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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 18 de maio, 2019

PRAIA DA ROCHA VIBROU COM ULTIMATE DE PRAIA «ARTE SEM FRONTEIRAS» | «LE TERRIER» ENCERROU ENCONTROS DO DEVIR 1 ALGARVE INFORMATIVO #202 FRADE & BARRADAS | MIGUEL GIZZAS | IRIS | RUSSA | «PORTOBELLO»


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CONTEÚDOS #202 18 DE MAIO, 2019 54

ARTIGOS 8 - Cidades Educadoras 16 - 20 anos de Quarteira Cidade 36 - Campeonato da Europa de Ultimate de Praia 46 - Algarve Jazz Gourmet Moments em Lagos 54 - Russa 64 - Frade & Barradas 72 - «Le Terrier» 82 - Miguel Gizzas 92 - «Arte Sem Fronteiras» 108 - Iris 118 - «Portobello» 144 - Atualidade

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OPINIÃO 128 - Paulo Cunha 130 - Ana Isabel Soares 132 - Adília César 134 - Antónia Correia 136 - Fernando Cabrita 140 - Nelson Dias ALGARVE INFORMATIVO #202

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CIDADES EDUCADORAS REUNIRAM-SE EM LAGOA DURANTE QUATRO DIAS PARA REFORÇAR E VALORIZAR A POLÍTICA, A TÉCNICA E A INVESTIGAÇÃO ACADÉMICA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

VIII Congresso Nacional das Cidades Educadoras, inscrito na Associação Internacional de Cidades Educadoras, realizou-se, de 15 a 18 de maio, no Centro de Congressos do ALGARVE INFORMATIVO #202

Arade, em Lagoa, com um extenso programa que pretendeu reforçar e valorizar três dimensões distintas que concorrem em diferentes patamares para a realidade das nossas cidades: a política, a técnica e a investigação académica. Para refletir e afirmar estas dimensões foram concebidas duas mesas de autarcas, nos dias 15 e 17 de 8


Francisco Martins, Presidente da Câmara Municipal de Lagoa

maio, para além da participação de conferencistas de prestígio nacional e internacional que trarão a debate os temas «Criar (na) Cidade», «Periferias» e «Cidades e Redes». Foram igualmente apresentados estudos académicos de instituições de Ensino Superior, naquele que foi o primeiro Congresso Nacional da Rede Territorial das Cidades Educadoras a contar com jovens vindos de todo o território nacional e ilhas, que participaram em diversas atividades e envolveram-se no processo de criação de propostas que melhorem as nossas cidades e a nossa sociedade. Um programa ambicioso num congresso em que, conforme referiu Francisco Martins na sessão de abertura, “estamos aqui todos com vontade de aprender e ensinar”. “Qualquer entidade ou 9

organismo necessita de ter nos seus quadros pessoas que são muito mais do que técnicos e executantes, que sejam também pensantes. De igual modo, eles precisam que, do lado do poder executivo, haja abertura para ouvir as suas sugestões. É nesta simbiose que um concelho pode evoluir, crescer, projetar-se para o futuro, pode ser cada vez mais moderno, humano e participativo”, afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, deixando uma palavra de apreço, gratidão e reconhecimento pelo profissionalismo dos seus colaboradores. “A única coisa que peço, sempre que me lançam desafios, é que sejamos arrojados, porque não vale a pena ter mais uma bandeira ou uma placa pregada na porta. Isso dá para uma nota de ALGARVE INFORMATIVO #202


Marina Canales, Secretária Geral da Associação Internacional de Cidades Educadoras

imprensa e não fica nada para a comunidade”, prosseguiu o edil. No ano em que Lagoa se dedica à Inclusão, Francisco Martins declarou ainda que “há obra que se vê e há obra que se sente”, e que todos estamos a aprender no dia-a-dia, sendo obrigação de cada um transmitir depois esses conhecimentos à restante comunidade. Seguiram-se as palavras da Secretária Geral da Associação Internacional de Cidades Educadoras, que lembrou que a Carta das Cidades Educadoras foi redigida há quase 30 anos. “As cidades são entes vivos, dinâmicos e complexos que estimulam a criatividade, a inovação e a difusão de conhecimento. Juntos somos mais capazes de identificar e criar sinergias, porque as melhores decisões não se tomam sozinhas pelas câmaras municipais, mas sim ALGARVE INFORMATIVO #202

dialogando, escutando, compartilhando pontos de vista, forjando acordos, alinhando os objetivos”, defendeu Marina Canales. De acordo com a dirigente, muitos são os agentes da sociedade que podem contribuir para o desenvolvimento das Cidades Educadoras, sejam estabelecimentos de ensino, associações, clubes, coletividades ou entidades públicas. “Se formos todos capazes de nos articularmos na construção de um bem comum, provavelmente conseguiremos melhorar a qualidade de vida das nossas cidades. Estamos aqui reunidos para partilhar boas-práticas e refletir sobre o papel que a cultura tem no desenvolvimento de cidades mais educadoras, inclusivas e sustentáveis”, 10


Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve

manifestou a espanhola, recordando que a nova Agenda Urbana Mundial aprovada em 2016 considerou a cultura como o quarto eixo do desenvolvimento humano, a par do económico, social e ambiental. “É tempo de levar a arte a todas as cidadãs e cidadãos, independentemente do seu sexo, idade e condição económica, para que possam experimentar e apreciar a arte, expressar os seus sentimentos e angústias por via das várias formas de expressão artística”. Marina Canales não duvida que a arte pode ser uma ferramenta importante para promover a convivência e incrementar a autoestima. “Quando educamos «para» a arte colocamos o enfase em formar bons profissionais e estamos centrados em bons resultados. Quando educamos «em» arte, buscamos uma formação 11

mais integral da pessoa, holística, e preocupamo-nos mais com os processos e com a democratização da cultura. Quando educamos «através» da arte, o acento está na sua capacidade transformativa, de como nos modificamos por via da arte”, distinguiu a Secretária Geral da Associação Internacional de Cidades Educadoras, abordando ainda as diferenças entre a educação formal, não formal e informal. “Durante estes 30 anos de Cidades Educadoras temos percebido que as cidades são o espaço natural para se aprender, cada casa, praça, equipamento desportivo, cultural ou comunitário. Mas também compreendemos que, sem escola, não há educação e trabalhamos para que haja uma oferta escolar de qualidade, criando oportunidades, reforçando os ALGARVE INFORMATIVO #202


fatores de êxito escolar e combatendo os fatores de fracasso ou abandono escolar. Queremos escolas que sejam sensíveis aos estímulos que recebem da sociedade e às oportunidades que lhes oferecem as cidades”, sublinhou. “A arte e a cultura transformam as nossas vidas, estimulam a nossa imaginação e criatividade, fortalecem a nossa confiança e autoestima perante as adversidades. E as novas tecnologias de informação e comunicação permitem que deixemos de ser meros consumidores de cultura e passemos a ser criadores de conteúdos”, terminou Marina Canales. Na sessão de abertura do VIII Congresso Nacional das Cidades Educadoras discursou ainda Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve, que se mostrou reconfortado com o trabalho que está a ser ALGARVE INFORMATIVO #202

realizado nesta área, acrescentando ainda que educar é muito mais do que ensinar. “As pessoas são o elemento chave para se construir uma melhor sociedade, mais inclusiva e onde valha a pena viver. A Universidade do Algarve está disponível para continuar a colaborar com Lagoa e com todos os demais municípios que fazem de Portugal um país extraordinário, em que temos que cada vez mais acreditar e apostar, a começar pelos mais pequenos. A educação não é um bem perecível, é algo que levamos ao longo da nossa vida e que depois passamos para os outros. Temos que procurar fazer mais e melhor, ser tolerantes e inclusivos, para sermos mais felizes e pessoas de bem” .

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QUARTEIRA CELEBROU 20 ANOS DE ELEVAÇÃO A CIDADE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Jorge Bica, Sónia Neves, Telmo Pinto, Eduardo Amador e Paulo Alferes

uarteira festejou, no dia 13 de maio, o 20.º aniversário da sua elevação a Cidade, com as principais ALGARVE INFORMATIVO #202

cerimónias a acontecerem na parte da manhã, nomeadamente a inauguração da exposição urbana em croché «Mandalas da Amizade» da responsabilidade da APROMAR – Cantinho da Amizade, a entrega dos Prémios «Mérito Escolar» e a 16


homenagem aos Estabelecimentos Escolares e Instituições Particulares de Solidariedade Social da Freguesia, por todo o trabalho desenvolvido ao longo destas duas décadas em prol da comunidade. Igualmente foi distinguida como «Cidadão de Mérito da Freguesia» a Irmã Rosa Santos, que esteve ao serviço dos quarteirenses desde 1985 e que recentemente se aposentou. Na ocasião, o Presidente da Junta de Freguesia, Telmo Pinto, enfatizou que Telmo Pinto, Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira Quarteira é uma jovem cidade que cresceu alma, com empenho e sempre de bastante e que está a crescer cada vez coração cheio e, ao longo destes 20 mais, “uma cidade com um potencial anos, foram muitas as pessoas que, enorme e indiscutível, mas ainda com sem dúvida alguma, contribuíram para muito para ser feito”. “É uma cidade com 17

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o seu crescimento enquanto cidade e destino turístico. Um crescimento que tornou Quarteira cada vez mais bonita, vaidosa e exigente”, referiu, enaltecendo todas as mulheres e homens que, de uma forma ou outra, ajudaram a transformar a antiga vila de pescadores numa importante cidade, não só do concelho de Loulé, mas do Algarve e de Portugal. Telmo Pinto não hesitou em colocar Quarteira no mesmo patamar de outras cidades portuguesas de referência, “não apenas pelo crescimento acentuado dos últimos anos, e nem só pela sua diversidade e riqueza territoriais, mas sobretudo pela sua multiculturalidade, que faz desta cidade/freguesia exemplar pela sua capacidade de integração, cooperação e união”, destacou, garantindo que Quarteira é feita de “gente feliz”. “O progresso, estabilidade e segurança que todos nós perspetivamos ALGARVE INFORMATIVO #202

para as nossas vidas são valores que temos o orgulho de poder homenagear nesta data, distinguindo alguns daqueles que, tanto no passado, como no presente, e seguramente no futuro, ajudaram, ajudam e ajudarão a fazer crescer Quarteira em dimensão, mas também nos afetos e em sucessos individuais e coletivos”, declarou o Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira. “Somos uma freguesia que planeia, que projeta, que constrói para melhorar a vida dos que aqui habitam e dos que nos visitam. São estes conceitos que têm acompanhado e vão continuar a orientar a ação deste executivo, para garantirmos a concretização de obras indispensáveis para a prossecução de uma vida com qualidade na nossa Cidade e em toda a nossa Freguesia”. 18


Antes de concluir a sua intervenção, Telmo Pinto agradeceu ao executivo camarário liderado por Vítor Aleixo “por continuarmos a formar equipa, mantendo-nos fiéis à ambição de tornar Quarteira cada vez mais atrativa e competitiva e criar condições para que todos os cidadãos residentes na nossa Freguesia continuem a dedicar-se com gosto a esta terra”. Já o Presidente da Câmara Municipal de Loulé recordou o momento em que recebeu a feliz notícia da elevação da vila de Quarteira a Cidade, corria o ano de 1999. “Nunca esquecerei a alegria, a emoção e a euforia de todos nós. Era um desejo intenso, um sonho de todos os quarteirenses e é com orgulho que reconheço os esforços de todos aqueles que ousaram sonhar, que acreditaram que a terra de Quarteira merecia e podia ser algo mais. Uma cidade moderna, com diversos 19

estabelecimentos de ensino de qualidade, estruturas desportivas e coletividades nas diversas modalidades, eventos culturais e sociais, tais como as Marchas dos Santos Populares, o Carnaval ou o Dia do Pescador”, elencou. O edil louletano não tem dúvidas de que é bom viver em Quarteira, que considera ser uma cidade sempre atenta ao seu povo e que não para de se qualificar, aos olhos da região do Algarve e de Portugal. “Este executivo faz também questão de colocar Quarteira na vanguarda do combate às alterações climáticas, um tema que se impõe cada vez mais e não apenas nos fóruns internacionais e nos grandes areópagos em que estadistas se encontram e estabelecem metas que depois são sempre difíceis de colocar em prática, mas nos nossos ALGARVE INFORMATIVO #202


Vítor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé

locais de residência. É um problema que está aí e que vai interferir profundamente com a nossa vida”, alertou Vítor Aleixo, satisfeito por ver Quarteira a encontrar o seu lugar nesta responsabilidade coletiva. “Trata-se da proteção do ambiente e da salvaguarda de um dos grandes tesouros, não só desta cidade, mas de todo o concelho, que é o nosso património natural. E apostar em Quarteira é apostar no futuro, porque aqui residem, estudam e crescem muitos jovens para os quais é importante planear um amanhã mais seguro e consciente, com mais qualidade ALGARVE INFORMATIVO #202

de vida e mais esperança e confiança nas autoridades e na gestão local”. Após as intervenções oficiais de Telmo Pinto e Vítor Aleixo, foi assinado o protocolo entre a Câmara Municipal de Loulé e o ABC – Algarve Biomedical Center para a Rede Concelhia de Desfibrilhação Automática Externa – Coração Seguro. Já da parte da tarde foi feita uma visita às rotundas recentemente requalificadas, localizadas na Avenida da Fonte Santa e na Avenida Carlos Mota Pinto, onde terminaram as comemorações do 20.º aniversário da Cidade de Quarteira . 20


LOULÉ VAI TER REDE CONCELHIA DE DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina EXTERNA m dos momentos mais marcantes dos festejos dos 20 anos de elevação de Quarteira a Cidade foi a assinatura, no dia 13 de maio, do protocolo entre a Câmara Municipal de Loulé e o ABC - Algarve Biomedical Center para a concretização da Rede Concelhia de Desfibrilhação Automática Externa – Coração Seguro, com vista a tornar este território o mais seguro possível para todos, de acordo com Nuno Marques, presidente do ABC. “O objetivo é conseguirmos chegar junto da

população, de quem precisa de apoio, antes do próprio INEM chegar ao local, porque, no caso de uma paragem cardíaca, todos os minutos contam”, assegurou. A colocação de Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE) em alguns locais públicos não é uma novidade, mas a inovação deste protocolo é que pretende abranger todo o concelho e não apenas os sítios de maior concentração de pessoas. “Todas as autoridades vão estar envolvidas neste processo – a Proteção Civil, os Bombeiros, a GNR, a Polícia Marítima

Vítor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé, e Nuno Marques, 21 diretor do ABC - Algarve Biomedical Center

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–, vamos definir as zonas do concelho de Loulé onde este apoio é mais premente e quais os pontos chave onde estarão situados estes equipamentos e depois vamos treinar as pessoas dessas zonas. Posteriormente, através de um protocolo existente com o INEM, elas vão ser ativadas para prestar o primeiro socorro aos seus conterrâneos”, explicou Nuno Marques, numa sessão decorrida no Centro Autárquico de Quarteira. Até ao final de maio serão definidos então os locais para colocar os DAE e, em junho, arranca a formação, num plano ambicioso a três anos, reconheceu o responsável do Algarve Biomedical Center. “Usando algo completamente inovador da geolocalização dos telemóveis, o INEM vai saber qual a pessoa com formação adequada para utilizar um DAE que está mais perto daquela ocorrência e, por via de um SMS, vai ativá-la para atuar até o INEM chegar ao local. Em média, ocorrem anualmente no Concelho de Loulé 150 situações de paragem cardíaca. Se, com isto, conseguirmos salvar uma vida, já vale a pena, mas não será certamente apenas uma”, acredita o médico cardiologista. “Nestes casos, ou agimos logo nos primeiros oito minutos após a paragem cardíaca, ou as hipóteses de sobrevivência são aproximadamente zero. E se nós não conseguimos chegar lá a tempo com as equipas do INEM, tem que ser a população a ajudar os seus vizinhos e familiares”. O protocolo agora assinado é considerado histórico por Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve. “Pretendemos tornar ALGARVE INFORMATIVO #202

Nuno Marques, Vítor Aleixo, Paulo Morgado e Telmo Pinto

Loulé um concelho cada vez mais seguro para aqueles que aqui residem e para os visitantes. A cada minuto que passa diminuem em 10 por cento as possibilidades de sobrevivência de quem sofre uma paragem cardíaca e, de facto, ao fim de oito minutos, é muito difícil conseguir-se a sua reanimação”, reforçou, descrevendo esta decisão da Câmara Municipal de Loulé como visionária. “Em boa hora decidiu implementar uma Rede Concelhia de Desfibrilhação Automática Externa, porque este problema está muitas vezes escondido e as pessoas não se apercebem da sua 22


gravidade. Na esmagadora maioria dos casos, os meios de emergência não chegam ao local nos primeiros minutos, naqueles que salvam vidas. Se as comunidades, desde os mais jovens aos menos jovens, não souberem aquilo que têm que fazer quando presenciam uma situação destas, ela frequentemente não terá solução”. E Paulo Morgado lembrou que uma paragem cardíaca pode acontecer a qualquer pessoa, dos mais novos aos mais velhos, aos que praticam regularmente exercício físico ou àqueles que menos cuidado têm com a sua saúde, de manhã, à tarde ou à noite. “É uma medida que faz todo o sentido para 23

tornarmos Portugal num país mais seguro para os doentes cardíacos. Loulé está a dar um exemplo a toda a nação”. Nuno Marques aproveitou ainda a ocasião para falar um pouco sobre o ABC Active Life que vai nascer em Vilamoura e que vai contribuir, de forma decisiva, para se atrair mais médicos e investigadores de topo para a região e para ajudar a combater a sazonalidade. “Ao mesmo tempo, vamos colocar ao serviço da população as melhores tecnologias existentes no âmbito da saúde”, apontou. Assim, para além de ALGARVE INFORMATIVO #202


ali ficar instalada a sede da Rede Concelhia de Desfibrilhação Automática Externa, o equipamento contemplará, por exemplo, um meeting center para acolher reuniões nacionais e internacionais durante a época baixa. “Não vamos fazer concorrência às unidades hoteleiras que já atuam neste segmento, vamos atrás, sim, daqueles encontros que não vêm para o Algarve. Vilamoura vai ter os maiores peritos mundiais a discutir as áreas da saúde e investigação”, antevê. Quanto ao Centro Active Life, estará especializado em reabilitação osteoarticular, muscular, cardiovascular e respiratória, nas quais não existe, seja no Algarve, como em Portugal, uma resposta adequada às necessidades atuais. “Temos um excelente polo de investigação e equipamentos muito bons para testes, ALGARVE INFORMATIVO #202

falta-nos passar à prática. Deste modo, teremos uma vertente ligada ao Turismo de Saúde de alta qualidade, em que os turistas vêm para o Algarve, ficam nos seus hotéis e, durante duas ou três semanas, fazem um tratamento de reabilitação física e promoção de qualidade de vida no ABC Active Life”, referiu Nuno Marques, acrescentando tratar-se de um produto muito procurado sobretudo por cidadãos dos países nórdicos. “Ao fim de seis meses regressam ao Algarve, com as suas famílias, para mais umas semanas de um tratamento que não obriga a qualquer internamento. Vamos maximizar a economia local e colocar esta tecnologia de ponta ao dispor da população que mais necessita dela” . 24


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MAIS INCLUSÃO, COESÃO, COMPETITIVIDADE E SUSTENTABILIDADE SÃO OS DESEJOS DE VÍTOR ALEIXO PARA QUARTEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, aproveitou os festejos dos 20 anos de elevação de Quarteira a Cidade para dar a conhecer, na manhã do dia 13 de maio, no Centro Autárquico de ALGARVE INFORMATIVO #202

Quarteira, a visão que o seu executivo, e o da Junta de Freguesia, têm para este território em concreto, porque nem sempre aquilo que se diz e ouve corresponde à realidade dos factos. “Quarteira afirma-se hoje como um local de qualidade para residir, trabalhar, visitar e investir e estamos a ser capazes de investir mais e, ao 28


mesmo tempo, reduzir significativamente a dívida pública municipal, o que nos deve deixar satisfeitos e, acima de tudo, confiantes em relação ao futuro”, afirmou o edil, fazendo logo questão de recordar que Loulé é o município português com menor carga fiscal de Portugal. “Em todos os impostos que nos cabe a nós fixar a sua taxa, ela é a menor possível de acordo com a lei, o que significa que fica o máximo de dinheiro possível no orçamento das famílias e das empresas do concelho. Isto traduz-se em menos 18 milhões de euros de receitas fiscais para a Câmara Municipal de Loulé”, salientou. Olhando para o futuro, Vítor Aleixo falou, de forma despretensiosa, como se de uma aula informal de política se tratasse, dos trâmites que norteiam os projetos camarários. “Quando um político se

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apresenta perante as pessoas e anuncia um projeto, para trás ficou um trabalho de, no mínimo, ano e meio, dois anos. Eu não cedo à vulgaridade e ao juízo fácil e imediato, temos a obrigação de dizer sempre a verdade. Gerir os dinheiros públicos é bastante complexo e leva o seu tempo, porque temos que falar com muitas entidades, realizar imensas reuniões, ultrapassar inúmeros obstáculos. Este é o custo da democracia e só num regime autoritário é que estes processos podem demorar muito menos tempo”, garantiu, mostrando-se preocupado com alguns caminhos que se estão a percorrer noutros países europeus. “Em 2014, quando assumimos responsabilidades na Câmara Municipal de Loulé, existiam poucos projetos prontos para avançar e estavam várias obras interrompidas

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por causa da crise e por circunstâncias que fazem parte do passado”, acrescentou. A visão estratégia existente para Quarteira assenta, então, em quatro eixos fundamentais – inclusão, coesão, competitividade e sustentabilidade. “Dentro das nossas possibilidades, tentamos não deixar ninguém de fora ou para trás, procuramos incluir toda a gente. E temos muito presentes os problemas do interior, de onde a população foge por não haver trabalho ou atividade económica. Há que recordar que, nos anos 50, antes do fenómeno do Turismo, era do interior do concelho que vinham os recursos financeiros para auxiliar o litoral”, lembrou Vítor Aleixo, antes de fazer um parêntese no alinhamento da apresentação para responder às preocupações dos ALGARVE INFORMATIVO #202

quarteirenses sobre o possível encerramento da estação dos CTT de Quarteira. “Já enviei três cartas ao presidente do Conselho de Administração dos CTT e a resposta recebida é que não está previsto, neste momento, qualquer fecho de balcão em Quarteira, Loulé, Vilamoura ou Almancil. E é por causa do «neste momento» que, de três em três meses, lhes mando uma carta. Estou em cima deles, mas trata-se de uma empresa privada. Este é um daqueles serviços que, na minha opinião, nunca deviam ser privatizados, mas alguém o fez e as empresas, como se sabe, perseguem o lucro e não o bem público”, desabafou Vítor Aleixo. Das obras já concluídas na cidade de Quarteira, o Presidente da Câmara Municipal de Loulé destacou a Avenida 30


Papa Francisco, a primeira fase da Avenida do Atlântico, o Passeio das Dunas, que reconheceu não ser do agrado de todos, e a Avenida da Fonte Santa, chamando depois a atenção para a empreitada de requalificação da Escola D. Dinis e de construção do Pavilhão Multiusos, com o concurso público deste último a ter ficado em branco. “A crise ceifou muitas empresas de construção civil e tornou-se vulgar as câmaras municipais abrirem concursos para obras e não aparecerem concorrentes. Estamos a meter mais um milhão de euros no caderno de encargos e vamos começar a obra ainda durante este mandato”, assegurou Vítor Aleixo, frisando ainda que a nova Escola D. Dinis exige um investimento de 6 milhões e 200 mil euros. “Com este executivo, as escolas do concelho têm sido objeto de uma atenção permanente e fomos, convém recordar, dos primeiros municípios a entregar gratuitamente os manuais escolares aos nossos alunos, uma medida que depois foi adotada pelo governo português até ao 12.º ano de escolaridade”, evidenciou o livreiro de profissão.

21 MILHÕES DE EUROS INVESTIDOS EM QUARTEIRA DESDE 2014 Quase prontas a avançar estão as Hortas Comunitárias de Quarteira, com 44 talhões a ficarem localizados em frente ao Bairro da Abelheira, e também já foi lançado o concurso para o futuro Centro de Educação e Cultura de Quarteira, cujas propostas deverão ser apresentadas até 22 de julho. “Vai ficar na Avenida Papa Francisco, junto à Rotunda do 31

Continente, e será uma obra muito importante para Quarteira. Será a quarta escola do país para o ensino oficial de dança, numa cidade repleta de jovens locais, mas também vindos de vários pontos do mundo. No mesmo edifício ficará o Centro Cultural que Quarteira há largos anos ambiciona, com capacidade para 500 lugares”, adiantou Vítor Aleixo. “Dentro de dias começa a construção de uma Pista de BMX (atrás da Fundação António Aleixo) e já foi consignado um passadiço de madeira que ligará o Aeroporto de Faro a Quarteira, uma obra caríssima e de grande impacto na atividade turística no litoral”. Vítor Aleixo dedicou uma atenção especial ao Mercado de Quarteira, um projeto que demorou muito tempo a fazer e cujo concurso público ainda não foi aberto por uma razão bastante simples: “Sabendo nós o que o futuro nos reserva em termos de alterações climáticas, pedimos aconselhamento à Agência Portuguesa do Ambiente e à CCDR Algarve sobre a necessidade de eventuais alterações, apesar do edifício já ter sido projetado tendo em conta a possibilidade de marés-vivas e de inundações. Há estudos científicos que nos obrigam a ser responsáveis e a pensar muito bem naquilo que vamos fazer para o futuro”, esclareceu o edil louletano. “A vida vai continuar, mas de maneira diferente, com novas regras, onde a palavra-chave é a adaptação”, reforçou. Dentro de pouco tempo será também inaugurada a Base de Apoio Logística de ALGARVE INFORMATIVO #202


Quarteira – uma das cinco existentes em Portugal – onde ficará também o novo Quartel dos Bombeiros; em curso está o Quarteira LAB – Laboratório Vivo para a Descarbonização, mais uma obra não consensual e, por isso, a Câmara Municipal de Loulé mostra-se disponível para introduzir algumas alterações; e prontas a funcionar estão igualmente as novas instalações da GNR em Quarteira, porque “não há democracia sem segurança”, considerou Vítor Aleixo. E como Quarteira é uma terra de pescadores, a cidade vai ter um novo Posto da Polícia Marítima, medida considerada bastante positiva pelo autarca louletano. A terminar, Vítor Aleixo falou de “um investimento público municipal extremamente importante para dinamizar a economia local”, o ABC Active Life, sediado em Vilamoura e dedicado, não ao turismo convencional, mas ao conhecimento e inovação ALGARVE INFORMATIVO #202

científica. “Sinto que, às vezes, as pessoas não acham que estamos a ser equilibrados nos investimentos que fazemos, mas acreditem que o meu executivo também trabalha para Quarteira e Vilamoura é uma freguesia de Quarteira. Há oportunidades que são únicas e que temos de agarrar logo nelas, caso contrário, perdem-se e outros as agarram. Neste momento estão em execução na freguesia de Quarteira intervenções e ações num montante superior aos 11 milhões de euros e, neste novo ciclo político que assumimos em 2013, Quarteira já beneficiou de investimentos na ordem dos 21 milhões de euros. É uma verba extraordinária, queremos mais, mas, por favor, dêem-nos mais um bocadinho de tempo”, finalizou Vítor Aleixo . 32


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BRITÂNICOS E RUSSAS SÃO OS NOVOS CAMPEÕES DA EUROPA DE ULTIMATE DE PRAIA EM MASCULINOS E FEMININOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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oi debaixo de um sol abrasador que terminou, no dia 11 de maio, na arena da Praia da Rocha, a edição deste ano do Campeonato Europeu de Ultimate de Praia, que trouxe até Portimão mil e 350 atletas de 88 equipas, em representação de 22 países. “Foi fantástico receber tantos atletas de Ultimate em Portugal e viver estes dias de pura adrenalina e fair play. Portugal ainda não conquistou a tão desejada medalha, mas esteve muito perto de o conseguir. Estamos muito orgulhosos das nossas equipas”, referiu Sofia Campos Pereira, diretora do Torneio. Três países regressaram a casa com duas medalhas de ouro: a Suécia, que venceu em Masters e Great Grand Masters; a Rússia, presente em três das oito finais,

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que ganhou em Mulheres e Mixed; e a Grã-Bretanha, que triunfou em Homens e Grand Masters. A Alemanha conquistou o ouro em Masters Mixed, ao passo que a Espanha, que atingiu cinco finais, só levou a melhor em Masters Mixed Feminino. No que toca ao Prémio de Espírito do Jogo, a seleção mais pontuada pelos adversários foi a Irlanda, em Masters Masculinos, que somou 12,8 pontos. As emoções mais fortes aconteceram ao início da tarde de sábado, com a disputa das finais femininas e masculinas. Nas mulheres, espanholas e russas contaram com um forte apoio das centenas de adeptos presentes, mas cedo se começou a perceber a superioridade das atletas de leste. As espanholas gostam de atacar forte nos primeiros segundos de cada jogada, mas

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as russas, muito boas na defesa, conseguiram anular essa estratégia de jogo. A Espanha nunca baixou os braços e proporcionou alguns momentos espetaculares na zona de finalização, mas nunca conseguiu verdadeiramente fazer frente à hegemonia da Rússia, que triunfou por 11-6. Bem mais renhida foi a final masculina, entre a Rússia e a Grã-Bretanha, se bem que, no primeiro quarto de hora de jogo, os britânicos pareciam ter as operações bem controladas, chegando facilmente aos 6-1. Com jogadas espetaculares a denotar um entrosamento extraordinário, a equipa avançava confortavelmente no terreno e, de repente, tinha um jogador ALGARVE INFORMATIVO #202

em zona de finalização para pontuar facilmente. Por seu lado, os russos tentavam surpreender com lançamentos longos e o certo é que, num momento de algum cansaço dos adversários, encetaram uma inesperada recuperação até aos 10-8. Com o tempo regulamentar a aproximar-se do fim, os britânicos não acusaram a pressão e acabaram mesmo por vencer por 13-9, num jogo que dignificou, e de que maneira, esta vibrante modalidade que está ainda a dar os primeiros passos em território nacional. Apesar disso, Portugal repetiu na categoria principal (Mixed), o 4.º lugar alcançado nos Europeus de 2013 e nos Mundiais de 2011 e 2015. Dentro de um ano, Portimão volta a ser palco de um Campeonato Europeu de Ultimate de Praia, desta feita para clubes . 40


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ALGARVE JAZZ GOURMET MOMENTS PROMETE FAZER AS DELÍCIAS DOS AMANTES DE BOA MÚSICA Texto: Daniel Pina

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stá ao virar da esquina a terceira edição do Algarve Jazz Gourmet Moments, festival que volta a acontecer na intimista sala do Centro Cultural de Lagos, nos dias 24, 25 e 26 de maio, às 21h30, com o apoio do programa «365 Algarve» e da Câmara Municipal de Lagos. Logo a abrir o evento, na sexta-feira, 24 de maio, a Orquestra de Jazz do Algarve preparou um espetáculo único com o saxofonista americano Benny Golson, que aos 90 anos é uma verdadeira lenda do jazz. No sábado, 25 de maio, mais um concerto exclusivo, agora com o novaiorquino Peter Cincotti que traz ao Algarve «Long Way from Home», um verdadeiro caleidoscópio de humores e cores que reúne pop, rock, blues, hip hop, funk e jazz, e onde todos estes estilos são magistralmente ligados pelo inconfundível som do piano. No mesmo dia e à mesma hora, mas no Auditório Municipal Carlos do Carmo, em Lagoa, há nova oportunidade para se escutar Benny Golson. Para fechar o festival com chave de ouro entra em palco, no domingo, 26 de maio, o brasileiro Ed Motta, um músico de culto, inesgotável compositor, um incansável descobridor de formas, um criador que não reconhece nenhum limite, enraizado nos estilos funk/soul e disco, mas movendo-se no jazz, bossa nova e reggae. As expetativas são, por isso, bastante altas, num evento novamente organizado pela Orquestra de Jazz do Algarve e cuja vertente gourmet arrancou já no dia 11 de maio, com os restaurantes parceiros a prepararem um Menu Jazz Gourmet a preços especiais para celebrar o jazz e a ALGARVE INFORMATIVO #202

gastronomia e vinhos únicos do Algarve. “São cerca de 20 restaurantes da cidade de Lagos mais virados para o produto gourmet, nos quais se fomenta a criatividade dos chefs numa simbiose perfeita com o jazz”, explica Hugo Alves, Diretor da OJA e do Festival, que está a ser preparado desde outubro do ano transato. “Trazer artistas de renome mundial a Portugal, ainda por cima fora da época das tournées, não é fácil. O Peter Cincotti, por exemplo, vem de propósito tocar a Lagos e regressa de imediato a Miami”, revela o conceituado trompetista, maestro e compositor. Uma tarefa árdua que não apoquenta, contudo, Hugo Alves, que há mais de duas décadas que produz eventos desta qualidade e dimensão. “Temos uma estrutura montada e bem oleada, mas não basta contratar os músicos. O Benny Golson e a Dena DeRose vêm tocar na primeira noite com a Orquestra de Jazz do Algarve e já estamos a trabalhar esse programa há alguns meses, tudo no meio da nossa agenda que é algo complexa”, reconhece o entrevistado, acrescentando que boa parte dos momentos musicais que acompanham os almoços e jantares gourmets nos restaurantes parceiros do evento são assegurados por elementos da OJA. Depois da primeira edição do Algarve Jazz Gourmet Moments ter acontecido, em 2017, em Albufeira, o festival mudou-se para Lagos no ano transato e a experiência foi bem conseguida, com os três concertos a realizarem-se outra 48


vez no Centro Cultural da cidade lacobrigense. “Sei que não é fácil para as câmaras municipais apoiarem eventos desta natureza, mas, felizmente, a Orquestra de Jazz do Algarve conta, desde 2019, com o apoio regular da esmagadora maioria das autarquias da região. É um sinal de que reconhecem a qualidade do nosso trabalho. Lagoa é a nossa casa, onde temos a nossa residência artística, mas escolhemos Lagos para este festival por possuir um tecido de restauração bastante coeso e quase todo localizado no centro da cidade, o que nos permite criar este roteiro com 20 restaurantes. Mas o que se assiste nos restaurantes não é um concerto de jazz, o foco principal está nos sabores e na arte daqueles estabelecimentos”, esclarece.

forma a terceira edição do «365 Algarve», programa conjunto das Secretarias de Estado do Turismo e da Cultura, pelo que na plateia irá estar um mix de residentes e visitantes, antevê Hugo Alves. “Quando lançámos os eventos publicamente e os bilhetes ficaram disponíveis para venda, cerca de 20 por cento foram logo adquiridos por pessoas que chegam de Espanha e de outros pontos de Portugal. Depois, há uma fatia grande de espetadores que serão estrangeiros residentes no Algarve e que já habitualmente acompanham as atuações da OJA, por acreditarem nas nossas produções e concertos. Os últimos bilhetes serão provavelmente comprados pela «prata da casa», pelos lacobrigenses”, indica o responsável do evento.

O Algarve Jazz Gourmet Moments promete encerrar também da melhor

E motivos não faltam, sem dúvida, para assistir a qualquer um dos três

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concertos do festival, garante Hugo Alves. “O Benny Golson está a iniciar a tour comemorativa dos seus 90 anos, é uma lenda viva que escreveu vários volumes da história do jazz e a sua música não é apenas constituída pelos temas que o tornaram famoso nos anos 50 e 60 do século passado. O Peter Cincotti faz parte de uma linha mais recente de crooners, foge um bocadinho à linha do Frank Sinatra, mas continua a cantar ALGARVE INFORMATIVO #202

muito bem standards, e vai mesmo valer a pena vê-lo a tocar com o seu quarteto. No último dia temos mais uma fusão, com o quinteto do Ed Motta, que tem dado cartas por esta Europa fora”, analisa, de sorriso nos lábios. Nomes que, para o cidadão leigo, poderão querer dizer pouco, mas que de imediato despertam a atenção do 50


público conhecedor do jazz. “Aqueles que vierem à descoberta podem ter a certeza de que não ficarão defraudados, é música de altíssima qualidade, mas também acessível. São três nomes de gerações e backgrounds diferentes, porque entendo que um festival deve ser eclético e ser, acima de tudo, uma festa para o público”, defende Hugo Alves. “Os restaurantes têm estado cheios, tanto ao

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almoço como ao jantar, e acredito que os três concertos também vão esgotar, neste setting maravilhoso que é a cidade de Lagos. Vão ser três concertos de Música imperdíveis, independentemente do gosto pessoal de cada um”, assegura o diretor da Orquestra de Jazz do Algarve e do Algarve Jazz Gourmet Moments .

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RUSSA QUER VINGAR NO RAP, MAS NÃO QUER SER IGUAL A TODOS OS OUTROS RAPPERS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #202 #202 ALGARVE

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a passagem do Festival Termómetro por Faro, no final de 2018, fiquei a conhecer Russa, uma rapper de Santarém a residir em Armação de Pêra mas com uma história de vida que a levou a percorrer vários países enquanto ia construindo a sua formação académica. Depois de duas mixtapes e um álbum, lançou recentemente o EP «Party Leftovers», onde cada música é uma verdadeira banda sonora da noite, desde a ALGARVE INFORMATIVO #202

festa em casa com amigos, ao táxi para a discoteca, acabando com a típica chamada à/ao ex. Foi quando estava a concluir a licenciatura em Gestão de Empresas que Filipa Florêncio começou a escrever as primeiras letras, mas a «Russa» surgiu antes disso, devido a um intercâmbio que realizou, precisamente, na Rússia. “Quando voltei a Portugal fui jogar futebol numa equipa onde ninguém me conhecia e tratavam-me por essa alcunha, que acabei depois por adotar 56


candidatou-se a um mestrado de Gestão Internacional na Holanda e, depois desse, foi admitida a um segundo mestrado em Marketing, Comunicação e Estratégia, agora na Austrália. Bem vistas as coisas, parecia que a vida de Filipa Florêncio estava encaminhada para uma carreira empresarial, mas a música não tinha desaparecido da sua rotina. “Na Holanda escrevi a primeira música a partir de um instrumental, mas foi na Austrália que decidi realmente o que queria para a minha vida. Ia para as aulas com o mindset de rapper e, enquanto os professores iam dando a matéria, pensava logo em como podia aplicar aqueles conhecimentos na minha vida artística”, confessa, adiantando que foi em Melbourne que gravou o seu primeiro tema mais a sério, em 2016, curiosamente em parceria com um japonês.

como nome artístico”, explica, durante um pequeno-almoço na praia de Armação de Pera. E os poemas, de onde vieram, questionamos. “No último semestre da faculdade é normal escrevermos aquelas fitas de finalistas, mensagens que me soavam a falso, com pouca identidade, e decidi fazer poemas diferentes, em género de comédia, para as minhas amigas. E percebi que tinha mais facilidade em escrever em poesia do que em prosa”, responde. Finalizada a licenciatura em Lisboa, 57

Com formação superior que a poderia colocar facilmente como gestora de uma conceituada empresa internacional, Filipa Florêncio não se arrepende de ter assumido a faceta de Russa de corpo e alma. E, por isso, regressada das suas viagens, até preferiu arranjar um emprego num call center para ter um horário flexível que lhe permitisse dedicar-se também à música. “Ao contrário de muitos colegas meus que estavam em consultadoria e que, quando iam para casa, ainda tinham que trabalhar, eu tinha um emprego que não me consumia tempo fora do horário laboral”, justifica. O certo é que ficou pouco tempo em Portugal e rumou a Londres, onde gravou, em 2017, a sua ALGARVE INFORMATIVO #202


primeira mixtape – T.P.C. – com beats de Sam The Kid. “Foi uma coisa muito rudimentar feita numa sala-de-estar, não tinha sequer qualidade para passar na rádio, mas foi o meu statement de que queria mesmo ser rapper”. De volta a Portugal, foi parar a Armação de Pêra, onde conheceu Pedro Pinto e a sua Kimahera, um estúdio e editora profissionais e cheios de pessoas ambiciosas. Em 2018 sai então «Catarse» e as pessoas começaram a olhar mais a sério para Russa, para satisfação de Filipa Florêncio, que cresceu praticamente sem ouvir qualquer tipo de música. “Só quando fui estudar para Lisboa, aos 18 anos, é que tive oportunidade de pesquisar e ouvir rap na internet. Cresci numa pequena vila onde não tínhamos acesso à arte urbana, ao passo que a maior parte dos rappers da minha geração cresceram a ouvir este som”, comenta. E por ter apanhado o rap numa idade mais madura, Russa percebia que havia coisas que não lhe agradavam tanto, que não lhe enchiam as medidas enquanto ouvinte, falhas que tentava colmatar quando escrevia os seus poemas. “O rap evoluiu imenso nos últimos cinco anos e, neste momento, o mercado está muito mais diversificado. Eu própria ainda não encontrei a minha identidade instrumental, há dias em que escrevo numa toada de metal, noutros de fado. Cada diferente sonoridade constitui um desafio para mim e também gosto de surpreender quem me acompanha. Tudo varia conforme o meu estado de espírito”, sublinha. Identidade que já existe em termos de escrita, as pessoas reconhecem a sua ALGARVE INFORMATIVO #202

originalidade, a forma como transmite as suas mensagens, num género musical que continua bastante associado à contestação social pelas mãos de uma juventude bastante irreverente. “De facto, há muitos assuntos que não são abordados no rap e outros que são recorrentemente utilizados, até em demasia, na minha opinião, são verdadeiros clichés. Quem estiver mesmo dentro do rap já consegue encontrar um pouco de tudo, porque é o estilo mais acessível de todos. Um jovem de 15 anos sem qualquer formação musical se calhar já ouviu tanto rap que chega a um estúdio e consegue produzir algo de qualidade. No entanto, apesar da qualidade da gravação e do videoclip e das rimas estarem todas bem construídas, notase uma falta de identidade”, analisa. Uma identidade que, volte-se a dizer, está bem presente em Filipa Florêncio, devido às viagens que fez por esse mundo fora, às culturas com que conviveu, às pessoas que conheceu. “Há muitos rappers que falam daquela vida de luxo dos músicos de sucesso, que compram não sei quantas casas e carros, mas nada disso é real num país pequeno como Portugal. As minhas rimas falam de coisas que eu realmente vivi ou das quais falo em tom irónico”, declara.

HUMILDADE E AMBIÇÃO LADO A LADO Ser original é fundamental para se ter êxito no difícil mundo da música, mas Russa entende que a autenticidade é outro requisito fundamental, algo que 58


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nem todos compreendem. “Não há ninguém que tenha tido a minha experiência de vida e é nisso que eu tenho que apostar”, reforça, reconhecendo, entretanto, que o rap deixou de ser ouvido apenas pelos mais jovens, o que também influencia a forma como se redigem as letras. “Como estudei bastante, confesso que, por vezes, escrevo coisas que, intelectualmente, são mais complicadas de perceber para um adolescente. Mas eu continuo a ser uma jovem e a sair à noite, portanto, também tenho poesias mais acessíveis. É uma dualidade estranha”, admite, com um sorriso. “Tanto posso fazer uma música de crítica social como outra sobre uma grande festa, porque não posso fugir ao facto de ser uma jovem que, por sinal, tem uma formação académica acima da média. Claro que isto não é a melhor opção em termos de carreira, já ALGARVE INFORMATIVO #202

tinha ido mais longe se fosse pelo mesmo caminho que os outros, mas acredito que existe um público que se vai identificar com a Russa. Embora possa demorar mais tempo a atingir o patamar que desejo, quando lá chegar terei maior solidez”. Filipa Florêncio pensa até que teve que batalhar mais para crescer no meio musical do que muitos outros que seguem o normal estereótipo de rapper. “Sou da vila onde não há cultura urbana, algo a que está muito mais exposto quem reside num bairro no meio de Lisboa. Também não venho da classe alta, nem sequer da média, fui das primeiras pessoas da minha família a entrar para a universidade. Descobri o rap tarde demais, mas a minha ambição na música é igual à que tive nos estudos, quero ser alguém. A 60


humildade é uma coisa muito boa, mas isso não invalida que sejamos também ambiciosos”, afirma a jovem. “Os outros rappers falam muito de struggle, mas batalhar numa cidade não é diferente do que batalhar na vila ou no campo. Isso é um preconceito errado. Aliás, ao contrário do que se pensa, até existem vários rappers com formação superior”. Contra todas as adversidades vai caminhando Filipa Florêncio, confiante de que Russa tem o seu lugar no rap nacional, mas a especialista em marketing e comunicação depressa constatou que não basta ter um disco gravado com qualidade e profissionalismo. “Durante muito tempo chegava ao fim do mês com 30 cêntimos na carteira, depois de pagar a renda da casa, os instrumentais e o estúdio. Nestes últimos cinco anos gravei duas mixtapes, um EP e um LP, tudo pago por mim, o que é bom para a autoestima, mas faltou-me o investimento seguinte, em promoção. Aprendi bastante na Kimahera e não perco uma oportunidade para conversar com pessoas deste meio, músicos, produtores, agentes, para perceber a melhor forma de comunicar a Russa”, conta, reconhecendo que é sempre complicado quando se está a negociar atuações ou contratos para si mesmo. “Às vezes parece que a minha qualidade enquanto artista está a ser colocada em causa pela minha qualidade enquanto agente. É uma dança difícil vestir a pele de todas as personagens, mas estar em cima do palco é uma sensação inexplicável, é algo que gostava de fazer todos os dias”, garante. “Quem se estabeleceu há 10 anos como músico já tem uma reputação sólida e vem de um 61

tempo em que um sucesso durava dois anos. Agora, uma grande música dura dois dias, e depois está logo outra a entrar, e mais outra e outra. Enquanto os músicos com décadas de carreira sofriam com os problemas técnicos, a nova geração sofre com os problemas de afirmação e temos que trabalhar 800 vezes mais para alguém conhecer o nosso nome”, desabafa. Filipa sabe que, neste contexto, é mais fácil para um promotor de eventos apostar num jovem que gravou um videoclip que atingiu um milhão de visualizações, mesmo que só tenha esse sucesso, do que em alguém com 25 anos de idade, com um trabalho sólido de cinco anos e discos gravados, mas que ainda não atingiu a tal viralidade, como é o seu caso. “Se estivesse do outro lado da negociação também teria esse comportamento. É assim que as coisas funcionam e estou a tentar adaptarme ao mercado. Tenho a certeza que, se tivesse agora cinco ou 10 mil euros para gastar em comunicação, dava logo o salto, porque já tenho conteúdo suficiente para isso”, comenta em final de conversa. “Estou a desperdiçar uma carreira no meio empresarial, mas, mesmo se fosse gestora da Google, seria apenas mais uma. Aqui, vou ser a «Russa», daqui a 50 anos continuarei a ser a «Russa» e trabalho para ser uma das maiores artistas portuguesas de sempre. Tenho muitas limitações, mas também bastante vontade de aprender, imensa confiança no meu talento e quero ser reconhecida por aquilo que gosto realmente de fazer”. ALGARVE INFORMATIVO #202


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FRADE E BARRADAS INCRÍVEIS NO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Teatro Municipal de Faro

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s dois melhores acordeonistas portugueses da atualidade, João Frade e João Barradas, convidaram outros dois vultos do jazz, Carlos Bica e Alexandre Frazão, e o resultado foi uma noite verdadeiramente inesquecível no Teatro das Figuras, no dia 11 de maio, em mais um capítulo d’Os Dias do JAZZ. O inédito concerto foi preparado especialmente para ALGARVE INFORMATIVO #202

a quinta edição deste festival que tem enchido a capital algarvia de jazz de eleição, com uma programação diversificada que propõe abordagens bastante distintas a este género musical e que tem, de facto, surpreendido o público. Seguem-se, a 24 de maio, no Teatro das Figuras, pelas 21h30, o concerto de Ricardo Toscano e João Paulo Esteves da Silva e, finalmente, a 26 de maio, no Club Farense, às 18h, «A Glass of Jazz» de Chibanga Groove . 66


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V ENCONTROS DO DEVIR ENCERROU COM UM FANTÁSTICO CRUZAMENTO DE TEATRO E DANÇA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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quinta edição do Festival «Encontros do DeVIR» chegou ao fim, no dia 11 de maio, no CineTeatro Louletano, com a criação «Le Terrier», levada a palco por Samuel Lefreuvre e Florencia Demestri, da Bélgica, num trabalho que cruza teatro e dança. “E se essa «caixa preta» do teatro ganhasse vida e assumisse uma forma corporal, com ALGARVE INFORMATIVO #202

livre arbítrio e plena de desejo, que histórias contaria?”, questionam os artistas que conceberam a obra, pergunta que é uma premissa para toda a construção do espetáculo. A partir deste cenário simples, mas improvável, Florencia Demestri e Samuel Lefeuvre criaram «Le Terrier», que funde dança e teatro: um mergulho no abismo, onde se trata mais de visões/sensações do que de narração. Um poema de caminhos sinuosos que procura 74


distorcer a noção de corpo, de espaço e de tempo e que maravilhou a assistência do Cine-Teatro Louletano. Terminou, assim, da melhor forma um festival que pretendeu “pensar o nosso território, aliando o social ao cultural, o ecológico, o científico e político ao artístico, fazendo pontes com outras realidades geograficamente distantes, tornando-as próximas e mais compreensíveis, recorrendo ao trabalho de investigadores e cientistas e a encomendas de criação a escritores, a artistas das artes visuais e a criadores das artes do espetáculo”, conforme explicou o 75

mentor do certame, José Laginha. “Pensar o nosso território é também refletir sobre as obras daqueles que por cá andaram, homenagear os que se distinguiram no seu tempo e que ainda hoje são recordados pela pertinência e atualidade do seu legado”, acrescentou o fundador do CAPa – Centro de Atividades Performativas do Algarve. Os V Encontros do DeVIR tiveram como mote «de(a)nunciar», uma palavra dúbia que, quando decomposta, pode ter diferentes significados e várias leituras, tal como algumas quadras de ALGARVE INFORMATIVO #202


António Aleixo, poeta repentista desta região, que em 2019 completaria 120 anos. “Recordá-lo através do que nos deixou é refletir sobre a nossa identidade, um dos objetivos deste festival internacional. Foram 41 criações, 52 reflexões por pensadores, investigadores e criadores nacionais e internacionais de diferentes áreas (dança; astronomia; teatro; política; escrita; ilustração; geofísica; cinema; fotografia; artes plásticas; linguística; cartoon) de Samuel Lefeuvre a Erna Ómarsdóttir, do ativista Luaty Beirão ao chairman da UNESCO Suleiman Baraka, de Hillel Kogan em We love arabs, à dupla Sofia Dias/Vítor Roriz, que responderam a uma encomenda de criação, passando por Hélia Correia, que produziu um texto inédito, e por muitos outros que deram uso à palavra de(a)nunciar”, descreveu José Laginha . ALGARVE INFORMATIVO #202

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MÚSICA, LITERATURA E CINEMA JUNTOS PELAS MÃOS DE MIGUEL GIZZAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina 83

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digressão nacional do Cine-Concerto de Miguel Gizzas passou pelo Auditório Municipal de Albufeira, no dia 10 de maio, e os espetadores que aceitaram o desafio de vivenciar uma experiência diferente, fora do normal, inovadora, deram por bem empregue o seu tempo. Diferente porque não se trata de um concerto de música tradicional, nem de um filme como estamos habituados a ver, mas sim um romance musical transportado para o palco com o auxílio do cinema de animação. E, na hora da verdade, os ingredientes para o sucesso estão todos lá. Um disco muito bem conseguido, não um pop juvenil de derreter os corações das adolescentes, mas um pop maduro onde pontificam a voz de Miguel Gizzas, as guitarradas, os sons cativantes das teclas e uma bateria poderosa a imprimir o ritmo. Depois, um livro com um enredo bastante interessante, inspirado no terramoto de 1755, agora nos tempos modernos, com políticos corruptos, uma heroína com poderes sobrenaturais, uma dupla que se apaixona no aeroporto de Amesterdão, um pai e filho com uma relação conflituosa e muito mais, até um jovem aluno apaixonado pela sua professora. E foi precisamente pela música que o projeto começou de forma bastante simples, com um álbum de música que chegou ao terceiro lugar do top de vendas nacional, e as perguntas iam bater sempre na mesma tecla: como é que Miguel conseguia contar histórias tão cativantes nas suas canções? “Na altura perguntei ao Ricardo Carriço se ele, caso eu criasse uma história à ALGARVE INFORMATIVO #202

volta das músicas, me encenava aquilo. Disse-me para escrever primeiro o livro que depois voltávamos a conversar”, recorda Miguel Gizzas. Assim nasceu a ideia de escrever um livro que contasse uma história e que depois desse lugar a um musical, possível graças à introdução de QR Codes que podem ser lidos por qualquer smartphone moderno e que dão acesso então às canções. A experiência de «Até que o mar acalme», o primeiro romance musical da história, foi tão positiva que Miguel Gizzas rapidamente avançou para o segundo livro, «O dia em que o mar voltou», mas inverteu o processo. “Primeiro escrevi o romance e, à medida que ele me ia pedindo músicas, é que compunha as canções”, revela o autor, que então sentiu a necessidade de mudar também o formato dos próprios concertos que dava ao vivo. “Como o livro fala de um terramoto em Lisboa com muita destruição, tecnicamente difícil de colocar num filme normal, decidi avançar para o cinema de animação, com as vozes do Ricardo Carriço, João Didelet, Sofia Nicholson, Luís Filipe Borges, Karla Muga, Carolina Carvalho, António Camelier e Armando Carvalheda”. Um filme de animação que conta a história do livro «O dia em que o mar voltou», intercalado com músicas ao vivo tocadas por Miguel Gizzas e sua banda, foi aquilo a que se assistiu no Auditório Municipal de Albufeira, numa altura em que, infelizmente, pouco «sumo» têm a generalidade das canções que escutamos. “Não gosto muito de 84


rimar «mão» com «coração» e «amor» com «calor». Hoje em dia não se dá força às letras, mas, para mim, o mais importante da música é a mensagem que ela passa”, defende o escritor e músico, reconhecendo que o ritual de ouvir música mudou drasticamente na última década. “Se formos ouvir com atenção as 85

músicas que mais frequentemente passam nas rádios – e que são facilmente esquecidas – verificamos que elas são feitas com um algoritmo mais ou menos definido. O refrão tem de chegar antes do primeiro minuto e ter o mínimo de palavras possível para ser repetido pelo menos três vezes. É ALGARVE INFORMATIVO #202


uma fórmula quase matemática e eu tento fugir a isso, mas não para sítios onde as pessoas depois não compreendam a música”, sublinha o entrevistado. Miguel Gizzas assume, sem rodeios, o seu compromisso com a literatura e sonha em deixar um legado que perdure na memória dos tempos e que contenha uma ALGARVE INFORMATIVO #202

mensagem. Curiosamente, os primeiros textos que escreveu até eram humorísticos, à laia de Woody Allen. Depois, foi músico durante uma década em bares, pelo que a literatura mais «séria» surgiu quase por necessidade e em respeito ao desafio lançado por Ricardo Carriço. “Agora, dedico mais tempo à literatura do que à música, leio imenso para contatar com outros 86


estilos e faço imensos cursos. São duas paixões que se completam”, confessa, adiantando que as maiores dificuldades que sente, no seu processo criativo, é precisamente a falta de referências. “Como sou o primeiro a fazer romances musicais, não tenho ninguém com quem me aconselhar ou esclarecer dúvidas. Nos três anos que se seguiram ao «Até que o mar acalme» nem sequer sabia se as pessoas iam compreender o conceito de um livro com música”.

TERCEIRO LIVRO JÁ ESTÁ FINALIZADO Miguel Gizzas fala ainda da dificuldade em se encontrar um bom tema para um livro, porque um livro que se escreva bem às vezes acaba por ser um pouco vazio. “Há obras que lemos de autores que gostamos e, no final, ficamos com aquele amargo de boca quando constatamos que a história não era tão forte como tínhamos antecipado. Depois

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de ter essa ideia forte, torna-se fácil para mim fazer as músicas, porque há momentos chaves da história que me pedem para compor”, revela, com um sorriso. E nada disto seria possível sem as novas tecnologias, como é o caso dos QR Codes, mas Miguel admite que essa parte mais informática deixa a cargo de especialistas. “A certa altura da caminhada temos que saber autolimitar-nos e não querermos fazer tudo sozinhos. Quando pensei em fazer o meu primeiro romance musical, a ideia era colocar um CD dentro de um livro para as pessoas irem ouvindo. Quando vamos ao cinema, estamos ali parados uma hora e meia a ver o filme, no teatro sucede o mesmo, mas um livro é um objeto cultural livre, vamos lendo aos bocadinhos. Não podia obrigar as pessoas a terem sempre consigo um leitor de CD’s”, explica, com a solução a partir de um dos seus guitarristas, que lhe deu a sugestão dos QR Codes.

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Quanto aos espetáculos ao vivo, são uma experiência marcante e diferente do que estamos habituados a assistir, mas encerram algumas exigências logísticas, admite o entrevistado. “Só posso apresentar o projeto em salas como cineteatros ou auditórios porque requer um equipamento que está mais facilmente disponível em espaços grandes. Mas também vou atuar em bibliotecas, porque tem a ver com livros, e vou fazer a abertura do Festival Ecológico Internacional de Seia, mais dedicado ao cinema. É um produto que me abre outras portas, mas é sempre difícil explicar às pessoas o que vão encontrar. Felizmente, muitas depois ficam à minha espera no final do espetáculo, para me dar os parabéns e comprar o livro”. E em plena digressão de «O dia em que o mar voltou», o terceiro livro já está 89

finalizado e foi, inclusive, finalista do Prémio Leya de 2019. “Não penso se as obras vão vender ou não, interessa-me apenas que seja uma ideia forte que me desafie a escrever e compor. Para ser honesto, no passado escrevi músicas para tentar entrar em certas áreas, hoje não o faço, não cedo às tendências ou pressões do mercado”, garante, revelando ainda que já está a preparar o guião para o próximo espetáculo. “Ainda não sei se continuará a ser cinema de animação ou com atores reais, mas quero que esta ligação da música com a literatura seja o meu legado. A ligação depois com o cinema é a forma ideal para cativar as pessoas nos espetáculos ao vivo. Neste momento sou o único a fazer isto, mas quero que mais artistas peguem neste conceito, porque faz todo o sentido associar a música, os livros e o cinema” . ALGARVE INFORMATIVO #202


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«ARTE SEM FRONTEIRAS» SUBIU AO PALCO DO REVELIM DE SANTO ANTÓNIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Revelim de Santo António, em Castro Marim, foi palco, no dia 12 de maio, da oitava edição do Festival Internacional de Dança «Arte sem Fronteiras». Conhecido por trazer ritmos do mundo, por este festival passam diferentes culturas regionais e nacionais que apresentam um conjunto de coreografias onde se reconhecem os traços das suas tradições e valores, vestindo este espetáculo a bandeira da arte como identidade. ALGARVE INFORMATIVO #202

Num solarengo final de tarde, o público vibrou com bailarinos de várias idades e nacionalidades, que partilham a mesma paixão pela dança. Foi um espetáculo diferente e único, cheio de energia e emoção, onde foram apresentados estilos de dança como a clássica e contemporâneo, caráter, sapateado, hip-hop, oriental, entre outros. O VIII Festival Internacional de Dança «Arte sem Fronteiras» foi organizado pela Escola de Dança «Splash» e apoiado pela Câmara Municipal de Castro Marim . 94


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ÍRIS ATUARAM NO CINE-TEATRO LOULETANO NOS FESTEJOS DO SEU 40.º ANIVERSÁRIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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s Íris levaram o Cine-Teatro Louletano ao rubro, na tarde de 12 de maio, num concerto que incluiu temas do seu mais recente trabalho, «Baladas», para além dos imensos clássicos que imortalizaram esta banda de referência do Algarve. Recuando a julho de 1979, quatro rapazes resolveram formar uma banda que tinha como intenção principal fazer e tocar boa música. Como tantas outras bandas que na época proliferavam pelo sul do país, começaram por atuar nos bailes e em festas um pouco por todo o Algarve. 40 anos depois, a carreira dos Íris confunde-se com a própria história da música ligeira portuguesa, pois são um marco incontornável na identificação de uma região. De facto, raros são aqueles que não ALGARVE INFORMATIVO #202

se recordam do aparecimento, em 1996, de um tema que se tornou num dos maiores sucessos da banda precisamente por ser uma música rock cantada com pronúncia algarvia, ou seja, «Oh Mãe, Aquêle Moçe Batê-me», uma versão do tema «The House Of The Rising Sun», dos Animals. Em 2007, a banda editou o CD e DVD «Íris ao vivo com Ensemble Petrov», em que se juntaram a uma orquestra de cordas. Na vanguarda da inovação e na senda da qualidade, regressaram aos estúdios de gravação e produziram «Sueste», resultado de um longo processo de maturação desde a edição de «A2 Sul», de 2003. Seguiu-se, em 2014, o disco «Ao acaso» e, no final de 2016, o trabalho ao vivo CD e DVD «Baladas», que agora apresentaram no Cine-Teatro Louletano, para deleite das centenas de pessoas que esgotaram a sala de Loulé . 110


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OLHARES DE PATRÍCIA ALMEIDA SOBRE O ALGARVE EXPOSTOS NO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova 119 119

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stá patente, até dia 21 de dezembro, no foyer do Teatro das Figuras, em Faro, a exposição «Portobello», da fotógrafa Patrícia Almeida. A mostra, pertencente à coleção da Fundação de ALGARVE INFORMATIVO #202

Serralves, é o resultado de várias viagens que Patrícia Almeida efetuou ao Algarve, em 2006 e 2007, com o objetivo de registar as vivências dos turistas que, durante o período estival, afluem em massa a esta região. A parceria entre a Fundação de 120


Algarve de férias, veraneante, que tem esta dicotomia entre a Natureza e a construção. Esta mostra inclui três perspetivas: uma diurna, outra noturna, e outra de cariz mais sexual”, descreve Gil Silva, Diretor do Teatro das Figuras.

Serralves e a Câmara Municipal de Faro já existe há alguns anos e, depois do Museu Municipal de Faro, surgiu agora a oportunidade de se estender ao Teatro das Figuras, numa mostra com curadoria de Filipa Loureiro. “A Patrícia passava algumas temporadas no Algarve, de maio a outubro, e pretendeu captar um 121

Um Algarve que muitas vezes escapa ao olhar desatento foi então captado por Patrícia Almeida, que faleceu, entretanto, em 2017. A mostra foi exibida primeiramente na galeria «Zé dos Bois», em Lisboa, e o antigo Diretor Artístico da Fundação de Serralves, João Fernandes, convidou-a a integrar o programa «Allgarve», em 2009, na coletiva «Estranhas Formas de Vida», no Convento de Santo António, em Loulé. “Em 2011, a Fundação de Serralves adquiriu esta coleção que chega agora ao Teatro das Figuras, estando acessível aos milhares de espetadores que passam regularmente por este equipamento cultural, das 13h às 19h30, de terça-feira a sábado, para além das alturas em que acontecem os espetáculos. É uma mostra que terá uma grande visibilidade e o objetivo é que as pessoas a vejam, analisem e, acima de tudo, desfrutem destas belas fotos”, reforça Gil Silva . ALGARVE INFORMATIVO #202


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OPINIÃO

Defeito ou feitio? Paulo Cunha (Professor) á uns anos, assisti a um programa na RTP que mencionava e diferenciava algumas características comportamentais dos portugueses. Lembro-me que fiquei com a ideia que quase todas elas poderiam ser referidas como defeitos. Foram então os «defeitos» apontados a Portugal e aos portugueses: país do jeitinho, derrotismo e fatalismo, falta de pontualidade, «vai-se andando», complexo do estrangeiro, síndrome do best-seller, «a culpa é dos outros», chico-espertismo, viver de aparências, fixação pelo autoritarismo, desorganização e displicência, bipolaridade patriótica e saudosismo e nostalgia. Se nas redes sociais, no emprego, nos transportes públicos, o passatempo nacional é falarmos dos defeitos... dos outros, que tal tentarmos identificar em nós algumas destas características? Já dizia Eça de Queirós: "Portugal é uma choldra". Mas será que - efetivamente - ainda assim continua a ser? Aqui, convosco partilho algumas partes da apreciação de Miguel Suárez (um espanhol que reside em Portugal há mais de uma década) sobre os seus irmãos portugueses: “Vocês prestam demasiada atenção à opinião dos estrangeiros! Nunca vi um povo que se preocupasse tanto com aquilo que os outros pensam dele. Nestes anos em que vivo em Portugal, tenho tentado encontrar a justificação para este comportamento e só me ocorre uma: a falta de autoestima. Vocês oscilam entre a euforia e a depressão! Pois bem… sempre que um ranking é positivo, vocês exaltam ALGARVE INFORMATIVO #202

de alegria, de orgulho e de otimismo. Mas se o ranking é mau, vocês entram numa espiral depressiva e de repente, tudo o que era fantástico, passou agora a ser uma catástrofe. Vocês acham que percebem tudo sobre tudo! É algo que nunca compreendi muito bem: um português típico sabe tudo sobre política e tem a receita mágica para governar o país, sabe tudo sobre futebol e se fosse treinador ganhava a Liga dos Campeões, sabe tudo sobre saúde e passa a vida a aconselhar os amigos sobre os melhores medicamentos, sabe mais sobre educação do que a professora do seu filho. Vocês têm memória curta! A vossa memória é boa quando diz respeito aos amigos. Mas não é muito boa em relação a outras coisas, especialmente à política. Alguns de vocês, que viveram no tempo de Salazar, já se esqueceram do quanto sofreram e hoje dizem que sentem saudades desse tempo. E mais… para vocês, a história começa a partir do momento que vocês decidem (ou se lembram melhor). Vocês são uns ativistas de sofá! Sim, é verdade. Vocês protestam muito, mas… só no Facebook. Protestam contra os incêndios, contra a subida de impostos, contra jantares de gala no Panteão Nacional… mas se for preciso saírem à rua e protestar a sério, raramente o fazem. E se o fizerem, é em autocarros organizados por algum partido político ou sindicato”. Custa-me (des)escrevê-las, mas constato nos portugueses as seguintes peculiaridades: - Sentem a estranha convicção de que foram definitivamente condenados ao 128


- Facilmente substituem a organização pelo desenrascanço. - Apreciam e respeitam a voz firme e o espírito de liderança. - Procuram constantemente a legitimação e a aprovação vinda do exterior. - Ostentam, exibem e bajulam títulos e titulozinhos.

fracasso. Será que serão pessimistas convictos? Ou este derrotismo é apenas uma maneira de se fazerem de vítimas? - Usam o termo «vai-se andando» como expressão para não se comprometer com qualquer exuberância ou depressão. - Abusam dos vários níveis de «jeitinhos»: a «atençãozinha», o «descontozinho», o «puxar os cordelinhos» e o «meter a cunha». - Nas suas apreciações, vão do oito ao oitenta, da besta ao bestial, num estalar de dedos. - Concretizam as suas tarefas, quase sempre, à última da hora. 129

Meus caros concidadãos, não é necessário que os estrangeiros que escolheram Portugal para visitar ou morar nos digam o que já todos sabemos mas não ousamos assumir: somos um povo sereno, amável e carinhoso, temos uma das melhores culinárias do mundo, o nosso país prima pela beleza e pela simplicidade das suas gentes, o nosso Sistema de Ensino e o Serviço Nacional de Saúde são bons, as nossas estradas são das melhores do mundo, enfim, entre tantas outras, são qualidades à vista de todos os que têm capacidade de olhar para o seu país de frente. Tenho plena convicção que somos muito melhor do que imaginamos e nos avaliamos. Haja maior autoestima e muitos defeitos poderão ser transformados em características identitárias que, não tornando este país melhor do que outros, torná-lo-ão motivo de apreço e procura, precisamente pela diferença. Por isso há muito que clamo: gosto e tenho orgulho neste meu Portugal! . ALGARVE INFORMATIVO #202


OPINIÃO

Do Reboliço #38 Ana Isabel Soares (Professora) m dos maiores desafios na canina vida do Reboliço é resistir à esfregona. Nos dias quentes, o corredor da casa da mercearia era passado por água pelo menos quatro vezes: não tanto, portanto, para lhe retirar impurezas, quanto para refrigerar o ambiente. O bicho, claro, em vendo alguém pegar na asa metálica do balde e dirigir os passos para o quintal, punha-se logo em sentido. Onde quer que estivesse, as orelhas arrebitavam-se com o chiar da porta e podia confirmar que ao abrir da torneira corresponderia o jorro audível e só por si refrescante da água. Era o ouvido que lhe fazia no pensamento a imagem do balde a encher-se. Primeiro, um som mais largo, baço, grave – à medida que subia o nível da frescura, agudizava-se o ruído, afinava-se, mais flauta que baque percutido no fundo e nas paredes do recipiente. Sem ver, conseguia perceber se quem enchia o balde estava mais ou menos distraído na função: se o jorro diminuísse, era que estava atento e ia fechando a torneira à medida que subia no balde o líquido; se a fechava à pressa, era que alguma coisa, pássaro ou flor no quintal, ou ideia, o alheava. O balde cheio. Pesava a ser trazido para o começo do corredor: a única torneira da casa ficava fora da casa, no extremo de lá, do lado de fora da porta do quintal. O corredor teria de ser molhado desde o outro fim, da parte da rua – para que, no final da procissão a pano e água, se derramasse na pia do final, sem pisadela dos ladrilhos ainda com resquícios de brilho aquático, se houvesse sabão, ou na terra de um dos canteiros, se fosse água e nada mais. Mas a esfregona – o pano em que terminava aquela vara que duas mãos faziam oscilar – era a tentação do animal. Um convite à dança ALGARVE INFORMATIVO #202

a que só a idade facilitava o resistir. Pano de saia, saia pesada e bailante, anda para cá, anda para lá, corre o chão rasinho, volta, raso, a correr, abre o rasto fresco. Quando era cachorro, nem tentava: só não lhe atirava os dentes e as patinhas se o fechassem no quintal, e era frustrado latido de meia-noite. Às vezes, porém, por graça, deixavam-no brincar, e ouvia os risos. Agarrava-se àquela humidade com fúria dentária e patinhal, de modo tão feroz que deixava de se perceber se o que lambia o chão era a esfregona ou o pelo curto e rude do Reboliço. Era quando a água não levava sabão nenhum, ou nas últimas aguadelas do dia, com o chão mais limpo que o piso de uma catedral antes da missa de Domingo. Agora, em grande, o cão percebia os inconfundíveis sons do jorrar e encolhia o corpo: tremia um bocadinho, encolhia o tronco para se acoitar melhor no canto onde adormecera, chegava a meter debaixo das patas as orelhas, forçando-se à abstração, e, quando muito, entreabria um olho: lá ia ela, a esfregona: ouvia-a, de início, carregada de água junto ao balcão vermelho, correndo os ladrilhos até ao degrau, descendo o degrau e lavando dele, também, a parte vertical, pisando agora o que do corredor levava aos quartos, à divisão da salgadeira, abeirar-se da cozinha, dos outros quartos que já davam para o quintal e, por fim (o corpo menos retesado, a atenção a dispersar-se), a alça do balde a ser de novo erguida, o fundo com as mãos agarrado e, com o balanço de um vaivém breve, a água a ir embora . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 130


Foto: Vasco Célio 131

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OPINIÃO

Arquitectura da emoção Adília César (Escritora) “A arquitectura é música petrificada”. Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

aminham devagar, em silêncio, ainda hesitantes. De repente, caem pingos de aguarelas. Ambos correm na direcção que Marion indica, até à parede mais próxima. Frank encosta as palmas das mãos à superfície vertical e quente do edifício antigo, onde ela pernoita. É o crepúsculo de todos os dias, repetitivo e mágico: a hora sublime em que a matéria guarda o desejo do sol de aquecer o mundo inteiro. Ela, de olhos fechados, os braços caídos ao longo do corpo, de costas coladas à barriga morna da estrutura. A imobilidade é total enquanto o plano tridimensional da substância da emoção começa a ganhar forma. Marion percepciona o corpo alto e rectilíneo, aquela espécie de parede interior que a segura, mas não sabe o que fazer em relação a isso. Adivinhou a sua força descomunal nos movimentos arquitectónicos junto à imensa parede acinzentada e rugosa, como uma pele velha que teima em sobreviver às intempéries. É o corpo mais rectilíneo que ela já sentiu, ao mesmo tempo frágil como um vitral: imaginou os ossos brancos e a carne vermelha coberta por outra pele, um fato feito por medida que ela habitaria por dentro, servindo-lhe na perfeição. A porta logo ali, a chave imaginária cravada na mão direita: um prumo para a situação peculiar em que ambos se encontravam. Marion queria que ele entrasse, mas Frank não sabia que ela queria que ele entrasse.

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- Vê, não olhes apenas: a tua mente é como um imenso guarda-chuva, será muito mais útil se a abrires. Conheceram-se há duas horas, no mercado. Tocar a mesma laranja, olhar a superfície dos olhos. Nada foi dito, apenas adivinhado nos pequenos gestos: cortar a laranja ao meio, morder os gomos, deixar escorrer o sumo até aos cotovelos. Havia uma sintonia surreal nos gestos brandos e lentos, dir-se-ia uma coreografia de duas personagens num espectáculo que ninguém está a ver, actores a representar a vida. Uma quase perfeição estética, quase a decidir-se de uma vez por todas. Marion tinha uma convicção que moldava todos os seus caminhos percorridos: não se conhece uma pessoa enquanto não a observarmos no interior do seu próprio lar. A casa, essa habitação completa que organiza as veias e o pensamento do ser humano através de uma melodia petrificada nas paredes, no chão, no tecto, no tempo. Uma bela canção feita de pedras, ferro, cimento, vidro, cal. Por vezes, pintada com sangue e outros martírios a pingar sobre desperdícios partidos. Ela queria que ele entrasse, queria dar-se a conhecer àquele homem denso e profundo. O clique da chave a abrir a fechadura é o bilhete de entrada. Frank agora também sabia que ela queria que ele entrasse. Dentro da casa a mão toca o desejo, o tempo pára na escuta dos corações. Fecha-se a janela para não 132


nossa arquitectura emocional. O amor e o seu contrário, a casa verdadeira e a sua ruína tombada. Fica, na luz ou na sombra, tanto faz. Olham-se agora como se olhassem um espelho, porque no discurso dos espelhos é permitido olhar para dentro. A pele abstracta, singular nos pigmentos escolhidos, quando os corpos se juntam e se misturam na primeira ornamentação. O coração dele estava cansado, tinha viajado de estátua em estátua, não se sabia porque ainda não tinha escolhido a sua deusa. A melodia era tão inaudível como o sussurro de lascas a cair sobre palavras não ditas, sobre aguarelas inacabadas .

sair a solidão, é imperioso que Frank perceba a solidão de Marion. - Podes ler-me, tacteando tacteando, conhecer-me. Planeando mapas sentimentais, cravando alicerces na linguagem do espírito, preenchendo espaços vazios entre os gestos expressivos dos corpos. Pintar a urgente aguarela do amor, queres? Se no interior do corpo houver um lugar, uma opacidade que eu queira que transpareça, este véu sobre o soalho, este painel a revelar a nossa imaginação, os alicerces da vida. Tudo seria uma forma de ser tua, tudo seria um modo de te comoveres. Esta é a nossa casa, a 133

[Marion Mahoney Griffin (1871-1961) é considerada a primeira mulher do mundo a ser oficialmente licenciada como arquitecta, em 1894. No ano seguinte começou a trabalhar no escritório do fulgurante Frank Lloyd Wright (1867-1959), desenhando prédios, móveis, vitrais e painéis decorativos. Foram as suas aguarelas que imprimiram a marca do estilo de Wright. Esta parceria profissional durou cerca de 15 anos. Em 1909 casa com Walter Burley Griffin e juntos desenvolveram projectos arquitectónicos de longo alcance, nos Estados Unidos, Austrália e Índia. Em 2005, o Block Art Museum da Universidade de Northwestern, Illinois, USA, apresentou uma extensa exposição com os trabalhos desta arquitecta e artista gráfica, uma das primeiras arquitectas invisíveis]. ALGARVE INFORMATIVO #202


OPINIÃO

Pessoas e Turismo Antónia Correia (Professora e Investigadora) om a chegada do Verão, a preocupação de recrutamento aumenta. Notícias que anunciam a falta de mão de obra qualificada multiplicam-se. Fala-se da necessidade de mais 40 mil trabalhadores. Não há consenso sobre as condições oferecidas, há quem diga que os salários aumentaram, há quem diga que as condições de trabalho não são as melhores, turnos, feriados e salários abaixo da média justificam a escassez de mão de obra. Apontam-se como soluções a importação de mão de obra e a reconversão de quadros. Com efeito, o turismo cresce a dois dígitos e não se perspetiva que abrande, é o sector que mais mão de obra absorve, mas não é a área de ensino que mais estudantes recebe. A importação de mão de obra pode ser uma solução temporária, mas é preciso relembrar que estamos a exportar 150 mil licenciados ou mestres formados em Portugal que custam dinheiro aos pais e aos contribuintes. Atente-se ainda que os turistas procuram autenticidade e reforçam que a riqueza de Portugal são as pessoas. Se os recebermos com nativos dos seus países de origem, muito provavelmente esta vantagem

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competitiva perde-se com mais facilidade do que a conquistámos. Atente-se num dos comentários realizado por turista no trip advisor num resort de alto luxo na Indonésia: “O serviço foi assegurado por pessoas que mal falavam inglês, com origens muito diversas que revelavam muito pouco profissionalismo”. Não me parece que sejam estes os comentários que queremos colecionar. A reconversão de quadros pode ser outra solução, mas antes disso é preciso aproveitar quem tem formação na área em vez de os exportar, já para não falar que formações in loco e em breves sessões não formam os profissionais que nos conferiram a excelência. Soluções sustentáveis não podem ser conjunturais, mas sim estruturais. Estruturalmente importa reforçar as vagas no ensino superior em turismo e hotelaria que continuam a diminuir, sensibilizar as famílias para a relevância da formação neste domínio, desazonalizar a oferta de emprego e requalificar a oferta de emprego neste sector. Sim, porque a escassez não está na mão de obra qualificada, mas sim na desqualificação da oferta .

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OPINIÃO - A ISTO CHEGÁMOS

O rapto das formigas Fernando Cabrita (Advogado e Poeta) sta actual literatura de bons sentimentos, muito certinha, cheia de suspiros e ademanes, politicamente correcta e agradável a todos os poderes, sejam mesmo os poderes do contra (coisa que é algo totalmente diferente dos contrapoderes), literatura que não faz ondas, não perturba, não molesta, não transgride nem sequer incomoda, não vos traz já um pouco fartos? Deixem-me que vos diga: a mim sim. Levamos anos de prosa e poesia a balançar-se entre estados de alma dúplices e desinteressantes, matéria tantas vezes de simples monturo mas auto expostos como objecto de escrita, talvez interessante a psicólogos mas vazio de interesse literário; e estados de deslumbramento parolo que se agarram com oportunismo aos temas da moda – feminismo, refugiados, falta de paz no mundo e etc. – , qual náufrago à bóia para ver se sobrevive, mas sequer sem um pequenino salto que conduza o texto, já não digo ao patamar da literatura, mas pelo menos aí perto. É o que há e vai havendo. O cenário é o de uma profunda tristeza vocabular e sintáctica, de desmazelo linguístico, de indigência imaginativa e imagética, de ignorância morfológica e etimológica e, daí, de desconhecimento crasso do idioma. Mas não há quem não queira debitar a sua pitada de «literatura», ALGARVE INFORMATIVO #202

produzindo livros a desmando, sem qualquer noção da gramática, das regras da escrita ou do que significa inovação, criatividade, actualidade, estética. Como os poderes que se sucedem são na sua maioria reduto de analfabetos funcionais; os responsáveis da coisa raramente têm noção do que significa o assunto que devem superintender, sendo em geral quadros partidários promovidos por fidelidade ao líder de ocasião e jamais por serem, não direi especialistas ou entendidos, mas ao menos curiosos no tema; e como o mundo leitor, salvo escassíssimas excepções, é um sertão de gente ignorante ensinada a mal ler e a tresler, formada na academia das legendas televisivas, no barroquismo insano e estúpido dos comentadores de futebol e na edição plúrima de biografias, memórias e experimentações «literárias» de tudo que sejam treinadores, meninas passadoras de moda, professores em crise existencial ou políticos e banqueiros reformados (e para eles sempre haverá editoras disponíveis…); como é este o cenário em que a escrita de hoje maioritariamente se move, já vão tão altaneiros os tolos que começamos a ter inveja de não ser como eles, como diria o senhor Camilo Castelo Branco. Ora, num cenário assim, como não saudar, e efusivamente, uma peça literária, das que percorrem os grandes caminhos da grande Literatura? Falo de um livro muito recente, editado em 136


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Málaga há pouco mais de um mês: «El Rapto de Las Hormigas», do escritor e poeta Francisco Cumpián. Paco Cumpián, tratemo-lo assim, produz neste texto de 44 páginas, uma obra que põe nota dissonante – e ainda bem que a põe – no marasmo literário e literato em que vive a escrita hodierna. Num mundo de chata literatice, de gente a remoer o seu ego e os seus amores choradinhos, de pundonorosos autores, sempre muito compostinhos, a dizer de suas penas e vagares, eis Cumpián a ALGARVE INFORMATIVO #202

trazer a transgressão, a insurgência, o indecoro. Leio-o neste seu texto e a primeira obra que me acode à memória é o intemporal O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor, de Luiz Pacheco. O mesmo murro no estômago, a mesma autenticidade, a mesma punção nas feridas de uma burguesia acomodada. Paco Cumpián vem perturbar a paz podre em que vive a nossa arte e a nossa literatura de gentinha estimável, oficiosa e sempre à espera que os poderes do alto lhe passem a mão pelas costas. A este livro, estou seguro, nenhum poder nem nenhum poderzinho farão boa cara. Trata-se de uma descida aos infernos em 44 páginas. Um homem que fala de si, un poeta viejo que habla de si, ou un hombre viejo que escribe un poema de un hombre viejo que escribe un poema, ou un hombre viejo que escribe sobre un poeta viejo (a dúvida persiste e vai assaltando o texto em variantes diversas); e as pergunta vêm naturalmente, pelo próprio autor: é isto um poema? Pode começar-se assim um texto? É isto literatura? Que tem um poeta que ver com literatura? E quem o leia só pode responder que sim. Sim. Isto é literatura, e da melhor. Estão ali o Naked Lunch de Burroughs, a Viagem ao 138


Fim da Noite, de Céline, o On the Road de Kerouack, o Uivo de Ginsberg, também algo de Trainspotting de Irvine Welsh, qualquer coisa de Octave Mirbeau. Todas as descidas aos vários infernos. Um percurso de vida sem máscaras. E ali circulam a pena (qué pena no poder verte, caballo galopando, envejecer hermosa, porque tanto te quise, mi trapecista bajo cielos rococó…), o humor (esse relato sobre o pai de Hassan, polícia, de quem os clientes do filho fugiam assustados ao vê-lo aparecer), o suicídio, a droga, as detenções, as experiências pesadas de quem as viveu, as viagens (hace cuarenta años me fui a India para olvidar la flor de mi ventura, para esquivar la muerte), os sonhos, as alucinações, os compagnons-de-route, como esse Bob, o americano, onde yo lo tenia todo, cama, comida, bebida y fumada, y mi muermo y mi vacío y mi dolor, os desamores, as memórias doces, as inquietações. Tudo escrito soberbamente, ao ritmo da respiração, al ritmo de la respiracion como o faria um bom beatnik, até ao limite do hausto respiratório, imagens sucedendo-se, episódios sucedendo-se, memórias sucedendo-se. 44 páginas que poderiam ser dois versos, pois como diz Cumpián, dos versos valen lo que toda una obra. Decerto que esta descida aos infernos, feita de palavras tão potentes, causará na boa sociedade (aquela que é capaz de assistir às maiores violências, de ouvir Trump ou Bolsonaro, de olhar sem comoção as mortes no Iémen ou as decapitações na Arábia Saudita enquanto 139

janta) causará na boa sociedade uma sensação de prurido, nos seus bons costumes e boas maneiras, nas suas ideologias pacatas que amordaçam e anestesiam os cidadãos e os transformam em seres acríticos e amorfos. Todos sentirão seguramente repulsa por esta literatura. Por isso ela é literatura. Como a que se faz nas prisões, nos lugares de exclusão, nas salas de chuto, nas favelas. Lembro Paulo Lins na Cidade de Deus: Poesia, minha tia, ilumine as certezas dos homens e os tons de minhas palavras. É que arrisco a prosa mesmo com balas atravessando os fonemas. É o verbo, aquele que é maior que o seu tamanho, que diz, faz e acontece. Aqui ele cambaleia baleado. Dito por bocas sem dentes nos conchavos de becos, nas decisões de morte. Cumpián traz-nos um grande livro, editado por Luces de Gálibo, pela mão de outro grande poeta, Ferran Férnandez. Um livro da melhor literatura. Há algum tempo, queixava-se o escritor José Riço Direitinho: Desde há uns anos que a literatura portuguesa anda tão fofinha. (Com várias honrosas excepções). Ele é a pseudo-filosofia oriental, a profundidade bacoca, o amor salvífico, a estetização docinha... E sangue, suor e sémen, não há? Há pois. Aqui estão. Neste livro. Um livro vivo. Di-lo o autor: …y si huele a carne, a mierda, pués seguimos vivos . ALGARVE INFORMATIVO #202


OPINIÃO

A «caixa negra» da vida ao serviço das seguradoras Nelson Dias (Consultor) e acordo com um estudo realizado pela empresa Tata Consultancy Services, o setor dos seguros é o que mais investe na criação de novas formas de Inteligência Artificial (IA). Esta tornou-se, aliás, a grande aposta das companhias líderes da atividade seguradora, com investimentos que se aproximam dos 100 milhões de dólares anuais por empresa. O estudo em apreço apresenta três motivações principais do setor para justificar a expressiva aposta na IA. São essas: (i) possuir dados mais confiáveis e eficientes; (ii) aumentar a segurança para evitar ataques cibernéticos; (iii) tomar as melhores decisões negociais. Prever o futuro não é tarefa fácil, mas as seguradoras estão bastante empenhadas nisso. Há muito por explorar e compreender, mas não restam dúvidas que o casamento entre esta atividade e a IA veio para ficar. Nos debates mais recentes, alguns deles realizados em Portugal, ficou claro que uma das principais prioridades do setor é a personalização dos serviços, definindo ofertas desenhadas à medida de cada ALGARVE INFORMATIVO #202

cliente, com base em algoritmos e sistemas de previsão de riscos. Isto implicará uma tarifação feita em função de cada pessoa e do potencial de risco que essa representa para a empresa. Isto coloca enormes desafios às seguradoras, mas também aos cidadãos e aos Estados. As primeiras têm pela frente sociedades em transformação acelerada, com alterações significativas nos modos de vida, o que torna mais difícil prever o futuro, os comportamentos e os riscos associados. Isto obrigará a contínuas adaptações dos produtos e a variações mais frequentes das tarifas praticadas. A questão mais sensível é, no entanto, a relativa aos dados e à privacidade dos clientes. A entrada em vigor, nos países europeus, do novo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados é resultado da ação reguladora dos Estados, certamente atentos aos riscos emergentes e à necessidade de proteger os cidadãos, sobretudo os mais incautos ou desatentos. Perante este quadro mais restritivo, o caminho das seguradoras será o de procurar convencer os consumidores, com recurso a estratégias de marketing muito eficazes, a fornecerem dados pessoais, com a promessa da 140


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prestação de serviços personalizados e mais vantajosos (para o bolso de cada um). Do lado dos cidadãos, num mundo mediado pela tecnologia, será necessária uma atitude de vigilância permanente sobre os seus próprios comportamentos, para que possam entender que um simples gesto na utilização de um qualquer equipamento é produtor de informação que pode interessar a terceiros. Veja-se o exemplo que exponho de seguida. Um condutor entra no seu veículo e digita no navegador GPS o destino para onde se quer dirigir. A IA associada a essa tecnologia permite calcular várias rotas possíveis, indicando de entre todas a mais recomendada em termos de segurança. Preocupada com o compromisso que a aguarda, a pessoa decide seguir a opção mais rápida, mas menos segura. No percurso, pressionado pelo tempo e pelo tráfego, o condutor excede ligeiramente a velocidade e acaba por se envolver num acidente. O sistema informático do carro guardou informações essenciais que foram automaticamente comunicadas à seguradora, sem qualquer interferência do proprietário do veículo, entre as quais: a opção pelo trajeto menos recomendado, a velocidade a que seguia o automóvel no momento do choque, a hora e o local exatos do acidente, bem como os danos causados. Recebida a notificação, a empresa emite ordem ALGARVE INFORMATIVO #202

para que o drone mais próximo se desloque e recolha evidências do acidente, também estas comunicadas à central por via tecnológica e em tempo real. Enquanto as forças policiais se encontram junto dos veículos, tratando dos habituais procedimentos, a seguradora conseguiu efetuar a notificação do sinistro, ligou para a oficina mais próxima a solicitar um reboque e informou o cliente que o prémio da sua apólice foi agravado em função das evidências recolhidas. Pode parecer ficção científica, mas estamos a curta distância do cenário retratado se tornar uma realidade. A IA está nos carros, nas casas, nas cidades, na Internet das Coisas e também estará nos nossos próprios organismos, quando essa se fundir com a biotecnologia e a nanotecnologia. Os telemóveis e relógios inteligentes, que fazem parte do quotidiano de muitas pessoas, podem medir a pulsação cardíaca, o nível de stress, o número de horas de sono, os passos dados durante o dia, a quantidade de água ingerida, os locais que cada um frequenta, entre muitos outros comportamentos individuais. Os frigoríficos vão estar preparados para reconhecer a comida que compramos. As sanitas domésticas poderão, dentro de algum tempo, efetuar análises preliminares à urina e às fezes. Imaginem o que pode acontecer no mercado dos seguros de saúde se as empresas que os comercializam tiverem acesso a estes 142


e a muitos outros dados da vida de cada pessoa. Acrescentem a este exercício um cenário em que não existe serviço público de saúde ou em que este se encontra em processo de desmantelamento. É fácil antecipar que os desprotegidos do sistema serão as classes mais pobres e os indivíduos cujos algoritmos sinalizem como de elevado risco para a obtenção de um seguro. As seguradoras dizem que a IA é essencial para a conceção de produtos personalizados, justos e eficazes. No fundo, o que pretendem proteger estas empresas? Eu diria que querem segurar o que oferece o menor risco possível. É certo que se trata de uma atividade económica privada, cuja lógica da solidariedade entre os segurados não faz parte dos princípios fundacionais, pelo que o lucro é o único motivo da sua existência. É legítimo que assim seja. O problema está nos limites em que querem operar, ou seja, nos dados que ambicionam obter para conduzir a sua ação e desenhar os seus serviços. Para que esta não seja uma parceria público-privada, sem risco para os segundos, os Estados devem ser efetivamente reguladores destas ambições e os cidadãos vigilantes dos seus próprios comportamentos. Os desafios não se ficam por aqui. Também ao nível do emprego podem advir impactos desta aliança das seguradoras com a IA. A título de exemplo, a japonesa Fukoku Mutual Life Insurance despediu 34 funcionários que asseguravam o 143

serviço de cálculo dos valores das apólices a pagar pelos clientes. Esses foram substituídos pelo IBM Watson, que a empresa define como uma plataforma de computação cognitiva, capaz de «pensar» como um ser humano e conseguir interpretar textos, áudios, imagens e vídeos, mesmo que eles não estejam estruturados. O objetivo desta iniciativa é aumentar a produtividade da empresa em 30 por cento, poupando cerca de um milhão de euros anuais em salários. O mundo novo da IA tem muitos atrativos e seguramente poderá trazer inúmeras vantagens para a humanidade. É, no entanto, necessário definir com muita precisão e determinação os limites éticos e o campo de ação das inovações em curso. As pessoas não podem continuar a ser vistas como dados ambulantes e a coleta constante e ininterrupta dessas informações, junto com seu tratamento para efeitos alheios à vontade dos próprios, não pode acontecer nos bastidores da vida cotidiana. A «caixa negra» de cada ser humano não pode estar ao serviço das atividades especulativas e dos lucros privados. Se estas atividades decorrerem sem uma regulação pensada para defender as pessoas, então devemos preparar-nos para a construção de sociedades ainda mais desiguais, preconceituosas e intolerantes .

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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA INSTALA DOIS POSTOS PÚBLICOS DE CARREGAMENTO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS Município de Albufeira ativou, no dia 13 de maio, os postos públicos de carregamento de veículos elétricos localizados na Rua do Município – no parque de estacionamento de superfície público, e na Rua Manuel Bentes Júnior – junto ao parque de estacionamento P1. Tratam-se de dois postos de carregamento semirrápido, que se traduziram num investimento a rondar os 20 mil euros. Nesta fase experimental, o abastecimento energético é gratuito. Estes dois postos, ligados à rede nacional de mobilidade elétrica, a MOBI.E, estão agora disponíveis para todos os cidadãos inscritos naquela entidade, a qual entregará um cartão aos interessados. Cada posto possui dois pontos de abastecimento (cada um possui 22 kW de potência nominal) permitindo a carga simultânea de dois veículos elétricos, ou híbridos plug-in, à potência máxima. Cada ponto de carga é constituído por uma tomada que permite o recarregamento de entre 20 a 80 por cento da bateria da viatura respetiva, num período entre ALGARVE INFORMATIVO #202

duas a quatro horas, dependendo do modelo. De acordo com o Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, com esta medida a autarquia está “a contribuir para a promoção da mobilidade sustentável, assim como para o objetivo nacional de alcançar uma redução de 9 por cento de energia em 2020”. “Queremos ombrear o mais possível com as novas políticas tendentes a uma maior eficiência energética, para bem do ambiente, da economia, enfim, de todos nós”, reforçou o edil. Refira-se que o Município de Albufeira possui atualmente na sua frota um total de oito veículos elétricos (seis viaturas e dois motociclos), estando prevista a aquisição de outras tantas, mediante concurso publico já lançado .

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CENTRO DE SAÚDE DE ALCOUTIM VAI TER CONSULTAS DE SAÚDE ORAL Município de Alcoutim e a Administração Regional de Saúde do Algarve assinaram, no dia 10 de maio, um protocolo de colaboração que tem como objetivo a implementação de consultas de saúde oral do Serviço Nacional de Saúde, nos cuidados de saúde primários, neste concelho do sotavento algarvio. No âmbito do acordo, a Administração Regional de Saúde do Algarve compromete-se a: disponibilizar consultas de saúde oral aos utentes do Serviço Nacional de Saúde inscritos no Agrupamento de Centros de Saúde Algarve III – Sotavento – Centro de Saúde 147

de Alcoutim, sendo responsável por realizar as obras necessárias no espaço dedicado às consultas de medicina dentária no Centro de Saúde de Alcoutim; garantir os recursos humanos necessários à realização das consultas e a formação adequada dos recursos humanos afetos à prestação de consultas. Por sua vez, o Município de Alcoutim compromete-se a financiar a Administração Regional de Saúde do Algarve com uma verba de 24 mil e 600 euros destinada à aquisição, por parte desta, de equipamento clínico para a sala de saúde oral do Centro de Saúde de Alcoutim. O protocolo vigorará por um período inicial de três anos . ALGARVE INFORMATIVO #202


MUNICÍPIOS DO ALGARVE UNEM-SE PARA DESENHAR POLÍTICAS FISCAIS VERDES LOCAIS s municípios de Aljezur, Monchique, Lagoa, Silves, Faro e Olhão aceitaram o desafio lançado pela Universidade do Algarve, através do CRIA - Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia, e juntaram-se para desenhar políticas fiscais locais com o objetivo de promover a utilização de fontes de energia renováveis que serão posteriormente implementadas nos municípios da região algarvia. Esse desafio surge no âmbito das atividades do projeto «LOCAL4GREEN LOCAL Policies for GREEN Energy». O projeto pretende trabalhar diretamente com os municípios na definição e implementação de políticas fiscais inovadoras, com vista a incentivar o uso de fontes de energia renovável, quer

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no setor público, quer no privado, preferencialmente dentro dos Planos de Ação de Energia Sustentável adotados pelas entidades públicas consignatárias do Pacto dos Autarcas. O projeto irá apoiar o teste de políticas fiscais verdes, inovadoras, a nível local, e monitorizar os seus resultados na disseminação de fontes de energia renováveis. Por último, irá facilitar a capitalização das melhores práticas e a sua aplicação noutros municípios, a nível nacional e transnacional. As medidas a desenvolver pelos municípios algarvios incluem a redução de taxas de obras de construção para construções novas com sistemas de produção renovável, a redução de taxas de IMI para frações de habitação com sistemas de produção renovável, a redução de taxas municipais de IRC (derrama) para

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edifícios com sistemas de produção renovável, o estacionamento reservado e gratuito para veículos elétricos e a contribuição parcial da taxa turística para geração renovável. O Local4Green é financiado pelo Programa INTERREG MED através do Eixo Prioritário 2 - Perseguir estratégias de baixo carbono e eficiência energética em territórios específicos MED: cidades, ilhas e áreas remotas; Objetivo Específico 2.2 – Aumentar a quota dos recursos locais

renováveis em planos e estratégias mistas de energia em territórios MED específicos. Inclui parceiros da região de Valência (Espanha), Valeta (Malta), Zagreb (Croácia), Thermi (Grécia), Roma (Itália), Liubliana (Eslovénia), Nicósia (Chipre), Algarve (Portugal) e Tirana (Albânia). Emm Portugal, conta ainda com a Agência Regional de Energia e Ambiente do Algarve (AREAL), o Município de Loulé e o Município de Faro como parceiros associados .

CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS ATRIBUIU PRÉMIOS DE MÉRITO A SEIS ALUNOS DA UALG o âmbito do programa «Caixa Social» da Caixa Geral de Depósitos foram entregues à Universidade do Algarve, no dia 13 de maio, seis prémios de mérito «Caixa Mais Mundo» referentes ao ano letivo 2018/2019. Nesta edição, a CGD atribuiu 40 prémios, no valor de mil e 500 euros, aos melhores estudantes das instituições de ensino superior portuguesas parceiras. Os seis alunos da UAlg, três de licenciatura e três de cursos técnicos superiores profissionais, foram selecionados pela melhor nota de candidatura. Estes prémios têm como objetivo incentivar a frequência do ensino superior e contribuir para a coesão territorial, através da fixação de jovens, e para a prossecução das metas do Portugal 2020, 149

relativamente ao número de formaturas superiores. A entrega dos prémios da edição de 2019 contou com a presença de Paulo Águas, Reitor da UAlg, e António Bernardes, diretor central da Direção Comercial Sul da CGD. Na mesma cerimónia, as duas instituições assinaram a renovação do protocolo de cooperação existente desde 1997 . ALGARVE INFORMATIVO #202


MUNICÍPIO DE FARO E IEFP IMPLEMENTAM GARANTIA JOVEM oi assinado, no dia 13 de maio, um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Faro e o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), no âmbito do Programa Garantia Jovem. Com este convénio, o Município de Faro compromete-se a sinalizar junto do IEFP todos os jovens com idade inferior a 30 anos que não trabalhem, não estudem, não estejam a frequentar formação profissional, nem estejam inscritos no IEFP. O processo de sinalização será da responsabilidade do Município, mas contará com uma vasta rede de entidades locais, designadamente as 96 entidades públicas e privadas pertencentes ao Conselho Local de Ação Social, bem como algumas associações juvenis, para que em ALGARVE INFORMATIVO #202

conjunto se consiga identificar estes jovens inativos e inserir os seus dados no Portal da Garantia Jovem. Caberá depois ao IEFP dar respostas aos jovens de forma direta e no âmbito das suas atribuições ou por via de outros parceiros, nos domínios do emprego, educação, formação e estágios. “A criação desta rede local de sinalização de jovens com menos de 30 anos, sem atividade conhecida, vai ajudar-nos a garantir que eles tenham uma nova oportunidade de educação/formação ou de emprego/estágio e assim se possam realizar pessoal e profissionalmente e construir um futuro mais promissor para si e para o nosso concelho”, entende o Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau . 150


«ÁGUAS DO ALGARVE» VAI INVESTIR MAIS DE 73 MILHÕES DE EUROS PARA REABILITAR INTERCETOR IBIS-AEROPORTO oi publicado em Diário da República de 8 de maio o contrato público da «Águas do Algarve» de empreitada de obras públicas que tem por objeto a execução da empreitada para a reabilitação do intercetor Ibis-Aeroporto, por método de encamisamento em alguns troços e vala aberta noutros. O local da execução do contrato é Faro e o valor do preço base do procedimento traduz-se em 73 milhões e 850 mil euros, com um prazo de execução de 120 dias a contar da data da celebração do Contrato.

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O prazo para entrega de propostas termina a 28 de maio e há vários documentos a poderem ser consultados pelos interessados na candidatura, nomeadamente o anúncio e o programa de procedimento bem como todas as peças do mesmo. Todas estas informações detalhadas estão integralmente disponíveis na Plataforma Eletrónica de Contratação Pública AcinGov em www.acingov.pt. A apresentação das propostas deve ser feita também através da mesma plataforma .

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19 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR CRIARAM REDE PARA A SALVAGUARDA DA DIETA MEDITERRÂNICA Rede das Instituições de Ensino Superior para a Salvaguarda da Dieta Mediterrânica (RIESDM) foi criada no dia 10 de maio e conta com 19 Instituições de Ensino Superior (IES): 10 Institutos Politécnicos (Beja, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu), seis Universidades (Algarve, Aveiro, Coimbra, Évora, Porto e Trás os Montes e Alto Douro) e três escolas não integradas (Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Escola Superior de Enfermagem ALGARVE INFORMATIVO #202

do Porto e Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril). Esta rede pretende potenciar o trabalho desenvolvido pelas IES no âmbito da promoção e salvaguarda da Dieta Mediterrânica (DM) e aumentar a articulação destas com as outras entidades com responsabilidade na promoção e salvaguarda da Dieta Mediterrânica (DM), contribuindo, através de uma abordagem multidisciplinar, para a salvaguarda da DM em diversas vertentes, nomeadamente ao nível da produção e 152


valorização dos produtos, da educação para a saúde, da preservação de técnicas, festividades e paisagens ancestrais, entre outras. Na sessão de abertura, além do Reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, participaram o Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, o Presidente da Câmara Municipal de Tavira (Comunidade Representativa da Dieta Mediterrânica), Jorge Botelho, o Presidente da CCDR Algarve, Francisco Serra, a Diretora Regional de Cultura do Algarve, Adriana Nogueira, o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, e a Vice-

Presidente da Região de Turismo do Algarve, Fátima Catarina. Miguel Freitas salientou a importância do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas IES e também os representantes das diversas entidades regionais referiram o trabalho realizado no âmbito da candidatura da classificação da DM a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO e o trabalho posteriormente desenvolvido, a nível nacional e na região do Algarve, nomeadamente no âmbito do Plano de Salvaguarda da DM e do respetivo Plano de Atividades para a Salvaguarda da DM na região do Algarve 2018-2021 .

INSCRIÇÕES PARA O «TAVIRA – FÉRIAS ATIVAS» DECORREM DE 3 A 5 DE JUNHO s interessados em participar no «Tavira – Férias Ativas» deverão efetuar a sua précandidatura, no site do Município (menu Juventude), entre as 9h de dia 3 e as 17h de dia 5 de junho. Este programa municipal, que decorre entre 2 de julho e 29 de agosto, visa o aproveitamento dos tempos livres dos jovens, orientando-os para o desempenho de atividades socialmente úteis. O programa irá fomentar o contacto direto dos mais novos com a vida ativa, incutindo-lhes valores cívicos e responsabilidades, bem como melhorar o conhecimento da realidade onde se inserem, designadamente, nas vertentes histórica, cultural e social. O 153

aproveitamento dos tempos livres constitui um contributo importante para a formação e o desenvolvimento dos jovens, assumindo-se também como uma medida eficaz na prevenção de comportamentos de risco. O «Tavira – Férias Ativas» dispõe de duas modalidades: curta-duração (três horas diárias distribuídas por dez dias úteis) e longa-duração (seis horas diárias durante vinte e um dias úteis). A modalidade de curta duração possibilitará aos jovens uma experiência laboral num serviço da autarquia, enquanto que a de longa duração tem como finalidade a abertura das igrejas. Os participantes em ambas as vertentes terão direito a bolsa, seguro e certificado de participação . ALGARVE INFORMATIVO #202


LOULÉ TEM MAIS UMA EQUIPA MUNICIPAL DE INTERVENÇÃO FLORESTAL uma altura em que se aproxima a fase crítica dos incêndios, a Câmara Municipal de Loulé, através do seu Serviço Municipal de Proteção Civil, vai reforçar o Dispositivo Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios com a constituição de mais uma Equipa Municipal de Intervenção Florestal. As equipas municipais de intervenção florestal assumem um papel fundamental tendo em conta as suas valências, visto que são munidas de uma viatura 4x4 provida com um equipamento de primeira intervenção (com cerca de 500 litros de água), desenvolvendo ações de vigilância armada, tendo em conta que a primeira ALGARVE INFORMATIVO #202

intervenção e o ataque inicial aos incêndios florestais são fundamentais e decisivos para o êxito da sua extinção. Além da vigilância, deteção e primeira intervenção, estas equipas também colaboram na sensibilização da população, especialmente nas freguesias rurais do interior - Alte, Ameixial, Salir e União de Freguesias consideradas de primeiro grau de prioridade no âmbito da defesa da floresta contra incêndios pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. A operacionalização desta segunda equipa permite garantir a vigilância móvel diária num período mais 154


alargado, o que até então não era possível. A vigilância terá início oficial no dia 1 de junho e será realizada todos os dias até ao final do período critico. Durante o mês de maio, os operacionais encontram-se a receber formação nas diversas áreas, nomeadamente em combate a incêndios florestais, comunicações, suporte básico de vida, normas de segurança e condução fora de estrada. É ainda intenção da autarquia louletana dar início, no decorrer do presente ano, ao procedimento concursal para constituir uma equipa de sapadores florestais, para ações de gestão florestal, silvicultura preventiva, apoio e

controlo na realização de queimas e de queimadas, vigilância florestal, entre outras, de forma a integrar o Programa Nacional de Sapadores Florestais para a próxima época. O Serviço Municipal de Proteção Civil de Loulé ficará, assim, dotado de uma estrutura operacional de apoio, prevenção e resposta adequada às exigências, tendo em conta que cerca de 40 por cento do total da área do Concelho de Loulé, o maior da região do Algarve, é ocupado pelas classes de perigo florestal muito elevada .

ABRIRAM AS INSCRIÇÕES PARA MONITORES DAS FÉRIAS DESPORTIVAS E DA ÁREA DESPORTIVA DA PRAIA DA ROCHA té ao dia 26 de maio encontram-se abertas as inscrições para monitores da Área Desportiva da Praia da Rocha e das Férias Desportivas, projeto de ocupação dos tempos livres que, entre junho e agosto, movimenta cerca de duas mil crianças e jovens do município de Portimão. Em ambos os casos, os interessados em participar como monitores devem ser estudantes entre os 17 e os 25 anos e terem experiência desportiva em modalidades como jogos coletivos, bodyboard, surf, canoagem, dança, futebol, ginástica desportiva, desportos de combate, natação, ténis e vela.

dias 19 de junho e 10 de agosto e, no caso da Área Desportiva da Praia da Rocha, entre 18 de junho e 31 de agosto. As inscrições podem ser efetuadas diretamente na Divisão de Desporto e Juventude, Avenida Miguel Bombarda, n.º 3, 8500 Portimão, ou digitalmente através do formulário disponível em https://www.cmportimao.pt/index.php? option=com_breezingforms&view=form &Itemid=684. Informações adicionais podem ser solicitadas através do telefone 282 470 813 ou escrevendo para o endereço de correio eletrónico desporto@cm-portimao.pt .

Para o projeto das Férias Desportivas, os jovens deverão ter disponibilidade entre os 155

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ASSOCIAÇÕES CULTURAIS E RECREATIVAS DO CONCELHO DE LOULÉ CELEBRARAM CONTRATOS-PROGRAMA rosseguindo uma política de promoção do desenvolvimento cultural e do aumento da participação dos cidadãos na dinâmica concelhia, a Câmara Municipal de Loulé celebrou os contratos-programa com 22 associações que se candidataram ao seu programa de «Apoio ao Movimento Associativo, Cultural e Recreativo» referente a 2019. No total, é agora distribuído pelas associações um montante de 216 mil e 950 euros, para que desenvolvam um plano anual de atividades, nomeadamente nas áreas da criação, produção e divulgação. À semelhança do que tem acontecido nos últimos anos, foram aplicados vários critérios para uma distribuição

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transparente, rigorosa e imparcial das verbas, nomeadamente o estatuto de utilidade pública, historial, equilíbrio financeiro, desenvolvimento de atividade regular, valorização do património cultural do concelho, contributo para a criação artística e formação, contributo para a promoção do concelho a nível nacional e internacional, fomento de eventos com relevância turística, contribuição das atividades para o empreendedorismo, entre outros. Durante a cerimónia de assinatura do contratos-programa, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, sublinhou a dinâmica associativa cultural local, adiantando a importância deste apoio para o desenvolvimento das atividades culturais no concelho que, cada vez

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mais, são uma referência no contexto regional e nacional. Receberam este apoio a Associação Guias de Portugal – 1.ª Companhia de Guias de Loulé, Associação Ao Luar Teatro - Ideias Culturais, APALGAR - Associação de Amizade dos PALOP no Algarve, Associação «Os Barões», Associação Amigos do Alentejo, Associação Amigos do Rancho Folclórico e Etnográfico de São Sebastião, Associação Cultural de Salir, Associação Cultural e Recreativa das Barrosas, Associação dos Amigos da

Cortelha, Folha de Medronho Associação de Artes Performativas, Associação Geonauta, Associação Grupo dos Amigos de Loulé, Associação Juvenil Akredita em Ti, Associação Social e Cultural da Tôr, Casa da Cultura de Loulé, Centro Social e Cultural Parragilense, Associação Artística SATORI, Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva, Mákina de Cena Associação Cultural, Clube Cultural e Recreativo do Monte Seco, Associação de Acordeão GarveFole e Fundação Manuel Viegas Guerreiro .

TURISMO DO ALGARVE PROMOVE OPORTUNIDADES DE EMPREGO PARA JOVENS ESTUDANTES DURANTE AS FÉRIAS Região de Turismo do Algarve apresenta, em parceria com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, uma medida de apoio aos jovens que visa promover oportunidades de emprego para estudantes em período de férias escolares e, em simultâneo, criar novas dinâmicas e sinergias no mercado de trabalho no setor turístico. A iniciativa prevê a contratação temporária de jovens com mais de 16 anos que se encontram ainda a estudar, mas que procuram enriquecer as suas experiências e adquirir novos conhecimentos para a transição para a vida profissional ativa. Para a sua execução, as empresas empregadoras poderão contactar diretamente as escolas, centros de formação profissional e universidades ou 157

anunciar as oportunidades através das suas plataformas de comunicação próprias, dos meios de comunicação social e de plataformas eletrónicas. Os jovens que pretendam trabalhar no período de férias escolares poderão proativamente efetuar a sua inscrição junto das empresas, nos seus sites, ou através de qualquer das plataformas de emprego existentes. Esta medida de apoio ao emprego remunerado acautela a garantia de direito a benefícios atribuídos pela Segurança Social, designadamente o abono de família e bolsa de estudo, não inibe as entidades empregadoras de propor um estágio profissional, apoiado pelo IEFP, e não prejudica a elegibilidade dos candidatos a emprego à Medida Contrato-Emprego, dentro dos termos previstos . ALGARVE INFORMATIVO #202


AUDITÓRIO MUNICIPAL DE OLHÃO RECEBEU 10.º CAMPEONATO CONCELHIO DA LEITURA Mia Couto foram os autores escolhidos para as leituras desta edição. Após apresentadas as respetivas leituras e a consequente deliberação do júri, composto por Anabela Baptista, coordenadora interconcelhia das bibliotecas escolares, Elisabete Duarte, técnica da Biblioteca Municipal José Mariano Gago, e pelo jornalista Manuel Gomes, os vencedores em cada um dos escalões foram eve lugar, no dia 14 de maio, a final do 10.º Campeonato Concelhio de Leitura – Leitura Rápida e Expressiva (LER), uma verdadeira festa da leitura que envolveu todos os alunos do ensino público e privado do concelho de Olhão, do 3.º ao 12.º ano, e cujos 22 finalistas se defrontaram» no Auditório Municipal. Organizado pelo Município de Olhão e Bibliotecas Escolares Paula Nogueira e integrado no programa do 8.º Mostra-te – Mostra de Juventude de Olhão, o concurso pretende ser, acima de tudo, um espaço de promoção da leitura e de valorização dos melhores leitores. António Torrado, Álvaro Magalhães, Gianni Rodari, Afonso Cruz, José Fanha, Mário Henrique Leiria, Valter Hugo Mãe e ALGARVE INFORMATIVO #202

os seguintes: - 1.º Ciclo - Leonor Gonçalves - Escola Básica Integrada José Carlos da Maia - 2.º Ciclo - Ana Carolina Soares Agrupamento de Escolas João da Rosa - 3.º Ciclo - Sabina Tofan - Escola Básica Integrada José Carlos da Maia - Secundário – Vanina Alves - Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes No final desta festa concelhia da leitura, todos os participantes foram contemplados com um cheque-livro, oferta do Município de Olhão, e os vencedores ganharam ainda um bilhete para o Festival do Marisco, oferta da empresa municipal Fesnima .

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PARISES INTEGRA PROGRAMA «ALDEIA SEGURA, PESSOAS SEGURAS» Serviço Municipal de Proteção Civil de São Brás de Alportel realizou, no âmbito do programa nacional «Aldeia Segura, Pessoas Seguras», no dia 11 de maio, uma ação de sensibilização e simulacro na aldeia de Parises, com o intuito de testar a prontidão do dispositivo de resposta a incêndios rurais, os procedimentos de emergência e evacuação da população e o treino e a articulação entre os diversos agentes de Proteção Civil e os oficiais de Segurança Local. O simulacro envolveu cerca de 20 operacionais, entre membros do Serviço Municipal de Proteção Civil, Serviços Sociais do Município, Corporação de Bombeiros, GNR e Junta de Freguesia. O exercício permitiu ainda testar a evacuação preventiva desta aldeia rural do concelho de São Brás de Alportel, onde foram testados os percursos de evacuação e a operacionalização do local de abrigo

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devidamente identificado. Após este simulacro, o programa «Aldeia Segura, Pessoas Seguras» encontra-se completamente implementado em duas localidades serranas do concelho, nomeadamente as aldeias de Cabeça do Velho e Parises. Mas o Município de São Brás de Alportel pretende dar continuidade à implementação do programa e, para tal, têm ainda de ser realizadas algumas infraestruturas de apoio. Com estas iniciativas, o Município de São Brás de Alportel procura testar a organização e a capacidade de resposta a emergências deste tipo, de modo a identificar oportunidades de melhoria face aos riscos existentes, testando os procedimentos e os planos de evacuação implementados, naquele que constitui um eixo primordial da estratégia de prevenção de incêndios rurais que tem em curso .

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VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO REDUZ DÍVIDA EM CINCO MILHÕES E CUMPRE OBJETIVOS DE AJUSTAMENTO FINANCEIRO a sequência do cumprimento e da aplicação correta das medidas de controlo e contenção orçamental, o Município de Vila Real de Santo António já recebeu a terceira tranche financeira do Fundo de Apoio Municipal (FAM), o que vai contribuir ainda mais para estabilizar as contas municipais, saldar as dívidas a fornecedores e regularizar os passivos contingentes. Os dados que comprovam esta execução orçamental positiva constam do mais recente relatório do FAM, relativo ao primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2018, que confirma que «têm sido tomadas medidas corretivas ALGARVE INFORMATIVO #202

face ao desempenho orçamental e evolução da dívida do município desde 2017». Pela primeira vez em vários anos, o Município de Vila Real de Santo António deixa assim de acumular dívida, tendo algumas das principais mudanças, atestadas pelo FAM, incidido na redução do fornecimento de bens e serviços, na reorganização da estrutura camarária e na racionalização de gastos com pessoal. “Em apenas um ano, a Autarquia de Vila Real de Santo António reduziu a sua despesa em cerca de cinco milhões de euros. Estes resultados são claramente positivos e 160


demonstram que os resultados da aplicação do Programa de Equilíbrio Orçamental, que tem como missão recuperar as contas municipais, está a produzir resultados muito satisfatórios”, afirma Conceição Cabrita, presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. “O recebimento da terceira tranche do FAM é, aliás, um voto de confiança relativo ao esforço que tem sido desenvolvido por este executivo para dar a volta a uma autarquia que se encontrava em situação de rutura e que começa agora a equilibrar-se de forma inequívoca”, reforçou a autarca. De acordo com o Fundo de Apoio Municipal, e tendo em consideração a análise da execução orçamental até ao terceiro trimestre de 2018, a despesa total do município registou um decréscimo de 18,1 por cento face às previsões, «espelhando um esforço de consolidação orçamental» e uma «evolução positiva dos

saldos orçamentais». Para a obtenção destes resultados está também a contribuir o plano de racionalização da despesa, materializado na gestão ainda mais criteriosa dos apoios sociais e prestações pagas às instituições, na profunda revisão da política de eventos e na diminuição efetiva dos custos e perdas financeiras. “Estes são apenas os primeiros números que comprovam que o caminho de rigor orçamental deste executivo está a dar resultados e consolida uma nova forma de governação que tem sabido encontrar novas soluções para renegociar a dívida contraída e herdada”, considera Conceição Cabrita. “Estamos seguros de que este é o único caminho possível e só com este conjunto de medidas rigorosas está a ser possível arrumar a casa, recuperando a credibilidade da nossa autarquia e preparando os desafios cada vez mais exigentes do futuro”, conclui a autarca .

«MAIAS» ESTÃO DE REGRESSO AO CONCELHO DE VILA DO BISPO s «Maias», tradição primaveril cujas origens se perdem no tempo, estão de volta ao concelho de Vila do Bispo até ao dia 31 de maio. Tratam-se de bonecos de trapos brancos, enfeitados com roupas velhas e flores do campo, que são criados para celebrar a chegada do mês de maio e da Primavera. Estes são acompanhados por versos ou dizeres de crítica ou gracejos sociais e são apresentados no 1.º de maio. Para explorar o «Roteiro das Maias», a Câmara Municipal de Vila do Bispo criou 161

uma plataforma online que o leva aos locais onde estão colocadas as «Maias»: https://viladobispo.cityplatform.com/app/?a=maio. Organizada em colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo, Agrupamento de Escolas do Concelho e população do concelho, a iniciativa tem como objetivo não deixar morrer uma tradição com mais de dois mil anos, que se baseia na colocação de bonecos, feitos artesanalmente pela população, em vários locais, sobretudo à porta das casas . ALGARVE INFORMATIVO #202


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ALGARVE INFORMATIVO #202


DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #202

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