BRUNA ELISA DOS SANTOS
ANDY WARHOL: INFLUÊNCIA CONCEITUAL E VISUAL NA MODA
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Design de Moda, 6º Período do Curso Superior em Design de Moda, da Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba. Orientadora: Andréa Schieferdecker
CURITIBA NOV/2015
Dedico aos meus pais, com imenso carinho, por toda a dedicação em toda a minha vida.
RESUMO
O trabalho apresentado estuda a interferência visual e conceitual do artista Andy Warhol e do movimento da Pop Art na moda, nos últimos anos. Identifica comportamentos e influências da época, por meio de informações que comprovam esta relação do artista e do movimento artístico com vestuário, assim como a importância social e cultural da arte neste círculo, evidenciada pelos meios de comunicação de massa. O movimento baseado na crítica ao consumo da época destaca-se na figura de Andy Warhol como um dos cem ícones mais influentes da moda, conforme pesquisa bibliográfica e estudo de imagens de moda acessíveis ao público em geral. O conceito da Pop Art continua presente na moda, assim como as obras de Warhol estão vivas e inspiram artista e estilistas até a atualidade. O movimento da Pop Art nasceu da crítica ao consumismo exacerbado, realidade ainda presente em nossos dias. Palavras-chave: Moda, Andy Warhol, Pop Art, Influência Visual, Crítica, Consumo.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – GRAVURA DE ANDY WARHOL ........................................................12 FIGURA 2 - VESTIDO BASEADO NA GRAVURA DE ANDY WARHOL ............12 FIGURA 3 – PEÇA DE PAUL POIRET 1911, ESTAMPA DE RAOUL DUFY .......14 FIGURA 4 – TELA DE PICASSO, TRAJES DE BANHO DE CHANEL ..................14 FIGURA 5– VESTIDO DE YVES SAINT LAURENT ...............................................15 FIGURA 6– COLAGEM DE HAMILTON ..................................................................22 FIGURA 7– PINCELADA DE LICHTENSTEIN ........................................................24 FIGURA 8 – FANTASY SHOES, 1956 .......................................................................27 FIGURA 9– DICK TRACY, 1961 ................................................................................28 FIGURA 10 – CAMPBELL‟S DE WARHOL .............................................................29 FIGURA 11 – EIGHT ELVISES, 1963 ........................................................................30 FIGURA 12 – DÍPTICO DE MARILYN .....................................................................33 FIGURA 13 – VESTIDO COM ESTAMPA WARHOL, 1991 ....................................34 FIGURA 14 – VESTIDO PLISSADO COM ESTAMPA DA MARILYN..................35 FIGURA 15 – TÊNIS NIKE COM ESTAMPA DE MARILYN .................................36 FIGURA 16 – FLOWERS.............................................................................................37 FIGURA 17 – VESTIDO COM FLORES DE WARHOL ...........................................38 FIGURA 18 – ESTAMPA RELEITURA WARHOL ...................................................39 FIGURA 19 – CASACO COM FLORES .....................................................................39 FIGURA 20 – VESTIDOS DE DVF COM FLORES ..................................................40 FIGURA 21– VESTIDO DE PAPEL............................................................................41 FIGURA 22 – TÊNIS VANS COM ESTAMPA DE CAMPBELL‟S ..........................42 FIGURA 23 – TÊNIS CONVERCE COM ESTMAPA DE CAMPBELL‟S ...............42 FIGURA 24 - LIPS ........................................................................................................43 FIGURA 25 – VESTIDOS DE YVES SAINT LAURENT..........................................44 FIGURA 26– VESTIDO COM ESTAMPA DE LÁBIOS ...........................................44 FIGURA 27– CALÇA LEVIS COM REFERÊNCIA A WARHOL ............................45 FIGURA 28 – VESTIDO PEPE JEANS .......................................................................46 FIGURA 29 – PEPE JEANS E WARHOL ...................................................................47 FIGURA 30 – MOSCHINO IRONIZA O LOOK CHANEL .......................................49 FIGURA 31 – VESTIDO LÚDICO DE MORANGO ..................................................50 FIGURA 35 - ESTAMPA DE REFRIGERANTE ........................................................52 FIGURA 40 – DESFILE EM SUPERMERCADO DA CHANEL ...............................60
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 7 2 A ARTE E A MODA .......................................................................................................... 8 2.1 SIGNIFICADOS PARA ARTE ...................................................................................................... 8 2.2 A MODA E SUA RELAÇÃO COM A ARTE ................................................................................. 10 3.1 DÉCADA DE 60 - CULTURA E SOCIEDADE ............................................................................... 17 3.2 POP ART .............................................................................................................................. 19
4. ANDY WARHOL ........................................................................................................... 26 5 A INFLUÊNCIA DA OBRA DE WARHOL NA MODA .......................................................... 32 5.1 A INFLUÊNCIA VISUAL........................................................................................................... 32 5.1.1 Marilyn ......................................................................................................................................... 33 5.1.2 Flowers ........................................................................................................................................ 36 5.1.3 Sopas Campbell´s ........................................................................................................................ 41 5.1.4 Lips............................................................................................................................................... 43 5.1.5 Levis ............................................................................................................................................. 45 5.1.6 Pepe Jeans ................................................................................................................................... 46 5.2 INFLUÊNCIA CONCEITUAL ..................................................................................................... 47 5.2.1 Moschino ..................................................................................................................................... 48 5.2.3 Outras Referências Conceituais à obra de Andy Warhol ............................................................. 58
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 62
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1 INTRODUÇÃO
Moda e arte se entrelaçam ao longo da história. Esta relação se consolida e se aproxima ainda mais quando as coleções de moda partem de inspirações do mundo da arte. A partir da década de 60, após as transformações da indústria cultural, um resultado do avanço tecnológico dos mass media1 nas sociedades industrializadas, arte e moda passaram a compartilhar de características comuns. Migliaccio (2010), afirma que a moda leva a reflexão sobre a imagem e a arte. Por isso as relações entre a criação de moda e o sistema de artes estão além dos aspectos criativos. Ainda nos anos 60, inicialmente na Europa e mais tarde nos Estados Unidos e decorrente de importantes mudanças socioculturais, surge o movimento artístico da Pop Art,. Foi nos EUA que o esse tipo de produção artística ganhou maiores dimensões e onde Andy Warhol representou a figura central e referência para o Pop. A principal forma de articulação desse novo movimento da arte era criticar e ironizar o excesso de consumo. Para isso os artistas fizeram uso de símbolos e produtos dirigidos às massas urbanas, como embalagens de refrigerantes e latas de sopa. Andy Warhol destaca-se entre eles, como com o exemplo da icônica lata de sopa Campbell‟s. Com um olhar crítico, Warhol, transformou não só o mundo da arte com suas serigrafias, mas também ganhou relevância no mundo da moda. Em 2012, seu nome foi eleito entre os 100 nomes mais influentes na moda, pela revista americana Time2. Warhol inspirou gerações e continua a ser um ícone de inspiração até hoje, tanto na arte quanto na moda. O movimento da Pop Art nasceu da crítica ao consumismo exacerbado, realidade ainda presente em nossos dias. Assim, o estudo parte do seguinte questionamento: quais influências visuais e conceituais das obras de Andy Warhol podem ser percebidas na moda nos últimos anos?
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Termo em inglês que compreende o conjunto dos meios de comunicação de massa. Time, revista de noticias semanais do mundo, publicada nos Estados Unidos.
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2 A ARTE E A MODA
A relação histórica entre a arte e a moda parte de seus conceitos, da história do vestuário e de suas possíveis relações. Relações estas que envolvem ideias, desejos e comportamentos, refletindo o contexto social em que a arte e a moda se encontram inseridas. Sabendo disto se propõe abordar neste capítulo as diferentes formas de entender a arte e suas possíveis relações com o fim de investigar o artista e a arte como influenciadores primários da moda.
2.1 SIGNIFICADOS PARA ARTE
Levando-se em consideração que a arte representa um aspecto cultural e que opera no campo da subjetividade, ela pode ser definida de diferentes formas, cada uma com abordagem única. Aqui serão abordados alguns dos diferentes conceitos de arte e seus desdobramentos. Entende-se que a arte nos leva a compreender valores que estão presentes em nosso modo de pensar e agir e nos ajuda a perceber a realidade que nos cerca em suas formas e objetos, numa observação crítica do entorno. Por isso podemos dede já entender que a o movimento artístico da Pop Art e as obras de Andy Warhol podem exercer influência sob os criadores de moda, também inseridos no mesmo contexto sociocultural. A etimologia do termo “arte” em português faz referência a palavra do latim ars que significa saber fazer, dominar a maneira ou modo de realizar uma determinada atividade. Azevedo Júnior (2007) se apoia neste conceito e defende que a arte é conhecimento e que foi uma das primeiras manifestações intelectuais do homem. Assim diversas formas de expressão humana, são também registros históricos que tornam possível uma ideia clara do contexto social, costumes e cultura de cada povo. Ao longo a existência do homem, foram criados inúmeros objetos com finalidades determinadas. Objetos que apoiassem a realização de tarefas e tentassem aperfeiçoar e “dominar a maneira ou modo de realizar determinada atividade”. A existência humana sempre foi marcada pelo desenvolvimento desses utensílios que
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facilitam tanto a vida cotidiana, como o trabalho ou a ciência. Porém, nem sempre, esses utensílios apresentam características utilitárias. Constantemente e, na mesma intensidade são também desenvolvidas criações sem um objetivo funcional específico que, por isso, são entendidas como formas de expressão da subjetividade do ser humano, de uma visão específica do momento histórico que se vive. (PROENÇA, 1994). Janson e Janson (2009, p. 7) defendem esta mesma questão da subjetividade da arte quando afirmam que “A arte tem sido considerada um diálogo visual, pois expressa a imaginação de seu criador tão claramente como se ele estivesse falando conosco, embora o objeto em si seja mudo.” Por isso, por sua capacidade de dialogo, a arte pode ser considerada uma forma de expressão e de comunicação, responsável por transmitir essa subjetividade, também sintetizar as emoções, os sentimentos, a história e a cultura do indivíduo por meio do uso e da aplicação de seus conhecimentos técnicos. Assim, se arte é emoção e expressão, Coli (1995) afirma que tentar buscar uma definição única e especifica é uma tarefa difícil, uma vez que os conceitos em sua essência divergem amplamente. “A arte fala de uma relação mais originária entre o homem e o mundo, quando o imaginário, o real, o olhar e o desejo surgem conjuntamente.” (ARRUDA, 2001, p. 91). A forma de olhar e o desejo do criador aparecem como protagonistas na arte também quando Janson e Janson (2009, p. 7), afirmam que a “arte representa a compreensão mais profunda e as mais altas aspirações de seu criador, ao mesmo tempo, o artista muitas vezes tem a importante função de articulador de crenças comuns.” Esses autores apresentam novos componentes da arte: o entorno, a sociedade, a cultura, os saberes e vivencias de um povo. Numa abordagem contrária à Arruda, de que a arte se relaciona com o desejo, Tolstói (2003), escritor russo, aponta que para se definir arte com precisão, se deve parar de olhar para ela como veículo de prazer e passar a considerá-la como um meio de união entre as pessoas.
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A arte é uma atividade humana que consiste em alguém transmitir de forma consciente aos outros, por certos sinais exteriores, os sentimentos que experimenta, de modo a outras pessoas serem contagiadas pelos mesmos sentimentos, vivendo-os também (Tolstói, 2003, p. 82).
Aqui se ressalta o potencial social inerente à arte, de mudança social. Vai muito além da expressão de sentimentos ou do saber fazer da técnica. Ela é desejo, é olhar e imaginar ao mesmo tempo. Andy Warhol e a Pop Art se utilizavam de todas essas facetas da arte para comunicar posicionamento perante a sociedade de consumo, a qual pertencia. Pode-se entender que o artista fazia uma crítica à sociedade de consumo dos anos 60. A força da Pop Art, em específico da produção de Andy Warhol, por isso, tanto em seu impacto visual, quanto na discussão critica que ela propõe.
2.2 A MODA E SUA RELAÇÃO COM A ARTE
A moda, por vezes, se utiliza da arte e de todas as suas propriedades em busca de um status diferente do de simples artefato. Ela supera esta característica da própria funcionalidade através da representação e da satisfação de um desejo que arte pode proporcionar, assim, a moda reinventa-se, modifica-se, por meio da arte deixando assim de ser comercial para ser única. A palavra “moda” vem do latim modus e significa modo, maneira e comportamento. “A palavra “moda” em inglês – fashion – é também um verbo, “moldar”, ou seja: confeccionar algo de forma específica.”. (FOGG, 2013, p. 6) significados estes que se completam. A mesma qualidade da arte de ser sinal do seu tempo também é conferida à moda, Simmel fala sobre a capacidade da moda de falar sobre o seu tempo: A moda expressa, da forma mais visível e concreta, a realidade essencialmente dialética e dinâmica da sociedade, feita de interconexões e liames, mas também de inevitáveis conflitos entre os indivíduos, entre as múltiplas e diferentes formações sociais, entre os indivíduos e os grupos ou as classes. (SIMMEL, 2008, p. 9)
Para Montenegro e Amaral (2014, p. 10), a moda é “uma arte moderna e urbana, que mostra o ponto de vista e a cultura da sociedade, através da criação de
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estampas, cores, recortes e tecidos [...]”. Da mesma forma que a arte, a moda se torna a representação da sociedade ou de uma cultura, uma vez que está expressa nas classes sociais, na história e cultura de um povo. A relação entre arte e moda está envolvida por diversas formas, cores, matérias e principalmente das ideias, desejos e comportamentos. Pode-se dizer que a moda, assim como a arte, refletem as manifestações do homem partindo de seu contexto social. (MACKENZIE, 2010). A moda também compartilha a mesma capacidade de arte de representar a subjetividade, de sintetizar as emoções, quanto a isso Sudjic afirma que: A arte é uma maneira de ver o mundo. Mas a moda também. Pode ser a forma mais íntima, mais pessoal e mais poderosa de comunicar tudo, desde posição militar à orientação sexual e status profissional. Pode ser democrática ou esnobe, sutil e criativa ou flagrantemente sexualizada. (2010, p. 155)
Entende-se que tanto a arte quanto a moda são formas de expressão, e por isso de comunicação, tanto de emoções quanto de suas preferências e desejos. Preferências essas que estão diretamente ligadas ao contexto social e cultural do indivíduo através de suas escolhas. Sudjic (2010) aponta que a moda pode ser definida de duas maneiras: pelo universo das roupas e pelo universo de mudanças que denota. Trata-se do modo de vestir e das mensagens que as roupas representam. A moda tem a capacidade de diminuir a distância entre o erudito e o popular, ela é capaz de abordar questões sérias e também levar em conta o gosto popular. O homem precisou realizar diversas mudanças em suas roupas, adaptando- as ao mundo que o cercava ou ao seu desejo de comunicação. Desta forma, a história do vestuário recebeu influências religiosas e místicas, esforços de libertação espiritual e social e concentrações de interesses econômicos (BOUCHER, 2010, p. 17). Andy Warhol em sua produção na Pop Art utilizou-se das propriedades da arte e da moda para falar e contestar seu tempo. Conforme o exemplo de referência da arte na moda, a imagem de Magrit Ramme, com o vestido de estampa de morango de Andy Warhol (Figura 1), editorial produzido para a Vogue Itália (Figura 2), em março de
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1970, apresentado aqui como exemplo da capacidade da moda de se utilizar da arte para reforçar suas próprias características. FIGURA 1 – GRAVURA DE ANDY WARHOL
FONTE: All Posters.
FIGURA 2 - VESTIDO BASEADO NA GRAVURA DE ANDY WARHOL
FONTE: Candy Princeless (2013).
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Partindo-se do conceito de que, a arte engloba o ato criador do ser humano para expressar determinada visão do mundo real ou imaginário, utilizando-se de recursos que venham a representar: emoções, percepções e sensações. O estudo da arte contribui significativamente para a formação do profissional de moda, uma vez que é se torna fundamental para apurar o senso estético e permite a contextualização do período histórico e cultural do indivíduo. Segundo Sudjic, a moda e a arte se assimilam e estão em constantes transformações. A moda, como a arte e como o design, pode ser entendida como uma forma de alquimia. A arte é de uma eficiência extraordinária em transformar tela, fibra de vidro, carne de tubarão ou videoteipe em matéria prima de leilões. A moda faz algo muito parecido com isso, mas numa escala industrial, com algodão, poliéster, seda e lã. E fazer ou usar moda toca diretamente quase todo mundo. A moda reflete a natureza de grupos ou indivíduos autodefinidos, e a moral e a fé que compartilham. (2010 p. 149).
Pode-se afirmar que a moda, assim como a arte, acompanha o tempo, envolve um contexto político, social e cultural. Esse contexto designa influências nos costumes, tradições e reflete valores intrínsecos de um determinado grupo sociocultural. Ao longo do tempo, artistas, costureiros e estilistas mantiveram-se ligados através do diálogo entre moda e arte. Paul Poiret, ainda nas primeiras décadas do século XX, utilizou em suas criações estampas de pintores como Raoul Dufy (Figura 3) e ilustrações de artistas como Paul Iribe e Georges Lepape.
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FIGURA 3 – PEÇA DE PAUL POIRET 1911, ESTAMPA DE RAOUL DUFY
FONTE: Lima (2014).
Outro nome importante da moda do século XX foi Coco Chanel. Em 1918, Picasso pintou o quadro “Women Bathing” (Figura 4). (DAVIS, 2006 apud RESENDE, 2013). Chanel e Picasso mantinham uma amizade, Picasso ficou fascinado pelo efeito das peças de banho de Chanel, e em como as mulheres se comportavam, deste fascínio surge a pintura de três meninas vestidas com peças de banho. FIGURA 4 – TELA DE PICASSO, TRAJES DE BANHO DE CHANEL
FONTE: Sutton (2013).
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A relação entre artista e estilista se firma ao longo do século XX, essa prática traduz uma visão da moda como arte e do grande costureiro (ou do criador de moda) como um artista. “Estamos num novo tempo no qual a moda é produto e arte. Hoje arte e moda estão próximas, flertando uma com a outra; podemos dizer que ambas são modos de expressão.” (RODRIGUES, 2011, p. 3). A partir da década de 60 tornou-se comum ter a arte como apropriação e referência de moda trazendo como característica forte o uso das formas e cores, conforme a criação de Yves Saint Laurent em 1965 (Figura 5), baseada na obra de Piet Mondrian “Composição com vermelho, amarelo e azul” (1921), que foi um marco no mundo da moda, popularizado na capa da revista Vogue francesa de 1965. (FOGG, 2013, p. 361).
FIGURA 5– VESTIDO DE YVES SAINT LAURENT
FONTE: Oliveira (2012).
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Ao expor e pensar as indumentárias ao lado de obras de arte, estimula-se o público a compreender e assimilar informações de um determinado período facilitando-se o entendimento histórico, político e social daquele momento. (MARTINS e MARTINS, 2015). Schneid, Gastal e Duarte (2014) afirmam que quando se entende que a moda vai além do vestir, pois carrega em si, informações de uma determinada sociedade, cultura, tradição, e época, esta assume o papel de registro, que vem documentar costumes e comportamento através da história. A arte quando exposta no museu se torna legítima e o mesmo também acontece com a moda. Assim, ao se incorporar a moda ao patrimônio de um museu, possibilita-se a interpretação de todo um momento histórico e cultural da sociedade a que se refere. Em uma sociedade que prioriza a individualidade observa-se a junção entre arte e moda, como forma de conferir o caráter único da arte no artefato que é a roupa. Tentativa essa que se repete constantemente nas semanas de moda de todo o mundo e que não poderia ser diferente com a produção artística de Andy Warhol, amplamente utilizada para conceituar e embelezar o produto de moda.
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3 A POP ART Andy Warhol foi um ícone do movimento artístico que aconteceu durante os anos 60, Pop Art, é relevante se conhecer o contexto histórico e de que forma este movimento se desenvolve e se mantém como referência na arte e na moda, o que vem auxiliar na identificação dos conceitos visual e conceitual na moda.
3.1 DÉCADA DE 60 - CULTURA E SOCIEDADE
Neste capítulo serão abordados os acontecimentos socioculturais da década de 60 que se apresentam relevantes para o presente estudo. Entre eles está à própria Pop Art como movimento de negação ao consumo acentuado que a sociedade ocidental vive. (SHERMAN; DALTO, 2010). É importante conhecer o contexto histórico desse período, para que se possa entender, como se deu o início deste movimento artístico e cultural, de que forma influenciou e ainda influencia os dias de hoje. Nos anos 60, questionava-se de uma forma confusa e vaga, a articulação da sociedade e suas orientações, propósitos e modo de ser. Um meio de mudança da sociedade e da vida. Wainberg (2012, p. 206), descreve os estudantes deste período como líderes de ações diversas, em diferentes países. “Em cada um deles, havia um ou mais de um tipo de dilema sem solução que acabaria derivando muitas vezes para a violência política”. Na França, iniciaram-se protestos com manifestações de estudantes que solicitavam reformas no setor da educação. O movimento ganhou tamanho e evoluiu para uma greve de trabalhadores, que foi chamada também de revolução dos anos 60. “Os universitários se uniram aos operários e promoveram a maior greve geral da Europa, com a participação de 9 milhões de pessoas.” (AGGIO). Esse período foi palco da revolução dos códigos morais, os costumes e a visão sobre a sexualidade, a proposição de nova interpretação da realidade. Da luta das mulheres por seus direitos contra o machismo.
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Os anos 1960 foram marcados pela ampla difusão das ideias utópicas. Na sua pregação despontaram grupos, indivíduos e movimentos comprometidos com uma espécie de fé no alvorecer de um novo mundo [...] No ocidente e no oriente, se engalfinharam na batalha por corações e mentes o liberalismo, o comunismo, o feminismo e o pacifismo, principalmente. O nascimento do movimento ambientalista naquela época também ofereceu razões e justificativas para protestos dos críticos. (WAINBERG, 2012, p. 206).
A chamada “revolução sexual” não significou apenas uma mudança das normas de condutas sexuais. Levou a um processo de “individualização de comportamentos e das normas” através da transformação da sociedade e da família. (AGGIO). Em relação à moda, segundo Pereira (2004), por volta de 1960, o prêt-à-porter conseguiu alcançar a sua essência, com roupas mais voltadas à audácia, juventude e novidade. Mary Quant, estilista inglesa, criou a minissaia. Saint-Laurent em 1966 integrou o jeans na sua coleção, que os jovens já o usavam há tempos. Entre 1960 a 1970, o mercado de trabalho se abre para os jovens e consequentemente, surge o jovem consumidor, o que leva a moda a se concentrar neste novo consumidor. Nascem os “tubinhos” e as calças “saint-tropez”, que deixavam o umbigo de fora, entre outras peças inovadoras.
O parecer não é mais um signo estético de distinção suprema, uma marca de excelência individual, mas tornou-se um símbolo total que designa uma faixa de idade, valores existenciais, um estilo de vida deslocado, uma cultura em ruptura, uma forma de contestação social. (LIPOVETSKY, 1989, p. 127).
A modelo Twiggy representa a imagem da década, jovem e magra dos anos 60. Foi o auge da estética “lolita” com o look infantilizado e sexualizado. No meio musical o rock and roll, embalava a rebeldia nos anos 60. The Velvet Underground foi uma influente banda dos Estados Unidos, formada em 1964. A banda começou a atrair jovens seguidores que gostavam da franqueza utilizada nas letras das músicas. Andy Warhol convidou a banda para fazer parte da Factory e virou seu agente, com “status de novo projeto de criação de Andy” a banda logo estava fazendo sucesso e já era assunto de colunas de fofoca. (SHERMAN; DALTO, 2010, p. 30). Além destes fatos marcantes, este período foi também, palco de muitas mudanças sociais. O pós-guerra nos Estados Unidos transformou o comportamento de
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consumo, graças às mudanças sociais a cultura material ganhou força. Esse comportamento influenciou artistas que em partes contestaram esse novo comportamento. Todas essas mudanças refletiram-se também nas tendências artísticas através da Pop Art, filmes e peças revolucionárias, além de novos estilos musicais e literários, repletos de críticas sociais. (SHERMAN; DALTO, 2010).
3.2 POP ART
Após o término da segunda guerra mundial, em 1945, a Europa, passava por uma crise econômica e buscava sua reconstrução. Enquanto isso, do outro lado do mundo os Estados Unidos vivia um momento de prosperidade e competitividade no mercado de trabalho. Os trabalhadores eram incentivados a produzir arduamente e não medir esforços para obter sucesso profissional, ganhar muito dinheiro e assim poder consumir cada vez mais. (NO MUNDO, 1999). Com esse incentivo de consumo, o produto passa a ser comprado não por necessidade, mas pelo status social de comprá-lo e consumi-lo. Segundo Scherman e Dalton: A década de 1950 e o início da de 1960 viram o nascimento de um novo e agitado consumismo: a indústria e a tecnologia se desenvolveram, produzindo um amplo conjunto de bens de consumo para a maior nova geração da história dos Estados Unidos. (2010, p. 12)
A satisfação estava vinculada com o poder de consumir. Ao final dos anos 50, alguns artistas retomaram as ideias e técnicas criativas do movimento dadaísta e se apropriaram do processo de colecionar imagens, propagandas norte americanas e transformá-las em arte. (McCARTHY, 2004). Proença (1994) afirma que, o movimento dadaísta, também chamado de dadá, expressava decepções com o fracasso das ciências, religião e da filosofia. Os dadaístas propunham que os artistas quebrassem as amarras do pensamento racional ao mesmo tempo em que sugeriam que ela fosse o resultado da combinação entre: elementos ao
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acaso e do automatismo psíquico. Isso ficou representado na pintura através do recurso da colagem. A Pop Art representou, apesar de seu caráter conceitual influenciado pelo dadaísmo, um retorno à arte figurativa, numa contraposição também ao expressionismo alemão em vigor na época. Quanto à isso Janson e Janson relatam: Os artistas [...] se apoderaram desses produtos da arte comercial que satisfizessem o gosto popular, “inculto”: fotografia, publicidade, ilustrações de revistas e histórias em quadrinhos. Perceberam que nestes havia um aspecto essencial de nosso ambiente visual contemporâneo que havia sido menosprezado pelos representantes da cultura acadêmica, e que exigiam uma análise. (2009, p. 395).
O dadá populariza várias técnicas utilizadas mais tarde pelos artistas da Pop Art. O uso de objetos quando selecionados pelo artista e exibido sem alteração, logo que o objeto fosse produzido em massa, eram chamados ready mades. Isto leva os dadaístas a recusar a ideia de que arte era só uma forma de artesanato. (McCARTHY, 2004). Já o surrealismo nasce na França, em 1924, liderado por André Breton, e tem como característica, não dever nada à razão moral ou à preocupação estética. São manifestações do subconsciente, imagens de sonhos, ilógicas. Combinou o objeto, objet trouvé, como elemento significativo na produção artística, à fantasia. O surrealismo ajudou a ver outras possibilidades nos objetos, fornecendo assim à Pop Art, outras ideias e técnicas que foram adotadas pelos artistas pops. (PROENÇA, 1994). A propaganda é o tema central da Pop Art. Por meio da publicidade ela atinge ao público mais amplo do que a criação artística voltada às elites acadêmicas atingia. Graças à sua busca por imagens que se relacionasse com a realidade do povo. . (McCARTHY, 2004). Pedrosa (1975) comenta que os temas utilizados neste movimento não usavam o imaginário, não os criavam, eram escolhidos pelo que estavam a sua volta, utilizavam temas populares e do meio urbano. Produtos encontrados nas prateleiras do supermercado ou imagens de estrelas do cinema hollywoodiano, como nos trabalhos de Andy Warhol.
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A imagem apresentada pela Pop Art apresentava algo já conhecido pelo público, algo surgido na propaganda, mas que se tornava arte. Numa provável tentativa não de incentivar o consumo, mas criticá-lo. O que iria gerar opinião das classes populares e excluídas, fugindo do paradigma das classes dominantes e do consumismo exacerbado. (McCARTHY, 2004). A fonte de criação dos artistas estava no dia a dia das grandes cidades, seus temas são produtos e símbolos industriais dirigidos à massa. As cores são saturadas, os temas sãp quadrinhos, temas de publicidade, aparelhos eletrodomésticos, estrelas do cinema, uma lata de sopa tão famosa quanto a Marilyn Monroe. Qualquer coisa pode ser manipulada para o consumo do público e com a produção em série poderia ser tema da Pop Art. (PROENÇA, 1994). Richard Hamilton, em sua obra de 1956, “O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?” (Figura 6), marcou o começo dessa nova estética de arte. Concebida inicialmente como ilustração do catálogo para a exposição de This is Tomorrow, do Independent Group, em 1956 na Whitechapel Art Gallery em Londres. Um mundo de fantasia consumista, atraentes pelo uso de tecnologias, televisão, gravadores, filmes falados além das comodidades oferecidas como: aspirador de pó e presunto enlatado. No início da década de 60, este pôster composto basicamente por recortes de revistas populares estabelece temas que vem dominar a Arte Pop. McCarthy nota que:
Ao reconhecer a existência desse material e usá-lo numa colagem, Hamilton sugeria não só que o reino dos meios de comunicação de massa era digno de inclusão nas categorias mais elevadas da cultura ocidental, mas também que as distinções culturais tradicionais – entre elevado e inferior, elitista e democrático, único e múltiplo – poderiam ser um resquício de uma sensibilidade estética antiga e agora obsoleta. (2004, p. 7).
O uso da ironia ao mesmo tempo de uma sinceridade inclusa em seus trabalhos são características presentes na Arte Pop. O uso de imagens em uma nova composição mantem algo do original ao mesmo tempo em que funcionam como material comercial. A dedicação ao prazer como estilo de vida – hedonismo – é constante nos trabalhos de Hamilton.
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FIGURA 6– COLAGEM DE HAMILTON
FONTE: Cristina (2009).
A abundância do pós-guerra, apontado pelo desejo de consumo, marca profundamente a sociedade, influenciada pelos meios de comunicação transformando a vida do cidadão comum. Segundo Castro (2014), estes são fatores importantes da sociedade americana e inglesa, locais de origem da Arte Pop. Ela partia da ideia de que tudo o que o homem produz pode ser imitado.
Antenados com as suas sociedades e impregnados pelas imagens de seus produtos, como eletrodomésticos, comida enlatada, revistas em quadrinhos, filmes, fotografias, os artistas não podiam deixar de retratar em suas obras esse „novo‟ espírito, hedonista, urbano. Mas com esta aproximação entre propaganda, consumo, vida urbana e arte, os artistas pop amplificaram a concepção dadaísta de que a arte não poderia estar separada da vida. (CASTRO, 2014, p. 4).
. O uso de objetos e elementos que fazem parte do cotidiano e ao mesmo tempo, estão ligados ao consumo através da propaganda, deixavam aparentes a interligação entre o dadaísmo, expresso nas pinturas, através de colagens e a produção dos artistas
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pop, em suas representações dos elementos presentes no dia a dia. Hamilton era associado ao Institute of Contemporary Art3 de Londres e membro do Independent Group4, composto no início da década de 50, por jovens artistas, que tinham como objetivo pensar novas maneiras a arte moderna. (McCARTHY, 2004). O Independent Group acreditava que a arte moderna deveria seguir os passos da cultura pós-guerra, democrática, inclusiva e acessível. O termo “pop” foi definido pelo crítico Lawrence Alloway, que juntamente com Reyber Banham, ambos pertencentes ao Independe Group, lançaram os fundamentos teóricos da Pop Art. A Pop Art nos Estados Unidos seguiu caminhos diferentes na Grâ Bretanha, pois seus artistas trabalhavam isolados até 1962, uma vez que se formavam em escolas diferentes. Andy Warhol, Roy Lichtensteins, Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann, formam o grupo dos principais artistas Americanos. “unidos por um estilo (muito) frouxamente compartilhado de cores brilhantes e desenhos simplificados”. (McCARTHY, 2004, p. 14). Os fatores que aproximam a arte pop americana e europeia é o de que os artistas de ambos os movimento provinham da classe trabalhadora. Daí também o interesse por revistas em quadrinhos e revistas de grande circulação e pelo cinema de Hollywood. (McCARTHY, 2004). A arte pop evitou a rigidez e censuras do movimento modernista, “em favor de uma arte que era visual e verbal, figurativa e abstrata, criada e apropriada, artesanal e produzida em massa, irônica e sincera.” (McCARTHY, 2004, p. 14). Os artistas desse movimento adotaram técnicas comerciais em suas obras. O repertório de imagens era baseado na televisão, na fotografia, nos quadrinhos, no cinema e publicidade. Lichtenstein, 1965 em sua obra Pincelada (Figura 7), utilizou uma técnica que imitava a aparência de imagens produzidas por meio do uso de retículas. Provenientes da ampliação de impressos reproduzidos nas técnicas de ofsete e serigrafia, são as retículas as formas responsáveis pelos meios tons dos meios tons. O uso das retículas mostra o desejo dos artistas em transmitir exatamente o estilo estético das histórias em quadrinhos, utilizando cores fortes, marcação de contornos e técnicas como o 3
Instituto da Arte Contemporânea de Londres. Do Inglês, Grupo Independente. Foi um grupo de artistas ingleses, fundado em 1952 no Institute of Contemporary Arts. 4
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pontilhismo, recriando as retículas de quadrinhos impressos, de forma planejada e paciente. (McCARTHY, 2004).
FIGURA 7– PINCELADA DE LICHTENSTEIN
FONTE: Tate (2008).
Janson e Janson (2009, p. 396) relatam que Roy Lichtenstein: “[...] recorreu às histórias em quadrinhos – ou melhor, às imagens padronizadas dos quadrinhos convencionais que se voltam para a ação violenta e o amor sentimental, mais do que para as histórias que carregam a marca do individuo que as criou”. Segundo McCarthy (2004) os artistas rapidamente ganharam fama e fortuna, devido às celebridades que eram temas de seus trabalhos. Se transformaram em personalidades, entre eles estavam Rauschenberg, Rosenquist, Lichtenstein e Oldenburg. A Arte pop teve sua base em ideias e atitudes em movimentos de arte do começo do século XX, através do uso de material impresso, imagens bidimensionais que remontam também ao cubismo. O termo “popular” referia-se primeiramente ao que é produzido em massa e acessível, mas com o passar dos anos afastou-se deste conceito para assumir o papel de exigir e encorajar aqueles que a observavam ao conhecimento da história da arte. (McCARTHY, 2004).
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Além de materiais impressos do meio comercial, tem um paralelo ao movimento cubista e suas colagens. O futurismo inspirou Hamilton no marketing de automóveis, onde se exaltavam o futuro e, sobretudo a velocidade, que passou a ser conhecida através da mecanização das indústrias e do crescimento dos grandes centros urbanos. (McCARTHY, 2004). Os artistas tornaram-se homens do mundo ao utilizarem como tema de suas obras a cultura do consumidor, assim também influenciaram na perpetuação de celebridades, através do uso de imagens facilmente reconhecíveis, que estabeleceram a fama através dos meios de comunicação de massa. Imagens essas reconhecidas e utilizadas na arte e na moda até a atualidade. (McCARTHY, 2004).
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4. ANDY WARHOL
Neste capítulo serão abordados aspectos da vida e obra de Andy Warhol enquanto artista e ícone pop relevantes para compreendermos a relevância da sua produção para a moda contemporânea, uma vez que suas obras influenciam a moda visualmente e conceitualmente. Todas as informações contidas neste capítulo tiveram como base o livro Andy Warhol, o gênio do pop, de Tony Scherman e David Dalton de 2010. Andy Warhol nasceu em Pittsburgh no ano de 1928. Teve contato com a arte desde pequeno e em 1936 criou um caderno de recortes de estrelas de cinema, cinema era sua paixão na época. De 1945 a 1949 estudou no Departamento de Pintura e Design em Carnegie Institute of Technology5. Segundo uma colega de turma “Em seu primeiro ano ele pintou da maneira que quis e o reprovaram. Então ele foi para recuperação de verão e pintou da maneira que eles quiseram. Em seu ultimo ano, voltou a pintar de sua maneira e o chamaram de gênio” (p. 28). Após a graduação, em design, mudou-se para Nova York (1949). Em 1950 Tina Fredericks, diretora de arte da revista Glamour. Contratou Andy seu primeiro trabalho em Nova York, onde começou desenhando sapatos (Figura 8). Milton Glaser comentou que “[Warhol] Ele não tinha realmente relações com a área de ilustração. Era um forasteiro que surgiu e provou que você podia ser uma personalidade excêntrica, fazer algo individual e ainda ser usado com sucesso na arte comercial”. (p. 31)
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Carnegie Institute of Technology da Universidade de Carnegie Mellon, instituição privada de ensino e pesquisa, localizada na cidade de Pittsburgh, no estado da Pensilvânia nos Estados Unidos.
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FIGURA 8 – FANTASY SHOES, 1956
FONTE: The Warhol.
Na mesma década, foi contratado (1955) pelo fabricante e varejista de sapatos I. Miller & Sons, para ilustrar a campanha. No ano seguinte participou da exposição Recent Drawings U.S.A6 no Museu de Arte Moderna de Nova York com um de seus desenho de sapatos. Em 1957 foi citado pela primeira vez em cadeia nacional em um artigo da revista Life. Na década de 60, o artista trabalhou em pinturas a óleo, que forma as primeiras no estilo que mais tarde seria classificado como Pop Art. Entre elas está a obra Dick Tracy de 1961 (Figura 9), que mede 2.80m de altura. Warhol projetou a imagem de uma História em Quadrinhos ampliada sobre a tela, com a ajuda de um projetor e contornou a projeção com pincel.
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Desenhos Recentes Estados Unidos da América.
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FIGURA 9– DICK TRACY, 1961
FONTE: StudyBlue.
Warhol olhava à cultura comercial de maneira diferente quanto seus colegas. “Foi um mundo feminino de classe baixa que Warhol ofereceu aos sofisticados consumidores de arte de Nova York [..]”. Representar estrelas de cinema fazia parte de sua fixação por elas, retratando-as como ídolos. Silver conclui “os retratos de estrelas do Warhol revelam sua fonte nos jornais diários e revistas de fãs, aqueles centros de reabilitação [da classe baixa] entre fato e ficção”. (p. 66) As telas com as imagens da lata de sopa Campbell‟s foram produzidas entre o final de novembro de 1961 a março de 1962. Warhol não escolheu as latas por nostalgia da infância ou por fazer referencia “a realidade banal”, ele apreciou a logo da sopa como uma peça clássica do design gráfico. Scherman e Dalton destacam: A lata de sopa era a solução ideal para a sensibilidade ambivalente de Andy. Ela fundia sua paixão por “americana”, a arte popular – a marca Campbell‟s tinha uma qualidade artística popular -, mas ampliada e pendurada em uma galeria de arte também seria provocadora o suficiente para chocar e atrair a atenção para si mesmo como um artista avant-garde. (p. 88)
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A instalação com 32 pinturas de latas de sopa Campbell´s na (Figura 10) foi exibida na Ferus Gallery de Irving Blum. FIGURA 10 – CAMPBELL‟S DE WARHOL
FONTE: MoMALearning.
Nessa época Warhol abandonou a pintura tradicional, para se dedicar a serigrafia. Tendo em vista que utilizando a serigrafia poderia produzir múltiplas cópias de uma única imagem, o que se tornava mais vantajoso em relação à pintura.
Ilusionista habilidoso da Arte Contemporânea, Warhol não abria facilmente o seu jogo artístico. Deu sua contribuição à confusão geral, substituindo a técnica artística tradicional, de que ele se tinha servido até então, deveria ser familiar ao designer publicitário de sucesso que era. A sua atividade intensiva com as fotografias de imprensa e com os rótulos que, entretanto, eram os seus motivos artísticos preferidos, pode ter-lhe dado um novo impulso. Em qualquer dos casos, Warhol logo se voltou para a impressão serigráfica de fotografias, passando a aproveitar as possibilidades desta para as suas “pinturas”. A serigrafia oferecia-lhe diversas vantagens. Permitia-lhe apagar dos quadros as características com cunho pessoal, eliminar definitivamente todos os momentos subjetivos e, assim, libertar-se definitivamente das garras do Expressionismo Abstrato. (HONNEF, 2000, p. 54 apud SILVA, 2012).
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Em 1962, Andy Warhol experimentou várias técnicas de pintura, pintura à mão, spray com estêncil, usou carimbos de borracha, e pintou as garrafas de Coca Cola e as notas de dólar. Mas foi a serigrafia o meio de reprodução de imagens que lhe interessou em especial. A serigrafia é um processo de gravura a partir de uma matriz de tecido vasada, por onde passa a tinta para o material final. O um processo de permite imprimir em várias superfícies, como metal, madeira, têxtil, papéis, ente outros. Em 1963, no ano seguinte, trabalhou em uma série de 70 telas com o tema morte e desastre. Neste mesmo ano inaugurou também o seu estúdio permanente, The Factory7. Nos anos que se seguiram se concentrou nas imagens de ícones da cultura pop e pessoas famosas, entre elas, Jacqueline Kennedy, Marilyn Monroe, Che Guevara e Elvis Presley. As fotografias eram transferidas por serigrafia para a tela, como na Figura 11 do cantor de rock Elvis Presley.
FIGURA 11 – EIGHT ELVISES, 1963
FONTE: Jones (2015).
Wahrol também trabalhou com cinema e em 1966 Chelsea Girls8 foi o primeiro filme underground a ser exibido numa sala de cinema comercial. Warhol foi produtor
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Do inglês, A Fábrica. Estúdio de Arte fundado por Andy Warhol, localizado em Manhattan, Nova York. 8 Filme dirigido por Andy Warhol e Paul Morrissey.
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da banda Velvet Underground, cuja formação na época, incluía os músicos Sterling Morrison, Maureen Tucker, John Cale e Lou Reed e a cantora alemã Nico. Em 1968 o artista é ferido em um atentado, por uma frequentadora da Factory. Ele passou dois meses no hospital, esse tempo resultou em uma queda de sua popularidade. Após se recuperar do incidente dedicou-se a criar a revisa Interview e a apoiar jovens artistas em início de carreira. Em 1975 publicou uma autobiografia The Philosophy of Andy Warhol (From A to B and Back Again)9. Na década de 80 continuava ainda a chocar o público com imagens intrigantes com suas obras de cores brilhantes. E em 1987 Warhol morre após uma cirurgia. No início de sua carreira Warhol teve seu primeiro contato com a moda, através de ilustrações de sapatos para revistas de moda. Mas foi através de sua produção artística, dentro do movimento da Pop Art, que ele passa a ser reconhecido, pela técnica usada, no uso da serigrafia, das cores vibrantes, de imagens marcantes do mundo artístico, de produtos e marcas consumidos no dia a dia. Assim suas obras vêm influenciando a moda tanto no visual quanto no conceitual.
9
Do inglês, A Filosofia de Andy Warhol (De A a B e de volta). Publicado pela primeira vez por Harcourt Brace Jovanovich.
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5 A INFLUÊNCIA DA OBRA DE WARHOL NA MODA
Andy Warhol desempenhou um papel de transformador do mundo da moda por meio de suas obras, seu olhar inspirou as gerações que o seguiram. Warhol continua a ser um ícone de influência até hoje. Sua produção artística contou não somente com imagens visualmente características, mas também com articulações conceituais que criticavam de forma sublime e irônica o consumo exacerbado cultuado no século XX. A seguir serão apresentadas e discutidas algumas obras do artista em paralelo à criações da moda que apresentam influências, tanto às características visuais de suas obras, quanto ao approach conceitual empregado por Warhol em suas obras de arte. Iremos aqui destacar as proximidades de cada exemplo da obra de Warhol com os exemplos da moda de forma retórica. A influência conceitual sob a moda leva em conta o posicionamento crítico do artista perante a sociedade de consumo em qual vivia, na década de 60. Irá se buscar responder se essa crítica é reproduzida e pode ser percebida na moda atual. E quais as características formais da obra de Warhol ainda persistem às duas décadas e à revolução da internet na moda atual.
5.1 A INFLUÊNCIA VISUAL
A Pop Art, como já citado, fez uso de características visuais estratégicas explorando as imagens produzidas pela indústria consumista e pelos meios de comunicação em massa. O movimento explorou recursos da linguagem visual, como cores e aspectos gráficos provindos das imagens da mídia. Ainda hoje vivemos sob a força do consumo no regime econômico agora chamado de capitalismo neoliberal. (CROZIER, 1975) Por isso, os recursos da publicidade, desenvolvidos no século passado, continuam sendo explorados por artistas e publicitários. Como vimos no primeiro capítulo, a moda e a arte comunicam e refletem o meio em que estão inseridas, por isso ainda é atual o uso da imagem de publicidade como inspiração. Na estrutura sociocultural de nossa sociedade continuam presentes as mesmas características que foram responsáveis pelo surgimento da Pop
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Art. De acordo com Trevisan (2006) a conexão herdada do movimento da Pop Art pela arte terá longa duração.
5.1.1 Marilyn
Warhol usou as cores da publicidade para criar a obra Díptico de Marilyn (Figura 12) em 1962. Michael Fried, historiador da arte, escreveu em 1962, que subestimava “o poder permanente dos ícones da cultura pop” (p. 136). Cinquenta e tantos anos depois, a icônica obra da Marilyn de Warhol se mantém atual, como sempre foi. (SHERMAN; DALTON, 2010, p. 136). FIGURA 12 – DÍPTICO DE MARILYN
FONTE: Tate (2004).
Em 1991, a grife italiana Versace, combinou referências à cultura pop na estampa de em um vestido de festa inclusive da imagem de Warhol da Marilyn que pode ser visto na Figura 13. Versace uniu o pop com a moda de luxo, gerando certa uma contradição estética.
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FIGURA 13 – VESTIDO COM ESTAMPA WARHOL, 1991
FONTE: 90srunway (2011).
Em homenagem as gravuras de Warhol, Versace criou a estampa como uma alusão as imagens de Marilyn Monroe e do ídolo do cinema James Dean. Vestido feito em cetim de seda. A técnica de estamparia utilizada foi a serigrafia. (FOOG, 2013) Em 2008, Hannah Holye, estudante de moda da Universidade de Derby, criou um vestido de cetim plissado estampado com a mesma imagem de Marilyn de Warhol (Figura 13). A estampa que se revelava entre as dobras do plissado do tecido. (BBC, 2008) O vestido prestigiado com o prêmio no NEC em Birmingham.
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FIGURA 14 – VESTIDO PLISSADO COM ESTAMPA DA MARILYN
FONTE: Santos (2010).
A marca norte-americana de calçados, equipamentos esportivos, roupas e acessórios, Nike, desenvolveu em uma edição especial (Figura 15) do tradicional tênis Nike Air Max 90 uma estampa a partir da gravura Marilyn de Warhol. (THE SMUGGER, 2009).
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FIGURA 15 – TÊNIS NIKE COM ESTAMPA DE MARILYN
FONTE: The Smugger (2009).
A junção do ícone pop apresentado a partir da estética de Warhol, com as cores vibrantes da Pop Art com o produto Nike, tão icônico quanto, foi uma interessante estratégia de design.
5.1.2 Flowers
Em 1964, um amigo de Warhol sugeriu que ele se distanciasse dos temas de morte em suas obras e lhe mostrou uma revista com imagens de quatro flores. Warhol inspirou-se nestes motivos e produziu uma gravura em serigrafia destas duas páginas dobradas da revista Modern Photography10, a revista indicada pelo amigo. Ele recortou a figura da revista e separou três flores. Depois pediu para que fotocopiassem a imagem repetidamente na máquina Photostat11 da Factory. De acordo com Sherman e Dalton, Warhol estava buscando por meio da cópias a forma, o contorno básico das flores (Figura 15), ele queria se distanciar da fotografia em si. (2010, p. 239)
10 11
Do inglês, Fotografia Moderna. Máquina fotocopiadora usada por Warhol.
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FIGURA 16 – FLOWERS
FONTE: Maria (2014).
A primeira exposição de Warhol na Galeria Castelli foi preenchida com a série das Flores, incluindo uma tela de mais de 4 metros de largura e quase 2 metros e meio de altura. (SHERMAN; DALTON, 2010, p. 239). Em 1972 Warhol colaborou para a produção do desfile do Halston para o Coty Awards at Lincoln Center, essa foi a primeira vez que a dupla trabalhou junto, após isso tonaram-se grandes amigos. E em 1974, Halston baseou-se nas famosas flores do amigo em tons de verde, amarelo e branco, num vestido de noite (Figura 16) estilo flapper em jersey. (FIDM MUSEUM, 2011).
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FIGURA 17 – VESTIDO COM FLORES DE WARHOL
FONTE: Sarah (2012)
Nos anos 90, (Figura 18) Emanuel Ungaro criou para Parallèle (sua primeira coleção de prêt-à-porter) uma releitura das flores em cores saturadas de Warhol. Ungaro ingressou no ateliê de Balenciaga quando tinha 22 anos, depois foi trabalhar com Courrèges que também trabalhou pela Maison Balenciaga, quatro anos depois abriu sua própria casa. (STEVERSON, 2012).
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FIGURA 18 – ESTAMPA RELEITURA WARHOL
FONTE: Decades Inc (2008).
A coleção de primavera 2013 da Prada por Miuccia Prada também foi inspirada na estética das serigrafias de flores de Andy Warhol. O destaque da coleção foi um casaco de pele branco com as flores em vermelho (Figura 19). Esta coleção da Prada foi uma mistura da estética de Warhol com a dos nos 90 e o japonismo. (Hayford, 2015). FIGURA 19 – CASACO COM FLORES
FONTE: Hayford (2015).
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No ano de 1973, Diane von Furstenber criou o wrap dress ou vestido envelope. O vestido se tornou um sucesso de vendas. Com uma gola em V formada amarrando a cinta larga em torno da cintura, justo ao corpo e com mangas longas. Sem botões, zíperes ou ganchos, tornou-se símbolo da libertação sexual feminina. (FOGG, 2013) Em 2014, no 40º aniversário do wrap dress, DVF criou uma coleção limitada a PopWarp (Figura 20), combinou a modelagem inovadora de Diane com as estampas com as flores de Warhol. Numa figura de retórica de Amplificação (LUPTON, 2014) onde a imagem ícone adorna o vestido também ícone. FIGURA 20 – VESTIDOS DE DVF COM FLORES
FONTE: BDG (2014).
A coleção foi uma colaboração junto com The Andy Warhol Foundation. Para o lançamento foi desenvolvido um vídeo, criado pela artista pop Alia Penner, com cores vibrantes e com o visual da Pop Art. (DVF, 2014)
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5.1.3 Sopas Campbell´s
A moda abraçou o espírito da Pop Art que estava em alta. Em 1966/1967 foram criados os vestido de papel. O The Souper Dress (Figura 21) mede aproximadamente 81 centímetros e faz parte do acervo do The Metropolitan Museum of Art.
FIGURA 21– VESTIDO DE PAPEL
FONTE: The Metropolitan Museum of Art.
Já na década de 2010 a imagem da lata de sopa foi usada como estampa por duas marcas voltadas para o público jovem. A Vans of The Wall, marca estadunidense de vestuário e calçados, criada na Califórnia na década de 60, ela se direciona para a
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cultura do skate e do esporte. Em 2012 estampou três de seus modelos (Figura 22), o SK8-HI, Era e o Half Cab, além de camiseta e boné com o motivo. (The Hype BR, 2012).
FIGURA 22 – TÊNIS VANS COM ESTAMPA DE CAMPBELL‟S
FONTE: Penido (2012).
Outra marca de calçados a se utilizar da estampa foi a Converce em 2015 a empresa também norte-americana atua no mercado de calçados desde o inicio do século XX e lançou a coleção com estampas de lata de sopa no modelo clássico da marca, o Chuck Taylor (Figura 23). (THE HYPE BR, 2015). FIGURA 23 – TÊNIS CONVERCE COM ESTMAPA DE CAMPBELL‟S
FONTE: Penido (2015).
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Chuck Taylor, jogador de basquete se juntou a Converce, com a intenção de divulgar e comercializar os tênis para pratica do esporte. Entre 1958-1968, que o rock & roll e o basquete cresceram e finalmente o tênis ganhou cores. (CONVERSE)
5.1.4 Lips
Na década de 50, Warhol criou Lips (Stamped) (Figura 24), usando tinta e corante sobre papel strathmore12. A obra, cujas dimensões são 36,8 x 28,6cm faz parte da coleção do The Andy Warhol Museum em Pittsburgh. (SCHERMAN; DALTON, 2010).
FIGURA 24 - LIPS
FONTE: The Warhol.
Yves Saint Laurent, que aos 18 anos foi contratado como assistente de criação na Dior e em 1962 abriu sua própria casa de alta costura. No ano seguinte o estilista revelou afinidade com movimentos artísticos da época e lançou uma coleção chamada
12
Papel esboço, ideal para dominar luz.
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Heart and Lips13 inspirada na obra de Warhol, se utilizando das imagens de Lips (Figura 25) para o rapport da estampa. (STEVERSON, 2012). FIGURA 25 – VESTIDOS DE YVES SAINT LAURENT
FONTE: Frances (2014).
No verão de 2014, Hedi Slimane atual estilista da Saint Laurent Paris, buscou referência nos arquivos da maison e relançou a estampa com a figura dos lábios (Figura 26), que virou um clássico do Yves Saint Laurent. (PACCE, 2014).
FIGURA 26– VESTIDO COM ESTAMPA DE LÁBIOS
FONTE: Pacce (2014).
13
Do inglês, Coração e Lábios
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5.1.5 Levis
Na década de 80, Warhol criou pinturas e logos para a Levis, empresa de jeans wear norte americana que estava promovendo sua marca 501. Em 2005 a Levi‟s assinou um acordo com The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts para criar Warhol Factory X Levi‟s.
FIGURA 27– CALÇA LEVIS COM REFERÊNCIA A WARHOL
FONTE: Inksomnia (2006).
A linha inspirada no artista inclui jeans que mostram alguns trabalhos de Warhol, inclusive suas representações de Marilyn Monroe. A coleção The Silver Luck, inspirada na Factory de 1960 que ficou conhecida como Silver Factory depois que Warhol a cobriu com papel prata, tem detalhes de fios de prata no denim. (Sarkar, 2005) Segundo Harry Bernard, consultor de moda, a Levis tomou uma sabia decisão ao ligar-se com um artista tão famoso, pois são dois ícones americanos.
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5.1.6 Pepe Jeans
Em 2008, a grife inglesa de denim e casualwear, a Pepe Jeans, assinou um acordo com a Fundação Andy Warhol, para uma coleção exclusiva dedicada ao artista (Figura 28). A coleção chama-se Andy Warhol Collection by Pepe Jeans London, dividida em duas linhas: Pop, inspiradas nas obras de Andy Warhol e Factory, mais sutil. (PYLE, 2008). FIGURA 28 – VESTIDO PEPE JEANS
FONTE: Pyle (2008).
O sucesso da coleção de 2008 foi tanto, que a marca decidiu se inspirar mais uma vez no artista pop. No inverno de 2012, Pepe Jeans, lançou sua nova coleção chamada de Andy Warhol Collection (Figura 29) com 250 peças, feminino e masculino.
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FIGURA 29 – PEPE JEANS E WARHOL
FONTE: Guia JeansWear (2012).
A linha feminina teve influência de Nova York e da Factory, as estampas são do trabalho do artista. A linha masculina segue duas temáticas, Nova York Underground, um estilo clean e a linha Pop, com uma palheta de cores vibrantes.
5.2 INFLUÊNCIA CONCEITUAL
A Pop Art fez uma critica a sociedade de consumo dos anos 60, fazendo uso de imagens baseadas nos mass media da época. Hoje é possível perceber essa articulação conceitual das imagens também na moda. Que por meio de criações inspiradas em produtos ou personagens da cultura pop e do cotidiano, são facilmente reconhecíveis e consumíveis. Como observamos nos capítulos anteriores, a moda compartilha de muitas similaridades com a Pop Art, desde sua plasticidade até as técnicas de reprodutibilidade usadas por uma e pela outra. A moda se utiliza também, do discurso crítico e auto reflexível, tão característico da Pop Art, em busca da acessibilidade que ela proporciona ao público, da possibilidade que esta tem de identificação e reconhecimento dos ícones pops presentes no seu dia-a-dia, que estão sendo por ela articulados. Essa forma conceitual
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de criação era utilizada por Andy Warhol e é encontrada no trabalho de alguns designers de moda atual, alguns dos quais apresentaremos neste último capítulo.
5.2.1 Moschino
Em 1983, Franco Moschino lançou a Moschino Couture, de acordo com Fogg ele “esforçou-se por contestar o sistema de valores e as afetações burguesas da moda elitista, usando princípios do dadaísmo e da pop art como suas armas prediletas” (2013, p. 459). Foi nos anos 60, que Franco, enquanto estudante de belas artes se interessou pela produção de artistas como Duchamp e Roy Lichtenstein, que proporcionaram a ele um discurso de ironia, que veia a se tornar uma característica de seu trabalho. Um exemplo marcante da ironia e crítica que a Moschino desenvolve em suas coleções foi a de 1987. No ano anterior, em 1986 a coleção outono/inverno da grife francesa Chanel, desenvolvida por de Karl Lagerfeld, apresentou uma estética aristocrática, com a exploração da identidade da marca, que representa produtos luxuosos. Na coleção foram apresentados muitos elementos que agregassem estes valores às roupas, como correntes, o próprio logotipo da Chanel, pérolas, o laço e broches de camélias. Ironizando esta coleção e posicionamento da Chanel de forma contrastante, em 1987 a Moschino lança uma cópia irreverente, criando um paradoxo entre as duas criações. A camélia branca se transforma numa fileira de botões de plástico em formato de flores e com cores fortes. O próprio look ícone da Chanel, aparece como um conjunto que não combina. A saia com temas da Pop Art, e o chapéu vira uma pilha de brinquedos de praia como pode ser visto na Figura 30. (FOGG, 2013).
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FIGURA 30 – MOSCHINO IRONIZA O LOOK CHANEL
FONTE: Resurrection Vintage (2014).
Ao longo de sua história a Moschino criou coleções irreverentes, que buscavam esta ironia de forma lúdica. Mesmo após a morte de Franco Moschino em 1994, a marca continuou com o discurso lúdico em suas coleções. A coleção verão 2012 intitulada de Beauty Food (Figura 31), pela Moschino Cheap & Chip14, apresentou estampas coloridas e lúdicas, as modelos desfilaram entre frutas, verduras, caixotes e barracas, como se fosse numa feira. As roupas foram desenhadas por Rossella Jardini, responsável por manter o espirito jovial e alegre da marca. (PHELPS, 2011).
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Do Inglês, Barato e Chic. Lançado em 1988, linha mais acessível ao público.
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FIGURA 31 – VESTIDO LÚDICO DE MORANGO
FONTE: Michael (2011).
Foi no outono inverno 2014/2015, com o primeiro desfile de Jeremy Scott como estilista da Moschino, que a marca voltou às críticas irreverentes aos ícones pops. Scott se utilizou, da mesma forma como Andy Warhol fazia, da cultura do consumo de forma engenhosa. Em sua coleção fez alusões à cadeia de restaurantes fast food McDonald‟s, transformando e incluindo o duplo arco dourado da logomarca (Figura 32) na forma de um coração, sugerindo certa ironia metafórica entre o fast food e a alta costura (Figura 33). (BLANKS, 2014). FIGURA 32 – LOGOMARCA MCDONALD‟S
FONTE: Miller (2015).
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FIGURA 33 – LOOKS REFERENCIADOS
FONTE: Blanks (2014).
No mesmo desfile, apesar de Franco Moschino já ter sido anteriormente processado por suas alusões irônicas pela própria Chanel (Blanks, 2014), foram feitas outras referências à marca de alta costura, por meio da reprodução dos seus matelassês característicos, além de apropriações das correntes douradas e do couro preto, elementos sempre presentes nas coleções da Chanel. A mesma coleção da Moschino ainda apresentou figuras da cultura pop como Bob Esponja e fez referências às embalagens de comidas e bebidas, nas estampas de vestidos. De acordo com Blanks, as imagens utilizadas nos rappors foram as de sacos de salgadinhos (Figura 34), de pipocas e balas (2014). Jeremy Scott fez uso novamente aqui do discurso conceitual das obras de Warhol na década de 60, fazendo uso de imagens de embalagens de alimentos em suas obras, como as das latas de sopa Campbell‟s e das embalagens da Coca Cola.
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FIGURA 34 - ESTAMPA DE SALGADINHO
FONTE: Blanks (2014).
FIGURA 325 - ESTAMPA DE REFRIGERANTE
FONTE: Bjork (2014).
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De acordo com Bjork (2014), nos anos oitenta, auge de Franco Moschino, a moda era irônica, lúdica e atrevida, essa ironia pós-moderna não havia sido capaz de florescer da mesma forma, mas parecia que a moda estava pronta para alguma sagacidade novamente. Andy Warhol utilizou conceitos da publicidade e propaganda em sua arte, fazendo crítica à sociedade de consumo daquela época. Mais um exemplo disso foi quando em 1962, ele fez uso da imagem da embalagem Coca Cola em sua obra. A Coca como símbolo ícone, popular e reconhecível pela maioria. Em uma releitura à esta estratégia, a coleção para a primavera/verão 2015 masculina da Moschino, abriu seu desfile com looks coloridos com estampas de refrigerantes, entre eles a própria Coca Cola (Figura 35). No fechamento do desfile da coleção, foram apresentados uma série de looks com bordados de ouro de sifões (Figura 36), figuras presentes também na pintura intitulada 200 One Dollar Bills (Figura 37) de Warhol. FIGURA 36 – LOOK COM ESTAMPA DE CIFRÕES
FONTE: Bjork (2014).
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FIGURA 37 – 200 ONE DOLLAR BILLS
FONTE: Raymond (2009).
A coleção no ano seguinte, na primavera/verão de 2015, seguiu o mesmo conceito da crítica à cultura do consumo fazendo suas releituras da boneca icônica da marca de brinquedos Mattel, a Barbie (Figura 38). De acordo com Codinha, a boneca é produzida há 55 anos e é um dos ícones pop mais fortes e reconhecíveis de brinquedos (2014). Assim como Warhol na década de 60, Scott faz uso de símbolos da cultura americana que, graças aos processos de globalização, são reconhecíveis em todo o mundo. As cores são fortes e marcantes, cores de plásticos e símbolos da paz e amor lembram os anos 60/70 assim como a Pop Art.
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FIGURA 38 – LOOK BARBIE
FONTE: Codinha (2014).
Na coleção de outono de 2015, Scott se concentrou em suas criações nos temas da moda de rua, do grafite e do esporte. As cores fortes e com alusão ao sexy representam os excessos da cultura pop dos anos 90. Codinha também afirma que ele se utilizou os personagens dos cartoons do Looney Tunes15 no desfile. As blusas e camisas de esporte estampadas com os personagens, que também faziam referência ao filme Space Jam16 (2015).
15 16
Animação americana, produzida de 1930 a 1969 e distribuída pela Warner Bros. Filme americano lançado em 1996, dirigido por Joe Pytka, estrelado pelo Michael Jordan.
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FIGURA 39 – LOOK LOONEY TUNES
FONTE: Codinha (2015).
FIGURA 40 – VESTIDO TAG
FONTE: Codinha (2015).
Na coleção de Resort 2016 da Moschino, é construída em torno dos clichês do varejo. Vestidos que parecem sacolas ou tags, jaqueta que imitam o detector de roubo,
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vestidos repletos da logo da Moschino (Figura 40). Nesta coleção Scott aborda o hiperconsumo, no vestido “sale”, representa a forma em que as mulheres se mecanizaram, usando roupas de marca como um meio para embalar seu “produto” pessoal. (CODINHA, 2015) Na coleção da primavera de 2016, os temas pops foram trânsito e lava cars. As roupas mantiveram as características de cores fortes e marcantes, looks cheios de penas, volumes. Nas roupas as estampas traziam textos lúdicos e irônicos como “perigo: costura perigosa a frente” e as figuras dos cartoons das meninas super poderosas17. Um dos looks apresentou estampas de produtos de limpeza (Figura 41). (PHELPS, 2015). Confirmando mais uma vez o uso de imagens de produtos, assim como a Pop Art fazia. Warhol também utilizou imagens de caixas de sabão em pó (Figura 42) em suas obras.
FIGURA 41 – ESTAMPA DE PRODUTO DE LIMPEZA
FONTE: Phelps (2015).
17
Série de desenho animado produzida por Hanna-Barbera, e alguns anos depois pelo Cartoon Network Studios, de 1998 a 2005.
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FIGURA 42 – CAIXAS DE SABÃO DE WARHOL
FONTE: Greg (2010).
5.2.3 Outras Referências Conceituais à obra de Andy Warhol
Na primavera de 2014, Raf Simons apresentou sua nova coleção na Semana de Moda Masculina de Paris. Em meio à pólos e camisetas longas, sincronizou a arte com a moda, t-shirt alongadas com estampa de anúncios (Figura 43) (BLANKS, 2013). Estabelecendo uma ligação com Warhol, na década de 60, quando fazia uso de propagandas publicitárias em suas obras.
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FIGURA 43 – CAMISA LONGA COM ESTAMPA DE PRODUTO
FONTE: Blanks (2013).
No outono 2014, Chanel, a coleção foi apresentada em meio a prateleiras de supermercado. Os rótulos dos produtos foram decodificados para Chanelspeak, fazendo referência a cultura pop, uma celebração ao consumismo e ao mesmo tempo uma sátira.
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FIGURA 33 – DESFILE EM SUPERMERCADO DA CHANEL
FONTE: The Sartorialist (2014).
Na via de qualquer pessoa, o dia de trabalho termina com compras de produtos no supermercado, frutas e verduras frescos na frutaria e pães a caminho de casa. Essa é a cena do cotidiano que Karl Lagerfeld retrata no cenário do desfile. Entende-se que moda é fazer acontecer, é ação. Está registrada na sociedade em seus costumes, sem um tempo determinado, sem imposições. Assim os estilistas se utilizam da ideia perpassada por uma obra de arte como inspiração e também reflexão.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Warhol transformou a cultura americana, quando rompeu a barreira entre a elite da arte e a cultura popular. O seu trabalho na Pop Art, mantém-se vivo até hoje. Sua obra, mesmo 50 anos após ser criada, continua apresentando um discurso atual. Andy Warhol levou o comum para museus e galerias, com isso a Pop Art abriu espaço para outras vertentes da arte, como a música pop, cinema e grafite, tornando a arte mais acessível. A moda, assim como a arte, representa a sociedade e a cultura de um determinando período e povo, sendo que a moda busca a referência da arte, desde o começo do século XX. A moda vai além de o simples vestir, ela passa a ser uma identidade quando expressa preferências e gostos, tanto culturais como políticos. A visualidade da obra de Warhol está presente e influencia mais do que nunca a moda. Percebe-se isso nas estampas e no visual de roupas e acessórios. Verifica-se com frequência que alguma marca ou designer busca referências visuais nas produções artísticas de Andy Warhol. Ao mesmo tempo que existem elementos que fazem parte do cotidiano e na sucessiva importância da carga simbólica que estes produtos ou marcas têm na sociedade atual, tem-se a crítica a este consumo exagerado, e ironicamente esta mesma prática é recorrente na moda. Assim como na arte, a moda segue tendências e é o reflexo das transformações em uma sociedade, que se encontra em constante mudança. Essas mudanças sugerem seguir além dos costumes e do comportamento em geral. Vista desta forma, pode-se afirmar que, a moda também é uma manifestação artística, reflexo de uma sociedade, é dinâmica e representa valores, ideias e expectativas. Este estudo, abre perspectivas para outra área de pesquisa, como a relação entre a produção em série das obras de Andy Warhol, com a produção em massa na moda, fast fashion. Pode-se ainda apresentar como proposta de coleção slow fashion, com referências visuais e conceituais à Andy Warhol.
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