Design de superfície têxtil um estudo da utilização de fotografias pessoais para a elaboração de est

Page 1

FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI CURITIBA CURSO SUPERIOR DE DESIGN DE MODA LILIANE FERREIRA PINTO

DESIGN DE SUPERFÍCIE TÊXTIL: UM ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS PESSOAIS PARA A ELABORAÇÃO DE ESTAMPAS DIGITAIS PERSONALIZADAS

CURITIBA JUN/2015


LILIANE FERREIRA PINTO

DESIGN DE SUPERFÍCIE TÊXTIL: UM ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS PESSOAIS PARA A ELABORAÇÃO DE ESTAMPAS DIGITAIS PERSONALIZADAS Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Designer de Moda, 6º período do Curso Superior de Design de Moda da Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba. Orientadora: Lucíola Stenhaus Pires Zamprogna

CURITIBA JUN/2015


TERMO DE APROVAÇÃO

LILIANE FERREIRA PINTO

DESIGN DE SUPERFÍCIE TÊXTIL: UM ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS PESSOAIS PARA A ELABORAÇÃO DE ESTAMPAS DIGITAIS PERSONALIZADAS

Este trabalho foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Designer de Moda do curso Superior de Design de Moda na Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba.

_____________________________________ Edson Korner Coordenador do Curso

Orientadora: Prof. ____________________

Banca:

Prof. ____________________

Prof. ____________________

Prof. ____________________

Curitiba, _________________/_____/_____


AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pela vida, proteção e todos os momentos que esteve ao meu lado, ouviu minhas preces, me deu forças para superar todos os obstáculos e me permitiu a realização deste trabalho, alcançando mais uma etapa em minha vida. Aos meus queridos pais Vani e Wilson, que me educaram para a vida, proporcionando todo o necessário para a conclusão dessa etapa, sempre com apoio constante. Às minhas irmãs Phyama e Alexandra e todos os meus amigos, pela paciência que tiveram comigo em momentos difíceis e por tornarem muitas vezes meus dias mais alegres. À Andréia de Morais, por colaborar com novos conhecimentos e informações essenciais. À minha professora orientadora Lucíola Pires, pela orientação precisa, pelas horas de auxílio, paciência, animação com meu texto e incentivo que foram imprescindíveis para a realização deste trabalho. Agradeço também ao coordenador do curso, Edson Korner e a todos os professores do percurso deste curso. Todos contribuíram para a minha formação.


RESUMO Atualmente, com a exigência do mercado por algo exclusivo e único, torna-se essencial encontrar maneiras de agregar autencidade e identidade aos produtos têxteis, buscando diferenciação. Portanto, este trabalho apresenta uma pesquisa sobre o exploratório-experimental, que tem por finalidade demonstrar a aplicação de técnicas e ferramentas criativas para o desenvolvimento de padronagens aplicadas ao Design de Superfície Têxtil. Este estudo tem um enquadramento teórico para o desenvolvimento da pesquisa experimental, apresentando o conceito de design de superfície e os processos básicos para seu desenvolvimento. Aborda um dos elos da cadeia têxtil o beneficiamento/ acabamento mais especificamente uma das atividades de acabamento, a estamparia, descrevendo seus principais processos, com foco na estamparia digital. Reconhece ferramentas e técnicas de criatividade que podem auxiliar no desenvolvimento de produtos personalizados e relata a metodologia, técnicas e ferramentas que serão utilizadas para o desenvolvimento da padronagem têxtil. Por fim, como produto final, será realizada a confecção de três amostras de estampas submetidas a manipulações digitais, com relatos dos resultados obtidos a partir da pesquisa experimental. Palavras-chave: Design de superfície têxtil; Estamparia; Diferenciação.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 EXEMPLO DE MÓDULO..........................................................................14 FIGURA 2 MÓDULOS................................................................................................15 FIGURA 3 EXEMPLO DE RAPPORT........................................................................15 FIGURA 4 EXEMPLOS DE ENCAIXE.......................................................................16 FIGURA 5 EXEMPLO ESTAMPA SEM ENCAIXE.....................................................17 FIGURA 6 COLEÇÃO “TODO MUNDO E NINGUÉM” (2005) DO ESTILISTA RONALDO FRAGA....................................................................................................18 FIGURA 7 ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO ....................................................................................................................................19 FIGURA 8 EXEMPLO DE ESTAMPA LOCALIZADA.................................................20 FIGURA 9 EXEMPLOS DE ESTAMPA RAPPORT....................................................21 FIGURA 10 SEQUÊNCIA DE PROCESSOS TÉCNICOS DE ESTAMPARIA...........22 FIGURA 11 EXEMPLO DE PROCESSO DE IMPRESSÃO POR SUBLIMAÇÃO.....25 FIGURA 12 MECANISMO BÁSICO DA IMPRESSÃO A JATO DE TINTA................26 FIGURA 13 EXEMPLO DE IMPRESSÃO A JATO DE TINTA...................................26 FIGURA 14 MAPA MENTAL SOBRE COMO CRIAR UM MAPA MENTAL...............34 FIGURA 15 PÚBLICO LINKER PEOPLE...................................................................38 FIGURA 16 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MÉTODO ABERTO MD3E.............39 FIGURA 17 FOTOGRAFIAS SELECIONADAS PELA USUÁRIA 1...........................40 FIGURA 18 USO DO SCAMPER...............................................................................40 FIGURA 19 ILUSTRAÇÃO DESENVOLVIDA PARA A USUÁRIA 1..........................41 FIGURA 20 OPÇÃO 1 – ESTAMPA LOCALIZADA...................................................42 FIGURA 21 OPÇÃO 2 – ESTAMPA LOCALIZADA...................................................42 FIGURA 22 OPÇÃO 3 – ESTAMPA LOCALIZADA...................................................43 FIGURA 23 IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE O TECIDO.............................44 FIGURA 24 IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE OS TECIDOS CAMBRAIA E TRICOLINE................................................................................................................44 FIGURA 25 SIMULAÇÃO DO PRODUTO FINAL – CAMISETA COM ESTAMPA LOCALIZADA.............................................................................................................45 FIGURA 26 FOTOGRAFIA SELECIONADA PELA USUÁRIA 2................................46 FIGURA 27 USO DAS ANALOGIAS..........................................................................46 FIGURA 28 ILUSTRAÇÃO DESENVOLVIDA PARA A USUÁRIA 2..........................47


FIGURA 29 OPÇÃO 1 – ESTAMPA RAPPORT........................................................48 FIGURA 30 OPÇÃO 2 – ESTAMPA RAPPORT........................................................48 FIGURA 31 OPÇÃO 3 – ESTAMPA LOCALIZADA...................................................49 FIGURA 32 IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE OS TECIDOS CAMBRAIA E TRICOLINE................................................................................................................49 FIGURA 33 SIMULAÇÃO DO PRODUTO FINAL – CAMISETA COM ESTAMPA LOCALIZADA E VESTIDO COM ESTAMPA RAPPORT...........................................50 FIGURA 34 FOTOGRAFIA SELECIONADA PELA USUÁRIA 3................................51 FIGURA 35 USO DO MAPA MENTAL.......................................................................52 FIGURA 36 ILUSTRAÇÃO DESENVOLVIDA PARA A USUÁRIA 3..........................53 FIGURA 37 OPÇÃO 1 – ESTAMPA RAPPORT........................................................53 FIGURA 38 OPÇÃO 2 – ESTAMPA RAPPORT........................................................54 FIGURA 39 OPÇÃO 3 – ESTAMPA RAPPORT........................................................54 FIGURA 40 IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE OS TRICOLINE E LINHO......55 FIGURA 41 SIMULAÇÃO DO PRODUTO FINAL – VESTIDOS COM ESTAMPA RAPPORT..................................................................................................................56


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................9 2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................12 2.1 CONCEITO DE DESIGN DE SUPERFÍCIE.........................................................12 2.1.1 O processo de criação para uma superfície......................................................13 2.1.2 Processos básicos para um projeto em design de superfície...........................14 2.1.3 A superfície têxtil...............................................................................................17 2.2 ESTAMPARIA TÊXTIL.........................................................................................19 2.2.1 Principais processos de estamparia com ênfase nos processos digitais..........21 2.2.2 Estamparia no cenário atual..............................................................................27 2.2.3 O cenário da estamparia em Curitiba................................................................29 2.3 PROCESSO CRIATIVO.......................................................................................32 2.3.1 Mapa Mental......................................................................................................33 2.3.2 Scamper............................................................................................................34 2.3.3 Analogias...........................................................................................................36 3 APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO..............37 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................57 5 REFERÊNCIAS.......................................................................................................58 6 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES..................................................................60 7 APÊNDICE..............................................................................................................61 7.1 Livros sobre estamparia digital.............................................................................61 7.2 Empresas que oferecem serviços de impressão digital.......................................62 7.3 Cursos e Pós- graduação de estamparia.............................................................64 7.4 Questionário para o público-alvo..........................................................................66


9

1 INTRODUÇÃO O Future Concept Lab, instituto pioneiro em pesquisa de tendências liderado por Francesco Morace, decodificou alguns sinais que estão desenhando um novo mercado, onde o mundo dos produtos deverá cada vez mais se confrontar com o protagonista do mercado atual, o consumidor. Comportamentos cotidianos estão se aproximando das experimentações, tornando-se assim essencial e estratégica a relação entre consumidor e novas linguagens estéticas e de design. Fala-se muito da necessidade e do desejo de criar uma cadeia de valores baseada na integração entre consumidor e fabricante, ressaltando a importância de satisfazer, no menor tempo possível e com maior conhecimento, às necessidades do consumidor, provocando um maior grau de satisfação através da mais comum experiência de um produto/serviço. A roupa não é mais vista só como uma forma de cobrir o corpo, ela também busca imprimir sentidos, e cada vez mais as pessoas procuram peças que transmitam emoção. O designer precisa alcançar e atender o gosto desses clientes que buscam exclusividade, criando algo diferenciado, único, que expresse a sua individualidade. O Brasil é o único país da América do Sul com posição de destaque na produção têxtil mundial. Segundo dados em 2014 do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), o país é o 4º maior produtor de vestuário. Porém, avaliando o mercado atual, nota-se a massificação da moda acontecendo cada vez mais voraz e, consequentemente, a moda brasileira sofrendo com a invasão de produtos chineses, portanto, sua principal estratégia para sair dessa desvantagem são investimentos em novas tecnologias e inovações. Pensando no setor têxtil e de confecção do vestuário, as novidades podem ser feitas na área de design de superfície com a estamparia, mais especificamente com a estamparia digital, pois ela vem desempenhando um papel de grande destaque dentro do competitivo mercado da moda e segundo João Luiz Pereira, presidente do comitê de estamparia digital da ABIT, a expectativa é que aumente ainda mais a presença dos estampados. Comparando com a estampa corrida por cilindros ou quadros, os custos dos equipamentos e dos químicos vêm baixando e, desta forma, tornando o sistema digital cada vez mais acessível no mercado, sendo esta a técnica escolhida para abordar no presente trabalho.


10

Nota-se então, que o designer gráfico e de moda possui um papel de suma importância, pois precisa ser inovador utilizando o design de superfície têxtil como viabilizador da interação e comunicação com o consumidor, propondo serviços e produtos diferenciados. É necessário que ele reconheça esse novo cenário do consumidor contemporâneo e apresente maneiras de criar um elo entre eles, focando no arquétipo emocional para buscar essa individualidade, construindo uma boa comunicação e sintonia com os clientes. Nesse contexto, a proposta deste trabalho é utilizar fotografias pessoais como forma de gerar valor emocional no público-alvo. Com base nisso, pode-se fazer o seguinte questionamento: a partir de fotografias pessoais, como podemos usar técnicas contemporâneas sobre o tecido para criar estampas inovadoras que transmitam a individualidade do consumidor? Os objetivos das empresas atualmente são a sobrevivência e a expansão. O profissional que procura primeiramente atingi-los e, ao mesmo tempo, gerar lucros, deve pensar criativamente o tempo todo. Por isso este trabalho preocupa-se com este aspecto, justificando a importância em fazê-lo. Assim, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver estampas localizadas e contínuas (rapport) digitais utilizando fotos pessoais de três usuárias curitibanas para compor produtos personalizados por meio da aplicação de três diferentes ferramentas de criatividade, tendo como objetivos específicos: - Estudar o design de superfície e estamparia têxtil; - Descrever os principais processos de estamparia digital; - Reconhecer as técnicas e ferramentas de criatividade; - Demonstrar a aplicação de três ferramentas de criatividade no processo de desenvolvimento de estampas localizadas e contínuas (rapport); - Desenvolver amostras de estampas para o público selecionado (Linker People). Em relação aos procedimentos técnicos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, constituída de material já publicado em livros, publicações acadêmicas e internet, investigando inicialmente: o design de superfície para compreensão da área central deste estudo; a inovação como forma de pensar; a aplicação da criatividade em produtos personalizados para a estamparia; e a moda e a estamparia em si, com foco na estamparia digital. Também foi elaborada uma


11

entrevista no dia 14 de maio de 2015 com Andréia de Morais Menezes, proprietária da Fábrica do Silk em Pinhais, com o propósito de obter informações sobre o cenário da estamparia em Curitiba. Por fim, este tipo de pesquisa traz relevância no levantamento do comportamento do consumidor e como ele reflete a tendência de experimentar um produto personalizado. O desenvolvimento de um produto será mais estruturado se forem utilizadas técnicas de criatividade no processo criativo. Por isso este estudo pretende analisar a aplicação de ferramentas como diferencial para o desenvolvimento de estampas, trabalhando a transformação das experiências pessoais dos clientes em algo visual e emocional. Essa etapa será de fundamental importância para uma confiável obtenção dos resultados e concretização da pesquisa. Será feito um levantamento bibliográfico sobre os tipos de ferramentas e na sequência uma análise da escolha de algumas delas para aplicação na parte prática do trabalho. A seleção das usuárias será feita através das redes sociais, conforme o perfil do público Linker People, abordado por Francesco Morace e, em seguida, aplicado um questionário para coleta de dados, a fim de levantar informações e explorar mais amplamente a personalidade do público. Por fim, serão selecionadas as ferramentas adequadas para cada pessoa conforme sua identidade. O objetivo será encontrar três possíveis usuárias, com idade entre 20 e 30 anos, que possuam o desejo de obter um produto com estamparia personalizada através de suas fotografias. A entrega das fotos e a comunicação com as clientes serão realizadas por e-mail. Com o intuito de descrever uma análise no final deste processo, será feita uma entrevista pessoal, a fim de obter a opinião das usuárias quanto ao resultado das criações, por isso foram escolhidas pessoas da região de Curitiba para facilitar a coleta de opiniões. A devolutiva desta análise de resultados também servirá como verificação da melhor forma de comercialização do produto. A metodologia usada para desenvolver o projeto das estampas será o MD3E (Método de Desdobramento em três etapas) criada por Santos (2000), dividida em três etapas: pré concepção, concepção e por fim, a pós concepção. A pesquisa também poderá servir para análise de uma futura criação de serviço

para

personalizados.

usuários

que

buscam

estamparia

e

produtos

de

vestuário


12

2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CONCEITO DE DESIGN DE SUPERFÍCIE A relação do homem com as superfícies tem origem desde as primitivas civilizações, que, para suprirem suas necessidades, iniciaram técnicas como a da tecelagem e a da estamparia. Entretanto, enquanto atividade projetual, com funções formais, funcionais, simbólicas e comerciais, o desenvolvimento de superfícies acompanha o Design, que teve seu marco na Revolução Industrial. Surge assim o Design de Superfície, tradução do termo inglês surface design, usado oficialmente pela Associação de Design de Superfície, com sede nos EUA. No Brasil é usada a nomenclatura “Design Têxtil”, o mesmo que “Desenho (Industrial) de Estamparia”, onde a palavra estamparia restringe a padrões impressos sobre tecidos. Para compreender a prática profissional no design de superfície, podemos analisar seu conceito, segundo Ruthschilling (2008, p. 23): Design de Superfície é uma atividade técnica e criativa cujo objetivo é a criação de imagens bidimensionais (texturas visuais e tácteis), projetadas especificamente para a constituição e/ou tratamento de superfícies, apresentando soluções estéticas, simbólicas e funcionais adequadas aos diferentes materiais e processos de fabricação artesanal e industrial.

Também define-se surface design como: “todo projeto elaborado por um designer, no que diz respeito ao tratamento e cor utilizados numa superfície, industrial, ou não.” (RUBIM, 2004, p. 21). Entende-se o design de superfície, então, como uma atividade criativa e técnica para a criação e desenvolvimento de projetos de padronagens, na qual a superfície pode ser analisada e expandida como uma composição gráfica. Nela, características táteis, visuais, simbólicas e funcionais se encontram em um mesmo contexto, formando assim uma estrutura que oferece uma nova vida ao objeto, adquirindo várias funções e expressões através da sua manipulação. Em meio às pesquisas a respeito dos conceitos que envolvem o design de superfície, encontram-se referências que envolvem superfícies como papel, vidro, pisos em geral, cerâmica e têxtil. “O design de superfície abrange o design têxtil (em todas as especialidades), o de papéis (idem), o cerâmico, o de plásticos de


13

emborrachados, desenhos e/ou cores sobre utilitários (por exemplo, louça).” (RUBIM, 2004, p. 22). A possibilidade da reprodução ilimitada do padrão na produção de tecidos com um custo único para obter o padrão original levou o setor têxtil a ser um dos primeiros onde o designer teve notável participação (CARDOSO, 2004). Analisando o perfil brasileiro, Ruthschilling (2008) define o designer de superfície como um profissional que desenvolve texturas táteis e visuais, visando soluções funcionais e estéticas para cada contexto sociocultural, dentro de cada possibilidade de produção. Para Navalon (2008) a atividade de design pode ser comparada à construção de um tecido, pois é necessária a definição das interconexões combinadas entre o designer (trama), usuário (urdume) e o seu desejo (fio). Quando se entrelaçam e se interconectam o tecido é configurado. 2.1.1 O processo de criação para uma superfície Observando as características no design de superfície, é possível descrevêlas como um corpo ou objeto que será manipulado para uma produção em série ou uma peça única produzida artesanalmente. Em ambos os casos, inicia-se um projeto que terá como objetivo transformar através de seus desenvolvimentos técnicos e criativos, a área de suporte que sofrerá o tratamento. Sendo assim, os processos de criação para uma superfície se cruzam com os métodos de desenvolvimento do projeto, fazendo com que o resultado final reflita a pesquisa e análise feita do estilo de vida de seus usuários. Conforme Flusser, 2007, p. 152: Uma imagem é, entre outras coisas, uma mensagem: ela tem um emissor e procura por um receptor. Essa procura é uma questão de transporte. Imagens são superfícies. Como elas podem ser transportadas? Depende dos corpos em cujas superfícies as imagens serão transportadas.

O designer de superfície deve levar em conta a adequação de um projeto aos diferentes materiais e processos de fabricação disponíveis, avaliando os fatores tecnológicos nos quais este será desenvolvido e também reconhecendo o contexto cultural e socioeconômico e as características dos consumidores (RUTHSCHILLING,


14

2008). É uma área que envolve a busca de soluções técnicas e criativas, pois são diversos os materiais com os quais o profissional poderá trabalhar. 2.1.2 Processos básicos para um projeto em design de superfície Para o projeto de design de superfície é indispensável fazer-se um estudo da linguagem visual buscando auxilio para a criação. Cores, linhas e texturas são exemplos de elementos que constroem qualquer produto visual, no geral todos estes aspectos são levados em consideração. Segundo

Ruthschilling (2008), a

organização desses elementos gera a composição da imagem dentro de uma estrutura preestabelecida, garantindo os princípios de continuidade e contiguidade. Para representação da imagem, são empregados aspectos como o módulo, que representa a unidade da padronagem, isto é, é a menor área que constitui os elementos visuais do desenho. A composição visual pode ser formada por dois níveis, dependendo da forma de ordenar os elementos ou motivo dentro do módulo e de sua articulação entre os módulos, gerando o padrão, de acordo com a composição exigida para estruturar a repetição (RUTHSCHILLING, 2008). FIGURA 1 – EXEMPLO DE MÓDULO

FONTE: Estampaholic (2014)

A representação gráfica mais recomendada é a formada por 9 módulos, pois assim, o módulo inicial fica no centro e é cercado no comprimento e na largura de modo contínuo por 8 módulos.


15

FIGURA 2 – MÓDULOS

FONTE: Ruthschilling (2008)

Outro aspecto é a repetição, tradução de repeat em inglês e rapport em francês. Trata-se da forma de ordenar a continuidade dos módulos no sentido vertical e longitudinal. É a noção de repetição no contexto do design de superfície (RUTHSCHILLING, 2008), como mostra a figura abaixo. FIGURA 3 – EXEMPLO DE RAPPORT

FONTE: Capella (2014)

E, consequentemente, os sistemas de encaixe (ou repetição) que consistem no estudo feito para prever os pontos de encaixe do módulo, premeditando a sobreposição pelo sistema de repetição. Existe uma grande variedade de possibilidades de encaixe ou diferentes sistemas de repetição. Em cada sistema de repetição existe uma estrutura (grade, malha; grid, em inglês), que corresponde à organização dos módulos no espaço, assim como células ou espaços internos, que são ocupados com os desenhos dos módulos. (RUTHSCHILLING, 2008).


16

FIGURA 4 – EXEMPLOS DE ENCAIXE

FONTE: Ruthschilling (2008)

Na criação do módulo, aplica-se a utilização dos elementos compositivos e define-se o motivo e estilo de padronagem. A repetição modular permite realizar o encaixe dos módulos, que podem ser por continuidade ou contiguidade. O primeiro representa a sequência ordenada e ininterrupta dos elementos visuais dispostos sobre uma superfície, garantindo assim o efeito de propagação. O segundo, a contiguidade, representa a harmonia visual dos módulos, de maneira que, quando repetidos lado a lado ou em cima e embaixo, os módulos formam um padrão. O sucesso é verificado na medida em que a imagem do módulo desaparece, dando lugar à percepção da imagem contínua, revelando outras relações entre figura e fundo. (RUTHSCHILLING, 2008). Existem infinitas possibilidades de repetição do módulo. Seu encaixe pode ser feito através de um eixo, tanto no sentido vertical como no sentido horizontal, sem mudar a sua origem. Além desses exemplos citados de encaixe, existe a possibilidade de ser feita uma padronagem por módulos que não se encaixem (figura 5).


17

FIGURA 5 – EXEMPLO ESTAMPA SEM ENCAIXE

FONTE: Bonifacio (2013)

Os conceitos gerais da comunicação visual do design de superfície são abrangentes e, quando aplicados, são expandidos e seus significados podem ser potencializados em harmonia, desarmonia, equilíbrio, desequilíbrio e contraste. Ao variar a escolha da repetição, o efeito ótico, sensorial e simbólico do padrão é totalmente alterado e a escolha do designer pelo sistema de repetição do módulo imprime o seu conhecimento sobre superfície.

2.1.3 A superfície têxtil O design de superfície pode ser aplicado de várias maneiras e formatos. Os principais campos são: papelaria, cerâmica e têxtil. No entanto, é um conhecimento que existe também na identidade visual de apresentações virtuais, construção civil, vinílicos e plásticos. Neste estudo, será apresentado o campo têxtil, que abrange todos os tipos de tecidos e não tecidos e seus métodos de acabamento e beneficiamento. Entende-se como uma modalidade que pode ser aplicada de forma bidimensional (estamparia) ou tridimensional (aplicações ou interferências na estrutura de um tecido), utilizada na construção de peças para moda e vestuário. Para Pompas (1994), uma superfície do tipo têxtil é constituída de um conjunto de propriedades subdivididas em dois componentes principais: de um lado, a peculiaridade da matéria, que depende da composição e da estrutura técnicoconstrutiva especificando o tecido do ponto de vista sensorial e tátil; do outro lado,


18

trata dos requisitos formais, estilísticos e cromáticos, o que determina a qualidade estético-expressiva do tecido. Sua representação pode criar fielmente um material, textura ou imagem, ou também ser um trabalho feito através de alguma fonte de inspiração, como pode ser observado na figura abaixo. FIGURA 6 – COLEÇÃO “TODO MUNDO E NINGUÉM” (2005) DO ESTILISTA RONALDO FRAGA

FONTE: Ednaldo (2013)

Pode-se notar que a peça criada pelo estilista Ronaldo Fraga, inspirada na obra de Carlos Drummond de Andrade, usa as duas possibilidades têxteis. A de inspiração, através da árvore estampada com aplicações de esferas, e a de representação fiel da imagem, onde foi desenvolvido um tecido que através da estamparia, garantiu o efeito de uma folha escrita. Ao tomar contato com o têxtil, a superfície corporal experimenta um acúmulo de sensações, e também modifica sua fisionomia. O desenho, a cor, a textura, as pregas e o brilho se recriam em cada depressão, convexidade, concavidade, articulações e movimentos do corpo. A superfície do têxtil se define em relação com a topografia do corpo: indica caminhos, cria vestígios e cicatrizes, efeitos de luz e sombra, e assim construir signos que se associam a uma situação e ao contexto. Revela e se esconde entre o tátil e o visual entre o exposto e o imperceptível (SALTZMAN, 2004, p. 52).

De fato, as sensações do tecido em contato com o corpo são diversas. Por isso quando se trata de superfícies têxteis é preciso considerar não somente os aspectos visuais, funcionais e o conforto, mas também a relação tátil com o corpo.


19

Os designers têxteis devem buscar materiais que proporcionem uma experiência confortável ao vestir. Para projetar um produto que obtenha resultados de conforto e funcionalidade é de fundamental importância entender as propriedades das fibras e tecidos, pois algumas superfícies, para receber determinado tratamento, precisam estar de acordo com os pigmentos, corantes e técnicas específicas. 2.2 ESTAMPARIA TÊXTIL A cadeia produtiva é formada por diversos segmentos industriais, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), atualmente principal instrumento de financiamento a longo prazo para realizar investimentos. A definição da cadeia produtiva têxtil tem seus contornos básicos definidos na figura a seguir: FIGURA 7 – ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO

FONTE: Costa; Rocha (2009)

A estamparia é um dos processos que constitui o setor de beneficiamento. Ela é o conjunto de métodos de transferência de texturas, cores, grafismos, desenhos e


20

imagens para superfícies têxteis. Compõe um processo de embelezamento e de diferenciação de tecidos, utilizando inúmeros processos para obter diferentes resultados, explorando cada técnica com suas vantagens, características e limitações. Envolve um amplo setor da indústria têxtil e tem evoluído desde a sua mecanização na revolução industrial até os dias de hoje, com a tecnologia e o desenvolvimento sustentável. As técnicas de estamparia expressam diferentes linguagens e características, onde o repertório visual é amplo, como estampas em tecidos para a moda. Isso porque atualmente a estamparia conta com maquinários produtivos, com mais qualidade final e maior liberdade de criação. (RUTHSCHILLING; LASCHUCK, 2013). Pode-se dizer que “a finalidade da verdadeira estamparia é a de tornar o tecido mais atraente e chamar a atenção de um possível usuário e, claro, a de renovar a moda permanentemente e conquistar novas posições no mercado consumidor”. (CHATAIGNIER, 2006, p. 82). Portanto, o design de superfície em estamparia têxtil assume um importante papel quando o assunto é moda, pois os tecidos estampados são uma possibilidade de diferencial para um produto, eles representam um meio de agregar valor aos tecidos lisos. A estampa pode ser localizada (possuir dimensões determinadas, ver figura 8), uma repetição ao longo do tecido (rapport, ver figura 9) ou projetada para ser inserida em partes específicas de uma peça. Sua composição diz respeito à distribuição e organização de motivos. FIGURA 8 – EXEMPLO DE ESTAMPA LOCALIZADA

FONTE: Metalnox (2014)


21

FIGURA 9 – EXEMPLOS DE ESTAMPA RAPPORT

FONTE: Bernardes (2012)

Por meio da cor, textura e tamanho que ilustrem os elementos visuais, a relação entre eles e direção que serão organizados é o que determinará o conteúdo final da criação visual, buscando assim a melhor expressão da essência de algo, ou seja, a estamparia. Os padrões constituem parte importante da linguagem têxtil, e os motivos são as palavras e as letras dessa linguagem. Ainda como linguagem, os padrões advêm de muitas culturas do passado e vêm sendo reciclados ao longo dos séculos (EDWARDS, 2012, p. 30).

O desenho de estamparia pode ser considerado como uma imagem que reflete, por meio da composição visual, aspectos que se interligam com o projeto de design de moda em suas estruturas visuais e táteis. (GRAGNATO; LEVINBOOK, 2008). O designer trabalha, então, identificando, analisando e aplicando as ferramentas necessárias para a produção das estampas, colaborando na composição de um produto que atue na sociedade por meio de fatores estéticos, socioculturais e conceituais.

2.2.1 Principais processos de estamparia com ênfase nos processos digitais

Os desenhos dos padrões de superfície vêm atuando como um detector do tempo, expressando a cultura e a evolução humana, permanecendo como um recurso diferenciador desde suas primeiras aparições com as técnicas artesanais


22

antigas, até a evolução da tecnologia com seus novos materiais e processos contemporâneos, como podem ser observados na figura a seguir: FIGURA 10 – SEQUÊNCIA DE PROCESSOS TÉCNICOS DE ESTAMPARIA

FONTE: Levinbook (2008)

Essas técnicas foram aprimoradas através dos tempos e seus principais processos são: a estamparia a quadro - Silk-screen, a qual muitas vezes ainda utiliza-se o processo manual; a estamparia rotativa, feita através de cilindros, utilizada no processo mecânico; e a mais recente delas, a estamparia digital por sublimação e a jato de tinta (VIEIRA, 2014). Tradicionalmente a estamparia tem como base um modelo de produção em massa, onde os tecidos são produzidos pelas estampas rotativas em grandes volumes, mas este tipo de método trazia desvantagens como os altos custos de preparação, produção e margem de erro para pequenos trabalhos. Sendo assim, a estamparia digital, veio ao encontro da necessidade atual do mercado da moda, que hoje não deseja grandes metragens de um mesmo padrão, mas sim busca pequenas tiragens de diferentes e variados padrões, atendendo à demanda do mundo moderno por personalização e exclusividade (LEILA; MACEDO,


23

2012). Além de criar novos mercados para as confecções e comerciantes de maquinários têxteis, a estamparia digital também possibilita vantagens como: a) a utilização de várias cores, oferecendo personalização e exclusividade; b) a reprodução de tons contínuos em imagens; c) os tamanhos de repetição que são ilimitados; d) aptidão para estampar diversas criações, permitindo criar desenhos indeterminados e estampas com qualidade fotográfica; e) funcionar como impressora de papel, reproduzindo desenhos fiéis com maior riqueza de detalhes do que nos métodos tradicionais; f) disponibilizar amostras antes de começar a produção; g) ter baixo consumo de energia e de água e seu sistema é rápido e limpo na distribuição de tintas (MARTORELLI, 2012). Convém ressaltar o aspecto ecológico deste processo: é utilizada apenas cerca de 10% da água necessária nos processos tradicionais, uma vez que não é necessário lavar os quadros, não há praticamente desperdícios de corante e evita-se o uso de metais necessários à construção dos quadros (NEVES, 2000). O termo “impressão digital” diz respeito aos métodos de impressão em que se transfere uma figura digitalizada para uma base. Considera-se estamparia digital todos os métodos em que as imagens são geradas ou digitalizadas em meio eletrônico e que a transferência da arte para o tecido não necessite da intermediação de matrizes, nem de separação de cores e que a impressão ocorra sem o contato do equipamento no tecido (RUTHSCHILLING; LASCHUK, 2013).

Ou seja, a partir da digitalização das imagens, introduz-se o desenho no computador, e em seguida esse desenho é transferido para a impressora que irá estampar o tecido. As máquinas de estampar com tecnologia digital surgiram a partir da virada do século XXI. Seu desenvolvimento foi mais lento devido à necessidade de produzir tintas adaptadas às impressoras de grande formato que atendessem a todos os tipos de tecidos (KINAS, 2011). Essas máquinas adotaram sistemas automáticos e softwares de design como o CAM (Computer Aided Manufacturing) e o CAD (Computer Aided Design), onde se pode projetar uma imagem na tela do computador e transmitir a informação através de interfaces de comunicação entre computador e um sistema de fabricação (VIEIRA, 2014).


24

Dentro da estamparia digital, podemos apontar duas fases de definição. A primeira delas está no processo de criação do desenho têxtil, a ilustração/desenho que irá gerar a estampa. Esta etapa pode ser feita utilizando técnicas manuais (para os esboços iniciais) ou diretamente em softwares gráficos computacionais de desenho vetorial (LARANJEIRA; MOURA, 2013). No mercado podemos encontrar programas específicos para estamparia têxtil como o Vision System (da Ned Graphics), Design Scope, Pixelart e o mais utilizado no Brasil o Tex-Design (YAMANE, 2008). Porém muitas empresas acabam optando por programas mais acessíveis como o Corel Draw Adobe, Illustrator e Photoshop, que também permitem que o desenho têxtil seja criado com traços, texturas e dimensões diversas (VIEIRA, 2014). E a segunda fase, o processo de impressão, onde ocorre o envio da arte criada para o tecido, através de meios digitais. Nessa categoria existem dois processos principais: a impressão digital por termo transferência, conhecida como sublimação; e a impressão digital direta sobre o tecido, conhecida como a impressão a jato de tinta (RUTHSCHILLING; LASCHUK, 2013). A tabela abaixo mostra as principais características e diferenças entre elas. TABELA 1 – IMPRESSÃO POR SUBLIMAÇÃO x JATO DE TINTA

FONTE: Bowles; Isaac (2009)


25

Na impressão por sublimação, a imagem é impressa sobre papel especial com pigmentos sublimáticos. O papel transfer normalmente é impresso via processo gráfico de offset (impressão indireta), com quadricromia (CMYK) na indústria de grande escala. Existem impressoras digitais adaptadas para sublimação, onde os cartuchos são abastecidos com toner sublimático, com bulk ink (sistema contínuo de tinta). O papel impresso deve ser aplicado sobre o tecido 100% poliéster ou com base poliéster, tendo o mínimo de até 60% desta fibra em sua estrutura, utilizando equipamentos como prensa térmica ou calandra, com três variáveis reguladas: pressão, temperatura e tempo (RUTHSCHILLING, LASCHUK, 2013). FIGURA 11 – EXEMPLO DE PROCESSO DE IMPRESSÃO POR SUBLIMAÇÃO

FONTE: Campelo (2012)

Para produções em menor escala, é usada a impressão a jato de tinta, a tecnologia mais recente de impressão em tecidos. O processo é mais indicado para tecido com fibras naturais e consiste na utilização de impressoras digitais adaptadas para tecido, onde são projetadas gotículas de corante de forma perfeitamente


26

controlada sobre a superfície têxtil. As cores são impressas diretamente sobre o tecido, pois a formação das gotas é produzida pela aplicação de uma pressão controlada sobre uma tinta líquida contida num recipiente e que se movimenta através de um orifício. Antes de ser estampado, o tecido precisa passar por uma preparação química prévia, iniciando com aplicação de espessantes (evitando o alastramento das cores) e produtos químicos necessários para a fixação dos corantes. Após a aplicação da estampa, o tecido passa por um processo final de fixação e lavagem (GOMES, 2007). FIGURA 12 - MECANISMO BÁSICO DA IMPRESSÃO A JATO DE TINTA

FONTE: Bowles; Isaac (2009, p. 172)

FIGURA 13 - EXEMPLO DE IMPRESSÃO A JATO DE TINTA

FONTE: Mimaki (2014)


27

Esta tecnologia ainda apresenta custo elevado para grandes tiragens de tecidos e constitui somente 1% do mercado mundial. Entretanto, devido as suas qualidades e diversas características, a tendência é que esta porcentagem mude futuramente (LARANJEIRA; MOURA, 2013). A impressão digital é o processo de estamparia têxtil que mais cresce atualmente, e é apontada hoje como o avanço mais significativo na tecnologia de estamparia desde a criação da serigrafia, causando uma revolução no design têxtil. Oferece também um maior poder de escolha do consumidor e, com ela, o designer contemporâneo pode buscar inspiração em fontes antes inexploradas, criando assim, uma nova linguagem visual para o design de superfície, gerando uma relação mais íntima entre imagem e produto.

2.2.2 Estamparia no cenário atual

Atualmente são utilizados os dois tipos de métodos de transferência de desenhos para superfície de tecidos: os artesanais e os industriais, em baixa e alta escala de produção e tecnologia respectivamente. As escolhas dependem do segmento, do produto, do mercado, da cultura local e do nível de consciência ecológica do fabricante. Observa-se que o principal processo de impressão sobre tecidos é o método tradicional de serigrafia, manual ou automática, seja a quadros, plana ou rotativa (com cilindros), por sua relação custo-benefício. A serigrafia a quadro, em menor escala produtiva, é a líder para reprodução de efeitos especiais sobre a superfície, pois ela permite produzir aplicações tridimensionais e acabamentos por meios químicos (RUTHSCHILLING; LASCHUCK, 2013). Porém, percebe-se um grande avanço de novas tecnologias eletrônicas para atender a grande demanda do mercado que está em rápida transformação. Estamos em um momento de transição de um capitalismo financeiro para um capitalismo natural (HAWKEN, 2007). Esse fator influencia diretamente na escolha de operações menos poluentes de transferência em tecidos, como por exemplo, a tecnologia digital, que combina também a qualidade técnica na impressão de imagens e cria novos efeitos visuais.


28

O mercado tem se modificado rapidamente, de forma global. Novas demandas exigem novas estratégias de produção como a resposta rápida (quick response), customização, Just in time, dentre outras que apontam para a tendência de diminuir o tamanho das encomendas e aumentar a variação dos produtos. Neste contexto, a inovação e a oferta de produtos devem crescer, garantindo um papel preponderante para o designer em vários elos das cadeias produtivas. Há um aumento considerável no numero de coleções e linhas de produtos (RUTHSCHILLING, 2008, p. 75).

Um exemplo de empresas que estão investindo na tecnologia digital é a Be Forever, marca do Grupo Rafitthy, atuante no mercado de bolsas há mais de dez anos. As estampas fazem parte das coleções desde o início, porém antes utilizavam material sintético como base, mas atualmente usam tecidos. Quetini Linck, gerente produtor da marca, explica que a empresa utiliza estamparia digital nos produtos com o objetivo de tornar as imagens reais, trazendo veracidade de cores e elementos. “A estamparia digital agrega valor ao produto por causa da qualidade da imagem. Principalmente com a utilização do tecido como base, é uma evolução em imagem que é muito semelhante à qualidade de uma impressão jato de tinta” (MARTORELLI, 2012). Quetini ainda afirma que o segmento está crescendo no Brasil pela necessidade de inovar e buscar alternativas com design a um custo que se enquadre a realidade do mercado. Ressalta que leva em consideração também a responsabilidade ambiental na hora de substituir a base da estampa, pois o tecido é menos poluente do que o material sintético. Evandro Abreu, sócio da estamparia Criata, primeira empresa no Brasil com foco em impressão e tingimento digital em tecidos, também acredita que para o futuro, a técnica se tornará mais barata e será mais usada: Em maio de 2008, abri a Criata, voltada para a impressão em tecido. Resolvi focar nesta técnica, pois ela é ecologicamente correta e reciclável. Em banners, por exemplo, posso usar pano no lugar de lona. Depois de usá-lo, posso tingí-o novamente, transformá-lo em roupas e sacolas ou doálo para uma comunidade. Quando usada em roupas, a estampa digital faz a peça ganhar qualidade. As cores ficam mais vibrantes, há um valor agregado. O estilista pode criar sem limite de cores e quantidades, o oposto do que ocorre em uma estamparia convencional. Além disso, qualquer imagem fica boa. Esse mercado ainda é pequeno no Brasil, mas vem crescendo. Acredito que, no futuro, o preço das máquinas e das tintas diminuirá e isso aumentará o uso da técnica. Ela tem uma boa relação custo/benefício (LEMOS, 2009).

Percebe-se que a indústria têxtil vive fundamentalmente da inovação, seja na criatividade, na produtividade ou nas necessidades resultantes da evolução do


29

mercado

têxtil

(flexibilidade,

encurtamento

das

séries

e

necessidade

de

comunicação com o mercado). Por isso, mesmo sendo uma tecnologia recente, onde a produção tradicional de estampas ainda é maior, vários são os fatores que favorecem o crescimento da estamparia digital, pois as oportunidades para aplicar a tecnologia são cada vez maiores e seu processo proporciona maior poder de escolha ao principal protagonista no mercado atual, o consumidor. 2.2.3 O cenário da estamparia em Curitiba

Segundo entrevista realizada no dia 14 de maio de 2015 com Andréia de Morais Menezes, proprietária da empresa Fábrica do Silk (uma das grandes referências nos processos de estamparia do estado), em Curitiba o processo de estamparia mais utilizado hoje é o serigráfico manual e em seguida a sublimação digital. A empresária explica que hoje em Curitiba, podemos encontrar três tipos de sublimação, o primeiro é a de pequeno porte, onde são utilizadas máquinas menores, tamanho A3, para sublimar brindes pequenos personalizados. Existe um nicho desse mercado que está forte e crescendo pois, devido à recessão da economia muitas pessoas desempregadas acabaram encontrando alternativas de realizar algo em casa para aumentar sua renda. O segundo maior seriam as empresas de pequeno e médio porte, que trabalham com sublimação localizada, sendo o principal segmento o esportivo. O terceiro são os que trabalham com estampa em rolo, a sublimação em calandra. A Fábrica do Silk começou com sublimação digital no final de 2010. Andréia comenta que quando foram feitos investimentos nessa área, teve dificuldade de aceitação por parte do público curitibano em virtude da falta de conhecimento do processo. Havia uma falha muito grande em nossa região, as pessoas desconheciam o processo e isso gerava um pré-conceito, não queriam sublimar por ser tecido de poliéster. O próprio mercado, não só as lojas de tecidos, mas também os representantes, não possuíam esse conhecimento. Hoje em dia, lojas de pequeno e médio porte no Boqueirão 1 conhecem o procedimento, os vendedores sabem qual tecido pode sublimar, o mercado está mais propenso a essa aceitação.

1

Bairro com concentração de lojas de tecidos.


30

A empresa (dentro desse contexto) passou por dois momentos: o de ter investimento e não ter demanda, e o de ter um “boom” de pedidos, em termos de valores no seu faturamento, 70% foi a sublimação. Atualmente com a proliferação das concorrentes é em torno de 40% a procura por estamparia digital. Andréia ressalta que as vantagens da estamparia digital são inúmeras, para quem trabalha com processo de estamparia como ela, há 17 anos, percebe no digital maior facilidade. Na estamparia localizada ou até mesmo no cilindro, depois que o designer concebeu a estampa ele irá fazer o fotolito e gravar a tela ou o cilindro. Se ocorrer um erro por parte do designer, de encaixe, cor ou número, aquele trabalho se perde e tem que ser refeito, isso tem um custo alto, além da perda de tempo. No digital não, a estampa é concebida e enviada para impressão, se não sair como deveria pode ser alterada no computador. Outra facilidade é a questão da diversidade de cores. Na serigrafia ou no cilindro se for preciso fazer uma estampa com muitas cores, são necessários vários cilindros ou telas, e a impressão digital não possui limite de cores. Além disso, no processo serigráfico ou no cilindro é preciso vetorizar as estampas e no digital não, se utilizarmos uma imagem de qualidade ela irá se transformar no produto, não é necessária a vetorização. Andréia destaca também outra vantagem: pensando no meio ambiente, o impacto é menor. Por exemplo, na Fábrica do Silk, no processo de sublimação digital, a tinta é introduzida na impressora e é depositada no papel. Realiza-se pouca limpeza e não possuem descarte da tinta da impressora, pelo consumo de tinta utilizado mensalmente o descarte é menos de 5%, da sobra da tinta. Depois que essa tinta é depositada no papel, ela passa para o tecido e esse papel vai todo para reciclagem, então, a agressão ao meio ambiente é minimizada. Em Curitiba encontramos muitas empresas que trabalham com o processo de sublimação digital, porém o processo de impressão a jato de tinta não existe para vestuário, somente para confecções de brindes e decorações. Andréia explica que na estampa digital direta o tecido precisa ser preparado antes da impressão, é preciso fazer um primer (processo de beneficiamento), pois são feitos disparos de tinta em cima do tecido. Não há penetração na fibra e a estampa fica com aparência superficial, dessa forma a tinta tem que fixar no tecido. Em seguida, após a impressão da estampa, por ser tinta digital, o tecido possui toque, ele não é


31

confortável em contato com a pele. Então é preciso passar por um banho hídrico e essas preparações não podem ser feitas em Curitiba por falta de tinturarias e fábricas de tecidos. Outra questão que dificulta o processo na nossa região é a agressão ao meio ambiente. Questionada sobre a possibilidade de a sua empresa trabalhar com estamparia digital direta, Andréia respondeu que, se a tecnologia mudar, sim, e explicou que no momento ela não é viável, pois sua empresa localiza-se em Pinhais, região próxima de Piraquara, cidade das nascentes das águas que abastecem a região metropolitana de Curitiba. Então não poderia ser realizado o tratamento de fluentes e, mesmo que haja um tratamento, sempre sobrarão resquícios e eles serão despejados nos rios. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) não aprovaria, é um risco muito grande, se ocorrer algum problema dentro da estação de tratamento, por exemplo, alguma bomba parar de funcionar e não tratar a água, isso irá poluir o meio ambiente. Quanto à estamparia digital a jato de tinta em Curitiba, Andréia acredita que, de imediato, ela não seja viável, mas que futuramente pode mudar, pois a tecnologia está em constante avanço. “O processo pode ser mais fácil, podem encontrar outra maneira de imprimir que tenha menos tratamento, o toque do tecido pode ser melhor... A impressão digital veio para ficar, isso é fato, em longo prazo existe futuro para ela sim”, afirma. Há também no mercado curitibano uma demanda por estampas exclusivas, porém, Andréia diz que existe dificuldade de entendimento da etimologia da palavra, de exclusivo por único. Uma estampa exclusiva é você desenvolver sua própria estampa e colocar ela para rodar, mas não necessariamente ser feita apenas uma peça, porque assim ela não é somente exclusiva, ela é única também, são duas coisas separadas. Andréia percebe que tanto o confeccionista, o estilista ou até mesmo o consumidor final não consegue entender ainda que uma estampa exclusiva tem que ter um valor agregado maior, “a estampa é exclusiva, então tem que ser mais cara e as pessoas querem exclusividade com preço de mercado popular, porque você tem o preço do normal, o preço do exclusivo e o preço do único, são preços de produtos diferentes”, explica. A procura por estampa exclusiva é feita por pessoas que entendem a questão de produto, que está conectado no mercado e que consegue ter um vislumbre maior.


32

O designer não tem essa dificuldade, porém alguns não entendem a diferença entre o que é exclusivo e o que é único. Andréia esclarece para seus clientes “A estampa é exclusiva porque você esta desenhando, só vão encontrar essa estampa na sua marca, só quem comprou a sua roupa vai ter, mas não significa que eu vou comprar o vestido daquele lugar e ele vai ser único para mim, único é outra história... único só a pessoa vai ter, foi feito somente para ela”. Andréia conclui que Curitiba não é um mercado específico de somente um segmento, por isso, as possibilidades de estamparia são muitas, porém a concorrência é grande, de um lado temos São Paulo, do outro Santa Catarina, nós estamos no meio e isso dificulta o crescimento de investimentos de grande porte em nossa região. Com o propósito de auxiliar e a critério de conhecimento foi realizada uma pesquisa com informações de livros e cursos sobre estamparia digital e também empresas que oferecem impressões com esses processos na região de Curitiba e também no Sul do País (ver apêndice 7.1, 7.2 e 7.3).

2.3 PROCESSO CRIATIVO No cenário competitivo atual, a sobrevivência de uma empresa depende da interação em torno do atendimento ideal ao seu cliente e do posicionamento adequado no mercado diante de seus concorrentes. Existe também a necessidade de gerar produtos nos quais o consumidor perceba maior valor agregado mediante a diferenciação, atendendo suas expectativas na hora de adquirir o bem. O mais importante é ter conhecimentos metodológicos básicos para desenvolver um produto e coordenar o projeto e, para isso, existem as técnicas de criatividade, que funcionam como uma referência, um roteiro. Para que as criações não ocorressem ao acaso, optou-se por guiar o processo criativo de estampas a partir de técnicas de criatividade aplicáveis em projetos de design. São ferramentas e técnicas que foram escolhidas entre diversas opções como Brainstorming, Brainwritting, Método 635, MESCRAI, Listagem de Atributos, PNI e seis chapéus. As técnicas de criatividade servem para diferentes fins, como compreender o problema que se enfrenta; gerar ideias perante a escassez no fluxo criativo; selecionar ideias existentes; e planear atividades, como pode-se observar no quadro a seguir:


33

QUADRO 1 – EXEMPLO DE TÉCNICAS DE CRIATIVIDADE E SUA FINALIDADE

FONTE: Amaro; Cruz; Cruz; Gonçalvez; Pinto; Rodrigues (2010)

As técnicas são classificadas tendo em conta o número de pessoas que são necessárias à sua utilização. Neste caso, para a realização deste trabalho, foram estudadas doze ferramentas e a partir disso, selecionadas três ferramentas adequadas para o trabalho individual, considerando a organização de ideias, a qualidade de produção de ideias, o estimulo as formas de pensamentos convergentes e divergentes, a agilidade nos resultados e por possuir características que se encaixam com a identidade das usuárias selecionadas. A seguir serão explicadas detalhadamente.

2.3.1 Mapa Mental

Utilizado para auxiliar a tomar nota de acordo com imagens ou palavraschave, permite a transcrição rápida e organizada das ideias à medida que vão surgindo. O mapa mental funciona como o cérebro, de maneira não linear, permite que ligações e associações sejam registradas e reforçadas “visualmente”. Para desenhar um mapa mental, deve-se escrever o conceito principal no centro da folha


34

e em série de ramificações sucessivas, em todas as direções, anotar um conjunto de representações, informações e pensamentos. O resultado se apresenta na forma de uma rede de fibras nervosas. (AZNAR, 2011). FIGURA 14 – MAPA MENTAL SOBRE COMO CRIAR UM MAPA MENTAL

FONTE: Amaro; Cruz; Cruz; Gonçalvez; Pinto; Rodrigues (2010)

É aconselhável usa-lo no início da sessão de criatividade, pois ele ajuda a organizar melhor as ideias no cérebro, representando as informações em um formato simples de maneira gráfica, facilitando não só a sua visualização, como também a sua memorização. A técnica estimula a imaginação e o fluxo natural das ideias. Por ser uma ferramenta que permite utilizar representações de imagens, desenhos ou símbolos, pode ser usada como inspiração para a criação de estampas, pois o próprio Mapa Mental resulta em imagens visuais que podem compor a padronagem.

2.3.2 Scamper

Ferramenta elaborada por Bob Eberle que tem como finalidade favorecer a geração de ideias, respondendo uma listagem de perguntas preestabelecidas. Se olharmos para o termo Scamper, este pode traduzir-se por “correria”, Eberle (1984)


35

refere que assim como a palavra sugere “correr alegremente como uma criança” a estratégia SCAMPER também evoca a necessidade de percorrer nossa mente alegremente à procura de ideias. É considerada uma das técnicas mais completas e eficazes especialmente no processo divergente de geração de ideias. A imaginação é canalizada através dos operadores para explorar caminhos definidos, combinando estímulos psicológicos com pensamento criativo orientado. O SCAMPER é feito seguindo os seguintes passos: Substituir; Combinar; Adaptar; Modificar; Pensar em outro uso; Eliminar; e Reverter. A partir desses passos se obtém várias opções de ideias. (FERNANDES, 2013). O seu uso é indicado depois que o problema ou situação já estiver colocado, e são estabelecidas três fases:

1º - Há a identificação do problema, situação ou foco criativo. 2º - Em seguida é formulada a relação de perguntas SCAMPER da perspectiva do tema apresentado. 3º - Após um espaço de tempo, através das respostas para as perguntas, foram geradas ideias. Passa-se então para a avaliação e decisão de quais ideias são válidas ou adequadas. No caso da criação de estampas, pode ser aplicada para a visualização e reorganização dos aspectos do tema. A combinação dos recursos possibilita uma infinidade de criações, conforme pode ser observado abaixo em um exemplo aplicado a um produto de moda: QUADRO 2 – USO DO SCAMPER PARA CRIAR UM NOVO TIPO DE BOLSA

FONTE: Cordeiro (2012)


36

A aplicação desta ferramenta é muito útil para abrir a mente para novas maneiras de se concentrar no tema e com isso mudar a nossa capacidade criativa. Ela oferece uma maneira sistemática e prática de estimular o pensamento, a imaginação, a originalidade e a intuição, enquanto estrutura o pensamento criativo. 2.3.3 Analogias

Uma analogia define-se como uma relação semelhante entre coisas diferentes. Do ponto de vista da criatividade, as analogias constituem uma técnica que procura a geração de ideias a partir de associações de conceitos que se encontram ligados em si. Existem muitas maneiras de usar analogias no pensamento criativo. Na estamparia, elas podem auxiliar na exploração de novas configurações e aplicações de padronagens. Segundo Baxter (2000) existem basicamente, quatro tipos de analogias: a) Proximidade - quando dois elementos estão logicamente conectados, tendem a ser vistos juntos, exemplo: bule/xícara, mesa/cadeira; b) Semelhança - estímulos semelhantes entre si, como igualdade de forma, tamanho, peso, cor e outros, exemplo: sapato/tênis, leão/gato; c) Contraste - oposição entre coisas, com diferenças distintas, exemplo: gordo/magro, quente/frio; d) Causa-efeito – aquilo que se obtém em consequência de algo ou de uma causa, exemplo: açúcar/obesidade, feriado/passeio. Aznar (2011) também afirma que existem duas famílias de analogias: as lógicas e racionais, que podem ser exploradas de maneira metódica, por meio do intelecto, quando há conhecimento sobre o assunto; e as analogias intuitivas, eventualmente irracionais e vagas, que vêm a mente de forma espontânea ou são buscadas e examinadas com abordagem projetiva. Aplicar esta técnica serve para forçar ligações existentes entre realidades que, em outro contexto, podem parecer afastadas e também para provocar pensamentos divergentes. E recomendável usá-la sempre que for necessário dar impulso ou fazer uma provocação adicional.


37

Após utilizar as ferramentas de criatividade para a geração de ideias, parte-se para um segundo estágio, a seleção. Selecionar ideias é um processo sistemático, disciplinado e rigoroso, é preciso identificar, no meio das muitas ideias geradas, aquela que melhor soluciona o problema proposto. Essa seleção exige também criatividade para combinar e adaptar as ideias às necessidades de solução (Baxter, 2000), para então entrar na fase seguinte, o desenvolvimento do produto.

3 APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

Para o desenvolvimento de um novo produto, é preciso ter uma combinação de elementos como pesquisa, planejamento cuidadoso, controle meticuloso e o uso de métodos sistemáticos. O método sistemático inclui a aplicação de conhecimentos sobre estética e estilo, é o casamento entre ciências sociais, tecnologia e arte aplicada (BAXTER, 2000). Em

primeiro

lugar

foi

selecionado

o

público-alvo

de

acordo

com

características que se assemelham à proposta da pesquisa experimental. Em seu livro Consumo Autoral, Morace (2012) aborda perfis de diferentes consumidores, entre eles o Linker People, apontado como público alvo neste estudo. Os Linker People são jovens caracterizados pela forte necessidade de reelaborar o mundo e contextos à sua volta de maneira única e criativa. Vivem a condição urbana com infinito reservatório de estímulos a serem propostos ou colecionados. São grandes experimentadores, receptivos a combinações, inclusive as inesperadas, entre tecnologia e experiências pessoais, para criar e relançar “códigos comuns”, sem indentificar-se com uma única comunidade. No consumo prestam atenção aos processos de pensamento que constroem um projeto e às dinâmicas relacionadas entre as escolhas do consumidor e as respostas da empresa, apreciando produtos de estéticas surpreendentes (MORACE, 2012).


38

FIGURA 15 – PÚBLICO LINKER PEOPLE

FONTE: A autora, 2015

A partir deste perfil, foram selecionadas três usuárias através da rede social Facebook, que correspondem a essas características. São mulheres entre 20 e 30 anos, que não se identificam com uma única comunidade, tem seus próprios gostos e preferências e gostam de partilhar suas histórias com seus amigos e familiares através de suas fotografias, além de ter o gosto por experimentar o novo. Feita a seleção do público, foi elaborado um questionário (ver apêndice 7.4) para coleta de dados, a fim de levantar informações e explorar mais amplamente a personalidade de cada usuária. A partir disso, foram escolhidas as ferramentas de criatividade para o desenvolvimento do produto, adequadas para cada pessoa conforme sua identidade. O processo de desenvolvimento da estampa foi elaborado usando a metodologia MD3E, que consiste em um método desenvolvido por Flávio Anthero dos Santos, voltado para a área de design, dividido em três etapas básicas: pré concepção, concepção e pós concepção. (SANTOS, 2000)


39

FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MÉTODO ABERTO MD3E

FONTE: Santos, 2000

Para este trabalho foram desenvolvidas as seguintes atividades: pré concepção, onde será tratada a especificação e definição do problema; concepção, com a geração de alternativas para as estampas através das ferramentas de criatividade; e por fim, a pós

concepção, parte de confecção de tudo que foi

trabalhado e estudado colocando em prática o resultado final com análise dos resultados. A seguir todas as etapas do processo de desenvolvimento das estampas.

Usuária 1 Pré concepção: A partir do questionário respondido, foram selecionadas as seguintes características para o desenvolvimento da estampa:

A usuária possui um estilo casual, tem preferência por estampas básicas com ilustrações e paisagens e gostaria de ter uma estampa feita de fotografias de lugares onde visitou, portanto, a foto escolhida é de uma viagem feita em suas férias.


40

FIGURA 17 – FOTOGRAFIAS SELECIONADAS PELA USUÁRIA 1

FONTE: Arquivo pessoal da usuária 1

Seguindo este perfil, a ferramenta escolhida para trabalhar no processo criativo da estampa foi o Scamper, que por ser uma ferramenta com pensamento criativo orientado e explorar caminhos definidos, se identifica com o perfil da usuária, traçado com a ajuda do questionário e observações de sua rede social (Facebook). Ela gosta de seguir roteiros e listas de tarefas para realizar suas atividades e fazer planejamentos. Segue abaixo o Scamper desenvolvido para a geração de idéias: FIGURA 18 – USO DO SCAMPER

Substituir

Combinar

Adaptar

Modificar

Pensar em outro uso

Fotografia por Ilustração

Fotografia + Ilustração

Giz seco em papel de aquarela p/ criar textura

Cores da ilustração diferentes da fotografia

Estampa em almofadas

Fotografia + Paisagem + Imagem pessoal Preto e branco + Fundo Colorido Tatuagem + Hachuras

FONTE: A autora, 2015


41

Concepção Em seguida, foi realizado um estudo com ilustração da fotografia, utilizando elementos retirados da ferramenta Scamper. As técnicas utilizadas para o desenho foram: hachuras, giz pastel seco e marcadores. O resultado pode ser observado na figura a seguir:

FIGURA 19 – ILUSTRAÇÃO DESENVOLVIDA PARA A USUÁRIA 1

FONTE: A autora, 2015

Por fim, de acordo com a preferência da usuária por estampas localizadas, foram desenvolvidas nos programas Corel Draw Adobe e Photoshop as gerações de alternativas. A seguir as opções de padrões:


42

FIGURA 20 – OPÇÃO 1 – ESTAMPA LOCALIZADA

FONTE: A autora, 2015

FIGURA 21 – OPÇÃO 2 – ESTAMPA LOCALIZADA

FONTE: A autora, 2015


43

FIGURA 22 – OPÇÃO 3 – ESTAMPA LOCALIZADA

FONTE: A autora, 2015

Pós Concepção As estampas escolhidas para serem confeccionadas foram as opções 1 e 3. Na opção 1 o padrão foi criado juntando a fotografia com a ilustração, e na opção 3 somente a ilustração inspirada na fotografia, combinando o desenho manual com o digital. Como se trata de uma produção em menor escala, as amostras foram desenvolvidas através do processo digital de impressão direta (jato de tinta), e como a tecnologia é indicada para tecidos com fibras naturais, as impressões foram feitas sobre os tecidos cambraia e tricoline 100% algodão.


44

FIGURA 23 – IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE O TECIDO

FONTE: A autora, 2015

Resultado final das duas estampas: FIGURA 24 – IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE OS TECIDOS CAMBRAIA E TRICOLINE

FONTE: A autora, 2015


45

Após a confecção das estampas, foi feita a entrevista pessoal com a usuária 1 para mostrar o resultado . Segue abaixo a sua opinião: “Amei as duas estampas e super usaria, faz minha imaginação fluir, gostei mais da primeira opção (figura 20), remete à paz e traz a leveza que eu senti naquele dia, me fez lembrar que a vida é bem mais que stress e com certeza usaria em uma camiseta!”. FIGURA 25 – SIMULAÇÃO DO PRODUTO FINAL – CAMISETA COM ESTAMPA LOCALIZADA

FONTE: A autora, 2015

Usuária 2

Pré concepção: A partir do questionário respondido, foram selecionadas as seguintes características para o desenvolvimento da estampa: A usuária possui um estilo geek, tem preferência por estampas alternativas com ilustrações e paisagens e gostaria de ter uma estampa feita de fotografias de lugares onde visitou, então, a imagem escolhida é uma fotografia que tirou da Praça do Japão, lugar que gosta de frequentar por ter interesse na cultura oriental.


46

FIGURA 26 – FOTOGRAFIA SELECIONADA PELA USUÁRIA 2

FONTE: Arquivo pessoal da usuária 2

Seguindo este perfil, a ferramenta escolhida para trabalhar no processo criativo da estampa foram as Analogias, que por ser uma ferramenta onde podemos explorar realidades que em outros contextos podem ser afastadas, se identifica com o perfil da usuária, pois ela gosta de estampas alternativas, fora do contexto. A seguir as Analogias desenvolvidas para a geração de ideias: FIGURA 27 – USO DAS ANALOGIAS

Proximidade

Semelhança

Contraste

Causa e Efeito

Japão Orientais Árvore - Folhas/ Raiz/ Galhos

Cabelo Árvore Água Espelho Fotografia cerejeira Ilustração da cerejeira utilizando mesmas formas e cores

Real – Lúdico

Alternativo - Diferente

Construções Natureza

Reflexo – Imagem repetida

Colorido – Preto e branco

Gostar de coisas orientais – ir em lugares que lembram o País (praça do Japão)

FONTE: A autora, 2015


47

Concepção Em seguida, foi realizado um estudo com ilustração da fotografia, utilizando elementos retirados da ferramenta Analogias. O resultado pode ser observado na figura abaixo:

FIGURA 28 – ILUSTRAÇÃO DESENVOLVIDA PARA A USUÁRIA 2

FONTE: A autora, 2015

Por fim, foram desenvolvidas no programa Corel Draw Adobe e Photoshop as gerações de alternativas. A seguir as opções de padrões:


48

FIGURA 29 – OPÇÃO 1 – ESTAMPA RAPPORT

FONTE: A autora, 2015

FIGURA 30 – OPÇÃO 2 – ESTAMPA RAPPORT

FONTE: A autora, 2015


49

FIGURA 31 – OPÇÃO 3 – ESTAMPA LOCALIZADA

FONTE: A autora, 2015

Pós Concepção As estampas escolhidas para serem confeccionadas foram as opções 1 e 3. Na opção 1 o padrão foi criado com a fotografia e na opção 3 somente a ilustração inspirada na fotografia, feita com desenho manual. As amostras foram desenvolvidas através do processo digital de impressão direta (figura 23), sobre os tecidos cambraia e tricoline 100% algodão. A seguir o resultado final das duas estampas: FIGURA 32 – IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE OS TECIDOS CAMBRAIA E TRICOLINE

FONTE: A autora, 2015


50

Após a confecção das estampas, foi feita a entrevista pessoal com a usuária 2 para mostrar o resultado . Segue abaixo a sua opinião: “Gostei, usaria a segunda opção (figura 31), me fez lembrar do Japão, coisa que eu sinto quando estou na praça e a ideia de ser uma ilustração alternativa me fez lembrar dos desenhos de uma banda japonesa que eu gosto Asian Kung Fu Generation, me identifiquei e usaria sim em uma camiseta!” FIGURA 33 – SIMULAÇÃO DO PRODUTO FINAL – CAMISETA COM ESTAMPA LOCALIZADA E VESTIDO COM ESTAMPA RAPPORT

FONTE: A autora, 2015

Usuária 3

Pré concepção: A partir do questionário respondido, foram selecionadas as seguintes características para o desenvolvimento da estampa: A usuária possui um estilo romântico, tem preferência por estampas discretas com ilustrações e símbolos e gostaria de ter uma estampa feita de fotografias de


51

itens que gosta, então, a foto escolhida é de um presente especial que ganhou, a sua máquina de datilografia.

FIGURA 34 – FOTOGRAFIA SELECIONADA PELA USUÁRIA 3

FONTE: Arquivo pessoal da usuária 3

Seguindo este perfil, a ferramenta escolhida para trabalhar no processo criativo da estampa foi o Mapa Mental, que por ser uma ferramenta visual, com associações de palavras através de imagens, se identifica com o perfil traçado, onde um dos elementos escolhidos para compor o padrão da estampa são os símbolos. A seguir o Mapa mental desenvolvido para a geração de ideias:


52

FIGURA 35 – USO DO MAPA MENTAL

FONTE: A autora, 2015

Concepção

Em seguida, foi realizado um estudo com ilustração da fotografia, utilizando palavras chaves retiradas do mapa mental: Símbolos, Letras, Máquina de escrever, Romântica, Aquarela, Amarelo, Verde claro, Rosa, Coração e Flores. O resultado pode ser observado na figura a seguir:


53

FIGURA 36 – ILUSTRAÇÃO DESENVOLVIDA PARA A USUÁRIA 3

FONTE: A autora, 2015

Por fim, de acordo com a preferência da usuária por estampas rapport, foram desenvolvidas no programa Corel Draw Adobe e Photoshop as gerações de alternativas. A seguir as opções de padrões: FIGURA 37 – OPÇÃO 1 – ESTAMPA RAPPORT

FONTE: A autora, 2015


54

FIGURA 38 – OPÇÃO 2 – ESTAMPA RAPPORT

FONTE: A autora, 2015

FIGURA 39 – OPÇÃO 3 – ESTAMPA RAPPORT

FONTE: A autora, 2015


55

Pós Concepção

As estampas escolhidas para serem confeccionadas foram as opções 1 e 2. Na opção 1 o padrão foi criado combinando a fotografia com a ilustração e na opção 3 somente a ilustração inspirada na fotografia, feita com desenho manual. As amostras foram desenvolvidas através do processo digital de impressão direta (figura 23), sobre os tecidos tricoline 100% algodão e linho. Segue abaixo o resultado final das duas estampas: FIGURA 40 – IMPRESSÃO DIGITAL DIRETA SOBRE OS TRICOLINE E LINHO

FONTE: A autora, 2015

Após a confecção das estampas, foi feita a entrevista pessoal com a usuária 3 para mostrar o resultado . Segue abaixo a sua opinião: “Lindas... Adorei e usaria sim! a primeira opção (figura 37) usaria em alguma peça de algodão mesmo e a segunda (figura 38) em um vestido bem lindo. Achei minha cara, senti o mesmo que senti no dia que ganhei a máquina de presente, foi especial. Seria uma estampa que eu usaria fácil e sempre, me faria lembrar daquele dia.”


56

FIGURA 41 – SIMULAÇÃO DO PRODUTO FINAL – VESTIDOS COM ESTAMPA RAPPORT

FONTE: A autora, 2015


57

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os processos têxteis contemporâneos de estamparia e suas aplicações resultam em tecidos com linguagens de caráter único. Com isso, o designer consegue atingir maior liberdade em relação ao desenvolvimento de estampas e o consumidor final tem ao seu alcance estampas com resultados exclusivos e únicos. Ao mesmo tempo em que a introdução de novas tecnologias força esses profissionais a aumentarem o seu conhecimento a respeito delas, também faz com que eles estendam o poder de criação, experimentando novas possibilidades e criando novos produtos que satisfaçam os consumidores atuais. Pertencemos a uma era digital informatizada, na qual pode ocorrer o aproveitamento de tecnologias disponíveis para utilizar em impressões digitais de superfícies têxteis, como a fotografia. A combinação de fotografias com a agilidade e constante avanço da estamparia digital, é uma possibilidade de corresponder às expectativas do consumidor, que busca inovação, personalização e exclusividade, pois podem ser confeccionadas peças que transmitam sua personalidade, instigando o desejo de compra. Portanto, o profissional que cria estampas precisa romper as amarras que antes limitavam, de certa forma, sua capacidade criativa. O que ocorre muitas vezes é a falta de domínio ou conhecimento das propriedades sobre impressão digital em superfícies têxteis, ainda muito recente e pouco disseminado. A estamparia digital é um dos processos que irá cada vez mais contribuir para a formação da identidade do sujeito atual. O desafio que se tem para o futuro é a integração de todos os elos da cadeia produtiva, fabricantes, fornecedores e designers eles precisam considerar a tendência de ações sob o enfoque da inovação, pois a verdadeira evolução criativa ocorrerá quando todos entenderem as vantagens das características dos novos processos e souberem usufruí-las plenamente na expressão da identidade de seu cliente final.


58

5 REFERÊNCIAS AMARO, J; CRUZ, L. A; CRUZ R. A; GONÇALVEZ, A; PINTO, H; RODRIGUES, H; Crea Business idea. Manual de Criatividade Empresarial. Jul. 2010. Disponível em: < http://www.cria.pt/cria/admin/app/CRIA/uploads/crea/manual%20creatividade%20por tugues_pt_web.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2015. AZNAR, G. Idéias: 100 técnicas de criatividade. 2ª ed. São Paulo: Summus, 2011. BAXTER, R. M. Projeto de produto Guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Blucher, 2000. BERNARDES, D. As estampas de bichinhos de Charlotte Taylor. Mai. 2012. Disponível em: < http://danibernardes.com.br/author/dani/page/35/>. Acesso em: 10 mar. 2015. BONIFACIO, B. Estamparia: Rapport, Módulo e Grid. Jan. 2013. Disponível em: <http://www.revistacliche.com.br/2013/01/estamparia-rapport-modulo-e-grid/>. Acesso em: 30 nov. 2014. BOWLES, M ; ISAAC, C. Disenõ y Estampación Textil Digital. Barcelona: Blume, 2009. CAMPELO, W. Processo Criativo + Sublimação. Dez. 2012. Disponível em: < https://padronagens.wordpress.com/2012/12/09/processo-criativo-sublimacao/>. Acesso em: 24 abr. 2015. CAPELLA, P. O que é Rapport. Abr. 2014. Disponível em: <http://estampaholic.com/2014/04/10/o-que-e-rapport/>. Acesso em: 30 nov. 2014. CARDOSO, R. Uma Introdução à História do Design. 3ª ed. São Paulo: Edgard Blücher LTDA., 2004. CHATAIGNIER, G. Fio a fio: Tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras, 2006. CORDEIRO, N. J. Desenvolvimento de produtos a partir de Metodologias de Criatividade. Apucarana, 2012. 78 f. Trabalho de Conclusão de curso Superior de tecnologia em Design de Moda - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. COSTA, A. C. R; ROCHA, E. R. P. Panorama da Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecções e a questão da inovação. Mar. 2009. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivo s/conhecimento/bnset/Set2905.pdf>. Acesso: 02 dez. 2014. EBERLE, B. Help! In solving problems creatively at home and school .Carthage, IL: Good Apple, 1984. EDNALDO. Um pouquinho de Ronaldo Fraga. Abr. 2013. Disponível em: <http://www.blogdotricot.com.br/tag/ronaldo-fraga-estilista-brasileiro-colecao-carlosdrummond-de-andrade-futebol/>. Acesso em: 03 dez. 2014.


59

EDWARDS, C. Como Compreender Design Têxtil Guia rápido para entender estampas e padronagens. São Paulo: Senac São Paulo, 2012. FERNANDES, G. S. M. Creation: Técnica de criatividade para geração de ideias de novos produtos. Natal, 2013. 124 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-graduação em Engenharia da Produção. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. FLUSSER, V. O mundo codificado: Por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007. GOMES, M.J. Estamparia a metro e à peça. Porto: Publindústria, 2007. GRAGNATO, L; LEVINBOOK, M. Ilustração de moda e desenho de estamparia têxtil: Interconexões com o design de moda. 2008. 9 f. Anais. Colóquio de Moda. HAWKEN, P. Capitalismo Natural: criando a próxima revolução industrial. São Paulo: Cultrix, 2007. KINAS, M. K. Estamparia digital e o design de superfície: múltiplas possibilidades. Florianópolis, 2011. 81 f. Trabalho de Conclusão de curso em design - Habilitação Design Gráfico, Universidade do estado de Santa Catarina. LARANJEIRA, M.; MOURA, MONICA. A estamparia digital e o designer contemporâneo. 2013. 8 f. Anais. Colóquio de Moda. LEILA; MACEDO, J. C. A revolucionária estamparia têxtil digital (A ponte digital entre a indústria têxtil e a indústria da moda). Mar. 2012. Disponível em: <http://ecotexmalhas.blogspot.com.br/2012/03/revolucionaria-estamparia textildigital.html>. Acesso em 09 mar. 2015. LEMOS, C. Estampa digital – como funciona?. Set. 2009. Disponível em: < http://modices.com.br/moda/estampa-digital/>. Acesso em: 18 mai. 2015. LEVINBOOK, M. Design de Superfície: Técnicas e processos em estamparia têxtil para produção industrial. São Paulo, 2008. 104 f. Dissertação (Mestrado em Design) – Setor de Design, Universidade Anhembi Morumbi. MARTORELLI, R. Sem limites para a criação. Revista online Costura Perfeita. Jan. 2012. Disponível em: <http://www.costuraperfeita.com.br/edicao/9/materia/mercado.html>. Acesso em: 19 nov. 2014. METALNOX. Estampas Criativa - #inspiração. Nov. 2014. Disponível em: < http://www.metalnoxfotoproduto.com.br/blog/estampas-criativa-inspiracao/>. Acesso em: 10 mar. 2015. MIMAKI. Mimaki Expo – Fix Blumenau. Fev. 2014. Disponível http://www.mimakibrasil.com.br/noticias.asp?id=41696154705LRS7NH0>. em: 24 Abr. 2015.

em: < Acesso

MORACE, F. Consumo Autoral: As gerações como empresas criativas. 2ª ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012.


60

NAVALON, E. Design de Moda: Interconexão Metodológica. São Paulo, 2008. 101f. Dissertação (Mestrado em Design) – Programa de Pós-graduação em Design. Universidade Anhembi Morumbi. NEVES, J. Manual de Estamparia Têxtil. Escola de Engenharia Universidade Minho. F.S.E.Portugal. 2000. POMPAS, R. Textile Design: Ricerca – Elaborazione - Progetto. Milano: Hoepli,1994. RUBIM, R. Desenhando a superfície, São Paulo: Rosari, 2004. RUTHSCHILLING, E. A. Design de Superfície, Rio Grande do Sul: UFRGS, 2008. RUTHSCHILLING, E. A; LASCHUK, T. Processos contemporâneos de impressão sobre tecidos. Rio Grande do Sul, v. 6, n. 11, p. 60-79, jul./dez. 2013. SALTZMAN, A. El cuerpo deseñado: sobre la forma en el proyecto de La vestimenta. Buenos Aires: Paidós, 2004. SANTOS, F. A. O design como diferencial competitivo. Itajaí: Univali, 2000. VIEIRA, B. L. A estamparia têxtil contemporânea: produção, produtos e subjetividades. São Paulo, 2014. 226 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Programa de Pós-graduação em Têxtil e Moda. Escola de Artes, Ciências e Humanidades. YAMANE, L. A. Estamparia Têxtil. São Paulo, 2008. 121 f. Dissertação (Mestrado em Artes) – programa de Pós-graduação em Artes Visuais. Escola de Comunicações e Artes. 6 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ANDREONI, M. A. L. Estamparia Têxtil: Uma estratégia na diferenciação do produto da manufatura do vestuário de moda. São Paulo, 2008. 108 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Paulista. BELISSA, T. Panólatras facilita trabalho de artesões. Diário do Comércio. Fev. 2014. Disponível em <http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?id=131258>. Acesso em: 14 nov. 2014. FERNANDES, S. R. Técnicas Criativas para a Criação de Design Têxtil e de Superfície. Covilhã, 2013. 97 f. Dissertação (Mestrado em Design de Moda) – Setor de Ciência e Tecnologia Têxteis, Universidade Da Beira Interior. FERRADOR, T. Inovações em estamparia digital trazem primeira edição da FESPA no Brasil. Revista Têxtil, p. 28 - 33, jun. 2012. Disponível em: <http://web.grupomaquina.com/maquinaNet/techEngine?sid=MaquinaNet&command =noticiaClippingSite&action=visualizar&RSS=true&idCliente=5208888334054&idNoti cia=3340975641480&idClienteRSS=5208888334054>. Acesso em: 10 nov. 2014.


61

LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1992. MEDEIROS, P. D; PACHECO, S. M. Design de superfície e processos têxteis relações e características. Florianópolis, 2013. NOVAES, A.; Muito Além do Espetáculo. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. TRONCOSO, S. M. K; RUTHSCHILLING, E. A. A estamparia digital e prospecções no uso das tecnologias. 2014. 11 f. Anais. Colóquio de Moda.

7 APÊNDICE

7.1 - Livros sobre estamparia digital

Digital Printing of Textiles - Autor Ujiie Hitoshi - Editora Woodhead Pub - Ano 2006: o livro trata sobre estamparia, estamparia por transferência, estamparia direta, processos de fixação e pós-tratamento, além do uso de sistemas digitais na estamparia.

Digital Textile Design - Autores Melanie Bowles e Ceri Isaac - Editora Laurence King Publishing - Ano 2009: O livro descreve o processo de impressão digital, abrangendo técnicas, tecnologias e o mercado, destacando os prós e contras desse


62

tipo de impressão e explica todos os passos necessários para a elaboração de uma estampa, ilustrados com tutoriais.

Design de Estamparia Têxtil - Autora Amanda Briggs-Goode - Editora Bookman Ano 2014 : o livro analisa os aspectos do design têxtil, desde a sustentabilidade até a fabricação e comercialização do produto final, abordando também técnicas manuais, tradicionais e as últimas tecnologias digitais em estamparia. 7.2 - Empresas que oferecem serviços de impressão digital

No que diz respeito à pesquisa foram encontrados os seguintes fornecedores que trabalham com Estamparia Digital:

Sublimação - Curitiba

Colorup - Presta serviços personalizados de impressão digital, impressão por sublimação e serigrafia. Atende mercado de vestuário promocional, oferecendo personalização de tecidos sintéticos a confecções e lojas. Telefone para contato: (41) 3327-3411

Site: http://www.colorup.com.br/

Fábrica do Silk - Oferece serviços com as mais modernas técnicas de estamparia digital, sublimação, serigrafia, bordados, cortes a laser

e aplicações de

termocolantes. Telefone para contato: (41) 3669-6020

Site: http://www.fabricadosilk.com.br/

Mef Design - Oferece serviços qualificados de sublimação digital, aplicação de termocolantes, corte a laser em tecidos e criação de estampas exclusivas. Telefone para contato: (41) 3079-4876

Site: http://www.mefcuritiba.com.br/

Stamp Ideias - Atende pequenas e grandes marcas, fornecendo serviços de estamparia através da sublimação, estampando peças cortadas e também bobinas de tecido por metro. Telefone para contato: (41) 3053-3459

Site: http://www.stampideias.com.br/


63

A Jato de tinta

Curitiba

Personalize Curitiba - Oferece serviços de sublimação digital, bordados e estamparia digital direta localizada para camisetas, brindes e decoração. Telefone para contato: (41) 3363-7542

Site: http://www.personalizecuritiba.com.br/

Blumenau

Prototextil Digital - Empresa especializada em estamparia digital direta localizada, oferece serviços para investidores de varejo e E-commerce. Telefone para contato: (47) 3234-2236

Site: http://www.prototextildigital.com.br/

Real Estúdio - Empresa especializada em estamparia digital, desenvolve estampas para vestuário e decoração, atende demandas de todos os portes, desde pequenas tiragens até grandes produções. Telefone para contato: (47) 3395-0447 / (47) 9157-3314 Site: http://www.orbitato.com.br/index.php/estudio-orbitato/item/120-real-estudio

São Paulo

Dtprint - A empresa utiliza estamparia digital direta com pigmentos DuPont e sublimação para vestuário, acessórios, brindes e decoração. Telefone para contato: (11) 5034-9843

Site: http://www.dtprint.com.br/

Panólatras - Site de venda de produtos com estampas exclusivas, oferece tecidos, papel de parede e outros serviços. Trabalha com sistema de lote de vendas, é possível comprar por metro (com 1,40m de largura) ou a unidade (70x50cm). Site: http://www.panolatras.com.br/compre/tecidos/minha-estampa


64

Rio de janeiro

La estampa - A empresa é referência no Brasil no desenvolvimento de estampas, trabalha com estamparia em digital e cilindro (possuem 12 cilindros e podem estampar cerca de 50 metros ou mais por minuto), criando e produzindo tecidos, estampas e cartela de cores para coleções de moda. Telefone para contato: (21) 3613-2000

Site: http://www.laestampa.com.br/site/pt/

7.3 – Cursos livres e Pós- graduação de estamparia

Curitiba

Solar do Rosário Curso Design de Superfície e Estamparia: História, técnicas e criação do manual ao digital para estampas localizadas e rotativas.

TecPuc Curso Estamparia Digital: Apresentar variedades de estampas, seu estilos, aplicações e processos de aplicações, como serigrafia, sublimação e digital.

Porto Alegre

Uniritter Curso de Especialização em Design de superfície: Primeiro curso no País, tem como objetivo capacitar designers e profissionais de áreas afins no aperfeiçoamento de seus conhecimentos em Design de superfície, com ênfase nos aspectos tecnológicos do cenário contemporâneo.


65

Santa Catarina

Orbitato Curso Estamparia e Superfície: Aborda a soma de três elementos, tecidos, tintas e matrizes, mostra as possibilidades técnicas de estamparia da atualidade, com as estampas digitais.

São Paulo

Cursos Livres Belas Artes Curso de Design de Estamparia Digital: desenvolver e aprimorar as técnicas para o design de superfície têxtil. Escola São Paulo Economia Criativa Curso Estamparia Manual e Digital - processos criativos: Criar, desenvolver e fazer estamparia manual e digital atendendo parâmetros técnicos encontrados na estamparia brasileira.

Universo da cor Curso estampas coordenadas, técnicas de rapport, técnicas para criação de estampas e workshop de estampas fotográficas.

Rio de janeiro

Estampaholic - Curso no Stampa Studio Curso Processo criativo para coleção de estampas: tem como objetivo auxiliar os alunos na criação de uma coleção de estampas através de uma metodologia prática e eficiente.

Senai Cetiqt Curso de especialização em Design de Estampas: Pós - graduação em Design e Desenvolvimento de Produtos de Moda, tem como objetivo articular conhecimentos,


66

visando o desenvolvimento planejado de produto de moda, observando a escolha dos materiais, os fatores estéticos, ergonômicos, técnicos e de mercado.

7.4 - Questionário para o público-alvo

1. Você gosta de estampas? Sim Não

2. Que tipo de estampa você gosta?

Discreta


67

Chamativa

Bรกsica


68

Alternativa

3. Como vocĂŞ vĂŞ o seu estilo?

Geek


69

Rocker

Casual


70

Romântica

4. Qual cartela de cores vocĂŞ prefere?

Invernal

Tropical


71

Pálida

5. Qual/quais estampa(s) você mais usa? Paisagens Ilustrações Textos Símbolos Celebridades Montagens fotográficas

6. Como prefere sua estampa? Grande Média Pequena

7. Qual estampa você prefere?

Localizada


72

Rapport

8. Você gostaria de ter uma estampa exclusiva feita especialmente para você? Sim Não

9. Você gostaria de ver suas fotografias transformadas em estampas? Sim Não

10. O que não poderia faltar na sua estampa? Paisagens que visitou Imagens pessoais Itens que gosta


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.