ALGARVE INFORMATIVO #192

Page 1

#192

ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 2 de março, 2019

V ENCONTROS DO DEVIR ARRANCARAM EM LOULÉ 125 ANOS DE MUSEU MUNICIPAL DE FARO | 4 HORAS TT PEREIRO | DIOGO PIÇARRA 1 INFORMATIVO #192 TAÇA DE PORTUGAL DE DOWNHILL | SALVADOR MARTINHA | CICLO EUTERPEALGARVE | «NOCTURNO»


ALGARVE INFORMATIVO #192

2


3

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

4


5

ALGARVE INFORMATIVO #192


CONTEÚDOS #192 2 DE MARÇO, 2019 20

ARTIGOS 12 - Quinta da Aveleda 20 - Museu Municipal de Faro 40 - 4 Horas TT Pereiro 54 - Taça de Portugal Downhill 72 - Diogo Piçarra 82 - Ciclo Euterpe 96- «IKOQWE» 108 - «Nocturno» 122 - Salvador Martinha 150 - Atualidade

OPINIÃO

54

72

134- Paulo Cunha 136 - Mirian Tavares 138 - Adília César 140 - Ana Isabel Soares 142 - Carla Serol 144 - David Martins 146 - Vera Casaca ALGARVE INFORMATIVO #192

6


7

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

8


9

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

10


11

ALGARVE INFORMATIVO #192


Produzir vinho de Norte a Sul Texto: Vico Ughetto | Fotografia: Vico Ughetto e Grupo Aveleda

António Guedes e Martim Guedes na Quinta da Aveleda

ue muitas casas míticas do setor vinícola já não estão limitadas à sua região de origem vai-se tornando uma evidência e uma tendência cada vez mais banal. Um grande exemplo disso é a ALGARVE INFORMATIVO #192

famosa marca Grão Vasco, criada em 1959 e desde sempre associada à região do Dão, ter passado a ser uma marca multi-regional, com o alargamento da produção para o Alentejo, em 2005, e logo depois para o Douro. Uma aposta inovadora da Casa Sogrape num setor muito tradicional em que a marca estava indelevelmente ligada à região que a viu 12


nascer e que não iniciava a comercialização sob produção e certificação noutra região. O Algarve não era, até há pouco tempo, apetecível para este género de investimentos. Porém, nos últimos anos as coisas têm mudado de figura, tendo a pioneira no Algarve sido a Casa Santos Lima, que em 2014 investiu em Tavira, tanto em vinha como logo depois numa adega. E desde aí não tem parado de

13

crescer na região, quer através da plantação de mais vinha, quer assumindo-se como uma das principais compradoras de uva aos produtores locais, contribuído, assim, para que alguns não abandonassem a vinha. Agora a região atrai outro peso pesado do setor – o Grupo Aveleda S.A. – detentor das emblemáticas e campeãs de vendas, cá dentro e lá fora, Aveleda, Casal Garcia e Gazela. A expansão não é

ALGARVE INFORMATIVO #192


novidade para o grupo, que tem o seu berço em Penafiel, na joia arquitetónica que é a Quinta da Aveleda (as primeiras referências escritas são do séc. XVI). Desde a sua fundação em 1870, a empresa foi granjeando destaque na região dos Vinhos Verdes, tendo depois, em 1990, alargado a produção para a Bairrada, e em 2015 e 2017 adquirido duas importantes Quintas no Douro e expandido a sua produção também para esta região. Em 2019 chegou a vez do Algarve e o investimento passa, para já, pela aquisição de vinha e de direitos de exploração da Quinta Morgado da Torre, em Alvor. ALGARVE INFORMATIVO #192

O negócio têm-se mantido na família há cinco gerações, estando a atual gestão a cargo dos primos António e Martim Guedes, com este último a confessar que a principal razão da sua vinda foi o amor à primeira vista, ou melhor dizendo, amor à primeira prova. “Foi o produtor algarvio Filipe Vasconcellos (Morgado do Quintão) que me deu a conhecer os vinhos e que me despertou o interesse pela região, até há um ano completamente desconhecida”, assume Martim Guedes. Curioso é o facto de salientar que, apesar de estarem ainda na fase de 14


15

ALGARVE INFORMATIVO #192


organização, já estão a receber solicitações. “O nome Algarve é muito conhecido e gera bastante interesse. Ainda não começamos a comercializar e já temos pedidos dos EUA, Canadá e outros…”, comenta, o que deve ser motivador para outros produtores, não só do setor, mas de outras áreas, que se lamentam da falta de projeção internacional que a região tem. Mas o grupo não quer ficar apenas pela produção vinícola e a aposta irá seguir em paralelo o rumo do enoturismo, uma das razões que levou à escolha do local, como referiu Martim Guedes à CVA – Comissão Vitivinícola do Algarve. “Visitámos várias propriedades e a Quinta do Morgado da Torre tinha as condições perfeitas. Para além da sua boa localização para a produção de brancos (na zona plana da quinta) e de tintos (na zona com parte ALGARVE INFORMATIVO #192

em encosta) o seu posicionamento em Alvor tem ótimos acessos para potenciar o enoturismo na região, dando igualmente continuidade às marcas (sobretudo Alvor) do anterior proprietário João Mendes”. O futuro parece risonho para a região e para o grupo e o otimismo parece ser a tónica do discurso de Martim Guedes, referindo-se ao Algarve “como tendo um grande potencial para rosés de qualidade e estamos motivados para ser a locomotiva que abre caminho para potenciar o crescimento da região para um patamar de maior qualidade e afirmação”. Reconhece, porém, que “esse caminho não se faz sozinho, mas sim com outros produtores regionais que podem e irão beneficiar com o crescimento, como ocorreu noutras regiões e com outros protagonistas”. 16


17

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

18


19

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

20


MUSEU MUNICIPAL DE FARO COMEMORA 125 ANOS DE VIDA E TEM MUITOS PLANOS PARA O FUTURO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® 21

ALGARVE INFORMATIVO #192


Museu Municipal de Faro assinala, a 3 de março, o seu 125.º aniversário, embora tenha sido criado oficialmente a 2 de fevereiro de 1894, na altura com a designação de Museu Archeológico e Lapidar Infante D. Henrique, numa homenagem ao impulsionador dos Descobrimentos por ocasião do quinto centenário do seu nascimento. 20 anos depois, a exposição do espólio já ocupava três salas do edifício dos Paços do Concelho, tendo a sua abertura ao público acontecido a 9 de outubro de 1897, com a presença do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia. Em 1913, passa a funcionar na Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos, onde permaneceu até 1971, transitando depois para as atuais instalações, no antigo Convento da Nossa Senhora da Assunção, com a inauguração do novo espaço a ter lugar em 1973, sob a direção de José António Pinheiro e Rosa, que acumulou o cargo de Diretor do Museu e da Biblioteca Municipal de Faro até 1986. O espólio arqueológico é o mais significativo do Museu Municipal de Faro, com objetos da pré-história e das épocas romana e medieval, de entre os quais se destacam, por exemplo, um mosaico dos séculos II/III, os bustos imperiais de Adriano e Agripina e um acervo de epígrafes de Ossónoba da época romana. Realce também para uma coleção de pintura dos séculos XVI a XIX de grande qualidade, composta principalmente por espécimes religiosos outrora pertencentes a templos algarvios. Em maio de 2002 passou a integrar a Rede Portuguesa de ALGARVE INFORMATIVO #192

Marco Lopes, Diretor do Museu Municipal de Faro

Museus e, em novembro de 2005, foi galardoado com o Prémio APOM de Museologia – Triénio de 2003/05, como melhor Museu Português, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia. Quanto ao antigo Convento de Nossa Senhora da Assunção, é, ele próprio, um caso de rara beleza, começando a ser construído em 1519 e ali albergando 22


durante séculos a próspera judiaria de Faro. Após alguns anos de interrupção, a Rainha D. Catarina, esposa de D. João III, como donatária da cidade de Faro, patrocinou a continuação das obras, com o claustro a ficar concluído em 1548 e passando a fazer parte da clausura. As freiras provinham de famílias algarvias de boa reputação e elevado estatuto social e foi um dos quatro conventos femininos 23

outrora existentes na diocese algarvia. Após a implantação do Liberalismo e consequente extinção das Ordens Religiosas, as freiras deixaram o convento em 1836, que foi vendido a particulares em 1860 e adaptado para fábrica de cortiça. Um século depois foi adquirido pela Câmara Municipal de Faro para nele instalar o Museu e Biblioteca Municipais e o edifício é ALGARVE INFORMATIVO #192


classificado como Monumento Nacional desde 1948, um admirável exemplar da arquitetura monástica quinhentista e um dos primeiros exemplares da tipologia de claustros proto-renascentistas portugueses. E foi rodeado de toda esta história que conversamos com o Diretor Marco Lopes, dias antes da festa dos 125 anos do Museu Municipal de Faro, que prontamente enalteceu a paixão e empenho de toda a equipa deste equipamento cultural. “Para além deste acervo imenso que temos em exposição, há uma percentagem enorme de peças e coleções que estão nas nossas reservas e essas também têm que ser cuidadas permanentemente. É com grande entusiasmo que recebemos todos os anos milhares de visitantes no Museu e tentamos sempre surpreendê-los com novas peças, como é o caso recente da «Torre de Babel», e com uma programação cada vez mais arrojada. E a responsabilidade da equipa vai crescendo de dia para dia, porque queremos apresentar as peças nas melhores condições possíveis e devidamente contextualizadas e enquadradas”, explica, lembrando a importância de se contrariar aquela imagem do museu enquanto espaço encriptado, enfadonho e reservado às elites. “Há que diversificar a programação expositiva, que passa pelas nossas coleções, por temas locais, concelhios ou regionais, ou fazendo a ponte com temas nacionais e internacionais, porque Faro foi uma cidade e um território importante com contatos com vários pontos do país e do mundo”. ALGARVE INFORMATIVO #192

No fundo, o Museu Municipal de Faro procura cruzar várias disciplinas, não se ficando pela arte antiga, pela arqueologia ou pintura, mas abrindo as suas portas também à arte contemporânea, e com grande competência, comprovada por parcerias com a Fundação Millennium BCP ou a Fundação Serralves, ou com a Universidade do Algarve na curadoria da Galeria Trem, e com a Artadentro, uma 24


associação de arte contemporânea da cidade farense. E só assim se conseguirá, por ventura, captar as novas gerações, não só os mais jovens, mas todos aqueles nascidos no virar do milénio, para quem ir a um museu poderá parecer pouco atrativo. “A educação para o património tem sido um dos nossos focos, tanto aqui no Museu Municipal de Faro, como no Museu Regional de Faro, para se atrair um público que não está rotinado com visitas a espaços culturais. Há um 25

cruzamento dos programas curriculares das várias disciplinas e anos de escolaridade com a oferta do Museu, para sensibilizar para o respeito pelo património, com turmas do concelho de Faro e de outros pontos da região. Em paralelo, temos uma grande preocupação com a vertente da interatividade, que passa pelas novas tecnologias aplicadas ao património e ao acervo artístico do Museu, para facilitar a aproximação ALGARVE INFORMATIVO #192


aos mais jovens e aos visitantes estrangeiros”, realça Marco Lopes. Importante também, fundamental até, é a questão da acessibilidade, tornar o Museu o mais democrático possível. “Nos ALGARVE INFORMATIVO #192

primórdios da museologia, estes espaços estavam centrados em determinadas elites, num público muito especializado, com horários bastante curtos e específicos. O Museu Municipal de Faro está aberto de terça 26


a domingo e há um conjunto de funções e atividades que procuram trazer os jovens aos museus, o que tem sido conseguido”, destaca o entrevistado. “Preocupamo-nos em que as pessoas tenham respeito pelo património, que 27

percebam que existe um património valioso que explica as origens e identidade do concelho de Faro, sem saudosismos, sem procurar um sentimento de rivalidade com os outros territórios. Queremos cá trazer, ALGARVE INFORMATIVO #192


sobretudo, os farenses, organizando temáticas e exposições que estejam associadas a Faro ou a figuras locais com que as pessoas se identifiquem. E isso também se consegue saindo de dentro do Museu, indo às escolas e à rua, fazendo investigação conjuntamente com entidades e associações, para enriquecer o nosso património e nos aproximar da comunidade local”.

SEMEAR O INTERESSE PELO PATRIMÓNIO Tornar a história atrativa e apelativa não é, contudo, fácil, porque vivemos rodeados de múltiplas alternativas de lazer e entretenimento e porque, infelizmente, não estamos tão conectados com as nossas raízes como seria desejável. A solução passa, de acordo com Marco Lopes, por utilizar estratégias articuladas ALGARVE INFORMATIVO #192

com as escolas e as famílias e com base numa linguagem mais simples, e procurando cativar os jovens para determinados pontos do património e acervo pelos quais possam sentir uma maior afinidade. “São estratégias aplicadas pelos serviços educativos do Museu, nas visitas guiadas que promovemos, em algumas exposições que organizamos, mas não há aqui uma fórmula mágica, uma receita ou segredo. Acima de tudo há que ter persistência, apostar em parcerias com a comunidade educativa e com os pais, e empregar uma linguagem que não seja demasiado técnica e académica e que afaste logo as pessoas, para semear nos jovens o interesse pelo património”, salienta o Diretor do Museu. Marco Lopes defende, então, que um Museu também tem que ser divertido, 28


bem-disposto, atraente, sedutor, até porque é, na sua essência, um serviço público aberto a todos os públicos. E prova disso é que deixou de ser meramente um espaço expositivo do seu acervo, acolhendo diversos acontecimentos culturais transversais a todas as idades. “Nas comemorações dos 125 anos vamos ter desde atividades para os mais jovens e famílias até à inauguração da exposição com trabalhos do Carlos Porfírio, passando por um concerto de música. Tudo aqui pode acontecer, dentro da área cultural e artística”, considera, reconhecendo, contudo, que isso pode desagradar aos mais «puristas», àqueles que preferem um museu «à moda antiga». “Convém lembrar que este espaço foi um convento, depois uma fábrica de cortiça, que adulterou muito dos seus vestígios arquitetónicos originais. Naturalmente que temos a 29

cautela de que a nossa programação possa qualificar, beneficiar e orgulhar todos os que aqui venham, mas os tempos são outros e os museus têm que se adaptar. Este espaço, pela sua beleza e charme, presta-se a outro tipo de atividades, mas temos um filtro e procuramos ser seletivos”, indica o entrevistado. Preparar o programa não é tão fácil como possa parecer, porque o Museu Municipal de Faro é amplo e comporta várias salas expositivas e porque, normalmente, tudo tem que ser idealizado com bastante antecedência. “A prioridade é mostrar as nossas coleções e o nosso acervo, o que só é possível desde que se cumpram algumas funções por norma associadas aos museus. Desde logo, nada se consegue fazer sem uma boa ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

30


investigação, sem um bom trabalho de inventário, de conhecimento das coleções. Não queremos expor simplesmente por expor”, avisa Marco Lopes. “Antigamente vigorava um critério estético, cénico, juntavam-se peças que ficavam bonitas umas ao lado das outras. Hoje, as peças que são expostas contam uma história que tem contextualização, informação, substância, e esse trabalho demora, às vezes, muito tempo a fazer. Depois, também não se deve expor uma peça que não esteja bem conservada e, verdade seja dita, a nossa equipa de conservação e restauro é fenomenal”, enaltece. Dar prioridade ao acervo do Museu Municipal de Faro não significa, todavia, que não possam existir exposições híbridas, mistas, que incluam peças próprias e peças de outros museus, o que engrandece, segundo Marco Lopes, ainda mais o acontecimento. “Existem outros projetos, exposições e coleções de museus respeitados e prestigiados aos quais pedimos peças. Assim sucedeu na exposição conjunta com o Museu de Belas Artes de Sevilha sobre os pintores barrocos, porque a pintura barroca algarvia tem muita influência da sua congénere sevilhana. O mesmo acontece com a exposição do Carlos Porfírio que inaugura no dia 3 de março, com pinturas praticamente desconhecidas deste artista farense, não só do Museu Municipal de Faro e de colecionadores privados, mas da Gulbenkian, do Museu do Chiado e do Museu Grão Vasco. São parcerias que dão outro músculo a uma programação expositiva cada vez mais 31

robusta, interessante, com maior qualidade”, justifica.

CONFIANÇA E RESPEITO TOTAL NUMA EQUIPA EXTRAORDINÁRIA O acervo é extraordinário, a programação é audaz e muito dinâmica, vai faltando é espaço físico, reconhece Marco Lopes, adiantando que está em perspetiva o alargamento das áreas expositivas do Museu Municipal de Faro. Tal facilitará a rotatividade das exposições e a prossecução de novos projetos, mas também a reciclagem das exposições de longa duração ou permanentes. “Foi isso que fizemos, em 2013/2014, com a Sala do Mosaico, onde se encontra o único Tesouro Nacional do Algarve, o mosaico romano do deus Oceano. Renovar, do ponto de vista estético, mas também dos seus conteúdos e mensagens, deve ser uma preocupação constante de qualquer museu”, acredita o entrevistado. E muitas pessoas estão atentas a tudo isto e ficam orgulhosas com as distinções que o Museu Municipal de Faro tem conquistado. “É um selo de qualidade e credibilidade desta instituição que eleva a fasquia e aumenta o grau de exigência do público. Queremos que as pessoas compreendam que neste espaço magnífico, que é Monumento Nacional, existe um museu centenário, dos mais antigos do país, que tem coleções absolutamente extraordinárias e uma programação que não envergonha ninguém, antes ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

32


pelo contrário. Não somos um Museu de Província, mas sim respeitado alémfronteiras e facilmente recolhemos a confiança de entidades de prestígio”, assegura Marco Lopes. Se dúvidas houvesse sobre esta afirmação, basta pensar nas exposições do Museu Municipal de Faro que recebem obras das coleções de outros museus e fundações, nacionais e estrangeiros, peças valiosíssimas, únicas, impossíveis de substituir. “Durante os próximos meses vamos ter aqui dois tesouros nacionais, o nosso Mosaico do Deus Oceano e a Cabeça Futurista atribuída ao pintor Guilherme de Santa-Rita, uma obra mítica emprestada pelo Museu do Chiado”, destaca, sorridente. E, volte-se a dizer, nada disto seria concretizável sem aqueles que trabalham nos bastidores, 33

“uma equipa vastíssima, pluridisciplinar, de uma grande competência e disponibilidade, que não olha a horários, que trabalha apaixonadamente pela arte, pela cultura, pelo museu, por deixar uma imagem de qualidade”, elogia Marco Lopes. Ao todo falamos de mais de 30 pessoas, logo a começar pela vigilância que recebe as pessoas, as acolhe e encaminha, e pelos serviços administrativos. Depois, uma equipa de restauro fantástica, com trabalhos de enorme profissionalismo em peças do acervo do Museu e do próprio património urbano, cultural e artístico do concelho de Faro e não só. Recordese, por exemplo, o restauro da Estátua de D. Afonso III e do Obelisco de Faro, ALGARVE INFORMATIVO #192


ou da imagem da Mãe Soberana de Loulé. Dinâmica e incansável é a equipa do Serviço Educativo no envolvimento dos mais jovens para o sentido de cidadania e de respeito pela antiguidade. A estas junta-se ainda, claro, a equipa de investigação e inventário, com antropólogos, arqueólogos e outros técnicos, com Marco Lopes a lembrar que o Museu Municipal de Faro acompanha todas as obras realizadas em zonas sensíveis do Centro Histórico. “Tudo desdobrado em três espaços: o Museu Municipal, o Museu Regional e a Galeria Trem. É um trabalho mesmo de amor à camisola, algo que acontece, tenho a certeza absoluta, com a maior parte das equipas dos museus de Portugal. E com um sentimento de grande amizade e solidariedade entre todos, o que facilita imenso, como deve imaginar, a tarefa do Diretor”, declara. ALGARVE INFORMATIVO #192

E como os olhos estão colocados, tanto no passado, como no futuro, projetos não faltam ao Museu Municipal de Faro, desvenda Marco Lopes, numa altura em que completa 125 anos de vida. “A fasquia está alta e obriga-nos a puxar ainda mais dos nossos galões. As ambições começam logo em termos físicos, pois é possível crescer para a zona do Quintalão do Museu. Quando fizemos a exposição de belas artes de pintura barroca, disseram-nos que ela podia ter sido ainda melhor se tivéssemos mais quadros. O problema é que estamos a falar de quadros gigantescos e não temos mais espaço expositivo”, admite o Diretor, acrescentando que o executivo municipal farense está consciente e sensível para essa necessidade. Outro objetivo é aumentar também a área das 34


reservas, pois o acervo do Museu é constituído por milhares de peças que precisam estar bem-acondicionadas e protegidos. “E mais uma área para a equipa de conservação e restauro, até porque faz intervenções em objetos de algum porte e com produtos com certa perigosidade”, justifica o entrevistado. Ainda no plano físico, falta um acesso ao primeiro andar para pessoas com mobilidade reduzida, existindo já um projeto para essa obra. No que toca à programação expositiva, há a intenção de inaugurar, ainda em 2019, uma mostra inédita sobre Manuel Martins, talvez o mais prestigiado entalhador barroco de Faro e do Algarve, mas haverá ainda lugar a mais uma parceria com a Fundação Millennium BCP e novas exposições no Museu Regional ligadas ao património imaterial do Algarve. Novidades não

35

faltarão nos Serviços Educativos, pretende-se levar as atividades para o exterior e também abrir as portas do serviço de restauro, “para mostrar o trabalho meticuloso, cirúrgico, feito por essa equipa, e para explicar como as pessoas podem cuidar do património que têm nas suas próprias casas com pequenas medidas”. “Finalmente, o conhecimento e investigação dos museus tem que sair das gavetas e vamos tentar publicar, em 2019, dois catálogos com a chancela da Câmara Municipal de Faro e do Museu Nacional de Faro: um sobre esta exposição do Carlos Porfírio, que está praticamente finalizado; o outro, fundamental, para a Sala do Mosaico. Um terceiro será sobre a famosa coleção de cartazes de Joaquim António Viegas”, revela Marco Lopes, em final de conversa .

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

36


37

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

38


39

ALGARVE INFORMATIVO #192


JOÃO LOURENÇO E FÁBIO GUERREIRO VENCERAM V ENCONTRO DE RESISTÊNCIA 4 HORAS TT DO PEREIRO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Alcoutim ALGARVE INFORMATIVO #192

40


41

ALGARVE INFORMATIVO #192


ealizou-se, pelo quinto ano consecutivo, o Encontro de Resistência 4 Horas TT junto à barragem da aldeia do Pereiro, no concelho de Alcoutim, no dia 23 de fevereiro, com partida ao estilo Le Mans. A prova foi disputada num circuito de aproximadamente seis quilómetros e a organização esteve a cargo da Associação de Jovens do Nordeste Algarvio Inter-Vivos. Os pilotos lutaram primeiramente pelas primeiras posições em grelhas de partida convencionais com os treinos cronometrados a definirem a respetiva. A prova era composta por equipas de um ou dois pilotos e uma ou duas motos, existindo apenas duas classes: Classe 1 – 1 Piloto uma Moto e Classe 2 – 2 Pilotos e 1 ou 2 Motos. Nas duplas, a vitória coube a João Lourenço/Fábio Guerreiro, que completaram 43 voltas do circuito em 4h02m10.656s. Com menos duas voltas quedaram-se Dagmar Guerreiro/Pedro Grosso e, com menos três voltas, ficaram Eduardo Vieira/Filipe Abreu. O triunfo a solo coube a Sven Triebold, que finalizou 38 voltas em 4h04m50.140s, logo seguido de Micael Simão com menos uma volta e Francisco Lopes com menos quatro voltas. O evento contou com a colaboração da Câmara Municipal de Alcoutim e da União de Freguesias de Alcoutim Pereiro, da Junta de Freguesia de Martim Longo e dos Bombeiros Voluntários de Alcoutim . ALGARVE INFORMATIVO #192

42


43

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

44


45

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

46


47

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

48


49

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

50


51

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

52


53

ALGARVE INFORMATIVO #192


SÃO BRÁS DE ALPORTEL VIBROU COM A PRIMEIRA ETAPA DA TAÇA DE PORTUGAL DE DOWNHILL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO #192

54


55

ALGARVE INFORMATIVO #192


elo segundo ano consecutivo o espanhol Ángel Suarez (The Yt Mob) e a britânica Tahnée Seagrave (Transition Bikes/FMD Factory Racing) venceram a prova inaugural da Taça de Portugal de Downhill, desta feita disputada na fantástica pista do Arimbo, em São Brás de Alportel, no fim-de-semana de 23 e 24 de fevereiro. Na descida de qualificação desta competição inscrita igualmente no calendário internacional, o galego Ángel Suarez (26.º do ranking mundial) não entrou sequer nos primeiros dez classificados, pulverizando a sua marca na parte da tarde ao cruzar a meta com 2'35''467, à frente do vice-campeão nacional da especialidade, José Borges (Miranda Factory Team), que registou 2'36''512. Já o britânico Jack Reading (One Vision Global Racing), 91.º do ranking mundial, foi o mais rápido na descida de qualificação realizada na parte da manhã, mas concluiu a prova no terceiro lugar, com a marca de 2'37''145. Quanto ao vencedor em título da Taça de Portugal, o campeão nacional Emanuel Pombo (Ciclo Madeira Clube Desportivo), não foi além do nono lugar final, com 2'40''235. Nas senhoras, em elite feminina, a britânica Tahnée Seagrave (Transition Bikes/ FMD Factory Racing) não deu hipóteses à concorrência e voltou a impor-se na primeira prova oficial da época portuguesa de Downhill. A atual número dois do ranking mundial cruzou a meta com 2'57''914, antecipando em ALGARVE INFORMATIVO #192

56


57

ALGARVE INFORMATIVO #192


mais de dois segundos o registo da segunda classificada, a alemã Veronika Widmann (Bike Club Egna Neumarkt), que gastou 3'00''355. Margarida Bandeira (Montanha Clube / LouzanPark) posicionou-se no terceiro lugar da elite feminina, com o registo 3'27''423. E tinha sido precisamente este o alinhamento das três primeiras classificadas aquando da descida de qualificação da parte da manhã. Na ronda de São Brás de Alportel, que atribuiu os primeiros pontos da Taça de Portugal de Dowhill, a vitória em juniores masculinos coube a um português, Gonçalo Bandeira (Miranda Factory Team), ainda que por pouco. No entanto, os seus 2'42''114 foram superiores aos 2'42''835 de Jamie Edmondson (Transition Bikes / Muc-off Factory Racing), que tinha sido o mais rápido na qualificação. O terceiro lugar foi para Orion Kichmayer (LAESPORT), com o tempo de 2'47''368. Nos cadetes, o mais rápido em São Brás de Alportel foi Nuno Reis (Maiatos) com 2’50’’684. O pódio desta categoria foi preenchido com mais um corredor britânico, Dennis Luffman (Transition / FMD Factory Racing), logo seguido por, em terceiro lugar, Mario Ruiz (Miranda Bike CC). Nas restantes categorias, Daniel Pombo (Ciclo Madeira Clube Desportivo) venceu nos Masters 30, José Sousa (Casa do Povo de Abrunheira) foi o mais rápido nos Masters 40 e Antero Oliveira (Bike House DH Team/Guimarães) levou a melhor entre os Masters 50. A prova de promoção foi conquistada por Leonel Henrique (Wildpack Algarve Racing) . ALGARVE INFORMATIVO #192

58


59

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

60


61

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

62


63

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

64


65

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

66


67

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

68


69

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

70


71

ALGARVE INFORMATIVO #192


ABRIGO DE DIOGO PIÇARRA ESGOTOU TEATRO DAS FIGURAS NUM SEMPRE APRECIADO REGRESSO A CASA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

ALGARVE INFORMATIVO #192

72


73

ALGARVE INFORMATIVO #192


ois concertos completamente esgotados foram o resultado da passagem da digressão «Abrigo» de Diogo Piçarra pela sua cidade de Faro, mais concretamente pelo Teatro das Figuras, nos dias 23 e 24 de fevereiro. Num formato mais intimista, acústico, acompanhado apenas por Francisco Aragão nos teclados, pensado para auditórios e teatros, o consagrado músico farense não escondeu a imensa alegria e emoção de tocar perante os seus, muitos deles amigos de infância, colegas de escola e das lides musicais, mas ALGARVE INFORMATIVO #192

também para uma nova geração que rapidamente aderiu às baladas e às músicas mais mexidas de Diogo Piçarra. A «jogar em casa», como se costuma dizer no futebol, os concertos decorreram num ambiente bastante informal, com Diogo Piçarra em amena conversa com a plateia, contando as histórias por detrás dos temas que ia cantando, os momentos bons e menos bons da sua carreira, os desafios e aventuras, sempre em bom algarvio, empregando as expressões típicas da sua terra, para deleite dos presentes. Porque tocar ao vivo num grande festival de Verão é diferente, muito 74


75

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

76


barulho, a confusão normal dos espaços abertos, as guitarradas e baterias que ofuscam as letras das canções. Em «Abrigo» imperam a viola, a guitarra e a voz de Diogo Piçarra e os teclados de Xico Aragão, num retornar ao seu «paraíso», como fez questão de sublinhar ao longo de dois concertos «maravilhosos», nas palavras de uma fã. E o espetáculo à laia de videomapping que vai acontecendo na estrutura onde se aconchega a dupla torna a experiência ainda mais enriquecedora e inesquecível. Por isso, ao fim de três anos loucos em que pisou os principais palcos do país e participou nos grandes festivais de norte a sul de Portugal, os próximos tempos serão mais calmos, por decisão própria, para Diogo Piçarra, numa digressão diferente, muito apelativa, mais intimista, embora tocar em Faro seja, sem dúvida nenhuma, ainda mais entusiasmante para o artista. 77

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

78


79

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

80


81

ALGARVE INFORMATIVO #192


BLUES, JAZZ E WORLD MUSIC ENCERRARAM CICLO EUTERPE DO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

ALGARVE INFORMATIVO #192

82


83

ALGARVE INFORMATIVO #192


usa dominadora da música, da poesia lírica, das festividades e honrarias devidas aos deuses e inspiradora da sensualidade e dos inesquecíveis amores, Euterpe dá nome a um extasiante ciclo de música que é já uma das marcas de sucesso do Teatro Lethes, em Faro. Na segunda semana do Ciclo Euterpe pisaram este carismático palco Vítor Bacalhau (21 de fevereiro), Pablo Lapidusas International Trio (22 de fevereiro) e Couple Coffee (23 de fevereiro). O cantor e guitarrista algarvio Vítor Bacalhau é considerado uma das grandes promessas do blues nacional, tendo lançado, em novembro de 2017, o seu segundo álbum de originais, «Cosmic Attraction», produzido e gravado por Budda Guedes nos estúdios da Mobydick Records. Em março do ano transato alcançou o terceiro lugar no European Blues Challenge disputado na Noruega, sendo o primeiro músico português a pisar o pódio, numa competição que contou com a participação de 21 países da União Europeia. E no concerto do Lethes demonstrou todo o seu talento num concerto fantástico. Do blues passou-se para o jazz, com Pablo Lapidusas International Trio do pianista argentino Pablo Lapidusas, em colaboração com o baixista cubano Leo Espinosa e o baterista brasileiro Marcelo Araújo. Neste projeto musical estão ALGARVE INFORMATIVO #192

84


85

ALGARVE INFORMATIVO #192


bem patentes a experiência da migração e o ADN latino-americano dos três instrumentistas, que desde que se juntaram já deram mais de 70 concertos em importantes clubes e festivais do Brasil. O Ciclo Euterpe terminou em beleza com a world music dos Couple Coffee, o casamento musical entre Luanda Cozetti e Norton Daiello de onde resulta uma ALGARVE INFORMATIVO #192

sonoridade espantosa, original e sofisticada. Por isso, a comunicação com o público é imediata e não há quem fique indiferente a tanto virtuosismo. Recentemente lançado, o disco «Puro» começou a ser gravado no Rio de Janeiro e foi finalizado em Lisboa, com o repertório a incluir clássicos da música brasileira de todas as épocas, desde Noel Rosa a Djavan . 86


87

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

88


89

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

90


91

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

92


93

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

94


95

ALGARVE INFORMATIVO #192


V ENCONTROS DO DEVIR COMEÇOU COM IKOQWE NO CINE-TEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

ALGARVE INFORMATIVO #192

96


97

ALGARVE INFORMATIVO #192


concerto de abertura da quinta edição do festival «Encontros do DeVIR» levou ao Cine-Teatro Louletano, na noite de 23 de fevereiro, o projeto IKOQWE, que junta Luaty Beirão aka Ikonoklasta e Pedro Coquenão aka Batida. O evento quer continuar a pensar o nosso território, aliando o social ao cultural, o ecológico, o científico e o político ao artístico, fazendo pontes com outras realidades ALGARVE INFORMATIVO #192

geograficamente distantes, recorrendo, para tal, ao trabalho de investigadores e cientistas e a criações de escritores, de artistas das artes visuais e de criadores das artes do espetáculo. De acordo com a organização, “pensar o nosso território é também refletir sobre as obras «dos nossos», homenagear os que se distinguiram no seu tempo e que ainda hoje são recordados pela pertinência e atualidade do seu legado”. Assim, na sequência das edições anteriores, onde 98


99

ALGARVE INFORMATIVO #192


o festival se focou em questões prementes e atuais, a proposta é continuar a chamar a este festival um tema que atravessa os tempos – a denúncia, que foi tratado recorrentemente na obra de um dos mais distintos poetas populares do Algarve, António Aleixo. “Falar dele e do seu legado é refletir sobre nós, sobre a nossa identidade”, frisa a organização. Ora, em 2019 completam-se 120 do nascimento do poeta e esse facto é razão ALGARVE INFORMATIVO #192

mais do que suficiente para se lembrar o homem e festejar o que ele nos deixou, à luz dos nossos dias e do que neles acontece. “Como a ele, também a nós não nos chega entreter e animar. A nossa missão é cada vez mais fazer uso da Arte e da Cultura como instrumentos de denúncia, de mudança e de entendimento”, defende a organização dos V Encontros do DeVIR . 100


101

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

102


103

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

104


105

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

106


107

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

108


JOANA GAMA E VICTOR HUGO PONTES APRESENTARAM «NOCTURNO» À COMUNIDADE ESCOLAR LOULETANA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

109

ALGARVE INFORMATIVO #192


os dias 26 e 27 de fevereiro, o CineTeatro Louletano foi palco de quatro sessões de «Nocturno» dirigidas às escolas de primeiro ciclo do concelho de Loulé, num espetáculo em que a pianista Joana Gama e o coreógrafo Victor Hugo Pontes surgem em palco acompanhados pelo ator e bailarino João Santiago. Nesta encenação de música e dança dá-se corpo a alguns dos medos da infância, tendo como referência o escuro e a noite, com sugestão de ambientes que remetem para a cidade e para o campo. Na imaginação das crianças, a noite é talvez o primeiro dos grandes mistérios. As sombras, o escuro, o silêncio, os barulhos da rua e os movimentos na casa propiciam pensamentos fantasiosos, muitos medos, algum fascínio. Alicerçado num trabalho com escolas em diversas fases da criação, «Nocturno» inspira-se em muitas noites ALGARVE INFORMATIVO #192

possíveis, na aldeia e na cidade, ao relento ou em abrigos improváveis. Diferentes sons e experiências, com ou sem estrelas, mas sempre sob o mesmo céu escuro. Aranhas, trovoadas, sombras, roupa ou brinquedos que ganham vida, sons e silêncios que se ampliam, são convocados para este espetáculo, debaixo de um gigante lençol estrelado e com música original de João Godinho. Direcionado para crianças a partir dos seis anos, o espetáculo muitas vezes sugere mais do que aquilo que mostra, estimulando a curiosidade do espetador, com o processo criativo dos autores a incluir visitas a escolas para conversar com crianças sobre os seus medos. "Pedimos para nos revelarem quais eram os seus medos e receios sobre o que acontecia durante a noite. Algumas das imagens que aparecem no espetáculo são referências que nos foram dando", confirmou o coreógrafo Victor Hugo Pontes . 110


111

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

112


113

ALGARVE INFORMATIVO #192


Cocriação: Joana Gama e Victor Hugo Pontes / Direção e Cenografia: Victor Hugo Pontes / Interpretação: Joana Gama, João Santiago e Victor Hugo Pontes / Composição Musical: João Godinho / Desenho de Luz e Direção Técnica: Wilma Moutinho / Sonoplastia: Suse Ribeiro e João Godinho / Desenho de Som: Suse Ribeiro / Maquinaria de Cena: Filipe Silva / Adereços (aranhas): Emanuel Santos / Direção de Produção: Joana Ventura / Assistência de Produção: Mariana Lourenço / Apoio à Residência: Centro Cultural Vila Flor / Coprodução: Nome Próprio, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Municipal do Porto Rivoli, Campo Alegre e CCB – Fábrica das Artes

ALGARVE INFORMATIVO #192

114


115

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

116


117

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

118


119

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

120


121

ALGARVE INFORMATIVO #192


«CABEÇA AUSENTE» DE SALVADOR MARTINHA ANIMOU TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

ALGARVE INFORMATIVO #192

122


123

ALGARVE INFORMATIVO #192


humorista, contador de histórias e argumentista Salvador Martinha trouxe o seu novo espetáculo, «Cabeça Ausente», ao Teatro das Figuras, em Faro, no dia 22 de fevereiro, de onde se demarcaram muitas piadas do seu mais recente projeto, a websérie «Sou menino para ir», mas também dos seus podcasts «Ar Livre», onde fala sem rodeios ou hesitações das suas aventuras do dia-a-dia. Neste espetáculo de pura stand-up comedy, a interação com o público e os improvisos foram constantes, de modo que cada noite é diferente, consoante o local onde se encontra e as pessoas que tem pela frente. E no centro de tudo está o seu conhecido défice de atenção, pelo que «Cabeça Ausente» acaba por ser, conforme descreve, um «share location» do seu pensamento alheado. “Em que pensa Salvador Martinha quando se desliga do mundo? Porque se desliga tanto e ao mesmo tempo está tão ligado?”, questionamo-nos, e o espetáculo responde-nos, sem medo e com muita verdade, que o faz para rir, claro . ALGARVE INFORMATIVO #192

124


125

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

126


127

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

128


129

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

130


131

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

132


133

ALGARVE INFORMATIVO #192


OPINIÃO

Contágios, influências e plágios Paulo Cunha (Professor) esde os dez anos que me lembro de comprar discos que se foram acumulando, ao longo do tempo, em várias divisões da casa. Oiço e assimilo música de todos os géneros desde muito novo, o que me permitiu ter alguma «bagagem» em relação à muita música que por aí se ouve. Por isso quase todas as novas músicas me lembram outras que já ouvi. Aprendi a reservar a minha opinião somente para mim, pois sei que nenhum compositor gosta de ver a sua obra associada a outras já compostas, do género: “Está gira. Parece mesmo o estilo do compositor x!” ou “Gostei. Faz-me lembrar aquela música y!”. Com tanta fonte musical a que, atualmente, temos acesso, as melodias atropelam-se entre si, instalando-se (as mais bonitas) em partes recônditas da nossa memória. Esperam que determinados acordes, que se atraem tal como íman em maravilhosas progressões harmónicas, as despertem para uma nova canção. Canções nossas, mas também de todos aqueles que, como nós, ousaram, num determinado tempo, local e espaço, compor. Não sendo apenas apanágio dos músicos, esta chamada «angústia da influência» de quem arrisca criar regista-se também noutras vertentes culturais e setores artísticos. A criatividade veio tornar-nos intelectualmente mais ricos, mas, ao mesmo tempo, mais atentos e críticos. Adquirimos conhecimentos que, em várias áreas, vieram valorizar um património que ALGARVE INFORMATIVO #192

se foi avolumando e que, cada vez mais e por várias formas, se encontra ao dispor de quem o queira consultar, desfrutar e utilizar. Tal como na música ocidental onde, ao longo de séculos, as sete notas musicais (transformadas pela ação das alterações/acidentes em doze sons) experimentaram todas as combinações rítmicas, harmónicas, melódicas e tímbricas possíveis e imaginárias, também noutras áreas criativas se instalou uma certa sensação de «dejá vu» no consumidor final. Mas será essa sensação um sinal que andamos todos a plagiarmonos uns aos outros? Sinceramente, penso que não! Quanto mais aprendemos, sabemos e conhecemos, mais sentimos que a originalidade é um objetivo difícil de atingir. É facilmente percetível para os mais atentos que, estando quase tudo inventado, ensinado, veiculado e partilhado através de vários meios, mecanismos, processos e métodos, é necessário «embrulhar» as novas criações em apresentações onde o acessório se sobreponha à essência da obra. Há quem lhe chame originalidade, mas para quem, como eu, usa a história para descodificar a realidade e perspetivar o futuro, rapidamente escrutina a intenção desta necessidade de recriar o que já foi criado para o apresentar às novas gerações. À distância de um simples clique é hoje possível conhecer quem cria e quem, com desfaçatez e ignomínia, copia. Por isso não acredito em determinadas acusações de plágio feitas a gente que, vivendo da 134


música e para a música, dá o que tem e o que sabe, importando-se mais com o conteúdo do que com o resultado. E são tantos, os (bons) compositores, neste planeta, que jamais teria a veleidade de os acusar de plágio. Só plagia quem, por não 135

conseguir criar, rouba ostensiva, despudorada e conscientemente quem cria. Daí aconselhar: em vez de atirarem pedras a quem cria, juntem-nas e construam algo de produtivo, criando também! . ALGARVE INFORMATIVO #192


OPINIÃO

De bolos, casamentos e da contemporaneidade Mirian Tavares (Professora) Freedom would be not to choose between black and white but to abjure such prescribed choices. ― Theodor W. Adorno

omeço a aula a tentar lutar contra o mau-humor e a preguiça de alguns alunos – às 9h da manhã de uma quintafeira nem sempre conseguimos estar completamente funcionais. Enquanto espero que os alunos entrem, aos bochechos, como soe acontecer, converso com os que já chegaram, digo-lhes que os meus pais estiveram casados 65 anos. E mais não foi porque morreram. Uma vida inteira juntos, com tudo o que isto tem de bom e de mau, de alegrias e de tristezas, de amores e de ódios. Comentamos que hoje em dia isso já não acontece, apesar de sermos, geralmente, mais longevos que há 90 anos. Vive-se mais, mas vive-se com mais velocidade e consumimos tudo à nossa volta, inclusive nós mesmos e as nossas relações. Uma aluna disse que, dos casamentos, o melhor é a prova dos bolos. E de bolos e casamentos chegamos à Escola de Frankfurt que produziu, a partir dos anos 30 do séc. XX, uma teoria crítica, de base marxista, alertando para o perigo da ideologia da Indústria Cultural, ou seja, do domínio dos Media que por sua vez estavam nas mãos de poucos que usavam os media para veicular o seu próprio discurso como se este fosse O discurso, o único possível. O mundo ocidental acreditava estar em plena era do Iluminismo, vivendo as benesses da Revolução Francesa, que promoveu a democratização dos meios e da cultura, quando estava, na visão dos filósofos frankfurtianos, afundados cada dia mais no neo-obscurantismo. Na mesma altura, o filósofo espanhol Ortega y Gasset escreve uma ALGARVE INFORMATIVO #192

importante obra, quase um oráculo, a que denomina de «A Revolução das massas». Sem ser membro da Escola de Frankfurt e sem ser marxista, o pensamento elitista e aristocrático do filósofo espanhol vai ao encontro daquilo que os alemães estavam a descrever: um retrato duro e profundamente crítico de uma geração dominada pelos novos meios de produção de cultura, e de civilização, que estavam a promover a derrocada destas mesmas cultura e civilização como fora pensada pela Modernidade esclarecida. Certamente que os media não são os únicos culpados de um processo muito mais complexo que envolveu uma grande guerra e muitas revoluções económicas, sociais e comportamentais. A questão é que também nunca foram neutros, ou passivos, durante este processo. Começamos por falar de bolos, e de casamentos, e terminamos por questionar o nosso papel na construção de uma sociedade cidadã e civilizada. Pois não é por acaso que se tentou, desde o positivismo do séc. XIX, chamar de ciências os fenômenos que escapam a um modelo mais fechado de ciência – o da ultra-especialização e da tecnocracia. Ao chamar de ciências às humanidades, promoveu-se um processo de reificação, como previsto pelos pensadores da Teoria Crítica, em que a razão se converte num instrumento de dominação e de poder e não numa arma de libertação. Por isso é preciso chamar atenção ao que parece óbvio, mas que não se discute ou se põe em causa. A ciência não nos salvará se não for, ela mesma, salva pelo pensamento humanista que precisa, mais do que nunca, ressuscitar . 136


137

ALGARVE INFORMATIVO #192


OPINIÃO

Um enorme domingo de pasmo sem tempo Adília César (Escritora) “A nossa vida não é um sonho, mas deveria e talvez se torne um”. Novalis

homem parece ausente, alheado. Acontece-lhe com frequência ficar naquele estado de letargia, de fadiga. Há sempre um motivo para o poeta exibir a sua melancolia. Ele pensa na mulher, no tempo em que a sua mão direita segurava o ombro esquerdo dela e caminhavam lado a lado pelas veredas do parque, aos domingos. Iam inseguros pelo precipício do silêncio e apenas restava um aperto de ombro que ele teimava em saborear e que ela acolhia com alguma inconsciência e aceitação civilizada. Passos tortos e conversas fiadas em esquinas agudas. Afinal, já não fazia sentido a impressão unida dos seus corpos, a verticalidade dos sentimentos tombados, os estranhos olhares que banalizavam o tempo que passaram juntos. Eram tão palpáveis os espíritos desviados da seta dourada a iluminarem antigos sentimentos de paixão. “Uma ave recortada no céu azul”, ainda pensava ele. “Velhos arrastando-se na valeta”, já pensava ela. As ruas cheiram a miséria. É preciso um mapa de insultos para acordar os corações do homem e da mulher que já haviam esgotado todas as edições de autor. Riscos como gritos, bocas abertas nas letras, setas ALGARVE INFORMATIVO #192

inundadas de sangue. Pensamentos demolidores num mapa cor-de-rosa da cidade velha e cinzenta, com anotações à margem: recantos anónimos, instruções de uso, e algumas palavras descritivas das ausências paradas no tempo, como uma pauta musical. Itinerários fáceis de utilizar, portanto. O mapa uniformiza os passos, achata-os na visão neutra das suas próprias vidas, ou seja, vamos «por ali» porque o mapa nos diz para irmos «por ali». E fomos andando sobre as mágoas sujas de outrora. Chegados ao quarto de hotel, no último andar, desenhavam-se as linhas que uniam aquelas duas pessoas através de uma corrente de tentativas fracassadas. Mas já se tinham perdido um do outro, nada mais havia para escrever. “Onde estás agora?” - pensava ele. “O último comboio. Um café e um pastel de nata. Se ao menos…” - pensava ela. Entre os dois há silêncios súbitos, pesados. Cigarros que se acendem para desistir do tempo parado. Mas a atenção fixa-se nas cabeças queimadas dos fósforos que se apagam quase ao mesmo tempo. O amor também é uma chama apagada, depois de tudo. Por favor, escuta estes gestos lentos e inanimados da minha solidão, quero despedir-me do fantasma da tua angústia. Escuta. Pela janela aberta esvoaça o teu perfume, mas eu sei que não és tu. 138


depois da tua queda. Mas o que significa isso? Recordo o teu corpo bordado em ponto pé de flor sobre a calçada, as linhas vermelhas no rosto surpreendido, os cabelos dançantes. Quando tudo me pertencia, que vontade de apertar o teu ombro, de apaziguar a violência da tua decisão, de mergulhar o meu amor inteiro na nossa antiga alegria. “Ainda te amo”, escreverei na margem da rua, nas páginas do diário, nos dedos, antes e depois da minha queda. Mas o que significa isto? Disseram-me que a tristeza se encostou às paredes da casa e ao pó dos nossos livros, tombou o seu amplo rosto na pequena cama onde guardaste o corpo, no fim. Mas eu ainda sorvo a tua voz no fundo da garrafa que se deita comigo, todas as noites. Amanhã abandonarei a caixa dos despojos deste amor descontrolado. Vê, o mapa cor-de-rosa está agora tão cinzento como as traseiras dos prédios, as escadas de serviço, a caixa de correio arrombada a pontapé. O mapa do teu voo nas palavras de despedida revisitadas ano após ano. “Já não te amo”, escreveste na margem da rua, nas páginas do diário, nos dedos, antes e 139

Ele sabia que já nada era possível. Continuava ausente, alheado, e apertava na mão direita, a mão perfeita que escreveria o nome dela em todos os poemas, as pálpebras fechadas da rosa vermelha. Sobre as pedras enterradas ainda vivas, pingos de sangue enfeitavam a melancolia da saudade, num enorme domingo de pasmo sem tempo. Nota: o título desta crónica é um verso retirado do livro de poesia «Isto anda tudo ligado» (1970, Cadernos Peninsulares) de Eduardo Guerra Carneiro (1942-2004) .

ALGARVE INFORMATIVO #192


OPINIÃO

Do Reboliço #28 Ana Isabel Soares (Professora) a tela grande, o Reboliço observa uma trapezista: as pernas esticadas, as duas mãos bem agarradas, seguras nos cabos do baloiço, o cabelo ora a arrastar-se quando o impulso a empurra para diante, ora a cobrir-lhe o rosto quando o resto do corpo recua no ar. Não cai na areia do circo – do círculo – nem sai do quadrado da tela. É a imagem, pensa o Reboliço, da estável instabilidade. Para trás e para a frente, “sobe, sobe, meu baloiço” e lá vai “esta menina tão pequenina”, lembrados os versos curtos, sem metafísica nenhuma, enquanto se vê as imagens daquele céu por cima de Berlim (morreu um ator, viva o ator). Mas não é só em balanços que pensa o canito. Aquele voo, para ele, é sempre uma queda em potência – sem precisar de ser o susto, o medo, é uma queda. No despenharse dali de cima, sem que caísse ninguém, aconteceria uma transformação. É nisso que pensa: na metamorfose do voo em coisa esboroada: como quando um pássaro, que pia quieto no último tronco da figueira, de um súbito instante para outro se pulverizou, subiu, mudou o quase cilindro que era a sua forma em amplo triângulo, aumentou-se de asas que abriu, desceu no ar e desapareceu do campo do olhar do cão. Transformou-se em céu. O que se esboroa, nos dias, Reboliço? O pão acabado de sair do forno: de avental à frente do corpo pequeno e pano branco a segurar o cabelo, a avó agarrava com as duas mãos a madeira da pá e retirava a carcaça de quilo para o ar fresco do alpendre: massa mole, depois crosta rija, tudo se esfumava, enoveladamente, antes de as mãos abrirem a cabeça do pão, ver-se crescer o fumo e a vontade de refazer, entre as palmas e os ALGARVE INFORMATIVO #192

dedos de um neto, a massa inicial. “Queres de azeite, ou queres de açúcar?”, perguntava a avó pela tiborna, enquanto os olhos do moço ficavam grande como o pão. Massa transformada da queda do pão no solo do forno, crosta rija, porta aberta, pá que entra, fumo cá fora, as mãos esboroando. O pão transformado em céu. O Reboliço vê esboroarem-se entre duas mãos à mesa, manhã cedinho, as folhas mínimas dos orégãos sobre o pão mole, o branco do requeijão – que igualmente se desmancha, montículo de neve sem se derreter. Transforma-se: a folha verde, insossa, engraçada e viva só depois de colhida e seca, depois de uma queda, se revela. A revelação do orégão não é pelo cheiro apenas: o seco entre as palmas e o ruído acrescentam ao perfume, fazem terra de calor um dia frio. Transformado tudo. O Reboliço, por isto, não se entristece quando as orquídeas gigantes, depois de abrirem em cada folha prenhe três flores de recorte ondulado, palmas brancas passando a amarelo vivo no centro (uma enfeita-se de um brinco roxo, quase impercetível entre as pregas ondeadas da pétala só), saudarem cada dia como se não tivesse existido mundo antes de abrirem elas nem voltasse a haver depois de desaparecerem, começarem a acastanhar, amolecer o tecido branco dos vestidos, mirrar o tamanho de cada uma daquelas palmas, fazer-lhes perder o viço, pender e, numa noite qualquer, saltar do ramo para o cemitério de tijoleira, em adeus. Céu. (“In balance with this life”) . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 140


Foto: Vasco Célio 141

ALGARVE INFORMATIVO #192


OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

Carnaval é Carnaval e ninguém leva a mal Carla Serol (Uma Loira Qualquer) ais um Carnaval a chegar e a azáfama da procura pelo disfarce perfeito sente-se no ar de forma intensa. Por entre penas, plumas, lantejoulas, bigodes e chapéus é um rodopio sem fim para participar na mais popular festa pagã que se conhece. É uma oportunidade deliberada de nos livrarmos das regras impostas e da vida quotidiana que tanto nos pesa, envergando trajes, disfarces e máscaras, para desta forma podermos encarnar o que não somos ou até mesmo o que gostaríamos de ser, mas que as regras sociais que nos regem não permitem que sejamos. E é aqui, neste tão importante facto que tão bem descreve o Carnaval, que reside a dúvida loira desta semana! Então e quem se disfarça e usa máscaras todo o ano, quando é que tem a oportunidade de realmente mostrar ao mundo, a viva voz, aquilo que realmente é?! Como Loira Qualquer que sou, preocupa-me esta questão! Pensar que muitas pessoas, e não são poucas, bastantes até, vivem um sofrimento atroz durante todo o ano, usando máscaras elaboradíssimas para disfarce da sua verdadeira essência, sem que, em momento algum durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano, haja alguém que se lembre destas dedicadas pessoas à causa do disfarce. Onde entra aqui o tão discutido plano de igualdade?! Assim ALGARVE INFORMATIVO #192

como, para outros e outras é permitido, durante três longos dias e noites, o privilégio de serem, tanto brasileiras fogosas vestidas somente de poucas plumas e alguns brilhantes, em que vaidosamente envergam as suas carnes amarelas sob o fantástico calor que se sente no Carnaval português, como homens muitíssimo másculos vestidos ao mais glamoroso pormenor de elegantes matrafonas, também deveria haver uma espécie de Carnaval das mascarinhas permanentes, especialmente concebido para as pessoas que penosamente têm de fazer uso de máscara durante todo o ano. Direitos iguais acima de tudo! Seria um desfile lindo de se ver, não acham?! Seria a oportunidade do ano de verdadeiramente conhecermos muitas pessoas com quem lidamos todos os dias, e que infelizmente não nos é permitido entender, porque estas vivem a infelicidade de viver escondidas de si mesmas e dos outros. A chance ideal de vermos quem de verdade são. O derradeiro ensejo de os observar na sua exata essência. Um festival marcado pela enorme surpresa, alegria e satisfação, por finalmente perceber o quão diferente são estas pessoas sem as suas pesadas mascarilhas e respetivas dissimulações. Mas enquanto alguém de direito não implementa o Carnaval das Mascarinhas Permanentes, apelo a todos e a todas que se revejam neste triste e injusto retrato, a assumirem-se de uma vez! Aproveitem o 142


Carnaval dos desenvergonhados, ingressem o cortejo e deixem-se levar pela folia de se ser um mascarado com prazer. No meio de tanta palhaçada, ninguém perceberá que vocês não são mascarinhas de verdade, daquelas que apenas gozam o Carnaval e pronto. Acredito piamente que conseguirão, pois quem consegue manter-se disfarçado 143

todo o ano, certamente estará mais que habilitado para se misturar por entre meros foliões e parecer um deles à séria, carregados de alegria e livres de maldade e tudo, até porque, pelo meio de serpentinas e papelinhos, gaitas e bombinhas, Carnaval é Carnaval e ninguém leva a mal! . ALGARVE INFORMATIVO #192


OPINIÃO

A União faz a força! David Martins (Diretor de Marketing e de Alojamento) o ano em que se comemoram os 10 anos do Mestrado Integrado de Medicina da Universidade do Algarve, decorreu no passado dia 23 de fevereiro a inauguração oficial das instalações da Unidade de Educação em Medicina desta Universidade. Este importante ato fez-me recordar uma crónica que escrevi há mais de 10 anos, para a revista ALGARVE MAIS, com o título: «Compromisso com o Algarve: Curso de Medicina». Nessa reflexão, reconhecia o mérito dos muitos indivíduos que tinham participado nesse processo, mas sobretudo a ação dos Professores Doutores Adriano Pimpão, João Guerreiro e José Ponte, da Universidade do Algarve, pois tinham sido incansáveis na apresentação dessa proposta triunfante e foram, naquilo que para mim foi uma experiência única (à data desempenhava as funções de Deputado à Assembleia da República), capazes de sentar à volta da mesma mesa muitos protagonistas políticos regionais, de diferentes partidos e com diferentes cargos, mas com um interesse comum: o de servir a região e dar luz a um projeto tão ambicionado e necessário. No texto que na altura escrevi, terminei referindo que: “…sobre as preocupações de alguns dirigentes nacionais desta área, que tivemos oportunidade de tomar conhecimento após a apresentação do novo curso de medicina na Universidade do Algarve, nomeadamente sobre a possibilidade de se estarem a formar médicos a mais, acredito que o futuro demonstrará que essas posições não tinham razão de ser e que o passo agora dado contribuirá para a criação de melhores cuidados de saúde para ALGARVE INFORMATIVO #192

todos os algarvios e para todos os portugueses. O tempo o dirá...”. Pergunta: o que demonstrou o tempo? Demonstrou que, apesar de continuarmos com um índice de médicos inferior à média nacional, já estão ao serviço da região 38 por cento dos 200 profissionais formados na Universidade do Algarve, e o nosso rácio subiu, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, de 2,8 médicos por mil habitantes, em 2005, para 3,8 médicos por mil habitantes em 2016. Se esta é a situação perfeita? Claro que não. Já escrevi, neste mesmo espaço, que necessitamos de um Hospital Central no Algarve, moderno e de linha de ponta, para atrair estes e outros profissionais de referência, mas é inegável que houve uma melhoria na Saúde regional graças à aposta feita pela Universidade do Algarve / ARS Algarve, e com o apoio das demais instituições regionais e nacionais. Vem isto também a propósito da necessidade, enquanto algarvios, de nos unirmos na defesa dos interesses da nossa região, ultrapassando, por vezes, alguns interesses político-partidários do momento. «Sacudir a água do capote», insistindo que a culpa é de quem esteve a governar no passado; ou que o processo já nasceu torto, mas «não fui eu que o originei»; ou que alguns partidos, não tendo funções governativas, prometam tudo, pois é fácil; ou mesmo desprezar as opiniões dos outros; não nos levará longe e comprometerá a sustentabilidade da região e de todos os residentes. De facto, a união faz a força e isso ficou 144


demonstrado num passado recente quando várias organizações públicas, associativas e empresariais do Algarve conseguiram sensibilizar os responsáveis máximos pela governação e mobilizar a sociedade para o problema da sustentabilidade ambiental face à potencial exploração de hidrocarbonetos na costa algarvia. É esse o caminho que deve ser 145

replicado noutros domínios para que seja possível fazer chegar a voz dos algarvios aos centros de decisão. URGE sentar todos à mesma mesa e lutarmos pelos mesmos desígnios! .

ALGARVE INFORMATIVO #192


OPINIÃO

Os «Melhores Filmes Estrangeiros» são Ouro de 24K Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) enho um segredo para partilhar. Desde há uns anos para cá tenho descoberto barras de ouro cinematográficas. E cada vez que encontro um amigo abro o meu saco e partilho esta descoberta com o maior deleite. Este ouro é de 24K e partilho-o porque a maior parte destes filmes não chegam ao público geral. Devem ser raros os que ouviram falar de filmes como «Departures», ou «A Separation» e «Filho de Saul», contudo, são filmes maravilhosos e que recentemente foram vencedores de Óscares para «Melhor Filme Estrangeiro». Mas não são apenas os vencedores que merecem a nossa atenção, os que chegam a nomeados são igualmente obras muito fortes, como o «Tangerines» da Estónia, «Timbuktu» da Mauritânia ou «Dente Canino» da Grécia – curiosamente a primeira longa do Yorgos Lanthimos, o realizador do filme «A Favorita» tão falado este ano. Estes filmes permitem-nos beber um tipo de cinema muito diferente, mais ponderado, mais intencional e intimista, mas não é uma categoria acanhada e permite loucuras como «Os Relatos Selvagens» (Argentina). Actores profissionais e não profissionais agraciam a tela com prestações tão fortes que lançam sombras de embaraço a actores famosos de Hollywood. Não me interpretem mal. Não tenho a mania de intelectualista. Sou uma miúda dos anos 80 e a mim ninguém me tira o «Sozinho em Casa», o «Indiana Jones» ou o «Coming to America» do Eddie Murphy. Talvez sejam prata, mas guardo esta joalheria na caixinha de veludo que é o meu coração. ALGARVE INFORMATIVO #192

Agora em 2019, os nomeados nestas categorias foram «Capernaum» do Líbano, «Cold War» da Polónia, «Never Look Away» da Alemanha, «Shoplifters» do Japão e «Roma» do México. Roma…Palíndromo da palavra amor. Não é coincidência. Este filme é amor em toda a sua forma visual e sonora, personificado na carne e olhar dos actores. Sem querer diminuir o brilho dos outros, pois são filmes muito reluzentes, «Roma», a última obra do realizador Alfonso Cuarón (Gravity, Children of Men, Y Tu Mamá También), destaca-se. É um filme poético centrado na personagem Cleo, interpretada por uma não actriz Yalitza Aparicio. Esta professora primária de uma vila algures perdida no México, casting após casting foi-se entranhando na visão do realizador como a escolha para representar a sua ama nos anos 70. Esteticamente genial (vencedor de melhor fotografia no passado Domingo), o que me marcou foi a personagem Cleo, tão doce e humilde. Faz-me lembrar a minha madrinha que mora em Olhão, a Maria do Rosário, que eu chamo carinhosamente de Bá. São pessoas com almas velhas que parecem que não trazem maldade na alma. Por vezes este tipo de filme «menos comercial» não chega aos cinemas algarvios, por isso estou tão feliz por saber que está a passar no cinema de Olhão. Por favor vejam este filme. Não é ouro do mais puro, é platina. E tem todas as características dos metais: conduzem electricidade, calor e apresentam um brilho característico . 146


147

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

148


149

ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE

CARNAVAL DE LOULÉ 2019 VAI SER MAIS AMIGO DO AMBIENTE Circo Selfie é o mote para a edição de 2019 do Carnaval de Loulé, que nos dias 3, 4 e 5 de março está de regresso à Avenida José da Costa Mealha. Brincadeira, folia e sátira não vão faltar à festa que este ano vai ser mais ainda mais sustentável do ponto de vista ambiental. De facto, uma das novidades passa pela utilização de copos de papel 100 por cento biodegradáveis, reutilizáveis até quatro ou cinco vezes e compostáveis, que serão distribuídos pelos bares existentes no recinto. Posteriormente, os copos serão levados

O ALGARVE INFORMATIVO #192

para o aterro de compostagem e transformados em composto de qualidade para a agricultura. “É algo que alinha com as preocupações do Município de Loulé, que em todos os aspetos das suas políticas administrativas incorpora cada vez mais a defesa dos valores ambientais”, explicou Vítor Aleixo durante a apresentação do Carnaval de Loulé 2019 à comunicação social na manhã de dia 25 de fevereiro. A decisão de reduzir o uso de plástico descartável num dos eventos do Algarve 150


com maior afluência de público reveste-se de toda a importância e está em consonância com as opções emanadas da Estratégia Municipal para a Adaptação às Alterações Climáticas, fez questão de sublinhar o edil louletano, não pelo impacto financeiro que poderá ter em termos de orçamento do evento, que deverá ficar abaixo dos 350 mil euros, “mas pelo forte sinal pedagógico de que, em Loulé, cuidamos de diminuir o consumo de plástico sempre que podemos”. “E, como habitualmente, as receitas arrecadadas reverterão para IPSS do concelho”, referiu Vítor Aleixo, lembrando que o custo do ingresso é de dois euros. No que diz respeito ao desfile, a ideia da organização é transformar o «sambódromo louletano» num circo gigante ao ar livre, com muitos artistas, trapezistas, palhaços, malabaristas, domadores e todos aqueles que fazem parte deste espetáculo. Haverá 14 carros alegóricos, tripulados pelos clubes e associações do concelho e escolas de samba, bem como muitos elementos apeados, bailarinas de samba, animadores, cabeçudos, gigantones e uma fanfarra, num total que deverá ascender aos 600 figurantes, trazendo o mundo mágico do circo ao corso, com muita sátira política, social e desportiva que é, de resto, uma das características do desfile louletano. Entretanto, o Presidente Marcelo, tem sido um «convidado» especial deste corso desde que tomou posse como Chefe de Estado, participando no «Circo Selfie» numa viagem relâmpago entre Lisboa e o Porto à boleia de um camião, numa 151

paródia ao recente momento que envolveu o Presidente da República para ouvir as preocupações dos camionistas. Outro «residente» no cortejo louletano é Cristiano Ronaldo, mas o futebolista estará acompanhado pela mãe Dolores Aveiro e pela norte-americana Kathryn Mayorga, que acusou Ronaldo de violação. Num número de patinagem, a jovem foge do madeirense, enquanto Dona Dolores é a trapezista de serviço, sempre a olhar pelo filho neste caso mediático. Uma «Tourada À Portuguesa», com o político/poeta Manuel Alegre como principal espetador, ou o domador de leões e dragões Luís Filipe Vieira, são mais dois episódios que irão divertir os foliões. Mas o Carnaval de Loulé retrata também o que se passa por esse mundo fora, pelo que as «estrelas» da política internacional não escapam a esta sátira. Assim, Theresa May e Angela Merkhel surgem como halterofilistas na arena do «Circo Selfie» numa disputa para saber quem é a campeã do levantamento de pesos, numa brincadeira ao Brexit, a controversa saída do Reino Unido da União Europeia, e ao peso da Alemanha no contexto europeu. Já o Presidente dos Estados-Unidos, que em 2017 trouxe a Loulé as suas «trumpalhadas» e em 2018 apareceu junto ao muro do México, este ano regressa como lançador de facas, fazendo os seus arremessos a dois alvos distintos: muçulmanos e mexicanos. À semelhança dos anos transatos, o Carnaval de Loulé tem também uma forte componente desportiva, destacando-se o 45.º Torneio ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE

Internacional de Vela de Carnaval, em Vilamoura, que é já um clássico desta modalidade e acontece nos dias 2,3 e 4 de março. No dia 1 de março realiza-se, às 20h, a Marcha Corrida Carnaval, na Cerca do Convento; no dia 3 de março, às 9h30, tem lugar o Passeio Domingueiro Carnaval de Loulé, com partida da Av. José Costa Mealha; e o Grande Prémio de Atletismo Carnaval de Loulé, também pelas 10h, na Av. José Costa Mealha. “Vai ser, mais uma vez, um grande Carnaval na Avenida José Costa Mealha”, antevê Vítor Aleixo . ALGARVE INFORMATIVO #192

152


EMPRESÁRIOS JUNTAM-SE AO DESÍGNIO «PORTIMÃO – CIDADE EUROPEIA DO DESPORTO 2019»

T

eve lugar, no dia 22 de fevereiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Portimão, a assinatura de contratos de patrocínio alusivos ao «Portimão - Cidade Europeia do Desporto 2019» entre o Município de Portimão e o Hospital Particular do Algarve – Alvor, a Starsul, a BDR - Bandeiras e Mastros, a Maloclinic, o Aqua Portimão – Grupo Klepierre, a Clinicalvor e o grupo Água Hotels. Um facto que mereceu palavras de agradecimento da parte de Isilda Gomes, por acreditarem neste projeto, salientando que ser Cidade Europeia do Desporto é 153

uma responsabilidade para todo o concelho e não apenas para a autarquia. “É um desígnio que envolve toda a gente e o vosso compromisso e apoio farão certamente com que as vossas empresas tenham uma maior visibilidade ao longo de todo o ano. Fico muito feliz por ver aqui uma grande diversidade de empresas a apoiarem-nos, o que significa um aumento das verbas disponíveis para investir neste processo”, frisou a presidente da Câmara Municipal de Portimão. ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE Investimento que é avultado, admitiu Isilda Gomes, com o orçamento previsto inicialmente de um milhão de euros a já ter sido ultrapassado, sem contar, obviamente com as intervenções em infraestruturas desportivas. “Já começamos com o Pavilhão da Boavista, havemos de fazer a nossa Pista de Atletismo, o que também é benéfico para os empresários, pois trazem mais pessoas a Portimão. Há, no concelho, um movimento fora do comum e está a ser muito difícil arranjar, por exemplo, alojamento suficiente para todos os técnicos envolvidos na transmissão televisiva da final do Festival do Canção da RTP”, descreveu a edil, adiantando ainda que o apogeu da «Cidade Europeia do Desporto 2019» está longe de ter sido alcançado. “Estamos apenas no início, vamos ter muitas mais atividades a ser desenvolvidas. Aliás, em todas as CED há uma primeira fase de arranque mais lenta e depois, por volta do Verão, o ritmo intensifica-se, a dinâmica aumenta substancialmente”.

ALGARVE INFORMATIVO #192

Entretanto, o programa de «Portimão - Cidade Europeia do Desporto 2019» vai ser divulgado e promovido de forma muito sui generis para atrair a máxima atenção possível, quer por via de um barco de oito metros, quer pela animação dinamizada pela equipa do Boa Esperança Atlético Clube Portimonense. “Este é um evento gigantesco com muitos acontecimentos a acontecer em simultâneo ao longo de todo o ano e temos um acordo com a RTP para que a televisão pública também dê um grande mediatismo a pelo menos um desses acontecimentos por mês. Os motores estão a aquecer e faremos tudo para que as vossas empresas tenham a visibilidade que merecem. É um orgulho contar com empresários responsáveis como aqueles que temos hoje perante nós”, frisou Isilda Gomes antes de se proceder à assinatura dos contratos de patrocínio .

154


IPDJ ALGARVE LANÇA CONCURSO DE MÚSICA MODERNA «MÚSICA JÁ» Direção Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude vai organizar, em parceria com a Câmara Municipal de Faro, a ETIC_Algarve, a FNAC Portugal, a Associação Académica da Universidade do Algarve, a Rua FM e o Núcleo de Faro da Associação José Afonso, o «MÚSICA JÁ - Concurso de Música Moderna IPDJ Algarve – 2019», cuja produção estará a cargo da MentecaptaProduções Áudio. Na génese da iniciativa está a certeza de que a música é um dos 155

meios por excelência para os jovens darem largas à sua imaginação e criatividade e, de facto, nos últimos anos tem-se assistido ao nascimento de inúmeros projetos musicais de grande qualidade e talento na região algarvia e que merecem uma oportunidade para pisar os grandes palcos do Algarve, e não só. “Era um sonho nosso voltar a dar palco aos jovens músicos e sentíamos que este projeto tinha pernas para andar à medida que íamos conversando, de forma informal, com várias dirigentes e profissionais do ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE meio. A Câmara Municipal de Faro disse logo para contarmos com o seu apoio e pensamos na Mentecapta para assumir a produção porque o Filipe Cabeçadas, o Francisco Aragão e o Miguel Santos são conhecidos de longa data do IPDJ”, afirmou Custódio Moreno durante a conferência de imprensa de apresentação do concurso. As conversas foram prosseguindo, incluiram a FNAC, que organiza regularmente showcases de bandas de prestígio nas suas várias lojas, bem como a Associação José Afonso, também ela uma grande produtora de música no plano nacional, e a RUA FM, ao passo que a imagem do concurso foi tratada pela ETIC_Algarve. “Foi fácil avançar com este concurso de música pois os parceiros aderiram prontamente e as expetativas são elevadas. Acredito que vamos receber várias dezenas de propostas, porque a criatividade dos jovens algarvios é imensa. Este ano, a Câmara Municipal de Faro vai suportar uma grande fatia do orçamento, mas o objetivo é estender o concurso ao resto do Algarve já em 2020”, adiantou o Diretor Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, justificando ainda a presença da figura de Zeca Afonso no evento “por ter sido, e continuar a ser, um grande inspirador para os mais jovens”. “Foi lançado o desafio para que, no dia da final, enquanto esperamos pela decisão do júri, haja um concerto de homenagem ao Zeca Afonso, com temas recriados, renovados, revisitados deste grande cantautor pelos nossos jovens”, finalizou Custódio Moreno. ALGARVE INFORMATIVO #192

O «Sim» da Câmara Municipal de Faro ao «MÚSICA JÁ» foi natural porque apostar na juventude faz parte da matriz identitária do executivo socialdemocrata liderado por Rogério Bacalhau, conforme lembrou o VicePresidente Paulo Santos. “Pertenci a esta casa há uns anos e, na altura, o «Maio Jovem» era uma das iniciativas mais fortes do Algarve e movimentava a juventude a sério, graças à dinâmica da equipa do Custódio Moreno. Esse concurso de bandas perdeu-se, como outros que existiam no Algarve e no resto do país”, lamentou Paulo Santos, julgando que a facilidade advinda das redes sociais e das plataformas digitais retirou alguma preponderância a estes eventos. “Mas há que recuperar os concursos de bandas e penso que atuar na Receção ao Caloiro da Universidade do Algarve e no Festival F é um bom aliciante para qualquer participante. O F, sem orgulhos excessivos, é um dos principais palcos de música portuguesa a nível nacional, vai continuar fiel à sua génese e a produção feita no Algarve tem passado pelos oito palcos em função da sua oferta e do seu posicionamento no festival. Não há necessidade de se criar um Palco Algarve”, frisou o VicePresidente da Câmara Municipal de Faro. Ao «MÚSICA JÁ» podem concorrer projetos musicais cujos elementos sejam residentes no Algarve, tenham entre 14 e 30 anos e não tenham qualquer contrato discográfico. As inscrições decorrem de 1 a 24 de março, devendo os candidatos enviar para 156


faro@ipdj.pt dois temas, em formato mp3, com duração não superior a 10 minutos, assim como o formulário de inscrição, disponível em www.juventude.gov.pt. Dos projetos musicais a concurso serão selecionados, por elementos da Mentecapta-Produções Áudio, oito projetos que irão atuar em duas eliminatórias, a realizar nos dias 12 e 13 de abril, sendo avaliados por um júri que valorizará a criatividade, a técnica, a performance em palco, bem como a originalidade e o conteúdo lírico e musical. Serão então apurados três finalistas e a escolha do vencedor acontece no dia 27 de abril, na Direção Regional do Algarve do IPDJ, em Faro. 157

Os prémios do Música JÁ vão desde a apresentação ao público no Festival F do corrente ano, na receção ao caloiro da Associação de Estudantes da Universidade do Algarve e numa loja FNAC, para além da gravação de um EP, da produção de um videoclipe e da inclusão de um tema na programação diária da Rua FM, a que se soma ainda um cheque formação na ETIC_algarve. A final do concurso vai integrar as comemorações do 25 de Abril promovidas pela Câmara Municipal de Faro, e que vão homenagear um dos maiores cantores e compositores da música portuguesa, Zeca Afonso . ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE

MINISTRO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR INAUGUROU ESTRUTURAS NA UNIVERSIDADE DO ALGARVE Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, visitou a Universidade do Algarve, no dia 23 de fevereiro, durante as Jornadas de Educação Médica, ocasião que serviu igualmente para inaugurar o Laboratório de Saúde, Envelhecimento e Cinética e a Unidade de Educação Médica. E referiu ainda que o Mestrado Integrado em Medicina da UAlg “é um exemplo a seguir”. Durante todo o dia, as Jornadas de Educação Médica, organizadas pelo Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina, no âmbito das comemorações

ALGARVE INFORMATIVO #192

do 10.º aniversário do Mestrado Integrado em Medicina (MIM), contaram com oradores oriundos de universidades de países como Canadá, Reino Unido, Chipre, Holanda, entre outros, que abordaram temáticas da escola médica atual a nível internacional, proporcionando um debate científico e fomentando a troca de ideias. Nas comemorações dos 10 anos do MIM, Manuel Heitor recordou que, na génese deste curso esteve um grande esforço da Universidade e de todos os envolvidos, mas que já se provou que valeu a pena. “Este curso tem fortes ligações internacionais, que lhe dão uma importante credibilidade”, afirmou, destacando “a sua forte

158


ligação à região e o impacto causado pelo MIM à população, quer residente, quer a que visita o Algarve”. Segundo o ministro, “a história destes dez anos é hoje uma referência, não só nas metodologias de ensino, mas também na forma como está a mudar o hospital, ajudando à modernização dos cuidados de saúde no Algarve, e a própria Universidade”. De acordo com o governante, ficou bem patente a colaboração com a área das ciências e tecnologias, sobretudo no que toca ao digital, e na área das Ciências Sociais e Humanas. “O papel de um curso de Medicina, quando é feito com atividades de investigação e com ligação às unidades de saúde, é transformador da própria universidade e da forma de aprender e ensinar”, defendeu o ministro da tutela. Questionado sobre a desconfiança inicial que a criação deste 159

curso originou, Manuel Heitor considera que ficou no passado e o futuro será diferente. “Hoje, o ensino da medicina no Algarve pode bem mostrar que é uma referência, não só na relação com a investigação e com os hospitais, mas também com as outras áreas do saber”. O ministro sublinhou o método Problem Based Learning (PBL) utilizado neste curso, “que tem como palavrachave o humanismo”. Na sua opinião, “é necessário olhar para os doentes, para os estudantes em si e para aquilo que precisam de aprender, mas também reformular e modernizar as instituições universitárias e hospitalares”. Isabel Palmeirim, coordenadora do MIM, fez um “balanço muitíssimo positivo destes 10 anos do curso, de muito trabalho, mas também de sucesso”. “Estamos a formar médicos ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE com muita qualidade, em contextos pedagógicos completamente diferentes”, frisou. Ciente de que é sempre possível fazer mais e melhor, Isabel Palmeirim realçou o facto de “procurar continuamente receber um feedback, tanto por parte dos estudantes, como dos médicos que os recebem durante ou depois da formação (nos hospitais ou centros de saúde), reagindo e reajustando sempre que necessário”. “Um dos objetivos deste curso é inovar e trazer para Portugal algumas das melhores práticas de Educação Médica que já existiam em outras universidades, como McMaster, no Canadá, Newcastle, no Reino Unido, Maastricht, na Holanda, e outras universidades nacionais”. Sobre os grandes desafios para o futuro, a docente continua a eleger a formação médica descentralizada, mas também a formação pós-graduada e a investigação clínica, em colaboração com outras entidades.

ALGARVE INFORMATIVO #192

No âmbito desta visita foi também inaugurado o Laboratório de Saúde, Envelhecimento e Cinética do Centro de Investigação em Biomedicina, que irá promover investigação sobre o declínio funcional e as alterações músculoesqueléticas associadas ao envelhecimento. Procurará igualmente estimular a pesquisa de abordagens terapêuticas não farmacológicas a doenças crónicas como a osteoartrose, a diabetes tipo II e a hipertensão (doenças fortemente associadas ao envelhecimento). Segundo Sandra Pais, docente da UAlg e coordenadora deste projeto, “o laboratório encontra-se igualmente empenhado em trabalhar em parceria com o Centro Hospitalar Universitário do Algarve nas áreas da medicina física e reabilitação, neurologia e ortopedia”. Estabelecerá ainda parcerias com a Administração Regional de Saúde (ARS) Algarve e com o Agrupamento de Centros de Saúde

160


(ACES) da região na promoção do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física e do Programa Nacional para a Alimentação Saudável. O projeto é financiado por fundos comunitários no âmbito do programa INTERREG EspanhaPortugal, ao abrigo do qual foi adaptado e equipado o laboratório. Já a Unidade de Educação Médica do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina, também inaugurada oficialmente no dia 23 de fevereiro, visa garantir mecanismos de acompanhamento ao nível do desempenho pedagógico dos docentes, mediante processos de qualidade e monitorização internos já existentes. Pretende desenvolver ferramentas e outros recursos para melhoria progressiva do processo pedagógico, promovendo a investigação em educação médica, quer ao nível da 161

avaliação de resultados, quer através de modelação ajustada aos perfis dos intervenientes neste modelo de ensino médico. Esta Unidade oferecerá ainda um acompanhamento diferido aos médicos que já concluíram o Mestrado Integrado em Medicina e que se baseará, essencialmente, na avaliação das taxas de retenção na região do Algarve e respetiva georreferenciação nacional por especialidade. O ministro da tutela terminou a visita com uma reunião de trabalho no Laboratório Colaborativo GreenCoLab. Proposto pelo Centro de Ciências do Mar da UAlg, o GreenCoLab tem como parceiros o Laboratório Nacional de Energia e Geologia e quatro empresas portuguesas com longo historial em biotecnologia de algas: Allmicroalgae, Necton, Algaplus e Sparos . ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE

«TANTO MAR» TRAZ TEATRO DE CABO VERDE, GUINÉ E BRASIL A LOULÉ Folha de Medronho – Associação de Artes Performativas, em coprodução com a Câmara Municipal de Loulé/Cine-Teatro Louletano, apresenta a edição zero do Tanto Mar – Festival Internacional de Artes Performativas de Loulé, nos dias 6, 7, 8 e 9 de março. O evento pretende privilegiar projetos oriundos de países onde o Português é a língua oficial, mas a ideia é transformar o Festival em interface para a circulação de espetáculos em Portugal, assim como projetar Loulé como futuro centro das artes performativas dos países falantes de português. Segundo os organizadores, «Tanto Mar prevê contribuir para estabelecer a relação com grupos e criadores portugueses instalados fora da macrocefalia da «cidade grande» que desenvolvem trabalho substancial e inovador”. Assim, está prevista para o dia 6 de março, quartafeira, a abertura do Festival em forma de conversa(s) com a presença de representantes da Câmara Municipal de Loulé, do Cine-Teatro Louletano, com membros da organização Folha de Medronho – Associação de Atividades Culturais, bem como com elementos dos grupos participantes. A tertúlia terá lugar no Café Calcinha, pelas 18h30. No Cine-Teatro Louletano, epicentro do Festival, no dia 7, quinta-feira, sobe ao palco a primeira das peças de teatro: ALGARVE INFORMATIVO #192

«Kangatulas», uma coprodução da Folha de Medronho e do grupo de «Teatro do Oprimido» da Guiné Bissau. «2Estranhos» é a peça prevista para o dia 8, sexta-feira, escrita e encenada por Adilson Spínola da Companhia «CriArTeatro» de Cabo Verde e, dia 9, sábado, haverá lugar à criação e interpretação de Tânia Farias com «Desmontagem Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência», do grupo «ÓI Nóis Aqui Traveiz» de Porto Alegre, Brasil. Todos os espetáculos têm início às 21h30 e os bilhetes custam cinco euros para cada peça sem descontos aplicáveis. O Festival inclui ainda várias atividades paralelas a desenvolver em diferentes espaços, nomeadamente animações de rua, exposição e venda de materiais relacionados com a atividade dos grupos participantes, exposição e venda de artesanato, uma jam session e ainda o workshop prático de iluminação, sonoplastia e vídeo . 162


OLHÃO ACEITA SEGUNDO BLOCO DE COMPETÊNCIAS EM 2020 presidente da Câmara Municipal de Olhão pretende assumir o segundo bloco de competências para as autarquias - que inclui Saúde, Educação, Cultura, Saúde Animal e Segurança Alimentar -, a partir de 2020. António Miguel Pina mostrou a sua disponibilidade e aplaudiu desde a primeira hora a descentralização de competências do Governo para as autarquias e justifica esta posição com a necessidade de preparar da melhor forma a gestão das novas áreas de atuação por parte do Município. “Uma vez que, na prática, só iríamos assumir estas novas responsabilidades a meio do ano, e porque as mesmas implicam ajustamentos na estrutura municipal, nomeadamente mais recursos humanos, preferimos preparar esta transição em 2019 para começarmos da melhor forma, em 2020, esta nova missão, que queremos seja frutífera para todos”, realça. O Decreto-Lei nº 20/2019, de 30 de janeiro, estabelece que o presidente de Câmara passa a ter competências na área da proteção e saúde animal (animais de companhia e animais de produção), tal como na segurança dos alimentos, enquanto que a transferência de competências na área da Educação está plasmada no Decreto-Lei nº 21/2019, que enuncia competências como o 163

planeamento, gestão e realização de investimentos nesta área, mas também em relação à carta educativa e a transportes e refeitórios escolares. A descentralização de competências na área da Cultura (Decreto-Lei nº 22/2019, de 30 de janeiro), inclui a gestão, valorização e conservação de parte do património cultural classificado de âmbito local, o controlo e fiscalização de espetáculos de natureza artística, assim como o recrutamento, seleção e gestão de trabalhadores afetos a esta área. O Decreto-Lei º 23/2019 refere as transferências de competências na área da Saúde: manutenção, conservação e equipamento de instalações de unidades de prestação de cuidados de saúde primários, assim como a gestão dos serviços de apoio logístico das unidades funcionais dos Agrupamentos de Centros de Saúde e dos assistentes operacionais . ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE

NOVA COLEÇÃO DE POESIA EM ESPANHA INAUGURA COM LIVRO INÉDITO DE FERNANDO CABRITA m notícia que o Algarve Informativo publicou em 2017 já se dava a saber que a obra do poeta e advogado olhanense Fernando Cabrita estava a internacionalizar-se de modo muito consistente. De então para cá, o autor português foi publicado em Marrocos e Espanha, traduzido para turco, castelhano e francês e tem visto reações e críticas bastante positivas aos seus poemas e livros, quer em revistas literárias, em ALGARVE INFORMATIVO #192

páginas digitais ou em publicações da especialidade. Além disso, foi representante da poesia contemporânea portuguesa em festivais e encontros literários e de poesia em Fez e Marrakexe, no Reino de Marrocos, no Porto Rico, no País Basco, na Turquia e em diversos certames por toda a Espanha. Em março terá lugar a edição do seu novo livro de inéditos, em 164


português/castelhano, com a particularidade de inaugurar uma coleção de poesia contemporânea em Espanha. A editora Garum arranca com «O Poema Triste de Deus» de Fernando Cabrita, sendo o número seguinte da nova coleção dedicado a «Empire Eleison» do poeta espanhol Uberto Stabile. O livro de Fernando Cabrita teve por tradutores para castelhano o próprio Uberto Stabile e a escritora Gema Estudillo, que sobre esta obra já escreveu: “Num tempo de vozes egocêntricas, de palavras ocas, de jovens morrendo de amor e lambendo as feridas do seu próprio umbigo, de lugares comuns nesta New Age poética absolutamente insubstancial, ergue-se a voz poética de Fernando Cabrita para perguntar onde está Deus neste século XXI. E eis a voz de Deus como um todopoderoso político em campanha eleitoral, a lamentosa voz de Deus uma e mil vezes anunciada, Deus no ginásio a levantar halteres e a exibir os abdominais, Deus encurralado e sequestrado pelos homens, Deus solitário invejando os que têm a companhia dos seus amores nos bailes e salão. Desfrutei muitíssimo da leitura, tradução e correção deste livro profundo e necessário. Quanto mais o leio, mais gosto dele. É um livro que destila conhecimento, literatura, consciência social, assimilação de referentes bem reconhecíveis, viagens e, acima de tudo, espírito e coração”. O tomo dois desta nova coleção poética da Garum sairá a publico concomitantemente com o número um. «Empire Eleison» é um conjunto denso de poemas de Uberto Stabile, com enorme carga literária, escrito em 1984, publicado 165

em 2004 e agora reeditado. A poesia de Uberto Stabile, uma das mais importantes figuras da atualidade literária espanhola, traz a marca inconfundível dos grandes poetas da beat generation, mas sempre com uma profunda originalidade e uma atualidade que o tempo não consegue desvanecer. Desta obra disse Antonio Orihuela, outro grande poeta: “Han pasado veinte años y, en lo que lo conozco, puedo decir que bajo la corteza sobre la que sigue construyendo su lírica, anida la misma mirada beatífica y apasionada del poeta que, casi adolescente, se entregó a la poesía sin miedo, sin pudor, con la gratitud y el respeto de quien se entregaba, en la misma (…) Habían pasado veinte años desde que me acercara por primera vez al texto, y casi otros veinte ahora que Uberto me pide revisar estas palabras que acompañaron al libro en su primera edición, un libro este que, por desgracia, no ha perdido actualidad, que sigue siendo, a pesar de sus muchos años cumplidos, plenamente vigente porque el horror del que habla no ha hecho sino crecer. Es necesario pues, reivindicar estos poemas no sólo desde el tiempo en el que fueron escritos, sino también desde el lugar en que se escribieron, desde una deslumbrante lucidez y una valiente disidencia, la de Uberto Stabile”. O novo título de Fernando cabrita, que se acrescenta à sua extensa obra, constitui, pelas circunstâncias em que surge, um justo motivo de orgulho para a poesia e a cultura portuguesas, e obviamente para o Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE

PORTIMÃO HOMENAGEIA FILIPE SANTOS, RECORDISTA MUNDIAL DE NATAÇÃO ADAPTADA Câmara Municipal de Portimão distinguiu, no dia 22 de fevereiro, o nadador Filipe Santos com a medalha de honra Cidade Europeia do Desporto 2019 (CED), na sequência do recorde do mundo, europeu e nacional alcançado na prova dos 25 metros mariposa Classe SM21-SDown, que integrou o Campeonato Nacional de Inverno de Natação Adaptada. O atleta somou nas Piscinas Municipais da Guarda mais um importante triunfo ao seu palmarés, que inclui dezenas de títulos mundiais, europeus e nacionais, tendo ALGARVE INFORMATIVO #192

batido um máximo mundial com mais de 10 anos, facto destacado pela presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, para quem se trata de um momento “de grande orgulho para todos nós, porque é uma bênção termos um nadador com uma prestação deste nível, e logo no ano em que estamos a viver a CED”. “O Filipe é um desportista de eleição, para além de um ser humano extraordinário, que devemos acarinhar e incentivar, para que continue a ter bons resultados”, sublinhou a autarca, 166


acrescentando ainda que “ele está no nosso coração e já faz parte da história coletiva do desporto local, uma vez que leva o nome do município bem longe”. Isilda Gomes realçou o trabalho desenvolvido pelo clube O2 Portimão, representado na cerimónia pelo presidente da direção, João Nascimento, e pelo treinador Paulo Sousa, igualmente homenageados. O técnico, que treina Filipe Santos desde 2005, revelou que o próximo desafio será o Campeonato Europeu de Piscina Longa, a decorrer de 12 a 22 de setembro, na ilha

167

italiana da Sardenha, no qual o nadador participará nos 50 metros mariposa e nos 50 metros costas. “Durante o mês de agosto iremos treinar na piscina longa de Loulé, para que o atleta se habitue a esta distância. Para um desempenho ao mais alto nível, exigese uma boa preparação física, muita concentração e a afinação de um ou outro detalhe técnico, sendo necessária uma gestão rigorosa, que só depende do Filipe, para que nos traga mais alegrias”, assinalou Paulo Sousa .

ALGARVE INFORMATIVO #192


ATUALIDADE

PRESIDENTE DA REPÚBLICA VISITOU SAGRES PARA RECORDAR SISMO DE 1969 agres recebeu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa visita em que presidiu à sessão inaugural de evocação dos 50 anos do sismo de 28 de fevereiro de 1969. Na chegada à Fortaleza de Sagres, o chefe de estado foi recebido pelo presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares, pela Diretora Regional de Cultura do Algarve, Adriana Freire Nogueira, pela Presidente da Assembleia Municipal de Vila do Bispo, Ana Bela Martins, entre outros autarcas e entidades regionais. A iniciativa insere-se nas comemorações do 50.º aniversário da ocorrência do sismo de 28 de fevereiro de 1969, acontecimento que, a seguir ao sismo de Benavente de

ALGARVE INFORMATIVO #192

1909, causou danos mais importantes no território continental. Este sismo teve o seu epicentro a 200 quilómetros de Sagres, alcançando uma magnitude de 7,9 na escala de Richter. Treze pessoas morreram e os estragos foram também elevados, principalmente no sul do país. A ação foi promovida pela Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) e pela Associação Portuguesa de Meteorologia e Geofísica (APMG), com o objetivo de sensibilizar a população e chamar a atenção para o problema do risco sísmico em Portugal, envolvendo quem tem responsabilidades no estudo, definição e implementação de medidas que garantam a minimização do risco .

168


UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE DE CASTRO MARIM TEM MÉDICO E ENFERMEIRO EM PERMANÊNCIA projeto desde o seu início, juntam-se agora, em permanência, os serviços do enfermeiro Joaquim Seabra. A UMS de Castro Marim passa a contar também com um novo parceiro, a Unidade de Saúde Familiar de Castro Marim, que, através da disponibilidade da Administração Regional de Saúde (ARS), passa a conceder serviço médico por três horas semanais, em data ainda por definir, e seis horas semanais de serviço de enfermagem. Câmara Municipal de Castro Marim renovou, através da contratação pública, o contrato com a Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, permitindo à Unidade Móvel de Saúde (UMS) retomar a prestação de cuidados médicos e de enfermagem no interior do concelho a partir de 1 de março. A cooperação entre as duas entidades permitiu que, desde junho de 2018, se retomasse o funcionamento da UMS, embora sem serviço de enfermagem, após uma interrupção de seis meses, resultante da reprovação das propostas apresentadas na câmara municipal. Fruto da renovação desta cooperação, à disponibilidade permanente das médicas do serviço, Isa Frazoa e Suzana Valssassina, que acompanham este 169

A desenvolver também nesta fase está um ambicioso projeto, apresentado pela coordenadora da UMS de Castro Marim, Isa Frazoa, que consiste em trabalhar e melhorar a autonomia dos idosos, nomeadamente no âmbito da prevenção de quedas, que são responsáveis por 90 por cento das fraturas do fémur nesta faixa etária, causa de uma elevada taxa de morbimortalidade na terceira idade. A contribuir igualmente para estes dados estará também facto de esta patologia dever ser operada nas 48 horas seguintes, uma urgência que não se coaduna com a escassez de médicos ortopedistas do Hospital de Faro, onde, segundo os dados recolhidos pela UMS, as cirurgias chegam a levar mais de um mês, com as consequências negativas que daí advêm . ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

170


171

ALGARVE INFORMATIVO #192


DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Jorge Gomes A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #192

172


173

ALGARVE INFORMATIVO #192


ALGARVE INFORMATIVO #192

174


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.