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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 6 de abril, 2019

LUM VOA ALTO COM «ZERO» «ASSEMBLEIA» | «AUTO DA XATA DO ENFERNE» | «BRANCA DE NEVE» | FESTIVAL T INFORMATIVO #196 FESTIVAL DO CONTRABANDO | RE-CRIATIVA REPÚBLICA 14 | PRÉMIOS CHOQUEALGARVE FRONTAL AO VIVO 1


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CONTEÚDOS #196 6 DE ABRIL, 2019 12

ARTIGOS 12 - Prémios Choque Frontal ao Vivo 26 - Festival do Contrabando 40 - Re-Criativa República 14 52 - LUM 62 - «Assembleia» 70 - Festival T 78- «Auto do Xato do Enferme» 90 - «Branca de Neve» 98 - Artur Pastor e os Mundos do Sul 108 - Labirinto X002 134- Atualidade

OPINIÃO

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120 - Paulo Cunha 122 - Mirian Tavares 124 - Adília César 126 - Ana Isabel Soares 128 - Paulo Bernardo 130 - Vera Casaca ALGARVE INFORMATIVO #196

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PROGRAMA CHOQUE FRONTAL AO VIVO ELEGEU OS MELHORES DO ANO NA MÚSICA NACIONAL E ALGARVIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Grande Auditório do TEMPO - Teatro Municipal de Portimão praticamente esgotou, no dia 27 de março, para assistir à excelente gala de atribuição dos Prémios Choque Frontal Ao Vivo, da carismática e irreverente dupla de radialistas da Alvor FM, Ricardo Coelho e Júlio Ferreira. A edição zero do evento, como os organizadores sempre foram dizendo, superou todas as expetativas, num prémio que tem como principal objetivo incentivar a atividade musical no Algarve e em Portugal, sem esquecer também os outros tipos de arte, até porque desde o início que também

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participa nas emissões do «Choque Frontal ao Vivo» o artista plástico João Sena. Deste modo, o concurso era composto pelas categorias Melhor Álbum – Nacional, Revelação Música – Nacional, Melhor Álbum – Algarve, Melhor Música – Algarve e Revelação Música – Algarve, mas também por um Prémio Artes, Ciências, Cultura e Desporto – Algarve e por um Prémio de Mérito e Excelência – Algarve. Depois de selecionados os nomeados de cada categoria, a decisão final coube a um extenso painel de jurados constituído por jornalistas, empresários, profissionais da música, autarcas e entidades que estão, de uma ou outra forma, ligados ao meio artístico

14 Ricardo Coelho e Júlio Ferreira


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Luís Villas-Boas, do Refúgio Aboim Ascensão

e que, por isso, estão habilitados para fazer uma escolha ponderada e rigorosa.

Dancenema e Dança Contemporânea de Portimão.

Os três finalistas de cada categoria foram sendo conhecidos em fevereiro e março, mas os grandes vencedores só na noite de 27 de março é que foram divulgados, precisamente a mesma data em que se realizou também a gala dos prémios da Sociedade Portuguesa de Autores. E assim se percebe a razão de alguns dos nomeados e vencedores não estarem presente no Teatro Municipal de Portimão. O que não impediu que a gala organizada por Ricardo Coelho e Júlio Ferreira tivesse menos brilho, uma vez que contou com as atuações, ao vivo, sem essas modernices de playbacks ou microfones mágicos, de Ricardo J. Martins e Sickonce, Fernando Leal, Filipe Cabeçadas, LUM, Reflect e Iris, para além dos apontamentos da

De forma informal, divertida e descontraída, pois já estão habituados a apresentar o «Choque Frontal ao Vivo» todos os meses, Ricardo Coelho e Júlio Ferreira foram conduzindo a cerimónia com grande primor e depressa se percebeu que esta gala não seria, ao contrário do que acontece em tantas outras ocasiões, enfadonha, cansativa, com leitura de mil e uma biografias e currículos de nomeados que, na hora da verdade, praticamente dispensam apresentações. Discursos da moda ou de propaganda política também não houve, embora, claro, se tivessem feito os agradecimentos merecidos às entidades que apoiaram o evento, nomeadamente à Câmara Municipal de Portimão e à Junta de Freguesia de

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Portimão. Mas os grandes agradecimentos foram para a prata da casa, para a equipa do Choque Frontal ao Vivo, a quem coube toda a produção, montagem e condução do espetáculo. E foi pelo Prémio de Mérito e Excelência – Algarve que se começaram a desvendar os vencedores, tendo sido atribuído ao Refúgio Aboim Ascensão, ocasião para Luís Villas-Boas deixar um apelo para que todos se unam na prevenção e combate à violência contra as mulheres e em ambiente familiar, já que conhece como poucos os efeitos que daí advém para as vítimas, mas, sobretudo, para as crianças. O outro prémio não relacionado com a música, ou seja, da categoria de Artes,

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Ciências, Cultura e Desporto, foi entregue à Universidade do Algarve, o que motivou sentidas palavras de agradecimento do Vice-Reitor Saúl Neves de Jesus, por entender que a distinção atesta o contributo que a academia algarvia tem dado à região ao longo das suas quatro décadas de existência. Mas porque a música é o prato forte do «Choque Frontal ao Vivo», e sem mais demoras, o Melhor Álbum Nacional foi para «Espiritual» de Pedro Abrunhosa, enquanto que o Melhor Álbum - Algarve coube a «Mundu Nôbu» do quarteirense Dino D’Santiago. Os Prémios Revelação foram para Matay, a nível nacional, e

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Ricardo Coelho, Saúl Neves de Jesus e Júlio Ferreira

Ricardo Coelho, Júlio Ferreira e Isilda Gomes

para Fernando Leal, no plano regional. Já a Melhor Música – Algarve foi «Barco de Papel», de Reflect. E, lá está, Pedro Abrunhosa, Dino d’Santiago e Matay não ALGARVE INFORMATIVO #196

puderam estar no TEMPO, mas fizeram questão de enviar uns vídeos de agradecimento pela distinção. No final, antes da muito aguardada atuação dos Iris de Domingos Caetano, houve ainda oportunidade para Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, também deixar as suas palavras de elogio a esta iniciativa da rádio Alvor FM, nas pessoas de Ricardo Coelho e Júlio Ferreira, e mostrou-se convicta que, face ao êxito alcançado neste «ano zero», mais edições se seguiriam certamente. E a verdade é que, poucos dias depois, a endiabrada dupla revelou que os Prémios Choque Frontal ao Vivo já têm data marcada para 2020, mais concretamente para 14 de março. Lá estaremos . 20


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FESTIVAL DO CONTRABANDO VOLTOU A UNIR AS DUAS MARGENS DO RIO GUADIANA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Festival do Contrabando decorreu de 29 a 31 de março e, na sua terceira edição, duplicou o número de travessias da Ponte Pedonal transfronteiriça, com milhares de visitantes a não desperdiçarem a ALGARVE INFORMATIVO #196

oportunidade de caminhar sobre as águas do Rio Guadiana. As ruas de Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana estiveram cheias e a animação foi uma constante, num evento que aposta na identidade cultural da região como forma de valorizar as potencialidades do território, trazendo uma oferta cultural que desafia todas as condicionantes existentes. 28


tradicionais e debateu-se o tema nas Jornadas do Contrabando, e os muitos retratos tirados nos dias do evento podem ainda concorrer ao Concurso de Fotografia. Por tudo isto, a terceira edição do Festival do Contrabando consolida e reafirma o evento como determinante na estratégia de desenvolvimento dos concelhos de Alcoutim e de Sanlúcar de Guadiana, das regiões do Algarve e da Andaluzia, devido à sua capacidade de atração de milhares de visitantes durante a época baixa, que ali encontram um acontecimento diferente e singular, com uma identidade própria de fronteira e de homenagem histórica às suas gentes, por via de um tema enraizado na memória coletiva local, regional, nacional e ibérica, como era a atividade do contrabando.

As vilas «vestiram-se», por isso, a rigor e proporcionaram a residentes e visitantes um cartaz diversificado de eventos, desde espetáculos de música e teatro a artes e ofícios tradicionais, à arte circense e animação musical, a personagens como os contrabandistas e guardas-fiscais a passearem pelas ruas. Em paralelo, realizaram-se workshops de ofícios 29

A Cerimónia Oficial de Abertura contou a presença do Presidente Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo dos Santos Gonçalves; do Alcaide de Sanlúcar de Guadiana, José María Perez Díaz; da Secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira; do presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes; do Viceconsejero de Cultura y Patrimonio Histórico, Alejandro Romero Romero; e da Vicepresidenta de Coordinación y Políticas Transversales y diputada responsable de Huelva Empresa da Diputación de Helva, María Eugenia Limón Bayo; tendo todos enfatizado a singularidade do evento e o seu potencial. “Sabemos que a Cultura não nada em dinheiro em Portugal, mas, por vezes, pequenos nadas fazem toda a diferença e aqui se demonstra o que conseguimos realizar ALGARVE INFORMATIVO #196


Ângela Ferreira, Secretária de Estado da Cultura

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João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve

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Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Alcoutim

com o contributo do «365 Algarve». Com este evento promovemos, de forma bastante entusiástica, o nosso território, terra, história e cultura e impulsionamos a economia local e regional. Um evento que une duas vilas gémeas do Guadiana, dois povos que falam duas línguas diferentes, mas que têm tudo o resto em comum”, frisou Osvaldo Gonçalves. “Sempre que possível trabalhamos juntos na criação de parcerias e eventos que promovam as nossas potencialidades enquanto território de fronteira. A ponte que, durante os três dias de festival, faz as delícias de quem nos visita, cumpre um sonho antigo destes dois povos e simboliza a vontade de criar uma ponte definitiva”, acrescentou ainda o edil alcoutenejo. 31

João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, lembrou que o contrabando foi, noutros tempos, o sustento de muitas famílias, de ambos os lados do Rio Guadiana, constituindo agora uma memória e um património que devem ser preservados. “Os destinos turísticos estão em constante concorrência e precisam diferenciarse, apelando àquilo que é seu. Estas memórias são um bom exemplo de uma proposta diferenciadora e, na última feira internacional de turismo em Madrid, a principal comunicação do Algarve, enquanto destino turístico, tinha como eixos a Natureza e a Cultura e nesta, por razões óbvias, o prato forte era o Festival do Contrabando”, referiu, enaltecendo ALGARVE INFORMATIVO #196


ainda o programa «365 Algarve» por estimular o trabalho com as autarquias e os agentes culturais da região. “Por momentos, aquilo que são adversidades de uma zona de interior e de fronteira, são claramente as forças e o argumento para promovermos uma região no exterior. O turismo é conhecido como a indústria da paz, aquela que prospera na ausência de guerras e conflitos, de catástrofes naturais e epidemias, e é um setor que promove o encontro entre os ALGARVE INFORMATIVO #196

povos. E, numa altura em que muitos acham que a moda é construir muros, temos aqui uma ponte física, mas também de afetos”, salientou João Fernandes. O ciclo de intervenções oficiais foi encerrado por Ângela Ferreira, Secretária de Estado da Cultura, que também elogiou “uma ponte que liga a cultura ao turismo”. “A dois meses de terminar a terceira edição do «365 32


às estruturas culturais locais e este efeito de empreendedorismo cultural é muito animador”, destacou a governante. Neste sentido, Ângela Ferreira garantiu a quarta edição do «365 Algarve», porque “uma programação cultural de qualidade e diversificada, centrada no património e nas estruturas artísticas regionais, pode ser a peça que faltava para travar a sazonalidade do turismo algarvio”. Segundo a Secretária de Estado da Cultura, cerca de 15 por cento dos inquiridos afiançaram que vieram de propósito à região por causa de eventos do terceiro capítulo do «365 Algarve», uma subida expressiva em relação aos resultados da segunda edição. “Os dados recolhidos, ainda que provisórios, mostram também que, se não existisse esta programação cultural, nove por cento dos inquiridos teriam vindo apenas ao Algarve no Verão e não na época baixa”, revelou.

Algarve», os resultados não podiam ser mais animadores. Conseguimos atrair cada vez mais público e aumentar a média de espetadores em cada sessão. Nos últimos três anos conquistamos mais de 300 mil espetadores, promovemos mais de 1.550 iniciativas, num investimento global de quatro milhões e meio de euros. Há espetáculos que nasceram no Algarve e que já estão a circular por todo o país, o programa está a estimular novas encomendas e criações 33

O Festival do Contrabando foi organizado pela Câmara Municipal de Alcoutim em parceria com o Ayuntamiento Sanlúcar de Guadiana, com o apoio do Governo de Portugal, Turismo de Portugal, Região de Turismo do Algarve e «365 Algarve». Contou ainda com a importante colaboração da ADECMAR – Associação de Desenvolvimento Etnográfico Cultural de Martim Longo, das associações do concelho, das forças de segurança terrestre e marítimas e de muitas entidades regionais .

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RE-CRIATIVA REPÚBLICA 14 GANHA ESPAÇO NA CENA CULTURAL ALGARVIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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nome é fácil de entender, não tem duplos sentidos ou jogos de palavras, é Re-Criativa República 14 porque se situa, precisamente, no número 14 da Avenida da República, no centro de Olhão. E desde o início se percebeu que estávamos perante um espaço muito especial onde se poderiam organizar eventos culturais e recreativos diferentes e onde todos os visitantes se sentissem em casa. Mas, no início, também nenhum dos elementos da direção sabia bem onde é que se estava a meter, porque liderar uma associação não é nada fácil, consome bastante tempo e, salvo raras exceções, costuma dar mais dores de cabeça do que alegrias. A principal vontade de Maria João Cabrita era devolver à cidade e à ALGARVE INFORMATIVO #196

comunidade este imponente edifício que pertence a uma empresa da sua família, embora não soubesse muito bem de que forma o poderia fazer. “No Verão de 2017, um conjunto de pintores, onde se incluía a Meinke Flessemen, veio falar comigo para se organizar uma exposição. Acho que foi a semente para o nascimento da associação”, recorda a presidente da direção. As conversas foram-se intensificando entre Maria João Cabrita e Fernando Júdice e, em setembro do mesmo ano, o amigo José Salgueiro, ao conhecer o espaço, deu o empurrão final para que surgisse a Associação Cultural Re-Criativa República 14. “Havia muita gente que não queria que este edifício desaparecesse, queriam que voltasse a abrir portas ao público e, no final de setembro, realizamos uma reunião exploratória para perceber se existiam, de facto, mais pessoas que 42


se quisessem juntar a nós”, conta Fernando Júdice, vice-presidente da direção. O resultado da conversa foi animador e no dia 9 de outubro de 2017 constituía-se a associação, mas os entrevistados admitem, sem rodeios, que não faziam a mínima ideia do trabalho que teriam pela frente. No Natal de 2017 aconteceu o mercado «Porta Aberta na República» já com alguns concertos, janeiro conheceu mais atividades, mas a abertura oficial teve lugar apenas em abril de 2018, há precisamente um ano. “Depressa verificamos que havia muitos estrangeiros que queriam participar na vida do edifício, que já viviam em Olhão há alguns anos, mas não falavam português, portanto, começamos a ter aulas de português para estrangeiros. Seguiram-se aulas de yoga e desenho e o

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programa de atividades foi crescendo rapidamente”, lembra Fernando Júdice. Espaço não falta, sem dúvida, no número 14 da Avenida República e os inúmeros posters de concertos, exposições, lançamentos de livros, bem como os horários das múltiplas atividades, que se observam nas paredes comprovam a dinâmica da associação, um «cozinhado» que até é fácil de fazer, destacam Maria João Cabrita e Fernando Júdice. “Há pessoas que nos propõem iniciativas para aqui realizar, e nós fazemos a triagem com o nosso natural espírito crítico, mas também lançamos nós próprios desafios a algumas pessoas. Já temos aulas de música, vamos ter de canto e de pintura. Com os concertos sucede o mesmo, há músicos que vêm ter connosco, há outros que vamos nós

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Miguel Picareta (presidente do Conselho Fiscal), Maria João Cabrita (presidente da Direção), Fernando Júdice (vice-presidente da Direção), Paulo Franco (tesoureiro), Meinke Flessemen (secretária da Direção) e José Salgueiro (vogal)

falar com eles, e vamos escolhendo sempre aquilo que melhor se adapta ao espaço e ao espírito da Re-Criativa República 14”, indica o vice-presidente. À medida que os meses foram decorrendo, os cinco elementos da direção (Fernando Júdice, Maria João Cabrita, Meinke Flessemen, Paulo Franco e José Salgueiro) foram percebendo qual o melhor rumo a seguir e, para além de terem as portas abertas à comunidade, o objetivo era ter uma programação diferenciada e de qualidade que tocasse as ALGARVE INFORMATIVO #196

várias formas de expressão artística. E sem esquecer nunca a vertente formativa. “A ideia sempre foi que isto funcionasse sobretudo durante o dia, fechamos as portas o mais tardar à meia-noite. Nos nossos estatutos já estão preconizadas todas as atividades que estamos a levar a cabo, mais outras que ainda não iniciamos. Temos neste momento 491 sócios, em dezembro eram 435, um número bastante elevado para o curto tempo de existência da associação, e pessoas de 17 nacionalidades, o que é muito 44


acontecer e para se fazer”, aponta Fernando Júdice, acrescentando que a concorrência do «sofá», da televisão, das novas formas de entretenimento disponíveis nas nossas casas, se nota em qualquer ponto do país e não somente no Algarve. “É um percurso que se faz andando para a frente. Temos consciência que há eventos que trazem muitas pessoas, outras atraem menos, mas temos de ir ao encontro dos interesses de todos os públicos. Também sabemos que há muita gente, mesmo dentro de Olhão, que ainda não sabe que este edifício está aberto e que não conhece aquilo que aqui se passa dentro. Divulgamos o nosso programa nas redes sociais e na imprensa regional, é um caminho difícil de percorrer, mas somos persistentes”, garante o entrevistado.

UMA PROGRAMAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS OS PÚBLICOS

enriquecedor”, sublinha Maria João Cabrita. Sócios novos aparecem quase todos os dias, o que é visto com satisfação, mas também com naturalidade, por Fernando Júdice, porque esse estatuto implica entradas mais baratas nos eventos e descontos na frequência das aulas, workshops e ações de formação. “Para se ter sócios é preciso ter atividades e, se a maioria entrou para a associação sem saber o que ela iria realizar, a verdade é que mostramos que há sempre coisas a 45

A imponente entrada do número 14 da Avenida da República, em Olhão, dá lugar a dois longos corredores com várias salas de cada lado, ao fundo abrese uma porta para um extenso quintal, mas só a história e a beleza do espaço não são suficientes para cativar o interesse dos visitantes, reconhece Fernando Júdice, daí a importância de ter um bar em funcionamento, que seja um elemento congregador dos participantes nas atividades. E o bar «República do 7» abriu precisamente no dia 1 de abril, tornando-se um ponto de encontro com uma forte dinâmica e que permite que as portas estejam abertas ALGARVE INFORMATIVO #196


ao longo de todo o dia. “Estando o bar em atividade, as exposições patentes no edifício também podem ser visitadas, as formações decorrem ao seu ritmo e os participantes têm sempre a oportunidade de desfrutarem do espaço exterior antes e depois das aulas”, destaca Maria João Cabrita, com Fernando Júdice a lembrar mais uma vez que todos eram estreantes nas lides de dirigentes associativos. “Avisamos logo as pessoas que não tínhamos a menor experiência nisto, mas fomo-nos ajudando mutuamente para que tudo funcionasse. É óbvio que isto «rouba» tempo às nossas vidas pessoais e profissionais, são coisas das quais só vamos tendo consciência quando elas aparecem”, admite, com um sorriso. Dificuldades à parte, a Associação Cultural Re-Criativa República 14 vai seguindo o seu rumo e essencialmente ALGARVE INFORMATIVO #196

com recursos a receitas próprias, ou seja, aos donativos feitos pelo público nos espetáculos, às quotizações dos sócios e às receitas do bar. “Temos funcionado muito com o produto local, com artistas e bandas da região. Em 2018 fizemos 26 concertos, de abril até dezembro, nem tinha noção desse número até fazermos o balanço final do ano. Desses, só quatro ou cinco é que foram com músicos de fora do Algarve”, aponta Fernando Júdice. A Re-Criativa República 14 assume-se, por isso, como um local de excelência para os projetos musicais algarvios irem a palco, até porque não abundam na região espaços com estas características, tirando os equipamentos culturais pertencentes às autarquias. “Há outras associações e coletividades em Faro, Portimão e Tavira que fazem o mesmo, mas não somos muitos. Outro aspeto do Algarve é que muita 46


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da música que aqui se faz é direcionada para os turistas estrangeiros, para se tocar em bares e hotéis, mas nós privilegiamos os projetos de originais”, enfatiza Fernando Júdice, ele próprio músico de profissão. “Temos todos os meios técnicos e humanos necessários para proporcionar excelentes concertos, embora inicialmente tenhamos contado com a preciosa ajuda da DOREMI ao nível do equipamento”, reforça o vicepresidente da direção. Completado um ano da primeira grande festa da República 14, o programa para 2019 está recheado de motivos de interesse e ainda não está fechado, pois a associação está sempre recetiva a novos desafios. Como aquele que foi colocado pela organização do FICLO – Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão para exibir filmes no ecrã do quintal da sede. “É uma faceta que nos vai dar

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outra projeção. Vamos continuar a trabalhar com os artistas locais e ainda ontem inauguramos uma exposição coletiva de pintores residentes em Olhão”, diz Maria João Cabrita. “Estabelecemos também uma parceria com a «corpodehoje», uma associação de Tavira que aqui organizou, em 2018, um pequeno festival de teatro e dança para a infância e que vamos repetir no final deste ano”, acrescenta Fernando Júdice. “Achamos que está a valer, apesar de todo o esforço que implica gerir uma associação. As pessoas percebem o que estamos a tentar fazer na Re-Criativa República 14, vêm falar connosco, dão-nos palavras de incentivo para seguirmos em frente. Os próprios músicos querem voltar a tocar neste espaço por causa da energia que encontraram”, finalizam o presidente e vice-presidente da direção .

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LUM VOA ALTO COM ZERO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ruben Caeiro ALGARVE INFORMATIVO #196

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rimeiro foi «Mil Cores», em 2013, depois «Atmosfera», em 2015, e eis que chegou, a 8 de março de 2019, «Zero», do farense João Lum, que agora é apenas LUM, porque, ao iniciar uma nova fase da sua vida artística, quase como que a começar outra vez do zero, quer romper um pouco com o passado. “Andei os últimos três anos à procura de novas sonoridades, a tentar reencontrar-me como artista e como pessoa, a trabalhar com outras pessoas diferentes, e uma das primeiras mudanças foi apostar na marca «LUM». É uma evolução natural, mas também um recomeço”, justifica, à conversa nos Boxmusic Studios, em Faro. Para trás ficaram dois discos, o primeiro bem conseguido, o segundo um pouco menos, na opinião do entrevistado, quiçá por ter tentado ir por caminhos que, na época, ainda não estavam bem cimentados. “A eletrónica está muito mais assumida em «Zero», embora continue a ser acompanhado ao vivo por uma banda. É um disco com refrões fáceis de cantar, com melodias simples, procurei ser mais direto na minha escrita”, descreve o seu pop-eletrónico, um estilo que está muito na moda e que encanta as novas gerações. “Como é natural, não estou indiferente às tendências, mas tento sempre incutir a minha sonoridade naquilo que componho. Estes 11 temas continuam a ser o LUM”, garante. Um disco que demorou mais tempo a finalizar do que os seus dois antecessores porque LUM está mais experiente, sabe ALGARVE INFORMATIVO #196

melhor o que quer, quis rodear-se das pessoas certas e tem consciência, acima de tudo, que a pressa é uma conhecida inimiga da perfeição. “As pessoas não têm ideia do tempo que demora a fazer uma música de três, quatro, cinco minutos, ainda mais quando somos perfecionistas como eu. O problema é que, às vezes, usamos floreados a mais. A minha formação é de música clássica, gosto de ouvir coisas mais compostas, mas a verdade é que, hoje, a música consome-se a uma velocidade estonteante nas plataformas digitais. As novas gerações não metem um CD a correr na aparelhagem, não se sentam no sofá a ouvir com atenção, não folheiam o booklet”, analisa o entrevistado. Neste cenário, ou a música capta a atenção logo no primeiro minuto, ou o ouvinte carrega no next e está o assunto resolvido. Por isso, LUM tentou arranjar uma solução de compromisso, compor temas com qualidade, ao seu estilo e agrado, mas que também fossem chamativas, que prendessem, e isso, como se adivinha, é um processo demorado. “A simplicidade, curiosamente, consegue ser bastante complexa”, diz, com um sorriso. Quanto à temática de «Zero», é o amor, muito amor, mas abordado de uma forma distinta do que nos outros discos. “A linguagem e mensagem estão completamente diferentes em relação a 2015, até canções que escrevi há um ano agora parecem-me desatualizadas. Está tudo a mudar constantemente”, reconhece, acrescentando que, na parte das letras, 54


continua a contar com a colaboração de Nuno Soares, mas outros nomes ajudaram na conceção de «Zero». O pop eletrónico é o que está na moda, mas também é o estilo com que LUM mais se identifica atualmente, assegura, porque ser honesto é um dos segredos mais importantes para se ter sucesso. “Há dias em que venho para o estúdio, não para criar, mas apenas para ouvir e descobrir outras coisas que me acabam por influenciar, mas sempre fui verdadeiro comigo próprio. Sei que preciso utilizar este ou aquele som que se está a usar 55

bastante agora, mas tenho que me sentir bem com o que componho. E há músicas que até funcionavam bem num álbum, mas não me via a cantálas ao vivo. Não ando aqui a forçar uma personagem diferente do João do dia-a-dia”, salienta o farense. E o certo é que o single «Perfeita» entrou de rompante para o top de vendas do iTunes e a canção «Não Voltes Mais» faz parte da banda sonora da novela «Alma e Coração» da SIC. “Nada acontece por acaso, as coisas surgem porque há trabalho, empenho e verdade. Uma das mudanças mais significativas ALGARVE INFORMATIVO #196


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nestes últimos anos é ter um novo agenciamento, uma estrutura que me ajuda a alavancar o projeto, a entrar na televisão, a ter contrato com a Sony Music. São vários ingredientes que se juntaram, mas não estou à espera de megas tournées de 70 espetáculos num ano. Apenas quero que o maior número de pessoas ouça as minhas músicas e tocar ao vivo o máximo de vezes possível”. A aposta da Sony Music em «Zero» e o novo agenciamento são, então, duas maisvalias enormes em relação a «Mil Cores» e «Atmosfera», duas edições de autor de João Lum que tiveram mais dificuldade em atravessar as fronteiras de Faro e do Algarve. “Fazer três ou quatro espetáculos durante o Verão é muito 57

pouco para um músico, já para não falar da banda que nos acompanha. Neste disco apontamos as baterias para as televisões e rádios nacionais, tudo o resto vem por acréscimo. A edição de autor é engraçada, e pode cair em graça, mas é muito difícil terse sucesso com ela no atual panorama musical”, admite. O ano de 2019 tem sido, de facto, pródigo em novos projetos musicais nascidos em Faro, exemplos de Teresa Aleixo ou Mundopardo, entre outros, com LUM a ser um dos mais experientes no ramo, com um terceiro disco no mercado. Qualidade não falta, está visto, mas poucos artistas conseguem dar o salto para o patamar nacional, outros discos nem sequer saem da ALGARVE INFORMATIVO #196


gaveta, uma realidade que não é fácil de encaixar. “São demasiadas condicionantes”, concorda o entrevistado, com um encolher de ombros. “Às vezes as editoras até gostam do nosso trabalho, mas não pegam nele porque têm outros artistas em que precisam apostar naquele momento. Dizem-nos para tentar daqui a um ano ou dois, pode ser que haja uma oportunidade, que saiam de cena outros artistas. Quando temos um manager que nem precisa marcar reuniões, que faz um telefonema e as portas abrem-se, tudo é mais simples”, confessa.

expetativas são boas. “Já temos muitos concertos marcados, mesmo não sendo aquele estrondo que bate logo lá em cima e é uma bomba. Acima de tudo, é preciso ter uma grande paixão e acreditar naquilo que se faz, e ter pessoas que também acreditem no nosso trabalho”, considera LUM, sem esconder o desejo de ir rapidamente para a estrada. “É para tocar ao vivo que existimos. Temos um grande espetáculo preparado para os espaços ao ar livre, depois do Verão vamos pensar nos auditórios, com temas dos três discos”, finaliza .

Grava-se o disco em estúdio, produz-se o CD físico, mete-se à venda nas lojas e nas plataformas digitais, mas engane-se quem pensa que o trabalho está feito. “O músico tem que estar continuamente a investir na promoção, mesmo sem saber se vai ter retorno. Há malta que leva uma vida inteira a mandar tiros no escuro e nunca tem a sorte de acertar no alvo. Depois, gasta-se milhares de euros a fazer um videoclip e não se contrata alguém para tratar da imagem, para gerir as redes sociais, para enviar notas de imprensa para as rádios, jornais e revistas. Ter 20 mil visualizações no You Tube não chega para vender espetáculos”, avisa, defendendo a necessidade de uma estrutura profissional para que tudo flua no mesmo sentido. No caminho certo parece seguir «Zero», as vendas nas plataformas digitais são animadoras, passa todos os dias na televisão, pelo que as ALGARVE INFORMATIVO #196

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«ASSEMBLEIA» DE RUI CATALÃO PASSOU PELO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Teatro Municipal de Faro

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«Assembleia» de Rui Catalão começou com a realização de um laboratório de teatro, dança e dramaturgia aberto à comunidade, de 18 a 23 de março, no Auditório da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, onde foram abordadas as temáticas locais sugeridas pelos participantes. Ali foi iniciada a preparação da «assembleia» com um grupo local, sendo que cada espetáculo tem uma ligação direta com o contexto local, com as suas histórias e património, criando-se um projeto único de cada vez que é feito num novo contexto. O Laboratório põe em prática um modelo em que os «participantes/público» se tornam intérpretes do seu próprio trabalho, se tornam atores e dramaturgos, o que implica uma tomada de consciência: a importância da capacidade de observar, de refletir, de valorizar a experiência pessoal, o ato de descrever e criar narrativas, e de assumir um diálogo na relação com os outros. “Não se trata de memorizar um texto, mas de usar a memória, e a capacidade de refletir e articular o pensamento. Não se trata de representar uma personagem, mas de assumir as consequências dos seus atos. A peça que resulta deste Laboratório é um frente-a-frente com o público, envolvendo-o e provocando a sua participação nos temas debatidos”, explica Rui Catalão. E foi esse frente-a-frente com o público que foi a cena, no Teatro das Figuras, nos dias 27 e 28 de março, questionando como ALGARVE INFORMATIVO #196

é que uma comunidade se pode organizar em benefício próprio? Que necessidades existem? Que problemas devem ser resolvidos? Quais os projetos que merecem o seu apoio e envolvimento? E em que condições pode cada um dos habitantes participar? “Para a «Assembleia» de auto-governação são identificados temas para pensar a comunidade. Que projetos devem avançar para dinamizar a comunidade? O que falta? Como dar expressão à energia e ao potencial desta comunidade”, indica Rui Catalão . 64


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FESTIVAL T TROUXE A ALBUFEIRA TEATRO, FORMAÇÃO E DEBATE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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uma organização conjunta do Município de Albufeira e da Companhia de Teatro Contemporâneo, o 12.º Festival T - Festival Internacional de Teatro de Albufeira decorreu, de 27 a 31 de março, e o «pontapé-de-saída» foi dado logo de manhã com um espetáculo para bebés, «Lullaby», da Companhia Plage. A noite do Dia Mundial do Teatro foi preenchida com a apresentação do grupo de vozes femininas WIB - Women in Black, que apresentaram o tema «Poema Azul», de Sophia de Mello Breyner, numa homenagem pelo 100.º aniversário da escritora. ALGARVE INFORMATIVO #196

Depois das intervenções das entidades oficiais e da habitual leitura da Mensagem do Dia Mundial do Teatro de 2019, houve lugar ao espetáculo «Ah!, Minha Dinamene», que compreende o espetáculo «Clara». Trata-se de um texto de Sérgio Brito, com encenação de Luísa Monteiro e interpretação de Inês Colaço, sobre Maria Clara Machado Bastos, natural de Paderne, mulher de Remechido. Foi ela quem deu esta alcunha ao herói popular de Messines, sendo este o responsável por um dos episódios mais trágicos do período das Lutas Liberais. E foi graças a Remechido que Albufeira ficou conhecida por ser «a vila da terra queimada». 72


«Ah! Minha Dinamene» é um projeto teatral que corre todo o país e em cada cidade surge uma personagem desse local, com encenação e texto de encenadores e autores dessas localidades. Conta com Graziela Azenha Dias no principal papel, numa encenação de José Maria Dias, e versa sobre as mulheres que o tempo quase apagou da História. Este projeto contou em Setúbal com Soror Mariana, pela atriz Rafaela Bidarra, a partir de uma investigação de José Luís Neto; em Lisboa, com a personagem de uma escrava negra, pela atriz Cirila Bossuet, com texto e encenação de Ricardo Cabaça. Depois de Albufeira, seguirá para Évora, onde o texto de Armando Nascimento Rosa dará vida a LaGarrona, a célebre «bruxa de Évora»,

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uma das amantes do igualmente célebre São Cipriano. Na quinta-feira, dia 28, assistiu-se a um dos momentos mais aguardados do festival, «My Wife», protagonizado pela própria Luísa Monteiro, sempre soberba e com uma presença em palco que é um autêntico farol para os restantes elementos do elenco, designadamente Holly Duncan, Cheila Correia, Helen Fennel, Steve Nóbrega, Mike Rijo, Ana Libânio e São Lima. Irreverente, descomplexada, declamando e cantando, a fundadora e líder da C.T.C. recordou as amizades românticas de Virginia Woolf com a escritora Vita Sackville-West, com a compositora e escritora Ethel Smith e com a

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pesquisadora Violet Dickinson, a quem chamava «My wife», num espetáculo construído a partir das páginas do diário de Virginia Woolf e da sua epistolografia, sobrevoando o seu universo literário a partir de canções. Na sexta-feira, 29, a UmColetivo trouxe, pela manhã, «Rosa dos Ventos», um espetáculo-viagem para crianças a partir dos três meses que leva o público a lugares que não aparecem na televisão, à boleia dos contos, acrescentando pontos e embalados pelas histórias do Brasil, da Tanzânia, de Portugal e da Coreia. À noite, com a assinatura de Graça Corrêa, subiu ao palco «Sangue de Lorca», que fala da vida e obra de Federico Garcia Lorca, da guerra civil de Espanha, da sua orientação homossexual, da opressão, das mulheres e da poesia. No sábado à noite, as portas abriram-se a «Correr o Fado», pela companhia Jangada Teatro, que tem como mote a tradição popular que refere que o sétimo filho, se for rapaz, nasce «tardo» ou «trasgo». Por isso, é preciso «correr o fado» para quebrar a maldição. Se não atravessar três fontes, três pontes e três montes, transforma-se em lobisomem. O 12.º Festival T despediu-se com «O Principezinho», também pela Jangada Teatro, num espetáculo encantatório na tarde de domingo. A peça tem lotado as dezenas de salas de todo o país, quer continental, quer insular, e tem por base a obra de Saint-Exupéry, com encenação e adaptação de Xico Alves . ALGARVE INFORMATIVO #196

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«AUTO DA XATA DO ENFERNE» FOI A CENA NO AUDITÓRIO MUNICIPAL DE OLHÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia Irina Kuptsova

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elebrou-se, a 27 de março, o Dia Mundial do Teatro e o Auditório Municipal de Olhão recebeu os atores do Grupo Teatro de Olhão para apresentar o «Auto da Xata do Enferne». A peça inspira-se na ideia do «Auto da Barca do Inferno», de Gil Vicente, e na existência de duas barcas que cada alma, após julgamento, deverá tomar para ser conduzida ao céu ou ao inferno. Os personagens da Xata do Enferne representam estereótipos da sociedade atual e resultam de uma seleção coletiva do Grupo Teatro de Olhão. O texto é uma ideia original de João Evaristo, que conjuga a sonoridade de Gil Vicente com a pronúncia e expressões olhanenses. O Grupo Teatro de Olhão nasceu da iniciativa de Junta de Freguesia de Olhão, como evolução da disciplina de Teatro da Universidade Sénior, por se considerar que a experiência e nível atingidos impunham a formalização de um projeto mais estruturado e com maior grau de exigência . ALGARVE INFORMATIVO #196

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HISTÓRIA DA BRANCA DE NEVE ENCANTOU CRIANÇAS NO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Rituais Dell Arte regressou ao Teatro Lethes, em Faro, desta feita com a conhecida história da Branca de Neve, que encantou centenas de crianças da capital algarvia de 18 a 21 de março. Com texto de Miguel Ruivo Duarte e encenação de Tiago da Cruz, a peça coloca Branca de Neve num dos seus passeios habituais pela floresta, onde encontra quatro anões que se tornam seus grandes amigos. No palácio, a rainha Antonieta, madrasta de Branca de Neve, não tem ninguém com quem falar a não ser Mouthy Mirror, um espelho que diz apenas a verdade, mesmo que ela nem sempre agrade a quem faz as perguntas. ALGARVE INFORMATIVO #196

Os problemas começam quando Mouthy Mirror revela à rainha que ela já não é a mais bonita do reino, tendo sido ultrapassada pela Banca de Neve. Furiosa, Antonieta pede ao corcunda Raimundo que faça Branca de Neve desaparecer para sempre. Serão os anões capazes de salvar a Branca de Neve? E será que o príncipe Rafael vai chegar a tempo? As respostas foram dadas em palco por Ana Lapa, Rosária Rocha, Mariana Santos, Sérgio Souza, Gonçalo Babo, Marta Correia, João Pedro Silva, Adriana Sá Couto Inês Faria, Cristina Miranda e Ruben Santos, para delícia da pequenada que esgotou as sessões do Teatro Lethes . 92


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«ARTUR PASTOR E OS MUNDOS DO SUL» EM EXPOSIÇÃO NO MUSEU MUNICIPAL DE TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Tavira ALGARVE INFORMATIVO #196

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stá patente, até dia 9 de novembro, no Palácio da Galeria, em Tavira, «Artur Pastor e os Mundos do Sul», exposição que resulta da colaboração entre as autarquias de Lisboa e Tavira e da cooperação do Arquivo Municipal de Lisboa com o Museu Municipal de Tavira. Artur Pastor foi um dos grandes fotógrafos portugueses do seculo XX. Iniciou a sua atividade na fotografia em Tavira, aos 23 anos, quando prestava serviço militar, captando imagens das almadravas da pesca do atum. Para além da qualidade e reconhecimento da importância nacional da sua obra, a razão desta exposição em Tavira é reforçada e justificada por esse percurso inicial. ALGARVE INFORMATIVO #196

Artur Pastor (1922-1999), nasceu em Alter do Chão, foi fotógrafo do Ministério da Agricultura e criador do Arquivo Fotográfico desta instituição, para o qual trabalhou toda a vida. Produziu um corpo de imagens único, de grande qualidade, vasto e completo, sobre a agricultura em Portugal nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Fotografou também atividades relacionadas com a pesca na costa Algarvia, Nazaré, Sesimbra e Apúlia entre 1942 e 1970. Publicou os livros «Nazaré», em 1958 e «Algarve», em 1965, ambos com imagens e textos seus. Realizou diversas exposições e colaborou com inúmeras revistas e publicações nacionais e estrangeiras. A presente exposição compreende diversas salas temáticas, com 100


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fotografias de Artur Pastor sobre agricultura, pescas, arquitetura, atividades artesanais, atividades de investigação agrícola e ainda uma retrospetiva da sua primeira exposição em 1946, «Motivos do Sul». São expostos os seus primeiros trabalhos, desde 1942 até 1974, produzidos, com a sua Rolleiflex em negativo a preto e branco 6x6. Neste âmbito, são apresentadas provas originais produzidas por Artur Pastor para as suas exposições e provas atuais produzidas pelo Arquivo Municipal de Lisboa. Será apresentado também um documentário «Paisagem de Artur Pastor», realizado por Fernando Carrilho e produzido pela Videoteca Municipal de Lisboa em 2014. O espólio de Artur Pastor foi adquirido, à família do fotógrafo, pelo Arquivo Municipal de Lisboa após a sua morte. Foi objeto de uma grande exposição em Lisboa, organizada pelo Arquivo Municipal, que esteve patente no Arquivo Fotográfico e no Museu da Cidade em 2014. Desde a sua aquisição e primeira divulgação, a coleção de fotografia de Artur Pastor tem vindo a despertar crescente interesse do público, sendo progressivamente mais solicitada, tanto para ilustração como para mostras de caráter regional na Nazaré, Sesimbra, Alter do Chão, Lagoa e Évora. A exposição será acompanhada de catálogo e de visitas orientadas . ALGARVE INFORMATIVO #196

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XANA APRESENTA LABIRINTO X002 NA ASSOCIAÇÃO 289 Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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Associação 289, em Faro, apresenta, até dia 5 de maio, a nova instalação do artista visual XANA. «LABIRINTO X002» é uma instalação multimédia que, como o título indica, propõe percursos que envolvem os visitantes na obra e possibilitam a escolha individual de caminhos diversos, num processo de descoberta permanente. Como é frequente nas exposições de XANA, além dos materiais tradicionais das ALGARVE INFORMATIVO #196

artes plásticas, misturam-se processos técnicos da escultura, desenho, pintura, luz e som. Nesta assumidamente imbricada proposta, o artista utiliza na construção da estrutura base diversos materiais para criar «muros», nomeadamente: redes metálicas, tecidos e outros produtos industriais. O percurso é dominado por duas cores, o azul e o vermelho, estando presentes diversos padrões gráficos que acentuam um ambiente simbólico. Nas paredes, e durante o percurso, surgem «objetos» e «diagramas» para o público descortinar, encontrar e descobrir aquando da visita ao espaço. 110


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Para além dessa parafernália surpresa, visual e sonora, também estão disponíveis os livros que XANA consultou nos últimos quatro anos, na sua pesquisa sobre os valores éticos do Amor, Liberdade e Sabedoria. “Este é o meu labirinto até vocês entrarem nele. Não nos ALGARVE INFORMATIVO #196

enganemos, o labirinto humano não tem solução e este também não”, avisa Xana, in Manifesto Labirinto X002. A exposição pode ser visitada, de sextafeira a domingo, das 15h às 19h, na sede da Associação 289, no Solar das Pontes de Marchil, em Faro . 112


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Quem ama não violenta! Paulo Cunha (Professor) o lermos, escutarmos e vermos tantas notícias sobre violência doméstica plasmadas em órgãos de comunicação social, fóruns de debate e rede sociais, poder-se-á ficar com a sensação que houve um recrudescer de casos que indiciam tais comportamentos no seio das famílias portuguesas. Questionome se será efetivamente assim, ou se não será o facto de, com o passar do tempo, grande parte das vítimas, dos seus familiares, amigos e instituições estarem a perder a vergonha e o receio de expor tais comportamentos, e assim afrontar este problema que sempre existiu e que, por vários motivos, se viu arredado dos espaços noticiosos e, consequentemente, dos espaços de decisão? Ao abrigo de velhas premissas educacionais e comportamentais que defendiam a sagrada privacidade de cada lar, muito se escondeu da opinião pública, condenando famílias inteiras a um desespero, sofrimento e angústia continuados e infindáveis. São esses os indícios de violência conjugal que, cada vez mais, extravasam para o exterior através do comportamento dos restantes elementos do agregado familiar que, com o avolumar de vários episódios de violência, refletem nos seus comportamentos diários as consequentes mazelas. Na qualidade de professor e com o passar dos anos tornou-se mais fácil detetar tais comportamentos nos meus alunos. E, infelizmente, raramente me engano! Ainda há muita gente que reduz a violência doméstica à violência conjugal, retirando do necessário debate e merecida intervenção a ALGARVE INFORMATIVO #196

violência para com os mais frágeis e desprotegidos: as crianças e os idosos. Vários tipos de violência que atingem os mais desamparados e necessitados e que, na maioria das vezes, passam incógnitos a grande parte da sociedade, tornando-se por isso isentos de intervenção e de punição. Presos entre as paredes que alguns ainda ousam chamar lar, ou depositados noutros espaços com o mesmo nome, mas com outra função, cidadãos seniores que deveriam merecer o maior e melhor reconhecimento e tratamento na reta final da sua vida são, muitas vezes, vítimas de coação, repressão e maus tratos. Por força da sua fragilidade física e/ou intelectual e dependência financeira, tornam-se assim presas fáceis para os cuidadores agressores que, não raras vezes, veem normalidade nos seus atos e comportamentos. Porque quem não vê é como quem não sabe, muitos atos que indiciam crime acontecem entre paredes que, por esconderem imagens e sons, escondem ações hediondas perpetradas a quem deveria merecer todo o amor, carinho, proteção e gratidão. Não tendo pedido para nascer, muitas crianças veem-se enredadas em casas que são autênticos focos do inferno na terra, libertando-se apenas no tempo em que estão na escola, na rua ou nas casas dos amigos. E o que dizer dos mais idosos, que devido às suas várias dependências se tornam meros joguetes nas mãos de quem tudo lhes deve e, no final da sua vida, tudo lhes tira? Gente que toda a vida trabalhou em prol duma família que quis sua e que, afinal de contas, na família tem apenas gente a aguardar o final para fazer as contas. 120


Mas como acabar com estas situações em que, grande parte das vezes, os agressores não são castigados? Está na altura de mostrar, através de ações, que o amor, o respeito e a gratidão não se dizem, praticam-se, e, da mesma forma que esses atos devem ser - publicamente - enaltecidos, também a violência bárbara e ignóbil deve 121

ser - publicamente - denunciada, julgada e condenada. Por eles, todos, escrevo, porque as vítimas da violência doméstica não têm género, não têm idade, nem têm grau familiar definidos. Definidas têm as marcas que os agressores lhes infligiram na carne e no espírito. Esses sim, agressores que devem ser devida e exemplarmente punidos, sob pena de tudo continuar na mesma! . ALGARVE INFORMATIVO #196


OPINIÃO

Hi, dear, how are you? Mirian Tavares (Professora) arli de Oliveira, eu não escrevo cartas para você porque só sei ser íntima”. É uma frase de Clarice Lispector que me vem, muitas vezes, à cabeça quando penso nas relações estabelecidas na contemporaneidade líquida, neste estado de fluidez constante dos sentidos e das relações, de acordo com o que preconiza o filósofo Bauman, que fala, de facto, de modernidade, contrapondo-se assim aos outros pensadores que sugerem estarmos numa outra era, pós-moderna, num outro momento completamente diferente da História. Mas isso daria outro texto. E o que me interessa aqui é falar de Marli de Oliveira, que não conheço, sei apenas que era poeta e que não era íntima de Clarice Lispector.

Voltei a pensar nesta frase aqui nos Estados Unidos, na minha primeira incursão neste território outro e tão meu, ou de qualquer um que tenha passado, como eu, a vida a ver filmes americanos. As pessoas que encontrei, de um modo geral simpáticas, quando nos cumprimentam, em qualquer lugar, repetem a fórmula, dita de maneira rápida e quase incompreensível, «How are you?». Como todas as fórmulas, é uma frase que não espera resposta sincera. É uma saudação que poderia ficar-se apenas pelo «Good Morning», como nos ficamos pelo «Bom Dia» e os franceses pelo «Bonjour». Não perguntamos, a um completo desconhecido, como vai. E muitas vezes, quando perguntamos a um conhecido, também não esperamos uma resposta sincera. É uma pergunta que se pretende retórica e faz parte da quotidiana polidez. ALGARVE INFORMATIVO #196

Eu que, como disse, não conheço a Marli de Oliveira, conheço-me o suficiente para dizer, como Clarice: só sei ser íntima. «O que é que uma pessoa diz à outra? Fora "como vai?", se desse a loucura da franqueza, que diriam as pessoas umas às outras? E o pior é o que se diria uma pessoa a si mesma. Mas seria a salvação, embora a franqueza seja determinada no nível consciente e o terror da franqueza venha da parte que tem no vastíssimo inconsciente, que me liga ao mundo e à criadora inconsciência do mundo. Hoje é dia de muita estrela no céu, pelo menos assim promete esta tarde triste que uma palavra humana salvaria. Assim, como todos, muitas vezes, limito-me ao como vai, porque se avanço, entro em águas demasiado profundas e há sempre o medo de não ter volta. Assim, calo-me, dizendo muito, sem nada dizer realmente. Sem dizer nada de profunda e intensamente meu. A intimidade assusta porque implica divisão e revelação. O que digo a alguém que se abre para mim? Que palavras há para consolar dores íntimas que a mim não me dizem respeito? E o que tenho para dar em troca? Pois não se enganem: a intimidade é uma via de mão dupla que exige, para existir, um retorno. E este retorno implica mostrar, às vezes, que não há nada para mostrar. Ficamos então pelas fórmulas, sem querer saber verdadeiramente do outro, sem querer implicarmo-nos no e com o outro. A intimidade é incômoda, sobretudo numa cultura que não prima pelo contacto físico entre desconhecidos ou recém apresentados. O «how are you» é um aperto de mão à distância e não pode ser confundido com um 122


convite à resposta sincera. Ensinam-nos a falar sobre nada. Porque sobre tudo está completamente vetado, as conversas devem sempre ficar no patamar. Não entram em casa pela porta adentro. Devemos sorrir, com olhos calmos e uma expressão satisfeita ou levemente distante. Falar sobre nada é uma arte. O que seria das pessoas se 123

desatassem a falar sobre tudo? Teríamos de responder, de contestar, de argumentar e de reagir, talvez. De olhar nos olhos e dizer: eu também, ou, pelo contrário, nem por isso. É mais seguro nada dizer, ou dizer milhões de nadas e ficarmos por aqui. Hi, dear, how are you? . ALGARVE INFORMATIVO #196


OPINIÃO

Friedrich, o pastorzinho Adília César (Escritora) “A vida tornou-se-me leve, a mais leve, quando exigiu de mim o mais pesado”. Nietzsche, Ecce homo

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844 e a criança é o filho primogénito no pequeno colo, na pequena casa, na pequena aldeia. A janela aberta de par a par recebe a brisa do outono e convida o menino a fazer voar as suas ideias pelo mundo inteiro. Friedrich. 1855 e o menino lia e escrevia compulsivamente. Saber mais, fazer melhor, ser o seu próprio pai severo e exigente. Anos e mais anos. Depois, a música poderosa de Wagner e a filosofia pessimista de Schopenhauer indicam o foco de luz, a matéria pensante contida na sua primeira obra: O Nascimento da Tragédia, o prenúncio de tudo. 1879 e Friedrich já não era Friedrich. Ele conhecera o olho do abismo e transformara-se no próprio abismo, caindo naquela monstruosidade muito devagar. «Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não se tornar também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para ti». E ele ouvia este chamamento abismal e profundo; caía numa realidade suprasensível imaginada pelos idealistas, um mundo racional e moral. Mas não, afinal não existia sequer o mundo das aparências. Definitivamente, já nada existia. Apenas ir e vir de nenhum sítio e para nenhuma parte, o Eterno Retorno: oh eternidade… O inverno ao sul e o verão ao norte, assim, em círculos concêntricos e ALGARVE INFORMATIVO #196

eternos feitos de deterioração. Uma combinação hipnótica para a sua arealidade, a sua não-vida. Mas eu sou ainda eu a viver a minha vida assim uma e outra vez, eternamente? 1885 e Also spratch Zarathustra: Ein Buch für Alle und Keinen. Quem és tu, Zaratustra? Porque falas assim, para todos e para ninguém? E se o além-do-homem é uma transição entre as linhas da morte de deus? És um preguiçoso, falas, falas, mas não dizes nada. Olhas o sol ao amanhecer vindo do fundo do horizonte como se fosse uma poderosa entoação da melodia wagneriana da vitória. Mas é apenas a simplicidade do dia não eterno. 1889 e Friedrich habita o quarto do delírio. Massacra as teclas do piano rangendo melodias macabras. Subitamente, levanta-se e escreve palavras perturbadas em papéis espalhados por todo o quarto: cartas, prefácios, notas, panfletos, irracionalidades, poemas, epílogos, pensamentos filosóficos, heresias. Ele é o crucificado, o assassino e grita Arianna ich liebe dich. O amor soa bem melhor noutras línguas, noutras salivas pérfidas. A canção que trauteia continuamente é um afecto que se envolve no lençol dos mortos. Percorre sem destino as ruas de Turim e abraça cavalos açoitados por cocheiros. Não há regresso desse lugar, 124


Queria não ter medo. Porque um poema é sempre demente ainda que calado em murmúrio traiçoeiro. Suster a respiração do poema e ele a cair em câmara muito lenta. Não há forças de gravidade no plano irracional, mas quando cai o poema parte-se devagar e eu parto-me com ele. Às vezes conserto o poema com a baba da minha demência e ele aceita o curativo, entende a sua própria resignação como vitória das palavras humedecidas. Mas não. É apenas um episódio surreal: um triste e anónimo poema colado com cuspo. Eu, cada vez mais partido. E não consigo consertarme.

dessa língua demente, dessa escrita desfigurada. Ainda hoje o cavalo de Turim vagueia repetidamente os dezoito minutos de cena no filme do genial Béla Tarr. 1897 e o colo da mãe é ainda o néctar que lhe corre nas veias, mas os seus pensamentos são como uma lucidez encarnada na demência pensada, falada e escrita. Friedrich é uma sombra no corpo da humanidade, um olho branco que se perdeu no abismo a apontar para o vazio da alma. Ele pensa a poesia de outrora. 125

1890 e o homem já não é o homem: o corpo de Friedrich era, agora e definitivamente, o seu post-scriptum; o espírito retorna à origem, pastoreia gestos de aprendiz na toca da loba. E pergunta: Quem fez o sol e as estrelas do céu? Quem implantou nas pessoas a sua natural bondade e justiça? É o silêncio e a leveza de deus que respondem. Oh meu deus tão calado e ausente .

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OPINIÃO

Do Reboliço #32 Ana Isabel Soares (Professora) hove, Reboliço. Chuvinha chovida é que chove neste abril. (Quantos poetas disseram que chovia agora? Ou que se enganaram com a Primavera, Reboliço? O de voz antiga chamou doce aos chuveiros de abril – o de voz mais nova disse-lhe cruel, quem é que os entende?) o certo é que ela vai caindo. Tomba docemente para cima da rama fina do coentro, alta, espigadota, que não se torce nem se amolga e brinca com as gotinhas. Escorrega pelas folhas longas da amarílis: ela (ela – que uma são tantas) descuidou-se e abriu antes de vingar o tempo morno, todos os anos é assim. Agora afasta pétala de pétala, irisadas, flor de costas para outra flor (por isso, talvez, lhe chamam «sogras e noras», quem é que os entende?) as coroas abertas no cimo do pedúnculo quando antes fora só dele extensão, jactância. As folhas – antes da flor, ninguém dá por elas nada, pensa o Reboliço, de singelas. Mas acha-lhes ele graça, aquela língua estendida, mortiça a derreter-se para fora dos vasos. Quem é que adivinha que dali, mal o sol se desvia do Inverno, sairá, espampanante, aquela flor plural? “Pois vemos que já refloresce” – o prado, mas pode ser a flor. Um ano todo passa na languidez das folhas, discreta, a ponto de o Reboliço a esquecer, e depois, é isto. As gotas da chuva divertem-se: quem é que não gosta de um escorrega enfeitado de pétalas às risquinhas?

nascer. Foi do sol que fez antes da chuva? Foi da chuva que caiu depois de vir o sol? E as estevas, que também por engano floriram ainda a água não caíra? Não vá o ovelhame para as estevas, Reboliço, que vem de lá com a lã toda viscosa e empeçada. “Com tempo doce e renovado brotam os bosques”, cantaram ainda mais lá atrás. (Os tempos são tão longe, Reboliço, e estão aqui todas as horas.) Ouve esse canto o canito, (“Faço uma canção de palavras chãs e delicadas porque agora brota o viço”) enquanto vê formaremse devagar as gotas que pendem do extremo das folhas, nos vasos e nos canteiros, debaixo da laranjeira e das ameixeiras do jardim – rasinhas ao chão, chãs como as palavras da canção. Molha a chuva que cai (devia haver outro nome, outra palavra para se dizer quando caísse assim pequena e lenta, quase vapor aspergido, que é chuva e não é), junta-se na folha, cresce, incha, vai arredondando, arredondando e rola para fora do verde liso da planta. Assim igual faz em cada telha do beirado, vermelha. O Reboliço vê-as quando sobe até ao moinho e olha para baixo, para o telhado da casa. Vê que voltou a sair da chaminé o fumo, mas ele adivinha que não será por muitos dias. Abril, abril, deixa chover, choverá-t-il?

Chove molhando com doçura, assim chove a noite toda. Amanhã, pensa o canito, quando passar o rebanho do vizinho António, irá o gado com mais ânimo ao reverdecido da erva, nem os cães do pastor darão conta de ovelhas e cabras e dos borreguinhos que agora deram, como a flor da amarílis, em

*Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

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(O Reboliço escutou, de longe, versos de Guilherme de Aquitânia, versos de Arnaut Daniel, versos de Geoffrey Chaucer – e doridos versos de T. S. Eliot) .

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Foto: Vasco Célio 127

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OPINIÃO

A Casta Paulo Bernardo (Empresário) egando na grande enciclopédia global de hoje, a Wikipedia, a definição de casta é a seguinte: “é uma forma de estratificação social caracterizada pela endogamia, pela transmissão hereditária de um estilo de vida que frequentemente inclui um ofício (profissão), status ritual numa hierarquia e interações sociais consuetudinárias (habituais) e exclusão baseada em noções culturais de pureza e poluição”. Pego neste tema não pelas questões tão faladas nos últimos tempos à volta do governo e dos laços familiares entre os seus membros, acredito que as escolhas foram as mais corretas e que os eleitores irão avaliar os resultados da forma comum para estas coisas. Pego no tema das castas pois o mesmo é transversal a todos os partidos, sendo um hábito digamos que muito pouco republicano, bem mais monárquico. Contudo, isto não é um tema, nem de hoje, nem de ontem, é bem antigo no nosso feudo. Os governos de Cavaco tiveram, presumo que Guterres, Durão Barroso e Sócrates também. Se isto é um problema? Não é. Se tem algo de errado ou ilegal, não tem. No entanto, a implantação da república em 1910 tinha como objetivo tornar o acesso ao poder mais democrático. Então, se não é ilegal nem errado, qual é o problema? O problema surge, quando esta rede familiar começa a fechar as portas a pessoas que pensam diferente. Aí começa a ditadura da casta sobre o povo. Não posso acreditar que nas estruturas partidárias não existem pessoas válidas para além das oriundas de dentro de uma casta. ALGARVE INFORMATIVO #196

Podem dizer que são cargos de confiança, mas um partido não pode ter a confiança baseada em laços de sangue. Mau de mais, quando um partido que governa um país não tem uma base de apoio ampla onde pode ir buscar pessoas a Bragança, Évora ou Faro, pelo seu mérito, para desempenhar uma função que pode ajudar a melhorar o desempenho da nação. Não consigo entender como um partido não faz uma avaliação dos melhores de cada região, membros ou não do partido. Podiamme dizer, mas é difícil, mas é isto, mas é aquilo, hoje, ter uma base de dados com os mais válidos custa menos que fazer um comício, daqueles todos produzidos. Digam antes que não querem, e não querem porque os partidos hoje não são mais que empresas familiares onde se empregam os próximos e não os melhores, porque os melhores fazem frente e isso não interessa. Resumindo, erros todos cometeram, não vale a pena justificar os erros de uns com os erros dos outros. São estes episódios tristes que fazem com que aquilo que todos dizem combater surja, o populismo, os partidos de conversa fácil que baralham mais do que fazem e tornam um país ingovernável, e abafam os que surgem com bons princípios. Espero que com este alarido todo e com alguma cobrança nos votos a coisa passe a ser bem feita, que se consiga fazer uma colheita de pessoas transversais à sociedade, dando oportunidade para a partilha de opiniões e de experiências. Só assim Portugal pode ganhar mais massa crítica e sair deste mundinho que não passa as colunas do Terreiro do Paço . 128


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OPINIÃO

Cineclubistas ou os Resistentes Apaixonados Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) á uns meses recebi um e-mail que, ao contrário daqueles spams com promoções, deume vontade de clicar e abrir. Tratava-se de um convite para o 23.º Encontro Nacional de Cineclubes promovido pela Federação Portuguesa de Cineclubes, em conjunto com o Cineclube de Faro e com o apoio do Centro de Investigação em Artes e Comunicação. Tinham programado dois dias de encontro com o foco na promoção do cinema de língua portuguesa, a lusofonia e os desafios do cineclubismo no Séc. XXI. Sem saber exactamente para o que ia, lá cheguei a um restaurante perto da «rua do crime» para a tertúlia da primeira noite. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, os cineclubistas não são um grupo de homens que usam uma boina francesa e falam poeticamente sobre películas que nunca ninguém pôs os olhos em cima. A verdade é que me deparei com um grupo heterogéneo de pessoas sorridentes e, acima de tudo, apaixonadas pelo cinema. Recomendam-me alguns filmes, a maioria não conhecia, mas, em vez de deixar que a minha ignorância me fizesse sentir coxa, escutei e senti-me desafiada a correr e aprender. Apontei tudo no telemóvel: «A Casa na Praça Trubnaia», do soviético Boris Barnet (1928), «Columbus», do realizador sul-coreano/americano Kogonada (2017). e mais um par deles. No dia seguinte, no IPDJ, houve espaço para mais aprendizagens: falou-se de direitos de autor, proteção de obras, viramse curtas-metragens produzidas por sangue novo dos reinos do Al-Gharb - pois sendo o ALGARVE INFORMATIVO #196

encontro em Faro, outro dos tópicos na ordem do dia foi a «produção de cinema no Algarve». Num ambiente relaxado, alguns realizadores do distrito partilharam um pouco das suas experiências. Ainda houve tempo para mais um capítulo neste encontro, talvez o capítulo mais generoso. Falou-se sobre o trabalho que os cineclubistas têm levado a cabo para «cinematicamente» educar e divertir os mais novos nas escolas. Este trabalho, desenvolvido pelos resistentes cineclubistas, colhe os frutos quando se contam relatos de meninos e meninas que comentam “sim, gostei muito desse filme que vi na escola” ou “gostava de vê-lo outra vez, era a história de uma família que…”. Sim porque o cinema tem esse poder: entreter e educar. A parte mais agridoce foi o desabafo de alguns cineclubistas que confessam que por vezes se sentem a remar contra a maré. Senti um arrepio… Será o cineclubismo uma tradição em vias de extinção? Manter estes espaços em funcionamento é um desafio, num novo mundo de «netflixs» e da incrível capacidade de foco de um peixe de aquário, avizinham-se dias difíceis… Mas esperemos que estes espaços perdurem e que nos continuem a oferecer um cantinho onde ficamos no escuro, com uma cambada de gente desconhecida, olhos fixos num ponto, onde brincam com as nossas emoções. Uma experiência que tem tanto de macabro como de belo. Mas quero terminar numa nota mais positiva, por isso, pessoal ‘bora ao cineclube? Ouvi dizer que Faro tem um. E Avanca, Tavira, Abrantes, o Barreiro… . 130


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IPDJ ACOLHEU PRIMEIRA ENCONTRO DO ALGARVE DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO JOVEM 2019 Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Custódio Moreno, Ilda Pereira Silva e Nelson Dias

oi apresentada, na manhã do dia 4 de abril, no Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro, a edição de 2019 do Orçamento Participativo Jovem (OP Jovem), um ALGARVE INFORMATIVO #196

processo de participação democrática no âmbito do qual os cidadãos de todo o território nacional, com idades compreendidas entre os 14 e os 30 anos, inclusive, podem apresentar e decidir projetos de investimento público, para o 134


que o governo português disponibilizou uma verba de 500 mil euros. As propostas apresentadas devem inserir-se nas áreas temáticas da Educação Formal e Não Formal; Emprego; Habitação; Saúde; Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Governança e Participação; e Igualdade e Inclusão Social. Para além disso, as propostas não podem implicar um investimento superior a 100 mil euros cada uma ou a construção de infraestruturas, não podem configurar um pedido de apoio ou uma prestação de serviços, designadamente por estarem protegidas por direitos de propriedade intelectual, e não podem beneficiar mais do que um município. Ao mesmo tempo, devem ser bem especificadas e localizadas no território nacional, serem tecnicamente exequíveis e não devem contrariar o programa governamental ou projetos e programas em curso nas diferentes áreas de políticas públicas. A apresentação de propostas pode ser efetuada na plataforma eletrónica do OP Jovem, nos vários Encontros de Participação que se vão realizar em todo o país, ou nos serviços desconcentrados do IPDJ, até dia 29 de abril, sendo que a votação dos projetos decorre de 22 de junho a 4 de agosto. O Governo compromete-se depois a respeitar a decisão dos participantes, executando os investimentos vencedores. E foi tudo isto que perto de uma centena de jovens de Faro ficaram a saber no primeiro destes encontros de participação a ter lugar na região algarvia, mais concretamente na sede do IPDJ de Faro. “Não basta votar nas eleições para dizermos que somos 135

cidadãos ativos, há que envolver-se também nos Orçamentos Participativos, seja o das autarquias, das escolas ou no OP Jovem. Tenho a certeza absoluta de que o Algarve vai apresentar muitos projetos, à semelhança das duas últimas edições, mas depois é preciso votar neles e os nossos proponentes têm-se esquecido de os promover e divulgar”, começou por dizer Custódio Moreno, diretor do IPDJ de Faro. Esse tem sido, de facto, um dos problemas das propostas lançadas pelos jovens algarvios nos dois anos anteriores, daí que Custódio Moreno apele a uma cidadania mais ativa. “O Algarve foi, em 2018, das regiões que mais projetos apresentou, graças à equipa do IPDJ que andou pela região toda a divulgar o OP Jovem, e queremos que continuem a ser participativos, afirmativos e positivos”, lançou o desafio aos muitos jovens que tinha pela frente. “Mais do que sonhar, é preciso concretizar os sonhos, portanto, toca a avançar com ideias e depois a votar nelas”, reforçou o responsável do Instituto Português do Desporto e Juventude do Algarve. Em representação do Ministério da Educação esteve Ilda Pereira Silva, da Direção de Serviços da Região do Algarve da DGES – Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares, e também ela ficou muito contente por encontrar várias dezenas de jovens Neste Encontro Participativo. “São vocês que vão responder, amanhã ou depois, pelas políticas deste país, são vocês que têm que participar na democracia ALGARVE INFORMATIVO #196


no nosso país e contribuir, até, para a qualidade dessa democracia. Têm uma grande responsabilidade em cima dos ombros, mas têm que a assumir, porque é para o vosso próprio bem e da comunidade em geral”, declarou a professora, de voz firme, ao falar de um dos maiores legados da Revolução do 25 de Abril. “A possibilidade de poder votar e participar foi uma conquista fundamental, mas vocês muitas vezes não acham que isso é importante ou decisivo. Temos também a faculdade de exigir contas a quem nos governa, e essas contas prestam-se na altura das eleições. É um legado que devem preservar através de iniciativas como esta, que vos são dirigidas para vos pôr a participar. E o défice de participação que se observa na nossa sociedade coloca em

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causa a qualidade da nossa democracia”, avisou Ilda Pereira Silva. Após a apresentação do Orçamento Participativo Jovem pelos técnicos do IPDJ houve lugar a uma sessão de troca de ideias e apresentação de propostas, com o intuito de que os jovens sejam pró-ativos e participem na resolução dos problemas que identificam no seu dia-adia. E, a finalizar o Encontro Participativo, Custódio Moreno voltou a apelar ao voto nos projetos. “O ano passado houve propostas do Algarve com zero votos, nem sequer os seus preponentes votaram neles. Ganham os que tiverem maior votação a nível nacional e estamos a falar de um orçamento de 500 mil euros” .

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FESTA DO BASQUETEBOL JUVENIL ESTÁ DE VOLTA A ALBUFEIRA

e 11 a 16 de abril, Albufeira volta a acolher o maior evento do desporto juvenil organizado em Portugal – A Festa do Basquetebol – iniciativa que já conta com 13 edições, oito das quais realizadas na cidade de Albufeira. São esperados cerca de mil e 200 representantes das várias seleções regionais dos escalões de sub-14 e sub-16 masculinos e femininos, que irão estar em competição, durante cinco dias, em seis pavilhões desportivos da cidade. A sessão de boas vindas vai realizar-se no dia 11 abril, a partir das 18h, com concentração no Largo do Município, em frente ao edifício da Câmara Municipal. Jogadores, treinadores, dirigentes, árbitros e familiares irão desfilar até ao Pau da Bandeira, passando pela Praça dos ALGARVE INFORMATIVO #196

Pescadores, Cais Herculano em direção ao Largo Eng.º Duarte Pacheco, onde começará a verdadeira festa. Os apresentadores deste ano são os internacionais portugueses Tomás Barroso, João Guerreiro e Stefan Djukic. Tomás é natural de Albufeira, João Guerreiro de Faro e Djukic, que integra a equipa sénior do Imortal, nasceu em Belgrado, mas veio viver para Faro desde muito cedo. Os jogos, de entrada livre (limitada à lotação dos pavilhões), decorrem entre os dias 12 e 16 de abril no Pavilhão Municipal de Albufeira, Pavilhão Desportivo da EBSA, Pavilhão Desportivo da ESA, Pavilhão Francisco Neves, Pavilhão da EB 2,3 Francisco Cabrita e Pavilhão de Olhos de Água. As Finais estão marcadas para a manhã do dia 16 de abril, no Pavilhão Desportivo da Escola Básica e Secundária, no Pavilhão Francisco Neves e no Pavilhão Desportivo de Albufeira, onde decorrerá também a Cerimónia de Encerramento e a Entrega de Prémios, pelas 12h. Pelo quarto ano consecutivo, o 140


programa da Festa do Basquetebol inclui um momento bastante aguardado pelos atletas, os Jogos All-Star. No sábado, pelas 16h, o Pavilhão Desportivo de Albufeira acolhe alguns dos mais conceituados jogadores nacionais da modalidade, que irão demonstrar o seu talento e conviver com os jovens participantes na festa. O Jogo All-Star masculino será transmitido em direto pela RTP2. No domingo, dia 14, pelas 14h40, as estrelas do basquetebol nacional vão defrontar figuras públicas como Marta Atalaia, Diogo Beja, António Raminhos, DJ Kamala, Luís Filipe Borges, Cifrão, Diogo Reis, Joana Alvarenga, Pedro Rodil e Vasco Correia, numa partida que terá lugar no Pavilhão Desportivo de Albufeira. A Festa do Basquetebol Juvenil continua a integrar uma vertente de solidariedade e, no dia 15 de abril, às 11h, a Federação

Portuguesa de Basquetebol e a Câmara Municipal de Albufeira vão visitar as instalações de uma IPSS do concelho para entregarem a verba angariada através da ação «Basket Solidário», que prevê a doação de dois euros por parte de todos os participantes do evento. Este ano, face aos trágicos acontecimentos em Moçambique, a organização da Festa decidiu angariar uma verba extra para ajudar quem mais precisa. O evento é uma iniciativa da Federação Portuguesa de Basquetebol, em parceria com a Câmara Municipal de Albufeira e com o apoio da Associação de Basquetebol do Algarve, Imortal Basket Club e Clube de Basquete de Albufeira. O evento conta ainda com a colaboração de várias associações distritais de basquetebol de todo o país.

16 PROPOSTAS SEGUEM PARA A PRÓXIMA FASE DO OPP 2019 DE ALBUFEIRA hegou ao fim a fase de recolha de propostas no âmbito do Orçamento Participativo (OP) de Albufeira para o ano de 2020 e, das 44 propostas apresentadas ao longo das quatro sessões que decorreram em todas as Freguesias do concelho, entre 12 e 20 de março, foram apuradas 16 - as mais votadas - que seguem agora para análise técnica dos serviços. No dia 25 de março, o Conselho do Orçamento Participativo, liderado pela vereadora Ana Pífaro, promoveu uma reunião com a equipa de trabalho afeta ao OP com vista a fazer o balanço das edições anteriores e a 141

agilizar a distribuição das propostas pelos serviços. As propostas que venham a reunir as condições de elegibilidade, nomeadamente as de ordem legal, financeira e de exequibilidade serão transformadas em projetos, que irão ser colocados a votação no próximo mês de junho. A Valorização do Espaço Público foi o tema selecionado para esta sexta edição, para a qual o Município decidiu afetar uma verba de 250 mil euros, que pela primeira vez será distribuído equitativamente pelas quatro freguesias do concelho . ALGARVE INFORMATIVO #196


POTENCIAL TURÍSTICO DE FARO CONTINUA A AUMENTAR Câmara Municipal de Faro organizou, em parceria com a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve (EHTA), a oitava edição de formação certificada sobre «O Potencial Turístico de Faro», que chegou ao fim, no dia 3 de abril, com uma experiência gastronómica na EHTA e a entrega dos certificados aos formandos. A iniciativa teve a duração de cinco dias (um por semana), num total de trinta e seis horas de formação e foi dirigida a profissionais do setor da indústria turística, com o objetivo de melhorar a qualidade da informação prestada aos visitantes do concelho. A formação teve uma componente de visita, levando os formandos a locais de interesse turístico, a fim de tomarem conhecimento com os diversos produtos turísticos que Faro tem para oferecer aos ALGARVE INFORMATIVO #196

seus turistas. Nessa oferta integra-se, nomeadamente, o turismo cultural (património histórico / arquitetónico), gastronómico, náutico, de natureza e desporto, com o programa a incluir a visita a museus, igrejas, teatros, restaurantes, Ria Formosa e Ilhas de Faro, Culatra e Farol, entre outros pontos de referência do concelho. De recordar que o Município de Faro registou um aumento do número de camas na hotelaria, entre 2013 e 2018, passando de cerca de mil e 700, para aproximadamente quatro mil e 500, distribuídas por todas as tipologias de alojamento. No mesmo período, o número de dormidas passou de cerca de 290 mil e 500 para 520 mil, tendo a taxa de taxa de ocupação, que também cresceu ao longo dos últimos anos, sido de 55 por cento, situando-se acima dos valores do Algarve e Portugal . 142


LARGO DE SÃO PEDRO, EM FARO, REABRIU AO PÚBLICO APÓS REQUALIFICAÇÃO com um cuidado particular com os cidadãos de mobilidade reduzida. No âmbito da estratégia de desenvolvimento tecnológico da autarquia, foram ainda instaladas infraestruturas que permitirão a colocação, num futuro próximo, de equipamentos que farão a gestão centralizada da iluminação pública, da videovigilância, de internet sem fios e dos fluxos de trânsito. Largo de São Pedro, em Faro, foi reaberto ao público, no dia 31 de março, após completa requalificação. A obra vem dar uma nova centralidade à zona, libertando a área em frente à Igreja de São Pedro de trânsito automóvel. Os trabalhos representaram um investimento do Município de Faro de cerca de 60 mil euros, acrescidos de IVA, e vêm conferir ao monumento uma proteção e um enquadramento urbanístico de que indubitavelmente carecia, através da criação de uma praça exterior como prolongamento do templo, retirando o trânsito que se encaminhava para o Largo Catarina Eufémia e Rua Baptista Lopes. A harmonização dos trânsitos pedonal e automóvel, com «cota zero», privilegiará o bem-estar, devolvendo o espaço ao peão, 143

A Fagar realizou também trabalhos importantes na zona, procedendo à substituição das antigas condutas de abastecimento de água, em fibrocimento e com mais de 60 anos, por condutas modernas de poliatileno de alta densidade, dando assim continuidade aos trabalhos de reabilitação de condutas que esta empresa municipal tem vindo a desenvolver desde 2015. O investimento da Fagar nesta intervenção foi de cerca 55 mil euros e contemplou ainda a contentorização subterrânea. Dando continuidade à estratégia de revitalização dos centros da cidade, serão em breve anunciados novos projetos de requalificação, previstos para a praça Ferreira de Almeida e para o largo do Pé da Cruz . ALGARVE INFORMATIVO #196


FATACIL GANHA PRÉMIO CINCO ESTRELAS REGIÕES Prémio Cinco Estrelas Regiões – 2019 distinguiu a FATACIL como a melhor do distrito de Faro na categoria «Festas, feiras e Romarias». A comemorar o seu 40.º aniversário, o certame de Lagoa não pára de receber prendas antecipadas e, a menos de cinco meses da abertura das suas portas, notabilizou-se agora entre os 438 produtos, serviços e marcas, organizados em 59 categorias, segundo os critérios da organização deste Prémio. A FATACIL integra assim, durante este ano, o grupo restrito de marcas selecionadas pelo Prémio Cinco Estrelas Regiões, que se destacam “pela sua

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excelência e elevado nível de satisfação global junto dos consumidores, contribuindo para a promoção da região onde está inserida”. De 16 a 25 de agosto, as agendas de muitos algarvios e visitantes já estão reservadas para a FATACIL. Os produtos, serviços e marcas «Cinco Estrelas» são “ícones regionais de referência nacional identificados por uma votação nacional através da qual a população identificou o que considera extraordinário a vários níveis, desde recursos naturais, património, artesanato, gastronomia, aldeias e vilas e outros marcos de referência do nosso país”, explica a organização do Prémio .

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EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DA MOLDOVA VISITOU LOULÉ Moldova. Dumitru Socolan teve a oportunidade de visitar as instalações do NERA e conhecer de perto as suas valências, atividades e programas em curso.

o âmbito das relações institucionais que a Câmara Municipal de Loulé mantém com diversas representações diplomáticas em Portugal, o embaixador da República da Moldova em Lisboa, Dumitru Socolan, foi recebido pelo autarca Vítor Aleixo para uma visita ao concelho. Após a receção nos Paços do Concelho, a comitiva esteve no NERA para um encontro com o presidente desta associação, Vítor Neto, durante o qual o representante moldavo deu a conhecer alguns dados sobre a atividade económica do seu país, quais os setores em que a República da Moldova se destaca e que contribuem de forma mais relevante para as suas exportações. Por outro lado, o representante dos empresários algarvios falou da dinâmica empresarial da região e manifestou a disponibilidade para uma futura colaboração com as instituições da 145

De seguida, o embaixador reuniu-se com a presidente da TEZAUR – Associação Sociocultural e Religiosa dos Imigrantes Moldavos, Mariana Melentii, e o representante do CLAIM – Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, João Serafim, para um balanço do trabalho desenvolvido com a comunidade imigrante existente no Concelho, as medidas de apoio disponibilizadas e os seus resultados. Mariana Melenti manifestou a sua satisfação pelo trabalho desenvolvido pela Autarquia de Loulé no que concerne ao apoio às comunidades migrantes, ressalvando que os moldavos se sentem plenamente integrados no Concelho. Já Vítor Aleixo reiterou a importância para o desenvolvimento socioeconómico do Município de todos aqueles que escolheram Loulé para residir e trabalhar em busca de melhores condições de vida .

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AUTARQUIA DE LOULÉ ATRIBUI MAIS DE 750 MIL EUROS A CLUBES DO CONCELHO o âmbito do apoio ao desenvolvimento desportivo para o presente ano, a Câmara Municipal de Loulé celebrou 25 contratos-programa com clubes, através dos quais será distribuída uma verba que ascende a 750 mil euros ao movimento associativo local. À semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores, os critérios tidos em consideração para atribuição dos apoios financeiro e logístico passaram pelo número de atletas federados e residentes no Concelho que o clube integra, o género desses atletas (privilegiando-se aqueles que tenham um número equilibrado de atletas masculinos ALGARVE INFORMATIVO #196

e femininos), o nível competitivo do clube, o enquadramento técnico ou o número de viaturas de que é proprietário. Apresentaram a candidatura a este programa 31 clubes, mas nem todos reuniram as condições necessárias (por exemplo, terem sido criados há pelo menos três anos) ou apresentaram a devida documentação para obterem este apoio. Um apoio que em 2019 teve um aumento de 3,5 por cento relativamente ao ano transato. Assim, são abrangidos por estes contratosprograma perto de quatro mil atletas federados residentes no Concelho de 146


Loulé, 66 por cento dos quais do sexo masculino e 34 por cento do sexo feminino, e 155 treinadores. Através deste instrumento de apoio à atividade desportiva, a autarquia louletana dará ainda o apoio necessário, nomeadamente em termos de manutenção, a 40 viaturas que são propriedade dos clubes. Tendo em conta que o transporte é um fator muito importante para todas estas associações na deslocação dos atletas para as provas e treinos, para além da cedência de transporte, à margem destes contratosprograma, o Município de Loulé promove ainda o programa de apoio à aquisição de viaturas. O objetivo é permitir a renovação da frota automóvel das associações, contribuindo para o aumento da segurança no transporte dos atletas, assim como para uma redução no número de pedidos à Autarquia. Deste modo, 75 por cento do valor do orçamento da viatura até ao limite de 25 mil euros é financiado pelo Município. Este apoio é limitado a uma viatura por associação e está dependente da disponibilidade financeira do programa. Porque o compromisso da Câmara Municipal de Loulé com o desporto passa pela possibilidade de proporcionar a atividade física a todos os munícipes, à semelhança do que aconteceu em 2018, numa ótica de inclusão social, a Autarquia voltou a lançar o repto aos clubes para a criação de vagas sociais para participação em atividades federadas. Ou seja, a disponibilização de duas vagas por modalidade, com frequência gratuita, para crianças ou jovens oriundos de agregados familiares desfavorecidos, referenciados pela Divisão de Coesão Social e Saúde da Câmara Municipal. A iniciativa visa 147

estimular a população mais jovem para a prática desportiva, apoiando aqueles com menos recursos financeiros tem tido uma assinalável adesão por parte das associações. Durante esta cerimónia, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, falou aos presentes sobre a importância do movimento associativo desportivo do Concelho - um dos mais dinâmicos e ecléticos no contexto regional e nacional -, não só no que diz respeito às componentes formativa e competitiva, mas também pelo contributo para a promoção do nome de Loulé. Assinaram estes contratosprograma os seguintes clubes: Associação Cultural de Salir; Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé; Associação Desportiva do Clube de Ténis de Quarteira; Casa da Cultura de Loulé; Centro Desportivo de Quarteira; CIMAV – Clube Internacional da Marina de Vilamoura; Club BTT Terra de Loulé; Clube Basket Quarteira Tubarões; Clube BMX Asas da Cidade; Clube Desportivo de Boliqueime; Clube Desportivo CHECUL; Clube Desportivo e Recreativo Quarteirense; Clube de Golf de Vilamoura; Clube Hípico de Loulé; Clube Petanca «Escola de Loulé»; Clube de Tiro de Loulé; Ginástica Clube de Loulé; Grupo Desportivo Ameixialense; Internacional Clube de Almancil; Juventude Sport Campinense; Louletano Desportos Clube; Quarteira Sport Clube; Rugby Clube de Loulé; Sport Clube Escanchinas de Almancil; União Shitoryu Portugal .

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MUNICÍPIO DE OLHÃO EQUIPA CORPO DE BOMBEIROS MUNICIPAIS COM AUTOCARRO Município de Olhão atribuiu um autocarro de 28 lugares ao Corpo de Bombeiros Municipais, resultante da estratégia da autarquia de dotação de meios e recursos diferenciados desta unidade, operados pelos próprios bombeiros, contribuindo, assim, para o aumento da sua resiliência e capacidade operacional. O veículo está devidamente caracterizado, permitindo, desta forma, ser usado no transporte dos bombeiros e da Fanfarra. Sendo o único meio com estas caraterísticas afeto aos Bombeiros, apresenta-se igualmente como uma nova ALGARVE INFORMATIVO #196

solução para as diferentes solicitações com que os Bombeiros possam ser confrontados. Entretanto, o Município de Olhão, através do seu corpo de Bombeiros Municipais, realizou, no dia 2 de abril, no Jardim de Infância de Moncarapacho, uma ação de educação cívica e ambiental sobre comportamentos de respeito pelo ambiente e conservação da natureza, com especial incidência no domínio da prevenção contra o risco de incêndio. A iniciativa realizou-se no âmbito da comemoração do Dia da Árvore e envolveu os 105 alunos do ensino pré-escolar daquele estabelecimento de ensino. 148


Crianças dos três aos seis anos assistiram a uma breve apresentação sobre a profissão de bombeiro, a importância da floresta e os cuidados a ter na mesma. Tiveram ainda oportunidade de visitar uma viatura dos Bombeiros e efetuar uma simulação de combate a incêndios. A atividade pretendeu ir ao encontro das orientações curriculares definidas para o ensino pré-escolar, nomeadamente, referir e identificar a atividade associada a 149

algumas profissões com que contacta e manifestar comportamentos de preocupação com a conservação da natureza e respeito pelo ambiente . ALGARVE INFORMATIVO #196


PRAIA DA ROCHA RECEBE TORNEIO EUROPEU DE ULTIMATE DE PRAIA (FRISBEE) Praia da Rocha foi o local escolhido para acolher, pela primeira vez em Portugal, o Torneio Europeu de Ultimate de Praia, com o areal algarvio a transformarse, de 6 a 11 de maio, em 14 campos de jogo para a disputa de mais de 400 partidas da modalidade, originalmente conhecida como Ultimate Frisbee. Até ao momento estão inscritas 88 equipas de 22 países, num total de mil e 350 atletas, que disputarão oito categorias. A categoria Mista será a mais disputada, com 18 Seleções, seguindo-se a Masculina e a de Masters Masculina, com 14 formações, e a de Masters Mista, com 12 equipas. Com a regra A do ratio entre atletas masculinos e femininos em vigor, será um Ultimate de Praia verdadeiramente misto. Portugal vai ALGARVE INFORMATIVO #196

estar representado por quatro equipas, nas categorias Masculina, Mista, Master Mista e Grand Master Masculina. O Campeonato da Europa de Ultimate de Praia da WFDF 2019, em associação com a BULA, vai colocar frente a frente equipas de cinco jogadores. O Ultimate é um desporto que promove o fair-play, sem contacto físico e auto-arbitrado. Todos os jogadores são responsáveis por administrar e respeitar as regras. “O Ultimate de Praia ainda é uma modalidade relativamente jovem em Portugal, pelo que é natural que ainda não tenha alcançado o nível de outros países, mas acreditamos que este Europeu vai contribuir para a afirmação do desporto junto dos portugueses, principalmente das 150


camadas mais jovens”, afirma Patrick van der Valk, da BULA, uma das entidades que organiza o evento, a par da Associação Portuguesa de Ultimate e Desportos de Disco (APUDD) e da Federação Mundial de Desportos de Disco (WFDF). Foi precisamente pelas mãos de Patrick van der Valk e da sua mulher, Sofia Pereira, que o Ultimate de Praia chegou a Portugal, em 1995, mas só no final dos anos 90 se faria o primeiro torneio, no Bar do Peixe, com cerca de 60 jogadores, quase todos vindos de fora. O crescimento da modalidade foi lento nos primeiros anos, mas aos poucos começaram a ser realizados torneios indoor, em relva e na praia, e o jogo chegou a outras cidades. Em 2001, a primeira Seleção Portuguesa participou num torneio, em Espanha. Em 2004, Portugal foi anfitrião do primeiro Campeonato do Mundo de Ultimate de Praia (WCBU). Desde então, a modalidade tem vindo a crescer e hoje conta com dez equipas em todo o País. No total, Portugal tem cerca de 250 jogadores, o que torna as posições conquistadas em competições internacionais ainda mais notáveis: 4.º lugar na Divisão Mista do WCBU de 2011, seguindo-se resultados semelhantes no Campeonato da Europa de Beach Ultimate (ECBU) em 2013 e no WCBU de 2015.

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A Associação Portuguesa de Ultimate e Desportos de Disco está empenhada em fazer o desporto crescer em Portugal e, nesse sentido, está a trabalhar com o Governo para que o Ultimate, juntamente com outros desportos, entre nos currículos das escolas e universidades portuguesas. “No ano passado, tivemos três equipas nos campeonatos universitários, e este ano esperamos quatro ou cinco. Estamos a tentar firmar um protocolo com a Federação do Desporto Universitário para continuar a crescer, e estamos a tentar marcar uma reunião com a Secretaria de Estado e outras entidades importantes para lançar um folheto a explicar o que é o Ultimate”, refere o presidente da APUDD, José Pedro Amoroso. E recorde-se que, em 2016, o Ultimate foi reconhecido pelo Comité Olímpico Internacional e poderá ser desporto olímpico em 2028. E 2018, também foi reconhecido pela Federação Internacional do Desporto Universitário e pela Federação Internacional de Desportos Escolares .

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19.ª CORRIDA FOTOGRÁFICA DE PORTIMÃO TERÁ UMA EDIÇÃO ESPECIAL «24 HORAS» E OUTRA DE «12 HORAS» 19.ª Corrida Fotográfica de Portimão, integrada nas comemorações do 11.º aniversário do Museu Municipal de Portimão, está marcada para os dias 17 e 18 de maio e propõe uma edição especial «24 Horas», a Noturna e a Diurna, entre as 21h do dia 17 de maio e as 21h do dia 18 de maio, e a Corrida Fotográfica 12 Horas (Diurna), compreendida entre as 9h e as 21h do dia 18 de maio. Os interessados poderão inscrever-se na modalidade «Especial 24 Horas» ou na opção «12 Horas». Ambas as provas terminarão às 21h do dia 18 de maio, no Museu Municipal de ALGARVE INFORMATIVO #196

Portimão. Os participantes da «Especial 24 horas» receberão às 21h o «Passaporte» da 19.ª Corrida Fotográfica, bem como a informação dos primeiros temas a fotografar e a localização do próximo posto de controlo, às 24h. O posto de controlo seguinte será às 7h, na manhã do dia 18, em local igualmente a indicar durante a prova. As inscrições nesta iniciativa, organizada pela Câmara Municipal de Portimão, através do Museu, decorrem até ao dia 15 de maio e podem efetuarse através do endereço https://goo.gl/ZAo19m, pelo correio para 19.ª Corrida Fotográfica de Portimão - Museu de Portimão - Rua D. 152


Carlos I - Zona Ribeirinha – 8500 Portimão, ou remetendo a ficha de inscrição para corrida.fotografica@cm-portimao.pt. Na Corrida Fotográfica, o mais importante certame do género a sul do Tejo, os concorrentes têm a oportunidade de descobrir o espaço geográfico das freguesias de Portimão, Alvor e Mexilhoeira Grande, através de um renovado e atualizado olhar sobre o seu património cultural e natural, sobre atividades e vivências das suas comunidades. Aos melhores conjuntos de imagens serão atribuídos quatro prémios em material e equipamento fotográfico de diferentes valores. O primeiro classificado na modalidade diurna (Corrida 12 Horas) receberá 500 euros, o segundo 300 euros, o terceiro 200 euros e o quarto 100 euros. No que concerne à Corrida Especial 24 Horas, os prémios são de 600, 400, 300 e 200 euros para os quatro melhores classificados, respetivamente.

design gráfico e da imagem digital (fotografia ou vídeo), na ETIC Algarve, acrescido de um prémio convertido em material e equipamento fotográfico, no valor de 100 euros, na Corrida Especial 24 Horas. Os trabalhos vencedores e as melhores fotografias de cada tema integrarão a exposição coletiva a ter lugar no Museu de Portimão no último trimestre de 2019 .

Na Corrida 12 Horas será atribuído um Prémio Jovem (dos 12 aos 18 anos), no valor de 300 euros, convertido em cursos e/ou em Formação, na área do 153

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SÃO BRÁS DE ALPORTEL AVANÇA COM OPERAÇÃO DE REABILITAÇÃO URBANA SISTEMÁTICA DO CENTRO HISTÓRICO Município de São Brás de Alportel inicia, no dia 5 de abril, o período de discussão da proposta de delimitação da Área de Reabilitação Urbana do Centro Histórico da vila e da respetiva Operação de Reabilitação Urbana do tipo sistemática, orientada por um Programa Estratégico de Reabilitação Urbana. A implementação da Operação de Reabilitação Urbana permite dar continuidade à estratégia de promoção da reabilitação urbana de São Brás de Alportel, através de um instrumento fundamental para a salvaguarda do ALGARVE INFORMATIVO #196

património e qualificação do ambiente urbano e assegurando o bem-estar das comunidades. Para esta área, o município definiu no Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU) os principais pilares de desenvolvimento local e as ações consideradas estruturantes para a Reabilitação e para a Regeneração Urbana que servem de base à candidatura a fundos comunitários e à atribuição de apoios e benefícios fiscais para obras de reabilitação de edifícios. Como a operação envolve a qualificação 154


de infraestruturas, equipamentos, espaços verdes e urbanos de utilização coletiva, tem associado um programa de investimento público e é enquadrada por um Programa Estratégico de Reabilitação Urbana (PERU), que se encontra agora em período de discussão pública. Assegurar a reabilitação dos edifícios, do tecido urbano e do seu património patrimonial; melhorar as condições de habitabilidade, funcionalidade, segurança e mobilidade; promover a revitalização urbana, a requalificação dos espaços verdes, urbanos e equipamentos de utilização coletiva; a modernização das infraestruturas urbanas; a promoção da sustentabilidade e diversidade cultural, social e económica; fomentar a adoção de critérios de eficiência energética; definir o modelo de gestão e execução e definir o quadro de apoios e inventivos à reabilitação e as soluções de financiamento são os principais objetivos deste Plano. E, no dia 29 de março, no âmbito do ciclo de conferências «De setembro a abril, memórias mil», teve lugar uma conferência na qual foi apresentada a proposta de delimitação da Área de Reabilitação Urbana do Centro Histórico da vila e da respetiva Operação de Reabilitação Urbana do tipo sistemática, com a participação da Arquiteta Marta Santos, responsável pelo Gabinete de Reabilitação Urbana do município, e do 155

planeador do território, Pedro Ribeiro da Silva. O processo de discussão pública, publicado em Diário da República, termina a 7 maio e pode ser consultado no sítio do município na internet em www.cm-sbras.pt e na Unidade de Urbanismo, Planeamento e Ordenamento do Território – Serviço de Urbanismo da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, durante os dias úteis, das 9h às 16h. Os interessados podem participar neste processo encaminhando sugestões, reclamações e pedidos de esclarecimento, por escrito, dirigidos ao Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, que podem ser entregues presencialmente nos Paços do Concelho ou por correio para a morada: Rua Gago Coutinho, n.º1, 8150151 São Brás de Alportel ou através do email: reabilitar.centrohistorico@cmsbras.pt..

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AVANÇA O PROJETO DE ACESSIBILIDADE FÍSICA, INFORMATIVA E SENSORIAL DA ERMIDA DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

«Projeto de Acessibilidade física, informativa e sensorial – Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe», submetido pela Direção Regional de Cultura do Algarve à Linha de Apoio ao Turismo Acessível do Programa «Valorizar – Programa de Apoio à Valorização e Qualificação do Destino», foi aprovado com um financiamento a 90 por cento pelo Turismo de Portugal. O objetivo primordial deste projeto é dotar a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe (Raposeira/ Vila do Bispo) de um percurso acessível a qualquer visitante e promover uma comunicação inclusiva, considerando recursos, estratégias e ações, para eliminar, não só barreiras físicas, mas também sensoriais, sociais, culturais e intelectuais. ALGARVE INFORMATIVO #196

Este projeto de acessibilidade abraça o conceito de Design Inclusivo e prevê a instalação de um passadiço e rampa de acesso ao interior da ermida, colocação de sinalética de interior e exterior, instalação de um mupi digital interativo e ainda a disponibilização de uma experiência holográfica no interior do templo. A Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe é um dos mais antigos testemunhos do gótico na região do Algarve, um monumento de particular relevância histórica, na rota das viagens do Infante Dom Henrique entre Lagos e a sua vila, a Vila do Infante e constitui, nos dias de hoje, um importante lugar de memória para as comunidades locais. Pretende-se proporcionar a todos os que visitam este monumento uma experiência mais inclusiva e mais «próxima» deste lugar de memória, com recurso a conteúdos mais «humanizados» e disponíveis em vários idiomas, letra ampliada, língua gestual portuguesa, sinais internacionais e braille . 156


SURFISTA ALGARVIO ALEX BOTELHO ALCANÇOU 7.º POSTO DO RANKING MUNDIAL DE ONDAS GRANDES lex Botelho alcançou o 7.º posto final no circuito mundial de Ondas Grandes da World Surf League, depois do período de espera da temporada 2018/19 ter terminado no dia 31 de março. O big rider algarvio de 28 anos garantiu, assim, a continuidade entre os melhores do mundo das ondas grandes para a temporada 2019/20. Depois de ter sido oitavo classificado na última época, Alex conseguiu melhorar uma posição, mantendo-se no Circuito Mundial de Ondas Grandes pelo terceiro ano consecutivo. Um resultado conseguido após ter sido quarto classificado no Nazaré Challenge e 17.º no Jaws Challenge, no Havai. A terceira prova, que seria em Mavericks, na Califórnia, não se realizou. “Representar Portugal é uma força motivadora. Tenho alegria e quero continuar a transmitir a positividade que Portugal tem, não só ao nível de atletas, mas das pessoas e da cultura. Esta conquista é apenas a primeira parte de um objetivo maior”, frisou Alex Botelho. O surfista português terminou a temporada com 6.828 pontos, ficando bem dentro do top 10 que se apurou automaticamente para a próxima época. Com 16.305 ficou o sul-africano Grant 157

«Twiggy» Baker, que se sagrou campeão mundial da especialidade pela terceira vez na carreira, depois de já o ter feito em 2013 e 2016. João de Macedo foi o segundo melhor português do ranking, terminando o ano no 11.º posto, com 5.528 pontos, a menos de 200 pontos de integrar o top 10 mundial. Ainda assim deve garantir uma vaga de suplente no circuito do próximo ano. Quanto aos restantes portugueses, João Guedes terminou no 25.º posto do ranking e Nic von Rupp e António Silva no 29.º lugar. Alex Botelho foi o segundo surfista português a chegar à elite mundial depois do pioneiro João de Macedo o ter feito em duas ocasiões distintas. Na primeira delas, em 2011, conseguiu mesmo a melhor prestação de sempre de um português no circuito mundial de Ondas Grandes – na altura ainda fora da esfera da WSL, com um 4.º posto . ALGARVE INFORMATIVO #196


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Ruben Caeiro A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #196

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