Prelo em Madeira — Construção e Vivência da Impressão Tipográfica Orientador: Prof. Jair Alves da Silva Junior
Coorientador: Prof. Adriano Camargo de Luca
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac —Santo Amaro, como exigênciapara obtenção do grau de Bacharelado em Design com Linha de Formação Específica em Design Gráfico
Prelo em Madeira — Construção e Vivência da Impressão Tipográfica
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SANTOS, ALEF ALMEIDA Prelo em Madeira — Construção e Vivência da Impressão Tipográfica/ Alef Almeida Santos — São Paulo, 2019 74 f.: il. color. Orientador: Prof. Jair Alves da Silva Junior Coorientador: Prof. Adriano Camargo de Luca Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design com Linha de Formação Específica em Design Gráfico) — Centro Universitário Senac Campus Santo Amaro, São Paulo 2019. 1. Impressão Tipográfica 2. Composição 3. Tipos Móveis. 4. Prática Manual 5. Construção 5. Marcenaria l. Santos, Alef Almeida (Autor) ll. Junior, Jair Alves da Silva (Orientador) lll. Luca, Adriano Camargo (Coorietador)
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Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau de Bacharelado em Design com Linha de Formação Específica em Design Gráfico
A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão, em sessão pública realizada em / / , considerou o(a) aluno(a):
Orientador: Prof. Jair Alves da Silva Junior
1) Examinador(a)
Coorientador: Prof. Adriano de Luca
2) Examinador(a) 3) Presidente
Agradecimentos
Gratidão imensurável aos meus pais, que de forma árdua, lutaram para que eu conseguisse chegar até aqui. Aos meus colegas do curso pelas trocas de ideias e ajuda mútua.
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A todos os mestres que contribuíram com a minha formação acadêmica e profissional durante toda minha vida. Dentre estes: Meu orientador Jair por ter aceitado o convite e conduzir o meu trabalho de pesquisa sempre oferecendo valiosas contribuições dadas durante este processo. Ao professor Adriano cuja a dispensa de atenção foi essencial para que este trabalho fosse concluído. À professora Eleni, pelas excelentes conduções de quiestionamentos do projeto, e por toda a paciência e compreenão que lhe couberam até aqui. Ao professor Tadeu Costa por toda a sensibilidade de seus conhecimentos que comigo foram compartilhados, para além de ser o sujeito que me apresentou o processo da Impressão Tipográfica, que para sempre trarei em minhas lembranças. Aos técnicos instrutores Jonatas, Félix e Lourenzo pelo acompanhamento, dicas e experiências promovidas durante o meu trabalho realizado na oficina.
Por último, (mas jamais nesta ordem) ao meu irmão gêmeo Felipe, por todo o amor.
Sumário 01
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OBJETIVOS PÁG. 12
FUNDAMENTOS TEÓRICOS PÁG. 18
OBJETIVOS GERAIS PÁG. 10 OBJETIVOS ESPECÍFICOS PÁG. 10
02 JUSTIFICATIVA PÁG. 15
03 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS PÁG. 17
PUNÇÕES E CONTRAPUNÇÕES E ESTÁGIOS DA FABRICAÇÃO DE UMA PUNÇÃO PÁG. 19 FABRICAÇÃO DE TIPOS NO SÉCULO XVL PÁG. 20 MECANIZAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE TIPOS PÁG. 20 A EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS DE COMPOSIÇÃO PÁG. 21 COMPOSIÇÃO MANUAL PÁG. 21 COMPOSIÇÃO MECÂNICA PÁG. 22 COMPOSIÇÃO A FRIO PÁG. 26
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DECALCO COMPOSIÇÃO PÁG. 26
DIRETRIZES PRODUTO PÁG. 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS PÁG. 62
DATILO-COMPOSIÇÃO PÁG. 27
INTRODUÇÃO PÁG. 39
RESQUISITOS PARA O PROJETO PÁG. 46
FOTOCOMPOSIÇÃO PÁG. 28
PROPRIEDADE DOS MATERIAIS PÁG. 39
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA PÁG. 28 BREVE CIÊNCIA PRÁTICA DA IMPRESSÃO PÁG. 28 TIPOS MÓVEIS E SUAS NOMENCLATURAS PÁG. 28 MEDIDAS TIPOGRÁFICAS PÁG. 30 MATERIAL BRANCO PG. 32 FERRAMENTAS E UTENSÍLIOS PG. 32
PROCESSOS DE FABRICAÇÃO PÁG. 41
06 RESULTADOS DE PESQUISA PÁG. 42 O CENÁRIO TIPOGRÁFICO PÁG. 43 VIVÊNCIA TIPOGRÁFICA PÁG. 43
08 ESTUDOS DE CONCEPÇÃO PÁG. 48
09 MEMORIAL DESCRITIVO PÁG. 48
10 REGISTROS PROCESSUAIS PÁG. 48
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PÁG. 64
13 LISTA DE IMAGENS PÁG. 66
14 ANEXOS PÁG. 66
Resumo
Palavras-chave: 1. Impressão Tipográfica 2. Composição 3. Tipos Móveis. 4. Prática manual. 5. Construção. 6. Marcenaria
Este projeto procura estabelecer uma conexão entre o ofício da prática manual do trabalho e o Design Gráfico, aplicada à proposta de promover a vivência da impressão tipográfica. Trazendo a apresentação de técnicas e mecanismos presentes no desenvolvimento da indústria gráfica, principalmente na natureza de compor e imprimir, o presente trabalho aborda o registro histórico do desenvolvimento de técnicas, máquinas e equipamentos da impressão tipográfica e os passos seguidos por esse sistema após a ascenção da industrialização e mecanização nos processos até a ascenção da tela na atividade do designer através da computação gráfica. O resultado deste será a construção de um prelo do modelo prelo de prova, com a introdução da prática manual de trabalho voltado principalmente à técnicas de marcenaria, usando-se de princípios básicos para projetar e construir.
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Objetivos
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Objetivos Gerais
Objetivos Específicos
Desenvolver um prelo em madeira através de métodos de marcenaria convencionais, realizando competências relativas à técnicas de trabalho e processos de utilização de equipamentos.
Cultivar a vivência prática da atividade do designer em um sistema de composição analógico, por meio da impressão tipográfica; Reproduzir um sistema de impressão em tipos móveis realizando a prática de princípios de projetar e produzir, com o propósito de aproximar os caminhos possíveis da relação entre as práticas manuais de trabalho e o Design Gráfico.
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O desenvolvimento de novos equipamentos de trabalho têm o objetivo de contemplar as atividades do corpo humano, assim como simular todas as articulações deste sistema em condições melhoradas, reproduzindo atividades que o homem realizava com o aparato de suas mãos. As mutações promovidas por esses processos tornam o profissional uma variante substituível pela máquina – e entende-se por esta expressão qualquer tipo de sistema desenvolvido pelo homem que possam realizar o seu trabalho. Flusser, em “O Mundo Codificado - por Uma Filosofia do Design e da Comunicação” (2006) afirma
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“A mão, a atividade de apanhar e produzir tornou-se aí supérflua. E o que ainda precisa de aprendido e produzido e efetuado automaticamente por não coisas, por programas: por “inteligência artificial” e máquinas robotizadas.” (pg. 58)
Desde a invenção do sistema impressão tipográfica de Gutenberg, onde a composição era realizada tipo por tipo, o desenvolvimento tecnológico promoveu a ascensão da popularização dos computadores e a eliminação de funções manuais, agora empregadas pelas máquinas – as artes gráficas também apresentaram o mesmo resultado. Para estes serviços, o trabalho deixou de ser manual e passou a ser realizado em sistemas informatizados, buscando alcançar os interesses de empresas que procuram por mais agilidade e modernização de processos, querendo alcançar os mesmos resultados de forma menos trabalhosa. Por conseguinte, o profissional do design teve suas práticas de produção deslocadas na realização de tarefas agora que esses novos aparatos o levaram a se preparar para operar em novos equipamentos e sistemas cada vez mais inovadores. Antes ainda da mecanização da impressão, o profissional tipógrafo estava à cargo de uma série de práticas de trabalho pré estabelecidos que eram responsáveis por garantir a uniformidade nas peças gráficas desenvolvidas à época. A impressão mecânica de materiais, ainda que guardasse os primores da impressão manual, trouxe essas práticas de forma completamente automatizada, o que inibiu a presença das mãos do tipógrafo durante o processo de impressão. Neste contexto, o processo da impressão tipográfica passou a apresentar deficiências quando requerido equivalência de reprodutibilidade dentro do desenvolvimento tecnológico do mercado de impressos. Isto implicou de forma expressiva o processo de trabalho do profissional da tipografia, este, condicionado a limitar suas atividades em etapas cada vez mais curtas durante o desenvolvimento de um projeto impresso. Desta forma, o desenvolvimento de um sistema de impressão por tipos móveis surge neste trabalho como uma ação que voltará a promover uma experiência da técnica de composição não mecanizada, quando, junto a isto, seguem-se os preceitos da tentativa de se construir um objeto através do trabalho manual, e aqui, a marcenaria surge então como o método capaz de dispor essa relação.
Justificativa
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Participação em workshops e oficinas criativas que abordam a contextualização histórica e a prática da impressão tipográfica Tipografia + Colagem = Liberdade com Marcos Mello, Claudio Rocha e Estúdio Collages 3/3/2018 – Sesc Belenzinho Workshop Experiência Letterpress com Marcos Mello 1/12/2018 – Escola SENAI Theobaldo De Nigris O workshop apresentou a contextualização sobre o que é tipografia/letterpress e narração conceitual sobre composição tipográfica. Realização da técnica de composição manual por tipos móveis e experiência com as linotipos para a composição e fundição de linhas (composição mecânica). O trabalho de criação e composição resultou na produção de um cartão de visitas. Marcos Mello é tipógrafo, designer, artista, professor e sócio da Oficina Tipográfica São Paulo, conveniada à Escola SENAI Theobaldo De Nigris, uma das maiores instituições de tecnologia gráfica no Brasil.
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Reescrevendo a História: Oficina de Tipografia com Marcos Mello 24/3/2019 – Sesc Pompeia No espaço que remontava a Oficina Tipográfica São Paulo, a atividade contemplou a contextualização histórica da tipografia, estudos de caso e prática tipográfica, além da vivência da técnica da impressão. Ao final da oficina, cada participante montou e imprimiu sua própria peça gráfica utilizando acervo da Oficina Tipográfica guarnecida por tipos móveis de madeira e chumbo, clichês e prelos tipográficos.
Levantamento de materiais competentes para o projeto; Pesquisa bibliográfica.
Procedimentos Metodológicos
Participação em cursos e oficinas criativas que se estendem às práticas manuais Marcenaria em Módulos com OficinaLab 9 a 11/2018 – Sesc Pompeia Realizado no espaço dedicado às práticas de marcenaria do Sesc Pompeia, o curso, através de um percurso prático, teve como objetivo capacitar o aluno a transformar a madeira em objetos. Dessa forma, pudemos realizar processos relacionados à marcenaria básica bem como utilizar equipamentos manuais. Ao longo do curso, foram desenvolvidos no total quatro produtos: uma caixa japonesa para ferramentas, uma faca, uma poltrona e uma luminária. Canteiro Modular com Joici Ohashi e Fernanda Tosta 03/2019 – Sesc Carmo A oficina realizada no espaço dedicado à marcenaria do Sesc Carmo tinha como proposta explorar propriedades da marcenaria para a construção de um canteiro modular.
Desenvolvimento do protótipo de um prelo de prova Esta etapa se dará durante o desenvolvimento do TCC 2. Contemplará a confecção do objeto em madeira aplicado à técnicas e procedimentos operacionais.
Entrevista com José Carlos Gianotti Entrevista realizada em 9 e 16/5 com José Carlos Gioanotti
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Punções e Contrapunções e Estágios da Fabricação de Uma Punção
Os softwares de computação gráfica são um grande benefício trazido pelo desenvolvimento tecnológico. Graças aos esforços promovidos por engenheiros de softwares, hoje a definição da forma de uma letra bem como a sua fabricação pode ser feita de uma só vez, mas o registro da técnica histórica deste processo computadorizado no qual temos vivência nos dias de hoje nos mostram que os passos nem sempre foram assim: Por centenas de anos, o processo para a reprodução de uma letra a ser impressa era dividido em três estágios: design do caractere (fabricação da punção); justificação do caractere (justificação da matriz); e a fundição do tipo, por tanto, ao que se deve na prática de um tipógrafo, a habilidade na metalurgia, o manuseio do buril e uma matéria prima composta por uma liga metálica eram equivalentes à técnica e equipamento do momento atual.
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Segundo trechos da edição de Fournier presente na pesquisa de Fred Smeijers, a forma final de uma letra a ser impressa era empregada em uma barra de aço denominada como punção, que era fornecida através de um processo que fornecia a forma da parte interior da letra: a contrapunção.
Uma punção é, basicamente, uma pequena barra de aço de peso leve, onde a parte principal do aço a ser removido é retirado com uma lima grosseira. Depois desta etapa limas menores e mais finas são usadas para dar forma à punção e, consequentemente, à imagem. Assim, o corte final do tipo é realizado então com um buril. A punção se aplica ao início do processo de fabricação e de desenho do tipo. Em resumo, prática completa para a fabricação de um tipo era a seguinte: Cortar a punção; Justificar a matriz e posicioná-la no molde; Derramar chumbo derretido no molde; Retirar o tipo; Remover o material desnecessário do tipo; Dar altura uniforme aos tipos; Compor os tipos; Entintar e imprimir os tipos; A imagem do tipo (seu desenho) pode ser vista no papel.
Figura 1 — Punções fonte: Fred Smeijers, 2014
Fundamentos Teóricos
Duas das punções criadas por Van den Keere para a sua romana Paica Dupla de duas linhas
Fabricação de Tipos no Século XVL
Mecanização na Fabricação de Tipos
Evolução das Práticas de Composição
Composição Manual
Os primeiros tipos móveis desenvolvidos para aplicação na impressão tipográfica eram feitos em metal, mais especificamente fundidos em chumbo ou uma liga metálica composta pela solução de chumbo acrescida a um outro componente metálico – o Estânio e o Antimômio são exemplos. A punção era o processo que definia o desenho do tipo impresso na folha de papel e os profissionais responsáveis por essa prática eram o que chamamos hoje de designers de tipo, e cabe a estes designers – ou à época cortadores de punções – o crédito das definições destas formas que foram transparecidas a nós, muitas vezes inalteradas até os dias de hoje.
Com condições oferecidas pelo desenvolvimento tecnológico a partir do século XX, as fundicões realizavam as etapas de fabricação de um tipo (como o corte de punções e fundição) já em máquinas automatizadas e então a fabricação destes materiais passou a ser feita em grandes escalas – resultado da redução de tempo junto aos diversos aperfeiçoamentos aplicados aos equipamentos de produção. O panorama da evolução técnica do surgimento dessas novas tecnologias deu espaço, principalmente, à técnicas que garantiam facilidades para a reprodução de uma série de matrizes e punções, às vezes tão simples e exigindo pouca habilidade do profissional que, além de aprovações, eram alvos de descontentamentos a respeito da falta de sensibilidade do trabalho da mão humana.
Composição 1 Tip. Ato ou efeito de compor tipograficamente qualquer texto (linhas e páginas de caracteres, fios ou vinhetas) destinado a impressão. (ABC da ADG, 2000).
A composição tipográfica era feita de modo manual até o final do século XIX. Os tipos, organizados em bandejas, eram organizados em quatro parâmetros diferentes para agilizar o processo: maiúsculas (na parte superior), minúsculas (na parte inferior) – daí as designações “caixa alta” e “caixa baixa”, usadas habitualmente na profissão.
Visto a relação entre a tipografia, a impressão tipográfica e o corte de punções, é um pouco lógico discriminar que esta prática passou a existir com a invenção da impressão, e de que sem a impressão tipográfica não há o corte de punções. Mas é essencial que isso não seja tomado como verdade, visto que o corte de punções era uma prática antiga que, dentro da impressão tipográfica, se tratou da implementação de uma técnica de trabalho já disponível – que, assim como antes da criação de Gutenberg, os princípios da prensa já eram aplicados em outras atividades – para aplicação de selos, identificação de produtos e adotada inclusive na casa da moeda. Os primeiros cortadores de punções eram profissionais que atendiam a pedidos de impressores que precisavam de tipos para a realização de trabalhos, e normalmente estes pedidos eram atendidos junto a outros serviços. Somente no século XVl a atividade de corte de punções passou a ser uma prática profissional reservada, ainda pequena e seleta. Smeijers palpita que – ainda dificultado a chegar em números através de pesquisa – cerca de 600 profissionais foram responsáveis pela fabricação de tipos nos primeiros 100 anos de impressão tipográfica.
E se tratando do cenário criado (principalmente após o invento da computação gráfica) no processo de criação de uma forma a ser impressa, Claudio Rocha em seu estudo “Produção Gráfica” (2006) afirma: “A tipografia atingiu no século XX, um novo patamar de desenvolvimento, comparável ao salto ocorrido na Europa, no tempo vivido por Gutenberg”. De acordo com o autor, a criação de novos tipos primeiramente era restrita a um grupo de iniciados, mais tarde os profissionais estavam ligados a fabricantes de equipamentos gráficos de composição, e agora a profissão pode ser promovida através de uma página digitalizada repleta de recursos de um jeito mais exploratório, não tão limitado à fabricantes, mecanismos e equipamentos.
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O fim de manuscritos se deu ao desenvolvimento do sistema de impressão tipográfica, no século XV, pelo alemão Gutenberg. O processo tipográfico de impressão é um processo onde uma forma relevográfica – Composta por tipos de altura uniforme, com letras fundidas em reverso –, entra em contato direto com o substrato utilizado para receber a impressão. Neste processo a fôrma relevográfica (também identificada como olho dos tipos) é entintada e então prensada ao substrato. A prova tipográfica é obtida após a remoção do substrato junto à fôrma após a realização do processo.
O processo de composição manual com tipos segue de forma onde estes são retirados das caixas e dispostos primeiramente em dispositivos de metal chamado componedor para que as linhas sejam justificadas e então transferidas para a galé, componente onde os tipos já justificados são presos, a fim a formar as páginas a serem sujeitadas à impressão.
Figura 2 — Tipos Móveis fonte: “Projeto Gráfico”, Antônio Celso Collaro
Por muitos séculos a técnica de impressão desenvolvida por Gutenberg no século XV permaneceu e as alterações a qual foi sucedida referem-se ao desenvolvimento de mecanismos mais eficientes. Responsáveis pelo grafismo da página após a composição do operador no componedor
Composição Mecânica
As inovações tecnológicas advindas da Revolução Industrial ofereceu aos profissionais a chance de diminuir seus custos de produção bem como aumentar de forma expressiva o número de impressos através da alternativa de mecanização de suas atividades.
Tudo isso foi permitido com o invento das máquinas de composição onde, para este cenário, duas máquinas se apresentaram ao mercado com maior sucesso:
Linotipo A composição mecânica apresenta na linotipo a faz sistema de composição a quente mais conhecido e utilizado. Criada pelo alemão Ottmar Mergenthaler em 1884, serviu como fervor nas artes gráficas da época por ser um grande avanço para a produção de recursos textuais que pouco haviam evoluído até então. O sistema da linotipo é composto por um teclado, um componente repleto das matrizes do tipo que deve ser utilizado e acoplada, uma fundidora.
Figura 3 — Tipos fundidos fonte: “Projeto Gráfico”, Antônio Celso Collaro
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Linha de composição fundida através dos processos de Linotipo e Monotipo
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Para o manuseio de todos estes componentes é exigido as competências profissionais de um único operador. Este, ao pressionar uma tecla, libera a matriz do tipo correspondente através de um componente chamado escaninho, até que todas as matrizes da linha sejam justapostas e então mecanicamente levada à fundição, realizada a cerca de 280°C. O processo dura cerca de 15 segundos, e este esforço repetido resulta então na formação de uma página. Collaro afirma que a capacidade de produção ocorre entre 6.000 e 8.000 toques por hora, apresentando um resultado quantitativo exponencialmente maior ao da composição manual, que apresenta em média um número de 600 toques para o mesmo tempo.
Figura 4 — Máquina Linotipo Linotipo fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Composição Mecânica
Monotipo Apresentada em 1893 pelo seu criador americano Tolbert Lanston, este sistema de composição se difere da linotipo basicamente por dois motivos: a) era formado por duas máquinas distintas, uma o teclado e a outro a fundidora e b) ao invés de serem fundidos em linhas, os caracteres que compunham o recurso textual eram fundidos um a um. A composição se dava quando o rolo de papel (fita de papel que funcionava como ligação entre o teclado e a fundidora) perfurado pelo teclado, quando desenrolado, deixava passar pelos furos o ar comprimido que era o responsável pelo deslocamento das matrizes para daí em diante realizar o processo semelhante ao da linotipo.
Figura 5 — Máquina Monotipo fonte: “Projeto Gráfico”, Antônio Celso Collaro
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Máquina Monotipo
Composição a Frio
Decalco Composição
Datilo-composição
Este tipo de composição é embasado naquele que “no momento de gravar o signo, não recorre à fundição imediata do tipo.” (ARAÚJO, 2008) e é assistida a partir de três processos: datilografia, que podem ser manuais ou elétricas; fotocomposição, que fazem o uso de caracteres dispostos através de uma projeção; e editoração eletrônica que utiliza sistema de editoração através de recursos eletrônicos.
Vivendo seu auge nos anos 60 e 70, este sistema de composição se baseia na transferência de letras feitas através do atrito do papel plano sobre o suporte para receber a impressão. Na época, oferecer recursos de espacejamento em leiautes aumentando a possibilidade de exploração criativa o firmou no mercado gráfico.
Este sistema de composição é baseado no princípio da datilografia, onde o recurso textual é obtido através da impressão no substrato através de matrizes, estas, tinham sua inclinação e espessuras fixas. Quando em uso, era um dos sistemas de impressão mais utilizados em prestadores de serviços de pequeno porte devido ao seu baixo custo. O primeiro projeto deste sistema leva a seguinte definição de seu próprio patenteador: “máquina ou método de imprimir ou transcrever letras isoladas ou progressivamente uma depois da outra, como na escrita manual, de modo a que possam ser gravadas em papel ou pergaminho tão exata e nitidamente que não se destingam da impressão tipográfica” (ARAÚJO, 2008). Patenteado em 1714 pelo inglês Henry Nill, o sistema de datilografia passou progressivamente por uma série de experiências e alterações. Em suas últimas propostas, apresentava, além de sistema de memória, componentes de editoração eletrônica.
Figura 6 — Decalque fonte: “Projeto Gráfico”, Antônio Celso Collaro
Figura 7 — Fluxograma fonte: “Projeto Gráfico”, Antônio Celso Collaro
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Fluxograma de trabalho no sistema Composer 505-Forma
Fotocomposição
Editoração Eletrônica
Breve Ciência Prática da Impressão
A partir de 1896, 98 e 99 em diante os primeiros equipamentos que atendiam a esse sistema foram estudados e desenvolvidos, mas ainda muito próximos de conceitos da composição a quente, logo, apresentava um resultado quantitativo de produção ainda idênticos à estes métodos mais pioneiros. Entre 1944 e 1945 dois engenheiros franceses, René Higonnet e Louis Moyroud, se viram obrigados a emigrarem para os Estados Unidos a fim conseguir apoio financeiro para o desenvolvimento de seu novo equipamento. Dispondo para o profissional a possibilidade de manipulação de estilos e opacidade para os caracteres, este sistema era uma das grandes novidades da indústria gráfica da época, e em 1950, as primeiras fotocompositoras chegavam ao mercado com grandes avanços tecnológicos.
Todo processo que não executado pelo profissional do design foi, a curtos passos, sendo informatizado. Munidos de aparatos de editoração eletrônica após a popularização do uso dos computadores a partir de 1980, profissionais e empresas eliminaram uma série de etapas de produção para a apreciação de uma publicação impressa, procurando agilizar o seu processo.
O conhecimento técnico relacionado à prática da impressão tipográfica normalmente restrito ao grupo de iniciados a este processo é algo que percebo que deva ser apresentado a fim de causar maiores esclarecimentos técnicos da tipografia. Portanto, é essencial que alguns termos junto a dispositivos técnicos sejam abordados neste trecho.
Este sistema era configurado em programas e módulos básicos, denominados MSC, que eram compostos por controlador, vídeo, teclado, unidade de disco e fotocomponedora. – A possibilidade de pré-visualização de uma página também era um componente que podia ser acrescentado ao sistema. A condição para oferecer maior plasticidade aos leiautes que a fotocomposição apresentava era exponencialmente mais rica do que qualquer outro processo de composição manual: Modelos de fotocompositoras possuíam um acervo de até 255 fontes, dando ao profissional a possibilidade de alteração em suas morfologias (condensar, expandir) além de proporcionar ao leiaute uma variação de corpo de fonte que partia de 4 a 118 pontos. Este equipamento já oferecia também a possibilidade de, quando conectado a computadores e processadores de textos, funcionar como saída de recursos alimentados por estes já em fotocomposição.
Tipos Móveis e Suas Nomenclaturas
De acordo com Antonio Celso Collaro, em “Projeto Gráfico”, o fluxo de trabalho para o desenvolvimento de uma publicação através de processos de impressão convencionais incluía as seguintes etapas: A – Original datilografado; B – Diagramação; C – Marcação de textos para composição; D – Digitação e envio para a fotocomposição; E – Primeira prova impressa para revisão; F – Correção dos erros de digitação; G – Arte-final ou (paste-up) H – Modificações de texto na fotocomposição; I – Remessa de artes-finais para a gráfica. Sustentados pelo sistema de Editoração Eletrônica, as etapas se limitaram a: A – Texto digitado; B – Paginação; C – Diagramação eletrônica; D – Prova para correção; E – Prova final.
Na impressão tipográfica, a matriz de impressão é composta por tipos móveis.
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Como comentado há pouco, o tipo é fundido em uma liga de chumbo, antimônio e estanho, mas com os tempos, a madeira também passou a ser um substrato utilizado para a fabricação destes. Ao todo, um tipo tem seis faces paralelas e as seguintes denominações.
Figura 8 — Tipo fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Corpo é medido em pontos (unidade tipográfica). Corresponde à distância entre a case e a cabeça do tipo; Espessura distância entre as laterais do tipo. Olho é o desenho da letra gravado em relevo na parte superior do tipo. Rebaixo superfície na cabeça do tipo em que se acha assentada a letra. Guia Sulco gravado na frente do tipo que serve para determinar a posição certa da letra; Altura medida entre a base do tipo e o topo da letra; Alinhamento ou ombro distância entre a base do tipo e a base da letra; Relevo ou pescoço distância entre o olho da letra e o rebaixo.
Medidas Tipográficas
Tipos e equipamentos gráficos eram fabricados de forma a obedecer sistemas de medidas, independentemente de seus materiais, a fim de promover mais rapidez e exatidão na montagem de matrizes e respectiva impressão. Abaixo, segue a relação destes sistemas empregados na prática da tipografia.
Ponto unidade fundamental da tipografia. Define as dimensões de todos os materiais tipográficos. O ponto corresponde a 0,376mm;
Figura 9 — Régua tipográfica fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Cícero equivale a 12 pontos. O valor correspondente na medida métrica é 4,512mm Furo Medida surgida no Brasil, corresponde a 4 cíceros ou 48 pontos. Habitualmente o furo é utilizado para as medidas de guarnições, entrelinhas, lingões e lingotes. Uma presença marcada processo de composição por tipos móveis é a régua graduada em medidas tipográficas: o Tipômetro, que normalmente é dividida em meio Cícero, Cícero e furo. Apresenta também a correspondência em centímetros. É utilizada para verificar a medida das composições e na elaboração de projetos a serem produzidos no sistema tipográfico.
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Material Branco
O material branco é empregado na montagem das composições para separar letras, palavras ou linhas. Serve também para justificar linhas em uma medida pré determinada.
Espaço Confeccionados nos corpos 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18 e 20, com espessuras adequadas a cada corpo. Servem para separar letras, palavras e justificar linhas;
Os materiais brancos são responsáveis pela reprodução dos espaços negativos das composições, sua altura é menor que a da altura do tipo e, portanto, não recebe tinta durante o processo de impressão. Estes materiais se dividem em diferentes grupos, portanto, atendem a diferentes singularidades e funções presentes na relação a seguir.
Figura 10 — Caixa para espaços fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Quadrados São utilizados para justificar composições tanto na horizontal quanto na vertical. Existem três medidas de quadrados: 24, 36 e 48 pontos, nas seguintes espessuras: 1, 2, 3, 4, 6,8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 24, 36 e 48 pontos.
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Figura 11 — Quadrados fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Figura 12 — Espessuras de quadrados fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Entrelinhas Servem para separar linhas de texto. As espessuras de entrelinhas são de 1, 2, 3 e 4 pontos e os comprimentos são de 2, 3, 4, 5 e 6 furos;
Lingões Assim como os lingotes e as entrelinhas, estes materiais têm a função de espacejar e justificar cokposições, porém em uma medida maior. São encontrados asnes0essuas de 24m 36 e 48 pontos. Os comprimentos são de 2, 3, 4, 5 e 6 furos.
Figura 15 — Lingões fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Figura 13 — Entrelinhas fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Lingotes São barras de liga tipográfica que possuem a mesma função das entrelinhas, porém numa medida maior, na espessura de 6 e 12 pontos e os comprimentos também são de 2, 3, 4, 5 e 6 furos;
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Guarnições Mais uma categoria de material branco são as Guarnições, confeccionados em ferro fundido e são utilizados na fixação de formas tipográficas nas ramas, embora também possam ser utilizadas para o preenchimento de espaços em branco mais de proporções mais significativas. São encontradas nos comprimentos de 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12 e 15 furos e nas espessuras de 2, 3, 4, 5, 8, 10 e 12 cíceros.
Figura 16 — Guarnições fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Figura 14 — Espessuras de quadrados fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Imagens também têm a possibilidade de ser impressas no processo da impressão tipográfica e são gravadas em matrizes denominadas Clichês. Antes da mecanização na fabricação dessas matrizes, o que se sugere é que o processo de gravação de clichês seja feito através de processos tradicionais como a xilogravura e a calcogravura. Hoje, este processo sofreu a ação de mecanização. Em uma conversa durante uma oficina realizada com a Patrícia, produtora gráfica da LetterPress Brasil, durante uma oficina da Oficina Tipográfica São Paulo (OTSP), foi abordado este tipo de material é recorrente nos processos da tipografia e é oferecido por um serviços terceirizados que atendem a este tipo de demanda. Hoje, o processo de gravação de clichês pode ser reproduzido através de diversos métodos, mas clichês em metal, normalmente utilizados para a impressão tipográfica as revelações podem ser feitas por corrosão química (foto corrosão).
Ferramentas e Utensílios
Pinça Utilizada para retirar os tipos das formas e fazer emendas, auxiliando quando é possível o uso dos dedos.
Caixa de tipos Gavetas retangulares feitas de madeira, com divisões e subdivisões internas para acondicionar os tipos. A disposição dos tipos utilizada no Brasil segue o modelo chamado caixa francesa, que é dividida em duas partes: alta e baixa. Subdivide-se em 110 caixotins, pontuações e sinais gráficos.
Figura 17 — Pinça fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Figura 20 — Caixa de Tipos fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Componedor Utilizado pelo tipógrafo para compor e justificar as linhas da composição. É formado por uma lâmina de metal do qual desliza um bloco móvel chamado justificador.
Figura 18 — Componedor fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
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Cavalete Móvel de madeira próprio para guardar caixas de tipos, o seu tampo é inclinado e é usado como local de trabalho para apoiar gavetas de tipos, bolandeiras e demais utensílios.
Bolandeira Espécie de bandeja formada por um plano retangular com rebordos em três lados, com ângulos retos entre si. As linhas retiradas do componedor são colocadas na bolandeira para montar a composição. Existem bolandeiras de vários tamanhos, em medidas que vão de 15x20cm até 48x63cm
Figura 19 — Bolandeira fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Figura 21 — Cavalete fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
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Diretrizes do Produto
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Introdução
Propriedade dos Materiais
Dada a natureza da proposta do projeto, procuro nesta etapa agrupar informações que entendo serem componentes curriculares de interesse para o desenvolvimento do produto. Portanto, como será notado adiante, tratarei de disciplinas relacionadas a materiais e processos de fabricação, estas apresentadas pelo autor Marco Antonio no estudo “Introdução aos Materiais e Processos Para Designers” (2006), desenvolvido, segundo o autor, a fim de promover sua experiência com profissionais do design dentro da indústria, além de realizar uma abordagem destes conceitos técnicos de forma mais simplista.
As propriedades físicas implicam no comportamento do material sob a ação de esforços mecânicos, do calor, eletricidade e luz. Para este caso, seguem as definições pertinentes ao desenvolvimento do produto
Processos de Fabricação
Resistência a tração Tensão máxima que um material rígido suporta sob compressão longitudinal. Os materiais metálicos como o aço e o alumínio resistem de forma notável aos eforços de compressão assim como algumas resinas termofixas como a ureia e a melamina.
A fabricação de um produto envolve diversas atividades, usadas de forma simultânea ou não, com vários níveis de complexidade e dificuldade. Para análise, alguns destes processos seguem no caso.
Conformação A conformação é a categoria que envolve processos no qual o substrato ou matéria prima é submetido a algum tipo de esforço que altere sua geometria. Para este projeto, processos de conformação que se sugerem a metais são: a fundição e a forja. Para a madeira, a prensagem é um tipo de conformação aplicável.
Figura 22— Caixa de Tipos fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Resistência ao impacto Representa a resistência que um material rígido tem ao ser submetido ao impacto em alta velocidade de um corpo. É oportuno salientar que os materiais considerados rígidos podem apresentar diferenças no nível de rigidez, indo do mais quebradiço ao mais tenaz. Entre todos os materiais conhecidos, o aço e o policarbonato apresentam excelentes níveis de resistência ao impacto.
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Figura 23 — Caixa de Tipos fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
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Separação Esta é a classe de conformação de materiais que envolvem a subtração de parte da sua matéria durante o trabalho. Alguns tipos de conformação que podem ser usados como exemplo para esta classe são a guilhotina, serra, fresagem, a tupia e o torneamento.
Acabamento Segundo Marco Antonio (2006), estes processos também podem ser chamados de “melhoria” que, além de servir como proteção à superfície do material, almejam uma melhoria no aspecto visual do objeto. A pintura é um tipo de acabamento aplicável usualmente à madeira e o metal.
União Por fim, a união é a classe de processos que implicam em fixar duas ou mais partes a fim de se alcançar algum outro componente. O processo de união pode ser realizado de duas formas: a) De natureza térmica, como a soldagem ou adesivas, fazendo-se o uso de colas e adesivos; b) De natureza mecânica, fazendo-se o uso de parafusos e rebites.
Dureza É a resistência que a superfície de um material tem ao risco. O material é considerado mais duro que o outro quando consegue riscar esse outro deixando um sulco. Para determinar a dureza dos materiais, podemos usar uma escada de 1 a 10. O Valor 1 (um) corresponde ao mineral menos duro conhecido pelo homem, o talco. Por sua vez, o valor 10 é a dureza do diamante, o mineral mais duro.
Figura 24 — Caixa de Tipos fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
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O Cenário Tipográfico
Vivência Tipográfica
Embora o empenho daqueles que se esforçaram - e assim continuam - para promover suas atividades através do processo apresentado neste projeto ainda pudesse existir dentro de parques gráficos, parte considerável do que se foi criado a respeito de equipamentos e conhecimento técnico se perdeu, hoje estes itens raros existentes ainda permanecem com acesso um pouco restrito.
Para obter-se a definição sobre quais propriedades o projeto deve apresentar em sua proposta final, faz-se necessário, para além da apresentação dos componentes presentes na tecnologia da impressão tipográfica, relatar sobre o ofício do tipógrafo bem como os preceitos que se seguem durante as suas atividades dentro da gráfica. Estas, relacionadas através da experiência tipográfica realizada na tipografia do Centro Universitário Senac.
Em entrevista com Carlos Gianotti, educador da tipografia do Instituto Acaia, pude questionálo sobre os motivos que resultaram na perca de tantos materiais, tão logo fui informado sobre o fato de que “a maioria das pessoas, elas pegaram esse material por ser feito em chumbo e ferro, e o venderam”. O rápido desenvolvimento tecnológico promoveu a ascenção do fim da comercialidade do processo, afetado principalmente pela entrada do computador das indústrias gráficas.
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Resultados de Pesquisa
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Segundo dados analisados, foi possível enxergar o cenário de que a compra destes tipo de insumos e materiais tinha como reduto a Bresser Mooca, em São Paulo, mas desde os últimos 5 anos vem apresentando dificuldades para a realização da oferta de equipamentos que não equipamentos gráficos de maior porte como máquinas. Um cenário muito diferente da época em que essa prática pioneira era usada em escala industrial na produção de impressos, visto que a oferta de insumos e equipamentos era dominada por duas grandes indústrias de nome Funtimod e Manig, donas de extensos catálogos de materiais que atendiam ao mercado.
O tipo de prelo que origina a proposta deste projeto é o prelo de provas, um instrumento primitivo da impressão tipográfica que, de proporções parecidas com uma máquina de tear, é composto basicamente por uma base fixa (espaço destinado à disposição da rama tipográfica) e um rolo móvel, preso pelas laterais, que se desloca entre as duas extremidades do equipamento de forma a exercer a pressão do substrato sobre a rama tipográfica.
Figura 25 — Prelo de Provas fonte: Própria autoria
A composição, que é a preparação das matrizes, é feita de forma manual onde nem sempre a transferência para a galé (componente onde os tipos, justificados, são presos para serem colocados à máquina) faz-se necessária, pois no prelo de provas a disposição dos tipos pode ser feita diretamente sobre o equipamento de impressão.
Terminada o método de composição, dá-se início à impressão. Transferida para a superfície plana do prelo de provas, a composição é assentada ao equipamento com o uso de guarnições e deve ser travada por chaves de cunha presentes nas duas extremidades do equipamento. O sucesso desta etapa pode inteferir significativamente os resultados de impressão, visto que uma má fixação da rama pode ocasionar resultados como a perda da justificação da composição ou oscilação da pressão oferecida pelo tipo durante a transferência para o substrato.
Para a preparação de algumas matrizes, o uso de um componedor faz-se necessário para a composição de uma linha de impressão tipográfica que apresente tipos com corpos menores, ou quando o conteúdo diagramado atende à necessidade do acréscimo de entrelinhas. Este equipamento, além de facilitar o manuseio dos tipos, permite ao operador a definição da largura das linhas que devem ser compostas. Metodologicamente, a montagem da linha de composição deve ser feita com a face do tipo sempre de cabeça para baixo, da esquerda para direita, e sempre voltada ao operador responsável pela diagramação do conteúdo. Quando justificado, a linha de composição é transferido então para a bolandeira, equipamento que, como uma bandeja, serve para transportar a composição. Para se evitar que o trabalho da composição seja perdido, usualmente as composições são presas/amarradas por barbantes, o que, com o tempo, pode provocar alterações no trabalho realizado.
Figura 27 — Rama tipográfica fonte: Própria autoria
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45 Quando fixa, diferentemente dos processos de impressão tipográfica mais convencionais e mecanizados, cabe ao operador a realização da entintagem da composição com um pequeno rolo compressor manual. Caso seja do interesse do profissional realizar uma impressão tipográfica de duas ou mais cores, a grande vantagem que cabe a este tipo de equipamento de impressão é que, graças ao método de entintagem, ele inibe a necessidade da formação de duas ou mais composições respectivas a cada cor.
Figura 26 — Composição com uso de componedor fonte: Própria autoria
Figura 28 — Tinta tipográfica fonte: Própria autoria
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O estudo promovido nestre projeto, somado à série de oficinas e workshops que abordaram além da contextualização histórica e a prática da impressão tipográfica, o exercício de atividades relacionadas a processos de produção dentro de convenções industriais puderam, além me capacitarem para a realização de atividades, me mostrar a possibilidade da promoção da relação de ambos os componentes. Proposta esta que contempla o intuito do desenvolvimento deste projeto. O processo ocorrerá a partir do entendimento dos componentes fundamentais para um sistema de impressão tipográfica, oferecendo ao prelo de provas novas hipóteses em sua estrutura, implementando novas soluções que serão definidas a partir deste estudo para concepção.
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Requisitos Para o Projeto
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O projeto será desenvolvido através da abordagem de projetar e produzir um objeto em madeira, discriminando, os modos e técnicas pertinentes para se trabalhar os materiais, enxergando os caminhos possíveis para sua elaboração. A etapa final envolverá a realização dos processos construtivos abordados que fomentação na transformação de matérias e materiais em objeto, utilizando três meios que percebo como fundamentais para seu alcance: a) Conhecimento técnico de processos e ferramentais, b) Definição dos parâmetros do produto e c) Realização do trabalho físico e manual.
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PRELO DE PROVAS VISÃO FRONTAL Figura 29 — Prelo em desenho fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
PRELO DE PROVAS VISÃO LATERAL Figura 30 — Prelo em desenho fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
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49 PRELO DE PROVAS VISÃO SUPERIOR Figura 31 — Prelo em desenho fonte: Material de apoio da Oficina Tipográfica São Paulo, 2014
Estudos de Concepção
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TEMA DO PROJETO
Sistema de impressão analógico
INFORMAÇÕES SOBRE O PRODUTO TIPO CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO PRODUTO, CONSISTÊNCIA
DIMENSÕES
Prelo feito em madeira para a realização da prática da Impressão Tipográfica Prelo construído em madeira maciça, Garapeira para o rolo compressor liso ao tato e cheiro imperceptível e restante da estrutura feita em madeira Teca, de grande beleza estética, de coloração castanha amarelada, alguns pontos marrom na tonalidade. ALTURA: 154mm LARGURA: 475mm PROFUNDIDADE: 720mm PESO: 12kg
FUNÇÕES DO PRELO FUNÇÃO PRINCIPAL
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Impressão Tipográfica
FUNÇÕES SECUNDÁRIAS
Xilogravura
PÚBLICO ALVO
Designers, artistas, produtores gráficos e curiosos por métodos de impressão analógicos
CONSTRUÇÃO
Prelo feito em madeira para a realização da prática da Impressão Tipográfica
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADAOS PARA A CONSTRUÇÃO DO PRELO
LIXADEIRA: Equipamento utilizado para acabamento em madeira; FURADEIRA DE BANCADA: Equipamento utilizado para a realização de furos verticais; SERRA FITA: Equipamento utilizado para a realização de cortes em madeira DESEMPENADEIRA: Utilizado para aplainar a madeira PLAINA DESENGROSSO: Usinagem de madeira TORNO MANUAL: Equipamento utilizado para a realização do molde de superfície, a fim de prepará-lo para etapas de usinagem posteriores TORNO MECÂNICO: Equipamento utilizado para a usinagem (retirada de material bruto) do material
Memorial Descritivo
FURADEIRA: Equipamento utilizado para fazer furos de materiais PARAFUSADEIRA: Equipamento utilizado para a junção de materiais PAQUÍMETRO: Instrumento utilizado para medir a distância entre dois lados simetricamente opostos em um objeto
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Figura 32 — Corte em serra de mesa fonte: Própria autoria
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Registros Processuais
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Figura 33 — Plaina desengrosso fonte: Própria autoria
Figura 34 — Quadrado em Garapeira fonte: Própria autoria
Figura 36 — Centro marcado para usinagem fonte: Própria autoria
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Figura 35 — Quadrado em Garapeira fonte: Própria autoria
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Figura 37 — Quadrado preso ao torno manual fonte: Própria autoria
Figura 38 — Preparo para usinagem fonte: Própria autoria
Figura 40 — Quadrado preso ao torno mecânico para usinagem fonte: Própria autoria
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Figura 39 — Quadrado preso ao torno mecânico para usinagem fonte: Própria autoria
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Figura 41 — Quadrado preso ao torno mecânico para usinagem fonte: Própria autoria
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Figura 42 — Prelo em madeira fonte: Própria autoria
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Figura 43 — Prelo em madeira fonte: Própria autoria
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Figura 44 — Prelo em madeira fonte: Própria autoria
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Figura 45 — Prelo em madeira fonte: Própria autoria
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Desde outras formações anteriores à esta acadêmica no curso superior de Design Gráfico pude ter acesso a cursos e disciplinas que puderam me proporcionar o desenvolvimento de técnicas e procedimentos operacionais de confecção de peças em metal e madeira através da execução de práticas relacionadas a usinagem destes, sempre agindo de acordo com normas e procedimentos técnicos de trabalho. Portanto, percebo que esta condição foi que me aproximou do interesse pela impressão tipográfica, visto que esta técnica pioneira de trabalho pertence a uma convenção de caráter industrial que atende à profissão do designer. O entendimento da importância da técnica da impressão tipográfica se ascendeu principalmente durante as visitas e encontros promovidos durante esta primeira etapa do desenvolvimento do projeto, o que pôde me fazer enxergar o quão intrínsecos seguem os fundamentos da indústria gráfica da atualidade junto ao invento de Gutenberg, que, embora não usado convencionalmente pela indústria, depois de séculos ainda é capaz pode promover resultados pletamente satisfatórios no que se diz à qualidade de impressão. Desenvolver um prelo em madeira foi a solução que encontrei para tentar promover em um único contexto não só todas as capacitações que me foram alcançadas até os dias de hoje, mas alcançar um caminho para a relação entre estes e o Design.
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Considerações Finais
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ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro: princípios da técnica de editoração. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2000 CAMARGOS, Márcia; COUTO, Fátima; SACCHETTA, Vladimir. O valor do design: guia ADG Brasil de prática profissional do designer gráfico. São Paulo: Editora Senac São Paulo; ADG Brasil Associação dos Designers Gráficos, 2003 C. MCMURTIE, Douglas. O livro: impressão e fabricação. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,1997 LIMA, Marco Antônio Guimarães. Introdução aos materiais e processos para designers. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2006 FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Ubu Editora, 2018 COLLARO, Antônio Celso. Projeto gráfico: teoria e prática da diagramação. 4. ed. São Paulo: Summus, 2000 SMEIJERS, Fred. Contrapunção: fabricando tipos no século dezesseis, projetando tipos hoje. Brasília: Estereográfica, 2015
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ROCHA, Claudio. Projeto Gráfico: análise e produção de fontes digitais. 2. ed. São Paulo: Rosari, 2003 VOLLMER. Lara. ABC da ADG. Glossário de Termos e Verbetes Utilizados em Design Gráfico. São Paulo: Blucher, 2012
Referências Bibliográficas
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Lista de Imagens
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Figura 1 Punções Figura 2 Tipos Móveis Figura 3 Tipos fundidos Figura 4 Máquina Linotipo Figura 5 Máquina Monotipo Figura 6 Decalque Figura 7 Fluxograma Figura 8 Tipo Móvel Figura 9 Régua tipográfica Figura 10 Caixa para espaços Figura 11 Quadrados Figura 12 Espessuras de quadrados Figura 13 Entrelinhas Figura 14 Espessuras de quadrados Figura 15 Lingões Figura 16 Guarnições Figura 17 Pinça Figura 18 Componedor Figura 19 Bolandeira Figura 20 Caixa de Tipos Figura 21 Cavalete Figura 22 Punções Figura 23 Punções Figura 24 Punções Figura 25 Prelo de Provas Figura 26 Composição com uso de componedor fonte: Própria autoria Figura 27 Rama tipográfica Figura 28 Tinta tipográfica Figura 29 Prelo em desenho Figura 30 Prelo em desenho Figura 31 Prelo em desenho Figura 32 Corte em serra de mesa
19 21 22 23 25 26 27 29 31 33 33 33 34 34 35 35 36 36 36 37 21 40 40 40 43 44 45 45 49 49 49 53
Figura 33 Plaina desengrosso Figura 34 Quadrado em Garapeira Figura 35 Quadrado em Garapeira Figura 36 Centro marcado para usinagem Figura 37 Quadrado preso ao torno manual Figura 38 Preparo para usinagem Figura 39 Quadrado preso ao torno mecânico para usinagem Figura 40 Quadrado preso ao torno mecânico para usinagem Figura 41 Quadrado preso ao torno mecânico para usinagem Figura 42 Prelo em madeira Figura 43 Prelo em madeira Figura 44 Prelo em madeira Figura 45
53 54 54 55 55 56 56 57 57 58 59 60 61
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Entrevista com José Carlos Gianotti Entrevista realizada em 9 e 16/5/2019 Tipógrafo autodidata nascido no ABC Paulista em 1980, em São Bernardo do Campo, iniciado na Tipografia aos 14 anos de idade dentro da gráfica no interior de uma fábrica de remédios que cuidava da impressão de seu próprio material gráfico desenvolvido para seus respectivos produtos. Dono de uma série de registros de trabalhos em sua carteira profissional e também após um hiato na profissão, hoje José Carlos é tipógrafo e educador na tipografia do Instituto Acaia, localizado na Vila Leopoldina em São Paulo.
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Anexos
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Nos primórdios da impressão tipográfica, o ensino da profissão era uma constante passada de pai para filho ou mantida em convenção familiar. No seu caso, como a tipografia foi apresentada à você? Através da minha mãe... Ela trabalhava em uma fábrica da indústria farmacêutica, daí conseguiu um trabalho lá pra mim quando eu tinha 14 anos. Eu entrei nessa empresa com um monte de meninos na época também, porque na época tinha muitas fábricas grandes que contratavam crianças pra fazer acabamentos, destacar as caixinhas ou fazendo dobras na mão e a gente ficava fazendo essas coisinhas o dia inteiro. E aí eu olhei a tipografia, comecei a me interessar pelo tipógrafo, eu via aquela tipografia bonitinha toda organizada da indústria grande e tal, via aquelas fontes, aqueles filtros todos limpinhos, não entendia o que era aquilo mas comecei a ficar curioso. E aí o encarregado percebeu isso, e o tipógrafo ia embora, e aí ele me colocou lá para o tipógrafo me ensinar, mas como era seu último mês ele não me ensinava nada, como já estava indo embora não estava nem aí. Então comecei a me esforçar por conta, ele foi embora, até que um dia a empresa precisava fazer um livrinho farmacêutico com algumas informações que agora eu não lembro da época, e era um livrinho onde as composições da páginas eram da linotipo que também era novo pra mim. Daí então contrataram um tipógrafo realmente e eu dei sorte, porque contrataram o tipógrafo, o material de linotipo veio pronto e revisado pra ele começar a paginação, e aí eu descobri que aquilo se chamava “montagem de paginação”. Esse tiopógrafo veio contrado da Folha de São Paulo, na época tinha muito tipógrafo bom de jornal - e o tipógrafo ganhava bem nessa época aí. E o que acontece, esse jovem senhor aí já foi diferente do outro. Ele começou a me ensinar um monte de coisa, e eu fui aprendendo a montar as páginas e aquela coisa foi me seduzindo, e ele ia lá e tirava uma prova, e revisava, e tinha que trocar uma linha e ele puxava aquela página, colocava de novo lá no montante, tudo marcando, página 1,2,3... Tinha uma organização, né?! Foi uma coisa que eu descobri que o tipógrafo tem que ter com o tempo.
Como aconteceu a mudança no mercado a partir da computação gráfica? O que aconteceu foi que quando entrou essa tecnologia do computador dentro das indústrias principalmente dentro da área da comunicação escrita e área gráfica, mudou rapidinho. Porque assim, nós tínhamos a tipografia, a tipografia teve uma evolução que foi pra máquina de fazer linha de composição de chumbo inteira na Linotipo. E o que aconteceu foi isso, a offset era um patamar maior que a tipografia e aí cara, derrubou.
Dada a proposta de querer realizar a construção de um novo modelo de equipamento, quais limitações que você pode perceber partir da sua experiência profissional com esse modelo que você pode me apontar?
Pode falar um pouco como era a rotina/itinerário para se comprar materiais para a impressão tipográfica? Novas famílias de tipos, máquinas e equipamentos?
Então, eu já conheço esse instrumento aqui desde os meus 14 anos. Pra tipografia, realmente é um tira provas, pra fazer a correção do texto ou de uma troca de texto. Pra melhoria... eu não sei o que trazer para este prelo.
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Então, pra comprar esse material tipográfico, que a gente fala que é esse material branco muito importante para a tipografia pra montagem de uma chapa tipográfica, que são os lingões, lingotes, entrelinhas, quadrados, espaços, fontes, material de uso do próprio tipógrafo como bolandeira, componedor... há mais ou menos uns 5 anos atrás ou mais a gente encontrava esse material usado na Bresser Mooca em São Paulo, que é o reduto que você conseguia encontrar esse material e você comprava lá por kg ou estudava uma forma de pagamento para adquirir esse material. Agora está muito mais difícil, muito mais escasso, e nem na Bresser Mooca você encontra mais esse material porque a maioria das pessoas elas pegaram esse material por ser feito em chumbo e ferro, e o venderam. Então o que você consegue encontrar é maquinário.
E para a época em que o mercado gráfico de máquinas e equipamentos era coenvencional à impressão tipográfica? Eu lembro de dois fornecedores bem espefícicos: A indústria Manig e a indústria Funtimod. Não me lembro se alguma dessas era do Rio de Janeiro. Eles te forneciam um catálogo, um livrinho até grosso porque tinha muita coisa, te mostrando o material que eles tinham de tipografia e maquinários.
A Funtimod foi uma empresa que atuou de forma expressiva no desenvolvimento de equipamentos gráficos e insumos da impressão tipográfica. No entanto, o desenvolvimento tecnológico para mecanismos e aparatos de impressão fez com que ela e outras empresas responsáveis por este tipos de serviços deixassem o mercado. De quão perto percebeu essa situação? Em termos de saber como estava a questão do material, compra e venda desse utensílio de trabalho que na época começou a ser atingido pela tecnologia dos computadores eu não sei te dizer precisamente. Eu sei te dizer que, eu por exemplo, não investi como profissão pra mim ser um impressor de offset. Então eu era um tipógrafo, e trabalhava nas máquinas tipográficas. O que aconteceu foi que eu comecei a ficar sem emprego. Muitas gráficas começaram a fechar, eu trabalhei em muita gráfica familiar que também começaram a fechar e daí eu parti pra outra profissão.
Para você, qual a importância de manter não somente o registro histórico de antigos processos de trabalho nos processos em design mas também o exercício dessas práticas pioneiras? A princípio, não era, mas hoje é uma impressão completamente diferente. Então pra geração que tá vindo aí atual, mesmo de designers gráficos ou de indústrias gráficas de ponta, isso pra mim se tornou uma impressão completamente diferente por ser uma impressão primitiva, ela se torna pra mim se tornou uma impressão artesanal, bem artística, então ela pode ser feita dessa forma, direcionada para que se trabalhe com a arte de impressão direta. Uma coisa que causa uma sensação de qualidade. Então o que eu acredito, embora já esteja perto de me aposentar, adoraria realmente que isso daí persistisse mais uns anos com esse geração que tá entrando e mais outra, e que realmente fosse valorizada pelo método de trabalho que é feito e pela qualidade.
Dada a proposta de querer realizar a construção de um novo modelo de equipamento, quais limitações que você pode perceber partir da sua experiência profissional com esse modelo que você pode me apontar? Limitação para o prelo de prova... sinceramente eu não vejo muita limitação e também não vejo muita dificuldade de estar se construindo um prelo que seja mais leve e mais suave pra se transportar.
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Pode citar para mim, componentes e acessórios presentes em outros tipos de prelos que acredita serem aplicáveis ao projeto? Como eu falei uma vez, eu vi no youtube que tinha uma gráfica especializada em fazer impressão em prelo e desse prelo eu reparei que eles fizeram uma adaptação: Nesse prelo você tem que dar dois passos pra frente e dois passos para trás. Dois passos pra frente pra levar a folha e imprimir e dois pra trás pra voltar a máquina e eu perebi que eles davam dois passos pra frente levando a folha, que era puxada por uma pinça ou uma garra que puxava a folha e ela poderia voltar sem se ter que pegar o trabalho, porque isso aqui no prelo não existe. Então essa máquina tinha uma uma mesinha no final onde se caia o trabalho automaticamente.
Você já manuseou algum equipamento que não feito integralmente em metal? Até hoje nunca manuseei uma máquina que seja de madeira. Infelizmente ou felizmente só foi de metal. Adoraria, porque as máquinas de Gutenberg eram feitas neste material.
Dentre nossos encontros, achou que nos faltou algum ponto? Algum comentário que queira fazer? Hoje tem uma fomentação da tipografia bem grande, vou citar de novo uns 5 anos pra cá, essa geração q ue está vindo envolvido com a arte impressa da xilo e da tipografia, o que me deixa preocupado é com o material da tipografia que tá ficando cada vez mais escasso que se você não tiver cuidado tudo vai se acabando. Então é tudo o que eu tento passar pra eles: “Não deixa cair no chão”, “não deixa amassar”, porque vai se perdendo e a gente não vai conseguir mais esse material.
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Alef Almeida
SĂŁo Paulo 2019