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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 13 de abril, 2019

16.º DANÇARTE ENCANTOU FARO III ALGARVE PORTIMÃO BOX CUP | «AMIGOS IMPERFEITOS» | «CORRER O FADO» | LINCE 1 ALGARVE INFORMATIVO #197 VIVIANE CANTOU ÉDITH PIAF | «SOMBRA» | «O AUTÓMATO» |ENCONTROS DO DEVIR


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CONTEÚDOS #197 13 DE ABRIL, 2019 28

ARTIGOS 12 - Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica 22 - Loulé adere ao Abem 28 - III Algarve Portimão Box Cup 42 - Viviane canta Édith Piaf 52 - «Amigos Imperfeitos» 68 - 16.º Dançarte 86 - «Correr o Fado» 96 - Encontros do DeVIR 106 - «Sombra» 118 - «O Autómato» 128 - Lince 156 - Atualidade

OPINIÃO

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138 - Paulo Cunha 140 - Ana Isabel Soares 142 - Fábio Jesuíno 144 - Antónia Correia 146 - Fernando Cabrita 148 - David Martins 152 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #197

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REDE NACIONAL DE APOIO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA JÁ CONTA COM OS 16 CONCELHOS DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Dora Guerreiro, presidente da TAIPA, João Lázaro, presidente da APAV, Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Mariana Vieira da Silva, Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Jorge Botelho, presidente da AMAL e Francisco Serra, presidente da CCDR Algarve

Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva, deslocou-se a Faro, no dia 5 de ALGARVE INFORMATIVO #197

abril, para presidir à assinatura de dois protocolos da nova geração para a Territorialização da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, em cerimónia que teve lugar na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. 12


Jorge Botelho, presidente da AMAL - Comunidade Intermunicipal do Algarve

Os 16 concelhos do Algarve passam, assim, a ter respostas de atendimento especializado a vítimas de violência contra as mulheres e violência doméstica. Esta nova geração de Protocolos de Territorialização é uma iniciativa da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, e integra a Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação - Portugal Mais Igual, chegando agora à região algarvia com a criação de três Gabinetes de Apoio às Vítimas cujas entidades coordenadoras são a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e a TAIPA - Organização Cooperativa para o Desenvolvimento Integrado, envolvendo um investimento 13

de 268 mil euros assegurados pelo Governo e pelos vários municípios aderentes. Para além dos 16 concelhos do Algarve envolvidos participa igualmente o Município de Odemira, destacando-se ainda, enquanto entidades outorgantes, as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens locais, as Federações de Bombeiros do Algarve e de Beja e as Universidades do Algarve e de Évora. E foi em nome dos autarcas algarvios que falou Jorge Botelho, presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, que depressa referiu estar-se “num dia bom, porque estamos a contribuir para resolver um problema ALGARVE INFORMATIVO #197


que está na ordem do dia e não pelos bons motivos”. “Há um envolvimento muito alargado e substancial desta rede de parcerias para prevenir e um compromisso claro de todos para cuidar. Há dois anos, numa plataforma supraconcelhia da Segurança Social, foi lançado o desafio para que o Algarve pudesse trabalhar como uma região una no que toca às problemáticas sociais, à igualdade de género, ao combate às descriminações e à violência doméstica”, ALGARVE INFORMATIVO #197

recordou o presidente da Câmara Municipal de Tavira. Um desafio que, revelou Jorge Botelho, foi prontamente aceite pelos 16 executivos camarários do Algarve, sublinhando ainda a inovação desta estratégia regional ter duas entidades coordenadoras. “Flexibilizamos o máximo para que todos os municípios estivessem confortáveis com a rede de parcerias que criam e mantêm, porque as boas-práticas devem servir como 14


guião para que possam haver resultados, advindos de compromissos, relações de proximidade e trabalho contínuo. Algumas câmaras municipais diziam que funcionavam bem com a TAIPA, outras com a APAV, e tenho que agradecer à Secretaria de Estado e a todos os que gizaram uma solução integradora para que todos estejam tranquilos e confortáveis nesta relação de confiança, no continuar daquilo que está bem e no relançar o propósito subscrito por todos 15

neste protocolo”, frisou o presidente da AMAL. Jorge Botelho reforçou igualmente a importância de se trabalhar diretamente com as pessoas e famílias e de se melhorar as redes colaborativas entre as várias associações, segurança social, saúde, emprego e educação. “Temos que estar todos mais atentos a esta problemática, um autêntico flagelo que não é admissível nas sociedades contemporâneas, mas que, ALGARVE INFORMATIVO #197


A Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva

infelizmente, continua a existir. Houve muitas mortes no ano passado, no primeiro trimestre de 2019 já vamos com números assustadores, e isso justifica todo o compromisso que aqui estamos a assumir. E não basta irmos à questão essencial do trabalhar com as famílias e depois, no fim da linha, não haver casas de acolhimento, tratamento e segurança na região”, alertou. Após a assinatura dos dois protocolos com a TAIPA e APAV usou da palavra a Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva, que se mostrou satisfeita por ver no auditório da CCDR Algarve “tantos agentes da mudança e do compromisso ALGARVE INFORMATIVO #197

que aqui estamos assinalar, na luta contra o flagelo da violência doméstica, que atinge números intoleráveis no nosso país, que perdura à demasiado tempo, que tem uma proporção inadmissível e que possui raízes profundas que exigem a mobilização de todos nós”. Com estes dois protocolos ficam a funcionar no Algarve três gabinetes de apoio à vítima de violência doméstica, reforça-se a equipa técnica, a qualificação da resposta e o investimento financeiro do poder central e local, porque a necessidade de aprofundar e melhorar o trabalho realizado é evidente. “Foram registadas mais de 26 mil participações por violência doméstica 16


em 2018, é o terceiro crime mais reportado em Portugal. É um número que nos choca, mas que demonstra igualmente o caminho que já foi percorrido, porque havia um tempo em que não existiam participações, mas a violência doméstica acontecia”. De acordo com Mariana Vieira da Silva, as forças de segurança do distrito de Faro registaram 1.406 participações por violência doméstica em 2018, uma média aproximada de quatro por dia, “casos que acontecem muitas vezes à nossa porta, nos nossos vizinhos, nas pessoas com quem trabalhamos”. Por isso, o combate à violência doméstica tem sido uma prioridade do governo socialista liderado por António Costa desde o assumir de funções, o que se traduz em medidas concretas para a proteção das vítimas, no atendimento e acolhimento e para a formação dos profissionais que estão no terreno. “Em 2018 foram efetuados 14 mil e 247 atendimentos, mais do dobro do que em 2015, e apoiamos duas mil e 663 pessoas no processo de saírem da violência em que viviam. É fundamental que exista confiança de quem se queixa e pede ajuda na capacidade que a rede tem para lhes dar uma resposta, portanto, temos que fugir coletivamente aos discursos de que tudo corre mal, de que não há soluções”, defendeu a Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa. “Todos os dias há casos que correm bem e é desses que devemos falar, não para esconder os que correm mal, mas para criarmos essa confiança que é fundamental nesta área”, enfatizou. Esta rede de parceiros integra, 17

atualmente, 146 estruturas de atendimento, 40 casas de abrigo, 26 respostas de acolhimento de emergência e abrange, a partir do dia 5 de abril, 214 concelhos, que correspondem a 70 por cento do território nacional. No Algarve, para além das estruturas de atendimento asseguradas pela APAV e TAIPA, existem três casas de abrigo da responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira e da Fundação António da Silva Leal, e duas respostas de acolhimento de emergência da Fundação António da Silva Leal e da Cruz Vermelha. “Queremos garantir que as medidas de políticas públicas nesta matéria são desenhadas, implementadas e avaliadas de acordo com as características e as necessidades dos territórios, promovendo sempre esta partilha de práticas e conhecimento, bem como a otimização dos meios e das redes. Neste combate, as autarquias desempenham uma função essencial, pois podem agregar e dinamizar iniciativas e respostas a vários problemas sociais, o que nos permite apertar a malha da rede de apoio. E as organizações da sociedade civil mais preparadas e experientes neste domínio têm conhecimentos e recursos que importa assinalar e valorizar, como acontece com a APAV e a TAIPA. Este combate exige o empenho de todos, em todas as áreas e em todo o território nacional, é imperativo diálogo e cooperação das várias entidades, sejam escolas, forças de segurança, tribunais, unidades de saúde, organizações não governamentais” . ALGARVE INFORMATIVO #197


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MUNICÍPIO DE LOULÉ REFORÇA EMPENHO EM GARANTIR QUE OS MAIS CARENCIADOS TENHAM ACESSO AOS SEUS MEDICAMENTOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Maria de Belém Roseira, presidente da Dignitude, e Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé

oi celebrado, no dia 9 de abril, um protocolo entre a Câmara Municipal de Loulé e a Associação Dignitude tendo em vista a implementação do Programa Abem - Rede Solidária do Medicamento no concelho. Os beneficiários do Abem são pessoas que se encontram numa situação de carência ALGARVE INFORMATIVO #197

económica e a cada um é atribuído um cartão que lhe permite comprar os medicamentos prescritos em qualquer farmácia do país, sem mais burocracias e com a dignidade que merece. Para que tal seja possível, o Programa Abem estabelece parcerias locais e promove sinergias, contando com a ajuda das farmácias aderentes e de 22


entidades referenciadoras locais, às quais se junta agora a Câmara Municipal de Loulé, que já desenvolve no terreno o programa «Loulé Solidário». “Tirando o tempo dos Descobrimentos, Portugal nunca teve grande abundância de recursos, mas épocas houve em que as farmácias tinham mais disponibilidade financeira para fiarem os medicamentos e os utentes iam pagando à medida das suas possibilidades. Só que estas entraram numa situação de grande dificuldade, porque as despesas de funcionamento são muito elevadas e os rendimentos que têm advêm das margens sobre os medicamentos. Quanto estes preços baixam muito, isso reflete-se nas condições de sustentabilidade das próprias farmácias”, explicou Maria de Belém Roseira, presidente desta instituição particular de solidariedade social. Estudos indicaram, entretanto, que um em cada 10 portugueses não tinha meios para comprar os medicamentos que lhes eram prescritos pelos seus médicos, o que motivou a Associação Nacional de Farmácias, a Associação das Farmácias de Portugal e a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica a criarem um programa no qual sustentariam os custos de estrutura e juntando-se a entidades que conhecessem a situação real das pessoas no terreno. Assim nasceu a Associação Dignitude, porque “ser doente crónico e não ter acesso aos medicamentos é uma injustiça social, pois a universalidade do acesso está constitucionalmente inscrita, mas por vezes não acontece, nomeadamente por razões económicas”, indicou Maria de Belém Roseira. “Uma pessoa que foi sujeita a um transplante 23

ou uma intervenção cirúrgica que implicou um investimento de dezenas ou centenas de milhares de euros para lhe salvar a vida, acaba depois, devido a uns cêntimos ou euros, por não conseguir vigiar a saúde e cumprir toda a panóplia de toma de medicamentos que é absolutamente indispensável”, exemplificou, preocupada. A responsável da Dignitude sublinhou que o abandono da terapêutica é um problema com gravíssimas consequências, quer sociais, como económicas, gerando baixas médicas, falta de produtividade ou pensões prematuras por incapacidade, daí que não pudessem ficar indiferentes a esta realidade. “Muitas pessoas consideram que tudo é responsabilidade do Estado, mas este pode não ter recursos suficientes porque a economia nacional ainda não cresceu como gostaríamos que tivesse crescido e não se produziram todas as receitas fiscais que permitem alimentar a solidariedade, tanto na segurança social como na saúde”, alerta a antiga Ministra da Saúde, acrescentando que, em 2017, se gastaram 2.300 milhões de euros só em medicamentos. “O Ministério da Saúde não é especialista em pobreza, quem tem esse conhecimento é a Segurança Social, mas, em Portugal, quatro milhões de pessoas são pobres antes de receberem as suas prestações sociais e, depois disso, dois milhões continuam pobres. É muito difícil para a Segurança Social fazer mais, porque as suas receitas espelham os baixos ALGARVE INFORMATIVO #197


salários que se praticam no país e as dificuldades económicas existentes”. Parcerias foram encetadas entre a Dignitude e a Caritas e a União das Misericórdias e das IPSS e, mais tarde, foi assinado um protocolo-chapéu com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses, para que se conseguisse tratar das pessoas, preservando a sua dignidade. “Os beneficiários têm um cartão igual a todos os outros cartões de pagamento porque ninguém precisa saber se eles têm ou não dificuldades financeiras. Os serviços de ação social dos municípios estão cientes dessa realidade e não é necessário que mais alguém entre na privacidade do lar das pessoas”, defende Maria de Belém Roseira, motivo pelo qual são os municípios aderentes que selecionam os beneficiários do Programa Abem. ALGARVE INFORMATIVO #197

E, num país que “já está farto de coisas «assim-assim» e esquisitas”, nas palavras da dirigente, a transparência é total e os donativos entregues pelos cidadãos ou angariados em campanhas de recolhas de fundos são integralmente destinados a um fundo solidário que cobre a parte não comparticipada pelo Estado, já que os custos estruturais são assumidos pelos sócios pessoais ou coletivos da Dignitude. Um programa a que Loulé agora aderiu, “um concelho que, de há muitos anos a esta parte, tem tido políticas sociais muito ativas, com recursos humanos da Câmara Municipal treinados em número significativo e que têm feito um trabalho extraordinário junto das famílias que sentiram, de uma maneira mais severa, a crise por que todos passámos e que muita gente ainda 24


continua a sentir”, salientou o edil louletano Vítor Aleixo, mostrando-se confiante numa seleção criteriosa dos utilizadores desta rede solidária do medicamento. “Existe um Regulamento Solidário no concelho desde 2014 que nos tem permitido fazer um inventário rigoroso e exaustivo de quem se encontra em situação de fragilidade social e de carência económica. O knowhow está cá para que não cometamos erros no momento de escolhermos as pessoas que mais precisam de aceder aos medicamentos”, tranquilizou o autarca. Vítor Aleixo lembrou, aliás, a existência do programa «Loulé Solidário», em que uma das medidas passa por apoiar precisamente quem tem dificuldades em comprar os remédios que lhe são receitados pelos médicos. “Vamos ter o cuidado de gerir bem este novo

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programa, para que possamos chegar ao maior número de pessoas possível. A pobreza compromete a realização do potencial humano quando ela se acentua na infância para a vida toda e, numa sociedade digna e democrática, todos devem ter à partida o mesmo acesso, por exemplo, à educação, saúde e habitação condigna”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, revelando ainda que a autarquia louletana se compromete, nesta primeira fase, a apoiar o Programa Abem com 10 mil euros, ou seja, cobrir 100 utentes com o cartão da rede. “É bonito fazermos o bem, vamos ver como o programa evolui e, se contribuir para resolver problemas dos nossos munícipes, estaremos disponíveis para subir de patamar, para reforçar esta parceria”, garantiu Vítor Aleixo .

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Suíça venceu III Algarve Portimão Box Cup Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Irina Kuptsova

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ortimão continua a dar cartas como Cidade Europeia do Desporto 2019 e, de 29 a 31 de março, foi palco de uma fantástica competição de boxe, promovida pela Associação de Boxe do Algarve, em parceria com a Câmara Municipal de Portimão e a Escola de Boxe de Portimão. Equipas e clubes de boxe de todo o país e além-fronteiras participaram na III Algarve Portimão Box ALGARVE INFORMATIVO #197

Cup, que se disputou no Pavilhão Gimnodesportivo de Portimão, e que tinha como prize-money cinco mil euros para a formação vencedora. O evento principal foi constituído por oito equipas compostas por seis boxeadores masculinos, das categorias de 56kg, 60kg, 64kg, 69kg, 75kg, 81kg, e por duas pugilistas femininas, dos pesos 60kg e 69kg. Já o evento secundário era delineado para Cadetes, Juniores e Seniores, masculinos e femininos, em 30


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todas as categorias de peso definidas nas regras de Open Boxing. Com o intuito de promover o boxe e elevar o nível da competição, a equipa que totalizasse o maior número de vitórias no evento principal seria a vencedora do Torneio, feito que coube aos pugilistas vindos da Suíça. Para o evento secundário não existiu prize-money, mas os atletas tiveram a oportunidade de competir no Algarve a nível internacional, numa experiência que acabou por ser bastante positiva e enriquecedora. Face a estes atrativos, o Pavilhão Gimnodesportivo de Portimão registou ALGARVE INFORMATIVO #197

uma moldura humana muito interessante e entusiástica na hora de incentivar os boxeurs e, apesar de estarmos na presença de diferentes níveis competitivos, com alguns pugilistas bem mais experientes na arte de esgrimir com os punhos do que outros, o balanço geral foi francamente positivo e ninguém deu por perdidas as várias horas passadas de olhos postos no que acontecia no interior do ringue. E assim se promoveu, de forma diferente, Portimão e o Algarve, e se voltou a demonstrar que o Desporto está, efetivamente, vivo e de boa saúde na região nas mais variadas modalidades. 32


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VIVIANE CANTOU ÉDITH PIAF NUM CONCERTO APAIXONANTE EM ALBUFEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Auditório Municipal de Albufeira viveu uma noite verdadeiramente apaixonante e mágica no dia 5 de abril por ocasião do concerto de Viviane, ALGARVE INFORMATIVO #197

não com os seus temas originais, mas com os êxitos intemporais da diva francesa Édith Piaf. Ao longo de quase duas horas, a cantora nascida em França, mas residente em Olhão desde a adolescência, transportou o público para a romântica cidade de Paris dos anos 40 e 50 do século passado, sempre muito 44


«L´accordeoniste», «Padam padam», «La foule», «L´homme à la moto», «Non rien de rien», «Sous le ciel de Paris» ou «Milord». Um projeto que ganhou forma quando Viviane foi «Artista Figuras» em 2016, ano que foi marcado por três espetáculos de casa cheia no Teatro das Figuras, em Faro, um deles dedicado ao repertório de Édith Piaf. A recetividade foi tal que a cantora luso-francesa decidiu avançar para um disco que contemplasse as suas versões do imaginário de Piaf.

conversadora, em português, francês e inglês, por se estar perante uma plateia bastante internacional. O disco foi gravado em 2017, precisamente quando se comemoravam os 70 anos da primeira edição do tema «La vie en rose», com temas como 45

A estreia nos tributos da antiga vocalista dos Entre Aspas, e com uma carreira a solo com mais de uma década, veio com uma responsabilidade acrescida, dada a popularidade de Édith Piaf, mas também a complexidade das canções escolhidas. “A voz, para mim, é um desafio permanente e gosto de testar sempre coisas diferentes, muitas vezes em contextos e estilos completamente distintos. Antes mesmo de ter iniciado os «Entre Aspas» com o Tó Viegas, já cantava Édith Piaf, no final dos anos 80. Nasci e vivi em França até aos 13 anos e era normal escutar artistas franceses, mas quando comecei a cantar as músicas dela senti um grande impacto, foram sensações bastante intensas”, explica Viviane. “Cada vez que as canto, arrepio-me, provoca-me uma emoção muito grande e penso que consigo transmitir esse sentimento para quem me está a ouvir”, acrescentou, e isso mesmo se comprovou nesta noite inesquecível em Albufeira, com o público rendido a Viviane, a cantar sempre que solicitado e a brindar a ALGARVE INFORMATIVO #197


artista com uma fervorosa salva de palmas no final do espetáculo. A vontade já existia, então, há algum tempo e o concerto dado no Teatro das Figuras foi o «empurrão» final para Viviane ir mais além, para dar a sua roupagem a este exigente repertório, numa fase da vida em que, mais madura, sente a chanson française de forma diferente. Um disco que a tem levado a cantar um pouco por todo o mundo, porque Édith Piaf é, sem dúvida, um nome que ultrapassa todas as fronteiras físicas. “Nunca fui atrás das modas, sempre fui sincera comigo própria e tento ser a mais autêntica ALGARVE INFORMATIVO #197

possível. Faço o que sinto que devo fazer em cada altura da minha vida, daí o disco surgir apenas em 2017. E quis mostrar todas as facetas da Édith Piaf, porque as pessoas apenas conhecem as canções mais dramáticas e românticas e menos o seu lado mais irreverente, como se percebe em «Johnny tu n´est pas un ange» e em «L´homme à la moto». Era uma cantora verdadeiramente apaixonante”, finaliza Viviane, porque uma verdadeira multidão a aguardava no hall do Auditório Municipal de Albufeira, para tirar fotografias e levar um CD autografado para casa . 46


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«AMIGOS IMPERFEITOS» CONTA AS HISTÓRIAS DE CORAGEM DE ANIMAIS QUE SÃO DIFERENTES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Carlos Filipe | Vídeo: David Venâncio

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o mundo dos smartphones topos de gama com máquinas fotográficas e câmaras de vídeo que fazem praticamente tudo sozinhas, somos constantemente bombardeados com fotos de paisagens, de pessoas com os seus familiares, amigos e animais de estimação, disto e daquilo, de tal modo que os retratos, hoje, praticamente se tornaram banais e são remetidos ao esquecimento num estalar de dedos. Mas há outras fotos, e vídeos, que pela sua beleza e sensibilidade, mas também pela temática que abordam, pelas histórias que contam, pelas emoções que despoletam, não se esfumaçam da nossa memória, perduram, ALGARVE INFORMATIVO #197

fazem-nos pensar, agir, mudar comportamentos. O caso dos «Amigos Imperfeitos» é disso um perfeito exemplo, fotos e vídeos a que dificilmente ficamos indiferentes, pela sua riqueza estética, mas, sobretudo, pelas histórias de coragem e resiliência que relatam. Um projeto do fotógrafo Carlos Filipe que começou a ganhar contornos reais quando adotou um cão, o Boris, ou por ele foi adotado, nem o próprio entrevistado sabe diferenciar. Um cão que foi recolhido da berma de uma estrada, com dois meses de idade, e uma corda roída atada ao pescoço. “À medida que ia crescendo fui-lhe tirando fotografias e colocando nas redes sociais e reparei que, realmente, elas geravam muitas reações. Entrei 54


Carlos Filipe e o Boris 55

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em contato com a ADAP – Associação de Defesa dos Animais de Portimão para lhes oferecer os meus serviços como fotógrafo, organizou-se um evento num local público, montei lá o meu estúdio para tirar retratos a animais de estimação e as verbas reverteram a favor da associação”, conta, em início de conversa. Entretanto, tudo muda quando Boris é diagnosticado com pele atópica, uma doença não visível, mas bastante complicada, porque não transpira, nem tem pelo no peito durante grande parte do ano. “Tem que tomar vitaminas todos os dias, lavar constantemente as patas com desinfetante, sempre que vai à rua preciso colocar-lhe protetor solar, caso ALGARVE INFORMATIVO #197

contrário, fica com feridas”, indica Carlos Filipe, que, com o passar do tempo, foi percebendo que as suas rotinas diárias iam mudar bastante. Isto, claro, se não optasse pela solução mais fácil, que era simplesmente devolver o Boris à associação onde o tinha adotado ou, pior do que isso, abandoná-lo na rua. Porque, infelizmente, há pessoas assim, olham para um animal doente como um brinquedo estragado ou um utensílio defeituoso, e jogam-no fora. A Carlos Filipe, porém, jamais lhe passou pela cabeça tal cenário. “No início não sabemos ao certo o que aquilo é, os sintomas vão surgindo com o tempo. Começou a ter feridas nas axilas, depois teve um problema no 56


estômago e foi operado de urgência, depois foi nas patas”. Boris fez uma série de tratamentos experimentais, nada resultou, as despesas iam-se avolumando, por vezes Carlos Filipe jogava as mãos à cabeça sem saber o que fazer, mas sempre com uma certeza, enquanto Boris lutasse contra os problemas, ele estaria ao seu la1do, por muito que isso lhe abalasse o orçamento mensal. “São mais ou menos 300 euros por mês, comida, vacinas, cremes, é um cão muito especial em tudo”, graceja o fotógrafo. “É um cão superinteligente, carinhoso e fotogénico. Basta mexer nos flashes e ele mete-se logo em cima da caixinha a fazer pose, é cinco estrelas. Toda a gente adora a expressividade do Boris”, acrescenta, todo baboso.

Da tomada de consciência dos problemas de saúde do Boris nasce então a ideia do projeto «Amigos Imperfeitos», uma forma de alertar a população, e sensibilizá-la, para esta temática. “Na primeira sessão fotográfica apareceram duas cadelinhas que não tinham uma pata, algo que eu nunca tinha visto, e um cão que padecia de cancro. Nesse dia cheguei a casa, abracei-me ao Boris e chorei. Os problemas dele, que me tinham parecido tão graves, afinal não eram nada. Não têm cura, mas conseguem controlar-se. Estes animais são mesmo bonitos e carinhosos, simplesmente são diferentes”. A primeira sessão fotográfica dos

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«Amigos Imperfeitos» aconteceu, no final de 2018, em Portimão, seguiu-se outra em Albufeira, e os contatos começaram a surgir, da parte de associações que lidam com esta problemática, mas dos próprios donos de cães e gatos. “Uma senhora levou um cãozinho que me deixou de lágrimas nos olhos. Foi encontrado bebé, com poucos dias de vida, mas já tinha sido torturado, cortaram-lhe as orelhas à tesourada, espetaram-lhe os olhos, uma coisa abominável. O cachorrinho ficou com problemas a nível mental e está constantemente a tremer, para além de ter uma pata subdesenvolvida”, diz, emocionado, porque quem gosta de animais não consegue conceber como alguém pode infligir tanto sofrimento a outro ser vivo. ALGARVE INFORMATIVO #197

Não se percebe, de facto, até onde pode chegar a malvadez de algumas pessoas, e Carlos Filipe compreendeu que o «Amigos Imperfeitos» podia servir, não apenas para que os donos ficassem com fotos bonitas dos seus animais de estimação, mas para dar um safanão à sociedade, um «toca a acordar» para esta realidade. O projeto evoluiu, deste modo, para os relatos em vídeo “que contam histórias inspiradoras de pessoas que não desistiram dos seus animais”, explica. “Falei com o David Venâncio da ScreenInside para se gravar episódios sobre cada animal, ele achou a ideia superinteressante, depois falei com o João Ferreira da ADAP para me ajudar a encontrar pessoas que quisessem 58


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contar as suas histórias. Após gravarmos os dois primeiros episódios, fiquei uma semana de rastos”, confessa o entrevistado.

É DURO, MAS VALE A PENA! De um momento para o outro, o projeto «Amigos Imperfeitos» mudou por completo, porque a ideia original de Carlos Filipe era montar uma exposição fotográfica e em poucos meses se chegou aos 20 episódios. O primeiro dos quais sobre Alfie, um gatinho sem olhos do qual já tinha ouvido falar, que se orientava aparentemente sem grandes dificuldades. “As pessoas chegam ao meu estúdio, tiro as fotos aos animais e tenho as mesmas perguntas preparadas para todos os donos: como é que o animal entrou nas ALGARVE INFORMATIVO #197

suas vidas; como é que lidou com a situação; o que é que mudou nas suas rotinas do dia-a-dia; como é que as outras pessoas reagem ao verem estes animais na rua; e como é que as suas vidas ficaram depois da entrada em cena destes companheiros. Normalmente, basta fazer a primeira pergunta e as pessoas contam tudo, de forma emocionada e inspiradora”, declara o fotógrafo profissional. Se as fotos já podem impressionar os mais sensíveis, mais impactantes são os vídeos, porque os donos dos animais abrem os corações, não escondem nada, e assim ficamos a conhecer a vida de cães e gatos que têm cancro ou diabetes, que sofrem AVC, que perdem patas em acidentes, em lutas ou armadilhas, outros que nascem com más formações genéticas, uns que são 60


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cegos ou surdos. “Dizem-me que vão trazer um gato que é cego e, de repente, aparece um gato sem olhos. Impressiona, mexe connosco no primeiro instante, mas o fundamental é não ficarmos assustados. Encontramos imensos casos destes nas associações que acolhem animais abandonados e é muito difícil serem adotados porque as pessoas não sabem lidar com eles. Os vídeos acabam por ser manuais de instrução, são histórias que nos passam a mensagem de que, afinal, até nem é tão difícil como pensávamos. É duro, mas vale a pena”, garante, de olhos postos no Boris. As peripécias dos gatos Hugo e Joaquim marcaram, assim, o arranque da primeira temporada de vídeos dos «Amigos Imperfeitos». Hugo, que foi atirado para um quintal de uma grande altura e perdeu ALGARVE INFORMATIVO #197

uma pata, Joaquim que foi encontrado, todo chamuscado e queimado, nos incêndios que afligiram Monchique em 2018, e a quem foi diagnosticado posteriormente cancro. Ambos já foram adotados e é esse o objetivo maior do projeto, não deixar que estes cães e gatos fiquem sem donos pelo simples facto de terem uma doença ou uma deformidade, porque nós também não rejeitamos os seres humanos que são diferentes, especiais. “Muitos destes animais agora andam nas ruas com os donos e são reconhecidos, as pessoas realmente estão a acompanhar os episódios dos «Amigos Imperfeitos», mesmo aqueles que são mais complicados de assistir. O gatinho Alfie, por exemplo, faleceu na semana em que o episódio dele foi para o ar e a dona não quis adiar a emissão porque era uma história de vida corajosa e que 62


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inspira os outros. Vemos fotos antigas destes cães e gatos quando foram encontrados e são cenas que mexem connosco. O projeto ajuda as pessoas a não terem medo de adotar animais que merecem todo o nosso carinho e amor”, descreve Carlos Filipe. Concluídos os 20 episódios que constituem a primeira temporada, a intenção é prosseguir-se com as gravações de novos casos, mas também montar rapidamente a exposição fotográfica e levá-la ao maior número de pessoas. “Nesta temporada aparecem quatro cães sem pata, mas todos por motivos diferentes. Um teve um acidente; outro foi atacado por um cão e o caso alerta para a importância da esterilização e do controlo das hormonas; outro foi uma má formação genética, nasceu com uma barbatana; e o outro perdeu uma pata ALGARVE INFORMATIVO #197

numa armadilha colocada num local público. Já tive conhecimento de um gato que tinha tantos problemas de saúde a nível do sistema interno que a única solução foi remover-lhe todos os órgãos sexuais e ele passou literalmente a ser uma gata. Há um cão que não tem cara. Um dos episódios fala de um cão que teve um AVC e desenvolveu diabetes por comer petiscos de seres humanos. Há situações que parecem ficção científica e cada uma ensina-nos uma lição diferente”, refere o entrevistado, confessando que nunca imaginou a aventura em que iria embarcar quando começou a tirar fotos ao seu Boris. E agora é, com orgulho, um fotógrafo de cães e gatos. E se alguns são perfeitamente normais, outros são diferentes e não é por isso que são menos merecedores do nosso amor . 64


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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Teatro das Figuras, em Faro, foi palco, de 6 a 9 de abril, do 16.º Dançarte, concurso organizado anualmente, desde 2004, pela Associação Beliaev Centro Cultural e destinado a jovens bailarinos de escolas nacionais e estrangeiras, com idades compreendidas entre os 8 e os 25 anos, que competiram em dança clássica, dança contemporânea, dança de caráter, dança jazz, hip-hop e sapateado. Desde 2016, o Dançarte compreende também um concurso de coreografia, destinado a coreógrafos contemporâneos. Os objetivos da organização passam por dar aos agentes deste veículo cultural – alunos de dança, professores de dança e coreógrafos – a possibilidade de demonstrarem o seu nível de desempenho nesta área, através da promoção e divulgação do ensino e da aprendizagem de dança, favorecendo a troca de experiências entre escolas, alunos e professores, assim como promover o desenvolvimento cultural e artístico dos jovens e contribuir para a formação de novos públicos. O dia 6 foi preenchido pelo Concurso de Solistas e Grupos, enquanto o dia 7 recebeu o Concurso de Duetos/Trios e o ALGARVE INFORMATIVO #197

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Concurso de Grupos. Nesse mesmo dia ficaram a conhecer-se os resultados do Concurso Infantil. O Concurso de Solistas prosseguiu no dia 8, nas variações clássica e contemporânea e nessa noite o Teatro das Figuras assistiu à gala dos premiados do Concurso Infantil. No último dia do 16.º Dançarte chegaram ao fim o Concurso de Duetos/Trios e de Coreografia, divulgaram-se os resultados finais e subiram ao palco os vencedores do Concurso Juvenil. Para além dos concursos propriamente ditos, tiveram lugar vários masters classes e audições para prestigiadas companhias e escolas de dança, que oferecerem apetecíveis bolsas de estudo para o ano letivo 2019/2020. Houve ainda prémios monetários para o Melhor Solista (750 euros), Melhor Dueto/Trio (750 euros) e Melhor Grupo (750 euros), atribuídos pelo júri entre os primeiros classificados nos diferentes escalões de cada categoria, com o prémio de «Melhor Grupo» a ser entregue à escola. Com mil euros foi distinguido o coreógrafo autor do melhor solo contemporâneo e a melhor interpretação contemporânea recebeu 500 euros, entre outros prémios não monetários, designadamente bolsas de estudo, estágios de dança e convites para concursos internacionais . ALGARVE INFORMATIVO #197

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«CORRER O FADO» DO QUORUM BALLET DESLUMBROU LAGOA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Lagoa

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dança está em plano de evidência em Lagoa durante este mês e um dos momentos altos da programação aconteceu na noite de 6 de abril, com a apresentação do fantástico «Correr o Fado» do Quorum Ballet no Auditório Carlos do Carmo. Em mais uma coreografia e cenografia arrebatadoras de Daniel Cardoso, o espetáculo assenta, como o próprio nome sugere, no Fado, a mais representativa forma de expressão da cultura tradicional portuguesa. “Numa multiplicidade de movimentos, sons, sensações e sentimentos, os bailarinos transmitem, com a sua arte, extrema beleza, inexcedível sensibilidade e aparente facilidade, tudo o que os nossos sentidos percebem e o nosso coração apreende”, ALGARVE INFORMATIVO #197

descreve o responsável pela companhia de dança da Amadora. Ao fundir o Fado com a Dança Contemporânea, «Correr o Fado» quebra com a tradicional forma de ver, ouvir e sentir a canção portuguesa que é Património Cultural Imaterial da Humanidade desde 2011, desmistificando a sua conotação saudosista e melancólica. E o sucesso foi instantâneo e contribuiu de forma decisiva para a internacionalização do Quorum Ballet, estando em digressão desde fevereiro de 2012 e chegando agora ao Algarve por iniciativa do Município de Lagoa. E os algarvios agradeceram mais esta oportunidade para assistir ao vivo a uma das mais prestigiadas companhias de dança de Portugal da atualidade e que há poucas semanas trouxe a Faro «Sagração da Primavera – Made in China» . 88


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DANÇA, POESIA E CINEMA EM MAIS UMA NOITE DE «ENCONTROS DO DEVIR» Texto: Daniel Pina | Fotografia Irina Kuptsova

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Festival «Encontros do DeVIR» regressou ao Cine-Teatro Louletano, na noite de 5 de abril, com seis momentos marcantes num só espetáculo, mais concretamente duas apresentações de dança, o recital de um poema, duas exibições cinematográficas e a projeção de um documentário. «Stepping Stones», o dueto criado por Redouan Ait Chitt com Jeroen van der Linden (Holanda), traduz o percurso de dois bailarinos que se distinguem pela sua fisicalidade. A cumplicidade é o trampolim que lhes tem permitido ultrapassar com sucesso os desafios inerentes a um percurso que funde a dança urbana e a dança contemporânea. Quanto a «Aqua», foi criado, em 2016, por Chey Jurado, premiado bailarino a nível internacional, e cruza as danças urbanas e a dança contemporânea. O solo tem vindo a ser apresentado por todo o mundo, vive da ALGARVE INFORMATIVO #197

fisicalidade do intérprete, e permite ao espetador submergir-se nas diferentes maneiras de decifrar o elemento-água através do movimento. As duas animações assinadas por Fabio Friedli, «Bon Voyage» e «In a Nut Shell», mostraram um olhar aguçado sobre o modo como a Europa recebe os refugiados, e a tentativa de capturar o mundo numa casca de noz, da mais pequena semente até à guerra, da indiferença ao apocalipse. No galardoado documentário «Irregulars», Fabio Palmieri aborda de forma poética a brutalidade da viagem que, a cada ano, é enfrentada por 40 mil pessoas de África, Ásia e Médio Oriente, ao tentar cruzar o Mar Mediterrâneo. Na terceira passagem pelo Cine-Teatro Louletano da quinta edição do «Encontros do DeVIR» houve ainda lugar à leitura, pela atriz Carolina Santos, de um texto inédito de Hélia Correia, produzido em resposta a um convite da organização do festival, e que teve ilustração em tempo real por Richard Câmara . 98


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ARQUENTE ESTREOU UM INQUIETANTE «SOMBRA» NO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Filipe Farinha/Stills

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Teatro das Figuras, em Faro, foi palco, nos dias 3 e 4 de abril, da estreia de «Sombra», o novo espetáculo da Associação ArQuente, que contou com direção do conhecido coreógrafo Miguel Moreira. “É um trabalho sobre o corpo e a incompreensão de o entender e percebê-lo no mundo. Pessoas que esperam e olham entre si mesmas através dos outros. Os seus corpos tombam e arrastam-se pelo chão desenhando caminhos possíveis para a existência. A Sombra é um espaço protetor de altas temperaturas onde já não podemos fugir daquilo que somos e do que realmente sentimos aqui e agora”, descreve Miguel Moreira Os ensaios, com o elenco composto por seis intérpretes/cocriadores, António Guerreiro, Carolina Cantinho, Fúlvia Almeida, Ricardo Mendonça, Tátá Regala e Teresa Silva, começaram em outubro do ano passado, altura em que o grupo performativo de Faro conseguiu que Miguel Moreira aceitasse o convite. “Há muito tempo que desejávamos trabalhar com ele. O seu trabalho é incrível e sabíamos que seria uma experiência única ter alguém assim a dirigir-nos. O Gil Silva, diretor do Teatro das Figuras, colocou-nos em contacto com o trabalho do Miguel Moreira e acho que nos apaixonamos desde o primeiro instante”, conta Teresa Silva, presidente da Associação Cultural ArQuente. ALGARVE INFORMATIVO #197

Durante o processo criativo, Miguel Moreira teve a colaboração da bailarina Maria Fonseca, com quem trabalha desde 2018 no Útero, associação cultural fundada pelo coreógrafo em 1997 e que é o maior testemunho da sua identidade artística e criativa. Quanto a «Sombra», e de acordo com a ArQuente, “é uma produção 108


inquietante, humana, estética e ímpar, onde o espetador é quem «define» aquilo que vê”. “O Miguel e a Maria desafiamnos constantemente a explorar outras dimensões de nós, a vermo-nos nos outros. Quando olho para o outro vejome a mim. Penso que depois do «Sombra» não seremos os mesmos, aliás, não somos os mesmos no final de cada ensaio”, confessa Teresa Silva. 109

A ArQuente – Associação Cultural foi criada em 2006 e desde então desenvolve um trabalho multidisciplinar, tocando e juntando o teatro, as artes performativas, a dança, a música, as artes visuais e multimédia. «Sombra» é a sua mais recente criação, numa coprodução com o Teatro das Figuras . ALGARVE INFORMATIVO #197


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O AUTÓMATO DO TEATRO DO NOROESTE TROUXE UNIVERSO DO CIRCO AO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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os dias 3 e 4 de abril, o Teatro Lethes, em Faro, recebeu a mais recente criação do Teatro do Noroeste, de Viana do Castelo, em três sessões direcionados para o público escolar/infantil. E em palco estiveram Chico Pires, Patrícia Ferreira e Pedro Roquette, que personificaram vários elementos da trupe de um circo muito especial e divertido que arrancou inúmeras risadas aos pequenotes. Segundo o enredo, Tic-Tac canta, ri, chora e sabe tudo. O autómato domina todas as ciências, sendo o maior fenómeno de todos os tempos e a maior atração do Circo Mil Maravilhas. Só que o domador de leões, não contente ao ver o seu protagonismo diminuído, tira um parafuso a Tic-Tac, que deixa de funcionar corretamente e perde a sua inteligência, até à sua encantadora mobilidade. Seguem-se, então, muitas peripécias durante as quais o criador do autómato tenta restabelecer a sua normalidade, incluindo uma acesa luta com o famigerado domador de leões. Uma peça bastante divertida a partir de «Tic-Tac - O Autómato que tinha um parafuso a menos!» de Fernando de Paços, agora com cocriação e encenação de Graeme Pulleyn e que o Teatro do Noroeste tem levado a cena em diversos equipamentos culturais de norte a sul do país . ALGARVE INFORMATIVO #197

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Ciclo Ilustres Desconhecidos levou Lince ao Auditório do Solar da Música Nova Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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eve lugar, no dia 6 de abril, no Auditório do Solar da Música Nova, o concerto de Lince, alterego artístico de Sofia Ribeiro, o segundo projeto a pisar o novo palco da cidade de Loulé no âmbito do ciclo «Ilustres Desconhecidos», depois de Galopim e Raquel Ralha & Pedro Renato o terem feito em fevereiro deste ano. Dá-se assim seguimento à lógica de programação artística do Município de Loulé que valoriza e promove regularmente projetos emergentes ou pouco conhecidos do público algarvio, estejam sediados ou não na região, nas áreas da Música, Teatro, Dança e Multidisciplinar. Lince trouxe até Loulé o seu primeiro disco, «Hold To Gold», lançado no final de 2018. Depois do EP «Drops», que mereceu lugar de destaque nos balanços musicais de 2017, «Hold To Gold» reforça a matriz na música criada por Lince. Entre apelos à dança e à contemplação ou entre diálogos e monólogos, nalguns casos como se de mantras se tratassem num quase paralelismo musical com a obra visual «Memento», Sofia Ribeiro constrói bases sonoras que provocam e obrigam o espetador a percorrer as sonoridades clássicas de um piano por entre a densidade da eletrónica servida por ritmos e registos contemporâneos. “A base de piano continua presente e dá às minhas melodias vocais uma casa que as protege sem as prender. Esta base faz-me sentir confortável, mas frágil e delicada ao mesmo tempo. Em cada tema a evolução sonora acontece ora com a componente eletrónica dos sintetizadores e beats, ora com acrescentos vocais, que dão aos temas mais força quando a mensagem assim o exige”, explica Sofia . ALGARVE INFORMATIVO #197

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Para quando utilizadores inteligentes para telemóveis inteligentes? Paulo Cunha (Professor) m destes dias, falando com os meus alunos sobres as várias dependências a que poderão vir a estar sujeitos na sua vida futura, muito naturalmente veio à baila o vício do jogo, uma vez que, sem se darem conta, estão cada vez mais, e cada vez mais novos, permeáveis à dependência dos jogos instalados nos seus smartphones. Como consequência de tal conversa, vários alunos começaram a combinar entre si não levar os seus telemóveis para o momento recreativo (que ainda se chama recreio) que então se seguia. Não querendo interferir nas suas decisões, mantive-me calado e esperei pelo intervalo para aferir o resultado das mesmas, tendo constatado que apenas dois não tinham cumprido a combinação efetuada entre eles. Não tendo comentado o sucedido, verifiquei que esses alunos, que conjuntamente com outros de outras turmas não prescindem de levar os seus smartphones para os intervalos, estão em todos os momentos em que não estão nas salas de aula «agarrados» ao ecrã, completamento alheados do que os rodeia. Querendo saber se têm consciência do estado de dependência para que caminham, perguntei a um dos confessos jogadores inveterados se sabia porque é que o telemóvel tinha esse nome, tendo recebido uma resposta que a todos surpreendeu: não fazia a mínima ideia! Lá lhe expliquei então que o «tele» é uma abreviatura de telefone e o «móvel» indica que se pode transportar para qualquer sítio, ao contrário dos telefones que existiam no tempo dos seus avós, que eram fixos e serviam apenas para comunicar entre duas pessoas que falavam entre si em tempo real. Depois de devidamente esclarecido, partilhou com a turma que pouco usa o telefone do seu smartphone, pois quando quer comunicar com os pais digita sms e de resto usa-o para tudo menos para telefonar. Mencionou também ALGARVE INFORMATIVO #197

que a família decidiu oferecer-lhe um telemóvel quando mudou de escola, para assim estar mais contactável e comunicável, ao que lhe perguntei, se assim era, porque é que não lhe compraram apenas um simples telemóvel em vez de um smartphone? Como resposta à pergunta fez-se o silêncio que eu já aguardava. Tal como outros adereços e utensílios de marca que acompanham certos alunos para a escola, também os telemóveis continuam a potenciar a ostentação e a exibição, fatores discriminatórios e reveladores de diferenças socioeconómicas que não deveriam, a meu ver, ser evidenciadas e cultivadas em meio escolar. Para além de dispendioso, o smartphone diferencia-se de um simples telemóvel pelo facto de aliar às características comuns de um telemóvel algumas das funcionalidades próprias de um «pocket pc» ou computador portátil, tais como fotografar ou fazer vídeos, aceder à Internet, consultar o email, navegar por recurso ao gps, ligar-se a uma rede local, transferir dados de e para um computador ou outros aparelhos, entre outras funcionalidades. A questão que se coloca é saber se é necessário e importante os alunos transportarem diariamente para a escola estas verdadeiras fontes de dispersão, alheamento e isolamento? Recomendo aos educadores que verifiquem o tempo que os vossos educandos despendem com o smartphone nas mãos, por comparação com o tempo que convivem convosco, ou com os colegas e amigos. Como não sabem o que se passa nas escolas, estejam atentos ao vosso lar, pois os sinais apresentados facilmente poderão indiciar comportamentos pouco recomendáveis e pouco «smart», numa altura da vida em que se moldam características sócio-comportamentais que condicionarão o futuro dos vossos filhos. Quando tinha a idade destes jovens, lembro138


me que um castigo a sério era não poder ir brincar com os amigos para a rua. Há tempos, quase a chorar, um aluno disse-me que os pais o tinham proibido de usar qualquer tipo de tecnologia nas suas férias da Páscoa. Respondilhe que isso seria ótimo, pois assim poderia ir para a rua brincar. Nem me respondeu... começou logo a chorar! Pois… onde estarão os 139

colegas para interagir e confraternizar? Para além da desejável socialização entre pares, este utensílio está a intrometer-se, de uma forma preocupante, no saudável crescimento físico e intelectual desta geração. Não sabendo o que se passa dentro de cada casa, relato apenas o que vejo. E o que vejo aflige-me! . ALGARVE INFORMATIVO #197


OPINIÃO

Do Reboliço #33 Ana Isabel Soares (Professora) (“Diga 33”. O Reboliço disse e, sendo 33 o número da crónica, pôs-se a lembrar. Este texto tem por base um outro, escrito há quase 10 anos. E continuará). ue tinha morrido a Perdida. Havia já quase três semanas, e só agora o Reboliço sabia. Houve choro um dia inteiro, fizeram-lhe um funeral. Ficou enterrada no ferragial do tio Chico. Não surpreenderam ao Reboliço as homenagens. A Perdida fora encontrada muitos anos antes, dentro de uma caixinha atirada para um monte de lixo. Não era já bebé, mas era um cão jovem, pequeno, sem grande futuro. Passaram-se anos até deixar que a tia lhe chegasse ao pé: só comia depois de não haver ninguém junto ao prato, e sempre com um olho a espreitar por cima do ombro curto. Depois de se ganhar a confiança da bicha, foram outros tantos anos até alguém lhe poder tocar para uma festinha. O Reboliço aproximava-se, fazia-lhe boquinhas doces, chamava o nome dela cheio de mel, mas, assim que passava o meio metro do seu limite, ela escapulia-se. Passava o tempo muito quieta, a olhar quem se aproximava, e media neles tudo: a altura, o passo, a voz, o cheiro. Se alguém chegava à casa, entrado pela porta sempre aberta do casão, vinha a ladrar esganiçada do fundo do quintal, sem intervalo entre os latidos, quase num guincho de “Venham ver e digam-me se está bem que entre, que eu corpo não tenho para o impedir, mas a voz, ah!, a voz darei até morrer por esta casa que me ALGARVE INFORMATIVO #197

acolheu”. Quem era da casa entrava, indiferente ao tamanho da canita e ao aumento que lhe faziam no corpo os latidos. “Perdiiiiida...”, diziam, sem baixarem a cabeça nem desperdiçarem com ela mais do que o nome. Aos poucos, a Perdida habituou-se a reconhecer as visitas mais frequentes e as mais familiares. Ladrava-lhes ao som da chegada com uns latidos zangados e fortes, “Aqui não entrarão, não entrarão, que eu não deixo!”, mas não tardava nada a chegar-lhe ao focinho o cheiro conhecido, que transformava a zanga num ladrar de boas-vindas: “Então, então, há que tempos que não se deixavam ver, como é que estão todos?”. Da mudança na saudação até à confiança para ganhar festas já não distaram grandes meses. Hesitava em pôrse quieta, a jeito para um coçar de lombo ou um afago entre as orelhas, as patinhas pequenas a pisar o chão como se ali estivesse um tapete de brasas. Ia cedendo, cedendo, até que se aquietava de um todo: já sem ladrar nem mexer muito, saía-lhe um meio ganido meio suspiro de gozo, que não vinha da boca, não vinha da garganta, não vinha de ponto nenhum exato, mas era exalado pela cor de mel do pelo curto. A cauda, não mais do que um tocozinho no fim do fio do lombo, tremia de contentamento, enquanto as patas de trás quase vergavam e o corpo se queria derreter naquele minuto . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

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Foto: Vasco Célio 141

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O ovo mais conhecido do universo Fábio Jesuíno (Empresário) ma simples imagem de um ovo de galinha é o maior sucesso no Instagram, conseguiu mais de 53 milhões de gostos, um exemplo do poder da criatividade. Rapidamente um ovo destronou Kylie Jenner como a fotografia com mais gostos da rede social Instagram, tornando-se num fenómeno no mundo digital gerando uma série de réplicas e versões. O perfil @world_record_egg foi criado a 4 de janeiro no seguimento de uma campanha de marketing digital, que no início compartilhava imagens do ovo a rachar, despertando muita curiosidade. A 1 de fevereiro, o perfil desta rede social publicou uma imagem do ovo em forma de bola de futebol americano com a legenda «a espera acabou, tudo será revelado neste domingo depois do Super Bowl, veja em primeiro, só no Hulu». Não se tratou de uma divulgação da plataforma de vídeos «Hulu», mas sim de uma campanha social sobre a saúde mental, em particular da pressão que as redes sociais fazem nas pessoas. Passados quatro dias, foi publicada uma imagem com o ovo totalmente quebrado justamente com um vídeo e o seguinte texto: «A pressão das redes sociais

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afetou-me. Se você também estiver a sofrer, converse com alguém». Nessa altura foi revelado um portal onde é disponibilizado uma lista de organizações que cuidam da saúde mental em vários países. O criativo por trás desta campanha foi Chris Godfrey, que numa entrevista ao jornal «The New York Times» disse ter escolhido o ovo porque é um alimento sem género, raça ou religião, e acima de tudo universal, muito simples e poderia ser suficiente bom para quebrar o recorde da imagem com mais likes no instagram. Este publicitário pretende que esta ideia continue apoiando outras causas sociais, espalhando mensagens positivas. Acho magnífica esta campanha, cheia de criatividade e muito positiva, que demostra que é possível através de uma simples ideia criar algo com um impacto à escala global. despertando consciências na nossa sociedade. Num mundo cada vez mais digital, onde estamos conectados em permanência e as redes sociais exercem uma pressão inigualável nas nossas vidas, é urgente e necessário haver momentos de pausa e reflexão. Devemos desenvolver atividades em contacto com a natureza e promover encontros com os amigos .

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OPINIÃO

As falácias das publicações científicas Antónia Correia (Professora e Investigadora) os últimos anos, a pressão para publicar impera no meio académico. Esta pressão perverte a arte de investigar e compromete o título que adquirimos – Professor(a). Publicar ou morrer é ameaça que ensombra a academia, forçando à publicação a qualquer preço mais do que a fazer investigação. A investigação é um processo que carece de tempo e que deveria ter como output final a publicação, neste momento, a pressão leva a que primeiro se desenhe a publicação, para só depois se pensar na investigação, testarem hipóteses e recolherem dados de certa forma atabalhoadamente para alimentar a publicação. Investigação e publicação surgem assim como duas atividades controversas e desconetadas. Na investigação, a confirmação das hipóteses nem sempre acontece e um não resultado é também um resultado. Mas se o objetivo é publicar, então as hipóteses têm que ser confirmadas, pelo menos parcialmente, se não forem, o artigo não é publicado. Sendo esta uma das primeiras falácias da publicação. A desconexão entre investigação e publicação surge, não só pela pressão do tempo, mas também pela filosofia associada às revistas, que difere substancialmente do teor que a investigação exige e merece. As revistas científicas seguem um modelo indutivointrodução, revisão de literatura, metodologia, resultados e conclusões, que vertidas em cinco mil palavras desvirtuam um método científico que é mais dedutivo do que indutivo. O método dedutivo sugere uma estratégia de investigação Top-Down, que deve começar com uma teoria que é ou não confirmada após recolha de dados. O método indutivo por sua ALGARVE INFORMATIVO #197

vez segue uma abordagem bottow-up, isto é, parte do particular para o geral. Desta dicotomia e constrangimento de espaço surgem duas das falácias da publicação: não há espaço no artigo para analisar o geral e o corpo teórico que pode suportar a investigação- segunda falácia; ao partir-se do particular para o geral, invariavelmente testamos os modelos conceptuais em realidades muito estritas e em amostras de conveniência que não permitem generalizações e, consequentemente, produção teórica, terceira falácia. Outra questão prende-se com a forma como o artigo é escrito. O artigo científico é também uma forma do académico ser reconhecido e, por isso, o recurso a linguagem adjetivada é uma forma de reivindicar a sua autoridade epistémica e fortalecer os seus argumentos. Quem escreve tende a interpretar os dados da forma como entende que devem ser interpretados e a utilizar linguagem que convença os leitores que a sua interpretação está correta. Induzir interpretações não é ciência, mas se o autor não o fizer, não consegue publicar e nem desperta a curiosidade do leitor - quarta falácia. Por outro lado, e mesmo que a linguagem do autor seja objetiva, os leitores tendem a interpretar o que leram com base no seu conhecimento, o que enviesa as citações – quinta falácia. Resumindo, podemos concluir que as publicações são hoje mais uma realização literária do que um veículo de divulgação científica. Uma peça social que concilia a exigência do conhecimento com a necessidade de ser reconhecido .

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OPINIÃO - A ISTO CHEGÁMOS…

Aonde quer ir o feminismo radical? Fernando Cabrita (Advogado e Poeta) chamado mundo ocidental foi invadido por uma onda de profundo puritanismo, em alguns casos roçando a censura ditatorial, mas que se apresenta com um ar progressista e moderno. Nas suas modalidades mais atrevidas, há um claríssimo policiamento e punição da linguagem, do humor, das condutas sociais mesmo quando anódinas. É o chamado politicamente correcto, que se instituiu como um conjunto de normas a impor, que primeiramente surgem como opinião, logo a seguir como regras sociais que exilam e isolam quem as não acate; e que, de seguida, passam a lei escrita, com o suporte e beneplácito dos legisladores e governos que, na dependência do voto, sempre afinam o diapasão das suas iniciativas pela matéria que estiver na crista da moda social a cada momento. Este politicamente correcto, em diversas das suas facetas, pouco difere do nazismo ou do comunismo de Estado. Trata-se de nivelar a sociedade, por eugenia moral aparentemente pedagógica - mas logo a seguir punitiva e castradora - fazendo desaparecer qualquer diferença, atitude independente ou resquício de liberdade individual nos cidadãos, conferindo-lhes unicamente as categorias de produtores, consumidores, contribuintes e acatadores silenciosos das regras que uma qualquer moda transitória lhes imponha. E perante este novinazismo galopante, que vai ALGARVE INFORMATIVO #197

empurrando para os goulags convivenciais os que resistam ao cilindro da moda social e do correcto, não só se instalou um aterrador silencio nas sociedades, aliás silêncio só equiparável ao silêncio das «boas pessoas» ante o genocídio de judeus pelo verdadeiro nazismo, como por cima ainda aparece sempre a esquerda tonta, galopando o que designa por questões fracturantes. Refiro-me, quando falo desta nova onda de profundo puritanismo, não só às teocracias em expansão, que as boas alminhas, da esquerda tonta, tanto dizem compreender e desculpar com o gasto argumento do multiculturalismo; mas também ao crescente neo feminismo, que partindo de bases absolutamente necessárias (a correcção dos desequilíbrios sociais, familiares e laborais entre homens e mulheres, o ataque à violência de género, a repressão dos abusos cometidos por homens sobre as mulheres) passaram claramente daí para uma confrontação radicalizada nas relações homem-mulher no mundo ocidental. E digo no mundo ocidental, porque as neo-feministas, corajosíssimas que tanto se mostram nos ataques aos seus congéneres de outro sexo (agora diz-se género, não é?), não mostram um pingo que seja dessa mesma coragem quanto ao que se passa nas sociedades ou comunidades étnicas onde verdadeiramente as mulheres necessitam de libertar-se. Nunca ouviram falar na

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África? Nas ditaduras e monarquias medievais do Médio Oriente? Não pretendo significar que a cultura social e a idiossincrasia das nossas sociedades, na Europa ou na América, não sejam de raiz atavicamente machista; ou que não seja necessário continuar o combate, que vem já de séculos e com assinalável progressão, para equilibrar as condições, os papeis sociais e laborais, o modus vivendi e os direitos efectivos de homens e mulheres. E sei que isso se faz e se consegue através de uma luta diária, permanente e contínua – luta que, aliás, nunca foi tão consequente, como nos últimos 50 anos do séc. XX e nos primeiros 15 deste século – pela exigência dessa igualdade e pela luta por direitos consentâneos. Mas essa luta não é a das neofeministas radicais. Tem de ser e só pode ser, uma luta de homens e de mulheres; nunca uma luta de mulheres apenas; e nunca, nunca por nunca, uma luta de mulheres contra homens. E é, acima de tudo, uma luta pela Liberdade. Por mais Liberdade, uma coisa que parece andar completamente esquecida na cabeça de quem defende este neo feminismo claramente reaccionário e puritano que põe mulheres a atacar homens e que, em vez de lutar por liberdade, luta por

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restrições. Que em vez que demandar direitos para todos, clama por mais proibições, por mais penalidades, por mais castrações de conduta, por mais interdições na linguagem, por mais submissão dos cidadãos e cidadãs a regras de moda duvidosa. É isso que as neo-feministas fazem no seu discurso radical contra os homens. E não vale a pena dizerem-me que estou a justificar os crimes do machismo ou a manutenção de uma sociedade culturalmente machista; que não estou. Os crimes dos homens são tão injustificáveis como os que sejam cometidos por mulheres. São crimes, ponto. E como isso devem ser punidos, independentemente do sexo (género) do criminoso. Só uma visão de bobos achará que o crime é mais aceitável ou menos dependendo do sexo de quem o cometa. E num mundo de ismos, onde todos enfrentam todos enquanto o capital selvagem, incentivando essas divisões e sobrestando nelas, invade países, civilizações, culturas e mentalidades, eis mais um ismo: era o sunismo contra o xiismo, o catolicismo contra o protestantismo, o racismo contra o multiculturalismo; e agora eis o neofeminismo reaccionário e integrista.

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A neo-visão social que o neofeminismo (repito: radical e reaccionário, mas mascarado de progressista), tem do mundo é a mesma que terá qualquer ditador ou aspirante a ditador. Em ver de permitir, proibir. Em vez de outorgar direitos, impor obrigações. Em vez de reconhecer liberdades, decretar proibições. Por isso, cada vez que uma destas neo-feministas grita contra o marido que tem em casa, o pai dos seus filhos, o colega de trabalho ou o vizinho, pela simples razão de serem homens (sendo, claro e para elas, o Homem a encarnação de todo o mal e o odioso representante do «capitalismo»), sempre que as oiço nessa aparente luta pela «igualdade», consigo ouvir o riso dos grandes monopólios sem rosto e sem género, o esfregar de mãos contentes dos banqueiros que governam o mundo, o esgar de satisfação dos donos de isto tudo (incluindo a Lagarde ou a Hillary Clinton ou a May, que podem parecer homens mas não são). Eles, sátrapas do mundo, lá pensam para com os seus botões de punho: Enquanto os pobres diabos - deveria dizer as pobres diabas, para ser correcto e não ofensivo à metade do céu? - se atiçarem uns contra os outros, o Poder, o verdadeiro Poder, dorme descansado nos

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seus leitos de ouro fofo; e os ismos idiotas estardalham-se em bacoquices e inocuidades, dando-se um ar de progressistas que a esquerda já pouco útil mas muito idiota aplaude por não ter mais a que se agarrar. Na verdade, o mundo só precisa, aliás, que as mulheres ponham os vilões homens na ordem para estarmos no paraíso e para que corra nas ruas o leite e o mel. Pois pensando no que se passa no planeta, não me ocorre assim qualquer outra coisa com que devessem, mulheres e homens enquanto cidadão ambos, enquanto explorados ambos, enquanto escravos de sociedades e sistemas concentracionários ambos, não me ocorre assim qualquer outra coisa com que devessem preocupar-se. Sei lá, talvez o aquecimento global; ou a fome; ou os crimes ecológicos impostos pelos monopólios; ou a Monsanto; ou o trabalho escravo no planeta; ou o massacre no Yemen; ou as teocracias assassinas; ou a plastificação da natureza. Pois. Não me ocorre nada melhor que devesse mobilizar as neo-feministas do que olharem para o parceiro e lhes exigir que se tornem alfaces ou repolhos sem sentimentos que possam demonstrar. A isto chegámos… .

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OPINIÃO

510 093 680 David Martins (Diretor de Marketing e Alojamento) riada há 18 anos em Portugal, a Fundação Ronald MacDonald tem dado um contributo inestimável para o bem-estar das crianças e das famílias que a ela requerem, nomeadamente através do alojamento provisório prestado nos três projetos existentes: as Casas Ronald McDonald de Lisboa e do Porto e o Espaço Familiar Ronald McDonald no Hospital Santa Maria em Lisboa. Para se saber mais sobre este projeto, bastará visitar o website da Fundação, em www.fundacaoronaldmcdonald.com, e aí confirmar o seu papel: “Muitas famílias viajam para longe de casa, durante várias semanas ou meses, para acompanhar a criança doente e que tem que receber tratamento num hospital longe de casa. Para as crianças que enfrentam uma doença, nada parece mais assustador do que não ter o amor e o apoio da família por perto. As Casas Ronald McDonald são, por isso, casas muito especiais e que sem qualquer custo para as famílias, são as suas «casas longe de casa» durante o tratamento hospitalar das crianças. As nossas Casas são construídas com a simples ideia de que nada é mais importante do que as famílias estarem próximas numa altura difícil das suas vidas. Acreditamos que, quando uma criança é hospitalizada, o amor e o apoio da família são tão poderosos como a medicação. As famílias são referenciadas e encaminhadas pelos hospitais com que a Fundação Infantil Ronald McDonald tem protocolo”. Num momento em que somos chamados a dar contributo, desta vez pelo preenchimento do número de identificação fiscal na declaração de IRS (Campo 1101, ALGARVE INFORMATIVO #197

Quadro 11, Modelo 3), e sem afetação direta para as nossas poupanças – o Estado permite que 0,5% do nosso IRS liquidado se transforme em donativo para uma Instituição de Utilidade Pública, recordei-me das palavras que escrevi há cerca de seis anos, após o nascimento das minhas princesas gémeas que ficaram, prematuramente, a residir numa «caixa mágica» durante 27 dias. “Para sintetizar aquilo que foi a nossa experiência na Casa Ronald McDonald, basta referir que no primeiro dia entregaram-nos a chave do «coração». Um quarto confortável com todas as facilidades que necessitámos durante a nossa estadia, mas sobretudo um «ninho» enquanto vimos as nossas bebés crescerem. Mas a Casa Ronald McDonald é muito mais! Destacamos o espírito solidário entre as famílias um projeto único e exemplar que deverá ser acarinhado por todos nós. Um grande agradecimento e a promessa que não esqueceremos o bem que nos fizeram”. É por isso que, hoje, como no passado, sensibilizo todos os leitores a apoiarem a Fundação Infantil Ronald McDonald, deixando um pequeno contributo nas caixinhas dos Restaurantes McDonald quando lá forem e/ou, neste momento, inscreverem o número de identificação fiscal 510 093 680 na Declaração Anual de IRS. Não custa nada e esse donativo servirá para que a Fundação apoie mais famílias, muitas delas oriundas da região do Algarve, que necessitam acompanhar os seus filhos em tratamento nos hospitais em Lisboa. É um projeto único e meritório! .

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OPINIÃO

Posteridade Fernando Esteves Pinto (Escritor) Uma espécie de anteneurose do que serei quando já não for gela-me o corpo e alma. Uma como que lembrança da minha morte futura arrepia-me dentro. Fernando Pessoa m grande poeta vivo está sempre morto no seu tempo. Contudo, após a verdadeira morte, não faltarão especialistas, abutres insaciáveis, que fazem levantar a obra das cinzas e da poeira compacta que antes sufocava a biografia e a escrita do poeta. Assim aconteceu com Fernando Pessoa. Todavia, para um escritor, não estar na moda é uma vantagem: não corre o risco de desaparecer. Mas a consciência muda pouco com o tempo; as épocas continuam a ser artificiais, e embora os leitores sejam outros, a morte prevalecerá com absoluta permanência em vida. A ignorância é um obstáculo à revelação; uma comédia genial que rege uma orquestra de trivialidades literárias. Não há comércio para a singularidade de uma obra escrita que expresse o sentido verdadeiro do mundo. E os leitores vivem amparados e felizes no reboliço de poesias empoeiradas. Ao contrário de Fernando Pessoa, que apenas conhecera em vida quatro livros publicados – três obras de poemas em inglês, além da Mensagem –, hoje um poeta produzido por uma grande editora goza os benefícios da prematuridade: com dois ou três livros de poesia é já considerado uma voz incontornável, comparado com os mestres, isto quando o século XXI ainda só tenha calçado as meias e ande à procura dos melhores sapatos para calcorrear os anos que tem pela frente, e carregar o poeta eleito até às gerações futuras para ser reavaliado por novos leitores.

ver-se esculpidos em pedra para tirarem semelhanças com a estátua de si mesmos. Não percebem, no íntimo, que o que lhes dá forma é matéria mole, fingida, que resulta de uma mistura de falsa reputação e anti-poesia. Mesmo sem ter noção disso, Fernando Pessoa fez da posteridade o seu futuro. E realmente as coisas passam-se desta forma: os poetas que gozam do sucesso em vida são uma espécie de deuses: não conseguem caminhar sobre as águas, é certo, mas sabem escapar-se incólumes, sem se esborratarem, por entre as enxurradas de más críticas; muito hábeis, arrastam as suas asas artificiais em direcção à glória. São os santinhos líricos da poesia. Nem mesmo sendo múltiplo, circunspecto e universal, Fernando Pessoa conseguira voar com as asas do seu tempo; comoventemente ignorado e sem dramas, porém emotivo e intenso ele propôs-se planar noutros ares e ventos: viu-se livre de um presente abominável e indiferente. E não existe amargura para um poeta de espírito firme e brilhante. Com toda a modéstia, a criação exige de si uma força maior; uma agitação submissa que prefigura uma superioridade distinta, como se Fernando Pessoa apenas sentisse em vida a textura das asas com que todos os poetas voavam à volta dele. Como disse Fernando Pessoa, pela voz de Alberto Caeiro: “Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...”; talvez hoje o poeta nos quisesse dizer que a poesia é o quintal da humanidade. Fosse o egotismo de alguns poetas uma máquina de voar, no horizonte veríamos uma linha de nada, um rasto de coisa nenhuma: um fundo vazio; ou um espaço sem magia, tão contrastante com a autêntica poesia do espírito .

A ânsia pela imortalidade continua a fazer estragos na cabeça de muitos poetas. Desejam ALGARVE INFORMATIVO #197

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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA APOIA CASA DO POVO DE PADERNE E C.A.S.A. om vista a permitir a continuidade e desenvolvimento das atividades das associações no concelho, o Município de Albufeira assinou recentemente dois protocolos: um de desenvolvimento cultural com a Casa do Povo de Paderne, no valor de 14 mil euros; e um outro, de colaboração, com o C.A.S.A. – Centro de Apoio ao Sem Abrigo, no valor de 95 mil euros. A Casa do Povo de Paderne é uma das organizações mais antigas de Albufeira e compreende o Grupo de Amigos de Paderne, um dos principais grupos ativos na realização do Carnaval de Paderne, para além do apoio que cede a diversas manifestações culturais, como, por ALGARVE INFORMATIVO #197

exemplo, o «Paderne Medieval», evento que se realiza no início de cada ano civil. O C.A.S.A., situado na malha urbana de Albufeira, é uma instituição que presta apoio alimentar, de vestuário e de cuidados médicos a dezenas de pessoas que por diversos motivos necessitam de ajuda. A IPSS pretende estabelecer relações de proximidade e confiança, de forma a apoiar a população nas áreas de saúde mental e reinserção social, assegurando o acompanhamento sistemático e contínuo da população, contando com uma grande rede de voluntários. No quotidiano, serve refeições, presta cuidados, cede agasalhos e faz algum aconselhamento, pelo que trabalha em parceria com outras instituições particulares de solidariedade social . 156


ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DA UALG RECOLHE DONATIVOS PARA APOIAR ANIMAIS Associação Académica da Universidade do Algarve, através do seu pelouro de Ação Social, tem fomentado ativamente o espírito solidário da academia, promovendo diversas atividades de cariz solidário e a compatibilização da organização da 34.ª Semana Académica do Algarve com ações sociais não foi esquecida. De 2 a 11 de maio, a cidade de Faro recebe mais uma edição da Semana Académica do Algarve, e as primeiras prévendas dos bilhetes semanais, destinadas aos estudantes da academia, têm vindo a

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contar com ações paralelas sob organização do Pelouro de Ação Social da AAUAlg. Assim, após a primeira prévenda, onde foi recolhida uma grande quantidade de bens alimentares destinados a instituições de ação social, a segunda pré-venda de bilhetes semanais apresentou uma iniciativa de recolha de donativos alimentares e brinquedos para animais, destinados à APAR – Associação para Proteção dos Animais de Rua. O espírito solidário dos estudantes da Universidade do Algarve ficou bem demonstrado e, no dia 5 de abril, foram entregues nas instalações da APAR os donativos angariados .

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MAIS DE DUAS CENTENAS DE JOVENS ATLETAS CORRERAM A VI MILHA DA BELA VISTA prova de atletismo «VI Milha da Bela Vista» disputou-se no dia 7 de abril, com organização da Associação Académica da Bela Vista e o apoio do Município de Lagoa e da Associação de Atletismo do Algarve. Apesar das difíceis condições climatéricas, a Pista de Atletismo da Bela Vista, no Parchal, recebeu mais de duas centenas de atletas, provenientes de 17 clubes, na sua maioria da região do Algarve. Cerca de oito dezenas destes atletas classificaram-se nas cinco distâncias previstas: 100 metros, 400 metros, 600 metros, 1000 metros e 1609 metros, esta ALGARVE INFORMATIVO #197

última, equivalente a uma milha, constituindo a madrinha desta prova. Nas classificações gerais destacam-se os vários pódios alcançados por equipas do concelho de Lagoa, nomeadamente pelos anfitriões da prova e pelo Sporting Clube Lagoense, que viriam a alcançar o primeiro e segundo lugar por Equipas, respetivamente. “Este é um evento desportivo que o atual executivo camarário ajudou a criar em 2014, que tem vindo a ajudar a crescer e que, nesta sexta edição, reconhece como uma aposta em que vale a pena continuar a investir”, sublinhou o vicepresidente do Município de Lagoa, Luís Encarnação . 158


LAGOS RECOLHE MAIS DE 4 TONELADAS DE ÓLEOS ALIMENTARES USADOS EM 2018 urante o ano de 2018 foram recolhidas, nos 16 oleões distribuídos pelo Município de Lagos, cerca de 4,36 toneladas de Óleos Alimentares Usados (OAU), continuando a verificar-se uma forte adesão da população a este projeto. Desde o seu início, em finais de 2009, foram já recolhidas, no total, mais de 35 toneladas de OAU. De acordo com a empresa responsável pela recolha dos óleos, constata-se que os meses de julho e agosto foram os que registaram uma maior quantidade de OAU recolhido (604,90 quilos e 537,80 quilos, respetivamente). O oleão existente junto ao Mercado de Santo Amaro é o que continua a apresentar uma maior produtividade, com quase uma tonelada de óleo recolhido ao longo do ano

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passado. Para além destas quantidades, foi ainda possível recolher, nos estabelecimentos de ensino do Município que aderiram ao «Projeto de Recolha de Óleos Alimentares Usados nas Escolas», uma quantidade significativa, revelando um grande envolvimento e consciência da população escolar em relação a esta matéria. A quantidade total de OAU recolhida em 2018 corresponde a um aumento na ordem dos 23 por cento face ao ano anterior. Os oleões são uma das apostas da Câmara Municipal de Lagos para reforçar a «equipa» de Higiene Urbana, que passou a contar, em finais de 2009, com estes equipamentos destinados à deposição dos óleos alimentares usados no consumo doméstico .

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CASTORES DO ARADE CONQUISTAM MEDALHAS E TÍTULO NACIONAL clubes e foram organizados pela Federação Portuguesa de Canoagem, em parceria com o clube Liga Dura, Cultura, Espetáculo e Conhecimento.

s atletas do Kayak Clube Castores do Arade, de Lagoa, alcançaram nove pódios, com um título nacional, três vicecampeões e cinco medalhas de bronze, no decorrer dos nacionais de Fundo de Canoagem e Paracanoagem que decorreram na Vila de Melres, no concelho de Gondomar, nos dias 6 e 7 de abril. As regatas nacionais de Fundo são disputadas em embarcações K1/C1 (kayak e canoa monolugar) no formato Campeonato e em embarcações K2/C2 e K4/C4 (kayaks e canoas de dois e quatro lugares), no formato Taça de Portugal, em circuitos entre os dois mil e os cinco mil metros (dois mil para a categoria de iniciados; três mil para infantis e veteranos B a D e cinco mil para as restantes categorias). A edição de 2019 contou com a presença de perto de mil atletas de 46 ALGARVE INFORMATIVO #197

Ana Bebiano conquistou o título nacional para os Castores ao vencer o K1 Vet-A femininos, superando a segunda classificada, Ana Silva do Náutico de Crestuma, por 11 segundos. O primeiro vicecampeão seria alcançado por Filipe Busel em K1 Iniciado, que terminou a apenas 1,20 segundos do vencedor, Rui Esteves, do Gemeses. Nas provas de equipa seriam conquistados mais dois segundos lugares, por Iara Bebiano / Matilde Ribas / Íris Rietkerk e Clélia Santos em K4 Iniciado feminino e por Orlando Silva / Sérgio Tavares / Nuno Silva e Júlio Soares em K4 Veteranos-B. As medalhas de bronze foram conquistadas por Iara Bebiano em K1 Iniciado feminino; Guilherme Reis em K1 Infantil; Hélder Tomás em K1 Veteranos C; Maria Costa, Leonor Ramos, e as irmãs Maria e Isabella Wilkinson, em K4 Infantil feminino. A mesma medalha seria repetida pelas irmãs gémeas, Maria e Isabella Wilkinson, ainda no escalão Infantil feminino, mas em embarcação K2 (kayak de dois lugares). Terminaram também em posição de pódio, nomeadamente no 3.º lugar, as atletas Iara Bebiano e Íris Rietkerk em K2 160


Iniciado feminino, no entanto, a falta de apenas 400 gramas na sua embarcação, ditou a sua desclassificação por ter peso mínimo abaixo do regulamentar. Na quarta posição, a apenas um lugar do pódio, terminaram as equipas constituídas por Filipe Busel e Ianis Bebiano em K2 Iniciado e Orlando Silva e Nuno Silva em K2 Veteranos B. De realçar também o 5.º lugar alcançado por Íris Rietkerk em K1 Iniciado feminino. Destaque ainda para os resultados alcançados dentro do top-10: 7.º para Orlando Silva em K1 Vet-B; Filipe Libório / José Gouveia / Rodrigo Gonçalves e João Bartolomeu em K4 Cadete; Iago Bebiano / Rodrigo Lopes / Isaac Albuquerque e Tiago Vieira em K4 Juniores; 8.º lugar para Ianis Bebiano em K1 Iniciado e Guilherme Reis / Rodrigo Gabriel em K2 Infantil; 10.º lugar para Maria Wilkinson em K1 Infantil feminino; Iago Bebiano em K1 Juniores; Nuno Silva em K1 Vet-B e Iago Bebiano / Rodrigo Lopes em K2 Juniores. A nível coletivo, os atletas do KCCA garantiram dois sétimos lugares, no Campeonato Nacional e na Taça de Portugal, entre 46 Clubes participantes. A vitória coletiva no Campeonato e na Taça foi para o Náutico de Ponte de Lima. O Grupo Desportivo de Gemeses e o Náutico de Prado terminariam na 2.ª e 3.ª posições no Campeonato, posições no pódio que se inverteram na Taça de Portugal. No Campeonato de Veteranos, os Castores do Arade finalizaram na segunda posição com 477 pontos, apenas atrás do Náutico de Crestuma, que venceu com 631 161

pontos e à frente da ARCOR de Óis da Ribeira que somaria 436 pontos. Para o resultado coletivo contribuíram todos os atletas castores em prova e que alcançaram os seguintes resultados individuais: K1 Iniciado feminino: 32.ª Matilde Ribas, 37.ª Clélia Santos; K1 Infantis: 15.º Rodrigo Gabriel; K1 Infantil feminino: 12.ª Isabella Wilkinson, 21.ª Leonor Ramos, 30.ª Maria Costa, 33.ª Ana Gouveia; K1 Vet-B: 14.º Sérgio Tavares, 31.º Júlio Soares; K1 Cadete: 27.º Rodrigo Gonçalves, 35.º João Bartolomeu, 44.º Filipe Libório, 55.º José Gouveia; K1 Juniores: 25.º Rodrigo Lopes; K1 Juniores feminino: 21.ª Leonor Mestre; K1 Vet-A: 26.º Wagner Santos; K1 Seniores: 39.º Gonçalo Bento, 44.º Rodolfo Neves e 45.º Tomás Santos. E por equipas: 17.º Tomás Santos / Rodolfo Neves / Gonçalo Bento e Rui Ataíde em K4 Seniores; 11.ª Maria Costa e Leonor Ramos em K2 Infantil feminino; 13.º Rodrigo Gonçalves / João Bartolomeu e 23.º Tomás Vasconcelos / Bernardo Verdades em K2 Cadete; 13.º Rodolfo Neves e Gonçalo Bento em K2 Seniores .

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LAGOA PROMOVEU TROCA DE BOAS PRÁTICAS NO ENOTURISMO DO ALGARVE omeçou, no dia 20 de março, nas instalações da Única - Adega Cooperativa do Algarve, uma ação de benchmarking para o enoturismo do Algarve da responsabilidade da Associação das Rotas de Vinhos de Portugal (ARVP) e da Associação de Municípios portugueses do Vinho (AMPV), das quais o Município de Lagoa é associado. Depois do acolhimento dos 30 participantes oriundos das várias regiões vitivinícolas de Portugal, Luís Encarnação, responsável pelos pelouros do turismo e desenvolvimento económico no Município de Lagoa, resumiu as linhas de trabalho que tem vindo a seguir para a revitalização do enoturismo. “Existe em Lagoa uma tradição milenar na produção da vinha e do vinho”, lembrou o vicepresidente da Câmara, acrescentando que ALGARVE INFORMATIVO #197

“a diversidade e a qualidade são hoje marcas da oferta enoturística deste concelho, reconhecidas pelos vários prémios nacionais e internacionais”. Na mesma intervenção foram ainda valorizados os novos investimentos e os novos produtores, empenhados em projetos já existentes ou a implementar em breve. O autarca de Lagoa destacou a importância do enoturismo como oportunidade para combater a sazonalidade do turismo no Algarve, e um valor acrescentado para o destinoLagoa, com efeito multiplicador na economia local. José Arruda, secretáriogeral da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), explicou, por seu lado, que “o benchmarking é um procedimento continuo e sistemático que tem o objetivo de 162


verificar o estado e a evolução das organizações, produtos, processos e atividades”. “Neste caso, aplica-se ao enoturismo para criar padrões de referência e contribuir para melhores resultados”, reforçou. A iniciativa permite o levantamento da oferta enoturística em Portugal, reunindo esforços entre produtores, adegas, museus do vinho, alojamento, restauração, comércio e pontos de informação enoturística. O programa em Lagoa incluiu ainda uma visita guiada à Quinta dos Vales

com duas provas comentadas e uma visita aquela unidade de enoturismo, e um almoço acompanhado por vinho de Lagoa no restaurante Barca Velha. O projeto de benchmarking já organizou três ações similares na região de Setúbal, Alentejo Central e Baixo Alentejo e o objetivo é percorrer todas as regiões vitivinícolas de Portugal, com visitas e reuniões de trabalho para promover uma rede integrada de informação enoturística e de contacto entre pares .

«LAVADEIRAS DA FONTE SANTA» DÃO NOVA VIDA A ROTUNDA EM QUARTEIRA Junta de Freguesia de Quarteira, em parceria com a Câmara Municipal de Loulé, procedeu à requalificação da rotunda da Fonte Santa, com a colocação de duas esculturas que recriam a história e os costumes deste local. As peças, em alumínio fundido e pintadas à mão, são da autoria de Teresa Paulino e representam as mulheres de Quarteira que iam lavar a roupa à Fonte Santa.

Quarteira", indica Telmo Pinto, Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira. A obra de requalificação da rotunda faz parte de um conjunto de projetos contemplados no contrato interadministrativo de delegação de competências 2018/2021, da Câmara Municipal de Loulé para a Junta de Freguesia de Quarteira .

Vestidas com trajes típicos, retratam tempos em que as águas da famosa nascente eram procuradas para esta rotina, mas também por quem acreditava nos seus efeitos medicinais. "Esta obra representa a importância de reabilitar o espaço público, nunca esquecendo a nossa origem e a importância que este local tem para a história de 163

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REQUALIFICAÇÃO DA ESTRADA MUNICIPAL 537 ENTRE AS QUATRO ESTRADAS E A LUZ FOI APROVADA Câmara Municipal de Lagos aprovou, na sua última reunião ordinária, realizada a 3 de abril, o projeto de «Requalificação Viária Municipal – EM 537 (Quatro Estradas – Vila da Luz)», num investimento de quase um milhão e meio de euros. Apresentado publicamente pela primeira vez em maio de 2018, na Junta de Freguesia da Luz, a versão final agora aprovada consolida as opções do projetista - adicionando ajustamentos suscitados pelos contributos recolhidos no âmbito da consulta pública que decorreu desde então - mas não altera o modelo de mobilidade previamente escolhido e definido, o qual ALGARVE INFORMATIVO #197

visa dotar este importante acesso de melhores e mais seguras condições de circulação. O projeto prevê manter a identidade da via, quanto às suas características rurais, de modo a perpetuar a memória do território, tornando-a mais urbana e humanizada, e permitindo outros usos (que não apenas o da circulação automóvel) para diversificar o seu usufruto. A prioridade consiste em garantir um ambiente seguro para os peões, sem descurar a segurança dos velocípedes. O projeto prevê ainda que as infraestruturas sejam dispostas num dos lados da via, o mesmo acontecendo 164


com o passeio para os peões, que terá uma faixa elevada e autónoma. O sistema de mobilidade integrada adotado é de modelo urbano, prevendo uma via com berma de 0,40 metros, uma valeta de 0,60 metros, uma faixa de rodagem de cinco metros (com dois sentidos, onde conviverão o tráfego automóvel e os velocípedes), um passeio para os peões com 1,85 metros e um sistema de iluminação contínuo. A remodelação da sinalização é outra das componentes presentes, uma vez que esta convivência pressupõe a redução do limite máximo de velocidade, que passará a ser de 40 km/hora. Ao nível das infraestruturas, prevê-se a renovação integral da adutora de água, que ficará

instalada sob o passeio para que, futuramente e em caso de necessidade, se possa fazer uma qualquer intervenção sem necessidade de interromper o trânsito, assim como a drenagem das bacias hidrográficas e a construção de três passagens hidráulicas. A intervenção contempla também a criação de rede pluvial, a remodelação de rede de distribuição em baixa tensão e rede de telecomunicações. Considerando os procedimentos legais obrigatórios a que um procedimento concursal deste valor está sujeito, prevêse que a empreitada possa ter início físico no último trimestre de 2019 .

«VIV´O MERCADO» ESTÁ DE REGRESSO A LAGOS partir do dia 17 de abril, os finais de tarde de quartafeira no Mercado de Levante, em Lagos, voltam a contar com as cores, os sabores e a diversidade cultural do «Viv´o Mercado». O mercado, complementar ao que se realiza aos sábados de manhã, irá prolongar-se durante todo o ano, possibilitando aos residentes e visitantes consumir produtos locais, predominantemente de origem biológica. O projeto mantém os objetivos de promover modos de vida saudáveis e sensibilizar para a importância de práticas ambientais e sociais sustentáveis e inclusivas. Para além do enfoque na 165

divulgação da agricultura biológica, distingue-se por dispor de uma zona de convívio, com animação, espaço criança e um conjunto de tasquinhas, cujo lema é «da banca ao prato», ou seja, os produtos comercializados são, maioritariamente, adquiridos junto dos vendedores do «Viv´o Mercado». Outro aspeto relevante é permitir às entidades locais a utilização de mais um espaço para mostrar o trabalho que desenvolvem. Trata-se, igualmente, de uma iniciativa que procura envolver os participantes na dinamização do mercado, através de reuniões plenárias onde são convidados a dar contributos para a consolidação e melhoria do projeto . ALGARVE INFORMATIVO #197


FESTIVAL ALGARVE JAZZ GOURMET MOMENTS TRAZ ESTRELAS MUNDIAIS DO JAZZ A LAGOS á podem ser comprados os bilhetes para a terceira edição do Festival Algarve Jazz Gourmet Moments, que volta a acontecer na intimista sala do Centro Cultural de Lagos. A abrir o evento, no dia 24 de maio, a Orquestra de Jazz do Algarve preparou um espetáculo único com o saxofonista americano Benny Golson, que aos 90 anos é uma verdadeira lenda do jazz: um venerável tenor, um contador de histórias nato e um dos principais compositores de jazz do mundo, que sempre permaneceu à frente do seu tempo. Escreveu mais de 300 composições, incluindo as icónicas «Whisper Not» e «I Remember Clifford». ALGARVE INFORMATIVO #197

Benny Golson tocou com a nata do jazz, juntando-se a músicos como Dizzy Gillespie e Art Blakey e marcando o jazz através de gerações, sendo esta a sua primeira atuação com a Orquestra de Jazz do Algarve. No piano e na voz, a autora de 10 aclamados álbuns de originais, a candidata a Grammy Dena DeRose, que é considerada uma das melhores pianistas de jazz do mundo da sua geração. No sábado, dia 25, mais um concerto exclusivo, agora com o nova-iorquino Peter Cincotti. «Long Way from Home» é o título do seu último álbum e que passa pela primeira vez no Algarve. Um 166


mundo, desde o Carnegie Hall ao Olímpia de Paris, tendo ainda colaborado com artistas como Andrea Bocelli e David Guetta. Participou em filmes de grande sucesso como Spiderman 2, mas também dá cartas na moda, representando as marcas Ermenegildo Zegna e Tod's. No dia 26 de maio, para fechar o festival com chave de ouro, entra em palco o aclamado músico brasileiro Ed Motta, considerado um músico de culto, inesgotável compositor, um incansável descobridor de formas, um criador que não reconhece nenhum limite. Sobrinho do famoso cantor e compositor brasileiro Tim Maia, a sua música está enraizada nos estilos funk/soul e disco, mas movendo-se no jazz, bossa nova e reggae. Produzido e gravado no Rio de Janeiro, o 13.º álbum de estúdio de Ed, «Criterion of the Senses», continua a mostrar suas várias influências. Cheio de amplas misturas, é um pioneiro em seu próprio caminho, mantendo seu domínio de estilo, meticulosa habilidade e curadoria.

verdadeiro caleidoscópio de humores e cores, que reúne pop, rock, blues, hip hop, funk e jazz, e onde todos estes estilos são magistralmente ligados pelo inconfundível som do seu piano. Peter Cincotti é um consagrado artista que já se apresentou em algumas das mais prestigiadas salas do 167

Os bilhetes, com um custo único de 12 euros para qualquer um dos concertos, estão à venda na Ticketline, bilheteira local e locais habituais. O evento integra o programa «365 Algarve», sendo apoiado pelo Turismo de Portugal, Turismo do Algarve e Município de Lagos. A produção está a cargo da Orquestra de Jazz do Algarve, sob a Direção Artística de Hugo Alves . ALGARVE INFORMATIVO #197


PRAIA DA ROCHA VOLTA A VENCER TÍTULO DE PRAIA CINCO ESTRELAS REGIÕES Praia da Rocha renovou o título como um dos ícones regionais de interesse nacional, na categoria «Praias» do Algarve. Recorde-se que, em 2018, esta distinção já tinha sido atribuída a esta praia, que foi igualmente, em Portugal, a campeã absoluta dos «hashtags» no Instagram, com mais de 62 mil partilhas naquela rede social. Com um vasto e espaçoso areal que se expande por mais de um quilómetro, a Praia da Rocha é uma das mais conhecidas do país e uma das mais emblemáticas do Algarve. O largo passadiço de madeira, com a extensão de 1,4 quilómetros que percorre o areal, diversos bares e restaurantes, um parque infantil e duas áreas desportivas, fazem desta praia o local de férias eleito por cada vez mais veraneantes. ALGARVE INFORMATIVO #197

O Prémio Cinco Estrelas Regiões é um sistema de avaliação que identifica, segundo a população portuguesa, o melhor que existe em cada um dos 20 distritos (incluindo regiões autónomas) ao nível de recursos naturais, gastronomia, arte e cultura, património e outros ícones regionais de referência nacional; bem como premeia empresas portuguesas que se diferenciam a nível regional. Através de uma votação nacional os portugueses (estudo envolveu cerca de 205 mil e 895 indivíduos) identificaram, para cada um dos distritos, o que consideram extraordinário a vários níveis. Esta votação foi gerida pela Multidados.com, uma das empresas de estudos de mercado parceiras dos Prémios Cinco Estrelas .

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SÃO BRÁS DE ALPORTEL ELABORA CARTA MUNICIPAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL

ando continuidade à estratégia de valorização e defesa do património, o Município de São Brás de Alportel encontra-se a realizar uma profunda inventariação dos bens culturais do concelho para posterior elaboração da Carta do Património do Concelho. Nesse âmbito decorrem trabalhos de campo que consistem no levantamento sistemático e atualizado dos bens culturais existentes em todo o seu território e que está a ser desenvolvido pelo Gabinete de Reabilitação Urbana do Município, em parceria com o Gabinete Municipal de Arqueologia. Os bens culturais, com caráter patrimonial a salvaguardar compreendem 169

os bens culturais imóveis, integrando os bens arqueológicos, arquitetónicos e os conjuntos urbanos de interesse arquitetónico, histórico, paisagístico, arqueológico e geológico; bem como o património cultural imaterial. Pretende o Município de São Brás de Alportel, através da elaboração da Carta do Património do Concelho, integrar uma das medidas de salvaguarda do património cultural existente e desenvolver ações para a sua preservação, salvaguarda e valorização. O conhecimento e articulação do património cultural municipal é fundamental, no enquadramento estratégico dos vários atos de gestão e planeamento, incluindo nomeadamente o decurso da atual revisão do Plano Diretor Municipal. Estima-se que esta fase de levantamento do património cultural do concelho aconteça por um período de quatro meses, seguindo-se a apresentação dos seus resultados . ALGARVE INFORMATIVO #197


VILA DO BISPO INAUGUROU MONUMENTO DE HOMENAGEM AOS COMBATENTES

oi inaugurado, no dia 9 de abril, Dia do Combatente, em Vila do Bispo, um Monumento em Homenagem aos Combatentes numa cerimónia presidida pelo presidente da Câmara Municipal Adelino Soares e na qual intervieram ainda o presidente da Liga dos Combatentes, Tenente General Joaquim Chito Rodrigues, o vice-cônsul Britânico no Algarve, Clive Jewell, o embaixador da Austrália em Portugal, Peter Rayner e o presidente da Associação dos ExCombatentes do Concelho de Vila do Bispo, Bernardino Martins. Seguiu-se o descerramento de uma placa comemorativa, a deposição de uma coroa de flores e a bênção do monumento pelo Padre José Chula.

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Com este monumento a autarquia pretende homenagear todos os militares do concelho falecidos na 1.ª Guerra Mundial (em 1918), na Guerra do Ultramar (em 1962, 1966, 1968 e 1969) e, igualmente, os 10 aviadores da Royal Air Force (nove ingleses e um australiano), falecidos no dia 22 de março de 1943, na Praia do Tonel, em Sagres, em plena 2.ª Guerra Mundial. Além disso, este monumento evocativo constitui, igualmente, uma homenagem e uma forma de reconhecimento do concelho a todos os combatentes locais que prestaram serviço a Portugal na Guiné, em Angola, em Moçambique e no antigo Estado da Índia (Goa, Damão e Diu), durante a Guerra do Ultramar (1961-1974). A cerimónia terminou com a celebração de uma missa de sufrágio na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Vila do Bispo. A iniciativa foi organizada pela Câmara Municipal de Vila do Bispo e contou com o apoio da Associação dos Ex-Combatentes do Concelho de Vila do Bispo e da Liga dos Combatentes . 170


AUTARQUIA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO REQUALIFICA CIRCUITO DE MANUTENÇÃO DA ESTRADA DA MATA Município de Vila Real de Santo António iniciou a reabilitação da pista de corrida da Estrada da Mata, numa extensão de três quilómetros compreendida entre o Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António e o Parque de Campismo de Monte Gordo. A intervenção contempla a regularização do piso, a colocação e compactação de novo material de desgaste e a remoção de detritos. Inclui também a regularização e nivelamento das bermas, o que se traduzirá num aumento das dimensões da pista.

um equipamento igualmente procurado por centenas de pessoas para a prática de caminhada e corrida, dada a sua localização privilegiada no interior da Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António .

A obra é levada a cabo no corredor norte e sul e está avaliada em cerca de três mil euros, devendo ficar concluída na próxima semana. Os trabalhos estão a ser executados pelo Núcleo de Serviços Gerais da autarquia de Vila Real de Santo António e deverão igualmente estender-se à pista da Avenida das Comunidades Portuguesas, com a compactação do piso existente. A pista e circuito de manutenção da Estrada da Mata são diariamente utilizados por centenas de atletas amadores e profissionais, muitos dos quais se encontram a estagiar no Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António. Trata-se de 171

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #197

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