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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 8 de fevereiro, 2020

REINALDO TEIXEIRA QUER FUTEBOL COM MAIS VALORES E TRANSPARÊNCIA CROSS DAS AMENDOEIRAS EM FLOR | FESTIVAL DA COMIDA ESQUECIDA FESTIVAL DAS AMENDOEIRAS EM FLOR | FARENSE SONHA COM A 1.º LIGA «ASAS DE PAPEL» NO LETHES | JOÃO FRADE E BRUNO MALIJI TÊM DISCOS NOVOS#235 1 ALGARVE INFORMATIVO


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82 - João Frade

94 - «Asas de Papel»

108 - Bruno Maliji

14 - Crosse das Amendoeiras em Flor ALGARVE INFORMATIVO #235

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136 - Fonte da Mesquita em S. Brás

68 - Festival das Amendoeiras em Flor

54 - Reinaldo Teixeira

26 - Festival da Comida Esquecida

42 - Farense vs Estoril

OPINIÃO 118 - Paulo Cunha 120 - Mirian Tavares 122 - Ana Isabel Soares 124 - Fernando Esteves Pinto 126 - Vera Casaca 128 - João Ministro 132 - Júlio Ferreira

146 - Volta ao Algarve em Bicicleta

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CROSS DAS AMENDOEIRAS EM FLOR JUNTOU PERTO DE 800 PARTICIPANTES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Albufeira

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o dia 2 de fevereiro, a Pista Internacional de Crosse das Açoteias, em Albufeira, voltou a ganhar vida e encheu-se de cor com a disputa do 43.º Crosse Internacional das Amendoeiras em Flor. A manhã começou com o 18.º Corta Mato Jovem das Areias de São João, uma prova integrada no Campeonato Regional de Corta Mato que contou com mais de meio milhar de atletas de todas as idades, incluindo os escalões de formação.

Amendoeiras em Flor. Davis Kiplangat, segundo classificado na edição de 2019, esteve sempre na dianteira, cortando a meta com um segundo de diferença do seu compatriota Richard Yator. Em terceiro lugar ficou o eritreu Yemane Haileselassie, que na última volta passou o benfiquista Rui Pinto, que terminou em quarto lugar. No lado feminino, a vitória foi para a queniana Lydia Lagat, seguida de Rahel Daniel, da Eritreia. A sportinguista Salomé Rocha foi a terceira classificada, enquanto a colega de equipa, Catarina Ribeiro, ficou em quarto lugar.

Os quenianos Davis Kiplangat, em representação do Sporting CP, e Lydia Lagat venceram as provas masculina e feminina do Crosse Internacional das

Na parte da tarde disputou-se o 30.º Corta Mato do Desporto Adaptado, que contou com a participação de uma centena de atletas, numa prova que

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todos os anos integra o calendário do Crosse das Amendoeiras em Flor, com o objetivo de promover a inclusão social por via do desporto. O Crosse das Amendoeiras em Flor é uma prova organizada pela Associação de Atletismo do Algarve e conta com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira, Região de Turismo do Algarve e IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude . 17

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FESTIVAL DA COMIDA ESQUECIDA LEVOU OS «PERCURSOS PARA COLHER E COZINHAR» A GIÕES Texto: Daniel Pina | Fotografia: © Festival da Comida Esquecida/ Forgotten Food Festival / Vítor Pina

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Festival da Comida Esquecida regressou, no dia 26 de janeiro, com mais um episódio dos «Percursos para Colher e Cozinhar» em Giões, no concelho de Alcoutim. O trajeto realizou-se ao redor de hortas familiares e outros espaços de cultivo em que os participantes tiveram oportunidade de recolher ingredientes tradicionais e plantas silvestres, alguns deles pouco conhecidos do público em geral, e até de visitar um rebanho de cabras algarvias, mas também ovelhas, galinhas, porcos e dois cabritos nascidos na véspera. ALGARVE INFORMATIVO #235

O evento inserido no programa cultural «365 Algarve» levou os participantes por um passeio interpretativo de todo o território envolvente, em que se focaram os modos de vida e a história da horta e dos seus produtos. Os ingredientes colhidos foram depois utilizados para confecionar um prato sazonal da cozinha tradicional algarvia, numa autêntica aula de cozinha com o acompanhamento dos anfitriões locais.

“No espaço dos nossos parceiros Recanto d'Aldeia distribuíram-se tarefas com orientação da Chef Margarida Vargues: amassar 28


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para fazer bolo da esfregadura, fazer a salada de pau roxo com azeitonas de sal, cortar os enchidos «Feito no Zambujal», cozinhar os espargos bravos com ovos (obra de um especialista local), preparar a salada de alface com as plantas silvestres e, finalmente, sentar à mesa e conviver à roda de um ensopado de borrego. O repasto findou com bolo de massa do pão e mel (de Martim Longo), os bolos da esfregadura, as deliciosas filhós do Café do Poço Novo, de Giões, e um ALGARVE INFORMATIVO #235

brinde com licor de funcho feito pela nossa anfitriã Luísa, do Recanto d’Aldeia”, descreveu a organização. Foram momentos prasenterosos em que se partilharam histórias e conhecimentos num ambiente de cocriação de experiências, em mais um capítulo bem-sucedido do Festival da Comida Esquecida, uma organização da Qrer - Cooperativa para o desenvolvimento dos territórios de baixa densidade, com a parceria do Alojamento Local Recanto d'Aldeia . 30


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FARENSE DERROTADO EM CASA PELO ESTORIL, MAS CONTINUA A SONHAR COM A SUBIDA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Farense foi derrotado, no dia 1 de fevereiro, no Estádio de São Luís, em Faro, pelo Estoril Praia, para a 19.ª Jornada, resultado que ditou a perda da liderança da Liga 2 mas que não coloca em causa, para já, o sonho da subida ao escalão principal do futebol português. A equipa treinada por Sérgio Vieira nunca conseguiu impor o seu favoritismo e só nos derradeiros 10 minutos da partida é que causou algum perigo às redes defendidas pelo guardião do Estoril. A primeira parte foi pautada por um grande equilíbrio, sem nenhuma equipa a superiorizar-se verdadeiramente à outra. Já em período de descontos, um bom lance individual protagonizado pelo jovem Daniel Bragança deixou a bola nos pés de Rafael Barbosa à entrada da grande área, com este a desferir um remate ao poste que depois ressaltou nas ALGARVE INFORMATIVO #235

costas do guarda-redes algarvio e entrou na baliza. Hugo Marques que, minutos antes, já tinha visto um remate de Roberto embater no poste, num lance em que ficou «pregado» ao chão a olhar para o atacante do Estoril. Depois do intervalo, e poucos minutos após o técnico do Farense ter feito a primeira substituição para tentar chegar ao empate, foi o Estoril que marcou novamente, num cruzamento de Joãozinho em que o guarda-redes da casa ficou muito mal na «fotografia», ao deixar-se antecipar por Roberto do duelo aéreo. Lucas Áfrico ainda atirou nova bola ao poste, o que poderia ter ditado o 3-0 para o Estoril. Entretanto, Sérgio Vieira esgota as três substituições atrás do prejuízo, mas apenas Ryan Gauld dava nas vistas. E foi graças ao inconformismo do jogador escocês que o Farense conseguiu colocar o Estoril contra as cordas nos derradeiros 10 minutos do encontro, mas sem resultados práticos. 44


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REINALDO TEIXEIRA FOCADO EM AJUDAR E MELHOR SERVIR OS CLUBES E PRATICANTES DE FUTEBOL E FUTSAL NO ALGARVE Eleito presidente da Associação de Futebol do Algarve a 14 de junho de 2019, Reinaldo Teixeira conhece como poucos a realidade do desporto-rei, e do futsal, na nossa região, o que não torna menos difíceis de concretizar os objetivos a que a sua direção se propôs. Num mandato que será marcado, sem dúvida, pelos festejos, em 2022, do centenário de existência da associação, entre as prioridades para o futuro próximo estão mais árbitros, campos de futebol, clubes e praticantes, mas existem muitos outros projetos na cabeça de Reinaldo Teixeira. Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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á mais de duas décadas que Reinaldo Teixeira está ligado ao desporto-rei, tanto no plano regional como nacional, portanto, não foi propriamente uma surpresa quando decidiu assumir o desafio de presidir, em meados do ano transato, à Associação de Futebol do Algarve. E é com conhecimento de causa que assegura que o futebol e o futsal respiram saúde na região, ainda que os resultados desportivos não sejam os mesmos de outros tempos. “Nota-se um grande empenho e dedicação

dos dirigentes e um sentimento cada vez maior de haver mais praticantes e clubes. Os colaboradores da associação têm sido incansáveis, com uma vontade enorme de facilitar a vida aos clubes e de contribuir para processos menos burocráticos, dentro das regras que estão definidas e dos regulamentos que foram aprovados. E, se não fosse a colaboração das autarquias, não haveria a prática desportiva que existe atualmente na região”, analisa o empresário, embora admita a necessidade de haver mais campos de futebol no Algarve, para responder às solicitações, seja de clubes como até do mercado turístico. Apesar deste cenário positivo, a verdade é que o Algarve tem apenas uma equipa de futebol sénior no principal escalão nacional, o mesmo sucedendo no futsal, curiosamente ambas do Portimonense. Reinaldo Teixeira avisa, porém, que não se pode avaliar a qualidade do futebol e futsal algarvios pela sua presença nos patamares superiores das competições profissionais. “Há que reconhecer,

claro, quem lá está, fruto do trabalho dos dirigentes e dos sócios que movimentam, e esperamos que o Portimonense se mantenha na Liga NOS e que o Farense consiga subir à primeira liga. O Olhanense também está numa boa classificação do Campeonato de Portugal de futebol e o Portimonense alcançou um feito histórico no Algarve, ao ter uma equipa na primeira divisão de futsal. Penso que, quanto mais e melhor se trabalhar na base, na formação, mais ALGARVE INFORMATIVO #235

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facilmente chegaremos ao topo. E o crescimento que se verifica em termos de praticantes e clubes atesta essa vontade”, entende Reinaldo Teixeira. “É importante que haja prática desportiva, que se incentive o espírito desportivo dentro dos estádios, entre os jogadores, dirigentes e adeptos, que cada um de nós saiba dar espaço ao outro. Nos escalões mais novos, é bonito ver tantos pais e mães a apoiar os filhos, mas devem ter uma atitude de motivá-los para participarem e se divertirem e deixar para os treinadores as questões táticas. Essencial é existir um espírito de valores, de fair play, de verdade desportiva, porque isso vai gerar mais resultados no futuro”, defende o entrevistado.

ganhar, e é bom que haja ambição, mas antes disso devem estar os valores”, enfatiza Reinaldo Teixeira. “Portugal tem o melhor jogador do mundo de futebol, de futsal e de futebol de praia, tem o melhor empresário do mundo, e todos eles são bons exemplos para se seguir, mas os praticantes nunca devem esquecer os valores desportivos. É essa a preocupação da Associação de Futebol do Algarve, nas várias comunicações que faz, nas reuniões que tem com os clubes, nos diálogos com a imprensa e a sociedade civil. Há que ter o bom senso de separar as diferentes fases de crescimento dos jogadores, dos benjamins, infantis e iniciados aos juvenis, juniores e seniores”, apela.

Fortalecer uma imagem de gente que sabe receber, ordeira, pacífica, acolhedora, mas aguerrida dentro das quatro linhas, é uma vontade manifestada pela equipa liderada por Reinaldo Teixeira. O problema é quando os jovens crescem, demonstram uma habilidade acima da média e começam a sonhar em serem o próximo Cristiano Ronaldo, ao mesmo tempo que os próprios pais anseiam com voos mais altos para os filhos. “Nos escalões de formação há

Valores fazem parte da educação e, por isso, a Associação de Futebol do Algarve pretende ter também uma relação bastante próxima com as escolas e a Universidade do Algarve, até mesmo para se produzirem estudos académicos e científicos sobre o impacto social e económico do futebol e futsal na região. “É preciso olhar

que sensibilizar os clubes, treinadores, pais e adeptos para olharem mais para a componente dos valores e menos para a vertente competitiva. É natural que se queira ALGARVE INFORMATIVO #235

para o rácio de residentes e praticantes para perceber se há margem para se crescer, há que compreender os comportamentos dos adeptos e que medidas se devem tomar para evitar as atitudes menos corretas”, refere Reinaldo Teixeira, 58


revelando que, nestes primeiros seis meses de mandato, também já se realizaram reuniões com todos os autarcas algarvios, seguindo-se, em breve, encontros com os vários clubes de cada concelho para se auscultar, in loco, a realidade do futebol e futsal do Algarve.

“Pretendemos saber aquilo em que a Associação pode melhorar, as matérias em que os podemos ajudar, dentro dos parcos recursos financeiros de que dispomos, porque vivemos das inscrições de atletas e das multas decorrentes de infrações aos regulamentos. O ideal era que não existissem multas, mas, para isso, os agentes desportivos devem ter um comportamento exemplar”, sublinha. 59

MAIORIA DOS ÁRBITROS SÃO VERDADEIROS CAROLAS Honrar a história da Associação de Futebol do Algarve e todos aqueles que contribuíram para o desenvolvimento das duas modalidades na região é um objetivo fulcral para Reinaldo Teixeira, mas há muitos desafios pela frente, reconhece. E um deles prende-se com a escassez de árbitros. “Devemos

reconhecer tudo o que tem sido feito pelo Conselho de Arbitragem e por todos os seus elementos, mas essa carência de árbitros verifica-se em todas as 22 associações de futebol de Portugal. Temos que recrutar mais árbitros e aumentar as competências dos árbitros atuais, ALGARVE INFORMATIVO #235


Foto: Associação de Futebol do Algarve

Da esquerda para a direita: Pedro Matias (Vogal), Marisa Cesário (Secretária), João Pedro Gomes (Vice-Presidente), Delfim Madeira (Vice-Presidente), Reinaldo Teixeira (Presidente), Albertino Galvão (Vice-Presidente), Luís Coelho (Tesoureiro), Carlos Figueira (Vogal) e Miguel Oliveira (Vogal)

para o que temos organizado várias ações de formação, na parte técnica, mas também comportamental. Devem-se aplicar as regras e regulamentos, mas num espírito de valores, de respeito para com os agentes desportivos, de atitude pedagógica”, aponta o entrevistado, realçando ainda a boa colaboração existente com o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol nessa matéria. Para além dos cursos organizados pela Associação de Futebol do Algarve, a entidade está também a tentar estabelecer um protocolo com o Ministério da Educação no sentido de que os cursos de desporto do ensino secundário contenham um módulo de arbitragem, ministrado por profissionais, ALGARVE INFORMATIVO #235

que transmita os conhecimentos técnicos aos jovens. Um desafio se calhar mais complicado de atingir passa pela valorização da carreira de árbitro.

“Na primeira liga e nas competições internacionais, as receitas são muito relevantes, mas até lá chegar os valores são residuais. Um árbitro ganha 10 ou 20 euros por jogo, o que motiva estes homens e mulheres é a participação no desporto, portanto, deveria haver uma maior consideração e respeito por eles. Tal como um jogador falha golos e passes que são quase impossíveis de falhar, também os árbitros cometem erros. Infelizmente, as pessoas pensam que os erros dos árbitros são 60


intencionais, enquanto que os erros dos jogadores são simples falhanços”, lamenta Reinaldo Teixeira. “O árbitro é um ser humano e um elemento desportivo como os demais. Aliás, dentro das quatro linhas, num jogo de 90 minutos, quem tem menos lances de erro é o árbitro, mesmo tendo de decidir lances em meros segundos”. Criar mais confiança entre todos os adeptos de futebol e futsal é outro intuito da direção da Associação de Futebol do Algarve, de modo que, e à semelhança do que já sucedeu com o Conselho de Disciplina, o Conselho de Arbitragem vai começar a convidar os dirigentes dos clubes para assistirem às reuniões de nomeação dos árbitros. “Para que

saibam as dificuldades que existem e para que percebam como o processo é conduzido e que não há aqui nada na manga. Tratamos o A como o Z, com imparcialidade, rigor e profissionalismo, e queremos desmistificar muitos dos boatos que persistem no desporto”, justifica Reinaldo Teixeira.

10 POR CENTO DE MAUS EXEMPLOS OFUSCAM 90 POR CENTO DE BONS EXEMPLOS O sucesso desportivo não depende, no entanto, apenas da performance dentro das quatro linhas, sendo cada vez mais importantes a preparação, os conhecimentos técnicos, o desempenho 61

dos próprios dirigentes. Porque vontade, dedicação, entrega à causa, isso continua a existir com fartura na região, garante o presidente da Associação de Futebol do Algarve.

“Verifica-se uma grande vontade de terem mais competências para aplicarem na gestão dos clubes. Para se ter estruturas físicas são necessários recursos financeiros e os clubes não conseguem viver apenas com o dinheiro proveniente dos sócios. São poucos, nem todos pagam as quotas e estas também são quase simbólicas. E as autarquias apoiam apenas a vertente da formação, não os escalões profissionais”, frisa o empresário. “Os carolas persistem, aqueles que vão buscar os atletas a casa ou à escola para os treinos e jogos, os que metem dinheiro deles para pagar as contas. Mas há uma vontade de reunirem à sua volta jovens com formação e competências na gestão e que serão os seus sucessores no futuro próximo”. Angariar recursos, anunciantes, patrocinadores, que continua a ser uma dor-de-cabeça, porque não existem muitas empresas grandes sedeadas no Algarve e a maioria estão ligadas ao turismo, mas também não é fácil levar o público aos estádios, pelo que as receitas de bilheteira não são famosas. Reinaldo Teixeira esclarece, todavia, ALGARVE INFORMATIVO #235


que as empresas algarvias até gostam de apoiar os clubes da região, nem sempre com dinheiro, mas em géneros.

“Também é verdade que outras não se sentem motivadas para o fazer por causa dos maus exemplos que o futebol e o futsal transmitem. Há 10 por cento de maus exemplos e 90 por cento de bons exemplos e cabenos a nós que esses 90 por cento se consigam evidenciar mais que os restantes 10 por cento. O futebol atrai muitas pessoas, umas ao estádio – não tantas como gostaríamos, outras pela televisão e hoje temos condições para filmar e transmitir quase todos os jogos do Algarve”, adianta Reinaldo Teixeira. Para fortalecer a ligação entre o desporto e o tecido económico foi criada, entretanto, a Liga Empresarial, para que se compreenda que o ruído que se escuta raramente condiz com a realidade do futebol e futsal. “E queremos criar

interações com as demais modalidades, porque, nos intervalos dos jogos, podem acontecer demonstrações de outros desportos. Há muitas sinergias que se podem estabelecer para que todos fiquem a ganhar, pois acontecem bastantes coisas e as pessoas nem sempre têm conhecimento delas. Sabemos que existem os campeonatos, mas não quando é que as provas ou os jogos têm lugar”, observa o entrevistado. “O Algarve recebe milhões de ALGARVE INFORMATIVO #235

visitantes por ano, portugueses e estrangeiros fiéis à região, que vêm cá passar férias, mas também investir e queremos que levem depois com eles as boas-práticas desportivas, os bons exemplos dos clubes e atletas. Quanto maior for a credibilidade e a visibilidade do futebol e futsal, mais depois as empresas apoiam as modalidades”, acredita. E o crescimento do futsal, masculino e feminino, no Algarve, tem sido, de facto, impressionante, um fenómeno que não surpreende Reinaldo Teixeira.

“Vem provar o trabalho que tem sido feito pelos clubes e seus dirigentes, mas também que a construção de relvados e pavilhões pelos municípios foi uma aposta ganha”, afirma, lembrando que a Associação de Futebol do Algarve passou a ter, nesta direção, um Vice-Presidente para o Futsal. “Sinto que os clubes estão

cada vez mais empenhados em ter futebol e futsal feminino e aumentar a prática feminina é outro dos desafios que assumimos, assim como de futebol de praia. Somos uma região turística cuja principal motivação na sua escolha são as praias, portanto, não faz muito sentido não termos futebol de praia à altura dessa realidade”.

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CENTENÁRIO VAI SER UM MOMENTO MARCANTE Dirigente da Associação de Futebol do Algarve há 16 anos, o mandato de Reinaldo Teixeira e sua equipa é de continuidade, não de rutura, com o que tem sido feito no passado. E o empresário não se cansa de elogiar os dirigentes e todos os membros dos órgãos sociais que tem à sua volta, desde a Direção ao Conselho de Arbitragem e ao Conselho de Disciplina, da Assembleia-Geral ao Conselho de Contas e Conselho de Justiça. “São pessoas super

motivadas para os projetos já pensados e para outros que ainda estão para vir. Não sabemos se vamos conseguir fazer tudo, mas há muita vontade e obrigação para 63

fazer, sem nunca perder o foco. A missão principal é ajudar, facilitar, melhor servir os clubes, as modalidades e os campeonatos que estão a decorrer, tentando, em simultâneo, proporcionar condições e infraestruturas para isso. A Federação Portuguesa de Futebol tem incentivado as associações a criarem academias nos seus distritos e estamos a contatar as autarquias no sentido de arranjarmos um terreno para esse fim”, revela Reinaldo Teixeira. “Será um espaço onde as seleções possam treinar como deve ser, mas que sirva também para todos os clubes da região e outras que queiram fazer estágios no ALGARVE INFORMATIVO #235


Algarve. Outro desejo é um espaço para dignificar a história da Associação de Futebol do Algarve, um museu do futebol e futsal. Mas queremos também criar um Centro de Medicina Desportiva onde estejam reunidas as principais especialidades que possam servir os clubes, os adeptos e até o público em geral”, prossegue o entrevistado, esclarecendo que não se tratam de promessas, mas de fortes vontades. Reinaldo Teixeira falou ainda da elaboração da Carta Desportiva do Algarve, um levantamento dos equipamentos e agentes desportivos existentes na região, bem como da realização de acordos com unidades hoteleiras, de restauração e transportes, enfim, toda a logística que pode envolver o futebol e o futsal. “Assim estaríamos

em condições de oferecer pacotes desportivos junto dos mercados emissores de turistas para o Algarve e também dos clubes que procuram o sul da Europa para estágios de Inverno. É importante que saibamos que o futebol pode ter um peso económico muito forte no Algarve, à imagem do que acontece com o golfe. Com isso ganham os clubes e as empresas da região”, assegura o presidente da direção. A 22 de janeiro de 2022 assinalam-se, entretanto, os 100 anos de Associação de Futebol do Algarve, cuja festa vai percorrer toda a região, com momentos especiais em todos os concelhos, com ALGARVE INFORMATIVO #235

temas específicos e onde se distingam todos aqueles que contribuíram para o crescimento do futebol e do futsal.

“Acho que vamos conseguir honrar tudo o que já foi feito nesta casa e pelos clubes ao longo de um século. Temos várias pessoas competentes a colaborar connosco gratuitamente em diversos projetos, que não fazem parte dos órgãos sociais da associação, simplesmente porque 64


gostam das modalidades e sentem prazer em construir para o bem coletivo”, enaltece Reinaldo Teixeira, que não esquece igualmente a estreita relação existente com o Instituto Português do Desporto e Juventude.

“Todos os seus técnicos têm sido incansáveis em divulgar os meios e programas disponíveis para ajudar os clubes e a prática do futebol e do futsal e o seu Diretor Regional, Custódio Moreno, tem sido um aliado/parceiro desta casa desde 65

que aqui chegamos, empenhado em ajudar, motivar e reconhecer o crescimento desportivo que tem acontecido nos últimos anos. O Algarve tem todas as condições para continuarmos a deixar testemunhos dos quais, um dia mais tarde, nos vamos todos orgulhar, porque a prática desportiva e o trabalho em equipa marcam-nos para o resto da vida” . ALGARVE INFORMATIVO #235


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ALTA MORA CONSOLIDA-SE NO ROTEIRO TURÍSTICO ALGARVIO COM O FESTIVAL DAS AMENDOEIRAS EM FLOR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Castro Marim

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ecorreu com muito êxito a primeira edição do Festival das Amendoeiras em Flor, em Alta Mora, fruto do trabalho, dedicação e entrega da Associação Recreativa, Cultural e Desportiva dos Amigos da Alta Mora (ARCDAA) e dos habitantes desta povoação do interior do concelho de Castro Marim que se consolidou no roteiro turístico da região. O Festival surgiu na sequência do sucesso dos passeios pedestres «Amendoeiras em Flor», organizados pela ARCDAA há já 15 anos e que angariavam cada vez um maior número de participantes. Este ano, com o apoio do programa «365 Algarve» e do Município de Castro ALGARVE INFORMATIVO #235

Marim, lançou-se o Festival das Amendoeiras em Flor, que se traduziu numa grande estratégia de promoção e sensibilização para aqueles que são os valores e as tradições da serra algarvia, a sua força identitária e a inocência da autenticidade do território, bem como para um dos seus principais recursos endógenos, a amêndoa, tão apreciada na doçaria regional. Na sessão de abertura estiveram o Presidente da ARCDAA, Valter Matias, o Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, e o Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho, cujos discursos se concentraram nas melhores formas de combate à desertificação e despovoamento do interior da serra algarvia, uma luta antiga e que corre contra o tempo. 70


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Foram dois dias intensos e cheios de atividades, onde se destacaram os passeios pedestres, com mais de mil participantes, a confeção de uma torta de 40 metros, com 35 quilos de amêndoa, descascada e partida pelas gentes da terra durante três meses, e o workshop de plantação de 50 amendoeiras, que já farão parte da idílica paisagem mosqueada de rosa e branco da próxima edição do Festival. A iniciativa é também uma forma de incrementar o crescimento de mais plantações de amendoeiras, numa estratégia que procura rentabilizar as várias vertentes do produto, que pode passar pelas artes, desporto de natureza ou gastronomia.

recriaram antigas profissões e modos de vida do campo, com a participação dos artesãos do concelho. A «aldeia esquecida» foi o centro das atenções durante os dias 1 e 2 de fevereiro, a prova viva de todo o potencial turístico, gastronómico, desportivo e cultural por explorar na serra algarvia. Todos os detalhes contribuíram para este resultado e também foram tidos em conta os valores ambientais, com particularidades como pratos biodegradáveis, copo único e reutilizável, carros elétricos para transporte durante o evento e uma decoração exímia, desde flores de amendoeira em materiais reciclados e crochê.

Outra das grandes atrações do evento foi a Aldeia do Artesão, um espaço recuperado pelos moradores em que se

O Município de Castro Marim esforçase por apoiar fortemente as iniciativas que emergem da sociedade civil, por

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O MESTRE DO ACORDEÃO JOÃO FRADE APRESENTOU NOVO DISCO EM LOULÉ Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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oão Frade, acordeonista algarvio e um dos nomes mais conceituados do panorama musical português, foi ao Auditório do Solar da Música Nova, no dia 30 ALGARVE INFORMATIVO #235

de janeiro, para participar na primeira sessão do ano da rubrica «Conversas à Quinta» e, num misto entre tertúlia e concerto, deu a conhecer o disco homónimo «João Frade», editado em 2019 com o apoio da Câmara Municipal de Loulé, acompanhado pelos 84


fantásticos Michael Olivera, na bateria, e Yarel Hernandez, no baixo. Mas o serão foi igualmente uma viagem pelo eclético percurso profissional do albufeirense e pelas suas visões sobre o universo cultural e pela sua inconfundível «música portuguesa criativa», conforme descreve quando lhe perguntam em que estilo se insere a sua sonoridade. O disco homónimo de João Frade vem reafirmar e reforçar, com uma notória maturidade, tendências estéticas já enraizadas na sua identidade e percurso, mas também «pisca o olho» a outros caminhos sonoros, porque o acordeonista sempre foi um explorador, um inconformado, um adepto de criar

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fenomenais «cataplanas musicais». E isso mesmo se percebeu ao longo de quase três horas de atuação e conversa informal com a numerosa plateia, que também ficou a conhecer o que está para chegar em 2020, onde se inclui mais uma digressão com a fadista Mariza; o novo disco do «Pedro Jóia Trio» com o cantor louletano Nuno Guerreiro, da «Ala dos Namorados»; o disco do projeto «Moda Vestra», nascido no âmbito do programa cultural «365 Algarve»; e a tournée dos «Mare Nostrum». Não faltarão, por isso, motivos para assistir ao vivo a um dos maiores músicos que o Algarve deu ao mundo nas últimas décadas .

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Asas de Pape Teatro Lethe Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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os dias 1 e 2 de fevereiro, o Teatro Lethes, em Faro, esgotou com um mimodrama sobre a mecanização da sociedade criado e encenado pelo Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro. «Asas de Papel» é um trabalho de mimo contemporâneo, comédia e drama em que mãe e filha, absorvidas pelo ritmo diário do quotidiano moderno, acabam por se afastar uma da outra. A mãe, escrava do trabalho, desconecta-se do seu lado humano, enquanto a filha se refugia num livro, que será a sua companhia e uma janela para mundos fantásticos. Esta história de amor, imaginação e esperança é um espetáculo sem palavras sobre a mecanização e desumanização da sociedade e conta com um elenco de oito atores, sendo que a protagonista é, Laura Parneva, uma jovem e talentosa atriz de apenas sete anos. A história questiona a evolução humana, repleta de imagens poéticas e que nos convida a ler, a sonhar e a recuperar a nossa criança interior. Um espetáculo sem palavras que emocionou um Teatro Lethes completamente cheio e que demonstrou a força deste género de representação num mundo caracterizado pelas novas tecnologias e formas de entretenimento. Criada e encenada por Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, «Asas de Papel» tem como intérpretes Bruna Pinheiro, Ilda Nogueira, Jorge Oliveira, Laura Parneva, Marta La Piedad, Patrícia Mendes, Regina Silva e Vasco Seromenho. A produção é do Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro . ALGARVE INFORMATIVO #235

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Bruno Maliji subiu ao palco do Auditório do Solar da Música Nova Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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o dia 31 de janeiro, o algarvio Bruno Maliji apresentou-se, no Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, no âmbito da quinta edição do ciclo «Ilustres Desconhecidos», que valoriza e promove regularmente projetos emergentes ou pouco conhecidos do público algarvio (sediados ou não na região) na área da música. Maliji lançou, em 2018, o seu primeiro álbum de originais a solo intitulado «aCRUstico», onde deu a conhecer as suas músicas apenas com guitarra e voz. Foi o arranque de uma viagem em nome próprio, ao fim de 20 anos de carreira, ALGARVE INFORMATIVO #235

que o levou a palcos como o Festival MED ou a Masterclass da Antena 1. Agora, Bruno Maliji prepara-se para entrar na «2.ª Paragem» de um trajeto musical que se espera longo. Neste novo álbum de originais surgem músicas com uma renovada roupagem, bem ao estilo do rock português, com canções que passeiam entre a crítica social e mensagens de homenagem e perseverança que traduzem a sua forma de ver e estar na vida. Com temas novos e do anterior disco, pretendeu o compositor algarvio agregar neste trabalho outros músicos de áreas completamente diferentes, como o fado e a eletrónica, no que se revelou um «casamento» perfeito . 110


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OPINIÃO Aprender a estudar, para estudar e aprender Paulo Cunha (Professor) em as disciplinas de pedagogia, didática específica e de psicologia do desenvolvimento e aprendizagem que tive que frequentar para obter a habilitação profissional, e assim tornar-me professor, me prepararam para importância de, todos os anos, relembrar aos alunos a necessidade de conhecer e colocar em prática uma série de métodos de estudo que, devida e regularmente usados, lhes proporcionarão os resultados esperados. Foi preciso colocar-me no outro lado da sala de aula para, finalmente, perceber a falta que me fez, enquanto estudante, não ter sido devidamente instruído, preparado e motivado para, mais do que estudar em quantidade, estudar em qualidade. É imperioso que todos, pais e professores, saibam o que pretendem para os seus filhos/alunos. Serão as notas altas que possibilitarão a entrada no curso pretendido ou a aprendizagem efetiva, eficaz e consequente dos conteúdos ensinados? Obviamente, numa sociedade ideal, o sistema de ensino deveria proporcionar que ambas as pretensões acontecessem, se possível, em simultâneo. Seria esse o ALGARVE INFORMATIVO #235

maior corolário do trabalho do professor, mas todos sabemos que muitos fatores impossibilitam que coloquemos na prática as palavras bonitas que muitos teóricos da educação falam, escrevem e publicam. Num tempo em que os professores formados no século passado lecionam os alunos do século XXI ainda com métodos de há dois séculos, torna-se cada vez mais importante motivar os alunos para a importância do aproveitamento e gestão do tempo que deverão dedicar ao estudo, à aprendizagem e à consolidação das matérias adquiridas em espaço escolar. É também imperioso ajustar os programas curriculares ao novo tempo, para que se tornem ferramentas utilitárias e eficazes no futuro. Aprender a estudar - esta é uma competência que todos os alunos deveriam procurar adquirir e consolidar em todo o seu percurso escolar. Se tal não acontecer, correm o risco de perder tempo agarrados aos livros, não retirando grande proveito nem atingindo os resultados desejados. Para aprender mais, melhor e mais depressa deveremos: tentar entender em vez de decorar; manter uma atitude positiva, confiante e construtiva; não nos 118


matérias mais difíceis em primeiro lugar, enquanto se tem mais energia, concentração e motivação.

limitarmos apenas a ler, mas sim a praticar também o que foi lido (apontamentos, resolução de fichas de trabalho, etc.); solicitar a ajuda de alguém que já saiba os conteúdos a estudar; estudar (presencialmente ou através de uma rede digital) acompanhado por colegas que estejam motivados e que, seguindo o mesmo plano de estudo, possam tirar dúvidas e fazer perguntas uns aos outros; tentar encontrar respostas, pesquisando e perguntado o que não se sabe; repetir as vezes necessárias até que, devido à elasticidade do cérebro, consigamos registar o conteúdo estudado; fazer esquemas ou associações; estudar as 119

Mesmo sabendo que, para conseguir melhorar a produtividade, cada pessoa deverá analisar o seu método de estudo e descobrir quais as técnicas que dão melhores resultados, há regras universais e tão evidentes que quase parece despropositado falar delas. Talvez por isso, muitos se esquecem de as de transmitir aos seus educandos. Normas tão simples como aconselhar e proporcionar aos filhos as horas de descanso devido e necessário, bem como uma alimentação racional e regrada antes de irem para escola, pois só assim poderão estar atentos na sala de aula. Outros preceitos em que os progenitores poderão também ajudar são a sensibilização e o controlo do tempo que os seus educandos despendem a rever a matéria dada diariamente, não deixando assim para a véspera da realização dos testes o estudo dos muitos conteúdos teóricos que, inevitavelmente, se juntarão num curto espaço temporal. «Dicas» simples de alguém que tem na aprendizagem, na felicidade e no sucesso individual dos seus alunos o maior propósito enquanto professor. Haja quem queira aprender e haverá sempre quem quererá ensinar! . ALGARVE INFORMATIVO #235


OPINIÃO Comunicação, poder e jornalismo O quarto poder na era digital Mirian Tavares (Professora) ornou-se lugar-comum falar do jornalismo como «o quarto poder», aquele que vem a seguir aos poderes estabelecidos pelo Estado: o legislativo, o executivo e o judiciário. A expressão, no entanto, data ainda do século XIX e consta que foi dita no Parlamento inglês, por um deputado que, ao apontar à tribuna onde se encontravam os jornalistas, disse que eles eram «o quarto estado», aludindo aos três états da Revolução Francesa – o clero, a nobreza e a burguesia. No sentido moderno a ideia de jornalismo como «quarto poder» está intimamente vinculada à capacidade que o mesmo teria de construir, ou ajudar a fazêlo, a própria realidade, ou seja, através das informações que estão (quase) sempre entre o público e o facto, há todo um processo que não se cinge apenas a transmissão ou difusão, mas que pode conter a efabulação, a encenação ou mesmo a montagem da realidade tal qual ela se apresenta. Se a neutralidade é um mito e se o jornalismo é, de facto, um poder, há que se ter um cuidado redobrado com o que lemos e há ainda que se formar jornalistas com sentido ético apurado e leitores capazes de verdadeiramente «ler» aquilo que se lhes apresenta. Porque a leitura, quer de textos ou de imagens, exige de nós muito mais que ALGARVE INFORMATIVO #235

saber interpretar signos e sinais, sobretudo na dita era da informação em que somos assoberbados de mensagens nos diversos canais que medeiam a nossa relação com o mundo. Não é por acaso que a literacia dos media se tornou um tema de vital importância, principalmente na Europa que, desde há algum tempo, busca criar espaços de discussão e projetos que promovam a literacia para todos como um bem fundamental dos cidadãos. Melhor dizendo, como um bem essencial para se promover uma cidadania autêntica. Em 1941, Orson Welles realizou Citizen Kane. O filme tratava de uma biografia não autorizada do dono de um império jornalístico nos Estados Unidos na primeira metade do século XX, William Randolph Hearst. O filme, considerado uma obraprima do cinema mundial, se desenrola como se tratasse de uma reportagem. Um jornalista decide investigar a vida do magnata Charles Foster Kane que, ao morrer, pronuncia como última palavra a enigmática “rosebud”. No desenrolar da história, construída de forma inovadora, quer em termos narrativos, quer em termos visuais, somos apresentados ao cidadão Kane desde a sua tenra infância até aos seus dias de glória como magnata da indústria jornalística. Para mim, o mais fascinante do filme é a forma magistral como somos envolvidos numa grande mentira: todos nós, 120


Foto: Victor Azevedo

público, ouvimos Kane a pronunciar “rosebud” antes de morrer. Mas ninguém, dentro da diegese ouviu o mesmo, ou seja, não seria possível que um jornalista soubesse que esta tinha sido a sua última palavra. O que tornaria, à partida, o argumento do filme inválido. Mas o facto é que ninguém se dá conta deste pormenor porque a magia do cinema, e a mestria de Welles, torna-nos cúmplices do narrador e somos arrastados pelo desejo de desvendar este mistério, seguimos a trama do jornalista que nos leva, só a nós e nunca a ninguém da própria diegese, a descobrir o que significava a tal palavra, tão importante, ao ponto de ser a última que o magnata pronunciou. Citizen Kane é uma obra de ficção e não uma peça jornalística, mas o princípio que rege o argumento, e que regeu sempre a obra do próprio Welles, é o mesmo que rege, de alguma maneira, o bom jornalismo – a busca incansável da verdade, por mais absurda que esta possa parecer. Logo a seguir ao fim da II Guerra, começa 121

outra guerra que é disputada com as armas dos meios de comunicação e legitima, de uma vez por todas, o epíteto de quarto poder dado ao jornalismo. Desde então muitas foram as teorias que tentaram perceber de que forma se criam, ou devem ser criados, os discursos jornalísticos e de que forma podem, ou são interpretados, os textos que não só narram os factos da História como participam, ativamente, da sua criação. A contemporaneidade é marcada pela consciência aguda de que a História é feita daquilo que dela se conta e o jornalismo tem um papel fundamental na construção da realidade. Na era digital, as redes sociais ocupam o lugar que antes era pertença apenas dos media na difusão de factos e de informação. Os jornais, ou os antigos media, sofreram, e sofrem ainda, o impacto da perda de leitores/espetadores e tentam aos poucos adaptar-se às novas configurações da notícia e às novas formas de narrativa que daí advém. Para alguns é uma batalha perdida, as notícias circulam a uma velocidade incontrolável e os factos são pertença de todos sem que haja sequer tempo de verificá-los. Estamos na era das fake news ou daquilo a que alguns cinicamente denominam de pós-verdade. Se na ficção podemos acompanhar uma história, como a do Citizen Kane, que parte de uma premissa não verificada, no espaço do real cabe, a cada um de nós, repensar o papel que o jornalismo assume nos dias que correm. Porque é muito fácil deixar-se enredar pela rapidez e eficiência com que os dados circulam e esquecer-se de que, sendo o jornalismo indubitavelmente uma forma de poder, este poder traz consigo uma grande responsabilidade, e talvez seja esse o papel do jornalismo na era digital: ajudar na reconstrução de um discurso mais credível, factual e verificável, do mundo real . ALGARVE INFORMATIVO #235


OPINIÃO Do Reboliço #71 Ana Isabel Soares (Professora) sso os fardos de palha, para onde pende um, pendem todos”. Fica o Reboliço a matutar, que é das tarefas que mais aprecia. Exigelhe a paz em que ele é mestre e, do que à sua volta existe, um silêncio, ritmo vagaroso. Pensa no que é pender. Quem aquele dito diz imagina uma carga de fardos de palha – num camião amontoados, que em se curvando faz curvar o monte; não é um que pende, são todos em simultâneo, ao mesmo tempo pendem. Não será bem, então, como as formigas, que, essas sim, seguem alguma que primeiro começa a desenhar o carreiro, no caminho em que achou comer. (Olha, Reboliço, vê-las, aí quando o sol rebenta a saírem do buraquinho de chão onde têm casa, uma antena, mais outra, as pérolas negras do corpo por elas arrastadas, num andar de pouca bulha?). Os fardos de palha pendem para onde pende o movimento do que os carrega. Se o vento lhes desse, por um exemplo, não seria fácil fazê-los pender. Nem estes mais modernos, que já nem fardos se lhes pode chamar, mas rolos: como se fosse fácil fazê-los, com a ventania, rolar. Passar nos campos depois da apanha do trigo e vê-lo assim enrolado onde dantes se viam paralelepípedos empilhados faz

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parecer que, em vez de estacionados, estão prontos a desandar, por si sós, dos terrenos – ma não: são pesadões, esses bichos-rolo de palha, antes preferem ficar, como cãezarrões pacholas, no meio da terra. Se máquina nenhuma dali os levar, ganham raízes, assentam, ou ali apodrecem, fazem de mortos. O que o vento gosta de usar para as brincadeiras é o restolho solto, esse é que é bom companheiro: não o vê o canito, nos dias de mais potente sopro, vaguear ou apressar-se entre a parede da casa e a parede do forno, entalado na rua e obrigando-o a baixar as pálpebras antes de o sono chegar? Faúlhas soltas da palha de campos de longe, que é de onde vêm, animam a rua à cadência do bafo. No Verão, os espojinhos divertem-se a juntar aquelas palhas, emaranham-nas (como as linhas no cesto de costura que a Tia Patrocínia usava quando tinha meias que, por magia, deixavam de ter buracos, e de onde tirava, para o colo, a velha lata de bolachas com tesouras, carrinhos de linhas, uma multidão de botões, muito alfinete e agulha) e deitam-nas ao ar, à rua, ao focinho espirrador e incomodado do cão. Ele bem os vê na distância, nos raros intervalos em que a dormência do calor ou um zunido súbito o fazem abrir o sobrolho e suspirar na decisão (“Levantome? Se estava tão bem neste 122


Foto: Vasco Célio

cantinho...”), a rodar, a rodar e a chegarse aos postes das linhas telefónicas, aos montes para onde os homens carregaram as pedras que não os deixariam lavrar a terra – e onde agora se acoitam vespeiros –, à estrada, onde se ajuntam da secura do pó que não há nada de tempo estava quedo, sorrateiros às pedras da rua e, 123

malvadiços os espojinhos, pouco discretos, numa baforada de riso, fazer mudar de poiso o cão . * Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #235


OPINIÃO Configurações Fernando Esteves Pinto (Escritor) “A formação da linguagem é um paciente, extenso, doloroso e, muitas vezes, desesperante caminho. O erro aparece como uma constante, mas existe a possibilidade de ser sempre menor. Entre um grau máximo e um grau mínimo de erro, situa-se a evolução”. Herberto Helder

enhuma escrita é inconsciente. Há um propósito, uma inquietação criativa, um silêncio compacto no acto de escrever. No entanto, escrever para viver é um passo superficial que sugere alguma inocência e compromisso com a melancolia profunda do pensamento. O que se cala perante o mundo é posto em relevo num entrançado de fios irreais que dão a ideia de psicanálise. A vida é demolida para de novo ser definida por sensações estimulantes e entusiasmos absolutamente inflamados. Caminhar no silêncio é uma revelação: pode libertar mas também é perturbador do ponto de vista da introspecção. Quando a escrita se torna tortura; quando participa de um sistema de cremação de sentidos plenos de falhas mentais – um esvoaçar de vozes ruidosas, ferimentos nervosos, esquadrinhamentos íntimos –, as palavras apenas consentem que falemos de nós próprios. O terror nunca se esgota: somos uns demónios aos gritos e substituímos a vida pela escrita. Palavras. Palavras. Uma dura guerra, vigorosa mas cheia de encantamentos; sacrificial e insuportável mas conciliadora. ALGARVE INFORMATIVO #235

Por mais penetrante que seja escrever, e em parte um consolo para a mente como um remédio, procuramos a combinação perfeita entre o paraíso e o inferno. E assim, nesta harmonia ilustríssima que é um precipício – ou uma esperança muito forte? –, a vida envia um eco de sabedoria: há na escrita algo de contínua sensação de perecimento. Sim, escondemos a morte de tudo o que não escrevemos para um dia mais tarde ser descoberto. Será ilusão mais do que complexa ausência o facto de revelarmos aos outros o que nunca existiu. Mas tentamos imaginar como é deixar escrito vividamente, sob um véu de vazio e angústia, um aceno da linguagem que seja legível em todas as épocas futuras. Escrever contra a cortina de ferro do tempo: eis uma solidão perfeita, extrovertida. Procuramos tornar visível a escrita que nos foge, a que não produz imagens correctas; toda essa escrita entorpecida sem qualquer essência do que sentimos: vertigens abundantes que insistem em preencher as nossas indecisões; uma frase indomável que nos pede imensidão e um apurado engenho para enfrentarmos as insustentáveis circunstâncias da vida. Aqui 124


começamos a escrever; algo se transformará racionalizando-se a si mesmo, talvez um resumo formidável que sirva de testemunho dos múltiplos sentidos que a linguagem descuidou. O pensamento é, então, apenas perspectiva. É esta regra uma questão de artifício que 125

dá forma à escrita; contudo, há um certo tipo de forma que diverge de todas as impressões que a escrita aprofunda: a configuração que perde a sua identidade em face da linguagem .

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OPINIÃO Um filme adaptado é sempre pior que o livro? Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) ilhares, sem exagero, de filmes foram adaptados de livros biográficos ou ficcionados. E em simultâneo tornou-se um hábito ouvir a seguinte frase quando nos referimos a filmes que foram adaptados: "Fui ver o filme, mas não é tão bom como o livro", ou “não tem nada a ver, o livro é muito melhor”. Na minha opinião, é uma comparação injusta. Como podemos comparar a escrita de uma história com um filme ou série? Um livro tem a beleza do estilo de escrita de um autor que, por norma, é muito mais pormenorizada, recorre a recursos de escrita que são impossíveis de transmitir através de filme. Ora vejamos. Nas adaptações literárias para cinema várias decisões são imperativamente tomadas devido ao reduzido tempo que é «permitido» para mostrarmos a história aos espetadores. Não digo que haja uma regra por lei, mas imaginem sentarem-se numa sala de cinema durante oito horas? Acho que arrancava o cabelo. Ou talvez não, porque, afinal, o ALGARVE INFORMATIVO #235

que fazemos quando ficamos até de madrugada a ver séries e a comer bolachas oreo? Mas aí, mais uma vez, também não é uma comparação justa, pois as séries são estruturadas de forma diferente e por norma estamos no conforto do nosso lar quando as vemos. Aqui reside uma diferença, os filmes têm uma limitação de tempo, o faz com que algumas informações presentes no livro não o estejam no filme. Há uns anos lembro-me de ouvir uma entrevista sobre o filme «Lion – A Longa Estrada para Casa», que foi adaptado de uma auto-biografia para cinema. O argumentista eliminou vários relacionamentos românticos da personagem principal e no filme reduziu para uma única namorada. Porquê? Porque cortes têm de ser feitos. Depois, existem também «regras» de escrita, como momentos no filme que são esperados (inconscientemente) pelos espetadores. Como o «gatilho» da história, a «chamada da aventura», o «ponto médio», o momento do «perde tudo» e o «climax» com a vitória do herói. Gurus de escrita de argumentos para filmes até sugerem em que altura do filme esses momentos devem ocorrer 126


em termos de minutos na linha temporal narrativa. Por exemplo, o «gatilho» deve ocorrer entre os 10 e os 20 minutos de uma longa-metragem. Outro elemento importante que não devemos descurar é a forma como experienciamos um livro e o cinema. Nos livros exercitamos o cérebro de forma diferente. Ao lermos criamos imediatamente imagens visuais e criamos mundos com ferramentas, lembranças e gostos pessoais. Estudos indicam que há um maior afluxo de sangue para determinadas zonas, gerando assim um exercício cognitivo. Ou seja, a nível cognitivo e fisiológico é uma experiência mais profunda que ver e ouvir um filme. A não esquecer que ir ao cinema é uma experiência coletiva, numa sala escura e limitada temporalmente. Por seu lado, ler é solitário, muitas vezes silencioso e irregular. 127

Logo, a melhor forma de ir ver um filme que é uma adaptação é esquecerse esse mesmo fato e tentar vê-lo como uma obra isolada, única e com as suas particularidades. Afinal, há que se aproveitar o melhor dos dois mundos . ALGARVE INFORMATIVO #235


OPINIÃO A Matemática do Interior João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) ontra factos não há argumentos. Uma expressão popularmente conhecida de fundo verdadeiro. E os factos, esses, transmitem-nos certezas que alicerçadas em diferentes meios de prova não dão espaço para deambulações interpretativas ou falsas deduções. É entre esses instrumentos de prova que encontramos a Matemática. Esta ciência exacta dá-nos números que, devidamente validados, espelham a realidade tal como ela é. Sem virtualismos ou enredos filosóficos. E os números estão aí. Sempre estiveram, felizmente. Em censos, relatórios ou estudos à mercê da curiosidade de alguns e do genuíno interesse de outros. Os dados populacionais do interior do país são sobejamente conhecidos e os alertas também. Basta navegar pela internet e ler as inúmeras notícias sobre o fenómeno do envelhecimento e despovoamento desse vasto território. A matemática quantifica-nos a difícil situação que conhecemos e que teimamos em ignorar e manter num plano secundário, não agindo de forma planeada e consistente. Realidade esta que rapidamente tende a cair no esquecimento, vindo à tona no Verão, quando o flagelo dos fogos atinge ALGARVE INFORMATIVO #235

implacavelmente essas zonas e enche as grelhas noticiosas na televisão e nos jornais. Ou quando o Governo anuncia medidas a roçar o ridículo, como aconteceu há dias, com os apoios à instalação no interior. Os números do despovoamento do interior em Portugal podem obter-se facilmente junto de várias fontes, nomeadamente no portal «Pordata» (https://www.pordata.pt/). Ali encontramos uma rica diversidade de índices que mostram aquilo que já sabemos desde o século passado: o interior está a ficar velho, vazio, inactivo e com níveis de sustentabilidade muito preocupantes. Algumas estatísticas do Algarve são bem reveladoras disso. O índice de envelhecimento da região (nº de idosos por 100 jovens), por exemplo, passou de 44,7% nos anos 60 do século passado, para 131% em 2011. Concelhos como Alcoutim ou Monchique, passaram de valores na casa dos 40% para 557% e 319%, respectivamente. O saldo populacional elucida bastante bem esse decaimento: em 2001, o Algarve tinha um saldo positivo de 7.795 indivíduos (resultado da soma do saldo natural e do saldo migratório) e em 2018 passou a -718. A migração não compensou a fraca natalidade. E ao 128


olharmos para os municípios do interior, constatamos novamente o esperado: Alcoutim, Monchique, S. Brás de Alportel e outros, perderam população de forma muito significativa. À escala das freguesias, essa realidade é ainda mais assustadora. Freguesias como Ameixial, Cachopo, Alferce ou Querença, Tor e Benafim perderam, nos últimos 40 anos, mais de metade da sua população residente. E continuam nessa senda a um ritmo galopante. Os números não mentem. Podem ser analisados sob várias perspectivas e ângulos. Mas o resultado cru e imediato é este apenas: seguindo o actual rumo, o interior vai ficar deserto ou, mais correctamente, despovoado. Uma constatação para a qual não há outra interpretação possível. E perante esta tendência factual, cabe tomar decisões. Ou deveria caber. Contudo, pouco ou nada se vê, à excepção de uma profusa acção quase ludibriante, traduzida na organização de centenas de eventos que infelizmente pouco alteram o paradigma regional. 129

A mais básica questão nem sequer se ouve ser colocada: o que se pretende para o interior? Tão simples e, no entanto, tão fundamental. Queremos manter populações activas no interior? Queremos atrair novas pessoas para esses locais? Queremos gerar riqueza e ALGARVE INFORMATIVO #235


economia sustentada? Queremos valorizar os recursos locais? Se sim, como? Com que meios? Quem? Onde? Quando? Ou, por outro lado, queremos deixar os acontecimentos seguirem o actual rumo, ao ponto da irreversibilidade? Sou favorável e defensor da existência de populações activas nestes territórios. Populações que residam e trabalhem no interior, se relacionem com as comunidades ainda existentes, que actuem no terreno, que mantenham práticas sustentáveis e harmoniosas com o ecossistema, que produzam riqueza e que cresçam, que inovem e diversifiquem a sua atividade. A presença de ALGARVE INFORMATIVO #235

comunidades no interior é fundamental a vários níveis, sejam eles de ordem económica, social, cultural ou ambiental. Porém, o abandono é óbvio, actual e massivo. Paradoxal até. Uma região como o Algarve, pequena e das mais ricas de Portugal, onde o seu «Interior» noutros locais seria praticamente litoral (vejam-se cidades como Évora ou Fundão), não consegue contrariar este fenómeno. Não haverá, possivelmente, em todo o país, região onde a expressão «coesão territorial» apresente tantas incongruências e lacunas. E não por falta de apoios financeiros. Nunca foi. Basta gastar algum tempo e analisar os relatórios de execução dos quadros 130


comunitários de investimento no Algarve (ex. QREN, ProAlgarve) e somar os muitos milhões de euros investidos nos territórios de baixa densidade. Muitos mesmo. O que se passou? O que se conseguiu? Muitas acções positivas foram feitas, obviamente. Mas o despovoamento não estancou. Pelo contrário. O que aconteceu então? Alguém saberá ao certo avaliar o passado, remediar o presente e pensar o futuro? A problemática em torno do despovoamento e «desertificação» do interior é complexa e de difícil resolução. Ninguém duvida disso. Mas sem uma estratégia municipal e regional para promover o desenvolvimento integrado

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dessas regiões não se vislumbra uma mudança. E actualmente não há um único plano de acção com metas definidas e meios organizados que possamos identificar como exemplo no Algarve que procure contrariar o problema. Não há um projecto de unanimidade regional, não há visão política e não há sentido de missão para esta problemática, muito embora tanto se fale nisso. Há, felizmente, casos interessantes noutras paragens de Portugal que estão a reverter esse processo e a fixar gente nova. Bom seria que os outros territórios estudassem esses casos e seguissem o exemplo. Talvez, no final, os resultados da matemática fossem outros .

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OPINIÃO - Reflexões, opiniões e demais sensações O último refúgio do homem civilizado?! Júlio Ferreira (Inconformado encartado) conversa até pode ter um cheiro desagradável e por isso mesmo peço desculpa, a quem tem de ler isto à hora de almoço, mas é um assunto que tem de ser falado. No final de 2019 foi publicado mais um daqueles estudos, que nos deixa a pensar que afinal existem especialistas nas mais variadas áreas que passam o seu precioso tempo a estudar sobre coisas que são realmente importantes para a evolução da humanidade ou que há demasiadas pessoas com tempo a mais nas mãos. Vá lá pessoal… toca a arranjar uma vida e a focar no que realmente interessa, ok!?? Mas só porque um dia jovens estudantes de sociologia irão estudar este fenómeno persistente com início no final do século XX, que se arrastou pelo século seguinte adentro, contaminando várias gerações. Vou abordar este fenómeno, que certamente será objeto das mais variadas teses. Uma pesquisa efetuada por uma empresa britânica apurou que, em média, os homens passam sete horas por ano na casa de banho, simplesmente para conseguirem fazer uma breve pausa do resto do mundo. Cerca de 45 por cento dos indivíduos questionados admitiu ser tremendamente difícil conseguir ter algum tempo para si ALGARVE INFORMATIVO #235

próprio, enquanto que um quarto mencionou que a família não se apercebe ou reconhece o quão ocupada é a sua vida. Aliás, 25 por cento dos homens afirmou que, se de tempos a tempos não se refugiasse na casa-de-banho, não “saberiam como conseguiriam aguentar”. Com isto em mente, sentado no local adequado e com o portátil no colo, dou por mim a recordar da última vez que fui à casade-banho sem companhia. Estávamos em 2001. Anos loucos aqueles. Lembro-me que ir acompanhado à casade-banho podia significar muita coisa, mas raramente acabava com um filho agarrado às calças, ou mais recentemente com um gato voyeur assumido. Ele fica comigo até o fim. Saio, e ele sai também. No final, nem sei quem acompanhou quem. Mas seja como for… que saudades de estar aqui sozinho, a ter aquilo que o pessoal sem filhos e sem gatos, chama de «seu momento». O lar, afinal, não é o último refúgio do homem civilizado, a sua última fuga, o derradeiro recanto em que pode esconder as suas mágoas e dores. O lar já não é o castelo do homem. Esse lugar reduziu no tamanho, dá pelo nome de Casa de Banho. Esmiuçando o meu raciocínio vamos chegar à mesma conclusão que esta empresa e os seus digníssimos especialistas. Só a casa de banho é o recanto livre, só essa 132


para lhe transmitir uma calma que cada vez é mais necessária. O homem foi recuando, estagnando, desesperou e só obtém um instante de calma no dia, neste seu novo santuário dentro de sua própria casa, a casa de banho. Se não lhe baterem à porta outros homens (que é muito mau sinal), ele, ali, e só ali, por alguns instantes, se esconde, reflete, calcula e julga. Está só consigo mesmo, tudo é segredo, ninguém o interroga, pressiona, grita, tenta, sugere, assalta. Aqui é verdadeiramente o chefe da casa. É aqui que examina com calma a sua fisionomia, vê os anos passarem ao espelho que por vezes é um amigo, outras nem tanto. É aqui que vê se está mais gordo ou não, e se encontra para nossa tristeza os primeiros cabelos brancos (em locais que questionamos, como eles ali vão parar).

dependência da casa e do mundo dá ao homem um pouco de tranquilidade. A casa de banho está para os homens assim como Meca está para os islâmicos. Um templo sagrado, onde reina o sossego e a tranquilidade. Não se nega a ninguém e é um ato solitário. Estes momentos passaram a ser os únicos momentos em que conseguimos fazer uma das coisas que tanto queremos: simplesmente nada.

Não há, em suma, quem não tenha feito uma careta equívoca no espelho da casa de banho, nem existe ninguém que nunca tenha tido um pensamento genial ao sentir no duche, cair sobre seu corpo nu o primeiro jato de água fria. Aqui temos a paz para a autocrítica, aqui entramos sujos e saímos limpos, aqui na casa de banho, saímos mais frescos, mais puros, mais bemdispostos, e por vezes (como hoje) até cantamos ou escrevemos crónicas. Acho que por hoje chega! Querem ver?!

O homem atual vive sob um stress constante, passou a viver em caixas de fósforos que custam os olhos da cara, e que levam uma vida inteira a pagar. O homem atual tem como ilusão de floresta, duas ou três plantas enlatadas ou então um aquário 133

E agora? ÓÓÓÓÓÓÓÓÓ FILOMENAAAAAAAAA, ALCANÇA-ME O PAPEL HIGIÉNICO, POR FAVOR! .

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SÃO BRÁS DE ALPORTEL REQUALIFICOU FONTE DA MESQUITA E LAVADOURO DA MESQUITA ALTA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de São Brás de Alportel inauguraram, no dia 2 de fevereiro, numa tarde repleta de emoções e com grande afluência de população, as obras de requalificação da Fonte da Mesquita e do Lavadouro da Mesquita Alta, dando-se assim continuidade ao projeto «Memórias da Terra» que permitiu, nos últimos anos, dar ALGARVE INFORMATIVO #235

nova roupagem e vida a espaços como a Fonte Nova e o Lavadouro, no Centro Histórico da vila; a Fonte Velha, no sítio de Mealhas; ou o Poço Madruga, na zona serrana do concelho. A requalificação da Fonte da Mesquita era uma obra há muito tempo aguardada para valorizar este relevante elemento do património rural do concelho e de grande importância na memória da comunidade local e resultou de uma candidatura a apoios 136


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comunitários, apresentada em parceria pela Câmara Municipal e pela Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, respetivamente, ao PDR2020 - Programa de Desenvolvimento Rural de Portugal, no âmbito da operação de apoio à renovação de aldeias, programa coordenado a nível regional pela Associação In Loco. As obras foram realizadas pela empresa são-brasense «J.G. Benedito, Lda.», tiveram um valor aproximado de 50 mil euros e incluíram trabalhos de reparação do Lavadouro existente, com a substituição da cobertura por uma estrutura em madeira e telhas cerâmicas da região; a definição de novos pavimentos e delimitação da rede viária, com vista a uma circulação pedonal e rodoviária mais eficiente e segura; plantação de árvores; instalação de novo mobiliário urbano; sinalização 139

vertical e horizontal; e ainda execução da rede de pluviais e da rede de rega. Depois de uma recriação de episódios da época protagonizada, junto ao Lavadouro da Mesquita Alta, pelo Clube dos Amigos do Museu, João Rosa, presidente da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, não hesitou em considerar estes locais como “as redes sociais da altura”.

“Constituíam pontos de encontro entre a família, os amigos e os vizinhos, e também para alguns namoricos. Os lavadouros fazem parte do património material e imaterial da nossa freguesia e requerem a maior atenção da parte da Junta e da Câmara Municipal, dai termos recorrido a ALGARVE INFORMATIVO #235


fundos comunitários e obtido uma comparticipação de 42 por cento do valor total da obra”, referiu o autarca, agradecendo a todos aqueles que participaram no processo da candidatura por terem ajudado à concretização deste projeto. “É um momento histórico, a

primeira candidatura conjunta da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia que foi aprovada por fundos comunitários. Temos que enaltecer o empenho de todos os técnicos envolvidos, assim como ao empreiteiro da terra – Miguel Borralho – por ter executado a obra. Estamos a valorizar a memória comum e a criar pontos de interesse turístico com a requalificação dos lavadouros do concelho”, destacou ainda Vítor Guerreiro, presidente da ALGARVE INFORMATIVO #235

Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Nova encenação do Clube dos Amigos do Museu teve lugar na Fonte da Mesquita, perante muitos populares, para satisfação de Marlene Guerreiro, que cresceu a ouvir histórias sobre este local bastante simbólico do concelho.

“Desconhece-se quando foi construída ao certo a Fonte da Mesquita, mas pensa-se que as suas origens descenderão à época contemporânea dos séculos XVI a XIX. Centro da vida social e económica de outrora, chama à memória o eco de gerações, o segredar dos namorados, as risadas das moças no domingo à tarde, as conversas de taberna, os afazeres do campo entre o gado e 140


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a lavoura, o ranger das mós nos lagares, o roçar das cordas no gargalo da fonte, a corrente apressada da água a descer à represa. Lembra a gente que, em 1940, o povo unido tomou em suas mãos o conserto da velha fonte e que, em 1945, aqui ergueu uma fonte nova para a água não faltar. Conta-se que, em tempos de seca, chegavam de longe os cântaros e a esperança, porque a água é vida e sagrado é o chão que a faz brotar”, proferiu a Vice-Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Oito décadas após o conserto da velha fonte, o povo voltou a reunir-se para ALGARVE INFORMATIVO #235

celebrar os mil anos destas memórias, numa requalificação há muito sonhada, enfatizou Marlene Guerreiro. E a empreitada só não aconteceu antes porque, conforme frisou Vítor Guerreiro, o Município de São Brás de Alportel tem recursos financeiros limitados e há que aproveitar ao máximo os fundos comunitários disponíveis. “Há dois anos surgiu

essa oportunidade, mas as candidaturas atrasaram-se e só agora conseguimos finalizar esta valorização. Tem sido uma estratégia deste executivo nos últimos anos, requalificar o património edificado, mas também homenagear o património imaterial do concelho, 142


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neste caso os nossos poetas. Queremos construir um concelho de futuro, atento àquilo que são os novos desafios e oportunidades da Europa e do Mundo, moderno e com qualidade de vida para a nossa população. Mas, para isso, precisamos ter os pés bem assentes na terra e olhar para a nossa história”, defendeu o edil são-brasense. “Há que investigar, saber de onde viemos, como é que vivíamos, como é que aqui chegámos”, reforçou. Vítor Guerreiro confirmou a existência no concelho de mais locais semelhantes a este à espera de requalificação e enalteceu a preocupação das gentes locais com o seu território, assim como as muitas solicitações que fazem para se ALGARVE INFORMATIVO #235

melhorar os espaços do antigamente.

“Contamos convosco para olharem pelos vossos sítios e para nos chamarem a atenção para aquilo que é necessário fazer. Gostaríamos de ter uma varinha mágica para poder executar tudo aquilo que desejávamos, mas o dinheiro não dá para tudo, não há aqui qualquer falta de vontade. Precisamos dos fundos comunitários para ampliar o orçamento municipal que temos e assim irmos melhorando todo o concelho, não só a vila”, salientou o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, antes do descerrar da placa alusiva à inauguração da requalificação . 144


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Licínio Santos, Delmino Pereira, João Fernandes e Custódio Moreno

VOLTA AO ALGARVE EM BICICLETA VAI CHEGAR A CERCA DE 150 MILHÕES DE LARES DE TODO O MUNDO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Turismo do Algarve 46.ª Volta ao Algarve Cofidis vai para a estrada entre 19 e 23 de fevereiro e terá um pelotão verdadeiramente de sonho, constituído por alguns dos melhores e mais mediáticos ciclistas do mundo. A prova vai poder ser vista em 83 ALGARVE INFORMATIVO #235

países, através da transmissão televisiva em direto pela TVI 24 e Eurosport, conforme se ficou a saber, durante a conferência de imprensa que teve lugar, no dia 4 de fevereiro, na sede da Região de Turismo do Algarve, em Faro. A Volta ao Algarve Cofidis foi promovida este ano à categoria UCI 146


ProSeries e terá um pelotão de 175 corredores, em representação de 25 equipas, das quais 12 são do WorldTour – a liga dos campeões do ciclismo mundial – e cinco são ProTeam, estando também reservadas oito vagas para equipas continentais portuguesas. Os apaixonados pelo ciclismo vão poder assistir, ao vivo, aos campeões olímpicos de estrada, Greg van Avermaet (CCC Team), e de omnium (ciclismo de pista), Elia Viviani (Cofidis), também ele campeão europeu de estrada, assim como ao campeão do mundo de contrarrelógio, Rohan Dennis (Team INEOS), e ao campeão da Europa da mesma disciplina, Remco Evenepoel (Deceuninck-Quick-Step), o campeão mundial de ciclocrosse e uma das figuras das clássicas na estrada, Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix), o tricampeão mundial de contrarrelógio em sub-23,

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Mikkel Bjerg (UAE Team Emirates), o campeão mundial de madison (ciclismo de pista) Roger Kluge (Lotto Soudal), além de três ex-campeões mundiais de estrada, Michal Kwiatkowski (Team INEOS), Philippe Gilbert (Lotto Soudal) e o português Rui Costa (UAE Team Emirates). E a lista de inscritos inclui ainda Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo), um dos dois únicos ciclistas em atividade que já conquistaram as três grandes voltas por etapas, assim como o vencedor do Tour de France em 2018 e da Volta ao Algarve em 2015 e 2016, Geraint Thomas (Team INEOS). Outros especialistas em provas por etapas de quem se esperam bons desempenhos na corrida algarvia são Bauke Mollema (Trek-Segafredo), Daniel Martin (Israel Start-Up Nation), Maximilian Schachmann (Bora-

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hansgrohe), Miguel Ángel López (Astana Pro Team) e Tim Wellens (Lotto Soudal). A Volta ao Algarve vai receber igualmente sprinters de créditos sobejamente conhecidos, como o ciclista em atividade com maior número de vitórias na carreira, André Greipel (Israel Start-Up Nation), Alexander Kristoff (UAE Team Emirates), Cees Bol (Team Sunweb), Danny van Poppel (Circus-Wanty Gobert), Fabio Jakobsen (Deceuninck-Quick-Step), Jasper Styuven (Trek-Segafredo), John Degenkolb (Lotto Soudal) ou Matteo Trentin (CCC Team). A lista de inscritos junta 25 corredores do top 100 mundial, além de quatro das cinco melhores equipas do ranking coletivo internacional de 2019. Não se avizinha, portanto, fácil a tarefa para os ciclistas portugueses, que têm aqui a oportunidade de demonstrar o seu valor num palco privilegiado. ALGARVE INFORMATIVO #235

O evento terá transmissão em direto para 83 países, com toda a Europa a ser servida pela Eurosport. O canal paneuropeu levará igualmente a Volta ao Algarve à Austrália e à Ásia e, pela primeira vez, a América Latina, território de adeptos entusiastas da modalidade, assistirá à prova em direto através da Claro Sports. Em Portugal, os diretos de todas as etapas poderão ser vistos na Eurosport 2 e na TVI 24, estando ainda programadas quatro repetições diárias, em diferentes horários, nos canais 1 e 2 da Eurosport.

“A Volta ao Algarve é, não só um importante evento desportivo, mas também um cartaz de promoção da região e o apoio da Região de Turismo do Algarve e da Associação de Turismo do 148


Algarve é essencialmente dirigido para a sua cobertura televisiva. Este ano vamos chegar a cerca de 150 milhões de lares, ou seja, tem uma capacidade de comunicação fabulosa para mostrar este extraordinário destino”, destacou João Fernandes, presidente da RTA e ATA, reconhecendo ainda que “sem esta

simbiose entre parceiros públicos e privados seria impossível o sucesso desta que será, na minha perspetiva, a melhor Volta de sempre”. A aposta na Volta ao Algarve em Bicicleta assenta na estratégia da RTA de 149

diversificação turística em que o cycling desempenha um papel importante.

“Temos inúmeros percursos para oferecer ao longo do ano, seja em BTT ou ciclismo de estrada, e já nos dias 8 e 9 de fevereiro vamos ter uma prova internacional que atrai cada vez mais participantes, a Algarve Bike Challenge, também apadrinhada pela Federação Portuguesa de Ciclismo”, lembrou João Fernandes, não esquecendo igualmente o Algarve Granfondo Cofidis, que conta habitualmente com centenas de participantes e que este ano terá partida e chegada, em Lagoa, no dia 23 de fevereiro. As inscrições ainda estão abertas e há dois percursos ALGARVE INFORMATIVO #235


à disposição dos participantes: o granfondo, com 121 quilómetros e passagem pelo alto da Fóia; e o mediofondo, com 78,7 quilómetros. A representar o Secretário de Estado da Juventude e Desporto esteve Custódio Moreno, Diretor Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, que descreveu o ciclismo como “a festa do desporto na rua”.

“No Algarve, o desporto e o turismo andam de mãos-dadas e a bicicleta é um excelente meio de promoção da região. O ciclismo é uma modalidade popular, passa à nossa porta, basta ir à janela para assistir à prova e na Volta ao Algarve temos cá os melhores do mundo”, frisou o dirigente, não deixando, contudo, de se mostrar preocupado com os estudos que ALGARVE INFORMATIVO #235

revelam que 70 por cento dos alunos do primeiro ciclo não sabem andar de bicicleta. “É uma contrariedade

que não facilita o desenvolvimento do ciclismo no Algarve, porque só com uma boa formação é que qualquer modalidade pode crescer. O futuro é hoje e queremos que alguns dos melhores ciclistas do mundo sejam portugueses”, manifestou Custódio Moreno. Com os mais novos em mentes, e sendo a Volta ao Algarve um evento desportivo que reúne amantes de ciclismo de várias gerações, o programa «O Ciclismo Vai à Escola» também irá estar presente, permitindo às crianças o contacto com a bicicleta e com os ídolos do ciclismo. As atividades 150


vão ter lugar na partida das três primeiras etapas, em Portimão, Sagres e Faro, ao passo que, em Albufeira, local de onde partirá a quarta etapa, será realizado o «Passeio da Família», uma iniciativa que pretende estimular os pais a pedalarem lado-a-lado com os filhos. “A Volta ao

Algarve acrescenta valor ao ciclismo português e ao desporto português, porque estamos perante um evento de excelência, uma corrida que tem um bocadinho de tudo. E tem campeões que vão garantir um grande espetáculo”, antevê Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, confirmando ainda que a Volta ao Algarve prestigia o país enquanto destino turístico. “As

imagens que são transmitidas para todo o mundo são de uma beleza 151

surpreendente. Esta harmonia entra a corrida e as paisagens da serra ao mar desafia inclusive muitas agências e empresas a criarem produtos associados ao turismo em bicicleta, um setor que tem um potencial brutal”, entende o dirigente. Delmino Pereira acredita que o pelotão da Volta ao Algarve de 2020 é o melhor de sempre da história da competição, uma prova que, recorda, tem lançado vários campeões, e tudo isso ajuda a colocá-la no topo das preferências do universo do ciclismo.

“É uma grande corrida e espetáculo, com uma missão desportiva e de promoção turística do destino Algarve, mas também tem um conjunto de ALGARVE INFORMATIVO #235


valores associados, eventos paralelos que são as nossas principais causas. E uma criança não saber andar de bicicleta é, para nós, um problema preocupante, daí termos criado o programa «O Ciclismo Vai à Escola»”, enfatizou.

Equipas Participantes WorldTeams: Astana Pro Team (KAZ), Bora-hansgrohe (GER), CCC Team (POL), Cofidis (FRA), Deceuninck-Quick-Step (BEL), Groupama-FDJ (FRA), Israel StartpUP Nation (ISR), Lotto Soudal (BEL), Team INEOS (GBR), Team Sunweb (GER), Trek-Segafredo (USA) e UAE Team Emirates (UAE). ProTeams: Alpecin-Fenix (BEL), Caja Rural-Seguros RGA (ESP), Circus-Wanty Gobert (BEL), ALGARVE INFORMATIVO #235

Fundación-Orbea (ESP) e Uno-X Norwegian Development Team (NOR) Continentais: Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel (POR), Aviludo-Louletano (POR), Efapel (POR), Kelly-InOut-Build (POR), LA Alumínios-LA Sport (POR), MirandaMortágua (POR), Rádio PopularBoavista (POR) e W52-FC Porto (POR)

Etapas 19 de fevereiro: 1.ª Etapa: PortimãoLagos, 195,6 km 20 de fevereiro: 2.ª Etapa: Sagres-Fóia (Monchique), 183,9 km 21 de fevereiro: 3.ª Etapa: Faro-Tavira, 201,9 km 22 de fevereiro: 4.ª Etapa: AlbufeiraMalhão (Loulé), 169,7 km 23 de fevereiro: 5.ª Etapa: Lagoa-Lagoa, 20,3 km (CRI) . 152


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #235

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