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Informativo 01, agosto de 2014


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INFORMATIVO N. 1, AGOSTO DE 2014

ARTIGO

mercado.

A marca e a possibilidade de controle por seu titular no contrato de licença de uso

Registrada a marca, o direito de exploração econômica é conferido ao seu titular, com exclusividade, sendo oponível contra terceiros que porventura tentem reproduzi-la indevidamente.

Segundo a redação dos arts. 122 e 123, I, da Lei de Propriedade

Assim, de acordo com o art. 130 da Lei de Propriedade Indus-

Industrial, conceitua-se marca como o sinal distintivo, visual-

trial, são prerrogativas do titular da marca: a) ceder seu registro

mente perceptível, que identifica produtos ou serviços, assim

ou pedido de registro, b) licenciar seu uso e c) zelar pela sua

como os distingue de outros idênticos ou semelhantes. Apesar

integridade material ou reputação.

de sua natureza ser de bem incorpóreo (desprovida de materialidade), não se questiona sua importância como referencial

Especificamente em relação ao contrato de licença de uso da

simbólico e identificador de produtos e serviços, o que, como se

marca, antes de se apresentar a problemática, cabe algumas

sabe, atrai a gama de qualidades cultivadas pelo empresário que

considerações. A licença de uso, propriamente, se trata da possi-

assim deseja ver seu empreendimento reconhecido.

bilidade do titular de uma marca, aqui licenciante, permitir seu uso a terceiro, licenciado, que irá desfrutar de suas vantagens,

A importância de se ostentar a titularidade de uma marca, além

construídas por seu criador, em troca de um preço. Percebe-se

da significação econômica e estabelecimento de uma posição

que a instituição de uma marca não só traz vantagens ao estabe-

definitiva no mercado, como observamos, confere outras vanta-

lecimento empresarial de seu criador como também permite seu

gens a seu detentor. Em matéria de direito marcário, é pacífica a

licenciamento a outros empresários que desejem compartilhar

dupla função que possui: uma função distintiva e uma função de

da repercussão positiva do símbolo.

indicação de procedência. A primeira – função distintiva –, que vem em benefício de seu titular-empresário, serve como meio de

Contudo, o problema se instala quando o licenciado – aquele a

diferenciar o produto ou o serviço ofertados de outros semelhan-

quem se permitiu o uso da marca – não colabora na persecução

tes existentes no mercado. Como se disse, a marca não apenas

da padronização que fez da marca um sucesso a ser explorado.

identifica uma coisa com valor econômico, mas traz consigo um

Em casos tais, a pergunta que se faz é a seguinte: o titular da

conceito, uma filosofia de trabalho, valores que agregam ao que

marca, mesmo após licenciada para o uso por terceiro, está

se oferece e que, muito provavelmente, demandaram investi-

autorizado a exercer um controle sobre suas especificações? A

mento até sua concepção. Daí, fica fácil perceber a importância

resposta dada pelo Superior Tribunal de Justiça é positiva. De

que assume uma identificação séria no mercado de consumo

acordo com o art. 139 da Lei de Propriedade Industrial, “o titular

como forma de atrair clientes, fidelizá-los, conquistar sua

de registro (…) poderá celebrar contrato de licença para uso da

confiança e, não bastante, valorizar o aviamento do estabeleci-

marca, sem prejuízo de seu direito de exercer controle efetivo

mento empresarial. A segunda – função de indicação de proce-

sobre as especificações, natureza e qualidade dos respectivos

dência – beneficia os consumidores quando lhes traz segurança

produtos ou serviços”. Portanto, é possível ao titular da marca

sobre a origem e o padrão de qualidade oferecidos pela marca.

impedir sua utilização pelo licenciado quando não houver obser-

Mesmo ao resguardar os interesses dos consumidores, como

vância à padronização dos produtos e dos serviços, bem como

dito, a marca continua a enriquecer o patrimônio de seu titular.

quando houver superveniente alteração em seus padrões, a fim

A promessa de qualidade advinda da solidez ostentada por uma

de resguardá-los.

marca séria causa grandes impactos sobre a concorrência, muita vez desinteressada em valorizar seu nome e marcar presença no

Por tudo, quais as obrigações do licenciante e do licenciado no

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contrato de licença de uso da marca? Em seu voto condutor, o

Cancelamento automático

Min. João Otávio de Noronha decidiu que, “com a licença de

Ficará mais simples para o consumidor cancelar um serviço de

uso, o licenciado compromete-se, por disposição da própria lei,

telecomunicações. Mesmo sem falar com um atendente da

a preservar a integridade e a reputação da marca, obrigando-se a

operadora, ele poderá cancelar seu serviço por meio da internet

zelar por ela. Ao licenciante assiste o direito de exercer controle

ou simplesmente digitando uma opção no menu na central de

efetivo sobre a atenção do licenciado em relação ao zelo da

atendimento telefônico da prestadora. O cancelamento automá-

marca que usa”. Ademais, a importância da marca uma vez mais

tico deverá ser processado pela operadora em, no máximo, dois

fica em evidência quando assentado pelo ministro ser irrelevan-

dias úteis. O cancelamento também pode ser efetuado por meio

te a não pactuação de condições ou efeitos limitadores na autori-

de atendente, se o cliente assim desejar, e nesse caso se dá no

zação de uso. Segundo ele, “é da essência da própria marca que,

momento da solicitação.

quando utilizada por terceiros, tenha suas características respeitadas, pois a inobservância dos traços distintivos desvirtua a sua

Call center

existência”.

Se ligação cair, operadora deve retornar para o consumidor: A prestadora será obrigada a retornar a ligação para o consumidor

Portanto, a marca, por ser bem do patrimônio empresarial,

caso a mesma sofra descontinuidade durante o atendimento no

requer lhe seja dada a devida proteção jurídica. As influências

seu call center. Caso não consiga retomar contato, a operadora

psicológicas positivas que instala no mercado para seus consu-

deve mandar mensagem de texto com número de protocolo.

midores, além do acréscimo financeiro também incorporado,

Essa conversa deve ser gravada, a exemplo dos demais diálogos

não devem ser fatores de ignorância. É o que se convencionou

entre a central de atendimento da prestadora e o usuário, e deve

chamar de brand equity, o valor adicional que advém da intangi-

ser armazenada por seis meses. O consumidor tem direito a

bilidade característisca da marca, derivado da percepção de seus

cópia dessas gravações.

clientes. A bem da verdade, esse conceito leva em consideração somente o que o consumidor pensa da marca. Mas, como vimos,

Facilidade para contestar cobranças:

até a conquista de uma considerável clientela, um longo cami-

Sempre que o consumidor questionar o valor ou o motivo de

nho estratégico deve ser trilhado.

uma cobrança, a empresa terá 30 dias para lhe dar uma resposta. Se não responder neste prazo, a prestadora deve automatica-

David M. Monks Advogado, sócio do escritório Schaun & Monks Advogados sm-advogados@outlook.com www.schaunmonksadv.com

mente corrigir a fatura (caso ela ainda não tenha sido paga) ou devolver em dobro o valor questionado (caso a fatura já tenha sido paga). O consumidor pode questionar faturas com até três anos de emissão. Validade mínima de 30 dias para crédito de celular pré-pago:

NOTÍCIAS

Novas regras da ANATEL

Todas as recargas de telefonia celular na modalidade de pré-pago terão validade mínima de 30 dias. Atualmente, são oferecidos créditos com períodos de validade inferior, o que confunde o consumidor. As operadoras deverão ainda oferecer

Medidas em vigor desde o dia 8 de julho, tratam de cancelamen-

duas outras opções de prazo de validade de créditos, de 90 e 180

to, cobranças, crédito, promoções e transparência.

dias. Estas opções devem estar disponíveis tanto nas lojas próprias como em estabelecimentos que estão eletronicamente

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ligados à rede da operadora (supermercados, por exemplo). O usuário também deverá ser avisado pela prestadora sempre que seus créditos estiverem na iminência de expirar. Os pré-pagos representam 78% da base de acessos móveis do País.

Aprovada em Pelotas lei que permite o desembarque de mulheres fora das paradas de ônibus O prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, sancionou na sexta-feira,

Promoções passam a valer para todos: novos e antigos assinan-

18 de julho, a Lei n. 6.135, cujo teor diz respeito à possibilidade

tes:

de mulheres desembarcarem “fora das paradas” de transporte

Atualmente, muitas operadoras fazem ofertas promocionais

público tradicionais. A permissão, que vale para os períodos

(com preços mais baixos, ou mesmo com algumas gratuidades)

noturnos, é aplicada tanto aos ônibus urbanos quanto rurais.

para captar novos assinantes, mas não oferecem as mesmas condições para aqueles que já assinam os seus serviços. Com o

Em suma, a partir da data de publicação da lei, as mulheres que

novo regulamento, qualquer um - assinante ou não - tem direito

utilizam o transporte coletivo poderão optar, entre as 22h e as

a aderir a qualquer promoção que for anunciada pela operadora,

6h, pelo local mais seguro e acessível para o desembarque,

na área geográfica da oferta. Caso já seja cliente, o interessado

desde que dentro do itinerário e com aviso prévio ao motorista.

em mudar de plano precisa ficar atento sobre eventual multa decorrente da fidelização do seu plano atual.

Fonte: Diário da Manhã

Mais transparência na oferta dos serviços: Antes de formalizar a contratação de qualquer serviço, as operadoras deverão apresentar ao potencial cliente, de forma clara e organizada, um sumário com as informações sobre a oferta. As empresas devem informar, por exemplo, se o valor inicial é ou

Nova regulamentação sobre o funcionamento de farmácias em evidência

não uma promoção, caso seja promoção, até quando ela vale e

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou na quarta-feira,

qual será o valor do serviço quando ela terminar. Também

16 de julho, projeto que regulamenta o exercício e a fiscalização

devem deixar claros, entre outros pontos, os seguintes: quanto

das atividades farmacêuticas. O PLS 41/1993, que tramita há

tempo demora até a instalação do serviço; o que está incluído

mais de duas décadas no Congresso e foi aprovado pela Câmara

nas franquias e o que está fora delas, e; quais velocidades

dos Deputados no início deste mês, agora segue em regime de

mínima e média garantidas para conexão, no caso de internet.

urgência para votação no Plenário.

Prazo de adequação:

Entenda melhor o que muda

Os prazos que as empresas têm para se adequarem dependerá da

Pelo texto do substitutivo aprovado na Câmara, a farmácia se

complexidade da obrigação. As datas variam de 120 dias a 18

torna uma “unidade de prestação de serviços para assistência à

meses, contados a partir da publicação do Regulamento, para a

saúde e orientação sanitária individual e coletiva”, elevando-a

implementação.

ao patamar de estabelecimento de saúde e não apenas uma loja, o que permite a orientação mais direcionada ao público.

Fonte: Anatel/Portal Brasil Necessidade da presença de um farmacêutico O texto aprovado manteve a exigência da presença permanente de um farmacêutico, tecnicamente habilitado e exclusivo.

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durante todo o funcionamento do estabelecimento, diferente-

O farmacêutico será responsável pelo estabelecimento e dispen-

mente do proposto em 1993 pela então senadora Marluce Pinto,

sação dos produtos durante o horário de funcionamento e autori-

que permitia a presença de oficiais ou auxiliares de farmácia

zação e licenciamento nos órgãos competentes. As regras

para a assistência técnica.

também serão aplicadas à indústria farmacêutica. Outra função de competência do profissional, pelo texto, é notificar os profis-

Semelhança com postos de saúde

sionais de saúde, os órgãos sanitários competentes e o laborató-

O projeto altera a Lei n. 5.991/1973, de Controle Sanitário do

rio industrial os efeitos colaterais, as reações adversas, as intoxi-

Comércio de Drogas e Medicamentos. Segundo o senador Cyro

cações, voluntárias ou não, e a farmacodependência de medica-

Miranda (PSDB-GO), a partir do projeto a farmácia poderá se

mentos, entre outros pontos.

tornar um local de referência, “quase um posto de saúde”. Paulo Davim (PV-RN) ressaltou que o farmacêutico é de fundamental

Criação do fiscal farmacêutico

importância para orientar o uso correto da medicação. Segundo

O projeto cria ainda a figura do fiscal farmacêutico para exercer

ele, sua presença no estabelecimento poderá evitar o incentivo

atividades de fiscalização dos estabelecimentos. Ao fiscal é

da indústria à venda de remédios, prática conhecida como

proibido exercer outras atividades profissionais de farmacêuti-

“bonificação de medicamentos”.

co, bem como ser responsável técnico, proprietário ou participar

A senadora Ana Rita (PT-ES) disse ainda que o cidadão que não

da sociedade e estabelecimentos farmacêuticos.

tiver como chegar a uma unidade de saúde encontrará na farmácia a orientação adequada de um profissional.

Em relação à fiscalização, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse ser necessário cuidado para não haver conflito com as

– Além disso, o profissional [farmacêutico] não deve atuar

atividades da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

isoladamente, tem que interagir com os demais profissionais e

(Anvisa).

unidades de saúde. O projeto é uma grande conquista e avanço, e vai ser um estímulo à formação de novos farmacêuticos –

Prazo para adequação:

garantiu.

Os postos farmacêuticos, devidamente licenciados, terão um ano após a publicação da nova lei para se adequar às regras

Classificação de acordo com a natureza da atividade

atualizadas. Do contrário, o registro de funcionamento será

A proposta classifica ainda os estabelecimentos de acordo com

cancelado automaticamente.

sua natureza: as drogarias são os estabelecimentos de dispensação e comércio de drogas, medicamentos e insumos farmacêuti-

Fonte: Agência Senado

cos e correlatos em suas embalagens originais. Já as farmácias de manipulação, além das atribuições das drogarias, terão competência privativa para o atendimento de unidades de saúde.

Aposentado que precisa de cuidador deve receber adicional de 25%

Vacinas O texto também permite que as farmácias de qualquer natureza

O segurado que necessitar da assistência permanente de outra

possam vender vacinas e medicamentos que atendam o perfil

pessoa tem direito a receber um acréscimo de 25% do valor de

epidemiológico – as doenças mais comuns, endêmicas ou de

sua aposentadoria. Esse entendimento, estabelecido sobre a

epidemias – de sua região demográfica.

legislação vigente, fundamenta-se na Constituição Federal e tem por princípio garantir a prevalência da dignidade e da igualdade

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através do acesso a todos os direitos sociais fundamentais.

há exigência de emissão da nota digital.

Com o acréscimo, o benefício pode atingir o patamar de 125%

A principal preocupação entre os arrozeiros é a qualidade da

do salário de benefício, hipótese em que o valor poderá, até

internet no meio rural, necessária para o novo procedimento.

mesmo, superar o limite do teto do Regime Geral de Previdência

Em compensação, a NF-e dispensa a Autorização de Impressão

Social.

de Documentos Fiscais, não requer digitalização do original em papel nem autenticação de cópias. Além de facilitar a recupera-

Entre a relação de doenças que levam o aposentado a ter o referi-

ção e o intercâmbio das informações, elimina a busca e a entrega

do direito estão: cegueira total, paralisia dos dois membros

de talões de produtor na prefeitura e a possibilidade de extravio.

superiores ou inferiores, alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social, doença que exija

Esclareça as principais questões nas perguntas e respostas a

permanência contínua no leito e incapacidade permanente para

seguir.

as atividades da vida diária. O que é a Nota Fiscal Eletrônica? Tais doenças, contudo, não podem ser consideradas como

A Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS)

exaustivas, sendo possível que outras levem o aposentado a

define a Nota Fiscal Eletrônica como um documento de existên-

necessitar de assistência permanente, mesmo não estando

cia apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, com

previstas no decreto regulamentar da previdência.

o objetivo de documentar para fins fiscais uma operação de circulação de mercadorias ou uma prestação de serviços. Sua

Para saber se a situação do aposentado enquadra-se no recebi-

validade jurídica é garantida pela assinatura digital do remeten-

mento do adicional, cada caso deve ser analisado com atenção.

te, que atesta a autoria e a integridade, e pela recepção do docu-

Há hipóteses em que o INSS não reconhece o adicional na via

mento eletrônico pelo Fisco.

administrativa, sendo necessário se socorrer da via judicial. Microprodutores também precisam emitir a Nota Fiscal EletrôFonte: TRF4

nica? O Decreto Estadual n. 51.545, publicado em 3 de junho de 2014,

Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) para produtores de arroz

dispensou os microprodutores da obrigatoriedade nas operações internas de vendas de arroz. Os produtores de lavouras de até quatro módulos fiscais e renda anual de até R$ 218.188,50, desde que estejam cadastrados como microprodutores junto à

Entrou em vigor no início do mês de julho a obrigatoriedade da

prefeitura correspondente, podem continuar usando o talão de

emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) para as vendas

produtor para as operações internas.

internas do arroz em casca. A medida – obrigatória nas operações interestaduais desde junho de 2013 e nas de comércio

A medida é válida apenas para a comercialização do arroz em

exterior desde dezembro do mesmo ano – passou a ser cobrada

casca?

também nas vendas realizadas dentro do território gaúcho.

Nas operações internas, sim. Para as vendas ao exterior, a utilização da Nota Fiscal Eletrônica é obrigatória para todas as

O custo estimado para a certificação digital é de cerca de R$

saídas de arroz, assim como para as vendas interestaduais

400,00 a cada três anos e somente quando a venda for acertada

quando o valor da operação for superior a R$ 30 mil. A partir de

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setembro, esse valor passa para R$ 10 mil e em novembro, para

escreveu na sentença que o evento danoso consiste na notifica-

R$ 5 mil. A partir de 1º de janeiro de 2015, a NF-e será obrigató-

ção fiscal de lançamento lavrada contra o autor, que tem uma

ria para todas as saídas interestaduais.

sentença reconhecendo seu direito de não ser cobrado pelo Fisco. O dano, por sua vez, revela-se nos evidentes transtornos

O que é necessário para a emissão da Nota Eletrônica?

que lhe foram causados, já que é portador de doença incapaci-

Em primeiro lugar, um computador com acesso à internet. O

tante.

produtor rural pessoa física deve se identificar no site da SefazRS utilizando o cartão Banrisul com chip ou certificado digital

Voto divergente

e-CPF. O produtor rural pessoa jurídica pode utilizar o programa

Em voto divergente, o desembargador Rômulo Pizzolatti

emissor com certificado e-CNPJ ou emitir a nota fiscal avulsa

afirmou que a ideia de dano moral remete à dor extremada ou

como os demais produtores.

sofrimento atroz sofrido por alguém em decorrência de ato ilícito de outrem. Não basta, portanto, que exista ato ilícito: é

O que é o certificado digital?

necessário que este provoque uma dor significativa no ofendido.

Documento eletrônico que contém informações sobre a pessoa

No caso concreto, segundo o julgador, o autor alega a causa,

física ou jurídica, o certificado digital é amplamente utilizado

mas não comprova o efeito.

em documentos digitais para a comprovação de sua autenticidade e veracidade. Em outras palavras, é a assinatura da pessoa em

Por se tratar de cobrança indevida, Pizzolatti entendeu que

documentos eletrônicos.

deveria incidir a regra do artigo 940 do Código Civil, que prevê que quem cobrar dívida paga ou pedir mais do que o devido terá

Fonte: IRGA/DP

de ressarcir em dobro. E, para essa punição, teria de ser comprovado o dolo da União, não bastando sequer a culpa grave. O

Receita Federal terá de indenizar contribuinte por cobrança indevida

acórdão foi lavrado na sessão de julgamento de 8 de julho. O caso Interditado judicialmente em razão de doença incapacitante, o

Havendo decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a

autor disse que solicitou à Receita Federal isenção do Imposto

isenção de Imposto de Renda sobre determinada verba, é nulo o

de Renda, o que foi negado administrativamente. Sua curadora,

lançamento fiscal cobrando o valor. Assim, por decorrência, a

então, buscou a Justiça, que lhe deu ganho de causa.

insistência nessa cobrança enseja o pagamento de indenização por danos morais em favor do contribuinte.

Apesar do trânsito em julgado da sentença que reconheceu seu direito à isenção, o contribuinte foi surpreendido com autuação

Com esse entendimento, a maioria dos integrantes da 2ª Turma

por débito de Imposto de Renda. O autor, então, voltou à Justiça

do Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmou sentença

e conseguiu tornar sem efeito a cobrança.

que condenou a União a reparar em R$ 15 mil um contribuinte de Curitiba. Doente crônico, ele teve de ir à Justiça duas vezes

A investida do Fisco federal não parou por aí. Uma nova notifi-

para ver reconhecida sua condição de isento e anular as cobran-

cação de débito foi emitida. Em face da insistência na cobrança,

ças indevidas.

o autor ajuizou ação ordinária com pedido de anulação do lançamento do crédito tributário, bem como a condenação da União

No 1º grau, a juíza federal substituta Ana Carolina Morozowski

ao pagamento de indenização por danos morais.

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INFORMATIVO N. 1, AGOSTO DE 2014

Citada pela 3ª Vara Federal de Curitiba, a União contestou, alegando que o autor não provou a existência de duas cobranças após o trânsito em julgado da sentença que lhe foi favorável.

Congresso decide prorrogar isenção da Zona Franca por mais 50 anos

Disse que houve notificação gerada automaticamente, por conta

O Senado aprovou a prorrogação, por 50 anos, dos benefícios

de uma alegada omissão de receitas em face da informação

tributários da Zona Franca de Manaus.

prestada pela fonte pagadora. Maior pólo industrial da Região Norte, o mais amplo parque Última palavra:

industrial de eletroeletrônicos da América Latina, onde são

O Supremo Tribunal Federal chegou a julgar casos semelhantes,

produzidas praticamente todas as motocicletas brasileiras, área

todos pela ótica da impossibilidade de revisão de provas e fatos

onde são gerados 630 mil empregos diretos e indiretos. A Zona

pela corte constitucional. A última decisão foi de 2012. Uma

Franca de Manaus está acostumada a lidar com grandes núme-

contribuinte pessoa física foi notificada pela Receita Federal

ros.

sobre discrepâncias entre os valores informados em sua Declaração de Ajuste Anual a respeito de verbas pagas pelo Instituto

Criada em 1967 para impulsionar o desenvolvimento econômi-

Nacional do Seguro Social, com retenção de Imposto de Renda

co da Amazônia, a Zona Franca de Manaus teria ainda mais

na fonte. Na Justiça, ela conseguiu provar que as diferenças se

nove anos de benefícios tributários garantidos. Mas o Congresso

deram por conta de erros no repasse de informações do INSS,

decidiu se antecipar e prorrogou as isenções de impostos para as

fonte pagadora, à Receita, e não por omissões suas de rendimen-

empresas por mais 50 anos.

tos. A Previdência foi obrigada a pagar indenização por danos morais, após ter seu Agravo de Instrumento 723.664 negado

Dessa forma, os parlamentares querem dar mais tranquilidade

monocraticamente pelo ministro Dias Toffoli.

aos empresários e atrair mais investimentos de longo prazo.

O mesmo ministro, em 2011, negou o Recurso Extraordinário

O Pólo Industrial de Manaus tem hoje 600 empresas, algumas

549.881, interposto pela União, contra a obrigação de indenizar

de setores de alta tecnologia, como informática. O faturamento

contribuinte que teve sua inscrição no CPF vinculada, pela

delas, somado, chegou a quase R$ 90 bilhões no ano passado.

Receita Federal, a outra pessoa, que, inadimplente, provou a negativação do nome do portador original da inscrição. A União

A expectativa é de que a receita aumente significativamente nos

foi condenada a indenizar o contribuinte em R$ 2,5 mil por

próximos cinco anos. E que empresas de outros setores, como o

danos morais. Em 2010, no RE 570.732, e em 2009, no RE

petroquímico, também se instalem na região.

544.439, os ministro Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto (aposentado), respectivamente, já adotaram o mesmo

“Nós temos um desenho onde tem segurança jurídica, onde tem

entendimento em relação a contribuintes com o CPF duplicado.

um ambiente altamente positivo para a atração de geração de

O ministro Marco Aurélio foi outro que, em 2008, também

novos investimentos”, afirma Thomaz Nogueira, superintenden-

proferiu decisão no mesmo sentido, ao julgar o Agravo de

te da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de

Instrumento 607.754.

Manaus).

Fonte: Consultor Jurídico

Regime tributário diferenciado ofertado a quem se instala na Zona Franca Segundo a Suframa, com relação aos tributos federais, há:

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INFORMATIVO N. 1, AGOSTO DE 2014

redução de até 88% do Imposto de Importação (II) sobre os

A Justiça Federal conta, a partir 10 de julho, com sua primeira

insumos destinados à industrialização; isenção do Imposto

vara totalmente dedicada à conciliação. Instalada na capital

sobre Produtos Industrializados (IPI); redução de 75% do

gaúcha, a unidade é responsável por intermediar demandas nas

Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, inclusive adicionais de

áreas cível, administrativa, fiscal e previdenciária, com foco na

empreendimentos classificados como prioritários para o desen-

solução autocompositiva de litígios. A solenidade de inaugura-

volvimento regional, calculados com base no Lucro da Explora-

ção aconteceu na tarde desta quinta-feira, no auditório da Subse-

ção até 2013; e isenção da contribuição para o PIS/PASEP e da

ção Judiciária de Porto Alegre.

Cofins nas operações internas na Zona Franca de Manaus. Na abertura dos trabalhos, o diretor do Foro da Seção Judiciária Com relação aos tributos estaduais, há: restituição parcial ou

do RS, juiz federal José Francisco Andreotti Spizzirri, falou

total, variando de 55% a 100% – dependendo do projeto – do

sobre a iniciativa inovadora. “Nesse episódio de modificação da

Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercado-

competência da 26ª Vara Federal, originariamente concebida

rias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e

como vara de execuções fiscais, pudemos observar a Adminis-

Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).

tração da Justiça atuar de forma propositiva, otimizando a gestão dos recursos públicos para, sem medo do erro, optar por

Vantagens locacionais

investir no que dá certo”, destacou.

No parque industrial de Manaus, o investidor tem à disposição terreno a preço simbólico, com infra-estrutura de captação e

Ao justificar a proposta ousada, Spizzirri apresentou alguns

tratamento de água, sistema viário urbanizado, rede de abasteci-

resultados obtidos pela instituição com a prática conciliatória.

mento de água, rede de telecomunicações, rede de esgoto sanitá-

“Apenas para referir o exemplo de Porto Alegre, foram realiza-

rio e drenagem pluvial.

das, nos últimos 18 meses, 12 mil audiências, com 10.5 mil acordos celebrados. Para um dado mais revelador, podemos

A área industrial é de 3,9 mil hectares, sendo que as empresas

dizer que toda a atividade conciliatória realizada junto à Justiça

instaladas atualmente ocupam menos de 1,7 hectare, estando

Federal de Primeiro Grau no RS importou a negociação de 281

disponível para receber novos empreendimentos mais de 2,2

milhões de reais no mesmo período”, disse.

hectares. Coordenador do Sistema de Conciliação da Justiça Federal da 4ª O governo brasileiro, por meio da Suframa e de outros organis-

Região (Sistcon), o desembargador federal João Batista Pinto

mos governamentais, realiza elevados investimentos em infra-

Silveira avaliou a iniciativa como um dos reflexos da moderni-

estrutura, para que o investidor tenha atendidas todas as condi-

zação do Judiciário. “Hoje há uma mudança de concepção na

ções para instalar seu empreendimento no Pólo Industrial de

forma como entendemos o papel do juiz. O juiz resolve confli-

Manaus.

tos, resolve litígios. Mas, muitas vezes, uma sentença ou um acórdão encerra um processo, mas não resolve o problema”,

Fonte: Jornal da Globo/Suframa

explicou. “Este é, portanto, um momento histórico, onde o Judiciário busca solucionar as demandas existentes e, ainda,

Instalada a primeira vara federal de conciliação do país

aquelas que estão por vir. É uma visão ampla, de prevenção de litígios”, celebrou. Já o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região

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INFORMATIVO N. 1, AGOSTO DE 2014

(TRF4), desembargador federal Tadaaqui Hirose, refletiu sobre

600.

sua carreira na magistratura e encerrou a solenidade com uma previsão para o futuro. “Sou da época em que o poder público

Fonte: Imprensa JFRS

não fazia acordo. Os anos passaram e hoje verificamos uma grande mudança no Judiciário e em seus atores. Acredito que estejamos caminhando, com a conciliação, onde não há vencidos ou vencedores, para um período em que tenhamos mais paz

Projeto estende Supersimples para 140 atividades

social neste país”, concluiu. O Senado aprovou no dia 16 de julho o projeto de lei compleAlém de juízes federais, servidores da instituição e conciliado-

mentar que universaliza o acesso do setor de serviços ao

res voluntários, também estiveram presentes na cerimônia a

Simples Nacional (Supersimples), o regime de tributação das

presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região,

micro e pequenas empresas. O projeto foi aprovado por unani-

desembargadora Cleusa Regina Halfen; a procuradora-chefe da

midade (56 votos) e vai à sanção presidencial.

Procuradoria da República do RS, Fabíola Döor Caloy; o procurador-geral adjunto da Procuradoria-Geral do Estado do

Os senadores mantiveram o texto da Câmara dos Deputados,

RS, Paulo Basso; o corregedor-geral do Tribunal de Justiça do

que prevê a criação de nova tabela para serviços, com alíquotas

RS, desembargador Tasso Caubi Delabary, o vice-presidente da

que variam de 16,93% a 22,45%. O texto possibilita que cerca

Ordem dos Advogados do Brasil no RS, Luiz Eduardo Pellizzer;

de 400 mil micro e pequenas empresas de mais 140 atividades

e o coordenador regional do Sistcon no RS, juiz Altair Antonio

econômicas tenham acesso ao regime, com exceção da indústria

Gregorio, entre outras autoridades.

de tabaco, armas e bebidas alcoólicas. Podem participar do Supersimples as empresas com receita

Fazenda Nacional anuncia plano de benefícios

bruta anual de até R$ 3,6 milhões. Entre as novas atividades que

Durante a solenidade, o procurador-chefe da Procurado-ria-

poderão ter acesso a esse regime de tributação estão os relacio-

Regional da Fazenda Nacional na 4ª Região, José Diogo Cyrillo

nados a medicina, odontologia e psicologia. Foi mantida

da Silva, anunciou a publicação de uma medida provisória que

emenda da Câmara que permite que empresas produtoras de

deve reduzir os conflitos judiciais envolvendo débitos tributá-

refrigerantes, águas saborizadas gaseificadas e preparações

rios. “Foi uma coincidência, mas hoje foi publicada a Medida

compostas não alcoólicas optem pelo Supersimples.

Provisória nº 651, que autoriza o parcelamento de débitos tributários com a dispensa de até 40% do valor de multas e juros.

O projeto também veta o uso da substituição tributária (modelo

A partir dos próximos dias, devemos repassar mais informações

de cobrança diferenciado de impostos) sobre 80% das micro e

ao juiz titular da nova vara, para que possamos esclarecer os

pequenas empresas.

interessados em aderir ao parcelamento”, divulgou. O projeto acaba com a substituição tributária para alguns Nova unidade já está em funcionamento

setores, ou seja, as secretarias de Fazenda estaduais não poderão

Os quinze servidores da 26ª Vara Federal de Porto Alegre já

mais aplicar o mecanismo de recolhimento antecipado da

estão atuando, desde hoje, nas novas instalações. O titular da

alíquota cheia do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

unidade é o juiz federal Hermes Siedler da Conceição Júnior, e

Serviços (ICMS) pelas empresas. A regra valerá a partir de 1º de

juiz federal substituto deve se designado em breve pelo TRF4. A

janeiro do segundo ano após a publicação da futura lei e tem

JF está localizada na rua Otávio Francisco Caruso da Rocha,

várias exceções.

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INFORMATIVO N. 1, AGOSTO DE 2014

Os setores de combustíveis, cigarros, farinha de trigo, produtos

a) humilhe; ou

farmacêuticos, perfumaria, produtos de higiene, autopeças,

b) ameace gravemente; ou

produtos cerâmicos e sabão em pó estão entre os que continuam

c) ridicularize.”

sujeitos à substituição tributária. O art. 18-B sujeita aqueles que pratiquem castigo físico ou Fonte: Valor Econômico

tratamento cruel ou degradante a medidas que poderão ser aplicadas, primeiramente, pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo

ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS

de outras providências legais.

Lei n. 13.010/14 – Lei da palmada

“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socio-

Foi publicada no último dia 26 de junho a Lei 13.010/14, que

educativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crian-

altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para estabelecer o

ças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que

direito da criança e do adolescente de serem educados e cuida-

utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante

dos sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou

como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer

degradante.

outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo

A nova lei traz algumas mudanças no ECA, com destaque para

com a gravidade do caso:

o novo art. 18-A, que garante o direito de toda criança ou adoles-

I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de prote-

cente ser educada e cuidada sem nenhum tipo de violência.

ção à família;

Confira a redação:

II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa-

IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali-

dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento

zado;

cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina,

V - advertência.

educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integran-

Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplica-

tes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públi-

das pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências

cos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer

legais.”

pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.

O art. 70-A ainda estabelece que todos os entes políticos deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:

públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de tais

I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplica-

práticas. Trata-se de importante instrumento de proteção aos

da com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que

sujeitos do ECA, reafirmando o cuidado e a atenção que se

resulte em:

fazem necessários ao seu bom desenvolvimento.

a) sofrimento físico; ou b) lesão; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:

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INFORMATIVO N. 1, AGOSTO DE 2014

Lei n. 13.008/14

As condutas trazidas pelos incisos II e III já eram entendidas

Foi publicada no último dia 26 de junho a Lei 13.008/14, que

art. 334. Os incisos IV e V, sim, trazem novidade ao ordenamen-

altera o art. 334 do Código Penal.

to penal, embora tais condutas pudessem ser punidas com base

como típicas antes do incremento, em decorrência do próprio

em outras leis penais esparsas. Anteriormente, o art. 334 previa, em uma só figura, dois tipos penais: o contrabando e o descaminho. A nova lei, além de dar nova redação ao artigo em questão, reservando-o somente para

Emenda constitucional 82 – EC/82

o crime de descaminho, acrescenta o art. 334-A, onde, agora, situa o crime de contrabando.

Foi publicada no dia 17 de julho a Emenda Constitucional 82, que acrescenta o § 10 ao art. 144 da Constituição Federal, para

A alteração não traz significativas mudanças, afora algumas

disciplinar a segurança viária no âmbito dos Estados, do Distrito

novas situações que também serão tidas como criminosas.

Federal e dos Municípios.

A pena para o crime de descaminho, antes, era majorada em

Eis a redação do dispositivo:

dobro somente na hipótese da conduta se dar através de transporte aéreo. O novo texto a manteve, acrescentando ainda os

“§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem

transportes marítimo e fluvial como comportamentos também

pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas

capazes de dobrar a pena.

vias públicas: I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsi-

O contrabando foi o crime que mais sofreu alterações, mais

to, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao

afirmativas sobre o que os tribunais já entendiam do que

cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e

propriamente novidades.

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e

Os incisos acrescentados juntamente ao art. 334-A são:

seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.”

“II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público

Como bem se vê, a segurança viária representa aquela exercida

competente;

sobre as vias públicas e seus usuários, abrangendo todas as

III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destina-

ações que pretendam alcançar tal finalidade. Exemplo comum

da à exportação;

de carreira que vem ganhando força política é o dos agentes de

IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer

trânsito, no desempenho de suas funções de orientação e fiscali-

forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de

zação.

atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;

A emenda tem pouca relevância jurídica, vez que não disciplina

V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no

propriamente a carreira daqueles exercentes da segurança viária.

exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria

Contudo, o objetivo político foi consagrado e agora esses

proibida pela lei brasileira.”

agentes terão maior facilidade em eventual equiparação às demais carreiras da segurança pública.

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