FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI CURITIBA CURSO SUPERIOR DE DESIGN DE MODA TATYANE CRISTINA BARROZO
APLICAÇÃO DE MÉTODO COOLHUNTING E MOTODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE ESTAMPAS DIGITAIS PARA SEGMENTO MASCULINO
CURITIBA DEZ/2015
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TATYANE CRISTINA BARROZO
APLICAÇÃO DE MÉTODO COOLHUNTING E METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE ESTAMPAS DIGITAIS PARA SEGMENTO MASCULINO Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Designer de Moda, 6º período do Curso Superior de Design de Moda da Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba. Orientadora: Daniele Lugli Co-orientadora: Lucíola Stenhaus Pires Zamprogna
CURITIBA DEZ/2015
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TERMO DE APROVAÇÃO
TATYANE CRISTINA BARROZO
MÉTODO COOLHUNTING PARA ELABORAÇÃO DE ESTAMPAS DIGITAIS PARA SEGMENTO MASCULINO
Este trabalho foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Designer de Moda do curso Superior de Design de Moda na Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba.
_____________________________________ Edson Korner Coordenador do Curso
Orientadora: Prof. Daniele Lugli
Banca:
Prof. Andrea Schieferdecker
Prof. Edson Korner
Curitiba, 27/11/2016
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Agradeço a toda equipe de professores do curso de Design de Moda da Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba, em especial a minha Co-orientadora LucĂola Stenhaus Pires Zamprogna e orientadora Daniele Lugli, toda minha famĂlia e aos envolvidos para o resultado deste trabalho.
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RESUMO Atualmente o mercado da confecção e da moda tem tido um crescimento constante, com isso as exigências em produtos diferenciados e que acompanhem a idade da moda tem sido o grande desafio desses produtos. A estamparia é um dos diferenciais que pode agregar vários estilos e também envolve cada vez mais a tecnologia. A presente pesquisa apresenta o resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso, acerca da possibilidade do designer de moda conceber estampas conceituais para um determinado público-alvo masculino, descoberto através de metodologia aplicada. Para esse resultado foi feito uma pesquisa bibliográfica que aborda assuntos de moda, o sistema de tendências de moda e o coolhunting e estudo da aplicação de estampas. Para desenvolver a metodologia, foi utilizada uma readequação do Future Concept Lab sob a metodologia dos 4p’s, onde foram realizadas cerca de 70 entrevistas. Palavras-chave: Coolhunting. Estamparia Digital. Público-alvo.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 01 DESFILE RESERVA...................................................................................13 FIGURA 02 TERNO........................................................................................................19 FIGURA 03 TERNO .......................................................................................................19 FIGURA 04 MARLENE DIETRICH..................................................................................20 FIGURA 05 MIND BUILDERS.........................................................................................21 FIGURA 06 LINKER PEOPLE........................................................................................22 FIGURA 07 PROCESSO DIRETO..................................................................................25 FIGURA 08 RESULTADO PROCESSO DIRETO...........................................................25 FIGURA 09 PLANOS MACROTENDÊNCIA ..................................................................29 FIGURA 10 PESSOAS....................................................................................................31 FIGURA 11 LUGARES....................................................................................................32 FIGURA 12 PAÍNEL DE INSPIRAÇÃO NELSON MANDELA.........................................34 FIGURA 13 ESTAMPA 01...............................................................................................36 FIGURA 14 ESTAMPA 02...............................................................................................37 FIGURA 15 ESTAMPA 03...............................................................................................38 FIGURA 16 ESTAMPA 04...............................................................................................40 FIGURA 17 ESTAMPA 05...............................................................................................41 FIGURA 18 APRESENTAÇÃO MACRO DAS ESTAMPAS............................................43
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................8 2 MODA .......................................................................................................................10 2.1 TENDÊNCIAS DE MODA E O COOLHUNTING....................................................14 2.1.2 Práticas e Métodos de Coolhunting.....................................................................16 2.2 MODA MASCULINA...............................................................................................18 2.3 ESTAMPARIA.........................................................................................................22 3 APLICAÇÃO DO COOLHUNTING ..........................................................................26 3.1 PLANOS..................................................................................................................28 3.2 PESSOAS................................................................................................................30 3.3 LUGARES................................................................................................................31 3.4 PROJETOS..............................................................................................................33 4. DESENVOLVIMENTO DAS ESTAMPAS................................................................34 4.1 APRESENTAÇÃO DAS ESTAMPAS......................................................................35 4.2 APRESENTAÇÃO MACRO DAS ESTAMPAS .......................................................44 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................44 6 REFERÊNCIAS..........................................................................................................48 7. APÊNDICE.................................................................................................................49
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1 INTRODUÇÃO
A grande demanda e diversidade de públicos consumidores seguem como uma das características que expandem e movimentam a moda. Para alimentar este sistema, as tendências surgiram no intuito de melhor organizar as demandas e as informações cada vez mais distintas, específicas e direcionáveis. Nesse sentido, optou-se, nesse estudo, por privilegiar, dentre os processos da indústria têxtil, a estamparia, que vem ganhando destaque mundialmente. Seus métodos e aplicações estão sendo aprimorados com ajuda dos avanços tecnológicos para agregar valor aos produtos de moda. Grandes marcas e estilistas buscaram na estamparia diferenciais competitivos, criando identidade e exclusividade às criações. Técnicas de estampagem, tintas, efeitos e lançamentos como a impressora têxtil digital abrem possibilidades na criação e exploração de cores, sendo utilizada por diferentes grifes nacionais e internacionais. O Instituto de pesquisas Market Line, (2014) estima que no Brasil o volume de negócios da moda masculina cresça de US$ 18 bilhões (2013) para US$ 23 bilhões (2017). O fato é que esse comportamento efervescente em torno da moda é percebido em toda a população do gênero masculino. No segmento C e D, por exemplo, 54% dos homens se interessam por moda e 61% afirmam optar por roupas de marcas conhecidas. Hoje, no Brasil, a moda masculina ganha seu espaço com alguns nomes e algumas grifes. Grande parte desses estilistas e designers mantém um padrão seletivo do homem brasileiro, que de fato, mantém um estilo contrário do europeu.. Em se tratando da estamparia para o masculino, como destaque entra o xadrez, que é uma das estampas mais encontradas no mercado, assim como a localizada, que também é uma das mais utilizadas nas indústrias da confecção. Dessa forma, não se abre tanto espaço para as estampas mais elaboradas, criadas a partir de inspirações e pesquisas de tendências, até porque os homens se limitam ao diferente, conceitual, criando padrões através do próprio consumo. Com isso, o objetivo desta pesquisa é aplicar método de Coolhunting para a criação de estampas digitais para o segmento masculino. Para atingir este objetivo é necessário compreender e descrever o sistema de moda e de tendências de moda
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através do Coolhunting, identificar as práticas e métodos do Coolhunting, identificar evolução da moda masculina e tendências, descrever os processos de estamparia com foco na estamparia digital, levantar dados junto ao consumidor masculino a partir de uma abordagem de Coolhunting e por fim aplicar técnicas de estamparia digital partindo dos dados coletados na pesquisa de mercado. A metodologia aplicada neste estudo foi baseada em uma fundamentação teórica de conteúdo bibliográfico, artigos e institutos de pesquisa para a escolha das técnicas utilizadas e da forma como o produto final será apresentado. Para encontrar o público alvo foi utilizada uma readequação da teoria dos 4P’s do Future Concept Lab, instituto pioneiro em pesquisa de tendências liderado por Francesco Morace 1 que explica e traduz com mais facilidade o novo mercado que necessita cada vez mais do consumidor. Para o estudo também foram realizados registros fotográficos nas cidades de Curitiba e Rio de Janeiro durante os meses de abril, maio e junho de 2015. Tais registros foram sobre locais e pessoas para iniciar o método de Coolhunting estabelecido. O trabalho está organizado em duas partes fundamentais. A primeira com revisão bibliográfica introduz o sistema de moda, as criação de coleções e pesquisas de tendências. Em seguida, é tratado o sistema de tendências e como o Coolhunting chegou ao mercado como uma profissão. O próximo item traz a evolução da moda masculina até os dias atuais, sempre privilegiando a estamparia. Os processos de estamparia na indústria têxtil com foco na estamparia digital finalizam a pesquisa bibliográfica como base da pesquisa. A segunda parte relata a aplicação de método para a prática de coolhunting, as pesquisas de campo desenvolvidas durante o semestre, com registros fotográficos e leitura de imagens que trazem inspiração, além das entrevistas com o público sendo dividida a parte prática em três grupos de informação: o consumidor, o espaço que frequenta e as semelhanças indicativas ou associativas ao público na sua relação com a estamparia.
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Francesco Morace em uma de suas palestras no Future Concept Lab, associou e fez uma adequação dos 4P’s do marketing - produto, preço, praça e promoção - no 4P’s do de Societing - pessoas, lugar, planos, projetos proposto pela Future Concept Lab desde 2000. No Brasil não existe acesso à bibliografia sobre essa metodologia, mas sabe-se, através de referências, que é possível obter demais informações no livro FCL book European Asymmetries, 2002, em inglês e italiano.
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2 MODA
Partindo do entendimento do homem como um ser em evolução que vive em sociedade e não isolado, sua curiosidade e criatividade inerentes o fizeram uma espécie com incansável interesse pelo novo. Ainda que historicamente na era do costume as mudanças sociais seguiam a passos lentos e que a tradição era a palavra de ordem, ele encontra em sua própria história motivos para admitir que as transformações sociais e estéticas partissem para um ritmo mais arrojado e acelerado em busca de uma nova ordem: o novo. Nesse trajeto a moda surge para definir as mais sutis mudanças e transformações do homem social. Seus hábitos, seus gestos e seus interesses passam a ser expressos através de sua indumentária e objetos que o cercam. Para Lipovetsky (1998, p. 23):
A moda não pertence a todas as épocas nem a todas as civilizações: essa concepção está na base das análises que se seguem. Contra uma pretensa universidade trans-histórica da moda, ela se colocada aqui como tendo um começo localizável na história. Contra a ideia de que a moda é um fenômeno consubstancial à vida humano-social, afirmo-a como um processo excepcional, inseparável do nascimento e do desenvolvimento do mundo moderno ocidental. Durante dezenas de milênios, a vida coletiva se desenvolveu sem culto das fantasias e das novidades, sem a instabilidade e a temporalidade efêmera da moda, o que certamente não quer dizer sem mudança nem curiosidade ou gosto pelas realidades do exterior. Só a partir do final da Idade Média é possível reconhecer a ordem própria da moda, a moda como sistema, com suas metamorfoses incessantes, seus movimentos bruscos, suas extravagâncias. A renovação das formas se torna um valor mundano, a fantasia exibe seus artifícios e seus exageros na alta sociedade, a inconstância em matéria de formas e ornamentações já não é exceção mas regra permanente: a moda nasceu.
Estar na moda passou a ser novidade na sociedade. De acordo com (PALOMINO, 2003, p. 8) “quem está envolvido com a moda mal consegue lembrar-se de quando as coisas eram diferentes. Ficou comum dizer, em tom de alegria: a moda entrou na moda”. Moda pode ser entendida como um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, tendência em consumo da atualidade e também entra nas questões de identidade de cada consumidor. Através deste sistema é possível ver proliferar a diversidade, porque o novo acarreta isso e por si só gera uma expressão mais autônoma, considerando que a escolha de cada indivíduo, seja motivada pelo ambiente social ou aspectos pessoais tornam-se coerentes com aquilo que se é ou com aquilo que gostaria de se ser (CARVALHAL, 2014, p.19).
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Segundo Sant’Anna (2009, p.86): A moda (...) mais do que indicar os gostos que mudam de tempo em tempo, a fim de atender a vontade de distinção de um grupo social, é um sistema, que constitui a própria sociedade em que funciona. Como sistema, sua conceituação não pode ser elaborada tomando uma de suas principais características, o aproveitamento de sua dinâmica em favor das distinções sociais.
A moda funciona como um ciclo na sociedade que se inicia através de um lançamento de um produto, que passa a ser divulgado e desejado, e a partir do consumo se transforma na massificação até carretar ao fim e consequentemente a um novo começo. "O desejo de moda expandiu-se com força, tornou-se um fenômeno geral, que diz respeito a todas as camadas da sociedade" (LIPOVETSKY, 1989, p.115). Diante dessas informações, pode-se afirmar que: Moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico. Você pode enxergar a moda naquilo que escolhe de manhã para vestir, no look de um punk, de um skatista e de um pop star, nas passarelas do Brasil e do mundo, nas revistas e até mesmo no terno que veste um político ou no vestido da sua avó. Moda não é só “estar na moda”. Moda é muito mais do que a roupa. (PALOMINO, 2003, p.14)
A moda pode ser representada de várias formas e aspectos, nem sempre terá a mesma característica, ou a mesma essência, e sim, mudará com grande velocidade e facilidade, sempre de tempos em tempos, trazendo cada vez mais novidades para esse meio. “A moda estaria a serviço desse trabalho de integração, mais ou menos bemsucedido,
da
passagem
para
o
novo,
e
teria
a
finalidade
de
conduzir,
progressivamente, para um estilo.” (CARVALHAL, 2014, p.18) Apesar da grandeza de sua existência, ganha seu espaço e destaque até mesmo com as releituras de épocas passadas.
Segundo Castilho (2009, p.136) “A moda, dessa maneira, passa a ser
dotada de capacidade de expressar os mais variados discursos, valendo-se de estruturas plásticas que lhe são conhecidas e experimentadas formalmente em um tempo anterior”. Sabe-se que moda e produtos de moda nem sempre estão ligados diretamente com vestuário. É considerado um produto de moda todo produto que passa pelo processo de produção e consumo, principalmente após ser consumida como uma experiência estética. Conforme Sant’Anna (2010, p.18):
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Podemos entender que o sistema de moda é o conjunto de operações produtivas, de difusão e consolidação do produto de moda e que, como sistema, funciona interligado, não escapando nenhuma de suas ferramentas da mesma lógica e que, numa incessante realimentação, tornou-se peça chave do capitalismo contemporâneo, agenciando desejos e consumos.
Geralmente, produtos que possuem relação com a moda são criados e apresentados em formato de coleção. Para Rech (2002, p.68), coleção é definida como um conjunto de produtos, havendo harmonia em forma conceitual e comercial, onde serão entregues em determinadas datas do ano. Essa questão faz parte de uma organização de etapas. “Uma coleção deve ser coerente e deve contemplar os seguintes aspectos: perfil do consumidor, identidade ou imagem da marca, tema da coleção e proposta de materiais.” (TREPTOW, 2006, p.43) Esses itens devem ser as principais diretrizes de um designer na hora da criação de uma coleção, principalmente pelo público a ser trabalhado. “Criar é resultado de dois fatores bem distintos nos seres humanos: os sentidos perceptivos e a qualidade de conexões que o cérebro produz.” (GOMES, 2001, p. 47). Durante esse processo de criação de coleção, o estilista pode ser visualizado como mensageiro de ideias criadas através de pesquisas, levantamentos, materiais, formas e usos específicos. Sobre o processo criativo, Treptow (2006) aponta algumas técnicas de coleção, entre elas, esboços em brainstorming. A autora diz que o croqui e o desenho de moda nem sempre são usados na indústria de confecção. Cada coleção apresenta alternativas formais e opções funcionais para o usuário, utilizando sua capacidade associativa e combinatória: desde o produto mais básico ao mais experimental, todos compartilham um discurso comum, emitem a mesma mensagem. (FIORINI, 2008, p.110).
Coleções de moda podem ser caracterizadas como um sistema que apresenta diferentes produtos para o vestuário. Para Fiorini (2008) a coleção é um sistema particular,
tanto
pela
lógica
de
montagem,
que
apresenta
princípios
de
complementação entre diferentes produtos que serão usados sobre o corpo, quanto pela sua característica temporal e efêmera. Hoje podemos encontrar diversas marcas que buscam apresentar suas coleções de modo cada vez mais inusitadas, desde um tema a uma apresentação diferenciada nas passarelas. Como exemplo temos a marca Reserva que em um de seus lançamentos apresentou uma coleção chamada “Moda, Foque”. Os modelos vieram com uma estrutura presa às costas que servia como cabide para uma fantasia que
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praticamente os cobria, impedindo que o look fosse visto de frente. Cada modelo vinha com uma fantasia diferente, super-heróis, pirata, Shrek entre outros.
Em uma
entrevista fornecida ao jornal Estadão, exposto no próprio blog da marca, Rony Meisler, um dos seis sócios da Reserva, da sua opinião sobre marketing, marca, moda e coleção. “A marca hoje é essa grande mesa de bar, que agregou mais um monte de gente, e que não acha que tem um lifestyle melhor do que ninguém. Quando pensamos em coleção, pensamos primeiro no que a gente quer falar, depois vem o produto. O produto é mídia e a campanha é conteúdo. Sou muito mais um Publisher do que um estilista”. A marca conta com um mix de produto bastante diferenciado principalmente pelas estampas utilizadas para o público masculino, como apontado na figura 02 a seguir.
FIGURA 01 – DESFILE DA GRIFE RESERVA
FONTE: Correia (2013)
Apesar de ser uma marca que está em constante fase de crescimento e conhecimento pelo público, a Reserva vem buscando autenticidade em seu trabalho, ainda segundo Rony Meisler, para site de moda Fashion Forward: “A gente gosta de desfiles de verdade, multimídia e que não se importam com o lado mercadológico. O nosso barato é fazer o que ama”. Nesse sentido, o trabalho visa desenvolver um conjunto de estampas para o público masculino, inspirado pelo movimento de marcas que buscam no público a
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inspiração para aspectos criativos. Através do que o público fornece como comportamento, atitude, preferências, guiam as marcas num conceito co-criativo, mais participativo, integrado. A associação entre a estamparia, o conhecimento do públicoalvo, a busca e compreensão dos movimentos de tendências de consumo são os sets para inspirar a criação de uma espécie de coleção de estampas para que o próprio público dê um feedback deste processo. Esse procedimento é o objeto de estudo da presente pesquisa.
2.1 TENDÊNCIAS DE MODA E O COOLHUNTING Atualmente o mercado de moda necessita de produtos mais desenvolvidos e criativos para o público masculino. “O mercado de artigos de moda está dividido em três grandes mercados quanto ao gênero, feminino, masculino e infantil. O mercado de moda feminina representa a maior fatia, com 57%.” (TREPTOW, 2007, p. 49). As tendências, independentemente de seu público, costumam andar lado a lado com a moda. A mudança depende das tendências que dependem da moda e assim esse ciclo se estende a cada nova estação. “Entre 1340 e 1350, a inovação difundiu-se por toda a Europa ocidental”. [“...] A mudança não é mais um fenômeno acidental, raro, fortuito; tornou-se uma regra permanente dos prazeres da alta sociedade” (LIPOVETSKY apud RECH, p.2). Com essa frase, o autor afirma que a tendência foi reconhecida há muito tempo como uma mudança. Hoje isso se transforma em tendência, fato que se manifesta em qualquer segmento, não apenas de moda, mas em qualquer possível produto para ser consumido. “Certas tendências de moda vão e voltam interativamente num movimento cíclico, mas trazem, no retorno, uma leitura “outra” para o que recupera de um movimento anterior, longínquo, por sua vez, e que estaria atrelado a valores também reatualizados.” (CASTILHO, 2009, p.20). A partir da década de 40 quatro setores passariam a dominar o espírito dos tempos seguintes, abordados por Sant’Anna (2009) como sendo a obsolescência do novo, o avanço da mídia no domínio das imagens e signos, a produção sendo dominada pelo espetáculo e a tradição sendo redirecionada como objeto de consumo. Tudo isso ressalta o poder das aparências e dá impulso ao consumo e a produção massificada. Sequencialmente, as profundas transformações da década de 60 e 70
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veem com o aparecimento de marcas industriais, o crescimento de grifes e a queda da alfaiataria tradicional. Para Fontanelle (2004 p. 165): Um certo enfoque sociológico da publicidade compreende o marketing como um produto direto da propaganda. Segundo Lagneau (1981, p. 18), o marketing – “palavra de origem inglesa que designa a tendência das práticas comerciais a racionalizar-se em função do mercado”– teria se originado da necessidade de se compreender, via pesquisas, que tipo de imagem melhor seduziria o consumidor. Trata-se de uma referência histórica que remonta à década de 1930; portanto, ainda ao período no qual procurava-se atrelar imagens a um produto já fabricado para a venda, e onde o objetivo principal era apresentar o próprio produto. O produto era, portanto, a fonte mesma da imagem, e os meios de veiculação eram fundamentalmente impressos: jornais e cartazes. A partir das décadas de 1950/60, começa a se dar um processo de substituição do produto pela imagem na sua comunicação, não apenas porque havia uma necessidade objetiva das empresas se diferenciarem (com a explosão de produtos em massa cada vez mais homogêneos), como também devido ao surgimento da televisão que possibilitava a produção de imagens comerciais antes inimagináveis (um “vendedor eletrônico” na sala de visitas da família).
As décadas de 80 e 90 foram marcadas pelo mito do corpo, a queda dos sistemas de valores tradicionais e os estilistas passam a ser vistos como heróis, como quem dita as regras com suas modelos representadas como super-heroínas. O vestuário então é tido menos como símbolo de status e mais como linguagem fazendo com
que
o
consumo
se
torne
cada
vez
mais
específico.
Segundo Maioli (2012), com a produção massificada e do sistema prêt-à-porter nasceram os fashion’s concils com o objetivo de realizar uma planificação coletiva, uma forma de racionalização da moda, coordenando a indústria da confecção, indicando os gostos dos consumidores bem como as possibilidades de novos produtos. Com o desgaste da alta costura o novo sistema percebe e absorve mais facilmente os estímulos sociais decorrentes de manifestações como a arte, o cinema, a música e o comportamento jovem. Surge então um novo modelo de propagação de tendências dando início às pesquisas de previsões. Da evolução dos Bureaux de Style vem os Trendbooks como um monopólio de mercado influenciando o consumidor final. Desde a década de 60, futuristas e sociólogos apontavam tendências de consumo e comportamento através do marketing. A partir dos anos 80, pioneiros como Faith Popcorn, Irma Zandl, Francesco Morace e Malcolm Gladwell intensificam tais atividades de prospecções utilizando o coohunting como uma espécie de “braço” de agências de marketing e pesquisa de comportamento
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social. Em 1997 o termo coolhunting é utilizado pela primeira vez por Malcolm Gladwell em seu artigo “ The Coolhunt” . Segundo Fontenelle (2004 p. 167): Opondo-se às tradicionais pesquisas de mercado – especialmente as quantitativas – a caçada ao cool, conforme dito pelo jornalista e escritor Malcolm Gladwell, visa descobrir quais, dentre as milhares de coisas que estão acontecendo na cultura jovem, serão mais importantes no sentido de constituírem tendências que possam ser transformadas em consumo. Trata-se, portanto, de uma forma de percepção que consiga captar as mudanças suprir nas configurações socioculturais em curso em detectar padrões e, especialmente, em transformar isso em algo muito rentável ao ser vendido para empresas ávidas por informações sobre a quem e como vender os seus produtos e ou serviços.
2.1.2 Práticas e Métodos de Coolhunting
Toda estrutura mercadológica vem passando por grandes mudanças. De certa forma, a mídia é quem passa pelo mesmo processo, principalmente pela necessidade do imediatismo quando se tratam de moda, publicidade e marketing. A necessidade dessa rapidez nas redes de comunicação direta ou indireta com o consumidor fez com que ao passar dos anos, a agilidade virasse estratégia para ambos os lados. “As chamadas ‘pesquisa de mercado de tendências culturais’ – cujas origens remontam aos anos 1970, mas que ganharam um novo formato e um novo status a partir dos anos 1990 – se destacam como ferramentas essenciais para essas novas formas de estratégias comunicacionais”. (FONTENELLE, 2004). A técnica do coolhunting como ferramenta de pesquisa pode ser considerada pouco conhecida. Entende-se como um coolhunter aquele considerado observador que identifica manifestações de tendências. “... O Coolhunter procura constantemente o que é cool, baseado apenas na curiosidade e na intuição, características estas que são necessárias, mas que constituem apenas parte do processo.” (Campos, p.2,2014) Com isso podemos entender que essa profissão funciona basicamente através da intuição e sensibilidade dos profissionais da área, suas características acabam despertando mais interesse do que seus métodos utilizados. De acordo com Campos (2014, p.2): O Coolhunting pode ser caracterizado como uma narrativa mítica, dado seu objetivo de narrar, anunciar, nomear e designar aquilo que é cool, novo e fresco, em determinado espaço, tempo e grupo, identificando comportamentos, produtos, serviços e estilos de vida que ainda não se tornaram populares.
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Há dois tipos de coolhunter: o pesquisador de moda que busca tendências que focam as cores, formas e materiais que devem ser usados nas próximas duas ou três estações; e o coolhunter que se aprofunda mais no comportamento de consumo e no estilo de vida. Na prática, a técnica do Coolhunter enquanto pesquisa, ainda é pouco entendida. Para Campos (2014, p. 2) Para que um Coolhunter possa desenvolver o seu trabalho com coerência e consistência, torna-se necessário uma metodologia precisa, visto que a pratica de Coolhunting acontece em um sistema altamente complexo de nichos de mercado e de pesquisa exploratória, lidando principalmente com dados qualitativos.
Com isso, podemos entender a necessidade da aplicação de metodologias estruturadas, pois afeta diretamente o trabalho de um Coolhunter para que se possa reconhecer padrões e identificar sinais. “Os Coolhunters podem trabalhar de diversas maneiras. Alguns profissionais possuem seu próprio negócio ou trabalham atrelados a uma grande empresa que elabora pesquisas mundialmente.” (RECH, 2002). Cada caçador de tendências tem o seu próprio método de pesquisa, mas em geral, eles frequentam os mesmos tipos de lugares e encontram referências semelhantes. No processo de coolhunting é preciso observar, fotografar e fazer anotações. Por isto, na grande maioria das vezes, os pesquisadores estão sempre com uma câmera fotográfica, um bloco de anotação, ou um smartphone capaz de exercer as duas funções. Existem empresas especializadas e focadas na técnica de coolhunter. Muitas conhecidas e renomadas pelo trabalho e reconhecimento de mercado. Entre as mais conhecidas com foco em moda estão o WGSN, o Stylesight, o Fashion Snoops e o Trendstop. Essas empresas também oferecem serviços de consultoria para os clientes que solicitarem. De acordo com Riezu (2011) todo jovem é um coolhunter em potencial. Porém, para sê-lo de fato é preciso ser dotado de uma grande capacidade de abstração, porque a matéria prima deste profissional está nas entrelinhas. A informação genérica não interessa. Para descobrir o tal “cool” é preciso se aproximar de pessoas “cools”. Estes indivíduos são detentores de um comportamento inovador. Voltando para o processo do coolhunter, a autora lista as categorias de consumidores. Nomes me inglês que descrevem a relação que tal ou tal pessoa têm com as tendências. Os “early adopters” são os primeiros. Aqueles que descobrem e colocam a tendência em prática. Os “laggards” são aqueles que só consomem depois
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que a coisa está devidamente mastigada e digerida. Ou seja, para descobrir o que é “cool” é preciso descobrir quem está na primeira categoria. Os coolhunters costumam ir atrás de jovens porque são mais destemidos com novidades. Logo, para desbravar o cool é preciso se relacionar com o mundo real, e com pessoas reais, e evitar os pré-conceitos, e os preconceitos. Ainda conforme segundo Riezu(2011) seus colegas de profissão não podem se achar os donos da verdade e também alerta que é um trabalho com um prazo de validade. A internet democratiza a informação e muito em breve as próprias empresas vão se auto alimentar de "cool".
2.2 MODA MASCULINA E AS TENDÊNCIAS
A moda possui um espaço muito grande dentro dos ciclos de tendências atuais do mundo todo. “Seguir moda é, ainda, adotar figurativamente uma identidade e declará-la, norteando-se pelas regras que garantam o reconhecimento e a identidade do sujeito e, consequentemente, sua integração a um determinado grupo.” (CASTILHO, 2009, p.18) Essas afirmações mostram que a moda é uma forma de se manifestar através de identidades propostas por ela mesma.
Para ela, o poder da permanência da
alfaiataria mostra autoridade, força simbólica e emocional. O terno tem um caráter abstrato e apresenta uma mensagem de continuidade no mundo contemporâneo, por isso o seu não desaparecimento e a mudança do seu campo de atuação também para traje feminino e para o traje casual, trouxe mudanças para seu significado social e sexual. A seguir imagens para ilustrar o acontecimento do terno:
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FIGURA 02 – TERNO
FONTE: Pinterest; Philip Blower - George Raft e Carole Lombard, 1935. (2012)
FIGURA 03 - TERNO
FONTE: Pinterest. Patricia Milligan - Jack Lemmon e Clark Gable, 1955. (2014)
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O homem vem criando e desenvolvendo influências de moda desde muitos anos atrás. “Ao longo da história do vestuário, é sempre o traje masculino que mais se aproxima da realidade anatômica humana e o que sofre menos interferência em suas formas e proporções [...]” (CASTILHO, 2009, p.110.) Já foi definido como maior consumidor de moda, muito mais que as mulheres, em tempos que não existiam grandes influências de consumo. Segundo Lipovetsky (1989), a moda masculina é lenta, moderada e sem impacto, ou seja, determinados aspectos da moda masculina não possuem tanta visibilidade quando a moda feminina. O homem se apega em detalhes e clássicos que lhe foram fragmentados com o passar dos anos. Sabemos também que o homem até hoje surge como forma de inspiração para o guarda roupa feminino. Muitos estilistas e designers utilizam há anos o terno clássico para transcrever uma mulher mais formal e à frente de seu tempo. Como exemplo tem a atriz e cantora alemã, Marlene Dietrich, naturalizada estadunidense, uma das atrizes mais marcantes no cinema, e a primeira mulher a usar publicamente calça na década de 1920. No ano de 1930, quando usou um terno completo com gravata, criou um grande desconforto pelo peso e rigidez das formas tipicamente masculinas (BLAKMAN, 2011). A seguir na figura 04, a atriz usando calças na década de 1920. FIGURA 04 – MARLENE DIETRICH
FONTE: Livro 100 Anos de Moda - 2011
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A partir daí encontramos a influência masculina em questões sociais, pois no início da Primeira Guerra mundial (1941-1918), quando os homens se dirigiam aos campos de batalha, sobrava para as mulheres à tarefa de trabalhar fora, e o reflexo do masculino em questões de status e indumentária passou a fazer parte do mundo feminino. Assim surgira a popularização da calça e terno unissex. “Nessa perspectiva, cada indivíduo se encontra vinculado a um modo de se vestir e a todos os nexos institucionais ou afetivos que fazem a ligação entre ele e o grupo ao qual pertence.” (CASTILHO, 2009, p.109) Atualmente, diversos autores buscam novas maneiras de desvendar um público alvo, seja masculino ou feminino. Francesco Morace, sociólogo, escritor e jornalista, desenvolveu um estudo para descobrir diversos públicos espalhado pelo mundo. Um deles, conhecido como Mind Builders, possui características a serem trabalhados na metodologia aplicada para desenvolver um público alvo nesse estudo. Pode ser considerado como um núcleo geracional que é a expressão da nova burguesia intelectual: engenheiros e programadores de software, cosmopolitas, com uma vocação para os serviços e à tecnologia. São os novos existencialistas, os apaixonados pelo estudo do pensamento humano e pela leitura. São os cultores das linguagens, em todas as suas versões e da troca intercultural. FIGURA 05 – MIND BUILDERS
FONTE: Morace (2012)
Outro público nomeado por Morace, os Linker People, são trendsetters das tendências de consumo. Possuem de 20 a 35 anos, são os que têm no espaço urbano
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uma principal fonte de estímulos. São curiosos e muito interessados nas novidades das novas tecnologias. São abertos a combinações de elementos presentes na fragmentação do urbano. Gostam de experimentar novas tecnologias. Multiplayers, não se identificam com apenas uma comunidade ou grupo. Segundo Morace, (2012) “Eles utilizam a rede como plataforma de relações, influenciam suas famílias e sua comunidade”. FIGURA 06 – LINKER PEOPLE
FONTE: Morace (2012)
2.3 ESTAMPARIA
Muito antes de surgirem tecidos, os homens já pintavam seus corpos com pigmentos minerais. Método que ajudava a distinguir a classe social e fazia com que acreditassem que lhes trazia proteção. “A criação das estampas pelo homem foi motivada pela necessidade de colorir e decorar seu meio ambiente. Esse tipo de trabalho teve inicio na Índia, e na Indonésia, de onde chegou aos países do mediterrâneo.” (PEZZOLO, 2007, p.184). O design de superfície vem crescendo cada vez mais, com profissionais atuantes na área, congressos e até mesmo fóruns sobre o assunto. Em questões de ambiente de trabalho, sabe-se que os atuantes são designers gráficos, designer têxtil, desenhistas e ilustradores. “O impulso de tentar aproximar ou mesmo fundir essas áreas pode parecer correto porque existem muitas semelhanças em seus processos de criação e, muitas vezes, no resultado que apresentam.” (FREITAS, 2011, p.16) ”A
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finalidade da verdadeira estamparia é a de tornar o tecido mais atraente e chamar a atenção de um possível usuário e, claro, a de renovar a moda permanentemente e conquistar novas posições no mercado consumidor.” (CHATAIGINIER, 2006, p. 82). Na concepção de Gomes (2007), a estamparia pode ser considerada como um tingimento local, que permite formar desenhos com uma ou mais cores, ou seja, tendências, já encontradas e lançadas em um produto, nesse caso o tecido. Na questão da busca do diferencial para o desenvolvimento de uma coleção, conforme Levinbook (2008), o design de superfície ainda é uma área em construção, tanto por questões de estudos históricos quando em relação às pesquisas científicas que auxiliariam nos desenvolvimentos técnicos, como em projetos, interferências, sobreposições, texturas, cores e contrastes. Desenvolvimentos que podem transformar uma superfície em design de superfície. A estamparia digital é um importante caminho para o desenvolvimento tecnológico no ramo da estamparia. Segundo Moura (2013), para o designer as vantagens da estamparia digital estão principalmente no quesito de disponibilidade sintática de criação, pois esta permite uma infinita variedade de cores e formas sem que haja necessariamente um tamanho definido para o tecido ou um padrão de repetição de imagem. Em um mercado cada vez mais globalizado, onde moda, tendência e comportamento ajudam a ditar caminhos e inovações, consumidores exigem um produto que apresente cada vez mais cores e variações de desenhos, fazendo com que o mercado têxtil tenha mais necessidade de flexibilidade no ramo da estamparia. Atualmente está surgindo um estilo mais maduro de design digital graças a uma maior experimentação por parte dos designers, cujas criações se baseiam em motivos escaneados ou provenientes da fotografia digital, o que facilita os efeitos visuais, como as ilusões óticas, além de estilos gráficos e de ilustração que somente são possíveis com o uso da manipulação digital. (BOWLES; ISAAC, 2009, p.18)
Portanto, com o passar do tempo esse método de estamparia irá se tornar um dos processos favoritos para produções em grande escala e para tiragens pequenas.
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A configuração da Superfície tornou-se [...] muito relevante. Já que a aparência é percebida por meio das características diretamente observáveis pelos sentidos e interpretáveis a nível pessoal, é crucial enfatizarmos tanto os aspectos sensitivos inerentes quanto os cognitivos possíveis – além dos psicológicos e antropológicos existentes – na interação do sujeito com o objeto através da sua Superfície. Tais aspectos podem condicionar a percepção do sujeito sobre um produto bem como as questões emocionais inerentes, influindo na mais valia e na aquisição ou não do mesmo [...], pois os elementos percebidos pelos sentidos, além de agregarem valor estético, definem e qualificam um artefato [...] (SCHWARTZ, 2008, p. 36).
A estamparia digital basicamente pode ser de dois tipos, direta e indireta. A técnica de impressão direta ocorre por jato de tinta, segundo (BARCELLOS, 2010, p. 56), o tecido em bobina é tratado quimicamente para receber a tinta da impressora digital e a estampa é fixada por meio de processo calorífico, ou químico. “[...] permite colorir as fibras em profundidade, por causa da sua capacidade de lançar em alta velocidade quantidades importantes de material colorante.” (PEZZOLO, 2007, p.193) Com isso, acaba possibilitando uma maior liberdade para a criação dos desenhos a serem estampados. “A estamparia digital também aumenta as possibilidades criativas de design, com sua capacidade de imprimir estampas detalhadas utilizando qualquer escala ou padronagem por repetição, assim como designs sem repetição e projetados, sem limitação na quantidade de cores utilizadas.” (BRIGS-GOODE, 2014, p.142)
A fábrica de estampas La Estampa, localizada na Espanha, é conhecida por diversos trabalhos de estamparia com grandes marcas, como exemplo na figura 03 temos o processo de estamparia digital direto, logo em seguida na figura 03, o resultado em um de seus maiores clientes, a Farm.
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FIGURA 07 – PROCESSO DIRETO
FONTE: La Estampa (2013)
FIGURA 08 – RESULTADO PROCESSO DIRETO
FONTE: Adoro Farm (2014)
Já a técnica indireta ocorre por termo-transferência, que também pode ser conhecido como “transfer”. De acordo com Barcellos (2010) a impressão por transfer é quando uma folha de papel é impressa com tinta e a imagem transferida através de
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uma calandra ou prensa para o tecido. Essa técnica ocorre através da sublimação, aplicação de intenso calor, em papel, que será aplicado no tecido. De acordo com Pezzolo (2007) “O processo utiliza a alta temperatura na transferência de corantes e é bastante aproveitado na estamparia de base sintética e em camisetas”. Atualmente o mercado busca meios não prejudiciais e sustentáveis para o meioambiente, segundo (BRIGGS-GOOD, 2014, p.144) “A estamparia por termo transferência é um processo razoavelmente econômico e pode ser considerado menos prejudicial ao ambiente do que muitos outros processos, pois produz menos resíduo e tem utilização mínima de água. Também não há corantes em excesso nem necessidade de aplicação de vapor ou água para fixar no tecido, ou para lavar as telas.” O principal produto desperdiçado com o uso desse processo é o papel de termo transferência, que pode ser reciclado para outros fins.
3 APLICAÇÃO DO COOLHUNTING
Existe uma grande dificuldade na escolha da metodologia certa para o desenvolvimento de um projeto que mais se adeque a forma de pensar de um designer que esta a frente do projeto. Ou seja, cada designer deve organizar seu método de projeto, no entanto, sempre haverá relação ou embasamento em metodologias tradicionais. De acordo com Baxter (1998, p. 19), “Alguns designers não concordam com a divisão do projeto em etapas. Eles argumentam que o processo, na prática, não segue uma sequência linear, tendendo a ser caótico”. A mente humana explora algumas ideias no nível conceitual enquanto, ao mesmo tempo, está pensando em detalhes de outras. As ideias surgem aleatoriamente, de várias maneiras. Não é possível delimitá-las em etapas prédefinidas. Até chegar ao projeto final, as ideias foram e voltaram diversas vezes, num processo interativo. (BAXTER,1998 p.19)
A metodologia utilizada para desenvolver esse trabalho foi organizada e inspirada a partir de práticas oferecidas como serviço do Future Concept Lab, instituto de pesquisa italiano referência nos estudos de tendências de comportamento. Future Concept Lab é um instituto de pesquisa especializado em marketing e consumo de tendências. Ao longo dos últimos vinte e cinco anos, esse instituto vem realizando uma extensa pesquisa em 25 países ao redor do mundo , reunindo, monitorando e
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interpretando as tendências no ambiente público e doméstico, além de definir estratégias de produtos, comunicação e distribuição através de consultoria e treinamento para grandes marcas. O Instituto tem implantado projetos integrados de investigação com base em metodologias específicas que levam à definição de cenários setoriais, por meio de serviços de consultoria e informação a fim de permitir aos seus clientes estrutura para lidar efetivamente com avanços do mercado. A metodologia oferecida pelo Future Concept Lab consiste em Observatório de Consumo como estímulo permanente nos processos de desenvolvimento de empresas e da sociedade. Nesse caso, a metodologia utilizada e aplicada nesse estudo, foi uma adequação da metodologia dos 4Ps do marketing - produto, preço, praça e promoção no 4Ps do de Societing, pessoas, lugar , planos, projetos que pode ser vista de uma maneira simples, porém eficaz para desencadear o processo criativo. Os 4Ps começam com Planos, que é a identificação e descrição de tendências significativas relacionadas com a vida das pessoas no setor privado ou público. A partir daí temos Pessoas, que é identificação do público alvo, usuários e suas características únicas, e com isso já abre espaço para desenvolver e encontrar Projetos que são os raciocínios em diferentes setores de negócios, marcas e cases de sucesso que podem inspirar um projeto. Os Lugares identificam o mercado ideal, cidade, país ou local e aspectos distintivos relacionados que se adequem ao público selecionado. A primeira etapa dessa metodologia foi realizada através de pesquisa exploratória, onde foram feitas perguntas registradas por vídeos com pessoas que puderam colaborar com a identificação do público alvo. Por ser uma pesquisa bastante especifica, foi apresentada a justificativa e com isso criado uma consonância com demais fontes do trabalho para que fosse possível uma coerência maior do estudo. A fim de alcançar um maior número de pessoas que se interessem com o assunto, foi criado um questionário online (ver apêndice 6.1) composto por três perguntas diretas, que permitiu a justificativa do entrevistado, com relação ao público masculino, a estamparia e o mercado da moda nesse segmento. Nesse estudo, além da metodologia aplicada, foi usado o método de observação do coolhunting, juntamente com os 4P’s do societing como referência para definição de parâmetros para o desenvolvimento das estampas propostas no trabalho.
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3.1 PLANOS O desejo de estabelecer uma relação mais prazerosa e criativa consigo mesmo, com o outro e com o entorno tende a se fortalecer nos próximos anos, refletindo-se estilo de vida e de consumo. Para esse estudo, foi preciso identificar uma macrotendência que se encaixasse com o público alvo encontrado através da metodologia. Para encontrar essa macrotendência, foi levado em consideração, além do perfil do público alvo entrevistado, os lugares e projetos selecionados a seguir. A partir das semelhanças e repetições observadas, identificam comportamentos comuns, que receberam de acordo com o portal de moda e tendência, UseFashion, os nomes de Utopias Cotidianas. Esse comportamento engloba o desejo das pessoas de desfrutar de pequenos prazeres do dia a dia, desde pausas na rotina de trabalho até refúgios na natureza. Trata-se da busca por pequenos prazeres e paraísos dentro da realidade mundana, tirando qualquer tipo de excesso, deixando permanecer apenas o essencial e colocando o amor como combustível da contemporaneidade. Integram a Everyday Utopias três movimentos, Vicelles, Micro Adventures e ReLOVution. Viceless pode ser entendido como uma vida sem excesso, sem vícios, sem padrões de rotinas, exemplo desse comportamento é a família da Manu³, Hugo e os filhos Tomé e Nina, eles trocaram a vida confortável em Lagoa Santa (MG) para morar na Chapada Diamantina (BA). Entre altos e baixos, Manu relata nos posts do blog Notas Sobre uma Escolha como está sendo a vida no campo, onde produzem o próprio alimento. Micro Adventures são os espaços para pequenas fugas, como festivais e praias, a série de fotos Place Hacking, do artista Bradley Garret, onde ele explora lugares inusitados como túneis, andaimes e altos de prédios, a exposição Ghosts, Underpants and Star, uma espécie de casa mal assombrada interativa em Tóquio, no Japão e o Festival Psicodália, um evento brasileiro que reuniu música, teatro, cinema e workshops artísticos em Rio Negrinho.
_________________________________ ³Notas de Uma escolha: Família troca vida confortável em Lagoa Santa (MG), para morar na Chapada Diamantina (BA). Disponível em: http://revistadonna.clicrbs.com.br/moda/segundo-o-portal-wgsn-vidasimples-e-conectada-a-natureza-e-tendencia-de-comportamento
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Relovution é o amor designado para ser o combustível da contemporaneidade, amores líquidos sendo substituídos por novos amores modernos. Como último trabalho de Relovution há o projeto Mais Amor, Por Favor. Um movimento, iniciado em 2009 pelo artista Ygor Motta, em que a intenção é justamente chamar atenção para o amor por meio de cartazes espalhados pela cidade. Abaixo o paínel que servirá também como inspiração para realização das estampas.
FIGURA 09 – PLANOS MACROTENDÊNCIA
FONTE: A autora, 2015
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3.2 Pessoas
O chamado cool-hunter, é basicamente treinado para captar tendências e novos comportamentos, é considerado hoje uma antena sensível, capaz de indicar novos desejos do consumidor, estilo de vida, anseios e valores. A partir do problema apresentado nesse trabalho, para dar continuidade à metodologia aplicada, foi preciso identificar pessoas que se encaixassem nas ideias e propostas apresentadas. A princípio o foco inicial seria entrevistar homens, e ao decorrer do trabalho foram identificadas mulheres que poderiam também acrescentar maiores informações para melhor desenvolver a pesquisa. Ao todo foram entrevistados setenta pessoas, dentre homens e mulheres em Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e demais cidades. Não houve limitação de região, pois a busca inicial era a existência desse público para desenvolvimento do produto. Cerca de vinte e cinco pessoas autorizaram ser fotografadas. Sete delas foram fotografadas e filmadas e os demais responderam ao questionário online. De modo geral, as respostas obtidas deram muita abrangência para detalhes e opiniões bastante significativas para o resultado desse trabalho. Abaixo painel com fotos de alguns dos entrevistados que permitiram a exibição de sua imagem. Em relação ao público encontrado, foram entrevistados pessoas com idade entre 21 à 35 anos. Dentre esses entrevistados, foi identificado um público bastante voltado à natureza, que apesar de buscarem tranquilidade e bem estar, também possuem uma vida urbana onde se dedicam a tarefas pessoais. Entre os interesses em comum, o esporte, a natureza e esse cotidiano urbano que seduz um público bem mais amplo do que o universo de surfistas. É muito comum encontrar pessoas de diversas classes sociais e interesses profissionais e que não praticam o surfe, mas que, nos seus dias de folga, vestem roupas produzidas por essa indústria. No entanto, para definição de público alvo para esse estudo, foi identificado um homem que se identifica com o surfe, aquele que possui uma visão da praia, da onda e até do próprio esporte, sendo surfe ou não, bem diferente da maioria das pessoas. Não se atenta necessariamente ao lado profissional mais sólido, e não se preocupa necessariamente com status de posição social. Por isso é preciso saber o que esse público está consumindo, quais lugares frequenta e o que gosta. Abaixo alguns dos entrevistados que permitiram a divulgação de suas imagens.
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FIGURA 10 - PESSOAS
FONTE: A autora, 2015
3.3 Lugares
A partir da metodologia aplicada, das pessoas entrevistadas, a pesquisa ganha mais espaço para os lugares que seriam onde o público selecionado frequenta. Essa ferramenta busca mostrar um pouco mais da personalidade do público e também melhorar e aprimorar o reconhecimento do mesmo. Foram localizados bares, restaurantes, casas noturnas e até mesmo pontos de encontro em determinadas ruas onde pode identificar esse público. Dentre elas locais alternativos na cidade de Curitiba como o Barba Hamburgueria, conhecida na cidade por ser localizado em dois endereços e ter um ambiente noturno com cervejas e hambúrgueres. O Pizza, lugar descolado que vende cervejas e pizza a um valor de custo benefício bastante favorável ao consumidor, atualmente com três pontos de venda em Curitiba. Um lugar novo na
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cidade que abriu recentemente é o Whatafuck Hamburgueria, cervejas artesanais e hambúrgueres com preços semelhantes ao da Pizza, lugar todo colorido e atraente pelo ambiente com preços acessíveis. Os lugares explorados foram selecionados a partir do público a ser encontrado. Depois da região mais urbana e o questionário online divulgado, foram feito buscas para observação em praias como Copacabana no Rio de Janeiro, Praia do Rosa, em Santa Catarina e praias do Paraná, como Caiobá, Matinhos, Guaratuba e Paranaguá E Ilha do Mel. Pode-se perceber uma grande quantidade de pessoas que buscam esses lugares para desfrutar de pontos semelhantes como os já citados neste estudo, a simplicidade, prazeres e liberdade. Percebe-se uma busca constante de tempos em tempos desse público, e acredita-se que essa busca venha da necessidade de uma conexão maior do indivíduo com o próximo e com o ambiente que o cerca, retirando excessos, priorizando a essência das coisas.
FIGURA 11 - LUGARES
FONTE: A autora, 2015
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3.4 Projetos Consideradas as últimas etapas para conclusão da metodologia, foram coletados dados e projetos que se identificam com o tema dessa pesquisa. Atualmente o mercado vem buscando inovações de qualquer segmento, e pra isso os novos designers e estilistas estão se destacando e sendo descobertos com seus trabalhos. Para o desenvolvimento do processo criativo dessa pesquisa, esse tópico tráz projeto de inspiração, que irá ser desenvolvido na elaboração das estampas. Para se encaixar nos segmentos já apresentados em relação ao público alvo, foi encontrado e selecionado como inspiração principal um projeto que envolveu Nelson Mandela, líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Seu nome verdadeiro é Rolihlahla Madiba Mandela. morreu aos 95 anos e deixou um grande vazio no mundo. Poucos não sabem, mas existe uma marca de roupas inspirada no estilo do líder político, da grife 446/64 Fashion. Mandela geralmente era visto com suas típicas camisas ultra estampadas, do clã Madiba, do qual Mandela fazia parte. A Panamericana e a grife 466/64, da África do Sul, realizaram, em Junho de 2014, uma série de ações com o objetivo de aliar Moda e Educação como forma de promover o legado e a luta de Nelson Mandela. Trata-se do número de prisão do líder mais o ano em que ele foi preso. Reconhecida internacionalmente por se inspirar nas cores, crenças e o estilo de vida do líder político, a 466/64, apresentou, inicialmente, a marca para representantes brasileiros, estilistas e alunos do curso de Design de Moda da Panamericana. De acordo com o site Fashion Forward, ideia do evento é falar não apenas de estilo e tendência, mas, principalmente, mostrar aos possíveis parceiros que são possíveis desenvolver um trabalho fashion de qualidade em prol de uma causa. O número 466-64 foi o número de identificação dado a Nelson Mandela na prisão de Robben Island, na África do Sul, onde o expresidente ficou encarcerado por 27 anos. Em meados dos anos 2000, após
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deixar o governo do país, Mandela fundou a organização 46664 para desenvolver campanhas de prevenção ao HIV/AIDS e que ficaram conhecidas especialmente pelos concertos musicais em diversas cidades, entre elas Cape Town, Madri, Tromsø, Johannesburgo e Londres. Foi escolhido Nelson Mandela na realização desse estudo de acordo com as semelhanças no uso de estamparia masculina, e como uma conexão com os demais temas abordados.
FIGURA 12 – PAÍNEL INSPIRAÇÃO NELSON MANDELA
FONTE: A autora, 2015
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4 DESENVOLVIMENTO DAS ESTAMPAS Para a elaboração das estampas propostas neste trabalho, foi preciso mesclar o estudo de estamparia e necessidades no mercado masculino com relação à estamparia e as colocações da teoria dos 4 P’s do societing, que definiu as quatro fundamentais etapas para que pudesse chegar ao resultado final. Com base nesse estudo, foram delimitadas cinco estampas que se encaixassem diretamente com a macrotendência selecionada e o público estudado. A princípio, essa pesquisa teve como base inicial a estamparia corrida, porém, ao se colocar de frente com o público alvo, desde entrevistas até pesquisas visuais, foi percebido que apesar do mercado masculino buscar e se colocar como um segmento que sente falta da estamparia corrida, a localizada ainda é um formato bastante usado e selecionado de maneira cada vez mais criteriosa pelo público alvo. Portanto, para apresentação e resultado final desse trabalho, foram desenvolvidas cinco estampas, que ilustram basicamente as necessidades mais apontadas desse público alvo, entre estampas corridas e localizadas.
4.1 Apresentação das estampas A seguir são apresentadas as estampas desenvolvidas a partir da realização
do
método
Coolhunter
e
da
metodologia
aplicada
para
desenvolvimento deste projeto. Cada estampa acompanha as inspirações baseadas nos resultados obtidos nos 4 P’s desenvolvidos anteriormente.
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FIGURA 13 – ESTAMPA 01
E S T A MP A I L H A D O ME L t r anspar ênci a - pr ai a f ot ogr af i a - suavi dade
01
FONTE: Da autora (2015) A princípio, uma foto da própria autora decorrente de suas pesquisas visuais para o desenvolvimento da metodologia aplicada. A foto selecionada tem como inspiração a leveza do lugar, a tranquilidade e as cores claras. Uma vez que para o público, seria fundamental uma estampa que retratasse um dos lugares que frequentam. Como aspectos formais, têm-se a distorção da imagem fotográfica para uma imagem em bitmap. Como aspectos funcionais objetivos, tem-se a diferenciação e
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originalidade da roupa proporcionada pela padronagem, no caso dessa foto, seria aplicação de estampa localizada. Os aspectos funcionais subjetivos ou simbólicos estão nos significados transmitidos pela estampa, seguindo conceitos da coleção e metodologia aplicada.
FIGURA 14 – ESTAMPA 02
E S T A MP A P RA I A DE F ORA f ot ogr af i a
-
pr ai a
-
ma r
02
FONTE: Da autora (2015)
Essa imagem retrata a praia, o mar e as pessoas que frequentam o lugar fotografado. É uma imagem com inspiração nos lugares estudados com a metodologia aplicada. Apesar de se tratar de uma imagem fotográfica, essa estampa será aplicada de modo completa, criando uma única imagem na peça quando estampada, tendo um apelo diferente de estamparia masculina.
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Os aspectos funcionais subjetivos ou simbólicos estão nos significados transmitidos pela estampa, seguindo conceitos da coleção e estudos aplicados aos lugares frequentados do público alvo.
FIGURA 15 – ESTAMPA 03
FONTE: Da autora (2015)
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As estampas geométricas foram e continuam sendo usadas tanto no segmento masculino quanto no feminino. Atualmente podemos ver esses elementos em diversos setores do dia-a-dia, em tatuagens, pinturas, arquitetura e design nas passarelas. Foi selecionada essa padronagem de acordo com a proposta do projeto - intensificar estamparia no segmento masculino - seguindo referências de cores de acordo com o estudo realizado através da metodologia aplicada. Como aspectos formais, têm-se as formas geométricas das estampas. Como aspectos funcionais objetivos, tem-se a diferenciação e originalidade da roupa proporcionada pela padronagem. Os aspectos funcionais subjetivos ou simbólicos estão nos significados transmitidos pela estampa, seguindo conceitos da coleção.
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FIGURA 16 – ESTAMPA 04
n a t u r e z a s u a v i d a d e
t r a n s p a r ê n c i a r e l e i t u r a
04
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FONTE: Da autora (2015) Os pássaros representam a paz e a leveza no meio das estampas. Suas cores e seu tamanho são para aliviar e representar a liberdade dentro do mix da coleção. As estampas de pássaros podem também remeter à naturalidade ou a sofisticação, isso vai depender dos componentes e do foco da composição do look. Ao se deparar com a relação que essa estampa tem com a metodologia, entende-se que a natureza se liga diretamente com os lugares estudados e com o público alvo. Como aspectos formais, têm-se as a silhueta dos pássaros na estampa. Como aspectos funcionais objetivos, tem-se a diferenciação no tamanho, cores e colocação do desenho. Os aspectos funcionais seguem a sequencia da metodologia aplicada seguindo conceitos da coleção.
FIGURA 17 – ESTAMPA 05
05
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FONTE: Da autora (2015) Essa estampa está associada diretamente com a natureza. Seus elementos apesar de serem visto no cotidiano, possui cores e texturas, tamanho e elementos que são tropicais, utilizando uma cartela de cores que contemplam tons naturais, inspirados na pigmentação da flora brasileira. Como aspectos formais, a questão da utilização de formas naturais na estampa. Como aspectos funcionais objetivos, tem-se a diferenciação no tamanho, cores e colocação do desenho, que a principio teve como foco a aquarela para sua elaboração. Os aspectos funcionais seguem a sequencia da metodologia aplicada seguindo conceitos da coleção e da metodologia aplicada.
50
4.2 apresentação macro das estampas
FIGURA 17 – APRESENTAÇÃO MACRO DAS ESTAMPAS
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01
02
03
04
05
FONTE: Da autora (2015)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A partir da realização da revisão de literatura, estudo dos elementos dos 4Ps do societing e desenvolvimento de estampas, concluiu-se que a pesquisa e a metodologia aplicada, além de descobrir um determinado público que mantém interesse em estamparia masculina, nota-se que o mesmo busca o diferencial mesmo que para isso continue com o convencional. A metodologia utilizada serviu para se aproximar ainda mais dos entrevistados e desvendar gostos e estilos que se unem em prol de uma novidade no segmento. Foram realizadas pesquisas através de questionário online onde não se tem contato direto com o entrevistado – e vídeos onde o entrevistado fornecia todo seu ponto de vista a respeito da estamparia masculina. Conclui-se que esse tipo de metodologia foi fundamental para a descoberta do público alvo definido, pois além de mostrar uma necessidade direta, expos um público diferenciado dos demais onde a estamparia no segmento masculino possui destaque, e ao mesmo tempo, se mostra ausente para esse público. O resultado desse projeto teve relevância tanto no meio acadêmico - por se tratar de uma metodologia aplicada quanto para o mercado da moda em geral, seja local ou em outras cidades, pelo fato do desenvolvimento da pesquisa ser realizada em diferentes cidades e por desvendar um determinado público. Tanto a pesquisa teórica quanto a execução do projeto prático apresentaram uma das tantas possibilidades de atuação do designer gráfico no mercado de trabalho. O elo com o Design de Superfície, roupas e estampas, constitui-se em uma interessante carreira de trabalho para designers de moda e gráficos que possuam contato e afinidades com esse campo de criação e segmento.
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7 APÊNDICE Questionário para público Alvo 1. Qual sua opinião a respeito do uso da estampa no segmento masculino? 2. Você sente falta desse produto no mercado? Justifique. 3. Qual sua opinião sobre estampas no geral?