam mantidos alguns cuidados com a pele, dado que o processo de cicatrização é mais difícil e moroso do que o habitual e há uma maior predisposição para as infeções, que agravam bastante o linfedema. Sendo o sistema linfático um fator importante no sistema imunológico e havendo falhas neste sistema aquando desta condição, torna-se relevante saber como tratar feridas no Linfedema. A enfermeira Rita Marques, com vasta experiência nesta área, enfatizou a necessidade de se controlar o edema para que a ferida possa ALGARVE INFORMATIVO #185
cicatrizar, abordando a importância da correta higienização e hidratação da pele nestes doentes. Consultar um profissional apto para o tratamento de feridas e com conhecimento sobre a fisiopatologia do Linfedema é crucial para acelerar o processo de cicatrização e evitar as infeções. A investigação biomédica também teve lugar neste último momento da reunião. Carlos Gonçalves, vencedor do prémio Startup Nano, pelo desenvolvimento de uma manga compressiva que mimetiza massagens de drenagem linfática, partilhou com a audiência os passos para a criação desta inovadora manga. O objetivo não será substituir os profissionais de saúde especializados em tratamento de edema, mas, quem sabe, reduzir a dependência dos doentes face a estes tratamentos. Por enquanto, o sistema só existe para membro superior e ainda 110
não é um dispositivo médico, faltando a certificação através de testes numa amostra significativa, o que acarreta um grande investimento. No entanto, é uma esperança na gestão da doença e no empoderamento do doente.
população. Contudo, é necessária uma avaliação criteriosa, começar com cargas reduzidas, número reduzido de repetições e progressão gradual, preferencialmente com acompanhamento de um especialista.
Ainda neste terceiro momento da reunião houve oportunidade de desmitificar alguns mitos relacionados com o exercício físico na população com Linfedema. A fisioterapeuta Sara Rosado abordou os inúmeros benefícios de um programa de exercício físico personalizado e com base numa avaliação criteriosa. O exercício físico tem inúmeros benefícios comprovados para a população em geral, no entanto, alguns princípios fisiológicos levaram os profissionais a restringir o exercício nos pacientes com linfedema durante muitos anos. Desde há 10 anos que essa medida tem sido contestada, visto que existe evidência forte dos benefícios do exercício físico nesta
A última comunicação da reunião ficou a cargo de Ana Catarina Hadamitzky, que fez um apanhado das técnicas cirúrgicas passadas e mais recentes para o tratamento e quiçá a cura destes doentes. Desde a cirurgia mais ablativa tradicional, passando pelas fístulas veno-linfáticas e terminando nas mais avançadas técnicas de microcirurgia de criação de anastomoses (ligações entre os vasos) linfo-linfáticas há algumas opções que merecem ser ponderadas e que na altura certa da doença podem devolver qualidade de vida a quem sofre desta condição .
111
ALGARVE INFORMATIVO #185
SENTE O SEU CORPO SOBRECARREGADO? A DIGESTÃO PESADA? OU TALVEZ UM CANSAÇO MAIS INTENSO? ENTÃO TALVEZ ESTEJA NA ALTURA DE DAR MAIS ATENÇÃO A ALIMENTOS QUE PROMOVEM O BOM FUNCIONAMENTO DOS SEUS ÓRGÃOS, OS CHAMADOS ALIMENTOS PURIFICADORES. Texto: Vera Belchior Um contributo Associação Semear Saúde nosso corpo, especialmente o fígado e os rins, trabalham arduamente para eliminar do nosso corpo tudo aquilo que não nos serve e com os dias que correm, onde estamos constantemente expostas a fatores tóxicos, é benéfico dar-lhe um empurrãozinho para que desempenhe as suas funções de forma bem mais otimizada, concorda? É aqui que entra a alimentação e existem muitas frutas e vegetais que potenciam essa limpeza. Maçãs: As maçãs contêm grandes quantidades de pectina, uma fibra que se liga a substâncias como o colesterol e metais pesados para auxiliar a sua correta eliminação. Abacates: O abacate contém grandes quantidades de glutationa, um forte antioxidante que ajuda a transportar ALGARVE INFORMATIVO #185
substâncias nocivas para fora do corpo. É uma molécula muito valorizada no campo científico e medicinal, cujos efeitos incluem a sua ação antioxidante e antiinflamatória. Alguns investigadores consideram que a glutationa (GSH) é tão importante para a nossa saúde que o nível dela nas células pode ser considerado um medidor natural da longevidade. Felizmente, o nosso corpo também pode produzir glutationa, sendo que temos assim mais um motivo para potenciarmos as quantidades deste antioxidante no nosso corpo. Beterrabas: A beterraba é uma excelente fonte de betaína, uma substância que melhora a função hepática e protege os ductos biliares. Come em sopas, saladas ou assada no forno. Repolho: O repolho contém grandes quantidades de enxofre que o fígado precisa para eliminar aquelas substâncias nocivas como os pesticidas. O enxofre, que é uma parte importante da 112
glutationa, liga-se aos metais pesados, ajudando a removê-los do corpo. Mirtilos e frutos vermelhos em geral: Ricos em vitamina C e antioxidantes. Os mirtilos contêm muitos nutrientes necessários para o correto funcionamento hepático e, se estiver 100 por cento operacional, também nos ajudará a eliminar as substâncias que não queremos no nosso corpo de forma mais eficaz. Além disso, também são úteis para uma boa manutenção do sistema linfático, que é parcialmente responsável pela remoção do excesso de líquidos e resíduos do corpo. Alho: Excelente fonte de enxofre. Além disso, também contém propriedades antivirais e antibacterianas. Limão: fornece vitamina C, um poderoso antioxidantes e um componente-chave na produção de glutationa .
113
ALGARVE INFORMATIVO #185
SIMPLICIDADE NUM PROCESSO COMPLEXO Texto: Rui André Um contributo Associação Semear Saúde
prática de atividade física traduz atualmente um comportamento de relevo na promoção de um estilo de vida saudável. Muitos estudos têm demonstrado prevalência de inatividade e comportamentos sedentários nas pessoas com doença metabólicas e cardiovasculares. A inatividade física é ALGARVE INFORMATIVO #185
considerada o quarto fator de risco de mortalidade a nível mundial. Os números têm vindo a aumentar e podemos considerar que 31 por cento dos adultos são classificados como fisicamente inativos. Os benefícios da adoção de um estilo de vida ativo têm sido alvo de crescente interesse, tanto na população saudável como na população com sobrepeso ou 114
obesidade. Não podemos encarar a obesidade de ânimo leve, ela é a epidemia do século XXI, é uma condição complexa de dimensões sociais e psicossociais consideráveis. É considerada como um problema de aumento calórico, contudo, muitos estudos recentes demonstram que é, sobretudo, devido a um baixo dispêndio energético e consumo exagerado de alimentos. Um estilo de vida sedentário e uma dieta hipercalórica caracterizam a sociedade dos países ocidentais e parecem ser os fatores mais importantes do desenvolvimento da obesidade. O exercício físico diminui o peso, a acumulação de gordura visceral, os triglicerídeos, a hipertensão arterial, aumenta o C-HDL e melhora a sensibilidade à insulina. Por outro lado, a redução do peso proporciona uma diminuição da hipertensão arterial, das dislipidémias e da glicémia. As recomendações da Atividade Física da American Heart Association (AHA) indicam que as pessoas em geral devem praticar 30 a 60 minutos de atividade física por dia, de intensidade moderada, de preferência cinco dias ou mais por semana. Deve ser dada preferência a atividades aeróbias de baixo impacto, aumentando progressivamente o volume. A receita parece simples? E é simples, tão simples quanto uma receita de um livro de culinária. Mas a importância desta receita não está nas letras que a descrevem, mas sim na forma como a preparamos. No exercício físico, no treino propriamente dito, passa-se exatamente o mesmo… a facilidade com que encontramos planos de treinos mágicos e 115
exercícios milagrosos traduz-se numa suposição errada. Como na cozinha precisamos de um grande chef para tornar a receita apelativa e única, no treino precisamos de um Personal Trainer, alguém especializado na área. Descobre aquele com quem mais te identificas e segue um caminho. Encontra a melhor solução e abraça os objetivos estabelecidos no ponto de partida, a avaliação física inicial. Começamos por aqui: Temos de dar entre 7.500 a dez mil passos por dia, o que corresponde a 30 minutos de atividade física moderada. Temos de ter um consumo energético entre os 1.500 e as duas mil kcal/semana ou entre 6.5008.500 passos/dia. Se ainda estás a fazer contas aos teus passos diários, não faças! Este é o momento certo para mudares e começares. Cada hora de tempo sedentário por dia está associada a um aumento de 2 por cento no risco de morte por todas as causas; o risco parece aumentar quando a pessoa está mais do que sete horas sentada por dia, com um aumento de 5 por cento por cada hora acrescida nesse comportamento. Como é sabido, a obesidade e o exercício físico caminham em sentido inverso: quando o exercício não está presente, a tendência para aumentar de peso é maior. Portanto, vamos tomar consciência, vamos marcar pela diferença, vamos treinar e adotar um estilo de vida saudável, por nós e por aqueles que estão á nossa volta. Bons treinos! . ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
116
117
ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO
De lobby em lobby Paulo Cunha (Professor) este novo tempo, de tanto se ouvir falar em «fazer looby» para isto e para aquilo, facilmente aceitamos que o termo já entrou no vocabulário de todos os que usam a política como forma de estar e governar a vida. Fazendo a tradução literal para a língua portuguesa, podemos definir a palavra lobby como corredor, antessala ou saguão, mais concretamente: um local de acesso público. O termo lobby é definido no âmbito da ciência política como a influência que se pretende ter em determinadas decisões políticas, em conformidade com orientações e interesses sociais e/ou económicos. Outro significado aplicado ao termo é a de ser uma atividade de pressão, cujo objetivo é interferir nas decisões, geralmente em função da concessão de favores particulares a grupos específicos. Mas como terá então surgido esta forma de tentar convencer, demover, condicionar, persuadir ou até seduzir alguém? Existem duas explicações baseadas em relatos históricos que indiciam o início desta atividade. Ambas indicam a atividade como sendo uma tentativa de influenciar os governantes a apoiar um determinado interesse ou até mesmo uma decisão política. A primeira indica o seu surgimento no século XIX, nos Estados Unidos, em ocasiões que antecederam as eleições presidenciais. Os candidatos tinham o hábito de ficar hospedados em hotéis de luxo, locais esses que acomodavam enormes halls de entrada e que serviam de palco para diversos debates de interesse para os futuros presidentes e para os diversos representantes de empresas. A outra versão relata ter-se registado em Inglaterra o nascimento desta atividade, na então denominada Câmara dos Comuns, lugar onde os parlamentares eram abordados antes das reuniões. Nesta sala, os representantes questionavam, reclamavam e cuidavam dos seus reais interesses.
ALGARVE INFORMATIVO #185
Não sendo uma atividade profissional nem socialmente reconhecida no nosso país, sabemos que existem lobistas camuflados que «puxam os cordelinhos para que as coisas aconteçam». São aqueles que praticam a atividade, seja por interesse próprio ou por intermédio de uma determinada organização, governo ou partido político. O lobby não se limita apenas à esfera política e legislativa, tratase de uma atividade bastante estudada no campo da ciência política, tanto pela sua ampla capacidade de influenciar o poder, como também pelo específico procedimento de tomada de decisões. Por isso pode ser avaliada como negativa devido aos chamados grupos de interesse ou aos grupos de pressão que exercem funções com conotação negativa, contrariando assim a origem do seu significado. Muitas vezes, esses grupos não possuem um objetivo ou ideia organizada e formal, agindo apenas com o intuito de defender uma posição ou impor as suas ideias a quem toma as decisões. Sendo o termo «fazer lobby» facilmente associado ao tráfico de influências, importa, cada vez mais, consciencializarmo-nos que muitas ações e medidas que são tomadas pelos decisores democraticamente eleitos já foram «trabalhadas» nas antecâmaras dos vários tipos de poder instituídos. Da mesma forma que nem tudo o que parece é, também nem tudo que parece acontecer naturalmente, naturalmente acontece. Não sendo, declaradamente, um país de lobby, Portugal tem nos seus famigerados almoços de negócios, associações, agremiações, tertúlias, sociedades (secretas) e clubes de vária índole outras formas de poder. Pequenos poderes que, somados, fazem do lobby uma forma de influenciar grandemente as nossas vidas. Como já alguém disse: “Em terra de cegos quem tem um olho é rei!”. Por isso, aqui deixo esta reflexão em jeito de lembrete… para que os mantenhamos bem abertos, os olhos! . 118
119
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
120
OPINIÃO
Quando no rosto nascem flores Adília César (Escritora) sempre tarde quando te olhas ao espelho. Imagem densa, palpitante, ainda bem viva. Habitas a casa imensa, feita de violinos mudos encostados uns aos outros. Todas as orientações espaciais são exequíveis, todos os movimentos são possibilidade sonora. Partem-se os sons em fragmentos dos dias, por entre horas de silêncio pousadas nas cinco linhas da pauta que é a tua vida. No meio dessa melodia desafinada, está o teu corpo sinuoso como um violino, ondeando numa bela canção. Mas não há quem a cante.
É
A Festa acabou. Nasceu outra vez o Menino que sabemos que vai morrer. Para nos salvar, disseram-nos. Para sermos perdoados de todos os males deste mundo. Mas quais são, afinal, os males deste mundo? Porque estagnou a água da infância no deserto da vontade humana? Nascem tantos meninos com o fim colado nesse princípio. Como apagar o precipício por onde caem os que não têm nome nem rosto? Olhas-te ao espelho e não reconheces a tua imagem total. É muito tarde nas tuas novas rugas, cada vez mais profundas. Lês nos sulcos negros as palavras de ordem dos recémnascidos, as ladainhas de boas vindas neste lugar que reservámos para todos eles: uns, deitados nos berços de veludo e outros, enterrados a sete palmos de terra. Mas há uma alegria que parece genuína no brilho das estrelas. Elas adormecem nos olhos pequeninos e tu ficas presa a esse lugar de amor e esperança, o lago imaginário onde os peixes dançavam à volta da menina que tu eras. A imagem da água é agora um grande vazio da memória. De que serve chorar? Sabemos que o Menino tem um duplo desígnio, particular e universal. Mas vemos nascer as flores da morte no seu rosto, a cada dia que passa: tu já sabes, foi por isso que ele nasceu. Para que o destino de outros desafortunados meninos seja exactamente o 121
mesmo, o do sofrimento. Nos confins do mundo, longe dos jardins que plantamos na infância perfeita e idealizada, que afinal não existe. Amal Hussain, de sete anos de idade, morreu de fome num hospital de um campo de refugiados, no meio da maior crise humanitária do mundo actual, no Iémen. Estima-se que desde o início da guerra, em 2015, morreram cerca de oitenta e cinco mil crianças, de fome, doença e falta de cuidados. A sua imagem retrata um pequeno corpo consumido pela injustiça. No rosto, belo como uma flor, a luz da esperança, ainda e sempre a esperança. Um jardim onde ela previu que também nasceriam as flores da morte. É impossível não me comover, é imperioso chorar por Amal. Pedir-lhe perdão por tudo o que não conseguimos fazer para a salvar. Falo com a mulher que vejo no espelho e vejo a criança que fui na infância de amor e felicidade. Vejo tudo aquilo a que tive direito. Agradeço, por isso, a quem cuidou de mim, a quem me amou. E vejo o infortúnio de Amal, que se tornou num símbolo da nossa vergonha: mais do mesmo, o espanto de nos habituarmos a estas formas de vida. O tempo também morre e atirámos foguetes à noite para celebrar a tragédia da passagem de um ano inteiro em que não fizemos nada que valesse a pena - cálices ao alto, vivas ao alto. Destinado ao tempo novo, o esperado ano chegará sempre depois da meia noite, por incrível que pareça, ano após ano em dezembro, o mês do nascimento do Menino Jesus, em festas forçadas de ridícula abundância e desperdício, para esconder a nossa falta de humanidade. Cálices ao alto, vivas ao alto, injustiças ao alto. Vemos e ignoramos. Afinal, tudo está no seu devido lugar. Bom Ano para todos nós, se ainda formos capazes de alguma bondade . ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO
Do Reboliço #21 Ana Isabel Soares (Professora) hegava ao fim a tarde do último dia do ano. Com o refrescar súbito da aragem, já o vento bem bulia, o Reboliço recolheu à cozinha da casa, para perto da lareira que ardia quase ininterruptamente desde antes do Natal. Na rua, os dias estavam mornos enquanto o sol estivesse alto. Depois disso, desciam os graus no termómetro como alguém assustado desce, sem olhar sequer, os degraus de uma escada (e, antes disso, subiam tão lentos como se carregassem aos ombros a mais gigantesca esfera de pedra). Foge, Reboliço – e o bicho acoitava-se à direita do fogo, que do lado contrário ficava a grande panela de ferro preto onde a água se mantinha pronta para lavar a louça, ou outra precisão semelhante. O lado direito era o mais sossegado, apesar das crianças, das mães e dos pais, dos trânsitos entre fogão e mesa, e dos retrânsitos. Encolhia-se debaixo da camilha – sobre a qual nenhuma toalha se demorava, todas com algum líquido derramado, alguma cinza entornada, alguma nódoa milagrosamente solitária no meio da agitação – e ficava a ver o movimento. Foi assim que viu abrir-se a mesa grande para ficar maior ainda, guardarem-se as cadeiras mais funcionais e aparecerem as mais velhas e mais bonitas. Viu a lâmpada por cima da mesa agora comprida ganhar um vestido de celofane, enquanto alguém ralhava com algum dos moços pequenos, outro choramingava e outro ria à gargalhada. “Mas sabe-se se vem a tia ou não?”. “Esta manhã disse-me ‘Até logo,’ é que vem”. “E se lhe ligassem, a saber?”. “Deixem-na estar, se aparecer aparece”. E ficava a primeira com uma pilha de pratos na mão, sem saber quantos dispor sobre a toalha. “E quantos talheres...”, ia perguntar, mais uma vez, quando ouviu a voz de outro alguém que de ALGARVE INFORMATIVO #185
tarde jurara que não sairia de casa para celebrar o Ano Novo: “Ah, sempre vieste! Que bom!”, enquanto ajeitava novo conjunto de pratos, copos, talheres e cadeira. Foram chegando. Aos onze que a casa já tinha, somavam-se entretanto três, quando soou o telefone: “Se sempre me querem aí, venham buscar-me antes que mude de ideias, que tarda nada visto o pijama e tranco a porta”. Foram, está claro. “Ponho quinze pratos, então”. O Reboliço assistia, de vez em quando fechava os olhos a aconchegar-se ao morno que suava dos tijolos da lareira, ou a escapar ao arrepio que vinha com uma passagem mais rápida de pernas e pés perto dele. Lembrava-se de quando a cozinha era mais pequena mas cabia nela mais gente, entre os velhos que já estavam o moleiro e a mulher, os filhos mais e menos moços, por ocasiões destas festas. Eram o Natal e a Páscoa que costumavam juntar gente na casa do Moinho Grande – mas o Ano Novo trouxera também algumas boas reuniões. (Uma vez, tricotou-se um cachecol desde o fim do dia até à meia-noite.) Começava a noite do último dia do ano. O Reboliço ouviu no relógio dar oito e meia. Tudo estava já amalhado em volta das mesas – os grandes quase todos na mesa grande, os pequenos sentados à mesa pequenina, com as mães de roda deles, a vigiar. Estava quem estava, ia-se comer – foi quando viu abrir-se a porta da rua. Esfregando as mãos ainda geladas e batendo na tijoleira os pés para afugentar o frio, entraram para o calor da cozinha os dois casais que faltavam . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 122
Foto: Vasco Célio 123
ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO
A magia de um pitch de sucesso Fábio Jesuíno (Empresário) m empreendedor ambiciona sempre o sucesso, principalmente no início de um novo ano, onde são planeados uma série de objetivos a serem concretizados. Uma ferramenta indispensável para o sucesso desses objetivos é o pitch, que é uma apresentação com a duração entre três a cinco minutos onde se pretende despertar o interesse do publico, podendo ser usado nas mais diversas situações, desde investidores, clientes ou parceiros. O pitch deve ter um conteúdo diferenciador e ser apresentado verbalmente. Deve ser construído em seis fases: 1 – Qual é a oportunidade 2 – O mercado alvo 3 – Solução do problema 4 – Os fatores diferenciadores 5 – O que está à procura 6 – Conclusão rápida Estas fases são genéricas e podem ser adaptadas ao objetivo da apresentação, o que é importante é demonstrar claramente os fatores diferenciadores, o seu conhecimento e a capacidade de execução. Uma dica importante é a criar duas ou três versões do seu pitch com o propósito de ser adaptado ao perfil de quem está a ouvir, devem ser criadas emoções ou surpresa para despertar um maior interesse. Fase 1 e 2 – Qual é a oportunidade e o mercado alvo Devemos iniciar um pitch indicando a oportunidade que a sua empresa ou projeto está a responder, mostrando qual é o mercado e a sua necessidade. Exemplo: “Vamos resolver os problemas de atraso na distribuição de correio”. O mercado é «distribuidoras de correio» e a oportunidade «problemas de atraso na distribuição». Fase 3 – Solução do problema De seguida, mostre a solução que criou para dar resposta a oportunidade, destacando já a sua ALGARVE INFORMATIVO #185
inovação. Exemplo: “Através da utilização de drones desenvolvidos com tecnologia própria com monitorização em tempo real”. Aqui detalhamos o funcionamento e destacamos a inovação «tecnologia própria». Nesta fase é importante mostrar um auxiliar visual, amostras do seu produto ou serviço, fotos de um protótipo para facilitar a compreensão da sua capacidade de execução. Fase 4 – Os fatores diferenciadores Nesta fase é onde acontece a magia, é decisivo reforçar e mostrar novas vantagens da nossa solução ou projeto perante o mercado. Exemplo: “Os nossos drones com tecnologia própria, diferente do líder de mercado, vai permitir poupanças no transporte utilizando energias renováveis”. Fases 5 e 6 – O que está à procura e conclusão rápida No final do pitch, perante um investidor, deves dizer qual é a fase de desenvolvimento do teu negócio, o valor de investimento que procuras e para o que será utilizado. Deve terminar com uma conclusão de impacto que fique na memória. Exemplo: “Possuímos um drone a funcionar e realizamos testes supervisionados pela empresa X, estamos à procura de um investimento de X euros para concluirmos o desenvolvimento da tecnologia, fabricar mais drones e concluir negociações com os primeiros clientes”. Terminando com “estamos preparados para revolucionar um mercado tradicional com grandes perspetivas de crescimento”. É muito importante um treino com a equipa ou amigos para pedir opiniões e sugestões de melhoria, ganhando dessa forma confiança e mais descontração. Um pitch pode ser adaptado às mais diversas situações e, se for bem conseguido, vai mudar o futuro de um empreendedor ou de uma empresa. Já ganhei muitos clientes com esta ferramenta que treino constantemente . 124
125
ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral
É um desassossego Carla Serol (Uma Loira Qualquer) ão vos vou falar da inigualável obra de Pessoa, nem tão pouco do desassossego que este vivia ao ter que lidar com todos os seus heterónimos, uma vez que eu sou só uma e tem dias que sinto que poderia escrever um livro capaz de arrasar com o «Guerra e Paz» do Liev Tolstói. É que desde que tive conhecimento que o Presidente Marcelo faz telefonemas encorajadores a jovens trabalhadoras, e coincidentemente loiras, que vivo num verdadeiro desassossego. Vivo ansiosamente à espera que o meu telefone toque e que do outro lado esteja o Presidente dos presidentes, o presidente de todos nós, o nosso Presidente da República! Vivo numa angústia ansiosa, quase semelhante ao stress pós-traumático de que padecem os sobreviventes de uma qualquer guerra, que basta ouvirem bater uma porta e logo se jogam ao chão em busca de uma trincheira. Acho fofinho o Sr. Presidente ter iniciado este tipo de presidência, acho mesmo. É um presidente que nos dá colinho, que nos dá o ombro para chorar. É quase uma espécie de pai presidente, que nos passa a mão pela cabeça e nos acerca para si enquanto nos beija a testa. Um presidente que nos liga logo pela manhã: “Então Isabel? Daqui é Marcelo Rebelo de Sousa! Já tem os meninos prontos para a escola?! Estou a ligar-lhe só para lhe dar muita força para o dia de hoje! Aguente firme, crescem num instante! Eu estou consigo!”. Ou até mesmo um presidente que nos liga enquanto estamos na fila dos transportes públicos: “Olá, é o José Manuel? É Marcelo Rebelo de Sousa! Está difícil de apanhar o trinta e oito hoje?! Só queria desejarlhe uma boa viagem até ao seu emprego! Se está numa fila é porque tem boa perna e saúde, e isso é que é importante!”. Ou o presidente que nos liga às quatro da madrugada, enquanto estamos a meio do nosso banal trabalho: “Sim, ALGARVE INFORMATIVO #185
Paulo Jorge? Fala Marcelo Rebelo de Sousa! Como está a correr a recolha de lixo urbano hoje?! Isto depois das festas é muito papel e desperdício! Não se deixe abater, tarda nada é primavera e lá para abril as temperaturas a esta hora já serão mais agradáveis!”. Confesso que me emociona, quando penso que o nosso Presidente não se esquece dos portugueses com quem se cruza. Que no seu coração, mora um pouquinho de todos nós, até porque ele praticamente já nos conhece a todos, pois é raro o português que não tenha uma marcelfie para partilhar! E, ali naquele momento tão íntimo que é uma selfie, ficam recordações para todo o sempre. Recordações de todos nós, que o nosso presidente não esquece, e que o levam a telefonar-nos em momentos importantes das nossas vidas. Derrete-me por completo! Por isso mesmo, vivo em desassossego! Se toca o telefone lá no meu gabinete, vou a correr para ser eu a atender. Não vá ser sua excelência o Presidente da República a ligar, e a colega do lado que também é loira, chega lá primeiro do que eu! É angustiante, porque há dois dias, depois de outras quinhentas vezes, tocou o telefone lá do gabinete, corri incessantemente para o atender, e do outro lado oiço: “Sim Carla? Daqui é o Presidente!”. Toda eu tremi, brilhei e regozijei pelo facto de ter chegado o dia do «meu» telefonema presidencial! Mas logo de seguida caiu-me o chão, quando após aquele silêncio de emoção que se vive quando o presidente nos liga, ouvi: “Sim Carla, está aí? Sou eu, o Presidente da Câmara!”. Que desilusão… não se faz! Resta-me assim pegar no otimismo do nosso Presidente da República e acreditar com esperança, que o dia do «meu» telefonema presidencial há de chegar quando eu menos esperar, e aí eu vou dizer-lhe: “Sim meu Presidente! Daqui é uma Loira Qualquer! Aguente firme! Eu estou consigo!” . 126
127
ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO - POEMAS CONTADOS
(da dormência) Afonso Dias (Poeta, Autor de Canções, Cantor, Dizedor de Poesia) “… a poesia é uma moral. E é por isso que o poeta é levado a buscar a justiça pela própria natureza da sua poesia. (…) O artista não é, e nunca foi, um homem isolado que vive no alto duma torre de marfim. O artista, mesmo aquele que mais se coloca à margem da convivência, influenciará necessariamente, através da sua obra, a vida e o destino dos outros”. (Sophia de Mello Breyner, 11 de julho de 1964)
ocorro-me de Sophia para me valer numa inquietação que, volta e meia, me atormenta. Explico-me: há umas semanas atrás estive num encontro de poetas e prosadores onde tive ocasião de afirmar que a minha posição e a da minha escrita poética, não são mais do que pequenos passos que trauteio no caminho da missão que escolhi e a que me entrego, ou seja: se o que escrevo não tem algum empenho social, se não tem alguma serventia, mesmo que diminuta, que ajude nesta imensa tarefa de mexer no mundo e de mudá-lo num sentido mais justo, fraterno e solidário, de que serve? não me interessa a escrita apenas como exercício de puro e respeitável estilo. é demasiada a desigualdade deste mundo – o “desconcerto”, dizia Camões - para me satisfazer apenas com exercícios e devaneios lírico-formais. já me têm dito serem etéreos e intangíveis os terrenos da poesia e que nada têm a ver com as coisas dos homens, dos seus penares e misérias, das suas grandezas e vilezas. mas que hei-de eu fazer? fugir de mim e morder na minha consciência, não sou capaz. mas há quem consiga
romance VII (da dormência) como gosto do peixinho a levitar humidade entre corais e medusas e a despertar-me o sono p’ra fora das ralações de flores famintas e feias a estiolar de secura ALGARVE INFORMATIVO #185
pois se mesmo ao nosso lado, à nossa vista, na vizinhança do nosso conhecimento: a maldade, a iniquidade, a violência, o racismo, a misoginia, a homofobia, a fome ou a indiferença social se nos revelam, não poderá sempre adormecer-se sereno e autorizar morfeu a adormentar as inquietações e a providenciar bons sonhos? pois que importa que uma alimária, na américa do norte, queira erguer um muro que amarre a civilização e as vitórias do convívio intercultural numa algema de pecado e intolerância? pois quem se rala que, a sul da américa, um mentecapto ateie a amazónia e chacine a consciência onde ardem pretos, índios, crianças de rosa e azul, sábios, sambistas, e alegria tropical, numa fogueira sinistra de inquisição retardada pronta a infectar o mundo? pois haverá quem pene de insónia só porque outro um barco naufragou no mediterrâneo e fecundou o mar com mais umas dezenas de criaturas, grandes e pequenas? mesmo se um nazi luso é usado para subir as audiências, quem se aborrece com isso? descansai pois, almas serenas, não é nada convosco. por enquanto .
que lindo o arco da velha em sete tons de alegria a erguer o mar de perfume que sossega a dor viscosa e peia os remos de nervo que dilaceram a cinza no novelo sem razão duma consciência velha belo bordado o da hera ponto de cruz nos meus olhos
cativos do algodão doce e das redes sociais lânguidas ninfas mimosas anestesia de jogos torpor de osso dormente a mascar a nulidade que bom dormir sossegado para lá da humanidade 14.12.2018 128
129
ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO - A ISTO CHEGÁMOS…
A Legalidade e a ética Fernando Cabrita (Poeta e Advogado) ransparência foi uma das neopalavras que ganhou voga e direito de cidade entre os nossos próceres. Por tudo e por nada invocam eles, logo seguidos de uma multidão de jornalistas obedientes, a sacrossanta transparência. E a mais sacrossanta legalidade. E invocam-na como lenitivo para todos os males, quer da sociedade, quer da nossa triste mal chamada classe política. A ilusão que se tem criado, e abundantemente servido ao cidadão (aparvalhado por tanto futebol e massacrado por tanto esquema de corrupção económica e detersão de valores), é que se as coisas figurarem ser legais, podem ser praticadas à larga; e à larga alegadas, quando fizer falta, ante o público com esse argumento: o que eu fiz é legal! E, assim, estaria – e para quem o diz, está – garantida a transparência dos métodos. Mas desçamos por um breve momento à terra e ponderemos algumas situações do nosso não muito longínquo passado; também do nosso presente; e, adivinho pelo caminho que isto leva, do nosso futuro. Uma ministra concede sem concurso público uma tarefa altamente remunerada a um seu colega de partido. É uma tarefa aparentemente desnecessária de ser encomendada a ALGARVE INFORMATIVO #185
terceiro, uma vez que há quadros técnicos suficientes no aparelho do Ministério, já pagos pelo Estado, que têm competência e possibilidade de efectuar esse mesmo serviço. Mas a ministra entendeu escolher o camarada. E pagoulhe quantia substanciosa. Quando lhe vão à mão, a tentar saber porque agiu assim, logo responde: É legal. Está contratualizado (mais uma neopalavra…); logo, segundo ela, foi tudo muito transparente. Consta de documento oficial. Ora bem. Analisemos. É legal? Parece que sim. Talvez seja. Não parece haver norma que o proíba. E é transparente? Talvez, quem sabe. Ficou a constar de documento. Mas é ético? Não, não é. É prudente? Não, não é. Um outro ministro faz um curso superior num ano, com 32 equivalências, incluindo folclore, a galope. É legal? É. Parece que nenhuma regra o proíbe. Mas é normal? Não, não é. É ético? Não, claro que não. É decente? Pois não, não é. Um ex-ministro vive sob suspeita de ter sobrestado nas contas de um banco, com prejuízo incalculável para o país; e um Presidente da República mantem-no meses a fio no Conselho de Estado. É legal? É, pois. Nenhuma norma diz que deva ser posto a andar. É transparente? Para eles sim. O facto corre à vista de todos e sem que nenhum dos dois, ou dos demais que se sentam à mesma mesa se 130
131
ALGARVE INFORMATIVO #185
sinta incomodado ou sinta necessidade de explicar qualquer coisa ao público. Mas é ético? Claro que não é. É decente? Obviamente que não. É ao menos moralmente aceitável? Pois nem isso.
coisa vem sempre afiançada como legal. Seja! Mas é decente? Moralmente apropriada? Digna de pessoas de bem? Eticamente aceitável? Claro que não. Nunca o será.
Um outro ex-ministro apanhado em traficância de influências e sucatas continua a manter as suas ligações no aparelho de Estado, a recomendar cargos e decisões, telefonando a uns e a outros. É legal? Parece que sim. Mas é ético? Claro que não. É transparente? Jamais. É decente? Nem pensar.
Ministros e autarcas transitam sem vagar e sem pudor dos ministérios e dos gabinetes para as empresas que tutelavam, para a banca que favoreceram, para os organismos sobre que decidiram, para as sociedades financeiras com quem mantinham relações políticas. E argumentam: é legal! E mostram a lei que tal permite. Mas nunca afirmam que é ético. E levam a mal que alguém diga que não é. Pois digo-o: não é. De ética, nicles.
Um austero Chefe de Governo, quando era deputado recebia de uma empresa que a Europa alimentava, cinco mil euros mensais; e, espantem-se! não sabia. Nunca comunicou a ninguém esses trocados por fora. É legal? Parece que sim, à altura. Uma norma que agora, descoberta a coisa, adrede surge convocada dizia que podia ser. Mas era ético? Obviamente que não! Era decente? Não era nem é. É transparente? Opaco, opaco… Deputados das Regiões autónomas recebem subsídios de viagem duplicados; e aceitam-nos. É legal? Dizem que sim. A norma que regulamenta a coisa, embora velha e desajustada, mantem-se em vigor e dá nisto. Mas é ético? Não, claro. Nunca o será. E transparente? Tanto, tanto, que só quando algum jornal relata a coisa se deixam perceber os contornos. Outros deputados dão uma morada de longe, vivendo já na capital, para perceber mais um subsídio. Como a morada que deram é a que mantem como oficial – ainda que nem lá vã – a ALGARVE INFORMATIVO #185
Quem andou pela governação dos destinos públicos, ou pelos lugares poderosos da finança, ou por sinecuras e apadrinhamentos, faz sair para offshores quantias avultadas; e espera que venha a lei que permita o retorno à pátria dos capitais exilados com escassa e simpática taxação fiscal e sem perguntas, para então fazer regressar os milhões. Cometeram algum crime? Que se saiba não. A norma que tanto permite existe. A ética, porém, jamais permitiria coisa assim. Um mesmo governante diz agora uma coisa com ar seguro; e garante os votos que lhe faltem. No dia a seguir diz exactamente o contrário, com mais seguro ar. Mentir assim, perguntam-lhe, pode ser? Não fica mal a quem quer ser exemplo público, questionam-no (quando questionam). E ele responde: Tudo o que faço é legal. É legal? Dizem que sim. Mas e a ética? Onde fica a ética? 132
E a decência, a palavra dada? Por onde andam? É que um acto, uma conduta, podem ser legais, se houver lei que os não proíba ou que os permita; mas mesmo legais, serão em cada contexto – e nesses aludidos exemplos, então mais – o que de mais indecente pode haver. São moralmente toleráveis? Não, não são. E não são cívicos, nem dignos, nem fáceis de entender a quem, para lá da lei, respeite valores, sentido de honra e decoro. Os nossos anos políticos têm sido recheados de episódios destes. Todos muito legais – e quando porventura possam não o parecer ou haver dúvidas, aprimorar-se-á a legislação; e a dúvida dissipa-se. Todos muito legais, portanto. Mas todas muito, muito, extremamente muito lesivos de uma conduta ética. Muitos dos próceres que nos governaram e nos exigiram padrões de honra, de respeitabilidade e de honestidade, maltrataram estes conceitos éticos; mas sempre escudados na legalidade dos seus actos, ainda e quando esses actos se mostram, se bem que respaldados numa lei qualquer, sofríveis, quando não reprováveis, do mero ponto de vista moral. Não preciso fazer uma lista dos casos, das pessoas, das situações destas passadas décadas. Dos que enriqueceram sem motivo e sem causa, após um trânsito temporário por lugares de poder. Cada leitor lembrará casos e casos, sujeitos e sujeitos, numa lista avultada de gente e episódios. Próceres e dignitários sem habilitação maior que estar numa 133
terceira fila de um assento de poder, vindos para a vida política de um qualquer emprego mediano; e que passados uns poucos anos são doutores com folclóricas licenciaturas a galope, assessores de grandes grupos que nunca os contratariam se não fora terem-se cruzado nos fóruns da política; membros de empresas que os aceitam para agora se desunharem em cunhas, empenhocas e relações privilegiadas. Isto é tudo legal. Dizem-no todos e sempre. Tudo legal, tudo legal, tudo transparente (menos o que depois se vai sabendo e acaba em inquérito, buscas e apreensões). Todos alegam: fizeram tudo ou quase tudo legalmente, dentro das leis que existem ou que fizeram existir. Mas quase todos, se não todos, feriram a ética, a decência, o bom senso, a moral. Todos ou quase todos deram aos governados o exemplo da chicoespertice, da saloiice que compensa, do golpezito ao abrigo das normas, do aproveitamento imoral da posição que se ocupa ou ocupou. Na verdade, cumprem a lei ou a norma. Mas incumprem selvaticamente e sem pudor as normas da decência moral, da transparência e da ética. E depois fazem-se admirados, em absurda estupefacção, quando de repente o povo, o seu bom povo, acorda de repente num belo domingo a votar na extrema direita; ou a queimar carros nos Campos Elísios. E não percebem, dizem. A isto chegámos .
ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO
Ai este Allan Stewart Königsberg… Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) porque é que quando me sento no sofá dá nisto? É que há tantas opções na televisão, mas acabo por tropeçar no mundo mordaz do senhor Allan Stewart Königsberg, ou Woody Allen, como queiram chamá-lo. Não é que a queda nesse buraco seja difícil, pois é um abismo com mais de uma cinquentena de filmes. Caio e fico lá o fim de semana todo, com gosto.
carreira recebe uma oportunidade caridosa de realizar mais um filme e no dia de arrancar as filmagens, com a camada de nervos que o assola, fica cego. Mas não dá parte de fraco, realiza uma longa-metragem sem ver patavina. O filme é odiado nos EUA, “parece que um homem cego realizou esta porcaria”, e adorado na Europa, onde veem o filme como uma obra prima. Mais uma ideia brilhante de Woody Allen.
(Re)vejo os meus favoritos, a Rosa Púrpura do Cairo e o Hollywood Ending. Ambos comédias e serenatas ao mundo do cinema. O que pode ser mais hedonista para um argumentista/realizador do que escrever, filmar e editar um filme sobre filmes?
É que estou desconfiada que o Woody deve ter uma caixa de pandora escondida algures numa cave húmida em Brooklyn de onde saca infinitamente, conceitos, ideias e piadas absurdas, ácidas e inteligentes. Ou se calhar é porque é Nova Iorquino. Sabe-se muito bem que esta estirpe de gente nasce cética e com uma lobotomia que lhes confere um humor inigualável.
Mostrei a Rosa Púrpura à minha mãe que me avisa de antemão que não gosta do Woody. Durante o filme riu-se e confessa que afinal “o filme está muito giro”. É incontornável… É que temos uma mulher, Cecilia, apaixonada por Hollywood e que vai ao cinema para se esquecer da sua miserável existência durante os anos da depressão nos EUA. E para sua surpresa e regalo, heis que um dia uma das personagens, Tom – charmoso e aventureiro - sai do ecrã. Os dois vivem uma série de aventuras novelescas no «mundo real» devido à ingenuidade de Tom. O pobre pensa que o dinheiro usado no seu filme tem valor. Oh senhor! É um adereço de cena, assim como o seu ginger alle a fazer de Champgne. Há que poupar nos custos de produção. E segue-se o Hollywoord Ending, que provavelmente é o favorito daqueles que trabalham em cinema. Vamos lá ver esta história: um realizador inseguro e em fim de ALGARVE INFORMATIVO #185
Nos filmes do Woody encontro o constante amor-ódio sobre temas como o sexo, relações, cinema, música e a morte. Ele detesta a morte. E de nada lhe serve o consolo patético de morrer e deixar a sua obra como legado. “Mais do que viver no coração das pessoas, gostaria de continuar a viver no meu apartamento”. Lamentamos Woody, mas com a tua personalidade e a tua prolífica carreira, quando bateres as botas vais mesmo ficar imortalizado no coração das pessoas, que aposto são bem mais pequenos que o teu apartamento. Revejo também Annie Hall e Midnight in Paris e rendo-me sem medos a este realizador geriátrico, com os seus óculos de massa e cabelo ralo. Acho-o sexy, porque a parte mais sexy do ser humano é o cérebro. E o dele, é de um génio . 134
135
ALGARVE INFORMATIVO #185
OPINIÃO
A Forma do Tempo Fernando Esteves Pinto (Escritor) “O tempo em si é um absurdo: só existe tempo para um ser que sente. E o mesmo acontece em relação ao espaço”. Friedrich Nietzsche
onta-se que um dia um jovem escritor foi ao psiquiatra e este lhe disse: “Espero que esteja melhor do que eu”. O paciente retorquiu: “E eu espero que no fim da consulta pague o senhor a conta”. Hoje, ler um escritor como J. D. Salinger é sentir a alienação do tempo. Mais penoso ainda: é encontrar um verdadeiro escritor no meio de uma montanha de palha. Holden Caulfield, a personagem adolescente de «Uma Agulha no Palheiro» foi o símbolo para uma geração de novos leitores que despertou para a vida através do culto da sua própria adolescência. Caulfield deu forma ao tempo, e conseguiu provar que a primeira fase da vida humana não é coisa do passado: é desenvolvimento contínuo; experiência em progresso que torna mais ou menos evidente o que somos e representamos para a sociedade. Salinger criou um pequeno monstro, Caulfield, um prodígio da natureza humana, que veio ocupar o imaginário de milhares de adolescentes e adultos, assombrando-os e ampliando os seus fantasmas e inquietações. Salinger também viveu os tormentos da sua própria criação: via «caulfieldezinhos» por todo o lado, nas ruas escuras, nos miúdos que o abordavam com o livro para ele autografar. Todos eles reclamavam protagonismo e identidade, obrigando o autor a viver em reclusão. ALGARVE INFORMATIVO #185
Salinger percebeu que a adolescência não é um estado do tempo. Nem uma inocência perdida, porque jamais se perde o que é criado pela experiência de vida. O tempo é uma agulha na consciência daqueles que não ignoram os processos psicológicos que as acções do passado lhes impõem como solução para algo criativo. Quando as palavras são de névoa, gélidas, a própria escrita torna-se uma pista de insensibilidade e paralisia. A indiferença de Salinger pelo meio literário na sua época foi todo o peso que ele pretendeu dar à sua ausência do mundo, riscando-se da memória e das vivências de Caulfield, com o risco de ser absorvido por uma fenda do tempo. Porém quando um escritor como Salinger renuncia à exposição pública, claramente em sofrimento, num ciclo de obsessão criadora e só esporadicamente dando sinais de vida, publicando menos, a sua obra literária transforma-se na imagem do pato da história que ficou preso dentro do lago gelado. J. D. Salinger terá pensado que há grandes e belos romances que dispensam uma visita ao psiquiatra. Mas outros haverá que são capazes de enlouquecer e tornar imbecis os seus leitores. As boas e as más influências são sementes lançadas a toda uma geração que ainda hoje procura no tempo a tal agulha de palheiro que dê sentido à vida .
136
137
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
138
139
ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
PORTIMÃO ENTROU EM CONTAGEM DECRESCENTE PARA RECEBER O ESPETÁCULO DO ANO ortimão Cidade Europeia do Desporto 2019» abre oficialmente a 18 de janeiro e o Portimão Arena vai transfigurar-se por completo
«
ALGARVE INFORMATIVO #185
para acolher o espetáculo de projeção multimédia «Mais Desporto para Todos», que conta com apresentação de Cláudia Semedo e Pedro Miguel Ribeiro. A partir das 21h vai-se embarcar numa viagem imersiva ao mundo do Desporto, 140
de Portimão e da nossa Portugalidade e com convidados muito especiais, a começar por Rosa Mota, Campeã Olímpica, Europeia e Mundial de Atletismo, e Jorge Pina, Campeão Nacional e Paralímpico de Boxe. Daniel Pereira Cristo, distinguido com o Prémio Carlos Paredes 2018, irá protagonizar um momento único desta noite, ao passo que o hino «Cidade Europeia do Desporto 2019» será 141
interpretado pela conhecida banda «Amor Electro», num espetáculo de videomapping sem precedentes em Portugal. O evento tem entrada gratuita e promete ser o «pontapé-de-saída» perfeito para um ano em que Portimão vai respirar desporto 24 horas por dia, com eventos de praticamente todas as modalidades, para jovens e menos jovens, amadores e profissionais, porque o desporto quer-se, e deve ser, para todos . ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
JOSÉ CARLOS ROLO QUER DAR UMA NOVA FACE A ALBUFEIRA osé Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, deixou uma mensagem de esperança e fraternidade para o ano que se avizinha e fez a retrospetiva de 2018. A tradicional cerimónia de apresentação de cumprimentos e mensagem de Ano Novo teve lugar no final da tarde do dia 27 de dezembro, no hall dos Paços do Concelho. José Carlos Rolo, ladeado pelo seu executivo e pelo presidente da Assembleia Municipal, recordou os principais investimentos nas diversas áreas municipais, em jeito de balanço, e traçou metas para o futuro ano, que se adivinha ALGARVE INFORMATIVO #185
“com bastante trabalho e com ainda mais investimento para que tenhamos uma comunidade com qualidade de vida e feliz”. “Nesta altura em que celebramos o Natal e tudo o que ele simboliza, devemos reter que é necessário praticar durante todo o ano estes valores de solidariedade, fraternidade e bondade. É essencial que sejamos todos amigos, independentemente das cores políticas, das etnias, dos credos ou dos clubes desportivos de cada um”. José Carlos Rolo recordou os principais momentos de 2018, alguns “menos bons” como o inesperado falecimento 142
do presidente Carlos Silva e Sousa, “a quem presto desde já a minha sincera homenagem”. O presidente da Câmara, que assumiu a liderança em março de 2018, fez um balanço positivo destes meses à frente do Município. “O executivo tentou reorganizar os serviços e deu início a um conjunto alargado de investimentos, entre eles na Rede Viária de todas as freguesias, onde investimos perto de 2, 5 milhões de euros. Estamos na segunda fase da pavimentação de caminhos e dentro de dois anos prevemos ter o concelho todo pavimentado”. Em projeto está também a requalificação da Rua António Aleixo, com um novo modelo de iluminação pública, passeios e estacionamento; da Rua do MFA; de todo o Eixo Viário que vai da Rotunda dos Golfinhos até à Ourada; da Estrada que liga a Rotunda da Balaia à Ponte Barão; da Estrada que liga Vale Parra à Guia; da Avenida Sá Carneiro; da
143
Rua do Município e de toda a baixa da cidade. “Vamos investir muitos milhões de euros na requalificação de todo o concelho. Albufeira vai ganhar uma nova face”, assegurou o presidente. A Rede de Água e Saneamento foi outra área onde houve uma forte intervenção, orçada em cerca de quatro milhões de euros, com o objetivo de substituir e ampliar a rede de água, e estender o saneamento básico a todo o concelho, empreitadas que irão continuar em 2019. O autarca destacou também a área da Educação, com a melhoria do parque escolar existente e com a recente medida da isenção do pagamento das refeições no pré-escolar e primeiro ciclo das escolas do concelho. A nível desportivo, José Carlos Rolo relembrou as intervenções realizadas em diversas infraestruturas, quer
ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
municipais como dos clubes. “Albufeira é um concelho riquíssimo em associativismo, sobretudo desportivo. Os clubes têm uma forte dinâmica e a autarquia tem apoiado financeiramente, com transportes, logística, instalações, homenagens e eventos desportivos, ou seja, tentamos criar todas as condições para que as várias modalidades possam ser praticadas em Albufeira”. Considerada a Capital do Turismo do país, Albufeira irá continuar na linha da frente em matéria de promoção turística. “Em 2018 marcámos presença nas principais feiras europeias, com a parceria da APAL, promovendo Albufeira no estrangeiro como um destino de qualidade. Em 2019, esperamos contar com um reforço de parcerias com outras ALGARVE INFORMATIVO #185
entidades para que juntos possamos chegar mais longe”, adiantou o presidente da Câmara. A Habitação tem sido um dos pontos mais nevrálgicos do concelho, mas José Carlos Rolo garante que está prevista a criação de três novos Polos de Habitação Municipal nas freguesias de Paderne (40 frações), e Albufeira e Olhos de Água (20+29 fogos). “Um dos principais problemas é que a autarquia não tem património. Deveriam ter sido adquiridos terrenos para que agora os pudéssemos utilizar. Estamos a tentar comprar algumas parcelas conforme vão aparecendo”, referiu o edil. Além de habitação social, esses terrenos servirão também para a criação de espaços verdes e de parques de estacionamento. Ainda na área da Ação Social, o autarca fez saber que no 144
novo ano serão construídos dois Lares e Centros de Dia, um em Olhos de Água e outro em Fontainhas, iniciado com a Nuclegarve mas que a Câmara vai assumir a construção. “Depois temos ainda o Lar dos Caliços, cujo processo está mais demorado e que está relacionado com a ASHA”. Para 2019 está ainda previsto a implementação de um sistema de videovigilância, “que se pretende dotar residentes e turistas de maior segurança”; de um projeto de revitalização da Baixa de Albufeira e de Olhos de Água; da revisão do PDM; da transferência de competências do Governo Central para a Câmara Municipal, nomeadamente nas áreas da Educação, Saúde, Limpeza de Praia e licenciamento dos concessionários de praia; e de um melhoramento na Higiene Urbana do concelho através da contratação de diferentes prestadores de serviços. José Carlos Rolo garantiu que o Município de Albufeira está ao lado das associações, empresários e cidadãos que queiram participar no desenvolvimento das atividades municipais. “Queremos contar convosco para tomarmos decisões partilhadas em prol do desenvolvimento da nossa comunidade”, 145
assegurou o edil em final de intervenção. Paulo Freitas, presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, apelou, entretanto, para que todos participem nas decisões municipais. “Venham às assembleias municipais e responsabilizem-nos pela vossa presença. O apoio de todos é fundamental”, frisou, antevendo “um ano de mudança, com muito trabalho, empenho e dedicação”. A cerimónia terminou com a atuação do Grupo Coral do Conservatório de Albufeira e com a entrega de uma lembrança a todos os presentes, desde entidades oficiais, forças de segurança pública, representantes do movimento associativo e munícipes .
ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
DOCAPESCA LANÇA CONCURSO PARA NOVO CAIS FLUTUANTE DA FOZ DE ODELEITE Docapesca abriu o concurso, com um preço base de 75 mil euros, para a substituição do cais flutuante da Foz de Odeleite, no concelho de Castro Marim, que foi instalado na década de 1990 no âmbito de um projeto para fomentar a atividade marítimo-turística ao longo do rio Guadiana. A intervenção a realizar consiste na substituição integral dos passadiços e na beneficiação da ponte de acesso que ao longo do tempo de serviço se tem vindo a degradar, facto que levou ALGARVE INFORMATIVO #185
recentemente à interdição do seu uso devido ao colapso dos flutuadores e consequente submersão de uma das plataformas. O cais é atualmente composto por três passadiços flutuantes ligados entre si, com um comprimento total de 36 metros, que serão integralmente substituídos. Equipada com os necessários meios de amarração e proteção, a nova estrutura será constituída por três elementos de passadiço flutuante com estrutura em 146
PONTE DA PRAIA DE FARO DE NOVO EM CONCURSO PÚBLICO Sociedade Polis Litoral Ria Formosa lançou, no dia 28 de dezembro, em Diário da República, um novo concurso público para edificação da ponte de acesso à Praia de Faro, com o valor base de 3,5 milhões de euros. O desenlace tornou-se possível após a assinatura, no dia 27, do protocolo entre o Município de Faro e a Polis, de acordo com o qual a autarquia desembolsa mais 1,12 milhões de euros para tornar mais atrativo um concurso que caíra em outubro por falta de concorrentes. aço galvanizado, convés em «deck» de madeira e flutuadores em betão com núcleo em poliestireno expandido. A atual ponte metálica de acesso ao cais, com 15 metros de comprimento, será objeto de reparação, através da renovação da pintura anticorrosão. O convés da ponte e das pestanas será integralmente substituído por «deck» de madeira exótica com 21 milímetros de espessura, repondo as condições de segurança para os utilizadores . 147
Este novo investimento da edilidade farense surge da inexistência de financiamento por parte da Polis ou do Governo para viabilizar uma obra que é da inteira responsabilidade da Sociedade Polis. Trata-se, por isso, de mais um esforço adicional da Câmara Municipal de Faro depois de, em 2009, já ter comparticipado o investimento com a colocação de cerca de 900 mil euros no capital social da sociedade e de, em agosto de 2016, ter injetado mais 561 mil euros, perante a inexistência de verbas na Polis para assegurar o concurso e a intransigência da tutela. Para o executivo liderado por Rogério Bacalhau esta foi, pois, a solução possível tendo em conta a necessidade de se aumentarem os níveis de serviço, segurança e conforto dos utentes no acesso à praia de Faro. A nova ponte será ainda muito mais eficiente do que a atual dos pontos de vista hidráulico, ambiental, arquitetónico e de navegabilidade . ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
FARO VAI TER BALCÃO DA INCLUSÃO Município de Faro e o Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P. vão criar em Faro um Balcão da Inclusão, depois do protocolo de colaboração entre as duas entidades ter sido aprovado na reunião de câmara realizada no dia 17 de dezembro. A criação deste balcão vai permitir a reunião de toda a informação sobre direitos, benefícios e recursos existentes, nomeadamente prestações e respostas sociais, emprego e formação profissional, produtos e apoio/ajudas técnicas, benefícios fiscais, acessibilidades e transportes, intervenção precoce e educação, entre outros, tornando-se o principal recurso no apoio e procura das soluções mais adequadas a cada situação concreta de munícipes com deficiência e/ou incapacidade.
ALGARVE INFORMATIVO #185
O acesso à informação constitui-se como uma condição basilar para o pleno exercício de cidadania, pois só desta forma poderão estes cidadãos assumir os seus direitos e deveres cívicos reconhecidos a qualquer cidadão num Estado de Direito. Pretende o Município de Faro, com este protocolo, aumentar significativamente a quantidade e a qualidade da informação destinada aos munícipes com deficiência e/ou incapacidade. A iniciativa visa essencialmente promover a defesa dos seus direitos através da prestação de serviços em parceria com as entidades competentes da administração central, reforçando assim as respostas sociais já implementadas pela autarquia .
148
DOCAPESCA INVESTE 63 MIL EUROS NAS PONTES-CAIS DO PORTO DE PESCA DO RIO ARADE Docapesca vai reforçar a proteção das pontes-cais 1 e 2 do Porto de Pesca do Rio Arade, localizado no concelho de Lagoa, entre Portimão e Ferragudo, num investimento de 63 mil euros, cujo procedimento concursal foi lançado recentemente. Com o objetivo da melhoria das condições de segurança no embarque e desembarque das tripulações e no estacionamento das respetivas embarcações, a empreitada prevê a 149
montagem de 258 defensas de borracha na ponte-cais n.º 1, para fixação lateral ao argolão de suspensão de corrente existente. Os trabalhos incluem ainda a instalação de novos troços de borracha nas laterais do argolão superior de suspensão das defensas já montadas nas duas pontes-cais. A solução técnica a implementar foi desenvolvida conjuntamente com pescadores e armadores locais, no sentido de melhor se adaptar às características das respetivas embarcações .
ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
BOMBEIROS MUNICIPAIS DE LOULÉ RECEBERAM DA AUTARQUIA UM VEÍCULO INOVADOR oi apresentado, no dia 20 de dezembro, o veículo 6x4 adquirido recentemente pela Autarquia de Loulé para o serviço do Corpo de Bombeiros Municipais, uma viatura com características singulares a sul do Rio Tejo. Denominado por Veículo de Socorro e Assistência Especial (VSAE), permite uma intervenção combinada em seis valências diferentes, com apenas um veículo, podendo atuar em caso de incêndios urbanos e industriais, desencarceramento de ligeiros, pesados e ferroviários, acidentes com equipamentos elétricos, e tendo ainda capacidade de levantamento de objetos (grua), escoramento de estruturas em risco de colapso e de
ALGARVE INFORMATIVO #185
socorro de pessoas em espaços confinados. O veículo encontra-se equipado com equipamentos e ferramentas da mais avançada tecnologia do âmbito de operações de resgate, socorro e emergências. A aquisição deste veículo vem reforçar a frota deste Corpo de Bombeiros e o investimento rondou os 400 mil euros, num importante contributo para incrementar ainda mais a operacionalidade dos «soldados da paz», permitindo uma intervenção mais célere e eficaz nas ações de socorro, não só no Município de Loulé, como em toda a região algarvia .
150
ESTÁDIO MUNICIPAL DE ARMAÇÃO DE PÊRA JÁ TEM BANCADA PARA PÚBLICO Câmara Municipal de Silves procedeu à montagem de uma bancada permanente no Estádio Municipal de Armação de Pêra, enquanto não é construída a bancada definitiva nesta instalação desportiva. Deste modo, a autarquia dá cumprimento às normas estabelecidas pela Federação Portuguesa de Futebol, principalmente no que se refere às características mínimas que 151
permitam a utilização pelo público na assistência a espetáculos desportivos. A intervenção serve igualmente os objetivos internos do Município de melhorar os espaços desportivos do concelho, proporcionando à população melhores condições de acesso, quer aos espetáculos, quer à prática desportiva. A estrutura teve um custo de 41 mil e 950 euros, acrescidos do valor do IVA . ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
MONCHIQUE JÁ TEM UMA UNIDADE DE SAÚDE MÓVEL centro nevrálgico no Centro de Saúde de Monchique. O funcionamento destas unidades funcionais (UCC e UCSP) nas suas competências e respostas fica assim com maior capacidade de resposta efetiva nos Cuidados de Saúde Primários à população, bem como no acompanhamento e rastreios a um conjunto de patologias que assim poderão ser feitas ao domicílio ou mais próximo das populações, muitas delas em zonas afastadas dos centros urbanos. Com o funcionamento da USM não está em causa a continuidade das extensões de saúde e dos demais serviços existentes no concelho.
Município de Monchique entregou, no 21 de dezembro, uma nova Unidade de Saúde Móvel aos serviços de saúde locais, com vista ao alargamento e melhoria dos serviços prestados neste âmbito no concelho. A USM de Monchique constitui um importante passo no apoio à população serrana porquanto será o reforço de uma dinâmica que já se encontra no terreno numa boa articulação entre a autarquia e a Unidade de Cuidados na Comunidade e a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados, ambas com ALGARVE INFORMATIVO #185
Esta unidade resulta de um investimento de 75 mil euros realizado pelo Município de Monchique e cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, no âmbito do CRESC Algarve 2020. A candidatura foi apresentada pela ARS Algarve em parceria com alguns municípios da região, tendo obtido uma taxa de comparticipação de 80 por cento. Para Rui André, presidente da Câmara de Monchique, este é mais um objetivo cumprido na prossecução da melhoria dos serviços e apoios à população, principalmente àquela mais envelhecida e vulnerável, que se encontra nas zonas mais interiores do concelho e que apresentam maiores dificuldades de mobilidade . 152
MUNICÍPIO DE OLHÃO PROMOVEU 15 BOMBEIROS PROFISSIONAIS ealizou-se, no dia 3 de janeiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a cerimónia de assinatura dos contratos de consolidação das mobilidades intercategorias na carreira especial de bombeiro municipal, que contemplou 15 efetivos da corporação de Olhão que agora foram promovidos de Bombeiros de 3.ª a Bombeiros de 2.ª Categoria. O processo era um antigo anseio dos Bombeiros, Comando e Município, uma vez que estas promoções não ocorriam desde 2007 devido ao congelamento de progressões das carreiras vigente nos últimos anos. “Face à possibilidade agora conferida pela legislação, foi possível concretizarmos todos os requisitos necessários para concluir os processos de promoção, bem como os respetivos cursos específicos”,
153
adiantou o presidente da autarquia, António Miguel Pina, concluindo que “estas promoções permitem-nos valorizar a notável e prestigiosa atividade de bombeiro profissional”. Desta forma, o Corpo de Bombeiros de Olhão passou a dispor de graduados para a chefia de todas as operações de socorro, implicando, assim, uma maior eficiência e legitimidade na qualidade da proteção e socorro das populações e do interesse publico. António Miguel Pina aproveitou a cerimónia para agradecer a forma responsável e paciente com que os bombeiros agora promovidos sempre desempenharam as suas missões, “mesmo com os prejuízos financeiros e sociais provocados pela falta de reconhecimento efetivo das suas carreiras” .
ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
MUNICÍPIO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL AMPLIA REDE DE PASSEIOS ACESSÍVEIS
Câmara Municipal de São Brás de Alportel encontrase a executar a obra de ampliação da Rede de Passeios Acessíveis nas ruas Machado dos Santos e Dr. Matos Proença, integrando a construção de uma rotunda na interceção com a Avenida da Liberdade, intervenção fundamental para a segurança rodoviária numa das artérias principais do centro urbano. O projeto resulta do contributo da comunidade, tendo sido a proposta de investimento mais votada pelos são-brasenses no processo de Orçamento Participativo de 2017, e vem permitir a ampliação da Rede de Passeios Acessíveis e dotar esta zona de maior segurança e mobilidade. ALGARVE INFORMATIVO #185
A intervenção, num investimento de 93 mil e 772,31 euros, com IVA incluído, tem um prazo de execução de 120 dias e está a ser executada pela empresa «Construções Pedra Vidraça Algarvia». Os trabalhos integram a execução de passeios e estacionamento, execução de passadeiras niveladas e acessíveis, a construção de uma rotunda na interceção com a Avenida da Liberdade e pavimentações e sinalização. A obra está inserida no Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável de São Brás de Alportel que a autarquia local está a executar, num investimento global de mais de um milhão de euros (com financiamento da União Europeia 154
de 50 por cento), que inclui intervenções noutras artérias da zona urbana, bem como a construção do novo Terminal Rodoviário Circular, a iniciar no segundo semestre de 2019. Dotar os espaços públicos de melhores condições de mobilidade para os peões faz parte de uma estratégica municipal de qualidade de vida e desenvolvimento económico fomentando o Comércio e Serviços. “Pretende-se com este circuito acessível efetuar a interligação de edifícios e espaços públicos do centro urbano, diminuindo, dessa forma, as dificuldades sentidas pelas pessoas com mobilidade condicionada, numa aposta na modernização do espaço público e na atratividade do concelho”, explica o Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, adiantando ainda que “gostaríamos muito de, a curto prazo, poder ter o núcleo urbano 100 por cento acessível para todos”. “Queremos que todo os nossos munícipes se sintam bem a viver em São Brás de Alportel e que sejamos um destino de turismo acessível, uma terra para ser vivida, verdadeiramente, por todos”, reforça o autarca . 155
MUNICÍPIO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL INVESTE NO PARQUE HABITACIONAL SOCIAL Autarquia de São Brás de Alportel termina 2018 com uma importante obra em curso, a manutenção e renovação do Parque de Habitação Social do Município, que vem melhorar as condições de habitabilidade de muitas famílias. Esta estratégia é consolidada através de uma eficaz ponte entre os Serviços Sociais do Município e a Divisão Técnica Municipal, que permite o acompanhamento das necessidades e planeamento das intervenções. A obra em curso foi adjudicada à empresa «Alconsige» pelo valor de 43 mil e 267,01 euros, com IVA incluído, e integra a remodelação de um conjunto de fogos de habitação social localizados em diversos núcleos. Os trabalhos incluem a substituição de coberturas, a instalação de novas redes de abastecimento de água e esgotos, colocação de novos equipamentos de cozinha, execução de novos pavimentos e revestimentos, substituição de loiças sanitárias, janelas e pinturas, devendo estar concluídos no início de 2019. Para 2019 a Câmara Municipal de São Brás de Alportel tem previsto um conjunto de outras intervenções num orçamento global previsto de 120 mil euros. A par deste trabalho constante na manutenção e remodelação nas habitações que são propriedade municipal, a autarquia prossegue com o apoio a inúmeros agregados familiares vulneráveis, através do programa de apoio social de cariz habitacional «Mão Amiga», que permite realizar obras nas suas habitações para suprir necessidades básicas, melhorar a segurança e o conforto e fazer do lar o espaço de dignidade que todos merecem ter. Até este momento o programa já apoiou 40 intervenções, num investimento de cerca de 230 mil euros . ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
MUNICÍPIO DE OLHÃO ASSUME TOTALIDADE DAS NOVAS COMPETÊNCIAS JÁ EM 2019 Município de Olhão está preparado para assumir em pleno já este ano as novas atribuições previstas na Lei-Quadro da transferência de competências para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais, com António Miguel Pina a considerar que esta nova realidade “representa um salto positivo na eficácia da gestão do território e dos serviços”. A Lei nº 50/2018, de 16 de agosto, emanada pela Assembleia da República, prevê que ALGARVE INFORMATIVO #185
só a partir de 2021 é que a transferência de competências seja para todos os municípios. Até lá, cada autarquia pode escolher as que pretende assumir, e Olhão decidiu, de acordo com o Presidente da Câmara Municipal, “assumir desde a primeira hora este novo conjunto de atribuições que vêm dotar as estruturas governativas locais de mais autonomia, o que permite uma gestão mais eficaz dos recursos, quer humanos, quer patrimoniais, numa lógica de governação cada vez 156
mais próxima das populações, logo, mais consciente das necessidades a nível local”. As principais áreas e competências dos órgãos municipais previstas na nova lei serão as seguintes: - Educação: participação no planeamento, gestão e realização de investimentos nos estabelecimentos públicos de educação e de ensino integrados na rede pública dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e secundário; - Saúde: participação no planeamento, gestão e realização de investimentos relativos a novas unidades de prestação de cuidados de saúde primários, nomeadamente na sua construção, equipamento e manutenção; gestão e conservação de outros equipamentos afetos aos cuidados de saúde primários e gestão dos trabalhadores, inseridos na carreira de assistentes operacionais, das unidades funcionais dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) que integram o Serviço Nacional de Saúde; - Praias marítimas, fluviais e lacustres: limpeza das praias; manutenção, conservação e gestão dos equipamentos ligados à segurança e salubridade; obras de reparação e manutenção das estruturas de segurança; concessão, licenciamento e autorização de infraestruturas, equipamentos e apoios de praia e criação e cobrança de taxas e tarifas relacionadas com o exercício destas competências; - Bombeiros voluntários: apoio ao funcionamento das equipas de intervenção e de programas de apoio às corporações, bem como aos quartéis; - Estruturas de atendimento ao cidadão: instalação e gestão de Lojas do Cidadão e Espaços do Cidadão e criação e gestão de 157
Gabinetes de Apoio aos Emigrantes e de Centros Locais de Apoio e Integração de Migrantes; - Habitação: gestão de programas de apoio ao arrendamento urbano e à reabilitação urbana de âmbito nacional e regional e gestão dos imóveis destinados a habitação social que fazem parte do parque habitacional do Estado; - Estacionamento público: regulação e fiscalização do estacionamento dentro e fora das localidades e processos de contraordenação por infrações leves relativas a estacionamento e aplicação das respetivas multas. As novas competências virão, igualmente, conferir novas atribuições às autarquias nos domínios das vias de comunicação, reinserção social de jovens e adultos, prevenção e combate à violência, nomeadamente à violência doméstica, rede de julgados de paz e apoio às vítimas de crimes. Os Orçamentos do Estado de 2019, 2020 e 2021 terão inscritos os montantes do novo Fundo de Financiamento da Descentralização, com os valores a transferir para as autarquias locais e entidades intermunicipais para financiar as novas competências. Também os respetivos recursos humanos até agora afetos a estas funções passarão para a alçada das autarquias locais. “Estamos preparados para este novo desafio”, garante António Miguel Pina, para quem “qualquer passo dado no sentido de uma descentralização inteligente e efetiva é sempre positivo, uma vez que confere poder de decisão e de gestão de recursos a quem trabalha mais de perto com as pessoas e conhece a realidade do território a nível local” . ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
SÃO BRÁS DE ALPORTEL INICIOU NOVO ANO COM MAIS SEGURANÇA
entrada em 2019 foi marcada, em São Brás de Alportel, pelo início de funções da Brigada de Intervenção do Corpo de Bombeiros, tornada possível pela criação de uma nova Equipa de Intervenção Permanente, suportada pelo Município de São Brás de Alportel, num investimento anual de 70 mil euros. E no primeiro dia útil de 2019 o Presidente da Câmara Municipal, Vítor Guerreiro, fez questão de conhecer os novos elementos da Brigada de Intervenção, numa visita que realizou ao Quartel de Bombeiros Voluntários, acompanhado pela Vice-Presidente Marlene Guerreiro e pelo Vereador David Gonçalves. “A nossa missão enquanto autarcas é proteger as nossas populações”, sublinhou. O edil lembrou igualmente que a autarquia está atenta e sempre disponível para ajudar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Brás de ALGARVE INFORMATIVO #185
Alportel a prosseguir a sua vital missão de apoio à comunidade. “Os bombeiros estão cá todos os dias para ajudar os que mais precisam, são os nossos heróis, para quem a Câmara Municipal fará sempre todos os esforços que estiverem ao seu alcance”, afirmou Vítor Guerreiro. De facto, com o apoio do Município foi possível à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel integrar cinco novos elementos profissionais que reforçam o Quadro de Bombeiros, permitindo assim a criação de uma Brigada de Intervenção. Este reforço de elementos possibilitou a criação de três equipas de quatro bombeiros que passam a assegurar os vários turnos de forma permanente. A presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel, Custódia Reis, considera que este “é um marco muito importante para todos” e destacou o papel da autarquia na concretização deste aumento da capacidade de resposta e socorro à população .
158
CASTRO MARIM ENSINA CRIANÇAS A AGIR EM EMERGÊNCIA MÉDICA Agrupamento de Escolas de Castro Marim vai acolher o Projeto «Emergency 4 Kids», desenvolvido pelo Serviço Municipal de Proteção Civil durante o ano letivo 2018/19. O protocolo foi assinado, no dia 4 de janeiro, entre o Município e o Agrupamento, representados pelo presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, e o diretor do Agrupamento de Escolas de Castro Marim, José Nunes. O «Emergency 4 Kids» é um curso de primeiros socorros para crianças, cujo objetivo passa por aumentar as hipóteses de sobrevivência das vítimas em caso de emergência. Esta formação parte do resultado de um estudo, realizado na Alemanha, em que se constata que crianças de 10 anos são capazes de
159
aprender ressuscitação cardiopulmonar e que, simultaneamente, o treino em idade pediátrica reduz a ansiedade e o medo de errar. O curso destina-se a um universo de cerca de 150 alunos, do 4.º, 5.º e 9.º anos, e arranca ainda durante o mês de janeiro. O «Emergency 4 Kids» vai permitir que estas crianças adquiram competências que lhes permitam ter um comportamento adequado e célere aquando de uma situação de emergência, demonstrar atitudes seguras em caso de catástrofe e despertar para uma segurança ativa no quotidiano. “A vida humana não tem preço e estas aprendizagens podem realmente salvar vidas”, destaca Francisco Amaral, médico e autarca de Castro Marim .
ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
169 MÉDICOS INTERNOS ESCOLHEM O CHUA PARA REALIZAR A FORMAÇÃO GERAL E ESPECIALIZADA
Centro Hospitalar Universitário Algarve iniciou o ano com a receção dos 169 médicos internos que escolheram os hospitais públicos algarvios para desenvolver o seu Internato Médico na formação geral e efetuar a sua especialidade, no âmbito da formação especializada. Na cerimónia de boas vindas, que decorreu no dia 2 de janeiro, em simultâneo nas unidades hospitalares ALGARVE INFORMATIVO #185
de Faro e Portimão, estiveram presentes os 134 internos da Formação Geral e os 35 médicos da Formação Especializada. “Este número crescente e bastante significativo de jovens médicos, recém-formados, que anualmente escolhem os nossos hospitais no âmbito do Internato Médico representa um enorme orgulho para nós, pois é o reconhecimento da qualidade da nossa instituição no que respeita à formação dos novos 160
médicos”, frisou a diretora do Internato Médico, Ana Camacho. O importante momento para a formação médica foi partilhado pelos representantes da Direção do Internato Médico, Ana Camacho, Nuno Vieira e Ana Paula Fidalgo, do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, nas pessoas da vogal executiva, Helena Leitão, do diretor clínico, Mahomede Americano, e da enfermeira diretora, Filomena Martins, bem como da Administração Regional de Saúde, através do presidente, Paulo Morgado, e do vogal Tiago Botelho. No âmbito da Formação Especializada, e numa aposta consistente na idoneidade formativa das várias especialidades, os médicos internos foram colocados nas unidades de Faro e Portimão nas seguintes especialidades: Anestesiologia (2), Cardiologia (1), Cirurgia Geral (3), Doenças Infeciosas (1), Gastrenterologia (1), Ginecologia/Obstetrícia (2), Medicina Física e Reabilitação (3), Medicina Intensiva (2), Medicina Interna (6), Nefrologia (1), Neurocirurgia (1), Oncologia Médica (1), Pediatria (2), Pneumologia (1), Psiquiatria (4), Radiologia (2), Reumatologia (1), Urologia (1). No que respeita à Formação Geral, por forma a aprofundar os seus conhecimentos em diversos contextos clínicos, os internos vão desenvolver a sua formação, de forma tutelada, em diferentes especialidades e serviços nas unidades hospitalares de Faro e Portimão e ainda nos Centros de Saúde da região. 161
Em representação do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, a vogal executiva, Helena Leitão, e o Diretor Clínico, Mahomede Americano, fizeram questão de realçar a excelência e a qualidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos anos no Internato Médico nas várias especialidades e o consequente aumento da idoneidade formativa, como é o caso, por exemplo, da neurocirurgia, que recebe este ano o seu primeiro interno. Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, também fez questão de marcar presença nas sessões que decorreram nas duas unidades, evidenciando a crescente experiência dos hospitais públicos algarvios na formação de jovens médicos, contribuindo para o enriquecimento da sua formação e para a aquisição de experiência profissional, que lhes permite “aprender fazendo”, de forma bastante tutelada e orientada pelos especialistas . ALGARVE INFORMATIVO #185
ATUALIDADE
LOJISTAS DE LOULÉ FORAM DISTINGUIDOS NO CONCURSO DE MONTRAS NATAL 2018 Óptica Lúcia foi a grande vencedora da edição de 2018 do Concurso de Montras de Natal, iniciativa promovida em conjunto pela ACRAL e Câmara Municipal de Loulé com o objetivo de dinamizar o comércio tradicional durante esta quadra festiva. Vítor Aleixo, presidente da Autarquia, e Susana Casanova e José Leal, representantes da ACRAL, entregaram ainda menções honrosas aos seguintes estabelecimentos: «A Minha Loja» e Maryflor» pelos segundo e terceiro lugar no concurso, respetivamente, e a «Achinhagulha» como vencedora online do Concurso de Montras Natal 2018.
ALGARVE INFORMATIVO #185
Foi com muita imaginação e criatividade que os comerciantes se associaram a esta iniciativa, tornando os seus estabelecimentos mais atrativos com decorações alusivas ao Natal, numa época tão especial. As montras foram avaliadas por um júri composto por Pedro Pimpão, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé, Álvaro Viegas, presidente da ACRAL, e Lurdes Silva, professora da Universidade do Algarve. Pela primeira vez decorreu a votação online pelo público em geral que, em conjunto, levou à escolha final. A Oficina de Barro/Bernadete Martins e Xavier e o «Loulé Criativo» foram os responsáveis pela criação do troféu .
162
DE QUARTEIRA SINALIZA POPULAÇÃO COM MAIS DE 65 ANOS uarteira Presente – Programa Idoso Isolado», um projeto do Gabinete Sociocultural da Junta de Freguesia de Quarteira, tem como objetivo sinalizar a população com mais de 65 anos de idade, isolada geográfica e socialmente, da Freguesia de Quarteira, identificando-a e registando as suas maiores necessidades para, de uma forma integrada, melhor responder aos desafios do envelhecimento. Esta sinalização vai permitir identificar necessidades mais abrangentes desta população, possibilitando uma resposta centrada nas suas reais necessidades e tentando minimizar precocemente algumas situações de risco. O Programa consiste na aplicação de um inquérito, porta a porta, sendo as situações de maior vulnerabilidade posteriormente encaminhadas para os parceiros desta iniciativa, designadamente entidades oficiais, IPSS’s da Rede Social da Freguesia e Associações Não-formais. Pretende-se assim responder de forma integrada e coordenada a cada situação, com o grande objetivo de melhorar a qualidade de vida de cada indivíduo. A autarquia deseja também criar uma rede de voluntários da comunidade que, após identificadas as situações, consigam de uma forma sistemática e responsável apoiar algumas destas pessoas, com atividades simples como, por exemplo, ir passear ao jardim, 163
ao calçadão, acompanhar à farmácia ou somente, e tão importante, fazer companhia e conversar. Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, entende que "é determinante um acompanhamento de proximidade para garantir uma qualidade de vida a estas pessoas que precisam cada vez mais de atenção". Em 2017, segundo dados do Ministério da Administração Interna, a freguesia de Quarteira tinha quatro mil e 291 residentes com mais de 65 anos, representando 20 por cento da população, justificando a importância desta intervenção. O sucesso deste programa só será possível envolvendo toda a comunidade, para que se possam identificar situações de pessoas isoladas, tais como familiares ou vizinhos. Nesse sentido, o autarca apela para que a comunidade "se envolva para identificar e informar a junta de freguesia destas situações" . ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
164
165
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
166
167
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
168
169
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
170
171
ALGARVE INFORMATIVO #185
DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #185
172
173
ALGARVE INFORMATIVO #185
ALGARVE INFORMATIVO #185
174