O Design como ferramenta de expansão do Budismo Primordial

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Alessandra Harue Nogueira

O Design como ferramenta de expansão do Budismo Primordial

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau em Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico Orientadora: Prof. Maria Eduarda Guimarães

São Paulo 2018


Nogueira, Alessandra Harue O Design como ferramenta de expansão do Budismo Primordial / Alessandra Harue Nogueira - São Paulo (SP), 2018. 105 f.: il. color. Orientador(a): Maria Eduarda Guimarães Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design Gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2018. 1.Budismo 2.Folhetos 3.Design Gráfico I. Guimarães, Maria Eduarda (Orient.) II. Título 3


Agradeço à professora Maria Eduarda Guimarães por ter me aceitado como orientanda e ter me ajudado com esse trabalho de conclusão de curso. Agradeço também aos sacerdotes da Honmon Butsuryu-shu que me auxiliaram na pesquisa sobre a religião budista e sanaram todas as minhas dúvidas. Por último, mas não menos importante agradeço à todos que aguentaram minhas crises durante a confecção desse projeto à minha mãe, à melhor amiga que fiz no Senac, Mamy e ao meu amor, Gabriel Diniz.

AGRADECIMENTOS 5


Esse projeto estuda o Budismo e a relação do Budismo Primordial, Honmon Butsuryu-shu, com os seus fiéis. Tendo como meta utilizar a comunicação e o Design como ferramenta de expansão da religião. A proposta é trazer para o público informações interessantes sobre o Budismo e sobre a HBS, de forma que essas pessoas sintam vontade de conhecer mais sobre a religião, entrando em contato por meio de outros canais de comunicação, como as mídias sociais. O resultado do projeto é a criação de quatro folhetos que contam um pouco sobre o Budismo e mais especificamente o Budismo Primordial. Foram utilizados elementos gráficos, cores e tipografias com o objetivo de remeter ao público a essência do Budismo, dando maior conhecimento àqueles que já praticam a religião e despertando o interesse de novos praticantes. Palavras-chave: 1. Budismo, 2. Design Gráfico, 3. Folhetos

RESUMO 7


OBJETIVOS .............................................................. 10

ESTUDOS DE CONCEPÇÃO .............................60

JUSTIFICATIVA........................................................12

CONFECÇÃO DO PROJETO ..............................68

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......14

FINALIZAÇÃO DO PROJETO ............................86

INTRODUÇÃO AO BUDISMO .......................... 16 O QUE É BUDISMO ..................................................17 HISTÓRIA DO BUDISMO.......................................21 BUDA HISTÓRICO ............................................................ 21 IMPERADOR ASHOKA..................................................24 O GRANDE VEÍCULO ....................................................25 BUDISMO NO JAPÃO....................................................27 A ESCOLA NICHIREN...................................................30 BUDISMO NO BRASIL ..................................................33

MEMORIAL DESCRITIVO ...................................88 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................90 REFERÊNCIAS ......................................................... 92 LISTA DE IMAGENS ..............................................94 ANEXOS......................................................................98

HONMON BUTSURYU-SHU ........................... 37 HISTÓRIA DA HBS ............................................................37 FILOSOFIA E COSTUMES ......................................... 41 HBS NO BRASIL................................................................ 49 COMUNICAÇÃO DA HBS .........................................50 ANÁLISE DAS REVISTAS ...........................................52 ANÁLISE DOS FOLHETOS ...................................... 54 ANÁLISE DAS MÍDIAS SOCIAIS ..........................56 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ............................... 58

SUMÁRIO 9


GERAL Esse projeto tem como intenção dar maior visibilidade e entendimento ao Budismo Primordial, utilizando o Design e a Comunicação para a construção de um projeto gráfico que contribua para a expansão da religião pelo Brasil. ESPECÍFICOS I) Compreender as singularidades da Honmon Butsuryu-shu; II) Analisar as práticas da religião; III) Entender a importância da religião; IV) Elaborar quatro folhetos informativos sobre o Budismo.

OBJETIVOS 11


para que haja o interesse real da participação de novas pessoas em qualquer organização religiosa.

O Budismo é uma religião milenar que surgiu a aproximadamente 2500 anos. Ao decorrer do tempo o Budismo começou a se expandir e consequentemente a se ramificar, os fiéis começaram a criar suas próprias crenças e a adotar os costumes budistas que mais se adaptavam ao seu estilo de vida.

É necessário trazer para fiéis e não fiéis conhecimento de forma interessante para fazer com que a ignorância acerca do Budismo e principalmente da HBS deixe de ser costumeira e se torne rara em meio a população.

Toda religião acaba se dividindo, porém no Budismo os conceitos de devoção, fé e prática tornam-se muito distintas de uma doutrina para outra. O Budismo Primordial (Honmon Butsuryu-shu) é uma ramificação recente, surgiu há 150 anos, e qual a necessidade de mais uma doutrina dentre tantas outras no Budismo? A HBS é uma religião que segue os ensinamentos do mestre Nissen Shounin e procura trazer de volta ao Budismo japonês o costume de respeitar e ser grato aos antepassados que acabou se perdendo em outras seitas.

Apesar de ser uma doutrina recente muitos fiéis

da HBS não conhecem as origens da ramificação, a importância da prática da fé e as diferenças de outras escolas budistas. Como expandir uma religião, uma prática quando nem os próprios fiéis conhecem as peculiaridades da ramificação que seguem e devotam?

JUSTIFICATIVA

Com a modernidade, o fácil acesso à informação e o ceticismo, é preciso mais do que apenas fé cega para fazer com que outras pessoas se interessem por uma religião. É preciso deixar claro o objetivo, a função, o porquê e os benefícios de dedicar o tempo a prática da fé 13


Para a realização desse projeto foram feitas pesquisas sobre o Budismo, tanto a sua história como os costumes e a filosofia da religião. As pesquisas foram feitas por meio de livros, teses, dissertações e artigos científicos, sites, vídeos e pesquisa de campo com entrevistas. Após analisar o conteúdo dos livros foi feita uma análise de onde a Honmon Butsuryu-shu se encaixava na história do Budismo e como ela foi fundada. Com ajuda do estudo realizado sobre uma ramificação similar do Budismo Primordial foram feitas perguntas para sacerdotes e pesquisas em revistas da HBS para a diferenciação do Budismo HBS para as outras ramificações. Foram analisados também os meios de comunicação utilizados pela HBS para entender como as informações chegam aos fiéis e não fiéis, como essas informações são veiculadas e produzidas. Para a confecção do produto foram utilizadas as mídias Pinterest e Behance para a busca de referências e desenvolvimento de painéis semânticos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 15


O QUE É BUDISMO? De acordo com Bodian e Landaw (2011) o Budismo apesar de ser uma religião milenar não é conhecido por muitas pessoas no Ocidente. Por ser uma religião sem deus e não possuir um sistema de crenças o Budismo é comumente confundido com filosofia de vida, mas assim como todas as outras religiões o Budismo oferece às pessoas que o praticam uma maneira de encontrar as respostas para as grandes questões da vida.

e o caminho que leva a cessação do sofrimento. Ainda de acordo com Bodian e Landaw (2011) o sofrimento surge quando se depara com aquilo que não gosta, se está distante daquilo que gosta e não se ter aquilo que quer. Buda colocou o sofrimento como a primeira das quatro nobres verdades para que as pessoas soubessem e reconhecessem a própria dor. É importante notar também que ao conhecer esse desconforto as pessoas acabam por abrir seus corações e reconhecer também a dor do outro, quando está tudo em paz as pessoas costumam negligenciar o sentimento alheio.

Diferentemente de outras religiões o Budismo prega que os fiéis não devem ter uma fé cega e sim serem céticos em relação aos ensinamentos, agregando para suas vidas aquilo que faça sentido. Buda teria declarado “

Buda menciona que uma das grandes causas do sofrimento é o desejo, o apego às coisas materiais e supérfluas, o desejo de ter aquilo que não se tem ou de perder algo causa grande insatisfação nas pessoas. Buda também diz que a causa do sofrimento nunca está fora, mas sim dentro de cada um, o sofrimento é causado pela maneira que uma situação afeta uma pessoa e não a situação em si.

Não aceite nada do que eu fale como verdade, simplesmente porque eu o disse. Em vez disso, analise para ter certeza se o que eu prego é genuíno ou não. Se, após examinar meus ensinamentos, descobrir que eles são verdadeiros, coloque-os em prática. Mas não faça isso simplesmente em função a mim. (p. 11)

INTRODUÇÃO AO BUDISMO 16

Segundo Landaw e Bodian (2011) o Budismo se tornou uma religião popular por incitar as pessoas a usarem todos os recursos mentais mesmo sendo uma religião com mais de 2000 anos o Budismo possui um caráter pós-moderno regado a filosofia e investigação científica.

A terceira nobre verdade, a cessação do sofrimento, pode ser atingida ao abdicar das tentações, abrir mão do apego. A verdade do caminho, quarta nobre verdade, é um manual de como chegar a cessação do sofrimento. Essa nobre verdade é dividida entre oito grandes divisões, a visão correta (reconhecer que o sofrimento e a insatisfação permeiam o todo),

Buda em um dos seus primeiros discursos fala sobre as quatro nobres verdades: o sofrimento, a causa do sofrimento, a cessação do sofrimento 17


a intenção correta (abrir mão de pensamentos egoístas), fala correta (estar atento com a maneira de falar, as palavras têm um efeito poderoso nos outros), a ação correta (evitar causar o mal por meio das ações), meio de vida correto (evitar ocupações que causam danos e decepção), esforço correto (exercer as práticas espirituais), plena atenção correta (prestar atenção no presente) e a concentração correta (concentração em tudo que é feito). Em síntese o grande segredo para a felicidade de acordo com o Budismo é querer aquilo que possui e não querer aquilo que não tem. De acordo com os pensamentos de Landaw e Bodian (2011) a prática espiritual é composta por três grandes eixos: o comportamento ético, a meditação e a devoção. Os budistas são instruídos a dedicar a vida não apenas ao próprio benefício e sim ao benefício de todos os seres, para isso é preciso manter sempre uma atitude ética em relação a todos, sem tentar passar por cima dos outros para atingir os próprios objetivos. Existem vários níveis de meditação, o primeiro nível é a plena atenção onde o praticante deve estar completamente focado naquilo que está exercendo, seja meditando ou praticando qualquer outra atividade. A devoção muda consideravelmente em cada escola budista, mas é comum em meio a comunidade budista ser devoto ao dharma1, aos ensinamentos e a comunidade, conhecidos como “As Três Jóias de Buda”. É importante perceber que a devoção cria uma conexão sincera com qualquer tradição.

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Dharma é a essencia verdadeira, aquilo que sustenta, aquilo que mantém.

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HISTÓRIA DO BUDISMO BUDA HISTÓRICO De acordo com Landaw e Bodian (2011) o Budismo iniciou-se há aproximadamente 2500 anos após Sidarta Gautama atingir a iluminação sob a árvore Bodhi aos 35 anos de idade.

Gautama não presenciou mortes, não conheceu as doenças e nunca viu a pobreza que assolava a população fora do palácio. Depois de crescer era preciso que o príncipe se casasse e se preparasse para herdar o trono, assim o Rei decidiu que Sidarta, aos 29 anos, poderia finalmente conhecer o reino que um dia iria governar.

No livro “A Doutrina de Buda”, a Bukkyo Dendo Kyokai (1998) menciona que Sidarta Gautama foi herdeiro da família real Shakya, filho de Maya e Suddhodana, já era esperado que Sidarta fosse um grande líder mesmo antes de seu nascimento. Após nascer, o bebê recebeu a visita de um ermitão religioso de nome Asita que fez a profecia de que Sidarta não seria um imperador, mas sim um grande líder espiritual.

Suddhodana fez o máximo que para que ao sair do palácio seu filho não visse nada de ruim, mas não conseguiu esconder tudo. Sidarta avistou uma pessoa doente, mas a princípio não compreendeu o que estava acontecendo com aquele cidadão e teve que pedir explicação para seu cocheiro, e ele explicou-lhe que em algum momento da vida todos passariam por dor e sofrimento. A partir desse momento Sidarta perdeu sua felicidade, por saber que o sofrimento poderia atingir a todos.

A profecia de Asita fez com que o Rei Suddhodana ficasse preocupado com o futuro que ele havia sonhado para seu filho, apesar de querer que Sidarta herdasse o trono, desde cedo ele já percebeu que Sidarta era muito bondoso para se tornar um líder de nações, Sidarta nunca gostou de jogos violentos, diferente de seu primo Devadatta. Com isso, o rei temia que seu filho abandonasse a realeza e decidiu tomar algumas atitudes.

Segundo Landaw e Bodian (2011), na sua quarta visita à cidade, Sidarta já havia presenciado a velhice, a morte e a doença e ficou surpreso em como as pessoas conseguiam ser felizes mesmo com tantos outros passando por momentos difíceis. Em um dado momento Sidarta encontra um homem de aparência pobre, mas que caminhava com determinação. O príncipe então decidiu perguntar-lhe quem era ele e o homem

Suddhodana fez todo o possível para esconder todo o sofrimento dos olhos de Sidarta, na esperança de que dessa maneira seu filho nunca precisasse se preocupar com outra coisa sem ser sua vida real. Em toda a sua infância Sidarta 20

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Sidarta começou a meditar os espíritos se alegraram, a não ser Mara, a encarnação de todo o mal. Durante todo o período que Sidarta meditou, as forças do mal tentaram desconcentra-lo para que ele não atingisse a iluminação, mas após diversas tentativas de atrapalhar Sidarta ele atingiu a iluminação se tornando assim um Buda em uma lua cheia do quarto mês indiano.

respondeu que era aquele que abriu mão de sua vida em casa para buscar uma maneira de libertar o sofrimento do mundo. Nesse momento Sidarta percebeu que deveria abrir mão da realeza e ir em busca do caminho espiritual. O príncipe então decide falar com seu pai que ficou furioso com a decisão que o filho havia tomado. O Rei decidiu que prenderia seu filho no palácio, mas Sidarta já estava certo sobre o que queria e não deixaria seu pai impedisse que ele seguisse seu caminho. Em uma noite de festa Sidarta decide fugir, passou despercebido pelas dançarinas e pelos guardas desacordados e assim saiu do palácio em busca do caminho espiritual.

Após despertar, Buda foi em busca de seus antigos companheiros ascetas e revelou a eles todo o conhecimento adquirido como um ser iluminado. Assim os ascetas abandonaram os costumes que não foram ensinados por Buda e se tornaram os primeiros monges ordenados da sangha1. Depois de se tornar Shakyamuni Buda, o iluminado passa o resto de sua vida compartilhando seus ensinamentos e até mesmo seu pai, que era contra a escolha do filho, acabou se tornando um de seus mais fiéis discípulos.

Logo após sair do palácio, Sidarta renuncia tudo o que tinha e começa a viver com o mínimo, assim como os ascetas (pessoas que negam a si mesmas até mesmo os mais básicos confortos da vida). Depois de realizar o que chamam de “jejum de seis anos”, Sidarta percebeu que a maneira que ele estava vivendo diminuía sua concentração e limitava seus pensamentos, assim descobriu que na verdade para obter sucesso ele teria que seguir o caminho entre a autoindulgência e a autonegação extrema, o que conhecemos hoje como “o caminho do meio”.

1. Árvore de Bodhi

Perto de sua morte Shakyamuni decide voltar para o lugar de seu nascimento e esperar lá pelo seu fim. Ao final de sua vida, próximo àqueles que ouviam seus ensinamentos, Buda teria relembrado: “Todas as coisas são impermanentes, trabalhe sua própria salvação, com afinco”. E assim teria partido desse mundo.

Segundo Landaw e Bodian (2011), logo depois de sair do jejum de seis anos, Sidarta se sentou sob a sombra de uma figueira e começou a meditar, decidido a sair de lá apenas depois de atingir a iluminação. Conta-se que quando

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Comunidade monástica dos discípulos de Buda.

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IMPERADOR ASHOKA

O GRANDE VEÍCULO

Segundo Landaw e Bodian (2011, o Imperador Ashoka foi uma figura muito importante para a expansão do Budismo.

Buda, chegando até mesmo a países como Egito e Macedônia. A partir desse momento se iniciou uma grande divisão no Budismo, entre Budismo Theravada e Mahayana.

O terceiro líder da poderosa dinastia Máuria se responsabilizou para tornar o Budismo uma religião mundial. Ashoka antes de conhecer o Budismo seguia o mesmo tipo de governo expansionista que muitos já conhecem, e acabou por governar um império que se estendia por boa parte da Índia.

Enquanto a tradição Theravada se espalhou mais para os países do sul asiático, como Tailândia, Laos e Camboja, a tradição Mahayana se espalhou para os países do norte, como China, Coreia e Japão.

tras 3 para construir os dogmas da ramificação. Existem vários sutras1 que abordam diferentes ensinamentos. Os mais importantes são: Sutra Lótus, Exposição de Vimalakirti, Sutra da Perfeição da Sabedoria, Sutra Descida ao Lanka, Sutra da Ordem Mundial e Sutras da Terra do Êxtase.

De acordo com Landaw e Bodian (2011) o Budismo Theravada é conhecido como o Budismo “oficial”, a “doutrina dos anciões”. Nessa tradição os únicos que podem atingir a iluminação são pessoas de uma minoria monástica, que renunciam praticamente tudo, família, posses e todas as ambições humanas para se devotar unicamente a busca da libertação do sofrimento. Dessa maneira é possível afirmar que os leigos e grande parte da população que gostaria de continuar vivendo uma vida sem desapego material e emocional, não ficariam inteiramente satisfeitos ao se devotar a uma religião onde não encontrariam a felicidade sem abdicar de tudo aquilo que amam.

Após grandes guerras, Ashoka se viu totalmente abalado pelas milhares de vidas perdidas por sua causa. O imperador arrependido com as suas ações decide mudar sua maneira de governar e através de um monge budista começou sua profunda transformação espiritual e começou a usar os princípios budistas de não violência para guiar o seu povo. Ashoka começou a construir hospitais, escolas e até mesmo ordenou que fossem cavados poços ao longo das estradas para que os viajantes pudessem se refrescar. Além de tudo isso, Ashoka também construiu diversos monumentos ao Buda da Compaixão. Sua devoção e respeito fizeram que diversos súditos se interessassem pelo Budismo. Antes de Ashoka a maior parte das pessoas que se interessavam pelos ensinamentos budistas eram bem instruídas, ou que tinham uma posição importante na sociedade.

Ainda de acordo com Landaw e Bodian (2011) o Sutra Lótus apresenta uma visão cósmica do tempo e do caminho espiritual, esse é o sutra que fala de toda a existência, um mundo cercado de Budas dividindo o conhecimento e ensinando caminhos que levem a libertação a todos os seres. Os Sutras da Terra do Êxtase ensinam a como viver e morrer para algum dia chegar à terra pura, o paraíso celestial. Conta-se que esse paraíso pertence a Amithaba, que criou esse lugar quando ainda era bodhisattva. Diferente de outras abordagens, para chegar a iluminação e assim ao paraíso de Amithaba é preciso ser devoto a esse Buda.

No Budismo Mahayana, também conhecido como “O Grande Veículo”, qualquer pessoa pode atingir a iluminação. No Mahayana qualquer pessoa capaz de colocar a felicidade, o bem-estar dos outros à frente da sua poderia atingir a iluminação, essas pessoas são conhecidas como bodhisattvas da compaixão. O bodhisattva pode ser leigo ou ordenado.

Os sutras citados acima são importantes para a construção do Budismo Terra Pura e consequentemente da Escola Nichiren, precursoras do Budismo Primordial.

Na tradição Mahayana foram fundadas diversas escolas que seguem diferentes conceitos, de devoção e de prática. Muitas das escolas se baseiam nos su-

O Imperador começou a enviar emissários para fora da Índia para difundir os ensinamentos de

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Sutras são os registros dos ensinamentos de Buda

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BUDISMO NO JAPÃO De acordo com Pereira (2001) ao chegar no Japão o Budismo se deparou com uma cultura e costumes totalmente diferentes do que se havia visto na Índia, na China e na Coréia. O Japão sendo um país majoritariamente xintoísta já era devoto a diversos deuses, enquanto o Budismo apresentava uma religião que demonstrava a devoção a figuras diferentes, como foi apresentado no capítulo 4.1.

O Budismo acabou “dividindo trabalhos” ao se relacionar com o Xintoísmo, enquanto um se focava nos rituais fúnebres e ao culto aos antepassados o outro estava mais presente em nascimentos e matrimônios. Dessa maneira o Budismo acabou desenvolvendo uma forte relação com a estrutura familiar japonesa, com o culto aos antepassados sendo muito presente na religião, O Budismo acabou assumindo como função o serviço memorial para os mortos.

[...] Assim, as escrituras budistas eram recitadas diante do altar dos kami (deuses) e foram criados os jingû-ji (capelas budistas construídas em santuários xintoístas). Certos kami mais venerados receberam o título budista de bosatsu (bodhisattva). Posteriormente, os kami foram tidos como manifestações nativas da natureza transcendental do Buda e, portanto, objetos revalorizados de veneração e respeito. Nesse contexto, a relação Xintoísmo-Budismo evoluiu a ponto de surgirem escolas xintoístas altamente sincréticas. (EARHART, 1982 apud PEREIRA, 2001, p. 48)

Em centros urbanos ou em meio a florestas, santuários xintoístas (“jinja”) e templos budistas (“otera”) são parte essencial da vida no Japão. Se você perguntar a um japonês em qual dos dois ele faz suas preces, a resposta provavelmente será: “Em ambos”. [...] Hoje as duas religiões coexistem sem problemas. Nascimentos de crianças e casamentos são celebrados dentro do xintoísmo. Na hora da morte, rituais funerários ficam a cargo de monges budistas. Ainda hoje, na hora de começar a erguer um prédio, um sacerdote xintoísta é chamado para purificar o local da obra. (TADA, 2002)

O envolvimento dos japoneses com o Budismo acabou construindo uma base para o importante papel da religião para as mudanças no Japão como país. A ética difundida dentro da religião foi o ponto mais importante para a difusão do Budismo dentro do contexto popular, incorporando diversas características da religiosidade e da cultura japonesa o Budismo acabou se tornando uma religião para o povo, deixando de ser uma crença apenas para uma minoria nobre.

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Segundo Pereira (2001) o Budismo trouxe ao Japão diversos elementos culturais chineses, além disso os templos se tornaram centros artísticos, religiosos e educacionais. Por muito tempo a maioria das escolas estavam presentes em templos budistas até o governo Meiji (1868-1912) instalar o sistema público de ensino. Por ter sido instituído no Japão como sistema paroquial, maior parte das famílias japonesas acabavam sendo filiadas a algum templo 27


por várias gerações, trazendo o caráter de “tradição budista”. [...] O Budismo era inicialmente uma religião da aristocracia e, lenta e gradualmente, foi-se tornando uma religião das camadas populares do Japão. Esse processo produziu feições peculiares no Budismo japonês, que o distingue do de outros países. Pode-se, de modo sucinto, levantar pelo menos cinco características peculiares a esse Budismo. (TAMARU e KITAGAWA, 1987 apud PEREIRA, 2001, p. 58).

3. Templo Koyasan Ekoin, Ritual do Fogo

2. Templo Senso-ji

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4. Templo Kofuji

5. Buda em Kamakura

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sua religião e de seu país (ANESAKI, 1966 apud PEREIRA, 2001, p. 121).

A ESCOLA NICHIREN frimento, o fim dos tempos. Ainda de acordo com Pereira (2011) essa nova era apesar de tudo não trouxe apenas acontecimentos ruins, principalmente para o Budismo. Finalmente no período Kamakura o Budismo começou a ser mais centrado no povo, diferentemente do período Heian em que maior parte dos fiéis do Budismo eram da elite. O Budismo do período Kamakura apresenta metas mais simples e facilitou a interpretação da religião. Os grandes líderes religiosos começaram a escrever seus tratados em japonês simples, e não mais em chinês clássico. Esses líderes trouxeram a visão de um Budismo mais igualitário, tanto em relação a homens e mulheres quanto para clero e leigos.

Nichiren (1222-1282) viveu no período Kamakura, época onde ocorreram grandes mudanças, tanto na política e economia japonesas, tanto no Budismo. Esse período foi marcado pela ascensão dos guerreiros que dominaram o Japão até o século XIX. Um desdobramento importante deste episódio foi o reforço da idéia de “país divino” e invencível, bastante utilizada ao longo do século XX pelos governos expansionistas do Japão. Os templos budistas e os santuários xintoístas, que haviam passado todo o período de ameaça mongol recitando sutras e fazendo rituais, conferiam a si o crédito de ter expulsado os inimigos. Ou seja, a derrota dos mongóis teria sido provocada por forças espirituais, particularmente pelo “vento divino” (kamikaze) enviado pelos kami protetores do Japão. (PEREIRA, 2001, p. 115)

Nichiren então surge dizendo que todas as coisas ruins que estavam acontecendo naquele período eram uma punição para a prática herética dos japoneses e se identificou como a reencarnação de um Bodhisattva. Nichiren começou a pregar exclusivamente os ensinamentos do Sutra Lótus, que segundo ele era o principal sutra, o sutra que representava a vida de Buda como um todo, o próprio Buda.

O período Kamakura sendo um período que trouxe diversas mudanças econômicas e políticas também acabou trazendo mudanças no Budismo, muitos templos budistas começaram a representar forças não só econômicas, mas também militares. Esse período fez com que o Budismo que tivesse que se readaptar ao novo cenário tumultuado que exigia resoluções imediatas para os problemas religiosos e para o conceito de salvação. O período sendo marcado por intensas batalhas tanto dentro do país quanto relativas a invasões externas foi interpretado como sendo a “Era Mappo” que Buda havia previsto. Uma época que seria marcada por intensa dor e so-

Se algum dia o Japão tiver produzido um profeta ou um homem religioso com fervor profético, Nichiren foi este homem. Ele se mantém quase que como uma figura única na história do Budismo, não somente por causa de sua persistência em meio ao sofrimento e à perseguição, mas por sua convicção inabalável de que seria o mensageiro do Buda, e sua confiança no futuro de

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Nichiren trouxe para o mundo o mantra Namumyohorenguekyo, que significa em seu sentido literal: “Ensinamento da Lei Mística Universal figurada no modo de vida e no desabrochar da Flor de Lótus, ao qual devotar-me-ei”. O pronunciamento desse termo traria para àqueles que praticassem diversos benefícios. Esse termo tornou a prática mais fácil para os leigos e se tornou muito popular entre a população. A palavra ‘Mantra’ vem do sânscrito Man (mente) e Tra (controle ou proteção), significando “instrumento para conduzir a mente” – é uma palavra que exerce muito mais uma função do que um significado. E o Mantra NAMUMYOUHOURENGUEKYOU, de acordo com a nossa capacidade, existe para podermos receber o Goriyaku (Bênção, prova concreta e irrefutável) e a iluminação pela prática da fé e da Oração. (CAMPOS e KOIZUMI, 2018)

6. Estátua do Mestre Nichiren

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BUDISMO NO BRASIL dos costumes japoneses.

As religiões japonesas começaram a chegar no Brasil no ano de 1908, juntamente com o primeiro navio que trazia os imigrantes japoneses, o Kasato Maru. Nesse período essas religiões são basicamente étnicas, demoraram um tempo considerável para sair das colônias japonesas para atingir o Brasil em sua totalidade.

A reprodução da religiosidade japonesa ocorre num contexto mais geral da imigração, em que os japoneses buscaram reconstruir material e simbolicamente a estrutura social e cultural do Japão. (PEREIRA, 2001, p. 103)

O imigrante japonês trouxe consigo para o Brasil, dentro desse contexto mais amplo, não somente suas expectativas e idealismo, como também uma religiosidade calcada na história milenar do País do Sol Nascente. (PEREIRA, 2001, p. 95)

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No começo a prática religiosa dos japoneses ficou apagada dentro do contexto brasileiro, não significando que o imigrante tivesse abandonado sua religiosidade. Devido à restrição de movimentos missionários não cristãos, a prática religiosa dos japoneses de limitava a momentos extremos, como a morte de alguém.

Segundo Pereira (2001) o Budismo acabou se tornando popular entre os brasileiros por ser uma religião que não relaciona as perdas dos fiéis a pecados. Isso faz com que as pessoas se sintam mais confortáveis sabendo que não terão que sentir medo de uma punição divina. Além disso o Budismo não enfatiza o pós-morte e não coloca nas mãos de uma divindade ou Buda a salvação. O destino está nas mãos de cada um, cada pessoa escolhe o futuro que terá para si, tudo aquilo que se se deseja, o paraíso ou o inferno não vem depois, ele é construído aqui.

De acordo com Koichi Mori (1992) a situação vivida no país fazia com que o imigrante precisasse se recompor suas práticas religiosas, laços familiares etc., já que muitas das referências do país haviam se perdido. (apud PEREIRA, 2001)

O Budismo acabou se tornando atrativo também por não pregar o celibato, monges e mestres partilham do mesmo estilo de vida dos leigos. A religião também unia a comunidade promovendo reuniões de pequenos grupos com trocas de experiências e de informações.

O Budismo se manteve como uma religião que apoiava as famílias dos japoneses, prestava serviços fúnebres, e também acabava sendo um refúgio para a comunidade japonesa no Brasil. Os cultos e reuniões mantinham a colônia japonesa mais unida e perpetuavam vários

A prática do Budismo traz mudança também na visão do trabalho, contrariando o catolicismo que o sofrimento do trabalho vinha como punição divina. Para os budistas o trabalho pode ser uma fonte de felicidade e realização pessoal. 33


Diferentemente da divulgação porta-a-porta dos Mórmons ou das pregações em praças públicas de certos evangélicos, as novas religiões japonesas contam mais com suas publicações e o contato pessoal. Praticamente todas têm seus jornais, revistas, livros, enquanto que algumas já contam com páginas na internet. A grande habilidade na utilização dos meios de comunicação de massa e de técnicas de marketing e propaganda demonstram vitalidade e dinamismo nas atividades proselitistas no Brasil. (PEREIRA, 2001, p. 107)

Isso tudo fez com que a religião japonesa acabasse saindo dos núcleos da colônia para começar a atingir um público sem nenhuma ascendência por todo o território nacional. Ainda segundo Pereira (2001) como o Brasil é a maior colônia japonesa do mundo ele acaba sendo o país-chave para a divulgação do Budismo japonês. Os brasileiros além de praticarem a religião também procuram ajudar a religião a se expandir para os outros países, por meio de divulgação no exterior e construção de grandes centros religiosos no Brasil.

7. Templo La Kang

9. Hana Matsuri - Comemoração pelo nascimento de Buda

8. Templo Nikkyoji - Grande Culto

11. Centro de Meditação Kadampa

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10. Templo Zu Lai

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A HONMON BUTSURYU-SHU HISTÓRIA DA HBS Segundo Ikemoto (2015) a Honmon Butsuryu-shu é uma religião fundada pelo sacerdote Seifu Nagamatsu há aproximadamente 150 anos, baseada nos ensinamentos do Sutra Lótus e do Mestre Nichiren.

Nagamatsu fundou a Honmon Butsuryu Ko, sendo parte da seita Hokke-shu, trazendo de volta os ensinamentos de Nichiren e Nichiryu Shonin que acabaram se perdendo em meio a falta de atenção da sociedade budista em relação a prática da fé.

Seifu Nagamatsu nasceu na família Ooji em 1817, no final do período Edo. Ele era naturalmente talentoso em arte e literatura e por isso foi convidado a exercer seu talento no templo Honnoji, fundado por Nichiryu Shonin.

[...] Honmon Butsuryu Ko significa literalmente “Os ensinamentos de Honmon Happon”, Butsuryu significa “a seita budista em que não foi dito para um homem ser um mestre budista, mas o Buda Primordial estabeleceu”, e Ko representa “um grupo de sacerdotes e seguidores leigos que estudam as escrituras budistas”. Assim sendo, Nissen Shonin estabeleceu uma seita que acredita e conta com o Odaimoku - quintessência do ensinamento Honmon Happon do Sutra Lótus de acordo com a verdadeira intenção do Buda Primordial. [tradução da autora1 ] (IKEMOTO, 2015)

O Budismo nessa época acabou se tornando parte da política, onde as famílias eram obrigadas a se filiar a um templo, isso acabou fazendo com que a fé se perdesse, os templos já não ofereciam o mesmo que antes, pelo conforto de continuar tendo seus fiéis sem fazer nada. Ainda de acordo com Ikemoto (2015) ao notar a decadência do verdadeiro significado do Budismo, Seifu decide entrar na vida sacerdotal no templo Ryusenji, se tornando Nissen Shonin. Seu entusiasmo para fazer uma grande reforma no Budismo japonês não foi bem aceita pela sociedade budista, apesar disso, Seifu

A partir desse momento, Nissen Shonin começa e espalhar os ensinamentos de Nichiren por meio de poemas de 31 sílabas que ele mesmo compôs para tornar a doutrina de Nichiren mais fácil de ser compreendida.

1 [...] Honmon in Honmon Butsuryu Ko is literally means “Honmon Happon teaching,” Butsuryu means “the Buddhist sect that not a man who was said to be a Buddhist master but the Primordial Buddha established,” and Ko represents “a group of priests and lay followers who study Buddhist scriptures.” Therefore, Nissen Shonin established a sect that believes in and rely on the Odaimoku—quintessence of Honmon Happon teaching of the Lotus Sutra in accordance with the true intention of the Primordial Buddha.

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O nome da seita Honmon Butsuryu-shu foi citado por Nichiren Shonin e pode ser facilmente encontrado em suas falas. De acordo com Nichiren o Sutra Lótus é o rei de todos os sutras e no capítulo 23 desse sutra é dito que a seita budista que propagasse o verdadeiro ensinamento de Buda deveria ser nomeado Butsuryu Shu, que significa “a seita que foi estabelecida por Buda”. De acordo com a Revista Lótus (2008) somente após 90 anos a Honmon Butsuryu Ko se tornou Honmon Butsuryu-shu por ter finalmente se tornando legalmente independente da Hokke-shu, sendo finalmente reconhecida como religião, por isso a troca do Ko, que significa culto, para Shu, que significa religião. Resumindo, o título HBS (Honmon Butsuryu-shu = Religião Budista do Caminho Primordial estabelecida pelo Buda Primordial), é um título especificado pelo Grande Mestre Nichiren para definir que somos uma religião que recebemos a fundação do próprio Buda e por isso somente nós podemos transmitir seus ensinamentos verdadeiramente, sem as criações e imperfeições de um reles fundador que sequer atingiu a iluminação. Essa foi a clara intenção de Nichiren Daibossatsu e felizmente nós herdamos este honroso e definitivo título religioso. (CORREIA, 2008, p. 69)

12. Mestre Nissen Shonin

14. Templo Yusseiji

13. Estatua de Nichiren em Yusseiji

15. Grande Culto - Templo Nikkyoji

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FILOSOFIA E COSTUMES não se cria, não cria, nem recria, não têm começo nem fim. Não está sujeito à mutabilidade e impermanência como tudo que está a nossa volta. Ou seja, possui a característica que nos permite a plena devoção, pois sempre foi e sempre será o Buda Primordial.(CAMPOS e KOIZUMI, 2018)

A HBS é uma seita que segue os ensinamentos do Grande Mestre Nichiren, existem diversas outras seitas que também seguem os mesmos ensinamentos, mas por vários motivos se diferem da Honmon Butsuryu-shu. A Honmon Butsuryu-shu é devota aos ensinamentos do Sutra Lótus. Acredita-se que esse sutra é o único que possui a capacidade de salvar os fiéis a partir daquilo que eles têm a oferecer, que seriam a fé e a compaixão. A prática é feita a partir da oração do Namumyohourengekyo, que representa a causa, essência e semente da iluminação.

Na HBS há uma diferenciação entre Buda de Deus, muitos podem acreditar que para todos os budistas Shakyamuni Buda é como um Deus para os fiéis, mas em cada escola a devoção e a veneração são muito diferentes. Na HBS acredita-se na existência do Buda Primordial, que se difere da figura de Shakyamuni Buda. O Buda Primordial seria o próprio universo, que atua em toda existência e não existência, a divindade máxima, mas não como um Deus intocável, superior, mas sim como parte de um todo.

O Namumyohourengekyo é um mantra praticado não apenas na HBS, mas também em outras seitas provenientes da escola Nichiren, como mencionado no capítulo 4.2.5. A pronúncia pode ser diferente e o significado em cada seita pode ser traduzida de maneira ligeiramente diferente também. Na HBS o Namumyohourengekyo significa despertar para o Darma Sagrado, esse mantra é entoado em todos os cultos realizados. A repetição do mantra é conhecido como Odaimoku, e de acordo com Nisso Fukuoka (2004), pontífice da HBS, aquele que constantemente entoa o Odaimoku estará sempre protegido das calamidades e das desgraças.

Na HBS e nas outras seitas budistas da escola Nichiren os fiéis são devotos a imagem sagrada conhecida como Gohonzon, que representa a Unidade Absoluta do universo. Na HBS o Gohonzon é a representação do próprio Buda Primordial o que engloba a representação de todos os tipos de existência em sua forma essencial. No Gohonzon é possível observar diversas escritas. De acordo com Polive (2014), membro da Sokka Gakkai1 , ao centro está escrito Namumyohourenguekyo. As outras escritas representam os Dez Mundos que seriam: Intenso sofrimento e

Também aprendemos que, neste mundo, onde nada se cria e tudo se transforma, o NAMUMYOUHOURENGUEKYOU é eterno; 1

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Seita ligada a Escola Nichiren.

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silenciosa, pode se assustar no início. A sonoridade das clavas nos obriga a buscar o silêncio e a tranquilidade de forma espiritual, ao invés da ambiental. Mas logo que nos acostumamos com o ritmo das batidas já não sentimos mais como barulho, mas sim como um condutor sonoro, sem os quais facilmente perderíamos a concentração. Nossas clavas anulam todos os tipos de poluição sonora que possa nos desconcentrar, nos lançando, através do som e do ritmo, ao mundo dármico de Buda. Assim, podemos dizer que a meditação ativa do Budismo Primordial abrange os três aspectos mais importantes de uma prática: físico, oral e mental. (Site do Budismo Primordial, s/d)

desespero (Inferno), Desejos insaciáveis (Fome), Egoísmo e Estupidez (Animalidade), Arrogância e Beligerância (Ira), Calma Provisória (Tranquilidade), Alegria Intensa Provisória (Êxtase), Auto Aperfeiçoamento (Erudição), Despertar para Verdades Parciais da Natureza e Humanidade (Absorção), Altruísmo (Bossatsu2 ) e Estado de felicidade com base na compaixão e sabedoria (Estado de Buda). De forma gráfica, o Gohonzon mostra que, quando embasados firmemente na Lei do Nam-myoho-rengue-kyo3, cada um dos dez estados de vida pode ser um caminho para nos trazer aprendizados ou desafios que visam nutrir nossa existência e trazer a felicidade. Por exemplo, embora possamos nos encontrar no estado de Inferno, através de nossas orações ao Gohonzon, podemos transformar nosso intenso sofrimento e desespero como fonte de força e esperança para superar todas as dificuldades. (POLIVE, 2014)

Também é utilizado o terço budista Odyuzu nos cultos, acredita-se que o uso desse terço traga virtudes para os fiéis. Por outro lado, se usarmos corretamente o odyuzu, unindo as mãos em postura de devoção (Gasshou), sentiremos que essas paixões (108) mundanas estarão espremidas entre os Budas (contas maiores). Cada súplica e oração feita com fervor, fará com que o nosso Buda Primordial interior interfira nas nossas paixões mundanas ocasionando uma transformação aguda em nosso ser. Isto é, tornaremos em indivíduos que não só pensam em si próprio, mas como também que têm capacidade de ter compaixão pelos outros. (Site do Budismo Primordial, 2005)

Além do Gohonzon o oratório budista da HBS, também conhecido como Gohouzen, é costumeiramente composto por outros elementos, como o incensório, as velas, as flores, a água, o sino, entre outros. Cada elemento tem um significado e completa o altar sagrado. Em um culto é muito comum aparecerem alguns elementos sonoros, são eles, as claves, o xilofone, o sino e o tambor. Esses elementos ditam o ritmo do culto e suas pausas.

De acordo com a Revista Lótus (2008) os fiéis da HBS têm algumas práticas fundamentais,

Quem busca, ilusoriamente, a meditação 2  3

Equivalente a Bodhisatva. Em outras seitas como a Sokka Gakkai a pronúncia do mantra sagrado é diferente.

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16. Grande Culto - Templo Nikkyoji

17. Odyuzu

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são elas Okyudi, Kushou, Sankei e Kyouke. O Okyudi é o zelo do Altar Sagrado. O zelo consiste na limpeza do altar, oferecimento do incenso, troca das flores, oferecimento da primeira água do dia, entre outras práticas. Esse costume demonstra respeito e externalização da fé, além de ter o objetivo de preparar os fiéis para se tornarem capazes de estender este mesmo respeito às demais pessoas. Kushou é a oração sagrada do Namumyouhourengekyo, tem como objetivo eliminar o carma negativo e acumular virtudes para o recebimento das bênçãos. Essa oração tem como objetivo despertar dentro dos praticantes o “Eu” verdadeiro e adormecido, a natureza búdica, sem necessidade do uso do intelecto ou da meditação introspectivo. Sankei é a participação nos cultos, essa prática leva o fiel ao local onde se pregam os ensinamentos, presta-se oferta aos sacerdotes e confraterniza-se com os outros fiéis. Kyouke é a conversão, principal prática inter-pessoal que autentica o devoto como um verdadeiro Bossastu, que almeja a iluminação através do altruísmo religioso e perpetuação do Darma. Shakubuku é a orientação religiosa compassiva, prática inter-pessoal que faz o praticante expressar-se de maneira correta e religiosa diante das demais pessoas.

A inclusão não se limita apenas às mulheres, homens casados, homossexuais qualquer pessoa pode ser devota do Sutra Lótus e seguir o caminho primordial. Na HBS por exemplo o casamento não é apenas permitido, mas também incentivado pelos mestres. No budismo aprendemos que a missão divina não é julgadora, mas sim compassiva. Portanto, independentemente de qualquer realidade, seja o homossexualismo, sejam as drogas, sejam os crimes, seja a ignorância, acima de tudo, devemos praticar a fé e orar o mantra sagrado Namumyohourengekyo, pois, pela virtude da oração cada vez mais nos aproximaremos da libertação e iluminação. Que os seres possuem imperfeições de diversas naturezas, já sabemos, por isso, o importante é eliminá-las, controlá-las e equilibrá-las. A sexualidade em si é um desejo, e por isso significa que aos poucos devemos avançar e desejar alegria e prazeres superiores ao da sexualidade ou de qualquer outro parecido. O prazer dármico é insubstituível e incomparável. (CORREIA, 2008, p. 40)

18. Tambor e Claves

Na HBS é comum a entoação de outras orações, elas são tidas como complementares ao mantra Namumyohourengekyo, nelas são abordadas temas como a devoção, a gratidão, as virtudes, entre outros. Uma das orações principais é o Sangue-mon, também conhecido como “Enunciado de Penitência”. Esse enunciado é entoado no começo e no final de todos os cultos, por mais curtos que sejam e foi até mesmo traduzido para o português.

Dentro da HBS, diferente de muitas religiões e de algumas seitas do budismo tradicional, a mulher pode atingir a plena iluminação. Apenas o Sutra Lótus afirma que a mulher igualmente ao homem atinge a iluminação, além disso mulheres também podem se tornar parte da ordem sacerdotal e atingir a mesma posição do que um homem.

“Para eliminar o carma negativo, que acumulei desde o passado remoto, a partir da presente existência, até atingir o estado de

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19. Culto no Santuário Ecológio da HBS

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Buda, devotar-me-ei à Imagem Sagrada, à Doutrina e à Oração Sagrada, causa, essência e semente da iluminação, transmitida pelo Jyougyou Bossatsu, Namumyouhourenguekyou.” (livreto de orações, s/d)

Em todos os cultos realizados por um sacerdote acontece a prédica, onde o sacerdote recita um ensinamento do mestre Nissen Shonin e explica para os fiéis o significado do ensinamento, dando exemplos e aplicando-o na atualidade.

21. Oferecimento de incenso

20. Ordenação Sacedotal

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22. Okuyo - Lanche oferecido após cerimônias

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HBS NO BRASIL O Budismo Primordial chegou ao Brasil juntamente com o primeiro navio de imigrantes japoneses, o Kasato Maru, em junho de 1908. De acordo com o site do Budismo Primordial, Ibaragui Nissui foi o primeiro sacerdote budista a pisar em solo brasileiro e realizar a primeira oração e culto budista. No início, o precursor da HBS teve de trabalhar juntamente com os outros imigrantes japoneses em cafezais, abrindo matas e arando terras. Nessa época como mencionado no capítulo 4.2.6. a religiosidade dos imigrantes se via abalada pela situação no Brasil, os japoneses dedicavam-se arduamente ao trabalho e apenas pensavam em voltar mais ricos ao Japão. Apenas em 1936 foi inaugurado o primeiro templo da HBS no Brasil, quando os fiéis já não cabiam mais nas casas para a realização dos cultos, mas apenas após o término da Segunda Guerra Mundial o Budismo Primordial conseguiu se consolidar e começar a abrir mais templos pelo país. Hoje há 17 centros religiosos da HBS pelo país, divididos entre templos e núcleos, onde ocorrem cultos todos os dias. No Brasil são utilizadas nomenclaturas católicas para uma maior aproximação do Budismo com os fiéis brasileiros que estão inseridos em um contexto católico. Apesar do Brasil ser um país laico a grande predominância religiosa continua sendo a religião católica, o que faz com que boa parte da população conheça os costumes dessa religião e as nomenclaturas utilizadas.

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COMUNICAÇÃO DA HBS A HBS tem diversos meios de comunicação, um deles é a própria arquitetura dos templos, que já de cara demonstram o que são. A decoração e a construção dos prédios levam as pessoas a pensarem que aquele local é um templo budista japonês.

fletos para divulgação interna e em eventos. Alguns abordam não só a religião budista, mas também falam sobre comportamento, como reagir e lidar com algumas situações. O Budismo Primordial também está presente nas redes sociais como Youtube e Facebook, mas não há uma página ou um canal principal. Há pelo menos 3 canais de Youtube ligados a HBS. Cada canal é dirigido por um sacerdote ou fiel e transmite conteúdos direcionados para diferentes públicos.

A imagem que identifica a HBS é o Butsumaru. Esse símbolo foi criado pelo mestre Nissen Shonin. De acordo com o site do Budismo Primordial o Butsumaru é composto pelos kanjis (ideogramas japoneses) 仏 Butsu (Buda) e 立 Maru (círculo), que compõem o nome da religião. A HBS também lança, desde 1999, mensalmente a revista Lótus abordando diversos temas relacionados ao budismo, hoje algumas edições estão disponíveis também digitalmente no site da HBS. Além da revista Lótus, recentemente a HBS começou a investir em um material para o público infantil, a Sementinha de Lótus, essa revista é semestral e é produzida pelos jovens da HBS.

23. Construçaão do Butsumaru

O Budismo Primordial também possui alguns livros publicados, mas nem todos têm tradução para o português. Os livros abordam temas ligados a religião e a mente, o principal autor é Pontífice Nisso Fukuoka. Apesar dos diversos livros ainda não existe nenhum que fale sobre o Budismo Primordial em sua totalidade, desde a fundação até o significado de diversas práticas dentro da religião. A HBS está sempre produzindo também pan50

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ANÁLISE DAS REVISTAS As revistas Lótus abordam diversos temas relacionados ao Budismo Primordial e costumavam ser impressas e vendidas mensalmente. Hoje a revista é publicada com um tempo maior de intervalo, sendo impressa normalmente em grandes eventos. A revista não segue uma identidade visual em suas publicações, cada edição usa um formato de diagramação e cores totalmente diferentes, nem mesmo a logo e a tipografia continuam as mesmas.

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A grande quantidade de cores e informação faz com que a revista fique extremamente poluída visualmente, passando uma ideia comercial como uma revista de novela. Essa comunicação não condiz com o conteúdo da revista, que traz informações sobre a religião. A partir de 2016 é possível perceber uma tentativa de fazer com que a Revista Lótus se torne mais leve, utilizando tipografias sem serifa e sem contornos em suas capas, menos informações e menos cores diferentemente das edições anteriores.

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ANÁLISE DOS FOLHETOS Os folhetos da HBS abordam diversos temas e assim como seus outros formatos de comunicação não seguem uma identidade visual, o que faz com que os impressos não pareçam vir do mesmo lugar. Hora trazendo informações sobre a religião, hora trazendo uma mensagem motivacional, os folhetos trazem um pouco em seu conteúdo a essência do que seria a religião, porém o seu formato simples e a grande quantidade de texto em alguns dos folhetos acabam fazendo que os mesmos não sejam tão atraentes para a leitura.

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Esses folhetos costumam ser disponibilizados próximos ao local de cultos, onde há uma grande circulação de pessoas, o que faz com que esse formato de comunicação tenha um grande potencial de fazer com que as pessoas tenham mais interesse em conhecer mais sobre a religião.

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ANÁLISE DAS MÍDIAS SOCIAIS Nas mídias sociais da HBS é possível perceber um certo descontrole. Cada templo da religião tem sua própria página e não seguem uma mesma identidade, os únicos elemento que se assemelha em todas as páginas é o símbolo do Budismo Primordial, o Butsumaru. É interessante que o mesmo acontece em relação ao YouTube, há diversas contas em que são postados diversos vídeos relacionados ao Budismo Primordial, isso acaba tornando difícil para um interessado saber qual delas é realmente oficial e se todas realmente se referem ao Budismo HBS.

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Em contrapartida o site do Budismo Primordial traz uma comunicação sólida, sendo utilizadas duas tipografias, uma serifada para títulos e uma sem serifa para corpo de texto. Os elementos utilizados no site trazem a sensação de leveza e tranquilidade com grande utilização de branco e imagens da natureza puxadas para tons de azul. O que conversa muito bem com os temas abordados nas matérias do blog. O grande problema do site da HBS acaba sendo o fato dele não ser adaptado para o celular.

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A divergência entre a comunicação entre uma plataforma e outra e até mesmo dentro de uma mesma mídia social acabam fazendo com que cada meio de comunicação não pareçam fazer parte de um mesmo grupo.

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ANÁLISE DAS ENTREVISTAS Com as entrevistas realizadas foi possível perceber que a maioria dos fiéis da religião ingressaram não pelo conhecimento que tinham sobre o Budismo Primordial, mas sim pela maneira que a prática da fé fez com que esses fiéis se sentissem. É interessante perceber que assim como na chegada do Budismo ao Brasil, as pessoas ao entrarem na religião levam muito em conta a comunidade, a cultura. A relação entre os fiéis, a ajuda e o apoio oferecido por pessoas que têm um pensamento parecido acaba atraindo muito mais do que a própria prática da fé. Perguntando sobre religião a não fiéis fui novamente surpreendida pelas respostas, esperando que dissessem que entrariam em uma religião a partir do momento que tivessem grande conhecimento sobre a mesma, na verdade, essas pessoas fariam parte da religião a partir do momento que o lugar e a prática religiosa fossem confortáveis e passassem uma ideia de acolhimento. Com base em todas as respostas é possível perceber que na verdade o maior interesse de fiéis e não fiéis não é o conhecimento sobre a religião e sim o que a religião representa em suas vidas. Pode ser que a pessoa esteja praticando a fé para dar continuidade a um costume familiar, ou para fazer parte de uma comunidade onde as pessoas pensem de uma mesma maneira, ou de como os cultos e as outras práticas da religião fazem a pessoa se sentir, mas raramente alguém ingressa em uma religião somente pela história e costumes que ela apresenta.

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Para os estudos de concepção foram elaborados três painéis semânticos. O primeiro painel se baseia no Budismo Primordial, nas principais cores utilizadas dentro da religião e nos seus elementos visuais. É possível perceber o grande uso de roxo e laranja e a grande presença das flores nos eventos da Honmon Butsuryu-shu. O segundo painel mostra referências visuais para a confecção do projeto em relação a forma e a diagramação. Tendo em vista a grande relação entre o Budismo HBS e o Japão foi decidido utilizar dobraduras no projeto gráfico que remetessem aos origamis. O terceiro painel traz referéncias para as ilustrações utilizadas no projeto gráfico. Como foi possível perceber as flores são muito utilzadas no Budismo e por isso foi decidido focar as ilustrações nesse elemento. A partir desses três painéis foi possível iniciar a confecção da proposta gráfica.

ESTUDOS DE CONCEPÇÃO 61


BUDISMO

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REFERÊNCIAS PARA DIAGRAMAÇÃO

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REFÊRENCIAS PARA ILUSTRAÇÕES

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Os estudos realizados mostram que o Budismo é uma religião que apresenta uma história muito extensa, com diversas mudanças e adaptações. Apenas um material gráfico não seria o suficiente para contemplar 2500 anos de história, não seria o suficiente para mostrar todo o percurso que a religião percorreu até gerar o Budismo Primordial. A Honmon Butsuryu-shu em si tem diversas peculiaridades e uma história própria que se difere muito das outras seitas budistas que surgiram no decorrer dos anos, apesar disso muitas pessoas, fiéis e não fiéis não demonstram tanto interesse em suas origens, mas sim em como a religião influencia no desenvolvimento e bem-estar de uma pessoa. Por isso será desenvolvido um projeto gráfico que aborde as questões religiosas de maneira básica, prática e interessante.

A estampa e as ilustrações dos folhetos foram feitas baseadas nas flores, visto que essas são muito importantes no contexto budista. Foi utilizada uma linguagem mais abstrata para as ilustrações, pois elas representam não uma imagem concreta da religião e sim a forma que a religião faz as pessoas se sentirem. As cores utilizadas no projeto remetem as cores mais frequentes no Budismo que são o laranja e o roxo e também cores que relembram a natureza, o azul e o verde. A tipografia Raleway foi usada em todo projeto por ser uma tipografia humanista que oferece uma boa leitura. Por ser uma tipografia que não apresenta muitos ornamentos ela faz com os folhetos não se tornem poluídos mesmo com a presença das ilustrações.

O projeto foi desenvolvido a partir da ideia de síntese, em como um grande acervo de informações pode se tornar básico, mas ainda sim conseguir expressar seu conteúdo. O estudo de como as pessoas chegam até a Honmon Butsuryu-shu foi importante para compreender qual foi a motivação do fiel fazer parte da religião e como usar o projeto gráfico como ferramenta de expansão.

CONFECÇÃO DO PROJETO

Após a análise das informações obtidas foipossível identificar a melhor solução para a materialização do projeto. Por isso o material gráfico desenvolvido foi o folheto, que ajuda a expandir não só o Budismo Primordial, mas sim o interesse e o entendimento que as pessoas têm dessa seita e da religião budista como um todo, de maneira breve e objetiva. 69


MEMORIAL DESCRITIVO

CONTEÚDO DO FOLHETO Sofrimento Buda colocou o sofrimento como a primeira das quatro nobres verdades para que as pessoas soubessem e reconhecessem a própria dor. de acordo com Bodian e Landaw (2011) o sofrimento surge quando se depara com aquilo que não gosta, se está distante daquilo que gosta e não se ter aquilo que quer.

1 Tipo de impresso Folheto 2 Tema do projeto Budismo 3 Título do impresso Quatro Nobre Verdades

Causa do Sofrimento Buda menciona que uma das grandes causas do sofrimento é o desejo, o apego às coisas materiais e supérfluas, o desejo de ter aquilo que não se tem ou de perder algo causa grande insatisfação nas pessoas. Buda também diz que a causa do sofrimento nunca está fora, mas sim dentro de cada um, o sofrimento é causado pela maneira que uma situação afeta uma pessoa e não a situação em si.

4 Conceito editorial do impresso Origami 9 Padronização gráfica: 9.2 Fontes utilizadas: título, subtítulos, olho de texto, texto Fontes: Corpo: Raleway Medium Títulos: Raleway Black 10.1 Formato Aberto: 200x200mm; fechado:

150x150 mm

Cessação do Sofrimento A terceira nobre verdade, a cessação do sofrimento, pode ser atingida ao abdicar das tentações, abrir mão do apego. Se distanciar das coisas materias e ir atrás do espiritual, do não palpável.

10.2 Suportes, utilizados: papel/ gramatura Offset 75g 10.3 Número de cores/ escala utilizada para impressão Escala Europa: CMYK: C: 52 M:63

QUATRO NOBRES VERDADES 70

A Verdade do Caminho A verdade do caminho, quarta nobre verdade, é um manual de como chegar a cessação do sofrimento. Essa nobre verdade é dividida entre oito grandes divisões, a visão correta, a intenção correta, fala correta, a ação correta, meio de vida correto, esforço correto, plena atenção correta e a concentração correta.

10.4 Processo(s) de impressão indicado(s) Offset

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MEMORIAL DESCRITIVO

CONTEÚDO DO FOLHETO

1 Tipo de impresso Folheto

Chegada no Brasil As religiões japonesas começaram a chegar no Brasil no ano de 1908, juntamente com o primeiro navio que trazia os imigrantes japoneses, o Kasato Maru. O imigrante japonês trouxe consigo para o Brasil, dentro desse contexto mais amplo, não somente suas expectativas e idealismo, como também uma religiosidade calcada na história milenar do País do Sol Nascente.

2 Tema do projeto Budismo 3 Título do impresso Budismo no Brasil 4 Conceito editorial do impresso Origami

Características Iniciais No começo a prática religiosa dos japoneses ficou apagada dentro do contexto brasileiro, não significando que o imigrante tivesse abandonado sua religiosidade. Devido à restrição de movimentos missionários não cristãos, a prática religiosa dos japoneses de limitava a momentos extremos, como a morte de alguém.

9 Padronização gráfica: 9.2 Fontes utilizadas: título, subtítulos, olho de texto, texto Fontes: Corpo: Raleway Medium Títulos: Raleway Black 10.1 Formato Aberto: 200x200mm; fechado:

Budismo como Comunidade O Budismo se manteve como uma religião que apoiava as famílias dos japoneses, prestava serviços fúnebres, e também acabava sendo um refúgio para a comunidade japonesa no Brasil. Os cultos e reuniões mantinham a colônia japonesa mais unida e perpetuavam vários dos costumes japoneses.

150x150 mm

10.2 Suportes, utilizados: papel/ gramatura Offset 75g 10.3 Número de cores/ escala utilizada para impressão Escala Europa: CMYK: C: 69 Y:100

BUDISMO NO BRASIL 74

Adesão Brasileira O Budismo acabou se tornando popular entre os brasileiros por ser uma religião que não relaciona as perdas dos fiéis a pecados. Isso faz com que as pessoas se sintam mais confortáveis sabendo que não terão que sentir medo de uma punição divina. Além disso o Budismo não enfatiza o pós-morte e não coloca nas mãos de uma divindade ou Buda a salvação.

10.4 Processo(s) de impressão indicado(s) Offset

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MEMORIAL DESCRITIVO

CONTEÚDO DO FOLHETO

1 Tipo de impresso Folheto

Seifu Nagamatsu Honmon Butsuryu-shu é uma religião fundada pelo sacerdote Seifu Nagamatsu há aproximadamente 150 anos, baseada nos ensinamentos do Sutra Lótus e do Mestre Nichiren. Seifu Nagamatsu era naturalmente talentoso em arte e literatura e por isso foi convidado a exercer seu talento no templo Honnoji, fundado por Nichiryu Shonin.

2 Tema do projeto Filosofia Budista 3 Título do impresso História da HBS 4 Conceito editorial do impresso Origami

Motivação de Nissen Shonin Ao notar a decadência do verdadeiro significado do Budismo, Seifu decide entrar na vida sacerdotal no templo Ryusenji, se tornando Nissen Shonin.e e apoós isso fundou a Honmon Butsuryu Ko, trazendo de volta os ensinamentos de Nichiren e Nichiryu Shonin que acabaram se perdendo em meio a falta de atenção da sociedade budista em relação a prática da fé.

9 Padronização gráfica: 9.2 Fontes utilizadas: título, subtítulos, olho de texto, texto Fontes: Corpo: Raleway Medium Títulos: Raleway Black 10.1 Formato Aberto: 200x200mm; fechado:

150x150 mm

Significado do Nome Atribuído Honmon Butsuryu Ko significa literalmente “Os ensinamentos de Honmon Happon”, Butsuryu significa “a seita budista em que não foi dito para um homem ser um mestre budista, mas o Buda Primordial estabeleceu”, e Ko representa “um grupo de sacerdotes e seguidores leigos que estudam as escrituras budistas”.

10.2 Suportes, utilizados: papel/ gramatura Offset 75g 10.3 Número de cores/ escala utilizada para impressão Escala Europa: CMYK: C: 69 M: 17

HISTÓRIA DA HBS 78

Quando se Tornou HBS Somente após 90 anos a Honmon Butsuryu Ko se tornou Honmon Butsuryu-shu por ter finalmente se tornando legalmente independente da Hokke-shu, sendo finalmente reconhecida como religião, por isso a troca do Ko, para Shu, que significa religião.

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MEMORIAL DESCRITIVO

CONTEÚDO DO FOLHETO

1 Tipo de impresso Folheto

Okyudi O Okyudi é o zelo do Altar Sagrado. O zelo consiste na limpeza do altar, oferecimento do incenso, troca das flores, oferecimento da primeira água do dia, entre outras práticas. Esse costume demonstra respeito e externação da fé, além de ter o objetivo de preparar os fiéis para se tornarem capazes de estender este mesmo respeito às demais pessoas.

2 Tema do projeto Filosofia Budista 3 Título do impresso Práticas Fundamentais 4 Conceito editorial do impresso Origami

Sankei Sankei é a participação nos cultos, essa prática leva o fiel ao local onde se pregam os ensinamentos, presta-se oferta aos sacerdotes e confraterniza-se com os outros fiéis.

9 Padronização gráfica: 9.2 Fontes utilizadas: título, subtítulos, olho de texto, texto Fontes: Corpo: Raleway Medium Títulos: Raleway Black 10.1 Formato Aberto: 200x200mm; fechado:

Kushou Kushou é a oração sagrada do Namumyouhourengekyo, tem como objetivo eliminar o carma negativo e acumular virtudes para o recebimento das bênçãos. Essa oração tem como objetivo despertar dentro dos praticantes o “Eu” verdadeiro e adormecido, a natureza búdica, sem necessidade do uso do intelecto ou da meditação introspectivo.

150x150 mm

10.2 Suportes, utilizados: papel/ gramatura Offset 75g 10.3 Número de cores/ escala utilizada para impressão Escala Europa: CMYK: M: 56 Y: 87

PRÁTICAS FUNDAMENTAIS 82

Kyouke prática inter-pessoal que autentica o devoto como um verdadeiro Bossastu, que almeja a iluminação através do altruísmo religioso e perpetuação do Darma.

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Por fim os quatro folhetos unidos formam o Butsumaru, o símbolo que representa a Honmon Butsuryu-shu. Para guardar os quatro folhetos foi desenvolvido uma espécie de envelope com a estampa utilizada no projeto.

Saiba mais em www.budismo.com.br

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FINALIZAÇÃO DO PROJETO 87


1 Tipo de impresso Folhetos

9.2 Padrão cromático: título, subtítulos, olho de texto, texto Laranja, azul, roxo e verde para títulos e texto em preto

2 Tema do projeto Budismo

9.3 Imagem Ilustração e Fotos

3 Título do impresso Quatro Nobre Verdades; Budismo no Brasil; História da HBS; Práticas Fundamentais.

10 Impressão 10.1 Formato Aberto: 200x200mm; fechado:100x100mm

6 Periodicidade Semestral

10.2 Suportes, utilizados: papel/ gramatura Offset 75g

7 Tiragem (estimada) 1000 cópias

10.3 Número de cores/ escala utilizada para impressão Sitema de cores Escala Europa CMYK: Laranja: M: 56 Y:87 Azul: C: 69 M:17 Roxo: C: 52 M: 63 Verde: C:69 Y:100

8 Público-Alvo 8.1 Perfil demográfico: idade, sexo, classe social Para todo tipo de público 8.2 Perfil psicográfico: gostos, hábitos de Consumo, hábitos sociais e culturais Interesse por religião e história

10.4 Processo(s) de impressão indicado(s) Offset

9 Padronização gráfica: 9.1 Fontes utilizadas: título, subtítulos, olho de texto, texto Títulos: Raleway Black e Raleway Medium Corpo:12 Entrelinha: 12

MEMORIAL DESCRITIVO

11 Pré-Impressão 11.1 Software(s) Photoshop

Texto: Raleway Medium Corpo: 8 Entrelinha: 8

11.3 Resolução impressa a ser utilizada: lineatura da retícula 150 LPI

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Ao decorrer das pesquisas foi possível perceber que a HBS não possui uma centralização na sua comunicação. É difícil conseguir informações sobre a religião sem ter um contato dentro da instituição. Apesar de existirem diversos meios de comunicação não há um material que sintetize tudo o que HBS quer passar. Após realizar algumas entrevistas e assistir a alguns depoimentos nos canais de Youtube da HBS foi possível perceber que as pessoas, de maneira geral, não procuram por um conhecimento profundo sobre a religião. Aqueles que estão dentro da religião normalmente não veem a necessidade de entender a origem da HBS e nem mesmo o porquê de vários costumes, apenas a maneira que a prática da fé faz esses fiéis se sentirem já é o suficiente para fazê-los continuar dentro da instituição. Após toda a pesquisa e produção do projeto foi possível perceber que a noção que eu tinha sobre a religião e como as pessoas se sentiam em relação à ela eram muito diferentes da realidade. Acredito que agora o projeto desenvolvido pode realmente ajudar na expansão do Budismo Primordial, não apenas com os folhetos já desenvolvidos, mas muitos outros que poderão ser desenvolvidos no futuro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 91


BUDISMO, Budismo no Brasil Disponível em: http://budismo.com.br/introducao-ao-budismo/budismo-no-brasil/ Acesso em 23.abr.2018

LANDAW, Jonathan; BODIAN, Stephan. Budismo para Leigos. 2. ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. SER BUDISTA, O que é Gohonzon Disponível em: https://serbudista.wordpress. com/2014/08/01/o-que-e-gohonzon-i/ Acesso em 10.abr.2018

BUDISMO, Hyoushiki Disponível em: http://budismo.com.br/caracteristicas-da-hbs/hyoushiki/ Acesso em 23.abr.2018

PEREIRA, Ronan Alves. O Budismo Leigo da Soka Gakkai no Brasil: Da revolução humana à utopia social. 2001. 553 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Sociais, Ifch, Unicamp, Campinas, 2001. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1595/1/2001_Ronan_Alves_Pereira.pdf>. Acesso em: 3 maio 2018.

BUDISMO, Odyuzu Disponível em: http://budismo.com.br/caracteristicas-da-hbs/odyuzu/ Acesso em 17.mai.2018 BUDISMO, Namumyohourenguekyou Disponível em: http://budismo.com. br/2018/05/03/namumyouhourenguekyou/ Acesso em 7.mai.2018

RYOSETSU, Nissen Shonin - Founder of Honmon Butsuryu-shu Disponível em: http://ryosetsu. com/2015/06/01/nissen-shonin-founder-of-honmon-butsuryu-shu/ Acesso em 23.abr.2018

BUKKYO DENDO KYOKAI (Tóquio). A Doutrina de Buda. 4. ed. São Paulo: Rrdonnelley Moore, 1998. CORREIA, Kyohaku (Ed.). Revista Budista Lótus: As 100 principais perguntas e respostas. 102. ed. Curitiba: Honmon Butsuryu-shu, 2008. FOLHA DE SÃO PAULO, Japoneses costumam ter duas religiões Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ fsp/turismo/fx1305200208.htm Acesso em 23.abr.2018

REFERÊNCIAS

FUKUOKA, Nisso. Os Ensinamentos da Honmon Butsuryu-shu. São Paulo: Honmon Butsuryu-shu, 2002. Tradução de: Massae Sato.

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LISTA DE IMAGENS

1. Imagem disponível em: https://bit.ly/2QPiu55 2. Imagem disponível em: https://bit.ly/2A8Sz2W 3. Imagem disponível em: https://bit.ly/2yBMlq7 4. Imagem disponível em: https://bit.ly/2OXWZSm 5. Imagem disponível em: https://bit.ly/2S35w5i 6. Imagem disponível em: https://bit.ly/2pVGIz2 7. Imagem disponível em: https://bit.ly/2pU1nDI 8. Imagem disponível em: https://bit.ly/2pTlja3 9. Imagem disponível em: https://bit.ly/2NDLR8F 10. Imagem disponível em: https://bit.ly/2OWRJP2 11. Imagem disponível em: https://bit.ly/2IWJQUa 12. Imagem disponível em: https://bit.ly/2Os1GVd 13. Imagem disponível em: https://bit.ly/2Om4Cm9 14. Imagem disponível em: https://bit.ly/2EmEVgG 15. Imagem disponível em: https://bit.ly/2QQcIAd 16. Imagem disponível em: https://bit.ly/2A9a4jF 17. Imagem disponível em: https://bit.ly/2yGtNW2 18. Imagem disponível em: https://bit.ly/2NQT5WO 19. Imagem disponível em: https://bit.ly/2IXvdQH 20. Imagem disponível em: https://bit.ly/2NFwg8r 21. Imagem disponível em: https://bit.ly/2yQlF59 22. Imagem disponível em: https://bit.ly/2EtY402 23. Imagem disponível em: https://bit.ly/2EB9dMF 24. Acervo pessoal 25. Acervo pessoal 26. Acervo pessoal 27. Acervo pessoal 28. Acervo pessoal 29. Acervo pessoal 30. Acervo pessoal 31. Acervo pessoal 32. Acervo pessoal 33. Acervo pessoal 34. Acervo pessoal 35. Acervo pessoal 36. Acervo pessoal 37. Acervo pessoal 38. Acervo pessoal 39. Imagem disponível em: https://bit.ly/2P7CYc0 40. Imagem disponível em: https://bit.ly/2IZmAVw 41. Imagem disponível em: https://bit.ly/2OtMsPq 42. Imagem disponível em: https://bit.ly/2pWiuVu

43. Imagem disponível em: https://bit.ly/2QWMhsM 44. Imagem disponível em: https://bit.ly/2yHyGy2 45. Imagem disponível em: https://bit.ly/2J2ncda 46. Imagem disponível em: https://bit.ly/2PDsWMY 47. Imagem disponível em: https://bit.ly/2J0ncu8 48. Imagem disponível em: https://bit.ly/2P6aO0Y 49. Imagem disponível em: https://bit.ly/2CMQUm9 50. Imagem disponível em: https://bit.ly/2ErzNba 51. Imagem disponível em: https://bit.ly/2ym1tsn 52. Imagem disponível em: https://bit.ly/2ykNnrt 53. Imagem disponível em: https://bit.ly/2OwHUYE 54. Imagem disponível em: https://bit.ly/2NI0jfD 55. Imagem disponível em: https://bit.ly/2IZHAeL 56. Imagem disponível em: https://bit.ly/2Ow47G8 57. Imagem disponível em: https://bit.ly/2PEhErB 58. Imagem disponível em: https://bit.ly/2RT0tEk 59. Imagem disponível em: https://bit.ly/2P1Vbb2 60. Imagem disponível em: https://bit.ly/2AeHq0r 61. Imagem disponível em: https://bit.ly/2P1Vbb2 62. Imagem disponível em: https://bit.ly/2ymU9wB 63. Imagem disponível em: https://bit.ly/2J0erjK 64. Imagem disponível em: https://bit.ly/2RT2GzC 65. Imagem disponível em: https://bit.ly/2CtQCja 66. Acervo pessoal 67. Acervo pessoal 68. Acervo pessoal 69. Acervo pessoal 70. Acervo pessoal 71. Acervo pessoal 72. Acervo pessoal 73. Acervo pessoal 74. Acervo pessoal 75. Acervo pessoal 76. Acervo pessoal 77. Acervo pessoal 78. Acervo pessoal 79. Acervo pessoal 80. Acervo pessoal 81. Acervo pessoal 82. Acervo pessoal

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ENTREVISTAS SACERDOTES HBS SACERDOTE 1 Q: Como você ingressou na HBS? A: Ingressei na HBS através da internet, acabei encontrando o grupo de jovens por um video, visitei o templo, me senti muito bem e fiquei.

na. Até pensava que fazia mais sentido do que qualquer outra religião budista ou não. Q: Por que decidiu seguir o caminho sacerdotal? A: Eu decidi seguir o caminho do sacerdócio porque desde jovem quis seguir um caminho que pudesse mudar o mundo, as mazelas do mundo. Cheguei a procurar o jornalismo querendo denunciar as tragédias humanas, as injustiças sociais. Mas cheguei à conclusão que mesmo as mais perfeitas sociedades, ou mesmo os melhores sistemas políticos, sociais e econômicos não acabavam com tais problemas. Cheguei à conclusão que o ser humano é que deveria melhorar. Só dessa maneira era possível mudar de verdade o mundo. Então a mensagem e os ensinamentos de Buda fizeram muito sentido. E assim, me senti atraído pelo caminho do sacerdócio tal qual Buda trilhou, claro que com as devidas diferenças. A: Decidi ser monge pois sempre senti a necessidade de auxiliar as pessoas de alguma forma, e encontrando a HBS, vi que poderia fazer isso cuidando do que é mais importante que é o nosso espírito.

Q: Por que a HBS e não outra escola budista? A: Não havia ido em outras escolas budistas, a HBS me completou de uma forma que não senti necessidade de ir em outros locais Q: Por que decidiu seguir o caminho sacerdotal? A: Decidi ser monge pois sempre senti a necessidade de auxiliar as pessoas de alguma forma, e encontrando a HBS, vi que poderia fazer isso cuidando do que é mais importante que é o nosso espírito.

SACERDOTE 2 Q: Como você ingressou na HBS? A: Meus pais já eram da religião, então eu segui naturalmente através da participação e prática com eles.

ANEXOS

Q: Por que a HBS e não outra escola budista? A: Vou responder por que eu nunca saí da religião pois não escolhi a HBS, e assim faz mais sentido com a pergunta. Eu sempre concordei com os ensinamentos da nossa religião. Nunca duvidei de nenhum ensinamentos ou doutri97


SACERDOTISA 1 Q: Como você ingressou na HBS? A: Tornei-me fiel da HBS em 2008, após ter passado um período como uma ateia intolerante e aos poucos começar a sentir a necessidade de crer em algo que fizesse a religião ter algum sentido em minha vida. Foi na mesma época que comecei a aprender sobre Budismo na escola e perto de casa havia um Templo da HBS, o Templo Hompoji, em Londrina - PR. Foi assim que meu pai e eu, no dia 12 de outubro de 2008, assistimos pela primeira uma cerimônia budista. “Fazer sentido” não é para mim algo meramente intelectual. “Fazer sentido” é também “fazer sentir” e foi essa experiência que me levou a querer ingressar na HBS assim que a conheci, nesse mesmo dia. Foi pelo o que senti e foi verdadeiro, principalmente por poder perceber uma mudança positiva em meu interior, algo que “tocou o coração” e que aos poucos se estendeu para minhas ações e também para todas as pessoas ao meu redor, transformando a mim e a vida dos outros para melhor e com mais consciência.

intelectual e não a espiritual e, ainda pior que isso, acabam pregando uma prática que nos distancia do que podemos chamar de “consciência”. Assim, as pessoas acabam culpando algo ou alguém pelo seu próprio sofrimento e/ou pensam que as circunstâncias justificam nossos impulsos de cometer falhas, sem querer assumir consequências que são causadas por nossas próprias atitudes. Isso tudo além do interesse comercial que muitas religiões priorizam, criando ilusões que muitas vezes se amparam na fragilidade emocional das pessoas. Justamente por ter encontrado a HBS e poder praticar a sua doutrina foi que pude perceber sua peculiaridade e também entender a importância dessa “consciência” das nossas próprias ações, além da essencialidade de viver em prol das outras pessoas e não apenas para nós mesmos. Isso foi o que moveu meu sentimento em querer praticar o Darma Sagrado e me dedicar pela sua expansão - prece número um da HBS - e que futuramente se tornou nas bases que fundamentaram minha decisão por seguir o caminho sacerdotal.

Q: Por que a HBS e não outra escola budista? A: Mesmo com pouco tempo de prática, desde que comecei a desenvolver minha fé através dessa religião fui capaz de perceber uma de suas maiores diferenças e intenções: praticar e preservar os ensinamentos de Buda exatamente como eles são, aqueles direcionados para nós e para o momento em que nosso mundo está passando, que no Budismo chamamos de Era de Decadência. Muitas são as religiões que, budistas ou não, buscam realizar uma prática que corresponda ao desejo de alimentar a carência

Q: Por que decidiu seguir o caminho sacerdotal? A: Mais adiante, foi através da prática dos ensinamentos dessa religião, pronunciando o Darma Sagrado Namumyouhourenguekyou, que reconheço que algo dentro de mim passou a entender a necessidade de enxergar e ajudar as outras pessoas. Quando percebi que minha prática da fé, e mais que isso, minha própria vida, não poderiam se limitar apenas a mim, foi que decidi seguir o caminho sacerdotal. 98

ENTREVISTAS NÃO FIÉIS

Q: Você acha que sendo mulher, é vista diferentemente dentro desse meio? A: Hoje, ordenada sacerdotisa há exatos seis meses, sinto uma profunda gratidão por poder estar aqui e, principalmente, por poder estar aqui sendo mulher, afinal, hoje no Brasil, contando comigo, somos apenas três sacerdotisas do Budismo Primordial. E através disso também rogo para poder demonstrar a outras mulheres a oportunidade de seguir esse caminho, afirmando justamente o grande ensinamento de Buda de que todos, independentemente de seu gênero ou de suas diferenças, podem alcançar o caminho da iluminação e se esforçar pela sua propagação!

ENTREVISTADO 1 Q: Você é fiel de alguma religião? Se sim, qual? A: Não Q: Você tem vontade de conhecer outras religiões e talvez até ingressar em alguma delas? A: Tenho interesse geral em todas na real, acho interessante essas coisas. Talvez mais numas mais “exóticas” porque sou curiosa. Q: O que você considera importante em uma religião? A: Não sei se entendi direito o sentido de importante nesse caso mas acredito que as pessoas busquem religião em geral como forma de reconforto/buscar sentido pras coisas então eu julgo importante trabalhar a vida do dia a dia, formas de viver melhor, da pessoa se desenvolver etc. só que sem ser algo muito engessado. Acho importante ter algum tipo de tradição/ costume também para as pessoas terem no que identificar essa religião. Não sei se entra no sentido da pergunta mas acho muito importante não ser algo muito mente fechada também, ter noção que as coisas mudam e que algumas coisas tem que ser adaptadas.

SACERDOTISA 2 Q: Como você ingressou na HBS? A: Através do meu marido. Q: Por que a HBS e não outra escola budista? A: Outras linhagens mostram diferentes pontos de vista, com os quais não me identifiquei. Q: Por que decidiu seguir o caminho sacerdotal? A: Queria ajudar outras pessoas a encontrar o caminho da prática de um Bossatsu. Q: Você acha que sendo mulher, é vista diferentemente dentro desse meio? A: Quando me ordenei, talvez. Mas meu Mestre sempre fez questão de me tratar igualmente, e hoje é muito normal.

ENTREVISTADO 2 Q: Você é fiel de alguma religião? Se sim, qual? 99


A: Não

A: Sim.

Q: Você tem vontade de conhecer outras religiões e talvez até ingressar em alguma delas? A: Tenho vontade de conhecer o budismo, e sim, talvez até ingressar nela, me identifico muito com a “ideologia” dela.

Q: O que você considera importante em uma religião? A: Que ela se aplique no dia a dia, que ela se faça presente não só como um conforto mas como um ensinamento para o cotidiano e que o fiel possa se usar dela para ser um cidadão melhor.

Q: O que você considera importante em uma religião? A: Eu sinceramente não bem o que é importante numa religião. Nunca tive muito contato, então não sei bem o que é realmente importante, se é dar apoio às pessoas, ensinamentos, ideais, não sei, talvez ela servir como uma válvula de escape pros problemas? Não sei.

ENTREVISTADO 4 Q: Você é fiel de alguma religião? Se sim, qual? A: Sim, católica.

Q: Sua família segue alguns costumes budistas, certo? Pode me contar um pouco mais? A: Em relação ao budismo na nossa família é o seguinte: desde sempre nós fazemos missas para os nossos familiares falecidos, e sempre fazemos missas com Obou-san e sempre foi. Nunca ninguém questionou o por que ser assim, só continuamos por sempre ser assim, mesmo ninguém da família ser budista. Acreditamos, eu sempre achei né, que era um costume japonês, só isso.

Q: Você sabe o porque dos costumes dessa religião? A: Sim. Q: Como você ingressou? A: Fui batizada quando nasci e sempre criada dentro dos costumes básicos da religião. Q: Você tem vontade de conhecer outras religiões e talvez até ingressar em alguma delas? A: Sim. Q: O que você considera importante em uma religião? A: Considero importante a religião estar apta a lidar com as transformações do século, coisa que não vejo dentro da minha própria.

ENTREVISTADO 3 Q: Você é fiel de alguma religião? Se sim, qual? A: Não

esta religião era o caminho certo. Sempre que preciso rezo o Namumyohorenguekyo e me sinto bem, me acalma o coração. Tenho certeza que sempre me ajudou nos momentos mais difíceis.

ENTREVISTAS FIÉIS ENTREVISTADO 1

Q: Você conhece as diferentes escolas budistas? A: Acho que respondi esta pergunta na questão anterior. Não tenho porque buscar outra religião.

Q: Como você ingressou na HBS? A: Eu ingressei na hbs através do meu pai, que já frequentava. Q: Por que você continua praticando a fé? A: A prática da fé é muito importante para acumular virtudes, receber bênçãos e para podermos atingir a iluminação e irmos em busca da felicidade. Além disso para orarmos pelos nossos antepassados para que possam também atingir a iluminação. Q: Você sabe o porquê de pronunciarmos o Odaimoku e sua origem? A: O motivo de pronunciarmos o Odaimoku é para acumularmos virtudes. Não sei a origem. Q: Você conhece as diferentes escolas budistas? A: Não conheço.

ENTREVISTADO 2 Q: Como você ingressou na HBS? A: Ingressei na HBS por herança religiosa, meu pai nasceu aqui no Brasil já em uma família que fazia parte desta religião. Q: Por que você continua praticando a fé? A: Meu pai tinha tanta fé que nunca duvidei que

Q: Você tem vontade de conhecer outras religiões e talvez até ingressar em alguma delas? 100

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