A Cadeira de Rodas e seus Mecanismos

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CENTRO UNIVERSITĂ RIO SENAC SANTO AMARO Bacharelado em Design Industrial

A Cadeira de rodas e seus mecanismos.

Antonio Fernando Pereira Oliveira

Orientador: Professor Doutor Nelson Urssi


Resumo Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo desenvolver o projeto de uma cadeira de rodas, com o intuito de promover acessibilidade e melhorar a qualidade de vida ao cadeirante. As metodologias de investigação adotaram a pesquisa bibliográfica, pesquisa de mercado e entrevistas com usuários, parceiros e ONGs relacionadas com a questão da deficiência física e necessidades dos usuários. A pesquisa identifica as principais dificuldades e demandas de pessoas nesta situação e projetar mecanismos atrelados a cadeira de rodas de forma a fornecer ao cadeirante um produto que melhor se adeque ao seu dia dia, com foco na independência do usuário, conforto e custo benefício.

Palavras chave: Design Industrial, Design de produto, Acessibilidade, Cadeira de rodas, Modularidade. Abstract This course work aims to develop the design of a wheelchair in order to promote accessibility and improve the quality of life for wheelchair users. The research methodologies adopted a bibliographic review, market research and interviews with users, partners and NGOs related to the issue of physical disability and users’ needs. The research intends to identify the main difficulties and demands of people in this situation and to design mechanisms linked to a wheelchair in order to provide wheelchair users with a product that best suits their daily lives, with a focus on user independence, comfort and cost benefit.


SUMÁRIO 1.0 - Fundamentação ...................................................................................................1 1.1 – A Cadeira de rodas ..............................................................................................1 1.2 – Origem ................................................................................................................2 1.3 – Pesquisa de mercado .........................................................................................4 1.3.1 – Cadeira Standard Mecano Manual .....................................................6 1.3.1.2 - Cadeira Dobrável em x ........................................................7 1.3.1.3 - Cadeira Hospitalar x com apoio de perna ...........................8 1.3.1.4 - Hospitalar de Banho ............................................................9 1.3.2 – Cadeira incrementada ........................................................................10 1.3.3 – Cadeira Monobloco ............................................................................11 1.3.4 - Cadeira Eletromecânica .....................................................................12 1.3.5 - Cadeira Eletroeletrônica. ....................................................................14 1.4 – Acessibilidade ....................................................................................................16 1.5 – Social / Mercado de trabalho .............................................................................19 1.5.1 - Benefício assistencial à pessoa com deficiência (BPC)(LOAS) .........20 2.0 – Resultados de pesquisa .....................................................................................21 3.0 – Requisitos para projeto ......................................................................................22 4.0 – Estudo de concepção .........................................................................................23 4.1 - Cadeira de rodas modular ......................................................................23 4.2 - Sistema de condução semiautomático ...................................................23 4.3 - Cadeira para entregas ............................................................................23 4.4 – Cadeira Maca .........................................................................................23

5.0 - Desenvolvimento do produto ..............................................................................24 6.0 – Descrição do projeto ..........................................................................................35 7.0 – Considerações finais ..........................................................................................45 8.0 – Anexos ..............................................................................................................46 9.0 – Referencias ........................................................................................................47 10.0 - Livros ................................................................................................................48 11.0 - Sites...................................................................................................................48 12.0 - Lista de imagens ..............................................................................................50


Introdução A proposta deste trabalho é, por meio de pesquisas, estudar e compreender a fundo a cadeira de rodas, não só como produto, mas também com instrumento social. E analisar como funciona a interação da cadeira com seu usuário. Porém, para o cadeirante a cadeira é mais que um produto, trata-se de um instrumento de libertação e mobilidade, É preciso uma análise sociocultural para identificar: quem é o usuário deste produto; quais suas necessidades; como ele vive; e como podemos proporcionar melhor qualidade de vida por meio do produto, revisando e aperfeiçoando seu desenho. É preciso entender a deficiência para superá-la. Com as respostas, soluções para o usuário deste estudo, para o desenvolvimento de produtos que promovam a inclusão social e a mobilidade do cadeirante por meio de atributos dinâmicos, de forma a tentar quebrar os preconceitos da sociedade contra o deficiente físico. E, por fim, conceber um produto que se destaque no mercado por sua inovação e relevância social.


Objetivos Geral O objetivo deste projeto é desenvolver um produto de qualidade e custo benefício, com diversos tipos de regulagem. Este produto também contara com design exclusivo, fugindo do aspecto visual atribuído a cadeiras de rodas da comuns, com opção de customização e acessórios, além de mecanismo que promovem a acessibilidade e inclusão social do cadeirante. Específicos - Por meio de mecanismos, desenvolver um coeficiente de esforço versus movimentação, de forma que seja necessário o menor esforço físico do usuário para movimentação da cadeira; - Desenvolver sistema estrutural leve e desmontável, a partir de estudos de material, visando baixo custo e sustentabilidade; - Criar uma série de itens intercambiáveis, de forma que a cadeira seja customizável de acordo com a deficiência e o uso do usuário;


Justificativa Acessibilidade e inclusão tornaram-se assuntos imprescindíveis quando falamos de desenvolvimento de produtos. Toda a produção tornou-se mais consciente em relação ao usuário com deficiência. O objetivo é fazer com que os produtos possam ser utilizados também por essas pessoas, baseando-se nas diretrizes do desenho universal. A relevância social deste projeto é a proposta de um produto de alta qualidade, durabilidade e com vários níveis de ajuste, que seja mais acessível financeiramente do que os já disponíveis no mercado, pois é fundamental para o deficiente que exista opções de produtos modulares que se adaptem com maior eficácia a sua deficiência, melhorando sua mobilidade, saúde e qualidade de vida. Oferecer uma cadeira de rodas junto com equipamentos ortopédicos que possuem design inovador, reposição de peças e possibilidade de customização estética, gera competitividade ao mercado e facilita o acesso do consumidor a um produto de qualidade e confiabilidade. A estrutura da cadeira terá encaixes padronizados para seus mecanismos auxiliares. A indústria ortopédica pode desenvolver produtos que se encaixem no padrão de modularidade do frame de cadeira (assim como se desenvolve acessórios para modelos específicos de celular), funcionando como um frame open source customizável.


Procedimento Metodológico Este projeto se fundamenta em uma pesquisa bibliográfica direcionada à acessibilidade em larga escala, assim como, pesquisas secundárias relacionadas a mecânica, física e resistência de materiais. Também serão realizados: A) Estudo de caso dentro de organizações que tem como o foco acessibilidade. Assim como, pesquisa direta com cadeirantes, dentro e fora destas organizações, para sugestões e estudo do dia a dia do cadeirante. B) Pesquisa de campo em locais de alta movimentação dentro da cidade de São Paulo para estudo de obstáculos e dificuldades. C)

Explorações em modelagem e prototipagem.

D)

Estudo de custo para fabricação e viabilização do produto

Pesquisa de campo

Testes diretos com usuário:

O primeiro teste foi realizado com uma cadeira de rodas simples, manual, da marca Jaguaribe, inserido em contato direto com asfalto, este modelo foi escolhido pois é o padrão de cadeira mais acessível disponível no mercado, para testar como o equipamento se comportaria em ambientes hostis e acidentados.

Estes testes foram realizados no período entre abril e novembro de 2020, a pessoa com a qual foram realizados os testes é uma mulher de 72 anos, 85 quilos, que possui baixa mobilidade, e nunca havia sido usuária de uma cadeira de rodas, a dificuldade de locomoção é decorrência do alto peso e da perca de força e capacidade locomoção, esta perda de mobilidade ocorreu de forma gradativa, de forma que a partir de certo ponto a utilização da cadeira se tornou fundamental.

No quesito manobrabilidade, é perceptível que a cadeira possui pouca aderência (Grip) com o asfalto, devido a largura de seus pneus e também o material com o qual foram fabricados, ela desliza e derrapa, o que torna este modelo e toda a gama de modelos similares totalmente inadequados para o uso em ruas e calçadas. Em seguida foi realizado um teste descendo uma leve colina com a cadeira, a inercia obtida foi maior do que a esperada devido ângulo da descida, levando em conta os rolamentos originais da cadeira o resultado foi muito positivo, o coeficiente de controle x velocidade ficou dentro do esperado, chegando a uma velocidade de quase 25 km/h.


1.0 – Fundamentação 1.1 A cadeira de rodas Trata-se de um instrumento de libertação para pessoas que sofreram grande redução ou perderam a capacidade de locomoção. A função deste instrumento ortopédico é fazer o transporte destes indivíduos. Sua condução pode ser realizada pelo próprio usuário manualmente ou com ajuda de um acompanhante que empurra e direciona a cadeira. Existem também modelos de cadeira que possuem um motor elétrico, indicada a pessoas que possuem menor mobilidade dos membros superiores, que não conseguem conduzir a cadeira manualmente. A cadeira de rodas é um recurso utilizado para promover a independência do deficiente, pode ser visto como um instrumento de mobilidade, libertação e inclusão social, um sistema mecânico que proporciona mobilidade a pessoas com dificuldade de locomoção e deficiência física.

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1.2 Origem Existem vários relatos de mecanismos durante a história que de certa forma, lembram o desenho de uma cadeira de rodas. Segundo o artigo publicado pelo National Museum of Civil War Medicine (2018), Os relatos mais antigos vêm do Egito, China e Grécia, por volta de 500 A.C., não eram bem cadeiras, mas sim uma espécie de carrinho onde deficientes, idosos e enfermos eram transportados. Esses carrinhos geralmente possuíam uma ou duas rodas e dependiam de uma segunda pessoa para os conduzi-los, séculos mais tarde, em 1595, na Espanha, o Rei Filipe II dispunha de uma cadeira a qual ele se sentava e era transportado pelo castelo. Essa cadeira já contava com 4 rodas e possuía mecanismos para encaixar e levantar as pernas, tornando-se uma espécie de leito móvel.

Imagem 1 - Retrato do Rei Fillipe II da Espanha, sentado em sua cadeira real, suspensa em pequenas rodas. Fonte - Abilitytools.org

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Segundo RUSCOE ( 2019), no século XVIII, ainda não existia um padrão ou nenhum tipo de produção em série de nenhuma espécie de cadeira de rodas. Os que tinham a necessidade de possuir uma ou encomendavam a artesões ou desenvolviam seus próprios modelos. É nítido pelo desenho das cadeiras que as características principais dos projetos eram conforto e mobilidade, tendo em vista que foram desenvolvidos mecanismos para que o próprio usuário pudesse conduzi-la.

Imagem 2 – A Cadeira de Rodas Auto Manobrável de Stephen Farfler Fonte - United Spinal Association (2019)

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1.3 Cadeiras atuais Segundo VALL (2013) os fatores decisivos para a escolha da cadeira ideal são: peso, altura, tipo de deficiência e quantidade de movimentos que podem ser executados pelo condutor da cadeira, O ideal é que o cadeirante movimente o máximo possível seu corpo durante sua rotina, tanto para exercitá-lo quanto para a prevenção de atrofiamento, escaras, obesidade, entre outras várias condições geradas devido Ao uso continuo da cadeira. Então é sempre recomendado para aqueles que tem boa mobilidade dos membros superiores o uso de cadeiras de rodas manuais, para que se mantenha sempre ativos fisicamente. As cadeiras de rodas elétricas são destinadas a deficientes que não conseguem guiar a cadeira manual sozinhos, como por exemplo, usuários com paralisia nos membros superiores, baixa força muscular e portadores de doenças degenerativas. Em caso de paralisia consequente de lesão na coluna vertebral, o fator decisivo é o ponto da lesão que quanto mais alto (próximo a cabeça), maior é a perda de movimento dos membros superiores. Porém, cada caso deve ser estudado separadamente, tendo em vista que dependendo da lesão é possível recuperar movimentos e sensibilidade mesmo que parcialmente. - Paraplegia: Perda total das funções motoras dos membros inferiores. - Paraparesia: Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores. - Monoplegia: Perda total das funções motoras de um só membro (inferior ou superior) - Monoparesia: Perda parcial das funções motoras de um só membro (inferior ou superior) - Tetraplegia: Perda total das funções motoras dos membros inferiores e superiores. - Triplegia: Perda total das funções motoras em três membros. - Triparesia: Perda parcial das funções motoras em três membros. - Tetraparesia = fraqueza, diminuição da força muscular, pode ocorrer nos membros superiores e inferiores. - Hemiplegia: Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo) - Hemiparesia: Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo) - Amputação: Perda total ou parcial de um determinado membro ou segmento de membro. - Paralisia Cerebral: Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo como consequência alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental.

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Imagem 4 - Consequências de lesão na coluna vertebral. Fonte - Deficiente.com

Imagem 3 – Controle medular do movimento Fonte - UFRJ

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1.3.1 - Cadeira Standard Mecano Manual São os modelos de cadeira “universais”, com tamanho e acessórios pré-definidos para tornar a cadeira versátil em diversos tipos de situações, geralmente utilizadas em unidades hospitalares, indicadas a idosos, pessoas com cirurgias recentes ou dificuldade de locomoção, ou outras situações que requerem uso temporário. Não é indicada para longo período de uso por tratar-se de uma cadeira muito pesada e de difícil condução. Produzidas com estrutura tubular em aço, projetadas para uso interno em ambientes controlados, sua principal função é fazer o transporte de pacientes dentro das instalações de hospitais ou clínicas. Trata-se de cadeiras manuais, então, são conduzidas pela movimentação muscular do usuário ou de seu acompanhante. Segundo pesquisa de custo, as cadeiras manuais possuem uma grande variação de custo, modelos mais simples custam por volta de R$500 e os modelos mais sofisticados chegam a mais de custar mais de R$12.000.

Imagem 5 - Cadeira Standard Mecano Manual. Fonte - Vitas.com.br

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1.3.1.2 - Cadeira Dobrável em x Segundo ANDERSON ( 2013), a cadeira de rodas, como a conhecemos, foi desenvolvida em 1933 pelo engenheiro mecânico Harry.C Jennings, a pedido de seu amigo e também engenheiro, Herbert Everest. Herbert era paraplégico e precisava de uma cadeira de rodas que pudesse ser transportada em um carro, e assim nasceu, na garagem de Jennings, a primeira cadeira de rodas dobrável com chassi em aço tubular. O mecanismo desenvolvido é conhecido como X-brace, ambos viram tanto potencial em seu projeto que, juntos, em 1937, patentearam o desenho da cadeira e fundaram a Everest & Jennings. Em 1940, o design foi aperfeiçoado para a grande demanda gerada pela segunda guerra mundial.

Imagem 6 - Cadeira X-Brace, a Everest & Jennings, 1940. Fonte - HISTORY.PHYSIO

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1.3.1.3 - Cadeira Hospitalar X com apoio de perna. Esta cadeira é ideal para pacientes com fraturas nas pernas. O principal atributo deste produto são os apoios de perna articuláveis, eleváveis e reguláveis, mas também pode ser utilizada como cadeira comum feita para uso temporário. Trata-se de uma cadeira com capacidade máxima entre 100 e 120 kg, construída sobre uma estrutura de aço carbono tubular dobrável em x (basicamente, o mesmo mecanismo da Xbrace de Jennings de 1940), possui pneus maciços, suporte para soro regulável em altura e suporte para oxigênio. Seu custo varia entre R$500 e R$3500, essa grande variação de valores é decorrente da qualidade dos materiais de fabricação da cadeira.

Imagem 7 – Cadeira de rodas Jaguaribe Hospitalar. Fonte - Ortopedia Jaguaribe

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1.3.1.4 - Hospitalar de Banho Cadeira é utilizada, exclusivamente, para auxiliar na higienização (banho) e necessidades fisiológicas de seu usuário, tendo em vista situações onde a pessoa tem dificuldade de locomoção (idosos, deficientes, pessoas em recuperação de traumas e cirurgias). A cadeira serve como instrumento de mobilidade promovendo assim melhor acessibilidade do usuário ao banheiro. Essa cadeira tem uso tanto hospitalar quanto residencial. Construída com matérias mais leves, como plástico e alumínio, que não enferrujam em contato com a água, o que garante melhor higiene e durabilidade do produto. Seu valor varia entre R$300 e R$100. Algumas possuem acessórios especiais, como regulagem de altura e coletor de urina e fezes.

Imagem 8 – Cadeira de rodas banho Fonte - Ribermedica

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1.3.2 – Cadeira incrementada Com a crescente demanda de aparelhos ortopédicos cada vez mais avançados, o desenho da X-Brace foi modernizado e hoje as cadeiras X chegaram a outro nível. O ideal é que o cadeirante seja avaliado por um fisioterapeuta, que fara uma prescrição para a compra da cadeira, essa avaliação é composta por uma série de fatores que são analisados a partir das medidas do cadeirante, sendo estas: - Largura do quadril e Profundidade do assento: Auxiliam em proporcionar melhor encaixe e maior conforto ao usuário. Afetam diretamente a estabilidade e o centro de gravidade da cadeira, e a distribuição de peso do usuário sobre o assento. - Medida da perna e Altura do cotovelo: Ajudam a balancear a distribuição de peso do usuário, assim como sua postura.

Imagem 9 – Formulário de prescrição para cadeira Fonte - Ortopedia Jaguaribe

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Para tetraplégicos, alguns outros requisitos também devem ser levados em consideração, como apoios até os ombros para proporcionar melhor acomodação da coluna e apoio cefálico (recomendado somente no princípio para que não afete a musculatura cervical resultando em perca de movimento do pescoço). Os principais pontos positivos de utilizar uma cadeira incrementada são: a resistência da cadeira devido a sua estrutura robusta; a praticidade de dobra para armazenagem; o conforto; e a mobilidade. Mais recomendada a cadeirantes que possuem menor mobilidade nos membros superiores, pode ser guiada por usuários de no máximo Lesão entre C5 e C7, e dependeram da cadeira por longo período.

Imagem 10 – Cadeira De Rodas Ottobock Star M5 Fonte - Disk anjo da guarda

Imagem 11 – Cadeira De Rodas Ottobock Fonte - Casa Medica

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1.3.3 – Cadeira Monobloco Indicada principalmente a usuários com uma rotina mais ativa, que possuem boa mobilidade dos membros superiores. A cadeira de rodas monobloco é o modelo mais dinâmico e que proporciona maior liberdade de seu condutor. Devido ao seu peso e qualidade ciclística, a condução desta cadeira é extremamente suave e confortável. Suas dimensões também são reduzidas para melhorar a manobrabilidade da cadeira em situações adversas do cotidiano do usuário, o que a faz ser muito popular entre os cadeirantes mais jovens. Seu encosto possui rebatimento e suas rodas possuem trava de engate rápido. Os modelos de ponta podem custar mais de R$20.000, são fabricados em titânio e chagam a pesar 7 kg. Os modelos de entrada possuem estrutura de ferro ou alumínio, e começam por volta dos R$1.200. Os pontos negativos desta cadeira são que ela não possui tanta resistência como a X-Brace e o alto investimento necessário para adquirir um produto de ponta.

Imagem 12 – Cadeira Ottobock Star lite Fonte - Casa da Acessibilidade

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1.3.4 - Cadeira Eletromecânica. Desde a década de 30, já existem relatos de protótipos de cadeiras com motor elétrico. Antes mesmo da X-Brace, produzidas pela R.A. Harding company, na Inglaterra, em 1930, existia uma espécie de triciclo elétrico, que demoraram alguns anos até serem fabricadas em serie. Somente no começo dos anos 40, George Klein, famoso inventor canadense, junto com o governo do Canadá, desenvolveram a primeira cadeira de rodas elétrica para ajudar os veteranos feridos na segunda guerra mundial. O maior problema da cadeira elétrica era seu peso, devido ao tamanho e robustez tanto do powertrain (bateria + motor elétrico) quanto o peso da estrutura da cadeira. Esse problema começou a ser solucionado por volta dos anos 60, com o avanço tecnológico e o uso de plásticos e liga de alumínio, que proporcionavam melhor peso e resistência.

Imagem 13 - George Klein e sua cadeira de rodas elétrica, 1953 Fonte : Wikipedia.org

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A cadeiras de rodas eletromecânica garante uma maior autonomia ao cadeirante que não possui força para conduzir uma cadeira manual, contando com a ajuda de um motor elétrico e um joystick de comando. Possuem estrutura mais robusta para suportar o peso da bateria e dos motores, mesmo sendo dobrável suas dimensões e peso acabam dificultando o armazenamento.

Imagem 14 - Cadeira de Rodas Motorizada Jaguaribe Elétrica Dobrável Tiger Fonte: Ortopedia Jaguaribe

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1.3.5 - Cadeira Eletroeletrônica.

“Apesar de eu não poder me movimentar e ter que falar através de um computador, em minha mente sou livre.” (Stephen Hawking, S.D.)

Segundo TOLEDO (2016), são cadeiras dotadas de dispositivos eletrônicos, que por meio de software, criam uma interface de controle e movimento entre o usuário e a cadeira (como se fosse o joystick na cadeira eletromecânica). Elas são indicadas para pessoas que possuem lesões altas (C4 para cima) e não possuam mobilidade dos membros inferiores e superiores. Essa cadeira pode ser conduzida através de diversos dispositivos que convertem pequenos movimentos do usuário em movimento de condução da cadeira. Os tipos de controle mais comuns para estas cadeiras são: Joysticks posicionados próximos a face, que podem ser controlados pelo queixo; sensores óticos que identificam expressões faciais e as convertem em comandos. Esses modelos geralmente são feitos sob encomenda.

Imagem 15 - Cadeira de Rodas Com interface de movimento facial Fonte - FAPESP

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1.4 Acessibilidade.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) considerou quatro tipos de deficiências: auditiva, visual, física e intelectual. O levantamento foi divulgado hoje (21) pelo IBGE e feito em parceria com o Ministério da Saúde. O estudo mostra também que 1,3% da população tem algum tipo de deficiência física e quase a metade desse total (46,8%) tem grau intenso ou muito intenso de limitações. Somente 18,4% desse grupo frequentam serviço de reabilitação. (Agencia Brasil, 2015.)

Segundo o IBGE (2010), a população brasileira está próxima aos 210 milhões de habitantes, sendo que 1,3% destes possuem deficiência física comprovada, logo o público alvo de estudo desta pesquisa tem cerca de 2 milhões e 700 mil pessoas. O estatuto da pessoa com deficiência surgiu como um projeto de lei no começo dos anos 2000 e em 2006 o projeto virou lei. Porém, somente em 2016, foi implementado o denominado estatuto da pessoa com deficiência, um conjunto de leis que tem como proposito garantir a dignidade da pessoa com deficiência. Esse texto está vinculado com a lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência. O documento é considerado como a maior conquista política dos deficientes brasileiros e reúne mais de cem artigos. Foi construído a partir de membros da sociedade e implementado pelo governo federal, baseado na convenção internacional dos direitos da pessoa com deficiência, ligado a ONU.

“Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.” (Lei 10.098/2000)

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A autonomia está diretamente relacionada a acessibilidade e a inclusão social, fazendo com que o deficiente tenha uma maior interação com a sociedade e consiga ser independente. Art. 8o Para os fins de acessibilidade, considera-se: I - Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; (Lei 10.098/2000)

Segundo ARRUDA (2014) “Para viver a diferença é preciso compreendê-la” ,A falta de acessibilidade é uma das principais dificuldades

do cadeirante, tendo em vista que até o meio do século passado, pouco se falava sobre qualquer forma de inclusão do deficiente físico. A acessibilidade é o que garante ao deficiente físico independência e integração total a sociedade, de forma que a deficiência não se torne uma barreira.

A acessibilidade garante a mobilidade e integração do cadeirante, ou seja, que todo local seja preparado para atendê-lo, como por exemplo, vagas especiais, acesso por rampa ou elevador, portas largas e banheiros acessíveis. A constituição garante ao deficiente inclusão social por meio de transporte público acessivo, cotas no mercado de trabalho, tecnologia acessiva e a regulamentação do desenho universal.

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Segundo GABRILLI (2017), além dos obstáculos físicos, o deficiente é constante alvo do preconceito e discriminação, tendo como causa, primeiramente, a dificuldade que grande parte da sociedade possui em analisar e compreender a situação do deficiente físico. De forma geral, as pessoas possuem medo ou aversão por situações que saiam de sua zona de conforto, e como a deficiência ainda é tratada como tabu na sociedade, devido a falta de informação, a convivência com o deficiente torna-se turbulenta com a falta de tato e o preconceito do próximo.

Também faz refletir direta e indiretamente sobre diversos temas como depressão, classe social, humildade e principalmente quanto a limites e fronteiras do ser humano. Mesmo com acessibilidade sendo um dos temas mais importantes da atualidade, ao mesmo tempo parece igualmente ignorado, de forma que os portadores de deficiência física não recebam atenção necessária ou são simplesmente ignorados de forma geral. A sociedade não está pronta para receber o deficiente físico, partindo de questões simples como a falta de informação da massa sobre a classe, que gera preconceito e ignorância. A perspectiva de um cadeirante é única, de forma que para não cadeirantes andar na rua seja uma tarefa simples, para o cadeirante se torna um desafio diário, devido à falta de recursos com acessibilidade, informação e suporte social aos mesmos, tornando ainda mais difícil tarefas básicas . De forma geral além de uma divertida e emocionante história, o filme traz mais atenção e informação ao público a respeito dos deficientes e desconstrói a imagem de frágil e incapaz, mostrando que o deficiente é maior que a deficiência, e que também é muito mais do que os olhos podem ver e muito maior que o preconceito a sua volta. E como qualquer outro ser humano o deficiente pode quebrar barreiras e limites, ao colocar o espectador no lugar do deficiente torna mais fácil a compreensão seus anseios, seus medos e limitações E se no lugar de ter pena,houvesse empatia?

O portador de deficiência, de forma genérica, associada pelo senso comum, é sinônimo de invalidez. Essa associação está completamente equivocada. O deficiente é plenamente capaz de superar as barreiras da deficiência por meio da acessibilidade e assim se inserir na sociedade de modo que sua deficiência deixa de ser uma barreira para suas oportunidades. De modo geral, o deficiente é sempre subestimado devido a sua condição e a falta de hábito e vivência das pessoas com o mesmo. O preconceito começa quando o portador de deficiência é julgado incapaz por falta de informação. Como pode-se observar no exemplo do filme Os Intocáveis(2011, baseado na obra de DI BORGO (2001). Phillippe é um multimilionário que se tornou tetraplégico após um acidente de parapente em 1993, a história mostra a perspectiva de um cadeirante sobre a vida e sobre a sociedade. A principal mensagem do filme/livro é trazer aos espectadores um contato direto com a deficiência física e conceder aos mesmos mais empatia e compreensão por deficientes de modo geral. Assim como também, mostra que não era a condição física que deixava o protagonista deprimido e infeliz, e sim a forma que todos ao seu redor o tratavam, como frágil ou incapaz. O preconceito dos que estavam ao seu lado foi mais tortuoso que a própria deficiência, ainda mais em um ambiente social de alto padrão, em que supostamente as pessoas seriam mais bem informadas.

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1.5 – Mercado de trabalho. Segundo (BRASIL,1992) Há 28 anos a lei determina que empresas com mais de 100 funcionários mantenham percentual em seus quadros para a contratação de pessoas com deficiência. Esse percentual varia de 2% a 5%, dependendo do tamanho da empresa. Essa medida serve tanto para sempre gerar oportunidade de emprego ao deficiente, como educar a sociedade sobre isso, incluindo-o a sociedade e ressocializando os demais as diferentes deficiências. Em um primeiro momento a empresa é obrigada por lei a contratar um deficiente físico. Ela também é responsável por fazer a integração deste deficiente em seu ambiente de trabalho, adequando as tarefas por meio de acessibilidade, ou seja, tornando o ambiente de trabalho acessível e também a convivência com seus colegas de trabalho harmônica. É de suma importância educar os funcionários com a dinâmica do novo funcionário, e também esclarecer todas as dúvidas sobre a nova rotina de trabalho. A deficiência não impede o deficiente de trabalhar, e é importante, tanto para a indústria quanto para a sociedade, compreender isso o mais rápido possível. Mesmo com os programas e auxílios governamentais, portadores de deficiência tem maior dificuldade para encontrar emprego devido a falta de oportunidade e incentivo da indústria em capacitar e incluir o deficiente ao mercado de trabalho.

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1.5.1 - Benefício assistencial à pessoa com deficiência (BPC)(LOAS).

Outras informações

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) faz parte da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), este benefício garante ao portador de deficiência física e idoso com mais de 65 anos que esteja impossibilitado de trabalhar, uma assistência mensal no valor de um salário mínimo.

 Comprovação da deficiência: a deficiência é analisada pelo Serviço Social e pela Perícia Médica do INSS;  Adicional de 25% para beneficiário que precisa de assistência permanente de terceiros: somente o aposentado por invalidez possui este direito;  Concessão ao recluso: o recluso não tem direito a este tipo de benefício, uma vez que a sua manutenção já está sendo provida pelo Estado;

Segundo o INSS (1996), O Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção, nem de tê-la provida por sua família. Para ter direito, é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja menor que 1/4 do salário-mínimo.

 Concessão ao português: o português pode ter direito ao benefício, desde que comprove residência e domicílio permanentes no Brasil;  Pessoa com Deficiência contratada como aprendiz: a pessoa com deficiência contratada na condição de aprendiz poderá acumular o BPC/LOAS e a remuneração do contrato de aprendiz com deficiência, e terá seu benefício suspenso somente após o período de dois anos de recebimento concomitante da remuneração e do benefício;

Por se tratar de um benefício assistencial, não é necessário ter contribuído para o INSS para ter direito a ele. No entanto, este benefício não paga 13º salário e não deixa pensão por morte. O atendimento deste serviço será realizado à distância, não sendo necessário o comparecimento presencial nas unidades do INSS, a não ser quando solicitado para eventual comprovação.

 Trabalho da pessoa com deficiência: a pessoa com deficiência que retornar a trabalhar terá seu benefício suspenso e deverá informar o retorno ao trabalho, sob o risco de manutenção indevida;  Requerimento por terceiros: caso não possa comparecer ao INSS, o cidadão tem a opção de nomear um procurador para fazer o requerimento em seu lugar. Consulte também informações sobre representação legal. No entanto, o requerente deve estar presente para a avaliação social e a perícia médica;  O benefício será concedido ou mantido para inscrições no CadÚnico que tenham sido realizadas ou atualizadas nos últimos dois anos;  O BPC não pode ser acumulado com outro benefício no âmbito da Seguridade Social (como, aposentadorias e pensão) ou de outro regime, inclusive seguro desemprego, exceto com benefícios da assistência médica, pensões especiais de natureza indenizatória e remuneração advinda de contrato de aprendizagem. (BRASIL, INSS, 1996)

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2.0 – Resultados de pesquisa Segundo HAWKING “Inteligência é a habilidade de se adaptar às mudanças.”, A autonomia é o principal objetivo do cadeirante, é incrível a determinação e resiliência encontradas em pessoas que perderam a capacidade de locomoção. Sempre com bom humor e com uma grande vontade de viver, o deficiente físico se adapta para conseguir realizar suas atividades de forma eficiente. A partir de estudos de casos realizados com cadeirantes e portadores de deficiência físicas, foi possível identificar que há uma demanda por artigos ortopédicos, assim como a cadeira de rodas, com maior apelo no aspecto visual. Observando o mercado, é notável que o design destes objetos é baseado quase que inteiramente na função e pouco em forma e estética, poucas são as opções de customização visual oferecidas pelas empresas. Também é perceptível uma demanda por produtos com melhor custo benefício, já que os modelos mais simples o produto é genérico e disfuncional. Assim como o deficiente, a concepção do produto deve se desenvolver de forma adaptável, compartilhando o máximo de estruturas em comum possíveis, podendo assim oferecer uma linha de produtos de entrada no mercado com maior qualidade e benefício na saúde de seu usuário, tendo como opções acessórios ortopédicos de baixo custo para prescrição. Assim como produtos que se destaquem em quesitos socioculturais quebrando barreiras para o deficiente físico.

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3.0 – Requisitos para projeto Os requisitos para a realização deste projeto são: - Análise de resistência de matérias, sendo estes: ligas de aço, ligas de alumínio, fibra de carbono, fibra de vidro, plástico injetado, madeira, resina e compósitos de plástico reciclado; - Estudo dimensional, com o intuito de encontrar a proporção mais dinâmica para a cadeira; - Pesquisa de mecanismos, sendo eles: articulados, de dobra, hidráulicos, mecânicos e eletro eletrônicos; - Testes de protótipo; - Contato com indústria; - Busca por apoio de patrocinadores;

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4.0 – Estudo de concepção.

4.3 – Maca Reclinável

4.1 - Cadeira de rodas modular customizável

Esta ideia consiste em uma cadeira de rodas articulada que se transforme em uma maca. Para isso contara com uma estrutura reforçada e mecanismos para reclinarem. Este produto tem como intuito o uso hospitalar, uma cadeira que pode se transformar em maca, podendo ajudar pacientes com dificuldade de mobilidade a aguardarem por atendimento em uma posição de maior conforto.

Trata-se de uma cadeira de rodas de baixo custo, com o diferencial de poder ser montada de acordo com o gosto pessoal e com a deficiência do cliente, baseando-se em um catálogo de peças com dimensões preestabelecidas. Será possível fazer centenas de combinações diferentes e adquirir uma cadeira que se adapte melhor a necessidade do seu usuário. 4.2 - Sistema de condução semiautomático Este sistema tem como propósito auxiliar pessoas que não possuem força ou movimentação dos braços suficiente para conduzir uma cadeira manual. Funciona como uma direção elétrica automotiva, conjunto de rodas que se movimentam de acordo com sua interface com o usuário. A ferramenta de controle do usuário será o aro de proporção da roda, que funcionara como um botão de volume gigante, a mesma proporção que o usuário girar o botão (que pode ter sua carga regulável), será o proporcional que a roda irá se movimentar. Isso permite que cadeirantes com menor movimentação superior e pouca força muscular sejam capazes de conduzir uma cadeira “semiautomática”. Este movimento que será feito para guiar a cadeira estimula a prática de movimentos do usuário, e pode ser regulado de acordo com seu progresso. Também serão desenvolvidos alguns adaptadores de condução, de modo que pessoas com movimentos reduzidos dos membros superiores tenham maior precisão em seus movimentos.

4.4 - Cadeira para entregas Trata-se de uma cadeira de rodas para uso externo com foco em pacientes paraplégicos. O diferencial desta cadeira é que em sua estrutura (entre as duas rodas maiores) se acomoda um baú de isopor, o acesso a este baú é feito pela lateral esquerda, removendo a roda e soltando um cavalete da estrutura para que a cadeira continue parada. O intuito deste projeto é promover a inclusão social do deficiente físico no mercado de trabalho, de forma que o mesmo se torne apto a fazer entregas de comida em um curto raio de operação e assim haja interesse das empresas de entrega pelos serviços oferecidos por estes usuários.

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Desenvolvimento do produto (execução): Nos primeiros sketches a ideia foi explorar formas, linhas e figuras geométricas, deste rascunho surgiu o primeiro modelo 3d do que seria o inicio do projeto.

Imagem 16 - sketche manual - Imagem autoral

Neste momento foi definido que o principal diferencial do projeto seria uma cadeira com altura regulável, que por meio do mecanismo de tesoura faz com que o assento possa subir e descer, a ideia deste mecanismo é proporcionar ao usuário da cadeira o mesmo campo de visão e interação de uma pessoa em pé, esta função auxilia o condutor em suas tarefas diárias, como por exemplo se adequar altura balcões e mesas, ter um maior campo de visão e melhorar a interação com as estruturas urbanas.

Imagem 17 - Imagem autoral

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Os sketches continuaram de forma hibrida, assim foi iniciado um processo de brainstorm de mecanismos e possibilidades para o produto, alem de gerar uma melhor proporção de escala e encaixe. Neste momento a principal questão foi: como funcionaria o mecanismo do assento, e qual seria seu formato, observando as cadeiras atuais disponíveis no mercado, foi identificado diversos modelos de assentos especiais, uma das ideias era desenvolver um assento consistido de uma especie de conjunto de bexigas, que quando infladas fariam uma constante redistribuição de peso do usuário, desta forma evitando escaras de pressão e outras insalubridades enfrentadas pelos cadeirantes. Também foram adicionadas rodas, o que trouxe outra grande questão, como e onde deveria ser o sistema de direção e também o sistema de suspensão da cadeira.

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A primeira versão do banco surgiu com formato de parábola hiperbólica, o que agregaria estruturalmente ao produto, porem no estado em que se encontrava o desenvolvimento, o projeto parecia mais um cadeirão de bebe do que uma cadeira de rodas, analisando outras cadeiras no mercado, a conclusão foi que este modelo de assento era inviável, atualmente os assentos são vendidos separadamente, de forma que cada usuário compra um assento mais adequado para sua necessidade.

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Já é possível ter um maior compreensão de como funciona o mecanismo de elevação da cadeira, neste momento surgiu a ideia de criar dois modos de condução, um para ambientes internos e outro para ambientes externos, sendo eles: Modo outdoor : cadeira abaixada, melhorando o centro de gravidade e maior estabilidade e entre eixos, dimensões alongadas, maior conforto e potencia, ideal para terrenos acidentados, irregulares, campos abertos e estruturas urbanas. Modo indoor : cadeira levantada, menor velocidade devido ao centro de gravidade erguido, rodas dobram para o lado de dentro da estrutura, fazendo com que a largura da cadeira diminua, os braços se fecham de forma que o comprimento da cadeira também diminui, ideal para locais fechados, desvio de obstáculos e locais estreitos Imagem 20 - Imagem autoral

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Na continuação agora no modo de direção outdoor, que pretende ser o principal modo de condução da cadeira, tendo as dimensões parecidas com a de uma cadeira comum. Surge a ideia de criar módulos de integração a cadeira, de forma que a cadeira seja customizável as necessidades de seu usuário, um destes módulos seria uma câmera que se localiza no apoio de braço da cadeira virada diretamente ao rosto do condutor, de forma que leia e interprete suas expressões faciais e as transforme em comandos para a cadeira, esta tecnologia ainda tem difícil acesso no mercado, porem possui potencial pra geral uma enorme acessibilidade para pessoas com pouco ou nenhum movimento dos membros superiores. Outra ideia é utilizar na haste do de controle, uma rosca, que permitira ao usuário trocar a manopla de acordo com a mobilidade de suas mãos e braços, desta forma já haverão modelos pré-definidos de manoplas de controle, assim como a possibilidade de produção de manoplas sob medida que o usuário consiga sempre uma melhor e mais precisa condução do produto. Para o sistema de suspensão foi cogitado um sistema de eixo de torção, que logo também se mostrou inviável devido ao peso.

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Para evitar o encaixe e volume de uma caixa de direção convencional, a solução foi criar quatro pequenas torres de direção semelhantes as utilizadas em bicicletas e motocicletas, diretamente acopladas na extremidade dos braços, este sistema permite que as rodas percorram pelo lado interno ou externo das braços, reduzindo assim a largura da cadeira, esta função poderá ser ativada tanto no modo indoor quanto no outdoor.

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A suspensão fica embutida junto a caixa de direção, de forma que um motor de passo no topo do amortecedor move todo o conjunto para fazer o esterçamento das rodas, os motores da direção podem ser acionados em conjunto ou separadamente dependendo do modo de condução, esta versatilidade de movimento permite que o condutor da cadeira se mova em qualquer direção, como se fosse uma rainha em um jogo de xadrez, esta tecnologia combinada a tração integral proporcionada pelas rodas elétricas resultam em uma enorme manobrabilidade da cadeira, e diversas formas de condução que podem ser programadas pelo usuário de acordo com sua necessidade. Imagem 23 - Imagem autoral

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O sistema de suspensão funciona de forma independente por roda, gerando,maior conforto e estabilidade principalmente em terrenos irregulares, os amortecedores estão posicionados a 90 graus no modo outdoor, o que combina um alto conforto com maior precisão de movimento em função barra de direção, este local de instalação foi escolhido pois esconde e protege o amortecedor de danos esternos.

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O sistema de fixação das rodas é feito por meio de um prisioneiro longo e um encaixe torx, esta combinação de travas faz com que a roda encaixe sempre da forma correta evitando desalinhamento de cambagem, proporcionando também uma fácil retirada e substituição do componente.

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As rodas foram posicionadas de forma que sempre sejam o objeto de contato na extremidade da cadeira, quando o usuário precisa subir um guia ou um degrau, deve se posicionar diretamente em frente ao obstaculo, o pneu sera a primeira parte a fazer contato, enquanto as rodas de frente sobem verticalmente a guia as de traz empurram todo o conjunto, este tipo de sistema é utilizado em jipes e outros veículos offroad, é uma solução simples hoje devido a tecnologia dos motores elétricos de cubo, que ficam embutidos dentro do corpo da roda, possuem alto torque e fácil substituição.


A bateria foi posicionada abaixo do banco, já possui uma fonte integrada, só necessita um cabo para carregamento, possui também duas saídas de tomada padrão nacional e uma saída USB, ambas servem para carregamento da cadeira e também possuem a função powerbank .

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O assento foi posicionado sobre a bateria para futuras atualizações e instalação de assentos infláveis integráveis, existe um rebaixo na base do assento onde é possível fazer a instalação de qualquer outro assento especial para cadeira de rodas, com fixação por velcro. Projeção de upgrade: Futuramente com o avanço tecnológico, a ideia seria utilizar baterias de grafeno, porem esta tecnologia ainda está a alguns anos de ser colocada no mercado, mas está sendo muito estudada pela indústria devido à crescente necessidade de baterias mais potentes, com maior capacidade de carga e maior velocidade de recarregamento.

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No interior da base do assento fica o mecanismo principal que faz a elevação da cadeira, esse mecanismo é consistido por um atuador linear, este dispositivo esta acoplado a duas barras que estão diretamente ligadas aos braços da cadeira, quando acionado este mecanismo aproxima as barras fazendo com que os braços se fechem e consequentemente faça a cadeira subir, este movimento também é auxiliado pelas rodas, quando o modo de elevação é ativado as rodas dianteiras e traseiras se movem para o centro da cadeira.

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A cadeira possui um chassi compostos de chapas de alumínio dobradas e perfuradas, os furos tem função de prender as carenagens e aliviar peso, alem de também ficarem disponíveis para a instalação de futuros acessórios. Os apoios de braço são retrateis e levantam criando um efeito “asa de gaivota”, esta característica gera um maior espaço para entrada e saída da cadeira, o que auxilia o usuário a fazer as transições com maior agilidade. O apoio de pé é regulável e removível, possui uma textura de esferas para possibilitar uma maior aderência do pé ao apoio. Imagem 35 - Imagem autoral

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Sobre o chassi da cadeira (azul), estão as carenagens, elas estão ali para proteger a estrutura e gerar mais conforto ao usuário, porem a principal função destas peças é fazer com que o produto seja customizável, são feitas em plastico injetado e podem conter varias cores e texturas, a intenção é que o dono da cadeira possa personalizá-la ao seu gosto, com sua cor ou desenho preferido, e trocar quando quiser, existe uma enorme gama de opções As carenagens são presas ao chassi por meio de um encaixe macho, que se conecta perfeitamente com as

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Considerações Finais

“So many of our dreams, so many dreams at first seem impossible. And then they seem improbable. And then when we summon the will, they soon become inevitable.” (Christopher Reeve,1996)

Esta pesquisa, de muitas formas, proporcionou um grande panorama de como é a vida de um cadeirante, como é conviver com a deficiência, a importância da acessibilidade, de políticas públicas que a promovam, e de como ocorre o preconceito e a exclusão social do deficiente. Todos estes tópicos são fundamentais para estudar quem é o público alvo do produto, e assim compreendê-lo, para que o produto final atenda completamente as necessidades do seu usuário, promovendo-lhes melhor acessibilidade e qualidade de vida. Particularmente, senti-me inspirado pela força de vontade e pela vontade de viver dos portadores de deficiência, eles são a prova que o ser humano se adapta a qualquer situação. Esta vontade que me inspira a desenvolver projetos ligados a acessibilidade, defino como minha missão, dentro do papel de designer, projetar e desenvolver ferramentas que melhore a qualidade de vida do deficiente e que prova maior mobilidade e independência.

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Anexos Na semana entre os dias 4 e 11 de agosto de 2020, foram realizadas visitas em lojas especializadas em equipamento ortopédico, com o intuito de fazer um estudo tanto de modelos e inovações sobre cadeira de rodas e seus acessórios, quanto de estabelecer uma tabela de preço de venda destes produtos ao consumidor final. Foi observado que as cadeiras de rodas com maior tecnologia de fabricação são as mecano manuais monobloco, desenvolvidas com foco em cadeirantes mais ativos e performance de movimento, estas cadeiras possuem vários níveis de regulagem, como por exemplo: altura e inclinação do banco, posição das rodas, cambagem das rodas e altura do apoio de pé, também foi notado que em sua construção são utilizados materiais nobres, com baixo peso e alta resistência, como ligas de titânio e fibra de carbono, alem de rolamentos e articulações suaves, silenciosos e de alta precisão, o valor destes modelos totalmente analógicos pode beirar os R$ 30.000,00 . Também foi observado que existe um mercado de itens opcionais para cadeira de rodas, maioria das cadeiras vem sem almofadas e são equipadas com componentes mais simples, é possível trocar as rodas, tanto dianteiras quanto traseiras, de acordo com sua necessidade, tendo como opções rodas mais macias, rodas reforçadas para uso externo, rodas mais compactas e leves para uso interno, pneus com ou sem câmera, outro acessório quem também possui uma grande gama de opções são as almofadas, a que mais chama atenção são as almofadas da marca Roho, que possui uma tecnologia para prevenir escaras e melhorar a circulação nas pernas e quadril por meio de um mecanismo inflável.

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Referências Livros: BARROS, D.D.; GHIRARDI, M.I. & Lopes, R.E. Terapia Ocupacional Social. Revista Terapia Ocupacional. USP, São Paulo, 2002. BRYAN, Jenny. Conversando sobre Deficiências. Editora Moderna, São Paulo. 1996. DI BORGO, Philippe Pozzo. O Segundo Suspiro, Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2012. GABRILLI, Mara, Manual de convivência. Pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, São Paulo, 2017. IIDA, Itiro e Buarque Lia. Ergonomia: Projeto de produto, São Paulo, 2016. PAIVA, Marcelo Rubens. Feliz ano velho, Rio de Janeiro, 1982. PRADO, Adriana R de Almeida. Desenho Universal. Caminhos da Acessibilidade no Brasil, Rio de Janeiro, 2010. SAAD, Ana Lucia. Acessibilidade. Guia Prático Para o Projeto de Adaptações e de Novas Edificações, São Paulo, 2011. VALL, Janaina, Lesão Medular: Reabilitação e Qualidade de Vida, Editora Atheneu, São Paulo, 2014 WERNER, David. Nothing About Us, Healthwrights, Palo Alto ,1998.

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Vídeos: Inclusão e acessibilidade: Flavio Arruda AT TEDxFortaleza. - Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=-bgA4r-Qnbg Cadeira de rodas controlada por movimento fácil - Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=mob0BwEyHqo&feature=youtu.be Acessibilidade e Design como geradores de oportunidades para os pequenos negócios Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=JwNhoLR76kw&t=293s Sites: ANDERSON RACHEL, History of the Wheelchair https://abilitytools.org/blog/history-of-the-wheelchair/ Wheelchairs through the Ages. https://www.civilwarmed.org/surgeons-call/wheelchairs/ A Evolução da cadeira de rodas. https://www.deficienteciente.com.br/cadeira-de-rodas-e-sua-evolucao-historica.html RUSCOE GLENN The history of wheelchair http://history.physio/history-of-the-wheelchair/ Everest and jennings https://en.wikipedia.org/wiki/Everest_and_Jennings) George Klein https://en.wikipedia.org/wiki/George_Klein_(inventor) Cadeira de rodas controlada por excreções faciais http://agencia.fapesp.br/cadeira-de-rodas-e-controlada-por-expressoes-faciais/23139/ Christopher Reeve Speach http://www.chrisreevehomepage.com/sp-dnc1996.html

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A evolução da cadeira de rodas https://unitedspinal.org/wheelchairs-the-evolution/ Ortopedia Jaguaribe http://www.ortopediajaguaribe.com.br/ Ottobock Avantgrade https://www.ottobock.com.br/cadeiras-de-rodas/a%C3%A7%C3%A3o-esportes-e-atividades/ativo-todos-os-dias/avantgarde-clt/ AACD https://aacd.org.br/areas-de-atuacao Tipos de cadeira de rodas https://blog.ortoponto.com.br/conheca-cadeira-de-rodas-como-escolher-melhor/ INSS https://www.inss.gov.br/beneficios/beneficio-assistencia-a-pessoa-com-deficiencia-bpc/ Pesquisa sobre quesitos sociais https://www.estadao.com.br/noticias/geral,no-pais-77-dos-portadores-de-deficiencia-se-sentem-desrespeitados-imp-,653356 TOLEDO KARINA, Wheelchair controlled by facial expression http://agencia.fapesp.br/wheelchair-controlled-by-facial-expression/23256/ A luta contra o preconceito https://www.deficienteciente.com.br/luta-contra-o-preconceito.html Cadeira de rodas movida por expressão facial https://www.theverge.com/2011/10/19/2499729/wheelchair-system-uses-your-face-to-control-movement Cavenaghi (Loja de equipamento ortopédico) https://www.cavenaghi.com.br/ IBGE https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20551-pessoas-com-deficiencia.html

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Lista de Imagens Imagem 1 : Retrato do Rei Fillipe II da Espanha, sentado em sua cadeira real, suspensa em pequenas rodas. History of the Wheelchair, Disponível em: https://abilitytools.org/blog/history-of-the-wheelchair/ Imagem 2 : A Cadeira de Rodas Auto-Manobrável de Stephen Farfler History Of Wheelchairs - The Evolution, Disponível em: https://unitedspinal.org/wheelchairs-the-evolution/ Imagem 3 : Controle medular do movimento Controle medular do movimento, Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/73238109/controle-medular-do-movimento Imagem 4: Consequências de lesão na coluna vertebral. O que é paraplergia e tetraplergia, Disponível em: https://www.deficienteciente.com.br/o-que-e-paraplegia-e-tetraplegia.html Imagem 5 : Cadeira Standard Mecano Manual. Disponível em: https://vitas.com.br/item/cadeira-de-rodas-modelo-1012-pneu-macico-jaguaribe/192 Imagem 6 : Cadeira X-Brace, a Everest & Jennings, 1940. History of the Wheelchair, Disponível em: http://history.physio/history-of-the-wheelchair/ Imagem 7 : Cadeira de rodas Jaguaribe Hospitalar. Disponível em: http://www.ortopediajaguaribe.com.br/produto/cadeira-de-rodas-jaguaribe-hospitalar/ Imagem 8 : Cadeira de rodas banho Disponível em: https://ribermedica.com.br/Produto-Cadeiras-de-Rodas-Banho-Cadeira-De-Banho-Adulto-Em-Aco-Dobravel-100-Kg-D40-Dellamed-versao-3866-3860. aspx Imagem 9 : Formulário de prescrição para cadeira Disponível em: http://www.ortopediajaguaribe.com.br/wp-content/uploads/2017/04/D02788-Prescric%CC%A7a%CC%83o-mleve.pdf Imagem 10 : Cadeira De Rodas Ottobock Star M5 Disponível em: http://www.diskanjodaguarda.com.br/CADEIRA-DE-RODAS-START-M5-COMFORT/prod-716717/ Imagem 11 : Cadeira De Rodas Ottobock Disponível em: https://www.casamedica.com.br/cadeira-de-rodas-ortobras-avd-reclinavel-46cm-prata-/p

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Imagem 12 : Cadeira Ottobock Star lite Disponível em: https://www.casadaacessibilidade.com.br/none-54594751 Imagem 13 : George Klein e sua cadeira de rodas elétrica, 1953 George Klein (inventor), Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/George_Klein_(inventor) Imagem 14 : Cadeira de Rodas Motorizada Jaguaribe Elétrica Dobrável Tiger Disponível em: https://www.casasbahia.com.br/belezasaude/cadeiraderodas/cadeiraderodasmotorizada/cadeira-de-rodas-motorizada-jaguaribe-eletrica-dobravel-tiger--10983685.html Imagem 15 : Cadeira de Rodas Com interface de movimento facial Wheelchair controlled by facial expression, Disponivel em: https://agencia.fapesp.br/wheelchair-controlled-by-facial-expression/23256/ Imagem 16: Imagem autoral

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