BĂĄrbara Yamasaki
Quais sĂŁo as suas cores? Representatividade LGBTQIA+ para adolescentes
Bárbara Yamasaki
Quais são as suas cores? Representatividade LGBTQIA+ para adolescentes
Ficha catalografica.pdf 1 10/11/2019 21:20:02
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Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico. Orientador: Prof. Marcos A. P. Pecci.
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São Paulo - 2019
Agradecimentos
Mãe, obrigada por ter me dado tanto apoio sempre, por me acolher em todas as noites sombrias, por se importar comigo e ser uma amiga incrível. Pai, obrigada por todas nossas brincadeiras, por cantar comigo mesmo quando não sabemos a letra direito, por me buscar mesmo quando está cansado e ser uma boa pessoa. Mari, obrigada por ter entrado de cabeça nesse projeto. Você foi fundamental para que o TCC acontecesse. Suas ilustrações foram sensacionais. Que privilégio ter sua amizade. Pecci, obrigada por ter acreditado nesse projeto tanto quanto eu, por ter me apoiado, por ter me orientado, por ter sido um educador tão carinhoso e empático. Obrigada a todes es amigues que me apoiaram também, e todas as pessoas LGBTQIA+ que aceitaram conversar comigo sobre suas vivências.
“ As palavras tem o poder de curar ou destruir. Quando as palavras sĂŁo verdadeiras e generosas, elas podem mudar nosso mundo. - Buda
“
Resumo
Tendo em vista que atualmente identidade de gênero e orientação sexual (assuntos ligados diretamente a comunidade LGBTQIA+) vem sendo cada vez mais debatidos, inclusive sendo temas de questões do ENEM, trabalhar a representatividade dessa minoria se torna essencial. A representatividade valida a existência das pessoas, assegura que podem ser quem são e ainda mostra que não estão sozinhas. É por meio dela que conseguimos normalizar os comportamentos e isso auxilia na autoestima das pessoas por se verem como protagonistas em séries, livros, novelas, etc. Por meio de levantamento bibliográfico, pesquisas qualitativas e análises críticas foi possível entender melhor o universo LGBTQIA+ e suas definições, além de compreender como essas pessoas gostariam de ser representadas. Com esses resultados em mãos, o projeto buscou auxiliar na normalização das diversas identidades de gênero e orientações sexuais por meio do desenvolvimento de um livro com personagens LGBTQIA+ e com público alvo adolescentes de 15 a 17 anos. Esse livro foi dividido em 3 partes, sendo a primeira com contos sobre cotidiano, a segunda parte uma apresentação dos personagens falando sobre sua identidade de gênero e orientação sexual junto com um conto sobre essas questões, e a terceira um glossário explicando os diversos termos usados no livro. A intenção é colaborar no debate sobre o tema proporcionando uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas.
Palavras-chave: 1. Representatividade; 2. LGBTQIA+; 3. Adolescente; 4. Editorial; 5. Design Gráfico.
12 Objetivos 14 Justificativa 16 Procedimentos metodológicos 18 Introdução 24 Identidade de gênero e orientação sexual 26 28 30 31
Construção cultural sobre o que é ser homem e o que é ser mulher Identidade de gênero Orientação sexual Heteronormatividade compulsória
34 Termos e definições (glossário) 60 Representatividade e visibilidade
Sumário
63 Papel da mídia 67 Representatividade LGBTQIA+ nas mídias 73 Importância da representatividade LGBTQIA+ nos bastidores
76 Um pouco sobre geração z 78 Público alvo 79 Universo teen
84 Resultados de pesquisa
87 92 95 98 104 108 110
Degrassi: Next Class Brooklyn nine nine A lenda de Korra Steven Universo Monster Pop! Bojack Horseman Literatura
112 Requisitos para o projeto 116 Estudos de concepção 118 Projeto gráfico 118 Painéis semânticos
120 Desenvolvimento projetual 122 123 123 124 124 125 125 126 129 130 135 137
Quais letras representar? Quais são as suas cores? Cores um: as páginas dos diários Temas dos contos Estética das ilustrações dos contos Cores dois: muito mais do que uma bio nas redes sociais Desenvolvimento dos personagens Estética das ilustrações dos personagens Glossário Ficha dos personagens Padrões cromáticos Tipografia
139 Memorial descritivo 144 Documentação 150 Considerações finais 152 Referências bibliográficas 156 Lista de imagens 163 Anexos
OBJETIVO GERAL Tendo em vista a importância da representatividade LGBTQIA+ e o quanto é infrequente a existência dela na nossa sociedade, o objetivo geral foi a criação de um livro com o intuito de auxiliar no debate sobre o tema, ajudar jovens LGBTQIA+ a construírem uma boa autoestima ao se verem como protagonistas de suas vidas, e servir de ferramenta na educação sobre o assunto.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Objetivos
3. Levantamento de dados sobre como a população LGBTQIA+ é representada nas mais diversas mídias Ao analisar séries, desenhos, e HQs que apresentam personagens que façam parte da comunidade LGBTQIA+ foram utilizadas as informações obtidas nas pesquisas qualitativas (sobre como representar ou não essa minoria) como direcionamento para o desenvolvimento do produto final.
1. Definição dos termos: orientação sexual, identidade de gênero e outros que estão relacionados ao universo LGBTQIA+ Para que as informações sejam claras e cheguem de maneira correta ao público, foi necessário primeiramente a diferenciação dos termos que estão inseridos no universo LGBTQIA+. 2. Análise da importância da representatividade LGBTQIA+ Tendo os termos bem definidos, foi indispensável entender e justificar a necessidade de se representar corretamente essa população. Para isso estudei as demandas dessas pessoas por meio de pesquisa qualitativa, além de pesquisar autores que falem sobre o tema.
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4. Livro Após entrar em contato com todo o universo LGBTQIA+, foi desenvolvido um livro com ilustrações e contos com público alvo adolescentes de 15 a 17 anos, utilizando as informações obtidas nas pesquisas qualitativas (sobre como representar ou não essa minoria) e todo o conteúdo pesquisado como direcionamento no desenvolvimento do produto final.
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Justificativa
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fazem parte dessa parcela da população é de que eles só servem para que os outros se divirtam ao depreciá-los, mas quando abrimos espaços para mostrar essas pessoas em papéis de liderança ou até mesmo como personagens cujo o foco não seja apenas sua orientação sexual ou identidade de gënero, estamos acolhendo essas pessoas e falando que elas podem ser quem são. É necessário representar as pessoas LGBTQIA+ de maneira humana, natural e empática para que elas possam ser incluídas na sociedade, sendo tratadas como pessoas dignas.
Uma das questões que estão constantemente em pauta dentro da comunidade LGBTQIA+ é a representatividade. Existe uma diferença entre visibilidade e representatividade. Enquanto visibilidade é deixar uma parcela, algo ou alguém ser visto, muitas vezes sem a necessidade de ser preciso, a representatividade traz como princípio mostrar com veracidade o que será visto. Então existe visibilidade sem representatividade (como em filmes onde o homem gay é um personagem secundário cômico que entende de moda, um bom exemplo desse estereótipo está no filme “Crô”) mas não existe representatividade sem visibilidade. A representatividade valida a existência das pessoas, assegura que elas podem ser quem são e ainda mostra que não estão sozinhas. Representatividade significa representar com qualidade, de maneira precisa e clara algum grupo, algo ou alguém. Na prática significa dar espaço para uma parcela da população se expressar. A representatividade está diretamente ligada à autoestima dos indivíduos, porque é ela quem diz até onde as pessoas podem ir e quais espaços podem ocupar dentro da sociedade. Quando vemos em novelas pessoas LGBTQIA+ servindo apenas como chacota, o recado que chega para todos que 17
Levantamento bibliográfico Buscando base teórica em autores como Judith Butler, Joan Scott e outros, foram analisadas as principais ideias relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual para melhor entendimento e argumentação sobre o tema.
Procedimentos metodológicos
Levantamento de dados e depoimentos sobre a realidade vivida por essa minoria Por meio de pesquisa de caráter qualitativo através de entrevistas online com pessoas identificadas como parte da comunidade LGBTQIA+, se buscou entender como essas pessoas se sentem ou não representadas na mídia e como são suas vivências sendo LGBTQIA+. Analise de referências de representatividade LGBTQIA+ Foram analisados materiais midiáticos como séries e desenhos que representam a comunidade LGBTQIA+ com o objetivo de compreender as maneiras como essa parcela da população foi retratada. Com isso pode-se observar o que se deve ou não fazer ao produzir materiais com a mesma temática. Pesquisa sobre o público alvo (geração z) Para entender as melhores formas de interagir com o público, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo sobre seus gostos pessoais e um levantamento de dados sobre como são os adolescentes de hoje.
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Introdução
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1 Para melhor aprofundamento recomendamos o acesso ao site: https://transrespect.org/en/map/legal-gender-recognition-change-of-name/
2 Para obter a coleta na íntegra recomendamos o acesso ao site: https://grupogaydabahia.com.br/2018/01/18/brasil-campeao-mundial-de-crimes-lgbt-fobicos/
“
pessoal de cada indivíduo? Por que não é questionada a heteronormatividade compulsória? Existem infinitas perguntas que poderíamos fazer em torno do tema. O intuito do trabalho não é responder a todas essas questões, até porque não seria possível, mas encontrar caminhos para levantar o debate sobre esse assunto. Para isso ele foi dividido em quatro partes: Parte um: Definição de orientação sexual e identidade de gênero. Parte dois: Definição de representatividade e sua importância. Parte três: Análise de alguns produtos midiáticos que apresentam personagens LGBTQIA+ com foco nos conteúdos voltados para adolescentes. Parte quatro: Desenvolvimento do livro “Quais são as suas cores?” que traz representatividade LGBTQIA+, além de informações sobre identidade de gênero e orientação sexual, o que auxilia no debate sobre o tema. Para contextualizar melhor, é considerável primeiramente apresentar duas teorias que ajudarão na compreensão do trabalho. A primeira é a Teoria da Identidade Social proposta pelos psicólogos sociais Henri Tajfel e John Turner que diz:
A identidade social de um indivíduo [é] concebida como o conhecimento que ele tem de que pertence a determinados grupos sociais. [A este conhecimento está vinculado] um significado emocional e de valor que só podem ser definidos através dos efeitos das categorizações sociais que dividem o meio social de um indivíduo no seu próprio grupo e em outros. (TAJFEL, 1982, p. 294)
“
parcela da população. Suas pesquisas revelaram que só em 2017 ocorrem 445 mortes, o maior número registrado desde o início do levantamento desses dados há 25 anos. A LGBTQfobia no Brasil é tão alta que apenas em 2019 (ano atual) o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a LGBTQfobia deve ser equiparada ao crime de racismo até que o Congresso Nacional crie uma legislação específica sobre este tipo de violência3. Mas por que um casal se beijando incomoda tanto? Por que a vida de uma pessoa trans é considerada sem valor? Por que a existência da população LGBTQIA+ é vista como ameaça? Por que a sociedade se vê no direito de considerar como inferior qualquer forma de vida que saia do padrão heteroafetivo e cisgênero? Como o ódio por essa população é tão incentivado? Como o poder público se posiciona por meio de medidas públicas para o benefício e proteção desse grupo específico? Por que incomoda tanto algo que é única e exclusivamente relacionado ao mundo
Andar de mãos dadas, beijar em público, apresentar quem se ama para a família sem medo, poder andar pelas ruas se vestindo da maneira como se quer e até mesmo usar o banheiro com o qual se identifica podem parecer ações simples, mas para a comunidade LGBTQIA+ não é. O direito mais básico de poder ser quem se é muitas vezes é negado para essa parcela da população por não se encaixarem naquilo que é considerado normal pela sociedade. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, de acordo com o mapa de monitoramento global sobre o assunto criado pela ONG alemã Transgender Europe1, o número absoluto foi de 868 mortes de pessoas trans no período de 2008 à 2014, e o número relativo foi de 4332 entre 2008 e 2015. Outra pesquisa que vale a análise é do Grupo Gay da Bahia2, antiga associação de defesa dos direitos humanos voltada a população LGBTQIA+ no Brasil, que todos os anos faz o levantamento de dados sobre violência contra essa
Ou seja, identidade social é o reconhecimento individual de que se faz ou não parte de determinado grupo social. A segunda é a Teoria é da Representação Social proposta por Serge Moskovici que define “representar” da seguinte forma:
“
Representar significa, a uma vez e ao mesmo tempo, trazer presente as coisas ausentes e apresentar coisas de tal modo que satisfaçam as condições de uma coe-
3 Para melhor aprofundamento recomendamos o acesso ao site: https://www.huffpostbrasil.com/entry/criminalizacao-da-lgbtfobia_br_5d02949de4b0304a120bf758
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rência argumentativa, de uma racionalidade e de uma integridade normativa do grupo. É, portanto, muito importante que isso se dê de forma comunicativa e difusiva, pois não há outros meios, com exceção do discurso e dos sentidos que eles contêm, pelos quais as pessoas e os grupos sejam capazes de se orientar e se adaptar as tais coisas (MOSCOVICI, 2013, p.216).
“ A representação social está ligada a como as pessoas entendem os mais diversos grupos sociais existentes e como se relacionam com isso no cotidiano. Um dos momentos mais propícios para se falar sobre representatividade e naturalizar o comportamento das pessoas LGBTQIA+ é na adolescência, quando as questões sobre gênero e orientação sexual começam a ser questionadas. Informar e tirar dúvidas sobre esse conteúdo assim que se começa a ter contato com o tema contribui para que não haja desentendimentos por parte dos jovens sobre o assunto.
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Identidade de gênero e orientação sexual
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Antes de nos aprofundarmos na definição de cada um dos termos, é relevante e de grande importância deixar claro que não existe ligação direta entre identidade de gênero e orientação sexual. Segundo Jaqueline Gomes de Jesus, psicóloga, escritora e ativista brasileira:
Na cultura ocidental, desde muito cedo somos ensinados a categorizar os comportamentos humanos dentro de duas definições: masculino/feminino ou homem/mulher. Ainda na infância, quando estamos aprendendo a nos relacionar com o mundo, os brinquedos já são divididos dessa forma, sendo a área feminina repleta de objetos do universo estético, doméstico e maternal e a área masculina de objetos do universo dos esportes, ciências e heróis. Enquanto os brinquedos classificados como femininos estimulam cuidados com a casa, corpo e desenvolvimento do papel materno (cuidar de uma pessoa de sua responsabilidade), os que são agrupados como masculinos estimulam o raciocínio lógico, atividades físicas, busca pela aventura e desenvolvimento de liderança. Complementando esse raciocínio a feminista Amanda Daniele Silva em seu livro “Mãe/ mulher atrás das grades” diz:
“ Gênero se refere a formas de se identificar e ser identificada como homem ou como mulher. Orientação sexual se refere à atração afetivossexual por alguém de algum/ns gênero/s. Uma dimensão não depende da outra, não há uma norma de orientação sexual em função do gênero das pessoas, assim, nem todo homem e mulher é “naturalmente” heterossexual. (JESUS, 2012, p.12)
“
“
Inúmeros são os exemplos que poderíamos citar para demonstrar 28
a dicotomia secular existente entre menino e menina, homem e mulher: rosa de menina e azul de menino; menina é delicada, sensível e expressa seus sentimentos e emoções e o menino deve ser forte, valente e nunca chorar; mulheres devem preservar sua imagem sendo recatadas e caseiras e os homens devem ser aventureiros, garanhões e, a todo tempo, comprovar sua masculinidade; a mulher deve fidelidade, dedicação e obediência ao marido, sendo uma boa esposa, mãe e dona de casa e o homem deve exercer a autoridade e ser o provedor do lar. (SILVA, 2015, p.53)
um homem pode ser sensível sem deixar de ser homem. Ainda que para muitas pessoas pareça sensato classificar atitudes humanas baseando-se no gênero, elas não são biologicamente programadas, como explica JESUS:
“
Para a ciência biológica, o que determina o sexo de uma pessoa é o tamanho das suas células reprodutivas (pequenas: espermatozóides, logo, macho; grandes: óvulos, logo, fêmea), e só. Biologicamente, isso não define o comportamento masculino ou feminino das pessoas: o que faz isso é a cultura, a qual define alguém como masculino ou feminino, e isso muda de acordo com a cultura de que falamos. (JESUS, 2012, p.8)
“
Construção cultural sobre o que é ser homem e o que é ser mulher
“
Identidade de gênero e orientação sexual
Esses papéis de gênero contribuem para uma vivência humana pouco saudável já que classifica todas as pessoas em apenas duas possibilidades muito bem definidas e rígidas, quando a verdade é que estamos constantemente circulando entre o que é considerado feminino e masculino. Uma mulher pode ser forte sem deixar de ser mulher, assim como
Um bom exemplo disso é o estudo realizado pela antropóloga Margaret Mead que analisou três povos distintos culturalmente, como conta a antropóloga Miriam Pillar Grossi, professora e pesquisadora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da 29
“ [...] Num destes grupos, homens e mulheres eram cordiais e dóceis; no outro ambos eram agressivos e violentos; e no terceiro as mulheres eram aguerridas, enquanto os homens eram mais passivos e caseiros. A partir deste estudo, muitos outros foram feitos em outros grupos humanos, mostrando que os papéis atribuídos a homens e a mulheres não eram sempre os mesmos. (GROSSI, 2015, p.6)
“
Sexo é biológico, gênero é social, construído pelas diferentes culturas. E o gênero vai além do sexo: O que importa, na definição do que é ser homem ou mulher, não são os cromossomos ou a conformação genital, mas a auto-percepção e a forma como a pessoa se expressa socialmente. (JESUS, 2012, p.9)
“ Tendo isso em vista, ser homem ou ser mulher pode parecer estar direta e exclusivamente ligado ao gênero atribuído à pessoa ao nascer, levando em conta apenas sua formação biológica, entretanto os papéis de gênero são apenas construções sociais e culturais, e que estão em constante mudança. Em outras épocas seria impossível imaginar que as mulheres teriam direito ao voto, ou a existência de homens que cuidam da casa, por exemplo.
“ E a historiadora Joan Scott:
“
Minha definição de gênero tem duas partes e várias sub-partes. Elas são ligadas entre si,
ao que foi estabelecido ao nascer. A diferença entre os dois tipos de trans é que enquanto transexuais são pessoas que se identificam com o gênero oposto e sentem a necessidade de fazer a cirurgia de ressignificação sexual para sentirem seus corpos mais adequados, as pessoas transgênero não sentem tal necessidade. Sobre esse assunto JESUS diz:
“
Pessoas transexuais geralmente sentem que seu corpo não está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem “corrigir” isso adequando seu corpo à imagem de gênero que têm de si. Isso pode se dar de várias formas, desde uso de roupas, passando por tratamentos hormonais e até procedimentos cirúrgicos. (JESUS, 2012, p.15)
Existe uma gama imensa ao que se refere à identidade de gênero, porém daremos foco para apenas alguns termos. Cisgênero é o termo utilizado para se referir às pessoas que se identificam com o gênero atribuído ao nascer, enquanto não-cisgênero é o termo que se refere à todas as pessoas que não se identificam com o gênero atribuído ao nascer4. Dentro das pessoas não-cisgênero podemos encontrar pessoas trans, intersexo, não-binárias e outras. As pessoas transexuais e transgênero são aquelas que se identificam com o gênero oposto
“
Identidade de gênero é como uma pessoa se classifica ou não dentro dos padrões estabelecidos social e culturalmente sobre o que é ser homem e o que é ser mulher, ou seja é como a pessoa se identifica ou não com os papéis de gênero dentro da cultura na qual está inserida. Segundo Jesus:
mas deveriam ser analiticamente distintas. O núcleo essencial da definição baseia-se na conexão integral entre duas proposições: o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder. (SCOTT, 1986, p.21)
“
Identidade de gênero
Universidade Federal de Santa Catarina:
As pessoas intersexo são pessoas que possuem uma anatomia que não se encaixa completamente em
4 Para saber mais sobre os diversos termos, acesse o artigo pelo site: https://issuu.com/jaquelinejesus/docs/orienta__es_sobre_identidade_de_g_nero__conceitos_
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Orientação sexual é a atração afetivossexual que uma pessoa sente por determinado(s) gênero(s) e não tem relação com identidade de gênero. Como afirma JESUS:
“
Pessoa cujo corpo varia do padrão de masculino ou feminino culturalmente estabelecido, no que se refere a configurações dos cromossomos, localização dos órgãos genitais (testículos que não desceram, pênis demasiado pequeno ou clitóris muito grande, final da uretra deslocado da ponta do pênis, vagina ausente), coexistência de tecidos testiculares e de ovários. (JESUS, 2012, p.25)
“
Homossexuais se sentem atraídos por pessoas do mesmo gênero, e bissexuais por pessoas de qualquer gênero, o que não se relaciona com sua identidade de gênero, ou seja, não se questionam quanto a sua identidade como homens ou mulheres e ao gênero que lhes foi atribuído quando nasceram, ao contrário das pessoas transexuais e travestis. (JESUS, 2012, p. 13)
“
Existem as pessoas não-binárias também, que não se identificam nem como homem e nem como mulher, e muitas vezes se sentem entre esses dois gênero ou completamente distante deles. Independente da identidade de gênero com a qual a pessoa se identifica esse é um processo subjetivo e individual no qual a pessoa leva em consideração como se sente sobre os papéis de gênero e suas expressões dentro da cultura na qual está inserida.
“ 32
Heteronormatividade compulsória
sificando-a como uma patologia e retirando sua discussão do campo político (FOUCAULT, 1988).
Embora pareça absurda a ideia de uma pessoa heteroafetiva reunindo a família toda para assumir sua orientação sexual, essa mesma ideia nos parece comum quando pensamos na comunidade LGBTQIA+. Isso ocorre porque existe uma padronização da orientação sexual que define o normal e o anormal, limitando o que pode e o que não pode existir, afetando a maneira como as pessoas se relacionam com a sociedade na qual estão inseridas. Quando a sociedade determina a maneira como todos devem se comportar, ela tira o direito das pessoas serem quem são. Segundo o filósofo francês FOUCAULT:
“
Orientação sexual
nenhum dos sexos existentes. JESUS define da seguinte forma:
Heteronormatividade compulsória é a propagação, repetição e doutrinação de que todas as pessoas são heterossexuais e cisgênero, e que as pessoas que não se encaixam nisso são anormais, aberrações. Estamos tão inseridos nessa ideia que ao conhecermos alguém que aparenta estar dentro dos padrões estabelecidos sobre como mulheres e homens devem se comportar, automaticamente assumimos que são pessoas heterossexuais e cisgênero, quando muitas vezes isso pode não ser real. Uma das autoras que levantam o debate e a problematização sobre heteronormatividade compulsória é a feminista Adrienne Rich ao falar sobre a falta de visibilidade lésbica dentro dos movimentos feministas e o quanto isso era uma ferramenta para a manutenção do poder masculino sobre as mulheres.
“ A sexualidade fica reduzida ao regime binário de masculino e feminino que se configura como o limite entre lícito e ilícito, permitido e proibido, em que a homossexualidade, conforme já dito, é considerada um desvio, uma anormalidade. Com isso, passa-se a atribuir uma origem biológica à homossexualidade, clas-
“
O cinto de castidade, o casamento infantil, o apagamento da existência lésbica (exceto quan33
do vista como exótica ou perversa) na arte, na literatura e no cinema e a idealização do amor romântico e do casamento heterossexual são algumas das formas óbvias de compulsão, as duas primeiras expressando força física, as duas outras expressando o controle da consciência feminina (RICH, 1980, p.26)
masculino se sentem envergonhados de jogarem vôlei por ser considerado um esporte feminino.
“ Uma das consequências da heteronormatividade é o preconceito e ódio pelo diferente. Analisando apenas a esfera da saúde, somente em 1990 a OMS (Organização Mundial de Saúde) retirou a homoafetividade de sua lista de doenças/ transtornos mentais5, e a transexualidade apenas em 20186. Indo para o âmbito dos ambientes escolares, fica ainda mais nítida a influência cotidiana causada por ela como, por exemplo, jovens que se identificam com o gênero
5 Para maiores informações recomendamos o acesso ao site: https://www.huffpostbrasil.com/2018/06/18/apos-28-anos-transexualidade-deixa-de-ser-classificada-como-doenca-pela-oms_a_23462157/
6 Para maiores informações recomendamos o acesso ao site: https://www.who.int/health-topics/international-classification-of-diseases 34
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Termos e definições (glossário)
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Termos e definições (Glossário) Esse capítulo se faz necessário para a melhor compreensão do universo LGBTQIA+ por definir e diferenciar os diversos vocábulos que fazem parte da vida dessa minoria. É de grande valor entender o que é cada termo para demonstrar respeito e conseguir se comunicar de maneira assertiva sobre o assunto.
Figura 1 - Bandeira gay Fonte: Orientando.
LGBTQIA+ Sigla utilizada para abranger todas as orientações sexuais e identidades de gêneros existentes que não se enquadrem na heterossexualidade e no cisgênero. Não é a única que podemos encontrar. Também existe a sigla LGBTTTQQIAA (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Transexuais, Travestis, Queer, Questionadores, Intersexo, Assexuais e Aliados), ou LGBTQI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, Queer e Intersexo), entre outros. Nesse projeto a escolha foi pela sigla LGBTQIA+ valorizando a abrangência de diversas identidades de gênero e orientações sexuais. 38
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Figura 2 - identidade de gênero x sexo biológico Fonte: Arte da autora.
Identidade de gênero
Figura 3 - Expressão de gênero Fonte: Arte da autora.
Expressão de gênero
É o gêreno com o qual uma pessoa se identifica. Se baseando nos padrões estabelecidos social e culturalmente sobre o que é ser homem/ mulher/outres.
Maneira como a pessoa se expressa exteriormente (roupas, cabelos, acessórios, linguagem) em relação à sua identidade de gênero.
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Figura 4 - Papel de gênero. Fonte: Arte da autora.
Figura 5 - Cisgênero. Fonte: Arte da autora.
Papel de gênero Conjunto de comportamentos estabelecidos por gêneros, papel social que a pessoa desempenha conforme sua identidade de gênero. 42
Cisgênero Pessoa que se identifica com o gênero atribuído ao nascer. 43
Figura 6 - Bandeira trans. Fonte: Orientando.
Transgênero
Transexuais
É uma identidade de gênero. Pessoa que não se identifica com o gênero atribuído ao nascer. Dentro dessa categoria podemos encontrar transexuais, intersexuais, gênero fluido, não-binários, entre outros.
É uma identidade de gênero. Pessoa que não se identifica com o sexo atribuído ao nascer e deseja fazer mudanças em seu corpo como a cirurgia de ressignificação sexual.
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Figura 7- Nome social. Fonte: Arte da autora.
Figura 8 - Bandeira da mulher trans Fonte: Orientando.
Mulher trans
Nome social Nome pelo qual a pessoa transgênero se identifica e deve ser chamada. 46
É uma identidade de gênero. Uma mulher trans é uma pessoa que se identifica como mulher, querendo ser tratada e reconhecida como tal pela sociedade. 47
Figura 9 - Bandeira do homem trans. Fonte: Orientando.
Figura 10 - Bandeira não binárie. Fonte: Orientando.
Homem trans
Não binárie
É uma identidade de gênero. Um homem trans é uma pessoa que se identifica como homem, querendo ser tratada e reconhecida como tal pela sociedade.
É uma identidade de gênero. Não binárie é alguém que não é nem 100% homem e nem 100% mulher, são pessoas que não se encaixam na binaridade de gênero (homem/ mulher). Pessoas não bináries podem ser agênero, gênero flúido, etc.
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Figura 11 - Bandeira intersexo. Fonte: Orientando.
Figura 12 - Orientação sexual. Fonte: Arte da autora.
Orientação sexual
Intersexuais Pessoa que biologicamente possui um corpo que não se encaixa completamente nem como homem nem como mulher.
É a atração afetiva e sexual que as pessoas sentem por outras. Simples assim. Ninguém escolhe por quem sente atração, e nem por quais gêneros.
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Figura 13 - Bandeira gay Fonte: Orientando.
Figura 14 - Bandeira lésbica. Fonte: Orientando.
Gays
Lésbicas
É uma orientação afetiva sexual. Pessoa que sente atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo gênero. Seu sinônimo é homossexualidade.
É uma orientação afetiva sexual. Uma pessoa que se identifica como mulher que sente atração por pessoas que também se identificam como mulheres.
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Figura 15 - Bandeira bi. Fonte: Orientando.
Figura 16 - Bandeira pan. Fonte: Orientando.
Pansexuais Bissexuais É uma orientação afetiva sexual. Alguém que sente atração afetiva e sexual por dois ou mais gêneros. 54
É uma orientação afetiva sexual. Pessoas que se relacionam afetivamente e sexualmente com qualquer gênero. Importante ressaltar que o termo não engloba a prática de todos os comportamentos sexuais, como zoofilia ou parafilia. Ela está relacionada com a aceitação e atração por todos os gêneros. 55
Figura 17 - Bandeira ace. Fonte: Orientando.
Figura 18 - Bandeira heterossexual. Fonte: Cuanta Razon.
Assexuais ou Aces É uma orientação afetiva sexual. Pessoas que não sentem atração sexual. 56
Heterossexuais É uma orientação afetiva sexual. Pessoas que se sentem atraídas afetiva e sexualmente por pessoas do gênero oposto. 57
Figura 19 - Publicação no site da cidade de São Paulo sobre combate a LGBTQfobia. Fonte: Site da prefeitura
LGBTQfobia Preconceito sofrido por pessoas LGBTQIA+ por serem quem são. 58
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Representatividade e visibilidade
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Segundo o dicionário Aulete, representatividade é:
(re.pre.sen.ta.ti.vi.da.de) sf. 1. Qualidade ou característica de representativo 2. Qualidade ou característica de um indivíduo ou entidade (partido, sindicato etc.) cujas relações com a população fazem com que expresse os verdadeiros anseios desta. E visibilidade é:
(vi.si.bi.li.da.de) sf. 1. Qualidade ou caráter do que é visível, do que pode ser percebido pelo olhar: A nova fachada dará maior visibilidade ao prédio. 2. Percepção pelo sentido da visão: O novo prédio tirou a visibilidade da praça. 3. Met. Qualidade da transparência do ar: A cerração diminuiu muito as condições de visibilidade.
“ Trata-se da assim chamada “Rebelião de Stonewall”. Stonewall era – e ainda é – um bar frequentado por gays, localizado em Greenwich Village, na cidade de Nova York. No período pós-guerra, o bar era objeto de repetidas batidas policiais, muitas vezes seguidas de prisões arbitrárias e humilhação
ou exposição pública da condição homossexual das pessoas presas. Na noite de 28 de junho de 1969 a clientela do bar se revoltou contra a ação policial e o conflito resultante se estendeu por três dias (4 POLICEMEN, 1969). Um ano depois, em comemoração do acontecido, realizou-se em Nova York uma parada gay. (REIS, 2011, p.1)
No Brasil, a maior parada do orgulho LGBTQIA+ (mais conhecida como parada gay) ocorre em São Paulo, na Avenida Paulista, desde 1997. Segundo Maria Izabel da Silva7, secretária de Políticas Sociais da CUT São Paulo em 1998, a primeira edição da parada gay reuniu cerca 2000 pessoas sob o tema “Estamos em Todos os Lugares e em Todas as Profissões”:
“ (...) A manifestação quer chamar a atenção para o fato de que nós -gays, lésbicas ou travestis- somos sujeitos com direitos e exigimos da sociedade tratamento igual. Nossa opção sexual não nos faz diferentes dos demais cidadãos. Exatamente por isso, não podemos admitir nem a violência policial nem a homofobia que presenciamos frequentemente em nossos bairros, cidades, Estados. (SILVA, 1998)
A partir desse marco histórico, o dia do orgulho LGBTQIA+ vem sendo comemorado ao redor do mundo todo. Uma vez por ano as pessoas que fazem parte dessa comunidade saem às ruas para mostrar que existem, celebrar quem são sem vergonha, lutar pelo direito de viver e não esquecer das pessoas que foram mortas simplesmente por fazer parte dessa minoria. Não é uma festa, é uma manifestação pelo direito de existir, é um ato contra a LGBTQfobia, é uma conferência na qual as pessoas se sentem seguras e não mais sozinhas sendo quem são.
“
Enquanto visibilidade é apenas ser visto, representatividade (embora esteja definida dentro do âmbito político) está relacionada a mostrar de forma verdadeira algo, alguém ou alguéns e seus interesses. A visibilidade é algo de muito valor, porque tira das sombras o que antes era escondido, mostra aquilo que ninguém via antes. Um dos movimentos de maior visibilidade para a comunidade LGBTQIA+ é a parada gay. O dia 28 de junho é conhecido internacionalmente como dia do orgulho LGBTQIA+. Segundo Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, o início de tudo se deu em Nova York:
“
Representatividade e visibilidade
7 Para maiores informações, recomenda-se o acesso ao site: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff25069807.htm
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63
mesmo sendo tão diferentes. Com isso em mente, ser visto é muito importante, mas ser visto da maneira correta é ainda mais.
Figura 20 - Parada LGBTQIA+ 1970 em Nova York. Fonte: Hypeness.
Papel da mídia
massacradas por inúmeras e variadas informações, vindas de todas as partes do mundo. (ALEXANDRE, 2001, p. 113)
Consumimos constantemente conteúdos midiáticos, seja diretamente ao assistir um trecho da novela que está passando, ler um livro que todos estão recomendando, acompanhar uma série que acabou de sair e está bombando, e até indiretamente no contato diário com anúncios no metrô ou ponto de ônibus. Não importa como, estamos em contato o tempo todo com a mídia e somos influenciados diretamente por ela. A mídia está o tempo todo na nossa vida, como fala Marcos Alexandre em seu artigo “O papel da mídia na difusão das representações sociais”:
“
Em 2004, a parada do orgulho LGBTQIA+ de São Paulo recebeu o título de maior parada gay do mundo pelo Guinness Book, quando atingiu a marca de 2,5 milhões de participantes. Porém seu título foi retirado do livro em 2008 por conta dos dados de contagem das autoridades e organizadores não baterem8. Independente dos números, a parada do orgulho LGBTQIA+ em São Paulo é uma importante manifestação da cultura e vivência dessas pessoas, e promove visibilidade para essa parcela da população. Quando milhares de pessoas que acreditam e lutam pelos mesmos direito se juntam em um protesto, o que vemos não é apenas uma reunião, e sim uma grande união dizendo “não estamos sozinhos e somos muitos”, tirando a ideia de que uma minoria social significa menor número de pessoas. A representatividade, no entanto, entra na parte de mostrar como as pessoas realmente são, sem estereótipos e preconceitos. A representatividade humaniza as pessoas ao mostrar que são como qualquer outra, com dores e desejos, com conflitos e vitórias, com medos e anseios, e principalmente ao falar que somos todos normais,
Ellen Fernanda Gomes da Silva, em seu artigo “Impacto e influência da mídia sobre a produção da subjetividade”, diz:
“ A mídia é uma arma poderosa vertical e concentrada nas mãos daqueles que controlam o fluxo de informações, “os detentores do saber”; como agente formador de opiniões e criador-reprodutor de cultura, a mídia interfere, forma e transforma a realidade, as motivações, os modos de pensar e de agir do homem. Comprometida com sua defesa de interesses, no intuito de fabricar a representação social mais convincente, munida de uma condição valorativa, posiciona-se de maneira ideológica, tomando partido daquilo que
“
Figura 21 - Parada LGBTQIA+ 2018 em São Paulo. Fonte: Parada SP
8 Para maiores informações, recomenda-se o acesso ao site:
Diariamente somos bombardeados e envolvidos por informações, através de imagens e sons que, de uma forma ou de outra, tentam criar, mudar ou cristalizar atitudes ou opiniões nos indivíduos. É o efeito dos meios de comunicação de massa (MCM) em nossas relações sociais. É o que McLuhan chamou de mundo retribalizado, onde as pessoas passam a ser constantemente
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2905200817.htm 64
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é mais interessante e lucrativo a seus olhos. A força midiática é notória naquilo que divulga e no que silencia. Sua eficácia também é vista no serviço de ‘inculcar idéias’, com o utilitário de fazer com que o mundo pareça ser o que vemos nas capas das revistas, telas da televisão ou do computador. Tal dominação se dá por meio de um sistema de linguagens verbais e não-verbais, composta de símbolos e signos. (SILVA, 2009)
e Nicole Martins (professora assistente de telecomunicações na Universidade Bloomington) sobre os efeitos na autoestima das crianças ao consumirem conteúdos midiáticos por meio da televisão. Elas analisaram cerca de 400 crianças negras e brancas de 7 a 12 anos no estado de Illinois, nos Estados Unidos. O resultado mostrou que os meninos brancos se sentem bem sobre si mesmos, enquanto os meninos negros e as meninas brancas e negras se sentem mal sobre quem são após assistirem muitos programas de TV9. Sobre isso, MARTINS fala:
“
“
Para meninos brancos, dependendo do tipo de programa assistido, as coisas na vida são muito boas. Homens brancos tendem a aparecer em posições de poder, tem cargos importantes, educação de qualidade, casas glamourosas, lindas esposas e alguns retratos do quão duro se trabalhou para chegar lá. (MARTINS apud GOLDBERG, 2012)
É a partir do que a mídia transmite que uma boa parte dos pré-conceitos (qualquer ideia concebida sem análise crítica) são formados, então deve-se ter um olhar mais atento para essa questão. A mídia não somente influencia a maneira como as pessoas pensam, mas também interfere diretamente na autoestima delas, como mostra uma pesquisa de 2012 realizada por Kristen Harrison (professora de estudos de comunicação na Universidade de Michigan)
Representatividade LGBTQIA+ nas mídias
Quando as pessoas se veem representadas em posições nobres, quando conseguem se identificar com personagens cheios de coragem e liderança, elas sentem que podem chegar lá também. Não representar a diversidade em posições nobres e desejáveis, é o mesmo que dizer que as pessoas diferentes do considerado ideal (homem, branco, cisgênero e heterossexual) jamais poderão ocupar esses espaços, que são menos merecedores, e ainda reforça estereótipos e preconceitos sobre as minorias. É por essa razão que a representatividade é tão importante. A escolha de adolescentes como público alvo se dá a partir da concepção de que nessa época estamos mais abertos a questionar o mundo, e as ideias absorvidas e formadas muitas vezes serão levadas até a fase adulta.
No Brasil a primeira exposição da homoafetividade nas mídias de grande alcance nacional ocorreu em 1974, como fala Luiz Eduardo Neves Peret, mestre em Comunicação Social pela Faculdade de Comunicação Social (FCS) da UERJ:
“ Em 1974 foi registrado o primeiro caso de homossexualidade numa telenovela da Rede Globo, em “O Rebu”, uma novela de suspense. Até o fim da primeira metade da novela , o público sabia que alguém tinha sido assassinado, mas não sabia quem havia morrido, nem se era homem ou mulher . Só no último capítulo se revelava que o rico Conrad Mahler matara a jovem Sílvia por ciúmes dela com seu “protegido” Cauê. A homossexualidade estreou na telenovela através do crime passional e da dependência financeira de um jovem por um homem mais velho. (PERET, 2005, p.38)
“
“
9 Para mais informações, recomenda-se acessar o site: https://edition.cnn.com/2012/06/01/showbiz/tv/tv-kids-self-esteem/index.html 66
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Em sua dissertação sobre a representação social da homoafetividade na telenovela brasileira, PERET comenta sobre alguns outros casos como “Torre de Babel” onde o autor precisou matar o casal lésbico após a audiência despencar, ou “Senhora do destino” com o casal formado por Leonora e Jenifer que foi mais bem aceito pelo público. Em programas humorísticos a forma como mostram pessoas LGBTQIA+ não apenas incomoda, como tem graves consequências, como fortalecer os estereótipos ou continuar tratando esse assunto como algo anormal. Como no programa “A praça é nossa” com o personagem Valmir “ex-gay”, que
nossa TV, o espectador não ri para redimir o personagem que se debate em seu ridículo, mas para reiterar a opressão que pesa contra esse mesmo personagem. [...] É por isso que, diante da TV, ri dos negros quem não é negro, ri dos gays quem não é gay, ri dos pobres quem não é pobre (ou pensa que não é). Ri deles quem quer proclamar, às gargalhadas, que jamais será como eles. É o riso como recusa e chibatada (BUCCI, 2002 apud BAGGIO).
retrata a homoafetividade como algo cômico ao mostrar o personagem indo do padrão “homem pegador” para o estereótipo de gay com voz fina e jeito efeminado, que ama maquiagens e só pensa em homens. Além disso o termo “ex-gay” acaba gerando a ideia de que a orientação sexual é uma opção e que pode existir uma “cura” para a homoafetividade.
Figura 23- Cena do programa “A praça é nossa” que mostra Valmir, ex-gay. Fonte: Youtube
Sobre a questão dos programas humorísticos, BUCCI fala:
“ Atualmente dentro do audiovisual existem muitos filmes e séries que com persnagens LGBTQIA+, mas números não dizem muito sobre a qualidade da representação. Como é o caso do filme brasileiro de 2018 “Crô em família” que mostra um personagem gay cheio de estereótipos como gostar de moda, ser efeminado, ter a voz mais fina e ser dramático. A homoafetividade como alívio cômico é muito utilizado, porém filmes que fogem disso vem ganhando cada vez mais destaque, como o filme de 2016 “A garota dinamarquesa” ao mostrar a his-
“
Figura 22 - Cena de “O Rebu” mostrando Conrad e Cauê. Fonte: Astro sem revista
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[...] é impossível encontrar algum [programa humorístico] que não se baseie em escarnecer os pobres, os analfabetos, os negros, os homossexuais etc. O mecanismo parece ser o mesmo dos melhores filmes cômicos: o espectador é chamado a rir daquilo que o envergonha e que o machuca. A questão é que, nos programas da 69
tória de Lili ELbe, uma pessoa se descobrindo transgênero (embora escalando um ator cisgênero para o papel, sendo uma questão considerada problemática para a comunidade LGBTQIA+). Ou o filme “Hoje eu quero voltar sozinho” de 2014 que mostra a descoberta do primeiro amor entre Leonardo e Gabriel, amigos de escola, de uma forma bastante sensível. Dentro da literatura o espaço LGBTQIA+ também vem crescendo nos últimos tempos, embora ainda seja em menor quantidade em comparação com as outras áreas de entretenimento. Nacionalmente alguns livros vem ganhando destaque dentro da comunidade por representar de uma maneira correta os personagens LGBTQIA+, como é o caso do Vitor Martins, autor de “Um milhão de finais felizes” que conta uma história de amor entre um personagem gay e um bissexual, e também do livro “15 dias” que fala sobre primeiro amor. Embora esteja cada vez mais em pauta nos conteúdos midiáticos produzidos falar sobre pessoas LGBTQIA+, ainda temos um longo caminho a percorrer. É interessante observar que são poucos os meios de entretenimento que representam essa minoria, e que é ainda mais raro encontrar algum conteúdo distribuído em grande escala que não foque apenas na orientação sexual
Figura 24 - Cena do filme “A garota dinamarquesa” que mostra Lili Elbe. Fonte: Veja.
Figura 25 - Cena do filme “Hoje eu quero voltar sozinho” com Gabriel e Leonardo. Fonte: Globo.
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ou identidade de gênero dos/das personagens apresentados(as). Por meio de uma pesquisa qualitativa online (anexo a) sobre representatividade nas mídias com 32 pessoas que se identificam como LGBTQIA+, pôde-se observar que a grande maioria (65,6%) se sentia representada apenas às vezes. Conforme o gráfico a seguir: Nessa mesma pesquisa, as pessoas relataram um pouco como gostariam de ser representadas (para preservar a privacidade, os nomes não foram solicitados):
Figura 26 - Gráfico da pesquisa qualitativa Fonte: Pesquisa da autora – anexo A.
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Pergunta: Como você gostaria de ser representade?
somente representar sem os estereótipos, mas de representar as pessoas LGBTQIA+ de uma forma natural e normalizada. Não existem filmes que falem sobre a vida de uma pessoa heterossexual e cisgênero focando apenas nesses dois pontos. As pessoas que se encaixam no padrão heteronormativo são retratadas das mais diversas formas, sendo professores geniais, heróis que salvam o mundo, etc. É necessário falar sobre esse público, mas não somente para esse público, mostrando que a orientação sexual ou identidade de gênero não são as únicas características importantes em suas vidas. Ser LGBTQIA+ é ser uma pessoa como qualquer outra.
“Mostrando as qualidades como pessoa e que ser gay é apenas um traço meu, como ser loiro.” (ENTREVISTADO 15)
“Como os não LGBTQIA+ são representados pela mídia.” (ENTREVISTADO 6)
“Como um ser humano sem diferença dos outros por uma escolha sexual. Apenas um ser que existe.” (ENTREVISTADO 14)
“Gostaria que representassem pessoas LGBT+ como pessoas normais, e não senso definidas por seu gênero ou sexualidade, sendo esses apresentados somente como mais uma característica delas.” (ENTREVISTADO 22)
Importância da representatividade LGBTQIA+ nos bastidores
so” como manifestação de um imaginário social que reflete poder e controle, a tese sustentada por Djamila Ribeiro é a de que a consideração e visibilização de lugares de fala historicamente excluídos é relevante para que se permita dar voz a quem nunca pode falar ou – falando – nunca ocupou espaços privilegiados em que a fala é efetivamente ouvida. Lugar de fala não é, na visão da autora, uma questão individual, mas sim estrutural. Em outras palavras, não se trata de reconhecer as vivências específicas de indivíduos como legitimadoras de todo ou qualquer discurso que se vincule às suas particularidades. Em realidade, a ideia de lugar de fala é importante quando se considera que grupos sociais – independentemente dos indivíduos que os integram – passam por certas vivências
Um ponto muito importante para se comentar sobre a representatividade é que muitas vezes as pessoas que escrevem, atuam, dirigem e produzem todo o conteúdo de temática LGBTQIA+ não fazem parte dessa minoria. Então temos muitos filmes sobre homoafetividade escritos por roteiristas héteros ou personagens transgêneros interpretados por atrizes e atores cisgênero. E o problema disso é não dar voz para quem realmente vive essa realidade, quem tem propriedade para falar sobre o assunto, quem está no dia a dia enfrentando os desafios de não ser o que a mídia prega como normal. Em sua resenha sobre lugar de fala, Wallace de Almeida Corbo10, define o conceito da seguinte forma:
“
É nas últimas duas partes que a autora aprofunda o conceito de lugar de fala propriamente dito [...] Pensando o “discur-
Fazendo uma breve análise dessa pesquisa qualitativa, observa-se a necessidade de não
10 Para mais informações recomenda-se o acesso ao link: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/publicum/article/viewFile/35205/25144 72
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comuns (mesmo quando não queiram os as neguem), o que é relevante para a forma pela qual contribuem com a reflexão, a crítica e a construção de saberes. (CORBO, 2018, p. 249)
No entanto, a novela foi elogiada ao trazer em seu elenco uma mulher trans (Maria Clara Spinelli) que interpreta Mira, uma mulher cisgênero no enredo. A série “Sense8” que estreou em 2015, conseguiu trazer representatividade em seu elenco escalando uma atriz trans (Jamie Clayton) para interpretar Nomi, que é uma mulher trans. Além disso, o roteiro e direção ficam por conta de Lilly e Lana Wachowski, duas mulheres trans.
“
Existe a necessidade de se discutir o lugar de fala dentro dos conteúdos midiáticos produzidos. Recentemente na novela “A força do querer”, uma atriz cisgênero (Carol Duarte) foi escalada para interpretar o papel de Ivana/Ivan, personagem que vai se descobrindo um homem trans durante a trama. Isso gerou muito incômodo na comunidade LGBTQIA+, que pedia um ator trans para interpretar o papel, por conhecer a vivência e ter enfrentado ela.
Figura 28 - Cena da novela “A Força do Querer” que mostra Mira Fonte: Pure people
Figura 29 - Cena da série “Sense8” que mostra Nomi Fonte: Representative Characters
Figura 27 - Comparativo do personagem Ivan da novela “A Força do Querer” Fonte: Huffpost Brasil
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Figura 30 - as irmãs Wachowski Fonte: Series por elas
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Geração Z
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Público alvo
Universo teen
O público alvo escolhido são adolescentes de 15 a 17 anos, que se identificam ou não como pessoas LGBTQIA+. A escolha foi pensada por ser uma fase da vida na qual ocorrem muitas descobertas sobre o mundo e sobre quem somos, é o momento que muitas vezes queremos ser vistos e nos afirmar, e estamos abertos a pensar de maneira mais crítica sobre a sociedade e o que aprendemos até o momento. Outro motivo foi pela adolescência ser um do momentos mais propícios para se falar sobre representatividade e naturalizar o comportamento das pessoas LGBTQIA+, por ser quando as questões sobre gênero e orientação sexual começam a ser questionadas. Informar e tirar dúvidas sobre esse conteúdo assim que se começa a ter contato com o tema contribui para que não haja desentendimentos sobre o assunto. Embora o público alvo sejam adolescentes, o livro não se limita exclusivamente a eles, sendo um material interessante para pessoas que gostam de livros infanto-juvenis, adultos LGBTQIA+ ou não, pais que estão lidando com filhos e/ ou filhas adolescentes LGBTQIA+, pessoas interessadas no tema, etc.
A primeira etapa foi pesquisar sobre o que os adolescentes fazem, o que gostam e como são. Por meio de uma pesquisa qualitativa com 10 pessoas, os resultados foram:
Figura 32
Figura 31
Figura 31 a 39 - Pesquisa qualitativa sobre vida pessoal Fonte: Pesquisa da autorat
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Figura 39
Figura 35
Figura 38
Figura 34
Figura 37
Figura 36
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Essa maior tendência a “se refugiar em casa com a tecnologia”, explica Mercedes Bermejo, psicóloga infanto-juvenil e de família e membro do Colégio Oficial de Psicólogos de Madri (COPM), faz com que “os jovens estejam deixando de desenvolver as competências emocionais para se relacionar com os outros”. A especialista acrescenta que eles parecem ter perdido o interesse em expressar suas emoções ou ver como estão os outros: “Agora, se você está triste, você não comunica isso, simplesmente coloca um emoji com uma carinha”. (BERMEJO apud SANOJA, 2019)
“ A chamada Geração Z (Z de Zapping) é uma nova geração, tendo surgido posteriormente à Geração Y. É caracterizada por pessoas que nasceram a partir de meados da década de 1990. É uma geração surgida conjuntamente com o avanço das novas tecnologias, acompanhando o novo mundo (pós Guerra Fria), ou seja, o chamado mundo tecnológico ou mundo virtual. Essa convivência cotidiana com aparelhos tecnológicos acabou propiciando para que essa nova geração aprendesse a usar várias tecnologias ao mesmo tempo, como por exemplo: acessar a Internet, escutar música e assistir TV. (OLIVEIRA, 2010, p.8)
“
“ 82
“
É uma geração altruísta, nada egoísta. Vai se mostrar forte e politicamente sensibilizada por questões como a desigualdade economia e social. E 95% pensam que se deve ajudar a quem precisa, mas estão muito desiludidos com a política tradicional.” De fato, segundo sua pesquisa, somente um de cada 10 confia em seu Governo. (VERDU, 2015)
“
“
tar as imagens nas redes sociais. Um dos aplicativos preferidos nesse segmento da população é o Snapchat, mediante o qual se pode mandar fotos e vídeos programados para se destruírem após segundos. Em tempos de WikiLeaks e da espionagem maciça da NSA, os novos heróis já não são as estrelas da música, mas personagens como Edward Snowden ou emergentes símbolos da justiça e da transparência. O mundo, tal qual deixaram seus antecessores, não lhes parece um lugar habitável. (VERDU, 2015)
Já a matéria “Geração Z mu dará o mundo”, de Daniel Verdu, fala de uma geração se mostra pronta para fazer com que o mundo seja completamente diferente:
“
De acordo com a matéria “Geração Z: antes mentíamos aos pais para sair, agora mentem aos amigos para ficar em casa” de Manuela Sanoja, essa geração tem tendência a se isolar:
Além disso, foi feita uma pesquisa sobre a geração z para entender o que a mídia online diz sobre eles. Em sua monografia “Geração Z: Uma nova forma de sociedade”, Gustavo Medeiros Oliveira define a geração Z da seguinte forma:
Levando o que foi comentado em consideração, foram elencadas as seguintes características nos adolescentes de hoje: Debates sobre empoderamento feminino, meio ambiente, gênero, sexualidade e raça; Multitarefas; Seguem influencers e youtubers, muitas vezes querendo ser como eles Tendência a isolamento; Uso excessivo das redes sociais; Vida conectada sem parar; Muitos jogam quase todos os dias; Mais amizades online do que offline.
Ainda na matéria de VERDU:
“ Na sensação de degradação do mundo a privacidade emerge como uma das preocupações decorrentes dos excessos do Big Data e de pais obcecados em gravar e fotografar os filhos e pos83
Resultados de pesquisa
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Resultados de pesquisa Usando como base a pesquisa dos fundamentos teóricos, analisei criticamente algumas peças midiáticas contendo personagens que se identificam ou que foram identificados como pertencentes da comunidade LGBTQIA+. A escolha dos conteúdos midiáticos se deu por meio de representatividade assertiva sobre a comunidade LGBTQIA+. Todas as séries, desenhos e HQs trazem personagens relevantes que podem contribuir para a normalização dessa minoria, além de ajudar na construção da autoestima dessas pessoas as colocando em cargos de liderança e com histórias que vão além de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Figura 40 - Capa de “Degrassi: Next Class” Fonte: Degrassi Fandon
Degrassi: Next Class Título português: Degrassi: a turma seguinte Título original: Degrassi: Next Class Diretor: Eleanor Lindo e Stefan Brogren País: Canadá Ano de estreia: 2016 Sinopse: Conta a história dos diversos estudantes do colégio Degrassi. É uma série adolescente, com as características mais marcantes dessa fase da vida, sendo cheia de conflitos, descobertas, amores, amizades e intensidade. Cada episódio aborda um tema diferente do universo teen, e apresenta tópicos importantes como aborto, feminismo, relacionamento homoafetivo, gênero, vícios, etc. Todos os personagens são desenvolvidos durante a trama, ganhando seu destaque e importância. Essa série foi escolhida por ser feita para adolescentes, e tratar sobre temas muito relevantes para 86
a comunidade LGBTQIA+. Degrassi: Next class consegue desenvolver personagens de todos os tipos sem fazer o uso de estereótipos, e nem representar os personagens LGBTQIA+ unicamente por sua orientação sexual ou identidade de gênero. Cada personagem escolhido para ser analisado tem grande relevância dentro da esfera que representa, ajudando adolescentes LGBTQIA+ a se sentirem contemplados nos conteúdos que consomem, e os não LGBTQIA+ a encararem com naturalidade e normalidade a diversidade.
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Zoe
Tristan
A personagem Zoe foi escolhida por ser uma mulher lésbica. Zoe faz parte do grêmio estudantil da escola, tem uma personalidade forte e teimosa e costuma fazer tudo que tem vontade. Zoe vai se descobrindo e se aceitando lésbica conforme a série se desenrola, e a maneira como tratam isso é bastante crível e sensível. Desde o começo Zoe mostra que tem interesse romântico por sua melhor amiga Grace. Em um primeiro momento Zoe se recusa a olhar para seus sentimentos mas aos poucos acaba admitindo para a amiga, que acaba retribuindo. As duas se separam quando Grace revela que estava tentando um relacionamento amoroso por gostar muito da amizade que tinham, também fala sobre sua heteroafetividade e sua atual paixão por um dos colegas de sala. Depois de Zoe assumir sua orientação sexual publicamente, sua família não a aceita pelo que é, e ela acaba morando com sua melhor amiga Grace. Apesar desses capítulos em sua história, Zoe acaba se relacionando com Rasha, uma imigrante refugiada da Síria, e as duas vão construindo um relacionamento bem sólido, terminando a série ainda juntas.
O personagem Tristan foi escolhido por ser um homem gay. Tristan é o presidente do grêmio estudantil, tem uma personalidade ambiciosa, liderança nata e muito orgulho de ser quem é. Tristan se identifica como homoafetivo, e durante boa parte da primeira temporada busca superar seu ex-namorado Miles. A orientação sexual de Tristan é colocada em evidência, por meio de vários encontros com garotos diferentes, mas em nenhum momento é a sua única característica.
Figura 41 - cena de “Degrassi: Next Class” onde Zoe (direita) beija Grace (esquerda) Fonte: Lesbian Media TV
Figura 42 - cena de “Degrassi: Next Class” com Rasha (esquerda) e Zoe (direita) Fonte: Phoenix New Times
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Ele e Miles acabam voltando depois de um tempo. Durante a trama Tristan acaba sofrendo um acidente e perdendo os movimentos das pernas temporariamente, e o casal acaba se separando quando Miles ganha uma bolsa de estudos no exterior.
Figura 43- cena de “Degrassi: Next Class” com Miles (esquerda) e Tristan (direita) Fonte: Degrassi Fandon
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Miles
Yael
O personagem Miles foi escolhido por ser biafetivo. Miles é um garoto rico e mimado, com personalidade instável e rebelde que busca ser aceito e amado. A história dele é cheia de abusos do pai, envolvimento com drogas e um relacionamento abusivo com a personagem Esme. Durante a série ele constantemente se sente incomodado com rótulos e não gosta de ser visto como confuso por se sentir atraído por meninos e meninas. No episódio“#eutenhocaradeque” Miles recebe um convite para estudar em uma escola renomada para escritores por fazer parte da comunidade LGBTQIA+, o que gera
incômodo no personagem por não se identificar dessa forma e se sentir mal por ser aceito devido essa característica ao invés de seu potencial. Com a ajuda do professor que o indicou, Miles acaba entendendo a importância de sua biafetividade para a formação de quem ele é, e o quanto seu ponto de vista como pessoa biafetiva seria enriquecedor para o programa de escritores. Miles se envolve com vários personagens durante a série, incluindo meninos e meninas, e apesar de ocorrerem momentos onde os demais personagens questionam sua orientação sexual, Miles se mantém firme e acaba se assumindo biafetivo.
A personagem Yael foi escolhida por ser uma pessoa genderqueer. Yael é uma pessoa tímida, que defende o que pensa com convicção e faz parte do Gamer Club do colégio junto com seus amigos e seu namorado Hunter. Yael é e* únicú* personagem genderqueer (uma pessoa que não se identifica nem como mulher nem como homem, uma pessoa não-binária) em Degrassi. Todo o processo de mudança e identificação de Yael acontece de forma bastante fluida e humanizada, passando por etapas de questionamento sobre papéis de gênero, recusa ao segui-los (Yael não se depila mesmo com o namorado incomodado, por exemplo), incômodo com o próprio corpo, pedidos de ajuda sobre maneiras mais confortáveis de se vestir para sua amiga Lola, até chegar na conclusão e aceitação de ser genderqueer. Na série os amigos de Yael apoiam sua mudança e se adaptam rapidamente aos pronomes que elú* prefere, e o namorado acaba terminando o relacionamento por não aceitá-le*.
Figura 45- cena de “Degrassi: Next Class” com Hunter (esquerda) e Yael (direita) Fonte: Amino Appsi
Figura 46 - cena de “Degrassi: Next Class” com Lola (esquerda) e Yael (direita) Fonte: Vulture
Figura 44- cena de “Degrassi: Next Class” com Winston (esqueda), Esme (meio) e Miles (direita) Fonte: Netflix
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Holt
Figura 47 - Alguns personagens de Brooklyn 99 Fonte: Observatorio do cinema
Brooklyn 99 Título original: Brooklyn 99 Diretores: Christopher Miller (II),Craig Zisk, Jason Ensler, Phill Lord e Troy Miller. País: EUA Ano de estreia: 2013 Sinopse: É uma série de humor que conta o cotidiano de uma delegacia em Brooklyn, Nova York. Embora seja uma série de investigação policial, Brooklyn 99 foca muito mais nos relacionamentos entres os personagens e seu desenvolvimento pessoal do que na resolução dos casos policiais apresentados. Cada personagem tem seu destaque e importância, fazendo com que todos sejam bem desenvolvidos sem precisar usar de estereótipos para ser engraçado. Essa série foi escolhida por se tratar de uma série de comédia e ter personagens LGBTQIA+. É interessante observar que a re-
presentatividade foi muito bem pensada, pois em nenhum momento fazem qualquer tipo de piada sobre a orientação sexual dos personagens, algo muito comum em conteúdos humorísticos. Brooklyn 99 cria uma atmosfera onde todos os personagens entendem e respeitam os outros.
O personagem Capitão Holt foi escolhido por ser um homem gay. Capitão Holt é o capitão da delegacia, sua personalidade é séria, centrada, rígida com as regras e reservada. Holt é assumidamente homoafetivo, e tem orgulho de ser quem é, isso é apresentado por meio de diálogos onde ele assume sua orientação sexual sem medo, e também por detalhes sutis, como uma bandeira LGBTQIA+ em sua mesa. A sexualidade de Holt é tratada apenas como uma das inúmeras características dele, fazendo com que não seja algo anormal ou incomum. O relacionamento com seu marido também é apresentado de maneira casual e natural, como qualquer outro relacionamento. Apesar dessa normalização, a série nunca deixa de lado o preconceito enfrentado pelo personagem sendo um policial gay negro e a importância dessa característica para a construção de Holt.
Figura 48- cena de “B99” com Capitão Holt em sua mesa Fonte: Amino Apps
Figura 49- cena de “B99” com Capitão Holt (esquerda) e seu marido Kevin (direita) Fonte: SBS
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Rosa A personagem Rosa Diaz foi escolhida por ser uma mulher biafetiva. Rosa Diaz é uma mulher reservada, durona, misteriosa e valente. Ela é uma das detetives da delegacia, e se mostra bastante discreta e reservada sobre sua vida pessoal, não deixando seus amigos de trabalho descobrirem sobre seu passado ou até coisas mais simples como o endereço de sua casa. Apesar de todo cuidado com a exposição de sua vida, Diaz acaba assumindo sua biafetividade quando seu amigo Boyle a enche de perguntas após pegá-la
sendo carinhosa ao telefone. A biafetividade de Diaz é tratada de forma natural, mostrando como são os relacionamentos nos quais ela entra, como o conturbado noivado com o ex-colega de trabalho Pimento, o jovial namoro com Marcus, sobrinho do capitão Holt ou o carinhoso relacionamento com Jocelyn. Ao assumir sua orientação sexual ela é acolhida por todos os demais personagens. Um ponto relevante para se destacar é que Diaz não se descobre bi, ela apenas assume isso publicamente.
Figura 50 - cena de “B99” com Rosa (direita) e Jocelyn (esquerda). Fonte: Pride TV
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Figura 51 - Korra Fonte: Polygon
A lenda de Korra Título original: The legend of Korra Diretores: Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko País: EUA Ano: 2012 Sinopse: “A lenda de Korra” é a continuação de “Avatar: A lenda de Aang”, e conta a história da nova reencarnação de Avatar: Korra, uma jovem destemida e rebelde nascida na Tribo da Água do Sul. Como Avatar, sua missão é estabelecer o equilíbrio entre as nações, sendo um grande líder espiritual e ponte entre o mundo material e o mundo dos espíritos. A série é dividida em quatro partes e em cada uma Korra aprende mais sobre quem é e usa isso para se superar, vencer seus medos e seus inimigos. A escolha deste desenho se deu por ser uma série para crianças e
adolescentes que fala sobre autoconhecimento e evolução, e tem personagens biafetivas como protagonistas fortes e decididas, ajudando a desconstruir a ideia de que pessoas biafetivas são confusas.
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Korra
maneira fluida durante a série. É relevante pontuar que série não se preocupa em definir a orientação sexual da personagem como ponto central. No começo ela conhece Mako, um dobrador de fogo, e acaba se apaixonando. No entanto, ela não é a única a se apaixonar pelo rapaz, competindo a atenção dele com Asami. Mako acaba se envolvendo com Asami, mas o relacionamento dos dois acaba quando ele percebe que sente algo forte por Korra, e os dois assumem um relacionamento.
Korra é a personagem principal da série e foi escolhida por ser biafetiva. Korra é uma personagem muito forte, que não foge de suas lutas e ao mesmo tempo é vulnerável. A maneira como representam Korra é muito sensível, explorando sua humanidade e sentimentos instáveis como medo e insegurança, fazendo com que o público se conecte facilmente com a personagem. Korra é uma personagem bissexual, e essa característica é trabalhada de
Conforme o relacionamento se desenvolve, os dois decidem se tornar apenas bons amigos, por notarem a incompatibilidade existente entre eles. Na segunda metade da série, Korra se aproxima de Asami, e as duas acabam se apaixonando, mostrando que Asami também é biafetiva. Apesar da animação não deixar explícito o relacionamento das duas, fica claro nas cenas finais que elas estão juntas, ao
planejarem uma viagem e irem de mãos dadas. Já na comic publicada tempos depois do desenho, o relacionamento delas é mostrado de forma explícita. É interessante observar que no desenho de alcance mundial o relacionamento delas ficou subentendido, mas na comic, que é algo mais reservado, pode-se mostrar sem medo o que elas tinham.
Figura 53 - cena de “A Lenda de Korra” com Korra (esquerda) e Asami (direita) Fonte: Nebulla
Figura 52 - cena de “A Lenda de Korra” com Marcus (esquerda) e Korra (direita) Fonte: AV TV Club
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Figura 54 - cena da comic “A Lenda de Korra” com Korra (esquerda) e Asami (direita) Fonte: Comic Book TV
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Steven
Figura 55 - Cena da introdução de Steven Universe Fonte: Youtube
Steven Universo Título original: Steven Universe Diretora: Rebecca Sugar País: EUA Ano de estreia: 2013 Sinopse: Steven Universo é um desenho da Cartoon Network, e mostra as aventuras de Steven e as Cristal Gems, uma espécie de aliança rebelde formada por alienígenas que protegem a Terra. O desenho foi escolhido por ter como público-alvo as crianças e adolescentes, e tratar temas como relacionamentos amorosos (LGBTQIA+ ou não), amizade e autoconhecimento com muita sensibilidade.
Steven foi escolhido por ser um homem cisgênero que quebra os padrões de papel de gênero, inspirando as crianças e adolescentes ao redor do mundo a serem quem são sem medo. Steven é o personagem principal do desenho. Sua personalidade é alegre, empática, gentil e carinhosa. Ele herdou os poderes de sua mãe Rose Quartz, e vemos durante as 5 temporadas ele se desenvolvendo e aprendendo a lidar com os conflitos deixados por sua mãe. Ele está sempre disposto a ajudar quem ama e proteger seu planeta. Apesar de não pertencer a comunidade LGBTQIA+, esse personagem tem muita relevância no debate sobre papéis de gênero.
Steven não segue os padrões culturais sobre comportamento masculino, ele não se mostra envergonhado ao chorar, falar sobre seus sentimentos, admitir seus erros. Ele se mostra confiante em ser do jeito que é inclusive ao usar roupas femininas para substituir sua amiga Sadie em uma apresentação. Ele não tem medo de ser quem é, e a série contribui para a normalização desse comportamento mostrando que todos ao redor o aceitam do jeito que é.
Figura 56 - cena de “Steven Universo” com Steven Fonte: Steven Universe Fandom
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Pérola
Rose
Pérola foi escolhida por ser uma mulher lésbica. Pérola é uma das guardiãs de Steven. Sua personalidade é pragmática, perfeccionista e inteligente. Ela foi a primeira a se juntar à Rose Quartz para formar as Cristal Gems, sendo a chave para proteger a Terra quando enfrentaram as Diamonds (líderes do universo que comandam todos os planetas e queriam destruir a Terra). Durante todas as temporadas, Pérola não esconde de ninguém seu amor incondicional por Rose, mãe de Steven, revelando que ela é uma personagem lésbica. A história das duas vem de
milhares de anos, mas acaba não tendo um final feliz, pois Rose se apaixona por Greg e resolve dar a luz à Steven, sacrificando sua própria vida. Pérola fica devastada, entretanto aceita a missão de ser uma das cuidadoras de Steven.
Rose foi escolhida por ser uma mulher que se encontra entre biafetiva e panafetiva. Rose é a mãe de Steven, e líder das Cristal Gems. Sua personalidade é amorosa e dócil. Ela acaba se sacrificando para dar a luz ao Steven. Tinha grande carinho por todas as formas de vida e acreditava que valia a pena defender isso. Seu coração gigante permitia que ela amasse profundamente todos
e todas a sua volta. Implicitamente é mostrado que ela se envolve com Pérola, mostrando que elas tiveram uma história juntas. Algum tempo depois, Rose acaba conhecendo Greg e se entregando completamente ao relacionamento. O que indica que ela se encontra entre biafetiva ou panafetiva por se relacionar com pessoas de diferentes gêneros.
Figura 58 - cena de “Steven Universe” com Rose Quartz (esquerda), Pérola (meio) e Greg (direita) Fonte: AV TV Club
Figura 57 - cena de “Steven Universe” com Pérola Fonte: EW
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Figura 59 - cena de “Steven Universe” com Rose Quartz (esquerda) e Greg (direita) Fonte: Reddit
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Rubi e Safira
Um dos pontos mais relevantes sobre esse desenho é o casamento entre as duas. Tratar de um tema tão delicado dentro de um desenho infantil pode parecer um desafio enorme, mas é mostrado de maneira natural e fluida, sem sexualizar o relacionamento das duas e nem tratar como algo anormal. O foco durante todo o envolvimento de Rubi e Safira é a força do amor delas.
Rubi e Safira foram escolhidas por formarem o casal mais icônico do desenho, sem causar polêmicas sobre isso ou tratar de uma maneira anormal. Dentro do universo criado pelo desenho, as gems conseguem se fundir umas com as outras, levando em conta suas características físicas e emocionais. Uma fusão é a personificação de um relacionamento, e pode se desfazer quando as gems envolvidas entram em conflito. Rubi e Safira formam Garnet, a atual líder das Cristal Gems e uma das guardiãs de Steven. Garnet é a personificação do amor de Rubi e Safira. Como o relacionamento das duas é estável e forte, elas passam quase o tempo inteiro como Garnet. Apesar do relacionamento saudável e consolidado que elas têm, o desenho nos mostra que mesmo relacionamentos assim acabam tendo conflitos, o que ajuda a passar a ideia de que relacionamentos LGBTQIA+ são como qualquer outro. Em todos os conflitos, elas acabam se acertando ao conversarem uma com a outra e sempre se fundem novamente, voltando a ser Garnet.
Figura 60 - cena de “Steven Universe” com Garnet Fonte: Study Breaks
Figura 61 - cena de “Steven Universe” com Rubi (esquerda) e Safira (direita) Fonte: Steven Universe Fandom
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Figura 62 - cena de “Steven Universe” com Rubi (esquerda) e Safira (direita) casando. Fonte: Metro Jornal
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Zoe Zoe foi escolhida por ser uma pessoa que se encontra entre biafetiva e panafetiva. Zoe é a personagem principal da HQ e tem apenas um olho, fazendo parte dos “monstros”. Ela tem a personalidade animada, alegre, extrovertida e sociável. Zoe é uma pessoa muito apegada a sua melhor amiga Franny e gosta de passar seu tempo livre com amigos, saindo para festas, jogando, conversando ou assistindo filmes. No início da HQ, Zoe sai com um garoto chamado Ben, que acaba
Figura 63 - Capa de “Monster Pop!” Fonte: Monster Pop
Monster Pop! Título original: Monster Pop! Criadora: Maya Kern País: EUA Ano de estreia: 2014 Sinopse: “Monster Pop!” é uma HQ publicada digitalmente na plataforma de quadrinho chamada “Tapas”, e mostra o cotidiano de um grupo de amigos que estudam juntos. No universo construído na HQ, monstros e humanos convivem no mesmo mundo, às vezes de forma pacífica, às vezes de forma intolerante. Essa HQ trabalha temas como amizade, ciúmes, rejeição, amor, auto aceitação e diversidade, tudo com muita sensibilidade mostrando maneiras maduras de se lidar com os altos e baixos da vida. Essa HQ foi escolhida por trabalhar muito bem a representatividade LGBTQIA+ e racial, mostrando personagens com vários tipos de corpos, cores, orientação sexual e identidade de gênero.
sendo preconceituoso ao não aceitar que ela tem apenas um olho. Os dois acabam terminando. Com o passar da história, vemos Zoe se apaixonar por Marina, uma de suas amigas da escola, deixando evidente que Zoe é biafetiva ou panafetiva. Em nenhum momento isso é tratado com estranheza ou mostrado como uma descoberta, dando a entender que no universo criado na HQ a orientação sexual é mais bem aceita do que no mundo real.
Figura 64 - cena de “Monster Pop!” com George (esquerda) e Marina (meio) Fonte: Tapas
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Percy
Marina
Percy foi escolhido por ser um homem trans. Percy tem a personalidade tímida e reservada. Logo no início da série vemos ele e Franny se apaixonando e assumindo um relacionamento sério. A HQ não explora muito a história desse personagem sobre sua transição, mostrando apenas que sua família não lida muito bem com sua identidade de gênero, ocorrendo o erro de continuar o chamando por seu nome feminino, ou o constrangimento que ele sente sobre seu próprio corpo na primeira vez que Franny o beija. Em nenhum momento os demais personagens questionam seu gênero ou se incomodam de alguma forma, fazendo com que Percy seja acolhido e aceito no grupo.
Marina foi escolhida por ser uma mulher lésbica. Marina é uma monstro, sua personalidade é corajosa, empática e sociável. Marina é apaixonada por coisas nerds, está sempre disposta a acolher seus amigos, costuma se sentir envergonhada com frequência e encara seus medos de frente. Ela é lésbica, e a primeira vez que isso aparece é quando Marina se apaixona por Franny. No decorrer da HQ descobrimos as outras paixões de Marina, todas mulheres. Mais uma vez, a orientação sexual da personagem é retratada de forma normal e muito bem aceita.
Figura 65 - cena de “Monster Pop!” com Percy (esquerda) e Franny (direita) Fonte: Tapas
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Figura 66 - cena de “Monster Pop!” com Marina (esquerda) e Franny (direita) Fonte: Tapas
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Todd
Figura 67 - Cena de “Bojack Horseman” Fonte: Medium
Bojack Horseman Título original: Bojack Horseman Diretores: Amy Winfrey, J. C. Gonzalez, Joel Moser, Martin Cendreda e Raphael Bob-Waksberg País: EUA Ano de estreia: 2014 Sinopse: BoJack Horseman é uma série de humor ácido, que mostra a vida de BoJack, uma estrela da TV em decadência, que leva uma vida autodestrutiva, regada a drogas, relações fracassadas e baixa auto-estima. A série mostra como ele vai se descobrindo, aceitando ajuda e reerguendo sua carreira junto com sua amiga Diane, seus companheiros Todd e Mr. Peanutbutter, além de sua empresária Princesa Caroline. Apesar de se enquadrar como comédia dedicada a adultos, Bojack Horseman foi escolhida por falar sobre uma orientação sexual que raramente é representada: assexualidade. Mesmo se tratan-
Todd é o único personagem assexual encontrado nas pesquisas sobre essa orientação em séries de alcance mundial. No começo da série, Todd é apenas um cara que não foi embora depois de uma festa na casa de BoJack e acabou morando com ele. Sua personalidade é gentil, passiva, criativa e aventurosa. Ele é mostrado sempre na dele, cuidando de sua própria vida e tendo ideias mirabolantes de empreendimento. Sem grandes interesses em relacionamentos amorosos, Todd acaba se descobrindo assexual com o passar da série, logo
após perceber que não se sente atraído sexualmente por sua companheira e melhor amiga Emily. A grande frase sobre seu descobrimento foi “Eu não sou gay. Tipo, eu acho que não sou gay… Mas eu não sou hétero também. Eu não sei o que eu sou. Eu acho que talvez eu não seja nada” o que gerou elogios por parte da comunidade assexual ao se identificarem com o sentimento. Todd também acaba assumindo sua assexualidade falando para todas as pessoas próximas como se sente e como se identifica.
do de uma comédia de humor ácido, em nenhum momento se faz piada sobre a orientação sexual do personagem, sendo esta muito bem trabalhada e representada.
Figura 68 - cena de “BoJack Horseman” com Todd (esquerda) e Emily (direita) Fonte: Archer Magazine
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dentro da lei de pornografia e conteúdo impróprio para menores é censura em último nível. É baixo. É covarde. E nós como sociedade não podemos aceitar. A partir do momento que a gente abrir concessão para aceitar que o prefeito Crivella faça isso na Bienal do Livro do Rio nós simplesmente abrimos uma porta para a repressão. Uma porta que pode degringolar para um controle absoluto e autoritário do entretenimento que a gente consome. (NETO, 2019)
Durante o levantamento de obras foi observado que o tema não é tão representado na literatura quanto nas outras mídias, mesmo que esta arte esteja presente em boa parte da vida das pessoas. Outro ponto relevante para ser mencionado é o caso de censura que ocorreu recentemente na Bienal do livro no Rio de Janeiro (06/09/2019). Marcelo Crivella, atual prefeito do Rio de Janeiro, pediu para fiscais da prefeitura recolherem todos os exemplares da HQ “Vingadores, a cruzada das crianças” alegando que o material afrontava o Estatuto da Criança e do Adolescente. A HQ não continha conteúdo erótico ou impróprio para menores, mas continha um beijo gay entre dois heróis. Felipe Neto, youtuber, reagiu ao caso de censura comprando 14 mil livros de temática LGBTQIA+ para distribuir gratuitamente durante a Bienal do Livro do Rio como um ato contra a censura. Em seu vídeo sobre o ato, NETO diz:
“ Segundo o site O Globo – Cultura, a ação do prefeito teve um efeito inesperado:
“ A tentativa de censura acabou ajudando na promoção daquilo que se queria censurar. E os beneficiados foram além da “Vingadores: Cruzada das Crianças” — título da Marvel onde aparecia o tal beijo que ofendeu
“ Amor não deve ser censurado, afeto não deve ser censurado, afeto não pode ser proibido para menores. (...) Enquadrar o afeto homossexual 110
o prefeito —, que teve todos os exemplares vendidos. Refletiu-se também no aumento de público nos estandes e de livros comprados em geral. No último sábado de evento, algumas editoras triplicaram o faturamento em relação ao mesmo dia na edição anterior. E a alta procura não estava relacionada apenas a livros com temática LGBT, mas a todos os títulos do catálogo. (GRINBERG, 2019)
“
Literatura
Esse caso nos mostra a importância de se continuar produzindo conteúdos LGBTQIA+ na literatura, especialmente em um momento político tão conturbado. A proposta desse projeto foi a criação de um livro que contribuisse para o melhor entendimento sobre orientação sexual e identidade de gênero, trazendo representatividade LGBTQIA+ por meio de personagens interessantes. A intenção foi colaborar no debate sobre o tema proporcionando uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas.
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Requisitos para o projeto
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Conteúdo do projeto O livro é dividido em três partes.
Parte um: Contos
Parte dois: Lista de personagens
Parte três: Glossário
O livro tem contos do cotidiano que apresentam diversos personagens, fazendo com que o público consiga se identificar facilmente. Em uma breve pesquisa sobre os principais livros lidos por essa faixa etária, foram encontrados alguns títulos como “Meu pop virou Kpop” e “Laurices” ambos escritos por influencers atuais. Já na area da literatura infanto juvenil não biográfica, foram encontrados títulos como “As vantagens de ser invisível”, “A culpa é das estrelas”, e “Fazendo meu filme”. Todos esses livros contam histórias de adolescentes vivendo suas vidas, seja seus gostos, descobrindo amores, se descobrindo e sonhando, o que revela que o público alvo se interessa por conteúdos que falem sobre sua fase de vida e as descobertas relativas a ela. Foi indispensável trazer assuntos quase imutáveis da adolescência, como insegurança sobre futuro, primeiros amores e decepções amorosas, relacionamento com a família, autoconhecimento e amizade.
O livro contém uma lista dos personagens, explicando individualmente sobre sua orientação sexual e identidade de gênero, junto com um conto sobre sua descoberta como pessoa LGBTQIA+. Para a elaboração dos personagens, foi levado em conta a pesquisa qualitativa feita com pessoas LGBTQIA+ sobre como gostariam de ser representadas (disponível em anexos) e as análises dos conteúdos midiáticos selecionados. Para que as informações chegassem com uma linguagem acessível e atual, foi feita uma pesquisa sobre como as mídias impressas (livros e revistas) se comunicam com esse público (disponível em anexos). O livro foi feito de forma colaborativa, trazendo ilustrações de pessoas LGBTQIA+. Para isso entrei em contato com pessoas conhecidas que eram assumidamente LGBTQIA+ e estavam envolvidas com a arte. A escolha de ser algo colaborativo foi pensada para trazer diversidade.
Essa parte tem um cunho didático, explicando os diversos termos e problematizando o tema usando os dados levantados nos fundamentos teóricos.
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Estudos de concepção
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Projeto gráfico
Painéis semânticos
Formato do livro Após pesquisa de campo, analisando diversos formatos de livros, foi constatado que muitos livros para adolescentes possuem o formato de 150mm x 230mm. Sendo um tamanho que cabe facilmente em mochilas e bolsas maiores.
Os painéis semânticos foram criados para serem usados como base para o desenvolvimento da linguagem visual do projeto.
Ilustração para contos Esse painel semântico foi criado para ter como base no desenvolvimento das ilustrações e da linguagem visual pensada para os contos. As colagens manuais, o estilo orgânico que a diagramação assume pode remeter a páginas de diários, fazendo com que o leitor se sinta mais próximo dos personagens.
Diagramação Por ser um projeto que mistura texto e ilustração, a diagramação foi pensada para valorizar ambos. Deixando páginas só para textos e páginas só para ilustração. Acabamento Com o intuito de ser um livro de alta duração, que possa passar por várias mãos sem o perigo de rasgar ou estragar facilmente, foi pensado em um livro de capa dura. Além disso, as páginas serão necessariamente coloridas, assim como a capa.
Figura 69 - Painel de ilustração para contos Fonte: Compilação da autora
Ilustração dos personagens Esse painel semântico foi criado para ter como base no desenvolvimento das ilustrações dos personagens. É possível notar os diferentes traços e estilos presentes no painel, a ideia é trazer diversidade e exclusividade para cada personagem, focando em sua personalidade e universo particular.
Figura 70 - Painel de ilustração de personagem Fonte: Compilação da autora
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Desenvolvimento projetual
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Quais letras representar?
Quais são as suas cores?
A primeira etapa do projeto foi definir quais orientações sexuais e identidades de gênero seriam representadas no livro. A escolha foi pensada dando prioridade para aquelas que não são muito faladas:
O título escolhido foi “Quais são as suas cores?” brincando com a ideia de que cada experiência e cada característica nossa tem uma cor. E são elas que nos fazem ser quem somos. Assim como as experiências, as cores são vastas, fluidas e singulares. Elas trazem sensações, sentimentos e histórias. Nosso mundo não é preto e branco, e sim uma gama de cores. A vida é colorida, a vida é diversa. Além disso, o título também foi pensado fazendo referência às bandeiras coloridas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. A proposta de ser um pergunta também foi pensada, tendo em vista que o público alvo estão na adolescência, fase da vida na qual surgem muitos questionamentos.
Agênero (identidade de gênero)
Lésbica (orientação sexual)
Assexuais/Ace (orientação sexual)
Mulher trans (identidade de gênero)
Bi (orientação sexual)
Não binárie (identidade de gênero)
Gay (orientação sexual)
Pan (orientação sexual)
Gênero fluido (identidade de gênero)
Queer (orientação sexual/ identidade de gênero)
Homem trans (identidade de gênero)
Cores um as páginas do diário O título da primeira parte do livro é “Cores um - as páginas dos diários”, a intenção foi apresentar os personagens por meio de trechos importantes de suas vidas. A ideia de usar “diários” foi para dar o tom de algo mais íntimo, introduzindo para os contos que são em primeira pessoa, sempre focando em seus sentimentos, facilitando ao leitor a identificação com os personagens. As cores usadas nas aberturas de cada conto fazem referência às emoções dos personagens ou ao contexto dos contos.
Intersexo (condição biológica que não se encaixa completamente no sexo binário)
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Temas dos contos
Estética das ilustrações dos contos
Os temas foram pensados levando em consideração a pesquisa sobre o universo teen, experiências pessoais e a pesquisa qualitativa sobre hábitos dos adolescentes comentada anteriormente. O intuito nessa etapa foi trazer temas quase imutáveis da adolescência, como o medo de não ser aceito, as dúvidas sobre profissão, o primeiro amor e até o primeiro fora, para então mesclar com as características da geração Z, como o uso das redes sociais ou a tendência ao isolamento. Os temas foram (seguindo a ordem do livro):
Para tornar mais pessoal, todas as ilustrações nesta parte foram feitas manualmente, misturando técnicas e materiais como colagem, aquarela, nanquim e tinta guache.
Figura 73 - Ilustração do conto de Dominique. Fonte: Arte da autora.
1. Dúvida sobre qual profissão seguir e vestibular; 2. Amizade de infância que já não existe mais; 3. Primeiro amor; 4. Problemas para se aceitar; 5. Masculinidade tóxica; 6. Estar apaixonada 7. Ser asiática amarela no Brasil; 8. Levar um fora; 9. Depressão; 10. Cyberbullying; 11. Conflito com a família; 12. Rotina de estudos; 13. Assédio sexual; 14. Aborto.
Figura 71 - materias utilizados Fonte: Foto da autora
Figura 72 - processo de criação Fonte: Foto da autora
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Figura 74 - Ilustração do conto de Otávio. Fonte: Arte da autora.
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Cores dois muito mais do que uma bio nas redes sociais
Desenvolvimento dos personagens Entrevista
Nessa parte a ideia foi apresentar os personagens novamente, porém de uma maneira mais próxima ao das redes sociais, usando a palavra “bio”. Em “cores dois - muito mais do que uma bio nas redes sociais” os personagens contam sobre suas vidas de maneira bem informal, como se contassem para uma pessoa amiga que está conhecendo. Cada personagem recebeu uma bio (biografia) que conta um pouco sobre sua vida: seus relacionamentos familiares, sua rotina, desafios, inseguranças, sonhos, etc. Com textos em primeira pessoa, o intuito foi fazer com que o público alvo não apenas conheça mais os personagens, mas consigam se identificam mais facilmente com eles, tornando o texto mais íntimo. As cores usadas nas aberturas de cada bio fazem referência às bandeiras da identidade de gênero ou orientação sexual do personagem que será apresentado. Outra questão importante foi o uso da linguagem neutra. É uma forma de se comunicar sem demarcar o gênero das pessoas. Por exemplo, ao invés de se usar “todos” se usa “todes”. Existem várias formas de se usar a linguagem neutra, e no livro foi escolhido o uso do “e”.
Foram coletadas algumas entrevistas (anexo c), com pessoas que se disponibilizaram a contar um pouco sobre suas histórias. As entrevistas foram feitas online, e as pessoas ficaram sabendo do projeto por meio das redes sociais. A parte da entrevista foi essencial para o projeto. A coleta de depoimentos de pessoas com diferentes orientações afetiva-sexuais e identidades de gênero contribuiu para o entendimento de como essas pessoas se sentiam, como são essas vivências LGBTQIA+ individuais, e principalmente para auxiliar no desenvolvimento dos personagens.
Personagens
Foram desenvolvidos 14 personagens, e todos são LGBTQIA+. Todos eles são autorais, não sendo inspirados ou copiados de outros lugares. O guia para o processo de criação foi a proposta de mostrar pessoas LGBTQIA+ não sendo resumidas a suas orientações afetiva-sexuais e/ ou identidades de gênero. Os personagens foram pensados para que fossem adolescentes com uma vida como qualquer outra, com suas dúvidas, seus problemas, suas alegria, suas amizades, etc. 126
Estética das ilustrações dos personagens
O ponto chave na criação das bios foi misturar as questões da adolescência com as questões dos personagens serem pessoas LGBTQIA+, como a não aceitação por parte da família, o medo ao notar os primeiros sinais da paixão ou as dúvidas sobre quem se é.
Na segunda parte do livro, as ilustrações foram digitais, o que contribui para a identificação com as artes postadas online nas mais diversas plataformas.
Colaboradoras
O motivo do projeto ser colaborativo se deu a partir da ideia de que trazer mais pessoas LGBTQIA+ para participar também seria uma forma de tornar o livro mais representativo. Como dito anteriormente (página 73), a representatividade por trás de quem produz o conteúdo é de grande importância, é dar voz às pessoas que vivem isso diariamente. Com os personagens desenvolvidos, as colaboradoras ficaram encarregadas de ilustrá-los. As colaboradoras receberam as bios dos personagens por e-mail, junto com o dia para entrega, tendo total liberdade para ilustrar os personagens como elas imaginaram que seriam. O único pedido foi que colocassem fundos nas ilustrações, para que seguissem o padrão de ocupar uma página inteira no livro. As colaboradoras chamadas são pessoas que já estão envolvidas nas artes e são assumidamente LGBTQIA+. As diferenças nos desenhos trouxe para o projeto diversidade também.
Figura 75 - Ceci. Fonte: Ilustração de Thayná Reis
Figura 76 - Mayra. Fonte: Ilustração de Mariana Luiza
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Glossário A última parte do livro é um glossário contendo as definições dos diversos termos usados no livro. O glossário foi feito utilizando as pesquisas realizadas sobre identidade de gênero e orientação sexual.
Figura 77 - Rascunho e final de Kevin. Fonte: Ilustração de Bárbara Yamasaki.
Figura 79 - Paginas do glossário. Fonte: Ilustração de Bárbara Yamasaki
Figura 78 - Rascunho e final de Helena. Fonte: Ilustração de Bárbara Yamasaki.
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Marina Idade: 17 anos Personalidade: sonhadora, amorosa e sorridente. Orientação afetiva-sexual: lésbica Identidade de gênero: mulher cis Tema do conto: Primeiro amor;
Ficha dos personagens A seguir coloquei a ficha dos 14 personagens presentes no livro
Kevin Idade: 17 anos. Personalidade: carismático, extrovertido e um pouco carente. Orientação afetiva-sexual: ace (assexual). Identidade de gênero: homem cis. Tema do conto: Dúvida sobre qual profissão seguir e vestibular;
Anaê Idade: 14 anos. Personalidade: curiosa, criativa e excêntrica. Orientação afetiva-sexual: pansexual. Identidade de gênero: gênero fluido. Tema do conto: Problemas para se aceitar;
Mirela Idade: 15 anos. Personalidade: curiosa, tímida, doce e alegre. Orientação afetivo-sexual: lésbica. Identidade de gênero: mulher trans. Tema do conto: Amizade de infância que já não existe mais;
Dominique Idade: 15 anos. Personalidade: comunicativo, generoso e determinado. Orientação afetiva-sexual: me sinto atraíde por garotas. Identidade de gênero: não binárie. Tema do conto: Masculinidade tóxica
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Diego Idade: 17 anos. Personalidade: um pouco mal humorado, companheiro, intenso, dedicado e ágil. Orientação afetiva-sexual: biafetivo. Identidade de gênero: homem trans. Tema do conto: rotina de estudos.
Ceci Idade: 14 anos. Personalidade: tímida, mente aberta, curiosa e um pouco insegura. Orientação afetiva-sexual: pansexual. Identidade de gênero: mulher cis. Tema do conto: estar apaixonada
Lorena Idade: 16 anos. Personalidade: calma, pé no chão, extrovertida e diplomata. Orientação afetiva-sexual: pan. Identidade de gênero: mulher cis. Tema do conto: assédio sexual
Mayra Idade: 15 anos. Personalidade: tranquila, amigável e proativa. Orientação afetiva-sexual: queer. Identidade de gênero: queer. Tema do conto: Ser asiática amarela no Brasil
Helena Idade: 17 anos. Personalidade: sensível, prestative, solidárie e impaciente. Orientação afetiva-sexual: ainda estou descobrindo. Identidade de gênero: agenero. Tema do conto: aborto
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Yago Idade: 15 anos. Personalidade: romântico, aventureiro, divertido e animado. Orientação afetiva-sexual: gay. Identidade de gênero: homem cis. Tema do conto: levar um fora
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Otávio Idade: 17 anos. Personalidade: confiante, crítico, carinhoso e muito amigo. Orientação afetiva-sexual: ace (assexual) Identidade de gênero: homem intersexo. Tema do conto: depressão
Padrões cromáticos
Sofia Idade: 18 anos. Personalidade: determinada, humanitária e grande senso de justiça. Orientação afetiva-sexual: heteroafetiva. Identidade de gênero: mulher trans. Tema do conto: cyberbullying
Bernardo Idade: 16 anos. Personalidade: extrovertido, animado, exibicionista, inseguro e engraçado. Orientação afetiva-sexual: biafetivo Identidade de gênero: homem cis. Tema do conto: conflito com a família
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Como dito anteriormente, na primeira parte do livro (Cores um as páginas dos diários), as cores de abertura de conto utilizadas fazem referência às emoções dos personagens ou ao contexto dos contos. Enquanto na parte dois (Cores dois muito mais do que uma bio nas redes sociais) as cores usadas nas aberturas de cada bio fazem referência às bandeiras da identidade de gênero ou orientação afetiva-sexual do personagem apresentado.
Kevin
Anaê
Conto - verde esperança e medo sobre o futuro
Conto - azul turquesa escuro visão turva, como uma janela suja
Bio - cinza cor presente na bandeira assexual
Bio - rosa cor presente na bandeira de gênero fluido
Mirela
Dominique
Conto - amarelo pastel infância que já foi (cor desbotada)
Conto - azul “azul é cor de menino”
Bio - rosa cor presente na bandeira da mulher trans
Bio - roxo cor presente na bandeira não binarie
Marina
Ceci
Conto - rosa queimado primeiro amor
Conto - rosa claro delicadeza da paixão
Bio - vermelho cor presente na bandeira lésbica
Bio - amarela cor presente na bandeira pan 135
Tipografia Opções texto corrido
Mayra
Bernardo
Conto - amarelo cor faz referência a sua pele
Conto - dourado cor que pode remeter a festas
Bio - verde cor presente na bandeira queer
Bio - roxo cor presente na bandeira bi
Yago
Diego
Conto - vermelho amarronzado cor do fogo que pode aquecer ou queimar
Conto - azul desbotado uniforme escolar
Bio- laranja cor presente na bandeira gay
Bio - azul escuro cor presente na bandeira do homem trans
Otávio
Lorena
Conto - azul escuro e preto solidão e medo causado pela depressão
Conto - verde musgo nojo e medo
Bio - roxo cor presente na bandeira intersexo
Bio - azul cor presente na bandeira pan
Sofia
Helena
Conto - bege cor presente na areia e no pôr do sol
Conto - vermelho sangue
Bio - rosa cor presente na bandeira da mulher trans
Bio - verde cor presente na bandeira agênero 136
Livvic ABCDEFGHIJKLMNOPQRS TUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
A primeira parte foi definir que seria uma tipografia sem serifa. A escolhida foi a Laca, por ser uma tipografia que se diferencia em suas formas sem perder a legibilidade. Suas formas mais curvas também foram decisivas para a escolha, para que o livro tivesse o ar mais juvenil.
Laca ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU VWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz Open sans ABCDEFGHIJKLMNOPQRS TUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz Opções títulos
Daniel ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
A tipografia para títulos seria para escrever os nomes dos personagens antes de introduzí-los. Sendo assim procurei por uma tipografia manuscrita, para trazer o toque humano e manual presente no livro. A escolhida foi a Daniel, por ser uma tipografia que é manuscrita, mas não adornada ou super estilizada. Suas formas são neutras.
AMATIC ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz Beth Ellen 2
ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrs tvwxyz 137
Opções título do livro (capa)
Lemon Tuesday ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstu vwxyz
Para a capa pensei em uma tipografia mais desenhada e elaborada e também manuscrita para chamar atenção do público alvo. A escolhida foi a DK Kitsune Tail.
DK Knucklebones ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz DK Kitsune Tail ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
Memorial descritivo
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Tipo de impresso
Público-Alvo
Livro
Perfil demográfico 14 a 17 anos, pessoas de qualquer gênero, das classes A, B e C (por conta do acesso mais fácil à internet e livrarias). Embora pessoas das mais diversas idades possam se interessar pelo tema.
Fontes utilizadas
Perfil psicográfico Jovens que estão passando pelas descobertas da adolescência.
Título
Tema do projeto Representatividade LGBTQIA+;
Título do impresso Quais são as suas cores?
Características da Editora
Padronização gráfica
Capa
Legendas
DK Kitsune Tail
Corpo: 9pt Entrelinha: 10,8 Espaço entre letras: Óptico
Corpo: 72pt Entrelinha: Automático Espaço entre letras: 0
Daniel Bold Corpo: 30pt Entrelinha: Automático Espaço entre letras: 0
Editora com títulos voltados para o público infanto-juvenil e que já tenha interesse em conteúdo LGBTQIA+
Subtítulo
Laca SemiBold Conceito editorial do impresso
Corpo: 16pt Entrelinha: 20pt Espaço entre letras: Óptico
Criação de personagens e literatura infanto-juvenil.
Texto corrido Laca Book Corpo: 12,5pt Entrelinha: 14pt Espaço entre letras: Óptico
Periodicidade Tiragem (estimada)
Citação Laca Medium Corpo: 13pt Entrelinha: 14pt Espaço entre letras: Óptico
500
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Laca Book
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Impressão Capa
Padrão cromático: Cores das bandeiras das orientações afetiva-sexuais e identidades de gênero apresentados no livro e cores que representam as emoções dos personagens. Imagem Desenhos autorais Desenhos de Mariana Luiza Desenho de Thayná Reis
Formato Aberto: 310mm x 230mm Fechado: 150mm x 230mm
Formato Aberto: 300mm x 230mm Fechado: 150mm x 230mm
Suportes utilizados: Papel cartao 250g
Suportes utilizados: Papel pólen bold 90g
Número de cores/escala utilizada para impressão: 4 cores (CMYK) Processo(s) de impressão indicado(s) Offset Acabamentos gráficos utilizados Capa dura, refile, acabamento fosco.
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Impressão Miolo
Pré-Impressão Software utilizada para editoração Indesign Softwares utilizados para manipulação de imagens e criação de ilustrações Photoshop e Paint Tool Sai
Número de páginas: 156 páginas
Resolução impressa a ser utilizada 300dpi
Número de cores/escala utilizada para impressão: 4 cores (CMYK) Processo(s) de impressão indicado(s) Offset
Tipo de pdf gerado [PDF/X-1a:2001]
Acabamentos gráficos utilizados Refile, colagem.
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Documentação
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Considerações finais
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Viver a experiência de ser uma pessoa pan foi a motivação para escolher o tema. O amor é um dos sentimentos mais puros e bonitos que humanos podem sentir, e não existe nada mais cruel do que dizer quem se pode amar e o que se pode ser. “Não podemos não mudar o mundo” é a frase que guia esse projeto. O design é uma poderosa ferramenta de mudança social, por estar entrelaçado a soluções de problemas, desenvolvimento de projetos e procura por inovação. O papel do designer é justamente promover cada vez mais mudanças ao seu redor, seja na assertividade ao disseminar informações, pesquisas por novas formas de se comunicar e até no desenvolvimento de conteúdos. Com a proposta apresentada espero auxiliar na desconstrução de preconceitos e no favorecimento da autoestima de pessoas LGBTQIA+ por meio da representatividade. Trazer contos que tocam assuntos intrínsecos a vida humana tem como intenção gerar uma conexão real com os personagens independentemente de se fazer parte ou não dessa minoria, para que por meio da empatia seja possível ver o outro como uma pessoa igual a si, com medos, sonhos, amores e digna de respeito. O material também poderá servir como material didático, contribuindo para o levantamento de debates sobre identidade de gênero e orientação sexual. Espero que o material produzido auxilie na formação de uma sociedade mais tolerante e empática. 151
ALEXANDRE, M. O papel da mídia na difusão das representações sociais. Rio de Janeiro. Comum, v.6, 2001. Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17352/material/opapel%20da%20m%C3%ADdia%20na%20difusao%20de%20 representacoes%20sociais.pdf> Acesso em: 01 de abril de 2019. AULETE. Dicionário online. Aulete Digital. Visibilidade. Disponível em: <http://www.aulete.com. br/visibilidade> Acesso em 14 de abril de 2019. AULETE. Dicionário online. Aulete Digital. Representatividade. Disponível em: <http://www. aulete.com.br/representatividade> Acesso em 14 de abril de 2019. BAGGIO, A.T. A temática homossexual na publicidade de massa para o público gay e não-gay: conflito entre representação e estereótipo. Revista Uninter de Comunicação, Curitiba, v. 1, n. 1, p. 100-117, jun./dez. 2013. CORBO, Wallace de Almeida. Resenha: “O que é lugar de fala?” e por que ele importa para o Direito?. Revista Publicum, v.4 n.1. 2018. FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. vol. 1. Rio de Janeiro: Graal, 1988. GOLDBERG, Stephanie. TV can boost self-esteem of white boys, study says. CNN. 2012. Disponível em: <https://edition.cnn.com/2012/06/01/showbiz/tv/tv-kids-self-esteem/index.html> Acesso em 22 de abril de 2019.
Referências bibliográficas
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Figura 1 - Bandeira gay...................................................................................................................................39 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/ Figura 2 - identidade de gênero x sexo biológico.....................................................................................40 Fonte: Arte da autora. Figura 3 - Expressão de gênero.....................................................................................................................41 Fonte: Arte da autora Figura 4 - Papel de gênero.............................................................................................................................42 Fonte: Arte da autora. Figura 5 - Cisgênero.........................................................................................................................................43 Fonte: Arte da autora. Figura 6 - Bandeira tran................................................................................................................................44 Disponível em: https://orientando.org/categorias-relacionadas-a-genero/ Figura 7- Nome social....................................................................................................................................46 Fonte: Orientando. Figura 8 - Bandeira da mulher trans..........................................................................................................47 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-generos/
Lista de imagens
Figura 9 - Bandeira do homem trans.........................................................................................................48 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-generos/ Figura 10 - Bandeira não binárie.................................................................................................................49 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-generos/ Figura 11 - Bandeira intersexo......................................................................................................................50 Disponível em: https://orientando.org/2017/10/dia-da-visibilidade-intersexo/ Figura 12 - orientação sexual........................................................................................................................51 Disponível em: arte da autora Figura 13 - Bandeira gay.................................................................................................................................52 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/ Figura 14 - Bandeira lésbica.........................................................................................................................53 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/lesbica/ Figura 15 - Bandeira bi...................................................................................................................................54 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/ Figura 16 - Bandeira pan...............................................................................................................................55 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/ Figura 17 - Bandeira ace.................................................................................................................................56 Disponível em: https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/
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Figura 18 - Bandeira heterossexual..............................................................................................................57 Disponível em: https://www.cuantarazon.com/903230/aqui-tienes-las-diferentes-orientaciones-explicadas Figura 19 - Publicação no site da cidade de São Paulo sobre combate a LGBTQfobia...................58 Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/direitos_humanos/ LGBT/Dia-de-Combate-a-LGBTfobia-fabcebook-ou-instagram.png Figura 20 - Parada LGBTQ+ 1970 em Nova York.....................................................................................64 Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2016/06/serie-de-fotos-historica-mostra-as-primeiras-paradas-lgbt-dos-eua-na-decada-de-70/ Figura 21 - Parada LGBTQ+ 2018 em São Paulo.....................................................................................64 Disponível em: http://paradasp.org.br/fotos-da-nossa-22a-parada-do-orgulho-lgbt-de-sp/ Figura 22 - Cena de “O Rebu” mostrando Conrad e Cauê.....................................................................68 Disponível em: http://astrosemrevista.blogspot.com/2013/05/buza-ferraz-nas-novelas.html
Disponível em: https://degrassi.fandom.com/wiki/Degrassi:_Next_Class Figura 41 - cena de “Degrassi: Next Class” onde Zoe (direita) beija Grace (esquerda)..................88 Disponível em: https://blog.lesbianmedia.tv/zoe-and-grace-degrassi-next-class/ana-golja-and-nikki-gould-kiss-from-degrassi-next-class/ Figura 42 - cena de “Degrassi: Next Class” com Rasha (esquerda) e Zoe (direita)..........................88 Disponível em: https://www.phoenixnewtimes.com/arts/degrassi-next-class-recap-a-matter-of-life-and-death-9101216 Figura 43- cena de “Degrassi: Next Class” com Miles (esquerda) e Tristan (direita).......................89 Disponível em: https://ew.com/tv/2017/07/10/degrassi-next-class-stephen-stohn-zig-maya/ Figura 44- cena de “Degrassi: Next Class” com Winston (esqueda), Esme (meio) e Miles (direita)......................................................................................................................................................................90 Disponível em: Netflix - episódio 5 temporada 01, 17:48
Figura 23 - Cena do programa “A praça é nossa” que mostra Valmir, ex-gay....................................69 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Rrqux3j7Hs8
Figura 45- cena de “Degrassi: Next Class” com Hunter (esquerda) e Yael (direita)..........................91 Disponível em: https://images1.phoenixnewtimes.com/imager/u/745xauto/8671906/d15_aug24th_ss_772.jpg
Figura 24 - Cena do filme “A garota dinamarquesa” que mostra Lili Elbe..........................................70 Disponível em: https://veja.abril.com.br/entretenimento/a-garota-dinamarquesa-sobre-primeira-mulher-trans-e-um-retrato-das-dores-do-casamento/
Figura 46 - cena de “Degrassi: Next Class” com Lola (esquerda) e Yael (direita)...............................91 Disponível em: https://www.vulture.com/2017/07/degrassi-next-class-yael-gender-fluid-character.html
Figura 25 - Cena do filme “Hoje eu quero voltar sozinho” que mostra Gabriel e Leonardo ...........70 Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/brasileiro-hoje-eu-quero-voltar-sozinho-esta-fora-da-disputa-pelo-oscar-2015-14879269
Figura 47 - Alguns personagens de Brooklyn 99.......................................................................................92 Disponível em: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/series-e-tv/2019/09/netflix-anuncia-novas-temporadas-de-brooklyn-nine-nine-e-the-good-place-e-fas-surtam-veja-reacoes
Figura 26 - Gráfico da pesquisa qualitativa.............................................................................................71 Disponível em: Anexo A
Figura 48- cena de “B99” com Capitão Holt em sua mesa....................................................................93 Disponível em: https://aminoapps.com/c/lgbt-1/page/blog/lgbt-represenation-challenge-brooklyn-nine-nine/wKja_wqJuoupnoZWJgGNLB4roLol4gN8qgx
Figura 27 - Comparativo do personagem Ivan da novela “A Força do Querer”.................................74 Disponível em: https://www.huffpostbrasil.com/2017/08/23/a-primeira-foto-da-atriz-carol-duarte-como-ivan-em-a-forca-do-querer-esta-entre-nos_a_23159176/ Figura 28 - Cena da novela “A Força do Querer” que mostra Mira.....................................................75 Disponível em: http://www.purepeople.com.br/midia/mira-maria-clara-spinelli-decide-falar_ m2289787 Figura 29 - Cena da série “Sense8” que mostra Nomi..........................................................................75 Disponível em: https://representativecharacters.tumblr.com/post/178317651872/character-nomi-marks-from-sense8 Figura 30 - as irmãs Wachowski.................................................................................................................75 Disponível em: https://seriesporelas.com.br/irmas-wachowski/ Figura 31 a 39 - Pesquisa qualitativa sobre vida pessoa......................................................................79 Fonte: Pesquisa da autora Figura 40 - Capa de “Degrassi: Next Class”............................................................................................87
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Figura 49- cena de “B99” com Capitão Holt (esquerda) e seu marido Kevin (direita)...................93 Disponível em: https://www.sbs.com.au/guide/article/2018/04/11/9-times-we-wished-captain-holt-and-kevin-were-our-dads Figura 50 - cena de “B99” com Rosa (direita) e Jocelyn (esquerda).....................................................94 Disponível em: https://www.pride.com/tv/2019/3/22/rosa-kissed-her-gf-brooklyn-nine-nine-fans-are-losing-it Figura 51 - Korra................................................................................................................................................95 Disponível em: https://www.polygon.com/2014/10/22/6996737/the-legend-of-korra-review-avatar-last-airbender Figura 52 - cena de “A Lenda de Korra” com Marcus (esquerda) e Korra (direita)...........................96 Disponível em: https://tv.avclub.com/the-legend-of-korra-darkness-falls-light-in-the-dar-1798178811 Figura 53 - cena de “A Lenda de Korra” com Korra (esquerda) e Asami (direita)...............................97 Disponível em: http://www.nebulla.co/ship-da-semana-korra-e-asami-de-avatar/
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Figura 54 - cena da comic “A Lenda de Korra” com Korra (esquerda) e Asami (direita).................97 Disponível em: https://comicbook.com/tv-shows/2017/08/26/legend-of-korra-asami-kiss-turf-wars/
Figura 68 - cena de “BoJack Horseman” com Todd (esquerda) e Emily (direita)...........................109 Disponível em: http://archermagazine.com.au/2017/03/bojack-horseman-positive-representations-asexuality/
Figura 55 - Cena da introdução de Steven Universe................................................................................98 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=L357Rh-2n1E
Figura 69 - Painel de ilustração para contos...........................................................................................119 1. Disponível em: https://i.pinimg.com/originals/0a/ce/8b/0ace8bfaed04ade13b02c8a197cd2dae.jpg 2. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Bg_T_-ElF_g/?taken-by=mereljournals 3. Disponível em: https://art.diyhomedesigner.com/art/%E2%98%81%EF%B8%8F%E2%98%81%EF%B8%8F-in-my-art-journal-flip-through-on-youtube-i-show-you-which-kind-of-notebook-i-use-since-so-many-of-you-are-always-asking-artbyfiphie-co/ 4. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BHzWCywhvYD/?taken-by=noor_unnahar 5. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BXtWbPFlqIY/ 6. Disponível em: https://www.shihoriobata.com/blog/types-of-paintings-to-create/
Figura 56 - cena de “Steven Universo” com Steven................................................................................99 Disponível em: https://steven-universe.fandom.com/wiki/Haven%27t_You_Noticed_ (I%27m_a_Star) Figura 57 - cena de “Steven Universe” com Pérola................................................................................100 Disponível em: https://ew.com/tv/2018/01/29/steven-universe-season-1-dvd-exclusive-clip/ Figura 58 - cena de “Steven Universe” com Rose Quartz (esquerda), Pérola (meio) e Greg (direita).......101 Disponível em: https://tv.avclub.com/a-controversial-steven-universe-edit-omits-more-than-a-1798242996 Figura 59 - cena de “Steven Universe” com Rose Quartz (esquerda) e Greg (direita)....................101 Disponível em: https://www.reddit.com/r/stevenuniverse/comments/aapeya/rockstar_coincidence/ Figura 60 - cena de “Steven Universe” com Garnet..............................................................................102 Disponível em: https://studybreaks.com/culture/garnet/ Figura 61 - cena de “Steven Universe” com Rubi (esquerda) e Safira (direita)...............................102. Disponíevel em: https://espalhafactos.com/wp-content/uploads/2017/01/steven-universe-ruby-sapphire-kissing.png Figura 62 - cena de “Steven Universe” com Rubi (esquerda) e Safira (direita) casando..............103 Disponível em: https://www.metrojornal.com.br/entretenimento/2018/07/11/serie-de-animacao-steven-universe-mostra-1o-casamento-entre-duas-mulheres.html Figura 63 - Capa de “Monster Pop!”.........................................................................................................104 Disponível em: https://monsterpop.mayakern.com/ Figura 64 - cena de “Monster Pop!” com George (esquerda) e Ben (direita)..................................105 Disponível em: https://tapas.io/episode/48464
Figura 70 - Painel de ilustração de personagem.....................................................................................119 1. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BN_m76bh95Z/ 2. Disponível em: https://www.behance.net/gallery/61472477/_ 3. Disponível em: https://i.pinimg.com/originals/b9/dc/3d/b9dc3dac3fe79254255125023fc5ebfa.jpg 4. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BZ63WdWHoZi/ 5. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BsEqIqgBpW7/ 6. Disponível em: https://i.pinimg.com/564x/0d/86/99/0d86994c79726325756fbfd1425a8e97.jpg 7. Disponível em: https://illustrators.ru/illustrations/1057995
Figura 65- cena de “Monster Pop!” com George (esquerda) e Marina (meio)................................106 Disponível em: https://tapas.io/episode/394608 Figura 66 - cena de “Monster Pop!” com Percy (esquerda) e Franny (direita)................................106 Disponível em: https://tapas.io/episode/48503 Figura 67 - cena de “Monster Pop!” com Marina (esquerda) e Franny (direita).............................107 Disponível em: https://tapas.io/episode/123683 Figura 67 - Cena de “Bojack Horseman”.................................................................................................108 Disponível em: https://medium.com/medium-brasil/bojack-horseman-o-cavalo-dif%C3%ADcil-f045cf3abf9c
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Figura 71 - materias utilizados....................................................................................................................124 Disponível em: Foto da autora Figura 72 - processo de criação..................................................................................................................124 Disponível em: Foto da autora Figura 73 - Ilustração do conto de Dominique.......................................................................................125 Disponível em: Arte da autora. Figura 74 - Ilustração do conto de Otávio...............................................................................................125 Disponível em: Arte da autora. Figura 75 - Ceci.............................................................................................................................................127 Disponível em: Ilustração de Thayná Reis Figura 76 - Mayra.........................................................................................................................................127 Disponível em: Ilustração de Mariana Luiza Figura 77 - Rascunho e final de Kevin......................................................................................................128 Disponível em: Ilustração de Bárbara Yamasaki. Figura 78 - Rascunho e final de Helena..................................................................................................128 Disponível em: Ilustração de Bárbara Yamasaki. Figura 79 - Paginas do glossário...............................................................................................................129 Disponível em: Ilustração de Bárbara Yamasaki
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Anexos
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Anexo A - pesquisa sobre representatividade
Saberia citar alguns exemplos de filmes, séries, livros (qualquer conteúdo relacionado a entretenimento) contendo personagem LGBTQ+ sendo mostrado de uma maneira que você tenha se sentido ridicularizadx ou não representadx? Vicky Cristina Barcelona - bi Crô - o filme - gay Música - me solta, nego do borel - bi Azul é a cor mais quente. Inclusive o diretor foi processado… - bi One Piece , Yu yu Hakusho:( - pan e queer Comédias românticas que envolvem amigos homossexuais/bi. - bi Minha mãe é uma peça 2 - bi Nego do Borel, as cantoras do tATu - pan A própria série super draggs mostra muito disso, a maioria dos gays de novelas nacionais são ridicularizados, aquela imagem padrão de que os gays são palhaços e/ou chaveiros de mulheres para servir de “conselheiros da moda e maquiagem” - gay A Praça e Nossa e os Trapalhões péssimos! - bi Panssexualidade não é representada de forma alguma. - pan Programa do Ratinho - gay Sense8 - bi Todos os programas de Humor, novelas - gay Curtas gays, novelas, livros, sempre trazem a mesma temática que o “hetero” está afim de algum gay mais efeminado. Existem muitas outras temáticas para serem abordadas, fora que sempre são gays cis brancos. - gay Em novelas geralmente a comunidade lgbtq é ridicularizada. - gay A versão do filme Azul é a cor mais quente, pq foca muito na parte do sexo do que na afetividade homoafetiva feminina - bi Todas as novelas da Globo. onde o personagem “gay”, tem que ser o engraçado, o ponto de risos na trama, isso sempre me irrita muito! Outro ponto que me irrita muito, eu sou diretor de Cinema, trabalho com isso, e quando eu vou em algum site se stream ou nos próprios sites de críticas, ter uma categoria/gênero de filme destacada em “LGBT”: por um lado eu acho bom, mas por outro eu sinto cada vez mais distante do ideal de inclusão ao todo, ao tal mundo normal, a normalidade que buscamos para nossos corpos marginalizados no dia a dia. Afinal você não vê uma categoria assim “Romances Héteros”, ou vê? kkkk - gay No momento não - gay Quando apagaram na serie Riverdale um personagem Canonicamente
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Assexual dos quadrinhos. Ou quando formam casais heteronormativos em personagens que são claramente LGBT e-e. Também quando ficam dando misgender, por exemplo, no manga de lovely complex que tem uma menina que sempre fala para tratarem ela no feminino mas tiram sarro e tratam no masculino (fica até meio bizarro de pensar que tipo de mensagem a escritora quer passar nesse caso) - trans, ace e queer. Novelas globo - bi Algumas novelas da globo e filmes nacionais, todos os filmes em que aparece um melhor amigo gay ou um homem crossdress afeminado com barba não feita e que vc vê que o personagem é uma chacota e que claramente é uma mulher trans - trans, ace e queer Todos os pornôs em que as minas se pegam e os caras ficam lá olhando gerando esse desejo sexual e objetificação das minas bi. - pan The 100, e a maior parte do conteúdo relacionado a entretenimento - lésbica De maneira geral, todo filme descaracteriza a figura LGBT, ou é exposta a um esteriótipo ou é sempre tratado como algo diferente. Não existe a normalidade dentro da indústria. - gay Não lembro os nomes exatos, mas mangas e animes costumam ser ser os campeões. Mulher maravilha ser bi também não me fez sentir representada. - bi Azul é a cor mais quente - pan Não me vem nada na cabeça, mas existe com certeza! - gay Não sei - bi Todos os filmes e clipes de trans falando sobre como não conseguem viver o amor. De nome só me lembro do clipe da glória gloove. - pan Praticamente tudo na mídia popular mostra caricaturas, como se fôssemos algo extremamente diferente, e isso torna ainda mais difícil a convivência em sociedade por conta de intolerâncias e preconceitos que são agravados. - gay Não - lésbica
Existe algum livro, série, filme (qualquer conteúdo de entretenimento) no qual você tenha se sentido representadx? Qual?
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Orange is the New Black - bi Love, Simon; As vantagens de ser invisível; Eastsider; Glee. - gay Azul é a cor mais quente e hoje eu quero voltar sozinho - bi call me by your name- bi One Piece (é complexo mesmo), Naruto, Sailor Moon , Sakura Card Captors, Ramma 1/2, A Lenda de Korra, Dororo, Yuri on Ice, Banana Fish, Mulan - pan e queer Lúcifer - bi Mulher Maravilha, One Day at a time, Legends of tomorrow, Lucifer - bi Deadpool por ser pansexual mostra um pouco isso, mas ainda sinto um buraco grande quando o assunto é pan na mídia. - pan Sex education (série mostra com bastante fidelidade a perseguição insessante que os gays /lgbts sofrem nas escolas), alex strange love (filme, um outro lado da descoberta gay que não é tão tremenda, como lgbts sendo expulsos de casa e etc, mas ainda assim, mostra o conflito interno que nos acerca sobre a sexualidade), acho que esses são os melhores exemplos que consigo pensar. - gay O filme Shelter. - bi Não - pan O terceiro travesseiro; O Estudante; Orações para Bobby; Queer as Folk. - gay Não - bi Serie Americana Empire - gay Sex Education e HTGAWM - gay na série “umbrella academy”, nos ultimos episodios de “hora de aventura” e (principalmente) em “steven universe” - gay Rupauls, Mulher Maravilhosa, X-MEN, HQ’s da Marvel incluindo de uma personagem latino americana, criada em 2016, que é mexicana e bissexual. - bi Ah, existem alguns filmes interessantes, tais como: Tatuagem, Madame Satâ, Amarelo Manga, Mommy, Tom na Fazenda, dentre outros. - gay Tem a série Pose com o elenco trans - gay As aventuras de sabrina (2018), Degrassi next door últimos episódios da ultima temporada (e infelizmente cancelaram :/ ). Anne w/ an E, que além disso criei uma teoria de que a Anne poderia facilmente se identificar como não-binaria nos dias atuais, então também a conside-
rado uma pessoa que representa. A Jessica Rabbit que é canonicamente Assexual, e um simbolo para Assexuais, mas tbm um simbolo sexy. Momiji de fruits basket. No final a gente cria nossas próprias representações nos personagens que nos apresentam à midia, mesmo que eles não tenham sido escritos para aquilo. - trans, ace e queer. Não - bi Dragon Prince, Magnus Chase, Queer Eye, She Ra (desenho novo da netflix), Hourou Musuko, Com amor Simon... - trans, ace e queer Não me lembro no momento - pan A Web série Carmilla e a Lenda de Korra - lésbica A maldição da residência hill, personagem Theo. - gay Levemente em Avatar: A Lenda de Korra e Carmilla (série YouTube + filme) - bi Transformers - pan hoje eu quero voltar sozinho, sense8, me chame pelo seu nome, JALOO! - gay Não que me lembre - bi Não me recordo do nome do filme mas é um que retrata um homem que deseja mudar de gênero em uma época bem antiga e tem o apoio de sua esposa inclusive depois de se apaixonar por outra pessoa de outro gênero. - pan Scott Pilgrim mostra como algo extremamente natural, mas parando pra pensar, é difícil se recordar de representatividade em mídia cujo o público principal não são os LGBTQ em si, fazendo parecer ainda mais que somos um mundo a parte. - gay Orange is The New Black, Sense8, One Day At a Time - lésbica
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Como gostaria de ser representadx? Como parte integrante do espectro LGBTQ+ e acolhida por esse. Não como alguém confusa quanto à própria sexualidade, ou como alguém sem-vergonha e incapaz de ser fiel ou de forma fetichizada para atender a desejos de homens heterossexuais. - bi Como alguém responsável, amigo e consciente (e não como a bicha engraçada que fica de olho em todos os boys). - gay Livre pra ser quem sou, sem medo da sociedade - bi Quero cenas normais, não precisa ter sexo em tudo... Não precisa de fetiche... São pessoas normais... Somos normais. Igual a todos - bi Sou agênero, gostaria muito de ser representada em primeira instância, parece que nem existimos, e se fosse representada gostaria que não fosse de uma forma não estereotipada, um agênero não necessariamente parece ser tão “neutro” ou possui menos atributos físicos ligados a sua identidade de gênero. - pan e queer Como os não lgbtq+ são representados pela mídia - bi Gostaria que mostrassem as pessoas Bis não como confusas ou apenas safadonas atrás de sexo com todo mundo, mas como pessoas normais, que se apaixonam e amam a/o parceira/o e que não fique sendo uma surpresa quando “troque” o gênero de quem estão ficando - bi Musicas, vídeos, mais informação tanto fora quanto dentro do meio. O próprio povo LGBT não saca a diferença entre bissexual e Pansexual. - pan Eu não quero mais ser representado como a pessoa que busca incessantemente por um amor que nunca da certo (a maioria dos enredos de filmes gays segue esse padrão), poderiam mostrar o lado bom, que deu certo, na vida dos homossexuais, levando em consideração pontos positivos, isso para filmes/séries que o próprio público LGBT consome. Para meios digitais, por exemplo novelas, seria mais interessante tentar mostrar pras pessoas fora do meio lgbt, que não somos aberrações buscando destruir a família tradicional, que somos pessoas, querendo amar, querendo arrumar emprego e viver, que não somos pragas ambulantes disseminadores de doenças sexualmente transmissíveis, enfim, a imagem mais “feia”, espero que eu tenha sido claro.. - gay Um super herói negro e lgbt. - bi Sem esteriótipos de pessoa confusa, de mina lésbica ou mina hétero (não existe preferência nenhuma, ZERO - os caras não entendem isso pq pra eles o piru é a coisa mais importante da vida, e as minas não entendem isso pq os caras são uns escrotos), sem esteriótipos de pessoa 169
sem critério (pega qualquer um). - pan Mais formações ao público LGBTQI+, que as paradas da diversidade não fossem uma micareta e sim, um local de encontro do público LGBTQI+ para se debater mais. - gay Como uma pessoa que gosta de ambos os sexos sem ser chamada de confusa. - bi Como um ser humano sem diferença dos outros por uma escolha sexual. Apenas um ser que existe. - gay Mostrando as qualidades como pessoa e que ser gay é apenas um traço meu, como ser loiro. - gay Como em Steven Universe, sério, com as relações tratadas de forma natural e retratando problemas que qualquer relacionamento tem (mesmo os heterossexuais) - gay Gostaria de ser representada de uma forma como uma pessoa que não leva o esteriótipo de pessoa confusa (que é o que geralmente pensam até dentro da comunidade LGBT) e abrangessem as diversidade bissexual, pois nem sempre é uma coisa 50/50, mas 40/60 e por aí vai. E que não fosse só a representação de uma mulher (pois é mais fácil nós mulheres, nos assumirmos como bi), mas de homens bissexual. E como um ser neutro enquanto a feminilidade e masculinidade ou fosse fluído. - bi Eu só espero que tenhamos mais materiais (livros, filmes, textos, fotos, desenhos, etc.), sobre nós, feito por nós! Só isso! <3 - gay Com mais pessoas LGBTQ+ - gay Minima ideia. - trans, ace e queer. Exibir a verdade ao público e não ficar inventando historinhas fantasiosas onde a pessoa se torna a estranha, vilã, aberração - bi Gostaria que representassem pessoas LGBT+ como pessoas normais, e não senso definidas por seu gênero ou sexualidade, sendo esses apresentados somente como mais uma característica delas - trans, ace e queer Mostrando que a mulher bi não é só para satisfação sexual, ela pode estar em um relacionamento hetero e continuar bi e principalmente ELA NÃO ESTÁ INDECISA SE PREFERE HOMEM OU MULHER – bi, pan Claro que sim - lésbica como um personagem normal, em uma vida normal. - gay Como uma pessoa normal (que se apaixona, é rejeitada, tem um amor correspondido, etc) e não “promíscua”. Geralmente os bi são todos vampiros ou criaturas do gênero, que querem apenas o prazer sexual. Como a Carmilla de Castelvania. Não é ruim em si (não há nada de erra-
do em transar quando se sente vontade, independente da frequência e quantia de parceiros), mas é péssimo só ter isso ou personagens bi onde curiosamente só os relacionamentos com o sexo oposto são mostrados e sua sexualidade não faz nenhuma diferença para história. - bi Um Transformer gay - pan Como um ser humano como qualquer outro que tem sonhos e tem jeitos diferentes e pode transitar por qualquer espaço com respeito e amor. - gay Sinceramente eu não lembro de ver a bissexualidade representada em filmes ou livros que eu tenha acompanhado, o que já é bem chato, as pessoas ainda tem a sensação de que bis são pessoas indecisas que não sabem o que querem, talvez por isso não tenha nem representação - bi Ah como uma pessoa que tem a liberdade de amar de verdade e se relacionar com aqueles que são representados apenas como “curtição” pela visão heteronormativa, expandindo os horizontes. - pan Sinto falta da representação de relações e personagens que se integrem dentro de um enredo onde ser LGBTQ é só uma característica e não a definição total da persona. A integração de casais e convivência, demonstração de afeto. Talvez pudesse ficar forçado, visto que ainda não atingimos de fato toda essa liberdade, mas, talvez, se isso for mostrado, torne-se cada vez mais natural como deveria ser, sem preconceitos, sem julgamentos, mais aceitação e integração. - gay Como uma pessoa “normal”, por um personagem que assim como os héteros, sente delícias e dores. - lésbica
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Anexo B - pesquisa de campo Foi realizada uma pesquisa de campo na Livraria Saraiva do Shopping Vila Olímpia, na area destinada a literatura infanto juvenil. Foi observado que atualmente o mercado editorial para esse público busca trazer youtubers e digital influencers que falem sobre seus gostos e vidas, sendo possível supor que os adolescentes estão cada vez mais interessados em se conectar com pessoas reais, com histórias mais realistas. Outro ponto observado de grande importância é o uso de muitas cores, grafismos, ilustrações e fotos. Algo que muitas vezes acaba parecido com colagem. Levando em consideração a tendência a histórias mais cotidianas e realistas, o uso de grafismos e a diversidade de cores, o livro “Quais são as suas cores?” foi desenvolvido.
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Livro “Meu pop virou Kpop” Fonte: Arquivo pessoal.
Livro “contos para garotos que sonham em mudar o mundo” Fonte: Arquivo pessoal.
Livro “Meu pop virou Kpop” Fonte: Arquivo pessoal.
Livro “Laurices” Fonte: Arquivo pessoal.
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Anexo C - entrevistas
atração sexual?
ASSEXUAL / ACE
NAIRAN: Eu descobri cedo a minha assexualidade, aos 13 anos, uma época em que nada que eu pensava ou sentia fazia muito sentido e era sempre uma dúvida pra mim. As mais marcantes que eu me lembro eram a incertezas do tipo “eu me sinto desse jeito, mas é temporário?” “Falo pra minha mãe?” “E se eu for gay?”... Eu não sabia muito bem de nada até descobrir o termo na internet.
contar um pouco sobre isso?
Entrevistades: Nairan Gurgel
NAIRAN: Eu lembro de sempre me sentir diferente, mas naquela época eu só conhecia a trindade das orientações sexuais (homo, bi, hetero). Conforme crescia meus amigos gostavam mais dos assuntos sexuais e de duplo sentido, lembro de sempre não participar desses assuntos e até me sentir desconfortável, sempre visto como uma espécie de santinho ou algo assim. As pessoas acabavam assumindo que eu era gay e quando perguntava eu sempre respondia “Não gosto de humanos”. No fim eu acabei pesquisando na internet algo sobre o assunto quando encontrei o termo e me identifiquei. Lembro que foi um alivio total, como se não precisasse mais me explicar pra ninguém. Mas também foi muito confuso, enquanto eu pesquisava sobre, acabei encontrando as múltiplas vertentes do guarda-chuva assexual, não entendia quase nada daquilo por serem coisas que só o tempo pode rotular, até hoje não decidindo qual tipo de pessoa Ace eu sou, sendo apenas Ace.
Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é ser assexual. Segundo o site “orientando” assexualidade é falta de atração por qualquer gênero. Mas e para você. O que é ser ace? NAIRAN: Quando eu descobri que sou Ace, foi um alívio, mas ao me aprofundar mais no assunto, bati de cara com a parede das orientações românticas, logo de cara me vi como Arromântico, mas como eu posso saber que eu vou conhecer A pessoa e me descobrir demissexual? E muito mais disso. Pra mim ser Assexual é abraçar essa incerteza, não tendo problema nenhum se sentir diferente de outros assexuais e ser sempre acolhido pela comunidade. Como Ace, não tenho interesse em relações românticas, mas adoro conhecer novas pessoas e ter amor real entre os amigos e família. Ser Ace é se sentir completo com ou sem certeza do que é.
Pergunta 3: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não sentia
Pergunta 2: Você lembra como você percebeu que é ace? Pode 174
Pergunta 4: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso?
quisarem. Mas pessoalmente, eu me sinto bem em não contar até que seja necessário, muitos que conheço me consideram gay e nunca perguntaram. Acredito que não faz muita diferença o que as pessoas pensam, contanto que não interfiram no meu conforto. Pergunta 5: Vivemos em um mundo que super valoriza as relações sexuais, e que muitas vezes força esse tipo de comportamento em todas as pessoas. Fica parecendo que é errado não querer, mas o que é errado mesmo é forçar alguém a querer algo. Como você lida com essa situação?
NAIRAN: Foram situações muito diversificadas que até hoje eu uso como exemplos para melhorar minha abordagem. Primeiro contei aos meus amigos, ouvi muitos comentários sobre esse tipo de coisa não existir, mas também ouvi muitos amigos abertos que não sabiam o que era mas estavam Ok em me ouvir explicar. Meus pais e irmã reagiram bem, eles não falam sobre o assunto nunca, mas quando eu contei eles deram conselhos e foram legais na parte de “isso não faz diferença nenhuma, você ainda tem que lavar a louça”. Eu não sou muito bom em explicar o assunto, já tive momentos em que simplesmente desisti de continuar falando e mandei um site bom para pes-
NAIRAN: Vivemos em um mundo que supervaloriza as relações sexuais, e que muitas vezes força esse tipo de comportamento em todas as pessoas. Fica parecendo que é errado não querer, mas o que é errado mesmo é forçar alguém a querer algo. Como você lida com essa situação? R: Eu estabeleço limites sempre, acho importante até entre os colegas deixar claro que eu não me sinto confortável com o assunto, já que qualquer escorregão que dou nesses assuntos já é motivo para questionarem minha sexualidade. As vezes eu tento dizer para os íntimos que não precisam enaltecer tanto o sexo, me agonia ver amigos e conhecidos surtando por coisas assim enquanto esquecem que Amor também 175
BI
está na conversa e nos momentos que passam juntos. Peço perdão se não tenha feito sentido algum, eu não entendi bem a pergunta e acabei escrevendo o que pareceu servir melhor.
neros, ou seja, existem mais gêneros que homem e mulher. Por conta disso, gosto um pouco menos da definição atração por dois ou mais gêneros, porque pode dar a entender que é restrito a somente esses dois gêneros. Ainda assim, é uma definição que funciona. Acho que é legal falar da aproximação que a bissexualidade faz com outras orientações sexuais bastante próximas: pansexualidade e polissexualidade. A pansexualidade é definida por atração por todos os gêneros ou atração independente de gênero. Essa última significa que a pessoa não distingue gênero em sua atração, se atraído por todos igualmente. Geralmente, esse costuma ser um ponto de diferenciação entre pan e bissexualidade, visto que muitos bissexuais não se dizem pan por justamente se atraírem de forma diferente por cada gênero. Ao mesmo tempo, não é estritamente necessária que as orientações sexuais se diferenciem assim, já que elas são bastante próximas. Nesse sentido, polissexualidade, uma orientação sexual bem mais recente que as outras duas, fala sobre atração por muitos gêneros e é também uma orientação válida e que ando perto das outras duas. Vale sempre lembrar, também, que existem muitas outras formas de se atrair por mais de um gênero que não tem um nome ou um rótulo
Entrevistades: Mariana Luiza Daniel Vas Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é a biafetividade. Existe a ideia de que pessoas bi necessariamente gostam de homens e de mulheres. Segundo o site “orientando” bi são pessoas que se sentem atraídas por dois ou mais gêneros. Mas e para você. O que é ser bi?
Pergunta 6: Recadinho que você gostaria de ter ouvido quando era mais nova/novo/nove. NAIRAN: Você não precisa se sentir incluso nos espaços pra se sentir bem consigo mesmo.
MARIANA: Bom, eu não gosto de muita complicação para responder essa pergunta. Uma pessoa bissexual é alguém que se sente atraído por dois gêneros – ao contrário de uma pessoa pan, por exemplo. Na minha vivência, esse é o significado de ser bi. DANIEL: Entendo que bissexualidade diz respeito a atração por mais de um gênero. Existem várias definições possíveis, todas sendo válidas, ainda que algumas sendo mais usadas do que outras. Atração por mais de um gênero e atração pelo mesmo gênero e outro são as duas definições que eu acho mais interessantes, por justamente não reduzir a bissexualidade a atração por homem e mulher, já que a gente sabe que existem mais de dois gê176
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O amor entre duas mulheres sempre me pareceu natural, exceto pela sensação de proibido que permeava essa ideia, graças a minha família dizendo que isso simplesmente não era a ordem natural das coisas. Cresci com aquelas paixonites de criancinhas, amores platônicos de pré adolescentes – sempre por garotos – então, na minha cabeça, essa questão toda de mulheres amando outras mulheres não me dizia respeito. Quando fiz 16 anos, comecei meu primeiro namoro com um garoto 3 anos mais velho que eu. Era um daqueles relacionamentos bobinhos, eu gostava do cara, a gente saía junto e era isso. Eventualmente, conforme fui envelhecendo, fui percebendo que o relacionamento com ele não era bem o que eu queria pra minha vida e pouco a pouco, fui ficando insatisfeita com aquela situação. Nessa época, comecei a me distrair com videogames, e me lembro de ter viciado tanto num jogo que comecei a fazer fanarts dele e postar no meu site. Os desenhos não demoraram para atrair atenção, e até fiz alguns amigos graças a isso. Comecei a conhecer bastante gente que conversava comigo, jogava comigo, enfim. Num desses dias, uma menina que sempre comentava nos meus desenhos pediu meu Skype, e começamos a conversar diariamente. Eu a admirava demais – e a admiro até hoje – e tínhamos os mesmos gostos,
específico, indo além dessas orientações sexuais. Todas as pessoas que experimentam atração por mais de um gênero estão dentro, se quiserem da comunidade chamada Monodissidência, que existe justamente para deixar todas elas juntas e mais preparadas para lidar com os preconceitos e discriminações que existem por aí. Pergunta 2: Você lembra como você percebeu que é bi? Pode contar um pouco sobre isso? MARIANA: Acho que para começar respondendo essa pergunta, é melhor deixar estabelecido que me considero uma mulher cis. Desde pequena, crescendo numa família com vários parentes, vários vizinhos e que naturalmente ADORAVA falar dos outros, virava e mexia ouvia uma frase como “nossa, a fulana largou o marido pra ficar com uma mulher”, “minha prima é sapatão”, e todo aquele conjunto de frases de chocam a família tradicional. Eu nunca entendi o motivo disso causar tanta pauta pras conversas do almoço de domingo, mas sempre atribuí que isso devia ser pela minha inocência de criança, já que aquilo se tratava de uma conversa de adultos. O tempo foi passando, deixei de ser criança e passei a ser adolescente, mas permaneci com essa dúvida na cabeça: Poxa, o que tem de tão polêmico nisso? 178
ideias muito parecidas, o mesmo senso de humor. De repente, não se passava um dia sem que nos falássemos. E aí, sem que eu percebesse, ela estava ocupando todos os meus pensamentos. Dividia com ela coisas que sentia, o que tínhamos feito no dia, mandávamos fotos bobas uma pra outra, e nessa hora eu vi que eu amava essa menina. Amava seu sorriso, seus olhos, seu jeito, e essa felicidade que senti eu guardei para mim mesma. Dias depois de eu ter aceitado que era amor, eu comecei a repensar várias coisas na minha vida, e percebi que já tive sim paixonites por outras meninas, que eu chamava de admiração já que uma mulher amar outra, segundo o que eu ouvia, ia contra as leis naturais. Então, foi uma descoberta sobre mim mesma que eu só fui capaz de fazer porque já estava mais madura e me libertando das ideias que sempre cultivaram na minha cabeça.
gênero diferente do meu. Eu praticava, já há alguns anos, esporte muitas vezes durante a semana e ficava próximo de outros garotos de idades próximas a minha. Com o tempo, fui percebendo que me atraia por eles em termos sexuais, mas não em termos românticos, e o mesmo valia para colegas e amigos da escola. No ensino médio, já que 16 anos, fui começando a juntar minha atração por pessoas masculinas, que eu já não podia mais negar, embora tivesse tentado quando mais novo, com minha atração por pessoas femininas, que já vinha de muitos anos. Na época, eu não sabia que bissexualidade era um caminho possível e eu me sentia uma aberração. Não entendi como era possível me atrair por mais de um gênero e o pouco que tinha ouvido falar sobre pessoas que se atraiam por mais de um gênero era muito condenado pela sociedade. Foi somente aos 18 anos que uma amiga me perguntou se eu não seria bissexual. Tenho até impressão eu essa foi a primeira vez que ouvi a palavra sendo usada nesse contexto, mas lembro de colegas que diziam ser bissexuais, embora eu não entendesse bem. Quando minha amiga me ofereceu a palavra, eu a peguei para mim e, com o tempo, fui percebendo que era a palavra que mais faz me sentir confortável. Experimentei me dizer
DANIEL: Eu comecei a perceber que tinha algo diferente comigo quando fui entrando na puberdade, lá pelos meus 12 ou 13 anos. Na época, eu comecei a perceber que me atraia por conteúdos eróticos que mostravam duas pessoas masculinas juntas. No começo era estranho, não conseguia entender que tipo de atração era essa. Ao mesmo tempo, desde pequeno já sabia que me atraia por pessoas de 179
preconceito dentro de mim acerca da minha própria sexualidade e eu estava em vários contextos onde isso era muito condenado. Enquanto eu não exatamente tinha dúvidas, eu tinha muita culpa e foi muito difícil e demorou muito tempo para que não me sentisse culpado de sentir atração sexual e romântica dessa maneira.
também pansexual, por um tempo, mas optei por me afirmar somente como bissexual. Pergunta 3: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não era hétero? MARIANA: A maior dúvida, como uma mulher cis (e que até então se considerava hétero), foi se aquilo não era simplesmente admiração por uma outra menina. Se eu não estava confundindo as coisas, se eu não estava carente, frustrada, enfim. Essa foi a maior dúvida: eu questionei o que eu estava sentindo mais de uma vez, na esperança de entender. Isso martelava muito na minha cabeça.
Pergunta 4: Existem pessoas bi que se atraem por um gênero mais do que por outro. É muito comum acharem que precisa ser porcentagem exata para tudo ou então não é bi de verdade. Porém sentir mais atração por um gênero do que por outro não faz uma pessoa bi ser menos bi. Como é isso para você?
DANIEL: Eu brinco que nunca houve um momento em que eu me vi hetero. Durante muitos anos, eu não me entendia como tendo qualquer sexualidade possível. Eu apenas me atraia por outras pessoas da maneira que uma criança faz, com minhas namoradinhas, andando de mão dada no recreio e selinhos escondidos. Assim que entrei na puberdade, muito rapidamente percebi que me atrai por pessoas masculinas. Enquanto o sentimento de aberração só veio quando mais velho, na época em que tinha 13 anos eu ficava muito confuso com essa atração e tentava nega-la. Havia um enorme
MARIANA: Quando eu descobri que eu estava amando de verdade outra mulher, foi no ano que eu fiz 18 anos – até então, eu sempre achei que o que eu sentia era só admiração, tipo, “olha que cabelo lindo”, “nossa, como ela é inteligente”, “como se veste bem” e por aí vai. Logo, quando cheguei a essa conclusão, eu só tinha namorado um menino, tinha tido amores platônicos com meninos, paixonites de criança com outros garotos, enfim. Eu me perguntei muito, muito MESMO se aquele amor que eu sentia não era algo que aquela menina, especificamente ela, tinha conseguido despertar em mim e 180
que eu nunca mais amaria outra menina. Então, essa questão de “não ser bi de verdade” sempre pesou DEMAIS na minha vida, afinal, até hoje com 22 anos eu nunca namorei sério uma menina. Mas hoje em dia, isso não me incomoda mais. Eu gosto de meninos. Eu também gosto de meninas. Isso é o suficiente pra eu saber que sou bi, não importa com quantos meninos ou quantas meninas eu já namorei. Acho que essa ideia do “falso bi” é só mais uma forma de constranger as pessoas, ainda mais os adolescentes. Por exemplo, eu só tive o discernimento disso quando eu já tinha passado dos 20 anos. Até então, eu achava que eu tinha que provar de fato que eu era bi de verdade. Mas não existe essa coisa de carteirinha bi. Se você sabe do que você gosta, isso é o suficiente. Qualquer coisa além disso é um mecanismo criado só pra diminuir as pessoas, mas ter noção disso é algo que infelizmente só veio beeem depois pra mim, com uma certa maturidade.
femininas e corpos femininos, mas as busco menos. Eu tenho convicção de que não é necessário ser uma porcentagem exata, até porque isso só faz sentido quando a gente pensa que bissexualidade é atração só por homem e mulher. Eu, inclusive, me atraio mais por pessoas com jeito e aparência não-binária, ou seja, que não parecem só homem ou mulher. Em especial, se eu não consigo identificar o gênero da pessoa, quando ela tem muitos elementos masculinos e femininos, ou quando ela não possui nenhuma ou quase nenhuma aparência de um ou outro gênero, é quando me atraio mais. Pergunta 5: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso? MARIANA: Para o meu círculo de amigos, foi tranquilo. Digo, a reação de todos próximos foi muito tranquila, mas eu precisei trabalhar muito a minha cabeça pra falar “estou apaixonada por uma menina”. Eu lembro claramente que, quando fui contar isso pra minha amiga (primeira pessoa a saber) eu fiquei tão constrangida que não saiu nada além de um sussurro da minha boca. Eu tinha medo justamente de me acusarem de ser uma “falsa bi”, de estar tentando chamar atenção, de estar carente e frustrada, enfim. Para a minha família, bem, a
DANIEL: Eu tenho muita certeza que me atraio mais por pessoas masculinas do que femininas. Tive mais namorados do que namoradas e mesmo no sexo eu fico mais confortável com corpos masculinos. Ao mesmo tempo, isso não significa que não gosto de pessoas 181
mas sofri muito também com pessoas gays e lésbicas. A maior parte das bifobias, os preconceitos que bissexuais sofrem, eu ouvi de homossexuais que não me aceitavam ou não aceitavam a bissexualidade. Falavam que não acreditavam que bissexualidade era possível, ou então achavam que não era algo sério. Muitas vezes falavam que eu estava confuso e na verdade eu seria gay, tendo problemas para me assumir assim. É muito triste encontrar esses problemas dentro do movimento LGBTQIA+.
minha mãe e meu padrasto na verdade não deram importância. Disseram que, contanto que eu esteja feliz e a pessoa me trate bem, é o que importa. Já para a minha vó foi um pouco complicado. Ela que prega esse discurso de ser algo errado, de querer outra coisa para mim, que isso seria uma grande decepção (se referindo a eu começar um namoro com uma moça). Mas é algo que eu tento não pensar. São as únicas pessoas da família com quem me abri. DANIEL: Na época em que me assumi bi, todos os meus amigos foram muito receptivos. Eu já estava cursando a faculdade de psicologia e as pessoas costumam ser um pouco mais receptivas nesses ambientes. Recebi muito apoio e carinho e ao longo do tempo isso só foi se fortalecendo. Em casa já foi bem mais difícil. Eles não lidaram bem, especialmente meu pai. Foram muitas brigas e discussões e muito do nosso jeito de funcionar em família mudou. Até hoje, vários anos depois de ter me assumido, ainda por vezes é estranho. Hoje já posso trazer meu namorado para dormir em casa, mas por muito tempo eu só podia trazer namoradas e isso era muito sofrido. Por outro lado, sofri muito com pessoas que eu não conhecia. Já sofri homofobia na rua, com gritos vindo de pedestres e motoristas,
Pergunta 6: Recadinho que você gostaria de ter ouvido quando era mais nova/novo/nove. MARIANA: Ah, eu acho que as coisas, na minha vida, aconteceram no tempo certo. Mas, por muito tempo eu vivi nas ideias da minha família e acreditava em tudo que me diziam. Acho que se eu voltasse no tempo, diria pra mim mesma pra confiar mais em mim, pra chutar o balde, pra fazer o que eu quisesse fazer. Hoje em dia, tenho mais arrependimentos do que deixei de fazer, ao invés de me arrepender do que eu fiz de fato. Acho que errar, quebrar a cara, se conhecer, tudo isso são experiências muito valiosas, principalmente quando você é jovem. Não estou dizendo que eu deveria ter sido imprudente, mas muitas vezes eu 182
mesma me colocava rédeas invisíveis. Eu deveria ter aproveitado mais meus 15 anos, sabe? Me limitei demais a troco de nada. A vida segue, e como eu disse, hoje tenho um pensamento moldado através dos anos, da maturidade que vem com eles, das decepções, das felicidades e de todo o conhecimento que adquiri ao longo do tempo. Essa maturidade não viria quando eu tinha só 15, 16 anos. DANIEL: Você não é uma aberração e tá tudo bem sentir o que você tá sentindo. Não precisa lidar com tudo o que você tá sentindo sozinho. Encontra alguém que você confia muito e tenta contar para ela o que está acontecendo. Você é válido e você vai se sentir bem com você mesmo, com o tempo.
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GAY
inválida. É aí que eu percebo que eu não sou o só Matheus. Eu sou gay, e tenho muito orgulho de ser quem me permito ser.
Entrevistados: Gustavo Oliveira Guilherme Lobo Matheus Duart
Pergunta 2: Você lembra como você percebeu que é gay? Pode contar um pouco sobre isso?
Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é ser gay. Segundo o site “orientando” gay é alguém que sente atração pelo mesmo gênero, ou por quem se considera de gêneros similares ao próprio. . Mas e para você. O que é ser gay?
GUSTAVO: Assim que entrei na puberdade e comecei a sonhar muito com meninos. Quando percebi que os meninos me deixavam estranho, sem ar e com o coração acelerado. Eu não entendia bem o que era. Também quando procurava sobre homens que gostavam de outros homens, apareciam imagens e discursos horríveis. Como se fossem menos “homem” e um amontoado de DSTs. Mas na realidade eu não me permitia questionar sobre isso. Acho que isso é o mais doloroso: se proibir de pensar nisso. E isso continuou até um dia eu ver num jogo um beijo gay e perceber “é, eu sou como eles e tenho que aceitar isso de uma vez”.
GUSTAVO: Pra mim, ser gay é de fato sentir atração pelo mesmo gênero. Mas acima de tudo, ser gay é amor. GUILHERME: Ser homossexual (gay ou lésbica na linguagem mais usual) é gostar do mesmo gênero o qual se identifica. MATHEUS: Eu enxergo hoje em dia como se “ser gay” fosse a forma como eu me expresso através da minha sexualidade. Eu seria apenas o Matheus se pudesse, a gente sempre muda e se reconstrói, às vezes fica difícil afirmar que a gente é isso ou aquilo. Mas eu olho em volta, e me pergunto: Ser gay é sobre quem eu vou sentir atração? É sim, mas a forma que eu e muitas pessoas se relacionam ainda é diariamente lida como
GUILHERME: Sempre soube que era diferente dos outros meninos em quase tudo: gostos, jeito, brincadeiras que gostava e as que não gostava... mas perceber a sexualidade diferente foi por volta dos 13 anos, quando a puberdade estava no ápice. Nessa fase percebi que tinha atração física por meninos.
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participava mais da religião depois de maior. Dúvidas se minha família ainda me aceitaria ou seria rejeitado, se era seguro pra mim me assumir, se eu teria como me virar sozinho, caso fosse rejeitado. Por isso decidi não contar a ninguém por muitos anos.
MATHEUS: Foi por volta dos 12 ou 13 anos. Nessa fase, notei mudanças em relação à forma com que eu enxergava o corpo do homem, o meu corpo, como eu reagia à imagem masculina e etc. Considerando nessa resposta o que eu achava ser homem/mulher, masculino/feminino na época. Hoje em dia tenho uma visão bem diferente.
MATHEUS: Lembro claramente que minha primeira dúvida foi se eu sentia atração TAMBÉM por “meninos” ou se eu sentia atração exclusivamente por “meninos”. De qualquer maneira, eu sabia que entendia e aceitava que sentia atração por meninos. Outras dúvidas recorrentes eram se minha família ia lidar bem com isso, se iam gostar menos de mim ou até mesmo me abandonar. Sobre mim e minha sexualidade acabei não enfrentando muitos questionamentos.
Pergunta 3: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não era hétero? GUSTAVO: Eu comecei a me perguntar se eu poderia ter uma família, se eu era “homem”. Me perguntei se um dia eu poderia encontrar um lugar aonde eu me encaixasse. Por também ter descoberto em um período em que eu estava muito religioso, cheguei a me perguntar se eu podia estar possuído, se era um castigo. Eu tinha muitas dúvidas se eu também viveria muito ou se morreria jovem por causa de preconceitos.
Pergunta 4: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso? GUSTAVO: Eu fui muito privilegiado nesse ponto. Minha mãe e Dinda me aceitaram muito bem e me deram muito apoio. Minha irmã e pai foram indiferentes quanto a isso. O resto dos parentes não dão “pitaco” sobre isso. E meus amigos, alguns me apoiaram e me ajudaram e outros foram muito preconceituosos e grosseiros comigo. Me afastei dos preconceituosos.
GUILHERME: Por ter sido criado em família cristã muito conservadora a minha primeira dúvida era o “porque Deus tinha me feito isso?”, já que eu acreditava que era um grande pecado mesmo eu não tendo escolhido isso. Com os anos eu senti medos e dúvidas mais sociais do que religiosas, já que não 185
GUILHERME: Para os primeiros amigos foi complicado, mesmo sendo pessoas que sempre me apoiavam, eu me senti confessando um crime. Para meus primos foi mais fácil, já que eu já tinha mais maturidade quando conversei com ele sobre isso. Meus pais não aceitaram bem por muito tempo, precisei escancarar a eles de forma bastante explícita a quais perigos um LGBTQIA+ está sujeito, como ser propício a transtornos psicológicos causados pela LGBTfobia e os vários casos de violência que aconteceram pelo Brasil e mundo, incluindo com alguns amigos.
Pergunta 5: Recadinho que você gostaria de ter ouvido quando era mais novo. GUSTAVO: Eu diria pra mim mesmo “seja você, pois isso é a coisa mais maravilhosa que o mundo pode te oferecer. E se trate com muito carinho, não espere que isso venha dos outros”. GUILHERME: Gostaria de alguém que me ensinasse que “aquilo” que eu sou não era errado, nem crime, nem pecado, nem punição de Deus. Levei 23 anos para aprender 100% essa lição por só ter apoio nisso depois dos 20 anos de idade.
MATHEUS: Como não tive muitas dificuldades em me entender como um menino gay, não demorou muito até eu ficar com um menino. Eu sentia certo entusiasmo em compartilhar sobre minhas experiências com meus colegas, porque todo mundo passa por isso nessa idade. Todo mundo quer falar das pessoas que gosta, beija, beijou, etc... A parte que machuca é entender que você quer fazer uma coisa que todo mundo estava fazendo e isso ser visto como errado. Eu era um dos raros casos que não sentia que estava fazendo algo errado, mas eu tinha ciência de que a maioria das outras pessoas achava.
MATHEUS: Você precisa dizer quando algo te incomoda. Precisa dizer “não” e “basta”. Dê um pouco mais de vasão aos seus sentimentos. É importante você entender que a gente nunca para de dizer “adeus”, mas a gente nunca para de dizer “oi” também. Ciclos se abrem e se fecham o tempo inteiro, todas as suas partes são SUAS, você é íntegro contanto que tudo esteja fazendo sentido.
HOMEM TRANS
preceptivo, então eu recebia bastante comentários de familiares e meninos sobre meus peitos e bunda e isso me incomodava demais, porque eu simplesmente odiava que alguém percebesse que eu havia peito, que eu tinha um corpo feminino, nisso a minha visão do meu corpo mudou demais, eu ficava com raiva dos meus peitos, eu ficava com raiva do meu corpo, não queria que vissem minhas pernas e eu olhava para todos meus amigos e eu queria poder estar ali com aquelas roupas que eles estavam, eu queria estar brincando igual eles e do mesmo jeito, por isso que grande parte das minhas amizades eram de garotos, eu sempre estava copiando o jeito deles. Nisso eu fui me fechando em casa, eu não queria mais sair, eu não queria mais que ninguém me visse ou reparasse em mim, fui ficando doente psicologicamente e foi quando eu tive meu começo de depressão, nessa época eu vivia no fake no orkut, então eu me afundei no fake, eu ficava em casa o dia inteiro e não saia de jeito nenhum do computador, nisso eu acabei fazendo um fake masculino e foi aí que eu me achei, eu adorava quando me chamavam no masculino, eu adorava namorar as meninas e eu achava o máximo falar como um garoto, aquilo era um paraíso para mim e eu me mantive assim
Entrevistado: Vincent (preferiu não informar o sobrenome) Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é ser trans. Segundo o artigo “ORIENTAÇÕES SOBRE IDENTIDADE DE GÊNERO: CONCEITOS E TERMOS” trans são pessoas que não se identificam, em graus diferentes, com comportamentos e/ou papéis esperados do gênero que lhes foi determinado quando de seu nascimento. E homem trans é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como homem. Mas e para você. O que é ser um homem trans? VINCENT: Para mim homem trans é todos aqueles que se identificam com o gênero masculino, independentemente do estilo de gênero imposto pela sociedade. Pergunta 2: Você lembra como você percebeu que é homem? Pode contar um pouco sobre isso? VINCENT: Quando meu corpo começou a mudar, lá para os meus doze anos, eu comecei a me sentir incomodado com algumas coisas que falavam, como eu sempre tive um corpo mais cheio, quando ele começou a mudar era tudo muito
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por bastante tempo no fake, eu não sentia que havia algo de errado nisso, parecia o certo, sabe?. Eu só fui realmente saber que eu era um homem trans quando eu tinha dezessete anos, eu estava no meu fake conversando com a namorada do meu melhor amigo no fake na época e ela respondeu uma pergunta de alguém no ask fm sobre disforia e eu li a resposta dela e fez muito sentido, eu me vi em cada linha, cada letra, cada sílaba do que ela havia escrito, todo o medo, toda vontade de esconder o corpo, de se sentir bem com outros pronomes, de sentir algo errado contigo e eu na mesma hora mandei pra ela essa pergunta e falei o que eu sentia e ela me disse: meu amigo, você é homem. e eu simplesmente pensei: é, eu sou um homem. Eu não tive problemas com a descoberta, porque já haviam se passado anos que eu sentia tudo aquilo, foi só dar um nome para aquilo que eu sou.
corpo. Acho que minha maior dúvida era como eu iria realmente me portar na sociedade, como eu viveria sendo tão diferente das pessoas em minha volta Pergunta 4: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso? VINCENT: Muito assustador. Sempre que eu fui falar para alguém sobre isso eu sempre passava mal e a minha pressão caia e mesmo já tendo passado quase cinco anos que eu contei para a primeira pessoa, eu ainda passo mal e fico tremendo muito para contar para alguém, mesmo que nem sejam próximas de mim. Eu nunca tive nenhum problema com aceitação, para todos que eu contei, sempre me apoiaram e me aceitaram de braços abertos, se adaptando super rápido aos meus pronomes e fazendo o máximo para nunca falarem algo que me magoasse, então eu posso dizer que eu realmente tive sorte nesse quesito.
Pergunta 3: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não era cisgênero (pessoas que se identificam com o gênero atribuído ao nascer)?
Pergunta 5: Recadinho que você gostaria de ter ouvido quando era mais novo.
VINCENT: Eu me perguntava bastante o que eu faria, como eu iria contar para as pessoas, como eu iria me portar, se iriam me aceitar, se eu teria como mudar meu
VINCENT: “Está tudo bem em ser quem você realmente é.”
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LÉSBICA
LIVIA: Concordo com a descrição que foi dada. Normalmente parto do ponto que sou homossexual o que para mim, em linhas simples, significa que sinto atração por pessoas do mesmo sexo. No caso, me identificando como mulher, sinto atração por mulheres e isso me torna lésbica.
Entrevistadas: Alais Cordeiro Carolyne Oliveira Lívia Freitas Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é ser lésbica. Segundo o site “ orientando ” lésbica é uma mulher, ou pessoa não-binária que associa seu gênero ao de uma mulher, que sente atração por outras pessoas que se encaixam na descrição anterior. Mas e para você. O que é ser lésbica?
Pergunta 2: Você lembra como você percebeu que é lésbica? Pode contar um pouco sobre isso? ALAIS: Acredito que o momento de descoberta é um processo que pode durar por muito tempo, lembro que por volta dos meus 13/14 anos comecei a notar que eu tinha um olhar diferente para as meninas, que sentia vontade de ir além da amizade, mas foi aos 16 que me apaixonei por uma menina da escola, foi um período complicado e hoje avalio que o que mais me ajudou foi conhecer outras meninas que já se identificavam como lésbicas e que falavam abertamente sobre isso, além estar num grupo de amigos na escola que havia abertura para conversar sobre sem julgamentos, e aos poucos fui me entendendo, para então, hoje com 24 anos me identificar como uma mulher lésbica.
ALAIS: Ser lésbica é resistir dentro de um sistema misógino e heteronormativo. É amar outras mulheres numa sociedade que propõe rivalidade entre nós, é romper com barreiras impostas sobre o que é ser mulher e o que pode fazer uma mulher. CAROLYNE: Ser lésbica é mais do que amar/gostar de outra mulher, é saber respeitar o corpo e o sagrado feminino, é lutar pelos mesmos direitos que os héteros de poder ir e vier sem medo de ser agredida pelo simples fato de estar segurando a mão de outra mulher, ser lésbica é passar por cima de todos os meus medos para poder ser feliz.
CAROLYNE: Acredito que não teve um momento que eu percebi: “puff, sou lésbica”. Foi um autoco189
nhecimento diário, já tive namoros héteros, inclusive o último garoto com quem me relacionei foi o único garoto com quem eu realmente tive uma certa afetividade. Sempre tive curiosidade de saber como era beijar uma garota, mas acredito que esse desejo era muito reprimido devido a sociedade em que nós temos, por ter família religiosa, uma conjuntura de fatores que fazem um adolescente pensar mil vezes antes de beijar uma pessoa que não seja do sexo oposto. Minha primeira experiência com garotas foi aos quinze anos, quando comecei o ensino médio, mudei de escola, e conheci pessoas que eram mais abertas quanto a sua homossexualidade e até mesmo o bissexualismo. Ainda sim, demorei alguns anos para me assumir definitivamente lésbica.
der o que todos esses sentimentos significavam. Em algum momento, ainda como 17 anos, eu decidi, por algum motivo, que para ter certeza de que eu realmente tinha atração por mulheres eu deveria beijar uma. Enquanto isso não acontecia eu beijava homens em busca de sentir alguma coisa. Finalmente, aos 19 anos e praticamente 2 anos depois da primeira desconfiança, eu beijei uma mulher e naquele mesmo momento pareceu que as peças do quebra-cabeça da vida haviam se encaixado. Eu entendi que o que eu sentia por algumas meninas da faculdade era atração ou crushs e então passei a me identificar como lésbica.
LIVIA: Percebi que eu estava sentindo algo diferente das outras meninas quando tinha 17 anos e estava no último ano do ensino médio. Nessa época eu me dei conta de que as personagens de série que eu mais gostava e me identificava eram mulheres que de alguma forma se interessavam por mulheres, sendo lésbicas ou bissexuais. Percebi também como meu corpo reagia quando eu assistia as cenas que envolviam essas mulheres. A partir desse momento comecei a tenta me entender melhor e enten-
ALAIS: Acredito que as principais dúvidas eram como lidar com isso, como seria meu futuro, como minha família iria me tratar, eu sabia que poderia sofrer...
Pergunta 3: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não era hétero?
CAROLYNE: As minhas dúvidas no início não era quanto a ser lésbica, mas como eu iria contar para as outras pessoas, o quão eu aguentaria sofrer preconceito não só na rua como também em casa com os meus familiares. No fim o grande X da questão é se aceitar que o resto fluiria. 190
LIVIA: Eu acho que a principal dúvida era quem eu era e o que o fato de não ser hétero me fazia ser. Quando eu comecei a me descobrir, comecei a questionar diversos fatos sobre minha vida e quem eu era até o momento. Eu me senti muito perdida. Não sabia se teria que mudar a maneira como eu me vestia ou se teria que parar de conviver com algumas pessoas. Eu precisei descobrir quem eu era. Foi como passar pela adolescência de novo.
sa oficial com os meus pais, talvez por medo de como eles iram reagir, porém ao mesmo tempo não sinto que isso seja uma necessidade, afinal o hétero não precisa se “assumir”, por que eu quanto lésbica tenho que me “assumir”? Já com os meus amigos eu não tive nenhum problema, inclusive minhas relações para com eles melhoram bastante quando soube que eles estariam comigo independente de qualquer coisa.
Pergunta 4: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso?
LIVIA: Foi um processo. Eu comecei dizendo que estava interessada em uma menina e com o tempo comecei a fazer brincadeiras e usar a palavra “lésbica”. Demorou um pouco até que eu me sentisse confortável com usar os termos e palavras certas. Com a minha família foi parecido, mas em doses mais leves. Eu contei para minha mãe que estava ficando com uma menina, namorei essa menina por 2 anos e ainda assim, quando terminamos minha mãe insinuou a possibilidade de eu ter um relacionamento com um homem. Então passei a deixar mais claro que eu só me interessava por mulheres e que era lésbica. Até hoje existem dias mais difíceis e toda vez que troco de emprego ou chego em algum lugar novo sinto todo o nervosismo de ter que “sair do armário” novamente.
ALAIS: Tive medo e vergonha de conversar com os amigos mesmo estando inserida num grupo de amigos que possibilitavam um abertura para isso, porém quando me abri para falar foi tranquilo. Tenho duas irmãs mais novas, contei primeiro a uma que foi bem aberta para conversar sobre, a outra acabou descobrindo e não gostou muito, acreditava que eu tinha um problema, mas hoje lida super bem. Com meus pais eu não consigo conversar sobre até hoje, eles sabem por outras pessoas, mas ainda existe uma barreira grande que me impede de conversar com eles sobre, ainda não me sinto preparada para a possível rejeição. CAROLYNE: Tenho 22 anos e infelizmente não tive uma conver191
MULHER TRANS
Pergunta 5: Recadinho que você gostaria de ter ouvido quando era mais nova.
tas formas de se ser mulher quanto há mulheres. Esse é um primeiro ponto: ser mulher trans é meramente ser mulher. E “o que é ser mulher?” é uma pergunta que permite muitas respostas. Em um segundo ponto, e aí temos outra aproximação a uma resposta, ser mulher trans é ter se constituído mulher por outro caminho que não o da designação de gênero desde o começo de sua vida, desde então do primeiro momento em que os outros te imaginam como um alguém e te identificam como um indivíduo, traçando projeções sobre sua existência. Em um sistema social de gênero binário, ser mulher trans é, assim, existir como mulher diante de um sistema que te caracterizou inicialmente como homem, que traçou um outro destino de gênero pra você. Esse eu acho que é o fator que, na infinidade de mulheridades, poderia funcionar como fio que liga todas as experiências de transfemininilidade. Mesmo assim, poderíamos colocar aqui que toda mulher, tendo sido ou não designada como tal desde o primeiro reconhecimento de sua existência, de alguma forma, reclama para si e conquista sua mulheridade. O que eu penso que distingue as mulheres trans é que essa conquista se coloca em resposta a uma designação de gênero masculina. Ela sempre vai
Entrevistadas: Laura Naomi (travesti)
ALAIS: Não tem nada de errado com você, não vai ser fácil mas nada é sua culpa, siga firme que vai ficar tudo bem.
Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é ser trans. Segundo o artigo “ORIENTAÇÕES SOBRE IDENTIDADE DE GÊNERO: CONCEITOS E TERMOS” trans são pessoas que não se identificam, em graus diferentes, com comportamentos e/ou papéis esperados do gênero que lhes foi determinado quando de seu nascimento. E mulher trans é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como mulher. Mas e para você. O que é ser uma mulher trans?
CAROLYNE: “O maior obstáculo é a sua própria aceitação o resto é consequência” LIVIA: Tome seu tempo. Você não precisa ter certeza de nada tão rápido. Descubra o que quiser descobrir no ritmo que você queira e tomando as atitudes as você julgar adequada. O principal recado é que vai ficar tudo bem. Você não está sentindo nada de errado. Apenas se permita sentir.
LAURA: o que é ser uma mulher trans? “O que é essa pergunta?”, é assim que eu começo a elaborar uma resposta. Antes de tudo, penso que seria um erro tentar respondê-la tendo uma imagem estereotipada da mulheridade trans; também penso que seria empobrecido tentar respondê-la simplesmente falando da minha experiência pessoal como mulher trans. Mulheres trans há muitas e, provavelmente, cada uma teria a sua resposta a essa pergunta, pois há quantas mulheridades trans quanto há mulheres trans, ao mesmo tempo em que há tan192
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isso muito devagarinho e deu um caminho para essa intuição que desembocou na mulheridade. Eu percebi que era mulher quando eu percebi que, existindo como mulher, havia um vazio em mim que era por isso preenchido, um vazio que eu nunca nem suspeitava que estava ali antes. Eu me percebi mulher quando senti algum tipo de contentamento que não sabia que existia e nem que era o que eu queria. Minhas inquietações de gênero me levaram à hormonização; tomando hormônios, fui percebendo meu corpo como nunca antes e fui seguindo o caminho desse bem estar até perceber que eu era mulher. Passei a sentir um certo alinhamento comigo mesma e com a minha vida e isso me apontou para esse aspecto da minha identidade. Eu ainda tenho vários questionamentos, ainda tenho receios e ressalvas quanto à minha mulheridade. Porém, hoje, eu sei que me lanço sobre essas inquietações sendo mulher, existindo como mulher e vivendo essa experiência de ser mulher nessa época em que ser mulher e homem estão sendo pulverizados. Às vezes, percebo que minhas inquietações de gênero dizem mais a respeito de eu ser um indivíduo desta época e desta sociedade que ao fato de eu ser uma pessoa trans.
estar lá, em algum lugar em você - o eco, a memória, o passado, os sinais corporais desse conflito específico de gênero: ser um corpo pensado como homem e existir como “mulher”, assim mesmo, entre aspas, para ressaltar que essa é uma palavra, um signo que admite muitos referentes e que, aqui, pretendo que admita também a existência das travestis e das pessoas não-binárias transfemininas. É nesse amálgama que eu colocaria a resposta. Ele existe no seu corpo e em como esse corpo é visto pelo mundo e por você mesma, e existe no impacto que essa relação de olhares tem no olhar que você, enquanto sujeito, lança para seu interior também. Ser mulher trans é corporificar e descorporificar esse conflito. NAOMI: Para mim ser mulher é ter a dimensão de amar e também é uma possibilidade, por que sendo mulher eu consigo ser eu mesma. Pergunta 2: Você lembra como você percebeu que é mulher? Pode contar um pouco sobre isso? LAURA: Acho que eu me percebi mulher ao longo da transição. Longe de dizer que eu fui aquela criança que “sempre tinha pra si que era menina”, eu sou uma adulta que sempre intuiu que não era menino e que foi percebendo 194
e roupas femininas passaram de atos de rebeldia a rituais de conformismo e reafirmação. Eu cresci com minha mãe dizendo que eu ficaria feia “vestida de mulher” e essa ideia parece que se arraigou na minha mente. Acho que essa foi a maior dúvida que eu tive ao decidir iniciar a transição e ao, paulatinamente, ir incorporando e acessando a feminilidade.
NAOMI: Quando eu percebi: Eu sempre soube que era menina, mas até a adolescência eu imaginava que todos os caras gays tivessem essa impressão na infância que eram meninas. Na faculdade em 2011, quando estive num grupo de estudos de gênero soube que ser trans era uma coisa que existia. Eu poderia ser mulher e ter um pênis. Pergunta 3: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não era cisgênero (pessoas que se identificam com o gênero atribuído ao nascer)?
NAOMI: Ah, acho que era de como ia ser a minha vida. Eu fiz uma breve pesquisa após me descobrir trans e encontrei muita noticia veiculada a assassinato, prostituição e droga. Minha duvida era se eu ia ter essa vida também, se ia ser expulsa de casa, se ia precisar me prostituir, morar na rua, se iam virar as costas para mim e se alguém ia me amar algum dia a ponto de me assumir.
LAURA: Quando eu percebi essa possibilidade, não ser cis veio mais como uma certeza que como uma dúvida, muito mais. A dúvida talvez era se eu seria capaz de viver isso, de ter forças para enfrentar isso. Era o meio da década de 2010 e eu tinha passado a década de 2000 quase que inteiramente sofrendo por ser uma bicha afeminada, e eu imaginava que virar mulher trans/travesti só iria maximizar esse sofrimento, essa descondição. Mesmo assim, eu não tive dúvidas de que iria seguir, só estava enganada: sendo mulher trans, a dor praticamente cessou, a discriminação diminuiu e passei a me sentir só mais uma na multidão. Usar maquiagem, se depilar, pintar as unhas, arrumar os cabelos e usar perfumes
Pergunta 4: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso? LAURA: Não posso dizer que não foi tranquilo. Eu fiz a transição com 31-32 anos, já financeiramente autônoma e morando sozinha, já como adulta emancipada. Me senti acolhida pela grande maioria das pessoas dos meus círculos sociais. Acho que a época também ajudou, pois foi bem na época em que a questão trans estava em ascenção, “the 195
ação ruim eu já tinha minha vida. As demais pessoas souberam pelo facebook e não vi muita surpresa, eu já tinha me aceitado então era meio que indiferente sabe?
transgender tipping point” como apareceu na manchete da Times de maio 2014. Se cortei relações com três amigos por conta disso, foi muito. Na verdade, falar sobre ser trans é algo contínuo na vida de uma pessoa trans. Ora as pessoas percebem que você é trans e você tem que falar disso pela curiosidade ou pelo preconceito delas, ora as pessoas não percebem e você tem que falar disso quando menciona ou deixa escapar que é trans. Pra mim, em sempre acompanhado de uma certa sensação de estar decepcionando as pessoas, junto com uma sensação de que é isso que eu sou e eu vou ter que me impor para que o outro me respeite sendo assim. Mas pra mim é tranquilo a maior parte do tempo.
Pergunta 5: recadinho que você gostaria de ouvir quando era mais nova. LAURA: Acho que só dois: “faça laser o quanto antes” iria me poupar de boas dores de cabeça que tive nos últimos dois ou três anos e “não se endivide tanto” talvez teria me ajudado a ter como ao menos emprestar dinheiro para, atualmente, poder fazer uma ou outra cirurgia que eu bem faria se tivesse o dinheiro. Quando eu era mais nova, duas ou três pessoas chegaram a dizer que eu era trans e eu neguei veementemente, chegando a perder paciência com algumas. Eu precisei do meu tempo para entender as coisas e para ter acesso a certas chaves que me revelaram que certas portas existiam.
NAOMI: Não foi tão difícil quanto imaginei, comecei contando para o meu namorado na época que estudava gênero também em 2011. Mas só em 2015 comecei minha transição e contei para minha família e amigos depois, para os amigos não foi muita surpresa e nem problema por que eram todos do meio LGBT. Na minha família, eles se assustaram mais com o fato de eu ser gay do que de ser trans – eu meio que já tinha alguma independência econômica e não morava em casa, então mesmo que tivesse uma re-
NAOMI: Mana, eu fiz um projeto exatamente sobre isso! É a campanha #QueriamQueEuFosse do @ColetivoLuanaDaLapa vai poder encontrar muito material sobre lá se quiser! Eu diria que não tem problema ser do jeito que eu sou, quem me ama vai ficar do meu lado e que nenhum sofrimento vale a pena! 196
NÃO BINÁRIE
uma descrição muito concreta, é uma percepção subjetiva. Uma forma mais completa de descrever é que acredito que ao longo da minha vida eu tive experiências de estranhamento com os conceitos de homem/masculinidade/mulher/feminilidade. Ao me olhar, ver o meu comportamento, os conflitos com as expectativas de gênero, isso produziu todas as sensações descritas antes de não pertencimento, de disforia. Como isso impacta diretamente na forma que eu me vejo, de uma maneira identitária, isso para mim é ser não binário
Entrevistadas: Caetano Fer Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é ser não binárie. Segundo o site “ orientando ” não binárie é alguém que não é nem 100% homem e nem 100% mulher. Pessoas não-binárias podem utilizar este termo para si independentemente de sua identidade específica, e também podem utilizá-lo caso não definam seu gênero de forma mais específica do que “nem mulher, nem homem”. Mas e para você. O que é ser não binárie?
Pergunta 2: Você lembra como você percebeu que é não binárie? CAETANO: Sim, lembro... Tem uns 3 anos mais ou menos. Na época eu já sentia que não me encaixava no gênero feminino e sentia que não me encaixava também no gênero masculino, mas nunca tinha ouvido falar sobre não-binariedade. Só sabia que existia homem ou mulher. Então o que eu era, ne? Haha... Na época não tinha tanta informação como tem agora, mas, por sorte, um vídeo caiu no meu colo, que foi como uma resposta a todos os questionamentos que vinha me fazendo, que falava sobre uma pessoa não binária e foi nesse momento que, finalmente, me senti contempla-
CAETANO: Acredito que não binárie seja, basicamente, um termo que pode abraçar todos gêneros que não fazem parte dos polos socialmente conhecidos: homem e mulher. FER: Para mim, ser não binário diz da forma que eu me vejo e me entendo em relação a gênero. O jeito mais fácil de descrever é que eu não me sinto nem homem e nem mulher, que não me identifico com os estereótipos e que não me sinto parte desses grupos quando estou estou no meio de pessoas cis. Infelizmente não é 197
do e entendi o que eu era, mas não pensei em fazer a transição logo de cara, isso veio um ano depois, mais ou menos e deu-se de um cansaço social mesmo... Decidi, então, que eu seria mais feliz e completo realizando a transição e foi a decisão mais verdadeira e leal que eu podia ter tomado!
me sentia contemplado com o gênero feminino e nem com o masculino (não gosto das imposições que são feitas pra cada gênero) e o resto, as descobertas e tudo mais, vieram naturalmente. A dúvida maior foi quando decidi fazer a transição, com hormônios e tal... As dúvidas eram sobre o que fazer, quem procurar, por onde começar msm...
FER: Demorei pra me entender dessa forma. Foi só aos 21, poucos anos depois dos meus primeiros contatos com o transativismo, que vi que tinha essas sensações de estranhamento e não pertencimento. Mas foi só aos 23 eu consegui perceber que isso realmente era algo que me impacta muito, que a forma que eu me vejo não condiz com a forma que me veem, que isso causa desconforto... O reconhecimento da não binariedade veio pela via do sofrimento, infelizmente, quando a disforia chegou em um ponto que não dava mais pra eu fingir que era cis. Hoje, eu tenho uma relação menos sofrida com a minha transgeneridade, mas foi uma construção.
FER: Acho que eu não sabia se tinha uma questão com a minha identidade ou se os padrões de gênero me incomodavam e por isso o desconforto. Também, ao perceber que sou trans, não sabia se eu podia me dizer assim, se eu era “trans o bastante” por não ser binário ou por não querer transicionar pela via médica naquele momento. Hoje sei que não existe isso de ser mais ou menos trans: existem experiências, vivências, necessidades e desejos diferentes. Pergunta 4: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso? CAETANO: As pessoas próximas em casa, na época, eram bem compreensíveis então fiquei seguro pra contar como eu tava me sentindo e a vontade também pra começar a mudar a forma como eu seria referido. Claro que não foi tudo fácil porque é uma desconstrução e acaba sendo um
Pergunta 3: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não era cisgênero (pessoas que se identificam com o gênero atribuído ao nascer)? CAETANO: Eu comecei questionando o que eu era, já que eu não 198
processo doloroso... Mas o apoio dessas pessoas foi mto Importante. Eu tive liberdade pra ser quem eu sou de verdade. No trabalho que sempre acaba sendo mais complicado porque muitas vezes não rola a empatia e, se não for explicado o que é uma pessoa transexual, a maioria das pessoas não vão buscar informações e nunca vão entender, então achei importante ter paciência, na medida do possível, pra saber lidar com as pessoas e ir peneirando quem se esforça ao menos em respeitar e quem não se importa.
você mesmo. E amor próprio é possível. FER: Você não precisa se desdobrar pra gostarem de você. Olha pro que você gosta, pro que faz sentido pra você, banque isso e seja seu próprio conforto. Parece impossível, mas é mais fácil do que parece. Use a energia que você gasta arranjando desculpas pros outros pra cuidar de você mesmo.
FER: Para amigos próximos foi tranquilo. Alguns só estavam esperando eu falar com todas as letras porque já estava meio óbvio, então tive muito apoio. Demorou um pouco pra se acostumarem com pronomes masculinos, mas eu não deixo passar os erros. Minha família foi menos receptiva. Ao me referir a mim no masculino fui hostilizado por um familiar, e sou frequentemente chamado no feminino mesmo por quem sabe e me ouve sendo chamado no masculino. Pergunta 5: Recadinho que você gostaria de ter ouvido quando era mais novo. CAETANO: A única pessoa que pode dizer que quem você é, é só 199
PAN
MATHEUS: Eu vejo a pansexualidade como uma exclusão do pensamento de que gênero é importante pra me relacionar com alguém (emocional, sexual ou romanticamente). Acho que nós, pansexuais, somos “cegos” pra questão de gênero. O que nos vem à cabeça na hora de se relacionar com alguém é realmente como ela é como ser humano, o caráter dela, a essência dela. Ser pansexual pra mim é enxergar que não é o gênero da pessoa que me atrai, mas sim A pessoa em si.
Entrevistados: Cake Lee Janna Julian Matheus de Oliveira (Mic) Rai Pergunta 1: Acho que para começar o papo nada mais justo que definir o que é ser pan. Segundo o site “orientando” pan é alguém que sente atração por todos os gêneros, ou independentemente de gênero. Mas é para você. O que é ser pan?
RAI: Pra mim, me identificar com essa classificação é me sentir livre, para experimentar, amar, conhecer sem precisar me preocupar com limitações.
CAKE: Pansexual pra mim é a pessoa que se atraí por todo e qualquer gênero e a ausência do mesmo (incluindo aqui pessoas não binárias e gênero fluido) independente de sua sexualidade. Eu mesma, por exemplo já gostei de um homem cis gay (vários, inclusive rs) e achava estranho isso sempre acontecer. Agora entendo que eu me atraio pela pessoa, e não por seu gênero ou sexualidade.
Pergunta 2: Uma questão muito comum é confundirem ser pan com ser bi. Na sua opinião qual a diferença entre essas duas orientações? CAKE: A maior diferença é a inclusão de pessoas não binárias e gênero fluido. Toda regra tem sua exceção, porém eu já vi muitas pessoas bissexuais que não curtem se relacionar com pessoas trans. Mas como disse, toda regra tem suas exceções;
JANNA: Eu gosto dessa definição de gostar de pessoas independente de gêneros. O que me atrai numa pessoa são aspectos como o caráter, os interesses dela, como ela trava as outras pessoas e etc, a identidade de gênero não entra nesses critérios pois em um primeiro momento não é importante.
JANNA: O termo “bi” significa dois, se você é bissexual você 200
de ficar com gays, de achar uma pessoa muito andrógena bonita. Quando eu ouvi oq eu significada Pan (ano passado, inclusive) fiquei curiosa e pesquisei mais a respeito. Quando li falei na hora “é isso, era o que faltava” e finalmente me senti mais aberta sobre o que eu gostava de fato.
gosta de apenas dois (o homem e mulher) e ignora todas as outras infinitas identidades, por isso não me identifico como bi, gosto de pessoas independente de gênero. Pra mim é muito simples e claro. MATHEUS: A bissexualidade, como no próprio nome indica, é a afetividade por pelo menos dois gêneros, ou pessoas que se sentem atraídas por apenas homens e mulheres, também está correto. Quando uma pessoa percebe que ela se sente atraída por pessoas, não importante o gênero dela, ela descobre o que é a pansexualidade, vendo-se na posição de não fazer distinção entre gêneros
JANNA: O meu conhecimento sobre a minha orientação mudou ao longo da vida. Já achei que era hétero, que era gay e que era bi de acordo com as experiências que ia tendo ao longo da vida e principalmente pelos meus questionamentos. Já achei que gostava de um gênero mas sentia desejo pelo outro e depois vivi exatamente o contrário, por exemplo. Foi com o questionamento sobre identidade de gênero que me descobri pan. Eu percebi que os conceitos de homem e mulher cis foram criados para estabelecer um determinado funcionamento da sociedade com papéis definidos, padrões e, principalmente, a dominância de um gênero. Eu não vejo muito sentido em o que é considerado como “naturalmente” feminino (desde comportamentos, formas de se vestir, sentimentos etc), para mim tudo foi imposto e ensinado desde que nascemos. Se existem diferenças comportamentais entre pessoas com os cromossomos XX e pessoas com os XY eu já não sei, pois
RAI: A diferença é que um bissexual pode ter preferencia a nao se relacionar com pessoas trans, fluidas e etc. já uma pessoa pan não teria essa preocupação. Pergunta 3: Você lembra como você percebeu que é pan? Pode contar um pouco sobre isso? CAKE: Eu me descobri bissexual aos 19 anos, depois de ficar com homens cis e trans héteros, gays e mulheres cis e trans, lésbicas e héteros. Mas depois disso ainda sentia que faltava alguma coisa, sabe? Porque sempre foi tão normal me relacionar e gostar de pessoas fora desses padrões, 201
de gênero construída pela sociedade não fazia o menor sentido!
não acredito ser possível identificar isso na sociedade já se doutrina as pessoas de forma diferente desde elas nascem, estimulam em um o que não se estimula no outro. Além disso, me deparei com pessoas que não se identificam com nenhum gênero, são pessoas que, assim como eu, questionam esses padrões impostos e vão mais além ao desafia-los se determinando como gêneros não binários. Se eu gosto de pessoas independente de gênero, não fazia mais sentido para mim me identificar como bi e não englobar as pessoas não binárias, foi quando eu tive contato com o termo pan e me identifiquei.
RAI: Bom, eu sempre fui muito aberta a explorar as relações,quando comecei a estudar esse assunto mais a fundo e conheci essas outras classificações automaticamente meimaginei como alguém pansexual. Conheci uma pessoa que estava em transição de gênero, pude acompanhar um pouco de suas angustias e duvidas e fui percebendo que realmente eu posso amar e me relacionar com esse grupo dentro da comunidade lgbtqi+, foi assim que fui me descobrindo e me encaixando. Espero poder me aprofundar em questões muito mais complexas desse meio mas isso é o que me aconteceu até o momento.
MATHEUS: Creio que percebi que gênero era alguém indiferente pra mim quando eu percebi que a sociedade, de uma certa forma nem sempre tão explícita, incitava que homens tinham que se relacionar com mulheres e vice-versa (isso foi por volta dos meus 14 anos). Creio que essa ideia já vinha antes quando mais novo (7/8 anos) quando eu queria poder brincar do que as meninas brincavam e não podia assim como também via que elas queriam jogar bola com a gente e também não podiam, mas o amadurecimento desta ideia surgiu como foi mencionada antes. A partir disso, procurei mais sobre o porquê disso e percebi que a ideia
Pergunta 4: Quais principais dúvidas surgiram quando começou a perceber que não era hétero? CAKE: Depois de quebrar um grande preconceito que eu cresci ouvindo na família “Homens ficarem juntos ok, porque tem como ‘namorar’, mas mulheres não tem como, não tem nada”. Depois que fiquei com uma menina eu pensei que era tão legal ficar com meninas. Eu pensava “por que não?” Não pode ser tão errado ficar com alguém se você quer.
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Pergunta 5: Como foi falar para as pessoas próximas sobre isso?
JANNA: Acredito que a dúvida era sobre o que eu era, tive uma necessidade de em enquadrar em uma caixinha. De qual gênero eu gosto? Gosto dos dois? E só sexual e não emocional? Define uma orientação, tem uma experiência e muda a definição etc. Até que percebi que eu não precisava de definir em nada, que eu só tinha que viver de acordo com meus desejos e vontades, passei a ser aberta a tudo.
CAKE: Normal. As pessoas tem gostos diferentes, e tudo bem. JANNA: Com algumas foi tranquilo e com outras nem tanto. Infelizmente a sociedade ainda não aceita com naturalidade as orientações que fogem dos padrões heteronormativos e na minha vida eu não fui exceção. Pessoas mais velhas e/ou mais conservadoras acharam estranho e demoraram para aceitar. Quando isso acontece eu prefiro me colocar no papel de educadora, ensinar o outro que toda forma de amor é válida. Claro que isso é cansativo, doloroso de desgastante, mas alguém tem que fazer e muitas vezes o outro só esta seguindo aquele padrão que lhe foi imposto, assim como um dia eu segui até ter contato com outras formas de pensar. Quebrar esse padrão não é fácil, mas eu acredito que é possível além de necessário para que ao longo prazo mudanças significativas aconteçam.
MATHEUS: De início, o meu primeiro pensamento era saber como eu ia explicar isso pra TODO MUNDO (família, amigos, professores). Me vinha muito medo em como dizer que eu não queria me limitar ao que a sociedade dizia ser o normal. Depois disso, a minha segunda dúvida foi em como saber se a pessoa com a qual eu iria me relacionar aceitaria saber que eu não sou somente hétero/gay. Isso leva tempo até vice entender... RAI: Olha a unica coisa que me incomodou de verdade foi o receio da ‘’boca do povo’’, fora isso sempre fiquei e fico até hoje animada por poder conhecer e me relacionar com pessoas de um modo tão amplo e sem julgamentos. Desde que eu me abri para esse lado fico animada em pensar que posso dar as mãos para uma garota, ou garoto trans. garota trans e dizer que estamos juntos.
MATHEUS: Creio que essa parte eu não me preocupei tanto... Depois de muito tempo pensando, eu percebi que com quem eu me relaciono ou por quem eu me sinto atraído não deve interferi na vida de ninguém ao meu redor e 203
não tem que fazer com que ninguém faça um estardalhaço porque eu não fico só com mulheres. Então, quando minha família/ amigos percebeu que eu não era heterossexual, eles simplesmente perguntaram qual era minha orientação e me aceitaram do que jeito que eu sou até hoje. Eu não me preocupei eu chegar neles e dizer que eu sou pansexual por uma simples questão de que, pra mim, é algo normal.
preocupe com dinheiro, ele vem, e o amor, vem e vai, mas o amor maior está sempre com você: Você mesma.
na vida, a te ajudar a ser humano mais do que nunca e te ajudar a mostrar por mundo que você é de verdade
JANNA: Não tenha a necessidade de se definir e se fechar numa caixinha, questione, prove, mude, desmude e etc. Faça sempre o que te faz feliz e não sinta a necessidade de se definir para o outro, essa questão é importante para você.
RAI: Não precisa ter pressa para experimentar de tudo, nós teremos todo o tempo do mundo e se quiser investir realmente na ideia, se sentir que fará isso com amor, vá em frente ! Você merece ser feliz e fazer suas escolhas, independente do que digam os outros, afinal, quem passa 24 horas com você é você mesma. Viva o que tiver vontade e sem pressa, te amo.
MATHEUS: “Xuxus, é o seguinte, vocês são seres humanos. Ser humano significa respeitar a humanidade de outra pessoa, não importa quem ela seja. Então assim, a nossa sociedade enxerga que só é normal quando um homem e uma mulher estão juntos, mas quando um homem gosta de outro homem, ou uma mulher gosta de mulher mas também gosta de homem, ou quando um homem gostando se vestir de mulher, ou quando uma mulher olha no espelho e não se sente uma mulher, tudo isso TAMBÉM É NORMAL. Tudo isso dito antes também são formas de amor, tudo isso também é SER HUMANO e quando você se sentir de qualquer jeito diferente do “normal”, algumas pessoas vão te julgar, mas tentem ficar perto daquelas que te apoiam porque são elas que vai te fazer crescer
RAI: Na época da escola eu conversava muito com meus amigos sobre essas questões, foi quando estava descobrindo melhor as definições e ampliando minhas possibilidades, eles me deram apoio e muita força para assumir uma personalidade mais aberta. Minha familia ainda não participou muito dessa questão mas minha mãe e minha irmã acompanharam quando eu estava me aproximando de uma garota e me deram apoio. Pergunta 6: Recadinho que você gostaria de ter ouvido quando era mais nova/novo/nove. As perguntas são essas. Caso não se sinta confortável em responder todas, está tudo bem CAKE: Seja quem quiser ser. Não viva uma vida pra facilitar as coisas para outras pessoas. Viva uma vida pra você ser feliz. Não se 204
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Anexo c - termos
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C
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